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Escrevente TJ-SP
Cronograma - 30 dias
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ÍNDICE
Apresentação 3
Cronograma - 30 dias 4
Instruções 5
Fique Atento 7
Dicas 8
Cronograma 10
Controle de Digitação 15
Comandos de Formatação 19
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3
Ainda como jornalista tive meu primeiro contato com estudo para
concursos públicos, por volta de 2012. Eu já não estava muito satisfeito
com minha área de origem e começava a procurar alternativas.
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Contribuições
Chave: codaspublicacoes@gmail.com
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5
Instruções
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7
Fique Atento!
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8
Dicas
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Treino de Formatação
Treino de Digitação
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10
Dia 1 Dia 2
Dia 3 Dia 4
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Dia 7 Dia 8
Dia 9 Dia 10
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Dia 13 Dia 14
Dia 15 Dia 16
Dia 17 Dia 18
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Dia 19 Dia 20
Dia 21 Dia 22
Dia 23 Dia 24
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Dia 25 Dia 26
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Controle de Digitação
Dia Texto Caracteres Tempo Erros Nota Posição da Folha Régua Obs.
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COMANDOS DE FORMATAÇÃO
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Formatação 1
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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21
Formatação 2
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 3
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 4
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 5
• Formate a quarta palavra da segunda linha do primeiro parágrafo com itálico tachado
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 6
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 7
• Formate a quarta palavra da terceira linha do primeiro parágrafo com negrito itálico
• Formate a primeira linha do terceiro parágrafo com a fonte Times New Roman
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 8
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 9
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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29
Formatação 10
• Formate a quarta palavra da segunda linha do primeiro parágrafo com itálico tachado
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 11
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 12
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 13
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 14
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 15
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 16
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 17
• Formate a segunda palavra da terceira linha do primeiro parágrafo com negrito itálico
• Formate a primeira linha do terceiro parágrafo com a fonte Times New Roman
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 18
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 19
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 20
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 21
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 22
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 23
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 24
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 25
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 26
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 27
• Formate a quarta palavra da terceira linha do primeiro parágrafo com negrito itálico
• Formate a primeira linha do terceiro parágrafo com a fonte Times New Roman
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 28
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 29
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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Formatação 30
• Formate a quarta palavra da segunda linha do primeiro parágrafo com itálico tachado
Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.
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São textos com uma média de 1.800 caracteres. Alguns têm mais,
outros menos. Foram todos retirados da internet, principalmente de
sites de notícias de tribunais. (UOL, Estadão, BBC Brasil, NatGeo
Brasil, DW Brasil, Revista Piauí, The Intercepet Brasil, TJs, STF, STJ,
Migalhas, Conjur, Jota, entre outros). Além disso, alguns textos são
contos/crônicas/colunas e autores renomados e outros foram
simplesmente copiados do Wikipedia. O corte no texto foi sempre feito
para que fique com a média de 1.800 caracteres, sem preocupação de
sentido e continuidade.
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Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos foi um poeta brasileiro, identificado muitas
vezes como simbolista ou parnasiano. Todavia, muitos críticos, como o poeta Ferreira
Gullar, preferem identificá-lo como pré-modernista, pois encontramos características
nitidamente expressionistas em seus poemas. É conhecido como um dos poetas
mais críticos do seu tempo, focando suas críticas ao idealismo egocentrista que se
emergia em sua época, e até hoje sua obra é admirada tanto por leigos como por
críticos literários. É patrono da cadeira número 1 da Academia Paraibana de Letras
(APL), que teve como fundador o jurista e ensaísta José Flósculo da Nóbrega e como
primeiro ocupante o seu biógrafo Humberto Nóbrega, sendo ocupada, atualmente,
por José Nêumanne Pinto. Augusto dos Anjos também é o patrono da Academia
Leopoldinense de Letras e Artes. Augusto dos Anjos nasceu no Engenho Pau d'Arco,
atualmente no município de Sapé, Estado da Paraíba. Foi educado nas primeiras
letras pelo pai e estudou no Liceu Paraibano, onde viria a ser professor em 1908.
Precoce poeta brasileiro, compôs os primeiros versos aos sete anos de idade. Em
1903, ingressou no curso de Direito na Faculdade de Direito do Recife, bacharelando-
se em 1907. Em 1910 casa-se com Ester Fialho. Seu contato com a leitura,
influenciaria muito na construção de sua dialética poética e visão de mundo. Com a
obra de Herbert Spencer, teria aprendido a incapacidade de se conhecer a essência
das coisas e compreendido a evolução da natureza e da humanidade. De Ernst
Haeckel, teria absorvido o conceito da monera como princípio da vida, e de que a
morte e a vida são um puro fato químico. Arthur Schopenhauer o teria inspirado a
perceber que o aniquilamento da vontade própria seria a única saída para o ser
humano. E da Bíblia, da qual também não contestava sua essência espiritualista.
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Stanley Martin Lieber, mais conhecido como Stan Lee, foi um escritor, editor,
publicitário, produtor, diretor, empresário e ator norte-americano. Foi editor-chefe e
presidente da Marvel Comics antes de deixar a empresa para se tornar presidente
emérito da editora, bem como um membro do conselho editorial. Lee também era
conhecido por fazer várias aparições em filmes da Universo Cinematográfico Marvel.
Em colaboração com vários artistas, incluindo Jack Kirby e Steve Ditko, concriou
diversos super-heróis incluindo o Homem-Aranha, Hulk, Doutor Estranho, Quarteto
Fantástico, Demolidor, Pantera Negra e os X-Men. Além disso, desafiou a
organização de censura da indústria de quadrinhos americana, o Comics Code
Authority, indiretamente levando-a a atualizar suas políticas. Lee liderou a expansão
da Marvel Comics de uma pequena divisão de uma editora para uma grande
corporação de multimídia. Stan Lee foi introduzido no Will Eisner Award Hall of Fame
em 1994, no Jack Kirby Hall of Fame em 1995 e recebeu uma National Medal of Arts
em 2008. Stanley Martin Lieber nasceu em Manhattan, Nova Iorque, Estados Unidos,
no dia 28 de dezembro de 1922, filho do casal Jack e Celia Lieber, ambos judeus
imigrantes da Romênia. Seu pai, um alfaiate, e sua mãe, dona-de-casa, tiveram ainda
mais um filho, Larry, nascido em 1931 (que assim como o irmão mais velho fez
carreira no mundo dos quadrinhos). A família de Lee era relativamente pobre, tendo
ele morado boa parte da infância e da adolescência em um "quarto-e-sala" na região
do Bronx, na periferia de Nova Iorque, em que ele e o irmão dividiam o diminuto e
único quarto do apartamento e os pais dormiam em um sofá-cama na sala. Durante
a adolescência, Lee estudou na DeWitt Clinton High School, também localizado no
Bronx. Desde pequeno Lee gostava de escrever, e seu sonho durante a adolescência
era escrever um grande romance um dia.
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A velha política, livre de qualquer novidade, pega fogo, com toda sorte de mistificação
e preconceito. A velha política pede abrigo no coração das trevas. Mas o que
interessa, nesse momento, é o coração partido de Carolina, ainda menina para um
amor tão punk-rock. Ela me escreve e diz que achava que a dor, nestas ocasiões,
era apenas simbólica. Ela diz que dói no osso, nas articulações, na sola dos pés, do-
in às avessas etc. Sim, moça, dói como quem tem uma bala alojada no corpo. Dói
como uma bala alojada em noite de inverno. Como faz? Eu digo: passa, não se avexe,
mas tem o tempo disso, o luto, o processo. Ela pergunta: quanto tempo? Só o vento
sabe a resposta, digo, num mix de J.M. Simmel e Bob Dylan. O partido de Carolina é
o do mais óbvio e destroçado coração partido. Tem remédio? Se a vida dói, drinque
caubói, receito, diante da gravidade da hora. Carolina sequer levou um pé-na-bunda,
não rolou sequer o velho kichute do desprezo em desleais pontapés. Carolina conta:
simplesmente tomou conhecimento que o miserável das costas ocas já havia mudado
de mala e cuia para a casa da outra sem sequer avisá-la do triste ocorrido. Soube
por uma amiga da amante. Se a vida dói, drinque caubói, repito meu velho mantra.
Tente também a psicanálise, a terapia tradicional, a macumba, os florais, a tarja preta,
a reza forte, os deuses que dançam em todas as tabas, florestas e terreiros. Nada
disso vai dar jeito imediato, mas tente, menina, tente. A gente precisa ter uma ilusão
de cura nesse momento. Viver também é placebo. Os amigos de esquerda, os
colegas de direita, os queridíssimos anarquistas tentam falar de eleições com
Carolina. Não tem jeito. Seu coração partido está imune a discursos. O partido do
coração partido não consegue fazer alianças oportunistas. Não há segundo turno
para os partidários do vexame amoroso.
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O que mais as espanta é que, de repente, elas percebem que já são balzaquianas.
Mas poucas balzacas leram A Mulher de Trinta, de Honoré de Balzac, escrito há mais
de 150 anos. Olhe o que ele diz: 'Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis.
A mulher jovem tem muitas ilusões, muita inexperiência. Uma nos instrui, a outra quer
tudo aprender e acredita ter dito tudo despindo o vestido. (...) Entre elas duas há a
distância incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A
mulher de trinta anos satisfaz tudo, e a jovem, sob pena de não sê-lo, nada pode
satisfazer'. Madame Bovary, outra francesa trintona, era tão maravilhosa que seu
criador chegou a dizer diante dos tribunais: 'Madame Bovary c'est moi'. E a Marilyn
Monroe, que fez tudo aquilo entre 30 e 40? Mas voltemos a nossa mulher de 30, a
brasileira-tropicana, aquela que podemos encontrar na frente das escolas pegando
os filhos ou num balcão de bar bebendo um chope sozinha. Sim, a mulher de 30
bebe. A mulher de 30 é morena. Quando resolve fazer a besteira de tingir os cabelos
de amarelo-hebe passa, automaticamente, a ter 40. E o que mais encanta nas de 30
é que parece que nunca vão perder aquele jeitinho que trouxeram dos 20. Mas, para
isso, como elas se preocupam com a barriguinha! A mulher de 30 está para se
separar. Ou já se separou. São raras as mulheres que passam por esta faixa sem
terminar um casamento. Em compensação, ainda antes dos 40 elas arrumam o
segundo e definitivo. A grande maioria tem dois filhos. Geralmente um casal. As que
ainda não tiveram filhos se tornam um perigo, quando estão ali pelos 35. Periga
pegarem o primeiro quarentão que encontrarem pela frente. Elas querem casar. Elas
talvez não saibam, mas são as mais bonitas das mulheres. Acho até que a idade
mínima para concurso de miss deveria ser 30 anos.
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Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro
a porta do apartamento — mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante,
me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a “greve do pão
dormido”. De resto não é bem uma greve, é um locaute, greve dos patrões, que
suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da
manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o quê do governo. Está bem.
Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café
vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha
deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não
incomodar os moradores, avisava gritando: — Não é ninguém, é o padeiro!
Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo? “Então você não é
ninguém”? Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido.
Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma
empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro
perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: “não é
ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo que não era ninguém…
Ele me contou isso sem mágoa nenhuma e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis
detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos
importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno.
Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma
passagem pela oficina ― e muitas vezes saía já levando na mão um dos primeiros
exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.
Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante
porque no jornal que levava para casa, além de reportagens.
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Se eu morrer amanhã, não levarei saudade de Donald Trump. Também não levarei
saudade da operação Lava Jato nem do mensalão. Não levarei saudade dos
programas do Ratinho, do Chaves, do Big Brother em geral. Não levarei nenhuma
saudade do governador Pezão e do porteiro do meu prédio. Se eu morresse amanhã,
não levaria saudade do rock, dos sambas-enredo do Carnaval, daquela águia da
Portela nem dos discursos do Senado e da Câmara, incluindo principalmente as
assembleias estaduais e a Câmara dos Vereadores. Se eu morrer amanhã, não
levarei saudades dos buracos da rua Voluntários da Pátria, das enchentes do
Catumbi, dos técnicos do Fluminense, dos juízes de futebol, da Xuxa e das piadas
póstumas do Chico Anysio. Não levarei saudade do Imposto de Renda e demais
impostos, e muito menos levarei saudade das multas do Detran. Não levarei saudade
da vizinha que canta durante o dia uma ária de Puccini ("oh mio bambino caro") que
ela ouviu num filme do Woody Allen. Aliás, também não levarei saudade do rapaz
que mora ao meu lado e está aprendendo a tocar bateria. Não levarei saudade das
cotações da Bolsa, das taxas de inflação e das dívidas externas do Brasil. Não levarei
saudade dos pasteis das feiras livres nem das próprias feiras livres, também não
levarei saudade dos blocos de índio que geralmente fedem mais do que os
verdadeiros índios. Não levarei saudade dos lugares em que não posso fumar, das
lanchas de Paquetá e dos remédios feitos com óleo de fígado de bacalhau. Não terei
saudades das mulheres que usam silicone e blusas compradas no Saara. Enfim, não
levarei saudade de mim mesmo, dos meus fracassos e dívidas. Finalmente, não terei
saudades dos milagres dos pastores evangélicos nem de um mundo que cada vez
fica mais imundo.
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A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao
balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me
assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca
do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher
da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz
mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição
do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou
num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial.
Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do
poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou
poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os
assuntos que merecem uma crônica. Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba
de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos.
A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se
acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda
arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar
as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres
esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da
sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome. Passo a
observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso,
aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço
de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa,
como se aguardasse a aprovação do garçom.
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João do Rio (Paulo Barreto) foi antes de mais nada um inovador da imprensa
brasileira, utilizando antes de seus companheiros, e melhor que eles, as então
novidades da reportagem in loco e da entrevista, tirando o jornalismo do início do
século 20 das mofadas redações e jogando-o nas ruas. Seu talento literário,
entretanto, fez que grande parte de seus textos tenha o formato de crônica, gênero
narrado na primeira pessoa e com recursos estilísticos que o colocam entre a
reportagem e o conto. Os estudiosos oscilam em considerá-lo o precursor, o pioneiro
ou o criador da chamada “crônica carioca”. Seja como for, é um de seus principais
expoentes e certamente o melhor. Sua importância na história da crônica brasileira,
mais particularmente do Rio de Janeiro, é imensa. Famosíssimo enquanto vivo (seu
funeral reuniu mais de 100 mil pessoas, em 1921, um quarto da população da cidade),
foi rapidamente esquecido nas décadas seguintes, mas desde 1970 vem sendo cada
vez mais revisitado. Muitos de seus livros foram reeditados, assim como coletâneas
de contos ou crônicas, privilégio compartilhado apenas por dois autores seus
contemporâneos, Machado de Assis e Lima Barreto. João do Rio abordou, entre 1900
e 1921, praticamente todos os aspectos da vida na Capital Federal. Subiu numa
favela, frequentou terreiros de candomblé e macumba, rodas de samba, casas de
ópio, cabarés e coxias de teatro. Assistiu às reformas urbanas do prefeito Pereira
Passos, que modernizaram o centro da capital. Denunciou as condições desumanas
do trabalho operário. Mas também retratou as classes dominantes: presidentes da
República, políticos e socialites, a Academia Brasileira de Letras, literatos do Brasil e
Portugal. E desde cedo mostrou posições libertárias, apoiando o voto feminino e o
divórcio décadas antes de sua adoção pelo Brasil.
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Minha prezada Maísa: Sabe você com que cores se costuma pintar os maus
momentos e as aflições alheias. Ontem, por exemplo, disseram-me, na rua, que você,
num só desespero, além de cortar os pulsos, abrira o gás do banheiro e ingerira uma
dose violentíssima de certos comprimidos tóxicos. Era a notícia que corria em
Copacabana, depois das seis da tarde. Mais tarde, nas boates, todos diziam que o
seu estado era desesperador, aguardando-se o desenlace para cada momento.
