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Funcionamento da língua: Regência verbal: correcção sintática e

ortográfica de alguns enunciados

As palavras na frase, ou mesmo numa simples expressão, encontram-se relacionadas entre


si através do processo linguístico designado Concordância. Isto é, elas, agrupadas por
categorias, apresentam propriedades de selecção dos seus acompanhantes.

Por exemplo, pela concordância verbal, o verbo goza duma propriedade que permite
estabelecer uma relação com os seus acompanhantes da periferia (sujeito e
complementos):

- Quando o sujeito é uma expressão designativa de quantidade aproximada formada por


um número plural precedido de uma expressão de aproximação, como cerca de, mais de,
menos de – o verbo costuma ir para o plural.

Ex.: Cerca de vinte alunos assistiram à aula.

1.3.1. ÁREAS CRITICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA


1-Escolha alternativa correcta de entre as duas propostas, conforme o exemplo.

Ex: Não fui ao aniversário porque ...

ela chamou-me para conversar. ( )

ela me chamou para conversar. ( X )

a) Vou conhecer a Namaacha porque ...

se vai organizar uma excursão na escola. ( )

vai-se organizar uma excursão na escola. ( )

b) Demora-se muito a chegar porque...

tem de se ir devagar.

se tem de ir devagar. ( )

c) Em Maputo dá-se muitas voltas para...

conseguir-se arranjar emprego. ( )

se conseguir arranjar emprego. ( )

d) Os jovens têm poucas esperanças embora ...


se estejam a preparar bem para os exames. ( )

estejam-se a preparar bem para os exames. ( )

e) Diz aos teus amigos para ...

virem-me visitar. ( )

virem visitar-me. ( )

2-Estrutura de Orações Relativas com Pronome Oblíquo

(Corrija os enunciados abaixo apresentados)

a- Preparam uma sala que há-de haver reunião...

b- Há escolas privadas que paga-se muito caro.

c- Não sei se há uma organização qualquer deles que possam fazer

valer a sua voz...

d- Depende da região que as pessoas vivem.

e- A partir da altura que eu deixei de trabalhar...

f- Há dias que nem jantamos.

g- Há momentos que você está disposta.

h- Há dias que eu tenho passado por aqui.

i- Só houve uns anos que precisavam de certos alunos.

j- É o tempo que eu me separei dos meus pais.

3-Regência da oração integrante por preposição

a- Eles educavam dizendo de que era assim.

b- Diziam de que eu sou chefe da casa.

c- Dizem de que as miúdas é que têm manias.

d- Se o Gabriel, pá, disser de que ele é ladrão...

e- Disse de que a bicicleta não estava em condições.

f- Já que dizes de que és bom futebolista.

g- Tem-se dito de que as pessoas casam-se.

h- Consigo ver de que há mais mulheres que homens.


i- Estamos a ver de que em Moçambique, a língua mais falada é o

português.

j- Vejo de que este homem não está preocupado.

RESUMO SOBRE A 1ª UNIDADE

A situação de conversação do dia- a- dia, particularmente a que se realiza face a face,


constitui um dos cenários básicos do uso da linguagem em que nos engajamos diariamente
com outros interlocutores em diferentes propósitos da comunicação e interação.

A conversação requer não só o princípio da cooperação pragmática entre os


interlocutores, mas também, uma série de condições cognitivas, contextuais, sociais e
linguísticas que são necessárias para uma interação bem-sucedida. Para tal, sugere-se
algumas das regras gerais a observar durante a conversação face a face, nomeadamente:

- O homem culto debate com franqueza e simplicidade os tópicos iniciados por outro e
estimula a participação de todos no assunto. Suas palavras são marcadas por polidez e
respeito aos sentimentos e opiniões dos demais;

- Tente não se repetir;

- Faça perguntas abertas;

- Procure tornar sua conversa amável, franca, educada, pertinente e livre de afetações;

- Quando fizer perguntas sobre alguém que você não conhece, não utilize adjetivos;

- Caso esteja se irritando em uma conversa, mude o tópico ou mantenha-se em silêncio;

- E jamais corrija erros de pronúncia dos outros;

- Torne sua participação na conversa tão breve quanto pertinente com relação ao assunto
que está sendo debatido;

- Um dos maiores elogios que você pode oferecer a alguém é ser um ouvinte interessado
e atencioso;

- Nunca, durante uma conversa, esforce-se para concentrar a atenção inteiramente em


você. Fale de si mesmo, mas bem pouco. Seus amigos irão identificar suas virtudes sem
que você tenha que enumerá-las;

- Assegure-se que o teor da conversa esteja alinhado ao lugar onde você se encontra;

- Durante um diálogo, nunca fale simultaneamente enquanto outra pessoa estiver a falar;
- Enquanto alguém estiver a usar da palavra, não confira o relógio, ou olhe ao redor, ou
folheie um livro, ou tome qualquer atitude que demonstre que você está cansado do
interlocutor ou de sua história;

- Nunca interrompa a fala de outros, mesmo que a pessoa esteja hesitante em busca de
uma palavra mais adequada.

