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Prova Prática

Escrevente TJ-SP

Cronograma - 30 dias
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ÍNDICE

Apresentação 3

Cronograma - 30 dias 4

Instruções 5

Sobre a prova prática 6

Fique Atento 7

Dicas 8

Treino de Formatação e Digitação 9

Cronograma 10

Controle de Digitação 15

Comandos de Formatação 19

Textos para Digitação 50

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Boa jornada amigo concurseiro!

Meu nome é Gabriel Codas e em primeiro lugar quero me


apresentar. Sou formado em Jornalismo pela Universidade Anhembi
Morumbi (2002) e atuei exclusivamente na área de Comunicação
Social desde o início da graduação, o que me dá mais de 20 anos de
experiência em criação e desenvolvimento de conteúdo!

Ainda como jornalista tive meu primeiro contato com estudo para
concursos públicos, por volta de 2012. Eu já não estava muito satisfeito
com minha área de origem e começava a procurar alternativas.

A aproximação que tive com o Direito durante os estudos


despertou meu antigo e interesse e resolvi mudar de carreira. Entrei
na Faculdade Autônoma de Direito de São Paulo (Fadisp),
concluindo o curso em 2019.

Quando decidi cursar Direito, o plano inicial sempre foram os


concursos públicos. Mas, como você sabe não é uma jornada fácil e
muitas vezes o grande desafio está em conseguir uma organização em
meio a tanto material hoje disponível por aí.

A exemplo da grande maioria dos concurseiros, também acumulo


reprovações e algumas aprovações, mesmo sem ter sido chamado para
o cargo. Desde meados de 2021, resolvi assumir a identidade de
concurseiro.

Assumir a identidade por passar a ser o objetivo principal. Nunca


fui o “concurseiro” assumido, ou o que fazia grandes sacrifícios rumo à
aprovação. Também não tenho uma história de vida sofrida para servir
de exemplo de superação, mas pode ter certeza que não vai faltar
motivação para seguir essa trilha. E estarei ao seu lado Até a Posse!

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Cronograma 30 dias – 2ª Fase – Escrevente TJ-SP

Aqui nasce o primeiro material dedicado a uma prova da Codas


Publicações. E vai ser um guia para ajudar quem for convocado para
a prova prática para o cargo de escrevente do TJ-SP.

Ele foi elaborado antes mesmo da divulgação do resultado final


primeira fase e da convocação para a etapa de digitação e formatação.
A opção por 30 dias é por acreditar que esse será o prazo mínimo que
teremos entre a convocação e as provas.

No entanto, como prazo pode ser menor, o cronograma é


plenamente adaptável. Por não ter um edital com conteúdo
programático a ser seguido, os textos para digitação e formatação
podem ser redistribuídos conforme sua realidade e necessidade.

Como o objetivo da Codas Publicações é contribuir com o


acesso democrático a materiais de estudo, tudo aquilo que não for de
minha exclusiva criação não tem direito autoral e pode ser copiado,
compartilhado e reproduzido.

Como todos precisam sobreviver, eu vou deixar uma chave pix


para contribuições. Você pode contribuir de forma livre, conforme o
quanto você acha que esse material vale e o quanto ele está te
ajudando nessa etapa.

Contribuições

Chave: codaspublicacoes@gmail.com

Abra o app do banco e escaneie:

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Instruções

Para uma reprodução mais digna da prova prática, a


recomendação é para que os textos a serem digitados e os comandos
de formatação sejam impressos.

Clique aqui para acessar a pasta do Google Drive e acessar os


arquivos. Você vai encontrar, além deste próprio PDF, arquivo “Treino
de Digitação.zip”, além dos textos que estão na apostila, mas em
arquivo de Word.

Baixe o arquivo “Treino de Digitação” e extraia o conteúdo em


uma pasta. Depois, execute “Treino de Digitação.html” e vai abrir
uma janela de seu navegador de internet como a abaixo:

No campo “Texto Copiado” você irá digitar o texto impresso.


Apesar de ter um botão de “Início” para o relógio, eu recomendo que
use um cronômetro do seu computador ou celular. Isso porque na hora
da prova você não saberá o tempo que ainda tem.

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Depois de terminar a digitação, abra o arquivo do Word com os


textos e copie o texto original para o campo “Texto Original” e, em
seguida, aperte em “Corrigir”. O HTML utilizado foi adaptado para que
a nota máxima seja 8,0, assim como será em sua prova prática.

Para a prova de formatação, não existe um “corretor”, mas é


bastante simples. Basta seguir a lista – na ordem – e executar o
comando. Você vai ver que não tem segredo.

Sobre a Prova Prática

• São duas etapas: formatação e digitação, que não ocorrem


necessariamente nesta ordem;
• Ela é eliminatória e não classificatória. Isso quer dizer que não vai
irá alterar sua nota final e colocação, mas pode te eliminar do
certame. A nota mínima somada é de 5,0 pontos;
• A fase de formatação tem tempo limite de 5 minutos (ou 8 minutos
no caso da Lista Especial);
• São ao todo 10 (dez) comandos para serem executados no Word.
É coisa bem simples, como tamanho da fonte, formatação da fonte:
negrito, itálico e sublinhado, alinhamento do texto, espaçamento
do texto (entre linhas, entre parágrafos), margem e parágrafo;
• Para cada comando executado diferentemente do que consta na
lista, você perde 0,2 pontos. A pontuação máxima da formatação é
de 2,0.
• A prova de digitação acontece em um programa próprio da Vunesp,
ou seja, não é um editor de texto tipo Word, com corretor;
• O tempo de 11 minutos para os candidatos da lista geral e de 17
minutos para a lista especial;
• A nota máxima é de 8,0 pontos e para cada erro você vai perder
0,05 pontos;

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• De acordo com o edital, “os erros serão contados caractere a


caractere (a mais, a menos ou diferente), em comparação com o
texto original, considerando-se erro toda e qualquer divergência. A
produção em desacordo, extra e/ou a falta de digitação do texto
original será considerada como erro. A correção considerará como
correto, somente a cópia fiel do texto que será fornecido para a
digitação”.
• É bastante simples para falar a verdade. Não importa como você
digitar o texto, se você escreve tudo e depois revisa, ou se vai
corrigindo aos poucos. A avaliação é feita comparando os textos;
• A nota do candidato nesta prova será calculada segundo a fórmula:
Nota = 8,0 (da digitação) – (erros x 0,05) + 2,0 (formatação) –
(erros x 0,2).

Fique Atento!

• É uma nova fase e a convocação é individual. Isso quer dizer que


você pode ser chamado para fazer a prova em um dia de manhã
e seu amigo em outra data e horário;
• Preste a atenção no horário da convocação. Você deve entrar no
prédio do local da prova conforme o indicado. Primeiro terá uma
etapa de identificação para depois adentrar à sala;
• Antes de iniciar a prova, o fiscal vai dar um tempo para teste do
teclado e mouse. Aproveite todo esse tempo, aperte todas as
teclas possíveis. Assim você evita dor de cabeça em caso de
problemas no equipamento;
• Importe-se o menos possível com as pessoas ao seu lado. Não
deixe o nervosismo dos outros afetar a sua preparação.

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Dicas

• Treinar muito em casa é a melhor forma para que você se


conheça e saiba os pontos altos e baixos durante a prova. O que
pode ser problema para alguém, pode não ser para você, e vice
versa;
• O ideal é simular todas as condições possíveis de prova. Mas
inicie o treinamento no ambiente mais calmo possível. Depois,
acrescente som de digitação (tem vários vídeos no YouTube). Eu
também treino com a porta aberta, televisão ligada, pessoas em
casa;
• Tenha mais de uma forma de dobrar e posicionar a folha para
cópia da digitação. O edital não é específico, por exemplo, se
pode usar régua ou caneta. Nos outros anos a Vunesp deixou,
mas foi a banca que forneceu. Com a pandemia, não sabemos
como vai ser e a melhor coisa é estar preparado para mais de
um cenário;
• Siga os comandos da prova de formatação na ordem! Eu nunca
ouvi relato sobre, mas evite a possibilidade de ter um comando
eliminando o outro.
• Acesse o nosso canal do YouTube para conferir mais dicas. Lá
tem informações sobre a prova e será sempre atualizado com
mais dados e dicas. Clique aqui.

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Treino de Formatação

1. Imprima os comandos da apostila;


2. Abra o arquivo do Word com os textos (baixe aqui);
3. Vá ao texto do dia, ou o que você escolher;
4. Abra um cronômetro;
5. Inicie a contagem do tempo;
6. Inicie a formatação;
7. Depois de revisar, encerre a contagem de tempo;
8. Avalie seus erros e tempo decorrido.

Treino de Digitação

1. Imprima os textos da apostila;


2. Abra o arquivo Treino de Digitação.html;
3. Abra um cronômetro;
4. Inicie a contagem do tempo;
5. Inicie a digitação;
6. Depois de revisar, encerre a contagem de tempo;
7. Abra o arquivo do Word com os textos e copie o texto original
para fazer a correção;
8. Clique em Corrigir
9. Importante: Em alguns textos, por uma questão de formatação,
alguns caracteres especiais podem aparecer como erro, mas não
necessariamente são erros. É o caso, principalmente, de
barra/travessão (-), aspas simples ou duplas (‘’ e “”), grau,
primeiro, primeira (º, ª) e texto subscrito e sobescrito;
10. Caso aconteça essa divergência, corrija no campo “Texto
Original” e clique novamente em “Corrigir”

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Dia 1 Dia 2

- Digitar Texto 1 - Digitar Texto 6


- Digitar Texto 2 - Digitar Texto 7
- Formatação Texto 1 - Formatação Texto 2
- Pausa 10 minutos - Pausa 10 minutos
- Digitar Texto 3 - Digitar Texto 8
- Digitar Texto 4 - Digitar Texto 9
- Digitar Texto 5 - Digitar Texto 10

Dia 3 Dia 4

- Digitar Texto 11 - Digitar Texto 16


- Digitar Texto 12 - Digitar Texto 17
- Formatação Texto 3 - Formatação Texto 4
- Pausa 10 minutos - Pausa 10 minutos
- Digitar Texto 13 - Digitar Texto 18
- Digitar Texto 14 - Digitar Texto 19
- Digitar Texto 15 - Digitar Texto 20
Dia 5 Dia 6

- Digitar Texto 21 - Digitar Texto 26


- Digitar Texto 22 - Digitar Texto 27
- Formatação Texto 5 - Formatação Texto 6
- Pausa 10 minutos - Pausa 10 minutos
- Digitar Texto 23 - Digitar Texto 28
- Digitar Texto 24 - Digitar Texto 29
- Digitar Texto 25 - Digitar Texto 30

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Dia 7 Dia 8

- Digitar Texto 31 - Digitar Texto 36


- Digitar Texto 32 - Digitar Texto 37
- Formatação Texto 7 - Formatação Texto 8
- Pausa 10 minutos - Pausa 10 minutos
- Digitar Texto 33 - Digitar Texto 38
- Digitar Texto 34 - Digitar Texto 39
- Digitar Texto 35 - Digitar Texto 40

Dia 9 Dia 10

- Digitar Texto 41 - Digitar Texto 46


- Digitar Texto 42 - Digitar Texto 47
- Formatação Texto 9 - Formatação Texto 10
- Pausa 10 minutos - Pausa 10 minutos
- Digitar Texto 43 - Digitar Texto 48
- Digitar Texto 44 - Digitar Texto 49
- Digitar Texto 45 - Digitar Texto 50
Dia 11 Dia 12

- Digitar Texto 51 - Digitar Texto 56


- Digitar Texto 52 - Digitar Texto 57
- Formatação Texto 11 - Formatação Texto 12
- Pausa 10 minutos - Pausa 10 minutos
- Digitar Texto 53 - Digitar Texto 58
- Digitar Texto 54 - Digitar Texto 59
- Digitar Texto 55 - Digitar Texto 60

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12

Dia 13 Dia 14

- Digitar Texto 61 - Digitar Texto 66


- Digitar Texto 62 - Digitar Texto 67
- Formatação Texto 13 - Formatação Texto 14
- Pausa 10 minutos - Pausa 10 minutos
- Digitar Texto 63 - Digitar Texto 68
- Digitar Texto 64 - Digitar Texto 69
- Digitar Texto 65 - Digitar Texto 70

Dia 15 Dia 16

- Digitar Texto 71 - Digitar Texto 76


- Digitar Texto 72 - Digitar Texto 77
- Formatação Texto 15 - Formatação Texto 16
- Pausa 10 minutos - Pausa 10 minutos
- Digitar Texto 73 - Digitar Texto 78
- Digitar Texto 74 - Digitar Texto 79
- Digitar Texto 75 - Digitar Texto 80

Dia 17 Dia 18

- Digitar Texto 81 - Digitar Texto 86


- Digitar Texto 82 - Digitar Texto 87
- Formatação Texto 17 - Formatação Texto 18
- Pausa 10 minutos - Pausa 10 minutos
- Digitar Texto 83 - Digitar Texto 88
- Digitar Texto 84 - Digitar Texto 89
- Digitar Texto 85 - Digitar Texto 90

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Dia 19 Dia 20

- Digitar Texto 91 - Digitar Texto 96


- Digitar Texto 92 - Digitar Texto 97
- Formatação Texto 19 - Formatação Texto 20
- Pausa 10 minutos - Pausa 10 minutos
- Digitar Texto 93 - Digitar Texto 98
- Digitar Texto 94 - Digitar Texto 99
- Digitar Texto 95 - Digitar Texto 100

Dia 21 Dia 22

- Digitar Texto 101 - Digitar Texto 106


- Digitar Texto 102 - Digitar Texto 107
- Formatação Texto 21 - Formatação Texto 22
- Pausa 10 minutos - Pausa 10 minutos
- Digitar Texto 103 - Digitar Texto 108
- Digitar Texto 104 - Digitar Texto 109
- Digitar Texto 105 - Digitar Texto 110

Dia 23 Dia 24

- Digitar Texto 111 - Digitar Texto 116


- Digitar Texto 112 - Digitar Texto 117
- Formatação Texto 23 - Formatação Texto 24
- Pausa 10 minutos - Pausa 10 minutos
- Digitar Texto 113 - Digitar Texto 118
- Digitar Texto 114 - Digitar Texto 119
- Digitar Texto 115 - Digitar Texto 120

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Dia 25 Dia 26

- Digitar Texto 121 - Digitar Texto 126


- Digitar Texto 122 - Digitar Texto 127
- Formatação Texto 25 - Formatação Texto 26
- Pausa 10 minutos - Pausa 10 minutos
- Digitar Texto 123 - Digitar Texto 128
- Digitar Texto 124 - Digitar Texto 129
- Digitar Texto 125 - Digitar Texto 130
Dia 27 Dia 28

- Digitar Texto 131 - Digitar Texto 136


- Digitar Texto 132 - Digitar Texto 137
- Formatação Texto 27 - Formatação Texto 28
- Pausa 10 minutos - Pausa 10 minutos
- Digitar Texto 133 - Digitar Texto 138
- Digitar Texto 134 - Digitar Texto 139
- Digitar Texto 135 - Digitar Texto 140
Dia 29 Dia 30

- Digitar Texto 141 - Digitar Texto 146


- Digitar Texto 142 - Digitar Texto 147
- Formatação Texto 29 - Formatação Texto 30
- Pausa 10 minutos - Pausa 10 minutos
- Digitar Texto 143 - Digitar Texto 148
- Digitar Texto 144 - Digitar Texto 149
- Digitar Texto 145 - Digitar Texto 150

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Controle de Digitação
Dia Texto Caracteres Tempo Erros Nota Posição da Folha Régua Obs.
1
2
3
4
5
6
7
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COMANDOS DE FORMATAÇÃO

Nem todos os comandos foram testados na prática e são apenas uma


variação em relação a outros. São meramente exemplificativos. Então,
não se importe caso não seja possível realizar um e tente adaptar. O
importante é encontrar o local onde estão os comandos e saber o
tempo que demora para executar.

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Formatação 1

• Formate a segunda palavra do primeiro parágrafo com negrito

• Formate a última linha do segundo parágrafo com subscrito

• Formate a quarta palavra da terceira linha do primeiro parágrafo com itálico

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento centralizado

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quarto parágrafo com 1,25cm

• Formate a primeira linha do terceiro parágrafo com a fonte Arial

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 2,5

• Formate o espaçamento antes do segundo parágrafo com 8pts

• Formate a margem direita do documento com 3,0 cm

• Formate a primeira palavra do terceiro parágrafo com tamanho de fonte 12

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

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Formatação 2

• Formate a segunda palavra do primeiro parágrafo com itálico

• Formate a última linha do segundo parágrafo com sobrescrito

• Formate a quarta palavra da terceira linha do primeiro parágrafo com negrito

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento a direita

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quarto parágrafo com 1,75cm

• Formate a primeira linha do terceiro parágrafo com a fonte Verdana

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 1,5

• Formate o espaçamento antes do segundo parágrafo com 5pts

• Formate a margem esquerda do documento com 3,0 cm

• Formate a primeira palavra do terceiro parágrafo com tamanho de fonte 14

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

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Formatação 3

• Formate a terceira palavra do primeiro parágrafo com tachado

• Formate a última linha do segundo parágrafo com subscrito sublinhado

• Formate a terceira palavra da segunda linha do primeiro parágrafo com negrito

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento justificado

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quinto parágrafo com 0,25cm

• Formate a segunda linha do terceiro parágrafo com a fonte Garamond

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 0,5

• Formate o espaçamento depois do segundo parágrafo com 3pts

• Formate a margem esquerda do documento com 1,25 cm

• Formate a quinta palavra do terceiro parágrafo com tamanho de fonte 10

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

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Formatação 4

• Formate a terceira palavra do primeiro parágrafo todas as letras maiúsculas

• Formate a primeira linha do segundo parágrafo com negrito, itálico e sublinhado

• Formate a quarta palavra da segunda linha do primeiro parágrafo com sublinhado


duplo

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento à esquerda

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quinto parágrafo com 3,25cm

• Formate a segunda linha do terceiro parágrafo com a fonte Monotype Corsiva

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 1,75

• Formate o espaçamento depois do segundo parágrafo com 7 pts

• Formate a margem direita do documento com 3,25 cm

• Formate a sexta palavra do quarto parágrafo com tamanho de fonte 16

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

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Formatação 5

• Formate a sexta palavra do primeiro parágrafo todas a primeira letra em maiúscula

• Formate a segunda linha do segundo parágrafo com sublinhado espesso

• Formate a quarta palavra da segunda linha do primeiro parágrafo com itálico tachado

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento justificado

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quinto parágrafo com 2,75cm

• Formate a segunda linha do terceiro parágrafo com a fonte Arial Black

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 0,75

• Formate o espaçamento depois do segundo parágrafo com 10 pts

• Formate a margem direita e esquerda do documento com 2,25 cm

• Formate a sexta palavra do quarto parágrafo com tamanho de fonte 13

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

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Formatação 6

• Formate a quarta palavra do primeiro parágrafo com tachado

• Formate a última linha do segundo parágrafo com sobrescrito

• Formate a quarta palavra da terceira linha do primeiro parágrafo com sublinhado

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento à direita

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quarto parágrafo com 2,25cm

• Formate a primeira linha do terceiro parágrafo com a fonte Calibri

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 1,25

• Formate o espaçamento antes do segundo parágrafo com 5pts

• Formate a margem direita do documento com 2,0 cm

• Formate a primeira palavra do terceiro parágrafo com tamanho de fonte 10

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

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Formatação 7

• Formate a primeira palavra do primeiro parágrafo com itálico

• Formate a última linha do segundo parágrafo com tachado duplo

• Formate a quarta palavra da terceira linha do primeiro parágrafo com negrito itálico

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento à esquerda

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quarto parágrafo com 3,75cm

• Formate a primeira linha do terceiro parágrafo com a fonte Times New Roman

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 0,5

• Formate o espaçamento antes do segundo parágrafo com 4pts

• Formate a margem esquerda do documento com 2,0 cm

• Formate a primeira palavra do terceiro parágrafo com tamanho de fonte 13

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

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Formatação 8

• Formate a segunda palavra do primeiro parágrafo com sublinhado pontilhado

• Formate a última linha do segundo parágrafo com sobrescrito tachado

• Formate a quarta palavra da segunda linha do primeiro parágrafo com negrito

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento centralizado

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quinto parágrafo com 5,25cm

• Formate a segunda linha do terceiro parágrafo com a fonte Bell MT

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 2,5

• Formate o espaçamento depois do segundo parágrafo com 6pts

• Formate a margem esquerda do documento com 3,25 cm

• Formate a quinta palavra do terceiro parágrafo com tamanho de fonte 8

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

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Formatação 9

• Formate a terceira linha do primeiro parágrafo todas as letras maiúsculas

• Formate a segunda linha do segundo parágrafo com negrito, itálico e sublinhado

• Formate a quarta palavra da segunda linha do primeiro parágrafo com sublinhado

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento justificado

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quarto parágrafo com 2,25cm

• Formate a segunda linha do terceiro parágrafo com a fonte Monotype Corsiva

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 2,75

• Formate o espaçamento depois do segundo parágrafo com 9 pts

• Formate a margem direita do documento com 2,25 cm

• Formate a sexta palavra do quarto parágrafo com tamanho de fonte 14

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

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Formatação 10

• Formate a sexta palavra do primeiro parágrafo todas a primeira letra em maiúscula

• Formate a segunda linha do segundo parágrafo com sublinhado espesso

• Formate a quarta palavra da segunda linha do primeiro parágrafo com itálico tachado

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento justificado

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quinto parágrafo com 2,75cm

• Formate a segunda linha do terceiro parágrafo com a fonte Arial Black

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 0,75

• Formate o espaçamento depois do segundo parágrafo com 10 pts

• Formate a margem direita e esquerda do documento com 2,25 cm

• Formate a sexta palavra do quarto parágrafo com tamanho de fonte 13

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

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Formatação 11

• Formate a última palavra do primeiro parágrafo com negrito

• Formate a segunda linha do segundo parágrafo com tachado duplo

• Formate a primeira palavra da terceira linha do primeiro parágrafo com sublinhado

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento à esquerda

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do terceiro parágrafo com 2,25cm

• Formate a primeira linha do terceiro parágrafo com a fonte Arial

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 1,25

• Formate o espaçamento antes do segundo parágrafo com 5pts

• Formate a margem direita do documento com 2,25 cm

• Formate a primeira palavra do terceiro parágrafo com tamanho de fonte 11

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

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Formatação 12

• Formate a primeira palavra do primeiro parágrafo com itálico

• Formate a segunda linha do segundo parágrafo com negrito

• Formate a última palavra da terceira linha do primeiro parágrafo com sublinhado


pontilhado

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento à direita

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quarto parágrafo com 1,5cm

• Formate a primeira linha do terceiro parágrafo com a fonte Verdana

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 2,0

• Formate o espaçamento antes do segundo parágrafo com 4pts

• Formate a margem esquerda e direita do documento com 2,0 cm

• Formate a primeira palavra do terceiro parágrafo com tamanho de fonte 12

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

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Formatação 13

• Formate a última palavra do primeiro parágrafo com tachado duplo

• Formate a primeira linha do segundo parágrafo com subscrito sublinhado

• Formate a terceira palavra da última linha do primeiro parágrafo com negrito

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento centralizado

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quarto parágrafo com 1,25cm

• Formate a segunda linha do terceiro parágrafo com a fonte Garamond

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 1,5

• Formate o espaçamento depois do segundo parágrafo com 2pts

• Formate a margem esquerda do documento com 2,25 cm

• Formate a quinta palavra do terceiro parágrafo com tamanho de fonte 16

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

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Formatação 14

• Formate a penúltima palavra do primeiro parágrafo todas as letras maiúsculas

• Formate a primeira linha do segundo parágrafo com negrito, itálico e sublinhado

• Formate a segunda palavra da segunda linha do primeiro parágrafo com sublinhado

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento justificado

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do último parágrafo com 2,5 cm

• Formate a última linha do terceiro parágrafo com a fonte Monotype Corsiva

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 2,75

• Formate o espaçamento depois do segundo parágrafo com 5 pts

• Formate a margem esquerda do documento com 3,50 cm

• Formate a sexta palavra do quarto parágrafo com tamanho de fonte 14

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

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34

Formatação 15

• Formate a terceira palavra do primeiro parágrafo com a primeira letra em maiúscula

• Formate a última linha do segundo parágrafo com sublinhado ondulado

• Formate a quarta palavra da segunda linha do primeiro parágrafo com sublinhado


tachado

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento centralizado

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quinto parágrafo com 0,75cm

• Formate a segunda linha do terceiro parágrafo com a fonte Arial

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 1,75

• Formate o espaçamento depois do segundo parágrafo com 4 pts

• Formate a margem superior e inferior do documento com 2,25 cm

• Formate a sexta palavra do quarto parágrafo com tamanho de fonte 15

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

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35

Formatação 16

• Formate a primeira palavra do primeiro parágrafo com tachado, sublinhado e itálico

• Formate a última linha do segundo parágrafo com subscrito

• Formate a quarta palavra da terceira linha do primeiro parágrafo com sublinhado

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento à direita

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quarto parágrafo com 1,25cm

• Formate a primeira linha do terceiro parágrafo com a fonte Arial

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 2,25

• Formate o espaçamento antes do segundo parágrafo com 3pts

• Formate a margem inferior do documento com 3,0 cm

• Formate a primeira palavra do terceiro parágrafo com tamanho de fonte 8

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

@codaspublicacoes
36

Formatação 17

• Formate a primeira palavra do primeiro parágrafo com negrito

• Formate a última linha do segundo parágrafo com tachado

• Formate a segunda palavra da terceira linha do primeiro parágrafo com negrito itálico

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento à direita

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quarto parágrafo com 2,75cm

• Formate a primeira linha do terceiro parágrafo com a fonte Times New Roman

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 1,5

• Formate o espaçamento antes do segundo parágrafo com 3pts

• Formate a margem esquerda do documento com 1,0 cm

• Formate a primeira palavra do terceiro parágrafo com tamanho de fonte 11

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

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37

Formatação 18

• Formate a terceira palavra do primeiro parágrafo com sublinhado ponto e traço

• Formate a última linha do segundo parágrafo com sobrescrito tachado duplo

• Formate a quarta palavra da segunda linha do primeiro parágrafo com itálico

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento centralizado

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quinto parágrafo com 3,25cm

• Formate a segunda linha do terceiro parágrafo com a fonte Bell MT

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 1,25

• Formate o espaçamento depois do segundo parágrafo com 3pts

• Formate a margem esquerda do documento com 2,25 cm

• Formate a quinta palavra do terceiro parágrafo com tamanho de fonte 11

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

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38

Formatação 19

• Formate a última linha do primeiro parágrafo todas as letras maiúsculas

• Formate a segunda linha do segundo parágrafo com negrito, itálico e sublinhado

• Formate todas as palavras da segunda linha do primeiro parágrafo com sublinhado

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento centralizado

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quarto parágrafo com 1,25cm

• Formate a segunda linha do terceiro parágrafo com a fonte Monotype Corsiva

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 1,75

• Formate o espaçamento depois do segundo parágrafo com 4 pts

• Formate a margem direita do documento com 1,25 cm

• Formate a sexta palavra do quarto parágrafo com tamanho de fonte 12

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

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39

Formatação 20

• Formate a última palavra do primeiro parágrafo com todas as letras em maiúscula

• Formate a segunda linha do segundo parágrafo com sublinhado espesso

• Formate a penúltima palavra da segunda linha do primeiro parágrafo com itálico


tachado

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento justificado

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quinto parágrafo com 1,75cm

• Formate a segunda linha do terceiro parágrafo com a fonte Arial Black

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 1,75

• Formate o espaçamento depois do segundo parágrafo com 8 pts

• Formate a margem direita e esquerda do documento com 2,0 cm

• Formate a sexta palavra do quarto parágrafo com tamanho de fonte 12

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

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40

Formatação 21

• Formate a quinta palavra do primeiro parágrafo com negrito

• Formate a última linha do segundo parágrafo com sobrescrito

• Formate a quarta palavra da terceira linha do primeiro parágrafo com sublinhado

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento justificado

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quarto parágrafo com 2,25cm

• Formate a primeira linha do terceiro parágrafo com a fonte Verdana

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 1,5

• Formate o espaçamento antes do segundo parágrafo com 5pts

• Formate a margem direita do documento com 2,0 cm

• Formate a primeira palavra do terceiro parágrafo com tamanho de fonte 11

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

@codaspublicacoes
41

Formatação 22

• Formate a terceira palavra do primeiro parágrafo com itálico

• Formate a primeira linha do segundo parágrafo com sobrescrito

• Formate a quinta palavra da terceira linha do primeiro parágrafo com negrito

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento à direita

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quarto parágrafo com 2,75cm

• Formate a primeira linha do terceiro parágrafo com a fonte Verdana

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 2,5

• Formate o espaçamento antes do segundo parágrafo com 3pts

• Formate a margem esquerda do documento com 2,0 cm

• Formate a primeira palavra do terceiro parágrafo com tamanho de fonte 11

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

@codaspublicacoes
42

Formatação 23

• Formate a terceira palavra do primeiro parágrafo com tachado

• Formate a última linha do segundo parágrafo com subscrito sublinhado

• Formate a terceira palavra da segunda linha do primeiro parágrafo com negrito

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento justificado

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quinto parágrafo com 1,25cm

• Formate a segunda linha do terceiro parágrafo com a fonte Comics Sans

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 1,5

• Formate o espaçamento depois do segundo parágrafo com 2pts

• Formate a margem esquerda do documento com 0,75 cm

• Formate a quinta palavra do terceiro parágrafo com tamanho de fonte 13

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

@codaspublicacoes
43

Formatação 24

• Formate a terceira palavra do primeiro parágrafo todas as letras maiúsculas

• Formate a primeira linha do segundo parágrafo com negrito, itálico e sublinhado

• Formate a quarta palavra da segunda linha do primeiro parágrafo com sublinhado


duplo

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento à direita

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quinto parágrafo com 3,25cm

• Formate a segunda linha do terceiro parágrafo com a fonte Monotype Corsiva

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 2,75

• Formate o espaçamento depois do segundo parágrafo com 5 pts

• Formate a margem direita do documento com 2,25 cm

• Formate a sexta palavra do quarto parágrafo com tamanho de fonte 14

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

@codaspublicacoes
44

Formatação 25

• Formate a última palavra do primeiro parágrafo todas a primeira letra em maiúscula

• Formate a segunda linha do segundo parágrafo com sublinhado espesso

• Formate a segunda palavra da segunda linha do primeiro parágrafo com itálico


tachado

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento centralizado

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quinto parágrafo com 3,75cm

• Formate a segunda linha do terceiro parágrafo com a fonte Arial Black

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 1,75

• Formate o espaçamento depois do segundo parágrafo com 5 pts

• Formate a margem direita e esquerda do documento com 1,25 cm

• Formate a sexta palavra do quarto parágrafo com tamanho de fonte 15

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

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45

Formatação 26

• Formate a quarta palavra do primeiro parágrafo com tachado

• Formate a última linha do segundo parágrafo com sobrescrito

• Formate a quarta palavra da terceira linha do primeiro parágrafo com sublinhado

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento à direita

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quarto parágrafo com 1,25cm

• Formate a primeira linha do terceiro parágrafo com a fonte Calibri

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 2,25

• Formate o espaçamento antes do segundo parágrafo com 3pts

• Formate a margem direita do documento com 1,0 cm

• Formate a primeira palavra do terceiro parágrafo com tamanho de fonte 11

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

@codaspublicacoes
46

Formatação 27

• Formate a primeira palavra do primeiro parágrafo com itálico

• Formate a última linha do segundo parágrafo com tachado duplo

• Formate a quarta palavra da terceira linha do primeiro parágrafo com negrito itálico

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento à esquerda

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quarto parágrafo com 2,75cm

• Formate a primeira linha do terceiro parágrafo com a fonte Times New Roman

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 1,5

• Formate o espaçamento antes do segundo parágrafo com 2pts

• Formate a margem esquerda do documento com 1,0 cm

• Formate a primeira palavra do terceiro parágrafo com tamanho de fonte 11

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

@codaspublicacoes
47

Formatação 28

• Formate a segunda palavra do primeiro parágrafo com sublinhado pontilhado

• Formate a última linha do segundo parágrafo com sobrescrito tachado

• Formate a quarta palavra da segunda linha do primeiro parágrafo com negrito

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento centralizado

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quinto parágrafo com 3,25cm

• Formate a segunda linha do terceiro parágrafo com a fonte Bell MT

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 1,5

• Formate o espaçamento depois do segundo parágrafo com 4pts

• Formate a margem esquerda do documento com 2,25 cm

• Formate a quinta palavra do terceiro parágrafo com tamanho de fonte 10

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

@codaspublicacoes
48

Formatação 29

• Formate a terceira linha do primeiro parágrafo todas as letras maiúsculas

• Formate a segunda linha do segundo parágrafo com negrito, itálico e sublinhado

• Formate a quarta palavra da segunda linha do primeiro parágrafo com sublinhado

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento justificado

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quarto parágrafo com 3,25cm

• Formate a segunda linha do terceiro parágrafo com a fonte Monotype Corsiva

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 1,75

• Formate o espaçamento depois do segundo parágrafo com 11 pts

• Formate a margem direita do documento com 1,75 cm

• Formate a sexta palavra do quarto parágrafo com tamanho de fonte 12

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

@codaspublicacoes
49

Formatação 30

• Formate a sexta palavra do primeiro parágrafo todas a primeira letra em maiúscula

• Formate a segunda linha do segundo parágrafo com sublinhado espesso

• Formate a quarta palavra da segunda linha do primeiro parágrafo com itálico tachado

• Formate o terceiro parágrafo com alinhamento justificado

• Formate o recuo especial de deslocamento linha do quinto parágrafo com 1, 5cm

• Formate a segunda linha do terceiro parágrafo com a fonte Arial Black

• Formate o espaçamento entre linhas do último parágrafo com 1,75

• Formate o espaçamento depois do segundo parágrafo com 8 pts

• Formate a margem direita e esquerda do documento com 1,25 cm

• Formate a sexta palavra do quarto parágrafo com tamanho de fonte 10

Obs: Siga sempre a ordem, uma vez que é possível que ao inserir um dos comandos
haja a mudança na disposição do texto original.

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50

TEXTOS PARA DIGITAÇÃO

São textos com uma média de 1.800 caracteres. Alguns têm mais,
outros menos. Foram todos retirados da internet, principalmente de
sites de notícias de tribunais. (UOL, Estadão, BBC Brasil, NatGeo
Brasil, DW Brasil, Revista Piauí, The Intercepet Brasil, TJs, STF, STJ,
Migalhas, Conjur, Jota, entre outros). Além disso, alguns textos são
contos/crônicas/colunas e autores renomados e outros foram
simplesmente copiados do Wikipedia. O corte no texto foi sempre feito
para que fique com a média de 1.800 caracteres, sem preocupação de
sentido e continuidade.

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51

Loveless é o segundo álbum de estúdio da banda inglesa-irlandesa de rock


alternativo My Bloody Valentine. Foi lançado em 4 de novembro de 1991 no Reino
Unido pela Creation Records e nos Estados Unidos pela Sire Records. O álbum foi
gravado entre fevereiro de 1989 e setembro de 1991, com o vocalista e guitarrista
Kevin Shields conduzindo sessões e experimentando técnicas de vibrato de guitarra,
sistemas de afinação, samplers e métodos de produção meticulosos. A banda
percorreu dezenove estúdios diferentes e vários engenheiros durante a longa
gravação do álbum, com rumores de que seu custo de produção atingiu 250 mil libras.
Precedido pelos extended plays (EPs) Glider (1990) e Tremolo (1991), Loveless
alcançou a posição 24 na UK Albums Chart, e foi amplamente elogiado pela crítica
por suas inovações sonoras e pela "reinvenção virtual da guitarra" de Shields. No
entanto, após seu lançamento, o dono da Creation, Alan McGee, retirou a banda da
gravadora, pois achou que Shields era muito difícil de trabalhar, um fator que
supostamente contribuiu para a eventual falência da gravadora. My Bloody Valentine
se esforçou para gravar uma sequência para o álbum mas se separou em 1997,
fazendo de Loveless seu último lançamento completo até m b v em 2013. Desde o
seu lançamento, Loveless foi amplamente citado pela crítica como o melhor álbum
do subgênero shoegaze de todos os tempos, bem como um dos melhores álbuns da
década de 90, um dos melhors álbuns irlandeses e como uma influência significativa
em vários artistas subsequentes. Em 2012, foi relançado como um conjunto de dois
CDs, incluindo faixas remasterizadas e uma versão em fita analógica de meia
polegada inédita, alcançando o pico em várias paradas internacionais. Foi relançado
novamente em 2021 pela Domino Records, aparecendo em.

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52

A História do Brasil começa com a chegada dos primeiros humanos na América do


Sul há pelo menos 22 000 anos AP. Em fins do século XV, quando do Tratado de
Tordesilhas, toda a área hoje conhecida como Brasil era habitada por tribos
seminômades que subsistiam da caça, pesca, coleta e agricultura. Em 22 de abril de
1500, Pedro Álvares Cabral, capitão-mor de expedição portuguesa a caminho das
Índias, chegou em Porto Seguro na Bahia, tornando a região colônia do Reino de
Portugal. Na década de 1530, a Coroa Portuguesa implementou uma política de
colonização para a terra recém-descoberta que se organizou por meio da distribuição
de capitanias hereditárias a membros da nobreza, porém esse sistema malogrou,
uma vez que somente as capitanias de Pernambuco e São Vicente prosperaram. Em
1548 é criado o Estado do Brasil, com consequente instalação de um governo-geral,
e no ano seguinte é fundada a primeira sede colonial, Salvador. A economia da
colônia, iniciada com o extrativismo do pau-brasil e as trocas entre os colonos e os
índios, gradualmente passou a ser dominada pelo cultivo da cana-de-açúcar com o
uso de mão de obra escrava, inicialmente indígena e depois africana. No fim do
século XVII foram descobertas, através das bandeiras, importantes jazidas de ouro
no interior do Brasil que foram determinantes para o seu povoamento e que pontuam
o início do chamado ciclo do ouro, período que marca a ascensão da Capitania de
Minas Gerais, desmembrada da Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, na
economia colonial. Em 1763, a sede do Estado do Brasil foi transferida para o Rio de
Janeiro. Em 1808, com a transferência da corte portuguesa para o Brasil, fugindo da
possível subjugação da França, consequência da Guerra Peninsular travada entre as
tropas portuguesas e as de Napoleão Bonaparte, o Príncipe-regente Dom João de
Bragança.

