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Sumário

Língua Portuguesa....................................................... pág - 03


Informática.................................................................. pág - 173
Raciocínio Lógico Matemático.................................. pág - 239
Geografia da Paraíba................................................. pág - 283
História da Paraíba..................................................... pág - 295
Direito Constitucional................................................ pág - 347
Direito Penal............................................................... pág - 445
Direito Processual Penal........................................... pág - 587
Estatuto dos Policias Militares da Paraíba.............. pág - 649
Direito Penal Militar.................................................... pág - 668
Noções de Sociologia................................................ pág - 694
Legislação Extravagante........................................... pág - 712
LÍNGUA PORTUGUESA

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PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS

Palavras Cognatas
Conceito: são palavras que possuem o mesmo radical. Conhecidas por famílias
etimológicas.
Exemplo: Seguro: assecuratório, asseguração, assegurar, segurança.

DERIVAÇÃO

Conceito:
Acréscimo de afixos (Prefixos e/ou Sufixos) à palavra primitiva

Tipos de Derivação

• Derivação Prefixal
Exemplos: desleal, inapto, infeliz, subsolo, retroagir, etc

• Derivação Sufixal
Exemplos: lealdade, deslocamento, felizmente, idiotismo, etc.

• Derivação Prefixal e Sufixal Exemplos: deslealdade, infelizmente, etc.

• Derivação Parassintética

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Forma-se palavra pela anexação SIMULTÂNEA de prefixo e sufixo à
palavra primitiva.
Exemplos: a + noite + ecer = anoitecer; en + gaiola + ar = engaiolar; a +
manhã + ecer =amanhecer.

IMPORTANTE!!!

Derivação Regressiva
A palavra primitiva reduz-se ao formar a palavra derivada. Também pode ser
conhecida derivação deverbal.
Exemplo: trabalhar trabalho.
Observação: A diferença entre derivação regressiva e derivação sufixal é a
seguinte: Na primeira, o substantivo se forma a partir do verbo. Já na segunda,
o verbo se forma a partir do substantivo.

Derivação Imprópria
Ocorre quando determinada palavra, sem sofrer qualquer acréscimo ou
supressão na forma, muda de classe gramatical.
Como, por exemplo, os adjetivos passam a substantivos.
Exemplo: Os bons serão contemplados.

COMPOSIÇÃO

Conceito: União de dois ou mais radicais (palavras com significado pronto)


Exemplo: Ponta+Pé = Pontapé

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Tipos de Composição

Por Justaposição
Consiste em formar compostos que ficam lado a lado, ou seja, justapostos, sem
que nenhum dos agregados sofra alteração em sua forma original.
Exemplos: passatempo (passa + tempo), girassol (gira + sol), couve-flor (couve
+ flor).

Por Aglutinação
Consiste em formar compostos em que ao menos um dos elementos agregados
sofre alteração em sua forma original
Exemplos: aguardente (água + ardente), planalto (plano + alto), embora (em +
boa + hora)

OUTROS PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS

Hibridismo
Consiste na formação de palavras compostas por elementos provenientes de
idiomas distintos.
Exemplos: automóvel (grego e latim) burocracia (francês e grego) sociologia
(latim e grego)

Estrangeirismo
Ocorre quando não existe, na nossa língua, uma palavra que nomeie o
determinado ser, sensação ou fenômeno. Há, portanto, uma incorporação literal
de um vocábulo usado em outra língua, sem nenhuma adaptação ao português
falado.
Exemplos: internet, hardware, iceberg, software, startup.

Empréstimo Linguístico
Ocorre quando há incorporação de um vocábulo pertencente a outra língua,
adaptando-o ao português falado.
Exemplos: estresse, futebol, bife, blecaute, etc.

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EXERCÍCIOS

1. O vocábulo abaixo que é formado pelo processo de parassíntese é:


a) pré-história;
b) inconstitucional;
c) perigosíssimo;
d) embarque;
e) desalmado.

2. Em “Não esperamos a tinta secar completamente”, o vocábulo destacado


constitui um caso de derivação:
a) Imprópria;
b) Regressiva;
c) Prefixal;
d) Sufixal;
e) Prefixal e Sufixal;

3. A palavra “arco-íris” é formada pelo processo de composição por justaposição,


assim como:
a) sapateiro.
b) minúscula.
c) simplicidade.
d) girassol.
e) superfaturar.

4. O livro de Rizzo chama-se Listomania, palavra formada pela união de “lista” e


“mania”. Assinale alternativa cuja palavra passou pelo mesmo processo de
formação.
a) Alistamento.
b) Planalto.
c) Rapidamente.

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d) Licitação.
e) Entardecer.

5. Apresentam o mesmo processo de formação de “impotente” as seguintes


palavras:
a) desgraças, incapaz , inquieto.
b) insolente, descobrir, destacar.
c) indiferente, desamar, importação.
d) debater, desabafo, insolente.

6. A palavra anteriormente passou por qual processo de formação de palavras:


a) Derivação sufixal;
b) Derivação prefixal;
c) Derivação imprópria;
d) Composição por justaposição;
e) Composição por aglutinação.

7. Em “o amar é mais que suficiente”, a palavra amar é um exemplo de:


a) Derivação sufixal;
b) Derivação deverbal;
c) Derivação impropria;
d) Derivação prefixal e sufixal;
e) Dedrivação parassintética.

8. A palavra “outdoor” é um exemplo de:


a) Derivação deverbal;
b) Derivação prefixal e sufixal;
c) Estrangeirismo;
d) Hibridismo
e) Emprestimo linguistico

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GABARITO
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E D D B A A C C

ACENTUAÇÃO

CONCEITOS INICIAIS
Sílaba tônica - A sílaba proferida com mais intensidade que as outras é a sílaba
tônica. Esta possui o acento tônico, também chamado acento de intensidade ou
prosódico. Temos que resaltar que nem sempre a sílaba tônica recebe acento.
Exemplos: Pa-rá, con-fu-são, Ca-sa.

Não confunda acento tônico com acento gráfico. Nesse primeiro momento,
devemos analisar apenas a tonicidade uma vez que o acento tônico está
relacionado com intensidade de som e existe em todas as palavras com duas ou
mais sílabas. O acento gráfico existirá em apenas algumas palavras e será
usado de acordo com regras de acentuação.

Note! Até o presente momento, trabalhamos apenas com palavras polissílabas,


ou seja, palavras que possuem mais de uma sílaba. Contudo, nosso estudo não
pode restringir-se apenas a esse conhecimento. Desse modo, devemos
conhecer outra estrutura de palavras: os monossílabos. Seu nome, por si só, já
é bem sugestivo: possuem apenas uma sílaba.

Quanto aos monossílabos, eles podem ser:


Átonos: não possuem acentuação própria, isto é, são pronunciados com pouca
intensidade: o, lhe, e, se, a.
Tônicos: possuem acentuação própria, isto é, são pronunciados com muita
intensidade: lá, pá, mim, pôs, tu, lã.

A distinção entre monossílabo tônico e monossílabo átono depende do contexto,


ou seja, eles têm que ser analisados numa frase. Fora do contexto, todos os
monossílabos são tônicos.
Exemplo: Quero apresentá-la lá.

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Dê o anel de noivado.
Tenho dó do menino.

Classificação das palavras quanto à sílaba tônica


Quanto à posição da sílaba tônica, as palavras são classificadas em:

Oxítonas: a sílaba tônica é a última sílaba da palavra.


Exemplos: Ca-já, ca-fé, dis-por.

Paroxítonas: a sílaba tônica é a penúltima sílaba da palavra.


Exemplos: ca-dei-ra, ca-rá-ter, me-as

Proparoxítonas: a sílaba tônica é a antepenúltima sílaba da palavra.


Exemplos: sí-la-ba, me-ta-fí-si-ca, lâm-pa-da

Para finalizarmos nossa introdução, podemos resumir o que foi visto até o
presente momento da seguinte maneira: Acento tônico é o acento da fala; marca
a maior intensidade na pronúncia de uma sílaba. O acento gráfico é o sinal
utilizado, em algumas palavras, para indicar a sílaba tônica.

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

A fim de tenhamos êxito em acentuação gráfica, temos que observar as


seguintes regras:

Proparoxítonas
Recai sobre as proparoxítonas o papel mais tranquilo no nosso estudo sobre
acentuação, uma vez que todos os vocábulos proparoxítonos são acentuados.
Exemplos: árvore, metafísica, lâmpada, pêssego, quiséssemos, África, Ângela.

Paroxítonas
São acentuados os vocábulos paroxítonos terminados em:

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i(s): júri, júris, lápis, tênis.
us: vírus, bônus.
um/uns: álbum, álbuns.
r: caráter, mártir, revólver.
x: tórax, ônix, látex.
n: hífen, pólen, mícron, próton.
l: fácil, amável, indelével.
ão(s): órgão(s), sótão(s), ófão(s), bênção(s).
ã(s): órfã(s), ímã(s).
ps: bíceps, fórceps
Ditongo: Itália, Áustria, memória, cárie, róseo, Ásia, Cássia, fáceis, imóveis,
fósseis, jérsei. Mas, professor! O que seria um ditongo?
- É uma vogal e uma semivogal pronunciadas em uma só sílaba. Pode ser
classificado como crescente ou decrescente.

Oxítonas
São acentuados os vocábulos terminados em: a(s), e(s), o(s)
Exemplos: maracujá, ananás, café, você, dominó, paletós, vovô, vovó, Paraná.
em/ens: armazém, vintém, armazéns, vinténs.

Acentuam-se também os monossílabos tônicos terminados em a, e, o


(seguidos ou não de s).
Exemplos: pá, pé, pó, fé.

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As formas verbais terminadas em a, e, o tônicos seguidos de lo, la, los, las
também são acentuadas: amá-lo, vivê-lo, estudá-lo.

Acentuam-se os ditongos de pronúncia aberta éu, éi, ói APENAS em palavras


oxítonas ou monossilábicas
Exemplos: chapéu, céu, anéis, pastéis, coronéis, herói

Acentua-se também as vogais i e u que formam hiato com a vogal anterior.


Exemplos: sa-í-da, sa-ís-te, sa-ú-de, ba-laús-tre, ba-ú, ra-í-zes, ju-í-zes, Lu-ís,
pa-ís, He-lo-ísa, Ja-ú.

Atenção!!! Não se acentuam o i e o u que formam hiato quando seguidos, na


mesma sílaba, de l, m, n, r ou z: Ra-ul, ru-im, lu-iz.

PARA GABARITAR!!!

• Os verbos ter e vir levam acento circunflexo na 3ª pessoa do plural do


presente do indicativo: ele tem/ eles têm, ele vem/eles vêm.
• Os verbos derivados de ter e vir levam acento agudo na 3ª pessoa do
singular e acento circunflexo na 3ª pessoa do plural do presente do
indicativo: ele retém/ eles retêm, ele intervém /eles intervêm.
• Recebem acento diferencial as seguintes palavras: pôr (verbo), para
diferenciar de por (preposição). pôde(3ª pessoa do singular do pretérito
perfeito), para diferenciar de pode (3ª pessoa do singular do presente o
indicativo).

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EXERCÍCIOS

1. Quanto à posição da sílaba tônica, marque a opção CORRETA.


a) Prontidão – oxítona.
b) Praticamente – proparoxítona.
c) Brasil – paroxítona.
d) Dó – oxítona.

2. Em qual das alternativas as palavras são todas oxítonas?


a) jacaré, mania, cipó
b) lúdico, pêssego, árvore
c) caju, pé, boné
d) caju, café, toró

3. Do mesmo modo que ―véspera‖, é forma obrigatoriamente acentuada:


a) mecanico.
b) medico.
c) negocio.
d) sabia.

4. Acentuam-se devido à mesma regra de acentuação gráfica as seguintes


palavras do texto:
a) bióloga – lâmpadas – climáticas
b) pestilência – habitará – vívida
c) Bagdá – Islândia – óculos
d) sustentável – políticas – ozônio

5. Pela mesma regra de pássaro e júri devem ser acentuadas as seguintes


palavras:
a) Pessego e gari.
b) Relampago e taxi.

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c) Desemprego e iris.
d) Bussola e caju.

6. São acentuadas de acordo com a mesma regra de acentuação


a) imóveis e pajé
b) acarajé e pé
c) polícia e ambulância
d) maracujá e lâmpada

7. É acentuada por ser paroxítona


a) fé
b) hipótese
c) revólver
d) saúde
e) hipertensão

8. Classifique as colunas da maneira correta:


I. Oxítona
II. Paroxítona
III. Proparoxítona
IV. monossílabo tônico
( ) Fé
( ) Médico
( ) Bíceps
( ) Ceará
a) I,II,IV e III
b) I,II,III e IV
c) IV, III, II e I
d) IV,II,III e I
e) II,III, I e IV

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GABARITO
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A D A E A D B C

MORFOLOGIA

CLASSES DE PALAVRAS
A NGB Nomenclatura Gramatical Brasileira faz a divisão das classes de palavras
em dez classes, essa divisão tem como fundamento o comportamento e a
utilização das palavras no Brasil. Dentre as dez classes, duas são primordiais
para o nosso estudo, nós chamá-las-emos de termos nucleares: o substantivo e
o verbo.

Dividiremos nosso estudo em quatro grupos

GRUPO DOS NOMES


Substantivo
Pertencem a essa classe todas as palavras que designam os seres em geral, as
entidades reaisou imagináveis.
Exemplos: pincel, mesa, televisão, coelho da páscoa, frio, alegria.

Artigo
Classe que serve, basicamente, para indicar se o substantivo é concebido como
algo já definidoe conhecido previamente, ou como algo indefinido e ainda não
nomeado. O artigo é variável, varia em gênero e número para concordar com o
substantivo.

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Exemplos: Um homem tocou a campainha, era o técnico chamado para
consertar a televisão.

#CLASSE GRAMATICAL FECHADA. DECORE!


DEFINIDO: o, a, os, as.
INDEFINIDO: um, uma, uns, umas.

Adjetivo
Classe de palavras que servem para indicar as qualidades, as propriedades do
substantivo.
Exemplos: Carro
Bonito
Branco
Pequeno

Locução adjetiva
Trata-se de uma expressão formada de preposição mais substantivo,
qualificadora de outro substantivo.
Exemplos: mesa
de madeira
de palha
com adereços

Pronome
O pronome é a palavra que substitui o substantivo (pronome substantivo) ou o
acompanha (pronome adjetivo), indicando sua posição em relação às pessoas
do discurso ou situando-o no espaço e tempo.
Exemplos: ele é um grande jogador.

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PRONOMES PESSOAIS

Numeral
Classe que, em princípio, tem como objetivo quantificar o substantivo, quantos
são eles (um,dois, dez, o triplo, o quádruplo, um terço, um quinto).
Exemplos: Duas crianças foram ao parque ontem.
Deste modo, finalizamos o grupo dos nomes. Lembre-se de que todos os
integrantes do grupo dos nomes subordinam- se ao substantivo.

GRUPO DOS VERBOS

Advérbio
Pertencem a essa classe as palavras que se associam ao verbo para indicar as
várias circunstâncias que envolvem a ação, podendo ser: tempo, modo,
circunstância, lugar. A principal peculiaridade dessa classe é o fato de o advérbio
ser invariável.
Exemplos: visitei ontem

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IMPORTANTE!!!

OBS: Algumas vezes os advérbios podem ser confundidos com os pronomes


indefinidos,exemplo clássico de prova: Muito e Bastante.

Locução adverbial
Trata-se de uma expressão formada de preposição mais substantivo,
modificadora do verbo.
Exemplos: a mesa quebrou de manhã

Verbos
Pertencem a essa classe as palavras que designam ações, processos que
ocorrem com os seres em geral. Sua identificação é simples, pois são a única
classe gramatical que possui a capacidade de conjugação.
Exemplos: caminhar, fazer, querer, nadar, pôr, ter.

GRUPO DOS CONECTIVOS

Preposição
Classe de palavras que serve para estabelecer conexão entre uma palavra e
outra, sendo que a segunda palavra informa algo sobre a primeira.
Exemplos: Sobrevivi com o amor

Principais preposições: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre,
para, perante, por sem, sob, sobre.

#CLASSE GRAMATICAL FECHADA. DECORE!

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Conjunção
Classe de palavras que estabelece conexão entre orações ou temos de mesma
função sintática.

Principais conjunções: E, ou, mas, se, que, contudo, todavia, entretanto,


conquanto, pois, porque.

Exemplos: o aluno objetivo estuda e trabalha


Maria não ganhou o sorteio, mas estava feliz com o resultado.

#CLASSE GRAMATICAL FECHADA. DECORE!

GRUPO DAS EMOÇÔES

Interjeição
Pertencem a essa classe palavras invariáveis que exprimem, de maneira
inarticulada (impossível de segmentar), sentimentos e reações de natureza
emocional. São, na grande maioria das situações, fáceis de serem identificados,
pois há uma marca de pontuação que entrega a sua presença: as reticências.
Exemplos: Ah! Oh! Alô! Olá!

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EXERCÍCIOS

1. A conjunção “como” pode estabelecer relações de sentidos diferentes dentro


de um texto. No trecho “Como esse prazer é rapidamente passageiro, o sujeito
sente a necessidade de buscá-lo constantemente, na tentativa de alcançar a
felicidade”, ela está estabelecendo entre as duas orações uma ideia de:
a) causa.
b) comparação.
c) conformidade.
d) consequência.
e) Concessão.

2. Considere o seguinte excerto: Uma árvore bem gorjeada, com poucos


segundos, passa a fazer parte dos pássaros que a gorjeiam.
(Manoel de Barros. “Seis ou treze coisas que eu aprendi sozinho”. In: O
Guardados de Águas. 2003, p.41.) Os vocábulos sublinhados são classificados,
respectivamente, como:
a) Artigo e pronome
b) Numeral e preposição.
c) Numeral e artigo
d) Artigo e artigo.
e) Substantivo e artigo.

3. O artigo é uma das classes de palavras variáveis que concorda, em gênero e


em número, com o substantivo que o acompanha. Todas as palavras destacadas
são artigos em:
a) ” E eles querem que você os use pelo maior tempo possível, porque é assim
que você gera dados que os fazem ganhar dinheiro.”
b) “A Netflix tem muitos recursos para garantir que, em vez de assistir a um
capítulo por semana [...] você veja toda a temporada em uma maratona.”
c) “Nesse ciclo, os poderosos do sistema enriquecem e contam com os melhores
cérebros do mundo trabalhando para aumentar os lucros enquanto entregamos
tudo a eles.”

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d) “Todos os aplicativos existentes são baseados no design mais viciante de que
se tem notícia, uma espécie de caça-níquel que faz o sistema produzir o maior
número possível de pequenos eventos inesperados no menor tempo possível.”
e) O estudo é parte do processo, podendo o ajudar.

4. Em relação à classe gramatical da palavra sublinhada em “Tem de tudo ali”,


assinale a alternativa CORRETA:
a) Adjetivo.
b) Pronome.
c) Artigo
d) Advérbio.
e) Substantivo.

5. As expressões sublinhadas correspondem a um advérbio, EXCETO em:


a) aparecia aqui vez por outra;
b) durante o discurso, manteve-se em silêncio;
c) não disse com certeza se virá.
d) afirmo-lhe que não o vi frente a frente;
e) as ações do homem são imprevisíveis.

6. Na frase “o homem sábio confia nas promessas”


existem quantos verbos
a) 1.
b) 2.
c) 3.
d) 4.

7. Em “A aeronave pousou suave na pista”. O termo sublinhado exerce a função


de:
a) substantivo.
b) adjetivo.
c) advérbio.

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d) pronome.
e) Artigo.

8. Classifique as palavras de acordo com sua classificação morfológica


1. Artigo
2. Numeral
3. Pronome
4. Adjetivo

( ) o menino rápido
( ) nós o conhecemos muito bem
( ) um dos pássaros era branco
( ) a casa de madeira

9. Leia as assertivas
I. Correram ( ) quilômetros. (Bastante/Bastantes)
II. Eles estavam ( ) felizes. (Bastante/Bastantes)
Está correta a relação em:
a) Advérbio e adjetivo.
b) Adjetivo e advérbio.
c) Substantivo e artigo.
d) Numeral e artigo.
e) Advérbio e pronome.

GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8 9
A A D D E A C C B

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PRONOMES

CONCEITO
O pronome é a palavra que substitui o substantivo (pronome substantivo) ou o
acompanha (pronome adjetivo), indicando sua posição em relação às pessoas
do discurso ou situando-o no espaço e tempo. O pronome flexiona-se em gênero
(masculino e feminino), número (singular e plural) e pessoa (primeira, segunda
e terceira) Pronomes Pessoais Pronome pessoal é aquele que indica as pessoas
do discurso.
Primeira pessoa: aquela que fala (emissor)
Segunda pessoa: aquela com que se fala (receptor)
Terceira pessoa: aquela de quem se fala (referente)

O pronome pessoal flexiona-se em gênero, número, pessoa e caso (reto ou


oblíquo).
Pronome pessoal do caso reto: exerce função de sujeito da oração.
Exemplo: EU estou feliz.

Pronome pessoal do caso oblíquo: exerce a função de complemento.


Exemplo: lembrei-me da aliança prometida.

Os pronomes pessoais oblíquos dividem-se em átonos e tônicos. Os tônicos


sempre vêm precedidos de preposição, e os átonos, por sua vez, não possuem
essa característica. Vamos observar novamente a tabela dos pronomes.

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DIFERENCIAÇÃO IMPORTANTE!!!

EXERCÍCIOS

1. Sobre o uso correto dos pronomes eu e tu, qual sentença encontra-se correta:
a) Este segredo deve ficar entre eu e tu.
b) Este segredo deve ficar entre mim e ti.
c) Este segredo deve ficar entre você e eu.
d) Este segredo deve ficar entre tu e eu.
e) Este segredo deve ficar entre tu e você.

2. Assinale a alternativa correta quanto ao uso adequado dos pronomes.


a) É muito importante para mim compreender a matéria.
b) É difícil para mim ler.
c) Estudo para mim aprender.
d) É importante para mim saber.
e) É muito importante para eu compreender a matéria.

3. Assinale a alternativa que representa corretamente um pronome pessoal do


caso oblíquo tônico:
a) Lhe.
b) Tu.
c) Contigo.
d) Te.
e) Eu.

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4. Assinale a alternativa que representa corretamente um pronome pessoal do
caso oblíquo átono:
a) Ele.
b) Comigo.
c) Te.
d) Vós.
e) Nós.

5. Leia o texto.
Os pesquisadores fizeram uma série de testes com 584 alunos de 10 a 15 anos
de sete escolas da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte. Eles queriam avaliar
o que estava sendo registrado na mente dos indivíduos em uma soneca logo
após a aula.
No trecho “Eles queriam avaliar o que estava sendo registrado na mente dos
indivíduos em uma soneca logo após a aula.” O pronome grifado refere-se a
a) indivíduos.
b) alunos.
c) pesquisadores.
d) testes.
e) partes.

6. “... pronome pessoal intransferível...” Indique a assertiva que não possui um


pronome pessoal:
a) Venha a nós o vosso Reino.
b) Leve-o contigo.
c) Elas gostariam de lhe visitar.
d) Ofertaram-nos bombons.
e) Suas propriedades não constavam na declaração.

7. Assinale a sentença que completa corretamente as lacunas do presente texto:


Se hoje você consegue carregar o seu celular em poucas horas e usá-______
ao longo de todo o dia, é_______ das baterias de íons de lítio. É difícil lembrar
de como era a vida sem______. É______ que o Nobel de Química de 2019 foi

25
dado aos três cientistas que ajudaram a desenvolvê- ______: Stanley
Whittingham, Akira Yoshino e John Goodenough, sendo______ a pessoa mais
velha a receber o prêmio Nobel, aos 97 anos de idade.
a) lo, por isso, elas, portanto, las, esse.
b) lo, por causa, elas, por isso, las, esse.
c) los, porque, mim, assim, las, este
d) las, por que, ele, por isso, las, esse
e) lo, por causa, ele, por isso, lo, este

8. Os pronomes a seguir são classificados, respectivamente, como:


I. Ele
II. Nos
III. Me
a) Átono, reto, átono.
b) Reto, reto e átono.
c) Todos são retos.
d) Não há pronome reto.
e) Reto, Átono, Átono.

GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8
B E C C C E B E

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SINTAXE

Frase: sentença de palavras organizadas


Exemplo: o menino inteligente.

Oração: frase com verbo


Exemplo: o menino é inteligente.

Período: espaço textual dotado de início e fim


Exemplo: O menino é inteligente. Sua mãe lhe deu um novo livro para ler.

ESTRUTURA DO PERÍODO
O período é dividido em dois

Período simples é aquele constituído por uma única oração, chamada de


oração absoluta.
Exemplo: Nós estávamos tristes.

Período composto é aquele constituído por duas ou mais orações.


Exemplo: Ele disse que não viria ao encontro. Ela foi à escola, voltou para casa
e logo dormiu.

ORDEM DIRETA DA ORAÇÃO


A ordem direta da oração é definida pela gramática da língua portuguesa como:

SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTOS + ADJUNTOS ADVERBIAIS

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A GNB (Nomenclatura Gramatical da Língua Portuguesa) faz a divisão da sintaxe
da seguinte maneira:

SUJEITO E PREDICADO
Sujeito é o termo do qual se declara algo em uma oração.
Predicado é o que se declara sobre o sujeito.
Exemplo: Carlos caminhou pela manhã

OBS: tudo que não é sujeito é predicado.

Estudo do Sujeito
Núcleo do Sujeito Núcleo é a principal palavra do sujeito.
Exemplo: meus pais são pessoas especiais.

Classificação do Sujeito
Sujeito Simples: é o sujeito determinado que apresenta um único núcleo.
Exemplo: Nós vimos as crianças.
• O sujeito simples pode ser singular ou plural

Sujeito Composto: é o sujeito determinado que apresenta mais de um núcleo.


Exemplo: João e Antonio foram ao cinema.
• O sujeito composto, assim como o sujeito simples, pode ser singular ou
plural.

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Atenção: o sujeito composto pode ser facilmente identificado, pois, entre seus
núcleos, identificaremos a conjunção (e) ou a (,) vígula os separando.

EXERCÍCIOS

1. Analise: “Vivemos uma epidemia, com grande impacto na saúde e na


qualidade de vida dos pacientes” e assinale o tipo de sujeito dessa oração.
a) Simples.
b) Composto.
c) Indeterminado.
d) Oculto.

2. Analise as alternativas abaixo e identifique a correta em relação à oração cujo


sujeito é classificado como composto:
a) Os textos de cada área estão com as linhas numeradas...
b) Podem participar professores, gestores e estudantes...
c) A Plataforma de Consulta Pública do Currículo do Território Catarinense –
Etapa Ensino Médio está aberta para participação.
d) O texto está dividido nas quatro áreas do conhecimento...
e) A consulta pública, que recebe sugestões até 26 de fevereiro, tem como foco
a definição do currículo seguindo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

3. Em relação à estrutura sintática do primeiro verso do poema ‘‘De tudo, ao meu


amor serei atento antes”, marque a alternativa que indica o seu sujeito.
a) atento.
b) de tudo.
c) eu.
d) meu amor

4. Assinale a alternativa que classifica corretamente o sujeito da oração a seguir:


“precisamos também ouvir e praticar as palavras de especialistas no assunto” (l.
36).
a) Sujeito Oculto ou desinencial.

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b) Sujeito Indeterminado.
c) Sujeito Simples.
d) Sujeito Composto.
e) Oração sem sujeito.

5. Analise a seguinte frase: “Os alunos chegaram atrasados novamente.”


Podemos afirmar que o predicado da frase é:
a) Os alunos.
b) Chegaram.
c) Atrasados.
d) Chegaram atrasados novamente

6. Observe o período em destaque e identifique o erro de análise nas alternativas


abaixo: “Nas palmas de tuas mãos, leio as linhas da minha vida.”
a) Nas palmas de tuas mãos, expressam uma ideia de lugar.
b) O período apresenta sujeito composto, Eu e tu, ambos elípticos.
c) O sujeito do período é oculto.
d) Há dois pronomes possessivos no período

7. A partir de análise sintática, é CORRETO AFIRMAR que o título deste texto


jornalístico é:

Título: Uma década em guerra


a) O sujeito da oração que se desenvolve no subtítulo.
b) Uma frase nominal.
c) Uma oração com verbo elíptico.
d) Uma oração simples.

8. “Hoje estou aqui para conversarmos um pouco sobre política monetária.”.


correto afrmar que o sujeito do verbo “conversar” é:
a) Sujeito simples.

30
b) Sujeito composto.
c) Sujeito oculto.
d) Sujeito indeterminado.

GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8
D B C A D B B C

INEXISTÊNCIA DO SUJEITO

Sujeito Inexistente: ocorre em frases em que só há predicado.


A oração sem sujeito ocorre a partir de um verbo impessoal (aquele que não
admite sujeito). São verbos impessoais:
Verbos que indicam fenômenos da natureza
Exemplo: chover, relampear, trovejar etc...

Verbos ser, estar, fazer, haver, indicando tempo meteorológico ou cronológico


Exemplo: havia três anos que eu não o via.

Verbo haver no sentido de existir


Exemplo: haviam muitos problemas.

Verbo haver pessoal


O verbo haver será pessoal quando for auxiliar em uma locução verbal

Estrutura de uma locução verbal

31
Principais exemplos de prova!!!!

Exemplo (1): deve haver ou devem haver pessoas felizes?


• O correto é deve haver, pois o verbo haver quando verbo principal torna
a locução impessoal.

Exemplo (2): João e Carlos havia comprado ou haviam comprado?


• O correto é haviam, pois o verbo haver nessa ocasião é o verbo auxiliar.

Exemplo (3): há de haver ou hão de haver pessoas felizes?


• O correto é ha de haver, pois o verbo haver como principal torna toda a
locução impessoal.

EXERCÍCIOS

1. Discutem muito lá?

Na oração acima, o sujeito é:


a) Indeterminado.
b) Oculto.
c) Simples.
d) Determinado.
e) Composto

2. Assinale a alternativa na qual o verbo haver foi empregado de forma


gramaticalmente aceita:
a) Haviam duas pessoas na festa.
b) Haviam feito duas partes do trabalho.
c) Hão de haver casas à venda.

32
d) Haviam amigos verdadeiros.
e) Há moça é bela.

3. Em“…haverá três seminários com 250 professores da rede de ensino


catarinense.”, temos um(a):
a) Sujeito paciente.
b) Oração sem sujeito.
c) Sujeito simples.
d) Sujeito indeterminado.
e) Sujeito desinencial.

4. Assinale a alternativa correta quanto à classificação do sujeito da oração “No


espaço, também haverá venda de alimentação pelas APP’s dos centros de
educação infantil da Vila Itoupava e espaço de recreação com brinquedos
infantis.”:
a) sujeito composto
b) sujeito simples
c) sujeito indeterminado
d) sujeito desinencial
e) oração sem sujeito

5. Na oração “Cabia tudo em uma mala só”, o vocábulo “tudo” exerce a função
de sujeito.
Certo ( ) Errado ( )

6. Na oração “mulheres e homens devem obedecer aos princípios


constitucionais” o sujeito da oração é:
a) Sujeito simples.
b) Sujeito composto.
c) Oração sem sujeito.
d) Sujeito inexistente.
e) Sujeito indeterminado

33
7. Assinale a alternativa que apresenta um sujeito composto.
a) “O propósito original das posturas é garantir um fluxo de energia em camadas
mais sutis da nossa fisiologia”
b) “Ela pode oferecer isso, mas também pode dar muito mais”
c) “os números não surpreendem”
d) “Na ioga, corpo, mente e espírito não estão separados”

8. Analise: “embora França e Reino Unido fossem aliados da Tchecoslováquia


no papel, não reagiram quando Hitler começou a ocupação do país” e assinale
o tipo de sujeito apresentado na primeira oração.
a) Sujeito Simples.
b) Sujeito Composto.
c) Sujeito Indeterminado.
d) Sujeito Oculto.

9. “Anteontem choveu, no entanto, agora está ensolarado.” O sujeito da oração


destacada é:
a) Simples.
b) Oculto.
c) Indeterminado.
d) Inexistente.

10. No verso “Há tempos treino/ o equilíbrio sobre” (v.4/v.5), destacam-se dois
verbos. Ao analisá-los com atenção, é correto afirmar que:
a) O verbo “há” é impessoal e poderia ser substituído por “existir”
b) “treino” está no singular, concordando com um substantivo “equilíbrio”.
c) “há” está flexionado na primeira pessoa do singular, assim como “treino”.
d) O verbo “treino” concorda com um sujeito que não está explícito no verso.
e) O verbo “há” poderia, facultativamente, concordar com o substantivo “tempos”.

34
GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A B B E CERTO B D B D D

CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL

Expressões partitivas
O núcleo do sujeito funciona com uma expressão partitivas (uma parte de, a
metade de, uma porção de...) OU coletivos especificados (um bando de, um
grupo de, uma multidão de...): o verbo pode concordar tanto com o núcleo quanto
com o especificante do núcleo:
Exemplo: Uma parte das pessoas reclamou/reclamaram da fila no banco.
Sujeito = Uma parte das pessoas Núcleo (substantivo sem preposição) = “parte”.
parte está no singular – concordância com “reclamou”. candidatos está no plural
– concordância com “reclamaram”.

Sujeito com numerais ou percentuais


Sujeito com numerais percentuais e fracionários: funcionam como expressões
partitivas. Logo, o comportamento será semelhante, bem como a concordância,
que poderá se dar com o numeral fracionário ou o percentual, ou com o
especificante dele.
Exemplo: 30% do trabalho foi/foram realizado.
Sujeito = 30% do trabalho.
Núcleo = 30 (plural).
Do trabalho = singular.
Ambas as formas verbais são aceitas.

Expressões fracionárias
Exemplo: 1/4 dos alunos está/ estão sem aulas.
Sujeito = 1/4 dos alunos.
Núcleo = 1/4 (fração – observar o numerador. Nesse caso, é “1”, portanto

35
singular).
médicos = plural.
Ambas as formas verbais são aceitas.

Porcentagem
Do 0 ao 1,99999... = singular. Do 2 em diante = plural.
Lembre-se de que se o núcleo estiver determinado, a concordância pode ser
feita com ele.
Exemplo: 1,8% dos aposentados será/serão prejudicados.

Sujeitos compostos
Sujeito composto, anteposto ao verbo, dois núcleos: verbo no plural.
Exemplo: João e Antônio querem café.

Sujeito composto anteposto (ao verbo) unido por conjunção aditiva.


Exemplo: querem/quer café João e Antônio. ambos os casos são aceitos.

Verbo no singular também aceito: núcleos são sinônimos.


Exemplo: a alegria e a felicidade faz/ fazem parte da vida: ambos os casos são
aceitos.

Verbo SER
Exemplo(1): Maria é minhas preocupações.
O sujeito tem como representante uma pessoa, um ser animado. A concordância
será com o ser animado.

Exemplo(2): Tudo na vida é/são flores.


Tudo = sujeito.
Flores = predicativo do sujeito.
Nesse caso, é possível concordar tanto com um quanto com o outro, porque
ambos são coisas.

36
Ser associado a tempo:
1) São cinco horas da tarde. São concorda com “cinco”
2) É meio-dia. É concorda com “dia”.
3) Hoje são quatorze de maio. São concorda com “quatorze”.
4) Hoje é dia quatorze de maio. É concorda com “dia”.
5) Hoje é (dia) quatorze de maio. A palavra dia está implícita.

Todas essas formas verbais do verbo SER são consideradas impessoais =


orações sem sujeito.

EXERCÍCIOS

1. A propósito da concordância da forma verbal destacada em: “Grande parte


dos países democráticos tem suas leis de acesso" (3º parágrafo), assinale a
opção que não apresenta incorreção.
a) A expressão partitiva “grande parte de", seguida de especificação pluralizada,
admite também verbo na 3ª pessoa
do plural (têm).
b) O verbo “ter", no contexto empregado, somente admite o plural, uma vez que
seu complemento está no plural.
c) Há um sujeito coletivo; logo, o verbo precisa estar no singular.
d) Houve violação no que se diz respeito à concordância, porque o verbo “ter"
deveria estar no plural.
e) A expressão partitiva “grande parte de", somente aceita verbo na 3ª pessoa
do singular.

2. Segundo as prescrições gramaticais, qual das alternativas está correta:


a) 1/4 da população querem sair da miséria;
b) 2/3 do material foi entregue ao coordenador;
c) 2/3 dos alunos quer gramática;

37
d) 1/2 da população apreendem rápido;
e) 4/5 dos atletas olímpicos é de origem africana.

3. Assinale o item cuja concordância está de acordo com as normas gramaticais:


a) 10% das populações sabe votar;
b) 1,9% do eleitorado brasileiro tem dificuldade;
c) 89% dos políticos votou a favor;
d) 5% das pessoas está equivocadas;
e) 13% dos votantes sabe disso.

4. Assinale a alternativa correta quanto à concordância verbal do verbo ser:


a) agora é vinte duas e trinta;
b) hoje é onze de agosto;
c) agora são uma hora;
d) agora é duas horas;
e) hoje são um de novembro.

5. Assinale a alternativa cuja concordância segue as prescrições gramaticais:


a) o governo e a população busca o melhor;
b) os carros e as motos não pode ultrapassar pela direita;
c) pode lutar o atleta e o amador.
d) são eficazes o remédio.
e) as músicas e a arte é importante.

6. Assinale a opção que indica a frase em que o sujeito aparece posposto ao


verbo.
a) “Há uma distorção generalizada”.
b) “a maçã ficou sendo um símbolo do sexo”.
c) “Quando ocorreu o episódio narrado na Bíblia”.
d) “A maçã de Steve Jobs não tem nada a ver com isso”.
e) “O pecado original não foi o sexo”.

38
GABARITO
1 2 3 4 5 6
A B B B C C

ESTUDO DO PREDICADO

COMPLEMENTOS VERBAIS
Necessitam de complemento os verbos que indicam ação (verbos significativos
ou nocionais). Esses verbos fazem parte de predicados verbais ou verbo-
nominais. Os verbos de ligação não necessitam de complemento, pois servem
apenas para ligar o predicativo ao sujeito.
Chama-se transitividade a relação que se estabelece entre os verbos e seus
complementos. Os complementos verbais são chamados objetos.

Tipos de verbos
Os tipos de complementos dependem do tipo de verbo utilizado.
Podemos classificar os verbos, de um modo geral, da seguinte maneira:

I. Verbos de fenômenos da natureza: indicam os fenômenos da natureza de um


modo geral.
Exemplo: trovejar, relampear, chover, nevar...

Temos aqui uma resalva: esses verbos, para indicarem fenômenos da natureza,
têm que indicar a realização propriamente dita, do contrário, a análise torna-se
errada.
Exemplo: choveu canivete ontem.
O verbo chover em questão não indica chuva, pois foi empregado no sentido
conotativo, logo esse verbo será transitivo direto.

II. Verbos de estado: ser, estar, permanecer, continuar, tornar-se, virar, andar...
são os principais

39
III. Verbos de ação: os verbos que não se enquadrarem como de estado ou
fenômenos da natureza serão chamados de verbos de ação.

Tipos de complementos Verbos

Transitivos Diretos (VTD)


São aqueles cujo sentido requer um objeto direto.
• Objeto Direto (OD) é o complemento que se liga diretamente (sem
preposição) a um verbo transitivo.
Exemplo: o aluno comeu o pão.

Verbos Transitivos Indiretos (VTI)


São aqueles cujo sentido requer um objeto indireto.
• Objeto Indireto (OI) é o complemento que se liga indiretamente (através
de preposição) a um verbo transitivo.
Exemplo: Preciso de ajuda.

Verbos Transitivos Diretos e Indiretos (VTDI)


São aqueles cujo sentido requer um objeto direto e um objeto indireto.
Exemplo: pedi ajuda a Deus.

OBSERVAÇÃO!!!
Os únicos complementos verbais são: objeto direto e objeto indireto.

40
Verbos Transitivos intransitivos
São aqueles cujo sentido não necessita de um objeto.
Exemplo: um menino nasceu.
Perceba! O verbo em questão não transita nem liga, logo, ele é classificado como
intransitivo.

Objeto direto preposicionado


Algumas vezes, o objeto direto vem precedido de preposição. Isso ocorre em
função de recursos estilísticos ou para evitar ambiguidade, e não por exigência
do verbo.
Exemplo: Ele bebeu do vinho.

EXERCÍCIOS

1. O termo destacado possui que função sintática de objeto direto é:


a) Meu pai foi à praia
b) Carros são rápidos
c) A verdade dói
d) Eu comprei o pão

2. Chegamos ao escritório, ontem, às pressas, O verbo chegar é:


a) intransitivo
b) transitivo direto
c) transitivo indireto
d) de ligação

41
3. No período “Quem destrói florestas não mata apenas árvores.”, os termos
grifados são:
a) Objeto direto e objeto direto.
b) Objeto indireto e objeto indireto.
c) Objeto direto e predicativo do objeto.
d) Objeto direto e objeto indireto.

4. Leia o texto
Anteontem, eu, meu irmão e meu pai fomos ao lago pescar.
Os termos destacados na oração acima correspondem a:
a) Adjunto adverbial, predicativo do sujeito.
b) Predicado.
c) Adjunto adverbial, objeto indireto.
d) Adjunto adnominal, predicado.

5. Assinale abaixo a alternativa em que o termo marcado exerce a função


sintática de objeto indireto:
a) A leitura dos clássicos é fundamental.
b) Ela deu-lhe o troco.
c) O amor dos pais marca para toda a vida.
d) Ele adora banhar-se no mar.

6. No trecho "Bebê necessita de cuidados intensos 24 horas", o termo


destacado está exercendo função sintática de:
a) Objeto indireto.
b) Objeto direto.
c) Aposto.
d) Complemento nominal.

7. Leia este trecho:


Todo mundo, alguns pouco, outros mais, faz esse tipo de coisa.

42
O termo destacado no texto classifica-se como

a) Objeto direto.
b) Objeto indireto.
c) Predicativo do Sujeito.
d) Complemento Nominal.

8. “[...], um homem decidiu comprar o último combo de cheeseburguer com fritas


[...]” (linhas 2 a 4). Os termos
destacados exercem função sintática de:
a) Objeto indireto.
b) Predicado verbal.
c) Sujeito.
d) Objeto direto.

GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8
D A A C B A A D

DEMAIS TERMOS ASSOCIADOS AO PREDICADO

Predicativo do sujeito
Predicativo do Sujeito é o termo que caracteriza o sujeito, tendo um verbo como
intermediário. O predicativo do sujeito pode ser um substantivo, um adjetivo ou
uma palavra com valor de substantivo. O predicativo do sujeito é o núcleo do
predicado nominal, e um dos núcleos do predicado verbo-nominal. Em
predicados nominais, o sujeito é ligado ao predicativo através de um verbo de
ligação.
Exemplo: Ela estava triste.

43
Predicativo do Objeto
Predicativo do Objeto é uma qualidade atribuída ao objeto através do verbo. O
predicativo do objeto pode ser um substantivo, um adjetivo ou uma palavra com
valor de substantivo. O predicativo do objeto é um dos núcleos do predicado
verbo-nominal.

Exemplo: O juiz julgou o réu culpado.

Adjunto Adverbial
Adjunto Adverbial é o termo que indica uma circunstância em que ocorre o
processo verbal ou o termo que intensifica o adjetivo, o verbo ou o advérbio.
Adjunto adverbial é uma função adverbial, isto é, desempenhada por advérbios
(e locuções adverbiais).
Exemplo: ele é muito inteligente

Exemplos de circunstâncias expressas pelo adjunto adverbial

Tempo: Amanhã eu falarei com ele.


Modo: Marina pediu-me gentilmente que fosse vê-la.
Lugar: Estão todos aqui?
Intensidade: Ele falou muito.
Causa: Devido à chuva escassa, muitas plantas morreram.
Afirmação: Certamente atenderei ao pedido.
Negação: Não podemos esquecer de nossas responsabilidades.
Dúvida: Talvez haja alguns problemas.
Finalidade: Leio muito para aumentar minha cultura.
Meio: Viajarei de ônibus.

44
Companhia: Fui ao museu com meus amigos.
Instrumento: Redações devem ser escritas à caneta.
Assunto: Falarei com ele sobre o ocorrido.
Preço: trabalhei por 20 reais.

TIPOS DE PREDICADO

EXERCÍCIOS

1. O resultado é uma perda de indicadores não verbais, e isso pode atrofiar o


desenvolvimento.
Em relação à sintaxe desse período, o termo destacado na primeira oração é:
a) objeto direto.
b) predicativo do sujeito.
c) complemento nominal.
d) sujeito simples.

2. Qual das alternativas possui um verbo intransitivo:


a) As praias são belas.
b) Meus pais estavam felizes.
c) O amor é verdadeiro.
d) O cantor morreu.

3. O verbo em questão é classificado como verbo de ligação:


a) João viu.

45
b) Os alunos estavam felizes.
c) O cientista encontrou a cura.
d) Minha mãe fez o café.

4. Na oração, “continuamos alegres apesar da luta”, o verbo em destaque é


classificado como:
a) Verbo intransitivo.
b) Verbo de ligação.
c) Verbo transitivo direto.
d) Verbo transitivo indireto.

5. Faça uma análise morfossintática da seguinte frase:


“As senhoras caminhavam felizes”. Está correta a seguinte alternativa:
a) Análise morfológica: as - artigo indefinido; senhoras - substantivo;
caminhavam - verbo caminhar; felizes - adjetivo. Análise sintática: as senhoras -
sujeito simples; caminhavam felizes - predicado verbal; felizes - predicativo do
objeto.
b) Análise morfológica: as - artigo indefinido; senhoras - substantivo;
caminhavam - verbo caminhar; felizes - advérbio. Análise sintática: as senhoras
- sujeito simples; caminhavam felizes - predicado nominal; felizes - predicativo
do objeto.
c) Análise morfológica: as - artigo definido; senhoras - substantivo; caminhavam
- verbo caminhar; felizes - adjetivo. Análise sintática: as senhoras - sujeito
simples; caminhavam felizes - predicado nominal; felizes - predicativo do sujeito.
d) Análise morfológica: as - artigo definido; senhoras - substantivo; caminhavam
- verbo caminhar; felizes - adjetivo. Análise sintática: as senhoras - sujeito
composto; caminhavam felizes - predicado verbal; felizes - predicativo do sujeito.
e) Análise morfológica: as - artigo definido; senhoras - substantivo; caminhavam
- verbo caminhar; felizes - adjetivo. Análise sintática: as senhoras - sujeito
composto; caminhavam felizes - predicado verbal; felizes - predicativo do objeto.

6. Assinale a alternativa que indica o termo que exerce a função de objeto direto
no trecho a seguir, retirado do
texto: “queria resolver (1) a situação (2) na melhor (3) forma possível (4)”.
a) 1.

46
b) 2.
c) 3.
d) 4.

7. “Eles estavam extremamente atrasados para a festa.”. Assinale a alternativa


que representa corretamente o predicativo do sujeito da oração:
a) “Eles”
b) “estavam”
c) “extremamente”
d) “atrasados”

8. Estendidas pela rua afora, deixaram as faixas que seriam usadas na


campanha eleitoral.”. Assinale a alternativa que representa corretamente o
predicativo do objeto do verbo transitivo direto destacado na oração:

a) “Estendidas
b) “as faixas”
c) "usadas”
d) “campanha eleitoral”

GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8
B D B B C B D A

47
TERMOS LIGADOS AO NOME

Complemento nominal
Complemento Nominal: é o complemento exigido por alguns substantivos,
adjetivos e advérbios. Assim como os verbos, alguns nomes necessitam de
complemento. Observe:
Exemplo: Nós temos amor por nossa família.

Adjunto adnominal
Adjunto adnominal: termo ligado aos substantivos, mantendo uma relação de
completude do termo.
Exemplo: a menina bonita.

Atenção!!!
Artigos, pronomes e termos não preposicionados ligados aos nomes são sempre
adjuntos adnominais.

Tabela para diferenciar adjunto adnominal X complemento nominal

48
EXERCÍCIOS

1. No título do Texto I, “Os sonhos dos adolescentes”, o termo destacado,


sintaticamente, é:
a) adjunto adnominal.
b) complemento nominal.
c) agente da passiva.
d) objeto direto.

2. Das alternativas que seguem, apenas uma não se encontra corretamente


analisada quanto à sua estrutura sintática. Identifique-a:
a) Os animais fugiram do zoológico. (adjunto adverbial de lugar).
b) Os animais do zoológico fugiram. (adjunto adnominal).
c) Os alunos deixaram o colégio entusiasmados. (adjunto adnominal).
d) A garota chegou em casa apressadamente. (adjunto adverbial de modo).

3. No trecho "A minha pergunta sobre quem teve acesso às informações do


Mosaic não foi respondida.", o elemento sintático destacado funciona como:
a) adjunto adnominal de "pergunta".
b) complemento nominal de "pergunta".
c) objeto direto anteposto de "respondida".
d) objeto indireto de "pergunta".
e) agente da passiva de "respondida".

4. Observe as palavras destacadas nos enunciados, marque ADN para adjunto


adnominal e CN para complemento nominal.

( ) Este aparelho novo traz inúmeras vantagens para o paciente.


( ) O computador de Mariana não consegue registrar as consultas.
( ) Quando viajo para outro país, tenho medo de doença contagiosa.
( ) O documento de liberação daquele remédio é passível de revisão.

49
A sequência está correta em
a) ADN, ADN, CN e CN.
b) CN, ADN, CN e ADN.
c) CN, CN, ADN e ADN.
d) ADN, CN, ADN e CN.
e) CN, ADN, ADN e CN.

5. Assinale a frase em que o termo sublinhado exerce a função de complemento


nominal e não de adjunto- adnominal.
a) “Um mosquito é uma pequena criação da natureza para nos fazer pensar".
(André Guillois)
b) “Não é a saída do porto que determina o sucesso de uma viagem". (Anônimo)
c) “A vida é um hospital onde cada enfermo tem o desejo de troca de cama".
(Baudelaire)
d) “Uma vida é uma obre de arte". (Clemenceau)
e) “Eu sou uma parte de tudo". (Lord Tennyson)

6. Assinale a alternativa em que o termo sublinhado exerce a função de


complemento e não de adjunto do termo anterior.
a) Brigas de trânsito.
b) Disseminação das armas de fogo.
c) Áreas pobres do Nordeste.
d) Índices de violência.
e) População de baixa renda.

7. A opção cujo termo sublinhado exerce a função de adjunto adnominal por ser
o agente do termo anterior é:
a) “reestruturação de seus sistemas de segurança”;
b) “repressão à violência”;
c) “fatores geradores da insegurança”;
d) “busca de soluções efetivas”;
e) “altos índices de criminalidade”.

50
8. Os termos sublinhados em “luta por algo ou representação de algo”
desempenham a mesma função sintática que:
a) “capaz de se virar”
b) “tensão do futebol”
c) “vida do homem”
d) “governo do Presidente Médici”
e) “lição de vida”

GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8
A C A A C B E A

CASOS ESPECIAIS DE PREDICAÇÃO VERBAL

Agradar
VTD: no sentido de “fazer carinho”
Exemplo: O filho agradava o pai.

VTI: no sentido de “ser agradável”


Exemplo: O técnico agradou aos jogadores.

Ajudar
VTD ou VTI (sem alteração de sentido).
Exemplo: O professor ajudou os (aos) alunos.

Assistir
VTI: no sentido de ver, presenciar.
Exemplo: Eu assisti ao clássico réi.

51
VTD (preferencialmente) ou VTI: no sentido de dar assistência, ajudar.
Exemplo: O médico assiste os (aos) enfermos.

VI: no sentido de morar.


Exemplo: A família Ribeiro assiste em Fortaleza.

Atender
VTI ou VTD (sem alteração de sentido).
Exemplo: O menino atendeu (a) o carteiro.

Chamar
VTD: no sentido de convocar.
Exemplo: A mãe chamou o filho para almoçar.

VTD ou VTI: no sentido de “dar nome” ou “apelidar”


Exemplo: Eles chamavam ao (o) pai de herói.

Chegar
VI: mas, quando acompanhado de expressões locativas, deve-se usar a
preposição “a”.
Exemplo: Chegaremos ao prédio do Objetivo.

VTD ou VTI: no sentido de “acarretar”, causar.


Exemplo: O seu comportamento implica (em) demissão.

OBS!!! Aqui temos uma polêmica, pois alguns gramáticos não compartilham
desta opinião. Então, para embasar seus estudos, deixo aqui uma ponderação.
Se sua banca examinadora for a FCC, fique tranquilo, pois o que prevalece é a
dupla transitividade. Já se a sua examinadora for CEBRASPE, FGV ou qualquer
outra banca, aconselho que você opte apenas pela transitividade direta.

52
Lembrar/lembrar-se (também válido para esquecer/esquecer-se)
VTD: lembrar/esquecer (sem o pronome).
Exemplo: Meu pai lembra o seu nome. Eu esqueci a sua blusa.

VTI: lembrar-se/esquecer-se (com o pronome).


Exemplo: Meu pai se lembra do seu nome. Em esqueci-me da sua blusa.

Obedecer
VTI.
Exemplo: Eles não obedecem ao regulamento.

Preferir
VTDI (algo a algo):
Exemplo: Prefiro português a qualquer outra materia.

Proceder
VTI: no sentido “de iniciar”, “executar”.
Exemplo: O ator procedeu à apresentação.

VI: no sentido de “ter procedência”, “ser verdadeiro”.


Exemplo: A fala de empresário não procede.

Visar
VTD: no sentido “de mirar”, “ver”.
Exemplo: O atirador visou o alvo.

VTI: no sentido “almejar”, “desejar”.


Exemplo: Ele visa a um novo emprego

53
EXERCÍCIO

1. A alternativa redigida de acordo com a norma-padrão de regência nominal e


verbal é:
a) Até hoje ele prefere jogar futebol a frequentar bares, e fica indiferente aos
apelos dos amigos.
b) Parte da população foi imunizada da varíola, mas algumas pessoas evitam de
tomar a vacina.
c) Gosta de argumentar e é hábil para convencer aos outros naquilo que ele
quer.
d) Mostra desobediência para com os superiores e sempre chega atrasado no
serviço.
e) Aconselhei a que ele viaje durante as férias e fique um tempo alheio do que
acontece no trabalho.

2. Analise a frase a seguir e assinale a alternativa em que é seguida a mesma


regra de regência verbal, de acordo coma norma culta da Língua Portuguesa.

Nas férias, ela o visitou no interior.


a) O estudante visou o diploma.
b) As atividades visam ao estudo da matemática.
c) O pai sempre acudia ao filho.
d) O gerente aspirava o cargo de diretor.

3. Sobre o período “O hábito de cultivar plantas em jardins dentro e fora de casa


cresceu durante os meses de pandemia.”, assinale a alternativa correta.
a) A expressão “de cultivar plantas” é um objeto indireto.
b) A expressão “O hábito” é um objeto direto.
c) O verbo “cultivar” é intransitivo.
d) O verbo “cresceu” é intransitivo.
e) A expressão “em jardins” é objeto indireto.

54
4. Em relação à regência verbal, assinalar a alternativa CORRETA:
a) Simpatizei com a vendedora.
b) Tal ação implicará em sua demissão.
c) Prefiro café do que chá.
d) O técnico chamou aos jogadores.

5. No trecho "todos nós fomos obrigados a entrar no enorme catálogo de


brasileiros que visa mostrar aos bancos e outros operadores de crédito quem
são os bons - e os maus - pagadores do país", se trocarmos o termo destacado
por desobrigados:
a) teremos que modificar a regência do complemento nominal, empregando a
preposição "por".
b) teremos que modificar a regência do complemento verbal, empregando a
preposição "em".
c) teremos que modificar a regência do complemento verbal, empregando a
preposição "sob".
d) teremos que modificar a regência do complemento nominal, empregando a
preposição "de".
e) teremos que modificar a regência do complemento verbal, empregando a
preposição "por".

GABARITO
1 2 3 4 5
A A D A D

55
PONTUAÇÃO DO PERÍODO SIMPLES

Conceito: É o conjunto de sinais gráficos destinados a indicar pausa mais ou


menos acentuada de caráter objetivo ou distintivo.
Os sinais de pontuação são estes: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto-e-vírgula
(;), o dois pontos (:), o ponto de interrogação (?), o de exclamação (!), os
parênteses (), as reticências (...), as aspas (“ “) e o travessão (-)
.
Os quatro primeiros constituem a pontuação de pausa objetiva; os quatro
seguintes formam a pontuação de pausa subjetiva, afetiva; e os dois últimos são
os sinais distintivos.

PONTO FINAL
É um dos sinais que marcam fim de período e o que assinala a pausa de máxima
duração. Além do ponto final, também marcam o fim de período os sinais de
exclamação(!) e interrogação(?).

VÍRGULA
A vírgula é o sinal que indica uma pequena pausa na leitura, o que equivale a
uma pequena ou grande mudança na entoação.

Estatuto da vírgula
Proibições
Art.1° Não se usa vírgula:
Entre sujeito e verbo
Exemplo: eu, fui a São Paulo ano passado.

Entre nome e complemento nominal


Exemplo: o amor, ao pai.

Entre nome e adjunto adnominal


Exemplo: amor, verdadeiro.

56
Art. 2° Usa-se a vírgula:
Para separar palavras ou expressões de mesma função sintática
Exemplo: eu prenderei bandido, vagabundo, homicida e estelionatário.

Para separar vocativos


Exemplo: professor, eu serei aprovado, macho!

Para separar o aposto do termo fundamental


Exemplo: Pelé, o rei do futebol, é brasileiro.

Para separar certas palavras e expressões interpositivas: por exemplo, porém,


ou melhor, ou antes, isto é, por assim dizer, além disso, aliás, com efeito, então,
outrossim, entretanto, todavia, pois etc.
Exemplo: o carro era antigo, porém, tinha muita potência.

Para separar o adjunto adverbial, quando ele se encontra deslocado


Exemplo: ontem, orei a Deus pela minha prova.

Para separar do nome da localidade, as datas.


Exemplo: São Paulo, 01 de outubro de 1992.

EXERCÍCIOS

1. No tocante às regras de pontuação, justifica-se a virgulação neste trecho


“Enfim, a geração de hoje é a pura contradição” (l. 23 e 24), a fim de:
a) separar vocativos.
b) separar adjuntos adverbiais.
c) indicar a elipse de um termo.
d) separar apostos e certos predicativos.

57
2. Na linha 16, mantém a correção gramatical a inserção de vírgula anteriormente
à expressão “por diferentes pensadores contemporâneos”, que tem natureza
adverbial.

Texto: Esse documento é considerado por diferentes pensadores


contemporâneos o primeiro relatório governamental.
Certo ( ) Errado ( )

3. Os sinais de pontuação são recursos da escrita que são empregados para


reproduzir pausas, entonações, sentidos, entre outros. Leia as sentenças abaixo
e assinale a alternativa correta sobre o uso da vírgula e do ponto e vírgula.
a) O marido quer a compra do carro. A esposa; da casa.
b) A Maria viajou para o Ceará, o Pedro para o Rio Grande do Sul.
c) Alguns disseram que não fariam a prova; outros que só a fariam se o professor
estivesse presente.
d) O Pedro estava orgulhoso do filho; a Maria, dos netos.

Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim
que amava Lili que não amava ninguém.
ANDRADE, C. D. de. Quadrilha. Em: Poesia completa. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 2006. p. 26.

4. Sobre o trecho do poema “Quadrilha”, analise as afirmativas a seguir:

I. A reiteração sucessiva do pronome relativo “que” no poema é um elemento de


progressão textual, pois indica a
repetição das ações dos personagens.
II. O trecho do poema enfatiza o futuro do pretérito do indicativo marcado pela
sucessão de repetição do verbo amava.
III. A repetição do pronome “que” poderia ser evitada pela utilização dos sinais
de pontuação: vírgula ou ponto e vírgula sem comprometer o sentido.

58
É correto o que se afirma
a) apenas em I.
b) apenas em II.
c) apenas em III.
d) em I, II e III.

5. Assinale a alternativa em que o uso de sinal de pontuação no interior do


enunciado tem a finalidade de indicar ao leitor uma explicação feita pelo
narrador.
a) A cachorra Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não
guardava lembrança disto.
b) Agora, enquanto parava, dirigia as pupilas brilhantes aos objetos familiares...
c) Fabiano também às vezes sentia falta dela, mas logo a recordação chegava.
d) ... o resto da farinha acabara, não se ouvia um berro de rês perdida na
caatinga. e)... e o papagaio, que andava furioso, com os pés apalhetados, numa
atitude ridícula.

6. Quanto ao uso das vírgulas, assinale a alternativa CORRETA:


a) O homem, que é um ser racional tem péssima atitude.
b) Todos os empregados demitidos, serão indenizados.
c) Houve, porém, um inconveniente sério.
d) Não haverá aula amanhã, ou melhor depois de amanhã.

7. Em conformidade com a norma-padrão de pontuação, na frase “Mas durante


séculos os homens sonharam em vão com o elixir da longa vida e com a fonte
da juventude eterna.”, a seguinte expressão pode ser isolada com o uso de duas
vírgulas:
a) durante séculos
b) os homens
c) sonharam em vão
d) o elixir da longa vida
e) com a fonte da juventude

59
GABARITO
1 2 3 4 5 6 7
B ERRADO D A E C A

EXERCÍCIOS

1. Assinale a alternativa, onde temos um aposto.


a) Meu pai, homem sério e prudente, era inteligente.
b) – Boa tarde, dona Maria. Como vai a senhora?
c) – Então, camarada, aposto que teve muito medo.
d) – Deixe de besteira, seu João. Em São Francisco do Guaporé, nós não
atropelamos ninguém.

2. Assinale a afirmativa que apresenta um vocativo:


a) Comprei três frutas: banana, maçã e laranja.
b) Machado de Assis, escritor brasileiro, faleceu em 1908.
c) Ela adora estudar.
d) Não faça isso, João!

3. Analise: “Em uma manhã fria de segunda-feira em São Paulo, a sala de aula
virtual do professor Marcos Rojo, cofundador do Instituto de Ensino e Pesquisa
em Yoga, estava cheia.” E assinale a alternativa incorreta.
a) Há a presença de um advérbio de tempo.
b) Há um aposto explicativo.
c) Há uma oração subordinada.
d) Há um sujeito simples.

4. A alternativa que corresponde corretamente a citação a seguir é: “Palavra ou


expressão que representa a pessoa ou coisa personificada, a quem nos
dirigimos diretamente: Paulo, onde está você?”

60
a) Verbo.
b) Vocativo.
c) Aposto.
d) Adjunto adnominal.

5. Considere: “Alexandro, chileno que virá palestrar, é um ótimo profissional”.


Assinale a função sintática do substantivo da oração sublinhada:
a) Adjunto adverbial.
b) Aposto explicativo.
c) Vocativo.
d) Aposto enumerador.

6. Dançar, nadar, brincar, nada lhe interessava.”. Com base no termo destacado,
assinale a alternativa correta:
a) Aposto resumitivo.
b) Aposto explicativo
c) Aposto especificativo.
d) Aposto enumerativo.

7. Assinale a alternativa que apresenta um aposto:


a) A professora de matemática chamou os pais de Maria.
b) Joana gosta de ir ao supermercado.
c) Joana, professora de matemática, deu várias aulas esta semana.
d) Feche a porta, Joana!

8. Em "A minha avó, dona Fernanda, [...]", o termo destacado é:


a) Adjunto Adverbial.
b) Objeto Indireto.
c) Vocativo.
d) Objeto Direto.
e) Aposto.

61
9. Assinale a alternativa que corresponde à função sintática CORRETA do
elemento em destaque no trecho a seguir: O Brasil participou ativamente das
discussões internacionais que culminaram, em 1989, na Convenção Sobre os
Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas (ONU), assinada por
196 países. Disponível: https://agenciabrasil.ebc.com.br
a) Vocativo.
b) Predicativo do sujeito.
c) Adjunto adverbial de modo.
d) Objeto indireto.

10. Assinale a alternativa que corresponde à classificação CORRETA da função


sintática em destaque no trecho a seguir: A vocação empreendedora do
brasileiro nunca esteve tão em alta e, nos momentos de crise, torna-se ainda
mais evidente.
a) Complemento nominal.
b) Objeto indireto.
c) Adjunto adverbial.
d) Objeto direto.

GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A D C B B A C E C C

62
SINTÁXE DO PERIODO COMPOSTO

As orações que compõem o período composto podem relacionar-se por


subordinação ou por coordenação.

Subordinação
Ocorre subordinação quando uma oração, chamada de oração subordinada,
exerce uma função sintática em outra oração, chamada de oração principal.
Exemplo: ele não sabia que a mãe estava em casa.

Coordenação
Ocorre coordenação quando as orações, chamadas de orações coordenadas,
são independentes sintaticamente.
Exemplo: eu estudei e voltei para casa.

CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES

63
Quanto à forma, as orações podem ser desenvolvidas ou reduzidas.

Orações desenvolvidas são introduzidas por conjunção ou por pronome


relativo.
Exemplo: as crianças sabem que comer é importante.

Na subordinação vamos ter de ficar atentos a duas conjunções importantes: o


que e o se.

Orações reduzidas apresentam verbo em uma de suas formas nominais


(infinitivo, gerúndio ou particípio) e não são introduzidas por conjunção nem por
pronome.
Exemplo: raciocinei que estava sempre certo. (Oração desenvolvida) Raciocinei
estar sempre certo. (Oração reduzida)

ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA


Orações subordinadas substantivas são aquelas que exercem função sintática
típica de substantivo, isto é, função de sujeito, objeto direto, objeto indireto,
predicativo, aposto ou complemento nominal.
As orações subordinadas substantivas desenvolvidas normalmente são
introduzidas pelas palavras que ou se, denominadas conjunções integrantes.
Temos seis classificações para as orações subordinadas substantivas, veja no
quadro:

CONHECENDO OS TIPOS
Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
Oração subjetiva é aquela que exerce a função de sujeito do verbo da oração
principal. Havendo oração subordinada substantiva subjetiva, o verbo da oração
principal está necessariamente na terceira pessoa do singular.

64
Exemplo: Convém que haja muitos inscritos.
Isso convém.

Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta


Oração objetiva direta é aquela que exerce a função de objeto direto do verbo
da oração principal.
Exemplo: Não sei se fui bem na prova. Não sei isso.

Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta


Oração objetiva indireta é aquela que exerce a função de objeto indireto do verbo
da oração principal.
Exemplo: lembre-se de que você luta por muitos. lembre-se disso.

Oração Subordinada Substantiva Predicativa


Oração predicativa é aquela que exerce a função de predicativo do sujeito da
oração principal.
Exemplo: A verdade é que ninguém confia naquele deputado. A verdade é isso.

Oração Subordinada Substantiva Apositiva


Oração apositiva é aquela que exerce a função de aposto de um termo da oração
principal.
Exemplo: Há uma única saída: fugir.

Este tipo de oração é pouco cobrado em provas de concurso uma vez que sua
identificação é muito simples, a pontuação (:) dois pontos indicará sua existência.

Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal


Oração completiva nominal é aquela que exerce a função de complemento
nominal de um termo da oração principal.
Exemplo: Tenho necessidade de que me ajudes. Tenho necessidade disso.

Dentre as orações subordinadas substantivas, apenas as orações apositivas


podem vir separadas por vírgula (ou por dois pontos) da oração principal. Isso

65
ocorre porque sujeitos, objetos e complementos nunca são separados por
vírgula dos termos a que estão ligados.

EXERCÍCIOS

1. Nos versos “Queria que a minha voz tivesse um formato de canto Porque eu
não sou da informática:...”, as orações
grifadas são classificadas como:
a) 1. subordinada substantiva objetiva direta / 2. coordenada sindética
explicativa.
b) 1. subordinada substantiva subjetiva / 2. subordinada adjetiva explicativa.
c) 1. coordenada sindética explicativa / 2. subordinada adjetiva explicativa.
d) 1. subordinada substantiva objetiva indireta / 2. coordenada sindética
explicativa.

2. No período “...imprimir mais dinheiro do que livros é uma monstruosidade!”, a


oração destacada pode ser classificada como:
a) subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo.
b) subordinada adverbial consecutiva reduzida de infinitivo.
c) subordinada adverbial concessiva reduzida de infinitivo.
d) subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo.

3. A oração destacada no trecho “Costumo dizer que sou um sábio do minuto


seguinte, um virtuoso sem timing” é classificada como oração subordinada
substantiva
a) completiva nominal.
b) objetiva direta.
c) objetiva indireta.
d) subjetiva.

4. “Pesquisas na área de neurociências comprovam que a memória, a


imaginação e a comunicação verbal e corporal ficam mais aguçadas...” (4º§) O
fragmento sublinhado exerce a função de oração subordinada:

66
a) adjetiva restritiva.
b) adjetiva explicativa.
c) substantiva objetiva direta.
d) substantiva objetiva indireta.

5. Relacione adequadamente os tipos de orações subordinadas substantivas às


respectivas orações.
1. Apositiva.
2. Subjetiva.
3. Objetiva indireta.
4.Completiva nominal.

( ) O paciente desrespeitou a recomendação de que não tomasse aquele


remédio à noite.
( ) Avisei-o de que deveria fazer repouso após a cirurgia.
( ) Não se sabe como ele conseguiu sobreviver.
( ) O irmão, preocupado, disse-lhe isto: não exagere com a bebida.

A sequência está correta em: a) 3, 2, 1, 4.


b) 2, 3, 1, 4.
c) 1, 2, 3, 4.
d) 4, 3, 2, 1.
e) 4, 2, 3, 1.

GABARITO
1 2 3 4 5
A D B C D

67
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVA

Orações subordinadas adjetivas são aquelas que exercem função de adjetivo,


referindo-se a um termo da oração principal.
Exemplo: As pessoas que mentem não me agradam.

Oração Subordinada Adjetiva Restritiva


Não Possui a marca de pontuação em sua estrutura, relaciona-se a uma parte.

Exemplo: as mulheres que não trabalham sofrem represálias.


Para saber se estamos diante de uma oração subordinada adjetiva, basta
apenas substituir o que por um pronome relativo de mesmo valor, exemplo: o
qual. Por não colocar a pontuação, a frase restringe sua estrutura.

Oração Subordinada Adjetiva Explicativa


As orações explicativas sempre vêm separadas por vírgula da oração principal.
Exemplo: Os políticos, que são corruptos, envergonham a nação.
Para saber se estamos diante de uma oração subordinada adjetiva, basta
apenas substituir o que por um pronome relativo de mesmo valor, exemplo: o
qual.

68
EXERCÍCIOS

1. No período “Uma delas foi inventada por homens que amam a precisão dos
números,...”, a oração destacada é classificada como:
a) subordinada adverbial final.
b) subordinada adjetiva restritiva.
c) coordenada sindética explicativa.
d) subordinada substantiva objetiva direta.

2. Numa parede de uma fábrica de cerveja de Tiradentes (MG), estava escrita a


seguinte frase: “Há bares que vêm para o bem”. Sobre a estrutura e o conteúdo
semântico desse texto, a única afirmativa INADEQUADA é:
a) a estrutura dessa pequena frase é de caráter intertextual;
b) a repetição fônica vêm/bem auxilia a apreensão da frase;
c) a oração “que vêm para o bem” explica o sentido de “bares”;
d) a forma plural “vêm” concorda com “bares”;
e) a forma verbal “Há” tem sentido de “existência”.

3. No período composto “Não posso ser uma mulher como nossas mães, que se
conformam em aprender corte e costura”, a oração destacada é classificada
como:
a) coordenada sindética conclusiva.
b) subordinada adjetiva explicativa.
c) subordinada adjetiva restritiva.
d) subordinada adverbial causal.

4. Acerca da estrutura da oração e do período, é CORRETO afirmar que a


partícula “que” (linha 5) introduz uma: Texto: “o número expressivo de indivíduos
que desenvolverão”
a) Oração subordinada substantiva completiva nominal.
b) Oração subordinada substantiva predicativa.
c) Oração subordinada adjetiva explicativa.

69
d) Oração subordinada adjetiva restritiva.

5. Tendo em vista a estrutura gramatical do texto, julgue (C ou E) o item a seguir.

Texto: “se a emancipação, em 1867 e 1868, era tão urgente, que o imperador a
mandava estudar”.

A oração iniciada por “que” (linha 39) introduz uma explicação acerca da oração
que inicia o período, sendo classificada como adjetiva explicativa.
Certo ( ) Errado ( )

6. Assinale abaixo a alternativa que contem período composto por oração


subordinada adjetiva restritiva.
a) Eu preciso que você me explique melhor o que quer.
b) Os atletas que se prepararam com menos horas de treino ao longo da semana
foram os mais bem colocados no campeonato.
c) Eu preciso disso: que você se comunique melhor comigo.
d) Os atletas, que se prepararam com mais horas de treino ao longo da semana,
foram os mais bem colocados no campeonato.

GABARITO
1 2 3 4 5 6
A D C B ERRADO B

70
ESTUDO DO PRONOME RELATIVO

Os pronomes relativos são utilizados na oração subordinada para substituir um


termo da oração principal. Exemplo: a menina cantava. A menina estava com a
mãe.
A menina que cantava estava com a mãe.
O pronome relativo exerce, na oração subordinada, uma função sintática
correspondente à função sintática do termo que ele substitui.
Por exemplo: A menina que cantava estava com a mãe.

• O pronome “que” está substituído a palavra menina, logo, sua


classificação sintática é de sujeito da oração.

Análise sintática: A menina (sujeito) cantava (verbo intransitivo). Como a palavra


“que” está substituindo o sujeito, ela funciona como sujeito.

Outro exemplo:
O jogador que eu vi parecia-se com o Pelé.

• O pronome “que” está substituído a palavra “jogador”, logo, sua


classificação sintática é de objeto direto da oração.

Análise sintática: eu (sujeito), vi (verbo transitivo direto), o jogador (objeto direto).


Como a palavra “que” está substituido o objeto direto, ela funciona como objeto
direto.

FUNÇÕES DO PRONOME RELATIVO


1) Sujeito: As pessoas que estavam aqui são muito educadas.
2) Objeto Direto: O país que visitei estava em guerra.
3) Objeto Indireto: O médico a quem entreguei os exames tranquilizou-nos.

71
4) Predicativo: Lembro-me com saudade das crianças que nós éramos.
5) Complemento Nominal: A pessoa a quem fiz referência não estava presente.
6) Agente da Passiva: O policial por quem fomos salvos recebeu uma medalha.
7) Adjunto Adverbial: O lugar em que vivo é muito bonito. Observe que o
pronome relativo ―quem‖ sempre é precedido de preposição.

CUJO
Estabelece uma relação de posse entre o antecedente e o termo que especifica.
Sua função principal é de adjunto adnominal. Em alguns casos, pode ser também
complemento nominal.

Adjunto Adnominal: O autor cujos livros admiro fez uma palestra ontem. (livros
do autor)
Complemento Nominal: Os salários, cujo aumento foi adiado, são a causa da
greve. (aumento dos salários)

ATENÇÃO: o pronome cujo não aceita colocação de artigo nem antes nem após
seu uso.

Pronomes “onde”, “quando” e “como”


Esses pronomes exercem essencialmente função de adjunto adverbial.
• Adv. de lugar: O país onde vivo é um dos maiores do mundo.
• Adv. de tempo: No instante quando começamos a amar, tudo parece
melhor.
• Adv. de modo: Não gostei da forma como você foi atendido.

72
EXERCÍCIOS

1. O vocábulo “que” pode apresentar classificações e funções diversas na


construção de frases. Dentre as ocorrências do “que”, assinale aquela cuja
função sintática pode ser identificada como sujeito da oração.
a) “[...] a primeira coisa que fazia era bater os olhos na caixa [...]” (3º§)
b) “Era um tempo em que não havia internet, não havia Skype [...]” (4º§)
c) “[...] aquelas cartas que chegavam em envelopes verde-amarelos.” (1º§)
d) “Durante os anos que passei fora do Brasil, comunicava-me por cartas.” (1º§)

2. O termo que comumente pode se comportar como um elemento coesivo


anafórico, ao retomar informações já expressas no texto. Nesse caso, trata-se
de um pronome relativo, que pode desempenhar diferentes funções sintáticas.
Considerando as alternativas a seguir, aponte aquela cujo que destacado exerce
função sintática distinta dos demais.
a) “A prevenção policial corresponde a 80% da segurança que o Estado pode
exercer.” (4º§)
b) “Uma sociedade que tem um projeto calcado na repressão não é uma
sociedade saudável...” (8º§)
c) “... os saques envolvem ‘não-criminosos’ habituais, que cometem os crimes
pela facilidade que encontram...” (3º§)
d) “Na sexta-feira (10), o governo do Espírito Santo resolveu endurecer com os
polícias militares que participavam da mobilização.” (13º§)

3. A partícula "que" em “Sei que canto” (linha 13)


a) não possui função sintática.
b) possui função sintática de pronome relativo.
c) possui a função sintática de conjunção integrante.
d) é uma partícula de realce.
e) é uma partícula fossilizada.

4. O elemento de coesão “que” possui, no texto, a função sintática idêntica ao do


elemento sublinhado na sentença:
Ao verme

73
que
primeiro roeu as frias carnes
do meu cadáver
a) Machado escreveu doente Memórias Póstumas.
b) O narrador de Memórias Póstumas é onisciente.
c) Machado é um dos mais consagrados escritores no Brasil.
d) Machado foi fundador da Academia Brasileira de Letras.
e) A ideia de Machado era explicar a corrupção brasileira.

5. Em relação ao emprego do pronome relativo, marque C para certo e E para


errado. Em seguida, assinale a alternativa com a sequência correta.
( ) Quero apresentar-lhe a filha cuja a mãe dela foi eleita a Mãe do Ano.
( ) Posso saber o motivo que você desistiu de concorrer àquele prêmio tão
sonhado?
( ) O futebol é o esporte pelo qual os homens brasileiros mais se interessam.
( ) As dificuldades por que passamos servem para nos tornar mais fortes na
caminhada.

a) E - C - C – C
b) C - C - E – E
c) E - E - C - C
d) C - E - E – E

GABARITO
1 2 3 4 5
C A A D C

74
Oração Subordinada Adverbial

Orações subordinadas adverbiais são aquelas que exercem função de adjunto


adverbial, estabelecendo uma circunstância em que se passa a ação verbal
expressa na oração principal. As orações subordinadas adverbiais são
classificadas de acordo por conjunções subordinativas circunstanciais.

Orações Subordinadas Adverbiais Causais:


Exemplo: Faltei à aula do ponto 40 porque fui ao médico.

Orações Subordinadas Adverbiais Comparativas:


Exemplo: Vive tal qual um leão na selva.

Orações Subordinadas Adverbiais concessivas:


Exemplo: embora tivesse estudado muito, foi mal na prova.

Orações Subordinadas Adverbiais Condicionais:


Exemplo: se meu pai fosse mulher, eu teria duas mães.

75
Orações Subordinadas Adverbiais Conformativas:
Exemplo: fiz o caderno do papiro como o professor mandou.

Orações Subordinadas Adverbiais finais:


Exemplo: o juiz apitou para que o jogo começasse.

Orações Subordinadas Adverbiais temporais:


Exemplo: antes de julgar, veja se você é bom.

Orações Subordinadas Adverbiais proporcionais:


Exemplo: à medida que estudo, aprendo.

EXERCÍCIOS

1. Em “...enquanto destacam-se como polo positivo uma Constituição moderna,


sintonizada com demandas do cidadão, embora carecendo ser mais aplicada do
que usada como componente retórico,...” a oração iniciada pela conjunção
“embora” é classificada como:
a) coordenada sindética explicativa.
b) coordenada sindética adversativa.
c) subordinada adverbial concessiva.
d) subordinada adverbial conformativa.

2. Assinale a alternativa que exprima corretamente a função sintática do trecho


grifado da oração “Os alunos percebem rapidamente quando estamos
desarticulados” (l. 22-23) retirada do Texto 1.
a) oração subordinada substantiva objetiva direta
b) oração subordinada adverbial de tempo
c) oração subordinada apositiva
d) oração coordenada assindética
e) complemento direto do verbo “perceber”

76
3. Há noção de causa no segmento sublinhado que se encontra em:
a) Ele tem grande percepção para o comportamento social e suas mudanças...
(1° parágrafo).
b) Há uma mescla de artigo e crônica nos seus textos, como se você estivesse
interessado nas ideias (4° parágrafo).
c) ...e tentar pensar bem, mas nunca esquecer que nada vai ficar gravado em
pedra... (4° parágrafo).
d)...a crônica pegou no Brasil pelo acidente de aparecerem bons cronistas... (2°
parágrafo).
e) Ser mais pessoal, mais coloquial, depende do estilo de cada um. (3°
parágrafo).

GABARITO
1 2 3
C A D

PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO

Um período composto por coordenação é constituído por duas ou mais orações


coordenadas. Orações coordenadas são aquelas que independem
sintaticamente umas das outras

Orações coordenadas assindéticas são aquelas que não são ligadas por
conjunção.
Exemplo: As crianças trabalham, a infância não é tão bela.

Orações coordenadas sindéticas são aquelas ligadas por conjunção.


Exemplo: Eu estive em sua casa, mas não o vi.

As conjunções que introduzem as orações coordenadas sindéticas são


chamadas de conjunções coordenativas.

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1. Aditivas:
Ele trabalha e estuda.

2. Adversativas:
Eu gosto de carne, mas ela não.

3. Alternativas:
Ora chove, ora bate sol.

4. Conclusivas:
Ele estudou. Portanto, foi aprovado.

5. Explicativas:
Ele estudou, pois queria aprender.

Observação: A conjunção “pois” será explicativa se vier antes do verbo e


conclusiva se vier depois do verbo.

78
EXERCÍCIOS

1. A frase: "Ele correu pra ver a borboleta, ela nadava pelo óleo lentamente" pode
ser classificada como:
a) Oração Coordenada Sindética Adversativa
b) Oração Coordenada Assindética
c) Oração Assindética Explicativa
d) Oração Coordenada Conclusiva
e) Oração Coordenada Alternativa

2. Sobre o período: "Qual o motivo de tanta dificuldade para elaborar um bom


texto oficial, como: carta comercial, ofício, relatório, dentre muitos outros?"
Marque a alternativa INCORRETA:
a) Inicia com pronome indefinido interrogativo, a preposição: "de" é imposta pela
regência nominal, enquanto "para" enuncia finalidade.
b) O predicado pede objeto direto.
c) Os termos: "ofício" e "relatório" pertencem à mesma tonicidade paroxítona de:
"contexto" e "preparo".
d) As vírgulas separam orações coordenadas assindéticas.

3. Analise o período abaixo e responda ao que se pede.

“Ela e outros cientistas da conferência riram da situação, mas ela ficou


desconfortável com o acontecido.” Trata-se de um período composto:
a) Por coordenação, com duas orações independentes, sendo a segunda oração
classificada como sindética adversativa.
b) Por subordinação, com duas orações dependentes entre si, sendo a primeira
subordinada à segunda.
c) Por coordenação, com duas orações independentes, sendo a segunda oração
classificada como sindética aditiva.
d) Por subordinação, com duas orações independentes entre si.
e) Por coordenação, com duas orações independentes, sendo a segunda oração
classificada como assindética.

79
4. No texto temos
Texto: Você vista meu pensamento, rouba meu sono, acelera meu coração e me
enche de saudade.
a) Quatro orações coordenadas assindéticas.
b) Três orações coordenadas assindéticas e outra, coordenada sindética
adversativa.
c) Três orações coordenadas assindéticas e outra, coordenada sindética aditiva.
d) Quatro orações subordinadas adverbiais.

5. Leia o poema a seguir para responder à próxima questão.

A um passarinho: (Vinícius de Moraes).

Para que vieste


Na minha janela
Meter o nariz?
Se foi por um verso
Não sou mais poeta
Ando tão feliz!
Se é para uma prosa
Não sou Anchieta
Nem venho de Assis.
Deixa-te de histórias
Some-te daqui!

O verso do poema “Nem venho de Assis”, é uma oração coordenada:


a) Assindética.
b) Sindética explicativa.
c) Sindética aditiva.
d) Sindética adversativa

80
6. Assinale a alternativa cuja oração sublinhada exemplifica o processo de
coordenação.
a) "É dever do Estado (em atendimento a um direito inalienável) prover crianças
e adolescentes com cuidados, segurança, oportunidades, inclusive de
recuperação diante de deslizes sociais".
b) "Neste sentido, o ECA mantém dispositivos importantes, que asseguram
proteção a uma parcela da população em geral incapaz de discernir entre o certo
e o errado à luz das regras sociais".
c) "Mas, se estes são aspectos consideráveis, por outro lado é condenável o viés
paternalista de uma lei orgânica que mais contempla direitos do que cobra
obrigações daqueles a quem pretende proteger".
d) "É um tipo de interpretação que anaboliza espertezas da criminalidade, como
o emprego de menores em ações - inclusive armadas - de quadrilhas
organizadas, ou serve de salvo-conduto a jovens criminosos para afrontar a lei".
e) "É um tipo de interpretação que anaboliza espertezas da criminalidade, como
o emprego de menores em ações - inclusive armadas - de quadrilhas
organizadas, ou serve de salvo-conduto a jovens criminosos para afrontar a lei".

GABARITO
1 2 3 4 5 6
B D A C C D

81
PONTUAÇÃO DO PERÍODO COMPOSTO

1) Subordinadas Substantivas
Não se separam da oração principal por meio de vírgula a oração principal da
oração subordinada substantiva. A exceção é a substantiva apositiva, que se
separa por dois-pontos.
Exemplo: ele não queria que a festa acabasse.

2) Subordinadas Adjetivas Usa-se a vírgula para isolar orações adjetivas


explicativas. Já as restritivas não são separadas por vírgula.
Exemplo: Fortaleza, que é a capital do Ceará, é bela.
No caso das adverbiais, teremos que ter um pouco mais de atenção.

1 - Obrigatórias apenas se deslocadas; na ordem direta, vírgula facultativa.


Causais
Finais
Proporcionais
Temporais

2 - Obrigatória sempre:
Concessivas
Condicionais
Conformativas

3 - Proibida com uma ponderação


Consecutivas
Comparativas

82
EXERCÍCIOS

1. Segundo regras de pontuação, uma vírgula deixou de ser empregada em


a) De acordo com o artigo 206 da Constituição, as universidades públicas são
gratuitas, não podem cobrar mensalidades (linhas 5 e 6).
b) O assunto pode ser interpretado como uma boa briga ou um debate saudável,
como observa a diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas
Educacionais da FGV/EBAPE, professora Cláudia Costin (linhas 9 a 11).
c) Um estudo do Banco Mundial, divulgado em 2017 aponta que a cobrança de
mensalidade nas universidades públicas brasileiras seria uma forma de diminuir
as desigualdades sociais (linhas 14 e 15).
d) “A maioria dos estudantes dessas universidades vem de escolas particulares,
poderiam pagar a mensalidade”, avalia Marcelo Becerra, especialista líder em
Educação do Banco Mundial (linhas 16 e 17).
e) Para o reitor da Unicamp, não é a cobrança de mensalidade que resolverá as
questões de equidade social (linhas 33 e 34).

2. Assinale a alternativa cuja reelaboração da pontuação mantém a estrutura


sintática e semântica do enunciado, bem como a sua correção normativa.
a) Em vez de reduzir a possibilidade a uma palavra, por que não falar que se
aprimora continuamente, citando, por exemplo, quantos e quais livros lê por ano
ou cursos – que faz por conta própria?
b) Ou seja, além de querer trabalhar, o mais importante, é demonstrar interesse
em contribuir com o sucesso da companhia.
c) Melhor especificar que – sempre que necessário ou demandado pelo gestor –
você tem responsabilidade para entregar as tarefas no prazo e nas
especificações.
d) Diferentes, são as opiniões, não, a verdade.

3. As vírgulas usadas no trecho “pacientes com deficiência auditiva receberam,


na última sexta-feira (04), novas próteses que os permitirão ouvir melhor.”
serviram para separar:
a) um adjunto adverbial.
b) uma explicação.
c) o nome de um lugar que vem antes da data.

83
d) palavras de mesma função sintática.
e) um vocativo.

4. Assinale a alternativa que apresenta a frase pontuada conforme a norma


padrão da língua portuguesa.
a) Os amigos, de Lucas acabaram chegando, atrasados.
b) Naquela tarde meus colegas, não foram, à escola.
c) O que importa, de fato é a qualidade, das amizades.
d) Escolher, bom amigos só se aprende, com o tempo.
e) Cláudio, o amigo de Ana, também irá ao cinema.

5. Assinale a alternativa em que a pontuação está empregada corretamente,


conforme a norma culta da língua portuguesa.
a) Estamos, nas Escolas de Samba de São Paulo aguardando que, ocorra uma
vacinação em massa, para organizar um carnaval no mês de julho.
b) Depois da gripe suína, a nova doença causava febre alta, dor de garganta e
de cabeça, perda de olfato e de paladar.
c) A pandemia trouxe novos hábitos e cada qual a seu jeito, foi procurando
adaptar-se não sem pouco sofrimento.
d) O progresso foi chegando devagarinho: tudo foi sendo substituído, pouco a
pouco pelos prédios; o bairro, já não é o mesmo.
e) Os pesquisadores observaram que depois, das queimadas há no solo da
floresta, uma maior abundância de bactérias.

GABARITO
1 2 3 4 5
C C A E B

84
PONTUAÇÃO DO PERÍODO COMPOSTO
ORAÇÕES COORDENDAS

ADITIVAS
Mesmo sujeito: vírgula proibida
Exemplo: Ele estuda, e trabalha.

Sujeitos diferentes: vírgula obrigatória para a maioria das bancas, salvo banca
Cespe, que entende esta vírgula como facultativa.
Exemplo: Ele estuda e você acerta questões.

ADVERSATIVAS: sempre com pontuação.


Exemplo: Ele estuda, mas não faz exercícios.

CONCLUSIVAS: sempre com pontuação.


Exemplo: Estudou, portanto será aprovado.

ALTERNATIVAS:
Duas conjunções: vírgula obrigatória
Exemplo: ou faça o certo, ou mude-se daqui.

UMA conjunção: vírgula proibida.


Exemplo: estude, ou não será aprovado.

EXPLICATIVAS: sempre com pontuação.


Exemplo: ele foi aprovado, pois está trabalhando.

85
EXERCÍCIOS

Socorro Socorro, eu não estou sentindo nada.


Nem medo, nem calor, nem fogo,
não vai dar mais pra chorar
nem pra rir.

Socorro, alguém me dê um coração,


que esse já não bate nem apanha.
Por favor, uma emoção pequena,
qualquer coisa que se sinta,
tem tantos sentimentos,
deve ter algum que sirva.

Socorro, alguma rua que me dê sentido,


em qualquer cruzamento,
acostamento, encruzilhada,
socorro, eu já não sinto nada.

Socorro, alguma rua que me dê sentido,


em qualquer cruzamento, acostamento, encruzilhada,
socorro, eu já não sinto nada.

1. a vírgula foi empregada para separar termos da oração com a mesma função
sintática no trecho
a) “alguma alma, mesmo que penada” (segunda estrofe).
b) “em qualquer cruzamento, / acostamento, encruzilhada” (quarta estrofe).
c) “Já não sinto amor nem dor, / já não sinto nada” (segunda estrofe).
d) “Por favor, uma emoção pequena” (terceira estrofe).
e) “tem tantos sentimentos, / deve ter algum que sirva” (terceira estrofe).

86
2. Assinale a alternativa que corresponde ao período de pontuação correta.
a) Ele prefere cinema e, eu teatro
b) Hoje, eu, daria o mesmo conselho: mais doutrina e menos análise
c) Precisando de um grande conselho, procurou José, seu amigo de longas
conversas.
d) Ele que era o novo técnico, não convocou os melhores!
e) Quando eu chego, em casa tudo me alegra, canto sem parar.

3. Assinale a alternativa corretamente pontuada.


a) Trata-se da terapia larval (ou larvoterapia), que como o nome sugere, é o uso
de larvas, no caso moscas para a cicatrização de ferimentos que resistem à
cicatrização.
b) Trata-se da terapia larval (ou larvoterapia) que, como o nome sugere é o uso
de larvas, no caso moscas, para a cicatrização de ferimentos, que resistem à
cicatrização.
c) Trata-se da terapia larval (ou larvoterapia) que como o nome sugere é: o uso
de larvas no caso moscas, para a cicatrização de ferimentos que resistem à
cicatrização.
d) Trata-se da terapia larval (ou larvoterapia), que, como o nome sugere, é o uso
de larvas, no caso moscas, para a cicatrização de ferimentos que resistem à
cicatrização.
e) Trata-se da terapia larval, (ou larvoterapia), que como o nome sugere é o uso
de larvas; no caso moscas; para a cicatrização de ferimentos, que resistem, à
cicatrização.

GABARITO
1 2 3
B C D

87
PRONOMES

CONCEITO
O pronome é a palavra que substitui o substantivo (pronome substantivo) ou o
acompanha (pronome adjetivo), indicando sua posição em relação às pessoas
do discurso ou situando-o no espaço e tempo. O pronome flexiona-se em gênero
(masculino e feminino), número (singular e plural) e pessoa (primeira, segunda
e terceira) Pronomes Pessoais Pronome pessoal é aquele que indica as pessoas
do discurso.

• Primeira pessoa: aquela que fala (emissor)


• Segunda pessoa: aquela com que se fala (receptor)
• Terceira pessoa: aquela de quem se fala (referente)

O pronome pessoal flexiona-se em gênero, número, pessoa e caso (reto ou


oblíquo).

Pronome pessoal do caso reto: exerce função de sujeito da oração. Exemplo:


EU estou feliz.
Pronome pessoal do caso oblíquo: exerce a função de complemento.
Exemplo: lembrei-me da aliança prometida.

Os pronomes pessoais oblíquos dividem-se em átonos e tônicos. Os tônicos


sempre vêm precedidos de preposição, e os átonos, por sua vez, não possuem
essa característica. Vamos observar novamente a tabela dos pronomes.

88
EXERCÍCIOS

1. No trecho ... capaz de dar a ele potencial de tomada de decisão, raciocínio,


aprendizagem e reconhecimento de padrões (3º parágrafo), o termo sublinhado
pode ser corretamente substituído por
a) conceder-lhe
b) munir-lhe de
c) atribuí-lo
d) providenciá-lo
e) propiciar-lhe de

2. Foi um dos primeiros a perceber o gênio do escritor e o estimulou sem trégua


a acreditar em si mesmo (7° parágrafo)
Os termos sublinhados acima constituem, respectivamente:
a) artigo – preposição – pronome
b) preposição – pronome – artigo
c) artigo – pronome – preposição
d) preposição – artigo – pronome
e) pronome – artigo – preposição

3. Observe o seguinte trecho do 5º parágrafo. É assim inclusive com essas


crônicas, que tenho vergonha de publicar, mas gosto demais de escrever para
parar ... Preservando a correção e a relação de sentido estabelecida com o
elemento sublinhado, a frase acima pode ser completada com a seguinte
expressão:
a) de divulgá-la.
b) de divulgá-lo.
c) de divulgar-lhe.
d) de divulgar-lhes.
e) de divulgá-las.

89
4. Certos cientistas ...... que os mosquitos, em países tropicais e
subdesenvolvidos, ..... graves causadores de doenças a partir da década de
2000, em virtude de ..... sérios problemas de saneamento básico. Preenchem
corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada, as formas verbais em:
a) declaram – se tornaram − haverem
b) declaram – tornaram-se – existir
c) declaram − tornaram-se − haver
d) declara – tornara-se – existirem
e) declara – se tornara – haver

5. Ao tratar uma letra de música como sendo um poema, o agente está a elogiar
a música, como se o fato de uma letra de música ser um poema tornasse a letra
mais relevante para o mundo. Do mesmo modo, chamar um compositor de poeta
é exaltar o compositor. Pergunto: ser poeta aos olhos do mundo é mais
importante do que ser compositor?
(Adaptado de: MENEZES, Raquel. Disponível em:
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/literatura)
Fazendo-se as devidas alterações, os elementos sublinhados acima foram
corretamente substituídos por um pronome em:
a) elogiar-lhe – a tornasse – exaltá-lo
b) elogiá-la – a tornasse – exaltá-lo
c) elogiá-la – lhe tornasse – lhe exaltar
d) lhe elogiar – tornasse-lhe – lhe exaltar
e) elogiá-la – tornasse-lhe – o exaltar

GABRITO
1 2 3 4 5
A B E C B

90
COLOCAÇÃO PRONOMINAL

Em relação ao verbo os pronomes oblíquos átonos (me, nos, te, vos, o, a, os,
as, lhe, lhes, se) podem aparecer em três posições distintas:

Antes do verbo – PRÓCLISE;


No meio do verbo – MESÓCLISE;
Depois do verbo – ÊNCLISE

REGRA PRINCIPAL

Proibições
1. Começar frases, oração ou período com pronome oblíquo átono;
2. Utilizar pronome oblíquo átono depois de pausa;
3. Utilizar pronome oblíquo átono depois de verbos no futuro;
4. Utilizar pronome oblíquo átono depois de verbos no particípio.

PRÓCLISE
Esse tipo de colocação pronominal é utilizada quando há palavras que atraiam
o pronome para antes do verbo. Tais palavras são:

1) Advérbio e locuções adverbiais.


Exemplo: aqui no objetivo, se estuda muito.

2) Palavras ou expressões negativas.


Exemplo: Não me arrependo de nada.

3) Pronomes Indefinidos
Exemplo: Ninguém me deu apoio.

4) Pronomes Demonstrativos

91
Exemplo: Isso me deixou irritado.

5) Conjunções subordinativas
Exemplo: Embora me interesse pelo carro, não posso comprá-lo.

6) Frases interrogativas
Exemplo: Quem lhe deu a bola?

7) Frases exclamativas
Exemplo: Isso me deixou feliz!

8) Frases optativas
Exemplo: Deus o ilumine

ATENÇÃO!!!
Existem casos que se pode utilizar tanto a próclise como a ênclise: - Pronomes
pessoais do caso reto. Se houver palavra atrativa, usa-se a próclise.
Exemplo: Ele lhe entregou a carta.
Ele entregou-lhe a carta.

Com infinitivo não flexionado precedido de palavra negativa ou preposição.


Exemplo: Vim para te ajudar.
Vim para ajudar-te.

MESÓCLISE
Essa colocação pronominal é usada apenas com verbos no futuro do presente
ou futuro do pretérito, desde que não haja uma palavra que exija a próclise.
Exemplo: Contar-te-ei um grande segredo. (futuro do presente)

Observação: nunca ocorrerá a ênclise quando a oração estiver no futuro do


presente ou no futuro do pretérito.

92
ÊNCLISE
Sempre ocorre ênclise nos casos abaixo:

1) A oração é iniciada por verbo, desde que não esteja no futuro.


Exemplo: Informei-o sobre o resultado do concurso.

2) Com o verbo no imperativo afirmativo.


Exemplo: Levanta-te.

3) Orações reduzidas de infinitivo.


Exemplo: Espero contar-lhe tudo.

MUDANÇAS SOFRIDAS PELOS PRONOMES O, A, OS, AS QUANDO


COLOCADOS EM ÊNCLISE

Dependendo da terminação verbal os pronomes O, A, OS, AS, podem sofrer


alterações em sua forma. Veja: Quando o verbo terminar em vogal, os pronomes
não sofrem alterações.
Exemplo: Cantando-o.

Se o verbo terminar em R, S, ou Z, perde essas consoantes e os pronomes


assumem a forma LO, LA, LOS, LAS.
Exemplo: Fazer; fazê-lo

Se o verbo terminar em som nasal (am, em, -ão), os pronomes assumem a forma
NO, NA, NOS, NAS.
Exemplo: Estudam-na.

93
EXERCÍCIOS

1. A educação para a cidadania é um objetivo essencial, mas comprometem essa


educação para a cidadania os que pretendem praticar a educação para a
cidadania sem dotar a educação para a cidadania da visibilidade das atitudes
públicas.
Evitam-se as repetições viciosas da frase acima substituindo-se os segmentos
sublinhados, respectivamente, por:
a) comprometem-lhe − praticá-la − dotar-lhe
b) comprometem ela − praticar-lhe − dotá-la
c) comprometem-na − praticá-la − dotá-la
d) comprometem a mesma − a praticar − lhe dotar
e) comprometem a ela − lhe praticar − a dotar

2. Ao tratar uma letra de música como sendo um poema, o agente está a elogiar
a música, como se o fato de uma letra de música ser um poema tornasse a letra
mais relevante para o mundo. Do mesmo modo, chamar um compositor de poeta
é exaltar o compositor. Pergunto: ser poeta aos olhos do mundo é mais
importante do que ser compositor?
(Adaptado de: MENEZES, Raquel. Disponível em:
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/literatura)

Fazendo-se as devidas alterações, os elementos sublinhados acima foram


corretamente substituídos por um pronome em:
a) elogiar-lhe – a tornasse – exaltá-lo
b) elogiá-la – a tornasse – exaltá-lo
c) elogiá-la – lhe tornasse – lhe exaltar
d) lhe elogiar – tornasse-lhe – lhe exaltar
e) elogiá-la – tornasse-lhe – o exaltar

94
3. É inegável que o século XX deixou-nos um legado de impasses, a gravidade
desses impasses se faz sentir até hoje, uma vez que não solucionamos esses
impasses nem mesmo amenizamos as consequências desses impasses.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos
sublinhados, na ordem dada, por:
a) em cuja gravidade − lhes solucionamos − suas consequências;
b) cuja gravidade − os solucionamos − suas consequências;
c) da qual gravidade − solucionamo-los − as consequências dos mesmos;
d) onde a gravidade − lhes solucionamos − as próprias consequências;
e) gravidade de cujos − os solucionamos − as consequências em si mesmas.

4. Certos cientistas......que os mosquitos, em países tropicais e sub


desenvolvidos,......graves causadores de doenças a partir da década de 2000,
em virtude de......sérios problemas de saneamento básico.

Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada, as formas


verbais em:
a) declaram – se tornaram − haverem
b) declaram – tornaram-se – existir
c) declaram − tornaram-se − haver
d) declara – tornara-se – existirem
e) declara – se tornara – haver

GABARITO
1 2 3 4
C B B C

95
EXERCÍCIOS

1. Amanhã serão definidos os nomes do presidente da República e dos


governadores de alguns estados...

A substituição da expressão “serão definidos” por definir-se-ão garante a


correção gramatical do período.
Certo ( ) Errado ( )

2. O Ministério Público Federal impetrou mandado de segurança contra a


decisão do juízo singular que, em sessão plenária do tribunal do júri, indeferiu
pedido do impetrante para que às testemunhas indígenas fosse feita a pergunta
sobre em qual idioma elas se expressariam melhor, restando incólume a decisão
do mesmo juízo de perguntar a cada testemunha se ela se expressaria em
português e, caso positiva a resposta, colher-se-ia o depoimento nesse idioma,
sem prejuízo do auxílio do intérprete.

A posposição do pronome “se” ao verbo em “colher-se-ia” (linha 9) — colheria-


se — comprometeria a correção gramatical do trecho.
Certo ( ) Errado ( )

3. Na variedade culta da língua portuguesa falada ou escrita no Brasil, além da


ocorrência de expressões como “podem assinalar-se” (linha 1), em que o
pronome aparece em ênclise à forma verbal infinitiva, verifica-se a ocorrência de
próclise a essa forma verbal — podem se assinalar —, ambas consideradas
corretas pela gramática.
Certo ( ) Errado ( )

4. Poucas vezes a gente pensa nisso, do mesmo jeito que devem ser poucas as
pessoas que acordam se sentindo primatas, mamíferos ou terráqueos, outros
rótulos que nos cabem por força da natureza das coisas.

A correção gramatical do texto seria mantida caso o pronome “se”, em “se


sentindo”, fosse deslocado para imediatamente após a forma verbal “sentindo”,
da seguinte maneira: sentindo-se.
Certo ( ) Errado ( )

96
5. O trecho “Quanto mais escapa o tempo dos falsos educandários, mais a dor
é o documento que os agride e os separa” (v.18-21) poderia, sem prejuízo para
a correção gramatical, ser reescrito da seguinte forma: À medida que escapa o
tempo dos falsos educandários, a dor vai se tornando o documento que os agride
e os separa.
Certo ( ) Errado ( )

GABARITO
1 2 3 4 5
ERRADO CERTO ERRADO ANULADA ERRADO

VOZES VERBAIS E FUNÇÕES DO “SE”

É a forma que o verbo assume para indicar sua relação com o sujeito. Há três
tipos principais:

a) Voz Ativa: indica que o sujeito pratica a ação verbal (sujeito agente).
Exemplo: Eu fiz os exercícios.

b) Voz passiva: indica que o sujeito sofre a ação verbal (sujeito paciente).
Exemplo: o menino quebrou a janela.

A voz passiva pode apresentar-se das seguintes maneiras: Analítica (ser +


particípio do verbo principal):
Exemplo: Os exercícios foram feitos.
Sintética ou Pronominal (3ª pessoa – verbo principal + "se"):
Exemplo: Fizeram-se os exercícios.

97
O “se”, neste caso, é chamado de pronome apassivador.

Pelos exemplos acima, pode-se perceber que o verbo principal, apresenta-se


conjugado na terceira pessoa do singular ou plural, de acordo com o sujeito
paciente. Observemos que, tanto na forma analítica quanto na sintética, apenas
os verbos transitivos diretos e transitivos diretos e indiretos vão para a voz
passiva.

Em orações com verbos intransitivos ou transitivos indiretos ou de ligação, a voz


passiva não ocorre.
Exemplo: Precisa-se de trabalhadores.

Neste caso, “se” não é pronome apassivador, e sim, índice de indeterminação


do sujeito.

Conversão voz ativa - voz passiva Voz ativa


Ativa: O pescador consertou o barco.
Passiva: O barco foi consertado pelo pescador

Aqui, percebe-se que quem executou a ação na voz ativa tornou-se o agente da
voz passiva e o tempo verbal permaneceu o mesmo.

Voz reflexiva: indica que o sujeito pratica e sofre a ação verbal (sujeito agente
e paciente). Exemplo: Ele se escondeu da polícia.

No plural, a voz reflexiva pode dar ideia de reciprocidade.


Exemplo: Os namorados se abraçaram (um ao outro).

98
EXERCÍCIOS

1. Ainda sobre o trecho “Discorda-se da extensão, profundidade e rapidez do


fenômeno, não de sua existência.” (linha 1), pode-se afirmar que a partícula “se”
trata-se de:
a) elemento de indeterminação de sujeito paciente.
b) elemento de indeterminação de sujeito agente.
c) partícula de reflexividade.
d) partícula fossilizada.
e) figuração como elemento de realce.

2. Não que seja um índice para se aplaudir em cena aberta: foram 705
homicídios, uma média de um assassinato a cada duas horas. (linhas 2 e 3)

A maior quantidade de homicídios acontece de noite, seguida pela madrugada;


à tarde é quando menos se mata. (linhas 14 e 15)

Quando se sabe que os principais autores de homicídios, analisados em grupo,


são o tráfico e a milícia, esse perfil não chega a surpreender. (linhas 21 e 22)

Nos trechos acima, foram destacadas três ocorrências do SE, que se classificam
correta e respectivamente como:
a) partícula apassivadora, indeterminador do sujeito e partícula apassivadora.
b) indeterminador do sujeito, indeterminador do sujeito e indeterminador do
sujeito.
c) partícula apassivadora, partícula apassivadora e partícula apassivadora.
d) indeterminador do sujeito, partícula apassivadora e indeterminador do sujeito.
e) pronome oblíquo, pronome reflexivo e conjunção subordinativa.

3. Tendo em vista as várias classificações do vocábulo destacado no excerto “O


conceito, que passou anos em desenvolvimento, se baseia em uma proposta do
fundador da Tesla, Elon Musk.” (4ºparágrafo), assinale o item que apresenta sua
correta classificação:

99
a) partícula apassivadora;
b) índice de indeterminação do sujeito;
c) parte integrante do verbo;
d) partícula expletiva;

GABARITO
1 2 3
B A A

VOZES VERBAIS E FUNÇÕES DO “SE”

1) CONJUNÇÃO CONDICIONAL
Exemplo: se você soubesse o quanto o tempo é cruel, não perderia tempo com
discussões.

2) CONJUNÇÃO INTEGRANTE DE UMA ORAÇÃO


Atenção: a conjunção integrante não é uma função sintática, uma vez que:
conjunções, preposições e interjeições não possuem função sintática.
Exemplo: ele não sabia se o chefe o chamaria para trabalhar no sábado.

3) PARTÍCULA APASSIVADORA:
VTD, VTDI (Concordância entre sujeito e verbo)
Exemplo: vendem-se casas.

4) ÍNDICE DE INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO:


VTI, VI, VL (Verbo no singular)
Exemplo: necessita-se de ajuda.

5) REFLEXIVO: “A SI MESMO”

100
Exemplo: a menina se penteou em frente ao espelho.

6) RECÍPROCO: “UNS AOS OUTROS”


Exemplo: os namorados se beijaram.

7) EXPLETIVO ou PARTICULA DE REALCE:


VI, MOVIVENTO OU ATITUDES EM RELAÇÃO AO PRÓPRIO CORPO
Exemplo: ela se sentou na praça.

8) PARTE INTEGRANTE DO VERBO:


SENTIMENTOS. ESTADOS E FENÔMENOS MENTAIS
Exemplo: o cantor suicidou-se na manhã desta terça.

EXERCÍCIOS

1. Qual a função sintática da palavra destacada na oração abaixo?

Um lobo que nunca se via

Texto: E de todos os medos que tinha


O medo mais que medonho era o medo do tal do LOBO.
Um LOBO que nunca se via,
que morava lá pra longe,
do outro lado da montanha,
num buraco da Alemanha,

101
Alternativas:
a) Partícula apassivadora
b) Índice de indeterminação do sujeito
c) Objeto direto
d) Conjunção condicional
e) Conjunção integrante

2. Caso se faça, em ordem direta, a reescrita em prosa da passagem “Se


desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, — não sei, não sei.”
(linhas 9-11), poder-se-ia verificar que o conectivo "se" teria a classificação de
conjunção subordinativa:
a) temporal.
b) integrante.
c) causal.
d) alternativa.
e) aditiva.

3. “O ‘se’ dos trechos ‘... a falta dessa infraestrutura se tornou...’ (1º§) e ‘Se
olharmos a perda de água potável...’ (3º§), indica_____________________.”
Assinale a alternativa que completa correta e sequencialmente a afirmativa
anterior.
a) concessão nos dois empregos
b) condição na primeira ocorrência
c) condição apenas no segundo emprego
d) a mesma classificação nos dois empregos

GABARITO
1 2 3
A B C

102
CRASE

Crase é a fusão de duas vogais idênticas. Representa-se graficamente a crase


pelo acento grave.
Exemplo: Fomos à piscina à = a(preposição) + a(artigo)

Ocorrerá a crase sempre que houver um termo que exija a preposição a e outro
termo que aceite o artigo a. Para termos certeza de que o "a" aparece repetido,
basta utilizarmos alguns artifícios:

I. Substituir a palavra feminina por uma masculina correspondente. Se aparecer


ao ou aos diante de palavras masculinas, é porque ocorre a crase.
Exemplo: Temos amor à arte. (Temos amor ao estudo) Respondi às perguntas.
(Respondi aos questionário)

II. Substituir o "a" por para ou para a. Se aparecer para a, ocorre a crase:
Exemplo: Contarei uma estória a você. (Contarei uma estória para você.) Fui à
Holanda (Fui para a Holanda)

III. Substituir o verbo "ir" pelo verbo pelo verbo "voltar". Se aparecer a expressão
voltar da, é porque ocorre a crase.
Exemplo: Fui à França (voltei da França)

Não existe crase


a) Antes de verbo
Exemplo: estamos a contemplar a lua.

b) Antes de palavras masculinas


Exemplo: Gosto muito de andar a pé.

c) Antes de pronomes de tratamento, exceção feita a senhora, senhorita e dona:


Exemplo: Dirigiu-se à Sra. com aspereza.

103
d) Antes de pronomes em geral:
Exemplo: Não vou a qualquer parte.

e) Em expressões formadas por palavras repetidas:


Exemplo: Estamos frente a frente.

f) Quando o "a" vem antes de uma palavra no plural:


Exemplo: Não falo a pessoas estranhas.

Crase facultativa
1. Antes de nome próprio feminino: Refiro-me à(a) aluna.
2. Antes de pronome possessivo feminino: Dirija-se à (a) sua fazenda.
3. Depois da preposição até: Dirija-se até à (a) porta.

Casos particulares
1. Casa Quando a palavra casa é empregada no sentido de lar e não vem
determinada por nenhum adjunto adnominal, não ocorre a crase.
Exemplo: Regressaram a casa para almoçar
Regressaram à casa de seus pais

2. Terra Quando a palavra terra for utilizada para designar chão firme, não
ocorre crase.
Exemplo: Regressaram a terra depois de muitos dias.
Regressaram à terra natal.

3. Pronomes demonstrativos: aquele, aquela, aqueles, aqueles, aquilo. Se o


tempo que antecede um desses pronomes demonstrativos reger a preposição
a, vai ocorrer a crase.

104
Ocorre também a crase
a) Na indicação do número de horas:
Exemplo: Chegamos às nove horas.

b) Na expressão à moda de, mesmo que a palavra moda venha oculta:


Exemplo: jogou à Pelé

c) Nas expressões adverbiais femininas, exceto às de instrumento:


Exemplo: Chegou à tarde (tempo). Falou à vontade (modo).

d) Nas locuções conjuntivas e prepositivas; à medida que, à força de...

EXERCÍCIOS

1. Na Europa, supostamente mais organizada, falhou a regulamentação


financeira, o que convergiu com a crise de 2008 nos EUA para dar origem à
presente situação. (L.45‐48)

No período acima, empregou‐se corretamente o acento grave indicativo de


crase. Assinale a alternativa em que isso NÃO tenha ocorrido.
a) Eles foram à Brasília de Niemeyer.
b) O curso vai de segunda à sexta.
c) Nosso horário é das 8h às 17h.
d) Comunicaram o nascimento do filho à família.
e) Eles sempre obedecem às regras do campeonato.

2. “Todos aqueles que devem deliberar sobre questões dúbias devem também
manter-se imunes ao ódio e à simpatia, à ira e ao sentimentalismo”.
Nesse pensamento de um historiador latino, ocorreu duas vezes a utilização
correta do acento grave indicativo de que houve crase; a frase abaixo em que
esse mesmo acento está equivocado é:

105
a) Quem perdoa uma culpa encoraja à cometer muitas outras;
b) A aspiração à glória é a última da qual se conseguem libertar os homens mais
sábios;
c) Quem aspira à sumidade, raras vezes consegue passar do meio;
d) Veja o que ocorreu com muitos intelectuais, condenados à fama imortal;
e) Todos somos levados à obediência eterna a Deus.

3. Assinale a frase em que o emprego do acento grave indicativo da crase é


optativo.
a) Trabalhar às claras.
b) Comi frango à passarinho.
c) Dei um prêmio à Margarida.
d) Cansava-se à proporção que caminhava.
e) Respondi às perguntas do juiz.

4. Texto 3 – “A Lua Cheia entra em sua fase Crescente no signo de Gêmeos e


vai movimentar tudo o que diz respeito à sua vida profissional e projetos de
carreira. Os próximos dias serão ótimos para dar andamento a projetos que
começaram há alguns dias ou semanas. Os resultados chegarão rapidamente”.

O texto 3 mostra exemplos de emprego correto do “a” com acento grave


indicativo da crase – “diz respeito à sua vida profissional”. A frase abaixo em que
o emprego do acento grave da crase é corretamente empregado é:

a) o texto do horóscopo veio escrito à lápis;


b) começaram à chorar assim que leram as previsões;
c) o horóscopo dizia à cada leitora o que devia fazer
d) o leitor estava à procura de seu destino;
e) o astrólogo previa o futuro passo à passo.

106
GABARITO
1 2 3 4
B A C D

EXERCÍCIOS

1. Assinale a alternativa correta quanto ao uso do acento indicador de crase:


a) Referia-se com frequência à todas as pessoas envolvidas na discussão.
b) Ia à peças de teatro com os colegas de curso.
c) Preferia, como era sabido, os filmes de terror às cenas românticas.
d) Mudou de opinião à partir do momento em que os dados foram revelados.

2. Que tal aproveitar o calendário das festas de outubro na região do Vale do


Itajaí para também conhecer ou visitar novamente o Festival do Camarão, em
Porto Belo?

___ 6ª edição do evento, que ocorre de 10 ___ 13 de outubro, contará com três
shows nacionais gratuitos: do cantor de pagode Xande de Pilares e das duplas
sertanejas César Menotti e Fabiano e João Bosco e Vinícius, além, é claro, de
atrações regionais e locais que prometem agitar ___ Praça da Bandeira. [...]
Como o próprio nome já diz, o evento trará para o público diversos pratos ___
base de camarão. Uma das opções mais procuradas pelos visitantes é o famoso
Pastel de Camarão produzido pelas esposas dos pescadores da Associação de
Pescadores de Porto Belo.

Assinale a alternativa que completa correta e respectivamente as lacunas do


texto:
a) À – à – a – a
b) A – a – à – a
c) A – a – a – à
d) À – à – à – à

107
e) A – a – a – a

3. Assinale a alternativa CORRETA com relação ao emprego da crase:


a) Meus parentes costumam ir à Recife uma vez por ano.
b) Maria Helena de Moura Neves foi a primeira mulher à escrever uma gramática
no Brasil.
c) Fiz várias observações a ela em seu primeiro dia de trabalho.
d) Ele obedeceu aquele regulamento da associação do bairro.

4. Em " _Claro, vocês podem fazer a prova hoje à tarde, após o almoço.", o
fenômeno linguístico da crase teve de ocorrer porque:
a) O substantivo "prova" pede a preposição A e também aceita o artigo feminino
A.
b) O advérbio "hoje" pede a preposição A e o substantivo "tarde" aceita o artigo
feminino.
c) Trata-se de uma locução adverbial feminina que sempre é apresentada com
a contração À.
d) O substantivo "prova" por estar determinado pede a preposição A e o
substantivo "tarde" aceita o artigo feminino A.

5. Assinale a alternativa correta com base no acento grave indicador de crase no


título da reportagem:
a) Há contração entre preposição exigida por regência nominal de “melhor” e
artigo definido feminino.
b) É obrigatório o uso da crase em locuções adverbiais formadas por palavras
femininas como, por exemplo, “à vacina”.
c) É obrigatório o uso da crase em locuções conjuntivas formadas por palavras
femininas como, por exemplo, “à vacina”.
d) É obrigatório o uso da crase em locuções prepositivas formadas por palavras
femininas como, por exemplo, “à vacina”.

108
e) Há contração entre preposição exigida por regência verbal de “respondem” e
artigo definido feminino.

GABARITO
1 2 3 4 5
C C C C E

EXERCÍCIOS

1. Com base no emprego do acento grave indicador de crase, assinale a


alternativa INCORRETA:
a) Convidei-o a vir à minha casa.
b) Vou caminhar até à praia.
c) Depois de dois meses de mar aberto, regressamos finalmente à terra.
d) Estamos todos à mercê da violência urbana.

2. A crase foi empregada na linha 7 do Texto pela seguinte regra:

Texto: situação relacionada à pandemia de Covid-19.

a) Há contração entre preposição exigida por regência nominal e artigo definido.


b) Há contração entre preposição exigida por regência verbal e artigo definido.
c) É obrigatório o uso de crase em locuções conjuntivas formadas por palavras
femininas.
d) É obrigatório o uso de crase em locuções prepositivas formadas por palavras
femininas.

3. Indique a oração em que há a necessidade do uso da crase.


a) Vocês quantos anos dariam a essas senhoras?

109
b) Ela pode ser constatada a partir de uma alteração no padrão racial ou no
aumento significativo de peso em relação aquele ideal do cachorro.
c) Em 1984, fomos a Roma na primeira reunião da confederação internacional
dos sacerdotes casados.
d) Gota a gota, economia de água nas lavouras pode chegar a até 70%.

4. Em “O individualismo está ligado também à falta da verdade” (l. 09),


quanto ao emprego do sinal indicativo de crase, é exato afirmar que:
a) o advérbio “também” apresenta sentido incompleto, por isso carece do
complemento nominal.
b) o emprego desse sinal está incorreto, pois não há regra que o justifique na
gramática normativa.
c) o grupo “à falta da verdade” representa um complemento verbal regido da
preposição essencial “a”.
d) o termo “ligado” rege a preposição “a”, e o substantivo que o completa é
precedido do artigo definido.

5. “Pense na fumaça que sai de um vulcão. Agora, imagine compará-la à fumaça


que sai do escapamento de um carro.”
O acento indicativo de crase desse trecho é
a) facultativo, porque o objeto de comparação foi substituído por um pronome
oblíquo átono.
b) obrigatório, porque o verbo é transitivo indireto.
c) facultativo, porque o substantivo regido é feminino.
d) obrigatório, porque o verbo é bitransitivo.

GABARITO
1 2 3 4 5
C A B D D

110
ASPECTOS GERAIS DO VERBO

Podemos analisar o verbo sobre três aspectos importantes, são eles:

Morfológico: palavra passível de conjugação (flexão), a fim de fazer as


seguintes indicações em uma sentença: modo, tempo, número e pessoa.
Sintático: condição de existência de uma oração. É o verbo quem faz a
distribuição de sujeito e complementos.
Semântico: palavra que indica ação, processo, estado, fenômeno da natureza.

Esses aspectos são importantes para que possamos entender qual a


funcionalidade verbal. Hoje, daremos especial atenção ao aspecto morfológico,
uma vez que este é muito lembrado pelas bancas examinadoras.

FLEXÔES DO VERBO

111
EXERCÍCIOS

1. Releia o fragmento “há escolas particulares que negam a matrícula de


crianças surdas ou cobram taxas extras da família para que seja contratado um
professor bilíngue ou intérprete”. A forma verbal destacada nesse trecho
encontra-se no:
a) Futuro do pretérito do indicativo, exprimindo um processo hipotético de
realização possível.
b) Futuro do subjuntivo, indicando um processo futuro possível em relação a
outro fato futuro.
c) Pretérito imperfeito do indicativo, transmitindo uma ideia de continuidade, de
não conclusão.
d) Presente do indicativo, exprimindo um processo verbal que se desenvolve
habitualmente.

2. O verbo destacado no trecho “Houve um tempo em que a minha janela dava


para um canal.” está conjugado no pretérito imperfeito, no modo indicativo.
Assinale a alternativa em que o verbo destacado está conjugado nesse mesmo
tempo verbal, no modo indicativo.
a) “Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor”.
b) “...diante de quem brilhariam, na sua breve existência?”
c) “Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino”.
d) “Era uma época de estiagem, de terra esfarelada”.

3. O verbo grifado em “O recolhimento em si potencializa o conhecimento da


auto essência e potencializa a solução de problemas.” está conjugado em qual
tempo e modo verbais?

112
a) Presente do modo subjuntivo.
b) Pretérito imperfeito do modo subjuntivo.
c) Presente do modo indicativo.
d) Pretérito perfeito do modo indicativo.

GABARITO
1 2 3
D D C

OUTROS CONCEITOS IMPORTANTES

113
EXERCÍCIOS

1. Neste trecho “Eles tem uma crise de identidade (...)” (4º§), é correto afirmar
que a forma verbal tem:
a) Aparece grafada no plural para indeterminar o sujeito a que se refere.
b) Aparece grafada na terceira pessoa do plural do verbo “ter” do presente do
indicativo.
c) Deveria ser grafada com acento (têm) para marcar a terceira pessoa do plural
do presente do indicativo.
d) Concorda com o sujeito a que se refere, porque foi grafada na terceira pessoa
do singular do verbo “ter” do
presente do indicativo.

2. Em “Vejo então o mundo com bom humor.” (3º§), a ação verbal exprime um
fato:
a) Habitual.
b) Duvidoso.
c) Ocorrido no passado.
d) Esperado e que não aconteceu.

3. Na frase “não é fácil compor aquelas músicas”, a forma verbal destacada


pertence a que conjugação:

114
a) 1° conjugação;
b) 2° conjugação;
c) 3° conjugação;
d) 4° conjugação;

4. No texto 2, a forma verbal “aprendendo” apresenta-se no:


a) Gerúndio;
b) Particípio;
c) infinitivo pessoal;
d) infinitivo impessoal.

GABARITO
1 2 3 4
C A B A

CONJUGAÇÃO VERBAL

1. Tempos primitivos (pretos)


2. Tempos derivados (azuis)

Presente do Indicativo
• Presente do subjuntivo
• Imperativo afirmativo
• Imperativo negativo

Pretérito perfeito do indicativo


• Pretérito mais que perfeito
• Pretérito imperfeito do subjuntivo
• Futuro do subjuntivo

115
Infinitivo impessoal
• Infinitivo pessoal
• Futuro do presente
• Futuro do pretérito
• Pretérito imperfeito do indicativo

Fonte: www.conjugação.com.br esse link irá direcioná-lo a um site específico de


conjugação. Faça testes e conjugue o máximo de verbos que puder. O processo
de conjugação não é simples, exige esforço; mas com persistência você
conseguirá alcançar o seu objetivo.

EXERCÍCIOS

1. No TEXTO, no trecho “DEIXAI TODA ESPERANÇA, [...]!”, a forma verbal


“deixai” está conjugada na
a) segunda pessoa do plural do imperfeito do subjuntivo.
b) terceira pessoa do plural do imperfeito do subjuntivo.
c) segunda pessoa do plural do pretérito perfeito do subjuntivo.
d) segunda pessoa do plural do imperativo.
e) terceira pessoa do singular do imperativo.

2. No TEXTO II, o trecho “Só saímos de lá meia hora”, a forma verbal “saímos”
está conjugada na primeira pessoa do:
a) plural do pretérito perfeito do indicativo.
b) singular do pretérito imperfeito do indicativo.
c) plural do pretérito mais que perfeito do indicativo.
d) singular do pretérito imperfeito do subjuntivo.
e) plural do pretérito perfeito do subjuntivo.

3. O verbo destacado em “Antes dele, Thomas Hobbes já desenvolvera teoria


semelhante”, foi conjugado:
a) Na 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo.
b) Na 2ª pessoa do singular do pretérito imperfeito do indicativo.

116
c) Na 3ª pessoa do singular do pretérito imperfeito do subjuntivo.
d) Na 3ª pessoa do singular do pretérito mais-que-perfeito do indicativo.

GABARITO
1 2 3
D A D

EXERCÍCIOS

1. No terceiro parágrafo, o emprego do modo verbal em “dependesse” expressa


a seguinte ideia:
a) evento com prolongamento constante.
b) ação com duração no passado.
c) hipótese pouco provável.
d) probabilidade com ocorrência certa.

2. No período “Visitando as páginas de amigos e conhecidos, ela descobre que


todos estão muito bem...”, o uso da forma em destaque indica:
a) o processo de ação em curso.
b) um estado expresso pelo sujeito da ação.
c) o resultado do processo verbal.
d) uma ação incerta ou irreal.

3. A forma verbal em destaque no trecho “Há quanto tempo estava ele ali?”
exprime uma ação
a) passada habitual.
b) incerta sobre fatos atuais.
c) que se produziu no passado.

117
d) que ocorreu antes de outra ação passada.

GABARITO
1 2 3
C A A

EXERCÍCIOS

1. Quanto à classificação verbal, está INCORRETA a alternativa:


a) “... elas se movimentam no escuro...” (presente do modo indicativo).
b) “... as mãos soubessem antes...” (pretérito imperfeito do modo subjuntivo).
c) “... uma carta que chegou antes,...” (pretérito perfeito do modo indicativo).
d) “... como se lhe faltasse energia...” (pretérito imperfeito do modo imperativo).

2. Analise: “O vídeo teve mais de 800 milhões de visualizações.” E assinale a


alternativa incorreta.
a) O verbo vem do verbo “ter”.
b) O verbo está no singular.
c) O verbo pode ser substituído por “conquistou”.
d) O verbo está no Pretérito Imperfeito.

3. Todas as frases abaixo sofreram a mesma alteração; a opção em que a


mudança da frase traz um erro de conjugação verbal é:
a) Queremos as informações corretas / Se vocês quiserem, eu também quererei;
b) Trago o automóvel hoje / Se você trouxer, eu também trarei;
c) Vejo a corrida daqui / Se você vir, eu também verei;
d) Faço minhas obrigações sempre / Se você fizer, eu também fazerei;
e) Não sei onde ele mora / Se você não souber, eu também não saberei.

118
4. "A experiência mundial mostra que as campanhas para alertar e convencer a
população, de forma periódica, da necessidade de obedecer, regras básicas de
trânsito, não são suficientes para frear veículos...”

Assinale a alternativa que apresenta a conjugação do verbo "frear” de forma


incorreta.
a) Para que freiem veículos.
b) Para que freemos veículos.
c) Para freiarmos veículos.
d) Para veículos serem freados.
e) Para frearem veículos.

GABARITO
1 2 3 4
D D D C

TEMPOS COMPOSTOS E PARTICÍPIOS IRREGULARES

119
Formação de tempos compostos

INDICATIVO
1. Pretérito perfeito: presente+particípio
2. Pretérito mais-que-perfeito: pretérito imperfeito + particípio
3. Futuro do presente: futuro do presente + particípio
4. Futuro do pretérito: futuro do pretérito + particípio

SUBJUNTIVO
1. Pretérito perfeito: presente + particípio
2. Pretérito mais-que-perfeito: pretérito imperfeito + particípio
3. Futuro composto: futuro + particípio

Formação: TER OU HAVER + PARTICÍPIO.

1. Particípio regular = tempos compostos


2. Particípio irregular = voz passiva
Verbos como: Dizer/ escrever/ Vir/ fazer/ abrir/ cobrir = só possuem particípio
irregular.