Na comunicação não-verbal é uma das formas de linguagem que os seres humanos, em


particular, usam para transmitir suas ideias, sentimentos, desejos, satisfação e mesmo a
dor. Por vezes, esta forma de comunicação sem recurso ao verbo falado ou escrito
transmite melhor a mensagem entre os Homens. A forma de comunicação não-verbal tem
sido a melhor solução que os surdo-mudos encontram para trocar ideias do seu dia- a- dia
entre eles e com os outros cuja faculdade de fala é activa.

2.3. Processos de Formação de Palavras


O enriquecimento do léxico de uma língua pode fazer-se através de dois processos:
A. Derivação - Processo que permite formar palavras a partir de outras palavras já existentes
ou primitivas às quais se junta um prefixo e/ou um sufixo. As palavras derivadas estabelecem
com a palavra base uma relação semântica e formal.
B. Composição – Processo que permite formar palavras a partir da junção de dois ou mais
radicais (palavras primitivas).
Chamam-se primitivas as palavras que não são formadas a partir de nenhuma outra. Exemplo:
água, fazer, piano, feliz.
Afixação
Chama-se afixação ao processo morfológico de formação de palavras que consiste na junção
de um afixo ao radical.
Afixos – morfemas (prefixos e sufixos) que se juntam à palavra primitiva para formar outras
palavras.
Prefixo – afixo que se junta antes da palavra primitiva Exemplo: des + fazer = desfazer .
Sufixo – afixo que se junta depois da palavra primitiva Exemplo: feliz + idade = Felicidade

2.3.1. DERIVAÇÃO
1.Derivação Prefixal
Nesta forma, os prefixos são mais independentes que os sufixos, pois se originam em
geral, de advérbios ou de preposições que têm ou tiveram vida autónoma na língua.
Derivação prefixal é um tipo de derivação caracterizado pelo acréscimo de um prefixo a
uma palavra primitiva.

Prefixo Palavra primitiva Palavra derivada


ante- braço antebraço
des- leal desleal
contra- dizer contradizer
extra- ordinário extraordinário
i- moral imoral
im- próprio impróprio
per- passar perpassar
pre- datar predatar
Sobre carga sobrecarga
vice- prefeito vice-prefeito
anfi- teatro anfiteatro
arce- bispo arcebispo
des- fazer desfazer
auto- móvel automóvel
Adaptação do autor.

2.Derivação sufixal
Pela derivação Sufixal formaram-se e ainda se formam, novos substantivos, adjectivos,
verbos, advérbios (advérbios em -mente). Dai, classificar-se o sufixo em:
a) nominal, quando se aglutina a um radical para dar origem a um substantivo ou a um
adjectivo: pon-eiro, pont-inha, pont-udo.
b) verbal, quando, ligado a um radical, dá origem a um verbo: bord-ejar, suav-izar,
amanh-ecer.
c) adverbial, que é o sufixo –mente, acrescentado à forma feminina de um adjectivo:
bondosa-mente; perigosa-mente; fraca-mente
N.B.: Dentre os sufixos nominais há aumentativos e diminutivos:
Aumentativos: -ão (paredão); -zarrão (homenzarrão); -aço (ricaço); -arra (bocarra), etc.
Diminutivos: -zinho (cãozinho), -inha (vozinha), -ela (ruela), -zita (florzita), -ito
(rapazito), etc.
3.Derivação parassintética
EX: desalmado (prefixo) des ⁺ (o radical) alm(a) ⁺ (o sufixo) -ado
repatriar (prefixo) re- ⁺ (radical)patri(a) ⁺ o sufixo –ar
O processo de Derivação pode ocorrer sem afixação:

- Derivação Regressiva: quando se tira o final da palavra e resulta outra palavra.

Exemplo:escovar-escova

-Derivação Imprópria: mudança da classe gramatical primitiva de uma palavra.

Exemplo: creme é um substantivo, mas se usar dentro do contexto - A blusa que comprei
é creme. A palavra creme exerce a função de um adjectivo, dando a característica, a cor
da blusa.

