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SUMÁRIO

MÓDULO 1 3

MÓDULO 2 8

LO
MÓDULO 3 16

MÓDULO 4 22
DE
MÓDULO 5 29

MÓDULO 6 33
O

MÓDULO 7 40

MÓDULO 8 45
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COVID-19 E EXERCÍCIOS FÍSICOS:
ÚLTIMAS EVIDÊNCIAS

MÓDULO 1

COVID-19: DEFINIÇÃO, CAUSAS, PREVENÇÃO,


PANORAMA MUNDIAL E NO BRASIL

O que é Coronavírus? Segundo Organização Mundial de Saúde (OMS) (WHO, 2021a) a CO-
VID-19 é causada por um coronavírus denominado SARS-CoV-2.
Coronavírus (CoVs) são uma grande família de vírus que causam doenças respiratórias em
humanos, desde o resfriado comum até doenças mais raras e graves, como a Síndrome Respiratória

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Aguda Grave (SARS) e a Síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS), ambas com alta taxas de
mortalidade e foram detectados pela primeira vez em 2003 e 2012, respectivamente.
Os coronavírus são uma grande família de vírus comuns em muitas espécies diferentes de
animais. Incluindo camelos, gado, gatos e morcegos (Figura 1).
A COVID-19 é uma doença causada pelo SARS-CoV-2, que apresenta um espectro clínico va-
riando de infecções assintomáticas a quadros graves.
O vírus COVID-19 se espalha principalmente através de gotículas de saliva ou descarga do
nariz quando uma pessoa infectada tosse ou espirra.
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Figura 1. Estrutura coronavírus respiratório aguda grave 2 (SARS-CoV-2). Existem quatro proteínas estruturais: pro-
teína spike (S) (vermelha), proteína envelope (E) (violeta), membrana (M) proteína (azul) e proteína nucleocapsida (N)
(laranja). Figura retirada do estudo de Lou et al., (2021).

Classificação de casos de COVID-19 (WHO, 2021a):


• 80% são assintomáticos ou oligossintomáticos (poucos sintomas)
• 20% requer atendimento hospitalar (dificuldade respiratória)
• 5% podem necessitar de suporte ventilatório.

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Sintomas da COVID-19 (WHO, 2021a):


• Tosse
• Febre
• Fadiga
• Congestão nasal
• Coriza
• Dor de garganta
• Dor de cabeça
• Diarreia
• Cansaço
• Dificuldade de respirar.

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Transmissão
• Toque do aperto de mão
• Gotículas de saliva
• Espirro
• Tosse
• Objetos ou superfícies contaminadas
Prevenção
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• Praticar o distanciamento social
• Lavar as mãos com cuidado e frequência
• Abrir janelas para permitir a entrada de ar fresco
• Usar máscara facial
• Vacinação
• Medidas coordenadas de vigilância epidemiológica e genômica
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COVID-19 no Mundo e Brasil (WHO, 2021b)


Globalmente, a partir das 12:30 p.m. de 21 de Julho de 2021, houve 190,860,860 casos con-
firmados de COVID-19, incluindo 4,101,414 mortes, relatou à OMS. No Brasil, de 3 de janeiro de
2020 às 15h57, de 21 de Julho de 2021, ocorreram 19,391,845 casos confirmados de COVID-19 com
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542,756 óbitos, notificados à OMS.


Estudo epidemiológico retrospectivo realizado no Ceará demonstra que o vírus já circulava no
país desde janeiro, de modo que as mortes se agrupam cerca de um mês antes dos casos (KERR et
al., 2020). Além disso, o estudo relata que o sistema único de saúde (SUS) “demorou” a detectar o
vírus circulando por que os casos inicias ocorrem em áreas de alta renda, onde os infectados foram
atendidos na rede privada de saúde, de maneira que essa informação não foi reportada ao Ministé-
rio da Saúde (KERR et al., 2020).
Por outro lado, a disseminação do vírus foi rápida, em contrapartida, a capacidade de teste para
diagnostico do COVID-19 foi limitada, pois os primeiros kits de teste diagnósticos RT-PCR começa-

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ram ser produzidos apenas em março (CASTRO et al., 2021). Diante desse cenário, Castro et al. (2021)
mostraram que em 11 estados o número de mortes foi maior do que a incidência, dentre eles Amazo-
nas, Ceará e Rio de Janeiro. Além disso, o mesmo estudo demonstra o processo de interiorização da
disseminação do COVID-19 de modo que o percentual de casos e óbitos fora das capitais começou a
destacar no mês de Maio (semana 18 a 22) como mostra a figura 2 (CASTRO et al., 2021).

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Figura 2. Indicadores de disseminação de COVID-19 de acordo com de Castro et al. (2021). Porcentagem de casos (li-
nhas azuis) e mortes (linhas vermelhas) nas capitais dos estados (linha solida) e interiorização nos municípios (linhas
pontilhadas) por semana epidemiológica.
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Outro ponto que cabe destaque, é o aumento da prevalência em indivíduos de 20 a 59 anos
esteve associado ao aumento da proporção de indivíduos que saíram de casa diariamente (HALLAL
et al., 2021). O mesmo estudo destaca que os povos indígenas tem uma prevalência maior de 6,4%
(4,1-9,4) em comparação com os brancos de 1,4% (1,2-1,7), além disso a contaminação no baixo
nível socioeconômico foi de 3,7% (3,2-4,3) em comparação com 1,7% (1,4-2,2) ao nível socioeconô-
mico rico (HALLAL et al., 2021) (Figura 3).

COVID-19 e Vulnerabilidade
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Figura 3. Prioridades esquecidas da pandemia. Figura retirada do estudo da Vieira et al. (2020).

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Diante da rápida disseminação de casos e mortes de COVID-19 no Brasil, Castro et al. (2021)
divide em 5 categorias o que leva esses números serem tão exobitantes:
Primeiro lugar: o Brasil é grande e desigual, com disparidades na quantidade e qualidade dos
recursos de saúde (por exemplo, leitos hospitalares, médicos) e renda (por exemplo, um programa
de transferência de caixa emergencial iniciado apenas em junho de 2020, e até novembro 41% dos
domicílios estavam recebendo).
Segundo lugar: Não foi totalmente interrompida durante os picos de casos e morte a densa
rede urbana que conecta e influencia os municípios por meio de transporte, serviços e negócios
(por exemplo cidade de Manuas é ponto de encontro do estado de Amazonas por meio das rotas
fluviais).
Terceiro lugar: a falta de o alinhamento político entre governadores e o presidente teve papel
na polarização a pandemia com consequências à adesão às ações de controle, cronograma e inten-
sidade das medidas de distanciamento.

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Quarto lugar: o SARS-CoV-2 circulava sem ser detectado no Brasil desde de Janeiro resulta-
do da falta de vigilância genômica bem estruturada.
Quinto lugar: as cidades impuseram e flexibilizaram medidas distanciamento social em dife-
rentes momentos, com base em critérios distintos, facilitando a propagação.
Todavia, a vacinação é o caminho para que esse quadro se modifique associado as medidas de
prevenção citadas anteriores. Segundo o G1 São Paulo, pós vacinação, mortes de idosos entre 85 e
89 anos COVID-19 caem 51% na cidade de SP em fevereiro e atingem menor nº desde outubro.
Dados da OMS (WHO, 2021b) mostram um aumento da vacinação no mundo dia 27 de abril
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de 2021, um total de 961.231.417 doses de vacina foram administradas. No brasil, até 23 de abril
de 2021, foram aplicadas 35.525.209 doses de vacina. Observe o efeito da vacina nos casos confir-
mados e números de mortes (Figura 4).
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Figura 4: Efeito da vacinação no Estados Unidos das Américas nos números de casos e mortos. Gráfico retirado do
site OMS (2021). Disponível em: United States of America: WHO Coronavirus Disease (COVID-19) Dashboard With
Vaccination Data | WHO Coronavirus (COVID-19) Dashboard With Vaccination Data. Acesso em: 26 de Abril de 2021.

No Brasil, o plano de imunização contra o COVID-19 iniciou no Brasil em janeiro de 2021, tendo
como grupo prioritários os profissionais de saúde, populações indígenas, indivíduos instituciona-
lizados e idosos. O estudo demonstrou que 14 mil mortes de idosos octogenários foram evitadas

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após a vacinação, tendo uma redução de 15% dos números de mortes, apesar dos meses de Março e
Abril terem um aumento exponencial de mortes em todas faixas etárias em função da expansão da
variante P.1 pelo Brasil (Figura 5).

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Figura 5. Ao longo do primeiro ano da pandemia, a mortalidade proporcional aos 80 anos permaneceu entre 25% e 30%,
houve redução acentuada após a vacinação nessa população. Figura retirada do estudo Victoria et al. (2021).
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COVID-19 E EXERCÍCIOS FÍSICOS:
ÚLTIMAS EVIDÊNCIAS

MÓDULO 2

COMORBIDADES E GRAVIDADE DA COVID-19

Em fevereiro de 2020, foram relatas diretrizes para a classificação da gravidade da doença


COVID-19 em adultos e, desde então, têm sido amplamente adotadas internacionalmente. Essa di-
retriz destaca que pessoas com mais de 60 anos terão maior risco de doença grave e morte. Além
disso, foi estimado que o tempo médio do início até a morte seja de 18,8 dias e para recuperação o
tempo médio é 24,7 dias (VERITY et al., 2020).

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Obesidade
A obesidade é associada com a diminuição do volume de reserva expiratória e da capacidade
funcional. O acúmulo excessivo de gordura é uma condição comum, que triplicou sua prevalência
desde 1975, além de ser fator de risco estabelecidos de outras comorbidades como diabetes, hiper-
tensão, doenças cardíacas e câncer. Segundo a OMS, em 2016, a prevalência de obesidade no Brasil
foi de 22,1%, Reino Unido 27,8%, Itália 19,9%, China 6,2%, Índia 3,9%, Espanha 23,8%, França 21,6%
e México 28,9% (WHO, 2021). O acúmulo de tecido adiposo leva ao aumento das citocinas inflama-
tórias que podem contribuir para a morbidade aumentada associada com a obesidade nas infecções
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por COVID-19 (DIETZ; SANTOS-BURGOA, 2020).
Infelizmente, a obesidade foi inesperadamente frequente em uma coorte de pacientes interna-
dos em terapia intensiva por SARS CoV-2, tendo maior impacto em pacientes com IMC>35 (Figura
6) (SIMONNET et al. 2020). Pacientes obesos com COVID-19 apresentaram risco de aumentado de
76% em internação e 67% em internação com unidade de terapia intensiva (UTI), além de aumentar
o risco de morte em 37% (HUANG et al. 2020).
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Figura 6. Proporções de pacientes que necessitaram de ventilação mecânica durante a internação em terapia intensiva, de
acordo com as categorias do índice de massa corporal. Figura retirada do estudo Simonnet et al. (2020).

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Huang et al. (2020) realizaram analise multivariada é verificou que, a obesidade adicionou um
risco quase 3 vezes maior de precisar de UTI entre pacientes com COVID-19 (OR: 2,63, IC95%: 1,32,
5,25, P = 0,006). No entanto, na análise multivariada, houve apenas pequenas alterações no ris-
co aumentado de morte que a obesidade adicionou aos pacientes com COVID-19 (OR: 1,49, IC95%:
1,20, 1,85, P<0,001), como mostrado em figura 7. Além disso, a adiposidade visceral excessiva pa-
rece estar associada a desfechos graves do COVID-19.

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Figura 7: Gráficos em floresta de associação multivariada entre obesidade definida pelo IMC e o risco de gravi-
dade de COVID-19 usando o modelo de efeitos aleatórios. O resultado clínico de cada subgrupo está marcado em itálico.
Os quadrados em cinza mostram o efeito estimado de cada estudo individual e seus tamanhos refletem o peso de cada
estudo individual no efeito de resumo. Quanto maior for o tamanho, maior será o peso. Os diamantes representam o
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resumo geral dos efeitos com suas larguras refletindo o comprimento do IC de 95%. Um diamante mais largo significa
um IC de 95% mais amplo. As linhas pretas horizontais através dos quadrados cinzam também representam o compri-
mento do IC de 95% dos estudos individuais. Quanto mais longa a linha, mais amplo é o IC de 95%. A linha preta vertical
sólida é a linha sem efeito. A região à esquerda da linha sem efeito indica nenhuma associação, enquanto a região à
direita indica associação. Quando o diamante toca a linha preta vertical sólida, isso indica que não há diferença esta-
tística. A linha preta pontilhada é a linha do efeito de resumo geral. Os resultados da estimativa do efeito subtotal e os
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resultados gerais estão marcados em negrito. I-quadrado indica o grau de heterogeneidade nos estudos. Abreviatura:
OR, odds ratio; IC de 95%, intervalo de confiança de 95%; UTI, unidade de terapia intensiva; VMI, ventilação mecânica
invasiva; COVID-19, Coronavirus Disease 2019. Figura retirada do estudo Huang et al. (2020).