Exemplos: Ele tinha anexado/ anexo o trabalho?

Exemplo: O documento foi anexado/ anexo por ele?

120
EXERCÍCIOS

1. Considerando o trecho “Por fim, o melhor é ter uma cadeira com a braçadeira
na altura da mesa, uma tela de computador um pouco mais alta do que um laptop
na mesa e manter os cotovelos apoiados na superfície, não o antebraço”, analise
as assertivas a seguir e assinale V, se verdadeiras, ou F, se falsas.
( ) Há dois verbos no infinitivo e um no particípio.
( ) A preposição “na” surge a partir da união da preposição “em” + artigo “a”.
( ) Cadeira, mesa e computador são substantivos concretos.

A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:


a) V – V – F.
b) V – V – V.
c) F – V – V.
d) V – F – F.
e) F – F – V.

2. Assinale a alternativa em que TODAS as formas verbais apresentadas se


encontram no infinitivo:
a) Participou – apresentou – foram.
b) Perder – retardar – reduzir.
c) Estavam – submeteram – mostro
d) Discutiram – são – diz.

3. Analise: “Após sair da escola, Bezos segue o caminho de seu pai e resolve se
matricular para cursar Engenharia.”
E assinale a alternativa correta.
a) Há um verbo no infinitivo.
b) Há um verbo no particípio.
c) Há dois verbos no infinitivo.
d) Há três verbos no infinitivo.

121
4. No texto, a sentença “Ele havia aceito o emprego” o uso do particípio irregular
na sentença fere o que prescreve a norma culta padrão da língua portuguesa.
Certo ( ) Errado ( )

GABARITO
1. C
2. B
3. D
4. Certo

CORRELAÇÃO VERBAL E PARALELISMO SINTÁTICO

Paralelismo sintático: é um encadeamento de funções sintáticas idênticas ou


encadeamento de orações de valores sintáticos iguais.
Orações que se apresentam com a mesma estrutura sintática externa, ao
ligarem-se umas às outras em processo no qual não se permite estabelecer
maior relevância de uma sobre a outra, criam um processo de ligação por
coordenação. Diz-se que estão formando um paralelismo sintático.

EXERCÍCIOS

1. Quaisquer elementos da frase, quando coordenados entre si, devem


apresentar estrutura gramatical similar - a isso se chama paralelismo sintático.
Esse princípio está respeitado na seguinte alternativa:
a) Os empregados daquela firma planejam nova manifestação pública e interditar
o acesso pelo viaduto principal da cidade.
b) Mande-me tudo que conseguir sobre as manobras de minha tia e se meu tio
encontrou os documentos que procurava.
c) Durante a reunião, os debates não só foram proveitosos como também
apontaram para soluções interessantes.

122
d) O tumulto começava na esquina de minha rua e que era perto dos gabinetes
do ministro e do secretário.
e) Tenho o hábito de sempre carregar meus óculos escuros, por precaução e
porque nunca se sabe se vai abrir o sol.

2. Há paralelismo sintático se entre expressões, orações ou partes de um texto


houver uma relação de igualdade. Indique a alternativa em que há quebra do
paralelismo:
a) Preservar a fauna e a flora e conscientização da população são necessários
para que nosso ecossistema se mantenha.
b) Ele conseguiu transformar-se em pai e marido durante o casamento.
c) O projeto não só será aprovado, mas também posto em prática
imediatamente.
d) O governo ou se torna racional ou se destrói de vez.
e) Estamos questionando tanto seu modo de ver os problemas quanto a sua
forma de solucioná-los.

3. É exemplo de paralelismo sintático o estilo de construção do trecho "você e


eu, de um e outro lado das palavras. Eu dou as vozes, você dá a escritura" (L.11).

4. Assinale a opção que apresenta o pensamento que se estrutura com


paralelismo sintático.
a) “Não preste qualquer atenção aos críticos, nem mesmo os ignore.”
b) “Um clássico é algo que todos queriam ter lido, mas ninguém quer ler.”
c) “Eu, quando tenho uma mensagem para dar, não escrevo um livro, vou ao
correio.”
d) “A vida é muito curta e não há tempo para chateações e brigas, meu amigo.”
e) “Na juventude, aprendemos; na maturidade, compreendemos.”

5. “Se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu
a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente.” Henfil,
cartunista. Sobre a estruturação desse pensamento, assinale a afirmativa
correta.
a) Os termos frutos, flores, folhas, semente indicam uma progressão de lugar e
tempo.

123
b) As três frases que compõem o pensamento apresentam paralelismo sintático,
ou seja, mostram estruturação sintática idêntica.
c) Cada uma das frases que compõem o pensamento de Henfil apresenta uma
retificação da frase anterior.
d) As formas verbais das frases componentes desse pensamento indicam uma
ação futura.
e) Os termos beleza, sombra e intenção indicam aspectos negativos da ação da
natureza.

GABARITO
1. C
2. A
3. Certo
4. E
5. B

TÓPICOS ESPECIAIS DE MORFOLOGIA I

EMPREGO DOS PORQUÊS

POR QUE
O “por que” separado é empregado em duas situações:
1) Quando puder ser substituído por “pelo qual” ou variações.
Exemplo: Os lugares por que passei eram belos.

2) Quando puder ser substituído pelas expressões “por qual razão” ou “por qual
motivo”.
Exemplo: Por que você não veio ao nosso encontro?

124
PORQUE
O “porque” junto é empregado quando funciona como conjunção, sobretudo
explicativa ou causal. Substituível por “pois”.
Exemplo: Ela foi embora, porque eu não a amava mais.

PORQUÊ
O “porquê” é empregado quando equivale a “motivo, razão”. Neste caso, teremos
uma palavra substantivada.
Geralmente, virá acompanhado de um determinante.
Exemplo: o porquê de sua ignorância eu não sei.

SENÃO – SE NÃO
SENÃO: em uma só palavra significa “do contrário”, “de outro modo”, “a não ser”,
“mas sim”.
Exemplo: Estude, senão você será reprovado. (do contrário).

SE NÃO: Se (conjunção), Não (advérbio). Usa-se em construções em que esta


expressão denote alternativa, condição, incerteza.
Exemplo: Se não receber dinheiro, não irei à praia.

EM PRINCÍPIO – A PRINCÍPIO
EM PRINCÍPIO: significa em tese, de um modo geral.
Exemplo: Em princípio todos somos iguais.

A PRINCÍPIO: significa no começo, inicialmente


Exemplo: A princípio a palestra começou bem

ACERCA DE – CERCA DE – HÁ CERCA DE

ACERCA DE: sobre, a respeito de.


Exemplo: O assunto tratado era acerca de problemas antigos.

125
CERCA DE: aproximadamente, perto de, próximo de.
Exemplo: estávamos cerca de 20 metros do posto.

HÁ CERCA DE: ocorre aqui o emprego da expressão “cerca de” precedida do


verbo “há”
Exemplo: Há cerca de dois anos nós nos separamos.

AFERIR – AUFERIR

AFERIR: conferir, avaliar


Exemplo: o enfermeiro irá aferir sua pressão.

AUFERIR: obter (lucro).


Exemplo: no ano passado, a maioria dos bancos auferiram lucros invejáveis.

AFIM – A FIM DE

AFIM: vocábulo que significa semelhante, próximo.


Exemplo: Português e RLM são matérias afim.

A FIM DE: locução que indica finalidade, equivale a para.


Exemplo: estudei a fim de ser aprovado.

126
EXERCÍCIOS

1. Assinale a frase em que a grafia do vocábulo sublinhado está equivocada.


a) Por que sentimos calafrios?
b) A razão porque sentimos calafrios é conhecida.
c) Qual o porquê de sentirmos calafrios?
d) Sentimos calafrios porque precisamos defender nossa audição.
e) Sentimos calafrios por quê?

2. Na fala do personagem-pai na charge há um erro de acentuação no vocábulo


“quê”; a frase em que ocorre o mesmo erro ortográfico é:
a) Há um quê de estranho em tudo isso.
b) Os políticos roubam, por quê?
c) O quê? Não estou escutando bem...
d) O quê da palavra “quero” está mal grafado.
e) Por quê você não veio, por quê?

3. Leia o texto.
Ladrões teriam usado a estrutura do próprio equipamento como alavanca para
quebrar as travas de segurança nas estações, que, a não ser por isso,
permaneceram intactas.

A locução “a não ser” (linha 3) poderia, sem prejuízo sintático ou semântico para
o texto, ser substituída por senão.

4. Leia o trecho.
“O europeu tem a respeito da mulher brasileira uma noção falsíssima”.

O sentido original e a correção gramatical do texto seriam preservados caso o


primeiro período fosse reescrito da seguinte maneira: A concepção do europeu
acerca da mulher brasileira é demasiado falsa.
Certo ( ) Errado ( )

127
5. Sem prejuízo da correção gramatical e dos sentidos originais do texto, o trecho
“para que se conserve a lição do passado como intocável e permanente” (ℓ. 14
e 15) poderia ser reescrito da seguinte forma: afim de conservar, intocável e
permanentemente, a lição do passado.

GABARITO
1. B
2. E
3. Certo
4. Certo
5. Errado

TÓPICOS ESPECIAIS DE MORFOLOGIA II

AO INVÉS DE – EM VEZ DE
AO INVÉS DE: locução prepositiva que significa “ao contrário de”
Exemplo: ao invés de comer, não comi.

EM VEZ DE: locução que indica troca, substituição (equivale a “em lugar de”).
Exemplo: em vez de você ficar pensando nele.

DE ENCONTRO A – AO ENCONTRO DE
DE ENCONTRO A: significa oposição, contrariedade.
Exemplo: o voto foi de encontro a fala do ministro.

AO ENCONTRO DE: significa em direção, a favor de.


Exemplo: os bons ventos vieram ao encontro de minha vida.

128
DESCRIMINAR – DISCRIMINAR
DESCRIMINAR: significa inocentar, retirar a qualificação de crime.
Exemplo: Alguns parlamentares lutam para descriminar o uso da maconha.

DISCRIMINAR: significa distinguir.


Exemplo: ele discriminou o rapaz no restaurante.

DO QUE – QUE
Para unir elementos de uma comparação, pode-se empregar indiferentemente
do que ou que. Exemplos: havia mais meninos do que meninas na prova.
Havia mais meninos que meninas na prova.

O GRAMA – A GRAMA
O GRAMA: unidade de medida de massa, é substantivo masculino.
Exemplo: comprei duzentos gramas de presunto.

A GRAMA: espécie de planta genérica, é substantivo feminino.


Exemplo: a grama do seu quintal é muito bonita, vizinho.

INFLIGIR – INFRINGIR
INFLIGIR: aplicar pena.
Exemplo: O magistrado infligiu uma pena mínima aos falsários.

INFRINGIR: violar, transgredir uma regra.


Exemplo: Câmara vai analisar se deputados infringiram regra ao abrir voto.

AMORAL – IMORAL
AMORAL: indiferente à moral, moralmente neutro (nem moral, nem imoral).
Exemplo: Infelizmente as leis econômicas são amorais, indiferentes a questões
de apelo humano.

129
IMORAL: contrário à moral, libertino, desonesto, sem moral.
Exemplo: Dividir royalties do pré-sal é imoral, indecente e ilegal.

EXERCÍCIOS

1. Leia o texto.
O aumento do emprego e os programas de transferência de renda continuam a
beneficiar mais as famílias que ganham menos, cujo consumo tende a aumentar
proporcionalmente mais do que o das famílias de renda mais alta. A oferta de
crédito, igualmente, atinge mais diretamente essa faixa.

A eliminação de “do” em “mais do que” (linha) prejudica a correção gramatical do


período.

2. Há dez anos, um terremoto financeiro atingiu a Ásia, com rescaldo na América


Latina. A crise de 1997, depois de atingir a Tailândia, rapidamente se espalhou
pela Indonésia, Malásia, pelas Filipinas e pela Coréia do Sul, para se replicar na
Rússia, na Argentina e no Brasil em 1998. Uma década depois do fatídico ano
de 1997, o mundo assiste ao novo reinado da Ásia. Liderada por China e Índia,
a região exibe, na média, taxas de crescimento superiores a 7%.

Preservam-se a correção gramatical e a coerência textual, com a vantagem de


reforçar o período de tempo envolvido, ao se inserir o advérbio atrás depois de
“dez anos” (linha 1).

3. Em todas as frases abaixo ocorre uma troca indevida do vocábulo sublinhado


por seu parônimo; a única das frases cuja forma do vocábulo sublinhado está
correta é:
a) O motorista infligiu as leis do trânsito;
b) O prisioneiro dilatou os comparsas do assalto;
c) Nada há que desabone a sua conduta imoral;
d) A cobrança é bimestral, ou seja, duas vezes por mês;
e) Os cumprimentos devem ser dados na entrada da festa.

130
4. Assinale a opção que mostra a frase cuja lacuna deve ser preenchida com a
primeira das formas entre parênteses.
a) “_______ é um homem que jamais bate numa mulher sem primeiro tirar o
chapéu”. (cavaleiro / cavalheiro)
b) “A indústria do _______ se beneficia do sexo, ou você acha que as pessoas
andariam com os jeans apertados desse jeito se não fosse pela conotação
sexual?”. (vestiário/vestuário)
c) “A diminuição _______ do nível da água dos reservatórios trazia preocupação
aos governadores de Estado”. (eminente/iminente)
d) “As mudanças no Código Penal incluem possibilidades de______ penas mais
duras aos criminosos”. (infligir/infringir)
e) “As novas medidas presidenciais vieram______ o acerto das votações no
Congresso Nacional”. (retificar / ratificar)

GABARITO
1. Errado
2. Errado
3. E
4. D

TÓPICOS ESPECIAIS DE MORFOLOGIA IV

Plural dos substantivos compostos


a) Substantivos formados por duas palavras variáveis: ambas variam.
Exemplo: couve – flor: couves – flores.
Pai – nosso: pais – nossos.
Terça – feira: terças – feiras.

b) Substantivos formados por uma palavra invariável e outra variável: só a


segunda flexiona.
Exemplo: Quebra-mar: quebra – mares.

131
Guarda – roupa: Guarda – roupas.
Beija – flor: beija – flores.
Ave – Maria: ave – Marias.

c) Substantivos compostos unidos por preposição: só o primeiro varia.


Exemplo: pé – de – moleque: pés – de – moleque.
Amigo da onça: amigos da onça.
Pau a pique: paus a pique.

d) Substantivos compostos em que o segundo elemento delimita o


primeiro: o primeiro varia.
Exemplo: Banana-maçã: bananas – maçã.
Peixe – boi: peixes – boi.
Caneta-tinteiro: canetas – tinteiro.
Erva-Mate: ervas – mate.
Obs: Também é aceito que ambos variem.

e) Substantivos compostos por palavras repetidas ou palavras


onomatopaicas (sons de coisas e animais): o segundo varia.
Exemplo: Reco-reco: reco – recos.
Tic – tac: tic – tacs.
Quero-quero: Quero-queros

SUBSTANTIVOS COLETIVOS

Assembleia, congresso ou bancada: coletivo de parlamentares


Banca: coletivo de examinadores
Banda ou orquestra: coletivo de instrumentistas
Batalhão, exército, pelotão ou tropa: coletivo de soldados
Caravana: coletivo de viajantes, peregrinos ou mercadores
Clero: coletivo de padres ou sacerdotes

132
Conclave: coletivo de cardeais reunidos para eleger o papa
Congregação: coletivo de religiosos
Corja: coletivo de malandros ou de ladrões
Corpo docente: coletivo de professores
Corpo discente: coletivo de alunos
Elenco: coletivo de atores ou artistas
Família: coletivo de parentes
Horda: coletivo de bandidos invasores ou selvagens
Junta: coletivo de médicos, examinadores
Prole: coletivo de filhos
Tripulação: coletivo de marinheiros ou aviadores
Alcateia: coletivo de lobos
Bando: coletivo de aves ou pássaros
Boiada: coletivo de bois
Burricada: coletivo de burros
Cáfila: coletivo de camelos ou dromedários
Cambada: coletivo de caranguejos
Cardume: coletivo de peixes
Cavalaria: coletivo de cavalos
Colmeia ou enxame: coletivo de abelhas
Colônia: coletivo de bactérias
Fauna: coletivo de animais de uma região
Flora: coletivo de plantas de uma região
Gataria: coletivo de gatos
Manada: coletivo de bois, elefantes
Matilha: coletivo de cachorros, cães
Ninhada: coletivo de filhotes
Nuvem: coletivo de gafanhotos
Panapaná: coletivo de borboletas
Praga: coletivo de insetos nocivos

133
Vara: coletivo de porcos
Arvoredo ou bosque: coletivo de árvores
Buquê ou ramalhete: coletivo de flores
Cacho ou penca: coletivo de frutas
Pomar: coletivo de árvores frutíferas
Réstia: coletivo de alhos
Acervo: coletivo de obras de arte
Álbum: coletivo de fotografias, selos ou figurinhas
Arsenal: coletivo de armas
Biblioteca: coletivo de livros
Baixela: coletivo de pratos, vasilhas, travessas, talheres
Cinemateca: coletivo de filmes
Discoteca: coletivo de discos
Enxoval ou trouxa: coletivo de roupas
Esquadra: coletivo de navios de guerra
Esquadrilha: coletivo de aviões
Frota: coletivo de carros, ônibus ou navios
Molho: coletivo de chaves
Resma: coletivo de papel
Alfabeto: coletivo de letras
Arquipélago: coletivo de ilhas
Atlas: coletivo de mapas
Cancioneiro: coletivo de poesias líricas ou de canções
Coletânea ou antologia: coletivo de textos ou músicas
Constelação: coletivo de estrelas
Cordilheira: coletivo de montanhas
Estrofe: coletivo de versos
Fornada: coletivo de pães ou tijolos
Universidade: coletivo de faculdades
Vocabulário: coletivo de palavras

134
EXERCÍCIOS

1. Faz o plural como palavra-chave, com dupla possibilidade de flexão, o


composto
a) lugar-comum
b) guarda-roupa
c) aço-liga
d) amor-perfeito
e) abaixo-assinado

2. A palavra cujo plural se faz do mesmo modo que fura - buxos (L. 22-23) e
pelas mesmas razões é
a) navio-escola
b) surdo-mudo
c) bolsa-família
d) guarda-roupa
e) auxílio-educação

3. Arranha-céu faz o plural da mesma forma que:


a) guarda-civil;
b) segunda-feira;
c) tenente-coronel;
d) fruta-pão;
e) caça-fantasma.

4. Relacione a segunda coluna de acordo com a primeira.

1. Cafila.
2. Baixela.
3. Molho.

135
( ) coletivo de pratos
( ) coletivo de chaves
( ) coletivo de camelos.

Assinale a alternativa correta:


a) 1,2,3.
b) 2,3,1.
c) 3,2,1
d) 1,3,2.
e) 3,1,2.

GABARITO
1-C
2-D
3-E
4-B

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Conceito de texto: Texto é uma sequência lógica de ideias, organizadas em


quatro aspectos:

sonoro: na escrita, os sons podem ser assinalados por distintos acentos


gráficos, por pontuação, pelo ritmo da frase, pela escolha e combinações
fonéticas entre letras etc.

gráfico: o aspecto gráfico envolve tamanhos, cores, formatos, posição espacial


etc.
Exemplo: BOM DIA!!!

136
semântico: cada elemento gráfico ou sonoro pode gerar diferentes significados
a cada contexto de uso.
Exemplo: A manga estava madura.

gramatical: muitas normas gramaticais sobre emprego de palavras e sobre


sintaxe podem implicar distintos significados em um texto.

Compreensão envolve informações escritas ou pressupostas.

Tome nota: Pressuposta é informação não escrita, mas que permite certeza com
base em relações lógicas entre ideias do texto, ou com base em aspectos
gramaticais que impliquem certas significações.

Interpretação: envolve possibilidades com base em pistas presentes no texto.


Para inferir, o leitor lança mão de conhecimentos prévios à leitura do texto. A
inferência depende de confirmação e pode dar-se ou não na realidade. Basta ser
possível.

Como identificar Compreesão X Interpretação.

137
EXERCÍCIOS

Leia o texto.

Com relação à interpretação do texto e à significação das palavras nele


empregadas, julgue os seguintes itens.

1. Depreende-se, a partir do texto, que João era prenome de Pádua.


Certo ( ) Errado ( )

138
Com relação à interpretação do texto e à significação das palavras nele
empregadas, julgue os seguintes itens.

2. Depreende-se do texto que a vida de Pádua era financeiramente difícil.


Certo ( ) Errado ( )

3. Durante o período em que substituiu o administrador da repartição, Pádua foi


remunerado pelo exercício dessa função.
Certo ( ) Errado ( )

4. A cura está ligada ao tempo e às vezes também às circunstâncias.” Assinale


a opção que apresenta a dedução correta dessa frase.
a) A cura depende obrigatoriamente do tempo e das circunstâncias.
b) As circunstâncias que envolvem a doença explicam a sua cura em certos
casos.
c) O tempo é um dos fatores que, circunstancialmente, pode explicar a cura de
uma doença.
d) A cura de uma doença é dependente integralmente do tempo e das
circunstâncias
e) As circunstâncias podem justificar a cura de uma doença, desde que sem
gravidade.

5. “Por outro lado, nas sociedades complexas, a violência deixou de ser uma
ferramenta de sobrevivência e passou a ser um instrumento da organização da
vida comunitária. Ou seja, foi usada para criar uma desigualdade social sem a
qual, acreditam alguns teóricos, a sociedade não se desenvolveria nem se
complexificaria”. A utilização do termo “ou seja” introduz:
a) uma informação sobre o significado de um termo anteriormente empregado;
b) a explicação de uma expressão de difícil entendimento;
c) uma outra maneira de dizer-se rigorosamente a mesma coisa;
d) acréscimo de um esclarecimento sobre o que foi dito antes;
e) a ênfase de algo que parece importante para o texto.

139
Gabarito
1 - CERTO
2 - ERRADO
3 - CERTO
4-B
5-D

VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
A linguagem é um código de comunicação que pode ser verbal e não verbal. Há
muitas possibilidades de linguagem e de junção de linguagens para que se
estabeleça a comunicação através do texto. Então, o texto é o resultado de um
processo enorme, e um dos elementos desse processo é o uso da linguagem. A
linguagem verbal tem muitas variações. Não se usa o mesmo tipo de linguagem
para, por exemplo, conversar com os amigos em uma roda de conversa informal
e com um entrevistador durante uma entrevista de emprego. Usa-se linguagens
diferentes em contextos diferentes. A língua é múltipla, por isso há diferentes
níveis de linguagem, dependendo do contexto em que o falante está inserido. A
língua varia dependendo da circunstância, época, região.

TIPOS DE VARIAÇÃO
Diacrônicas: é a variação presenta uma mudança linguística histórica, aos
diferentes estágios pelos quais qualquer língua passa no decorrer do tempo
Exemplo: o verbo “por” este verbo deriva do verbo poer. Devido ao processo de
economia linguística - próprio de todas as línguas – teve sua estrura reduzida.

Diatópicas: é a variação caracterizada através das diferenças geográficas, ou


seja, diferenças relacionadas ao espaço físico, como países, regiões, estados,
cidades, zona rural
Exemplo: no ceará não falamos “os outros”, falamos “uzotros”
Em Minas temos: ô cê quer o que?

Diastráticas: São as variações que se dão em função do contexto comunicativo,


isto é, a ocasião determina o modo como falaremos com o nosso interlocutor,

140
podendo ser formal ou informal.
Exemplo: quando estamos em uma reunião de família, falamos: cuida, pessoal!
Bora comer. Já em uma reunião de trabalho com o chefe, diremos: por favor,
vamos almoçar.

Diafásicas: São as variações ocorridas em razão da convivência entre os grupos


sociais. As gírias, os jargões e o linguajar caipira são exemplos desta modalidade
de variação linguística.
Exemplo: a área policial tem o famoso “QAP” que significa ficar atento.

NÍVEIS DE LINGUAGEM
1. FORMAL, CULTA: nível prescrito pelas gramáticas.
2. INFORMAL COLOQUIAL: próprio das relações do dia a dia.

EXERCÍCIOS

Leia o texto para responder aos itens de 1 a 4.

A língua que falamos, seja qual for (português, inglês...), não é uma, são
várias. Tanto que um dos mais eminentes gramáticos brasileiros, Evanildo
Bechara, disse a respeito: “Todos temos de ser poliglotas em nossa própria
língua”. Qualquer um sabe que não se deve falar em uma reunião de trabalho
como se falaria em uma mesa de bar. A língua varia com, no mínimo, quatro
parâmetros básicos: no tempo (daí o português medieval, renascentista, do
século XIX, dos anos 1940, de hoje em dia); no espaço (português lusitano,
brasileiro e mais: um português carioca, paulista, sulista, nordestino); segundo a
escolaridade do falante (que resulta em duas variedades de língua: a
escolarizada e a não escolarizada) e finalmente varia segundo a situação de
comunicação, isto é, o local em que estamos, a pessoa com quem falamos e o
motivo da nossa comunicação ― e, nesse caso, há, pelo menos, duas
variedades de fala: formal e informal.
A língua é como a roupa que vestimos: há um traje para cada ocasião. Há
situações em que se deve usar traje social, outras em que o mais adequado é o
casual, sem falar nas situações em que se usa maiô ou mesmo nada, quando
se toma banho. Trata-se de normas indumentárias que pressupõem um uso
“normal”. Não é proibido ir à praia de terno, mas não é normal, pois causa

141
Estranheza.
A língua funciona do mesmo modo: há uma norma para entrevistas de
emprego, audiências judiciais; e outra para a comunicação em compras no
supermercado. A norma culta é o padrão de linguagem que se deve usar em
situações formais. A questão é a seguinte: devemos usar a norma culta em todas
as situações? Evidentemente que não, sob pena de parecermos pedantes. Dizer
“nós fôramos” em vez de “a gente tinha ido” em uma conversa de botequim é
como ir de terno à praia. E quanto a corrigir quem fala errado? É claro que os
pais devem ensinar seus filhos a se expressar corretamente, e o professor deve
corrigir o aluno, mas será que temos o direito de advertir o balconista que nos
cobra “dois real” pelo cafezinho? Língua Portuguesa.

De acordo com o texto acima, julgue os seguintes itens.

1. Conforme o texto, a escola deve ensinar aos alunos a norma-padrão da língua


portuguesa, mas é preciso, também, refletir se seria adequado corrigir outras
pessoas, como, por exemplo, um porteiro que diz O elevador tá cum pobrema.
Certo ( ) Errado ( )

2. Depreende-se do texto que a língua falada não é uma, mas são várias porque,
a depender da situação, o falante pode se expressar com maior ou menor
formalidade.
Certo ( ) Errado ( )

3. Segundo o texto, ‘temos de ser poliglotas em nossa própria língua’ significa


que a língua assume variantes adequadas aos contextos em que são
produzidas.
Certo ( ) Errado ( )

4. O pronome “outra” (3º parágrafo) está empregado em referência ao termo “A


língua”.
Certo ( ) Errado ( )

5. Uma construção considerada própria da linguagem coloquial é


A) É claro que a maternidade interfere em atividades fora do ambiente
doméstico. (linha 5)

142
B) Criaram normas rígidas para impedir o movimento das mulheres, com
discursos de que seriam perigosas. (linhas 13 e 14)
C) Agnodice se vestiu de homem para assistir conferências médicas, num templo
de Atenas...(linhas 28 e 29)
D) Foi morta pelos monges e pela plebe, que foram fanatizados pelo patriarca
Cirilo. (linhas 30 e 31)

GABARITO
1 2 3 4 5
C C C E C

LINGUAGEM – DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO

Linguagem

Denotativa: usada em sentido literal, também chamado de sentido próprio. É a


linguagem, em regra, que está no dicionário (Cuidado! Há dicionários que trazem
o sentido figurado das palavras). Forma mais objetiva, mais simples, mais clara,
mais inteligível. O texto dissertativo exige o uso da denotação.
Conotativa: usada em sentido não literal, contextual. Quando o dicionário
registra o sentido figurado da palavra, ele faz através de “fig”. É uma linguagem
figurada, que é uma forma de dizer.

EXERCÍCIOS

1. As palavras de uma língua podem ser usadas com sentido próprio ou figurado,
dependendo do contexto de que fazem parte. Tem-se uma palavra usada em
sentido figurado no fragmento:
A) “Sem perceber, fazemos publicidade gratuitamente ao usar roupas, sapatos,
bolsas e outros objetos com etiquetas visíveis.” (L.10/11)

143
B) “É preciso esclarecer que propaganda e publicidade são dois termos que
geralmente se confundem.” (L.13)
C) “Também chama a nossa atenção em bancos, escritórios, hospitais,
restaurantes, cinema e outros lugares
públicos.” (L.5/6)
D) “..não teria sido possível sem que o bombardeio incessante da publicidade
tente nos convencer...” (L.1/2)

Para responder à questão a seguir, leia o texto do encarte publicitário, veiculado


por empresa fabricante de purificadores de água, e observe que o adjetivo
transparentes refere-se tanto à água como ao fabricante.

2. Uma interpretação correta para o trecho – vamos ser bem transparentes – é


de que esse trecho foi empregado em sentido
a) literal, quando se refere à água, para comprovar que toda água de aspecto
transparente não apresenta contaminação.
b) literal, quando se refere ao fabricante, para divulgar o preço do produto, que
é menor em comparação aos demais fabricantes.
c) não literal, quando se refere à água, para evidenciar a eficiência do
equipamento vendido pelo fabricante.
d) não literal, quando se refere ao fabricante, para passar aos possíveis
consumidores a imagem de uma empresa de credibilidade.
e) não literal, quando se refere à água, para incentivar os consumidores contra
o desperdício desse recurso hídrico.

144
3. Assinale a alternativa em que a palavra grifada está empregada em sentido
denotativo:
A) Como lê muito, dizem que João é uma ilha cercada de livros por todos os
lados.
B) Apenas Édipo encontrou a chave para decifrar o enigma da Esfinge.
C) A neblina flutua, desfazendo os edifícios e as árvores da cidade.
D) Quando o sol cair, encerraremos nosso expediente no banco.
E) Alessandro rompeu a camisa no arame farpado que cerca a fazenda

4. Há registro de conotação no fragmento transcrito na alternativa


A) “Muitos especialistas dizem que nada será como antes.” (L.15).
B) “há um grande número de profissionais competentes” (L.20).
C) “...para quem está no olho do furacão” (L.24).
D) “Além disso, é fundamental estar inteirado da tecnologia.” (L.55).

5. Em qual das frases a seguir a expressão em destaque foi empregada no


sentido próprio, ou seja, no sentido denotativo?
A) O desejo de muitos internautas que navegam na Internet é o de encontrar
informações precisas.
B) Quando queria brincar na casa de seus avós, a criança usava o lápis para
rabiscar as paredes.
C) No dia do baile, a normalista tomou um chá de cadeira inesperado, até
conhecer aquele grumete.
D) Nas metrópoles, o trânsito é um pesadelo para grande parte dos motoristas e
dos pedestres.

GABARITO
1 2 3 4 5
D D E C B

145
TIPOLOGIAS TEXTUAIS

NARRAÇÃO
Objetivo: reproduzir uma realidade dinâmica (com progressão temporal, ou seja,
relação de anterioridade e posterioridade entre os acontecimentos).

Características

Elementos narrativos:
Narrador: quem conta a história (pode dela participar); Personagem: quem vive
o enredo; °
Enredo: sucessão de acontecimentos (em regra, tem como elementos a
apresentação, a complicação, o clímax e o desfecho);
Tempo: quando a história acontece e quanto tempo dura;
Espaço: onde a história acontece;
Discurso: voz das personagens.
Verbos no pretérito.

EXERCÍCIOS

Leia o texto abaixo para responder aos itens de 1 a 4.

Tarde de verão, é levado ao jardim na cadeira de braços — sobre a palhinha


dura a capa de plástico e, apesar do calor, manta xadrez no joelho. Cabeça caída
no peito, um fio de baba no queixo. Sozinho, regala-se com o trino da corruíra,
um cacho dourado de giesta e, ao arrepio da brisa, as folhinhas do chorão
faiscando — verde, verde!
Primeira vez depois do insulto cerebral aquela ânsia de viver. De novo um
homem, não barata leprosa com caspa na sobrancelha — e, a sombra das folhas
na cabecinha trêmula, adormece. Gritos: Recolha a roupa. Maria, feche a janela.
Prendeu o Nero? Rebenta com fúria o temporal. Aos trancos João ergue o rosto,
a chuva escorre na boca torta. Revira em agonia o olho vermelho — é uma coisa,
que a família esquece na confusão de recolher a roupa e fechar as janelas?
Dalton Trevisan. Ah, é? Rio de Janeiro: Record, 1994. p. 67 (com adaptações)

146
1. No texto, predominantemente narrativo, ocorrem tanto o discurso direto como
o discurso indireto livre.
Certo ( ) Errado ( )
2. A escassez de verbos nas duas primeiras frases do texto e o uso de forma
verbal na voz passiva realçam a situação de imobilidade e fragilidade do
personagem em foco.

3. Por tratar-se de narrativa em terceira pessoa, o texto apresenta, além do relato


das ações, alguns comentários do narrador, sem perscrutar o pensamento do
personagem principal.
Certo ( ) Errado ( )

4. O uso das formas verbais “ergue” (l. 7) e “Revira” (l. 8), denotativas de
movimento, indica a recuperação física do personagem, decorrente da retomada
da “ânsia de viver”.
Certo ( ) Errado ( )

5. O prazer proporcionado pela percepção sensorial de pássaro e plantas


contribui para que o personagem se sinta revigorado e recupere sua autoestima
Certo ( ) Errado ( )

GABARITO
1 2 3 4 5
C C E E C

147
TIPOLOGIAS TEXTUAIS

DESCRIÇÃO
Objetivo: reproduzir uma realidade estática (com ocorrência simultânea das
informações e sem relação de antes e depois entre os acontecimentos).

Características

Retrato verbal;
Ausência de ação e relação de anterioridade ou posterioridade entre as
frases;
Predomínio de substantivos, adjetivos e locuções adjetivas;
Utilização da enumeração e comparação;
Com frequência, presença de verbos de ligação.

EXERCÍCIOS

Leia o texto abaixo para responder aos itens de 1 a 5.

Como você pode ver, uma garotinha está deitada displicentemente no colo
de um senhor bem velhinho e bem simpático. Ela parece um anjo. Loirinha,
cabelo castanho claro, encaracolado, nariz e boca perfeitos, ar inteligente e
sadio, uma dessas crianças que a gente vê em anúncios. Pelo jeito, deve ter uns
três ou quatro anos, não mais que isso.
Ela está vestida em um desses macaquinhos de flanela, com florezinhas
azuis e vermelhas e uma malha creme por baixo. Calçando um tênis
transadíssimo nas discretas cores amarelo, vermelho e azul, o que nos mostra
que a mocinha não é apenas novinha, mas moderninha também. O velhinho tem
um tipo bem italiano.
O boné cinza é típico desses senhores que a gente vê passeando pelo Bixiga
nos domingos à tarde. Estatura mediana, cabelos e bigodes branquinhos, rosto
e mãos enrugadas que traem uma idade bem avançada. Paletó marrom e calça
cinza, ambos de lã, malha creme, abotoada até o último botão, como faz todo

148
senhor que se preze. Embaixo da malha, uma camisa azul, mas bem azul
mesmo, que destoa de todo o conjunto.
O que prova que o cavalheiro e a mocinha apreciam cores fortes. Pela roupa
que os dois estão vestindo e pela carinha rosada dela, deve estar fazendo muito
frio. Fato que o ar enevoado e cinzento do jardim, que está atrás deles, vem a
comprovar. Os dois estão sentados em um balanço de madeira de cor verde,
desses em que cabem apenas duas pessoas e que são bastante comuns em
quintais, varandas e jardins de casas de classe média, classe média alta. Ela
está comodamente estirada. Com a cabeça entre o ombro e a barriga do velhinho
e os pés apoiados numa almofada de crochê de cor creme.
Nas mãos, ela traz um livro de histórias cheio de desenhos coloridos. Livro
esse que, olhando atentamente, você verá que se trata da história da Bela
Adormecida. O que, aliás, é muito engraçado, porque enquanto a bela conta a
história da Bela Adormecida, o velho é que adormeceu. Ele dorme a sono solto.
Com uma mão envolta na dela e a outra apoiada sobre sua própria perna direita,
na altura do joelho, ambos, à sua maneira, estão sonhando.
Ele sonha dormindo, ela sonha acordada. A menina está divagando no colo
do avô. Isso mesmo: do avô. Porque o velho que você está vendo só pode ser o
avô dela. Pela intimidade com que ela está comodamente instalada no colo dele,
percebe-se que não pode ser visita, pessoa de cerimônia. E, sim, alguém bem
chegado, alguém da família. Para um estranho, ouvir essa história contada por
uma criaturinha tão linda seria uma novidade excitante, que dificilmente o faria
cair no sono. E, se não fosse por isso, um estranho também não cairia no sono,
pelo menos por dever de educação. Resistiria bravamente até a Bela
Adormecida acordar. Além disso, é só olhar para a roupa caseira que ele está
usando para perceber que não é alguém que foi fazer uma visita.
É pessoa da casa mesmo, pai não é. Ele é muito velhinho para ser o pai dela.
E pouco provavelmente seria um tio. Tanto pela idade quanto pela
disponibilidade e paciência. Tio dá doces, presentes, mas ouvir histórias
intermináveis, contadas por uma narradora que de vez em quando divaga, tio
não faz. Só pode ser mesmo um avô ouvindo pela milésima vez a mesma
história, que para ele deve ser sempre igual e para ela deve ser sempre diferente.
Ela, por sua vez, não se deve importar com que seu ouvinte durma. Afinal, ela
só quer colo e aquela mão terna, enrugada e querida em volta da sua cintura
pequenina.
Mesmo desatento, ele está dando a ela seu tempo e seu carinho sonolento.
O balanço de jardim pode ser gostoso de sentar. Mas como você pode ver não
é o local mais confortável para se dormir. Principalmente em um dia frio como
esse, em um descampado de uma varanda. Mas o fato é que ele não sente a
dureza do balanço porque dorme, e ela, igualmente, não sente a dureza da
madeira e a frieza do tempo por vários motivos: primeiro, porque sonha, e no
sonho não há desconforto ou frio. E, segundo, porque ela tem a barriga do avô
como travesseiro, o braço dele como edredom e uma almofada como encosto
para seus pés e seu tênis multicolorido.

149
Juntos os dois, ali na varanda, vivem um momento de que ela vai se lembrar
sempre e ele não vai se lembrar de nada. Até mesmo nada da história. Por isso,
é que ela vai ter de contar e recontar essa história para o avô centenas de vezes.
Principalmente para reviver os trechos que ele perdeu com seus cochilos. Assim
como você vai ter de ler e reler muitas vezes esse texto até conseguir enxergar
toda a beleza e ternura contidas nessa cena. Ou pelo menos uma pequena parte
dela.

Com base na leitura do texto, julgue os itens.

1. Há ironia nos trechos “deve ter uns três ou quatro anos, não mais que isso” e
“um tênis transadíssimo nas discretas cores amarelo,vermelho e azul”
Certo ( ) Errado ( )

2. A “Bela Adormecida” a que o texto se refere é a garotinha que está com o


senhor.
Certo ( ) Errado ( )

3. O texto compara a funcionalidade de um texto verbal e a de um texto não


verbal.
Certo ( ) Errado ( )

4. Segundo o texto, há mais afinidade entre avôs e netos do que entre tios e
sobrinhos.
Certo ( ) Errado ( )

5. É imprescindível a presença, junto ao texto, de uma fotografia que retrate a


cena descrita para que as ideias expressas sejam transmitidas de maneira
adequada e completa.
Certo ( ) Errado ( )

GABARITO
1 2 3 4 5
E E C E E

150
TIPOLOGIAS TEXTUAIS

DISSERTAÇÃO EXPOSITIVA – DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA

Objetivo: discorrer sobre um tema.


Obs: tema e assunto não são a mesma coisa.
O assunto é mais abrangente, sendo o tema uma delimitação do assunto.

Características

Tipos:
Expositiva: apresenta informações/dados sobre o assunto, logo, também pode
ser chamada de informativa. Além disso, o texto informativo pode apresentar
opiniões de terceiros, mas não do autor;

Argumentativa: apresenta e fundamenta uma tese (opinião) do autor. Vale


lembrar que essa opinião pode ser em primeira pessoa (dissertação subjetiva),
entretanto, em prova, o texto deve ser em terceira pessoa (dissertação objetiva).

151
EXERCÍCIOS

1. No trecho “Tentar subornar o guarda para evitar multas”, a oração “para evitar
multas” expressa a causa, o motivo que leva alguém a cometer suborno.
Certo ( ) Errado ( )

2. No trecho “Diga não às ‘corrupções’ do dia a dia”, seria correto o emprego do


sinal indicativo de crase no vocábulo “a” em “dia a dia”.
Certo ( ) Errado ( )

3. Os termos “antiéticas”, “ilegais” e “combatidas” qualificam a palavra “práticas”.


Certo ( ) Errado ( )

4. O texto apresentado combina elementos das tipologias expositiva e injuntiva.


Certo ( ) Errado ( )

152
Leia o cartaz a seguir.

5. No texto, observam-se trechos expositivo e injuntivo.


Certo ( ) Errado ( )

6. As formas verbais “Acesse”, “conheça” e “consulte” caracterizam-se por uma


uniformidade na flexão de modo e de pessoa.
Certo ( ) Errado ( )

Leia o texto.

Não foi para isso

“Não sei se é verdade. Dizem que Santos-Dumont suicidou-se quando soube


que, durante a Guerra Mundial, a primeira, de 1914 a 1918, estavam usando
aviões para bombardear cidades indefesas. Não fora para isso -- pensava ele --
que inventara a navegabilidade no ar, façanha que ninguém lhe contesta,
tampouco inventara o avião, cuja autoria lhe é indevidamente negada pelos
norte-americanos. Excetuando o Dr. Guilhotin, que construiu um aparelho
específico para matar mais rapidamente durante os anos do Terror, na
Revolução Francesa, em geral o pessoal que inventa alguma coisa pensa em

153
beneficiar a humanidade, dotando-a de recursos que tornam a vida melhor, se
possível para todos”.

7. Esse fragmento de uma crônica de Cony é um exemplo de texto


a) didático, pois ensina algo sobre personagens famosos.
b) descritivo, pois fornece dados sobre as invenções citadas.
c) narrativo, pois relata a história da criação do avião e da guilhotina.
d) argumentativo, pois apresenta fato que comprova o título da crônica.
e) histórico, pois traz informações sobre o passado a fim de registrá-lo.

GABARITO
1 2 3 4 5 6 7
E E E C C C D

FATORES DE TEXTUALIDADE COESÃO E COERÊNCIA

COESÃO
O conceito de coesão diz respeito à conexão discursiva/linguística entre as
partes do texto. Os principais tipos de coesão são a referenciação e a
sequenciação.
Exemplo: o jogador anunciou sua saída do clube.
Ele estava infeliz com a situação. (Coesão referencial)
Apreendo à medida que estudo.
Nesse mecanismo de coesão é empregado um termo, que pode ser um
pronome, um advérbio ou um substantivo, para retomar ou antecipar um outro
termo do texto.

154
Termos de referenciação:
Endofóricos (o referente está no próprio discurso):
• Anafóricos: retomam o referente;
• Catafóricos: antecipam o referente;

Exofóricos (dêiticos): o referente não está no discurso. Só pode ser identificado


se o contexto de enunciação for recuperado.

COERÊNCIA
Alguns elementos fazem de um monte de palavras um texto. Se alguém,
aleatoriamente, começar a juntar palavras, isso não necessariamente formará
um texto, pois não se terá um todo significativo, mas, apenas, um monte de
palavras. Para que esse conjunto de palavras forme um texto é preciso que
estejam presentes alguns elementos conhecidos como fatores de textualidade.
Eles são muitos, mas dois deles interessam mais a quem está estudando para
concursos públicos, pois são recorrentemente cobrados em prova, são eles:
coerência e coesão. Fatores de textualidade são os elementos capazes de
transformar um conjunto de códigos (palavras) em um texto, são eles:

Intencionalidade: empenho do autor;


Aceitabilidade: expectativa do leitor;
Situacionalidade: adequação à situação comunicativa;
Informatividade: dados agregados pelo autor/esperados pelo leitor;
Coerência: sentido do texto;
Coesão: conexão entre as partes do texto

A coerência está no nível dos sentidos, já a coesão está no nível das palavras.
Sendo assim, a coerência deve vir antes da coesão. Primeiro deve-se buscar
uma relação de harmonia entre duas partes do texto para, depois, encontrar uma
forma de conectá-los.

COERÊNCIA
Relações de sentido entre as partes do texto.
Decorre:
• da unidade semântica: o tema central deve perpassar todo o texto;

155
• da progressão temática: conceito, causa, efeito e intervenção;
• da não contradição entre as partes: a contradição, talvez, seja a mais
visível das incoerências.

EXERCÍCIOS

1. Observe o seguinte texto retirado de uma seção de piadas de uma revista: “á


que o vento da janela incomodava tanto você, por que você não trocou de lugar
com a pessoa que estava em frente? - Eu teria feito isso, mas o assento estava
vazio.”
O humor dessa piada se apoia na ausência de uma característica textual, que
é:
a) a coerência;
b) a intertextualidade;
c) a coesão;
d) a correção;
e) a relevância.

2. Assinale a opção que apresenta o texto que não respeita a coerência.


a) Não servimos almoço. Levamos o dia inteiro para preparar o seu jantar.
(Restaurante).
b) Rico em vitaminas e milionário em proteínas. (Iogurte).
c) Se tudo o que você quer é um pouco de fogo, pegue um fósforo. (Isqueiros
Cônsul).
d) Vinda da companhia que tem as coloridas camisas brancas. (Loja de roupas
masculinas).
e) Café da manhã sem suco de laranja é como um dia sem sol. (Sucos).

3. Assinale a opção que apresenta o ditado que mostra incoerência.


a) A mulher é um mal necessário.
b) Aqueles que não sonham estão perdidos.
c) De que serve correr quando se está no caminho errado?

156
d) Mais vale um vizinho perto que um irmão longe.
e) Os velhos deviam ser mortos quando nascem.

4. As frases a seguir carecem de coerência lógica, à exceção de uma. Assinale-


a.
a) “Inclua-me fora dessa.”
b) “As pessoas fazem coisas horríveis por causa do dinheiro; inclusive trabalhar.”
c) “Há certas coisas que o dinheiro não pode comprar. Por exemplo: coisas
idênticas às da semana passada.”
d) “Se você consegue contar seu dinheiro é porque possui dinheiro demais.”
e) “Eu tenho muito dinheiro para o resto da vida, a não ser que eu compre alguma
coisa.”

5. A frase abaixo que poderia ser vista como uma definição de coerência textual
é:
a) “A palavra foi dada ao homem para disfarçar o próprio pensamento”;
b) “As ideias acendem umas às outras como centelhas elétricas”;
c) “Uma vez fixadas nas palavras, as imagens de memória se apagam”;
d) “Uma ideia não executada é um sonho”;
e) “O estilo é um modo muito simples de dizer coisas complicadas”.

6. Um dos problemas textuais mais frequente é a incoerência, como a que está


presente na seguinte frase:
a) “Fiz esta carta longa porque não tive tempo de fazê-la mais curta”;
b) “Há tantos que escrevem e tão poucos que leem”;
c) “Escreve as ofensas na areia e os benefícios no mármore”;
d) “Escrever cartas é a maneira mais deliciosa de perder tempo”;
e) “O que vale é a versão e não os fatos”.

7. Um escritor americano é autor da seguinte frase: “Não grite por socorro à noite.
Pode acordar os vizinhos.”
Tal frase apresenta um problema textual, que é:

157
a) a falta de coerência;

b) a inadequação vocabular;
c) a pontuação equivocada;
d) a ausência de coesão;
e) o desrespeito à norma culta.

8. “O único consolo que sinto ao pensar na inevitabilidade da minha morte é o


mesmo que se sente quando o barco está em perigo: encontramo-nos todos na
mesma situação”.
(Tolstoi)
Alguns elementos do pensamento de Tolstoi se referem a termos anteriores, o
que dá coesão ao texto. O termo cujo referente anterior está indicado
erradamente é:
a) “que sinto” / consolo.
b) “o mesmo” / consolo.
c) “que se sente” / consolo.
d) “todos” / nos.
e) “na mesma situação” / inevitabilidade da morte.

9. Nisto erramos: em ver a morte à nossa frente, como um acontecimento futuro,


enquanto grande parte dela já ficou para trás. Cada hora do nosso passado
pertence à morte”.
(Sêneca)

O emprego da forma “isto” em “Nisto erramos” se justifica porque


a) se refere a um termo colocado a seguir e não anteriormente.
b) se liga a uma oração e não a um termo.
c) mostra certo valor pejorativo.
d) indica um termo colocado bastante próximo.
e) se prende a um fato do momento atual.

158
10. Na passagem “Hoje estou comemorando mais um ano de vida, isso é
maravilhoso. Este ano será muito bom” os termos sublinhados são
respectivamente:
a) Anafórico, dêitico e catafórico.
b) Catafórico, anafórico e dêitico.
c) Dêitico, anafórico e dêitico.
d) Catafórico, catafórico e anafórico.
e) Dêitico, catafórico e anafórico.

GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A D E B B A A E A C

TEXTO E ESTILÍSTICA (FIGURAS DE LINGUAGEM)

Figuras de palavras

Metáfora: comparação com valor conotativo.


Exemplo: o amor é fogo.

Catacrese: é o nome dado à figura de sintaxe que consiste no emprego de uma


palavra no sentido analógico e não em seu sentido próprio.
Exemplo: perna da mesa, céu da boca, batata da perna...

Metonímia: substituição que se baseia numa relação lógica de significado entre


dois termos.
Exemplo: Ela detesta ler Machado de Assis.
Compre a gillete.

159
Perífrase/Antonomásia: mais palavras em vez de menos (circunlóquio).
Exemplo: o boto vem buscar moça que nunca conheceu homem.

Figuras de pensamento

Antítese: é a figura de retórica em que uma palavra, ideia ou proposição


contradiz ou se opõe deliberadamente à anterior.
Exemplo: Nasce o sol e não dura mais que um dia
Em tristes sombras morre a formosura.

Oxímoro ou paradoxo: tipo de antítese em que duas ideias antagônicas, as


quais se excluem mutuamente, aparecem simultaneamente em uma única
construção sintática.
Exemplo: era um doce tão amargo que quase não entendi.

Ironia: é um recurso de expressão que consiste em dar a entender o contrário


do que se está dizendo.
Exemplo: ele é tão elegante quanto um cavalo.

Eufemismo: é uma figura de pensamento empregada para expressar ideias


desagradáveis e chocantes por meio de palavras brandas e suaves.
Exemplo: O parlamentar tomou emprestado dinheiro dos cofres públicos e
esqueceu-se de devolver.

Prosopopeia: é uma figura de linguagem que consiste em humanizar animais e


coisas inanimadas ou dar voz a pessoas mortas, ausentes ou fictícias.
Exemplo: O vento beijou-lhe os cabelos.

160
EXERCÍCIOS

1. “Uma das grandes preocupações das cidades atualmente é, sem dúvida, o


problema da segurança".

Nessa frase do texto 1, o vocábulo “cidades" está usado, como termo geral, em
lugar de “algumas pessoas das
cidades", num exemplo de linguagem figurada denominada metonímia.

Um outro exemplo semelhante de metonímia está em:


a) A vida nas grandes cidades está muito difícil.
b) Viver nas cidades traz uma série de facilidades.
c) As cidades e o campo são ambientes diversos.
d) As grandes cidades nunca dormem.
e) As cidades possuem vias de comunicação diferentes.

2. “...ele já disse que as perdas são de curto prazo, mas os benefícios de longo
prazo são muitos”. Nesse segmento do texto há a presença de uma figura de
linguagem denominada:
a) pleonasmo.
b) hipérbole.
c) eufemismo;
d) metáfora.
e) antítese.

3. Assinale a figura de linguagem que se identifica em: “Entra em cena o 0X513A,


que foi criado pela Universidade de Oxford, na Inglaterra.”
a) Metonímia
b) Eufemismo
c) Metáfora
d) Antítese
e) catacrese

161
4. Em “evitar a inevitável violência", o autor emprega o recurso expressivo que
se denomina antítese. Isso, porém, não se verifica no seguinte fragmento:
a) Na maior parte das vezes, esse desejo tem origem em nosso exibicionismo
b) O homem sempre foi violento e essa violência nunca foi provocada apenas
por necessidades
c) nasce puro e a sociedade o corrompe com seus hábitos
d) o homem nasce bom e se torna mau.

Leia a charge.

5. A crítica ao consumismo na charge acima se estrutura a partir de um recurso


linguístico, que é:
a) a ambiguidade de um vocábulo;
b) uma hipérbole no desejo de consumo;
c) uma metáfora no vocábulo “queima”;
d) o tratamento de “mulher” dado à esposa;
e) a repetição de negativas na fala da mulher.

6. Assinale a opção que apresenta a figura de linguagem presente na oração


abaixo: “Julia achava-o feio e bonito ao mesmo tempo.”
a) Metonímia
b) Hipérbole
c) eufemismo

162
d) paradoxo

7. Analise a citação: “No meio do caminho tinha uma pedra”

As palavras destacadas exercem a função de:


a) Hipérbole
b) Antítese
c) Metáfora
d) pleonasmo

Leia a charge.

8. Todas as frases abaixo apresentam recursos estilísticos. Aquela que fez


utilização de um EUFEMISMO é:
a) Existem pessoas que buscam enriquecer por meios ilícitos.
b) A noite é um manto negro bordado com pedras preciosas.
c) Entre o amor e o ódio estão as relações humanas.
d) A mim não me enganas tu.

GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8
D E C B A D C A

163
FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Função Referencial ou Informativa


É a função cujo objetivo é informar.
É caracterizada pelo emprego da terceira pessoa (aquilo de que se fala),
objetividade (valorização do objeto de que se fala) e denotação (prioriza o
sentido literal da palavra).
Os autores buscam informar o que aconteceu, onde, o motivo e suas
consequências.
Encontrada em notícias de jornal, textos didáticos, textos científicos, aulas,
documentários etc.
Exemplo: a polícia prendeu, na manhã desta terça-feira, 20, o elemento
conhecido como “zé bonitinho” autor de vários delitos na região de Quixadá.

Função Emotiva ou Expressiva


É a função em que está centrada a figura do emissor (a primeira pessoa do
discurso).
É caracterizada pelo emprego da primeira pessoa, interjeições, exclamações e
subjetividade (prioriza o sujeito que fala).
Se relaciona às emoções, buscando desabafar, expor sentimentos.
Encontrada em poesias líricas, diários pessoais, cartas, etc.
Exemplos: “Eu me amo Eu me amo Não posso mais Viver sem mim!”

164
Função Conativa ou Apelativa
Tem objetivo de convencer e/ou persuadir o destinatário (segunda pessoa do
discurso).
Possui como características o emprego da segunda pessoa e verbos no
imperativo.
Exemplo: “Vem pra Caixa você também.”

Função Fática
É a função de um texto que não tem assunto. Tem por objetivo iniciar, manter,
testar ou finalizar contato. Geralmente utilizada em cumprimentos, saudações e
expressões.
Na maioria das vezes, quando se inicia ou finaliza o canal de comunicação, isso
está associado à polidez da comunicação.
Exemplo: Bom dia/Tudo bem?/Tchau.
Quando o objetivo é manter ou testar o contato pode virar vício de linguagem.
Exemplo: Né?/Tá?.

Função Metalinguística
Tem por objetivo explicar o código utilizado usando para isso o próprio código.
Encontrado em dicionários, gramáticas etc.
Exemplo: poema sobre escrever poema “A mão que escreve este poema não
sabe o que está escrevendo, mas é possível que se soubesse nem ligasse”.

Função Poética
Tem objetivo de elaborar de maneira estética/expressiva a mensagem cujo
elemento em destaque é a própria mensagem.
É caracterizada pela preocupação com a expressão do texto, como figuras de
linguagem, rimas, métricas, ritmo, etc.
Exemplo: “De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre,
e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu
pensamento.”

165
EXERCÍCIOS

Texto 1
Alguma vez você já contabilizou ou avaliou o número de projetos pessoais que
abandonou durante a vida?
Por que é que temos tanta dificuldade em manter relacionamentos e afetos,
terminar e fechar o “ciclo” de cursos e estudos que nós mesmos escolhemos?
Tudo a nossa volta perde o brilho muito rápido onde vivemos a todo tempo, entre
a rápida euforia e o tédio. Se essa realidade tivesse uma cor, pra mim seria cinza.

1. Sobre os elementos da comunicação presentes no texto 1, assinale a


alternativa correta.
a) O leitor é o emissor, o autor é o receptor e a linguagem não verbal é o código
da mensagem.
b) O autor é o canal de comunicação, o leitor representa os ruídos na
comunicação e a mensagem é representada por linguagem não verbal.
c) O leitor é o canal de comunicação, o autor é o código e o contexto é a
mensagem.
d) O autor é o emissor, o leitor é o receptor e a linguagem verbal é o código da
mensagem.
e) A mensagem é o contexto, o código são os ruídos na comunicação e o canal
de comunicação é o autor.

2. Em “Já deve ter acontecido com você. Sabe quando você está no trabalho, e
dois ou três amigos postam fotos de viagem?”, em função da valorização a um
elemento da comunicação, predomina qual função da linguagem?
a) Metalinguística.
b) Apelativa.
c) Referencial.
d) Emotiva.
e) Fática.

166
Texto 2
Sempre pensei que ser um cidadão do mundo era o melhor que podia
acontecer a uma pessoa, e continuo pensando assim. Que as fronteiras são a
fonte dos piores preconceitos, que elas criam inimizades entre os povos e
provocam as estúpidas guerras.
E que, por isso, é preciso tentar afiná-las pouco a pouco, até que
desapareçam totalmente. Isso está ocorrendo, sem dúvida, e essa é uma das
boas coisas da globalização, embora haja também algumas ruins, como o
aumento, até extremos vertiginosos, da desigualdade econômica entre as
pessoas. Mas é verdade que a língua primeira, aquela em que você aprende a
dar nome à família e às coisas deste mundo, é uma verdadeira pátria, que
depois, com a correria da vida moderna, às vezes vai se perdendo, confundindo-
se com outras.
E isso é provavelmente a prova mais difícil que os imigrantes têm de
enfrentar, essa maré humana que cresce a cada dia, à medida que se amplia o
abismo entre os países prósperos e os miseráveis, a de aprender a viver em
outra língua, isto é, em outra maneira de entender o mundo e expressar a
experiência, as crenças, as pequenas e grandes circunstâncias da vida
cotidiana.

3. Predomina no texto a função


a) apelativa, pois o autor visa a persuadir o leitor a posicionar-se contra os
imigrantes.
b) expressiva, pois o autor expõe uma visão subjetiva de um determinado
assunto.
c) referencial, pois o autor usa dados objetivos para tratar de um tema com
impessoalidade.
d) fática, pois o autor enfoca um assunto banal, com a finalidade única de iniciar
uma conversa.
e) metalinguística, pois o autor fala dos detalhes que prejudicaram a publicação
de seu texto

Texto 3
Retrato Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,

167
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
- Eu não dei por esta mudança,
- tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?
- MEIRELES, Cecília.

4. Predomina no texto a função:


a) Referencial.
b) Emotiva.
c) Apelativa.
d) Metalinguística.

5. No terceiro período do texto, predomina a função fática da linguagem, dada a


finalidade comunicativa do texto.

GABARITO
1 2 3 4 5
D B B B E

168
VÍCIOS DE LINGUAGEM

Pleonasmo vicioso ou redundância


Exemplo: Entrar para dentro, elo de ligação, monopólio exclusivo.

Barbarismo
Barbarismo é qualquer erro de grafia ou de pronúncia.

Tipos:
• Silabada (rúbrica, em vez de rubrica)
• Cacoépia (pronúncia errada. Ex.: Mortandela, em vez de mortadela)
• Cacografia (grafia errada: quiz, tráz, geito)
• Estrangeirismo (show, em vez de espetáculo) OBS: Nem toda palavra
estrangeira é um barbarismo. Palavra estrangeira é barbarismo quando
ela tem um equivalente na língua portuguesa.

Solecismo
Solecismo é um erro de sintaxe. Pode incidir sobre a concordância, a regência
ou a colocação.

Tipos:
• Concordância Ex.: Ocorreu muitos fatos desagradáveis. O sujeito da
oração é “fatos desagradáveis”, logo a concordância deve acontecer no
plural.
• Regência Ex.: A decisão do gerente implica em alteração do cronograma.
Não há correto uso da preposição “em” na sentença, uma vez que o verbo
não a rege.
• Colocação Ex.: Te amo. Os pronomes átonos não podem ser usados em
início de período. Portanto, o correto seria dizer “amo-te”, colocando o
pronome em posição enclítica.

Ambiguidade
Ocorre quando a frase tem dois sentidos.
Exemplo: Paula conversou com Helena sobre seu trabalho

169
Eco
É a repetição de um mesmo som no final de palavras, em sequência.
Exemplo: Nesta cidade não há honestidade, apenas vaidade.

Cacofonia
Junção de sons em diferentes palavras que formam uma palavra esquisita,
vulgar, de baixo calão.
Exemplo: Eu beijei a boca dela; vi ela; por cada.

Colisão
Repetição do mesmo som de um fonema consonantal.
Exemplo: Fazendo fiado fico freguês.

Hiato
Repetição de vogais.
Exemplo: Vou ao alto da colina.

Plebeísmo/Vulgarismo
É uma construção típica da linguagem coloquial.
Exemplo: Custa cinco real! O correto seria – custa cinco reais.

Arcaísmo
São expressões arcaicas, antigas, que não são mais usadas.
Exemplo: Vosmecê precisa de ajuda?

Gerundismo
É o mau uso do gerúndio.
Exemplo: Vou estar transferindo sua ligação. O correto seria: vou transferir sua
ligação.

170
Neologismo
São palavras novas, que ainda não foram incorporadas à língua.
Exemplo: Deleta essa informação!

EXERCÍCIOS

1. A frase abaixo apresenta um vício de linguagem conhecido como:

a) Barbarismo.
b) Arcaísmo.
c) Neologismo.
d) Ambiguidade.
e) Pleonasmo.

"Embora frequentes no dia a dia dos falantes, os vícios de linguagem são desvios
gramaticais, ou seja, palavras, expressões e construções que fogem às regras
da norma padrão ou norma culta. Os vícios de linguagem ocorrem, normalmente,
por falta de atenção e pouco conhecimento dos significados das palavras pelos
falantes".

171
2. Considerando as informações presentes no texto acima, em qual dos pares
de frases identificam-se vícios de linguagem?
a) O anfitrião comprimentou meus amigos. / Certos voos provocam enjoos.
b) Fazem dois meses que ele partiu. / Faltaram muitos convidados hoje.
c) Eu o vi na esquina da minha rua. / A vaca da sua irmã é muito brava.
d) Houveram dias de paz no país. / Quando eu pôr o jornal na mesa, saia.

3. Analisando os vícios de linguagem listados abaixo, relacione adequadamente:


I - Ambiguidade
II - Pleonasmo
III - Cacófato
IV - Eco
V - Solecismo
( ) A boca dela tinha dentes cariados.
( ) Aquele era o pai da moça que estava doente.
( ) Vou te contar uma novidade inédita.
( ) Aqueles rapazes estava sem rumo.
( ) Teve vontade de ir à cidade só por maldade.

Está correta a sequência:


a) III, I, II, V, IV.
b) III, I, V, II, IV.
c) III, I, II, IV, V.
d) V, I, II, IV, III.
e) IV, II, III, I, V

GABARITO
1 2 3
E D A

172
INFORMÁTICA

173
Redes Sociais (Detalhamento)
Cada rede social possui uma característica que a destaca das outras quanto ao
objetivo, formas de relacionamentos e ferramentas existentes. Seguem as
características das principais redes sociais.

Facebook
• Criado em 2004 por mark Zuckerberg
• Abrangência – Até 2005 apenas nos Estados Unidos.
• A partir de 2005 – Mundo (sem restrição).
• Final de 2012 – 1 bilhão de usuários.
• Gratuito e gera receitas provenientes de publicidade.

Subsidiárias:
• Instagram.
• Whatsapp.

Características
• Adicionando pessoas.
• Publicar vídeos.
• Publicar imagens.
• Publicar fotos.
• Executar aplicativos.
• Fan-page (característica de mídia social).

Twitter
• É uma rede social que funciona como um microblog.
• Criação – 2006.

Interação:
• Seguir contas.
• Mensagens de texto (280 caracteres).

Ferramentas:
• Retweet.
• Twitter List ou Lista do Twetter

174
• Trending Topics ou Assuntos do Momento

Google Plus – Google +


Criado em 2011 pela empresa Google Inc.
Rede social baseada em criação de círculos de relacionamentos.

Ferramentas:
• Círculos
• Hangout On Air
• Sparks_
• Instant Upload
• Fotos
• Hangouts

EXERCÍCIOS

1. Sobre redes sociais, analise as afirmações a seguir:


I. O Twitter é uma rede social que permite que os usuários enviem e recebam
mensagens de texto com uma quantidade limitada de caracteres. Essas
mensagens são conhecidas como “tweets”.
II. Os Trending Topics (TTs) ou Assuntos do Momento, são uma lista em tempo
real das frases mais publicadas no Twitter pelo mundo todo.
III. O LinkedIn é uma rede social utilizada principalmente por profissionais, com
o intuito de apresentar suas aptidões buscando oportunidades oferecidas por
outros profissionais e empresas.
IV. Após a criação de outras redes sociais para postagem de fotos e vídeos por
parte de seus usuários, o Facebook foi extinto em 2014.
V. São exemplos de redes sociais Facebook, Twitter, LinkedIn e LibreOffice.
Apenas estão CORRETAS:
A) I, III e IV;
B) II, III, IV e V;
C) I, II e III;
D) II, IV e V;

175
E) I e V.

2. Facebook, Instagram e Twitter são softwares conhecidos como:


A) Redes Sociais.
B) WebMail.
C) Correio Eletrônico.
D) Sistema operacional.
E) Comércio Eletrônico.

3. Com o avanço tecnológico surgiu várias Redes Sociais buscado espaço na


rede de internet. Observe o contexto: “maior rede profissional do mundo, com
aproximadamente 550 milhões de usuários, com objetivo de conectar
profissionais de todo o mundo, focando no crescimento de suas carreiras,
permitindo assim, a empresa a buscar pelos perfis profissionais nessa rede
social”. O texto apresentado descreve sobre a Rede Social:
A) Hotmail.
B) Linkedin.
C) Facebook.
D) Twitter.
E) Instagram.

4. A criptografia de ponta a ponta de uma rede social assegura que somente


você e a pessoa com que você está se comunicando possam ler o que é enviado
e ninguém mais, nem mesmo essa rede social. Essa rede social descreve que
“as suas mensagens estão seguras com cadeados e somente você e a pessoa
que as recebe possuem as chaves especiais necessária para destrancá-los e ler
as mensagens”. Segundo essa rede social, a criptografia de ponta a ponta
assegura que suas mensagens, fotos, vídeos, mensagens de voz, atualizações
de status, documentos e ligações estão seguras e não cairão em mãos erradas.
Além disso, cada grupo criado nela pode ter no máximo 256 membros. Essa rede
social é conhecida pelo nome de
A) Whatsapp.
B) Telegram.
C) Instagram.
D) Flickr.

176
5. Atualmente é muito comum o uso dos recursos das redes sociais, definidas
como estruturas formadas na internet, por pessoas e organizações que se
conectam a partir de interesses ou valores comuns, sites e aplicativos que
operam em níveis diversos, como profissional e de relacionamento, mas sempre
permitindo o compartilhamento de informações entre pessoas elou empresas.
Entre as redes sociais, uma é direcionada particularmente para reunir
profissionais, com interesses empresariais e de trabalho, permitindo a
interatividade entre os profissionais, ao passo que outra visa prioritariamente o
compartilhamento de fotos e vídeos entre usuários. São exemplos desses dois
tipos de redes sociais, respectivamente:
A) Linkedin e Instagram.
B) Instagram e Dropbox.
C) Dropbox e Spotify.
D) Spotify e Linkedin.

6. Considerando o conceito de engajamento nas redes sociais, é correto afirmar


que
A) a periodicidade ideal de postagens para aumentar o nível médio de
engajamento de um perfil varia de acordo com fatores como público, conteúdo
das postagens e plataforma de publicação.
B) a definição do engajamento de uma postagem se limita ao número de
comentários deixados nela.
C) o impulsionamento pago de conteúdo é sinônimo de alcance orgânico e serve
para desacelerar o engajamento de uma publicação.
D) o nível de engajamento médio do perfil de uma marca em uma rede social
equivale à quantidade de produtos que ela vende em sua loja física.
E) o engajamento da publicação de uma transmissão de vídeo ao vivo se resume
ao número de pessoas que assistiram o vídeo em tempo real.

7. Marcela é compositora e cantora solo. Ela sempre filma suas performances e


seus shows, mas gostaria muito de divulgar seu trabalho em uma rede social
para ficar mais conhecida. Para isso, deve encontrar uma rede social que possa
criar seu espaço e postar seus vídeos. Assim, a melhor rede social para Marcela
fazer a divulgação de seu trabalho é o
A) Telegram.
B) Youtube.
C) Flickr.

177
D) LinkedIn.

8. A rede social Linkedin, fundada em 2002, tem como um dos seus principais
diferenciais permitir que qualquer pessoa estabeleça uma rede de contatos
profissionais. Entre uma das principais funcionalidades, está a possibilidade de
submissão de currículos para diversas vagas registradas na plataforma. Um dos
requisitos para submissão de arquivos é que o currículo seja, exclusivamente,
em formato
A) Word e tenha menos de 10 MB.
B) PDF ou Word e tenha menos de 10MB.
C) PDF e tenha menos de 5MB.
D) Word ou PDF e tenha menos de 5 MB.

GABARITO
1-C
2-A
3-B
4-A
5-A
6-A
7-B
8-D

178
Serviço de Hipertexto
O hipertexto é de longe um dos temas que mais é cobrado em provas de
concursos, em se tratando de Internet, pois é o serviço mais utilizado tanto pelos
usuários no acesso privado à internet quanto no uso corporativo, em
organizações públicas e privadas, uma vez que se trata do serviço que possibilita
a navegação em sites. O Hipertexto representa uma linguagem que possibilita a
navegação na internet por meio de link e hiperlinks em que sites se vinculam a
outros, possibilitando a navegação. O sistema de hipertexto utilizado por padrão
na Internet é o WWW..( Word Wide Web)

Protocolos
Cada serviço da internet tem um modo distinto para transmissão de dados,
recebendo e enviando informações, e esses modos são chamados de
protocolos. São considerados os principais protocolos do serviço de navegação
o HTTP e o HTTPs, os dois tendo características bem semelhantes, porém
algumas distintas, que seguem abaixo:
• HTTP – Protocolo de hipertexto que possibilita visualização de terceiros,
pois não estabelece uma conexão criptografa, e portanto, não possui o
critério de segurança da confidencialidade.
• HTTPS – Protocolo de hipertexto que possibilita não visualização de
terceiros, pois estabelece uma conexão criptografada, e portanto, possui
o critério de segurança da confidencialidade
Obs. Não é possível estar, de forma simultânea, em um site utilizando os
protocolos HTTP e HTTPs, porém em um mesmo site é possível estar em HTTP
e em outra página ou após acesso restrito migrar para HTTPs, como em sites de
bancos, comércio eletrônico ou webmail.

Browsers
São os programas utilizados para navegação, em WWW, por meio dos
protocolos específicos para hipertexto. Dentre eles se destacam:
• Internet Explorer;
• Google Chrome;
• Mozzila;
• Firefox;
• Opera;
• Safari;
• Netscape Navegator.

179
URL (Uniform Resource Locator)
A URL a Sua tradução literal significa a Localização universal de registro é a
estrutura utiliza pelos usuários para acessar determinado site. Ex.
WWW.PREPARATORIOOBJETIVO. COM.BR. As partes de uma URL são:
• WWW – Identificação do serviço de hipertexto.
• PREPARATORIOOBJETIVO – Domínio (nome do site).
• COM.BR – EXTENSÃO DE DOMINIO.

Endereço IP
É o Internet Protocol, simplesmente o endereço do dispositivo, computador em
que o site está fisicamente armazenado/hospedado.
Representa de fato o endereço de um site, o local onde ele se encontra nas
redes que compõe a internet. Essa está migrando do IP V4 para o IP V6, uma
vez que o V4 está com sua capacidade de endereços esgotada.
• IPV4 – Composto por 4 octetos. (32 bits)
• IPV6 – Composto por 8 duoctetos. (128 bits)

EXERCÍCIOS

1. Um auxiliar administrativo, utilizando um computador, quer acessar o


navegador nativo e padrão do sistema operacional Windows 10. Qual é ele?
A) Google Chrome.
B) Internet Explorer.
C) Safari.
D) Mozila Firefox.
E) Microsoft Edge.

2. Considere que Carlos está navegando pela Internet Explorer 8, e pretende


salvar a página da Prefeitura Municipal de Dores do Indaiá/MG para que possa
acessá-la em um outro momento. Para isto Carlos DEVERÁ utilizar o recurso de:
A) Downloads.
B) Favoritos.
C) Histórico.
D) Preferências.

180
3. No Microsoft Internet Explorer, a função do histórico é:
A) Exibir o histórico do programa (data de criação, história etc.) e itens de ajuda
ao usuário.
B) Armazenar e exibir os sites preferidos dos usuários, permitindo seu acesso
rápido.
C) Armazenar os links das páginas visitadas recentemente, e permitir seu acesso
rápido e verificação das páginas acessadas. Exibir o histórico do Sistema
Operacional (Versão, configuração atual etc.) e itens de ajuda do Windows.
D) Exibir o histórico do Sistema Operacional (Versão, configuração atual etc.) e
itens de ajuda do Windows.

4. Alguns navegadores utilizados na internet, como o Microsoft Edge e o Chrome,


permitem um tipo de navegação conhecida como privada ou anônima.
Sobre esse recurso, é correto afirmar que ele foi concebido para, normalmente:
A) não permitir que sejam realizados downloads de quaisquer tipos de arquivos.
B) substituir os dados do usuário por outros fictícios, definidos pelo próprio
usuário, e evitar que propaganda comercial e e-mails do tipo spam sejam
posteriormente encaminhados ao usuário.
C) impedir que o provedor de internet e os sites visitados tenham acesso aos
dados relativos à navegação do usuário.
D) permitir que sites sejam acessados sem que sejam guardados quaisquer
dados ou informações que possam ser usados para rastrear, a partir do
navegador, as visitas efetuadas pelo usuário.

GABARITO
1-E
2-B
3-C
4-D

181
Motor De Pesquisa Ou_Ferramenta De Busca
Um motor de pesquisa ou ainda chamado de ferramenta de busca, nada mais é
do que um programa que é desenvolvido com o intuito de pesquisar por palavras-
chave, que são fornecidas pelos usuários do serviço, e realizar a busca desejada
em determinados documentos ou em bases de dados dos sites.

Tipos De Motores De Pesquisa


→ Buscadores globais – Os motores do tipo globais são buscadores que
pesquisas em todos os documentos e sites da Internet. A baixo temos alguns
exemplos.
• Google
• Yahoo
• Terra

Buscadores verticais – Já os verticais realizam pesquisas “especializadas”,


particulares, em bases de dados próprias, de acordo com suas intenções e áreas
de interesse que motivam tal busca. Geralmente, a inserção de um termo em um
buscador vertical está ligada à procura de algum produto ou mesmo ao
pagamento de uma mensalidade ou de um valor por cliques na internet,
migrando de um site para outro. A seguir, encontra-se a listagem dos principais
buscadores verticais:
• AchaNoticias
• Catho
• BuscaPe
• Decolar.com

Funcionamento do Google
O Google que é a o motor mais utilizado faz a utilização do denominado
PageRank que é um algoritmo Utilizado com intuito de posicionar, na listagem
de relevância, entre os resultados de suas buscas. O PageRank mede a
importância de uma página contabilizando a quantidade e qualidade de links
apontando para ela em outras páginas da Internet.

Comandos avançados do Google


• Busca Exata - Comando: Entre Aspas “ ”
• Excluir Termo - Comando: – (isso, um simples sinal de menos).
• Coringa / Wildcard - Comando: * (asterisco)
• Definição - Comando:_define:.

182
• Tipo de Arquivo - Comando: filetype:.pdf (pode ser “.gif, .jpg e etc).

EXERCÍCIOS
1. Motores de busca como o Google, Bing e Yahoo apresentam os mesmos
resultados para as mesmas pesquisas, pois têm a mesma base de dados.
Certo ( ) Errado ( )

2. Guias locais são aqueles que apresentam resultados exclusivamente


vinculados às intranets das empresas e não resultados em buscas.
Certo ( ) Errado ( )

3. O comando que possibilita encontrar arquivos específicos é filetype:.pdf.


Certo ( ) Errado ( )

GABARITO
1-E
2-E
3-C

183
Navegador (Browser) - podemos defini-lo como o programa para utilizado para
abrir e exibir as páginas da Web.
Existem diversos navegadores diferentes, alguns são gratuitos tais como: o
Mozilla Firefox, o Opera, o Netscape Navigator e o Konqueror; outros são
proprietários como o Internet Explorer.

A principal função de um navegador (browser) é trazer informações que estão


armazenadas em recursos da Internet para o usuário. É através dos browsers
que o usuário tem a possibilidade de interagir com os documentos HTML que
por sua vez ficam hospedados em um servidor web, ou seja, é a partir deles
que podemos visualizar os documentos na rede.

Além de arquivos em HTML, os browsers podem também exibir qualquer tipo de


conteúdo que pode fazer parte de uma página web. Em sua grande parte, os
browsers podem exibir imagens, áudio, vídeo e arquivos XML (eXtended Markup
Language), e muitas vezes têm plug-ins (funções adicionais) que permitem que
o usuário use aplicações Flash e applets Java.

Todos os navegadores têm algumas funções básicas em seu menu, como:


botões para retroceder e avançar páginas carregadas, um para atualizar, outro
que interrompe o carregamento do site acessado, um botão que nos permite ir
diretamente à página inicial.

Abaixo alguns conceitos que podem ser cobrados na hora da Prova...


P.Q.P (Potencial Questão de Prova)!

HTML (Hiper Text Markup Language) Linguagem de Marcação de


Hipertexto): É Linguagem usada para criação de páginas da Web, parte de
layout, organização etc. Existem outras linguagens usadas em conjunto com o
HTML, como o Javascript, VBscript e Flash. Todo browser consegue ler HTML.

Servidor Web (Servidor de Páginas): Lembre-se de que o servidor é quem


fornece, quem prover o serviço.

Cliente Web ou Navegador (Browser): É um software que é instalado nos


computadores dos usuários, que vai ler e interpretar as mensagens (páginas)
enviadas pelos servidores. O browser é quem faz a leitura e a interpretação do

184
código HTML São Exemplos de navegador: Internet Explorer, Mozilla Firefox,
Opera e Netscape Navigator, Chrome são alguns browsers comuns.

Site (Website ou Sítio da Web): é uma página, um diretório localizado em algum


computador servidor de páginas. Essa página pode conter os arquivos das
páginas isso é textos, fotos, vídeos, etc.

Home-Page nada mais é do que a PRIMEIRA página de um sitio (site). É a


página padrão de um site que aparecerá caso seja digitado no endereço do site
sem especificar outra página.
Se você digitar: http://www.ronaldobandeira.com.br aparecerá para você, a
Home-Page do site.

Internet Explorer (IE)


Desenvolvido pela poderosa empresa Microsoft e distribuído integrado como um
programa nativo, ou seja, vindo junto com o Sistema Operacional Windows. É
um browser, que permite ao usuário visualizar páginas HTML disponíveis na
Internet.

185
Barra de títulos
Nessa barra são exibidos o título da página do qual o usuário está visitando, bem
como os botões tradicionais das janelas do Windows.

Importante PQP! Um dos itens mais importantes do menu Ferramentas é o


Bloqueador de Pop-ups e o Opções da Internet. O primeiro porque é fruto de
uma atualização de segurança do IE. O segundo porque concentra todas as
configurações do navegador.

O item Sincronizar permite que o usuário baixe o conteúdo das páginas e


acessar este de forma off-line (Isso é feito a partir do menu Favoritos). Como
estão em menus diferentes, atenção redobrada.

Na guia Geral encontramos opções de configuração da página inicial do


navegador, gerenciamento dos arquivos temporários, histórico e cookies.

Bizu Cavernoso!
Os cookies são pequenos arquivos de texto armazenados em nosso computador
que são gerenciados pelos navegadores. Eles têm por função enviar algumas
informações aos servidores web dos diversos sites que visitamos para que
saibam quem somos, quando foi nossa última visita àquele site etc.

Navegação InPrivate IMPORTANTE!


Permite ao usuário navegar na Web sem deixar rastros no Internet Explorer. Isso
ajuda a impedir que as outras pessoas que usam seu computador vejam quais
sites você visitou e o que você procurou na Web, salvando assim seu
relacionamento rs. A Navegação InPrivate ajuda a impedir que seu histórico de
navegação, os arquivos de Internet temporários, dados de formulários, cookies,
nomes de usuários e senhas sejam retidos pelo navegador.

Mozilla Firefox
Esse Browser conta com recursos bastante interessantes e uma vasta
diversidade de recursos adicionais isso tem de certa forma conquistado o
mercado, especialmente dos defensores do software livre. O Firefox é um
navegador baseado na filosofia open source. Diz-se que um software é open
source quando o seu código fonte é público, não proprietário.

186
Figura. Tela Principal do Mozilla Firefox

Barra de Navegação

Menu Favoritos
O Firefox permite que o usuário adicione as páginas aos favoritos para isso
utilizando as teclas de atalho (Ctrl + D):
os favoritos (marcadores) são atalhos criados para facilitar a a vida do usuário,
indo diretamente a uma página pré-determinada. Para criar um favorito para a
página, abra a página e depois clique em Favoritos->Adicionar página.

Para adcionar todas as páginas aos favoritos... (CTRL + SHIFT + D):


para adicionar uma aba, abra mais de uma aba para exibição, e depois clique
em Favoritos Adicionar todas as abas.:

Menu Ferramentas
Pesquisar na web (ctrl + k): abre automaticamente a página de procura do
Mozilla Firefox.

187
Downloads (ctrl + J): possibilita ao usuário visualizar os downloads feitos dos
arquivos. Durante o processo de download também aparece esta mesma tela e
enquanto acontece o download ele mostra a porcentagem de conclusão.

Complementos: permite ao usuário personalizar o browser, para que ele se


encaixe nas suas necessidades.

Extensões são pequenos “addons” que adicionam novas funcionalidades para


o Mozilla Firefox. Eles podem adicionar botões nas barras e até novos atributos
ao navegador.

Modo Offline: trabalha de forma Offline, em estar vinculado à Internet.

Iniciar navegação privativa: conforme visto em outros browsers tem função


semelhante, este recurso faz uma navegação sem o registro das informações
sobre a utilização de sites e gravação de logs.

Firefox Sync
A partir do Firefox 4, o navegador conta com integração ao Firefox Sync. Para
quem não está familiarizado com o nome, a ferramenta era um complemento
para o browser, que permitia sincronizar os seus favoritos, histórico e
preferências entre computadores.

EXERCÍCIOS
1. O navegador Firefox, versão 66.x, permite acessar vários sites
simultaneamente, em uma mesma janela através do sistema de abas. Quais
teclas de atalho são utilizadas para criar uma nova aba e navegar entre as abas
existentes, respectivamente?
A) SHIFT+T e ALT+TAB
B) SHIFT+T e SHIFT+TAB
C) CTRL+N e SHIFT+TAB
D) CTRL+A e CTRL+TAB
E) CTRL+T e CTRL+TAB

188
2. A navegação na internet e intranet ocorre de diversas formas, e uma delas é
por meio de navegadores. Quanto às funções dos navegadores, assinale a
alternativa correta.
A) A navegação privada do navegador Chrome só funciona na intranet.
B) O acesso à internet com a rede off-line é uma das vantagens do navegador
Firefox.
C) A função Atualizar recupera as informações perdidas quando uma página é
fechada incorretamente.
D) Na internet, a navegação privada ou anônima do navegador Firefox se
assemelha funcionalmente à do Chrome.
E) Os cookies, em regra, não são salvos pelos navegadores quando estão em
uma rede da internet.

3. Quanto ao programa de navegação Mozilla Firefox, em sua versão mais atual,


ao programa de correio eletrônico MS Outlook 2016 e ao sítio de busca e
pesquisa na Internet Google, julgue o item a seguir.
Embora o Mozilla Firefox possua diversos recursos, ele não permite que atalhos
sejam criados, na área de trabalho do Windows, com a finalidade de acessar
uma página que o usuário já tenha visitado. O acesso ao site deve ser realizado
unicamente pela barra de endereços do Firefox.
Certo ( ) Errado ( )

4. Em navegadores web como o Google Chrome, Mozilla Firefox ou Microsoft


Edge há a opção de abrir as páginas de interesse em um modo de navegação
conhecido como privativo ou anônimo, que tem como uma de suas
características
A) ter um tempo máximo de exibição de cada página visitada.
B) não salvar o histórico de navegação das páginas visitadas.
C) exigir o cadastro do usuário a cada página visitada.
D) ser exclusivo de dispositivos móveis, como os smartphones.
E) exigir a solicitação da digitação de uma senha a cada página visitada.

5. Julgue o item seguinte quanto aos conceitos básicos de redes de


computadores, ao programa de navegação Mozilla Firefox, em sua versão mais
recente, e aos conceitos de organização e de gerenciamento de arquivos e

189
pastas. No Mozilla Firefox, as teclas de atalho e
são usadas para abrir uma nova aba e uma nova janela, respectivamente.

GABARITO
1-E
2-D
3 - ERRADO
4-B
5 - ERRADO

Camadas do TCP/IP

190
CAMADA DE APLICAÇÃO

Estrutura do e-mail
Desde que foi desenvolvido por volta dos anos 70, a estrutura do e-mail
praticamente continua a mesma:
abaixo temos a listagem dos campos de um e-mail:
• Cabeçalho (header)
• Corpo (body)

Campos de um e-mail
• Remetente
• Destinatário, PARA
• Destinatário CC
• Destinatário CCO

Protocolos de e-mail
O serviço de e-mail tem as suas próprias formas tanto para o envio do conteúdo
quanto para o recebimento do mesmo e esses respectivos serviços são
chamados de protocolos.
Abaixo citados os principais protocolos de e-mail:
• Protocolo de Envio – SMTP
• Protocolos de Recebimento- POP3 e IMAP4

Formas de acesso
Temos duas formas básicas de acesso a um e-mail:
• Webmail
• Cliente de e-mail

191
EXERCÍCIOS

1. Em um envio padrão de e-mail, é utilizado o protocolo SMTP para o envio e


POP3 ou IMAP4 para recebimento, dependendo do serviço utilizado.
Certo ( ) Errado ( )

2. Característica importante dos clientes de e-mail é não ter a necessidade de


dispor de espaço físico para armazenamento.
Certo ( ) Errado ( )

3. Gustavo preparou uma mensagem de correio eletrônico no Microsoft Outlook


2010, em sua configuração padrão, com as seguintes características:
Para: Aline, Livia, Alexandre. Cc: Joana, José Cco: Edmundo
Alexandre, ao receber a mensagem, clicou em Responder a todos. Assinale a
alternativa que indica quantos destinatários aparecem automaticamente em sua
mensagem.
a) 1, apenas o remetente original, Gustavo.
b) 3, sendo Gustavo, Aline e Livia.
c) 4, sendo Aline, Livia, Joana e José.
d) 5, sendo Gustavo, Aline, Livia, Joana e José.
e) 6, sendo Gustavo, Aline, Livia, Joana, José e Edmundo.

4. Em um correio eletrônico, o endereço do destinatário secundário, que irá


receber uma cópia de uma mensagem, é preenchido no campo
A) Cc
B) Cco
C) Para
D) Assunto
E) Anexo

192
5. O Reitor de uma Universidade precisa enviar um E-mail ao Governador do
Estado, utilizando o Microsoft Outlook, copiando o Secretário de Educação e o
Profissional de Secretariado que o assessora, solicitando uma audiência. Para
que nem o Governador nem o Secretário saibam que o Profissional de
Secretariado está sendo informado do assunto, o Reitor enviará um único e-mail
para os 3 destinatários, preenchendo o campo ___________ com o título da
mensagem, o campo ___________ endereçando o e-mail para o Governador do
Estado. Preencherá, ainda, os campos ___________ e ___________ com o
endereço de e-mail do Secretário de Educação e do Profissional de Secretariado,
respectivamente.

Assinale a alternativa que preenche, CORRETAMENTE, os espaços em branco.


a) Para / Assunto / Cc / Cco
b) Assunto / Para / Cco / Cc
c) Assunto / Para / Cc / Cco
d) Para / Cc / Cco / Assunto
e) Cc / Assunto / Cco / Para

GABARITO
1 - CERTO
2 - CERTO
3-D
4-A
5-C

193
Microsoft Excel
O Excel - é uma poderosa ferramenta de planilhas eletrônicas desenvolvido pela
Empresa Microsoft, a sua formação dar-se-á por Células, que é a junção de
Colunas e Linhas:
Sendo que as Colunas são representadas pelas Letras (de A até XFD)... e as
Linhas Representadas por Números (de 1 até 1.048,576).

Pergunta: O Valor 10 está localizado em qual Célula? Primeiro precisamos


analisar a coluna (Formada pelas Letras) e em seguida a linha (Formada por
Números) obtendo-se assim o Valor A1.

O editor de planilhas Microsoft Excel tem uma configuração padrão pré-definida


e tem sua estrutura básica de menus e guias que segue abaixo:
• Menu - Arquivo
• Guias - Página Inicial, Inserir, Layout da Página, Fórmulas, dados,
Revisão e exibir.

194
Bizu Caveira!!!
PAin INiciou Linguagens e Formulas dos dados revisados e exibidos.

Operadores
> Maior Que
= Igual
< Menor Que
<> Diferente
>= Maior ou igual
<= Menor ou igual.
^ Exponenciação & Concatenar
+ Adição
- Subtração
* Multiplicação
/ Divisão

Bizu Cavernoso!!!
• Toda e qualquer fórmula do Excel deverá iniciar com o sinal de igualdade
(=)
• PODENDO AINDA SER INICIADAS COM SINAL DE SUBTRAÇÃO ( - ) E
TAMBÉM COM SINAL DE ADIÇÃO ( + ).

Função SOMA
=Soma(A1:A4)
=Soma(A1;A4)
=(A1+A2+A3+A4)

195
Nesse caso por exemplo temos em 3 Modelos distintos de realizar a função de
soma.
Por exemplo no primeiro método teremos:
= Soma (A1 : (dois pontos) A4, ou seja, nesse caso a soma vai ser feita de todos
os valores da ce´lula A1 ate´ a Ce´lula A4, resultando assim no resultado 80.
No segundo método:
= Soma (A1;(ponto e vÍrgula) A4), ou seja, nesse caso a soma vai ser feita
apenas dos valores contidos em A1 e A4, resultando assim no resultado 30.
No terceiro método teremos:
=(A1+A2+A3+A4), ou seja, a soma dos 4 valores contidos nas células citadas.

Função SOMAQUAD
=SOMAQUAD(A1:A4)
Nesse caso essa FÓRMULA específica deseja saber o resultado da soma
Quadrada, ou seja, o resultado da soma dos número elevados a potência de 2...
Por exemplo:
=SOMAQUAD(A1:A4)
somaria os valores 2²+3²+4²+5²
Assim teríamos como valor: 2x2=4+ 3x3=9+4x4=16+5x5=25 Somando todos os
valores obtidos teríamos: 54.

Função MÉDIA
=MÉDIA(A1:B4)
=MÉDIA(A1;B4)
=(A1+ A2+ A3+ A4+B1+B2+B3+B4)/8
Nessa Fórmula é trabalhada a média Aritmética, ou seja, significa somar os
valores e dividir pela quantidade de valores que se tem por exemplo:
A fórmula vai ser lida da seguinte forma:
Calcule a média de A1 até B4, ou seja, todos os valores que estiverem contidos
nesse intervalo deverão ser somados e consequentemente divididos:
Então teremos:
A1(2) + A2(4) + A3(4) + A4(10) + B1(4) + B2(8) + B3(6) + B4(6) somar todos e
dividir por 8, haja vista que temos em questão 8 valores, obtendo na soma 44 e
dividindo por 8 (5,5).

196
Função MÉDIASE
=MÉDIASE(A1:B4; ‘>3”)
Nesse Caso teremos uma média calculada, seguida de uma condição, ou seja,
só será somado e consequentemente divido, caso atenda ao critério por
exemplo:
Analisaremos de A1 ATÉ B4 quais os valores maiores que 3, obteremos assim
os valores 6+4+8+12, então somaremos os que satisfizeram a condição e como
foram 4 valores será realizado a divisão por 4, obtendo assim: 32/4=8.

EXERCÍCIOS

1. Calcule o resultado da fórmula:


“=MÉDIASE(A1:C2;”>=10”)”, com base na planilha abaixo, retirada dos
aplicativos clássicos (Microsoft Office) para elaboração de planilhas eletrônicas:

197
a) 30
b) 20
c) 76,5
d) 72,5

2. Em uma planilha criada no MS-Excel 2010, foi inserida a seguinte fórmula na


célula D4:

= SOMA(A1:C2) Considere os valores presentes em outras células da planilha,


conforme ilustrado a seguir: O resultado gerado na célula D4 é 73,785.
Certo ( ) Errado ( )

GABARITO
1-B
2 - CERTO

198
Função MED
=MED (A1 : A4)

Nesse caso será calculada a mediana, existe uma sucessão de passos pra
resolver essa FÓRMULA:

1º Passo - Identificar quais valores estão no intervalo: (8,2,3,5)


2º Passo - Ordenar de forma crescente (2,3,5,8)
3º Passo - identificar se é par ou ímpar a quantidade de número e no caso como
é par, pegar os dois números centrais
(2,3,5,8) --- Somar e dividir por 2.

Função MÁXIMO E MÍNIMO/ MAIOR E MENOR


=MÁXIMO (A1:A5)
=MÍNIMO (A1:A5)
Primeiro iniciaremos falando sobre as funções Máximo e Mínimo, são fórmulas
bem simples e intuitivas, nesse caso dos exemplos acima citados teremos que:
1º Caso = Máximo (A1:A5)
1º - Analisar quais valores se encontram dentro do intervalo citado:
2º - Identificar qual é o valor imediatamente maior e só, obtendo assim:8.

199
2º Caso = Mínimo (A1:A5)
1º - Analisar quais valores se encontram dentro do intervalo citado:
2º - Identificar qual é o valor imediatamente menor e só, obtendo assim: 2.

Já no caso da Função Maior e Menor é um pouco diferente

=Maior(A1:A4;2) Nessa caso serão divididos em duas partes:


Primeira é a parte a ser analisada e a segunda é qual termo se deseja como
maior se é o 1º o 2º e aí por diante, então teremos:
De A1:A4 o 2º maior, como resultado obteremos: 5.

=Menor(A1:A4;2) Nessa caso serão divididos em duas partes:


Primeira é a parte a ser analisada e a segunda é qual termo se deseja como
menor se é o 1º o 2º e aí por diante, então teremos:
De A1:A4 o 2º menor, como resultado obteremos: 3.

EXERCÍCIOS

1. Observe a tabela abaixo, ela foi criada no Microsoft Excel.

200
Qual será o resultado da expressão =MAIOR (A1:A6;3) aplicada na tabela:

a) R$ 4.500,00
b) R$ 2.750,00
c) R$ 2.800,00
d) R$ 1.000.00

GABARITO

1-C

FORMULAS CONTADORAS DE CÉLULAS


=CONT.NUM, CONT.VALORES, CONTAR.VAZIO, CONT.SE

Esse bloco vamos dividir especificamente para as Fórmulas que servem para
contar células, vamos iniciar com a (CONT.NUM)

=Cont.Núm(A1:C5) - Nesse caso serão contadas as células que contém


números, então retornará o valor 5.

No caso da célula

201
=Cont.valores (A1:C5) - Nesse caso serão contadas as células que não
estiverem vazias ou seja que tiverem qualquer valor nela, seja letra ou número,
então será retornado o valor: 9.

Já em se tratando da fórmula
=CONTAR.VAZIO(A1:C5) - Nesse caso serão contadas as células vazias.
Temos ainda uma fórmula bem recorrente em prova de concurso público que e´
a CONT.SE
=Cont.se (A1:C5; >3) - Será contado nesse caso as células que são maiores
que 3, ou seja, só será contado mediante a condição.

Função CONCATENAR
=A1&A2
=CONCATENAR(A1;B2)

A Função concatenar tem somente a função de juntar (amancebar) células,


--Ai mas professor, como assim?
No exemplo acima citado temos: =A1&A2, ou seja, o valor que seria retornado
seria, 1020, nesse caso não há soma apenas a junção dos termos.

Função INTERSEÇÃO
=Soma(A1:C4 B2:C4)
=Média(A1:C4 B2:C4)

202
Nesse Caso, vamos remeter a ideia da teoria dos conjuntos, no primeiro caso
ele desejo calcular a soma da interseção, ou seja, a soma dos valores que fazem
parte dos dois intervalos ao mesmo tempo, assim no primeiro caso
teremos=Soma(A1:C4 B2:C4) : 10+4+4+5+12+8=43.
No segundo caso teremos que calcular a média aritmética dos valores que
fazem parte dos dois intervalos ao mesmo tempo, assim teríamos que pegar a
soma 43 e dividir por 6.

EXERCÍCIOS
1. Na seguinte Planilha eletrônica do programa EXCEL, se for aplicada a função
contida na célula

B6, o resultado será:


a) 8,75.
b) 12.
c) 6.
d) 35.
e) 4.

203
2.

Ao ser aplicada a célula A5 a formula =Soma(A1:C4 B2:D4). Obtém-se como


resultado o seguinte valor

a) 250
b) 100
c) 109
d) 108

GABARITO

1-E
2-C

204
Modo de referenciação de células:

Relativo
Os valores tanto das colunas quanto das linhas poderão ser alterados quando
copiado e colado em uma célula distinta da original.

Absoluto
Os valores tanto das colunas quanto das linhas NÃO poderão ser alterados
quando copiados e colados em uma célula distinta da original.

Misto
Os valores das colunas ou das linhas poderão ser alterados quando copiado e
colado em uma célula distinta da original.

Função ARRED
A função ARRED arredonda um número para um número especificado de
dígitos. Por exemplo, se a célula A1 contiver 23,7825 e você quiser arredondar
esse valor para duas casas decimais, poderá usar a seguinte fórmula:
=ARRED(A1, 2) O resultado dessa função é 23,78.

Função TRUNCAR
Essa função tem como o intuito quebrar o valor, ou seja, diferente do ARRED
que faz o arredondamento vejamos o exemplo:
=Truncar(98,98787676987;2) essa segunda parte (;2) significa o número que se
deseja quebrar após a (Vírgula), então assim teríamos, 98,98.

205
EXERCÍCIOS

1. Com relação ao Microsoft Office Excel 2013, o resultado de se aplicar a função


=ARRED(MÉDIA(5;6,7;7);2) em uma dada célula é:

a) 6
b) 6,25
c) 5
d) 6,23

2. No Microsoft Excel, se na célula C1 está o resultado da divisão de 71 por 14


e na célula D1 está digitado o número 2, a execução da função =ARRED(C1;D1)
retorna como resultado,

a) 5,07
b) 5,1
c) 5,06
d) 5,071
e) 5,2

GABARITO

1-B
2-A

206
Funções do Excel

Função SE
A função SE é a mais importante função de Excel para concursos, pois é a que
tem maior incidência em provas de concursos.

Função SOMASE

SOMASES EM EXERCÍOS:
1. Uma planilha do MS-Excel 2010, a partir da sua configuração padrão, utilizada
por uma empresa de contabilidade para controlar os salários de funcionários de
diversas empresas, conforme ilustra a figura, contém, na coluna A, o nome do
funcionário, na coluna B, o nome da empresa em que o funcionário trabalha, na
coluna C, o nome do setor a que o funcionário pertence e, na coluna D, contém
o salário do funcionário.

207
A fórmula a aplicada na célula C12 para calcular o total de salários do Setor B
da Empresa Indústria de Panela Sousa foi
=SOMASES(D2:D10;B2:B10;"Indústria de Panela Sousa";C2:C10;"B") e o valor
obtido com a mesma foi de 1.200.

EXERCÍCIOS

1. Seja a seguinte planilha, criada via MS Excel 2016 em português.

A execução da fórmula:
"=SOMASES(E5:E11;C5:C11;"=Nome2";D5:D11;"=X")" produz como resultado
o valor

208
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5

2. Considere que a fórmula =SOMASE(A1:A5;">17";B1:B5) foi inserida na célula


B6 do trecho de planilha EXCEL representado abaixo.

O resultado obtido na célula B6 é

a) 31
b) 52
c) 76
d) 96
e) 172

GABARITO

1-C
2-B

209
Mensagens de ERRO EXCEL:
#nome? Ocorre quando o usuário digita erroneamente a fórmula/função por
exemplo:
A fórmula correta é SOMA e o usuário por equivoco escreveu SONA, nesse dado
momento será exibido uma mensagem de erro “#NOME?”

#valor!
Argumento errado como parâmetro
Essa Mensagem ocorre quando o usuário tenta realizar por exemplo uma soma
entre caracteres,
Exemplo: A1=maria, a2= João, =a1+a2, nesse caso a mensagem de erro será
exibida.

#ref!
Referência inexistente (Célula Excluída)
Exemplo o usuário realizou uma fórmula de soma com valores contidos em A1
hipoteticamente falando, depois por algum motivo essa célula foi excluída, nesse
caso será exibido a mensagem de erro “#ref!”

#num!
Número muito grande
Existem números que até o poderoso EXCEL, pica das galáxias não consegue
calcular, por exemplo =9999999999999^9999999999999999 nesse caso será
exibido a mensagem #num!

EXERCÍCIOS

1. Uma planilha criada no Microsoft Excel 2010, em sua configuração padrão,


está preenchida como se apresenta a seguir.

210
A fórmula =PROCV(A10;A2:C7;3;0), se digitada na célula B10, trará como
resultado

a) #N/A
b) #ERRO
c) 3
d) Guarulhos
e) 22/10/2015

2. A planilha abaixo foi criada no Excel 2016 BR.

211
Na planilha foi inserida a expressão =PROCH(C9;A9:C13;4;1) em C15. Como
resultado, o valor mostrado em C15 é:

a) CURRAIS NOVOS
b) 32326543.
c) VERA CRUZ
d) S1.
e) S4.

3. Considerando o Microsoft Excel 2007, em sua configuração padrão, assinale


a alternativa que apresenta o resultado da fórmula
=PROCV(10;B2:D9;3;VERDADEIRO), aplicada na planilha a seguir.

a) R$ 0,00
b) R$ 500,00
c) R$ 800,00
d) Vídeo game

4. A tabela abaixo representa os dados em uma planilha Excel 2007.

212
Assinale a alternativa que apresenta o resultado da função
=PROCV(C7;B2:E6;3;FALSO), levando em consideração que o valor de C7 é
A003.

a) SP003
b) B3
c) Filtro de Ar
d) R$ 15,40
e) Indisponível

5. Considere no Microsoft Excel a planilha que está parcialmente ilustrada na

imagem a seguir.
Suponha que alguém clicou no canto inferior direito da alça (que está
selecionada) da célula C1 e a arrastou para a célula C2. Depois fez o mesmo
com a alça na célula C2, arrastando-a para a célula D2. Assinale a alternativa
que apresenta o valor que foi mostrado na célula D2 após essas operações.

a) 5.
b) 6.
c) 7
d) 8
e) 9.

6. Observe a imagem abaixo do uso de uma função na Planilha eletrônica MS


Excel 2013.

213
O resultado obtido através do uso desta função no valor contido nesta planilha
é:

a) 51,38.
b) 25,69.
d) 20.
d) 128,4.
e) 0.

7. Numa planilha do MS Excel constam células com os seguintes valores: A1=20;


B1 = 12 ; C1= 4. O valor contido na célula D1 se ela contiver a seguinte
expressão:=PAR(4)+A1-B1/C1 será:

a) 6.
b) 8.
c) 21.
d) 16.
e) 12.

8. Observe a Figura a seguir extraída do MS Excel.

214
Se a célula K1 for copiada para J2, qual será o valor em J2?

a) 6
b) 7
c) 14
d) 15
e) #REF!

GABARITO

1-D
2-A
3-B
4-D
5-D
6-B
7-C
8-A

215
Microsoft Word
O Word é uma poderosa ferramenta de edição de textos desenvolvido Microsoft,
e traz uma série de recursos a fim de facilitar a vida do usuário. Há muito vem
sendo recorrente em provas de concursos a suíte de escritório, então é de
fundamental importância que estudemos afim esse assunto. Dependendo do
certame, pode ser abordado também o editor de textos do pacote BrOffice –
LibreOffice, o Writer, porém o mais comum, particularmente em concursos
federais, é serem abordados os dois programas. Uma diferença fundamental
entre o Word e o Writer são as extensões de arquivos, pois enquanto o Word
tem a extensão padrão “.docx” e de modelos “.dotx”, o Writer tem como extensão
padrão “.odt” e de modelos “.ott”.

Guias e Menus

A suíte da Microsoft utilizadas para desenvolvimento de Textos Word já vem com


sua configuração padrão pré-definida e também com sua estrutura básica de
menus e guias.
• Menu-Arquivo
• Guias -Página Inicial, Inserir, Design, Layout da página, Referências,
Correspondências, revisão e exibir.

BIZU CAVERNOSO!!!
PAin INSERIU DESIGN E LAYOUTS Referentes as correspondências
revisadas e exibidas.

OBS: Existem algumas guias dentro do pacote office que são semelhantes aos
demais programas do pacote, e existem guias que por sua vez são exclusivas.
As guias que são exclusivas do Word, ou seja, que não existem em outros
aplicativos, são aquelas que estão no PLURAL (e agora é aula de português
professor?) e são as guias REFERÊNCIAS e CORRESPONDÊNCIAS.

216
Configuração Padrão do Word
As últimas versões do Word permaneceram com as mesmas definições de
configuração padrão, esse tema é bastante relevância e comumente explorado
em concursos públicos.

Hiperlink

No Word ainda é possível acrescentar hiperlinks, que são atalhos que podem ser
tanto externos (para um site, por exemplo http://www.ronaldobandeira.com.br),
quanto internos (para outra página do mesmo documento, por exemplo). Por
padrão, um hiperlink inserido e ainda não

habilitado é indicado na cor azul e sublinhado simples, Já um hiperlink habilitado


é indicado na cor roxa e sublinhado simples.

O Caminho para inserir um hiperlink em um texto no Word é:


1º Selecionar o elemento
2º Ir na guia “Inserir”

217
3ºEscolher no grupo “links” a ferramenta “hiperlink”. Ao abrir a janela de
formatação do hiperlink
é escolhido o endereço do atalho interno ou externo.

BIZU CAVERNOSO!!!

Para habilitar um hiperlink, por meio do curso do mouse, é necessário manter


pressionada a tecla Ctrl.

Pincel de Formatação

Uma ferramenta de grande relevância no MS-Word é o pincel de formatação,


que tem por função copiar e aplicar a formatação de um texto em outras partes.
Existem dois métodos de se trabalhar com o pincel de formatação:
• Clique simples no pincel de formatação - Copia, aplica e desabilita a
ferramenta;
• Clique duplo no pincel de formatação - Copia, aplica e mantém
habilitada a ferramenta para aplicação em outras áreas do texto.

Estilos e Efeitos
No Ms-Word é possível inserir estilos e efeitos ao texto em edição, e esses
seguem abaixo:
• Regular (Normal)
• Negrito (Crtl + N) (EXEMPLO)
• Itálico (Crtl + I) (EXEMPLO)
• Negrito Itálico (Crtl + N+I) (EXEMPLO)
• Tachado (EXEMPLO)
• Subscrito (Crtl + =) (EXEMPLO)exemplo
• Sobrescrito (Crtl + Shift + +) (EXEMPLO)12345

218
EXERCÍCIOS
1. Observe as palavras digitadas e formatadas no MS-Word 2010, na sua
configuração padrão.

Após selecionar a palavra BALANÇO, assinale a alternativa com a formatação


que será aplicada nas palavras após a execução das ações a seguir:

I. Clique em

II. Seleção das palavras ativos e passivos simultaneamente

III. Seleção da palavra

a) ativos; passivos:
b) ativos; passivos; PATRIMÔNIO
c) ATIVOS; PASSIVOS; PATRIMÔNIO.

d) ATIVOS; PASSIVOS;

e) ativos; passivos;

2. Em um documento criado no Microsoft Word 2010, em sua configuração


padrão, um usuário selecionou dois parágrafos e a caixa de seleção com o
tamanho da fonte ficou em branco, situação que não aconteceu com a caixa de
seleção do tipo da fonte, conforme imagem a seguir, do grupo Fonte da guia
Página Inicial.

219
Assinale a alternativa que indica corretamente a explicação para a caixa de
seleção com o tamanho da fonte ter ficado em branco.

a) O tamanho da fonte de letra nos dois parágrafos selecionados é o mesmo e


maior do que o máximo exibido na caixa de seleção, que é 72.
b) O tamanho da fonte de letra nos dois parágrafos selecionados é o mesmo e
menor do que o mínimo exibido na caixa de seleção, que é 6.
c) O tamanho da fonte de letra é 8,5, sendo o mesmo nos dois parágrafos e a
caixa de seleção só exibe números inteiros.
d) Os dois parágrafos selecionados são uma marca d’água.
e) Há diferentes tamanhos de fonte de letra nos dois parágrafos selecionados.

3. No MS Word, o “pincel de formatação” é utilizado para

a) estabelecer critérios de cores de fundo nas células de uma tabela.


b) definir padrões de bordas para uma tabela.
c) alternar tipos de layout de exibição.
d) copiar a formatação de um trecho e aplicá-la em outro.
e) desenhar formas, tais como retângulos, setas e linhas.

4. Um usuário do MS-Word 2016 selecionou uma letra de uma palavra e, em


seguida, pressionou simultaneamente duas teclas: Ctrl e =. Essa ação aplicará,
no caractere a formatação

a) Itálico.
b) Subscrito.
c) Sublinhado.
d) Sobrescrito.
e) Tachado

220
GABARITO
1-A
2-E
3-D
4-B

Seleção De Textos No Microsoft Word


A seleção de texto é uma ferramenta muito importante já que o Word é um editor
de texto, que irôria não? O assunto seleção de texto no Microsoft Word é um
tema bastante cobrado em provas de concursos. Existem basicamente duas
formas de seleção de textos no Editor:
Uma por meio do cursor do mouse
e outra por meio da seta de seleção, que é habilitada quando o cursor do mouse
é levado para a margem
esquerda do documento em edição.

Regras de seleção por meio do cursor do mouse:

Regras de seleção por meio da seta de seleção.

Inserindo planilhas do Excel no Ms-Word


No word é possível ainda, a inserção de planilhas de cálculos do excel devido à
compatibilidade existente entre os diferentes aplicativos do pacote Microsoft
Office.

221
O caminho para inserção de uma planilha do Excel em um documento em edição
no Word é :
• 1º Ir na guia “INSERIR”,
• 2º Selecionar o grupo “TABELAS
• 3º ferramenta planilha do Excel.

Seguem as regras de trabalho com uma planilha de Excel do Word:

1ª Regra - A planilha que for inserida irá seguir todas as regras do Excel e não
de tabela do Word.
2ª Regra - Se o usuário clicar fora da área de edição da planilha, ela
automaticamente se transformará em uma imagem e nunca em uma tabela.
Caso o usuário clique novamente na área de edição, ela volta a ser uma planilha
editável do EXCEL
3ª Regra - Se o usuário selecionar a imagem e copiar, colocando em outro
documento de qualquer aplicativo do pacote MS office, será colada como
imagem, porém poderá ser editada no Ms-Word. De acordo com os termos desta
constituição.

Por padrão como já dito em outrora o alinhamento do Ms-Word é alinhado à


esquerda, mas ainda existem outros três tipos de alinhamentos:
• Alinhamento Centralizado (Alinha o texto ao centro)
• Alinhamento à Direita (Alinha o texto à direita)
• Alinhamento Justificado; (Alinha o texto de maneira uniforme entre às
bordas).

222
EXERCÍCIOS

1. Utilizando o Word 2016, para o Windows 10, ambos na versão PT-BR, com o
objetivo de aplicar uma formatação específica de fonte na palavra
contemporânea, na linha 2, pode- se clicar

a) três vezes com o botão esquerdo do mouse e, depois, pressionar as teclas


Ctrl + F.
b) duas vezes com o botão esquerdo do mouse e, depois, pressionar as teclas
Ctrl + D.
c) duas vezes com o botão direito do mouse e, depois, pressionar as teclas Ctrl
+ F.
d) uma vez com o botão direito do mouse e, depois, pressionar as teclas Ctrl +
D.

2. Durante o processo de edição de um documento no MS-Word 2016, um


usuário decidiu formatar um parágrafo selecionado, clicando sobre o botão
“Justificar”, presente no grupo

Parágrafo da guia Página Inicial. Essa ação fará com que o texto do parágrafo
selecionado seja

a) distribuído uniformemente entre as margens superior e inferior.


b) distribuído uniformemente entre as margens esquerda e direita.
c) centralizado na página.
d) alinhado apenas à margem esquerda.

03. A seleção de um texto com o cursor do mouse tem no clique duplo a seleção
da palavra e espaços existentes até o próximo caractere.

Certo ( ) Errado ( )

223
GABARITO
1-B
2-B
3 - CERTO

Menu Arquivo

Delete e Backspace
São botões muito utilizados ao longo da digitação, principalmente para a
correção de erros.

DELETE - Irá apagar o elemento que se encontra imediatamente à direita do


cursor
BLACKSPACE - Irá apagar o elemento que se encontra imediatamente à
esquerda do cursor.

apague com BACKSPACE l apague com DELETE


Ainda, utilize CTRL + Backspace para excluir uma palavra à esquerda, e CTRL
+ Delete para excluir uma palavra à direita.

Cursor
• Home - Inicio da linha
• End - Final da linha
• Ctrl+Home - Inicio da 1ª Página
• Ctrl+End - Final da última Página
• Ctrl+PGUP - Inicio da página Anterior
• Ctrl+PgDown - Início da próxima Página.

224
Erros gramaticais:
• Versão 2010 - Sublinhado verde;
• Versão 2013 - Sublinhado Azul;
• Versão 2016 - Duplo Sublinhado Azul;
• Versão 365 - Sublinhado Azul;

EXERCÍCIOS

1. Durante a digitação do terceiro parágrafo da página 5 de um documento, no


Word 2016 em português, um assistente administrativo pressionou a
combinação de teclas Ctrl+Home.
Tal combinação de teclas fez com que o cursor se deslocasse para o

a) início da página anterior


b) início do parágrafo anterior
c) início da linha em que estava
d) início do documento
e) final da linha em que estava

2. Trabalhando no Word 2016 e desejando que o tamanho da fonte do texto seja


aumentado em 1 ponto, por meio de teclas de atalho, deve-se utilizar

a) Shift+Q
b) Alt+U
c) Ctrl+]
d) Ctrl+Alt+I
e) Alt+[

225
3. Uma das formas de se inserir Índices e Notas de Rodapé no Microsoft Word
2013, em português, é por intermédio da guia

a) Design.
b) Layout da Página.
c) Referências.
d) Correspondência.
e) Inserir.

4. Um usuário está editando um documento de 10 páginas no Microsoft Word


2010, em sua configuração original. Com o cursor no meio da página 5, assinale
a alternativa que indica a posição do cursor após o usuário pressionar
CTRL+Page Up.

a) Página 1, início do documento.


b) Página 4, início da página.
c) Página 5, início da página.
d) Página 5, início do parágrafo onde está o cursor.
e) Página 10, final do documento

GABARITO
1-D
2-C
3-C
4-B

226
EXERCÍCIOS

1. No Microsoft Word 2019, na guia Página Inicial, grupo Área de Transferência,


é possível utilizar o recurso Pincel de Formatação por meio do ícone/botão
destacado na figura a seguir.

A função do Pincel de Formatação é

a) copiar e colar o texto selecionado.


b) copiar e colar a formatação do texto selecionado.
c) remover a formatação do texto selecionado.
d) realçar o texto selecionado.
e) pintar o conteúdo de uma forma geométrica selecionada.

2. No editor de textos Word 2016, para selecionar uma única palavra do texto,
basta:

a) Pressionar <Ins> com o cursor sobre a palavra.


b) Pressionar <Delete> com o cursor sobre a palavra.
c) Pressionar <Ctrl> com o cursor sobre a palavra.
d) Clicar uma vez na palavra.
e) Clicar duas vezes na palavra.

3. No contexto do MS Word, os termos Normal, Título 1, Título 2 são empregados


para a identificação de

227
a) Estilos.
b) Fontes.
c) Formas.
d) Padrões ortográficos.
e) Símbolos especiais.

4. Assinale a opção correspondente à aba utilizada para criar tabelas no MS


Word.

a) Design
b) Inserir
c) Arquivo
d) Exibir

5. Em relação às funcionalidades do Word 2016, sobre os atalhos do teclado,


assinalar a alternativa CORRETA:

a) Ctrl + N é utilizado para sublinhar o texto selecionado.


b) Ctrl + S é utilizado para deixar o trecho selecionado com formatação subscrito.
c) Ctrl + Z é utilizado para repetir a última ação.
d) Ctrl + C é utilizado para centralizar o trecho selecionado.
e) Ctrl + W é utilizado para fechar o documento.

6. Considerando o editor de texto Microsoft Word 2010, versão em português em


sua instalação padrão, ao selecionar uma palavra no documento e em seguida
utilizar as respectivas teclas de atalho Ctrl + N e Ctrl + S o que ocorrerá? Obs.:
O caractere “+” foi utilizado apenas para interpretação da questão.

a) A palavra selecionada será duplicada e, em seguida, o documento será salvo.


b) A palavra selecionada será formatada no estilo negrito e, em seguida, o
documento será salvo.
c) A palavra selecionada será formatada no formato negrito e, em seguida, no
formato sublinhado.

228
d) Será aberto um Novo documento e, em seguida, irá aplicar o estilo de
formatação sublinhado.
e) Será aberto um Novo documento e, em seguida, será salvo.

7. No MS-Word 2016, a opção de formatação em que o texto é uniformemente


distribuído entre as margens é chamado de:

a) Centralizado;
b) Alinhado ao centro;
c) Alinhado às margens;
d) Justificado.

8. O Microsoft Word é o editor de textos do Microsoft Office. Extremamente,


completo, o programa permite um alto nível de controle das suas funções e
ferramentas a partir do uso de atalhos de teclado. A tecla de atalho CTRL+Q, no
Word 2016:

a) Centralizar o texto.
b) Alinha à esquerda.
c) Alinha à direita.
d) Justifica o texto.
e) Sublinhar o texto.

EXERCÍCIOS

1-B 5-E
2-E 6-C
3-A 7-D
4-B 8-B

229
POWER POINT

O Power Point é o editor de Apresentação de Slides da Microsoft. Cuidado,


algumas provas podem citar o termo slides em Português “Eslaide”.
Programa utilizado para criação e apresentações de Slides. Para iniciá-lo basta
clicar no botão Iniciar da barra de tarefas do Windows, apontar para Todos os
Programas, selecionar Microsoft Office e clicar em Microsoft Office PowerPoint.

Na esquerda da tela é possível observar duas guias Slides e Tópicos, como


nosso slide está vazio ao clicar em tópicos não será mostrado nada. No rodapé
à direita temos o controle de Zoom e sendo mostrados anteriores a ele três
botões que permite visualizar a sua apresentação.

O primeiro deles é botão Normal ele mostra a tela como está no momento, o
segundo botão é Classificação de Slides é através dele que podemos visualizar
os slides em miniatura, essa opção é útil quando precisamos mover excluir
slides, quando se aplica transição de slides, etc... O terceiro botão é a
Apresentação de Slides, como o próprio nome diz, é através dele que podemos
ver como fica a apresentação pronta.

230
Layout e Design
Para definirmos qual o layout a ser utilizado no slide na ABA Início, existe o
grupo Slides.

Neste grupo temos o botão de Novo Slide que permite adicionar slides a sua
apresentação. Ao clicar nele será aberta à possibilidade de escolha do tipo de
slide, a opção de duplicar um slide existente.

Nessa guia temos o grupo Configurar Página que permite configurar o slide e
definir a orientação do mesmo, a guia ao lado Temas, permite que você possa
aplicar diversos temas a sua apresentação, estes temas mudam as cores de
fundo e fonte, e o tipo de letra a ser utilizado, ao clicar no canto a direita do grupo

231
serão mostrados mais alguns modelos e a possibilidade de buscar temas o Office
On-line.

Formatação de Textos
A formatação de textos é semelhante ao Word e Excel, a grande diferença é que
no Power Point todo texto é baseado em caixas de texto. No slide que se abriu
junto com a apresentação temos uma caixa de texto para o título e uma caixa de
texto para o subtítulo.

Para formatar nossa caixa de texto temos os grupos da aba inicio

O primeiro grupo é a Fonte, podemos através deste grupo aplicar um tipo de


letra, um tamanho, efeitos, cor, etc..., podemos também clicar na faixa Fonte
para abrir a janela de fonte.

232
O grupo Parágrafo permite definir o alinhamento do texto, colocar o texto em
colunas, o espaçamento entre as linhas, direção do texto, alinhamento do texto
em relação à caixa e Converter em SmartArt. Podemos também clicar na faixa
parágrafo.

O grupo ao lado Desenho

Temos a área de formas a serem desenhadas. Ao lado o botão de Organizar que


permite ordenar os objetos dentro dos slides, agrupar dois ou mais objetos,
alinhar os objetos.

Smart Art (Fluxograma)


Em nosso próximo slide vamos adicionar um Smart Art, inicie um novo slide e
coloque como título Produção de Vídeo.

233
Áudio e Vídeo
Atualmente o recurso de uso de áudio e vídeo em apresentações se tornou muito
comum devido a equipamentos mais potentes e a novos formatos de vídeo. Para
adicionar um arquivo de áudio ou vídeo a sua apresentação, inicie um novo slide
coloque como título 3D Modelagem e Animação, depois no formato do slide
escolha a opção Inserir Clipe de Mídia. Ao escolher um arquivo de áudio ou
vídeo, será solicitado se o arquivo deve ser tocado imediatamente ao entrar no
slide ou ao ser clicado no mesmo.

Se precisar modificar a forma de exibição do filme, visualizar, etc..., você pode


utilizar a ABA Ferramentas de filme.

234
Classificação de Slides
O modo classificação de slides permite organizar os slides, reposiciona-los na
apresentação, excluir slides desnecessários, aplicar transição de slides, etc...
Para visualizar sua apresentação neste modo de visualização clique no
respectivo botão no rodapé a direita da tela.

Transição de slides
É a forma como os slides vão aparecer em sua apresentação, ou seja, qual será
o movimento que será feito toda vez que estiver terminando um slide e
começando outro.

Hiperlink
Um grande atrativo do Power Point é a possibilidade de apresentar documentos
com o conceito de hipertexto: um slide se liga a outros slides, páginas da web,
documentos de texto etc... por meio de conexões especiais chamadas vínculos
(hiperlinks). Estas conexões podem ser dadas através de uma palavra, texto ou
um objeto como uma imagem, gráfico, forma ou WordArt. No Power Point, os
hiperlinks tornam-se ativos quando você executa sua apresentação, não
enquanto você a cria. Durante a apresentação, quando apontamos para um
hiperlink, automaticamente, a seta do mouse se transforma em um símbolo de
mão, indicando que consiste em algo que se pode clicar. O texto que representa
um hiperlink é exibido sublinhado.

235
Slide Mestre
Quando você quiser que todos os seus slides contenham as mesmas fontes e
imagens (como logotipos), poderá fazer essas alterações em um só lugar — no
Slide Mestre, e elas serão aplicadas a todos os slides. Para abrir o modo de
exibição do Slide Mestre, na guia Exibir, selecione Slide Mestre:

Quando você edita o slide mestre, todos os slides subsequentes conterão essas
alterações. Entretanto, a maioria das alterações feitas se aplicarão aos layouts
de slide relacionados ao slide mestre.

Quando você faz alterações nos layouts e no slide mestre no modo de exibição
de Slide Mestre, outras pessoas que estejam trabalhando em sua apresentação
(no modo de exibição Normal) não podem excluir nem editar acidentalmente
suas alterações.
Por outro lado, se você estiver trabalhando no modo de exibição Normal e
perceber que não consegue editar um elemento em um slide (por exemplo, "por
que não posso remover esta imagem?"), talvez o que você está tentando alterar
seja definido no Slide Mestre.
Para editar esse item, você deve alternar para o modo de exibição de Slide
Mestre.

236
EXERCÍCIOS

1. No Power Point, a opção exibir em “Slide Mestre” contribui para

a) o efeito de transição entre dois slides sucessivos.


b) o controle do tempo de exibição de um slide entre os modos “avançar ao clique
do mouse" ou “avançar após um intervalo de tempo".
c) o controle da aparência na apresentação inteira e pode inserir uma forma ou
logomarca para que ela seja mostrada em todos os slides.
d) a geração de um índice dos slides da apresentação e, dessa forma, permitir
que se vá diretamente para um determinado slide durante uma apresentação.
e) a inserção de um slide no início da apresentação e executa um clip ou um
programa.

2. A extensão “.ppt” está associada a qual programa:

a) Adobe Photoshop.
b) Microsoft Power Point.
c) Microsoft Picture Publisher.
d) Adobe Acrobat.

3. A Microsoft® é uma empresa detentora de diversas ferramentas para a edição


de dados, uma delas é o pacote de ferramentas Microsoft Office que contém a
ferramenta PowerPoint. Assinale a alternativa correta em relação a esta
ferramenta em destaque.

a) Editor de banco de dados


b) Exibir e editar apresentações
c) Navegador internet
d) Editor de Planilha eletrônica

237
GABARITO

1-C
2-B
3-B

238
RACIOCÍNIO
LÓGICO MATEMÁTICO

239
Estruturas Lógicas

As questões de estrutura lógica, também são chamadas de investigações, estão


presentes na maioria das provas de raciocínio lógico, mas cada edital coloca o
tópico desse tipo de questão de maneira diferente. Podemos dizer que essas
questões tratam do entendimento da estrutura lógica de relações arbitrárias
entre pessoas, lugares, objetos ou eventos fictícios, deduzindo novas
informações a partir de relações fornecidas e avaliação das condições usadas
para estabelecer a estrutura daquelas relações.

Uma hipótese é uma teoria provável, mas não demonstrada, uma suposição
admissível. Na matemática, é o conjunto de condições para poder iniciar uma
demonstração. Surge no pensamento científico após a coleta de dados
observados e na consequência da necessidade de explicação dos fenômenos
associados a esses dados.

Tipos de questões de estruturas lógicas


Para resolver questões de investigação, devemos inicialmente identificar o caso
(ordenação, associação ou suposição) e seguir os procedimentos peculiares a
cada um deles.
Então vamos separar esses tipos de problemas em três segmentos e aprender
como se resolve cada tipo:

1º CASO - ORDENAÇÃO
2º CASO - ASSICIAÇÃO
3º CASO - SUPOSIÇÃO

Aprendendo a resolver cada caso


Nas questões de ordenação são dadas pistas para se colocar elementos em
ordem, como a ordem de chegada em corrida, ordem de idade, ordem de
tamanho, ordem de pessoas sentadas em uma mesa, dentre outros.

Exemplo:
3, 5, 7, 9. O 7 está mediatamente atrás do 3 e imediatamente atrás do 5.

240
Exemplo:
Andressa é mais velha que Brena, que é mais nova que Carol, mas esta não é
a mais velha de todas. Sejam A, B e C as respectivas idades de Andressa, Brena
e Carol, defina a ordem das idades:

Nesse tipo de questão também é importante diferenciar alguns termos:

ACIMA ≠ EM CIMA
Acima é qualquer lugar acima, em cima é o próximo, logo em seguida.

ABAIXO ≠ EM BAIXO
Abaixo é qualquer lugar abaixo, em baixo é o próximo, logo em seguida.

MEDIATAMENTE ≠ IMEDIATAMENTE
Imediatamente é logo em seguida.
Mediatamente é pulando um

Estruturas Lógicas

2º CASO - ASSICIAÇÃO
Nesse caso todas as informações dadas são verdadeiras, o que será importante
é saber organizar as informações em uma tabela para cruzar os dados. Por
exemplo, cada coluna trata das informações de uma determinada pessoa e as
linhas tratam das características dessas pessoas. O que devemos fazer é
preencher a tabela cruzando as informações de cada uma das pessoas,
iniciando pelas informações diretas e posteriormente deduzindo as outras.

Exemplo:
Andressa, Brena e Carol fazem aniversário no mesmo dia, porém não possuem
a mesma idade, pois nasceram em três anos consecutivos. Uma delas é
psicóloga, a outra é fonoaudióloga e a mais nova é terapeuta. Bruna é a mais
nova e tem 25 anos. Carol é a mais velha e não é psicóloga.

241
3º CASO - SUPOSIÇÃO
Esse último caso requer maior atenção, pois existem verdades e mentiras
envolvidas no enunciado e através da análise das hipóteses chegaremos às
devidas conclusões.

