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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE


CURSO DE LICENCIATURA EM NUTRIÇÃO

TEMA: ARTICULAÇÃO SINTÁCTICA DO TEXTO

Nome: Prescência Amélia Bernardo

Pemba, 04 de Abril de 2022


UNIVERSIDADE ABERTA ISCED
FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE
CURSO DE LICENCIATURA EM NUTRIÇÃO

TEMA: ARTICULAÇÃO SINTÁCTICA DO TEXTO

Trabalho de Campo de Técnicas de Expressão Oral e Escrita submetido ao Curso de


Licenciatura em Nutrição / Faculdade de Ciências de Saúde, como requisito para
obtenção do grau académico de licenciatura em Nutrição

O Estudante O Tutor

Prescência Amélia Bernardo _____________________

Pemba, 04 de Abril de 2022


Índice
1. Introdução..............................................................................................................................1

2. Articulação Sintáctica Do Texto............................................................................................2

2.1 Textualidade.....................................................................................................................2

2.1.1 Sequência Textual......................................................................................................2

2.1.2 Progressão textual......................................................................................................3

2.2 Coerência e Coesão textual..............................................................................................4

2.2.1 Coerência textual.......................................................................................................4

2.2.2 Coesão textual............................................................................................................5

4. Bibliografia............................................................................................................................9
1. Introdução
O processo que envolve a construção de sentidos em um texto não é simples, o produtor
recorre a uma série de estratégias visando orientar o seu interlocutor, por meio de marcas
textuais para a construção desses sentidos. É um processo de interação, visto que os sujeitos
estarão envolvidos em representações que incluem desde elementos encontrados na
superficialidade linguística, perpassando por implícitos, até elementos relacionados ao
contexto extralinguístico. É na interação que a realidade será (re)construída. O sujeito fará
uso do material linguístico tendo em vista os seus propósitos, o seu projeto do dizer, para que
esse processo todo seja executado com sucesso é necessário que o produtor tenho um
domínio da articulação sintáctica da textualidade para que possa produzir conteúdos bem
elaborados.

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2. Articulação Sintáctica Do Texto
Podemos definir Articulação sintáctica textual como a construção de um texto respeitando a
articulação ou ligação e não se esquecendo do uso das próprias regras usadas em uma língua
durante a construção das frases que irão constituírem o texto.

Texto - é o nome usado para designar um conjunto de palavras e frases que, juntos, formam
uma unidade que faça sentido e transmitem uma mensagem.

2.1 Textualidade
2.1.1 Sequência Textual
Adam (2008) afirma que para reconhecermos o texto como uma unidade de sentido, torna-se
necessário entendermos a sua construção. Isso significa dizer que todo texto é constituído por
partes, por sequências, as quais evidenciam um plano ou uma estrutura sequencial. O autor
desloca-se, então, para o campo da unidade de sentido e evidencia dois tipos de
agrupamentos:

 períodos: unidades frouxamente tipificadas;


 sequências: unidades mais complexas, tipificadas.

Os períodos são considerados unidades que compõem as partes de um plano de texto e as


sequências, compostas de um número limitado de conjuntos de proposições-enunciados, as
macropoposições. Adam descreve a macroproposição como “uma espécie de período cuja
propriedade principal é a de ser uma unidade ligada a outras macroproposições, ocupando
posições precisas dentro do todo ordenado da sequência” (2008, p.204).

O autor afirma que é no conjunto das sequências que os sentidos se formam e representa uma
estrutura, ou como:

 uma rede relacional hierárquica: uma grandeza analisável em partes ligadas entre si e
ligadas ao todo que elas constituem;
 uma entidade relativamente autônoma, dotada de uma organização interna que lhe é
própria, e, portanto, numa relação de dependência-interdependência com o conjunto
mais amplo do qual faz parte (Adam, 2008, p.204).

Adam (2008) propõe as seguintes sequências textuais: descritiva, narrativa, argumentativa,


explicativa e dialoga.

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A sequência descritiva - para o autor, apresenta-se como a menos estruturada, não possuindo
uma ordem pré-definida na união das proposições-enunciados em macroproposições, por
isso, é mais comumente encontrada em períodos do que, propriamente, em sequências.
Segundo o autor, “quatro macrooperações agrupam nove operações descritivas que geram
uma dezena de tipos de operações descritivas de base” (2008, p.216).

A sequência narrativa - é a que traz a apresentação de “fatos” reais ou fictícios, sendo esses
“fatos” distintos para Adam (2008) como eventos ou ações. O primeiro evidencia a existência
de um agente como preponderante para haver a mudança, e o segundo evidencia a existência
de causas, cujo efeito não seria intencionado pelo agente.

A sequência argumentativa - apresenta-se como atividade verbal voltada ao convencimento


do outro. Adam evidencia dois movimentos para essa sequência: demonstrar-justificar e
refutar. É nessa sequência que entram em jogo os conectores argumentativos como possível
estratégia de contra-argumentação. Descreveremos com mais detalhes na seção a seguir, que
circunscreve essa sequência como uma das categorias que orientam a análise do corpus.