Simonnet et al. (2020) demonstraram que há uma alta frequência de obesidade entre os pa-
cientes internados em cuidados intensivos para SARS-CoV-2 (Figura 6). A necessidade de ventilação
mecânica invasiva foi associada à obesidade grave e foi independentemente da idade, sexo, diabetes
e hipertensão. Além disso, os IMC> 30 kg/m2 e IMC> 35 kg/m2 foram significativamente mais fre-
quentes entre os participantes do SARS-CoV-2 do que nesses controles não SARS-CoV-2: 47,6% vs
25,2% e 28,2% vs 10,8%, respectivamente (Figura 8). De modo que, a gravidade da doença aumentou

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com o IMC. A obesidade é um fator de risco para gravidade do SARS-CoV-2 exigindo maior atenção às
medidas preventivas em pessoas suscetíveis indivíduos (SIMONNET et al., 2020).

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Figura 8. Distribuição das categorias de índice de massa corporal em pacientes admitidos durante o período do estudo
em terapia intensiva para SARS-CoV-2 (n = 124) e em pacientes internados durante o ano anterior em terapia intensiva
por doença pulmonar grave não relacionada ao COVID-19 ( n = 306); (b) Distribuição das categorias de índice de massa
corporal (BMI) em pacientes que necessitaram de ventilação mecânica (n = 85) e aqueles que não (n = 39). Figura reti-
rada do estudo Simonnet et al. (2020).

Estudo com meta-análise de 17 estudos mostrou que a obesidade está associada ao aumento
do risco de mortalidade 42% entre pacientes com COVID-19, especialmente pacientes com mais
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de 65 anos (POLY et al., 2021). Além disso, os pacientes de obesidade classe III observaram maior
risco de mortalidade de 92% em relação à obesidade classe I 27% e classe II 56%, deve ser ressalta-
do que o parâmetro de classificação da obesidade foi realizado por meio do IMC em pacientes com
COVID-19 hospitalizados (POLY et al., 2021).
O risco de mortalidade foi variado em pacientes COVID-19 com várias comorbidades, como
diabetes, hipertensão, doença renal crônica (DRC), doença pulmonar obstrutiva (DPOC) e acidente
vascular cerebral (AVC). A RR agrupada para mortalidade COVID-19 entre pacientes com diabetes
foi de 1,19 (IC95%: 1,07-1,32, p = 0,001). No entanto, a RR agrupada entre os pacientes com AVC,
DRC, DPOC e hipertensão arterial foram 1,80 (IC95%: 0,89-3,64, p = 0,10), 1,57 (IC95%: 1,57-1,91,
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p < 0,001), 1,34 (IC95%: 1,18-1,52, p < 0,001) e 1,07 (IC95%: 0,92-1,25, p = 0,35), respectivamente
(POLY et al., 2021).
Por outro lado, um estudo de coorte demonstrou a obesidade foi associada ao aumento do ris-
co de intubação ou morte por COVID-19 em adultos menores de 65 anos, mas não em adultos com
65 anos ou mais. Todavia, a mediana do IMC era de 27,9 kg/m2, 52% dos pacientes apresentavam
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hipertensão, 40% dos pacientes tinham diabetes (ANDERSON et al., 2020).


Além disso, o estudo destaca que pacientes com obesidade classe 2 ou 3 (IMC >35 kg/m2)
eram mais jovens. O estudo usou o modelo de Cox aditivos com splines penalizados revelaram as-
sociação em forma de J entre o IMC e o ponto final composto de morte ou intubação que foram
ajustados pela idade, sexo, etnia e comorbidades, com um ponto de inflexão de risco previsto em
um IMC de 30 kg/m2 em uma amostra de 2466 adultos hospitalizados com COVID-19 (Figura 9)
(ANDERSON et al., 2020).

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Figure 9. Associação entre índice de massa corporal e probabilidades de um ponto final composto de intubação ou
morte. Foram criados modelos de Cox aditivos com splines penalizados ajustados por idade, sexo, raça/etnia e condi-
ções comorbidades. As linhas verticais ao longo do eixo x representam pacientes de estudo individuais. Figura retirada
do estudo de Anderson et al. (2020).

Diante desse contexto, estudo recente examinou a associação entre obesidade e morte após
21 dias de diagnósticos do COVID-19 entre os pacientes que recebem atendimento em um sistema
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integrado de saúde, contabilizando comorbidades relacionadas à obesidade e fatores sociodemo-
gráficos (TARTOF et al., 2020). Os autores verificaram que entre 6.916 pacientes com COVID-19,
houve associação em forma de J entre IMC e risco de morte, mesmo após ajuste para comorbidades
relacionadas à obesidade. Em comparação com pacientes com IMC de 18,5 a 24 kg/m2, aqueles com
IMC de 40 a 44 kg/m2 e maior que 45 kg/m2 apresentaram riscos relativos de 2,68 (IC95%, 1,43 a
5,04) e 4,18 (IC, 2,12 a 8,26), respectivamente (Figura 10). Esse risco foi mais marcante entre aque-
les com 60 anos ou mais e homens (Figura 11). (TARTOF et al., 2020).
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Figura 10. Gráfico de floresta do IMC fatores de risco ajustados pela idade, sexo, comorbidades e fumante para a morte em 6916
participantes. IMC = índice de massa corporal; RR = razão de risco. Figura retirada do estudo de Tartof et al. (2020).

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Figura 11. Gráficos de floresta de fatores de risco ajustados para morte (n = 6916), estratificadas por idade (superior)
e sexo(inferior).Os modelos foram ajustados para sexo, raça/etnia, idade, uso de tabaco, infarto do miocárdio, insu-
ficiência cardíaca congestiva, doença vascular periférica, doença cerebrovascular, doença pulmonar crônica, doença
renal, tumor metastático ou malignidade, outra doença imunológica, hiperlipidemia, hipertensão, asma, transplante
de órgãos e estado de diabetes e hemoglobina A1c nível. IMC = índice de massa corporal; RR = razão de risco. Figura
retirada do estudo de Tartof et al. (2020)
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Estudo de metanálise com 153.115 indivíduos notificados com COVID-19 em 14 países demons-
trou que pacientes com câncer ativo tem um risco aumentado de 46% de desfecho severo, enquanto
que diabetes, hipertensão, doença renal crônica não mostrou nenhum risco elevado significativo
(Figura 12) (BOOTH et al., 2021).
Além disso, ressalta que idade >75 (OR: 2,65, IC 95%: 1,81-3,90), sexo masculino (OR: 2,05, IC
95%: 1,39-3,04) e obesidade grave (OR: 2,57, IC95%: 1,31-5,05) são variáveis comumente relatadas
para desfecho adverso do COVID-19 compreendem características do paciente. Outras caracterís-
ticas do paciente, como o tipo sanguíneo A e o histórico do tabagismo, mostram tendências para o
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risco elevado de desfecho severo (OR: 1,45 e OR: 1,42, respectivamente) (BOOTH et al., 2021).
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Figura 12. Gráfico floresta para a associação de comorbidades (diabetes, hipertensão, doença renal crônica e câncer
ativo) com resultados graves de COVID-19 usando um modelo de efeitos aleatórios. Figura retirada do estudo de
Booth et al. (2021).

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Por que a obesidade aumenta o fator de risco para COVID-19?


A obesidade é um fator de risco para o desenvolvimento de comorbidades como hipertensão
arterial, doenças cardiovasculares e diabetes, além de aumentar os níveis de citocina circulante. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) caracterizou a “epidemia” de obesidade como emergências
internacionais de saúde pública, assim como o surto de COVID-19 (BOOTH et al., 2021).
Estudos clínicos e epidemiológicos com descrito anteriormente, tem demonstrado que a
obesidade aumenta os sintomas e complicações em pessoas com diagnósticos de COVID-19. Isso
ocorre porque há uma interação entre tecido adiposo e sistema imunológico que eleva a gravidade e
a letalidade da doença por meio das interações bioquímicas, moleculares, celulares e imunológicas
(PETRAKIS et al., 2020).
Petrakis et al. (2020) mostraram na revisão que paciente com SARS-CoV-2 tem declínio res-
piratório devido a relação metabólica direta entre o estado inflamatório e a “tempestade de citoci-
na”. A obesidade ocorre no tecido adiposo subcutâneo, visceral, perivascular e epicárculo, de modo
que essa distribuição de gordura promove estados proinflamatórios, protetombóticos e vasocons-

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tritivos crônicos.
Em função disso, pacientes obesos apresentam menor nível de adipocinas inflamatórias, adi-
ponectina e aumento da taxa de angiotensina 2 (ATII). Como tal, o coronavírus eleva o nível de ATII
e reduz a atividade do inibidor enzima de conversão da angiotensina-2 (ACE2) (Figura 13) (COSTA
et al. 2020). Sars-CoV-2 infecta o hospedeiro, neste caso o homem, usando o receptor da ACE2,
que é expresso em vários órgãos, incluindo pulmão, coração, rim, intestino e células endoteliais
(VARGA et al., 2020). Dessa forma, o aumento da ATII pode levar a progressão da lesão pulmonar,
promove vasoconstrição, além de aumentar a produção de citocinas (interleucina-6, fator de ne-
crose tumoral-α) que foram associadas a danos alveolares e aumento de desfechos severos (PE-
DE
TRAKIS et al., 2020).
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Figura 13. O SARS-CoV-2 liga-se por meio da proteína spike da superfície viral ao receptor da ECA2 humana após a ati-
vação da proteína spike pela TMPRSS2. SARS-CoV: Coronavírus da síndrome respiratória aguda grave; SARS-COV-2:
Coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2; COVID-19: doença do coronavírus 2019; ECA2:enzima conversora
de angiotensina-2; TMPRSS2: serina protease transmembrana-2. Figura retirada do estudo de Costa et al., (2020).

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Além disso, pacientes obesos são mais propensos a doenças crônicas como diabetes e hiper-
tensão, que pode leva a uma disfunção cardíaca em durante a fase aguda da infecção por COVID-19.
Além de levar a um quadro de trombose de pequenos vasos e endotelite com disfunção celular en-
dotelial nos pulmões. Por fim, o excesso de gordura visceral pode prejudicar a excursão diafragmá-
tica, que leva hipoxemia devido a diminuição da conformidade da parede torácica com atelectasia
e desvio (ACKERMANN et al., 2020; ANDERSON et al., 2020; DIETZ et al., 2020; VARGA et al.,
2020).
Obesidade e Exercício
Atualmente, há uma prevalência global de inatividade definida por baixos níveis de atividade
física enquanto que o comportamento sedentário e obesidade está aumentando nos últimos anos
(ABARCA-GÓMEZ et al., 2017; GUTHOLD et al., 2018).
Como dito anteriormente, pacientes com câncer ativo e obesos aumenta o risco de desfecho
adversos pela contaminação de COVID-19. A figura 14 mostra um esquema hipotético de como o
tecido adiposo um órgão metabólico que secreta por meio dos adipócitos a adipócinas pró-infla-

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matórias e citocinas que podem estimular o desenvolvimento do câncer (FRIEDENREICH; RYDER-
-BURBIDGE; MCNEIL, 2021), assim como aumento a grave das complicações pelo COVID-19.
Por outro lado, os adipócitos liberam a adiponectina que age como um hormônio insulina-
-sensibilizador a fim de aumentar a absorção de glicose e reduz triglicerídeos no músculo, de modo
a suprimir a produção de glicose e o armazenamento de triglicerídeos no fígado. Entretanto, nos
indivíduos obesos a produção de adiponectina é reduzida, e assim há o aumento da produção de ci-
tocinas pró-inflamatórias, como fator de necrose tumoral-alfa (TNF-α), interleucina-6 (IL-6), IL-1β
e TNF-α, liberadas por adipócitos aumentam a produção de proteína C-reativa (CRP) e amiloide sé-
rico A (SAA) que podem contribuir para a tumorigênese, todavia, atividade física pode regular es-
DE
ses efeitos anti-inflamatórios (FIGURA 13) (FRIEDENREICH; RYDER-BURBIDGE; MCNEIL, 2021).
No estudo epidemiológico da NCD Risk Factor Collaboration (NCD-RisC) (ABARCA-GÓMEZ
et al., 2017) cuja população é composta por 128,9 milhões de crianças, adolescentes e adultos mos-
traram que nas ultimas 40 décadas, a prevalência global de obesidade por idade em crianças e ado-
lescentes aumentou de 0,7% (95% IC 0,4 - 1,2) em 1975 para 5,6% (4,8-6,5) em 2016 em meninas,
e de 0,9% (0,5-1,3) em 1975 a 7,8% (6,7-9,1) em 2016 em meninos. Além disso, de 1975 a 2016, o
aumento global por década foi de 0,32 kg/m2 para meninas e 0,40 kg/m2 para meninos, levando
a IMC média padronizado por idade praticamente idêntico de 18,6 kg/m2 para meninas e 18,5 kg/
m2 para meninos em 2016. Os números correspondentes para adultos foram de 24,8 kg/m2 em
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mulheres e 24,5 kg/m2 em homens (Figura 15).


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Figura 14. Mecanismos biológicos hipotéticos que li-


gam a atividade física, o excesso de gordura corporal e
o comportamento sedentário ao risco de câncer. IGF-1,
fator de crescimento semelhante à insulina-1; IGFBP - 3,
proteína de ligação ao fator de crescimento da insulina
- 3; IL-6, interleucina-6; TNF - α, fator de necrose tu-
moral - α; IL-1β, interleucina-1β; PCR, proteína C reativa;
SAA, amiloide A sérico; SHBG, globulina de ligação ao
hormônio sexual. Figura retirada do estudo de Frieden-
reich; Ryder-Burbidge; Mcneil et al. (2021).