Exemplo:
Aline, Bruna e Carol são suspeitas de ter comido a última fatia do bolo da vovó.
Quando perguntadas sobre o fato, declararam o seguinte:
– ALINE: “Foi a Bruna que comeu”
– BRUNA: “Aline está mentindo”
– CAROL: “Não fui eu”
Sabendo que apenas uma delas está dizendo a verdade e que apenas uma delas
comeu o bolo, descubra quem comeu o bolo.

EXERCÍCIOS

1. Em um prédio de 4 andares moram Erick, Fred, Giles e Heitor, cada um em


um andar diferente. Sabe -se que Heitor não mora no 1º andar, Erick mora acima
de Todos, Giles mora abaixo de Fred e este acima de Heitor, determine quem
mora no 2º andar.
a) Heitor
b) Erick
c) Fred
d) Giles

2. Três amigas, Anna, Bruna e Camila, encontram-se em uma festa. O vestido


de uma delas é azul, o de outra é preto, e o de outra é branco. Elas calçam pares
de sapatos destas mesmas três cores, mas somente Anna está com vestido e
sapatos de mesma cor. Nem o vestido nem os sapatos de Bruna são brancos.
Camila está com sapatos azuis. Desse modo,
a) o vestido de Bruna é azul e o de Anna é preto.
b) o vestido de Bruna é branco e seus sapatos são pretos.
c) os sapatos de Bruna são pretos e os de Anna são brancos.
d) os sapatos de Anna são pretos e o vestido de Camila é branco.

242
3. Três bolas A, B e C foram pintadas: uma de vermelho, uma de preto e uma de
azul, não necessariamente nessa ordem. Leia atentamente as declarações
abaixo:
• A é azul
• B não é azul
• C não é preta
Sabendo-se que apenas uma das declarações acima é verdadeira, marque o
item correto
a) A bola A é preta e a bola B é azul.
b) A bola A não é azul e a bola C não é preta.
c) A bola A não é preta e a bola B é azul.
d) A bola A é azul e a bola C é preta.

Gabarito
1-A
2-C
3-A

Problemas com datas e calendários

Problemas que envolvem datas e calendários são muito comuns nas provas de
raciocínio lógico. Informações que você precisa saber.

Semana = 7 dias.
Meses = uns tem 30, outros 31 e o mês de fevereiro pode ter 28 ou 29 dias (se
for bissexto)
Ano = 365 dias ou 366 dias se for bissexto.

Um ano normal sempre começa e termina no mesmo dia da semana.

243
Para saber se uma data cai em um determinado dia da semana, pega-se a
quantidade de dias entre uma data e outra e divide-se por 7 para verificar
quantas semanas completas tem-se e quantos dias passam.

EXERCÍCIOS

1. Uma dada semana terminou em um sábado, dia 19. É correto afirmar que
certamente esse mês
a) começou em uma segunda-feira.
b) começou em uma quarta-feira.
c) terminou em uma quarta-feira.
d) terminou em uma quinta-feira.
e) não terminou em uma sexta-feira.

2. Observando o calendário de 2019, vemos que o feriado municipal de Nossa


Senhora da Assunção (15 de agosto) caiu em uma quinta-feira. Sendo assim,
em que dia da semana cai o dia 25 de dezembro deste mesmo ano?
a) segunda-feira
b) terça-feira
c) quarta-feira
d) quinta-feira
e) sábado

3. Ricardo nasceu em 2011 e, exatamente 53 semanas depois de seu


nascimento nasceu Gabriela, sua irmã. Se Gabriela nasceu em 2013, então ela
faz aniversário no mês de
a) junho.
b) fevereiro.
c) janeiro.
d) novembro.
e) dezembro.

244
4. Num certo ano o primeiro dia caiu numa quarta-feira e o último dia caiu numa
quinta-feira. Neste ano, o dia do trabalho, ou seja, 1º de maio caiu num(a):
a) Quarta-feira.
b) Quinta-feira.
c) Sexta-feira.
d) Sábado.

5. Alguns consideram que a cidade de Florianópolis foi fundada no dia 23 de


março de 1726, que caiu em um sábado. Após 90 dias, no dia 21 de junho, a
data assinalou o início do inverno, quando a noite é a mais longa do ano.
Esse dia caiu em uma:
a) segunda-feira;
b) terça-feira;
c) quarta-feira;
d) quinta-feira;
e) sexta-feira.

6. Antônia faz aniversário no dia 23 de agosto e sua amiga Isabel faz aniversário
no dia 18 de novembro. Em certo ano, no qual Antônia fez aniversário numa
quarta-feira, Isabel fez aniversário num(a):
a) Sábado.
b) Domingo.
c) Sexta-feira.
d) Quarta-feira.
e) Segunda-feira.

Gabarito
1-E 5-E
2-C 6-A
3-C
4-D

245
Lógica Sequencial

Chamamos de sequências toda fila ordenada de termos (números, símbolos,


figuras, palavras etc.) que obedeçam a um padrão de formação.

Sequências numéricas
Algumas sequências de números que devem ser conhecidas pelo aluno:

1) Números naturais: é sempre o número anterior mais uma unidade.


(0, 1, 2, 3, 4, 5, ...)

2) Números pares: é sempre divisível por 2.


(0, 2, 4, 6, 8, 10, ...)

3) Números ímpares: é os números pares mais uma unidade.


(1, 3, 5, 7, 9, 11, ...)

4) Números primos: é sempre um número que possui apenas dois divisores.


(2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, ...)

5) Números quadrados perfeitos: é sempre a sequência de números naturais


elevado ao quadrado (a dois). 12 = 1, 22 = 4, 32 = 9, 42 = 16.
(1, 4, 9, 16, 25, 36, 49, 64, ...)

6) Números triangulares: são números que aumentam conforme o indicado


acima.
(1, 3, 6, 10, 15, 21, 28, ...)

7) Sequência Fibonacci: são números que, a partir do terceiro, é obtido pela


soma dos dois anteriores.
(1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, ...)

246
8) Progressões aritméticas: aumentam ou diminuem sempre a mesma
quantidade.
(1, 4, 7, 10, 13, 16, 19, ...) aumentam de 3 em 3
(5, 11, 17, 23, 29, 35, ...) aumentam de 6 em 6
(15, 11, 7, 3, -1, -5, ...) diminuem de 4 em 4

9) Progressões geométricas: aumentam ou diminuem sempre


proporcionalmente.

(2, 6, 18, 54, 162, ...) multiplica por 3.


(5, 25, 125, 625, ...) multiplica por 5.
(12; 6; 3; 1,5; ...) divide sempre por 2.

OBS: Caso não se encontre um padrão na sequência, pode-se encontrar um


padrão nos seus aumentos.

Sequências numéricas Exemplos

Qual o próximo número da sequência 36, 64, 100, 144?

Qual o próximo termo da sequência 3, 7, 15, 31?

Qual o próximo termo da sequência 4, 7, 11, 16, 22?

Dada a sequência 2 3 4 5 8 7 16 9 32, determine a soma dos dois próximos


termos dessa série numérica.

247
Qual o próximo número da sequência 1 1 1 3 5 9 17?

A sequência: 2; 3; 5; 6; 11; 12; 23; 24; ..., foi criada com um padrão.
Quais os próximos dois números?

A sequência numérica 6, 42, 114, 222, 366, .... Obedece, a partir do segundo
número, a uma determinada lei de formação. O sexto termo dessa sequência é?

EXERCÍCIOS

1. Na sequência seguinte o número que aparece entre parênteses é obtido


segundo uma lei de formação.
63 (21) 9; 186 (18) 31; 85 (?) 17
O número que está faltando é
a) 15
b) 17
c) 19
d) 23
e) 25

Gabarito
1-A

248
Lógica Sequencial
Chamamos de sequências toda fila ordenada de termos (números, símbolos,
figuras, palavras etc.) que obedeçam a um padrão de formação.

Sequências de Palavras ou Letras


Quando as letras não estão em ordem alfabética, vc deve tentar associar a
nomes dos meses, dos números, de dias da semana, etc.

Exemplos:
Qual o próximo termo da sequência JJASOND?

Determine o próximo termo da sequência TQQSS.

Qual a próxima letra da sequência UDTQCSS?

Sequências respeitando a ordem alfabética


Nesses casos, devemos escrever o alfabeto e marcar as letras que aparecem
na sequência, observando que surgirá um padrão.

Exemplos:
BFHLNR
ACEGI
CFHKM

249
EXERCÍCIOS

1. A seguinte sequência de palavras foi escrita obedecendo a um padrão lógico:


PATA − REALIDADE − TUCUPI − VOTO − ?

Considerando que o alfabeto é o oficial, a palavra que, de acordo com o padrão


estabelecido, poderia substituir o ponto de interrogação é
a) QUALIDADE.
b) SADIA.
c) WAFFLE.
d) XAMPU.
e) YESTERDAY

2. Observe que em cada um dos dois primeiros pares de palavras abaixo, a


palavra da direita foi formada a partir da palavra da esquerda, utilizando-se um
mesmo critério.
SOLAPAR – RASO LORDES – SELO CORROBORA - ?

Com base nesse critério, a palavra que substitui corretamente o ponto de


interrogação é
a) CORA.
b) ARCO.
c) RABO.
d) COAR.
e) ROCA.

3. Uma propriedade comum caracteriza o conjunto de palavras seguinte:


MARCA − BARBUDO − CRUCIAL − ADIDO − FRENTE − ?

De acordo com tal propriedade, a palavra que, em sequência, substituiria


corretamente o ponto de interrogação é
a) FOFURA.

250
b) DESDITA.
c) GIGANTE.
d) HULHA.
e) ILIBADO.

4. Observe que, no esquema abaixo, há uma relação entre as duas primeiras


palavras:
AUSÊNCIA – PRESENÇA :: GENEROSIDADE – ?

A mesma relação deve existir entre a terceira palavra e a quarta, que está
faltando.
Essa quarta palavra é
a) bondade.
b) infinito.
c) largueza.
d) qualidade.
e) mesquinhez.

5. A sucessão de palavras seguintes obedece a um padrão


lógico:
TÓRAX – AMIGÁVEL – SABIÁ – VALENTÃO – CÔNICA – AÉREO – FICTÍCIO

De acordo com o padrão estabelecido, uma palavra que poderia dar continuidade
a essa sucessão é:
a) GELADO.
b) ARREBALDE.
c) FÁCIL.
d) FILANTROPIA.
e) SOPA.

6. Observe a seguinte sequência formada por quatro letras do alfabeto:


MPRJ

251
Afirma-se que uma nova sequência tem a mesma estrutura da sequência dada
quando as distâncias relativas entre as letras é a mesma da sequência original.
Considere as sequências:
1) D G I A
2) Q T V O
3) H K N F

Dessas sequências, possuem a mesma estrutura da sequência original:


a) somente (1);
b) somente (2);
c) somente (3);
d) somente (1) e (2);
e) somente (2) e (3).

7. Observe a seguinte sequência de letras do alfabeto: CDEG.


Entre as alternativas a seguir, o grupo que mostra uma sequência com a mesma
estrutura é:
a) BDEF.
b) MNPQ.
c) JKLM.
d) RSTV.
e) MNOR.

Gabarito
1-D 5-C
2-B 6-A
3-A 7-D
4-E

252
Lógica Sequencial
Chamamos de sequências toda fila ordenada de termos (números, símbolos,
figuras, palavras etc.) que obedeçam a um padrão de formação.

Sequências de figuras

EXERCÍCIOS

1. Observe esta sequência de figuras formadas por triângulos brancos e pretos:

Seguindo-se esse mesmo padrão, a 4ª figura terá:


a) 12 triângulos pretos.
b) 12 triângulos brancos.
c) 18 triângulos pretos.
d) 18 triângulos brancos.
e) 27 triângulos pretos.

2. Observe a sequência de figuras mostrada a seguir e que foram construídas a


partir de algum padrão lógico. A figura que completa o espaço “?” é:

a)
b)

c)

d)

253
4. Observe a sequência das figuras a seguir:

Supondo que a regularidade observada na construção dessa sequência seja


utilizada para as próximas figuras, a que ocupará a 651ª posição é:

a)

b)

c)

d)

e)

5. Observe a sequência a seguir determinada por quatro figuras. Toda figura é


composta de quadradinhos escuros e de quadradinhos claros.
Admita que o padrão observado nessa sequência de quatro figuras se mantenha
para as figuras seguintes. Assim, é correto afirmar que a figura que contém 39
quadradinhos claros terá o número de quadradinhos escuros igual a:

a) 256.

254
b) 289.
c) 324
d) 361.
e) 400.

Gabarito
1-E
2-A
3-C
4-D

Princípio da casa de pombos


São problemas onde quer se distribuir mais “coisas” do que “locais”

EXERCÍCIOS

1. Em uma reunião realizada em um dia do mês de outubro estavam presentes


apenas pessoas que faziam aniversário naquele mês. Das pessoas presentes,
apenas três faziam aniversário exatamente no dia da reunião, e todas as demais
faziam aniversário em dias diferentes entre si duas a duas. Sabendo-se que o
mês de outubro tem 31 dias, é correto concluir que nessa reunião estavam
presentes no
a) máximo 32 pessoas.
b) mínimo 28 pessoas.
c) máximo 31 pessoas.
d) máximo 33 pessoas.
e) mínimo 18 pessoas.

255
2. Em uma gaveta há 9 meias brancas, 10 meias pretas e 11 meias vermelhas.
O número mínimo de meias que devem ser retiradas da gaveta, sem lhes ver a
cor, para ter certeza de haver retirado pelo menos duas meias pretas é:
a) 2;
b) 19;
c) 20;
d) 21;
e) 22.

3. Numa gaveta há 30 meias pretas e 20 brancas, qual o número mínimo de


meias que uma pessoa deve retirar, no escuro, para ter certeza de formar um
par da mesma cor?
a) 2
b) 3
c) 4
d) 5
e) 6

4. Em um auditório do Objetivo concurso estavam reunidas 500 pessoas,


podemos afirmar com certeza que entre os presentes:
a) Existe pelo menos um que aniversaria em maio.
b) Pelo menos um deles mora em Fortaleza.
c) Existem dois que não aniversariam no mesmo dia.
d) Existem pelo menos dois que aniversariam no mesmo dia.
e) Pelo menos dois deles nasceram no mesmo dia.

5. O prédio administrativo da FUNSAÚDE funciona de segunda-feira a sexta-


feira. Após a homologação do Concurso público, foram convocadas 11 pessoas
para tomarem posse em seus cargos. Em relação aos contratados, é
necessariamente VERDADE que:
a) todos os funcionários fazem aniversário em meses diferentes.
b) pelo menos dois deles fazem aniversário no mesmo mês.
c) pelo menos dois começaram a trabalhar no mesmo dia do mês.

256
d) pelo menos três começaram a trabalhar no mesmo dia da semana.
e) pelo menos um deles começou a trabalhar em uma segunda-feira.

Gabarito
1-C
2-E
3-E
4-D
5-D

ANÁLISE COMBINATÓRIA
PFC – Princípio Fundamental da Contagem

Quantos são os resultados possíveis para o lançamento de uma moeda três


vezes?
Para cada vez que lançarmos a moeda, temos duas possibilidades: cara (K) ou
coroa (C).

257
Pela árvore anterior, verificamos que são 8 resultados possíveis. Pelo P.F.C.,
temos:

Nesse exemplo, aplicamos, de maneira intuitiva, o princípio fundamental da


contagem (P.F.C.), que podemos enunciar assim:
Se um determinado evento pode ocorrer de p maneiras, e um outro evento pode
ocorrer de q maneiras (independentemente do resultado do primeiro evento),
então os dois juntos podem ocorrer de:

p x q maneiras.

EXERCÍCIOS

(CESPE) A respeito da formação de números a partir dos algarismos 1, 2, 3, 4,


5 e 6, julgue os itens seguintes.
01. A quantidade de números formados por 3 algarismos escolhidos entre os 6
fixados acima, sem repetições, é superior a 150.
Certo ( ) Errado ( )

02. A quantidade de números menores que 300, formados por 3 algarismos


escolhidos entre os 6 fixados acima, sem repetições, é superior a 30.
Certo ( ) Errado ( )

03. A quantidade de números pares, formados por 3 algarismos escolhidos entre


os 6 fixados acima, sem repetições, é superior a 50.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1 - Errado
2 - Certo
3 - Certo

258
Arranjo Simples

Chamamos de arranjo de n elementos tomados p a p, a qualquer agrupamento


ordenado dos p elementos distintos escolhidos dos n elementos existentes. Dois
arranjos diferem entre si pela ordem de colocação dos elementos.
Para calcularmos o arranjo de n tomados p a p, temos:

Por outro lado, o número de arranjos com repetição, em que todos os


elementos podem aparecer repetidos em cada grupo de p elementos, pode ser
expressa por:

Combinação Simples
Chamamos de combinação de n elementos tomados p a p, a qualquer
agrupamento não-ordenado dos p elementos distintos escolhidos dos n
elementos existentes.
Duas combinações diferem entre si quando possuem elementos distintos, não
importando a ordem em que os elementos são colocados.
Para calcularmos a combinação de n tomados p a p, temos:

Observação
Critério para diferenciar: Arranjo e Combinação
1 – Construímos um dos agrupamentos sugeridos pelo problema e, a seguir,
mudamos a ordem de apresentação dos elementos desse agrupamento.
1.1 – Se com essa mudança na ordem dos elementos obtivermos um
agrupamento diferente do original, então esse agrupamento é um arranjo.
1.2 – Se com essa mudança na ordem dos elementos obtivermos um
agrupamento igual ao original, então esse agrupamento será uma combinação.

259
EXERCÍCIOS

1. A autenticação dos usuários da rede local de computadores do TRE de


determinada região é feita por senhas alfanuméricas compostas de 8 caracteres:
os 3 primeiros são letras do alfabeto e os 5 últimos são algarismos, que não
podem ser repetidos. Para determinado conjunto de usuários, o administrador
dessa rede disponibilizou as letras A, B, C, D e E e os algarismos 0, 1, 2, 3, 4, 5
e 6 para a composição de suas senhas. Nessa situação, a quantidade de
possíveis senhas disponíveis para os membros desse conjunto de usuários é
igual a
a) 31
b) 45
c) 210
d) 315.000
e) 848.925

2. Para atender uma grave ocorrência, o comando do corpo de bombeiros


acionou 15 homens: 3 bombeiros militares condutores de viatura e 12 praças
combatentes, que se deslocaram em três viaturas: um caminhão e duas
caminhonetes. Cada veículo transporta até 5 pessoas, todas sentadas, incluindo
o motorista, e somente os condutores de viatura podem dirigir uma viatura. Com
relação a essa situação, julgue os itens seguintes.
a) Escolhidos o condutor da viatura e os 4 praças que seguirão em determinada
viatura, a quantidade de maneiras distintas de eles ocuparem os assentos dessa
viatura será inferior a 25.
b) A quantidade de maneiras distintas de serem distribuídos os 15 homens no
interior das três viaturas é igual a 6 × 12!.

3. A quantidade de maneiras distintas de se distribuir os condutores de viatura


para dirigir os veículos é superior a 5.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-D
2 - A) CERTO B) CERTO
3 - CERTO

260
ANÁLISE COMBINATÓRIA

Permutação
Na análise combinatória, as permutações dos elementos de uma sequência
nada mais são do que um tipo particular de arranjo.
Denominamos permutação de n elementos dados a toda sucessão de n termos
formada com os n elementos dados. Todo problema onde apenas a ordem em
que os elementos aparecem distingue os agrupamentos é empregado o
conceito de permutação. Definimos por permutação a expressão abaixo:

Pn = n!

Um fato importante é que as questões que envolvem permutação simples


podem ser resolvidas pelo princípio fundamental da contagem - PFC.

Permutação
Permutação com repetição
Se entre os n elementos de um conjunto, existem a elementos repetidos, b
elementos repetidos, c elementos repetidos e assim sucessivamente, o número
total de permutações que se pode formar é dado por:

EXERCÍCIOS

Para formar-se um anagrama, permutam-se as letras de uma palavra, obtendo-


se ou não uma outra palavra conhecida. Por exemplo, VROAL é um anagrama
da palavra VALOR. Com base nessas informações, julgue os próximos itens,
relacionados aos anagramas que podem ser obtidos a partir da palavra VALOR.
1. (CESPE) O número de anagramas distintos que começam e terminam com
vogal é superior a 15.
2. (CESPE) O número de anagramas distintos que começam com vogal e
terminam com consoante é superior a 44.

261
3. (CESPE) Em um campeonato de futebol amador de pontos corridos, do qual
participam 10 times, cada um desses times joga duas vezes com cada
adversário, o que totaliza exatas 18 partidas para cada. Considerando-se que o
time vencedor do campeonato venceu 13 partidas e empatou 5, é correto afirmar
que a quantidade de maneiras possíveis para que esses resultados ocorram
dentro do campeonato é:
a) superior a 4.000 e inferior a 6.000.
b) superior a 6.000 e inferior a 8.000.
c) superior a 8.000.
d) inferior a 2.000.
e) superior a 2.000 e inferior a 4.000.

Gabarito
1 - ERRADO
2 - ERRADO
3-C

PROBABILIDADE I

(Conceitos Preliminares)
Vamos iniciar com alguns conceitos importantes:
Experimento aleatório:
É todo experimento que não podemos predizer o resultado.
Espaço amostral (A)
É o conjunto de resultados possíveis de um experimento aleatório.
Evento (E)
É qualquer subconjunto do espaço amostral.

262
Probabilidade
É a chance de ocorrência de determinado acontecimento (evento).

Observação
Eventos complementares - São eventos mutuamente exclusivos cuja união é
igual ao espaço amostral e a probabilidade de eles ocorrerem é igual a 1 ou
100%.

EXERCÍCIOS

Considere que a tabela abaixo mostra o número de vítimas fatais em acidentes


de trânsito ocorridos em quatro estados brasileiros, de janeiro a junho de 2003.

1. (CESPE) A probabilidade de que esse relatório corresponda a uma vítima de


um acidente ocorrido no estado do Maranhão é superior a 0,2.
2. (CESPE) Chance de que esse relatório corresponda a uma vítima do sexo
feminino é superior a 23%.
3. (CESPE) Considerando que o relatório escolhido corresponda a uma vítima
do sexo masculino, a probabilidade de que o acidente nele mencionado tenha
ocorrido no estado do Paraná é superior a 0,5.

Gabarito
1 - CERTO
2 - ERRADO
3 - ERRADO

263
PROBABILIDADE II

(Probabilidade (Regra do OU)


Também denominada união de dois eventos tem como uma das suas principias
características um sorteio com duas ou mais possibilidades de ganhar.
Dados dois eventos A e B, a probabilidade de ocorrer A ou B, é:

Cuidado! Os eventos sem intersecção (conjuntos Disjuntos), também


denominado mutuamente exclusivos.

Pois,

Probabilidade (Regra do E)
Também denominada probabilidade dos eventos simultâneos ou sucessivo.
Uma característica é que vários sorteios consecutivos são realizados e a ordem
dos sorteios é conhecida.
Se os eventos forem independentes a probabilidade de ocorrerem dois eventos
simultâneos (ou sucessivos) é igual a:

EXERCÍCIOS

1. (CESPE) Se, entre as 16 empresas contratadas para atender aos serviços


diversos do TRT, houver quatro empresas que prestem serviços de informática
e duas empresas que cuidem da manutenção de elevadores, e uma destas for
escolhida aleatoriamente para prestar contas dos custos de seus serviços, a
probabilidade de que a empresa escolhida seja prestadora de serviços de
informática ou realize a manutenção de elevadores será igual a:
a) 0,125;
b) 0,250;
c) 0,375;
d) 0,500;

264
e) 0,625.
2. (CESPE) Em uma urna há 100 bolas numeradas de 1 a 100. Nesse caso, a
probabilidade de se retirar uma bola cuja numeração seja um múltiplo de 10 ou
de 25 será inferior a 0,13.
3. (CESPE) Um dado não viciado é lançado duas vezes. Nesse caso, a
probabilidade de se ter um número par no primeiro lançamento e um número
múltiplo de três no segundo lançamento é igual a 1/6.

Gabarito
1-C
2 - CERTO
3 - CERTO

LÓGICA PROPOSICIONAL

Disposições Preliminares

■ Proposição Simples é a frase declarativa que expressa um único pensamento,


ou seja, apresenta um único objeto de estudo.

Exemplo(s):
p: Natal é a capital de Minas Gerais.
q: José é Médico.
r: Samuel foi ao Shopping.

Observações
I – As proposições simples apresentam um único verbo.

265
II – Observe nos exemplos acima que cada proposição simples é representada
por uma letra minúscula.

■ Proposição Composta é formada por duas ou mais proposições simples


unidas por conectivos lógicos.

Geralmente essas proposições são representadas por letras maiúsculas.

Exemplo(s):
P: João é Médico e Maria é Professora.
Q: José é Cearense ou Pernambucano.
R: Se chover, então não vou à praia.
Negação de uma Proposição
É a mudança de valor lógico de uma proposição, sem perder o sentido (temos
que expor uma situação contraditória, ou seja, apresentam valores lógicos
diferentes).

Os símbolos utilizados para representar a negação de uma proposição é o (~) til


ou a (¬) cantoneira.

Exemplo:
p: Pitágoras foi jogador do Vasco.
~p: Pitágoras não foi jogador do Vasco

266
EXERCÍCIOS

1. (CESPE) A proposição “Não é verdade que os funcionários públicos são


sujeitos ao Regime Jurídico Único nem que os gastos públicos aumentaram” está
corretamente simbolizada pela forma (¬C) (¬B).
Certo ( ) Errado ( )

2. (CESPE) Na análise de um argumento, pode-se evitar considerações


subjetivas, por meio da reescrita das proposições envolvidas na linguagem da
lógica formal. Considere que P, Q, R e S sejam proposições e que "Λ",
"V", "¬" e "→" sejam os Λ"Λ", "V", "¬" e "→" sejam os, "Λ", "V", "¬" e "→" sejam
os V"Λ", "V", "¬" e "→" sejam os, "Λ", "V", "¬" e "→" sejam os ¬"Λ", "V", "¬" e
"→" sejam os e "Λ", "V", "¬" e "→" sejam os→ "Λ", "V", "¬" e "→" sejam os
sejam os conectores lógicos que representam, respectivamente, "Λ", "V", "¬"
e "→" sejam o se "Λ", "V", "¬" e "→" sejam os, "Λ", "V", "¬" e "→" sejam os ou
"Λ", "V", "¬" e "→" sejam os, "Λ", "V", "¬" e "→" sejam os negação "Λ", "V", "¬"
e "→" sejam os e o "Λ", "V", "¬" e "→" sejam os conector condicional "Λ", "V",
"¬" e "→" sejam os. Considere também a proposição a seguir. Quando Paulo vai
ao trabalho de ônibus ou de metrô, ele sempre leva um guarda-chuva e também
dinheiro trocado.
Assinale a opção que expressa corretamente a proposição acima em
linguagem da lógica formal, assumindo que P = "Λ", "V", "¬" e "→" sejam os
Quando Paulo vai ao trabalho de ônibus "Λ", "V", "¬" e "→" sejam os, Q = "Λ",
"V", "¬" e "→" sejam os Quando Paulo vai ao trabalho de metrô "Λ", "V", "¬" e
"→" sejam os, R = "Λ", "V", "¬" e "→" sejam os ele sempre leva um guarda-chuva
"Λ", "V", "¬" e "→" sejam os e S = "Λ", "V", "¬" e "→" sejam os ele sempre leva
dinheiro trocado "Λ", "V", "¬" e "→" sejam os.
a) P → (Q V R)
b) (P → Q) V R
c) (P V Q) → (R Λ S).
d) P V (Q → (R Λ S)).

3. (CESPE) Julgue o item seguinte, acerca da proposição P: Quando acreditar


que estou certo, não me importarei com a opinião dos outros.

Uma negação correta da proposição “Acredito que estou certo” seria “Acredito
que não estou certo”.
Certo ( ) Errado ( )

267
Gabarito
1 - Errado
2-C
3 - Errado.

LÓGICA PROPOSICIONAL

Tabela - Verdade
É um dispositivo prático de organizar os valores lógicos de uma proposição
(Simples ou Composta).

O primeiro passo para a elaboração de uma tabela é o número de linhas da


tabela dada por:
2n
(Onde: n é o número de proposições simples)

Exemplo(s):
I – Proposição P: p

Uma proposição simples (no caso, representado pela letra p), logo:
2n = 2¹ = 2 linhas

II – Proposição P: p → q
Duas proposições simples (no caso, representado pelas letras p e q), logo:
2n = 2² = 4 linhas

268
III – Proposição P: (p → q) ∧ r
Três proposições simples (no caso, representado pelas letras p , q e r), logo:

Observação
Sugestão para a construção de uma Tabela – Verdade

1 – Montar as colunas (proposições simples)


2 – Montar as negações das proposições simples (se existir).
3 – Montar as proposições compostas.
4 – A última coluna é o resultado final da proposição dada.

Classificação das Tabelas Verdades


Uma Tabela Verdade pode ser classificada de três formas:
• Tautologia
• Contradição
• Contingência

269
Em termos de tabela verdade, reconhecemos uma TAUTOLOGIA quando a
coluna referente a afirmação considerada ocorrerem somente avaliações
verdadeiras.

Por outro lado, dizemos que ocorre uma CONTRADIÇÃO quando a coluna
correspondente a afirmação contém somente valorações falsas.

E finalmente quando as afirmações não são tautologias e também não são


contradições, são denominadas CONTIGÊNCIAS.

Tabela – Verdade | Conetivos Lógicos Disjunção (Disjunção Inclusiva)

Símbolo: ∨

p ou q (ou ambos) → Lê – se: p ou q.


Tabela – Verdade

Observe na tabela que a DISJUNÇÃO é verdadeira quando pelo menos uma


das condições é verdadeira.

Disjunção Exclusiva

Símbolo: ∨

p ou q, mas não ambos. → Lê – se: ou p ou q.


Tabela – Verdade

270
Observe na tabela que a DISJUNÇÃO EXCLUSIVA é verdadeira quando apenas
uma das condições é verdadeira.

Observação
Muitas vezes o “OU EXCLUSIVO” deve ser reconhecido pelo contexto.

Conjunção
Símbolo: ∧

p e q → Lê – se: p e q. Tabela – Verdade

Condicional
Símbolo: →

Se p, então q → Lê – se: “Se p então q”


Sinônimos: Quando A, B
Como A, B
B, pois A (invertido)

p (antecedente) e q (consequente)

271
Tabela – Verdade

Observe na tabela que a CONDICIONAL é verdadeira quando o antecedente é


verdadeiro e o consequente falso.

Bicondicional
Símbolo: ⟷

P se, e somente se q
Tabela – Verdade

Observe na tabela que a BICONDICIONAL é verdadeira quando os dois eventos


acontecem simultaneamente ou não acontecem simultaneamente.

Observação
Sempre que a RECIPROCA de uma afirmação de uma CONDICIONAL for
verdadeira estaremos diante de uma BICONDICIONAL.

272
EXERCÍCIOS

1. (CESPE) Se A, B, C e D forem proposições simples e distintas, então o número


de linhas da tabela – verdade da proposição (A → B) ↔ (C → D) será superior a
15.
Certo ( ) Errado ( )

2. (CESPE) Julgue o item a seguir, relativos a raciocínio lógico e operações com


conjuntos.

Para quaisquer proposições p e q, com valores lógicos quaisquer, a condicional


p → (q → p) será, sempre, uma tautologia.
Certo ( ) Errado ( )

3. (CESPE) Considerando todas as possibilidades de julgamento V ou F das


proposições simples que formam a proposição “Se Pedro for aprovado no
concurso, então ele comprará uma bicicleta”, é correto afirmar que há apenas
uma possibilidade de essa proposição ser verdadeira.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1 - CERTO
2 - CERTO
3 - ERRADO

273
LÓGICA PROPOSICIONAL

Equivalência e Negações

Negações
Vamos trabalhar inicialmente as negações, ou seja, vamos estudar “as regras”
que possibilitam tal efeito. Veja as duas situações abaixo:

1 – Frase na forma afirmativa


Exemplo: P: Antônio foi passear no parque.

■ Nesse caso específico, vamos utilizar o modificador “não” antes do “1° verbo”,
ou seja, sua negação será:
~P: Antônio não foi passear no parque.

2 – Frase na forma negativa


Exemplo: P: Benedita não foi a escola.

■ Nesse caso basta apenas retirar o modificador “não” da proposição, ou seja,


sua negação será:
~P: Benedita foi a escola.

Bem! Acima temos proposições simples .................... e as proposições


compostas? Vamos estudar seus casos........

Negação de P ∨ Q
(P∨Q)≡P∧Q

Negação de P ∧ Q
( P ∧Q ) ≡ P ∨ Q

274
Negação de P → Q
( P→ Q ) ≡ P ∧ Q

A equivalência de uma Proposição


Duas proposições são equivalentes quando mesmo possuindo escritas
diferentes te revelam a mesma informação.

Equivalência de P → Q
A condicional apresenta duas equivalências.

( P→Q ) ≡ Q → P
( P→Q ) ≡ P ∨ Q

Equivalência de P↔Q
( P↔Q ) ≡ ( P→Q ) ∧ (Q→P)

EXERCÍCIOS

1. (CESPE) Considerando a proposição P: “Se João se esforçar o bastante,


então João conseguirá o que desejar", julgue o item a seguir.

A negação da proposição P pode ser corretamente expressa por “João não se


esforçou o bastante, mas, mesmo assim, conseguiu o que desejava".
Certo ( ) Errado ( )

2. (CESPE) A empresa alegou ter pago suas obrigações previdenciárias, mas


não apresentou os comprovantes de pagamento; o juiz julgou, pois, procedente
a ação movida pelo ex-empregado.

Q: A empresa alegou ter pago suas obrigações previdenciárias, mas não


apresentou os comprovantes de pagamento.

275
A negação da proposição Q pode ser expressa por:

a) A empresa não alegou ter pago suas obrigações previdenciárias ou


apresentou os comprovantes de pagamento.
b) A empresa alegou ter pago suas obrigações previdenciárias ou não
apresentou os comprovantes de pagamento.
c) A empresa alegou ter pago suas obrigações previdenciárias e apresentou os
comprovantes de pagamento.
d) A empresa não alegou ter pago suas obrigações previdenciárias nem
apresentou os comprovantes de pagamento.

3. (CESPE) A proposição “O candidato não apresenta deficiências em língua


portuguesa ou essas deficiências são toleradas” é logicamente equivalente a “Se
o candidato apresenta deficiências em língua portuguesa, então essas
deficiências são toleradas”.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1 - ERRADO
2-A
3 - CERTO

276
Lógica de Argumentação

Argumento é um conjunto de proposições (premissas) que nos levam a uma


conclusão.

De um modo geral temos que um argumento é uma sequência finita de


proposições P1, P2, P3..........Pn que tem como consequência uma conclusão C.

P1, P2, P3........., Pn ⇒ C

Um argumento muito comum é o SILOGISMO formado por três proposições,


sendo as duas primeiras as premissas e a última conclusão.

Podemos classificar os argumentos em presença ou não de quantificadores.

Argumento Válido?
Julgar se um argumento é válido ou inválido é um objetivo da lógica.

Em Raciocínio lógico o argumento será válido quando a conclusão for única e


inequívoca. Para chegar a essa conclusão, nos apoiamos nas premissas. Mas
para sabermos que um argumento é valido basta ser a verdade que existe uma
única conclusão com certeza absoluta.

Podemos ter premissas verdadeiras e falsas, como também podemos ter


conclusões verdadeiras e falsas.

Nosso argumento não será válido no caso de premissas verdadeiras e conclusão


falsa. Então,

277
EXERCÍCIOS

(CESPE) O exercício da atividade policial exige preparo técnico adequado ao


enfrentamento de situações de conflito e, ainda, conhecimento das leis vigentes,
incluindo interpretação e forma de aplicação dessas leis nos casos concretos.
Sabendo disso, considere como verdadeiras as proposições seguintes.

P1: Se se deixa dominar pela emoção ao tomar decisões, então o policial toma
decisões ruins.
P2: Se não tem informações precisas ao tomar decisões, então o policial toma
decisões ruins.
P3: Se está em situação de estresse e não teve treinamento adequado, o policial
se deixa dominar pela emoção ao tomar decisões.
P4: Se teve treinamento adequado e se dedicou nos estudos, então o policial
tem informações precisas ao tomar decisões.

Com base nessas proposições, julgue os itens a seguir.

1. Considerando que P1, P2, P3 e P4 sejam as premissas de um argumento cuja


conclusão seja “Se o policial está em situação de estresse e não toma decisões
ruins, então teve treinamento adequado”, é correto afirmar que esse argumento
é válido.
Certo ( ) Errado ( )

2. A partir das proposições P2 e P4, é correto inferir que “O policial que tenha
tido treinamento adequado e tenha se dedicado nos estudos não toma decisões
ruins” é uma proposição verdadeira.
Certo ( ) Errado ( )
3. O cenário político de uma pequena cidade tem sido movimentado por
denúncias a respeito da existência de um esquema de compra de votos dos
vereadores. A dúvida quanto a esse esquema persiste em três pontos,
correspondentes às proposições P, Q e R, abaixo:
P: O vereador Vitor não participou do esquema;
Q: O prefeito Pérsio sabia do esquema;
R: O chefe de gabinete do prefeito foi o mentor do esquema.

278
Os trabalhos de investigação de uma CPI da câmara municipal conduziram às
premissas P1, P2 e P3 seguintes:

P1: Se o vereador Vitor não participou do esquema, então o prefeito Pérsio não
sabia do esquema.
P2: Ou o chefe de gabinete foi o mentor do esquema, ou o prefeito Pérsio sabia
do esquema, mas não ambos.
P3: Se o vereador Vitor não participou do esquema, então o chefe de gabinete
não foi o mentor do esquema.

Considerando essa situação hipotética, julgue o item seguinte, acerca de


proposições lógicas.

A partir das premissas P1, P2 e P3 é correto inferir que “O chefe de gabinete foi
o mentor do esquema ou o vereador Vitor participou do esquema”.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1 - CERTO
2 - ERRADO
3 - ERRADO

279
Lógica de Argumentação

Bem! Iniciaremos o estudo da relação Proposições Categóricas – Diagramas


Lógicos muito presente em provas e bem fácil de ser identificadas.

Primeiro, vamos conhecer (estudar) essas “proposições categóricas” que são


proposições simples (ou formada por um quantificador) e se apresentam de
quatro formas:

Onde:
• Todo A é B
• Nenhum A é B
• Algum A é B
• Algum A não é B

Vamos agora analisar cada proposição separadamente:


I – Todo A é B.

Observe o conjunto A está “dentro” do conjunto B.


II – Nenhum A é B.

280
Observe que os conjuntos A e B são conjuntos disjuntos, ou seja, não possuem
elementos comuns.
III – Algum A é B.

Observe a interseção, ou seja, algum representa um elemento comum aos dois


conjuntos.
IV – Algum A não é B.

Nesse caso, são todos os elementos que pertencem ao conjunto A e não


pertencem ao conjunto B.

Agora vamos misturar assuntos: DIAGRAMAS LÓGICOS + LÓGICA DE


ARGUMENTAÇÃO vamos as questões.

Exercícios

1. (CESPE) Julgue os itens seguintes, a respeito de lógica.


Considere o argumento formado pelas proposições A: "Todo número inteiro é
par"; B: "Nenhum número par é primo"; C: "Nenhum número inteiro é primo", em

281
que A e B são as premissas e C é a conclusão. Nesse caso, é correto afirmar
que o argumento é um argumento válido.
Certo ( ) Errado ( )

2. (CESPE) julgue os itens seguintes, a respeito de lógica.


Considere que as proposições "Alguns flamenguistas são vascaínos" e "Nenhum
botafoguense é vascaíno" sejam valoradas como V. Nesse caso, também será
valorada como V a seguinte proposição: "Algum flamenguista não é
botafoguense".
Certo ( ) Errado ( )

3. (CESPE) Considere as seguintes proposições:

I – Todos os cidadãos brasileiros têm garantido o direito de herança.


II – Joaquina não têm garantido o direito de herança.
III – Todos aqueles que têm o direito de herança são cidadãos de muita sorte.

Supondo que todas essas proposições sejam verdadeiras, é correto concluir


logicamente que:

Se Joaquina não é cidadã brasileira, então Joaquina não é de muita sorte.


Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
01 - CERTO
02 - CERTO
03 - ERRADO

282
GEOGRAFIA DA PARAÍBA

283
DADOS GERAIS DA PARAÍBA

Região: Nordeste.
Capital: João Pessoa.
Área territorial: 56.467 km² (IBGE, 2019).
População: 4.039.277 habitantes (IBGE, 2020).
Densidade demográfica: 66,7 hab./km² (IBGE, 2010).
Clima: tropical.

A Paraíba é um estado brasileiro localizado no Nordeste do país. Foi alvo de


disputa entre diferentes povos que possuíam interesse na sua localização
estratégica. Por meio da colonização portuguesa, houve a consolidação dos
primeiros núcleos urbanos do estado e o investimento nas atividades agrícolas,
principalmente no cultivo de cana-de-açúcar.

A economia está ancorada nas atividades agrícolas e também nas indústrias de


confecções e calçados.

O território paraibano possui algumas deficiências em termos de estrutura e


serviços para a população; porém, apresenta uma cultura riquíssima, com
destaque para as festas juninas. A Festa de São João, em Campina Grande, é
considerada uma das melhores do Brasil.

O território paraibano possui algumas deficiências em termos de estrutura e


serviços para a população; porém, apresenta uma cultura riquíssima, com
destaque para as festas juninas. A Festa de São João, em Campina Grande, é
considerada uma das melhores do Brasil.

Segundo dados estatísticos do IBGE [2019], a Paraíba tem uma população


estimada de 4.018.127 habitantes e ocupa o 5º lugar entre os Estados
nordestinos mais populosos.

O território da Paraíba foi uma das regiões de ocupação pioneira no Brasil. A


partir da chegada dos portugueses, a região foi estabelecida como parte da
capitania de Itamaracá. Porém, houve várias dificuldades de implementação das

284
frentes de ocupação portuguesa na região, em especial por meio da resistência
dos índios e da influência de exploradores franceses, que utilizavam o litoral
paraibano para a extração ilegal de pau-brasil. O primeiro centro urbano da
Paraíba foi fundado apenas em 1585, a chamada Cidade da Paraíba, hoje a
atual capital do estado, João Pessoa.

Desde então, a região registrou um elevado crescimento econômico e


demográfico, consolidando-se como um dos centros nordestinos da época do
Brasil Colônia, principalmente por causa da instalação de engenhos de açúcar.
Esse cenário resultou em uma invasão de tropas holandesas na região. Os
Países Baixos possuíam amplo interesse na localização estratégica do estado e
na produção de açúcar. Em 1654, a Paraíba voltou para o domínio português,
mas, apenas em 1799, se tornou uma capitania federal e, consequentemente,
uma província do Império do Brasil, em 1882, e um estado da federação do
Brasil, em 1889.

No período do Brasil República, ao longo do século XX, a Paraíba foi um dos


centros da chamada Revolução de 1930, que marcou o fim da República Velha
no Brasil. Nesse período, ocorreu o assassinato do então governador do estado
da Paraíba, João Pessoa, que era vice na chapa presidenciável de Getúlio
Vargas. Esse evento reorganizou as alianças políticas em âmbito nacional,
provocando mudanças profundas no governo federal brasileiro. O nome atual da
capital da Paraíba, João Pessoa, foi uma homenagem ao político paraibano
assassinado.

EXERCÍCIOS

1. Esta capital nordestina já foi eleita a capital mais verde do mundo, ficando
atrás apenas de Paris. A cidade apresenta o melhor Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) do Estado, e tem aproximadamente 900 mil habitantes.

Indique-a:
a) João Pessoa.
b) Fortaleza.
c) São Luís.
d) Branco.
e) Campo Grande.

285
2. João Pessoa é um município brasileiro, capital e principal centro financeiro e
econômico do Estado da Paraíba. A respeito do município de João Pessoa, é
correto afirmar que, EXCETO:
a) A Região Metropolitana de João Pessoa é formada por João Pessoa e mais
onze municípios.
b) É uma das cidades mais verdes do planeta, com mais de 7 m² de floresta por
habitante, rodeada por duas grandes reservas de Mata Atlântica.
c) No ano de 2021 a capital da Paraíba – João Pessoa completará 435 anos de
fundação.
d) É conhecida como "Porta do Sol", devido ao fato de, no município, estar
localizada a Ponta do Seixas, que é o ponto mais oriental das Américas, o que
faz a cidade ser conhecida como o lugar "onde o sol nasce primeiro nas
Américas”.
e) O clima de João Pessoa é tropical úmido com índices relativamente elevados
de umidade do ar.

3. Situada em território paraibano, a ponta do Seixas é


a) o limite geográfico ocidental do continente sul-americano.
b) o acidente geográfico mais elevado do estado.
c) a delimitação entre as áreas territoriais de João Pessoa e Bayeux.
d) a fronteira entre a Paraíba e o Rio Grande do Norte.
e) o ponto extremo oriental da América do Sul.

4. Sobre a geografia da Paraíba pode se afirmar:


a) A Paraíba é uma das 22 unidades federativas do Brasil.
b) Está situado a leste da região nordeste e tem como limites o Estado do Rio
Grande do Norte ao norte, o Oceano Atlântico ao leste, Pernambuco ao sul e
Ceará ao oeste.
c) A capital do estado é Campina Grande.
d) O estado possui 222 municípios.

Gabarito
1-A 3-E
2-C 4-B

286
GEOGRAFIA DA PARAÍBA

A Paraíba está localizada no Nordeste do Brasil. O estado faz divisa com:


• Rio Grande do Norte,
• Pernambuco e
• Ceará.

O relevo da Paraíba é formado por três grandes compartimentos


geomorfológicos:
• a planície costeira, localizada nas proximidades do litoral;
• as zonas de planalto, com maiores altitudes; e
• a Depressão Sertaneja, porção mais quente e seca do estado.

A superfície do Estado da Paraíba é constituída basicamente por três unidades


de relevo: Planície Litorânea, Planalto e Depressão.
• As planícies predominam no Estado em áreas litorâneas, lugares
compostos por praias.
• O Planalto da Borborema é onde se encontram os picos mais altos do
Estado. As depressões são identificadas no agreste da Paraíba, nas
proximidades com o planalto da Borborema.
• O ponto mais elevado do Estado é chamado de Pico do Jabre, com 1.197
metros de altitude.

A Paraíba possui um clima tropical, e, no litoral, predomina-se o subtipo tropical


úmido; já no interior, ocorre o subtipo tropical semiárido, marcado pelas altas
temperaturas e irregularidade das chuvas. No interior do Paraíba, região do
Sertão Paraibano, são registrados os menores volumes de chuva do Brasil

A vegetação da Paraíba é predominantemente de Caatinga. Esse bioma é


exclusivamente brasileiro e caracterizado pela resistência de suas espécies de
fauna e flora à seca. No litoral e nas regiões de planalto, ocorrem ainda
formações vegetais de mangue e floresta tropical, como a Mata Atlântica. A
maior parte dos rios da Paraíba são intermitentes, ou seja, secam com o período
seco. O principal rio do estado é o Piranhas.

O estado da Paraíba possui cerca de 4 milhões de habitantes. A maior parte da


população está concentrada nas zonas urbanas, em especial na região da

287
capital, João Pessoa, e da cidade de Campina Grande. No século XX, a Paraíba
foi um dos principais centros de migração expulsora do Nordeste, em especial
para o Sudeste do Brasil. Porém, nas últimas duas décadas, tem-se verificado
um alto índice de migração de retorno.
A maior cidade em população da Paraíba é a capital, João Pessoa, com cerca
de 800 mil habitantes. As cidades de Campina Grande, Santa Rita e Patos
também são importantes centros demográficos do estado, ambas com mais de
100 mil habitantes.

CLIMA DA PARAÍBA

O clima da Paraíba se distingue pela alta incidência de raios solares, devido à


proximidade com a Linha do Equador, e conforme um maior distanciamento do
oceano. A leste, o clima é tropical úmido com chuvas durante o outono e o
inverno. Na região do Borborema e em parte do Sertão, o clima é semiárido, local
onde predomina o chamado Polígono das Secas. A oeste, as massas de ar
úmidas deixam o clima na região quente e semiúmido com o predomínio de
chuvas de verão.
A Mata Paraibana é caracterizada pelo clima tropical quente e úmido. A umidade
advinda do Oceano Atlântico é a principal responsável pelos altos índices
pluviométricos na porção leste do território.

A HIDROGRAFIA PARAIBANA

A hidrografia paraibana é classificada em: Rios Litorâneos e Rios Sertanejos. Os


Rios Litorâneos são: Rio Paraíba, Curimataú e o Mamanguape. Esses nascem
geralmente na Serra da Borborema e seguem para o oceano, onde desembocam
suas águas. Já os Rios Sertanejos são: rio Piranhas, rio do Peixe, rio Piancó e
Espinhara. Os rios sertanejos são aqueles que se deslocam em direção aos
relevos mais baixos e deságuam no litoral do Estado do Rio Grande do Norte.

EXERCÍCIOS

1. Assinale a alternativa correta em relação à hidrografia da Paraíba.


a) Os rios litorâneos são rios que nascem no litoral e correm na direção da serra
da Borborema.

288
b) Os rios sertanejos são rios que vão em direção ao norte em busca de terras
baixas e desaguando no litoral do Rio Grande do Norte.
c) Dentre os rios litorâneos, o mais importante é o Piranhas.
d) Dentre os rios sertanejos, o mais importante é o Paraíba.

2. Assinale a alternativa correta em relação a vegetação do estado da Paraíba.


a) A caatinga predomina no litoral.
b) Matas e manguezais são encontrados no sertão.
c) Xique-xique e mandacaru são plantas encontradas no mangue litorâneo.
d) A caatinga é a vegetação característica do sertão.

3. Sobre os aspectos naturais do estado da Paraíba, assinale a alternativa


CORRETA.
a) O estado da Paraíba está localizado dentro da Zona Térmica Intertropical, ao
norte do Equador, recebendo uma alta radiação energética, o que determina um
clima equatorial, com temperatura média anual de 26°C.
b) O estado da Paraíba possui dois biomas em seu território: Amazônico, na
porção oriental, e o cerrado, na porção centro-oriental.
c) O Planalto da Borborema, que se enquadra na classe de planaltos em núcleos
cristalinos arqueados, está presente na Paraíba, além de outros estados.
d) O pico do Itaguaré, ponto mais alto da Paraíba, está localizado na fronteira
com o estado do Rio Grande do Norte, na serra da Aratanha.

4. A Paraíba está localizada no Nordeste do Brasil. O estado faz divisa com: Rio
Grande do Norte, Acre e Ceará.
Certo ( ) Errado ( )

5. A Paraíba possui um clima tropical, e, no litoral, predomina-se o subtipo


tropical úmido; já no interior, ocorre o subtipo tropical semiárido, marcado pelas
altas temperaturas e irregularidade das chuvas.
Certo ( ) Errado ( )

289
Gabarito
1-D
2-E
3-C
4 - ERRADO
5 - CERTO

ASPECTOS ECONÔMICOS

Alguns produtos merecem destaque no contexto de sua economia: o algodão, o


sisal e o abacaxi.
A pecuária também tem importância e as principais criações são de bovinos,
suínos, ovinos e equinos.

No setor industrial salientam o alimentício, metalúrgicas, e o têxtil, das indústrias


voltadas aos produtos da cana-de-açúcar. O setor industrial responde por 16,3%
do PIB estadual, um dos principais polos encontra-se em Campina Grande, onde
estão sediadas companhias ligadas aos setores de metalurgia e confecções. A
estratégia de oferecer incentivos fiscais a empresas dispostas a se estabelecer
no Estado apresenta resultados modestos.
Em suma, a economia se baseia na agricultura.

O transporte marítimo é fundamental à economia paraibana. As exportações e


importações são operadas principalmente através do Porto de Cabedelo.

Sob o ponto de vista econômico, considerando a P.E.A. (população


economicamente ativa) correspondente aos setores econômicos, percebe-se
que está ocorrendo uma redução no número de pessoas ocupando o setor
primário paraibano, o que confirma a saída da população do campo. Enquanto
isso, nas cidades, o setor terciário está sofrendo aumento gradativo, ao receber
a população proveniente do setor primário.

Apesar da população paraibana continuar participando cada vez menos do setor


primário, este ainda representa a base da economia do Estado.

290
Os principais produtos agrícolas paraibanos são:
• Abacaxi: Sobre o qual a Paraíba se destaca como o maior produtor, tendo
grande importância para a exportação. O abacaxi é cultivado em Sapé,
Mari e Mamanguape.
• Sisal: Nos anos 50 e 60 foi o principal produto agrícola paraibano. Hoje
ocupa o terceiro lugar na exportação estadual.
• Cana-de-açúcar: Possui grande importância econômica, pois dela se
fabrica o álcool usado como combustível. As principais áreas de cultivo
são os vales, os tabuleiros e o litoral.
• Algodão: Na região sertaneja, ocupa lugar de destaque. Essa cultura já
representou o principal produto agrícola paraibano.
• Mandioca, milho e feijão: São culturas de subsistência.

Na produção animal, destacamos os rebanhos:


• Bovino: Sua produção se destina basicamente a alimentação local.
Localiza-se mais intensamente no Agreste e no Sertão.
• Suíno: Com a melhoria das técnicas de criação, o rebanho vem
apresentando um crescimento. Localiza-se no Cariri e no Sertão.
• Caprinos e Ovinos: Fornece carne e leite. Localiza-se nos Cariris e no
Sertão.
• Equinos, Asininos e Muares: Destinados ao transporte.

Percebe-se que a pecuária é praticada de forma extensiva na Paraíba.

No turismo a Paraíba se destaca especialmente devido a suas praias. Vale


salientar que o ecoturismo tem crescido muito na Paraíba, com a valorização das
áreas afastadas da capital, João Pessoa. Uma das áreas citadas como
referência de ponto turístico do interior é o Lajedo de Pai Mateus. Em Campina
Grande se encontra um dos maiores eventos juninos do Brasil, denominado "O
Maior São João do Mundo."

Turismo em Campina Grande


Herdeira da cultura nordestina, Campina Grande luta por manter vivo o rico
patrimônio representado pelas manifestações culturais e populares dessa
região. A quadrilha junina, o pastoril, as danças folclóricas, o artesanato, etc.,
são alguns exemplos de manifestações da cultura popular que ainda encontram
lugar na cidade. Historicamente, Campina Grande teve, e continua tendo, papel
destacado como polo disseminador da arte dos mais destacados artistas
arraigados na cultura popular nordestina, a exemplo dos "cantadores de viola",
"emboladores de coco", poetas populares em geral. Especialmente na música, é

291
inegável a importância desta cidade na divulgação de artistas do quilate de Luiz
Gonzaga, Rosil Cavalcante, Jackson do Pandeiro, Zé Calixto, dentre muitos, e
até pelo surgimento de outros tantos como Marinês, Elba Ramalho, etc. Eventos
como "O Maior São João do Mundo", Festival de Violeiros, "Canta Nordeste", as
vaquejadas que se realizam na cidade, além de programações específicas das
emissoras de rádio campinenses, contribuem fortemente para a preservação da
cultura regional.

Turismo na cidade de João Pessoa


João Pessoa, fundada em 1585, é uma das mais antigas cidades do País e, por
isso mesmo, é o retrato vivo do passado nas ruas e praças que remontam às
origens da cidade.
A cidade baixa, a qualquer hora do dia ou da noite, tem sempre atrativos para
quem busca na arquitetura dos últimos três séculos o testemunho do processo
de desenvolvimento nordestino, além de outros encantos que se traduzem em
ancoradouros do rio Sanhauá, casarões antigos, hotéis, igrejas e praças.
Deslumbram os olhos do turista as tradicionais igrejas, construções antigas e o
clima de saudosismo que impera no Centro Histórico. Destacam-se ali as Igrejas
de São Pedro Gonçalves, de São Bento (antigo Convento), do Carmo, com o
Palácio Arquidiocesano, e a Catedral Metropolitana.

ASPECTOS SOCIAIS

Nosso povo surgiu na mistura das raças branca, negra e índia. Esta última já
habitava a região.
A população da Paraíba é essencialmente mestiça, o que resulta da união de
três etnias: a mulata, a cabocla e a cafuza.
Área territorial: 56.467,242 km² (IBGE, 2020).
População: 4.039.277 habitantes (IBGE, 2020).
Densidade demográfica: 66,70 hab/km² (IBGE, 2010).
51,85% são mulheres.

Em relação à cor, a maioria da população se declara parda (56,13%), seguida


de brancos (36,20%), pretos (6,67%), indígenas (0,88%) e amarelos (0,11%).
Mais de 3/4 dos paraibanos vivem em áreas urbanas do estado (81,61%). Por
grupos de idade, os habitantes entre 0 e 14 anos correspondem a 23,49% da
população. Os idosos com mais de 65 anos equivalem a 9,54%. O restante

292
(66,97%) é composto pela população em idade ativa, ou seja, pessoas entre 15
e 64 anos, idade considerada adequada para desenvolver atividades
remuneradas. O estado tem a segunda menor população em idade ativa de toda
a região Nordeste, perdendo somente para o Maranhão.
A taxa de crescimento populacional do estado vem caindo ano após ano, a taxa
de fecundidade da Paraíba é a terceira menor do Nordeste.
Um dos grandes problemas do estado é a educação. Paraíba apresenta a
terceira maior taxa de analfabetismo do Brasil.
A esperança de vida ao nascer na Paraíba também está entre os índices mais
baixos em relação aos demais estados do Brasil. A estimativa média é a de que
os paraibanos vivam até os 72 anos, dois a menos que a média nacional, que é
de 73,94 anos. Além disso, o estado registra a sexta pior taxa de mortalidade
infantil do país. Para cada mil crianças nascidas vivas, 21,67 morrem antes de
completar um ano de vida.
A pobreza também é um fator preocupante para a Paraíba. De toda a população,
13,39% é extremamente pobre, ou seja, possui renda inferior a setenta reais per
capita por mês.
Outro dado alarmante é o da violência no estado. Em 2000, os índices de
homicídio ficavam entre os mais baixos de todo o país, entretanto, a partir de
2010, a Paraíba passou a figurar na lista dos seis estados mais violentos do
Brasil. Para cada 100 mil habitantes, 38,6 são mortos. A Região Metropolitana
de João Pessoa é a terceira mais violenta do país, atrás apenas de Maceió e
Belém. Tudo isso coloca a Paraíba entre os mais baixos índices de qualidade de
vida do Brasil.

ASPECTOS CULTURAIS

O estado da Paraíba é reconhecido nacionalmente pela riqueza das suas


tradições culturais. As festas religiosas e juninas atraem muitos visitantes para o
estado. O São João de Campina Grande é considerado a maior festa junina do
mundo. Há ainda festivais folclóricos, como folguedos e cavalhadas, assim como
a preservação de danças tradicionais, como o coco de roda, a ciranda e o
xaxado. Na música, destacam-se os ritmos forró, xote e baião.

A Paraíba é terra de importantes escritores brasileiros, como Ariano Suassuna,


Augusto dos Anjos, Pedro Américo e José Lins do Rego. Em relação às artes, o
artesanato é uma importante prática de afirmação da cultura paraibana, com
confecções de peças de barro, couro e diferentes tipos de bordado. Já na
culinária, são destaques os pratos típicos paraibanos de buchada de bode,
cuscuz, carne de sol e bode guisado.

293
EXERCÍCIOS

1. Quanto ao quesito cor, o censo de 2010 do IBGE, apontou que a população


do estado se auto declarava predominantemente:
a) Branca
b) Negra
c) Parda
d) Amarela

2. Em relação à economia do estado do Piauí, julgue os itens e assinale a opção


correta.
I. ( ) - A pecuária também tem importância e as principais criações são de:
bovinos, suínos e equinos.
II. ( ) - O transporte marítimo é fundamental à economia paraibana. As
exportações e importações são operadas principalmente do porto de Cabedelo.
III. ( ) - O setor industrial responde por 16,3% do PIB estadual, um dos principais
polos encontra - se em Campina Grande.
a) V,F,F.
b) V,F,V.
c) V,V,V.
d) F,F,F.

Gabarito
1-C
2-C

294
HISTÓRIA DA PARAÍBA

295
SISTEMA DE CAPITANIAS HEREDITÁRIAS

As Capitanias Hereditárias foram um sistema administrativo implementado pela


Coroa Portuguesa no Brasil em 1534. O território do Brasil, pertencente a
Portugal, foi dividido em faixas de terras e concedidas aos nobres de confiança
do rei D. João III (1502-1557). Essas poderiam ser passadas de pai pra filho e
por isso, foram chamadas de hereditárias.
Os principais objetivos eram povoar a colônia e dividir a administração colonial.
As Capitanias Hereditárias, porém, tiveram vida curta e foram abolidas dezesseis
anos após sua criação. Após a descoberta das terras a leste do Tratado de
Tordesilhas, em 1500, por Pedro Álvares Cabral, o foco da Coroa portuguesa na
sua colônia da América Portuguesa era a extração dos recursos da terra, como
o pau-brasil. Isso se devia ao fato de não terem sido encontrados metais
preciosos como foi o caso dos espanhóis nas suas possessões.
O sistema de capitanias hereditárias foi implantado a partir da expedição de
Martim Afonso de Sousa, em 1530. Os portugueses tiveram receio de perderem
suas terras conquistadas para outros europeus que já estavam negociando com
os indígenas e buscavam se fixar ali. Para tanto, a Coroa Portuguesa
imediatamente adotou medidas para povoar a colônia, evitando, dessa maneira,
possíveis ataques e invasões. O sistema de capitanias havia sido implementado
pelos portugueses na Ilha da Madeira, nos Arquipélagos dos Açores e de Cabo
Verde.

EXERCÍCIOS

1. A distribuição de capitanias hereditárias como sistema de povoamento e


colonização das terras do Novo Mundo, desenvolvido por Portugal, foi um
empreendimento planejado, respondendo a uma necessidade nova, decorrente
da expansão ultramarina. Sua montagem obedecia a determinadas prescrições
que contavam, essencialmente, com as cartas de Doação e de Forais, peças
básicas da solução das donatarias. Portanto, a respeito da administração do
Estado português na Colônia brasileira, através do sistema de donatarias, é
incorreto afirmar que:
a) interessava à Coroa deixar às mãos de particulares a ocupação das terras,
visto que ela não poderia, sem risco de perder as Índias Orientais, desviar
capitais para essa nova empresa que iniciava.
b) numa perspectiva econômica, as capitanias funcionavam, nos quadros da
colonização, como grandes empresas, tendo à frente o donatário como
empresário, diretamente responsável pelo investimento inicial.

296
c) a centralização político-administrativa da Colônia, através do sistema de
donatarias, correspondia aos interesses gerais dos donatários.
d) as doações hereditárias de vastas províncias brasileiras, com o seu sistema
de sesmaria gratuitas, faziam parte do próprio sistema colonial. “O Estado doava
títulos e terras para receber divisas”.
e) os amplos poderes dados aos donatários não entravam em contradição com
a tendência da política portuguesa, pois importava oferecer condições para o
efetivo desenvolvimento da colonização das terras portuguesas.

2. Nos primórdios do sistema colonial, as concessões de terras efetuadas pela


metrópole portuguesa pretendiam tanto a ocupação e o povoamento como a
organização da produção do açúcar, com fins comerciais.
Identifique a alternativa correta sobre as medidas que a Coroa portuguesa
adotou para atingir esses objetivos.
a) Dividiu o território em capitanias hereditárias, cedidas aos donatários, que, por
sua vez, distribuíram as terras em sesmarias a homens de posses que as
demandaram.
b) Vendeu as terras brasileiras a senhores de engenho já experientes, que
garantiram uma produção crescente de açúcar.
c) Dividiu o território em governações vitalícias, cujos governadores distribuíram
a terra entre os colonos portugueses.
d) Armou fortemente os colonos para que pudessem defender o território e
regulamentou um uso equânime e igualitário da terra entre colonos e índios
aliados.
e) Distribuiu a terra do litoral entre os mais valentes conquistadores e criou
engenhos centrais que garantissem a moenda das safras de açúcar durante o
ano inteiro.

3. Em 1534, o governo português concluiu que a única forma de ocupação do


Brasil seria através da colonização. Era necessário colonizar, simultaneamente,
todo o extenso território brasileiro. Essa colonização dirigida pelo governo
português se deu através da:
a) criação da Companhia Geral do Comércio do Estado do Brasil.
b) criação do sistema de governo-geral e câmaras municipais.
c) criação das capitanias hereditárias.
d) montagem do sistema colonial.
e) criação e distribuição de sesmarias.

297
Gabarito
1-C
2-A
3-C

A Capitania de Itamaracá (Antiga Ortografia: Capitania de Tamaracá) foi uma


das quinze divisões originais do território brasileiro entregues a donatários em
regime de hereditariedade. A capitania foi doada a Pero Lopes de Sousa, em
1534. O território da capitania estendia-se desde a linha imaginária de
Tordesilhas até a costa, tendo como limite norte a Baía da Traição (Paraíba) a
Igarassu (Pernambuco).
Foram capitais da capitania as cidades de Itamaracá e Goiana. Foi originalmente
o protetorado ultramarino português de maior extensão longitudinal indo do
extremo leste do mainland americano até Tordesilhas, enquanto o de maior área
era o Rio Grande (atual Rio Grande do Norte), porém perdeu esse título para o
seu desmembramento Setentrional que passou a se chamar Paraíba ou Paraiwa
(originalmente São Domingos), que significa algo como de navegação difícil.
Pero Lopes de Sousa colocou Francisco de Braga à frente da capitania, que
ocupou a ilha da Conceição e fundou a vila Marial ou de Nossa Senhora da
Conceição em 1534. Entretanto, no continente viviam os índios potiguaras que
impunham muita resistência aos colonizadores e também franceses traficantes
de pau-brasil. Os índios e os franceses eram aliados, pois mantinham uma
relação mercantilista, ao passo que os portugueses representavam a ameaça de
escravidão. Eram frequentes os ataques aos habitantes portugueses da região
e da capitania de Olinda, de Duarte Coelho.
O donatário da capitania veio a falecer 1534. Como não foi cumprida a cláusula
da Lei das Sesmarias, as terras voltaram ao patrimônio da Coroa, tornando-se
devolutas e a Itamaracá tornou-se capitania real. O domínio do território pelos
potiguaras era uma ameaça à segurança dos colonizadores portugueses.

EXERCÍCIOS

1. As dificuldades encontradas pelos portugueses na conquista da Paraíba


tiveram relação com:
a) a prévia ocupação francesa na região, e as alianças entre os franceses e as
tribos Potiguaras.

298
b) a animosidade dos índios Tabajaras que, ao resistirem às tentativas de
ocupação, provocou seu extermínio.
c) os ataques empreendidos pelas vilas coloniais, fundadas por espanhóis e
densamente fortificadas.
d) o descaso da Coroa com a conquista dessa região, uma vez que nenhum tipo
de exploração econômica havia sido implantado.
e) o fracasso das sucessivas expedições de conquista que, devido às
intempéries marítimas, jamais chegaram ao seu destino.

2. Em 1574 aconteceu um incidente conhecido como "Tragédia de Tracunhaém",


no qual índios mataram todos os moradores de um engenho chamado
Tracunhaém em Pernambuco. Esse episódio ocorreu devido ao rapto e posterior
desaparecimento de uma índia, filha do cacique potiguar, no Engenho de
Tracunhaém. Com base no conhecimento da História da Paraíba, é correto
afirmar que essa Tragédia contribuiu para:
a) a aliança entre os índios Potiguaras e portugueses e para o progresso da
Paraíba.
b) o desmembramento da capitania de Itamaracá e para a formação da capitania
da Paraíba.
c) a autonomia administrativa de colônia e para a expansão das bandeiras no
interior da Paraíba.
d) a resistência indígena à conquista portuguesa e para a expansão da pecuária
na Paraíba.
e) o ingresso de Ordens religiosas na capitania e para a catequização dos índios
da Paraíba.

3. Em face do regime de monopólios, a capitania da Paraíba foi anexada em


1755 à capitania de Pernambuco, privando- a de autonomia, até 1799. Essa
anexação deveu-se:
a) à superioridade comercial da Paraíba em relação à capitania de Pernambuco.
b) à criação da Companhia de Comércio de Pernambuco e da Paraíba.
c) ao enfraquecimento da Companhia das Índias Ocidentais na Paraíba.
d) ao crescimento da produção açucareira de Pernambuco e da Paraíba.
e) à fixação das fronteiras das capitanias de Itamaracá e de Pernambuco.

299
Gabarito
1-A
2-B
3-B

Em 1540 foi nomeado a João Gonçalves como administrador real, mas este só
chegaria em 1548.
O fim da capitania de Itamaracá foi precipitado pelo episódio conhecido como
Tragédia de Tracunhaém, ou chacina de Tracunhaém.
A capitania foi extinta e foi criada a capitania da Paraíba em 1574, a qual só viria
a ser instalada em 1585 com recursos para evitar mais invasões francesas,
repelir ataques dos tabajaras e potiguaras e assegurar a conquista do norte do
Nordeste brasileiro.
A colonização portuguesa da Paraíba e Pernambuco expandiram para
Itamaracá. Desde então, as menções de Itamaracá como entidade política tende
a sumir na história [carece de fontes]. Durante o domínio holandês o cronista
Elias Erickmann no século XVII em uma crônica para o Instituto de Utretch
descreve a capitania como uma província da Nova Holanda entre as duas já
citadas.
No século XVIII um autor luso-baiano cita a capitania como ainda existente tal
como duas do sul baiano posteriormente anexadas pela Bahia a exemplo do que
ocorreu a Itamaracá frente a Pernambuco.
Somente em 1763, com a morte de seu último donatário, foi oficialmente extinta
a capitania de Itamaracá, sendo anexada a Pernambuco, cuja sede original era
Olinda.

EXERCÍCIOS

1. 0 As dificuldades encontradas pelos portugueses na conquista da Paraíba


tiveram relação com:
a) a prévia ocupação francesa na região, e as alianças entre os franceses e as
tribos Potiguaras.
b) a animosidade dos índios Tabajaras que, ao resistirem às tentativas de
ocupação, provocou seu extermínio.
c) os ataques empreendidos pelas vilas coloniais, fundadas por espanhóis e

300
densamente fortificadas.
d) o descaso da Coroa com a conquista dessa região, uma vez que nenhum tipo
de exploração econômica havia sido implantado.
e) o fracasso das sucessivas expedições de conquista que, devido às
intempéries marítimas, jamais chegaram ao seu destino.

2. A fundação, no final do século XVI, de conventos e mosteiros na Paraíba,


então denominada Filipéia de Nossa Senhora das Neves, foi vista com bons
olhos pelos colonos, pois estes:
a) encontravam-se em minoria, acuados por tribos hostis, razão que os fez
solicitar da Coroa e do Papa a instalação de missões jesuíticas fortificadas, no
interior das quais pudessem habitar.
b) pretendiam fazer prevalecer o catolicismo e combater as religiões
protestantes, como o calvinismo trazido pelos conquistadores franceses, ao qual
a população local havia aderido massivamente.
c) acreditavam que a presença de religiosos contribuiria para a catequização e
a “pacificação” das aldeias
indígenas nas proximidades, garantindo a segurança da população branca.
d) ansiavam estabelecer trocas comerciais com os índios, como o escambo,
prática que até então não havia sido implementada, uma vez que somente os
freis eram os únicos autorizados a fazer esse tipo de transação.
e) reivindicavam a presença de ordens religiosas naquele território uma

3. Missionários e bandeirantes tiveram importante papel no processo de


conquista do interior da Paraíba. As bandeiras eram:
a) expedições que, em geral, se valiam do curso natural dos rios e tinham por
objetivo aprisionar índios para vendê-los como escravos.
b) incursões oficiais da Coroa no interior do território brasileiro a fim de abrir
caminhos e construir vias férreas.
c) caravanas de colonos responsáveis pela instalação nas vilas, de uma grande
cruz e a bandeira portuguesa, como símbolos da colonização.
d) tropas militares bem armadas e chefiadas por um colonizador europeu,
conhecedor da região, a fim de eliminar tribos hostis.
e) grupos de viajantes estrangeiros interessados em pesquisar, explorar e
mapear a fauna, a flora e os nativos do continente americano.

301
Gabarito
1 -A
2-B
3-B

Primeira expedição (1574): O comandante desta expedição foi o Ouvidor Geral


D. Fernão da Silva. Ao chegar no Brasil, Fernão tomou posse das terras em
nome do rei sem que houvesse nenhuma resistência, mais isso foi apenas uma
armadilha. Sua tropa foi surpreendida por indígenas e teve que recuar para
Pernambuco
Segunda expedição (1575): Quem comandou a segunda expedição foi
Governador Geral, D. Luís de Brito. Sua expedição foi prejudicada por ventos
desfavoráveis e eles nem chegaram sequer às terras paraibanas. Parte da frota
foi devolvida ao porto de origem, com o próprio Governador Geral, e outra
conseguiu ancorar em Pernambuco onde, depois de esperar algum tempo
também retornou à Bahia.
Terceira expedição (1579): Frutuoso Barbosa impôs a condição de que se
conquistasse a Paraíba, a governaria por dez anos. Essa idéia só lhe trouxe
prejuízos, uma vez que quando estava vindo à Paraíba, caiu sobre sua frota uma
forte tormenta e além de ter forte tormenta e além de ter que recuar até Portugal,
ele perdeu sua esposa.
Quarta expedição (1582): com a mesma proposta imposta por ele na expedição
anterior, Frutuoso Barbosa volta decidido a conquistar a Paraíba, mas cai na
armadilha dos índios e dos franceses. Barbosa desiste após perder um filho em
combate.
Quinta expedição (1584): esta teve a presença de flores Valdez, Felipe de
Moura e o insistente Frutuoso Barbosa, que conseguiram finalmente expulsar os
franceses e conquistar a Paraíba.

TEXTO I
Documentos do século XVI algumas vezes se referem aos habitantes
indígenas como “os brasis”, ou “gente brasília” e, ocasionalmente no século XVII,
o termo “brasileiro” era a eles aplicado, mas as referências ao status econômico
e jurídico desses eram muito mais populares. Assim, os termos “negro da terra”
e “índios” eram utilizados com mais frequência do que qualquer outro.
SCHWARTZ, S. B. Gente da terra braziliense da nação.
Pensando o Brasil: a construção de um povo. In: MOTA, C. G. (Org.).
Viagem incompleta: a experiência brasileira (1500-2000). São Paulo: Senac, 2000 (adaptado).

302
TEXTO II
Índio é um conceito construído no processo de conquista da América pelos
europeus. Desinteressados pela diversidade cultural, imbuídos de forte
preconceito para com o outro, o indivíduo de outras culturas, espanhóis,
portugueses, franceses e anglo-saxões terminaram por denominar da mesma
forma povos tão díspares quanto os tupinambás e os astecas.
SILVA, K. V.; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos.
São Paulo: Contexto, 2005.

1. Ao comparar os textos, as formas de designação dos grupos nativos pelos


europeus, durante o período analisado, são reveladoras da:
a) concepção idealizada do território, entendido como geograficamente
indiferenciado.
b) percepção corrente de uma ancestralidade comum às populações ameríndias.
c) compreensão etnocêntrica acerca das populações dos territórios
conquistados.
d) transposição direta das categorias originadas no imaginário medieval.
e) visão utópica configurada a partir de fantasias de riqueza.

2. A língua de que usam, por toda a costa, carece de três letras; convém a saber,
não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não
têm Fé, nem Lei, nem Rei, e dessa maneira vivem desordenadamente, sem
terem além disto conta, nem peso, nem medida.
GÂNDAVO, P. M. A primeira história do Brasil: história da província de Santa Cruz a que
vulgarmente chamamos Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2004 (adaptado).

A observação do cronista português Pero de Magalhães Gândavo, em 1576,


sobre a ausência das letras F, L e R na língua mencionada demonstra a:

a) simplicidade da organização social das tribos brasileiras.


b) dominação portuguesa imposta aos índios no início da colonização.
c) superioridade da sociedade europeia em relação à sociedade indígena.
d) incompreensão dos valores socioculturais indígenas pelos portugueses.
e) dificuldade experimentada pelos portugueses no aprendizado da língua
nativa.

303
3. Eram características dos indígenas nativos do Brasil na chegada dos
portugueses, em 1500:
a) a obtenção de recursos baseada na coleta, caça e agricultura.
b) a existência de apenas um idioma comum a todas as tribos.
c) a existência de grandes cidades, como a dos astecas.
d) a ausência de artesanato.

Gabarito
1-C
2-D
3-A

EUROPEUS NA PARAÍBA

Na Paraíba havia, no mínimo, três grupos indígenas diferentes. Os tupis, que


habitavam o litoral, e eram divididos em potiguaras, ao norte do Paraíba e os
tabajaras, ao sul do Paraíba. Os tabajaras vieram do São Francisco, da região
de Sergipe. Mas havia um terceiro grupo, que era tido como cariri. Era o grupo
dos tarairiús, e como eles ficaram ao lado dos holandeses e participaram da
guerra contra os portugueses foram praticamente execrados, considerados
selvagens e foram desprezados. Esse grupo era muito pequeno.
Somente com a chegada dos holandeses é que vamos conhecer, com mais
detalhes, os tarairiús, que eram conhecidos pelo nome do principal, chamado
Janduí. Janduí era o cacique que, naquele tempo, comandava 22 grandes tribos
no interior do Ceará, do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Janduí era tarairiú,
conforme o nome anotado pelos holandeses. Os tarairiús falavam uma língua
diferente do tupi e do cariri.
Os índios cariris chegaram aqui oriundos do São Francisco, como já disse, se
bem que houvesse um pequeno grupo que estava junto com os tabajaras, os
quais foram trazidos da região pelo cacique tabajara Piragibe, mas esse grupo
se dispersou. Isto está documentado naquela briga entre os franciscanos e os
jesuítas. Está lá a palavra padzu, que é o nome de pai que os índios chamavam
com os padres que o catequizavam.
Vejamos as fronteiras desses índios. Essas fronteiras são muito variáveis. As
migrações eram constantes, havendo um remanejamento muito grande. Na
parte do litoral, estavam os tupis: ao norte do rio Paraíba os potiguaras, e ao sul
do rio Paraíba os tabajaras. Os caetés, que foram os primeiros, já tinham sido

304
exterminados. Os caetés deviam ter chegado na parte de Itamaracá, tendo sido
exterminados desde a morte do padre Fernando Sardinha. A parte do interior era
toda ocupada pelos tarairiús. A parte sul ao longo do rio Paraíba era ocupada
por poucas tribos cariris. Eram cariris os bultrins de Alagoa Nova, os bultrins de
Pilar, os fagundes, perto de Campina Grande, os carnoiós da região próxima a
Campina Grande. Esses bultrins chegaram até Pilar, centro principal dos cariris
e já tinham sido catequizados no São Francisco, donde vieram, e ficaram ao lado
dos portugueses.
Quando os portugueses começaram a entrar para o sertão começaram a lutar
contra os tarairiús, que tinham sido aliados dos holandeses. Mesmo depois da
guerra dos holandeses, quando foram feitas as pazes, o Tratado de Paz feito
entre o Brasil e a Holanda não citava o perdão aos índios tarairiús. E Janduí
exigiu e os governos português e holandês tiveram que aceitar, dando perdão a
Janduí, que era o cacique tarairiú. O governador André Fernandes Vieira não
tolerava esses índios, que tinham sido combatidos por ele. Tanto que aprisionou
alguns deles aqui e mandou para Portugal e Portugal devolveu porque já tinha
feito as pazes.
Para a conquista do sertão, os portugueses foram entrando e até certo ponto
foram invadindo as terras ocupadas pelos tarairiús. A guerra contra os tarairiús
começou nos anos 1630 e se estendeu até 1730, uma guerra de cem anos. Foi
a maior guerra indígena do Brasil. A dos tamoios não chega nem perto. Foi uma
guerra de cem anos até quase dizimar praticamente quase toda a população
tarairiú. Existe apenas um remanescente tarairiú, que está em Pernambuco, na
serra de Ararobá, próximo a Pesqueira, com o nome de sucurus. Existem lá
cerca de 3.000 índios. Já perderam a língua e ainda têm algumas palavras; eu
consegui coletar algumas palavras e fazer uma comparação de termos,
mostrando o parentesco da língua tarairiú com o grupo jê. Por exemplo, em
tarairiú água é caeté e nos dialetos jês é incoul, mas no cariri é tzu, uma palavra
totalmente diferente. Cabeça é crecar em tarairiú, nos dialetos jês é cran e no
cariri é tsanbu. E assim por diante. Todas essas palavras fazem com que a gente
aproxime os tarairiús dos jês. Isso não somente já tinha sido feito pelos traços
culturais, etnográficos e físicos, como também pelos traços lingüísticos. Então
não há dúvida, nossos cariris eram aparentados dos jês. Mas isso só foi aceito
recentemente, principalmente através dos trabalhos de Pompeu Sobrinho, do
Ceará, que estudou esse assunto e publicou um trabalho. Apesar disso, os
paraibanos insistiam em dizer: tupi no litoral e cariri no interior.
Vejamos as tribos tarairiús: os janduís (Janduí era o cacique principal); os
canindés (Canindé foi o rei que substituiu Janduí, quando Janduí morreu e
continuou a guerra contra os portugueses); os sucurus, que é um caso
interessante (eles escaparam de ser dizimados porque Sacramento, o primeiro
bispo de Pernambuco foi catequizar esses índios logo depois da saída dos
holandeses e trouxe esses índios para Pernambuco, em Limoeiro, e depois
conseguiu com João Fernandes Vieira e outros as terras da serra de Ararobá,
onde estão até hoje. São os remanescentes dos sucurus da Paraíba e do Rio
Grande do Norte).

305
Sobre esses índios já foram coletadas algumas palavras da língua deles por
alguns membros da Fundação do Índio; outras palavras já haviam sido coletadas
por Nimiendaju e eu pude coletar um vocabulário de mais ou menos 200 palavras
para comparar com os outros topônimos tarairiús das sesmarias, para verificar
mais alguma coisa sobre a língua.
A minha tese de doutorado é sobre a língua cariri. Eu já conhecia a língua tupi,
de modo que eu posso perceber perfeitamente quando a palavra é tarairiú ou é
cariri.
Eram tarairiús os ariús de Campina Grande, os sucurus, os canindés, os janduís,
os pegas, os ariús dos paiacús, os panatis, e alguns outros grupos menores.
Quanto aos cariris, havia os cariris do oeste da Paraíba porque eles tinham vindo
da região do São Francisco. O centro e o núcleo dos cariris é a Bahia e
principalmente aquela parte de Pernambuco que é exatamente a região de
Cabrobó, da Cachoeira de Paulo Afonso mais abaixo e a cidade de Petrolina. Os
índios cariris tinham a sua capital ali, chamada Aracapá, palavra tupi, que quer
dizer “escudo redondo” ou rodela. De modo que aquela parte do sertão de
Pernambuco é conhecida por sertão de rodela. Isto tudo está relatado no livro
que vocês conhecem de Martim de Nantes, já traduzido para o português.

EXERCÍCIOS

1. A fundação, no final do século XVI, de conventos e mosteiros na Paraíba,


então denominada Filipéia de Nossa Senhora das Neves, foi vista com bons
olhos pelos colonos, pois estes
a) encontravam-se em minoria, acuados por tribos hostis, razão que os fez
solicitar da Coroa e do Papa a instalação de missões jesuíticas fortificadas, no
interior das quais pudessem habitar.
b) pretendiam fazer prevalecer o catolicismo e combater as religiões
protestantes, como o calvinismo trazido pelos conquistadores franceses, ao qual
a população local havia aderido massivamente.
c) acreditavam que a presença de religiosos contribuiria para a catequização e
a “pacificação” das aldeias indígenas nas proximidades, garantindo a segurança
da população branca.
d) ansiavam estabelecer trocas comerciais com os índios, como o escambo,
prática que até então não havia sido implementada, uma vez que somente os
freis eram os únicos autorizados a fazer esse tipo de transação.
e) reivindicavam a presença de ordens religiosas naquele território uma vez que,
as famílias se sentiam desamparadas pela Igreja, desde a expulsão dos jesuítas,
no século anterior.

306
2. Assumindo os ideais iluministas no reino, o Marquês de Pombal expulsou os
jesuítas de Portugal e colônias. Na Paraíba, os jesuítas foram expulsos por
Pombal, em 1759. A consequência dessa expulsão para a capitania foi a:
a) criação de uma cultura formada por valores Indígenas Católicos.
b) expansão da pecuária sobre as terras dos indígenas no Sertão da Paraíba.
c) introdução de novos conhecimentos espirituais e científicos vindos da Europa.
d) intensificação dos conflitos que ocorriam entre colonos e os Tupis-Guaranis.
e) desarticulação do sistema de ensino mantido por essa Ordem Religiosa.

Gabarito
1-C
2-E

A Presença Holandesa na Paraíba

Portugal desde 1580 estava sob domínio espanhol, e consequentemente, o


Brasil. A instalação da empresa açucareira no Brasil contou com a participação
holandesa, desde o financiamento das instalações até a comercialização no
mercado europeu. Assim, quando Felipe II proibiu a manutenção dessas
relações comerciais, tirou dos holandeses uma grande fonte de lucros, levando-
os a reagirem com a invasão ao Nordeste brasileiro. Para isso, os holandeses
organizaram uma Companhia – a Companhia das Índias Ocidentais –, e
decidiram invadir a capital, em 1624. Prenderam o Governador Geral e o
enviaram para a Holanda.
Não conseguiram, no entanto, governar a região. Sob o comando de D. Marcos
Teixeira, as forças brasileiras mataram vários chefes batavos, enfraquecendo as
tropas holandesas. Em maio de 1625, eles foram expulsos da Bahia pela
esquadra de Fradique Toledo Osório.
As invasões holandesas atingem também a Paraíba e através de ataques
contínuos a Cabedelo, onde a resistência foi muito acentuada, tentam se fixar
em nossas terras, porém só concretizando em 1634, quando desembarcam ao
norte da foz do Jaguaribe e conseguiram vitória sobre as tropas do governador
paraibano Antônio de Albuquerque Maranhão e partindo para dominar Cabedelo,
onde tiveram êxito.

307
Em dezembro de 1634 os holandeses entraram na cidade de Filipéia de Nossa
Senhora das Neves e passaram a administra-las até 1645.
A preocupação inicial dos holandeses consistiu em manter defesas, para
estabilizar a conquista, e atrair a simpatia dos habitantes da Paraíba, cuja capital
teve a denominação mudada para Frederica. A Fortaleza de Santa Catarina, no
Cabedelo, foi rebatizada como Margareth.
Alguns dos nossos moradores pressentindo a derrota e não querendo se
submeter aos inimigos, retiraram-se da Capitania. Porém antes da retirada,
queimavam os canaviais e inutilizavam os engenhos. André Vital de Negreiros
foi o primeiro a tocar fogo no engenho do seu pai e muitos seguiram o exemplo.
Para impedir possível rebelião, os holandeses tanto fortificaram a Igreja de São
Francisco e o convento de Santo Antônio, a cujas portas instalaram
entrincheiramentos e bateria, quanto ocuparam a inacabada Igreja de São
Bento, na Rua Nova. Quando os religiosos franciscanos tentaram desobedecer
às ordens dos novos senhores, foram expulsos da Capitania.

EXERCÍCIOS

1. Para o pesquisador Humberto Nóbrega, trata-se do “maior e mais respeitável


monumento histórico da Paraíba”. É a única praça forte ainda de pé que nos
ficou dos primórdios da colonização. Fundada em 1589, após a celebração da
paz entre os colonizadores e o chefe índio Piragibe, a fortaleza inicialmente era
de taipa e foi erguida pelo alemão Cristóvão Linz, a 18 Km da capital do Estado,
João Pessoa.
(http://www.joaopessoaconvention.com.br/v2009/?p= ponto_turistico)

Com base no conhecimento histórico da Paraíba, assinale a afirmação que se


relaciona ao monumento a que o texto se refere.
a) Com o objetivo de evitar a entrada dos franceses, Frutuoso Barbosa ordenou
a construção da Fortaleza de Santa Catarina, em Cabedelo.
b) Visando defender os engenhos de ataques de índios Potiguaras, André de
Albuquerque construiu o Forte de Inhobin, em João Pessoa.
c) Para resistir aos ataques indígenas potiguaras, João Tavares iniciou a
construção do Forte de São Sebastião, na foz do rio Paraíba.
d) Durante o governo de Martim Leitão, foi edificada a capela de São Gonçalo,
ainda hoje, um dos grandes monumentos históricos da Paraíba.
e) A Igreja de São Bento, na Avenida General Osório, onde há um cata-vento
em lâmina, construído em 1753, foi obra iniciada por Feliciano Coelho.

308
2. Considere as seguintes afirmações sobre a Revolução de 1817, também
chamada de “Revolução Pernambucana”, da qual a Paraíba participou:
I. Essa revolução, influenciada pelos ideais da Revolução Francesa, buscava a
criação de uma república independente, sediada em Pernambuco.
II. A maioria de seus integrantes, dentre os quais havia muitos proprietários
rurais, defendia a manutenção da escravidão, que garantia o status econômico
da elite agrária.
III. A revolução foi reprimida meses após sua eclosão, sem conseguir mobilizar
a população ou tomar o poder local, uma vez que as oligarquias locais
permaneceram leais à Coroa Portuguesa.
IV. Após essa Revolução, Rio Grande e Alagoas tornaram-se comarcas
independentes de Pernambuco. Está correto o que se afirma APENAS em

a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.

Gabarito
1-A
2-D

O Brasil recebeu visitas de inquisidores cujo objetivo era investigar


comportamentos e inibir qualquer prática alheia aos princípios estabelecidos
pela igreja. Historicamente se fala em três ou quatro visitas: a primeira entre 1591
e 1595, a segunda entre 1618 e 1621, a terceira entre 1627 e 1628 e a quarta,
supostamente, entre 1763 e 1769. O primeiro inquisidor do Brasil se chamava
Heitor Furtado de Mendonça. Os inquisidores, por sua vez, nomearam clérigos
que seriam os responsáveis pelo controle dos hábitos e costumes nessa colônia
portuguesa, cujo objetivo principal era exterminar qualquer prática adversa do
catolicismo.
Não só os padres eram orientados a observar o comportamento dos fiéis; além
desses qualquer pessoa poderia acusar outra, inclusive anonimamente, o que

309
propiciava a vingança entre vizinhos ou parentes em decorrência de desavenças
cotidianas. Havia uma lista preparada pela igreja onde constavam os que eram
considerados crimes de heresia, dentre os quais se incluía feitiçaria, práticas
judaicas, bigamia, adultério, sodomia, entre outros.
Assim, os principais perseguidos, os considerados hereges (ameaça para a
doutrina cristã) eram curandeiros e especialmente judeus convertidos - os
cristãos novos - que se acreditava que mantivessem às escondidas seus
costumes religiosos.
Vale lembrar que os primeiros habitantes do Brasil eram os índios cujas práticas
de cura de enfermidades iam sendo disseminadas pelos novos habitantes e as
quais deram origem aos curandeiros, então perseguidos.
No que respeita aos cristãos novos (judeus) eles tinham sido obrigados a se
converter em Portugal, mas tendo muitos fugidos para o Brasil, Portugal
acreditava que distantes teriam a oportunidade de regressar ao judaísmo
praticando sua fé e tendo espaço para a sua divulgação.
Desde que houvesse suspeição, os clérigos nomeados abriam processos (foram
abertos cerca de mil no Brasil), na sequência as pessoas eram presas - muitas
vezes sem conhecer o crime de que eram acusadas - e eram extraditadas para
Portugal para lá serem julgadas e torturadas através de métodos como a roda
ou o polé ou mesmo a morte na fogueira.

EXERCÍCIOS

1. Realizada a emancipação política em 1822, o Estado no Brasil:


a) surgiu pronto e acabado, em razão da continuidade dinástica, ao contrário do
que ocorreu com os demais países da América do Sul.
b) sofreu uma prolongada e difícil etapa de consolidação, tal como ocorreu com
os demais países da América do Sul.
c) vivenciou, tal como ocorreu com o México, um longo período monárquico e
uma curta ocupação estrangeira.
d) desconheceu, ao contrário do que ocorreu com os Estados Unidos, guerras
externas e conflitos internos.
e) adquiriu um espírito interior republicano muito semelhante ao argentino,
apesar da forma exterior monárquica.

2. A Independência do Brasil, em 1822, foi fruto de uma série de fatores cujo


ponto de partida se pode localizar na vinda da família real para o Brasil, em 1808.
Com a Corte no Brasil e a sede da monarquia para cá transmutada, deflagrou-

310
se uma verdadeira inversão de papéis, tornando-se Portugal uma “colônia de
uma colônia sua”. A tentativa de Portugal de reverter essa situação e tornar-se
novamente metrópole do Brasil foi revelada de forma mais contundente através
da:
a) Inconfidência Mineira, de 1789.
b) Revolução do Porto, de 1820.
c) Revolução Pernambucana, de 1817.
d) Revolução Francesa, de 1789.
e) Revolução Praieira, de 1848.

3. Processo político de emancipação do Brasil desenvolveu-se dentro de


condições bastante especiais, dentre as quais é correto assinalar:
a) a presença de D. Pedro I, como regente do trono, estabelecia a possibilidade
de uma separação entre Portugal e Brasil, sem, contudo, romper radicalmente
com o regime monárquico.
b) as primeiras notícias chegadas ao Brasil dos acontecimentos do Porto
deflagraram, em todas as províncias brasileiras, movimentos de repúdio à
revolução lusa, formando-se “Juntas Constitucionais”.
c) a Revolução do Porto, fundamentada em ideias liberais, tinha entre seus
objetivos a reforma constitucional portuguesa e a emancipação política das suas
colônias, entre elas, o Brasil.
d) nas Juntas Constitucionais formadas por brasileiros e portugueses, nas quais
os brasileiros eram em maior número, havia a firme decisão de não se acatarem
as resoluções tomadas pelas cortes em Lisboa, o que contrariava os interesses
lusos.
e) Com relação ao Brasil, os revolucionários portugueses do Porto, mantinham
a coerência com os postulados liberais, mostrando-se intransigentes defensores
da emancipação política brasileira.

A SANTA INQUISIÇÃO E A PARAÍBA

Na colônia do Brasil, onde os jesuítas tinham colégios (missões), Pombal os


acusou de apoiar os indígenas na resistência contra Portugal. Um atentado à
vida do rei José, em 1758, deu a Pombal o
pretexto para tirar poderes da nobreza e expulsar os jesuítas, que tinham
amizade com os conspiradores. A chamada expulsão dos jesuítas foi um evento
da história de Portugal que teve lugar no reinado de D. José I, em 1759, sob a

311
orientação do seu Secretário de Estado dos Negócios Interiores do Reino, o
futuro Marquês de Pombal. Portugal foi o primeiro país europeu a expulsar os
jesuítas.
Assim, no ano de 1759, centenas de jesuítas foram expulsos do Brasil, pelo
secretário de estado português: o Marques de Pombal. O que acabou
desestruturando por completo a ordem dos jesuítas no Brasil, gerando grandes
prejuízos para os aldeamentos indígenas, para a educação e o ensino na
colônia. Outra importante medida trazida com a administração de Pombal foi a
expulsão dos jesuítas do Brasil. Essa medida foi tomada com o objetivo de dar
fim às contendas envolvendo os colonos e os jesuítas. ...
Vendo os prejuízos trazidos com essa situação, Pombal expulsou os jesuítas e
instituiu o fim da escravidão indígena.
No Brasil, entretanto, as consequências do desmantelamento da organização
educacional jesuítica e a não-implantação de um novo projeto educacional foram
graves, pois, somente em 1776, dezessete anos após a expulsão dos jesuítas,
é que se instituíram escolas com cursos graduados e sistematizados.

EXERCÍCIOS

1. Contando em 1774 com (...) uma população total de 52.000 habitantes em


toda capitania, a Paraíba tornou-se presa para o Tribunal do Santo Ofício.
Especialistas sustentam haver sido ela a capitania mais perseguida pela
instituição, depois do Rio de Janeiro (...) No Brasil, a Inquisição significou
mecanismo do pacto colonial, ou seja, de transferência de riqueza de colônia
para a metrópole.
(José Octávio de Arruda Mello. História da Paraíba, lutas e resistência. Paraíba, Conselho
Estadual de Cultura (SEC): União Editora, s/d. p. 81-82)

A partir do texto pode-se afirmar que a atuação da Inquisição na capitania, no


século XVIII, Alternativas
a) foi um dos elementos responsáveis pelo atraso econômico da Paraíba.
b) fez com que a Paraíba superasse sua mais séria e longa crise financeira.
c) foi uma das causas pelo declínio da exploração metropolitana na Paraíba.
d) fez com que a metrópole aplicasse uma brutal alta de impostos na Paraíba.
e) foi responsável pelo crescimento da produção de subsistência na Paraíba.

312
2. No final do século XVI, na Bahia, Guiomar de Oliveira denunciou Antônia
Nóbrega à Inquisição. Segundo o depoimento, est lhe dava “uns pós não sabe
de quê, e outros pós de osso de finado, os quais pós ela confessante deu a beber
em vinho ao dito seu marido para ser seu amigo e serem bem casados, e que
todas estas coisas fizeram tendo-lhe dito a dita Antônia e ensinado que eram
coisas diabólicas e que os diabos lhe ensinaram”.
(ARAÚJO, E. O teatro dos vícios. Transgressão e transigência na sociedade urbana colonial.
Brasília: UnB/José Olympio, 1997.)

Do ponto de vista da Inquisição:


a) o problema dos métodos citados no trecho residia na dissimulação, que
acabava por enganar o enfeitiçado.
b) o diabo era um concorrente poderoso da autoridade da Igreja e somente a
justiça do fogo poderia eliminá-lo.
c) os ingredientes em decomposição das poções mágicas eram condenados
porque afetavam a saúde da população.
d) as feiticeiras representavam séria ameaça à sociedade, pois eram
perceptíveis suas tendências feministas.
e) os cristãos deviam preservar a instituição do casamento recorrendo
exclusivamente aos ensinamentos da Igreja.

3. No período colonial do século XVIII, os padres jesuítas foram expulsos da


colônia, na região da PARAÍBA isso ocasionou um problema por conta:

Alternativas:
a) Dos padres estarem com o patrimônio das antigas fazendas dadas como
herança pelo sesmeiro Capitão Domingos Afonso Mafrese.
b) Da contribuição social elevadas que a Companhia de Jesus vinha fazendo
pela população mais pobre na região e que deixou de ser continuada.
c) Da falta que a Companhia de Jesus iria fazer na organização social da região,
pois o padre Gabriel Malagrida havia contribuído com a organização social.
d) Do alto investimento que os jesuítas faziam na região e que foi levado embora,
de volta para a Europa, com sua expulsão.

313
Gabarito
1-B
2-B
3-A

PROCESSOS INQUISICIONAIS NA PARAÍBA

A partir de 1804, Napoleão “auto coroou-se” imperador francês, o que reforçou


seu poder e ampliou a tensão na Europa. Antes disso, a situação já era
apreensiva para Portugal, uma vez que os espanhóis haviam se aliado com os
franceses, o que representava uma grande ameaça à soberania do território
português. Em 1801, uma pequena guerra entre Portugal e Espanha, a Guerra
das Laranjas, aconteceu e fez Portugal perder a cidade de Olivença para a
Espanha.
Nessa derrota, os portugueses ainda foram obrigados a aceitar o seguinte termo
dos franceses: fechar os portos de seu país para embarcações inglesas. O termo
foi aceito, mas não foi colocado em prática. Incapaz de invadir a Inglaterra,
Napoleão resolveu, a partir de 1806, estabelecer o Bloqueio Continental, o que
determinou que os portos das nações europeias ficariam terminantemente
fechados para embarcações inglesas.
Com o bloqueio, os portugueses começaram a ventilar a proposta de mudarem-
se para o Brasil a fim de fugir do alcance de Napoleão. Portugal não aceitou
aderir ao bloqueio porque as relações com os ingleses eram boas e estavam de
pé por séculos. A situação estendeu-se até meados de 1807, quando Napoleão
realizou um ultimato.
O ultimato de Napoleão determinou que Portugal deveria, até 1º de setembro,
realizar as seguintes medidas: convocar seu embaixador que estava em
Londres; expulsar o embaixador inglês de Lisboa; fechar os portos para navios
ingleses; prender os ingleses em Portugal e confiscar os bens deles; e declarar
guerra à Inglaterra|2|.
Seguiram-se semanas de negociação entre Portugal e França e Portugal e Reino
Unido, mas não se chegou a nenhum entendimento. Os britânicos orientaram
que, se os portugueses aceitassem integralmente os termos franceses, os dois
países entrariam em guerra; já os franceses exigiam o aceite integral dos seus
termos, caso contrário, invadiriam o território português, dividindo-o com a
Espanha.
Como não houve solução, Napoleão ordenou o envio de tropas para invadir
Portugal. Em 24 de novembro, d. João informou que as tropas francesas

314
chegariam a Lisboa em até quatro dias e autorizou o início dos preparativos de
uma viagem ao Brasil. A corte portuguesa tinha o compromisso dos ingleses de
ser escoltada em segurança até o Brasil.

EXERCÍCIOS

1. A transferência da corte portuguesa para o Brasil conferiu à nossa


independência política uma característica singular, pois favoreceu a:
a) Ruptura do pacto colonial, sem graves convulsões sociais e, também, sem a
fragmentação territorial.
b) Manutenção do exclusivo colonial e a continuidade dos investimentos
portugueses.
c) Coesão partidária sem contestação e a unidade provincial em torno do novo
regime.
d) Alteração da estrutura social anterior e, também da organização econômica
e) Permanência dos funcionários ligados à corte e, também, dos burocratas
lusos.

2. Sobre o processo histórico que culminou com a Independência política do


Brasil, assinale a alternativa INCORRETA:
a) A transferência da Corte portuguesa para o Brasil favoreceu o início do
processo de separação política. Duas das principais medidas de caráter
econômico adotadas foram: a abertura dos portos às nações amigas e a
revogação do alvará que proibia as manufaturas no país.
b) A Revolução Liberal do Porto, de caráter antiabsolutista, exigiu o retorno de
D. João a Portugal. Propunha a recolonização do Brasil, o que gerou,
internamente, a formação de vários grupos: o "Partido Português", que defendia
a recolonização; o "Partido Brasileiro" e os liberais radicais, que eram contrários.
c) A emancipação política do Brasil alterou as bases da estrutura política e social
do país. As elites nordestinas em ascensão conduziram à formação do Estado
Nacional, baseado na unidade territorial e linguística.
d) A insistência das Cortes em recolonizar o Brasil acabou por forçar as elites
brasileiras a se unirem em torno de D. Pedro I pela emancipação definitiva, na
tentativa de preservar seus interesses econômicos.

315
Gabarito
1-A
2-C

A PARAÍBA NOS PROCESSOS DE INDEPENDÊNCIA DO


BRASIL - REVOLUÇÃO PERNANBUCANA DE 1817

O processo de independência do Brasil aconteceu, de fato, durante a regência


de Pedro de Alcântara no Brasil. As Cortes portuguesas (instituição surgida com
a Revolução do Porto) tomaram algumas medidas que foram bastante
impopulares aqui, como a exigência de transferência das principais instituições
criadas durante o Período Joanino para Portugal, o envio de mais tropas para o
Rio de Janeiro e a exigência de retorno do príncipe regente para Portugal.
Essas medidas junto com a intransigência dos portugueses, no decorrer das
negociações com representantes brasileiros, e do tratamento desrespeitoso em
relação ao Brasil fizeram com que a resistência dos brasileiros com os
portugueses aumentasse, e reforçou a ideia de separação em alguns locais do
Brasil, como no Rio de Janeiro. A exigência do retorno de D. Pedro para Portugal
resultou em uma reação instantânea no Brasil.
Em dezembro de 1821, chegou a ordem exigindo o retorno de D. Pedro para
Portugal e, como consequência disso, surgiu o Clube da Resistência. Em janeiro
de 1822, durante uma audiência do Senado, um documento com mais de 8 mil
assinaturas foi entregue a D. Pedro. Esse documento exigia a permanência do
príncipe regente no Brasil.
Supostamente motivado por isso, D. Pedro disse palavras que entraram para a
história do país: “Como é para bem de todos e felicidade geral da nação, estou
pronto; diga ao povo que fico” |3|. Os historiadores não sabem ao certo se essas
palavras foram mesmo ditas por D. Pedro. De toda forma, esse acontecimento
marcou o Dia do Fico. Os historiadores afirmam que, em janeiro de 1822, ainda
havia um desejo em muitos em permanecer o vínculo com Portugal.
A sucessão dos acontecimentos nos meses seguintes foram responsáveis por
incitar no Brasil a ruptura com Portugal, uma vez que, como mencionado, isso
não era certo em janeiro de 1822. Ao longo do processo de independência, duas
pessoas tiveram grande influência na tomada de decisões de D. Pedro: sua
esposa, Maria Leopoldina, e José Bonifácio de Andrada e Silva.
O rompimento ficou cada vez mais evidente com algumas medidas aprovadas
no Brasil. Em maio de 1822, foi decretado o “Cumpra-se”, medida que
determinava que as leis e as ordens decretadas em Portugal só teriam validade

316
no Brasil com o aval do príncipe regente. No mês seguinte, em junho, foi
determinada a convocação de eleição para a formação de uma Assembleia
Constituinte no Brasil.
Essas medidas reforçavam a progressiva separação entre Brasil e Portugal, uma
vez que as ordens de Portugal já não teriam validade aqui conforme determinava
o “Cumpra-se” e, além disso, esboçava-se a elaboração de uma nova
Constituição para o país com a convocação de uma Constituinte.
A relação das Cortes portuguesas com as autoridades brasileiras permaneceu
irreconciliável e prejudicial aos interesses dos brasileiros. Em 28 de agosto de
1822, ordens de Lisboa chegaram ao Brasil com a mensagem que o retorno de
D. Pedro para Portugal deveria ser imediato. Além disso, anunciava-se o fim de
uma série de medidas em vigor no Brasil e tidas pelos portugueses como
“privilégios”, e os ministros de D. Pedro eram acusados de traição.
A ordem, lida por Maria Leopoldina, a convenceu da necessidade do rompimento
com Portugal e, em 2 de setembro, organizou uma sessão extraordinária,
assinou uma declaração de independência e a enviou para D. Pedro que estava
em viagem a São Paulo. O mensageiro, chamado Paulo Bregaro, alcançou a
comitiva de D. Pedro, na altura de São Paulo, quando estavam próximos ao Rio
Ipiranga.
Na ocasião, D. Pedro I estava sofrendo de problemas intestinais (que não se
sabe sua origem específica). O príncipe regente leu todas as notícias e ratificou
a ordem de independência com um grito às margens do Rio Ipiranga, conforme
registrado na história oficial. Atualmente, os historiadores não têm evidências
que comprovem o grito do Ipiranga.
O 7 de setembro não encerrou o processo de independência do Brasil. Esse
processo seguiu-se com uma guerra de independência e nos meses seguintes
acontecimentos importantes aconteceram, como a Aclamação de D. Pedro como
imperador do Brasil, no dia 12 de outubro, e sua coroação que aconteceu no dia
1º de dezembro.

EXERCÍCIOS

1. Realizada a emancipação política em 1822, o Estado no Brasil:


a) surgiu pronto e acabado, em razão da continuidade dinástica, ao contrário do
que ocorreu com os demais países da América do Sul.
b) sofreu uma prolongada e difícil etapa de consolidação, tal como ocorreu com
os demais países da América do Sul.
c) vivenciou, tal como ocorreu com o México, um longo período monárquico e
uma curta ocupação estrangeira.

317
d) desconheceu, ao contrário do que ocorreu com os Estados Unidos, guerras
externas e conflitos internos.
e) adquiriu um espírito interior republicano muito semelhante ao argentino,
apesar da forma exterior monárquica.

2. A Independência do Brasil, em 1822, foi fruto de uma série de fatores cujo


ponto de partida se pode localizar na vinda da família real para o Brasil, em 1808.
Com a Corte no Brasil e a sede da monarquia para cá transmutada, deflagrou-
se uma verdadeira inversão de papéis, tornando-se Portugal uma “colônia de
uma colônia sua”. A tentativa de Portugal de reverter essa situação e tornar-se
novamente metrópole do Brasil foi revelada de forma mais contundente através
da:
a) Inconfidência Mineira, de 1789.
b) Revolução do Porto, de 1820.
c) Revolução Pernambucana, de 1817.
d) Revolução Francesa, de 1789.
e) Revolução Praieira, de 1848.

A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL E A PARAÍBA

A cena é conhecida: Dom Pedro de Alcântara de Bragança, Príncipe Regente do


Brasil, ergue sua espada e brada "Independência ou Morte". Às margens do
riacho Ipiranga, na atual cidade de São Paulo, ele monta seu portentoso cavalo.
Historiadores afirmam que a cena não foi bem assim, com toda essa pompa.
Teria sido mais modesta. E não é só esse "desvio histórico" a favor do heroísmo
que perdura até nossos dias.
Pouca gente sabe que o Vale do Paraíba teve papel fundamental no ato que
declarou a independência do Brasil, até então colônia de Portugal e sob o
comando do seu rei.

APOIO.
Para chegar ao 'ponto de virada', o histórico 7 de setembro de 1822, data em
que ocorreu o chamado 'Grito do Ipiranga', Dom Pedro precisou arregimentar
apoio econômico e político à causa da independência.
Para tanto, escolheu o Vale do Paraíba, uma das regiões mais ricas daquela
época, em razão do auge da produção do café, baseada na exploração do

318
trabalho escravo. As fazendas do Vale estavam no topo da cadeia produtiva
cafeeira da colônia.
"É um pecado os livros de história não levarem em consideração, mas o Brasil
nasceu no Vale do Paraíba", diz Diego Amaro, mestre em História Social pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professor do Centro Unisal de
Lorena, ele também é membro do IEV (Instituto de Estudos Valeparaibanos) e
da Academia de Letras de Lorena.

VIAGEM.
A história por trás do "Grito da Independência" começa em 14 de agosto de 1822,
quando Dom Pedro deixa o Rio de Janeiro em direção à Província de São Paulo.
Partiu a cavalo com uma pequena comitiva, composta por cinco homens, sendo
um ministro, dois oficiais e dois criados.
Passou por cidades do Vale do Paraíba fluminense até chegar à fazenda das
Três Barras, em Bananal, no dia 16 de agosto. Começava ali a missão do
príncipe em atrair apoiadores.
Com várias obras sobre o período, o historiador José Luiz Pasin, morto em 2008,
atesta a importância do Vale para o contexto histórico daquela época. Escreveu
ele: "O Vale do Paraíba foi a única região do Brasil a participar diretamente dos
acontecimentos que culminaram com a separação do Reino do Brasil do Reino
de Portugal".
Na tarde de 7 de setembro de 1822, na colina do Ipiranga, segundo Pasin,
estavam, além do príncipe, os "elementos vale paraibanos, testemunhas
oculares do gesto de Dom Pedro, decisivo para o processo final que
desmembrava o Brasil de Portugal".

GUARDA.
Segundo Amaro, Dom Pedro sabia que, sem o apoio dos nobres do Vale do
Paraíba, a causa da independência teria problemas.
Na viagem, então, ele passou a juntar aliados da região e a aumentar sua
comitiva.
Jovens oficiais de cidades como Areias, Guaratinguetá, Taubaté e
Pindamonhangaba, esta principalmente, foram se unindo ao príncipe e formando
sua "Guarda de Honra" que, segundo Pasin, foi "composta de 32 praças, tiradas
dos oficiais de milícias e comerciantes, sob o fundamento de não haver
precedido licença para a sua criação".
Amaro explica que, por ser a aristocracia do Vale mais ligada ao trabalho do que
à política, ao contrário do que ocorria no Rio, Dom Pedro teve pouco problema
em garantir apoio na região. Além de ser uma honra estar ao lado do príncipe, o

319
que aumentava a concorrência. "Estar ao lado do rei dá status. Todos queriam
estar ao lado do príncipe, que vai agregando pessoas da elite da região até
chegar às margens do Ipiranga", afirma o historiador.
Para entender a decisão de pedir apoio aos nobres do Vale, Amaro diz que, se
a independência fosse hoje, D.om Pedro recorreria aos barões do agronegócio,
percorrendo a região Centro-oeste. "A força do Vale vinha das fazendas de café,
que estava no auge. As plantações começaram a surgir. Tinha também a riqueza
do ouro, mas é o café que começa a consolida a sua pujança. A base econômica
da nação veio disso", diz o historiador.
Segundo ele, no famoso quadro "Independência ou Morte" de Pedro Américo,
que enaltece o príncipe, há "muita gente do Vale".
Pasin também ressaltava a cena, em suas obras: "No dia 7 de setembro, o brado
'Independência ou Morte' selou o destino político do Brasil e ali, diante dos seus
auxiliares e dos jovens valeparaibanos integrantes da Guarda de Honra, o
Príncipe separou o Reino do Brasil".

EXERCÍCIOS

1. O que determinava o Cumpra-se, decreto estabelecido no Brasil em maio de


1822?
a) Determinava que as leis vindas de Portugal deveriam ser cumpridas no Brasil
independente da autorização do príncipe regente, Dom Pedro.
b) Determinava que as leis criadas pelo Partido Conservador só seriam
cumpridas no Brasil com a autorização do príncipe regente, Dom Pedro.
c) Determinava que as leis vindas de Portugal só seriam cumpridas no Brasil
com a autorização do príncipe regente, Dom Pedro.
d) Determinava que as leis criadas pelo Partido Liberal só seriam cumpridas no
Brasil com a autorização do príncipe regente, Dom Pedro.

2. A respeito da independência do Brasil, é válido concluir que:


a) as camadas senhoriais, defensoras do liberalismo político, pretendiam não
apenas a emancipação política, mas também a alteração das estruturas
econômicas.
b) o liberalismo defendido pela aristocracia rural apoiava a emancipação dos
escravos.
c) a independência brasileira se caracterizou por ter sido um processo
revolucionário com a participação popular.

320
d) a independência brasileira foi um arranjo político que preservou a monarquia
como forma de governo e também os privilégios da classe proprietária.
e) a independência brasileira resultou do receio de D. Pedro I de perder o poder
aliado ao seu espírito de brasilidade.

3. A respeito da independência do Brasil, é correto afirmar que:


a) implicou em transformações radicais da estrutura produtiva e da ordem social,
sob o regime monárquico.
b) significou a instauração do sistema republicano de governo, como o dos outros
países da América Latina.
c) trouxe consigo o fim do escravismo e a implementação do trabalho livre como
única forma de trabalho e o fim do domínio metropolitano.
d) implicou em autonomia política e em reformas moderadas na ordem social
decorrentes do novo status político.
e) decorreu da luta palaciana entre João VI, Carlota Joaquina e Pedro I, e teve
como consequência imediata a abertura dos portos.

Gabarito
1-C
2-D
3-D

PARAÍBA NA REVOLUÇÃO PRAIERA

A Revolução Praieira ocorreu de 1848 a 1850 e foi motivada pelas disputas entre
os praieiros e os conservadores. Os principais combates travados nessa
revolução aconteceram no interior da província de Pernambuco, embora um
grande ataque tenha sido liderado por Pedro Ivo contra Recife. Os praieiros
saíram derrotados, e os conservadores permaneceram no poder.

321
Contexto da Revolução Praieira

Pernambuco na década de 1840


A província de Pernambuco vivia grandes tensões na década de 1840, fruto,
sobretudo, dos diferentes interesses econômicos, das dificuldades impostas à
população mais carente e das disputas pelo poder. Essas questões convergiram
de forma a fazer com que essa província sediasse a última rebelião provincial do
Brasil no Segundo Reinado.
Nessa década, a província de Pernambuco vivia as tensões causadas pela
disputa de mão de obra, afinal, a partir de 1845, com o início do Bill Aberdeen, a
obtenção de escravos tornou-se mais complexa, fazendo com que as próprias
elites disputassem entre si o acesso dessa mão de obra.
Além disso, havia a decadência da economia açucareira, que afetava a
economia pernambucana como um todo, mas que no povo se refletia em maiores
dificuldades, pois o custo de vida se encarecia. Para agravar a situação, havia
uma insatisfação muito forte porque o comércio a retalho (varejo) estava nas
mãos dos estrangeiros, sobretudo de ingleses e portugueses e, frequentemente,
Recife ficava desabastecido, o que dificultava o acesso à comida.
A insatisfação popular foi canalizada pelos interesses políticos que estavam em
disputa em Pernambuco e muitas vezes resultou em violência popular. O
historiador Marcus de Carvalho define que as classes populares pernambucanas
estavam imprensadas entre o desemprego, o latifúndio e a escravidão|1|.
Por fim, há a questão política, o grande motivador da Revolução Praieira e que
veremos com mais detalhes.

Política em Pernambuco
A política brasileira durante o Segundo Reinado foi uma grande disputa entre
liberais e conservadores, dois grupos políticos que tinham a mesma origem
social e que muitas vezes mantinham posições parecidas (como na questão da
manutenção da escravidão). Os dois grupos diferenciavam-se em poucos
aspectos.
Recife foi palco de tensão entre praieiros e conservadores na década de 1840.
Os primeiros anos do Segundo Reinado ficaram marcados pelo revezamento
desses partidos no poder. Essa disputa acontecia no Parlamento, mas também
se dava nas províncias brasileiras e, no caso pernambucano, foi crucial para que
a Revolução Praieira acontecesse. No contexto da província de Pernambuco,
essa disputa se deu entre o Partido Praieiro e o Partido Conservador.
O Partido Praieiro surgiu como uma dissidência nascida no interior do Partido
Liberal por causa da influência que a família Cavalcanti tinha entre liberais e

322
conservadores em Pernambuco. O Partido Praieiro levou esse nome porque os
seus membros se reuniam em um jornal que publicava as ideias deles: o Diário
Novo, localizado em Recife, na Rua da Praia.
Essa disputa dos praieiros contra os conservadores, sobretudo como oposição
aos Cavalcanti, ganhou um novo contorno a partir de 1845. Nesse ano, o
gabinete ministerial passou para as mãos dos liberais, e os praieiros,
aproveitando-se da sua proximidade com um dos nomes que formavam o
gabinete – Aureliano de Souza Coutinho –, conseguiram a nomeação de Antônio
Pinto Chichorro para a presidência da província.
A partir daí, os praieiros começaram a realizar uma série de intervenções, que
tinham como objetivo entregar cargos de influência da província para pessoas
que os apoiassem. Assim, diversas pessoas que tinham ligações com os
Cavalcanti e com os conservadores começaram a ser desligadas de seus
cargos, e praieiros foram nomeados no lugar.
A ação dos praieiros para destituir os aliados dos conservadores resultou na
demissão de cerca de 650 pessoas de cargos como os de delegados e outras
funções importantes no interior da Polícia Civil e da Guarda Nacional, por
exemplo. Aliados dos praieiros do campo e das cidades começaram a ocupar
esses lugares.
Além disso, os praieiros começaram a desarmar os aliados dos conservadores.
Isso se explica porque, quando os conservadores estavam à frente da província,
seus aliados que ocupavam cargos na polícia e na Guarda Nacional recebiam
armas do governo pernambucano. Os praieiros se aproveitaram que a força
policial estava em suas mãos agora para desarmar os conservadores.
Assim, autoridades praieiras começaram a invadir propriedades de
conservadores e aliados dos Cavalcanti para apreender armas do Estado,
prender criminosos que se escondiam nesses locais e capturar escravos que
tinham sido furtados de outros engenhos. Isso começou a gerar pequenos
conflitos, uma vez que aqueles que tinham suas propriedades invadidas
começaram a se defender.
Além disso, os conservadores e aliados dos Cavalcanti começaram a se utilizar
de jornais locais para denunciar a ação dos praieiros, principalmente porque
essas ações só eram realizadas nas propriedades de opositores dos praieiros.
Na questão popular, os praieiros começaram a organizar eventos públicos com
uma retórica mais popular e que fazia uma grande defesa da nacionalização do
comércio a retalho, isto é, do comércio a varejo. Na época, essa atividade era
dominada por portugueses e ingleses, e a população recifense, insatisfeita com
o alto desemprego e com o encarecimento do custo de vida, viu nessa questão
uma solução imediata para os seus problemas.
Os praieiros chegaram a levar essa pauta para a Câmara dos Deputados, e essa
questão do comércio a retalho começou a radicalizar a população recifense
contra os estrangeiros. Tanto que, entre 1845 e 1848,

323
foram comuns ataques da população contra estrangeiros e suas lojas. Esses
ataques receberam o nome de “mata-marinheiros” e, no mata-marinheiro de
julho de 1848, cinco portugueses morreram espancados.

Estopim da Revolução Praieira


Podemos perceber, portanto, que havia um cenário explosivo em Pernambuco.
As disputas intraoligárquicas estavam com contornos bastante violentos, e a
população urbana de Recife estava sendo radicalizada por conta de sua
insatisfação com o custo de vida e a falta de empregos (causada em grande
parte pelos próprios praieiros). Essa situação saiu do controle quando uma
reviravolta política aconteceu.
No começo de 1848, os liberais perderam o controle do gabinete ministerial,
sendo substituídos pelos conservadores. Isso fez com que os conservadores
recuperassem o poder na província de Pernambuco e, então, deram início à sua
vingança. Os praieiros que haviam sido nomeados para a Polícia Civil e a Guarda
Nacional de 1845 em diante começaram a ser demitidos.
Os conservadores realizaram o mesmo que haviam sofrido: demissões de seus
opositores, nomeações de aliados e o desarmamento dos praieiros. Entretanto,
os praieiros começaram a resistir às ações dos conservadores. Marcus de
Carvalho fala que cerca de 40 proprietários rurais ligados aos praieiros não
aceitaram entregar os seus cargos e nem a devolver as suas armas|3|.
Os historiadores consideram que a Revolução Praieira se iniciou quando um
dono de engenhos chamado Manoel Pereira de Moraes reagiu à tentativa de
tropas dos conservadores de desarmá-lo. Os principais conflitos entre praieiros
e conservadores espalharam-se por toda a província de Pernambuco e
estenderam-se de novembro de 1848 a fevereiro de 1849, embora conflitos
localizados tenham acontecido na província até 1850.
Um dos nomes mais importantes do Partido Praieiro foi Pedro Ivo, um
arrendatário que esteve à frente de um grupo de populares que moravam no
interior de Pernambuco. Ele liderava 1600 homens e atraiu forças do Exército
para o interior e, logo em seguida, levou os seus homens para a capital, Recife.
Em Recife eles encontraram a cidade protegida por tropas da Guarda Nacional.
Iniciou-se, então, uma batalha que durou 12 horas e resultou na morte de 200
dos homens que formavam a tropa de Pedro Ivo. Do lado da Guarda Nacional,
houve cerca de 90 mortos|4|. Nessa batalha, um dos nomes mais expressivos
dos praieiros morreu: o deputado Nunes Machado. Esse ataque aconteceu em
2 de fevereiro de 1849 e a derrota praieira enfraqueceu severamente o
movimento.
Enquanto os combates ainda aconteciam no interior de Pernambuco, um nome
expressivo na província aderiu à luta dos praieiros. Borges da Fonseca era um
liberal radical que, durante os anos de governo dos praieiros, tinha sido

324
perseguido e preso, mas com o início do conflito, viu nele uma possibilidade de
realizar uma transformação na província.
Borges da Fonseca representou o lado nativista e com maior apelo popular da
Revolução Praieira. Esse liberal escreveu um manifesto, que foi apoiado por
muitos senhores de engenho defensores dos praieiros. Esse manifesto ficou
conhecido como Manifesto ao Mundo e trazia algumas reivindicações que
ecoavam ideias manifestadas pelas classes populares europeias e que eram
muito influenciadas pelo socialismo utópico.
O Manifesto de Borges da Fonseca continha as seguintes exigências:
• voto livre e universal;
• liberdade de imprensa;
• trabalho como garantia de vida dos brasileiros;
• nacionalização do comércio a retalho;
• independência dos poderes;
• extinção do Poder Moderador;
• implantação do federalismo;
• reforma do Judiciário;
• fim do recrutamento militar;
• fim da lei de juro convencional.

Desfecho
Depois que Nunes Machado morreu, Borges da Fonseca seguiu na liderança do
movimento. A luta seguiu no interior de Pernambuco (na região da Zona da Mata)
por meio de uma guerrilha e só foi contida definitivamente em 1850. Grande parte
dos senhores de engenho que se envolveram na luta recebeu anistia.
A Revolução Praieira foi a última rebelião de caráter liberal no Nordeste e marcou
também a derrocada dos liberais. Com sua reputação manchada pelo
envolvimento na luta em Pernambuco, esse partido só retomou o poder no
Parlamento em 1864.

EXERCÍCIOS

1. Qual a afirmação CERTA em relação à Revolução Praieira, ocorrida na


província de Pernambuco (1842-1849)?
a) Foi um movimento antilusitano que procurava a derrubada da Regência
através do Partido da Ordem.
b) Defendia primordialmente o comércio a nível nacional para desenvolver a
economia de trocas da província.

325
c) Pretendia a expropriação dos senhores da terra para a proclamação de uma
república independente.
d) Foi um movimento popular que visava a reformas sociais, principalmente a
nacionalização do comércio e a desapropriação dos engenhos.
e) Tinha um cunho nitidamente republicano como os demais movimentos de
oposição à ordem imperial.

2. O segundo reinado no Brasil ocorreu sem as muitas instabilidades políticas


que marcaram os primeiros anos da independência. Pernambuco, que mantinha
uma tradição liberal, decorrente de movimentos como a Revolução de 1817 e a
Confederação do Equador, mostrou seu descontentamento com o governo
central na Revolução Praieira de 1848. Com relação ao movimento praieiro,
podemos afirmar que:
a) tinha a liderança das elites políticas liberais e expressava também o
radicalismo político dos grupos socialistas pernambucanos.
b) foi cenário de confrontos militares, que obrigaram o governo a reforçar suas
tropas e a julgar os rebeldes presos com rigor.
c) foi um movimento político socialista, que expressou ideais de liberdade e de
socialização das riquezas.
d) ameaçou o governo central, pois contou com o apoio militar de várias
províncias do Norte e do Nordeste.
e) não passou de uma rebelião local, sem grandes repercussões políticas,
restringindo-se a uma disputa por cargos administrativos.

3. A Revolução Praieira de 1842-1849 foi também inspirada por acontecimentos


que estavam ocorrendo em solo europeu contra as forças conservadoras do
Antigo Regime. Qual era essa inspiração?
a) Guerras Napoleônicas
b) Primavera dos Povos
c) Comuna de Paris
d) Revolução Francesa
e) Revolução Industrial Inglesa.

326
Gabarito
1-D
2-B
3-B

A REVOLTA DO QUEBRA QUILOS

Ficou conhecida pelo nome de Revolta do Quebra-Quilos o movimento popular


iniciado na Paraíba, a 31 de outubro de 1874, e que se opunha às mudanças
introduzidas pelos novos padrões de pesos e medidas do sistema internacional,
recém introduzidas no Brasil. Praticamente sem uma unidade e sem liderança,
a revolta logo se alastrou por outras vilas e povoados da Paraíba, estendendo-
se a Pernambuco, Rio Grande do Norte e Alagoas.
A denominação de quebra-quilos teria surgido na cidade do Rio de Janeiro,
quando elementos populares invadiram casas comerciais que haviam começado
a utilizar o novo sistema de pesos e medidas, e aos gritos de "Quebra os quilos!
Quebra os quilos", depredavam tais estabelecimentos. A expressão começou a
ser utilizada indiscriminadamente para se referir a todos os participantes dos
movimentos de contestação ao governo com relação ao recrutamento militar, à
cobrança de impostos e à adoção do sistema métrico decimal.
No entendimento supersticioso da gente do nordeste rural, o metro e o peso,
tornados válidos por decreto imperial em 1872, consistiam em representações
do demônio, e a tentativa de adotá-los criou entre o povo a ideia que estavam
sendo enganados pelos comerciantes e poderosos. Os revoltosos, sentindo-se
ofendidos em seus sentimentos deixavam extravasar suas queixas e partiam
para os povoados e se apoderavam das "medidas", quebrando-as e lançando-
as no rio.
Tudo tem início, ao que se sabe, com o popular João Carga D’água, vendedor
de rapadura, que liderando um grupo, resolveu invadir a feira do povoado de
Fagundes, próximo a Campina Grande, e quebrar as medidas usadas pelos
feirantes e fornecidas pelo governo. Assim, toma corpo a revolta, com incidentes
semelhantes se repetindo em várias áreas do nordeste. Eram escolhidos os dias
de feira para os ataques populares porque era nessa ocasião que as autoridades
costumavam cobrar os impostos municipais. Destacaram-se em meio aos
revoltosos os nomes de João Vieira Manuel de Barros Souza e Alexandre
Viveiros.
Como resultado, o governo imperial enviou forças militares para conter os
distúrbios. A repressão que se seguiu foi violenta, com prisões em massa.

327
Somente em janeiro de 1875 as autoridades provinciais conseguiram sufocar as
manifestações populares nas quatro províncias nordestinas. Uma das práticas
repressivas comum empregada no castigo aos acusados de serem quebra-
quilos foi o chamado colete de couro, que consistia num pedaço de couro cru
colocado sobre o tórax e as costas do prisioneiro. Em seguida, esse couro era
molhado e, ao secar, este comprimia o peito violentamente, causando lesões
cardíacas e tuberculose como sequelas.

