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P o E S I A

M. F. R.

A mão da morte desfolhou na campa


As níveas rosas de teus Iedos dias! ...
O doce aroma duma vida breve,
Duma harpa santa, dívínaís poesias.

Do prado a erva delicada e branda,


Que a brisa afaga, enamorada, e bela,
Ingênuo ri;.o de celeste arcanjo,
Suspiro terno de gentil donzela,

Uns sons de lira melindrosa, e grata,


Na parda tarde a conversar com a brisa.
Macias auras enrugando apenas
As mansas águas que ligeira frisa.

Dos coros de anjos os celestes cantos,


Ou voz sentida de queixoso nauta;
Acentos magos na soídáo perdidos
Longínquas notas de saudosa frauta.

Percorre o infinito, revoa no espaço,


Com preende a grandeza que existe nos céus,
r. Aspira o perfurn e das auras divinas,
Entoa com os anjos seus hinos a Deus.

_ 0_

, Voaste, minha esperança,


Dítosa prenda de amor!
Estrela da madrugada
Em seu vírgíne o candor,
Mimoso Iírío das águas,
Orvalho sobre uma Dor. MINHA VIDA

Por que tão breve deixaste '<A VERDÁDEIRA MARMOTA"


A senda do seu víverz.,
Por que, florzinha, na sesta
Quiseste emurchecer?
Por Que triste nos deixaste Um- deserto espinhoso, árido e triste
Entregue a tanto sofrer?!!... Atravesso em silêncio. Erma so}dão! .,.
Nem uma flor, 'que ameigue estes lugares,
Por Que de Deus um anjínho Nem urna voz, que adoce o coração!
Junto a teu berço pousou,
E com auri-brancas asas É tudo triste ... e a tristeza acaso
Tuas brancas faces roçou, Convém a minha alma? .. oh der! oh dor!. ..
Como brisa Que macia Eu amo acalentar-te no imo peito,
Pelas ervas perpassou?! Como a fragrância, que se esvai da flor.

E do eco viste a entrada, Secas as folhas pelo chão caídas,


Que o meigo anjo indicou. Calcada aos pés, o seu ranger me apraz:
Viste falange de anjínhos, Um ai sentido como que murmuram,
Que a vista te fascinou, Que lembra as queixas, que o proscrito faz.
Viste místicos enlevos,
Que todo o ser te abalou. E eu escuto esse gemer queixoso,
Que com minha alma triste se harmoniza,
E logo deixaste a terra, Não sei se ameiga as dores; mas ao menos
Risonho, ledo, e contente; Meus profundos pesares - ameniza.
Porque os anjos te acenavam
Com brando gesto inocente; Nem uma flor, uma somente brilha
Porque lá víste meiguices No meu deserto! .. pedregosa estrada.
Que amaste perdidamente. E só a brisa remexendo as folhas,
Suspira tênue com uma voz quebrada.

No céu, a lua branquejando os mares,


'Percorre o ínãníto, revoa no espaço, Passeia triste, merencóría, e bela:
Com preende a beleza, que existe nos céus, Eu amo a lua, Que revela muda ,
f -
Aspira o perfume das auras divinas, As fundas dores de gentil donzela.
Entoa com os anjos teus hinos a Deus.

i'A IMPRENSA", 19/12/1860.


I~
I'
I

E ela passa na amplídâo dos céus,


E ninguém sente seu sentir doridot
A UNS OLHOS
Assim da virgem ninguém sente as fráguas,
As longas dores - o carpir sentido.
"A VERDAD~IRA MARMOTA"
Comigo a sós no meu deserto vivo,
Curtindo dores, que a ninguém comove;
E só a brisa, que m urmura queixas,
Vi uns olhos ... que olhos tão belos!
Com meus suspíros.a ondular se move.
Esses olhos têm certo volver,
Que m e obrigam a profundo cismar,
Mas, lá no externo já diviso a campa,
Que despertam-me um V8g0 querer.
Melhor agora o meu desert? sigo!
Um dia basta . transporei o espaço, Esses olhos me calam na alma,
Onde antevejo o derradeiro abrigo. .
Viva chama de ardente paixão,
Esses olhos me geram alegria,
Guimarães t3 de maio de 1861 Me desterram pungente aflição.

Esses olhos devera eu ter visto


I Ré rr: ais tempo· talvez ao nascer,
Esses olhos me falam de amores,
/. Nesses olhos eu quero viver.

Nesses olho". eu bebo a existência


Nesses c'] I, 's de doce langor,
Nesses f'![;',~, r ue fazem sem custo
"'leiga,.: j'J.ra:i, eternas de amor.

Esses olhos que dizem numa hora,


Nün:: morr ento, num doce volver,
Tudo aquilo CjLe os lábios nos dizem
E; que os lábios não sabem dizer,

Esses olhos têm mago condão,


Esses olhos me excitam o viver! ...
,.. Só por eles eu amo a existência,
Só por eles. eu quero morrer!