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53

Os camaiurás (também kamaiurás ou kamayurás) constituem uma etnia indígena


brasileira. Habitantes do Parque Indígena do Xingu,às margens da zona de
confluência entre dois importantes rios da microbacia xinguana, os camaiurás
pertencem ao grupo étnico e linguístico tupi-guarani, estando inseridos na zona
cultural do Alto Xingu. Os camaiurás possuem um sistema tradicional caracterizado
pela heterogeneidade, fruto do intenso processo de matrimônio intertribal e dos
enérgicos laços de coesão que mantêm com outras sociedades indígenas do mesmo
espaço geográfico. Entre os indígenas do grupo, vigora um sistema de organização
civil peculiar, caracterizado por um único complexo de imensas ocas comunitárias
circularmente dispostas ao redor de um terreiro público. Tal espaço, formado a partir
da convergência de quatro vias principais, destina-se à celebração dos ritos e
tradições referentes à cosmologia do povo. As habitações, primordialmente
constituídas por taquaras e palha, podem chegar a trinta metros de comprimento e
abrigar várias famílias, segundo a ancestralidade que possuam. A sociedade, embora
rigidamente patriarcal, não menospreza o papel feminino, encarregando as mulheres
da tutela dos filhos, manutenção da ordem doméstica, plantio e colheita das raízes
comestíveis e preparação dos alimentos, enquanto compete ao homem a obtenção
proteica e a limpeza da roça na qual será plantada a mandioca. À altura do primeiro
contato não indígena, liderado pelo etnólogo alemão Karl von den Steinen, em 1886,
os camaiurás encontravam-se em estágio final de sedentarização, assentados nas
proximidades da lagoa de Ipavu, onde permanecem até hoje. Segundo relatos
tradicionais, amplamente aceitos entre os indígenas, o povo viria do Wawitsa,
localizado na zona mais setentrional do parque.

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54

Immanuel Kant foi um filósofo prussiano. Amplamente considerado como o principal


filósofo da era moderna, Kant operou, na epistemologia, uma síntese entre o
racionalismo continental (de René Descartes, Baruch Espinoza e Gottfried Wilhelm
Leibniz, onde impera a forma de raciocínio dedutivo), e a tradição empírica inglesa
(de David Hume, John Locke, ou George Berkeley, que valoriza a indução). Nascido
de uma modesta família de artesãos, depois de um longo período como professor
secundário de geografia, Kant veio a estudar filosofia, física e matemática na
Universidade de Königsberg e em 1755 começou a lecionar ensinando Ciências
Naturais. Em 1770 foi nomeado professor catedrático da Universidade de
Königsberg, cidade da qual nunca saiu, levando uma vida monotonamente pontual e
só dedicada aos estudos filosóficos. Realizou numerosos trabalhos sobre ciências
naturais e exatas. Kant é famoso sobretudo pela elaboração do denominado
idealismo transcendental: todos nós trazemos formas e conceitos a priori (aqueles
que não vêm da experiência) para a experiência concreta do mundo, os quais seriam
de outra forma impossíveis de determinar. A filosofia da natureza e da natureza
humana de Kant é historicamente uma das mais determinantes fontes do relativismo
conceptual que dominou a vida intelectual do século XX. Kant é também conhecido
pela filosofia moral e pela proposta, a primeira moderna, de uma teoria da formação
do Sistema Solar, conhecida como a hipótese Kant-Laplace. Kant nasceu, viveu e
morreu em Königsberg (atual Kaliningrado), na altura pertencente ao Reino da
Prússia. Foi o quarto dos nove filhos de Johann Georg Kant, um artesão fabricante
de correias (componente das carroças de então) e da mulher Regina. Nascido numa
família protestante (luterana), teve uma educação austera.

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55

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos foi um poeta brasileiro, identificado muitas
vezes como simbolista ou parnasiano. Todavia, muitos críticos, como o poeta Ferreira
Gullar, preferem identificá-lo como pré-modernista, pois encontramos características
nitidamente expressionistas em seus poemas. É conhecido como um dos poetas
mais críticos do seu tempo, focando suas críticas ao idealismo egocentrista que se
emergia em sua época, e até hoje sua obra é admirada tanto por leigos como por
críticos literários. É patrono da cadeira número 1 da Academia Paraibana de Letras
(APL), que teve como fundador o jurista e ensaísta José Flósculo da Nóbrega e como
primeiro ocupante o seu biógrafo Humberto Nóbrega, sendo ocupada, atualmente,
por José Nêumanne Pinto. Augusto dos Anjos também é o patrono da Academia
Leopoldinense de Letras e Artes. Augusto dos Anjos nasceu no Engenho Pau d'Arco,
atualmente no município de Sapé, Estado da Paraíba. Foi educado nas primeiras
letras pelo pai e estudou no Liceu Paraibano, onde viria a ser professor em 1908.
Precoce poeta brasileiro, compôs os primeiros versos aos sete anos de idade. Em
1903, ingressou no curso de Direito na Faculdade de Direito do Recife, bacharelando-
se em 1907. Em 1910 casa-se com Ester Fialho. Seu contato com a leitura,
influenciaria muito na construção de sua dialética poética e visão de mundo. Com a
obra de Herbert Spencer, teria aprendido a incapacidade de se conhecer a essência
das coisas e compreendido a evolução da natureza e da humanidade. De Ernst
Haeckel, teria absorvido o conceito da monera como princípio da vida, e de que a
morte e a vida são um puro fato químico. Arthur Schopenhauer o teria inspirado a
perceber que o aniquilamento da vontade própria seria a única saída para o ser
humano. E da Bíblia, da qual também não contestava sua essência espiritualista.

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56

Stanley Martin Lieber, mais conhecido como Stan Lee, foi um escritor, editor,
publicitário, produtor, diretor, empresário e ator norte-americano. Foi editor-chefe e
presidente da Marvel Comics antes de deixar a empresa para se tornar presidente
emérito da editora, bem como um membro do conselho editorial. Lee também era
conhecido por fazer várias aparições em filmes da Universo Cinematográfico Marvel.
Em colaboração com vários artistas, incluindo Jack Kirby e Steve Ditko, concriou
diversos super-heróis incluindo o Homem-Aranha, Hulk, Doutor Estranho, Quarteto
Fantástico, Demolidor, Pantera Negra e os X-Men. Além disso, desafiou a
organização de censura da indústria de quadrinhos americana, o Comics Code
Authority, indiretamente levando-a a atualizar suas políticas. Lee liderou a expansão
da Marvel Comics de uma pequena divisão de uma editora para uma grande
corporação de multimídia. Stan Lee foi introduzido no Will Eisner Award Hall of Fame
em 1994, no Jack Kirby Hall of Fame em 1995 e recebeu uma National Medal of Arts
em 2008. Stanley Martin Lieber nasceu em Manhattan, Nova Iorque, Estados Unidos,
no dia 28 de dezembro de 1922, filho do casal Jack e Celia Lieber, ambos judeus
imigrantes da Romênia. Seu pai, um alfaiate, e sua mãe, dona-de-casa, tiveram ainda
mais um filho, Larry, nascido em 1931 (que assim como o irmão mais velho fez
carreira no mundo dos quadrinhos). A família de Lee era relativamente pobre, tendo
ele morado boa parte da infância e da adolescência em um "quarto-e-sala" na região
do Bronx, na periferia de Nova Iorque, em que ele e o irmão dividiam o diminuto e
único quarto do apartamento e os pais dormiam em um sofá-cama na sala. Durante
a adolescência, Lee estudou na DeWitt Clinton High School, também localizado no
Bronx. Desde pequeno Lee gostava de escrever, e seu sonho durante a adolescência
era escrever um grande romance um dia.

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57

A velha política, livre de qualquer novidade, pega fogo, com toda sorte de mistificação
e preconceito. A velha política pede abrigo no coração das trevas. Mas o que
interessa, nesse momento, é o coração partido de Carolina, ainda menina para um
amor tão punk-rock. Ela me escreve e diz que achava que a dor, nestas ocasiões,
era apenas simbólica. Ela diz que dói no osso, nas articulações, na sola dos pés, do-
in às avessas etc. Sim, moça, dói como quem tem uma bala alojada no corpo. Dói
como uma bala alojada em noite de inverno. Como faz? Eu digo: passa, não se avexe,
mas tem o tempo disso, o luto, o processo. Ela pergunta: quanto tempo? Só o vento
sabe a resposta, digo, num mix de J.M. Simmel e Bob Dylan. O partido de Carolina é
o do mais óbvio e destroçado coração partido. Tem remédio? Se a vida dói, drinque
caubói, receito, diante da gravidade da hora. Carolina sequer levou um pé-na-bunda,
não rolou sequer o velho kichute do desprezo em desleais pontapés. Carolina conta:
simplesmente tomou conhecimento que o miserável das costas ocas já havia mudado
de mala e cuia para a casa da outra sem sequer avisá-la do triste ocorrido. Soube
por uma amiga da amante. Se a vida dói, drinque caubói, repito meu velho mantra.
Tente também a psicanálise, a terapia tradicional, a macumba, os florais, a tarja preta,
a reza forte, os deuses que dançam em todas as tabas, florestas e terreiros. Nada
disso vai dar jeito imediato, mas tente, menina, tente. A gente precisa ter uma ilusão
de cura nesse momento. Viver também é placebo. Os amigos de esquerda, os
colegas de direita, os queridíssimos anarquistas tentam falar de eleições com
Carolina. Não tem jeito. Seu coração partido está imune a discursos. O partido do
coração partido não consegue fazer alianças oportunistas. Não há segundo turno
para os partidários do vexame amoroso.

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58

O que mais as espanta é que, de repente, elas percebem que já são balzaquianas.
Mas poucas balzacas leram A Mulher de Trinta, de Honoré de Balzac, escrito há mais
de 150 anos. Olhe o que ele diz: 'Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis.
A mulher jovem tem muitas ilusões, muita inexperiência. Uma nos instrui, a outra quer
tudo aprender e acredita ter dito tudo despindo o vestido. (...) Entre elas duas há a
distância incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A
mulher de trinta anos satisfaz tudo, e a jovem, sob pena de não sê-lo, nada pode
satisfazer'. Madame Bovary, outra francesa trintona, era tão maravilhosa que seu
criador chegou a dizer diante dos tribunais: 'Madame Bovary c'est moi'. E a Marilyn
Monroe, que fez tudo aquilo entre 30 e 40? Mas voltemos a nossa mulher de 30, a
brasileira-tropicana, aquela que podemos encontrar na frente das escolas pegando
os filhos ou num balcão de bar bebendo um chope sozinha. Sim, a mulher de 30
bebe. A mulher de 30 é morena. Quando resolve fazer a besteira de tingir os cabelos
de amarelo-hebe passa, automaticamente, a ter 40. E o que mais encanta nas de 30
é que parece que nunca vão perder aquele jeitinho que trouxeram dos 20. Mas, para
isso, como elas se preocupam com a barriguinha! A mulher de 30 está para se
separar. Ou já se separou. São raras as mulheres que passam por esta faixa sem
terminar um casamento. Em compensação, ainda antes dos 40 elas arrumam o
segundo e definitivo. A grande maioria tem dois filhos. Geralmente um casal. As que
ainda não tiveram filhos se tornam um perigo, quando estão ali pelos 35. Periga
pegarem o primeiro quarentão que encontrarem pela frente. Elas querem casar. Elas
talvez não saibam, mas são as mais bonitas das mulheres. Acho até que a idade
mínima para concurso de miss deveria ser 30 anos.

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59

Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro
a porta do apartamento — mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante,
me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a “greve do pão
dormido”. De resto não é bem uma greve, é um locaute, greve dos patrões, que
suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da
manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o quê do governo. Está bem.
Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café
vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha
deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não
incomodar os moradores, avisava gritando: — Não é ninguém, é o padeiro!
Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo? “Então você não é
ninguém”? Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido.
Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma
empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro
perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: “não é
ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo que não era ninguém…
Ele me contou isso sem mágoa nenhuma e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis
detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos
importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno.
Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma
passagem pela oficina ― e muitas vezes saía já levando na mão um dos primeiros
exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.
Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante
porque no jornal que levava para casa, além de reportagens.

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Ah, sou um homem suscetível de violentas nostalgias. Gosto de falar da vacina


obrigatória, do naufrágio da Barca Sétima e do assassinato de Pinheiro Machado. Sei
que essas datas, esses fatos, exalam um cheiro de remédio de barata. Mas ótimo
que assim seja. O remédio de barata é justamente o passado, sim, o passado em
aroma. Se me perguntarem o que é que se salva em mim, direi, de fronte erguida: —
“A memória!”. Agora mesmo estou evocando o Rio do Fon-Fon, da Careta, do cinema
mudo (o vilão do cinema usava olheiras de rolha queimada). Era também o Rio dos
poetas. Hoje, o título de “poeta” não acrescenta nada ao próprio, nem aos familiares.
Antes, não. No tempo de Raul Pederneiras, o homem de rua, de retreta, de boteco,
respeitava a inteligência. Quando eu tinha sete anos, uma vizinha me chamou. Disse
arrepiada: — “Teu pai tem o intelectual muito desenvolvido!”. Meu pai fazia artigos
assinados no Correio da Manhã. E, quando passava, havia o murmúrio: “Que cabeça!
Que cabeça!”. Naquele tempo, apontava-se o poeta no meio da rua. Ele era um
sujeito fortemente individualizado como “o soldado”, “o marinheiro”, “o bombeiro”, “o
pintor”. Este último punha no colarinho uma gravata feérica ou, melhor dizendo, uma
gra-vata que era um repolho multicolorido. O artista plástico também usava um
chapelão de mexicano de Hollywood. A gravata era como que a farda do pintor. Hoje,
ninguém respeita a inteligência, nem a inteligência se respeita a si mesma. Mas na
minha infância o intelectual tinha o seu espaço. Nas salas, mocinhas e senhoras
recitavam sonetos, com fundo de piano. E, nas ruas, o brasileiro chamava assim o
quitandeiro, o sorveteiro, o garçom: — “Olá, poeta! Vem cá, poeta! Escuta aqui,
poeta!”. Era-se poeta ou, na pior das hipóteses, “ilustre”, também palavra de soneto.

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Se eu morrer amanhã, não levarei saudade de Donald Trump. Também não levarei
saudade da operação Lava Jato nem do mensalão. Não levarei saudade dos
programas do Ratinho, do Chaves, do Big Brother em geral. Não levarei nenhuma
saudade do governador Pezão e do porteiro do meu prédio. Se eu morresse amanhã,
não levaria saudade do rock, dos sambas-enredo do Carnaval, daquela águia da
Portela nem dos discursos do Senado e da Câmara, incluindo principalmente as
assembleias estaduais e a Câmara dos Vereadores. Se eu morrer amanhã, não
levarei saudades dos buracos da rua Voluntários da Pátria, das enchentes do
Catumbi, dos técnicos do Fluminense, dos juízes de futebol, da Xuxa e das piadas
póstumas do Chico Anysio. Não levarei saudade do Imposto de Renda e demais
impostos, e muito menos levarei saudade das multas do Detran. Não levarei saudade
da vizinha que canta durante o dia uma ária de Puccini ("oh mio bambino caro") que
ela ouviu num filme do Woody Allen. Aliás, também não levarei saudade do rapaz
que mora ao meu lado e está aprendendo a tocar bateria. Não levarei saudade das
cotações da Bolsa, das taxas de inflação e das dívidas externas do Brasil. Não levarei
saudade dos pasteis das feiras livres nem das próprias feiras livres, também não
levarei saudade dos blocos de índio que geralmente fedem mais do que os
verdadeiros índios. Não levarei saudade dos lugares em que não posso fumar, das
lanchas de Paquetá e dos remédios feitos com óleo de fígado de bacalhau. Não terei
saudades das mulheres que usam silicone e blusas compradas no Saara. Enfim, não
levarei saudade de mim mesmo, dos meus fracassos e dívidas. Finalmente, não terei
saudades dos milagres dos pastores evangélicos nem de um mundo que cada vez
fica mais imundo.

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O Tribunal de Justiça de Minas Gerais homologou, na quinta-feira (25/11), o primeiro


Plano de Recuperação Extrajudicial (PRE) do estado. A homologação aconteceu
durante sessão presencial realizada pela 8ª Câmara Cível, em acórdão com relatoria
da desembargadora Ângela de Lourdes Rodrigues. A decisão confirmou, em parte,
sentença proferida pelo juiz Adilon Claver de Resende, da 2ª Vara Empresarial da
Comarca de Belo Horizonte. A Recuperação Extrajudicial é regulamentada pela Lei
11.101/05. O instrumento é destacado por sua relevância, no que se refere aos
aspectos social e financeiro. Credores e devedores negociam, com autonomia, a fim
de encontrar um plano de recuperação para as empresas em débito, que é
apresentado ao Judiciário, para homologação. Com a recuperação negociada, as
empresas poderão dar continuidade aos seus trabalhos, enquanto honram seus
débitos. O pedido de homologação do PRE foi formulado e com o processamento do
pedido, foram suspensas as ações de falências e de ações de execução de créditos
sujeitos à recuperação extrajudicial envolvendo as empresas. Ao longo do trâmite do
pedido, diversos credores vieram aos autos requerendo a habilitação no processo e
apresentando impugnações contra a homologação do PRE. Diante da complexidade
do caso e da quantidade de credores – aproximadamente 600 –, foi nomeado um
administrador judicial e um perito contador para auxiliar tecnicamente o Juízo de
Primeira Instância. Concedida a oportunidade de manifestação de todos os
envolvidos no procedimento recuperacional – devedores, credores, interessados e
Administração Judicial – e apresentadas impugnações, parecer técnico e aditivo,
respeitadas as peculiaridades do procedimento de recuperação extrajudicial e
garantida a ampla publicidade ao procedimento, o juiz decidiu homologar o PRE.

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A Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais propôs arguição de descumprimento


de preceito fundamental (ADPF) em face de dispositivos do Código Tributário do
Município de Guaranésia — Lei n. 631 de 12 de dezembro de 1977. Vislumbrou-se a
não recepção pela Constituição do Estado de Minas Gerais de dispositivos da referida
lei que instituíram as Taxas de Serviços de Pavimentação, Taxas de Limpeza Pública
e Taxas de Conservação de Calçamento, já que não atendem os pressupostos da
especificidade e divisibilidade. O defensor público-geral de Minas Gerais, Gério
Patrocínio Soares, afirma que, “por se tratar de lei municipal pré-constitucional, não
existia outro meio eficaz de sanar a lesividade. Assim, a instituição da ADPF estadual
viabilizou maior proteção dos direitos fundamentais, especialmente dos vulneráveis”.
Foi requerida medida cautelar para suspensão da eficácia dos dispositivos fustigados
e, ao final, a procedência da ação para declarar a não recepção das referidas normas.
Em 5 de novembro de 2021, a Assembleia Legislativa publicou a Emenda à
Constituição do Estado de Minas Gerais de nº 110, acrescentando o §10 ao artigo
118, instituindo a arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) em
âmbito estadual, com atribuição de competência ao Tribunal de Justiça para seu
julgamento. Apenas em três estados do país a ADPF foi instituída. Além de Minas
Gerais, Alagoas e Mato Grosso do Sul também contam com tal mecanismo. A ADPF
proposta pelo defensor público-geral é a primeira em Minas Gerais. A Defensoria
Pública-Geral contou com a colaboração da Defensoria Pública da Comarca de
Janaúba, por meio do defensor público Gustavo Dayrell, para a elaboração da petição
inicial. Com informações da Defensoria Pública de Minas Gerais.

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A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao
balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me
assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca
do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher
da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz
mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição
do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou
num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial.
Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do
poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou
poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os
assuntos que merecem uma crônica. Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba
de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos.
A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se
acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda
arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar
as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres
esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da
sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome. Passo a
observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso,
aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço
de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa,
como se aguardasse a aprovação do garçom.

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João do Rio (Paulo Barreto) foi antes de mais nada um inovador da imprensa
brasileira, utilizando antes de seus companheiros, e melhor que eles, as então
novidades da reportagem in loco e da entrevista, tirando o jornalismo do início do
século 20 das mofadas redações e jogando-o nas ruas. Seu talento literário,
entretanto, fez que grande parte de seus textos tenha o formato de crônica, gênero
narrado na primeira pessoa e com recursos estilísticos que o colocam entre a
reportagem e o conto. Os estudiosos oscilam em considerá-lo o precursor, o pioneiro
ou o criador da chamada “crônica carioca”. Seja como for, é um de seus principais
expoentes e certamente o melhor. Sua importância na história da crônica brasileira,
mais particularmente do Rio de Janeiro, é imensa. Famosíssimo enquanto vivo (seu
funeral reuniu mais de 100 mil pessoas, em 1921, um quarto da população da cidade),
foi rapidamente esquecido nas décadas seguintes, mas desde 1970 vem sendo cada
vez mais revisitado. Muitos de seus livros foram reeditados, assim como coletâneas
de contos ou crônicas, privilégio compartilhado apenas por dois autores seus
contemporâneos, Machado de Assis e Lima Barreto. João do Rio abordou, entre 1900
e 1921, praticamente todos os aspectos da vida na Capital Federal. Subiu numa
favela, frequentou terreiros de candomblé e macumba, rodas de samba, casas de
ópio, cabarés e coxias de teatro. Assistiu às reformas urbanas do prefeito Pereira
Passos, que modernizaram o centro da capital. Denunciou as condições desumanas
do trabalho operário. Mas também retratou as classes dominantes: presidentes da
República, políticos e socialites, a Academia Brasileira de Letras, literatos do Brasil e
Portugal. E desde cedo mostrou posições libertárias, apoiando o voto feminino e o
divórcio décadas antes de sua adoção pelo Brasil.

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Depois do almoço, a sesta; depois da sesta, a preguiça crepuscular. Mocinhas


douradas passeiam ao longo do oceano. Crianças ganham balões coloridos, comem
pipocas, tomam sorvete. Uns pescam nas pedras; outros namoram nos bancos,
olhando o mar. Uma gaivota cor de tempestade fuzila sobre a elegante onda; fica
longamente desaparecida; então se ergue e se alça, e fica planando solitária;
estrebucha no seu bico o peixe nele atravessado como o punhal na boca do pirata.
Ninguém faz nada. O domingo à tarde já terminou, e ainda não começou o domingo
à noite. Os rádios estão ligados, as janelas estão abertas, os automóveis circulam
sem destino. Nas praças onde as amendoeiras deixam cair folhas de cobre, as babás,
que hoje não trabalham, namoram os nordestinos da construção civil. Esses homens
são franzinos e jovens; alguns, quando sorriem, mostram um dente de ouro. Estão
muito bem penteados e com sapatos muito bem engraxados. As babás, por sua vez,
foram ao cabelereiro e esticaram os cabelos; delas se desprende um odor de
sabonete. Respiram suavemente e quase não gesticulam, evitando suar nas axilas.
Quando os seus namorados ficam em silêncio, elas pensam naquelas praias onde
há coqueiros; aquelas redondas praças ornadas de palmeiras, onde o domingo não
vale nada se não há refresco de groselha. De apartamentos obscurecidos emana
uma tosse que revolve profundamente os brônquios. São os bêbados acordando de
seu pesado sono. Acordam e tossem desesperadamente e depois bebem água
gelada ― uma concessão à quietude do anoitecer. Coitados dos bêbados! Domingo
é para eles o dia de não ir à praia. Nos dias úteis, não têm problemas pela manhã;
mas domingo, tão logo acordam, pensam satisfeitos que o mar está lá fora sob o sol,
e se levantam felizes. Vestem seus shorts, calçam suas sandálias e vão para a praia.

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Minha prezada Maísa: Sabe você com que cores se costuma pintar os maus
momentos e as aflições alheias. Ontem, por exemplo, disseram-me, na rua, que você,
num só desespero, além de cortar os pulsos, abrira o gás do banheiro e ingerira uma
dose violentíssima de certos comprimidos tóxicos. Era a notícia que corria em
Copacabana, depois das seis da tarde. Mais tarde, nas boates, todos diziam que o
seu estado era desesperador, aguardando-se o desenlace para cada momento.
Comentei com amigos o desperdício dos suicídios e, no seu caso especial, o absurdo
de uma jovem tão bonita, tão artista, tão cheia de êxitos, tender, constantemente,
para a desistência do bem essencial a todos os bens, que é a vida. Hoje, graças a
Deus, os noticiários da imprensa contaram a história direito, explicando que você
apenas tomara um pileque maior e alguns comprimidos além de Miltown. Contra os
pileques, não tenho nada a reclamar. Também os tomo, e só Cristo sabe com que
desgosto lamento os erros a que eles me levam. Mas no beber há um mistério, uma
sabedoria e, além disso, um certo recolhimento, que nos levam sempre aos copos,
com independência e estado de graça. Não fosse a ameaça futura de ter um fígado
transformado em pâté maison e não pesassem outras ameaças sobre os devotados
do álcool, os sábios e doutores aconselhariam que a humanidade bebesse o mais
possível ― isto, na constatação de não nos ter o Criador concedido nascer bêbados,
o que seria, além de nobre, muito mais barato. Mas, minha prezada Maísa, o que me
leva a este bilhete não é aconselhá-la à perseverança do scotch e seus substitutivos.
Queria conversar sobre a morte, dentro da verdade irrefutável de que a vida, mesmo
quando não chega a ser uma delícia, é uma fascinante experiência de luta e coragem,
bela não só nos momentos de intensa felicidade, como, e mais ainda, nos transes
dolorosos, de que saímos mais livres e fortes.

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Nota-se, de uns tempos a esta parte, graças à crítica histórica, difundida por todas as
formas e meios, que o patriotismo é um sentimento que vai morrendo, e, se ainda é
mantido e cultuado em certas partes do mundo, é devido unicamente à necessidade
de defesa contra a vizinhança de países arrogantes, em que os charlatães do Estado,
em nome da pátria e de estúpida teoria de raças, instilaram na massa ignara das
populações sentimentos guerreiros de agressão contra os quais nos devemos
precaver, como se de cães danados fossem. A pátria é uma ideia religiosa e de
religião que morreu, desde muito. Ela nasceu da crença de que os nossos mortos
continuavam vivos de certa forma, nos lugares em que habitaram, e precisavam de
que os alimentássemos e lhes fizéssemos sacrifícios expiatórios para que não
perturbassem os nossos trabalhos de vivos. Quanto à raça, os repetidores das
estúpidas teorias alemãs são completamente destituídos das mais elementares
noções da ciência, se não saberiam perfeitamente que a raça é uma abstração, uma
criação lógica, cujo fim é fazer o inventário da natureza viva, dos homens, dos
animais, das plantas, e que, saindo do campo da história natural, não tem mais razão
de ser. Lamarck, que entendia muito bem dessas coisas e não tratou nunca de vender
a sua camelote, diz, na sua Filosofia zoológica, que a natureza não formou realmente
nem classes, nem ordens, nem espécies constantes, mas unicamente indivíduos, que
se sucedem uns aos outros, e que se assemelham àqueles que os têm produzido.
Essas duas ideias não podem, pois, de modo algum, justificar a existência do Deus-
Pátria, que, como todos os deuses, vai morrendo lenta e mansamente, de uma morte
sem dor nem agonia. Entretanto, entre nós, há uma recrudescência de patriotismo,
mas patriotismo regional. As questões de limites entre os estados tomam um aspecto
ao mesmo tempo irritante e jocoso, de contendas entre países de verdade.

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Fidel Alejandro Castro Ruz foi um político e revolucionário cubano que governou a
República de Cuba como primeiro-ministro de 1959 a 1976 e depois como presidente
de 1976 a 2008. Politicamente, era nacionalista e marxista-leninista. Ele também
serviu como primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba de 1961 até 2011.
Sob sua administração, Cuba tornou-se um Estado socialista unipartidário, a indústria
e os negócios foram nacionalizados, e reformas socialistas foram implementadas em
toda a sociedade. Castro morreu em Havana na noite de 25 de novembro de 2016,
aos 90 anos. Filho de um rico fazendeiro, Castro adotou a política anti-imperialista de
esquerda enquanto estudava Direito na Universidade de Havana. Depois de
participar de rebeliões contra os governos de direita na República Dominicana e na
Colômbia, planejou a derrubada do presidente cubano Fulgencio Batista, lançando
um ataque fracassado ao Quartel Moncada em 1953. Depois de um ano de prisão,
viajou para o México onde formou um grupo revolucionário, o Movimento 26 de Julho,
com seu irmão Raúl Castro e Che Guevara. Voltando a Cuba, Castro assumiu um
papel fundamental na Revolução Cubana, liderando o movimento em uma guerrilha
contra as forças de Batista na Serra Maestra. Após a derrota de Batista em 1959,
Castro assumiu o poder militar e político como primeiro-ministro de Cuba. Os Estados
Unidos ficaram alarmados com as relações amistosas de Castro com a União
Soviética e tentaram sem êxito removê-lo através de tentativas de assassinato,
bloqueio econômico e contrarrevolução, incluindo a invasão da Baía dos Porcos em
1961. Contra essas ameaças, Castro formou uma aliança com os soviéticos e
permitiu que eles colocassem armas nucleares na ilha, o que provocou a Crise dos
Mísseis de Cuba em 1962, um incidente determinante da Guerra Fria.

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Sir Robert "Bobby" Charlton é um ex-futebolista inglês. Dentre as habilidades do


jovem Bobby Charlton, estava sua notável visão cerebral de jogo: jogava como centro
campista avançado recuado, concluindo fulminantemente as ações ofensivas que
procurava buscar atrás, de onde também costumava desferir eficientes chutes de
média e longa distância. Era também um verdadeiro gentleman da esportividade e
do fair play e um hábil driblador, inspirado no ídolo de quase todo jovem inglês
apreciador do futebol na época, o veterano Stanley Matthews. É considerado um dos
melhores jogadores da história, não só do futebol inglês, mas também mundial. Tinha
o esporte no sangue por parte de mãe: três irmãos dela jogaram profissionalmente
como zagueiros. Seu irmão Jack seguiu o modelo da família e foi seu companheiro
na Seleção Inglesa campeã do mundo em 1966. Vindo das categorias de base do
Manchester United, então um clube médio da Inglaterra em ascensão, estreou no
time principal em 1954. Fez parte dos chamados Busby Babes, os "bebês" do técnico
da equipe, o escocês Matt Busby. O carinhoso apelido dado ao elenco vinha da baixa
média de idade do grupo (22 anos). Marcou dois gols em sua estreia e logo fez grande
dupla com Tommy Taylor. Em sua segunda temporada, foi campeão inglês com o
United. Na posterior, foi bi e que chegou com o time até as semifinais da Copa dos
Campeões da UEFA, caindo frente à força dominante do continente, o Real Madrid
de Alfredo di Stéfano. O destino lhe reservou uma trágica surpresa em fevereiro de
1958: estava com o elenco do United voltando de partida em Belgrado, na Iugoslávia,
onde o time tinha conseguido garantir novamente vaga nas semifinais da Copa dos
Campeões após empatar em 3 x 3 com o Estrela Vermelha (ao qual havia derrotado
no jogo de ida, em Old Trafford).

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A 45ª Vara Cível da Capital condenou advogado e escritório pela cobrança de valores
apropriados indevidamente de cliente, provenientes de depósitos recursais em
reclamações trabalhistas feitos pelos autores da ação. Além da reparação solidária
por danos morais, fixada em R$ 12 mil, os réus foram condenados a restituir o
montante de R$ 85,6 mil, atualizados e corrigidos desde as datas de desembolsos,
referentes a depósitos recursais cobrados pelo advogado. De acordo com os autos,
os sócios contrataram o escritório de advocacia para a defesa da empresa em
diversas reclamações trabalhistas, mas por desídia do contratado – que deixou de
passar informações importantes sobre o andamento dos processos –, os sócios
sofreram bloqueios de contas, perda de chance e danos morais. O juiz Guilherme
Ferreira da Cruz considerou que os requeridos agiram com “intenso dolo de enganar”
ao não realizar os depósitos recursais, sendo devida a restituição. Além disso, foi
verificada “inexecução obrigacional que ultrapassa o limite do aceitável – retenção
indevida de valores e desídia no exercício da advocacia”, resultando no dever de
indenizar por danos morais. O magistrado também aplicou ao caso a teoria da "perda
de uma chance", que analisa as reais possibilidades de êxito do processo,
eventualmente perdidas diante da negligência do advogado. Segundo ele, a teoria
“visa a reparar o dano material ou moral – ou mesmo os dois juntos – decorrente da
lesão de uma legítima expectativa, não mera esperança subjetiva ou remota
expectativa aleatória, que não se concretizou porque determinado fato interrompeu o
curso normal dos eventos e impediu a realização do resultado final esperado”. “A
chance deve ser séria e real, não ficando adstrita a percentuais apriorísticos, a
ultrapassar a expectativa abstrata do improvável”.

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A 8a Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve


decisão da juíza Vanessa Aparecida Bueno, da 1ª Vara de Itapira, que condenou dois
réus a 30 anos de reclusão, em regime inicial fechado, por latrocínio cometido contra
taxista idoso. Consta nos autos que a vítima trabalhava em ponto próximo a uma
rodoviária. No dia dos fatos, os réus simularam interesse em uma corrida para entrar
no táxi. No meio do caminho passaram a agredir o motorista com golpes de faca de
cozinha e depois se dirigiram a uma estrada rural, local em que abandonaram o
corpo, levando o veículo, dinheiro e documentos. Após investigação da polícia os
réus foram localizados no município de Pouso Alegre, em Minas Gerais. De acordo
com a relatora da apelação, desembargadora Ely Amioka, a prova dos autos dá a
certeza da necessidade de manutenção da condenação. “Ressalte-se que ambos os
acusados foram vistos adentrando o carro da vítima pouco tempo antes do latrocínio,
tendo o veículo do ofendido sido posteriormente encontrado na cidade de Pouso
Alegre/MG, onde residem os réus.” Sobre a dosimetria da pena a magistrada afirmou:
“Considerando-se que os réus se valeram de momento em que a vítima (com mais
de 60 anos de idade) se encontrava em situação de evidente vulnerabilidade, visto
que exercia o seu ofício de taxista em região rural e, portanto, erma, para contra ela
desferirem golpes fatais de arma branca, não havendo nem mesmo sinais de que o
ofendido tenha oferecido qualquer tipo de resistência à investida dos acusados,
conclui-se que os atos perpetrados pelos réus foram imbuídos de alta reprovabilidade
e crueldade, sendo justificável, portanto, a manutenção da fração de aumento mais
gravosa”. O julgamento teve a participação dos desembargadores Sérgio Ribas e
Marco Antônio Cogan. A decisão foi unânime.

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O presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Geraldo Francisco


Pinheiro Franco; o corregedor-geral da Justiça e presidente eleito do TJSP para o
biênio 2022/2023, desembargador Ricardo Mair Anafe; e o corregedor eleito para o
biênio 2022/2023, desembargador Fernando Antonio Torres Garcia, reuniram-se
ontem (22), no Palácio da Justiça, com integrantes da Diretoria da Associação dos
Advogados de São Paulo (AASP). Ao dar as boas-vindas à presidente da Associação,
Viviane Girardi, e aos demais participantes, Pinheiro Franco destacou o respeito do
Tribunal pela AASP, que “sempre têm palavras de incentivo, se alinhando ao TJSP
para que possa prestar a jurisdição da melhor forma possível”. A advogada afirmou
que tem o mesmo entendimento do presidente sobre o trabalho em parceria e a busca
pelo diálogo para a solução dos problemas. Acompanhada do 1º secretário, Mário
Luiz Oliveira da Costa; do 2º secretário, Eduardo Foz Mange; do 1º tesoureiro, André
Almeida Garcia; da 2ª tesoureira, Paula Lima Hyppolito dos Santos Oliveira; e da
diretora adjunta Flávia Hellmeister Clito Fornaciari Dórea, apresentou algumas
demandas dos associados, relacionadas ao sistema processual, digitalização de
processos, protocolo e trabalho presencial, que serão analisadas pela direção do
TJSP. Viviane Girardi aproveitou a oportunidade para parabenizar o presidente e
demais integrantes do Conselho Superior da Magistratura pelo trabalho que realizado
ao longo do biênio, especialmente durante o difícil período vivido. E cumprimentou o
Tribunal pela rapidez com que conseguiu retomar os trabalhos de forma virtual. “2021
exigiu resiliência e soluções para a situação que perdura por um bom tempo”, afirmou.
E completou: “A pandemia acelerou o processo de transformação digital do
Judiciário”.

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Ligava-nos uma amizade formal. Em coquetéis mundanos ou durante aberturas


elegantes do Museu de Arte Moderna, eu trocava algumas palavras com uma jovem
senhora perfeitamente adequada ao ambiente: pequena, porém esbelta, muito bem
envolvida em fazendas coloridas, coroado por um coque castanho o seu rosto de
traços firmes. Uma particularidade, sem quebrar a harmonia dessa figura com a
frívola alegria reinante, servia para individualizá-la em meio a tantas outras
igualmente adequadas até no perfume (a escolher: Ma Griffe, Bandit, Arpège,
Shocking…). E sua voz que possuía um timbre resplandecente. Não há outra maneira
de descrevê-la: uma voz grave clara, sem surdinas, que faz vibrar ao telefone. Nada
mais. Lygia Clark não me parecia, por conseguinte, nada mais do que uma jovem
pintora de talento que, precisamente, tendo acabado de voltar de Paris, onde fora
aluna de Léger, expunha no Ministério da Educação alguns quadros a óleo muito bem
estruturados e que representavam escadas. Depois quebrou a moldura. Deixou de
pintar figuras. Passou a figurar em primeiro plano no movimento de vanguarda
preconizado, orientado e defendido bravamente por Mário Pedrosa. Nada mais. Lygia
Clark estava perfeitamente adequada. Mas ela começou a alvejar seus quadros com
essas pistolas que se usam para pintar automóveis. Seu atelier, no fundo de um
confortável apartamento na av. Prado Jr, passou a ser um lugar onde eu gostava de
ir porque um perfume que me agrada é o de tinta de automóvel. Evidentemente suas
pesquisas me interessavam; mas eu não teria tempo para nada se frequentasse
todos os artistas cujas pesquisas me parecem interessantes – e se, ainda por cima,
resolvesse escrever sobre cada um. Houve, no entanto, uma tarde em que ela
conquistou o direito à admiração que reservo às pessoas especiais.

