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Sumário

Língua Portuguesa........................................................pág - 03
Conhecimentos sobre Fortaleza................................pág - 173
Atualidades..................................................................pág - 265
Direito administrativo.................................................pág - 379
Direito constitucional..................................................pág - 445
Direito penal.................................................................pág - 539
Legislação municipal..................................................pág - 626
Legislação específica.................................................pág - 745
Estatuto Geral das Guardas.......................................pág - 803
LÍNGUA PORTUGUESA

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PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS

Palavras Cognatas
Conceito: são palavras que possuem o mesmo radical. Conhecidas por famílias
etimológicas.
Exemplo: Seguro: assecuratório, asseguração, assegurar, segurança.

DERIVAÇÃO

Conceito:
Acréscimo de afixos (Prefixos e/ou Sufixos) à palavra primitiva

Tipos de Derivação

• Derivação Prefixal
Exemplos: desleal, inapto, infeliz, subsolo, retroagir, etc

• Derivação Sufixal
Exemplos: lealdade, deslocamento, felizmente, idiotismo, etc.

• Derivação Prefixal e Sufixal Exemplos: deslealdade, infelizmente, etc.

• Derivação Parassintética

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Forma-se palavra pela anexação SIMULTÂNEA de prefixo e sufixo à
palavra primitiva.
Exemplos: a + noite + ecer = anoitecer; en + gaiola + ar = engaiolar; a +
manhã + ecer =amanhecer.

IMPORTANTE!!!

Derivação Regressiva
A palavra primitiva reduz-se ao formar a palavra derivada. Também pode ser
conhecida derivação deverbal.
Exemplo: trabalhar trabalho.
Observação: A diferença entre derivação regressiva e derivação sufixal é a
seguinte: Na primeira, o substantivo se forma a partir do verbo. Já na segunda,
o verbo se forma a partir do substantivo.

Derivação Imprópria
Ocorre quando determinada palavra, sem sofrer qualquer acréscimo ou
supressão na forma, muda de classe gramatical.
Como, por exemplo, os adjetivos passam a substantivos.
Exemplo: Os bons serão contemplados.

COMPOSIÇÃO

Conceito: União de dois ou mais radicais (palavras com significado pronto)


Exemplo: Ponta+Pé = Pontapé

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Tipos de Composição

Por Justaposição
Consiste em formar compostos que ficam lado a lado, ou seja, justapostos, sem
que nenhum dos agregados sofra alteração em sua forma original.
Exemplos: passatempo (passa + tempo), girassol (gira + sol), couve-flor (couve
+ flor).

Por Aglutinação
Consiste em formar compostos em que ao menos um dos elementos agregados
sofre alteração em sua forma original
Exemplos: aguardente (água + ardente), planalto (plano + alto), embora (em +
boa + hora)

OUTROS PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS

Hibridismo
Consiste na formação de palavras compostas por elementos provenientes de
idiomas distintos.
Exemplos: automóvel (grego e latim) burocracia (francês e grego) sociologia
(latim e grego)

Estrangeirismo
Ocorre quando não existe, na nossa língua, uma palavra que nomeie o
determinado ser, sensação ou fenômeno. Há, portanto, uma incorporação literal
de um vocábulo usado em outra língua, sem nenhuma adaptação ao português
falado.
Exemplos: internet, hardware, iceberg, software, startup.

Empréstimo Linguístico
Ocorre quando há incorporação de um vocábulo pertencente a outra língua,
adaptando-o ao português falado.
Exemplos: estresse, futebol, bife, blecaute, etc.

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EXERCÍCIOS

1. O vocábulo abaixo que é formado pelo processo de parassíntese é:


a) pré-história;
b) inconstitucional;
c) perigosíssimo;
d) embarque;
e) desalmado.

2. Em “Não esperamos a tinta secar completamente”, o vocábulo destacado


constitui um caso de derivação:
a) Imprópria;
b) Regressiva;
c) Prefixal;
d) Sufixal;
e) Prefixal e Sufixal;

3. A palavra “arco-íris” é formada pelo processo de composição por justaposição,


assim como:
a) sapateiro.
b) minúscula.
c) simplicidade.
d) girassol.
e) superfaturar.

4. O livro de Rizzo chama-se Listomania, palavra formada pela união de “lista” e


“mania”. Assinale alternativa cuja palavra passou pelo mesmo processo de
formação.
a) Alistamento.
b) Planalto.
c) Rapidamente.

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d) Licitação.
e) Entardecer.

5. Apresentam o mesmo processo de formação de “impotente” as seguintes


palavras:
a) desgraças, incapaz , inquieto.
b) insolente, descobrir, destacar.
c) indiferente, desamar, importação.
d) debater, desabafo, insolente.

6. A palavra anteriormente passou por qual processo de formação de palavras:


a) Derivação sufixal;
b) Derivação prefixal;
c) Derivação imprópria;
d) Composição por justaposição;
e) Composição por aglutinação.

7. Em “o amar é mais que suficiente”, a palavra amar é um exemplo de:


a) Derivação sufixal;
b) Derivação deverbal;
c) Derivação impropria;
d) Derivação prefixal e sufixal;
e) Dedrivação parassintética.

8. A palavra “outdoor” é um exemplo de:


a) Derivação deverbal;
b) Derivação prefixal e sufixal;
c) Estrangeirismo;
d) Hibridismo
e) Emprestimo linguistico

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GABARITO
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E D D B A A C C

ACENTUAÇÃO

CONCEITOS INICIAIS
Sílaba tônica - A sílaba proferida com mais intensidade que as outras é a sílaba
tônica. Esta possui o acento tônico, também chamado acento de intensidade ou
prosódico. Temos que resaltar que nem sempre a sílaba tônica recebe acento.
Exemplos: Pa-rá, con-fu-são, Ca-sa.

Não confunda acento tônico com acento gráfico. Nesse primeiro momento,
devemos analisar apenas a tonicidade uma vez que o acento tônico está
relacionado com intensidade de som e existe em todas as palavras com duas ou
mais sílabas. O acento gráfico existirá em apenas algumas palavras e será
usado de acordo com regras de acentuação.

Note! Até o presente momento, trabalhamos apenas com palavras polissílabas,


ou seja, palavras que possuem mais de uma sílaba. Contudo, nosso estudo não
pode restringir-se apenas a esse conhecimento. Desse modo, devemos
conhecer outra estrutura de palavras: os monossílabos. Seu nome, por si só, já
é bem sugestivo: possuem apenas uma sílaba.

Quanto aos monossílabos, eles podem ser:


Átonos: não possuem acentuação própria, isto é, são pronunciados com pouca
intensidade: o, lhe, e, se, a.
Tônicos: possuem acentuação própria, isto é, são pronunciados com muita
intensidade: lá, pá, mim, pôs, tu, lã.

A distinção entre monossílabo tônico e monossílabo átono depende do contexto,


ou seja, eles têm que ser analisados numa frase. Fora do contexto, todos os
monossílabos são tônicos.
Exemplo: Quero apresentá-la lá.

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Dê o anel de noivado.
Tenho dó do menino.

Classificação das palavras quanto à sílaba tônica


Quanto à posição da sílaba tônica, as palavras são classificadas em:

Oxítonas: a sílaba tônica é a última sílaba da palavra.


Exemplos: Ca-já, ca-fé, dis-por.

Paroxítonas: a sílaba tônica é a penúltima sílaba da palavra.


Exemplos: ca-dei-ra, ca-rá-ter, me-as

Proparoxítonas: a sílaba tônica é a antepenúltima sílaba da palavra.


Exemplos: sí-la-ba, me-ta-fí-si-ca, lâm-pa-da

Para finalizarmos nossa introdução, podemos resumir o que foi visto até o
presente momento da seguinte maneira: Acento tônico é o acento da fala; marca
a maior intensidade na pronúncia de uma sílaba. O acento gráfico é o sinal
utilizado, em algumas palavras, para indicar a sílaba tônica.

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

A fim de tenhamos êxito em acentuação gráfica, temos que observar as


seguintes regras:

Proparoxítonas
Recai sobre as proparoxítonas o papel mais tranquilo no nosso estudo sobre
acentuação, uma vez que todos os vocábulos proparoxítonos são acentuados.
Exemplos: árvore, metafísica, lâmpada, pêssego, quiséssemos, África, Ângela.

Paroxítonas
São acentuados os vocábulos paroxítonos terminados em:

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i(s): júri, júris, lápis, tênis.
us: vírus, bônus.
um/uns: álbum, álbuns.
r: caráter, mártir, revólver.
x: tórax, ônix, látex.
n: hífen, pólen, mícron, próton.
l: fácil, amável, indelével.
ão(s): órgão(s), sótão(s), ófão(s), bênção(s).
ã(s): órfã(s), ímã(s).
ps: bíceps, fórceps
Ditongo: Itália, Áustria, memória, cárie, róseo, Ásia, Cássia, fáceis, imóveis,
fósseis, jérsei. Mas, professor! O que seria um ditongo?
- É uma vogal e uma semivogal pronunciadas em uma só sílaba. Pode ser
classificado como crescente ou decrescente.

Oxítonas
São acentuados os vocábulos terminados em: a(s), e(s), o(s)
Exemplos: maracujá, ananás, café, você, dominó, paletós, vovô, vovó, Paraná.
em/ens: armazém, vintém, armazéns, vinténs.

Acentuam-se também os monossílabos tônicos terminados em a, e, o


(seguidos ou não de s).
Exemplos: pá, pé, pó, fé.

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As formas verbais terminadas em a, e, o tônicos seguidos de lo, la, los, las
também são acentuadas: amá-lo, vivê-lo, estudá-lo.

Acentuam-se os ditongos de pronúncia aberta éu, éi, ói APENAS em palavras


oxítonas ou monossilábicas
Exemplos: chapéu, céu, anéis, pastéis, coronéis, herói

Acentua-se também as vogais i e u que formam hiato com a vogal anterior.


Exemplos: sa-í-da, sa-ís-te, sa-ú-de, ba-laús-tre, ba-ú, ra-í-zes, ju-í-zes, Lu-ís,
pa-ís, He-lo-ísa, Ja-ú.

Atenção!!! Não se acentuam o i e o u que formam hiato quando seguidos, na


mesma sílaba, de l, m, n, r ou z: Ra-ul, ru-im, lu-iz.

PARA GABARITAR!!!

• Os verbos ter e vir levam acento circunflexo na 3ª pessoa do plural do


presente do indicativo: ele tem/ eles têm, ele vem/eles vêm.
• Os verbos derivados de ter e vir levam acento agudo na 3ª pessoa do
singular e acento circunflexo na 3ª pessoa do plural do presente do
indicativo: ele retém/ eles retêm, ele intervém /eles intervêm.
• Recebem acento diferencial as seguintes palavras: pôr (verbo), para
diferenciar de por (preposição). pôde(3ª pessoa do singular do pretérito
perfeito), para diferenciar de pode (3ª pessoa do singular do presente o
indicativo).

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EXERCÍCIOS

1. Quanto à posição da sílaba tônica, marque a opção CORRETA.


a) Prontidão – oxítona.
b) Praticamente – proparoxítona.
c) Brasil – paroxítona.
d) Dó – oxítona.

2. Em qual das alternativas as palavras são todas oxítonas?


a) jacaré, mania, cipó
b) lúdico, pêssego, árvore
c) caju, pé, boné
d) caju, café, toró

3. Do mesmo modo que ―véspera‖, é forma obrigatoriamente acentuada:


a) mecanico.
b) medico.
c) negocio.
d) sabia.

4. Acentuam-se devido à mesma regra de acentuação gráfica as seguintes


palavras do texto:
a) bióloga – lâmpadas – climáticas
b) pestilência – habitará – vívida
c) Bagdá – Islândia – óculos
d) sustentável – políticas – ozônio

5. Pela mesma regra de pássaro e júri devem ser acentuadas as seguintes


palavras:
a) Pessego e gari.
b) Relampago e taxi.

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c) Desemprego e iris.
d) Bussola e caju.

6. São acentuadas de acordo com a mesma regra de acentuação


a) imóveis e pajé
b) acarajé e pé
c) polícia e ambulância
d) maracujá e lâmpada

7. É acentuada por ser paroxítona


a) fé
b) hipótese
c) revólver
d) saúde
e) hipertensão

8. Classifique as colunas da maneira correta:


I. Oxítona
II. Paroxítona
III. Proparoxítona
IV. monossílabo tônico
( ) Fé
( ) Médico
( ) Bíceps
( ) Ceará
a) I,II,IV e III
b) I,II,III e IV
c) IV, III, II e I
d) IV,II,III e I
e) II,III, I e IV

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GABARITO
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A D A E A D B C

MORFOLOGIA

CLASSES DE PALAVRAS
A NGB Nomenclatura Gramatical Brasileira faz a divisão das classes de palavras
em dez classes, essa divisão tem como fundamento o comportamento e a
utilização das palavras no Brasil. Dentre as dez classes, duas são primordiais
para o nosso estudo, nós chamá-las-emos de termos nucleares: o substantivo e
o verbo.

Dividiremos nosso estudo em quatro grupos

GRUPO DOS NOMES


Substantivo
Pertencem a essa classe todas as palavras que designam os seres em geral, as
entidades reaisou imagináveis.
Exemplos: pincel, mesa, televisão, coelho da páscoa, frio, alegria.

Artigo
Classe que serve, basicamente, para indicar se o substantivo é concebido como
algo já definidoe conhecido previamente, ou como algo indefinido e ainda não
nomeado. O artigo é variável, varia em gênero e número para concordar com o
substantivo.

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Exemplos: Um homem tocou a campainha, era o técnico chamado para
consertar a televisão.

#CLASSE GRAMATICAL FECHADA. DECORE!


DEFINIDO: o, a, os, as.
INDEFINIDO: um, uma, uns, umas.

Adjetivo
Classe de palavras que servem para indicar as qualidades, as propriedades do
substantivo.
Exemplos: Carro
Bonito
Branco
Pequeno

Locução adjetiva
Trata-se de uma expressão formada de preposição mais substantivo,
qualificadora de outro substantivo.
Exemplos: mesa
de madeira
de palha
com adereços

Pronome
O pronome é a palavra que substitui o substantivo (pronome substantivo) ou o
acompanha (pronome adjetivo), indicando sua posição em relação às pessoas
do discurso ou situando-o no espaço e tempo.
Exemplos: ele é um grande jogador.

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PRONOMES PESSOAIS

Numeral
Classe que, em princípio, tem como objetivo quantificar o substantivo, quantos
são eles (um,dois, dez, o triplo, o quádruplo, um terço, um quinto).
Exemplos: Duas crianças foram ao parque ontem.
Deste modo, finalizamos o grupo dos nomes. Lembre-se de que todos os
integrantes do grupo dos nomes subordinam- se ao substantivo.

GRUPO DOS VERBOS

Advérbio
Pertencem a essa classe as palavras que se associam ao verbo para indicar as
várias circunstâncias que envolvem a ação, podendo ser: tempo, modo,
circunstância, lugar. A principal peculiaridade dessa classe é o fato de o advérbio
ser invariável.
Exemplos: visitei ontem

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IMPORTANTE!!!

OBS: Algumas vezes os advérbios podem ser confundidos com os pronomes


indefinidos,exemplo clássico de prova: Muito e Bastante.

Locução adverbial
Trata-se de uma expressão formada de preposição mais substantivo,
modificadora do verbo.
Exemplos: a mesa quebrou de manhã

Verbos
Pertencem a essa classe as palavras que designam ações, processos que
ocorrem com os seres em geral. Sua identificação é simples, pois são a única
classe gramatical que possui a capacidade de conjugação.
Exemplos: caminhar, fazer, querer, nadar, pôr, ter.

GRUPO DOS CONECTIVOS

Preposição
Classe de palavras que serve para estabelecer conexão entre uma palavra e
outra, sendo que a segunda palavra informa algo sobre a primeira.
Exemplos: Sobrevivi com o amor

Principais preposições: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre,
para, perante, por sem, sob, sobre.

#CLASSE GRAMATICAL FECHADA. DECORE!

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Conjunção
Classe de palavras que estabelece conexão entre orações ou temos de mesma
função sintática.

Principais conjunções: E, ou, mas, se, que, contudo, todavia, entretanto,


conquanto, pois, porque.

Exemplos: o aluno objetivo estuda e trabalha


Maria não ganhou o sorteio, mas estava feliz com o resultado.

#CLASSE GRAMATICAL FECHADA. DECORE!

GRUPO DAS EMOÇÔES

Interjeição
Pertencem a essa classe palavras invariáveis que exprimem, de maneira
inarticulada (impossível de segmentar), sentimentos e reações de natureza
emocional. São, na grande maioria das situações, fáceis de serem identificados,
pois há uma marca de pontuação que entrega a sua presença: as reticências.
Exemplos: Ah! Oh! Alô! Olá!

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EXERCÍCIOS

1. A conjunção “como” pode estabelecer relações de sentidos diferentes dentro


de um texto. No trecho “Como esse prazer é rapidamente passageiro, o sujeito
sente a necessidade de buscá-lo constantemente, na tentativa de alcançar a
felicidade”, ela está estabelecendo entre as duas orações uma ideia de:
a) causa.
b) comparação.
c) conformidade.
d) consequência.
e) Concessão.

2. Considere o seguinte excerto: Uma árvore bem gorjeada, com poucos


segundos, passa a fazer parte dos pássaros que a gorjeiam.
(Manoel de Barros. “Seis ou treze coisas que eu aprendi sozinho”. In: O
Guardados de Águas. 2003, p.41.) Os vocábulos sublinhados são classificados,
respectivamente, como:
a) Artigo e pronome
b) Numeral e preposição.
c) Numeral e artigo
d) Artigo e artigo.
e) Substantivo e artigo.

3. O artigo é uma das classes de palavras variáveis que concorda, em gênero e


em número, com o substantivo que o acompanha. Todas as palavras destacadas
são artigos em:
a) ” E eles querem que você os use pelo maior tempo possível, porque é assim
que você gera dados que os fazem ganhar dinheiro.”
b) “A Netflix tem muitos recursos para garantir que, em vez de assistir a um
capítulo por semana [...] você veja toda a temporada em uma maratona.”
c) “Nesse ciclo, os poderosos do sistema enriquecem e contam com os melhores
cérebros do mundo trabalhando para aumentar os lucros enquanto entregamos
tudo a eles.”

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d) “Todos os aplicativos existentes são baseados no design mais viciante de que
se tem notícia, uma espécie de caça-níquel que faz o sistema produzir o maior
número possível de pequenos eventos inesperados no menor tempo possível.”
e) O estudo é parte do processo, podendo o ajudar.

4. Em relação à classe gramatical da palavra sublinhada em “Tem de tudo ali”,


assinale a alternativa CORRETA:
a) Adjetivo.
b) Pronome.
c) Artigo
d) Advérbio.
e) Substantivo.

5. As expressões sublinhadas correspondem a um advérbio, EXCETO em:


a) aparecia aqui vez por outra;
b) durante o discurso, manteve-se em silêncio;
c) não disse com certeza se virá.
d) afirmo-lhe que não o vi frente a frente;
e) as ações do homem são imprevisíveis.

6. Na frase “o homem sábio confia nas promessas”


existem quantos verbos
a) 1.
b) 2.
c) 3.
d) 4.

7. Em “A aeronave pousou suave na pista”. O termo sublinhado exerce a função


de:
a) substantivo.
b) adjetivo.
c) advérbio.

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d) pronome.
e) Artigo.

8. Classifique as palavras de acordo com sua classificação morfológica


1. Artigo
2. Numeral
3. Pronome
4. Adjetivo

( ) o menino rápido
( ) nós o conhecemos muito bem
( ) um dos pássaros era branco
( ) a casa de madeira

9. Leia as assertivas
I. Correram ( ) quilômetros. (Bastante/Bastantes)
II. Eles estavam ( ) felizes. (Bastante/Bastantes)
Está correta a relação em:
a) Advérbio e adjetivo.
b) Adjetivo e advérbio.
c) Substantivo e artigo.
d) Numeral e artigo.
e) Advérbio e pronome.

GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8 9
A A D D E A C C B

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PRONOMES

CONCEITO
O pronome é a palavra que substitui o substantivo (pronome substantivo) ou o
acompanha (pronome adjetivo), indicando sua posição em relação às pessoas
do discurso ou situando-o no espaço e tempo. O pronome flexiona-se em gênero
(masculino e feminino), número (singular e plural) e pessoa (primeira, segunda
e terceira) Pronomes Pessoais Pronome pessoal é aquele que indica as pessoas
do discurso.
Primeira pessoa: aquela que fala (emissor)
Segunda pessoa: aquela com que se fala (receptor)
Terceira pessoa: aquela de quem se fala (referente)

O pronome pessoal flexiona-se em gênero, número, pessoa e caso (reto ou


oblíquo).
Pronome pessoal do caso reto: exerce função de sujeito da oração.
Exemplo: EU estou feliz.

Pronome pessoal do caso oblíquo: exerce a função de complemento.


Exemplo: lembrei-me da aliança prometida.

Os pronomes pessoais oblíquos dividem-se em átonos e tônicos. Os tônicos


sempre vêm precedidos de preposição, e os átonos, por sua vez, não possuem
essa característica. Vamos observar novamente a tabela dos pronomes.

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DIFERENCIAÇÃO IMPORTANTE!!!

EXERCÍCIOS

1. Sobre o uso correto dos pronomes eu e tu, qual sentença encontra-se correta:
a) Este segredo deve ficar entre eu e tu.
b) Este segredo deve ficar entre mim e ti.
c) Este segredo deve ficar entre você e eu.
d) Este segredo deve ficar entre tu e eu.
e) Este segredo deve ficar entre tu e você.

2. Assinale a alternativa correta quanto ao uso adequado dos pronomes.


a) É muito importante para mim compreender a matéria.
b) É difícil para mim ler.
c) Estudo para mim aprender.
d) É importante para mim saber.
e) É muito importante para eu compreender a matéria.

3. Assinale a alternativa que representa corretamente um pronome pessoal do


caso oblíquo tônico:
a) Lhe.
b) Tu.
c) Contigo.
d) Te.
e) Eu.

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4. Assinale a alternativa que representa corretamente um pronome pessoal do
caso oblíquo átono:
a) Ele.
b) Comigo.
c) Te.
d) Vós.
e) Nós.

5. Leia o texto.
Os pesquisadores fizeram uma série de testes com 584 alunos de 10 a 15 anos
de sete escolas da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte. Eles queriam avaliar
o que estava sendo registrado na mente dos indivíduos em uma soneca logo
após a aula.
No trecho “Eles queriam avaliar o que estava sendo registrado na mente dos
indivíduos em uma soneca logo após a aula.” O pronome grifado refere-se a
a) indivíduos.
b) alunos.
c) pesquisadores.
d) testes.
e) partes.

6. “... pronome pessoal intransferível...” Indique a assertiva que não possui um


pronome pessoal:
a) Venha a nós o vosso Reino.
b) Leve-o contigo.
c) Elas gostariam de lhe visitar.
d) Ofertaram-nos bombons.
e) Suas propriedades não constavam na declaração.

7. Assinale a sentença que completa corretamente as lacunas do presente texto:


Se hoje você consegue carregar o seu celular em poucas horas e usá-______
ao longo de todo o dia, é_______ das baterias de íons de lítio. É difícil lembrar
de como era a vida sem______. É______ que o Nobel de Química de 2019 foi

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dado aos três cientistas que ajudaram a desenvolvê- ______: Stanley
Whittingham, Akira Yoshino e John Goodenough, sendo______ a pessoa mais
velha a receber o prêmio Nobel, aos 97 anos de idade.
a) lo, por isso, elas, portanto, las, esse.
b) lo, por causa, elas, por isso, las, esse.
c) los, porque, mim, assim, las, este
d) las, por que, ele, por isso, las, esse
e) lo, por causa, ele, por isso, lo, este

8. Os pronomes a seguir são classificados, respectivamente, como:


I. Ele
II. Nos
III. Me
a) Átono, reto, átono.
b) Reto, reto e átono.
c) Todos são retos.
d) Não há pronome reto.
e) Reto, Átono, Átono.

GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8
B E C C C E B E

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SINTAXE

Frase: sentença de palavras organizadas


Exemplo: o menino inteligente.

Oração: frase com verbo


Exemplo: o menino é inteligente.

Período: espaço textual dotado de início e fim


Exemplo: O menino é inteligente. Sua mãe lhe deu um novo livro para ler.

ESTRUTURA DO PERÍODO
O período é dividido em dois

Período simples é aquele constituído por uma única oração, chamada de


oração absoluta.
Exemplo: Nós estávamos tristes.

Período composto é aquele constituído por duas ou mais orações.


Exemplo: Ele disse que não viria ao encontro. Ela foi à escola, voltou para casa
e logo dormiu.

ORDEM DIRETA DA ORAÇÃO


A ordem direta da oração é definida pela gramática da língua portuguesa como:

SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTOS + ADJUNTOS ADVERBIAIS

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A GNB (Nomenclatura Gramatical da Língua Portuguesa) faz a divisão da sintaxe
da seguinte maneira:

SUJEITO E PREDICADO
Sujeito é o termo do qual se declara algo em uma oração.
Predicado é o que se declara sobre o sujeito.
Exemplo: Carlos caminhou pela manhã

OBS: tudo que não é sujeito é predicado.

Estudo do Sujeito
Núcleo do Sujeito Núcleo é a principal palavra do sujeito.
Exemplo: meus pais são pessoas especiais.

Classificação do Sujeito
Sujeito Simples: é o sujeito determinado que apresenta um único núcleo.
Exemplo: Nós vimos as crianças.
• O sujeito simples pode ser singular ou plural

Sujeito Composto: é o sujeito determinado que apresenta mais de um núcleo.


Exemplo: João e Antonio foram ao cinema.
• O sujeito composto, assim como o sujeito simples, pode ser singular ou
plural.

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Atenção: o sujeito composto pode ser facilmente identificado, pois, entre seus
núcleos, identificaremos a conjunção (e) ou a (,) vígula os separando.

EXERCÍCIOS

1. Analise: “Vivemos uma epidemia, com grande impacto na saúde e na


qualidade de vida dos pacientes” e assinale o tipo de sujeito dessa oração.
a) Simples.
b) Composto.
c) Indeterminado.
d) Oculto.

2. Analise as alternativas abaixo e identifique a correta em relação à oração cujo


sujeito é classificado como composto:
a) Os textos de cada área estão com as linhas numeradas...
b) Podem participar professores, gestores e estudantes...
c) A Plataforma de Consulta Pública do Currículo do Território Catarinense –
Etapa Ensino Médio está aberta para participação.
d) O texto está dividido nas quatro áreas do conhecimento...
e) A consulta pública, que recebe sugestões até 26 de fevereiro, tem como foco
a definição do currículo seguindo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

3. Em relação à estrutura sintática do primeiro verso do poema ‘‘De tudo, ao meu


amor serei atento antes”, marque a alternativa que indica o seu sujeito.
a) atento.
b) de tudo.
c) eu.
d) meu amor

4. Assinale a alternativa que classifica corretamente o sujeito da oração a seguir:


“precisamos também ouvir e praticar as palavras de especialistas no assunto” (l.
36).
a) Sujeito Oculto ou desinencial.

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b) Sujeito Indeterminado.
c) Sujeito Simples.
d) Sujeito Composto.
e) Oração sem sujeito.

5. Analise a seguinte frase: “Os alunos chegaram atrasados novamente.”


Podemos afirmar que o predicado da frase é:
a) Os alunos.
b) Chegaram.
c) Atrasados.
d) Chegaram atrasados novamente

6. Observe o período em destaque e identifique o erro de análise nas alternativas


abaixo: “Nas palmas de tuas mãos, leio as linhas da minha vida.”
a) Nas palmas de tuas mãos, expressam uma ideia de lugar.
b) O período apresenta sujeito composto, Eu e tu, ambos elípticos.
c) O sujeito do período é oculto.
d) Há dois pronomes possessivos no período

7. A partir de análise sintática, é CORRETO AFIRMAR que o título deste texto


jornalístico é:

Título: Uma década em guerra


a) O sujeito da oração que se desenvolve no subtítulo.
b) Uma frase nominal.
c) Uma oração com verbo elíptico.
d) Uma oração simples.

8. “Hoje estou aqui para conversarmos um pouco sobre política monetária.”.


correto afrmar que o sujeito do verbo “conversar” é:
a) Sujeito simples.

30
b) Sujeito composto.
c) Sujeito oculto.
d) Sujeito indeterminado.

GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8
D B C A D B B C

INEXISTÊNCIA DO SUJEITO

Sujeito Inexistente: ocorre em frases em que só há predicado.


A oração sem sujeito ocorre a partir de um verbo impessoal (aquele que não
admite sujeito). São verbos impessoais:
Verbos que indicam fenômenos da natureza
Exemplo: chover, relampear, trovejar etc...

Verbos ser, estar, fazer, haver, indicando tempo meteorológico ou cronológico


Exemplo: havia três anos que eu não o via.

Verbo haver no sentido de existir


Exemplo: haviam muitos problemas.

Verbo haver pessoal


O verbo haver será pessoal quando for auxiliar em uma locução verbal

Estrutura de uma locução verbal

31
Principais exemplos de prova!!!!

Exemplo (1): deve haver ou devem haver pessoas felizes?


• O correto é deve haver, pois o verbo haver quando verbo principal torna
a locução impessoal.

Exemplo (2): João e Carlos havia comprado ou haviam comprado?


• O correto é haviam, pois o verbo haver nessa ocasião é o verbo auxiliar.

Exemplo (3): há de haver ou hão de haver pessoas felizes?


• O correto é ha de haver, pois o verbo haver como principal torna toda a
locução impessoal.

EXERCÍCIOS

1. Discutem muito lá?

Na oração acima, o sujeito é:


a) Indeterminado.
b) Oculto.
c) Simples.
d) Determinado.
e) Composto

2. Assinale a alternativa na qual o verbo haver foi empregado de forma


gramaticalmente aceita:
a) Haviam duas pessoas na festa.
b) Haviam feito duas partes do trabalho.
c) Hão de haver casas à venda.

32
d) Haviam amigos verdadeiros.
e) Há moça é bela.

3. Em“…haverá três seminários com 250 professores da rede de ensino


catarinense.”, temos um(a):
a) Sujeito paciente.
b) Oração sem sujeito.
c) Sujeito simples.
d) Sujeito indeterminado.
e) Sujeito desinencial.

4. Assinale a alternativa correta quanto à classificação do sujeito da oração “No


espaço, também haverá venda de alimentação pelas APP’s dos centros de
educação infantil da Vila Itoupava e espaço de recreação com brinquedos
infantis.”:
a) sujeito composto
b) sujeito simples
c) sujeito indeterminado
d) sujeito desinencial
e) oração sem sujeito

5. Na oração “Cabia tudo em uma mala só”, o vocábulo “tudo” exerce a função
de sujeito.
Certo ( ) Errado ( )

6. Na oração “mulheres e homens devem obedecer aos princípios


constitucionais” o sujeito da oração é:
a) Sujeito simples.
b) Sujeito composto.
c) Oração sem sujeito.
d) Sujeito inexistente.
e) Sujeito indeterminado

33
7. Assinale a alternativa que apresenta um sujeito composto.
a) “O propósito original das posturas é garantir um fluxo de energia em camadas
mais sutis da nossa fisiologia”
b) “Ela pode oferecer isso, mas também pode dar muito mais”
c) “os números não surpreendem”
d) “Na ioga, corpo, mente e espírito não estão separados”

8. Analise: “embora França e Reino Unido fossem aliados da Tchecoslováquia


no papel, não reagiram quando Hitler começou a ocupação do país” e assinale
o tipo de sujeito apresentado na primeira oração.
a) Sujeito Simples.
b) Sujeito Composto.
c) Sujeito Indeterminado.
d) Sujeito Oculto.

9. “Anteontem choveu, no entanto, agora está ensolarado.” O sujeito da oração


destacada é:
a) Simples.
b) Oculto.
c) Indeterminado.
d) Inexistente.

10. No verso “Há tempos treino/ o equilíbrio sobre” (v.4/v.5), destacam-se dois
verbos. Ao analisá-los com atenção, é correto afirmar que:
a) O verbo “há” é impessoal e poderia ser substituído por “existir”
b) “treino” está no singular, concordando com um substantivo “equilíbrio”.
c) “há” está flexionado na primeira pessoa do singular, assim como “treino”.
d) O verbo “treino” concorda com um sujeito que não está explícito no verso.
e) O verbo “há” poderia, facultativamente, concordar com o substantivo “tempos”.

34
GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A B B E CERTO B D B D D

CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL

Expressões partitivas
O núcleo do sujeito funciona com uma expressão partitivas (uma parte de, a
metade de, uma porção de...) OU coletivos especificados (um bando de, um
grupo de, uma multidão de...): o verbo pode concordar tanto com o núcleo quanto
com o especificante do núcleo:
Exemplo: Uma parte das pessoas reclamou/reclamaram da fila no banco.
Sujeito = Uma parte das pessoas Núcleo (substantivo sem preposição) = “parte”.
parte está no singular – concordância com “reclamou”. candidatos está no plural
– concordância com “reclamaram”.

Sujeito com numerais ou percentuais


Sujeito com numerais percentuais e fracionários: funcionam como expressões
partitivas. Logo, o comportamento será semelhante, bem como a concordância,
que poderá se dar com o numeral fracionário ou o percentual, ou com o
especificante dele.
Exemplo: 30% do trabalho foi/foram realizado.
Sujeito = 30% do trabalho.
Núcleo = 30 (plural).
Do trabalho = singular.
Ambas as formas verbais são aceitas.

Expressões fracionárias
Exemplo: 1/4 dos alunos está/ estão sem aulas.
Sujeito = 1/4 dos alunos.
Núcleo = 1/4 (fração – observar o numerador. Nesse caso, é “1”, portanto

35
singular).
médicos = plural.
Ambas as formas verbais são aceitas.

Porcentagem
Do 0 ao 1,99999... = singular. Do 2 em diante = plural.
Lembre-se de que se o núcleo estiver determinado, a concordância pode ser
feita com ele.
Exemplo: 1,8% dos aposentados será/serão prejudicados.

Sujeitos compostos
Sujeito composto, anteposto ao verbo, dois núcleos: verbo no plural.
Exemplo: João e Antônio querem café.

Sujeito composto anteposto (ao verbo) unido por conjunção aditiva.


Exemplo: querem/quer café João e Antônio. ambos os casos são aceitos.

Verbo no singular também aceito: núcleos são sinônimos.


Exemplo: a alegria e a felicidade faz/ fazem parte da vida: ambos os casos são
aceitos.

Verbo SER
Exemplo(1): Maria é minhas preocupações.
O sujeito tem como representante uma pessoa, um ser animado. A concordância
será com o ser animado.

Exemplo(2): Tudo na vida é/são flores.


Tudo = sujeito.
Flores = predicativo do sujeito.
Nesse caso, é possível concordar tanto com um quanto com o outro, porque
ambos são coisas.

36
Ser associado a tempo:
1) São cinco horas da tarde. São concorda com “cinco”
2) É meio-dia. É concorda com “dia”.
3) Hoje são quatorze de maio. São concorda com “quatorze”.
4) Hoje é dia quatorze de maio. É concorda com “dia”.
5) Hoje é (dia) quatorze de maio. A palavra dia está implícita.

Todas essas formas verbais do verbo SER são consideradas impessoais =


orações sem sujeito.

EXERCÍCIOS

1. A propósito da concordância da forma verbal destacada em: “Grande parte


dos países democráticos tem suas leis de acesso" (3º parágrafo), assinale a
opção que não apresenta incorreção.
a) A expressão partitiva “grande parte de", seguida de especificação pluralizada,
admite também verbo na 3ª pessoa
do plural (têm).
b) O verbo “ter", no contexto empregado, somente admite o plural, uma vez que
seu complemento está no plural.
c) Há um sujeito coletivo; logo, o verbo precisa estar no singular.
d) Houve violação no que se diz respeito à concordância, porque o verbo “ter"
deveria estar no plural.
e) A expressão partitiva “grande parte de", somente aceita verbo na 3ª pessoa
do singular.

2. Segundo as prescrições gramaticais, qual das alternativas está correta:


a) 1/4 da população querem sair da miséria;
b) 2/3 do material foi entregue ao coordenador;
c) 2/3 dos alunos quer gramática;

37
d) 1/2 da população apreendem rápido;
e) 4/5 dos atletas olímpicos é de origem africana.

3. Assinale o item cuja concordância está de acordo com as normas gramaticais:


a) 10% das populações sabe votar;
b) 1,9% do eleitorado brasileiro tem dificuldade;
c) 89% dos políticos votou a favor;
d) 5% das pessoas está equivocadas;
e) 13% dos votantes sabe disso.

4. Assinale a alternativa correta quanto à concordância verbal do verbo ser:


a) agora é vinte duas e trinta;
b) hoje é onze de agosto;
c) agora são uma hora;
d) agora é duas horas;
e) hoje são um de novembro.

5. Assinale a alternativa cuja concordância segue as prescrições gramaticais:


a) o governo e a população busca o melhor;
b) os carros e as motos não pode ultrapassar pela direita;
c) pode lutar o atleta e o amador.
d) são eficazes o remédio.
e) as músicas e a arte é importante.

6. Assinale a opção que indica a frase em que o sujeito aparece posposto ao


verbo.
a) “Há uma distorção generalizada”.
b) “a maçã ficou sendo um símbolo do sexo”.
c) “Quando ocorreu o episódio narrado na Bíblia”.
d) “A maçã de Steve Jobs não tem nada a ver com isso”.
e) “O pecado original não foi o sexo”.

38
GABARITO
1 2 3 4 5 6
A B B B C C

ESTUDO DO PREDICADO

COMPLEMENTOS VERBAIS
Necessitam de complemento os verbos que indicam ação (verbos significativos
ou nocionais). Esses verbos fazem parte de predicados verbais ou verbo-
nominais. Os verbos de ligação não necessitam de complemento, pois servem
apenas para ligar o predicativo ao sujeito.
Chama-se transitividade a relação que se estabelece entre os verbos e seus
complementos. Os complementos verbais são chamados objetos.

Tipos de verbos
Os tipos de complementos dependem do tipo de verbo utilizado.
Podemos classificar os verbos, de um modo geral, da seguinte maneira:

I. Verbos de fenômenos da natureza: indicam os fenômenos da natureza de um


modo geral.
Exemplo: trovejar, relampear, chover, nevar...

Temos aqui uma resalva: esses verbos, para indicarem fenômenos da natureza,
têm que indicar a realização propriamente dita, do contrário, a análise torna-se
errada.
Exemplo: choveu canivete ontem.
O verbo chover em questão não indica chuva, pois foi empregado no sentido
conotativo, logo esse verbo será transitivo direto.

II. Verbos de estado: ser, estar, permanecer, continuar, tornar-se, virar, andar...
são os principais

39
III. Verbos de ação: os verbos que não se enquadrarem como de estado ou
fenômenos da natureza serão chamados de verbos de ação.

Tipos de complementos Verbos

Transitivos Diretos (VTD)


São aqueles cujo sentido requer um objeto direto.
• Objeto Direto (OD) é o complemento que se liga diretamente (sem
preposição) a um verbo transitivo.
Exemplo: o aluno comeu o pão.

Verbos Transitivos Indiretos (VTI)


São aqueles cujo sentido requer um objeto indireto.
• Objeto Indireto (OI) é o complemento que se liga indiretamente (através
de preposição) a um verbo transitivo.
Exemplo: Preciso de ajuda.

Verbos Transitivos Diretos e Indiretos (VTDI)


São aqueles cujo sentido requer um objeto direto e um objeto indireto.
Exemplo: pedi ajuda a Deus.

OBSERVAÇÃO!!!
Os únicos complementos verbais são: objeto direto e objeto indireto.

40
Verbos Transitivos intransitivos
São aqueles cujo sentido não necessita de um objeto.
Exemplo: um menino nasceu.
Perceba! O verbo em questão não transita nem liga, logo, ele é classificado como
intransitivo.

Objeto direto preposicionado


Algumas vezes, o objeto direto vem precedido de preposição. Isso ocorre em
função de recursos estilísticos ou para evitar ambiguidade, e não por exigência
do verbo.
Exemplo: Ele bebeu do vinho.

EXERCÍCIOS

1. O termo destacado possui que função sintática de objeto direto é:


a) Meu pai foi à praia
b) Carros são rápidos
c) A verdade dói
d) Eu comprei o pão

2. Chegamos ao escritório, ontem, às pressas, O verbo chegar é:


a) intransitivo
b) transitivo direto
c) transitivo indireto
d) de ligação

41
3. No período “Quem destrói florestas não mata apenas árvores.”, os termos
grifados são:
a) Objeto direto e objeto direto.
b) Objeto indireto e objeto indireto.
c) Objeto direto e predicativo do objeto.
d) Objeto direto e objeto indireto.

4. Leia o texto
Anteontem, eu, meu irmão e meu pai fomos ao lago pescar.
Os termos destacados na oração acima correspondem a:
a) Adjunto adverbial, predicativo do sujeito.
b) Predicado.
c) Adjunto adverbial, objeto indireto.
d) Adjunto adnominal, predicado.

5. Assinale abaixo a alternativa em que o termo marcado exerce a função


sintática de objeto indireto:
a) A leitura dos clássicos é fundamental.
b) Ela deu-lhe o troco.
c) O amor dos pais marca para toda a vida.
d) Ele adora banhar-se no mar.

6. No trecho "Bebê necessita de cuidados intensos 24 horas", o termo


destacado está exercendo função sintática de:
a) Objeto indireto.
b) Objeto direto.
c) Aposto.
d) Complemento nominal.

7. Leia este trecho:


Todo mundo, alguns pouco, outros mais, faz esse tipo de coisa.

42
O termo destacado no texto classifica-se como

a) Objeto direto.
b) Objeto indireto.
c) Predicativo do Sujeito.
d) Complemento Nominal.

8. “[...], um homem decidiu comprar o último combo de cheeseburguer com fritas


[...]” (linhas 2 a 4). Os termos
destacados exercem função sintática de:
a) Objeto indireto.
b) Predicado verbal.
c) Sujeito.
d) Objeto direto.

GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8
D A A C B A A D

DEMAIS TERMOS ASSOCIADOS AO PREDICADO

Predicativo do sujeito
Predicativo do Sujeito é o termo que caracteriza o sujeito, tendo um verbo como
intermediário. O predicativo do sujeito pode ser um substantivo, um adjetivo ou
uma palavra com valor de substantivo. O predicativo do sujeito é o núcleo do
predicado nominal, e um dos núcleos do predicado verbo-nominal. Em
predicados nominais, o sujeito é ligado ao predicativo através de um verbo de
ligação.
Exemplo: Ela estava triste.

43
Predicativo do Objeto
Predicativo do Objeto é uma qualidade atribuída ao objeto através do verbo. O
predicativo do objeto pode ser um substantivo, um adjetivo ou uma palavra com
valor de substantivo. O predicativo do objeto é um dos núcleos do predicado
verbo-nominal.

Exemplo: O juiz julgou o réu culpado.

Adjunto Adverbial
Adjunto Adverbial é o termo que indica uma circunstância em que ocorre o
processo verbal ou o termo que intensifica o adjetivo, o verbo ou o advérbio.
Adjunto adverbial é uma função adverbial, isto é, desempenhada por advérbios
(e locuções adverbiais).
Exemplo: ele é muito inteligente

Exemplos de circunstâncias expressas pelo adjunto adverbial

Tempo: Amanhã eu falarei com ele.


Modo: Marina pediu-me gentilmente que fosse vê-la.
Lugar: Estão todos aqui?
Intensidade: Ele falou muito.
Causa: Devido à chuva escassa, muitas plantas morreram.
Afirmação: Certamente atenderei ao pedido.
Negação: Não podemos esquecer de nossas responsabilidades.
Dúvida: Talvez haja alguns problemas.
Finalidade: Leio muito para aumentar minha cultura.
Meio: Viajarei de ônibus.

44
Companhia: Fui ao museu com meus amigos.
Instrumento: Redações devem ser escritas à caneta.
Assunto: Falarei com ele sobre o ocorrido.
Preço: trabalhei por 20 reais.

TIPOS DE PREDICADO

EXERCÍCIOS

1. O resultado é uma perda de indicadores não verbais, e isso pode atrofiar o


desenvolvimento.
Em relação à sintaxe desse período, o termo destacado na primeira oração é:
a) objeto direto.
b) predicativo do sujeito.
c) complemento nominal.
d) sujeito simples.

2. Qual das alternativas possui um verbo intransitivo:


a) As praias são belas.
b) Meus pais estavam felizes.
c) O amor é verdadeiro.
d) O cantor morreu.

3. O verbo em questão é classificado como verbo de ligação:


a) João viu.

45
b) Os alunos estavam felizes.
c) O cientista encontrou a cura.
d) Minha mãe fez o café.

4. Na oração, “continuamos alegres apesar da luta”, o verbo em destaque é


classificado como:
a) Verbo intransitivo.
b) Verbo de ligação.
c) Verbo transitivo direto.
d) Verbo transitivo indireto.

5. Faça uma análise morfossintática da seguinte frase:


“As senhoras caminhavam felizes”. Está correta a seguinte alternativa:
a) Análise morfológica: as - artigo indefinido; senhoras - substantivo;
caminhavam - verbo caminhar; felizes - adjetivo. Análise sintática: as senhoras -
sujeito simples; caminhavam felizes - predicado verbal; felizes - predicativo do
objeto.
b) Análise morfológica: as - artigo indefinido; senhoras - substantivo;
caminhavam - verbo caminhar; felizes - advérbio. Análise sintática: as senhoras
- sujeito simples; caminhavam felizes - predicado nominal; felizes - predicativo
do objeto.
c) Análise morfológica: as - artigo definido; senhoras - substantivo; caminhavam
- verbo caminhar; felizes - adjetivo. Análise sintática: as senhoras - sujeito
simples; caminhavam felizes - predicado nominal; felizes - predicativo do sujeito.
d) Análise morfológica: as - artigo definido; senhoras - substantivo; caminhavam
- verbo caminhar; felizes - adjetivo. Análise sintática: as senhoras - sujeito
composto; caminhavam felizes - predicado verbal; felizes - predicativo do sujeito.
e) Análise morfológica: as - artigo definido; senhoras - substantivo; caminhavam
- verbo caminhar; felizes - adjetivo. Análise sintática: as senhoras - sujeito
composto; caminhavam felizes - predicado verbal; felizes - predicativo do objeto.

6. Assinale a alternativa que indica o termo que exerce a função de objeto direto
no trecho a seguir, retirado do
texto: “queria resolver (1) a situação (2) na melhor (3) forma possível (4)”.
a) 1.

46
b) 2.
c) 3.
d) 4.