Guimaráes, 27 de rn 11' 111/11


UMA HORA NA VIDA

"A VERDADEIRA MARM OTA"

Virgem! - virgem de amor - o teu sorriso,


Encheu de meigo enlevo o peito meu!
Causou-me um doce bem teu mago riso,
E ao teu canto, minha alma estremeceu.

Tão ternos esses acentos - tão divina,


Tão sonora a tua voz - que abranda a dor,
Ainda a mais profunda, a mais ferína;
E sem que o queira - nos desperta amor.

Quándo declinas esses meigos sons,


Repassados de amor, - de melodia,
Eu creio que por Deus, fadados dons,
Partilhastes de ínfínda poesia.

Meu peito acostumado a longas dores,


Há muito geme - já nem sei cantar!
Mas, tu, melhor que a vida em seus fulgores,
Gostosa vida me tomaste a dar.

Resumes, virgem, singular poesia,


Fragrância pura de mimosa flor,
Lírio sorrindo no nascer do dia,
Gemer das auras, - murmurando - amor.

Fora ousadia descantar-te oh bela


Estrela da arvorada em seu fulgor! ...
Es anjo a divagar, gentil donzela
'Entre perfumes, da manhã no albor.
t.

Guimarães, 19 de agosto de 1861.


r

NÃO ME AMES MAIS

"A VERDADEIRA, MARMOTA"

Oh! Se me amasses
Corno eu te amo,
Meus suspiros de dor - minha aflição,
Meus transportes de amor,
Tudo movera
A um terno delirar teu coração.
Oh! Se me am asses,
Tristes Iam entos,
Meu pungente sofrer - fundo amargar,
Solto meu pranto a correr,
Tu virás sem pesar,
Sem doer-te no peito, amarga dor?!. ..
Não o creio por certo,
Porque juras.
Que há de eterno viver teu meigo amor? ..
Irrisória é essa jura!. ..
No teu peito,
Não há ternura mais - não há calor.

Pois bem, não quero


Esse mentir grosseiro,
Que semelha nefanda covardia.
Acaso tu supões,
Que amor por compaixão,
Apraz a minha alma, índa um só dia? ..

Quero ouvir de teus lãbios:


- Cansei já de te amar. -
- á não nutro por ti, ternura - amor.
Mas, não digas jamais:
- Oh! eu te amo!
Inda sinto por ti, sedea to ardor.
I HII )'() II(

a(\
l ili' .IA Verdadeira M arm ota"

Guimarães. 26 de agosto de 1861


Por ver-te
Tudo - tudo eu daria:
A vida, a alma, oh céus!
Te of'receria.

Portver-te inda urna vez


Meu coração
Anseia desejoso!
Por ver-te a mim rendido de afeição,
Por ver-te venturoso.

Por ver-te - a paz, que gozo, - o ar, que gira


Em todo o firmamento,
Eu quisera me fossem denegados,
Só por ver-te um momento.

Por ver-te, ind'eu quisera aniquilado


O céu, o mar, a terra, o ar, o vento;
Quisera, pendurados nos abismos.
Ver os astros perderem o movimento.

Quisera que em meu leito, a horas mortas,


Tétrícolespectrol- mínaz, sinistramente.
Me viesse despertar - depois a morte,
Meus dias terminassem - duramente.

Por ver-te, tudo isso me causara,


Não pesar - alegria.
Por ver-te uma só vez durante a vida,
Por ver-te índa um só dia.
Por ver-te índ a uma vez SAUDADES
Meu coracáo
Anseia desejoso!
"A VERDADEIRA MARMOTA"
Por ver-te a mim rendido de afeícáo.
Por ver-te venturoso. A minha íntima amiga T. J_ C. S.

Por ver-te
Tudo - tudo eu daria:
A vida. a alma. oh céus! Meus ais arrancados do ím o do peito,
Te ofreceria. Gerados na amarga, cruel soledade,
Recebe-os, querida. no teu coração,
Escuta-lhes a voz. só dizem - saudades!

Aqueles mimosos, dourados instantes,


Guirr aràes. Em que me jurastes eterna amizade,
20 de maio de 1861 R evoca a m eu peito, curvado de dores,
'--'S gratos transportes de infinda saudades.

Jamais de ti tão doces instantes


Me escapam da alma, singela deidade!
Mas, ah! minha cara, do bem gozamos,
Só hoje me resta perene saudade!

Se a forca igualasse, meu anjo querido,


Aos castos desejos, que gera a amizade,
Lá junto a teus lábios. lá sobre teu peito,
Quebrara - quebrara tão funda saudade.

Serr ti. cara amiga - do mundo a grandeza


Desvelos. - ternura· primor. ou bondade.
Não prendem minha alma. não rouba-me afetos.
Que tudo aborreco. só amo a saudade.

{Teresa! eu te vejo no rubro horizonte.