A sequência explicativa apresenta-se, geralmente, em segmentos curtos, segundo Adam


(2008). Envolve-se da combinação de um “SE ( de uma proposição que coloca um problema)
com É QUE ou É PORQUE, introdutores de uma explicação” (p. 237).

A sequência dialogal apresenta-se como uma imitação da conversação oral na escrita.


Diferente das demais, surge como resultado de um diálogo, portanto composta por mais de
um interlocutor. Adam (2008) descreve dois tipos dessa sequência, as fáticas e as
transacionais: a primeira constituindo a abertura e o encerramento da conversação e a
segunda, o corpo da interação.

2.1.2 Progressão textual


Mondada e Dubois (1995), a progressão referencial se dá por meio de estratégias de
construção e reconstrução de objetos de discurso e Koch & Elias (2009) ratificam essa visão,
acrescentando o fato de que, na atividade de produção, escolhas são realizadas para
representar o pensamento e se produzir um dizer. Assim, não podemos descartar o uso de
estratégias linguísticas que ilustram, sobretudo, uma visão de mundo, um posicionamento
socioideológico e cultural.

Com base nos autores acima, pode perceber que, a progressão textual é o processo pelo qual o
texto se constrói, com a introdução de informação nova, ligada à informação que já é do

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conhecimento do leitor ou que lhe é fornecida no próprio texto. Num texto não pode haver
apenas repetição de ideias.

2.2 Coerência e Coesão textual


2.2.1 Coerência textual
Para Koch e Travaglia (1995), definem a coerência como “um princípio de interpretabilidade,
ligada à inteligibilidade do texto numa situação de comunicação e à capacidade que o
receptor tem para calcular o sentido deste texto”. Um texto contraditório e redundante ou
cujas ideias iniciadas não são concluídas, é um texto incoerente. Exemplo: Ele é vegetariano
e gosta de um bife muito mal passado. (os vegetarianos são classificados por se alimentarem
apenas de vegetais).

Textualidade ou textura é o que faz de uma sequência linguística um texto e não um


amontoado aleatório de frases ou palavras. A sequência é percebida como texto quando
aquele que a recebe é capaz de percebê-la como unidade significativa global. Portanto, tendo
em vista o conceito que se tem de coerência, podemos dizer que é ela que dá origem à
textualidade [...]. (Koch & Travaglia, 1995, p. 20/27).

 Factores de Coerência

Koch e Travaglia (2009), citam alguns fatores que interferem na coerência textual, tais quais
como: conhecimento linguístico, conhecimento de mundo, conhecimento partilhado,
inferências, fatores pragmáticos, situacionalidade, intencionalidade, aceitabilidade,
informatividade, focalização, intertextualidade e relevância. Dos conceitos apresentados
acima, os autores focam naqueles que eles acreditavam ter graves problemas de coerência no
texto.

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O conhecimento de mundo é o conjunto de conhecimento que adquirimos ao longo da vida e
que são arquivados na nossa memória, é muito importante na construção da coerência textual,
mas, além disso, é importante que enunciador e enunciatário tenham certo grau de
conhecimento partilhado. A focalização, quando um texto é produzido, todo o conhecimento
de mundo dos envolvidos nesse assunto vira-se para uma parte desse saber. Isso quer dizer
que os sujeitos envolvidos em uma fala focalizam sua atenção em alguns pontos. O
enunciador busca, a partir de seu texto, voltar as atenções para um devido ponto. Já o
enunciatário tentará interpretar o texto de acordo com relações que consegue fazer entre o
texto e seu conhecimento de mundo.

As inferências elas ocorrem quando algo não está escrito, mas é possível pressupor a partir do
texto. Ou seja, algo que não esteja representado pelo linguístico, mas que seja possível captar
através do conhecimento de mundo. Basicamente se entende por inferência aquilo que se usa
para estabelecer uma relação, não explícita no texto, entre dois elementos desse texto. (Koch
& Travaglia, 1995, p. 70).

A linguística textual passou a se preocupar com o externo ao texto, com sua produção, com
seu enunciador, seu enunciatário e muito mais. A coerência, portanto, passou a ser vista
também de outra forma. Um texto nunca fez sentido sozinho. Aliás, em cada situação, como
já vimos o mesmo texto pode ter um sentido diferente. Sendo assim, provamos a notoriedade
do pragmático nessa discussão. A situacionalidade é um conjunto de fatores que dão
relevância aos assuntos tratados em um texto em determinada situação. Se essa relevância é
pequena, o texto parecerá incoerente, o que poderia impossibilitar ou dificultar o
entendimento do conteúdo do texto.

2.2.2 Coesão textual


A coesão textual é a responsável pela tessitura do texto, aquela que faz as ligações entre os
enunciados do texto por meio de dependências de ordem gramatical, como dizem Beaugrande
e Dressler (1981, apud Koch, 2005., p. 16). A partir dela, é possível fazer as ligações entre os
elementos do texto e, com isso, percebemos a ação de um elemento sobre o outro, montando
o sentido do texto como um todo, fazendo as relações de sentido no interior o texto.
Percebemos, assim, que a coesão tem grande influência na coerência.