7. “Eles estavam extremamente atrasados para a festa.”. Assinale a alternativa


que representa corretamente o predicativo do sujeito da oração:
a) “Eles”
b) “estavam”
c) “extremamente”
d) “atrasados”

8. Estendidas pela rua afora, deixaram as faixas que seriam usadas na


campanha eleitoral.”. Assinale a alternativa que representa corretamente o
predicativo do objeto do verbo transitivo direto destacado na oração:

a) “Estendidas
b) “as faixas”
c) "usadas”
d) “campanha eleitoral”

GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8
B D B B C B D A

47
TERMOS LIGADOS AO NOME

Complemento nominal
Complemento Nominal: é o complemento exigido por alguns substantivos,
adjetivos e advérbios. Assim como os verbos, alguns nomes necessitam de
complemento. Observe:
Exemplo: Nós temos amor por nossa família.

Adjunto adnominal
Adjunto adnominal: termo ligado aos substantivos, mantendo uma relação de
completude do termo.
Exemplo: a menina bonita.

Atenção!!!
Artigos, pronomes e termos não preposicionados ligados aos nomes são sempre
adjuntos adnominais.

Tabela para diferenciar adjunto adnominal X complemento nominal

48
EXERCÍCIOS

1. No título do Texto I, “Os sonhos dos adolescentes”, o termo destacado,


sintaticamente, é:
a) adjunto adnominal.
b) complemento nominal.
c) agente da passiva.
d) objeto direto.

2. Das alternativas que seguem, apenas uma não se encontra corretamente


analisada quanto à sua estrutura sintática. Identifique-a:
a) Os animais fugiram do zoológico. (adjunto adverbial de lugar).
b) Os animais do zoológico fugiram. (adjunto adnominal).
c) Os alunos deixaram o colégio entusiasmados. (adjunto adnominal).
d) A garota chegou em casa apressadamente. (adjunto adverbial de modo).

3. No trecho "A minha pergunta sobre quem teve acesso às informações do


Mosaic não foi respondida.", o elemento sintático destacado funciona como:
a) adjunto adnominal de "pergunta".
b) complemento nominal de "pergunta".
c) objeto direto anteposto de "respondida".
d) objeto indireto de "pergunta".
e) agente da passiva de "respondida".

4. Observe as palavras destacadas nos enunciados, marque ADN para adjunto


adnominal e CN para complemento nominal.

( ) Este aparelho novo traz inúmeras vantagens para o paciente.


( ) O computador de Mariana não consegue registrar as consultas.
( ) Quando viajo para outro país, tenho medo de doença contagiosa.
( ) O documento de liberação daquele remédio é passível de revisão.

49
A sequência está correta em
a) ADN, ADN, CN e CN.
b) CN, ADN, CN e ADN.
c) CN, CN, ADN e ADN.
d) ADN, CN, ADN e CN.
e) CN, ADN, ADN e CN.

5. Assinale a frase em que o termo sublinhado exerce a função de complemento


nominal e não de adjunto- adnominal.
a) “Um mosquito é uma pequena criação da natureza para nos fazer pensar".
(André Guillois)
b) “Não é a saída do porto que determina o sucesso de uma viagem". (Anônimo)
c) “A vida é um hospital onde cada enfermo tem o desejo de troca de cama".
(Baudelaire)
d) “Uma vida é uma obre de arte". (Clemenceau)
e) “Eu sou uma parte de tudo". (Lord Tennyson)

6. Assinale a alternativa em que o termo sublinhado exerce a função de


complemento e não de adjunto do termo anterior.
a) Brigas de trânsito.
b) Disseminação das armas de fogo.
c) Áreas pobres do Nordeste.
d) Índices de violência.
e) População de baixa renda.

7. A opção cujo termo sublinhado exerce a função de adjunto adnominal por ser
o agente do termo anterior é:
a) “reestruturação de seus sistemas de segurança”;
b) “repressão à violência”;
c) “fatores geradores da insegurança”;
d) “busca de soluções efetivas”;
e) “altos índices de criminalidade”.

50
8. Os termos sublinhados em “luta por algo ou representação de algo”
desempenham a mesma função sintática que:
a) “capaz de se virar”
b) “tensão do futebol”
c) “vida do homem”
d) “governo do Presidente Médici”
e) “lição de vida”

GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8
A C A A C B E A

CASOS ESPECIAIS DE PREDICAÇÃO VERBAL

Agradar
VTD: no sentido de “fazer carinho”
Exemplo: O filho agradava o pai.

VTI: no sentido de “ser agradável”


Exemplo: O técnico agradou aos jogadores.

Ajudar
VTD ou VTI (sem alteração de sentido).
Exemplo: O professor ajudou os (aos) alunos.

Assistir
VTI: no sentido de ver, presenciar.
Exemplo: Eu assisti ao clássico réi.

51
VTD (preferencialmente) ou VTI: no sentido de dar assistência, ajudar.
Exemplo: O médico assiste os (aos) enfermos.

VI: no sentido de morar.


Exemplo: A família Ribeiro assiste em Fortaleza.

Atender
VTI ou VTD (sem alteração de sentido).
Exemplo: O menino atendeu (a) o carteiro.

Chamar
VTD: no sentido de convocar.
Exemplo: A mãe chamou o filho para almoçar.

VTD ou VTI: no sentido de “dar nome” ou “apelidar”


Exemplo: Eles chamavam ao (o) pai de herói.

Chegar
VI: mas, quando acompanhado de expressões locativas, deve-se usar a
preposição “a”.
Exemplo: Chegaremos ao prédio do Objetivo.

VTD ou VTI: no sentido de “acarretar”, causar.


Exemplo: O seu comportamento implica (em) demissão.

OBS!!! Aqui temos uma polêmica, pois alguns gramáticos não compartilham
desta opinião. Então, para embasar seus estudos, deixo aqui uma ponderação.
Se sua banca examinadora for a FCC, fique tranquilo, pois o que prevalece é a
dupla transitividade. Já se a sua examinadora for CEBRASPE, FGV ou qualquer
outra banca, aconselho que você opte apenas pela transitividade direta.

52
Lembrar/lembrar-se (também válido para esquecer/esquecer-se)
VTD: lembrar/esquecer (sem o pronome).
Exemplo: Meu pai lembra o seu nome. Eu esqueci a sua blusa.

VTI: lembrar-se/esquecer-se (com o pronome).


Exemplo: Meu pai se lembra do seu nome. Em esqueci-me da sua blusa.

Obedecer
VTI.
Exemplo: Eles não obedecem ao regulamento.

Preferir
VTDI (algo a algo):
Exemplo: Prefiro português a qualquer outra materia.

Proceder
VTI: no sentido “de iniciar”, “executar”.
Exemplo: O ator procedeu à apresentação.

VI: no sentido de “ter procedência”, “ser verdadeiro”.


Exemplo: A fala de empresário não procede.

Visar
VTD: no sentido “de mirar”, “ver”.
Exemplo: O atirador visou o alvo.

VTI: no sentido “almejar”, “desejar”.


Exemplo: Ele visa a um novo emprego

53
EXERCÍCIO

1. A alternativa redigida de acordo com a norma-padrão de regência nominal e


verbal é:
a) Até hoje ele prefere jogar futebol a frequentar bares, e fica indiferente aos
apelos dos amigos.
b) Parte da população foi imunizada da varíola, mas algumas pessoas evitam de
tomar a vacina.
c) Gosta de argumentar e é hábil para convencer aos outros naquilo que ele
quer.
d) Mostra desobediência para com os superiores e sempre chega atrasado no
serviço.
e) Aconselhei a que ele viaje durante as férias e fique um tempo alheio do que
acontece no trabalho.

2. Analise a frase a seguir e assinale a alternativa em que é seguida a mesma


regra de regência verbal, de acordo coma norma culta da Língua Portuguesa.

Nas férias, ela o visitou no interior.


a) O estudante visou o diploma.
b) As atividades visam ao estudo da matemática.
c) O pai sempre acudia ao filho.
d) O gerente aspirava o cargo de diretor.

3. Sobre o período “O hábito de cultivar plantas em jardins dentro e fora de casa


cresceu durante os meses de pandemia.”, assinale a alternativa correta.
a) A expressão “de cultivar plantas” é um objeto indireto.
b) A expressão “O hábito” é um objeto direto.
c) O verbo “cultivar” é intransitivo.
d) O verbo “cresceu” é intransitivo.
e) A expressão “em jardins” é objeto indireto.

54
4. Em relação à regência verbal, assinalar a alternativa CORRETA:
a) Simpatizei com a vendedora.
b) Tal ação implicará em sua demissão.
c) Prefiro café do que chá.
d) O técnico chamou aos jogadores.

5. No trecho "todos nós fomos obrigados a entrar no enorme catálogo de


brasileiros que visa mostrar aos bancos e outros operadores de crédito quem
são os bons - e os maus - pagadores do país", se trocarmos o termo destacado
por desobrigados:
a) teremos que modificar a regência do complemento nominal, empregando a
preposição "por".
b) teremos que modificar a regência do complemento verbal, empregando a
preposição "em".
c) teremos que modificar a regência do complemento verbal, empregando a
preposição "sob".
d) teremos que modificar a regência do complemento nominal, empregando a
preposição "de".
e) teremos que modificar a regência do complemento verbal, empregando a
preposição "por".

GABARITO
1 2 3 4 5
A A D A D

55
PONTUAÇÃO DO PERÍODO SIMPLES

Conceito: É o conjunto de sinais gráficos destinados a indicar pausa mais ou


menos acentuada de caráter objetivo ou distintivo.
Os sinais de pontuação são estes: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto-e-vírgula
(;), o dois pontos (:), o ponto de interrogação (?), o de exclamação (!), os
parênteses (), as reticências (...), as aspas (“ “) e o travessão (-)
.
Os quatro primeiros constituem a pontuação de pausa objetiva; os quatro
seguintes formam a pontuação de pausa subjetiva, afetiva; e os dois últimos são
os sinais distintivos.

PONTO FINAL
É um dos sinais que marcam fim de período e o que assinala a pausa de máxima
duração. Além do ponto final, também marcam o fim de período os sinais de
exclamação(!) e interrogação(?).

VÍRGULA
A vírgula é o sinal que indica uma pequena pausa na leitura, o que equivale a
uma pequena ou grande mudança na entoação.

Estatuto da vírgula
Proibições
Art.1° Não se usa vírgula:
Entre sujeito e verbo
Exemplo: eu, fui a São Paulo ano passado.

Entre nome e complemento nominal


Exemplo: o amor, ao pai.

Entre nome e adjunto adnominal


Exemplo: amor, verdadeiro.

56
Art. 2° Usa-se a vírgula:
Para separar palavras ou expressões de mesma função sintática
Exemplo: eu prenderei bandido, vagabundo, homicida e estelionatário.

Para separar vocativos


Exemplo: professor, eu serei aprovado, macho!

Para separar o aposto do termo fundamental


Exemplo: Pelé, o rei do futebol, é brasileiro.

Para separar certas palavras e expressões interpositivas: por exemplo, porém,


ou melhor, ou antes, isto é, por assim dizer, além disso, aliás, com efeito, então,
outrossim, entretanto, todavia, pois etc.
Exemplo: o carro era antigo, porém, tinha muita potência.

Para separar o adjunto adverbial, quando ele se encontra deslocado


Exemplo: ontem, orei a Deus pela minha prova.

Para separar do nome da localidade, as datas.


Exemplo: São Paulo, 01 de outubro de 1992.

EXERCÍCIOS

1. No tocante às regras de pontuação, justifica-se a virgulação neste trecho


“Enfim, a geração de hoje é a pura contradição” (l. 23 e 24), a fim de:
a) separar vocativos.
b) separar adjuntos adverbiais.
c) indicar a elipse de um termo.
d) separar apostos e certos predicativos.

57
2. Na linha 16, mantém a correção gramatical a inserção de vírgula anteriormente
à expressão “por diferentes pensadores contemporâneos”, que tem natureza
adverbial.

Texto: Esse documento é considerado por diferentes pensadores


contemporâneos o primeiro relatório governamental.
Certo ( ) Errado ( )

3. Os sinais de pontuação são recursos da escrita que são empregados para


reproduzir pausas, entonações, sentidos, entre outros. Leia as sentenças abaixo
e assinale a alternativa correta sobre o uso da vírgula e do ponto e vírgula.
a) O marido quer a compra do carro. A esposa; da casa.
b) A Maria viajou para o Ceará, o Pedro para o Rio Grande do Sul.
c) Alguns disseram que não fariam a prova; outros que só a fariam se o professor
estivesse presente.
d) O Pedro estava orgulhoso do filho; a Maria, dos netos.

Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim
que amava Lili que não amava ninguém.
ANDRADE, C. D. de. Quadrilha. Em: Poesia completa. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 2006. p. 26.

4. Sobre o trecho do poema “Quadrilha”, analise as afirmativas a seguir:

I. A reiteração sucessiva do pronome relativo “que” no poema é um elemento de


progressão textual, pois indica a
repetição das ações dos personagens.
II. O trecho do poema enfatiza o futuro do pretérito do indicativo marcado pela
sucessão de repetição do verbo amava.
III. A repetição do pronome “que” poderia ser evitada pela utilização dos sinais
de pontuação: vírgula ou ponto e vírgula sem comprometer o sentido.

58
É correto o que se afirma
a) apenas em I.
b) apenas em II.
c) apenas em III.
d) em I, II e III.

5. Assinale a alternativa em que o uso de sinal de pontuação no interior do


enunciado tem a finalidade de indicar ao leitor uma explicação feita pelo
narrador.
a) A cachorra Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não
guardava lembrança disto.
b) Agora, enquanto parava, dirigia as pupilas brilhantes aos objetos familiares...
c) Fabiano também às vezes sentia falta dela, mas logo a recordação chegava.
d) ... o resto da farinha acabara, não se ouvia um berro de rês perdida na
caatinga. e)... e o papagaio, que andava furioso, com os pés apalhetados, numa
atitude ridícula.

6. Quanto ao uso das vírgulas, assinale a alternativa CORRETA:


a) O homem, que é um ser racional tem péssima atitude.
b) Todos os empregados demitidos, serão indenizados.
c) Houve, porém, um inconveniente sério.
d) Não haverá aula amanhã, ou melhor depois de amanhã.

7. Em conformidade com a norma-padrão de pontuação, na frase “Mas durante


séculos os homens sonharam em vão com o elixir da longa vida e com a fonte
da juventude eterna.”, a seguinte expressão pode ser isolada com o uso de duas
vírgulas:
a) durante séculos
b) os homens
c) sonharam em vão
d) o elixir da longa vida
e) com a fonte da juventude

59
GABARITO
1 2 3 4 5 6 7
B ERRADO D A E C A

EXERCÍCIOS

1. Assinale a alternativa, onde temos um aposto.


a) Meu pai, homem sério e prudente, era inteligente.
b) – Boa tarde, dona Maria. Como vai a senhora?
c) – Então, camarada, aposto que teve muito medo.
d) – Deixe de besteira, seu João. Em São Francisco do Guaporé, nós não
atropelamos ninguém.

2. Assinale a afirmativa que apresenta um vocativo:


a) Comprei três frutas: banana, maçã e laranja.
b) Machado de Assis, escritor brasileiro, faleceu em 1908.
c) Ela adora estudar.
d) Não faça isso, João!

3. Analise: “Em uma manhã fria de segunda-feira em São Paulo, a sala de aula
virtual do professor Marcos Rojo, cofundador do Instituto de Ensino e Pesquisa
em Yoga, estava cheia.” E assinale a alternativa incorreta.
a) Há a presença de um advérbio de tempo.
b) Há um aposto explicativo.
c) Há uma oração subordinada.
d) Há um sujeito simples.

4. A alternativa que corresponde corretamente a citação a seguir é: “Palavra ou


expressão que representa a pessoa ou coisa personificada, a quem nos
dirigimos diretamente: Paulo, onde está você?”

60
a) Verbo.
b) Vocativo.
c) Aposto.
d) Adjunto adnominal.

5. Considere: “Alexandro, chileno que virá palestrar, é um ótimo profissional”.


Assinale a função sintática do substantivo da oração sublinhada:
a) Adjunto adverbial.
b) Aposto explicativo.
c) Vocativo.
d) Aposto enumerador.

6. Dançar, nadar, brincar, nada lhe interessava.”. Com base no termo destacado,
assinale a alternativa correta:
a) Aposto resumitivo.
b) Aposto explicativo
c) Aposto especificativo.
d) Aposto enumerativo.

7. Assinale a alternativa que apresenta um aposto:


a) A professora de matemática chamou os pais de Maria.
b) Joana gosta de ir ao supermercado.
c) Joana, professora de matemática, deu várias aulas esta semana.
d) Feche a porta, Joana!

8. Em "A minha avó, dona Fernanda, [...]", o termo destacado é:


a) Adjunto Adverbial.
b) Objeto Indireto.
c) Vocativo.
d) Objeto Direto.
e) Aposto.

61
9. Assinale a alternativa que corresponde à função sintática CORRETA do
elemento em destaque no trecho a seguir: O Brasil participou ativamente das
discussões internacionais que culminaram, em 1989, na Convenção Sobre os
Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas (ONU), assinada por
196 países. Disponível: https://agenciabrasil.ebc.com.br
a) Vocativo.
b) Predicativo do sujeito.
c) Adjunto adverbial de modo.
d) Objeto indireto.

10. Assinale a alternativa que corresponde à classificação CORRETA da função


sintática em destaque no trecho a seguir: A vocação empreendedora do
brasileiro nunca esteve tão em alta e, nos momentos de crise, torna-se ainda
mais evidente.
a) Complemento nominal.
b) Objeto indireto.
c) Adjunto adverbial.
d) Objeto direto.

GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A D C B B A C E C C

62
SINTÁXE DO PERIODO COMPOSTO

As orações que compõem o período composto podem relacionar-se por


subordinação ou por coordenação.

Subordinação
Ocorre subordinação quando uma oração, chamada de oração subordinada,
exerce uma função sintática em outra oração, chamada de oração principal.
Exemplo: ele não sabia que a mãe estava em casa.

Coordenação
Ocorre coordenação quando as orações, chamadas de orações coordenadas,
são independentes sintaticamente.
Exemplo: eu estudei e voltei para casa.

CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES

63
Quanto à forma, as orações podem ser desenvolvidas ou reduzidas.

Orações desenvolvidas são introduzidas por conjunção ou por pronome


relativo.
Exemplo: as crianças sabem que comer é importante.

Na subordinação vamos ter de ficar atentos a duas conjunções importantes: o


que e o se.

Orações reduzidas apresentam verbo em uma de suas formas nominais


(infinitivo, gerúndio ou particípio) e não são introduzidas por conjunção nem por
pronome.
Exemplo: raciocinei que estava sempre certo. (Oração desenvolvida) Raciocinei
estar sempre certo. (Oração reduzida)

ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA


Orações subordinadas substantivas são aquelas que exercem função sintática
típica de substantivo, isto é, função de sujeito, objeto direto, objeto indireto,
predicativo, aposto ou complemento nominal.
As orações subordinadas substantivas desenvolvidas normalmente são
introduzidas pelas palavras que ou se, denominadas conjunções integrantes.
Temos seis classificações para as orações subordinadas substantivas, veja no
quadro:

CONHECENDO OS TIPOS
Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
Oração subjetiva é aquela que exerce a função de sujeito do verbo da oração
principal. Havendo oração subordinada substantiva subjetiva, o verbo da oração
principal está necessariamente na terceira pessoa do singular.

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Exemplo: Convém que haja muitos inscritos.
Isso convém.

Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta


Oração objetiva direta é aquela que exerce a função de objeto direto do verbo
da oração principal.
Exemplo: Não sei se fui bem na prova. Não sei isso.

Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta


Oração objetiva indireta é aquela que exerce a função de objeto indireto do verbo
da oração principal.
Exemplo: lembre-se de que você luta por muitos. lembre-se disso.

Oração Subordinada Substantiva Predicativa


Oração predicativa é aquela que exerce a função de predicativo do sujeito da
oração principal.
Exemplo: A verdade é que ninguém confia naquele deputado. A verdade é isso.

Oração Subordinada Substantiva Apositiva


Oração apositiva é aquela que exerce a função de aposto de um termo da oração
principal.
Exemplo: Há uma única saída: fugir.

Este tipo de oração é pouco cobrado em provas de concurso uma vez que sua
identificação é muito simples, a pontuação (:) dois pontos indicará sua existência.

Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal


Oração completiva nominal é aquela que exerce a função de complemento
nominal de um termo da oração principal.
Exemplo: Tenho necessidade de que me ajudes. Tenho necessidade disso.

Dentre as orações subordinadas substantivas, apenas as orações apositivas


podem vir separadas por vírgula (ou por dois pontos) da oração principal. Isso

65
ocorre porque sujeitos, objetos e complementos nunca são separados por
vírgula dos termos a que estão ligados.

EXERCÍCIOS

1. Nos versos “Queria que a minha voz tivesse um formato de canto Porque eu
não sou da informática:...”, as orações
grifadas são classificadas como:
a) 1. subordinada substantiva objetiva direta / 2. coordenada sindética
explicativa.
b) 1. subordinada substantiva subjetiva / 2. subordinada adjetiva explicativa.
c) 1. coordenada sindética explicativa / 2. subordinada adjetiva explicativa.
d) 1. subordinada substantiva objetiva indireta / 2. coordenada sindética
explicativa.

2. No período “...imprimir mais dinheiro do que livros é uma monstruosidade!”, a


oração destacada pode ser classificada como:
a) subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo.
b) subordinada adverbial consecutiva reduzida de infinitivo.
c) subordinada adverbial concessiva reduzida de infinitivo.
d) subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo.

3. A oração destacada no trecho “Costumo dizer que sou um sábio do minuto


seguinte, um virtuoso sem timing” é classificada como oração subordinada
substantiva
a) completiva nominal.
b) objetiva direta.
c) objetiva indireta.
d) subjetiva.

4. “Pesquisas na área de neurociências comprovam que a memória, a


imaginação e a comunicação verbal e corporal ficam mais aguçadas...” (4º§) O
fragmento sublinhado exerce a função de oração subordinada:

66
a) adjetiva restritiva.
b) adjetiva explicativa.
c) substantiva objetiva direta.
d) substantiva objetiva indireta.

5. Relacione adequadamente os tipos de orações subordinadas substantivas às


respectivas orações.
1. Apositiva.
2. Subjetiva.
3. Objetiva indireta.
4.Completiva nominal.

( ) O paciente desrespeitou a recomendação de que não tomasse aquele


remédio à noite.
( ) Avisei-o de que deveria fazer repouso após a cirurgia.
( ) Não se sabe como ele conseguiu sobreviver.
( ) O irmão, preocupado, disse-lhe isto: não exagere com a bebida.

A sequência está correta em: a) 3, 2, 1, 4.


b) 2, 3, 1, 4.
c) 1, 2, 3, 4.
d) 4, 3, 2, 1.
e) 4, 2, 3, 1.

GABARITO
1 2 3 4 5
A D B C D

67
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVA

Orações subordinadas adjetivas são aquelas que exercem função de adjetivo,


referindo-se a um termo da oração principal.
Exemplo: As pessoas que mentem não me agradam.

Oração Subordinada Adjetiva Restritiva


Não Possui a marca de pontuação em sua estrutura, relaciona-se a uma parte.

Exemplo: as mulheres que não trabalham sofrem represálias.


Para saber se estamos diante de uma oração subordinada adjetiva, basta
apenas substituir o que por um pronome relativo de mesmo valor, exemplo: o
qual. Por não colocar a pontuação, a frase restringe sua estrutura.

Oração Subordinada Adjetiva Explicativa


As orações explicativas sempre vêm separadas por vírgula da oração principal.
Exemplo: Os políticos, que são corruptos, envergonham a nação.
Para saber se estamos diante de uma oração subordinada adjetiva, basta
apenas substituir o que por um pronome relativo de mesmo valor, exemplo: o
qual.

68
EXERCÍCIOS

1. No período “Uma delas foi inventada por homens que amam a precisão dos
números,...”, a oração destacada é classificada como:
a) subordinada adverbial final.
b) subordinada adjetiva restritiva.
c) coordenada sindética explicativa.
d) subordinada substantiva objetiva direta.

2. Numa parede de uma fábrica de cerveja de Tiradentes (MG), estava escrita a


seguinte frase: “Há bares que vêm para o bem”. Sobre a estrutura e o conteúdo
semântico desse texto, a única afirmativa INADEQUADA é:
a) a estrutura dessa pequena frase é de caráter intertextual;
b) a repetição fônica vêm/bem auxilia a apreensão da frase;
c) a oração “que vêm para o bem” explica o sentido de “bares”;
d) a forma plural “vêm” concorda com “bares”;
e) a forma verbal “Há” tem sentido de “existência”.

3. No período composto “Não posso ser uma mulher como nossas mães, que se
conformam em aprender corte e costura”, a oração destacada é classificada
como:
a) coordenada sindética conclusiva.
b) subordinada adjetiva explicativa.
c) subordinada adjetiva restritiva.
d) subordinada adverbial causal.

4. Acerca da estrutura da oração e do período, é CORRETO afirmar que a


partícula “que” (linha 5) introduz uma: Texto: “o número expressivo de indivíduos
que desenvolverão”
a) Oração subordinada substantiva completiva nominal.
b) Oração subordinada substantiva predicativa.
c) Oração subordinada adjetiva explicativa.

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d) Oração subordinada adjetiva restritiva.

5. Tendo em vista a estrutura gramatical do texto, julgue (C ou E) o item a seguir.

Texto: “se a emancipação, em 1867 e 1868, era tão urgente, que o imperador a
mandava estudar”.

A oração iniciada por “que” (linha 39) introduz uma explicação acerca da oração
que inicia o período, sendo classificada como adjetiva explicativa.
Certo ( ) Errado ( )

6. Assinale abaixo a alternativa que contem período composto por oração


subordinada adjetiva restritiva.
a) Eu preciso que você me explique melhor o que quer.
b) Os atletas que se prepararam com menos horas de treino ao longo da semana
foram os mais bem colocados no campeonato.
c) Eu preciso disso: que você se comunique melhor comigo.
d) Os atletas, que se prepararam com mais horas de treino ao longo da semana,
foram os mais bem colocados no campeonato.

GABARITO
1 2 3 4 5 6
A D C B ERRADO B

70
ESTUDO DO PRONOME RELATIVO

Os pronomes relativos são utilizados na oração subordinada para substituir um


termo da oração principal. Exemplo: a menina cantava. A menina estava com a
mãe.
A menina que cantava estava com a mãe.
O pronome relativo exerce, na oração subordinada, uma função sintática
correspondente à função sintática do termo que ele substitui.
Por exemplo: A menina que cantava estava com a mãe.

• O pronome “que” está substituído a palavra menina, logo, sua


classificação sintática é de sujeito da oração.

Análise sintática: A menina (sujeito) cantava (verbo intransitivo). Como a palavra


“que” está substituindo o sujeito, ela funciona como sujeito.

Outro exemplo:
O jogador que eu vi parecia-se com o Pelé.

• O pronome “que” está substituído a palavra “jogador”, logo, sua


classificação sintática é de objeto direto da oração.

Análise sintática: eu (sujeito), vi (verbo transitivo direto), o jogador (objeto direto).


Como a palavra “que” está substituido o objeto direto, ela funciona como objeto
direto.

FUNÇÕES DO PRONOME RELATIVO


1) Sujeito: As pessoas que estavam aqui são muito educadas.
2) Objeto Direto: O país que visitei estava em guerra.
3) Objeto Indireto: O médico a quem entreguei os exames tranquilizou-nos.

71
4) Predicativo: Lembro-me com saudade das crianças que nós éramos.
5) Complemento Nominal: A pessoa a quem fiz referência não estava presente.
6) Agente da Passiva: O policial por quem fomos salvos recebeu uma medalha.
7) Adjunto Adverbial: O lugar em que vivo é muito bonito. Observe que o
pronome relativo ―quem‖ sempre é precedido de preposição.

CUJO
Estabelece uma relação de posse entre o antecedente e o termo que especifica.
Sua função principal é de adjunto adnominal. Em alguns casos, pode ser também
complemento nominal.

Adjunto Adnominal: O autor cujos livros admiro fez uma palestra ontem. (livros
do autor)
Complemento Nominal: Os salários, cujo aumento foi adiado, são a causa da
greve. (aumento dos salários)

ATENÇÃO: o pronome cujo não aceita colocação de artigo nem antes nem após
seu uso.

Pronomes “onde”, “quando” e “como”


Esses pronomes exercem essencialmente função de adjunto adverbial.
• Adv. de lugar: O país onde vivo é um dos maiores do mundo.
• Adv. de tempo: No instante quando começamos a amar, tudo parece
melhor.
• Adv. de modo: Não gostei da forma como você foi atendido.

72
EXERCÍCIOS

1. O vocábulo “que” pode apresentar classificações e funções diversas na


construção de frases. Dentre as ocorrências do “que”, assinale aquela cuja
função sintática pode ser identificada como sujeito da oração.
a) “[...] a primeira coisa que fazia era bater os olhos na caixa [...]” (3º§)
b) “Era um tempo em que não havia internet, não havia Skype [...]” (4º§)
c) “[...] aquelas cartas que chegavam em envelopes verde-amarelos.” (1º§)
d) “Durante os anos que passei fora do Brasil, comunicava-me por cartas.” (1º§)

2. O termo que comumente pode se comportar como um elemento coesivo


anafórico, ao retomar informações já expressas no texto. Nesse caso, trata-se
de um pronome relativo, que pode desempenhar diferentes funções sintáticas.
Considerando as alternativas a seguir, aponte aquela cujo que destacado exerce
função sintática distinta dos demais.
a) “A prevenção policial corresponde a 80% da segurança que o Estado pode
exercer.” (4º§)
b) “Uma sociedade que tem um projeto calcado na repressão não é uma
sociedade saudável...” (8º§)
c) “... os saques envolvem ‘não-criminosos’ habituais, que cometem os crimes
pela facilidade que encontram...” (3º§)
d) “Na sexta-feira (10), o governo do Espírito Santo resolveu endurecer com os
polícias militares que participavam da mobilização.” (13º§)

3. A partícula "que" em “Sei que canto” (linha 13)


a) não possui função sintática.
b) possui função sintática de pronome relativo.
c) possui a função sintática de conjunção integrante.
d) é uma partícula de realce.
e) é uma partícula fossilizada.

4. O elemento de coesão “que” possui, no texto, a função sintática idêntica ao do


elemento sublinhado na sentença:
Ao verme

73
que
primeiro roeu as frias carnes
do meu cadáver
a) Machado escreveu doente Memórias Póstumas.
b) O narrador de Memórias Póstumas é onisciente.
c) Machado é um dos mais consagrados escritores no Brasil.
d) Machado foi fundador da Academia Brasileira de Letras.
e) A ideia de Machado era explicar a corrupção brasileira.

5. Em relação ao emprego do pronome relativo, marque C para certo e E para


errado. Em seguida, assinale a alternativa com a sequência correta.
( ) Quero apresentar-lhe a filha cuja a mãe dela foi eleita a Mãe do Ano.
( ) Posso saber o motivo que você desistiu de concorrer àquele prêmio tão
sonhado?
( ) O futebol é o esporte pelo qual os homens brasileiros mais se interessam.
( ) As dificuldades por que passamos servem para nos tornar mais fortes na
caminhada.

a) E - C - C – C
b) C - C - E – E
c) E - E - C - C
d) C - E - E – E

GABARITO
1 2 3 4 5
C A A D C

74
Oração Subordinada Adverbial

Orações subordinadas adverbiais são aquelas que exercem função de adjunto


adverbial, estabelecendo uma circunstância em que se passa a ação verbal
expressa na oração principal. As orações subordinadas adverbiais são
classificadas de acordo por conjunções subordinativas circunstanciais.

Orações Subordinadas Adverbiais Causais:


Exemplo: Faltei à aula do ponto 40 porque fui ao médico.

Orações Subordinadas Adverbiais Comparativas:


Exemplo: Vive tal qual um leão na selva.

Orações Subordinadas Adverbiais concessivas:


Exemplo: embora tivesse estudado muito, foi mal na prova.

Orações Subordinadas Adverbiais Condicionais:


Exemplo: se meu pai fosse mulher, eu teria duas mães.

75
Orações Subordinadas Adverbiais Conformativas:
Exemplo: fiz o caderno do papiro como o professor mandou.

Orações Subordinadas Adverbiais finais:


Exemplo: o juiz apitou para que o jogo começasse.

Orações Subordinadas Adverbiais temporais:


Exemplo: antes de julgar, veja se você é bom.

Orações Subordinadas Adverbiais proporcionais:


Exemplo: à medida que estudo, aprendo.

EXERCÍCIOS

1. Em “...enquanto destacam-se como polo positivo uma Constituição moderna,


sintonizada com demandas do cidadão, embora carecendo ser mais aplicada do
que usada como componente retórico,...” a oração iniciada pela conjunção
“embora” é classificada como:
a) coordenada sindética explicativa.
b) coordenada sindética adversativa.
c) subordinada adverbial concessiva.
d) subordinada adverbial conformativa.

2. Assinale a alternativa que exprima corretamente a função sintática do trecho


grifado da oração “Os alunos percebem rapidamente quando estamos
desarticulados” (l. 22-23) retirada do Texto 1.
a) oração subordinada substantiva objetiva direta
b) oração subordinada adverbial de tempo
c) oração subordinada apositiva
d) oração coordenada assindética
e) complemento direto do verbo “perceber”

76
3. Há noção de causa no segmento sublinhado que se encontra em:
a) Ele tem grande percepção para o comportamento social e suas mudanças...
(1° parágrafo).
b) Há uma mescla de artigo e crônica nos seus textos, como se você estivesse
interessado nas ideias (4° parágrafo).
c) ...e tentar pensar bem, mas nunca esquecer que nada vai ficar gravado em
pedra... (4° parágrafo).
d)...a crônica pegou no Brasil pelo acidente de aparecerem bons cronistas... (2°
parágrafo).
e) Ser mais pessoal, mais coloquial, depende do estilo de cada um. (3°
parágrafo).

GABARITO
1 2 3
C A D

PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO

Um período composto por coordenação é constituído por duas ou mais orações


coordenadas. Orações coordenadas são aquelas que independem
sintaticamente umas das outras

Orações coordenadas assindéticas são aquelas que não são ligadas por
conjunção.
Exemplo: As crianças trabalham, a infância não é tão bela.

Orações coordenadas sindéticas são aquelas ligadas por conjunção.


Exemplo: Eu estive em sua casa, mas não o vi.

As conjunções que introduzem as orações coordenadas sindéticas são


chamadas de conjunções coordenativas.

77
1. Aditivas:
Ele trabalha e estuda.

2. Adversativas:
Eu gosto de carne, mas ela não.

3. Alternativas:
Ora chove, ora bate sol.

4. Conclusivas:
Ele estudou. Portanto, foi aprovado.

5. Explicativas:
Ele estudou, pois queria aprender.

Observação: A conjunção “pois” será explicativa se vier antes do verbo e


conclusiva se vier depois do verbo.

78
EXERCÍCIOS

1. A frase: "Ele correu pra ver a borboleta, ela nadava pelo óleo lentamente" pode
ser classificada como:
a) Oração Coordenada Sindética Adversativa
b) Oração Coordenada Assindética
c) Oração Assindética Explicativa
d) Oração Coordenada Conclusiva
e) Oração Coordenada Alternativa

2. Sobre o período: "Qual o motivo de tanta dificuldade para elaborar um bom


texto oficial, como: carta comercial, ofício, relatório, dentre muitos outros?"
Marque a alternativa INCORRETA:
a) Inicia com pronome indefinido interrogativo, a preposição: "de" é imposta pela
regência nominal, enquanto "para" enuncia finalidade.
b) O predicado pede objeto direto.
c) Os termos: "ofício" e "relatório" pertencem à mesma tonicidade paroxítona de:
"contexto" e "preparo".
d) As vírgulas separam orações coordenadas assindéticas.

3. Analise o período abaixo e responda ao que se pede.

“Ela e outros cientistas da conferência riram da situação, mas ela ficou


desconfortável com o acontecido.” Trata-se de um período composto:
a) Por coordenação, com duas orações independentes, sendo a segunda oração
classificada como sindética adversativa.
b) Por subordinação, com duas orações dependentes entre si, sendo a primeira
subordinada à segunda.
c) Por coordenação, com duas orações independentes, sendo a segunda oração
classificada como sindética aditiva.
d) Por subordinação, com duas orações independentes entre si.
e) Por coordenação, com duas orações independentes, sendo a segunda oração
classificada como assindética.

79
4. No texto temos
Texto: Você vista meu pensamento, rouba meu sono, acelera meu coração e me
enche de saudade.
a) Quatro orações coordenadas assindéticas.
b) Três orações coordenadas assindéticas e outra, coordenada sindética
adversativa.
c) Três orações coordenadas assindéticas e outra, coordenada sindética aditiva.
d) Quatro orações subordinadas adverbiais.

5. Leia o poema a seguir para responder à próxima questão.

A um passarinho: (Vinícius de Moraes).

Para que vieste


Na minha janela
Meter o nariz?
Se foi por um verso
Não sou mais poeta
Ando tão feliz!
Se é para uma prosa
Não sou Anchieta
Nem venho de Assis.
Deixa-te de histórias
Some-te daqui!

O verso do poema “Nem venho de Assis”, é uma oração coordenada:


a) Assindética.
b) Sindética explicativa.
c) Sindética aditiva.
d) Sindética adversativa

80
6. Assinale a alternativa cuja oração sublinhada exemplifica o processo de
coordenação.
a) "É dever do Estado (em atendimento a um direito inalienável) prover crianças
e adolescentes com cuidados, segurança, oportunidades, inclusive de
recuperação diante de deslizes sociais".
b) "Neste sentido, o ECA mantém dispositivos importantes, que asseguram
proteção a uma parcela da população em geral incapaz de discernir entre o certo
e o errado à luz das regras sociais".
c) "Mas, se estes são aspectos consideráveis, por outro lado é condenável o viés
paternalista de uma lei orgânica que mais contempla direitos do que cobra
obrigações daqueles a quem pretende proteger".
d) "É um tipo de interpretação que anaboliza espertezas da criminalidade, como
o emprego de menores em ações - inclusive armadas - de quadrilhas
organizadas, ou serve de salvo-conduto a jovens criminosos para afrontar a lei".
e) "É um tipo de interpretação que anaboliza espertezas da criminalidade, como
o emprego de menores em ações - inclusive armadas - de quadrilhas
organizadas, ou serve de salvo-conduto a jovens criminosos para afrontar a lei".

GABARITO
1 2 3 4 5 6
B D A C C D

81
PONTUAÇÃO DO PERÍODO COMPOSTO

1) Subordinadas Substantivas
Não se separam da oração principal por meio de vírgula a oração principal da
oração subordinada substantiva. A exceção é a substantiva apositiva, que se
separa por dois-pontos.
Exemplo: ele não queria que a festa acabasse.

2) Subordinadas Adjetivas Usa-se a vírgula para isolar orações adjetivas


explicativas. Já as restritivas não são separadas por vírgula.
Exemplo: Fortaleza, que é a capital do Ceará, é bela.
No caso das adverbiais, teremos que ter um pouco mais de atenção.

1 - Obrigatórias apenas se deslocadas; na ordem direta, vírgula facultativa.


Causais
Finais
Proporcionais
Temporais

2 - Obrigatória sempre:
Concessivas
Condicionais
Conformativas

3 - Proibida com uma ponderação


Consecutivas
Comparativas

82
EXERCÍCIOS

1. Segundo regras de pontuação, uma vírgula deixou de ser empregada em


a) De acordo com o artigo 206 da Constituição, as universidades públicas são
gratuitas, não podem cobrar mensalidades (linhas 5 e 6).
b) O assunto pode ser interpretado como uma boa briga ou um debate saudável,
como observa a diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas
Educacionais da FGV/EBAPE, professora Cláudia Costin (linhas 9 a 11).
c) Um estudo do Banco Mundial, divulgado em 2017 aponta que a cobrança de
mensalidade nas universidades públicas brasileiras seria uma forma de diminuir
as desigualdades sociais (linhas 14 e 15).
d) “A maioria dos estudantes dessas universidades vem de escolas particulares,
poderiam pagar a mensalidade”, avalia Marcelo Becerra, especialista líder em
Educação do Banco Mundial (linhas 16 e 17).
e) Para o reitor da Unicamp, não é a cobrança de mensalidade que resolverá as
questões de equidade social (linhas 33 e 34).

2. Assinale a alternativa cuja reelaboração da pontuação mantém a estrutura


sintática e semântica do enunciado, bem como a sua correção normativa.
a) Em vez de reduzir a possibilidade a uma palavra, por que não falar que se
aprimora continuamente, citando, por exemplo, quantos e quais livros lê por ano
ou cursos – que faz por conta própria?
b) Ou seja, além de querer trabalhar, o mais importante, é demonstrar interesse
em contribuir com o sucesso da companhia.
c) Melhor especificar que – sempre que necessário ou demandado pelo gestor –
você tem responsabilidade para entregar as tarefas no prazo e nas
especificações.
d) Diferentes, são as opiniões, não, a verdade.

3. As vírgulas usadas no trecho “pacientes com deficiência auditiva receberam,


na última sexta-feira (04), novas próteses que os permitirão ouvir melhor.”
serviram para separar:
a) um adjunto adverbial.
b) uma explicação.
c) o nome de um lugar que vem antes da data.

83
d) palavras de mesma função sintática.
e) um vocativo.

4. Assinale a alternativa que apresenta a frase pontuada conforme a norma


padrão da língua portuguesa.
a) Os amigos, de Lucas acabaram chegando, atrasados.
b) Naquela tarde meus colegas, não foram, à escola.
c) O que importa, de fato é a qualidade, das amizades.
d) Escolher, bom amigos só se aprende, com o tempo.
e) Cláudio, o amigo de Ana, também irá ao cinema.

5. Assinale a alternativa em que a pontuação está empregada corretamente,


conforme a norma culta da língua portuguesa.
a) Estamos, nas Escolas de Samba de São Paulo aguardando que, ocorra uma
vacinação em massa, para organizar um carnaval no mês de julho.
b) Depois da gripe suína, a nova doença causava febre alta, dor de garganta e
de cabeça, perda de olfato e de paladar.
c) A pandemia trouxe novos hábitos e cada qual a seu jeito, foi procurando
adaptar-se não sem pouco sofrimento.
d) O progresso foi chegando devagarinho: tudo foi sendo substituído, pouco a
pouco pelos prédios; o bairro, já não é o mesmo.
e) Os pesquisadores observaram que depois, das queimadas há no solo da
floresta, uma maior abundância de bactérias.

GABARITO
1 2 3 4 5
C C A E B

84
PONTUAÇÃO DO PERÍODO COMPOSTO
ORAÇÕES COORDENDAS

ADITIVAS
Mesmo sujeito: vírgula proibida
Exemplo: Ele estuda, e trabalha.

Sujeitos diferentes: vírgula obrigatória para a maioria das bancas, salvo banca
Cespe, que entende esta vírgula como facultativa.
Exemplo: Ele estuda e você acerta questões.

ADVERSATIVAS: sempre com pontuação.


Exemplo: Ele estuda, mas não faz exercícios.

CONCLUSIVAS: sempre com pontuação.


Exemplo: Estudou, portanto será aprovado.

ALTERNATIVAS:
Duas conjunções: vírgula obrigatória
Exemplo: ou faça o certo, ou mude-se daqui.

UMA conjunção: vírgula proibida.


Exemplo: estude, ou não será aprovado.

EXPLICATIVAS: sempre com pontuação.


Exemplo: ele foi aprovado, pois está trabalhando.

85
EXERCÍCIOS

Socorro Socorro, eu não estou sentindo nada.


Nem medo, nem calor, nem fogo,
não vai dar mais pra chorar
nem pra rir.

Socorro, alguém me dê um coração,


que esse já não bate nem apanha.
Por favor, uma emoção pequena,
qualquer coisa que se sinta,
tem tantos sentimentos,
deve ter algum que sirva.

Socorro, alguma rua que me dê sentido,


em qualquer cruzamento,
acostamento, encruzilhada,
socorro, eu já não sinto nada.

Socorro, alguma rua que me dê sentido,


em qualquer cruzamento, acostamento, encruzilhada,
socorro, eu já não sinto nada.

1. a vírgula foi empregada para separar termos da oração com a mesma função
sintática no trecho
a) “alguma alma, mesmo que penada” (segunda estrofe).
b) “em qualquer cruzamento, / acostamento, encruzilhada” (quarta estrofe).
c) “Já não sinto amor nem dor, / já não sinto nada” (segunda estrofe).
d) “Por favor, uma emoção pequena” (terceira estrofe).
e) “tem tantos sentimentos, / deve ter algum que sirva” (terceira estrofe).

86
2. Assinale a alternativa que corresponde ao período de pontuação correta.
a) Ele prefere cinema e, eu teatro
b) Hoje, eu, daria o mesmo conselho: mais doutrina e menos análise
c) Precisando de um grande conselho, procurou José, seu amigo de longas
conversas.
d) Ele que era o novo técnico, não convocou os melhores!
e) Quando eu chego, em casa tudo me alegra, canto sem parar.

3. Assinale a alternativa corretamente pontuada.


a) Trata-se da terapia larval (ou larvoterapia), que como o nome sugere, é o uso
de larvas, no caso moscas para a cicatrização de ferimentos que resistem à
cicatrização.
b) Trata-se da terapia larval (ou larvoterapia) que, como o nome sugere é o uso
de larvas, no caso moscas, para a cicatrização de ferimentos, que resistem à
cicatrização.
c) Trata-se da terapia larval (ou larvoterapia) que como o nome sugere é: o uso
de larvas no caso moscas, para a cicatrização de ferimentos que resistem à
cicatrização.
d) Trata-se da terapia larval (ou larvoterapia), que, como o nome sugere, é o uso
de larvas, no caso moscas, para a cicatrização de ferimentos que resistem à
cicatrização.
e) Trata-se da terapia larval, (ou larvoterapia), que como o nome sugere é o uso
de larvas; no caso moscas; para a cicatrização de ferimentos, que resistem, à
cicatrização.

GABARITO
1 2 3
B C D

87
PRONOMES

CONCEITO
O pronome é a palavra que substitui o substantivo (pronome substantivo) ou o
acompanha (pronome adjetivo), indicando sua posição em relação às pessoas
do discurso ou situando-o no espaço e tempo. O pronome flexiona-se em gênero
(masculino e feminino), número (singular e plural) e pessoa (primeira, segunda
e terceira) Pronomes Pessoais Pronome pessoal é aquele que indica as pessoas
do discurso.