Comentei com amigos o desperdício dos suicídios e, no seu caso especial, o absurdo
de uma jovem tão bonita, tão artista, tão cheia de êxitos, tender, constantemente,
para a desistência do bem essencial a todos os bens, que é a vida. Hoje, graças a
Deus, os noticiários da imprensa contaram a história direito, explicando que você
apenas tomara um pileque maior e alguns comprimidos além de Miltown. Contra os
pileques, não tenho nada a reclamar. Também os tomo, e só Cristo sabe com que
desgosto lamento os erros a que eles me levam. Mas no beber há um mistério, uma
sabedoria e, além disso, um certo recolhimento, que nos levam sempre aos copos,
com independência e estado de graça. Não fosse a ameaça futura de ter um fígado
transformado em pâté maison e não pesassem outras ameaças sobre os devotados
do álcool, os sábios e doutores aconselhariam que a humanidade bebesse o mais
possível ― isto, na constatação de não nos ter o Criador concedido nascer bêbados,
o que seria, além de nobre, muito mais barato. Mas, minha prezada Maísa, o que me
leva a este bilhete não é aconselhá-la à perseverança do scotch e seus substitutivos.
Queria conversar sobre a morte, dentro da verdade irrefutável de que a vida, mesmo
quando não chega a ser uma delícia, é uma fascinante experiência de luta e coragem,
bela não só nos momentos de intensa felicidade, como, e mais ainda, nos transes
dolorosos, de que saímos mais livres e fortes.
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Nota-se, de uns tempos a esta parte, graças à crítica histórica, difundida por todas as
formas e meios, que o patriotismo é um sentimento que vai morrendo, e, se ainda é
mantido e cultuado em certas partes do mundo, é devido unicamente à necessidade
de defesa contra a vizinhança de países arrogantes, em que os charlatães do Estado,
em nome da pátria e de estúpida teoria de raças, instilaram na massa ignara das
populações sentimentos guerreiros de agressão contra os quais nos devemos
precaver, como se de cães danados fossem. A pátria é uma ideia religiosa e de
religião que morreu, desde muito. Ela nasceu da crença de que os nossos mortos
continuavam vivos de certa forma, nos lugares em que habitaram, e precisavam de
que os alimentássemos e lhes fizéssemos sacrifícios expiatórios para que não
perturbassem os nossos trabalhos de vivos. Quanto à raça, os repetidores das
estúpidas teorias alemãs são completamente destituídos das mais elementares
noções da ciência, se não saberiam perfeitamente que a raça é uma abstração, uma
criação lógica, cujo fim é fazer o inventário da natureza viva, dos homens, dos
animais, das plantas, e que, saindo do campo da história natural, não tem mais razão
de ser. Lamarck, que entendia muito bem dessas coisas e não tratou nunca de vender
a sua camelote, diz, na sua Filosofia zoológica, que a natureza não formou realmente
nem classes, nem ordens, nem espécies constantes, mas unicamente indivíduos, que
se sucedem uns aos outros, e que se assemelham àqueles que os têm produzido.
Essas duas ideias não podem, pois, de modo algum, justificar a existência do Deus-
Pátria, que, como todos os deuses, vai morrendo lenta e mansamente, de uma morte
sem dor nem agonia. Entretanto, entre nós, há uma recrudescência de patriotismo,
mas patriotismo regional. As questões de limites entre os estados tomam um aspecto
ao mesmo tempo irritante e jocoso, de contendas entre países de verdade.
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Fidel Alejandro Castro Ruz foi um político e revolucionário cubano que governou a
República de Cuba como primeiro-ministro de 1959 a 1976 e depois como presidente
de 1976 a 2008. Politicamente, era nacionalista e marxista-leninista. Ele também
serviu como primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba de 1961 até 2011.
Sob sua administração, Cuba tornou-se um Estado socialista unipartidário, a indústria
e os negócios foram nacionalizados, e reformas socialistas foram implementadas em
toda a sociedade. Castro morreu em Havana na noite de 25 de novembro de 2016,
aos 90 anos. Filho de um rico fazendeiro, Castro adotou a política anti-imperialista de
esquerda enquanto estudava Direito na Universidade de Havana. Depois de
participar de rebeliões contra os governos de direita na República Dominicana e na
Colômbia, planejou a derrubada do presidente cubano Fulgencio Batista, lançando
um ataque fracassado ao Quartel Moncada em 1953. Depois de um ano de prisão,
viajou para o México onde formou um grupo revolucionário, o Movimento 26 de Julho,
com seu irmão Raúl Castro e Che Guevara. Voltando a Cuba, Castro assumiu um
papel fundamental na Revolução Cubana, liderando o movimento em uma guerrilha
contra as forças de Batista na Serra Maestra. Após a derrota de Batista em 1959,
Castro assumiu o poder militar e político como primeiro-ministro de Cuba. Os Estados
Unidos ficaram alarmados com as relações amistosas de Castro com a União
Soviética e tentaram sem êxito removê-lo através de tentativas de assassinato,
bloqueio econômico e contrarrevolução, incluindo a invasão da Baía dos Porcos em
1961. Contra essas ameaças, Castro formou uma aliança com os soviéticos e
permitiu que eles colocassem armas nucleares na ilha, o que provocou a Crise dos
Mísseis de Cuba em 1962, um incidente determinante da Guerra Fria.
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A 45ª Vara Cível da Capital condenou advogado e escritório pela cobrança de valores
apropriados indevidamente de cliente, provenientes de depósitos recursais em
reclamações trabalhistas feitos pelos autores da ação. Além da reparação solidária
por danos morais, fixada em R$ 12 mil, os réus foram condenados a restituir o
montante de R$ 85,6 mil, atualizados e corrigidos desde as datas de desembolsos,
referentes a depósitos recursais cobrados pelo advogado. De acordo com os autos,
os sócios contrataram o escritório de advocacia para a defesa da empresa em
diversas reclamações trabalhistas, mas por desídia do contratado – que deixou de
passar informações importantes sobre o andamento dos processos –, os sócios
sofreram bloqueios de contas, perda de chance e danos morais. O juiz Guilherme
Ferreira da Cruz considerou que os requeridos agiram com “intenso dolo de enganar”
ao não realizar os depósitos recursais, sendo devida a restituição. Além disso, foi
verificada “inexecução obrigacional que ultrapassa o limite do aceitável – retenção
indevida de valores e desídia no exercício da advocacia”, resultando no dever de
indenizar por danos morais. O magistrado também aplicou ao caso a teoria da "perda
de uma chance", que analisa as reais possibilidades de êxito do processo,
eventualmente perdidas diante da negligência do advogado. Segundo ele, a teoria
“visa a reparar o dano material ou moral – ou mesmo os dois juntos – decorrente da
lesão de uma legítima expectativa, não mera esperança subjetiva ou remota
expectativa aleatória, que não se concretizou porque determinado fato interrompeu o
curso normal dos eventos e impediu a realização do resultado final esperado”. “A
chance deve ser séria e real, não ficando adstrita a percentuais apriorísticos, a
ultrapassar a expectativa abstrata do improvável”.
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Não há dúvida. A maioria da sociedade atravessa agora uma crise nervosa que se
pode denominar a nevrose do snobismo. É nas gazetas, é nos salões, é nas ruas: —
a moléstia invade tudo. Não há lar por mais modesto, não há sujeito por mais simples
que não se sintam presos do mal esquisito de ser snob, e o snobismo é tanto a
modéstia do galarim da moda, que uma porção de cidadãos graves já com afinco e
solenidade resolve fazer-lhe oposição. O snobismo é como a neurastenia, é pior
porque as altitudes e o repouso só conseguem desenvolvê-lo; o snobismo é o mal
que se sofre, mas cuja origem se ignora e cuja marcha não se sabe onde vai parar.
Que vem a ser snob em terras cariocas? O snob do Rio é homem que algaravia uma
língua marchetada de palavras estrangeiras, fala com grande conhecimento da
Europa, da vida elegante da Riviera, das croisières em yachts pelos mares do norte,
dos hotéis e da depravação do Cairo e de outras cidades oftálmicas do Egito, aonde
é moda ir agora; o snob nacional é o tipo que procura vestir bem e ser amável — é
afinal um reflexo interessante e simpático do snob universal, com a qualidade
superior de ter pouco dinheiro. Foi a imprensa que acertou de fazê-lo assim, porque
foram os jornalistas que tiveram a ideia de inventar os five o’clocks, de chamar
algumas senhoras belas de leading-beauties, de arranjar gentlemen set e de ver tudo
up-to-date entre senhoras que, mesmo de vestido de chitinha, usam tea-gowns,
servem o samovar e jogam o bridge, fomos nós que, munidos de quatro ou cinco
magazines mundanos da América e da Europa, disparamos a fazer a fusão das
línguas em nome da elegância. Esta tensão jornalística logo após a abertura das
avenidas e da entrada dos automóveis foi como o rastilho para a explosão da bomba.
Hoje os jornalistas são as vítimas dessa nevrose do chic. A corrente era aliás
inevitável. Os pequenos fatos são sempre a origem dos pequenos acontecimentos.
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A viagem de avião até Klagenfurt, no interior da Áustria, durou quatro horas e meia.
Depois foram mais três horas de ônibus até cruzarmos a fronteira. E chegamos a
Bled, uma pequenina cidade de veraneio à beira de um lago, num perdido rincão da
Iugoslávia, onde se realizaria o congresso anual do Pen Clube. Eu fora incluído na
delegação inglesa, já que morava em Londres — mas como brasileiro, é claro. Era
noite quando, já instalado no hotel, desci até a portaria e perguntei pelos outros.
Perguntei em inglês. O gerente do hotel, também em inglês, me informou que os
demais escritores tinham ido jantar no restaurante do lago, onde me aguardavam.
Como eu iria até lá? — Fácil — disse ele com um sorriso: era só tomar um táxi ali
mesmo na porta do hotel. Sorriso irônico? sarcástico? ou apenas amável, com aquela
amabilidade profissional dos gerentes de hotel? O certo é que senti naquele sorriso
algo de estranho, que na hora não soube identificar, mas que mais tarde concluí ser
um sorriso simplesmente diabólico. Sim, tomei o táxi como ele recomendara —
estacionado em frente ao hotel, como se estivesse ali especialmente para mim. Não
havia luz; só quando o carro já beirava o lago, e a lua estendeu sobre a água uma
esteira luminosa, pude distinguir o motorista. Era uma mulher. E que mulher! Vista
por trás, parecia uma macaca: cabelos curtos, ombros largos, braços retesados
segurando o volante. Uma espécie de uniforme de motorista dava-lhe um ar de
sargento. Principalmente no instante em que se voltou para mim e desferiu uma
pergunta em palavras duras como pedras. Claro que não entendi uma só. — Do you
speak English? — perguntei, no tom mais delicado possível. Não, ela não falava
inglês. Nem francês, nem italiano, nem espanhol. Ignorou minhas perguntas e
continuou a insistir na sua. Eu me limitava a sacudir a cabeça, com um sorriso idiota,
deixando claro que me era impossível entender.
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Ar de empregada ela não tinha: era uma velha mirrada, muito bem arranjadinha,
mangas compridas, cabelos em bandó num vago ar de camafeu ― e usava mesmo
um, fechando-lhe o vestido ao pescoço. Mas via-se que era humilde ― atendera ao
anúncio publicado no jornal porque satisfazia às especificações, conforme ela própria
fez questão de dizer: sabia cozinhar, arrumar a casa e servir com eficiência a senhor
só. O senhor só fê-la entrar, meio ressabiado. Não era propriamente o que esperava,
mas tanto melhor: a velhinha podia muito bem dar conta do recado, por que não? e
além do mais impunha dentro de casa certo ar de discrição e respeito, propício ao
seu trabalho de escritor. Chamava-se Custódia. Dona Custódia foi logo botando
ordem na casa: varreu a sala, arrumou o quarto, limpou a cozinha, preparou o jantar.
Deslizava como uma sombra para lá, para cá ― em pouco sobejavam provas de sua
eficiência doméstica. Ao fim de alguns dias ele se acostumou à sua silenciosa
iniciativa (fazia de vez em quando uns quitutes) e se deu por satisfeito: chegou
mesmo a pensar em aumentar-lhe o ordenado, sob a feliz impressão de que se
tratava de uma empregada de categoria. De tanta categoria que no dia do aniversário
do pai, em que almoçaria fora, ele aproveitou-se para dispensar também o jantar, só
para lhe proporcionar o dia inteiro de folga. Dona Custódia ficou muito satisfeitinha,
disse que assim sendo iria também passar o dia com uns parentes lá no Rio
Comprido. Mas às quatro horas da tarde ele precisou de dar um pulo ao apartamento
para apanhar qualquer coisa que não vem à história. A história se restringe à
impressão estranha que teve, então, ao abrir a porta e entrar na sala: julgou mesmo
ter errado de andar e invadido casa alheia. Porque aconteceu que deu com os móveis
da sala dispostos de maneira diferente, tudo muito arranjadinho e limpo, mas cheio
de enfeites mimosos.
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No ano de 1754 em Jundiaí, Thereza Leyte (mãe) e Escolástica Pinta da Silva (filha)
foram acusadas pelo tribunal do Santo Ofício da Justiça Eclesiástica de terem feito
um pacto com o diabo, que teria acabado na morte do primeiro marido da filha,
Manoel Garcia. O óbito seria resultado de feitiçarias realizadas pela dupla. A
Inquisição (um movimento da Pontifícia Católica, a fim de combater ameaças ao
Cristianismo) apesar de ter tido seu epicentro na Europa desde o século 12, também
conseguiu chegar ao Brasil no começo do período colonial. A atividade no Brasil se
consolidou depois do estabelecimento do Tribunal do Santo Ofício, que recebia
visitas exclusivas de portugueses inquisitores, responsáveis por investigar
comportamentos e práticas que se desviavam dos estabelecidos pelo catolicismo.
Esta história foi resgatada pela pesquisadora e filóloga Narayan Porto durante a
pesquisa de mestrado Feitiçaria paulista: transcrição de processo-crime da Justiça
Eclesiástica na América portuguesa do século 18, comentada no Jornal USP. A
pesquisa teve como base manuscritos originais da Cúria Metropolitana de São Paulo,
que traziam um processo criminal que envolvia as duas mulheres, revelando a
história das supostas feiticeiras. O trabalho também buscou esclarecer como o
Tribunal do Santo Ofício agia na América portuguesa, focalizando a sua atuação no
Brasil Colônia. As conspirações contra essas mulheres começaram quando Manoel
Garcia voltou adoecido de uma viagem para Goiás. Desse modo, os parentes do
homem incriminaram a esposa e a sogra de terem conjurado a doença através de
bruxarias, a fim de pegaram alguns bens dele que estavam em disputa com os
familiares, segundo o que foi registrado no processo, que data de 1754, oito anos
depois da morte de Garcia.