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Quando a crise convida ao pessimismo ou ameaça descambar na depressão, está


na hora de ler. Poesia ou prosa, tanto faz. Verdadeiro sábio era o Rubem Braga.
Tinha com a vida uma relação direta, sem intermediação intelectual. Houvesse o que
houvesse, trazia no coração uma medida de equilíbrio que era um dom de nascença,
mas era também fruto do aprendizado que só a experiência dá. No pequeno mundo
do cotidiano, sabia como ninguém identificar as boas coisas da vida. E assim viveu
até o último instante. Certa vez, no auge de uma crise, crivada de discursos e de
diagnósticos, o Rubem estava de olho nas frutas da estação. Madrugador, cedinho
já sabia das coisas. Quando o largo horizonte nacional andava borrascoso, ele se
punha a par das nuvens negras, mas não mantinha o olhar fixo no pé-direito alto da
crise. Baixava o olhar ao rodapé, pois o sabor do Brasil está também no rés do chão.
Num dia de greve geral, inquietações no ar, tudo fechado, o Rubem me telefonou:
"Vamos ao Bar Luiz, na rua da Carioca? Vamos ver a crise de perto". E lá fomos. O
bar estava aberto e o chope, esplêndido. Começamos por um preto duplo, que a sede
era forte. Depois mais um, agora louro. E outro. Claro que não faltou o salsichão com
bastante mostarda. Calados, mas vorazes, cumpríamos um rito. Alguém por perto
disse que a Vila Militar tinha descido com os tanques. Saímos dali e fomos a um sebo.
O Rubem comprou Xanã, do Carlos Lacerda, com dedicatória. Depois pegamos o
carro e voltamos pelo aterro, onde se pode exercer o direito da livre eructação. Tinha
sido um perfeito programa cultural. E sem nenhum incentivo do governo. Vi agora na
televisão que o maracujá está em baixa e me lembrei do velho Braga. Nem tudo está
perdido. Fui à feira e comprei também dois suculentos abacaxis. Caem bem nesta
hora de atribulação nacional. Só falta agora descobrir um bom pastel de palmito na
zona norte.

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76

Em minutos espalhara-se a notícia: uma baleia no Leme e outra no Leblon haviam


surgido na arrebentação de onde tinham tentado sair sem no entanto poder voltar.
Eram descomunais apesar de apenas filhotes. Todos foram ver. Eu não fui: corria o
boato de que ela agonizava já há oito horas e que até atirar nela haviam atirado mas
ela continuava agonizando e sem morrer. Senti um horror diante do que contavam e
que talvez não fossem estritamente os fatos reais, mas a lenda já estava formada em
torno do extraordinário que enfim, enfim! Acontecia, pois por pura sede de vida melhor
estamos sempre à espera do extraordinário que talvez nos salve de uma vida contida.
Se fosse um homem que estivesse agonizando na praia durante oito horas nós o
santificaríamos, tanto precisamos de crer no que é impossível. Não, não fui vê-la:
detesto a morte. Deus, o que nos prometeis em troca de morrer? Pois o céu e o
inferno nós já os conhecemos – cada um de nós em segredo quase de sonho já viveu
um pouco do próprio apocalipse. E a própria morte. Fora das vezes em que quase
morri para sempre, quantas vezes num silêncio humano – que é o mais grave de
todos do reino animal –, quantas vezes num silêncio humano minha alma agonizando
esperava por uma morte que não vinha. E como escárnio, por ser o contrário do
martírio em que minha alma sangrava, era quando o corpo mais florescia. Como se
meu corpo precisasse dar ao mundo uma prova contrária de minha morte interna para
esta ser mais secreta ainda. Morri de muitas mortes e mantê-las-ei em segredo até
que a morte do corpo venha, e alguém, adivinhando, diga: esta, esta viveu. Porque
aquele que mais experimenta o martírio é dele que se poderá dizer: este, sim, este
viveu. O mais estranho é que todas as vezes em que era só o corpo que estava à
morte, a alma o desconhecia.

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77

Não há dúvida. A maioria da sociedade atravessa agora uma crise nervosa que se
pode denominar a nevrose do snobismo. É nas gazetas, é nos salões, é nas ruas: —
a moléstia invade tudo. Não há lar por mais modesto, não há sujeito por mais simples
que não se sintam presos do mal esquisito de ser snob, e o snobismo é tanto a
modéstia do galarim da moda, que uma porção de cidadãos graves já com afinco e
solenidade resolve fazer-lhe oposição. O snobismo é como a neurastenia, é pior
porque as altitudes e o repouso só conseguem desenvolvê-lo; o snobismo é o mal
que se sofre, mas cuja origem se ignora e cuja marcha não se sabe onde vai parar.
Que vem a ser snob em terras cariocas? O snob do Rio é homem que algaravia uma
língua marchetada de palavras estrangeiras, fala com grande conhecimento da
Europa, da vida elegante da Riviera, das croisières em yachts pelos mares do norte,
dos hotéis e da depravação do Cairo e de outras cidades oftálmicas do Egito, aonde
é moda ir agora; o snob nacional é o tipo que procura vestir bem e ser amável — é
afinal um reflexo interessante e simpático do snob universal, com a qualidade
superior de ter pouco dinheiro. Foi a imprensa que acertou de fazê-lo assim, porque
foram os jornalistas que tiveram a ideia de inventar os five o’clocks, de chamar
algumas senhoras belas de leading-beauties, de arranjar gentlemen set e de ver tudo
up-to-date entre senhoras que, mesmo de vestido de chitinha, usam tea-gowns,
servem o samovar e jogam o bridge, fomos nós que, munidos de quatro ou cinco
magazines mundanos da América e da Europa, disparamos a fazer a fusão das
línguas em nome da elegância. Esta tensão jornalística logo após a abertura das
avenidas e da entrada dos automóveis foi como o rastilho para a explosão da bomba.
Hoje os jornalistas são as vítimas dessa nevrose do chic. A corrente era aliás
inevitável. Os pequenos fatos são sempre a origem dos pequenos acontecimentos.

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Na semana passada os jornais noticiaram um interessante julgado. Creio que é assim


que os arcaizantes jurisconsultos denominavam as decisões de seus tribunais e
juízes. Trata-se de um cidadão de São Paulo que raptou uma moça com quem
desejava casar-se. Consumado o casamento natural e adamítico, mesmo assim o
pai, que, antes dele, havia negado consentimento para o consórcio burocrático,
pretoriano ou eclesiástico, continuou na sua teima, não permitindo que o rapaz
“reparasse a falta”, sob a alegação de vários motivos que não vêm ao caso citar.
Resolveram pessoas autorizadas pelo Estado internar a moça num asilo, e o cidadão,
que tinha as melhores disposições para aumentar o coeficiente de nupcialidade, foi
muito juridicamente parar na cadeia, regularmente condenado, porque o seu desejo
era casar-se com uma dada e determinada moçoila. Esse fato jurídico-policial em
todo o seu desenvolvimento prestar-se-ia a muitas considerações sutis sobre leis,
tribunais e autoridades, se fosse tratado por outra pena que não a minha, inábil e
canhestra. Em todo o caso, porém, eu me animo a dizer alguma coisa, para sugerir
a outras inteligências mais capazes que a minha a necessidade de interessar-se por
ele e comentá-lo como é merecedor. Na primeira parte, o pai, que julgava muito mal
o seu genro espontâneo, não o queria artificial, por isso o casamento não se efetuou,
de acordo com a Lei 142.238 A, de 30 de agosto de 1327, § 7º, letra alfa; permissão
de 15 de outubro de 1447; carta régia de 18 de novembro de 1637; resolução da
mesa do bem comum, de 2 de fevereiro de 1732; acórdão da Casa de Suplicação de
44 do Ramadã de 1427, da Hégira, etc., etc. Bem. Toda a legislação romana, arábica,
visigótica, portuguesa, etc., etc., dava-lhe poderes bastantes para impedir o
matrimônio da filha menor.

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A viagem de avião até Klagenfurt, no interior da Áustria, durou quatro horas e meia.
Depois foram mais três horas de ônibus até cruzarmos a fronteira. E chegamos a
Bled, uma pequenina cidade de veraneio à beira de um lago, num perdido rincão da
Iugoslávia, onde se realizaria o congresso anual do Pen Clube. Eu fora incluído na
delegação inglesa, já que morava em Londres — mas como brasileiro, é claro. Era
noite quando, já instalado no hotel, desci até a portaria e perguntei pelos outros.
Perguntei em inglês. O gerente do hotel, também em inglês, me informou que os
demais escritores tinham ido jantar no restaurante do lago, onde me aguardavam.
Como eu iria até lá? — Fácil — disse ele com um sorriso: era só tomar um táxi ali
mesmo na porta do hotel. Sorriso irônico? sarcástico? ou apenas amável, com aquela
amabilidade profissional dos gerentes de hotel? O certo é que senti naquele sorriso
algo de estranho, que na hora não soube identificar, mas que mais tarde concluí ser
um sorriso simplesmente diabólico. Sim, tomei o táxi como ele recomendara —
estacionado em frente ao hotel, como se estivesse ali especialmente para mim. Não
havia luz; só quando o carro já beirava o lago, e a lua estendeu sobre a água uma
esteira luminosa, pude distinguir o motorista. Era uma mulher. E que mulher! Vista
por trás, parecia uma macaca: cabelos curtos, ombros largos, braços retesados
segurando o volante. Uma espécie de uniforme de motorista dava-lhe um ar de
sargento. Principalmente no instante em que se voltou para mim e desferiu uma
pergunta em palavras duras como pedras. Claro que não entendi uma só. — Do you
speak English? — perguntei, no tom mais delicado possível. Não, ela não falava
inglês. Nem francês, nem italiano, nem espanhol. Ignorou minhas perguntas e
continuou a insistir na sua. Eu me limitava a sacudir a cabeça, com um sorriso idiota,
deixando claro que me era impossível entender.

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Ar de empregada ela não tinha: era uma velha mirrada, muito bem arranjadinha,
mangas compridas, cabelos em bandó num vago ar de camafeu ― e usava mesmo
um, fechando-lhe o vestido ao pescoço. Mas via-se que era humilde ― atendera ao
anúncio publicado no jornal porque satisfazia às especificações, conforme ela própria
fez questão de dizer: sabia cozinhar, arrumar a casa e servir com eficiência a senhor
só. O senhor só fê-la entrar, meio ressabiado. Não era propriamente o que esperava,
mas tanto melhor: a velhinha podia muito bem dar conta do recado, por que não? e
além do mais impunha dentro de casa certo ar de discrição e respeito, propício ao
seu trabalho de escritor. Chamava-se Custódia. Dona Custódia foi logo botando
ordem na casa: varreu a sala, arrumou o quarto, limpou a cozinha, preparou o jantar.
Deslizava como uma sombra para lá, para cá ― em pouco sobejavam provas de sua
eficiência doméstica. Ao fim de alguns dias ele se acostumou à sua silenciosa
iniciativa (fazia de vez em quando uns quitutes) e se deu por satisfeito: chegou
mesmo a pensar em aumentar-lhe o ordenado, sob a feliz impressão de que se
tratava de uma empregada de categoria. De tanta categoria que no dia do aniversário
do pai, em que almoçaria fora, ele aproveitou-se para dispensar também o jantar, só
para lhe proporcionar o dia inteiro de folga. Dona Custódia ficou muito satisfeitinha,
disse que assim sendo iria também passar o dia com uns parentes lá no Rio
Comprido. Mas às quatro horas da tarde ele precisou de dar um pulo ao apartamento
para apanhar qualquer coisa que não vem à história. A história se restringe à
impressão estranha que teve, então, ao abrir a porta e entrar na sala: julgou mesmo
ter errado de andar e invadido casa alheia. Porque aconteceu que deu com os móveis
da sala dispostos de maneira diferente, tudo muito arranjadinho e limpo, mas cheio
de enfeites mimosos.

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Super Mario 64 (é um jogo eletrônico de plataforma desenvolvido e publicado pela


Nintendo. Lançado em 1996 para o Nintendo 64, é o primeiro título da série Super
Mario a oferecer gráficos tridimensionais (3D). O jogador controla o protagonista
Mario, que percorre pelo castelo da princesa Peach na missão de resgatá-la de
Bowser. Super Mario 64 apresenta uma jogabilidade em mundo aberto, com o seu
grau de liberdade sendo através de áreas relativamente grandes compostas
principalmente por polígonos tridimensionais, em vez de apenas sprites
bidimensionais (2D). Ele enfatiza a exploração em vastos mundos, que exigem que
o jogador complete várias missões, além das ocasionais pistas de obstáculos lineares
(como nos jogos de plataforma tradicionais). Ele preserva muitos dos elementos de
jogabilidade e personagens dos jogos anteriores da franquia, bem como o estilo
visual. O produtor, diretor e criador de Mario, Shigeru Miyamoto, concebeu um jogo
em 3D do personagem durante a produção de Star Fox (1993). O desenvolvimento
de Super Mario 64, realizado pela equipe da Nintendo Entertainment Analysis &
Development, durou cerca de três anos; um ano foi dedicado ao design, enquanto os
dois anos seguintes em trabalho direto. Os visuais foram criados usando o Nichimen
N-World com Miyamoto pretendendo incluir mais detalhes do que nos jogos
anteriores. A trilha sonora foi composta por Koji Kondo. Um modo multijogador com
Luigi como personagem jogável foi planejado, mas foi descartado. Juntamente com
Pilotwings 64, Super Mario 64 foi um dos jogos de lançamento do Nintendo 64. Super
Mario 64 é aclamado como um dos melhores jogos eletrônicos de todos os tempos e
foi o primeiro a receber uma pontuação perfeita da revista Edge. Os revisores
elogiaram sua ambição, visual, jogabilidade e música, apesar de criticarem seu
sistema de câmeras.

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Na cultura popular, os vampiros são comumente associados a criaturas que se


alimentam da essência vital das pessoas, na maioria das vezes essa representação
vem sob a forma de sangue das mesmas. Seja um morto-vivo ou um ser que depende
de tal elemento para se manter vivo, os vampiros se tornaram populares no início do
século 19, embora existam relatos em tempos tão longínquos quanto a pré-história,
conforme aponta Brian J. Frost em 'The Monster with a Thousand Faces: Guises of
the Vampire in Myth and Literature', publicado pela Universidade de Wisconsin. O
fato é que a lenda sobre o personagem que sugava sangue do pescoço de suas
vítimas se tornou muito popular na Europa Oriental e na região dos Balcãs. O que
aumentou a superstição de diversos povos passados. Em 1819, com a publicação do
romance 'The Vampyre', de John Polidori, estabeleceu-se a figura de um vampiro
mais carismático e sofisticado. Entretanto, é a obra de Bram Stoker, em 1897, que
moldou a representação que conhecemos ainda hoje. Para se ter uma ideia, existiu
um tempo em que o medo de vampiros se tornou tamanho, que pessoas chegavam
a fazer rituais para que cadáveres não ressuscitassem no meio da noite e atacassem
a população. Um desses casos foi relatado em uma descoberta feita na Bulgária,
nação balcânica, em outubro de 2014. Conhecido como 'Indiana Jones da Bulgária',
conforme aponta matéria publicada pelo jornal o Globo, o professor Nikolai Ovcharov
dedica parte de seu tempo em busca de desenterrar os mistérios de antigas
civilizações. Enquanto escavava as ruínas do templo de Perperikon, que fica a
sudoeste de Sofia, capital da Bulgária, e perto da fronteira com a Grécia, o arqueólogo
fez uma incrível descoberta: uma ossada humana que possuía uma estaca cravada
na região do coração.

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83

Xuxa Meneghel foi um verdadeiro fenômeno da televisão brasileira na década de


1980. Em 1985, a Rainha dos Baixinhos conheceu a história de uma fã mirim que só
dormia abraçada com uma boneca de pano, feita pela mãe, era inspirada em sua
imagem. Naquela época, Xuxa Meneghel já fazia sucesso apresentando o Clube da
Criança, na extinta TV Manchete. Com a história, Xuxa firmou uma parceria com a
Brinquedos Mimo para a criação de uma boneca inspirada na apresentadora. Após
ser adiada diversas vezes, a boneca da Xuxa foi lançada em 4 de maio de 1987.
Segundo explica o portal Segredos do Mundo, do R7, todo o processo de criação do
brinquedo foi acompanhado de perto por Maurício de Sousa. Além do criador da
Turma da Mônica, a estilista Márcia Cunha ajudou na confecção das roupas da
boneca. O primeiro modelo lançado tinha 85 centímetros de altura e era conhecido
por seu cheiro de ervadoce. Para se ter uma ideia, o sucesso da boneca da Xuxa foi
tão grande que cerca de 800 mil unidades foram vendidas. Além disso, em 1991, o
produto começou a ser comercializado em diversos países da América Latina. Como
se pode ver, o brinquedo foi uma verdadeira febre entre as crianças, o que,
certamente, deve ter causado uma enorme dor de cabeça entre os pais delas que
tiveram que ouvir inúmeros pedidos para que eles comprassem a boneca. E é
justamente em uma dessas histórias que nasceu a lenda urbana que chocou os
moradores da cidade de Sorocaba, no interior de São Paulo. Segundo reza a lenda,
no final dos anos 80, uma criança de dois anos começou a pedir incansavelmente
para que sua mãe lhe desse uma boneca da Xuxa. Desempregada e sem grana, a
mulher teria dito, com irritação, que só conseguiria caso 'o diabo mandasse o
dinheiro'. No dia seguinte, segundo a lenda, foi exatamente isso que aconteceu. A
mulher teria recebido justamente a quantia exata para comprar o brinquedo da filha.

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84

Muitos episódios da linha do tempo histórica acabam confundindo a nossa percepção


de tempo. Para se ter ideia, quando a Proclamação da República ocorreu no Brasil,
no ano de 1889, os londrinos já contavam com uma linha de metrô. Em 10 de janeiro
de 1863, foi inaugurada a primeira linha de metrô do mundo, em Londres na
Inglaterra. Naquele dia, cerca de 40 mil pessoas foram transportadas na nova
locomotiva subterrânea. Idealizada pelo político e advogado Charles Pearson, a linha
possuía apenas 6,5 quilômetros de extensão e ligava a rua Farringdon à rua
Paddington. Pequena, tinha apenas sete estações e podia ser percorrida de um
extremo a outro em apenas 33 minutos. Uma curiosidade interessante é que as
locomotivas eram a vapor e, por esse motivo, os trens possuíam um tanque para
onde iam os gases liberados. Os primeiros transportes elétricos só começariam a
circular no início do século 20. Conforme repercutido pelo Opera Mundi, a partir do
século 19, a capital da Inglaterra experimentou um enorme crescimento, tornando-se
a maior cidade do mundo. Contudo, junto ao progresso e ao intenso aumento
populacional, surgiu uma série de problemas estruturais. Os únicos meios de
transporte eram as charretes puxadas por cavalos e os trens que funcionavam na
superfície.Foi então que, nos anos 1830, surgiu a ideia de construir um novo meio
subterrâneo, que levaria os trabalhadores de suas casas até os locais de trabalho.
Porém, devido à falta de iniciativa por parte do governo britânico, a ideia foi esquecida
por vários anos, até que voltou a ser considerada na década de 1850. Foi então que
Charles Pearson entrou em cena.

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Em 2014, dois arqueólogos encontraram uma curiosa esfinge no deserto da


Califórnia, nos Estados Unidos, entre diversos outros vestígios que para curiosos
poderiam lembrar uma cidade egípcia enterrada sob as dunas norte-americanas. O
achado, no entanto, não fora de objetos milenares, como se poderia esperar de
quaisquer artefatos deixados pela civilização egípcia, e sim construções muito mais
recentes. De 91 anos atrás, para sermos mais exatos. Isso porque os vestígios
encontrados são, na verdade, do set de gravações de um filme Hollywoodiano: o
clássico 'Os Dez Mandamentos', de 1959. Na época, não era possível contar com
efeitos especiais que temos atualmente, de forma que a produção do filme gastou
recursos extensos na produção de um cenário realista (e também extravagante).
Foram feitas não apenas esfinges de vários metros, como também estátuas do
grande Ramsés e até um templo de incríveis 240 metros de comprimento. Para
realizar tal feito, foram empregados por volta de 1.500 profissionais. O projeto foi
apelidado carinhosamente de Cidade DeMille, em referência ao diretor da ousada
produção. O lendário cineasta Cecil B. DeMille, entretanto, logo descobriu que tentar
realizar as filmagens de um filme em um set de gravações de 62 quilômetros
quadrados não era assim tão fácil. Como seria trabalhoso (e caro) desmontar todo o
cenário construído pelo time, Cecil também não poderia simplesmente deixar o
cenário disponível para outros filmes. Assim, teve uma ideia insólita: com as
gravações finalizadas, toda a cidade falsa foi alvo de uma dinamite. Os esforços da
equipe tiveram um resultado impressionante, formando o que pode facilmente ser
confundido com uma pequena cidade egípcia em meio às dunas californianas. 'Se
daqui a mil anos arqueólogos escavarem debaixo das areias de Guadalupe, espero
que eles não encontrem vestígios de uma civilização egípcia', escreveu o artista em
sua autobiografia, anos mais tarde.

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No ano de 1754 em Jundiaí, Thereza Leyte (mãe) e Escolástica Pinta da Silva (filha)
foram acusadas pelo tribunal do Santo Ofício da Justiça Eclesiástica de terem feito
um pacto com o diabo, que teria acabado na morte do primeiro marido da filha,
Manoel Garcia. O óbito seria resultado de feitiçarias realizadas pela dupla. A
Inquisição (um movimento da Pontifícia Católica, a fim de combater ameaças ao
Cristianismo) apesar de ter tido seu epicentro na Europa desde o século 12, também
conseguiu chegar ao Brasil no começo do período colonial. A atividade no Brasil se
consolidou depois do estabelecimento do Tribunal do Santo Ofício, que recebia
visitas exclusivas de portugueses inquisitores, responsáveis por investigar
comportamentos e práticas que se desviavam dos estabelecidos pelo catolicismo.
Esta história foi resgatada pela pesquisadora e filóloga Narayan Porto durante a
pesquisa de mestrado Feitiçaria paulista: transcrição de processo-crime da Justiça
Eclesiástica na América portuguesa do século 18, comentada no Jornal USP. A
pesquisa teve como base manuscritos originais da Cúria Metropolitana de São Paulo,
que traziam um processo criminal que envolvia as duas mulheres, revelando a
história das supostas feiticeiras. O trabalho também buscou esclarecer como o
Tribunal do Santo Ofício agia na América portuguesa, focalizando a sua atuação no
Brasil Colônia. As conspirações contra essas mulheres começaram quando Manoel
Garcia voltou adoecido de uma viagem para Goiás. Desse modo, os parentes do
homem incriminaram a esposa e a sogra de terem conjurado a doença através de
bruxarias, a fim de pegaram alguns bens dele que estavam em disputa com os
familiares, segundo o que foi registrado no processo, que data de 1754, oito anos
depois da morte de Garcia.

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Na última sexta-feira, 5, o Brasil foi abalado pela repentina morte da cantora Marília
Mendonça. A diva do sertanejo fazia uma viagem em um avião bimotor quando este
se acidentou pouco antes de fazer seu pouso no Aeroporto de Caratinga, em Minas
Gerais. A incerteza e preocupação a respeito do estado da artista se transformaram
em choque nacional quando foi confirmado que ela havia, de fato, perdido sua vida
na tragédia. Conforme divulgado pela Globo, a aeronave teria se chocado contra o
cabo de uma torre da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), o que fez com
que perdesse um dos motores e caísse. Infelizmente, nenhum dos passageiros
resistiu ao episódio. Não apenas Marília morreu, mas também seu tio e assessor,
Abicieli Silveira Dias Filho, seu produtor Henrique Ribeiro, e ainda o piloto e copiloto
da aeronave. O luto enfrentado pelos brasileiros após a perda da cativante cantora,
então, foi comparado por intenautas nas redes sociais, já que se assemelha ao que
ocorreu no ano de 1996, após os Mamonas Assassinas sofrerem, também, um
acidente fatal de avião. Autoproclamados como uma banda do gênero 'sonrisal', os
Mamonas Assassinas realizavam seu último show no estádio Mané Garrincha, em
Brasília, na noite do dia 2 de março de 1996. Coincidentemente, o show era o último
da turnê; os rapazes retornariam a Guarulhos, cidade onde o conjunto foi formado, e
pousariam no aeroporto, em Cumbica, São Paulo. Com o fim da turnê, iniciariam os
preparativos para a gravação do segundo disco, em Portugal. No entanto, o avião
Learjet PT-LSD (que já apresentava erros durante o último mês de uso, conforme
documentado pela equipe do MTV na Estrada) que acompanhou a banda em alguns
dias da turnê, tinha um piloto com apenas 170 horas de voo naquele modelo de
aeronave. O recomendado seria 500 horas, como informou a Folha.

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Se você é um amante de filmes de princesas, já deve saber que o novo live-action de


Cinderella estreou no Amazon Prime no dia 3 de setembro. Mas, se espera encontrar
um ‘amor desses de cinema’, esse não é o filme. Na adaptação feita do clássico do
escritor francês Charles Perrault, 'La gatta cenerentola', ou Gata Borralheira na
tradução livre, a obra dirigida por Kay Cannon, conhecida por escrever e produzir a
série de filmes Pitch Perfect (2012), flerta com o feminismo, o empreendedorismo e
a contemporaneidade. Confesso que estava ansiosa para o lançamento,
principalmente para acompanhar a primeira vez da cantora pop Camila Cabello, que
interpretou Cinderella, no novo longa. O Príncipe Robert foi Nicholas Galitzine, que
teve papel importante na série de terror da Netflix, Chambers. A experiente Idina
Menzel, cantora, atriz e compositora, dubladora da Elsa em Frozen, e parte do elenco
de Glee foi escalada para o papel de Vivian, a madrasta que de acordo com Cannon,
não é nem um pouco 'má'. O time dos veteranos também conta com a Rainha Beatriz
estrelada por Minnie Driver, fada doméstica no filme Ella Enchanted (2004) e o
majestoso Pierce Brosnan, destaque pela atuação como James Bond (1995-2002)
como Rei Rowen. E claro, Billy Porter, ator e cantor americano que roubou a cena e
bancou o papel da Fab G. Tudo no filme acontece em cenários musicais muito bem
preparados, mas que não conseguem envolver ou transportar o público como
pretendido. O que vale muito a pena é a performance de 'Dream Girl' em que todas
as mulheres, lideradas por Vivian, se juntam para cantar sobre o sufocante sexismo
social que suportaram. Algumas adaptações de hits foram interpretadas com
maestria, como o cover de 'Perfect' do Ed. Sheeran ou 'Am I Wrong' de Nico & Viniz.
O mashup de 'Seven Nation Army' do White Stripes e 'What A Man' do Shoop é um
dos melhores arranjos do filme. Apesar disso, boa parte das cenas musicais são
exaustivas e nem sempre fascinantes.

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Quando eu era pequena, queria ser jogadora de futebol. Não qualquer uma. Queria
vestir a camisa da seleção e representar o Brasil. Joguei futebol na rua, em quadra
de barro, na escola, nos ginásios, disputei campeonatos. Até que fui convidada para
jogar no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa Marechal Mário Ary Pires
(COTP), em São Paulo. Eu tinha apenas 14 anos quando isso aconteceu. Num breve
momento, me vi conciliando treino, escola, adolescência, família, amigos, treino, mais
treino e treino de novo. Eu precisava ser boa, queria ser a melhor. Num infeliz
incidente, quebrei a perna. Meu objeto de trabalho (ou lazer) o que me sustentava, o
que me fazia alcançar o meu objetivo: o gol. Gesso durante três meses e para voltar
a jogar, teria que fazer fisioterapia. Não fiz. E com essa decisão, morreu um sonho.
Eu desisti, mas muitas crianças e adolescentes encaram o esporte como um modelo
de vida, não só aquilo que dá prazer. Querem fazer disso seus trabalhos, suas
conquistas, seus futuros. Rayssa Leal, a 'Fadinha' do skate, medalhista Olímpica aos
13 anos (a mais nova do Brasil) conquistou o mundo. A atleta que nasceu em 2008,
já foi notada quando tinha seis anos por ninguém mais ninguém menos que Tony
Hawk, um dos maiores ídolos desse esporte. Com a conquista da prata nas
Olimpíadas de Tóquio (2020), uma série de entrevistas, patrocínios e até mesmo
comercial da Nike, a Fadinha 'dominou' tudo. Mas ela também levantou debates. Será
que é possível manter uma distância entre obrigação e lazer no esporte? Para o
Presidente da Associação Paulista da Psicologia do Esporte e autor de cinco livros
sobre psicologia esportiva, João Ricardo Cozac, 'não há uma fórmula mágica, cada
caso é um caso'.

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O comércio eletrônico cresceu 68% em 2020 no Brasil e, com a pandemia da COVID-


19, a adoção do trabalho remoto decolou, assim como a educação a distância. A
acelerada transição da economia digital no mundo, juntamente com a inserção de
novas tecnologias, como inteligência artificial e robótica, prometem redesenhar a
natureza do trabalho. A questão que fica é: o futuro do trabalho está sendo pensado
de forma a incluir as mulheres? A artesã Isabel Ribeiro, 61 anos, viu o isolamento
social desafiar a existência da Associação de Artesãos de Campos Sales, no Ceará,
que vende produtos feitos com palha de milho, couro e trançados há mais de 18 anos.
Muitos clientes chegavam pela loja física e ela se sentiu de mãos atadas desde o ano
passado, sem saber como manter o negócio, coordenado por ela. 'Para mim está
sendo difícil. Eu ainda estou meio perdida', disse sobre a transição do negócio para
o digital. Isabel conseguiu fazer uma conta no Instagram para a associação, mas as
vendas virtuais são escassas e o balanço comercial já está perto do vermelho. Ela
considera que domina bem competências digitais básicas, como acesso ao e-mail e
às fotos no computador. Mas não tem noção de gerenciamento de redes, plataformas
de vendas ou mesmo como usar planilhas eletrônicas para controlar o fluxo de caixa
do negócio. 'O desespero da mulher empreendedora hoje é que ela já entendeu que
o digital é necessário, que é a única saída, mas ela ainda não sabe como usar as
ferramentas nos negócios', explica Ana Fontes, fundadora e presidente da Rede
Mulher Empreendedora (RME). A alta exigência por competências digitais e a
demanda por estudos e requalificação são desafios para muitas profissionais no
Brasil. Mulheres enfrentam jornadas duplas atreladas ao trabalho doméstico, algo
que foi ainda mais acentuado durante a pandemia.

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Os direitos sociais surgiram em razão do tratamento desumano vivido pela classe


operária durante a Revolução Industrial na Europa, nos séculos XVIII e XIX. A
principal característica dessa revolução foi a substituição do trabalho artesanal pela
produção em grande escala e com uso das máquinas. Nesta época, proprietários de
fábricas europeus ambicionavam lucrar mais e o operário acabou sendo explorado,
trabalhando horas que hoje sabemos serem exaustivas em troca de salário
baixíssimos. Os 'direitos liberais' (Liberdade, Igualdade, Fraternidade) conquistados
nesse mesmo período mostraram-se frágeis: as necessidades primárias dos
indivíduos como alimentar-se, vestir-se, morar, ter condições de saúde, ter segurança
diante da doença, da velhice, do desemprego e dos outros percalços da vida não
estavam sendo de fato assegurados. O descontentamento da classe operária
fortaleceu a conscientização sobre a necessidade de 'direitos sociais' que através do
Estado iriam proteger essas minorias. Essa consciência foi ganhando força e sendo
assegurada em diversos países, como na 'Constituição Política dos Estados Unidos
Mexicanos' de 1917, que proibia a reeleição do Presidente da República, garantia as
liberdades individuais e políticas, quebrava o poder da Igreja Católica, expandia o
sistema de educação pública, a reforma agrária e a proteção do trabalho assalariado.
A Constituição Russa e a Alemã de 1919 (chamada de Constituição de Weimar)
também exerceram grande influência sobre a evolução dos direitos sociais. A
necessidade de garantia da dignidade da pessoa humana ficou ainda mais evidente
diante da eclosão e término das guerras mundiais na primeira metade do século XX,
já que neste período os indivíduos e seus direitos foram desvalorizados diante dos
interesses das maiores potências econômicas.

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92

Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um disturbio


emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico
resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita
competitividade ou responsabilidade. A principal causa da doença é justamente o
excesso de trabalho. Esta síndrome é comum em profissionais que atuam
diariamente sob pressão e com responsabilidades constantes, como médicos,
enfermeiros, professores, policiais, jornalistas, dentre outros. Traduzindo do inglês,
'burn' quer dizer queima e 'out' exterior. A Síndrome de Burnout também pode
acontecer quando o profissional planeja ou é pautado para objetivos de trabalho
muito difíceis, situações em que a pessoa possa achar, por algum motivo, não ter
capacidades suficientes para os cumprir. Essa síndrome pode resultar em estado de
depressão profunda e por isso é essencial procurar apoio profissional no surgimento
dos primeiros sintomas. A Síndrome de Burnout envolve nervosismo, sofrimentos
psicológicos e problemas físicos, como dor de barriga, cansaço excessivo e tonturas.
O estresse e a falta de vontade de sair da cama ou de casa, quando constantes,
podem indicar o início da doença. Normalmente esses sintomas surgem de forma
leve, mas tendem a piorar com o passar dos dias. Por essa razão, muitas pessoas
acham que pode ser algo passageiro. Para evitar problemas mais sérios e
complicações da doença, é fundamental buscar apoio profissional assim que notar
qualquer sinal. Pode ser algo passageiro, como pode ser o início da Síndrome de
Burnout. O diagnóstico da Síndrome de Burnout é feita por profissional especialista
após análise clínica do paciente. O psiquiatra e o psicológo são os profissionais de
saúde indicados para identificar o problema e orientar a melhor forma do tratamento,
conforme cada caso.

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93

O juiz Júlio Roberto dos Reis, da 25ª Vara Cível de Brasília, condenou a Claro a pagar
indenização por danos morais coletivos, no valor de R$ 600 mil, por publicidade
considerada “abusiva” e “enganosa”, que omitiu fatos relevantes para a contratação
do pacote de internet. Na propaganda, é divulgada uma oferta de prestação de
serviço de internet por meio de fibra ótica. Porém, o conteúdo omite o fato de que a
tecnologia só alcança uma parte do caminho até a casa dos consumidores, onde
deve ser utilizado um transmissor de sinais: o cabo coaxial. A ação foi ajuizada pelo
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e solicitava a declaração
de abusividade da publicidade, determinando a obrigação de veicular
contrapropaganda. Também pedia condenação por dano moral coletivo, cujo o valor
decidido pelo julgador seria remetido ao Fundo de Defesa do Consumidor. A Claro
sustentou ilegitimidade da ação, já que as propagandas não teriam sido realizadas
por ela, mas por prestadoras de serviço que não agem mediante interferência. A
empresa também defende que o alcance da fibra ótica não é um dado essencial para
a contratação dos serviços. O juiz afirma que a Claro promoveu, sim, a propaganda,
ou permitiu que esta fosse realizada, sendo responsável pelo conteúdo. Além disso,
diz que a rede com a tecnologia que foi omitida possui certa desvantagem as
tecnologias de fibra ótica, como menor largura de banda, maior tamanho e peso dos
cabos, menor segurança elétrica das instalações, maior ruído decorrente de
interferência eletromagnética e menor segurança no tráfego dos dados. Em razão
disso, a propaganda pode ser considerada abusiva, uma vez que causa danos aos
consumidores. “A ausência de qualquer ressalva quanto à extensão da tecnologia de
fibra ótica indica que a publicidade é enganosa por omissão. A publicidade veiculada
realmente não se mostra falsa, mas incompleta, pois omite dado essencial”, conclui
o juiz.

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94

A partir de janeiro, a Justiça Federal de São Paulo deixará de ter varas especializadas
em crimes de lavagem de dinheiro. Das dez varas criminais do estado, atualmente
três têm competência exclusiva para julgar esse tipo de delito. Com a mudança
concretizada no Provimento nº 49/2021, o Conselho da Justiça Federal da 3ª Região
(CJF3R) decidiu que nove varas passarão a ter competência para julgar crimes de
lavagem de dinheiro, sendo a única exceção a Vara de Execuções Penais. A principal
justificativa, segundo a juíza federal Raecler Baldresca, “é justamente dar maior
efetividade a essas varas”. Ela liderou a comissão que ficou responsável por estudar
a possibilidade e recomendar mudanças ao CJF3R. “As três varas especializadas
receberam cerca de um terço de processos em relação às demais”, afirma a
magistrada. “Em compensação, o acervo delas não era menor, assim como a
celeridade também não era maior.” A juíza cita a recente inclusão da possibilidade
de acordos de não persecução penal no ordenamento jurídico como uma mudança
significativa, que teria impactos negativos na atual configuração de varas
especializadas. “Se a gente não fizesse nada agora, as outras varas ficariam com um
acervo mínimo, as varas de execução ficariam atoladas, assim como as varas
especializadas”, ela afirma. “E nesse meio tempo ficaríamos discutindo competência.”
Prossegue Baldresca: “Essa discussão sobre quem deve julgar está tomando muito
tempo dos processos. Nós vimos que, nessas discussões internas sobre declínio de
competência, metade dos declínios da Vara Criminal eram relacionados às varas
especializadas.” A juíza pontua que muitos dos casos recentes em que políticos
conseguiram anular processos sobre corrupção e lavagem de dinheiro, esquivando-
se de condenações, estão relacionados a discussões de competência.