• Primeira pessoa: aquela que fala (emissor)


• Segunda pessoa: aquela com que se fala (receptor)
• Terceira pessoa: aquela de quem se fala (referente)

O pronome pessoal flexiona-se em gênero, número, pessoa e caso (reto ou


oblíquo).

Pronome pessoal do caso reto: exerce função de sujeito da oração. Exemplo:


EU estou feliz.
Pronome pessoal do caso oblíquo: exerce a função de complemento.
Exemplo: lembrei-me da aliança prometida.

Os pronomes pessoais oblíquos dividem-se em átonos e tônicos. Os tônicos


sempre vêm precedidos de preposição, e os átonos, por sua vez, não possuem
essa característica. Vamos observar novamente a tabela dos pronomes.

88
EXERCÍCIOS

1. No trecho ... capaz de dar a ele potencial de tomada de decisão, raciocínio,


aprendizagem e reconhecimento de padrões (3º parágrafo), o termo sublinhado
pode ser corretamente substituído por
a) conceder-lhe
b) munir-lhe de
c) atribuí-lo
d) providenciá-lo
e) propiciar-lhe de

2. Foi um dos primeiros a perceber o gênio do escritor e o estimulou sem trégua


a acreditar em si mesmo (7° parágrafo)
Os termos sublinhados acima constituem, respectivamente:
a) artigo – preposição – pronome
b) preposição – pronome – artigo
c) artigo – pronome – preposição
d) preposição – artigo – pronome
e) pronome – artigo – preposição

3. Observe o seguinte trecho do 5º parágrafo. É assim inclusive com essas


crônicas, que tenho vergonha de publicar, mas gosto demais de escrever para
parar ... Preservando a correção e a relação de sentido estabelecida com o
elemento sublinhado, a frase acima pode ser completada com a seguinte
expressão:
a) de divulgá-la.
b) de divulgá-lo.
c) de divulgar-lhe.
d) de divulgar-lhes.
e) de divulgá-las.

89
4. Certos cientistas ...... que os mosquitos, em países tropicais e
subdesenvolvidos, ..... graves causadores de doenças a partir da década de
2000, em virtude de ..... sérios problemas de saneamento básico. Preenchem
corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada, as formas verbais em:
a) declaram – se tornaram − haverem
b) declaram – tornaram-se – existir
c) declaram − tornaram-se − haver
d) declara – tornara-se – existirem
e) declara – se tornara – haver

5. Ao tratar uma letra de música como sendo um poema, o agente está a elogiar
a música, como se o fato de uma letra de música ser um poema tornasse a letra
mais relevante para o mundo. Do mesmo modo, chamar um compositor de poeta
é exaltar o compositor. Pergunto: ser poeta aos olhos do mundo é mais
importante do que ser compositor?
(Adaptado de: MENEZES, Raquel. Disponível em:
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/literatura)
Fazendo-se as devidas alterações, os elementos sublinhados acima foram
corretamente substituídos por um pronome em:
a) elogiar-lhe – a tornasse – exaltá-lo
b) elogiá-la – a tornasse – exaltá-lo
c) elogiá-la – lhe tornasse – lhe exaltar
d) lhe elogiar – tornasse-lhe – lhe exaltar
e) elogiá-la – tornasse-lhe – o exaltar

GABRITO
1 2 3 4 5
A B E C B

90
COLOCAÇÃO PRONOMINAL

Em relação ao verbo os pronomes oblíquos átonos (me, nos, te, vos, o, a, os,
as, lhe, lhes, se) podem aparecer em três posições distintas:

Antes do verbo – PRÓCLISE;


No meio do verbo – MESÓCLISE;
Depois do verbo – ÊNCLISE

REGRA PRINCIPAL

Proibições
1. Começar frases, oração ou período com pronome oblíquo átono;
2. Utilizar pronome oblíquo átono depois de pausa;
3. Utilizar pronome oblíquo átono depois de verbos no futuro;
4. Utilizar pronome oblíquo átono depois de verbos no particípio.

PRÓCLISE
Esse tipo de colocação pronominal é utilizada quando há palavras que atraiam
o pronome para antes do verbo. Tais palavras são:

1) Advérbio e locuções adverbiais.


Exemplo: aqui no objetivo, se estuda muito.

2) Palavras ou expressões negativas.


Exemplo: Não me arrependo de nada.

3) Pronomes Indefinidos
Exemplo: Ninguém me deu apoio.

4) Pronomes Demonstrativos

91
Exemplo: Isso me deixou irritado.

5) Conjunções subordinativas
Exemplo: Embora me interesse pelo carro, não posso comprá-lo.

6) Frases interrogativas
Exemplo: Quem lhe deu a bola?

7) Frases exclamativas
Exemplo: Isso me deixou feliz!

8) Frases optativas
Exemplo: Deus o ilumine

ATENÇÃO!!!
Existem casos que se pode utilizar tanto a próclise como a ênclise: - Pronomes
pessoais do caso reto. Se houver palavra atrativa, usa-se a próclise.
Exemplo: Ele lhe entregou a carta.
Ele entregou-lhe a carta.

Com infinitivo não flexionado precedido de palavra negativa ou preposição.


Exemplo: Vim para te ajudar.
Vim para ajudar-te.

MESÓCLISE
Essa colocação pronominal é usada apenas com verbos no futuro do presente
ou futuro do pretérito, desde que não haja uma palavra que exija a próclise.
Exemplo: Contar-te-ei um grande segredo. (futuro do presente)

Observação: nunca ocorrerá a ênclise quando a oração estiver no futuro do


presente ou no futuro do pretérito.

92
ÊNCLISE
Sempre ocorre ênclise nos casos abaixo:

1) A oração é iniciada por verbo, desde que não esteja no futuro.


Exemplo: Informei-o sobre o resultado do concurso.

2) Com o verbo no imperativo afirmativo.


Exemplo: Levanta-te.

3) Orações reduzidas de infinitivo.


Exemplo: Espero contar-lhe tudo.

MUDANÇAS SOFRIDAS PELOS PRONOMES O, A, OS, AS QUANDO


COLOCADOS EM ÊNCLISE

Dependendo da terminação verbal os pronomes O, A, OS, AS, podem sofrer


alterações em sua forma. Veja: Quando o verbo terminar em vogal, os pronomes
não sofrem alterações.
Exemplo: Cantando-o.

Se o verbo terminar em R, S, ou Z, perde essas consoantes e os pronomes


assumem a forma LO, LA, LOS, LAS.
Exemplo: Fazer; fazê-lo

Se o verbo terminar em som nasal (am, em, -ão), os pronomes assumem a forma
NO, NA, NOS, NAS.
Exemplo: Estudam-na.

93
EXERCÍCIOS

1. A educação para a cidadania é um objetivo essencial, mas comprometem essa


educação para a cidadania os que pretendem praticar a educação para a
cidadania sem dotar a educação para a cidadania da visibilidade das atitudes
públicas.
Evitam-se as repetições viciosas da frase acima substituindo-se os segmentos
sublinhados, respectivamente, por:
a) comprometem-lhe − praticá-la − dotar-lhe
b) comprometem ela − praticar-lhe − dotá-la
c) comprometem-na − praticá-la − dotá-la
d) comprometem a mesma − a praticar − lhe dotar
e) comprometem a ela − lhe praticar − a dotar

2. Ao tratar uma letra de música como sendo um poema, o agente está a elogiar
a música, como se o fato de uma letra de música ser um poema tornasse a letra
mais relevante para o mundo. Do mesmo modo, chamar um compositor de poeta
é exaltar o compositor. Pergunto: ser poeta aos olhos do mundo é mais
importante do que ser compositor?
(Adaptado de: MENEZES, Raquel. Disponível em:
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/literatura)

Fazendo-se as devidas alterações, os elementos sublinhados acima foram


corretamente substituídos por um pronome em:
a) elogiar-lhe – a tornasse – exaltá-lo
b) elogiá-la – a tornasse – exaltá-lo
c) elogiá-la – lhe tornasse – lhe exaltar
d) lhe elogiar – tornasse-lhe – lhe exaltar
e) elogiá-la – tornasse-lhe – o exaltar

94
3. É inegável que o século XX deixou-nos um legado de impasses, a gravidade
desses impasses se faz sentir até hoje, uma vez que não solucionamos esses
impasses nem mesmo amenizamos as consequências desses impasses.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos
sublinhados, na ordem dada, por:
a) em cuja gravidade − lhes solucionamos − suas consequências;
b) cuja gravidade − os solucionamos − suas consequências;
c) da qual gravidade − solucionamo-los − as consequências dos mesmos;
d) onde a gravidade − lhes solucionamos − as próprias consequências;
e) gravidade de cujos − os solucionamos − as consequências em si mesmas.

4. Certos cientistas......que os mosquitos, em países tropicais e sub


desenvolvidos,......graves causadores de doenças a partir da década de 2000,
em virtude de......sérios problemas de saneamento básico.

Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada, as formas


verbais em:
a) declaram – se tornaram − haverem
b) declaram – tornaram-se – existir
c) declaram − tornaram-se − haver
d) declara – tornara-se – existirem
e) declara – se tornara – haver

GABARITO
1 2 3 4
C B B C

95
EXERCÍCIOS

1. Amanhã serão definidos os nomes do presidente da República e dos


governadores de alguns estados...

A substituição da expressão “serão definidos” por definir-se-ão garante a


correção gramatical do período.
Certo ( ) Errado ( )

2. O Ministério Público Federal impetrou mandado de segurança contra a


decisão do juízo singular que, em sessão plenária do tribunal do júri, indeferiu
pedido do impetrante para que às testemunhas indígenas fosse feita a pergunta
sobre em qual idioma elas se expressariam melhor, restando incólume a decisão
do mesmo juízo de perguntar a cada testemunha se ela se expressaria em
português e, caso positiva a resposta, colher-se-ia o depoimento nesse idioma,
sem prejuízo do auxílio do intérprete.

A posposição do pronome “se” ao verbo em “colher-se-ia” (linha 9) — colheria-


se — comprometeria a correção gramatical do trecho.
Certo ( ) Errado ( )

3. Na variedade culta da língua portuguesa falada ou escrita no Brasil, além da


ocorrência de expressões como “podem assinalar-se” (linha 1), em que o
pronome aparece em ênclise à forma verbal infinitiva, verifica-se a ocorrência de
próclise a essa forma verbal — podem se assinalar —, ambas consideradas
corretas pela gramática.
Certo ( ) Errado ( )

4. Poucas vezes a gente pensa nisso, do mesmo jeito que devem ser poucas as
pessoas que acordam se sentindo primatas, mamíferos ou terráqueos, outros
rótulos que nos cabem por força da natureza das coisas.

A correção gramatical do texto seria mantida caso o pronome “se”, em “se


sentindo”, fosse deslocado para imediatamente após a forma verbal “sentindo”,
da seguinte maneira: sentindo-se.
Certo ( ) Errado ( )

96
5. O trecho “Quanto mais escapa o tempo dos falsos educandários, mais a dor
é o documento que os agride e os separa” (v.18-21) poderia, sem prejuízo para
a correção gramatical, ser reescrito da seguinte forma: À medida que escapa o
tempo dos falsos educandários, a dor vai se tornando o documento que os agride
e os separa.
Certo ( ) Errado ( )

GABARITO
1 2 3 4 5
ERRADO CERTO ERRADO ANULADA ERRADO

VOZES VERBAIS E FUNÇÕES DO “SE”

É a forma que o verbo assume para indicar sua relação com o sujeito. Há três
tipos principais:

a) Voz Ativa: indica que o sujeito pratica a ação verbal (sujeito agente).
Exemplo: Eu fiz os exercícios.

b) Voz passiva: indica que o sujeito sofre a ação verbal (sujeito paciente).
Exemplo: o menino quebrou a janela.

A voz passiva pode apresentar-se das seguintes maneiras: Analítica (ser +


particípio do verbo principal):
Exemplo: Os exercícios foram feitos.
Sintética ou Pronominal (3ª pessoa – verbo principal + "se"):
Exemplo: Fizeram-se os exercícios.

97
O “se”, neste caso, é chamado de pronome apassivador.

Pelos exemplos acima, pode-se perceber que o verbo principal, apresenta-se


conjugado na terceira pessoa do singular ou plural, de acordo com o sujeito
paciente. Observemos que, tanto na forma analítica quanto na sintética, apenas
os verbos transitivos diretos e transitivos diretos e indiretos vão para a voz
passiva.

Em orações com verbos intransitivos ou transitivos indiretos ou de ligação, a voz


passiva não ocorre.
Exemplo: Precisa-se de trabalhadores.

Neste caso, “se” não é pronome apassivador, e sim, índice de indeterminação


do sujeito.

Conversão voz ativa - voz passiva Voz ativa


Ativa: O pescador consertou o barco.
Passiva: O barco foi consertado pelo pescador

Aqui, percebe-se que quem executou a ação na voz ativa tornou-se o agente da
voz passiva e o tempo verbal permaneceu o mesmo.

Voz reflexiva: indica que o sujeito pratica e sofre a ação verbal (sujeito agente
e paciente). Exemplo: Ele se escondeu da polícia.

No plural, a voz reflexiva pode dar ideia de reciprocidade.


Exemplo: Os namorados se abraçaram (um ao outro).

98
EXERCÍCIOS

1. Ainda sobre o trecho “Discorda-se da extensão, profundidade e rapidez do


fenômeno, não de sua existência.” (linha 1), pode-se afirmar que a partícula “se”
trata-se de:
a) elemento de indeterminação de sujeito paciente.
b) elemento de indeterminação de sujeito agente.
c) partícula de reflexividade.
d) partícula fossilizada.
e) figuração como elemento de realce.

2. Não que seja um índice para se aplaudir em cena aberta: foram 705
homicídios, uma média de um assassinato a cada duas horas. (linhas 2 e 3)

A maior quantidade de homicídios acontece de noite, seguida pela madrugada;


à tarde é quando menos se mata. (linhas 14 e 15)

Quando se sabe que os principais autores de homicídios, analisados em grupo,


são o tráfico e a milícia, esse perfil não chega a surpreender. (linhas 21 e 22)

Nos trechos acima, foram destacadas três ocorrências do SE, que se classificam
correta e respectivamente como:
a) partícula apassivadora, indeterminador do sujeito e partícula apassivadora.
b) indeterminador do sujeito, indeterminador do sujeito e indeterminador do
sujeito.
c) partícula apassivadora, partícula apassivadora e partícula apassivadora.
d) indeterminador do sujeito, partícula apassivadora e indeterminador do sujeito.
e) pronome oblíquo, pronome reflexivo e conjunção subordinativa.

3. Tendo em vista as várias classificações do vocábulo destacado no excerto “O


conceito, que passou anos em desenvolvimento, se baseia em uma proposta do
fundador da Tesla, Elon Musk.” (4ºparágrafo), assinale o item que apresenta sua
correta classificação:

99
a) partícula apassivadora;
b) índice de indeterminação do sujeito;
c) parte integrante do verbo;
d) partícula expletiva;

GABARITO
1 2 3
B A A

VOZES VERBAIS E FUNÇÕES DO “SE”

1) CONJUNÇÃO CONDICIONAL
Exemplo: se você soubesse o quanto o tempo é cruel, não perderia tempo com
discussões.

2) CONJUNÇÃO INTEGRANTE DE UMA ORAÇÃO


Atenção: a conjunção integrante não é uma função sintática, uma vez que:
conjunções, preposições e interjeições não possuem função sintática.
Exemplo: ele não sabia se o chefe o chamaria para trabalhar no sábado.

3) PARTÍCULA APASSIVADORA:
VTD, VTDI (Concordância entre sujeito e verbo)
Exemplo: vendem-se casas.

4) ÍNDICE DE INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO:


VTI, VI, VL (Verbo no singular)
Exemplo: necessita-se de ajuda.

5) REFLEXIVO: “A SI MESMO”

100
Exemplo: a menina se penteou em frente ao espelho.

6) RECÍPROCO: “UNS AOS OUTROS”


Exemplo: os namorados se beijaram.

7) EXPLETIVO ou PARTICULA DE REALCE:


VI, MOVIVENTO OU ATITUDES EM RELAÇÃO AO PRÓPRIO CORPO
Exemplo: ela se sentou na praça.

8) PARTE INTEGRANTE DO VERBO:


SENTIMENTOS. ESTADOS E FENÔMENOS MENTAIS
Exemplo: o cantor suicidou-se na manhã desta terça.

EXERCÍCIOS

1. Qual a função sintática da palavra destacada na oração abaixo?

Um lobo que nunca se via

Texto: E de todos os medos que tinha


O medo mais que medonho era o medo do tal do LOBO.
Um LOBO que nunca se via,
que morava lá pra longe,
do outro lado da montanha,
num buraco da Alemanha,

101
Alternativas:
a) Partícula apassivadora
b) Índice de indeterminação do sujeito
c) Objeto direto
d) Conjunção condicional
e) Conjunção integrante

2. Caso se faça, em ordem direta, a reescrita em prosa da passagem “Se


desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, — não sei, não sei.”
(linhas 9-11), poder-se-ia verificar que o conectivo "se" teria a classificação de
conjunção subordinativa:
a) temporal.
b) integrante.
c) causal.
d) alternativa.
e) aditiva.

3. “O ‘se’ dos trechos ‘... a falta dessa infraestrutura se tornou...’ (1º§) e ‘Se
olharmos a perda de água potável...’ (3º§), indica_____________________.”
Assinale a alternativa que completa correta e sequencialmente a afirmativa
anterior.
a) concessão nos dois empregos
b) condição na primeira ocorrência
c) condição apenas no segundo emprego
d) a mesma classificação nos dois empregos

GABARITO
1 2 3
A B C

102
CRASE

Crase é a fusão de duas vogais idênticas. Representa-se graficamente a crase


pelo acento grave.
Exemplo: Fomos à piscina à = a(preposição) + a(artigo)

Ocorrerá a crase sempre que houver um termo que exija a preposição a e outro
termo que aceite o artigo a. Para termos certeza de que o "a" aparece repetido,
basta utilizarmos alguns artifícios:

I. Substituir a palavra feminina por uma masculina correspondente. Se aparecer


ao ou aos diante de palavras masculinas, é porque ocorre a crase.
Exemplo: Temos amor à arte. (Temos amor ao estudo) Respondi às perguntas.
(Respondi aos questionário)

II. Substituir o "a" por para ou para a. Se aparecer para a, ocorre a crase:
Exemplo: Contarei uma estória a você. (Contarei uma estória para você.) Fui à
Holanda (Fui para a Holanda)

III. Substituir o verbo "ir" pelo verbo pelo verbo "voltar". Se aparecer a expressão
voltar da, é porque ocorre a crase.
Exemplo: Fui à França (voltei da França)

Não existe crase


a) Antes de verbo
Exemplo: estamos a contemplar a lua.

b) Antes de palavras masculinas


Exemplo: Gosto muito de andar a pé.

c) Antes de pronomes de tratamento, exceção feita a senhora, senhorita e dona:


Exemplo: Dirigiu-se à Sra. com aspereza.

103
d) Antes de pronomes em geral:
Exemplo: Não vou a qualquer parte.

e) Em expressões formadas por palavras repetidas:


Exemplo: Estamos frente a frente.

f) Quando o "a" vem antes de uma palavra no plural:


Exemplo: Não falo a pessoas estranhas.

Crase facultativa
1. Antes de nome próprio feminino: Refiro-me à(a) aluna.
2. Antes de pronome possessivo feminino: Dirija-se à (a) sua fazenda.
3. Depois da preposição até: Dirija-se até à (a) porta.

Casos particulares
1. Casa Quando a palavra casa é empregada no sentido de lar e não vem
determinada por nenhum adjunto adnominal, não ocorre a crase.
Exemplo: Regressaram a casa para almoçar
Regressaram à casa de seus pais

2. Terra Quando a palavra terra for utilizada para designar chão firme, não
ocorre crase.
Exemplo: Regressaram a terra depois de muitos dias.
Regressaram à terra natal.

3. Pronomes demonstrativos: aquele, aquela, aqueles, aqueles, aquilo. Se o


tempo que antecede um desses pronomes demonstrativos reger a preposição
a, vai ocorrer a crase.

104
Ocorre também a crase
a) Na indicação do número de horas:
Exemplo: Chegamos às nove horas.

b) Na expressão à moda de, mesmo que a palavra moda venha oculta:


Exemplo: jogou à Pelé

c) Nas expressões adverbiais femininas, exceto às de instrumento:


Exemplo: Chegou à tarde (tempo). Falou à vontade (modo).

d) Nas locuções conjuntivas e prepositivas; à medida que, à força de...

EXERCÍCIOS

1. Na Europa, supostamente mais organizada, falhou a regulamentação


financeira, o que convergiu com a crise de 2008 nos EUA para dar origem à
presente situação. (L.45‐48)

No período acima, empregou‐se corretamente o acento grave indicativo de


crase. Assinale a alternativa em que isso NÃO tenha ocorrido.
a) Eles foram à Brasília de Niemeyer.
b) O curso vai de segunda à sexta.
c) Nosso horário é das 8h às 17h.
d) Comunicaram o nascimento do filho à família.
e) Eles sempre obedecem às regras do campeonato.

2. “Todos aqueles que devem deliberar sobre questões dúbias devem também
manter-se imunes ao ódio e à simpatia, à ira e ao sentimentalismo”.
Nesse pensamento de um historiador latino, ocorreu duas vezes a utilização
correta do acento grave indicativo de que houve crase; a frase abaixo em que
esse mesmo acento está equivocado é:

105
a) Quem perdoa uma culpa encoraja à cometer muitas outras;
b) A aspiração à glória é a última da qual se conseguem libertar os homens mais
sábios;
c) Quem aspira à sumidade, raras vezes consegue passar do meio;
d) Veja o que ocorreu com muitos intelectuais, condenados à fama imortal;
e) Todos somos levados à obediência eterna a Deus.

3. Assinale a frase em que o emprego do acento grave indicativo da crase é


optativo.
a) Trabalhar às claras.
b) Comi frango à passarinho.
c) Dei um prêmio à Margarida.
d) Cansava-se à proporção que caminhava.
e) Respondi às perguntas do juiz.

4. Texto 3 – “A Lua Cheia entra em sua fase Crescente no signo de Gêmeos e


vai movimentar tudo o que diz respeito à sua vida profissional e projetos de
carreira. Os próximos dias serão ótimos para dar andamento a projetos que
começaram há alguns dias ou semanas. Os resultados chegarão rapidamente”.

O texto 3 mostra exemplos de emprego correto do “a” com acento grave


indicativo da crase – “diz respeito à sua vida profissional”. A frase abaixo em que
o emprego do acento grave da crase é corretamente empregado é:

a) o texto do horóscopo veio escrito à lápis;


b) começaram à chorar assim que leram as previsões;
c) o horóscopo dizia à cada leitora o que devia fazer
d) o leitor estava à procura de seu destino;
e) o astrólogo previa o futuro passo à passo.

106
GABARITO
1 2 3 4
B A C D

EXERCÍCIOS

1. Assinale a alternativa correta quanto ao uso do acento indicador de crase:


a) Referia-se com frequência à todas as pessoas envolvidas na discussão.
b) Ia à peças de teatro com os colegas de curso.
c) Preferia, como era sabido, os filmes de terror às cenas românticas.
d) Mudou de opinião à partir do momento em que os dados foram revelados.

2. Que tal aproveitar o calendário das festas de outubro na região do Vale do


Itajaí para também conhecer ou visitar novamente o Festival do Camarão, em
Porto Belo?

___ 6ª edição do evento, que ocorre de 10 ___ 13 de outubro, contará com três
shows nacionais gratuitos: do cantor de pagode Xande de Pilares e das duplas
sertanejas César Menotti e Fabiano e João Bosco e Vinícius, além, é claro, de
atrações regionais e locais que prometem agitar ___ Praça da Bandeira. [...]
Como o próprio nome já diz, o evento trará para o público diversos pratos ___
base de camarão. Uma das opções mais procuradas pelos visitantes é o famoso
Pastel de Camarão produzido pelas esposas dos pescadores da Associação de
Pescadores de Porto Belo.

Assinale a alternativa que completa correta e respectivamente as lacunas do


texto:
a) À – à – a – a
b) A – a – à – a
c) A – a – a – à
d) À – à – à – à

107
e) A – a – a – a

3. Assinale a alternativa CORRETA com relação ao emprego da crase:


a) Meus parentes costumam ir à Recife uma vez por ano.
b) Maria Helena de Moura Neves foi a primeira mulher à escrever uma gramática
no Brasil.
c) Fiz várias observações a ela em seu primeiro dia de trabalho.
d) Ele obedeceu aquele regulamento da associação do bairro.

4. Em " _Claro, vocês podem fazer a prova hoje à tarde, após o almoço.", o
fenômeno linguístico da crase teve de ocorrer porque:
a) O substantivo "prova" pede a preposição A e também aceita o artigo feminino
A.
b) O advérbio "hoje" pede a preposição A e o substantivo "tarde" aceita o artigo
feminino.
c) Trata-se de uma locução adverbial feminina que sempre é apresentada com
a contração À.
d) O substantivo "prova" por estar determinado pede a preposição A e o
substantivo "tarde" aceita o artigo feminino A.

5. Assinale a alternativa correta com base no acento grave indicador de crase no


título da reportagem:
a) Há contração entre preposição exigida por regência nominal de “melhor” e
artigo definido feminino.
b) É obrigatório o uso da crase em locuções adverbiais formadas por palavras
femininas como, por exemplo, “à vacina”.
c) É obrigatório o uso da crase em locuções conjuntivas formadas por palavras
femininas como, por exemplo, “à vacina”.
d) É obrigatório o uso da crase em locuções prepositivas formadas por palavras
femininas como, por exemplo, “à vacina”.

108
e) Há contração entre preposição exigida por regência verbal de “respondem” e
artigo definido feminino.

GABARITO
1 2 3 4 5
C C C C E

EXERCÍCIOS

1. Com base no emprego do acento grave indicador de crase, assinale a


alternativa INCORRETA:
a) Convidei-o a vir à minha casa.
b) Vou caminhar até à praia.
c) Depois de dois meses de mar aberto, regressamos finalmente à terra.
d) Estamos todos à mercê da violência urbana.

2. A crase foi empregada na linha 7 do Texto pela seguinte regra:

Texto: situação relacionada à pandemia de Covid-19.

a) Há contração entre preposição exigida por regência nominal e artigo definido.


b) Há contração entre preposição exigida por regência verbal e artigo definido.
c) É obrigatório o uso de crase em locuções conjuntivas formadas por palavras
femininas.
d) É obrigatório o uso de crase em locuções prepositivas formadas por palavras
femininas.

3. Indique a oração em que há a necessidade do uso da crase.


a) Vocês quantos anos dariam a essas senhoras?

109
b) Ela pode ser constatada a partir de uma alteração no padrão racial ou no
aumento significativo de peso em relação aquele ideal do cachorro.
c) Em 1984, fomos a Roma na primeira reunião da confederação internacional
dos sacerdotes casados.
d) Gota a gota, economia de água nas lavouras pode chegar a até 70%.

4. Em “O individualismo está ligado também à falta da verdade” (l. 09),


quanto ao emprego do sinal indicativo de crase, é exato afirmar que:
a) o advérbio “também” apresenta sentido incompleto, por isso carece do
complemento nominal.
b) o emprego desse sinal está incorreto, pois não há regra que o justifique na
gramática normativa.
c) o grupo “à falta da verdade” representa um complemento verbal regido da
preposição essencial “a”.
d) o termo “ligado” rege a preposição “a”, e o substantivo que o completa é
precedido do artigo definido.

5. “Pense na fumaça que sai de um vulcão. Agora, imagine compará-la à fumaça


que sai do escapamento de um carro.”
O acento indicativo de crase desse trecho é
a) facultativo, porque o objeto de comparação foi substituído por um pronome
oblíquo átono.
b) obrigatório, porque o verbo é transitivo indireto.
c) facultativo, porque o substantivo regido é feminino.
d) obrigatório, porque o verbo é bitransitivo.

GABARITO
1 2 3 4 5
C A B D D

110
ASPECTOS GERAIS DO VERBO

Podemos analisar o verbo sobre três aspectos importantes, são eles:

Morfológico: palavra passível de conjugação (flexão), a fim de fazer as


seguintes indicações em uma sentença: modo, tempo, número e pessoa.
Sintático: condição de existência de uma oração. É o verbo quem faz a
distribuição de sujeito e complementos.
Semântico: palavra que indica ação, processo, estado, fenômeno da natureza.

Esses aspectos são importantes para que possamos entender qual a


funcionalidade verbal. Hoje, daremos especial atenção ao aspecto morfológico,
uma vez que este é muito lembrado pelas bancas examinadoras.

FLEXÔES DO VERBO

111
EXERCÍCIOS

1. Releia o fragmento “há escolas particulares que negam a matrícula de


crianças surdas ou cobram taxas extras da família para que seja contratado um
professor bilíngue ou intérprete”. A forma verbal destacada nesse trecho
encontra-se no:
a) Futuro do pretérito do indicativo, exprimindo um processo hipotético de
realização possível.
b) Futuro do subjuntivo, indicando um processo futuro possível em relação a
outro fato futuro.
c) Pretérito imperfeito do indicativo, transmitindo uma ideia de continuidade, de
não conclusão.
d) Presente do indicativo, exprimindo um processo verbal que se desenvolve
habitualmente.

2. O verbo destacado no trecho “Houve um tempo em que a minha janela dava


para um canal.” está conjugado no pretérito imperfeito, no modo indicativo.
Assinale a alternativa em que o verbo destacado está conjugado nesse mesmo
tempo verbal, no modo indicativo.
a) “Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor”.
b) “...diante de quem brilhariam, na sua breve existência?”
c) “Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino”.
d) “Era uma época de estiagem, de terra esfarelada”.

3. O verbo grifado em “O recolhimento em si potencializa o conhecimento da


auto essência e potencializa a solução de problemas.” está conjugado em qual
tempo e modo verbais?

112
a) Presente do modo subjuntivo.
b) Pretérito imperfeito do modo subjuntivo.
c) Presente do modo indicativo.
d) Pretérito perfeito do modo indicativo.

GABARITO
1 2 3
D D C

OUTROS CONCEITOS IMPORTANTES

113
EXERCÍCIOS

1. Neste trecho “Eles tem uma crise de identidade (...)” (4º§), é correto afirmar
que a forma verbal tem:
a) Aparece grafada no plural para indeterminar o sujeito a que se refere.
b) Aparece grafada na terceira pessoa do plural do verbo “ter” do presente do
indicativo.
c) Deveria ser grafada com acento (têm) para marcar a terceira pessoa do plural
do presente do indicativo.
d) Concorda com o sujeito a que se refere, porque foi grafada na terceira pessoa
do singular do verbo “ter” do
presente do indicativo.

2. Em “Vejo então o mundo com bom humor.” (3º§), a ação verbal exprime um
fato:
a) Habitual.
b) Duvidoso.
c) Ocorrido no passado.
d) Esperado e que não aconteceu.

3. Na frase “não é fácil compor aquelas músicas”, a forma verbal destacada


pertence a que conjugação:

114
a) 1° conjugação;
b) 2° conjugação;
c) 3° conjugação;
d) 4° conjugação;

4. No texto 2, a forma verbal “aprendendo” apresenta-se no:


a) Gerúndio;
b) Particípio;
c) infinitivo pessoal;
d) infinitivo impessoal.

GABARITO
1 2 3 4
C A B A

CONJUGAÇÃO VERBAL

1. Tempos primitivos (pretos)


2. Tempos derivados (azuis)

Presente do Indicativo
• Presente do subjuntivo
• Imperativo afirmativo
• Imperativo negativo

Pretérito perfeito do indicativo


• Pretérito mais que perfeito
• Pretérito imperfeito do subjuntivo
• Futuro do subjuntivo

115
Infinitivo impessoal
• Infinitivo pessoal
• Futuro do presente
• Futuro do pretérito
• Pretérito imperfeito do indicativo

Fonte: www.conjugação.com.br esse link irá direcioná-lo a um site específico de


conjugação. Faça testes e conjugue o máximo de verbos que puder. O processo
de conjugação não é simples, exige esforço; mas com persistência você
conseguirá alcançar o seu objetivo.

EXERCÍCIOS

1. No TEXTO, no trecho “DEIXAI TODA ESPERANÇA, [...]!”, a forma verbal


“deixai” está conjugada na
a) segunda pessoa do plural do imperfeito do subjuntivo.
b) terceira pessoa do plural do imperfeito do subjuntivo.
c) segunda pessoa do plural do pretérito perfeito do subjuntivo.
d) segunda pessoa do plural do imperativo.
e) terceira pessoa do singular do imperativo.

2. No TEXTO II, o trecho “Só saímos de lá meia hora”, a forma verbal “saímos”
está conjugada na primeira pessoa do:
a) plural do pretérito perfeito do indicativo.
b) singular do pretérito imperfeito do indicativo.
c) plural do pretérito mais que perfeito do indicativo.
d) singular do pretérito imperfeito do subjuntivo.
e) plural do pretérito perfeito do subjuntivo.

3. O verbo destacado em “Antes dele, Thomas Hobbes já desenvolvera teoria


semelhante”, foi conjugado:
a) Na 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo.
b) Na 2ª pessoa do singular do pretérito imperfeito do indicativo.

116
c) Na 3ª pessoa do singular do pretérito imperfeito do subjuntivo.
d) Na 3ª pessoa do singular do pretérito mais-que-perfeito do indicativo.

GABARITO
1 2 3
D A D

EXERCÍCIOS

1. No terceiro parágrafo, o emprego do modo verbal em “dependesse” expressa


a seguinte ideia:
a) evento com prolongamento constante.
b) ação com duração no passado.
c) hipótese pouco provável.
d) probabilidade com ocorrência certa.

2. No período “Visitando as páginas de amigos e conhecidos, ela descobre que


todos estão muito bem...”, o uso da forma em destaque indica:
a) o processo de ação em curso.
b) um estado expresso pelo sujeito da ação.
c) o resultado do processo verbal.
d) uma ação incerta ou irreal.

3. A forma verbal em destaque no trecho “Há quanto tempo estava ele ali?”
exprime uma ação
a) passada habitual.
b) incerta sobre fatos atuais.
c) que se produziu no passado.

117
d) que ocorreu antes de outra ação passada.

GABARITO
1 2 3
C A A

EXERCÍCIOS

1. Quanto à classificação verbal, está INCORRETA a alternativa:


a) “... elas se movimentam no escuro...” (presente do modo indicativo).
b) “... as mãos soubessem antes...” (pretérito imperfeito do modo subjuntivo).
c) “... uma carta que chegou antes,...” (pretérito perfeito do modo indicativo).
d) “... como se lhe faltasse energia...” (pretérito imperfeito do modo imperativo).

2. Analise: “O vídeo teve mais de 800 milhões de visualizações.” E assinale a


alternativa incorreta.
a) O verbo vem do verbo “ter”.
b) O verbo está no singular.
c) O verbo pode ser substituído por “conquistou”.
d) O verbo está no Pretérito Imperfeito.

3. Todas as frases abaixo sofreram a mesma alteração; a opção em que a


mudança da frase traz um erro de conjugação verbal é:
a) Queremos as informações corretas / Se vocês quiserem, eu também quererei;
b) Trago o automóvel hoje / Se você trouxer, eu também trarei;
c) Vejo a corrida daqui / Se você vir, eu também verei;
d) Faço minhas obrigações sempre / Se você fizer, eu também fazerei;
e) Não sei onde ele mora / Se você não souber, eu também não saberei.

118
4. "A experiência mundial mostra que as campanhas para alertar e convencer a
população, de forma periódica, da necessidade de obedecer, regras básicas de
trânsito, não são suficientes para frear veículos...”

Assinale a alternativa que apresenta a conjugação do verbo "frear” de forma


incorreta.
a) Para que freiem veículos.
b) Para que freemos veículos.
c) Para freiarmos veículos.
d) Para veículos serem freados.
e) Para frearem veículos.

GABARITO
1 2 3 4
D D D C

TEMPOS COMPOSTOS E PARTICÍPIOS IRREGULARES

119
Formação de tempos compostos

INDICATIVO
1. Pretérito perfeito: presente+particípio
2. Pretérito mais-que-perfeito: pretérito imperfeito + particípio
3. Futuro do presente: futuro do presente + particípio
4. Futuro do pretérito: futuro do pretérito + particípio

SUBJUNTIVO
1. Pretérito perfeito: presente + particípio
2. Pretérito mais-que-perfeito: pretérito imperfeito + particípio
3. Futuro composto: futuro + particípio

Formação: TER OU HAVER + PARTICÍPIO.

1. Particípio regular = tempos compostos


2. Particípio irregular = voz passiva
Verbos como: Dizer/ escrever/ Vir/ fazer/ abrir/ cobrir = só possuem particípio
irregular.

Exemplos: Ele tinha anexado/ anexo o trabalho?

Exemplo: O documento foi anexado/ anexo por ele?

120
EXERCÍCIOS

1. Considerando o trecho “Por fim, o melhor é ter uma cadeira com a braçadeira
na altura da mesa, uma tela de computador um pouco mais alta do que um laptop
na mesa e manter os cotovelos apoiados na superfície, não o antebraço”, analise
as assertivas a seguir e assinale V, se verdadeiras, ou F, se falsas.
( ) Há dois verbos no infinitivo e um no particípio.
( ) A preposição “na” surge a partir da união da preposição “em” + artigo “a”.
( ) Cadeira, mesa e computador são substantivos concretos.

A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:


a) V – V – F.
b) V – V – V.
c) F – V – V.
d) V – F – F.
e) F – F – V.

2. Assinale a alternativa em que TODAS as formas verbais apresentadas se


encontram no infinitivo:
a) Participou – apresentou – foram.
b) Perder – retardar – reduzir.
c) Estavam – submeteram – mostro
d) Discutiram – são – diz.

3. Analise: “Após sair da escola, Bezos segue o caminho de seu pai e resolve se
matricular para cursar Engenharia.”
E assinale a alternativa correta.
a) Há um verbo no infinitivo.
b) Há um verbo no particípio.
c) Há dois verbos no infinitivo.
d) Há três verbos no infinitivo.

121
4. No texto, a sentença “Ele havia aceito o emprego” o uso do particípio irregular
na sentença fere o que prescreve a norma culta padrão da língua portuguesa.
Certo ( ) Errado ( )

GABARITO
1. C
2. B
3. D
4. Certo

CORRELAÇÃO VERBAL E PARALELISMO SINTÁTICO

Paralelismo sintático: é um encadeamento de funções sintáticas idênticas ou


encadeamento de orações de valores sintáticos iguais.
Orações que se apresentam com a mesma estrutura sintática externa, ao
ligarem-se umas às outras em processo no qual não se permite estabelecer
maior relevância de uma sobre a outra, criam um processo de ligação por
coordenação. Diz-se que estão formando um paralelismo sintático.

EXERCÍCIOS

1. Quaisquer elementos da frase, quando coordenados entre si, devem


apresentar estrutura gramatical similar - a isso se chama paralelismo sintático.
Esse princípio está respeitado na seguinte alternativa:
a) Os empregados daquela firma planejam nova manifestação pública e interditar
o acesso pelo viaduto principal da cidade.
b) Mande-me tudo que conseguir sobre as manobras de minha tia e se meu tio
encontrou os documentos que procurava.
c) Durante a reunião, os debates não só foram proveitosos como também
apontaram para soluções interessantes.

122
d) O tumulto começava na esquina de minha rua e que era perto dos gabinetes
do ministro e do secretário.
e) Tenho o hábito de sempre carregar meus óculos escuros, por precaução e
porque nunca se sabe se vai abrir o sol.

2. Há paralelismo sintático se entre expressões, orações ou partes de um texto


houver uma relação de igualdade. Indique a alternativa em que há quebra do
paralelismo:
a) Preservar a fauna e a flora e conscientização da população são necessários
para que nosso ecossistema se mantenha.
b) Ele conseguiu transformar-se em pai e marido durante o casamento.
c) O projeto não só será aprovado, mas também posto em prática
imediatamente.
d) O governo ou se torna racional ou se destrói de vez.
e) Estamos questionando tanto seu modo de ver os problemas quanto a sua
forma de solucioná-los.

3. É exemplo de paralelismo sintático o estilo de construção do trecho "você e


eu, de um e outro lado das palavras. Eu dou as vozes, você dá a escritura" (L.11).

4. Assinale a opção que apresenta o pensamento que se estrutura com


paralelismo sintático.
a) “Não preste qualquer atenção aos críticos, nem mesmo os ignore.”
b) “Um clássico é algo que todos queriam ter lido, mas ninguém quer ler.”
c) “Eu, quando tenho uma mensagem para dar, não escrevo um livro, vou ao
correio.”
d) “A vida é muito curta e não há tempo para chateações e brigas, meu amigo.”
e) “Na juventude, aprendemos; na maturidade, compreendemos.”

5. “Se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu
a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente.” Henfil,
cartunista. Sobre a estruturação desse pensamento, assinale a afirmativa
correta.
a) Os termos frutos, flores, folhas, semente indicam uma progressão de lugar e
tempo.

123
b) As três frases que compõem o pensamento apresentam paralelismo sintático,
ou seja, mostram estruturação sintática idêntica.
c) Cada uma das frases que compõem o pensamento de Henfil apresenta uma
retificação da frase anterior.
d) As formas verbais das frases componentes desse pensamento indicam uma
ação futura.
e) Os termos beleza, sombra e intenção indicam aspectos negativos da ação da
natureza.

GABARITO
1. C
2. A
3. Certo
4. E
5. B

TÓPICOS ESPECIAIS DE MORFOLOGIA I

EMPREGO DOS PORQUÊS

POR QUE
O “por que” separado é empregado em duas situações:
1) Quando puder ser substituído por “pelo qual” ou variações.
Exemplo: Os lugares por que passei eram belos.

2) Quando puder ser substituído pelas expressões “por qual razão” ou “por qual
motivo”.
Exemplo: Por que você não veio ao nosso encontro?

124
PORQUE
O “porque” junto é empregado quando funciona como conjunção, sobretudo
explicativa ou causal. Substituível por “pois”.
Exemplo: Ela foi embora, porque eu não a amava mais.

PORQUÊ
O “porquê” é empregado quando equivale a “motivo, razão”. Neste caso, teremos
uma palavra substantivada.
Geralmente, virá acompanhado de um determinante.
Exemplo: o porquê de sua ignorância eu não sei.

SENÃO – SE NÃO
SENÃO: em uma só palavra significa “do contrário”, “de outro modo”, “a não ser”,
“mas sim”.
Exemplo: Estude, senão você será reprovado. (do contrário).

SE NÃO: Se (conjunção), Não (advérbio). Usa-se em construções em que esta


expressão denote alternativa, condição, incerteza.
Exemplo: Se não receber dinheiro, não irei à praia.

EM PRINCÍPIO – A PRINCÍPIO
EM PRINCÍPIO: significa em tese, de um modo geral.
Exemplo: Em princípio todos somos iguais.

A PRINCÍPIO: significa no começo, inicialmente


Exemplo: A princípio a palestra começou bem

ACERCA DE – CERCA DE – HÁ CERCA DE

ACERCA DE: sobre, a respeito de.


Exemplo: O assunto tratado era acerca de problemas antigos.

125
CERCA DE: aproximadamente, perto de, próximo de.
Exemplo: estávamos cerca de 20 metros do posto.

HÁ CERCA DE: ocorre aqui o emprego da expressão “cerca de” precedida do


verbo “há”
Exemplo: Há cerca de dois anos nós nos separamos.

AFERIR – AUFERIR

AFERIR: conferir, avaliar


Exemplo: o enfermeiro irá aferir sua pressão.

AUFERIR: obter (lucro).


Exemplo: no ano passado, a maioria dos bancos auferiram lucros invejáveis.

AFIM – A FIM DE

AFIM: vocábulo que significa semelhante, próximo.


Exemplo: Português e RLM são matérias afim.

A FIM DE: locução que indica finalidade, equivale a para.


Exemplo: estudei a fim de ser aprovado.

126
EXERCÍCIOS

1. Assinale a frase em que a grafia do vocábulo sublinhado está equivocada.


a) Por que sentimos calafrios?
b) A razão porque sentimos calafrios é conhecida.
c) Qual o porquê de sentirmos calafrios?
d) Sentimos calafrios porque precisamos defender nossa audição.
e) Sentimos calafrios por quê?

2. Na fala do personagem-pai na charge há um erro de acentuação no vocábulo


“quê”; a frase em que ocorre o mesmo erro ortográfico é:
a) Há um quê de estranho em tudo isso.
b) Os políticos roubam, por quê?
c) O quê? Não estou escutando bem...
d) O quê da palavra “quero” está mal grafado.
e) Por quê você não veio, por quê?

3. Leia o texto.
Ladrões teriam usado a estrutura do próprio equipamento como alavanca para
quebrar as travas de segurança nas estações, que, a não ser por isso,
permaneceram intactas.

A locução “a não ser” (linha 3) poderia, sem prejuízo sintático ou semântico para
o texto, ser substituída por senão.

4. Leia o trecho.
“O europeu tem a respeito da mulher brasileira uma noção falsíssima”.

O sentido original e a correção gramatical do texto seriam preservados caso o


primeiro período fosse reescrito da seguinte maneira: A concepção do europeu
acerca da mulher brasileira é demasiado falsa.
Certo ( ) Errado ( )

127
5. Sem prejuízo da correção gramatical e dos sentidos originais do texto, o trecho
“para que se conserve a lição do passado como intocável e permanente” (ℓ. 14
e 15) poderia ser reescrito da seguinte forma: afim de conservar, intocável e
permanentemente, a lição do passado.

GABARITO
1. B
2. E
3. Certo
4. Certo
5. Errado

TÓPICOS ESPECIAIS DE MORFOLOGIA II

AO INVÉS DE – EM VEZ DE
AO INVÉS DE: locução prepositiva que significa “ao contrário de”
Exemplo: ao invés de comer, não comi.

EM VEZ DE: locução que indica troca, substituição (equivale a “em lugar de”).
Exemplo: em vez de você ficar pensando nele.

DE ENCONTRO A – AO ENCONTRO DE
DE ENCONTRO A: significa oposição, contrariedade.
Exemplo: o voto foi de encontro a fala do ministro.

AO ENCONTRO DE: significa em direção, a favor de.


Exemplo: os bons ventos vieram ao encontro de minha vida.

128
DESCRIMINAR – DISCRIMINAR
DESCRIMINAR: significa inocentar, retirar a qualificação de crime.
Exemplo: Alguns parlamentares lutam para descriminar o uso da maconha.

DISCRIMINAR: significa distinguir.


Exemplo: ele discriminou o rapaz no restaurante.

DO QUE – QUE
Para unir elementos de uma comparação, pode-se empregar indiferentemente
do que ou que. Exemplos: havia mais meninos do que meninas na prova.
Havia mais meninos que meninas na prova.

