Você está na página 1de 14

BUZUM

EPISÓDIO 04
"QUARTO QUENTE BRANCO"

Escrito por
Carlos Meijueiro
Vitor Leite

Equipe Roteiro
Pedro Riguetti
Manuela Bernardi
Ricardo Calazans
Andre Tartarini
André Emídio
Marina Martins
1 INT. BUZUM - DIA 1

JEANE (9) e CAIO (12), seu irmão, entram no Buzum pela porta
de trás. Os dois usam uniforme de escola municipal, Jeane usa
por cima uma blusa verde com estampa de uma Fenix. Na cabeça,
repousa uma máscara amarela com orelhas pontiagudas. CAIO usa
um SAPATO DE FERRO faz um barulhão quando anda pelo ônibus.
Sentam na cadeira mais alta.

Poucos passageiros, todos entediados ou distraídos. Jeane


coloca a máscara sobre os olhos. Caio se irrita e repreende
ela com o olhar. BURBURINHO de vozes se mistura com o som do
motor do ônibus. Ela olha para Caio.

CAIO (V.O.)
Essa mania da Jeane de andar
fantasiada o tempo inteiro. Tá
achando que tá na Disney? Ela faz
pra me provocar--

O V.O. de Caio é suspenso quando ele tira a máscara de Jeane.

CAIO
Para com isso, idiota.

Jeane começa a soluçar, parece que vai chorar. Caio devolve a


máscara para evitar uma comoção maior.

CAIO (CONT’D)
Sem choro.

Ele fecha os olhos e apoia a cabeça na janela. Jeane olha


para a máscara e sorri. O Buzum anda.

ABERTURA

2 INT. BUZUM - DIA 2

O Buzum balança pelas ruas esburacadas da cidade. Jeane


confere se Caio realmente dorme. Passa a mão diante dos seus
olhos, nada, nenhuma reação.

Jeane veste a máscara. Jeane olha para DONA ESTELA (78),


senhorinha clássica, sentada contra janela no banco ao lado.
Ela rabisca o caderno de palavras cruzadas. Põe a caneta na
boca enquanto pensa.

DONA ESTELA (V.O.)


O nome real do primeiro Xismen
recrutado pelo professor Xavier?
Sete letras. O que é Xismen?
2.

Um pensamento alto chama a atenção de Jeane. Ela busca a


fonte da voz até localizar, no banco do corredor, ARTUR (26),
ex-bombado, de bermuda de surf e camisa regata, seca a FLORA
com os olhos, enquanto PAULA, sua namorada, mexe no celular.

ARTUR (V.O.)
Que trocadora gostosa. Quantos anos
ela deve ter? Meu Deus do céu.
Porra, me leva pra casa.

PAULA (V.O.)
Vou fingir que to ocupada aqui pra
ele não conversar comigo. Cara
chato que eu fui arrumar. Bom,
antes mal acompanhada do que
sozinha. Ou é ao contrário?

O Buzum para em um ponto. Jeane olha para Flora.

FLORA (V.O.)
Acho que vou dobrar hoje pra fazer
um churrascão na minha folga.

Ela libera a roleta para SEU NELSON (85), velhinho fofo, com
os ombros curvados, segura um envelope branco de exame
médico. Olhar perdido.

SEU NELSON (V.O.)


Queria tanto ter visto alguma
coisa. Ter visto espirito,
extraterrestre... Oitenta e cinco
anos e nunca vi nada. Vou morrer e
ponto, acabou. Igual meus irmãos.

Caio segue de olhos fechados, mas Jeane ouve o que ele pensa.

CAIO (V.O.)
Tô atrasadão pra escola, se pá é
até bom pra perder a prova de
português. Pô, será que a Jeane tá
usando aquela máscara idiota? Não
quero nem saber --

Caio abre os olhos e encara sua irmã. Ele arranca a máscara


de Jeane e levanta o braço, segurando a máscara lá no alto.

CAIO
Acabou a palhaçada!