No dia· na planta- na erva e na tarde.
Te escuto na brisa - no cicio do vento.
Na voz da minha alrna - na voz da saudade.
·,

I "VC\j li re íva - no campo - e na flor;


MI" 11 antasía ... cruel realidade!!. .. A CONSTANCIA
IJ 11 minha alma,que estásameu lado, (TRADUÇÃO)
Nllf,dl I meu peito de viva saudade.

"A VE.RDADEIRA MARMOTA"


(I! LI I r
19o enlevo desta alma que é tua ...
I I 1 r -111 os votos de eterna amizade,
(H transportes de minha afelcáo,
(I L delírios de minha saudade.
Dize-me, linda donzela,
Gentil filha dos amores,
Se rn e aro as, virgem bela,
Se me cedes teus favores? ...
Guimarães, 3 de setembro de 1861
Não, meu nobre senhor.
Sou form osa, bem o sei:
Sou pastora - meus afetos.
A outro já tributei.

Deixa a m isera cabana,


Vem ao meu paço dourado,
Nela serás soberana,
Nele terás régio estado.

Náo. meu nobre senhor,


Sou formosa. bem o sei.
Sou pastora - meus afetos,
A outro já tributei.

Eu te farei baronesa,
E nobre dam a de honor,
Terás honras, e riqueza.
Em prêmio do teu amor.

Não, meu nobre senhor.


Sou form osa. bem o sei.
r. Sou pastora - meus afetos.
A outro já tributei.
mI'---
qi
lI!II
II
\ DEDICACAO
. oar-te-et rico colar.
\
Bela croa de duquesa "A VERDADEIRA. MARMOTA"
Se rr.a ís podes desej ar.
Metade da realeza.
TRIBUTO DE AMIZADE
Não. rr.eu senhor.
Je t'airne! je t'aime I
Sou torrr.osa, berr: o sei:
Oh ma vie
Sou pobre: rr as rr eu arror.
Por prérr ío algurr vos darei. Byron.

Arr;o a donzela mimosa.


Corr suas gracas infantis.
Corr seus lábios cor da rosa.
GuiIT3r8.es. 9 de seterr.lJro de 1861 Com seus méneios gentis.
Co rr.o a \?arc;u\·apol'usa.
Como uns !2,estosse-nhons.

Arr.o vê-ia reclinada


Sobre a rr.argerr dum ribeiro.
Docemente acalentada.
Por urr sonhar lisonjeiro.
Com a mente toda enlevada.
Err. seu císm ar feiticeiro.

Arr o ve-la na arvorada.


Vagando por entre flores.
Ela flor mais berr. - fadada.
Mais recam ada de odores.
Colhendo a flor delicada,
Que meiga fala de amores.

Mas. rr.elhor que todas elas.


Arr o ver-te, err teus fulgores,
Arrio-te mais que as mais belas.
Amo-te mais do que as flores,
Que tanto atraem as donzelas,
" Que tanto falam de amores.
Eu a mo ouvir-te um suspiro AO AMANHECER E O POR DO SOL
Um só. fugindo medroso,
Corr o em Iongmquo retiro.
Amo um sorr: terno - queixoso.
O qual com ânsia eu aspiro.
Repetir-se melíndroso. -o JAROIM DOS r,],;RA NHENSES"

Eu arr o ver-te ligeira


Com o a corca fugitiva.
Casta. mírr osa, e fagueira.
Torr.ei a lira rrirr asa.
Ora rr eíga - outrora esquiva: De festóes, a engrinaldei.
Cada vez rr.ais feiticeira.
E pus-lhe cordas de ouro.
Cada vez m ais casta. e diva.
E teus encantos. cantei.

Arr o ver-te. - fresca rosa.


A sombra duma mangueira.
Corr; sua doce formosura.
Ao nascer do grato dia,
Corr sua fragràncía odorosa,
A hora em que a natureza.
Corr seu encanto e docura,
Toda respira alegria.
Entre as outras rr.ais mimosa,
Cobrando amor - e ternura.
A hora do arvorecer,
Eu arr o ver-te entre as belas. Quem não sente uma afeícáo?
Vagando corro senhora.
Quem não sente uma esperança.
Carr.o a rr irr.o das donzelas, Nascer-lhe no coracão?
Corr.o fada sedutora:
Árro-te mais do que a elas. Foi nessa hora. sob a copa,
Casto perfume da aurora. Da bela, e grata mangueira.
Que enãoreí a grata lira.
Arr;o em ti. quanto há na vida. A lira doce fagueira.
Que inspira melancolia.
Quanto pode ser querida. Era a cancão. que eu tecia.
Durr. a harpa a doce harrr onia, Fruto de eterna saudade:
Durr.a virgem a voz sentida.
O só prazer. que me resta.
Dos anjos. a melodia. Nesta triste soledade.

Quando um dia. um só na vida.


Vi teu peito arfar/de amor.
Tão feliz fui que julguei,
Achar na vida prirbor.
Guirr.aràes. 20 de setembro de 1861.

