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O TEXTO EXPOSITIVO-EXPLICATIVO

CONCEITUALIZAÇÃO

Para entender melhor esta tipologia textual há que olhar os dois termos inseridos na
sua designação. Isto é, o termo expositivo/exposição que significa apresentação da
totalidade dos assuntos referentes a uma questão ou problema, de forma a que os
ouvintes ou leitores a quem se dirige, adquiram um conhecimento global sobre o
mesmo. O termo Explicativo/explicação tem como objectivo final “fazer
compreender”.

Na perspectiva de estudos publicados por MUTONDO, Carlos, in Ciberdúvidas da


Língua Portuguesa, citando T. A. van Dijk (1980), o Texto Expositivo-Explicativo é
um tipo de texto que tem por objectivo principal a transmissão de conhecimentos a
cerca de uma dada realidade, isto é, fazer-saber ou fazer-conhecer (fazer-perceber).

Assim, os textos expositivos-explicativos podem ser definidos como aqueles que visam
transmitir conhecimentos (informar) e clarificar e explicar “problemas” com a
finalidade de tornar explícitos processos, relações, a um receptor que se supõe não os
possuir,

“Do ponto de vista comunicacional, o texto explicativo é uma relação de comunicação


entre dois interlocutores, relativamente a um objecto. O locutor A faz saber ao seu
interlocutor B o que é um certo objecto ou ser descrevendo-o, analisando-o, expondo-o,
criticando-o.” (FIGUEIREDO & FIGUEIREDO, 2001: 144)

Daí, podemos concluir logo que, o texto visa a transformação do estado cognitivo dos
sujeitos aos quais se destina, informando-os de forma clara, objectiva, coesa e coerente
sobre um assunto ou problema de que se supõe eles serem detentores de um saber
insatisfatório.

Como se pode notar, o Texto Expositivo-Explicativo apenas apresenta uma informação,


que se considera nova, partindo de um saber que se pressupõe que o leitor o detenha.
Daí que a linguagem usada neste tipo de texto tem muito que ver com o tipo de público
alvo ao qual ele se destina.

Neste tipo de texto, há o predomínio de duas funções de linguagem, nomeadamente:

--a função referencial (aquela que se usa para transmitir informações novas) e a
--função metalinguística (usada em segmentos que visam explicar ou esclarecer o
sentido de uma noção ou expressão anterior).

Ainda, no texto expositivo-explicativo, podemos identificar três momentos ou fases


(correspondentes às partes do texto), a saber:

A- a fase do questionário (que contém de forma explícita ou implícita uma questão que
se vai responder ao longo do texto, ou simplesmente pela anunciação do
tema/assunto/problema da exposição) correspondente à introdução;

B- a fase da resolução, correspondente ao corpo explicativo ou desenvolvimento e

C- a fase da conclusão.

No tangente à organização discursiva deste tipo de texto, podemos identificar três tipos
de enunciados:

 Enunciados Expositivos: contendo as informações com as quais o autor do texto


pretende fazer saber, ou seja, transmitir os novos saberes;
 Enunciados Explicativos: com os segmentos explicativos visando fazer
compreender o que se transmite;
 Enunciados Baliza: com a finalidade de marcar as articulações do discurso, isto
é, anunciar o que vai ser dito; resumir o que se disse, ou seja, estabelecer os
nexos de ligação entre as diversas partes do texto.
Relativamente às características linguísticas, o Texto Expositivo – Explicativo
apresenta:

 O uso do presente do indicativo com o valor gnómico (atemporal), uma vez que
se refere a factos que são tidos como verdadeiros por parte de quem os anuncia,
portanto, uma verdade que perdura independentemente do tempo em que ela é
dita.
 Emprego da construção passiva sem agente como uma estratégia de
impessoalizar o discurso científico. Sendo o texto científico objectivo o sujeito
deve estar afastado do seu discurso e isso consegue-se com o recurso à passiva.
O texto científico é monológico.
 As nominalizações são usadas para condensar o que foi dito e assegurar a
progressão do texto;
 Não se usam os adjectivos valorativos, a não ser que eles sejam necessariamente
exigidos pelo discurso.
 As expressões explicativas permitem ao emissor tornar mais clara a sua
comunicação e orientam a compreensão do leitor;
 Os conectores discursivos são os elementos que vão assegurar as relações entre as
diversas partes do texto.
 No Texto Expositivo – Explicativo, os conectores são usados com frequência e são
de natureza lógica. Eles marcam laços de adição, oposições, laços de consecução ou
de causalidade;
No que diz respeito ao vocabulário, recorre-se a um vocabulário especializado. Isto quer
dizer que se um texto é do ramo de biologia, por exemplo, irá recorrer a expressões da
linguagem técnica que um biólogo deve dominar.

Um gestor ou administrador de uma determinada empresa ou instituição, também deve


possuir e dominar um vocabulário próprio da área que ele administra. O mesmo poder-
se-ia dizer relativamente às outras áreas do saber.

Observe-se que quando se fala de linguagem técnica especializada não se pretende de


forma nenhuma dizer que se deva usar uma linguagem rebuscada e incompreensível,
pois quanto mais compreensível for o texto, mais facilmente ele alcança os objectivos
para os quais foi produzido.

A SUPER E MACROESTRUTURA DO TEXTO EXPOSITIVO EXPLICATIVO

'De acordo com o modelo proposto por T. A. van DIJK (1980 – Macrostructures. An
Interdisciplinary Study of Global Structures in Discourse, Interaction and Cognition,
Hillsdale, New Jersey, Lawrence Erlbaum Associates Publishers):

1. A macroestrutura corresponde ao conteúdo global levado a cabo por uma sequência


discursiva.

2. As microestruturas têm expressão directa nos enunciados constitutivos do texto; as


microestruturas determinam e são determinadas pelas macroestruturas.

3. A superestrutura é o esquema convencionalizado que fornece a forma global do


conteúdo do texto. Fala-se, neste sentido, de macroestrutura narrativa ou de
macroestrutura expositiva, etc.
EXEMPLO DE UM TEXTO EXPOSITIVO-EXPLICATIVO

POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA

Nos últimos anos, devido ao desenvolvimento industrial, à formação de grandes


cidades, à motorização de transportes, etc, a composição do ar foi sofrendo
alterações.

As substâncias estranhas, que provocam a poluição atmosférica, são os agentes


poluentes.

Os principais poluentes são as poeiras e os gases libertados pelos tubos de


escapes dos automóveis, pelos aviões, pelas chaminés das fábricas, das casas, etc.

São ainda agentes poluentes os gases e partículas radioactivas libertados para


a atmosfera pelas centrais nucleares e explosões anatómicas.

O próprio homem e os outros seres vivos, durante os fenómenos respiratórios,


libertam gases que poluem a atmosfera.

Os animais e as plantas também não escapam aos perigos da poluição


atmosférica.

Fenómenos naturais como erupções vulcânicas, decomposição de seres vivos,


etc, também contribuem para a poluição atmosférica.

Os poluentes atmosféricos entram continuamente no organismo do homem,


provocando doenças mais ou menos graves. Estas manifestam-se por problemas de
pele, irritação dos olhos, destruição do esmalte dos dentes, asma, bronquite, dores
de cabeça, lesões pulmonares, cancro, etc.

As vítimas de algumas destas doenças só as sentem quando o mal já é bastante


profundo e, portanto, de difícil tratamento.

Os animais e as plantas também não escapam aos perigos da poluição


atmosférica.

Tem-se notado os seus efeitos no gado bovino, assim como nas abelhas e
bichos de seda.
Exercício:

1-A partir do texto lido como exemplo (POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA), identifica todos os
elementos que constituem o texto expositivo-explicativo.

2-Faz um texto expositivo-explicativo da tua iniciativa, em que expõe e explica sobre um


determinado assunto de interesse comum.

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