Segundo Koch (2005), a coesão ocorre quando a interpretação de algum elemento no discurso
é dependente da de outro. Um pressupõe o outro. Um pressupõe o outro, no sentido de que
não se pode ser efetivamente decodificado a não ser por recurso ao outro. (p. 4).

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2.2.2.1 Mecanismos de coesão textual

Halliday e Nasan distinguem cinco mecanismos de coesão:

 Referência (pessoal, demonstrativa, comparativa);


 Substituição (nominal, verbal, frasal);
 Elipse (nominal, verbal, frasal)
 Conjunção (aditiva, adversativa, causal, temporal, continuativa);
 Coesão lexical (repetição, sinonímia, híperonímia, uso de nomes genéricos,
colocação)”. (Koch, 2005, p.20).

Coesão por Referência - aquela em que um componente da superfície do texto faz remissão
a outro(s) elemento (s) nela presentes ou inferíveis a partir do universo textual. Ao primeiro,
denomino forma referencial ou remissiva e ao segundo, elemento de referência ou referente
textual” (Koch, 2005, p. 31);

Coesão Sequencial - Entre os segmentos de um texto há inúmeras relações semânticas e


pragmáticas e essas relações são percebidas quando o texto é bem projetado. Ou seja, são
necessários procedimentos linguísticos que dão ao texto a coesão sequencial que permite a
fluidez e conexão necessária às partes do texto;

Elipse - ocorre quando a recuperação de um elemento pode ser facilmente processada pelo
contexto, tornando desnecessário um item responsável por essa referência, ou seja, quando
omitimos um termo que já foi apresentado anteriormente e que devido ao contexto criado
pela oração se torna fácil lembrar esta expressão;

Conjunções - são utilizadas quando queremos valorar a ligação entre dois elementos de um
texto. A conjunção “permite estabelecer relações significativas entre elementos ou orações do
texto” (Koch, 2005, p. 21);

Coesão lexical - que se utiliza de repetição, sinonímia, hiperonímia, nomes genéricos e


colocação para fazer a remissão a alguns elementos do texto.

2.3 Marcadores e Conectores Discursivos

2.3.1 Marcadores discursivos

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Para Barreto e Muñoz (1999), os MDs são itens linguísticos que contribuem na estruturação
dos textos escritos e orais, bem como executam a função de conectar os enunciados e
direcionar as inferências produzidas pela utilização dos MDs por parte dos interlocutores.

Essas unidades linguísticas também são responsáveis pela organização estrutural do texto e
da orientação discursiva. Contudo, o espaço ocupado por esses enunciados na gramática
normativa ainda é incipiente. Os conectores servem ao discurso e são responsáveis pela
construção da argumentação e da persuasão, pois convencer o outro não é uma tarefa fácil.
Por isso, o uso dos mecanismos linguísticos, a exemplo dos MDs, da retórica e da persuasão
facilita e suaviza essa empreitada.

2.3.2 Conectores discursivos

São também chamados de articuladores, têm como função articular, conectar, ligar grupos de
palavras; unir frases simples, formando frases complexas; estabelecer nexos lógicos entre
períodos e parágrafos, de modo a construir textos coesos e coerentes.

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3. Conclusão

Conclui-se que, a coerência e a coesão são os princípios mais importantes na estruturação de


um texto. Um texto é coerente quando aquilo que ele transmite está de acordo com o
conhecimento que cada locutor e interlocutor têm do mundo e a coerência depende, assim,
das relações de sentido que se estabelecem entre as palavras. Essas relações devem obedecer
alguns princípios, tias como: princípio da relevância - exclusão de situações ou eventos que
não tenham uma relação logica entre si; princípio da não contradição – exclusão de situações
logicamente incompatíveis; e princípio da não redundância - um texto não pode ser
nulamente informativo. Algo que não passou despercebido é que, a coesão textual diz
respeito aos mecanismos gramaticais de tipo sintáctico-semântico que se utilizam para
explicitar as relações existentes entre as frases, os períodos e os parágrafos de um texto.

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4. Bibliografia
Adam, J. M. (2008). A linguística textual: Introdução à análise textual dos discursos. São
Paulo: Cortez.

Barreto, V. D., & Muñoz, I. B. (1999). Gramática Descriptiva de la lengua española: Entre
la oración y el discurso. Madrid: Editorial Espasa.

Koch, I. G. (2005). A coesão textual. São Paulo: Contexto.

Koch, I. G., & Travaglia, L. (1995). Texto e coerência. São Paulo: Cortez.

Koch, I. V., & Elias, V. M. (2009). Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo:
Contexto.

Mondada, L., & Dubois, D. (1995). Construção dos objetos de discurso e categorização:
Uma abordagem dos processos de referenciação. São Paulo.

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