O GRAMA – A GRAMA
O GRAMA: unidade de medida de massa, é substantivo masculino.
Exemplo: comprei duzentos gramas de presunto.

A GRAMA: espécie de planta genérica, é substantivo feminino.


Exemplo: a grama do seu quintal é muito bonita, vizinho.

INFLIGIR – INFRINGIR
INFLIGIR: aplicar pena.
Exemplo: O magistrado infligiu uma pena mínima aos falsários.

INFRINGIR: violar, transgredir uma regra.


Exemplo: Câmara vai analisar se deputados infringiram regra ao abrir voto.

AMORAL – IMORAL
AMORAL: indiferente à moral, moralmente neutro (nem moral, nem imoral).
Exemplo: Infelizmente as leis econômicas são amorais, indiferentes a questões
de apelo humano.

129
IMORAL: contrário à moral, libertino, desonesto, sem moral.
Exemplo: Dividir royalties do pré-sal é imoral, indecente e ilegal.

EXERCÍCIOS

1. Leia o texto.
O aumento do emprego e os programas de transferência de renda continuam a
beneficiar mais as famílias que ganham menos, cujo consumo tende a aumentar
proporcionalmente mais do que o das famílias de renda mais alta. A oferta de
crédito, igualmente, atinge mais diretamente essa faixa.

A eliminação de “do” em “mais do que” (linha) prejudica a correção gramatical do


período.

2. Há dez anos, um terremoto financeiro atingiu a Ásia, com rescaldo na América


Latina. A crise de 1997, depois de atingir a Tailândia, rapidamente se espalhou
pela Indonésia, Malásia, pelas Filipinas e pela Coréia do Sul, para se replicar na
Rússia, na Argentina e no Brasil em 1998. Uma década depois do fatídico ano
de 1997, o mundo assiste ao novo reinado da Ásia. Liderada por China e Índia,
a região exibe, na média, taxas de crescimento superiores a 7%.

Preservam-se a correção gramatical e a coerência textual, com a vantagem de


reforçar o período de tempo envolvido, ao se inserir o advérbio atrás depois de
“dez anos” (linha 1).

3. Em todas as frases abaixo ocorre uma troca indevida do vocábulo sublinhado


por seu parônimo; a única das frases cuja forma do vocábulo sublinhado está
correta é:
a) O motorista infligiu as leis do trânsito;
b) O prisioneiro dilatou os comparsas do assalto;
c) Nada há que desabone a sua conduta imoral;
d) A cobrança é bimestral, ou seja, duas vezes por mês;
e) Os cumprimentos devem ser dados na entrada da festa.

130
4. Assinale a opção que mostra a frase cuja lacuna deve ser preenchida com a
primeira das formas entre parênteses.
a) “_______ é um homem que jamais bate numa mulher sem primeiro tirar o
chapéu”. (cavaleiro / cavalheiro)
b) “A indústria do _______ se beneficia do sexo, ou você acha que as pessoas
andariam com os jeans apertados desse jeito se não fosse pela conotação
sexual?”. (vestiário/vestuário)
c) “A diminuição _______ do nível da água dos reservatórios trazia preocupação
aos governadores de Estado”. (eminente/iminente)
d) “As mudanças no Código Penal incluem possibilidades de______ penas mais
duras aos criminosos”. (infligir/infringir)
e) “As novas medidas presidenciais vieram______ o acerto das votações no
Congresso Nacional”. (retificar / ratificar)

GABARITO
1. Errado
2. Errado
3. E
4. D

TÓPICOS ESPECIAIS DE MORFOLOGIA IV

Plural dos substantivos compostos


a) Substantivos formados por duas palavras variáveis: ambas variam.
Exemplo: couve – flor: couves – flores.
Pai – nosso: pais – nossos.
Terça – feira: terças – feiras.

b) Substantivos formados por uma palavra invariável e outra variável: só a


segunda flexiona.
Exemplo: Quebra-mar: quebra – mares.

131
Guarda – roupa: Guarda – roupas.
Beija – flor: beija – flores.
Ave – Maria: ave – Marias.

c) Substantivos compostos unidos por preposição: só o primeiro varia.


Exemplo: pé – de – moleque: pés – de – moleque.
Amigo da onça: amigos da onça.
Pau a pique: paus a pique.

d) Substantivos compostos em que o segundo elemento delimita o


primeiro: o primeiro varia.
Exemplo: Banana-maçã: bananas – maçã.
Peixe – boi: peixes – boi.
Caneta-tinteiro: canetas – tinteiro.
Erva-Mate: ervas – mate.
Obs: Também é aceito que ambos variem.

e) Substantivos compostos por palavras repetidas ou palavras


onomatopaicas (sons de coisas e animais): o segundo varia.
Exemplo: Reco-reco: reco – recos.
Tic – tac: tic – tacs.
Quero-quero: Quero-queros

SUBSTANTIVOS COLETIVOS

Assembleia, congresso ou bancada: coletivo de parlamentares


Banca: coletivo de examinadores
Banda ou orquestra: coletivo de instrumentistas
Batalhão, exército, pelotão ou tropa: coletivo de soldados
Caravana: coletivo de viajantes, peregrinos ou mercadores
Clero: coletivo de padres ou sacerdotes

132
Conclave: coletivo de cardeais reunidos para eleger o papa
Congregação: coletivo de religiosos
Corja: coletivo de malandros ou de ladrões
Corpo docente: coletivo de professores
Corpo discente: coletivo de alunos
Elenco: coletivo de atores ou artistas
Família: coletivo de parentes
Horda: coletivo de bandidos invasores ou selvagens
Junta: coletivo de médicos, examinadores
Prole: coletivo de filhos
Tripulação: coletivo de marinheiros ou aviadores
Alcateia: coletivo de lobos
Bando: coletivo de aves ou pássaros
Boiada: coletivo de bois
Burricada: coletivo de burros
Cáfila: coletivo de camelos ou dromedários
Cambada: coletivo de caranguejos
Cardume: coletivo de peixes
Cavalaria: coletivo de cavalos
Colmeia ou enxame: coletivo de abelhas
Colônia: coletivo de bactérias
Fauna: coletivo de animais de uma região
Flora: coletivo de plantas de uma região
Gataria: coletivo de gatos
Manada: coletivo de bois, elefantes
Matilha: coletivo de cachorros, cães
Ninhada: coletivo de filhotes
Nuvem: coletivo de gafanhotos
Panapaná: coletivo de borboletas
Praga: coletivo de insetos nocivos

133
Vara: coletivo de porcos
Arvoredo ou bosque: coletivo de árvores
Buquê ou ramalhete: coletivo de flores
Cacho ou penca: coletivo de frutas
Pomar: coletivo de árvores frutíferas
Réstia: coletivo de alhos
Acervo: coletivo de obras de arte
Álbum: coletivo de fotografias, selos ou figurinhas
Arsenal: coletivo de armas
Biblioteca: coletivo de livros
Baixela: coletivo de pratos, vasilhas, travessas, talheres
Cinemateca: coletivo de filmes
Discoteca: coletivo de discos
Enxoval ou trouxa: coletivo de roupas
Esquadra: coletivo de navios de guerra
Esquadrilha: coletivo de aviões
Frota: coletivo de carros, ônibus ou navios
Molho: coletivo de chaves
Resma: coletivo de papel
Alfabeto: coletivo de letras
Arquipélago: coletivo de ilhas
Atlas: coletivo de mapas
Cancioneiro: coletivo de poesias líricas ou de canções
Coletânea ou antologia: coletivo de textos ou músicas
Constelação: coletivo de estrelas
Cordilheira: coletivo de montanhas
Estrofe: coletivo de versos
Fornada: coletivo de pães ou tijolos
Universidade: coletivo de faculdades
Vocabulário: coletivo de palavras

134
EXERCÍCIOS

1. Faz o plural como palavra-chave, com dupla possibilidade de flexão, o


composto
a) lugar-comum
b) guarda-roupa
c) aço-liga
d) amor-perfeito
e) abaixo-assinado

2. A palavra cujo plural se faz do mesmo modo que fura - buxos (L. 22-23) e
pelas mesmas razões é
a) navio-escola
b) surdo-mudo
c) bolsa-família
d) guarda-roupa
e) auxílio-educação

3. Arranha-céu faz o plural da mesma forma que:


a) guarda-civil;
b) segunda-feira;
c) tenente-coronel;
d) fruta-pão;
e) caça-fantasma.

4. Relacione a segunda coluna de acordo com a primeira.

1. Cafila.
2. Baixela.
3. Molho.

135
( ) coletivo de pratos
( ) coletivo de chaves
( ) coletivo de camelos.

Assinale a alternativa correta:


a) 1,2,3.
b) 2,3,1.
c) 3,2,1
d) 1,3,2.
e) 3,1,2.

GABARITO
1-C
2-D
3-E
4-B

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Conceito de texto: Texto é uma sequência lógica de ideias, organizadas em


quatro aspectos:

sonoro: na escrita, os sons podem ser assinalados por distintos acentos


gráficos, por pontuação, pelo ritmo da frase, pela escolha e combinações
fonéticas entre letras etc.

gráfico: o aspecto gráfico envolve tamanhos, cores, formatos, posição espacial


etc.
Exemplo: BOM DIA!!!

136
semântico: cada elemento gráfico ou sonoro pode gerar diferentes significados
a cada contexto de uso.
Exemplo: A manga estava madura.

gramatical: muitas normas gramaticais sobre emprego de palavras e sobre


sintaxe podem implicar distintos significados em um texto.

Compreensão envolve informações escritas ou pressupostas.

Tome nota: Pressuposta é informação não escrita, mas que permite certeza com
base em relações lógicas entre ideias do texto, ou com base em aspectos
gramaticais que impliquem certas significações.

Interpretação: envolve possibilidades com base em pistas presentes no texto.


Para inferir, o leitor lança mão de conhecimentos prévios à leitura do texto. A
inferência depende de confirmação e pode dar-se ou não na realidade. Basta ser
possível.

Como identificar Compreesão X Interpretação.

137
EXERCÍCIOS

Leia o texto.

Com relação à interpretação do texto e à significação das palavras nele


empregadas, julgue os seguintes itens.

1. Depreende-se, a partir do texto, que João era prenome de Pádua.


Certo ( ) Errado ( )

138
Com relação à interpretação do texto e à significação das palavras nele
empregadas, julgue os seguintes itens.

2. Depreende-se do texto que a vida de Pádua era financeiramente difícil.


Certo ( ) Errado ( )

3. Durante o período em que substituiu o administrador da repartição, Pádua foi


remunerado pelo exercício dessa função.
Certo ( ) Errado ( )

4. A cura está ligada ao tempo e às vezes também às circunstâncias.” Assinale


a opção que apresenta a dedução correta dessa frase.
a) A cura depende obrigatoriamente do tempo e das circunstâncias.
b) As circunstâncias que envolvem a doença explicam a sua cura em certos
casos.
c) O tempo é um dos fatores que, circunstancialmente, pode explicar a cura de
uma doença.
d) A cura de uma doença é dependente integralmente do tempo e das
circunstâncias
e) As circunstâncias podem justificar a cura de uma doença, desde que sem
gravidade.

5. “Por outro lado, nas sociedades complexas, a violência deixou de ser uma
ferramenta de sobrevivência e passou a ser um instrumento da organização da
vida comunitária. Ou seja, foi usada para criar uma desigualdade social sem a
qual, acreditam alguns teóricos, a sociedade não se desenvolveria nem se
complexificaria”. A utilização do termo “ou seja” introduz:
a) uma informação sobre o significado de um termo anteriormente empregado;
b) a explicação de uma expressão de difícil entendimento;
c) uma outra maneira de dizer-se rigorosamente a mesma coisa;
d) acréscimo de um esclarecimento sobre o que foi dito antes;
e) a ênfase de algo que parece importante para o texto.

139
Gabarito
1 - CERTO
2 - ERRADO
3 - CERTO
4-B
5-D

VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
A linguagem é um código de comunicação que pode ser verbal e não verbal. Há
muitas possibilidades de linguagem e de junção de linguagens para que se
estabeleça a comunicação através do texto. Então, o texto é o resultado de um
processo enorme, e um dos elementos desse processo é o uso da linguagem. A
linguagem verbal tem muitas variações. Não se usa o mesmo tipo de linguagem
para, por exemplo, conversar com os amigos em uma roda de conversa informal
e com um entrevistador durante uma entrevista de emprego. Usa-se linguagens
diferentes em contextos diferentes. A língua é múltipla, por isso há diferentes
níveis de linguagem, dependendo do contexto em que o falante está inserido. A
língua varia dependendo da circunstância, época, região.

TIPOS DE VARIAÇÃO
Diacrônicas: é a variação presenta uma mudança linguística histórica, aos
diferentes estágios pelos quais qualquer língua passa no decorrer do tempo
Exemplo: o verbo “por” este verbo deriva do verbo poer. Devido ao processo de
economia linguística - próprio de todas as línguas – teve sua estrura reduzida.

Diatópicas: é a variação caracterizada através das diferenças geográficas, ou


seja, diferenças relacionadas ao espaço físico, como países, regiões, estados,
cidades, zona rural
Exemplo: no ceará não falamos “os outros”, falamos “uzotros”
Em Minas temos: ô cê quer o que?

Diastráticas: São as variações que se dão em função do contexto comunicativo,


isto é, a ocasião determina o modo como falaremos com o nosso interlocutor,

140
podendo ser formal ou informal.
Exemplo: quando estamos em uma reunião de família, falamos: cuida, pessoal!
Bora comer. Já em uma reunião de trabalho com o chefe, diremos: por favor,
vamos almoçar.

Diafásicas: São as variações ocorridas em razão da convivência entre os grupos


sociais. As gírias, os jargões e o linguajar caipira são exemplos desta modalidade
de variação linguística.
Exemplo: a área policial tem o famoso “QAP” que significa ficar atento.

NÍVEIS DE LINGUAGEM
1. FORMAL, CULTA: nível prescrito pelas gramáticas.
2. INFORMAL COLOQUIAL: próprio das relações do dia a dia.

EXERCÍCIOS

Leia o texto para responder aos itens de 1 a 4.

A língua que falamos, seja qual for (português, inglês...), não é uma, são
várias. Tanto que um dos mais eminentes gramáticos brasileiros, Evanildo
Bechara, disse a respeito: “Todos temos de ser poliglotas em nossa própria
língua”. Qualquer um sabe que não se deve falar em uma reunião de trabalho
como se falaria em uma mesa de bar. A língua varia com, no mínimo, quatro
parâmetros básicos: no tempo (daí o português medieval, renascentista, do
século XIX, dos anos 1940, de hoje em dia); no espaço (português lusitano,
brasileiro e mais: um português carioca, paulista, sulista, nordestino); segundo a
escolaridade do falante (que resulta em duas variedades de língua: a
escolarizada e a não escolarizada) e finalmente varia segundo a situação de
comunicação, isto é, o local em que estamos, a pessoa com quem falamos e o
motivo da nossa comunicação ― e, nesse caso, há, pelo menos, duas
variedades de fala: formal e informal.
A língua é como a roupa que vestimos: há um traje para cada ocasião. Há
situações em que se deve usar traje social, outras em que o mais adequado é o
casual, sem falar nas situações em que se usa maiô ou mesmo nada, quando
se toma banho. Trata-se de normas indumentárias que pressupõem um uso
“normal”. Não é proibido ir à praia de terno, mas não é normal, pois causa

141
Estranheza.
A língua funciona do mesmo modo: há uma norma para entrevistas de
emprego, audiências judiciais; e outra para a comunicação em compras no
supermercado. A norma culta é o padrão de linguagem que se deve usar em
situações formais. A questão é a seguinte: devemos usar a norma culta em todas
as situações? Evidentemente que não, sob pena de parecermos pedantes. Dizer
“nós fôramos” em vez de “a gente tinha ido” em uma conversa de botequim é
como ir de terno à praia. E quanto a corrigir quem fala errado? É claro que os
pais devem ensinar seus filhos a se expressar corretamente, e o professor deve
corrigir o aluno, mas será que temos o direito de advertir o balconista que nos
cobra “dois real” pelo cafezinho? Língua Portuguesa.

De acordo com o texto acima, julgue os seguintes itens.

1. Conforme o texto, a escola deve ensinar aos alunos a norma-padrão da língua


portuguesa, mas é preciso, também, refletir se seria adequado corrigir outras
pessoas, como, por exemplo, um porteiro que diz O elevador tá cum pobrema.
Certo ( ) Errado ( )

2. Depreende-se do texto que a língua falada não é uma, mas são várias porque,
a depender da situação, o falante pode se expressar com maior ou menor
formalidade.
Certo ( ) Errado ( )

3. Segundo o texto, ‘temos de ser poliglotas em nossa própria língua’ significa


que a língua assume variantes adequadas aos contextos em que são
produzidas.
Certo ( ) Errado ( )

4. O pronome “outra” (3º parágrafo) está empregado em referência ao termo “A


língua”.
Certo ( ) Errado ( )

5. Uma construção considerada própria da linguagem coloquial é


A) É claro que a maternidade interfere em atividades fora do ambiente
doméstico. (linha 5)

142
B) Criaram normas rígidas para impedir o movimento das mulheres, com
discursos de que seriam perigosas. (linhas 13 e 14)
C) Agnodice se vestiu de homem para assistir conferências médicas, num templo
de Atenas...(linhas 28 e 29)
D) Foi morta pelos monges e pela plebe, que foram fanatizados pelo patriarca
Cirilo. (linhas 30 e 31)

GABARITO
1 2 3 4 5
C C C E C

LINGUAGEM – DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO

Linguagem

Denotativa: usada em sentido literal, também chamado de sentido próprio. É a


linguagem, em regra, que está no dicionário (Cuidado! Há dicionários que trazem
o sentido figurado das palavras). Forma mais objetiva, mais simples, mais clara,
mais inteligível. O texto dissertativo exige o uso da denotação.
Conotativa: usada em sentido não literal, contextual. Quando o dicionário
registra o sentido figurado da palavra, ele faz através de “fig”. É uma linguagem
figurada, que é uma forma de dizer.

EXERCÍCIOS

1. As palavras de uma língua podem ser usadas com sentido próprio ou figurado,
dependendo do contexto de que fazem parte. Tem-se uma palavra usada em
sentido figurado no fragmento:
A) “Sem perceber, fazemos publicidade gratuitamente ao usar roupas, sapatos,
bolsas e outros objetos com etiquetas visíveis.” (L.10/11)

143
B) “É preciso esclarecer que propaganda e publicidade são dois termos que
geralmente se confundem.” (L.13)
C) “Também chama a nossa atenção em bancos, escritórios, hospitais,
restaurantes, cinema e outros lugares
públicos.” (L.5/6)
D) “..não teria sido possível sem que o bombardeio incessante da publicidade
tente nos convencer...” (L.1/2)

Para responder à questão a seguir, leia o texto do encarte publicitário, veiculado


por empresa fabricante de purificadores de água, e observe que o adjetivo
transparentes refere-se tanto à água como ao fabricante.

2. Uma interpretação correta para o trecho – vamos ser bem transparentes – é


de que esse trecho foi empregado em sentido
a) literal, quando se refere à água, para comprovar que toda água de aspecto
transparente não apresenta contaminação.
b) literal, quando se refere ao fabricante, para divulgar o preço do produto, que
é menor em comparação aos demais fabricantes.
c) não literal, quando se refere à água, para evidenciar a eficiência do
equipamento vendido pelo fabricante.
d) não literal, quando se refere ao fabricante, para passar aos possíveis
consumidores a imagem de uma empresa de credibilidade.
e) não literal, quando se refere à água, para incentivar os consumidores contra
o desperdício desse recurso hídrico.

144
3. Assinale a alternativa em que a palavra grifada está empregada em sentido
denotativo:
A) Como lê muito, dizem que João é uma ilha cercada de livros por todos os
lados.
B) Apenas Édipo encontrou a chave para decifrar o enigma da Esfinge.
C) A neblina flutua, desfazendo os edifícios e as árvores da cidade.
D) Quando o sol cair, encerraremos nosso expediente no banco.
E) Alessandro rompeu a camisa no arame farpado que cerca a fazenda

4. Há registro de conotação no fragmento transcrito na alternativa


A) “Muitos especialistas dizem que nada será como antes.” (L.15).
B) “há um grande número de profissionais competentes” (L.20).
C) “...para quem está no olho do furacão” (L.24).
D) “Além disso, é fundamental estar inteirado da tecnologia.” (L.55).

5. Em qual das frases a seguir a expressão em destaque foi empregada no


sentido próprio, ou seja, no sentido denotativo?
A) O desejo de muitos internautas que navegam na Internet é o de encontrar
informações precisas.
B) Quando queria brincar na casa de seus avós, a criança usava o lápis para
rabiscar as paredes.
C) No dia do baile, a normalista tomou um chá de cadeira inesperado, até
conhecer aquele grumete.
D) Nas metrópoles, o trânsito é um pesadelo para grande parte dos motoristas e
dos pedestres.

GABARITO
1 2 3 4 5
D D E C B

145
TIPOLOGIAS TEXTUAIS

NARRAÇÃO
Objetivo: reproduzir uma realidade dinâmica (com progressão temporal, ou seja,
relação de anterioridade e posterioridade entre os acontecimentos).

Características

Elementos narrativos:
Narrador: quem conta a história (pode dela participar); Personagem: quem vive
o enredo; °
Enredo: sucessão de acontecimentos (em regra, tem como elementos a
apresentação, a complicação, o clímax e o desfecho);
Tempo: quando a história acontece e quanto tempo dura;
Espaço: onde a história acontece;
Discurso: voz das personagens.
Verbos no pretérito.

EXERCÍCIOS

Leia o texto abaixo para responder aos itens de 1 a 4.

Tarde de verão, é levado ao jardim na cadeira de braços — sobre a palhinha


dura a capa de plástico e, apesar do calor, manta xadrez no joelho. Cabeça caída
no peito, um fio de baba no queixo. Sozinho, regala-se com o trino da corruíra,
um cacho dourado de giesta e, ao arrepio da brisa, as folhinhas do chorão
faiscando — verde, verde!
Primeira vez depois do insulto cerebral aquela ânsia de viver. De novo um
homem, não barata leprosa com caspa na sobrancelha — e, a sombra das folhas
na cabecinha trêmula, adormece. Gritos: Recolha a roupa. Maria, feche a janela.
Prendeu o Nero? Rebenta com fúria o temporal. Aos trancos João ergue o rosto,
a chuva escorre na boca torta. Revira em agonia o olho vermelho — é uma coisa,
que a família esquece na confusão de recolher a roupa e fechar as janelas?
Dalton Trevisan. Ah, é? Rio de Janeiro: Record, 1994. p. 67 (com adaptações)

146
1. No texto, predominantemente narrativo, ocorrem tanto o discurso direto como
o discurso indireto livre.
Certo ( ) Errado ( )
2. A escassez de verbos nas duas primeiras frases do texto e o uso de forma
verbal na voz passiva realçam a situação de imobilidade e fragilidade do
personagem em foco.

3. Por tratar-se de narrativa em terceira pessoa, o texto apresenta, além do relato


das ações, alguns comentários do narrador, sem perscrutar o pensamento do
personagem principal.
Certo ( ) Errado ( )

4. O uso das formas verbais “ergue” (l. 7) e “Revira” (l. 8), denotativas de
movimento, indica a recuperação física do personagem, decorrente da retomada
da “ânsia de viver”.
Certo ( ) Errado ( )

5. O prazer proporcionado pela percepção sensorial de pássaro e plantas


contribui para que o personagem se sinta revigorado e recupere sua autoestima
Certo ( ) Errado ( )

GABARITO
1 2 3 4 5
C C E E C

147
TIPOLOGIAS TEXTUAIS

DESCRIÇÃO
Objetivo: reproduzir uma realidade estática (com ocorrência simultânea das
informações e sem relação de antes e depois entre os acontecimentos).

Características

Retrato verbal;
Ausência de ação e relação de anterioridade ou posterioridade entre as
frases;
Predomínio de substantivos, adjetivos e locuções adjetivas;
Utilização da enumeração e comparação;
Com frequência, presença de verbos de ligação.

EXERCÍCIOS

Leia o texto abaixo para responder aos itens de 1 a 5.

Como você pode ver, uma garotinha está deitada displicentemente no colo
de um senhor bem velhinho e bem simpático. Ela parece um anjo. Loirinha,
cabelo castanho claro, encaracolado, nariz e boca perfeitos, ar inteligente e
sadio, uma dessas crianças que a gente vê em anúncios. Pelo jeito, deve ter uns
três ou quatro anos, não mais que isso.
Ela está vestida em um desses macaquinhos de flanela, com florezinhas
azuis e vermelhas e uma malha creme por baixo. Calçando um tênis
transadíssimo nas discretas cores amarelo, vermelho e azul, o que nos mostra
que a mocinha não é apenas novinha, mas moderninha também. O velhinho tem
um tipo bem italiano.
O boné cinza é típico desses senhores que a gente vê passeando pelo Bixiga
nos domingos à tarde. Estatura mediana, cabelos e bigodes branquinhos, rosto
e mãos enrugadas que traem uma idade bem avançada. Paletó marrom e calça
cinza, ambos de lã, malha creme, abotoada até o último botão, como faz todo

148
senhor que se preze. Embaixo da malha, uma camisa azul, mas bem azul
mesmo, que destoa de todo o conjunto.
O que prova que o cavalheiro e a mocinha apreciam cores fortes. Pela roupa
que os dois estão vestindo e pela carinha rosada dela, deve estar fazendo muito
frio. Fato que o ar enevoado e cinzento do jardim, que está atrás deles, vem a
comprovar. Os dois estão sentados em um balanço de madeira de cor verde,
desses em que cabem apenas duas pessoas e que são bastante comuns em
quintais, varandas e jardins de casas de classe média, classe média alta. Ela
está comodamente estirada. Com a cabeça entre o ombro e a barriga do velhinho
e os pés apoiados numa almofada de crochê de cor creme.
Nas mãos, ela traz um livro de histórias cheio de desenhos coloridos. Livro
esse que, olhando atentamente, você verá que se trata da história da Bela
Adormecida. O que, aliás, é muito engraçado, porque enquanto a bela conta a
história da Bela Adormecida, o velho é que adormeceu. Ele dorme a sono solto.
Com uma mão envolta na dela e a outra apoiada sobre sua própria perna direita,
na altura do joelho, ambos, à sua maneira, estão sonhando.
Ele sonha dormindo, ela sonha acordada. A menina está divagando no colo
do avô. Isso mesmo: do avô. Porque o velho que você está vendo só pode ser o
avô dela. Pela intimidade com que ela está comodamente instalada no colo dele,
percebe-se que não pode ser visita, pessoa de cerimônia. E, sim, alguém bem
chegado, alguém da família. Para um estranho, ouvir essa história contada por
uma criaturinha tão linda seria uma novidade excitante, que dificilmente o faria
cair no sono. E, se não fosse por isso, um estranho também não cairia no sono,
pelo menos por dever de educação. Resistiria bravamente até a Bela
Adormecida acordar. Além disso, é só olhar para a roupa caseira que ele está
usando para perceber que não é alguém que foi fazer uma visita.
É pessoa da casa mesmo, pai não é. Ele é muito velhinho para ser o pai dela.
E pouco provavelmente seria um tio. Tanto pela idade quanto pela
disponibilidade e paciência. Tio dá doces, presentes, mas ouvir histórias
intermináveis, contadas por uma narradora que de vez em quando divaga, tio
não faz. Só pode ser mesmo um avô ouvindo pela milésima vez a mesma
história, que para ele deve ser sempre igual e para ela deve ser sempre diferente.
Ela, por sua vez, não se deve importar com que seu ouvinte durma. Afinal, ela
só quer colo e aquela mão terna, enrugada e querida em volta da sua cintura
pequenina.
Mesmo desatento, ele está dando a ela seu tempo e seu carinho sonolento.
O balanço de jardim pode ser gostoso de sentar. Mas como você pode ver não
é o local mais confortável para se dormir. Principalmente em um dia frio como
esse, em um descampado de uma varanda. Mas o fato é que ele não sente a
dureza do balanço porque dorme, e ela, igualmente, não sente a dureza da
madeira e a frieza do tempo por vários motivos: primeiro, porque sonha, e no
sonho não há desconforto ou frio. E, segundo, porque ela tem a barriga do avô
como travesseiro, o braço dele como edredom e uma almofada como encosto
para seus pés e seu tênis multicolorido.

149
Juntos os dois, ali na varanda, vivem um momento de que ela vai se lembrar
sempre e ele não vai se lembrar de nada. Até mesmo nada da história. Por isso,
é que ela vai ter de contar e recontar essa história para o avô centenas de vezes.
Principalmente para reviver os trechos que ele perdeu com seus cochilos. Assim
como você vai ter de ler e reler muitas vezes esse texto até conseguir enxergar
toda a beleza e ternura contidas nessa cena. Ou pelo menos uma pequena parte
dela.

Com base na leitura do texto, julgue os itens.

1. Há ironia nos trechos “deve ter uns três ou quatro anos, não mais que isso” e
“um tênis transadíssimo nas discretas cores amarelo,vermelho e azul”
Certo ( ) Errado ( )

2. A “Bela Adormecida” a que o texto se refere é a garotinha que está com o


senhor.
Certo ( ) Errado ( )

3. O texto compara a funcionalidade de um texto verbal e a de um texto não


verbal.
Certo ( ) Errado ( )

4. Segundo o texto, há mais afinidade entre avôs e netos do que entre tios e
sobrinhos.
Certo ( ) Errado ( )

5. É imprescindível a presença, junto ao texto, de uma fotografia que retrate a


cena descrita para que as ideias expressas sejam transmitidas de maneira
adequada e completa.
Certo ( ) Errado ( )

GABARITO
1 2 3 4 5
E E C E E

150
TIPOLOGIAS TEXTUAIS

DISSERTAÇÃO EXPOSITIVA – DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA

Objetivo: discorrer sobre um tema.


Obs: tema e assunto não são a mesma coisa.
O assunto é mais abrangente, sendo o tema uma delimitação do assunto.

Características

Tipos:
Expositiva: apresenta informações/dados sobre o assunto, logo, também pode
ser chamada de informativa. Além disso, o texto informativo pode apresentar
opiniões de terceiros, mas não do autor;

Argumentativa: apresenta e fundamenta uma tese (opinião) do autor. Vale


lembrar que essa opinião pode ser em primeira pessoa (dissertação subjetiva),
entretanto, em prova, o texto deve ser em terceira pessoa (dissertação objetiva).

151
EXERCÍCIOS

1. No trecho “Tentar subornar o guarda para evitar multas”, a oração “para evitar
multas” expressa a causa, o motivo que leva alguém a cometer suborno.
Certo ( ) Errado ( )

2. No trecho “Diga não às ‘corrupções’ do dia a dia”, seria correto o emprego do


sinal indicativo de crase no vocábulo “a” em “dia a dia”.
Certo ( ) Errado ( )

3. Os termos “antiéticas”, “ilegais” e “combatidas” qualificam a palavra “práticas”.


Certo ( ) Errado ( )

4. O texto apresentado combina elementos das tipologias expositiva e injuntiva.


Certo ( ) Errado ( )

152
Leia o cartaz a seguir.

5. No texto, observam-se trechos expositivo e injuntivo.


Certo ( ) Errado ( )

6. As formas verbais “Acesse”, “conheça” e “consulte” caracterizam-se por uma


uniformidade na flexão de modo e de pessoa.
Certo ( ) Errado ( )

Leia o texto.

Não foi para isso

“Não sei se é verdade. Dizem que Santos-Dumont suicidou-se quando soube


que, durante a Guerra Mundial, a primeira, de 1914 a 1918, estavam usando
aviões para bombardear cidades indefesas. Não fora para isso -- pensava ele --
que inventara a navegabilidade no ar, façanha que ninguém lhe contesta,
tampouco inventara o avião, cuja autoria lhe é indevidamente negada pelos
norte-americanos. Excetuando o Dr. Guilhotin, que construiu um aparelho
específico para matar mais rapidamente durante os anos do Terror, na
Revolução Francesa, em geral o pessoal que inventa alguma coisa pensa em

153
beneficiar a humanidade, dotando-a de recursos que tornam a vida melhor, se
possível para todos”.

7. Esse fragmento de uma crônica de Cony é um exemplo de texto


a) didático, pois ensina algo sobre personagens famosos.
b) descritivo, pois fornece dados sobre as invenções citadas.
c) narrativo, pois relata a história da criação do avião e da guilhotina.
d) argumentativo, pois apresenta fato que comprova o título da crônica.
e) histórico, pois traz informações sobre o passado a fim de registrá-lo.

GABARITO
1 2 3 4 5 6 7
E E E C C C D

FATORES DE TEXTUALIDADE COESÃO E COERÊNCIA

COESÃO
O conceito de coesão diz respeito à conexão discursiva/linguística entre as
partes do texto. Os principais tipos de coesão são a referenciação e a
sequenciação.
Exemplo: o jogador anunciou sua saída do clube.
Ele estava infeliz com a situação. (Coesão referencial)
Apreendo à medida que estudo.
Nesse mecanismo de coesão é empregado um termo, que pode ser um
pronome, um advérbio ou um substantivo, para retomar ou antecipar um outro
termo do texto.

154
Termos de referenciação:
Endofóricos (o referente está no próprio discurso):
• Anafóricos: retomam o referente;
• Catafóricos: antecipam o referente;

Exofóricos (dêiticos): o referente não está no discurso. Só pode ser identificado


se o contexto de enunciação for recuperado.

COERÊNCIA
Alguns elementos fazem de um monte de palavras um texto. Se alguém,
aleatoriamente, começar a juntar palavras, isso não necessariamente formará
um texto, pois não se terá um todo significativo, mas, apenas, um monte de
palavras. Para que esse conjunto de palavras forme um texto é preciso que
estejam presentes alguns elementos conhecidos como fatores de textualidade.
Eles são muitos, mas dois deles interessam mais a quem está estudando para
concursos públicos, pois são recorrentemente cobrados em prova, são eles:
coerência e coesão. Fatores de textualidade são os elementos capazes de
transformar um conjunto de códigos (palavras) em um texto, são eles:

Intencionalidade: empenho do autor;


Aceitabilidade: expectativa do leitor;
Situacionalidade: adequação à situação comunicativa;
Informatividade: dados agregados pelo autor/esperados pelo leitor;
Coerência: sentido do texto;
Coesão: conexão entre as partes do texto

A coerência está no nível dos sentidos, já a coesão está no nível das palavras.
Sendo assim, a coerência deve vir antes da coesão. Primeiro deve-se buscar
uma relação de harmonia entre duas partes do texto para, depois, encontrar uma
forma de conectá-los.

COERÊNCIA
Relações de sentido entre as partes do texto.
Decorre:
• da unidade semântica: o tema central deve perpassar todo o texto;

155
• da progressão temática: conceito, causa, efeito e intervenção;
• da não contradição entre as partes: a contradição, talvez, seja a mais
visível das incoerências.

EXERCÍCIOS

1. Observe o seguinte texto retirado de uma seção de piadas de uma revista: “á


que o vento da janela incomodava tanto você, por que você não trocou de lugar
com a pessoa que estava em frente? - Eu teria feito isso, mas o assento estava
vazio.”
O humor dessa piada se apoia na ausência de uma característica textual, que
é:
a) a coerência;
b) a intertextualidade;
c) a coesão;
d) a correção;
e) a relevância.

2. Assinale a opção que apresenta o texto que não respeita a coerência.


a) Não servimos almoço. Levamos o dia inteiro para preparar o seu jantar.
(Restaurante).
b) Rico em vitaminas e milionário em proteínas. (Iogurte).
c) Se tudo o que você quer é um pouco de fogo, pegue um fósforo. (Isqueiros
Cônsul).
d) Vinda da companhia que tem as coloridas camisas brancas. (Loja de roupas
masculinas).
e) Café da manhã sem suco de laranja é como um dia sem sol. (Sucos).

3. Assinale a opção que apresenta o ditado que mostra incoerência.


a) A mulher é um mal necessário.
b) Aqueles que não sonham estão perdidos.
c) De que serve correr quando se está no caminho errado?

156
d) Mais vale um vizinho perto que um irmão longe.
e) Os velhos deviam ser mortos quando nascem.

4. As frases a seguir carecem de coerência lógica, à exceção de uma. Assinale-


a.
a) “Inclua-me fora dessa.”
b) “As pessoas fazem coisas horríveis por causa do dinheiro; inclusive trabalhar.”
c) “Há certas coisas que o dinheiro não pode comprar. Por exemplo: coisas
idênticas às da semana passada.”
d) “Se você consegue contar seu dinheiro é porque possui dinheiro demais.”
e) “Eu tenho muito dinheiro para o resto da vida, a não ser que eu compre alguma
coisa.”

5. A frase abaixo que poderia ser vista como uma definição de coerência textual
é:
a) “A palavra foi dada ao homem para disfarçar o próprio pensamento”;
b) “As ideias acendem umas às outras como centelhas elétricas”;
c) “Uma vez fixadas nas palavras, as imagens de memória se apagam”;
d) “Uma ideia não executada é um sonho”;
e) “O estilo é um modo muito simples de dizer coisas complicadas”.

6. Um dos problemas textuais mais frequente é a incoerência, como a que está


presente na seguinte frase:
a) “Fiz esta carta longa porque não tive tempo de fazê-la mais curta”;
b) “Há tantos que escrevem e tão poucos que leem”;
c) “Escreve as ofensas na areia e os benefícios no mármore”;
d) “Escrever cartas é a maneira mais deliciosa de perder tempo”;
e) “O que vale é a versão e não os fatos”.

7. Um escritor americano é autor da seguinte frase: “Não grite por socorro à noite.
Pode acordar os vizinhos.”
Tal frase apresenta um problema textual, que é:

157
a) a falta de coerência;

b) a inadequação vocabular;
c) a pontuação equivocada;
d) a ausência de coesão;
e) o desrespeito à norma culta.

8. “O único consolo que sinto ao pensar na inevitabilidade da minha morte é o


mesmo que se sente quando o barco está em perigo: encontramo-nos todos na
mesma situação”.
(Tolstoi)
Alguns elementos do pensamento de Tolstoi se referem a termos anteriores, o
que dá coesão ao texto. O termo cujo referente anterior está indicado
erradamente é:
a) “que sinto” / consolo.
b) “o mesmo” / consolo.
c) “que se sente” / consolo.
d) “todos” / nos.
e) “na mesma situação” / inevitabilidade da morte.

9. Nisto erramos: em ver a morte à nossa frente, como um acontecimento futuro,


enquanto grande parte dela já ficou para trás. Cada hora do nosso passado
pertence à morte”.
(Sêneca)

O emprego da forma “isto” em “Nisto erramos” se justifica porque


a) se refere a um termo colocado a seguir e não anteriormente.
b) se liga a uma oração e não a um termo.
c) mostra certo valor pejorativo.
d) indica um termo colocado bastante próximo.
e) se prende a um fato do momento atual.

158
10. Na passagem “Hoje estou comemorando mais um ano de vida, isso é
maravilhoso. Este ano será muito bom” os termos sublinhados são
respectivamente:
a) Anafórico, dêitico e catafórico.
b) Catafórico, anafórico e dêitico.
c) Dêitico, anafórico e dêitico.
d) Catafórico, catafórico e anafórico.
e) Dêitico, catafórico e anafórico.

GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A D E B B A A E A C

TEXTO E ESTILÍSTICA (FIGURAS DE LINGUAGEM)

Figuras de palavras

Metáfora: comparação com valor conotativo.


Exemplo: o amor é fogo.

Catacrese: é o nome dado à figura de sintaxe que consiste no emprego de uma


palavra no sentido analógico e não em seu sentido próprio.
Exemplo: perna da mesa, céu da boca, batata da perna...

Metonímia: substituição que se baseia numa relação lógica de significado entre


dois termos.
Exemplo: Ela detesta ler Machado de Assis.
Compre a gillete.

159
Perífrase/Antonomásia: mais palavras em vez de menos (circunlóquio).
Exemplo: o boto vem buscar moça que nunca conheceu homem.

Figuras de pensamento

Antítese: é a figura de retórica em que uma palavra, ideia ou proposição


contradiz ou se opõe deliberadamente à anterior.
Exemplo: Nasce o sol e não dura mais que um dia
Em tristes sombras morre a formosura.

Oxímoro ou paradoxo: tipo de antítese em que duas ideias antagônicas, as


quais se excluem mutuamente, aparecem simultaneamente em uma única
construção sintática.
Exemplo: era um doce tão amargo que quase não entendi.

Ironia: é um recurso de expressão que consiste em dar a entender o contrário


do que se está dizendo.
Exemplo: ele é tão elegante quanto um cavalo.

Eufemismo: é uma figura de pensamento empregada para expressar ideias


desagradáveis e chocantes por meio de palavras brandas e suaves.
Exemplo: O parlamentar tomou emprestado dinheiro dos cofres públicos e
esqueceu-se de devolver.

Prosopopeia: é uma figura de linguagem que consiste em humanizar animais e


coisas inanimadas ou dar voz a pessoas mortas, ausentes ou fictícias.
Exemplo: O vento beijou-lhe os cabelos.

160
EXERCÍCIOS

1. “Uma das grandes preocupações das cidades atualmente é, sem dúvida, o


problema da segurança".

Nessa frase do texto 1, o vocábulo “cidades" está usado, como termo geral, em
lugar de “algumas pessoas das
cidades", num exemplo de linguagem figurada denominada metonímia.

Um outro exemplo semelhante de metonímia está em:


a) A vida nas grandes cidades está muito difícil.
b) Viver nas cidades traz uma série de facilidades.
c) As cidades e o campo são ambientes diversos.
d) As grandes cidades nunca dormem.
e) As cidades possuem vias de comunicação diferentes.

2. “...ele já disse que as perdas são de curto prazo, mas os benefícios de longo
prazo são muitos”. Nesse segmento do texto há a presença de uma figura de
linguagem denominada:
a) pleonasmo.
b) hipérbole.
c) eufemismo;
d) metáfora.
e) antítese.

3. Assinale a figura de linguagem que se identifica em: “Entra em cena o 0X513A,


que foi criado pela Universidade de Oxford, na Inglaterra.”
a) Metonímia
b) Eufemismo
c) Metáfora
d) Antítese
e) catacrese

161
4. Em “evitar a inevitável violência", o autor emprega o recurso expressivo que
se denomina antítese. Isso, porém, não se verifica no seguinte fragmento:
a) Na maior parte das vezes, esse desejo tem origem em nosso exibicionismo
b) O homem sempre foi violento e essa violência nunca foi provocada apenas
por necessidades
c) nasce puro e a sociedade o corrompe com seus hábitos
d) o homem nasce bom e se torna mau.

Leia a charge.

5. A crítica ao consumismo na charge acima se estrutura a partir de um recurso


linguístico, que é:
a) a ambiguidade de um vocábulo;
b) uma hipérbole no desejo de consumo;
c) uma metáfora no vocábulo “queima”;
d) o tratamento de “mulher” dado à esposa;
e) a repetição de negativas na fala da mulher.

6. Assinale a opção que apresenta a figura de linguagem presente na oração


abaixo: “Julia achava-o feio e bonito ao mesmo tempo.”
a) Metonímia
b) Hipérbole
c) eufemismo

162
d) paradoxo

7. Analise a citação: “No meio do caminho tinha uma pedra”

As palavras destacadas exercem a função de:


a) Hipérbole
b) Antítese
c) Metáfora
d) pleonasmo

Leia a charge.

8. Todas as frases abaixo apresentam recursos estilísticos. Aquela que fez


utilização de um EUFEMISMO é:
a) Existem pessoas que buscam enriquecer por meios ilícitos.
b) A noite é um manto negro bordado com pedras preciosas.
c) Entre o amor e o ódio estão as relações humanas.
d) A mim não me enganas tu.

GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8
D E C B A D C A

163
FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Função Referencial ou Informativa


É a função cujo objetivo é informar.
É caracterizada pelo emprego da terceira pessoa (aquilo de que se fala),
objetividade (valorização do objeto de que se fala) e denotação (prioriza o
sentido literal da palavra).
Os autores buscam informar o que aconteceu, onde, o motivo e suas
consequências.
Encontrada em notícias de jornal, textos didáticos, textos científicos, aulas,
documentários etc.
Exemplo: a polícia prendeu, na manhã desta terça-feira, 20, o elemento
conhecido como “zé bonitinho” autor de vários delitos na região de Quixadá.

Função Emotiva ou Expressiva


É a função em que está centrada a figura do emissor (a primeira pessoa do
discurso).
É caracterizada pelo emprego da primeira pessoa, interjeições, exclamações e
subjetividade (prioriza o sujeito que fala).
Se relaciona às emoções, buscando desabafar, expor sentimentos.
Encontrada em poesias líricas, diários pessoais, cartas, etc.
Exemplos: “Eu me amo Eu me amo Não posso mais Viver sem mim!”

164
Função Conativa ou Apelativa
Tem objetivo de convencer e/ou persuadir o destinatário (segunda pessoa do
discurso).
Possui como características o emprego da segunda pessoa e verbos no
imperativo.
Exemplo: “Vem pra Caixa você também.”

Função Fática
É a função de um texto que não tem assunto. Tem por objetivo iniciar, manter,
testar ou finalizar contato. Geralmente utilizada em cumprimentos, saudações e
expressões.
Na maioria das vezes, quando se inicia ou finaliza o canal de comunicação, isso
está associado à polidez da comunicação.
Exemplo: Bom dia/Tudo bem?/Tchau.
Quando o objetivo é manter ou testar o contato pode virar vício de linguagem.
Exemplo: Né?/Tá?.

Função Metalinguística
Tem por objetivo explicar o código utilizado usando para isso o próprio código.
Encontrado em dicionários, gramáticas etc.
Exemplo: poema sobre escrever poema “A mão que escreve este poema não
sabe o que está escrevendo, mas é possível que se soubesse nem ligasse”.

Função Poética
Tem objetivo de elaborar de maneira estética/expressiva a mensagem cujo
elemento em destaque é a própria mensagem.
É caracterizada pela preocupação com a expressão do texto, como figuras de
linguagem, rimas, métricas, ritmo, etc.
Exemplo: “De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre,
e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu
pensamento.”

165
EXERCÍCIOS

Texto 1
Alguma vez você já contabilizou ou avaliou o número de projetos pessoais que
abandonou durante a vida?
Por que é que temos tanta dificuldade em manter relacionamentos e afetos,
terminar e fechar o “ciclo” de cursos e estudos que nós mesmos escolhemos?
Tudo a nossa volta perde o brilho muito rápido onde vivemos a todo tempo, entre
a rápida euforia e o tédio. Se essa realidade tivesse uma cor, pra mim seria cinza.