_ &h~..-w.~-z ~_"=- T'


~~~----
-
----------- - - - - - --
Quando vi teu meigo riso.
Pelos lábios declinar. M! esse nome querido
Nurr transporte indefinivel. Murchou-se qual débil flor!
Eu me julgava a sonhar. Esse nome é minha vida,
Meu grato, meu temo árnor.
Quando depois eu te ouvia:
- "E meu prazer adorar-te, Agora nunca mais hei de
-rDe canetas, de desvelos. Repeti-Io em meu cantar,
- "Hei de meu anjo cercar-te. Quero te-ío na minha alma,
Quero no peito asilar.
Trepidava então meu peito.
Meu coracáo se expandia: Guimarães.
Era meigo esse mon:ento.
20 de setembro de 1861
Tào cheio de poesia.

E foi-se o dia passando.


Veio a tarde. e a tristeza:
Murcharam as flores da lira.
Secararr. de tibieza.

E com a tarde esvaeceu-se.


Minha risonha esperança:
Despontou-me amargo pranto.
Após penosa Iembranca.

i,
Lancei a lira por terra.
Já não tinha um só fiar'
No fundo peito eu sentia.
Estranha secreta dor.

E veio a noite. eu cai


Err. meu penoso cismar.
Para que veio un:a esperanca.
.) Meu coracáo en:balar?
f.
Pra que a lira mírnosa
Tão desvelada enfiarei?!! ...
Pra que um non:e querido
Ebria de amor. eu cantei?!' ...
A VIDA

"O JARDIM DOS MARANHENSES"

Inocentinha donzela,
Eu a ví-flor de beleza!
Risonho esmalte do prado,
Desvelo da natureza.

Era toda vírgenzínha,


Toda mistério de amor!
Tinha a fragrância da rosa,
Tinha do lírio o candor.

Era como a branca espuma,


Erguida por sobre o mar,
Como estrela da arvorada,
Antes do sol despontar.

Como suspiros de amor,


Que do peito, se esvaecem,
Que nuns lábios de rubím,
Docemente se esmorecem.

Tinha ledices, encantos,


Tinha mimoso folgar,
Com o a Ieda borboleta,
Com o a abelha, a sussurrar.
;-.
Mas depois, passou-me um dia.
Eu a vi tnórbida e triste,
Depois um dia, e mais outro,
A bela já não existe!. ..
NÃO ME ACREDiTAS!
,coitada! que sorte ímíga,
'Roubou-lhe tanto fulgor?
Foi UlI1 delírio ... Loucura! (APEDIDO)
Foi urn bafejo de amor.
,
"O JARDIM DOS MARANHENSES"
.Eis corno a vida se passa,
iApós o riso, a trístura,
.Após a vida, o dormir
;No seio da sepultura.

Náo me acreditas L.. acaso


Há quem m ais te possa am ar? ...
Guimarães ..
Quem te renda mais extremos,
30 de setembro de 1861 Quem saiba mais te adorar!? ...

-N0 24.- Acaso amor mais constante,


Acaso paíxáo mais fida,
Mais melindrosos afetos
Prendeu-te, de amor - a vida?

Acaso viste a teu lado


Gozar alguém mais ventura? ...
Acaso temas carícias,
Cobraste de mais ternura? ...

Não compreendes quanto dói


Essa dúvida cruel!. ..
É gota a gota espremida
No peito, - de dor, e fel.

Náo me acreditas ... entanto


Ninguém mais fiel te amou,
Ninguém te rende mais cultos,
f .
Ninguém melhor te adorou.
1,1
í,l
\1 Sinto em amar-te prazer;
rt

Porque o duvidas? - cruel!. ..


'\ Há quem mais vele teus dias,
•1
Quem mas te seja fiel? ...
\
fião rne acreditas? procura
Mais fido, mais terno amor, AM OR PERFEITO
Mais duplicados extrem os,
Desvelos de mais primor. "A Verdadeira Marmota"

Mas embalde ... Oh eu te juro,


Só eu te sei adorar!
Eu amo a flor.
Mais doce amor, e mais temo;
Sua beleza,
Jamais na vida hás de achar. E toda rr írno
Da natur~za.
N° 25: Guím aráes, 13 de outubro de 1861
Eu arr o a rosa.
Pura. fragrante.
Corro o sorriso.
Dum terno infante.

Arr o o jasrr. irr ,


Que vivamente.
Exprirre ao peito.
Paixão ardente.

Arr o a saudade:
Pungente. ou grata
Passados gozos
Berr. nos retrata.

A todas estas
Tributo amor.
Rendo-Ihes cultos.
Dou-lhes louvor.

Mas entre elas


Uma prefiro.
Seu grato arorr a.
Corr. enlevá aspiro.
r
Ohl essa trago ,
Dentro do peito.
Essa que exprirr e
- Arr or perteito:
Os meus desvelos,
Minha ternura, Tem meus am ores.
Tudo merece
Sua formosura, Por isso dela'
é

Minha aíeícáo,
Só ela cobra Só ela goza
Minha afeicão. Meu coracào.
Dou-lhe minha alma,