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Na última sexta-feira, 5, o Brasil foi abalado pela repentina morte da cantora Marília
Mendonça. A diva do sertanejo fazia uma viagem em um avião bimotor quando este
se acidentou pouco antes de fazer seu pouso no Aeroporto de Caratinga, em Minas
Gerais. A incerteza e preocupação a respeito do estado da artista se transformaram
em choque nacional quando foi confirmado que ela havia, de fato, perdido sua vida
na tragédia. Conforme divulgado pela Globo, a aeronave teria se chocado contra o
cabo de uma torre da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), o que fez com
que perdesse um dos motores e caísse. Infelizmente, nenhum dos passageiros
resistiu ao episódio. Não apenas Marília morreu, mas também seu tio e assessor,
Abicieli Silveira Dias Filho, seu produtor Henrique Ribeiro, e ainda o piloto e copiloto
da aeronave. O luto enfrentado pelos brasileiros após a perda da cativante cantora,
então, foi comparado por intenautas nas redes sociais, já que se assemelha ao que
ocorreu no ano de 1996, após os Mamonas Assassinas sofrerem, também, um
acidente fatal de avião. Autoproclamados como uma banda do gênero 'sonrisal', os
Mamonas Assassinas realizavam seu último show no estádio Mané Garrincha, em
Brasília, na noite do dia 2 de março de 1996. Coincidentemente, o show era o último
da turnê; os rapazes retornariam a Guarulhos, cidade onde o conjunto foi formado, e
pousariam no aeroporto, em Cumbica, São Paulo. Com o fim da turnê, iniciariam os
preparativos para a gravação do segundo disco, em Portugal. No entanto, o avião
Learjet PT-LSD (que já apresentava erros durante o último mês de uso, conforme
documentado pela equipe do MTV na Estrada) que acompanhou a banda em alguns
dias da turnê, tinha um piloto com apenas 170 horas de voo naquele modelo de
aeronave. O recomendado seria 500 horas, como informou a Folha.
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Quando eu era pequena, queria ser jogadora de futebol. Não qualquer uma. Queria
vestir a camisa da seleção e representar o Brasil. Joguei futebol na rua, em quadra
de barro, na escola, nos ginásios, disputei campeonatos. Até que fui convidada para
jogar no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa Marechal Mário Ary Pires
(COTP), em São Paulo. Eu tinha apenas 14 anos quando isso aconteceu. Num breve
momento, me vi conciliando treino, escola, adolescência, família, amigos, treino, mais
treino e treino de novo. Eu precisava ser boa, queria ser a melhor. Num infeliz
incidente, quebrei a perna. Meu objeto de trabalho (ou lazer) o que me sustentava, o
que me fazia alcançar o meu objetivo: o gol. Gesso durante três meses e para voltar
a jogar, teria que fazer fisioterapia. Não fiz. E com essa decisão, morreu um sonho.
Eu desisti, mas muitas crianças e adolescentes encaram o esporte como um modelo
de vida, não só aquilo que dá prazer. Querem fazer disso seus trabalhos, suas
conquistas, seus futuros. Rayssa Leal, a 'Fadinha' do skate, medalhista Olímpica aos
13 anos (a mais nova do Brasil) conquistou o mundo. A atleta que nasceu em 2008,
já foi notada quando tinha seis anos por ninguém mais ninguém menos que Tony
Hawk, um dos maiores ídolos desse esporte. Com a conquista da prata nas
Olimpíadas de Tóquio (2020), uma série de entrevistas, patrocínios e até mesmo
comercial da Nike, a Fadinha 'dominou' tudo. Mas ela também levantou debates. Será
que é possível manter uma distância entre obrigação e lazer no esporte? Para o
Presidente da Associação Paulista da Psicologia do Esporte e autor de cinco livros
sobre psicologia esportiva, João Ricardo Cozac, 'não há uma fórmula mágica, cada
caso é um caso'.
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O juiz Júlio Roberto dos Reis, da 25ª Vara Cível de Brasília, condenou a Claro a pagar
indenização por danos morais coletivos, no valor de R$ 600 mil, por publicidade
considerada “abusiva” e “enganosa”, que omitiu fatos relevantes para a contratação
do pacote de internet. Na propaganda, é divulgada uma oferta de prestação de
serviço de internet por meio de fibra ótica. Porém, o conteúdo omite o fato de que a
tecnologia só alcança uma parte do caminho até a casa dos consumidores, onde
deve ser utilizado um transmissor de sinais: o cabo coaxial. A ação foi ajuizada pelo
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e solicitava a declaração
de abusividade da publicidade, determinando a obrigação de veicular
contrapropaganda. Também pedia condenação por dano moral coletivo, cujo o valor
decidido pelo julgador seria remetido ao Fundo de Defesa do Consumidor. A Claro
sustentou ilegitimidade da ação, já que as propagandas não teriam sido realizadas
por ela, mas por prestadoras de serviço que não agem mediante interferência. A
empresa também defende que o alcance da fibra ótica não é um dado essencial para
a contratação dos serviços. O juiz afirma que a Claro promoveu, sim, a propaganda,
ou permitiu que esta fosse realizada, sendo responsável pelo conteúdo. Além disso,
diz que a rede com a tecnologia que foi omitida possui certa desvantagem as
tecnologias de fibra ótica, como menor largura de banda, maior tamanho e peso dos
cabos, menor segurança elétrica das instalações, maior ruído decorrente de
interferência eletromagnética e menor segurança no tráfego dos dados. Em razão
disso, a propaganda pode ser considerada abusiva, uma vez que causa danos aos
consumidores. “A ausência de qualquer ressalva quanto à extensão da tecnologia de
fibra ótica indica que a publicidade é enganosa por omissão. A publicidade veiculada
realmente não se mostra falsa, mas incompleta, pois omite dado essencial”, conclui
o juiz.
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A partir de janeiro, a Justiça Federal de São Paulo deixará de ter varas especializadas
em crimes de lavagem de dinheiro. Das dez varas criminais do estado, atualmente
três têm competência exclusiva para julgar esse tipo de delito. Com a mudança
concretizada no Provimento nº 49/2021, o Conselho da Justiça Federal da 3ª Região
(CJF3R) decidiu que nove varas passarão a ter competência para julgar crimes de
lavagem de dinheiro, sendo a única exceção a Vara de Execuções Penais. A principal
justificativa, segundo a juíza federal Raecler Baldresca, “é justamente dar maior
efetividade a essas varas”. Ela liderou a comissão que ficou responsável por estudar
a possibilidade e recomendar mudanças ao CJF3R. “As três varas especializadas
receberam cerca de um terço de processos em relação às demais”, afirma a
magistrada. “Em compensação, o acervo delas não era menor, assim como a
celeridade também não era maior.” A juíza cita a recente inclusão da possibilidade
de acordos de não persecução penal no ordenamento jurídico como uma mudança
significativa, que teria impactos negativos na atual configuração de varas
especializadas. “Se a gente não fizesse nada agora, as outras varas ficariam com um
acervo mínimo, as varas de execução ficariam atoladas, assim como as varas
especializadas”, ela afirma. “E nesse meio tempo ficaríamos discutindo competência.”
Prossegue Baldresca: “Essa discussão sobre quem deve julgar está tomando muito
tempo dos processos. Nós vimos que, nessas discussões internas sobre declínio de
competência, metade dos declínios da Vara Criminal eram relacionados às varas
especializadas.” A juíza pontua que muitos dos casos recentes em que políticos
conseguiram anular processos sobre corrupção e lavagem de dinheiro, esquivando-
se de condenações, estão relacionados a discussões de competência.
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O fato de um devedor possuir imóvel — mas não residir nele por estar emprestado
aos sogros — não afasta a impenhorabilidade do bem de família, prevista no Código
Civil. Com esse entendimento, a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça deu
provimento ao recurso especial ajuizado por uma mulher que teve admitida contra si
a penhora de um imóvel nos autos do cumprimento de sentença promovido por uma
cooperativa de crédito. Trata-se do único imóvel de propriedade dela. A devedora não
reside no local, que está emprestado aos sogros. Para o Tribunal de Justiça de Minas
Gerais, essa situação afasta a impenhorabilidade do bem de família prevista na Lei
8.009/1990. A jurisprudência do STJ, no entanto, tem interpretado essa
impenhorabilidade a partir dos princípios constitucionais da dignidade da pessoa
humana e da solidariedade social, buscando sempre verificar a finalidade
verdadeiramente dada ao imóvel. Um exemplo é a vedação à penhora de bem de
família usado para locação comercial, desde que a renda obtida com a locação seja
revertida para a subsistência ou a moradia da sua família. Por outro lado, admite a
penhora se houver quebra da boa-fé. "Importante relembrar que o conceito de família
foi ampliado e fundamenta-se, principalmente, no afeto, de modo que não apenas o
imóvel habitado pela família nuclear é passível de proteção como bem família, mas
também aquele em que reside a família extensa, notadamente em virtude do princípio
da solidariedade social e familiar, que impõe um cuidado mútuo entre os seus
integrantes", afirmou o relator, ministro Marco Aurélio Bellizze. Com isso, o fato de o
proprietário de um único bem residir em outro imóvel, mas aquele se encontrar cedido
a seus familiares, não é suficiente para afastar a impenhorabilidade do bem de
família.
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Por não verificar urgência no caso, a juíza Débora Cristina Santos Caloço, do plantão
judiciário do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, negou pedido liminar de um casal
para penhora de R$ 4,5 mil junto à Itapemirim Transportes Aéreos. O casal comprou
passagens da empresa em voo marcado para 24 de dezembro. Alternativamente,
pediu que a companhia fosse compelida a emitir passagens de outras aéreas, para o
mesmo trecho. Na última semana, a Itapemirim anunciou a suspensão temporária de
suas atividades para uma "reestruturação interna", e cancelou mais de 500 voos em
todo o país. Há inúmeros relatos de passageiros que não receberam suporte
necessário da empresa. O casal tem passagens compradas para a véspera de Natal,
saindo de Brasília, com destino a Salvador. Assim, pediu o bloqueio dos R$ 4,5 mil
da Itapemirim (média do preço de passagens para a data e trecho escolhidos). Ao
negar a liminar, a magistrada citou as dificuldades financeiras da empresa e disse
que a viagem dos autores não seria "imprescindível", por se tratar de lazer. "Os
autores não demonstraram, nesse juízo prefacial próprio do plantão judiciário, a
imprescindibilidade da viagem, que recomendasse a concessão da tutela almejada
antes do contraditório. Ao que tudo indica, trata-se de viagem a lazer. Além disso, é
de conhecimento público que a situação financeira precária por que passa a empresa
ré, o que torna improvável a efetividade de eventual provimento dos pedidos
formulados liminarmente", disse. Para a magistrada, a rejeição da liminar não cria
"empecilhos" à reparação de eventuais danos sofridos pelos passageiros, "se for o
caso", após a apresentação de contestação por parte da Itapemirim. A Secretaria
Nacional do Consumidor (Senacon), órgão do Ministério da Justiça, informou que já
notificou a Itapemirim, que deverá prestar mais esclarecimentos sobre as principais
razões da paralisação de suas atividades.
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A Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) vai estabelecer, no rito dos
recursos repetitivos, "se cabe à seguradora e/ou ao estipulante o dever de prestar
informação prévia ao proponente (segurado) a respeito das cláusulas limitativas e
restritivas dos contratos de seguro de vida em grupo". Foram selecionados dois
recursos especiais como representativos da controvérsia, cadastrada como Tema
1.112: o REsp 1.874.811 e o REsp 1.874.788. A relatoria é do ministro Villas Bôas
Cueva. O colegiado determinou a suspensão do processamento, em todo o território
nacional, dos processos individuais ou coletivos que discutam a mesma questão,
excetuada a concessão de tutelas provisórias de urgência, quando presentes seus
requisitos. Na avaliação do relator, a proposta de afetação da matéria como repetitiva
se justifica em razão do número expressivo de processos com fundamento em
idêntica questão de direito, o que evidencia o seu caráter multitudinário. Segundo o
ministro, os colegiados de direito privado do STJ têm diversos precedentes no sentido
de que a responsabilidade de prestar as informações ao consumidor, antes de sua
adesão ao seguro de vida em grupo, cabe ao estipulante, pois é ele quem tem vínculo
anterior com os empregados ou associados, e não à seguradora. No entanto, Villas
Bôas Cueva assinalou que, a despeito desse entendimento, ainda existem decisões
divergentes nos tribunais estaduais. O julgamento da questão no rito dos repetitivos
"vai proporcionar segurança jurídica aos interessados e evitar decisões díspares nas
instâncias ordinárias e o envio desnecessário de recursos especiais e agravos a esta
corte superior", acrescentou. O relator determinou a ciência da afetação dos recursos
à Defensoria Pública da União, ao Conselho Nacional dos Seguros Privados, à
Superintendência de Seguros Privados, à Federação Nacional de Previdência
Privada e Vida, ao Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor.
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A americana Carolyn DeFord passou os últimos 22 anos procurando por sua mãe,
Leona Kinsey. Descendente da tribo indígena Puyallup, Kinsey foi vista pela última
vez em 25 de outubro de 1999, em sua casa em La Grande, cidade de pouco mais
de 13 mil habitantes no Estado de Oregon. "Nós não sabemos o que aconteceu", diz
DeFord à BBC News Brasil. "Ela disse a uma amiga que estava indo ao
supermercado encontrar um homem chamado John e que depois passaria na casa
dessa amiga." Três dias depois, o carro de Kinsey foi localizado no estacionamento
do supermercado. Mas ela nunca mais foi vista. "A polícia registrou o
desaparecimento, mas inicialmente disseram que ela era maior de idade e tinha o
direito de sumir se quisesse e que não havia nada que pudessem fazer", lembra
DeFord. Descrita pela filha como "forte e independente", Kinsey tinha 45 anos de
idade quando desapareceu. DeFord questiona se o caso recebeu a atenção devida,
lembrando que Kinsey trabalhava fazendo bicos e havia enfrentado problemas legais
no passado. "Minha mãe não tinha uma posição de status na comunidade para que
se importassem com o que aconteceu com ela", afirma. Com o passar do tempo e a
falta de avanços no caso, DeFord, que na época do desaparecimento tinha 25 anos
de idade, três filhos pequenos e morava no Estado vizinho de Washington, passou a
realizar sua própria campanha para tentar encontrar a mãe. Aos poucos, ela começou
a entrar em contato com outras pessoas na mesma situação, e acabou fundando uma
associação de apoio às famílias de indígenas desaparecidos ou assassinados.
DeFord continua buscando saber o que aconteceu com sua mãe. Mas, mais de duas
décadas depois, o desaparecimento de Kinsey continua sem solução.
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O dia 25 de dezembro nunca teve muita importância para o muçulmano Zabi, afegão
que emigrou sozinho ao Brasil em 2008 e se tornou cidadão brasileiro em 2020. Mas,
neste ano, ele recebeu um presente especial: foi no dia de Natal que seu irmão
Atiqullah finalmente conseguiu chegar ao Brasil, depois de quatro meses escapando
do regime do Talebã e buscando um visto. "Foi tão especial ver meu irmão chegar",
conta Zabi, em português com sotaque, à BBC News Brasil. "Só quem já sofreu isso
(viver como refugiado) na vida sabe o valor deste momento. A gente nunca tinha
imaginado que chegaria a este ponto, de as pessoas terem que correr para fugir do
Afeganistão, nunca." Assim como muitas outras famílias afegãs, a de Zabi tem medo
do Talebã por ter trabalhado para o governo anterior, aliado do Ocidente, e para os
militares americanos, agora já evacuados do país. Portanto, para evitar riscos
adicionais à segurança deles, sobrenomes, fotos e detalhes pessoais da família serão
omitidos da reportagem. Zabi ainda teme pela vida de seus pais, sua mulher, seus
filhos e outros parentes, que permanecem em território afegão por ainda não terem
conseguido tirar passaporte. E seu irmão mais velho - esse, sim, com passaporte -
aguarda, junto a mulher e filhos, o desfecho de um pedido de visto humanitário feito
na Embaixada brasileira no Paquistão (o Brasil não tem representação consular no
Afeganistão)."Tenho muita preocupação com ele, porque ele foi tradutor para os
americanos. Quero que ele saia logo de lá", conta Zabi. A família de Zabi é uma das
que tiveram suas vidas viradas de cabeça para baixo pela tomada do poder central
pelo Talebã, em agosto. Nos primeiros dias em que o regime fundamentalista
anunciou o controle do país, todos evitaram sair de casa.