1. Sobre os elementos da comunicação presentes no texto 1, assinale a


alternativa correta.
a) O leitor é o emissor, o autor é o receptor e a linguagem não verbal é o código
da mensagem.
b) O autor é o canal de comunicação, o leitor representa os ruídos na
comunicação e a mensagem é representada por linguagem não verbal.
c) O leitor é o canal de comunicação, o autor é o código e o contexto é a
mensagem.
d) O autor é o emissor, o leitor é o receptor e a linguagem verbal é o código da
mensagem.
e) A mensagem é o contexto, o código são os ruídos na comunicação e o canal
de comunicação é o autor.

2. Em “Já deve ter acontecido com você. Sabe quando você está no trabalho, e
dois ou três amigos postam fotos de viagem?”, em função da valorização a um
elemento da comunicação, predomina qual função da linguagem?
a) Metalinguística.
b) Apelativa.
c) Referencial.
d) Emotiva.
e) Fática.

166
Texto 2
Sempre pensei que ser um cidadão do mundo era o melhor que podia
acontecer a uma pessoa, e continuo pensando assim. Que as fronteiras são a
fonte dos piores preconceitos, que elas criam inimizades entre os povos e
provocam as estúpidas guerras.
E que, por isso, é preciso tentar afiná-las pouco a pouco, até que
desapareçam totalmente. Isso está ocorrendo, sem dúvida, e essa é uma das
boas coisas da globalização, embora haja também algumas ruins, como o
aumento, até extremos vertiginosos, da desigualdade econômica entre as
pessoas. Mas é verdade que a língua primeira, aquela em que você aprende a
dar nome à família e às coisas deste mundo, é uma verdadeira pátria, que
depois, com a correria da vida moderna, às vezes vai se perdendo, confundindo-
se com outras.
E isso é provavelmente a prova mais difícil que os imigrantes têm de
enfrentar, essa maré humana que cresce a cada dia, à medida que se amplia o
abismo entre os países prósperos e os miseráveis, a de aprender a viver em
outra língua, isto é, em outra maneira de entender o mundo e expressar a
experiência, as crenças, as pequenas e grandes circunstâncias da vida
cotidiana.

3. Predomina no texto a função


a) apelativa, pois o autor visa a persuadir o leitor a posicionar-se contra os
imigrantes.
b) expressiva, pois o autor expõe uma visão subjetiva de um determinado
assunto.
c) referencial, pois o autor usa dados objetivos para tratar de um tema com
impessoalidade.
d) fática, pois o autor enfoca um assunto banal, com a finalidade única de iniciar
uma conversa.
e) metalinguística, pois o autor fala dos detalhes que prejudicaram a publicação
de seu texto

Texto 3
Retrato Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,

167
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
- Eu não dei por esta mudança,
- tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?
- MEIRELES, Cecília.

4. Predomina no texto a função:


a) Referencial.
b) Emotiva.
c) Apelativa.
d) Metalinguística.

5. No terceiro período do texto, predomina a função fática da linguagem, dada a


finalidade comunicativa do texto.

GABARITO
1 2 3 4 5
D B B B E

168
VÍCIOS DE LINGUAGEM

Pleonasmo vicioso ou redundância


Exemplo: Entrar para dentro, elo de ligação, monopólio exclusivo.

Barbarismo
Barbarismo é qualquer erro de grafia ou de pronúncia.

Tipos:
• Silabada (rúbrica, em vez de rubrica)
• Cacoépia (pronúncia errada. Ex.: Mortandela, em vez de mortadela)
• Cacografia (grafia errada: quiz, tráz, geito)
• Estrangeirismo (show, em vez de espetáculo) OBS: Nem toda palavra
estrangeira é um barbarismo. Palavra estrangeira é barbarismo quando
ela tem um equivalente na língua portuguesa.

Solecismo
Solecismo é um erro de sintaxe. Pode incidir sobre a concordância, a regência
ou a colocação.

Tipos:
• Concordância Ex.: Ocorreu muitos fatos desagradáveis. O sujeito da
oração é “fatos desagradáveis”, logo a concordância deve acontecer no
plural.
• Regência Ex.: A decisão do gerente implica em alteração do cronograma.
Não há correto uso da preposição “em” na sentença, uma vez que o verbo
não a rege.
• Colocação Ex.: Te amo. Os pronomes átonos não podem ser usados em
início de período. Portanto, o correto seria dizer “amo-te”, colocando o
pronome em posição enclítica.

Ambiguidade
Ocorre quando a frase tem dois sentidos.
Exemplo: Paula conversou com Helena sobre seu trabalho

169
Eco
É a repetição de um mesmo som no final de palavras, em sequência.
Exemplo: Nesta cidade não há honestidade, apenas vaidade.

Cacofonia
Junção de sons em diferentes palavras que formam uma palavra esquisita,
vulgar, de baixo calão.
Exemplo: Eu beijei a boca dela; vi ela; por cada.

Colisão
Repetição do mesmo som de um fonema consonantal.
Exemplo: Fazendo fiado fico freguês.

Hiato
Repetição de vogais.
Exemplo: Vou ao alto da colina.

Plebeísmo/Vulgarismo
É uma construção típica da linguagem coloquial.
Exemplo: Custa cinco real! O correto seria – custa cinco reais.

Arcaísmo
São expressões arcaicas, antigas, que não são mais usadas.
Exemplo: Vosmecê precisa de ajuda?

Gerundismo
É o mau uso do gerúndio.
Exemplo: Vou estar transferindo sua ligação. O correto seria: vou transferir sua
ligação.

170
Neologismo
São palavras novas, que ainda não foram incorporadas à língua.
Exemplo: Deleta essa informação!

EXERCÍCIOS

1. A frase abaixo apresenta um vício de linguagem conhecido como:

a) Barbarismo.
b) Arcaísmo.
c) Neologismo.
d) Ambiguidade.
e) Pleonasmo.

"Embora frequentes no dia a dia dos falantes, os vícios de linguagem são desvios
gramaticais, ou seja, palavras, expressões e construções que fogem às regras
da norma padrão ou norma culta. Os vícios de linguagem ocorrem, normalmente,
por falta de atenção e pouco conhecimento dos significados das palavras pelos
falantes".

171
2. Considerando as informações presentes no texto acima, em qual dos pares
de frases identificam-se vícios de linguagem?
a) O anfitrião comprimentou meus amigos. / Certos voos provocam enjoos.
b) Fazem dois meses que ele partiu. / Faltaram muitos convidados hoje.
c) Eu o vi na esquina da minha rua. / A vaca da sua irmã é muito brava.
d) Houveram dias de paz no país. / Quando eu pôr o jornal na mesa, saia.

3. Analisando os vícios de linguagem listados abaixo, relacione adequadamente:


I - Ambiguidade
II - Pleonasmo
III - Cacófato
IV - Eco
V - Solecismo
( ) A boca dela tinha dentes cariados.
( ) Aquele era o pai da moça que estava doente.
( ) Vou te contar uma novidade inédita.
( ) Aqueles rapazes estava sem rumo.
( ) Teve vontade de ir à cidade só por maldade.

Está correta a sequência:


a) III, I, II, V, IV.
b) III, I, V, II, IV.
c) III, I, II, IV, V.
d) V, I, II, IV, III.
e) IV, II, III, I, V

GABARITO
1 2 3
E D A

172
CONHECIMENTOS DE
FORTALEZA

173
LOCALIZAÇÃO E LIMITES
Olá, caro aluno(a). Estamos iniciando agora o estudo da matéria de
“conhecimentos de Fortaleza” para você que quer fazer parte do serviço público
desse município que é uma referência para todo o Brasil. Conhecer Fortaleza,
sua geografia e história, é tão importante quanto todos os outros conteúdos que
serão cobrados no seu certame. Além do mais, tenho certeza que é um assunto
que vai te motivar a dar o seu melhor afim de ter êxito em sua preparação. Vamos
lá?!
Na aula de hoje veremos a localização e os limites de Fortaleza, bem
como a forma como esse assunto pode ser cobrado em sua prova. Veja no mapa
a seguir a localização exata de Fortaleza no território brasileiro e no cearense:

Fortaleza, portanto, é um dos 184 municípios do Ceará e, em especial,


a capital do Estado. Veja no mapa que a cidade está em uma região litorânea,
assim como quase todas as capitais do Nordeste, ao longo das nossas aulas
você vai entender o porquê.
Logo, Fortaleza fica na região Nordeste do Brasil, na região Norte do
estado do Ceará e na Região Metropolitana de Fortaleza (veja o mapa na página
3).
É importante salientar também que há outras maneiras de localizarmos
o município de Fortaleza. Veja:

174
Através da linha do Equador (horizontal) e do Meridiano de Greenwich
(vertical), podemos localizar qualquer ponto da Terra por meio das coordenadas
geográficas. Veja as coordenadas de Fortaleza: Latitude (S) 3º 43' 02" e
Longitude (WGr) 38º 32' 35". Professor, preciso decorar essas coordenadas?
Não. Tendo em vista o histórico de cobrança pelas bancas examinadoras, essa
informação dificilmente apareceria na sua prova.
Em relação a essa parte da matéria, fique atento às seguintes
informações: o Meridiano de Greenwich divide a Terra em Hemisfério Oeste e
Hemisfério Leste, agora perceba a localização da cidade de Fortaleza de acordo
com essa divisão. Fortaleza está no Hemisfério Oeste, também conhecido como
Ocidental.
Nesse mesmo sentido, a Linha do Equador, divide a Terra em Hemisfério
Norte e Hemisfério Sul. Veja Fortaleza está no Hemisfério Sul em relação à Linha
do Equador, também conhecido como Austral.
Então, caso apareça uma questão na sua prova perguntando em quais
Hemisférios Fortaleza está localizada você responde: Hemisférios Sul e Oeste
(ou Austral e Ocidental). Tranquilo?
Agora vamos falar sobre os limites do município de Fortaleza. Para isso,
é importante ter uma noção da área desse território. Segundo o Instituto de
Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE), a extensão territorial de
Fortaleza é de 314,9 km². É um território relativamente pequeno.
Mas professor, quais são os limites de um município? Limite é tudo
aquilo que está em volta do território. No caso de Fortaleza, existem alguns
municípios e o Oceano Atlântico. Veja no mapa:

175
Esse é o mapa da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), repare nos
limites da área territorial do município de Fortaleza. De acordo com o IPECE, os
limites são:

Limites de Fortaleza

Norte Sul Leste Oeste

Oceano Maracanaú, Eusébio, Caucaia,


Atlântico, Pacatuba, Aquiraz, Maracanaú
Caucaia Itaitinga, Oceano
Eusébio Atlântico

Para contextualizar essas informações, analise a posição desses


limites no mapa da RMF. Perceba que todos eles fazem parte da região
metropolitana de Fortaleza (municípios coloridos), mas nem todos os
municípios que fazem parte dessa região são limítrofes do território de
Fortaleza. São Gonçalo do Amarante, por exemplo, faz parte da RMF, mas não
é limite de Fortaleza.
QUESTÕES
1 – No que se refere a localização do município de Fortaleza no estado do
Ceará, é CORRETO afirmar:
A) Encontra-se situado na porção Norte do estado do Ceará.
B) Encontra-se situado na porção extremo Oeste do estado do Ceará.
C) Encontra-se situado na porção extremo Sul do estado do Ceará.

176
D) Encontra-se situado na porção extremo Leste do estado do Ceará.

2 – Assinale a opção que apresenta um município que NÃO faz parte da


Região Metropolitana de Fortaleza – RMF.
A) Chorozinho.
B) Guaiuba.
C) Horizonte.
D) Ocara.
E) Pacajus.

3 – Em relação aos limites do município de Fortaleza, marque a alternativa


correta.
A) Todos os municípios que fazem parte da RMF (Região Metropolitana de
Fortaleza) também fazem limite com o território de Fortaleza.
B) Um dos limites do território de Fortaleza é o Oceano Pacífico, que está
localizado na porção Leste do município.
C) Caucaia e Maracanaú são os municípios que fazem limite com Fortaleza na
porção Oeste.
D) Maracanaú, Eusébio, Itaitinga e Caucaia são os municípios que fazem limite
com Fortaleza na porção Sul.

4. No limite sul do Município de Fortaleza, encontram-se:


A) Maracanaú, Eusébio, Itaitinga e Pacatuba.
B) Maranguape, Maracanaú e Caucaia.
C) Caucaia, Pacatuba, Maranguape e Eusébio.
D) Aquiraz, Eusébio e Itaitinga.

REFERÊNCIAS:
Área territorial brasileira 2020. Rio de Janeiro: IBGE, 2021.
IBGE, Introdução às linhas imaginárias e coordenadas geográficas. IBGE
Educa, 2021. Disponível em: IBGE - Educa | Professores | Introdução às linhas
imaginárias e coordenadas geográficas. Acesso em: 17 de nov. de 2021.

177
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto de Pesquisa e
Estratégia Econômica do Ceará (IPECE). Região Metropolitana de Fortaleza.
Fortaleza, 2006.
Mapa indicando a localização da cidade de Fortaleza, estado do... | Download
Scientific Diagram (researchgate.net)

GABARITO:
1-A
2-D
3-C
4-A

178
HIDROGRAFIA
Neste bloco, estudaremos os principais recursos hídricos do município
de Fortaleza. Mas, para início de conversa, você sabe o que é hidrografia?
Hidrografia é o ramo da geografia física que estuda as águas do planeta,
abrangendo, portanto, rios, mares, oceanos, lagos, geleiras, água do subsolo e
da atmosfera.
Nesse sentido, veremos quais são os principais recursos hídricos do
município de Fortaleza, bem como sua participação em diferentes setores da
cidade, na economia e na demografia, por exemplo. Vamos lá?
De acordo com o IPECE, a pluviosidade anual (quantidade de chuva por
ano) é de 1.338 mm, uma quantidade de chuvas moderada para o clima Tropical
Quente Sub-úmido. O período chuvoso é de janeiro a maio, meses em que há
registro de alagamentos, desabamentos em áreas de risco, problemas de
esgoto, entre outros.

Repare na data desta notícia, a maior chuva do ano de 2021 em


Fortaleza ocorreu no mês de março, tendo como consequência uma série de
problemas urbanos, como os alagamentos que estão sendo representados na
imagem.
“mas professor, o senhor comentou que a quantidade de chuvas em
Fortaleza é moderada. Então por que tantos problemas decorrentes das
chuvas?” Entenda, o problema maior está na infraestrutura de alguns bairros ou
por consequência de outros problemas sociais, como o depósito de grandes
quantidades de lixo em locais inapropriados.
A bacia hidrográfica é uma área composta por um rio principal e seus
afluentes, estes escoam para o mesmo curso d’água e abastecem o rio principal.

179
Fortaleza está sobre a área de influência da bacia metropolitana, a qual é
formada por 16 bacias independentes. Em Fortaleza estão quatro desses rios
principais, são eles: Rio Pacoti, Rio Cocó e o Rio Ceará.
Vamos conhecer agora as principais bacias hidrográficas que compõem
a hidrografia do município de Fortaleza:

✔ Rio Pacoti: nasce em Guaramiranga e desagua no Oceano Atlântico.


Faz a divisa de Fortaleza com Aquiraz e forma a Área de Proteção
Ambiental (APA) do rio Pacoti com 2.914,93 hectares;

✔ Rio Cocó: é o mais importante rio de Fortaleza. Nasce na Serra


Aratanha, Pacatuba-CE e desagua no Oceano Atlântico, nos limites
das praias do Caça e Pesca e de Sabiaguaba. Perto de sua foz foi
criada em 1989 e ampliada em 1993 o Parque Ecológico do Cocó
(muito conhecido na cidade);

✔ Rio Ceará: nasce na serra do Maranguape e desagua na praia da


Barra. O rio marca a divisa com o município de Caucaia, onde também
existe Área de Proteção Ambiental (APA), com 2.744,89 hectares que
foi criada em 1999. Destaca-se nessa área a vegetação de mangue.

✔ Rio Maranguapinho: nasce na Serra de Maranguape e desagua no


Rio Ceará. É o maior afluente do Rio Ceará. Nasce na Serra de
Maranguape, com extensão de 34 km.

Vamos ver agora os principais lagos do município de Fortaleza.

⮚ Maraponga: A lagoa de Maraponga está localizada a oeste da Bacia


Hidrografia do Rio Cocó e que tem a avenida Godofredo Maciel como
principal acesso, no bairro Maraponga. A lagoa caracteriza-se por
apresentar uma paisagem natural de grande porte. Após a
urbanização de suas margens, tornou-se um recurso bastante
utilizado pela população da cidade para atividades ligadas ao esporte
e lazer.

⮚ Messejana: Localizada na Bacia Hidrográfica do Rio Cocó, a Lagoa


de Messejana é um dos recursos naturais mais importantes da cidade
de Fortaleza. A Lagoa passou por um processo de urbanização em
2003 e conta com um calçadão para a prática esportiva além da
presença da estátua de Iracema, um dos símbolos da cultura local
com 13 metros de altura.

180
⮚ Opaia: Localizada entre os bairros Aeroporto e Vila União, é uma das
mais importantes de Fortaleza. É utilizada para atividades de pesca e
lazer. Em 2012, a lagoa passou por um processo de arborização com
o plantio de 300 árvores nas suas margens. Sua urbanização é fruto
de uma política de recuperação dos espelhos d’água de Fortaleza na
década de 1980.

⮚ Parangaba: A lagoa da Parangaba é considerada o maior recurso


hídrico da Bacia do Rio Maranguapinho. Nos primórdios da cidade, o
seu entorno gerou a formação de uma importante aglomeração
urbana. A profundidade da lagoa favorece à realização de atividades
pesqueiras. Também é conhecida por uma feira em seu entorno onde
são vendidos diferentes produtos.

⮚ Precabura: A Lagoa da Precabura é o maior espelho d’água e um dos


últimos recursos hídricos preservados da Região Metropolitana de
Fortaleza. Formando-se a partir do leito do rio Coaçu, um afluente do
rio Cocó, a lagoa não é de água doce, pois sofre influência do mar,
recebendo água das chuvas e dos lençóis freáticos. Com rico
ecossistema, a Precabura dá sustento para pescadores e
marisqueiras.
Para finalizar o tópico de rios e lagos, é importante salientar a relação
desses recursos no meio social. Pois bem, o fato da maioria desses rios e lagos
atravessarem as áreas urbanas, nota-se uma série de problemas; exemplos:
esgotos despejados de forma irregular, avanço das construções civis -
ensejando a destruição das matas ciliares, processo de assoreamento,
contaminação por efluentes (resíduos gerados por meio das atividades humanas
e industriais), etc.
Desse modo, a poluição decorrente dessas atividades não gera apenas
problemas para a fauna e a flora, mas também para aqueles que dependem dos
recursos hídricos para desenvolver suas atividades econômicas, como os
pescadores por exemplo.
Falaremos agora do litoral de Fortaleza, o qual tem uma extensão de 34
quilômetros e com um total de 15 praias, são elas:

✔ Praia da Barra (do Ceará): é a praia que faz o limite de Fortaleza com a
cidade de Caucaia. Tem esse nome por ser a foz do rio Ceará. O local
tem muita importância para a história da cidade porque foi o primeiro
lugar onde o açoriano Pero Coelho de Sousa fez uma primeira incursão

181
em 1603 construindo o Fortim São Tiago (trataremos desse assunto no
bloco “história de Fortaleza”.

✔ Praia de Iracema: com sua noite agitada onde há muitos bares e alguns
importantes prédios históricos como a Igreja de São Pedro, o Estoril e
a Ponte Metálica além de galerias de arte e o Centro Cultural Dragão do
Mar.

✔ Praia do Meireles: é onde se encontra a avenida "Beira Mar" que vai até
o Mucuripe. É a principal concentração de hotéis da cidade. O Clube
Náutico é um importante marco desta praia. Acontece em frente deste
clube, todos os dias, a feira de artesanato mais conhecida da cidade.

✔ Praia da Volta da Jurema: é o local mais nobre do litoral de Fortaleza.


No calçadão existe um polo de lazer e prática de esportes.

✔ Praia do Mucuripe: Nela existe a mais antiga estátua de Iracema da


cidade com Martim, inaugurada em 1965.

✔ Praia das Goiabeiras;


✔ Praia do Arpoador;
✔ Praia do Pirambu;
✔ Praia da Jacarecanga;
✔ Praia Formosa;
✔ Praia de Titãzinho;
✔ Praia do Futuro;
✔ Praia do Caça e pesca;
✔ Praia da Sabiaguaba;
✔ Praia da Abreulândia.
As praias que foram comentadas são as que apresentam mais chances
de aparecer em seu certame, mas é importante que você lembre de todas elas,
afinal, fazem parte da hidrografia do município de Fortaleza.
QUESTÕES
1 – (PREFEITURA DE FORTALEZA/2016) O rio Cocó é o principal curso
d'água situado na cidade de Fortaleza e suas nascentes encontram-se na
serra da Aratanha, município de Pacatuba-CE. Das alternativas abaixo,
assinale a que se refere à localização CORRETA da foz do rio Cocó.

182
A) Nos municípios de Fortaleza e Aquiraz, entre as praias da Sabiaguaba e Porto
das Dunas.

B) No município de Fortaleza, entre as praias do Caça e Pesca e Sabiaguaba.

C) Nos municípios de Fortaleza e Caucaia, entre as praias da Barra do Ceará e


Iparana.

D) Na praia do Porto das Dunas, município de Aquiraz.

2 – (PREFEITURA DE FORTALEZA/2016) Assinale a opção CORRETA que


trata dos aspectos pluviométricos predominantes na cidade de Fortaleza.

A) Em termos pluviométricos, a cidade de Fortaleza apresenta uma média


histórica do índice de precipitação inferior a 700mm anuais, volume de chuva
inferior aos registrados na região semiárida cearense.

B) A circulação atmosférica no município de Fortaleza é comandada


principalmente por influências de frentes frias originadas no sul do Brasil,
ocorrendo historicamente uma maior concentração de chuvas no mês de janeiro.

C) O município de Fortaleza apresenta uma média histórica do índice de


precipitação acima de 1.200mm anuais, volume de chuva superior aos
registrados na região semiárida cearense.

D) As precipitações no município de Fortaleza historicamente apresentam


acentuada regularidade no decorrer de todos os meses e ao longo dos anos. A
média histórica do índice de precipitação é sempre atingida.

3 – Assinale a opção que descreve CORRETAMENTE o período chuvoso no


estado do Ceará.

A) Historicamente as regiões do litoral e sertão cearense têm seu quadrimestre


mais chuvoso situado entre os meses de fevereiro e maio, enquanto o
quadrimestre mais chuvoso na região do Cariri cearense é de janeiro a abril.

B) Analisando a pluviometria média anual dos últimos quarenta anos, no estado


do Ceará, verifica-se que as maiores médias pluviométricas anuais foram
registradas na região dos Inhamuns e na região jaguaribana.

C) A região do semiárido cearense possui uma média histórica pluviométrica


anual muito superior à que se encontra registrada para a região do litoral
cearense.

183
D) Historicamente os maiores totais pluviométricos no estado do Ceará são
registrados entre os meses de outubro e janeiro e os menores de fevereiro a
maio.

4 - “A chuva de 62 milímetros, registrada pela Fundação Cearense de


Meteorologia (Funceme), causou estragos em alguns bairros da periferia
de Fortaleza. Moradores precisaram sair de suas casas por causa de
desabamento de muros e invasão de água em cômodos.”

Analise as seguintes afirmações sobre o período chuvoso na Cidade de


Fortaleza.

I. As chuvas que caracterizam a quadra chuvosa em Fortaleza ocorrem


anualmente entre os meses de setembro e novembro.
II. Em Fortaleza são raros os pontos de alagamento e inundações,
devido à eficiência das obras de drenagem e saneamento.
III. Precipitações intensas em Fortaleza geralmente causam prejuízos às
populações que residem em bairros da periferia.

Está correto o que se afirma apenas em:

A) I e II.

B) II e III.

C) II.

D) III

GABARITO:
1-B
2-C
3-A
4-D

184
POPULAÇÃO

Ao estudarmos um determinado lugar, seja um município, um estado ou


um país, é imprescindível conhecermos sua população. A partir do estudo da
população (ou aspectos demográficos) podemos compreender o nível de
desenvolvimento e criar expectativas de uma determinada região.

O censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -


IBGE, principalmente, é uma das mais seguras fontes de pesquisa sobre a
população brasileira, esse censo acontece de dez em dez anos e tem por
objetivo contar os habitantes do território nacional, identificar suas características
e revelar como vivem os brasileiros, produzindo informações imprescindíveis
para a definição de políticas públicas e a tomada de decisões de investimentos
da iniciativa privada ou de qualquer nível de governo. E também constituem a
única fonte de referência sobre a situação de vida da população nos municípios
e em seus recortes internos, como distritos, bairros e localidades, rurais ou
urbanas, cujas realidades dependem de seus resultados para serem conhecidas
e terem seus dados atualizados.

Mais populosos do Brasil Mais populosos do Nordeste Mais populosos do Ceará

1° São Paulo 1° Salvador 1° Fortaleza


2° Rio de Janeiro 2° Fortaleza 2° Caucaia
3° Brasília 3° Recife 3° Juazeiro do Norte
4° Salvador 4° São Luís 4° Maracanaú
5° Fortaleza 5° Maceió 5° Sobral
Atualmente, com aproximadamente 2,7 milhões de habitantes, Fortaleza
é a quinta cidade/capital mais populosa do Brasil, a segunda cidade/capital mais
populosa do Nordeste e a cidade mais populosa do estado do Ceará.

Fortaleza também é a capital com a maior densidade demográfica do


Brasil, com aproximadamente 8.654,9 habitantes por km². Entenda: densidade
demográfica é a quantidade de pessoas em uma determinada área (geralmente
por km²); o território de Fortaleza corresponde a cerca de 314,9 km² e dentro
dele reside cerca de 2,7 milhões de pessoas. Não esqueça que a população do

185
município de Fortaleza se encontra majoritariamente na área urbana, tendo em
vista que praticamente não existe área rural;

No entanto, nem sempre foi assim. Ao analisarmos dados históricos do


IBGE podemos perceber que o desenvolvimento demográfico do município de
Fortaleza ocorreu rapidamente, portanto, há poucas décadas atrás, o número de
habitantes era bem inferior ao que existe hoje. Veja:

1960 1970 1980 1991 2000 2010 2019


514.818 842.702 1.308.919 1.766.794 2.138.234 2.447.409 2.669.342

Nesta tabela, está o resultado dos seis últimos censos e a expectativa


demográfica do ano de 2019 (já que não houve censo no ano de 2020 por causa
da pandemia do coronavírus). Percebemos que Fortaleza continua em
crescimento demográfico.

Contextualizando
Nas primeiras duas décadas do século XX, o processo de crescimento populacional
de Fortaleza torna-se bastante visível no contexto estadual, cujo incremento
populacional foi de cerca de 63%, passando de 48,4 mil habitantes em 1900, para
78,5mil em 1920. A migração desse período não chegou a ser registrada, mas nos
anos seguintes (entre 1920/40) teve forte impacto no crescimento populacional de
Fortaleza, haja vista o incremento de 101,7mil pessoas, sendo 55% (56,2 mil
pessoas) decorrente da migração. Em 1940, a população migrante correspondia a
metade da população economicamente ativa- PEA em Fortaleza, estimada em
112,5 mil. A cidade passou a ter uma população total de 180 mil habitantes, um
contigente bastante expressivo, comparável com a contagem populacional feita em
1996 para Juazeiro do Norte, cidade interiorana de maior expressão populacional
no interior, cuja população foi registrada em torno de 189 mil pessoas (IJPNS: 1967
e IPLANCE:2000).

186
O processo de migração, principalmente por meio do êxodo rural – que
é o deslocamento de pessoas do campo para a zona urbana – foi essencial para
a rápida ocupação do território de Fortaleza. Para que isso acontecesse teria
que ter um motivo, concorda? Pois bem, nesse período (século XX) houve um
grande desenvolvimento urbano, levando à instalação de grandes empresas e o
incremento de atividades econômicas como o turismo, tendo como
consequência a criação de oportunidades de emprego.
A cidade de Fortaleza se destaca pelo alto índice de jovens. O último
censo demográfico registrou que a capital cearense conta com mais de 345 mil
homens entre 15 e 29 anos. As mulheres da mesma faixa etária ultrapassam as
374 mil, com predominância de idade entre 20 e 24 anos.
O mesmo levantamento mostrou que, apesar do aumento na expectativa
de vida, atualmente estimada em 74,4 anos (melhora decorrente do alto índice
de desenvolvimento humano na região), o número de idosos vem caindo
consideravelmente, com apenas 6,8% das pessoas acima de 65 anos. Tendo
como referência o último censo (2010), a população de Fortaleza atualmente
pode ser vista assim:

Chamamos esse gráfico de pirâmide etária, na qual podemos relacionar


a idade, o gênero e o número de habitantes de uma área geográfica. Perceba
que o meio da pirâmide, principalmente entre 10 e 34 anos, é onde está a maior
concentração de pessoas: essa característica é de regiões que estão em
desenvolvimento, na qual a taxa de natalidade diminui e a expectativa de vida
aumenta. É exatamente isso que está acontecendo em Fortaleza.

187
Como sabemos que a expectativa de vida tende a aumentar? Há, pelo
menos, duas formas de sabermos: a primeira é analisando os últimos censos
demográficos (como fizemos anteriormente) e a segunda é através do Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal – IDHM, que é uma medida composta de
indicadores de três dimensões do desenvolvimento humano: longevidade,
educação e renda. O índice varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o
desenvolvimento humano.
O IDHM de Fortaleza, de acordo com o censo do IBGE, é 0,754. Em
escala nacional, Fortaleza está longe de ser um dos melhores, mas entre os
municípios do Ceará está em primeiro lugar, apresentando, portanto, o melhor
índice de desenvolvimento humano do estado.

QUESTÕES
1 – Atente para as seguintes afirmações a respeito da população de
Fortaleza, de acordo com os resultados das pesquisas do IBGE, nos
Censos de 2000 e 2010.

I. A maior parcela percentual da população de Fortaleza encontra-se na


faixa etária entre 15 e 64 anos.
II. II. Apenas uma pequena parcela da população de Fortaleza encontra-
se localizada na zona rural do município.
III. III. Atualmente, o número de homens em Fortaleza é quase 71%
superior ao número de mulheres.

A) I e II.

B) I.

C) II e III.

D) III.

2 – Sobre a estimativa da população em 2018 que foi divulgada pelo


Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Fortaleza destacou-se
como a 6ª Região Metropolitana mais populosa do Brasil, com 4.074.730
milhões de habitantes. A líder da lista é São Paulo com 21.571.281 milhões.
Fortaleza tem a maior Região Metropolitana do Nordeste à frente de Recife
(PE) e Salvador (BA).

188
Segundo o texto, a Cidade de Fortaleza é uma das maiores cidades, em
população, do Brasil. Neste quesito, quais fatores demográficos podem ser
associados?

A) Proximidade do litoral, favorecendo o maior aproveitamento da cidade devido


aos ventos e à pluviometria.

B) A forte migração do século XX, resultante principalmente da rápida


urbanização e do êxodo rural.

C) Pela industrialização e a urbanização rápidas que favorecera maior número


de empregos na RMF para populações que possuíam exclusivamente ensinos
mais avançados.

D) Pela RMF ser uma das metrópoles mais avançadas do Planeta, sendo, assim,
atrator de vários migrantes de vários países.

E) Pelas políticas públicas que obrigavam vários interioranos a morarem em


Fortaleza.

3 – De acordo com o censo demográfico 2010 do IBGE, assinale a


alternativa que apresenta os 05 (cinco) municípios mais populosos do
estado do Ceará.

A) Fortaleza, Sobral, Pacajus, Eusébio e Juazeiro do Norte.

B) Fortaleza, Juazeiro do Norte, Quixadá, Cascavel e Pindoretama.

C) Fortaleza, Caucaia, Juazeiro do Norte, Maracanaú e Sobral.

D) Fortaleza, Caucaia, Sobral, Limoeiro do Norte e Eusébio.

REFERÊNCIAS:
Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. Universidad de Barcelona [ISSN
1138-9788] Nº 94 (73), 1 de agosto de 2001.

GABARITO:
1-A
2-B
3-C

189
ASPECTOS POLÍTICOS

Neste bloco estudaremos os principais conhecimentos acerca da política


do município de Fortaleza – CE, aqueles que têm a maior chance de aparecer
na sua prova. Vamos lá?!

Como já falamos anteriormente, Fortaleza é uma cidade brasileira,


capital do Ceará, localizada na Região Nordeste. É o centro político e
econômico do estado e da Região Metropolitana de Fortaleza, além de possuir
a quinta maior população do país entre os municípios brasileiros.

Nesse sentido, é um município de muita importância para todos os entes


que mantém contato direto ou indiretamente com ele. Podemos perceber isso
através de um simples exercício: imagine a RMF ou o estado do Ceará sem o
município de Fortaleza. Seria tudo diferente!

Informações Gerais:

O atual prefeito de Fortaleza se chama José Sarto Nogueira Moreira, do


Partido Democrático Trabalhista (PDT). Foi eleito prefeito de Fortaleza em 2020,
tomando posse no cargo no ano de 2021. Nessa mesma eleição, foi eleito como
vice-prefeito José Élcio Batista, do Partido Socialista Brasileiro (PSB).

O município de Fortaleza atualmente conta com 43 vereadores, sendo o


presidente da câmara municipal o vereador Antônio Henrique (PDT).

À frente da Secretaria Municipal da Segurança Cidadã – Sesec, está o


secretário Coronel Eduardo Holanda. A Guarda Municipal de Fortaleza – GMF,
tem como Diretor Geral o Inspetor Marcílio Linhares Távora

Para o seu certame, essas são as principais autoridades da


administração pública de Fortaleza. Fazem parte da administração direta e,
portanto, serão seus superiores hierárquicos a partir de sua posse como servidor
público de Fortaleza.

No entanto, é importante ter uma noção histórica sobre esse assunto. O


primeiro prefeito de Fortaleza foi o Capitão Joaquim Lopes de Abreu, seu
mandato foi do ano 1822 a 1823 (ainda durante o império no Brasil).

190
Destaca-se entre as 49 pessoas que chefiaram o poder executivo de
Fortaleza, a professora universitária, ex-parlamentar e ativista brasileira Maria
Luíza Menezes Fontenele, que foi a primeira mulher a assumir o cargo de
prefeita de município de Fortaleza. Seu mandato foi do ano de 1986 a 1989. Ela
foi a 42° chefe do poder executivo de Fortaleza.

O penúltimo prefeito de Fortaleza foi o médico Roberto Cláudio, que


esteve no cargo de prefeito por dois mandatos, entre os anos de 2013 a 2020.

A localização de Fortaleza permite políticas estratégicas de


comunicação com grandes e importantes centros urbanos. Veja:

Percebe-se que já existem voos diretos para a Europa (Lisboa), África


(Luanda), América do Norte (Miami), entre outros e 16 cabos de fibra óptica
submarinos, trazendo internet de alta qualidade para a cidade de Fortaleza, a
qual, por sua vez, distribuiu para outras diversas regiões. Esse tipo de
comunicação faz parte do processo de globalização, o qual permite à população
acesso à diversas regiões da Terra.

Principais programas:
Areninhas (política pública de lazer)

191
Micro Parques Urbanos (política pública de lazer)

Política de Resíduos (Ambiental)

Ecoponto (Política ambiental)

192
Educação (visão geral):

Primeira Infância (política educacional)

Escolas de Tempo Integral (política educacional)

193
Juventude Digital (política educacional)

Células de Proteção (política de segurança)

Atualmente existem 14 células de proteção comunitária na cidade de


Fortaleza, são implantadas em locais estratégicos – com um grande fluxo de
pessoas – cada célula conta com cerca de 40 câmeras de monitoramento e
funcionam 24 horas por dia. A implementação das Células tem proporcionado
redução de 70% na incidência de crimes violentos letais intencionais nos
entornos das áreas contempladas, de acordo com a Secretaria Municipal da
Segurança Cidadã (Sesec).

194
QUESTÕES
1 – Marque a alternativa correta sobre os aspectos políticos de Fortaleza.

A) Entre as autoridades que fazem parte do poder público de Fortaleza, está o


Coronel Eduardo Holanda, que além de secretário municipal de segurança
cidadã é o diretor-geral da GMF.

B) Atualmente, a Guarda Municipal de Fortaleza – GMF, tem como Diretor Geral


o Inspetor Marcílio Linhares Távora.

C) O município de Fortaleza atualmente conta com 40 vereadores, sendo o


presidente da câmara municipal o vereador Antônio Henrique.

D – Dentro do poder público não existe hierarquia, qualquer servidor público


efetivo tem poder disciplinar sobre os demais.

2 – Sobre as autoridades que fazem ou fizeram parte da administração


pública de Fortaleza, marque a alternativa correta.

A) A primeira mulher a chefiar o poder executivo do município de Fortaleza foi a


professora universitária Maria Luíza Menezes Fontenele.

B) Até os dias de hoje já se passaram mais de 60 prefeitos pelo município de


Fortaleza, sendo a maioria deles do sexo feminino.

C) O atual prefeito José Sarto Nogueira Moreira, está ocupando este cargo pela
segunda vez consecutiva.

D) Quem primeiro ocupou o cargo de chefe do poder executivo de Fortaleza foi


a jornalista Luizianne Lins, ainda durante o império no Brasil.

REFERÊNCIAS:
A cidade. Prefeitura de Fortaleza. Fortaleza – CE, 2021. Disponível em: A Cidade
(fortaleza.ce.gov.br). acesso em: 21 de dez. de 2021.

GABARITO:
1-B
2-A

195
ASPECTOS ADMINISTRATIVOS
Os aspectos administrativos de um município é um assunto bastante
amplo, ainda mais quando estamos falando de uma cidade tão complexa quanto
Fortaleza. No entanto, isso não é motivo de preocupação, pois veremos este
assunto da melhor forma possível.
Para darmos início, vamos aos conceitos: o município é um território sob
jurisdição de um governo (nesse caso, um governo municipal)
independentemente de ser uma área rural, urbana ou mista.
Já a cidade é a área urbana de um município (sede do município), onde
há a maior concentração de pessoas, zonas residenciais, comerciais e
industriais. É na cidade onde geralmente está localizada o centro político
administrativo – a prefeitura.
Levando em consideração que o município de Fortaleza é densamente
povoado e seu território é relativamente pequeno, praticamente não existe área
rural. Nesse caso, a área do município de Fortaleza é a mesma área da cidade.
Entre os tipos de cidades, existem as cidades planejadas, as quais são
previamente arquitetadas e preparadas para receber sua população, como
Brasília por exemplo. E também as cidades naturais, as quais surgem pela
aglomeração de pessoas ao longo de um período, geralmente é um processo
bem mais lento. Fortaleza é um exemplo de cidade natural, vamos entender
melhor ao estudarmos sua história. No entanto, as cidades naturais como
Fortaleza não são formadas/organizadas de qualquer forma, ou pelo menos não
devem ser. Toda cidade, independentemente de ser natural ou planejada deve
ser administrada a fim de seu território e seus recursos serem melhor utilizados.
Nesse sentido, a casas, as ruas, as praças, as indústrias e todas as
outras modificações do espaço de uma cidade devem ser feitas/construídas de
forma estratégica e consciente. Para isso, as cidades contam com uma
normatização que regula e orienta toda essa parte administrativa, é o Plano
Diretor.
O Plano Diretor do município de Fortaleza foi instituído pela Lei
Complementar n°062, de 02 de fevereiro de 2009. “Professor, preciso estudar
todo o Plano Diretor?” a resposta é não, pois são conhecimentos bastante
técnicos, os quais acredito ser difícil aparecer nessa matéria da sua prova.
Mas para que você tenha uma noção do que se trata essa normatização,
veja o artigo 4°, o qual traz os objetivos do Plano Diretor de Fortaleza (Ressalto
que você não precisa decorar todos esses incisos).
Art. 4º - São objetivos deste Plano Diretor:

196
I - Considerar, no processo de planejamento e execução das políticas públicas,
a integração social, econômica, ambiental e territorial do Município e da Região
Metropolitana;
II - Construir um sistema democrático e participativo de planejamento e gestão
da cidade;
III - garantir a justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo
de urbanização, recuperando e transferindo para a coletividade parte da
valorização imobiliária decorrente de ações do poder público;
IV - Regular o uso, a ocupação e o parcelamento do solo urbano a partir da
capacidade de suporte do meio físico, da infraestrutura de saneamento
ambiental e das características do sistema viário;
V - Combater a especulação imobiliária;
VI - Preservar e conservar o patrimônio cultural de interesse artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico;
VII - preservar os principais marcos da paisagem urbana;
VIII - ampliar a oferta de áreas para a produção habitacional de interesse social
com qualidade, dirigida aos segmentos de baixa renda;
IX - Promover a urbanização e a regularização fundiária das áreas irregulares
ocupadas por população de baixa renda;
X - Induzir a utilização de imóveis não edificados, não utilizados e subutilizados;
XI - distribuir equitativamente os equipamentos sociais básicos, de acordo com
as necessidades sociais das regiões, de forma que a distribuição dos respectivos
recursos a estas seja diretamente proporcional à população e inversamente
proporcional ao nível de renda;
XII - preservar os ecossistemas e os recursos naturais;
XIII - promover o saneamento ambiental em seus diferentes aspectos;
XIV - reduzir os riscos urbanos e ambientais;
XV - Promover a reabilitação da área central da cidade;
XVI - promover a acessibilidade e a mobilidade universal, garantindo o acesso
de todos os cidadãos a qualquer ponto do território, através da rede viária e do
sistema de transporte coletivo.

Agora vamos conhecer como a cidade de Fortaleza é dividida


administrativamente. Atualmente o município de Fortaleza está dividido em 12
Secretarias Executivas Regionais (SERs), cada uma dessas regionais conta com
uma equipe de servidores públicos – representando o poder público de Fortaleza
– com o objetivo de atender a população dos seus respectivos bairros.
Ao todo, Fortaleza tem 121 bairros, os quais são agrupados em 39
territórios administrativos seguindo critérios, como a quantidade de habitantes, a

197
área de cada bairro, a aproximação cultural e a utilização de equipamentos
públicos pelos habitantes.
Entre vários serviços que são realizados nessas regionais, há o fórum
territorial – que é um espaço onde as pessoas podem apresentar, discutir e
resolver os problemas do seu bairro, o conjunto desses fóruns chama-se
Conselho Territorial.

Entenda...
Em Fortaleza, existem 121 bairros agrupados em 39 territórios administrativos e 12
Secretarias Executivas Regionais. Essa divisão é resultado de um projeto aprovado
por lei no ano de 2019.
A mudança tem como base o Plano Fortaleza 2040 - planejamento para a Cidade
apresentado pela gestão municipal em 2016 - e objetiva diminuir as diferenças entre
as regiões de Fortaleza, garantindo maior autonomia administrativa às Secretarias
Regionais.

Veja no mapa a seguir a localização das 12 Secretarias Executivas


Regionais:

198
Perceba que a sede da prefeitura (o centro) fica na 12° regional. Agora
veja no próximo mapa a localização dos territórios administrativos:

Regional 1
● Território 2: Vila Velha e Jardim Guanabara
● Território 3: Barra do Ceará
● Território 4: Cristo Redentor e Pirambu
● Território 5: Carlito Pamplona e Jacarecanga
● Território 6: Jardim Iracema, Floresta e Álvaro Weyne
Regional 2
● Território 7: Meireles e Aldeota
● Território 8: Varjota, Papicu e De Lourdes
● Território 9: Cais do Porto, Mucuripe e Vicente Pinzón
● Território 10: Joaquim Távora, Dionísio Torres e São João do Tauape
Regional 3
● Território 11: Quintino Cunha, Olavo Oliveira e Antônio Bezerra
● Território 12: Padre Andrade e Presidente Kennedy
● Território 13: Vila Ellery, Monte Castelo, São Gerardo e Farias Brito
● Território 14: Parque Araxá, Parquelândia, Amadeu Furtado e Rodolfo
Teófilo
Regional 4
● Território 15: José Bonifácio, Benfica e Fátima
● Território 16: Damas, Jardim América, Bom Futuro e Montese
● Território 17: Itaoca, Parangaba e Vila Peri
● Território 18: Parreão, Vila União e Aeroporto
Regional 5

199
● Território 39: Granja Lisboa, Granja Portugal, Bom Jardim, Siqueira e
Bonsucesso
Regional 6
● Território 26: Alto da Balança e Aerolândia
● Território 27: Jardim das Oliveiras, Cidade dos Funcionários e Parque
Manibura
● Território 28: Parque Iracema, Cambeba e Messejana
● Território 29: José de Alencar, Curió, Guajeru e Lagoa Redonda
● Território 30: Coaçu, São Bento e Paupina
Regional 7
● Território 22: Praia do Futuro I e Praia do Futuro II
● Território 23: Cocó, Cidade 2000 e Manuel Dias Branco
● Território 24: Salinas, Guararapes e Luciano Cavalcante
● Território 25: Edson Queiroz, Sapiranga/Coité e Sabiaguaba
Regional 8
● Território 19: Serrinha, Itaperi e Dendê
● Território 20: Dias Macêdo, Boa Vista, Parque Dois Irmãos e Passaré
● Território 21: Planalto Ayrton Senna e Prefeito José Walter
Regional 9
● Território 31: Cajazeiras e Barroso
● Território 32: Conjunto Palmeiras e Jangurussu
● Território 33: Parque Santa Maria, Ancuri e Pedras
Regional 10
● Território 34: Parque São José, Novo Mondubim, Canindezinho, Conjunto
Esperança, Parque Santa Rosa, Parque Presidente Vargas e Aracapé
● Território 35: Maraponga, Jardim Cearense, Mondubim e Vila Manoel
Sátiro
Regional 11
● Território 36: Pici, Bela Vista, Panamericano, Couto Fernandes e
Demócrito Rocha
● Território 37: Autran Nunes, Dom Lustosa, Henrique Jorge, Jóquei Clube
e João XXIII
● Território 38: Genibaú, Conjunto Ceará I e Conjunto Ceará II
Regional 12
● Território 1: Centro, Moura Brasil e Praia de Iracema

Além da divisão administrativa dos bairros, territórios e regionais, é


importante conhecermos os principais aspectos relacionados à infraestrutura da
cidade de Fortaleza. À princípio é importante que você tenha em mente que o os
bairros de Fortaleza são desiguais, uns possuem saneamento básico de
qualidade, construções bem estruturadas e, por consequência, um bom Índice
de Desenvolvimento Humano – IDH; enquanto outros apresentam construções
irregulares, sistema de esgoto e água inadequado, entre outras situações que
deixam esses bairros em situações precárias.