Meu coração. Sirr: bolo vivo
De amor perfeito!
Eu am o a bela. Te asilo, e prendo
Mimosa flor, No fundo peito.
Com o a um suspiro,
De casto amor. CFuirnarães, 1861

6 de abril de 1862 - nO; 7~


Como urna nuvem
Que se evapora,
Mercê do vento,
Surgindo a aurora.

Com o na praia.
Um solucado
Gemerda onda
Bem magoado.

Com o um sorriso.
Que traz bonanca,
Como uma Ieda
Doce esperanca.

Com o os transportes
Dum coração,
Quando lhe afeta
Prim a afeicão. ,..
Corno o que amo
Mais sobre a terra,
Com o os m ístéríos,
Que am or encerra.

Oh! essa mais


Que as outras fiares,
Merece cultos.
ROMANCE CONTEMPORÂNEO

ELVIRA

(Continuação do na 65)
"A VERDADEIRA MARMOTA"

Um a noite, como noutras


Flutuava o branco véu
E a branca, e meiga lua
Císm ava pura no céu.

E cantavam na senzala,
Os negros, canção chorosa
E dizia a voz sentida:
"-Oh! doce amante extremosa,

Onde vais? Não vês a lua


Com o é triste a se carpír?
Assim triste é tua sorte,
Muito te resta a sentir."

Mas, a moça não ouviu


Aquela nênia chorosa,
Eí-Ia ao encontro do mancebo
Anelante e pressurosa .

."-És tu, Elvira, meu anjo,


Cara amante idolatrada!...
És o bálsamo que sara
Minha alma dilacerada."

E depois contra seu peito


Conchegou-lhe o coração;
TodolO sangue lhe agitava,
Triste e funda comoção.
"Espera sê sempre fido,
Tu serás meu cavaleiro,
Esposo da tua Elvira,
E depois nos lábios dela, Em face do mundo inteiro".
Colou-lhe os lábios ardentes; (26 de fevereiro de 1862)
Mas, ofegava-lhe o peito, "-Sim, - tomou-lhe o aflito Afonso
Com pulsações veem entes. Mas, Elvira ... escuta ... eu vou,
Sou soldado, é meu dever ...
Alguma coisa à donzela, Aro anhá ... ah! longe estoul!l, .."
Ele ocultava cuidoso,
Que lhe iria lá por dentro, "-Longe!. .. náo digas por Deus
Nesse instante doloroso? Longe de mir/meu senhor!? ..
É possível? Tu m e iludes,
-"Elvira! como eu te amo! Praz-te acaso a minha dor?"
Disse: - "vencendo alma dor
Poderás tu compreender, "-Elvira, minha adorada,
Quanto é temo o meu amor. Eu bem ouízera ocultar-te ...
Aro anhá, pela m anhã,
';Dize sempre, o11lsimmil vezes,
Teremos fero combate."
Que me adoras.zerno amante,
Como é doce, quanto eu amo,
"-Deixa o campo de batalha,
Passar contigo um instante!
Não sirvas a Rosas cruel,
Esse monstro que vomita
"Como me apraz escutar-te,
Do peito, veneno, e fel.
Quando me falas de amor,
Semelha a grata fragrância
"Esse maldito dos céus.
Que se esvai de nívea flor.
Esse demônio da terra,
Em cujo peito nefando,
"Sim, Elvira, eu te juro
Tantos horrores encerra.
Que só por ti amo a vida!
Só por tí., ah! se eu pudera! ...
"Se a esse monstro eu servisse,
Minha Elvira tão querida!: .."
Fora, Elvira, abominável:
A teus plhos, bela virgem,
E sufocou um gemido, Eu seria detestável."
Que em seu peito rebentava;
Elvira, louca de amores, "-Mas, Afonso, quanto temo!
Nem com pesares sonhava. Quanto já sofro saudade!
Num com bate ... tu de Rosas
"-Mas, Afon~o, tornou ela, Não tem~ deslealdade?
Que é que queres dízer?
De meu pai é que te lembras,
Que tanto nos faz sofrer?"
"-Oh! por Deus, não vasAronsc,
"Oh! não vãs, querida Aronsor
Tu me causas dissabor,
Tenho um sinistro pensar,
Tens ares de quem padece,
Secreta voz, que me diz;
Que sentes tu, caro amor?"
Que cá não tornas voltar!"
Mas foi-se o mQ~O guerreíro,
!' - Nã9 chores, anjo querido!
Por larga senda' a correr,
Teu pranto me causa dOJ:;
Falta-m e antes, Elvíra, Com o um louco não podendo,
Com teus melindres de am ar. A triste am ante mais ver.
(2 de marco de 1862)

"Secas o pranto, que goteja, (Continuado do N° 67)


De teus olhos, doce am ada,
Quero deixar-te risonha, Depois quando no céu, era alta noite,
Com o um a flor, na arvorada," Merencória era a l~ divagar,
De novo o branco Véu ,noturna brisa,
-, Dize-me então que não vais Faz travessa, mas triste flutuar.