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95

O fato de um devedor possuir imóvel — mas não residir nele por estar emprestado
aos sogros — não afasta a impenhorabilidade do bem de família, prevista no Código
Civil. Com esse entendimento, a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça deu
provimento ao recurso especial ajuizado por uma mulher que teve admitida contra si
a penhora de um imóvel nos autos do cumprimento de sentença promovido por uma
cooperativa de crédito. Trata-se do único imóvel de propriedade dela. A devedora não
reside no local, que está emprestado aos sogros. Para o Tribunal de Justiça de Minas
Gerais, essa situação afasta a impenhorabilidade do bem de família prevista na Lei
8.009/1990. A jurisprudência do STJ, no entanto, tem interpretado essa
impenhorabilidade a partir dos princípios constitucionais da dignidade da pessoa
humana e da solidariedade social, buscando sempre verificar a finalidade
verdadeiramente dada ao imóvel. Um exemplo é a vedação à penhora de bem de
família usado para locação comercial, desde que a renda obtida com a locação seja
revertida para a subsistência ou a moradia da sua família. Por outro lado, admite a
penhora se houver quebra da boa-fé. "Importante relembrar que o conceito de família
foi ampliado e fundamenta-se, principalmente, no afeto, de modo que não apenas o
imóvel habitado pela família nuclear é passível de proteção como bem família, mas
também aquele em que reside a família extensa, notadamente em virtude do princípio
da solidariedade social e familiar, que impõe um cuidado mútuo entre os seus
integrantes", afirmou o relator, ministro Marco Aurélio Bellizze. Com isso, o fato de o
proprietário de um único bem residir em outro imóvel, mas aquele se encontrar cedido
a seus familiares, não é suficiente para afastar a impenhorabilidade do bem de
família.

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96

Por não verificar urgência no caso, a juíza Débora Cristina Santos Caloço, do plantão
judiciário do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, negou pedido liminar de um casal
para penhora de R$ 4,5 mil junto à Itapemirim Transportes Aéreos. O casal comprou
passagens da empresa em voo marcado para 24 de dezembro. Alternativamente,
pediu que a companhia fosse compelida a emitir passagens de outras aéreas, para o
mesmo trecho. Na última semana, a Itapemirim anunciou a suspensão temporária de
suas atividades para uma "reestruturação interna", e cancelou mais de 500 voos em
todo o país. Há inúmeros relatos de passageiros que não receberam suporte
necessário da empresa. O casal tem passagens compradas para a véspera de Natal,
saindo de Brasília, com destino a Salvador. Assim, pediu o bloqueio dos R$ 4,5 mil
da Itapemirim (média do preço de passagens para a data e trecho escolhidos). Ao
negar a liminar, a magistrada citou as dificuldades financeiras da empresa e disse
que a viagem dos autores não seria "imprescindível", por se tratar de lazer. "Os
autores não demonstraram, nesse juízo prefacial próprio do plantão judiciário, a
imprescindibilidade da viagem, que recomendasse a concessão da tutela almejada
antes do contraditório. Ao que tudo indica, trata-se de viagem a lazer. Além disso, é
de conhecimento público que a situação financeira precária por que passa a empresa
ré, o que torna improvável a efetividade de eventual provimento dos pedidos
formulados liminarmente", disse. Para a magistrada, a rejeição da liminar não cria
"empecilhos" à reparação de eventuais danos sofridos pelos passageiros, "se for o
caso", após a apresentação de contestação por parte da Itapemirim. A Secretaria
Nacional do Consumidor (Senacon), órgão do Ministério da Justiça, informou que já
notificou a Itapemirim, que deverá prestar mais esclarecimentos sobre as principais
razões da paralisação de suas atividades.

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97

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Humberto Martins,


rejeitou nessa segunda-feira (20) um novo pedido da União para impedir a
participação da Companhia Energética Candeias no leilão de reserva de capacidade
de 2021, marcado pelo Ministério das Minas e Energia (MME) para esta terça-feira
(21). Inicialmente, a companhia foi desabilitada para esse leilão, em razão do limite
estipulado pelo MME para o Custo Variável Unitário de R$ 600/MWh para todas as
termelétricas interessadas em participar da disputa. Em outubro, o relator do caso no
STJ, ministro Gurgel de Faria, deferiu uma liminar para que a empresa pudesse
participar do leilão, afastando a exigência prevista pelo MME referente ao custo limite
da geração da energia. Neste pedido de tutela de urgência, a União citou a iminência
do leilão, marcado para esta terça-feira (21), e disse que a participação da
Companhia Energética Candeias pode ocasionar alto risco de interrupção do
fornecimento de energia elétrica. Segundo o ministro Humberto Martins, a União
reapresentou argumentos que já foram rejeitados duas vezes pelo relator da
demanda no STJ. Esse cenário, salientou, não justifica a interferência do tribunal
durante o plantão judiciário. "Acrescente-se o fato de que não houve, desde a
decisão, fato novo relevante a ensejar alteração nos entendimentos já firmados que
objetivassem alteração no presente mandado de segurança até o seu julgamento de
mérito", afirmou o ministro ao mencionar decisão do relator do dia 15 de dezembro.
Humberto Martins lembrou que as regras do Código de Processo Civil são claras no
sentido de que a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do
processo.

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98

A Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) vai estabelecer, no rito dos
recursos repetitivos, "se cabe à seguradora e/ou ao estipulante o dever de prestar
informação prévia ao proponente (segurado) a respeito das cláusulas limitativas e
restritivas dos contratos de seguro de vida em grupo". Foram selecionados dois
recursos especiais como representativos da controvérsia, cadastrada como Tema
1.112: o REsp 1.874.811 e o REsp 1.874.788. A relatoria é do ministro Villas Bôas
Cueva. O colegiado determinou a suspensão do processamento, em todo o território
nacional, dos processos individuais ou coletivos que discutam a mesma questão,
excetuada a concessão de tutelas provisórias de urgência, quando presentes seus
requisitos. Na avaliação do relator, a proposta de afetação da matéria como repetitiva
se justifica em razão do número expressivo de processos com fundamento em
idêntica questão de direito, o que evidencia o seu caráter multitudinário. Segundo o
ministro, os colegiados de direito privado do STJ têm diversos precedentes no sentido
de que a responsabilidade de prestar as informações ao consumidor, antes de sua
adesão ao seguro de vida em grupo, cabe ao estipulante, pois é ele quem tem vínculo
anterior com os empregados ou associados, e não à seguradora. No entanto, Villas
Bôas Cueva assinalou que, a despeito desse entendimento, ainda existem decisões
divergentes nos tribunais estaduais. O julgamento da questão no rito dos repetitivos
"vai proporcionar segurança jurídica aos interessados e evitar decisões díspares nas
instâncias ordinárias e o envio desnecessário de recursos especiais e agravos a esta
corte superior", acrescentou. O relator determinou a ciência da afetação dos recursos
à Defensoria Pública da União, ao Conselho Nacional dos Seguros Privados, à
Superintendência de Seguros Privados, à Federação Nacional de Previdência
Privada e Vida, ao Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor.

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99

Os Tribunais de Justiça deverão dar prioridade à digitalização de processos


relacionados à infância e à juventude. Essa é a recomendação do Conselho Nacional
de Justiça (CNJ) aprovada durante a 98º Sessão Virtual, encerrada na sexta-feira
(17/12). “Essa é a medida administrativa de maior envergadura institucional e virá ao
encontro dos esforços tidos pelo Colégio de Coordenadores da Infância e da
Juventude para averiguar a atual fase de implementação do sistema digital e os
dados estatísticos de processos digitalizados em trâmite no 1º e 2º graus”, destaca a
conselheira Flávia Pessoa, relatora do Ato Normativo n. 0008679-81.2021.2.00.0000
e presidente Fórum Nacional da Infância e Juventude (Foninj). Os tribunais ainda
precisam implantar uma tarja de identificação na capa ou destaque, se eletrônico,
nos processos de adoção e destituição do poder familiar para cumprir o estabelecido
no art. 2º do Provimento CNJ n. 36/2014, bem como nas ações de acompanhamento
de crianças e adolescentes em acolhimento ou em privação de liberdade. Ainda é
sugerido que os órgãos implantem o Juízo 100% Digital para tramitação dos
processos relacionados à infância e juventude. O Judiciário incluiu os direitos
inerentes à infância e à juventude nas metas a serem cumpridas em 2022. Os
tribunais estaduais, federais e do trabalho terão metas específicas a cumprir para
garantir a agilidade e efetividade dos processos relacionados à infância e
adolescência. Sequestro internacional, combate ao trabalho infantil e priorização na
tramitação de processos que envolvem esse público serão o foco dos trabalhos. O
anúncio foi feito durante o 15º Encontro Nacional do Poder Judiciário. “Com a edição
de metas nacionais especificamente voltadas para a infância e juventude, a ideia é
reforçar o compromisso da Justiça e dar visibilidade ao segmento em meio ao volume
total de processos que tramitam nos tribunais todos os anos”, afirmou Flávia Pessoa.

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100

O Protocolo de Julgamento com Perspectiva de Gênero, elaborado pelo Conselho


Nacional de Justiça (CNJ), foi apresentado, na última quinta-feira (16/12), em
audiência pública na Câmara dos Deputados. O documento orienta magistrados e
magistrados para evitar que preconceitos e discriminações contra mulheres ocorram
durante julgamentos. “No Judiciário, onde a mulher busca a reparação de um mal que
lhe foi causado, nos deparamos com a repetição de estereótipos que buscam a
justificação do ato de violência”, afirmou a ex-conselheira do CNJ e coordenadora do
grupo de trabalho que elaborou o documento, procuradora de Justiça Ivana Farina
Navarrete Pena. “Temos consequências de uma cultura machista, patriarcal,
opressora. Nessa cultura, a noção prevalecente é a de superioridade para o
masculino e inferioridade para o gênero feminino.” O texto, segundo Ivana Farina, foi
inspirado no protocolo de julgamento com perspectiva de gênero elaborado pelo
México, país condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH)
por violação de direitos das mulheres vítimas de violência a partir de erros cometidos
na Justiça. Ela destacou como um avanço recente no país a decisão do Supremo
Tribunal Federal (STF), que “aboliu a possibilidade de arguição da legítima defesa da
honra e a favor daqueles que são os violadores da integridade física de uma mulher”.
A promotora de Justiça ainda ressaltou o peso da interseccionalidade na graduação
dos preconceitos. “Como se dá isso para uma mulher? E se ela for negra? E se ela,
além de negra, for trans? Terá as mesmas oportunidades? Haverá oportunidade de
trabalho para ela? Isso é um ponto que um juiz do trabalho precisa, por exemplo, ter
em mente.” Enfermeira de formação, a deputada federal Carmen Zanotto afirmou que
o protocolo também pode ser utilizado nas estruturas públicas de saúde.

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101

Gabriel Borić Font (Punta Arenas, 11 de fevereiro de 1986) é um político chileno e


ex-líder estudantil que é membro da Câmara dos Deputados desde 11 de março de
2014, representando Magalhães e Antártica Chilena e presidente eleito do Chile nas
eleições presidenciais de 2021. Ele foi eleito nas eleições gerais de 2013 como
candidato independente e foi reeleito em 2017, recebendo o maior número de votos
entre todos os candidatos da Região de Magalhães em ambas as eleições. Ele
ganhou a indicação do Apruebo Dignidad para as eleições gerais chilenas em 18 de
julho de 2021 com 60% dos votos, tornando-se um candidato presidencial para a
coligação eleitoral esquerdista. Boric estudou na Faculdade de Direito da
Universidade do Chile e foi presidente da federação de estudantes da universidade
em 2012. Ele fez parte do movimento estudantil Izquierda Autónoma (Esquerda
Autônoma) e foi diretor da ONG Nodo XXI. Em 19 de dezembro de 2021, Boric foi
eleito Presidente do Chile com mais de 55,86% dos votos, derrotando o candidato de
extrema-direita José Antonio Kast, que obteve 44,14% dos votos. Gabriel Boric
nasceu em Punta Arenas em 1986, filho de Luis Boric, de ascendência croata,
engenheiro químico e funcionário público da Empresa Nacional del Petróleo há mais
de quatro décadas; e de María Font, de ascendência catalã-espanhola. Possui dois
irmãos, Simón e Tomás. Boric estudou na The British School em sua cidade natal.
Ele então se mudou para Santiago junto da mãe para estudar na Faculdade de Direito
da Universidade do Chile, em 2004, e acompanhar o tratamento de câncer de Tomás.
Em 1999 e 2000, Boric participou do restabelecimento da Federação de Estudantes
do Ensino Médio de Punta Arenas. Enquanto estava na universidade, ele se juntou
ao coletivo político Izquierda Autónoma, inicialmente conhecido como Estudiantes
Autónomos (Estudantes Autônomos).

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102

O atentado de Lockerbie foi um ataque terrorista ao voo 103 da Pan Am em 21 de


dezembro de 1988. O avião Boeing 747-121 partira do Aeroporto de Londres-
Heathrow em Londres com destino a Nova Iorque, e explodiu no ar logo acima da
cidade escocesa de Lockerbie, matando 270 pessoas (259 no avião e 11 na terra) de
21 nacionalidades diferentes. Deste total, 189 vítimas eram cidadãos dos Estados
Unidos da América. O voo 103 da Pan Am foi o terceiro voo transatlântico da empresa
aérea no dia 21 de dezembro de 1988. O modelo Clipper Maid of the Seas partiu do
Aeroporto de Frankfurt e fez uma escala no Aeroporto de Londres-Heathrow, antes
de seguir para o Aeroporto Internacional John F. Kennedy, em Nova York. Apenas
38 minutos depois da decolagem em Heathrow, a detonação de uma bomba com
explosivos plásticos - que pesavam apenas 400 gramas - provocou a destruição da
aeronave, cujos destroços se espalharam por uma área de 130 quilômetros na região
de Lockerbie, na Escócia. A explosão do avião em pleno voo provocou a morte das
259 pessoas que viajavam a bordo - em sua maioria, cidadãos estadunidenses que
voltavam das férias - e mais 11 moradores de Lockerbie. Em princípio, as suspeitas
do atentado recaíram sobre o Exército Republicano Irlandês, em uma época na qual
a organização criticava o governo da então primeira-ministra britânica Margaret
Thatcher. Iniciada a investigação, porém, as pistas apontaram para a Líbia, então
governada por Muamar Kadafi, um simpatizante da causa irlandesa e inimigo de
Thatcher, a quem considerava cúmplice em um ataque dos Estados Unidos contra a
Líbia em 1986. Uma investigação conjunta entre Scotland Yard, FBI e a polícia
escocesa do condado de Dumbries & Galloway (onde fica Lockerbie), a qual ouviu
mais de dez mil testemunhas, apresentou acusações contra os agentes líbios em
1991, levando a versão oficial de que o atentado havia sido planejado pelo governo
líbio.

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103

A americana Carolyn DeFord passou os últimos 22 anos procurando por sua mãe,
Leona Kinsey. Descendente da tribo indígena Puyallup, Kinsey foi vista pela última
vez em 25 de outubro de 1999, em sua casa em La Grande, cidade de pouco mais
de 13 mil habitantes no Estado de Oregon. "Nós não sabemos o que aconteceu", diz
DeFord à BBC News Brasil. "Ela disse a uma amiga que estava indo ao
supermercado encontrar um homem chamado John e que depois passaria na casa
dessa amiga." Três dias depois, o carro de Kinsey foi localizado no estacionamento
do supermercado. Mas ela nunca mais foi vista. "A polícia registrou o
desaparecimento, mas inicialmente disseram que ela era maior de idade e tinha o
direito de sumir se quisesse e que não havia nada que pudessem fazer", lembra
DeFord. Descrita pela filha como "forte e independente", Kinsey tinha 45 anos de
idade quando desapareceu. DeFord questiona se o caso recebeu a atenção devida,
lembrando que Kinsey trabalhava fazendo bicos e havia enfrentado problemas legais
no passado. "Minha mãe não tinha uma posição de status na comunidade para que
se importassem com o que aconteceu com ela", afirma. Com o passar do tempo e a
falta de avanços no caso, DeFord, que na época do desaparecimento tinha 25 anos
de idade, três filhos pequenos e morava no Estado vizinho de Washington, passou a
realizar sua própria campanha para tentar encontrar a mãe. Aos poucos, ela começou
a entrar em contato com outras pessoas na mesma situação, e acabou fundando uma
associação de apoio às famílias de indígenas desaparecidos ou assassinados.
DeFord continua buscando saber o que aconteceu com sua mãe. Mas, mais de duas
décadas depois, o desaparecimento de Kinsey continua sem solução.

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104

O dia 25 de dezembro nunca teve muita importância para o muçulmano Zabi, afegão
que emigrou sozinho ao Brasil em 2008 e se tornou cidadão brasileiro em 2020. Mas,
neste ano, ele recebeu um presente especial: foi no dia de Natal que seu irmão
Atiqullah finalmente conseguiu chegar ao Brasil, depois de quatro meses escapando
do regime do Talebã e buscando um visto. "Foi tão especial ver meu irmão chegar",
conta Zabi, em português com sotaque, à BBC News Brasil. "Só quem já sofreu isso
(viver como refugiado) na vida sabe o valor deste momento. A gente nunca tinha
imaginado que chegaria a este ponto, de as pessoas terem que correr para fugir do
Afeganistão, nunca." Assim como muitas outras famílias afegãs, a de Zabi tem medo
do Talebã por ter trabalhado para o governo anterior, aliado do Ocidente, e para os
militares americanos, agora já evacuados do país. Portanto, para evitar riscos
adicionais à segurança deles, sobrenomes, fotos e detalhes pessoais da família serão
omitidos da reportagem. Zabi ainda teme pela vida de seus pais, sua mulher, seus
filhos e outros parentes, que permanecem em território afegão por ainda não terem
conseguido tirar passaporte. E seu irmão mais velho - esse, sim, com passaporte -
aguarda, junto a mulher e filhos, o desfecho de um pedido de visto humanitário feito
na Embaixada brasileira no Paquistão (o Brasil não tem representação consular no
Afeganistão)."Tenho muita preocupação com ele, porque ele foi tradutor para os
americanos. Quero que ele saia logo de lá", conta Zabi. A família de Zabi é uma das
que tiveram suas vidas viradas de cabeça para baixo pela tomada do poder central
pelo Talebã, em agosto. Nos primeiros dias em que o regime fundamentalista
anunciou o controle do país, todos evitaram sair de casa.

@codaspublicacoes
105

Às 20h do dia 31 de dezembro, o Brasil pode ganhar novos milionários: os


vencedores do prêmio de R$ 350 milhões da Mega-Sena da Virada, cujo sorteio será
realizado nesse horário. Mas quais são as chances de você ser um deles, segundo a
ciência? Há formas de aumentar a probabilidade de ganhar? Existem combinações e
números com mais ou menos chances? E participar de bolões e jogos coletivos,
aumenta a probabilidade de ter que se preocupar com uma eventual taxação de
fortunas? O que é mais provável: ser atingido por um raio, nascer com seis dedos na
mão, ser mordido por um tubarão ou ganhar na Mega da Virada? A BBC News Brasil
conversou com quatro matemáticos para responder a essa e outras dúvidas. Confira
enquanto você ainda não pode pagar alguém para ler as notícias para você. E lembre-
se de que é possível fazer sua aposta até às 17h do dia 31. Quais as chances de
uma pessoa ganhar na loteria? Segundo Diego Marques, professor do Departamento
de Matemática da UnB (Universidade de Brasília), o que define as chances de uma
pessoa ganhar na loteria é o número de combinações possíveis em um determinado
sorteio. "Quanto mais jogos possíveis, menor a chance de ganhar", diz o matemático.
No caso da Mega-Sena, a probabilidade de acertar as seis dezenas com uma aposta
simples de R$ 4,50 é de 1 em 50.063.860, segundo a Caixa Econômica Federal. Ou
seja: o número de possíveis combinações de seis números, considerando os 60
disponíveis, é de mais de 50 milhões. Logo, ao fazer apenas uma combinação, a
chance de uma pessoa ganhar é de uma em mais de 50 milhões ou de 0,000002%.
É semelhante a colocar 50 milhões de nomes em um saco aleatoriamente e alguém
enfiar a mão e sortear o seu nome.

@codaspublicacoes
106

Há um ano, a cuidadora de idosos Maria Lucia Silva, de 58 anos, usa o medicamento


Arava para tratamento de sua artrite reumatoide. Sem o remédio, ela sente dores
fortíssimas nas articulações, incluindo as das mãos e dos pés. "As juntas das mãos
ficam muito inchadas, eu não consigo fazer nada", conta ela à BBC News Brasil.
Embora a artrite reumatoide não tenha cura, o tratamento feito por Maria Lucia com
o Arava retarda a evolução da doença, que pode levar à erosão dos ossos. O
problema é que o remédio está custando R$ 582 e está em falta na farmácia de alto
custo do SUS (Sistema Único de Saúde), onde ela costumava retirar o medicamento.
"Faz dois meses que eu tento agendar para ir buscar o remédio e não consigo, o
aplicativo diz que está em falta", conta ela, que já está sentindo os efeitos da falta de
tratamento. "Minhas juntas estão doendo e minha mão está começando a inchar. Não
sei o que vou fazer se continuar sem o remédio. Estou pensando em fazer uma
vaquinha para ver se consigo comprar." Consultada pela BBC News Brasil, a
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo disse que o medicamento Leflunomida
é de responsabilidade de aquisição e distribuição pelo Ministério da Saúde. "A
entrega ocorreu com atraso e a distribuição para as farmácias deve ser concluída na
primeira semana de janeiro. A paciente será comunicada sobre a disponibilidade",
disse a entidade em nota. Maria Lucia mora com marido e dois filhos no bairro de
Santa Cecília, em São Paulo, e atualmente não está trabalhando. "A gente tem só a
renda do meu marido, e com o aumento do preço de tudo, não temos condições de
gastar 500 reais em remédio", diz ela. Sua família também tem tido que comprar
medicamentos que seu marido normalmente retirava no SUS por causa de
instabilidade no sistema da farmácia popular.

@codaspublicacoes
107

A América do Sul é a região com o pior histórico da pandemia de covid-19 do mundo,


com as ondas mais mortais e o maior acumulado de mortes pela doença no planeta.
Desde que começaram a ser registrados os óbitos de pacientes com covid-19, houve
2.740 mortes por milhão de habitantes na América do Sul, segundo o banco de dados
Our World in Data. Nos Estados Unidos, foram 2.450; na Europa, 2 mil; e na Ásia,
267. O pico de mortes diárias ao longo da pandemia também ocorreu na América do
Sul, com uma média de 10,85 por milhão de habitantes em abril deste ano. No
entanto, o subcontinente encerra 2021 com um dado auspicioso: é o que possui a
maior taxa de vacinação contra o coronavírus, com 63,4% de sua população
completamente imunizada (com duas doses ou dose única, conforme o requerimento
de cada vacina) e 74,3% de seus 434 milhões de habitantes com pelo menos uma
dose, segundo dados oficiais divulgados pela Organização Pan-Americana de Saúde
até a última quinta-feira (23/12). Além disso, de 17 a 23 de dezembro, a região teve
uma média diária de 0,7 óbitos por milhão de habitantes, seis vezes menos que a
Europa ou os Estados Unidos, segundo a plataforma Our World in Data. A Europa é
a segunda região com mais gente completamente imunizada, um percentual de
60,5%, enquanto outros 4,2% da população estão parcialmente vacinados. A América
do Norte aparece em terceiro lugar, com 59,6% dos 500 milhões de habitantes do
México, Estados Unidos e Canadá com a vacinação completa, e os que tomaram
pelo menos uma dose somavam 71,4% até a última quinta-feira. O Caribe apresenta,
por sua vez, 43% da população com a imunização completa e 49% com pelo menos
uma dose, enquanto na América Central, estes percentuais são de 42% e 54%,
respectivamente.

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108

Elon Musk rebateu críticas de que seu projeto de internet via satélite Starlink estaria
"monopolizando" o espaço sideral. "Dezenas de bilhões" de satélites podem ser
acomodados em órbitas próximas à Terra, disse o CEO da Tesla Motors e da SpaceX
ao Financial Times. Seus comentários foram feitos após uma crítica do chefe da
Agência Espacial Europeia (ESA) de que Musk estaria "estabelecendo as regras"
para a indústria espacial comercial emergente. Esta semana, a China reclamou que
sua estação espacial foi forçada a evitar colisões com os satélites Starlink. "O espaço
é extremamente enorme e os satélites são muito pequenos", disse Musk na
entrevista. O bilionário rebateu sugestões de que seu projeto estaria efetivamente
obstruindo a entrada de concorrentes na indústria de satélites. "Esta não é uma
situação em que estamos bloqueando os outros de alguma forma. Não impedimos
ninguém de fazer nada, nem pretendemos fazer isso", disse ele. "Alguns milhares de
satélites não são nada. É como dizer, 'ei, aqui estão alguns milhares de carros na
Terra'. Não é nada", acrescentou. Josef Aschbacher, o diretor-geral da Agência
Espacial Europeia, alertou que os milhares de satélites de comunicações lançados
pela Starlink resultariam em muito menos espaço para concorrentes. Outros
especialistas afirmam que distâncias muito maiores do que Musk sugeriu são
necessárias entre as espaçonaves para evitar colisões. Os cientistas também
expressaram preocupações quanto aos riscos de colisões no espaço e pediram aos
governos do mundo que compartilhassem informações sobre os estimados 30 mil
satélites e outros detritos espaciais que orbitam a Terra. Musk ganhou as manchetes
esta semana ao enfrentar uma forte reação nas mídias sociais, após a China reclamar
que uma estação espacial do país foi forçada a evitar colisões com satélites lançados
pelo projeto Starlink.

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Muitos de nós temos a sorte de poder escolher, pelo menos até certo ponto, aquilo
que queremos comer. Quando abrimos o refrigerador ou examinamos as prateleiras
do supermercado, existe uma variedade de opções disponíveis. Mas as decisões que
tomamos sobre a nossa alimentação são tão independentes como gostaríamos? E
se elas fossem influenciadas por algum outro fator além da fome e das opções que
temos à nossa frente? Basta pesquisar as redes sociais, como o Instagram, Twitter
ou Facebook, para encontrar fotos e mais fotos de refeições em apresentações
perfeitas e com aparência simplesmente deliciosa. O aroma e o sabor dos alimentos
podem ter um efeito inegavelmente poderoso sobre os nossos anseios, mas as
intermináveis postagens de lanches quentinhos e pratos resplandecentes podem ser
mais que apenas um banquete para os olhos? Nós certamente somos muito
influenciados pelas outras pessoas - especialmente as mais próximas - com relação
ao que comemos. Pesquisas concluíram que, quanto mais forte e próxima a conexão
entre duas pessoas, mais influência elas têm sobre as escolhas alimentares uma da
outra. "Muitas das sugestões provenientes das interações pessoais estão
relacionadas com as pessoas com quem convivemos", afirma Solveig Argeseanu,
professora de saúde global e epidemiologia da Universidade Emory em Atlanta, na
Geórgia (Estados Unidos). "É mais uma questão de relacionamento e de como me
comparo com aquela pessoa que com indivíduos específicos. Se eu acho que a
pessoa que está comigo é mais atraente ou popular, terei a tendência de querer imitá-
la cada vez mais." Isso pode significar que essas sugestões sociais geralmente nos
incentivam a comer mais, segundo Argeseanu.

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Durante muito tempo, seu nome foi um tabu. Mas com o passar dos anos, ele
começou a ser lembrado como se recorda dos heróis. Trata-se de Witold Pilecki,
oficial do Exército polonês que em 1940, quando se país acabara de ser ocupado
pelas tropas da Alemanha nazista, se ofereceu como voluntário para ser encarcerado
no campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia. Sua missão era obter informações
sobre o funcionamento do local e criar uma rede de resistência interna. Ele
permaneceu preso ali por dois anos e meio, período em que sofreu na pele as
próprias atrocidades cometidas em Auschwitz, um dos maiores símbolos do
genocídio nazista na Segunda Guerra Mundial (1939-45), onde foram mortos mais
de 1 milhão de pessoas, a maior parte, judeus. Esta é a sua história. Nascido em
Oloniec, no norte da Rússia, em 1901, Pilecki foi um dos militares com que a Polônia
tentou combater a invasão comandada por Adolf Hitler em 1939. Segundo o
historiador Jaroslaw Wróblenski, apesar da notória superioridade da máquina de
guerra nazista, "Pilecki tinha vontade de lutar e, em setembro de 1939, pensava que
a Polônia derrotaria os alemães em apenas algumas semanas". Após a rápida
anexação da Polônia pela Alemanha, os alemães iniciaram prisões em massa entre
a população local, com atenção especial para a captura dos militares poloneses que
os haviam combatido no campo de batalha. Foi então que o campo de concentração
de Auschwitz foi criado. Seu propósito e funcionamento não eram bem conhecidos
no início, então a incipiente rede de resistência polonesa contra a ocupação decidiu
que era uma boa ideia se infiltrar em alguns de seus membros. Ativo na resistência,
Pilecki se ofereceu como voluntário.

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Um cidadão da Coreia do Sul atravessou a fronteira fortemente armada para a Coreia


do Norte em uma aparente deserção. Segundo o comando militar sul-coreano, o
fugitivo conseguiu escapar mesmo após horas e horas de buscas por ele realizadas
pelas tropas da Coreia do Sul. Ele foi avistado na zona desmilitarizada (DMZ), que
separa as duas Coreias, por volta das 21h (horário local). Não há informações se
essa pessoa não identificada ainda está viva, mas o comando militar sul-coreano
pediu aos vizinhos do Norte que ele seja protegido. Durante a pandemia, o governo
da Coreia do Norte adotou uma estratégia de atirar à primeira vista em que tentar
entrar no país, com o objetivo de evitar o espalhamento da covid-19. Em setembro
de 2020, tropas norte-coreanas atiraram contra um barco pesqueiro sul-coreano, que
estava perdido na região e depois foi queimado. O incidente acirrou os ânimos entre
os países vizinhos, e a Coreia do Norte emitiu um raro pedido de desculpas,
atribuindo o erro à rígida política anti-covid. O líder da Coreia, Kim Jong-un, declarou
emergência nacional durante a pandemia e fechou uma cidade depois que um norte-
coreano com sintomas de covid-19 fugiu da Coreia do Sul para o país vizinho ao
norte. As restrições contra o avanço da pandemia acabaram reduzindo bastante o
número de defecções da Coreia do Norte para a Coreia do Sul. A fronteira entre os
dois países é uma das regiões mais fortemente armadas do mundo. Ela é tomada
por minas terrestres, cerca eletrificada, arame farpado, câmeras de vigilância e tropas
militares. A chamada "zona desmilitarizada" é uma área que abrange um trecho de
248 km de extensão e 4 km de largura. Ela foi criada em 1953 como uma alternativa
de contenção militar por causa da tensão da guerra entre a República Popular
Democrática da Coreia e a República da Coreia, criadas em 1948.

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112

Um homem chinês que foi sequestrado há mais de 30 anos se reencontrou com sua
mãe biológica depois de desenhar de memória um mapa da vila em que vivia na
infância até ser levado. Li Jingwei tinha apenas quatro anos quando foi atraído por
um vizinho para fora de sua casa e vendido para uma quadrilha de tráfico de crianças.
Décadas depois, em 24 de dezembro de 2021, ele compartilhou na internet um mapa
desenhado que ele desenhou à mão, de cabeça. A ilustração publicada no aplicativo
de compartilhamento de vídeo Douyin viralizou nas redes sociais e foi comparada
pela polícia a uma pequena vila do país. Em seguida, o caso foi associado a uma
mulher cujo filho havia desaparecido há três décadas. Após a realização de testes de
DNA, para comprovar o vínculo entre eles, mãe e filho se finalmente voltaram a se
encontrar, na província de Yunnan em 1º de janeiro de 2022. O vídeo da reunião
deles mostra Li Jingwei removendo cuidadosamente a máscara de proteção de sua
mãe, usada contra o coronavírus, para que pudesse examinar o rosto dela. Logo
depois ele começa a chorar e a abraça. "Trinta e três anos de espera, incontáveis
noites de saudade e, finalmente, um mapa desenhado à mão de memória: este é o
momento perfeito depois de 13 dias", escreveu Li em seu perfil em Douyin, pouco
antes do esperado reencontro. "Obrigado a todos que me ajudaram a reunir a minha
família." Li foi sequestrado perto da cidade de Zhaotong, no sudoeste da província de
Yunnan, em 1989, e posteriormente vendido a uma família que vivia a mais de 1.800
km de distância. Morador atualmente da província de Guangdong, no sul da China,
ele não teve sucesso em suas perguntas para seus pais adotivos ou em consultas a
bancos de dados de DNA. Foi quando ele decidiu recorrer a redes sociais.

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113

O último ano foi, para uma parte da América Latina, de um "efeito rebote" na
economia. Como 2020 havia sido excepcionalmente duro para a economia global por
conta da pandemia de covid-19, as taxas de crescimento vividas por alguns países
em 2021 (não é o caso do Brasil, que viu seu PIB recuar no terceiro trimestre e vive
cenário de recessão técnica) podem ser enganadoras. A razão é que o aumento do
Produto Interno Bruto (PIB, ou soma de tudo o que é produzido na economia) se
mede em relação ao ano anterior, pode parecer, à primeira vista, que países em
situação de crescimento deram um salto espetacular. O problema é que a base de
comparação — 2020 — é muito baixa, portanto esse crescimento é o tal "efeito
rebote". De olho no ano que vem, as projeções de organismos internacionais dão
uma fotografia um pouco mais "realista" de como os países latinos-americanos estão
avançando (ou não). O principal termômetro da economia de um país é seu PIB, mas
há outros indicadores importantes a serem considerados. A BBC News Mundo
(serviço em espanhol da BBC) traz, a seguir, dados que levam em conta crescimento
econômico, inflação e classificação de risco das economias do continente. Olhando-
se exclusivamente o crescimento econômico, os países com as perspectivas de
maior alta para o próximo ano são Panamá, República Dominicana, El Salvador e
Peru, segundo as previsões mais recentes da Comissão Econômica para a América
Latina (Cepal). As perspectivas, no entanto, podem variar dependendo "dos avanços
desiguais nos processos de vacinação (contra o coronavírus) e a capacidade dos
países em reverter os problemas estruturais por trás da baixa trajetória de
crescimento que exibiam antes da pandemia", diz o organismo em seu Estudo
Econômico da América Latina e Caribe, publicado em outubro.

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114

O Partenon, aquele magnífico templo em homenagem à deusa Atena que coroa a


acrópole da capital grega, continua a surpreender o mundo 2 mil anos após sua
construção. E também segue gerando debates sobre os verdadeiros donos de seus
vestígios arqueológicos. Em outubro deste ano, o primeiro-ministro britânico, Boris
Johnson, disse durante uma reunião com seu colega grego, Kyriakos Mitsotakis, que
não cabia ao governo britânico decidir devolver os frisos do Partenon em exposição
no Museu Britânico, em Londres — mas, sim, à instituição. Os frisos do Partenon
foram levados da Grécia no início do século 19 por Thomas Bruce, mais conhecido
como o conde de Elgin — por isso, também são chamados de mármores de Elgin.
No total, são 15 painéis e 17 esculturas de mármore que fizeram parte da decoração
original do Partenon, construído há cerca de 2,5 mil anos e que muitos gregos
apontam como o principal patrimônio cultural do país. A resposta de Johnson foi ao
pedido do premiê grego de se buscarem opções para devolver os mármores. O
governo britânico indicou em várias ocasiões que não devolverá as peças à Grécia.
Em março deste ano, o próprio Johnson havia descartado qualquer possibilidade de
devolução ou troca. "Entendo os fortes sentimentos do povo grego em relação ao
tema, mas o governo do Reino Unido mantém há muito tempo uma posição firme
sobre as esculturas — que foram legalmente adquiridas por Lorde Elgin sob as leis
vigentes na época e têm sido propriedade legal dos curadores do Museu Britânico
desde sua aquisição", disse o primeiro-ministro britânico ao jornal grego Ta Nea. O
museu, por sua vez, afirmou em diferentes ocasiões que os mármores foram
adquiridos legalmente e que "as esculturas do Partenon são uma parte vital da
interconexão global que existe dentro do museu, porque tem elementos das culturas
grega, egípcia, persa e romana".

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115

Na física clássica, existem dois mundos bem diferenciados: as ondas (mecânicas ou


eletromagnéticas) e as partículas (corpúsculos), ambos muito bem definidos.
Anteriormente se pensava que não havia relação entre estes dois mundos, mas no
final do século 19, à medida que se conhecia o pequeno mundo (moléculas, átomos
e seus componentes), descobriu-se que as menores partículas podiam se comportar
como ondas. Se as partículas se comportavam como ondas, tínhamos que saber qual
era a onda associada a essas partículas: a "onda da partícula". Ao mesmo tempo,
naquela época, o inverso se tornou evidente: um comportamento de onda semelhante
ao das partículas. Dois exemplos são o efeito fotoelétrico e o efeito Compton. Luis
De Broglie se baseou na definição que já existia de fótons: que eram as partículas
que compõem a luz (na física clássica, uma onda) que se comportavam como
partículas. Assim, sabia-se que a massa dos fótons era zero, que sua velocidade era
a da luz e que eles tinham um impulso associado ao comprimento de onda dessa luz
(comprimento de onda é uma característica das ondas que nos diz a que distância a
onda volta a se repetir). De Broglie pensou que se a luz podia se comportar como
uma partícula e ter um impulso associado ao seu comprimento de onda, os elétrons
poderiam se comportar como ondas e ter um comprimento de onda associado ao seu
impulso. Ele definiu o comprimento de onda de De Broglie, "a onda da partícula",
como a constante de Planck (um número muito pequeno, característico do mundo
atômico) dividida pelo impulso da partícula. Esta ideia não estava baseada em
nenhum cálculo ou evidência. Era uma hipótese que precisava ser provada. O
experimento das duas fendas para luz.