200
Fortaleza ocupa o 18° lugar no ranking da Associação Brasileira de
Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes). A Cidade está na categoria “empenho
para universalização”, com o total de 400,05 pontos, ficando ainda na 6ª
posição entre as Capitais do Nordeste.

O desempenho dos Municípios é avaliado de acordo com o percentual


de pessoas atendidas pelos serviços de abastecimento de água, coleta de
esgoto e de resíduos sólidos, além do quanto de esgoto recebe tratamento e se
os resíduos recebem destinação adequada.

Fortaleza obteve 75,5 pontos percentuais em abastecimento de água;


49,9% na coleta de esgoto; 74,61% em tratamento de esgoto; e 100% nos
índices de coleta e destinação adequada de resíduos sólidos.

De acordo com o último censo do IBGE, em 2010, 74% das habitações


tinham esgotamento adequado e, atualmente, com o programa de pavimentação
e saneamento, 950 ruas de 30 comunidades carentes foram reformadas –
beneficiando um total de aproximadamente 120 mil pessoas.
QUESTÕES
1 – A Secretaria Regional II abriga 20 bairros situados na Zona Leste da
Cidade de Fortaleza, dentre os quais estão:

A) Barra do Ceará, Antônio Bezerra e Castelão.

B) Aldeota, Papicu e Meireles.

C) Parquelândia, Otávio Bonfim e Alagadiço.

D) Parangaba, Passaré e Maraponga.

2 – Sobre a divisão administrativa da cidade de Fortaleza, marque a


alternativa que apresenta uma informação correta.

A) Fortaleza é um dos 15 municípios da Região Metropolitana de Fortaleza


(RMF), portanto faz parte dessa macrorregião, essa é a única divisão
administrativa que existe sobre o município de Fortaleza.

B) Existem sete Secretarias Executivas Regionais e a sede da prefeitura, as


quais tem o objetivo de aproximar o poder público da população.

201
C) Além dos bairros, existem os territórios administrativos, os quais agrupam as
Secretarias Executivas Regionais de acordo com a relação que existe entre elas.

D) Fortaleza possui 120 bairros, os quais estão divididos em 39 territórios


administrativos.

REFERÊNCIAS:
Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. Universidad de Barcelona [ISSN
1138-9788] Nº 94 (73), 1 de agosto de 2001.

Mapa_Regionais_Fortaleza_2019.pdf (ipece.ce.gov.br)
Fortaleza é a 6ª capital nordestina em ranking de saneamento básico, O Povo. Fortaleza –
CE, Jul. 15, 2021. Disponível em: www.opovo.com.br/noticias. Acesso em: 20 de dez. de 2021.
12 regionais de Fortaleza, confira a nova divisão da capital cearense, G1. Fortaleza – CE,
06/01/2021. Disponível em: https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia. Acesso em: 19 de dez. de
2021.

GABARITO:
1-B
2-D
3-A

202
ASPECTOS ECONÔMICOS

Pelo que já estudamos até aqui, você já deve ter a noção de que
Fortaleza se destaca em vários setores à nível estadual, nacional e até mesmo
internacional, com relação aos aspectos econômicos não é diferente. Entre os
municípios brasileiros, Fortaleza possui a 9° maior economia do Brasil (8° entre
as capitais), a maior economia entre os municípios da Região Nordeste e do
estado do Ceará. Veja:

Este gráfico mostra a posição de Fortaleza entre os demais municípios


brasileiros no ano em que a capital ultrapassa Salvador-BA e, portanto, passa a
ser a capital com a maior economia do Nordeste. Atualmente (2022), Fortaleza
continua sendo a maior economia entre os municípios do Ceará e do Nordeste.

De acordo com o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) de Fortaleza é de


aproximadamente R$ 67 bilhões, como podemos ver no gráfico acima.

Agora vamos entender quais setores e atividades fazem Fortaleza se


destacar ao falarmos de aspectos econômicos. Para isso, você deve conhecer
os setores da economia:

➢ Setor Primário: é a área em que as pessoas retiram os


elementos da natureza (extrativismo) ou cultivam algum tipo de
matéria-prima no campo (agropecuária). Assim, tudo o que é
produzido nesse setor é chamado de produto primário. Ex.:
Cultivo de café.
➢ Setor Secundário: é a área responsável por transformar as
matérias-primas em mercadorias industrializadas. É o setor da

203
produção industrial. Ex.: Processamento do café (onde é moído e
embalado).
➢ Setor Terciário: é o setor de comércio e serviços. É a área da
economia em que os produtos são direcionados ao consumidor.
É também o setor em que ocorrem as atividades que não estão
relacionadas à produção de mercadorias, como a educação, o
transporte, o turismo, a administração pública, entre outros. Ex.:
Supermercado.

Você saberia responder qual desses setores se destaca no


desenvolvimento econômico de Fortaleza? Se sua resposta foi “setor terciário”,
está correto(a)! Na capital do Ceará, o setor terciário é responsável pela maior
parcela do PIB, com grande destaque para o comércio e para as atividades direta
e indiretamente ligadas ao ramo do turismo. De acordo com o Ministério do
Turismo em 2021, a cidade de Fortaleza é um dos principais destinos turísticos
do Nordeste.

A capital cearense conta com 34 km de litoral, onde estão situadas 15


praias, como a Praia do Futuro, uma das mais famosas e movimentadas, além
de outros atrativos, como parques aquáticos, parques ecológicos, centros
culturais e complexos hoteleiros.

Entre as atividades econômicas, destaca-se também os shoppings


centers. Segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce),
Fortaleza é a capital do País com a quarta maior área bruta locável (ABL) em
shopping centers, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Entre as capitais nordestinas, já superou Salvador e aparece em primeiro lugar
em relação ao espaço destinado ao funcionamento de lojas.

Ao todo são 14 shoppings, entre eles, destacam-se: RioMar, Via Sul,


Iguatemi, North Shopping, Shopping Benfica e o Shopping da Parangaba. Além
desses shoppings há também centros comerciais relevantes tanto para a
economia da cidade quanto para a cultura, um bom exemplo é o Mercado Central
(localizado no centro histórico de Fortaleza), ele é conhecido por ser um dos
maiores mercados de artesanato do Brasil – são quatro andares e mais de 500

204
boxes de venda. Ao todo, o setor terciário corresponde a cerca de 68,8% de
contribuição para a economia da cidade.

No entanto, os outros setores da economia também têm participação no


desenvolvimento econômico de Fortaleza, apesar de não serem tão expressivos
quanto o Terciário.

O setor secundário representado pelas indústrias, tem como principal


atividade a produção têxtil e de vestuário; ainda nesse setor podemos citar
também uma refinaria da Petrobras, produtora de asfalto e óleos lubrificantes,
também localizada em Fortaleza. O setor petrolífero se destaca nas exportações
com o envio de óleos e minerais betuminosos ao exterior. Este setor corresponde
a cerca de 15,8% de contribuição para a economia de Fortaleza.

No setor primário de Fortaleza, a principal atividade é a pesca de peixes


e crustáceos, principalmente para o mercado externo. A agropecuária, por sua
vez, possui baixa participação na economia fortalezense, com gêneros como
coco-da-baía, manga, banana e castanha-de-caju. A participação do setor
primário na economia de Fortaleza é de aproximadamente 0,07%.

Segundo dados do IPECE de 2016, existem 773.033 empregos formais


no município de Fortaleza. Destacando-se as atividades de serviço,
administração pública, comércio e indústria de transformação, respectivamente.
Veja na tabela abaixo:

Para dinamizar o seu entendimento use a seguinte legenda: Setor


Primário – grifado de Vermelho; Setor Secundário – grifado de Amarelo; Setor
Terciário – grifado de Verde.

205
Repare que esses dados condizem com as informações que estudamos,
na qual o setor terciário tem a maior parte de contribuição na economia de
Fortaleza, seguido pelo setor secundário e, por último, o setor primário.

Para finalizarmos essa parte teórica e partimos para o exercício, peço


que analise novamente a tabela acima com bastante atenção na quantidade de
empregos formais existem em Fortaleza e quais atividades são mais e menos
importantes. Ao fazer essa análise é importante também comparar com os
números ao lado (são os empregos formais de todo o estado do Ceará), perceba
que Fortaleza assume a maior parte desses empregos.

QUESTÕES
1 – Segundo o levantamento do IPECE de 2016, o setor que registra mais
empregos formais em Fortaleza, com mais de 300 mil empregados, é o
setor de:

A) Comércio.

B) Construção civil.

C) Administração pública.

D) Serviços.

2 – Assinale a alternativa CORRETA no que se refere ao setor de atividade


que concentra a menor quantidade de empregos formais no município de
Fortaleza.

A) O setor secundário.

B) O setor terciário.

C) O setor primário.

D) O setor quaternário.

3 – Entre os setores em que a população economicamente ativa de uma


determinada região encontra-se distribuída, podemos citar o primário, o
secundário e o terciário. Assinale a alternativa CORRETA, que corresponde
às atividades relacionadas ao setor terciário.

206
A) Atividades produtivas relacionadas à agricultura, à pecuária e ao extrativismo
mineral.

B) Atividades relacionadas à prestação de serviços e ao comércio.

C) Atividades voltadas para a indústria, a produção de bens de consumo e a


construção civil.

D) Atividades relacionadas à pesquisa e à alta tecnologia.

4 – Quais das atividades a seguir têm maior importância na economia de


Fortaleza?

A) Pecuária.

B) Pesca.

C) Refinaria de petróleo.

D) Turismo.

5 – Segundo dados do IBGE, o Produto Interno Bruto de Fortaleza é de


aproximadamente R$ 68,24 bilhões. Sobre este assunto marque a
alternativa CORRETA.

A) Fortaleza apresenta a melhor economia da região Sudeste.

B) Seu PIB está entre os 10 piores das capitais do Brasil.

C) Além de ser a maior economia do Ceará, é também a maior do Nordeste.

D) O principal setor econômico de Fortaleza é o primário, de comércios e


serviços.

6 – A Área Bruta Locável (ABL) é o espaço destinado ao funcionamento de


lojas. Sobre a ABL de Fortaleza, marque a alternativa CORRETA.

A) Com um total de 14 shoppings, Fortaleza possui a quarta maior área


destinada para o funcionamento de lojas do Brasil.

B) Na região Nordeste, a ABL de Fortaleza só é menor que de Recife e Salvador.

C) Além dos shoppings, não existem outros centros comerciais em Fortaleza.

207
D) Os shoppings fazem parte da atividade de serviços e comércios, portanto, do
setor secundário.

REFERÊNCIAS:
GUITARRARA, Paloma. "Fortaleza"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/fortaleza.htm. Acesso em 07 de janeiro de 2022.

Perfil Municipal 2017 Fortaleza. IPECE. Disponível em: Perfil Municipal 2017 - Instituto de
Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (ipece.ce.gov.br). Acesso em: 07 de janeiro de 2022.
PENA, Rodolfo Alves. Setores da economia. Escola Kids. Disponível em: Setores da Economia.
Quais são os setores da economia? - Escola Kids (uol.com.br). Acesso em: 03 de janeiro de 2022.
HERCULANO, Daniel. Fortaleza ultrapassa Salvador e se torna a maior economia do
Nordeste. Governo do Estado do Ceará. Disponível em: Fortaleza ultrapassa Salvador e se torna
maior economia do Nordeste - Governo do Estado do Ceará (ceara.gov.br). Acesso em: 03 de
janeiro de 2022.

GABARITO:
1-D
2-C
3-B
4-D
5-C
6-A

208
ASPECTOS CULTURAIS
Para darmos início ao tema, vamos ao conceito: a cultura é
compreendida como os comportamentos, tradições e conhecimentos de um
determinado grupo social, incluindo a língua, as comidas típicas,
as religiões, música local, artes, vestimenta, entre inúmeros outros aspectos.
Nos últimos blocos deste curso estudaremos a história de Fortaleza,
veremos que a até a mesma virar a cidade mais importante do Ceará e a capital,
passou por um longo período de desenvolvimento – durante esse período, teve
influência holandesa, inglesa, portuguesa, afrodescendente, entre outras.
Quero que você entenda que a formação de Fortaleza envolveu
diferentes culturas; o modo de se vestir, falar, cozinhar, as celebrações, os
costumes, e qualquer outro aspecto cultural de Fortaleza está ligado, de forma
direta ou indireta, aos modos daqueles que fizeram parte da construção e
desenvolvimento da cidade. Assim, podemos considerar como uma cidade
multicultural.
Mas, responda: a cultura de Fortaleza ou qualquer outra cidade é
formada apenas por fatos, relatos ou mitos que ocorreram no passado? Para
responder, você precisa saber se Fortaleza continua em desenvolvimento,
entende?
Sabendo que o município de Fortaleza continua crescendo em vários
setores e aspectos; que sua paisagem continua sendo modificada; que as
pessoas estão sempre aprendendo e criando novas atividades, você entende,
portanto, que os aspectos culturais de Fortaleza continuam sendo criados.
Um exemplo: nos dias atuais é comum vermos na cidade pessoas
usando a internet e os aparelhos eletrônicos para fazer compras, seja comida,
roupas, serviços, ferramentas de trabalho, entre muitas outras coisas. É possível
afirmar que essa atividade já faz parte da cultura de Fortaleza, mesmo sendo
uma prática da atualidade.
Para concluir essa parte da aula. Os fatos, relatos ou mitos históricos e
antigos são essenciais para entendermos a cultura atual de Fortaleza, mas é
necessário entendermos que os costumes ou tradições se adaptam ao tempo e
outras são criadas de acordo com o desenvolvimento da sociedade.
Em fortaleza existem aspectos culturais muito importantes, são esses
que têm a maior probabilidade de aparecer na sua prova, então veremos a partir
de agora celebrações, costumes, crenças e atividades que se destacam quando
o assunto é cultura de Fortaleza.
➢ Reisado

209
Reisado é uma festa popular introduzida no Brasil pelos portugueses no
período colonial e ainda hoje realizada em muitas cidades brasileiras. O nome é
dado aos festejos realizados por grupos que cantam os chamados ternos entre
o Natal e o Dia dos Reis Magos, ou Dia de Reis (6 de janeiro), muitas vezes
acrescentando às cantorias cenas baseadas em um enredo sobre o nascimento
de Jesus e homenagens aos Três Reis Magos. Em geral, as festas são
realizadas na rua, como procissões.
Uma das principais características do reisado são os trajes usados pelos
participantes, em geral roupas muito coloridas, chapéus, fitas e espelhinhos.
Outra característica diz respeito à estrutura da festa. A maioria dos
reisados festejados no Brasil transcorre segundo o mesmo roteiro: abertura da
porta, entrada, louvação do Divino, chamadas do rei, peças de sala, danças, a
guerra, as sortes, a despedida.

Os instrumentos musicais tradicionais de uma cerimônia de reisado são


o violão, a viola, a rabeca (violino popular), a gaita, o tambor (conhecido na
região como zabumba) ou a caixa de triângulo. Alguns grupos acentuam mais
as músicas com instrumentos de percussão, ficando assim com uma batida mais
forte; em Fortaleza, os grupos de reisado também usam a sanfona, o pandeiro,
entre outros a depender do grupo.

O mestre Kiliano, junto com seu grupo (Reisado Nossa Senhora de


Fátima), é um dos artistas que mantém a tradição do reisado presente nos dias
atuais na cidade de Fortaleza. O grupo está localizado na Barra do Ceará –
Fortaleza – CE.

➢ Bumba meu boi

Bumba meu boi ou Boi-bumbá é uma dança surgida no século XVIII na


região Nordeste. Nesse período o boi tinha grande importância simbólica e
econômica (Ciclo do Gado) e tinha como grandes criadores os colonizadores
que faziam uso de mão de obra escrava.

Por ser uma festa de origem negra, o Bumba Meu Boi já sofreu
perseguição das elites nordestinas e também da polícia, chegando a ser proibido
de 1861 a 1868.

O bumba meu boi tem influências das culturas africana, europeia e


indígena e a história que envolve sua dança é de um casal de escravos, Pai
Francisco e Mãe Catirina (ou Catarina). Grávida, Catirina começa a ter desejos
por língua de boi. Para atender suas vontades, seu marido tem de matar o boi
mais bonito de seu senhor. Percebendo a morte do animal, o dono da fazenda

210
convoca curandeiros e pajés para ressuscitá-lo. Quando o boi volta à vida, toda
a comunidade celebra.

A brincadeira possui uma variedade de nomes e formas de apresentar o


espetáculo. No Amazonas é Boi-Bumbá; Boi-de-Reis na Paraíba; Boi Surubi, no
Ceará; Boi Calemba ou Calumba no Rio Grande do Norte; Rancho-de-Boi na
Bahia; Bumba-de-Reis no Espírito Santo; Boi Pintadinho no Rio de Janeiro; Boi-
de-Mamão em Santa Catarina e Boizinho no Rio Grande do Sul. No Maranhão,
estado que concentra o maior número de grupos, contudo, o nome dado
é Bumba meu boi; não por coincidência, é a nomenclatura mais conhecida.

O festejo costuma ocorrer nos meses de junho e julho, durante as festas


juninas, mas também pode acontecer em outras épocas do ano, por exemplo,
de mês de novembro até 6 de janeiro, durante o ciclo natalino. As suas músicas
contam a história da lenda de Francisco e Catirina e reúnem vários estilos
brasileiros: aboios, toadas, repente, canções pastoris e cantigas. Seu ciclo
festivo e de apresentações podem ser divididos em quatro etapas: na primeira
etapa, os ensaios; na segunda etapa, o batismo (quando o boi recebe todas as
bênçãos do padroeiro da festa); na terceira etapa, as brincadeiras em arraiais
durante o período das festividades juninas; e na quarta e última etapa, a morte
do boi, que acontece no final do mês de julho.

Um dos artistas da atualidade que mantém esta cultura viva em


Fortaleza é o mestre Zé Pio (vaqueiro do Boi Ceará), o qual trabalha em conjunto
com outros brincantes (participantes) formando o Centro do Boi Ceará,
localizado na Barra do Ceará – Fortaleza – CE. O mestre Zé Pio é pai do Mestre
Kiliano (do reisado); essa é uma característica entre os artistas de atividades
culturais – os conhecimentos são passados de geração em geração.

➢ Quadrilha junina

A quadrilha, também chamada de quadrilha junina, quadrilha


caipira ou quadrilha matuta, é um estilo de dança folclórica coletiva muito popular
no Brasil. Essa dança de teor caipira é típica das festas juninas, que geralmente
acontecem nos meses de junho e julho em todas as regiões do país. Por ser uma
dança caipira, sua linguagem se aproxima da coloquial e dos meios sertanejos
e nordestinos.
A quadrilha teve origem na Inglaterra, no século XIII. Posteriormente, ela
foi incorporada e adaptada à cultura francesa e se desenvolvendo nas danças
de salão a partir do século XVIII. Assim, a quadrilha se tornou popular entre os
membros da nobreza europeia. Com sua disseminação na Europa, a quadrilha
chegou a Portugal.

211
A partir do século XIX, a dança se popularizou no Brasil mediante
influência da corte portuguesa, sendo muito bem recebida pela nobreza no Rio
de Janeiro, então sede da Corte. Embora fosse uma dança dos meios
aristocráticos, mais tarde a quadrilha conquistou o povo e adquiriu um significado
novo e mais popular. Dessa maneira, se popularizou nos meios rurais como um
festejo para agradecer a colheita e, ainda, homenagear os santos populares, São
João, Santo Antônio e São Pedro.

A quadrilha é uma das danças juninas mais populares do Brasil. Trata-


se de uma dança coletiva bailada em pares, e que possui uma coreografia
específica baseada em passos tradicionais.

Há um orador, também chamado de marcador ou animador, proclama


frases divertidas que determinam os movimentos da dança. Ele pode ou não
fazer parte da coreografia. Em toda quadrilha tradicional existem também dois
personagens importantes: o noivo e a noiva. A dança em si representa a
realização da festa de casamento. Essa tradição tem como objetivo homenagear
Santo Antônio, o santo casamenteiro.

A roupa da quadrilha junina tradicional é muito colorida e tipicamente


caipira. Os principais instrumentos que fazem parte da música da quadrilha
tradicional são a viola, o violão, a sanfona, o triângulo e a zabumba.

Entre os personagens que se destacam nessa tradição em Fortaleza é


o Zé Testinha, que também conta com uma equipe que trabalha o ano todo para
as apresentações que normalmente acontecem entre os meses de junho e julho
na grande Fortaleza. O grupo de quadrilha Zé Testinha fica localizado no bairro
Vila União – Fortaleza – CE.

Outro artista que se destaca quando o assunto é quadrilha junina é o


poeta Edmar Freitas, de Messejana – Fortaleza, responsável por levar e manter
até os dias de hoje a quadrilha junina na praça de Messejana, uma das maiores
do estado do Ceará – o qual já teve participação de até 60 grupos juninos de
diferentes regiões do estado.

➢ Capoeira

A capoeira é uma expressão cultural brasileira que compreende os


elementos: arte-marcial, esporte, cultura popular, dança e música. A capoeira foi
criada no século XVII pelo povo escravizado da etnia banto e se difundiu por todo
o Brasil. Hoje é considerada um dos maiores símbolos da cultura brasileira.

A palavra capoeira significa "o que foi mata", por meio da conexão dos
termos ka'a ("mata") e pûer ("que foi"). Alude às áreas de mata rasa do interior
do Brasil, onde era feita a agricultura indígena.

212
Tem origem com os fugitivos da escravidão, os quais utilizavam
frequentemente a vegetação rasteira para fugirem do encalço dos capitães-do-
mato. Esses foram os primeiros capoeiristas. Mais adiante, ainda no período
colonial, os negros irão disfarçar a capoeira com mímicas, danças e músicas.
Tudo isso servia para resistir à repressão da Polícia Imperial e da Milícia
Republicana.

A capoeira foi uma prática proibida no Brasil até 1930, quando passa a
ser reconhecida como um símbolo da identidade brasileira. Em 2014, a Roda de
Capoeira foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela
Unesco.

Uma característica que distingue a capoeira de outras lutas é o fato de


a mesma ser acompanhada por música. É a música que decide o ritmo e o estilo
do jogo, que é praticado no decorrer da roda de capoeira, um círculo de pessoas
onde a capoeira é jogada. Assim, os capoeiristas se alinham na roda de capoeira
batendo palmas no ritmo do berimbau enquanto cantam para os dois praticantes
jogarem. O berimbau é um instrumento musical de corda feito de madeira,
bambu, arame e uma cabaça.

Já na capoeira, destacam-se na cidade o mestre Lula e mestra Karla


com a Associação Zumbi Capoeira (AZC), localizados no bairro Granja Portugal
– Fortaleza – CE. Esse grupo faz um trabalho social voltado à preservação e ao
ensinamento da capoeira principalmente nos bairros periféricos.

➢ Maracatu

O maracatu cearense é uma manifestação cultural que representa um


cortejo em homenagem aos Reis Negros. Desde a década de 1930 em
desenvolvimento no Estado, o maracatu ganhou ares cearenses a partir da
popularização de agremiações carnavalescas dedicadas a difundir a estética e
a rítmica dentro do circuito de carnaval na cidade de Fortaleza. Ao longo dos
anos, a história de famílias cearenses dentro dos blocos fortaleceu o vínculo dos
foliões com a imagem tradicional dos tambores, ferros, chocalhos e gonguês das
caras pintadas de negrume.

O cortejo em seu conjunto resgata a história dos negros, suas alas


representam personagens como: o casal de preto velho, os africanos, dentre
outros. Esses cortejos são apresentados durante o carnaval de Fortaleza, mas
existe um dia específico para celebrar essa tradição; comemora-se o Maracatu
no dia 25 de março.

213
O Maracatu Cearense foi registrado pela Prefeitura Municipal de
Fortaleza-CE por sua importância cultural para a cidade. Em 2015, após tantos
carnavais, o maracatu se tornou patrimônio imaterial de Fortaleza. Sinal da
resistência e dimensão cultural gigantescas traçadas pela prática na Capital.

Entre os 14 grupos que desenvolvem essa atividade cultural em


Fortaleza atualmente, está o grupo Maracatu Nação Baobá, localizado no bairro
Bela Vista – Fortaleza – CE. Estão à frente desse grupo de Maracatu Raimundo
Praxedes e Janaína Baobá.

É importante mencionar, ao falarmos de Maracatu em Fortaleza, de um


dos mais importantes nomes dessa cultura, o Raimundo Boca Aberta – citado
por muitos historiadores e mestres como o pioneiro do Maracatu no Ceará.

QUESTÕES
1. O município de Fortaleza é, atualmente, o centro político, administrativo
e econômico do Ceará, destacando-se também por seu valor cultural. De
acordo com esse assunto marque a alternativa CORRETA.
A) Os aspectos culturais de Fortaleza não guardam nenhuma relação com seu
processo de desenvolvimento.

B) Por ser uma cidade moderna e globalizada, já não existem mais as tradições
e os costumes que fizeram parte de sua construção.

C) Atualmente uma pequena parte da população de Fortaleza ainda luta para


preservar costumes e tradições, geralmente são ensinamentos que passam de
pai para filho.

D) Existem leis e pessoas que asseguram a manutenção da cultura de Fortaleza,


portanto, essas tradições não correm risco de desaparecerem.

2. Entre as manifestações culturais abaixo, qual delas não é praticada no


município de Fortaleza?

A) Maracatu.

B) Carnaval.

C) Reisado.

D) Festival das lanternas.

214
3. Ao falar de aspectos culturais de Fortaleza é imprescindível citar a
cultura do Maracatu, sobre essa atividade que está presente até os dias
atuais, marque a alternativa correta.

A) É uma homenagem aos Reis Negros, tem como características os tambores,


ferros, chocalhos e gonguês das caras pintadas de negrume.

B) É uma dança folclórica, o festejo é para agradecer a colheita e, ainda,


homenagear os santos populares, São João, Santo Antônio e São Pedro.

C) A capoeira é uma expressão cultural brasileira que compreende os elementos:


arte-marcial, esporte, cultura popular, dança e música.

D) Tem influências das culturas africana, europeia e indígena e a história que


envolve sua dança é de um casal de escravos.

REFERÊNCIAS:
Perfil Municipal 2017 Fortaleza. IPECE. Disponível em: Perfil Municipal 2017 - Instituto de
Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (ipece.ce.gov.br). Acesso em: 07 de janeiro de 2022.
Quadrilha Junina Zé Testinha, Mapa Cultural de Juazeiro. Disponível em: Mapa Cultural -
Quadrilha Junina Zé Testinha - Mapa Cultural do Ceará (juazeiro.ce.gov.br). Acesso em: 11 de
janeiro de 2022.
O que é Cultura: conceito. Significados. Disponível em: https://www.significados.com.br/. Acesso
em: 11 de janeiro de 2022.
Fortaleza – Maracatu Cearense. Ipatrimônio. Disponível em:
http://www.ipatrimonio.org/fortaleza-maracatu-cearense. Acesso em 12 de janeiro de 2022.

GABARITO:
1-C
2-D
3-A

215
PONTOS TURÍSTICOS
O turismo tem forte relação com o patrimônio cultural e ocorre com mais
intensidade nos centros históricos das cidades, lugares onde a memória habita.
Isso acontece porque a cidade em si própria se constitui um recurso turístico,
não precisando que os visitantes entrem em museus ou em outros espaços de
visitação. O turismo na cidade acontece principalmente através de passeios por
zonas urbanas em que a própria cena reforça os atrativos culturais.
O patrimônio histórico, principalmente as edificações e os monumentos,
são bastante procurados pelos turistas. Mas, essa categoria do turismo deve ser
muito mais que visitas a museu, a bibliotecas e a monumentos históricos. Ela
deve proporcionar também um importante contato entre o turista e as pessoas
do local, do seu cotidiano e da sua cultura, e tem função importante para
conservação da memória e identidade local, colaborando para que a cidade
reconstitua a sua história. Em alguns locais históricos, são criados espaços
privilegiados para os turistas, favorecendo sua presença.
Um dos fatores que impulsionam a procura por esse tipo de turismo é a
curiosidade em conhecer novos lugares e culturas diferentes (ROVEDA, 2003).
O turista busca imagens, percepções, conhecimentos, emoções onde ele pode
interpretar a história e desvendar a cultura local. Ele não quer ver apenas
lembranças do passado para serem guardadas, mas sim, o significado que a
história teve para o lugar e as lembranças que possam ser perpetuadas com um
uso ou utilidade.

Principais pontos turísticos de fortaleza:


➢ TEATRO SÃO JOSÉ

Construído em 1915, surgiu como teatro operário para os trabalhadores


que não tinham acesso ao Theatro José de Alencar, inaugurado poucos anos
antes. Obras de restauro foram iniciadas em 2016 e o equipamento foi entregue
em 2018. Foi realizada a ampliação do espaço em 40%, a construção de prédio
anexo e a reestruturação da edificação, construída, em estilo eclético. Além da
restauração de pisos, portas, balaústres e mezaninos, o palco foi equipado com
novo tablado, nova iluminação e sonorização.

216
➢ PONTE DOS INGLESES
A ponte de ferro no mar resistiu durante duas décadas, mas acabou
corroída. Em 1920, começaram as obras de substituição do material pelo
concreto. O espigão, que se estende ao longo de 120 metros para o mar, servia
para embarque e desembarque de mercadorias. Batizada como Ponte dos
Ingleses, por conta da empresa britânica que desenvolveu o projeto, ainda é
conhecida como Ponte Metálica. Na década de 1990, o lugar foi reformado,
ganhou bancos, lanchonete e o Centro de Observação dos Cetáceos. O projeto
é dos arquitetos Fausto Nilo e Delberg Ponce de Leon. Está, novamente, fechada
para obras, desde o início de 2018.

➢ FEIRA DE ARTESANATOS DA BEIRA MAR


É um dos locais de compra da Cidade mais visitados por fortalezenses
e turistas, situado na Avenida Beira Mar. Em agosto de 2019, a feira foi
transferida, temporariamente, para o Aterro da Praia de Iracema, na altura do
cruzamento das avenidas Rui Barbosa e Historiador Raimundo Girão. A
realocação ocorreu por causa das obras de requalificação do Projeto Beira Mar
de Todos, da Prefeitura de Fortaleza. Em julho de 2020, a feira foi transferida,
novamente para o seu local de origem, porém de forma provisória.

➢ MERCADO DOS PINHÕES


A estrutura do Mercado de Ferro, inaugurado em 1897, foi fabricada na
França. Trata-se de uma estrutura portátil e pode ser desmontada e montada em
lugares diferentes. Seu primeiro endereço foi a Praça Carolina, hoje chamada de
Waldemar Falcão. Em 1938, a estrutura foi desmembrada. Uma de suas
metades tornou-se a estrutura do Mercado dos Pinhões; a outra está na
Aerolândia. Após a reforma, o Mercado dos Pinhões, chamado de Mercado das
Artes e Mercado da Carne, tornou-se um palco para a cultura. Sua programação
inclui manifestações afro-brasileiras, dança, música, literatura e fotografia.

➢ PARQUE DA LIBERDADE (CIDADE DA CRIANÇA)


A referência à libertação dos povos escravizados no Ceará está no nome
Parque da Liberdade e em outros elementos que compõem o local, como a

217
estátua indígena quebrando os grilhões que lhe acorrentavam os pulsos. A obra
do pintor e escultor Euclides Fonseca marca o momento em que o espaço voltou
a se chamar Parque da Liberdade, em 1948. O local já teve denominações como
Parque da Independência, em homenagem ao Centenário da Independência do
Brasil; e Cidade da Criança, nome que recebeu em 1936, quando passou a ser
um conjunto educacional dedicado à infância.

➢ PRAÇA JOSÉ DE ALENCAR


A Praça José de Alencar foi batizada em 1929, é uma das mais antigas
de Fortaleza e, entre seus destaques, está a estátua do autor homenageado em
questão. Por lá foram gravadas cenas de romances famosos como Iracema, O
Sertanejo, O Gaúcho e O Guarani.
O local, que conta com uma energia incrível e hoje é bastante
frequentado por artistas populares e ambulantes, ainda é um ponto importante
da história do Ceará.

➢ MERCADO CENTRAL
O Mercado Central é um dos pontos turísticos mais visitados pelos
turistas de Fortaleza. O local foi inaugurado em 1998, conta com mais de 500
lojas distribuídas em cinco pavimentos e oferece uma incrível variedade de
produtos e lembranças, como esculturas de artesanato, cachaças variadas,
castanhas, artigos em couro, sapatos, toalhas de rendas, redes e muito mais.

➢ CENTRO DE ARTE E CULTURA DRAGÃO DO MAR


Apontado como um dos principais centros culturais do Brasil, o Centro
de Arte e Cultura Dragão do Mar conta com biblioteca, planetário, salas de
cinema, teatro, auditórios, espaço para exposições e também uma incrível área
verde, onde são realizadas apresentações musicais em épocas festivas, como
Festas Juninas.
Além disso, por lá você conhece também o Museu de Arte
Contemporânea e o Museu da Cultura Cearense, entre outros espaços culturais
imperdíveis. E mais: o Dragão é um ótimo local para curtir bastante a vida
noturna, pois oferece boas opções de restaurantes, bares e cafeterias ao ar livre.

218
➢ PRAIA DO FUTURO
Considerada um verdadeiro oásis no meio da cidade, a Praia do Futuro
está localizada a 10 km do centro e é um dos principais pontos turísticos de
Fortaleza. Conta com uma boa estrutura para banho e diversas opções de
barracas, para você curtir bastante o dia, com direito a excelentes comidinhas.
A dica aqui é que você chegue bem cedo para encontrar um lugar ao sol, pois o
local costuma ficar cheio praticamente o dia inteiro!

➢ PRAÇA DOS MÁRTIRES


A Praça dos Mártires é a mais antiga da cidade e originalmente foi
dividida em três níveis diferentes, um para cada classe social (baixa, média e
alta). Além de contar mais sobre a história da cidade, o Passeio Público (como
também é popularmente conhecida) traz mais charme para o centro histórico
com seu bosque, fonte e apaixonante vista para o mar. Foi por lá também que
ocorreu o assassinato dos revolucionários da Confederação do Equador em
1830, dando origem ao seu nome.
O local foi totalmente revitalizado em 2007 e hoje é uma ótima
programação cultural. Nos finais de semana, por exemplo, acontece a tradicional
“Feijoada com chorinho”.

➢ JARDIM JAPONÊS
Com um encantador projeto arquitetônico, o Jardim Japonês está
localizado na Avenida Beira Mar e é um dos pontos turísticos preferidos dos
turistas, já que além de pequeno, é super aconchegante e rende lindas
fotografias, até mesmo durante a noite, devido à iluminação típica oriental.

➢ THEATRO JOSÉ DE ALENCAR


O belíssimo Theatro José de Alencar é apontado como uma das
construções mais importantes da cidade e também um dos programas culturais
mais imperdíveis. Ele foi inaugurado em junho de 1910, já recebeu grandes
atrações e é utilizado até hoje para diferentes apresentações.
Criado no estilo neoclássico, o edifício se destaca por seus vitrais
coloridos, pinturas no teto e também pelo jardim projetado pelo paisagista Burle

219
Marx, que agrada bastante todos os visitantes. O local é aberto ao público e
oferece visitas guiadas gratuitas com duração de uma hora.

➢ MUSEU DO CEARÁ
O Museu do Ceará fica no centro de Fortaleza e está instalado em um
edifício inaugurado em 1871. Por lá você encontra um grande acervo de peças
famosas, como o Bode Ioiô, relíquias interessantes como o chapéu, bengala e
batina do Padre Cícero, um punhal que pertenceu ao cangaceiro Lampião, a
primeira planta da cidade, entre outros artigos.
Há também uma exposição dividida em oito temas diferentes que
mostram as fases que o estado viveu, como os povos indígenas, o poder das
armas, a escravidão e o abolicionismo.

➢ CENTRO DE TURISMO
O Centro de Turismo do Ceará é um destino perfeito para os visitantes
que desejam encontrar lojinhas de artesanatos e peças típicas da região. Seu
movimento é mais tranquilo que o Mercado Central e oferece praticamente os
mesmos itens, como roupas, rendas, tecidos, castanhas, cachaças, chaveiros,
bolsas, etc.
Antigamente, o local funcionava como uma antiga cadeia pública de
Fortaleza. Já nos dias atuais, além das mais de cem lojas, funcionam ainda dois
museus, o de Arte e Cultura Popular e o de Minerais.
É importante salientar que existem centenas de outros pontos turísticos
em Fortaleza, uns mais conhecidos e outros menos, mas é essa diversidade que
faz de Fortaleza um lugar tão procurado por turistas nacionais e internacionais,
veja os números:
Fortaleza é destaque mais uma vez e fica em primeiro lugar no ranking
de destinos nacionais mais procurados pelos brasileiros em 2021, com 1,8
milhão de buscas. A informação é da Semrush, plataforma de gerenciamento de
visibilidade on-line, e se refere às buscas realizadas entre novembro de 2020 e
novembro de 2021. Porto Seguro (BA) ficou em segundo lugar, com 605 mil
buscas no período, seguida por Maragogi (AL), com 458 mil.
Grande parte desses turistas procuram o litoral fortalezense,
as praias mais turísticas de Fortaleza estão a leste do Centro da Cidade. São

220
essas: a Praia de Iracema, a Praia do Meireles, a Praia do Mucuripe, a Praia do
Futuro e a Praia da Sabiaguaba.
QUESTÕES
1 – Sobre a relação entre os aspectos culturais e turísticos no município de
Fortaleza, marque a opção CORRETA.

A) Todos os patrimônios culturais de Fortaleza são reconhecidos e admirados


pela população local.

B) O turismo de Fortaleza é uma atividade econômica que não guarda nenhuma


relação com a valorização do patrimônio cultural material e imaterial.

C) O turismo de Fortaleza está ligado às belezas naturais da região, mas também


ao valor histórico da cidade, inclusive é nos centros culturais onde há o maior
fluxo de turistas.

D) Ao ser reconhecido como um patrimônio cultural, o monumento também a ser


um ponto turístico.

2 – Assinale a alternativa CORRETA sobre os aspectos turísticos de


Fortaleza.

A) Fortaleza sempre foi a cidade mais turística do Nordeste.

B) Em Fortaleza há uma grande variedade de destinos turísticos, inclusive praias


que proporcionam atividades econômicas, esportivas e de lazer.

C) Apesar de não ter sido o destino mais procurado pelos turistas no ano de
2021, ainda é um forte concorrente entre as cidades turísticas do Nordeste.

D) A gestão do município não tem capacidade de influenciar o desenvolvimento


das atividades turísticas tendo em vista que essas se desenvolvem
naturalmente.

3 – Entre os pontos turísticos a seguir, qual deles NÃO fica localizado em


Fortaleza?

A) Centro de turismo.

B) Teatro José de Alencar.

C) Praça dos mártires.

D) Serra da Capivara.

221
REFERÊNCIAS:
ROVEDA, Fernando. Turismo e patrimônio cultural memória e identidade do patrimônio tombado
do município de Antônio Prado. Caxias do Sul – RS. 2003. Dissertação de Mestrado em Turismo
– Universidade de Caxias do Sul.
CANANI, Aline Sapiezinskas Krás Borges. Herança, sacralidade e poder: sobre as diferentes
categorias do patrimônio histórico e cultural no Brasil. Horiz. antropol. [online]. 2005, vol.11, n.23,
pp. 163-175. Disponível em: [acesso 334 em 14/01/2022].

PEIXOTO, Nelson Brissac. Paisagens Urbanas. São Paulo. Senac, 1996.

GABARITO:
1-C
2-B
3-D

222
PATRIMÔNIO CULTURAL
Caro aluno, neste bloco você continuará estudando os aspectos culturais
de Fortaleza, mas agora sob um ponto de vista mais teórico e com ênfase na
formação histórica dos atuais e principais patrimônios materiais da cidade. É
importante salientar: patrimônio material são aqueles monumentos físicos, que
podemos pegar e ver, exemplo: Teatros e casarões. Já os patrimônios imateriais
são aqueles que não são físicos, exemplo: Tradições e mitos. Preparado?
Vamos lá!
Ao longo da história, os avanços de descobrimentos de novas
civilizações através dos conceitos arqueológicos do século XVIII contribuíram
para a expressão de monumentos antigos e do desenvolvimento da noção sobre
a arte, constituindo valores históricos e artísticos, no qual serviriam para ajuizar
e valorar o patrimônio, passando a ser denominado como objetos artísticos de
antiguidades e belas artes e, no século XX, titulados como: arquitetura artística,
tesouros nacionais ou patrimônio histórico-artístico. Todas essas nomenclaturas,
assim como seus conceitos, foram acolhidas pela recente criação, o de
patrimônio cultural, que, de forma muito mais abrangente, faz referência às
manifestações e testemunhos significativos da sociedade.
Em resumo, pode-se definir o patrimônio cultural como o conjunto de
manifestações ou objetos nascidos pela produção humana que uma sociedade
recebeu como herança histórica e que constituem elementos significativos de
sua identidade como povo. Tais manifestações ou objetos constituem
testemunhos importantes do progresso da civilização e exercem uma função
modelo ou referencial para toda a sociedade; daí sua consideração como bens
culturais.
Consideram-se monumentos aqueles elementos culturais de maior
representação social; assim, esse tipo de patrimônio é a tradição associada a
edifícios ou esculturas que estão vinculados com um saber e uma sensibilidade
que se enraízam no presente com vista no passado. Desta forma, os
monumentos do passado começam a ser apreciados como testemunho da
história que explicavam visualmente os passos dos séculos.
Nas cidades, os monumentos são a referência aos lugares que
conduzem caminhos e atuam como registros das histórias dos sítios. Como

223
afirma o professor Nelson Brissac Peixoto, os monumentos são como mapas,
“traçam inexoravelmente o perfil da cidade” e passam a serem associado aos
centros históricos e as cidades coloniais. Posteriormente foi abarcando os
territórios urbanos e as arquiteturas recentes, integrando assim, neste grupo,
edifícios, praças, ruas, centros históricos e cidades inteiras que foram produzidos
no passado e que são interpretados pelos gestores públicos, elites ou grupos
sociais, através dos seus diversos valores e atributos, como histórico, estético,
simbólico, social, espiritual, entre outros.
Por sua vez, Canani (2005, p. 3) afirma que o termo patrimônio “pode
ser entendido como um conjunto de bens, materiais ou não, direitos, ações,
posse e tudo o mais que pertença a uma pessoa e seja suscetível de apreciação
econômica”. Assim, a palavra patrimônio cultural está relacionada a um bem que
pertence ao paterno, mas tão valioso que justifica sua herança. Por que alguns
bens seriam considerados tão valiosos assim? Certamente porque neles está
incutida a memória e a identidade de quem o deixa e de quem o herda. Desta
forma ao passarem seus bens memoriais e identitários como legado a outra
geração, as pessoas podem manter-se como uma representação do que as
caracterizam, mantendo aberto um canal de comunicação entre elas.
A trajetória histórica da construção do conceito Patrimônio Cultural, no
Brasil está vinculada a visão do patrimônio como um bem. O decreto-lei que
Getúlio Vargas assinou em 1937 sobre o assunto vai utilizar este vocábulo. O
decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, além de criar o Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), definiu que patrimônio é o
“conjunto de bens móveis e imóveis de interesse público” que possuam
“excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico”. Ribeiro
(2005, p.52) afirma que, no Brasil “A atribuição de valores aos bens segue a
tradição europeia, em que os patrimônios nacionais são constituídos a partir das
categorias de história da arte”.
Fortaleza, assim como outras cidades brasileiras, teve como
característica o crescimento desordenado e os fenômenos da modernização e
da pobreza convivendo simultaneamente. Na década de 70, inicia o processo de
verticalização da cidade e a descentralização das atividades de comércio e de
lazer. Cenário que vem se transformando e hoje observamos uma urbanização
corporativa, que segundo Santos (2001, p.105 e 106) é:

224
empreendida sob o comando dos interesses das grandes firmas,
constitui um receptáculo das consequências de uma expansão capitalista
devorante dos recursos públicos, uma vez que esses são orientados para os
investimentos econômicos, em detrimento dos gastos sociais. [...] há
interdependência do que podemos chamar de categorias espaciais relevante
desta época: tamanho urbano, modelo rodoviário, carência de infraestruturas,
especulação fundiária e imobiliária, problemas de transporte, extroversão e
periferização da população, gerando graças às dimensões da pobreza e seu
componente geográfico, um modelo específico de centro-periferia.
Nesse contexto, Fortaleza vem se consolidando como uma metrópole
turística. Considerando o turismo como mais uma forma de consumo e
reprodução do capital, sendo sua política parte da política econômica global e
neoliberal. O consumo não só de produtos, mas de vivências com o povo local,
seu lugar e cultura. Essa atividade está vinculada ao fortalecimento da identidade
territorial, que se sobressai no mundo globalizado.
Além das praias, Fortaleza recebeu uma programação com as atividades
do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Caixa Cultural, Centro Cultural
Banco do Nordeste, entretenimentos noturnos, centros de artesanatos,
tombamento de patrimônios arquitetônicos, entre outras ações do Governo do
Estado, da Prefeitura, do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-
IPHAN e das iniciativas privadas, para fortalecer a cultura e o comércio.
Foi a partir da década de 1990 que planejadores e gestores da cidade
iniciaram a emissão de discursos sobre as reformas com base na violência
urbana, a depredação de edificações antigas, do mau uso dos espaços públicos
e do descaso com a preservação do patrimônio, lançando propostas de
recuperar a dignidade do passado tendo como foco o centro da cidade. Essa
recuperação do passado não é renovar o que já foi vivenciado, mas reinventar
através das novas simbologias e identidades dos sujeitos que habitam o lugar.
Observamos alguns exemplos de patrimônios tombados pelo IPHAN,
como: Teatro José de Alencar, de 1910, tombado em 1964, tem como
características uma estrutura de ferro da Escócia (início séc. XX) e seus Jardins
projetados por Burle Max; Casa José de Alencar, de 1825, tombado em 1964,
por 9 anos foi o lar do escritor José de Alencar e abrigou o 1º engenho de ferro
a vapor no Ceará (1830); Praça dos Mártires (Passeio Público) planejada em

225
1891 por Silva Paulet, foi palco do fuzilamento na Confederação do Equador e é
a mais antiga praça de Fortaleza, tombada em 1965; Palácio Senador Alencar
(Museu Ceará), construída em 1871; a antiga Assembleia Provincial do Ceará,
tombado em 1973; Palacete Carvalho Mota, de 1907, tombado em 1983,
residência do Vice-Presidente do Estado, antiga sede DNOCS e atual Museu de
Tecnologia de Combate a Seca; e Forte Nossa Senhora da Assunção, de 1649,
tombado em 2008, foi o forte Schoonemborch e após a tomada dos portugueses
em 1654, passou a ser Fortaleza Nossa Senhora da Assunção e abriga a 10ª
Região Militar do Exército.
Grande parte do patrimônio histórico arquitetônico de Fortaleza foi
constituído no período da Belle Époque, época de reorganização urbana, com o
intuito de impulsionar o crescimento econômico em uma cidade provinciana,
combinando estratégias de higienização, saneamento e embelezamento, tendo
como espelho grandes cidades como Paris, deslocando hospitais e cemitérios
para a zona oeste, região desabitada, para não contaminar a população.
Fortaleza recebeu muitos retirantes do interior do estado, fugidos da
seca que assolava o sertão, sem vínculos e nem identidade com a cidade. Para
resolver este problema, foram criados verdadeiros campos de concentração,
foram sete, os quais foram distribuídos estrategicamente no território cearense.
Em Fortaleza, para que esses retirantes não incomodassem a elite, foi
implantado três campos de concentração: o primeiro chamava-se “Alagadiço”,
implantado em 1915; “Octavio Bonfim”, estava localizado no Tauápe e o campo
do “Urubu” construído no Pirambu. Apesar desses campos de concentração não
terem resistido à ação do tempo, são considerados patrimônios culturais pelo
seu valor imaterial.,

QUESTÕES
1 – Os patrimônios culturais podem ser materiais ou imateriais. Sobre este
assunto, marque a alternativa CORRETA.

