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“o etnó grafo deve articular os diferentes discursos e prá ticas parciais (no duplo
sentido da palavra, parcelares e interessadas) que observa, sem jamais atingir
nenhum tipo de totalizaçã o ou síntese completa.” (p.25)
“No entanto, foi necessá rio um passo suplementar para perceber que havia algo a
mais em jogo e que uma pesquisa realmente antropoló gica sobre política
desenvolvida junto ao movimento negro em Ilhéus nã o deveria consistir tanto no
estudo desse movimento em si ou da política na cidade, nem mesmo no estudo
das relaçõ es entre ambos, mas em uma análise da política oficial na cidade
orientada pela perspectiva cética que o movimento negro tem a seu respeito.”
(p.35)
Para ele, por um tempo a antropologia julgava que sociedades sem Estado eram
sociedades sem política. Essa ideia foi desfeita na década de 1940, contudo, para
substituir a instituiçã o “Estado” foi construída a instituiçã o “linhagem”,
reproduzindo-se assim uma visã o etnocêntrica da política dos povos sem Estado.
Da crítica a concepçã o substantivista, veio nos anos 1950 a concepçã o formalista
da política, para quem a política estaria em todas as relaçõ es humanas. Esta
concepçã o, contudo, estimulou uma abordagem que considera todas as
dimensõ es de todas as relaçõ es sociais como relaçõ es de poder. O social é
confundido com o político, que, em ú ltima instancia, é a ú nica dimensã o
analisada.
Segundo ele os estudos sobre fenô menos políticos têm ocupado posiçã o central
nos ú ltimos anos no Brasil. O termo “antropologia da política”, cunhado por
Moacir Palmeira, busca sugerir o estudo daquilo que, segundo o nativo, seja
considerado política.