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Elon Musk rebateu críticas de que seu projeto de internet via satélite Starlink estaria
"monopolizando" o espaço sideral. "Dezenas de bilhões" de satélites podem ser
acomodados em órbitas próximas à Terra, disse o CEO da Tesla Motors e da SpaceX
ao Financial Times. Seus comentários foram feitos após uma crítica do chefe da
Agência Espacial Europeia (ESA) de que Musk estaria "estabelecendo as regras"
para a indústria espacial comercial emergente. Esta semana, a China reclamou que
sua estação espacial foi forçada a evitar colisões com os satélites Starlink. "O espaço
é extremamente enorme e os satélites são muito pequenos", disse Musk na
entrevista. O bilionário rebateu sugestões de que seu projeto estaria efetivamente
obstruindo a entrada de concorrentes na indústria de satélites. "Esta não é uma
situação em que estamos bloqueando os outros de alguma forma. Não impedimos
ninguém de fazer nada, nem pretendemos fazer isso", disse ele. "Alguns milhares de
satélites não são nada. É como dizer, 'ei, aqui estão alguns milhares de carros na
Terra'. Não é nada", acrescentou. Josef Aschbacher, o diretor-geral da Agência
Espacial Europeia, alertou que os milhares de satélites de comunicações lançados
pela Starlink resultariam em muito menos espaço para concorrentes. Outros
especialistas afirmam que distâncias muito maiores do que Musk sugeriu são
necessárias entre as espaçonaves para evitar colisões. Os cientistas também
expressaram preocupações quanto aos riscos de colisões no espaço e pediram aos
governos do mundo que compartilhassem informações sobre os estimados 30 mil
satélites e outros detritos espaciais que orbitam a Terra. Musk ganhou as manchetes
esta semana ao enfrentar uma forte reação nas mídias sociais, após a China reclamar
que uma estação espacial do país foi forçada a evitar colisões com satélites lançados
pelo projeto Starlink.
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Muitos de nós temos a sorte de poder escolher, pelo menos até certo ponto, aquilo
que queremos comer. Quando abrimos o refrigerador ou examinamos as prateleiras
do supermercado, existe uma variedade de opções disponíveis. Mas as decisões que
tomamos sobre a nossa alimentação são tão independentes como gostaríamos? E
se elas fossem influenciadas por algum outro fator além da fome e das opções que
temos à nossa frente? Basta pesquisar as redes sociais, como o Instagram, Twitter
ou Facebook, para encontrar fotos e mais fotos de refeições em apresentações
perfeitas e com aparência simplesmente deliciosa. O aroma e o sabor dos alimentos
podem ter um efeito inegavelmente poderoso sobre os nossos anseios, mas as
intermináveis postagens de lanches quentinhos e pratos resplandecentes podem ser
mais que apenas um banquete para os olhos? Nós certamente somos muito
influenciados pelas outras pessoas - especialmente as mais próximas - com relação
ao que comemos. Pesquisas concluíram que, quanto mais forte e próxima a conexão
entre duas pessoas, mais influência elas têm sobre as escolhas alimentares uma da
outra. "Muitas das sugestões provenientes das interações pessoais estão
relacionadas com as pessoas com quem convivemos", afirma Solveig Argeseanu,
professora de saúde global e epidemiologia da Universidade Emory em Atlanta, na
Geórgia (Estados Unidos). "É mais uma questão de relacionamento e de como me
comparo com aquela pessoa que com indivíduos específicos. Se eu acho que a
pessoa que está comigo é mais atraente ou popular, terei a tendência de querer imitá-
la cada vez mais." Isso pode significar que essas sugestões sociais geralmente nos
incentivam a comer mais, segundo Argeseanu.
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Durante muito tempo, seu nome foi um tabu. Mas com o passar dos anos, ele
começou a ser lembrado como se recorda dos heróis. Trata-se de Witold Pilecki,
oficial do Exército polonês que em 1940, quando se país acabara de ser ocupado
pelas tropas da Alemanha nazista, se ofereceu como voluntário para ser encarcerado
no campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia. Sua missão era obter informações
sobre o funcionamento do local e criar uma rede de resistência interna. Ele
permaneceu preso ali por dois anos e meio, período em que sofreu na pele as
próprias atrocidades cometidas em Auschwitz, um dos maiores símbolos do
genocídio nazista na Segunda Guerra Mundial (1939-45), onde foram mortos mais
de 1 milhão de pessoas, a maior parte, judeus. Esta é a sua história. Nascido em
Oloniec, no norte da Rússia, em 1901, Pilecki foi um dos militares com que a Polônia
tentou combater a invasão comandada por Adolf Hitler em 1939. Segundo o
historiador Jaroslaw Wróblenski, apesar da notória superioridade da máquina de
guerra nazista, "Pilecki tinha vontade de lutar e, em setembro de 1939, pensava que
a Polônia derrotaria os alemães em apenas algumas semanas". Após a rápida
anexação da Polônia pela Alemanha, os alemães iniciaram prisões em massa entre
a população local, com atenção especial para a captura dos militares poloneses que
os haviam combatido no campo de batalha. Foi então que o campo de concentração
de Auschwitz foi criado. Seu propósito e funcionamento não eram bem conhecidos
no início, então a incipiente rede de resistência polonesa contra a ocupação decidiu
que era uma boa ideia se infiltrar em alguns de seus membros. Ativo na resistência,
Pilecki se ofereceu como voluntário.
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Um homem chinês que foi sequestrado há mais de 30 anos se reencontrou com sua
mãe biológica depois de desenhar de memória um mapa da vila em que vivia na
infância até ser levado. Li Jingwei tinha apenas quatro anos quando foi atraído por
um vizinho para fora de sua casa e vendido para uma quadrilha de tráfico de crianças.
Décadas depois, em 24 de dezembro de 2021, ele compartilhou na internet um mapa
desenhado que ele desenhou à mão, de cabeça. A ilustração publicada no aplicativo
de compartilhamento de vídeo Douyin viralizou nas redes sociais e foi comparada
pela polícia a uma pequena vila do país. Em seguida, o caso foi associado a uma
mulher cujo filho havia desaparecido há três décadas. Após a realização de testes de
DNA, para comprovar o vínculo entre eles, mãe e filho se finalmente voltaram a se
encontrar, na província de Yunnan em 1º de janeiro de 2022. O vídeo da reunião
deles mostra Li Jingwei removendo cuidadosamente a máscara de proteção de sua
mãe, usada contra o coronavírus, para que pudesse examinar o rosto dela. Logo
depois ele começa a chorar e a abraça. "Trinta e três anos de espera, incontáveis
noites de saudade e, finalmente, um mapa desenhado à mão de memória: este é o
momento perfeito depois de 13 dias", escreveu Li em seu perfil em Douyin, pouco
antes do esperado reencontro. "Obrigado a todos que me ajudaram a reunir a minha
família." Li foi sequestrado perto da cidade de Zhaotong, no sudoeste da província de
Yunnan, em 1989, e posteriormente vendido a uma família que vivia a mais de 1.800
km de distância. Morador atualmente da província de Guangdong, no sul da China,
ele não teve sucesso em suas perguntas para seus pais adotivos ou em consultas a
bancos de dados de DNA. Foi quando ele decidiu recorrer a redes sociais.
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O último ano foi, para uma parte da América Latina, de um "efeito rebote" na
economia. Como 2020 havia sido excepcionalmente duro para a economia global por
conta da pandemia de covid-19, as taxas de crescimento vividas por alguns países
em 2021 (não é o caso do Brasil, que viu seu PIB recuar no terceiro trimestre e vive
cenário de recessão técnica) podem ser enganadoras. A razão é que o aumento do
Produto Interno Bruto (PIB, ou soma de tudo o que é produzido na economia) se
mede em relação ao ano anterior, pode parecer, à primeira vista, que países em
situação de crescimento deram um salto espetacular. O problema é que a base de
comparação — 2020 — é muito baixa, portanto esse crescimento é o tal "efeito
rebote". De olho no ano que vem, as projeções de organismos internacionais dão
uma fotografia um pouco mais "realista" de como os países latinos-americanos estão
avançando (ou não). O principal termômetro da economia de um país é seu PIB, mas
há outros indicadores importantes a serem considerados. A BBC News Mundo
(serviço em espanhol da BBC) traz, a seguir, dados que levam em conta crescimento
econômico, inflação e classificação de risco das economias do continente. Olhando-
se exclusivamente o crescimento econômico, os países com as perspectivas de
maior alta para o próximo ano são Panamá, República Dominicana, El Salvador e
Peru, segundo as previsões mais recentes da Comissão Econômica para a América
Latina (Cepal). As perspectivas, no entanto, podem variar dependendo "dos avanços
desiguais nos processos de vacinação (contra o coronavírus) e a capacidade dos
países em reverter os problemas estruturais por trás da baixa trajetória de
crescimento que exibiam antes da pandemia", diz o organismo em seu Estudo
Econômico da América Latina e Caribe, publicado em outubro.
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Não é surpresa para ninguém que as abelhas sabem muito sobre o mel. Elas não
são apenas produtoras como também consomem o mel — e de forma muito
sofisticada. Ofereça a uma abelha doente diferentes variedades de mel, por exemplo,
e ela escolherá aquela que melhor combate a sua infecção. Já as pessoas têm muito
a aprender com as abelhas com relação às características nutricionais do mel.
Poucas décadas atrás, a maioria das listas de "alimentos funcionais" — aqueles que
oferecem benefícios à saúde além da nutrição básica — não mencionava o mel,
segundo a entomologista May Berenbaum, da Universidade de Illinois em Urbana-
Champaign, nos Estados Unidos. "Até os apicultores — e, com certeza, os cientistas
que estudavam as abelhas — consideravam o mel nada mais do que água com
açúcar", segundo ela. Daquela época até hoje, muitas pesquisas revelaram que o
mel é repleto de substâncias químicas vegetais que influenciam a saúde das abelhas.
Os componentes do mel podem ajudar as abelhas a viver por mais tempo, aumentar
sua tolerância a condições desfavoráveis, como o frio intenso, e ampliar sua
capacidade de combater infecções e curar feridas. As descobertas indicam formas
de ajudar as abelhas, que vêm sofrendo muito nos últimos anos com parasitas,
exposição a pesticidas e perda de habitat. "É simplesmente uma substância notável
e as pessoas talvez ainda não a valorizem muito", segundo Berenbaum. O mel é
saboroso na torrada ou misturado ao chá, mas ele é muito mais que um adoçante. É
claro que o líquido viscoso é composto principalmente de açúcar, que os membros
da colmeia usam para o seu sustento. Mas ele também compreende enzimas,
vitaminas, sais minerais e moléculas orgânicas que dão a cada tipo de mel suas
características exclusivas e oferecem uma série de benefícios para a saúde das
abelhas.
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O ano de 2022 deve trazer pelo menos uma boa notícia na economia: a inflação tende
a perder um pouco de força, como resultado da safra recorde de alimentos, redução
de preço dos combustíveis e diminuição da demanda, resultado da forte alta dos juros
e da atividade fraca. No entanto, para além dessa perda de ímpeto dos preços, o ano
eleitoral tende a ser mais um período difícil para a economia brasileira. Para o PIB
(Produto Interno Bruto), indicador que soma todos os bens e serviços produzidos no
país, a expectativa dos economistas é de estagnação. Os analistas divergem se o
número vai ser um pouco negativo ou um pouco positivo, mas todos concordam que,
no azul ou no vermelho, o desempenho deve ficar muito próximo de zero. Como
consequência, o mercado de trabalho tende a perder ímpeto, com a taxa de
desemprego caindo mais devagar e a geração de vagas formais mais fraca. Já o
câmbio — relação entre o valor da moeda brasileira e as moedas de outros países
— deve ter um ano bastante volátil (isto é, deve variar bastante, ser inconstante),
reagindo à corrida eleitoral e à provável alta de juros para conter a inflação nos
mercados desenvolvidos. Esse movimento tende a atrair investimentos
principalmente aos Estados Unidos, enfraquecendo as moedas de países
emergentes, como o Brasil, e já há quem aposte em um dólar encostando nos R$ 6
ao longo do próximo ano. Nas contas públicas, a arrecadação de impostos deve
perder força, enquanto o custo da dívida pública tende a continuar em alta, devido ao
aumento dos juros. E para coroar esse cenário desfavorável, a economia mundial
pode perder força, com destaque para a China, principal parceira comercial do Brasil.
Saiba o que esperar para PIB, emprego, inflação, câmbio, economia mundial, contas
públicas e política monetária em 2022, na visão de um time de especialistas.
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Cinco anos atrás, imagens simples com tinta preta e um pouco de aquarela vermelha
sobre papel branco surpreenderam os passageiros do metrô de Estocolmo, na
Suécia. O tunnelbana — nome do metrô da capital sueca — é frequentemente
descrito como a galeria de arte mais longa do mundo, com exposições em 90 das
suas 100 estações ao longo do seu sistema de 109 km de túneis. As obras
permanentes que estão lá há décadas abordam temas que vão de direitos das
mulheres a inclusão e desmatamento. Mas a exibição que surgiu em outubro de 2017
na estação de Slussen, no centro de Estocolmo, deixou usuários boquiabertos e
causou polêmica. Selecionadas por funcionários municipais, as obras da quadrinista
sueca Liv Strömquist acabaram se tornando um marco na história do feminismo. "As
três imagens diferentes de patinadoras sobre gelo com manchas de menstruação na
região entre as pernas geraram um grande debate", recorda a artista. As imagens já
haviam aparecido em um dos livros mais vendidos de Strömquist. "Para mim,
pessoalmente, a menstruação sempre havia sido algo muito doloroso e vergonhoso.
Não podia falar com ninguém a respeito", segundo a artista. "Achei que seria
interessante explorar a menstruação como algo que está em toda a sociedade: como
um sentimento de vergonha por uma experiência tão natural vivida pela metade da
humanidade, em vez de interpretá-la de alguma forma psicológica pessoal." A ideia
era que as patinadoras de Strömquist enfatizassem a ideia de uma sociedade em que
a menstruação não fosse razão para um estigma. As imagens causaram forte debate
na imprensa local e global, bem como nas redes sociais. "É um pouco chocante ter
essas imagens em um espaço público como o metrô. Acho que é de mau gosto",
declarou na época à BBC uma mulher no tunnelbana.
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Tem um tempo que aboli rankings de melhores leituras do ano. Já passo a vida
indicando livros e alertando para eventuais ciladas, espero que as resenhas deem
uma dimensão do que achei de cada obra. Não venho escrever novamente sobre o
que já escrevi, mas me traio de partida. Tenho estranhado a ausência de dois
romances em listas de diversos veículos. "Temporada de Furacões", da mexicana
Fernanda Melchor (Mundaréu), e "As Aventuras da China Iron", da argentina Gabriela
Cabezón Cámara (Moinhos), merecem estar em qualquer relação plural do que de
melhor chegou às livrarias brasileiras em 2021. Fujo da minha própria seleção, porém
não deixo de olhar para os encontros ao longo do último ano. Por motivos diversos,
bons livros passaram semanas ou meses ao meu lado, esperando a vez de ganharem
um espaço na coluna. Nem sempre rola. Trago, então, leituras relevantes feitas ao
longo de 2021 que pouco ou nada apareceram por aqui. Valem a pena os contos de
"Como Usar um Pesadelo", de Bruno Ribeiro, e de "Estados Alucinatórios", de
Eduardo Sabino, ambos publicados pela Caos e Letras. São dois autores brasileiros
que dialogam com o que de melhor tem sido feito na literatura latino-americana de
língua espanhola. O horror das histórias de Eduardo e Bruno se aproxima, em alguns
momentos, do que encontramos no precioso "Terra Fresca da Sua Tumba", da
boliviana Giovana Rivero (Incompleta), que chama a atenção pela quantidade de
contrastes e rusgas culturais que apresenta em suas narrativas. Título que já
angariou uma porção considerável de fãs, "Os Supridores", de José Falero (Todavia),
desliza num ponto ou outro, mas é mesmo um romance que merece ser lido com
atenção. O turbulento e cheio de vinho "O Mais Sutil é a Queda", de Narjara Medeiros
(7 Letras), deixou uma impressão muito boa.