Da tua Elvira apartar-te,
Dize, dize que arn anhá, E na triste senzala a mesma voz,
Hás de aqui comigo achar-te." Com que prosseguia: em seu cantar,
Tinha pranto na voz, que era queixosa,
Então de novo ofegou-lhe. ~ue revela angústia, e aflito azar.
Triste. aflito o coracào,
Mas. reprirr. indo um suspiro, "-Era noite. E bem. cruel foi meu pesar,
Lhe disse corr: efusão: Eu que sonhavaamor!
Prosseguia meu diurno caminhar,
< An: anhá a esta hora. Sem pensar, e sem temor.
Verr: querida a este lugar."
"-Tu virás. meu caro Afonso? ..." Mas, meu Deus! antes morrer, que recordar.
"-Podes. rr:eu berr: . duvidar? .." Cenas, que matam. de dor!
Nunca mais junto a tI. há de voltar,
E muito alta ia a noite. -Vítíma dum vil traidor..."
Era breve o arr: anhecer:
Mas. redobrava em Afonso. Esta nota 'últíma, e triste,
Penoso. duro sofrer. Fez Elvira estrern ecer;
Mas depois cobrando alento,
<Adeus. Elvira. ele disse Pôs-se de novo a correr.
l
Adeus rr.eu bem, minha amada ..."
E depois presa nas fauces. U-Es tu, Afonso querido?
Gerr:eu-lhe a voz sufocada. Oh quanto tardava o ver-te ..."
"-Não. senhora -um mensageiro,
Que muito tem a dizer-te."

~-------------------------------------------- ...•••••
Um temor convulso, os membros Ficou ao velho D~ sancho,
Da virgem então percorreu, Remorso; dor, e pesar,
A medula de seus ossos, Seus dias já foram breves.
Frio de neve desceu. 1M às foi longo o seu penar. ,

<10 de março de 1862) 17 de fevereiro de 186~


(Conclusão)
«, Afonso, Afonso, dízeí-rne

Por piedade, senhor,


Que é feito, meu Deus, de Afonso?
Que é feito do meu amor!

-, Afonso, bravo e leal,


Disse o triste mensageiro,
Foi ontem num a batalha,
Do vil Rosas prisioneiro."

-, Morreu? - tornou-lhe a donzela


Desvairada pela dor."
"- Em seu cárcere degolado,
Foi hoje pelo traidor.

"Vosso nome nos seus lábios,


Foi só o que lhe escutei;
Perdoai-me a triste mensagem;
Que fiel desempenhei."

-, Volto, senhora a vingar,


Esse amigo precioso;
Cumprida a minha missão,
Volto ao campo pressuroso."

E depois quando Dom Sancho,


Procurou a filha amada, t.
Era como fiar sem vida,
Nos areaís reclinada.

Morta! morta Elvira bela


Dos anos ao alvorecer!
E Afonso - o triste Afonso
~e tanto soube sofrer!!
HOSANA

"Eco da Juventude"

Que diz o infante.


Se o rir dum instante.
Se rr.uda inconstante
Nurr. rr.eigo chorar?
Que diz a donzela,
Que cisma tão bela.
Que sente. que anela.
No seu rr: editar?

Que dizem os palmares,


Que dóceis aos ares.
Nos ledos folgares.
Sorrierr. -se agem er?
Que diz a rolinha.
Que a tarde sozinha.
Saudosa definha.
Se o par vê Di orrer?

Que dizem as flores.


Err. blern a de arr. ores.
De infindos prírr ores.
De ínfindo gozar?
Que diz meigamente.
De orvaIho nítente,
A gota cadente.
Que a tíor verr beijar?

Se brame raivoso
t -O pélago iroso.
_Se gerre saudoso
~
Na praia. - o que diz?
Que dizerr. os caritos,
Do que Safira - ou rubí:
Vem ao rr eno s nessa hora,
De rr aaos encantos. Corr.o fada enganadora,
Que ensaí a.iserr prantos. Corr.o visão sedutora,
11írr.os a perdiz? Colocar-te ao pé de rní

Que diz a vaidosa Talvez assim os meus sonhos,


Gentil rr ariposa, Merencóríos, berr. tristonhos,
Que o suco da rosa Se voívarr belos, risonhos,
Fragrante libou'? Risonhos cheios de arr. ar.
A loura abelhínha, Verr. rr ínha lira fadar,
Que diz quando asínha, Verr. rrinha rr ente inspirar,
Beijando a florzinha. Meu -viver dulciferar,
Seu rr el lhe roubou? . Verr. desterrar rr ínha dor.

Que diz a errr a fonte? Ver-te, ouvir-te é rreu prazer:


Que diz o horizonte? Tu reanirras rr:eu ser,
E o curr e do rr onte, Que rr.ais te posso eu dizer,
Que se ergue altaneiro]' Anjo - rr ulher . ou visão!
Que diz ternamente Tens rr eus afetos, donzela,
A lua niten.te.· Se te vejo assirr tão bela,