Jeane tenta tomar a máscara do irmão, mas ele é bem mais


forte. Ela desiste e se encolhe, chorosa.
3.

JEANE
Você prometeu que não ia mais fazer
isso, vou contar pra mamãe tudo que
você pensa.

CAIO
Você não entende o que as pessoas
pensam.

JEANE
Eu sei que você tá atrasado pra
prova de português!

CAIO
Dã.

JEANE
Eu sei que você tem vergonha de
mim.

Caio respira fundo.

CAIO
Você prometeu pra mamãe que não ia
mais fazer essas coisas, tu sabe
que ela não gosta quando você
brinca com estranhos na rua.

Jeane cruza os braços, vira com as pernas pro corredor.

CAIO (CONT'D)
Tu sabe que eu também não gosto.
Parece uma bebezona.

Irritada, Jeane pula para a cadeira vazia no outro lado do


corredor ao lado da DONA ESTELA.

3 INT. BUZUM/PONTO - DIA 3

O Buzum para. Alguns passageiros entram.

ROBERTO (24), bermuda, tênis de correr e camisa polo entra no


ônibus. Ele está com uma cara tensa, olha em volta do Buzum e
seu olhar cai em Caio que percebe e joga a mascara de volta
pra irmã, envergonhado. Roberto continua olhando ao redor e
decide sentar do lado do SEU NELSON, o velhinho fofo.

Intrigada, Jeane coloca sua mascara e foca em ROBERTO.

ROBERTO (V.O.)
Tenho que meter alguém aqui. Vou
nesse velho, porque idoso tem
preferência.
4.

Jeane fica tensa com o que escuta. Lá na frente, Roberto


coloca a mão por debaixo da camisa e encara SEU NELSON, que o
ignora, olha pela janela. Jeane escuta os pensamentos.

SEU NELSON (V.O.)


Esse rapaz tá me olhando muito.
Acho que ele quer me assaltar. Vou
fingir que sou surdo.

ROBERTO (V.O.)
Olha pra cá, velho. Olha pra cá,
velho! Olha logo!

ROBERTO
(sussurro)
Ow! Ei! Psiu!

SEU NELSON (V.O.)


Vou continuar olhando lá pra fora.

SEU NELSON segue olhando pela janela.

ROBERTO (V.O.)
E se ele for surdo? Coitado velho e
surdo. Vacilo, tanta gente nesse
ônibus.

Roberto desiste do assalto e olha em volta para os outros


passageiros. A viagem segue. Assustada, Jeane chama Caio.

JEANE
(falando baixo)
Aquele moço ali na frente ta
querendo assaltar alguém.

Caio se irrita.

CAIO
Para com isso Jeane. Se você ficar
com essa máscara ridícula eu vou
fingir que não te conheço.

Caio tira o celular da mochila. Jeane se estica para observar


outros passageiros. Observa Artur e Paula.

ARTUR (V.O.)
Vou pedir uma informação a essa
trocadora: esse ônibus passa lá em
casa?

Paula, sentada no corredor, está fixa no celular. Jeane


repara que Roberto saiu do seu lugar e se aproxima de Paula.
Alguém puxa a cigarra.
5.

ROBERTO (V.O.)
É agora, é só a porta abrir que eu
meto o celular dessa mina e me
mando.

PAULA (V.O.)
É ao contrário mesmo, antes só do
que mal acompanhada...

Marinho para e abre a porta. Antes que Roberto dê o bote,


Paula se levanta. Artur acha estranho.

ARTUR
Ué, você não vai la pra casa?

PAULA
Hoje não vai dar. Outro dia a gente
se fala. Vou ficar aqui mesmo.
(para o motorista)
Segura ai piloto!

Artur sente o choque. Olha pra baixo.

ARTUR (V.O.)
Ela ta terminando comigo? Acho que
ela tá terminando comigo.

ARTUR
Você ta terminando comigo?

PAULA
Terminando o que?

Paula se dirige a porta de saída.

ARTUR
Volta aqui, Paula!

ROBERTO (V.O.)
Volta aqui, Paula!