A) O processo de desenvolvimento da cidade de Fortaleza ocorreu há bastante


tempo, é por esse motivo que atualmente não existem patrimônios culturais
materiais na região.

226
B) Órgãos como o IPHAN e a SECULT são essenciais na preservação dos
patrimônios históricos materiais e imateriais.

C) Todos os patrimônios históricos são importantes, mas os monumentos


(materiais) são os principais, pois não sofrem influência do tempo.

D) Em Fortaleza não existem patrimônios materiais e nem imateriais.

2 – A fim de assegurar a preservação de um patrimônio histórico o que a


administração pública pode fazer?

A) Tombar, mas apenas se o patrimônio pertencer à União, nesse caso, sob


responsabilidade do IPHAN.

B) Instalar placas que informem ser proibido atos de vandalismo nesses lugares.

C) Tombar, mas apenas o governo do estado (SECULT) ou da União (IPHAN)


pode fazer isso.

D) Tombar, processo administrativo que pode ocorrer à nível local, estadual ou


federal.

3 – Entre os seguintes patrimônios culturais abaixo, qual deles está


localizado em Fortaleza e é protegido pelo IPHAN?

A) Campo de concentração do Patu.

B) Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário.

C) Teatro José de Alencar.

D) Secretaria da Fazenda.

4 – O que foi o período da Belle Époque em Fortaleza?

A) Época de reorganização urbana, com o intuito de impulsionar o crescimento


econômico, combinando estratégias de higienização, saneamento e
embelezamento, tendo como espelho grandes cidades como Paris.

227
B) Foi o período em que os portugueses perderam a batalha contra os índios e
foram expulsos da capitania.

C) Ocorreu no ano de 1932, quando chegaram milhares de retirantes do interior


do estado à procura de empregos e assistência alimentícia, médica e de
moradia. Esses retirantes foram muito bem acolhidos pela população de
Fortaleza.

D) São os dias atuais, os quais Fortaleza aparece como centro político,


administrativo e econômico do Ceará; sendo uns dos principais municípios do
Brasil.

REFERÊNCIAS:
CANANI, Aline Sapiezinskas Krás Borges. Herança, sacralidade e poder: sobre as diferentes
categorias do patrimônio histórico e cultural no Brasil. Horiz. antropol. [online]. 2005, vol.11, n.23,
pp. 163-175. Disponível em: [acesso 334 em 14/01/2022].

PEIXOTO, Nelson Brissac. Paisagens Urbanas. São Paulo. Senac, 1996.

RIBEIRO, Suzana Barreto. Percursos do Olhar: Campinas no início do século XX. Annablume,
2006. Disponível em: [acesso em 14/01/2022].

ROVEDA, Fernando. Turismo e patrimônio cultural memória e identidade do patrimônio tombado


do município de Antônio Prado. Caxias do Sul – RS. 2003. Dissertação de Mestrado em Turismo
– Universidade de Caxias do Sul.

SANTOS, Milton. Pensando o espaço do homem. São Paulo: EDUSP, 2004.

GABARITO:
1-B
2-D
3-C

228
CLIMA E VEGETAÇÃO
De acordo com Rolim (2007), O clima pode ser entendido como as
condições atmosféricas médias em certa região. Ele influencia diretamente a
maioria das atividades humanas.
Dessa forma, pode-se pontuar que clima é o conjunto de fenômenos
associados às variações do tempo da atmosfera terrestre em um determinado
local. Geralmente, o seu conceito aparece em oposição à ideia de “tempo”, que
seria o estado momentâneo da atmosfera. Portanto, para se conhecer um clima
de um dado lugar, é preciso vários anos de estudos e observações para,
finalmente, estabelecer a conclusão sobre um determinado tipo climático.
Quando falamos que está chovendo em Fortaleza, estamos falando em
tempo, pois é algo momentâneo, que acabará em breve. Isso não significa que
o clima desse local será predominantemente chuvoso, o que só poderá ser
concluído após o registro da sucessão habitual dos regimes de chuva e de
estiagem da região em um período mínimo de trinta anos.
Por sua vez, Pena (2022) o conceitua como um elemento da atmosfera,
o clima está em constante interação com os elementos e fenômenos da
hidrosfera, da atmosfera e da biosfera, alterando e sendo alterado por esses
diversos componentes.
Existem inúmeros fatores climáticos responsáveis pela forma dinâmica
com que o clima se expressa. As inúmeras combinações dos fenômenos
constituem a existência de uma ampla gama de conjuntos climáticos sobre a
Terra, havendo regiões mais úmidas, porém quentes, e aquelas secas ou frias,
além de muitas outras.
Dentre os mais importantes fatores climáticos, podemos citar as
variações de latitude, a altitude, a continentalidade ou maritimidade, as massas
de ar, os oceanos e muitos outros. Eles influenciam e são influenciados pelas
condições de temperatura, pressão atmosférica, umidade do ar e as
precipitações.

O clima de Fortaleza é tipicamente tropical, marcado pelas altas


temperaturas e pela recorrência de chuvas, em razão da influência da umidade
proveniente do oceano. A cidade de Fortaleza é uma das mais úmidas do estado

229
do Ceará, sendo a constância da chuva um atrativo para os movimentos
populacionais que chegaram à região nos séculos passados.
De acordo com a classificação de Köppen o município tem um clima do
tipo “Aw”, este é caracterizado por apresentar um “clima tropical chuvoso”, com
temperaturas do mês mais frio superiores a 18 °C, já com relação à precipitação
o mês mais seco apresenta um volume de chuva inferior a 30 mm, este período
é compreendido a estação de inverno, já o período com maiores precipitações é
observado no verão.
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET),
referentes ao período de 1961 a 1970, 1974 a 1985, 1990 e a partir de 1993, a
menor temperatura registrada em Fortaleza foi de 19,4 °C nos dias 5 de julho de
1974 e 15 de agosto de 1969, enquanto a maior atingiu 34,6 °C em fevereiro de
2013, nos dias 12 e 13, superando o recorde anterior de 34,4 °C em 18 de agosto
de 1970.
Os sistemas atmosféricos que agem em Fortaleza principalmente nas
áreas equatoriais de baixa latitude, provocando habitualmente estabilidade
atmosférica no período do inverno e primavera causando instabilidade no
período sazonal do verão e outono com ocorrência de chuvas concentradas no
quadrimestre de fevereiro-março-abril-maio (FMAM).
Três massas de ar atuam, trazendo umidade, nas regiões de clima
tropical atlântico que influencia o clima de Fortaleza.
São elas:
1) Massa Polar Atlântica (principalmente no inverno), cuja ação vai do
sul do Brasil até o centro do litoral nordestino.
2) Massa Tropical Atlântica, cuja ação é verificada principalmente no
litoral das regiões sul e sudeste.
3) Massa Equatorial Atlântica, que atua principalmente nos litorais do
norte e nordeste.
Em Fortaleza, o verão é chuvoso, quente e seco; no inverno o clima é
mais ameno, e de céu quase sem nuvens. Durante o ano inteiro, o tempo é de
ventos fortes. Ao longo do ano, em geral a temperatura varia de 24 °C a 31 °C e
raramente é inferior a 23 °C ou superior a 32 °C.
A estação quente permanece por 2, meses, de 14 de novembro a 15 de
janeiro, com temperatura máxima média diária acima de 30 °C. O mês mais

230
quente do ano em Fortaleza é dezembro, com a máxima de 31 °C e mínima
de 26 °C, em média.
A estação fresca permanece por 1,6 mês, de 18 de junho a 7 de agosto,
com temperatura máxima diária em média abaixo de 30 °C. O mês mais frio do
ano em Fortaleza é julho, com a máxima de 24 °C e mínima de 30 °C, em média.
Por sua vez, a pluviosidade média anual é de 1042 mm.
Ainda que faça calor durante todo o ano, é importante notar que a
frequência de chuvas em Fortaleza é maior no primeiro semestre do ano, sendo
a estação das chuvas entre janeiro a junho e os meses mais chuvosos são março
e abril, durante o qual mais de 300 mm de chuva caem por mês.
A estação seca vai de agosto a dezembro. Durante este tempo as
chuvas são quase inexistentes. Fortaleza goza de quase 2.700 horas de sol por
ano. Os dias chuvosos são 132 num ano e os meses de março, abril e maio têm
uma média de 19/22 dias de chuva por mês, que é reduzida para 3/4 dias de
chuva por mês durante os meses de outubro e novembro.
A vegetação de Fortaleza é tipicamente litorânea com áreas de mangue
e restinga. As áreas de restinga encontram-se nas proximidades das dunas ao
sul da cidade e perto da foz dos rios Ceará, Cocó e Pacoti.
Nos leitos destes rios a mata predominante é a de mangue. Estas matas
estão protegidas por lei e constituem-se na maior área verde da cidade.
Infelizmente essas leis não são cumpridas como deveriam e constantemente é
possível ver novas construções perto do Rio Cocó.
Existe ainda uma reserva de floresta tropical na parte sudeste da cidade
no bairro Lagoa Redoda. A área tem mais de 50 hectares e foi protegida por lei
em 2006 sendo aberta para visitação do em 2008.
O clima influencia a formação da vegetação, e a vegetação contribui
para a dinâmica do solo. Dessa forma, algumas espécies vegetais conseguem
desenvolver positivamente em condições climáticas de característica úmida, ao
contrário de outras que se adaptam a condições mais secas.
Além de contribuir na composição climática, a vegetação atua no solo,
fertilizando-o com matéria orgânica derivada de folhas, galhos, frutos que caem
e passam pelo processo de decomposição transformando-se em nutrientes, sem
contar que as raízes das plantas impedem o desenvolvimento de erosões.

231
Em suas palavras, Freitas (2022) pondera que o clima influencia na
formação vegetal, essa influência atua no clima em determinados lugares do
mundo. Um exemplo disso são as florestas tropicais e equatoriais da Amazônia
na América do Sul, floresta do Congo na África que são responsáveis por emitir
enormes percentuais de umidade para a atmosfera, isso ocorre com a
transpiração das folhas dos vegetais das florestas, ou seja, evapotranspiração.
O Parque do Cocó tem a área de 11,552 km² e é o maior parque natural
em área urbana do Norte e Nordeste do Brasil e o quarto da América Latina,
sendo o maior fragmento verde da cidade de Fortaleza, com extenso manguezal
e dunas milenares no entorno. Com mais de dois quilômetros de trilhas
interligadas, essa área é ideal para quem quer praticar esportes e contemplar a
natureza.
Áreas vegetadas como o Cocó oferecem alívio ao sobreaquecimento do
espaço urbano causado pela qualidade do asfalto, do concreto e de materiais de
construção que capturaram calor. O ar embaixo da copa de uma árvore pode
chegar a ser de 3 - 6º C mais frio do que quando comparado a um espaço aberto
sem cobertura.
O parque é também uma área de Mangue, que é um ecossistema
extremamente importante e globalmente ameaçado, que inclui várias espécies
endêmicas e ameaçadas de plantas e vida selvagem, que requer atenção
especial para a realização de pesquisas sobre essas espécies.
QUESTÕES
1 – O clima de Fortaleza é marcado pelas altas temperaturas e pela
recorrência de chuvas, em razão da influência da umidade proveniente do
oceano. Assinale a alternativa que corresponde ao clima predominante de
Fortaleza:

A) Tropical, com período chuvoso de janeiro a maio (verão e outono) e período


de estiagem de junho a dezembro (inverno e primavera).

B) Semiárido, com período chuvoso de janeiro a maio (verão e outono) e período


de estiagem de junho a dezembro (inverno e primavera).

C) Subtropical, caracterizado pela elevada amplitude térmica anual, com verões


quentes e invernos frios, além de chuvas bem distribuídas durante o ano.

232
D) Equatorial, se caracteriza pela alta umidade do ar, elevado índice de chuvas
e presença de massas de ar quente.

2 – Três massas de ar atuam, trazendo umidade, nas regiões de clima


tropical atlântico que influencia o clima de Fortaleza, exceto:

A) Massa Polar Atlântica.

B) Massa Tropical Atlântica.

C) Massa Equatorial continental.

D) Massa Equatorial Atlântica.

3 – Fortaleza possui a maior área de preservação natural em perímetro


urbano do Norte e Nordeste do Brasil e o quarto da América Latina, sendo
o maior fragmento verde da cidade de Fortaleza, com extenso manguezal e
dunas milenares no entorno. Qual o nome dessa área de preservação
natural?

A) Jardim América.

B) Parque Estadual do Cocó.

C) Dunas de Sabiaguaba.

D) Parque da Liberdade.

REFERÊNCIAS:
AGUIAR, M. J. N et al. Dados climatológicos: Estação de Fortaleza, 2003. Fortaleza: Embrapa
Agroindústria Tropical, 2004.

FREITAS, Eduardo de. "A relação entre vegetação, clima e solo "; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/a-relacao-entre-vegetacao-clima-solo.htm. Acesso em
17 de janeiro de 2022.

INMET. «Estação: FORTALEZA (82397)». Consultado em 25 de julho de 2020


Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) (1979). «Normais Climatológicas do Brasil (1931-
1960)» 2 ed. Rio de Janeiro. Acesso em 17 de janeiro de 2022.

PENA, Rodolfo F. Alves. "O que é clima?"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/geografia/o-que-e-clima.htm. Acesso em 17 de janeiro de
2022.

233
ROLIM, Glauco de Souza et al. CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE KÖPPEN E DE
THORNTHWAITE E SUA APLICABILIDADE NA DETERMINAÇÃO DE ZONAS
AGROCLIMÁTICAS PARA O ESTADO DE SÃO PAULO. 2007. Acesso em: 17 de Janeiro 2022.

GABARITO:
1-A
2-C
3-B

234
OCUPAÇÃO GEOGRÁFICA
A ocupação geográfica de Fortaleza começou ainda no século XVI, a
cidade surgiu ao redor do Forte de Nossa Senhora da Assunção, construído
pelos portugueses. Ao redor do forte, surgiu um povoado, que deu origem à
quinta maior cidade brasileira.
O visitante que chega a Fortaleza, hoje uma metrópole admirada por
turistas do mundo inteiro, dificilmente imagina que ela parecia ter poucas
chances de evoluir.
Enquanto Capitania, O Ceará não recebia atenção alguma. A conquista
da Capitania começou em 1603, com a bandeira de Pero Coelho de Souza que
fundou o Forte de São Tiago na Barra do Ceará. Sua ocupação oficial foi iniciada
por Martim Soares Moreno que fez amizade com os índios locais, aprendendo
os dialetos e familiarizando-se com costumes nativos, no ano de 1613.
O capitão português que serviu de inspiração para um dos personagens
centrais do romance "Iracema" de José de Alencar, recuperando e ampliando o
Fortim de São Tiago, e rebatizando o novo forte de Forte de São Sebastião, ao
lado do qual surgiu o povoado de Nova Lisboa.
Martim Soares Moreno encontrava-se como tenente do forte dos Reis
Magos, no Rio Grande, em 1609, fazendo incursões pelo litoral cearense,
combatendo traficantes.
Em fins de 1611, acompanhado de um padre e de seis soldados, o
capitão português Martim Soares Moreno regressou ao Ceará para efetivar a
posse da capitania, fundando na Barra do Ceará, com ajuda dos índios de
Jacaúna, um pequeno forte, no mesmo local, mais precisamente junto à ermida
de Nossa Senhora do Amparo.
Em 1637 chegou ao Ceará a primeira expedição holandesa, que ocupou
o semi-abandonado forte de São Sebastião, onde permaneceu por sete anos
explorando sal e âmbar gris, até que seus integrantes foram dizimados pelos
índios.
Outra expedição holandesa, comandada por Matias Beck, desembarcou
em 1649 no Mucuripe e construiu o forte Schoonenborch, na embocadura do rio
Pajeú, para defender-se dos nativos aliados dos portugueses, ali permanecendo
também por sete anos.

235
O Forte de São Sebastião, por sua vez, foi ocupado por uma expedição
holandesa, que dominou o Ceará por cerca de 4 anos. Derrotada pelos índios,
voltou seis anos depois à Região, comandada por Matias Beck, que ergue o
Forte Shoonemborch às margens do Riacho Pajeú. A expulsão definitiva dos
holandeses ocorreu em 1654 pelo comandante português Álvaro de Azevedo
Barreto, que muda o nome do Forte para Nossa Senhora da Assunção.
Entre 1660 e 1698 houve o surgimento de um acanhado povoado, no
qual foi erigida uma capela dedicada à Nossa Senhora da Assunção, além de
uma praça de armas.
A Carta Régia que autorizou a criação da Vila do Ceará ou de são
José do Ribamar em 1699 originou muitas discursões em torno de uma questão
fundamental: onde instalar o Pelourinho (coluna de pedra ou madeira
simbolizando a autonomia municipal). A concorrência era entre Aquiraz, Aracati
e Fortaleza.
Os desentendimentos entre as autoridades levaram à decisão de elevar
Aquiraz à condição de vila e sede da Capitania em 1713. Assim, somente graças
aos ataques indígenas desferidos em Aquiraz é que Fortaleza, em 13 de abril de
1726, finalmente foi denominada de Vila de Fortaleza de Nossa Senhora da
Assunção.
A "Planta da Villa", elaborada por Antônio da Silva Paulet em 1818,
mostra prédios dispersos nas margens do Pajeú e na "Prainha" (hoje avenida
Pessoa Anta) e caminhos que chegavam do interior. Couberam a Silva Paulet a
proposta de um novo arruamento para a vila, o projeto e a construção da nova
Fortaleza da Assunção.
Assim sendo, a criação do município de Fortaleza se deu a 13 de abril
de 1726, quando a povoação do Forte foi levada à condição de vila. Somente
em 1823 o Imperador Dom Pedro I elevou a vila à categoria de cidade.
A condição de vila com uma população relativamente expressiva não foi
suficiente para garantir a sustentação econômica de Fortaleza, isolada do
interior, onde se desenvolvia a chamada civilização do couro e do gado.
Dependente de Aracati comercialmente,
No século XX Fortaleza passa por grandes mudanças urbanas, entre
melhorias e o êxodo rural, e cresce muito chegando ao final da década de 1910
sendo a sétima cidade em população do Brasil. Entre as décadas de 1950 e 1960

236
a cidade passa por um grande crescimento econômico e começa a ocupação de
bairros mais distantes do centro.
Ao final dos anos 70 começa a aparecer como um futuro polo industrial
do Nordeste com a implantação do Distrito Industrial de Fortaleza, porém nesta
época Fortaleza não se comparava economicamente a metrópoles nacionais,
porém ela se mostrava em patamar médio da realidade regional e no nível local
e microrregional colocava-se em patamar superior acima de várias outras
cidades e núcleos urbanos.
De acordo com estudos do IBGE, Fortaleza teria, em 1972, uma área de
influência relativa a outros 52 centros regionais, perfazendo um raio de ação de
400 mil quilômetros quadrados de área e uma cobertura populacional para quase
7 milhões de pessoas residentes no Ceará, Maranhão e Piauí. (SOUZA,
1978:74)
As relações mantidas por Fortaleza no espaço interno e externo ao
território cearense remetem para uma subordinação: a Capital era inferior aos
grandes centros nacionais, e superior às pequenas localidades em relação a
Fortaleza. Deste modo, a inter-relação que caracterizaria melhor uma metrópole
parece ser a principal característica que Fortaleza ainda não apresentava nesses
inícios dos anos 70, quando foi institucionalizada como metrópole. Mas não
apenas esta característica faltava para cidade vir a ser uma metrópole conforme
se pode apreender das considerações teóricas a seguir.
Na perspectiva da diversificação funcional poder-se-ia argumentar a
favor da metrópole de Fortaleza caso as relações fossem vistas de dentro para
fora, das microrregiões interioranas com os Estados vizinhos mais pobres.
Quanto ao papel de produtora de inovações não há o que salientar
positivamente, salvo na difusão dessas inovações e na medida em que as
mesmas foram repassadas por centros produtores do sudeste do país.
Sem dispor de muitos elementos quanto à metropolização, pode-se
escusar de aplicar o termo cidade para as demais sedes municipais do entorno
de Fortaleza, na medida em que não figuraram historicamente como cidades
nem como centros urbanizados, salvo pela localização de grandes conjuntos
habitacionais entre Caucaia e Fortaleza, bem como do eixo ferroviário Fortaleza-
Maracanaú, que determinou localização industrial e uma aproximação

237
populacional, mas com bastantes vazios em cada um dos casos. De qualquer
modo, não se trata de uma inter-relação, mas uma espécie de "invasão".
Desse modo, pode-se concordar com Amora, quando conclui que, no
momento da institucionalização da RMF em 1973, "Fortaleza não se enquadrava
rigorosamente na definição de metrópole, nem se constituía uma área
metropolitana no sentido genérico desse conceito." Salvo, se naquele momento
histórico, o interesse político houvesse priorizado diferentes categorias de
metrópoles, pois “os efeitos diferenciados da modernização gerariam também
metrópoles diferenciadas até mesmo dentro de um mesmo país. Daí a
construção do conceito de metrópoles incompletas e de metrópoles completas"
(AMORA,1999: 35).
Observou-se para o caso de Fortaleza um período não-urbanizado no
qual a Vila sequer participava da divisão social do trabalho existente. Enquanto
Aracati, Sobral e Icó revelava características de cidade de alta mobilidade, de
trabalho intelectual, fonte de inovações, relacionadas com a ordem distante e
simultaneamente fazendo acontecer na ordem próxima. Noutro momento, é a
vez de Fortaleza despontar com características urbanas, verificou-se inclusive
uma rede hierárquica de centros formada pelas oligarquias agrárias de suporte
a hegemonia de Fortaleza. A função administrativa reforçando a política-militar.
Com a política nacional de centralização do poder, a cidade se aglomera
e começa a transcender o seu centro, a partir de sua função comercial, como
centro distribuidor do produto nacional industrializado, subdividindo-se em duas
grandes áreas de valor da terra, uma separação de classes bastante visível entre
o leste (rico e dominante) e o oeste (pobre e subordinado).
Por outro lado, as considerações relativas a uma urbanização sem
industrialização definidas por Lefebvre também parecem aplicar-se a realidade
de Fortaleza do início dos anos 70, embora já exista uma tendência daquilo que
ele chamou de implosão-explosão, de uma sociedade urbana que perpassa pelo
tecido urbano para o campo, embora muito a princípio. De modo que, sem dispor
para o momento de elementos suficientes para concluir sobre a metropolização,
pode-se atestar, sem sombra de dúvida que Fortaleza estava em pleno processo
de constituição de uma Metrópole.
A respeito da migração nesse processo tem-se a constatar que a
migração avoluma a expansão urbana e social para periferia e conduz a

238
aglomeração urbana em favelas. Percebe-se que os pobres apresentam uma
alta mobilidade espacial para além da mobilidade do trabalho, por sua condição
de excluído social e politicamente. Os deslocamentos não são tão espontâneos
como aparecem nas explicações neoclássicas, nem só determinados por
atração do mercado de trabalho, conforme estruturalistas, mas tem um
componente de violência que restringe a manutenção de um território, lugar de
conflito e de exercício de poder.
No final do século a administração da prefeitura e a cidade passam por
diversas mudanças estruturais com a abertura de várias avenidas, hospitais,
espaços culturais e passando a ser um dos principais destinos turísticos do
Nordeste e do Brasil, fato que chamou atenção de turistas e pessoas de diversos
lugares do país para fixar endereço naquele lugar.

QUESTÕES
1 – Na segunda metade do século XIX, a cidade de Fortaleza atingiu seu
auge em prosperidade e o seu desenvolvimento foi maior do que o das
outras cidades que estavam pleiteando o título de capital do estado. O
cultivo do algodão e a abertura direta para a comercialização com a Europa
facilitaram a modernização e a disputa pelo status de capital. Nessa
perspectiva, Fortaleza concorria com quais cidades?

A) Aquiraz e Aracati.

B) Juazeiro do Norte e Aracati.

C) Aquiraz e Sobral.

D) Sobral e Juazeiro do Norte.

2 – Em 1637 chegou ao atual território que corresponde a Fortaleza uma


expedição a qual dominou a região por um período de sete anos, como se
chamou essa expedição?

A) Espanhola.

B) Portuguesa.

239
C) Holandesa.

D) Inglesa.

3 – Entre 1660 e 1698 houve o surgimento de um acanhado povoado, no


qual foi erguida uma capela dedicada a Padroeira de Fortaleza. Assinale a
alternativa que corresponde ao nome da Padroeira de Fortaleza.

A) Nossa Senhora do Carmo.

B) Nossa Senhora da Assunção.

C) Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

D) Nossa Senhora das Dores.

REFERÊNCIAS:
CANANI, Aline Sapiezinskas Krás Borges. Herança, sacralidade e poder: sobre as diferentes
categorias do patrimônio histórico e cultural no Brasil. Horiz. antropol. [online]. 2005, vol.11, n.23,
pp. 163-175. Disponível em: [acesso 334 em 14/01/2022].

PEIXOTO, Nelson Brissac. Paisagens Urbanas. São Paulo. Senac, 1996.

RIBEIRO, Suzana Barreto. Percursos do Olhar: Campinas no início do século XX. Annablume,
2006. Disponível em: [acesso em 14/01/2022].

GABARITO:
1-A
2-C
3-B

240
HISTÓRIA DA CIDADE
Primeiros povos
A origem da história de Fortaleza – CE, ainda é algo cheio de
controversas, mas há uma versão que não consta nos registros oficiais, onde
relata que os navegadores espanhóis, Vicente Yáñez Pinzón e Diego de
Lepe teriam desembarcado nas costas cearenses antes da viagem de Pedro
Álvares Cabral ao Brasil em 1500, embora, na versão tradicional, o
desembarque de Pinzón tenha se dado no Cabo de Santo
Agostinho, em Pernambuco. Vicente Pinzón teria desembarcado na atual
enseada do Mucuripe em uma data não muito precisa, batizando assim aquela
nova terra de Santa Maria de La Consolación. O feito não foi registrado por conta
do Tratado de Tordesilhas.

Passou assim quase um século da história de Fortaleza sem registros,


onde somente no século XVII foi possível analisar algumas intervenções, no qual
aconteceram as primeiras tentativas de conquista do litoral cearense. O início da
ocupação do território que viria a ser Fortaleza se deu entre os anos de 1597 e
1598. Nesse período, um ramo da etnia potyguara que habitava a região ao redor
do Forte dos Reis Magos migrou e se estabeleceu na região entre as margens
do rio Cocó e rio Ceará, tendo ao fundo as serras da Aratanha e de Maranguape.

Com o propósito de colonizar a região, a corte portuguesa começou a


tomar suas primeiras ações. A ideia de Portugal era estabelecer no ponto médio
do litoral um forte que servisse para defender a região contra estrangeiros e
facilitasse contato com o norte do Brasil.

Em decorrência, sucederam-se as tentativas colonizadoras feitas por


Pero Coelho (1603), Pe. Francisco Pinto e Luis Figueira (1607) e Martin Soares
Moreno (1611 - 1631). Pero e Moreno chegaram a erguer fortes de São Tiago e
São Sebastião.

Para darmos início à história dessa expedição é necessário que você


entenda que essa e as demais investidas europeias ocorreram a fim de
conquistar o território que hoje corresponde ao estado do Ceará, mas iniciaram-
se na região que hoje chamamos de Fortaleza, ou no seu entorno (Região
Metropolitana de Fortaleza).

241
Forte de São Tiago

O capitão-mor Pero Coelho fixou-se na Barra do Ceará, dando a ela o


nome de Nova Lusitânia. Ao pequeno arraial, onde construiu, na sua margem
direita, o forte de São Tiago, em 25 de julho de 1604, chamou o povoado da
região de Nova Lisboa.

Pero Coelho partiu para a Paraíba em busca da família, em 1605,


deixando-o aos cuidados do cabo Simão Nunes, com 45 soldados, prometendo-
os envios de mantimentos. Retornou de barco no ano seguinte com a mulher e
os cinco filhos. Lhe foi prometida uma ajuda de mantimentos que conseguiriam
junto ao governador geral, mas essa ajuda não havia chegado, tendo um antigo
aliado, João Soromenho, morrido na cadeia pelo desvio do material.

As condições da região foram agravadas pela primeira seca registrada na


história do Ceará, a qual ocorreu entre 1605 e 1607. Além dessa problemática
houve também a resistência indígena que também dificultou a permanência dos
portugueses (também chamados de lusitanos). Essa expedição portuguesa,
conhecida como a primeira tentativa lusitana de conquista do “Siará Grande”
resultou em Fracasso.
Forte de São Sebastião
Diante da frustração da ausência de ouro e prata no Ceará, a conquista
do Maranhão, sob domínio francês, era uma obstinação do rei Felipe III. Oito
anos após o fracasso de Pero Coelho, Sua Majestade incumbiu ao tenente
Martim Soares Moreno, da excursão do outro, a tarefa de retornar à Barra do
Ceará e erguer um novo fortim, para em seguida seguir para o Norte.
A partir de 20 de janeiro de 1612, Martim e seus amigos potiguaras
iniciaram a construção do forte no mesmo local do São Thiago, este erguido de
maneira mais simplória pelo padre jesuíta Luís Figueira, em 1608, que vinha de
frustrada incursão na Ibiapaba, um novo fiasco para se chegar ao Maranhão por
terra. Levantado sob estacas e madeiras, possuía guaritas e casas de soldado
no seu interior, além de uma pequena Igreja onde se realizaram missas pelo
padre Baltasar João Corrêa. A capela recebeu a invocação de Nossa Sra. do
Amparo, mas o padroeiro, foi São Sebastião, santo do dia em que se começou
a obra. No mesmo ano, Martim Soares Moreno pediu ao rei uma “imagem de

242
São Sebastião, uma vestimenta frontal, capa de asperges, um cálice e um
retábulo de N. Senhora”, e foi prontamente atendido.
O Forte de São Sebastião, entretanto, para os estudiosos cearenses era
modesto. Na opinião do jornalista, teatrólogo e pesquisador Eduardo Campos
(ou Manuelito Eduardo), renomado diretor dos Diários Associados, presidente do
Instituto do Ceará e da Associação Cearense de Letras, o “forte teria sido de
pouca expressão como construção defensiva, não contando, na sua parte mais
comprida, com mais de vinte metros.
Dizem que assumia forma de retângulo, não deveria ter mais de 14 ou
16 metros de largura. Era um fortim pequeno, mas não tão expressivo como se
tem julgado. Preliminarmente, cabem no interior pelo menos 24 ermidas.
Admitindo que uma deva ter 5x3 m³, o forte teria 360 m³. Pelo desenho, tem-se
a impressão que é feita de pedra e argamassa, estaria representada por duas
paredes paralelas, desproporcionadas no desenho. Ao redor, fazendo a
cercadura, com entrada e saída para a ermida, ter-se-ia a paliçada tradicional,
de no máximo 400 m³.” (Unitário, 30 de abril de 1974).
Em julho de 1613, decisão do Conselho Ultramarino destinou Martim
Soares Moreno a acompanhar Jerônimo de Albuquerque na expedição contra os
franceses, deixando o comando do São Sebastião com Estevão de Campos,
logo substituído por Manuel de Brito Freire, continuando firme com o trabalho de
evangelização o Padre Baltasar. Foram num pequeno barco, levando os
mesmos índios que haviam ido com ele à Bahia dois anos antes, Jacaúna e seu
filho. Tornou-se herói da conquista do Maranhão
Após idas e vindas a Pernambuco e Lisboa, retornou em 23 de setembro
de 1621, como capitão-mor, encontrando o forte reduzido a uma estacada de
varas e cabanas de palha, onde não cabia sequer as pólvoras. Pelo menos não
perdera a confiança dos índios, agora com novos aliados, os tapuias
jaguaribaras, na guarda da frágil fortaleza ao lado de Jacaúna.
Na ausência de Martim Soares Moreno e, após ida de índios a Olinda
para forçar união contra os portugueses, em 1637, os holandeses liderados por
George Gartsman tomam o forte sem dificuldade, tendo os 33 portugueses
aprisionados levados para o Rio Grande do Norte. Sem intenção de colonizar,
mas de explorar as serras em busca de prata, os flamengos (holandeses)

243
acabaram surpreendidos, em 1644, pelo ataque de índios que os
trucidaram, matando todos os invasores. Pelo estilo da ação, é provável que os
autores do atentado tenha sido os temidos paiacus.
QUESTÕES
1 – Em 1612, Martim Soares Moreno e seus amigos potiguaras iniciaram a
construção do forte no mesmo local do São Thiago, este erguido de
maneira mais simplória. Qual nome foi dado a esse forte?

A) Forte de São Sebastião.

B) Forte de Nossa Senhora da Assunção.

C) Forte de São Luís.

D) Forte de Nossa Senhora do Amparo.

2 – O capitão-mor Pero Coelho de Sousa fixou-se na região que


corresponde hoje a Barra do Ceará, dando a ela o nome de:

A) Nova Lisboa.

B) Nova Portugal.

C) Nova Lusitânia.

D) Nova Holanda.

3 – Em 1603, o português Pero Coelho de Sousa comandou a primeira


expedição lusitana com o objetivo de colonizar a região do Ceará. Sobre
este fato, marque a alternativa CORRETA.

A) Os militares, religiosos e navegantes portugueses foram bem recebidos pelos


índios Tupis, sendo assim, os lusitanos tiveram êxito e logo conquistaram toda a
região, ficando no domínio até Fortaleza se consolidar como vila.

B) Essa primeira investida não foi bem sucedida, pois logo chegaram os
holandeses e destruíram o Forte de São Tiago e aprisionaram Pero Coelho.

244
C) A expedição conquistou a região e logo fundou um povoado com a
denominação de Nova Lisboa, essa ação ocorreu em conjunto com os
holandeses.

D) Os portugueses se instalaram no local que hoje corresponde à Barra do Ceará


e construíram o Forte São Tiago, mas a seca que assolou a região em 1605-
1607 e a resistência indígena causaram fracasso na primeira tentativa de
colonização portuguesa.

4 – Sobre o primeiro domínio holandês da região que corresponde à


Fortaleza, marque a alternativa correta:

A) O domínio holandês foi bastante duradouro, pois tinham o apoio dos índios
potyguaras e paiacus.

B) Os holandeses chegaram à região com a intenção de explorar as serras em


busca de prata e não de colonizar.

C) Os holandeses não chegaram a se estabelecer na região, pois logo foram


surpreendidos pelos índios potyguaras.

D) Os holandeses colonizaram definitivamente o território até Fortaleza receber


o título de vila.

REFERÊNCIAS:
ADERALDO, Mozart Soriano. História abreviada de Fortaleza e Crônicas sobre a cidade
amada. 2.ed. Fortaleza; Programa Editorial da Casa de José Alencar, 1998.
CORDEIRO, Celeste. O Ceará na Segunda metade do século XIX. In: SOUSA, Simone de;
GONÇALVES, Adelaide... {et al}. Uma nova história do Ceará. 4ª ed. rev. e atual. - Fortaleza:
Edições Demócrito Rocha, 2007.
FILHO, José Ernesto Pimentel. Urbanidade e Cultura Política: a cidade de Fortaleza e o
liberalismo Cearense no século XIX. Fortaleza: UFC/ Cada de José de Alencar Programa
Editorial, 1998.
JUCÁ, Gisafran Nazareno Mota. Fortaleza: cultura e lazer (1945-1960). In: SOUZA, Simone de;
GONÇALVES, Adelaide... {et al}. Uma nova história do Ceará- 4ª ed. ver. e atual. - Fortaleza:
Edições Demócrito Rocha, 2007.
RIOS, Kênia Sousa. Campos de concentração no Ceará: isolamento e poder na seca de
1932. 2ª edição. Fortaleza: Museu do Ceará/Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, 2006.

245
GABARITO:
1-A
2-C
3-D
4-B

Forte de Schoonemborch
Os holandeses novamente se apoderaram das terras cearenses a partir
de 1649, comandado por Matias Beck, construindo de imediato um forte na
embocadura do riacho Pajeú, onde atualmente se encontra a Fortaleza de NS
da Assunção no Quartel General da 10° Região Militar. O Schoonemborch foi
construído entre abril e maio de 1649, por 40 homens, incluindo negros levados
de Pernambuco por Matias Beck.
Durante esse período, conseguiu-se, com muito sacrifício, barro numa
grande lagoa, a meia légua, ou 2,2 km, presumindo-se que se tratasse da Lagoa
do Urubu, até os dias atuais existente no bairro Álvaro Weyne, a mesma em que
os índios da Barra do Ceará se abasteciam diante da má qualidade do líquido do
rio onde habitavam e onde Martim Soares teria se alojado.
Disse o historiador e ex-secretário de Cultura e Urbanismo, Raimundo
Girão, em 1984, que “os holandeses o melhoraram sensivelmente, garantindo
com paliçadas (cerca feita com estacas apontadas e fincadas na terra) e outras
instalações, certo de que conservariam a bandeira de sua pátria.
Sob enfoque turístico-histórico da Barra do Ceará, sua história pode ser
dividida em duas fases: a do povoamento a partir de 1612, com a fundação de
Fortaleza, e na fase mais moderna, de 1927 até os dias atuais”.
Com a queda de Maurício de Nassau em Pernambuco, fragilizado ainda
pelas consequências da seca de 1651-1654, Matias Beck deixou pacificamente,
com a família, o Brasil, dirigindo-se para São Domingos, nas Antilhas. O novo
capitão-mor português, Álvaro de Azevedo Barreto, assumiu o forte de
Schoonemboch, e com algumas mudanças o denominou de Fortaleza de Nossa
Senhora da Assunção.

246
Subordinado ao Maranhão desde 1621, em 1656 o Ceará passou para
o domínio pernambucano. Sua a autonomia, porém, só chegou muito tempo
depois, em 1799, quando enfim, independente, experimentou os progressos,
embora lentamente, em todos os níveis sociais e econômicos.

Figura 1 Forte de São Tiago/ São Sebastião – 1612- (Arquivo Ah! Fortaleza)]

“O domínio português no Ceará foi interrompido em dois breves


momentos pelos holandeses. Em 1637, os holandeses conquistaram o forte
de São Sebastião, ficando até 1644, quando ocorreu uma revolta dos índios –
o forte foi destruído e todos os batavos foram assassinados. Em 1649, os
holandeses voltariam ao Ceará, sob o comando do capitão Matias Beck, que
manda erguer o forte de Schoonemborch, perto do riacho Pajeú. Em 1654, os
portugueses retomariam a colonização do Ceará. Com isso, o forte holandês
teve seu nome mudado para Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção. Seria
em torno deste forte, onde hoje se encontra a 10ª Região Militar, que surgiria
espontaneamente a capital cearense.” (FARIAS, BRUNO. p. 01)

Processos de urbanização ao longo do século XIX


A carta real de 17 de janeiro de 1799 emancipou o Ceará da Capitania
de Pernambuco. Este fato, que resultou na permissão de comércio
direto com o reino, contribuiu para o crescimento da Capital. O primeiro
governador da capitania, Bernardo Manuel de Vasconcelos, registrou:
“progressos do dito comércio têm resultado um bom número de casas
de que a mesma vila se vê acrescentada chegando ao todo dezesseis,
todas térreas, as quais acabadas até julho e estariam antes se
houvesse artífices suficientes para este fim.” (apud GIRÃO, 1979, p.
67).

Fortaleza, até o início do século XIX, era um povoado sem nenhuma


importância econômica, mas a presença da fortaleza, garantia apoio aos barcos

247
que navegavam entre o Maranhão e o Piauí e aí aportavam para se abastecer.
Adquire o status e as características de cidade no século XIX, após a separação
da província de Pernambuco e, principalmente, com a inserção do Ceará na
divisão internacional do trabalho, como exportador de algodão. O crescimento
econômico da província e a política do Império de fortalecimento das capitais das
províncias, atraíram moradores, investimentos foram realizados em edificações
e infraestrutura e serviços foram implantados em Fortaleza

A abertura dos portos em 1808 possibilitou o crescimento do comércio


direto da Capitania com alguns portos da Europa, o que até então era
intermediado por Pernambuco. Em 1809, saíram pelo porto de Fortaleza, 3.386
sacas de algodão com 11.271 arrobas, com destino a Pernambuco e Inglaterra.
(STUDART, 1896, p. 488). Em maio de 1811, o irlandês William Wara fundou a
primeira casa estrangeira de comércio direto com a Europa, ampliando-se o
volume exportado, que atingiu uma média de 16 a 17 mil arrobas por ano.
(STUDART, 1896, p. 489).

Luiz Barba Alardo de Menezes (1808-1811), terceiro governador da


Capitania, impulsionou a agricultura e fundou uma fábrica de louça vidrada
(1809), em Fortaleza. Preocupado com o abastecimento da população local, em
15/06/1809, determinou a construção de um mercado público, em que estava
definido: “vendam aos sábados todos os víveres”.

Constatada a necessidade de se construir edificações públicas e


elaborar normas para a expansão da vila, o governador da Capitania do Ceará,
de 1812 a 1820, Coronel Manuel Inácio de Sampaio, trouxe como seu ajudante
de ordens, o português Tenente-Coronel Engenheiro Antônio José da Silva
Paulet.

Sampaio iniciou a organização administrativa da Capitania instalando a


Alfândega (01/07/1812), repartição destinada a arrecadação dos impostos de
entrada e saída de gêneros; implantando o Correio (01/05/1812) e promovendo
a reconstrução da Fortaleza da Assunção de pedra e alvenaria, bem como a
construção de edifícios públicos, dentre eles o mercado (1815-1818), obras
todas sob a orientação de Paulet.

248
Silva Paulet elaborou o primeiro plano de expansão da vila, que se
tornou a matriz básica da forma urbana da cidade de Fortaleza.
Inspirado no traçado em xadrez, desprezou o sentido de seu
crescimento natural, que tendia a acompanhar as tortuosidades do
Pajeú. Daí em diante, as novas edificações passaram a ser guiadas
pelo traçado urbano de ruas paralelas (xadrez), interrompendo assim
“o seguimento natural de ruas do núcleo primitivo”. (SABÓIA RIBEIRO,
1955, p. 226).

Figura 2 Planta de Fortaleza elaborada por Silva Paulet, 1813. Fonte: Castro, 1982.

Fortaleza nasceu, realmente, de um traçado sobre um papel. O plano de


expansão orientou as ações do poder público local e só assim foi possível que o
traçado de linhas fixado no projeto servisse de modelo à dinâmica de uma cidade
real. Em 1823, alguns meses após a Independência, o imperador Pedro I elevou
por decreto todas as vilas que fossem capitais de província à categoria de
cidade. Assim, Fortaleza, vila desde 1726, tornou-se cidade, com a denominação
de Fortaleza de Nova Bragança.

O período entre 1845 e 1877 é considerado por alguns estudiosos como


um dos mais ricos para a economia cearense, pois foi de bons “invernos” e com
o algodão alcançando preços elevados no mercado internacional (GUABIRABA,
1989). Aumentaram-se as trocas. O comércio diversificou-se com o
desenvolvimento da cultura de café e da exportação da borracha de maniçoba.

249
O excedente da produção de açúcar e da cultura de subsistência era vendido
para outras províncias.

O forte desenvolvimento econômico experimentado pelo Ceará


contribuiu para atrair novos moradores e ampliar o número de empregos e de
serviços urbanos na Capital. A proximidade das zonas agrícolas mais produtivas
e das rotas comerciais e marítimas e o comércio importador e exportador
favoreceram a drenagem dos excedentes da província para capital, o que
favoreceu a sua expansão. O crescimento econômico refletiu-se na paisagem
urbana e na organização do espaço, que exigiu um maior controle. A cidade foi
crescendo, seguindo em parte a legislação.

QUESTÕES
1 – Antes do Ceará ser emancipado em 1799 a qual capitania era vinculado?

A) Maranhão.

B) Pernambuco.

C) Piauí.

D) Rio Grande do Norte.

2 – Em 1823, alguns meses após a Independência, o imperador Pedro I


elevou por decreto todas as vilas que fossem capitais de província à
categoria de cidade. Dessa forma, Fortaleza, vila desde 1726, tornou-se
cidade, com qual denominação?

A) Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção.

B) Fortaleza.

C) Fortaleza dos Reis Magos.

D) Fortaleza de Nova Bragança.

3 – Sobre o processo de desenvolvimento urbano de Fortaleza, marque a


alternativa CORRETA.

A) Fortaleza começou a se desenvolver no século XIX a partir do turismo,


atividade econômica que até hoje é relevante para o desenvolvimento da cidade.

250
B) Entre as características do desenvolvimento urbano de Fortaleza estão
dependência administrativa e econômica do Maranhão e de Pernambuco até o
final do século XX.

C) O desenvolvimento de Fortaleza foi muito lento, mesmo com a sua


independência e livre comércio com Portugal.

D) A abertura dos portos e a diversificação do comércio foram fundamentais para


o desenvolvimento da economia de Fortaleza.

REFERÊNCIAS:
_____. Cartografia urbana fortalezense na colônia e no império e outros
comentários. In: PMF. Fortaleza: A administração Lúcio Alcântara (1979-1982).
Fortaleza, PMF, 1982.
_____. Planos para Fortaleza esquecidos ou descaminho de desenhos da
Cidade. In: Revista do Instituto do Ceará, Fortaleza: 2011 p. 65-1360.
BRAGA Renato. História da Comissão Científica de Exploração de 1859.
Fortaleza: EDUFC, 1962
FREIRE, José Cândido. O melhor clima do mundo - Ideia humanitária. In:
Almanach dos municípios do Estado do Ceará para 1908. Fortaleza: Livraria Araújo,
1908.
GUABIRABARA, Maria Célia de Araújo. Ceará. A crise permanente do modelo
exportador (1850-1930). Fortaleza: Edições IMOPEC, 1989.
BRUNO, Arthur & FARIAS de Airton. FORTALEZA: 285 ANOS. Ceará. 2011. p. 1 -
20
SILVA, José Borzacchiello da. Nas trilhas da cidade. 2.ed. Fortaleza: Museu do
Ceará, Secretaria da Cultura do Ceará, 2005.