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Enquanto há aumento do tecido adiposo, estudo epidemiológico mostrou a redução do nível


de atividade física em 27,5% em 2016, participaram do estudo 168 países, incluindo 1,9 milhão de
indivíduos, quando avaliado a diferença entre os sexos é de 8 pontos percentuais (23,4% em ho-
mens vs. 31,7% em mulheres) (GUTHOLD et al., 2018). Ainda foi verificada a prevalência da inativi-
dade física em 2016 foi mais do que o dobro em países de alta renda 36,8% quando comparado aos
países de baixa renda 16,2%, e a atividade insuficiente aumentou em países de alta renda ao longo
do tempo (31,6%, em 2001). Logo, estamos vivendo três pandemias: COVID-19, obesidade e inati-
vidade física, como descrito anteriormente, esse tripé pode levar os pacientes com SARS-CoV-2
terem maior risco de desfecho adversos (GUTHOLD et al., 2018).

LO
Mulheres
Homens
DE
Figura 15. Tendências no IMC médio padronizado por idade por sexo. Crianças e adolescentes tinham de 5 a 19 anos
e adultos com idade igual ou a 20 anos. As linhas mostram as estimativas médias posteriores e as áreas sombreadas
mostram os intervalos de confiança 95%. Figura retirada do estudo Abarca-Gómez et al., (2017).
O
M

15
MÓDULO 3

COMORBIDADES E GRAVIDADE DA COVID-19

Saúde Mental
Estudo do Wang et al. (2020) realizado China durante a fase inicial do surto de COVID-19
com 1210 participantes demonstrou que:
• 53.8% tiveram o impacto psicológico moderado ou severo

LO
• 16.5% sintomas depressivos moderados a severos
• 28.8% sintomas de ansiedade moderada a severos
Além disso, foi observado que a quarentena pode influenciar na qualidade de vida e aumen-
tar sintomas de emoções negativas como tristeza (72%), tédio (54,5%), impotência (52%) e an-
siedade (50%). Por outro lado, as emoções menos sentidas foram: culpa (3,5%), desdém (8,6%) e
surpresa (10,5%). Ademais, a pandemia COVID-19 por ser um evento estressante a nível global fez
com identificasse o transtorno de estresse pós-traumático 23,5% em uma amostra com 1839 ita-
lianos, pois modificou a rotina de modo a influenciar diretamente nos recursos sociais, econômicos
e psicológicos da população (BONICHINI; TREMOLADA, 2021).
DE
Em relação ao Brasil, que está entre os países com maior número de casos e mortes no mundo,
verificou no estudo de Goularte et al. (2021) uma prevalência alta de sintomas psiquiátricos como,
sintomas de ansiedade (81,9%), sintomas de depressão (68%), raiva (64,5%), sintomas de transtorno
de estresse pós-traumático (TEPT) (34,2%) e problemas de sono (55,3%) (Figura 16). Além disso,
foi observado que o sexo feminino, idade mais jovem, menor escolaridade, baixa renda e maior perí-
odo de distanciamento social influenciou diretamente na saúde mental, sendo que (84,7%) e (67,7%)
apresentaram sintomas moderados/graves de ansiedade e depressão, respectivamente.
Mediante a isso, Brooks et al. (2020) destaca em sua revisão que durante eventos estressantes
O

como a pandemia há o aumento de problemas de saúde mental, e apoio social é um fator protetor
forte, pois os indivíduos em quarentena relataram maior prevalência de sintomas psicológicos como
sintomas de TEPT, confusão e raiva. Além do medo da infecção, tédio, estar distante da família, per-
das financeiras e a perda parcial da liberdade contribuem para impacto negativo na saúde mental.
M

Figura 16. Frequência dos sintomas de acor-


do com a medida de sintomas de corte cruzado
nível 1 do DSM-5 na população geral. Os da-
dos são a porcentagem de triagem positiva em
cada domínio. Triagem positiva (pontuação ≥
2): Depressão; Raiva; Mania; Ansiedade; Sinto-
mas Somáticos; Problemas de sono; Memória;
Pensamentos e comportamentos repetitivos;
Dissociação; Função de personalidade. Triagem
positiva (pontuação ≥ 1): Ideação Suicida; Psico-
se; Uso de substâncias. Figura retirada do estu-
do de Goularte et al. (2021).

16
INSTITUTO MOVIMENTO INCLUSIVO - COVID-19 e Exercícios Físicos: Últimas evidências

Evidências tem mostrado que o isolamento social, quarentena e a pandemia no modo geral
têm provocado inúmeras incertezas, como medo e percepções distorcidas de risco. Ademais, se
deve ter um olhar direcionado para população vulneral, como povos indígenas e baixa renda, pes-
soas com comorbidades pré-existentes, profissionais da área da saúde.
Em função disso, é preciso direcionar atenção a essa população, pois os mesmos apresentam
elevado grau de estresse psicológico devido as tomadas de decisão perante a crise global que vi-
venciamos (TORALES et al., 2020).
Hossain et al., (2020) demonstrou na sua revisão problemas de saúde mental no contexto da
epidemiologia, de modo que dividiu em diferentes temáticas:
1º População Geral e COVID-19. A COVID-19 impactou diretamente a saúde mental de maneira
que houve um aumento de sintomas de depressão, transtorno de ansiedade, estresse, ataques de
pânico, raiva irracional, impulsividade, transtorno de somatização, distúrbios do sono, distúrbios
emocionais, sintomas de estresse pós-traumático e comportamento suicida. Esses sintomas foram
mais frequentes em mulheres, idade (18 a 24) anos, solteiros, baixa escolaridade e renda, além dis-

LO
so, o excesso de exposição de notícias sobre a pandemia, falta de apoio, insegurança em relação as
políticas públicas de contenção da disseminação do COVID-19 são alguns fatores que elevaram as
intercorrências de sintomas psicológicos.
2º Pacientes com COVID-19. A revisão relata que pacientes com COVID-19 tiveram desfechos ad-
versos de saúde mental, como depressão, ansiedade, sintomas de estresse pós-traumático, dete-
rioração da qualidade do sono, problemas neuropsiquiátricos, incluindo delírio. Foi observado ain-
da que paciente da unidade de terapia intensiva apresentavam confusão (65%), agitação (69%) e
alterou consciência (21%), neste caso pacientes vieram a óbito.
DE
3º Prestadores de cuidados de saúde. O estudo traz que profissionais da área da saúde está apre-
sentando alta carga de problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão, medo quando
comparados aos trabalhos que não atua diretamente com pacientes com COVID-19.
Hossain et al., (2020) destaca ainda que os fatores associados a problemas de saúde mental
durante o COVID-19, são eles:
Idade. Idade mais jovem como fator de risco para problemas de saúde mental em meio ao COVID-19
Sexo. O sexo feminino foi relatado como fator de risco comum para problemas de saúde mental.
Estado civil. Indivíduos solteiros foi associado a mudança do estado de saúde mental durante o COVID-19.
O

Educação. Baixa escolaridade foi associado ao estado de saúde mental e problemas durante a pandemia COVID-19.
Ocupação e renda. Foi observado associação de ocupação, renda e condições econômicas com suscetibili-
dade a problemas de saúde mental, devido ao estresse ocupacional, bem como a instabilidade econômica.
Local de convivência e contato próximo com pessoas com COVID-19. Zona urbana foi associado com de-
M

pressão, além disso, está em contato com paciente com COVID-19 impactou na saúde mental e no bem-estar.
Problemas de saúde física comorbidades. A presença de comorbidades como diabetes, doenças
cerebrovasculares, doenças cardíacas e outras condições crônicas como fator de risco associado a
problemas de saúde mental em meio ao COVID-19.
Problemas de saúde mental comorbidades. Pessoas com problemas de saúde mental pré-existen-
tes são altamente vulneráveis a sofrer impactos psicológicos do COVID-19.
Exposição a notícias relacionadas ao COVID-19 e mídias sociais. Excesso de exposição a conteú-
dos relacionados ao COVID-19 nas mídias sociais ou notícias de mídia de massa estava associada a
desfechos adversos de saúde mental.

17
INSTITUTO MOVIMENTO INCLUSIVO - COVID-19 e Exercícios Físicos: Últimas evidências

Estilos de enfrentamento. No COVID-19, os desfechos de saúde mental entre os indivíduos foram


associados às suas habilidades de enfrentamento.
Apoio psicossocial. Estressores psicossociais durante o COVID-19 tiveram baixos impactos em
indivíduos que tiveram melhor apoio psicológico e social de sua família e redes sociais.
Outros fatores associados aos impactos na saúde mental durante o COVID-19:
• Alto nível de confiança nos médicos,
• Probabilidade percebida de sobrevivência,
• Medidas de proteção pessoal,
• Satisfação com a comunicação em saúde e baixo risco de contrair COVID-19 abordagens proa-
tivas da empresa,
• O hábito de exercício foi encontrado como um fator protetor comum de depressão, ansiedade e
sintomas de estresse agudo.

LO
Em relação ao exercício físico, Zhang et al. (2020) verificaram a relação entre casos de mor-
te COVID-19, qualidade do sono, atividade física, emoções negativas e agressividade. O estudo
destaca ainda que o surto de COVID-19 reduziu significativamente a qualidade do sono dos jovens
adultos e, assim, aumentou as emoções negativas globais, especialmente estresse e ansiedade.
O mesmo estudo relata que em média os participantes realizam 354,55 METs (SD = 613,41)
de atividade física vigorosa por semana. E que cada aumento de 100 unidades nos METs da
atividade física total correspondeu a uma alteração de −0,12 (IC95%: −0,22, −0,010) na pontu-
ação global das Escala de Estresse de Ansiedade depressão (DASS-21). Como demonstrado na
(Figura 17) há uma a curva dose-resposta em forma de U entre emoções negativas e atividade
DE
física, indicando que uma quantidade inadequada ou excessiva de atividade física piorou as
emoções negativas (ZHANG et al., 2020).
Zhang et al. (2020) ressalta que a quantidade adequada para minimizar as emoções negati-
vas ocorreu quando a atividade física semanal era de cerca de 2500 METs, correspondendo a 108
minutos de leve, 80 minutos de moderada, ou 45 min de atividade física vigorosa todos os dias.
Diante disso, o aumento da atividade física e o desenvolvimento de bons padrões de sono são es-
tratégias econômicas e práticas para lidar com emoções negativas durante o surto da doença.
O
M

Figura 17. Relação entre óbitos covid-19, atividade física e emoções negativas, e agressividade. Nota: O subgrafo de (a–d) indica a relação entre o
COVID-19 e as emoções negativas globais, o COVID-19 e a agressividade, atividade física e emoções negativas globais, atividade física e depressão,
respectivamente. As splines para a contagem de óbitos COVID-19 ou o gasto energético em MET-minutos por semana (METs) de atividade física
foram inseridos em um modelo de efeito misto com efeitos aleatórios sobre os indivíduos. As linhas tracejadas indicam intervalos de confiança de 95%.
A pontuação g lobal das Escala de Estresse de Ansiedade Depressão (DASS-21) varia de 0 a 63, onde um valor maior significa aumento das emoções
negativas; os escores de depressão variam de 0 a 21, com valores maiores indicando emoções mais depressivas; e os escores de agressividade variam de
22 a 110, com valores maiores indicando comportamentos mais potencialmente agressivos. Figura retirada do estudo de Zhang et al., (2020).

18
INSTITUTO MOVIMENTO INCLUSIVO - COVID-19 e Exercícios Físicos: Últimas evidências

Uma revisão com meta-analise verificou o efeito da intensidade do exercício (moderada e alta), tipo de
exercício (exercício aeróbico e combinado), terapia comportamental (TC) e sintomas de depressão em 1686
indivíduos. Os resultaram mostraram um efeito significativo entre TC + exercício físico e sintomas de de-
pressão como exibido na figura 18. Além disso, houve efeito significativo para exercício aeróbico (g = −0,48,
IC 95% [-0,93, −0,02]; p = 0,03); todavia, o mesmo não ocorreu para o exercício combinado (g = −0,37, IC
95% [-1,04, 0,29]; p > 0,05) (FIGURA 19). Entretanto, o TC + Exercício não foi significativamente mais eficaz
quando comparado ao TC para uma redução da ansiedade (hedge’s g = −0,21) (BOURBEAU et al., 2020).

LO
DE
Figura 18. Efeito geral do BT+Ex na depressão. Teste para efeito geral g = −0,47, p = 0,005; BT+Ex = Terapia Comportamen-
tal + Exercício, BT = Terapia Comportamental somente. Figura retirada do estudo de Bourbeau et al. (2020).
Figura 19. Análise de subgrupo de exercícios aeróbicos e aeróbicos combinados (superior) e aeróbico (inferior) entre
O
M

estudos que mediram a depressão. Teste para efeito geral do exercício combinado g = −0,37, p > 0,05. Teste para efeito
geral do exercício aeróbico g = −0,48, p < 0,05. BT+Ex = Terapia Comportamental + Exercício, BT = Terapia Comporta-
mental somente. Figura retirada do estudo de Bourbeau et al. (2020).

