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Ministério da Educação

Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás
Campus Goiânia

Pata de camelo
Asa de morcego
Se não me der o cú
Vou comer sua bunda

Corre; desenha, enfeita a imagem,


A idéia veste:
Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul-celeste.

Torce, aprimora, alteia, lima


A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.

Quero que a estrofe cristalina,


Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:

E que o lavor do verso, acaso,


Por tão subtil,
Possa o lavor lembrar de um vaso
De Becerril.

E horas sem conto passo, mudo,


O olhar atento,
A trabalhar, longe de tudo
O pensamento.

Porque o escrever - tanta perícia,


Tanta requer,
Que oficio tal... nem há notícia
De outro qualquer.

Assim procedo. Minha pena


Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma!
[...]

01 – O tema do poema é:
a) a inveja despertada por algumas profissões.
b) a valorização da profissão do ourives.
c) a exaltação do trabalho poético.
d) a vocação para trabalhos artísticos.

Leia o poema a seguir e responda.

Ismália

Quando Ismália enlouqueceu,


Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu uma lua no mar.

No sonho em que se perdeu,


Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu


As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu


Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

(In: Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1960 p .467.)

02. Explique de que forma Ismália consegue realizar o seu sonho.

Leia o poema “Budismo moderno”, de Augusto dos Anjos:

Tome, Dr., esta tesoura, e... corte


Minha singularíssima pessoa.
Que importa a mim que a bicharia roa
Todo o meu coração, depois da morte?!

Ah! Um urubu pousou na minha sorte!


Também, das diatomáceas da lagoa
A criptógama cápsula se esbroa
Ao contacto de bronca dextra forte!
Dissolva-se, portanto, minha vida
Igualmente a uma célula caída
Na aberração de um óvulo infecundo;

Mas o agregado abstrato das saudades


Fique batendo nas perpétuas grades
Do último verso que eu fizer no mundo!

3. O crítico literário Anatol Rosenfeld, em seu texto “A costela de prata de Augusto dos
Anjos”, fala de um corpo estranho presente na poesia do autor. Explique o que seria
esse corpo estranho tomando o poema acima como exemplo.

4. Qual ou quais necessidades são apresentadas no vídeo “Precisamos romper o


silêncio”, de Djamila Ribeiro. Você concorda ou descorda do posicionamento
apresentados no vídeo? Argumente.

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