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Se você já foi em um karaokê, "Total Eclipse of the Heart" com certeza foi uma das
músicas cantadas durante a sessão. Isso porque o hit dos anos 1980 é um dos mais
queridos entre os fãs de música pop antiga. Lançada em 11 de fevereiro de 1983, a
música de Bonnie Tyler faz parte do álbum "Faster Than the Speed of the Night" e é
o maior sucesso da cantora. O fato de ser uma música de mais de 30 anos atrás não
impede que ela ainda esteja bastante presente na cultura pop e até mesmo em
produções brasileiras, como é o caso de "Deserto Particular" e "Eduardo e Mônica",
filmes novos dos quais "Total Eclipse of the Heart" faz parte da trilha sonora e também
é cantada pelos personagens. Com uma letra que fala sobre a desilusão amorosa de
alguém que espera por seu amado, é impossível não se reconhecer durante aqueles
dias que nos sentimos mais sozinhos e desejamos uma música para ouvir na fossa.
Além disso, o refrão é uma delícia de cantar. Dá para gritar bastante a letra, que é
bem fácil de decorar. Além disso, o hit nunca deixou de estar presente no imaginário
popular. Um exemplo da eterna presença da canção no dia a dia do público é a série
"Glee", conhecida por fazer diferentes covers de música, que contou com "Total
Eclipse of the Heart" em um de seus episódios. E mesmo "Modern Family", que não
é uma produção musical, dedicou uma cena a este clássico que todos sabem cantar.
E, como tudo o que faz sucesso hoje em dia, a música fez parte de brincadeiras no
TikTok, provando que o hit ultrapassa gerações. A canção dos anos 1980 caiu no
gosto popular brasileiro e ganhou diferentes versões, como "Total Eclipse of the Heart
versão forró. Por fim, é impossível falar desta música sem lembramos da versão literal
do clipe: alguém trocou a letra e colocou exatamente as esquisitices que acontecem
no vídeo sendo cantadas. Infelizmente, apenas em inglês.
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O tempo fechou para Emily em Paris! A série original Netflix, com Lily Collins no papel
principal, foi alvo de críticas por conta do estereótipo de uma personagem. Na série,
Emily (Lily Collins) conhece Petra (Daria Panchenko), uma ucraniana que não
entende de moda e não fala muito bem nem inglês e nem francês. As duas viram
colegas de classe e saem juntas para praticar, mas o que ocorre é que Petra acaba
interpretando errado algumas coisas que Emily diz e furta peças caríssimas de uma
loja famosa de Paris. As atitudes da personagem, que aparece apenas algumas
vezes, foi alvo de críticas. O Ministro da Cultura da Ucrânia, Oleksandr Tkachenko,
revelou que enviou uma carta para a Netflix, reclamando de como a personagem foi
retratada na série e disse, inclusive, que se sentiu insultado por ela. "Em Emily em
Paris, nós temos a caricatura de uma mulher ucraniana que é inaceitável. É também
um insulto", escreveu Mr Takchenko em seu Telegram. "É assim que os ucranianos
são vistos lá fora?", finalizou. Uma ucraniana que mora em Paris concordou com o
Ministro. "O jeito como vocês retrataram a imagem dos ucranianos em sua segunda
temporada, o quarto episódio é um truque de baixo custo, um escândalo e uma
vergonha", escreveu Yevheniya Havrylko, em um post no Instagram que já tem mais
de 75 mil curtidas. Não é a primeira vez que a série é criticada pela forma como
descreve as diferentes nacionalidades. Quando a primeira temporada foi lançada,
Emily em Paris foi criticada, particularmente na França, por promover imagens
estereotipadas da cidade e seus residentes. Basicamente, a série mostra como os
franceses são pessoas rudes com boinas que, frequentemente, traem seus parceiros.
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"Caiu no chão, quebra! Eu mesmo não comprava". É assim que Evandro Silva, 26,
morador de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, fez sucesso na internet como o
"Vendedor Sincero". Ele se aproxima dos clientes falando mal dos próprios produtos
e, ainda assim, consegue ganhar a simpatia deles - e da internet. Fenômeno no
TikTok, com mais de 252 mil seguidores, Evandro começou por acaso na vida de
influenciador. "Eu me aproximei de uma mulher para vender um chaveiro, ela achou
engraçado e começou a me filmar. Daí o vídeo foi para as redes sociais e viralizou",
relembra o jovem. Os vídeos postados por ele já tiveram mais de 13 milhões de
visualizações apenas no TikTok. A ideia do "Vendedor Sincero", no entanto, veio há
cerca de seis meses, quando ele percebeu que as vendas não andavam muito boas.
Evandro, que é ambulante desde os 16 anos, diz que aprendeu a vender olhando
outros vendedores na rua e que, atualmente, vive com a mãe de 53 anos e as vendas
o ajudam em casa. "Eu comecei a falar para o pessoal que o produto era ruim, aí
então eles começaram a comprar", diz. Na 'vitrine', estão as balas "ruins da peste" e
os chaveiros "feios demais" - estes últimos, inclusive, possuem um propósito ainda
maior. Segundo Evandro, com a venda dos porta-chaves, parte do dinheiro vai para
uma pequena comunidade de Nova Iguaçu que apoia pessoas em situação de rua e
com dependência química. "Eu sei que tem muita gente na rua que quer mudança de
vida e isso dói muito no coração. Com parte do dinheiro, nós compramos cestas
básicas, passagens de transporte e o que for preciso", diz. Apesar do sucesso,
Evandro afirma que o principal objetivo do marketing é fazer as pessoas sorrirem.
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A lichia é uma fruta cuja safra começa em dezembro e se estende até janeiro. Pode
ser consumida in natura, em sucos, chás ou como ingredientes de doces e outras
bebidas. Mas o que ela esconde por trás das suas cascas vermelhas e polpa branca
suculenta são os vários benefícios à saúde. É rica em vitaminas e minerais, como a
vitamina C, vitaminas do complexo B, potássio, cálcio, ferro, magnésio, fósforo e
folato. A vitamina C possui ação antioxidante fundamental no combate aos radicais
livres que causam danos às nossas células e contribuem para a inflamação. "Só para
termos uma noção de comparação, em uma porção de 100 gramas ela tem mais
vitamina C do que a laranja, podendo auxiliar no bom funcionamento do nosso
sistema imunológico", afirma a nutricionista Natália Barros. Além disso, segundo ela,
a vitamina C junto com o folato estimula a produção e o funcionamento de glóbulos
brancos, células de defesa essenciais para prevenir e combater infecções. Pouco
calórica, já que 100 gramas da fruta tem quase 70 calorias, mas com grande
concentração de fibras e água, pode fazer parte da alimentação de quem busca o
emagrecimento, uma vez que as fibras auxiliam na saciedade e, consequentemente,
na redução da ingestão de calorias. Essa fruta exótica é originária da China, mas os
maiores produtores de lichia são Vietnã, Tailândia, Índia, Madagascar e África do Sul.
No Brasil, a lichia começou a ser comercializada por volta da década de 1970. A
grande produção dessa fruta se concentra a noroeste do estado de São Paulo, porém
existe uma pequena parcela de produção sendo feita em Minas Gerais, na Bahia e
no Paraná. Ela tomou gosto pelos brasileiros há menos de 10 anos, quando o cultivo
aumentou.
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Muitas pessoas usam o Ano Novo para virar a página - ou seja, mudar o
comportamento agindo de forma mais racional e em favor dos próprios interesses.
Mas isso é mais difícil do que parece. Aqui estão três exemplos da minha série - Think
with Pinker, da BBC 4 - sobre armadilhas comuns da irracionalidade e como evitá-
las. 1. Você amanhã. Quando as pessoas comparam o que elas "pensam" com o que
"sentem", muitas vezes elas querem falar sobre a diferença entre uma recompensa
imediata ou a longo prazo. Por exemplo - um banquete agora ou estar em forma
amanhã?; uma comprinha sem muita necessidade neste momento ou dinheiro
suficiente para o aluguel no fim do mês?; seguir a paixão sem limites ou encarar
possíveis consequências depois? Esse contraste entre tempos presentes e tempos
futuros pode parecer uma luta interna, como se um lado da pessoa quisesse ver
séries de streaming hoje e uma outra parte lembrasse da obrigação de ir bem na
prova de amanhã. Em um episódio de Os Simpsons, Marge alerta seu marido sobre
seu comportamento e ele responde: "Isso é um problema para o Homer de amanhã.
Cara, coitado dele". Isso levanta uma questão: devemos sacrificar o agora em
benefício do nosso futuro? A resposta é: não necessariamente. Afinal, talvez a gente
morra e nosso sacrifício terá sido em vão. Como diz um adesivo de carro: "A vida é
curta. Como sobremesa primeiro". Talvez a compensação prometida nunca venha -
por exemplo quando um fundo de pensão quebra. No final das contas, você é jovem
apenas uma vez. Não faz sentido guardar dinheiro por décadas para comprar um
equipamento de som caríssimo quando seu ouvido não conseguirá mais perceber a
diferença. Então o nosso problema não é viver apenas no futuro, mas viver
demasiadamente no presente.
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Onde exatamente ficava a casa onde a rainha Elizabeth 2ª nasceu? Os turistas estão
procurando no lugar errado? E as alegações de que a casa foi danificada na Blitz
(campanha de bombardeio da Alemanha nazista contra o Reino Unido) estão
corretas? A rainha Elizabeth 2ª nasceu em 21 de abril de 1926 na rua Bruton Street,
número 17, em Mayfair, um bairro nobre de Londres. O local não era um palácio, uma
grande propriedade ou mesmo um hospital, mas apenas uma casa em uma rua
movimentada da capital britânica. Seus pais haviam se mudado para o imóvel,
pertencente a seus avós maternos escoceses, o conde e a condessa de Strathmore,
apenas algumas semanas antes de seu nascimento. "É um lembrete de como a
família real não era tão rica naquela época. O dinheiro era um problema", disse o
historiador real Robert Lacey. Vale lembrar que a Elizabeth 2ª não nasceu para ser
rainha — como filha do filho mais novo do Rei, não havia a expectativa de ela
ascendesse ao trono. A primeira casa da rainha Elizabeth 2ª não existe mais — e há
repetidas alegações na internet de que ela foi destruída por ataques aéreos durante
a Segunda Guerra Mundial. "A casa foi danificada na Blitz e depois demolida", diz a
Wikipédia, por exemplo. Mas muitos documentos na Biblioteca Britânica e outros
arquivos mostram que a casa do século 18 havia desaparecido antes mesmo do início
do conflito. Foram os incorporadores imobiliários — muito mais implacáveis do que
os ataques aéreos — que acabaram com a primeira casa da monarca. Em 1937, um
homem de cartola e sobretudo havia formalmente iniciado a demolição do número 17
da rua Bruton Street e muitos de seus prédios vizinhos, que se estendiam até a
esquina da Berkeley Square.
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Aqui vai um quiz de começo de ano: quantos filmes do Homem-Aranha foram feitos
nos últimos 20 anos? Segundo as minhas contas, foram três dirigidos por Sam Raimi
e protagonizados por Tobey Maguire, dois pelo cineasta Marc Webb e estrelados por
Andrew Garfield, uma animação (Homem-Aranha no Aranhaverso), e dois filmes
recentes pelas mãos do cineasta Jon Watts e com Tom Holland no papel principal.
Isso faz com que esta terceira produção da dupla Watts-Holland, Homem-Aranha:
Sem Volta para Casa, seja a nona oportunidade que temos de ver Peter Parker com
seu traje azul e vermelho — isso sem incluir as aparições em Os Vingadores e
Capitão América. É certo que isso parece mais do que suficiente. Mas a magia de
Sem Volta para Casa é utilizar todos os filmes anteriores do Homem-Aranha como
parte de sua trama. Sim, as referências às oito produções anteriores dependem de
uma leal nostalgia dos fãs do personagem, mas também enriquecem o novo filme,
aumentando sua profundidade emocional e seu alcance. Inclusive elas melhoram as
histórias anteriores de uma maneira retroativa, agregando novas facetas aos
personagens que aparentemente já tinham saído da série. Assim Sem Volta para
Casa permite uma despedida transcendental para essas figuras. Os céticos dos
filmes de super-herói provavelmente não se converterão ao culto. Mas se você tem
algum amor pelo gênero, então essa nova parte da saga aracnídea colocará um
sorriso em seu rosto por duas horas. Pode ser que caiam algumas lágrimas dos seus
olhos. Na era da dupla Raimi-Maguire, J. Jonah Jameson — interpretado pelo
magnificamente turrão J.K. Simmons — era o editor de um jornal de cidade grande.
Em uma atualização esperta e satírica, J.J. Jameson retorna como apresentador de
um site de notícias baseado em teorias conspiratórias. E continua odiando o
simpático Homem-Aranha.
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Umberto Eco começou a sua carreira como filósofo sob a orientação de Luigi
Pareyson, na Itália. Seus primeiros trabalhos dedicaram-se ao estudo da estética
medieval, sobretudo aos textos de S. Tomás de Aquino. A tese principal defendida
por Eco, nesses trabalhos, diz respeito à ideia de que esse grande filósofo e teólogo
medieval, que, como os demais de seu tempo, é acusado de não empreender uma
reflexão estética, trata, de um modo particular, da problemática do belo. A partir da
década de 1960, Eco lança se ao estudo das relações existentes entre a poética
contemporânea e a pluralidade de significados. Seu principal estudo, nesse sentido,
é a coletânea de ensaios intitulada Obra aberta (1962), que fundamenta o conceito
de obra aberta, segundo o qual uma obra de arte amplia o universo semântico
provável, lançando mão de jogos semióticos, a fim de repercutir nos seus intérpretes
uma gama indeterminável porém não infinita de interpretações. Ainda na década de
1960, Eco notabilizou-se pelos seus estudos acerca da cultura de massa, em especial
os ensaios contidos no livro Apocalípticos e Integrados (1964), em que ele defende
uma nova orientação nos estudos dos fenômenos da cultura de massa, criticando a
postura apocalíptica daqueles que acreditam que a cultura de massa é a ruína dos
"altos valores" artísticos — identificada com a Escola de Frankfurt, mas não
necessariamente e totalmente devedora da Teoria Crítica — e, também, a postura
dos integrados — identificada, na maioria das vezes, com a postura de Marshall
McLuhan — para quem a cultura de massa é resultado da integração democrática
das massas na sociedade. A partir da década de 1970, Eco passa a tratar quase que
exclusivamente da semiótica.
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Samuel Finley Breese Morse foi um inventor, físico e pintor[4][5] de retratos e cenas
históricas estadunidense. Tornou-se mundialmente célebre pela suas invenções: o
código Morse e o telégrafo com fios, em 1844. Era filho de um pastor protestante
chamado Jedidiah Morse e de Breese Elizabeth, de Nova Jersey, numa família com
grandes tradições puritanas. Morse nasceu em Charlestown no ano de 1791.
Começou os seus estudos na Academia Phillips, de Andover, e terminou-os em 1810,
na Universidade de Yale, e, mais tarde, interessou-se pelo estudo de física e de
química, embora a pintura o tenha atraído desde a adolescência. Mais tarde, aos
catorze anos, começou a interessar-se pela electricidade. Esta última atrai-o muito,
mas apenas como forma de estudo. Ainda na época de colégio, Morse escreveu uma
carta aos pais dizendo que queria se tornar um pintor. Os pais, preocupados com o
futuro do filho, preferiram transformá-lo num vendedor de livros em Charlestown.