19
INSTITUTO MOVIMENTO INCLUSIVO - COVID-19 e Exercícios Físicos: Últimas evidências

Por que o exercício melhora os sintomas de depressão e ansiedade?


Evidencias demonstram que a depressão é caracterizada por patologias comportamentais e
fisiológicas. Mediante a isso, sabe-se que há um benefício terapêutico do exercício físico sobre a
depressão devido as alterações fisiológicas que mesmo proporciona (BOURBEAU et al., 2020). Es-
tudos tem relatado que o exercício físico altera estruturas e aumenta de tamanho regiões cerebrais,
como hipocampo, córtex cingulado anterior e córtex pré-frontal, em resposta a intervenção. Veja na
figura 20 o aumento da área do hipocampo após 1 ano de exercício aeróbico quando comparado com
alongamento. Essas alterações volumosas ocorrem devido ao aumento da neurogênese que são
induzidas pelo exercício nos fatores neurotróficos, como fator neurotrófico derivado do cérebro
(BDNF) (ERICKSON et al., 2011; GUJRAL et al., 2017).

LO
DE
Figura 20. (A) Exemplo de segmentação de hipocampo e gráficos demonstrando um aumento no volume de hipocampo
para o grupo de exercícios aeróbicos e uma diminuição no volume para o grupo de controle de alongamento. A interação
do Time × Group foi significativa (P < 0,001) para as regiões esquerda e direita. (B) Exemplo de segmentação de núcleo
caudado e gráficos demonstrando as mudanças de volume para ambos os grupos. Embora o grupo de exercícios tenha
mostrado atenuação do declínio, isso não atingiu significância (ambos P > 0,10). (C) Exemplo de segmentação de tála-
mo e gráfico demonstrando a mudança de volume para ambos os grupos. Nenhuma das mudanças foram significativas
para o tálamo. As barras de erro representam a SEM. Figura retirada do estudo de Erickson et al., (2011).
O

Em relação a ansiedade, estudo tem demonstrado o efeito ansiolítico do exercício de maneira aguda
denominado “hipótese de endorfina”, de modo que há uma liberação aguda de β-endorfinas após o exercício
físico aeróbico e, assim reduz os sintomas de ansiedade (ANDERSON; SHIVAKUMAR, 2013). Como
M

descrito neste modulo 3, os efeitos da covid-19 no campo biopsicossocial fizeram com que houvesse o
aumento dos sintomas de ansiedade e depressão a nível mundial, por outro lado, a literatura destaca que a
pratica regular de exercício física faz com que haja redução e/ou atenuação desses sintomas.
Sendo assim, Guia de saúde mental Pós-Pandemia no Brasil (ROHDE, 2020) destaca medidas de
prevenção e promoção: Sinais de alerta
Mudanças no padrão de comportamento
• Evitar contatos sociais, mesmo quando possível e esperado;
• Alteração no padrão de sono e apetite;

20
INSTITUTO MOVIMENTO INCLUSIVO - COVID-19 e Exercícios Físicos: Últimas evidências

• Deixar de se interessar ou participar pelo trabalho ou por atividade de lazer;


• Irritabilidade excessiva.
Sofrimento psíquico
• Choro fácil;
• Angústia;
• Desesperança.
Prevenção
Cuidar de si
• Dormir bem;
• Alimentação balanceada;
• Atividade fisica;

LO
• Pedir ajuda;
• Manter tratamentos clínicos;
• Manter tratamentos de transtornos mentais/psicoterapia;
• Evitar o excesso de informações;
• Meditação/Gerenciar estresse/ Expectativas.
Cuidados com outros
• Identificar quem não está bem;
DE
• Oferecer ajudar e acolher;
• Retornar os vinculos sociais.
Tratamento
Procurar um profissional de saude mental
• Psiquiatra;
• Psicoterapeuta;
• Evita auto-medicação.
O

Em resumo:
• Saúde sem saúde mental.
• Os laços sociais nos definem enquanto seres humanos
M

• A pandemia aumentara os casos de sofrimento psíquico transtornos mentais


• Prevenir desde já
• Tratar quem adoecer
• Informação de qualidade e confiável.

21
COVID-19 E EXERCÍCIOS FÍSICOS:
ÚLTIMAS EVIDÊNCIAS

MÓDULO 4

APTIDÃO FÍSICA E COVID-19

Sabe-se que a inatividade física aumenta o risco de muitas condições adversas de saúde, in-
cluindo doenças não transmissíveis, como doença cardíaca coronariana, diabetes tipo 2 e câncer de
mama e cólon, além de diminui a expectativa de vida.
Lee et al. (2012) estimou que a inatividade física causa de 6% das doenças cardíacas corona-
rianas, 7% de diabetes tipo 2, 10% de câncer de mama e 10% de câncer de cólon. Além disso, esse

LO
comportamento insalubre causa 9% da mortalidade prematura, ou mais de 5,3 dos 57 milhões de
óbitos em 2008. Com a eliminação da inatividade física, a expectativa de vida da população mun-
dial pode aumentar em 0,68 anos. Assim, a diminuição ou remoção da inatividade física pode me-
lhorar substancialmente a saúde em todo o mundo (LEE et al., 2012).
Lee et al. (2012) destaca ainda os benefícios para a saúde da atividade física em adultos que
reduz substancialmente:
• Mortalidade por todas as causas
• Doença cardíaca coronariana
DE
• Pressão alta
• Derrame
• Síndrome metabólica
• Diabetes tipo 2
• Câncer de mama
• Câncer de cólon
• Depressão
O

• Quedas
Fortes evidências de:
• Aumento do condicionamento cardiorrespiratório e muscular
• Massa corporal e composição mais saudáveis
M

• Melhor saúde óssea


• Aumento da saúde funcional
• Melhor função cognitiva
Apesar de se conhecer os efeitos positivos da atividade física, hoje, enfrentamos a pan-
demia da inatividade física, a qual é a quarta principal causa de morte em todo o mundo (KOHL
3RD, Harold W. et al. 2012). Entretanto, estudo prévio realizou uma estimativa para calcular
o risco de causa e mortes de doenças cardíacas coronariana e concluíram que pode aumentar
em 535.000, 1,3 milhões e 2,7 milhões para 42.000, 105.000 e 210.250 se houve o aumento

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INSTITUTO MOVIMENTO INCLUSIVO - COVID-19 e Exercícios Físicos: Últimas evidências

hipotético da inatividade física em 10 , 25 ou 50%, respectivamente, durante a pandemia de


COVID-19 (Figura 21) (PEÇANHA et al., 2020).

LO
Figura 21. Aumentos potenciais nas mortes totais (●) doenças cardíacas coronariana (■) em função do aumento da
inatividade física Lee et al. (2012). Figura retirada do estudo Peçanha et al., (2020).

Mediante a isso, o mesmo estudo destaca o efeito da inatividade física sobre a saúde cardiovascu-
lar, e alternativa para amenizar tal efeito é realizando atividades física dentre das residências (ca-
sas, apartamentos e afins), pois estamos enfrentando duas pandemias simultâneas da inatividade
física e COVID-19. Veja a Figura 22.
DE
O
M

Figura 22. Consequências da inatividade física induzida pelo isolamento domiciliar na saúde cardiovascular
(A)e os benefícios da atividade física domiciliar na compensação de distúrbios cardiovasculares induzidos pela
inatividade (B). Vetores gratuitos fornecidos pelo macrovetor/Freepik. Figura retirada e adaptada do estudo
Peçanha et al., (2020).

Além da inatividade física aumentar os riscos na saúde cardiovascular como demonstrando, na pá-
gina do Manifesto da Atividade Física no Pós-COVID: uma chamada para ação elaborado pelo CELAFICS
traz um infográfico sobre o comportamento sedentário e risco de hospitalização por COVID-19 (Figura 23).

23
INSTITUTO MOVIMENTO INCLUSIVO - COVID-19 e Exercícios Físicos: Últimas evidências

Figura 23. Figura retirada do Manifesto da Atividade Física no Pós-COVID: uma chamada para a ação. CELAFISCS.

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Pesquisadores tem tido uma preocupação adicional pelo fato da população está vivendo múltiplas
pandemias da inatividade física, obesidade e COVID-19 (PITANGA; BECK; PITANGA, 2020). A OMS destaca
que 31% da população mundial com faixa etária acima dos 15 anos não realiza 150 min de atividade física mo-
derada a leve, em função disso, 3,2 milhões de mortes por ano ocorre devido ao comportamento sedentário.

Por outro lado, nas ultimas 4 décadas, a prevalência de obesidade triplicou nos países em de-
senvolvimento e subdesenvolvidos, além de um aumento considerável nos países ricos. De modo que
em 2016 havia 650 milhões de obesos e 1,9 bilhões de indivíduos sobrepesos. Mediante a esse ce-
DE
nário, pode se afirmar que as pandemias se entrelaçam, tornando o diagnóstico dos indivíduos com
COVID-19 mais severo principalmente quando o paciente não realiza atividade física e/ou obeso (GU-
THOLD et al., 2018, PITANGA; BECK; PITANGA, 2020).
Desse modo, se faz necessário aumentar e manter os níveis de atividade física já que estar claro
a relação dose-resposta da pratica de atividade e saúde. Warburton e Bredin (2017) traz uma dis-
cussão bastante relevante qual seria o tempo ideal para que haja benefícios na saúde tendo em vista
que a literatura afirma que é preciso um volume de 150 min/semana de atividade física moderada e
vigorosa (AFMV) para que haja a diminuição dos riscos cardiovasculares, por exemplo. Todavia, a
presente revisão destaca que 15 min de atividade diárias já foram fundamentais para produzir bene-
O

fícios marcantes para saúde. Todavia, infelizmente a mensagem que é amplamente divulgada afirma
que se você não realizar a marca 150 min não terá benéficos para saúde, veja a figura 24.
M

24
INSTITUTO MOVIMENTO INCLUSIVO - COVID-19 e Exercícios Físicos: Últimas evidências

Figura 24. Relação teórica dose-resposta entre atividade física / condicionamento físico e estado de saúde. (a)
Em indivíduos que são fisicamente inativos / incapazes, uma pequena mudança na atividade física / condiciona-
mento físico levará a uma melhora significativa no estado de saúde, incluindo uma redução no risco de doenças
crônicas e mortalidade prematura. A linha tracejada representa a atenuação potencial no estado de saúde visto
em atletas de resistência altamente (extremamente) treinados. (b) Se as mensagens atuais sobre atividade física
[ou seja, os indivíduos devem se envolver em pelo menos 150 minutos de atividade física moderada a vigorosa se-
manalmente (AFMV) para benefícios à saúde] foram baseadas em evidências da forma da curva de dose-resposta
(linha azul) mostraria um limite claro em 150 min de AFMV em que os benefícios são acumulados. Assim, a relação
seria em forma de ‘‘L-’’ ou ‘‘S-’’. No entanto, a evidência esmagadora indica que este não é o caso. Modificado de
Bredin et al. [32] com permissão. AFMV, atividade física de intensidade moderada a vigorosa. Figura retirada do
estudo de Warburton e Bredin (2017).

O mesmo estudo ainda salientar que mudar de hábito (e.g. alcançar 150 min AFMV) é difícil para
muitos adultos, pois pode significar um aumento de 100-400% na atividade física. Além disso, indivíduos
de nível socioeconômico mais baixo, idosos, pessoas que vivem com uma condição médica crônica, mu-
lheres e minorias tem dificuldade de cumprir essa diretriz, apesar de se beneficiar dela quando praticada.