EXERCÍCIOS

1. Quebra Quilos foi a denominação dada aos movimentos sociais, ocorridos na


Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Alagoas, contrários a lei aprovada
em 26 de julho de 1862, vigorando a partir de 1872, que determinava a adoção
do sistema métrico decimal único em todo o Império. Considerando a ampla
repercussão desses movimentos, contrários à ordem imperial, assinale a
alternativa CORRETA.
a) Os manifestantes almejavam a definição legal de um sistema de pesos e
medidas para cada província.
b) O partido conservador, no comando político das províncias envolvidas, apoiou
o movimento Quebra Quilos.
c) A igreja católica e a maçonaria reivindicaram junto com os comerciantes
contra as obrigatoriedades da lei imperial.
d) Os setores populares se renderam após negociações pacíficas com as forças
policiais provinciais e o governo central.
e) Os protestos eram avessos à adoção do sistema métrico decimal único e
também aos altos preços, custo de vida elevado e a cobrança de impostos.

2. Apesar da rigidez da estrutura econômico-social baseada no latifúndio e no


trabalho escravo, as massas populares sempre procuraram assinalar intensa
participação na História da Paraíba.
Faça a associação das duas colunas.
1 - Revolução de 1817
2 - Confederação do Equador
3 - Revolução Praieira – 1848/49
4 - Revolta de Quebra-Quilos
5 - Ronco da Abelha

328
( ) Revolta que ficou assim conhecida pela modificação que provocou no sistema
de pesos e medidas.
( ) Revolta contra a atitude autoritária de D. Pedro I. O objetivo do seu líder era
reunir as províncias do Nordeste em uma república
( ) Foi o último movimento revolucionário do Império. Teve início com os choques
entre liberais e conservadores de Olinda
( ) A revolta deu-se nos sertões de Pernambuco, Alagoas, Ceará e Paraíba com
o intuito de fazer o controle sobre os trabalhadores, visto que, com o fim do tráfico
negreiro, os homens livres tiveram que trabalhar.
( ) Movimento de caráter republicano e separatista. Teve início em Pernambuco
e logo se estendeu às províncias de Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e
Ceará.
Assinale a alternativa que indica a sequência CORRETA.
a) 4, 1, 3, 2, 5
b) 4, 2, 3, 5, 1
c) 2, 4, 1, 3, 5
d) 5, 3, 1, 2, 4
e) 5, 1, 4, 3, 2

3. Leia o texto a seguir sobre algumas revoltas populares que ocorreram na


Paraíba no século XIX.
A ocorreu em 1874, ficou assim conhecida pela modificação que provocou no
sistema de pesos e medidas, fato este que desencadeou uma grande revolução
na Paraíba.
A ocorreu em cinco províncias do Nordeste. Os revoltosos eram contrários aos
decretos imperiais que obrigava a população a fornecer dados pessoais, tais
como: número de nascimentos e óbitos na família; filiação; estado civil; cor da
pele.
Na os revoltosos eram os liberais adversativos dos conservadores (grandes
latifundiários e comerciantes portugueses). A revolta se iniciou em Recife, os
liberais exigiam: a divisão dos latifúndios; a liberdade de imprensa; o fim da
oligarquia política.

Assinale a alternativa que preencha correta e respectivamente as lacunas do


texto.
a) Revolta do Quebra-Quilos; Revolta do Ronco da Abelha; Revolução Praieira

329
b) Revolta do Ronco da Abelha; Guerra dos Mascates; Revolução Praieira
c) Guerra dos Mascates; Revolta do Ronco da Abelha; Revolução de Princesa
d) Revolução de Princesa; Revolta do Quebra-Quilos; Intentona Comunista de
1935

Gabarito
1-E
2-B
2-A

A PARAÍBA E A REVOLUÇÃO DE 1930

Até 1930 a política no Brasil era conduzida pelas oligarquias de Minas Gerais e
São Paulo, por meio de eleições fraudulentas e que mantinham o país sob um
regime econômico agroexportador.
As elites paulista e mineira alternavam a presidência da República elegendo
candidatos que defendiam seus interesses. Este sistema político ficou conhecido
como "política do café com leite" ou política dos governadores.
O modelo funcionou até os demais estados brasileiros crescerem em
importância e reivindicarem mais espaço no cenário político brasileiro.
Por outro lado, a Crise de 1929, atingiu a economia brasileira, provocando
desemprego e dificuldades financeiras.
O fato do Brasil ser um país de monocultura cafeeira fez que a crise fosse
profunda, pois as exportações do produto caíram vertiginosamente. A crise
econômica contribuiu para o clima de insatisfação popular com o governo de
Washington Luís.
Igualmente, havia o descontentamento de oficiais de baixa patente do exército,
os quais desejavam derrubar as oligarquias e instaurar uma nova ordem no
Brasil.
Devemos lembrar que os tenentes já haviam mostrado seu desagrado com a
situação política brasileira através de episódios como a Revolta do Forte de
Copacabana ou na Revolta Paulista de 1924.

330
A indicação de Júlio Prestes rompia com a alternância de poderes entre Minas e
São Paulo, por isso, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, não deram
suporte à Prestes.

Eleições de 1930
Charge mostrando Getúlio Vargas derrubando Júlio Prestes da cadeira
presidencial.
Estas províncias se aliaram aos políticos de oposição e criaram a Aliança Liberal.
Desta maneira, os candidatos desta agrupação foram o presidente do Rio
Grande do Sul, Getúlio Vargas e, para vice, o presidente da Paraíba, João
Pessoa.
Tudo parecia indicar a vitória de Júlio Prestes e assim aconteceu. Nas eleições
realizadas em março de 1930, Júlio Prestes foi eleito com grande maioria de
votos (1.091.709), contra 742.794 de Getúlio Vargas. Diante dos resultados, a
Aliança Liberal alegou fraude e rejeitou a validade das eleições.

Assassinato de João Pessoa


Pouco tempo depois, em julho de 1930, João Pessoa foi assassinado pelo
advogado João Dantas (1888-1930) em Recife.
Acredita-se que o crime tenha ocorrido por razões pessoais e ligadas à política
paraibana, mas a morte do candidato a vice-presidente transformou-se numa
questão nacional.
Notícia da morte de João Pessoa do Jornal do Brasil, em 27 de julho de 1930
A indignação toma conta do país. Mesmo sem apoio, o presidente Washington
Luís não pretendia renunciar ao poder.
Assim, em 3 de outubro os militares liderados por Getúlio Vargas, no sul, e
Juarez Távora (1898- 1975), no norte, convergem para o Rio de Janeiro.
Ao chegarem na capital, forma-se a Junta Governativa, pelos três ministros
militares Tasso Fragoso, Mena Barreto e Isaías de Noronha.
Diante dos militares, Washington Luís declara que só sairia do cargo preso ou
morto. Imediatamente, a Junta Governativa o prende e o leva ao Forte
Copacabana, onde permaneceria até novembro e dali partiria para o exílio na
Europa.
Com isso, Getúlio Vargas tornou-se chefe do Governo Provisório com amplos
poderes, revogando a constituição de 1891 e governando por decretos. Da
mesma forma, nomeou seus aliados para interventores (governadores) das
províncias brasileiras.

331
Governo Provisório de Vargas
Os aliados de Getúlio Vargas esperavam que o novo presidente convocasse
eleições gerais para formar uma Assembleia Constituinte, mas o assunto era
sempre adiado.
Cansados de esperar, várias vozes começaram a criticar o governo provisório
como o partido comunista, a Aliança Nacional Libertadora, os paulistas, etc.
Em São Paulo, cresce o movimento pedindo eleições presidenciais e uma
Constituição. Diante da negativa do governo central e do aumento da repressão
policial, o estado de São Paulo, declara guerra ao governo no episódio que será
conhecido como a Revolução de 1932.
Veja também: Revolução Constitucionalista de 1932 Revolução ou Golpe?
A Revolução de 1930 foi chamada desta maneira pelos seus membros. No
entanto, trata-se de um golpe de estado e não uma revolução.
Uma revolução possui amplo apoio popular, propõe e causa drásticas mudanças
quando instalada no poder.
Já o golpe de Estado, é a retirada do poder por meio da violência de um político
constitucionalmente eleito ou consagrado para aquele cargo.
Os acontecimentos de 30 foram uma luta pelo poder entre as elites, com margem
de vitória a qualquer uma delas e que pouco mudariam a estrutura social
brasileira em profundidade.

Curiosidades
Washington Luís só retornaria ao Brasil em 1947. Por sua vez, Júlio Prestes
pediu asilo ao consulado britânico e voltaria em 1934.
Três ex-ministros de Getúlio Vargas e três tenentes de 1930 chegaram à
Presidência da República: Eurico Gaspar Dutra, João Goulart e Tancredo Neves
(ministros); Castelo Branco, Emílio Médici e Ernesto Geisel (militares).
Getúlio teve quase 100% dos votos no Rio Grande do Sul durante a eleição de
30.

EXERCÍCIOS

1. O Brasil recuperou-se de forma relativamente rápida dos efeitos da Crise de


1929 porque:
a) o governo de Getúlio Vargas promoveu medidas de incentivo econômico, com
empréstimos obtidos no Exterior;

332
b) o País, não tendo uma economia capitalista desenvolvida, ficou menos sujeito
aos efeitos da crise;
c) houve redução do consumo de bens e, com isso foi possível equilibrar as
finanças públicas;
d) acordos internacionais, fixando um preço mínimo para o café, facilitaram a
retomada da economia;
e) um efeito combinado positivo resultou da diversificação das exportações e do
crescimento industrial.

2. A política cultural do Estado Novo com relação aos intelectuais caracterizou-


se:
a) pela repressão indiscriminada, por serem os intelectuais considerados
adversários de regimes ditatoriais;
b) por um clima de ampla liberdade pois o governo cortejava os intelectuais para
obter apoio ao seu projeto nacional;
c) pela indiferença, pois os intelectuais não tinham expressão e o governo se
baseava nas forças militares;
d) pelo desinteresse com relação aos intelectuais, pois o governo se apoiava nos
trabalhadores sindicalizados;
e) por uma política seletiva através da qual só os adversários frontais do regime
foram reprimidos.

3. A Era Vargas (1930 – 1945) apresentou:


a) O abandono definitivo da política de proteção ao café.
b) A crescente centralização político-administrativa.
c) Um respeito aos princípios democráticos, em toda sua duração.
d) Um leve “surto industrial”, resultante da conjuntura da Grande Guerra (1914 –
1918).
e) Um caráter extremamente ditatorial, em todas as suas três fases.

Gabarito
1-E
2-E
3-B

333
Revolução Constitucionalista de 1932:

Para muitos historiadores, o termo "revolução" para o movimento


constitucionalista de 1932 não é o mais adequado. Isso porque foi um movimento
planejado pelas elites, cabendo melhor o termo "revolta" para descrevê-lo.
De qualquer forma, a Revolução Constitucionalista de 1932, Revolução de 1932
ou Guerra Paulista foi o primeiro grande levante contra a administração de
Getúlio Vargas e também o último grande conflito armado ocorrido no Brasil.
O movimento foi uma resposta paulista à Revolução de 1930, a qual acabou com
a autonomia dos estados garantidas pela Constituição de 1891.
Os insurgentes exigiam do Governo Provisório a elaboração de uma nova
Constituição e a convocação de eleições para presidente.
Mobilização pela Revolução Constitucionalista Cartazes da Revolução
Constitucionalista.
Os cartazes foram amplamente usados para convocar jovens para se alistarem
nas tropas paulistas
A revolta se iniciou no dia 9 de julho e foi liderada pelo interventor do estado -
cargo equivalente ao de governador - Pedro de Toledo (1860-1935).
Os paulistas fizeram uma grande campanha usando jornais e rádios,
conseguindo mobilizar boa parte da população.
Houve mais de 200 mil voluntários, sendo 60 mil combatentes. Por outro lado,
enquanto o movimento ganhava apoio popular, 100 mil soldados do governo
Vargas partiram para enfrentar os paulistas.

Combates militares
Os paulistas esperavam o apoio de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul. No
entanto, ambos os estados não aderiram à causa.
Em pouco tempo, São Paulo, que planejava uma ofensiva rápida contra a capital,
se viu cercado de tropas federais. Assim, apelaram à população para doarem
ouro a fim comprar armamentos e alimentar as tropas.
No total, foram 87 dias de combates, de 9 de julho a 4 de outubro de 1932, sendo
os últimos enfrentamentos ocorridos dois dias depois da rendição paulista.
Em 2 de outubro, na cidade de Cruzeiro, as tropas paulistas se rendem ao líder
da ofensiva federal e no dia seguinte, 3 de outubro, assinam a rendição.

334
Consequências da Revolução Constitucionalista
Foi registrado um saldo oficial de 934 mortos, embora estimativas não oficiais
reportem até 2200 falecidos. Apesar da derrota no campo de batalha,
politicamente o movimento atingiu seus objetivos.
A luta pela constituição foi fortalecida e, em 1933, as eleições foram realizadas
colocando o civil Armando Sales (1887-1945) como Governador do Estado, em
1935.
Igualmente, em 1934 foi reunida a Assembleia Constituinte que faria a nova
Carta Magna do país, promulgada no mesmo ano. Esta seria a mais curta das
constituições que o Brasil já teve, pois foi suspensa com o golpe que instituiu o
Estado Novo, em 1937.
Até hoje, o dia 9 de julho é uma data comemorada por todo estado de São Paulo
e lembrada em diversos monumentos.
O Obelisco do Ibirapuera, por exemplo, é o monumento funerário do movimento
e abriga os restos mortais daqueles que morreram na Revolução. Ali também
estão os corpos de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo.

EXERCÍCIOS

1. É correto indicar como causas da Revolução Constitucionalista de 1932:


a) A exigência de uma nova Constituição para o país, o fim do Governo
Provisório e a oposição da oligarquia paulista à centralização política promovida
por Vargas.
b) A manutenção do governo provisório, a insatisfação com a Constituinte
convocada pelo governo e a oposição à centralização fiscal por parte do governo
federal.
c) A exigência de uma nova Constituição para o país, a manutenção do governo
provisório e a oposição à centralização fiscal por parte do governo federal.
d) O desejo de convocar uma Constituinte Estadual, a crítica ao governo
provisório e a oposição à centralização política promovida por Vargas.
e) A exigência de apoio à produção cafeicultura, a demanda por maior
participação dos paulistas no governo federal e o desejo de convocar uma
Constituinte Estadual.

2. A revolução constitucionalista, iniciada em 09 de julho de 1932, foi um grande


movimento de contestação ao governo provisório de Getúlio Vargas.
Sobre este movimento podemos afirmar:

335
a) Foi um movimento encabeçado pelas oligarquias agrárias do Nordeste, Minas
Gerais e do Rio Grande Sul, visando à restauração do poder perdido após o
movimento de 1930.
b) Após a derrota dos rebeldes, o governo Vargas não mais negociou com as
oligarquias que o confrontaram e passou a apoiar, tão somente, os tenentes que
sempre estiveram ao seu lado.
c) O principal líder do movimento o capitão Luiz Carlos Prestes, acabou preso e
deportado para a União Soviética.
d) Por se tratar de um movimento da classe trabalhadora o governo Vargas
resolveu negociar e acabar o movimento de forma pacífica.
e) O movimento conseguiu mobilizar pessoas de todas as camadas sociais de
São Paulo. Participaram do movimento industriais, fazendeiros, comerciantes,
operários e muitos intelectuais de classe média.

3. "(...) tratava-se de um movimento reacionário, uma vez que as forças que o


lideraram (oligarquia cafeeira paulista) pretendiam retornar ao poder; por outro
lado, ao propor a redemocratização, o movimento ganhava um aspecto
modernizador e liberalizante."
Na evolução da história política brasileira, o texto identifica:
a) a Revolta do Forte de Copacabana de 1922.
b) a Revolução Paulista de 1924.
c) a Revolução Constitucionalista de 1932.
d) o movimento conhecido como Coluna Prestes.
e) o episódio conhecido como Os Dezoito do Forte.

Gabarito
1-A
2-E
3-C

336
A PARAÍBA NA INTENTONA COMUNISTA

Principais objetivos da Intentona Comunista:


• Implementar o comunismo no país;
• Derrubar o governo autoritário de Vargas;
• Realizar medidas sociais, políticas, econômicas mais efetivas;
• Acabar com o sistema oligárquico vigente.
• O movimento comunista, oposto à Ação Integralista Brasileira (AIB), de
cunho fascista e de estrema direita, foi liderado pelo capitão do exército
Luís Carlos Prestes (1898-1990).

Ele era o líder da Coluna Prestes (1924-1927), fundador do Partido Comunista


do Brasil (PCdoB) e Presidente da Aliança Nacional Libertadora (ANL), ambas
organizações contra o governo de Getúlio.
A Intentona Comunista recebeu influência da primeira guerra mundial, visto que
opunha algumas vertentes ideológicas:
o fascismo, disseminado pelos ideais da Ação Integralista Nacional;
o comunismo, marcado pelas frentes anti-fascistas do Partido Comunista
Brasileiro, fundado em 1922, vinculado à Internacional Comunista (IC) ou
Comintern;
a Aliança Nacional Libertadora, fundada em 1935.

Durante esses dias, o movimento contou com baixa adesão popular e militar e,
se o intuito era acabar com o governo de Vargas, as consequências
demostraram o contrário.
Isso porque resultou num maior autoritarismo do governo, caça aos comunistas,
prisão de líderes, suspensão dos direitos civis, dentre outras medidas expressas
dois anos depois na Constituição de 1937.

EXERCÍCIOS

1. A decretação do Estado Novo (1937) foi precedida de uma radicalização do


processo político que pode ser expresso no(a):
a) Apoio dos “Tenentes” mais radicais, como Luiz Carlos Prestes, à revolução
Constitucionalista de 1932.

337
b) Levante comunista em várias guarnições do Exército, em 1935, conhecida
como “Intentona Comunista”.
c) Fechamento da Ação Integralista Brasileira e perseguição dos seus militares,
já que o governo opunha- se aos ideais fascistas.
d) Oposição das classes médias urbanas, operárias e militares à aliança com os
EUA visando à entrada do país na Segunda Guerra.
e) Reorganização das oligarquias estaduais afastadas do poder em 1930, mas
agora pregando o separatismo dos Estados.

2. Ao negar apoio à Aliança Liberal, Luís Carlos Prestes manifestou-se a respeito


do movimento contestatório, nos seguintes termos: “Mais uma vez os
verdadeiros interesses populares foram sacrificados e vilmente mistificado todo
um povo por uma campanha aparentemente democrática, mas que no fundo não
era mais que uma luta entre os interesses contrários de duas correntes
oligárquicas.” Prestes referia-se ao movimento que ficou conhecido como:
a) Revolução de 1964
b) Revoltas Tenentistas
c) Revolução de 1930
d) Intentona Comunista
e) Ação Integralista

3. A meu ver, a causa principal de nossa derrota no Nordeste foi a precipitação


do dia (...) Outro erro, mais clamoroso, foi o comando que não se ligou às
organizações partidárias, para que essas mobilizassem seus membros e as
massas trabalhadoras. Em uma palavra, o partido não foi mobilizado e, por isso,
não poderia mobilizar a classe operária.
Gregório Bezerra
O fragmento de texto acima faz referências à revolta que se restringiu às cidades
de Natal, Recife e Rio de Janeiro e foi rapidamente sufocada pelas forças leais
ao governo. Trata-se:
a) das Ligas Camponesas.
b) da Greve dos Marinheiros.
c) da Revolta da Chibata.
d) da Intentona Comunista.
e) da Greve Geral de 1917.

338
Gabarito
1-B
2-C
3-B

RONCO DA ABELHA

Ficou conhecida como Revolta do ronco da abelha a movimento popular armado


ocorrido entre dezembro de 1851 e fevereiro de 1852, que envolveu vilas e
cidades de cinco províncias do Nordeste: Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Ceará
e Sergipe, sendo mais forte nas duas primeiras províncias. Nos dias de feiras os
revoltosos causavam um enorme burburinho entre a população. Quando
perguntavam o porquê de tantos comentários, as vozes mais precavidas diziam
que era apenas "o ronco da abelha", nome por qual acabou ficando conhecido o
movimento.
Os incidentes foram provocados por dois decretos imperiais, de junho de 1851,
o 797 e o 798, cujo propósito era instituir o Registro Civil dos Nascimentos e
Óbitos. O primeiro decreto estabelecia o Censo Geral do Império, logo após a
divulgação em editais em jornais ou a afixação em igrejas matrizes. O 798
obrigava todo brasileiro a se apresentar nas paróquias e à frente de juízes de
paz das diferentes localidades, para fornecer os dados pessoais, data e local de
nascimento, filiação, estado civil e cor da pele. A real intenção do Estado era
colher dados para calcular a população, com o objetivo de sistematizar o
recrutamento de homens para o serviço militar.
Com a implementação destes decretos, rapidamente espalhou-se entre a
população mais humilde o boato de que o governo queria reduzir os cidadãos
pobres à condição de escravos. Temia-se que a escravidão atasse em ferros
também a população branca.
Vale lembrar que apenas um ano antes fora aprovada a Lei Eusébio de Queirós,
proibindo o tráfico de escravos, e a economia, em especial da região nordestina,
passou por drásticas mudanças, pois os escravos da área eram mandados para
as plantações de café no sudeste, e a disponibilidade de mão de obra ficara
escassa.
Reagindo a esses boatos, um grande número de pessoas, armadas de foices,
enxadas e espingardas, passou a atacar prédios e autoridades públicas, em
meio a gritos de “Abaixo a Lei, morra o Governo” como palavras de ordem.
Em meio à violência destas ações, o governo foi obrigado a reagir, mobilizando
mais de mil soldados da polícia, além da convocação da Guarda Nacional e da

339
utilização de padre Capuchinhos que, ao se darem conta de que o movimento
fugiu do controle, passaram a conclamar os fiéis para o respeito à ordem pública,
prometendo ao revoltoso que desistisse dos protestos a salvação, e o fogo do
inferno a quem não se submetesse.
Já no final de janeiro 1852 a paz social foi restabelecida, mas, em meio à baderna
resultante, ficou difícil identificar os verdadeiros líderes do movimento. Muitas
pessoas são acusadas, mas não se consegue obter provas concretas do
envolvimento das mesmas. Finalmente, o governo edita o decreto 970, de 29 de
janeiro de 1852, que suspende os decretos 797 e 798, adiando a realização do
primeiro censo no Brasil para vinte anos depois, sendo que o registro civil só
será adotado com o advento da república.

EXERCÍCIOS

1. O que determinava o “Cumpra-se”, decreto 797 estabelecido na Paraíba?


a) Determinava que as leis vindas de Portugal deveriam ser cumpridas no Brasil
independente da autorização do príncipe regente, Dom Pedro.
b) Determinava que as leis criadas pelo Partido Conservador só seriam
cumpridas no Brasil com a autorização do príncipe regente, Dom Pedro.
c) Determinava que as leis vindas de Portugal só seriam cumpridas no Brasil
com a autorização do príncipe regente, Dom Pedro.
d) Determinava que as leis criadas deveriam passar por um censo imperial.

2. A respeito do decreto 970 na Paraíba imperial, é válido concluir que:


a) as camadas senhoriais, defensoras do liberalismo político, pretendiam não
apenas a emancipação política, mas também a alteração das estruturas
econômicas.
b) o censo seria adiado para promoção da paz.
c) a independência brasileira se caracterizou por ter sido um processo
revolucionário com a participação popular.
d) a independência brasileira foi um arranjo político que preservou a monarquia
como forma de governo e também os privilégios da classe proprietária.
e) a independência brasileira resultou do receio de D. Pedro I de perder o poder
aliado ao seu espírito de brasilidade.

340
3. A respeito dos boatos do censo paraibano, é correto afirmar que:
a) implicou em transformações radicais da estrutura social de pensamento, que
reagiu violentamente.
b) significou a instauração do sistema republicano de governo, como o dos outros
países da América Latina.
c) trouxe consigo o fim do escravismo e a implementação do trabalho livre como
única forma de trabalho e o fim do domínio metropolitano.
d) implicou em autonomia política e em reformas moderadas na ordem social
decorrentes do novo status político.
e) decorreu da luta palaciana entre João VI, Carlota Joaquina e Pedro I, e teve
como consequência imediata a abertura dos portos.

Gabarito
1-D
2-B
3-A

A REVOLTA DA PRINCESA ISABEL

A Revolta de Princesa, em 1930, foi um acontecimento que marcou e


transformou a vida estadual e teve repercussão nacional. Tudo começou através
de discórdias políticas e econômicas, envolvendo poderosos coronéis do interior
do estado e o governador eleito da Paraíba em 1927, João Pessoa Cavalcanti
de Albuquerque. O principal deles era o chefe político de Princesa Isabel, o
“coronel” José Pereira de Lima, detentor do maior prestígio na região, que se
tornou o líder do movimento. Era a própria personificação do poder político.
Homem de decisão e coragem pessoal, também era fazendeiro, comerciante,
deputado e membro da Comissão Executiva do partido. No dia 22 de outubro de
1928, na qualidade de presidente (governador) do estado da Paraíba, assumiu
o governo Dr. João Pessoa Cavalcante de Albuquerque.

Nota de 1930 sobre o início da guerra de Princesa


João Pessoa discordava da forma como grupos políticos que o elegera,
conduziam a política paraibana, onde era valorizado o grande latifundiário de

341
terras do interior, possuidores de grandes riquezas baseadas no cultivo do
algodão e na pecuária. Estes “coronéis” atuavam através de uma estrutura
política arcaica, que se valia entre outras coisas do mandonismo, da utilização
de grupo de jagunços armados e outras ações as quais o novo governador não
concordava. Nos seus redutos, eram eles que apontavam os candidatos a cargos
executivos, além de nomearem delegados, promotores e juízes. Eles julgavam,
mas não eram julgados. Verdadeiros senhores feudais, nada era feito ou deixava
de ser feito em seus territórios que não tivesse a sua aprovação. Mas João
Pessoa passou a não respeitar mais as indicações de mandatários para
nomeações de cargos públicos.
Por esta época, esses coronéis exportavam seus produtos através do principal
porto de Pernambuco, em Recife, provocando enormes perdas de divisas
tributárias para a Paraíba. Procurando evitar esta sangria financeira e
efetivamente cobrar os coronéis, João Pessoa implantou diversos postos de
fiscalização nas fronteiras da Paraíba, irritando de tal forma estes caudilhos, que
pejorativamente passaram a chamar o governador de “João Cancela”.
A gota d’água foi a escolha dos candidatos paraibanos à deputação federal.
Como presidente do estado, João Pessoa dirigiu o conclave da comissão
executiva do Partido Republicano da Paraíba que escolheu os nomes de tais
pessoas. A ideia diretriz era a rotatividade. Quem já era deputado não entraria
no rol de candidatos. Tal orientação objetivava afastar o Sr. João Suassuna,
grande aliado de José Pereira que, como presidente do estado que antecedeu a
João Pessoa, teria maltratado parentes de Epitácio na cidade natal de ambos,
Umbuzeiro. No entanto, João Pessoa deixou na relação dos candidatos o nome
de seu primo, Carlos Pessoa, que já era deputado. Isso valeu controvérsia na
comissão executiva e apenas João Pessoa assinou o rol dos candidatos.
No dia 19 de fevereiro de 1930, o presidente do estado da Paraíba, João Pessoa,
na tentativa de contornar a crise política provocada pela divergência na
composição da chapa para deputado federal, viaja a Princesa. A chapa para
deputado federal fora publicada um dia antes da viagem, no jornal “A União”. O
presidente é recebido com festa. Por falta de habilidade política, o presidente
João Pessoa e o “coronel” José Pereira, chefe político princesense, não
encontraram um denominador comum.

Combatentes da Guerra de Princesa


Em 22 de fevereiro de 1930, o “coronel” José Pereira rompe oficialmente com o
governo do Estado, através do telegrama n.º 52. José Pereira conta com o apoio
dos Pessoa de Queirós (os irmãos José e João Pessoa de Queirós), primos do
presidente João Pessoa e donos de um grande empório industrial, jornalístico
(Jornal do Commércio) e mercantil (João Pessoa de Queirós e Cia.), no Recife,
rebelou-se contra o governo estadual. Com o apoio discreto, mas efetivo, do
Presidente da República e dos governadores de Pernambuco, Estácio de
Albuquerque Coimbra, e do Rio Grande do Norte, Juvenal Lamartine de Faria, o

342
coronel José Pereira decidiu resistir a essas investidas contra seus poderes.
Partiu então para a arregimentação de aliados.
Como resposta, no dia 24 de fevereiro de 1930, o presidente João Pessoa,
visando desestabilizar o poder de mando do “coronel”, retira os funcionários do
Estado, lotados em Princesa; quase todos os parentes do “coronel”, e exonera o
prefeito José Frazão de Medeiros Lima, o vice-prefeito Glicério Florentino Diniz
e o adjunto de promotor Manoel Medeiros Lima, indicados pelo oligarca
princesense. O juiz Clímaco Xavier abandonou a cidade por falta de garantias.
O jornal “A União” de 28 de fevereiro de 1930, trazia decretos de exoneração do
subdelegado de Tavares, Belém, Alagoa Nova (Manaíra) e São José, distritos
de Princesa na época. Com o rompimento oficial do “coronel” José Pereira em
22 de fevereiro de 1930 no município de Princesa, a justiça deixou de funcionar,
as aulas foram interrompidas e foi suspensa a arrecadação de impostos.
Combatentes da Guerra de Princesa (2) Como resposta José Pereira declarou a
independência provisória de Princesa do Estado da Paraíba. Neste mesmo dia
28 era publicado o Decreto nº 01 foi aclamado pela população, que declarou
oficialmente a independência da cidade (República de Princesa), com hino,
bandeira e leis próprias. Ainda em 28 de fevereiro de 1930, data aceita como
início da Revolta de Princesa, João Pessoa mandou a polícia estadual ocupar o
município de Teixeira, sob o comando dos capitães João da Costa e Irineu
Rangel reduto dos Dantas, aliados de José Pereira, prendendo pessoas da
família e impedindo que ocorresse votação naquela cidade. Houve reação
armada dos Dantas.

Combatentes e destruições da Guerra de Princesa


O “coronel” não era homem de se intimidar com pouca coisa e enviou 120
homens armados para Teixeira, que foi retomada pelos rebeldes. José Pereira
tinha armas em quantidade, recebidas do próprio governo estadual, em gestões
anteriores, para enfrentar o bando de Lampião e mais tarde a Coluna Prestes.
Seu exército era estimado em torno de 1.200 a 1.500 combatentes, onde
diversos desses lutadores eram egressos do cangaço ou desertores da própria
polícia paraibana. Com esse poderio bélico e seu prestígio político, começou a
planejar o que ficou conhecido como “A Revolta de Princesa”.
Essa rebelião atingiu também diversos municípios como Teixeira, Imaculada,
Tavares e outros. A cidade, que já tinha visto passar diferentes grupos de
cangaceiros, passou a ser reduto de valentia e independência.

Jornal de Princesa durante a Guerra


O Governo do Estado prepara o golpe que supunha fatal e envia à Princesa 220
homens em doze caminhões e farta munição sob o comando do tenente
Francisco Genésio, e, pasmem, para espanto dos leigos e estrategistas, um

343
feiticeiro que “benzia a estrada, a cada parada, dizendo: ‘Vamos pegar Zé
Pereira à unha!’. Os soldados sentiam-se mais protegidos e aplaudiam com
entusiasmo o novo protetor, pois com ele estariam imunes às balas. Não foi o
que aconteceu. Ao chegarem ao povoado de Água Branca, no dia 5 de junho de
1930, foram recebidos à bala, numa emboscada fulminante. O primeiro a ser
atingido, com um tiro na testa, foi o dito feiticeiro. Os caminhões foram
queimados; quem não conseguiu fugir, morreu; inclusive o tenente Francisco
Genésio. Mais de cem mortos e quarenta feridos.

João Pessoa tenta nova investida. Incapaz de dominar a cidade rebelde, ele
apela para a guerra psicológica. Uma avioneta, pilotada por um italiano, lança
panfletos sobre Princesa, exortando a população a depor as armas. Caso
contrário, haveria bombardeio aéreo. Mas a resistência continua e as bombas
não vêm. Nas semanas seguintes, os homens do “coronel” José Pereira, usando
táticas de guerrilha, espalham sua ação pelo sertão, dando a entender que o
conflito seria longo.

A Casa de Marcolino Diniz, em Patos de Irerê, foi destruída pela polícia


paraibana

Foram travadas sangrentas batalhas e inúmeras vidas foram perdidas. Princesa


se tornou uma fortaleza inexpugnável, resistindo palmo a palmo ao assédio das
milícias leais ao governador João Pessoa.
Mas a luta estava para terminar, com um desfecho imprevisto. João Pessoa foi
assassinado no Recife por um desafeto, João Dantas, por motivos mais pessoais
do que políticos. Foi na confeitaria Glória, no Recife, às 17 horas do dia 26 de
julho de 1930. É que João Dantas teve a sua residência e escritório de advocacia
na capital da Paraíba invadida pela polícia estadual, tendo parte de seus
documentos apreendidos e divulgados pelo jornal A União, quase um diário
oficial do estado. Vieram à luz detalhes de suas articulações políticas e de suas
relações com a jovem Anayde Beiriz. Em uma época em que honra se lavava
com sangue, Dantas sabendo que João Pessoa estava de visita ao Recife, saiu
em sua procura para matá-lo.
Com sua morte, o movimento armado de Princesa, que pretendia a deposição
do governo, tomou novo rumo. Os homens de José Pereira comemoraram, mas
o coronel, pensativo, teria dito: “Perdemos…! Perdi o gosto da luta. Os ânimos
agora vão se acirrar contra mim”. Essa data é considerada para o encerramento
do conflito, faltando dois dias para completar quatro meses.

344
Combatentes e destruições da Guerra de Princesa
E conforme sua previsão, os paraibanos ficaram chocados com o assassinato (a
partir daí criou-se todo um mito). O crime foi apresentado como obra dos
perrepistas, o Partido Republicano Paulista. Seus partidários, em retaliação,
foram perseguidos e tiveram suas casas incendiadas, além de sofrerem outros
tipos de perseguição e violência. O Presidente da República, Washington Luiz,
decidiu então terminar com a Revolta de Princesa e o “coronel” José Pereira não
ofereceu resistência, conforme acordo prévio, quando seiscentos soldados do
19º e 21º Batalhão de Caçadores do Exército, comandados pelo Capitão João
Facó, ocuparam a cidade em 11 de agosto de 1930. José Pereira deixa a cidade
no dia 5 de outubro de 1930.
No dia 29 de outubro de 1930, a Polícia Estadual ocupa a cidade de Princesa
com trezentos e sessenta soldados comandados pelo capitão Emerson
Benjamim, passando a perseguir os que lutaram para defender a cidade
ameaçada, humilhando e torturando os que foram presos, sem direito a defesa.
A luta teve um balanço final de, aproximadamente, 600 mortos.

EXERCÍCIOS

1. Entre as consequências da Revolta de Princesa na Paraíba em 1930, pode-


se marcar corretamente:
a) resultou na dominação por parte de Pernambuco sobre parte do território
paraibano.
b) envolveu os estados da Região Norte do Brasil na Revolução
Constitucionalista de 1932.
c) acarretou a anexação de terras de Pernambuco por parte da Paraíba.
d) surgiu provisoriamente um estado independente da Paraíba na região hoje
conhecida como Serra do Teixeira.

2. Como explica a professora Alômia Abrantes em seu texto ‘Paraíba Masculina’:


honra e virilidade na Revolução de 1930”, o baião Paraíba, composto por Luiz
Gonzaga e Humberto Teixeira, homenageia o estado ao fazer referência indireta
a um conflito interno entre “coronéis” e o poder público estadual cujas
consequências impactaram na política nacional em 1930. Os versos que fazem
alusão ao conflito são: “Paraíba masculina, Muié macho sim sinhô”; “Eita pau
pereira, que em Princesa já roncou”; “Eita Paraíba, Muié macho sim sinhô.” A
respeito do conflito aludido no baião Paraíba, assinale a alternativa que indica
corretamente o nome dele e sua consequência para a política nacional da época.

345
a) Guerra dos Mascates. Expandiu o “coronelismo” para o território brasileiro
b) Revolução de 1930. Getúlio Vargas foi eleito o presidente do Brasil
c) A Revolta do Ronco da Abelha. Dividiu as fronteiras das províncias de
Pernambuco e Paraíba
d) A Revolta da Princesa. Assassinato de João Pessoa, candidato a vice-
presidente de Getúlio Vargas

3. “Esse estudo traz em sua essência a discussão sobre os fatos que ocorreram
na Paraíba, durante o período da ‘Primeira República’. Fatos estes que vieram a
desencadear um conflito armado, dentro deste estado, entre dois tipos de poder:
o ‘poder privado’ [representado, no conflito específico, pelo ‘coronel’ José Pereira
Lima] e o ‘poder instituído’ [representado por João Pessoa Cavalcanti de
Albuquerque]. O primeiro, caracterizado pelo coronel, figura que constituía a
base do sistema político da época; e, o segundo, concentrado nas mãos do chefe
político estadual.
Fonte: JANUÁRIO, 2009. (Adaptado).

Assinale a alternativa que indica corretamente o nome do conflito aludido no


texto acima

Alternativas:
a) Guerra de Canudos
b) Revolução Praieira
c) A Revolta de Princesa
d) A Revolta do Quebra-Quilos

Gabarito
1-A
2-D
3-C

346
DIREITO CONSTITUCIONAL

347
Classificação das Constituições

Quanto à Origem
Outorgada: são aquelas impostas, que surgem sem participação popular.
Resultam de ato natural de classe ou pessoa dominante no sentido de limitar seu
próprio poder, por meio da outorga de um texto constitucional.

Democráticas: (populares ou promulgadas): nascem com participação popular,


por processo democrático.

Cesaristas: são outorgadas, mas necessitam de referendo popular.

Quanto à Forma

No que concerne à forma, as Constituições podem ser escritas ou não escritas.

Escritas ou instrumentais: conjunto de normas sistematizadas em documentos


solenes, elaborados pelo órgão constituinte, com o proposito, como o propósito
de fixar a organização fundamental do Estado. Subdividem-se em:
• Codificadas ou unitárias ou legais;
• Variadas;
• Pluritextuais.

Não escritas, costumeiras ou consuetudinárias: as normas constitucionais não


estão contidas em um único documento.

Quanto ao Modo de Elaboração

Dogmáticas (sistemáticas): são escritas, tendo sido elaboradas por um órgão


constituído para esta finalidade em um determinado momento, segundo os
dogmas então em vigor. Subdividem-se em:
• Heterodoxas ou ecléticas;
• Ortodoxas.

348
Históricas: Também chamadas de costumeiras, são do tipo não escritas. São
criadas lentamente com as tradições, sendo uma síntese dos valores históricos.
São mais estáveis do que as dogmáticas.

Quanto ao Conteúdo
Quanto ao conteúdo, a Constituição pode ser material ou formal.

Concepção material: somente são consideradas constitucionais as normas que


tratam de assuntos de grande relevância jurídica. É importante ressaltar que na
concepção material, analisa-se apenas o conteúdo da norma, que pode tanto
estar contida em uma Constituição escrita como em uma não escrita.

Concepção formal ou procedimental: considera-se constitucionais normas


que, independentemente do conteúdo, estejam contidas em documentos
elaborado solenemente pelo órgão constituinte. Avalia-se apenas o processo de
elaboração da norma: o conteúdo não importa. A CF/88 é do tipo formal.

Quanto à Estabilidade

Na classificação das constituições quanto à estabilidade, leva-se em conta o


grau de dificuldade para a modificação do texto constitucional. Assim, são
divididas em imutáveis, flexíveis, rígidas e semirrígidas.

Imutável: é aquela Constituição cujo texto não pode ser modificado jamais.

Rígida: é aquela modificada por procedimento mais dificultoso do que aqueles


pelos quais se modificam as demais leis. É sempre escrita, mas vale lembrar que
a recíproca não é verdadeira: nem todas as Constituições escritas são rígidas.

Semirrígida ou semiflexível: para algumas normas processo legislativo de


alteração é mais dificultoso que o ordinário, para outras não.

Flexível: pode ser modificada pelo procedimento legislativo ordinário, ou seja,


pelo mesmo processo legislativo usado para modificar as leis comuns.

349
Poder Constituinte
Poder Constituinte é o poder de elaborar e modificar normas constitucionais.
Esse poder encontra-se presente em Constituições escritas e rígidas, nas quais
se assegura a Supremacia Constitucional.

Titularidade e Exercício
O Titular do Poder Constituinte é o POVO (sempre), mesmo em regimes
ditatoriais; é apenas o povo que tem legitimidade para determinar como deve ser
feita a Constituição ou como ela deve ser alterada.
Povo é aquele que detém a nacionalidade de um determinado Estado, no nosso
caso, aquele que for brasileiro nato ou naturalizado. Essa titularidade é
assegurada no art. 1°, parágrafo único da CF/88:
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

DEMOCRÁTICO (poder constituinte legítimo): quando exercido pelo Povo,


por meio de uma Assembleia Nacional Constituinte ou Convenção composta por
representantes do povo democraticamente eleitos. Por esse modelo, o povo,
legítimo titular do poder constituintes, dá poderes para suas representantes
elaborarem e promulgarem a Constituição. É o tipo de Constituição promulgada.

AUTOCRÁTICO (poder constituinte usurpado): quando exercido por um


usurpador do poder. O exercício autocrático se dá por meio da chamada outorga,
que é quando se tem a criação de uma Constituição de forma unilateral,
decorrente da vontade daquele que está no poder, sem representação popular.
É o que se chama de Poder Constituintes usurpado; é o tipo de Constituição
outorgada.

Poder Constituinte Originário


O poder constituinte originário é o poder de elaborar uma nova Constituição e
pode ser:

HISTÓRICO: que ocorre com a criação de um novo Estado (poder constituinte


originário histórico).

REVOLUCIONÁRIO: quando há a substituição de uma Constituição por outra


(poder constituinte originário revolucionário).

350
Existem dois momentos de atuação do Poder Constituinte originário:

Poder Constituinte Material: que é quando politicamente se decide pela


criação de Estado ou de uma nova Constituição – é de ideia de um direito.

Poder Constituinte Formal: que ocorre quando essa ideia é formalizada em um


texto, transformando a ideia em texto jurídico.

O poder constituinte originário possui 5 características, de acordo com a


doutrina tradicional:
1) Politico: o poder constituinte originário é político, extrajurídico ou pré-jurídico,
pois é ele que faz nascer uma ordem jurídica, rompendo definitivamente com a
anterior.
2) Inicial: é a base de tudo; toda a ordem jurídica decorre da Constituição criada,
sem referência de norma precedente.
3) Incondicionado: não está vinculado a nenhuma forma ou procedimento
anterior.
4) Permanente: o poder constituinte não se encerra com a elaboração da
Constituição, ele fica em estado de “dormência”, podendo ser “acordado” para
uma nova manifestação.
5) Ilimitado ou autônomo: essa característica refere-se ao aspecto jurídico, no
sentido de que o legislador constituinte tem liberdade de atuação, podendo
mudar tudo o que se conhece ou que se tem previamente estabelecido, inclusive
as cláusulas pétreas.

Pode Constituinte Derivado


É o poder de modificar a Constituição e também de elaborar Constituições
estaduais.
O PCD é assim chamado porque ele é criado pelo poder constituinte originário,
estabelecido e regulado na própria Constituição.

São características do PCD:


1) Jurídico: integra o Direito; seu exercício é regulado pelo Direito.

351
2) Derivado: porque decorre do originário.
3) Limitado ou subordinado: o seu exercício encontra limites constitucionais,
que podem ser expressos ou implícitos, que são as chamadas cláusulas pétreas.
Por conta disso, o seu exercício pode ser submetido ao controle de
constitucionalidade.
4) Condicionado: deve seguir a forma e os procedimentos preestabelecidos na
própria Constituição, sob pena de inconstitucionalidade.

Poder Constituinte Derivado Reformador


É o poder de reformar, alterar a Constituição, respeitadas algumas regras e
limites estabelecidos na CF. Esse poder foi dado a Congresso Nacional mediante
dois procedimentos: a) a revisão constitucional (art. 3° ADCT); b) as emendas
constitucionais (art. 60 CF).

Emendas Constitucionais
As emendas constitucionais, por sua vez, permitem a alteração do texto
constitucional por meio de um procedimento rígido. Essa dificuldade assegura a
supremacia da CF sobre as demais normas. Assim, como o exaurimento da
revisão constitucional, as emendas constitucionais são o único meio legitimo de
se alterar a redação do texto Constitucional.
O processo de elaboração de um EC compreende as seguintes etapas:

Iniciativa: quem pode elaborar proposta de Emenda Constitucional:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art. 60: A Constituição poderá ser emendada


mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do
Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus
membros. Cumpre observar que não cabe iniciativa popular de Emenda
Constitucional.

352
Discussão e votação: a proposta deve ser discutida e votada em cada uma das
casas, em dois turnos de votação, e será considerada aprovada se obtiver em
cada casa e em ambos os turnos o voto de 3/5 dos respectivos membros, ou
seja, pelo menos 308 deputados federais e 49 Senadores.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art. 60 2°: A proposta será discutida e votada em


cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovado
se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. Destaca-
se que a proposta de emenda não será encaminhada para sanção ou veto do
Presidente, mas sim diretamente para a promulgação.

Promulgação: na sequência será promulgada pela Mesa de cada Casa, ou seja,


pelo próprio Legislativo, e não pelo Executivo. Se a emenda for rejeitada, ela não
poderá ser proposta novamente na mesma sessão legislativa.

Poder Constituinte Difuso


O poder constituinte difuso é o poder de alterar, atualizar, de forma informal a
CF, por meio do que se chama de mutação constitucional. Esse poder pode
alterar o conteúdo, o alcance e o sentido das normas constitucionais, sem alterar
a literalidade do texto constitucional. Muda-se o sentido da norma, sem mudar o
seu texto. É chamado de difuso porque não está previsto na CF. É um poder de
fato, porque nascido de uma necessidade social, quando há uma dissociação
entre a norma e o texto. É informal, porque não possui uma forma prevista para
a sua ocorrência e decorre de interpretação do sentido da Constituição.

Poder Constituinte Supranacional


É o poder de elaborar uma Constituição além dos limites do próprio Estado, com
vários países, chamadas de transnacionais, supranacionais ou globais. Exemplo
disso é a tentativa de se elaborar uma Constituição Europeia.

353
EXERCÍCIOS

1. No que se refere à classificação das constituições, assinale a alternativa


correta.

Alternativas:
a) Quanto ao conteúdo, as constituições podem ser classificadas como
constituição garantia ou constituição dirigente.
b) A constituição classificada como substancial ou material, segundo a doutrina,
está mais relacionada ao universo do “ser” que do “dever ser”.
c) A constituição garantia, que também é chamada de programática ou social,
disciplina o mínimo possível de matérias.
d) O Brasil é regido por uma Constituição classificada pela doutrina, quanto ao
conteúdo, como constituição garantia.
e) O Brasil é regido por uma Constituição classificada pela doutrina, quanto à
função, ou finalidade, como constituição formal.

2. Sobre a Constituição da República Federativa do Brasil, assinale a alternativa


inteiramente correta.

Alternativas:
a) A atual Constituição brasileira foi outorgada no ano de 1988, por iniciativa do
presidente da República.
b) O texto da Constituição da República é considerado "flexível".
c) Em razão de seu conteúdo, a Constituição Federal é qualificada como
"analítica".
d) Embora publicada em 1988, a Constituição só entrou em vigência a partir de
1993, após a revisão constitucional prevista após 5 anos de sua publicação.

3. Após um golpe de Estado, o líder do movimento armado vitorioso solicitou que


uma comissão de apoiadores, sob sua orientação, elaborasse um projeto de
Constituição, o qual foi submetido a plebiscito popular, sendo, ao final, aprovado
e publicado com força normativa. Essa Constituição dispôs que parte de suas
normas exigiria a observância de um processo legislativo mais rigoroso para a
sua alteração, com quórum qualificado para a iniciativa e a aprovação, enquanto

354
a outra parte poderia ser alterada conforme o processo legislativo da lei ordinária.

Essa Constituição deve ser classificada como:

Alternativas:
a) outorgada e rígida;
b) popular e dogmática;
c) bonapartista e flexível;
d) cesarista e semirrígida;
e) promulgada e analítica.

4. A Constituição da República Federativa do Brasil, vigente desde 1988, foi


instituída por uma Assembleia Constituinte majoritariamente composta pelo
pleito de 1986. Assim sendo, a Carta Política pode ser classificada como.

Alternativas:
a) despótica.
b) imutável.
c) autoritária.
d) democrática.
e) elástica

5. A Constituição, em sentido formal, é o documento escrito e solene que positiva


as normas jurídicas superiores da comunidade do Estado, elaboradas por um
processo constituinte específico. A Constituição da República Federativa do
Brasil, vigente desde 1988, pode ser classificada como.

Alternativas:
a) flexível e programática.
b) rígida e programática.
c) flexível e promulgada.

355
d) rígida e não-escrita.
e) flexível e outorgada.

6. Assinale a alternativa correta em relação à classificação da Constituição da


República Brasileira.

Alternativas:
a) É uma constituição outorgada.
b) É uma constituição flexível.
c) É uma constituição sintética.
d) É uma constituição dogmática.
e) É uma constituição costumeira.

7. Acerca dos sentidos e das concepções de constituição e da posição clássica


e majoritária da doutrina constitucionalista, julgue o item que se segue.

Sob a ótica da constituição política, um Estado pode ter uma constituição


material sem que tenha uma constituição escrita que descreva a sua organização
de poder.
Certo ( ) Errado ( )

8. No que se refere a classificação, conceito e supremacia da Constituição e à


interpretação das normas constitucionais, julgue o item a seguir.

Embora intimamente ligado às Constituições rígidas, o princípio da supremacia


da Constituição também se verifica nas Constituições flexíveis, ainda que se
revele por meio de fatores distintos.
Certo ( ) Errado ( )

9. Acerca de classificação constitucional, de princípios, direitos e garantias


fundamentais e de servidores públicos, julgue o seguinte item.
Por conter, de forma sucinta, normas que tratam dos mais diversos temas de
interesse da sociedade, a Constituição Federal de 1988 é classificada como
sintética.

356
Certo ( ) Errado ( )

10. Julgue o item seguinte, relativo à classificação das Constituições e à


organização político- administrativa.

O fato de o texto constitucional ter sido alterado quase cem vezes em razão de
emendas constitucionais não é suficiente para classificar a vigente Constituição
Federal brasileira como flexível.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-B 7 - CERTO
2-C 8 - CERTO
3-D 9 - ERRADO
4-D 10 - CERTO
5-B
6-D

Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil


Os princípios fundamentais, também chamados de princípios constitucionais,
formam a base de toda a organização do Estado Brasileiro.
Antes de conhecer esses princípios, vamos conhecer a figura do Estado.

Estado
Sociedade política dotada de características próprias e elementos essenciais.
São eles:

357
Povo – (Elemento humano) – Conjunto de indivíduos que se encontram em
determinado território de um Estado.

Território – (Elemento material) – Espaço onde o Estado exerce de modo


efetivo sua supremacia sobre as pessoas e bens.

Governo Soberano – (Elemento formal) – Poder de autodeterminação plena.


Supremacia na ordem interna e independência na ordem externa.

Princípio federativo
Considere o caput do Art. 1° da Constituição Federal

CONSTITUIÇÃO FEDERAL: Art. 1° A República Federativa do Brasil, formada


pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
se em Estado Democrático de Direito...

Esse princípio apresenta a Forma de Estado adotada no Brasil: Federação.

Conceito de Federalismo – Trata-se de uma aliança de Estados para a


formação de um Estado Único, em que as unidades federadas preservam
autonomia política, enquanto a soberania é transferida para o Estado Federal.

A forma de Estado reflete o modo de exercício do poder político em função do


território. Ela está baseada na descentralização política do Estado, cuja
representação se dá por meio dos entes federativos:
• União
• Estados
• Distrito Federal
• Municípios

Os entes federativos possuem autonomia político, o que não deverá ser


confundido com a soberania, pertence apenas à República Federativa do Brasil.

Entes federativos são:


Pessoas jurídicas de direito público;

358
Sujeitos ao princípio da indissolubilidade do vínculo federativo
• Não existe no Brasil o direto a secessão.
Pessoas jurídicas descentralizadas, que possuem poder de:
• Auto-organização
• Competência legislativa e administrativa
• Autonomia financeira

FICA LIGADO!!!
O federalismo brasileiro é clausula pétrea
Art. 60 § 4°, da CF - § 4° Não será objetivo de deliberação a proposta de emenda
tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;

Princípio Republicano

Esse princípio apresenta a Forma de Governo adotada no Brasil: República.


A forma de governo reflete o modo de aquisição e exercício do poder político,
além de medir a relação existente entre governante e governado.

Características
1. Temporariedade – Esse atributo revela o caráter temporário do exercício do
poder político. Por causa desse princípio, no Estado brasileiro, o governante
permanece no poder por tempo determinado.
2. Eletividade – Em uma República, o governante é escolhido pelo povo. O
poder político é adquirido através das eleições, ou seja, através da vontade
popular.
3. Responsabilidade – Em um Republica, o governante pode ser
responsabilizado por seus atos.

Desrespeito ao princípio republicano pelo Estados-membros ou pelo DF enseja


intervenção federal.

359
CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art. 34: A União não intervira nos Estados nem
no Distrito Federal, exceto para:
VII – assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana sistema representativo e regime democrático (grifo nosso)

Princípio do Sistema Presidencialista


Esse princípio apresenta o Sistema de governo adotado no Brasil:
Presidencialismo.
O sistema de governo rege a relação entre o Poder Executivo e o Legislativo,
medindo o grau de dependência entre eles.
A Constituição Federal declara que o Poder Executivo da União é exercido pelo
Presidente da República auxiliado por seus Ministros de Estado:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art. 76: O Poder Executivo é exercido pelo


Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.

O Presidencialismo possui umas características importante, que é a


concentração das funções executivas em uma só pessoa, o Presidente, eleito
pelo povo, e que exerce ao mesmo tempo três funções. Chefe de Estado, Chefe
de Governo e Chefe da Administração Pública.

Chefe de Estado – Diz respeito a todas as atribuições do Presidente nas


relações externas do País
Chefe de Governo – Diz respeito às diversas atribuições internas no que tange
à governabilidade do país.
Chefe da Administração Pública – O Presidente exercerá as funções
relacionadas com a chefia da Administração Pública Federal.

Princípio Democrático
Esse princípio revela o Regime de Governo adotado no Brasil: Democracia.
Caracteriza-se pela existência do Estado Democrático de Direito e pela
preservação da dignidade da pessoa humana.

360
A democracia significa o governo do povo, pelo povo e para o povo. É chamada
soberania popular. Sua fundamentação constitucional encontra-se no artigo 1°
da CF:
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Esse princípio também é conhecido como princípio sensível, e no Brasil,
caracteriza-se por seu exercício se dar de forma direta e indireta. Por esse
motivo, a democracia brasileira é conhecida como semidireta ou participativa.

Princípio da Tripartição dos Poderes

Também chamado de Princípio da Separação dos Poderes, originou-se na


tentativa de limitar os poderes do Estado.
A previsão constitucional desse princípio encontra-se no artigo 2° da
Constituição:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art. 2°: São Poderes da União, independentes e


harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Esses são os três poderes, cada qual responsável pelo desenvolvimento de uma
função principal do Estado:
Poder Executivo – Função principal (típica) de administrar o Estado;
Poder Legislativo – Função principal (típica) de legislar e fiscalizar as contas
públicas;
Poder Judiciário – função principal (típicas) jurisdicional.

361
Além da sua própria função, a Constituição criou uma sistemática que permite a
cada um dos poderes o exercício da função do outro poder. A essa função
acessória, damos o nome de função atípica.

Poder Executivo – Função atípica de legislar e julgar;


Poder Legislativo – Função atípica de administrar e julgar;
Poder Judiciário – Função atípica de administrar e julgar.

Dessa forma, pode-se dizer que além da própria função, cada poder exerce de
forma acessória a função do outro poder.

EXERCÍCIO

1. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos


Estados, Municípios e Distrito Federal, adota a federação como forma de Estado.
Certo ( ) Errado ( )

2. O regime político adotado na CF caracteriza a República Federativa do Brasil


como um Estado Democrático de Direito em que se conjuga o princípio
representativo com a participação direta do povo por meio do voto, do plebiscito,
do referendo e da iniciativa popular.
Certo ( ) Errado ( )

3. A função típica do Poder Legislativo é legislar, do Poder Executivo, administrar


e do Poder Judiciário, exercer a jurisdição. Contudo, cada um dos poderes

362
exerce, em pequena proporção, função que seria originariamente de outro. Isso
ocorre para assegurar-se a própria autonomia institucional de cada poder e para
que um poder exerça, em última instancia, um controle sobre o outro, evitando-
se o arbítrio e o desmando.
Certo ( ) Errado ( )

4. Constitui Princípio Fundamental expressamente previsto na Constituição


Federal, exceto:
a) construir uma sociedade livre, justa e solidária.
b) assegurar o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas
as qualificações profissionais que a lei estabelecer.
c) o pluralismo político.
d) prevalência dos direitos humanos.

5. Marque a alternativa CORRETA sobre o sentido do termo “princípios


fundamentais” da Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de
outubro de 1988.
a) São diretrizes básicas que engendram decisões políticas imprescindíveis à
configuração do Estado brasileiro, determinando-lhe o modo e a forma de ser.
b) São os principais fundamentos sobre os quais repousam os ideais das
repúblicas ocidentais, em especial as do Continente americano.
c) São as regras de convivência harmônica entre os Três Poderes, sem levar em
consideração as relações internacionais nas quais o Estado brasileiro está
vinculado.
d) São os fundamentos principiológicos circunscritos ao poder legiferante do
Estado brasileiro que imiscuem por toda a sociedade nacional, excetuando-se
as comunidades tradicionais que recebem tratamento diferenciado em razão de
suas especificidades.

6. Acerca dos princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988 (CF),


julgue o item.
O Brasil buscará a integração total com os povos da América Latina, visando à
formação de uma comunidade latino‐americana de nações.
Certo ( ) Errado ( )

363
7. Acerca dos princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988 (CF),
julgue o item.
A redução da pobreza e a marginalização e erradicação das desigualdades
sociais e nacionais são objetivos da União.

Gabarito
1 - CERTO
2 - CERTO
3 - CERTO
4-B
5-A
6 - ERRADO
7 - ERRADO

CONSTITUIÇÃO FEDERAL – ART 1°: A República Federativa do Brasil,


formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I – a soberania
II – a cidadania
III – a dignidade da pessoa humana
IV – os valores socais do trabalho e da livre inciativa
V – o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

364
Soberania
Por esse princípio, o Brasil deve preservar e afirmar a exclusividade de seu poder
dentro do território nacional, devendo ser tratado de forma igual em seu
relacionamento com outros países.

Ordem Interna
• Poder do Estado brasileiro é superior a todas as demais manifestações
de poder.
• Não é superado por nenhuma forma de poder

Ordem Internacional
• Brasil encontra-se em igualdade com os demais Estados independentes.

Cidadania
Não existe um conceito unanime para a cidadania. Modernamente esse termo
vem sendo interpretado como o direito do brasileiro a uma vida digna, como a
possibilidade de definir o seu futuro e de intervir na vida política de seu país,
tendo para isso, acesso a serviços de saúde e educação de qualidade, bem
como à informação transparente por parte do Estado.

Dignidade da Pessoa Humana


A razão de ser do Estado brasileiro se funda na dignidade da pessoa humana.
Há o reconhecimento de duas posições jurídicas ao indivíduo.

I - Direito de proteção individual.


• Em relação ao Estado e aos demais indivíduos.
II - Dever fundamental de tratamento igualitário aos seus semelhantes.

Valores Sociais do Trabalho e da Livre Iniciativa


O Brasil reconhece a importância do trabalho individual e coletivo para o
desenvolvimento econômico e social da nação o qual deve ser exercido com
dignidade e mediante condições mínimas.
• Estado capitalista

365
• Reconhecimento de um valor social na relação entre capital e trabalho.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art. 170 da CF: A ordem econômica, fundada na


valorização do trabalho humana e na livre inciativa, tem por fim assegurar a todos
a existência digna, conforme os ditames da justiça social (grifo nosso).

Pluralismo Político
Dever de reconhecer e garantir a inclusão das diversas correntes de pensamento
e grupos representantes de interesse existentes no seio do corpo comunitário.

Objetivos Fundamentais da República Federativa do Brasil

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art. 3°: Constituem objetivos fundamentais da


República Federativa do Brasil
I - construir uma sociedade livre, justa e solidaria;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Esse dispositivo constitucional elege os objetivos principais de nossa republica


as principais metas a serem alcançadas, cuja persecução não deve ser
interrompida enquanto não alcançadas.

Finalidade dos objetivos fundamentais


Assegurar a igualdade material entre os brasileiros
Possibilitar a todos iguais oportunidade
• Para alcançar o pleno desenvolvimento de sua personalidade

366
• Para autodeterminar e lograr atingir suas aspirações materiais e
espirituais

Princípios das Relações Internacionais

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art. 4°: A República Federativa do Brasil rege-se


nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I – independência nacional;
II – prevalência dos direitos humanos;
III – autodeterminação dos povos;
IV – não intervenção;
V – igualdade entre os Estados;
VI – defesa da paz;
VII – solução pacifica dos conflitos;
VIII – repudio ao terrorismo e o racismo;
IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X – concessão de asilo políticos.

Independência Nacional
Decorre da própria soberania o princípio de que o Brasil deve manter uma
posição independente frente a outros países, nunca subordinado os interesses
nacionais aos estrangeiros.

Prevalência dos Direitos Humanos


Corolário dos fundamentos da dignidade da pessoa humana, tal princípio
determina que, em suas relações internacionais, no país deve sempre respeitar
e fazer respeitar os direitos humanos contra qualquer violação por parte dos
Estados ou particulares, não sobrepondo a esse respeito qualquer interesse
econômico ou político.

Autodeterminação dos Povos e Não Intervenção


Assim como o Brasil deseja ser respeitado como um país soberano, também
deve respeitar a soberania das demais nações.

367
O princípio da não intervenção, porém, é relativo, não impedindo que o Brasil
venha a participar de missões organizadas pela ONU, ou intervir em outros
países para resguardar os interesses dos cidadãos brasileiros, ou quando
houver justificativa humanitária para tal.

Igualdade Entre os Estados


Diante do Estado brasileiro, todas as outras nações são iguais, merecendo, em
princípio, o mesmo tratamento e respeito, não havendo quaisquer Estados
“naturalmente” merecedores de tratamento especial em relação aos outros.

Defesa da Paz e Solução Pacifica dos Conflitos


O Brasil deve pautar sempre pela manutenção da paz e a busca de soluções
pacificas para os conflitos, embora se reconheça, em casos excepcionais, a
utilização da força, de forma proporcional e apenas durante o tempo estritamente
necessário.

Repudio ao Terrorismo e ao Racismo


O Brasil deve deixar claro, em suas relações internacionais, o seu repudio ao
terrorismo e ao racismo, rejeitando qualquer acordo que os estimule de qualquer
forma.

Cooperação dos Povos para o Progresso da Humanidade


O país entende que deverá haver cooperação, não apenas a nível militar, mas
nos demais aspectos (econômico, tecnológico, etc), buscando o bem estar da
humanidade.

Concessão de Asilo Politico


A concessão do asilo político é ato de soberania estatal, discricionário e de
competência do Presidente da República.

368
INdependência nacional
Prevalência dos direitos humanos
Autodeterminação dos povos
Não intervenção
Igualdade entre os estados
Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade
Solução pacifica dos conflitos
DEfesa da paz
COncessão de asilo político
REpúdio ao terrorismo e ao racismo

EXERCÍCIOS
1. O fundamento do Estado Democrático de Direito, previsto no art. 1° da
Constituição Federal, que torna o cidadão titular de direitos e qualifica como
participante da vida do Estado é
a) a livre iniciativa e os valores sociais do trabalho
b) a soberania
c) a dignidade da pessoa humana
d) a cidadania
e) o pluralismo politico

2. NÃO é um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil


a) garantir o desenvolvimento nacional
b) construir uma sociedade livre, justa e solidaria
c) construir uma supremacia perante os países da América Latina]
d) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais
e) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade
e quaisquer outras formas de discriminação.

369
3. Acerca dos princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988 (CF),
julgue o item.
A soberania, a cidadania e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa são
alguns dos fundamentos da República Federativa do Brasil.
Certo ( ) Errado ( )

4. À luz da Constituição Federal de 1988, julgue o item a seguir.


A cidadania, a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e
da livre iniciativa encontram-se entre os fundamentos da República Federativa
do Brasil.
Certo ( ) Errado ( )

5. No que se refere aos princípios fundamentais previstos na Constituição


Federal de 1988 (CF), julgue o próximo item.
Os princípios da dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho
e da livre iniciativa regem as relações do Brasil com as demais nações.
Certo ( ) Errado ( )

6. No que diz respeito aos princípios fundamentais previstos na Constituição


Federal de 1988, julgue o próximo item.
No Brasil, as proibições constitucionais de tortura e tratamento desumano
decorrem do fundamento da dignidade da pessoa humana.
Certo ( ) Errado ( )

7. Acerca dos princípios, fundamentos e objetivos da Constituição Federal de


1988 (CF), julgue o item a seguir. Conforme o princípio democrático, todo o poder
emana do povo, que o exerce diretamente ou por meio de representantes eleitos.

Gabarito
1-D 5 - ERRADO
2-C 6 - CERTO
3 - CERTO 7 - CERTO
4 - CERTO

370
APLICABILIDADE DAS NORMAS CONTITUCIONAIS

A Constituição Federal se apresenta como “norma-mãe”, superior a todas as


demais, entretanto, não costuma ser completa, necessitando de normas
infraconstitucionais para lhe garantir eficácia. A aplicabilidade das normas, ou
seja, sua capacidade de produzir efeitos, leva em consideração sua vidência,
sua validade ou legitimidade e sua eficácia.

Vigência – compreende o período compreendido entre a entrada em vigor da


norma e sua revogação, durante o qual a norma existe juridicamente e tem
observância obrigatória;
Validade e legitimidade – é a compatibilidade da norma com o ordenamento
jurídico.
Eficácia – é a qualidade de a norma ser hábil a produzir efeitos jurídicos.

Todas as normas constitucionais apresentam juricidade. Assim, todas surtem


efeitos jurídicos o que varia é o grau de eficácia.

Classificação das Normas Constitucionais


José Afonso da Silva classifica as normas constitucionais em normas de eficácia
plena, contida e limitada.

Atenção! – Segundo esta classificação, todas as normas constitucionais


possuem eficácia, o que varia é o grau de eficácia dessas normas.

Eficácia é a aptidão da norma para produzir os efeitos que lhe são próprios.

Normas de Eficácia Plena


São aqueles que produzem ou têm possibilidade de produzir todos os efeitos
que o legislador constituinte quis regular.

São normas de aplicabilidade direta, imediata e integral.

371
Produzem todos os efeitos de imediato, independentemente de lei posterior que
lhes complete o alcance e o sentido.

Para José Afonso da Silva, as normas constitucionais de eficácia plena “são as


que receberam do constituinte normatividade suficiente à sua eficiência
imediata”. Exemplos são os artigos 2°, 20 e 21, para mencionar apenas 3
exemplos, todos da Constituição Federal de 1988.

Direta: não depende da intermediação de nenhuma outra vontade (lei ou ato


administrativo).
Imediata: não depende de nenhuma condição
Integral: não admite restrição.

Normas de Eficácia Contida


São aquelas em que a constituição regulou suficientemente os interesses
relativos a determinada matéria, mas permitida a atuação restritiva por parte do
Poder Público. O dispositivo é de aplicabilidade imediata, no entanto, pode ter
sua eficácia restringida por lei ordinária.

→ A Aplicabilidade das normas de eficácia contida é direta e imediata, mas não


é integral.

Também determinadas de normas constituintes de eficácia redutível ou


restringível. Regra geral, estas normas precisam de uma regulação
infraconstitucional que lhe restringira os limites, genericamente estabelecidos
pelo comando Constitucional. São identificados no texto constitucional pelas
expressões “nos termos da lei”, “na forma da lei”, “a lei regulará”, entre outras
expressões.

Normas de Eficácia Limitada


São as que dependem de regulamentação futura para produzirem todos os seus
efeitos.

A aplicabilidade é indireta, mediata e reduzida, pois somente produzem


integralmente seus efeitos quando regulamentadas por lei posterior que lhes
amplia a eficácia.

372
ATENÇÃO!!!
As normas de eficácia limitadas, embora não produzam todos os efeitos com sua
promulgação, não é verdade que estas sejam completamente desprovidas de
eficácia jurídica.
Independentemente de regulação pelo legislador infraconstitucional, produzem
alguns efeitos: revogam disposições anteriores em sentido contrário e impedem
a validade das leis posteriores que se oponham a seus comandos.

Sua eficácia é limitada, não inexistente!!


Temos ainda as chamadas “normas programáticas”: exemplo clássico e
infestável é o salário mínimo “...capaz de atender a suas necessidades vitais
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que
lhe preservam o poder aquisitivo” Obviamente se trata de uma norma de caráter
programático.

Normas Constitucionais de Eficácia Absoluta ou Normas Super eficazes (Maria


Helena Diniz)
Essas normas possuem a mesma aplicabilidade que as de eficácia plena. No
entanto, segundo esta autora, enquanto as normas de eficácia plena só não
podem ser restringidas por lei, as de eficácia absoluta não podem ser
restringidas nem por lei, nem por emenda.

São as chamadas cláusulas pétreas.


Normas Constitucionais de Eficácia Exaurida ou Esvaída
São aquelas normas constitucionais que, após terem sido aplicadas, exauriram
a sua eficácia. Exemplo: Art 2° e 3° do ADCT.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art. 2°: No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado


definirá, através de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional) e
o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar
no País.
Art. 3° A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da
promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do
Congresso Nacional, em sessão unicameral.

373
EXERCÍCIOS

1. O governo de determinado estado da Federação publicou medida provisória


(MP) que altera dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Em protesto contra a referida MP, alguns estudantes do ensino médio do estado
ocuparam as escolas públicas, impedindo que os demais alunos frequentassem
as aulas. O Ministério Público estadual ingressou com medida judicial
requerendo a imediata reintegração e desocupação das escolas invadidas. A
medida judicial requerida foi deferida por um juiz de primeiro grau que tomou
posse há vinte meses.
A respeito dessa situação hipotética e de aspectos constitucionais a ela
relacionados, julgue o item a seguir.
O direito à educação, previsto pela Constituição Federal de 1988, é norma de
direito fundamental de eficácia plena e de execução imediata, pois não necessita
da atuação do legislador para produzir todos os seus efeitos.
Certo ( ) Errado ( )

2. Julgue o próximo item com relação ao Direito Constitucional.


Quanto à aplicabilidade das normas constitucionais, as normas de eficácia
contida são aquelas que asseguram determinado direito, que não poderá ser
exercido enquanto não for regulamentado pelo legislador ordinário.
Certo ( ) Errado ( )

3. Julgue o item subsequente, referente ao conceito e classificação da


Constituição e à aplicabilidade das normas dispostas na Constituição Federal de
1988 (CF).
O direito fundamental à liberdade de crença é norma de eficácia limitada, pois,
conforme a CF, a lei pode impor o cumprimento de prestação alternativa no caso
de a crença ser invocada contra dispositivo legal.
Certo ( ) Errado ( )

4. As normas definidoras dos direitos e das garantias fundamentais


a) são programáticas.
b) têm aplicação imediata.
c) estabelecem hierarquia entre os direitos previstos.
d) vedam a ampliação de seu conteúdo por tratados internacionais.

374
e) são listadas em rol taxativo na Constituição Federal de 1988 (CF).

5. Com relação à aplicabilidade das normas constitucionais e aos direitos e


garantias fundamentais, julgue o item a seguir.

O grau de eficácia de uma norma constitucional não pode ser aferido a partir da
sua entrada em vigor, sendo necessária, para tal aferição, a verificação da
incidência da lei em um caso concreto.
Certo ( ) Errado ( )

6. Com relação à aplicabilidade das normas constitucionais e aos direitos e


garantias fundamentais, julgue o item a seguir.
Em se tratando de norma constitucional contida, enquanto não sobrevier
condição que reduza sua aplicabilidade, considera-se plena sua eficácia.
Certo ( ) Errado ( )

7. Com relação à aplicabilidade das normas constitucionais e aos direitos e


garantias fundamentais, julgue o item a seguir.
Diferentemente das demais normas constitucionais de eficácia limitada, as
normas programáticas não possuem qualquer eficácia imediata.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1 - ERRADO
2 - ERRADO
3 - ERRADO
4-B
5 - ERRADO
6 - CERTO
7 - ERRADO

375
Direitos e Garantias Fundamentais: Origem e
Características

Direitos Fundamentais - Regra Gerais


Os Direitos Fundamentais são institutos jurídicos que foram criados no decorrer
do desenvolvimento da humanidade e são normas protetivas que formam um
núcleo de prerrogativas inerentes ao ser humano, ou seja, seu objetivo principal
é a proteção do indivíduo, tanto na relação indivíduo-Estado-relação vertical-,
como também em relação aos outros indivíduos da sociedade - relação
horizontal

Características

Historicidade
Essas características revelam que os Direitos Fundamentais são frutos da
evolução histórica da humanidade. O indivíduo evolui com o passar do tempo.

Inalienabilidade
Os Direitos Fundamentais não podem ser alienados, não podem ser negociados,
não podem ser transigidos.

Irrenunciabilidade
Os Direitos Fundamentais não podem ser renunciados

Imprescritibilidade
Os Direitos Fundamentais não se sujeitam aos prazos prescricionais. Não se
perde um direito fundamental com o passar do tempo.

376
Universalidade
Os Direitos Fundamentais pertencem a todas as pessoas, independentemente
de sua condição.

Máxima Efetividade
Essa característica é mais uma imposição ao Estado, que está coagido a garantir
a máxima efetividade dos direitos fundamentais. Esses direitos não podem ser
ofertados de qualquer forma. É necessário que eles sejam garantidos da melhor
forma possível.

Concorrência
Os direitos fundamentais podem ser utilizados em conjunto com os outros
direitos. Não é necessário abandonar um para usufruir outro direito.

Complementariedade
Um direito fundamental não é interpretado sozinho. Cada direito é analisado
juntamente com os outros direitos fundamentais.

Proibição do Retrocesso
Essa característica proíbe que os direitos já conquistados sejam perdidos.

Limitabilidade
Não existe direito fundamental absoluto. Todos são direitos relativos.

Não Taxatividade
O rol de direitos fundamentais é meramente exemplificativo, tendo em vista a
possibilidade de novos direitos.

Dimensões dos Direitos Fundamentais


Embora hoje se fale muito em direitos fundamentais até a sétima geração, a
doutrina tradicionalmente identifica três gerações (inclusive a BANCA
CESPE/CEBRASPE) – ou dimensões – de direitos fundamentais, de acordo com
a sua evolução histórica.

377
DIREITOS DA 1ª GERAÇÃO – Direitos civis e políticos. Estão ligados à ideia de
liberdades negativas, pois impõem ao Estado o direito de não fazer. Constituem
limites ao Estado em relação à vida das pessoas, trazendo a ideia de direitos
individuais. Ligados fundamentalmente aos valores de liberdade dos indivíduos
DIREITOS DE 2ª GERAÇÃO – Direitos sociais, econômicos e cultuais. Os
direitos sociais foram criados no intuito de reduzir as diferenças sociais, sendo
necessária nesse caso a intervenção do Estado através de ações prestacionais,
buscando garantir uma existência digna aos cidadãos. São chamadas de
liberdades positivas, e podem estar associadas à igualdade.
DIREITOS DE 3ª GERAÇÃO – Direitos difusos ou transindividuais. Surgem
aproximadamente em meados de 1970. São direitos de titularidade coletiva, não
se limitando aos direitos dos indivíduos, mas de toda a coletividade como, por
exemplo, o direito ao meio ambiente. Pois, em casos de degradação do meio
ambiente, todas as pessoas, independentemente de onde morem, serão
atingidas. Estão relacionados à ideia de Solidariedade/Fraternidade.

378
EXERCÍCIOS

1. Com relação aos direitos fundamentais, julgue o item a seguir.


O direito fundamental à vida é hierarquicamente superior aos demais direitos
fundamentais.
Certo ( ) Errado ( )

2. Com relação à aplicabilidade das normas constitucionais e aos direitos e


garantias fundamentais, julgue o item a seguir.
Mais do que se prestarem à defesa do cidadão contra os poderes estatais, os
direitos fundamentais impõem uma atuação positiva do Estado no sentido de
concretizar determinados direitos.
Certo ( ) Errado ( )

3. É característica dos direitos fundamentais do cidadão


a) a disponibilidade.
b) a prescritibilidade.
c) a relatividade.
d) a nacionalidade.
e) a unicidade.

4. A revogação de norma que assegura direitos fundamentais sociais, sem a


implementação de medidas alternativas que tenham a capacidade de compensar
eventuais perdas já sedimentadas, contraria o princípio da proibição do
retrocesso social.
Certo ( ) Errado ( )

5. No que se refere aos direitos fundamentais, julgue o item subsecutivo.


Os direitos fundamentais são imprescritíveis, ou seja, não perdem efeito com o
decurso do tempo.
Certo ( ) Errado ( )

379
6. Considere as duas afirmações a seguir.

I - Em um processo judicial, o Estado deve assegurar a observância do


contraditório e da ampla defesa.
II - Nas relações entre a imprensa e os particulares, a imprensa deve observar o
direito à honra, sob pena de consequências como direito de resposta e
indenização por dano material ou moral.

As afirmações I e II contemplam situações que exemplificam a


a) eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
b) eficácia externa dos direitos fundamentais.
c) eficácia diagonal dos direitos individuais.
d) eficácia vertical e a eficácia horizontal dos direitos individuais,
respectivamente.
e) eficácia externa e a eficácia vertical dos direitos individuais, respectivamente.

7. Considerando-se o surgimento e a evolução dos direitos fundamentais em


gerações, é correto afirmar que o direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado é considerado, pela doutrina, direito de
a) primeira geração.
b) segunda geração.
c) terceira geração.
d) quarta geração.

GABARITO
1 - ERRADO
2 - CERTO
3-C
4 - CERTO
5 - CERTO
6-D
7-C

380
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS:
DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS

O caput do Art. 5° elenca os cincos grupos de direitos previstos no artigo 5°, a


saber:
• Direito à Vida
• Direito à Igualdade;
• Direito à Propriedade;
• Direito à Segurança.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art. 5°: “Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo aos brasileiros e aos estrangeiros e
aos residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I – Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição

Direito à Vida
O direito à vida assegura não somente o direito de permanecer vivo, mas
também o direito a ter uma vida digna.
Assim como os demais direitos, o direito à vida não é absoluto. A Carta Magna
e outras leis infraconstitucionais estabelecem a relativização destes direitos.

Pena de Morte
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – XLVII: Não haverá penas:
a) De morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art 84. XIX.

Aborto
O aborto é proibido no Brasil em respeito ao direito à Vida, porém a lei o permite
em alguns casos.
O art. 128 do Código Penal Brasileiro apresenta duas possibilidades de aborto
que são verdadeiras excludentes de ilicitude.

381
CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art. 128: Não se pune o aborto praticado por
médico: Aborto necessário

I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez


resultante de estupro
II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL:


→ Feto anencéfalo:
O STF, em 2012, por decisão majoritária (8 votos a 2), legalizou o aborto de tais
fetos.

→ Células tronco embrionárias:


O STF decidiu através da ADI 3.510, pela legitimidade da pesquisa cientifica com
a utilização de células – tronco embrionárias, conforme art. 5° da lei n°
11.105/2005

Lei de Biossegurança (Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005): Art. 5°


permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células – tronco
embrionárias obtidas de embriões humanos produzidas por fertilização in vitro e
não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições:

I – sejam embriões inviáveis ou


II – sejam embriões congelados há (três) anos a mais, na data da publicação
desta Lei, ou que, já congeladas na data da publicação desta Lei, depois de
completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento.

Direito à Igualdade
IGUALDADE FORMAL X IGUALDADE MATERIAL

É uma igualdade jurídica, que apenas evita que alguém seja tratado de forma
discriminatória.
Na lei: vincula o legislador (dá uma direção ao legislador)

382
Igualdade material
É a igualdade que se preocupa com a realidade. Chamada ou substancial. Dá-
se através de ações afirmativas.

DICA IMPARÁVEL:
A igualdade formal é a regra utilizada pelo Estado, buscando promover um
tratamento isonômico à sociedade.
No entanto, em alguns casos, se faz necessário a aplicação da igualdade
material, para que se atinja a equidade e a verdadeira isonomia.

I – Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos temos desta


Constituição.

O inciso I da Carta Magna traz a igualdade formal. Contudo, em algumas


situações, homens e mulheres serão tratados de forma diferente:
Licença Maternidade
• Mulher – 120 dias
• Homens – 5 dias

Aposentadoria
• A mulher se aposenta 5 anos mais cedo que o homem

Serviço Militar Obrigatório


• Obrigatório apenas para os homens

Igualdade nos Concursos


É possível restringir o acesso a um cargo público em razão de sexto ou idade?
- Sim. Desde que preenchidos alguns requisitos:
1) Deve ser fixado em lei
Como exemplo para este requisito, podemos citar os cargos para policiais, que
exigem altura mínima ou ainda idade máxima, tendo em vista a complexidade
das atividades desempenhadas.

383
EXERCÍCIOS

1. Conforme preceitua o Art. 5° da Constituição Federal, todos são iguais perante


a lei, sendo todos iguais em direitos e obrigações.
Esse princípio constitucional é o da
a) Isonomia
b) Segurança Jurídica
c) Legalidade
d) Moralidade
e) Autonomia

2. Em razão do caráter absoluto do princípio da isonomia, não se admite o


estabelecimento de proibições relativas ao acesso em determinadas carreiras
por critério de idade.
Certo ( ) Errado ( )

3. A respeito dos direitos fundamentais, com base na Constituição Federal e na


jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que a adoção de
ações afirmativas não é incompatível com o princípio da igualdade.
Certo ( ) Errado ( )

4. Os direitos e garantias fundamentais enunciados na Constituição não se


aplicam aos estrangeiros em trânsito pelo território nacional.
Certo ( ) Errado ( )

5. Ao tratar dos direitos e garantias fundamentais, a Constituição Federal


Brasileira de 1988 estabelece que todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza.
Certo ( ) Errado ( )

6. À luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em matéria de direitos


e garantias fundamentais e aspectos correlatos, o uso de células-tronco
embrionárias, ainda que em pesquisas científicas para fins terapêuticos,

384
autorizadas em lei federal, viola o direito à vida, pela potencialidade de formação
de pessoa humana, cuja dignidade recebe proteção máxima constitucional.
Certo ( ) Errado ( )

GABARITO
1-A 4 - ERRADO
2 - ERRADO 5 - CERTO
3 - CERTO 6 - ERRADO

Direitos e Garantias Fundamentais:

Direito à Liberdade
O direito à liberdade pertence à primeira geração dos direitos fundamentais e
expressa um dos direitos mais ansiados pela sociedade.
Esta ideia de liberdade trazida pela Constituição Federal é bem ampla e abrange
liberdades como locomoção, pensamento, reunião, consciência, entre outros.
Conforme analisaremos a seguir.

Liberdade de Ação
De acordo com o inciso II da Carta Magna:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - ART5:


II. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei.

Esta é a liberdade em sentido amplo. Aqui a Constituição traz que o particular só


será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, se houver lei ou norma que venha

385
a proibir ou compelir determinada atitude ou comportamento. Por este motivo,
este inciso também é chamado de Princípio da Legalidade.

A liberdade poderá, no entanto, ser entendida de duas formas diferentes, de


acordo com o seu destinatário:

Para o particular: Para o particular, a liberdade significa “fazer tudo aquilo que
não lhe é proibido.” Há aqui uma autonomia de vontade.

Para o agente público: Para o agente público, a liberdade significa “fazer


apenas o que a lei manda ou permite”.

Liberdade de Manifestação do Pensamento e Direito de Resposta


Assim como os demais direitos fundamentais, o direito à manifestação do
pensamento não é absoluto. A própria Constituição faz restrição ao anonimato.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - ART5:


IV - É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato
A exigência da vedação ao anonimato citada acima, não impede o jornalista de
resguardar o sigilo de suas fontes. No entanto, em caso de opção pelo resguardo
do sigilo da fonte, em casos de informações injuriosas, caluniosas ou difamantes,
será o jornalista quem responderá perante o Poder Judiciário.

XIV - e assegurado a todo o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,


quando necessário ao exercício profissional;
A vedação ao anonimato, além de ser uma garantia à liberdade do pensamento,
traz consigo a possibilidade do exercício do direito de resposta constante do
inciso V.

V - É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da


indenização por dano material, moral ou à imagem.

O termo “proporcional ao agravo” significa que a resposta deverá ser o mesmo


veículo de comunicação, pelo mesmo tempo e com o mesmo destaque que foi
dado à notícia injuriosa.

386
lei 13.188/2015 Art. 2°

Ao ofendido em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de


comunicação social é assegurado o direito de resposta ou retificação, gratuito e
proporcional ao agravo”.

A lei 13.188/2015 regulamenta o direito de resposta e assegura que o exercício


deste direito seja de forma gratuita, conforme texto do Art. 2°.

DICA!!!
1. De acordo com o Art. 3° da Lei 13.188/2015, o prazo para o exercício do direito
de resposta é decadencial de 60 dia;
2. As indenizações por dano Material, Moral e à imagem são cumulativas;
3. o direito de respostas se dá nas esferas cíveis, administrativas e penal.

Direito – Indenização – Dano Material – Perda financeira

- Dano Moral – Ligado ao sofrimento da pessoa


- Dano à Imagem – Como a pessoa ficou perante a sociedade diante da agressão

ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

E a denúncia anônima?
De acordo com o entendimento do STF, a denúncia anônima poderá servir como
ferramenta de comunicação de crime, no entanto, não poderá servir como
amparo para a instauração de inquérito policial, ou como fundamento para a
condenação de qualquer indivíduo.

Liberdade de Consciência e Crença

CONSTITUIÇÃO FEDERAL: VI – é inviolável a liberdade de consciência e de


crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantia, na
forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias;

387
Este inciso marca a liberdade religiosa do Brasil, que se consagra como um
Estado laico, leigo ou não confessional. Isso não quer dizer que o Brasil é um
País ateu, mas sim que deve respeitar as convicções religiosas existentes.
No Brasil existe uma relação de separação entre Estados e Igreja. Esta vedação
está expressa na Carta Magna (Art. 19, I, CF)

Art. 19 É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.

I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvenciona-las, embaraçar- lhes o


funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de
dependências ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse
público”.

Enquanto a liberdade de crença está ligada à convicção íntima do indivíduo, a


liberdade de culto está relacionada à exteriorização desta convicção. Sendo
assim, a Carta Magna se preocupou não somente em garantir a liberdade de
culto, mas também em proteger os locais de culto e liturgias, contra a ação de
terceiros.
Outros incisos interessantes a ser visto é o seguinte:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - VII: é assegurada, nos termos da lei, a prestação


de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
Aqui o Estado garante o exercício do direito de crença também daqueles que
estão custodiados, enfermos ou em quaisquer outros locais de internação
coletiva.

Escusa de Consciência

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - VIII: ninguém será privada de direitos por motivo


de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar
para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
prestação alternativa, fixada em lei;
O inciso VII permite que qualquer indivíduo deixe de cumprir uma obrigação
importa por convicção religiosa, filosófica ou política, sem que sofra qualquer
punição. No entanto, no caso de obrigação a todos imposta, caso o indivíduo se
recuse a cumprir, lhe será oferecida uma prestação alternativa. Se ainda assim,
está indivíduo se recusar a cumprir essa prestação, ele sofrerá as punições

388
previstas no Art. 15, IV.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art15. É vedada a cassação de direitos políticos,


cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos
termos do art. 5°, VIII;

Em relação à presença de símbolos religiosos em repartições públicas, o STF


entende que tais símbolos não destituem a laicidade do País, mas fazem parte
da cultura.
Já no que diz respeito ao ensino religioso nas escolas públicas de ensino
fundamental, a matricula será facultativa.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para


o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e
respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.
§ 1° O ensino religioso, de matricula facultativa, constituirá disciplina dos horários
normais das escolas públicas de ensino fundamental.

EXERCÍCIOS

1. A liberdade de manifestação de pensamento pode ser exercida de modo


anônimo, se assim o preferir o indivíduo.
Certo ( ) Errado ( )

2. De acordo com a CF, e com base no direito à escusa de consciência, o


indivíduo pode se recusar a praticar atos que conflitem com suas convicções
religiosas, políticas ou filosóficas, sem que essa recusa implique restrições a
seus direitos.
Certo ( ) Errado ( )

3. No Brasil, está garantida a liberdade do exercício de culto religioso, uma vez


que é inviolável a liberdade de consciência e de crença.
Certo ( ) Errado ( )

389
4. Segundo o Supremo Tribunal Federal, os direitos e deveres individuais e
coletivos não se restringem ao artigo 5º da Constituição Federal de 1988,
podendo ser encontrados ao longo do texto constitucional, expressos ou
decorrentes do regime e dos princípios adotados pela Magna Carta, ou, ainda,
em virtude de tratados internacionais de que o Brasil seja signatário. Sobre o
tema, assinale a alternativa correta.
a) É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais
de culto e a suas liturgias
b) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, em qualquer horário, por determinação judicial
c) A criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas dependem de
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento
d) Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
involuntário e escusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel

5. É correto afirmar sobre os Direitos e Garantias Fundamentais que ninguém é


obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão por vontade própria.
Certo ( ) Errado ( )

6. Acerca de direitos e garantias fundamentais, julgue o item a seguir.

Se, com o intuito de eximir-se de obrigação legal a todos imposta, uma pessoa
se recusar a cumprir prestação alternativa, invocando convicção filosófica e
política ou crença religiosa, os direitos associados a tais convicções poderão ser
restringidos.
Certo ( ) Errado ( )

7. O princípio da legalidade permite ao Estado enunciar direitos e deveres não


somente por lei em sentido estrito, mas também por meio dos chamados atos
normativos secundários.
Certo ( ) Errado ( )

390
Gabarito
1 - ERRADO
2 - CERTO
3 - CERTO
4-A
5 - ERRADO
6 - CERTO
7 - ERRADO

Direito a Liberdade

Liberdade de Locomoção

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art. 5°. XV - é livre a locomoção no território


nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.

Não haverá qualquer limitação à locomoção dos indivíduos no território nacional.


Esse direito, como todos os demais direitos fundamentais, não possui caráter
absoluto, visto que a liberdade citada se refere aos tempos de paz. Em
momentos de guerra é possível haver restrições a tal direito. É o caso do Estado
de Sítio e Estado de Defesa.

Caso a liberdade de locomoção seja restringida por ilegalidade ou abuso de


poder, a Constituição reservou um poderoso instrumento garantidor, o chamado
Habeas Corpus.

391
CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art. 5°. LXVIII – conceder-se-á habeas corpus
sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder

Liberdade de Reunião

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art. 5°. XVI – todos podem reunir-se


pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público independentemente de
autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada
para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
competente.

A respeito desse inciso, é de grande importância ressaltar as condições


estabelecidas pela Constituição Federal.
• A reunião deve ser pacifica;
• Sem armas;
• Locais abertos ao público.
• Independente de autorização;
• Necessidade de aviso prévio;
• Não frustrar outra reunião convocada anteriormente para o mesmo local.

392
Esse direito de reunião poderá ser restringido em caso de estado de defesa e
estado de sitio.

ESTADO DE DEFESA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 136 O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da Republica e o
Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou
prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública
ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou
atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
§ 1° O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua
duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e
limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:
I – restrições aos direitos de?
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações

ESTADO DE SÍTIO

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 139. Na vigência do estado de sitio decretado com fundamento no art. 137,
I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:
IV – suspensão de liberdade de reunião;

LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO
A Constituição Federal traz diversos dispositivos que tratam de liberdade de
associação:

393
XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter
paramilitar;
XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas
independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu
funcionamento;

Entende-se como associação de caráter paramilitar toda organização paralela


ao Estado, sem legitimidade, com estrutura e organização tipicamente militar.
É importante destacar ainda a dispensa de autorização e interferência estatal em
seu funcionamento. O Estado não poderá interferir nas associações e
cooperativas, que tem o direito de se organizarem da forma que lhe convir,
atendidas as normas legais. Ademais, o Estado não poderá exigir qualquer
autorização para a criação de associações.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas
atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o
trânsito em julgado;

Para a suspensão (interrupção temporária) ou para a dissolução (extinção


definitiva) das associações, exige-se sempre uma decisão judicial.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associados

394
A Carta Magna assegura o direito de se associar ou deixar de sê-lo a qualquer
momento. Lembrando que o desrespeito a este inciso poderá configurar crime,
conforme Art. 199 do Código Penal.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, tem
legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

Às associações é permitido representar seus associados perante terceiros,


bem como perante o Poder Judiciário, desde que expressamente autorizado
para tal.

Liberdade Profissional

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, oficio ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer;

ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: De acordo com o


STF, trata-se de uma norma de eficácia, contida, já que a restrição poderá
ocorrer por meio de Lei. Ainda de acordo com o entendimento do STF, a regra é
a liberdade, sendo assim a restrição será aplicada quando a atividade
representar potencial lesivo.

EXERCÍCIOS

1. Sobre os direitos e deveres individuais e coletivos, assinale a alternativa


CORRETA.
a) Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei.
b) É gratuito para os reconhecidamente pobres exclusivamente a certidão de
nascimento.
c) É livre a manifestação do pensamento, sendo permitido o anonimato.
d) Considerando o direito de propriedade, no caso de iminente perigo público, a

395
autoridade competente não poderá usar de propriedade particular.
e) Em situações específicas, poderá haver juízo ou tribunal de exceção.

2. Conforme a Constituição Federal, informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o


que se afirma a seguir e assinale a alternativa com a sequência correta.

( ) A soberania e o pluralismo político constituem objetivos fundamentais da


República Federativa do Brasil.
( ) Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra
reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido
prévio aviso à autoridade competente.
( ) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação policial.
( ) No caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se
houver dano.
Alternativas

a) F – V – F – V.
b) F – V– V – F.
c) V – V – F – V
d) V – F – V – F.
e) V – F – V – V.

3. Em relação ao direito de associação, conforme previsto expressamente na


Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,
Alternativas
a) fica vedada a suspensão compulsória das atividades das associações, a não
ser por decisão judicial transitada em julgado.
b) desde que não tenham fins lucrativos, as atividades associativas gozam de
imunidade tributária.
c) a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem
de autorização.

396
d) a interferência estatal no funcionamento das associações somente se justifica
para garantia da ordem pública, social e econômica do país.
e) todos podem associar-se pacificamente em locais abertos ao público, sendo
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente.

4. O Estado brasileiro, em relação aos direitos fundamentais garantidos aos


cidadãos brasileiros e estrangeiros residentes no país, veta a formação de:

Alternativas:
a) Cooperativas.
b) Associação para fins lícitos
c) Associação de caráter paramilitar.
d) Entidades associativas para representar seus filiados extrajudicialmente.
e) Associação espontânea ou permanência como associado.

5. Considere os seguintes tópicos da Constituição Federal do Brasil:


I. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida.
II. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República.
III. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.
IV. É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.
V. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional
do Estado.

Dispõem a respeito de Direitos Humanos os indicados APENAS em


a) I, III e IV.
b) II, III e V
c) I, II, IV e V.
d) I, III, IV e V.
e) III e IV.

397
6. A Constituição Federal, no que se refere aos Direitos e Deveres Individuais e
Coletivos, estabelece que
Alternativas:
a) o direito de resposta deve ser proporcional ao agravo e a indenização deverá
ser estabelecida por meio de acordo bilateral.
b) a não privação de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política é absoluta
c) interesse social é a única motivação legal para a realização de
desapropriações.
d) a reunião pacífica, sem armas, em locais abertos ao público, depende de não
frustrar reunião anteriormente convocada para o mesmo local e de aviso prévio
à autoridade competente.
d) a autoridade competente poderá usar de propriedade particular no caso de
iminente perigo público, assegurada ao proprietário indenização prévia.

7. A liberdade de manifestação do pensamento não constitui um direito absoluto.


Certo ( ) Errado ( )

8. De acordo com posição unânime do STF, ao examinar a liberdade de reunião


expressa no art. 5.º, inciso XVI, da CF, é inconstitucional norma distrital que vede
a realização de qualquer manifestação pública, com a utilização de carros e
aparelhos de som na Praça dos Três Poderes e na Esplanada dos Ministérios,
em Brasília, por não encontrar razoabilidade na própria CF.
Certo ( ) Errado ( )

9. A Constituição Federal (CF) garante a todos o direito de reunir-se


pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de
autorização ou prévio aviso à autoridade competente.
Certo ( ) Errado ( )

10. Independentemente de aviso prévio ou autorização do poder público, todos


podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, desde
que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local.
Certo ( ) Errado ( )

398
11. A CF assegura a liberdade de expressão, apesar de possibilitar,
expressamente, sua limitação por meio da edição de leis ordinárias destinadas
à proteção da juventude.
Certo ( ) Errado ( )

12. A criação de associação independe de autorização, sendo permitida a


interferência estatal em seu funcionamento.
Certo ( ) Errado ( )

GABARITO
1-A 7 - CERTO
2-A 8 - CERTO
3-A 9 - ERRADO
4-A 10 - ERRADO
5-A 11 - ERRADO
6-A 12 - ERRADO

DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Direito à Propriedade
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – Art 5. XXII – é garantido o direito de propriedade;

A Constituição Federal reconhece o direito de propriedade, como o direito de


usar, usufruir e dispor da coisa.

Função Social da Propriedade


CONSTITUIÇÃO FEDERAL – Art 5. XXIII – a propriedade atenderá a sua função
social;

399
No entanto, a propriedade deverá atender sua função social, ou seja, o direito de
propriedade não poderá ser exercido em detrimento da sociedade.

A Constituição estabelece ainda as condições para que as propriedades urbanas


e rurais atendem sua função social.

Propriedade Urbana
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – Art. 182 – A política de desenvolvimento
urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerias
fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções
sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.
§ 2°A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às
exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

Propriedade Rural
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – Art. 186 – A função social é cumprida
quando a propriedade rural atende, a simultaneamente, segundo critérios e
graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I – aproveitamento racional e adequados;
II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio
ambiente;
III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV – exploração que favoreça o bem – estar dos proprietários e dos
trabalhadores.

Desapropriação
Desapropriação é o ato administrativo pelo qual o Estado retira a propriedade do
indivíduo.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL – XXI. a lei estabelecerá o procedimento


para a desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse
social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos
previstos nesta Constituição;

400
A Carta Magna traz em seu bojo as razões pelas quais isso pode ser feito. São
elas: interesse social ou utilidade pública.
→ Necessidade Pública: a administração está diante de uma situação de risco
iminente.
→ Utilidade Pública: a desapropriação é conveniente ao interesse público.
→ Interesse Social: finalidade de reduzir as desigualdades sócias.

Desapropriação pelo mero interesse público


Ocorre quando o interesse social ou a utilidade pública prevalecem sobre o
interesse individual. O proprietário não fez algo fora da lei ou que gere sanção,
mas o interesse público exige que determinada área seja desapropriada. Isso
ocorre, por exemplo, quando há a necessidade de construção de rodovias ou
obras de metrô. Neste caso, a indenização é prévia, justa e em dinheiro.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL – Art. 182 – A política de desenvolvimento urbano,


executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em
lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.

401
§ 4° É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei especifica para área
incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo
urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I – parcelamento ou edificação compulsória;
II – impostos sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no
tempo;
III – desapropriação com pagamento mediante títulos da divida publica de
emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de
até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real
da indenização e os juros legais.

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de
reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social,
mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula
de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do
segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

Desapropriação confiscatória
Ocorre quando a propriedade é utilizada para o cultivo de plantas psicotrópicas.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL – Art. 243 – As propriedades rurais e urbanas de


qualquer região do País onde foram localizadas culturas ilegais de plantas
psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão

402
expropriadas e destinadas à reforma agraria e a programas de habitação
popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras
sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5°.

Nesse caso o proprietário, além de não ser indenizado, poderá ser processado
pelo ilícito penal.

Requisição Administrativa
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – XXV – no caso de iminente perigo público, a
autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao
proprietário indenização ulterior, se houver dano;

Nesse caso, não se trata de desapropriação, uma vez que o dono não perde a
propriedade, apenas a empresta para uso público temporariamente, e em caso
de iminente perigo público.

Bem de Família
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – XXVI – a pequena propriedade rural, assim
definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora
para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a
lei sobre os meios de funcionar o seu desenvolvimento.

O inciso XXVI proíbe que a pequena propriedade rural, que seja trabalhada pela
família, seja penhorada apara quitar débitos decorrentes de sua própria atividade
produtiva.

Atende-se-aos requisitos constantes no inciso:


• Pequena Propriedade Rural - Não é qualquer propriedade.
• Definida em Lei –
• Trabalhada pela Família – A família tira seu sustento do seu trabalho na
propriedade
• Débitos Decorrentes da Atividade Produtiva

Propriedades Imaterial

403
Direito dos Autores
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo
de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos
herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

A propriedade autoral é vitalícia ao autor. Mas para os herdeiros a terão por


tempo limitado, estabelecido em lei ordinária.

Direitos de Participação
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da
imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem
ou de que participam aos criadores, aos interpretes e às respectivas
representações sindicais e associativas;

Esse dispositivo garante a participação econômica nas obras coletivas, assim


como o direito de fiscalização de tal aproveitamento econômico.

Direitos do Inventor e Proteção da Marca


CONSTITUIÇÃO FEDERAL – XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos
industriais privilegio temporário para sua utilização, bem como proteção às
criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a
outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento
tecnológico e econômico do País;

Diferente dos autores de obras literárias, neste caso a titularidade sobre os


direitos de criação é temporária.

O inciso XXIX prevê ainda a proteção às marcas, logotipos, entre outros. Esta
proteção é de interesse do País, além do interesse do titular.

404
Direito à Herança

CONSTITUIÇÃO FEDERAL – XXX – é garantido o direito de heranças;


XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela
lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não
lhes seja mais favorável a lei pessoal do “de cujus

Além de a Constituição garantir o direito de herança, ela estabelece que, no caso


de um estrangeiro falecer no Brasil, a lei aplicada para regular a sucessão dos
bens situados do País, será aplicada a lei brasileira, a não ser que seja mais
favorável aos herdeiros a lei do País do falecido.

EXERCÍCIOS

1. Diante do que dispõe a Constituição Federal acerca dos direitos e garantias


fundamentais,

Alternativas:
a) Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime
comum, praticado após a naturalização, ou de comprovado envolvimento em
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei.
b) É livre, exclusivamente aos brasileiros natos e naturalizados, a locomoção no
território nacional em tempo de paz, podendo, nos termos da lei, nele entrar,
permanecer ou dele sair com seus bens.
c) Admite-se a prática de tortura em caso de guerra declarada.
d) A pequena propriedade rural, assim definida em lei e trabalhada pela família,
somente poderá ser objeto de penhora para o pagamento de débitos decorrentes
de sua atividade produtiva.
e) A pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a
natureza do delito, a idade e o sexo do apenado.

2. Considerada a disciplina da propriedade como direito fundamental e de


aspectos correlatos na Constituição Federal,

405
Alternativas:
a) cabe à lei assegurar proteção às participações individuais em obras coletivas
e à reprodução da imagem e voz humanas, exceto nas atividades desportivas,
sujeitas à autorregulamentação pelas entidades representativas das diferentes
categorias.
b) caberá à autoridade competente, desde que mediante ordem judicial, usar de
propriedade particular, em caso de iminente perigo público, assegurada
indenização posterior ao proprietário, se houver dano.
c) a desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social,
deve seguir procedimento estabelecido em lei, observada, sem ressalvas, a
garantia de justa e prévia indenização em dinheiro.
d) a sucessão de bens estrangeiros situados no país será regulada pela lei
pessoal do de cujus sempre que esta for mais favorável a cônjuge ou filhos
brasileiros do que a lei brasileira.
e) é vedada a penhora da pequena propriedade rural para pagamentos de
débitos decorrentes de sua atividade produtiva, devendo seu desenvolvimento
ser financiado pelos meios legalmente definidos.

3. Acerca do que estabelece a Constituição Federal, em matéria de direitos e


garantias fundamentais,

Alternativas:
a) ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, ainda que nos casos de
crime propriamente militar, definidos em lei.
b) às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer
com seus filhos durante a infância da criança.
c) a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela
família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de
sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu
desenvolvimento.
d) será admitida ação pública nos crimes de ação privada, se esta não for
intentada no prazo legal.
e) é livre a locomoção no território nacional em tempos de guerra ou de paz,
podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele
sair com seus bens.

406
4. Em relação aos direitos e garantias fundamentais, analise as afirmativas a
seguir:

I. A Constituição assegura os mesmos direitos e garantias individuais aos


brasileiros e aos estrangeiros residentes no País, nos termos do art. 5º da
Constituição Federal.
II. No caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se
houver dano.
III. A sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei
estrangeira pessoal do "de cujus" sempre que esta for mais favorável ao cônjuge
ou aos filhos brasileiros do que a lei brasileira.

Alternativas:
a) se nenhuma alternativa estiver correta.
b) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
c) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

5. A Constituição Federal/88 garante aos autores o direito exclusivo de utilização,


publicação ou reprodução de suas obras. Trata-se de proteção constitucional
referente
Alternativas:
a) ao dever de publicidade.
b) à liberdade de impressa.
c) ao princípio da auto-determinação.
d) à prerrogativa da vontade.
e) ao direito de propriedade.

6. A proteção dos direitos humanos e sua efetividade na vida social constituem


atualmente preocupações do Estado e de suas instituições. Acerca desse tema,
julgue o item que se segue.

407
O Estado, por interesse social, pode impor ao proprietário a perda do seu imóvel.
Certo ( ) Errado ( )

7. Em relação aos direitos e garantias fundamentais, julgue o próximo item.


Em caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de
propriedade particular, assegurada indenização ao proprietário em caso de
dano.
Certo ( ) Errado

8. À luz da Constituição Federal de 1988, julgue o item a seguir.


O direito de propriedade é constitucionalmente garantido, devendo as
propriedades atender a sua função social. Alternativas
Certo ( ) Errado ( )

9. À luz da Constituição Federal de 1988, julgue o item que se segue, a respeito


de direitos e garantias fundamentais e da defesa do Estado e das instituições
democráticas.

Em caso de iminente perigo público, autoridade pública competente poderá usar


a propriedade particular, desde que assegure a consequente indenização,
independentemente da comprovação da existência de dano, que, nesse caso, é
presumido.
Certo ( ) Errado ( )

10. Com base nas disposições constitucionais acerca de princípios, direitos e


garantias fundamentais, julgue o item a seguir.

Policiais têm a prerrogativa de adentrar na casa de qualquer pessoa durante o


período noturno, desde que portem determinação judicial ou o morador consinta.
Certo ( ) Errado ( )

11. O direito de herança no Brasil é garantido pela Constituição Federal de 1988.


Certo ( ) Errado ( )

408
12. De acordo com a CF, é assegurado a todos o direito de propriedade
intelectual, industrial e de direitos autorais, sendo a propriedade intelectual e a
de direitos autorais sempre permanentes, tanto para o autor quanto para o
sucessor.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-E 7 - CERTO
2-D 8 - CERTO
3-C 9 - ERRADO
4-E 10 - ERRADO
5-C 11 - CERTO
6 - CERTO 12 - ERRADO

DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Direito à Segurança

Contraditório e Ampla Defesa


CONSTITUIÇÃO FEDERAL - ART 5. LV – aos litigantes, em processo judicial
ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

Contraditório: Direito de conhecer e rebater os argumentos e provas


apresentados.
Ampla Defesa: Produzir todas as provas que julgarem necessárias.

Como regra, a ampla defesa e o contraditório são garantidos em todos os


processos, sejam eles administrativos ou judiciais. No entanto, há alguns casos
em que não caberá o exercício desse direito.

409
• Inquérito Policial;
• Sindicância investigativa;
• Inquérito Civil.

Proporcionalidade e Razoabilidade
A referida garantia não está expressa no texto constitucional. Trata-se de um
princípio implícito que decorre do Princípio do Devido Processo Legal.

Esse instituto está ligado à necessidade e a adequação de acordo com a


situação. É um ato discricionário do agente público.
Para exemplificar, imaginemos que um determinado fiscal sanitário, ao
inspecionar um supermercado, se depara com uma embalagem de iogurte com
a data de validade vendida há um dia. Imediatamente, ele prende o dono do
mercado, realiza revista manual em todos os clientes e funcionários do mercado
e aplica uma multa de dois bilhões de reais. Diante disso, perguntamo-nos: será
que a medida adotada pelo fiscal foi necessária? Foi adequada?
Certamente que não. Logo, a medida não observou os princípios da
razoabilidade e proporcionalidade.

Inafastabilidade da Jurisdição
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – ART 5. XXXV – a lei não excluirá da apreciação
do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.

Nenhuma lei pode impedir o Judiciário de aprecia uma alegada lesão ou ameaça
de lesão a direito, e, por outro lado, os juízes não podem se omitir em cumprir
sua função jurisdicional.
Inexiste a obrigatoriedade de esgotamento da via administrativa para que a parte
possa acessar o Judiciário.

O texto constitucional não proíbe que os particulares, por sua livre e espontânea
vontade, ao invés de submeterem a questão ao Judiciário, acordem por delegar
a resolução da questão a terceiro, através do instituto da arbitragem.
Há, no entanto, casos em que será necessário que se esgote as vias
administrativas antes de buscar o Poder Judiciário, como é o caso da justiça
desportiva.

410
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – Art. 217, § 1° O Poder Judiciário só admitirá
ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as
instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.

Razoável Duração do Processo


CONSTITUIÇÃO FEDERAL – ART 5. LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e
administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que
garantam a celeridade de sua tramitação.

A Constituição não define o que seja razoável duração do processo, no entanto


essa definição está diretamente ligada à necessidade de o processo ser
concluído o mais rápido possível, sem prejudicar a busca da justiça.
Existem diversas vias para acelerar a duração do processo no atual
ordenamento jurídico:
• Juizados especiais
• Sumulas vinculantes
• Realização de inventários e partilhas por vias administrativas
• Informatização do processo

Direito de Petição e Certidões


CONSTITUIÇÃO FEDERAL – ART 5. XXXIV – são a todos assegurados,
independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contar
ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e
esclarecimento de situações de interesse pessoal;

Todos têm direito de peticionar perante o Poder Público, visando a busca de


seus direitos ou para denunciar qualquer ilegalidade ou abuso de poder, não
sendo permitida a exigência de pagamento de taxadas para o exercício desse
direito.

O direito de petição pode ainda ser definido como o direito de invocar a atenção
do Poder Público sobre uma questão ou situação.
Já a CERTIDÃO é um atestado que prova determinado fato. Ex.: A Certidão de
Nascimento. Ambas servem para defesa de direitos.

411
Tribunal do Júri
O Tribunal do Júri pertence ao Poder Judiciário, e possui competência para o
julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

Esse instituto é regido por alguns princípios, conforme Art. 5° XXXVIII.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL – ART 5. XXXVIII – é reconhecida a instituição do


júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos vereditos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

✔ Plenitude de defesa – Permite que no Júri sejam utilizadas todas as provas


permitidas em direito;

✔ Sigilo das votações – O voto dos jurados é sigiloso. Durante o julgamento


não é permitido que os jurados conversem sobre o julgamento, sob pena de
nulidade deste.

✔ Soberania dos veredictos – A decisão dos jurados é soberana, não podendo


ser modificada pelo juiz.

✔ Competência para julgar os crimes dolosos contra a vida – O júri julga


apenas os crimes dolosos contra a vida. Crimes dolosos são aqueles praticados
intencionalmente, ou quando o agente assume o risco de matar.

412
Crimes Imprescritíveis, Inafiançáveis e Insuscetíveis de Graça e Anistia

CONSTITUIÇÃO FEDERAL – Art. 5 – XLII – a prática do racismo constitui crime


inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

A Carta Magna, no Art. 4°, VIII, traz o repúdio ao racismo no que diz respeito às
relações internacionais.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – Art. 4° – A República Federativa do Brasil rege-
se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios;
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;

ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: A vedação ao


Racismo constitui crime inafiançável e imprescritível e está sujeito à pena de
reclusão. Segundo entendimento do STF, a expressão racismo abrange todas
as formas de discriminação que acarretem distinções entre pessoas em razão
de origem, cor, raça, credo.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL – Art. 5:


XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia
a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo
e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evita-los, se omitirem;
XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados,
civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;

413
EXERCÍCIOS

1. Dentre os direitos e garantias fundamentais relacionados à liberdade de


locomoção do indivíduo, assinale a alternativa equivalente ao texto
constitucional.

Alternativas:
a) É reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados a plenitude de defesa, o sigilo das votações, a soberania dos
veredictos e a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.
b) A lei penal retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
c) Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal, exceto por medida cautelar determinada pela autoridade policial.
d) São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos, salvo as
que forem indiretamente obtidas de boa-fé.

2. Diante do que dispõe a Constituição Federal acerca dos direitos e deveres


individuais e coletivos:

Alternativas:
a) No caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização prévia em
dinheiro.
b) A criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas dependem de
autorização estatal, sendo, contudo, após a sua constituição, vedada a
interferência do Estado em seu funcionamento.
c) Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei,
sob pena de responsabilidade, ainda que seu conteúdo possa causar risco à
segurança da sociedade e do Estado.
d) São gratuitas as ações de habeas corpus, habeas data e mandado de
segurança e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.
e) O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial.

414
3. À luz do que dispõe a Constituição Federal sobre os direitos e deveres
individuais e coletivos,

Alternativas:
a) é a todos assegurada, após o regular pagamento de taxas, a obtenção de
certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
situações de interesse pessoal.
b) a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
c) a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ainda que lhes seja
mais favorável a lei pessoal do de cujus.
d) no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização prévia em
dinheiro.
e) a lei não excluirá da apreciação do Poder Legislativo lesão ou ameaça a
direito.

4. Em relação aos diversos direitos e garantias individuais e coletivos,


estabelecidos pelo art. 5º da Constituição Federal de 1988, assinale a alternativa
correta.

Alternativas:
a) São admissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.
b) As presidiárias não podem permanecer com seus filhos para amamentá-los
no cumprimento da pena.
c) Não haverá pena de morte, exceto em caso de guerra declarada, nos termos
do art. 84, XIX, da CF/88.
d) Haverá pena de trabalho forçado.
e) Não é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral.

5. De acordo com o que estabelece a Constituição Federal acerca dos Direitos


e Garantias Fundamentais,

415
Alternativas:
a) a prática de racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena
de detenção, nos termos da lei.
b) as associações somente poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter
suas atividades suspensas por decisão judicial transitada em julgado.
c) no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se
houver dano
d) é assegurada, nos termos da lei, a proteção às participações individuais em
obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, exceto nas atividades
desportivas.
e) são gratuitas as ações de habeas corpus, habeas data e mandado de
segurança, bem como, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da
cidadania.

6. Referente aos Direitos e Garantias Individuais e Coletivos, assinale a


alternativa correta.

Alternativas:
a) Constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis
ou militares contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
b) Brasileiros naturalizados não podem ser extraditados, em caso de crimes
comuns praticados antes da naturalização, ou da comprovação em envolvimento
em tráfico ilícito de entorpecentes ou drogas afins, na forma da lei.
c) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém, sob nenhuma hipótese,
podendo nela entrar sem o consentimento do morador.
d) Ainda que reconhecidamente pobre, a certidão de óbito será cobrada, na
forma da lei.
e) Será concedida a extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião.

7. A respeito dos direitos e deveres individuais e coletivos previstos na


Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a seguir.
São inafiançáveis e imprescritíveis os crimes de racismo e terrorismo, bem como
a ação de grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado
democrático.
Certo ( ) Errado ( )

416
8. Acerca do enfrentamento ao preconceito e da promoção da igualdade, julgue
o próximo item.
O crime de racismo, em decorrência de seu caráter mais amplo, somente é
cometido quando seu sujeito ativo é constituído por coletividades ou pelo Estado.
Certo ( ) Errado ( )

9. Agente penitenciário iniciou procedimento visando apurar suposta prática de


ato racista, ocorrido dentro do estabelecimento prisional, cometido por um
fornecedor contra um detento.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item que se segue.

A prática do racismo constitui crime afiançável, sujeito a pena de detenção.


Alternativas
Certo ( ) Errado ( )

10. No que tange aos direitos e garantias fundamentais e ao processo legislativo,


conforme disposto na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue (C ou E) o item
subsequente.

A CF veda a extradição de estrangeiro em razão de crime político ou de opinião.


Alternativas
Certo ( ) Errado ( )

11. À luz do disposto na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a


seguir, acerca dos princípios constitucionais e dos direitos fundamentais.

A lei não pode prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a expectativa
de direito. Alternativas
Certo ( ) Errado ( )

12. No que se refere aos direitos e às garantias fundamentais, julgue os


seguintes itens.

O terrorismo, o racismo, a tortura e o tráfico ilícito de entorpecentes são crimes

417
hediondos, inafiançáveis e insuscetíveis de graça e anistia.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-A 7 - ERRADO
2-E 8 - ERRADO
3-B 9 - ERRADO
4-C 10 - CERTO
5-C 11 - ERRADO
6-A 12 - ERRADO

Remédios Constitucionais

Os incisos LXVIII a LXXIII do Art. 5° tratam dos chamados “remédios


constitucionais”, que são garantias fundamentais que visam oferecer meios de
proteção eficientes para a defesa dos direitos fundamentais.

Habeas Corpus
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – Art. 5. LXVIII – conceder-se-á habeas corpus
sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder

O Habeas Corpus tutela a liberdade de locomoção do indivíduo. O Habeas


Corpus poderá ser utilizado de forma preventiva ou repressiva.

Habeas Corpus preventivo – cabe quando há a ameaça à liberdade de


locomoção do indivíduo.

418
Nesse caso e concedido um salvo-conduto buscando prevenir a efetivação da
ameaça

Habeas Corpus repressivo – nesse caso já houve a violência ou a coação à


liberdade de locomoção. Seu objetivo é fazer cessar o desrespeito à liberdade
de locomoção.
É importante ficar atento, pois o Habeas Corpus só será utilizado quando houver
ilegalidade ou abuso de poder.

É possível identificar três figuras nas relações processuais que envolvem o


habeas corpus.

Impetrante – aquele que apresenta, protocolizar o habeas corpus. Este poderá


impetrar o remédio constitucional para si ou para outrem. Vale ressaltar que esse
remédio poderá ser impetrado por qualquer pessoa, física ou jurídica, e não
precisa de advogado.
Autoridade Coatora (impetrado) – Autoridade pública ou privada que restringiu
o direito à liberdade de ir e vir.
Paciente – é o indivíduo que precisa do remédio. Aquele em favor de quem está
sendo impetrado o pedido de Habeas Corpus.

FICA LIGADO!!!
• A pessoa jurídica pode ser apenas impetrante, porem jamais poderá ser
paciente, em virtude de sua natureza jurídica.
• O habeas corpus é gratuito, conforme consta no Art. 5°, LXXVII
“LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data,
e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.”
• O Habeas Corpus não pode ser apócrifo, ou seja, sem assinatura.

Legitimação Ativa
É a capacidade jurídica de alguém de impetrar um Habeas Corpus. Em outras
palavras, é a capacidade de ser autor em uma ação de Habeas Corpus.
Esta legitimação é a mais ampla possível, não se exigindo sequer que seja
assinado por um advogado

419
Habeas Corpus e Punições Disciplinares Militares
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – Art. 142, § 2°, da CF, proíbe a utilização do
Habeas Corpus em relação às punições disciplinares militares.
“§ 2 ° - Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares
militares.”

No entanto, o STF tem admitido o remédio quando impetrado por razões da


ilegalidade da prisão militar. Em relação ao mérito, considera-se o texto
constitucional; porém, em relação a legalidade, prevalece o entendimento do
STF de que será possível.

Habeas Data
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Previsto no Art. 5° – LXXII, o Habeas Data objetiva a proteção ao direito da
liberdade de informação.

LXXII – conceder-se-á habeas data:


a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
sigiloso, judicial ou administrativo;

O Habeas Data poderá ser usado de duas formas:


• Para conhecimento da informação;
• Para retificação da informação.

Legitimação Ativa
O Habeas Data poderá ser impetrado por pessoa física ou jurídica, brasileira ou
estrangeira.

O Habeas Data tem caráter personalíssimo, ou seja, poderão ser requeridas


apenas as informações do próprio impetrante, nunca de terceiros.

420
Legitimação Passiva
Poderão ser sujeitos passivos do Habeas Data ou responsáveis por entidades
governamentais, da administração pública direta e indireta. Além desses,
poderão ser sujeitos passivos também, as pessoas jurídicas privadas, desde que
tenham caráter público.

FICA LIGADO!!!
• Assim como o habeas corpus, o habeas data também é gratuito, conforme
consta no Art. 5°, LXXVII.
“ LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data,
e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania. ”
• Só poderão ser conhecidas as informações do próprio impetrante.
• A petição inicial do Habeas Data deve ser sempre subscrita por um
advogado.

EXERCÍCIOS

1. Será concedido habeas corpus àquele que sofrer ou se achar ameaçado de


sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção por ilegalidade ou
abuso de poder.
Certo ( ) Errado ( )

2. É cabível a impetração de habeas corpus Alternativas


a) pelo condenado, ainda quando já extinta a pena privativa de liberdade.
b) ainda quando apenas pessoa jurídica figurar como paciente na ação.
c) por pessoa jurídica em favor de pessoa física.
d) cujo objeto seja resolver sobre o ônus das custas.
e) pelo condenado relativo a processo em curso, ainda que por infração penal a
que a pena pecuniária seja a única cominada.

3. São considerados “remédios constitucionais”, entre outros, os seguintes


instrumentos utilizados para proteção aos direitos humanos:

Alternativas:

421
a) Mandado de segurança, mandado de injunção e ação popular.
b) Ação popular, reclamação e salvo conduto.
c) Salvo conduto, ação de inconstitucionalidade e habeas corpus.
d) Habeas corpus, arguição de direito fundamental e agravo mandamental.
e) Agravo mandamental, recurso de revista e mandado de segurança.

4. Ednaldo, servidor público, após preencher todos os requisitos exigidos para a


aposentadoria por tempo de serviço, requereu o deferimento do benefício junto
ao órgão competente, instruindo o requerimento com todos os documentos
exigidos pela legislação de regência. O requerimento, no entanto, foi indeferido
de modo ilegal e arbitrário.

No dia em que tomou conhecimento do indeferimento, Ednaldo solicitou que seu


advogado ingressasse com a ação constitucional cabível, de modo que pudesse
obter o benefício.
À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar que a referida ação é o

Alternativas:
a) Mandado de Segurança.
b) Mandado de Injunção.
c) Direito de Petição.
d) Habeas Corpus.
e) Habeas Data

5. Sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou


coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder,
poderá ser concedido, em favor dele

Alternativas:
a) habeas data.
b) habeas corpus.
c) mandado de segurança.

422
d) mandado de injunção.
e) recurso especial.

6. As ações de habeas corpus e habeas data são gratuitas apenas para os


reconhecidamente pobres, na forma da lei.
Certo ( ) Errado ( )

7. No que diz respeito aos princípios, direitos e garantias fundamentais


estabelecidos na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a seguir.
As ações de habeas corpus e habeas data são gratuitas e consideradas
necessárias ao exercício da cidadania, asseguradas como cláusulas pétreas na
CF, de modo que é dever do Estado a garantia desses direitos, sendo- lhe
vedado suprimi-los.
Certo ( ) Errado ( )

8. Acerca dos remédios constitucionais, julgue o próximo item.


Pessoa jurídica pode impetrar habeas corpus. Alternativas
Certo ( ) Errado ( )

9. O habeas corpus constitui a via adequada para o devedor de pensão


alimentícia pedir o afastamento de sua prisão, alegando incapacidade de arcar
com o pagamento dos valores executados.
Certo ( ) Errado ( )

10. O habeas corpus é remédio cabível para o controle jurisdicional de ato da


administração; contudo, salvo os pressupostos de legalidade, o referido remédio
não será cabível em relação a punições disciplinares militares.
Certo ( ) Errado ( )

423
Gabarito
1 - CERTO 6 - ERRADO
2-C 7 - ERRADO
3-A 8 - CERTO
4-A 9 - ERRADO
5-B 10 - CERTO

REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

Mandado de Injunção
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – Art. 5. LXXI – conceder-se-á mandado de
injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável, o exercício
dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade à soberania e à cidadania

O mandado de injunção é o remédio utilizado para combater a inércia do Poder


Legislativo ou Executivo na regulamentação de direitos e liberdades
constitucionais e os relacionados à nacionalidade, soberania e cidadania.
O mandado de injunção visa combater a falta de efetividade de normas
constitucionais de eficácia limitada, relacionada a determinados assuntos.

Competência
É de competência do STF processar e julgar, originalmente, o mandado de
injunção, sempre que a norma regulamentadora for atribuição do Presidente da
República do Congresso Nacional, da Câmara Federal, do Senado Federal, da
Mesa de uma dessas Casas, do TCU, de um dos Tribunais Superiores, ou do
próprio STF.

É de competência do STJ julgar, originalmente, o mandado de injunção, quando


a norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade
federal, exceto os casos de competência do STF, Justiça Eleitoral, Justiça do
Trabalho e da Justiça Federal.

424
As Justiças Estaduais também têm competência para julgar originalmente o
mandado de injunção conforme previsto nas Constituições Estaduais.

Efeitos da Decisão
Em relação à efetividade do mandado de injunção, há a possibilidade de adoção
pelo STF, de duas correntes doutrinarias, a saber:

Teoria concretista geral – O Judiciário estabelece como a ausência da norma


será cumprida. Essa decisão terá efeito erga ominis, ou seja, será aproveitada
para todos os casos iguais.
Teoria concretista individual – O Judiciário estabelece como o impetrante
poderá exercer o direito prejudicado pela falta de norma regulamentadora, mas
os efeitos da decisão caberão apenas ao impetrante.

Ação Popular
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – Art. 5. LXXIII – qualquer cidadão é parte legitima
para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou
de entidade de que o Estado participe, à modalidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus dá sucumbência.

A Ação Popular é um instrumento importante de que a sociedade dispõe para


controlar os atos dos agentes públicos e anular atos lesivos:
• Ao patrimônio da União, Estados, DF e Municípios, bem como de qualquer
entidade em que o tesouro público participe;
• À moralidade administrativa;
• Ao meio-ambiente;
• Ao patrimônio histórico, cultural, econômico, artístico, estético ou turístico.

425
Legitimação Ativa
Qualquer CIDADÃO pode propor ação popular.
Cidadão – o indivíduo que possui capacidade eleitoral ativa. A prova de
cidadania se faz com a apresentação do título do eleitor.

Legitimação Passiva
Deverão figurar no polo passivo:
• União, Estados, DF ou Municípios do qual emanou o ato lesivo;
• Autoridades, funcionários ou administradores que autorizaram,
aprovaram, ratificaram, praticaram ou se omitiram em relação a ato;
• Beneficiários diretos do ato.

FICA LIGADO!!!
• O Ministério Público não pode ajuizar ação popular, visto que essa é uma
prerrogativa apenas do cidadão. No entanto, em caso de abandono ou
omissão do autor, o MP poderá substitui-lo na ação. Nos demais casos o
MP atua como fiscal da lei.
• O autor de Ação Popular está isento do pagamento das custas judiciais
ou ônus dá sucumbência, salvo em caso de má fé.
• Não existe competência originaria para o julgamento da Ação Popular.
• A Ação Popular é regulada pela Lei n° 4.717/65

426
EXÉRCICIOS

1. São considerados “remédios constitucionais”, entre outros, os seguintes


instrumentos utilizados para proteção aos direitos humanos:

Alternativas:
a) Mandado de segurança, mandado de injunção e ação popular.
b) Ação popular, reclamação e salvo conduto.
c) Salvo conduto, ação de inconstitucionalidade e habeas corpus.
d) Habeas corpus, arguição de direito fundamental e agravo mandamental.
e) Agravo mandamental, recurso de revista e mandado de segurança

2. Ao indivíduo que pretenda obter acesso a informações relativas a si próprio,


constantes de bancos de dados de entidades de caráter público, caberá valer-
se, em juízo, de

Alternativas:
a) mandado de segurança, gratuitamente, ainda que não seja reconhecidamente
pobre, na forma da lei.
b) habeas data, gratuitamente, ainda que não seja reconhecidamente pobre, na
forma da lei.
c) mandado de injunção, não lhe sendo assegurada, contudo, gratuidade.
d) mandado de segurança, assegurada gratuidade desde que seja
reconhecidamente pobre, na forma da lei.
e) habeas data, assegurada gratuidade desde que seja reconhecidamente
pobre, na forma da lei.

3. Getúlio é jornalista e deseja ter acesso ao extrato de contrato firmado entre a


Prefeitura e fornecedor de insumos para tratamento de água, uma vez que as
obrigações contratuais dali constantes já estão sendo praticadas, sem que as
informações tenham sido publicadas no Diário Oficial. Solicitou à Prefeitura que
prestasse tais esclarecimentos, o que lhe foi negado sob o argumento de que os
dados dali constantes não envolvem informações pessoais do próprio jornalista.
Diante da negativa, a fim de ver protegido seu direito, Getúlio deve impetrar

427
Alternativas:
a) mandado de injunção.
b) mandado de segurança coletivo.
c) habeas data.
d) habeas corpus.
e) mandado de segurança individual.