Paula desce do buzum antes que Roberto possa agir. Frustrado,


Roberto senta-se ao lado de Artur.

ROBERTO (V.O.)
Só tem tu, vai tu mesmo!

4 INT. BUZUM - MOMENTOS DEPOIS 4

O Buzum segue pelas ruas, Jeane observa Roberto atentamente.


A multiplicação de vozes que ela escuta causa desconforto,
ela pressiona a cabeça com as mãos e se concentra no ladrão.
6.

ROBERTO (V.O.)
Esse playboy não vai ter problema
em me escutar.

Jeane escuta os pensamentos. Roberto repete o gesto com as


mãos debaixo da camisa, apontando os dedos para Artur, que vê
e começa a chorar.

ARTUR (V.O.)
Perdi a namorada e agora o
telefone. Que merda de dia. Que
mico chorar no buzum. Nunca vou ter
chance com essa trocadora.

Jeane olha pro lado e chama Caio, que se recusa a olhar pra
ela. Só quando Jeane tira a máscara que Caio olha pra ela.

CAIO
O que foi?

JEANE
(sussurando)
Olha, ele ta assaltando aquele moço
ali. Ele ta chorando.

Caio olha pra frente. Numa cadeira perto da roleta Roberto


consola Artur.

ROBERTO
Calma, não fica assim não.

Roberto abraça ele. Caio olha para Jeane, rindo.

CAIO
(sarcástico)
Que assaltante mais legal.

Caio coloca o celular no bolso de fora da mochila e volta a


dormir. O Buzum anda. Jeane se afunda na cadeira.

5 INT. BUZUM - DIA 5

Jeane coloca a máscara novamente e foca sua atenção em


MARINHO, o motorista.

MARINHO (V.O.)
(cantando)
“Ela partiu, e nunca mais voltou.
Não voltou não, uhhh".

Jeane percebe SEU NELSON e estuda ele.


7.

SEU NELSON (V.O.)


Vou levar a Aninha para conhecer a
cidade que nasci.

Outras vozes se intrometem.

CAIO (V.O.)
Será que amanhã tem prova? Que dia
da semana é hoje mesmo?

FLORA (V.O.)
(lixando unha)
Vinagrete, farofa, salada de
batata. Arroz não vou fazer que
sempre sobra.

ROBERTO (V.O.)
Por que eu tenho tanta pena dos
outros? Tenho que pensar mais em
mim. E daí que ele perdeu a
namorada, não pode passar o
celular? Sou muito trouxa mesmo.

A cacofonia de vozes se embaralha na cabeça de Jeane. Ela


tira a máscara, exausta. Respira ofegante. Se acalma, ao seu
lado, Dona Estela estala os lábios, decepcionada. Jeane a
observa intrometida. Ela foca sua atenção no jogo de palavras
cruzadas, com uma das palavras escrita na marra para
encaixar. Jeane coloca a máscara.

ESTELA (V.O.)
Primeiro XisMen, sete letras?
Xismen, xismen, xismen. Que que é
isso mesmo?

Outros pensamentos interrompem Estela.

FLORA (V.O.)
Vou pedir pra tia Edna liberar umas
cervejas.

ROBERTO (V.O.)
Tem que ter alguém que mereça ser
assaltado nesse troço.

ESTELA (V.O.)
Tem que começar com s. Super-homem?

Outras vozes se juntam, o volume começa a ficar alto e Jeane


tira a máscara. Cutuca Estela.

JEANE
Summers.
8.

ESTELA
O que você disse, minha filha?

JEANE
A resposta é Summers, não é Super-
homem.

Dona Estela sorri para Jeane.

ESTELA
Como se escreve?

JEANE
É S-U. Dois M's. E-R-S.

Estela escreve por cima de sua resposta anterior. Logo ja


encaixa uma nova palavra.

ESTELA
Obrigada. Você é muito esperta.

Jeane sorri e se vira para o irmão, procurando validação. Ela


vê que ROBERTO está agora sentado AO LADO DO SEU IRMÃO.