Desse modo, Morse passou a vender livros de dia e a pintar à noite. Ante a
persistência do artista, os pais decidiram mandar o filho para Londres para que
estudasse artes na Royal Academy em 1811 com o conceituado pintor em Benjamin
West. Em 1825 Morse estava na Cidade de Nova Iorque realizando um retrato de
Lafayette, na ocasião do início da pintura um mensageiro a cavalo chegou trazendo
notícias de seu pai que dizia, "Sua querida esposa está convalescente". No dia
seguinte Morse recebe outra carta de seu pai detalhando que a sua esposa sofreu
uma morte súbita. Morse deixa então o retrato inacabado e retorna para New Haven.
Após este fato de desencontro de notícias Morse decide explorar meios de conseguir
uma comunicação de longa distância.
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Um ano após pacto com a UE, exportações britânicas para o bloco despencaram. Os
prognósticos mais catastróficos não se cumpriram, mas a situação do Reino Unido
não parece das mais promissoras. Escassez de alimentos, trabalhadores
estrangeiros deixando o país e postos de gasolina vazios. O Reino Unido certamente
teve seu quinhão de contratempos desde que terminou há um ano o período de
transição do Brexit – destinado a suavizar a saída do Reino Unido da UE. Uma crise
na cadeia de abastecimento, agravada pela falta de caminhoneiros e outros
trabalhadores de países da UE, deixou as prateleiras dos supermercados britânicos
vazias, gerou longas filas nos postos de gasolina por várias semanas em setembro e
até mesmo o abate e eliminação de milhares de porcos. As novas regras que regem
o comércio UE-Reino Unido entraram em vigor em janeiro de 2021, exigindo
formulários alfandegários de quatro páginas para todas as mercadorias e certificados
sanitários para carnes e laticínios. Como resultado, as exportações britânicas para a
UE caíram quase 15% nos primeiros dez meses do ano, de acordo com a agência de
estatísticas da UE, a Eurostat, enquanto as exportações agroalimentares do Reino
Unido caíram mais de 25%. Tudo isso aconteceu enquanto o país lutava contra a
então nova variante delta do coronavírus, que fez o Reino Unido enfrentar seu terceiro
lockdown nacional. Embora o governo insistisse ser impossível separar o Brexit do
efeito da pandemia, muitos economistas discordam. "O que podemos dizer é que a
perda notável do comércio do Reino Unido com a Europa continental não foi
espelhada no comércio do Reino Unido com o resto do mundo", sublinha Iain Begg,
pesquisador do Instituto Europeu da London School of Economics (LSE).
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Último exemplar produzido pela Airbus segue para empresa aérea em Dubai.
Economicamente, modelo é considerado um fracasso. Mas há quem considere que,
apesar de tudo, o projeto valeu a pena. O presidente da Emirates Airlines, Tim Clark,
queria mesmo era participar de um evento histórico agendado para esta quinta-feira
(16/12) em Hamburgo – a entrega à sua empresa aérea do último Airbus A380, o
251º e derradeiro avião gigante a ser construído. Ao todo, 123 deles foram para a
empresa de Dubai e, sem a Emirates, todos concordam, o programa teria sido
descontinuado há anos. Os pilotos de teste da Airbus se despediram da aeronave no
domingo passado e voaram em uma rota em formato de coração, de acordo com
mensagem no Twitter da empresa postada nesta segunda-feira. . Em 2019, foi
anunciado que a produção terminaria em 2021. Tim Clark, agora com 72 anos e uma
lenda do setor, é alguém que acreditou no Airbus A380 como poucos, reconhecendo
desde cedo que a maior aeronave de passageiros do mundo, que na Emirates pode
acomodar até 615 passageiros, foi feita sob medida para o modelo de negócios da
companhia que conecta o mundo todo via Dubai. Ele teve primeiro que construir
modelos de cabine às suas próprias custas, a fim de ensinar à Airbus que era possível
instalar dois chuveiros no convés superior – exatamente onde ele as queria. Então, a
Airbus e os fabricantes de motores se recusaram a oferecer uma versão melhorada
com motores mais eficientes do que os quatro motores sedentos de combustível que
há muito tornavam o A380 opção pouco econômica para a maioria das companhias
aéreas. E por último, mas não menos importante, Tim Clark não conseguiu nem
marcar a entrega final de um A380 com a pompa e circunstância que desejava. A
Airbus se recusava desde o início a comemorar o fim de um programa, e então a
situação da pandemia na Alemanha arruinou os planos da Emirates de celebrar a
data.
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Casos saltaram 32% de 2020 para 2021, tendo aumentado mais de 60 vezes
somente no estado de São Paulo. Segundo o Ministério da Saúde, 14 pessoas
morreram da doença, e outros 26 óbitos suspeitos são investigados. Uma doença já
conhecida dos brasileiros, a chikungunya, tem disparado no país. Até a segunda
semana de dezembro, foram detectados 95.059 casos prováveis, um aumento de
32,1% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério
da Saúde. A região Nordeste tem a maior incidência da doença, com 114 casos a
cada 100 mil habitantes, seguida das regiões Sudeste, com 29,2 casos a cada 100
mil habitantes, e Centro-Oeste, com 7,4 casos por 100 mil habitantes. Apesar de ser
menos letal que a dengue, a chikungunya também pode levar à morte. Até novembro
de 2021, o país registrou 14 óbitos pela doença. Outros 26 estão sendo investigados,
informou o Ministério da Saúde. Seis dos óbitos, quase metade dos confirmados até
o momento no país, ocorreram no estado de São Paulo, que vive um surto desde
meados de abril de 2021. Além disso, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde
de São Paulo, os casos de chikungunya no estado aumentaram mais de 60 vezes na
comparação com o ano passado: enquanto em 2020 foram registrados 281 casos
durante todo o ano, 2021 teve 18,378 mil casos confirmados até meados de
dezembro. "Diante desse cenário, ressalta-se a necessidade de implementar ações
para redução de casos e investigação detalhada dos óbitos, para subsidiar o
monitoramento e assistência dos casos graves e evitar novos óbitos", informou em
nota o Ministério da Saúde. A pasta afirmou que o combate e monitoramento das
arboviroses (doenças causada por arbovírus, que incluem os vírus da chikungunya,
dengue, zika e febre amarela) é de responsabilidade federal, estadual e municipal.
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O Brasil tem a maior quantidade de água doce do mundo. Dois terços do Rio
Amazonas, no Norte brasileiro, por exemplo, já seriam capazes de suprir a demanda
mundial de água. Apesar disso, o país enfrenta a terceira crise hídrica em 20 anos e
a maior já registrada em 91 anos, por causa, principalmente, da má gestão do recurso
natural. Um alerta para o problema foi publicado em um artigo de opinião na revista
Nature nesta quarta-feira (08/12), assinado por três pesquisadores e endossado por
outros 95 cientistas de diversas instituições nacionais e internacionais, entre eles
Carlos Nobre e Paulo Artaxo. Intitulado O Brasil está em crise hídrica - é necessário
um plano de seca, o texto alerta que, se o país não investir em pesquisa,
monitoramento do solo e em novas fontes de energia renováveis, futuras crises
hídricas encarecerão ainda mais o valor da energia e poderão comprometer a
segurança alimentar do país e do mundo. "A crise hídrica no Brasil é uma crise
mundial", diz trecho do documento, lembrando que o país produz quase 15% da
carne bovina do mundo, cultiva mais de um terço das safras de açúcar e é
responsável por um terço das exportações de café, além de outros produtos
globalmente importantes, como soja. "O Brasil precisa tratar a água como uma
prioridade de segurança nacional", afirmam os cientistas. "Vivemos uma grave crise
hídrica causada, por um lado, pela seca e pelas mudanças climáticas, mas, por outro,
pela falta de gestão da água no país", afirma Augusto Getirana, pesquisador do
Laboratório de Ciências Hidrológicas do Centro de Voo Espacial Goddard da Nasa,
um dos autores do artigo de opinião. Segundo os cientistas, o país não faz
monitoramento da umidade do solo, não tem um plano de gestão da água e não tem
dados para prever a ocorrência de futuras secas e crises hídricas.
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Quando a tia-avó de Gwen Strauss revelou que havia liderado um grupo de nove
mulheres na fuga de uma marcha da morte nazista em 1945, Gwen quis saber mais
detalhes dessa impressionante história. Mal sabia ela que isso acabaria levando-a a
refazer os passos dessas mulheres e a garantir que a bravura delas fosse
reconhecida 75 anos depois. Em 2002, Gwen Strauss estava desfrutando de um
almoço tranquilo com sua tia-avó de 83 anos, Hélène Podliasky. Hélène era francesa,
e Gwen, uma autora americana, morava na França. A conversa voltou-se para o
passado de Hélène. Gwen sabia que sua tia-avó havia atuado na resistência aos
nazistas na França durante a Segunda Guerra Mundial, mas pouco conhecia sobre
aquela época de sua vida. Hélène contou a história de como foi capturada pela
Gestapo (polícia nazista), torturada e deportada para um campo de concentração na
Alemanha. À medida que os Aliados se aproximavam, o campo foi evacuado e, assim
como muitos prisioneiros, ela foi forçada pelos nazistas a caminhar por quilômetros
em uma "marcha da morte". "Então, escapei com um grupo de mulheres", disse ela
brevemente. Gwen ficou surpresa. "Ela estava se aproximando do fim de sua vida.
Acho que ela se sentiu finalmente pronta para falar sobre isso", diz Gwen, "e como
muitos sobreviventes que ficaram em silêncio por anos, muitas vezes eles não
falavam com seus familiares mais próximos, eles falavam com alguém um pouco
distanciado da família." Hélène Podliasky tinha apenas 24 anos quando foi presa por
atuar como oficial de ligação da Resistência no nordeste da França. Seu nome de
guerra era "Christine". Ela falava cinco línguas, incluindo alemão, e era uma
engenheira altamente qualificada. "Ela estava bem no topo da Resistência", diz
Gwen. "Atuava há mais de um ano contatando agentes e orientando o lançamento
de cargas por pára-quedas. Era brilhante. Uma pessoa elegante, quieta, mas
enérgica."
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A China tem sido criticada por suas políticas de empréstimo a países mais pobres,
em que muitos governos acabam ficando sem dinheiro para pagar as dívidas e,
consequentemente, ficam vulneráveis às pressões de Pequim. Mas isso é negado
pelo governo chinês, que acusa alguns no Ocidente de promover essa narrativa para
manchar sua imagem. A China afirma: "Não há sequer um único país que caiu na
chamada 'armadilha da dívida' como resultado de um empréstimo". O que sabemos
sobre os empréstimos da China? A China é uma das maiores credores do mundo.
Seus empréstimos para países de renda média e baixa triplicaram na última década,
chegando a US$ 170 bilhões (R$ 1,3 trilhões) no final de 2020. No entanto, os
compromissos gerais de empréstimo da China provavelmente serão
significativamente maiores do que esses números sugerem. Uma pesquisa da
AidData, um organismo internacional de desenvolvimento da Universidade William &
Mar, nos Estados Unidos, descobriu que metade dos empréstimos da China para os
países em desenvolvimento não é relatada nas estatísticas oficiais. Frequentemente,
esses empréstimos são mantidos fora dos balanços do governo, direcionados a
empresas e bancos estatais, joint ventures ou instituições privadas, em vez de
diretamente de governo para governo. Existem agora mais de 40 países de baixa e
média renda, de acordo com a AidData, cuja exposição à dívida com os credores
chineses é mais de 10% do tamanho de seu Produto Interno Bruto (PIB) como
resultado dessa "dívida oculta". Djibouti, Laos, Zâmbia e Quirguistão têm dívidas com
a China equivalentes a pelo menos 20% de seu PIB. Grande parte da dívida com a
China está relacionada a grandes projetos de infraestrutura, como estradas, ferrovias
e portos, e também à indústria de mineração e energia, sob a iniciativa de Belt and
Road (Nova Rota da Seda) do presidente Xi Jinping.
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"Segurar uma tábua que foi escrita há milhares de anos e ser capaz de ler o que ela
diz é uma sensação incrível", diz Christina Tsouparopoulou, do Departamento de
Arqueologia da Universidade de Cambridge (Reino Unido). "É uma forma de viagem
no tempo: ela te catapulta há milhares de anos e te coloca diretamente no lugar de
alguém que viveu muitos anos antes de nós", diz Selena Wisnom, do Departamento
de Arqueologia e História Antiga da Universidade de Leicester (Reino Unido). A forma
de escrita mais antiga conhecida é chamada de cuneiforme. Usada pela primeira vez
há mais de 5 mil anos, acredita-se que ela seja anterior aos hieróglifos egípcios.
Várias sociedades que viviam na Mesopotâmia usavam o sistema de escrita
cuneiforme, incluindo sumérios e acadianos. Prensadas em argila, as tábuas
cuneiformes são incrivelmente duráveis, resistentes ao fogo, mas por milhares de
anos ninguém conseguiu traduzi-las. Após muitas tentativas e erros, a escrita
cuneiforme foi finalmente decifrada no século 19. E o que se descobriu era
extraordinário. "Depois que a escrita cuneiforme foi decifrada, muitas coisas
inesperadas vieram à tona, mas provavelmente nenhuma que teve um impacto maior
do que a descoberta por George Smith, em 1872 da 11ª tabuinha da Epopeia de
Gilgamesh, na qual foi encontrada pela primeira vez a história da grande enchente",
diz Irving Finkel, curador do Departamento para o Oriente Médio do Museu Britânico.
1. A Arca de Noé é anterior à Bíblia: "Faça todas as coisas vivas entrarem no barco.
O barco que você vai construir." Encontrar uma tábua antiga com uma história como
a da Arca de Noé escrita centenas de anos antes de a Bíblia destruiu a compreensão
de muitos no mundo. Quando foi descoberta, era algo explosivo. O paralelismo era
muito mais do que uma espécie de semelhança geral com um navio, água e animais.
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Em setembro de 2017, John Mussington foi forçado a sair de casa e deixar seus
animais para trás quando a pequena ilha caribenha de Barbuda foi atingida pelo
furacão Irma, com ventos de 300 km/h. "Foi devastador", afirma Mussington, que é
biólogo marinho e diretor de uma escola na ilha. "As pessoas ficaram traumatizadas,
havia muitas construções sem teto, e não tínhamos eletricidade. Nossa primeira
preocupação foi: como sobreviver ao dia seguinte?" O Irma danificou todas as
construções de Barbuda, e 23% delas foram totalmente destruídas. Um estudo de
2018 concluiu que as mudanças climáticas aumentaram a intensidade da destruição
causada pelos furacões, incluindo o Irma, aumentando as chuvas em 5% a 10%. O
choque inicial foi agravado quando todos os 1,8 mil moradores de Barbuda foram
evacuados por um mês para a ilha vizinha, Antígua. Mussington afirma que a
evacuação virou a vida dele completamente do avesso. "Foi o mais traumático de
tudo, ficar ali sentado em Antígua preocupado com as fazendas, animais e negócios,
em vez de começar a recuperação", relembra ele. "Sou criador de abelhas, e todas
as minhas colônias foram destruídas. Perdi meu negócio, junto com muitos
fazendeiros e pescadores." "Quando os países perdem suas ilhas devido ao aumento
do nível do mar e eventos extremos, eles perdem sua cultura e suas tradições. Não
existe adaptação para isso", segundo Le-Anne Roper, coordenadora de perdas e
danos da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (Aosis, na sigla em inglês). Para
os nativos de Barbuda, a destruição da biodiversidade e do ambiente local é uma
violação direta do seu modo de vida. "Toda a nossa cultura, identidade e modo de
vida são relacionados ao meio ambiente e aos recursos naturais", segundo
Mussington.