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116

Não é surpresa para ninguém que as abelhas sabem muito sobre o mel. Elas não
são apenas produtoras como também consomem o mel — e de forma muito
sofisticada. Ofereça a uma abelha doente diferentes variedades de mel, por exemplo,
e ela escolherá aquela que melhor combate a sua infecção. Já as pessoas têm muito
a aprender com as abelhas com relação às características nutricionais do mel.
Poucas décadas atrás, a maioria das listas de "alimentos funcionais" — aqueles que
oferecem benefícios à saúde além da nutrição básica — não mencionava o mel,
segundo a entomologista May Berenbaum, da Universidade de Illinois em Urbana-
Champaign, nos Estados Unidos. "Até os apicultores — e, com certeza, os cientistas
que estudavam as abelhas — consideravam o mel nada mais do que água com
açúcar", segundo ela. Daquela época até hoje, muitas pesquisas revelaram que o
mel é repleto de substâncias químicas vegetais que influenciam a saúde das abelhas.
Os componentes do mel podem ajudar as abelhas a viver por mais tempo, aumentar
sua tolerância a condições desfavoráveis, como o frio intenso, e ampliar sua
capacidade de combater infecções e curar feridas. As descobertas indicam formas
de ajudar as abelhas, que vêm sofrendo muito nos últimos anos com parasitas,
exposição a pesticidas e perda de habitat. "É simplesmente uma substância notável
e as pessoas talvez ainda não a valorizem muito", segundo Berenbaum. O mel é
saboroso na torrada ou misturado ao chá, mas ele é muito mais que um adoçante. É
claro que o líquido viscoso é composto principalmente de açúcar, que os membros
da colmeia usam para o seu sustento. Mas ele também compreende enzimas,
vitaminas, sais minerais e moléculas orgânicas que dão a cada tipo de mel suas
características exclusivas e oferecem uma série de benefícios para a saúde das
abelhas.

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117

Um dragão-d'água-chinês eclodiu de um ovo no Smithsonian National Zoo, um


zoológico em Washington, nos Estados Unidos, o que deixou os tratadores chocados.
Por quê? A mãe do pequeno réptil nunca tinha estado com um macho antes. Por
meio de testes genéticos, os cientistas do zoológico descobriram que a fêmea,
nascida em 24 de agosto de 2016, havia sido gerada por meio de um modo
reprodutivo chamado partenogênese. Partenogênese é uma palavra grega que
significa "nascimento virgem", mas se refere especificamente à reprodução
assexuada feminina. Embora muitas pessoas possam presumir que esse tipo de
gestação é assunto da ficção científica ou de textos religiosos, a partenogênese é
surpreendentemente comum em toda a árvore da vida e é encontrada em uma
variedade de organismos, incluindo plantas, insetos, peixes, répteis e até pássaros.
Já os mamíferos, incluindo os seres humanos, precisam de certos genes oriundos do
esperma, então eles são incapazes de partenogênese. A reprodução sexual envolve
uma fêmea e um macho, cada um contribuindo com material genético na forma de
óvulos ou esperma, para criar uma prole única. A grande maioria das espécies de
animais se reproduz sexualmente, mas as fêmeas de algumas espécies são capazes
de produzir ovos contendo todo o material genético necessário para a reprodução.
As fêmeas dessas espécies, que incluem algumas vespas, crustáceos e lagartos, se
reproduzem apenas por partenogênese e são chamadas de partenógenos
obrigatórios. Um grande número de espécies experimenta partenogênese
espontânea, processo mais bem documentado em animais mantidos em ambientes
de zoológico, como o dragão-d'água-chinês no Smithsonian National Zoo ou um
tubarão-de-pontas-negras-do-recife no Aquário de Virgínia, também nos Estados
Unidos.

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118

O uso do sistema de pagamentos instantâneo Pix tem se popularizado em locais


inusitados. Agora, avança pelas igrejas pelo país —em contribuições para dízimo
durante as celebrações até a coleta de doações para compra de cestas básicas.
Pode-se dizer que o sistema é ecumênico. Foi adotado por igrejas católicas e
evangélicas. As instituições religiosas atribuem a escolha do sistema à praticidade,
agilidade, ausência de taxas e possibilidade de doações remotas feitas pelos fiéis.
Pesa a favor também a facilidade para realizar transferências de valores menores,
formato de transação que recebeu o apelido de de "micropix". O método de
pagamento, que bateu recorde com 50,3 milhões de transações em um dia em
dezembro, já é o responsável por uma em cada três transações para ofertas
religiosas, dízimos e contribuições para eventos de igrejas, segundo dados da
InChurch, empresa de aplicativo de gestão financeira destinado ao setor, que possui
cerca de 30 mil igrejas em seu portfólio. Na Igreja Batista Memorial de Alphaville, em
Barueri (SP), as cestinhas de vime ou sacolas de tecido que comumente circulam
pelas fileiras de bancos de igrejas durante a coleta do dízimo, em meio a cultos e
missas, têm sido substituídas pelo celular dos fiéis. Com o aparelho em punho, eles
realizam as transações rapidamente, ao som de um hino musical sobre gratidão
selecionado para o momento da celebração litúrgica destinado às doações. Segundo
o pastor Reinaldo Rodrigues, que participa do conselho de administração da igreja, a
adoção de meios de pagamento digitais facilitou a gestão de recursos e aumentou a
transparência das contas da comunidade. O uso do método de pagamento também
agilizou e descentralizou as contribuições.

@codaspublicacoes
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O ano de 2022 deve trazer pelo menos uma boa notícia na economia: a inflação tende
a perder um pouco de força, como resultado da safra recorde de alimentos, redução
de preço dos combustíveis e diminuição da demanda, resultado da forte alta dos juros
e da atividade fraca. No entanto, para além dessa perda de ímpeto dos preços, o ano
eleitoral tende a ser mais um período difícil para a economia brasileira. Para o PIB
(Produto Interno Bruto), indicador que soma todos os bens e serviços produzidos no
país, a expectativa dos economistas é de estagnação. Os analistas divergem se o
número vai ser um pouco negativo ou um pouco positivo, mas todos concordam que,
no azul ou no vermelho, o desempenho deve ficar muito próximo de zero. Como
consequência, o mercado de trabalho tende a perder ímpeto, com a taxa de
desemprego caindo mais devagar e a geração de vagas formais mais fraca. Já o
câmbio — relação entre o valor da moeda brasileira e as moedas de outros países
— deve ter um ano bastante volátil (isto é, deve variar bastante, ser inconstante),
reagindo à corrida eleitoral e à provável alta de juros para conter a inflação nos
mercados desenvolvidos. Esse movimento tende a atrair investimentos
principalmente aos Estados Unidos, enfraquecendo as moedas de países
emergentes, como o Brasil, e já há quem aposte em um dólar encostando nos R$ 6
ao longo do próximo ano. Nas contas públicas, a arrecadação de impostos deve
perder força, enquanto o custo da dívida pública tende a continuar em alta, devido ao
aumento dos juros. E para coroar esse cenário desfavorável, a economia mundial
pode perder força, com destaque para a China, principal parceira comercial do Brasil.
Saiba o que esperar para PIB, emprego, inflação, câmbio, economia mundial, contas
públicas e política monetária em 2022, na visão de um time de especialistas.

@codaspublicacoes
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O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro registrou variação negativa de 0,1% no


terceiro trimestre, em relação ao trimestre anterior, segundo o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística). Após queda de 0,4% no segundo trimestre
(dado revisado, ante recuo de 0,1% divulgado anteriormente), o consenso dos
analistas é de que a economia brasileira está estagnada e que não há perspectiva de
melhora no quarto trimestre do ano, quando é esperado novo resultado próximo de
zero para o PIB na comparação trimestral. A perda de renda da população, com a
inflação acima dos 10% no acumulado de 12 meses, e uma retomada do emprego
puxada pela informalidade têm inibido o consumo. Empresas e famílias também têm
adiado decisões de compra e investimentos, diante da alta de juros para conter a
inflação e da incerteza gerada pelas eleições presidenciais de 2022. Com dois
trimestres seguidos de PIB negativo, a economia brasileira pode ser considerada em
"recessão técnica". Mas os economistas preferem falar em estagnação, já que as
quedas até agora foram pequenas e, segundo eles, mostram mais uma economia
"andando de lado" do que em franca decadência como na crise de 2015-2016 ou no
ano de 2020, quando a atividade foi duramente afetada pela restrição de circulação
necessária para conter a pandemia do coronavírus. Mas o que esperar de 2022?
Podemos em pleno ano de eleição voltar à recessão mais aguda, com alta do
desemprego? Os economistas divergem: há quem aposte em uma pequena alta do
PIB no próximo ano, quem veja a continuidade da estagnação e quem aposte sim na
recessão — que seria a terceira num período de oito anos, um mal desempenho sem
precedentes. Nesse último grupo estão grandes bancos como o Itaú e o Credit
Suisse, ambos com projeção de queda de 0,5% para o PIB brasileiro em 2022.

@codaspublicacoes
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Uma estação belga de pesquisa científica na Antártida está enfrentando um surto de


covid-19, apesar de os trabalhadores ali estarem totalmente vacinados e de o local
estar em uma das regiões mais remotas do mundo. Desde 14 de dezembro, pelo
menos 16 dos 25 trabalhadores da Estação Polar Princesa Elisabeth contraíram o
vírus. Até agora, segundo as autoridades, os casos continuam moderados. "A
situação não é dramática", disse Joseph Cheek, gerente de projeto da International
Polar Foundation, à BBC. "Embora tenha sido um inconveniente colocar em
quarentena os membros da equipe que pegaram o vírus, isso não afetou
significativamente nosso trabalho na estação em geral", disse Cheek. "A todos os
residentes da estação foi oferecida a opção de partir em voo programado para 12 de
janeiro. No entanto, todos manifestaram o desejo de ficar e continuar o seu trabalho",
acrescentou. A notícia do surto foi relatada pela primeira vez no jornal belga Le Soir.
O primeiro teste positivo foi registrado no dia 14 de dezembro, em uma equipe que
havia chegado sete dias antes. Eles e outros pesquisadores com resultado positivo
foram colocados em quarentena, mas o vírus continuou a circular. Os funcionários
que chegam à estação têm que estar vacinados contra o vírus e testados. Há dois
médicos na estação e novas chegadas ao posto avançado foram suspensas até o
surto terminar. A estação Princess Elisabeth é operada pela International Polar
Foundation e entrou em serviço em 2009. Não é a primeira vez que estações de
pesquisa na Antártida são afetadas por um surto de coronavírus. No ano passado,
vários militares chilenos baseados na estação de pesquisa Bernardo O'Higgins foram
infectados depois que os marinheiros de um navio de abastecimento testaram
positivo para o vírus.

@codaspublicacoes
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Cinco anos atrás, imagens simples com tinta preta e um pouco de aquarela vermelha
sobre papel branco surpreenderam os passageiros do metrô de Estocolmo, na
Suécia. O tunnelbana — nome do metrô da capital sueca — é frequentemente
descrito como a galeria de arte mais longa do mundo, com exposições em 90 das
suas 100 estações ao longo do seu sistema de 109 km de túneis. As obras
permanentes que estão lá há décadas abordam temas que vão de direitos das
mulheres a inclusão e desmatamento. Mas a exibição que surgiu em outubro de 2017
na estação de Slussen, no centro de Estocolmo, deixou usuários boquiabertos e
causou polêmica. Selecionadas por funcionários municipais, as obras da quadrinista
sueca Liv Strömquist acabaram se tornando um marco na história do feminismo. "As
três imagens diferentes de patinadoras sobre gelo com manchas de menstruação na
região entre as pernas geraram um grande debate", recorda a artista. As imagens já
haviam aparecido em um dos livros mais vendidos de Strömquist. "Para mim,
pessoalmente, a menstruação sempre havia sido algo muito doloroso e vergonhoso.
Não podia falar com ninguém a respeito", segundo a artista. "Achei que seria
interessante explorar a menstruação como algo que está em toda a sociedade: como
um sentimento de vergonha por uma experiência tão natural vivida pela metade da
humanidade, em vez de interpretá-la de alguma forma psicológica pessoal." A ideia
era que as patinadoras de Strömquist enfatizassem a ideia de uma sociedade em que
a menstruação não fosse razão para um estigma. As imagens causaram forte debate
na imprensa local e global, bem como nas redes sociais. "É um pouco chocante ter
essas imagens em um espaço público como o metrô. Acho que é de mau gosto",
declarou na época à BBC uma mulher no tunnelbana.

@codaspublicacoes
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Era uma rara ensolarada e fresca manhã de novembro, e eu havia acabado de


pedalar em ziguezague, na subida de uma montanha, nos arredores da vila de
Cumberland, na ilha de Vancouver, oeste do Canadá, recebendo lama atrás de
Jeremy Grasby, um ciclista da região. Paramos para descansar onde a floresta densa
deu lugar a mudas recém-plantadas e abraçou a ampla vista: as rígidas paredes das
montanhas Beaufort atrás de nós e uma rica cobertura verde apoiada embaixo pelo
luminoso Estreito da Georgia. O povo indígena dos K'ómoks chamava este lugar de
"terra da abundância", e não é difícil entender por quê. Eu poderia ter ficado ali, de
pé, o dia todo absorvendo o sol do outono, mas Grasby tinha outros planos. Ele havia
prometido me levar de volta para a vila numa rede de trilhas de mountain bike cheias
de curvas, construída e mantida por uma entidade sem fins lucrativos local chamada
United Riders of Cumberland (Ciclistas Unidos de Cumberland, ou UROC). "Cada
trilha reflete a personalidade e o estilo de pedalar de quem a construiu", explicou
Grasby enquanto chegávamos ao topo da última colina e nos preparávamos para a
primeira descida. "Tem trilhas cruas, duras, como a Roughneck, e leves, que fluem
bem, como a Vanilla." Estávamos prontos no topo da trilha Blueprint, sinuosa e
coberta de raízes, cujo traçado parecia ter sido desenhado por alguém com um lado
sádico. Depois de uma breve pausa para tomar água, Grasby partiu, lançando-se de
forma destemida pelo meio das árvores. Depois eu o encontrei, gentilmente
esperando por mim numa pequena estrada, com um sorriso satisfeito no rosto. As
florestas em torno de Cumberland estão tomadas de trilhas para bicicletas.
Implantadas ao longo dos últimos 20 anos, elas formam uma rede que, se colocadas
juntas, somariam mais de 200 quilômetros.

@codaspublicacoes
124

O Twitter encerrou a conta pessoal da congressista norte-americana Marjorie Taylor


Greene por seguidas violações da norma criada para coibir desinformação sobre a
covid-19. A empresa identificou e tirou do ar um post de Greene, que é do Partido
Republicano, por considerar que poderia ser prejudicial para os usuários da
plataforma. Ela tuitou no último sábado (1°/1) a informação falsa de que há nos
Estados Unidos elevados índices de mortes ligadas à vacinação contra a covid. É a
quinta vez que a congressista é punida pelo Twitter. Em um comunicado enviado
dentro de um canal da plataforma Telegram, ela disse que a decisão mostra que a
empresa é "uma inimiga da América". Greene acusou o Twitter de ajudar na
instauração de uma "revolução comunista". A conta encerrada foi a pessoal; a que
ela tem como congressista permanece ativa. Em comunicado enviado à BBC, um
porta-voz da rede social disse que a conta foi banida após repetidas violações sobre
a política de desinformação, que prevê quatro suspensões até a suspensão
permanente. Em agosto de 2021, Greene recebeu uma punição por uma postagem
que dizia falsamente que as vacinas estavam falhando e que os órgãos reguladores
nos EUA não deveriam permiti-las. Marjorie Taylor Greene foi eleita à Câmara dos
Representantes pelo Estado da Geórgia como a candidata do grupo conspiratório
QAnon. Ela, uma empresária novata na política, venceu no fortemente conservador
14º Distrito da Geórgia, derrotando o democrata Kevin Van Ausdal. Os QAnon
emergiram nos últimos anos em volta da ideia de que existiria uma rede de pedófilos
e satanistas infiltrada no governo, no mercado e na mídia com o objetivo de derrubar
o presidente republicano Donald Trump.

@codaspublicacoes
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Em março, "Batman" trará uma nova aventura do Homem-Morcego nos cinemas.


Robert Pattinson assume o papel de Bruce Wayne e o trailer mais recente sugere um
mistério envolvendo sua família e a fundação da própria Gotham City. Três meses.
Tempo mais do que suficiente para que a turma que curte estragar a diversão alheia
prepare seu dossiê do "eu já sabia e o filme seria assim". Revelar os segredos de um
filme antes de sua estreia é um prazer que eu queimo a cabeça e não consigo
entender. O maior exemplo é "Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa". Foram meses
com "fãs" perdendo tempo para adivinhar qual seria a linha narrativa do filme. Pior:
para escancarar suas revelações e bagunçar a experiência alheia. Se essa turma se
reunisse em um porão qualquer para ficar a) lamentando sua ausência de vida social
e b) trocando figurinhas sobre o roteiro de um filme, beleza. Há quem diga, e eu
literalmente recebi mensagens assim, que é bem melhor saber dos spoilers do que
assistir ao próprio filme. Deve ser o mesmo pessoal que come bombom sem tirar a
embalagem. A coisa, entretanto, ficou séria. No YouTube, dúzias e dúzias de "canais"
de "fãs" entupiram o algoritmo com cenas do próprio filme, gravadas dentro dos
cinemas, entregando justamente cenas chave da aventura. Mesmo quem queria se
manter alheio às surpresas foi brindado inadvertidamente com thumbs revelando,
sem pudor, o que deveria ser um momento bacana. A Sony/Marvel, claro, foi
derrubando um a um desses vídeos. Mas não há limites para os espíritos de porco.
Em São Paulo, os spoilers terminaram em confusão em um cinema. Três moleques
passaram a gritar, depois de a sessão começar, quem aparece no filme e de que
forma a ação acontecia. Uma pessoa chegou ao limite e sacou um spray de pimenta
no trio, atingindo também as pessoas ao lado.

@codaspublicacoes
126

Tem um tempo que aboli rankings de melhores leituras do ano. Já passo a vida
indicando livros e alertando para eventuais ciladas, espero que as resenhas deem
uma dimensão do que achei de cada obra. Não venho escrever novamente sobre o
que já escrevi, mas me traio de partida. Tenho estranhado a ausência de dois
romances em listas de diversos veículos. "Temporada de Furacões", da mexicana
Fernanda Melchor (Mundaréu), e "As Aventuras da China Iron", da argentina Gabriela
Cabezón Cámara (Moinhos), merecem estar em qualquer relação plural do que de
melhor chegou às livrarias brasileiras em 2021. Fujo da minha própria seleção, porém
não deixo de olhar para os encontros ao longo do último ano. Por motivos diversos,
bons livros passaram semanas ou meses ao meu lado, esperando a vez de ganharem
um espaço na coluna. Nem sempre rola. Trago, então, leituras relevantes feitas ao
longo de 2021 que pouco ou nada apareceram por aqui. Valem a pena os contos de
"Como Usar um Pesadelo", de Bruno Ribeiro, e de "Estados Alucinatórios", de
Eduardo Sabino, ambos publicados pela Caos e Letras. São dois autores brasileiros
que dialogam com o que de melhor tem sido feito na literatura latino-americana de
língua espanhola. O horror das histórias de Eduardo e Bruno se aproxima, em alguns
momentos, do que encontramos no precioso "Terra Fresca da Sua Tumba", da
boliviana Giovana Rivero (Incompleta), que chama a atenção pela quantidade de
contrastes e rusgas culturais que apresenta em suas narrativas. Título que já
angariou uma porção considerável de fãs, "Os Supridores", de José Falero (Todavia),
desliza num ponto ou outro, mas é mesmo um romance que merece ser lido com
atenção. O turbulento e cheio de vinho "O Mais Sutil é a Queda", de Narjara Medeiros
(7 Letras), deixou uma impressão muito boa.

@codaspublicacoes
127

O próximo ano deverá registrar o maior investimento da história em produções para


serviços de streaming no mundo. Lideradas pela Netflix, as empresas do setor devem
investir juntas mais de R$ 1,3 trilhão em conteúdo, um aumento de 14% em relação
a 2021, de acordo com a Ampere Analysis. "Em 2022, esperamos que o investimento
em conteúdo ultrapasse US$ 230 bilhões (R$ 1,3 trilhão), principalmente
impulsionado por serviços de streaming por assinatura, à medida que a batalha na
arena de conteúdo original se intensifica - tanto nos Estados Unidos, mas também
nos mercados globais, que são cada vez mais importantes para o crescimento", diz
Hannah Walsh, gerente de pesquisa da Ampere Analysis, em um comunicado. Com
gastos de US$ 14 bilhões em conteúdo em 2021, a Netflix lidera os investimentos em
streaming, representando 30% do total gasto em conteúdo de assinatura de vídeo on
demand (SVOD), mas apenas 6% do investimento total em conteúdo global em 2021,
de acordo com a Ampere A Netflix é o terceiro maior investidor em conteúdo do
mundo em gastos totais, atrás da Comcast e suas subsidiárias (US$ 22,7 bilhões) e
da Disney (US$ 18,6 bilhões). "A Comcast e a Disney investem pesadamente em
direitos esportivos, que - junto com seus pesados investimentos em conteúdo original
- contribuíram para suas posições de liderança na mesa. Os direitos esportivos
representaram mais de um terço dos gastos da Comcast e da Disney em 2021 ",
afirmou Hannah. Mas esses números devem aumentar. A Disney revelou no início
deste ano que pretende expandir seu orçamento de conteúdo em US$ 8 bilhões em
2022. A Netflix afirmou que pode até triplicar o investimento nos próximos anos e em
2022 deve gastar US$ 17 bilhões.

@codaspublicacoes
128

A virada se aproxima, e como todos sabem, trata-se da noite mais mandingueira do


ano. Nós costumávamos ser bons nesse jogo sem nem precisar pensar muito, só
usando branco e pulando ondinhas já dava quase sempre pra conjurar um ano
decente. Mas de 2019 pra cá, a coisa desandou. Adoraria usar deste texto para
defender que não devemos apontar culpados, mas a verdade é que algum culpado
sempre tem, e como nunca teremos certeza absoluta se foi mesmo o fim do Vídeo
Show que desencadeou isso tudo, chegou a hora de levantarmos novas teorias. Eu,
por exemplo, boto a culpa no amarelo. Até algumas viradas atrás, usar amarelo era
o equivalente a abrir uma caixinha de perguntas no Instagram sem ser famoso: um
grito de socorro. O cidadão que vestisse uma camisa amarela no dia 31 de dezembro
teria que estar suficientemente desesperado a ponto de emanar fragilidade na
presença do grupo demográfico mais cruel que temos à disposição: a família e os
amigos. A coisa começou a desandar de verdade quando perdemos a vergonha de
usar o amarelo. Ano novo já foi um dia a festa das aparências, onde se pagava 50
reais numa fruta que é só caroço, bebia-se sidra em copo de champanhe e os talheres
de plástico vinham com acabamento em dourado. A partir do momento em que
desistimos de enganar os cosmos com a nossa riqueza fraudulenta, ele enxergou a
verdade nas nossas almas. E foi esse surto de sinceridade extrema que nos trouxe
aonde estamos. A ascensão da roupa amarela fez todos nós vibrarmos na frequência
da escassez, e aqui seguimos presos a ela. Então nesse ano de 2022, sugiro
tentarmos algo novo: ao invés de orarmos por dinheiro e renovar mais uma vez
nossos votos de pobreza, sugiro todos pedirmos apenas por "paz" — que é o que
sobra pra se queixar quando a vida não te traz problema.

@codaspublicacoes
129

Entre A Fazenda e o BBB, existe um intervalo no entretenimento e no mundo das


fofocas de famosos que a família Poncio sempre consegue ocupar muito bem. Nesse
período, já acompanhamos a novela de Sarah Poncio e Jonathan Couto, que
perderam a guarda de Josué para a mãe biológica. Não se falou tanto disso, mas
também tivemos Saulo Poncio sendo acusado de fraudar um campeonato de
futevôlei. Ontem, dia 24 de dezembro, o ex-atleta Gilbert Leal foi ao Instagram
denunciar Saulo, empresário da dupla Fabricio Brisa e Sandrey, por supostamente
ter oferecido dinheiro para a dupla campeã do campeonato entregar o jogo. Porém,
a notícia mais surpreendente foi revelada em plena noite de Natal. Aproveitando o
clima festivo e familiar da data, Saulo achou por bem contar aos seus seguidores no
Instagram que o casamento com Gabi Brandt está passando por uma crise. Só que
a tentativa de roubar o protagonismo do aniversariante do momento, Jesus, virou-se
contra ele. O pessoal interpretou a notícia do tempo no casamento como um divórcio
e passou a atacar o ex-vocalista da banda Um44k. A Gabi Brandt, que também teve
o seu sossego interrompido, pediu para que não ataquem Saulo, já que a decisão de
dar um tempo na relação foi dela. Vamos ficar de olho nos próximos episódios, com
certeza essa novela tá só começando.

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130

Se você já foi em um karaokê, "Total Eclipse of the Heart" com certeza foi uma das
músicas cantadas durante a sessão. Isso porque o hit dos anos 1980 é um dos mais
queridos entre os fãs de música pop antiga. Lançada em 11 de fevereiro de 1983, a
música de Bonnie Tyler faz parte do álbum "Faster Than the Speed of the Night" e é
o maior sucesso da cantora. O fato de ser uma música de mais de 30 anos atrás não
impede que ela ainda esteja bastante presente na cultura pop e até mesmo em
produções brasileiras, como é o caso de "Deserto Particular" e "Eduardo e Mônica",
filmes novos dos quais "Total Eclipse of the Heart" faz parte da trilha sonora e também
é cantada pelos personagens. Com uma letra que fala sobre a desilusão amorosa de
alguém que espera por seu amado, é impossível não se reconhecer durante aqueles
dias que nos sentimos mais sozinhos e desejamos uma música para ouvir na fossa.
Além disso, o refrão é uma delícia de cantar. Dá para gritar bastante a letra, que é
bem fácil de decorar. Além disso, o hit nunca deixou de estar presente no imaginário
popular. Um exemplo da eterna presença da canção no dia a dia do público é a série
"Glee", conhecida por fazer diferentes covers de música, que contou com "Total
Eclipse of the Heart" em um de seus episódios. E mesmo "Modern Family", que não
é uma produção musical, dedicou uma cena a este clássico que todos sabem cantar.
E, como tudo o que faz sucesso hoje em dia, a música fez parte de brincadeiras no
TikTok, provando que o hit ultrapassa gerações. A canção dos anos 1980 caiu no
gosto popular brasileiro e ganhou diferentes versões, como "Total Eclipse of the Heart
versão forró. Por fim, é impossível falar desta música sem lembramos da versão literal
do clipe: alguém trocou a letra e colocou exatamente as esquisitices que acontecem
no vídeo sendo cantadas. Infelizmente, apenas em inglês.

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O tempo fechou para Emily em Paris! A série original Netflix, com Lily Collins no papel
principal, foi alvo de críticas por conta do estereótipo de uma personagem. Na série,
Emily (Lily Collins) conhece Petra (Daria Panchenko), uma ucraniana que não
entende de moda e não fala muito bem nem inglês e nem francês. As duas viram
colegas de classe e saem juntas para praticar, mas o que ocorre é que Petra acaba
interpretando errado algumas coisas que Emily diz e furta peças caríssimas de uma
loja famosa de Paris. As atitudes da personagem, que aparece apenas algumas
vezes, foi alvo de críticas. O Ministro da Cultura da Ucrânia, Oleksandr Tkachenko,
revelou que enviou uma carta para a Netflix, reclamando de como a personagem foi
retratada na série e disse, inclusive, que se sentiu insultado por ela. "Em Emily em
Paris, nós temos a caricatura de uma mulher ucraniana que é inaceitável. É também
um insulto", escreveu Mr Takchenko em seu Telegram. "É assim que os ucranianos
são vistos lá fora?", finalizou. Uma ucraniana que mora em Paris concordou com o
Ministro. "O jeito como vocês retrataram a imagem dos ucranianos em sua segunda
temporada, o quarto episódio é um truque de baixo custo, um escândalo e uma
vergonha", escreveu Yevheniya Havrylko, em um post no Instagram que já tem mais
de 75 mil curtidas. Não é a primeira vez que a série é criticada pela forma como
descreve as diferentes nacionalidades. Quando a primeira temporada foi lançada,
Emily em Paris foi criticada, particularmente na França, por promover imagens
estereotipadas da cidade e seus residentes. Basicamente, a série mostra como os
franceses são pessoas rudes com boinas que, frequentemente, traem seus parceiros.

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"Caiu no chão, quebra! Eu mesmo não comprava". É assim que Evandro Silva, 26,
morador de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, fez sucesso na internet como o
"Vendedor Sincero". Ele se aproxima dos clientes falando mal dos próprios produtos
e, ainda assim, consegue ganhar a simpatia deles - e da internet. Fenômeno no
TikTok, com mais de 252 mil seguidores, Evandro começou por acaso na vida de
influenciador. "Eu me aproximei de uma mulher para vender um chaveiro, ela achou
engraçado e começou a me filmar. Daí o vídeo foi para as redes sociais e viralizou",
relembra o jovem. Os vídeos postados por ele já tiveram mais de 13 milhões de
visualizações apenas no TikTok. A ideia do "Vendedor Sincero", no entanto, veio há
cerca de seis meses, quando ele percebeu que as vendas não andavam muito boas.
Evandro, que é ambulante desde os 16 anos, diz que aprendeu a vender olhando
outros vendedores na rua e que, atualmente, vive com a mãe de 53 anos e as vendas
o ajudam em casa. "Eu comecei a falar para o pessoal que o produto era ruim, aí
então eles começaram a comprar", diz. Na 'vitrine', estão as balas "ruins da peste" e
os chaveiros "feios demais" - estes últimos, inclusive, possuem um propósito ainda
maior. Segundo Evandro, com a venda dos porta-chaves, parte do dinheiro vai para
uma pequena comunidade de Nova Iguaçu que apoia pessoas em situação de rua e
com dependência química. "Eu sei que tem muita gente na rua que quer mudança de
vida e isso dói muito no coração. Com parte do dinheiro, nós compramos cestas
básicas, passagens de transporte e o que for preciso", diz. Apesar do sucesso,
Evandro afirma que o principal objetivo do marketing é fazer as pessoas sorrirem.

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Incentivar a população a consumir mais grãos integrais diminuiria a incidência do


diabetes tipo 2 e os custos associados à doença, de acordo com estudo conduzido
pela Universidade da Finlândia Oriental e o Instituto Finlandês para Saúde e Bem-
estar. Os resultados foram publicados na revista científica Nutrients. Os
pesquisadores criaram um modelo econômico de saúde a partir de informações
coletadas de várias bases de dados nacionais e publicações científicas. Os dados
possibilitaram estimar os impactos da mudança na alimentação em nível
populacional, com foco nos finlandeses. "Entre a população adulta da Finlândia, o
aumento no consumo de grãos integrais poderia reduzir os custos relacionados ao
diabetes tipo 2 entre 286 e 989 milhões de euros nos próximos 10 anos, dependendo
da frequência no consumo", detalham os autores no artigo. Consumir alimentos
integrais interfere no controle do diabetes devido à ação desses nutrientes no
organismo, de acordo com Marcella Garcez, nutróloga e diretora da Associação
Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Ao ingerir mais grãos integrais, as enzimas do
corpo têm mais dificuldade para quebrar os carboidratos (arroz, macarrão, pão) e
transformá-los em glicose, ou açúcar. Como consequência, uma quantidade menor
de açúcar estará em circulação no sangue, diminuindo a necessidade de insulina -
hormônio produzido pelo pâncreas e responsável por metabolizar a glicose para que
vire energia. O diabetes tipo 2 se caracteriza por uma resistência do organismo à
insulina. Com isso, a glicemia (açúcar em circulação) permanece elevada, levando a
complicações. Por exemplo, a ocorrência de doenças cardiovasculares (como o
infarto agudo do miocárdio e o Acidente Vascular Cerebral, ou AVC), a piora na
cicatrização de feridas, bem como danos à retina e rins.

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A lichia é uma fruta cuja safra começa em dezembro e se estende até janeiro. Pode
ser consumida in natura, em sucos, chás ou como ingredientes de doces e outras
bebidas. Mas o que ela esconde por trás das suas cascas vermelhas e polpa branca
suculenta são os vários benefícios à saúde. É rica em vitaminas e minerais, como a
vitamina C, vitaminas do complexo B, potássio, cálcio, ferro, magnésio, fósforo e
folato. A vitamina C possui ação antioxidante fundamental no combate aos radicais
livres que causam danos às nossas células e contribuem para a inflamação. "Só para
termos uma noção de comparação, em uma porção de 100 gramas ela tem mais
vitamina C do que a laranja, podendo auxiliar no bom funcionamento do nosso
sistema imunológico", afirma a nutricionista Natália Barros. Além disso, segundo ela,
a vitamina C junto com o folato estimula a produção e o funcionamento de glóbulos
brancos, células de defesa essenciais para prevenir e combater infecções. Pouco
calórica, já que 100 gramas da fruta tem quase 70 calorias, mas com grande
concentração de fibras e água, pode fazer parte da alimentação de quem busca o
emagrecimento, uma vez que as fibras auxiliam na saciedade e, consequentemente,
na redução da ingestão de calorias. Essa fruta exótica é originária da China, mas os
maiores produtores de lichia são Vietnã, Tailândia, Índia, Madagascar e África do Sul.
No Brasil, a lichia começou a ser comercializada por volta da década de 1970. A
grande produção dessa fruta se concentra a noroeste do estado de São Paulo, porém
existe uma pequena parcela de produção sendo feita em Minas Gerais, na Bahia e
no Paraná. Ela tomou gosto pelos brasileiros há menos de 10 anos, quando o cultivo
aumentou.

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Muitas pessoas usam o Ano Novo para virar a página - ou seja, mudar o
comportamento agindo de forma mais racional e em favor dos próprios interesses.
Mas isso é mais difícil do que parece. Aqui estão três exemplos da minha série - Think
with Pinker, da BBC 4 - sobre armadilhas comuns da irracionalidade e como evitá-
las. 1. Você amanhã. Quando as pessoas comparam o que elas "pensam" com o que
"sentem", muitas vezes elas querem falar sobre a diferença entre uma recompensa
imediata ou a longo prazo. Por exemplo - um banquete agora ou estar em forma
amanhã?; uma comprinha sem muita necessidade neste momento ou dinheiro
suficiente para o aluguel no fim do mês?; seguir a paixão sem limites ou encarar
possíveis consequências depois? Esse contraste entre tempos presentes e tempos
futuros pode parecer uma luta interna, como se um lado da pessoa quisesse ver
séries de streaming hoje e uma outra parte lembrasse da obrigação de ir bem na
prova de amanhã. Em um episódio de Os Simpsons, Marge alerta seu marido sobre
seu comportamento e ele responde: "Isso é um problema para o Homer de amanhã.
Cara, coitado dele". Isso levanta uma questão: devemos sacrificar o agora em
benefício do nosso futuro? A resposta é: não necessariamente. Afinal, talvez a gente
morra e nosso sacrifício terá sido em vão. Como diz um adesivo de carro: "A vida é
curta. Como sobremesa primeiro". Talvez a compensação prometida nunca venha -
por exemplo quando um fundo de pensão quebra. No final das contas, você é jovem
apenas uma vez. Não faz sentido guardar dinheiro por décadas para comprar um
equipamento de som caríssimo quando seu ouvido não conseguirá mais perceber a
diferença. Então o nosso problema não é viver apenas no futuro, mas viver
demasiadamente no presente.

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O físico Wesley Cota, pesquisador da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em


Minas Gerais, montou um dos sites mais completos para o monitoramento da
pandemia de covid-19 no Brasil. A página, que traz informações sobre casos,
hospitalizações, mortes, testagem e vacinação detalhados pelas cidades do país,
serve de referência até para o Our World In Data, portal criado na Universidade de
Oxford, no Reino Unido, que reúne estatísticas globais sobre a crise sanitária. O
especialista se mostra apreensivo com a atual situação do país. "A gente está no
escuro. Vemos os profissionais de saúde relatando aumento de casos de infecções
respiratórias, mas não temos a menor ideia se é gripe ou covid", aponta. "Também
não sabemos se esses casos têm a ver com a variante ômicron e o quanto ela está
disseminada por aqui." Cota não é o único a levantar essa preocupação: ao longo
das últimas semanas, diversos especialistas que acompanham a situação da covid-
19 no Brasil fizeram uma série de críticas a respeito da disponibilidade de dados
capazes de refletir o que realmente está acontecendo por aqui. O temor deles é que,
a exemplo do que ocorre agora em várias partes do mundo, como Reino Unido,
França e Estados Unidos, a ômicron esteja se espalhando de forma silenciosa e
acelerada pelo país, impulsionada pela maior capacidade de transmissão dessa
variante e pelas aglomerações e festas de final e de início de ano. A principal
dificuldade para ver esse aumento claramente, dizem eles, é o fato de que o Brasil
nunca teve uma política pública de testagem, isolamento de casos positivos e
rastreamento de contatos. Desde março de 2020, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) bate na tecla de que testar, isolar e rastrear são atitudes primordiais para lidar
com a covid-19.

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137

O cantor Caetano Veloso, o ex-jogador Ronaldo Fenômeno, a apresentadora Maísa,


o ator Marcelo Serrado, o influenciador Casimiro Miguel… Várias personalidades
divulgaram que receberam um diagnóstico positivo para covid-19 nos últimos dias. A
maioria absoluta já estava vacinada com duas ou três doses da vacina e alguns estão
infectados pela segunda vez. Os anúncios serviram de combustível para a criação
(ou a reciclagem) de notícias falsas, que acusam os imunizantes de não funcionarem
como o esperado. As notícias também levantaram algumas dúvidas na cabeça das
pessoas: se as vacinas são efetivas, como é que tanta gente pegou covid? Antes de
mais nada, é preciso esclarecer que os dados oficiais e os estudos científicos são
bem claros e oferecem respostas para esse e outros questionamentos. Mesmo com
o avanço da variante ômicron, os imunizantes contra a covid-19 continuam a
funcionar para aquilo que eles foram desenvolvidos: a prevenção de casos mais
graves da doença, que causam hospitalização e morte. Entenda a seguir como
cientistas, médicos e instituições de saúde seguem confiando no poderio das vacinas
testadas e aprovadas em várias partes do mundo — e como elas estão ajudando a
conter a pandemia. Diante das notícias das celebridades infectadas e dos recordes
diários de novos casos de covid-19 em países como Estados Unidos, França e Reino
Unido, a efetividade das vacinas voltou a virar motivo de discussão nas redes sociais.
No Brasil, uma das postagens que geraram mais polêmica foi um tuíte da advogada
Janaina Paschoal, deputada estadual em São Paulo pelo Partido Social Liberal
(PSL). Ela escreveu: "Vivemos um momento tão intrigante, que pessoas vacinadas,
com todas as doses, pegam covid-19 e recomendam a vacinação. Parece piada.
Ninguém acha, no mínimo, curioso?"