2.3.2. COMPOSIÇÃO
A composição consiste em formar uma nova palavra pela união de dois ou mais radicais.
A palavra composta representa sempre uma ideia única e autónoma, muitas vezes
dissociada das noções expressas pelos seus componentes. CUNHA e CINTRA, (1997.
p:102). Por sua vez, GOMES (2008. P:127), refere que consoante o tipo de união,
podemos chamamos palavras:

• Aglutinadas - parte dos elementos das palavras primitivas é perdida e elas se


juntam, perdendo assim a "ideia" de composto.
Exemplo: planalto - plano + alto, fidalgo - filho + de + algo, aguardente –
água+ardente.
• Justapostas - duas ou mais palavras primitivas se unem, sem a perda de nenhuma
letra ou fonema, são postas juntas, com ou sem hífen, e formam uma nova palavra.
Exemplos. Guarda-chuva, girassol, vice-presidente, estrela-do-mar, abelha-
mestra, surdo-mudo.
• Composição por Hibridismo: união de elementos, sendo cada um vindo de um
idioma diferente.
Exemplos: automóvel -latim e grego, alcalóide - árabe e grego

Os elementos que constituem as palavras compostas podem ser:

Substantivo-substantivo Água-pé
Substantivo-preposição-substantivo Mãe-de-água

Substantivo-adjectivo Amor-perfeito

Verbo-substantivo Guarda-fatos

Verbo-verbo Vaivém

COMPETÊNCIAS PARA O ESTUDO DESTA UNIDADE:

✓ Identifica o tipo de fichamento;


✓ Elabora ficha de leitura segundo o recomendado;
✓ Analisa a relação semântica entre palavras dadas.

3.1. FICHA DE LEITURA OU DE CONTEÚDO


Ficha de leitura é um resumo de informação extraída de uma obra ou artigo
publicado. Geralmente, neste tipo de texto há informação pertinente que não
deve faltar, nomeadamente: o titulo da obra, edição, local de publicação, editora,
ano de publicação, número do volume se houver mais de um e número de páginas.
Existem vários tipos de fichas de leitura ou de conteúdo:

a)analítica – contém uma análise sumária da obra ou do artigo, podendo referir, entre
outros, estes elementos:

- campo de saber abordado;

-problemas tratados;

-conclusões alcançados;

-contribuições especificas para o tema;

-métodos utilizados: indutivo, dedutivo, dialéctico, histórico, comparativo;

-recursos empregados: tabelas, quadros, gráficos, mapas.

Entre as suas qualidades, contam-se as seguintes:

-brevidade;

-uso de verbos activos;


-ausência de repetições desnecessárias.

b)De citação – reproduz frases consideradas relevantes num trabalho.

-coloca-as entre aspas;

-contém a pagina;

-transcreve textualmente (incluindo erros, que devem ser seguidos polo termo sic,
colocando entre parenteses rectos);

-indica a supressão de palavras, recorrendo também a parenteses rectos;

-completa a frase com elementos indispensáveis aa sua compreensão, se for necessário


(colocando o acréscimo entre parenteses rectos).

c)De Resumo ou de síntese – apresenta um resumo ou uma síntese das ideias principais
ou dos aspectos essenciais.

d) De comentário – é uma interpretação critica das ideias; do autor:

-sobre a forma;

- sobre o conteúdo;

-sobre a clareza ou a obscuridade do léxico;

- sobre a sua comparação com outros textos;

- sobre a importância da obra.

Exemplo de um Esquema sugestivo, adaptável ao tipo de fichamento.

FICHA DE LEITURA

Obra:

Titulo:

Autor:

Número de páginas:

Género literário:

Tema:
Informação sobre o autor:

Personagens:

Tempo:

Ambiente da história:

Resumo:

Citações importantes:

Comentários sobre a obra:

3.2. Semântica lexical


A semântica é entendida como a "área da linguística que estuda o significado dos
constituintes da língua", ( Ribeiro et al., 2010:263). Numa perspectiva em que a semântica
estuda o significado das palavras/léxico de uma determinada língua, vai se designar
semântica lexical. Mas porque, também, estuda, de um modo geral, o significado dos
textos e frases, teremos a semântica de texto ou de frase (Mateus e Villalva, 2006: 69-
70).

Assim, as palavras, tendo em consideração o significado de cada uma, apresentam


diferentes relações entre si – as relações semânticas.