6 INT. BUZUM/PONTO - DIA 6

O Buzum para em um ponto, Marinho sai do volante e vai em


direção à porta. Todos os passageiros observam a cena. Jeane
põe a máscara, preocupada.

MARINHO (V.O.)
"Na rua, na chuva, na fazenda, ou
numa casinha de sapê"- vou dar uma
moral pra essa senhora.

Marinho ajuda uma senhora a passar com as sacolas por cima da


roleta.

SEU NELSON (V.O.)


Vou levar uma lembrancinha pra
aninha hoje.

ROBERTO (V.O.)
Vou marcar mais 5 minutos, se ele
não acordar antes do meu ponto vou
sair com um celular novo. Ai não
tem caô de ser surdo, de chorar...

ESTELA (V.O.)
Queria eu um motorista bonitão e
simpático desse assim sempre pra me
ajudar com minhas sacolas.
9.

Um ambulante entra pela porta dos fundos.

AMBULANTE
Bom dia passageiros chegou o
passatempo da sua viagem! O
ambulante vem trazendo na promoção
pra vocês a mais nova sensação do
mercado, barra de chocolate ao
leite por apenas 1 real, vem com
figurinha e não tem gosto de sabão!
As crianças vão adorar.

DONA ESTELA (V.O.)


Aquilo ali no chão é uma nota de
cinquenta reais ou uma de vinte? Ou
papel mesmo?

A atenção de Jeane se divide entre encontrar a nota de


cinquenta reais e o iminente assalto do seu irmão, que
continua com os olhos fechados apoiado na janela.

CAIO (V.O.)
Vou perder a prova-- esse chocolate
deve ser um lixo. O que que é um
real hoje em dia? Não vale nem
abrir o olho.

ROBERTO (V.O.)
Tá chegando meu ponto, vou meter
esse moleque agora mesmo.

ARTUR (V.O.)
Agora que eu to solteiro essa
trocadora não escapa. Só vou pagar
minha passagem com moedinha de dez
centavos--

Jeane olha pro lado, Roberto repousa sua mochila entre a


perna dele e de Caio e começa a encaminhar as mãos ao bolso
lateral da mochila onde Caio colocou o telefone. Jeane está
sem forças. Ela tira a máscara.

JEANE
(fala alto)
Caio! Vê se acorda porque tá
chegando o ponto da escola!

Caio seca a baba que escorre pela boca. Roberto se assusta


com o chamado repentino de Jeane, desiste do assalto e faz um
sinal pro ambulante para disfarçar o movimento. Jeane faz uma
careta para Caio, que a ignora.
10.

7 INT. BUZUM - MOMENTOS DEPOIS 7

Com o irmão a salvo, JEANE chega perto de Flora e pega a nota


de 50 reais no chão.

JEANE
Essa nota é sua, moça?

Antes que Flora respondesse, Roberto já tinha se encaminhado


até perto da roleta, com a carteira aberta na mão:

ROBERTO
Ei, menininha, essa nota é minha.
Obrigado por pegar ela pra mim.

JEANE
Não é não!

Ela cutuca os braços de SEU NELSON sentado na cadeira ao lado


de onde estava a nota. Ele segura um envelope nas mãos.

JEANE (CONT'D)
Esse dinheiro é seu, senhor?

Ele estranha a pergunta, mas assim mesmo verifica o bolso da


calça que dá para o corredor.

SEU NELSON
Esse galo não é meu não, mas te
agradeço a preocupação comigo.

ROBERTO
Esse dinheiro é meu, tenho certeza!

Jeane desconfia. TUMP. TUMP. TUMP. Caio se aproxima com seu


sapato de ferro, tenta apaziguar a situação.

CAIO
Jeane, devolve a nota pra ele.

FLORA
Ei, menininha super poderosa, essa
nota é desse moço sim, ele me pagou
com cem, eu que dei essa nota pra
ele. Pode acreditar em mim.

Jeane está desconfiada.

JEANE
Se é sua mesmo, pensa onde você
conseguiu.