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Onde exatamente ficava a casa onde a rainha Elizabeth 2ª nasceu? Os turistas estão
procurando no lugar errado? E as alegações de que a casa foi danificada na Blitz
(campanha de bombardeio da Alemanha nazista contra o Reino Unido) estão
corretas? A rainha Elizabeth 2ª nasceu em 21 de abril de 1926 na rua Bruton Street,
número 17, em Mayfair, um bairro nobre de Londres. O local não era um palácio, uma
grande propriedade ou mesmo um hospital, mas apenas uma casa em uma rua
movimentada da capital britânica. Seus pais haviam se mudado para o imóvel,
pertencente a seus avós maternos escoceses, o conde e a condessa de Strathmore,
apenas algumas semanas antes de seu nascimento. "É um lembrete de como a
família real não era tão rica naquela época. O dinheiro era um problema", disse o
historiador real Robert Lacey. Vale lembrar que a Elizabeth 2ª não nasceu para ser
rainha — como filha do filho mais novo do Rei, não havia a expectativa de ela
ascendesse ao trono. A primeira casa da rainha Elizabeth 2ª não existe mais — e há
repetidas alegações na internet de que ela foi destruída por ataques aéreos durante
a Segunda Guerra Mundial. "A casa foi danificada na Blitz e depois demolida", diz a
Wikipédia, por exemplo. Mas muitos documentos na Biblioteca Britânica e outros
arquivos mostram que a casa do século 18 havia desaparecido antes mesmo do início
do conflito. Foram os incorporadores imobiliários — muito mais implacáveis do que
os ataques aéreos — que acabaram com a primeira casa da monarca. Em 1937, um
homem de cartola e sobretudo havia formalmente iniciado a demolição do número 17
da rua Bruton Street e muitos de seus prédios vizinhos, que se estendiam até a
esquina da Berkeley Square.

@codaspublicacoes
139

Aqui vai um quiz de começo de ano: quantos filmes do Homem-Aranha foram feitos
nos últimos 20 anos? Segundo as minhas contas, foram três dirigidos por Sam Raimi
e protagonizados por Tobey Maguire, dois pelo cineasta Marc Webb e estrelados por
Andrew Garfield, uma animação (Homem-Aranha no Aranhaverso), e dois filmes
recentes pelas mãos do cineasta Jon Watts e com Tom Holland no papel principal.
Isso faz com que esta terceira produção da dupla Watts-Holland, Homem-Aranha:
Sem Volta para Casa, seja a nona oportunidade que temos de ver Peter Parker com
seu traje azul e vermelho — isso sem incluir as aparições em Os Vingadores e
Capitão América. É certo que isso parece mais do que suficiente. Mas a magia de
Sem Volta para Casa é utilizar todos os filmes anteriores do Homem-Aranha como
parte de sua trama. Sim, as referências às oito produções anteriores dependem de
uma leal nostalgia dos fãs do personagem, mas também enriquecem o novo filme,
aumentando sua profundidade emocional e seu alcance. Inclusive elas melhoram as
histórias anteriores de uma maneira retroativa, agregando novas facetas aos
personagens que aparentemente já tinham saído da série. Assim Sem Volta para
Casa permite uma despedida transcendental para essas figuras. Os céticos dos
filmes de super-herói provavelmente não se converterão ao culto. Mas se você tem
algum amor pelo gênero, então essa nova parte da saga aracnídea colocará um
sorriso em seu rosto por duas horas. Pode ser que caiam algumas lágrimas dos seus
olhos. Na era da dupla Raimi-Maguire, J. Jonah Jameson — interpretado pelo
magnificamente turrão J.K. Simmons — era o editor de um jornal de cidade grande.
Em uma atualização esperta e satírica, J.J. Jameson retorna como apresentador de
um site de notícias baseado em teorias conspiratórias. E continua odiando o
simpático Homem-Aranha.

@codaspublicacoes
140

Umberto Eco começou a sua carreira como filósofo sob a orientação de Luigi
Pareyson, na Itália. Seus primeiros trabalhos dedicaram-se ao estudo da estética
medieval, sobretudo aos textos de S. Tomás de Aquino. A tese principal defendida
por Eco, nesses trabalhos, diz respeito à ideia de que esse grande filósofo e teólogo
medieval, que, como os demais de seu tempo, é acusado de não empreender uma
reflexão estética, trata, de um modo particular, da problemática do belo. A partir da
década de 1960, Eco lança se ao estudo das relações existentes entre a poética
contemporânea e a pluralidade de significados. Seu principal estudo, nesse sentido,
é a coletânea de ensaios intitulada Obra aberta (1962), que fundamenta o conceito
de obra aberta, segundo o qual uma obra de arte amplia o universo semântico
provável, lançando mão de jogos semióticos, a fim de repercutir nos seus intérpretes
uma gama indeterminável porém não infinita de interpretações. Ainda na década de
1960, Eco notabilizou-se pelos seus estudos acerca da cultura de massa, em especial
os ensaios contidos no livro Apocalípticos e Integrados (1964), em que ele defende
uma nova orientação nos estudos dos fenômenos da cultura de massa, criticando a
postura apocalíptica daqueles que acreditam que a cultura de massa é a ruína dos
"altos valores" artísticos — identificada com a Escola de Frankfurt, mas não
necessariamente e totalmente devedora da Teoria Crítica — e, também, a postura
dos integrados — identificada, na maioria das vezes, com a postura de Marshall
McLuhan — para quem a cultura de massa é resultado da integração democrática
das massas na sociedade. A partir da década de 1970, Eco passa a tratar quase que
exclusivamente da semiótica.

@codaspublicacoes
141

Samuel Finley Breese Morse foi um inventor, físico e pintor[4][5] de retratos e cenas
históricas estadunidense. Tornou-se mundialmente célebre pela suas invenções: o
código Morse e o telégrafo com fios, em 1844. Era filho de um pastor protestante
chamado Jedidiah Morse e de Breese Elizabeth, de Nova Jersey, numa família com
grandes tradições puritanas. Morse nasceu em Charlestown no ano de 1791.
Começou os seus estudos na Academia Phillips, de Andover, e terminou-os em 1810,
na Universidade de Yale, e, mais tarde, interessou-se pelo estudo de física e de
química, embora a pintura o tenha atraído desde a adolescência. Mais tarde, aos
catorze anos, começou a interessar-se pela electricidade. Esta última atrai-o muito,
mas apenas como forma de estudo. Ainda na época de colégio, Morse escreveu uma
carta aos pais dizendo que queria se tornar um pintor. Os pais, preocupados com o
futuro do filho, preferiram transformá-lo num vendedor de livros em Charlestown.
Desse modo, Morse passou a vender livros de dia e a pintar à noite. Ante a
persistência do artista, os pais decidiram mandar o filho para Londres para que
estudasse artes na Royal Academy em 1811 com o conceituado pintor em Benjamin
West. Em 1825 Morse estava na Cidade de Nova Iorque realizando um retrato de
Lafayette, na ocasião do início da pintura um mensageiro a cavalo chegou trazendo
notícias de seu pai que dizia, "Sua querida esposa está convalescente". No dia
seguinte Morse recebe outra carta de seu pai detalhando que a sua esposa sofreu
uma morte súbita. Morse deixa então o retrato inacabado e retorna para New Haven.
Após este fato de desencontro de notícias Morse decide explorar meios de conseguir
uma comunicação de longa distância.

@codaspublicacoes
142

Até meados de 2020, o ex-presidente e ícone do movimento anticomunista


Solidarnosc (Solidariedade) dos anos 1980 na Polônia, Lech Walesa, ganhava a vida
no lucrativo circuito internacional de palestras. Desde então, porém, as restrições por
causa da covid-19 o deixaram à beira da falência, relatou ao tabloide polonês Super
Express: "Eu tinha muitas viagens planejadas e deveria ter voado para Itália,
Alemanha, EUA e outros países, mas infelizmente todas falharam". Os falantes de
polonês são poucos e distantes do circuito internacional de palestras em língua
inglesa, mas Walesa lidera entre os reconhecidos no exterior. Além dele, há Donald
Tusk e Robert Lewandowski, dizem pessoas ligadas ao setor. E antes deles houve o
papa João Paulo 2º. A expertise polonesa em "questões do Leste", como a Ucrânia,
elevou o preço dos dois palestrantes políticos desde 2014. Mas o que fontes do setor
chamam de "cansaço da guerra cultural" diminuiu a demanda por opiniões tidas como
partidárias, seja de um lado, seja do outro. E Walesa nunca deixou de dizer o que
pensa, por vezes de maneiras que podem não ser consideradas politicamente
corretas. Além disso, a covid-19 levou os países a imporem restrições de viagens.
"Estou falido agora, porque recebo 6 mil zlotys [R$ 8.400] mensais de aposentadoria,
e minha esposa gasta 7 mil zlotys cada mês", disse Walesa ao jornal. Após reformas
em agosto, o valor da aposentadoria aumentou para 18 mil zlotys por mês. "Palestras
no Ocidente? De 10 mil a 100 mil euros [R$ 64 mil a R$ 640 mil]", disse Walesa ao
tabloide. "Ganhei dinheiro com capitalistas ocidentais." Um serviço de contratação de
oradores estaria oferecendo palestras de Walesa a preços entre 50 mil e 100 mil
dólares (R$ 283 mil a R$ 566 mil).

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143

Quando as rolhas de champanha voaram na virada do ano 2002, 12 países da União


Europeia (UE) estavam prestes a perderem suas moedas nacionais. Os primeiros a
adotarem o euro como moeda comum foram Alemanha, Bélgica, Finlândia, França,
Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda, Áustria, Portugal e Espanha. Hoje, são
19 nações, pois mais tarde seguiram-se Estônia, Letônia, Lituânia, Malta, Eslováquia,
Eslovênia e Chipre. O euro não era completamente novo naquela época, pois já
estava sendo usado há três anos como chamado dinheiro contábil, por exemplo, para
transferências bancárias ou no comércio internacional. A moeda comum foi um
grande passo para a UE, pois aproximou os seus membros. E foi também um grande
saco de surpresas, porque ninguém podia prever com certeza o que aconteceria com
a moeda única. A DW analisou cinco previsões feitas por economistas, políticos e
observadores no momento da mudança de moeda e, 20 anos depois, verificou se
elas se tornaram realidade. Uma moeda de reserva é uma moeda que é utilizada em
grandes quantidades, por muitos governos e instituições. Em 1997, Fred Bergsten,
então diretor do Instituto Peterson de Economia Internacional (PIIE), argumentou que
o euro se tornaria "pelo menos a segunda moeda mais importante do mundo" e poria
fim ao domínio exclusivo do dólar americano. Não importa quais estatísticas ou
indicadores você olhe, depois do dólar americano e do euro, não há nada por muito
tempo. Em termos de moeda de reserva, o dólar é o indiscutível número um: de
acordo com estatísticas do Fundo Monetário Internacional, cerca de 59,2% de todas
as reservas oficiais de moeda no segundo trimestre de 2021 foram de dólares
americanos. O euro segue em segundo lugar, com 20,5%.

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144

Um ano após pacto com a UE, exportações britânicas para o bloco despencaram. Os
prognósticos mais catastróficos não se cumpriram, mas a situação do Reino Unido
não parece das mais promissoras. Escassez de alimentos, trabalhadores
estrangeiros deixando o país e postos de gasolina vazios. O Reino Unido certamente
teve seu quinhão de contratempos desde que terminou há um ano o período de
transição do Brexit – destinado a suavizar a saída do Reino Unido da UE. Uma crise
na cadeia de abastecimento, agravada pela falta de caminhoneiros e outros
trabalhadores de países da UE, deixou as prateleiras dos supermercados britânicos
vazias, gerou longas filas nos postos de gasolina por várias semanas em setembro e
até mesmo o abate e eliminação de milhares de porcos. As novas regras que regem
o comércio UE-Reino Unido entraram em vigor em janeiro de 2021, exigindo
formulários alfandegários de quatro páginas para todas as mercadorias e certificados
sanitários para carnes e laticínios. Como resultado, as exportações britânicas para a
UE caíram quase 15% nos primeiros dez meses do ano, de acordo com a agência de
estatísticas da UE, a Eurostat, enquanto as exportações agroalimentares do Reino
Unido caíram mais de 25%. Tudo isso aconteceu enquanto o país lutava contra a
então nova variante delta do coronavírus, que fez o Reino Unido enfrentar seu terceiro
lockdown nacional. Embora o governo insistisse ser impossível separar o Brexit do
efeito da pandemia, muitos economistas discordam. "O que podemos dizer é que a
perda notável do comércio do Reino Unido com a Europa continental não foi
espelhada no comércio do Reino Unido com o resto do mundo", sublinha Iain Begg,
pesquisador do Instituto Europeu da London School of Economics (LSE).

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145

A economia global começou a se recuperar fortemente em 2021 de suas baixas na


pandemia, mas o ritmo diminuiu no segundo semestre, em parte devido a novos
surtos de covid-19, gargalos em cadeias de fornecimento, falta de mão de obra e uma
campanha lenta de vacinação contra o coronavírus, especialmente em países de
baixa renda e em desenvolvimento. A recuperação mais lenta fez com que
economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Organização para
Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) reduzissem suas previsões de
crescimento para este ano em outubro e dezembro, respectivamente. Ambas as
instituições mantiveram, no entanto, suas previsões para 2022, embora tenham
alertado que variantes do coronavírus poderiam prejudicar o crescimento e ressaltado
a necessidade de vacinar rapidamente a grande maioria da população global. A
pandemia segue, portanto, sendo um grande risco para o crescimento global, mas
não é a única ameaça que provavelmente manterá investidores atentos no ano que
vem. Em novembro, mercados financeiros levaram um susto: uma nova variante do
coronavírus, a ômicron, foi reportada no sul da África. A cepa altamente transmissível
derrubou mercados financeiros e de commodities. Ao longo da semana seguinte,
mercados globais continuaram a oscilar enquanto investidores tentavam avaliar as
implicações econômicas da nova variante. Governos vêm apertando restrições para
conter o avanço da cepa, o que ameaça a recuperação econômica. Evidências
iniciais e especialistas sugerem que, embora seja mais transmissível que a variante
delta, a ômicron não seja tão grave quanto sua predecessora e que a nova cepa não
escapa da imunidade produzida pelas vacinas atuais.

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146

Último exemplar produzido pela Airbus segue para empresa aérea em Dubai.
Economicamente, modelo é considerado um fracasso. Mas há quem considere que,
apesar de tudo, o projeto valeu a pena. O presidente da Emirates Airlines, Tim Clark,
queria mesmo era participar de um evento histórico agendado para esta quinta-feira
(16/12) em Hamburgo – a entrega à sua empresa aérea do último Airbus A380, o
251º e derradeiro avião gigante a ser construído. Ao todo, 123 deles foram para a
empresa de Dubai e, sem a Emirates, todos concordam, o programa teria sido
descontinuado há anos. Os pilotos de teste da Airbus se despediram da aeronave no
domingo passado e voaram em uma rota em formato de coração, de acordo com
mensagem no Twitter da empresa postada nesta segunda-feira. . Em 2019, foi
anunciado que a produção terminaria em 2021. Tim Clark, agora com 72 anos e uma
lenda do setor, é alguém que acreditou no Airbus A380 como poucos, reconhecendo
desde cedo que a maior aeronave de passageiros do mundo, que na Emirates pode
acomodar até 615 passageiros, foi feita sob medida para o modelo de negócios da
companhia que conecta o mundo todo via Dubai. Ele teve primeiro que construir
modelos de cabine às suas próprias custas, a fim de ensinar à Airbus que era possível
instalar dois chuveiros no convés superior – exatamente onde ele as queria. Então, a
Airbus e os fabricantes de motores se recusaram a oferecer uma versão melhorada
com motores mais eficientes do que os quatro motores sedentos de combustível que
há muito tornavam o A380 opção pouco econômica para a maioria das companhias
aéreas. E por último, mas não menos importante, Tim Clark não conseguiu nem
marcar a entrega final de um A380 com a pompa e circunstância que desejava. A
Airbus se recusava desde o início a comemorar o fim de um programa, e então a
situação da pandemia na Alemanha arruinou os planos da Emirates de celebrar a
data.

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147

Investimentos do Commerzbank, DZ Bank e Deutsche Bank em projetos


controversos colocam compromisso de responsabilidade ambiental firmado junto à
ONU em xeque. Especialistas criticam falta de diligência. Em 2019, mais de 250
bancos assinaram os Princípios para Responsabilidade Bancária da ONU. Era um
compromisso voluntário que definia seis linhas de responsabilidade socioambiental
para a relação entre as instituições financeiras e os seus clientes. Porém, muitos
bancos continuam investindo em empresas que há anos são acusadas de violações
de direitos humanos e crimes ambientais, sem que eles façam diligências adequadas,
ou apurem informações sobre conflitos socioambientais em que seus clientes estão
envolvidos. Empréstimos raramente são negados. Empréstimos de bancos a
mineradoras não são ilegais. Mas, segundo o documento de orientação dos
Princípios para Responsabilidade Bancária da ONU, os bancos deveriam informar-
se — em alto nível — sobre como suas "políticas e práticas promovem uma conduta
responsável, incentivam práticas e atividades econômicas sustentáveis". Mas isso
nem sempre acontece. É que apesar dos princípios da ONU, "é muito difícil garantir
um mecanismo de sanção internacional que responsabilize os bancos", disse à DW
Brasil Daisy Ribeiro, assessora jurídica da organização de direitos humanos Terra de
Direitos. "Há muito tempo fala-se sobre isso, mas até hoje nada aconteceu." Nos
últimos cinco anos, três bancos alemães signatários dos princípios da ONU - o
Commerzbank, o Deutsche Bank e o DZ Bank - teriam investido mais de 1 bilhão de
dólares em mineradoras envolvidas em conflitos no Brasil, segundo uma recente
reportagem do Observatório da Mineração.

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148

Especialistas declararam nesta terça-feira (04/01) que uma nova variante do


coronavírus detectada na França deve ser observada, embora ainda não a associem
a um grande risco. "Devemos observá-la, como fazemos com outras variantes, mas
não há razão para nos preocuparmos particularmente com essa", disse Richard
Neher, especialista em variantes de vírus da Universidade de Basel, na Suíça, à
agência de notícias alemã dpa. O epidemiologista americano Eric Feigl-Ding
compartilha a mesma opinião no Twitter: "Ainda não estou muito preocupado com
B.1.640.2. Duvido que ela prevalecerá sobre a ômicron ou a delta." No fim de
dezembro de 2021, pesquisadores franceses liderados por Didier Raoult, do Instituto
Méditerranée Infection, de Marselha, narraram num artigo a ocorrência de uma nova
variante do coronavírus em 12 pessoas no sudeste da França. O primeiro caso no
país possivelmente foi de um paciente que havia voltado de uma viagem a Camarões.
Isso não significa, porém, que a variante seja originária da África Central. No entanto,
taxas de vacinação muito baixas, como em Camarões, favorecem a ocorrência de
novas mutações no coronavírus. De acordo com dados da Universidade Johns
Hopkins, apenas 2,4% dos camaroneses estão vacinados. O estudo ainda não foi
revisado por outros cientistas nem publicado numa revista científica. "É muito cedo
para especular sobre as propriedades virológicas, epidemiológicas ou clínicas da
nova variante", escreveu a equipe de Raoult. No entanto seus dados são mais um
exemplo de como podem ocorrer variantes imprevisíveis do coronavírus, sobretudo
em locais com baixa taxa de vacinação. A B.1.640.2 apresenta algumas mutações
na proteína spike que especialistas já observaram na variante ômicron, mais
transmissível.

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149

Casos saltaram 32% de 2020 para 2021, tendo aumentado mais de 60 vezes
somente no estado de São Paulo. Segundo o Ministério da Saúde, 14 pessoas
morreram da doença, e outros 26 óbitos suspeitos são investigados. Uma doença já
conhecida dos brasileiros, a chikungunya, tem disparado no país. Até a segunda
semana de dezembro, foram detectados 95.059 casos prováveis, um aumento de
32,1% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério
da Saúde. A região Nordeste tem a maior incidência da doença, com 114 casos a
cada 100 mil habitantes, seguida das regiões Sudeste, com 29,2 casos a cada 100
mil habitantes, e Centro-Oeste, com 7,4 casos por 100 mil habitantes. Apesar de ser
menos letal que a dengue, a chikungunya também pode levar à morte. Até novembro
de 2021, o país registrou 14 óbitos pela doença. Outros 26 estão sendo investigados,
informou o Ministério da Saúde. Seis dos óbitos, quase metade dos confirmados até
o momento no país, ocorreram no estado de São Paulo, que vive um surto desde
meados de abril de 2021. Além disso, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde
de São Paulo, os casos de chikungunya no estado aumentaram mais de 60 vezes na
comparação com o ano passado: enquanto em 2020 foram registrados 281 casos
durante todo o ano, 2021 teve 18,378 mil casos confirmados até meados de
dezembro. "Diante desse cenário, ressalta-se a necessidade de implementar ações
para redução de casos e investigação detalhada dos óbitos, para subsidiar o
monitoramento e assistência dos casos graves e evitar novos óbitos", informou em
nota o Ministério da Saúde. A pasta afirmou que o combate e monitoramento das
arboviroses (doenças causada por arbovírus, que incluem os vírus da chikungunya,
dengue, zika e febre amarela) é de responsabilidade federal, estadual e municipal.

@codaspublicacoes
150

Nascido em 1571, o astrônomo alemão revolucionou o conhecimento sobre a órbita


dos planetas ao redor do Sol. Hoje, as chamadas leis de Kepler ajudam a operar
foguetes e satélites. Se Johannes Kepler ainda estivesse vivo, ele celebraria seu 450º
aniversário nesta segunda-feira (27/12). O astrônomo e matemático alemão está
entre os pensadores que revolucionaram a ciência e a forma como vemos e
compreendemos o universo, a natureza e a própria vida – ao lado de grandes nomes
como Galileu Galilei, Nicolau Copérnico e Isaac Newton. Nascido em 27 de dezembro
de 1571 nos arredores da atual cidade de Stuttgart, no sul da Alemanha, Kepler é
conhecido sobretudo pelas chamadas leis de Kepler, sobre o movimento planetário.
Apresentadas entre 1609 e 1619, as três leis descrevem como os planetas orbitam
ao redor do Sol. Naquele tempo, havia uma forte divisão entre astronomia e física, e
Kepler queria aproximar as duas disciplinas. E, ao fazê-lo, transformou o pensamento
científico. Tudo começou quando Kepler descobriu que Marte orbitava o Sol numa
trajetória elíptica, ou seja, de forma oval. Essa primeira descoberta fez com que
Kepler percebesse que todos os planetas se movimentavam com velocidades
diferentes ao redor do Sol numa órbita elíptica. Isso trouxe avanços à teoria
heliocêntrica anterior, proposta pelo matemático e astrônomo polonês Nicolau
Copérnico e segundo a qual os planetas orbitavam o Sol num movimento circular. As
leis de Kepler sobre o movimento planetário foram essenciais para a lei da gravidade
de Isaac Newton nos anos 1680. A lei de Newton afirma que todos os objetos, ou as
partículas que compõem objetos, atraem uns aos outros com uma força gravitacional.
E isso explica por que planetas orbitam o Sol.

@codaspublicacoes
151

O Brasil tem a maior quantidade de água doce do mundo. Dois terços do Rio
Amazonas, no Norte brasileiro, por exemplo, já seriam capazes de suprir a demanda
mundial de água. Apesar disso, o país enfrenta a terceira crise hídrica em 20 anos e
a maior já registrada em 91 anos, por causa, principalmente, da má gestão do recurso
natural. Um alerta para o problema foi publicado em um artigo de opinião na revista
Nature nesta quarta-feira (08/12), assinado por três pesquisadores e endossado por
outros 95 cientistas de diversas instituições nacionais e internacionais, entre eles
Carlos Nobre e Paulo Artaxo. Intitulado O Brasil está em crise hídrica - é necessário
um plano de seca, o texto alerta que, se o país não investir em pesquisa,
monitoramento do solo e em novas fontes de energia renováveis, futuras crises
hídricas encarecerão ainda mais o valor da energia e poderão comprometer a
segurança alimentar do país e do mundo. "A crise hídrica no Brasil é uma crise
mundial", diz trecho do documento, lembrando que o país produz quase 15% da
carne bovina do mundo, cultiva mais de um terço das safras de açúcar e é
responsável por um terço das exportações de café, além de outros produtos
globalmente importantes, como soja. "O Brasil precisa tratar a água como uma
prioridade de segurança nacional", afirmam os cientistas. "Vivemos uma grave crise
hídrica causada, por um lado, pela seca e pelas mudanças climáticas, mas, por outro,
pela falta de gestão da água no país", afirma Augusto Getirana, pesquisador do
Laboratório de Ciências Hidrológicas do Centro de Voo Espacial Goddard da Nasa,
um dos autores do artigo de opinião. Segundo os cientistas, o país não faz
monitoramento da umidade do solo, não tem um plano de gestão da água e não tem
dados para prever a ocorrência de futuras secas e crises hídricas.

@codaspublicacoes
152

Em 2050, mais de 153 milhões de pessoas poderão ter demência, alertam


pesquisadores em um estudo publicado na revista científica The Lancet Public
Health. Em 2019, o número era de 57 milhões. O aumento previsto deve-se em
grande parte ao envelhecimento e ao crescimento da população. Mas o estilo de vida
pouco saudável também contribui para o problema, afirmam os especialistas. Altas
taxas de tabagismo, obesidade e diabetes estão entre os fatores de risco que
precisam ser tratados com urgência e são responsáveis por parte do aumento da
projeção feita pelo estudo. A pesquisa, que analisa dados de 195 países, busca dar
aos governos uma ideia de quais medidas podem ser necessárias. A demência já é
a sétima causa de morte em todo o mundo e uma das principais causas de
incapacidade e dependência entre os idosos. Mas a doença nem sempre é inevitável.
Os pesquisadores dizem que houve melhoras no mundo, como no acesso à
educação, que fizeram com que sua projeção de número de casos de demência para
2050 fosse reduzida em 6,2 milhões. No entanto, outros fatores de risco levam a
projeção no sentido oposto. Cientistas estão pouco otimistas sobre os efeitos da
obesidade, alto nível de açúcar no sangue e tabagismo, que segundo eles devem
aumentar em mais de 7 milhões de casos o número de doentes com demência até
2050. "Precisamos nos concentrar mais na prevenção e no controle dos fatores de
risco antes que eles resultem em demência", disse a autora principal do estudo,
Emma Nichols, do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde da Universidade de
Washington, nos EUA. "Mesmo avanços modestos na prevenção da demência ou no
retardamento de sua progressão trariam benefícios notáveis. Para a maioria, isso
significa expandir programas locais apropriados e de baixo custo que apoiem dietas
mais saudáveis, mais exercícios, parar de fumar e melhor acesso à educação."

@codaspublicacoes
153

O ano de 2021 consolidou uma mudança fundamental na política de defesa britânica,


representando o que na verdade é uma tendência para as principais potências
militares: cresce o orçamento para a tecnologia digital, inteligência artificial e
cibernética; diminuem as verbas para equipamentos convencionais e para o sustento
de grandes tropas. Tudo isso em um momento em que as forças russas estão se
concentrando nas fronteiras da Ucrânia, que Moscou tem exigido a retirada da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de alguns de seus Estados
membros e que a China está fazendo cada vez mais barulho sobre a retomada de
Taiwan — com uso da força, se necessário. Conflitos regionais também estão
ocorrendo em várias partes do planeta. A Etiópia passa por uma guerra civil, o conflito
separatista da Ucrânia matou mais de 14 mil pessoas desde 2014, a insurgência da
Síria continua e o Estado Islâmico está devastando partes da África. Estes são sinais
de que a "guerra do futuro" já está aqui. Em 16 de novembro, a Rússia realizou um
teste com míssil no espaço, destruindo um de seus próprios satélites. No verão (do
hemisfério norte), a China conduziu testes com seus avançados mísseis
hipersônicos, capazes de viajar a uma velocidade muitas vezes superior à do som.
Ataques cibernéticos, dos incômodos aos predatórios, tornaram-se uma ocorrência
diária — caracterizando uma "guerra sublimiar". Michele Flournoy foi chefe de política
do Pentágono dedicada à estratégia dos Estados Unidos durante as gestões dos
presidentes Clinton e Obama. Ela acredita que o foco do Ocidente no Oriente Médio
nas últimas duas décadas permitiu que seus adversários se adiantassem muito em
termos militares. "Estamos realmente em um ponto de inflexão estratégico onde nós
— os EUA, o Reino Unido e nossos”.

@codaspublicacoes
154

O avanço da variante ômicron é um dos principais fatores por trás do aumento


impressionante no número de novos casos de covid-19 registrados em várias partes
do mundo. No Brasil, o apagão de dados do Ministério da Saúde após um ataque
hacker no início de dezembro dificulta a notificação dos casos e impede análises mais
aprofundadas sobre o atual cenário da crise sanitária por aqui. Por enquanto, os
relatos mais confiáveis vêm da linha de frente, onde os profissionais de saúde já lidam
com o aumento na chegada de pacientes com sintomas de infecção respiratória em
hospitais, pronto-socorros e laboratórios de diagnóstico nos últimos dias. Mas o que
uma pessoa que está com sintomas de covid, como febre, tosse, cansaço, perda de
paladar ou olfato, dores e diarreia, pode fazer para saber se está (ou não) com a
doença? Quais exames são indicados? Confira a seguir os testes mais comuns e
quais são as vantagens e desvantagens de cada um deles. RT-PCR: alto grau de
confiança, mas resultado costuma demorar. Esse teste é considerado "padrão ouro"
pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Na prática, isso significa que ele traz os
resultados mais confiáveis e define se um indivíduo está com covid-19 ou não. Feito
a partir do swab nasal e oral — em que uma haste flexível com algodão na ponta é
esfregada no fundo do nariz e da boca para coletar uma amostra do paciente — esse
exame consegue detectar a presença do material genético do coronavírus. Os
laboratórios costumam orientar que a coleta aconteça entre o terceiro e o sétimo dia
após o início dos sintomas. Isso porque o RT-PCR detecta o RNA (material genético
do vírus), e essa janela de tempo é o período da infecção em que há mais atividade
viral e é mais provável encontrar o causador da covid-19 lá no fundo da garganta.

@codaspublicacoes
155

Em meio ao aumento das tensões no Cazaquistão, forças de segurança informaram


ter matado dezenas de manifestantes antigoverno em uma operação para restaurar
a ordem na principal cidade do país, Almaty. A ofensiva ocorreu depois que os
manifestantes tentaram assumir o controle de delegacias, disse uma porta-voz da
polícia. Pelo menos 18 membros das forças de segurança morreram em confrontos
na cidade. Segundo o governo cazaque, 2.298 manifestantes foram detidos no país.
Os protestos nesta e em outras partes do país são motivadas pelo aumento do gás
liquefeito de petróleo (GLP), que dobrou de valor. Em entrevista à agência de notícias
AFP, Saule, uma mulher de 58 anos que trabalha no ramo da construção civil, afirmou
ter visto forças de segurança abrindo fogo contra manifestantes. "Vimos mortes", ela
relatou. "De uma vez, cerca de 10 pessoas foram mortas." A Rússia enviou tropas a
pedido do presidente do Cazaquistão. O objetivo, segundo o governo russo, é
"estabilizar" o país, que é membro da Organização do Tratado de Segurança Coletiva
(OTSC), junto com Rússia, Belarus, Tadjiquistão, Quirguistão e Armênia. A OTSC
confirmou que paraquedistas russos estavam sendo enviados como soldados da paz,
com unidades avançadas já posicionadas. Há previsão de envio de 2,5 mil soldados
ao Cazaquistão, segundo alguns relatos. Os protestos começaram no domingo (2/1),
quando o governo elevou o teto de preço do GLP, que muitas pessoas usam para
abastecer seus carros, mas a agitação social desde então passou a incluir queixas
políticas. Acusando "gangues terroristas" treinadas por estrangeiros de estarem por
trás das manifestações, o presidente cazaque, Kassym-Jomart Tokayev, impôs um
estado de emergência em todo o país.

@codaspublicacoes
156

Nos primeiros anos do século 21, a reeleição de presidentes em exercício na América


Latina foi um fato corriqueiro, tanto entre líderes da esquerda quanto da direita. Mas
logo acabou o boom de matérias-primas (principais itens exportados pelo continente),
surgiram problemas econômicos profundos, vieram à tona escândalos de corrupção
e cresceu o mal-estar social (manifestado em diferentes ondas de protestos), tudo
isso aprofundado pela pandemia de covid-19. Então, a tendência eleitoral latino-
americana mudou: passou a ser votar contra o establishment e dar espaço à
oposição. Em 11 das 12 eleições presidenciais realizadas na América Latina desde
2019, o voto majoritário foi para mudar o partido que estava no poder. A exceção foi
a Nicarágua, mas suas eleições, realizadas em novembro, foram contestadas e
consideradas ilegítimas por alguns países: o presidente Daniel Ortega se reelegeu
pela quarta vez consecutiva, e todos os demais candidatos estavam presos. "Há uma
insatisfação geral com a classe política e quem acaba pagando a conta é o partido
no poder", diz Paulo Velasco, professor de Política Internacional da Universidade
Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Esse quadro de descontentamento pode se
completar em 2022, com três eleições previstas na região, duas delas nos países
mais populosos da América do Sul: Brasil e Colômbia. O primeiro dos pleitos está
agendado para 6 de fevereiro na Costa Rica, com um possível segundo turno em 3
de abril entre os dois candidatos mais votados. Entre os mais de 20 candidatos
registrados, há nomes conhecidos por ali, como o ex-presidente centrista José María
Figueres, a ex-vice-presidente conservadora Lineth Saborío e Fabricio Alvarado, um
líder evangélico de direita que em 2018 perdeu para o atual mandatário, Carlos
Alvarado.

@codaspublicacoes
157

O governo dos Estados Unidos trabalhou com a possibilidade do então presidente da


República João Batista Figueiredo (1918-1999) renunciar. A previsão, feita em maio
de 1981 pelo setor de inteligência do Departamento de Defesa americano, consta em
um documento que permaneceu décadas sob sigilo. Neste e em outros relatórios e
comunicados secretos do mesmo período aos quais a BBC News Brasil teve acesso,
há críticas ao general Figueiredo e à sua administração na condução da política
brasileira. Os documentos foram enviados por diplomatas dos Estados Unidos no Rio
de Janeiro e Brasília ao Departamento de Estado, em Washington. Elaborados dentro
do próprio governo nos Estados Unidos, são relatórios de inteligência, análise e
comunicados dos serviços diplomáticos no Brasil, do Departamento de Defesa e da
CIA (Central Intelligency Agency). Chegam a citar "omissão frente à onda de
terrorismo" perpetrado por militares nos anos 1970 e 1980. "Vai minar a autoridade
do presidente Figueiredo e enfraquecer seriamente sua posição política geral", diz
relatório de 12 de junho de 1981 escrito pela Embaixada americana em Brasília, com
o título "Brasil: terrorismo trará problemas para Figueiredo". Um exemplo desses atos
foi um atentado a bomba frustrado na noite de 30 de abril de 1981 no Centro de
Convenções do Riocentro, no Rio de Janeiro. No local, estava sendo realizado um
show de música popular brasileira em comemoração ao Dia do Trabalhador com a
participação de milhares de pessoas. A bomba explodiu dentro de um carro, no colo
do sargento Guilherme Pereira do Rosário, que morreu na hora. O capitão Wilson
Dias Machado, que estava ao lado de Rosário, ficou gravemente ferido. Ambos
integram o DOI-CODI, órgão da ditadura ligado à repressão.

@codaspublicacoes
158

Cerca de 90% do comércio internacional é transportado por via marítima.


Computadores da China, camisetas de Bangladesh, cobre do Chile, carros do Japão,
tomates da Espanha — tudo que você possa imaginar viaja em uma das 20 mil caixas
de metal que um navio de carga costuma transportar. Uma caixa de aço com 548 mil
bananas, 55 geladeiras, 400 televisores, 13 mil garrafas de cachaça ou um carro. Um
mero contêiner. "A globalização, como conhecemos hoje, não teria sido possível sem
o contêiner", diz Marc Levinson, economista, historiador e autor de livros como A
Caixa, em que explica como a inovação possibilitou a expansão do comércio
internacional, e Fora da Caixa, em que reflete sobre a história e o futuro da
globalização. Pouca atenção havia sido dada aos contêineres até a crise da cadeia
de suprimentos deste ano (derivada da pandemia de covid-19), que deixou muitos
dos produtos que consumimos regularmente presos em um dos portos por onde
transitam as mercadorias. O fato é que não podemos viver sem eles. Embora a
história nos diga que nem sempre foi assim. A primeira viagem de contêineres bem
sucedida comercialmente aconteceu em abril de 1956 a bordo de um navio militar
convertido, o Ideal X, que transportou 58 contêineres de Nova Jersey ao Texas, onde
58 caminhões aguardavam sua chegada para transportar as mercadorias. O arquiteto
da travessia foi Malcom McLean, o criador visionário do moderno sistema de
transporte marítimo comercial com contêineres. Poderíamos chamá-lo de "senhor
contêiner", reconhecendo que foi ele que inventou o sistema de logística, além da
caixa de metal propriamente dita. E se tornou bilionário. Antes de McLean — um
empreendedor do ramo de caminhões nascido em 1914 em uma família de
agricultores da Carolina do Norte — usar o contêiner como a peça-chave de seu
império comercial, o transporte marítimo era quase um pesadelo.