Se coroa indolente Ou, se te escuto singela,
O verde rr:angueiro? Desferir terna canção.

Que diz todo o mundo,


Nurr voto profundo, 15 de Janeiro de 1865, N° 6
Eterno, e jucundo,
Erguendo-se aos céus?
Diz grato - arr oroso
Hosanal e soídoso,
E tudo urr formoso
Concerto ao seu Deus.

Acolhe pois os meus cantos:


Verr , adornada de encantos,
Sustar os rr:eus tristes prantos,
Urr:a hora em cada dia.
Que eu te veja ao por do sol,
Da rr:anhã pelo arrebol,
Brando cisne· ou rouxinol,
Cantando com melodia.

Quando vires doce estrela


Já desmaiada - mas bela,
Cintilante - mais singela
- - - ~- - - - -- ------ - - - - - -

'1' ..,

"Eco da Juventude"

:Nais bela ontenJ, que nos outros dias,


:M2Í~l?ebi eu vi-te; mais mimosa ainda,
- Que _. nívea espuma coroando as vagas,
, Que beíjam a areia dum a praia linda.

:Mais bela era", rnaís fluente, e pura,


e
Ma.Ãsdoce. meiga qúeduma harpa santa,
Um hlXl~ sacro, -me!ódl.os~ nota,
.Que, ao rude peito d~ prazer encanta.

Mimosa, ltedá corno a doce brisa,


Que meigamente numjardim cicia,
Ou branda aragemi;lerfurn ada,errando
Por entre ervinhas, ao nascer do dia .
. ' )',

Místico €nJ,e~r?,aG cont-emplai"-te, sinto


Mulher, ~ou anjo, - ou divlp.alvisão! ...
Tipo ideal ..- eu não te creio fada,
Creio-te anjo de especial missão.

Cornos pés na terra a divagar sonhando


Os ledossonhos. de viver dos céus;
D~S brandas asas, derram ando arem as,
Desses perfumes, que se ,esvaem de Deus.

Es tu, és tu que ssrenando o ar


Com um teu 50r~~so,xninhZodor suavísas:
És tu que a mente do poeta exaltas;
És tu da tarde mer~có:das brisas.

29 de janeiro de 1865, nO 8

r.
o CANTO DO TUPI

"Eco da Juventude"

Sou filho das selvas - não temo o combate,


Não terno o guerreiro, - guerreiro nasci;
Sou bravo, - eu invoco dO bravo o valor,
Sou filho dum bravo, valente tupí.

Na marcha pra guerra, se invoco Tupã,


Tupã me responde na voz do trovão;
Ent~sa-se o arco, - desprende-se a frecha,
E o fraco reclina o seu rosto no chão.

Sou filho das selvas - nas selvas nasci,


Sou !;Jravo guerreiro, só amo o lidar;
Se tribo inimiga correndo aí vem,
Ao campo, sanhudo, vou só, pelejar.

Se sonho, nos sonhos eu vejo anhangá,


Que vela a meu lado, qual vela Tupã;
Ás vezes lhe escuto: guerreiro ao com bate
Vai lesto, vai forte, mal rompa a manhã.

Eu vivo nas selvas - nas selvas írr ensas.


Que vastas se estendeIr. nas terras do norte.:
Se corro à peleja, bem sei que a vitória
pertence ao Ir.eu 'brnço, que é grande, que é f rL

E parto animoso: mal vejo o inimigo,
eorneço das setas a ponta a ervar,
.
Ardendo nos brios de nova coragem,
Contente o triunfo, começo a cantar.
Nas selvas do norte. - nasci - dum guerreiro
"A~ anaque de Lem brancas- Brmfleiras"
Que as tribos guerreiras fazia tremer,
Herdei-lhe esse sangue . seus brios herdei,
Valente com ele só sei combater.
"É assim que eu te vejo em
meus sonhos de noites de
Cem crânios expostos na taba, bem provam
atroz saudade .., "
Que em terra cem vezes, cem homens prostreí,
Quer deixe na seta seu último alento, A.Heliewano
Quer caia vencido no.'>laços, que armei.
Em vão-te estende desolada amante,
Eu' vivo-nas sel vas - nas selvas do norte Os frouxos braços!
Sou índio valente, valente tupí, Em vão delira, e a saudosa imagem,
Temido na guerra, - do bravo temido: Quer seguir os passos.
Possante guerreiro, nas selvas nasci.
Em\ vão ....que és longe! porque quer a sorte,
Se então prisioneiros valentes eu trago. Que eu vegete a morrer
A tribo me aplaude ... que bravo sou eu! Em vão! porque um destino rigoroso,
De dentes imigos o número é tanto Dá-me fundo sofrer.
Que atestam que o forte jamais me venceu.
Em vão! ... Mas, no meu leito a horas mor-
Sou filho das selvas, - não terno o combate. tas,
Não temo o guerreiro, - guerreiro nasci: Vagueia o pensamento;