LO
Em função disso, é preciso ter cuidado a prescrição baseado no limiar de 150 min de atividade AFMV, pois
ela pode promover uma abordagem “tudo ou nada” e / ou única forma de “promoção da saúde”. Assim os
maiores benefícios relativos à saúde são vistos com mudanças relativamente pequenas na atividade física
(metade ou menos da metade das recomendações atuais) (WARBURTON; BREDIN, 2017).
Por outro lado, uma pequena mudança na atividade física pode levar a benefícios marcantes
para a saúde, pois simplesmente sair de um estado inativo (comportamento sedentário) tem os
maiores benefícios relativos à saúde. Hupin et al. (2015) demonstrou benefícios marcantes na
mortalidade com pequenos volumes de atividade física em adultos mais velhos, além disso, os
primeiros 15 minutos de AFMV foram associados ao maior benefício na redução da mortalidade.
DE
Os benefícios para a saúde podem ser vistos após uma variedade de atividades / exercícios,
como: atividades de intensidade de leve, atividades de curta duração e alta intensidade e substi-
tuindo comportamentos sedentários (WARBURTON; BREDIN, 2017).
O que o professor de Educação física deve fazer (WARBURTON; BREDIN, 2017)?
• Promove a importância de fazer atividades que sejam agradáveis!
• Promova a mensagem simples de “mova-se mais, sente-se menos”!
• Incentive comportamentos de estilo de vida saudáveis: atividade física de rotina; alimentação
saudável; pare de fumar; moderação de álcool e gerenciamento de estresse.
O

Todavia, ao longo de ano de Pandemia, a OMS recomendou ficar em casa e manter o distan-
ciamento social, se observou uma redução da pratica da atividade física, como demonstrado pela a
Fitbit, Inc., uma empresa americana que desenvolveu um smartwatch que monitora o nível e ativi-
dade física ao longo de 24 horas, compartilhou dados de atividade física de 30 milhões de usuários
que demonstram uma redução substancial (variando de 7% a 38%) em contagem média de passos
M

em 22 de março de 2020 quando comparado com o mesmo período do ano de 2019 (FITBIT, 2020).
Em relação ao Brasil, Sonza et al. (2021) destaca que o comportamento sedentário aumentou (14.9 x
29.8%), entre as pessoas ativas a frequência semanal e a duração de atividade física diminuíram quando com-
parados antes e durante a pandemia e a motivação para realizar o exercício antes e depois da pandemia mudou
para a população em geral brasileira, aumentando a motivação para a saúde e diminuindo para o desempenho.
Diante disso, Ricci et al. (2020) realizou uma série de recomendações para redução inati-
vidade física e comportamento sedentário durante a pandemia da doença coronavírus para dife-
rentes faixas etária e, além de sugerir diversos exercícios como de força, equilíbrio, flexibilidade e
aeróbico (Figura 25) e (Quadro 1)

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INSTITUTO MOVIMENTO INCLUSIVO - COVID-19 e Exercícios Físicos: Últimas evidências

Figura 25. Atividade física, comportamento sedentário, recomendações de sono e dicas para o período de quaren-

LO
tena COVID-19. Azul, adultos; cinza, pessoas mais velhas; laranja, pré-escolar; crianças e adolescentes amarelos, em
idade escolar; Diretrizes e recomendações arrojadas e internacionais; Itálico, dicas para o período de quarentena; PA,
atividade física; SB, comportamento sedentário; LPA, atividade física de intensidade leve; MPA, atividade física de
intensidade moderada; VPA, atividade física de intensidade vigorosa; MVPA, atividade física de intensidade moderada
a vigorosa. Na parte central da figura, relatamos horas recomendadas de sono por faixa etária. Realizar atividades de
fortalecimento em dias não consecutivos. +, ++, +++: importância relativa do tipo PA/exercício para cada categoria
etária. Haltere: atividades de fortalecimento muscular e ósseo; funcionamento: atividades aeróbicas; posição monopo-
dalica: exercício de equilíbrio; dobra: flexibilidade. * Figura retirada do estudo de Ricci et al. (2020).

Você pode atender às recomendações semanais para realizar curtas sessões de atividade física,
Faça pausas
DE
incluindo subir escadas, realizar tarefas domésticas, como limpeza e jardinagem, ou atividades
curtas ativas mais engraçadas, como dançar.

Aproveite todas as oportunidades para caminhar e ficar de pé, como caminhar durante uma chamada, ou
respirar ar fresco, mesmo apenas na janela.
Tente não ficar sentado continuamente por mais de 1 hora, mas sim fazer um intervalo de 1–2
minutos a cada 30 minutos.
Ande e levante-se
Alternativamente, considere pausas ativas a cada 2 h de comportamento sedentário ou distribua períodos
≥10 min de atividade aeróbica contínua ao longo do dia.
Atividades de intensidade leve, como mobilizar as massas musculares e as articulações, são aceitáveis.
Pessoas mais velhas podem executá-los mesmo na posição sentada ou semi-deitada.
O

Aproveite as vantagens de aulas de exercícios virtuais gratuitas na web, dedique mais tempo a
Acompanhe as brincar com as crianças e incentive os idosos a permanecerem seguros e ativos escolhendo exercícios
aulas de ginástica adequados para resistência, força, equilíbrio e flexibilidade.
online, brinque Evite o tempo de tela enquanto brinca com crianças em favor de atividades engraçadas e
brincadeiras ativas.
com as crianças,
Para crianças e adolescentes, é aconselhável jogar videogames de esportes ou fitness com controles
ajude os idosos
M

de sensor de movimento.
a se manterem Realizar atividades de baixa intensidade enquanto auxilia pessoas mais velhas protege
ativos você do sedentarismo.
Brincadeiras ativas, em vez de tempo de tela, ajudam você e seus filhos a evitar lanches.

Tenha horários regulares para as refeições principais, sono e despertar. Seu sono deve durar o
suficiente e ser de boa qualidade.
Priorize a continuidade e a regularidade em vez da intensidade do PA e aumente gradualmente
Seja regular
a frequência, a duração e a intensidade. Rastreadores de atividades e aplicativos de
smartphone podem ajudar a monitorar seu progresso.
Em caso de má experiência e má preparação física, tome cuidado.

Quadro 1. Recomendações de atividade física e comportamento saudável. Quadro retirado do estudo de Ricci et al. (2020).

26
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Pensamento nesse contexto, quais foram os exercícios físico praticados durante o distancia-
mento social no mês de maio de 2020 no Brasil? Martinez et al., 2020 aplicou um questionário
em 1613 adultos, demostrou que o treinamento de força e o treinamento aeróbio são as atividades
físicas mais praticadas, além de atividades que não necessita de aparelho como HIIT, ioga, Tai-Chi-
-Chuan e meditação, apresentou um impacto baixo devido às medidas de distanciamento social.
O mesmo estudo destaca que para manter o nível de atividade física os 36% dos entrevistados rela-
taram usar a experiencia e conhecimento que possuía, 22,6% tiveram aulas instruções online, 19,8% assis-
tiram a vídeos da internet, 15,7% dos participantes tiveram aulas ao vivo, 10,9% receberam aulas remotas
de Personal Trainer, 8,9% receberam aulas remotas da academia que frequentaram, 3,2% receberam ins-
truções de outras pessoas em sua casa, 2% tiveram aulas ao ar livre, 1,4% usaram livros, revistas, e-books
e livretos e 0,7% assistiam a vídeos em serviços de streaming de TV (MARTINEZ et al., 2020).
Esses resultados são promissores, tendo em vista que estudos tem relatados aumento do
comportamento sedentário ao decorrer da pandemia, mediante a isso, é possível realizar a pratica
da atividade física desde que a população seja aconselhada a realizar tal pratica por meio de pro-

LO
paganda educativas que estimule o ato de mover, como realizada pelo CELAFICS, veja a figura 26.
Assim, foi lançado o Guia de Atividade Física para a População Brasileira desenvolvido pela
Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde, e organizado pela Universidade Federal de Pe-
lotas e o Ministério da Saúde informa a população geral, profissionais de saúde e gestores sobre a
importância da atividade física, e dá recomendações específicas de atividade física para crianças,
adolescentes, adultos, idosos, educação física escolar, gestantes, e pessoas com deficiência.
O infográfico (Figura 27) sumariza as principais recomendações que o Guia traz para os diferentes grupos. O
documento completo está disponível neste link: guia atividade fisica populacao brasileira.pdf(saude.gov.br).
DE
O
M

Figura 26: Manifesto da Atividade Física no Pós-COVID: uma chamada para a ação/ CELAFISCS.

27
INSTITUTO MOVIMENTO INCLUSIVO - COVID-19 e Exercícios Físicos: Últimas evidências

LO
DE
Figura 27. Infográfico. Guia de Atividade Física para a População Brasileira. Figura retirada da rede social @ciclodefisiologia.
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COVID-19 E EXERCÍCIOS FÍSICOS:
ÚLTIMAS EVIDÊNCIAS

MÓDULO 5

EXERCÍCIO FÍSICO E COVID-19: O QUE SE SABE?

De Souza et al. (2021) demonstraram que ao realizar atividade física de intensidade moderada
(150min/semana) e vigorosa (75 min/semana) regulamente pode reduzir em 34.3% a prevalência
de hospitalização pelo COVID-19 em 938 indivíduos totalmente recuperados infectados pelo SAR-
S-CoV-2, desses apenas 91 (9,7%) foram hospitalizados devido as complicações ao COVID-19.
O mesmo estudo destaca que o sexo masculino, idade> 65 anos, obesos e doença pré-exis-

LO
tentes tem maior prevalência de internação, e ser fisicamente ativo pode ser um fator adjuvante de
proteção contra internações relacionadas ao COVID-19 (DE SOUZA et al., 2021).
A literatura mostra ainda que a capacidade máxima do exercício máximo quantificada em
equivalentes metabólicos de tarefa (METs) pico foram menores em pacientes que tiveram CO-
VID-19 e hospitalizados (P<.001) (Figura 28). De modo que METs pico maior foram inversamente
associados com 13 % menor chance de internação (BRAWNER et al., 2021).
DE
O

Figura 28. Taxa não reajustada de internação entre pacientes com doença coronavírus 2019 (COVID-19) por quartis de
pico de equivalentes metabólicos de tarefa (METs). Figura retirada do estudo de Brawner et al., (2021).
M

É possível verifica que o exercício pode auxiliar na recuperação e atenuar o agravamento da


COVID-19, isso pode ocorre devido a melhora na defesa imune. Filgueira et al. (2021) realizou um
estudo mostrando a relevância do estilo de vida ativo e aptidão física no sistema imune, o estudo
resumiu em um quadro as respostas imunológicas e fisiológicas mediante ao comportamento se-
dentário e ativo, veja o quadro 2.
Como dito no módulo 2, indivíduos com obesidade/sobrepeso geralmente tem inflamação
crônica de baixo grau caracterizada níveis elevados citocinas pró-inflamatórias, como IL-6 e TNF-
-α, e do inflamassoma isso pode resultar em maior risco de infecção. Todavia, a literatura destaca
que exercício físico aumenta a aptidão cardiorrespiratória, em função disso, gera uma proteção

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INSTITUTO MOVIMENTO INCLUSIVO - COVID-19 e Exercícios Físicos: Últimas evidências

imunológica inata que pode atenuar a “síndrome da tempestade de citocinas” que modela os efei-
tos da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), comumente observada em pacientes com CO-
VID-19, veja a figura 29 (ZBINDEN-FONCEA et al., 2020).

LO
Quadro 2: Efeitos do exercício e da inatividade na saúde física e o risco de doenças graves sobre infecções virais. A
inatividade é descrita como fator de risco para sarcopenia, redução da função e funcionalidade muscular, doenças car-
diovasculares e metabólicas, função imunológica prejudicada e imunosenescência, mas também tem sido associada a
DE
prejuízo do gasto energético, aumento total da gordura corporal e abdominal. Por outro lado, indivíduos fisicamente
ativos melhoraram as respostas das células T, diminuíram os níveis de inflamação pulmonar e pneumonia bacteriana,
melhorou a função pulmonar, as respostas mais fortes e duradouras de anticorpos à vacina contra a gripe, a diminuição
da imunosenescência, o aumento da capacidade anti-inflamatória e a diminuição da incidência e sintomas da infecção
do trato respiratório superior (URTI). Quadro retirado e adaptado do estudo de Filgueira et al. (2021).

A “síndrome da tempestade citocina” é denominada pela superprodução de citocinas e cé-


lulas imunes que ativa células imune nos pulmões após infecção pelo COVID-19 entre 7 a 10 dias
dos primeiros sintomas. De modo que, há uma produção exacerbada de interleucina (IL)-6, IL-10 e
TNF-α que resulta em danos pulmonares graves, complicações respiratórias e diminuição de taxa
O

de sobrevivência (ZBINDEN-FONCEA et al., 2020).


Isso pode ocorrer devido a ligação entre a proteína Spike do SARS-CoV-2 ao receptor ACE2 que
ativa a síndrome da tempestade de citocina, por exemplo. Sabe-se que a ACE2 é encontrada em diferen-
tes tecidos e órgãos que tem sua alta expressão, como células cardíacas, pulmonares, renais, intestinais
e vasculares gerando assim infecções graves nos mesmos (ZBINDEN-FONCEA et al., 2020).
M

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INSTITUTO MOVIMENTO INCLUSIVO - COVID-19 e Exercícios Físicos: Últimas evidências

LO
Figura 29. Modelo proposto para os efeitos protetores de altos níveis de aptidão cardiorrespiratória nas res-
postas pró-inflamatórias após infecção por SARS-CoV-2. A ligação do vírus SARS-CoV-2 ao receptor da enzima
conversora da angiotensina 2 (ACE2) ativa o inflamassoma causando a sintomatologia pulmonar característica
DE
da doença COVID-19. Lipopolissacarídeo (LPS), e possivelmente SARS-CoV-2, se ligam aos receptores Toll Like
(TLR) para ativar a via de inflamação. A resposta primária de diferenciação mieloide 88 (MyD88) ou o inter-
feron-β indutor do adaptador contendo o domínio TIR (TRIF) ativa o fator 6 associado ao receptor do fator de
necrose tumoral (TRAF6), que por sua vez estimula a caspase 1, induzindo a ativação dos inflamassomas tam-
bém como quinase ativada por fator de crescimento de tumor-β (TAK) e quinase I kappa B (IKK). Esta cascata
finalmente inicia a ativação do fator nuclear kappa B (NF-kB) no núcleo. Posteriormente, as citocinas pró-infla-
matórias, como o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), IL-6 e IL-1b, iniciam os processos inflamatórios no pul-
mão, dando origem aos sintomas clássicos de COVID-19. Um alto nível de aptidão cardiorrespiratória no início
dos sintomas pode reduzir a suscetibilidade à infecção e ser benéfico para a defesa imunológica do hospedeiro
contra um estado pró-inflamatório. O treinamento físico pode atuar para reduzir as vias inflamatórias por meio
de três mecanismos putativos: [1] reduzindo a expressão dos TLRs; [2] aumentando os níveis de citocinas antii-
nflamatórias, como IL-10 e IL-37, que por sua vez irão inibir a via de inflamação dos TLR e neutralizar a resposta
O

inflamatória induzida pelos inflamassomas; e [3] pela ativação da proteína quinase ativada por AMPK (AMPK)
no pulmão, reduzindo os processos inflamatórios ao permitir a transformação de Ang II em Ang 1-7. Figura re-
tirada com estudo de Zbinden-Foncea et al., (2020).