@codaspublicacoes
159

Depois de uma longa batalha na Colômbia, Martha Sepúlveda morreu no sábado


(08/10) por meio da eutanásia. A mulher tinha esclerose lateral amiotrófica (ELA),
uma doença grave e incurável, e morreu aos 51 anos no Instituto Colombiano de Dor
(Incodol), na cidade de Medellín. A informação foi revelada por meio de um
comunicado do Laboratório de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, , que atua
nas causas dos direitos humanos. "Martha Sepúlveda concordou com a eutanásia e
morreu de acordo com sua ideia de autonomia e dignidade", disse a organização.
"Martha partiu agradecida com todas as pessoas que a acompanharam e a apoiaram,
que oraram por ela e trocaram palavras de amor e empatia durante esses meses
difíceis", acrescentou o comunicado. Na Colômbia, a eutanásia foi descriminalizada
em 1997, mas só se tornou lei em 2015. Em julho de 2021, o Tribunal Constitucional
do país estendeu o direito a uma morte digna para aqueles que sofrem de "intenso
sofrimento físico ou mental" devido a uma lesão ou doença incurável. E o caso de
Martha Sepúlveda havia se tornado o primeiro em que a eutanásia foi autorizada em
um paciente sem uma doença terminal. Sepúlveda receberia a eutanásia em 10 de
outubro. Porém, o Instituto Colombiano de Dor, a clínica particular que tratava dela,
anunciou a suspensão do procedimento 36 horas antes. O argumento foi que a
Comissão Científica Interdisciplinar pelo Direito de Morrer com Dignidade "decidiu por
unanimidade pelo cancelamento do procedimento", ao determinar que "o critério de
terminalidade não foi cumprido como tinha sido considerado pela primeira comissão"
que avaliou o caso. Porém, a Justiça colombiana revogou essa suspensão do
procedimento no fim de outubro e ordenou que o Instituto Colombiano de Dor
cumprisse "com o estabelecido com a comissão científica interdisciplinar para morrer
dignamente" em uma decisão de 6 de agosto.

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160

Na fachada do Ministério da Justiça em Paris, logo abaixo de uma janela no térreo,


há uma placa de mármore gravada com uma linha horizontal e a palavra 'MÈTRE'. É
quase imperceptível na grandiosa Place Vendôme — na verdade, de todos os turistas
na praça, eu fui a única pessoa a parar e refletir sobre isso. Mas esta placa é um dos
últimos 'mètre étalons' (barras de metro-padrão) que foram colocadas em toda a
cidade há mais de 200 anos na tentativa de introduzir um novo sistema universal de
medição. E é apenas um dos muitos locais em Paris que fazem alusão à longa e
fascinante história do sistema métrico. "Medir é uma das coisas mais banais e
comuns, mas na verdade são as coisas que consideramos corriqueiras que são as
mais interessantes e têm histórias controversas", afirmou Ken Alder, professor de
história da Northwestern University, nos EUA, e autor de A medida de todas as coisas,
um livro sobre a criação do metro. Agora, é algo natural na maioria dos lugares: o
sistema métrico, criado na França, é o sistema de medida oficial de quase todos os
países do mundo, exceto Estados Unidos, Libéria e Mianmar. E mesmo ali, o sistema
métrico ainda é usado para fins como o comércio global. Mas imagine um mundo
onde cada vez que você viaje, você precise usar conversões diferentes para medidas,
como fazemos com moedas. Era este o caso antes da Revolução Francesa no final
do século 18, quando pesos e medidas variavam não apenas de uma nação para
outra, mas também dentro das nações. Só na França, estima-se que, havia naquela
época milhares de unidades diferentes de pesos e medidas em uso. A Revolução
Francesa mudou isso. Durante os anos voláteis de 1789 a 1799, os revolucionários
buscaram não apenas derrubar a política, tirando o poder da monarquia e da igreja,
mas também alterar fundamentalmente a sociedade, derrubando velhas tradições e
costumes.

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161

O tenista sérvio Novak Djokovic, número um do mundo, está em meio a um grande


impasse relacionado ao Aberto da Austrália, que começa em 17 de janeiro. O atleta
anunciou que foi isento da exigência de vacinação contra a covid-19 na Austrália,
país que tem exigido a imunização completa para a entrada de estrangeiros. Esse
possível benefício ao atleta causou revolta em australianos e deu início a uma luta
político-diplomática que ainda aguarda resolução. Djokovic foi encaminhado para um
hotel de detenção da imigração, onde permanece isolado. Os advogados dele
pediram à Justiça que o atleta seja transferido para um lugar mais adequado, no qual
ele consiga treinar para o Aberto da Austrália, e disseram que o atual local em que
ele está possui condições péssimas. A defesa do tenista alega que ele pode obter
isenção de vacina porque testou positivo para a covid-19 em 16 de dezembro e já se
recuperou da doença. O imbróglio referente ao atleta deverá ser analisado pelas
autoridades nos próximos dias. Abaixo, entenda o que Djokovic realmente falou sobre
a vacina, que é considerada pela ciência como a principal forma de combater a
pandemia. A estrela sérvia de 34 anos não revelou oficialmente o seu status de
vacinação contra a covid-19, mas já deixou clara a sua oposição ao imunizante. Em
abril de 2020, muito antes de os imunizantes contra a covid-19 estarem disponíveis,
Djokovic se opôs à vacinação. Pouco depois, ele tentou amenizar a situação ao
admitir que não é "um especialista" e afirmou que mantém a "mente aberta", mas
disse que queria ter "a opção de escolher o que seria melhor" para o seu corpo.
Durante uma live em seu Facebook, ele afirmou que não queria "ser forçado por
alguém a se vacinar" para viajar ou para competir em torneios.

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162

Quando a tia-avó de Gwen Strauss revelou que havia liderado um grupo de nove
mulheres na fuga de uma marcha da morte nazista em 1945, Gwen quis saber mais
detalhes dessa impressionante história. Mal sabia ela que isso acabaria levando-a a
refazer os passos dessas mulheres e a garantir que a bravura delas fosse
reconhecida 75 anos depois. Em 2002, Gwen Strauss estava desfrutando de um
almoço tranquilo com sua tia-avó de 83 anos, Hélène Podliasky. Hélène era francesa,
e Gwen, uma autora americana, morava na França. A conversa voltou-se para o
passado de Hélène. Gwen sabia que sua tia-avó havia atuado na resistência aos
nazistas na França durante a Segunda Guerra Mundial, mas pouco conhecia sobre
aquela época de sua vida. Hélène contou a história de como foi capturada pela
Gestapo (polícia nazista), torturada e deportada para um campo de concentração na
Alemanha. À medida que os Aliados se aproximavam, o campo foi evacuado e, assim
como muitos prisioneiros, ela foi forçada pelos nazistas a caminhar por quilômetros
em uma "marcha da morte". "Então, escapei com um grupo de mulheres", disse ela
brevemente. Gwen ficou surpresa. "Ela estava se aproximando do fim de sua vida.
Acho que ela se sentiu finalmente pronta para falar sobre isso", diz Gwen, "e como
muitos sobreviventes que ficaram em silêncio por anos, muitas vezes eles não
falavam com seus familiares mais próximos, eles falavam com alguém um pouco
distanciado da família." Hélène Podliasky tinha apenas 24 anos quando foi presa por
atuar como oficial de ligação da Resistência no nordeste da França. Seu nome de
guerra era "Christine". Ela falava cinco línguas, incluindo alemão, e era uma
engenheira altamente qualificada. "Ela estava bem no topo da Resistência", diz
Gwen. "Atuava há mais de um ano contatando agentes e orientando o lançamento
de cargas por pára-quedas. Era brilhante. Uma pessoa elegante, quieta, mas
enérgica."

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163

A China tem sido criticada por suas políticas de empréstimo a países mais pobres,
em que muitos governos acabam ficando sem dinheiro para pagar as dívidas e,
consequentemente, ficam vulneráveis às pressões de Pequim. Mas isso é negado
pelo governo chinês, que acusa alguns no Ocidente de promover essa narrativa para
manchar sua imagem. A China afirma: "Não há sequer um único país que caiu na
chamada 'armadilha da dívida' como resultado de um empréstimo". O que sabemos
sobre os empréstimos da China? A China é uma das maiores credores do mundo.
Seus empréstimos para países de renda média e baixa triplicaram na última década,
chegando a US$ 170 bilhões (R$ 1,3 trilhões) no final de 2020. No entanto, os
compromissos gerais de empréstimo da China provavelmente serão
significativamente maiores do que esses números sugerem. Uma pesquisa da
AidData, um organismo internacional de desenvolvimento da Universidade William &
Mar, nos Estados Unidos, descobriu que metade dos empréstimos da China para os
países em desenvolvimento não é relatada nas estatísticas oficiais. Frequentemente,
esses empréstimos são mantidos fora dos balanços do governo, direcionados a
empresas e bancos estatais, joint ventures ou instituições privadas, em vez de
diretamente de governo para governo. Existem agora mais de 40 países de baixa e
média renda, de acordo com a AidData, cuja exposição à dívida com os credores
chineses é mais de 10% do tamanho de seu Produto Interno Bruto (PIB) como
resultado dessa "dívida oculta". Djibouti, Laos, Zâmbia e Quirguistão têm dívidas com
a China equivalentes a pelo menos 20% de seu PIB. Grande parte da dívida com a
China está relacionada a grandes projetos de infraestrutura, como estradas, ferrovias
e portos, e também à indústria de mineração e energia, sob a iniciativa de Belt and
Road (Nova Rota da Seda) do presidente Xi Jinping.

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164

"Segurar uma tábua que foi escrita há milhares de anos e ser capaz de ler o que ela
diz é uma sensação incrível", diz Christina Tsouparopoulou, do Departamento de
Arqueologia da Universidade de Cambridge (Reino Unido). "É uma forma de viagem
no tempo: ela te catapulta há milhares de anos e te coloca diretamente no lugar de
alguém que viveu muitos anos antes de nós", diz Selena Wisnom, do Departamento
de Arqueologia e História Antiga da Universidade de Leicester (Reino Unido). A forma
de escrita mais antiga conhecida é chamada de cuneiforme. Usada pela primeira vez
há mais de 5 mil anos, acredita-se que ela seja anterior aos hieróglifos egípcios.
Várias sociedades que viviam na Mesopotâmia usavam o sistema de escrita
cuneiforme, incluindo sumérios e acadianos. Prensadas em argila, as tábuas
cuneiformes são incrivelmente duráveis, resistentes ao fogo, mas por milhares de
anos ninguém conseguiu traduzi-las. Após muitas tentativas e erros, a escrita
cuneiforme foi finalmente decifrada no século 19. E o que se descobriu era
extraordinário. "Depois que a escrita cuneiforme foi decifrada, muitas coisas
inesperadas vieram à tona, mas provavelmente nenhuma que teve um impacto maior
do que a descoberta por George Smith, em 1872 da 11ª tabuinha da Epopeia de
Gilgamesh, na qual foi encontrada pela primeira vez a história da grande enchente",
diz Irving Finkel, curador do Departamento para o Oriente Médio do Museu Britânico.
1. A Arca de Noé é anterior à Bíblia: "Faça todas as coisas vivas entrarem no barco.
O barco que você vai construir." Encontrar uma tábua antiga com uma história como
a da Arca de Noé escrita centenas de anos antes de a Bíblia destruiu a compreensão
de muitos no mundo. Quando foi descoberta, era algo explosivo. O paralelismo era
muito mais do que uma espécie de semelhança geral com um navio, água e animais.

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165

Em setembro de 2017, John Mussington foi forçado a sair de casa e deixar seus
animais para trás quando a pequena ilha caribenha de Barbuda foi atingida pelo
furacão Irma, com ventos de 300 km/h. "Foi devastador", afirma Mussington, que é
biólogo marinho e diretor de uma escola na ilha. "As pessoas ficaram traumatizadas,
havia muitas construções sem teto, e não tínhamos eletricidade. Nossa primeira
preocupação foi: como sobreviver ao dia seguinte?" O Irma danificou todas as
construções de Barbuda, e 23% delas foram totalmente destruídas. Um estudo de
2018 concluiu que as mudanças climáticas aumentaram a intensidade da destruição
causada pelos furacões, incluindo o Irma, aumentando as chuvas em 5% a 10%. O
choque inicial foi agravado quando todos os 1,8 mil moradores de Barbuda foram
evacuados por um mês para a ilha vizinha, Antígua. Mussington afirma que a
evacuação virou a vida dele completamente do avesso. "Foi o mais traumático de
tudo, ficar ali sentado em Antígua preocupado com as fazendas, animais e negócios,
em vez de começar a recuperação", relembra ele. "Sou criador de abelhas, e todas
as minhas colônias foram destruídas. Perdi meu negócio, junto com muitos
fazendeiros e pescadores." "Quando os países perdem suas ilhas devido ao aumento
do nível do mar e eventos extremos, eles perdem sua cultura e suas tradições. Não
existe adaptação para isso", segundo Le-Anne Roper, coordenadora de perdas e
danos da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (Aosis, na sigla em inglês). Para
os nativos de Barbuda, a destruição da biodiversidade e do ambiente local é uma
violação direta do seu modo de vida. "Toda a nossa cultura, identidade e modo de
vida são relacionados ao meio ambiente e aos recursos naturais", segundo
Mussington.

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166

O britânico Paul Boggie admite que anos de vício em heroína o levaram a perder a
vontade de viver. Mas após fazer uma mudança radical, ele se juntou ao Exército e
acabou integrando a Guarda Escocesa do Palácio de Buckingham, uma divisão
encarregada de proteger as residências reais. O Palácio de Buckingham, no centro
de Londres, é a residência oficial da rainha Elizabeth 2ª, do Reino Unido. Boggie
começou a usar heroína aos 18 anos em Craigentinny, um subúrbio de Edimburgo,
na Escócia, onde morava. Ele lembra que ficou chateado após brigar com os amigos.
Por isso, quando um deles lhe ofereceu drogas, Boggie concordou. "Estavam todos
amontoados em um pequeno Fiesta (modelo de carro da marca Ford) e eu só vi o
lampejo da folha de alumínio, mas não sabia o que era", lembra. "Um deles saiu e
me disse que estavam perseguindo o dragão. Não havia agulhas, colheres ou cintos.
Quando entrei no carro, o cheiro era horrível, como peixe podre. É assim que cheira
a fumaça de heroína", descreve. Depois de usar seu salário para pedir dinheiro
emprestado, ele logo contraiu uma dívida de 16 mil libras (cerca de R$ 120 mil).
Boggie manteve seu emprego como carteiro, apesar de usar heroína todos os dias,
algo que fazia até no banheiro do trabalho. "Ainda funcionava", diz ele. "Não me via
como o estereótipo do viciado em heroína. (A droga) não havia afetado meu corpo",
detalha. Ele conseguiu esconder o uso de drogas de seu empregador e família. E
justificava seus olhos avermelhados — um indicador característico do vício — como
consequência de rinite alérgica. "Não pensei que fosse viciado, não levei isso a sério",
diz Boggie, que agora tem 42 anos e mora em Fife, no leste da Escócia. No entanto,
quando uma operação antidrogas da polícia o deixou sem conseguir comprar heroína
por oito horas, ele ficou "apavorado".

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167

Pedir uma lagosta num restaurante ou servi-la numa festa é considerado o auge da
sofisticação gastronômica. Mas nem sempre foi assim. A lagosta galgou degraus,
desde suas origens humildes até se transformar numa iguaria refinada. No século 18,
a lagosta era considerada uma comida altamente indesejável, da qual as famílias
mais ricas mantinham distância. O crustáceo era tão abundante ao longo da costa
leste dos Estados Unidos que era usado como fertilizante e servido em prisões. O
político John Rowan, do Estado americano do Kentucky, disse em tom jocoso: "As
cascas de lagosta numa casa são vistas como sinais de pobreza e degradação". Foi
o desenvolvimento das ferrovias nos EUA que transformou a lagosta em comida de
luxo. Operadores de trens decidiram servir lagosta para passageiros de alto poder
aquisitivo, que não conheciam a reputação ruim do fruto do mar. Eles rapidamente
passaram a gostar do alimento e o lavaram para as cidades, onde começou a
aparecer nos cardápios de restaurantes caros. No final do século 19, a lagosta havia
consolidado seu status de comida de luxo. O que determina quais alimentos são itens
de luxo? Tanto a escassez quanto o preço têm um papel importante nisso. Como as
lagostas, as ostras há muito tempo são associadas com refeições finas e ocasiões
especiais, em grade medida devido a seu alto preço. Mas elas também nem sempre
desfrutaram desse status. As ostras costumavam ser consumidas pelos mais pobres
da sociedade europeia no século 19. "Elas eram tão abundantes e baratas que eram
adicionadas a ensopados e tortas para se livrarem delas", diz a historiadora de
culinária Polly Russell. No início do século 20, as ofertas de ostras na Inglaterra
começaram a diminuir devido à pesca excessiva e à poluição industrial. Enquanto
ficavam mais escassas, seu status foi elevado, e as ostras passaram a ser vistas
como algo especial, afirma Russell.

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168

Um bebê separado dos pais durante o caos no aeroporto de Cabul em meio à retirada
americana do Afeganistão, em agosto de 2021, finalmente foi devolvido à família. O
Talebã havia acabado de tomar o controle do país — e milhares de afegãos tentavam
fugir desesperadamente. Em 19 de agosto, Sohail Ahmadi, de dois meses, foi
entregue pela família a um soldado americano por cima de uma cerca do aeroporto
de Cabul, no intuito de protegê-lo de ser esmagado pela multidão, que forçava a
entrada no aeroporto. Mas uma vez que sua família conseguiu entrar, não encontrou
mais o bebê. Depois de uma busca frenética, porém inútil, pela criança, o pai, Mirza
Ali Ahmadi, que trabalhava como segurança na embaixada americana, a mãe,
Suraya, e os quatro irmãos de Sohail foram colocados em um voo de retirada para
os Estados Unidos. Por meses, eles ficaram sem saber onde o filho mais novo estava.
Mas depois da divulgação de uma reportagem da agência de notícias Reuters sobre
a busca da família por Sohail, em novembro, ele foi localizado na casa de um taxista
de 29 anos chamado Hamid Safi. Safi contou que encontrou Sohail sozinho, chorando
no chão do aeroporto, segundo a agência de notícias. Depois de tentar encontrar a
família do menino, ele decidiu levá-lo para casa e criá-lo como seu próprio filho junto
a sua esposa e filhos. Eles chamaram o bebê de Mohammad Abed e postaram fotos
de todas as crianças juntas no perfil de Safi no Facebook. Quando o paradeiro de
Sohail foi confirmado, o avô do bebê, Mohammad Qasem Razawi, que mora na
província de Badakhshan, no nordeste do país, fez uma longa viagem a Cabul para
pedir que a criança fosse devolvida. Safi se recusou, no entanto, a entregar o bebê e
exigiu que ele e a família também fossem levados para os EUA, segundo a Reuters.

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169

A pandemia não tem sido nada fácil para adolescentes, com o fechamento
prolongado das escolas, as dificuldades nas aulas online e os impedimentos de se
socializar pessoalmente com outros jovens da mesma idade. Mas é possível que
parte desses adolescentes tenha tido ao menos um ganho importante durante os
meses mais duros da quarentena: a chance de dormir mais tempo, uma vez que não
precisavam acordar cedo para ir à escola. E dormir bem é um fator crucial para a
saúde e o desenvolvimento na adolescência - argumento principal de médicos e
especialistas que defendem que as aulas presenciais de jovens não devem começar
tão cedo pela manhã, para permitir que os jovens tenham mais horas de sono
(entenda mais abaixo). Uma pesquisa feita na Suíça, recém-publicada na JAMA
Network Open, avaliou o sono de 3,6 mil estudantes da etapa equivalente ao ensino
médio, com idade média de 16 anos, durante os meses iniciais de lockdown no país
- entre 13 de março e 6 de junho de 2020, quando as aulas suíças migraram para o
ambiente remoto. Ao comparar o tempo de sono desses adolescentes com um grupo
de controle, que havia sido mensurado em 2017, ou seja, durante um período típico
de aulas, os pesquisadores do Centro de Desenvolvimento Infantil da Universidade
de Zurique concluíram que, durante o lockdown pandêmico, os estudantes puderam
dormir até 75 minutos a mais por dia de semana (nos fins de semana, não houve
diferenças significativas entre os dois grupos). Esse período adicional de sono foi
associado a melhores indicadores de saúde, segundo os pesquisadores. "Os
participantes dormiram significativamente mais e apresentaram indicadores melhores
de saúde, com menos consumo de cafeína e álcool do que antes da pandemia", diz
a pesquisa.

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170

A oposição venezuelana conseguiu no domingo (09/01) uma vitória política bastante


simbólica ao conquistar o governo de Barinas, Estado natal do ex-presidente Hugo
Chávez. O candidato da coalizão Mesa de Unidade Democrática (MUD), Sergio
Garrido, venceu com 55,36% dos votos o candidato governista do Partido Socialista
Unido da Venezuela (PSUV), Jorge Arreaza, que obteve 41,27% da preferência do
eleitorado, segundo os resultados anunciados pelo Colégio Eleitoral Regional pouco
depois das 23h (hora local). Quase três horas antes, Arreaza havia reconhecido sua
derrota em uma mensagem postada no Twitter, na qual admitia não ter alcançado
seu objetivo. "Barinas querida. As informações que recebemos das nossas bases do
PSUV indicam que, embora tenhamos aumentado em votação, não atingimos o
objetivo. Agradeço de coração a nossa heroica militância. Continuaremos a proteger
o povo barinês em todos os espaços", escreveu Arreaza. Pouco depois, a emissora
oficial de televisão venezuelana fez o anúncio. Os resultados do pleito farão de Sergio
Garrido o primeiro membro da oposição a ocupar o governo de Barinas desde 1998.
O Estado também será o quarto a ser governado pela oposição, após as eleições
regionais de 21 de novembro. É que a votação de domingo foi, na verdade, uma
repetição das eleições em que a oposição também havia vencido em Barinas, mas
que foram anuladas pelo Supremo Tribunal de Justiça (TSJ, na sigla em espanhol).
Em decisão de 29 de novembro, o tribunal reconheceu que o então candidato da
oposição Freddy Superlano havia obtido mais votos do que o candidato à reeleição
Argenis Chávez, candidato do chavismo e irmão do falecido presidente Hugo Chávez,
mas ordenou a repetição do pleito porque o adversário da oposição havia sido
desqualificado previamente pela Controladoria-Geral da República.

@codaspublicacoes
171

Um dos fenômenos da flora mais peculiares do mundo tem início com uma semente
do tamanho de uma serragem sob a casca de uma videira lenhosa. Depois de meses
ou anos (ninguém sabe ao certo), pode surgir um botão parasita do tamanho de uma
bola de golfe e que dificilmente se distingue de seu hospedeiro, a videira da espécie
Tetrastigma. Se o botão evoluir para o próximo estágio, se transformará em uma
protuberância em formato de repolho. A evolução final é a monstruosa raflésia, uma
flor cor vermelho-sangue que possui protuberâncias e emana um odor de carne
podre. O espectro da flor é perturbador — e, em breve, seu destino também poderá
ser. As cerca de 30 espécies fétidas conhecidas do gênero Rafflesia, encontradas
apenas nas florestas tropicais do Sudeste Asiático, estão ameaçadas pela destruição
de habitat e pela colheita ilegal devido a seus questionáveis benefícios medicinais.
Diversas espécies estão criticamente ameaçadas de extinção. Como parasita, a
Rafflesia restringe seus indivíduos para não sobrecarregar seus hospedeiros, explica
Sofi Mursidawati, botânica do Jardim Botânico de Bogor, na ilha de Java, Indonésia.
No entanto, mediante as pressões impulsionadas por humanos que põem em perigo
sua existência, Rafflesia — também conhecida como a flor-cadáver — é
indiscutivelmente sua própria inimiga quando se trata de autopreservação. Quando
os animais estão ameaçados de extinção, os conservacionistas apressam-se para
criar os últimos espécimes remanescentes em cativeiro. Nesse caso, Mursidawati é
a primeira botânica a cultivar flores de Rafflesia de maneira confiável longe de seus
habitats de floresta tropical. A botânica está ansiosa em compartilhar suas técnicas
para desvendar os segredos desse espécime curioso da natureza — antes que ele
desapareça.

@codaspublicacoes
172

Milhares participaram neste domingo (09/01) de protestos na Bélgica e na República


Tcheca contra as restrições oficiais para conter a propagação da covid-19. Na
Alemanha e na Áustria, as manifestações se concentraram na véspera. No momento,
diversos governos da União Europeia estão adotando medidas de confinamento
rigorosas e novas exigências, a fim de forçar um maior contingente de vacinações e
de doses de reforço. A altamente contagiosa variante ômicron do novo coronavírus
está fazendo saltar o número de casos por todo o bloco. Infectologistas e profissionais
de medicina alertam que um surto de contágios, sobretudo entre os não vacinados,
poderá extrapolar as capacidades hospitalares. A seguir, a DW faz um resumo do
que ocorreu durante os protestos deste fim de semana. Cerca de 5 mil cidadãos
compareceram neste domingo a uma passeata na capital belga, Bruxelas. Os
participantes carregavam faixas criticando uma suposta "ditadura da vacina" e
expressando descontentamento com a exigência de certificado de inoculação ou
recuperação para frequentar bares, restaurantes e eventos culturais. O protesto foi
menor e menos violento do que outros ocorridos na cidade. Foram detidos 11
manifestantes por portarem fogos de artifício. Outros 30 foram presos no fim da
passeata, depois que um grupo lançou "projéteis" contra a polícia. Na semana de 30
de dezembro a 5 de janeiro, a Bélgica registrou aumento de 96% dos casos de covid-
19, em relação à semana anterior, assim como de 28% dos internamentos. Na capital,
Praga, milhares protestaram no domingo contra a proposta de tornar a vacinação
contra o vírus Sars-Cov-19 compulsória para certos grupos etários e profissionais.
Muitos na multidão carregavam bandeiras tchecas, alguns entoavam "Liberdade,
liberdade!".

@codaspublicacoes
173

Em meio às incertezas em relação ao futuro econômico do país, o presidente da


Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, afirmou que o Brasil não
tem fôlego suficiente para aguentar mais um ano sem avançar com as reformas
tributária e a administrativa. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2020,
que altera as regras sobre o funcionalismo público brasileiro, foi aprovada em
comissão especial na Câmara dos Deputados e aguarda relatório do Ministério da
Economia e da Casa Civil, com a projeção de corte de gastos. A reforma tributária
está dividida entre a PEC 45/2019, na Câmara, e a PEC 110/2019, no Senado. O
primeiro texto espera o encaminhamento do ministro Paulo Guedes sobre os
impactos do projeto. O segundo ainda está com a relatoria. A expectativa de um 2022
intenso afasta a possibilidade de aprovação das propostas. Por isso, para o
presidente da Febraban, a confiança dos agentes econômicos na retomada da
agenda de reformas estruturais está entre as prioridades para o setor ano que vem.
“Nosso modelo tributário é caótico e perverso com a produção, o consumo e o
investimento, fruto de normas confusas, interpretações oscilantes e, forçoso dizer, de
uma sanha arrecadatória sem freios, em todas as esferas governamentais”, em
entrevista por email ao JOTA. A crítica ao setor público não caiu longe. Segundo
executivo, o funcionalismo do Estado brasileiro está à margem do processo de
transformação vivenciado no restante do mundo, onde se veriam avanços da
tecnologia digital, a ampliação da disponibilidade e do tratamento de dados, além do
desenvolvimento da inteligência artificial. No âmbito regulatório, a redução do custo
incidente sobre o setor bancário é um dos primeiros da lista da federação.

@codaspublicacoes
174

O Instituto de Gestão Estratégica do Distrito Federal (IGESDF) – responsável pela


gestão do Hospital de Base de Brasília (HDB) e do Hospital Regional de Santa Maria
– foi condenado a indenizar, num total de R$ 40 mil, por lesão estética mais dano
moral, paciente idoso que perdeu totalmente a visão do olho direito. Além disto, a
juíza substituta da 10ª Vara Cível do Distrito Federal, Monike de Araujo Cardoso
Machado, penalizou o IGESDF com o pagamento ao autor da ação, pessoa de
poucas posses, pensão mensal vitalícia de R$ 1.138,66. De acordo com os autos da
ação indenizatória, em 28/10/2019 o paciente procurou o Hospital de Base com dores
no olho direito. Feita a triagem, a médica plantonista classificou a situação de “risco
vermelho”, e determinou que o examinado fosse operado com urgência. Mas os
exames pré-operatórios só foram concluídos quase um mês depois (20/11/2019),
quando ele foi encaminhado ao Centro Brasileiro de Visão (CBV), tendo sido
orientado a aguardar a liberação da Secretaria de Saúde. A situação do paciente
idoso foi assim resumida pela juíza: “No início do mês de dezembro, percebeu intenso
incômodo no olho, juntamente com uma ‘mancha’ preta na parte interna do olho em
direção ao nariz, o que indicou avanço no descolamento da retina, ocasião em que,
desesperado por estar ficando cego e sentindo incontroláveis dores, entrou em
contato com o CBV para saber da cirurgia, porém foi informado que não havia
previsão para a marcação do procedimento; em 31/12/19, procurou a Defensoria
Pública, que entrou em contato com o Hospital de Base, solicitando informações
acerca da possibilidade de realização da cirurgia com a maior brevidade possível,
dada a gravidade do caso, mas sem sucesso;...”.

@codaspublicacoes
175

A Petrobras e as distribuidoras de gás natural vêm negociando, desde meados de


outubro, os termos para a renovação dos contratos de comercialização de gás que
venceriam no fim de 2021. Após sucessivas rodadas de discussão, que incluíram
diversos questionamentos junto ao Cade, a Petrobras apresentou como melhor
proposta um aumento de 50% no preço da molécula a partir de 2022, mantendo o
preço do gás vinculado à variação do petróleo brent. As negociações ocorrem em um
cenário complexo. Há, por um lado, o questionamento do mercado acerca da
efetividade do Termo de Compromisso de Cessação de Prática (TCC) firmado em
2019 entre o Cade e a Petrobras, que tem como propósito principal reduzir o poder
de mercado da estatal (compromisso formal e basilar para a transição ao novo
mercado de gás). Por outro lado, verifica-se que o TCC provocou um movimento
inicial e importante, embora tímido, para acelerar a entrada de novos supridores ao
mercado, promovendo a competição. Alguns produtores e comercializadores
alternativos conseguiram participar e apresentar propostas vencedoras nas
chamadas públicas organizadas pelas distribuidoras, apesar de somarem apenas
10% da demanda das distribuidoras. Ao mesmo tempo, houve aumento nas
importações de gás natural liquefeito (GNL) em 2021 para atender a alta demanda
do setor elétrico fruto da crise hídrica, em um cenário de estresse para os preços de
GNL no mercado spot internacional, causando, supostamente, prejuízos à estatal que
é a principal detentora dos terminais de importação de GNL. Contudo, historicamente,
os contratos não refletiram condições comerciais mais favoráveis do mercado spot
de GNL, situações nas quais o importador, a Petrobras, auferiu lucro.

@codaspublicacoes
176

O MDB ajuizou, no Supremo Tribunal Federal (STF), uma ação de


inconstitucionalidade contra dispositivo da resolução do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) que unificou o horário de votação em todo o país, já a partir das eleições de
outubro deste ano, com base no “horário oficial de Brasília” (8h às 17h), sem levar
em conta os três outros fusos horários do país. Na ADI 7.062, o MDB considera que
“essa mudança repentina” importará “grandes transtornos e dificuldades reais, não
só para a organização das eleições, mas para a população de uma forma geral,
mesários e fiscais dos partidos políticos, que deverão se deslocar para os locais de
votação antes mesmo das 6h e 7h, e terão até as 15h e 16h para votar”. O artigo 254
da Resolução 23.669/2021 do TSE dispôs: “Nas Eleições 2022, no dia da eleição,
todas as unidades da federação, sem exceção, observarão o mesmo horário oficial
de Brasília”. Assim, a votação no pleito eleitoral de outubro passou a ter os seguintes
horários: Amazonas, Rondônia, Roraima, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e parte
do Pará: das 7h às 16h; Acre: das 6h às 15h; Fernando de Noronha (PE): das 9h às
18h; todos os demais estados: das 8h às 17h. Quanto à motivação jurídica da ADI, o
advogado do partido, Renato Oliveira Ramos, destaca: “A norma questionada viola
expressamente princípios e dispositivos constitucionais, como o da dignidade da
pessoa humana (art. 1º, III); o da anualidade da lei eleitoral (art. 16); o caráter nacional
dos partidos políticos (art. 17, I); o desenvolvimento nacional como objetivo
fundamental (art.3º, II); o da legalidade (art. 5º, II); o da segurança jurídica (art. 1º)”.
Como justificativa para a proposição do mesmo horário de início e término da votação
para todas as unidades da Federação nas eleições de 2022, o TSE ressaltou haver
necessidade de uniformização dessa regra.

@codaspublicacoes
177

Com a adoção em larga escala do teletrabalho durante a crise sanitária decorrente


da Covid-19, os limites entre a vida profissional e a pessoal ficaram borrados para
muitos trabalhadores. Diante disso, ganhou corpo na comunidade jurídica a
discussão em torno do direito à desconexão. O conceito trata da prerrogativa que
todo trabalhador tem de poder aproveitar o tempo fora de sua jornada de trabalho
para atividades de lazer, familiares ou qualquer outra de seu interesse que não esteja
relacionada à atividade profissional. Não há previsão legal expressa no Brasil sobre
o direito à desconexão. O parágrafo único do artigo 6º da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) — com redação dada pela Lei 12.511/2011 — apenas diz que "os
meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam,
para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando,
controle e supervisão do trabalho alheio". E o Capítulo II-A, incluído pela reforma de
2017, não faz menção alguma à desconexão. Ricardo Calcini, professor de Direito do
Trabalho da FMU, coordenador trabalhista da Editora Mizuno e colunista da ConJur,
explica que, embora não tenha previsão legal específica, o direito à desconexão é
tido hoje como um direito social e fundamental de todo trabalhador. "A pandemia
impactou sobremaneira na vida dos empregados, na medida em que se passou a
exigir uma maior fiscalização e monitoramento do labor prestado à distância", diz ele.
Apesar do cenário, contudo, o número de processos em que o direito à desconexão
é mencionado está longe de refletir o debate sobre o tema. Levantamento da Data
Lawyer, feito a pedido da ConJur, aponta que o número de processos com a
expressão "direito à desconexão" e afins tem caído desde 2018. Nos últimos seis
anos, 2015 foi o que teve o maior número de processos em que a expressão aparece.

@codaspublicacoes
178

Inquérito que apura existência de milícia digital é prorrogado por 90 dias. Mais um
inquérito que investiga grupos ligados ao presidente Jair Bolsonaro foi prorrogado
pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal — desta vez, o que
apura a existência de milícias digitais. Em despacho publicado nesta segunda-feira
(10/1), Alexandre estendeu as investigações por mais noventa dias. Esta é a segunda
vez que o inquérito é prorrogado; a primeira foi em outubro de 2021. O inquérito foi
iniciado em junho do ano passado para apurar a existência de uma organização
criminosa que teria agido com a finalidade de atentar contra o Estado democrático de
direito. Tal organização, segundo apurações da Polícia Federal, seria articulada em
núcleos de produção, publicação, financiamento e político. Além disso, existem
suspeitas de que haveria financiamento com verbas públicas. Os atuais prazos de
investigação seriam encerrados em 6 de janeiro e a prorrogação contará a partir
dessa data, segundo despacho do ministro. "Considerando a necessidade de
prosseguimento das investigações e a existência de diligências em andamento, nos
termos previstos no art. 10 do Código de Processo Penal, prorrogo por mais 90
(noventa) dias, a partir do encerramento do prazo final anterior (6 de janeiro de 2022),
o presente inquérito", diz o ministro. Na semana passada, o magistrado havia
prorrogado, também por 90 dias, o inquérito que apura suposta interferência de
Bolsonaro na Polícia Federal. As apurações investigam declaração feita pelo ex-
ministro da Justiça Sergio Moro. De acordo com Moro, Bolsonaro queria ter alguém
do "contato pessoal dele [na PF] para poder ligar e colher relatórios de inteligência".
Leia o despacho de Alexandre de Morae. Inq. 4.874.

@codaspublicacoes
179

A aplicação de penalidades administrativas não obedece à lógica da


responsabilidade objetiva da esfera cível (para reparação dos danos causados), mas
deve obedecer à sistemática da teoria da culpabilidade, ou seja, a conduta deve ser
cometida pelo alegado transgressor, com demonstração de seu elemento subjetivo,
e do nexo causal entre a conduta e o dano. O entendimento é da 1ª Câmara
Reservada ao Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo ao anular uma
multa aplicada pela Cetesb a uma transportadora pelo derramamento de 20 mil litros
de líquido corrosivo e oxidante na rodovia Régis Bittencourt, decorrente de um
acidente com um caminhão de uma terceirizada. Segundo a Cetesb, o derramamento
atingiu o rio Jacupiranguinha, com paralisação da captação de água e do
abastecimento do município de Cajati, "causando inconvenientes ao bem-estar
público". Ao Judiciário, a transportadora sustentou a nulidade da autuação em razão
da ilegitimidade para figurar como autora da infração, uma vez que o acidente ocorreu
com o caminhão de uma empresa terceirizada. O pedido para anular a multa foi
negado em primeira instância. Porém, o TJ-SP deu provimento ao recurso da
empresa. Para o relator, desembargador Nogueira Diefenthaler, por se tratar de
sanção administrativa, a penalidade deve ser imposta ao infrator e não a terceiro
apenas indiretamente ligado à conduta infratora. O magistrado citou entendimento do
Superior Tribunal de Justiça no sentido de que a responsabilidade civil por dano
ambiental é subjetivamente mais abrangente do que as responsabilidades
administrativa e penal, não admitindo estas últimas que terceiros respondam a título
objetivo por ofensas ambientais praticadas por outros.