As relações semânticas entre as palavras podem ser analisadas em três grandes vertentes:
a) De semelhança/ Oposição

Nesta vertente as palavras podem ser relacionadas pela sinonímia e/ou antonímia.
Sinonímia – quando as palavras assumem um significado equivalente, porém com grafias
diferentes, sendo possível empregar uma por outra em determinados contextos.
Ex: esta rosa é linda; esta rosa é bonita; avaro/ avarento; beiço/lábio; cara/rosto
Antonímia
É a relação de sentido contrário existente entre unidades lexicais que têm significados
opostos e que, por essa razão, se excluem reciprocamente. A oposição pode apresentar-
se sob três aspectos:

• com palavras de radicais diferentes, como bom e mau:

Aquele miúdo é bom. —Aquele miúdo é mau.


• Com palavras com mesma raiz, mas a que se juntou um prefixo negativo oposto
à raiz, como legal e ilegal:

O que fizeste é legal. – O que fizeste é ilegal.

• Com palavras com mesma raiz, que se opõe pelos prefixos de significação
contrária como progredir e regredir:

O aluno continua a progredir. – O aluno continua a regredir.

A este tipo de antonímia é costume chamar-se antonímia binária, dado que um termo tem
necessidade de outro para se constituir semanticamente. Branco – define-se em relação
a preto e reciprocamente. Assim como presente em relação a ausente, vivo a morto,
subir a descer, etc.

Mas há outros tipos de oposições:

A oposição serial, quando duas ou mais palavras se escrevem numa serie de várias
palavras que têm por propriedade comum estarem semanticamente incluídas num termo
mais geral.

É o caso de quente, morno, frio, gelado, etc; que estão incluídas no termo geral
temperatura.

A oposição simétrica, quando duas palavras se implicam recíproca e simultaneamente.

É o caso pares de palavras como pai-filho, dar-receber, comprar- vender, etc.

A oposição assimétrica, quando uma palavra pressupõe a existência da outra, não sendo
com tudo, esta relação recíproca.

Assim, responder pressupõe a existência de pedir, mas a recíproca não é verdadeira.

É também o caso de pares de termos como: atacar-ripostar, agredir- replicar, argumentar-


refutar, etc.

De destacar que nem todas as palavras do português têm o seu corresponde sinonimo ou
antónimo. Isto tem a ver com as vivencias, a experiência e com as necessidades
comunicativas da comunidade social.

b) De hierarquia
Já as relações de hiearquia classificam-se em hiperoníma/hiponímia.
Hiperonímia/hiponímia – esta designa uma relação entre género e espécie.
uma palavra A é hipónima de outra B se o significado de A estiver contido no de B. Logo A é
hipónimo de B e B é hiperónimo de A.
Ex: Flor (hiperónimo) de rosa, cravo, hortência e estes hipónimos.
Vegetais (hiperónimo) de couve, repolho, alface, estes hipónimos

c) De parte-todo

Meronímia/holonímia – designa uma relação entre parte e todo.


Uma palavra x é merónima de outra y se o significado de x corresponder a uma parte do de y.
Então, y é holónimo de x; e x é merónimo de y.
Ex: corpo (holónimo) de cabeça, tronco, perna, estes merónimos de corpo.
Antebraço, cotovelo, mão (merónimos) de braço, este holónimo daqueles

1.Produza uma ficha sobre o último livro que tenha lido e do qual tenha apostado.
2. Com as palavras: antigamente, novo e gordo, forma pares de frases usando sinónimos
das palavras sublinhadas.
3. Mostra com base em dois exemplos que os antónimos nem sempre são perfeitos.
4. Escreve uma frase demonstrando e relação de hiperonímia e de hiponímia, à sua
escolha.

Leituras complementares:
1.ver REIS (1995-90) Curso de Redacção II. P.70-71.

2. FIGUEIREDO, E.B de e FIGUEIREDO, O. Maria. ITINERÁRIO GRAMATICAL –


A gramatica na língua e a língua no discurso.; Porto Editora.; s̷d.

Bibliografia:
1.REIS, J. Esteves. CURSO DE REDACÇÃO II –O TEXTO; Porto Editora., 1995.
2.NASCIMENTO, Zacarias e PINTO, José Manuel de Castro. A DINÂMICA DA
ESCRITA – Como escrever com êxito.5ª Edição; Plátano Editora; Lisboa, 2006.
3.VILELA, Mário, ESTRUTURAS LEXICAIS DO PORTUGUÊS, Livraria Almedina,
Coimbra, 1979.(PP.52-53)
4. FIGUEIREDO, E.B de e FIGUEIREDO, O. Maria. ITINERÁRIO GRAMATICAL –
A gramatica na língua e a língua no discurso.; Porto Editora.; s̷d.
5. iul.pt/consultorio/perguntas/hiperonimos-e-hiponimos--holonimos-e-
meronimos/14453 [consultado em 04-01-2022]

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