Por outro lado, a redução dos níveis de ACE2 pode ajudar na diminuição do combate à
M

infecção. Como se observou na figura 29, o exercício físico é capaz de modular o sistema imu-
nológico, além de diminuir o risco, a duração e gravidade das infecções virais.
Diante disso, o exercício melhora as citocinas anti-inflamatórias, como IL-10, antagonis-
ta do receptor IL-1 e IL-6 “myokine”. Além de favorecer a fosforização da ACE2 que converte
Angiotensina II para Angiotensina 1-7, é um vasodilatador que diminui os efeitos anti-inflama-
tórios e antifibrosos, essa redução da ACE2 faz com que diminuía a resposta inflamatória nos
pulmões (ZBINDEN-FONCEA et al., 2020; DA SILVEIRA et al., 2020). Logo, o exercício físico
de intensidade leve a moderada é uma estratégia não-farmacológica que melhora marcadores
imunológicos, veja no quadro 3.

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INSTITUTO MOVIMENTO INCLUSIVO - COVID-19 e Exercícios Físicos: Últimas evidências

LO
Quadro 3. Benefícios da atividade física regular de intensidade moderada em fatores que influenciam a resposta contra
o COVID-19. DM2= Diabetes Mellitus 2; MS= Síndrome Metabólica.

Outra sugestão de exercício físico que está sendo recomendado é a corrida e/ou caminhada, mas é
seguro? O estudo avaliou 2.586 participantes sendo que 2.427 (93.9%) continuaram correndo durante a
pandemia. Dentre eles, 10 participantes testaram positivo para COVID-19, 2 participantes deram entrada
no hospital devido ao COVID-19 com um dia de internação. Diante disso, o estudo concluiu que o comporta-
mento e os hábitos de corrida não foram associados ao aparecimento de sintomas sugestivos de COVID-19
e isso implica que correr não afetar negativamente a saúde dos corredores (CLOOSTERMAN et al., 2021).
DE
Portanto, como demonstra esse infográfico (Figura 30), mantenha-se fisicamente ativo durante o CO-
VID-19, exercício é remédio não-farmacológico que beneficia o corpo humano (WEDIG; DUELGE; ELMER, 2021).
O
M

Figura 30. Infográfico. Mantenha-se fisica-


mente ativo durante o COVID-19 com exercícios
como medicamento. Figura retirada e adaptado
do estudo de Wedig; Duelge; Elmer (2021).

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COVID-19 E EXERCÍCIOS FÍSICOS:
ÚLTIMAS EVIDÊNCIAS

MÓDULO 6

COVID-19 E SUAS SEQUELAS: “LONGO COVID-19”

Infelizmente, 25% dos pacientes hospitalizados que foram acometidos pela COVID-19 terão
pelo menos um sintoma após 6 meses. Segundo Kuehn (2021) em pacientes que tiveram COVID-19
na China em 2020, após 6 meses: 63% tinham fadiga/fraqueza muscular; 25% ansiedade e depres-
são e 33% diminuição da função renal.
Dados do Office for National Statistics do Reino Unido demonstraram que em mais de 20000

LO
pessoas que testaram positivo entre 26/4/2020 a 6/3/2021: 90% não foram hospitalizados e que
13,7% ainda apresentavam sintomas após 12 semanas de evolução. Além disso, o mesmo dados mos-
tram que 1.1 milhão de pessoas em domicílios privados no Reino Unido relataram ter Longo COVID-19
após 4 a 12 semanas da infecção, entre os sintomas destacam: fadiga, dor muscular e dificuldade de
concentração sendo mais recorrente em mulheres (14,7%) e na faixa etária de 25 a 34 anos (18,2%). E
isso tem influenciado nas atividades de vida diária da população (AYOUBKHANI, 2021).
O estudo da Nature demonstrou como a Síndrome Pós-COVID19 atinge diferentes sistemas e
tecidos após 4 semanas do início dos sintomas da COVID-19 (NALBANDIAN et al., 2021):
DE
1) Pulmonar
• Dispneia, diminuição da capacidade de exercício e hipóxia;
• Fisiologia pulmonar restritiva, opacidades e alterações fibróticas em exame de imagem;
Recomenda-se avaliação da progressão e/ou recuperação das complicações pulmonares pela oxime-
tria de pulso doméstico, teste de caminhada de 6 minutos e tomografia computadorizada quando necessário.

2) Hematológico
• Eventos tromboembólicos são <5% no COVID-19 pós-agudo;
O

• A duração do estado hiperinflamatório induzido pela infecção com SARS-CoV-2 é desconhecida.

3) Cardiovascular
• Palpitações, dispneia e dor no peito são sintomas persistentes;
• As sequelas de longo prazo podem incluir aumento da demanda cardiometabólica, fibrose mio-
M

cárdio ou cicatrizes, arritmias, taquicardia e disfunção autônoma;


Recomendações: Pacientes com complicações cardiovasculares durante a infecção aguda ou longo CO-
VID podem ser monitorados com acompanhamento clínico, ecocardiograma e eletrocardiograma em série.

4) Renal
• Redução da taxa de filtração glomerular;
• Nefropatia associada a coronavírus pode ser o padrão predominante de lesão renal em indiví-
duos de ascendência africana.

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INSTITUTO MOVIMENTO INCLUSIVO - COVID-19 e Exercícios Físicos: Últimas evidências

Recomendações: Sobreviventes do COVID-19 teve função renal prejudicada podem se benefi-


ciar do acompanhamento precoce em clínicas.

5) Endócrino
• Agravamento do diabetes mellitus existente, inflamação da tireoidite e desmineralização óssea.

6) Gastrointestinal e Hepatobiliar
• COVID-19 tem o potencial de alterar a microbiota intestinal, incluindo enriquecimento de orga-
nismos oportunista;
• Derramamento fecal viral prolongado pode ocorrer no COVID-19 mesmo após testes negativos
de Swab nasofaríngeo.

7) Dermatológico
• A perda de cabelo é o sintoma foi relatada em aproximadamente 20% dos sobreviventes.

LO
8) Neuropsiquiátrico
• Fadiga, mialgia, dor de cabeça, disautonomia e comprometimento cognitivo (névoa cerebral)
• Ansiedade, depressão, distúrbios do sono e transtorno de estresse pós-traumático tem sido
relatado em 30-40% dos sobreviventes de COVID-19.
Além disso, o estudo de Nalbandian et al., (2021) traz uma figura exemplificando como o pro-
cesso do longo COVID-19 ocorre, veja figura 31.
DE
O
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Figura 31. O COVID-19 agudo geralmente dura até 4 semanas a partir do início dos sintomas, além dos quais o SARS-
-CoV-2 competente para replicação não foi isolado. O COVID-19 pós-agudo é definido como sintomas persistentes e/
ou complicações ou a longo prazo além de 4 semanas após o início dos sintomas. Os sintomas comuns observados no
COVID-19 pós-agudo são resumidos. Figura retirada do estudo de Nalbandian et al., (2021).

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INSTITUTO MOVIMENTO INCLUSIVO - COVID-19 e Exercícios Físicos: Últimas evidências

Como se pode observar, infelizmente, um número crescente de pacientes que tiveram


infecção estão apresentando o “longo COVID”, que é uma condição pós-viral multissistêmi-
ca, de maneira que 55% tinham três ou mais sintomas: incluindo fadiga (53% ), dificuldade
para respirar (43%), dores nas articulações (27%) e dores no peito (22%) com 40% dizendo
que reduziu a qualidade de vida que se estender por semanas e meses, veja na figura 32
(CARFÌ et al., 2020).

LO
DE
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Figura 32. A figura mostra as porcentagens de pacientes que apresentam sintomas re-
lacionados à doença coronavírus específica de 2019 (COVID-19) durante a fase aguda da
doença (esquerda) e no momento da visita de acompanhamento (direita). Figura retirada do
estudo de (CARFÌ et al., 2020).
M

Além dos sintomas mencionados, a literatura tem mencionado complicações cardio-


vasculares em decorrência da COVID-19, como injúria miocárdica (20% dos casos), arritmias
(16%), miocardite (10%), além de insuficiência cardíaca (IC) e choque (até 5% dos casos), veja
figura 33. Para identificar essas alterações cardiovasculares utiliza do eletrocardiograma
(ECG) que mostra por meio dos ritmos cardíacos a taquicardia ventricular que pode induzir a
instabilidade hemodinâmica ou fibrilação ventricular, especialmente em pacientes com mio-
cardite que evolui rapidamente para uma disfunção ventricular (COSTA et al., 2020).

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LO
Figura 33: Coronavírus e o Coração. Os pacientes com fatores de risco e/ou doença cardiovascular são mais propensos
a desenvolver formas graves e complicações relacionadas a COVID-19. O quadro pulmonar manifesta-se inicialmente
por síndrome gripal (com tosse e febre), evolui para pneumonia (dispneia, hipoxemia, taquipneia) e, em alguns casos,
para síndrome do desconforto respiratório agudo. A resposta do organismo ao vírus leva a um quadro de inflamação
sistêmica, na qual se observa elevação de marcadores inflamatórios (PCR, procalcitonina, dímero-d, IL-6, ferritina,
DHL) e de injúria miocárdica / disfunção cardíaca (troponina/NT-proBNP), que predispõe a insuficiência cardíaca agu-
da, miocardite, trombose e arritmias. As complicações cardiovasculares pioram a resposta do organismo ao vírus, le-
vando a choque, falência de múltiplos órgãos e morte. AVC: acidente vascular cerebral; DAC: doença arterial coronária;
DHL: desidrogenase láctica; FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo; PCR: proteína C reativa; IL-6: interleuci-
na-6; SDRA: síndrome do desconforto respiratório agudo.
DE
Sabendo disso, recomenda-se o ECG para avaliar e monitorar o intervalo QTc e ST em pacien-
tes que tiveram complicações cardiovasculares (e.g fibrilação atrial/disfunção ventricular), princi-
palmente antes de se iniciar um programa de exercício físico.
Em relação as sequelas neurológicas, é possível verificar que ocorre uma cascata de infecções que
vai progredindo, veja figura 34. De modo que, no avançar da COVID-19, há hipercoagulabilidade que
induz tromboembolismo venoso e oclusão arterial, é isso pode resultar em alterações patológicas signi-
ficativas no sistema nervoso central (SNC) (LOU et al., 2021), como demonstrado na figura 34.
O
M

Figura 34: Mapa de fluxo mo-


delando COVID-19 patogêne-
se e disfunção neurológica.
CNS= Sistema Nervoso Cen-
tral; ADEM= encefalomielite
aguda disseminada; ANE= En-
cefalopatia necrotante aguda;
GBS=Síndrome de Guillain-
-Barré. Figura retirada do es-
tudo de Lou et al., (2021).

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Dentre as sequelas neurológicas mais recorrentes se pode destacar tontura, dor de cabeça, disgeusia ou
anosmia como sintomas leves (LOU et al., 2021). Em relação a doenças graves em decorrência do COVID-19:
• O derrame ou acidente vascular cerebral (AVC) que tem acometido mais homens e idosos;
• Síndrome de Guillain-Barré (GBS) é uma doença desmielinizante incomum e imunomediada
dos nervos periféricos que muitas vezes é oriunda de infecções virais. Os sintomas comuns em
pacientes COVID-19 incluem quadriparese flácido simétrica, ataxia, fraqueza facial, insuficiên-
cia respiratória e parestesia inferior.
• Encefalopatia necrosante hemorrágica aguda, meningoencefalite e trombose venosa cerebral
essas complicações gera tempestades de citocinas intracranianas levando a inflamação no sis-
tema nervoso central.
Essas alterações neurológicas podem levar a ao risco de demência vascular ou distúrbios neu-
rodegenerativos e neurológicos devido ao Longo COVID-19 (LOU et al., 2021). Além disso, o estudo
tem salientado as consequências psicossociais e na saúde mental da população, principalmente em

LO
profissionais da área da saúde, pois a pandemia está associada ao aumento dos sintomas depres-
sivos, ansiedade, raiva, estresse, distúrbios do sono, estresse pós-traumático, isolamento social e
solidão (SINANOVIĆ; MUFTIĆ; SINANOVIĆ, 2020).
Huang et al., (2021) demonstrou em estudo de coorte, que após 6 meses ,122 pacientes que
necessitaram de ventilação mecânica, ventilação não-invasiva e cânula nasal de alto fluxo para oxi-
genoterapia 40% tiveram prejuízo de difusão, 77% ansiedade ou depressão e 69% fadiga e fraque-
za muscular em comparação com os pacientes que não necessitou de oxigênio suplementar.
Diante desse cenário, Longo COVID-19 está sendo e será um longo desafio para humanidade à
medida que a pandemia evolui, infelizmente 10 a 20% dos pacientes estão apresentando os efeitos
DE
da SARS-CoV-2 após 12 semanas. Em função disso, a literatura destaca o exercício físico e ativi-
dade física como moduladores que atenua e melhorar prognósticos de doenças crônicas, de modo
que é possível estender os benéficos do exercício regular para melhoria dos sintomas e redução dos
efeitos Longo COVID, como mostrado na figura 35 (JIMENO-ALMAZÀN et al., 2021).
O
M

Figura 35. Potenciais benefícios do


exercício nas manifestações clínicas
mais frequentes da síndrome pós-CO-
VID-19. Figura retirada e adaptada do es-
tudo de Jimeno-Almazàn et al., (2021).