@codaspublicacoes
180

Nesta segunda-feira, 10, o Procon/SP notificou as companhias aéreas Azul, Gol e


Latam pedindo explicações sobre os cancelamentos de voos ocorridos nos últimos
dias tendo em vista o aumento de casos de covid-19 e influenza nas tripulações. As
aéreas também deverão explicar como, e com qual antecedência, os consumidores
estão sendo informados, se estão recebendo assistência material e quantos
passageiros optaram pelo reembolso ou pela reacomodação em outro voo. No caso
de reembolso, o Procon/SP quer saber em que prazo será feito pelas empresas. De
acordo com Fernando Capez, diretor executivo do órgão, a empresa aérea tem o
dever de devolver o dinheiro ao consumidor ou, se ele preferir, remarcar a data do
voo sem qualquer despesa adicional. "Estamos vivendo um novo surto de pandemia,
que tem provocado uma série de consequências, como os cancelamentos de voos.
Mesmo não sendo responsável por esses cancelamentos, a empresa aérea tem o
dever de devolver o dinheiro ao consumidor ou, se ele preferir, remarcar a data do
voo sem qualquer despesa adiciona. Como a lei 14.034, que beneficiava as
companhias aéreas, não está mais em vigor esse reembolso deve ser feito em até
sete dias a partir da solicitação." O Procon/SP também questiona as empresas sobre
quantos funcionários estão com covid e com influenza no momento, se foi exigida
vacinação para ambas as doenças, se existe testagem contínua dos funcionários e
se é adotada escala subsidiária para a tripulação (reserva de segurança para a
manutenção dos serviços). Nos últimos dias, milhares de voos e cruzeiros ao redor
do mundo foram cancelados em razão do avanço descontrolado da variante Ômicron.
Diante da situação, os viajantes ficam sem saber o que fazer. Pensando nisso,
Migalhas conversou com um especialista em Direito do Consumidor, que esclareceu
algumas dúvidas.

@codaspublicacoes
181

Fornecer lanche como refeição não justifica rescisão indireta. A 18ª turma do TRT da
2ª região negou pedido de reconhecimento de rescisão indireta de trabalhador do
Burger King, mas manteve decisão do juízo de primeiro grau que reverteu a aplicação
de dispensa por justa causa. A rescisão indireta ocorre quando o empregador pratica
falta grave ou irregularidades contra o trabalhador, agindo de modo a tornar
impossível ou intolerável a continuação da prestação de serviços. O empregado, que
atuava como coordenador de turno, alegou que não recebia vale-refeição e que tinha
que se alimentar exclusivamente de lanches e saladas. O colegiado entendeu, no
entanto, que a convenção coletiva da categoria não obriga o fornecimento de
refeição, tampouco veda o tipo de alimento que o profissional recebe. Embora não
tenha reconhecido a rescisão indireta do profissional, o Tribunal manteve a reversão
da dispensa por justa causa por abandono de emprego aplicada ao obreiro. Na visão
do colegiado, a punição não pode ser aplicada, devido à intenção do trabalhador de
buscar na Justiça a rescisão contratual e ao momento em que a reclamação
trabalhista foi ajuizada. Segundo a juíza relatora Renata de Paula Eduardo Beneti é
"certo que o reclamante não retornou ao trabalho em razão de pretender a rescisão
indireta do contrato, o que encontra amparo no artigo 483, parágrafo 3º, da CLT.
Tampouco, o elemento objetivo restou caracterizado, eis que, antes de 30 dias
consecutivos de sua falta, já havia ajuizado a ação". O trabalhador pleiteava, ainda,
receber indenização por danos morais, argumentando ter sofrido ameaças de clientes
durante a jornada de trabalho. Não conseguiu, no entanto, comprovar essas
alegações.

@codaspublicacoes
182

O Depósito de Aeronaves N.º 1 foi uma das primeiras unidades formadas pela Real
Força Aérea Australiana depois de o ramo ser estabelecido (inicialmente como Força
Aérea Australiana) no dia 31 de Março de 1921. Os componentes originais do
Depósito de Aeronaves N.º 1 tornaram-se conhecidos como tal em Abril de 1921,
embora a unidade não fosse formalmente criada até Julho. Antes desta criação a
unidade estaria formada por dois elementos em Melbourne, um elemento em
Spotswood a tratar do equipamento do Imperial Gift (128 aeronaves e peças
suplentes, tudo doado pela Grã-Bretanha depois da Primeira Guerra Mundial) e outro
elemento em North Fitzroy responsável pela reparação de veículos a motor. Quando
o Depósito de Aeronaves N.º 1 foi formalmente criado na Base aérea de Point Cook,
em Vitória, no dia 1 de Julho, a componente de Spotswood foi dissolvida, enquanto a
de North Fitzroy continuaria a operar como um destacamento. O comandante
inaugural desta unidade foi o Líder de esquadrão Bill Anderson, que na altura também
comandava a base de Point Cook. Em Janeiro de 1922, o depósito foi organizado
num quartel-general que controlava garagens, reparação de aeronaves e secções de
reparação de motores. Em Abril, a secção de reparação de veículos em North Fitzroy
foi transferida. A atmosfera corrosiva de Point Cook (à beira mar) fez com que esta
localização não fosse a mais indicada a longo prazo para a manutenção de
aeronaves; a base também não dispunha de uma ligação a uma via ferroviária, à
época uma estrutura necessária para o transporte de grandes partes/componentes
aeronáuticas. Em Setembro de 1921, o governo comprou terrenos em Laverton, perto
de uma estação ferroviária e a 8 quilómetros de Point Cook e consequentemente
mais longe da linha costeira, para o propósito único de construir "uma casa dedicada"
para o Depósito de Aeronaves N.º 1, transformando este espaço no "armazém da
força aérea".

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183

Insulina é uma hormona responsável pela redução da glicemia (taxa de glicose no


sangue), ao promover a entrada de glicose nas células. Esta é também essencial no
metabolismo de sacáridos (hidrato de carbono), na síntese de proteínas e no
armazenamento de lípidos (gorduras). É produzida nas células beta das ilhotas de
Langerhans, do pâncreas endócrino. Atua numa grande parte das células do
organismo, como nas células presentes no fígado, em músculos e no tecido adiposo,
contudo não atua em células específicas cujos transportadores membranares não
são sensíveis à insulina, como é o caso das células nervosas. As membranas
celulares não são permeáveis a glicose, com isso há uma obrigação de se ter
proteínas transportadoras presentes na membrana plasmática, essas proteínas
transportadoras são a GLUT1, GLUT7 que tem características distintas de
funcionamento e distribuição tecidual. Quando a produção de insulina é deficiente, a
glicose acumula-se no sangue e na urina, destruindo as células por falta de
abastecimento: diabetes mellitus. Para doentes nessa condição, a insulina é
providenciada através de injeções, ou bombas de insulina. Recentemente foi
aprovado o uso de insulina inalada. Porém, ainda existem controvérsias acerca do
uso do produto comercializado pela Pfizer. A agência de saúde britânica não
recomenda o uso. A insulina é um polipéptido de estrutura química plenamente
conhecida, e pode ser sintetizada a partir de diversos animais. Mais recentemente,
surgiram os medicamentos análogos de insulina, que constituem moléculas que, não
sendo insulina, possuem as mesmas características químicas e, portanto, recativas,
são moléculas "de insulina" modificadas em laboratório. O controlo da produção de
insulina pelo corpo é um sistema muito complexo.

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184

A ocupação do Ruhr entre 11 de janeiro de 1923 e 25 de agosto de 1925 pelas tropas


francesas e belgas, foi a resposta ao fracasso da República de Weimar, liderada por
Wilhelm Cuno em sua obrigação de assumir a compensação financeira aos Aliados
após a derrota do Império Alemão na Primeira Guerra Mundial. Após tentativas
frustradas dos ingleses e americanos para estabelecer maiores garantias de
segurança para a Alemanha no final da Primeira Guerra Mundial, a França tentou
inclinar a balança económica mais em seu favor, exigindo que a Alemanha pagasse
uma compensação maior, algo que inicialmente, o Reino Unido apoiou,
reconsiderando posteriormente. John Maynard Keynes, um economista no período
após a Primeira Guerra Mundial, sugeriu que se a Alemanha fosse "aleijada", o Reino
Unido, o seu segundo maior parceiro comercial, sofreria as consequências. Assim,
os britânicos propuseram que a Alemanha pagasse um maior número de ações de
pequenas quantidades de 33 000 milhões da dívida. Iniciado pelo primeiro-ministro
francês Raymond Poincaré, a invasão ocorreu em 11 de janeiro de 1923 com o
objectivo de ocupar o centro da produção alemã de carvão, ferro e aço localizado no
Vale do Ruhr. Assim, a França espera receber o dinheiro que a República de Weimar
lhe devia. Note-se que a França era rica em ferro enquanto que a Alemanha era em
carvão. Cada estado queria ter livre acesso a esses recursos escassos, tendo em
conta que estes dois produtos valiam mais juntos do que separados. Este problema
foi resolvido décadas mais tarde com a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço.
A ocupação foi recebida com uma campanha de resistência não violenta e alguns
incidentes de sabotagem que os nazistas mais tarde exageram, criando um mito
generalizado da resistência armada.

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185

Ariel Sharon foi um político e militar israelita que serviu como 11º primeiro-ministro de
Israel de 2001 até 2006, quando ficou incapacitado por um acidente vascular
cerebral. Sharon era um comandante do Exército de Israel desde a sua criação em
1948. Como paraquedista e, em seguida, como oficial, ele participou com destaque
na Guerra de Independência de 1948, tornando-se comandante de pelotão na
brigada Alexandroni e participando de muitas batalhas, incluindo a Operação Ben
Nun Alef. Ele foi uma figura fundamental para a criação da Unidade 101, e as
operações de represália, assim como na Crise do Suez em 1956, a Guerra dos Seis
Dias de 1967, a Guerra de Desgaste, e a Guerra do Yom Kipur, de 1973. Como
ministro da defesa, liderou a Guerra do Líbano de 1982. Durante sua carreira militar,
ele foi considerado o maior comandante de campo da história de Israel, e um dos
maiores estrategistas militares de seu país. Depois de seu ataque do Sinai na Guerra
dos Seis Dias e seu Cerco do Terceiro Exército Egípcio na Guerra do Yom Kippur, o
povo israelense lhe o apelidou de "O Rei de Israel" e "O Leão de Deus". Depois de
se aposentar do exército, Sharon se juntou ao partido Likud, e serviu em vários cargos
ministeriais nos governos liderados pelo Likud em 1977-1992 e 1996-1999. Ele se
tornou o líder do partido, em 2000, e serviu como primeiro-ministro de Israel de 2001
a 2006. Em 1983, Sharon foi responsabilizado pessoalmente pelo massacre de civis
palestinos, perpetrado por falangistas libaneses com apoio das forças de ocupação
israelenses, nos campos de refugiados de Sabra e Chatila, durante a Guerra do
Líbano de 1982 (junho a setembro de 1982). A pedido dos falangistas, as forças
israelenses cercaram Sabra e Shatila e bloquearam as saídas dos campos para
impedir a saída dos moradores e facilitar o massacre.

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186

"Compro seus dólares feios, rasgados, manchados e deteriorados", anuncia o


estudante de contabilidade Miguel Urrutia, que recorre à compra e venda de moeda
estrangeira para sobreviver. "A coisa está difícil, sabe?", acrescenta ele, ao lado de
vários outros jovens de Caracas, na Venezuela, em uma praça barulhenta, vibrante
e cheia de gente. "Ninguém mais quer estudar nem trabalhar, porque só o que dá
dinheiro é isto", ele conta. Muitas lojas e pessoas não aceitam as notas de dólares
deterioradas, mas Miguel as negocia. Em uma esquina da Praça Bonalde, no bairro
popular de Catia, em Caracas, Urrutia compartilha a região com vendedores de
parafusos, cabos para celular e comida chinesa, entre outros produtos. Esta sempre
foi uma região de vendedores ambulantes, conhecidos na Venezuela como
"buhoneros". Eles ficavam em dois ou três calçadões para pedestres. Mas, nos
últimos anos, o mercado popular se espalhou por outras ruas, pela própria praça e
chegou aos bairros vizinhos. "As pessoas mudaram com a chegada do dólar",
segundo Ana Cermeño, de 61 anos, vendedora de sacolas de compras em Catia.
"Antes você ganhava [as sacolas] na padaria, mas agora as pessoas estão vendendo
tudo o que encontram e, se não encontram algo, elas inventam." Depois de uma crise
econômica que reduziu a economia em 80% entre 2013 e 2021, a chegada informal
do dólar às ruas venezuelanas agitou a lógica de emprego. Segundo a Pesquisa
Nacional de Condições de Vida (Encovi, na sigla em espanhol) da Universidade
Católica Andrés Bello, de Caracas, o emprego formal perdeu 4,4 milhões de vagas
— quase um terço da população economicamente ativa — entre 2014 e 2021. E, só
em 2021, foram fechados 1,3 milhão de vagas de emprego formal.

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187

No Reino Unido, donos de bares e restaurantes estão prestes a serem proibidos de


ficar com as gorjetas deixadas por clientes aos funcionários. O governo quer tornar a
prática ilegal, uma vez que muitos trabalhadores dependem das gratificações para
aumentar sua renda. Mas nem todos os países do mundo levam o assunto tão a sério
quanto os britânicos, que acredita-se terem "inventado" o costume das gorjetas no
século 17 — originalmente como uma prática aristocrática de dar pequenos presentes
às "classes inferiores". Atualmente, as gratificações são um hábito amplamente
difundido em todo o mundo, embora estejam enredadas na cultura e nos valores de
uma nação. Em alguns lugares, as pessoas podem ficar até ofendidas se receberem
gorjeta. Em países como os Estados Unidos, as gorjetas constituem uma parte
significativa dos salários dos trabalhadores Uma piada comum entre os americanos
é que apenas preencher as declarações de imposto de renda é mais confuso do que
dar gorjetas. As gratificações foram importadas para o país no século 19, quando
americanos ricos começaram a viajar para a Europa. O costume foi inicialmente
reprovado, e os críticos o consideraram antidemocrático, acusando quem dava
gorjeta de criar uma classe trabalhadora que "implorava por favores". No século 21,
você ainda encontrará americanos debatendo os prós e contras da prática. Mas a
gorjeta agora está completamente enraizada em suas mentes: o economista Ofer
Azar estimou em 2007 que US$ 42 bilhões foram dados a prestadores de serviços só
no ramo de restaurantes. Nos EUA, as gorjetas são um complemento importante do
salário. Assim como muitos países asiáticos, a China tem em grande parte uma
cultura de não aceitar gorjetas — por décadas, a prática foi proibida e considerada
suborno. Até hoje, permanece relativamente incomum.

@codaspublicacoes
188

As vitaminas são substâncias naturais que o ser humano não consegue sintetizar, ou
seja, precisa ingerir de fontes externas. Os seres humanos precisam de 13 vitaminas.
Primeiro vêm as nove vitaminas solúveis em água, que incluem a vitamina C e as do
complexo B (B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9 e B12). Depois vêm as quatro vitaminas
lipossolúveis (insolúveis em água), que são as vitaminas A, E, K e D. Uma
alimentação equilibrada nos fornece as quantidades necessárias de vitaminas, já que
elas estão presentes em uma grande variedade de alimentos, especialmente de
origem vegetal. Uma exceção importante é a vitamina B12, presente em alimentos
de origem animal. Por este motivo, as dietas veganas devem ser complementadas
por esta vitamina na forma de suplemento nutricional. A falta de vitaminas (conhecida
como hipovitaminose) causa diversas enfermidades. Mas as patologias associadas à
hipovitaminose são raras, já que a necessidade diária de vitaminas é mínima (da
ordem de microgramas a miligramas). A primeira doença descoberta como
dependente de fatores nutricionais foi o escorbuto. O navegador francês Jacques
Cartier descreveu a enfermidade entre indígenas do Canadá e em parte da sua
tripulação. Posteriormente, o médico escocês James Lind publicou um tratado sobre
o escorbuto e indicou o uso de suco de limão para seu tratamento. Atualmente,
sabemos que essa patologia se deve à deficiência de vitamina C, também chamada
de ácido ascórbico (que significa "antiescorbuto") - e, por isso, esse tratamento era
recomendado. Desde então, o estudo das vitaminas e seu papel para evitar certas
enfermidades talvez tenha sido o maior marco da história das pesquisas biomédicas
sobre nutrição. Além do escorbuto, existem outras enfermidades diretamente
relacionadas à falta de vitaminas.

@codaspublicacoes
189

"Eu só estou aqui, de pé, porque desde que afundei meus amigos organizaram um
rodízio pra ficar sempre gente na minha casa", escreveu o youtuber Felipe Neto. "A
depressão é uma doença da mente, como a gastrite é uma doença do estômago." O
maior influencer do Brasil detalhou recentemente seus problemas com a saúde
mental em uma série de aparições nas redes sociais. Desabafos públicos sobre o
tema, que chegam a dezenas de milhões de pessoas, também já foram feitos por
outros influenciadores, como o comediante Whindersson Nunes. Antes restritas ao
âmbito privado, conversas sobre depressão, ansiedade, bipolaridade, síndrome do
pânico e outros transtornos têm se livrado da atmosfera de segredo e
constrangimento do passado para ajudar a romper estigmas e estimular pessoas a
buscar tratamento. "A gente acabava encarcerando o sofrimento, a loucura, as
contradições humanas na vida privada. Algo como 'não traga isso aqui para a rua,
deixe lá no seu quarto, na sua casa, na sua família, mas não divida isso, não torne
isso um assunto coletivo", diz o psicanalista Christian Dunker, professor do Instituto
de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e autor do livro Reinvenção da
Intimidade - Políticas do Sofrimento Cotidiano. Para ele, há um movimento positivo
em se mostrar mais vulnerável, inclusive do ponto de vista cognitivo: "Nossas
vulnerabilidades que antes precisavam ser escondidas na vida privada são uma
matéria-prima para o laço com o outro. Porque pode ser de cuidado mútuo, pode ser
de reflexão conjunta, pode ser de partilha de afetos". Daniel Martins de Barros, do
Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas de São Paulo, diz que o impacto
de revelações públicas sobre o enfrentamento da depressão é "basicamente na
diminuição do estigma. Parece pouco, mas ele é brutal, é uma das principais causas
para uma pessoa não buscar tratamento".

@codaspublicacoes
190

A China diz estar adotando todas as medidas de segurança necessárias contra o


coronavírus para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, que começam no próximo
mês. Então, o que está sendo planejado para o evento e quão bem-sucedida foi a
política chinesa de "tolerância zero" contra a covid? O governo chinês disse que
visitantes estrangeiros serão barrados — somente moradores da China continental
estarão autorizados a participar dos eventos, sob a condição de permanecerem em
quarentena quando voltarem para casa. As pessoas são aconselhadas a não viajar
para a capital de outras partes do país. Uma das medidas foi a criação de "bolhas":
imprensa, atletas e observadores foram separados em três bolhas distintas — quem
entrar nessas bolhas deve estar totalmente vacinada ou passar 21 dias em
quarentena, segundo as regras. Os testes para covid são realizados diariamente, e
as máscaras, obrigatórias em todos os momentos. Ninguém pode deixar as bolhas.
Os participantes estrangeiros entrarão nelas na chegada à China e permanecerão
em sua bolha até deixarem o país. Funcionários locais de apoio, incluindo voluntários,
cozinheiros e motoristas, também fazem parte de uma bolha selada. Eles não terão
contato físico com o mundo exterior, mesmo com suas famílias. Esse sistema se
aplica não apenas a moradias, hospitais e locais destinados a servir as Olimpíadas,
mas também às ligações de transporte. Existem aeroportos de circuito fechado e
sistemas ferroviários de alta velocidade (dado que a maioria dos principais locais de
competição está fora de Pequim). Todos os veículos designados para as Olimpíadas
receberam um rótulo vermelho especial na frente, e as autoridades de trânsito locais
até aconselharam o público a "evitar contato" se houver um acidente de trânsito com
eles. O lixo será mantido em locais de armazenamento temporário, para evitar
infecções cruzadas.

@codaspublicacoes
191

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, pediu desculpas nesta quarta-


feira (12/01) por ter participado de uma festa durante o primeiro confinamento
britânico para conter a disseminação da covid-19, mas ignorou as exigências da
oposição de que ele renuncie do cargo por ter violado as regras que seu próprio
governo havia imposto ao povo britânico. Johnson havia convidado cerca de 100
funcionários para uma confraternização na residência oficial do governo em maio de
2020. A mensagem veio à tona nesta semana – a revelação embaraçosa pode
resultar numa investigação contra o primeiro-ministro. O pedido de desculpas de
Johnson, que não chegou a admitir irregularidades, foi a tentativa do primeiro-ministro
britânico de apaziguar uma onda de críticas da sociedade e de políticos após
repetidas acusações de que ele e sua equipe desrespeitaram as restrições anticovid.
O escândalo mais recente pode se tornar um ponto de inflexão para um líder que
enfrentou uma série de outras tempestades políticas – alguns membros do próprio
Partido Conservador têm afirmado que Johnson deve renunciar ao cargo caso tenha
efetivamente burlado as regras. E nesta quarta-feira, Johnson reconheceu pela
primeira vez que participou de um evento ao ar livre em maio de 2020 na residência
oficial em Downing Street, mas classificou o encontro como uma confraternização de
trabalho para agradecer aos funcionários por seus esforços durante a pandemia. "Eu
quero me desculpar... Em retrospectiva, eu deveria ter mandado todos de volta para
dentro", disse Johnson aos legisladores durante a sessão semanal do primeiro-
ministro na Câmara dos Comuns (a câmara baixa do Parlamento britânico). O convite
para o evento, que dizia para que o convidado "traga sua própria bebida" para uma
reunião com "coquetéis socialmente distanciados", foi enviado por e-mail a cerca de
100 funcionários do governo.

@codaspublicacoes
192

Desde que Novak Djokovic ficou retido em um hotel no aeroporto de Merlbourne,


impedido de entrar na Austrália por não estar vacinado contra a covid-19, críticos e
apoiadores estão se manifestando a favor ou contra a decisão australiana de impedir
sua entrada no país para participar do torneio Aberto da Austrália. A estrela do tênis
agiu de forma correta ao querer entrar na Austrália, presumivelmente não vacinado e
com uma isenção médica, para defender seu título no importante torneio de tênis?
Ou agiu de forma incorreta, não levando a sério as autoridades australianas e
desconsiderando as regras de entrada no país por causa da pandemia? Por trás de
tudo isso está o debate entre os defensores e críticos da vacinação, que agora está
sendo reacendido tanto em nível esportivo quanto político. A revogação do visto de
Djokovic gerou tensões diplomáticas entre Austrália e Sérvia, cujo presidente
denuncia o assédio ao atleta, enquanto o governo australiano defende que não deve
haver exceções na aplicação das leis de fronteira. "Não deve haver regras especiais
para Novak Djokovic. Nenhuma, de jeito algum", ressaltou o primeiro-ministro
australiano, Scott Morrison. Nesta sexta-feira (07/01), o governo da Austrália
desmentiu que Djokovic esteja "preso" ou sendo "mantido em cativeiro" no hotel,
como alegaram os pais do atleta. A ministra do Interior australiana, Karen Andrews,
disse que Djokovic é livre para deixar a Austrália na hora que quiser. "Djokovic não
está sendo mantido em cativeiro na Austrália", disse Andrews à emissora nacional
ABC. "Ele é livre para deixar [o país] a qualquer momento que decidir, e os agentes
de fronteira vão na verdade facilitar isso." Ela também disse que há uma investigação
dos órgãos de imigração sobre outros tenistas e técnicos que tiveram permissão para
entrar no país com isenção similar à usada pelo sérvio.

@codaspublicacoes
193

A imprensa oficial da Coreia do Norte anunciou nesta terça-feira (12/01) que o regime
do país testou no dia anterior um míssil hipersônico que atingiu um alvo situado a mil
quilômetros de distância e que o teste foi presidido por Kim Jong-un. O líder norte-
coreano não presenciava um ensaio de armas há quase dois anos. A notícia foi
publicada um dia depois que militares de Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão
disseram ter detectado um míssil balístico suspeito sendo disparado pela Coreia do
Norte em seu mar oriental. O lançamento foi o segundo teste da Coreia do Norte de
um de seus supostos mísseis hipersônicos em uma semana. Esse tipo de armamento
teria sido testado pela primeira vez em setembro, em meio ao esforço desafiador de
Pyongyang para expandir a capacidades de armas nucleares do país, apesar das
sanções internacionais. De acordo com a agência oficial norte-coreana KCNA, a
ogiva hipersônica do míssil retomou a sua trajetória após percorrer 600 quilômetros
e "executou uma manobra de virada brusca de 240 quilômetros" antes de "atingir o
alvo em águas a mil quilômetros" do ponto de lançamento no Mar do Japão (chamado
Mar do Leste pelos coreanos). A KCNA acrescenta que Kim Jong-un "observou o
teste de mísseis hipersônicos realizado na Academia Nacional de Ciências da
Defesa", marcando a primeira vez que o líder norte-coreano esteve presente em um
teste de mísseis desde março de 2020. Fotos mostram Kim acompanhando o teste
em um centro de controle instalado dentro de um veículo de grandes dimensões na
companhia de Jo Yong-won, que juntamente com o líder é um dos cinco membros da
cúpula do Partido dos Trabalhadores. O texto acrescenta que "o teste visava a
verificação final das especificações técnicas gerais do sistema de armas hipersônicas
desenvolvido".

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Aniquilar é o novo romance do escritor francês Michel Houellebecq. O título cai bem:
anéantir em francês significa "autodestruir” e também "desaparecer”. Em seu último
romance, o célebre autor narra o que enxerga como a decadência da sociedade
europeia em uma década de crescimento do populismo de direita e dos partidos
conservadores. A história se passa na eleição presidencial de 2027, quando o
ministro francês da Economia tenta concorrer à presidência em meio a ameaças de
terroristas. Paul Raison, o protagonista do livro, apoia ativamente os esforços
eleitorais enquanto tenta reavivar um relacionamento problemático com sua esposa.
Ao dar sequência aos temas abordados em sua obra Submissão, de 2015, na qual
um partido islâmico conquista a presidência da França, o autor se deixa levar mais
uma vez por provocações políticas. Lançado na Franca no dia 7 de janeiro, Aniquilar
chega às livrarias a tempo para as eleições presidenciais francesas e em um
momento de ascensão dos populistas de direita Marine Le Pen e Eric Zemmour. A
obra também descreve o fim de uma era na qual a autoridade social e política
masculina prevaleceu sem contestações. Um dos personagens passa bem mais de
uma página contemplando a decisão de sua cunhada de gerir uma criança negra
através da inseminação artificial. Não surpreende, porém, que ele ache isso algo
impossível. Sua fantasia de que ela queira fazê-lo simplesmente para humilhar seu
irmão, que também é branco, é um exemplo da forma como Houellebecq lida com a
chamada masculinidade tóxica. Trata-se de homens que enxergam as mulheres
como inimigas, o casamento como uma prisão, as crianças como um fardo e os
negros como inferiores. Em resumo, são homens que ainda se queixam da
emancipação feminina e das pessoas de cor de pele diferentes, além de serem
rápidos ao recorrerem ao álcool quando um sentimento os deixa incomodados. De
maneira correspondente, suas existências são marcadas pela ausência de felicidade.

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Débora Coutinho, 35 anos, e Vivian Raposo, 32, casadas há quase seis anos,
chegaram com a filha Duna em um cartório recifense munidas de toda papelada para
registrar a criança: declaração de nascida viva entregue pelo hospital, certidão de
casamento, identidades. O rapaz que as atendeu recolheu tudo, tirou xerox, elas
preencheram e aguardaram o trâmite. Pouco depois, o moço voltou de uma sala
menor e perguntou, meio constrangido: “vocês teriam algum outro documento?”.
Estava aberta uma ainda pouco conhecida caixa de Pandora do tabelionato brasileiro.
O funcionário se referia à obrigação de uma declaração, com firma reconhecida, de
um profissional de um centro ou serviço de reprodução humana na qual foi realizada
a inseminação. Esse documento passou a ser exigido desde que, em 2017, o
Conselho Nacional de Justiça editou o Provimento 63/2017, que regulamenta a
certidão de nascimento de crianças geradas a partir de reprodução assistida. A
questão é que Débora e Vivian, assim como centenas de casais no Brasil,
principalmente homoafetivos, não buscaram uma clínica: elas realizaram a chamada
inseminação caseira, quando o procedimento é feito em casa usando material
genético (sêmen) doado. Resultado: as mães saíram do cartório com apenas uma
delas com o nome na certidão de nascimento da criança. “Nós sabíamos que isso
poderia acontecer, mas, na hora, é chocante. Para registrar, o funcionário chegou a
falar em incluir a paternidade, e eu falei que não havia pai, mas duas mães”, conta
Vivian. A conversa expôs o que não deixa de ser uma contradição entre a
determinação do CNJ – afinal, o Supremo Tribunal Federal garantiu em 2011 o direito
de união estável a casais homoafetivos – e o que de fato acontece no balcão do
cartório: comumente, casais heterossexuais que passaram pelo mesmo
procedimento caseiro não vivenciam qualquer constrangimento no momento de
documentar a criança.

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Depois de um ano e nove meses de pandemia, Nathália Fraporti ainda sente medo.
Sua rotina como médica intensivista nas UTIs dos quatro hospitais de São Paulo em
que cuidou de casos de covid-19 mostra quão impotente um profissional pode ser.
Sem remédios para combater a doença, o jeito era aliviar os sintomas e esperar. O
paciente tinha que combater o vírus por conta própria. Perdeu muitos pacientes
assim. Quando o Brasil iniciou a vacinação da população no início de 2021, ela tinha
esperanças de que esse pesadelo fosse chegar ao fim. Apesar de lenta, a resposta
do país à vacinação é, de forma geral, positiva. Até o dia 4 de janeiro de 2022, mais
de 143,7 milhões de pessoas haviam completado esquema vacinal, número que
representa 67% da população do país, e mais de 26 milhões haviam tomado a dose
de reforço. O aumento da vacinação pelo Brasil reduziu o número de mortos pela
doença e fez com que muitos leitos de UTI dedicados à covid-19 fossem fechados.
Fraporti pensou que poderia vislumbrar uma rotina um pouco mais tranquila nos
hospitais – até que começou a atender casos graves de mulheres infectadas pelo
coronavírus que haviam sido proibidas de se vacinar por seus maridos. As histórias
pareciam um flashback da época em que fazia residência ginecológica em Taubaté,
no interior de São Paulo, e atendia mulheres com infecções sexualmente
transmissíveis que eram impedidas de se tratarem por seus companheiros. A médica
detalhou para o Intercept essa rotina angustiante no hospital, resultado de uma
mistura de machismo com desinformação. Seu relato foi editado para fins de clareza
e, para não expormos suas pacientes, usamos nomes fictícios. A Renata tinha 65
anos, se não me engano. Foi a paciente mais grave que tivemos no hospital. Foi
internada no início de outubro, junto com o marido, Fernando.

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Aswad Khan não entendeu por que as pessoas estavam lhe dando os parabéns. Em
uma manhã de fevereiro de 2017, saindo da cama em sua casa em um bairro de
classe média alta em Karachi, no Paquistão, Khan viu uma enxurrada de mensagens
de texto que tinham chegado na noite anterior, em sua maioria de velhos amigos da
faculdade e do ensino médio, muitos deles vivendo nos Estados Unidos. Eles
estavam lhe desejando sucesso a respeito de uma boa notícia que ele ainda não
havia recebido. Ainda com sono, ele começou a vasculhar o telefone e verificar as
mensagens. Khan, então com 31 anos, logo se deparou com um texto que revelava
o que estava acontecendo. “Parabéns irmão, seu melhor amigo vai se casar!”, dizia
a mensagem. “Você deve estar tão feliz”. Ele não conseguia acreditar no que tinha
acabado de ler. Khan imediatamente entrou no Facebook para checar o perfil de seu
melhor amigo de infância, Ahmed. Ele percebeu rápido que Ahmed tinha parado de
segui-lo e restringiu seu acesso ao perfil. Enquanto isso, as páginas de seus outros
amigos estavam parabenizando Ahmed pelo noivado e pelo casamento que
aparentemente ele havia anunciado que aconteceria naquele verão. Ahmed, cujo
nome completo não é citado neste texto a pedido de Khan e que não respondeu aos
pedidos de comentários para a reportagem, havia compartilhado cada momento de
sua vida com Khan desde que eles eram crianças. No entanto, ele não havia sequer
contado a Khan sobre o noivado. “Só naquele momento eu percebi que ele tinha me
excluído da vida dele sem dizer uma palavra.” “Só naquele momento eu percebi que
ele tinha me excluído da vida dele sem dizer uma palavra. Ele até deixou de me seguir
no Facebook, no Instagram. Não consigo nem explicar como me senti humilhado e
destroçado”, disse Khan.

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O mensageiro está em uma encruzilhada – e, para muitos, emparedado nesses


tempos estranhos. O jornalismo profissional está sitiado pela sucessão imparável de
fake news, vê as verbas publicitárias escorrerem por entre os dedos, é atacado por
todos os lados por políticos populistas e extremistas (o que pode, inclusive, ser uma
redundância) e por negacionistas de todos os naipes. Para muitos analistas, o
jornalismo tal qual o conhecemos desde o século passado, com o repórter sendo “o
mediador da sociedade”, está em crise. Uma crise, frise-se, histórica, que não
coincidentemente anda em companhia da perda de representatividade das chamadas
democracias liberais. Na verdade, a sociedade nesse século 21 beira a esquizofrenia
tal as idas e vindas que tem vivenciado nas últimas duas décadas, por exemplo. E se
a sociedade entra em turbilhão, nada mais lógico que o seu mediador a acompanhe.
E para sair desse torvelinho que parece insaciável, o jornalismo profissional precisa
achar soluções, novos caminhos, enfrentar seus desafios e criar oportunidades
outras que não aquelas tradicionais. Pelo menos é nesse caminho que segue o livro
Tempestade Perfeita, organizado pela Editora História Real, braço editorial da
Intrínseca. O volume reúne artigos de sete jornalistas – Caio Túlio Costa, Cristina
Tardáguila, Luciana Barreto, Helena Celestino, Marina Amaral, Merval Pereira e
Pedro Bial – que destrincham os (des)caminhos do jornalismo atual e procuram
apontar as rotas pelas quais a profissão, seus profissionais e – por que não? – os
consumidores de notícias devem trilhar para que a mensagem não chegue turvada
nem seja deturpada. Convenhamos, nesses tempos atuais, não é tarefa fácil. “Se a
democracia está em crise, o jornalismo também está.

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Pesquisadores avaliaram a resistência de ligas metálicas altamente concentradas a


radiação, para uso na construção de reatores nucleares, e identificaram materiais
com excepcionais propriedades magnéticas. Denominadas nanoilhas magnéticas,
esses materiais contêm ferro e cobalto e, apesar de apresentarem escala
nanométrica, ou seja, terem tamanho extremamente diminuto, possuem forte
ferromagnetismo. As propriedades magnéticas das nanoilhas indicam uma potencial
aplicação futura em dispositivos eletrônicos de armazenamento e transferência de
dados, aumentando sua velocidade e desempenho. O estudo internacional foi
realizado com participação da Escola Politécnica (Poli) da USP, e a descoberta é
relatada em artigo publicado na revista Nanoscale, da Royal Society of Chemistry, no
Reino Unido. “Uma liga metálica é basicamente um material metálico composto feito
a partir da mistura de dois ou mais elementos, o que lhe confere propriedades únicas,
como resistência a corrosão. Nos últimos anos, as ligas metálicas altamente
concentradas impactaram com alta intensidade as comunidades científicas
internacionais de metalurgia e ciência dos materiais”, afirma o físico Matheus Tunes,
um dos autores do trabalho. “Essas ligas podem ser produzidas via métodos
convencionais da metalurgia, usando fornos, e também através de técnicas físicas
de deposição em filmes finos para testes em escala laboratorial. Enquanto nas ligas
convencionais, como o aço inoxidável, há um metal base no qual são adicionadas
pequenas quantidades de outros elementos, nas ligar altamente concentradas, as
concentrações dos elementos são praticamente iguais.” De acordo com o
pesquisador, acredita-se que a composição das ligas altamente concentradas as
torne mais estáveis.

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Um caçador de borboletas, a correr com uma rede em busca das palavras que
voavam. Era assim que Aurélio Buarque de Holanda – criador do mais prestigioso
dicionário brasileiro, aquele que leva seu nome e, mais do que isso, o define,
substantivo absoluto – conceituava seu trabalho de dicionarista. Escritor talentoso
que poderia ter ido longe na literatura se não houvesse sucumbido ao prazer de caçar
palavras com uma rede metafórica para, então, dissecá-las em verbetes, hedonista,
inquieto, grande conversador e contador de histórias, Aurélio também acumulava
outros predicados menos abonadores e bem complexos: desorganizado,
descumpridor de prazos e um tanto desleixado. Esse rápido retrato pessoal pode ser
a síntese daquele intelectual que queria criar um dicionário para chamar de seu e que
por décadas deu com os burros n’água – muito devido às características listadas há
pouco, muito também por causa de um mercado editorial reticente. E, no final, o livro,
o “pai dos burros” definitivo acabou saindo e se tornou o maior sucesso editorial do
País, com mais de 15 milhões de exemplares vendidos em pouco mais de 25 anos
desde que foi lançado, em 1975. O dicionário – uma proeza – ficou 42 semanas
seguidas na lista dos mais vendidos da revista Veja, isso quando tanto listas quanto
a publicação tinham bem mais prestígio. Mas a história não é tão simples assim –
nunca é. E esse axioma, por assim dizer, pode ser agora comprovado com o
lançamento de Por Trás das Palavras, do jornalista Cezar Motta. Lançado pela
recém-criada editora Máquina de Livros, a obra conta as aventuras e desventuras
que marcaram a criação e edição do Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Quem?
Pode esquecer o nome pomposo e oficial. É só chamá-lo de “Aurélio” – no final das
contas, o título acabou sendo Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.

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