Sou bravo ... eu invoco do bravo o valor: Remontam-se as idéias, a teus lares,
Sou filho dum bravo, valente tupí, Não tem isolamento.

Entre o muito sofrer, que nos abate,


3 de fevereiro de 1865 N°- 9 Na íntima aflição,
Desprende as longas asas e -dlvaga]
A mente na amplídáe

Desse espaço infinito, - e vê, e goza


O que a terra lhe nega!
Aos ditames da sorte avessa, e dura,
Só a mente, não verga.

E por issso, eu encontro-te a meu lado,


r Quando sonho acordada!
Quan'do nas horas mortas de alta noite,
, Penso em ti - enlevada.

---=-=- - - -_::- = -~--~ . -~ -


Delfra o pensamento - a mente erra
Em torno ao seu amor' MEDITAÇÃO
Cê . . "SEM1NÁRIO MARANHENSE"
-.ssam as Ml'es da ausência. seca o pranto,
Adoça-se o amargor,
"Era a hora em que o ho-
mem está recolhido nas su-
Ao menos resta a mente ao infeliz
as mesquinhas moradas" ...
A quem a sorte nega
Até· breve prazer! .. porque ela ê livre:
E a sorte, não se verga, ' A. Herculano

Guímarães, Vejamos pois esta deserta praia,


Que a meiga lua a pratear começa;
Com seu silêncio: se harrnoníza esta alma,
Que verga ao jugo duma sorte avessa'

Oh! meditemos ... Na soidáo da terra,


Nas vastas ribas deste vasto mar,
Ao som do vento, que sussura triste,
Por entre os leques de gentil palmar,

o sol na terra se envolveu - mistérios


Encerra a noite ... ela compreende a dor' ...
Talvez o manto, que estendeu na terra,
Lhe esmague o peito. que gemeu de amor!

o mar na praia, como liso ondeia,


Gemendo triste - sem furor - com mágoas! ...
Também meditas. oh! salgado pego?...
Também partilhas desta vida as frágoas??...

E a branca lua, a divagar no empíreo


Como urna virgem, na soidão da terra' ...
Que doce encanto tem seu meigo aspecto!
Quantos enlevos sua tristeza encerra!

i; Oh! meditemos! Quem gemeu no bosque,


.! Onde a florzinha a perfumar cativa?
I
Seria o vento, que passando erguera
De tronco anoso a ramagem altiva?
De novo a mente a divag<lr começa,
Criando afouta seu sonha.do amor! AVENTURA
Zombando altiva duma sorte avessa,
Que oprime a v-ida com fatal rigor! Alrnanaque de Lembranças Brasileiras.
E nesse instante sulUcando a custo,
Meu peito o doce palpitar de amor.
Delícias bebe desterrando o susto
Que a noite incute, a semear pavor.
Embalde intento descobrir na vida,
E um deleite, índa melhor que a vida, Aquele gozo, que se diz - ventura: ...
Langor, quebranto, ou sofrimento, ou dor. Embaúíe intento, que frustrar-me eu sinto
Um quê de afetos, meditando, eu sinto, Doce esperança - minha sorte dura.
Na erma noite, a me exal tar de amor!
Talvez na campa eu encontrá-Ia possa,
E nessa hora, gotejando o pranto, Sé for o orvalho da manhã beijá-Ia possa,
Nas ermas ríbas do saudoso mar, Se for o orvalho da manhã beijá-Ia,
Das horas mortas, esse doce encanto, E sobre a face despontar-lhe flores
Dá vida ao ente, que criei pra amar ... Que ao frio leito - vá-me então levá-Ia.

E à doce imagem vaporosa, e bela, Talvez nas asas do perfume grato,


Que a mente ergueu, que engrinaldou de amor, Que baixa .ténue das regiões dos céus,
Eis-me sorrindo melindrosa, e grata, Ai voando na amplidão rnínha'alma,
Como o perfume de amorosa flor! Possa gozá-Ia - se gozar seu Deus.

Guirnrães.
E a mente a envolve de profundo afeto,
E dá-lhe a vida, que lhe dera Deus!
Ergue-lhe altares, lhe coroa a fronte,
Rende-lhe cultos, que só dera aos céus!
3° Ano - 1868- Julho.
Colhe pra ela das roseiras belas,
Que aí cultiva - a mais singela flor,
E num suspiro vai depor-lhe às plantas,
Como oferenda, - seu mimoso amor!

Mas, ah! somente a duração da rosa,


Tem esse breve devanear da mente!
Volve-se à vida, onde há só pranto, e mágoa,
E cessa o encanto do amoroso ente ...

Guimarães.

3 de novembro de 1867- Número 10.

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