4. Ednaldo, servidor público, após preencher todos os requisitos exigidos para a


aposentadoria por tempo de serviço, requereu o deferimento do benefício junto
ao órgão competente, instruindo o requerimento com todos os documentos
exigidos pela legislação de regência. O requerimento, no entanto, foi indeferido
de modo ilegal e arbitrário.

No dia em que tomou conhecimento do indeferimento, Ednaldo solicitou que seu


advogado ingressasse com a ação constitucional cabível, de modo que pudesse
obter o benefício.

À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar que a referida ação é o


Alternativas
a) Mandado de Segurança.
b) Mandado de Injunção.
c) Direito de Petição.
d) Habeas Corpus.
e) Habeas Data.

5. João, cidadão brasileiro, tomou conhecimento de que determinado agente


público estava lesando o patrimônio público, o que ocorria com o desvio de
vultosos recursos para sua conta particular

Com o objetivo de responsabilizar o agente público, de modo que ele fosse


obrigado a devolver os valores desviados, João, por intermédio de seu
advogado, poderia ajuizar

Alternativas:

428
a) Mandado de Injunção.
b) Habeas Data.
c) Mandado de Segurança.
d) Ação Popular.
e) Reclamação.

6. João, servidor público municipal, teve conhecimento de que a Constituição da


República de 1988 tinha assegurado determinado direito estatutário aos
servidores, mas condicionava o seu exercício à edição de lei que o
regulamentasse. Apesar de decorridos muitos anos desde a promulgação da
Constituição, a lei não foi editada, omissão que torna inviável o exercício do seu
direito. À luz da sistemática constitucional e da narrativa acima, o instrumento
passível de ser utilizado por João para a tutela dos seus interesses é:

Alternativas:
a) o mandado de segurança;
b) o mandado de injunção;
c) a reclamação constitucional;
d) o habeas data;
e) o direito de petição.

7. Julgue o item seguinte, a respeito do mandado de injunção.

A decisão que concede mandado de injunção, em regra, gera efeitos ultra partes.
Certo ( ) Errado ( )

8. A concessão do mandado de injunção está condicionada à ausência de norma


regulamentadora para o exercício de um direito, ainda que esta omissão seja
parcial.
Certo ( ) Errado ( )

9. Julgue o item seguinte, a respeito do mandado de injunção.

429
Entre os legitimados para a impetração do mandado de injunção, figura a pessoa
natural.
Certo ( ) Errado ( )

10. No que se refere aos direitos e garantias fundamentais e à cidadania, julgue


os próximos itens.

O cidadão que esteja impedido de exercer direito individual em razão da


ausência de norma regulamentadora poderá valer-se do mandado de injunção.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-A 6-B
2-B 7 - ERRADO
3-E 8 - CERTO
4-A 9 - CERTO
5-D 10 - CERTO

Remédios Constitucionais

Mandado de Segurança
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – Art. 5. LXIX – conceder-se-á mandado de
segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus
ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Poder Público.

Direito líquido e certo – Direito certo é aquele que não necessita de mais
provas. O Mandado de Segurança não admite dilatação probatória.

430
Direito liquido é aquele que já tem seu valor definido. Não precisa de
averiguações para verificar a extensão econômica.

FICA LIGADO!!!
• O direito é sempre certo. O que podem ser duvidosos são os fatos
apresentados.
• O direito pode ser certo, mas não ser liquido.

O cabimento do Mandado de Segurança só é cabível quando não amparado pro


Habeas Corpus ou Habeas Data, sendo assim, nem toda violação a direito
líquido e certo será amparado por Mandado de Segurança Essa é a
característica do caráter residual e subsidiário do mandado de segurança.

Espécies de Mandado de Segurança


Assim como o Habeas Corpus, o mandado de segurança pode ser:

Preventivo – quando há o receio de o impetrante sofrer uma violação do direito


líquido e certo por parte da autoridade impetrada.
Repressivo – quando o direito líquido e certo já foi atingido.

Legitimidade Ativa
A legitimidade é do titular do direito líquido e certo. Seja pessoa física ou jurídica,
nacional ou estrangeiro, domiciliada ou não em nosso país.

Legitimidade Passiva
Só poderá figurar no polo passivo do Mandado de Segurança, a autoridade
pública ou agente de pessoa jurídica com atribuições do Poder Público.

FICA LIGADO!!!
O mandado de segurança possui prazo decadencial de 120 dias. Mandado de
Segurança Coletivo
XX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;

431
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituídas em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos
interesses de seus membros ou associados.

Sua finalidade é permitir que algumas pessoas jurídicas defendam os interesses


de seus membros ou associados, ou ainda da sociedade em geral.

Legitimados para a propositura


• Partido Político, com representação no Congresso Nacional;
• Organização Sindical ou entidade de classe;
• Associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos
01 ano.

Os Partidos Políticos podem defender direitos relativos a seus integrantes ou


relacionados à finalidade partidária, enquanto que os demais legitimados podem
defender direitos dos seus membros ou associados, desde que pertinentes às
finalidades da entidade.

No caso de sindicatos e associações, não se exige que estes apresentem


autorização expressa de cada um dos associados representados em juízo, basta
apenas uma autorização genérica em seus estatutos.

Não há necessidade de constar na petição inicial o nome de todos os


associados, no entanto a situação individual de cada um será levada em conta
na execução da sentença.

Objeto
O Mandado de Segurança tem por objeto a defesa dos mesmos direitos
amparados pelo Mandado de Segurança individual, porem direcionado à
coletividade.

432
EXERCÍCIOS

1. Em observância ao que dispõe a Constituição Federal de 1988, referente ao


direito à obtenção de certidões, assinale a alternativa correta.

Alternativas:
a) O remédio constitucional que protege o direito de certidão é o mandado de
segurança.
b) O direito de obter certidão tem como finalidade a defesa de direitos e a defesa
contra ilegalidade ou abuso de poder.
c) O direito à obtenção de certidões tem como finalidades a defesa de direitos e
o esclarecimento de situações de interesse de terceiros.
d) O direito à obtenção de certidões em repartições públicas depende do
pagamento de taxas, pois trata-se de prerrogativa de todas as pessoas.
e) O remédio constitucional destinado a proteger o direito de certidão é o habeas
data.

2. Ao indivíduo que pretenda obter acesso a informações relativas a si próprio,


constantes de bancos de dados de entidades de caráter público, caberá valer-
se, em juízo, de

Alternativas:
a) mandado de segurança, gratuitamente, ainda que não seja reconhecidamente
pobre, na forma da lei.

433
b) habeas data, gratuitamente, ainda que não seja reconhecidamente pobre, na
forma da lei.
c) mandado de injunção, não lhe sendo assegurada, contudo, gratuidade.
d) mandado de segurança, assegurada gratuidade desde que seja
reconhecidamente pobre, na forma da lei.
e) habeas data, assegurada gratuidade desde que seja reconhecidamente
pobre, na forma da lei.

3. Maria solicitou a matrícula do seu filho de 8 (oito) anos na Escola Municipal


Beta, o que foi indeferido, por escrito, pelo Diretor, sob o argumento de que a
requerente, ao preencher o respectivo formulário, declarara ser filiada a um
partido político distinto daquele a que estava filiado o Prefeito Municipal.

Por entender que o indeferimento era incompatível com a ordem jurídica, Maria
solicitou que o seu advogado ajuizasse a ação constitucional cabível para que o
juízo competente determinasse a matrícula de seu filho na escola, Trata-se da
seguinte ação:

Alternativas:
a) habeas corpus;
b) habeas data;
c) mandado de segurança;
d) mandado de injunção;
e) mandado de educação.

4. João, cidadão brasileiro, tomou conhecimento de que determinado agente


público estava lesando o patrimônio público, o que ocorria com o desvio de
vultosos recursos para sua conta particular.

Com o objetivo de responsabilizar o agente público, de modo que ele fosse


obrigado a devolver os valores desviados, João, por intermédio de seu
advogado, poderia ajuizar

Alternativas:
a) Mandado de Injunção.

434
b) Habeas Data.
c) Mandado de Segurança.
d) Ação Popular.
e) Reclamação.

5. Os mandados de segurança Alternativas


a) são, em regra, sucedâneos de recursos, mormente para obtenção do efeito
suspensivo não previsto.
b) podem, seus pedidos, ser renovados dentro do prazo decadencial, se a
decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.
c) admitem dilação probatória quanto aos fatos alegados, como regra.
d) quando da competência originária dos tribunais, caberá ao relator a instrução
do processo, defesa a sustentação oral na sessão do julgamento.
e) concedidos ou denegados, impedirão que o direito seja pleiteado por ação
própria, mesmo que julgados sem resolução de mérito.

6. João almejava ter conhecimento das informações de ordem tributária, relativas


aos tributos municipais que pagou na condição de contribuinte, as quais se
encontravam em poder do Município Alfa. Para tanto, formulou requerimento
endereçado ao Secretário Municipal de Fazenda, que o denegou, por escrito,
sob o argumento de se tratar de informação sigilosa.

Irresignado com o indeferimento, João procurou seu advogado, o qual informou


que o instrumento constitucional, previsto no rol dos direitos e garantias
fundamentais, adequado à solução do seu problema, é

Alternativas:
a) o mandado de segurança.
b) o mandado de injunção.
c) o direito de petição.
d) o habeas data.
e) a reclamação.

435
7. Acerca dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item subsequente.
É cabível mandado de segurança para proteger direito líquido e certo contra
ilegalidade praticada por diretor de sociedade de economia mista em decisão
que homologa o resultado de licitação ou em atos de gestão comercial.
Certo ( ) Errado ( )

8. A respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item seguinte.

O mandado de segurança é o remédio constitucional adequado para garantir o


acesso à informação constante de banco de dados de entidades
governamentais, uma vez que o direito a informação é direito líquido e certo.
Certo ( ) Errado ( )

9. A respeito do mandado de segurança, da ação popular, da ação civil pública


e da ação de improbidade administrativa, julgue o item a seguir.

Se o mandado de segurança não for conhecido, será possível a renovação do


pedido, desde que observado o prazo decadencial do remédio constitucional.
Certo ( ) Errado ( )

10. A respeito das associações, julgue o item subsequente à luz das disposições
da CF.
A atuação das associações na defesa de seus associados em mandado de
segurança coletivo independe de autorização.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-A 6-D
2-B 7 - ERRADO
3-C 8 - ERRADO
4-D 9 - CERTO
5-B 10 - CERTO

436
SEGURANÇA PÚBLICA

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de


todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

A doutrina divide a polícia de segurança em duas áreas:


• Polícia Judiciária (repressiva ou de investigação);
• Polícia Administrativa (preventiva ou ostensiva).

Enquanto a polícia administrativa age preventivamente, evitando que o crime


aconteça na área do ilícito administrativo, a polícia judiciária age
repressivamente, punindo os atos após a ocorrência do ilícito penal.

O Decreto n° 5.289/2004 regula as regras de organização da administração


pública, para o desenvolvimento da Força Nacional de Segurança Pública, ao
qual poderão aderir de forma voluntária, os Estados interessados.
A força Nacional de Segurança Pública poderá ser empregada em qualquer parte
do território nacional, mediante expressa solicitação do Governador de Estado
ou do Distrito Federal, cabendo ao Ministro de Estado da Justiça determinar
a oportunidade para tal. Seu emprego será esporádico e planejado.
O grupo mobilizável da Força Nacional de Segurança Pública será formado por
servidores que tenham recebido treinamento especial do Ministério da Justiça,
integrantes das policias federais e órgãos de segurança pública dos Estados que
aderiram ao programa de cooperação federativa.

437
Órgãos de Segurança Pública
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de
todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - a polícia federal;
II - policia rodoviária federal;
III - policia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.

Os Estados, Distrito Federal e Municípios não podem criar novos órgãos de


segurança pública. Esse é um Rol Taxativo.

POLÍCIA FEDERAL, RODOVIÁRIA FEDERAL E FERROVIÁRIA FEDERAL

§ 1° A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e


mantido pela União e estruturado em careira, destina-se a
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de
bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e
empresas públicas, assim como outras infrações cuja pratica tenha repercussão
interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser
em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros
órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

A competência da Policia Federal para apurar infrações penais se estende á


União ou às suas entidades autárquicas e empresas públicas. Essa competência
não se estende às Sociedades de Economia Mista.

438
Polícia Rodoviária Federal e Polícia Ferroviária Federal
§ 2° A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela
União e estruturado em carreiras, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento
ostensivo das rodovias federeis.
§ 3° A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela
União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento
ostensivo das ferrovias federais.

439
EXERCÍCIO

1. Os Órgãos apresentados nas alternativas a seguir estão incluídos no art. 144


da Constituição como responsáveis pelos exercícios da preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, à exceção de um.
Assinale-o
a) Policias Militares e Corpos de Bombeiros Militares
b) Policia Ferroviária Federal
c) Policias Civis
d) Forças Armadas
e) Policia Federal

2. A defesa das instituições democráticas é exercida por meio da segurança


pública, da qual os corpos de bombeiros militares são órgãos integrantes.
Certo ( ) Errado ( )

3. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é


exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas
e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: polícia federal, policia rodoviária
federal, policia ferroviária federal, policias civis, policias militares, corpos de
bombeiros militares e guardas municipais.

Gabarito
1-D
2 - CERTO
3 - ERRADO

440
SEGURANÇA PÚBLICA

Polícia dos Estados

A segurança dos Estados é atribuição da Polícia Civil, Corpo de Bombeiros,


Polícias Militares e Policiais Penais.
Conforme Art 22 da Constituição, as referidas polícias, embora mantidas pelos
Estados, deverão obedecer e observar as normas gerais da União

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


XXI – normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias,
convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares;

Polícia Civil
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem,
ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração
de infrações penais, exceto as militares. (grifo nosso).

De acordo com o entendimento do STF, compete à Polícia Civil apurar os crimes


comuns praticados por militares, isto é, os crimes estranhos à atividade militar.

Policial Penal
§ 5º - A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador do sistema penal
da unidade federativa a que pertencem, cabe a segurança dos estabelecimentos
penais.,

Polícia Militar
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem
pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em
lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
As polícias militares bem como os corpos de bombeiros militares, subordinam-
se aos Governos dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, assim com
a Polícia Civil As Polícias Militares são forças auxiliares e reserva do exército

441
De acordo com o STF, a polícia militar poderá realizar flagrante ou participar de
apreensão determinada por ordem judicial, ainda que não seja polícia judiciária

Polícias do Distrito Federal


§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e
reserva do Exército, subordinam se, juntamente com as polícias civis, aos
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

Conforme Súmula Vinculante 647 do STF, caberá à União legislar sobre


vencimentos dos membros das polícias civil e militar do Distrito Federal

Guardas Municipais
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção
de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.

A guarda municipal, segundo a doutrina, objetiva proteger o patrimônio contra a


depredação de destruidores do patrimônio público e da coisa alheia No entanto,
eles não possuem a competência para fazer policiamento ostensivo

Segurança Viária
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas:

442
I – compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de
outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à
mobilidade urbana eficiente; e
II – compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos
respectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito,
estruturados em Carreira, na forma da lei.

A Segurança Viária foi incluída pela Emenda Constitucional nº 82/2014 Essa


Emenda criou a carreia de agentes de trânsito dentro do sistema de segurança
pública, tornando constitucional a competência desses agentes
A Emenda Constitucional nº 82/2014 objetiva a diminuição de acidentes no
trânsito → Lembre-se!!
• A segurança viária é exercida para a “preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas”
• No conceito de segurança viária, estão a educação, a engenharia e a
fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas em lei. Com
isso, busca-se garantir ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente.

443
EXERCÍCIOS

1. Com relação ao tema Segurança Pública analise as afirmativas a seguir:


I. Os municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de
seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei
II. Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem,
ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração
de infrações penais, exceto as militares.
III. A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e
mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a prevenir e reprimir o
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho,
sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas
áreas de competência. Assinale:
a) se somente a afirmativa I estiver correta
b) se somente a afirmativa II estiver correta
c) se somente a afirmativa III estiver correta
d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas
e) se todas as afirmativas estiverem corretas

2. O município está constitucionalmente autorizado a criar guarda municipal para


que exerça a função de polícia judiciária em assuntos de interesse local
Certo ( ) Errado ( )

3. As polícias militares e os corpos de bombeiros militares subordinam-se aos


governadores dos estados, com exceção do DF, onde a subordinação se dá em
relação ao chefe de governo da União
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-E
2 - ERRADO
3 - ERRADO

444
DIREITO PENAL

445
FATO TÍPICO I

CONDUTA
INFRAÇÃO PENAL – Sistema Dicotômico. Se divide em:

CRIMES: A lei comina pena de Reclusão ou Detenção isoladamente ou


cumulativamente com pena de multa (art.1° da LICP).
Há territorialidade e extraterritorialidade. Pune-se a tentava.

CONTRAVENÇÕES: A lei comina pena de prisão simples isoladamente ou


cumulativamente com pena de multa (art.1°, LICP).
Não há extraterritorialidade. Não se pune a tentava.

SANÇÕES PENAIS - Sistema Vicariante. Se divide em:


PENAS: Privativa de liberdade, restritiva de direito e multa (gravidade do
delito)
O tempo máximo de cumprimento de pena privativa de liberdade no Brasil, não
pode ser superior a 40 anos – art.75, CP (redação dada pela Lei 13.964/2019)

MEDIDAS DE SEGURANÇA: Cuida dos inimputáveis e do semi-imputáveis que


apresentam periculosidade (periculosidade do agente)

SÚMULA 527, STJ: O tempo de duração da medida se segurança não deve


ultrapassar o limite máximo de pena abstratamente cominada ao delito praticado.

CONCEITO DE CRIME: Crime é fato típico, ilícito e culpável, segundo o


conceito analítico de crime (TEORIA TRIPARTIDA DO CRIME).

446
FATO TÍPICO

O Fato Típico, é o primeiro elemento do crime, a ilicitude é seu pressuposto,


estudaremos cada um deles de forma minuciosa.

CONDUTA
Antes de iniciar o estudo sobre a conduta, você precisa entender a diferença
entre sujeito ativo e passivo do crime:
SUJEITO ATIVO: aquele que pratica a ação ou omissão (autor)
SUJEITO PASSIVO: aquele que sofre a ação ou omissão (vítima)

Pessoa Jurídica pode cometer crime???


Art. 225, §3°, CF. (dupla imputação objetiva).
A teria adotada pelo Código Penal para explicar a conduta é a TEORIA
FINALISTA, desenvolvida por Hans Welzel, essa teoria considera conduta
como um comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim.

CONDUTA = VONTADE + AÇÃO


AÇÃO = Ação ou omissão
VONTADE = Dolo ou culpa

FORMAS DE CONDUTA.
COMISSIVA: fazer

447
OMISSIVA: não fazer

Próprio – a lei prevê apenas um deixar de fazer do agente quando ele poderia
agir para evitar o resultado, não havendo uma caraterística própria do agente,
qualquer pessoa, naquela situação, poderia ser responsabilizada pelo crime.
Ex: omissão de socorro – art. 135, CP.
Impróprio - a lei prevê um deixar de fazer, agora quando existe a obrigação de
fazer.
Ex: salva vidas que não impede um afogamento – art. 13, § 2°, CP.

EXCLUDENTES DA CONDUTA
• COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL
• HIPINOSE/ SONAMBULISMO
• ATOS REFLEXOS
• CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR

CUIDADO!!! Coação Moral Irresistível, esta atua no terceiro elemento do tipo


penal (Culpabilidade – inexigibilidade de conduta diversa).

EXERCÍCIOS

1. A babá que, distraída com o último capítulo da novela, observa impassível o


sufocamento da criança sob os seus cuidados comete crime:
a) omissivo impróprio.
b) omissivo próprio.
c) omissivo por comissão.
d) comissivo impróprio.
e) comissivo próprio.

2. Considerando-se o conceito analítico de crime, exclui-se a conduta quando


a) presente coação moral irresistível.
b) presentes caso fortuito e força maior.

448
c) presente doença mental do agente da conduta.
d) presente coação física, seja resistível, seja irresistível.
e) presente embriaguez preordenada.

3. Aquele que for fisicamente coagido, de forma irresistível, a praticar uma


infração penal cometerá fato típico e ilícito, porém não culpável.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-A
2-B
3-E

FATO TÍPICO II
CONDUTA

CRIME DOLOSO – art. 18, I, CP


“O agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”.

DOLO DIRETO – o agente quer praticar a conduta e alcançar o resultado.


Ex: quero causar a morte de alguém e dolosamente, dou um tiro.

DOLO EVENTUAL – o agente tem dolo na conduta, quanto ao resultado, ele


não se importa com a sua ocorrência.
Ex: dirijo imprudentemente em uma via em que passam muitos pedestres,
se atropelar alguém, não me importo!

DOLO GERAL/ ERRO SUCESSIVO/ ABERRATIO CAUSAE – ocorre quando o


agente, acreditando que o resultado desejado já aconteceu, pratica outra
conduta posterior, no entanto, é essa nova conduta que ocasiona o resultado,

449
nesse caso, ele responde pelo crime de acordo com o seu dolo, mesmo que o
resultado tenha sido ocasionado por uma segunda conduta.
Ex: dou um tiro na vítima, acreditando que ela já estava morta, jogo o
corpo ao mar, no entanto, ela morre afogada, respondo pelo meu dolo,
morte pelos tiros.

CRIMES CULPOSOS – art. 18, II, CP


“O agente deu causa ao resultado por Imperícia, Imprudência ou
Negligencia”.

ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO


• Conduta voluntária
• Violação do dever de cuidado
• Resultado involuntário
• Nexo causal
• Previsibilidade objetiva
• Tipicidade

Crimes culposos não admitem tentativa.

ESPÉCIES DO CRIME CULPOSO


CULPA PRÓPRIA: Culpa propriamente dita, o agente não quer o resultado e
não assumiu o risco de produzi-lo. Se divide em duas espécies:

CULPA INCONSCIENTE: O agente não prevê o resultado que era previsível de


acordo com a análise do homem médio.
Ex: por falta de atenção não vejo que o sinal fechou e acabo atropelando
um pedestre.

CULPA CONSCIENTE: Culpa com previsão, aqui, o agente prevê o resultado,


mas acredita seriamente que ele não ocorrerá por confiar em suas habilidades
pessoais.
Ex: vejo que o sinal vai fechar, mas confio que tenho a capacidade de
dirigir com rapidez adequada para ultrapassar antes que ele feche e eu
atropele um pedestre.

450
CULPA IMPRÓPRIA: Ocorre nos casos de Erro Evitável quanto a Ilicitude do
fato, ou seja, o agente tem um dolo porque credita estar amparado por uma
excludente de ilicitude, apesar do dolo, ele responde pela culpa (art.20 §1°,
segunda parte do CP) – DESCRIMINANTE PUTATIVA - admite tentativa.
Ex: mato meu tio que entra bêbado na minha casa, achando ser um
ladrão.

ERRO DE TIPO
Há uma falsa percepção da realidade, o agente sabe que determinada conduta
é considerada crime, mas ele não tem consciência que está praticando essa
conduta, ou seja, o agente não sabe o que faz.

ERRO DE TIPO ESSENCIAL – Art. 20, CP: o agente tem uma falsa percepção
da realidade, o erro recai sobre elementares do tipo, devendo-se analisar se ele
poderia ou não evitar sua ocorrência.

ESCUSÁVEL/INEVITÁVEL: qualquer pessoa naquela situação também erraria


– exclui o dolo e a culpa

INESCUSÁVEL/EVITÁVEL: se o agente tomasse um pouco mais de cuidado,


ele poderia evitar esse erro – exclui o dolo, mas permite a punição por culpa
se previsto em lei.

ERRO DE TIPO ACIDENTAL – É um erro na execução do fato criminoso ou um


desvio no nexo causal da conduta com o resultado. Pode ser:

ERRO SOBRE A PESSOA/IN PERSONA (art. 20, §3°, CP): o agente erra
quanto a vítima com a qual ele quer praticar a conduta criminosa, confunde, o
erro é irrelevante e ele responde pelo crime considerando as qualidades da
vítima pretendida (virtual);

ERRO NA EXECUÇÃO/ ABERRATIO ICTUS (art. 73, CP): o agente não


confunde a vítima, porém, por um erro na execução ele acerta outra pessoa, ele
responde pelo crime considerando as qualidades da vítima pretendida (virtual),
porém, se além de atingir a vítima virtual ele também consegue atingir a vítima
desejada, responde pelos dois crimes em concurso formal (art.70, CP).

451
RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO / ABERRATIO CRIMINIS (Art. 74,
CP): quando por erro na execução, sobrevém resultado diverso daquele
pretendido pelo agente, o agente responde a título de culpa se o fato é previsto
como crime culposo, se o correr também o resultado pretendido, o agente
responde pelos dois crimes em concurso formal (art.70, CP).

EXERCÍCIOS

1. Assinale a alternativa correta:


a) O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se
inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
b) Se o fato é cometido sob coação resistível, só é punível o autor da coação.
c) Se o fato é cometido em estrita obediência à ordem, ainda que
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da ordem.
d) O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado isenta de pena.

2. Situação hipotética: Um agente, com a livre intenção de matar desafeto seu,


disparou na direção deste, mas atingiu fatalmente pessoa diversa, que se
encontrava próxima ao seu alvo. Assertiva: Nessa situação, configurou-se o erro
sobre a pessoa e o agente responderá criminalmente como se tivesse atingido
a pessoa visada.
Certo ( ) Errado ( )

3. O erro sobre elementos constitutivos do tipo penal, essencial ou acidental, em


todas as suas formas, exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo,
se previsto em lei.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-A
2-E
3-E

452
FATO TÍPICO III

RESULTADO
É quando o crime chega na fase de consumação (nem todos os crimes exigem
o resultado naturalístico para estarem consumados).
CRIMES MATERIAIS: exigem um resultado para a consumação.
Ex: homicídio
CRIMES FORMAIS: não exigem um resultado para a consumação, embora ele
possa ocorrer.
Ex: extorsão
CRIMES DE MERA CONDUTA: não existe um resultado naturalístico.
Ex: porte de arma

O resultado pode ser:


NATURALÍSTICO (Físico): transformação do mundo exterior perceptível aos
olhos. Só é exigido nos crimes materiais.
JURÍDICO (Normativo): violação do tipo penal. Todos os crimes possuem
resultado jurídico.

INTER CRIMINIS
Caminho imaginário do crime, se divide em:
• COGITAÇÃO: fase interna não punível, representação mental do agente
• PREPARAÇÃO: começa a adotar algumas medidas para a realização do
crime, só é punível se constituir crime autônomo
• EXECUÇÃO: início da conduta delituosa, é punível
• CONSUMAÇÃO: final da tentativa, o agente consegue realizar
completamente sua conduta, crime acabado, é punível

CONSUMAÇÃO
“Art. 14 - Diz-se o crime:
I – Consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição
legal”

453
TENTATIVA
“Art. 14 - Diz-se o crime:
II - Tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente.
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a
pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços”
Observe que o crime tentado não é punido da mesma forma que o crime
consumado, pois o resultado naturalístico não chegou a ocorrer, temos a
aplicação da pena do crime consumado, com uma redução que varia de 1/3 a
2/3 – o quanto dessa redução fica a critério do juiz, que analisará a proximidade
da conduta ao resultado.

ESPÉCIES DE TENTATIVA
BRANCA/INCRUENTA: o objeto do crime não é atingido;
VERMELHA/CRUENTA: o objeto do crime é atingido;
PERFEITA/ACABADA: esgoto todos os meios necessários a consumação;
IMPERFEITA/INACABADA: o agente ainda não esgotou todos os meios para
a execução.

NÃO ADMITEM TENTATIVA


CULPOSOS: imperícia, imprudência ou negligencia;
PRETERDOLOSOS: tenho dolo na conduta e culpa no resultado;
UNISSUBSISTENTES: não admite fracionamento, uma conduta já produz o
resultado;
OMISSIVOS PRÓPRIOS: deixo de fazer, quando eu poderia fazer, não evitando
o resultado;
PERIGO ABSTRATO: não exigem lesão ao bem jurídico, nem comprovação de
perigo;
CONTRAVENÇÕES: infrações de menor potencial ofensivo, previstas no
Decreto-lei nº 3.688/41.
HABITUAIS: o crime se consuma com diversos atos, praticados habitualmente;

454
EXERCÍCIOS

1. Becket saca de um revólver e desfere seis tiros em Bebezão para resolver um


desentendimento ocorrido em determinado bar. Nenhum dos tiros atinge a
vítima. Nesse caso, deve ser classificada a tentativa como:
a) cruenta
b) vermelha
c) branca
d) inadmissível

2. Iter criminis corresponde ao percurso do crime, compreendido entre o


momento da cogitação pelo agente até os efeitos após sua consumação. Há
relevância no estudo do iter criminis porque, conforme o caso, podem incidir
institutos como desistência voluntária, princípio da consunção e tentativa.
Considera-se punível o crime tentado no caso de
a) o agente ser flagrado elaborando os planos para a prática do crime.
b) o agente ser flagrado realizando atos de preparação para o crime.
c) o crime, iniciada a execução, não se consuma por ineficácia absoluta do meio
empregado para sua prática.
d) o agente, iniciada a execução, desistir de prosseguir com a ação, impedindo
seu resultado.
e) o crime, iniciada a execução, não se consumar por circunstâncias alheias à
vontade do agente.

3. A fim de garantir o sustento de sua família, Pedro adquiriu 500 CDs e DVDs
piratas para posteriormente revende-los. Certo dia, enquanto expunha os
produtos para venda em determinada praça pública de uma cidade brasileira,
Pedro foi surpreendido por policiais, que apreenderam a mercadoria e o
conduziram coercitivamente até a delegacia.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item subsequente.
Se a conduta de Pedro não se consumar em razão de circunstâncias alheias à
sua vontade, ele responderá pelo crime tentado, para o que está prevista a pena
correspondente ao crime consumado diminuída de um a dois terços.
Certo ( ) Errado ( )

455
Gabarito
1-C
2-E
3-C

FATO TÍPICO IV

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ


“Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.”
Para o agente ser beneficiado por estes institutos, o resultado jamais poderá
ocorrer, são denominadas “pontes de ouro”
do direito penal, pois afastam a figura da tentativa e o agente só responderá
pelos atos já praticados.
• DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA: eu desisto de continuar na execução do
crime, mesmo ainda possuindo essa oportunidade, ainda não foram
esgotados os atos executórios.
• ARREPENDIMENTO EFICAZ: eu desisto de continuar nos atos
executórios, porém, os meios executórios aqui, já estão esgotados.

ARREPENDIMENTO POSTERIOR
“Art. 16. - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à
pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da
denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será
reduzida de um a dois terços.”
Diferentemente do art. 15, em que o agente só responderá pelos atos já
praticados, aqui, preenchidos os requisitos do arrependimento posterior, o
agente responderá pelo crime com uma redução de pena, observe que aqui, o
crime já está consumado, por isso não há de se falar em responsabilização
apenas dos atos já praticados.
Temos o que a doutrina chama de “ponte de prata” do direito penal, já que o
agente não pode ser beneficiado pela exclusão da tipicidade do crime.

CRIME IMPOSSÍVEL
“Art. 17. - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do
meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-
se o crime.”

456
No crime impossível, que também pode aparecer na sua prova com o nome de
tentativa inidônea, a ineficácia absoluta do meio ou a absoluta impropriedade
do objeto devem ser “absolutas”, ou seja, não pode haver a mínima possibilidade
de o crime chegar a consumação.
O Código Penal adota como teoria a: TEORIA OBJETIVA DA PUNIBILIDADE
DO CRIME IMPOSSÍVEL, em que há a impossibilidade de punição da tentativa
inidônea, tornando a conduta atípica.

Súmula 567, STJ: sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico


ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si
só, não torna impossível a configuração do crime de furto.
Súmula 145, STF: não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia
torna impossível a sua consumação.

EXERCÍCIOS

1. À luz do que dispõe o Ordenamento Penal brasileiro,


a) o agente que desiste de forma voluntária de prosseguir na execução do crime,
ou impede que o resultado se produza, terá sua pena reduzida de um a dois
terços.
b) o arrependimento posterior, nos crimes cometidos sem violência ou grave
ameaça à pessoa, deve ocorrer até o oferecimento da denúncia ou da queixa.
c) não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível
a sua consumação.
d) crime impossível é aquele em que o agente, embora tenha praticado todos os
atos executórios à sua disposição, não consegue consumar o crime por
circunstâncias alheias à sua vontade. E) diz-se crime culposo, quando o agente
assumiu o risco de produzi-lo.

2. O arrependimento eficaz
a) configura-se quando a execução do crime é interrompida pela vontade do
agente.
b) dá-se após a execução, mas antes da consumação do crime.
c) decorre da interrupção casuística do iter criminis.

457
d) é causa inominada de exclusão da ilicitude.
e) exige que a manifestação do autor do crime seja posterior à consumação do
delito.

3. Considere que Pedro, penalmente imputável, pretendendo matar Rafael, seu


desafeto, aponta em sua direção uma arma de fogo e aperta o gatilho por
diversas vezes, não ocorrendo nenhum disparo em razão de defeito estrutural
da arma que, de forma absoluta, impede o seu funcionamento. Nessa situação,
Pedro será punido pela tentativa delituosa, porquanto agiu com manifesta
vontade de matar José.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-C
2-B
3-E

FATO TÍPICO V

NEXO CAUSAL
“Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é
imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão
sem a qual o resultado não teria ocorrido.”
O nexo causal é o elo entre a conduta do agente e o resultado. Ausente esse
componente, não teremos crime. Existem algumas teorias que buscam explicar
a causa, são elas:

TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES/ CAUSALIDADE


SIMPLES (CONDITIO SINE QUA NON) – THYRÉN:

458
Causa, é toda conduta sem a qual o resultado não teria ocorrido. Para saber o
que seria causa, é necessário retirar a conduta e observar se mesmo assim o
resultado teria ocorrido, é o chamado “MÉTODO DE THYRÉN”. Se analisada
apenas por esse método, teríamos uma regressão infinita do que seria causa,
para eliminar essa hipótese de regressão infinita, torna-se necessário a análise
do dolo, agregando-se a essa teria, tem-se a CAUSALIDADE OBJETIVA.

TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA – KARL LARENZ: Busca evitar a


regressão ao infinito. Desenvolvida por Roxin, aqui, a imputação somente
poderia ocorrer se o agente tivesse dado causa ao fato (causalidade fática), mas
também houvesse uma relação de criação ou aumento de risco não permitido
com essa conduta (causalidade normativa).

TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA: Adotada pelo CP apenas quanto a


causa superveniente relativamente independente que por si só produziu o
resultado, onde o agente não responderá pelo resultado, apenas pelos fatos
anteriores.
Nem sempre o resultado é causado apenas por uma causa, podendo haver uma
junção para a produção do resultado.

Elas podem ser:


ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES: a causa que ensejou o resultado é
absolutamente independente da conduta do agente, o resultado ocorreria sem a
conduta do agente. Sempre adoto a TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS
ANTECEDENTES (o autor da causa efetiva responde pelo resultado, e o autor
do comportamento paralelo responde pela tentativa).

RELATIVAMENTE INDEPENDENTES: a causa que ensejou o resultado é


relativamente independente da conduta do agente, somente com a junção das
duas, sou capaz de produzir o resultado. Adoto a TEORIA DA EQUIVALÊNCIA
DOS ANTECEDENTES (o agente responde pelo resultado) em relação as
causas preexistente e concomitante e em relação a superveniente que não
produziu por si só o resultado. E a TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA
(o agente responde pelos atos já praticados) em relação a causa superveniente
que produziu por si só o resultado.

Quanto ao tempo em que ocorreu o resultado, a causa do resultado pode ser,


em relação a conduta do agente:

459
PREEXISTENTE: a conduta que produziu o resultado foi anterior a conduta do
agente

CONCOMITANTE: a conduta que produziu o resultado se deu ao mesmo


tempo da conduta do agente

SUPERVENIENTE: a conduta que produziu o resultado foi posterior a conduta


do agente, se divide em:

POR SI SÓ PRODUZIU O RESULTADO: o resultado sai da linha de


desdobramento da conduta, é como se tivesse sozinha produzido o resultado.
Ex: efetuo um tiro em uma pessoa, e no caminho do hospital ela vem a óbito por
um acidente com a ambulância – O agente responde apenas elos atos já
praticados (tentativa de homicídio/lesão corporal... a depender do dolo), não
podendo ser responsabilizado pelo resultado morte.

NÃO PRODUZIU, POR SI SÓ O RESULTADO: resultado está na linha de


desdobramento da conduta inicial do agente. Ex: tento matar uma pessoa com
um tiro e ela morre em decorrência de um erro médico durante a cirurgia ou de
uma infecção hospitalar – O agente responde pelo resultado consumado

TIPICIDADE
• FORMAL: Adequação da conduta do agente à norma;
• MATERIAL: Lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico.

Princípio da Insignificância é incide sobre a TIPICIDADE MATERIAL.

460
EXERCÍCIOS

1. Relação de causalidade é o liame ou vínculo de causa e efeito entre atos


passíveis de serem imputados ao suspeito de determinado delito e seu resultado
material. É certo que nosso direito positivo adotou um posicionamento sobre o
assunto.
A teoria da relação causal adotada pelo Código Penal brasileiro é:
a) causalidade adequada.
b) relevância jurídica.
c) totalidade das condições.
d) causa eficaz.
e) equivalência das condições.

2. O Código Penal, ao tratar da relação de causalidade do crime, considera


causa a
a) emoção ou a paixão.
b) delação.
c) ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
d) excludente de ilicitude.
e) descriminante putativa.

3. Como a relação de causalidade constitui elemento do tipo penal no direito


brasileiro, foi adotada como regra, no CP, a teoria da causalidade adequada,
também conhecida como teoria da equivalência dos antecedentes causais.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-E
2-C
3-E

461
ILICITUDE/ANTIJURIDICIDADE I

ILICITUDE
Art. 23- Não há crime quando o agente pratica o fato:
I- Em estado de necessidade;
II- Em legítima defesa;
III- Em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Parágrafo único- O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá
pelo excesso doloso ou culposo.
Segundo elemento do crime, a ilicitude é a contrariedade entre a conduta do
agente e o ordenamento jurídico. Passamos a analisar da ilicitude após a análise
do fato típico.

Existem algumas teorias sobre o elemento negativo do tipo:


TEORIA DA RATIO ESSENDI – Há uma absoluta relação de dependência entre
a ilicitude e o fato típico, analiso os dois no mesmo momento. A doutrina
majoritária afasta essa teoria.
TEORIA DA RATIO COGNOSCENDI (INDICIARIEDADE) – Todo fato típico é
presumidamente ilícito, ou seja, é função da defesa comprovar a presença de
uma exclusão de ilicitude para afastar o crime, na dúvida, o réu deve ser
absolvido (art.286, CPP). Teoria adotada!

Observe que, a ação do agente tem que ser necessária e suficiente para reprimir
a conduta injusta, seu excesso será punido.

Podemos dividir as excludentes de ilicitude em:


GENÉRICAS: aplicadas a todos os crimes, está fora do tipo penal– art. 23, CP
ESPECÍFICAS: próprias de determinados crimes, está dentro do tipo penal – ex:
art. 151, CP (o “indevidamente” do crime de violação de correspondência é uma
espécie de conduta ilícita que é exigida para o crime em específico).

462
EST ADO DE NECESSIDADE
“Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para
salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de
outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º- Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de
enfrentar o perigo.
§ 2º- Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena
poderá ser reduzida de um a dois terços.”

Estado justificante – o bem protegido deve ser maior ou igual ao bem sacrificado,
caso contrário, haverá a redução de pena prevista no § 2º.
A teoria adotada pelo estado de necessidade foi a TEORIA UNITÁRIA

TEORIA UNITÁRIA: O bem protegido deve ser igual ou maior que o sacrificado.

TEORIA UNITÁRIA

BEM PROTEGIDO BEM SACRIFICADO CONCLUSÃO

MAIOR VALOR MENOR VALOR Exclusão de ilicitude

IGUAL VALOR IGUAL VALOR Exclusão de ilicitude

MENOR VALOR MAIOR VALOR Pena reduzida: - 1/3 a 2/3

PERIGO ATUAL: não há estado de necessidade em detrimento de perigo


eminente, só atual.
NÃO PROVOCADO: não posso ter provocado a situação de perigo
DETRIMENTO PRÓPRIO OU ALHEIO: direito meu ou de outra pessoa

Existe ESTADO DE NECESSIDADE PUTATIVO???


A situação de perigo atual só ocorre na mente do autor, por constituir erro sobre
a situação fática- ERRO DE PROIBIÇÃO INDIRETO, pode ser causa justificante
que atua na culpabilidade do agente, isentando ou reduzindo a pena. Se o erro
era evitável – diminuirá a pena, na medida da sua evitabilidade, se, porém,
o erro era inevitável – excluirá a culpabilidade por inexigibilidade de
conduta diversa. (regras do art. 21, CP).

463
1. Sobre as excludentes de ilicitude previstas no Código Penal, é correto afirmar:
a) Quem exerce função de guarda ou vigilância privada não pode alegar legítima
defesa.
b) Quem tem o dever legal de enfrentar o perigo não pode alegar estado de
necessidade.
c) O excesso culposo não é punível no exercício regular de direito.
d) Não é possível alegar legítima defesa se houver alternativa mais cômoda
(commodus discessus).
e) O vigilante que repele injusta agressão, atual ou iminente, age em estrito
cumprimento do dever legal.

2. No CP brasileiro, a situação correspondente ao estado de necessidade


somente exclui a ilicitude do fato, e por isso não afeta a culpabilidade da conduta.
Certo ( ) Errado ( )

3. Agirá em estado de necessidade o motorista imprudente que, após abalroar


um veículo de passageiros, causando-lhes ferimentos, fugir do local sem prestar
socorro, para evitar perigo real de agressões que possam ser perpetradas pelas
vítimas.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-B
2-E
3-C

464
ILICITUDE/ANTIJURIDICIDADE II

ILICITUDE

LEGÍTIMA DEFESA
“Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente
dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a
direito seu ou de outrem.”
Parágrafo único: observados os requisitos previstos no caput desse
artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança
pública que repele agressão ou risco da agressão a vítima mantida refém
durante a prática de crime
(Lei 13.964/2019)

INJUSTA AGRESSÃO: aquela não provocada pelo agente

ATUAL OU IMINENTE: está acontecendo ou está prestes a acontecer

EXISTE LEGÍTIMA DEFESA FUTURA?


NÃO – mas cuidado com o que a doutrina denomina de OFENDÍCULO (ex: cerca
elétrica, vidro em muros, cachorros de grande porte...)
A doutrina diverge quanto a classificação dos ofendículos, alguns entendem se
tratar de exercício regular do direito por ser direito meu proteger minha
propriedade e minha vida, integridade física e etc. Outra parte da doutrina
entende se tratar de legítima defesa, não se trata de legítima defesa futura, pois,
não havia de fato agressão atual ou iminente no momento da instalação do
ofendículo, porém, ele só é capaz de produzir efeito com uma injusta agressão.
O ofendículo tem que ser sinalizado, se estiver “escondido” e a pessoa, mesmo
com uma injusta agressão, foi vítima do ofendículo, não estará configurada a
excludente de ilicitude.

DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO: direito seu ou de outra pessoa. Não preciso


de autorização para salvar um bem de terceiro (STF).

465
USO MODERADO DOS MEIOS: se não for moderado, estarei diante do
excesso, que pode ser punido a título de dolo ou de culpa. STF entende pela
mitigação.

AGENTE DE SEGURANÇA PÚBLICA: Se o agente de segurança pública,


observando os requisitos necessários exigidos para a configuração da legítima
defesa, estando em uma situação de a vítima ser mantida refém, cabe a atuação
em legítima defesa de terceiros durante a prática criminosa, respeitando sempre
a possibilidade de punição pelo excesso.
• LEGÍTIMA DEFESA SUCESSIVA: é legitima defesa real, prevista no
excesso, cessada a agressão, a vítima passa a agredir o autor.
• LEGÍTIMA DEFESA DE MENOR DE IDADE: cabe contra um ataque de
menor.
• LEGÍTIMA DEFESA DE ATAQUE DE ANIMAL: DEPENDE! Se esse
ataque foi provocado por um humano, o animal funciona como um
instrumento e caberá legítima defesa contra esse ataque do humano, se
o animal não foi provocado, não há de se falar em legítima defesa, poderá
haver estado de necessidade
• LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA: A situação de injusta agressão atual ou
iminente só ocorre na mente do autor, por constituir erro sobre a situação
fática- ERRO DE PROBIÇÃO INDIRETO, pode ser causa justificante que
atua na culpabilidade do agente, isentando ou reduzindo a pena. Se o
erro era evitável – diminuirá a pena, na medida da sua evitabilidade,
se, porém, o erro era inevitável – excluirá a culpabilidade por
inexigibilidade de conduta diversa. (regras do art. 21, CP).

LEGÍTIMA DEFESA X ESTADO DE NECESSIDADE (SIMULTANEIDADE)


• É POSSÍVEL que ocorram ao mesmo tempo – ex: Caio, para defender-
se de uma agressão injusta de Mévio (legítima defesa), pega rapidamente
a arma de Tício para de defender (estado de necessidade).

EXERCÍCIOS

1. Bruna é atacada a tiros desferidos por arma de fogo por Otávio, que não logra
acertar os dois primeiros tiros.
Antes de desfechar o terceiro tiro, Bruna saca de arma que carrega em sua bolsa
com autorização legal e vem a atingir Otávio, que veio a óbito. Nesse caso, pode
ser assentado que ficou caracterizado, nos termos do Código Penal, por parte
de Bruna:

466
a) exercício regular de direito
b) estado de necessidade
c) arrependimento eficaz
d) legitima defesa

2. A legítima defesa é causa de exclusão da ilicitude da conduta, mas não é


aplicável caso o agente tenha tido a possibilidade de fugir da agressão injusta e
tenha optado livremente pelo seu enfrentamento.
Certo ( ) Errado ( )

3. Bruno, vendo seu inimigo Rodolfo aproximar-se com um revólver em mãos e,


supondo que seria morto, antecipouse e desferiu contra ele um tiro fatal.
Posteriormente, verificou-se que a arma que Rodolfo segurava era de brinquedo.
Nessa situação, Bruno responderá por homicídio culposo.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-D
2-E
3-E

467
ILICITUDE/ANTIJURIDICIDADE III:
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL E
EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO

EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO


Direito de exercer o que é permitido pela lei, estabelecido por uma norma. Esse
direito autoriza a realização de uma conduta reprovável.
Ex: art.128, CP; Art. 301, CPP.
“DIREITO” deve ser entendido de maneira ampla. Essa excludente de
ilicitude destina-se ao cidadão em geral. Deve sempre ser analisado com
base na proporcionalidade.

EXCESSO – Pune-se o excesso doloso ou culposo.


LESÕES ESPORTIVAS – respeitadas as regras do esporte, serão lícitas –
sempre punidas se em excesso.
INTERVENÇÃO MÉDICA – quando um médico age para salvar a vida de
alguém, estará amparado pelo ESTADO DE NECESSIDADE, e também pelo
EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO.
OFENDÍCULO – doutrina diverge.

ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL


Ordem emanada por autoridade competente para o devido cumprimento do
dever legal – eu estou cumprindo de forma estrita o que foi mandado.
Ex: não comete o crime de invasão de domicílio, o policial que ingressa
na casa de uma pessoa com mandado judicial.

O “DEVER LEGAL”, deve ser entendido de forma ampla, como uma obrigação
que deriva de uma lei em sentido genérico ou de atos administrativos de
caráter geral. Esse dever legal, não precisa ter conteúdo penal.

Aquele dever que decorre de concepções morais, filosóficas ou religiosas, NÃO


É ENTENDIDO COMO ESTRITO CUMPRIMENTO DE UM DEVER LEGAL.

468
CRIME CULPOSO – essa descriminante é incompatível com os crimes culposos.
EXCESSO – O excesso doloso ou culposo será punido.
CONCURSO DE PESSOAS – estende-se aos coautores e partícipes, o crime é
excluído em relação a todos.

EXERCÍCIOS

1. Não há de se falar em crime quando o autor pratica a conduta:


a) em estrito cumprimento de dever legal e no exercício regular de direito
b) em estrito cumprimento de dever legal e na obediência hierárquica
c) no exercício regular de direito e na coação moral irresistível
d) em excesso de estado de necessidade e na inimputabilidade
e) em legítima defesa recíproca e no erro de direito

2. Situação hipotética: Um policial, ao cumprir um mandado de condução


coercitiva expedido pela autoridade judiciária competente, submeteu, embora
temporariamente, um cidadão a situação de privação de liberdade. Assertiva:
Nessa circunstância, a conduta do policial está abarcada por uma excludente de
ilicitude representada pelo exercício regular de direito.
Certo ( ) Errado ( )

3. O agente policial, ao submeter o preso aos procedimentos estabelecidos na


lei, como, por exemplo, à identificação datiloscópica, quando autorizada, e ao
reconhecimento de pessoas e de coisas, no curso do inquérito policial, encontra-
se amparado pelo exercício regular de direito, respondendo criminalmente nos
casos de excesso doloso ou culposo.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-A
2-E
3-E

469
CULPABILIDADE I

Último elemento da teoria do crime, diferentemente do que ocorre no Fato Típico


e na Ilicitude em que analiso o fato, na Culpabilidade, analiso a figura do agente.
Seria a possibilidade de o agente entender o caráter ilícito do fato e determinar-
se de acordo com esse entendimento, ou seja, é o juízo de reprovabilidade da
conduta do agente. Existem algumas teorias que buscam explicar a
culpabilidade:
TEORIA PSICOLÓGICA: Tenho que analisar a imputabilidade e a vontade do
agente (dolo e culpa), ou seja, o agente seria culpável se, a época do fato, era
imputável e agiu com dolo ou culpa. Como o nosso código penal adota a TEORIA
FINALISTA da conduta, esta teoria não pode ser aplicada já que, dolo e culpa
não analisados no fato típico, e não na culpabilidade.
TEORIA NORMATIVA/PSICOLÓGICO-NORMATIVA: Possui os mesmos
elementos da teoria anterior, mas acrescenta a “exigibilidade de conduta
diversa”. Para essa teoria, além do agente ser imputável e ter agido com dolo ou
culpa, só seria culpável se lhe pudesse ser exigido outro comportamento.
TEORIA EXTREMADA: todo erro que recaia sobre uma causa de justificação,
seria equiparado ao ERRO DE PROIBIÇÃO
TEORIA LIMITADA: divide o erro sobre a causa de justificação em dois, ERRO
SOBRE O PRESSUPOSTOS FÁTICOS = ERRO DE TIPO PERMISSIVO; ERRO
SOBRE A EXISTÊNCIA OU LIMITE JURÍDICO DA NORMA = ERRO DE
PROIBIÇÃO.
O Código Penal adota a TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE!!!

ELEMENTOS EXCLUDENTES

IMPUTABILIDADE Menor idade ( -18 anos T.


BIOLÓGICA)

Embriaguez

Doença mental

POTENCIAL CONHECIMENTO DA Erro de proibição


ILICITUDE

EXIGIBILIDADE DE CONDUTA Coação moral irresistível


DIVERSA
Obediência hierárquica

470
IMPUTABILIDADE
Quando tratamos de imputabilidade, a teoria adotada pelo código penal é a
TEORIA BIOPSICOLÓGICA, além de analisar o biológico, ou seja, a idade da
vítima, devo analisar seu psicológico, a plena capacidade de entender o caráter
ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento.

MENORIDADE
“Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis,
ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.”
Exceção a adoção da regra da teoria Biopsicológica, quando tratamos da
menoridade, o Código Penal adota a teoria BIOLÓGICA, ou seja, não
interessa, para análise da imputabilidade, se o agente tinha o potencial
conhecimento sobre seus atos, sendo ele menor de 18 anos, sempre será
considerado inimputável.

EMBRIAGUEZ
“Art.28- Não excluem a imputabilidade penal
II- A embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos
análogos.
§ 1º- É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de
caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento.
§ 2º- A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por
embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao
tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”

471
NÃO ACIDENTAL

PREORDENADA VOLUNTÁRIA CULPOSA

O agente se embriaga para cometer O agente só queria ficar bêbado, não O agente não queria ficar bêbado,
o crime. tinha nenhum dolo específico. porém, bebeu demais.
Aumento de pena: art. 61, I, CP

ACID ENTAL

FORTUITA PATOLÓGICA

Não deu causa a embriaguez Dependente, ébrio habitual

Só a embriagues acidental é excludente de culpabilidade pela teoria da actio


libera in causa.

DOENÇA MENTAL
“Art. 26- É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
Parágrafo único- A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em
virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”
Devo fazer a análise com base no caso concreto, se o crime foi cometido em um
momento de lucidez, a culpabilidade não será afastada.
As consequências para uma pessoa que comete o crime e possui doença mental
são as seguintes:

472
EXERCÍCIOS

1. Quanto à imputabilidade em Direito Penal, assinale a alternativa INCORRETA.


a) Para o menor de 18 anos, nosso Código Penal adotou o sistema puramente
biológico.
b) Para o doente mental, nosso Código Penal adotou um misto do sistema
biológico com o sistema psicológico.
c) Para a teoria clássica (teoria psicológica da culpabilidade), o doente mental
cometeria crime, uma vez que possui capacidade de dolo e culpa.
d) A embriaguez voluntária ou a culposa não excluem a imputabilidade penal,
segundo a actio libera in causa. Da embriaguez culposa, contudo, só pode advir
um crime culposo.

2. Pessoas doentes mentais, que tenham dezoito ou mais anos de idade, mesmo
que sejam inteiramente incapazes de entender o caráter ilícito da conduta
criminosa ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, são
penalmente imputáveis.
Certo ( ) Errado ( )

3. Comprovado que o acusado possui desenvolvimento mental incompleto e que


não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito de sua conduta, é cabível
a condenação com redução de pena.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-D
2-E
3-C

473
CULPABILIDADE II

POTENCIAL CONHECIMENTO DA ILICITUDE


ERRO DE PROIBIÇÃO
“Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do
fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a
um terço.
Parágrafo único- Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem
a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias,
ter ou atingir essa consciência.”
É a possibilidade de o agente conhecer o caráter ilícito do seu comportamento,
o agente sabe o que está fazendo, mas não sabe que sua conduta é considerada
crime.

Pode ser de duas espécies:


ESCUSÁVEL/INEVITÁVEL/INVENCÍVEL – Qualquer pessoa, nas mesmas
condições, cometeria o mesmo erro. Afasta a culpabilidade (o agente fica
isento de pena).
INESCUSÁVEL/EVITÁVEL/VENCÍVEL – O erro não é tão perdoável, pois era
possível, mediante algum esforço, entender que se tratava de conduta
penalmente ilícita. Não afasta a culpabilidade. Há diminuição de pena de um
sexto a um terço.
• CUIDADO!!! Erro de Proibição é diferente de Erro de Tipo

EXERCÍCIOS

1. Na confraternização de final de ano de um tribunal de justiça, Ulisses, servidor


do órgão, e o desembargador ganharam um relógio da mesma marca — em
embalagens idênticas —, mas de valores diferentes, sendo consideravelmente
mais caro o do desembargador. Ao ir embora, Ulisses levou consigo, por engano,
o presente do desembargador, o qual, ao notar o sumiço do relógio e acreditando
ter sido vítima de crime, acionou a polícia civil. Testemunhas afirmaram ter visto
Ulisses com a referida caixa. No dia seguinte, o servidor tomou conhecimento
dos fatos e dirigiu-se espontaneamente à autoridade policial, afirmando que o
relógio estava na casa de sua namorada, onde fora apreendido.

Nessa situação hipotética, a conduta de Ulisses na festa caracterizou

474
a) erro de tipo.
b) excludente de ilicitude.
c) arrependimento posterior.
d) erro de proibição.
e) crime impossível.

2. Antony, estrangeiro que reside no Brasil há dois meses, inicia em seu quintal
uma plantação de maconha, com a intenção de utilizar aquele material para fins
medicinais, já que sua doença respiratória melhora com o uso da droga. Ao
tomar conhecimento de que seu vizinho, João, possui a mesma doença, decide
transportar o material até a residência de João, mas vem a ser abordado por
policiais civis. Após denúncia pela prática do crime de tráfico, durante seu
interrogatório, Antony esclarece que tinha conhecimento de que transportar
maconha no Brasil era crime, mas acreditava na licitude de sua conduta diante
da intenção de utilizar o material para fins medicinais, esclarecendo, ainda, que
essa conduta seria válida em seu país de origem.
Com base apenas nas informações expostas, Antony agiu:
a) em erro de proibição, podendo gerar reconhecimento de causa de redução de
pena ou afastamento da culpabilidade;
b) em erro de tipo, o que gera o reconhecimento de causa de diminuição de
pena;
c) com desconhecimento da lei, o que não afasta a culpabilidade; D) em erro de
proibição, afastando a tipicidade da conduta;
d) em erro de tipo, afastando a tipicidade da conduta.

3. Na legislação brasileira as consequências do erro evitável sobre os


pressupostos fáticos de uma excludente de ilicitude são as mesmas do erro de
tipo, e não as do erro de proibição.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-A
2-A
3-C

475
CULPABILIDADE III

EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA


“Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência
a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor
da coação ou da ordem”
Aqui, analisa-se de poderia ser exigido do agente uma conduta diversa daquela
que ele efetivamente tomou no caso concreto.
Na exigibilidade de conduta diversa, podemos analisar alguns elementos, como
os seguintes:

COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL – o agente não pode ter a oportunidade de


resistir a coação.
Se for “resistível”, e mesmo assim o agente pratica o crime, haverá concurso
de pessoas em relação ao coautor, com agravante de pena para o mandante (
art. 62, II, CP )

OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA – a obediência tem que derivar de uma relação


de hierarquia dentro da relação pública, não pode derivar de relações privadas,
mesmo que haja hierarquia entre os agentes.
Não pode ainda ser manifestamente ilegal, pois aqui não há obrigatoriedade
de ser cumprida.
Sendo manifestadamente ilegal e cumprindo o subordinado essa ordem, haverá
concurso de pessoas.
• CUIDADO!!! Coação Moral Irresistível é diferente de Coação Física
Irresistível

EXERCÍCIOS

1. De acordo com o Código Penal, aquele que pratica o fato em estrita obediência
a ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico
a) responde criminalmente como partícipe de menor importância.
b) não comete crime, pois tem a ilicitude de sua conduta afastada.
c) não é punido criminalmente.

476
d) responde criminalmente como partícipe.
e) responde criminalmente como coautor.

2. No que concerne à exigibilidade de conduta diversa e hipóteses de sua


exclusão, é correto afirmar que a:
a) embriaguez proveniente de caso fortuito é hipótese de inexigibilidade de
conduta diversa.
b) exclusão da culpabilidade pela obediência hierárquica exige ordem não
manifestamente ilegal.
c) coação moral resistível é considerada causa supralegal de inexigibilidade de
conduta diversa.
d) coação irresistível. física ou moral, conduz á inexigibilidade de conduta
diversa.
e) exigibilidade de conduta diversa é elemento da culpabilidade criado pelas
teorias funcionalistas.

3. Arnaldo, gerente de banco, estava dentro de seu veículo juntamente com


familiares quando foi abordado por dois indivíduos fortemente armados, que
ameaçaram os ocupantes do veículo e exigiram de Arnaldo o fornecimento de
determinada senha para a realização de uma operação bancária, o que foi por
ele prontamente atendido. Nessa situação, o uso da senha pelos indivíduos para
eventual prática criminosa excluirá a culpabilidade de Arnaldo.
Certo ( ) Errado ( )

4. Situação hipotética: Um oficial de justiça detentor de porte de arma de fogo,


ao proceder à citação de um réu em processo criminal, foi por este recebido a
tiros e acabou desferindo um disparo letal contra o seu agressor. Assertiva:
Nessa situação, a conduta do oficial de justiça está abarcada por uma excludente
de culpabilidade representada pela inexigibilidade de conduta diversa.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-C
2-B
3-C
4-E

477
CONCURSO DE PESSOAS

Temos o Concurso de Pessoas quando existe a participação de mais de um


agente no cometimento do crime ou da contravenção penal, regulado pelo
Código Penal dos artigos 29 à 31.
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de
um sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-
á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de
ter sido previsível o resultado mais grave.

REQUISITOS DO CONCURSO DE PESSOAS


• PLURALIDADE DE AGENTES;
• CONDUTA RELEVANTE;
• VINCULO SUBJETIVO; • UNIDADE DE CRIMES.

A teoria adotada pelo CP para definir a responsabilização dos agentes em crimes


praticados em concurso de pessoas é a TEORIA MONISTA

TEORIA MONISTA/MONÍSTICA/UNITÁRIA: Todos os agentes responderão


pelo mesmo crime, isso não significa que todos terão a mesma pena imposta,
pois, cada um responderá na medida de sua culpabilidade, significa apenas que
os agentes responderão dentro da mesma tipificação penal.
Por haver essa diferenciação no quanto da aplicação da pena, pode se dizer que
o Código Penal adotou a teoria monista temperada/mitigada.

O concurso de pessoas pode ainda ser de duas espécies:


• NECESSÁRIO: A tipificação do crime exige que a conduta seja realizada
por mais de uma pessoa.
• EVENTUAL: A tipificação do crime NÃO exige que a conduta seja
realizada por mais de uma pessoa, mas nada impede que assim seja
praticada.

478
Quanto as modalidades de concurso de pessoas, existem algumas
diferenciações de extrema importância para a sua prova, observe:

AUTORIA - Algumas teorias dever ser estabelecidas sobre o que seria autoria:
Teoria Objetivo Formal/ Objetiva/ Restritiva/ Dualista: AUTOR é quem realiza
o núcleo do tipo, PARTÍCIPE é quem concorre para o crime sem realizar o núcleo
do tipo. Adotada pelo CP, porém, deve ser completada pela Teoria da Autoria
Mediata.
Teoria Objetivo Material: AUTOR é quem presta uma contribuição mais
relevante para a consumação do fato, PARTÍCIPE é aquele que contribui de
forma menos relevante. 👉Teoria Extensiva: não distingue autor e partícipe.
Teoria do Domínio do Fato/ Teoria objetivo-subjetiva: AUTOR é aquele que
detém o controle sobre o fato, mesmo sem realizar diretamente o núcleo do tipo,
PARTÍCIPE é quem concorre para o cometimento do crime, porém, sem deter o
domínio do fato e sem realizar o núcleo do tipo.

COAUTORIA – existe mais de um autor praticando o verbo do tipo, os atos de


execução podem ou não serem iguais.
PARTICIPAÇÃO – existe uma colaboração de terceira pessoa, que não pratica
o verbo do tipo, de acordo com a teoria restritiva (majoritária).

Quanto a participação, observe as regras estabelecidas pelo próprio art. 29, CP:
PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA: Pena reduzida: - 1/6 a 1/3
PARTICIPAÇÃO DE CRIME MENOS GRAVE: Aplicada a pena deste!
No caso de ser previsível o resultado mais gravoso – a pena será aumentada
de metade.

COMUNICABILIDADE
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal,
salvo quando elementares do crime.
Elementar é tudo aquilo que é fundamental para a tipificação da conduta, cuja
ausência pode provocar uma atipicidade absoluta ou uma desclassificação para
outro crime.
Se existem circunstâncias pessoais, elas só serão transmitidas a outra pessoa
(concurso de pessoas) se forem elementares do crime

479
CASOS DE IMPUTABILIDADE
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a
ser tentado.

EXERCÍCIOS

1. Segundo o Código Penal brasileiro, bem como o entendimento dos Tribunais


Superiores, sobre o concurso de pessoas,
a) se a participação no crime for de menor importância, isenta o agente da pena.
b) a pena imposta aos autores do crime será a mesma, independentemente de
um dos concorrentes participar de crime menos grave.
c) não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, ainda
quando elementares do crime.
d) o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa
em contrário, não são puníveis, se o crime não chega a ser consumado.
e) para caracterizar o concurso, basta que duas ou mais pessoas concorram
para a prática delituosa, não sendo necessária a identificação dos corréus.

2. João e Manoel, penalmente imputáveis, decidiram matar Francisco. Sem que


um soubesse da intenção do outro, João e Manoel se posicionaram de tocaia e,
concomitantemente, atiraram na direção da vítima, que veio a falecer em
decorrência de um dos disparos. Não foi possível determinar de qual arma foi
deflagrado o projétil que atingiu fatalmente Francisco. Nessa situação, João e
Manoel responderão pelo crime de homicídio na forma tentada.
Certo ( ) Errado ( )

3. De acordo com a teoria objetivo-subjetiva, o autor do delito é aquele que tem


o domínio final sobre o fato criminoso doloso.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-E
2-C
3-C

480
PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE

DETRAÇÃO PENAL
Art. 42- Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de
segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão
administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no
artigo anterior
Não cabe detração em pena de multa, pois esta não pode ser convertida em
pena privativa de liberdade.
Nem para medidas cautelares diversas da prisão.

Quanto a pena restritiva de direito, é cabível nas hipóteses de:


PRESTAÇÃO SE SERVIÇO A COMUNIDADE;
INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS;
LIMITAÇÃO DE FINS DE SEMANA.
• CUIDADO!!! A prescrição tem como base a pena aplicada na sentença,
sem a detração.

PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE


São de três espécies:
RECLUSÃO – art. 33, CP – cumprida em regime fechado, semiaberto ou
aberto
DETENÇÃO - art. 33, CP - cumprida em regime semiaberto ou aberto
PRISÃO SIMPLES – Aplicável somente as contravenções penais.

REGIME PENITENCIÁRIO
FECHADO: Estabelecimento de segurança máxima ou média.
SEMIABERTO: Colônia agrícola, Industrial ou estabelecimento similar.
ABERTO: Casa de Albergado ou estabelecimento adequado.

Súmula 440 – STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o


estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da
sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.

481
Súmula 269 STJ: “É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos
reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as
circunstâncias judicias.”

CUIDADO!!! Aqui, o regime inicial não será o fechado, mas nada impede que o
indivíduo passe a esse regime por uma regressão.

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


§ 4º - O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão
de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que
causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.

LIMITE DAS PENAS


Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode
ser superior a 40 (quarenta) anos.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

REGRAS DOS REGIMES PRISIONAIS


REGIME FECHADO: Art. 34, CP

482
EXAME CRIMINOLÓGICO - Será submetido, no início do cumprimento de pena
pana classificação e individualização
TRABALHO - período diurno.
ISOLAMENTO - período noturno
O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, nas conformidades das
aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a
execução da pena.
TRABALHO EXTERNO - admissível, em serviços ou obras públicas.

REGIME SEMIABERTO: Art. 35, CP


EXAME CRIMINOLÓGICO - Será submetido, no início do cumprimento de pena
pana classificação e individualização
TRABALHO – período diurno.
O trabalho será em comum em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento
similar.
TRABALHO EXTERNO – admissível, bem como a frequência em cursos
supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior.

REGIME ABERTO: Art. 35, CP


Autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado.
TRABALHO – o condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância,
trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada. Permanecendo
recolhido durante o período noturno e nos dias de folga.
TRANSFERÊNCIA DO REGIME ABERTO – se pratica fato definido como
crime doloso, se frustrar os fins da execução, ou se, podendo, não paga a
multa cumulativamente aplicada.

Súmula Vinculante 56: “A falta de estabelecimento penal adequado não


autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso.

483
EXERCÍCIOS

1. As penas privativas de liberdade devem ser executadas em forma progressiva,


segundo o mérito do condenado, observados determinados critérios e
ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso. Nesse
sentido, assinale a alternativa correta:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deve começar a cumpri-la em
regime semi-aberto
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não
exceda a 8 (oito), deve cumpri-la em regime fechado
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos,
poderá, desde o início, cumpri-la em regime semi-aberto
d) o condenado por crime contra a administração pública deve ter a progressão
de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que
causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais
e) ao condenado transferido para o regime disciplinar diferenciado é vedada a
realização de exame criminológico de classificação para individualização da
execução

2. É possível que réu primário portador de circunstâncias judiciais desfavoráveis


condenado à pena de quatro anos de reclusão inicie o cumprimento da
reprimenda em regime semiaberto.
Certo ( ) Errado ( )

03 - A gravidade abstrata do delito justifica o estabelecimento de regime prisional


mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, independentemente
de a pena-base ter sido fixada no mínimo legal.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-D
2-C
3-E

484
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS

Consideradas como penas alternativas ao cárcere. Quando acontece a


sentença, aplicada a pena privativa de liberdade e fixado o regime inicial de
cumprimento de pena, o juiz analisará se é caso de substituição por pena
restritiva de direitos.
Existindo os pressupostos que autorizam a substituição, o juiz, efetivamente,
deve substituir, caso contrário, deverá fundamentar sua não aplicação.

Essas são algumas das diferenças estabelecidas quanto a substituição para


crimes culposos e dolosos, porém, existem outros requisitos comuns: “A
culpabilidade, os antecedentes, a personalidade, a conduta social do
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa
substituição é suficiente”.

E o reincidente em crime doloso???


Art. 44, §3º, CP: Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a
substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja
socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da
prática do mesmo crime

DURAÇÃO DA MEDIDA – Art. 55, CP


Art. 55 - As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art.
43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado
o disposto no § 4 o do art. 46.

REGRAS DA SUBSTITUIÇÃO – Art. 44, §2º, CP


PENA DE ATÉ 1 ANO: Multa ou PRD
PENA MAIOR DO QUE 1 ANO: PRD + Multa ou PRD + PRD

485
ROL DAS PRDs – Art. 43, CP.
Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
I - prestação pecuniária;
II - perda de bens e valores;
III - limitação de fim de semana.
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V - interdição temporária de direitos;
VI - limitação de fim de semana.

Trata-se de um rol taxativo


Súmula 588 do STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher
com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a
substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.

REGRESSÃO A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE


OBRIGATÓRIA – Art. 44, §4º, CP – Descumprimento injustificado das restrições
impostas.
FACULTATIVA – Art. 44, §5º, CP – Sobrevindo condenação a pena privativa de
liberdade, por outro crime, o juiz da execução decidirá sobre a conversão,
podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena
substitutiva anterior.

EXERCÍCIOS

1. No que concerne à aplicação das penas restritivas de direitos dos arts. 43 a


48 do CP, é correto afirmar que
a) ao reincidente é vedada a substituição da privativa de liberdade.
b) o benefício não pode ser aplicado mais de uma vez no interregno de 5 (cinco)
anos ao mesmo réu.
c) a pena restritiva de direitos se converte em privativa de liberdade sempre que
ocorrer o descumprimento da restrição imposta.
d) os crimes culposos admitem sua aplicação em substituição às privativas de
liberdade, independentemente da pena aplicada.

486
e) penas privativas de até 2 (dois) anos em regime aberto podem ser substituídas
por uma multa ou por uma pena restritiva de direitos.

2. É espécie de pena de interdição temporária de direitos


a) proibição de saída temporária no regime semiaberto.
b) proibição de frequentar determinados lugares.
c) obrigação de se desculpar com a vítima do delito.
d) prestação de serviços à comunidade.
e) suspensão do direito ao indulto.

3. A reincidência em qualquer crime na modalidade dolosa impede a substituição


da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-D
2-B
3-E

487
PENA DE MULTA

Trata-se de uma pena de cunho patrimonial. Pagamento feito ao fundo


penitenciário, da quantia fixada na sentença e calculada em dias multa.

FASES DA APLICAÇÃO DA PENA DE MULTA


1º FASE - art. 49, CP: fixar o percentual de dias-multa, será de 10 a 360,
obedecendo as fases de dosimetria da pena do art. 68.
2ºFASE – art. 49, §1º, CP: fixar o valor de dias-multa, será de 1/30 até 5 vezes
o salário mínimo, observando as condições econômicas do réu.
3º FASE – art. 60, §1º, CP: o valor poderá ser aumentado até o triplo, se o juiz
considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora
aplicada no máximo

SÚMULA 693, STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a
pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena
pecuniária seja a única cominada.

PAGAMENTO DA MULTA – art. 50, CP


Art. 50- A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em
julgado a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias,
o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais.
Esse requerimento de parcelamento deverá ser solicitado, antes de esgotado o
prazo para o pagamento.

PAGAMENTO COM DESCONTO – art. 50, §1º, CP


§ 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento
ou salário do condenado quando:
a) aplicada isoladamente;
b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos;
c) concedida a suspensão condicional da pena.
§ 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento
do condenado e de sua família

488
EXECUÇÃO DA PENA DE MULTA
Art. 51 -Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada
perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis
as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne
às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019)
Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida
de valor, aplicando-se-lhe as normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública, inclusive em relação às causas interruptivas e suspensivas da
prescrição, não se permitindo a conversão de pena de multa em detenção
pela ausência de pagamento.

SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO DA MULTA


Art. 52- É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao condenado
doença mental.

PRESCRIÇÃO DA PENA DE MULTA


Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade,
quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou
cumulativamente aplicada.

EXERCÍCIOS

1. O critério judicial legalmente estabelecido para a fixação da pena


pecuniária, na Parte Geral do Código Penal, vincula o juiz à observância,
preponderantemente quanto

a) aos danos sociais provocados pelo crime.


b) à situação econômica do réu.
c) à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do
agente e aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime.
d) à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do
agente e ao prejuízo sofrido pela vítima.
e) às consequências do crime para a vítima.

489
2. A prescrição da pena de multa ocorrerá em 3 anos, quando a multa for a única
cominada ou aplicada
Certo ( ) Errado ( )

3. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada


perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, podendo
ocorrer a sua conversão em pena privativa de liberdade, caso haja inadimplência
de forma injustificada.

Certo ( ) Errado ( )

Gabarito

1-B
2-E
3-E

CONCURSO DE CRIMES

Aqui, eu não tenho mais a figura de várias pessoas cometendo um ou mais


crimes, tenho a figura de uma pessoa cometendo um ou mais crimes.
O concurso de crimes ocorre quando o agente pratica inúmeros crimes mediante
uma ou mais condutas, pode ser de três espécies:

CONCURSO MATERIAL – art. 69, CP


“Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas
privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa
de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena
privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será
incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código

490
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado
cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente
as demais.”

O agente mediante + de 1 ação/omissão, praticou + de 1 crime = SISTEMA


DO CÚMULO MATERIAL: As penas serão somadas.
Se os crimes praticados forem iguais, chamaremos de concurso material
homogêneo, porém, se distintos, chamaremos de concurso material
heterogêneo. Se imposta pena de detenção em relação a um crime e de
reclusão em relação ao outro, será executada primeiramente a de reclusão.
Só poderei aplicar PRD em relação a um dos crimes se também foi aplicada em
relação ao outro, ou, em caso de aplicação de PPL, esta foi suspensa (§ 1º).
Posso simultaneamente cumprir PRD desde que compatíveis.

CONCURSO FORMAL/ IDEAL – art. 70, CP


Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes, idênticos ou não, aplica-se lhe mais grave das penas cabíveis ou,
se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto
até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou
omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos,
consoante o disposto no artigo anterior.
Parágrafo único: NÃO poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do
art. 69 deste Código.
O agente mediante 1 ação/omissão, praticou + de 1 crime. Se os crimes
praticados forem iguais, chamaremos de concurso formal homogêneo, porém,
se distintos, chamaremos de concurso formal heterogêneo.
Concurso formal pode ser dividido em perfeito e imperfeito:

PERFEITO: 1° parte do artigo 70 – não deriva de desígnios autônomos, o


agente não quis mais de um resultado – SISTEMA DA EXASPERAÇÃO: Aplico
apenas umas das penas, se iguais e a mais grave, se distintas, aumentando em
qualquer caso de 1/6 até metade.

IMPERFEITO: 2° parte do artigo 70 – deriva de desígnios autônomos e a ação


ou omissão é dolosa. – SISTEMA DO CÚMULO MATERIAL: Não existe
diferença se as penas são iguais ou distintas, somarei todas elas

491
O sistema de Exasperação não poderá ser mais prejudicial ao réu do que o
sistema de Cúmulo Material, quando isso ocorrer, usarei o cúmulo material e o
denominarei de SISTEMA DE CÚMULO MATERIAL BENÉFICO.

CRIME CONTINUADO – art. 71, CP.


“Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar,
maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser
havidos como continuação do primeiro, aplicasse-lhe a pena de um só dos
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer
caso, de um sexto a dois terços.
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com
violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes,
se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do
parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.”
Modalidade de concurso de crimes em que o agente mediante diversas
condutas, pratica vários crimes, mas se preenchidos os requisitos
estabelecidos, essas condutas ensejarão crime único.

REQUISITOS DO CRIME CONTINUADO GENÉRICO/ SIMPLES- (caput do


art. 71)
• CRIMES DA MESMA ESPÉCIE
• MESMA CONDIÇÃO DE TEMPO
• MESMA CONDIÇÃO DE LUGAR
• MESMA MANEIRA DE EXECUÇÃO
• ELEMENTO SUBJETIVO
O crime continuado pode ainda ser ESPECÍFICO – previsto no parágrafo único
do art. 71, CP. Alguns requisitos devem ser seguidos para a sua configuração

REQUISITOS DO CRIME CONTINUADO ESPECÍFICO - (parágrafo único do


art. 71)
• REQUISITOS DO CAPUT DO ART. 71
• CRIMES DOLOSOS
• VÍTIMAS DIFERENTES
• VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA

492
Em todos os casos, o sistema adotado é o SISTEMA DA EXASPERAÇÃO, a
distinção será relacionada ao quantum de aumento de pena.

CRIME CONTINUADO GENÉRICO/SIMPLES: Mais grave das penas se


diversas/ uma delas se iguais --- +1/6 a 2/3.
CRIME CONTINUADO ESPECÍFICO: Mais grave das penas se diversas/ uma
delas se iguais --- + Até o triplo

EXERCÍCIOS

1. O concurso formal de crimes ocorre quando


a) o agente pratica dois ou mais crimes mediante uma só ação ou omissão.
b) as circunstâncias pessoais do crime se comunicam aos coautores.
c) a sentença aplica pena privativa de liberdade e pena de multa para o mesmo
crime.
d) praticam-se dois ou mais crimes, mediante mais de uma ação ou omissão.
e) um crime é praticado por duas ou mais pessoas previamente ajustadas para
tanto.

2. A pena, no concurso formal imperfeito de crimes, onde há desígnios


autônomos do agente em ação ou omissão dolosa, deverá ser
a) aumentada do dobro.
b) aumentada de 1/3 (um terço) a 1/2 (metade).
c) aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/2 (metade).
d) aplicada cumulativamente, consoante a regra do artigo 69 do CP.
e) aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços).

3. No concurso formal, caso o agente tenha praticado dois crimes mediante uma
ação dolosa, devem-se aplicar cumulativamente as penas se os crimes
concorrentes resultarem de desígnios autônomos.
Certo ( ) Errado ( )

493
Gabarito
1-A
2-D
3-C

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA

Depois de aplicada a pena privativa de liberdade e fixado o seu regime inicial, o


juiz analisará a possibilidade da substituição por restritiva de direitos. Caso não
seja possível a substituição, devem ser analisadas as possibilidades de
aplicação da suspensão condicional da pena (sursis).
REQUISITOS DO SURSIS – Art. 77, CP
Art. 77- A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois)
anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
a) o condenado não seja reincidente em crime doloso;
b) a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do
agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do
benefício;
c) Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.
Requisitos que devem ser preenchidos cumulativamente.

SURSIS ETÁRIO OU PROFILÁTICO - Art. 77, §2º, CP


§2º - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos,
poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja
maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão.
Difere-se da modalidade anterior apenas pela quantidade de pena imposta e
pelo período de provas. As condições necessárias do “cáput” do artigo, são as
mesmas.

SURSIS ESPECIAL – Art. 78, §2º, CP


§ 2º- Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-

494
lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente
favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas
seguintes condições, aplicadas cumulativamente:
a) proibição de frequentar determinados lugares;
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar
e justificar suas atividades.
Nesse caso, necessito que a pena imposta não seja superior a 2 anos, período
de provas estabelecido entre 2 a 4 anos, reparado o dano, salvo a
impossibilidade de fazê-lo, e presentes as circunstâncias do art. 59 de forma
totalmente favoráveis.

REVOGAÇÃO DO SURSIS – Art. 81, CP


Art. 81- A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário :
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem
motivo justificado, a reparação do dano; III- descumpre a condição do § 1º do
art. 78 deste Código.

Revogação facultativa
§ 1º- A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer
outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou
por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.

PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE PROVAS - Art. 81, §2º e §3º, CP


§ 2º- Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção,
considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo.

495
3º- Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar
o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado.

No caso do §2º, a prorrogação será automática, independe de ordem judicial, já


no §3º, a prorrogação deverá ser decidida pelo juiz

EXTINÇÃO – Art. 82, CP


Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta
a pena privativa de liberdade.

EXERCÍCIOS

1. O benefício da suspensão condicional da pena — sursis penal —


a) pode ser concedido a condenado a pena privativa de liberdade, desde que
esta não seja superior a quatro anos e que aquele não seja reincidente em crime
doloso.
b) é cabível nos casos de crimes praticados com violência ou grave ameaça,
desde que a pena privativa de liberdade aplicada não seja superior a dois anos.
c) pode estender-se às penas restritivas de direitos e à de multa, casos em que
se suspenderá, também, a execução dessas penas.
d) deverá ser, obrigatoriamente, revogado no caso da superveniência de
sentença condenatória irrecorrível por crime doloso, culposo ou contravenção
contra o beneficiário.
e) impõe que, após o cumprimento das condições impostas ao beneficiário, seja
proferida sentença para declarar a extinção da punibilidade do agente.

2. A revogação da suspensão condicional da pena é facultativa no caso de ser o


agente irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a
pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.
Certo ( ) Errado ( )

3. Somente a pena privativa de liberdade admite o sursis, não sendo cabível o


instituto nas penas restritivas de direitos e na pena pecuniária.
Certo ( ) Errado ( )

496
Gabarito
1-B
2-C
3-C

LIVRAMENTO CONDICIONAL

Advém do sistema progressivo e consiste na liberdade antecipada concedida


ao indivíduo que cumprir seus requisitos, e será condicionado a algumas
exigências quanto ao tempo restante de cumprimento de pena.

REQUISITOS DO LIVRAMENTO CONDICIONAL


Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena
privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em
crime doloso e tiver bons antecedentes;
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;
III - comprovado: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
a) bom comportamento durante a execução da pena; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses; (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado
pela infração; (Redação dada pela Lei nº 7.209 , de 11.7.1984)
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime
hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico
de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes
dessa natureza.
Parágrafo único- Para o condenado por crime doloso, cometido com violência
ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também
subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o

497
liberado não voltará a delinquir.

REQUISITOS OBJETIVOS:
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE IGUAL OU SUPERIOR A 2 ANOS;
TER REPARADO O DANO (salvo impossibilidade)

TER CUMPRIDO:
+ 1/3 DA PENA – Não reincidente em crime doloso ou portador de bons
antecedentes;
+1/2 DA PENA – Se for reincidente
+2/3 DA PENA – Tratando-se de crime hediondo ou equiparado, tráfico de
pessoas, desde que o agente não seja reincidente específico em crime desta
natureza

NÃO COMETIMENTO DE FALTA GRAVE NOS ÚLTIMOS 12 MESES


➢ Falta grave interrompe o prazo para o livramento condicional???
Não, poderá interromper o prazo para a progressão de regime – súmula 534,
STJ, mas não para o livramento condicional por falta de previsão legal. Praticada
a falta grave nos 12 meses anteriores a sua pretensão, o prazo para o benefício
não recomeça.

REQUISITOS SUBJETIVOS:
• bom comportamento durante a execução da pena;
• tenha aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho
honesto;
• bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído;
• nos crimes previstos na lei de crimes hediondos, não seja reincidente
específico

SOMA DAS PENAS – Art. 84, CP


Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para
efeito do livramento.
O art. 83, estabelece que será aplicado o livramento condicional a pena privativa
de liberdade igual ou superior a 2 anos, para que seja atingido esse limite

498
mínimo, o art. 84 autoriza as somas das infrações diversas, mesmo que
aplicadas em processos distintos.
REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA – Art. 86, CP
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena
privativa de liberdade, em sentença irrecorrível:
I - por crime cometido durante a vigência do benefício;
II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código

A condenação a pena restritiva de direito ou a de multa NÃO GERA a


revogação do benefício.

REVOGAÇÃO FACULTATIVA – Art. 87, CP


Art. 87- O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de
cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for
irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja
privativa de liberdade

EFEITOS DA REVOGAÇÃO – Art.88, CP


Art. 88- Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo
quando a revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele
benefício, não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o condenado
A revogação poderá ser determinada de ofício pelo juiz, ouvido o liberado – art.
730, CPP.

EXERCÍCIOS

1. Consoante prescreve o Código Penal, é incorreto afirmar sobre o livramento


condicional:
a) O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa
de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que cumpridos mais de
metade da pena, nos casos de condenação por crime hediondo.
b) O juiz poderá revogar o livramento se o liberado deixar de cumprir qualquer
das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por
crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade.

499
c) Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo
quando a revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele
benefício, não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o condenado.
d) O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a
sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na
vigência do livramento.

2. O condenado por crime hediondo, prática de tortura, terrorismo ou tráfico ilícito


de entorpecentes e drogas afins poderá obter livramento condicional, desde que
cumpridos mais de dois terços da pena e desde que não seja reincidente
específico em crimes dessa natureza.
Certo ( ) Errado ( )

3. O condenado pela prática de crime de tortura, por expressa previsão legal,


não poderá ser beneficiado por livramento condicional, se for reincidente
específico em crimes dessa natureza.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-A
2-C
3-C

500
MEDIDA DE SEGURANÇA

Destina-se ao tratamento do inimputável e do semi-imputável que apresentam


periculosidade. Possui duração máxima indeterminada. Obedece ao
princípio da legalidade.

PRÁTICA DE UM ILÍCITO PENAL + PERICULOSIDADE + PUNIBILIDADE


NÃO EXTINTA

ESPÉCIES DE MEDIDA DE SEGURANÇA


Art. 96. As medidas de segurança são:
I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em
outro estabelecimento adequado;
II - sujeição a tratamento ambulatorial.
Parágrafo único. Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança
nem subsiste a que tenha sido imposta.

INCISO I: Medida de segurança DETENTIVA. Aplicada aos crimes punidos com


RECLUSÃO
INCISO II: Medida de segurança RESTRITIVA. Aplicada aos crimes punidos
com DETENÇÃO
Obs: STF e STJ já tem admitido de forma excepcionalmente, o tratamento
ambulatorial aos crimes punidos com reclusão.

PRAZO – Art. 96, §1º, CP


§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado,
perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação
de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos
§ 2º- A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá
ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da
execução
Observe que a medida de segurança ocorre por tempo indeterminado,
existindo, porém, um prazo mínimo, que é de 1 a 3 anos. Após esse prazo
mínimo, o condenado deverá realizar a primeira perícia. Após a realização
dessa primeira perícia, ocorrerão as próximas de ano em ano, ou sempre que
determinar o juiz da execução.

501
SISTEMA VICARIANTE: a medida de segurança não poderá ser aplicada ao
mesmo tempo com a pena privativa de liberdade.
SÚMULA 527, STJ: "O tempo de duração da medida de segurança não deve
ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito
praticado."
Para evitar a prisão perpétua, o STF entende ainda que deve ser obedecido o
limite estabelecido no art. 75, CP, ou seja, de 40 anos.

Súmula 525 STF: “A medida de segurança não será aplicada em segunda


instância, quando só o réu tenha recorrido."

DESINTERNAÇÃO OU LIBERAÇÃO CONDICIONAL – Art. 97, §3º, CP.


§ 3º- A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser
restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano,
pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade
§ 4º- Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a
internação do agente, se essa providência for necessária para fins curativos.
Cessada a periculosidade, o juiz determinará a desinternação ou liberação do
indivíduo, e, em seguida, determinará as condições do livramento condicional.
Essa liberação ou desinternação ficará em análise por um período de um ano,
se nesse período o agente pratica fato que indica a persistência de sua
periculosidade, que não necessita ser um crime, a situação anterior será
reestabelecida.

SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR MEDIDA DE


SEGURANÇA PARA SEMI-IMPUTÁVEIS
Art. 98- Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando
o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode
ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo
de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º.
IMPUTÁVEL: Cumprir pena
INIMPUTÁVEL: Medida de segurança
SEMI-IMPUTÁVEL: Pena ou medida de segurança, a depender do caso.

502
EXERCÍCIOS

1. Levando-se em conta o instituto da Medida de Segurança, assinale a


alternativa correta.
a) Tendo em vista as suas especificidades, a medida de segurança poderá durar
perpetuamente.
b) Havendo recurso apenas por parte da acusação, fica vedado ao Tribunal de
Justiça aplicar a Medida de Segurança.
c) A duração da medida de segurança está limitada ao quantum mínimo de pena
privativa de liberdade cominada ao delito praticado.
d) Havendo recurso apenas por parte da defesa, fica vedado ao Tribunal de
Justiça aplicar a Medida de Segurança.
e) O período de reavaliação da medida de segurança é de no mínimo 2 e no
máximo 5 anos.

2. Lúcio, inimputável por doença mental, após três anos de internação em


hospital de custódia, foi liberado pelo juiz da execução, em decorrência de
parecer favorável da perícia médica da instituição. Depois de sete meses da
liberação, Lúcio foi detido novamente pela prática de conduta delitiva de natureza
sexual.
Nesse caso, o restabelecimento da internação
a) é cabível, porque o novo fato delituoso ocorreu antes de completado um ano
da liberação, que é condicional.
b) não é cabível, porque a liberação foi regular e transitou em julgado antes da
ocorrência do novo fato delituoso.
c) não é cabível, porque o novo fato delituoso ocorreu mais de seis meses após
a liberação.
d) é cabível, porque a liberação é incondicional e não depende da ocorrência de
novo fato delituoso a qualquer tempo

3. Bruna, de vinte e quatro anos de idade, processada e julgada pela prática do


crime de latrocínio, foi absolvida ao final do julgamento, por ter sido considerada
inimputável, apesar de sua periculosidade. Nessa situação, mesmo tendo Bruna
sido absolvida, o juiz pode impor-lhe medida de segurança.
Certo ( ) Errado ( )

503
Gabarito
1-D
2-A
3-C

DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

HOMICÍDIO – Art. 121, CP


A conduta de tirar a vida de alguém se amolda a figura típica do Homicídio, ou
seja, estará consumado com a realização do verbo “matar” uma pessoa humana.

BEM JURIDICAMENTE TUTELADO: Vida extrauterina


SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa – crime comum
CONSUMAÇÃO: Morte – parada total das funções encefálicas. Admite a
modalidade tentada
CRIME OMISSIVO/COMISSIVO – pode ser praticado por ação ou omissão
(omissão imprópria)
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo ou culpa
AÇÃO PENAL – Pública Incondicionada

HOMICÍDIO SIMPLES – “caput” do art. 121, CP Art. 121. Matar alguém:


Pena: reclusão, de seis a vinte anos.

Homicídio simples pode ser considerado CRIME HEDIONDO???


Apenas se praticado em ação típica de grupo de extermínio, ainda que por um
só agente (homicídio condicionado). A regra é que o homicídio simples NÃO é
considerado crime hediondo.
➢ Categoria residual, será simples quando não for qualificado.
Inicia-se o homicídio com o início do parto, ou seja, início da vida extrauterina.
STJ entende ser desnecessário que o nascituro respire, desde que presentes
outros elementos que comprovem a vida. A análise de viabilidade de vida da
vítima também é desnecessária.

504
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO – Art. 121, § 1º, CP
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social
ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

RELEVANTE VALOR MORAL: interesse subjetivo do autor


RELEVANTE VALOR SOCIAL: interesse de toda a sociedade
DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO LOGO EM SEGUIDA A INJUSTA
PROVOCAÇÃO DA VÍTIMA: impulso imediato à provocação da vítima, crime
em curto circuito, é incompatível com a premeditação, se o agente está apenas
sob a influência de violenta emoção – atenuante do art. 65, III, “c”, CP.

Homicídio privilegiado NÃO É CONSIDERADO CRIME HEDIONDO.


Causas de diminuição do homicídio privilegiado são circunstâncias subjetivas,
não se comunicam em concurso de pessoas (art. 30, CP).

HOMICÍDIO QUALIFICADO – Art. 121, § 2º, CP


§ 2º Se o homicídio é cometido:
I - Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - Por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V - Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104,
de 2015)
I - Contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei
nº 13.104, de 2015)
II – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)

505
Pena - reclusão, de doze a trinta anos
§ 2°-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o
crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
I - Violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - Menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluído pela Lei nº
13.104, de 2015)

PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA, OU POR OUTRO MOTIVO


TORPE: homicídio mercenário – a paga ou promessa de recompensa não se
comunica automaticamente para o mandante e para o mandado. Motivo torpe é
aquele motivo repugnante, a valoração sempre se dá pela análise do caso
concreto.

MOTIVO FÚTIL: motivo pequeno, desproporcional, banal.

EMPREGO DE VENENO, FOGO, EXPLOSIVO, ASFIXIA, TORTURA OU


OUTRO MEIO INSIDIOSO OU CRUEL, OU QUE POSSA RESULTAR EM
PERIGO COMUM: meio insidioso é aquele que sai da esfera de conhecimento
da vítima, é oculto. Cruel é aquele que aumenta, sem necessidade, o sofrimento
da vítima.

TRAIÇÃO, EMBOSCADA, DISSIMULAÇÃO OU OUTRO RECURSO QUE


DIFICULTE OU TORNE IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO: na traição,
há uma relação de confiança entre autor e vítima.

PARA ASSEGURAR A EXECUÇÃO, OCULTAÇÃO, IMPUNIDADE OU


VANTAGEM DE OUTRO CRIME: homicídio qualificado pela conexão teológica
ou consequencial.

FEMINICÍDIO: por razões de condição de ser do sexo feminino (§2°- A, CP) ou


que englobam caso de violência doméstica.

HOMICÍDIO FUNCIONAL: quando praticados contra os agentes abaixo


descritos, no exercício da função ou em razão dela, ou contra seu cônjuge /
companheiro ou parentes consanguíneos até 3° grau em razão dessa condição.

506
• Contra pessoa menor de 14 anos ou maios de 60 anos
• Contra pessoa deficiente ou portador de doença degenerativa
• Na presença de ascendente ou descendente
• Em descumprimento de medida protetiva e urgência.

Também podem ser vítimas os guardas municipais e os agentes de


segurança viária. Também foram mencionados no art. 144, CF, nos §8° e §9°
São excluídos os aposentados e os parentes por afinidade.

HOMICÍDIO QUALIFICADO-PRIVILEGIADO!
➢ É possível desde que a qualificadora seja de ordem objetiva, ou seja,
quanto aos meios e modos de execução. O privilegio afasta a hediondez.

HOMICÍDIO CULPOSO – Art. 121, § 3º, CP


§ 3º Se o homicídio é culposo
Pena - detenção, de um a três anos.

Deriva da Imprudência, Imperícia ou Negligencia.

IMPORTANTE!!! Homicídio Culposo na direção de veículo automotor será


punido de acordo com o art. 302, CTB, e não com base no CP.

507
AUMENTO DE PENA

HOMICÍDIO CULPOSO – art. 121, § 4º CP


• Inobservância das regras técnicas de profissão, arte ou ofício
• Omissão de socorro ou não procura minimizar as consequências de seus
atos +1 / 3
• Foge para evitar flagrante

HOMICÍDIO DOLOSO - Art. 121, §§4°, 6° e 7°, CP


• Contra menor de 14 anos ou maior de 60 anos. (§4°): +1/3
• Praticado por milícia privada ou por grupo de extermínio (§6°): +1 /3 até a
metade
• Feminicídio (§7°): +1 /3 até a metade

PERDÃO JUDICIAL – Art. 121, § 5º, CP


§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena,
se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave
que a sanção penal se torne desnecessária.

Causa de extinção da punibilidade (art. 107, IX, CP) – É exigido um insuportável


abalo físico ou emocional por parte do autor, é exigido um vínculo afetivo prévio
entre os envolvidos.

Súmula 18 STJ: “A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da


extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.

INFANTICÍDIO – Art. 123, CP


Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o
parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos
BEM JURÍDICO TUTELADO: Vida extrauterina
SUJEITO ATIVO: Apenas a mãe – crime próprio (bipróprio)
CONSUMAÇÃO: Morte. Admite a modalidade tentada.
CRIME OMISSIVO/COMISSIVO – Pode ser praticado por ação ou omissão
(omissão imprópria)

508
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo
AÇÃO PENAL – Pública Incondicionada

EXERCÍCIOS

1. Assinale, dentre as alternativas a seguir, a única que NÃO majora de 1/3 até
a metade a pena para o autor do delito de feminicídio.
a) Praticar o crime nos 5 meses posteriores ao parto.
b) Praticar o crime contra pessoa menor de 14 anos.
c) Praticar o crime contra pessoa com deficiência.
d) Praticar o crime na presença física ou virtual de descendente ou de
ascendente da vítima
e) Praticar o crime contra pessoa maior de 60 anos.

2. Sobre o Crime de Homicídio, assinale a alternativa INCORRETA


a) Se o agente age sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, ele comete homicídio privilegiado.
b) Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada se o crime é praticado contra
pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) ano.
c) No homicídio culposo, a pena é aumentada, se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa
de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do
seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante.
d) O perdão judicial pode ser aplicado em caso de homicídio culposo ou
privilegiado.
e) A pena do feminicídio é aumentada se o crime for praticado na presença de
descendente ou de ascendente da vítima.

3 - Considere que uma mulher, logo após o parto, sob a influência do estado
puerperal, estrangule seu próprio filho e acredite tê-lo matado. Entretanto, o
laudo pericial constatou que, antes da ação da mãe, a criança já estava morta
em decorrência de parada cardíaca. Nessa situação, a mãe responderá pelo
crime de homicídio, com a atenuante de ter agido sob a influência do estado
puerperal.
Certo ( ) Errado ( )

509
Gabarito
1-A
2-D
3-E

INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO OU


A AUTOMUTILAÇAO

Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou


prestar-lhe auxílio material para que o faça:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.

IMPORTANTE!!! NOVIDADE...
A primeira alteração operada, no preceito primário, foi a inclusão da figura da
participação em automutilação. Isto é, também passa a ser típica a conduta de
instigar, induzir ou auxiliar alguém a praticar a automutilação, anteriormente, não
havia essa previsão de forma expressa.

Autolesão passa a ser punida???


Pelo princípio da alteridade, não posso punir condutas que não ultrapasse a
figura do próprio agente, o que se pune é a instigação, o auxílio ou o induzimento.
No preceito secundário, existem alterações referentes a não necessidade de
resultado naturalístico
para que haja punição. Com isso, o crime passa a admitir a modalidade tentada.

FORMA QUALIFICADA – Art. 122, §§ 1° E 2°, CP


§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de
natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste
Código:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.

510
§2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: Pena -
reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

Antes da alteração pela Lei 13.968/2019, o artigo 122 só estabelecia pena no


caso de o suicídio se consumar ou de a tentativa de suicídio resultar lesão
corporal de natureza grave. Atualmente, essas condutas ensejarão a incidência
da qualificadora.

FORMA MAJORADA – Art. 122, §3º, CP


§ 3º A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de
resistência.

Nessa modalidade, com a nova redação, foram incluídas, como causas de


aumento de pena:
• Motivo Torpe
• Motivo Fútil.

NOVA FORMA MAJORADA – Art. 122, §§ 4° E 5°, CP


§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede
de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo
ou de rede virtual.
Lembre-se que a pena só será aumentada se a conduta do agente for voltada
contra pessoa determinada.

CONDUTA RESULTA CRIME MAIS GRAVE – Art. 122, §§ 6° E 7°, CP


§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de
natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra
quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode
oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129
deste Código.

511
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14
(quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência,
responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste
Código.”

ABORTO – Art. 124 ao 128, CP


✓ ABORTO NATURAL/ ACIDENTAL – não é punido
✓ ABORTO CRIMINOSO – punível
✓ ABORTO LEGAL/ PERMITIDO – não é punível

ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE OU COM O SEU


CONSENTIMENTO – art. 124, CP
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.
É um crime de mão própria, admitindo apenas a figura da participação. Para o
terceiro ser partícipe, não pode praticar atos executórios.

AUTOABORTO (1° parte): a própria gestante realiza o aborto, com o sem


participação de terceira pessoa.
ABORTO CONSENTIDO (2° parte): a gestante não realiza manobras abortivas
em si mesma, mas permite que terceira pessoa faça. Se o agente praticar atos

512
executórios, responderá pelo art. 126, CP. Exceção pluralista a teoria monista
do concurso de pessoas.

ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO – art. 125, CP


Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão,
de três a dez anos.
O feto e a gestante são vítimas desse crime. Admite participação e coautoria.

ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO COM O CONSENTIMENTO DA


GESTANTE– art. 126, CP
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior
de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido
mediante fraude, grave ameaça ou violência.

A gestante que consentiu, responderá pelo 124, e o terceiro pelo 126.

Pode ocorrer a hipótese de a gestante consentir para o aborto, porém, se ela se


enquadra nas hipóteses do parágrafo único, é como se não houvesse
consentido, respondendo assim pela pena no art. 125, os casos são:
• gestante menor de 14 anos
• alienada ou débil mental
• consentimento obtido através de fraude, grave ameaça ou violência

FORMA QUALIFICADA – art. 127, CP


Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de
um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para
provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas,
se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Aplicada apenas aos artigos 125 e 126. Não se aplica ao artigo 124, CP.
Lesões leves são absolvidas pelo aborto.

513
ABORTO PERMITIDO – art. 128, CP
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez
resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

ABORDO NECESSÁRIO: praticado por médico para salvar a vida da gestante.


Não necessita de autorização judicial, enfermeiro pode praticar e alegar estado
de necessidade ou inexigibilidade de conduta diversa.
ABORTO HUMANITÁRIO/ SENTIMENTAL: decorrente de estupro, apenas o
médico pode praticar
ABORTO ANENCÉFALO: ADPF: 54, aplicável
ABORTO NO PRIMEIRO TRIMESTRE: jurisprudência do STF em um único
caso – Inter partes.

EXERCÍCIOS

1. Ana, após realizar exame médico, descobriu estar grávida. Estando convicta
de que a gravidez se deu em decorrência da prática de relação sexual
extraconjugal que manteve com Pedro, seu colega de faculdade, e temendo por
seu matrimônio decidiu por si só que iria praticar um aborto. A jovem comunicou
a Pedro que estava grávida e pretendia realizar um aborto em uma clínica
clandestina. Pedro, por sua vez, procurou Robson, colega que cursava medicina,
e o convenceu a praticar o aborto em Ana. Assim, alguns dias depois de
combinar com Pedro, Robson encontrou Ana e realizou o procedimento de
aborto.
Sobre a questão apresentada, é correto afirmar que a conduta de Ana se amolda
ao crime previsto no
a) art. 124, segunda parte, do Código Penal (consentimento para o aborto).
Robson, por sua vez, tem sua conduta subsumida ao crime previsto no art. 126,
do Código Penal (aborto provocado por terceiro com consentimento). Já Pedro
responderá como partícipe no crime de Robson.
b) art. 124, segunda parte, do Código Penal (consentimento para o aborto).
Robson, por sua vez, tem sua conduta subsumida ao crime previsto no art. 124,
segunda parte, do Código Penal. Já Pedro responderá como partícipe no crime
de Ana.

514
c) art. 125, segunda parte, do Código Penal (consentimento para o aborto).
Robson, por sua vez, tem sua conduta subsumida ao crime previsto no art. 124
do Código Penal (aborto provocado por terceiro sem consentimento). Já Pedro
responderá como partícipe no crime de Robson.
d) art. 124, primeira parte, do Código Penal (autoaborto). Robson, por sua vez,
tem sua conduta subsumida ao crime previsto no art. 126 do Código Penal
(aborto provocado por terceiro com consentimento). Já Pedro responderá como
partícipe no crime de Ana.
e) art. 126, primeira parte, do Código Penal (autoaborto). Robson, por sua vez,
tem sua conduta subsumida ao crime previsto no art. 124 do Código Penal
(aborto provocado por terceiro com consentimento). Já Pedro responderá como
participe no crime de Ana.

2. A pena do crime de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio ou a


automutilação é aumentada de metade se o crime é praticado por motivo
egoístico, torpe ou fútil
Certo ( ) Errado ( )

3. José, inconformado com o fato de sua irmã Marta ter engravidado, e temendo
“falatórios”, decide entregar a ela um copo de suco contendo substância abortiva,
ao ingerir a bebida, Marta passa mal e acaba perdendo a criança. Nesse caso,
José praticou o crime de aborto provocado por terceiro, previsto no art. 125, CP
Certo ( ) Errado ( )

4. Com a inovação trazida pela Lei 13.968/19, existe agora a possibilidade de


punição da autolesão, conforme o art. 122, CP.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-A
2-E
3-C
4-E

515
DAS LESÕES CORPORAIS

LESÃO CORPORAL – Art.129, CP


Estará configurado o crime de lesão corporal sempre que houver ofensa a
integridade corporal ou a saúde de outra pessoa.
A autolesão, em regra, não é punida (princípio da alteridade).

LESÃO CORPORAL LEVE – Art. 129, “caput”, CP.


Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

Possui conceito residual, feito por exclusão, sempre que a lesão não se
enquadrar em nenhuma das modalidades do art. 129, será simples.
É um crime de menor potencial ofensivo.

Ação Penal Pública Condicionada a Representação (art. 88 da Lei 9.099/95)


• CUIDADO!!! Tratando-se de Lesão Corporal no âmbito de Lei Maria da
Penha, a ação será sempre pública incondicionada (art. 41, da Lei
11.340/06)

LESÃO CORPORAL GRAVE – Art. 129, §1°, CP.


§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.

Ação Penal Pública Incondicionada

516
LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA – Art. 129, §2°, CP.
§ 2º Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos

A expressão “lesão corporal gravíssima” é doutrinária, você não encontrará


essa nomenclatura no Código Penal.

Ação Penal Pública Incondicionada


Crime Hediondo???
A lesão corporal gravíssima será considerada como CRIME HEDIONDO
quando praticada contra autoridades ou agentes descritos nos artigos. 142 e
144, CF, Integrantes do Sistema Prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em razão dela, ou contra o seu cônjuge ou
companheiro, ou parentes consanguíneos até o 3° grau.

LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE – Art. 129, §3°, CP


§ 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o
resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Crime Preterdoloso – O agente tem dolo da lesão e culpa no resultado morte.


• Se houver dolo na morte, o agente deverá responder pelo homicídio.
• Se houver culpa na lesão e na morte, o agente responde por homicídio
culposo.
• Se houver vias de fato seguida de morte, o agente responde por
homicídio culposo.

517
Ação Penal Pública Incondicionada
Crime Hediondo???
A lesão corporal seguida de morte será considerada como CRIME
HEDIONDO quando praticada contra autoridades ou agentes descritos nos arts.
142 e 144, CF, Integrantes do Sistema Prisional e da Força Nacional de
Segurança Pública, no exercício da função ou em razão dela, ou contra o seu
cônjuge ou companheiro, ou parentes consanguíneos até o 3° grau.

LESÃO CORPORAL CULPOSA – Art. 129, §6°, CP


§ 6º Se a lesão é culposa: Pena - detenção, de dois meses a um ano.

A lesão culposa não será dividida em grave ou gravíssima.


Decorre da Imperícia, Imprudência ou Negligência.
• CUIDADO!!! Quando praticada na direção de veículo automotor, será
aplicado o art. 303 do CTB.

Se a lesão culposa tem como resultado a morte, também culposa, o agente


responderá pelo homicídio culposo.
Ação Penal Pública Condicionada a Representação (art. 88 da Lei 9.099/95)

Tratando-se de Lesão Corporal no âmbito de Lei Maria da Penha, a ação será


sempre pública incondicionada (art. 41, da Lei 11.340/06)

DECORRENTE DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – Art. 129, §9°, CP


§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.

518
Configura-se quando a lesão é praticada contra:

Ação Penal Pública Incondicionada


AUMENTO DE PENA:
• Se a vítima for pessoa portadora de deficiência, a pena: + 1/3 (art. 129,
§ 11, CP). AUMENTO DE PENA:
• Se a lesão foi grave, gravíssima ou seguida de morte: + 1/3 (art. 129, §
10, CP).

DIMINUIÇÃO DE PENA - LESÃO DOLOSA – Art. 129, §4°, CP


§ 4º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social
ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Causas de diminuição de pena aplicável somente à lesão leve, grave,


grassíssima e seguida de morte – não posso aplicá-la à lesão culposa nem a
decorrente de violência doméstica. Por serem circunstâncias de natureza
subjetiva, são incomunicáveis as demais pessoas (art. 30, CP).

SUBSTITUIÇÃO DA PENA – Art. 129, §5°, CP


§ 5º O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de
detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.

Aplicável apenas à lesão corporal leve.

519
PERDÃO JUDICIAL – Art. 129, §8°, CP
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121, CP

Aplicado à lesão culposa, quando as consequências do crime atingem o agente


de forma tão grave que a pena se torna desnecessária.

Causa de extinção da punibilidade (art. 107, IX e Súmula 18, STJ).

CAUSAS DE AUMENTO DE PENA – LEVE, GRAVE, GRAVÍSSIMA E


SEGUIDA DE MORTE Art. 129, §§7° e 12, CP
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142
e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela,
ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau,
em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços
• É a denominada LESÃO CORPORAL FUNCIONAL, ocorre quando
praticada em detrimento:

NO EXERCICIO DA FUNÇÃO OU RAZÃO DELA


• AGENTES DOS ARTS. 142 E 144, CF
• SISTEMA PRISIONAL
• FORÇA NACIONAL

EM RAZÃO DA FUNÇÃO
• CÔNJUGE/COMPANHEIRO
• PARENTES CONSANGUINEOS ATÉ O 3° GRAU

No Homicídio é qualificadora
Na Lesão Corporal é causa de aumento de pena
Sendo a lesão, grave, gravíssima ou seguida de morte, será CRIME HEDIONDO.

§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos
§§ 4º e 6º do art. 121 deste Código

520
Casos de majorantes genéricas aplicadas às lesões culposas e dolosas

LESÃO CULPOSA: +1/3


• INOBSERVÂNCIA DAS REGRAS TÉCNICAS DE PROFISSÃO, ARTE,
OFÍCIO
• OMISSÃO DE SOCORRO
• NÃO PROCUROU DIMINUIR AS CONSEQUÊNCIAS DOS SEUS ATOS
• FOGE PARA LIVRAR O FLAGRANTE

LESÃO DOLOSA: +1/3


• MENOR DE 14 ANOS
• MAIOR DE 60 ANOS
• MILÍCIA PRIVADA
• GRUPO DE EXTERMÍNIO.

EXERCÍCIOS

1. De acordo com o art. n° 129 do Código Penal Brasileiro, assinale a alternativa


correta.
a) Perigo de vida não é considerado lesão corporal.
b) Aborto é lesão corporal de natureza grave.
c) Uma criança que sofreu lesão corporal que a incapacita para as ocupações
habituais por 20 dias se enquadra nesse art. 129 do CPB.
d) Incapacidade permanente para o trabalho é lesão grave.
e) Considera-se lesão corporal seguida de morte quando o agente quis o
resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.

2. Lesão corporal de natureza grave é aquela da qual resulta


a) deformidade permanente.
b) incapacidade permanente para o trabalho.
c) violência doméstica.
d) Feminicídio.
e) aceleração de parto.

521
3. Fernando trabalhava em um circo como atirador de facas. Em uma de suas
apresentações, deveria atirar uma faca em uma maçã localizada em cima da
cabeça de Mércia. Acreditando sinceramente que não lesionaria Mércia, em face
de sua habilidade profissional, atirou a faca. Com tal conduta, lesionou
levemente o rosto da vítima, errando o alvo inicial. Nessa situação, Fernando
praticou lesão corporal dolosa de natureza leve, na modalidade dolo eventual.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-C
2-E
3-E

DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

DOS CRIMES CONTRA A HONRA


CALÚNIA – Art. 138, CP
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou
divulga.
§2º - É punível a calúnia contra os mortos. Exceção da verdade
§3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi
condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por
sentença irrecorrível.

522
CONSUMAÇÃO: conhecimento da falsa imputação por terceira pessoa
TENTATIVA: doutrina entende ser cabível de forma escrita
CONDUTA EQUIPARADA: quem sabe que a acusação é falsa, propala ou
divulga
CALÚNIA CONTRA OS MORTOS: o sujeito passivo é a família
Ofende a HONRA OBJETIVA

EXCEÇÃO DA VERDADE – REGRA, não sendo cabível nos casos de:


• FATO IMPUTADO É DE AÇÃO PRIVADA E O OFENDIDO NÃO FOI
DEFINITIVAMENTE CONDENADO
• FATO IMPUTADO CONTRA O PRESIDENTE DA REPÚBLICA OU
CHEFE DO GOVERNO ESTRANGEIRO
• FATO IMPUTADO É DE AÇÃO PÚBLICA E O OFENDIDO FOI
DEFINITIVAMENTE ABSOLVIDO

DIFAMAÇÃO – Art. 139, CP


Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é
funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

CONSUMAÇÃO: conhecimento da falsa imputação por terceira pessoa


TENTATIVA: doutrina entende ser cabível de forma escrita
O fato não precisa ser crime e não precisa ser falso
Ofende a HONRA OBJETIVA

EXCEÇÃO DA VERDADE – EXCEÇÃO - só sendo cabível no caso de:


• OFENDIDO É FUNCIONÁRIO PÚBLICO E A OFENSA É RELATIVA AO
EXERCÍCIO DA FUNÇÃO

INJÚRIA – Art. 140, CP


Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

523
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou
pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente
à violência.
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia,
religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
Pena - reclusão de um a três anos e multa

“Animus Iocandi” – vontade de brincar, não constituis crime

CONSUMAÇÃO: a vítima toma ciência da ofensa


TENTATIVA: doutrina entende ser cabível de forma escrita
Ofende a HONRA SUBJETIVA

PERDÃO JUDICIAL – Art. 140, §1°, CP


§ 1º- O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de extorsão imediata, que consista em outra injúria.

• OFENDIDO PROVOCOU DIRETAMENTE A INJÚRIA


• RETORÇÃO IMEDIATA QUE CONSISTE EM OUTRA INJÚRIA

INJÚRIA REAL – Art. 140, §2°, CP


§ 2º- Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou
pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente
à violência.

• VIOLÊNCIA/VIAS DE FATO – POR SUA NATUREZA OU MEIOS


EMPREGADOS, SE CONSIDEREM AVILTANTES.

524
INJÚRIA RACIAL/PRECONCEITUOSA– Art. 140, §3°, CP
§3º- Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia,
religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
Pena - reclusão de um a três anos e multa.
✓ RAÇA
✓ COR
✓ ETNIA
✓ RELIGIÃO
✓ ORIGEM
✓ PESSOA IDOSA
✓ PESSOA DEFICIENTE

No racismo, existe uma segregação de raças, na injúria racial, quero ofender


aquela pessoa.
racismo impróprio

MAJORANTE APLICADA A TODOS OS CRIMES – Art. 141, CP


Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se
qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da
calúnia, da difamação ou da injúria.
IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência,
exceto no caso de injúria.
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de
recompensa, aplica-se a pena em dobro.
Maior de 60 anos e portador de deficiência, NÃO se aplica a INJÚRIA!

EXCLUSÃO DO CRIMES – Art. 142, CP


Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu
procurador;

525
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando
inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou
informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela
difamação quem lhe dá publicidade.

NÃO aplico a CALÚNIA!

RETRATAÇÃO – Art. 143, CP


Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia
ou da difamação, fica isento de pena.
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a
difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se
assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.

NÃO aplico a INJÚRIA!

AÇÃO PENAL – Art. 145, CP


Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante
queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão
corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no
caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do
ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3º do
art. 140 deste Código.

REGRA: Ação Privada


EXCEÇÕES:
• injúria real com violência: ação penal pública incondicionada
• contra presidente/ chefe do governo estrangeiro: ação pública
condicionada a requisição do ministro da justiça
• contra funcionário público em razão da função – legitimidade
concorrente: funcionário. PÚB. (queixa) x MP (rep. do ofendido)
• injúria racial: ação penal pública condicionada a representação.

526
EXERCÍCIOS

1. Quanto aos crimes contra a honra, correto afirmar que


a) não constitui difamação ou calúnia punível a ofensa irrogada em juízo, na
discussão da causa, pela parte ou por seu procurador.
b) cabível a exceção da verdade na difamação e na injúria.
c) há isenção de pena se o querelado, antes da sentença, se retrata cabalmente
da difamação ou da injúria.
d) a ação penal é pública incondicionada na injúria com preconceito.
e) possível a propositura de ação penal privada no caso de servidor público
ofendido em razão do exercício de suas funções.

2. A configuração do crime de difamação pressupõe a


a) existência de fato não tipificado.
b) atribuição de qualidade negativa ao ofendido.
c) atribuição a outrem da prática de crime ou de contravenção penal.
d) impossibilidade de retratação.
e) ofensa irrogada em juízo.

3. Nos crimes contra a honra previstos no Código Penal, todas as hipóteses


delituosas enumeradas admitem a exceção da verdade.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-E
2-A
3-E

527
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL

AMEAÇA – Art. 147, CP


Art. 147- Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio
simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação
A ameaça poderá ser:
• VERBAL;
• POR ESCRITO;
• REAL;
• SIMBÓLICA
O “mal injusto” estabelecido no artigo, deve ser possível de realização pelo
sujeito, e não necessita ser um crime.

CRIME SUBSIDIÁRIO: somente ocorre se não constituir crime mais grave e


específico.
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo, não existe uma finalidade específica
ADMITE-SE A TENTATIVA
CONSUMAÇÃO: ocorre no momento em que a vítima toma conhecimento da
ameaça. Não importa se o agente tinha mesmo a intenção de realizar o mal
injusto prometido ou não, configurando o crime desde que a ameaça passe a
causar um temor a vítima.
AÇÃO PENAL: Pública Condicionada a Representação

SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO – Art. 148, CP


Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere
privado: Pena - reclusão, de um a três anos.
O indivíduo restringirá a liberdade de locomoção da vítima total ou parcialmente,
mediante o sequestro e o cárcere privado.
CRIME SUBSIDIÁRIO: somente ocorre se não constituir crime mais grave e
específico.
CRIME PERMANENTE: a consumação permanece enquanto não cessada a
restrição da liberdade

528
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo, não existe uma finalidade específica
CONSUMAÇÃO: com a privação da liberdade da vítima, que durará durante
determinado período de tempo, até a cessação.
ADMITE-SE A TENTATIVA
AÇÃO PENAL: Pública Incondicionada

QUALIFICADORAS Art. 148, §§ 1 º e 2º, CP


§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente
ou maior de 60 (sessenta) anos;
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou
hospital;
III - se a privação da liberdade dura mais de 15 (quinze) dias.
IV - se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;
V - se o crime é praticado com fins libidinosos.
§ 2º- Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção,
grave sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

529
SÚMULA 711, STF: A lei penal mais grave aplicasse aos crimes permanentes e
continuados se a sua vigência é anterior a cessação da permanência ou da
continuidade.
A prescrição começa a correr do dia em que cessou a permanência, e não do
início do sequestro (art. 111, III, CP)

VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO – Art.150 CP


Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a
vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas
dependências
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Estará configurado o crime sempre que o agente praticar qualquer das duas
condutas:
• ENTRAR NA CASA SEM O CONSENTIMENTO DO MORADOR;
• APÓS TER ENTRADO NA COM O CONSENTIMENTO DO MORADOR,
NELA PERMANECE CONTRA A SUA VONTADE.

ELEMENTO SUBJETIVO: dolo, não existe uma finalidade específica


CONSUMAÇÃO: com a entrada ou permanecia do indivíduo sem a permissão
da vítima
ADMITE-SE A TENTATIVA quanto ao verbo “entrar”
AÇÃO PENAL: Pública Incondicionada
CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO: Lei 9.099/95
CRIME DE MERA CONDUTA: não necessito de um resultado determinado

O que é casa???
§ 4º- A expressão "casa" compreende:
I - Qualquer compartimento habitado;
II - Aposento ocupado de habitação coletiva;
III - Compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou
atividade.

Casa não é apenas aquele local que o indivíduo estabelece sua residência.

530
O que não posso considerar como casa???
§ 5º- Não se compreendem na expressão "casa":
I - Hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta,
salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior;
II - Taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.

QUALIFICADORAS – Art.150, § 1º CP
§ 1º- Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego
de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à
violência.

Não podemos estabelecer uma hora em exatidão para o que seria considerado
noite, tudo se faz com análise do caso concreto.

EXCLUDENTES DE ILICITUDE – Art.150, § 2º CP


§ 3º- Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas
dependências:
I - Durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão
ou outra diligência;
II - A qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali
praticado ou na iminência de o ser.

531
EXERCÍCIOS

1. Quanto ao crime de Ameaça, é correto afirmar que:


a) pressupõe a injustiça do mal prometido
b) é de ação penal privada.
c) não admite transação penal.
d) não pode ser praticado por meios simbólicos.
e) quando usado como meio executório de um roubo, coexiste com este em
concurso de crimes.

2. Assinale a afirmação correta em relação ao crime de ameaça (artigo 147 do


Código Penal).
a) O Ministério Público e o ofendido têm legitimidade para promover a ação
penal.
b) Trata-se de crime de ação penal privada.
c) Somente se procede mediante representação.
d) O Ministério Público tem a faculdade de oferecer denúncia a qualquer tempo,
sem restrições legais.
e) Só pode ser praticado por meio da palavra ou por escrito, não sendo possível
a consumação por meio de gesto ou qualquer outro meio simbólico.

3. Quanto à classificação dos delitos, é correto afirmar-se que o sequestro


caracteriza-se como crime:
a) comum, permanente e unissubsistente.
b) comum, permanente e plurissubsistente.
c) comum, instantâneo e unissubsistente.
d) próprio, instantâneo e plurissubsistente.
e) próprio, permanente e unissubsistente.

4. A violação de domicílio é crime de mera conduta, não se exigindo resultado


determinado.
Certo ( ) Errado ( )

532
Gabarito
1-A
2-C
3-B
4-C

DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO I

FURTO – Art. 155, CP


Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Estará configurado sempre que o agente “subtrai” coisa alheia, não


interessando se para ele ou para terceira pessoa, preciso da finalidade especial
o “animus rem sibi habendi” – intenção de ter a coisa alheia para si ou para
terceira pessoa.
Por se tratar de crime comum, não se exige qualidade especial do sujeito ativo
ou do passivo, o sujeito passivo pode ser tanto quem tem a posse, como quem
tem a propriedade, cuidado com a figura do DETENTOR, este não pode ser
vítima do crime.
Admite-se a forma tentada.
Ação Pública Incondicionada.
• COISA ABANDONADA (res derelicta) – Não pode ser objeto de furto –
não preenche a qualidade de coisa alheia
• COISA DE NINGUÉM (res nullius) - Não pode ser objeto de furto – não
preenche a qualidade de coisa alheia.
• COISA PERDIDA (res deperdita) - Não pode ser objeto de furto, mas
poderá configurar o crime de apropriação de coisa achada – art. 169, II
CP.

TEORIA SOBRE A CONSUMAÇÃO DO FURTO E DO ROUBO: T.


Amotio/Apprehensio - “Inversão da posse” – Súmula 582, STJ

533
AUMENTO DE PENA – Art. 155, §1°, CP
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso
noturno

FURTO CIRCUNSTANCIADO – essa causa de aumento de pena pode ser


aplicada tanto a forma simples quanto a qualificada (STJ e STF).

Repouso noturno: estabelecido de acordo com os costumes de cada região.


Não interessa se a vítima está ou não dormindo, nem se tenha ocorrido em
estabelecimento comercial ou se a residência está desabitada (STJ).

FURTO PRIVILEGIADO – Art. 155, §2°, CP


§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços,
ou aplicar somente a pena de multa.

Necessito dos dois requisitos cumulativamente:


PRIMARIEDADE DO AGENTE + PEQUENO VALOR DA COISA FURTADA.
Trata-se de direito subjetivo do autor, ou seja, presentes os requisitos, o juiz
tem que aplicar a redução, a faculdade está presente apena aplicação da pena.

FURTO PRIVILEGIADO X PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA???


Não confunda esses dois institutos. Primeiro você analisará se é caso de
insignificância (afastar o fato típico é mais beneficial do que reduzir a penal),
sendo afastado o princípio, analise o privilégio.
• INSIGNIFICÂNCIA: análise geral com base na mínima ofensividade da
conduta, ausência de periculosidade da ação, reduzido grau de
reprovabilidade do comportamento e inexpressividade de lesão ao bem
jurídico. STJ considera insignificante o valor de até 10% do salário
mínimo. Cabe o juiz a análise do caso concreto. O fato é atípico e o agente
será absolvido.
• PRIVILÉGIO: requisitos específicos de cada agente, o juiz não pode
acrescentar outros requisitos. O fato é típico e o agente condenado,
porém sua pena será reduzida.

534
FIGURA EQUIPARADA – Art. 155, §3°, CP
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha
valor econômico.
Única modalidade de furto que configura crime permanente.
Para o STJ, não posso dar a essa modalidade de crime, o mesmo tratamento
referente ao inadimplemento tributário, ou seja, mesmo havendo o pagamento
antes do recebimento da denúncia, não ensejará a extinção da punibilidade,
podendo, no entanto, ser analisado no arrependimento posterior.

GATO – configura furto.

TV A CABO – STF – fato atípico, não é energia, não pode ser objeto do crime
de furto. STJ – fato atípico, não pode ser equiparado a energia elétrica. Fato
típico, pode ser equiparado a energia elétrica. Para a sua prova, considere a
atipicidade do fato.

SUBTRAÇÃO DE CADÁVER – será o crime do art. 211, CP (destruição,


subtração ou ocultação de cadáver).

FURTO FAMÉLICO – praticado unicamente para saciar a fome do agente.


Podem ocorrer três hipóteses
1°: Afastar a Ilicitude - Estado de Necessidade
2°: Afastar a Culpabilidade – Inexigibilidade de Conduta Diversa
3°: Aplicação do Princípio da Insignificância

FURTO DE USO – fato atípico – o agente não tem o dolo de ter a coisa para si,
porém, a coisa furtada tem que ser devolvida no mesmo estado de conservação,
não posso aplicar a bens consumíveis.

Súmula 567, STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico


ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si
só, não torna impossível a configuração do crime de furto.

FURTO QUALIFICADO – Art. 155, §4°, CP


§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:

535
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas

Súmula 442, STJ: “É inadmissível aplicar, no furto qualificado, a majorante do


roubo”.

FURTO QUALIFICADO PRIVILEGIADO???


Súmula 511, STJ: “É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º
do art. 155 do CP nos casos de furto qualificado, se estiverem presentes a
primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de
ordem objetiva”.
Todas as qualificadoras do furto têm natureza objetiva, com exceção do abuso
de confiança que possui natureza subjetiva.

FURTO QUALIFICADO – Art. 155, §4°-A, CP


§ 4º-A - A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum
Uso o explosivo para cometer o crime, incluída no rol de qualificadoras pela Lei
13.654/18.

FURTO QUALIFICADO – Art. 155, §5°, CP


§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de
veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o
exterior

É necessário o efetivo transporte para outro estado ou para o exterior.

FURTO QUALIFICADO – Art. 155, §6°, CP


§ 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de
semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes
no local da subtração

536
Denominado abigeato, o animal tem que ser domesticável e de produção, ou
seja, aqueles destinados a abate, não entram animais domésticos.

FURTO QUALIFICADO – Art. 155, §7°, CP


§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração
for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente,
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego
Aqui, eu não tenho a figura do uso do explosivo para cometer o crime, como
previsto no § 4ºA, mas sim a subtração do próprio explosivo ou substâncias
análogas, incluída no rol de qualificadoras pela Lei 13.654/18.

FURTO DE COISA COMUM – Art. 156, CP


Art. 156- Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a
quem legitimamente a detém, a coisa comum:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação
De maneira geral, posso aplicar as peculiaridades referentes ao crime de Furto
(Art.155, CP), aqui, serão tratadas apenas as regras referentes ao tipo penal.

CRIME PRÓPRIO: Posso considerá-lo como bi próprio, pois exige uma


característica particular tanto do sujeito ativo, como do sujeito passivo.
CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
AÇÃO PENAL: Pública Condicionada a Representação

CAUSAS ESPECIAIS DE EXCLUDENTES DE ILICITUDE - Art. 156, §2°, CP


§ 2º- Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede
a quota a que tem direito o agente
Se o agente se apropria de uma coisa fungível, mas o valor da coisa não
ultrapassa a sua cota, estará se apropriando do que é seu!

EXTORSÃO – Art. 158, CP


Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o
intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer,
tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:

537
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

A “indevida vantagem econômica” é analisada pelo juiz.


Quanto a grave ameaça prevista no tipo, o STJ considera que pode ser contra o
patrimônio também.

DOLO ESPECIAL: intuito de obter para si ou para outrem, indevida vantagem


econômica.
Não admite a modalidade culposa.
Admite a forma TENTADA.
CONSUMAÇÃO: consuma-se com a mera exigência da vantagem indevida.
Crime formal e instantâneo. Súmula 96 do STJ.

