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INSTITUTO EDUCACIONAL VESPASIANO DE CARVALHO

DATA CIDADE DISCIPLINA ORIENTADOR SÉRIE/ANO


___/___/2023 JOSÉ DE LITERATURA SARAH LORENA 3ª SÉRIE
FREITAS GOMES

Educando:_______________________________________________________
______
Quantitativo: ______________ Qualitativo: ____________________ NOTA
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ATIVIDADE AVALIATIVA
INSTRUÇÕES:
 Leia com atenção o enunciado para realizar corretamente o trabalho;  O prazo para a entrega do trabalho deverá ser rigorosamente cumprido;
 O trabalho deve ser escrito em linguagem padrão, com letra legível e sem rasuras;  Não esqueça de assinar o trabalho.
 O texto deve ser coerente e coeso;

ANÁLISE LITERÁRIA
PARNASIANISMO E SIMBOLISMO

Profissão de fé
Olavo Bilac
Não quero o Zeus Capitolino Corre; desenha, enfeita a imagem,
Hercúleo e belo, A idéia veste:
Talhar no mármore divino Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Com o camartelo. Azul-celeste.

Que outro - não eu! - a pedra corte Torce, aprimora, alteia, lima
Para, brutal, A frase; e, enfim,
Erguer de Atene o altivo porte No verso de ouro engasta a rima,
Descomunal. Como um rubim.

Mais que esse vulto extraordinário, Quero que a estrofe cristalina,


Que assombra a vista, Dobrada ao jeito
Seduz-me um leve relicário Do ourives, saia da oficina
De fino artista. Sem um defeito:

Invejo o ourives quando escrevo: E que o lavor do verso, acaso,


Imito o amor Por tão subtil,
Com que ele, em ouro, o alto relevo Possa o lavor lembrar de um vaso
Faz de uma flor. De Becerril.

Imito-o. E, pois, nem de Carrara E horas sem conto passo, mudo,


A pedra firo: O olhar atento,
O alvo cristal, a pedra rara, A trabalhar, longe de tudo
O ônix prefiro. O pensamento.

Por isso, corre, por servir-me, Porque o escrever - tanta perícia,


Sobre o papel Tanta requer,
A pena, como em prata firme Que oficio tal... nem há notícia
Corre o cinzel. De outro qualquer.
Assim procedo. Minha pena Nos envolver!
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena, Ah! ver por terra, profanada,
Serena Forma! A ara partida
E a Arte imortal aos pés calcada,
Deusa! A onda vil, que se avoluma Prostituída!...
De um torvo mar,
Deixa-a crescer; e o lodo e a espuma Ver derribar do eterno sólio
Deixa-a rolar! O Belo, e o som
Ouvir da queda do Acropólio,
Blasfemo> em grita surda e horrendo Do Partenon!...
Ímpeto, o bando
Venha dos bárbaros crescendo, Sem sacerdote, a Crença morta
Vociferando... Sentir, e o susto
Ver, e o extermínio, entrando a porta
Deixa-o: que venha e uivando passe Do templo augusto!...
- Bando feroz!
Não se te mude a cor da face Ver esta língua, que cultivo,
E o tom da voz! Sem ouropéis,
Mirrada ao hálito nocivo
Olha-os somente, armada e pronta, Dos infiéis!...
Radiante e bela:
E, ao braço o escudo> a raiva afronta Não! Morra tudo que me é caro,
Dessa procela! Fique eu sozinho!
Que não encontre um só amparo
Este que à frente vem, e o todo Em meu caminho!
Possui minaz
De um vândalo ou de um visigodo, Que a minha dor nem a um amigo
Cruel e audaz; Inspire dó...
Mas, ah! que eu fique só contigo,
Este, que, de entre os mais, o vulto Contigo só!
Ferrenho alteia,
E, em jato, expele o amargo insulto Vive! que eu viverei servindo
Que te enlameia: Teu culto, e, obscuro,
Tuas custódias esculpindo
É em vão que as forças cansa, e â luta No ouro mais puro.
Se atira; é em vão Celebrarei o teu oficio
Que brande no ar a maça bruta No altar: porém,
A bruta mão. Se inda é pequeno o sacrifício,
Morra eu também!
Não morrerás, Deusa sublime!
Do trono egrégio
Assistirás intacta ao crime
Caia eu também, sem esperança,
Do sacrilégio.
Porém tranqüilo,
Inda, ao cair, vibrando a lança,
E, se morreres por ventura,
Em prol do Estilo!
Possa eu morrer
Contigo, e a mesma noite escura
1. Considerando seus conhecimentos acerca do Parnasianismo, aborde os aspectos formais e conteudísticos
da composição do poema de Olavo Bilac.
2. O traço mais característico da poética parnasiana presente no poema Profissão de fé, de Olavo Bilac, é o
culto excessivo pela forma perfeita. Identifique no poema e transcreva uma estrofe que comprove o culto à
forma.
3. Olavo Bilac compara, nesse poema, o poeta a um ourives. A que se deve essa comparação?
4. A partir da leitura do poema, discorra sobre o título ser “Profissão de fé”.

Antífona
Cruz e Sousa

Ó Formas alvas, brancas, Formas claras E as emoções, todas as castidades


De luares, de neves, de neblinas! Da alma do Verso, pelos versos cantem.
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras
Que o pólen de ouro dos mais finos astros
Fecunde e inflame a rima clara e ardente...
Formas do Amor, constelarmante puras, Que brilhe a correção dos alabastros
De Virgens e de Santas vaporosas... Sonoramente, luminosamente.
Brilhos errantes, mádidas frescuras
E dolências de lírios e de rosas...
Forças originais, essência, graça
De carnes de mulher, delicadezas...
Indefiníveis músicas supremas, Todo esse eflúvio que por ondas passa
Harmonias da Cor e do Perfume... Do Éter nas róseas e áureas correntezas...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...
Cristais diluídos de clarões alacres,
Desejos, vibrações, ânsias, alentos
Visões, salmos e cânticos serenos, Fulvas vitórias, triunfamentos acres,
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes... Os mais estranhos estremecimentos...
Dormências de volúpicos venenos
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...
Flores negras do tédio e flores vagas
De amores vãos, tantálicos, doentios...
Infinitos espíritos dispersos, Fundas vermelhidões de velhas chagas
Inefáveis, edênicos, aéreos, Em sangue, abertas, escorrendo em rios...
Fecundai o Mistério destes versos
Com a chama ideal de todos os mistérios.
Tudo! vivo e nervoso e quente e forte,
Nos turbilhões quiméricos do Sonho,
Do Sonho as mais azuis diafaneidades Passe, cantando, ante o perfil medonho
Que fuljam, que na Estrofe se levantem E o tropel cabalístico da Morte...

5. O poema Antífona, de Cruz e Sousa, tem por tema o próprio processo de criação poética e utiliza-se de
uma linguagem pouco convencional. Comente acerca do poema, identificando, com exemplos retirados
dele, os traços simbolistas que estão presentes.
6. Um traço bastante característico na estética simbolista é a presença da sinestesia. Aponte exemplos do
poema em que essa figura de linguagem pode ser evidenciada.
7. Nota-se que o poema de Cruz e Sousa apresenta elementos que fazem alusão a rituais religiosos.
Identifique em qual passagem do poema isso é demonstrado.
8. Há presente no poema Antífona palavras (substantivos e adjetivos) que tratam de realidades impalpáveis,
transcendentais. Apresente os trechos que marcam essas características.

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