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O britânico Paul Boggie admite que anos de vício em heroína o levaram a perder a
vontade de viver. Mas após fazer uma mudança radical, ele se juntou ao Exército e
acabou integrando a Guarda Escocesa do Palácio de Buckingham, uma divisão
encarregada de proteger as residências reais. O Palácio de Buckingham, no centro
de Londres, é a residência oficial da rainha Elizabeth 2ª, do Reino Unido. Boggie
começou a usar heroína aos 18 anos em Craigentinny, um subúrbio de Edimburgo,
na Escócia, onde morava. Ele lembra que ficou chateado após brigar com os amigos.
Por isso, quando um deles lhe ofereceu drogas, Boggie concordou. "Estavam todos
amontoados em um pequeno Fiesta (modelo de carro da marca Ford) e eu só vi o
lampejo da folha de alumínio, mas não sabia o que era", lembra. "Um deles saiu e
me disse que estavam perseguindo o dragão. Não havia agulhas, colheres ou cintos.
Quando entrei no carro, o cheiro era horrível, como peixe podre. É assim que cheira
a fumaça de heroína", descreve. Depois de usar seu salário para pedir dinheiro
emprestado, ele logo contraiu uma dívida de 16 mil libras (cerca de R$ 120 mil).
Boggie manteve seu emprego como carteiro, apesar de usar heroína todos os dias,
algo que fazia até no banheiro do trabalho. "Ainda funcionava", diz ele. "Não me via
como o estereótipo do viciado em heroína. (A droga) não havia afetado meu corpo",
detalha. Ele conseguiu esconder o uso de drogas de seu empregador e família. E
justificava seus olhos avermelhados — um indicador característico do vício — como
consequência de rinite alérgica. "Não pensei que fosse viciado, não levei isso a sério",
diz Boggie, que agora tem 42 anos e mora em Fife, no leste da Escócia. No entanto,
quando uma operação antidrogas da polícia o deixou sem conseguir comprar heroína
por oito horas, ele ficou "apavorado".
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Pedir uma lagosta num restaurante ou servi-la numa festa é considerado o auge da
sofisticação gastronômica. Mas nem sempre foi assim. A lagosta galgou degraus,
desde suas origens humildes até se transformar numa iguaria refinada. No século 18,
a lagosta era considerada uma comida altamente indesejável, da qual as famílias
mais ricas mantinham distância. O crustáceo era tão abundante ao longo da costa
leste dos Estados Unidos que era usado como fertilizante e servido em prisões. O
político John Rowan, do Estado americano do Kentucky, disse em tom jocoso: "As
cascas de lagosta numa casa são vistas como sinais de pobreza e degradação". Foi
o desenvolvimento das ferrovias nos EUA que transformou a lagosta em comida de
luxo. Operadores de trens decidiram servir lagosta para passageiros de alto poder
aquisitivo, que não conheciam a reputação ruim do fruto do mar. Eles rapidamente
passaram a gostar do alimento e o lavaram para as cidades, onde começou a
aparecer nos cardápios de restaurantes caros. No final do século 19, a lagosta havia
consolidado seu status de comida de luxo. O que determina quais alimentos são itens
de luxo? Tanto a escassez quanto o preço têm um papel importante nisso. Como as
lagostas, as ostras há muito tempo são associadas com refeições finas e ocasiões
especiais, em grade medida devido a seu alto preço. Mas elas também nem sempre
desfrutaram desse status. As ostras costumavam ser consumidas pelos mais pobres
da sociedade europeia no século 19. "Elas eram tão abundantes e baratas que eram
adicionadas a ensopados e tortas para se livrarem delas", diz a historiadora de
culinária Polly Russell. No início do século 20, as ofertas de ostras na Inglaterra
começaram a diminuir devido à pesca excessiva e à poluição industrial. Enquanto
ficavam mais escassas, seu status foi elevado, e as ostras passaram a ser vistas
como algo especial, afirma Russell.
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Um bebê separado dos pais durante o caos no aeroporto de Cabul em meio à retirada
americana do Afeganistão, em agosto de 2021, finalmente foi devolvido à família. O
Talebã havia acabado de tomar o controle do país — e milhares de afegãos tentavam
fugir desesperadamente. Em 19 de agosto, Sohail Ahmadi, de dois meses, foi
entregue pela família a um soldado americano por cima de uma cerca do aeroporto
de Cabul, no intuito de protegê-lo de ser esmagado pela multidão, que forçava a
entrada no aeroporto. Mas uma vez que sua família conseguiu entrar, não encontrou
mais o bebê. Depois de uma busca frenética, porém inútil, pela criança, o pai, Mirza
Ali Ahmadi, que trabalhava como segurança na embaixada americana, a mãe,
Suraya, e os quatro irmãos de Sohail foram colocados em um voo de retirada para
os Estados Unidos. Por meses, eles ficaram sem saber onde o filho mais novo estava.
Mas depois da divulgação de uma reportagem da agência de notícias Reuters sobre
a busca da família por Sohail, em novembro, ele foi localizado na casa de um taxista
de 29 anos chamado Hamid Safi. Safi contou que encontrou Sohail sozinho, chorando
no chão do aeroporto, segundo a agência de notícias. Depois de tentar encontrar a
família do menino, ele decidiu levá-lo para casa e criá-lo como seu próprio filho junto
a sua esposa e filhos. Eles chamaram o bebê de Mohammad Abed e postaram fotos
de todas as crianças juntas no perfil de Safi no Facebook. Quando o paradeiro de
Sohail foi confirmado, o avô do bebê, Mohammad Qasem Razawi, que mora na
província de Badakhshan, no nordeste do país, fez uma longa viagem a Cabul para
pedir que a criança fosse devolvida. Safi se recusou, no entanto, a entregar o bebê e
exigiu que ele e a família também fossem levados para os EUA, segundo a Reuters.
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A pandemia não tem sido nada fácil para adolescentes, com o fechamento
prolongado das escolas, as dificuldades nas aulas online e os impedimentos de se
socializar pessoalmente com outros jovens da mesma idade. Mas é possível que
parte desses adolescentes tenha tido ao menos um ganho importante durante os
meses mais duros da quarentena: a chance de dormir mais tempo, uma vez que não
precisavam acordar cedo para ir à escola. E dormir bem é um fator crucial para a
saúde e o desenvolvimento na adolescência - argumento principal de médicos e
especialistas que defendem que as aulas presenciais de jovens não devem começar
tão cedo pela manhã, para permitir que os jovens tenham mais horas de sono
(entenda mais abaixo). Uma pesquisa feita na Suíça, recém-publicada na JAMA
Network Open, avaliou o sono de 3,6 mil estudantes da etapa equivalente ao ensino
médio, com idade média de 16 anos, durante os meses iniciais de lockdown no país
- entre 13 de março e 6 de junho de 2020, quando as aulas suíças migraram para o
ambiente remoto. Ao comparar o tempo de sono desses adolescentes com um grupo
de controle, que havia sido mensurado em 2017, ou seja, durante um período típico
de aulas, os pesquisadores do Centro de Desenvolvimento Infantil da Universidade
de Zurique concluíram que, durante o lockdown pandêmico, os estudantes puderam
dormir até 75 minutos a mais por dia de semana (nos fins de semana, não houve
diferenças significativas entre os dois grupos). Esse período adicional de sono foi
associado a melhores indicadores de saúde, segundo os pesquisadores. "Os
participantes dormiram significativamente mais e apresentaram indicadores melhores
de saúde, com menos consumo de cafeína e álcool do que antes da pandemia", diz
a pesquisa.
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Um dos fenômenos da flora mais peculiares do mundo tem início com uma semente
do tamanho de uma serragem sob a casca de uma videira lenhosa. Depois de meses
ou anos (ninguém sabe ao certo), pode surgir um botão parasita do tamanho de uma
bola de golfe e que dificilmente se distingue de seu hospedeiro, a videira da espécie
Tetrastigma. Se o botão evoluir para o próximo estágio, se transformará em uma
protuberância em formato de repolho. A evolução final é a monstruosa raflésia, uma
flor cor vermelho-sangue que possui protuberâncias e emana um odor de carne
podre. O espectro da flor é perturbador — e, em breve, seu destino também poderá
ser. As cerca de 30 espécies fétidas conhecidas do gênero Rafflesia, encontradas
apenas nas florestas tropicais do Sudeste Asiático, estão ameaçadas pela destruição
de habitat e pela colheita ilegal devido a seus questionáveis benefícios medicinais.
Diversas espécies estão criticamente ameaçadas de extinção. Como parasita, a
Rafflesia restringe seus indivíduos para não sobrecarregar seus hospedeiros, explica
Sofi Mursidawati, botânica do Jardim Botânico de Bogor, na ilha de Java, Indonésia.
No entanto, mediante as pressões impulsionadas por humanos que põem em perigo
sua existência, Rafflesia — também conhecida como a flor-cadáver — é
indiscutivelmente sua própria inimiga quando se trata de autopreservação. Quando
os animais estão ameaçados de extinção, os conservacionistas apressam-se para
criar os últimos espécimes remanescentes em cativeiro. Nesse caso, Mursidawati é
a primeira botânica a cultivar flores de Rafflesia de maneira confiável longe de seus
habitats de floresta tropical. A botânica está ansiosa em compartilhar suas técnicas
para desvendar os segredos desse espécime curioso da natureza — antes que ele
desapareça.
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Inquérito que apura existência de milícia digital é prorrogado por 90 dias. Mais um
inquérito que investiga grupos ligados ao presidente Jair Bolsonaro foi prorrogado
pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal — desta vez, o que
apura a existência de milícias digitais. Em despacho publicado nesta segunda-feira
(10/1), Alexandre estendeu as investigações por mais noventa dias. Esta é a segunda
vez que o inquérito é prorrogado; a primeira foi em outubro de 2021. O inquérito foi
iniciado em junho do ano passado para apurar a existência de uma organização
criminosa que teria agido com a finalidade de atentar contra o Estado democrático de
direito. Tal organização, segundo apurações da Polícia Federal, seria articulada em
núcleos de produção, publicação, financiamento e político. Além disso, existem
suspeitas de que haveria financiamento com verbas públicas. Os atuais prazos de
investigação seriam encerrados em 6 de janeiro e a prorrogação contará a partir
dessa data, segundo despacho do ministro. "Considerando a necessidade de
prosseguimento das investigações e a existência de diligências em andamento, nos
termos previstos no art. 10 do Código de Processo Penal, prorrogo por mais 90
(noventa) dias, a partir do encerramento do prazo final anterior (6 de janeiro de 2022),
o presente inquérito", diz o ministro. Na semana passada, o magistrado havia
prorrogado, também por 90 dias, o inquérito que apura suposta interferência de
Bolsonaro na Polícia Federal. As apurações investigam declaração feita pelo ex-
ministro da Justiça Sergio Moro. De acordo com Moro, Bolsonaro queria ter alguém
do "contato pessoal dele [na PF] para poder ligar e colher relatórios de inteligência".
Leia o despacho de Alexandre de Morae. Inq. 4.874.
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Fornecer lanche como refeição não justifica rescisão indireta. A 18ª turma do TRT da
2ª região negou pedido de reconhecimento de rescisão indireta de trabalhador do
Burger King, mas manteve decisão do juízo de primeiro grau que reverteu a aplicação
de dispensa por justa causa. A rescisão indireta ocorre quando o empregador pratica
falta grave ou irregularidades contra o trabalhador, agindo de modo a tornar
impossível ou intolerável a continuação da prestação de serviços. O empregado, que
atuava como coordenador de turno, alegou que não recebia vale-refeição e que tinha
que se alimentar exclusivamente de lanches e saladas. O colegiado entendeu, no
entanto, que a convenção coletiva da categoria não obriga o fornecimento de
refeição, tampouco veda o tipo de alimento que o profissional recebe. Embora não
tenha reconhecido a rescisão indireta do profissional, o Tribunal manteve a reversão
da dispensa por justa causa por abandono de emprego aplicada ao obreiro. Na visão
do colegiado, a punição não pode ser aplicada, devido à intenção do trabalhador de
buscar na Justiça a rescisão contratual e ao momento em que a reclamação
trabalhista foi ajuizada. Segundo a juíza relatora Renata de Paula Eduardo Beneti é
"certo que o reclamante não retornou ao trabalho em razão de pretender a rescisão
indireta do contrato, o que encontra amparo no artigo 483, parágrafo 3º, da CLT.
Tampouco, o elemento objetivo restou caracterizado, eis que, antes de 30 dias
consecutivos de sua falta, já havia ajuizado a ação". O trabalhador pleiteava, ainda,
receber indenização por danos morais, argumentando ter sofrido ameaças de clientes
durante a jornada de trabalho. Não conseguiu, no entanto, comprovar essas
alegações.
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O Depósito de Aeronaves N.º 1 foi uma das primeiras unidades formadas pela Real
Força Aérea Australiana depois de o ramo ser estabelecido (inicialmente como Força
Aérea Australiana) no dia 31 de Março de 1921. Os componentes originais do
Depósito de Aeronaves N.º 1 tornaram-se conhecidos como tal em Abril de 1921,
embora a unidade não fosse formalmente criada até Julho. Antes desta criação a
unidade estaria formada por dois elementos em Melbourne, um elemento em
Spotswood a tratar do equipamento do Imperial Gift (128 aeronaves e peças
suplentes, tudo doado pela Grã-Bretanha depois da Primeira Guerra Mundial) e outro
elemento em North Fitzroy responsável pela reparação de veículos a motor. Quando
o Depósito de Aeronaves N.º 1 foi formalmente criado na Base aérea de Point Cook,
em Vitória, no dia 1 de Julho, a componente de Spotswood foi dissolvida, enquanto a
de North Fitzroy continuaria a operar como um destacamento. O comandante
inaugural desta unidade foi o Líder de esquadrão Bill Anderson, que na altura também
comandava a base de Point Cook. Em Janeiro de 1922, o depósito foi organizado
num quartel-general que controlava garagens, reparação de aeronaves e secções de
reparação de motores. Em Abril, a secção de reparação de veículos em North Fitzroy
foi transferida. A atmosfera corrosiva de Point Cook (à beira mar) fez com que esta
localização não fosse a mais indicada a longo prazo para a manutenção de
aeronaves; a base também não dispunha de uma ligação a uma via ferroviária, à
época uma estrutura necessária para o transporte de grandes partes/componentes
aeronáuticas. Em Setembro de 1921, o governo comprou terrenos em Laverton, perto
de uma estação ferroviária e a 8 quilómetros de Point Cook e consequentemente
mais longe da linha costeira, para o propósito único de construir "uma casa dedicada"
para o Depósito de Aeronaves N.º 1, transformando este espaço no "armazém da
força aérea".