AUMENTO DE PENA – Art. 158, §1°, CP


§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de
arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
Abrange qualquer espécie de arma (de fogo, branca), não houve alteração pela
Lei 13.654/18.

EXTORSÃO QUALIFICADA PELA LESÃO GRAVE E PELA MORTE – Art. 158,


§2°, CP
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do
artigo anterior.

Considerada uma norma penal em branco ao revés, pois, a complementação


normativa é referente a sanção e não ao tipo penal.
À extorsão qualificada pela lesão grave ou pela morte, aplica-se as penas
relacionadas ao roubo qualificado nessa modalidade.

CUIDADO!!! Cuidado com as alterações estabelecidas para o crime de roubo


pela Lei 13.654/18.

538
ESTORSÃO QUALIFICADA PELA RESTRIÇÃO DE LIBERDADE DA VÍTIMA–
Art. 158, §3°, CP
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa
condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal
grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º,
respectivamente.
É o denominado SEQUESTRO RELÂMPAGO!
Aqui, é necessária a participação da vítima para se alcançar a vantagem
indevida.

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: o STF e o STJ negam a aplicação do


princípio da insignificância aos crimes praticados mediante violência ou grave
ameaça.

EXERCÍCIOS

1. Artêmis, maior de idade, estava passando em frente a uma loja de produtos


eletrônicos e, com o uso de uma chave falsa, logrou êxito em adentrar ao
estabelecimento para subtrair várias mercadorias de elevado valor. Segundo o
Código Penal, o crime cometido por Artêmis se enquadra como
a) roubo simples.
b) roubo qualificado.
c) furto simples.
d) furto qualificado.
e) furto simples, com aumento de pena pelo uso de chave falsa.

2. João exerce a função de guarda municipal em uma Unidade de Saúde da


Família (USF) do Município do Brejo. Na última sexta-feira, foi ameaçado por um
colega, que portava um canivete, para que não o denunciasse por levar consigo
cinco caixas de luvas descartáveis da USF. De acordo com o Código Penal
Brasileiro, a situação acima, caracteriza que João foi vítima de
a) furto.
b) furto de coisa comum.
c) extorsão.

539
d) furto qualificado.
e) extorsão indireta.

3. O crime de furto de coisa comum, previsto no Art. 165, CP, é de ação pública
incondicionada a representação.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-D
2-C
3-E

DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO II

ROUBO – Art. 157, CP


Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,
reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa
Para configurar o crime de roubo, o agente tem que “subtrair” coisa alheia,
porém, aqui, é indispensável o uso da violência/grave ameaça ou de meios que
impossibilitem ou tornem impossíveis a defesa do ofendido.
Podemos aplicar o mesmo raciocínio adotado no crime de furto, em relação a
coisa própria, coisa abandonada, coisa sem dono ou uso comum (não está
presente a elementar “coisa alheia”).
CRIME COMUM: não se exige qualidade especial do sujeito ativo ou do passivo.
Admite-se a forma tentada.
Ação Pública Incondicionada.
Não existe a figura do ROUBO DE USO como sendo uma figura atípica!

540
Não existe a figura do ROUBO PRIVILEGIADO!

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA – O STJ e o STF não reconhecem o princípio


da insignificância sendo aplicado aos crimes que contenham violência ou grave
ameaça à pessoa, mesmo sendo a coisa subtraída de pequeno valor.

CRIME IMPOSSÍVEL – a ausência de patrimônio pela vítima não gera crime


impossível, pois, para configurar o roubo, tenho a incidência de duas condutas,
SUBTRAÇÃO + VIOLÊNCIA – sofrendo o bem jurídico qualquer risco, tem-se o
crime na modalidade tentada.

ROUBO IMPRÓPRIO – Art. 157, §1°, CP


§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do
crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

Violência empregada contra a pessoa.


A finalidade da violência é assegurar a vantagem ou impunidade do crime.
Não admite tentativa
• VIOLÊNCIA PRÓPRIA: Violência física ou grave ameaça exercida contra
a pessoa
• VIOLÊNCIA IMPRÓPRIA: Meios que reduzem a possibilidade de defesa
da vítima.

AUMENTO DE PENA – Art. 157, §2°, CP


§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 até metade
I - (revogado); revogado pela Lei 13.654/18
II - Se há o concurso de duas ou mais pessoas;

541
III - Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal
circunstância.
IV - Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para
outro Estado ou para o exterior;
V - Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade
VI - Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta
ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído
pela Lei nº 13.654, de 2018)
VII - Se a violência ou grave ameaça é exercida com o emprego de arma branca.
(Incluído pela Lei nº 13. 964, de 2019)

Aplicado tanto ao roubo próprio como ao roubo impróprio.


A alteração feita pela Lei 13.654/18, revogou o termo “uso de arma” que era
previsto no § 2º, I, e inseriu no parágrafo seguinte e termo “arma de fogo”,
afastando assim, toda e qualquer arma que não fosse a de fogo, como causa de
aumento. Com a Lei 13. 964, de 2019, foi inserido o inciso IV ao § 2º, voltando a
prevê a possibilidade da “arma branca” como causa de aumento de pena.

AUMENTO DE PENA – Art. 157, §2°- A, CP


§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de
2018)
I - Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (Incluído
pela Lei nº 13.654, de 2018)
II - Se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de
explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº
13.654, de 2018)

AUMENTO DE PENA – Art. 157, §2°- B, CP


§ 2º-B Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo
de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput desse
artigo. (Incluído pela Lei nº 13. 964, de 2019)
Não existia diferença de a arma de fogo ser de uso restrito ou proibido. Por se
tratar de Novatio Legis In Pejus, seus efeitos não retroagem.

AUMENTO DE PENA – Art. 157, §3°, CP


§ 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)

542
I - Lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e
multa; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
II - Morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 13.654, de 2018)
O resultado que agrava o crime pode ser cometido tanto a título de dolo como
de culpa, porém, a violência usada para se alcançar o resultado deve ser
necessariamente dolosa.
Não posso aplicar as majorantes dos §§2° e 2°- A.

Quanto ao LATROCÍNIO, observe o disposto na súmula 610 do STF:


• Súmula 610 – STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se
consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima.

EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO – Art. 159, CP


Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem,
qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate
Pena - reclusão, de oito a quinze anos

Tenho que ter a finalidade especial de obter qualquer vantagem como condição
ou preço do resgate.

Não há a modalidade culposa.

A consumação ocorre com a simples privação da liberdade da vítima, por


tempo juridicamente relevante. Crime formal.

543
EXTORSÃO QUALIFICADA Art. 159, §1°, CP
§ 1° Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado
é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é
cometido por bando ou quadrilha.
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.

A vítima deve ser menor de 18 anos no momento do sequestro, não importando


se quando foi liberada, já tenha atingido a maioridade. Com o mesmo raciocínio,
não importa se no momento do sequestro a vítima era menor de 60 anos, se
atingiu essa idade antes de cessar a permanência do crime, incidirá a
qualificadora.

EXTORSÃO QUALIFICADA Art. 159, §§2° e 3°, CP


§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos
§ 3º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.

A lesão grave e a morte devem decorrer do fato, e não, necessariamente do


emprego da violência.

A doutrina é divergente quando a morte, Cleber Masson entente que a morte,


necessariamente tem que ser do sequestrado, de maneira diversa entende
Rogério Sanches, entendendo que configura com a morte de qualquer pessoa.

DELAÇÃO PREMIADA Art. 159, §4°, CP


§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à
autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de
um a dois terços.

A redução de pena desse parágrafo aplica-se tanto a modalidade simples como


a qualificada, trata-se de direito subjetivo do autor.

544
EXERCÍCIOS

1. João invade um museu público disposto a furtar um quadro. Durante a ação,


quando já estava tirando o quadro da parede, depara-se com um vigilante. Diante
da ordem imperativa para largar o quadro, e temendo ser alvejado, vulnera o
vigilante com um projétil de arma de fogo. O vigilante vem a óbito; e João,
impressionado pelos acontecimentos, deixa a cena do crime sem carregar o
quadro. De acordo com o entendimento sumulado pelo Supremo Tribunal
Federal, praticou-se
a) furto qualificado tentado em concurso com homicídio qualificado consumado.
b) roubo próprio tentado em concurso com homicídio consumado.
c) roubo impróprio tentado em concurso com homicídio consumado.
d) latrocínio tentado.
e) latrocínio consumado.

2. Conforme jurisprudência dominante no STJ, nos crimes de furto e roubo (arts.


155 e 157 do CP) a consumação do fato típico somente ocorre com a posse
mansa e pacífica, o que não se verifica no caso de perseguição imediata do
agente e recuperação da coisa subtraída.
Certo ( ) Errado ( )

3. O crime de extorsão mediante sequestro, desde que se prove que a intenção


do agente era, de fato, sequestrar a vítima, se consuma no exato instante em
que a pessoa é sequestrada, privada de sua liberdade, independentemente de
o(s) sequestrador(es) conseguir(em) solicitar(em) ou receber(em) o resgate.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
01 - E
02 - E
03 - C

545
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO III

EXTORSÃO INDIRETA– Art. 160, CP


Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de
alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima
ou contra terceiro: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
O agente se vale da condição de necessidade da outra pessoa para fazer com
que esta assine documento que pode dar causa a procedimento criminal, que
pode ser tanto contra a própria pessoa que está assinando, como contra
terceiros

CRIME COMUM: qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime.


CRIME FORMAL: quanto a “exigência” do documento.
CRIME MATERIAL: quanto ao “recebimento”
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo
NÃO É CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
ADMITE TENTATIVA
AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA

DANO– Art. 163, CP


Art.163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Tenho que ter a destruição, inutilização ou deterioração de coisa alheia, não
existirá o crime se o agente destrói o próprio bem, também não existirá nos casos
de:

COISA ABANDONADA
COISA SEM DONO

CRIME COMUM: qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime.


CRIME MATERIAL: necessito da destruição, inutilização ou deterioração da
coisa

546
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo
CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
ADMITE TENTATIVA
AÇÃO PRIVADA - Art.167, CP.

DANO QUALIFICADO Art. 163, Parágrafo Único, CP


Parágrafo único - Se o crime é cometido:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui
crime mais grave
III - contra o patrimônio da União, Estado, do Distrito Federal, de Municípios ou
de Autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedade de economia
mista ou empresa concessionária de serviço público.
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena
correspondente à violência.

Na hipótese qualificada, a única modalidade em que a ação penal será privada,


vai ser a do Inciso IV (art. 167, CP), nos demais casos, a ação será pública
incondicionada.
No caso do Inciso I, a violência à pessoa ou a grave ameaça, são meios de
execução do crime de dano, se for posterior a sua prática, o agente responderá
por ambos os crimes em concurso material. No caso do Inciso II, temos a
hipótese de um crime na modalidade subsidiária.

EXERCÍCIOS

1. É qualificado, se cometido contra o patrimônio do Município, o crime de


a) furto (CP, art. 155, § 4º).
b) usurpação de águas (CP, art. 161, I).
c) esbulho possessório (CP, art. 161, II).
d) dano (CP, art. 163).
e) apropriação indébita (CP, art. 168).

547
2. Considerando o que dispõe o Código Penal, o crime de dano é qualificado se
cometido
a) durante o repouso noturno.
b) mediante concurso de duas ou mais pessoas.
c) com destreza.
d) com escalada.
e) por motivo egoístico.

3. O filho de João tem grave problema de saúde e precisa realizar custoso


procedimento cirúrgico, que a família não tem condição de pagar. Imagine que
Pedro empresta R$ 50.000,00 a João, mas como garantia de tal dívida exige que
João, de próprio punho e em documento escrito, confesse ter traído a própria
esposa, bem como ter fraudado a empresa em que ambos trabalham, desviando
recursos em proveito próprio. João cede à exigência a fim de obter o empréstimo.
A conduta de Pedro
a) é isenta de pena, por incidir causa supra legal que afasta a culpabilidade, qual
seja, o consentimento da vítima.
b) configura exercício arbitrário das próprias razões.
c) é atípica, por ausência de previsão legal.
d) configura constrangimento ilegal
e) configura extorsão indireta.

4. Considere que determinada pessoa, indignada por não ter resolvido uma
questão particular em órgão público da União, destrua o balcão de recepção do
referido órgão. Nessa situação, a conduta do agente classifica-se como dano
qualificado, para o qual é prevista multa e pena de detenção de seis meses a
três anos.
Certo ( ) Errado ( )

GABARITO
1-D
2-E
3-E
4-C

548
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO IV

APROPRIAÇÃO INDÉBITA – Art. 168, CP


Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Aumento de pena

O sujeito ativo tem a posse ou a detenção desvigiada ou legítima do bem móvel,


daí, o sujeito ativo investe o domínio daquele bem e passa a dispor como se a
coisa fosse sua.
CRIME PRÓPRIO: Apenas o possuidor ou detentor da coisa poderá praticar o
crime
CRIME MATERIAL: O agente precisa dispor como se fosse dono da coisa
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo
NÃO É CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
ADMITE TENTATIVA

AUMENTO DE PENA– Art. 168, § 1º CP


§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante,
testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.

A questão referente ao depósito necessário previsto no incido I, é tratada nos


arts. 647 a 652, do CC. No inciso II, encontramos um rol taxativo, sem a
possibilidade de aumento de pena em casos fora os estabelecidos. Quanto ao
inciso III, temos hipóteses de circunstâncias pessoais, incomunicáveis em
concurso de pessoas.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA– Art. 168-A, CP


Art. 168 - A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas
dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)

549
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa

Trata-se de um crime que afeta a ordem tributária, é um crime omissivo próprio


já que só pode ser praticado por quem tinha o dever de repassar contribuições,
através de uma omissão. Para o STF e para o STJ, estará consumado o crime
na data da constituição definitiva do crédito tributário, com o esgotamento da via
administrativa.

CRIME PRÓPRIO: Apenas aquele a quem cabe recolher as contribuições e


repassá-las pode ser sujeito ativo. O sujeito passivo será a UNIÃO
CRIME MATERIAL
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo
NÃO É CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
NÃO ADMITE TENTATIVA: trata-se de um crime omissivo próprio.

CONDUTAS EQUIPARADAS– Art. 168-A, §1º CP


§1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à
previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a
segurados, a terceiros ou arrecadada do público;
II - recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado
despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de
serviços;
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores
já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social.

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE– Art. 168-A, §2º CP


§ 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e
efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as
informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou
regulamento, antes do início da ação fiscal
O STF já decidiu que a quitação, mesmo depois do trânsito em julgado, pode
beneficiar o agente, já que a Lei 10.684/03 não estabelece tempo, e não cabe
ao judiciário estabelecê-lo.

550
Não cabe outra interpretação a não ser a de que o adimplemento do débito
tributário, a qualquer tempo, é causa extintiva da punibilidade (HC 362,478/SP,
rel. Min. Jorge Mussi DJe 20/09/2017)

PERDÃO JUDICIAL– Art. 168-A, §3º CP


§ 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa
se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:
I - tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia,
o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou
(Revogado tacitamente pelo art. 9º da Lei 10.684/03)
II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior
àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.

INAPLICABILIDADE DO PERDÃO JUDICIAL– Art. 168-A, §4º CP


§ 4º A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos casos de
parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior
àquele estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo para o
ajuizamento de suas execuções fiscais
No âmbito federal, o valor mínimo para o ajuizamento da execução fiscal é de
R$20.000,00 (Portaria MF 75 /2002). Qualquer valor acima, não cabe ao juiz
deixar de aplicar a pena.

APROPIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO, CASO FORTUITO OU FORÇA


MAIOR– Art. 169, CP
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso
fortuito ou força da natureza:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

CUIDADO!!! Não confunda este crime com o crime de apropriação indébita, na


apropriação indébita, o agente entrega, voluntariamente a coisa ao sujeito ativo,
que passa a dispor como se dono fosse. No crime em tela, o agente entregou a
coisa ao sujeito ativo, por uma falsa percepção da realidade, ou seja, é
imprescindível o erro na entrega da coisa.

551
CRIME COMUM: Qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo
CRIME MATERIAL: A consumação ocorre com a apropriação da coisa alheia
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo
CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
ADMITE TENTATIVA

CONDUTAS EQUIPARADAS– Art. 169, Parágrafo Único, CP


Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da
quota a que tem direito o proprietário do prédio; Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente,
deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à
autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias.

Mas qual a definição de tesouro???


Trata-se de uma norma penal em branco homogênea, estando sua definição
prevista no Código Civil.

Achando não é roubado???


De fato, achado não é roubado, mas isso não torna a conduta do agente atípica,
quem se apropria de coisa achada responderá pelo crime do art. 169, parágrafo
único, incido II.
Importante salientar que não cometerá este crime aquele que se apropria de
coisa abandonada, pois falta o requisito “coisa alheia”.
Posso considerar a conduta do art. 169, parágrafo único, incido II, como sendo
um CRIME A PRAZO, pois, preciso do decurso de 15 dias para estar
consumado.

552
EXERCÍCIOS

1. Ao anoitecer de 28 de abril de 2017, o funcionário público municipal Mário


Pança, ao sair da prefeitura de Pasárgada, onde trabalha, encontra um pacote
contendo cerca de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) em notas de R$ 100,00. Feliz
com a possibilidade de saldar todas as suas dívidas, leva tal numerário para casa
e, no dia seguinte, procura seus credores, saldando um a um. Marta Rochedo,
que havia perdido tal numerário, procura a Delegacia de Polícia local pedindo
providências a respeito. Os policiais civis realizam investigações, conseguindo
apurar que Mário Pança havia encontrado tal numerário, dando cabo de suas
dívidas com o mesmo. Diante de tal enunciado, a opção em que se enquadra a
conduta praticada por Mário Pança é:
a) Apropriação indébita de coisa alheia achada.
b) Furto privilegiado.
c) Furto simples.
d) Peculato apropriação.

2. Durante um ano e cinco meses, a empresa L&X recolheu as contribuições


previdenciárias de seus empregados, mas não as repassou à previdência social,
o que caracterizou o crime de apropriação indébita previdenciária. Nessa
situação, se os representantes legais da empresa L&X, espontaneamente,
confessarem e efetuarem o pagamento das contribuições, ficará extinta a
punibilidade
Certo ( ) Errado ( )

3. A apropriação de veículo do patrão por empregado doméstico que detinha o


bem para utilização em tarefas afetas às suas obrigações é delito de apropriação
indébita, devendo a pena-base ser majorada de um terço por determinação legal.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-A
2-C
3-C

553
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO V

ESTELIONATO – Art. 171, CP


Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa

O sujeito ativo usa de uma fraude para ludibriar uma pessoa, induzindo-a em
erro, ou mantendo em erro quem já se encontra, para obter uma vantagem ilícita.
CRIME COMUM: qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime.
CRIME MATERIAL: é necessário a obtenção da vantagem indevida
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo
NÃO É CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
ADMITE TENTATIVA
AÇÃO PÚBLICA CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO

CUIDADO!!! O Pacote Anticrime (Lei 13.964/19) inseriu o §5º ao art. 171,


modificando, assim, a ação penal, antes era pública incondicionada, hoje, para
a ser, em regra, ação pública condicionada a representação, com exceção
dos casos previstos no próprio parágrafo que veremos a seguir.

FORMA PRIVILEGIADA– Art. 171, §1º CP


§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode
aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.

Nossa jurisprudência entende como sendo coisa de pequeno valor, aquela que
não ultrapassa um salário mínimo. Nesse caso, o juiz poderá:
SUBSTITUIR A PENA DE RECLUSÃO PENA DE DETENÇÃO;
REDUZI-LA DE 1/3 A 2/3;
APLICAR SOMENTE A PENA DE MULTA

554
CONDUTAS EQUIPARADAS– Art. 171, §2º CP
Disposição de coisa alheia como própria
I - Vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia
como própria;
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
II - Vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável,
gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante
pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
Defraudação de penhor
III - Defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo,
a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
Fraude na entrega de coisa
IV - Defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar
a alguém;
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
V - Destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo
ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de
haver indenização ou valor de seguro;
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - Emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou
lhe frustra o pagamento.

AUMENTO DE PENA– Art. 171, §3º CP


§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de
entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social
ou beneficência

Também recebe o nome de ESTELIONATO CIRCUNSTANCIADO, porém,


quando for cometido em detrimento da Previdência Social, que é entidade de
direito público, recebe o nome de ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO.

QUALIFICADORA– Art. 171, §4º CP


§ 4º Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso

555
AÇÃO PENAL – Art. 171, §5º CP
§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - A Administração Pública, direta ou indireta; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
II - Criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - Pessoa com deficiência mental; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - Maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

EXERCÍCIOS

1. Hugo estava em via pública com seu currículo na mão, considerando o fato de
estar desempregado. Ao observar aquela situação, Carlos apresentou-se como
funcionário da sociedade empresária que funcionava naquela rua e afirmou que
teria um emprego para oferecer a Hugo. Para isso, Hugo precisaria inicialmente
apresentar seus documentos. Posteriormente, Carlos solicitou que Hugo lhe
entregasse seu aparelho de telefonia celular, afirmando que iria ao interior do
estabelecimento comercial para registrar o wi-fi no aparelho. Hugo, então,
entregou a Carlos seu celular e permitiu que ele fosse ao estabelecimento,
combinando de aguardá-lo em via pública. Uma hora depois, entendendo que
Carlos estava demorando, Hugo o procurou no estabelecimento, descobrindo
que, na verdade, Carlos nunca trabalhara no local e que deixara a localidade na
posse do seu telefone assim que o recebeu.
Os fatos são informados ao Ministério Público.
Com base apenas nas informações expostas, a conduta de Carlos condiz com a
figura típica do crime de:
a) apropriação indébita majorada em razão do ofício, emprego ou profissão;
b) furto qualificado pelo emprego de fraude;
c) apropriação indébita simples;
d) furto simples;
e) estelionato.

556
2. Para a caracterização do estelionato, é necessário haver o emprego de fraude,
a provocação ou a manutenção em erro, a vantagem ilícita e a lesão patrimonial
de outrem
Certo ( ) Errado ( )

3. Aquele que lesar o próprio corpo ou agravar as consequências de uma lesão


com o intuito de buscar indenização será, ao mesmo tempo, sujeito ativo e
passivo do delito em razão da sua própria conduta.
Certo ( ) Errado ( )

4. Saulo, utilizando-se da fraude conhecida como conto do bilhete premiado,


ofereceu o falso bilhete a Salete para que esta resgatasse o prêmio. Encantada
com a oferta e desconhecendo a falsidade do bilhete, Salete entregou a Saulo
vultosa quantia, sob a crença de que o bilhete representasse maior valor. Após
dirigir-se à casa lotérica, Salete descobriu o engodo e procurou uma delegacia
de polícia para registrar o fato. Nessa situação, não cabe qualquer providência
na esfera policial, porquanto a vítima também agiu de má-fé (torpeza bilateral),
ficando excluído o crime de estelionato.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-E
2-C
3-E
4-E

557
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO VI

RECEPTAÇÃO – Art. 180, CP


Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio
ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de
boa-fé, a adquira, receba ou oculte: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e
multa.
Podemos conceituar a receptação como sendo um CRIME ACESSÓRIO, pois
necessita da ocorrência de um crime anterior.

RECEPTAÇÃO PRÓPRIA – ocorre quando o agente “adquire”, “recebe”,


“transporta”, “conduz” ou “oculta”
RECEPTAÇÃO IMPRÓPRIA – ocorre quando o agente “influi” para que terceiro
de boa-fé, adquira, receba ou oculte.
A receptação própria é CRIME MATERIAL, já a receptação imprópria classifica-
se como CRIME FORMAL.

Somente a RECEPTAÇÃO PRÓPRIA admite tentativa.


CRIME COMUM: qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime.
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo direto – “coisa que sabe ser produto de crime”
(a modalidade culposa encontra-se no §3º)
NÃO É CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA

QUALIFICADORAS – Art. 180, §§1º, 2º CP


§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito,
desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma
utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
industrial, coisa que deve saber ser produto de crime:
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior,
qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em
residência.
A figura contida no parágrafo primeiro foi inserida para que aqueles proprietários
de desmanche de carro pudessem ser punidos mais severamente.

558
Aqui, eu tenho a figura de um CRIME PRÓPRIO, ou seja, somente pode ser
sujeito ativo deste crime, o comerciante ou industrial.
O § 2º traz a figura de uma NORMA PENAL EXPLICATIVA.

FORMA CULPOSA – Art. 180, §3°, CP


§ 3º- Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre
o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida
por meio criminoso:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas.

Único crime culposo contra o patrimônio. Crime de menor potencial ofensivo.

AUTORIA DO CRIME ANTERIOR – Art. 180, §4º, CP


§ 4º- A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor
do crime de que proveio a coisa
Não importa se o autor do crime anterior é desconhecido, ou, se conhecido, for
isento de pena, irei punir a receptação da mesma forma.

FORMA PRIVILEGIADA – Art. 180, §5º, CP


§ 5º- Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em
consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa
aplica-se o disposto no § 2º do art. 155

RECEPTAÇÃO CULPOSA – Juiz poderá:


• Deixar de aplicar a pena
RECEPTAÇÃO DOLOSA – Sendo o criminoso primário e a coisa de pequeno
valor, o juiz poderá:
• Substituir a reclusão pena detenção
• Diminuir a pena de 1/3 a 2/3
• Aplicar somente a pena de multa

559
QUALIFICADAS – Art. 180, §6º, CP
§ 6º -Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal,
de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de
economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos, aplica-se em
dobro a pena prevista no caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.531,
de 2017)
Aplica-se somente a receptação simples, própria e imprópria.

EXERCÍCIOS

1. Um indivíduo, sem antecedentes criminais, que, consertando e vendendo


telefones celulares novos e usados, exercia comércio clandestino no quintal de
casa, expôs à venda, em certa ocasião, um celular roubado avaliado em R$
3.000. Ao ser indagado sobre a procedência do bem, o comerciante alegou que
o comprara de um desconhecido, sem recibo ou nota fiscal. Embora não tenha
ficado esclarecido como o celular chegara às suas mãos ou quem o subtraíra, é
inquestionável a procedência criminosa, já que a vítima, quando do roubo, havia
registrado na delegacia a ocorrência do fato, o qual fora confirmado por
testemunhas oculares.
Nessa situação hipotética, tal indivíduo responderá pela prática de crime de
receptação
a) preterdolosa, por ter agido com dolo na conduta e culpa no resultado.
b) qualificada, mesmo que a autoria do crime anterior não seja apurada, por
tratar-se de crime parasitário ou acessório.
c) culposa, já que agiu com imprudência ao comprar produtos sem exigir recibo
ou nota fiscal.
d) simples, porque não explorava comércio regular.
e) dolosa com forma privilegiada, por ser primário e ter bons antecedentes.

2. Sobre o crime de receptação, é correto afirmar que:


a) cuida-se de crime subsidiário ao delito de favorecimento real.
b) não é possível a receptação que tenha como crime prévio uma outra
receptação.
c) a receptação qualificada admite a modalidade culposa.
d) aquele que encomenda a prática de crime patrimonial prévio não responde
por receptação ao receber para si o produto do crime.

560
03 - A extinção da punibilidade pela prática do crime de furto alcança o crime de
receptação, haja vista que este último só foi possível em razão do primeiro.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-B
2-D
3-E

DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO VI

ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS – Art. 181 e 182, CP

IMUNIDADE ABSOLUTA – Art. 181 CP


Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste
título, em prejuízo:
I - Do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - De ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja
civil ou natural.

Recebe o nome de IMUNIDADE ABSOLUTA pois o agente fica ISENTO DE


PENA

IMUNIDADE RELATIVA - Art. 182 CP


Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto
neste título é cometido em prejuízo:
I - Do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;

561
II - De irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - De tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

Aqui, a imunidade é relativa tendo em vista não mais existir isenção de pena,
mas, se a ação penal for pública incondicionada, passará a ser PÚBLICA
CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO.

RESSALVAS DO Art. 183 CP


Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - Se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de
grave ameaça ou violência à pessoa;
II - Ao estranho que participa do crime.
III - Se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60
(sessenta) anos.

Existem determinados casos em que não posso aplicar nem a imunidade


absoluta nem a imunidade relativa, como estabelecido no art. 183, CP

EXERCÍCIOS

1. Sobre as disposições gerais aplicáveis aos crimes contra o patrimônio,


previstas nos artigos 181 a 183 do Código Penal, assinale a alternativa correta.
a) Maria, apesar de divorciada de José, com este mantém amizade, e
constantemente se encontram para jantar. Em um desses encontros, Maria
furtou o relógio e as abotoaduras de ouro pertencentes a José. Nesse caso, por
ter sido casada com José, Maria estará isenta de pena, nós temos do art. 181, I,
do Código Penal.
b) Se o crime for cometido em prejuízo de irmão, legítimo ou ilegítimo, a ação
penal será pública incondicionada.
c) Manoel, para sustentar o vício em jogos, furtou R$ 70.000,00 de seu pai,
referente a todo o dinheiro economizado durante a vida do genitor, um senhor
de 65 anos de idade à época do fato. Por ter praticado crime sem violência contra
seu genitor, Manoel ficará isento de pena.
d) As causas de isenção de pena previstas nos artigos 181 e 182 também se
estendem ao estranho que participa do crime.

562
e) Se o crime for cometido em prejuízo de tio ou sobrinho com quem o agente
coabita, a ação penal será pública condicionada à representação.

2. Nilson, na companhia de sua namorada, Ana Paula, ambos maiores e


capazes, subtraem a quantia de R$ 200,00 da carteira do avô de Nilson que, na
data do furto, contava 62 anos de idade. Diante da situação hipotética
apresentada,
a) Nilson ficará isento de pena, em razão do crime ter sido praticado contra seu
ascendente. Contudo, tal isenção não alcançará Ana Paula.
b) Haverá isenção da pena para Nilson, circunstância que também alcançará sua
namorada Ana Paula.
c) Nilson e Ana Paula responderão pelo crime de furto qualificado, não incidindo
a isenção de pena para nenhum dos agentes.
d) Nilson responderá por furto qualificado, enquanto que Ana Paula responderá
por furto simples.
e) A responsabilização penal de Nilson e Ana Paula dependerá de queixa-crime.

3. É correto afirmar que é isento de pena a esposa que pratica crime de furto
qualificado com emprego de chave falsa contra seu marido na constância do
casamento, gozando está de imunidade penal absoluta.
Certo ( ) Errado ( )

4. G. S., primário e de bons antecedentes, furta R$ 10.000,00 de seu próprio pai,


um senhor de 55 anos. Na hipótese, conclui-se que G. S.
a) fica isento de pena.
b) responde pelo crime de furto privilegiado.
c) responde pelo crime de furto simples.
d) responde pelo crime de furto agravado.
e) responde pelo crime de furto qualificado.

5 - As escusas absolutórias previstas no art. 181 do Código Penal favorecem ao


estranho que participa do crime, desde que tenha ciência de estar participando
de prática de fato envolvendo parentes.
Certo ( ) Errado ( )

563
Gabarito
1-E
2-C
3-C
4-A
5-E

DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA I

PRATICADO POR FUNCIONÁRIO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM


GERAL
CRIMES FUNCIONAIS
• PRÓPRIOS - quando não existir o funcionário público – FATO ATÍPICO
• IMPRÓPRIOS - quando não existir o funcionário público – OUTRO CRIME

O particular poderá ser sujeito ativo???


• Art.30, CP
• Ciência da condição de funcionário público

Princípio da insignificância – Súmula 599, STJ

CAUSA DE AUMENTO DE PENA APLICÁVEL A TODOS OS CRIMES


PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
EM GERAL – Art. 327, §2°, CP
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem,
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou
função pública.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes
previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função
de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de
economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.

564
PECULATO – Art. 312, CP
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos,
e multa.

Peculato de uso: Fato atípico (mas há a improbidade administrativa)


Utilização de mão-de-obra: se o servidor utiliza a mão-de-obra de subordinado
seu para assuntos exclusivamente particulares, cometerá peculato. Se utiliza
tanto para assuntos inerentes ao cargo como para assuntos particulares, a
conduta será atípica.
O Peculato apropriação e o Peculato desvio, também podem ser chamados de
PECULATO PRÓPRIO (o funcionário público tem a posse do objeto ou valor).
• PECULATO APROPRIAÇÃO – Apropriar-se o funcionário público de
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel.
• PECULATO DESVIO - Desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.

PECULATO FURTO – Art. 312, §1°, CP


§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a
posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído,
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a
qualidade de funcionário.
Não é necessário que o agente tenha a posse em razão do cargo, mas a
qualidade de funcionário público é exigida para facilitar a prática da subtração.

Também pode ser chamado de PECULATO IMPRÓPRIO (o Funcionário Público


não tem a posse do objeto ou valor em razão do cargo)

PECULATO CULPOSO – Art. 312, §2°, CP


§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
O agente não subtrai, mas contribui para a subtração de terceira pessoa, é
praticado na modalidade de negligência. Há dois crimes, peculato culposo por
parte do funcionário público e furto ou apropriação indébita por parte do terceiro.
Não há concurso de pessoas pela ausência do vínculo subjetivo.

565
REPARAÇÃO DE DANO NO PECULATO CULPOSO – Art. 312, §3°, CP
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena
imposta.

PECULATO DOLOSO (§§1° e 2°)


• Antes do recebimento da denúncia – arrependimento posterior: -1 a 2/3
(art.16, CP)
• Após o recebimento da denúncia – atenuante (art. 6, III, b, CP)

PECULATO CULPOSO (§3°)


• Antes da sentença irrecorrível – extinção da punibilidade
• Após a sentença irrecorrível – redução de pena: metade

PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM– Art. 313, CP


Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do
cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Não se configura pelo mero recebimento, mas pelo assenhora mento.


“Qualquer utilidade” deve ser e entendida como uma utilidade patrimonial que
tenha valor econômico.
O erro de terceiro deve ser espontâneo, se o funcionário público induziu a
pessoa em erro, será o crime de estelionato.
Admite-se tentativa e não há a modalidade culposa.

EXERCÍCIOS

1. “Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem


móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-
lo, em proveito próprio ou alheio” é o texto do crime praticado por funcionário
público contra a administração em geral denominado
a) prevaricação.
b) Concussão.

566
c) Peculato.
d) corrupção passiva.
e) excesso de exação.

2. Situação hipotética: Um médico de hospital particular conveniado ao Sistema


Único de Saúde praticou conduta delituosa em razão da sua função,
configurando-se, a princípio, o tipo penal do peculato-furto. Assertiva: Nessa
situação, como não detém a qualidade de servidor público, o agente responderá
pelo crime de furto em sua forma qualificada.
Certo ( ) Errado ( )

3. O Guarda Civil que se apropria de dinheiro ou de qualquer utilidade que, no


exercício do cargo, recebeu por erro de outrem
a) não comete crime, pois o erro de outrem afasta a tipificação penal.
b) comete o crime de peculato mediante erro de outrem.
c) comete o crime de corrupção passiva, apenado com reclusão.
d) não comete crime, pois a conduta não está descrita no Código Penal.
e) comete os crimes de furto e prevaricação.

4. No que concerne ao peculato, é correto afirmar que, se o funcionário público


concorre culposamente para o crime de outrem,
a) fica sujeito a pena de detenção.
b) fica sujeito a pena de reclusão e multa.
c) a reparação do dano ocorrida depois do trânsito em julgado de sentença
condenatória não tem qualquer consequência penal.
d) a reparação do dano ocorrida antes do trânsito em julgado de sentença
condenatória reduz de metade a pena imposta.
e) a conduta é considerada atípica, por não haver expressa previsão legal para
punição por crime culposo.

Gabarito
1-C 3-B
2-E 4-A

567
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA II

PRATICADO POR FUNCIONÁRIO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

CONCUSSÃO – Art. 316, CP


Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora
da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

Por ser crime formal, consuma-se com a simples exigência, sendo o


recebimento da vantagem mero exaurimento do crime.
Embora de difícil constatação, admite-se a tentativa

EXCESSO DE EXAÇÃO – Art. 316, §1°, CP


Art. 316, § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou
deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório
ou gravoso, que a lei não
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa

Apesar de integrar o art. 316, CP, é um crime autônomo em relação a


Concussão. Aqui, o agente também, faz uma exigência, mas não pra ele, mas
para o próprio estado.

QUALIFICADORA – Art. 316, §2°, CP


§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu
indevidamente para recolher aos cofres públicos:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

No §1°, o agente exige tributo ou contribuição social indevida, o recebimento e o


recolhimento aos cofres públicos é mero exaurimento do crime, estamos diante
de um crime formal. Já na modalidade qualificada, os valores são desviados pelo
agente em proveito próprio ou alheio.
É uma forma qualificada referente ao §1°.

568
CORRUPÇÃO PASSIVA – Art. 317, CP
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Tipo misto alternativo, a realização de qualquer das condutas, ou mais de uma
configurará crime único.

BIZU: SRA!!!
• SOLICITAR - Crime formal
• RECEBER – Crime material
• ACEITAR PROMESSA – Crime formal

CORRUPÇÃO PASSIVA PRÓPRIA: o ato a ser praticado pelo funcionário é


ilícito
CORRUPÇÃO PASSIVA IMPRÓPRIA: o ato a ser praticado pelo funcionário é
lícito

AUMENTO DE PENA – Art. 317, §1°, CP


§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou
promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o
pratica infringindo dever funcional.

Denominada corrupção exaurida, por ser o crime formal em quase todas as


modalidades, estará consumado com a solicitação, recebimento ou aceitação da
vantagem, o fato de o funcionário público deixar de praticar o ato, retardá-lo ou
praticar infringindo dever funcional, torna a conduta ainda mais reprovável,
gerando agravamento de sua pena.

FUNC.PÚB. SOLICITOU, NÃO RECEBEU ART. 317, CONSUMADO


E NÃO PRATICOU O ATO

FUNC.PÚB. RECEBEU, MAS NÃO ART. 317, CONSUMADO


PRATICOU O ATO

FUNC.PÚB. RECEBEU, E PRATICOU O ART. 317,§ 1º, CONSUMADO


ATO

569
CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA – Art. 317, §2°, CP
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com
infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Aqui, não existe vantagem indevida, por isso a corrupção é privilegiada, ocorre
quando o agente cede a pedido ou influência de terceira pessoa, existindo
assim, a interferência direta de terceira pessoa na tomada de decisão do agente.
É considerada infração de menor potencial ofensivo.
Crime material, o funcionário deverá deixar de praticar, retardar ou praticar ato
de ofício, infringindo dever funcional.

EXERCÍCIOS

1. O que significa concussão?


a) Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei
b) Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função, ou antes, de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida
c) Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou
descaminho (art. 334)
d) Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo
contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
pessoal
e) Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la

2. João, oficial de justiça, solicita o pagamento de dois mil reais para não cumprir
rapidamente um mandado de citação, o que acaba ocorrendo.
Nessa situação, João sujeita-se às penas previstas para o crime de:
a) concussão;
b) corrupção passiva simples;
c) prevaricação;
d) corrupção passiva com aumento de pena;
e) tráfico de influência.

570
3. João, policial civil, exigiu vantagem indevida de particular para não prendê-lo
em flagrante. A vítima não realizou o pagamento e prontamente comunicou o
fato a policiais civis. Nessa situação, como o delito de concussão é formal, o
crime consumou-se com a exigência da vantagem indevida, devendo João por
ele responder.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-B
2-D
3-C

DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA III

PRATICADO POR FUNCIONÁRIO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM


GERAL

PREVARICAÇÃO – Art. 319, CP


Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-
lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

O servidor extravasa os limites de sua atribuição, o ato de ofício deve estar


contido na sua esfera de atribuição.
Aqui não existe pedido de ninguém, não há influência externa interferindo na
vontade do agente, partirá sempre da sua esfera subjetiva.

571
É uma infração de menor potencial ofensivo.

PREVARICAÇÃO IMPRÓPRIA – Art. 319-A, CP


Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu
dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que
permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Trata-se de crime próprio, só podendo ser cometido pelo Direitos de


Penitenciária ou o agente público que tenha a responsabilidade de vedar
aparelhos de comunicação ao preso.
Por ser crime formal, sua consumação ocorre quando o sujeito ativo permite o
acesso indevido do preso.
Não admite a forma tentada.
É considerado infração de menor potencial ofensivo

CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA – Art. 320 CP


Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado
que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência,
não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

Aplica-se a majorante do art. 327, §2º, CP


A autoridade, ciente da irregularidade do serviço público, tem a obrigação de
promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou PAD, assegurando
o acusado, a ampla defesa.

CRIME PRÓPRIO: somente pode ser praticado por funcionário público


CONSUMAÇÃO: ocorre quando o funcionário deixa de responsabilizar o
subordinado que cometeu a infração, no exercício do cargo, ou, quando lhe falta
a competência, não leva o caso a quem é de fato competente.
CRIME FORMAL: não necessito da ocorrência do resultado naturalístico
NÃO ADMITE TENTATIVA

572
CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA

ADVOCACIA ADMINISTRATIVA – Art. 321 CP


Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

Aplica-se a majorante do art. 327, §2º, CP


CRIME PRÓPRIO: somente pode ser praticado por funcionário público
CONSUMAÇÃO: o agente patrocinará, direta ou indiretamente, interesse
privado perante a administração pública
CRIME FORMAL: não necessito da ocorrência do resultado naturalístico
ADMITE TENTATIVA
CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA

QUALIFICADORA – Art. 321, parágrafo único CP


Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.

EXERCÍCIOS

1. Oficial de justiça que deixa de dar cumprimento integral a mandado de


penhora em razão de sentir pena do proprietário do bem penhorado comete, em
tese, o crime de:
a) corrupção passiva privilegiada;
b) abandono de função
c) violação de sigilo profissional;
d) corrupção passiva simples;
e) prevaricação.

573
2. De acordo com Jesus (2006), aquele que se valendo de sua qualidade de
funcionário público patrocina interesse privado perante a administração pública
pratica qual crime?
a) Condescendência criminosa.
b) Advocacia administrativa.
c) Excesso de exação.
d) Concussão.

3. Na condescendência criminosa do funcionário público, o qual, por indulgência,


deixa de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do
cargo, para a configuração do crime é necessário que o subalterno seja
sancionado pela transgressão cometida.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-E
2-B
3-E

574
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA IV

PRATICADO POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

RESISTÊNCIA – Art. 329, CP


Art. 329- Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a
funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.

Ocorre quando o indivíduo, usando de violência ou grave ameaça, se opõe a


execução de ato legal, se, em virtude dessa oposição o ato não for executado, o
crime será qualificado (§ 1º)

CRIME COMUM: qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime.


CRIME FORMAL: a consumação ocorre quando o indivíduo opõe-se a execução
de um ato legal mediante violência ou grave ameaça, não necessito de nenhum
resultado naturalístico
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo, não necessitando de finalidade específica.
CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
ADMITE TENTATIVA
AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA

QUALIFICADORA – Art. 329, § 1º CP


§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.

Aqui, existe uma modalidade de crime material, é o exaurimento da figura do


“caput”.

CONCURSO MATERIAL DE CRIMES – Art. 329, §2º CP


§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à
violência

575
DESOBEDIÊNCIA – Art. 330, CP
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
Saiba que, para existir o crime, é necessário que a ordem legal tenha sido
dirigida de forma expressa a quem tem o dever de obedecê-la, além disso, é
necessário que haja notificação pessoal do responsável pelo cumprimento da
ordem, para que fique demonstrada a sua ciência da existência e, depois, a sua
intenção de não cumpri-la.

CRIME COMUM: qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime.


ELEMENTO SUBJETIVO: dolo, não necessitando de finalidade específica.
CRIME FORMAL: a consumação ocorre quando o indivíduo desobedece, uma
ordem legal de um funcionário público, não necessito de nenhum resultado
naturalístico.
CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
ADMITE TENTATIVA – apenas em sua forma comissiva
AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA

DESACATO – Art. 331, CP


Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão
dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Posso considerar como uma espécie de injúria, no sentido de ser uma ofensa a
honra e o prestígio dos órgãos da administração pública.
Acontece quando o indivíduo usa palavras ou gestos contra o funcionário público
objetivando ofendê-lo.
É necessário que o funcionário público esteja presente
Não necessito que o funcionário público se sinta ofendido

CRIME FORMAL: a consumação ocorre quando o indivíduo disfere palavras ou


gestos ofensivos ao funcionário público, não necessito de nenhum resultado
naturalístico.
CRIME COMUM: qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime.

576
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo, não necessitando de finalidade específica.
ADMITE TENTATIVA
CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA

TRÁFICO DE INFLUÊNCIA – Art. 332, CP


Art. 332- Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário
público no exercício da função:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

TIPO MISTO ALTERNATIVO – a realização de qualquer dos verbos irá configura


crime único
CRIME FORMAL em relação aos verbos “solicitar”, “exigir”, “cobrar”.
CRIME MATERIAL em relação ao verbo “obter”
CRIME COMUM: qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime.
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo, não necessitando de finalidade específica.
ADMITE TENTATIVA
NÃO É CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA

AUMENTO DE PENA – Art. 329, PARÁGRAFO ÚNICO CP


Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou
insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário.

577
EXERCÍCIOS

1. A recusa à prestação de informações e o desrespeito às determinações e


convocações do Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor
(DECON) caracterizam crime de
a) resistência.
b) fraude processual.
c) omissão de informação.
d) Prevaricação.
e) desobediência.

2. Marino, desempregado, agrediu física e gravemente Josias, funcionário


público competente para a realização de determinado ato legal. Agredido, Josias
foi impedido de executar sua função. Nesse caso, de acordo com o Código
Penal, Marino responderá pelo crime de
a) resistência, aplicando-se somente a pena de detenção prevista para esse
crime.
b) resistência, aplicando-se a pena de detenção, sem prejuízo da
correspondente à violência.
c) resistência, aplicando-se a pena de reclusão, sem prejuízo da correspondente
à violência.
d) desobediência, aplicando-se a pena de reclusão, sem prejuízo da
correspondente à violência.
e) desobediência, aplicando-se somente a pena de detenção prevista para esse
crime.

3. Constitui crime de resistência bloquear o ingresso de oficial de justiça munido


de mandado de intimação no domicílio durante o período noturno do sábado.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-E
2-C
3-E

578
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA V

PRATICADO POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

CORRUPÇÃO ATIVA – Art. 333, CP


Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

BIZU: PÓ!!!

Também é exemplo de tipo misto alternativo.


Consuma-se com a simples promessa ou oferta de vantagem, sendo o seu
recebimento mero exaurimento do crime – crime formal.
Não há a modalidade culposa e admite-se a tentativa.

“Dar ou “pagar”, a tendendo a uma solicitação ou exigência – FATO ATÍPICO


Oferecer ou prometer após a prática do ato (corrupção subsequente) – FATO
ATÍPICO

AUMENTO DE PENA – Art. 333, §ÚNICO, CP


Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem
ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo
dever funcional

A conduta é ainda mais reprovável, se, em virtude da promessa ou oferta de


vantagem, o funcionário público infringe seu dever funcional.
Observe que a existência do crime de corrupção passiva não pressupõe,
necessariamente, a ocorrência do crime de corrupção ativa, são figuras
independentes.

579
DESCAMINHO – Art. 334, CP
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido
pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

Antes da Lei 13.008/14, o descaminho e o contrabando eram previstos no


mesmo tipo penal, após a lei, ambos passaram a ser tratados em dispositivos
diferentes em continuidade típico normativa.
O agente, ilude, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido
pela entrada, saída ou consumo de mercadoria.

MERCADORIA LÍCITA
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: exceção à regra de que não se aplica o
princípio da insignificância nos crimes contra a administração pública, a regra é
pela não admissibilidade, porém, atualmente, nossos tribunais superiores (STF
e STJ) já entendem que quando o débito tributário verificado não ultrapassar o
limite de R$20.000,00 (vinte e mil reais) será irrelevante para fins de execução
fiscal.

CONDUTA EQUIPARADA – Art. 334, §1°, CP


§ 1 º Incorre na mesma pena quem:
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza
em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País
ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução
clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de
outrem;
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de
atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira,
desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que
sabe serem falsos

580
NORMA PENAL EXPLICATIVA – Art. 334, §2°, CP
§ 2 º Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer
forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras,
inclusive o exercido em residências

AUMENTO DE PENA – Art. 334, §3°, CP


§ 3 º A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em
transporte aéreo, marítimo ou fluvia

CONTRABANDO – Art. 334-A, CP


Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:
Pena - reclusão, de 2 a 5 anos.

No contrabando, o agente importará ou exportar mercadoria proibida, aqui, ele


não estará mais burlando o pagamento de tributos, e sim, importando mercadoria
proibida

MERCADORIA ILÍCITA

CONDUTA EQUIPARADA – Art. 334-A, §1°, CP


§ 1 º Incorre na mesma pena quem:
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro,
análise ou autorização de órgão público competente
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação;
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza
em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
mercadoria proibida pela lei brasileira;
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de
atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.

581
NORMA PENAL EXPLICATIVA – Art. 334-A, §2°, CP
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo,
qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias
estrangeiras, inclusive o exercido em residências.

AUMENTO DE PENA – Art. 334-A, §3°, CP


§ 3 º A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em
transporte aéreo, marítimo ou fluvial.

EXERCÍCIOS

1. O crime de corrupção ativa é caracterizado por:


a) solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que
fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida.
b) extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão
do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente.
c) retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
d) oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício.
e) patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração
pública, valendo-se da qualidade de funcionário.

2. Considerando os Crimes contra a Administração, nos exatos termos do art.


334-A, § 1°, III, quem reinsere no território nacional mercadoria brasileira
destinada à exportação incorre na mesma pena do crime de
a) sonegação fiscal.
b) Descaminho.
c) fraude de concorrência.
d) Contrabando.
e) corrupção ativa em transação comercial internacional.

582
03 - Em razão do princípio da proteção da coisa pública, o tipo penal que prevê
o crime de descaminho não permite a aplicação do princípio da insignificância.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-D
2-D
3-E

DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA VI

DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA

DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA – Art. 339, CP


Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial,
instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de
improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe
inocente: (Redação dada pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Ocorre com a instauração de investigação policial, de processo judicial, de
investigação administrativa, inquérito covil, ou ação de improbidade
administrativa. Bastando que o agente dê causa mediante qualquer
comunicação, escrita ou oral.
CRIME COMUM: qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime.
CRIME MATERIAL: necessito na efetiva instauração do procedimento
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo
NÃO É CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
ADMITE TENTATIVA
AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA

583
AUMENTO DE PENA– Art. 339, §1º CP
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato
ou de nome suposto.

DIMINUIÇÃO DE PENA– Art. 339, §2º CP


§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de
contravenção.

CRIME DETERMINADO: a denúncia tem que especificar quais crimes teriam


sido praticados pelo agente.
Além da vítima ser inocente, o agente tem que conhecer dessa inocência da
vítima, portando, não existirá crime de o agente acha que a vítima, de fato,
cometeu o crime.

FAVORECIMENTO PESSOAL, Art. 348, CP


Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a
que é cominada pena de reclusão:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.

Temos uma terceira pessoa que cometeu um crime anterior, e o sujeito ático
deste crime o ajuda a subtrair-se de ação de autoridade pública.
Caso o sujeito ativo também tenha praticado o crime anterior, responderá por ele
como coautor ou partícipe, e não pelo crime de favorecimento pessoal.
O auxílio é dirigido a pessoa que cometeu o crime, e não ao objeto do crime.
CRIME COMUM: qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime.
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo
CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
ADMITE TENTATIVA
AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA

FORMA PRIVILEGIADA– Art. 348, §1º CP


§ 1º- Se ao crime não é cominada pena de reclusão
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.

584
ISENÇÃO DE PENA– Art. 348, §2º CP
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do
criminoso, fica isento de pena.
CUIDADO!!! A isenção de pena só é aplicada nos casos de favorecimento
pessoal, quando trato de favorecimento real, não existe qualquer isenção de
pena.

FAVORECIMENTO REAL, Art. 349, CP


Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de receptação,
auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa
Neste crime, o que se busca proteger, não é a figura do agente, mas o produto
do crime.
Caso o sujeito ativo também tenha praticado o crime anterior, responderá por ele
como coautor ou partícipe, e não pelo crime de favorecimento real.
CRIME COMUM: qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime.
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo
CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
ADMITE TENTATIVA
AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA

EXERCÍCIOS

1. Policial Militar que forja situação de flagrância, a fim de increpar indivíduo que
sabe inocente e, com isso, dá causa à instauração de inquérito policial, comete
crime de
a) falso testemunho (CP, art. 342).
b) calúnia qualificada (CP, art. 138, § 3o).
c) exercício arbitrário (CP, art. 350).
d) denunciação caluniosa (CP, art. 339).
e) comunicação falsa de crime (CP, art. 340).

585
2. Rui e Lino, irmãos, combinaram a prática de furto a uma loja. Depois de
subtraídos os bens, Pedro, pai de Rui e de Lino, foi procurado e permitiu, em
benefício dos filhos, a ocultação dos objetos furtados em sua residência por
algum tempo, porque eles estavam sendo investigados. Nessa situação
hipotética, a conduta de Pedro configura
a) receptação.
b) favorecimento real.
c) favorecimento pessoal.
d) hipótese de isenção de pena.
e) furto.

3. Situação hipotética: Com o intuito de prejudicar a candidatura de Flávio, seu


concorrente eleitoral, Alberto procurou uma delegacia de polícia e imputou
falsamente a Flávio os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Reduzida a termo essas declarações, a autoridade policial instaurou inquérito
policial para apurar os delitos.
Assertiva: Nessa situação, Alberto responderá pelo crime de fraude processual.
Certo ( ) Errado ( )

4. Considere que José, penalmente imputável, tenha fornecido abrigo para que
o seu irmão Alfredo, autor de crime de homicídio, se escondesse e evitasse a
ação da autoridade policial. Nessa situação, a conduta de José é isenta de pena
em face de seu parentesco com Alfredo.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-D
2-B
3-E
4-C

586
DIREITO PROCESSUAL
PENAL

587
INQUÉRITO POLICIAL I

CONCEITO

O inquérito policial pode ser entendido como a principal forma de investigação


estatal, sua principal função é sustentar o oferecimento da ação penal. Exige-se
aqui, um suporte probatório mínimo, relativo a indícios de autoria e prova de
materialidade.

Temos um procedimento administrativo preliminar e informativo.


O inquérito será conduzido pela Polícia Judiciária.

POLICIA JUDICIÁRIA X POLÍCIA ADMINISTRATIVA

POLÍCIA JUDICIÁRIA: Tem caráter repressivo, atua após a prática da infração


penal, no âmbito estadual, será exercida pela POLÍCIA CIVIL, no âmbito federal,
será exercida pela POLÍCIA FEDERAL.

POLÍCIA ADMINISTRATIVA: Tem caráter preventivo ou ostensivo, atua antes


da prática da infração penal, tem o objetivo de evitá-la, EX: POLÍCIA MILITAR.

O juiz poderá fundamentar sua decisão unicamente nas provas produzidas em


Inquérito Policial???

NÃO!!! Em regra, as provas produzidas em inquérito policial, somente se


prestam para fundamentar o oferecimento da ação penal, assim, o juiz, para
formular sua convicção, deve basear-se nas provas produzidas em contraditório.
EXCEÇÃO: provas cautelares, não repetíveis, antecipadas (art.155, CPP).

Por ser o inquérito um procedimento administrativo, ele não estará sujeito ao


regime de nulidades por eventuais irregularidades, não contamina o processo

CARACTERÍSTICAS

ADMINISTRATIVO – presidido pelo Delegado de Polícia, o inquérito policial é


um instituto pré-processual.

INQUISITIVO - serve para fornecer informações sobre autoria e materialidade


do crime, por ter critérios investigativos e não acusatórios, não possuo
contraditório ou ampla defesa, não sendo permitido que o investigado participe
dele. Em virtude de ser inquisitivo, cuidar apenas de uma investigação é que faz-
se necessário que as provas colhidas nessa fase sejam confrontadas com as
colhidas em contraditório.

588
ESCRITO – Art. 9º, CPP – os procedimentos deverão ser escritos, quando
existirem atos orais, esses deverão ser reduzidos a termo.

SIGILOSO – Art. 20, CPP – Não será disponível para qualquer do povo, porém,
em relação as partes diretamente envolvidas, o IP são será sigiloso (ofendido,
indiciado e advogado). Determinadas partes poderão ser declaradas sigilosas
para a necessária eficácia da medida, ex: posso restringir ao advogado as partes
que ainda não estejam documentadas (súmula vinculante 14).

OFICIAL – Deve ser presidido por órgão oficial do Estado, no caso, a Polícia
Judiciária.

OFICIOSO – Nos crimes de ação penal pública incondicionada, pode ser iniciado
de ofício pela autoridade policial.

INDISPONÍVEL – art. 17, CPP – A autoridade policial não poderá determinar o


arquivamento de inquérito policial, mesmo que não existem indícios suficientes
de autoria e prova de materialidade.

DISPENSÁVEL – art. 39, §5º - O inquérito policial é dispensável, não será


obrigatório caso o Ministério Público já possua todas as provas necessárias para
o oferecimento da denúncia.

DISCRICIONÁRIO – A autoridade policial poderá conduzir a investigação da


maneira que achar mais conveniente, não possuindo um rito prévio a ser
seguido.

PRAZOS

Art.10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido


preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta
hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de
30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.

§1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará
autos ao juiz competente.

§2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido
inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.

§3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a


autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores
diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.

Art. 3 - B (...) § 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá,


mediante representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público,

589
prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após
o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será
imediatamente relaxada.

CUIDADO!!! O STF na liminar na ADI 6298 suspendeu a eficácia deste e de


outros dispositivos incluídos pela Lei 13.964/19. Assim, no momento, esta
previsão de prorrogação no caso de indiciado preso ainda não está em vigor.

Existem, porém, prazos estabelecidos na Legislação Especial

JUSTIÇA FEDERAL – art. 66 da Lei 5.010/66


LEI DE TÓXICOS – art. 51, “caput” e §único da Lei 11.343/06
CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR – art. 10, §§1º e 2º da Lei 1.521/51
JUSTIÇA MILITAR – art. 20, “caput”, e §1º, do CPPM

PRAZOS PARA A CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL

DROGAS PRESO: 30 dias – duplicável


SOLTO: 90 dias – duplicável

JUSTIÇA FEDERAL PRESO:15 dias – duplicável


SOLTO: 30 dias prorrogável
CRIMES CONTRA A PRESO: 10 dias – improrrogáveis
ECONOMIA POPULAR SOLTO: 10 dias – improrrogáveis

JUSTIÇA MILITAR PRESO: 20 dias – improrrogável


SOLTO: 40 dias – prorrogável +20 dias

590
EXERCÍCIOS

1. Acerca do inquérito policial é correto afirmar:


a) No caso de apuração de delito de furto qualificado, deverá se encerrar no
prazo de 10 (dez) dias se o indiciado estiver preso.
b) Em caso de ausência de indícios de autoria, poderá ser arquivado pelo
Delegado de Polícia ou pelo Promotor de Justiça responsável pela investigação.
c) Nos crimes de ação penal privada, pode ser instaurado de ofício ou mediante
requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público.
d) É regido pelos princípios da oralidade, publicidade e ampla defesa.
e) É indispensável para a propositura da ação penal pública incondicionada ou
condicionada à representação da vítima do delito.

2. O inquérito policial é dispensável para a promoção da ação penal desde que


a denúncia esteja minimamente consubstanciada nos elementos exigidos em lei.
Certo ( ) Errado ( )

3. No âmbito do inquérito policial, cuja natureza é inquisitiva, não se faz


necessária a aplicação plena do princípio do contraditório, conforme a
jurisprudência dominante.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-A
2-C
3-C

INQUÉRITO POLICIAL II

INÍCIO DO INQUÉRITO POLICIAL – ART. 5º, CPP

Art. 5ºNos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:

I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a
requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

§ 1ºO requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:

a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;

591
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de
convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de
impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.

§ 2º Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá


recurso para o chefe de Polícia.

§ 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração


penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-
la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações,
mandará instaurar inquérito.

§ 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação,


não poderá sem ela ser iniciado. § 5ºNos crimes de ação privada, a autoridade
policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha
qualidade para intentá-la.

As formas de instauração do inquérito dependem da modalidade de ação:

AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA

DE OFÍCIO – ART.5º, I, CPP


Somente nessa modalidade de ação se permite a instauração de ofício pela
autoridade policial, decorre dos princípios da obrigatoriedade e da oficiosidade.
A instauração se dará mediante PORTARIA.

REQUISIÇÃO DO MP – ART.5º, II, CPP


A requisição implica na obrigatoriedade do seu cumprimento, é uma espécie de
ordem a autoridade policial

CUIDADO!!! Quanto à possibilidade do juiz requerer a instauração de IP, o novo


art. 3º-A prevê que o processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a
iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória
do órgão de acusação.

REQUERIMENTO DA VÍTIMA OU DE SEU REPRESENTANTE – ART. 5º, II,


CPP
O requerimento não funciona como uma ordem a autoridade policial, ou seja,
não há nenhuma obrigatoriedade no seu cumprimento. Quanto tratamos de
requerimento da vítima, alguns requisitos devem, ser preenchidos, se possível
(§1º) Caso seja indeferido o requerimento de abertura do IP??? Caberá recurso
para o chefe de polícia (§2º)

592
APF
Embora não esteja contida no art.5º, é um entendimento doutrinário

AÇÃO PÚBLICA CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO

REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO OU DE SEU REPRESENTANTE – ART.


5º, §4º, CPP
A representação não necessita ser formal, podendo ser dirigida ao Juiz, ao
Delegado ou ao MP. A vítima terá um prazo de 6 meses contados do dia em que
descobriu quem seria o autor para oferecer a representação, sob pena de
extinção da punibilidade (art.38, CPP)

REQUISIÇÃO DO MP
Da mesma forma da ação pública incondicionada, admite-se a requisição do MP,
porém, aqui, necessito da representação da vítima somada a essa requisição.

APF
Embora não esteja contida no art.5º, é um entendimento doutrinário. Também é
necessária a representação do o fendido, que se não exercer dentro de 24h do
momento da prisão, o agente deverá ser imediatamente solto, mas permanece
o direito de exercer a representação dentro do prazo de 6 meses.

REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA


Só será aplicada em alguns crimes em específico, nesse caso, a requisição será
dirigida ao próprio MP, porém, o MP não estará obrigado a obedecer a requisição
do ministro da justiça não estará sujeita ao prazo decadencial de 6 meses,
podendo ser exercida enquanto o crime ainda não tiver prescrito.

AÇÃO PRIVADA

REQUERIMENTO DA VÍTIMA OU DE SEU REPRESENTANTE – ART.5º, §5º,


CPP
Caso a vítima tenha falecido, esse direito passará ao CADI (art. 31, CPP).
Também deve obediência ao prazo decadencial de 6 meses.

APF
Embora não esteja contida no art.5º, é um entendimento doutrinário. Também é
necessária a representação do o fendido, que se não exercer dentro de 24h do
momento da prisão, o agente deverá ser imediatamente solto, mas permanece
o direito de exercer a representação dentro do prazo de 6 meses.

E se a investigação envolver pessoa com foro por prerrogativa de função???


A Autoridade Policial dependerá da autorização do respectivo tribunal para
instaurar IP

593
DELATIO CRIMINIS E NOTITIA CRIMINIS

NOTITIA CRIMINIS – É a ciência pela autoridade policial, de um fato criminoso


(NUCCI, 2008. p.152)

COGNIÇÃO IMEDIATA/ESPONTÂNEA: A própria autoridade policial tomou


notícia pelas suas próprias investigações.

COGNIÇÃO MEDIATA/INDIRETA/PROVOCADA: A autoridade toma


conhecimento do fato por meio de provocação de terceiro, ex: representação.

COGNIÇÃO COERCITIVA: A autoridade policial toma conhecimento do fato


através da prisão em flagrante do indivíduo.

DELATIO CRIMINIS – Comunicação a autoridade policial de um fato criminoso.

SIMPLES – ART. 5º, §3º, CPP – comunicação feita por qualquer do povo. A
instauração do Inquérito será feita depois de uma verificação de procedibilidade
das informações.

POSTULATÓRIA – O ofendido já solicita a instauração do IP, se dá nas ações


públicas condicionadas e nas ações privadas

INQUALIFICADA – “denúncia anônima”, comunicação feita por qualquer do


povo, mas sem identificação. Aqui, o IP não será instaurado de imediato,
primeiramente o delegado verificará a procedência das informações.

EXERCÍCIOS

1. Nos crimes de ação penal privada, o inquérito policial será iniciado


a) de ofício pela autoridade policial.
b) a requerimento do ofendido ou, se ausente, ao cônjuge, ascendente,
descendente ou seu irmão.
c) por requisição do Poder Judiciário.
d) com a lavratura de boletim de ocorrência de terceiro interessado ao fato e
alheio ao ofendido.
e) por requisição do Ministério Público ou a requerimento do ofendido.

2. A notitia criminis de cognição imediata ocorre quando a autoridade policial


toma conhecimento do fato delituoso através da apresentação do indivíduo preso
em flagrante delito, enquanto a denúncia anônima é considerada notitia criminis
inqualificada.
Certo ( ) Errado ( )

594
Gabarito
1-B
2-E

INQUÉRITO POLICIAL III

TRAMITAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL

Nessa aula, estudaremos como o inquérito policial é desenvolvido.

Art. 6º - Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade


policial deverá:

I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e


conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos
peritos criminais;
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no
Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado
por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a
quaisquer outras perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se
possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual,
familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes
e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem
para a apreciação do seu temperamento e caráter.
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se
possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos
cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.

Art. 13-Incumbirá ainda à autoridade policial:

I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e


julgamento dos processos;
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;
II - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias;
IV - representar acerca da prisão preventiva.

595
O rol do art. 6º não é taxativo, já sabemos disso analisando que o art. 13 traz
diversos outros atos de competência da autoridade policial.

REPRODUÇÃO SIMULADA DOS FATOS OU RECONSTITUIÇÃO DO CRIME


– ART. 7º, CPP

Art. 7º - Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de


determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada
dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.

A autoridade policial estará autorizada a reproduzir de forma simulada os fatos,


para tentar chegar o mais próximo da verdade, porém, será vedada qualquer
reprodução que ofenda a moralidade ou a ordem pública.

É importante ainda salientar que o investigado não estará obrigado a participar


dessa reprodução, por força do princípio do nemo tenetur se detegere.

REQUISIÇÃO DE DADOS

Art. 13 - A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158
e no art. 159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá
requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa
privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos. Parágrafo
único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas,
conterá:

I. o nome da autoridade requisitante;


II. o número do inquérito policial;
III. a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação.

Em razão da prática de determinados crimes, tanto a AUTORIDADE POLICIAL


quanto o MINISTÉRIO PÚBLICO, poderão solicitar informações cadastrais dos
suspeitos ou das vítimas. São os crimes de:

• SEQUESTRO OU CÁRCERE PRIVADO;


• REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA DE ESCRAVO;
• TRÁFICO DE PESSOAS;
• SEQUESTRO RELÂMPAGO;
• EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO;
• FACILITAÇÃO DO ENVIO DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE AO
EXTERIOR (art. 239 do ECA).

596
Quanto a qualquer desses crimes for cometido, será autorizada a requisição
direta, tando pelo MP quanto pela autoridade policial, que pode ser destinada
tanto a órgãos públicos quanto as empresas privadas.
CUIDADO!!! Quando os crimes forem relacionados ao TRÁFICO DE
PESSOAS, o art. 13-B, CPP, autoriza a requisição da AUTORIDADE POLICIAL
e do MP, porém, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de
serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente
os dados (meios técnicos) que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos
do delito em curso (como sinais, informações e outros). Com algumas
observações como:

1 - NÃO SERÁ PERMITIDO ACESSO AO CONTEÚDO DA CONVERSA;


2 - FORNECIDO PELA TELEFONIA MÓVEL POR PERÍODO NÃO SUPERIORA
30 DIAS (APÓS ESSE PERÍODO SERÁ NECESSÁRIA ORDEM JUDICIAL).

Nos crimes relacionados ao Tráfico de Pessoas, o Inquérito deverá ser


instaurado em até 72 horas do registro da ocorrência policial.

FORMAS DE TRAMITAÇÃO

SIGILOSIDADE

Art. 20 - A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação


do fato ou exigido pelo interesse da sociedade será sempre sigiloso em relação
as pessoas do povo, mas não em relação as partes envolvidas (ofendido,
indiciado e advogado).

Quanto a publicidade relacionada ao advogado, é importante salientar que é


possível ser decretado o sigilo em relação a algumas peças para o próprio
sucesso da investigação, como é o caso de investigações ainda em andamento.

Súmula vinculante nº 14: “É direito do defensor, no interesse do representado,


ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia
judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”.

Quanto a presença do advogado no interrogatório policial, prevalece o


entendimento de que o indiciado deve ser alertado sobre seu direito à presença
de advogado, mas, caso queira ser ouvido mesmo sem a presença do advogado,
o interrogatório policial é válido.

597
INCOMUNICABILIDADE DO PRESO

Art.21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos


autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a
conveniência da investigação o exigir.

Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será


decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade
policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o
disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil
(Lei n. 4.215, de 27 de abril de 1963).

Consiste na vedação absoluta do preso ao contato com o mundo exterior, seja


em relação a família ou, até mesmo, seu advogado. Nesse caso, a doutrina é
pacífica no entendimento de que esse dispositivo não foi recepcionado pela
Constituição, primeiro porque a própria CF garante que é direito do preso o
contato com sua família ou advogado, segundo porque a CF veda a
incomunicabilidade do preso durante o estado de defesa, se nem mesmo
durante o estado de defesa será declarada a incomunicabilidade do preso,
imagine em situações normais do cotidiano!

INDICIAMENTO

Art. 2º (...)
§ 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato
fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a
autoria, materialidade e suas circunstâncias.

Ocorre quando a autoridade policial centraliza a sua investigação em relação


àquela ou aquelas pessoas que serão consideradas prováveis autores da prática
criminosa.

O indiciamento será PRIVADO DA AUTORIDADE POLICIAL.

598
EXERCÍCIOS

1. Sobre o ato de indiciamento realizado no âmbito de investigação criminal


conduzida por delegado de polícia, é CORRETO afirmar:
a) É realizado mediante o mesmo grau de certeza de autoria que a situação de
suspeito.
b) Não é ato exclusivo do delegado de polícia que conduz a investigação.
c) Não poderá o delegado de polícia retratar sua posição e “desindiciar” o
investigado.
d) Resulta de um juízo de probabilidade e não de mera possibilidade sobre a
autoria delitiva.

2. Após a realização de inquérito policial iniciado mediante requerimento da


vítima, Marcos foi indiciado pela autoridade policial pela prática do crime de furto
qualificado por arrombamento.

Nessa situação hipotética, de acordo com o disposto no Código de Processo


Penal e na atual jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça acerca de
inquérito policial, embora fosse possível a instauração do inquérito mediante
requisição do juiz, somente a autoridade policial poderia indiciar Marcos como o
autor do delito.
Certo ( ) Errado ( )

3. Mário foi surpreendido no momento em que praticava crime de ação penal


pública condicionada à representação. A partir dessa situação hipotética, julgue
os itens a seguir.

Mário será identificado criminalmente pelo processo datiloscópico, procedimento


obrigatório e indispensável em caso de indiciamento.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-D
2-C
3-E

599
INQUÉRITO POLICIAL IV

CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL

Quando se esgotar o prazo para a conclusão, de acordo com o art. 10, CPP (já
estudado) ou quando encerradas as investigações, a autoridade policial fará
minucioso relatório daquilo que foi investigado e enviará ao juiz competente.

E se o fato não for elucidado no prazo estabelecido???

Mesmo assim, os autos de inquérito deverão ser remetidos a autoridade


competente, e solicitar a prorrogação do prazo. Lembrando que, caso o indiciado
esteja:

SOLTO: o juiz poderá prorrogar o prazo por sucessivas vezes;

PRESO: art. 3º-B, §2º do CPP - pode ser prorrogado pelo Juiz uma vez, por até
15 dia (eficácia suspensa pelo STF – ADI 6298)

A hipótese de prorrogação do indiciado preso, só poderá ocorrer uma única vez,


mediante representação da autoridade policial e ouvido o MP.
Essa regra é estabelecida de forma genérica pelo CPP, sabemos que existem
outros prazos referentes a legislação extravagante (anteriormente estudados)

JUSTIÇA FEDERAL – art. 66 da Lei 5.010/66


LEI DE TÓXICOS – art. 51, “caput” e §único da Lei 11.343/06
CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR – art. 10, §§1º e 2º da Lei 1.521/51
JUSTIÇA MILITAR – art. 20, “caput”, e §1º, do CPPM

CONTAGEM DO PRAZO

A maioria da doutrina entende se tratar de um prazo processual, obedecendo as


regras do art. 798, § 1° do CPP.

Art. 798.Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios,


não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.

§ 1º Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do


vencimento

É majoritário, porém, o entendimento da doutrina e da jurisprudência ao afirmar


que, se estou falando de indiciado PRESO, o prazo será MATERIAL (art. 10,
CP).

600
ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL

Entendendo o MP, não ser caso de oferecimento da denúncia, requererá o


arquivamento ao juiz. Se o juiz discordar do pedido, remeterá os autos ao PGJ,
que decidirá se manterá ou não a posição de arquivamento. O juiz estará
obrigado a obedecer a decisão do PGJ.

E nos crimes de ação privada???

Depois de concluído o IP, os autos são remetidos ao Juízo, onde permanecerão


até o fim do prazo decadencial, aguardando manifestação do ofendido (art.19,
CPP)

Existe ainda a possibilidade de:

ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO: Arquivamento implícito é aquele em que o MP


ajuíza a ação apenas em relação a alguns dos fatos ou alguns dos investigados,
silenciando quanto a outros, entendendo a doutrina, haver um arquivamento
implícito em relação aqueles silenciados.

O STF vem entendeu, em decisões recentes, que não existe “arquivamento


implícito” (HC - 104356, informativo 605 do STF).

ARQUIVAMENTO INDIRETO: Ocorria quando o membro do MP deixava de


oferecer a denúncia por entender que o juízo era incompetente, porém, o juízo
entendia ser competente, e recebia aquele declínio de competência como sendo
um pedido indireto de arquivamento.

TRANCAMENTO DO IP: ocorre quando for cessada a atividade investigatória


por decisão judicial quando não houver fundamentação razoável para a sua
instauração ou prosseguimento.

Arquivamento de IP faz coisa julgada???

A regra é que NÃO! Pois, o próprio CPP admite a autoridade policial proceder a
novas diligências se de novas provas tiver notícias. O que acontece é que o MP
não poderá ajuizar ação penal com base nos mesmos elementos anteriores de
prova.

SÚMULA 524 DO STF: Arquivado o Inquérito Policial, por despacho do Juiz, a


requerimento do Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem
novas provas.

Porém, existem exceções a essa regra, existem casos em que o arquivamento


do IP gerará coisa julgada material, nos casos de:

601
• ATIPICIDADE DO FATO;
• RECONHECIMENTO DE EXCLUDENTE DE ILICITUDE OU
CULPABILIDADE;
• RECONHECIMENTO DE EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE

CUIDADO!!! – EXCEÇÃO: extinção da punibilidade pela morte do agente


mediante apresentação de certidão de óbito falsa, não faz coisa julgada material.

ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL – LEI 13.964/19 (suspenso pelo


STF – ADI 6298)

CUIDADO!!! – As informações que serão dadas agora não estão, atualmente,


em vigor, o STF suspendeu sua aplicação por tempo indeterminado.

O procedimento para o arquivamento do IP foi afetado pelo nosso Pacote


Anticrimes. O MP não irá mais requerer o arquivamento ao judiciário,
entendendo ele não ser caso de ajuizamento de ação penal, PODERÁ
REALIZAR DIREITAMENTE O ARQUIVAMENTO. Depois de ordenado o
arquivamento, o MP comunicará a vítima, ao investigado e a autoridade policial,
após, o membro do MP encaminha os autos para a instância de revisão
ministerial (órgão do MP que fará a revisão da decisão) para fins de
homologação.

EXERCÍCIOS

1. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária,


por falta de base para a denúncia, a autoridade policial.

a) dependerá de anuência do membro do Ministério Público responsável pelo


caso para proceder a novas investigações.
b) não poderá proceder a novas investigações sem expressa autorização
judicial.
c) poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
d) dependerá de autorização judicial para proceder a novas investigações.
e) deverá proceder a novas investigações, independentemente do surgimento
de novas provas.

2. Lúcio é investigado pela prática de latrocínio. Durante a investigação, apurou-


se a participação de Carlos no crime, tendo sido decretada de ofício a sua prisão
temporária.
A partir dessa situação hipotética e do que dispõe a legislação, julgue o item
seguinte

Como Lúcio está solto, o inquérito policial não terá prazo para ser concluído

602
3. Com relação ao inquérito policial e à ação penal, julgue o item que se segue.
A doutrina e a jurisprudência majoritárias admitem o denominado arquivamento
implícito, que consiste no fato de o oferecimento de denúncia pelo Ministério
Público por apenas alguns dos crimes imputados ao indiciado impedir que os
demais sejam objeto de futura ação penal.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-C
2-E
3-E

INQUÉRITO POLICIAL V
VALOR PROBANTE

Nosso país adota o sistema do LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO, no que


se refere ao valor das provas estabelecidas pelo judiciário, ou seja, o juiz tem a
liberdade de apreciar as provas e valorá-las da forma que achar necessário,
dando a elas o valor que entender que merecem, não tendo a obrigação de
conferir maior peso a esta ou aquela. Além, a decisão deverá sempre ser
motivada, fundamentada

No sistema acusatório, a confissão não é considerada a “rainha das provas”, ou


seja, o juiz, existindo confissão do acusado, deve confrontá-la com as demais
provas colhidas. Podendo inclusive entender que essa confissão não possui
nenhum valor probante, podendo absolver o acusado que confessou a prática
criminosa.

A convicção do juiz poderá ser feita nos elementos colhidos em inquérito???


SIM!!! O que não pode é o juiz formar seu convencimento unicamente em provas
colhidas durante o inquérito policial, pois devem ser produzidas em contraditório,
a exceção se dá em relação as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas
– art.155, CPP.

PODER DE INVESTIGAÇÃO DO MP

O MP também possui poderes investigatórios, não sendo estes privativos da


Polícia Judiciária. Mas tome muito cuidado com essa afirmação! Vamos tratá-la
de forma esquematizada:

603
• MP TEM PODERES INVESTIGATIVOS (por meio de procedimentos
próprios de investigação)
• MP NÃO PODE PRESIDIR NEM INSTAURAR INQUÉRITO POLICIAL
(somente a polícia judiciária possui essa prerrogativa)

O MP poderá proceder investigações através dos seus PICs (Procedimento


Investigatório Criminal) mas não através de IP.

TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA

Existindo a prática de infração penal de menor potencial ofensivo, não será


lavrado Inquérito Policial, mas sim Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO).
O TCO pode ser considerado como uma investigação simplificada, contendo o
resumo das declarações das pessoas envolvidas, das testemunhas, e, se o
crime deixar vestígio, deverá ainda conter a juntada do exame de corpo de delito.
Nos autos de TCO, o delegado terá a responsabilidade de tomar o compromisso
do autuado de comparecer ao juizado especial em dia e horário previamente
designado.

Após a conclusão do TCO, o delegado o remete ao Juizado Especial Criminal.

EXERCÍCIOS

1. Considere a situação hipotética a seguir.

No final da tarde de uma sexta-feira, por volta das 17 horas, três guardas
municipais, em patrulhamento de rotina, deparam-se com duas pessoas,
maiores de 18 anos, sentadas em um banco de uma praça. Uma delas fumava
maconha (aproximadamente 0,5 g) e a outra cheirava cocaína
(aproximadamente 0,3 g), em circunstâncias indicativas da destinação ao
consumo pessoal.

Considerando a situação hipotética apresentada e a legislação penal e


processual em vigor, caberá aos agentes públicos:
a) dar voz de prisão em flagrante aos usuários, encaminhando-os para a
Delegacia de Polícia Civil, a fim de instaurar inquérito policial.
b) conduzir os usuários à autoridade policial competente, para a lavratura do
termo circunstanciado de ocorrência.
c) providenciar a apresentação dos usuários no Juizado Especial Criminal
competente, para a realização da audiência preliminar.
d) lavrar, no local, o termo circunstanciado de ocorrência, tomando o
compromisso dos usuários a fim de comparecerá audiência preliminar no
Juizado Especial Criminal competente.

604
2. O mérito da suficiência de suporte probatório para a instauração da ação penal
é juízo exclusivo do órgão acusatório, razão por que não cabem recursos
judiciais do arquivamento do inquérito policial.
Certo ( ) Errado ( )

3. A autoridade policial poderá arquivar o inquérito policial se verificar que o fato


criminoso não ocorreu.
Certo ( ) Errado ( )

4. Arquivado o IP, por falta de elementos que evidenciem a justa causa, admite-
se que a autoridade policial realize novas diligências, se de outras provas tiver
notícia.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-B
2-C
3-E
4-C

AÇÃO PENAL I

CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA

Guilherme de Souza Nucci entende que a ação penal é “o direito do Estado-


acusação ou do ofendido de ingressar em juízo, solicitando a prestação
jurisdicional, representada pela aplicação das normas de direito penal ao caso
concreto.” (NUCCI, 2008, p. 183).

Podemos extrair, da doutrina, algumas características do DIREITO DE AÇÃO,


possuindo a natureza jurídica de um direito:

PÚBLICO: exercido contra o Estado;


SUBJETIVO: o titular será sempre determinado, seja o MP, seja a vítima;
ABSTRATO: o direito de ação será exercido independentemente do seu
resultado no processo;
AUTÔNOMO: independente do direito de punir, é preexistente a este;
INSTRUMENTAL: ação é meio para se permitir o exercício de punir.

605
Possui fundamento constitucional, a ação penal é considerada um direito
fundamental (art.5º, XXXV, CF), quando é estabelecido que “a lei não excluirá
da apreciação do poder judiciário qualquer lesão ou ameaça a direito”

ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL

Art. 100- A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara
privativa do ofendido.
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando
a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da
Justiça.
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou
de quem tenha qualidade para representá-lo.
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública,
se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão
judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão.

O critério adotado aqui será o da titularidade do exercício da ação, estabelecidas


nos arts. 100, CP e 24, CPP. A regra é a ação pública (titularidade privativa do
Ministério Público) e a exceção é a ação privada (titularidade do ofendido ou de
seu representante legal).

Ainda existe a regra dentro da própria ação penal pública, é que seja pública
incondicionada, as exceções, se previstas em lei, é que a ação pública seja
condicionada a representação do ofendido ou a requisição do ministro da justiça.

No silêncio da lei sobre a modalidade de ação, aplica-se a regra, será PÚBLICA


INCONDICIONADA, com isso, para que seja aplicada qualquer outra espécie de
ação, o tipo penal deve estipular expressamente essa possibilidade.

AÇÃO PENAL LEGITIMIDADE


INCONDICIONADA Ministério Público
AÇÃO PENAL PÚBLICA
(DENÚNCIA) CONDICIONADA A Ministério Público (representação do
REPRESENTAÇÃO ofendido ou CADI – Art.24, §1º, CP.

CONDICIONADA A Ministério Público (requisição do


REQUISIÇÃO Ministro da Justiça)

606
EXCLUSIVA/PROPRIAMENTE Ofendido/ representante legal, ou no
AÇÃO PENAL PRIVADA DITA caso de morte ou ausência– CADI, Art.
(QUEIXA) 31, CPP
PERSONALÍSSIMA Somente o ofendido

SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA Ofendido/ representante legal, ou no


caso de morte ou ausência – CADI

CONDIÇÕES AÇÃO PENAL

Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (…)

II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou


III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.

Para que a denúncia ou a queixa seja recebida, é necessário o preenchimento


das condições da ação penal, que são requisitos mínimos e indispensáveis ao
julgamento de mérito.

Se não estiverem presentes as condições da ação, deverá ocorrer a rejeição da


denúncia ou queixa.

TEORIA DA ASSERÇÃO OU TEORIA DA PROSPETTAZIONE - O exercício do


direito de ação depende do preenchimento das condições da ação.

Mas se, depois de iniciada a ação, recebida a denúncia ou queixa, contatou-se


a ausência de determinada condição da ação???

O juiz deverá proferir um julgamento de mérito, absolvendo o condenado ou réu.

As condições da ação podem ser:

GENÉRICAS: Presentes em qualquer ação


ESPECÍFICAS: Presentes apenas em algumas espécies de ações

CONDIÇÕES GENÉRICAS

POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO: O estado tem que ter a possibilidade


de condenar o indivíduo, o fato tem que ser considerado um crime.
INTERESSE DE AGIR: Pressupõe a necessidade, a adequação e a utilidade da
ação penal.
LEGITIMIDADE DAS PARTES: Aborda tanto a legitimidade para a causa quanto
a legitimidade para o processo (MP, ofendido…)

607
JUSTA CAUSA: Pode ser analisada como o conjunto de todas as condições da
ação, faltando qualquer delas, faltará justa causa

CONDIÇÕES ESPECÍFICAS

• Representação do ofendido
• Requisição do ministro da justiça

EXERCÍCIOS

1. Ao tratar da iniciativa da ação penal, o Código de Processo Penal, estabelece,


como regra, que a iniciativa será do Ministério Público. Todavia, mesmo nos
crimes de ação pública, por vezes, a lei exige a representação do ofendido.
Declarado judicialmente ausente o ofendido, terão qualidade para representá-lo
APENAS:
a) os herdeiros necessários, o curador especial ou advogado constituído.
b) o cônjuge, ascendente ou descendente.
c) o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
d) os sucessores ou curador.
e) os sucessores ou tutor.

2. Desde o advento da Lei n.º 11.719/2008, que alterou dispositivos do Código


de Processo Penal, as condições da ação penal são a possibilidade jurídica do
pedido, o interesse de agir e a legitimidade.
Certo ( ) Errado ( )

3. A legitimação ativa para a ação penal e a definição de sua natureza decorre


da lei, sendo, de regra, ação pública, salvo se a lei expressamente a declara
privativa do ofendido.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-C
2-E
3-C

608
AÇÃO PENAL II

AÇÃO PENAL PÚBLICA

A ação pública tem como titular o Ministério Público, rege-se por alguns
princípios

PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE

Consiste no dever que é imposto ao Ministério Público e a Polícia Judiciária


quanto a processar e investigar crimes desta espécie de ação, ou seja, não cabe
ao delegado escolher se investiga ou não, nem ao MP se oferece ou não a
denúncia.

CUIDADO!!! Na AÇÃO PÚBLICA CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO, a


representação é regida pelo princípio da oportunidade, já o oferecimento da
denúncia é regido pelo princípio da obrigatoriedade.

PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE
Decorre do princípio da obrigatoriedade, aqui, o MP não poderá desistir da ação
penal instaurada (art. 42, CPP). Quando nos referimos aos recursos,
logicamente o MP não será obrigado a recorrer, mas se já interposto, não poderá
desistir (art. 576, CPP).

PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE
As atividades persecutórias serão exercidas, necessariamente, por órgão oficial
do Estado, não sendo possível que essa função seja exercida por particulares.
Essa função será exercida por três órgãos estatais:

• POLÍCIA JUDICIÁRIA: investiga


• MINISTÉRIO PÚBLICO: acusa
• JUIZ: julga

PRINCÍPIO DA OFICIOSIDADE
A autoridade pública competente deve agir de ofício, sem necessitar de qualquer
assentimento ou provocação de terceira pessoa.

CUIDADO!!! Este princípio apenas será aplicado a ação pública incondicionada,


não sendo possível a atuação de ofício quando ela necessitar de
representatividade do ofendido ou do Ministro da Justiça.

PRINCÍPIO DA AUTORITARIEDADE
Os órgãos que investigam e processam devem ser autoridades públicas

609
CUIDADO!!! Este princípio não se aplica a ação privada, pois esta deve ser
oferecida pelo particular.

PRINCÍPIO DA (IN) DIVISIBILIDADE


Segundo o STF, a ação pública será DIVISÍVEL, pois, poderá sempre o MP (até
a sentença), aditar a denúncia, incluindo novos agentes ou oferecendo, contra
eles, nova ação penal caso já tenha sido prolatada a sentença. Porém,
prevalece na doutrina que a ação pública será INDIVISÍVEL, já que deve ser
estendida a todos aqueles que praticaram a infração.

Essa controvérsia não se torna tão importante quando temos a consciência que
a ação penal pública obedece o princípio da obrigatoriedade, em que todos os
agentes delitivos devem ser incluídos na demanda, desde que existem indícios
de autoria e prova da materialidade.

PRINCÍPIO DA INTRANSCEDÊNCIA/ PERSONALIDADE


Exige-se que o processo penal seja instaurado apenas em face de quem
efetivamente cometeu o crime, ou seja, não é possível que um responsável
civilmente, por si só figure como réu.

REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO

É uma condição de procedibilidade para o oferecimento da ação pública, em


alguns casos estabelecidos em lei. Consiste numa modalidade de Delatio
Criminis Postulatória. Com isso, nem o IP, nem a Ação Penal, nos crimes que
necessitam de representabilidade, poderão ser iniciados sem ela.

PRAZO: deve ser oferecida no prazo de 6 meses contados do conhecimento da


autoria (art.38, CPP), sob pena de extinção da punibilidade pela decadência. -
PRAZO PEREMPTÓRIO.

RETRATAÇÃO: caberá retratação da representação até o OFERECIMENTO


DA DENÚNCIA (art. 25, CPP)

CUIDADO!!! Na Lei Maria da Penha (art.16, da Lei 11.340/06) caberá retratação


da representação até o RECEBIMENTO DA DENÚNCIA em audiência
especialmente designada para esse fim, ouvido o MP.

A retratação da representação pode ser expressa ou tácita. Cabe a retratação


da retratação desde que não operada a decadência.

610
REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA

Só será admitida para alguns crimes, trata-se de ato de conveniência política do


Ministro da Justiça. Vamos analisar algumas infirmações peculiares sobre o
tema:

PRAZO: não obedece o prazo decadencial, podendo ser exercida enquanto não
houver prescrição.
DESTINATÁRIO: dirigida ao MP
DISCRICIONARIEDADE: a requisição é discricionária do Ministro da Justiça,
que decide com base na conveniência e oportunidade.
RETRATAÇÃO: existe uma enorme polêmica doutrinária quanto a isso, parte
entende ser possível com base em analogia do art. 25, outra parte entende não
ser possível por falta de previsão legal e por ser um ato político
HIPÓTESES: só será cabível para casos específicos, são eles:

CRIMES COMETIDOS POR ESTRANGEIROS CONTRA BRASILEIROS FORA


DO PAÍS (art. 7º, §3º, “b”, CP)

CRIMES CONTRA A HONRA PRATICADOS CONTRA O PRESIDENTE DA


REPÚBLICA OU CHEFE DO GOVERNO ESTRANGEIRO (art. 145, §único, 1º
parte, CP).

611
EXERCÍCIOS

1. A ação penal pública pode ser incondicionada ou condicionada à


representação. Em relação à ação penal pública condicionada à representação,
há a exigência da manifestação do ofendido ou de quem tenha qualidade para
representá-lo. Acerca da ação penal pública condicionada à representação,
assinale a opção CORRETA.
a) A representação é uma condição de procedibilidade da ação penal, e sua
ausência impede o Ministério Público de oferecer a denúncia.
b) Opera-se a decadência da ação penal condicionada à representação se o
direito de representar não for exercido no prazo de seis meses, a contar da data
do fato criminoso.
c) O ofendido pode, a qualquer tempo, exercer o direito de se retratar da
representação, sendo a extinção da punibilidade sem resolução de mérito o
efeito da retratação.
d) A ação penal pública condicionada à representação é essencialmente de
interesse privado e regida pelos princípios da conveniência e oportunidade.
e) A irretratabilidade da representação inicia-se com a instauração do inquérito
policial.

2. Em se tratando de crimes sujeitos a ação penal pública condicionada, a


representação do ofendido é irretratável depois de oferecida a denúncia.
Certo ( ) Errado ( )

3. É de seis meses o prazo para que o ministro da Justiça requeira a instauração


de inquérito policial em crime de ação penal pública condicionada. Findo esse
prazo, opera-se a decadência do direito de ação.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-A
2-C
3-E

612
AÇÃO PENAL III

AÇÃO PENAL PRIVADA

O particular passa a ter o direito de ação e a legitimidade para oferecê-la, porém,


a pretensão punitiva permanece sendo do Estado. Nesse caco, o interesse
privado prevalece em relação ao interesse público.

Terão legitimidade para propor a ação privada, o ofendido ou o seu


representante legal (art. 30, CPP). Havendo o a morte ou declarado ausente o
ofendido, a legitimidade passará ao CADI (Cônjuge, Ascendente, Descendente,
Irmão) - art. 36, CPP.

Em qualquer caso, é necessário que o autor da ação esteja acompanhado de


advogado, salvo se ele próprio for advogado, nesse causo, advogará em causa
própria.

PRINCÍPIOS DA AÇÃO PRIVADA

OPORTUNIDADE OU CONVENIÊNCIA: A vítima tem a faculdade de oferecer


ou não a ação penal
DISPONIBILIDADE: O particular poderá desistir da ação já instaurada, seja pelo
perdão (arts. 51 ao 59, CPP), seja pela perempção (art. 60, CPP).
INTRANSCEDÊNCIA OU PERSONALIDADE: O processo deverá ser
instaurado apenas em face só autor do delito.
INDIVISIBILIDADE: se ajuizar alcançará a todos os envolvidos

DECADÊNCIA – ART. 38, CPP

Consiste na perca de direito de agir do estado pelo pelo decurso do tempo,


provocando a extinção da punibilidade do agente. Aplicada na AÇÃO PÚBLICA
CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO e na AÇÃO PRIVADA.

O prazo para o oferecimento da denúncia ou da quixa será de 6 meses contados


do conhecimento da autoria. Este prazo será contado de forma MATERIAL
(art.10, CP).

CUIDADO!!! No CRIME CONTINUADO, o prazo decadencial será contado


individualmente para cada delito.

613
RENÚNCIA

Ocorre quando a vítima não deseja tomar qualquer providência contra o seu
agressor. Aplicada na AÇÃO PRIVADA.

Opera-se antes do oferecimento da ação penal (pré processual). Será irretratável


já que gera a extinção da punibilidade (art. 107, V, CP).

A renúncia feita em relação a um dos acusados, aproveita a todos (art. 49, CPP).

É ato unilateral do indivíduo, não necessita ser aceito para causar efeito.
Podendo ainda ser expresso ou tácito.

CUIDADO!!! O mero convívio social não será considerado renúncia.


Ex: cumprimentos ao longo do dia.

PERDÃO

Desistência da demanda, aplicável na ação privada, somente ocorre com a ação


já iniciada (processual). Também gera a extinção da punibilidade do agente
(art.107, V, CPP). O perdão é ato bilateral, precisa ser aceito para surtir efeitos,
não produzindo efeitos em relação aos que recusar, se concedido a um dos
querelados, aproveitará a todos (art. 51, CPP).

O perdão poderá ser operado até o trânsito em julgado (art.106, §2º, CP).

Podendo ainda ser expresso (devendo o querelado dizer no prazo de 3 dias se


aceita ou não, devendo o seu silêncio ser entendido como aceitação tácita) ou
tácito (quando o ofendido toma atitudes incompatíveis com o desejo de
processar).

Se existe mais de uma vítima e qualquer delas perdoou o autor, isso não afetará
a situação das outras (art. 106, II, CP).

Existindo vários processos entre a vítima e o agressor, o perdão feito em um


deles não atingirá os demais.

CUIDADO!!! O mero convívio social não será considerado perdão.


Ex: cumprimentos ao longo do dia.

614
RENÚNCIA PERDÃO

DECORRE DO PRINC. DA OPORTUNIDADE DECORRE DO PRINC. DA DISPONIBILIDADE

UNILATERAL BILATERAL

AÇÃO PRIVADA – em regra AÇÃO PRIVADA

PRÉ-PROCESSUAL PROCESSUAL

PEREMPÇÃO – ART. 60, CPP

Consiste na extinção da punibilidade quando o querelante, por desídia,


demonstra desinteresse no prosseguimento da ação (art.107. IV, CPP).

Ocorre nos casos de:


• Iniciada a ação, o querelante deixa de promover andamento durante 30
dias seguidos;
• Morte ou incapacidade, o cadi não comparece para prosseguir no
processo dentro do prazo de 60 dias;
• Querelante deixa, sem motivo justificado, de comparecer a qualquer ato
processual que era obrigado;
• Deixar de pedir a condenação em alegações finais;
• Querelado é pessoa jurídica e essa se extingue sem deixar sucessores

EXERCÍCIOS

1. João sofreu calúnia, mas veio a falecer dentro do prazo decadencial de seis
meses, antes de ajuizar ação contra o ofensor. Ele não tinha filhos e mantinha
um relacionamento homoafetivo com Márcio, em união estável reconhecida.
João era filho único e tinha como parente próximo sua mãe.
Nessa situação hipotética, o ajuizamento de ação pelo crime de calúnia
a) somente poderá ser promovido pela mãe de João.
b) poderá ser realizado pelo Ministério Público.
c) poderá ser realizado por Márcio.
d) não é cabível, haja vista a morte de João
e) deverá ser realizado por curador especial, a ser nomeado para essa
finalidade.

615
2. Situação hipotética: Antônio e Pedro são autores de um mesmo crime contra
João. Assertiva: Nessa situação, João poderá renunciar ao exercício de seu
direito de queixa em relação a Antônio e mantê-lo em relação a Pedro.
Certo ( ) Errado ( )

3. Na ação penal privada, apesar de a vítima ou seu representante legal não


serem obrigados a oferecer queixacrime, uma vez ajuizada a ação, o querelante
não pode deixar de processar quaisquer dos autores da infração penal
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-C
2-E
3-C

AÇÃO PENAL IV

AÇÃO PENAL PRIVADA

ESPÉCIES DE AÇÃO PRIVADA

EXCLUSIVA OU PROPRIAMENTE DITA: Tanto o ofendido quanto o seu


representante legal (art. 30, CPP), seus sucessores (CADI, no caso de morte ou
ausência, art. 31, CPP), ou o seu curador especial (hipóteses do art. 33, CPP),
podem ingressar com a ação penal.

PERSONALÍSSIMA: Nessa modalidade, a legitimidade ativa é privada da


pessoa ofendida, não admitindo-se que qualquer outra pessoa assuma o polo
ativo.

O único exemplo atual que exige essa modalidade de ação é o crime de


INDUZIMENTO A ERRO ESSENCIAL E OCULTAÇÃO DE IMPEDIMENTO AO
CASAMENTO (art.236, § único, CP).

616
PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA: Ocorre quando o MP faz-se inerte
frente ao oferecimento da denúncia, o ofendido ou seu representante legal
ingressa diretamente com a ação penal, através do oferecimento da queixa
(art.46, CPP).

Nesse caso, o ofendido terá a faculdade de decidir se oferecerá a ação ou não.


Terá um prazo decadencial de 6 meses contados a partir do esgotamento do
prazo para o MP oferecer a denúncia. Trata-se de uma queixa-crime substitutiva.

CUIDADO!!! O esgotamento desse prazo não gera extinção da punibilidade!

Acontece que, esgotado o prazo decadencial, seu único efeito será a perca da
legitimidade ativa por parte do ofendido, autorizando o órgão do MP a iniciar a
ação como seu autor.

O MP poderá entender que a ação oferecida não possui justa causa, nesse caso,
deverá fornecer parecer pugnando pela rejeição da peça, o magistrado, porém,
não estará vinculado ao parecer ministerial.

DENÚNCIA X QUEIXA

DENÚNCIA: peça privativa do Ministério Público que dá início a ação pública;


QUEIXA: peça privativa do ofendido ou de seu representante legal, ou ainda de
eu sucessor ou curador, que dá início a ação privada.

A ação penal é iniciada com o oferecimento da denúncia ou queixa, mas,


segundo o STF, o ajuizamento da ação se dá no momento do recebimento da
inicial, que é quando ocorrerá a posterior citação do réu.

PRAZOS PARA O OFERECIMENTO DA DENÚNCIA

Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5
dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do
inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último
caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-
á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os
autos.
§ 1º. Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o
oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças
de informações ou a representação.
§ 2º. O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em
que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar
dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos
demais termos do processo.

617
PRESO: 5 dias (da data em que o MP receber os autos do Inquérito Policial)
SOLTO: 15 dias.

E se o indicado está preso e existir devolução do Inquérito a Autoridade


Policial???

Nesse caso, conta-se o prazo da data em que o Ministério Público novamente


receber os autos

E quando o MP dispensar os autos de Inquérito Policial???

O prazo para o oferecimento da denúncia será contado da data em que tiver


recebido a peça de informação ou representação (§1º)

Existem prazos especiais para o oferecimento da denúncia nos casos:

CRIMES ELEITORAIS: 10 DIAS (art. 357, Código Eleitoral)

LEI DE TÓXICOS: 10 DIAS (art. 54, III, Lei 11.343/06)

CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR: 2 DIAS (art. 10, §2º, Lei 1.521/51)

PRAZOS PARA O OFERECIMENTO DA QUEIXA

Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal,


decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do
prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do
crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o
oferecimento da denúncia.

Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou


representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único,
e 31.

O prazo decadencial terá seu cômputo finalizado com o oferecimento da peça


acusatória, pouco importando se houve ou não o seu recebimento.

CUIDADO!!! No crime continuado, o prazo decadencial será contado


individualmente.

Existem prazos especiais para o oferecimento da queixa nos casos:

618
SENTENÇA QUE, POR MOTIVO DE ERRO OU IMPEDIMENTO, ANULE CASAMENTO: 6 meses
do trânsito em julgado da sentença (art. 236, § único, CP)

CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL, QUE DEIXAR VESTÍGIOS: 30 dias da


homologação do laudo (art.529, CPP)

ATENÇÃO!!! Nesse último caso, é necessário que ele seja contabilizado junto
com o prazo geral indicado no art. 38, CPP. Ficando da seguinte forma,
“conhecido o infrator, é deflagrado o prazo decadencial de 6 meses. Ficando
pronto o laudo, com a respectiva homologação, terá então a vítima, no máximo
de 30 dias para deflagrar a ação. É como se o prazo geral fosse limitado pela
homologação do laudo. ” (TÁVORA; ALENCAR, 2009, p. 670).

EXERCÍCIOS

1. Oferecendo a ofendida ação penal privada subsidiária da pública, o Ministério


Público, nos exatos termos do art. 29 do CPP,
a) perde interesse processual e deixa de intervir nos autos.
b) pode intervir em todos os termos do processo, contudo, sem capacidade
recursal
c) pode aditar a queixa.
d) deixa de ser parte e passa a atuar como custos legis e não pode, por exemplo,
fornece elementos de prova.

2. Sobre a ação penal privada é correto afirmar que


a) será promovida por denúncia do Ministério Público ou por requisição do
Ministro da Justiça.
b) seu exercício depende de representação do Ministério Público e aceitação da
vítima.
c) pode ser intentada tanto pelo ofendido quanto por quem tenha qualidade para
representá-lo.
d) deve ser proposta no prazo de trinta dias da descoberta do crime pelo
ofendido.
e) pode ser exercida por qualquer pessoa que saiba do crime e independe da
vontade do ofendido.

3. No caso de crime processável por ação penal pública, quando o Ministério


Público não oferecer a denúncia no prazo legal, o ofendido poderá impetrar ação
penal privada subsidiária da pública.
Certo ( ) Errado ( )

619
Gabarito
01 - C
02 - C
03 - C

PRISÃO, MEDIDAS CAUTELARES, LIBERDADE


PROVISÓRIA I

DISPOSIÇÕES GERAIS – Art. 282 ao 300, CPP

Quando nos referimos a prisão, suas modalidades são analisadas:

PRISÃO PENA: punição decorrente de uma sentença penal irrecorrível, terá


como pressuposto a culpa do agente.

PRISÃO CAUTELAR: não se trata de uma punição, pois ainda não existe
sentença irrecorrível, mas sim de uma medida que busca garantir o regular
desenvolvimento da instrução processual ou da aplicação da lei penal, ou ainda
para evitar o cometimento de novas infrações.

Estudaremos a prisão não-pena, ou seja, a prisão cautelar. Para que o Estado


exerça o seu direito de punir um indivíduo, ele deverá ser submetido a um
processo criminal, a decretação da prisão antes desse momento deverá ser
considerada medida excepcional, somente decretada em caso de extrema
necessidade. Deverá ser decretada desde de que não caiba, para o caso, uma
cautelar diversa da prisão – art. 319, CPP. Nosso ordenamento jurídico
estabelece três modalidades de prisão:

• FLAGRANTE
• PREVENTIVA
• TEMPORÁRIA

Antes de iniciarmos nosso estudo sobre essas prisões, é importante que você
memorize regras gerais aplicadas a elas, principalmente que observe as
alterações estabelecidas pela Lei 13.964/2019 - (PACOTE ANTICRIME).

Art. 282.As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas
observando-se a:

I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução


criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações
penais;

620
II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e
condições pessoais do indiciado ou acusado.

§1ºAs medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente.

§2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes
ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade
policial ou mediante requerimento do Ministério Público. (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019).

§ 3ºRessalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o


juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte
contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia
do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo, e
os casos de urgência ou de perigo deverão ser justificados e fundamentados em
decisão que contenha elementos do caso concreto que justifiquem essa medida
excepcional. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019).

§ 4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz,


mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do
querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último
caso, decretar a prisão preventiva, nos termos do parágrafo único do art. 312
deste Código. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019).

§ 5ºO juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar
ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como
voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. (Redação dada pela
Lei nº 13.964, de 2019).

§ 6º A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua
substituição por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o
não cabimento da substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado
de forma fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma
individualizada. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019).

DECRETAÇÃO DE CAUTELARES PELO JUIZ - §2º

ANTES DA LEI 13.964/2019: as medidas cautelares eram decretadas pelo juiz


de ofício ou a requerimento das partes

DEPOIS DA LEI 13.964/2019: as medidas passaram a ser decretadas pelo juiz,


a requerimento das partes (não cabe de ofício).

621
INTIMAÇÃO DA PARTE CONTRÁRIA - §3º

ANTES DA LEI 13.964/2019: não estabelecia um prazo pré definido

DEPOIS DA LEI 13.964/2019: o juiz determinará a intimação da parte contrária,


para se manifestar num prazo de 5 dias. Os casos de urgência ou de perigo
deverão ser justificados e fundamentados em decisão que contenha elementos
do caso concreto que justifiquem essa medida excepcional

DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES IMPOSTAS - §4º

ANTES DA LEI 13.964/2019: O juiz, de ofício, mediante requerimento do MP, de


seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em
cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva.

DEPOIS DA LEI 13.964/2019: o juiz, mediante requerimento do Ministério


Público (não caberá de ofício), de seu assistente ou do querelante, poderá
substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a
prisão preventiva.

REVOGAÇÃO OU SUBSTITUIÇÃO DA CAUTELAR - §5º

ANTES DA LEI 13.964/2019: o juiz poderá revogá-la ou substituí-la quando


verificar a falta de motivos para que subsista, bem como voltar a decretá-la que
sobrevierem motivos que a justifiquem.

DEPOIS DA LEI 13.964/2019: O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes,


revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para
que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a
justifiquem.

DETERMINAÇÃO DA PREVENTIVA - §6º

ANTES DA LEI 13.964/2019: será determinada quando não for cabível a sua
substituição por outra cautelar.

DEPOIS DA LEI 13.964/2019: A prisão preventiva somente será determinada


quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar, observado
o art. 319 CPP, e o não cabimento da substituição por outra medida cautelar
deverá ser justificado de forma fundamentada nos elementos presentes do caso
concreto, de forma individualizada (trata de forma mais específica quando a
necessária aplicação da medida).

622
O art. 283, CPP (Lei 13.964/2019), estabelece inovações ao estabelecer que:
ninguém será preso senão:
• em flagrante delito;
• por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária;
• em decorrência de prisão cautelar;
• em virtude de condenação criminal transitada em julgado.

CUIDADO!!! As medidas cautelares não se aplicam à infração a que não for


isolada, cumulativa ou alternativamente cominada pena privativa de liberdade.
A prisão, respeitando as restrições relativas a inviolabilidade de domicílio, poderá
ser efetuada em qualquer dia e em qualquer horário.

SÚMULA VINCULANTE 11 - Só é lícito o uso de algemas em casos de


resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria
ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por
escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da
autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem
prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará a


prisão, e o preso, em tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz que tiver
expedido o mandado, para a realização de audiência de custódia.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019).

É vedado o uso de algemas em mulheres grávidas durante os atos médico-


hospitalares preparatórios para a realização do parto e durante o trabalho de
parto, bem como em mulheres durante o período de puerpério imediato.

As pessoas presas provisoriamente ficarão separadas das que já estiverem


definitivamente condenadas, nos termos da lei de execução penal.

PRISÃO ESPECIAL – Art.295

São recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade


competente, quando sujeitos a prisão antes da condenação definitiva:

• MINISTROS DE ESTADO
• GOVERNADORES OU INTERVENTORES DE ESTADO OU
TERRITÓRIO;
• PREFEITO DO DF E SEUS RESPECTIVOS SECRETÁRIOS;
• PREFEITOS MUNICIPAIS;
• VEREADORES;
• CHEFES DE POLÍCIA;
• MEMBROS DO PARLAMENTO NACIONAL;

623
• CONSELHO DE ECONOMIA NACIONAL;
• ASSEMBLEIAS LEGISLATIVAS DOS ESTADOS;
• CIDADÃO INSCRITO NO “LIVRO DE MÉRITO”;
• OFICIAIS DAS FORÇAS ARMADAS;
• MILITARES DOS ESTADOS, DF E TERRITÓRIOS;
• MAGISTRADOS;
• DIPLOMADOS POR QUALQUER DAS FACULDADES SUPERIORES
DA REPÚBLICA;
• MINISTROS DE CONFISSÃO RELIGIOSA;
• MINISTRO DO TRIBUNAL DE CONTAS
• CIDADÃO QUE TIVER EXERCIDO EFETIVAMENTE A SITUAÇÃO DE
JURADO – SALVO: QUANDO EXCLUÍDO DA LISTA POR MOTIVO DE
INCAPACIDADE DE QUALQUER FUNÇÃO;
• DELEGADOS DE POLÍCIA;
• GUARDA CIVIS DOS ESTADOS E TERRITÓRIOS – ATIVOS E
INATIVOS.

EXERCÍCIOS

1. Nos expressos e literais termos do artigo 295 do CPP, têm direito à prisão
especial – que nada mais é do que o recolhimento em local distinto da prisão
comum – entre outros,
a) o Vereador, o Magistrado e o Ministro de Confissão Religiosa.
b) o Ministro de Estado, o Governador e o Agente Municipal de Trânsito.
c) o Prefeito Municipal, o Praça das Forças Armadas e o Ministro do Tribunal de
Contas.
d) o Agente Fiscal de Posturas Públicas, o membro da Assembleia Legislativa
dos Estados e os Delegados de Polícia.
e) o Oficial das Forças Armadas, o diplomado por qualquer das faculdades
superiores da República e o Agente Fiscal de Rendas.

2. É vedado o uso de algemas em mulheres grávidas durante os atos médico-


hospitalares preparatórios para a realização do parto e durante o trabalho de
parto, bem como em mulheres durante o período de puerpério imediato.
Certo ( ) Errado ( )

3. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado obstará a prisão


Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
01 - A
02 - C
03 - E

624
PRISÃO, MEDIDAS CAUTELARES, LIBERDADE
PROVISÓRIA II

FLAGRANTE – arts. 301 ao 310, CPP

Tem como fundamento a prática de um fato aparentemente típico. Desse modo,


realizada a prisão em flagrante, não cabe a autoridade policial verificar se o
agente praticou a conduta amparado por excludente de tipicidade, ilicitude ou
culpabilidade.

Por ter natureza administrativa, não necessita de autorização judicial, e somente


poderá ser aplicado nos casos previstos em lei – art.301, CPP

MODALIDADES DE FLAGRANTE

OBRIGATÓRIO – art. 301 do CPP – as autoridades públicas deverão prender


quem quer que se encontre em situação de flagrância;

FACULTATIVO – art. 301 do CPP – qualquer do podo poderá prender quem


quer que se encontre em situação de flagrância;

PRÓPRIO – art. 302, I e II do CPP – está cometendo a infração penal ou acabou


de cometê-la;

IMPRÓPRIO – art. 302, III do CPP – é perseguido, logo após, pela autoridade,
pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser o autor
da infração;

PRESUMIDO – art. 302, IV do CPP – é encontrado, logo depois, com


instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da
infração.

PREPARADO – Súmula, 145 STF – crime de ensaio – o agente provocador


induz ou instiga alguém a cometer uma infração penal – crime impossível.

FORJADO – flagrante totalmente artificial, integralmente desenvolvido por


terceiro – ilegal.

ESPERADO – tendo notícia da futura ocorrência de crime, é aguardada, em


campana, tocaia, o início dos atos executórios.

DIFERIDO/RETARDADO/AÇÃO CONTROLADA – aguarda-se o melhor


momento para se efetuar a prisão em flagrante, buscando dar mais eficácia a
medida, prender mais pessoas.

625
Obs.: nos crimes permanentes, entende-se em flagrante enquanto não cessar a
permanência – art. 303, CPP A prisão em fragrante possui ainda, quatro etapas,
nesta ordem:

CAPTURA (1º)
CONDUÇÃO COERCITIVA (2º)
LAVRATURA DO APF (3º)
CÁRCERE (4º)

CUIDADO!!! Quando você encontrar na sua prova a previsão de que “não se


imporá prisão em flagrante”, isso significa que não será lavrado o APF nem o
agente será levado ao cárcere, mas nada impede que seja capturado e
conduzido coercitivamente.

PRISÃO EM FLAGRANTE PROPRIAMENTE DITA – art. 304,


CPP

Art. 304 - Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá está o condutor


e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a esta cópia do termo e recibo
de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o
acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita,
colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade,
afinal, o auto.

§ 1ª Resultando das respostas fundadas a suspeita contra o conduzido, a


autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de
prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para isso for
competente; se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja.

§ 2º A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em


flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas
pessoas que hajam testemunhado a apresentação do preso à autoridade.

§ 3º Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo,


o auto de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas, que tenham
ouvido sua leitura na presença deste.

§ 4º Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação


sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência
e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado
pela pessoa presa.

CUIDADO!!! A apresentação espontânea do acusado, embora impeça a prisão


em flagrante, NÃO IMPEDE A DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA.
A regra é que o Auto de Prisão em Flagrante seja lavrado pela autoridade policial

626
do local em que ocorreu a prisão, ou, não existindo autoridade, a do local mais
próximo (onde o preso deve ser apresentado). - art. 308, CPP. Porém, nada
impede que o juiz possa lavrar o APF, nos crimes cometidos na sua presença –
art. 307, CPP.

O Juiz que determinar a prisão em flagrante, poderá ele mesmo lavrar o APFD,
remetendo ao Juiz competente para apreciar a legalidade da prisão em flagrante
e adotar as providências legais.

EXERCÍCIOS

1. Sobre a prisão, o Código de Processo Penal dispõe:


a) As autoridades policiais e seus agentes, bem como qualquer do povo, deverão
prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
b) Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão em
flagrante, o preso deverá ser posto em liberdade.
c) A custódia preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública,
da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar
a aplicação da lei penal, quando houver indícios da existência do crime e de sua
autoria.
d) Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre
a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o
nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado
pela pessoa presa.

2. Nos exatos termos do art. 302 do CPP, considera-se em flagrante delito quem;
a) cometeu a infração penal nas últimas 24h.
b) é imediatamente reconhecido como autor do crime pela vítima.
c) é avistado em conduta que gera fundada suspeita, logo após o crime.
d) é encontrado com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir
ser ele autor da infração.
e) é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração.

3. A prisão em flagrante do autor de crime de ação penal pública condicionada à


representação substitui a necessidade de manifestação do ofendido para
instauração de inquérito policial.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-D
2-E
3-E

627
PRISÃO, MEDIDAS CAUTELARES, LIBERDADE
PROVISÓRIA III

FLAGRANTE – arts. 301 ao 310, CPP

PROCEDIMENTO DE LAVRATURA DO APF

Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá está o condutor


e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a esta cópia do termo e recibo
de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o
acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita,
colhendo, após cada oitiva, suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade,
afinal, o auto;

Após a apresentação a autoridade policial, as seguintes medidas devem ser


tomadas:
• OUVIR O CONDUTOR
• OUVIR AS TESTEMUNHAS
• OUVIR A VITIMA (SE POSSÍVEL)
• OUVIR O PRESO (INTERROGATÓRIO)

Se não houver autoridade no local da prisão???

O preso deverá ser apresentado a autoridade mais próxima


– art.308, CPP

Obs: A ausência de testemunha para o fato, não impossibilitará a prisão em


flagrante, mas, com o condutor, deverão assinar duas pessoas que tenham
presenciado a apresentação do preso a autoridade policial – art.304, §2º, CPP.

Lavrado o APF pelo escrivão, ou por quem lhe faça as vezes com base no art.
305, CPP, os autos serão remetidos a autoridade competente, se não foi esta
quem lavrou o auto.

COMUNICAÇÃO DA PRISÃO

Art. 306 A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão


comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou a pessoa
por ele indicada.

§1º Dentro em 24h (vinte e quatro horas) depois da prisão, será encaminhado
ao juiz competente o auto de prisão em flagrante acompanhado de todas as

628
oitivas colhidas e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia
integral para a Defensoria Pública.

A prisão e o local onde se encontra o preso, deverão ser comunicados


IMEDIATAMENTE:
• JUIZ
• MP
• FAMÍLIA/PESSOA POR ELE INDICADA

CUIDADO!!! A comunicação da prisão e o local onde se encontra deve ser feita


imediatamente. Em 24 horas deverá ocorrer o encaminhamento do APF ao juiz.
Se o preso não possuir advogado, cópia do APF será encaminhado também a
Defensoria Pública, facultando-se sempre ao preso, o direito de constituir
advogado se sua confiança. Ainda no prazo de 24h o preso receberá nota
de culpa – art. 306 §2º, CPP

Se o preso se negar a assinar o APF???

Sua assinatura será suprida pela assinatura de duas testemunhas – art. 304,
§3º, CPP
JUIZ

IMEDIATAMENT COMUNICAÇÃO DA PRISÃO


LOCAL ONDE O PRESO SEENCONTRA MP

FAMÍLIA/PESSOA
PROCEDIMENTO CÓPIA DO POR ELE INDICADA
DA PRISÃO APF AO JUIZ

CÓPIA DO APF A DP
24H (Caso não tenha adv.)

ENTREGA DA
NOTA DE CULPA

Além disso, o art. 304, §4º, estabelece que no APF, deve constar de forma
expressa sobre a existência de filhos, suas respectivas idades e se possuem
alguma deficiência, bem como o nome e o contato de eventual responsável pelos
cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.

RECEBIMENTO DO APF PELO JUIZ

O art. 310, CPP estabelece que após receber o auto de prisão em flagrante, no
prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz
deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu
advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do

629
Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: (Lei
nº 13.964, de 2019)
• RELAXAR A PRISÃO ILEGAL;
• CONVERTER EM PREVENTIVA (desde que preenchidos os requisitos e
se mostrar insuficiente outra medida);
• CONCEDER LIBERDADE PROVISÓRIA (com o sem fiança).

ART.310 E LEI 13.964/19

Importante salientar que o Pacote Anticrime trouxa alguns parágrafos para o art.
310, CPP.

Art. 310 (…) § 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o
agente praticou o fato em qualquer das condições constantes dos incisos I, II ou
III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade
provisória, mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os atos
processuais, sob pena de revogação. (Renumerado do parágrafo único pela Lei
nº 13.964, de 2019)

§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização


criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá
denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)

§ 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da


audiência de custódia no prazo estabelecido no caput deste artigo responderá
administrativa, civil e penalmente pela omissão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo


estabelecido no caput deste artigo, a não realização de audiência de custódia
sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada
pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata
decretação de prisão preventiva. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) O § 4ª
ESTÁ SUSPENSO PELO STF – ADI 6298

CUIDADO!!! A previsão de que a não realização da audiência de custódia sem


motivação idônea ensejaria a ilegalidade da prisão, com o consequente
relaxamento da prisão, está SUSPENSA por prazo indeterminado - § 4ª
SUSPENSO PELO STF – ADI 6298

630
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA

Audiência realizada logo após a prisão em flagrante, que permite um contato


direito entre o juiz e o preso, e deve ser acompanhada por um defensor e pelo
MP.

Tem por finalidade:


• verificar a ilegalidade da prisão;
• verificar a ocorrência de excesso.

Atualmente a audiência de custódia está positivada no art. 310, CPP, mas, antes
da reforma estabelecida pelo pacote anticrime, já encontrava a previsão no
Pacto de San José da Costa Rica (art.7, item 5).

A regulamentação do CNJ prevê que a audiência de custódia também será


assegurada às pessoas presas em virtude de cumprimento de mandados de
prisão cautelar ou definitiva, aplicando-se, no que couber, os procedimentos
previstos na Resolução.

EXERCÍCIOS

1. De acordo com o Código de Processo Penal, a prisão de qualquer pessoa e o


local onde se encontre serão comunicados imediatamente:

1. ao Ministério Público.
2. ao Departamento Prisional.
3. à família do preso.
4. à defensoria pública ou ao advogado do preso.

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.


a) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
b) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4
c) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
d) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
e) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.

2. Na audiência de custódia, ao entrevistar Valter, o juiz deverá abster-se de


formular perguntas com a finalidade de produzir provas sobre os fatos objeto do
auto da prisão em flagrante, mas deverá indagar acerca do tratamento recebido
nos locais por onde o autuado passou antes da apresentação à audiência,
questionando sobre a ocorrência de tortura e maus tratos.
Certo ( ) Errado ( )

3. Durante o procedimento de lavratura do auto de prisão em flagrante pela


autoridade policial competente, o policial rodoviário responsável pela prisão e

631
condução do preso deverá ser ouvido logo após a oitiva das testemunhas e o
interrogatório do preso.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-A
2-C
3-E

PRISÃO, MEDIDAS CAUTELARES, LIBERDADE


PROVISÓRIA IV

PREVENTIVA – arts. 311 ao 316, CPP

Prisão cautelar por excelência, decretada pelo juiz, a requerimento do MP, do


querelante ou do assistente da acusação, ou ainda mediante representação da
autoridade policial (na fase de investigação), no curso da investigação criminal
ou durante o processo.

Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá


a prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do
querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial.
(Redação dada pela Lei 13.964/19).

CUIDADO!!! Com a nova redação do art. 311, não cabe mais a decretação da
preventiva de ofício pelo juiz, devendo ser provocado. Antes do pacote anticrime,
o juiz poderia decretar a preventiva de ofício de durante o processo.

PRESSUPOSTOS PARA A DECRETAÇÃO DA PREVENTIVA

FUMUS COMISSI DELICTI – Indícios de autoria e prova de materialidade;


PERICULUM LIBERTATIS – Perigo gerado pela liberdade do indivíduo.

Art. 313 (…) § 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a
finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência
imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de
denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019).

632
O motivo de ser “investigado” ou de ser “réu”, por si só, não é motivo para a
decretação da prisão preventiva.

A gravidade abstrata do crime, por si só, NÃO é considerada fundamentação da


prisão preventiva

Quais as possibilidades de decretação da preventiva?

As situações em que autorizam a decretação da prisão preventiva estão contidas


no art. 312, CPP:

GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA – Abalo provocado na sociedade pelo


cometimento de um delito considerado grave, entende a doutrina como sendo
um meio de evitar a reiteração criminosa, ou seja, evita que o indivíduo volte a
praticar crimes e perturbar a paz social.

GARANTIA DA ORDEM ECONÔMICA – Podemos associar aos “crimes de


colarinho branco”, usado para delitos contra as instituições financeiras e
entidades pública, para condutas que causam sérios prejuízos financeiros.

CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL – protege a instrução processual,


evitando que o indivíduo ameace testemunhas, destrua provas e etc.

SEGURANÇA NA APLICAÇÃO DA LEI PENAL – Busca evitar que o indivíduo


impossibilite a aplicação de pena que possivelmente será a ele imposta, como
no caso de tentativa de fuga.

DESCUMPRIMENTO DE CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO –


Descumprimento de obrigações impostas pelo juiz como medidas cautelares
diversas da prisão.

Mesmo diante da presença desses requisitos, o art. 313 limita as hipóteses de


aplicação da preventiva, afirmando que somente será possível a aplicação da
preventiva:

CRIMES DOLOSOS PUNIDOS COM PPL MÁXIMA SUPERIOR A 4 ANOS;


CONDENAÇÃO POR OUTRO CRIME DOLOSO, EM SENTENÇA
TRANSITADA EM JULGADO – SALVO: o disposto no inciso I do caput do art.
64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal;
SE O CRIME ENVOLVE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A
MULHER, CRIANÇA, ADOLESCENTE, IDOSO, ENFERMO OU PESSOA COM
DEFICIÊNCIA, PARA GARANTIR A EXECUÇÃO DAS MEDIDAS PROTETIVAS
DE URGÊNCIA.

O que seria essa ressalva do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848???

633
Diz respeito a hipótese na qual a sentença condenatória anterior não gera
reincidência.

CUIDADO!!! Não basta estarem presentes os requisitos no art. 312, é


necessário ainda a presença das hipóteses do art. 313.

O §1º do art. 313 estabelece a possibilidade da decretação da preventiva caso


haja dúvida sobre a identidade civil da pessoa. Parte da doutrina entende que
esse dispositivo viola o princípio da vedação à autoincriminação, pois o réu não
estará obrigado a produzir provas contra si.

FATO AMPARADO POR EXCLUDENTE DE ILICITUDE: De forma expressa, o


art. 314 veda a possibilidade da decretação da preventiva.

Por ser a prisão preventiva uma prisão cautelar e não uma punição, as
circunstancias que a autorizam ou não, podem mudar ao longo do tempo, nesse
caso, poderá o magistrado revogá-la, tornar a decretá-la – art. 316, CPP.

CUIDADO!!! Diferentemente da decretação, a revogação da preventiva poderá


ser realizada de ofício pelo juiz (Lei 13.964/19).

Outra novidade ainda estabelecida pelo pacote anticrime é a necessidade que a


prisão seja revisada a cada 90 dias - art. 316, §único CPP. Essa revisão deverá
ser realizada de ofício pelo juiz, ainda que não requerida pelas partes.

EXERCÍCIOS

1. Dentre as prisões cautelares, isto é, aquelas prisões decretadas antes da


sentença final condenatória transitada em julgado, destaca-se a prisão
preventiva. Nesse sentido, um dos motivos que autoriza a decretação da prisão
preventiva é a:
a) prática de crime punido com pena privativa de liberdade máxima superior a 2
(dois) anos.
b) prática de crime culposo contra o patrimônio.
c) conveniência da instrução criminal
d) garantia da ordem privada.
e) inexistência de prova do crime.

2. A gravidade abstrata do crime serve à fundamentação da prisão preventiva,


segundo entendimento assente nos tribunais superiores.
Certo ( ) Errado ( )

3. Não é cabível prisão preventiva de acusado de prática de contravenção penal.


Certo ( ) Errado ( )

634
Gabarito
1-C
2-E
3-C

PRISÃO, MEDIDAS CAUTELARES, LIBERDADE


PROVISÓRIA V

PRISÃO DOMICILIAR- ART. 317 AO 318 - B

A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua


residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial – art. 317,
CPP.

Podemos conceituar como uma especial forma de cumprimento de prisão


preventiva, segundo Aury Lopes Jr., a prisão domiciliar não é considerada uma
“nova modalidade de prisão cautelar, mas apenas, uma especial forma de
cumprimento de prisão preventiva, restrita aos poucos casos estabelecidos no
art. 318, CPP” (LOPES JR.,2011, p. 137).

CUIDADO!!! O art. 318, traz a possibilidade apenas da prisão preventiva ser


substituída pela prisão domiciliar, porém, a doutrina entende também ser
possível a substituição da prisão temporária.

PRISÃO DOMICILIAR X CAUTELAR DE RECOLHIMENTO


DOMICILIAR

PRISÃO DOMICILIAR – art. 317 – espécie de forma de cumprimento da


preventiva, implica em restrição da liberdade do agente.

RECOLHIMENTO DOMICILIAR – art. 319, V, CPP – tem natureza de medida


cautelar e restringe a liberdade do autor do delito apenas no período noturno e
nos dias de folga, quando ele tenha residência e trabalho fixo.

O juiz poderá substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for –
art.318, CPP:

• maior de 80 anos;
• extremamente debilitado por motivo de doença grave;

635
• imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 anos ou
com deficiência;
• gestante;
• mulher com filho de até 12 anos incompletos;
• homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12
anos incompletos

Será exigida prova idônea desses requisitos, para a substituição – art. 318, §
único, CPP

Em regra, a prisão domiciliar não é considerada direito público do agente.

SUBSTITUIÇÃO EM RAZÃO DA MULHER GESTANTE – art.


318 - A

A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável


por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar,
desde que:
• não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
• não tenha cometido crime contra seu filho ou dependente.

Nesse dispositivo, preenchidos os requisitos, a substituição torna-se um direito


subjetivo da mulher.

OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES - ART. 319 E 320, CPP

São medias cautelares diversas da prisão:

• comparecimento periódico em juízo – nos prazos e condições fixadas pelo


juiz para justificar sus atividades;
• proibição de acesso ou frequência a determinados lugares;
• proibição de manter contato com pessoas determinadas;
• proibição de ausentar-se da comarca quando a permanência seja
conveniente ou necessária para a investigação ou instrução;
• recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga – possua
residência e trabalho fixo;
• suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza
econômica ou financeira;
• internação provisória – crimes praticados com violência ou grave ameaça,
quando os
• peritos concluem ser inimputável ou semi-inimputável;
• fiança – nas infrações que admitem;
• monitoração eletrônica

636
CUIDADO!!! A fiança possui suas regras previstas no Capítulo VI, do Título IX,
podendo ser cumulada com outras cautelares – art. 319, §4º. Porém, a doutrina
aponta para o fato de que, por sua própria natureza, a fiança não pode ser
cumulada com as medias de:
• internação provisória;
• monitoração eletrônica;

Desde que o investigado ou acusado tenha condições econômicas de suportar


a medida (OLIVEIRA, 2011, p.28).

PROIBIÇÃO DE AUSENTAR-SE DO PAÍS – deverá ser comunicada pelo juiz


as autoridades encarregadas de fiscalizar às saídas do território nacional,
intimando-se o indiciado ou acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24
horas – art.320, CPP.

EXERCÍCIOS

1. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável


por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar,
desde que
a) não se trate a gestante de reincidente ou portadora de maus antecedentes.
b) não seja a gestante líder de organização criminosa ou participante de
associação criminosa.
c) não se trate de acusada por crime hediondo ou equiparado.
d) não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça à pessoa e não
tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.
e) tenha havido prévia reparação do dano e as circunstâncias do fato e a
personalidade da gestante indicarem se tratar de medida suficiente à prevenção
e reprovação do crime.

2. O Código de Processo Penal autoriza que o juiz substitua prisão preventiva


pela prisão domiciliar quando o agente for
a) maior de 60 anos.
b) debilitado por motivo de doença.
c) mulher, com filho de até 8 anos incompletos.
d) homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 anos.
e) imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 8 anos de idade
ou com deficiência.

3. O monitoramento eletrônico e a fiança são consideradas medidas cautelares


diversas da prisão.
Certo ( ) Errado ( )

637
4. O juiz poderá substituir a prisão preventiva pela prisão domiciliar, caso o réu
tenha mais de oitenta anos ou prove ser portador de doença grave que cause
extrema debilidade.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-D
2-D
3-C
4-C

PRISÃO, MEDIDAS CAUTELARES, LIBERDADE


PROVISÓRIA VI

LIBERDADE PROVISÓRIA I

“Ninguém será levado a prisão ou nela mantido quando a lei admitir liberdade
provisória” – art. 5º, LXVI, CF.

A exceção sempre será a prisão, a regra é que o indivíduo cumpra a pena em


liberdade.

LIBERDADE PROVISÓRIA: ataca a prisão preventiva legal, porém,


desnecessária. Além disso, para a prisão preventiva legal que se torna
desnecessária, a medida a ser adotada será a revogação – art. 316, CPP

CUIDADO!!! Se a prisão for ilegal, o remédio adotado não será a liberdade


provisória, mas sim o relaxamento de prisão.

A liberdade provisória poderá ser estabelecida com ou sem fiança

CRIMES INAFIANÇÁVEIS
1. RACISMO

2. CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS

638
3. AÇÃO DE GRUPOS ARMADOS CONTRA A ORDEM CONSTITUCIONAL E O ESTADO
DEMOCRÁTICO DE DIREITO
4. CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL APENADOS COM RECLUSÃO, SE
PRESENTES OS MOTIVOS DA
PREVENTIVA – LEI 7.492/86

SÚMULA 697, STF: A proibição de liberdade provisória nos processos por


crimes hediondos não veda o relaxamento da prisão processual por excesso de
prazo.

Os crimes de PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO e de


DISPARO DE ARMA DE FOGO, não permitiam a concessão da liberdade
provisória com fiança – art. 14, § único e art. 15, § único - Lei 10.826/03. Além
disso, os crimes de POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO
RESTRITO – art. 16, COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO – art. 17 e
TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO – art. 18 da mesma lei, não
permitiam a concessão da liberdade provisória com ou sem fiança, nos termos
do art. 21.

Todos esses dispositivos foram declarados INCONSTITUCIONAIS pelo STF no


julgamento da ADI – 3112-1, pois, violam os princípios da razoabilidade,
presunção de inocência e devido processo legal (Informativo 465, STF). Observe
que a Lei 13.497/2017 inseriu o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo
de uso restrito (art. 16 da Lei 10.826/03) entre o rol de crimes hediondos, nesse
caso, será insuscetível de fiança.

LIBERDADE PROVISÓRIA COM FIANÇA

Fiança – “garantia real, consistente no pagamento em dinheiro ou na entrega de


valores ao Estado, para assegurar o direito de permanecer em liberdade, no
transcurso de um processo criminal” (NUCCI, 2008, p. 619). No processo penal,
a fiança possui duas finalidades:
• assegurar a liberdade provisória;
• possibilitar o pagamento das custas (se houver), da indenização do dano
causado pelo crime (se existir), da prestação pecuniária e da multa (se
forem aplicadas).

Observe que a fiança também tem força de medida cautela – art. 319, VII, CPP.

É possível a concessão de fiança pelo delegado de polícia???

SIM! Nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja
superior a 4 anos – art.322, CPP. Nos demais casos, a fiança será requerida ao
juiz que decidirá num prazo de 48 horas. Além disso, a concessão da fiança pela

639
autoridade policial só poderá ocorrer durante a fase de inquérito policial, iniciada
a instrução criminal, sua concessão ficará a cargo do juiz!

CUIDADO!!! No caso de violência doméstica e familiar contra a mulher, o crime


de descumprimento de medida protetiva de urgência – art. 24-A da Lei
11.340/06, embora possua pena privativa de liberdade máxima cominada inferior
a 4 anos, o que, em tese, permitiria a concessão de fiança pela autoridade
policial, só é autorizada por parte do juiz – art. 24-A, §2º da Lei 11.340/06.

VEDAÇÃO DA FIANÇA – Arts. 323 e 324, CPP

Não será concedida fiança – Art.323, CPP:


• crime de racismo;
• crimes hediondos e equiparados;
• crimes cometidos por grupos armados contra a ordem constitucional e o
estado democrático de direito.

Além disso, não será ainda concedida fiança – art. 324, CPP:
• no mesmo processo – quebrado a fiança anteriormente concedida/
infringido, sem motivo, qualquer das obrigações estabelecidas nos artigos
327 e 328, cpp;
• prisão civil ou militar;
• quando presentes os motivos que autorizem a preventiva.

Esses dispositivos acabam sendo incontroversos, pois, estabelecem ser


inafiançáveis tais condutas, ou seja, impossibilitam a decretação da liberdade
provisória com fiança, mas não vedam a concessão dessa liberdade como um
todo, ela continua possuindo possibilidade de decretação sem o pagamento de
fiança.

VALOR DA FIANÇA – Arts. 325 e 326, CPP

Deverão ser analisados os seguintes parâmetros para a autoridade que


conceder a fiança – art. 325, CPP:

VALOR D A FIANÇA
PPL NO GRAU MÁXIMO NÃO FOR SUPERIOR 1 A 100 SALÁRIOS MÍNIMOS
A 4 ANOS
PPL NO GRAU MÁXIMO FOR SUPERIOR A 4 10 A 200 SALÁRIOS MÍNIMOS
ANOS

Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá ser ainda


– art. 325, §1º CPP:

640
• dispensada – na forma do art.350, cpp;
• reduzida até o máximo de 2/3;
• aumentada até 1.000x

Os critérios para a fixação desse valor são estabelecidos no art. 326, CPP:
• natureza da infração;
• condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado;
• periculosidade;
• importância provável das custas do processo, até final julgamento.

REDUÇÃO DA FIANÇA: Pode ser realizada pelo juiz ou pela autoridade policial;

AUMENTO DA FIANÇA: Pode ser realizada pelo juiz, não havendo nenhuma
restrição de ser realizada pela autoridade policial;

NÃO APLICAÇÃO DA FIANÇA: Somente poderá ser feita pelo juiz – art. 350,
CPP.

EXERCÍCIOS

1. Considere o cometimento do crime de lesões corporais pelo marido contra a


esposa, no contexto de violência doméstica (art. 129, §9º do Código Penal -
Pena: detenção, de 3 meses a 3 anos). Posto isso, segundo o Código de
Processo Penal, é cabível arbitramento de fiança
a) pelo delegado de polícia.
b) apenas pelo juiz.
c) no valor base de 10 a 200 salários mínimos.
d) se também houve crime de racismo.
e) se a prisão for convertida em prisão civil.

2. É vedada a concessão de liberdade provisória a autor de crime inafiançável.


Certo ( ) Errado ( )

3. Situação hipotética: Um cidadão foi preso em flagrante pela prática do crime


de corrupção ativa. A autoridade policial, no prazo legal do IP, remeteu os autos
ao competente juízo, quando foi decretada a prisão preventiva do indiciado.
Assertiva: Nessa situação, estão preenchidos os requisitos legais para a
concessão da fiança, razão por que ela poderá ser concedida como
contracautela da prisão anteriormente decretada.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-A
2-E
3-E

641
PRISÃO, MEDIDAS CAUTELARES, LIBERDADE
PROVISÓRIA VII

LIBERDADE PROVISÓRIA II

CONDIÇÕES DA FIANÇA – Art. 327 e 328, CPP

Em caso de concessão de liberdade provisória com fiança, o beneficiário ficará


submetido a algumas condições:
• comparecer a autoridade todas as vezes em que for intimado para atos
do inquérito e da instrução criminal e para o julgamento – art. 327, cpp;
• não mudar de residência sem a prévia permissão da autoridade
processante, ou ausentar-se por mais de 8 dias de sua residência sem
comunicar aquela autoridade o local onde será encontrado – art. 328, cpp.

Em caso de descumprimento de qualquer dessas condições, a fiança estará


QUEBRADA.

FIANÇA DEFINITIVA – Art. 330, CPP

É definitiva no sentido de não ser exigida verificação posterior do seu valor, mas
nada impede que a fiança seja reforçada nas hipóteses do art. 340, CPP.

Consistirá em depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, títulos


da dívida pública, federal, estadual ou municipal, ou em hipoteca inscrita em
primeiro lugar (art.1.473, CC).

A fiança poderá ser concedia a qualquer tempo, desde a prisão em flagrante até
o trânsito em julgado da decisão condenatória – art. 334, CPP.

Na liberdade provisória com fiança, o MP só será ouvido após a concessão da


fiança – art. 333, CPP. Nesse caso, poderá pugnar pelo reforço da garantia –
art. 340, CPP, ou oferecer Recurso em Sentido Estrito contra a concessão –
art.581, V, CPP.

Se a autoridade policial se negar ou retardar a concessão da fiança quando for


competente???

O preso, ou alguém por ele, poderá prestá-la, mediante simples petição, perante
o juiz competente, que decidirá em 48 horas.

642
CONSEQUÊNCIAS DA FIANÇA

FIANÇA SEM EFEITO: “Resultado da negativa ou omissão do indiciado ou réu


em complementar o valor da fiança, reforçando-a quando necessário” (NUCCI,
2008, p.632). A fiança fica sem efeito e a pessoa volta ao cárcere, mas o valor,
atualizado, é integralmente restituído – art. 337, CPP.

O valor será ainda integralmente restituído se o agente for absolvido ou for


extinta a punibilidade (salvo: quando a extinção da punibilidade envolver apenas
a pretensão executória, nesse caso, as custas e as indenizações podem ser
retiradas).

FIANÇA INIDÔNEA: É aquela que “não poderia ter sido concedida, seja porque
a lei proíbe, seja porque os requisitos legais não foram corretamente
preenchidos” – art. 338, CPP (NUCCI, 2008. p. 632).

Súmula 332 do STJ: “A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges


implica a ineficácia total da garantia

CASSAÇÃO DA FIANÇA: “Retificação de um erro, em razão de admissão da


fiança em situação que não comportava” (TÁVORA; ALENCAR, 2009, p. 543-
544). Ocorre no caso de fiança inidônea e também em inovação da classificação
do delito – art. 338 e 339, CPP.

Em todas essas situações, o valor será integralmente restituído, expedindo-se


imediatamente, a ordem de prisão. A cassação somente poderá ser decretada
pelo juiz (nunca pela autoridade policial), de ofício ou a requerimento do MP.

REFORÇO DA FIANÇA: Ocorre quando o valor recolhido foi insuficiente, nas


hipóteses do art. 340, CPP. Se o agente, por pobreza, não tiver recursos para
complementar o valor da fiança, será possível que o juiz dispense esse
complemento, por interpretação extensiva do art. 350, CPP (TÁVORA;
ALENCAR, 2009, p. 545)

QUEBRA DA FIANÇA: Ocorre quando o beneficiário não cumpre as


determinações impostas para gozar da liberdade provisória. Essas condições
estão disciplinadas nos arts. 327 e 328, CPP.

O quebramento injustificado da fiança importará na perda da metade do seu


valor, cabendo ao juiz analisar sobre a imposição de outras medidas cautelares
ou, se for o caso, da decretação da preventiva (não cabe o imediato recolhimento
a prisão).

Feitas as deduções estabelecidas no art. 345, o valor restante será recolhido ao


fundo penitenciário.

643
RESTAURAÇÃO DA FIANÇA: Caso a fiança seja cassada, é possível a
restauração através de Recurso em Sentido Estrito – art. 581, V, CPP.

PERDA DA FIANÇA: Perda total – condenado, o acusado não se apresenta


para o início do cumprimento de pena definitivamente imposta – art. 344, CPP.
Decisão privativa do juiz

RESTITUIÇÃO DA FIANÇA: Ocorre “quando o réu não infringir as condições –


inexistindo quebra da fiança – caso seja condenado e apresentar-se para o
cumprimento de pena, podendo levantar o valor recolhido, com a única ressalva
de serem pagas as custas, a indenização à vítima e multa” (NUCCI, 2008, p.
634)

LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA

Ocorrerá nas seguintes situações:

LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA


QUANDO O RÉU LIVRAR-SE SOLTO - ART. 309, CPP LIBERDADE PROVISÓRIA
OBRIGATÓRIA E SEM
VINCULAÇÃO
FATO PRATICADO EM EXCLUDENTE DE ILICITUDE – ART.
310, §1º, CPP
AUSENTES OS REQUISITOS QUE AUTORIZEM A LIBERDADE PROVISÓRIA COM
PREVENTIVA – ART. 321, CPP VINCULAÇÃO

RÉU POBRE QUE NÃO PODE ARCAR COM O VALOR DA


FIANÇA – ART. 350, CPP
INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO E O AGENTE LIBERDADE PROVISÓRIA COM
COMPARECER IMEDIATAMENTE OU PRESTAR VINCULAÇÃO
COMPROMISSO DE COMPARECIMENTO AO
JECRIM – ART. 69, § ÚNICO DA LEI 9.099/95

PRESTAÇÃO DE SOCORRO PELO CONDUTOR DE VEÍCULO NO LIBERDADE PROVISÓRIA


CASO DE ACIDENTE COM VÍTIMAS – ART. 301, CTB OBRIGATÓRIA E SEM
VINCULAÇÃO
USO DE ENTORPECENTES – ART. 48, §§2º e 3ª LEI 11.343/06

EXERCÍCIOS

1. Acerca do instituto da liberdade provisória e das disposições que a disciplinam,


é incorreta a afirmação seguinte:
a) O quebramento injustificado da fiança importa na perda de metade de seu
valor, com a consequente imposição de outras medidas cautelares, aí incluída a

644
prisão preventiva, se presentes seus requisitos.
b) A perda da fiança decorrente da não apresentação do condenado para o
cumprimento da pena imposta independe de que esta seja privativa de liberdade
ou não.
c) A cassação da fiança ocorrerá na hipótese em que, instado a reforçá-la, o
acusado não o fizer.
d) Não se cogita de liberdade provisória mediante fiança nas hipóteses em que
estejam presentes os requisitos de que depende a decretação da prisão
preventiva e da temporária.

2. Será exigido o reforço da fiança quando for inovada a classificação do delito,


nos termos do Código de Processo Penal.
Certo ( ) Errado ( )

3. Situação hipotética: Abel foi preso em flagrante no momento em que efetuava


a venda de uma grande quantidade de cocaína e maconha. Lavrado o auto de
prisão em flagrante, os autos foram enviados à autoridade judicial. Assertiva:
Nessa situação, o juiz poderá conceder a liberdade provisória a Abel, mediante
o pagamento de fiança que deve ser compatível com as suas condições pessoais
de fortuna e vida pregressa.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-C
2-C
3-E

PRISÃO, MEDIDAS CAUTELARES, LIBERDADE


PROVISÓRIA VIII

PRISÃO TEMPORÁRIA– LEI 7.960/1960

Modalidade de prisão cautelar que não está prevista no CPP, encontra-se na Lei
7.960/89. Possui características próprias, com prazo certo e o fato de só pode
ser decretada no período de investigação criminal, ou seja, após o recebimento
da denúncia ou queixa, não poderá ser decretada nem mantida a prisão
temporária.

645
Caberá prisão temporária – art. 1º da Lei 7.960/89

I – imprescindível para as investigações do inquérito policial;


II – quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos
necessários ao esclarecimento de sua identidade;
III – quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na
legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:

a) homicídio doloso;
b) sequestro ou cárcere privado;
c) roubo;
d) extorsão;
e) extorsão mediante sequestro;
f) estupro;
g) atentado violento ao pudor – revogado pela lei 12.015/2009;
h) rapto violento - revogado pela lei 11.106/2005;
i) epidemia com resultado morte;
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal
qualificado pela morte;
l) associação criminosa;
m) genocídio;
n) tráfico de drogas;
o) crimes contra o sistema financeiro;
p) crimes previstos na lei de terrorismo;

Prevalece na doutrina que, para a decretação da prisão temporária, é necessário


o cometimento de qualquer dos crimes previstos no inciso III, além disso, que
esteja previsto um dos outros dois requisitos previstos nos incisos I ou II, de
forma resumida, para a decretação da prisão temporária é necessário que exista:

A prisão temporária poderá ser decretada de ofício pelo juiz???

NÃO!!! Só poderá ser decretada mediante requisição do MP ou representação


da autoridade policial, no último caso, o juiz deverá ouvir o MP antes de decidir
– art. 2º, §1º, CPP

A prisão temporária tem um prazo máximo de duração, que é de 5 dias,


prorrogáveis por mais cinco, em caso de extrema e comprovada necessidade.

CUIDADO!!! Trata-se de prazo material, ou seja, inclui-se o dia do começo e


exclui-se o dia do fim – art.10, CP, com isso, Inclui-se o dia do cumprimento do
mandado de prisão no cômputo do prazo de prisão temporária – art. 2º,
§8º, CPP – Lei 13.869/19

646
Importante ainda lembrar que, se o crime for HEDIONDO OU EQUIPARADO, o
prazo da prisão temporária será de 30 dias prorrogáveis por mais 30 – art. 2º,
§4º

DURAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA

REGRA 5+5

HEDIONDO OU EQUIPARADOS 30 + 30

PROCEDIMENTO

O entendimento dominante é de que, da mesma forma que o juiz não pode


decretar a temporária de ofício, também não poderá prorrogá-la. Findo o prazo
que a determina, o preso deverá ser colocado em liberdade – salvo: se o juiz
decretou a preventiva ou prorrogou a temporária – art. 2º, §7º

O procedimento da prisão temporária se inicia, com a provocação pelo MP ou


pela autoridade policial. Após isso, o Juiz deverá decidir no prazo de 24 horas -
art. 2°§ 2°, ouvindo o MP caso tenha sido a autoridade policial quem representou
pela prisão. Exige-se que a decisão que decreta ou não a prisão seja
fundamentada pelo Juiz.

Antes de decidir o Juiz pode determinar que o preso lhe seja apresentado,
submetê-lo a exame de corpo de delito ou solicitar informações à autoridade
policial - art. 2°, § 3°:
• de ofício;
• a requerimento do MP ou do advogado;

Só poderá ser efetuada a prisão após a expedição do mandado de prisão - art.


2°, § 5°. Decretada a prisão, será expedido mandado, em duas vias, sendo uma
delas destinada ao preso, e servirá como nota de culpa (o documento mediante
o qual se dá ciência ao preso dos motivos de sua prisão), art. 2°, § 4° - A – Lei
13.869/19.

Depois de efetuada a prisão, os direitos do preso deverão ser a ele informados


- art. 2°, § 6º

Os presos temporários deverão ficar separados dos demais detentos - art. 3°.
Além disso, em cada comarca ou seção judiciária, deve existir um membro do
Poder Judiciário e um do MP, em plantão, 24 horas, para apreciação dos pedidos
de prisão temporária - art. 5°.

647
EXERCÍCIOS

1. Quanto à prisão temporária, assinale a alternativa correta.


a) Por se tratar de medida cautelar, dada a urgência, na hipótese de
representação da autoridade policial, o Juiz poderá decidir independentemente
de manifestação do Ministério Público.
b) Caberá prisão temporária em homicídio qualificado, mas não em homicídio
simples.
c) A prisão temporária somente poderá ser executada depois da expedição de
mandado judicial.
d) O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado e
prolatado dentro do prazo de 48 horas, contadas a partir do recebimento da
representação ou do requerimento.

2. Assinale a alternativa correta em relação à prisão temporária.


a) A prisão temporária terá prazo de 5 dias improrrogáveis.
b) Decretada a prisão temporária e findo o seu prazo, será ela convertida em
preventiva necessariamente.
c) Caberá prisão temporária nas hipóteses de homicídio culposo e doloso.
d) A prisão temporária caberá quando o indiciado não tiver residência fixa ou não
fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade.
e) Sempre que possível, os presos temporários ficarão separados dos demais
detentos.

3. Lúcio é investigado pela prática de latrocínio. Durante a investigação, apurou-


se a participação de Carlos no crime, tendo sido decretada de ofício a sua prisão
temporária.

A partir dessa situação hipotética e do que dispõe a legislação, julgue o item


seguinte:

Recebida a denúncia, não será mais cabível prisão temporária para Lúcio e
Carlos.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-C
2-D
3-C

648
ESTATUTO DA POLÍCIA
MILITAR DA PARAÍBA

649
ESTATUTO DOS POLICIAIS MILITARES DA PARAÍBA
(LEI 3.909/77) - BLOCO 01

A Lei nº 3.909/1977 instituiu o Estatuto dos Policiais Militares do Estado da


Paraíba. Nosso edital não cobra a lei em sua integralidade, e por isso focaremos
nosso estudo apenas nos dispositivos que realmente importam para a nossa
prova.

Da Hierarquia e da Disciplina

Art. 12. A hierarquia e a disciplina são a base institucional da Polícia Militar. A


autoridade e a responsabilidade crescem com o grau hierárquico.

Em primeiro lugar, você precisa saber o que é a hierarquia e o que é a disciplina.


Esses dois princípios são a base de toda a organização das Corporações
Militares. Esses dois princípios são muito bem definidos pelo Estatuto, e você
precisa MEMORIZAR essas definições para a nossa prova. É fundamental que
você saiba diferenciar uma coisa da outra, pois é muito fácil que a banca
examinadora elabore questões tentando confundir você nesses pontos!

A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos em todas as


circunstâncias da vida entre militares da ativa, da reserva remunerada,
reformados e de outras organizações militares. Esse é um dos fundamentos do
militarismo, juntamente com a consciência de que a subordinação não afeta, de
nenhum modo, a dignidade do militar estadual e decorre, exclusivamente, da
estrutura hierarquizada e disciplinada da Corporação Militar.

Art. 13. Círculos hierárquicos são âmbitos de convivência entre os policiais


militares da mesma categoria e têm a finalidade de desenvolver o espírito de
camaradagem em ambiente de estima e confiança, sem prejuízo do respeito
mútuo.

Os Círculos Hierárquicos são um tipo de classificação, por meio da qual os


militares são agrupados de acordo com os postos e graduações que ocupam.

Imagino que você tenha lido o quadro, mas acho que algumas informações não
ficaram tão claras, não é mesmo? Por isso mesmo precisaremos fixar algumas
definições para que você possa entender todos os detalhes!

POSTO - É o grau hierárquico do oficial, conferido por ato do Chefe do Poder


Executivo.

GRADUAÇÃO - É o grau hierárquico da praça, conferido pelo Comandante-


Geral da Polícia Militar.

650
Além disso, é importante saber que os Alunos-Oficiais PM são declarados
Aspirantes-a-Oficial PM pelo Comandante-Geral.

EXERCÍCIOS

1. No que concerne à hierarquia e à disciplina militar, considere:

I. A hierarquia e a disciplina são a base institucional da Polícia Militar,


decrescendo a responsabilidade e aumentando a autoridade com a elevação do
grau hierárquico.
II. A hierarquia policial-militar é a ordenação da autoridade, em níveis diferentes,
dentro da estrutura da Polícia Militar, por postos ou graduações. Dentro de um
mesmo posto ou graduação, a ordenação faz-se pela antiguidade nestes, sendo
o respeito à hierarquia consubstanciado no espírito de acatamento à sequência
da autoridade.
III. Disciplina é a rigorosa observância e acatamento integral da legislação que
fundamenta o organismo policial militar e coordena seu funcionamento regular e
harmônico, traduzindo-se, segundo disposto no Estatuto dos Policiais Militares,
pela aplicação de rígidas penalidades quando do descumprimento do dever por
parte de cada um dos componentes desse organismo.
IV. A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos pelos militares em
atividade ou na inatividade, exceto se contrariarem interesse pessoal dos
mesmos.
V. Círculos hierárquicos são âmbitos de convivência entre os militares da mesma
categoria e têm a finalidade de desenvolver o espírito de camaradagem em
ambiente de estima e confiança, sem prejuízo do respeito mútuo.

Estão incorretos os itens:


a) II, III e V, somente.
b) I, II e V, somente.
c) I, IV e V, somente.
d) I, III e IV, somente.

Gabarito
01 - D

651
ESTATUTO DOS POLICIAIS MILITARES DA PARAÍBA
(LEI 3.909/77) - BLOCO 02

Art. 15. A precedência entre policiais militares da ativa, do mesmo grau


hierárquico, é assegurada pela antiguidade no posto ou na graduação, salvo nos
casos de precedência funcional estabelecida em lei ou regulamento.

Aqui estamos falando sobre militares que ocupam o mesmo posto ou graduação.
Como você já sabe, a precedência (ordenação hierárquica) nesses casos será
estabelecida pela antiguidade ou pela precedência funcional. A antiguidade
nesses casos é contada a partir da data da assinatura do ato da respectiva
promoção, nomeação, declaração ou inclusão, salvo quando estiver
taxativamente fixada a outra data. Quando esta data for a mesma, serão
aplicados os seguintes critérios:

a) Entre policiais militares do mesmo quadro, pela posição nas respectivas


escalas numéricas ou registros;
b) Nos demais casos, com base no posto ou na graduação anterior. Se, ainda
assim, subsistir a igualdade na antiguidade, recorrer-se, sucessivamente, aos
graus hierárquicos anteriores, à data da inclusão e à data de nascimento para
definir a precedência e, neste último caso, o mais velho será considerado mais
antigo;
c) Entre os alunos de um mesmo órgão de formação de policiais militares, de
acordo com o regulamento do respectivo órgão, se não estiverem
especificamente enquadrados nos itens anteriores.

Além disso, temos algumas regras adicionais que você também deve conhecer:
• Em igualdade de posto ou graduação, os policiais militares da ativa têm
precedência sobre os da inatividade;
• Em igualdade de posto ou graduação, a precedência entre os policiais
militares de carreira da ativa e os da reserva remunerada que estiverem
convocados é definida pelo tempo de efetivo serviço no posto ou
graduação.
• Por último, temos as relações de precedência entre as praças especiais
e as demais praças, regulada pelo art. 16.

Art. 16. A precedência entre as praças especiais e as demais praças é assim


regulada:

I - os Aspirantes a Oficial PM são hierarquicamente superiores às demais praças;


II - os aluno-oficiais PM são hierarquicamente superiores aos Subtenentes PM.

Art. 19. Cargo policial-militar é aquele que só pode ser exercido por policial-militar
em serviço ativo.

652
Os postos e graduações dos policiais militares correspondem aos cargos da
Corporação Militar, que são ocupados por militares da ativa. As atribuições e
obrigações inerentes ao cargo Policial Militar devem ser compatíveis com o
correspondente grau hierárquico. Acredito que o mais importante agora seja
diferenciar o Cargo Militar da Função Militar. Trata-se de uma distinção
puramente conceitual, pois a função nada mais é do que o exercício das
atribuições inerentes a um determinado cargo, mas você precisa conhecer as
definições legais para ter certeza e não errar na hora da prova, ok!?

Do Valor Policial Militar

Art. 26. São manifestações essenciais do valor militar:

I - o sentimento de servir à comunidade estadual, traduzido pela vontade


inabalável de cumprir o dever policial militar e pelo integral devotamento à
manutenção da ordem pública, mesmo com risco da própria vida;
II - a fé na elevada missão da Polícia Militar;
III - o civismo e o culto das tradições históricas;
IV - o espírito de corpo, o orgulho do policial militar pela organização policial
militar onde serve;
V - o amor à profissão policial militar e o entusiasmo com que é exercida;
VI - o aprimoramento técnico-profissional.

O valor policial militar se refere a um conjunto de princípios que devem orientar


o trabalho do Policial. O Estatuto estabelece, no art. 26, uma série de
manifestações desse valor, que são bem interessantes, mas não costumam
aparecer muito em prova. Acredito que a baixa incidência dessas manifestações
em questões se deva ao fato de elas serem relativamente simples de entender.
São valores simples, como o amor à profissão, o aprimoramento profissional, a
fé na missão da Corporação, etc.

Da Ética Policial Militar

Art. 27. O sentimento do dever, o pundonor policial militar e o decoro da classe


impõem, a cada um dos integrantes da Polícia Militar, conduta moral e
profissional irrepreensíveis, com observância dos seguintes preceitos e deveres
da ética policial militar:

I - amar a verdade e a responsabilidade como fundamento da dignidade pessoal;


II - exercer com autoridade, eficiência e probidade as funções que lhe couberem
em decorrência do cargo;
III - respeitar a dignidade da pessoa humana;
IV - cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as instruções e as ordens
das autoridades competentes;
V - ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na apreciação do mérito dos
subordinados;

653
VI - zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual, físico próprio e, também, pelo
dos subordinados;
VII - praticar a camaradagem e desenvolver permanentemente o espírito de
cooperação;
VIII - ser discreto em suas atitudes, maneiras e em sua linguagem escrita e
falada;
IX - abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de matéria sigilosa relativa à
Segurança Nacional;
X - acatar as autoridades civis;
XI - cumprir seus deveres de cidadão;
XII - proceder de maneira ilibada na vida pública e no particular;
XIII - observar as normas da boa educação;
XIV - garantir assistência moral e material ao seu lar e conduzir-se como chefe
de família modelar;
XV - conduzir-se, mesmo fora do serviço ou na inatividade, de modo que não
sejam prejudicados os princípios da disciplina, do respeito e do decoro policial
militar;
XVI - abster-se de fazer uso do posto ou da graduação para obter facilidades
pessoais de qualquer natureza ou para encaminhar negócios particulares ou de
terceiros;
XVII - abster-se o policial militar na inatividade do uso das designações
hierárquicas quando:
a) em atividades político-partidárias;
b) em atividades comerciais;
c) em atividades industriais;
d) para discutir ou provocar discussões pela imprensa a respeito de assuntos
políticos ou policiais militares, excetuando-se os de natureza exclusivamente
técnica, se autorizado;

XVIII - zelar pelo bom nome da Polícia Militar e de cada um dos seus integrantes,
obedecendo e fazendo obedecer aos preceitos da ética policial militar.

Agora estamos falando da conduta moral do policial militar, que deve pautar-se
pelos preceitos éticos da carreira policial. Esses preceitos podem ser observados
na conduta do dia a dia do policial, e devem ser manifestações do respeito de
três valores importantes: o sentimento do dever, o pundonor policial militar e o
decoro da classe. Esses três valores podem ser definidos na forma a seguir:

SENTIMENTO DO DEVER - é o comprometimento com o fiel cumprimento da


missão militar.

PUNDONOR POLICIAL MILITAR - é o dever de pautar sua conduta com


correção de atitudes, como um profissional correto. Exige-se do militar, em
qualquer ocasião, comportamento ético que refletirá no seu desempenho
perante a instituição a que serve e no grau de respeito que lhe é devido.

654
DECORO DA CLASSE - é o valor moral e social da instituição, representando o
conceito do policial militar em sua amplitude social, estendendo-se à classe que
o militar compõe, não subsistindo sem ele.

Quanto aos preceitos éticos, você verá que também aqui não temos nada muito
complexo. Basicamente são manifestações de valores morais, como a verdade
e a dignidade da pessoa humana, por exemplo. Além disso, esses preceitos
também estão presentes, e de forma ainda mais detalhada, no Código de Ética
e Disciplina.

Art. 28. Ao policial militar da ativa, ressalvado o disposto nos parágrafos 2º e 3º,
é vedado comerciar ou tomar parte na administração ou gerência de sociedade
ou dela ser sócio ou participar, exceto como acionista ou quotista em sociedade
anônima ou por quotas de responsabilidade limitada.

Em razão deste dispositivo o policial militar fica proibido de exercer atividade


empresarial.

Perceba que ele pode até participar de sociedade, mas não deve exercer a
atividade diretamente.

Além disso, os policiais militares da reserva remunerada que tenham sido


convocados para retornar à ativa não podem tratar, nas Organizações Policiais
Militares e nas repartições públicas civis, do interesse de organizações ou
empresas privadas. Há ainda uma ressalva relacionada aos integrantes do
Quadro de Saúde.

Estes oficiais podem exercer atividade técnico-profissional no meio civil, desde


que tal prática não prejudique o serviço.

655
EXERCÍCIOS

1. O círculo dos oficiais superiores da PM-PB é composto por oficiais dos postos
de coronel, tenente-coronel e major. O círculo dos oficiais subalternos, por seu
turno, é composto por oficiais com a graduação de primeiro tenente, segundo
tenente e subtenente.

Certo ( ) Errado ( )

2. Na PM-PB, as responsabilidades das praças concernem às atividades de


execução, ao passo que as responsabilidades dos oficiais referem-se ao
comando, à chefia e à direção.

Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1 - ERRADO
2 - CERTO

656
ESTATUTO DOS POLICIAIS MILITARES DA PARAÍBA
(LEI 3.909/77) - BLOCO 03

Art. 29. O Comandante da Polícia Militar poderá determinar aos policiais militares
da ativa que, no interesse da salvaguarda da dignidade dos mesmos, informem
sobre a origem e natureza de seus bens, sempre que houver razões que
recomendem tal medida.

Esta possibilidade é muito interessante, pois permite que sejam feitas


investigações relacionadas à evolução patrimonial dos policiais militares. Isso
pode ajudar a investigar indícios de enriquecimento ilícito ou de corrupção.

Dos Deveres Policiais Militares

Art. 30. Os deveres policiais-militares emanam de vínculos racionais que ligam


o policial militar à comunidade estadual e a sua segurança, e compreendem,
essencialmente:

I. a dedicação integral ao serviço policial militar e a fidelidade à instituição a que


pertence, mesmo com o sacrifício da própria vida;
II. o culto aos símbolos nacionais;
III. a probidade e a lealdade em todas as circunstâncias;
IV. a disciplina e o respeito à hierarquia;
V. o rigoroso cumprimento das obrigações e ordens;
VI. a obrigação de tratar o subordinado dignamente e com urbanidade.

O Estatuto define os deveres do policial militar de forma bastante simples e


direta. O primeiro deles é a dedicação ao serviço. Isso não significa que o Policial
Militar não possa exercer nenhuma outra atividade, mas ele precisa ter a
consciência de que seu dever maior junto à PM deve guiar todas as suas ações.

Chamo sua atenção ainda para a disciplina e a hierarquia, que, como você já
deve estar percebendo, permeiam todo o Estatuto, como os grandes princípios
que norteiam a vida e o trabalho do militar. Logo em seguida temos ainda o
rigoroso cumprimento das obrigações e ordens, que também é um dever por
meio do qual se manifestam a hierarquia e a disciplina.

Do Compromisso Policial Militar

Art. 31. Todo cidadão, após ingressar na Polícia Militar, mediante inclusão,
matrícula ou nomeação, prestará compromisso de honra, no qual afirmará a sua
aceitação consciente das obrigações e dos deveres policiais e manifestará sua
firme disposição de bem cumpri-los.

Os deveres militares devem ser assumidos formal e conscientemente por quem


ingressa nos quadros da Corporação. Isso ocorre por meio da prestação do

657
compromisso de honra. Esse compromisso terá caráter solene e será prestado
na presença de tropa, assim que o Policial Militar tenha adquirido o grau de
instrução compatível com o perfeito entendimento de seus deveres como
integrante da Corporação Militar.

O compromisso de honra terá caráter solene e será prestado na presença de


tropa, assim que o policial militar tenha adquirido o grau de instrução compatível
com o perfeito entendimento de seus deveres como integrante da Polícia Militar.
O texto do compromisso é o seguinte, a depender da Corporação na qual o
militar ingressa:

"Ao ingressar na Polícia Militar da Paraíba, prometo regular minha conduta


pelos preceitos da moral, cumprir rigorosamente as ordens das
autoridades a que estiver subordinado e dedicar-me inteiramente ao
serviço policial militar, à manutenção da ordem pública e à segurança da
comunidade, mesmo com o risco da própria vida";

Do Comando e da Subordinação

Art. 33. Comando é a soma de autoridade, deveres e responsabilidade de que o


policial militar é investido legalmente, quando conduz homens ou dirige uma
organização policial militar. O comando é vinculado ao grau hierárquico e
constitui uma prerrogativa impessoal, em cujo exercício o policial militar se define
e se caracteriza como chefe.

O grau hierárquico do militar é importante para o exercício das funções de


comando, de forma impessoal. O Oficial é preparado, ao longo da carreira, para
o exercício do comando, da chefia e da direção das Organizações Militares. Os
Subtenentes e Sargentos auxiliam e complementam as atividades dos Oficiais,
quer no adestramento e no emprego dos meios, quer na instrução e na
administração, podendo, também, ser empregados na execução de atividades
de policiamento ostensivo peculiares à Polícia Militar.

No exercício das atividades aqui mencionadas, e no comando de subordinados,


os Subtenentes e Sargentos deverão impor-se pela lealdade, pelo exemplo e
pela capacidade profissional e técnica, incumbindo-lhes:

a) assegurar a observância minuciosa e ininterrupta das ordens, das regras de


serviço e das normas operativas pelas praças que lhe estiverem diretamente
subordinadas;
b) a manutenção da coesão e do moral das mesmas praças, em todas as
circunstâncias. Os Cabos e Soldados, por sua vez, são essencialmente
elementos de execução. Faltou falarmos sobre as Praças Especiais, não é
mesmo?

658
Essas praças devem observar rigorosamente os regulamentos do
estabelecimento de ensino policial militar onde estiverem matriculados, delas se
exigindo inteira dedicação ao estudo e ao aprendizado técnico profissional.

• O Oficial é preparado, ao longo da carreira, para o exercício do comando,


da chefia e da direção das Organizações Policiais Militares.
• Os Subtenentes e Sargentos auxiliam e complementam as atividades dos
Oficiais, quer no adestramento e no emprego dos meios, quer na
instrução e na administração, podendo, também, ser empregados na
execução de atividades de policiamento ostensivo peculiares à Polícia
Militar.
• Os Cabos e Soldados, por sua vez, são essencialmente elementos pela
execução.

As Praças Especiais devem observar rigorosamente os regulamentos do


estabelecimento de ensino policial militar onde estiverem matriculados, delas se
exigindo inteira dedicação ao estudo e ao aprendizado técnico profissional.

Art. 39. Cabe ao policial militar a responsabilidade integral pelas decisões que
tomar, pelas ordens que emitir e pelos atos que praticar.

A hierarquia e a disciplina não tornam o militar irresponsável. Cada policial militar


é responsável não só pelas ordens que emitir, mas também pelas duas decisões
e atos.

659
EXERCÍCIOS

1. De acordo com o estatuto, as promoções às graduações de subtenente,


primeiro-sargento e cabo serão efetivadas mediante atos do governador do
estado.

Certo ( ) Errado ( )

2. O Oficial que ocupa o posto de Segundo-Tenente pertence ao Círculo dos


Oficiais Subalternos.

Certo ( ) Errado ( )

3. Hierarquia é definida pelo Estatuto dos Militares do Estado da Paraíba como


a rigorosa observância e o acatamento integral às leis, regulamentos, normas e
disposições que fundamentam a Corporação e coordena seu funcionamento
regular e harmônico.

Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1 - ERRADO
2 - CERTO
3 - ERRADO

660
LEI COMPLEMENTAR 096/10
(LEI DE ORGANIZAÇÃO E DIVISÃO JUDICIÁRIA DO
ESTADO DA PARAÍBA) - BLOCO 01

Art. 187. A Justiça Militar estadual, com sede na Capital e jurisdição em todo o
Estado é composta:

I. no primeiro grau de jurisdição:

a) pelos juízes de direito de Vara Militar;


b) pelos conselhos de Justiça Militar;

II. no segundo grau de jurisdição pelo Tribunal de Justiça.

Diferentemente da Justiça comum, na Justiça Militar temos duas espécies de


órgãos julgadores no primeiro grau: o Juiz de Direito e o Conselho de Justiça.
Isso mesmo! O juiz é um órgão do Poder Judiciário, ok!?

Já no segundo grau o órgão julgador é o Tribunal de Justiça, caso o estado não


tenha um Tribunal de Justiça Militar. Lembre-se de que os Desembargadores
não julgam sozinhos!

Art. 188. Compete à Justiça Militar processar e julgar os militares do Estado, nos
crimes militares definidos em lei, e as ações judiciais contra atos disciplinares
militares, ressalvada a competência do Tribunal do Júri quando a vítima for civil,
cabendo ao Tribunal de Justiça decidir sobre a perda do posto e da patente dos
oficiais e da graduação das praças.

Este dispositivo reproduz exatamente o art. 125, § 4º da Constituição Federal,


que trata da competência da Justiça Militar, e que você já conhece.

Art. 189. O cargo de juiz de direito de Vara Militar será provido por juiz de direito
de terceira entrância, observadas as normas estabelecidas para o provimento
dos demais cargos de carreira da magistratura estadual.

Você sabe o que é uma entrância? Veja bem, a entrância é a classificação de


uma comarca. Não sabe o que é uma comarca!? Eu explico para você!

A comarca é a divisão do território estadual para fins de organização do Poder


Judiciário. Uma comarca pode envolver um município ou mais de um, e as
comarcas são classificadas em entrâncias de acordo com a sua complexidade.
Basicamente as comarcas de primeira entrância são aquelas mais simples,
compostas por cidades menores. Por isso mesmo os juízes de direito começam
sua carreira nessas comarcas pequenas, e depois podem ser promovidos para
comarcas de segunda e de terceira entrância.

661
Voltando ao art. 189, a Vara Militar será ocupada por um juiz de direito, como já
expliquei para você. Esse juiz de direito será aquele que está “no topo da
carreira”, ou seja, na terceira entrância.

O cargo de juiz de direito de Vara Militar será provido por juiz de direito de terceira
entrância, observadas as normas estabelecidas para o provimento dos demais
cargos de carreira da magistratura estadual.

Art. 190. Compete ao juiz de direito de Vara Militar:

I. Processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis


e as ações judiciais contra atos disciplinares;
II. presidir os conselhos de Justiça Militar e relatar, com voto inicial e direto, os
processos respectivos;
III. exercer o poder de polícia durante a realização de audiências e sessões de
julgamento;
IV. expedir todos os atos necessários ao cumprimento das suas decisões e das
decisões dos conselhos da Justiça Militar;
V. exercer o ofício da execução penal em todas as unidades militares estaduais,
onde haja preso militar ou civil sob sua guarda provisória ou definitiva;
VI. cumprir carta precatória relativa à matéria de sua competência.

Lembre-se de que a competência para julgamento no primeiro grau é dividia


entre o Juiz de Direito (sozinho) e os conselhos de justiça (que são presididos
pelo Juiz de Direito, mas também são compostos por oficiais).

O juiz de direito processa e julga os crimes militares cometidos contra civis e as


ações judiciais contra atos disciplinares, enquanto os demais crimes militares
são julgados pelo Conselho de Justiça. Além disso, o juiz de direito exerce o
poder de polícia, sendo a autoridade competente para manter a ordem nas
audiências e sessões de julgamento.

Além disso, ele é competente para dar cumprimento às suas decisões e às


decisões dos conselhos de justiça.

Por isso também o juiz de direito é competente para acompanhar a execução


penal de todos os condenados por crime militar.

Art. 191. O cartório de vara Militar terá seus cargos preenchidos por membros
da Polícia Militar e/ou do Corpo de Bombeiros do Estado, habilitados para o
exercício da função, sem prejuízo da participação de servidores da justiça
comum, quando necessário.

O cartório da vara militar nada mais é do que a estrutura administrativa que dá


apoio aos trabalhos do juiz de direito e dos conselhos de justiça. Normalmente
os quadros das varas são compostos por servidores da Justiça estadual, mas

662
nas varas militares a regra é diferente: os quadros são preenchidos por policiais
militares e/ou bombeiros militares. De qualquer forma, pode também haver a
participação de servidores da justiça estadual, se necessário.

O cartório de vara militar terá seus cargos preenchidos por membros da Polícia
Militar e/ou do Corpo de Bombeiros do Estado, habilitados para o exercício da
função, sem prejuízo da participação de servidores da justiça comum, quando
necessário.

§ 1º O cartório será chefiado por um militar graduado (primeiro sargento ou


subtenente) ou por um oficial até a patente de capitão, requisitado mediante
indicação do juiz competente ao comandante-geral da Polícia Militar, através de
ato do presidente do Tribunal de Justiça.

O chefe do cartório será uma praça graduada (subtenente ou sargento) ou ainda


um oficial subalterno (tenente ou capitão). Esse militar será indicado pelo próprio
juiz de direito ao Comandante-Geral da Polícia Militar, por meio do Presidente
do Tribunal de Justiça.

O cartório será chefiado por um militar graduado (primeiro sargento ou


subtenente) ou por um oficial até a patente de capitão, requisitado mediante
indicação do juiz competente ao comandante-geral da Polícia Militar, através de
ato do presidente do Tribunal de Justiça. Equipe Legislação Específica

§ 2° O militar a serviço de vara militar tem fé de ofício quando da prática dos atos
inerentes às respectivas funções, que correspondem à função de analista
judiciário, de técnico judiciário, de movimentador e de oficial de justiça.

Os militares que estão em exercício na vara militar gozam de todas as


prerrogativas conferidas aos servidores da justiça estadual.

663
EXERCÍCIOS

1. Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados,


nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares
militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao
tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da
graduação das praças.

Certo ( ) Errado ( )

2. No tocante à previsão constitucional da Justiça Militar estadual, é correto


afirmar que

a) compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente,


os crimes militares cometidos contra civis, ressalvada a competência do júri
quando a vítima for civil.

b) a lei estadual deverá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça


Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos
Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou
por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior
a vinte mil integrantes.

c) compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados,


nos crimes militares definidos em lei e os recursos disciplinares contra atos
disciplinares militares.

d) compete ao Conselho de Justiça, sob a presidência do oficial mais antigo,


processar e julgar os crimes militares definidos em lei.

e) compete ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente


dos oficiais, cabendo exclusivamente ao Comandante Geral das polícias e
bombeiros militares decidir sobre perda da graduação das praças.

Gabarito
1 - CERTO
2-A

664
LEI COMPLEMENTAR 096/10
(LEI DE ORGANIZAÇÃO E DIVISÃO JUDICIÁRIA DA
PARAÍBA) - BLOCO 02

Art. 192. As audiências e sessões de julgamento da Justiça Militar são realizadas


na sede da comarca, salvo os casos especiais por justa causa ou força maior,
fundamentados pelo juiz de direito titular da Vara Militar.

Normalmente as audiências e sessões da Justiça Militar ocorrem na sede da


comarca, ou seja, quando estivermos falando de uma comarca que alcance mais
de uma cidade, as audiências e sessões deverão ocorrer na principal cidade,
exceto quando houver justa causa ou força maior.

Art. 193. Integram a Justiça Militar do Estado, observada a separação


institucional entre a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros, os seguintes
Conselhos de Justiça:

I. Conselhos Especiais;
II. Conselhos Permanentes ou Trimestrais.

Os próximos dispositivos são fundamentais, pois definem vários detalhes acerca


dos conselhos de justiça. Em primeiro lugar, existe duas modalidades de
conselhos: os conselhos especiais e os conselhos permanentes. O detalhe aqui
é que o conselho permanente na realidade também é temporário, sendo
renovado trimestralmente. Isso mesmo! Tome cuidado para não confundir as
coisas...!

Art. 194. Os Conselhos Especiais são compostos por quatro juízes militares,
todos oficiais de postos não inferiores ao do acusado.

O Conselho Especial é convocado para cada processo. Isso significa que para
cada processo haverá um conselho especial diferente, ok? Esta é a grande
diferença entre o conselho especial e o conselho permanente. Apesar de o
conselho permanente ser temporário (convocado trimestralmente), ele julga
todos os processos que aparecerem nesse período. “Mas professor, como vou
saber se o processo será julgado pelo conselho especial ou pelo conselho
permanente? ” É fácil! A competência é atribuída em razão do grau hierárquico
do réu: se o réu for praça, será julgado pelo conselho permanente, e se for oficial,
será julgado pelo conselho especial, nos termos do art. 196.

Art. 196. Compete aos Conselhos de Justiça Militar processar e julgar os crimes
militares não compreendidos na competência monocrática de juiz de vara militar.
Parágrafo único. Aos Conselhos Especiais compete o julgamento de oficiais,
enquanto aos Conselhos Permanentes ou Trimestrais compete o julgamento das
praças em geral.

665
Agora voltemos à análise dos parágrafos do art. 194.

§ 1° Havendo mais de um acusado no processo, o de posto mais elevado servirá


de referência à composição do conselho.

Se houver, por exemplo, cinco acusados, sendo um oficial e quatro praças, a


competência para julgar será do conselho especial, e todas as regras de
composição do conselho seguirão as regras relacionadas ao posto ocupado por
esse oficial. Sim, o posto ocupado pelo oficial influencia na composição do
conselho permanente, nos termos do art. 194. Os componentes do conselho
devem ser de posto não inferior ao do acusado.

Os Conselhos Especiais são compostos por quatro juízes militares, todos oficiais
de postos não inferiores ao do acusado.

§ 2° Sendo o acusado do posto mais elevado na corporação policial ou do corpo


de bombeiro militar, o conselho especial será composto por oficiais da respectiva
corporação militar, que sejam da ativa, do mesmo posto do acusado e mais
antigos que ele; não havendo na ativa oficiais mais antigos que o acusado, serão
sorteados e convocados oficiais da reserva remunerada.

Se o acusado for do posto mais elevado (coronel) da PM ou do CBM, o conselho


especial será composto por outros coronéis da ativa, mais antigos que ele. Se
não houver oficiais mais antigos em número suficiente na ativa, serão
convocados coronéis da reserva remunerada.

§ 3° Sendo o acusado do posto mais elevado da corporação, e nela não existindo


oficial, ativo ou inativo, mais antigo que ele, o conselho especial será composto
por oficiais que atendam ao requisito da hierarquia, embora pertencentes à outra
instituição militar estadual.

Se não houver coronel mais antigo que ele, ainda que na reserva, serão
convocados coronéis da outra Corporação estadual. Se o acusado for bombeiro
militar, neste caso será julgado por coronéis da Polícia Militar, por exemplo.

§ 4° Não havendo, em qualquer das corporações, no posto mais elevado, oficial,


ativo ou inativo, mais antigo que o acusado, será este julgado pelo Tribunal de
Justiça.

Se ainda assim não tiver jeito de compor o conselho especial, o acusado será
julgado pelo Tribunal de Justiça.

666
EXERCÍCIOS

1. A Constituição Federal, ao tratar da Justiça Militar Estadual, afirma que


compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente,

a) os crimes militares cometidos contra civis.


b) os crimes dolosos praticados por militares contra a vida de civis.
c) a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças
d) os crimes militares praticados por civis.
e) as ações judiciais contra o Estado que tratam de vencimentos.

2. Ao dispor sobre os tribunais e juízes dos estados, a CF estabelece que lei


estadual pode criar, mediante proposta do governador do estado, a justiça militar
estadual.

Certo ( ) Errado ( )

3. Nos termos da Constituição Federal de 1988, marque a alternativa CORRETA:

a) A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça


Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos
Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou
por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior
a vinte mil integrantes.
b) Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar,
singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais
contra atos militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência do
Oficial de maior posto, processar e julgar os crimes praticados por militares.
c) Os Conselhos de Justiça julgam crimes comuns e militares, cabendo aos
juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, as ações
judiciais contra atos disciplinares militares.
d) As ações judiciais contra atos disciplinares militares, são julgadas pelos
Conselhos de Justiça, sob a presidência do juiz de direito do juízo militar.

Gabarito
01 - A
02 - ERRADO
03 - A

667
DIREITO PENAL MILITAR

668
CRIMES CONTRA A PESSOA I
CAPÍTULO I

DO HOMICÍDIO
Art. 205. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Minoração facultativa da pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social
ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena, de um sexto a um terço.

Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - por motivo fútil;
II - mediante paga ou promessa de recompensa, por cupidez, para excitar ou
saciar desejos sexuais, ou por outro motivo torpe;
III - com emprego de veneno, asfixia, tortura, fogo, explosivo, ou qualquer outro
meio dissimulado ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, com surpresa ou mediante outro recurso insidioso,
que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime;
VI - prevalecendo-se o agente da situação de serviço: Pena - reclusão, de doze
a trinta anos.

Homicídio culposo
Art. 206. Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a quatro anos.
§1° A pena pode ser agravada se o crime resulta de inobservância de regra
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato
socorro à vítima.

669
Multiplicidade de vítimas
§2º Se, em consequência de uma só ação ou omissão culposa, ocorre morte de
mais de uma pessoa ou também lesões corporais em outras pessoas, a pena é
aumentada de um sexto até metade.

Provocação direta ou auxílio a suicídio


Art. 207. Instigar ou induzir alguém a suicidar-se, ou prestar-lhe auxílio para que
o faça, vindo o suicídio consumar-se:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
§1º Se o crime é praticado por motivo egoístico, ou a vítima é menor ou tem
diminuída, por qualquer motivo, a resistência moral, a pena é agravada.

Provocação indireta ao suicídio


§ 2o Com detenção de um a três anos, será punido quem, desumana e
reiteradamente, inflige maus tratos a alguém, sob sua autoridade ou
dependência, levando-o, em razão disso, à prática de suicídio.

Redução de pena
§ 3° Se o suicídio é apenas tentado, e da tentativa resulta lesão grave, a pena é
reduzida de um a dois terços.

DO GENOCÍDIO

Genocídio
Art. 208. Matar membros de um grupo nacional, étnico, religioso ou pertencente
a determinada raça, com o fim de destruição total ou parcial desse grupo:
Pena - reclusão, de quinze a trinta anos.

Casos assimilados
Parágrafo único. Será punido com reclusão, de quatro a quinze anos, quem, com
o mesmo fim:
I - inflige lesões graves a membros do grupo;
II - submete o grupo a condições de existência, físicas ou morais, capazes de
ocasionar a eliminação de todos os seus membros ou parte deles;

670
III - força o grupo à sua dispersão;
IV - impõe medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
V - efetua coativamente a transferência de crianças do grupo para outro grupo.

EXERCÍCIOS

1. Matar alguém mediante paga ou promessa de recompensa, por cupidez, para


excitar ou saciar desejos sexuais, ou por outro motivo torpe é considerado
homicídio simples.
Certo ( ) Errado ( )

2. Matar membros de um grupo nacional, étnico, religioso ou pertencente a


determinada raça, com o fim de destruição total ou parcial desse grupo,
caracteriza o crime de homicídio qualificado.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
A - Errado
B - Errado

DOS CRIMES CONTRA A PESSOA II


CAPÍTULO III
DA LESÃO CORPORAL E DA RIXA

Lesão leve
Art. 209. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção,
de três meses a um ano.

671
Lesão grave
§ 1° Se se produz, dolosamente, perigo de vida, debilidade permanente de
membro, sentido ou função, ou incapacidade para as ocupações habituais, por
mais de trinta dias:
Pena - reclusão, até cinco anos.
§2º Se se produz, dolosamente, enfermidade incurável, perda ou inutilização de
membro, sentido ou função, incapacidade permanente para o trabalho, ou
deformidade duradoura:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Lesões qualificadas pelo resultado


§3º Se os resultados previstos nos §§ 1o e 2o forem causados culposamente, a
pena será de detenção, de um a quatro anos; se da lesão resultar morte e as
circunstâncias evidenciarem que o agente não quis o resultado, nem assumiu o
risco de produzi-lo, a pena será de reclusão, até oito anos.

Minoração facultativa da pena


§4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor moral ou
social ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena, de um sexto a um terço.
§5º No caso de lesões leves, se estas são recíprocas, não se sabendo qual dos
contendores atacou primeiro, ou quando ocorre qualquer das hipóteses do
parágrafo anterior, o juiz pode diminuir a pena de um a dois terços.

Lesão levíssima
§6º No caso de lesões levíssimas, o juiz pode considerar a infração como
disciplinar.

Lesão culposa
Art. 210. Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
§1º A pena pode ser agravada se o crime resulta de inobservância de regra
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato
socorro à vítima.

672
Aumento de pena
§2º Se, em consequência de uma só ação ou omissão culposa, ocorrem lesões
em várias pessoas, a pena é aumentada de um sexto até metade.

Participação em rixa
Art. 211. Participar de rixa, salvo para separar os contendores: Pena - detenção,
até dois meses.
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão grave, aplica-se, pelo fato de
participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.

EXERCÍCIOS

1. A pena de lesão grave pode ser agravada se o crime resulta de inobservância


de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
imediato socorro à vítima.
Certo ( ) Errado ( )

2. Se, em consequência de uma só ação ou omissão culposa, ocorrem lesões


em várias pessoas, a pena é aumentada de um sexto até metade.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1 - ERRADO
2 - ERRADO

673
CRIMES CONTRA A AUTORIDADE OU DISCIPLINA MILITAR

MOTIM: é um tipo de reunião de militares, tal reunião tem como finalidade


desrespeitar a hierarquia e a disciplina no ambiente militar. É um tipo de
desobediência, que acaba ocorrendo, com maior ou menor gravidade.
Pena - reclusão, de quatro a oito anos.

BIZU MONSTRUOSO: TEM-SE AUMENTO DE PENA PARA OS CABEÇAS.

A Revolta é o Motim praticado por agentes armados.

Conspiração
Art. 152. Concertarem-se militares ou assemelhados para a prática do crime
previsto no artigo 149:
Pena - reclusão, de três a cinco anos.

674
Isenção de pena
Parágrafo único. É isento de pena aquele que, antes da execução do crime e
quando era ainda possível evitar-lhe as consequências, denuncia o ajuste de
que participou.

EXERCÍCIO

1. De acordo com o direito penal militar, assinale a alternativa correta:


a) configura revolta a reunião de militares agindo contraordem recebida de
superior.
b) configura motim a reunião de militares com os agentes estando armados.
c) É isento de pena aquele que, antes da execução do crime de conspiração e
quando era ainda possível evitar-lhe as consequências, denuncia o ajuste de
que participou.
d) quando o militar se nega a cumprir ordem de superior, fica caracterizado o
crime de revolta.

Gabarito
1-C

CRIMES CONTRA A AUTORIDADE OU DISCIPLINA MILITAR


Aliciação:
Art. 154. Aliciar militar ou assemelhado para a prática de qualquer dos crimes
previstos no capítulo anterior:
Pena - reclusão, de dois a quatro anos.

Lembrando que Aliciação é diferente de Incitamento. Aliciação que incide


sobre qualquer dos crimes que estão nos artigos 149 a 152, já o incitamento se
aplica quando o infrator incentiva outras pessoas à desobediência, indisciplina,

675
ou à prática de qualquer crime militar.

676
EXERCÍCIOS

1. De acordo com os crimes previstos no código penal militar marque a


assertiva CORRETA:
a) Aliciar militar ou assemelhado para a prática de qualquer dos crimes
previstos nos artigos 149 a 152 é conhecido como crime de incitamento.
b) Caso militares se reúnam agindo contra a ordem recebida de superior, ou
negando-se a cumpri-la é conhecido como crime de revolta.
c) Se os agentes estavam armados, recebe-se o nome de revolta, e tem pena
de reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de um terço para os cabeças.
d)Tem-se pena de reclusão, de quatro a oito anos, porém é vedado o aumento
de um terço para os cabeças.

Gabarito
A-C

VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR, MILITAR DE SERVIÇO,


DESRESPEITO A SUPERIOR

Violência contra superior


Art. 157. Praticar violência contra superior:
Pena - detenção, de três meses a dois anos.

sujeito ativo é o subordinado.


Posição doutrinaria: o militar inativo também poderá praticar este crime.

677
Violência contra militar de serviço
Art. 158. Praticar violência contra oficial de dia, de serviço, ou de quarto, ou
contra sentinela, vigia ou plantão:
Pena - reclusão, de três a oito anos.
sujeito ativo é o militar.

Bizu monstruoso: Esse militar pode ser tanto da esfera federal quanto da
estadual.

Desrespeito a superior
Art. 160. Desrespeitar superior diante de outro militar:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais
grave.
Crime propriamente militar.
Consumação: ocorre quando o autor ofende a vítima secundária, seja de que
forma for.
É crime propriamente militar, pois só pode ser cometido por militar e diz
respeito aos deveres que lhe são inerentes.
O desrespeito pode ser visto como várias formas como por exemplo uma
crítica, um menosprezo, uma ofensa.

Não é necessário que o fato ocorra dentro de organização militar.

678
Bizu monstruoso: É agravante o fato de o ofendido ser o Comandante da
unidade, oficial general ou oficial de dia ou de quarto da unidade ou da
embarcação.

EXERCÍCIOS

1. O direto penal militar, tem uma série de crimes, com vários aspectos
diferentes, de acordo com os crimes em espécie, assinale a alternativa incorreta:
a) Praticar violência contra superior gera pena de detenção, de três meses a um
ano.
b) Desrespeitar superior diante de outro militar gera pena de detenção, de três
meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
c) Desrespeitar superior diante de outro militar é crime propriamente militar e sua
consumação ocorre quando o autor ofende a vítima secundária, seja de que
forma for.
d) De acordo com o crime de desrespeito a superior não é considerado agravante
o fato de o ofendido ser o Comandante da unidade, oficial general ou oficial de
dia ou de quarto da unidade ou da embarcação.

Gabarito
1-D

RECUSA DE OBEDIÊNCIA, OPOSIÇÃO A ORDEM DE


SENTINELA

Recusa de obediência
Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de
serviço, ou relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução:

679
Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Crime propriamente militar.
Consumação: ocorre quando o autor recusa obediência à ordem, seja por ação,
seja por omissão, sendo um desrespeito a disciplina militar.

Bizu monstruoso: Caso dois ou mais militares recusarem obedecer a qualquer


tipo de ordem a conduta já passa a ser considerada Motim.

Oposição à ordem de sentinela


Art. 164. Opor-se às ordens da sentinela:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, se o fato não constitui crime mais
grave.
Crime impropriamente militar.
Consumação: ocorre quando o autor se opõe, seja da forma que for, à ordem da
Sentinela.
DEFINIÇÃO: Sentinela é o militar legalmente encarregado de guardar, com ou
sem armas, determinado lugar sob administração militar, usando os acessórios
que indiquem encontrar-se em serviço.
crime comum

Bizu monstruoso: o delito é ratione materiae, por não exigir qualidade


especial do agente.
Bizu monstruoso2: Este crime é chamado de subsidiário, ou seja, só é
aplicado caso o fato não constitua crime mais grave.

EXERCÍCIOS

1. De acordo com o Direito Penal Militar:


I - Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço,
ou relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução é crime
propriamente militar.
II - Opor-se às ordens da sentinela gera pena de detenção, de três meses a um
ano, se o fato não constitui crime mais grave.

680
III - No crime de recusa de obediência caso dois ou mais militares recusarem a
obedecer a qualquer tipo de ordem, a conduta já passa a ser considerada revolta.
Está incorreto o que se afirma em:
a) I e II
b) I e III
c) I
d) II e III

Gabarito
1-D

REUNIÃO ILÍCITA/ PUBLICAÇÃO OU CRÍTICA INDEVIDA/


RESISTÊNCIA MEDIANTE AMEAÇA OU VIOLÊNCIA.

Reunião ilícita
Art. 165. Promover a reunião de militares, ou nela tomar parte, para discussão
de ato de superior ou assunto atinente à disciplina militar:

Pena - detenção, de seis meses a um ano a quem promove a reunião; de dois a


seis meses a quem dela participa, se o fato não constitui crime mais grave.
Crime impropriamente militar.
Consumação: ocorre quando a reunião acontece.

Bizu monstruoso: Basta a presença de pelo menos dois militares. Não há o que
falar em “promover”, já que não existiu, nem em “tomar parte”, pelo mesmo
motivo. Não se exige, no entanto, ..., que ocorra a efetiva discussão dos assuntos
grafados no tipo. (COIMBRA NEVES, Cícero Robson e STREIFINGER,
Marcello. Manual de Direito Penal Militar. São Paulo: Saraiva, 3ª edição, 2013,
p. 829.)

681
Publicação ou crítica indevida

Art. 166. Publicar o militar ou assemelhado, sem licença, ato ou documento


oficial, ou criticar publicamente ato de seu superior ou assunto atinente à
disciplina militar, ou a qualquer resolução do Governo:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, se o fato não constitui crime mais
grave.
Crime propriamente militar.
Consumação: ocorre com a publicação do ato ou do documento em questão,
sendo indiferente para o tipo estudado que alguém tenha acesso à publicação.
Basta que, potencialmente, possa ela chegar ao conhecimento de alguém,
configurando-se, pois, em crime de perigo abstrato, o que também leva à
conclusão de que não se exige para a configuração do delito que a veiculação
da informação lese efetivamente a disciplina ou a autoridades militares. Na
modalidade fazer crítica, o crime se consuma com a externalização do
pensamento crítico, desde que publicamente, exigindo-se, porém, nessa
modalidade, que pessoas apreendam as críticas publicadas (crime de perigo
concreto). (COIMBRA NEVES, Cícero Robson e STREIFINGER)
Aqui a finalidade é uma só, proteger a disciplina e o respeito que sempre deve
existir tanto pra os militares do serviço ativo, quanto para os da reserva e
reformados, que é o que trata o artigo 9º inciso III, do CPM.

Também não é permitida a crítica a qualquer resolução do governo, é aqui que


começamos a tratar das Forças Armadas que de acordo com a CF em seu artigo
42, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base
na hierarquia e na disciplina, sob autoridade suprema do Presidente da
República.

682
Bizu monstruoso: não esquecer que essa subordinação ao governador do
estado não vale só para as instituições militares, pois as policias civis também
se subordinam a ele.

Resistência mediante ameaça ou violência


Art. 177. Opor-se à execução de ato legal, mediante ameaça ou violência ao
executor, ou a quem esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Forma qualificada
§ 1º Se o ato não se executa em razão da resistência:
Pena - reclusão de dois a quatro anos.
Cumulação de penas
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
correspondentes à violência, ou ao fato que constitua crime mais grave.

EXERCÍCIOS

1. De acordo com o direito penal:


I - Promover a reunião de militares, ou nela tomar parte, para discussão de ato
de superior ou assunto atinente à disciplina militar configura crime de motim.
II - Publicar o militar ou assemelhado, sem licença, ato ou documento oficial, ou
criticar publicamente ato de seu superior ou assunto atinente à disciplina
militar, ou a qualquer resolução do governo gera pena de detenção, de dois
meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave sendo caracterizado
como crime de publicação ou crítica indevida.
III - Opor-se à execução de ato legal, mediante ameaça ou violência ao
executor, ou a quem esteja prestando auxílio caracteriza o crime de
Resistência mediante ameaça ou violência.
Está correto o que se afirma em:
a) I e II
b) I, II e III
c) I e III
d) II e III

683
Gabarito
1-D

DESERÇÃO, ABANDONO DE POSTO E


DESCUMPRIMENTO DE MISSÃO
Deserção
Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do
lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada.
A deserção tem como sujeito ativo o militar, que, já incorporado, se ausenta,
sem licença, por mais de oito dias, da unidade em que serve ou do lugar em
que deve permanecer.

Bizu monstruoso: lembrem-se que é mais de 8 dias se a banca trouxer oito


dias, já deixa a questão errada. Guarda essa dica!!

Resumo
• Só admite forma dolosa
• O delito se consuma após decorrer mais de oito dias de ausência.
• O desertor desde a deserção fica sujeito a prisão.
• É um crime que de acordo com a doutrina majoritária NÃO ADMITE
TENTATIVA.
• É um crime propriamente militar.

Abandono de posto
Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que lhe
tenha sido designado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

Descumprimento de missão
Art. 196. Deixar o militar de desempenhar a missão que lhe foi confiada:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais
grave.
§ 1º Se é oficial o agente, a pena é aumentada de um terço.

684
§ 2º Se o agente exercia função de comando, a pena é aumentada de metade.

Modalidade culposa
§ 3º Se a abstenção é culposa:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

EXERCÍCIOS

1. De acordo com o direito penal militar, assinale a alternativa correta:


a) Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em
que deve permanecer, por oito dias é caso de deserção.
b) Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que lhe tenha
sido designado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo gera pena de
detenção, de três meses a dois anos.
c) Deixar o militar de desempenhar a missão que lhe foi confiada não é
considerado crime militar.
d) Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em
que deve permanecer, por mais de oito dias caracteriza o crime de deserção.

Gabarito
1-D

DESACATO A SUPERIOR E DESACATO A MILITAR

Desacato
Art. 341. Desacatar autoridade judiciária militar no exercício da função ou em
razão dela:

685
Pena - reclusão, até quatro anos.

Desacato a superior
Art. 298. Desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, ou
procurando deprimir-lhe a autoridade:
Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.
• É desacatar superior.
• Só pode ser praticado por inferior hierárquico.

Agravação de pena
A pena é agravada, se o superior é oficial-general ou comandante da unidade a
que pertence o agente.

Desacato a militar
Art. 299. Desacatar militar no exercício de função de natureza militar ou em
razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui outro
crime.
• Só pode ser praticado por civil no âmbito da união.
• Só acontece se ofender a bens jurídicos militares e se houver o
chamado dolo especifico.

686
CORRUPÇÃO ATIVA, CORRUPÇÃO PASSIVA,
PREVARICAÇÃO

CORRUPÇÃO ATIVA
É um crime impropriamente militar, pois está previsto tanto no código penal
militar, quanto no código penal.

Quando falamos em corrupção ativa, temos que ter atenção no


núcleo, ou seja no verbo “DAR”.

Bizu monstruoso: a corrupção ativa no direito penal comum não


tem o verbo DAR!
A corrupção ativa prevista no código penal militar já apresenta esse verbo.

CORRUPÇÃO PASSIVA
Art. 308. Receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que
fora da função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela vantagem indevida,
ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou
promessa, o agente retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o
pratica infringindo dever funcional.

687
Diminuição de pena
§ 2º - Se o agente pratica, deixa de praticar ou retarda o ato de ofício com
infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

Prevaricação
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou
praticá-lo contra expressa disposição de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
• crime funcional ou crime próprio - praticado por funcionário público.
• Sujeito Ativo - É o funcionário público

Bizu monstruoso – é possivel a participação de particular nesse crime.

Sujeito Passivo: É o Estado, porem o particular também pode ser prejudicado


por esse crime.
O objeto de delito é o ato de ofício
Tipo Subjetivo: É o dolo.
vontade de retardar, omitir ou praticar ilegalmente ato de ofício.
Consumação: O crime é consumado com o retardamento.

Aqui ppodemos dizer que é um desrespeito a função, um desrespeito ao dever


com o objetivo de lucrar em cima disso!

EXERCÍCIOS

1. De acordo com os crimes de desacato, assinale a alternativa correta:


a) Desacatar superior, ofendendo lhe a dignidade ou o decoro, ou procurando
deprimir lhe a autoridade é considerado crime de desacato a superior, não
permitindo agravação da pena.
b) Desacatar militar no exercício de função de natureza militar ou em razão
dela, caracteriza o crime de desacato a superior.

688
c) O desacato a militar não pode ser praticado por civil no âmbito da união.
d) Em relação ao crime de desacato a superior, a pena é agravada, se o
superior é oficial-general ou comandante da unidade a que pertence o agente.

2. De acordo com o direito penal militar:


I - A corrupção ativa é um crime impropriamente militar, pois está previsto tanto
no código penal militar, quanto no código penal.
II - Receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela vantagem indevida, ou
aceitar promessa de tal vantagem, caracteriza o crime de corrupção ativa.
III - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá- lo
contra expressa disposição de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
pessoal caracteriza o crime de prevaricação.

Está correto o que se afirma em:


a) I e II
b) III
c) I e III
d) II e III

Gabarito
1-D
2-C

689
CRIMES EM TEMPO DE GUERRA
CORRESPONDÊNCIA LEGISLATIVA

Art. 10. Consideram-se crimes militares, em tempo de guerra:


I - os especialmente previstos neste Código para o tempo de guerra;
II - os crimes militares previstos para o tempo de paz;
III - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual
definição na lei penal comum ou especial, quando praticados, qualquer que seja
o agente:
a) em território nacional, ou estrangeiro, militarmente ocupado;
b) em qualquer lugar, se comprometem ou podem comprometer a preparação, a
eficiência ou as operações militares ou, de qualquer outra forma, atentam contra
a segurança externa do País ou podem expô-la a perigo;
IV - os crimes definidos na lei penal comum ou especial, embora não previstos
neste Código, quando praticados em zona de efetivas operações militares ou em
território estrangeiro, militarmente ocupado.

TRAIÇÃO
Art. 355. Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado aliado, ou prestar
serviço nas forças armadas de nação em guerra contra o Brasil:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

FAVOR AO INIMIGO
Art. 356. Favorecer ou tentar o nacional favorecer o inimigo, prejudicar ou tentar
prejudicar o bom êxito das operações militares, comprometer ou tentar
comprometer a eficiência militar:
I - empreendendo ou deixando de empreender ação militar;
II - entregando ao inimigo ou expondo a perigo dessa consequência navio,
aeronave, força ou posição, engenho de guerra motomecanizado, provisões ou
qualquer outro elemento de ação militar;
III - perdendo, destruindo, inutilizando, deteriorando ou expondo a perigo de
perda, destruição, inutilização ou deterioração, navio, aeronave, engenho de
guerra motomecanizado, provisões ou qualquer outro elemento de ação militar;
IV - sacrificando ou expondo a perigo de sacrifício força militar;

690
V - abandonando posição ou deixando de cumprir missão ou ordem: Pena -
morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

TENTATIVA CONTRA A SOBERANIA DO BRASIL


Art. 357. Praticar o nacional o crime definido no art. 142:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

TENTATIVA CONTRA A SOBERANIA DO BRASIL


Art. 142. Tentar:
I - submeter o território nacional, ou parte dele, à soberania de país estrangeiro;
II - desmembrar, por meio de movimento armado ou tumultos planejados, o
território nacional, desde que o fato atente contra a segurança externa do Brasil
ou a sua soberania;
III - internacionalizar, por qualquer meio, região ou parte do território nacional:
Pena - reclusão, de quinze a trinta anos, para os cabeças; de dez a vinte anos,
para os demais agentes.

COAÇÃO A COMANDANTE
Art. 358. Entrar o nacional em conluio, usar de violência ou ameaça, provocar
tumulto ou desordem com o fim de obrigar o comandante a não empreender ou
a cessar ação militar, a recuar ou render-se:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

INFORMAÇÃO OU AUXÍLIO AO INIMIGO


Art. 359. Prestar o nacional ao inimigo informação ou auxílio que lhe possa
facilitar a ação militar:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

ALICIAÇÃO DE MILITAR
Art. 360. Aliciar o nacional algum militar a passar-se para o inimigo ou prestar-
lhe auxílio para esse fim:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

691
COBARDIA
Art. 363. Subtrair-se ou tentar subtrair-se o militar, por temor, em presença do
inimigo, ao cumprimento do dever militar:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

COBARDIA QUALIFICADA
Art. 364. Provocar o militar, por temor, em presença do inimigo, a debandada de
tropa ou guarnição; impedir a reunião de uma ou outra, ou causar alarme com o
fim de nelas produzir confusão, desalento ou desordem:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

FUGA EM PRESENÇA DO INIMIGO


Art. 365. Fugir o militar, ou incitar à fuga, em presença do inimigo: Pena - morte,
grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

ESPIONAGEM
Art. 366. Praticar qualquer dos crimes previstos nos arts. 143 e seu § 1°, 144 e
seus §§ 1º e 2º, e 146, em favor do inimigo ou comprometendo a preparação, a
eficiência ou as operações militares:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

CASO DE CONCURSO
Parágrafo único. No caso de concurso por culpa, para execução do crime
previsto no art. 143, §2º, ou de revelação culposa (art. 144, §3º):
Pena - reclusão, de três a seis anos.

692
EXERCÍCIOS

1. Consideram-se crimes militares, em tempo de guerra:


a) os crimes praticados por militar em situação de atividade ou assemelhado,
contra militar na mesma situação ou assemelhado.
b) os crimes praticados por militar em situação de atividade ou assemelhado, em
lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou
assemelhado, ou civil.
c) os crimes praticados por militar durante o período de manobras ou exercício,
contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil.
d) os crimes praticados por militar em situação de atividade, ou assemelhado,
contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar.
e) os crimes definidos na lei penal comum ou especial, embora não previstos no
Código Penal Militar, quando praticados em zona de efetivas operações militares
ou em território estrangeiro, militarmente ocupado.

Gabarito
1-E

693
NOÇÕES DE SOCIOLOGIA

694
MOVIMENTOS POPULARES URBANOS

Nos estudos sobre os movimentos populares urbanos, as análises têm oscilado


entre as que enfatizam o seu potencial transformador, as que apontam as suas
limitações políticas e, nas últimas décadas, as que salientam a sua crise quanto
a mobilização e capacidade de intervir nas políticas públicas. Entendemos que
os movimentos sociais em geral continuam a ter um papel imprescindível na
democratização brasileira, e o movimento popular urbano em particular
permanece provocando mudanças nas legislações e políticas urbanas em busca
de melhores condições de vida e de acesso a direitos sociais básicos, abrindo
espaços para a participação das classes populares na esfera pública.

Os movimentos populares urbanos são entendidos aqui como as ações coletivas


organizadas pelas classes populares em prol de melhores condições de vida
urbana e de acesso à habitação, ao uso do solo, aos serviços e equipamentos
de consumo coletivo.

Neste sentido, os movimentos populares urbanos se traduzem por diferentes


formas de organização popular de resistência da população às condições de vida
a que está submetida. Assim, consideramos as Ligas de Inquilinos do começo
do século passado, os centros democráticos progressistas dos anos 40, as
sociedades amigos de bairro no período de 1945 a 1964, os novos movimentos
populares urbanos a partir do final dos anos 70, a união dos movimentos de
moradia de São Paulo a partir da década de 1980, a central de movimentos
populares a partir da década de 90, como movimentos populares urbanos que
se diferenciam por práticas sócias e estilos de organização distintos.

Uma escavação das lutas populares urbanas revela que os movimentos sociais
continuam a dar uma contribuição substancial para uma democratização
profunda da política brasileira. As organizações de moradores, de fato formam a
base do projeto de democracia popular do Brasil ao facilitar estrutural e
cognitivamente um grau de participação popular.

Acreditamos que a democracia efetiva só se dará quando todos os indivíduos


conquistarem a capacidade de se apropriarem da riqueza socialmente
produzida, de atualizarem todas as potencialidades de realização humana
abertas pela vida social. É assim que Carlos Nelson Coutinho define cidadania.
E acrescenta que ela é resultado de uma luta permanente, travada quase sempre
pelas “classes subalternas”, pressupondo um processo histórico de longa
duração. Desta forma, o que se coloca como tarefa fundamental no que se refere
aos direitos civis e políticos e, de modo ainda mais intenso, aos direitos sociais,
“não é o simples reconhecimento legal positivo dos mesmos, mas a luta para
torna-los efetivos ”.

695
Assim, a luta por direitos dos movimentos sociais é essencial para o
aprofundamento e universalização da cidadania, ou seja, para a crescente
democratização das relações sócias. As lutas e ações sociais nos anos 90 e
2000 se configuraram, entre outras tendências, pela participação da população
nas estruturas de conselhos e colegiados criados por exigência da constituição
de 1988 ou como fruto de políticas especificas, o crescimento das organizações
não governamentais e as políticas de parcerias implementadas pelo poder
público, principalmente no âmbito do poder local.

MOVIMENTOS SOCIAIS E LUTAS PELA MORADIA.

INTRODUÇÃO

A falta de moradia é uma das manifestações da questão social, que segundo


Raichelis (2006, p.17), a expressão das “desigualdades sociais produzidas e
reproduzidas na dinâmica contraditória das relações sociais” na sociedade
capitalista.

As condições de habitação da população “são um dos aspectos que perpassam


as várias dimensões das desigualdades sociais na América Latina”, onde “as
condições de moradia da população brasileira e latino-americana são marcadas
por alto grau de desigualdade e exclusão”. Apesar de a moradia ser considerada
um direito social no Brasil a partir da Constituição Federal de 1988, ela continua
a ser negada a toda população, pois como destaca Koga (2009), as famílias mais
pobres residem em domicílios precários, vivendo em áreas e em condições de
vulnerabilidade social.

Em decorrência dessa situação a população resiste se organiza e se mobiliza


em busca pelo direito à moradia segura e digna, na qual a mulher tem feito parte
dos movimentos sociais de moradia.

Do Movimento Social de Moradia as Políticas Sociais de Habitação

A moradia é entendida como elemento essencial do ser humano, sendo um


direito social e como aponta Souza (2004, p.45) apud Santos (2013, p.2) “é
inerente à pessoa e independente de objeto físico para a sua existência e
proteção jurídica”.

Conforme aponta Santos (2013, p.2), a princípio qualquer lugar era local para
estabelecer-se como abrigo: uma caverna, uma árvore e a superfície do gelo,
pois eram suficientes para sobrevivência digna das pessoas. Contudo, os
espaços livres foram reduzindo com o desenvolvimento da sociedade, a
globalização e o capitalismo, acarretando “uma segregação social em relação
aos menos favorecidos”.

696
Ainda, de acordo com Santos (2013), os espaços foram se comprimindo cada
vez mais a ponto de sua drástica redução ou extinção para os mais
desfavorecidos; esses vivendo nas ruas, pontes, entre outros.

Neste sentido, Alves e Cavenaghi (2004) destacam que a habitação está ligada
às desigualdades sociais, definidas por Montaño (2012, p. 278) como
“contradição capital trabalho, na exploração da força de trabalho, na acumulação
e centralização de capital”, quanto mais acúmulo do capital mais exploração do
trabalho igual a desigualdade social. As condições de habitação e moradia no
Brasil e na América Latina definem o grau da desigualdade, isto é, educação e
cultura, lazer, transportes, pois a precariedade habitacional abrange
contingentes ainda maiores da população.

Além disso, Maricato (2003) aponta que para maioria da população a


urbanização é feita de forma ilegal e sem financiamento público, por isso surgem
barracos, construções em morros com risco de desmoronamento, em lugares de
reserva ambiental e em terras invadidas.

Essa situação levou as pessoas a lutar pelo direito à moradia, através da


mobilização popular, onde a sociedade civil se organizou e foi para as ruas lutar
pelos seus direitos, surgindo assim os movimentos sociais que foram
responsáveis por grandes mudanças de direitos conquistados na vida dos
brasileiros, não só movimentos pela habitação, mas também vários outros
movimentos sociais.

De acordo com Gohn (2013 p.141), os movimentos sociais são vistos como
“ações sociais coletivas de caráter sociopolítico e cultural”, são comportamentos
conflituosos gerados no seio da ordem, realizam diagnósticos da realidade
social, transformam pessoas simples em atores da sociedade civil, onde muitos
entram para a história através de sua participação nos movimentos sociais.

Ainda, segundo Gohn (2013), só é possível a participação cidadã nos


movimentos sociais se a sociedade civil estiver organizada, articulada e tendo
os mesmos ideais. No Brasil e na América Latina os movimentos sociais
populares se propagaram bastante nos anos de 1970 e 1980, por causa da
oposição ao então regime militar, especialmente pelos movimentos cristãos de
base, inspirados pela Teologia da Libertação.

Assim, a Confederação Nacional das Associações de Moradores - CONAM foi


fundada no dia 17 de janeiro de 1982, tendo como seu papel organizar as
federações estaduais, uniões municipais e associações comunitárias, entidades
de bairro e similares, para defender a universalização da qualidade de vida, com
especial atenção às questões do direito a cidades, incluindo além da luta pela
moradia digna, saúde, transporte, educação, meio ambiente, trabalho, igualdade
de gênero e raça, assim como a democratização em todos os níveis.

697
Já em 1987, foi instituído o Fórum Nacional de Reforma Urbana - FNRU que atua
para modificar o processo de segregação social e espacial existente nas cidades
brasileiras, a fim de que se tornem mais justas, inclusivas e democráticas,
através da articulação nacional que reúne movimentos populares, sociais,
ONGs, associações de classe e instituições de pesquisa.

Em 1989 a União Nacional por Moradia Popular - UNMP, por sua vez, vem com
objetivo de articular e mobilizar os movimentos de moradia, lutar pelo direito à
moradia, por reforma urbana e autogestão e assim resgatar a esperança do povo
rumo a uma sociedade sem exclusão social; atuando favelas e cortiços,
articulando a questão do sem-teto, mutirões ocupações e loteamentos. Esses
movimentos contribuíram depois para a criação da Constituição Federal de 1988,
principalmente na inserção dos direitos sociais, que foram inscritos em leis na
nova Constituição brasileira de 1988.

Em 1990, Gohn (2011), relata que ocorreu o surgimento de novas formas de


organização popular, mais institucionalizadas como os Fóruns Nacionais de Luta
pela Moradia, pela Reforma Urbana, o Fórum Nacional de Participação Popular
etc. Os encontros destes fóruns tinham abrangência nacional e eram com
objetivos estratégicos gerando diagnósticos dos problemas sociais,
impulsionando assim algumas políticas sociais, como por exemplo, Renda
Mínima e a Bolsa Escola.

A criação de uma Central dos Movimentos Populares foi outro fato marcante nos
anos 1990, pois formou vários movimentos populares em nível nacional, tal como
a luta pela moradia, também buscou uma articulação e criou colaborações entre
diferentes tipos de movimentos sociais, populares e não populares.

Neste cenário surge também o Movimento dos Trabalhadores Sem- Teto -


MTST, que é um movimento de trabalhadores urbanos a partir do local em que
vivem, por isso é um movimento territorial, tem como seu maior objetivo a luta
contra o capital e o Estado que representa os interesses capitalistas; o MTST
luta por moradia, é um movimento de sem teto. O direito à moradia digna é uma
bandeira central do movimento.

A partir dos anos “2000, a moradia passou a integrar a concepção de direito


social pela emenda constitucional nº26/2000 que altera o artigo 6º da
Constituição Federal que se refere aos direitos sociais” (Oliveira e Cassab, 2010,
p 80).

Em 2004, os movimentos oficializam a articulação e organizam o primeiro


encontro da Frente de Luta por Moradia – FML em Ribeiro Pires – SP e está
Frente, articulou novos processos de ocupação, defendendo pontos básicos
para a consolidação dos objetivos dos trabalhadores sem-teto de baixa renda:
Plano integrado de

698
✓ 1 - Desenvolvimento social e programas complementares,
✓ 2 - Participação popular
✓ 3 - Instrumentos de política de desenvolvimento urbano.

Em decorrência desses movimentos sociais de moradia e contando com a


participação dos diversos segmentos sociais envolvidos com a questão
habitacional, foi lançado em 2004 uma nova Política Nacional de Habitação
(PNH), responsável pela criação e organização do PlanHab - Plano Nacional de
Habitação, que “apresenta e convida a sociedade brasileira a debater suas
principais propostas e metas de forma a agregar esforços, balizando as ações
do governo federal.

Segundo o Ministério das Cidades - Secretaria Nacional de Habitação, o


PlanHab - Plano Nacional de Habitação - é um dos mais importantes
instrumentos para a implementação da nova Política Nacional de Habitação.
Previsto na Lei 11.124/05, que estruturou o Sistema Nacional de Habitação de
Interesse Social, ele foi elaborado, sob a coordenação da Secretaria Nacional
de Habitação do Ministério das Cidades, pela consultoria do Consórcio PlanHab,
formado pelo Instituto Via Pública, Fupam-LabHab-FAUUSP e Logos
Engenharia, por meio de um intenso processo participativo, que contou com a
presença de todos os segmentos sociais relacionados com o setor habitacional.

Em 2008, segundo Leher e al. (2010), entidades como a União Nacional por
Moradia Popular (UNMP), a Confederação Nacional das Associações de
Moradores (CONAM), a Central de Movimentos Populares (CMP), o Movimento
nacional de luta pela moradia (MNLM), se reuniram junto ao Fórum Nacional de
Reforma Urbana (FNRU) e protagonizarão uma jornada de luta pela reforma
urbana e pelo direito a cidade.

Em 2009 o plano nacional de habilitação (PlanHab) 11, que se propõe “ a mostrar


que é possível transformar as condições de moradia destes pais, com a
participação ativa dos setores públicos estaduais e municipais, do setor privado
e dos agentes e movimentos sócias”. Nesse período também foi criado o sistema
nacional de habilitação de interesse social (SNHIS), nascida de um projeto de lei
de iniciativa popular, promovido pelo movimento de moradia e da secretaria da
habitação.

Todavia, como aponta Santos (2013, p. 2). “[o] direito à moradia passou de direito
de todos para apenas direitos dos mais favorecidos. E quando fornecido a
minoria, não abrange o perfeito desenvolvimento da dignidade da pessoa
humana”. Assim sendo, não ter uma moradia segura e salubre corrobora com a
situação de vulnerabilidade social da população, na qual as famílias estão

sujeitas a qualquer tipo de situação, isto é, falta de saneamento e transporte,


acesso precário aos serviços e até mesmo preconceito pelo local de moradia.

699
MOVIMENTOS SOCIAIS E EDUCAÇÃO

Os movimentos sociais são ações coletivas mantidas por grupos organizados da


sociedade que visam lutar por alguma causa social. Em geral, o grito levantado
pelos movimentos sociais representa a voz de pessoas excluídas do processo
democrático, que buscam ocupar os espaços de direito na sociedade.

Os movimentos sociais são de extrema importância para a formação de uma


sociedade democrática ao tentarem possibilitar a inserção de cada vez mais
pessoas na sociedade de direitos. Os primeiros movimentos sociais visavam
resolver os problemas de classes sociais e políticos, como a ampliação do direito
ao voto. Hoje, os movimentos sociais baseiam-se, em grande parte, nas pautas
indenitárias que representam categorias como gênero, raça e orientação sexual.

CARACTERÍSTICAS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

Ao pensar-se nos movimentos sociais à luz de pensadores da filosofia e da


sociologia, é impossível apontar um consenso. O cientista político italiano
Gianfranco Pasquino aponta a impossibilidade de estabelecer-se uma linha
conciliatória entre os que tratam dos movimentos sociais, tendo-se em vista um
horizonte de pensadores clássicos.

Nesse sentido e como exemplos, os sociólogos Marx, Weber e Durkheim veem


nos movimentos sociais a sustentação de uma revolução, a institucionalização
de um novo poder burocrático e até a maior coesão social, respectivamente.

MOVIMENTOS SOCIAIS E EDUCAÇÃO

É importante registrar que os movimentos pela educação têm caráter histórico,


são processuais e ocorrem, portanto, dentro e fora de escolas e em outros
espaços institucionais. As questões centrais no estudo da relação dos
movimentos sociais com a educação são as da: participação, cidadania e o
sentido político da educação. As lutas pela educação envolvem a luta por direitos
e são parte da construção da cidadania. Movimentos sociais pela educação
abrangem questões tanto de conteúdo escolar quanto de gênero, etnia,
nacionalidade, religiões, portadores de necessidades especiais, meio ambiente,
qualidade de vida, paz, direitos humanos, direitos culturais etc. Esses
movimentos são fontes e agências de produção de saberes.

Podemos equacionar as seguintes fontes de demandas no campo da educação:


no setor da educação formal-escolar, e a educação não-formal, desenvolvida em
práticas do cotidiano, fruto de aprendizagem advinda da experiência ou de ações
mais estruturadas, com alguma intencionalidade, objetivando a formação das

700
pessoas em determinado campo de habilidade, fora das grades curriculares,
certificadoras de graus e níveis de ensino.

Historicamente, as lutas pela educação formal/escolar nem sempre tem tido


grande visibilidade. Ocorrem no seio dos profissionais da própria educação,
usualmente via associações de classe e sindicatos, na forma clássica-greves,
manifestações com carros de som, extensas pautas e jornadas de negociações.
As lutas pelo acesso à educação do ensino infantil (antigas creches) ao ensino
superior têm ocupada grande parte das agendas. Neste novo século, um dado
novo entrou em pauta. Novas formas de manifestação, especialmente de jovens,
advindas da sociedade civil não organizada nos moldes clássicos, demandando
educação, não apenas o acesso ou “Mais Educação”, mas demandando
educação com qualidade, para além dos discursos e retóricas dos planos e
promessas dos políticos e dirigentes.

A relação movimento social e educação ocorre de várias formas- a partir das


ações práticas de movimentos e grupos sociais em contato com instituições
educacionais, no próprio movimento social, dado caráter educativo de suas
ações na sociedade, e no interior dos movimentos, pelas aprendizagens
adquiridas pelos participantes e pelos projetos socioeducativos formulados e
desenvolvidos pelos próprios movimentos, a exemplo do MST (Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra).

O MOVIMENTO DOS ESTUDANTES – ME

O movimento dos Estudantes- ME, especialmente os do ensino médio e


universitário, merece um destaque maior porque ele sempre esteve presente em
momentos cruciais da história política do país. Das ações dos estudantes de
Direito na fase do Brasil Império, passando pelas lutas estudantis dos anos 60,
pelas Diretas Já de 1984, pelos Caras Pintada de 1992, até a UNE atual, e as
novas formas de ação, com ocupações em órgãos administrativos da
universidade, ou as ocupações de escolas por estudantes do ensino médio, os
estudantes são atores políticos relevantes no Brasil.

Se retomarmos os anos de 1960 do século passado, observa-se que após 1964


as mobilizações de estudantes, como outros movimentos e organizações da
sociedade brasileira, sofreram um refluxo. Mas em 1966 o ME se recompôs, até
chegar ao apogeu em 1968- criando um imaginário de luta dos estudantes que
associou-se à luta contra a ditadura, às lutas contra o status quo, no rastro de
Maio de 68 na França, Alemanha, Checoslováquia, Estados Unidos, México,
Argentina etc.

OUTROS MOVIMENTOS E CAMPANHAS PELA EDUCAÇÃO

Cumpre mencionar ainda outros movimentos e organizações sociais de luta pela

701
educação, a exemplo dos Movimentos de Educação Popular. Embora ele nunca
tivesse tido grande visibilidade como um ator independente, no início deste
milênio ele está 5 ganhando formato novo entre as camadas populares. Suas
demandas foram, frequentemente, incorporadas pelos sindicatos dos
professores e demais profissionais da educação, ou por articulações amplas,
como a luta pela educação no período da Constituição levadas a efeito pelo
Fórum Nacional de Luta pela Escola Pública, protagonizada basicamente por
atores das camadas médias.

Os militantes da luta pela educação continuaram muito atuantes nos anos 90 -


até a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases -LDB, em 1996; mas as
reformas neoliberais realizadas nas escolas públicas de ensino fundamental e
médio alteraram de tal forma o cotidiano das escolas que deu as bases para
outras mobilizações pela educação.

✓ Falta de vagas, filas para matrículas, resultados de exames nacionais,


progressões contínuas (passagem de ano sem exames), deslocamento de
alunos de uma mesma família para diferentes escolas, atrasos nos repasses de
verbas para merendas escolares, denúncias de fraudes no uso dos novos fundos
de apoio à educação, entre outras, foram pautas da agenda do movimento
popular na área da educação.
✓ Registre -se ainda os altos índices de evasão escolar. Registre-se ainda que,
a crise econômica e o desemprego levaram centenas de famílias das camadas
médias a procura de vagas nas escolas públicas.
✓ Além de aumentar a demanda, essas famílias estavam acostumadas a
acompanhar o cotidiano das escolas, levando essas práticas para as escolas
públicas, antes bastante fechadas à participação comunitária.

Com isso, as escolas passaram a desempenhar o papel de centros comunitários


pois a falta de verbas, e a busca de solução para novos problemas como a
segurança, a violência entre os jovens e o universo das drogas, levou-as a busca
de parceiros no bairro ou na região, com outros organismos e associações
organizadas.

O MOVIMENTO PELAS CRECHES (educação infantil), importante nos anos de


1970, especialmente em São Paulo e em Belo Horizonte, se institucionalizou
bastante nos anos 80. Neste novo milênio o movimento foi recriado em várias
cidades, como em São Paulo, devido à falta de vagas como " Movimento dos
Sem Creche". Isto se explica também porque o acesso à educação infantil do 0-
6 anos não foi universalizado na Constituição de 1988, ao contrário do ensino
fundamental. Pesquisas sobre movimentos sociais e lutas por creches foram
realizadas especialmente na década de 1980, durante o processo de
redemocratização do Brasil (ver GOHN, 1985) mas poucos abordaram esses
movimentos a partir da década de 1990 até o presente.

702
Outro movimento importante que é o MOVIMENTO DA INFÂNCIA, ele abrange
crianças e adolescentes que vivem em situação de exclusão, usualmente nas
ruas. Inúmeros projetos sociais têm sido desenvolvidos com estas crianças e
adolescentes. Este movimento conta com o apoio de pastorais da Igreja Católica
e o apoio de inúmeros voluntários.

A Educação de Jovens e Adultos - EJA, tem no passado dos movimentos de


Educação Popular criados a partir dos anos 60, sua matriz fundadora,
configurasse na atualidade como um movimento social e tem inúmeros
programas. O EJA organiza-se por turmas e possui grande demanda pois é
ofertado à noite. No passado a educação de jovens e adultos focalizava bastante
o processo de alfabetização, e a educação popular também era utilizada como
terminologia para indicar processos de alfabetização em espaços alternativos,
com métodos alternativos ou a pedagogia freiriana, voltada para a educação. Na
atualidade, os processos de certificação curriculares podem e devem ser
diferenciados dos processos de aprendizagem de conteúdos necessários para o
dia-a-dia, no eixo da educação não-formal. O MOVA- Movimento de
Alfabetização de Jovens e Adultos é uma das ações do EJA, que não se limita a
categoria dos jovens.

Algumas ações ou movimentos na área da educação foram criados nos últimos


anos do século XX, a exemplo da Campanha Nacional de Direitos da Educação,
mas a maioria foi criada nos primeiros anos do novo século, muitos deles já no
padrão organizativo predominante neste novo século que é o de se organizar
segundo um foco. Assim, negros, índios e outros excluídos articularam o
movimento ao redor da questão das cotas nas universidades levando a criação
de programas como o PROUNI; ou em movimentos específicos de mulheres
negras como o Fala Preta, movimento por escolas dos Quilombolas, movimento
por universidades para negros como a universidade da Cidadania Zumbi dos
Palmares, criada em 2001 em São Paulo.

Segundo alguns analistas, o multiculturalismo que está por detrás destas


políticas, na Europa está tendo um resultado muito contraditório. De um lado,
afirmou a cultura de minorias, deu dignidade às diferenças. De outro, o
multiculturalismo não levou à integração e sim à segregação. O objetivo inicial,
de promover a tolerância, levou ao seu contrário a intolerância e hostilidade dos
grupos que se agregaram indenitárias. Resta avaliar os resultados destas
políticas no Brasil, aplicadas sem nenhuma mediação em relação às diferenças
históricas do processo brasileiro de construção de sua nação.

O “Compromisso Todos pela Educação” é um outro exemplo dos novos


movimentos sociais na área da educação neste milênio. Ele é uma coalização
de pessoas do mundo empresarial e/ou das elites empresariais tais como G.
Gerdau, J. Roberto Marinho, ou executivos de grandes bancos e personalidades
do Terceiro Setor com destacada atuação no campo da educação como Viviane
Senna, Milu Vilela, Ana Dinis, Norberto Pascoal etc. além do Instituto Ethos, o

703
GIFE, apoio da Unesco. A proposta é no sentido de fazer da Educação uma
ferramenta básica para o próprio desenvolvimento do país, pressionando o
governo para que ela se torne a principal política pública. A proposta é focalizar
a rede pública da escola básica. Quando o Compromisso foi lançado, cinco
metas básicas foram propostas para serem atingidas, até 2022.

Movimentos sociais já existentes no século XX também se reorganizaram, a


exemplo Campanha Nacional de Direitos da Educação-CNDE, que teve sua
origem em de 1999, no contexto preparatório da Cúpula Mundial de Educação
no Senegal /2000). Na ocasião, um grupo de organizações da sociedade civil
brasileira lançou a Campanha, com a meta de contribuir para a efetivação dos
direitos educacionais garantidos na constituição, por meio de ampla mobilização
social, de forma a que todos tenham acesso a uma escola pública de qualidade.

A PRESENÇA DAS LUTAS PELA EDUCAÇÃO NAS FESTAÇÕES DE


JUNHO DE 2013.

Dentre outros movimentos sociais protagonizados por estudantes, fora das


escolas destaca-se o MPL – Movimento Passe Livre. O MPL foi criado
oficialmente em 2005 em Porto Alegre, mas desde 2003 esteve presente em
manifestações importantes de estudantes em Florianópolis, Salvador etc. Em
2007 ganharam notoriedade na mídia na questão das tarifas de ônibus (muitos
atos se realizavam dentro do próprio veículo - pulavam a catraca). O bilhete
único existente em várias cidades brasileiras foi uma conquista que deve ser
atribuída a luta do MPL. É bom recordar também que a luta pelos transportes
públicos também é histórica.

Para não irmos tão longe relembro apenas a luta por transporte (ônibus) ao final
dos anos de 1970, em movimentos sociais populares em bairros da periferia
apoiados pelas (CEBS) Comunidades Eclesiais de Base. A mobilidade urbana é
uma questão central para o cidadão, para o exercício da cidadania e une todas
as camadas sociais, que sofrem o pesadelo do deslocamento diários no transito,
de ônibus, carro ou metro lotado. A insuficiência dos meios de locomoção e a
lentidão das ações governamentais (nunca há, obras quando aprovadas são
adiadas continuamente) é uma das responsáveis pelo “desencanto” com a
política e com os políticos.

Portanto, na realidade, a relação movimento social e educação existe nas ações


práticas de movimentos, organizações e grupos sociais.

704
MOVIMENTOS E LUTAS SOCIAIS NA HISTÓRIA DO
BRASIL

BREVE RESUMO

Brasil – Os movimentos sociais brasileiros ganharam mais importância a partir


da década de 1960, quando surgiram os primeiros movimentos de luta contra a
política vigente, ou seja, a população insatisfeita com as transformações
ocorridas tanto no campo econômico e social. Mas, antes, na década de 1950,
os movimentos nos espaços rural e urbano adquiriram visibilidade.

Os principais movimentos sociais no Brasil – As ações coletivas mais conhecidas


no Brasil são o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o Movimento
dos Trabalhadores Sem Teto (MSTS) e os movimentos em defesa dos índios,
negros e das mulheres.

A História do Brasil é marcada por lutas e revoltas populares, desde o século


XVI. Os movimentos sociais no Brasil têm uma história marcada por grandes
lutas e embates realizados contra governos autoritários e luta pela liberdade e
democracia. Mas aqui vamos nos deter aos movimentos sociais que marcaram
o Brasil a partir da segunda metade do século XX.

Os movimentos sociais no Brasil passaram a intensificar-se a partir da década


de 70, com fortes movimentos de oposição ao regime militar que então se
encontrava em vigência, mantendo uma luta social e uma forte resistência, “o
movimento social mais significativo pós-golpe militar de 1964 foi o de resistência
à ditadura e ao autoritarismo estatal”. A população Brasileira se manteve forte
para com a ditadura que havia no país e dentro desse contexto ditatorial foi
prevalecida a força e a organização dos movimentos estudantis e da classe
operária em seus sindicatos, comunidades eclesiais de base (CEBs) e pastorais,
que ganhou força com a participação dos demais setores da sociedade que
sofriam as consequências desta forma de governo.

O período da Ditadura Militar no Brasil provocou um tempo propício para a


efervescência dos movimentos sociais uma vez que, dentro das Universidades,
as inserções e consolidação dos cursos de Ciências Sociais com a reforma
pedagógica dos cursos propiciaram um pensamento mais crítico frente à
interpretação de nossa realidade. Os estudantes, com um entendimento da
situação junto a indignação dos demais indivíduos que não aceitavam esse
modelo de governo ditatorial, formaram uma massa de combate organizada.

Sobre o papel dos movimentos sociais neste contexto, Gohn (2011, p. 23)
pondera o quanto é inegável “que os movimentos sociais dos anos 1970/1980,
no Brasil, contribuíram decisivamente, via demandas e pressões organizadas,
para a conquista de vários direitos sociais, que foram inscritos em leis na nova
Consti-tuição Federal de 1988”. O movimento de oposição e contestação ao

705
regime militar tinha um propósito claro: defesa dos valores do Estado
democrático e crítica a toda forma de autoritarismo estatal.

A resposta do governo militar foi sempre dura no sentido de reprimir tais


manifestações, com violência, tortura, e alcançou seu auge com o famoso AI-5
(Ato Institucional número 5), que vigorou de 1968 a 1979.

Um bom exemplo de organização e luta podemos encontrar através do


movimento indígena no século XX na luta pelos seus direitos e reconhecimento
de seus valores, cultura e tradição.

Nesse período, cada movimento social foi forjando sua identidade, suas formas
de atuação, pautas de reivindicações, valores, seus discursos que o
caracterizavam e o diferenciavam de outros. "Foram grupos que construíram
uma nova forma de fazer política e politizaram novos temas ainda não discutidos
e pensados como constituintes do campo político.

Nesse período a sociedade civil organizada, por meio dos movimentos sociais e
populares, irá buscar espaço para influenciar nas decisões políticas e na
construção da Constituinte de 1988. É uma participação efetiva de cidadãos e
cidadãs, na busca por direitos e por políticas que os afetam diretamente. E foi a
própria Constituição Federal de 1988 que "[...] abriu espaço, por meio de
legislação específica, para práticas participativas nas áreas de políticas públicas,
em particular na saúde, na assistência social, nas políticas urbanas e no meio
ambiente” (AVRITZER, 2009, p. 29-30), seja através de plebiscitos, referendos
e projetos de lei de iniciativa popular (art. 14, incisos I, II e III; art. 27, parágrafo
4º; art. 29. Incisos XII e XIII), seja através da participação na gestão das políticas
de seguridade social (art. 194), de assistência social (art. 204) ou dos programas
de assistência à saúde da criança e do adolescente (art. 227).

A transição política para o Estado Democrático que ganhou força na década de


1980 culminou com a promulgação da Constituição Federal de1988.

Os novos movimentos sociais que emergiram durante os anos 90 até os atuais


são como os de décadas anteriores também frutos de demandas sociais como
o Movimento de Mulheres (com suas lutas contra uma sociedade patriarcal e o
Autoritarismo do Estado), o Movimento LGBT, o Movimento Negro (ALBERTI;
PEREIRA, 2006), Movimento Indígena entre outros.

Guimarães (2009) identifica pelo menos cinco tradições e movimentos que


contribuíram com o que ele chama de “ciclo democrático de auto formação do
povo brasileiro”. São eles: comunitarismo cristão, nacional-desenvolvimentismo,
socialismo democrático, liberalismo republicano e a cultura popular. Ressalta
também a criação da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil em
1952, liderada por Dom Helder Câmara e o desenvolvimento de uma “ala
esquerda do catolicismo brasileiro”. “O comunitarismo cristão enraizou-se na

706
vida popular por intermédio de 70 mil CEBs [Comunidades Eclesiais de Base]
que organizavam cerca de 2 milhões de ativistas cristãos, agindo dos anos 1960
até os anos 1990” (GUIMARÃES, 2009, p. 18). Essa corrente direcionou suas
atividades para os temas da cidadania, fazendo uma opção preferencial pelos
pobres com base em princípios da moral cristã como a igualdade e a
solidariedade.

Na década de 1990 vale destacar os fóruns de ONGs e movimentos sociais para


a Eco/92. É também deste período o movimento popular que ficou conhecido
como as “caras pintadas” em torno do impeachment (1992) do ex-presidente da
República: Fernando Collor de Melo.

No século XXI observamos o surgimento de uma “rede de movimentos sociais”,


com o objetivo claro de fortalecer o papel da sociedade na esfera pública e
defesa radical dos valores democráticos, com total autonomia dos movimentos
sociais em relação ao poder público e de certo modo até mesmo dos Partidos
Políticos, o que não significa dizer que não seja uma forma organizada de
articulação política.

Comparando o quadro de associativismo da sociedade civil na atualidade, Gohn


(2014, p. 51) pondera como este é diferenciado em relação ao que predominou
nas décadas de 1980 e 1990, e que “a ascensão de novos grupos ao poder, e
reformas na gestão das políticas sociais são parte da explicação”.

Merece destaque nesse cenário os Conselhos Gestores de Políticas Públicas,


como um importante local de atuação destes movimentos (veja mais em:
Movimentos Sociais e Conselhos de Políticas Públicas). Como ressalta Gohn
(2006, p. 7).

Numa sociedade marcada por inúmeros processos de exclusão social e de


baixos níveis de participação política do conjunto da população, os conselhos
assinalam para possibilidades concretas de desenvolvimento de um espaço
público que não se resume e não se confunde com o espaço
governamental/estatal.

Os conselhos de políticas públicas tornam-se um amparo para que as classes


menores sejam ouvidas e possam contribuir na criação de políticas públicas que
atendam às necessidades destes grupos sociais, logo tendo a atuação desses
indivíduos pertencentes destes grupos materializando e fortificando a
participação social da população.

Os movimentos sociais têm um importante papel a ser exercido tomando como


base um novo conceito de planejamento público marcado pela participação
popular, que como o próprio nome sugere, exige a participação dos movimentos
sociais que, bem antes do processo de redemocratização e sobretudo por
ocasião da Assembleia Nacional Constituinte de 1987 que promulgou a

707
Constituição Federal de 1988, vem desempenhando um papel fundamental para
consolidação do nosso Estado Democrático de Direito. Além disso, os
movimentos sociais ampliam, aprofundam e redefinem “a Democracia tradicional
do Estado político e a democracia econômica para uma democracia civil numa
sociedade civil” (FRANK; FUENTES, 1989, p. 20).

E para que este papel possa se efetivar, não temos dúvida do quão importante
a ideia de uma educação dos movimentos populares se torna fundamental e
necessária. Uma educação voltada para o exercício da cidadania em seu sentido
mais pleno, em que os cidadãos efetivamente participam das decisões políticas
que os afetam. Uma concepção de cidadão enquanto sujeito político que exige “
uma revisão profunda na relação tradicional entre educação, cidadania e
participação política” (ARROYO, 1995, p. 74 apud RIBEIRO, 2002, p. 115).

Os limites podem ser apontados a partir das possibilidades de participação de


tais movimentos na conquista de direitos, em razão de vários fatores: seja em
função do fato de que os movimentos sociais têm um movimento de fluxo e
refluxo de suas ações, ou seja, ora adquirem força na luta por direitos, ora
perdem essa força de lutar contra o poder instituído; seja pela pouca participação
de atores, salvo em caso de grandes e graves conflitos; seja até pela falta de
habilidade técnica ou política para garantir a efetividade de seus direitos.

CLASSES SOCIAIS E MOVIMENTOS SOCIAIS.

O fenômeno dos movimentos sociais, constitui-se como um tema complexo


dentro da análise sociológica. Isso devido a pluralidade de conceitos e definições
que abarcam essa temática. As definições de movimentos sociais é muita ampla,
cabendo até uma certa tipologia dos movimentos sociais. As contradições e os
antagonismos que marcam as relações sociais na sociedade capitalista, tem
levado milhões de pessoas a se organizarem em forma de movimento social, no
sentido de defender ou lutar por uma causa comum.

INTRODUÇÃO

Os movimentos sociais é um fenômeno da sociedade moderna, que surge no


começo do século XX, e engloba variados conceitos e definições, ao mesmo
tempo em que se constitui como um tema complexo para as Ciências Humanas.
Assim, existe um leque de teorias e conceitos que buscam explicar esse
fenômeno.

Também existe muita confusão e equívocos na explicação dos movimentos


sociais. Um exemplo disso, é a confusão que muitos autores e militantes fazem,
entre classes sociais e movimentos sociais. As classes sociais é um fenômeno
histórico, e remonta ao desenvolvimento das forças produtivas e o surgimento

708
da divisão social do trabalho. Embora as sociedades romanas e gregas foram
sociedades classistas, foi na sociedade moderna que esse fenômeno se
complexificou. A emergência do modo de produção capitalista, engendrou duas
classes sociais fundamentais (burguesia e proletariado), no entanto, em torno
dessas duas classes sociais existem outras classes e fragmentos de classes.

Assim, a questão das classes sociais também é uma temática complexa, sua
análise implica entender o desenvolvimento do próprio modo de produção,
formas de distribuição, divisão social do trabalho, formas de propriedade e outras
determinações sociais e históricas. Portanto, os movimentos sociais não estão
dissociados das lutas de classes, sendo que muitos movimentos sociais
emergem a partir de tal dinâmica. No entanto, há grande diferença entre um
movimento social e uma classe social. Um movimento social, é um conjunto de
indivíduos organizados em torno de um objetivo comum, ou uma demanda
social, etc., e pode ter uma motivação política, étnica e cultural. Ao mesmo tempo
em que pode ser conservador, reformista ou revolucionário, (VIANA, 2016).

Já uma classe social é composta de indivíduos que possuem um determinado


modo de vida em comum e luta em comum contra outras classes (MARX, 2011).
Assim, para desfazer esse equívoco entre classes sociais e movimentos sociais,
nossa discussão terá como premissa, o conceito de classes sociais desenvolvido
por (MARX & ENGELS, 2009, VIANA, 2018), e o conceito de movimentos sociais
cunhado por (VIANA, 2016).

A GÊNESE DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

As origens dos movimentos sociais remontam, ao surgimento da sociedade civil


organizada, (VIANA, 2016). Assim, os movimentos sociais se originam a partir
de grupos sociais organizados no interior da sociedade civil. No entanto, para
compreendermos a formação dos movimentos sociais, se torna necessário
entender a formação dos grupos sociais, uma vez que sem grupos sociais não
existiria movimentos sociais, porém, a simples existência de um grupo social,
não significa que ele seja um movimento social, como observa Jensen (2014).

Os grupos sociais constituem a base dos movimentos sociais, no entanto,


existem outras determinações envolvendo os grupos sociais. Existem vários
conceitos de grupo social, portanto, devido a questão de espaço, não trataremos
de todos esses conceitos pormenorizadamente, assim:

Um grupo social não significa um coletivo organizado de indivíduos e sim um


conjunto de pessoas que possuem algo em comum. Tomemos um exemplo: o
movimento das mulheres. Este é o grupo social que lhe movimenta. Este
conjunto de pessoas, este grupo social, possui em comum o fato de pertencer
ao sexo feminino. Esta é a motivação interna do movimento. Entretanto, o
simples fato de pertencer ao sexo feminino não cria nenhum movimento social,
pois somente no interior de determinadas relações sociais é que pertencer ao

709
sexo feminino cria a necessidade de ação coletiva. Essas relações sociais
certamente baseiam na opressão do sexo feminino e é esta a motivação externa
deste movimento social. O mesmo ocorre com o movimento negro: o simples
fato de pertencer a raça negra não é motivo suficiente para um movimento social,
mas, quando a raça negra se vê oprimida, então surge a sua necessidade. Um
movimento social só existe quando o conjunto de pessoas que o compõem
possuem aspectos comuns, que podem ser tanto biológicos (raça, sexo) quanto
culturais e ideológicos (projeto político) (JENSEN, 2014, apud VIANA, 2016,
p.25).

“Um grupo social deve ser entendido como “um conjunto de indivíduos que
possuem aspectos em comum, que pode ser cultura, a constituição física, um
projeto político, demandas sociais, ou qualquer outro”. Definido o que é um grupo
social, e que ele é a base dos movimentos sociais, agora precisamos entender
o que o leva, a transformar-se, em movimento social.

AS CLASSES SOCIAIS

A questão das classes sociais, é uma temática complexa no interior da teoria


marxista, bem como das Ciências Humanas. Isso porque Marx deixou
inacabado, o que pretendia teorizar sobre classes sociais. Outro fator, são as
interpretações equivocadas que determinados ideólogos fazem de sua obra e
em específico desse conceito. No entanto, embora Marx não escreveu nenhum
livro tratando especificamente da questão das classes sociais, em sua obra
encontramos várias passagens tratando dessa questão.

A origem das classes sociais remonta ao surgimento da divisão social do


trabalho, e a divisão entre trabalho manual e trabalho intelectual. Em A ideologia
alemã, escrita em parceria com Engels, Marx dedica uma parte longa a questão
das classes sociais. No entanto no Manifesto Comunista, Marx sentencia que: “a
história de todas as sociedades até hoje é a história das lutas de classes” (MARX
& ENGELS, 1998, p. 4), isso significa que todas as sociedades onde existiu a
divisão social do trabalho, foram sociedades classistas. Tal como: as sociedades
clássicas Grécia e Roma antiga, onde predominou o escravismo clássico, bem
como a sociedade feudal, marcada pela divisão entre guerreiros, servos e clero.

O desenvolvimento das forças produtivas engendrou a separação entre campo


e cidade, os antagonismos entre grupos de pessoas, bem como seus interesses
Marx & Engels (2008). Assim, a divisão social do trabalho está na gênese das
classes sociais, no entanto, existem outras determinações que configura a
formação de uma classe social, portanto:

Os indivíduos isolados só formam uma classe na medida em que têm de travar


uma luta comum contra uma outra classe; fora disso, contrapõe-se de
hostilmente uns aos outros, na concorrência. Por outro lado, a classe
autonomiza-se, face aos indivíduos, pelo que estes encontram já predestinadas

710
as suas condições de vida e, com esta, o seu desenvolvimento pessoal estão
subsumidos a ela (MARX & ENGELS, 2008, p.93).

Assim, podemos entender que as classes sociais são compostas por conjuntos
de indivíduos, que possuem interesses comuns (valores, sentimentos,
concepções, etc.), que são determinados pela posição desses indivíduos na
divisão social do trabalho. Isso também, gera modos de vidas e interesses
contrários, a outros grupos de indivíduos, também determinados pela divisão
social do trabalho. No capitalismo, esse antagonismo está colocado pelos
detentores dos meios de produção (capital), e possuidores de força de trabalho
(mais-valor), ou seja, capitalistas e proletariado.

DIFERENÇA ENTRE CLASSES SOCIAIS E MOVIMENTOS SOCIAIS

A elemento preponderante na diferenciação entre classes sociais e movimentos


sociais, é a divisão social do trabalho. Historicamente as classes sociais é
composta por indivíduos determinados pela divisão social, e que possuem um
modo de vida em comum. Por outro lado, os grupos sociais que estão na base
dos movimentos sociais, emergem a partir de situações, insatisfações sociais
que geram determinadas demandas em comum, marcada por um objetivo
específico.

Os movimentos sociais também são caracterizados por uma certa


transitoriedade (FRANK e FUENTES, 1989), ou seja, alcançando o objetivo ou
a demanda específica, tendem a desaparecer. Além do mais, alguns grupos
sociais que emergem de no interior de uma determinada classe social, podem
ser confundidos com uma classe social. Dessa forma:

Os moradores de rua, pertencente ao lumpemproletariado, são integrantes de


uma classe sócia marginal na divisão social do trabalho e são, portanto, parte de
uma determinada classe, mas não agem como tal, ou seja, o que os mobiliza
não é o pertencimento de classe e o que ele gera e sim a situação social
especifica dos mesmos. É uma ação de um grupo social no interior de uma
classe social (VIANA, 2016, p. 53).

Em síntese, diria que existem muita diferença entre os movimentos sociais e as


classes sociais. As classes sociais são determinadas historicamente, e remetem
ao surgimento da divisão social do trabalho, bem como as primeiras sociedades
classistas. Já os movimentos sociais, surgem com a modernidade e pelas
contradições engendradas pelo modo de produção capitalista, bem como da luta
de classes, oriunda dessas contradições. Portanto, existem outros elementos
que contribuem para diferenciação entre movimentos sociais e classes sociais,
e que, portanto, não serão desenvolvidos aqui, uma vez que, para os propósitos
da discussão proposta, acreditamos ter levantados os elementos suficientes.

711
LEGISLAÇÃO
EXTRAVAGANTE

712
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
LEI 10. 826/03 I

O Estatuto do desarmamento trata de uma parte ADMINISTRATIVA,


relacionada as competências do SINARM, ao registro e ao porte de armas, e
possui outra parte, a PROCESSUAL E PENAL.

SISTEMA NACIONAL DE ARMAS – SINARM

O Sistema Nacional de Armas – SINARM, instituído no Ministério da Justiça,


no âmbito da Polícia Federal, tem circunscrição em todo o território nacional (Art.
1º).

SINARM controlará as armas de fogo da população.

Competência – SINARM
Art. 2° Ao SINARM compete:
I – identificar as características e a propriedade de armas de fogo, mediante
cadastro
II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendidas no país:
III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as renovações
expedidas pela Polícia Federal;
IV – cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, roubo e outras
ocorrências suscetíveis de alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes
de fechamento de empresas de segurança privada e de transporte de valores;
V – identificar as modificações que alterem as características ou o funcionamento
de arma de fogo;
VI – integrar no cadastro os acervos policiais já existentes;
VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as vinculadas a
procedimentos policiais e judiciais;
VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conceder licença
para exercer a atividade;
IX – cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas, varejistas,
exportadores e importadores autorizados de armas de fogo, acessórios e

713
munições;
X – cadastrar a identificação do cano da arma, as características das impressões
de raiamento e de microestriamento de projétil disparado, conforme marcação e
testes obrigatoriamente realizados pelo fabricante;
XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito
Federal os registros e autorizações de porte de armas de fogo nos respectivos
territórios, bem como manter o cadastro atualizado para consulta.
Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as armas de fogo
das Forças Armadas e Auxiliares, bem como as demais que constem dos seus
registros próprios.
Observe que o SINARM não controlará todas as armas de fogo, serão
excluídas, por exemplo, as de Forças Armadas e Auxiliares – Exército, Marinha
e Aeronáutica, que possuem seus arsenais próprios. Tais armas estão sujeitas
ao seu próprio regramento – Sistema de Gerenciamento Militar de Armas –
SIGMA.

ATENÇÃO!!! Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares eram


conhecidos como Forças Auxiliares. Hoje, são considerados militares para todos
os efeitos.

Cadastro
O Decreto nº 9.847 de 2019 regulamenta a Lei nº 10.826/03 para tratar, inclusive,
sobre o cadastro:

SINARM - serão cadastradas as armas de fogo:


• DA POLÍCIA FEDERAL;
• DA POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL;
• DA FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA;
• DO DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL;

SIGMA - serão cadastradas as armas de fogo:


• DAS FORÇAS ARMADAS;
• DAS POLÍCIAS MILITARES E DOS CORPOS DE BOMBEIROS
MILITARES DOS ESTADOS
• DA AGÊNCIA BRASILEIRA DE INTELIGÊNCIA; E
• DO GABINETE DE SEGURANÇA INSTITUCIONAL DA PRESIDÊNCIA
DA REPÚBLICA.

714
O Cadastro consiste em colocar a arma em um banco de dados, não está
vinculada a nenhuma pessoa.

DO REGISTRO
Diferentemente do Cadastro, o registro da arma de fogo consiste na matrícula
da arma que esteja vinculada à identificação do respectivo proprietário em banco
de dados, ou seja, aqui, há a vinculação a determinada pessoa.

Art. 3º É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão competente.


Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão registradas no
comando do exército, na forma do regulamento desta Lei.

ARMAS DE USO PERMITIDO – Registro no SINARM, regido pela Polícia


Federal.
ARMAS DE USO RESTRITO - Registro no Comando do Exército, que rege o
SIGMA

AQUISIÇÃO DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO


Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de
declarar a efetiva necessidade, atender aos seguintes requisitos (Art. 4º):

I - COMPROVAÇÃO DE IDONEIDADE, COM A APRESENTAÇÃO DE


CERTIDÕES NEGATIVAS DE ANTECEDENTES CRIMINAIS FORNECIDAS
PELA JUSTIÇA FEDERAL, ESTADUAL, MILITAR E ELEITORAL E DE NÃO
ESTAR RESPONDENDO A INQUÉRITO POLICIAL OU A PROCESSO
CRIMINAL, QUE PODERÃO SER FORNECIDAS POR MEIOS ELETRÔNICOS;
II - APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTO COMPROBATÓRIO DE OCUPAÇÃO
LÍCITA E DE RESIDÊNCIA CERTA;
III - COMPROVAÇÃO DE CAPACIDADE TÉCNICA E DE APTIDÃO
PSICOLÓGICA PARA O MANUSEIO DE ARMA DE FOGO, ATESTADAS NA
FORMA DISPOSTA NO REGULAMENTO DESTA LEI.

O SINARM expedirá autorização de compra de arma de fogo após atendidos


os requisitos anteriormente estabelecidos, em nome do requerente e para a arma
indicada, sendo intransferível esta autorização (§1º).

715
ATENÇÃO!!! A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre
correspondente à arma registrada e na quantidade estabelecida no regulamento
desta Lei. (§2º)

A empresa que comercializar arma de fogo em território nacional é obrigada


a comunicar a venda à autoridade competente, como também a manter banco
de dados com todas as características da arma e cópia dos documentos
previstos neste artigo (§3º).
A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e munições responde
legalmente por essas mercadorias, ficando registradas como de sua propriedade
enquanto não forem vendidas (§4º).
A comercialização de armas de fogo, acessórios e munições entre pessoas
físicas somente será efetivada mediante autorização do Sinarm (§5º).
A expedição da autorização a que se refere o § 1º será concedida, ou
recusada com a devida fundamentação, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a
contar da data do requerimento do interessado (§6º).
O registro precário a que se refere o § 4º prescinde do cumprimento dos
requisitos dos incisos I, II e III deste artigo (§7º).

CUIDADO!!!
Estará dispensado das exigências constantes do inciso III do caput deste artigo,
na forma do regulamento, o interessado em adquirir arma de fogo de uso
permitido que comprove estar autorizado a portar arma com as mesmas
características daquela a ser adquirida. (§8º)

Certificado de Registro – CRAF


Autoriza o proprietário de arma de fogo a mantê-la exclusivamente no interior
de sua residência ou no seu local de trabalho.

CUIDADO!!! É comum bancas de concursos associarem o CRAF ao PORTE, o


que está errado!
Polícia Federal expedirá o certificado de registro com autorização do SINARM.
Art. 5º O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo
o território nacional, autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo
exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou dependência
desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou
o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.

716
§ 1º O certificado de registro de arma de fogo será expedido pela Polícia
Federal e será precedido de autorização do SINARM.

O CRAF não autoriza o proprietário a portar a arma de fogo dentro da residência


ou local de trabalho (ficar com ela em seu corpo, por exemplo);
Para mantê-la em seu local de trabalho, o proprietário tem que ser o titular.
Não sendo o titular, a outra única possibilidade de manter sua arma em seu local
de trabalho será se ele for o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.

Lei nº 13.870/2019 estabeleceu uma norma penal explicativa, esclarecendo que


o conceito de residência ou domicílio em área rural para fins de interpretação da
autorização dada pelo Certificado de Registro de Arma de Fogo (CRAF).

§ 5º Aos residentes em área rural, para os fins do disposto no caput deste artigo,
considera-se residência ou domicílio toda a extensão do respectivo imóvel rural.
(Incluído pela Lei nº 13.870, de 2019)

717
EXERCÍCIOS

1. Para fins de aquisição de arma de fogo de uso permitido e de emissão do


Certificado de Registro de Arma de Fogo, o interessado deverá: Comprovar a
idoneidade moral e a inexistência de inquérito policial ou processo criminal, por
meio de certidões de antecedentes criminais das Justiças Federal, Estadual,
Militar e Eleitoral.
Certo ( ) Errado ( )

2. Para fins de aquisição de arma de fogo de uso permitido e de emissão do


Certificado de Registro de Arma de Fogo, o interessado deverá cumprir
determinados requisitos estabelecidos pelo Decreto nº 9.847 de 2019.
Cumpridos tais requisitos, a autorização para a aquisição da arma de fogo em
nome do interessado, contado da data do protocolo da solicitação, será expedida
no prazo de até:
a) 15 (quinze) dias.
b) 60 (sessenta) dias.
c) 45 (quarenta e cinco) dias.
d) 30 (trinta) dias.