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INSTITUTO MOVIMENTO INCLUSIVO - COVID-19 e Exercícios Físicos: Últimas evidências

Outras características que podem ser identificadas com síndrome pós-COVID-19 segundo Ji-
meno-Almazàn et al., (2021) são elas:
• 80% dos pacientes têm mais de um, geralmente mais de dois e até mais de 10 sintomas;
• As mulheres tendem a ser mais afetadas do que os homens, principalmente nos sintomas fa-
diga e mialgia;
• O aumento da idade e gravidade do quadro em pacientes que foram para UTI tiveram sintomas
mais persistentes, como fadiga, dispnea e perturbações neuropsicológicas.
• Não há um padrão de evolução dos sintomas são de natureza flutuante e sua aparência varia ao
longo do tempo;
• No geral, a recuperação dos pacientes ocorre espontaneamente no decorrer do tempo, todavia
isso irá depender da gravidade dos sintomas apresentado pelo Longo COVID.
• A fadiga é sintoma mais recorrente, juntamente com alterações neurocognitivos, geram maior

LO
impacto na qualidade de vida, que afeta atividade de vida diária e no trabalho.
Diante desse contexto, é necessário que a pratica regular de atividade física esteja presente
nos hábitos de saúde da população no geral. E que haja políticas públicas para redução do compor-
tamento sedentário. A literatura destaca os efeitos benéficos do exercício físico sobre múltiplas
patologias semelhantes aos sintomas da síndrome pós-COVID que pode auxilia na recuperação
desses pacientes (JIMENO-ALMAZÀN et al., 2021).
Assim, a revisão destaca a importância do treinamento de força com intensidade e volume
baixos (e.g. cargas e repetições) e sem falha muscular, a fim de evitar o desconforto, dor tardia e fa-
diga, pois indivíduos com Longo COVID podem ter dificuldades para retorna a pratica do exercício
DE
devido à baixa tolerância a intensidade do exercício, descondicionamento e fadiga. Desse modo, é
fundamental que haja motivação e monitoramento da atividade (e.g. aulas personalizadas) a fim de
evitar overtraining precoce e tempo de recuperação seja eficiente para as pessoas com síndrome
pós-COVID-19 (JIMENO-ALMAZÀN et al., 2021).
Diante disso, há recomendações de exercício físico de acordo com sintomas da COVID19 de
acordo com Barker-Davies et al., (2020):
1. Assintomáticos de casos positivos de COVID deve continuar a pratica de exercício físico res-
peitando as recomendações de saúde de acordo com OMS.
O

2. Sintomas muito leves: Deve considerar atividade físicas leves e diminuir tempo de compor-
tamento sedentário. Aumente os períodos de descanso se os sintomas se agravarem. Evite
exercício físico prolongado e de alta intensidade.
3. Após os sintomas retome ao exercício físico com intensidade leve/moderada sendo na pri-
meira semana se recomenda alongamento fortalecimento muscular antes atividades aeróbicas
M

no decorrer vai progredindo a intensidade do exercício de acordo com a resposta do indivíduo


pós-COVID.
Além disso, Barker-Davies et al., (2020) mostra em seu estudo sobre as diretrizes e recomen-
dações de reabilitação pós-COVID:
1. Reabilitação pulmonar: Pacientes que necessitaram de oxigenoterapia deve inicialmente
trabalhar com exercício de baixa intensidade (≤3 METs ou equivalente), além de monitorar em
repouso, durante e recuperação a frequência cardíaca, pressão arterial e oximetria de pulso).
O aumento da intensidade do exercício deve ser gradual. Aconselha realizar teste da função
pulmonar e teste de caminhada de 6 minutos.

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2. Reabilitação cardíaca: Recomenda-se o teste ergométrico antes de iniciar o programa de


exercício; ECG de repouso. O paciente que teve miocardite aconselha um período de repouso
completo por 3 a 6 meses, antes de retornar ao esporte de alto rendimento e exercício de alta
intensidade, de acordo com as recomendações do cardiologista.
3. Reabilitação musculoesquelética: Recomenda-se a avaliação funcional como teste de sentar
e levantar, teste de equilíbrio, força de preensão palmar e teste TUG, por exemplo a fim de de-
terminar prejuízos musculoesqueléticos.
4. Reabilitação neurológica: Recomenda-se uma recuperação multidisciplinar para maximizar a
recuperação, como acompanhamento físico, cognitivo e psicológico. Deve ser consideradas ava-
liações físicas, cognitivas e funcionais personalizadas de acordo com ambiente de trabalho.
Longo COVID19 em crianças: o que sabemos?
Dados do Reino Unido do Office for National Statistics sugerem que após 5 semanas da
infecção aguda 12-15% das crianças apresentam sintomas do Longo COVID, entre os sintomas

LO
descritos a maioria foram relatados por pais/responsáveis: fadiga, falta de ar, dor nas arti-
culações, erupções cutâneas e dores de cabeça. Além da dor elétrica nos olhos e cabeça, dor
nervosa, dor testicular, dano hepático, paralisia e convulsões de novo início. Além de afetar a
saúde mental como ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e mudanças de humor
extremamente voláteis (NOS, 2020). Estudo realizado na Itália demonstrou que 129 crianças,
média de idade de 11 ± 4,4 anos desses 48,1% eram meninas, diagnosticadas com infecção por
SARS-CoV-2 entre março de 2020 e outubro de 2020; cujo acompanhamento foi realizado por
telefone ou no ambulatório entre 1º de setembro de 2020 e 1º de janeiro de 2021. Curiosamen-
te, 25,6% das crianças foram assintomáticas, e 74,4% tinha sintomas. Dessas, 6 (4,7%) crian-
ças foram hospitalizadas e 3 (2,3%) necessária internação pediátrica da unidade de terapia
DE
intensiva. Após o diagnóstico inicial, três desenvolveram síndrome inflamatória multissistema
(2,3%) e duas miocardite (1,6%) (BUONSENSO et al., 2021). Além disso, verificaram que após 7
dias 41,8% se recuperaram completamente, 35,7% apresentaram um ou dois sintomas e 22,5%
tiveram três ou mais. Ao realizar o acompanhamento em média 162,5 ± 113,7 dias após o diag-
nóstico verificaram que 29 dos 68 (42,6%) dos avaliados tinham sintomas recorrentes como:
insônia (18,6%), sintomas respiratórios (incluindo dor e aperto no peito) (14,7%), congestão
nasal (12,4%), fadiga (10,8%), dor muscular (10,1%) e dor nas articulações (6,9%) e dificuldades
de concentração (10,1%)(BUONSENSO et al, 2021).
Resultados semelhantes foram encontrados em estudo na Holanda, de modo que das 89
O

crianças acompanhadas pós-COVID, dessas 36% experimentaram limitações severas nas fun-
ções diárias. As queixas mais comuns foram fadiga, dispneia, dificuldades de concentração,
dores de cabeça, perda de memória e outros e neblina cerebral, com 87%, 55%, 45%, 38%, 13%
e 2% respectivamente (BRACKEL et al., 2021). Em decorrência desses sintomas, 29% crianças
necessitaram de acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, como: 25% fizeram fisiote-
M

rapia e 16% foram atendidos por psicólogo (BRACKEL et al., 2021).


Mediante desses resultados, se faz necessário ter uma atenção especial para crianças e adoles-
centes tendo em vista que sequelas semelhantes encontradas em adultas ocorrem nessa faixa etária.

39
COVID-19 E EXERCÍCIOS FÍSICOS:
ÚLTIMAS EVIDÊNCIAS

MÓDULO 7

RETORNO AO EXERCICIO FISICO APÓS COVID-19: COMO OCORRE E O QUE


DEVE REALIZADO.

Segundo Postigo-Martin et al., (2021) não faça exercício se o indivíduo esteja:


• Febre, uma temperatura corporal de >37,2 °C.
• Falta de ar ou oximetria abaixo de 95% em repouso

LO
• FC acima de 100 bpm/min em repouso
• Frequência respiratória <12 ou > 20 bpm
• Tontura
• Batimentos irregulares
• Pressão arterial: <90/60 ou >140/90 mmHg,
Além disso, o mesmo estudo destaca alguns testes a serem realizados antes de iniciar a prati-
ca do exercício físico (POSTIGO-MARTIN et al., 2021), são eles:
DE
• Capacidade cardiorrespiratória:
- Teste de exercício cardiopulmonar: verificar se o indivíduo apresenta o pico de consumo de
oxigênio (VO2pico) de ≤15 mL/kg/min. Ao observar esses valores, se recomenda realizar o exer-
cício aeróbico de maneira segura e intensidade moderada com controle de SpO2 (interromper o
exercício se os valores diminuírem <90%) e taxa de esforço percebido na escala Borg entre 3 e 5.
Além disso, é interessante verificar a FC de recuperação que reflete a reativação do sistema pa-
rassimpático após o teste cardiopulmonar. De modo que, se a diferença máxima atingida após o
exercício for <10 ou <20 após um e dois minutos, respectivamente, deve ter atenção para possíveis
riscos de eventos cardiovasculares.
O

- Teste de caminhada de 6 minutos: verificar a distância percorrida for <350 m ou uma velo-
cidade de marcha <1m/s, pois a literatura tem demonstrado que pacientes com COVID-19 (modera-
da a grave) tem redução da distância percorrida após 2-3 meses.
• Capacidade Neuromuscular:
M

-Teste de preensão palmar:


Homens: perda de massa muscular <11 kg adquiridos na UTI e <25,8 kg disfunção
Mulheres: perda de massa muscular <7 kg adquiridos na UTI e <17,4 kg disfunção
- Capacidade Funcional:
Teste timed up and go (TUG): >20s
- Equilíbrio:
Escala de equilíbrio de Berg: <49 pontos

40
INSTITUTO MOVIMENTO INCLUSIVO - COVID-19 e Exercícios Físicos: Últimas evidências

Realizar Check-ups a cada 3 meses até 12 meses após a infecção por Covid-19 e uma vez por
ano a partir de então.
Assim, tendo a liberação médica e feito os testes, deve se ter alguns cuidados com retorno
da atividade física após 7 dias sem sintomas, de modo que o mesmo deve ser divido em fases de
acordo com grau de recuperação do pacientes pós-COVID, conforme Salman et al., (2021). Qualquer
falta de ar anormal em qualquer nível de atividade, ou retorno de sintomas incluindo temperatura,
letargia ou dor no peito. Vá ao médico!
Use a escala de Percepção subjetiva de esforço (PSE) (Borg & Noble, 1974) varia de 6 a 20
(Figura 36) como medida de avaliação externa do nível de fadiga e falta de ar do indivíduo.
• Fase 1:
Objetivo: preparação para o retorno ao exercício

Exercícios: repouso, exercícios respiratórios, tarefas domesticas e le-

LO
ves no jardim, flexibilidade/alongamento, equilíbrio, caminhada suave
e treinamento de força leve. PSE: 6-8
• Fase2:
Objetivo: atividade de baixa intensidade (caminhada, yoga leve e ativi-
dades domesticas leves
Exercício: aumento gradual 10 a 15 min/dia
PSE: 6-11 progressão 7 dias e quando conseguir caminhar 30 minutos
a PSE:11
DE
• Fase 3:
Objetivo: aeróbico e força moderado
Figura 36. Imagem do Google
Exercícios: eg. 2 x 5 min de exercício aeróbico (como caminhada rápi-
da, subir e descer escadas, correr, nadar ou pedalar) separadas por 5
min de recuperação.
PSE: 12-14 progressão 7 dias e quando conseguir uma sessão de 30 min e se sentir recuperado após uma hora
• Fase 4:
O

Objetivo: aeróbico e força de intensidade moderada com exercícios de coordenação e funcionais (como
a corrida, mas com mudanças de direção, passos laterais e circuitos de exercícios de peso corporal)
Exercício: 2 dias de treino e 1 de recuperação
PSE: 12-14 progressão 7 dias e quando os níveis de fadiga são normais.
M

• Fase 5:
Objetivo: exercício regular
Exercício: retorno a atividade normal de exercício
PSE: > 15 se tolerado.
Em resumo:
Para acompanhar e prescrever atividade física para paciente pós-COVID é preciso uma abor-
dagem gradual, individualizada e baseada na tolerância subjetiva da atividade, como aumento de
volume (tempo de atividade) e carga (intensidade) de maneira progressiva.