Roberto não entende. Jeane explica.


11.

JEANE (CONT’D)
Eu leio mentes.

Ela coloca sua mascara e olha atentamente pro Roberto. Caio


bufa. Roberto abre um sorriso amarelo falso para Jeane.

ROBERTO (V.O.)
Não assaltei ninguém e ainda vou
perder meu dinheiro. Será que essa
menina lê pensamento mesmo?
“Menina, eu juro que essa nota é
minha, Menina, eu juro que essa
nota é minha, menina eu juro-”

Jeane se da por satisfeita, ela tira a máscara.

JEANE
Ta bom. É sua mesmo.

ROBERTO
Obrigado por acreditar em mim.

Ela devolve a nota para Roberto, que puxa a cigarra para


descer. Ele da de presente pra ela um chocolate que tinha
comprado com o ambulante.

JEANE
(ressabiada)
De nada.

Roberto sai pela porta de trás. Caio segura o braço de Jeane


e puxa, mas Jeane se recusa a ir.

CAIO
Cara você vai levar uma porrada um
dia desses e não vai saber por que.
Vou falar pra mamãe.

JEANE
Ele ia te roubar, eu te salvei.

CAIO
Ele te deu um chocolate, que tipo
de ladrão dá chocolate?

JEANE
Um ladrão arrependido.
(vira para SEU NELSON)
Não é, moço?

SEU NELSON, sentado no banco e atento a confusão, intercede.


12.

SEU NELSON
Ela tem razão, meu filho. Ele
realmente tentou me assaltar.

Jeane ri e se senta, triunfal, ao lado de SEU NELSON, que


pisca para Caio sem que Jeane veja. Caio desiste, vai pra
parte de trás no ônibus sozinho. TUMP. TUMP. TUMP.

8 INT. BUZUM - MOMENTOS DEPOIS 8

Jeane se vira para SEU NELSON.

JEANE
O que que é galo?

O velho sorri e responde

SEU NELSON
Galo é cinquenta.

Os dois caem na gargalhada. Jeane olha para o envelope branco


na mão de Nelson.

JEANE
O que você tem?

SEU NELSON
Nada de novo, posso morrer a
qualquer momento.

JEANE
Quem disse que os médicos sabem de
tudo?

SEU NELSON reflete, concorda com Jeane.

SEU NELSON
Você parece minha bisnetinha,
sabia?

Jeane pega o exame das mãos do velho e tira um lápis de cor


do bolso. Ela começa a desenhar sobre a grande superfície
branca. O senhor estranha, em seguida deixa pra lá.

Ele tenta ver o que Jeane desenha, não consegue, deixa


acontecer assim mesmo. Jeane faz tudo com muita concentração.

JEANE
Quantos anos ela tem?

SEU NELSON
Seis.
13.

JEANE
Leva essa surpresa pra ela então.
Ela vai adorar.

Jeane entrega o cubo feito de papel com o chocolate dentro.


SEU NELSON aceita o presente.

SEU NELSON
o que eu faço com a caixinha
branca?

JEANE
Ela é o seu quarto quente branco.

Seu Nelson fica confuso e antes de qualquer reação Caio grita


Jeane lá do fundo.

CAIO
Bora! Chegou o nosso!

Jeane se despede rapidamente.

JEANE
Tchau!

SEU NELSON
Qual seu nome?!

Jeane sai correndo em direção a porta dos fundos. Caio espera


do lado de fora do Buzum. Nelson guarda o chocolate no bolso
da camisa, enquanto desamassa o papel. Se revela no meio da
folha um desenho de uma árvore com um galo vermelho no alto
dela e um sol nascente, assinado Jeane para Aninha. Seu
Nelson passa o dedo em cima do nome da bisneta, olha pra fora
em direção a Jeane, admirado.

Numa calçada deserta, à margem da Baía, Caio segura a mão de


Jeane e ELES SAEM VOANDO em direção ao horizonte, seu SAPATO
DE FERRO fica na calçada. SEU NELSON olha perplexo.

FIM.

Você também pode gostar