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Ariel Sharon foi um político e militar israelita que serviu como 11º primeiro-ministro de
Israel de 2001 até 2006, quando ficou incapacitado por um acidente vascular
cerebral. Sharon era um comandante do Exército de Israel desde a sua criação em
1948. Como paraquedista e, em seguida, como oficial, ele participou com destaque
na Guerra de Independência de 1948, tornando-se comandante de pelotão na
brigada Alexandroni e participando de muitas batalhas, incluindo a Operação Ben
Nun Alef. Ele foi uma figura fundamental para a criação da Unidade 101, e as
operações de represália, assim como na Crise do Suez em 1956, a Guerra dos Seis
Dias de 1967, a Guerra de Desgaste, e a Guerra do Yom Kipur, de 1973. Como
ministro da defesa, liderou a Guerra do Líbano de 1982. Durante sua carreira militar,
ele foi considerado o maior comandante de campo da história de Israel, e um dos
maiores estrategistas militares de seu país. Depois de seu ataque do Sinai na Guerra
dos Seis Dias e seu Cerco do Terceiro Exército Egípcio na Guerra do Yom Kippur, o
povo israelense lhe o apelidou de "O Rei de Israel" e "O Leão de Deus". Depois de
se aposentar do exército, Sharon se juntou ao partido Likud, e serviu em vários cargos
ministeriais nos governos liderados pelo Likud em 1977-1992 e 1996-1999. Ele se
tornou o líder do partido, em 2000, e serviu como primeiro-ministro de Israel de 2001
a 2006. Em 1983, Sharon foi responsabilizado pessoalmente pelo massacre de civis
palestinos, perpetrado por falangistas libaneses com apoio das forças de ocupação
israelenses, nos campos de refugiados de Sabra e Chatila, durante a Guerra do
Líbano de 1982 (junho a setembro de 1982). A pedido dos falangistas, as forças
israelenses cercaram Sabra e Shatila e bloquearam as saídas dos campos para
impedir a saída dos moradores e facilitar o massacre.
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As vitaminas são substâncias naturais que o ser humano não consegue sintetizar, ou
seja, precisa ingerir de fontes externas. Os seres humanos precisam de 13 vitaminas.
Primeiro vêm as nove vitaminas solúveis em água, que incluem a vitamina C e as do
complexo B (B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9 e B12). Depois vêm as quatro vitaminas
lipossolúveis (insolúveis em água), que são as vitaminas A, E, K e D. Uma
alimentação equilibrada nos fornece as quantidades necessárias de vitaminas, já que
elas estão presentes em uma grande variedade de alimentos, especialmente de
origem vegetal. Uma exceção importante é a vitamina B12, presente em alimentos
de origem animal. Por este motivo, as dietas veganas devem ser complementadas
por esta vitamina na forma de suplemento nutricional. A falta de vitaminas (conhecida
como hipovitaminose) causa diversas enfermidades. Mas as patologias associadas à
hipovitaminose são raras, já que a necessidade diária de vitaminas é mínima (da
ordem de microgramas a miligramas). A primeira doença descoberta como
dependente de fatores nutricionais foi o escorbuto. O navegador francês Jacques
Cartier descreveu a enfermidade entre indígenas do Canadá e em parte da sua
tripulação. Posteriormente, o médico escocês James Lind publicou um tratado sobre
o escorbuto e indicou o uso de suco de limão para seu tratamento. Atualmente,
sabemos que essa patologia se deve à deficiência de vitamina C, também chamada
de ácido ascórbico (que significa "antiescorbuto") - e, por isso, esse tratamento era
recomendado. Desde então, o estudo das vitaminas e seu papel para evitar certas
enfermidades talvez tenha sido o maior marco da história das pesquisas biomédicas
sobre nutrição. Além do escorbuto, existem outras enfermidades diretamente
relacionadas à falta de vitaminas.
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"Eu só estou aqui, de pé, porque desde que afundei meus amigos organizaram um
rodízio pra ficar sempre gente na minha casa", escreveu o youtuber Felipe Neto. "A
depressão é uma doença da mente, como a gastrite é uma doença do estômago." O
maior influencer do Brasil detalhou recentemente seus problemas com a saúde
mental em uma série de aparições nas redes sociais. Desabafos públicos sobre o
tema, que chegam a dezenas de milhões de pessoas, também já foram feitos por
outros influenciadores, como o comediante Whindersson Nunes. Antes restritas ao
âmbito privado, conversas sobre depressão, ansiedade, bipolaridade, síndrome do
pânico e outros transtornos têm se livrado da atmosfera de segredo e
constrangimento do passado para ajudar a romper estigmas e estimular pessoas a
buscar tratamento. "A gente acabava encarcerando o sofrimento, a loucura, as
contradições humanas na vida privada. Algo como 'não traga isso aqui para a rua,
deixe lá no seu quarto, na sua casa, na sua família, mas não divida isso, não torne
isso um assunto coletivo", diz o psicanalista Christian Dunker, professor do Instituto
de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e autor do livro Reinvenção da
Intimidade - Políticas do Sofrimento Cotidiano. Para ele, há um movimento positivo
em se mostrar mais vulnerável, inclusive do ponto de vista cognitivo: "Nossas
vulnerabilidades que antes precisavam ser escondidas na vida privada são uma
matéria-prima para o laço com o outro. Porque pode ser de cuidado mútuo, pode ser
de reflexão conjunta, pode ser de partilha de afetos". Daniel Martins de Barros, do
Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas de São Paulo, diz que o impacto
de revelações públicas sobre o enfrentamento da depressão é "basicamente na
diminuição do estigma. Parece pouco, mas ele é brutal, é uma das principais causas
para uma pessoa não buscar tratamento".
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A imprensa oficial da Coreia do Norte anunciou nesta terça-feira (12/01) que o regime
do país testou no dia anterior um míssil hipersônico que atingiu um alvo situado a mil
quilômetros de distância e que o teste foi presidido por Kim Jong-un. O líder norte-
coreano não presenciava um ensaio de armas há quase dois anos. A notícia foi
publicada um dia depois que militares de Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão
disseram ter detectado um míssil balístico suspeito sendo disparado pela Coreia do
Norte em seu mar oriental. O lançamento foi o segundo teste da Coreia do Norte de
um de seus supostos mísseis hipersônicos em uma semana. Esse tipo de armamento
teria sido testado pela primeira vez em setembro, em meio ao esforço desafiador de
Pyongyang para expandir a capacidades de armas nucleares do país, apesar das
sanções internacionais. De acordo com a agência oficial norte-coreana KCNA, a
ogiva hipersônica do míssil retomou a sua trajetória após percorrer 600 quilômetros
e "executou uma manobra de virada brusca de 240 quilômetros" antes de "atingir o
alvo em águas a mil quilômetros" do ponto de lançamento no Mar do Japão (chamado
Mar do Leste pelos coreanos). A KCNA acrescenta que Kim Jong-un "observou o
teste de mísseis hipersônicos realizado na Academia Nacional de Ciências da
Defesa", marcando a primeira vez que o líder norte-coreano esteve presente em um
teste de mísseis desde março de 2020. Fotos mostram Kim acompanhando o teste
em um centro de controle instalado dentro de um veículo de grandes dimensões na
companhia de Jo Yong-won, que juntamente com o líder é um dos cinco membros da
cúpula do Partido dos Trabalhadores. O texto acrescenta que "o teste visava a
verificação final das especificações técnicas gerais do sistema de armas hipersônicas
desenvolvido".
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Aniquilar é o novo romance do escritor francês Michel Houellebecq. O título cai bem:
anéantir em francês significa "autodestruir” e também "desaparecer”. Em seu último
romance, o célebre autor narra o que enxerga como a decadência da sociedade
europeia em uma década de crescimento do populismo de direita e dos partidos
conservadores. A história se passa na eleição presidencial de 2027, quando o
ministro francês da Economia tenta concorrer à presidência em meio a ameaças de
terroristas. Paul Raison, o protagonista do livro, apoia ativamente os esforços
eleitorais enquanto tenta reavivar um relacionamento problemático com sua esposa.
Ao dar sequência aos temas abordados em sua obra Submissão, de 2015, na qual
um partido islâmico conquista a presidência da França, o autor se deixa levar mais
uma vez por provocações políticas. Lançado na Franca no dia 7 de janeiro, Aniquilar
chega às livrarias a tempo para as eleições presidenciais francesas e em um
momento de ascensão dos populistas de direita Marine Le Pen e Eric Zemmour. A
obra também descreve o fim de uma era na qual a autoridade social e política
masculina prevaleceu sem contestações. Um dos personagens passa bem mais de
uma página contemplando a decisão de sua cunhada de gerir uma criança negra
através da inseminação artificial. Não surpreende, porém, que ele ache isso algo
impossível. Sua fantasia de que ela queira fazê-lo simplesmente para humilhar seu
irmão, que também é branco, é um exemplo da forma como Houellebecq lida com a
chamada masculinidade tóxica. Trata-se de homens que enxergam as mulheres
como inimigas, o casamento como uma prisão, as crianças como um fardo e os
negros como inferiores. Em resumo, são homens que ainda se queixam da
emancipação feminina e das pessoas de cor de pele diferentes, além de serem
rápidos ao recorrerem ao álcool quando um sentimento os deixa incomodados. De
maneira correspondente, suas existências são marcadas pela ausência de felicidade.
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Débora Coutinho, 35 anos, e Vivian Raposo, 32, casadas há quase seis anos,
chegaram com a filha Duna em um cartório recifense munidas de toda papelada para
registrar a criança: declaração de nascida viva entregue pelo hospital, certidão de
casamento, identidades. O rapaz que as atendeu recolheu tudo, tirou xerox, elas
preencheram e aguardaram o trâmite. Pouco depois, o moço voltou de uma sala
menor e perguntou, meio constrangido: “vocês teriam algum outro documento?”.
Estava aberta uma ainda pouco conhecida caixa de Pandora do tabelionato brasileiro.
O funcionário se referia à obrigação de uma declaração, com firma reconhecida, de
um profissional de um centro ou serviço de reprodução humana na qual foi realizada
a inseminação. Esse documento passou a ser exigido desde que, em 2017, o
Conselho Nacional de Justiça editou o Provimento 63/2017, que regulamenta a
certidão de nascimento de crianças geradas a partir de reprodução assistida. A
questão é que Débora e Vivian, assim como centenas de casais no Brasil,
principalmente homoafetivos, não buscaram uma clínica: elas realizaram a chamada
inseminação caseira, quando o procedimento é feito em casa usando material
genético (sêmen) doado. Resultado: as mães saíram do cartório com apenas uma
delas com o nome na certidão de nascimento da criança. “Nós sabíamos que isso
poderia acontecer, mas, na hora, é chocante. Para registrar, o funcionário chegou a
falar em incluir a paternidade, e eu falei que não havia pai, mas duas mães”, conta
Vivian. A conversa expôs o que não deixa de ser uma contradição entre a
determinação do CNJ – afinal, o Supremo Tribunal Federal garantiu em 2011 o direito
de união estável a casais homoafetivos – e o que de fato acontece no balcão do
cartório: comumente, casais heterossexuais que passaram pelo mesmo
procedimento caseiro não vivenciam qualquer constrangimento no momento de
documentar a criança.
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Depois de um ano e nove meses de pandemia, Nathália Fraporti ainda sente medo.
Sua rotina como médica intensivista nas UTIs dos quatro hospitais de São Paulo em
que cuidou de casos de covid-19 mostra quão impotente um profissional pode ser.
Sem remédios para combater a doença, o jeito era aliviar os sintomas e esperar. O
paciente tinha que combater o vírus por conta própria. Perdeu muitos pacientes
assim. Quando o Brasil iniciou a vacinação da população no início de 2021, ela tinha
esperanças de que esse pesadelo fosse chegar ao fim. Apesar de lenta, a resposta
do país à vacinação é, de forma geral, positiva. Até o dia 4 de janeiro de 2022, mais
de 143,7 milhões de pessoas haviam completado esquema vacinal, número que
representa 67% da população do país, e mais de 26 milhões haviam tomado a dose
de reforço. O aumento da vacinação pelo Brasil reduziu o número de mortos pela
doença e fez com que muitos leitos de UTI dedicados à covid-19 fossem fechados.
Fraporti pensou que poderia vislumbrar uma rotina um pouco mais tranquila nos
hospitais – até que começou a atender casos graves de mulheres infectadas pelo
coronavírus que haviam sido proibidas de se vacinar por seus maridos. As histórias
pareciam um flashback da época em que fazia residência ginecológica em Taubaté,
no interior de São Paulo, e atendia mulheres com infecções sexualmente
transmissíveis que eram impedidas de se tratarem por seus companheiros. A médica
detalhou para o Intercept essa rotina angustiante no hospital, resultado de uma
mistura de machismo com desinformação. Seu relato foi editado para fins de clareza
e, para não expormos suas pacientes, usamos nomes fictícios. A Renata tinha 65
anos, se não me engano. Foi a paciente mais grave que tivemos no hospital. Foi
internada no início de outubro, junto com o marido, Fernando.
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Aswad Khan não entendeu por que as pessoas estavam lhe dando os parabéns. Em
uma manhã de fevereiro de 2017, saindo da cama em sua casa em um bairro de
classe média alta em Karachi, no Paquistão, Khan viu uma enxurrada de mensagens
de texto que tinham chegado na noite anterior, em sua maioria de velhos amigos da
faculdade e do ensino médio, muitos deles vivendo nos Estados Unidos. Eles
estavam lhe desejando sucesso a respeito de uma boa notícia que ele ainda não
havia recebido. Ainda com sono, ele começou a vasculhar o telefone e verificar as
mensagens. Khan, então com 31 anos, logo se deparou com um texto que revelava
o que estava acontecendo. “Parabéns irmão, seu melhor amigo vai se casar!”, dizia
a mensagem. “Você deve estar tão feliz”. Ele não conseguia acreditar no que tinha
acabado de ler. Khan imediatamente entrou no Facebook para checar o perfil de seu
melhor amigo de infância, Ahmed. Ele percebeu rápido que Ahmed tinha parado de
segui-lo e restringiu seu acesso ao perfil. Enquanto isso, as páginas de seus outros
amigos estavam parabenizando Ahmed pelo noivado e pelo casamento que
aparentemente ele havia anunciado que aconteceria naquele verão. Ahmed, cujo
nome completo não é citado neste texto a pedido de Khan e que não respondeu aos
pedidos de comentários para a reportagem, havia compartilhado cada momento de
sua vida com Khan desde que eles eram crianças. No entanto, ele não havia sequer
contado a Khan sobre o noivado. “Só naquele momento eu percebi que ele tinha me
excluído da vida dele sem dizer uma palavra.” “Só naquele momento eu percebi que
ele tinha me excluído da vida dele sem dizer uma palavra. Ele até deixou de me seguir
no Facebook, no Instagram. Não consigo nem explicar como me senti humilhado e
destroçado”, disse Khan.
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Um caçador de borboletas, a correr com uma rede em busca das palavras que
voavam. Era assim que Aurélio Buarque de Holanda – criador do mais prestigioso
dicionário brasileiro, aquele que leva seu nome e, mais do que isso, o define,
substantivo absoluto – conceituava seu trabalho de dicionarista. Escritor talentoso
que poderia ter ido longe na literatura se não houvesse sucumbido ao prazer de caçar
palavras com uma rede metafórica para, então, dissecá-las em verbetes, hedonista,
inquieto, grande conversador e contador de histórias, Aurélio também acumulava
outros predicados menos abonadores e bem complexos: desorganizado,
descumpridor de prazos e um tanto desleixado. Esse rápido retrato pessoal pode ser
a síntese daquele intelectual que queria criar um dicionário para chamar de seu e que
por décadas deu com os burros n’água – muito devido às características listadas há
pouco, muito também por causa de um mercado editorial reticente. E, no final, o livro,
o “pai dos burros” definitivo acabou saindo e se tornou o maior sucesso editorial do
País, com mais de 15 milhões de exemplares vendidos em pouco mais de 25 anos
desde que foi lançado, em 1975. O dicionário – uma proeza – ficou 42 semanas
seguidas na lista dos mais vendidos da revista Veja, isso quando tanto listas quanto
a publicação tinham bem mais prestígio. Mas a história não é tão simples assim –
nunca é. E esse axioma, por assim dizer, pode ser agora comprovado com o
lançamento de Por Trás das Palavras, do jornalista Cezar Motta. Lançado pela
recém-criada editora Máquina de Livros, a obra conta as aventuras e desventuras
que marcaram a criação e edição do Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Quem?
Pode esquecer o nome pomposo e oficial. É só chamá-lo de “Aurélio” – no final das
contas, o título acabou sendo Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.
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