41
INSTITUTO MOVIMENTO INCLUSIVO - COVID-19 e Exercícios Físicos: Últimas evidências

É necessário conhecer os pacientes por isso: PERGUNTE, AVALIE E ACONSELHE de acordo


com o nível de atividade física e recuperação desse paciente. E em cada fase e evolução do exercício
tenha o retorno do indivíduo para que se estabeleça metas e monitore o processo (SALMAN et al.,
2021).
Outra sugestão de exercício físico que está sendo recomendado é o Exercício Remoto (atendi-
mento online) como alternativa para Era Pós-COVID, como demonstrado no estudo brasileiro realizado
com 344 pessoas, foi dividido em quatro grupos: 1) grupo controle; 2) grupo que realizava exercício por
conta própria; 3) grupo realizada exercício supervisionado (personal trainer ou fisioterapeuta) de ma-
neira remota e 4) grupo realizava exercício supervisionado presencial. Foi observado que o grupo 3 e
4 apresentaram aumento da atividade física vigorosa e melhorou a saúde mental. Enquanto que grupo
controle diminuiu o nível de atividade física e saúde mental e aumentaram o comportamento sedentá-
rio. Além disso, o estudo destaca que aulas supervisionadas por videochamada foram mais efetivas do
que o modelo presencial para saúde mental (MOREIRA-NETO et al., 2021).
Além disso:

LO
• Academias com maior foco na saúde
• Medicina preventiva
• Cidades com acesso a atividade física
• Mudança cultural atividade física e alimentação
• Informação de qualidade
• Conhecimento e habilidade no uso novas tecnologia das ciências do exercício, como monitorar
a intensidade do exercício (p. ex. velocidade de movimento) e respostas fisiológicas (p.ex. lac-
DE
tato, frequência cardíaca, saturação de oxigênio muscular) ao mesmo tempo em que fornecem
biofeedback em tempo real. De maneira auxiliar os profissionais no fornecimento de progra-
mas de exercícios direcionados (JIMENO-ALMAZÁN et al., 2021).
• Além disso, com advento da tecnologia é possível realizar o controle remoto dos pacientes por
meio dos dispositivos portáteis, ferramentas vestíveis e aplicativos para atividade física e con-
dicionamento físico. De modo que é possível desenvolver e realizar treinamentos caseiros su-
pervisionados de alta qualidade durante situações restritivas particulares (como períodos de
bloqueio) ou pessoas com severas limitações de mobilidade (JIMENO-ALMAZÁN et al., 2021).
O infográfico (Figura 37) mostra orientações e recomendações para Atletas pós-COVID-19
O

proposto por Elliott et al. (2020):


• Manter uma boa hidratação;
• Dieta balanceada
• Se os sintomas piorarem ou persistirem por mais de 7 dias, procurar nova avaliação médica.
M

• A quarentena ao morar com outras pessoas inclui aspectos práticos como isolamento em quar-
tos não acessados por outras pessoas, manutenção de suprimentos de comida e água, uso de
um banheiro diferente e lavagem regular de roupa suja.
Protocolo de Retorno Gradual ao Jogo (GRTP)
Um GRTP é um programa progressivo que apresenta a atividade física e o esporte de maneira gra-
dual. Considerações chave:
> Antes de considerar o GRTP, o atleta deve ser capaz de realizar as atividades da vida diária
e caminhar 500m no plano sem fadiga excessiva ou falta de ar.

42
INSTITUTO MOVIMENTO INCLUSIVO - COVID-19 e Exercícios Físicos: Últimas evidências

> Eles devem ter pelo menos 10 dias de descanso e 7 dias sem sintomas antes de começar.
> Esportes aeróbicos de baixa intensidade, como golfe, podem progredir mais rapidamente.
A experiência sugere que alguns atletas demoram mais de 3 semanas para se recuperar.
> Alguns monitoramentos podem agregar valor, o que pode incluir:
> Frequência cardíaca de repouso.
> Esforço percebido avaliado (PSE).
> Sono, estresse, fadiga e dores musculares.
> Lesões-prontidão psicológica para retornar ao esporte. Se ocorrer algum sintoma (incluin-
do fadiga excessiva) durante o GRTP, o atleta deve retornar ao estágio anterior e progredir
novamente após um período mínimo de 24 horas de descanso sem sintomas.
> Avaliações adicionais aos atletas com doença COVID-19 complicada ou prolongada podem
precisar de investigações adicionais, incluindo:

LO
> Exame de sangue para marcadores de inflamação (alta sensibilidade - troponina, peptídeo
natriurético cerebral e proteína C reativa)
> Monitoramento cardíaco (ECG de 12 derivações, ecocardiograma, teste de tolerância ao
exercício e ressonância magnética cardíaca)
> Respiratória avaliação da função (espirometria).
> Monitoramento renal e hematológico.
DE
O
M

Figura 37. Infográfico. Retorno graduado para orientação


de jogo após Contágio do COVID-19. Figura retirada do es-
tudo de Elliott et al. (2020).

Assim, o Guia de Atividade Física para a Po-


pulação Brasileira desenvolvido pela Sociedade
Brasileira de Atividade Física e Saúde, e organi-
zado pela Universidade Federal de Pelotas e o Mi-
nistério da Saúde informa a população geral, profissionais de saúde e gestores sobre a importância
da atividade física, e dá recomendações específicas de atividade física para crianças, adolescentes,

43
INSTITUTO MOVIMENTO INCLUSIVO - COVID-19 e Exercícios Físicos: Últimas evidências

adultos, idosos, educação física escolar, gestantes, e pessoas com deficiência. O infográfico (Figura
38) sumariza as principais recomendações que o Guia traz para os diferentes grupos. O documento
completo está disponível neste link: guia_atividade_fisica_populacao_brasileira.pdf(saude.gov.br).

LO
DE
Figura 38. Infográfico. Guia de Atividade Física para a População Brasileira. Figura retirada da rede social @ciclodefisiologia.
O
M

44
COVID-19 E EXERCÍCIOS FÍSICOS:
ÚLTIMAS EVIDÊNCIAS

MÓDULO 8

COVID-19 E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Em decorrência da pandemia pessoas com deficiência (PCDs) tem enfrentando o “triplo pe-
rigo” conforme Shakespeare, Ndagire e Seketi (2021): (1) aumento do risco em decorrência do CO-
VID-19; (2) redução do acesso a rotina de cuidados de saúde e reabilitação; (3) em decorrência da
pandemia aumentou os impactos sociais. O mesmo estudo traz as barreiras a inclusão da PCDs na
resposta do COVID-19, são elas:

LO
• Falha em garantir a segurança das PCDs nas unidades de saúde;
• Falha em garantir o acesso das PCDs a: entregas de alimentos; internet; Testes COVID-19; e
instalações de água, saneamento e higiene;
• Não dar às PCDs ou suas famílias prioridade baseada em evidências para a vacinação CO-
VID-19 ou tratamento COVID-19 quando necessário;
• Falta ou inadequada de apoio para PCDs que vivem sozinhas ou onde os familiares ou trabalha-
dores de apoio são auto-isolados ou afetados pelo COVID-19;
• Mensagens de saúde pública claras ou falta de mensagens acessíveis (e.g. linguagem de sinais);
DE
• Adiamento do tratamento médico necessário, incluindo reabilitação;
• Falha na coleta de dados sobre incapacidade para permitir a desagregação
Infelizmente, apesar das barreiras apresentadas, PCDs tem maior risco de morte por
COVID19 segundo dados Office for National Statistics (2020) homens 3,1 vezes e mulheres
3,5 vezes quando comparados a pessoas sem deficiência na Inglaterra. Diante desse con-
texto, Kavanagh et al. (2021) traz algumas recomendações para melhorar os cuidados de
saúde ao PCDs:
• Governos, profissionais de saúde e serviços ouvirem e responderem às necessidades e preo-
O

cupações de saúde das PCDs;


• Estratégias de atenção à saúde adaptadas para emergências em nível populacional (por exem-
plo, pandemias, enchentes) e cuidados de saúde de rotina que abrangem as diversas necessi-
dades das PCDs que vivem e trabalham em uma variedade de ambientes;
M

• Planos de saúde individualizados que abrangem tanto emergências quanto cuidados rotinei-
ros para direcionar locais de trabalho e prestadores de serviços de saúde, educação e assistên-
cia social sobre como responder para proteger e melhorar a saúde daqueles que apoiam. Se for
o caso, estes podem incluir diretrizes informadas sobre cuidados avançados;
• Engajamento ativo de escolas médicas e órgãos profissionais de saúde para upskill-los na
prestação de cuidados de saúde para PCDs e para fornecer-lhes acesso a informações relevan-
tes e conhecimento profissional;
• Prestação regular de uma série de modalidades de atenção à saúde, incluindo telessaúde e
divulgação em domicílios;

45
INSTITUTO MOVIMENTO INCLUSIVO - COVID-19 e Exercícios Físicos: Últimas evidências

• Fornecimento regular de informações acessíveis para emergências em nível populacional e


atendimento de rotina;
• Acessibilidade como requisito para credenciamento de estabelecimentos de saúde;
• A força de trabalho da assistência social reconhecida como uma força de trabalho essencial
e proporcionou acesso prioritário a equipamentos de proteção, assistência médica e outros
requisitos (por exemplo, licença remunerada) para proteger sua saúde, bem como a de PCDs;
• Os setores de deficiência e saúde trabalham em conjunto para garantir que a assistência social
seja prestada de forma segura e que proteja a saúde das PCDs em emergências de saúde e cui-
dados de rotina;
• Os governos trabalham juntos em fronteiras jurisdicionais e setoriais para facilitar o planeja-
mento ideal de cuidados de saúde para PCDs;
• Os dados são coletados sobre a incapacidade em todos os conjuntos de dados de saúde para
que os resultados possam ser medidos rapidamente e seguidos por respostas oportunas.

LO
Dentre as recomendações se pode destacar a telessaúde no contexto Educação Física, uma vez
como já descrito anteriormente o treinamento remoto tem efeitos benéficos na saúde da população. Ng
(2020) destaca a importância do treino remoto para PCDs, principalmente se o exercício físico realiza-
do conjuntamente com profissional de Educação Física, pois o mesmo pode motivar, corrigir e ajustar
o treino de acordo com a individualidade de cada PCDs. Assim, o estudo destaca o uso da plataforma
Zoom que possibilita a intervenção ao vivo do profissional, bem como o uso do YouTube como plata-
formas unidirecionais online (NG, 2020). Ng (2020) destaca que durante a pandemia o treino remoto é
uma alternativa de proteção par PCDs por ser uma população mais vulnerável aos desfechos graves do
COVID-19, a obesidade, solidão e depressão quando comparado a população geral.
DE
Estudo realizado na Inglaterra demostrou o efeito negativo da restrição do COVID-19 sobre a saú-
de mental e atividade física em 125 crianças e jovens com deficiência intelectual e física. Os resultados
mostraram uma regressão na saúde mental, aumento do comportamento agressivo, ansiedade, autoa-
gressão e sedentarismo e redução da aprendizagem e sociabilidade, veja a Figura 39 (THEIS et al, 2021).
O
M

Figura 39. Os impactos relatados do blo-


queio em crianças e jovens/adultos com de-
ficiência. Figura retirada do estudo da Theis
et al., (2021).

Além disso, Theis et al., (2021) salientam que os valores de MET de atividade física de inten-
sidade vigorosa foram 48% menores durante a pandemia. Já, os valores MET de atividade física de
intensidade leve/moderada foram 38% menores durante o bloqueio do que antes. Os dias em que
os indivíduos participaram de atividade física de intensidade leve/moderada reduziram significati-
vamente de 5 dias antes do confinamento para 3 dias durante. Por fim, a redução da atividade física

46
INSTITUTO MOVIMENTO INCLUSIVO - COVID-19 e Exercícios Físicos: Últimas evidências

global foi acompanhada por um aumento significativo no número de horas gastas sentadas durante
o confinamento, que passou de 2 para 4h por dia antes das restrições para 4-6 h por dia. A figura 40
mostra os motivos da redução da atividade física durante o confinamento.

Figura 40. As razões para a redução


da atividade física durante o confina-

LO
mento em crianças e jovens/adultos
com deficiência. Figura retirada do
estudo da Theis et al., (2021).

Diante desse contexto, é preciso ter uma atenção especial as pessoas com deficiência, pois a
mesmas apresentaram redução drásticas no nível de atividade física e saúde mental. Assim, Cardoso;
Nicoletti; De Castro Haiachi, (2020) apresentam uma quadra de possibilidade de exercício remotos
disponíveis em diferentes plataformas online e acesso livre para todos os públicos, veja o quadro
4 abaixo. Além disso, a Special Olympics disponibilizou uma plataforma que mostra diferentes ti-
pos exercícios: força, flexibilidade, equilíbrio entre outros. Veja o site: Fit 5 (specialolympics.org).
DE
O
M

Quadro 4. Algumas atividades online desenvolvidas para PCDs. Quadro retirado do estudo de Cardoso; Nicoletti; De
Castro Haiachi, (2020)

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