3. A empresa que comercializar arma de fogo em território nacional é obrigada a


comunicar a venda à autoridade competente, como também a manter banco de
dados com todas as características da arma e cópia dos documentos previstos
no artigo 4° da Lei n° 10.826/2003
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1 - CERTO
2-D
3 - CERTO

718
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
LEI 10. 826/03 II

PORTE DE ARMA DE FOGO

Podemos conceituar como sendo o documento que autoriza o cidadão a


portar, transportar e trazer consigo uma arma de fogo, de forma discreta, fora
das dependências de sua residência ou local de trabalho.

ATENÇÃO!!!
É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os
casos previstos em legislação própria.
Observe então, que a regra é de que o porte de arma de fogo é proibido, com
algumas ressalvas estabelecidas em lei.

Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo


para os casos previstos em legislação própria e para:
I – Os integrantes das Forças Armadas (terão direito de portar arma de fogo de
propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição,
mesmo fora de serviço)
II – Os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III, IV e V do caput do art.
144 da Constituição Federal e os da Força Nacional de Segurança Pública
(FNSP) (terão direito de portar arma de fogo de propriedade particular ou
fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço)
III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos
Municípios com mais de 500.000 habitantes, nas condições estabelecidas no
regulamento desta Lei (terão direito de portar arma de fogo de propriedade
particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de
serviço)
IV – Os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000
e menos de
500.000 habitantes, quando em serviço;
V – Os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes
do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência da República (terão direito de portar arma de fogo de propriedade
particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de

719
serviço)
VI – Os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII,
da Constituição Federal (terão direito de portar arma de fogo de propriedade
particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de
serviço)
VII – Os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os
integrantes das escoltas de presos e as guardas portuárias;
VIII – As empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas,
nos termos desta Lei;
IX – Para os integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas,
cujas atividades esportivas demandem o uso de armas de fogo, na forma do
regulamento desta Lei, observando- se, no que couber, a legislação ambiental.
X - Integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de
Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário.
XI – Os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da Constituição Federal
e os Ministérios Públicos da União e dos Estados, para uso exclusivo de
servidores de seus quadros pessoais que efetivamente estejam no exercício de
funções de segurança, na forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho
Nacional de Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público -
CNMP.
§ 1º As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput deste artigo terão
direito de portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela
respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, nos termos do
regulamento desta Lei, com validade em âmbito nacional para aquelas
constantes dos incisos I, II, V e VI.
§ 1º - B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas prisionais
poderão portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela
respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, desde que estejam:
I - Submetidos a regime de dedicação exclusiva;
II - Sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento; e
III - Subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle interno.

PORTE PARA GUARDAS MUNICIPAIS


Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo
para os casos previstos em legislação própria e para:
(…)

720
III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos
Municípios com mais de 500.000 habitantes, nas condições estabelecidas no
regulamento desta Lei;
(…)
§ 7º Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios que integram
regiões metropolitanas será autorizado porte de arma de fogo, quando em
serviço.

CUIDADO!!!
O STF AUTORIZA PORTE DE ARMA PARA GUARDAS MUNICIPAIS DE
CIDADES PEQUENAS

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, autorizou, por


meio de liminar, o uso de arma de fogo para guardas municipais de quaisquer
cidades. O Estatuto de Desarmamento previa a permissão apenas para capitais
e cidades com mais de 500 mil habitantes. Para o ministro, no entanto, é
"primordial" que os diversos órgãos governamentais estejam entrosados no
combate à "criminalidade violenta e organizada, à impunidade e à corrupção".

ADI 5.948: Diante do exposto, nos termos dos arts.10, § 3º, da Lei 9.868/99 e
21, V, do RISTF, CONCEDO A MEDIDA CAUTELAR PLEITEADA, ad
referendum do Plenário, DETERMINANDO A IMEDIATA SUSPENSÃO DA
EFICÁCIA das expressões das capitais dos Estados e com mais de 500.00
(quinhentos mil) habitantes, no inciso III, bem como o inciso IV, ambos do art. 6º
da Lei Federal nº 10.826/2003.

Alexandre de Morais, 29/6/2018.

Com a decisão do STF, podemos afirmar que guarda municipal poderá arma
mesmo fora do serviço, independentemente da quantidade de população.

ATENÇÃO!!! Observe o que a questão pede, se com base na Lei ou no


entendimento do tribunal.

721
PORTE PARA CAÇADOR DE SUBSISTÊNCIA
Art. 6º § 5º Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 anos que comprovem
depender do emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar
familiar será concedido pela Polícia Federal o porte de arma de fogo, na
categoria caçador para subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro
simples, com 1 ou 2 canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16, desde
que o interessado comprove a efetiva necessidade em requerimento ao qual
deverão ser anexados os seguintes documentos:
I - Documento de identificação pessoal
II - Comprovante de residência em área rural;
III - Atestado de bons antecedentes.
§ 6º O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma de fogo,
independentemente de outras tipificações penais, responderá, conforme o caso,
por porte ilegal ou por disparo de arma de fogo de uso permitido.

Memorize os requisitos cumulativos que deverão ser observados:


• MAIOR DE 25 ANOS;
• RESIDENTE EM ÁREA RURAL;
• DEPENDA DE CAÇAR PARA SOBREVIVER

AUTORIZAÇÃO DO PORTE DE ARMA PARA OS RESPONSÁVEIS PELA


SEGURANÇA DE CIDADÃOS ESTRANGEIROS EM VISITA OU SEDIADOS NO
BRASIL
Art. 9º Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte de arma
para os responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita
ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos do
regulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito de
arma de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores e de
representantes estrangeiros em competição internacional oficial de tiro
realizada no território nacional.

Quando uma autoridade estrangeira visita o Brasil e necessita que sua


segurança entre armada, a autorização para o porte será de competência do
Ministério da Justiça.

COLECIONADORES
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º desta Lei,

722
compete ao Comando do Exército autorizar e fiscalizar a produção,
exportação, importação, desembaraço alfandegário e o comércio de
armas de fogo e demais produtos controlados, inclusive o registro e o
porte de trânsito de arma de fogo de colecionadores, atiradores e
caçadores.

Compete ao Comando do Exército autorizar e fiscalizar a produção,


exportação, importação, desembaraço alfandegário e o comércio de armas de
fogo e demais produtos controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito de
arma de fogo de colecionadores, atiradores e caçadores.

EXERCÍCIOS

1. O Estatuto do Desarmamento (Lei nº10.826/2003), determina que o porte de


arma de fogo:
a) é proibido para os integrantes das Guardas Municipais em qualquer hipótese.
b) é permitido para os integrantes das Guardas Municipais das capitais dos
Estados, nas condições estabelecidas em regulamento.
c) só é permitido de grosso calibre e para os integrantes das Guardas Municipais
dos municípios com menos de 50 mil habitantes.
d) para os integrantes das Guardas Municipais será disciplinado na Convenção
Americana de Direitos Humanos.
e) para os integrantes das Guardas Municipais será disciplinado em decreto
estadual.

2. Compete às guardas municipais a autorização do porte de arma para os


responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no
Brasil
Certo ( ) Errado ( )

3. Teotônio é proprietário rural, atuando em área de pequeno porte onde habita


com sua família e colhe para subsistência. E com pequeno excesso de produção,
atua vendendo os produtos nas feiras próximas. Tendo em vista que não existem
órgãos de segurança pública no distrito onde exerce a agricultura, requer
autorização para portar arma. Nos termos do estatuto do desarmamento, aos
residentes em áreas rurais, maiores de vinte e cinco anos, que comprovem
depender do emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar

723
familiar será concedido pela Polícia Federal o porte de arma de fogo,
comprovados os requisitos legais, na categoria:
a) atirador amador
b) competidor eventual
c) caçador para subsistência
d) profissional de segurança

Gabarito
1-B
2 - ERRADO
3-C

ESTATUTO DO DESARMAMENTO LEI 10. 826/03 III

DOS CRIMES E DAS PENAS

O Estatuto do Desarmamento não pune condutas envolvendo apenas Armas de


Fogo, com isso, podemos afirmar que é objeto material:
• ARMA DE FOGO
• ACESSÓRIO
• MUNIÇÃO

CUIDADO!!! Existem dois crimes que não possuem os três objetos materiais de
forma alternativa:

1º – OMISSÃO DE CAUTELA – Art. 13, “caput” – apenas a ARMA DE FOGO


2º – DISPARO DE ARMA DE FOGO – Art. 15 – apenas a ARMA DE FOGO e
MUNIÇÃO

724
ARMA DE FOGO

ARMA DE FOGO - Tipo de arma capaz de disparar um ou mais projéteis em alta


velocidade por meio de uma ação pneumática provocada pela expansão de
gases resultantes da queima de um propelente de alta velocidade.

Alguns entendimentos que você não encontra na letra da Lei são de extrema
importância para a sua prova, vamos a elas:

ARMA DESMUNICIADA – CRIME


O STJ tem jurisprudência pacificada no sentido de que o porte ilegal de arma de
fogo desmuniciada ou desmontada configura hipótese de perigo abstrato,
bastando apenas a prática do ato de levar consigo para a consumação do delito
- STF (HC 119154/BA) e STJ (HC 248580/2014) STJ (1400337/2013) e STF
(RHC 117566/2013)

ARMA DESMONTADA - CRIME


O STJ tem jurisprudência pacificada no sentido de que o porte ilegal de arma de
fogo desmuniciada ou desmontada configura hipótese de perigo abstrato,
bastando apenas a prática do ato de levar consigo para a consumação do delito
- STF (HC 119154/BA) e STJ (HC 248580/2014) STJ (1400337/2013) e STF
(RHC 117566/2013)

ARMA QUEBRADA – DEPENDE! (LAUDO PERICIAL)


O exame pericial, por ser crime de perigo abstrato, é DISPENSÁVEL e
PRESCINDÍVEL. Obs: Realizado o exame pericial, o resultado será vinculante:

Obs: Realizado o exame pericial, o resultado será vinculante:


• ARMA INAPTA PARA O DISPARO – FATO ATÍPICO – CRIME
IMPOSSÍVEL (Informativo 544/STJ)
• ARMA APTA PARA O DISPARO – É CRIME
• PERÍCIA NEM FOI REALIZADA – É CRIME

ARMA COM REGISTRO VENCIDO – NÃO É CRIME (Informativo 572 do STJ)


ARMA DE BRINQUEDO – NÃO É CRIME

725
Restringe-se à seara administrativa.

CUIDADO!!! O Estatuto do Desarmamento não criminaliza a conduta de portar


ou possuir arma de brinquedo, porém, veda a fabricação, venda,
comercialização e a importação (art.26).

CONCEITOS - DECRETO Nº 9.847, DE 25 DE JUNHO DE 2019

Art. 2º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se:

I - Arma de fogo de uso permitido as armas de fogo semiautomáticas ou de


repetição que sejam:
a) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja,
na saída do cano de prova, energia cinética superior a 1200 libras-pé ou 1620
joules;
b) portáteis de alma lisa; ou
c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição
comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e
duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules.

II - Arma de fogo de uso restrito Armas de fogo automáticas e as


semiautomáticas ou de repetição que sejam:
- não portáteis;
- de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na
saída do cano de prova, energia cinética superior a 1200 libras-pé ou 1620
joules; ou
- portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição
comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a 1200
libraspé ou 1620 joules.

III - Arma de fogo de uso proibido:


- As armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e tratados
internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; ou
- As armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos.

726
ACESSÓRIO

Quaisquer objetos que, acoplados a arma:


• POTENCIALIZAM SEUS EFEITOS (LUNETA, MIRA...);
• MODIFICAM UM EFEITO SECUNDÁRIO (SILENCIADOR…)

ATENÇÃO!!!
Partes isoladas da arma não configuram objeto material (cano, cabo…) nem
objetos que não alteram o funcionamento (coldre).

MUNIÇÃO
Projétil a ser disparado de uma arma de fogo (incluindo o cartucho)

MUNIÇÃO DESACOMPANHADA DA ARMA DE FOGO


• PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: A apreensão de ÍNFIMA
QUANTIDADE de munição DESACOMPANHADA DE ARMA DE FOGO,
excepcionalmente, a depender da análise do caso concreto, pode levar
ao reconhecimento de atipicidade da conduta, diante da ausência de
exposição de risco ao bem jurídico tutelado pela norma. (STF,
13/11/2017; STJ n.º 108/2018).
• MUNIÇÃO USADA COMO CHAVEIRO OU COLAR: A natureza do
projétil é descaracterizada mediante a utilização em obra de arte ou para
confecção de chaveiro, colar etc. (STJ, 16/05/2017).

EXERCÍCIOS

1. Antônio foi preso em flagrante enquanto realizava assaltos em uma loja de


cosméticos, ao aprenderem a arma, observaram que se tratava de uma arma de
brinquedo, nesse caso, para o Estatuto do Desarmamento, não haverá crime
pela ineficácia absoluta do meio.
Certo ( ) Errado ( )

2. O crime de porte de arma de fogo (art. 14 da Lei n. 10.826/2003) é um crime


de perigo concreto.
Certo ( ) Errado ( )

727
3. O porte de arma de fogo sem autorização e em desacordo com determinação
legal ou regulamentar, ainda que a arma esteja desmuniciada ou
comprovadamente inapta a realizar disparos, configura delito de porte ilegal de
arma de fogo.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-C
2-E
3-E

ESTATUTO DO DESARMAMENTO LEI 10. 826/03 IV

ELEMENTO SUBJETIVO
A regra é que todos os crimes do Estatuto do Desarmamento tenham como
elemento subjetivo o dolo.

ATENÇÃO!!!
Existe um crime que é punido na modalidade culposa – OMISSÃO DE CAUTELA
(Art. 15, “caput”).

AÇÃO PENAL
Pública Incondicionada

NATUREZA JURÍDICA
Crimes de Perigo Abstrato

728
CRIMES EM ESPÉCIE
Quando estamos nos referindo aos crimes em espécie, é importante que você
observe essa sequência para melhor compreensão e memorização.

ARMAS DE USO PERMITIDO


• POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO - Art. 12
• PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO - Art. 14

ARMAS DE USO RESTRITO


• POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO- Art.16

OMISSÃO DE CAUTELA - Art.13


DISPARO DE ARMA DE FOGO - Art.15
COMÉRCIO ILEGAL - Art. 17
TRÁFICO INTERNACIONAL - Art.18
POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO - ART. 12.

Art. 12. possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou
munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou,
ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável
legal do estabelecimento ou empresa. pena – detenção, de 1 (um) a 3
(três) anos, e multa.

O crime ocorrerá quando o agente possuir ou manter a arma, acessório ou


munição, de uso permitido na SUA CASA (interior, dependências) ou LOCAL DE
TRABALHO (titular ou responsável legal), SEM O REGISTRO no órgão
competente.

CUIDADO!!!
O tipo penal fala em “possuir” ou “manter”, não se exigindo a propriedade para a
configuração do crime.

729
BOLEIA DE CAMINHÃO – STJ considera como PORTE ILEGAL (Art.14) por
entender não ser casa.

PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. INTERIOR DE CAMINHÃO.


CONFIGURAÇÃO DO DELITO TIPIFICADO NO ART. 14 DA LEI 10.826/2003.
1. Configura delito de porte ilegal de arma de fogo se a arma é apreendida no
interior de caminhão.
2. O caminhão não é um ambiente estático, não podendo ser reconhecido como
local de trabalho.
(REsp 1219901/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA
TURMA, julgado em 24/04/2012, DJe 10/05/2012)

O momento consumativo do crime ocorre quando o objeto material entra na


residência ou no estabelecimento comercial. É possível a ocorrência da
tentativa. Podemos ainda classificá-lo como
• CRIME PERMANENTE
• DE MERA CONDUTA

PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO - ART. 14

Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar,
ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob
guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem
autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena –
reclusão, de 2 a 4 anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a
arma de fogo estiver registrada em nome do agente.

ATENÇÃO!!! Cuidado com a Inconstitucionalidade do Parágrafo Único, quando


determina que o crime é inafiançável.

O Tribunal, por maioria, julgou procedente, em parte, a ação para declarar a


inconstitucionalidade dos parágrafos únicos dos artigos 014 e 015 e do artigo
021 da Lei nº 10826, de 22 de dezembro de 2003.
Plenário, 02.05.2007.
Acórdão, DJ 26.10.2007.

730
POSSE OU PORTE DE ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO OU RESTRITO
- ART. 16

Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter,
empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou
munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 3 a 6 anos, e
multa.

Não esqueça da natureza hedionda do art. 16 estabelecida pelo pacote


anticrime.

LEI 13.964/19 – PACOTE ANTICRIMES


Antes do pacote anticrime, duas espécies de armas de fogo eram previstas no
art. 16 – USO RESTRITO e USO PROIBIDO – Hoje, as condutas são separadas:
• USO PROIBIDO – Qualificadora – art.16, §2º
• USO RESTRITO – Modalidade simples – art. 16, “caput”

Quanto a hediondez da conduta a redação foi mais detalhista, trazendo apenas


o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso PROIBIDO como crime
hediondo (art.1º, parágrafo único, II da Lei 8.072/1990).

CUIDADO!!! Há doutrinadores que acreditam que a hediondez vale para o art.


16 por completo, art. 16 caput e parágrafos, inclusive era decisão do STJ prévia
ao Pacote Anticrime.

CONDUTAS EQUIPARADAS
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I – Suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de
identificação de arma de fogo ou artefato;
II – Modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la
equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de
dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou
juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou
incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar;

731
IV – Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com
numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado,
suprimido ou adulterado;
V – Vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo,
acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente;
VI – Produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar,
de qualquer forma, munição ou explosivo.
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem
arma de fogo de uso proibido, a pena é de reclusão, de 4 a 12 anos.

As figuras previstas nos incisos se aplicam tanto a arma de fogo de USO


PERMITIDO quanto a arma de fogo de USO RESTRITO.

SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE SINAL DE IDENTIFICAÇÃO


I – Suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de
identificação de arma de fogo ou artefato;
A conduta aqui equiparada se aplica não apenas aquele que raspa a numeração
da arma, mas também para quem dificulta sua identificação de qualquer outra
forma.

ATENÇÃO!!! Artefato também é levado em consideração.

TRANSFORMAÇÃO PARA ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO OU PARA


INDUZIR EM ERRO A AUTORIDADE.
II – Modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la
equivalente a arma de fogo de uso restrito ou para fins de dificultar ou de
qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;

A arma permitida é transformada em arma restrita.


Posso ainda modificar as características da arma para dificultar ou induzir a erro
o policial, juiz ou perito - Dolo Específico.

ATENÇÃO!!!
PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE – O crime do Estatuto do Desarmamento é
especial em relação ao crime de fraude processual (art. 347 do CP) Ou seja,
esse inciso II é norma especial em relação ao inciso 347 do CP.

732
POSSE, FABRICAÇÃO OU EMPREGO DE ARTEFATO EXPLOSIVO OU
INCENDIÁRIO:
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou
incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar;

O objeto material desta conduta será o ARTEFATO explosivo ou incendiário.

PORTE DE ARMA DE FOGO COM NUMERAÇÃO RASPADA:


IV – Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com
numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado,
suprimido ou adulterado;

Não importa, para a caracterização da conduta, se a arma é permitida ou


proibida.

CUIDADO!!!
Se a questão trouxer que a numeração desapareceu pelo simples decurso de
tempo (arma estava muito velha e ocorreu oxidação), a conduta não se amolda
aqui!

VENDA, ENTREGA OU FORNECIMENTO DE ARMA DE FOGO A CRIANÇA


OU ADOLESCENTE
V – Vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo,
acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente;

A conduta aqui é dolosa (cuidado para não confundir com a Omissão de


Cautela). Observe ainda a redação estabelecida no Estatuto da Criança e do
Adolescente.

“Art. 242. Vender, fornecer, ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer


forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo: Pena - reclusão,
de 3 (três) a 6 (seis) anos”
Já que o inciso V do art.16 trata apenas de arma de fogo, considera-se que
somente a entrega de ARMAS BRANCAS configuraria o crime do ECA.

733
ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO ou MUNIÇÃO – Estatuto do Desarmamento
ARMA BRANCA – Estatuto da Criança e do Adolescente

PRODUÇÃO, RECARGA OU RECICLAGEM DE MUNIÇÃO OU EXPLOSIVO:


VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar,
de qualquer forma, munição ou explosivo.

A produção, recarga, reciclagem de munição, somente podem ser executadas


com a devida autorização

QUALIFICADORA
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem
arma de fogo de uso proibido, a pena é de reclusão, de 4 a 12 anos.

Como já mencionado, o parágrafo 2º apenas se refere as armas de fogo de USO


PROIBIDO.

EXERCÍCIOS

1. Juliano estava em dúvida após a aula de Direito Penal sobre o crime definido
pela conduta típica de “possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo,
acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal
ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda
no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do
estabelecimento ou empresa” previsto na Lei nº 10.826/2003. Para sanar sua
dúvida, Juliano buscou auxílio do professor Gilmar que prontamente lhe informou
se tratar do crime de:
a) Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido.
b) Porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
c) Posse irregular de arma de fogo de uso permitido.
d) Disparo de arma de fogo.

2. Se o objeto mediante o qual for praticado o crime de posse de arma de fogo


for uma arma de fogo com numeração suprimida pelo sujeito, ocorrerá um
concurso formal de delitos entre a posse e a supressão (Lei n. 10.826/2003).

734
Certo ( ) Errado ( )

3. O crime de porte de arma de fogo (art. 14 da Lei n. 10.826/2003) é um crime


de perigo concreto.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-C
2 - ERRADO
3 - ERRADO

ESTATUTO DO DESARMAMENTO
LEI 10. 826/03 V

CRIMES EM ESPÉCIE

OMISSÃO DE CAUTELA - ART. 13


Art. 13 Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que
MENOR DE 18 ANOS ou PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA
MENTAL se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que
seja de sua propriedade: Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e
multa.

Trata-se de um crime OMISSIVO praticado na modalidade CULPOSA, sendo


ainda de MENOR POTENCIAL OFENSIVO.
A conduta pode se dar em relação a qualquer modalidade de arma de fogo
(permitida ou não)

735
ATENÇÃO!!!
Não estão incluídas na tipificação do crime, ACESSÓRIOS ou MUNIÇÃO, ou
seja, de a omissão ocorrer em relação a esses elementos, o fato será atípico.

A consumação ocorre com o apoderamento da arma pelo menor ou pelo portador


de deficiência mental, independentemente de gerar ou não algum perigo.

CUIDADO!!!
Estamos tratando de um crime culposo, então, não será admitida a tentativa.

Se, voluntariamente o agente entrega a arma a uma criança – cometerá o crime


de PORTE ILEGAL.
Art. 13 - Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou
diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores que
deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal
perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo,
acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24
horas depois de ocorrido o fato. Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois)
anos, e multa.

Nessa modalidade, estamos tratando de um CRIME PRÓPRIO, POIS SÓ pode


ser praticado por empresário de segurança ou empresa de transporte de
valores.

O agente deverá:
• REGISTRAR OCORRÊNCIA.
• COMUNICAR À PF

A falta de qualquer desses elementos já confirma o crime.

ATENÇÃO!!! É unânime o entendimento segundo o qual o crime do Art. 13,


parágrafo único, é doloso.

CRIME A PRAZO – A consumação do crime só ocorrerá após 24 horas da


ocorrência do fato.

736
DISPARO DE ARMA DE FOGO - ART. 15
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou
em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa
conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: Pena –
reclusão, de 2 a 4 anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável

O indivíduo que tenha o porte legal de arma também poderá figurar como sujeito
ativo deste crime.

CRIME SUBSIDIÁRIO – só será configurado se a conduta não agente não se


enquadrar em crime mais grave.

As condutas podem ser:


• DISPARAR ARMA DE FOGO;
• ACIONAR MUNIÇÃO, SEM QUE OCORRA O DISPARO (EX.: FALHA DA
MUNIÇÃO).

CUIDADO!!!
Se essas condutas ocorrerem em local ERMO ou DESABITADO – FATO
ATÍPICO.

ATENÇÃO!!!
O parágrafo único, que estabelece ser o crime inafiançável, é considerado
INCONSTITUCIONAL.

COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO OU MUNIÇÃO - ART.


17
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda,
ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício
de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
§ 1º. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste
artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio
irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência.

737
pena - reclusão, de 6 a 12 anos, e multa.
§ 2º. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo,
acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com a
determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando
presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente.

LEI 13.964/19 – PACOTE ANTICRIMES

Três foram as mudanças estabelecidas pelo pacote anticrimes

1º - Tornou o crime hediondo


2º - Mudança na pena (Antes: rec. de 4 a 8 anos. Depois: rec. de 6 a 12 anos)
3º - Acrescentou o parágrafo 2º - Agente Disfarçado.

Temos um CRIME PRÓPRIO – Só pode ser comerciante ou industrial, legal ou


ilegal, de arma de fogo, acessório ou munição.

§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo,


acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com a
determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando
presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente.

O Pacote Anticrimes introduziu a figura do Agente Disfarçado. Para a validade


da atuação do agente disfarçado deve haver a demonstração de provas em grau
suficiente a indicar que o autor realizou antes uma conduta criminosa,
circunstância objeto da investigação proporcionada pelo disfarce.

TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO OU


MUNIÇÃO - ART. 18

Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território


nacional, a qualquer título, de ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO ou
MUNIÇÃO, sem autorização da autoridade competente:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma
de fogo, acessório ou munição, em operação de importação, sem

738
autorização da autoridade competente, a agente policial disfarçado,
quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente.

LEI 13.964/19 – PACOTE ANTICRIMES

Três foram as mudanças estabelecidas pelo pacote anticrimes

1º - Tornou o crime hediondo


2º - Mudança na pena
3º - Acrescentou o parágrafo único - Agente Disfarçado.

Jurisprudência em teses/STJ n.º 108/2018

1. É típica a conduta de importar arma de fogo, acessório ou munição sem


autorização da autoridade competente, nos termos do Art. 18 da Lei n.
10.826/2003, mesmo que o réu
detenha o porte legal da arma, em razão do alto grau de reprovabilidade da
conduta.

2. O crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição,


tipificado no Art. 18 da Lei n. 10.826/03, é de perigo abstrato ou de mera conduta
e visa a proteger a segurança pública e a paz social.

3. Para a configuração do tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou


munição não basta apenas a procedência estrangeira do artefato, sendo
necessário que se comprove a internacionalidade da ação.

Princípio da insignificância
Não cabe princípio da insignificância no tráfico internacional de munição.
STF (HC97777) e STJ (HC 45099)

739
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA – Art. 19

Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade
se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.

• COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO – ART.17


• TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO – ART.18

Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada
da metade se:
I - forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos
arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; ou
II - o agente for reincidente específico em crimes dessa natureza.
A causa de aumento de pena engloba os seguintes crimes:

• PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO – ART. 14


• DISPARO DE ARMA DE FOGO – ART. 15
• PORTE OU POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO –
ART.16
• COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO – ART.17
• TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO – ART.18

Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade
provisória.

ATENÇÃO!!!
O Art. 21 do Estatuto teve sua inconstitucionalidade declarada pelo STF na ADI
3112/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 02/05/2007.

740
EXERCÍCIOS

1. Nos termos da Lei n.º 10.826/03, quem favorece a entrada ou saída do


território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem
autorização da autoridade competente, comete o crime de:
a) Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido.
b) Porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
c) Omissão de cautela.
d) Comércio ilegal de arma de fogo.
e) Tráfico internacional de arma de fogo.

2. Samuel disparou, sem querer, sua arma de fogo em via pública. Nessa
situação, ainda que o disparo tenha sido de forma acidental, culposamente,
Samuel responderá pelo crime de disparo de arma de fogo, previsto no Estatuto
do Desarmamento.
Certo ( ) Errado ( )

3. Comete crime o agente que deixa de observar as cautelas necessárias para


impedir que menor de dezoito anos de idade se apodere de arma de fogo que
esteja sob a sua posse, ainda que não haja consequências graves.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-E
2 - ERRADO
3 - CERTO

741
Lei 13.869/2019 – Lei de Abuso de Autoridade

Aspectos Iniciais

Objetivo da criminalização do abuso de autoridade:


- Para que os agentes públicos não se aproveitem dos seus cargos, funções ou
até mesmo mandatos eletivos para constranger ilegalmente os cidadãos, por
motivos pessoais, torpe, egoísta e etc, com o objetivo de lesar a terceiros ou,
ainda, para benefício próprio ou de outrem.

1) Dos sujeitos do crime


- É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público,
servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de
Território, compreendendo, mas não se limitando a:
• servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas;
• membros do Poder Legislativo;
• membros do Poder Executivo;
• membros do Poder Judiciário;
• membros do Ministério Público;
• membros dos tribunais ou conselhos de contas.

DEFINIÇÃO DE AGENTE PÚBLICO:


Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce,
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo
caput deste artigo.

ALTERAÇÕES IMPORTANTES:
1) Prisão temporária
• O mandado de prisão deverá ter o tempo de duração da prisão
temporária, assim como o dia que o preso será solto.
• Após tendo ocorrido o tempo contido no mandado de prisão, a autoridade
responsável pela custódia deverá, independentemente de nova ordem da
autoridade judicial, pôr imediatamente o preso em liberdade, salvo se já

742
tiver sido comunicada da prorrogação da prisão temporária ou da
decretação da prisão preventiva.

BIZU MONSTRUOSO!!!
Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de prisão no cômputo do prazo de
prisão temporária.

2) Interceptação das comunicações telefônicas:


Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de
informática ou telemática, promover escuta ambiental ou quebrar segredo da
Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judicial que determina a
execução de conduta prevista no caput deste artigo com objetivo não autorizado
em lei.

3) Estatuto da Criança e do Adolescente:


Art. 227. A Os efeitos da condenação prevista no inciso I do caput do art. 92 do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para os crimes
previstos nesta Lei, praticados por servidores públicos com abuso de autoridade,
são condicionados à ocorrência de reincidência.
Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da função, nesse caso,
independerá da pena aplicada na reincidência.

743
EXERCÍCIOS

1. De acordo com a lei de abuso de autoridade é considerado sujeito ativo do


crime de abuso de autoridade qualquer agente público, devendo ser servidor
público, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de
Território.
Certo ( ) Errado ( )

2. Para que os agentes públicos não se aproveitem dos seus cargos, funções ou
até mesmo mandatos eletivos para constranger ilegalmente os cidadãos, por
motivos pessoais por exemplo, visando benefício próprio ou de outrem foi feito a
criminalização do abuso de autoridade.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-E
2-C

Lei 13.869/2019 – Lei de Abuso de Autoridade

Da ação penal
• Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.

Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo
legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer
denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornece
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.

744
- A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado
da data em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.

Das Penas Restritivas de Direitos


• As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade
previstas nesta Lei são:

- Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;


- Suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1
(um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens;

Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma


ou cumulativamente.

DOS PRINCIPAIS CRIMES E DAS PENAS:

Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente


descabida ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade
judiciária no prazo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou
redução de sua capacidade de resistência, a:
I - Exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;
II - Submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em
lei;
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da
pena cominada à violência.
Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função,
ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

745
EXERCÍCIO

1. De acordo com a lei 13.869/2019 os crimes previstos nela são de ação penal
pública condicionada.
Certo ( ) Errado ( )

2. A Suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de


1 (um) a 3 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens e a
prestação de serviços à comunidade são penas restritivas de direitos previstas
na lei de abuso de autoridade, não podendo ser aplicadas de forma cumulativa.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-E
2-E

Lei nº 9.455/1997 Definição dos Crimes de Tortura

Tortura – Crime
Art. 1º, I, “b” – Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego
de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou me para
provocar ação ou omissão de natureza criminosa.

FINALIDADE ESPECÍFICA OU ESPECIAL – para provocar ação ou omissão de


natureza criminosa.

TORTURA PRATICADA COM A FINALIDADE DE PRÁTICA E


CONTRAVENÇÃO PENAL – não configura o crime em análise. Por falta de

746
previsão legal, bem como por configurar analogia in malan partem, não configura
crime de tortura.

AUSÊNCIA DO ELEMENTO SUBJETIVO ESPECÍFICO ou ESPECIAL –


(DOLO ESPECÍFICO) – Ausentes as finalidades, não configura crime de tortura,
podendo caracterizar crime menos grave, como lesão corporal, ameaça ou
constrangimento ilegal.

CONCURSO DE CRIMES – TORTURA (ART. 1°, I, “b”) E O CRIME


PRATICADO PELO COATO (COAGIDO)

TORTURA DISCRIMINATÓRIA ou TORTURA RACIAL


Art. 1º, I, “c” – Constitui crime de tortura constranger alguém com
emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico
ou mental em razão de discriminação racial ou religiosa.

Rol Taxativo
A primeira observação a ser feita diz respeito ao motivo da discriminação.
Convém perceber que o legislador restringiu a discriminação racial ou religiosa,
não abarcando a hipótese de discriminação por opção sexual, social, política ou
outa qualquer.
A prática de racismo abrange a discriminação contra judeus.
O STF, em 2003, entendeu que a prática de racismo abrange a discriminação
contra judeus, portanto é crime imprescritível e inafiançável. (Habeas Corpus
82424; julgado em 17 de setembro de 2003). Transcrevemos parte do HC.
Vejamos:
O julgamento do pedido de Habeas Corpus (HC 82424) de Sigfried Ellwanger,
iniciado em dezembro do ano passado, levou nove meses para ser concluído. O
pedido, no entanto, foi negado em junho, quando a maioria dos ministros
entendeu que a prática de racismo abrange a discriminação contra os judeus.
(grifo nosso)
Tortura-Castigo (Art. 1°, II)
Art. 1°, II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com
emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental,
como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

747
Classificação do Crime

NÚCLEO DO TIPO Submeter – Sujeitar alguém a determinado comportamento,


minando sua resistência. Tirar a liberdade e a independência de; dominar,
subjugar, sujeitar. Reduzir à obediência, à dependência, ou render-se, obedecer
às ordens ou vontade de.

SUJEITO ATIVO – Pessoa que detém a guarda, poder ou autoridade, exigindo-


se qualidade especial. Portanto, sujeito ativo próprio.
SUJEITO PASSIVO – Pessoa que está sob a guarda, poder ou autoridade de
alguém. Portanto, sujeito passivo próprio.
ELEMENTO SUBJETIVO – Dolo, com a finalidade específica de aplicar castigo
pessoal ou medida de caráter preventivo.

AUSÊNCIA DO ELEMENTO SUBJETIVO ESPECÍFICO ou ESPECIAL –


(DOLO ESPECÍFICO)

Tortura-Castigo Art. 1°, II


Art. 1°, II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com
emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou
mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter
preventivo.
A diferença da tortura para o crime de maus-tratos (Art. 136 do CP) está
exatamente na intensidade do sofrimento da vítima.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


I. A figura do inc. II do artigo 1º, da Lei nº 9.455/97 implica na existência
de vontade livre e consciente do detentor da guarda, do poder ou da
autoridade sobre a vítima de causar sofrimento de ordem física ou moral,
como forma de castigo ou prevenção.
II. O tipo do artigo 136, do Código Penal, por sua vez, se aperfeiçoa com
a simples exposição a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua
autoridade, guarda ou vigilância, em razão de excesso nos meios de
correção ou disciplina.
III. Enquanto na hipótese de maus-tratos, a finalidade da conduta é a
repreensão de uma indisciplina, na tortura, o propósito é causar o
padecimento da vítima.

748
IV. Para a configuração da segunda figura do crime de tortura é
indispensável a prova cabal da intenção deliberada de causar o
sofrimento físico ou moral, desvinculada do objetivo de educação.
V. Evidenciado ter o Tribunal a quo desclassificado a conduta de tortura
para a de maus-tratos por entender pela inexistência provas capazes a
conduzir a certeza do propósito de causar sofrimento físico ou moral à
vítima, inviável a desconstituição da decisão pela via do recurso especial.
(REsp 610.395/SC, Rel. Min. Gilson Dipp, Quinta Turma, julgado em
25.05.2004, DJ 02.08.2004 p. 544).

INTENSO SOFRIMENTO – TORTURA x MAUS-TRATOS


Para configurar a Tortura-Castigo, deverá ser comprovado o intenso
sofrimento físico ou mental. Já no que diz respeito ao delito de maus-tratos (Art.
136), basta a exposição a perigo da vida ou da saúde da pessoa.
Outra diferença reside no fato de que o crime de maus-tratos é de perigo (dolo
de perigo); já é o de tortura é classificado como delito de dano (dolo de dano).
Dessa forma, a diferença entre os crimes de tortura e de maus-tratos deve ser
feita no caso concreto.

Tortura ou Tortura Equiparada


Art. 1°, § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a
medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de
ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL de 1988


Art. 1ºA República Federativa do Brasil (...) tem como fundamentos:
III – a dignidade da pessoa humana;
Art. 5º – (...)
XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L – às presidiárias serão asseguradas condições para que possam
permanecer com seus filhos durante o período de amamentação.

CÓDIGO PENAL de 1940


Art. 38 – O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da
liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade
física e moral. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

749
LEI DE EXECUÇÃO PENAL – LEI 7.210/84
Art. 1º – A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de
sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica
integração social do condenado e do internado.
Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos
não atingidos pela sentença ou pela lei.
Art. 40 – Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integridade física
e moral dos condenados e dos presos provisórios.

ELEMENTO SUBJETIVO – Dolo, que consiste na vontade livre e consciente de


praticar o crime, ou seja, de impor sofrimento à pessoa que está presa ou
submetida à medida de segurança, por meio de ato não previsto em lei ou não
resultante de medida legal. OBSERVAÇÃO – FINALIDADE ESPECÍFICA: Aqui
não há qualquer finalidade específica, ou seja, não é exigido para seu
aperfeiçoamento o especial fim de agir por parte do agente, bastando, para a
configuração do crime, o dolo de praticar a conduta descrita no tipo objetivo.
SUJEITO ATIVO – PRÓPRIO OU COMUM? Divergência.
SUJEITO PASSIVO – a pessoa que está presa ou submetida à medida de
segurança. Portanto, sujeito passivo próprio.
CRIME DE TORTURA PELA TORTURA (OU TORTURA EQUIPARADA) e
ABUSO DE AUTORIDADE (ART. 4°, “b”)
Lei 4.898/65 –
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a
constrangimento não autorizado em lei.
Tortura Omissiva – Tortura Anômala – Tortura Imprópria – Tortura Atípica.
Art. 1°, § 2º
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever
de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro
anos.
SUJEITO ATIVO – É crime próprio ou especial. Crime praticado por funcionário
público, especialmente aquele que tem o dever jurídico de evitar ou apurar o
crime de tortura.
CONSUMAÇÃO – O delito se consuma com a mera omissão. Isto é, consuma-
se com a inércia dolosa na apuração da tortura, não se exigindo qualquer
resultado naturalístico.
CRIME FORMAL – Não se exige qualquer resultado naturalístico para sua
consumação, uma vez que se consuma com a mera omissão.
ELEMENTO SUBJETIVO – Dolo, sem finalidade específica.

750
OMISSÃO CULPOSA – Como não existe participação culposa em crime doloso,
caso o omitente tenha agido culposamente, o fato será atípico.
PREVARICAÇÃO x TORTURA-OMISSIVA – A principal diferença entre os
dispositivos reside no fato de que a Prevaricação (Art. 319, CP) tem com fim a
satisfação de interesse ou sentimento pessoal. No delito de tortura, não há essa
finalidade específica.

Prevaricação
Art. 319 – Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou
praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal.
PRINCÍPIO DO NO BIS IN IDEM – Consiste na repetição (bis) de uma sanção
sobre mesmo fato (in idem). Para evitar o bis in idem, não se aplica a causa de
aumento de pena do Art. 1°, § 4º, I desta lei.
NÃO EQUIPARAÇÃO A HEDIONDO – Por força constitucional (como já vimos
acima) e conforme previsão expressa na Lei 8.072/90 (LCH), o delito de tortura
é equiparado a hediondo. No entanto, essa modalidade não é equiparada a
hediondo.

Tortura Qualificada
Art. 1°. § 3º – Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,
a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão
é de oito a dezesseis anos.

Tortura Qualificada pela Morte


De acordo com a segunda parte do dispositivo legal, qualifica a tortura se
resultar em morte.
Temos, portanto, um crime preterdoloso. Aqui, inicialmente, o sujeito ativo
quer apenas torturar, no entanto, por culpa na conduta consequente, ele acaba
matando a vítima. Dessa forma, temos a tortura dolosa + morte culposa.

Homicídio Qualificado pela Tortura – Art. 121, § 2º, III


Diferente da tortura qualificada pela morte (dolo + culpa), temos o homicídio
qualificado pela tortura (dolo + dolo). A grande diferença está no animus necand
(intenção de matar). No homicídio qualificado pela tortura, o sujeito ativo, desde
o início, quis a morte. No entanto, a tortura foi o meio para alcançar seu objetivo.

751
Concurso Material de Crimes – Tortura + Homicídio
É perfeitamente possível o concurso de crimes entre tortura e homicídio.
Temos, portanto, crime de tortura-prova (Art. 1°, I, “a”) em concurso com
homicídio qualificado pela conexão consequencial (Art. 121, § 2º, V).

Causas de Aumento de Pena – Majorantes


§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I – se o crime é cometido por agente público;
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador deficiência,
adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
III – se o crime é cometido mediante sequestro.

EXERCÍCIO

1. De acordo com as decisões recentes do STF aquele indivíduo que foi


condenado por crime de tortura poderá receber indulto.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
01 - ERRADO

752
Lei nº 9.455/1997 (Definição dos Crimes de Tortura)

Constituição Federal
CF/88, Art. 5°, III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
desumano ou degradante. (grifo nosso)
CF/88, Art. 5° – XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
podendo evitá-los, se omitirem. (grifo nosso)

Tortura no Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei 8.069/90 – ECA


Art. 233. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda
ou vigilância a tortura: (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997)

Tortura na Lei dos Crimes Hediondos. Lei 8.072/90 – LCH


Mandado Constitucional de Criminalização
Art. 5° – XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los,
se omitirem. (grifo nosso)

Lei dos Crimes Hediondos – Equiparação da Tortura a Crime Hediondo


Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:
I – anistia, graça e indulto;
II – fiança.

Tortura no Contexto Internacional e no Brasil

Internacional
CRIME PRÓPRIO Conceito: A Convenção contra a tortura e outros
tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes traz o conceito de
tortura em seu artigo 1°. Trata-se de um conceito amplo e abrangente.

753
Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis,
desumanos ou degradantes – Adotada pela Resolução 39/46, da Assembleia
Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1984.
Artigo 1: Para os fins desta Convenção, o termo tortura designa qualquer
ato pelo qual uma violenta dor ou sofrimento, físico ou mental, é infligido
intencionalmente a uma pessoa, com o fim de se obter dela ou de uma
terceira pessoa informações ou confissão; de puni-la por um ato que ela
ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido;
de intimidar ou coagir ela ou uma terceira pessoa; ou por qualquer razão
baseada em discriminação de qualquer espécie, quando tal dor ou
sofrimento é imposto por um funcionário público ou por outra pessoa
atuando no exercício de funções públicas, ou ainda por instigação dele ou
com o seu consentimento ou aquiescência. Não se considerará como
tortura as dores ou sofrimentos que sejam consequência, inerentes ou
decorrentes de sanções legítimas.

CRIME IMPRESCRITÍVEL ESTATUTO DE ROMA DO TRIBUNAL PENAL


INTERNACIONAL: O Artigo 7 prevê os crimes contra a humanidade, dentre eles
o crime de tortura.
Crimes contra a Humanidade
Para os fins do presente Estatuto, entende-se por crime contra a humanidade
qualquer um dos seguintes atos quando praticados como parte de um ataque
generalizado ou sistemático contra uma população civil e com conhecimento de
tal ataque: (...)
– Tortura
O Artigo 29 traz a previsão da Imprescritibilidade.
Os crimes sob a jurisdição do Tribunal não prescrevem.

Nacional – Brasil
CRIME COMUM
Porém, no Brasil, o crime de tortura destoou da tortura dos Tratados
Internacionais, tratando o delito como crime comum, podendo ser praticado por
qualquer pessoa. dessa forma, não se exige a qualidade de representante
estatal.

PRESCRITÍVEL
A Constituição Federal de 1988, em seu Art.5°, incisos XLII e XLIV, apenas
dois crimes como imprescritíveis – Racismo e ação de grupos armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.

754
Vejamos:
CF/88 – Art. 5°XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos
armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático. (grifo nosso)

Generalidades Aplicadas ao Art. 1°, Inciso I, “A”, “B” e “C”


Art. 1º Constitui crime de tortura:
I – constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-
lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou
de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa.

NÚCLEO DO TIPO – “Constranger” – o verbo constranger significa obrigar


alguém a fazer algo contra sua vontade, retirando sua liberdade de
autodeterminação.

MEIOS DE EXECUÇÃO violência – Ex.: choque, queimadura, breve


afogamento.
GRAVE AMEAÇA – ameaça de mal injusto, grave e verossímil.
OBJETO JURÍDICO PROTEGIDO – integridade física e mental da pessoa; bem
como a dignidade da pessoa humana.
SUJEITO PASSIVO – é a pessoa que suporta o sofrimento
SUJEITO ATIVO – sujeito ativo comum.

ELEMENTO SUBJETIVO – dolo; não admite a modalidade culposa.

AUSÊNCIA DO ELEMENTO SUBJETIVO ESPECÍFICO ou ESPECIAL –


(DOLO ESPECÍFICO) – ausentes as finalidades, não configura crime de tortura,
podendo caracterizar crime menos grave, como lesão corporal, ameaça ou
constrangimento ilegal.

755
CONSUMAÇÃO – consuma-se no momento em que são empregados a violência
ou grave ameaça, isto é, no momento em que o agente constrange,
efetivamente, a vítima, embora não consiga alcançar o resultado pretendido.

CRIME FORMAL – não há necessidade da obtenção do resultado naturalístico.

DESNECESSIDADE DA OBTENÇÃO DO RESULTADO – é dispensável que o


agente alcance sua finalidade, pois se trata de um crime formal.

TENTATIVA – é possível, uma vez que se trata de crime plurissubsistente,


podendo os atos serem fracionados.

CRIME DE MÁXIMO POTENCIAL OFENSIVO – são aqueles para os quais a


Constituição exigiu um tratamento diferenciado. São eles: tráfico, terrorismo,
tortura e os definidos como hediondos. Dessa forma, não se aplicam os institutos
da Lei 9.099/95, como transação penal; suspensão condicional do processo; rito
sumaríssimo.

SOFRIMENTO FÍSICO E MENTAL SIMULTANEAMENTE.

Tortura-Confissão – Tortura-Prova – Tortura Probatória


Art. 1º, I, “a” – Constitui crime de tortura constranger alguém com
emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico
ou mental com o fim de obter informação, declaração ou confissão da
vítima ou de terceira pessoa.

FINALIDADE ESPECÍFICA OU ESPECIAL – obter informação, declaração ou


confissão da vítima ou de terceira pessoa.

NATUREZA DA INFORMAÇÃO – não há necessidade de ser natureza criminal.


Poderá ser de natureza comercial ou amorosa, por exemplo.

756
EXERCÍCIO

1. Um agente de polícia foi condenado a seis anos de reclusão pela prática de


tortura contra preso que estava sobre sua autoridade. Nesse caso o policial
condenado deve perder o seu cargo e durante 12 anos ser-lhe-á vedado exercer
cargos e funções públicas.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
01 - CERTO

Análise geral para Concursos da Lei 8072, de 1990

Em 1977, entrou em vigor a Lei nº 6.416, modificando a Parte Geral do Código


Penal, principalmente no Título das Penas.
Ocorre que esta não conseguiu acompanhar a realidade social que existia no
Brasil.

A criminalidade vinha num intenso crescimento, onde se aproveitava de uma


justiça morosa e de uma lei liberal.
Desta forma, o Governo Federal viu-se na obrigação de realizar outra reforma,
em 1984, cuja finalidade era criar uma legislação mais repressiva e eficiente. Daí
surgiu a famosa Lei dos Crimes Hediondos.

Saliente-se que a Constituição Federal, em seu artigo 5º, XLIII, estabeleceu que
os crimes definidos como hediondos seriam:
Insuscetíveis de fiança, graça ou anistia. Com essa medida, a Carta Magna visou
punir os agentes de crimes considerados mais repugnantes com maior
severidade.

757
A Lei n° 8.072, de 25 de julho de 1990, em seu parágrafo 1º, classificava como
hediondos os seguintes crimes: "latrocínio (art. 157, parágrafo 3º, in fine),
• extorsão qualificada pela morte (art. 158, parágrafo 2º),
• extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput e
parágrafos 1º, 2º e 3°),
• estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput e
parágrafo único),
• atentado violento ao pudor (art. 214 e sua combinação com o art. 223,
caput e parágrafo único),
• epidemia com resultado morte (art. 267, parágrafo 1º), envenenamento
de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal,
• qualificado pela morte (art. 270, combinado com o art. 285), todos do
Código Penal, e de genocídio (arts. 1º, 2º e 3º da Lei n° 2.889, de 01-10-
56),
• tentados ou consumados".

Perceba que o homicídio havia sido deixado de lado, fora da competência


dessa Lei, fato este que indignava as pessoas.

Houve então uma longa pressão da mídia e da sociedade, que se comoveu com
um caso em especial, o assassinato da atriz Daniela Perez, por ter sido praticado
com requintes de crueldade, levou o legislador a incluir tal delito – homicídio
qualificado (art. 121, parágrafo 2º, inc. I a VII do CP) e o homicídio simples
praticado em atividade típica de grupo de extermínio (art. 121, caput) – no rol
dos hediondos.

Assim sendo, em 1994, a Lei dos Crimes Hediondos ganhou nova redação com
a promulgação da Lei n° 8.930/94.

Essa nova redação da Lei dos Crimes Hediondos não se limitou a inserir o crime
de homicídio no texto anterior, mas também exclui a conduta do envenenamento
de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal, qualificada pelo
resultado morte do rol dos crimes hediondos.

Em 1998, a Lei n° 9.677/98 incluiu na classificação dos delitos considerados


hediondos a vulgarmente chamada "falsificação de remédios". Por se tratar de
uma conduta culposa, muitos juristas vêm criticando essa inclusa na lista dos
Crimes Hediondos.

758
As infrações apenadas com detenção são reservadas para os delitos mais leves.
O caráter hediondo atribuído a tal conduta é um contraditório ao objetivo da Lei
nº 8.072/90, que rotula como hediondo os crimes mais graves e repugnantes,
visando uma punição mais severa aos crimes de maior crueldade.

Em 2009, a Lei nº 12.015/09 modificou a Lei de crimes hediondos (inciso V e VI


do artigo 1º), como consequência da alteração de alguns crimes no Código
Penal. Tais alterações se referem ao estupro, modificando a indicação do artigo
213, agora com os §§ 1º e 2º, que foram acrescentados pela referida Lei ao
Código Penal, no lugar do antigo parágrafo único. Isso se deve a nova tipificação
do crime de estupro, evitando-se, assim, incongruências. Acrescentou ainda o
crime de estupro de vulnerável, inciso VI, indicando o artigo correspondente no
Código Penal.

As Leis nº 12.978/2014 e nº 13.142/2015 inseriram àquele rol o favorecimento


da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou
adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º) e a lesão corporal
de natureza gravíssima (art. 129, §2º) e lesão corporal seguida de morte (art.
129, §3º), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142
e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela,
ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau,
em razão dessa condição.

Por fim, a Lei nº 13.497/2017 incluiu o crime de posse ou porte ilegal de arma de
fogo de uso restrito àquele rol.

DEFINIÇÃO

O Brasil adota o Sistema Legal para definição da hediondez, de modo que cabe
ao legislador, no plano abstrato, selecionar previamente os tipos penais que
serão considerados hediondos, quando vierem a ser praticados: O juiz não tem
liberdade alguma para definir a hediondez na apreciação do caso concreto.

A Doutrina (Alberto Toron), por sua vez, sugere que seja inserido na Lei nº
8.072/90 um dispositivo legal que permita ao juiz afastar a hediondez da infração
penal no caso concreto. É a chamada Cláusula Salvatória.

759
RESTRIÇÕES CONSTITUCIONAIS
Nos termos do art. 2º, incisos I e II, da Lei 8.072/90, os crimes hediondos, a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo
são insuscetíveis de anistia, graça, indulto e fiança.

Note-se que o texto constitucional - art. 5º, XLIII não prevê expressamente a
restrição ao indulto. Diante disso, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no
julgamento do Habeas Corpus nº 81.810/SP, estabeleceu que a proibição do
indulto aos condenados por crimes hediondos é plenamente constitucional, pois
decorre diretamente da norma constitucional, e está contida no termo "graça",
que foi empregado pelo legislador constituinte em seu sentido amplo.
a) ANISTIA: Perdão decorrente do Poder Legislativo por meio de Lei Federal em
relação a um determinado fato;
b) GRAÇA: Perdão concedido pelo Presidente da República através de decreto
para indivíduo específico;
c) INDULTO: Perdão concedido pelo Presidente da República através de
decreto para uma coletividade.
d) FIANÇA: A CF/88 veda a fiança como condição para a concessão da
liberdade provisória aos acusados da prática de crime hediondo ou equiparado,
de forma que é possível a obtenção da liberdade provisória, desde que fixada
outra medida cautelar diversa da prisão que não seja a fiança

ROL DE CRIMES HEDIONDOS ATUALIZADO PARA


CONCURSOS:

Para efeito de hediondez, o art.1º, caput, equipara as formas consumada e


tentada, que conservam a qualidade da hediondez, independentemente de a
conduta ter se consumado ou não.

Estabelece o art. 1º da Lei 8.072/90:

Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no


Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados
ou tentados:

I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de


extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art.

760
121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII); (Redação dada pela Lei nº 13.964,
de 2019)

O crime homicídio doloso simples - art. 121, caput, CP, quando praticado em
atividade típica de grupo de extermínio, ou homicídio condicionado, como é
chamado pela doutrina, é hediondo ainda que cometido por um só agente. O
homicídio qualificado, por sua vez, será hediondo independentemente da
qualificadora.

Em razão da ausência de previsão legal, não são considerados hediondos o


homicídio simples, que não come- tido em atividade típica de grupo de extermínio
e o homicídio privilegiado - art. 121, caput, e § 1º, código penal.

I - A lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2°) e lesão corporal
seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente
descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou
em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei nº
13.142, de 2015)

II - roubo: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou
pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B);
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º);
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); (Inciso incluído pela Lei nº
8.930, de 1994)

III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de


lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º); (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019)

761
IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo,
2o e 3o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)

V - estupro (art. 213 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único);
(Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)

V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
2009)

VI - atentado violento ao pudor (art. 214 e sua combinação com o art. 223, caput
e parágrafo único); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)

VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); (Redação


dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). (Inciso incluído pela Lei nº
8.930, de 1994) VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998)

VII - B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a


fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a
redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei
nº 9.695, de 1998)

VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de


criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído
pela Lei nº 12.978, de 2014)

IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause


perigo comum (art. 155, § 4º-A). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de genocídio previsto


nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, tentado ou
consumado. (Parágrafo incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)

Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o crime de genocídio

762
previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, e o de
posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei
no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados ou consumados.
(Redação dada pela Lei nº 13.497, de 2017)

Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados:


(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de


outubro de 1956; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no


art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº


10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição,


previsto no art. 18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)

V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime


hediondo ou equiparado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

AFASTAMENTO DO CARÁTER HEDIONDO DO CRIME DE POSSE OU


PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO.

A lei nº 13.964/19 (Anticrime) desmembrou o art. 16, caput, da lei nº 10.826/03


(Estatuto do Desarmamento), e manteve a mesma pena anteriormente prevista,
qual seja: reclusão de 03 a 06 anos, e multa, quando se tratar de posse ou porte
de arma de fogo de USO RESTRITO, munição ou acessório (fuzil, metralhadora,
etc), e criou, no § 2º, do art. 16, da referida lei de armas uma QUALIFICADORA,
a qual prevê a pena de reclusão de 04 a 12 anos, quando as condutas descritas
no caput e no § 1º envolverem arma de fogo de USO PROIBIDO.

763
Ocorre que o art. 2º, inciso III, alínas "a" e "b" do Decreto nº 9.847, de 25 de
junho de 2019, estabalece que: Art. 2º Para fins do disposto neste Decreto,
considera-se:

III - arma de fogo de uso proibido:


a) as armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e tratados
internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; ou
b) as armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos;

Conclui-se, portanto, a que a Lei Anticrime declarou a hediondez APENAS para


as armas de fogo de USO PROIBIDO - art. 16, § 2º, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto
do Desarmamento).

Em outras palavras, ao desmembrar o dispositivo legal acima mencionado,


fazendo distinção entre USO RESTRITO e USO PROIBIDO, a posse ou o porte
ilegal de arma de fogo de USO RESTRITO DEIXOU DE SER HEDIONDO POR
FALTA DE REFERÊNCIA LEGAL.

Vale consignar que este também é o entendimento adotado pelo Ministério


Público do Estado de São Paulo em seus enunciados internos.

Trata-se, portanto, neste aspecto de novatio legis in mellius, uma vez que a Lei
Anticrime foi benéfica nesse sentido.

Registre-se que no final do ano de 2017 a posse ou porte de arma de fogo,


munição ou acessório de uso restrito havia sido inserida no rol de crimes
hediondos, sendo que, posteriormente, a Lei Anticrime veio a fazer referência
tão somente à arma de fogo de USO PROIBIDO.

Em razão disso, podem ser cogitadas duas posições a respeito da hediondez


prevista no art. 1º, parágrafo único, II, da Lei, 8.072/90:

1º Posição - RESTRITIVA: Como o inciso II, do parágrafo único da Lei de Crimes


Hediondos nº 8.072/90 faz referência apenas às armas de fogo de USO
PROIBIDO - art. 16, § 2º, lei 10.826/03 - Estatuto do Desarmamento, a posse ou
o porte ilegal de armas de fogo de USO RESTRITO - art. 16, caput, do mesmo

764
diploma legal TERIA DEIXADO DE SER CRIME HEDIONDO, de modo que,
neste ponto, a Lei Anticrime teria sido benéfica, portanto, retroativa.

2º Posição - AMPLIATIVA: Ao se referir GENERICAMENTE ao art. 16 da Lei de


Armas, a Lei dos Crimes Hediondos estaria abrangendo todas as figuras típicas
do referido dispositivo legal, de modo que a posse ou o porte ilegal de arma de
fogo de fogo de uso restrito e proibido continuariam sendo consideradas
hediondas.

CONCLUSÃO
Como o Brasil adota o SISTEMA LEGAL para definição de crime hediondo, e a
Lei Anticrime nº 13.964/19, que entrou em vigor em 25 de janeiro de 2020,
equivocadamente, não fez referência à posse ou ao porte ilegal de arma de fogo
de USO RESTRITO, mas tão somente à posse ou porte ilegal de USO
PROIBIDO, a princípio, tem-se que tais condutas deixaram de ter natureza
hedionda, até que sobrevenham decisões dos Tribunais Superiores em sentido
contrário.

Já o Artigo 2º em diante da Lei dos crimes hediondos assim diz:

Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes


e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: (Vide Súmula Vinculante)

I - anistia, graça e indulto;


II - fiança e liberdade provisória.
II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)

§ 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida integralmente em


regime fechado.

§ 1° A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime
fechado. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)

§ 2º Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se


o réu poderá apelar em liberdade.

765
§ 2° A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos
neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o
apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. (Redação dada pela
Lei nº 11.464, de 2007)

§ 2º A progressão de regime, no caso dos condenados pelos crimes previstos


neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o
apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente, observado o
disposto nos §§ 3º e 4º do art. 112 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei
de Execução Penal). (Redação dada pela Lei nº 13.769, de 2018) (Revogado
pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 3º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei nº 7.960, de 21 de dezembro


de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de trinta dias, prorrogável
por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
§ 3° Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se
o réu poderá apelar em liberdade. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)

§ 4° A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro


de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias,
prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
(Incluído pela Lei nº 11.464, de 2007)

Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de segurança máxima,


destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta
periculosidade, cuja permanência em presídios estaduais ponha em risco a
ordem ou incolumidade pública.

Art. 4º (Vetado).

EXERCÍCIOS

1. A lei dos crimes hediondos nº 8.072/90 possui seu fundamento constitucional


no art. 5º, inciso XLIII, CF/88, o qual estabelece que:
"a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e

766
os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem"
Certo ( ) Errado ( )

2. A União manterá estabelecimentos penais, de segurança máxima, destinados


ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja
permanência em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade
pública.
Certo ( ) Errado ( )

3. Em caso de sentença condenatória, o membro do Ministério Público decidirá


fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade.
Certo ( ) Errado ( )

4. Lei Anticrime declarou a hediondez para todos os crimes de armas de fogo de


USO PROIBIDO, PERMITIDO, dentre outras figuras típicas.
Certo ( ) Errado ( )

5. Mesmo que no final do ano de 2017 a posse ou porte de arma de fogo,


munição ou acessório de uso restrito tenha sido inserida no rol de crimes
hediondos, a Lei Anticrime veio a fazer referência tão somente à arma de fogo
de USO PROIBIDO, com natureza de hediondez.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-C
2-C
3-E
4-E
5-C

767
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS E DIREITOS FUNDAMENTAIS I

O Estatuto da Criança e do Adolescente disciplina a proteção integral à criança


e o adolescente (art. 1ª). Crianças ou Adolescentes são selecionados quanto a
idade, o art.2º, prevê:
CRIANÇA – Pessoa até 12 anos incompletos
ADOLESCENTE – Pessoa entre 12 e 18 anos

Às crianças ou adolescentes será assegurado todos os direitos fundamentais


inerentes à pessoa humana (art.3º), além da proteção integral que estabelece o
estatuto.
O dever de assegurar a essas pessoas os direitos fundamentais, não é apenas
do estado, mas também da família, da comunidade, do Poder Público, da
sociedade em geral (art. 4ª).
Estabelece ainda o art. 4º §único que, esses agentes acima mencionados
deverão garantir com prioridade absoluta os direitos fundamentais às crianças e
aos adolescentes, compreendendo como garantia de prioridade:
• primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
• precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância
pública;
• preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas;
• destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com
a proteção à infância e a juventude.

DIREITOS FUNDAMENTAIS

DIREITO A VIDA E A SAÚDE – Arts. 7º ao 14

POLÍTICAS SOCIAIS PÚBLICAS – Garantem a criança e ao adolescente uma


proteção a vida e a saúde, possibilitam um nascimento e um desenvolvimento
sadio e harmonioso em condições dignas de existência (art. 7º).
Além disso, a TODAS AS MULHERES é garantido o acesso a programas de
saúde. Em especial às mulheres grávidas serão fornecidos projetos que possam
cuidar de sua gestação, programas pré-natal, dentre outros. (art.8º)
CUIDADO!!! A Lei 13.798/19 instituiu a SEMANA NACIONAL DE PREVENÇÃO
A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA a ser realizada anualmente na semana que

768
incluir o dia 1º de fevereiro – O objetivo é disseminar informações sobre medidas
preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da
gravidez na adolescência. (art.8º - A).

Quanto aos hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de


gestante, públicos e particulares serão obrigados a:
• manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários
individuais pelo prazo de 18 anos;
• identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar
e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas
normatizadas pela autoridade administrativa competente;
• proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de
anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar
orientação aos pais;
• fornecer declaração de nascimento onde constem, necessariamente, as
intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato
• manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato, a permanência
junto a mãe;
• acompanhar a prática do processo de amamentação, prestando
orientações quanto à técnica adequada, enquanto a mãe permanecer na
unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já existente.

Às crianças e adolescentes que necessitarem, o poder público deverá fornecer


de forma gratuita, medicamentos, órteses, próteses, e outras tecnologias
assistivas, relativas ao tratamento, habilitação e reabilitação para crianças e
adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado voltadas às necessidades
específicas (art.11, §2º)

E no caso de internação da criança ou adolescente???


Nesse caso, os estabelecimentos de saúde, inclusive as unidades neonatais, de
terapia intensiva e de cuidados intermediários, deverão proporcionar condições
para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável (art.
12).

Obs.: qualquer suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou


degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente, serão
obrigatoriamente comunicados ao CONSELHO TUTELAR (art.13).
Observe ainda que nos primeiros dezoito meses de vida, é obrigatória a
aplicação, a todas as crianças, de protocolo ou outro instrumento construído com

769
a finalidade de facilitar a detecção, em consulta pediátrica de acompanhamento
da criança, de risco para seu desenvolvimento psíquico (art.14, §5º)

EXERCÍCIOS

1. Conforme o art. 4º da Lei Federal nº 8.069/1990, que trata do Estatuto da


Criança e do Adolescente, é dever da família, da comunidade, da sociedade em
geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação, entre
outros, do direito à alimentação. Desse modo, também as escolas devem servir
alimentação nos horários determinados e de forma orientada, pois, além de
promover o desenvolvimento saudável, esse serviço é
a) parte do processo educativo.
b) um modo de liberar os pais dessa responsabilidade.
c) condição para que os educandos nunca sejam reprovados.
d) elemento necessário para garantir boa estatura aos alunos.
e) um dos meios de garantir que os alunos não tenham nenhuma doença.

2. Nos primeiros dezoito meses de vida, é obrigatória a aplicação, a todas as


crianças, de protocolo ou outro instrumento construído com a finalidade de
facilitar a detecção, em consulta pediátrica de acompanhamento da criança, de
risco para seu desenvolvimento psíquico
Certo ( ) Errado ( )

3. Cabe ao Poder Público proporcionar assistência psicológica à gestante e à


mãe no período pré e pós‐natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as
consequências do estado puerperal.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-A
2-C
3-C

770
DIREITOS FUNDAMENTAIS II
DIREITO Á LIBERDADE, AO RESPEITO E A DIGNIDADE

Toda criança e adolescente terá direito à liberdade, ao respeito e a dignidade


como pessoas humanas, são direitos básicos assegurados a essas pessoas que
são consideradas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direito
civis, humanos e sociais garantidos na CF (art. 15).

DIREITO A LIBERDADE
Podemos conceituar como DIREITOS A LIBERDADE - art.16:
• ir, vir, estar nos logradouros públicos e espaços comunitários – salvo
restrições legais;
• opinião e expressão;
• crença e culto religioso;
• brincar, praticar esportes e divertir-se;
• participar da vida familiar e comunitária sem discriminação;
• participar da vida política, na forma da lei;
• buscar refúgio, auxílio e orientação.

DIREITO AO RESPEITO E A DIGNIDADE


Consiste na inviolabilidade da criança e do adolescente a integridade:
• FÍSICA
• PSÍQUICA
• MORAL

Esse direito abrange a preservação da imagem, da identidade, da autonomia,


dos valores, ideais e crenças, dos espaços e objetos pessoais (art.17).

É DEVER DE TODOS: zelar pela dignidade da criança e do adolescente pondo-


o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
constrangedor (art. 18).
OBS: A criança e ao adolescente têm direito de ser educados e cuidados SEM
O USO DE CASTIGOS FÍSICOS, ou de TRATAMENTO CRUEL OU
DEGRADANTE, como forma de correção, disciplina, correção, educação ou
qualquer outro pretexto, pelos pais, integrantes da família, pelos responsáveis,
agentes públicos executores de medidas socioeducativas, ou por qualquer

771
pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los (art.18-
A)

Para fins de disposições do ECA, considero como:

CASTIGO FÍSICO: ação de natureza disciplinar ou punitiva, aplicada com o uso


da força física, sobre a criança ou ao adolescente que resulte em:
• SOFRIMENTO FÍSICO
• LESÃO

TRATAMENTO CRUEL OU DEGRADANTE: conduta ou forma cruel de tratar a


criança ou adolescente que:
• HUMILHE
• AMEACE GRAVEMENTE
• RIDICULARIZE

Qualquer pessoa encarregada de cuidar de criança ou adolescente que passar


a usar de tratamento que utilize castigo físico ou tratamento cruel ou degradante
como forma de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão
sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas (art.
18-B):
• encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;
encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
• encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
• obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado;
• advertência

Essas medidas serão aplicadas pelo CONSELHO TUTELAR, sem prejuízo de


outras providências.

772
EXERCÍCIOS

1. O ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Federal nº 8.069/1990,


inclui o “brincar, praticar esportes e divertir-se” no inciso IV de seu art. 16,
estabelecendo-o, desse modo, como um dos sete aspectos compreendidos
a) pela premiação ao bom comportamento.
b) pelo desenvolvimento motor.
c) pelo direito ao respeito.
d) pela saúde mental.
e) pelo direito à liberdade.

2. O pai que usa de força física contra seu filho menor de idade para discipliná-
lo incide no que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) denomina
a) tratamento degradante.
b) tratamento cruel.
c) vexame.
d) violência doméstica.
e) castigo físico.

3. Maurício, com treze anos de idade, foi atendido em hospital público. Depois
de realizados os exames clínicos e a entrevista pessoal com o adolescente, o
médico que o atendeu comunicou ao conselho tutelar local a suspeita de que
Maurício havia sido vítima de castigo físico praticado pelos próprios pais. O
conselho tutelar averiguou o caso e concluiu que os pais de Maurício haviam
lesionado os braços do garoto, mediante emprego de pedaço de madeira, em
razão de ele ter se recusado a ir à escola. Com base nisso, o conselho tutelar
aplicou aos pais uma advertência e os encaminhou para tratamento psicológico.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item que se segue, de acordo
com o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.º 8.069/1990).

O Estatuto da Criança e do Adolescente faz distinção entre castigo físico e


tratamento cruel ou degradante e, nos termos desse Estatuto, a lesão sofrida por
Maurício não é considerada tratamento cruel ou degradante.
Certo ( ) Errado ( )

773
Gabarito
1-E
2-E
3-C

DIREITOS FUNDAMENTAIS III


DIREITO A CONVIVÊNCIA FAMILIAR
DIREITO A EDUCAÇÃO, A CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER

DIREITO A CONVIVÊNCIA FAMILIAR

É direito de toda criança e adolescente ser criado e educado no seio de sua


família e, excepcionalmente, em família substituta.
Estando a criança ou adolescente inseridos em PROGRAMAS DE
ACOLHIMENTO FAMILIAR OU INSTITUCIONAL (não poderá ultrapassar 18
meses, salvo necessidade comprovada devidamente fundamentada pela
autoridade judiciária), sua situação será reavaliada, no máximo, a cada 3 meses,
devendo a autoridade judiciária competente decidir de forma fundamentada se
serão reintegrados a própria família (esta será a preferência) ou colocados em
família substituta (art.19).

A falta ou carência de recursos materiais podem suspender o poder


familiar???
NÃO! Não será considerado motivo suficiente, devendo a criança ou
adolescente serem mantidos em sua família de origem (não existindo qualquer
outro motivo para suspender esse poder), a qual deverá ser obrigatoriamente
incluída em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e promoção
(art.23).

PERCA DO PODER FAMILIAR POR CONDENAÇÃO CRIMINAL

A condenação criminal do pai ou da mãe NÃO IMPLICARÁ A DESTITUIÇÃO DO


PODER FAMILIAR – salvo: condenação por crime doloso sujeito à pena de

774
reclusão contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra o
filho ou filha ou outro descendente (art.23, §2º).
A perca e a suspensão do poder familiar serão decretados judicialmente, em
procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na
hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações previstos no
art. 22 (art. 24)
Será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai
privado de liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável
ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável,
independentemente de autorização judicial. (art.19, §4º)

FAMÍLIA SUBSTITUTA

A colocação em família substituta far-se-á mediante:


• GUARDA
• TUTELA
• ADOÇÃO

Tratando-se de maior de 12 anos, será necessário seu consentimento colhido


em audiência (art.28).
A regra é que grupos de irmãos sejam colocados na mesma família.
A colocação em família estrangeira será medida excepcional e somente será
admissível na modalidade de adoção (art.31).

GUARDA
Excepcionalmente deferir-se-á a guarda fora dos casos de tutela e adoção, para
atender a situação peculiar ou suprir a falta eventual dos pais ou responsáveis,
podendo ser deferido o direito de representação para a prática de atos
determinados.
A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial
fundamentado, ouvido o MP.

TUTELA
Será definida a pessoa até 18 anos incompletos. O deferimento da tutela
pressupõe a prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar e
implica necessariamente o dever de guarda.

775
ADOÇÃO
Medida excepcional e irrevogável, deve ser utilizada somente quando esgotarem
os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou
extensa.
Obs: é vedada a adoção por procuração.
O adotando deverá possuir mais de 18 anos à data do pedido, independente do
estado civil. A adoção contribui a situação de filho ao adotado, desligando-se de
qualquer vínculo com os pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.
• não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando
• adotante – pelo menos 16 anos mais velho do que o adotado
• a adoção será precedida de estágio de convivência pelo prazo máximo de
90 dias.
• a morte dos adotantes não reestabelece o poder familiar dos pais naturais.

DIREITO A EDUCAÇÃO, A CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER

O objetivo é prepara a criança e o adolescente para o exercício da cidadania,


assegurando-lhes:
• igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
• direito de ser respeitado por seus educadores;
• direito de contestar critérios avaliativos podendo recorrer às instâncias
escolares superiores;
• direito de organização e participação em entidades estudantis;
• acesso a escola pública e gratuita, próxima de sua residência, garantindo-
se vagas no mesmo estabelecimento a irmãos que frequentem a mesma
etapa ou ciclo de educação básica. (lei. 845/2019)

É dever da instituição de ensino, clubes e agremiações recreativas e de


estabelecimento congênere, assegurar medidas de conscientização, prevenção
e enfrentamento ao uso ou dependência de drogas ilícitas.

É dever só Estado assegurar a criança ou adolescente:


• ensino fundamental – obrigatório e gratuito;
• progressiva extensão da gratuidade do ensino médio;
• atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente, na rede regular de ensino;
• atendimento em creches e pré-escolas às crianças de 0 a 5 anos;

776
• acesso aos níveis mais elevados de ensino, da pesquisa e da criação
artística, segundo a capacidade de cada um;
• oferta de ensino noturno e regular, adequado as condições do
adolescente trabalhador;
• atendimento no ensino fundamental, através de programas
suplementares de material didático-escolar, transporte, educação e
assistência à saúde.

EXERCÍCIOS

1. Segundo o que prevê o Art. 54 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que


dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, é dever do Estado
assegurar à criança e ao adolescente:
a) Atendimento em creche e pré-escola às crianças de um a três anos de idade.
b) Acesso à escola pública e gratuita mesmo que distante de sua residência.
c) Oferta de ensino noturno regular especificamente na Educação de Jovens e
Adultos.
d) Atendimento no Ensino Fundamental, por meio de programas suplementares
de material didático- escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

2. É necessária autorização judicial para a convivência da criança e do


adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas
periódicas promovidas pelo responsável.
Certo ( ) Errado ( )

3. Não se prolongará por mais de dezoito meses a permanência da criança e do


adolescente em programa de acolhimento institucional, salvo comprovada
necessidade que atenda a seu superior interesse, devidamente fundamentada
pela autoridade judiciária.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-D
2-E
3-C

777
DIREITOS FUNDAMENTAIS IV
DIREITO A PROFISSIONALIZAÇÃO E A PROTEÇÃO NO TRABALHO

DIREITO A PROFISSIONALIZAÇÃO E A PROTEÇÃO NO TRABALHO


• TRABALHO DO MENOR DE 14 ANOS: O trabalho para os menores de
14 anos é proibido em todas as modalidades, SALVO – condição de
aprendiz (art. 60)
• TRABALHO DO ADOLESCENTE: O trabalho dos adolescentes será
regulado por legislação especial, sem prejuízo do disposto nessa lei (ART,
61)

Considera-se aprendizagem, a formação técnico-profissional ministrada


segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor (art.62).
A formação técnico profissional deverá obedecer a alguns princípios (art.63):
• garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular;
• atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;
• horário especial para o exercício das atividades.

BOLSA DE APRENDIZAGEM: Garantida ao adolescente até 14 anos (art.64).

Ao adolescente aprendiz, maior de 14 anos são assegurados os direitos


trabalhistas e previdenciários (art.65).
E ao que seja portador de deficiência, é assegurado trabalho protegido (art.66).
Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de
escola técnica, assistido em entidade governamental ou não governamental é
vedado o trabalho (art.67):
• noturno – realizado entre as 22h de um dia e as 5h do dia seguinte;
• perigoso, insalubre, penoso;
• realizado em locais prejudiciais à sua formação, e ao seu
desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
• realizado em horários e locais que não permitam a frequência escolar.

TRABALHO EDUCATIVO: atividade laboral em que as exigências pedagógicas


relativas ao desenvolvimento social e pessoas do educando prevalecem sobre o
aspecto produtivo.

778
O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob
responsabilidade de entidade governamental e não governamental sem fins
lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele participe, condições de
capacitação para o exercício de atividade regular remunerada
A remuneração que o adolescente receber pelo trabalho efetuado ou a
participação na venda dos produtos de seu trabalho, não desfigura o caráter
educativo. (art. 68)
O adolescente tem direito à profissionalização e a proteção no trabalho,
observando os seguintes aspectos (art.69):
• respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;
• capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho

EXERCÍCIOS

1. No que diz respeito ao direito à profissionalização e à proteção no trabalho


das crianças e dos
adolescentes, previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069,
de 13 de julho de 1990, é permitido, ao adolescente empregado, aprendiz, em
regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade
governamental ou não governamental, o trabalho
a) realizado após as cinco horas da manhã e até as vinte e duas horas.
b) perigoso, insalubre ou penoso, desde que com os equipamentos de segurança
necessários.
c) realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento
físico, psíquico, moral e social, desde que assistido por superiores.
d) em horários e locais que não permitam a frequência à escola, desde que o
adolescente se comprometa a estudar em outros horários compatíveis com o
trabalho.
e) realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia
seguinte, desde que com adicional noturno.

2. O capítulo V, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) trata das


questões ligadas ao direito à profissionalização e à proteção no trabalho. Com
base nesse capítulo, analise as seguintes afirmativas, em relação aos
adolescentes empregados, aprendizes, em regime familiar de trabalho e alunos
de escolas técnicas assistidos em entidade governamental ou não
governamental.

779
I. É proibido o trabalho noturno, realizado entre as 22h de um dia e as cinco
horas do dia seguinte.
II. Esses adolescentes não podem ser expostos a trabalhos perigosos,
insalubres e / ou penosos.
III. Qualquer tipo de trabalho poderá ser realizado em horários e locais que
coincidam com o horário de frequência à escola.

Estão corretas as afirmativas


a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, II e III.

3. Sobre o tema, é correto afirmar:


a) O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho,
observado tão somente o seguinte aspecto: respeito à condição peculiar de
pessoa em desenvolvimento.
b) No programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob
responsabilidade da empresa, não é necessário assegurar ao adolescente
capacitação para o exercício de atividade regular remunerada.
c) A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho efetuado ou a
participação na venda dos produtos de seu trabalho desfigura o caráter
educativo.
d) Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno
de escola técnica, assistido em entidade governamental ou não governamental,
é vedado trabalho em lugares perigosos, insalubres ou penosos.
e) Entende-se por trabalho educativo atividade laboral em que as exigências
pedagógicas relativas apenas ao desenvolvimento pessoal do educando
prevalecem sobre o aspecto produtivo.

4. Não será permitido à criança empregar-se antes da idade mínima conveniente;


de nenhuma forma será levada a ou ser-lhe-á permitido empenhar-se em
qualquer ocupação ou emprego:
a) onde haja redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de
saúde, higiene e segurança.
b) que lhe permita conciliar o trabalho com as horas necessárias ao estudo.

780
c) com salário maior que um salário-mínimo.
d) cuja remuneração do trabalho diurno seja inferior à do trabalho noturno
e) que lhe prejudique a saúde ou a educação ou que interfira em seu
desenvolvimento físico, mental ou moral.

GABARITO
1-A
2-A
3-D
4-E

DA PREVENÇÃO

É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da


criança e do adolescente. (art. 70)
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão atuar de forma
articulada na elaboração de políticas públicas e na execução de ações
destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante
e difundir formas não violentas de educação de crianças e de adolescentes,
tendo como principais ações (art.71):
• a promoção de campanhas educativas permanentes para a divulgação do
direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o
uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e dos
instrumentos de proteção aos direitos humanos;
• a integração com os órgãos do poder judiciário, do MP, e da DP, com o
conselho tutelar, com o conselho de direitos da criança e do adolescente
e com as entidades não governamentais que atuam na promoção,
proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente;
• a formação continuada e a capacitação dos profissionais de saúde,
educação e assistência social e dos demais agentes que atuam na
promoção, proteção e defesa dos direitos das crianças e adolescentes

781
• a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a garantir os seus
direitos
• a promoção de espaços intersetoriais locais para articulação de ações e
a elaboração de planos de atuação conjunta focados nas famílias em
situação de violência.

A criança e o adolescente têm direito à informação, cultura, lazer, esportes,


diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua condição
peculiar de pessoa em desenvolvimento. (Art. 71)
A inobservância das normas de prevenção importará em responsabilidade da
pessoa física ou jurídica (Art. 73).

DA PREVENÇÃO ESPECIAL
Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões e espetáculos públicos
classificados como adequados à sua faixa etária. (Art. 75)
OBS: As crianças menores de dez anos somente poderão ingressar e
permanecer nos locais de apresentação ou exibição quando acompanhadas dos
pais ou responsável.

Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de empresas que explorem


a venda ou aluguel de fitas de programação em vídeo cuidarão para que não
haja venda ou locação em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão
competente (Art. 77)
Os responsáveis por estabelecimentos que explorem comercialmente bilhar,
sinuca ou congênere ou por casas de jogos, assim entendidas as que realizem
apostas, ainda que eventualmente, cuidarão para que não seja permitida a
entrada e a permanência de crianças e adolescentes no local, afixando aviso
para orientação do público (Art. 80)

PRODUTOS E SERVIÇOS

É proibida a venda a criança ou adolescente de (art. 81):


• arma, munição, explosivo;
• bebidas alcoólicas;
• produtos cujos componentes possam causar dependência física ou
psíquica ainda que por utilização indevida;

782
• fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido
potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de
utilização indevida;
• revistas e publicações com conteúdo impróprio;
• bilhetes lotéricos e equivalentes;

OBS: É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel,


pensão ou estabelecimento congênere, salvo - autorizado ou acompanhado
pelos pais ou responsável.

AUTORIZAÇÃO PRA VIAJAR


Nenhuma criança ou adolescente menor de 16 anos poderá viajar para fora da
comarca onde reside desacompanhado dos pais ou dos responsáveis sem
expressa autorização judicial (art. 83) – Lei 13.812/2019
A autorização não será exigida quando:
• comarca contígua a da residência da criança ou do adolescente menor de
16 anos se na mesma unidade da federação, ou incluída na mesma região
metropolitana;
• a criança ou adolescente menor de 16 anos que estiver acompanhado:
• ascendente ou colateral maior, até o 3º grau – comprovado
documentalmente o parentesco;
• pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.

A autoridade judicial poderá conceder autorização válida por 2 anos, a pedido


dos pais.
Autorização será dispensável se a viagem for para o exterior, e a criança ou
adolescente (art. 84):
• estiver acompanhada de ambos os pais ou responsável;
• viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro
através de documento com firma reconhecida.

783
EXERCÍCIOS

1. Em 2019, o art. 83 da Lei n.º 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do


Adolescente) foi alterado no sentido de determinar que, assim como as crianças,
adolescentes, até determinada idade, não podem viajar para fora da comarca
onde residem desacompanhados dos pais ou responsáveis e sem expressa
autorização judicial.
Conforme esse dispositivo legal em vigor, a idade mínima a partir da qual
adolescentes podem realizar viagem interestadual desacompanhados dos pais
ou responsáveis e sem autorização judicial é de
a) doze anos, tendo sido mantido o conceito de adolescente como pessoa com
idade entre doze e dezoito anos.
b) doze anos, tendo sido alterado o conceito de adolescente para pessoa com
idade entre dez e quatorze anos.
c) quatorze anos, tendo sido alterado o conceito de adolescente para pessoa
com idade entre quatorze e vinte e um anos.
d) dezesseis anos, tendo sido alterado o conceito de adolescente para pessoa
com idade entre quatorze e vinte e um anos.
e) dezesseis anos, tendo sido mantido o conceito de adolescente como pessoa
com idade entre doze e dezoito anos.

2. Em relação às regras de autorização para viagem de crianças e adolescentes


estabelecidas no ECA (Lei Nº 8.069/1990), assinale a alternativa CORRETA.
a) A autorização judicial será exigida se a criança estiver acompanhada de
pessoa maior, mesmo que expressamente autorizada pelo pai, mãe ou
responsável.
b) Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização judicial é dispensável
se a criança ou o adolescente viajar na companhia de um dos pais, autorizado
expressamente pelo outro por meio de documento com firma reconhecida.
c) É dispensável a autorização judicial para a criança ou adolescente nascido em
território nacional que estiver de saída do país em companhia de estrangeiro
residente ou domiciliado no exterior.
d) Será exigida autorização judicial quando se tratar de comarca contígua à da
residência da criança, se na mesma unidade da federação, ou incluída na
mesma região metropolitana.

784
3. De acordo com a Lei n. 8.069/1990, a autorização para viajar não será exigida
quando: tratar-se de comarca contígua à da residência da criança ou do
adolescente menor de 16 (dezesseis) anos, se na mesma unidade da
Federação, ou incluída na mesma região metropolitana; e a criança ou o
adolescente menor de 16 (dezesseis) anos estiver acompanhado: de
ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado
documentalmente o parentesco; e de pessoa maior, expressamente autorizada
pelo pai, mãe ou responsável.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-E
2-B
3-C

DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO

As medidas de proteção a criança e ao adolescente serão aplicadas sempre que


os direitos previstos neste estatuto forem violados ou ameaçados:
• por ação ou omissão da sociedade ou do estado;
• por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsáveis;
• em razão de sua conduta.

MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO


As medidas específicas de proteção poderão ser aplicadas de forma isolada ou
cumulativa, bem como substituídas - art. 99.
Serão aplicadas levando em consideração as necessidades pedagógicas,
preferindo-se aquelas que visem ao fornecimento dos vínculos familiares e
comunitários - art. 100.

785
PRINCÍPIOS QUE REGEM A APLICAÇÃO DAS MEDIDAS:
• condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos;
• proteção integral e prioritária;
• responsabilidade primária e solidária do poder público;
• interesse superior da criança e do adolescente;
• privacidade;
• intervenção precoce;
• intervenção mínima;
• proporcionalidade e atualidade;
• responsabilidade parental;
• prevalência da família;
• obrigatoriedade de informação;
• oitiva obrigatória e participação.

Se for verificada que os direitos da criança ou do adolescente foram violados ou


sofreram ameaça de violação, a autoridade competente poderá determinar,
dentre outras medias – art.101:
• encaminhamento aos pais ou responsável mediante termo de
responsabilidade;
• orientação, apoio e acompanhamento temporário;
• matrícula e frequência obrigatória em estabelecimento oficial de ensino
fundamental;
• inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção,
apoio e promoção da família, da criança e do adolescente;
• requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime
hospitalar ou ambulatorial;
• inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e
tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
• acolhimento institucional; (medida excepcional e provisória)
• inclusão em programa de acolhimento familiar; (medida excepcional e
provisória)
• colocação em família substituta.

Quando houver abuso ou violência sexual, sem prejuízo de outras medias


emergenciais, o afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar é de
competência exclusiva da autoridade judiciária e importará na deflagração, a
pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de
procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao
responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa. (§2º)

786
Crianças e adolescentes poderão ser encaminhados a instituições que
executam programas de acolhimento institucional???
SIM!!! Mas somente por meio de uma Guia de Acompanhamento, expedida pela
autoridade judiciária, na qual, obrigatoriamente conterá, dentre outros:
• sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou responsáveis
(se conhecidos);
• o endereço de residência dos pais ou responsável, com pontos de
referência;
• os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los sob sua
guarda;
• os motivos de retirada ou não da reintegração ao convívio familiar.

PLANO INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO: Imediatamente após o acolhimento


da criança e do adolescente, a entidade responsável pelo programa de
acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano individual de
atendimento, que levará e, consideração a opinião da criança ou adolescente e
a oitiva dos pais ou responsável.

Contarão no plano individual, dentre outros:


• os resultados da avaliação interdisciplinar;
• o compromisso assumido pelos pais ou responsável;
• a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a criança ou com o
adolescente acolhidos e seus pais ou responsável, com vista na
reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por expressa
determinação judicial, as providencias a serem tomadas para a sua
colocação em família substituta, sob direta supervisão da autoridade
judiciária.

787
EXERCÍCIOS

1. O afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar para proteção,


quando vítimas de abuso sexual, é de competência exclusiva da autoridade
judiciária e importará na deflagração do pedido:
a) da família substituta.
b) do Conselho Tutelar
c) do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse.
d) do Ministério público e do Conselho de Direitos.

2. A Lei n° 8.069/90 estabelece as medidas socioeducativas aplicáveis ao autor


de ato infracional. Fixa também as garantias individuais, entre as quais: a
apreensão somente em flagrante, o recolhimento mediante ordem judicial
fundamentada, a internação provisória e o direito ao devido processo legal.
Conforme define o artigo 105 do ECA, à conduta descrita como crime ou
contravenção penal, ou seja, ao ato infracional, praticado por criança,
corresponderá a aplicação das medidas de proteção, entre elas:
a) liberdade assistida.
b) orientação, apoio e acompanhamento temporários.
c) advertência e responsabilização dos pais.
d) obrigação de reparar o dano.

3. As medidas de proteção, assim como as medidas socioeducativas, podem ser


aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer
tempo.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-C
2-B
3-C

788
ATOS INFRACIONAIS I

Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção


penal (art. 103)
Súmula nº 108 STJ: “A aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente,
pela prática de ato infracional, é da competência exclusiva do juiz.”
Os menores de 18 anos (na data do fato) são penalmente inimputáveis (art. 104).

DOS DIREITOS INDIVIDUAIS


Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato
infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente.
O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão,
devendo ser informado acerca de seus direitos. (art. 106)
A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão
incontinenti comunicados (art.107):
• autoridade judiciária;
• família ou pessoa por ele indicada.

A possibilidade de liberação imediata será examinada desde logo e sob pena de


responsabilidade. A internação antes da sentença poderá ser determinada pelo
prazo máximo de 45 dias (art.108).
Lembrando que essa decisão deverá ser fundamentada baseando-se em
indiciosos de autoria e materialidade, demonstrada sempre a necessidade
imperiosa dessa medida.
O adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação
compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo - para efeito de
confrontação, havendo dúvida fundada. (art.109).

DAS GARANTIAS PROCESSUAIS


Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal
(art.110).
Entre outras garantias, será garantido ao adolescente (art.111):
• pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante
citação ou meio equivalente;

789
• igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e
testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa;
• defesa técnica por advogado;
• assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei;
• direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;
• direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer
fase do procedimento.

DAS MEDIAS SOCIOEDUCATIVAS


Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar
ao adolescente as seguintes medidas (art.112):
• advertência;
• obrigação de reparar o dano;
• prestação de serviço a comunidade;
• liberdade assistida;
• inserção em regime de semiliberdade;
• internação em estabelecimento educacional
• qualquer das medidas previstas no art. 101, i a vi

A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-


la, as circunstâncias e a gravidade da infração.
Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho
forçado.
Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão
tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.

EXERCÍCIOS

1. O Estatuto da Criança e do Adolescente assegura, entre outras, a seguinte


garantia processual ao adolescente:
a) terá o direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer
fase do procedimento.
b) terá direito a um advogado, mas poderá dispensá-lo quando decidir fazer
acordo com o Promotor de Justiça
c) em nenhum momento poderá confrontar-se com vítimas e testemunhas de
acusação no processo judicial.

790
d) nenhum adolescente será preso sem ordem escrita do Juiz ou do Delegado
de Polícia.
e) não poderá ser apreendido pelo simples cometimento de ato infracional,
somente podendo ser preso em flagrante delito.

2. Aristarco tinha 17 anos de idade e praticou uma conduta descrita como crime
no Código Penal. Mas a Polícia, após um período de investigações, veio a detê-
lo por conta do referido delito somente quanto ele já havia completado 18 anos
de idade. Nessa situação hipotética, o Estatuto da Criança e do Adolescente
estabelece que Aristarco
a) terá que ser libertado imediatamente pelo juiz, uma vez que somente poderia
ter sido detido antes de atingir a maioridade.
b) não poderá sofrer qualquer punição, uma vez que o crime prescreveu quando
atingiu a maioridade.
c) era inimputável à época do fato criminoso e não será punido pelo Estatuto na
referida hipótese.
d) ficará sujeito às medidas previstas no Estatuto pelo ato cometido, pois é
considerada a sua idade à data do fato.
e) ficará sujeito às penas previstas no Código Penal pelo ato que cometeu, uma
vez que foi preso quando já era maior de idade.

3. Crianças e adolescentes que cometam atos infracionais estão sujeitas a


medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Certo ( ) Errado ( )

4. Em qualquer fase do procedimento relativo à prática de ato infracional, o


adolescente possui o direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-A
2-D
3-E
4-C

791
ATOS INFRACIONAIS II

DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

ADVERTÊNCIA – art. 115


Consistirá em admoestação verbal que será reduzida a termo e assinada.

OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO – art. 116


Se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá
determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o
ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
Se houver manifesta impossibilidade, poderá, essa medida, ser substituída por
outra adequada.

PRESTAÇÃO DE SERVIÇO A COMUNIDADE – art.117


A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas
de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades
assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem
como em programas comunitários ou governamentais.
As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser
cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados,
domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à
escola ou à jornada normal de trabalho.

DA LIBERDADE ASSISTIDA – art. 118


A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais
adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual
poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.
A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a
qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida,
ouvido:
• o orientador
• MP

792
• defensor

Incumbe ao ORIENTADOR, com o apoio e a supervisão da autoridade


competente, a realização dos seguintes encargos, entre outros:
• promover socialmente o adolescente a sua família, fornecendo-lhes
orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou
comunitário de auxílio e assistência social;
• supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente,
promovendo, inclusive, sua matrícula;
• diligenciar o sentido da profissionalização do adolescente e de sua
inserção no mercado de trabalho;
• apresentar relatório do caso.

DO REGIME DE SEMILIBERDADE – art. 120


O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma
de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades
externas, independentemente de autorização judicial.
São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que
possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade.
A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as
disposições relativas à internação.

INTERNAÇÃO – art. 121


A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios da:
• brevidade
• excepcionalidade
• respeito a condição peculiar da pessoa em desenvolvimento

Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica


da entidade, salvo - expressa determinação judicial em contrário.
A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser
reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.
Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos.
Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser
liberado, colocado em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida.
A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.

793
Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial,
ouvido o Ministério Público.
A determinação judicial mencionada no §1º (da impossibilidade de realização de
atividades externas) poderá ser revista a qualquer tempo pela autoridade
judiciária.

A medida de internação só poderá ser aplicada quando:


• tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência
a pessoa;
• por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
• descumprimento reiterado e injustificado da medida anteriormente
imposta

CUIDADO!!! O Prazo para internação, na hipótese de descumprimento reiterado


e injustificado da medida anteriormente imposta, não poderá ser superior a 3
meses, devendo ser decretada judicialmente depois do devido processo legal.

Em NENHUMA HIPÓTESE será aplicada a internação, havendo outra medida


adequada. São direitos do adolescente privado de liberdade, dentre outros:
• entrevistar-se pessoalmente com o representante do ministério público;
• peticionar diretamente a qualquer autoridade;
• avistar-se reservadamente com o seu defensor;
• ser informado da sua situação processual sempre que solicitada;
• ser tratado com respeito e dignidade;
• permanecer internado na mesma localidade ou na mais próxima da
residência de seus pais ou responsável;
• receber visita, ao menos, semanalmente;
• corresponder-se com seus familiares e amigos;
• ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;
• habitar alojamentos em condições adequadas de higiene e salubridade;
• receber escolarização e profissionalização;
• realizar atividades culturais, esportivas e de lazer;
• ter acesso aos meios de comunicação social;
• receber assistência religiosa, segundo a sua crença e desde que assim
deseje;
• manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para
guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em
poder da entidade;
• receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais
indispensáveis a vida em sociedade.

794
Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive, de
pais ou responsável, se existirem motivos sérios e fundamentados de sua
prejudicialidade ao interesse do adolescente.
Súmula 492 STJ. O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não
conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação
do adolescente.

EXERCÍCIO

1. A internação do adolescente constitui medida privativa de liberdade, sujeita


aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de
pessoa em desenvolvimento. E, em nenhuma hipótese, o período máximo de
internação excederá a:
a) cinco meses.
b) três anos.
c) um ano e meio.
d) um ano e 45 dias.

2. A medida socioeducativa de internação constitui medida privativa da


liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, e comporta o prazo mínimo
de seis meses.
Certo ( ) Errado ( )

3. Segundo entendimento do STJ, o adolescente apreendido em flagrante de ato


infracional análogo ao tráfico de entorpecentes não ficará necessariamente
sujeito à imposição de medida socioeducativa de internação.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-B
2-E
3-C

795
Lei n° 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente)

Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de


atenção à saúde de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas,
na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à
parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de
nascimento, onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do
neonato:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.

a) Sujeito Ativo – o delito em comento tem como sujeito ativo o sujeito


encarregado do serviço ou o dirigente de estabelecimento que tinha a função,
mas deixa de cumprir as obrigações previstos no art. 10 do Estatuto da Criança
e do Adolescente, violando assim o seu dever de agir.
Obs. Não é qualquer encarregado, mas aquele que tem o dever de cumprir as
obrigações.

b) Sujeito Passivo – a criança.


c) Crime omissivo – trata-se de crime omissivo, o agente deixa de fazer uma
ação que deveria.
d) Consumação – consuma-se com a mera omissão do agente, pois se trata de
crime omissivo próprio.
e) Modalidade culposa – em seu parágrafo único, o legislador trouxe a previsão
da modalidade culposa do delito. Nessa situação, a pena é menor em
decorrência da menor reprovabilidade da conduta.

Troca e bebês e descumprimento do art. 10 do Estatuto da Criança e do


Adolescente
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de
atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a
parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames
referidos no art. 10 desta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo:

796
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.

a) Sujeito Ativo – trata-se de crime próprio, de forma que, o sujeito ativo


somente pode ser o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de
atenção à saúde de gestante. Contudo, não é qualquer médico, enfermeiro ou
dirigente, mas aquele que tem, no caso específico, o dever de identificar
corretamente o neonato e o parturiente.
b) Sujeito Passivo – a criança e a parturiente.
c) Crime omissivo – trata-se de crime omissivo, o agente deixa de fazer uma
ação que deveria. In casu, o agente deixa de identificar corretamente o neonato
e a parturiente, por ocasião do parto ou ainda, deixa de proceder os exames
previstos no art. 10, violando assim o seu dever de agir.
d) Conduta – com o tipo penal em estudo, o legislador buscou evitar a chamada
troca de bebês. Além disso, criminalizou a conduta de não realização dos
exames contidos ao teor do art. 10, III, do Estatuto da Criança e do Adolescente.
e) Consumação – consuma-se com a mera omissão do agente, trata-se de
crime omissivo próprio.
f) Modalidade culposa – assim como fez com o tipo penal do art. 228, o tipo
penal em estudo previu a modalidade culposa

Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua


apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita
da autoridade judiciária competente:
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem
observância das formalidades legais.

a) Sujeito Ativo – qualquer pessoa.


b) Sujeito Passivo – a criança ou o adolescente.
c) Crime omissivo – trata-se de crime omissivo, o agente deixa de fazer uma
ação que deveria.
d) Conduta – o delito pune a conduta de privar a liberdade da criança ou do
adolescente sem que exista situação de flagrância ou ainda, ordem escrita
fundamenta autorizando a medida.

O tipo penal em comento busca proteger a norma prevista no art. 106 do ECA.
Vejamos:

797
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante
de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente.
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis
pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.

e) Consumação – consuma-se com a efetiva privação da liberdade do menor.


Trata-se de crime material.
e) Principio da especialidade – o tipo penal em comento é especial em relação
ao crime previsto na lei de abuso de autoridade. Nesse sentido, preleciona
Gabriel Habib

Crimes Ligados aos Procedimentos de apuração do Ato Infracional


Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo a sua
apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita
da autoridade judiciaria competente:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede a apreensão sem
observância das formalidades legais.

Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou


adolescente de fazer imediata comunicação a autoridade judiciaria competente
e a família do apreendido ou a pessoa por ele indicada:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou


vigilância a vexame ou a constrangimento:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a


imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da
ilegalidade da apreensão:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em benefício de


adolescente privado de liberdade:

798
Pena – detenção de seis meses a dois anos.

Crime que Dificulta Ação Judiciaria, do Conselho Tutelar e Ministério


Publico
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciaria, membro do
Conselho Tutelar ou representante do Ministério Público no exercício de função
prevista nesta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Vinculados a Colocação Irregular em Família Substituta


Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua
guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar
substituto:
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.

Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante


paga ou recompensa:
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou efetiva a paga ou
recompensa.

Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança


ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou
com o fito de obter lucro:
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.

Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude:


Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente a
violência.

799
Crimes Diversos

Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer
meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou
adolescente:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

§ 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de


qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas
referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracena.

§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime


I. No exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exerce-la;
II. Prevalecendo-se de relações domesticas, de coabitação ou de hospitalidade;
ou
III. prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo ou afim até o
terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima
ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu
consentimento.

Art. 241. Vender ou expor a venda fotografia, vídeo ou outro registro que
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

Art. 241 - A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou


divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou
telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:


I. Assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas
ou imagens de que trata o caput deste artigo;

800
II. Assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores as
fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo.

§ 2o o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste artigo são puníveis


quando o responsável legal pela prestação do serviço, oficialmente notificado,
deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo.

Art. 241 - B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo
ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
envolvendo criança ou adolescente:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

§ 1o A pena e diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade


o material a que se refere o caput deste artigo.

§ 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de


comunicar as autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas nos
Arts. 240, 241, 241- A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por:
I. Agente público no exercício de suas funções;
II. Membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas
finalidades institucionais, o recebimento, o processamento e o encaminhamento
de noticia dos crimes referidos neste parágrafo;
III. Representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou
serviço prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do
material relativo a notícia feita a autoridade policial, ao Ministério Público ou ao
Poder Judiciário.

§ 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão manter sob sigilo o


material ilícito referido.
Art. 241 - C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo
explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de
fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe a venda,
disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou
armazena o material produzido na forma do caput deste artigo.

801
Art. 241 - D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de
comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:


I. Facilita ou induz o acesso a criança de material contendo cena de sexo
explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso;
II. Pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir
criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explicita.

Art. 241 - E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de
sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação que envolva
criança ou adolescente em atividades sexuais explicitas, reais ou simuladas, ou
exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins
primordialmente sexuais.

Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer


forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.

Art. 243. Vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de


qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos
componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por
utilização indevida:
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato nao constitui
crime mais grave.

Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer


forma, a criança ou adolescente fogos de estampido ou de artificio, exceto
aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer
dano físico em caso de utilização indevida:
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.

Art. 244 - A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do


Art. 2o desta Lei, a prostituição ou a exploração sexual:
Pena - reclusão de quatro a dez anos, e multa.

802
§ 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo
local em que se verifique a submissão de criança ou adolescente as práticas
referidas no caput deste artigo.

§ 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de


localização e de funcionamento do estabelecimento.

Art. 244 - B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos,


com ele praticando infração penal ou induzindo-o a pratica-la:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

§ 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas
ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de
bate-papo da internet.

§ 2o As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um terço no


caso de a infração cometida ou induzida estar incluída no rol do Art. 1o da Lei no
8.072, de 25 de julho de 1990.

Das Infrações Administrativas


As infrações tem natureza administrativa como consequência de violação dos
direitos da criança e adolescente, punível com multa.

São as infrações:
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de
atenção a saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar
a autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo
suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando- se o dobro em
caso de reincidência.

Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de atendimento o


exercício dos direitos constantes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do Art. 124 desta
Lei:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso
de reincidência.

803
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer
meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial,
administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato
infracional:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso
de reincidência.

§ 1o Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de


criança ou adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que
lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir
sua identificação, direta ou indiretamente.

§ 2o Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou


televisão, além da pena prevista neste artigo, a autoridade judiciaria poderá
determinar a apreensão da publicação ou a suspensão da programação da
emissora até por dois dias, bem como da publicação do periódico até por dois
números. (Expressão declara inconstitucional pela ADIN 869-2).

§ 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo


local em que se verifique a submissão de criança ou adolescente as práticas
referidas no caput deste artigo.

§2o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de


localização e de funcionamento do estabelecimento.

Art. 244 - B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos,


com ele praticando infração penal ou induzindo-o a pratica-la:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

§ 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas
ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de
bate-papo da internet.
§ 2o As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um terço no
caso de a infração cometida ou induzida estar incluída no rol do Art. 1o da Lei no
8.072, de 25 de julho de 1990.

804
Das Infrações Administrativas
As infrações tem natureza administrativa como consequência de violação dos
direitos da criança e adolescente, punível com multa.

São as infrações:
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de
atenção a saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar
a autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo
suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando- se o dobro em
caso de reincidência.

Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de atendimento o


exercício dos direitos constantes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do Art. 124 desta
Lei: Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em
caso de reincidência.

Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer
meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial,
administrativo ou judicial relativo à criança ou adolescente a que se atribua ato
infracional:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso
de reincidência.

§ 1o Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de


criança ou adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que
lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir
sua identificação, direta ou indiretamente.

§ 2o Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou


televisão, além da pena prevista neste artigo, a autoridade judiciaria poderá
determinar a apreensão da publicação ou a suspensão da programação da
emissora até por dois dias, bem como da publicação do periódico até por dois
números. (Expressão declara inconstitucional pela ADIN 869-2).

do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por ate quinze dias.

805
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de programação em
vídeo, em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente:
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a
autoridade judiciaria poderá determinar o fechamento do estabelecimento por
ate quinze dias.

Art. 257. Descumprir obrigação constante dos Arts. 78 e 79 desta Lei:


Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando-se a pena em
caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da revista ou publicação.

Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o empresário de


observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso de criança ou adolescente aos
locais de diversão, ou sobre sua participação no espetáculo:
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a
autoridade judiciaria poderá determinar o fechamento do estabelecimento por
ate quinze dias.

Art. 258 - A. Deixar a autoridade competente de providenciar


a instalação e operacionalização dos cadastros previstos no Art. 50 e no § 11 do
Art. 101 desta Lei: Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três
mil reais).
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade que deixa de efetuar
o cadastramento de crianças e de adolescentes em condições de serem
adotadas, de pessoas ou casais habilitados a adoção e de crianças e
adolescentes em regime de acolhimento institucional ou familiar.

Art. 258 - B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de


atenção à saúde de gestante de efetuar imediato encaminhamento a autoridade
judiciaria de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada
em entregar seu filho para adoção:
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais).
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de programa oficial ou
comunitário destinado a garantia do direito a convivência familiar que deixa de
efetuar a comunicação referida no caput deste artigo.

806
EXERCÍCIO

1. A configuração do crime de venda ou fornecimento de fogos de estampido ou


de artifício a criança ou adolescente independe da prova da efetiva corrupção do
menor, por se tratar de delito formal.
Certo ( ) Errado ( )

2. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena
de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: Pena –
reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-C
2-C

DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO

As medidas de proteção a criança e ao adolescente serão aplicadas sempre que


os direitos previstos neste estatuto forem violados ou ameaçados:
• por ação ou omissão da sociedade ou do estado;
• por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsáveis;
• em razão de sua conduta.

MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO


As medidas específicas de proteção poderão ser aplicadas de forma isolada ou
cumulativa, bem como substituídas - art. 99.
Serão aplicadas levando em consideração as necessidades pedagógicas,
preferindo-se aquelas que visem ao fornecimento dos vínculos familiares e

807
comunitários - art. 100.

PRINCÍPIOS QUE REGEM A APLICAÇÃO DAS MEDIDAS:


• condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos;
• proteção integral e prioritária;
• responsabilidade primária e solidária do poder público;
• interesse superior da criança e do adolescente;
• privacidade;
• intervenção precoce;
• intervenção mínima;
• proporcionalidade e atualidade;
• responsabilidade parental;
• prevalência da família;
• obrigatoriedade de informação;
• oitiva obrigatória e participação.

Se for verificada que os direitos da criança ou do adolescente foram violados ou


sofreram ameaça de violação, a autoridade competente poderá determinar,
dentre outras medias – art.101:
• encaminhamento aos pais ou responsável mediante termo de
responsabilidade;
• orientação, apoio e acompanhamento temporário;
• matrícula e frequência obrigatória em estabelecimento oficial de ensino
fundamental;
• inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção,
apoio e promoção da família, da criança e do adolescente;
• requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime
hospitalar ou ambulatorial;
• inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e
tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
• acolhimento institucional; (medida excepcional e provisória)
• inclusão em programa de acolhimento familiar; (medida excepcional e
provisória)
• colocação em família substituta.

Quando houver abuso ou violência sexual, sem prejuízo de outras medias


emergenciais, o afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar é de
competência exclusiva da autoridade judiciária e importará na deflagração, a
pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de
procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao
responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa. (§2º)

808
Crianças e adolescentes poderão ser encaminhados a instituições que
executam programas de acolhimento institucional???
SIM!!! Mas somente por meio de uma Guia de Acompanhamento, expedida pela
autoridade judiciária, na qual, obrigatoriamente conterá, dentre outros:
• sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou responsáveis
(se conhecidos);
• o endereço de residência dos pais ou responsável, com pontos de
referência;
• os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los sob sua
guarda;
• os motivos de retirada ou não da reintegração ao convívio familiar.

PLANO INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO: Imediatamente após o acolhimento


da criança e do adolescente, a entidade responsável pelo programa de
acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano individual de
atendimento, que levará e, consideração a opinião da criança ou adolescente e
a oitiva dos pais ou responsável.
Contarão no plano individual, dentre outros:
• os resultados da avaliação interdisciplinar;
• o compromisso assumido pelos pais ou responsável;
• a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a criança ou com o
adolescente acolhidos e seus pais ou responsável, com vista na
reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por expressa
determinação judicial, as providencias a serem tomadas para a sua
colocação em família substituta, sob direta supervisão da autoridade
judiciária.

809
EXERCÍCIOS

1. O afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar para proteção,


quando vítimas de abuso sexual, é de competência exclusiva da autoridade
judiciária e importará na deflagração do pedido:
a) da família substituta.
b) do Conselho Tutelar
c) do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse.
d) do Ministério público e do Conselho de Direitos.

2. A Lei n° 8.069/90 estabelece as medidas socioeducativas aplicáveis ao autor


de ato infracional. Fixa também as garantias individuais, entre as quais: a
apreensão somente em flagrante, o recolhimento mediante ordem judicial
fundamentada, a internação provisória e o direito ao devido processo legal.
Conforme define o artigo 105 do ECA, à conduta descrita como crime ou
contravenção penal, ou seja, ao ato infracional, praticado por criança,
corresponderá a aplicação das medidas de proteção, entre elas:
a) liberdade assistida.
b) orientação, apoio e acompanhamento temporários.
c) advertência e responsabilização dos pais.
d) obrigação de reparar o dano.

3. As medidas de proteção, assim como as medidas socioeducativas, podem ser


aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer
tempo.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-C
2-B
3-C

810
DA PREVENÇÃO

É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da


criança e do adolescente. (art. 70)
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão atuar de forma
articulada na elaboração de políticas públicas e na execução de ações
destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante
e difundir formas não violentas de educação de crianças e de adolescentes,
tendo como principais ações (art.71):
• a promoção de campanhas educativas permanentes para a divulgação do
direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o
uso de castigo físico ou te tratamento cruel ou degradante e dos
instrumentos de proteção aos direitos humanos;
• a integração com os órgãos do poder judiciário, do MP, e da DP, com o
conselho tutelar, com o conselho de direitos da criança e do adolescente
e com as entidades não governamentais que atuam na promoção,
proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente;
• a formação continuada e a capacitação dos profissionais de saúde,
educação e assistência social e dos demais agentes que atuam na
promoção, proteção e defesa dos direitos das crianças e adolescentes
• a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a garantir os seus
direitos a promoção de espaços intersetoriais locais para articulação de
ações e a elaboração de planos de atuação conjunta focados nas famílias
em situação de violência.

A criança e o adolescente têm direito à informação, cultura, lazer, esportes,


diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua condição
peculiar de pessoa em desenvolvimento. (Art. 71)
A inobservância das normas de prevenção importará em responsabilidade da
pessoa física ou jurídica (Art. 73).

DA PREVENÇÃO ESPECIAL
Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões e espetáculos públicos
classificados como adequados à sua faixa etária. (Art. 75)
OBS: As crianças menores de dez anos somente poderão ingressar e
permanecer nos locais de apresentação ou exibição quando acompanhadas dos
pais ou responsável.
Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de empresas que explorem
a venda ou aluguel de fitas de programação em vídeo cuidarão para que não

811
haja venda ou locação em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão
competente (Art. 77)
Os responsáveis por estabelecimentos que explorem comercialmente bilhar,
sinuca ou congênere ou por casas de jogos, assim entendidas as que realizem
apostas, ainda que eventualmente, cuidarão para que não seja permitida a
entrada e a permanência de crianças e adolescentes no local, afixando aviso
para orientação do público (Art. 80)

PRODUTOS E SERVIÇOS
• é proibida a venda a criança ou adolescente de (art. 81):
• arma, munição, explosivo; bebidas alcoólicas;
• produtos cujos componentes possam causar dependência física ou
psíquica ainda que por utilização indevida;
• fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido
potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de
utilização indevida;
• revistas e publicações com conteúdo impróprio;
• bilhetes lotéricos e equivalentes;

OBS: É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel,


pensão ou estabelecimento congênere,
salvo - autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.

AUTORIZAÇÃO PRA VIAJAR


Nenhuma criança ou adolescente menor de 16 anos poderá viajar para fora da
comarca onde reside desacompanhado dos pais ou dos responsáveis sem
expressa autorização judicial (art. 83) – Lei 13.812/2019

A autorização não será exigida quando:


• comarca contígua a da residência da criança ou do adolescente menor de
16 anos se na mesma unidade da federação, ou incluída na mesma região
metropolitana;
• a criança ou adolescente menor de 16 anos que estiver acompanhado:
• ascendente ou colateral maior, até o 3º grau – comprovado
documentalmente o parentesco;
• pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.

812
A autoridade judicial poderá conceder autorização válida por 2 anos, a pedido
dos pais. Autorização será dispensável se a viagem for para o exterior, e a
criança ou adolescente (art. 84):
• estiver acompanhada de ambos os pais ou responsável;
• viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro
através de documento com firma reconhecida.

EXERCÍCIOS

1. Em 2019, o art. 83 da Lei n.º 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do


Adolescente) foi alterado no sentido de determinar que, assim como as crianças,
adolescentes, até determinada idade, não podem viajar para fora da comarca
onde residem desacompanhados dos pais ou responsáveis e sem expressa
autorização judicial. Conforme esse dispositivo legal em vigor, a idade mínima a
partir da qual adolescentes podem realizar viagem interestadual
desacompanhados dos pais ou responsáveis e sem autorização judicial é de
a) doze anos, tendo sido mantido o conceito de adolescente como pessoa com
idade entre doze e dezoito anos.
b) doze anos, tendo sido alterado o conceito de adolescente para pessoa com
idade entre dez e quatorze anos.
c) quatorze anos, tendo sido alterado o conceito de adolescente para pessoa
com idade entre quatorze e vinte e um anos.
d) dezesseis anos, tendo sido alterado o conceito de adolescente para pessoa
com idade entre quatorze e vinte e um anos.
e) dezesseis anos, tendo sido mantido o conceito de adolescente como pessoa
com idade entre doze e dezoito anos.

2. Em relação às regras de autorização para viagem de crianças e adolescentes


estabelecidas no ECA (Lei Nº 8.069/1990), assinale a alternativa CORRETA.
a) A autorização judicial será exigida se a criança estiver acompanhada de
pessoa maior, mesmo que expressamente autorizada pelo pai, mãe ou
responsável.
b) Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização judicial é dispensável
se a criança ou o adolescente viajar na companhia de um dos pais, autorizado
expressamente pelo outro por meio de documento com firma reconhecida.

813
c) É dispensável a autorização judicial para a criança ou adolescente nascido em
território nacional que estiver de saída do país em companhia de estrangeiro
residente ou domiciliado no exterior.
d) Será exigida autorização judicial quando se tratar de comarca contigua à da
residência da criança, se na mesma unidade da federação, ou incluída na
mesma região metropolitana.

3. De acordo com a Lei n. 8.069/1990, a autorização para viajar não será exigida
quando: tratar-se de comarca contigua à da residência da criança ou do
adolescente menor de 16 (dezesseis) anos, se na mesma unidade da
Federação, ou incluída na mesma região metropolitana; e a criança ou o
adolescente menor de 16 (dezesseis) anos estiver acompanhado: de
ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado
documentalmente o parentesco; e de pessoa maior, expressamente autorizada
pelo pai, mãe ou responsável.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-E
2-B
3-C

814
ATOS INFRACIONAIS I

Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção


penal (art. 103)
Súmula nº 108 STJ: “A aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente,
pela prática de ato infracional, é da competência exclusiva do juiz.”
Os menores de 18 anos (na data do fato) são penalmente inimputáveis (art. 104).

DOS DIREITOS INDIVIDUAIS


Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato
infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente.
O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão,
devendo ser informado acerca de seus direitos. (art. 106)
A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão
incontinenti comunicados (art.107):
• autoridade judiciária;
• família ou pessoa por ele indicada.

A possibilidade de liberação imediata será examinada desde logo e sob pena de


responsabilidade.
A internação antes da sentença poderá ser determinada pelo prazo máximo de
45 dias (art.108). Lembrando que essa decisão deverá ser fundamentada
baseando-se em indiciosos de autoria e materialidade, demonstrada sempre a
necessidade imperiosa dessa medida.
O adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação
compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo - para efeito de
confrontação, havendo dúvida fundada. (art.109).

DAS GARANTIAS PROCESSUAIS


Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal
(art.110).
Entre outras garantias, será garantido ao adolescente (art.111):
• pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante
citação ou meio equivalente;

815
• igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e
testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa;
• defesa técnica por advogado;
• assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei;
• direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;
• direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer
fase do procedimento.

DAS MEDIAS SOCIOEDUCATIVAS


Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar
ao adolescente as seguintes medidas (art.112):
• advertência;
• obrigação de reparar o dano;
• prestação de serviço a comunidade;
• liberdade assistida;
• inserção em regime de semiliberdade;
• internação em estabelecimento educacional;
• qualquer das medidas previstas no art. 101, i a vi

A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-


la, as circunstâncias e a gravidade da infração.
Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho
forçado.
Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão
tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.

EXERCÍCIOS

1. O Estatuto da Criança e do Adolescente assegura, entre outras, a seguinte


garantia processual ao adolescente:
a) terá o direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer
fase do procedimento.
b) terá direito a um advogado, mas poderá dispensá-lo quando decidir fazer
acordo com o Promotor de Justiça
c) em nenhum momento poderá confrontar-se com vítimas e testemunhas de
acusação no processo judicial.

816
d) nenhum adolescente será preso sem ordem escrita do Juiz ou do Delegado
de Polícia.
e) não poderá ser apreendido pelo simples cometimento de ato infracional,
somente podendo ser preso em flagrante delito.

2. Aristarco tinha 17 anos de idade e praticou uma conduta descrita como crime
no Código Penal. Mas a Polícia, após um período de investigações, veio a detê-
lo por conta do referido delito somente quanto ele já havia completado 18 anos
de idade. Nessa situação hipotética, o Estatuto da Criança e do Adolescente
estabelece que Aristarco
a) terá que ser libertado imediatamente pelo juiz, uma vez que somente poderia
ter sido detido antes de atingir a maioridade.
b) não poderá sofrer qualquer punição, uma vez que o crime prescreveu quando
atingiu a maioridade.
c) era inimputável à época do fato criminoso e não será punido pelo Estatuto na
referida hipótese.
d) ficará sujeito às medidas previstas no Estatuto pelo ato cometido, pois é
considerada a sua idade à data do fato.
e) ficará sujeito às penas previstas no Código Penal pelo ato que cometeu, uma
vez que foi preso quando já era maior de idade.

3. Crianças e adolescentes que cometam atos infracionais, estão sujeitas a


medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Certo ( ) Errado ( )

4. Em qualquer fase do procedimento relativo à prática de ato infracional, o


adolescente possui o direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-A
2-D
3-E
4-C

817
ATOS INFRACIONAIS II

DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

ADVERTÊNCIA – art. 115


Consistirá em admoestação verbal que será reduzida a termo e assinada.

OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO – art. 116


Se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá
determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o
ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
Se houver manifesta impossibilidade, poderá, essa medida, ser substituída por
outra adequada.

PRESTAÇÃO DE SERVIÇO A COMUNIDADE – art.117


A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas
de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades
assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem
como em programas comunitários ou governamentais.
As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser
cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados,
domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à
escola ou à jornada normal de trabalho.

DA LIBERDADE ASSISTIDA – art. 118


A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais
adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual
poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.
A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a
qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida,
ouvido:
• o orientador
• mp
• defensor

818
Incumbe ao ORIENTADOR, com o apoio e a supervisão da autoridade
competente, a realização dos seguintes encargos, entre outros:
• promover socialmente o adolescente a sua família, fornecendo-lhes
orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou
comunitário de auxílio e assistência social;
• supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente,
promovendo, inclusive, sua matrícula;
• diligenciar o sentido da profissionalização do adolescente e de sua
inserção no mercado de trabalho;
• apresentar relatório do caso.

O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma


de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades
externas, independentemente de autorização judicial.
São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que
possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade.
A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as
disposições relativas à internação.

INTERNAÇÃO – art. 121


A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios da:
• brevidade
• excepcionalidade
• respeito a condição peculiar da pessoa em desenvolvimento

Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica


da entidade, salvo - expressa determinação judicial em contrário.
A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser
reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.
Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos.
Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser
liberado, colocado em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida.
A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.
Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial,
ouvido o Ministério Público.

819
A determinação judicial mencionada no §1º (da impossibilidade de realização de
atividades externas) poderá ser revista a qualquer tempo pela autoridade
judiciária.

A medida de internação só poderá ser aplicada quando:


• tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência
a pessoa;
• por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
• descumprimento reiterado e injustificado da medida anteriormente
imposta

CUIDADO!!! O Prazo para internação, na hipótese de descumprimento reiterado


e injustificado da medida anteriormente imposta, não poderá ser superior a 3
meses, devendo ser decretada judicialmente depois do devido processo legal.

Em NENHUMA HIPÓTESE será aplicada a internação, havendo outra medida


adequada. São direitos do adolescente privado de liberdade, dentre outros:
• entrevistar-se pessoalmente com o representante do ministério público;
• peticionar diretamente a qualquer autoridade;
• avistar-se reservadamente com o seu defensor;
• ser informado da sua situação processual sempre que solicitada;
• ser tratado com respeito e dignidade;
• permanecer internado na mesma localidade ou na mais próxima da
residência de seus pais ou responsável;
• receber visita, ao menos, semanalmente; corresponder-se com seus
familiares e amigos;
• ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;
• habitar alojamentos em condições adequadas de higiene e salubridade;
• receber escolarização e profissionalização;
• realizar atividades culturais, esportivas e de lazer;
• ter acesso aos meios de comunicação social;
• receber assistência religiosa, segundo a sua crença e desde que assim
deseje;
• manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para
guardá-los,
• recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da
entidade;
• receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais
indispensáveis a vida em sociedade.

820
Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive, de
pais ou responsável, se existirem motivos sérios e fundamentados de sua
prejudicialidade ao interesse do adolescente.

Súmula 492 STJ. O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não
conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação
do adolescente.

EXERCÍCIOS

1. A internação do adolescente constitui medida privativa de liberdade, sujeita


aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de
pessoa em desenvolvimento. E, em nenhuma hipótese, o período máximo de
internação excederá a:
a) cinco meses.
b) três anos.
c) um ano e meio.
d) um ano e 45 dias.

2. A medida socioeducativa de internação constitui medida privativa da


liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, e comporta o prazo mínimo
de seis meses.
Certo ( ) Errado ( )

3. Segundo entendimento do STJ, o adolescente apreendido em flagrante de ato


infracional análogo ao tráfico de entorpecentes não ficará necessariamente
sujeito à imposição de medida socioeducativa de internação.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-B 2-E
3-C

821
DAS MEDIAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁVEIS E DO
CONSELHO TUTELAR

DAS MEDIAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁVEIS

São medidas aplicadas aos pais ou responsáveis – art. 129:


• encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de
proteção, apoio e formação da família;
• inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e
tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
• encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
• encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
• encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
• obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e
aproveitamento escolar;
• obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento
especializado;
• advertência;
• perda da guarda;
• destituição de tutela;
• suspensão ou destituição do poder familiar.

Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos


pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida
cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum.
Da medida cautelar constará, ainda, a fixação provisória dos alimentos de que
necessitem a criança ou o adolescente dependente do agressor.

CONSELHO TUTELAR
O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional,
encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança
e do adolescente.
Em cada Município e em casa Região Administrativa do DF, haverá, no mínimo,
1 (um) Conselho Tutelar como órgão integrante da administração pública local,
composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato
de 4 (quatro) anos, permitida recondução por novos processos de escolha - Lei
nº 13.824, de 2019
Para candidatar-se como membro do Conselho Tutelar, serão exigidos os
seguintes requisitos:

822
• reconhecida a idoneidade moral;
• idade superior a 21 anos;
• residir no município.

Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e horário de funcionamento do


Conselho Tutelar, inclusive quanto à remuneração dos respectivos membros,
aos quais é assegurado o direito a:
• cobertura previdenciária;
• gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 do valor da
remuneração mensal;
• licença maternidade;
• licença paternidade;
• gratificação natalina.

ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO TUTELAR – art.136


• atender as crianças e adolescentes;
• atender e aconselhar os pais ou responsável;
• promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço
social, previdência, trabalho e segurança;
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de
descumprimento injustificado de suas deliberações;
• encaminhar ao MP notícias de fato que constituam infração administrativa
ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;
• encaminhar a autoridade judiciária os casos de sua competência;
• providenciar as medidas estabelecidas pela autoridade judiciária dentre
as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato
infracional;
• expedir notificações;
• requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança e adolescente,
sempre que necessário;
• assessorar o poder executivo local na elaboração de proposta
orçamentária para programas e planos de atendimento;
• representar, em nome da pessoa e da família, contra violação de direitos;
• representar ao MP para efeitos das ações de perda ou suspensão do
poder familiar, após esgotadas as possibilidades de manutenção junto a
família natural;
• promover e incentivar, nas comunidades e nos grupos profissionais,
ações
• de divulgação e treinamento para o reconhecimento de sintomas de
maus-tratos em criança e adolescente;

823
Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário o
afastamento do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério
Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento e as
providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da família.
As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revistas pela autoridade
judiciária a pedido de quem tenha legítimo interesse.

ESCOLHA DOS CONSELHEIROS – art. 139


O processo para a escolha dos membros do Conselho Tutelar será estabelecido
em lei municipal e realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do Ministério Público.
O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar ocorrerá em data
unificada em todo o território nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro
domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial.
A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de janeiro do ano
subsequente ao processo de escolha.
No processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar, é vedado ao
candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor bem ou vantagem
pessoal de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno valor.

IMPEDIMENTOS – art. 140


São impedidos de servir no mesmo Conselho marido e mulher, ascendentes e
descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio
e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.
Estende-se o impedimento do conselheiro, em relação à autoridade judiciária e
ao representante do Ministério Público com atuação na Justiça da Infância e da
Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou distrital.

824
EXERCÍCIOS

1. Liliana é docente de uma escola de Ensino Fundamental, e uma de suas


alunas, de 9 anos, apareceu com alguns hematomas pelo corpo. Quando
questionada, disse à professora que havia se machucado em uma queda. Com
jeito, Liliana conseguiu que a menina lhe contasse que havia recebido uma surra
do padrasto por ter quebrado dois pratos que estavam sobre a mesa.
O Estatuto da Criança e do Adolescente considera que, quando a escola toma
ciência de que algum de seus alunos foi vítima de maus-tratos, como o relatado,
cabe ao dirigente do estabelecimento comunicar esse fato
a) à Polícia.
n) ao Conselho Tutelar.
c) à Secretaria da Educação do Município.
d) ao Ministério Público.
e) ao Centro de Defesa da Criança e do Adolescente.

2. O Conselho Tutelar é um órgão permanente e autônomo, não jurisdicional,


encarregado de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente
previstos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
Certo ( ) Errado ( )

3. No Distrito Federal, exige‐se que cada região administrativa tenha, no máximo,


um Conselho Tutelar, composto por cinco membros, eleitos pela população local
para um mandado de dois anos, permitida apenas uma recondução, após nova
eleição.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito
1-B
2 - CERTO
3 - ERRADO

825

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