GABARITO:
1-B
2-D
3-D

251
Século XX e suas transformações

A capital crescia na virada dos séculos XIX e XX. A população de 42.458


habitantes em 1872 passou para 48.369 em 1900. A agitação ligada à circulação
de passageiros e de mercadorias no porto evidenciava o seu dinamismo. Com a
reestruturação urbana e com a potência da economia algodoeira, passaram a
viver na capital não só as elites agroexportadoras, mas grandes negociantes,
técnicos, profissionais diversos e uma gama de trabalhadores que exerciam suas
atividades na cidade que se expandia.

As transformações empreendidas no final do século XIX em Fortaleza


objetivavam, além da remodelação e ampliação dos espaços públicos e
implantação de inovações na dinâmica do espaço urbano, a consolidação de
outro tipo de sociabilidade, que estava identificada com o padrão que estabelecia
a vida moderna, ou seja, o perfil dos habitantes da cidade deveria estar
condizente com a nova postura que tinha a cidade: uma vida urbana estabelecida
sob uma nova ordem.

Foi sob a ótica da construção de ideais que se tornou imperativo


destacar e compreender o grau de relevância dos signos que representavam
modernidade e civilização estabelecida na cidade. Foram espaços permeados
de simbolismos que se configuraram nas relações de sociabilidade das elites,
mas que se tornaram híbridos pela presença, pela permanência e pela circulação
de segmentos sociais variados que compunham a cidade.

No século XX, muitos prédios foram erguidos graças à iniciativa dos


setores sociais dominantes, como é o caso da sede da Fênix Caixeral,
inaugurada em 1905 e do palacete de Carvalho Mota, projetado em Paris, em
1908. Outra construção que veio dar brilho ao centro da cidade foi a inauguração
do Teatro José de Alencar, em 1910, considerada a maior obra arquitetônica de
Fortaleza e uma das mais belas do país.

No auge da Fortaleza “Belle Époque”, o governo do Ceará criou campos


de concentração para impedir a migração dos sertanejos, promovendo uma
política de higienização no Estado. O primeiro deles foi instalado no Alagadiço,
zona oeste de Fortaleza. Para serem atraídos, promessas de trabalho, comida e
assistência médica eram ofertas pelo governo. Porém, ao serem submetidos a

252
tais condições, os sertanejos eram confinados e não podiam sair sem
autorização, estando expostos à fome e a doenças.

Em 1932, outra estiagem iria devastar o semiárido nordestino. Foi nessa


época que se tornou conhecida a “indústria da seca”, quando as oligarquias
econômicas e políticas da região usavam recursos do governo em benefício
próprio, com o pretexto de combater as mazelas do fenômeno climático.
Estima-se que 73 mil sertanejos foram confinados novamente em
campos de concentração, situados no Crato, Ipu, Quixeramobim, Senador
Pompeu, Cariús e na Capital. Nestes locais, a fome e a falta de higiene
provocaram um quadro ainda mais trágico.
Fortaleza recebeu muitos retirantes do interior do estado, fugidos da
seca que assolava o sertão, sem vínculos e nem identidade com a cidade. Para
resolver este problema, foram criados verdadeiros campos de concentração,
foram sete, os quais foram distribuídos estrategicamente no território cearense.
Em Fortaleza, para que esses retirantes não incomodassem a elite, foi
implantado três campos de concentração: o primeiro chamava-se “Alagadiço”,
implantado em 1915; “Octavio Bonfim”, estava localizado no Tauápe e o campo
do “Urubu” construído no Pirambu. Apesar desses campos de concentração não
terem resistido à ação do tempo, são considerados patrimônios culturais pelo
seu valor imaterial.
O conceito de “combate à seca” e aos seus efeitos, que predominou
durante quase todo o século XX, foi superado, tendo em vista que os seus
fundamentos negavam os princípios da sustentabilidade. Em seu lugar, surgiu
uma modernização econômica e tecnológica que incluiu a questão ambiental e
deu uma maior atenção ao social, interpretando a sustentabilidade como a
durabilidade do desenvolvimento, baseando-se na eficiência tecnológica,
racionalidade e autonomia produtiva.
Assim, a convivência com o clima da região vem se caracterizando como
uma perspectiva orientadora de um desenvolvimento que tem por finalidade a
melhoria da qualidade de vida, por meio de iniciativas socioeconômicas e
tecnológicas apropriadas. Os anos seguintes na cidade de fortaleza
configuraram-se em processos de eleições, industrialização e turismo.

253
CRONOLOGIA DE FORTALEZA

• 1500 – O espanhol Vicente Yáñez Pinzón navega pelo litoral brasileiro e


atinge o que seria o atual Mucuripe;
• 1603 – Pero Coelho de Souza desembarca no litoral cearense seguindo
em direção à Ibiapaba. No retorno, funda o Forte de São Tiago na foz do
Rio Ceará;
• 1611 – Martins Soares Moreno desembarca no Ceará e ergue no ano
seguinte o Forte de São Sebastião, na Barra do (rio) Ceará;
• 1631 – Martins Soares Moreno retira-se do Ceará, deixando uma pequena
guarnição no Forte de São Sebastião;
• 1637 – Os holandeses conquistam o Forte de São Sebastião;
• 1644 - Os holandeses são massacrados e o Forte de São Sebastião é
destruído;
• 1649 – Os holandeses, comandados por Matias Beck, retornam ao Ceará
e fundam nas proximidades do riacho Pajeú o Forte Schoonenborch;
• 1654 – Com a derrota em Pernambuco, os holandeses retiram-se do
Ceará. Os portugueses retomam a colonização do Siará e o Forte
Schoonenborch tem o nome mudado para Fortaleza de Nossa Senhora
da Assunção;
• 1656– O Ceará é separado do Estado do Maranhão, ao qual estava
vinculado desde 1621 e passa a se subordinar a Pernambuco;
• 1699 – Portugal autoriza a criação de uma vila no Ceará. Após várias
mudanças, o pelourinho é instalado definitivamente em Aquiraz;
• 1726 – Instalação da Vila da Fortaleza de Nossa Senhora d'Assunção;
• 1799 –Separação do Ceará de Pernambuco;
• 1823 – Fortaleza é elevada à categoria de Cidade;
• 1825 – São executados no Campo da Pólvora (Passeio Público) os líderes
da Confederação do Equador;
• 1818 – Silva Paulet desenha o primeiro traçado de Fortaleza, as ruas
passavam a ser organizadas em forma de xadrez;

254
• 1875 – Planta Urbanística de Adolf Hebster, sinal do crescimento de
Fortaleza, que passa a ter a hegemonia urbana do Ceará na segunda
metade do século XIX;
• 1880 – Inauguração do Passeio Público, um dos principais locais de
sociabilidade e sinal da Belle Époque na cidade;
• 1892 – Fundação, no Café Java, localizado na Praça do Ferreira, da
Padaria Espiritual, movimento literário de letrados cearenses, marcado
pela ironia e crítica social;
• 1889 – Início, com a Proclamação da República (1889), do período político
dominado pela oligarquia de Nogueira Accioly;
• 1910 – Inauguração do Theatro José de Alencar;
• 1912 – Revolta popular de Fortaleza que força a renúncia de Nogueira
Accioly do governo do Ceará;
• 1913 - Vinda da empresa inglesa Ceará TramwayLlightand Power, iniciou-
se o uso da luz e bondes elétricos;
• 1914 – Tropas vindas de Juazeiro cercam Fortaleza e obrigam a renúncia
do governador Franco Rabelo;
• 1925 – Revolta popular contra o sistema de transporte público;
• 1936 – Vitória de Raimundo de Alencar Araripe, primeiro prefeito eleito
pelo voto popular na cidade;
• 1943 – Instalação de uma base americana em Fortaleza, no contexto da
Segunda Guerra Mundial (1939-45);
• 1947 – Após o fim da Ditadura do Estado Novo (1937-45), é eleito prefeito
Acrísio Moreira da Rocha. Também são eleitos vários vereadores
comunistas;
• 1960 - Censo revela que Fortaleza tem 518 mil habitantes. A cidade vive
uma explosão populacional. Setores mais abastados cada vez mais se
concentram no lado leste da cidade, enquanto os mais pobres ficam na
zona oeste;
• 1963 – Construção da avenida Beira-Mar;
• 1964 – Com o Golpe Militar, Fortaleza perde a autonomia política e
administrativa;
• 1973 – É criada oficialmente a Região Metropolitanade Fortaleza;

255
• 1985 – Na primeira eleição pós-fim da Ditadura, Maria Luiza Fontenele é
a primeira mulher eleita prefeita de Fortaleza;
• 1990 – Juraci Magalhães assume a prefeitura. O Centro cada vez mais
vira uma área comercial voltada para a periferia;
• 2004 – Luiziane Lins eleita prefeita;
• 2009 – Fortaleza é escolhida como uma das sedes da Copa do Mundo de
Futebol de 2014;
• 2011 – Fortaleza completa 285 anos, com uma população de 2 milhões e
447 mil habitantes

QUESTÕES
1 – Considerada a maior obra arquitetônica de Fortaleza e uma das mais
belas do país, em 1910 foi inaugurado:

A) Catedral Metropolitana de Fortaleza.

B) Centro Cultural Dragão do Mar.

C) Teatro José de Alencar.

D) Casa do português.

2 – Durante o século XX o governo do Ceará criou campos de concentração


para impedir a migração dos sertanejos para Fortaleza que passava por um
período de modernização. Ao todo foram criados três campos de
concentração somente em Fortaleza, exceto:

A) Alagadiço.

B) Octávio Bonfim.

C) Urubu.

D) Patú.

3 – O que foi o período da Belle Époque em Fortaleza?

256
A) Época de reorganização urbana, com o intuito de impulsionar o crescimento
econômico, combinando estratégias de higienização, saneamento e
embelezamento, tendo como espelho grandes cidades como Paris.

B) Foi o período em que os portugueses perderam a batalha contra os índios e


foram expulsos da capitania.

C) Ocorreu no ano de 1932, quando chegaram milhares de retirantes do interior


do estado à procura de empregos e assistência alimentícia, médica e de
moradia. Esses retirantes foram muito bem acolhidos pela população de
Fortaleza.

D) São os dias atuais, os quais Fortaleza aparece como centro político,


administrativo e econômico do Ceará; sendo uns dos principais municípios do
Brasil.

4 – Sobre o desenvolvimento de Fortaleza no aspecto econômico, social,


urbano e a relação com as condições ambientais, marque a alternativa
CORRETA.

A) As questões ambientais não possuem nenhuma relação com os demais


aspectos do desenvolvimento de Fortaleza.

B) Desde o início da ocupação, os estrangeiros precisaram se adaptar às


condições ambientais da região, principalmente para manter as atividades
econômicas.

C) Até hoje o clima de Fortaleza é um grande problema, o qual interfere no


desenvolvimento econômico da região.

D) Por apresentar condições favoráveis, as gestões públicas da região nunca


precisaram criar medidas estratégicas para contornar as problemáticas do clima.

257
REFERÊNCIAS:
THEOPHILO, Rodolpho. A Libertação do Ceará (A Queda da Oligarchia Accioly). Lisboa: Typ.
Editora Limitada, 1914.
________________. A Belle Époque em Fortaleza: remodelação e controle. In: SOUSA,
Simone de; GONÇALVES, Adelaide... {et al}. Uma nova história do Ceará4ª ed. ver. e atual. -
Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2007.
CAMPOS Eduardo. A Fortaleza provincial: rural e urbana. Introdução ao estudo dos códigos
de posturas de 1835, 1865, 1870 e 1879. Fortaleza: Secretaria de Cultura, Turismo e Desporto,
1988. 121 p.
_____. Cartografia urbana fortalezense na colônia e no império e outros comentários. In:
PMF. Fortaleza: A administração Lúcio Alcântara (1979-1982). Fortaleza, PMF, 1982.
_____. Planos para Fortaleza esquecidos ou descaminho de desenhos da Cidade. In:
Revista do Instituto do Ceará, Fortaleza: 2011 p. 65-1360.
BRAGA Renato. História da Comissão Científica de Exploração de 1859. Fortaleza: EDUFC,
1962
FREIRE, José Cândido. O melhor clima do mundo - Ideia humanitária. In: Almanach dos
municípios do Estado do Ceará para 1908. Fortaleza: Livraria Araújo, 1908.

GABARITO:
1-C
2-D
3-A
4-B

258
QUESTÕES
1 – No que se refere a localização do município de Fortaleza no estado do
Ceará, é CORRETO afirmar:

A) Encontra-se situado na porção Norte do estado do Ceará.

B) Encontra-se situado na porção extremo Oeste do estado do Ceará.

C) Encontra-se situado na porção extremo Sul do estado do Ceará.

D) Encontra-se situado na porção extremo Leste do estado do Ceará.

2 – Assinale a opção CORRETA que trata dos aspectos pluviométricos


predominantes na cidade de Fortaleza.

A) Em termos pluviométricos, a cidade de Fortaleza apresenta uma média


histórica do índice de precipitação inferior a 700mm anuais, volume de chuva
inferior aos registrados na região semiárida cearense.

B) A circulação atmosférica no município de Fortaleza é comandada


principalmente por influências de frentes frias originadas no sul do Brasil,
ocorrendo historicamente uma maior concentração de chuvas no mês de janeiro.

C) O município de Fortaleza apresenta uma média histórica do índice de


precipitação acima de 1.200mm anuais, volume de chuva superior aos
registrados na região semiárida cearense.

D) As precipitações no município de Fortaleza historicamente apresentam


acentuada regularidade no decorrer de todos os meses e ao longo dos anos. A
média histórica do índice de precipitação é sempre atingida.

3 – Entre as principais bacias hidrográficas situadas no município de


Fortaleza podemos citar:

A) Bacia do Rio Coreaú, Bacia do Rio Choró e Bacia do Rio Curú.

B) Bacia do Rio Cocó, Bacia do Rio Pacoti e Bacia do Rio Maranguapinho.

C) Bacia do Rio Jaguaribe, Bacia do Rio Acaraú e Bacia do Rio Salgado.

D) Bacia do Rio Cocó, Bacia do Rio Jaguaribe e Bacia do Rio Banabuiú.


4 – A libertação dos escravos na Província do Ceará, quatro anos antes da
Lei Áurea, está inserida em contexto específico, marcado pela

259
A) Ação da Campanha Abolicionista, que contava com amplo apoio popular na
Província, e pela ineficácia econômica do sistema escravista devido às
características da economia regional.

B) Crise econômica da lavoura de cana, que não mais pagava os custos da


escravidão, e pela introdução da pecuária que demandava trabalhadores livres.

C) Eleição do Partido Republicano para comandar a Província e pela insuficiente


imigração europeia que, introduzida antes da abolição, não atendia às altas
demandas por mão de obra local.

D) Revolta dos oficiais do Exército, majoritariamente republicanos, e pelo


estímulo direto do Imperador, que era criticado pelos fazendeiros do café por ser
simpático ao abolicionismo.

5 – Entre os setores em que a população economicamente ativa de uma


determinada região encontra-se distribuída, podemos citar o primário, o
secundário e o terciário. Assinale a alternativa CORRETA, que corresponde
às atividades relacionadas ao setor terciário.

A) Atividades produtivas relacionadas à agricultura, à pecuária e ao extrativismo


mineral.

B) Atividades relacionadas à prestação de serviços e ao comércio.

C) Atividades voltadas para a indústria, a produção de bens de consumo e a


construção civil.

D) Atividades relacionadas à pesquisa e à alta tecnologia.

6– Sobre a estimativa da população em 2018 que foi divulgada pelo Instituto


Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Fortaleza destacou-se como a
6ª Região Metropolitana mais populosa do Brasil, com 4.074.730 milhões
de habitantes. A líder da lista é São Paulo com 21.571.281 milhões.
Fortaleza tem a maior Região Metropolitana do Nordeste à frente de Recife
(PE) e Salvador (BA).

A) Proximidade do litoral, favorecendo o maior aproveitamento da cidade devido


aos ventos e à pluviometria.

B) A forte migração do século XX, resultante principalmente da rápida


urbanização e do êxodo rural.

260
C) Pela industrialização e a urbanização rápidas que favorecera maior número
de empregos na RMF para populações que possuíam exclusivamente ensinos
mais avançados

D) Pela RMF ser uma das metrópoles mais avançadas do Planeta, sendo, assim,
atrator de vários migrantes de vários países.

7 – Na segunda metade do século XIX, a cidade de Fortaleza atingiu seu


auge em prosperidade e o seu desenvolvimento foi maior do que o das
outras cidades que estavam pleiteando o título de capital do estado. O
cultivo do algodão e a abertura direta para a comercialização com a Europa
facilitaram a modernização e a disputa pelo status de capital. Nessa
perspectiva, Fortaleza concorria com quais cidades?

A) Aquiraz e Aracati.

B) Juazeiro do Norte e Aracati.

C) Aquiraz e Sobral.

D) Sobral e Juazeiro do Norte.

8 - Na segunda metade do século XX, a cidade de Fortaleza passou por um


processo de urbanização inicial que influenciou a sua promoção para a
capital do Ceará. Podemos destacar como principais construções:

A) a Santa Casa de Misericórdia, a Biblioteca Pública e a Cadeia Pública

B) o Liceu do Ceará, o Farol do Mucuripe e a Praça Marques de Herval.

C) a Santa Casa de Misericórdia, o Liceu do Ceará e a Cadeia Pública.

D) a Biblioteca Pública, o Farol do Mucuripe e o Passeio Público.

09 – Quais das atividades a seguir têm maior importância na economia de


Fortaleza?

A) Pecuária.
B) Pesca.
C) Refinaria de petróleo.
D) Turismo.

261
10 – Sabendo-se que os bairros estão agrupados em territórios
administrativos e em Secretarias Executivas Regionais, como podemos
localizar o bairro Centro?

A) O bairro Centro, onde fica a sede da prefeitura de Fortaleza, está no território


1 e na Regional 12.
B) O bairro Centro, onde fica a sede da prefeitura de Fortaleza, está no território
40 e na Regional 12.
C) O bairro Centro, onde fica a sede da prefeitura de Fortaleza, está no território
1 e na Regional 7.
D) O bairro Centro, onde fica a sede da prefeitura de Fortaleza, está no território
4 e na Regional 10.
11 – O que foi o período da Belle Époque em Fortaleza?

A) Época de reorganização urbana, com o intuito de impulsionar o crescimento


econômico, combinando estratégias de higienização, saneamento e
embelezamento, tendo como espelho grandes cidades como Paris.

B) Foi o período em que os portugueses perderam a batalha contra os índios e


foram expulsos da capitania.

C) Ocorreu no ano de 1932, quando chegaram milhares de retirantes do interior


do estado à procura de empregos e assistência alimentícia, médica e de
moradia. Esses retirantes foram muito bem acolhidos pela população de
Fortaleza.

D) São os dias atuais, os quais Fortaleza aparece como centro político,


administrativo e econômico do Ceará; sendo uns dos principais municípios do
Brasil.

12 – Fortaleza possui a maior área de preservação natural em perímetro


urbano do Norte e Nordeste do Brasil e o quarto da América Latina, sendo
o maior fragmento verde da cidade de Fortaleza, com extenso manguezal e
dunas milenares no entorno. Qual o nome dessa área de preservação
natural?

A) Jardim América.
B) Parque Estadual do Cocó.
C) Dunas de Sabiaguaba.
D) Parque da Liberdade.

262
13 – Entre 1660 e 1698 houve o surgimento de um acanhado povoado, no
qual foi erguida uma capela dedicada a Padroeira de Fortaleza. Assinale a
alternativa que corresponde ao nome da Padroeira de Fortaleza.

A) Nossa Senhora do Carmo.

B) Nossa Senhora da Assunção.

C) Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

D) Nossa Senhora das Dores.

14 – Segundo dados do IBGE, o Produto Interno Bruto de Fortaleza é de


aproximadamente R$ 68,24 bilhões. Sobre este assunto marque a
alternativa CORRETA.

A) Fortaleza apresenta a melhor economia da região Sudeste.

B) Seu PIB está entre os 10 piores das capitais do Brasil.

C) Além de ser a maior economia do Ceará, é também a maior do Nordeste.

D) O principal setor econômico de Fortaleza é o primário, de comércios e


serviços.

15 – Entre os setores em que a população economicamente ativa de uma


determinada região encontra-se distribuída, podemos citar o primário, o
secundário e o terciário. Assinale a alternativa CORRETA, que corresponde
às atividades relacionadas ao setor terciário.

A) Atividades produtivas relacionadas à agricultura, à pecuária e ao extrativismo


mineral.

B) Atividades relacionadas à prestação de serviços e ao comércio.

C) Atividades voltadas para a indústria, a produção de bens de consumo e a


construção civil.

D) Atividades relacionadas à pesquisa e à alta tecnologia.

263
16 – Durante o século XX o governo do Ceará criou campos de
concentração para impedir a migração dos sertanejos para Fortaleza que
passava por um período de modernização. Ao todo foram criados três
campos de concentração somente em Fortaleza, exceto:

A) Alagadiço.

B) Octávio Bonfim.

C) Urubu.

D) Patú.

GABARITO:
1-A 09-D
2-C 10-A
3-B 11-A
4-A 12-B
5-B 13-B
6-B 14-C
7-A 15-B
8-A 16-D

264
ATUALIDADES

265
ECONOMIA MUNDIAL GLOBALIZAÇÃO, COMÉRCIO MUNDIAL E
FORMAÇÃO DE BLOCOS ECONÔMICOS
01. Reino Unido e União Europeia afirmam que pretendem evitar o restabelecimento de
uma fronteira “dura” entre uma província britânica e uma república, que é membro da
União Europeia, após a saídabritânica do bloco, no fim de março de 2019.
Essa preocupação dos negociadores do Brexit se concentra na manutenção da convivência
pacíficaentre
A) o País de Gales e a Irlanda do Sul.
B) a Irlanda do Norte e a República da Irlanda.
C) a Escócia e o País de Gales.
D) a República da Irlanda e a Escócia.
E) a Irlanda do Norte e o País de Gales.

02. Empresas temem que ano já esteja perdido após a greve dos caminhoneiros.
Apesar de analistas projetarem recuperação, economia real sinaliza que
estrago se prolonga. (Fonte adaptada: www1.folha.uol.com.br >acesso em 14
de novembro de 2018)
Sobre a greve dos caminhoneiros ocorrida em maio de 2018, analise:
I- Uma das principais reivindicações era a diminuição do valor do óleo diesel utilizado
para abasteceros caminhões;
II- O governo federal atendendo a uma das reivindicações dos caminhoneiros
decidiu por isentar totalmente todos os caminhões com até oito eixos, do pagamento
de pedágio, nas rodovias federais;
III- A greve dos caminhoneiros prejudicou vários setores da economia e o Produto
Interno Bruto (PIB),diminuiu no mês da paralisação.
Dos itens acima:
A) Apenas os itens I e II estão corretos.
B) Apenas os itens I e III estão corretos.
C) Apenas os itens II e III estão corretos.
D) Todos os itens estão corretos.
03. A palavra globalização é normalmente utilizada para definir o atual estágio da
economia mundial e, para muitos analistas, retrata a possível culminância de um
processo histórico que, iniciado com as grandes navegações do início da Idade
Moderna, aprofundou-se com a Revolução Industrial dos últimos dois séculos. Em
linhas gerais, a ordem econômica mundial contemporânea caracteriza-se por

266
A) ações do crime organizado em escala global, que dificultam a livre circulação de capitais,
fato queprejudica o funcionamento das bolsas de valores mundiais.
B) extraordinário desenvolvimento científico e tecnológico, que amplia consideravelmente a
capacidadede produção econômica e estimula a expansão do mercado consumidor.
C) acirramento do protecionismo econômico praticado pelos países ricos, que inibe as trocas
e impedeque os países pobres participem do comércio mundial.
D) perda de importância dos blocos econômicos, como a União Europeia e o MERCOSUL
que, na prática,têm sido substituídos pela ação isolada de cada país.
E) uma economia globalizada, que reduz drasticamente as diferenças entre continentes,
regiões epovos, promovendo a distribuição da riqueza de modo mais igualitário.

GABARITO:
01 – B
02 – B
03 – B

267
ENERGIA
A CRISE DE COMBUSTÍVEIS E A MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA
01. Depois de quase esgotar o seu potencial hidrelétrico na última década de 90, o
Nordeste ressurgecomo a grande sensação da energia alternativa. Até 2023, a geração
de novas fontes renováveis — como eólica e solar — vai representar 60% da matriz
energética da região. Juntas, as usinas vão somar22 mil megawatts de potência
instalada, mais que o dobro da atual capacidade hídrica do Nordeste e quase metade
da geração alternativa prevista para o país.
O Estado de S.Paulo. 11/1/2015, p. B6 (com adaptações).
Tendo o fragmento de texto acima como referência, julgue o item a seguir,
considerando os diversos aspectos relativos ao tema tratado. A descoberta de
petróleo na camada do pré-sal é considerada a redenção econômica da região
Nordeste, fato que se deve, sobretudo, ao baixo custo de extração do petróleo nessa
camada.
Certo ( ) Errado ( )
02. A grande vantagem das usinas hidrelétricas, se comparadas a outras fontes de
energia, como a solar e a eólica, é o quase inexistente impacto ambiental por elas
causado.
Certo ( ) Errado ( )
03. Enquanto o Brasil faz investimentos bilionários no pré-sal e os EUA avançam a
passos largos na exploração de gás não convencional, a matriz energética mundial
tende a ficar mais limpa nos próximos vinte anos. Contudo, apesar do forte avanço de
fontes renováveis, como a eólica e a solar, especialistas do setor acreditam que o
petróleo permanecerá sendo a principal fonte energética do mundo ainda por muitos
anos. Tendo o fragmento de texto acima como referência inicial e considerando
aspectos marcantes do atual estágio da economia mundial, julgue os itens a seguir. A
dependência, em relação ao petróleo, do modelo econômico-industrial ainda
prevalecente no planeta é fator importante para fazer do Oriente Médio uma das mais
estratégicas e conflituosas regiões do mundo contemporâneo.
Certo ( ) Errado ( )

GABARITO
01 – E
02 – E
03 – C

268
MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

01. A respeito de efeito estufa e matriz energética, assinale a opção correta.


A) A energia termonuclear é produzida em regiões com poucos recursos hidrográficos, mas
com elevadas reservas de óleo, carvão ou gás natural, cuja queima resulta na produção de
vapor de água a ser utilizado na movimentação das pás das turbinas das usinas
termonucleares. Para isso, o governo brasileiro, em cooperação com o governo alemão, tem
investido na instalação de usinas termonucleares na região Nordeste, como forma de
suplantar a dependência energética do país ao petróleo.
B) À conferência Rio+20, realizada em 2012, estiveram presentes vários chefes de Estado,
entre eles, o presidente Barack Obama, que surpreendeu o mundo ao afirmar, em discurso
oficial, que os EUA ratificariam o Protocolo de Quioto.
C) O efeito estufa é um fenômeno natural e possibilita a vida humana na Terra: parte da
energia solar que chega ao planeta é refletida diretamente de volta ao espaço, ao atingir o
topo da atmosfera terrestre, e parte é absorvida pelos oceanos e pela superfície da Terra,
promovendo o seu aquecimento.Uma parcela desse calor seria irradiada de volta ao espaço,
mas é bloqueada pela presença de gases de efeito estufa, que, apesar de deixarem passar
a energia vinda do Sol, são opacos à radiação terrestre.
D) Existe um consenso entre os cientistas e os ambientalistas a respeito da ocorrência do
aquecimento global. Esse fenômeno é natural e acontece pelo aumento da temperatura
média dos oceanos e do ar próximo à superfície da Terra, ocorrendo desde meados do
século XX e permanecendo no século XXI.
E) As principais vantagens da energia eólica dizem respeito ao fato de ela ser inesgotável,
não emitir gases poluentes, não gerar resíduos e diminuir a emissão de gases de efeito de
estufa (GEE). A grande vantagem em relação a outras fontes é o seu baixíssimo impacto
visual e sonoro, pois a instalação dosparques eólicos não ocasiona nenhuma modificação da
paisagem ao redor e nem emite ruídos.
02. O processo de desertificação é geralmente causado por degradação ambiental
com várias consequências do ponto de vista de perdas sociais, econômicas e
ambientais. São perdas causadas pela desertificação:
A) o aumento da escassez hídrica; perda da fertilidade do solo; redução da produção de
alimentos; diminuição drástica das reservas de madeira.
B) o aumento do volume de chuvas; aumento da fertilidade do solo; redução da produção de
alimentos;aumento da reserva de madeira.
C) a diminuição da derrubada de árvores; aumento da perda agrícola; aumento da escassez
hídrica.
D) o aumento do volume de rios e lagos; diminuição do volume de chuvas; maior irrigação nas
lavouras.
E) a proteção das reservas hídricas; proteção das reservas de madeira; proteção dos plantios de

269
alimentos.
03. Os efeitos da poluição e os problemas ambientais de caráter local, regional ou
global têm contribuído bastante para a sensibilização da sociedade na busca de
acordos sobre tecnologias mais limpas e mecanismos de desenvolvimento
sustentável. O Protocolo de Montreal, criado em 1987, é um tratado internacional que
estabeleceu, principalmente, medidas para mitigação de determinado problema
ambiental, conhecido como
A) Chuva ácida
B) Inversão Térmica
C) Efeito Estufa
D) Destruição da camada de ozônio
E) desertificação

GABARITO:
01 – C
02 – A
03 – D

270
RELAÇÕES INTERNACIONAIS

01. O Oriente Médio é uma das mais tensas regiões do mundo contemporâneo. Nele,
interesses econômicos, sobretudo os ligados ao petróleo, se juntam a divergências
políticas e animosidades religiosas para fazer daquela área um foco permanente de
conflitos. O país que, na atualidade, se tornou símbolo de tragédia humanitária,
representada por milhares de migrantes que buscam abrigo na Europa, e que sofre os
males de uma guerra civil, a ação de grupos insurgentes e a violência do terrorismo é
a
A) Síria
B) Turquia
C) Líbia
D) Marrocos
E) Arábia Saudita

02. Em relação ao movimento denominado Primavera Árabe, assinale a opção correta.


A) O não cumprimento de reformas democráticas na Síria exacerbou os ânimos de opositores
ao regime do presidente Bashar al-Assad, o que originou uma série de protestos com o
objetivo de derrubar o governo do presidente.
B) O presidente do Egito, Muammar Kadafi, é um dos ditadores que ainda resiste à onda de
revoluçõesda Primavera Árabe.
C) O prolongado episódio de guerra na Líbia provocou mudanças históricas e culminou com
a queda do ditador Hosni Mubarak.
D) Israel é um dos protagonistas das tensões no Oriente Médio. A deposição do presidente
Benjamin Netanyahu, realizada por seus opositores, deu início a uma guerra civil no país.
E) A Primavera Árabe provocou mudanças históricas surpreendentes. Nesse momento
histórico, o primeiro ditador deposto foi o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.

03. Al Qaeda, organização que se notabilizou pelos ataques de 11 de setembro de 2001


aos Estados Unidos da América, caracteriza-se
A) pela ação violenta impulsionada pela religião e dirigida exclusivamente contra países
ocidentais.
B) pelo emprego esporádico da violência para fins religiosos, sem conotações políticas ou
ideológicas.
C) pelo uso seletivo da violência para atingir seus objetivos econômicos, procurando poupar
alvos civis.

271
D) pela prática sistemática de violência de forma indiscriminada, materializada em diversos
atentados.
E) pela forma de resistência às imposições culturais do Ocidente, internacionalmente legitimada.

GABARITO:
01 – A
02 – E
03 – D

272
SOCIEDADE
01. De acordo com relatório do Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade infantil no
Brasil subiu 4,8% entre 2015 e 2016, representando o primeiro aumento em 26 anos. A
taxa estava caindo desde 1990, quando foram registradas 47,1 mortes para cada 1000
crianças com menos de 1 ano. No entanto, em 2016 foram contabilizados 14 óbitos de
crianças com até 1 ano a cada 1000; em 2015 foram 13,3 mortes.
O Ministério da Saúde explicou que o indicador foi afetado pelo(a)
A) insucesso das campanhas de vacinação de sarampo junto às populações mais sujeitas à
doença.
B) aumento da taxa de desemprego, que reduziu a intenção da gestação diante das incertezas
do mercado laboral.
C) fechamento de leitos de UTI neonatal em hospitais mantidos pelo poder público.
D) redução na taxa de nascimento, ocasionada pelo adiamento da gestação diante da epidemia
de zikavírus.
E) epidemia causada pelo vírus H1N1 que afetou crianças das regiões Sul e Sudeste.

02. O Brasil criou 47.319 vagas com carteira assinada no último mês de julho,
segundo dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados)
divulgados em 22 de agosto. O resultadoé o saldo, ou seja, a diferença entre as vagas
abertas e fechadas. O resultado positivo de julho foi puxado pelo agronegócio,
serviços e construção civil. O comércio e a administração pública apresentaram
resultados negativos.
Existem outros números sobre desemprego apresentados pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), que são mais amplos, pois levam em conta todos
os trabalhadores, com e sem carteira.
A última PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) registrou que o Brasil
tinhaaproximadamente:
A) 3 milhões de desempregados.
B) 13 milhões de desempregados.
C) 23 milhões de desempregados.
D) 3 milhões de desempregados.

03. O Brasil encerrou 2017 com mais demissões do que contratações, segundo dados
do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) que serão divulgados
pelo governo nos próximos dias. Em dezembro, o saldo de emprego formal ficou
negativo em 328539 vagas.

273
(Adaptado de: Folha de S.Paulo − goo.gl/W2LqXt)
Durante o ano de 2017, o maior número de demissões e maior contribuição para o
desemprego ocorreuno setor

A) agropecuário.
B) de indústria de transformação.

C) de construção civil.
D) comercial.

E) de serviços.

GABARITO:
01 – D
02 – B
03 – D

274
POLÍTICA

01. Uma das características da política externa brasileira é o fato do país manter
relações ativas com praticamente todos os Estados filiados ao Sistema Internacional
(ONU) e, por meio desta instituição, participando de diversas organizações
internacionais (filiadas ou não ao Sistema ONU) e sempre buscando participar das
discussões em andamento e apresentando propostas concretas e realizando acordos
bilaterais, trilaterais ou multilaterais. O Mercosul e a UNASUL e o conceito de América
do Sul (em contraposição à América Latina, o que incluiria o México) passam a ocupar
a grande parte da agenda multilateral do Brasil. Na primeira década do século XXI, nos
anos 2000, novos temas ganham centralidade na agenda sul-americana
(Mercosul/UNASUL) do Brasil.
Assinale a opção que não pode ser considerada como um “novo tema” (séc. XXI) na
agenda da política externa brasileira.
A) Integração física e da infraestrutura via IIRSA.
B) Fortalecimento da questão da segurança e defesa na UNASUL.
C) Migrações, especialmente as advindas da América Central/Caribe (p. ex.: Haiti).
D) Apoio à solução pacífica de conflitos e a promoção cooperação internacional.
E) Integração produtiva na América do Sul (p. ex.: construção de um anel óptico sul-americano,
construção de um avião sul-americano, apoio do BNDES em projetos de infraestrutura regionais,
entreoutros).
02. A Organização Mundial do Comércio (OMC) é uma instituição internacional
multilateral, sediada em Genebra, com muitos países membros, inclusive o Brasil, os
quais comerciam entre si.
Essa organização exerce diversas funções, dentre as quais,
A) manter um grande banco de dados com medidas e estatísticas sobre o comércio
internacional.
B) estabelecer direitos trabalhistas mínimos a serem respeitados pelos países membros.
C) estabelecer controles de dano ambiental mínimos a serem respeitados pelos países
membros.
D) aprovar previamente as políticas cambiais de seus países membros.
E) criar e administrar mecanismos de fiscalização do comércio internacional ilegal
(contrabando).
03. A Presidente do Brasil afirmou, em 31 de julho de 2012, no Palácio do Planalto,
após a Cúpula Extraordinária do Mercosul, que, para o bloco, tem significado histórico
o ingresso
A) da Colômbia.

275
B) do Equador.
C) da Venezuela.
D) do Peru.
E) do Chile.

GABARITO:
01 – D
02 – A
03 – C

276
SEGURANÇA
01. Uma guerra de facções, em meio a uma onda de violência, está por trás do
assassinato de 14 pessoas em uma casa de forró no último sábado (27 de janeiro). Uma
pessoa foi presa. A casa de forró era frequentada por membros de uma das facções,
disseram um policial militar e moradores do bairro; o ataque é atribuído pelas mesmas
pessoas a outra facção.
(G1, 29.01.2018. Disponível em: <https://goo.gl/tyqXYp> . Adaptado)
Policiais militares, civis e bombeiros decidiram nesta terça-feira (9 de janeiro) pôr fim à
paralisação das categorias, que durou 22 dias. Em reunião nesta tarde com
representantes de associações de classe, o governador aceitou as reivindicações das
categorias e prometeu não abrir processo administrativo ou qualquer outra sanção
contra nenhum agente pela paralisação.

(Folha de S.Paulo, 09.01.2018.Disponível em: https://goo.gl/sRkS1A. Adaptado)


As duas notícias tratam, respectivamente,
A) do Ceará e do Rio Grande do Norte.

B) de Pernambuco e de Sergipe.

C) do Piauí e do Maranhão.

D) da Paraíba e do Pará.

E) da Bahia e de Alagoas

02. Uma guerra pelo poder local travada por traficantes que atendem por apelidos
como Nem, Rogério 157, Snoopy, Marrento e Vampeta foi o estopim para que cerca de
950 integrantes das Forças Armadas agissem a partir de 22 de setembro em uma das
áreas mais turbulentas do Rio de Janeiro.
(Folha.S.P – goo.gl/sD9rVJ. Acesso em 16.10.2017. Adaptado)
A guerra pelo poder local levou à intervenção das Forças Armadas
A) na Comunidade Santa Marta.

B) na Comunidade da Portela.

C) no Morro do Vidigal.

D) na Rocinha.

E) no Morro da Mangueira.

03. Caminhões-tanque e homens do Exército já podem ser vistos circulando pelas


ruas do Rio de Janeiro nesta sexta-feira (28 de julho). Ao todo, mais de 10 mil agentes
federais de segurança atuarão

277
no Estado até o final deste ano, com prazo prorrogável até dezembro de 2018. As
tropas iniciaram os bloqueios nesta sexta nas principais vias expressas, além de
pontos turísticos da cidade. A medida foi autorizada pelo presidente Michel Temer
(PMDB), por meio de um decreto GLO (Garantia da Lei e da Ordem). (UOL, 28 jul.17.
Disponível em:<https://goo.gl/ieZg72> . Adaptado) Entre as principais razões utilizadas
para justificar tal medida, é correto identificar
A) a ocorrência de sucessivas rebeliões com mortes de reféns em presídios fluminenses.

B) o assassinato de mais de 90 policiais em solo fluminense desde o início do ano.

C) o alto número de arrastões que afetou as praias mais famosas da cidade entre junho e julho.

D) as desocupações forçadas de prédios públicos feitas por traficantes como demonstração de


força.
E) a morte de mais de dez turistas estrangeiros em situações de violência ocorridas desde o
início doano.

GABARITO:
01 – A
02 – D
03 – A

278
TEMA: SAÚDE – PANDEMIA

Da descoberta de uma nova doença até a pandemia: a evolução da Covid-19


registrada nos tuítes da OMS
Por Deslange Paiva, G1

03/04/2020 13h30, atualizado há um ano.

Publicações da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam o avanço do número de


casos da Covid-19 em três meses desde o surgimento do vírus.
A primeira vez que a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi informada sobre o vírus
Sars-Cov-2, ele não tinha ainda um nome definido. Em 9 de janeiro de 2020, a organização
publicou um tuíte sobre o surgimento de um número elevado de casos de pneumonia em
uma cidade na China.
Depois disso, a situação começou a ser acompanhada de perto pela organização, que
utilizou a rede social como meio de divulgação das principais informações sobre o novo
coronavírus.
O G1 reuniu uma cronologia dos comunicados divulgados pela a OMS que mostra o
avanço da Covid-19 pelo mundo e como o vírus passou de um problema regional para uma
pandemia.
• em janeiro a OMS já tinha informado que todos os países deveriam se preparar
para monitorar e realizar testes em casos suspeitos
• o número de casos passou a ter rápida elevação na segunda quinzena de fevereiro
• o primeiro caso registrado nos Estados Unidos foi em janeiro. Somente em
março o país adotou medidas drásticas para conter a disseminação do vírus

279
• o novo coronavírus foi definido como pandemia no início de março
• em março, o número de infectados saltou de 100 para 800 mil, ultrapassando 1
milhão em 2 de abril
Até esta sexta-feira (3), os Estados Unidos, país com mais casos da doença, registravam
mais de 6 mil mortes e ao menos 245 mil confirmações de infecção pelo novo coronavírus,
segundo a Universidade Johns Hopkins. A China, primeiro epicentro do vírus, registrava
82.432 casos. No mundo todo, o total de casos já ultrapassou 1 milhão.
Só entre quarta (1º) e quinta-feira, os Estados Unidos registraram 1.169 mortes em 24
horas, também de acordo com a Johns Hopkins. O número é o mais alto do mundo para
um dia desde o início da pandemia.
A Itália, país com maior número de mortos, ao menos 13.915 nesta sexta, deverá prorrogar
pelo menos até 2 de maio o período de confinamento.
Cronologia em posts
Em 4 de janeiro de 2019, a OMS relatou que foi procurada por autoridades chinesas para
informar uma série de casos de pneumonia, até então sem mortes, na cidade de Wuhan,
na província de Hubei.
No dia seguinte, 5 de janeiro, a Organização informou que teria sido procurada pela China
no dia 31 de dezembro com os relatos. A pneumonia, ainda sem causa, tinha registrado 44
casos: 11 pacientes em estado grave, enquanto os 33 restantes estavam em condição
estável.
Ainda no mesmo dia, a OMS informou que não tinha nenhuma recomendação específica
para evitar viagens por conta da pneumonia. Nem para viajantes que estavam em território
chinês.
Em 9 de janeiro, após investigações das autoridades chinesas, a OMS informou que os
casos de pneumonia relatados em Wuhan se tratavam de um novo vírus, da família
coronavírus, que causa doenças que variam de um resfriado comum a doenças mais
graves, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) e a Síndrome
Respiratória Aguda Grave (SARS).
Neste momento, a OMS passou a recomendar medidas de higiene para evitar a
transmissão do novo coronavírus. As recomendações incluíam lavar as mãos, cobrir a
boca ou o nariz ao tossir ou espirrar, cozinhar bem alimentos como carnes e ovos antes de
consumir, evitar contato com quaisquer pessoas com doenças respiratórias e com animais
selvagens. A organização ainda não tinha emitido nenhum comunicado para a restrição de
viagens.
Em 10 de janeiro a OMS informou que não existia nenhuma recomendação de restrição
de viagem para a China.
Em 11 de janeiro a OMS já tinha emitido um comunicado com recomendações para outros
países caso o vírus se espalhasse pelo mundo. O comunicado dizia que os países
deveriam monitorar as pessoas doentes, realizar amostras de testes, tratar pacientes que
apresentassem sintomas, controlar infecções em centros de saúde, manter os suprimentos
certos e informar ao público sobre o vírus.

280
Em 12 de janeiro, a OMS informou que não existia ainda nenhuma evidência clara que
comprovasse a transmissão de humano para humano.
Em 16 de janeiro, o Japão e a Tailândia teriam registrado os primeiros casos da doença
fora do território chinês, de pessoas que haviam viajado a Wuhan. Até aquele momento, no
entanto, a OMS não tinha nenhumamedida de restrição de viagens.
Em 19 de janeiro, a OMS informou que o índice de transmissão de pessoa para pessoa
era baixo, e que um animal era a fonte primária de transmissão.
Em 21 de janeiro foi registrado o primeiro caso do novo coronavírus nos Estados Unidos,
em um viajante que teria retornado recentemente da China.
Em 23 de janeiro, a OMS informou que o novo coronavírus era uma emergência de saúde
na China e, por enquanto, não era considerada uma emergência internacional. Até o dia 25
do mesmo mês, a organização informou que o nível de contaminação mundial era
moderado.
Em 30 de janeiro, após o crescimento do número de países afetados e a transmissão
comunitária do novo vírus, a OMS declarou a situação como emergência de saúde pública
de preocupação internacional sobre o surto global.
Em 24 de fevereiro, a OMS informou que o número de mortes fora da China, tinha chegado
a 24. E o número de casos no resto do mundo era 2.074, em 28 países. O aumento
repentino de casos na Itália, na Coreia do Sul e no Irã era considerado tema de "profunda
preocupação".
Até aquele momento, a Organização não tinha definido o novo coronavírus como uma
pandemia, por não apresentar uma disseminação global não contida.
Em 28 de fevereiro, 49 países já tinham registrado casos da Covid-19. Naquele dia, a
OMS informou que a situação era de epidemias relacionadas da Covid-19 em vários
países, mas a maioria dos casos era atribuída a contato com grupos de risco, que até
aquele momento eram pessoas que visitaram os países por onde o vírus foi se espalhando.
Ainda não havia evidência de casos de transmissão comunitária.
A OMS mantinha as mesmas recomendações de higiene para evitar o risco de
transmissão. No entanto, no mesmo dia foram divulgados novos comunicados referentes
ao novo coronavírus:
• pessoas que apresentassem sintomas deveriam evitar viagens
• grupos de riscos (pessoas com mais de 60 anos ou com problemas respiratórios e
doenças crônicas) deveriam evitar aglomerações
• pessoas doentes deveriam ficar em casa, e comer e dormir separadamente da sua
família, além de usar utensílios e talheres diferentes para comer
• em caso de falta de ar, a recomendação era para procurar um médico imediatamente
Em 9 de março, a OMS dividiu os países em três categorias e classificou a Covid-19 como
uma epidemia com características desiguais globalmente. Todos os países foram
recomendados a testar e isolar todos os casos suspeitos do novo vírus.
No entanto, os países que apresentassem transmissões comunitárias deveriam tomar
medidas mais drásticas, como fechar escolas, cancelar eventos e reuniões e evitar

281
aglomeração de pessoas.
Após 114 países terem sido atingidos pela doença, em 11 de março a OMS optou por
declarar o novo coronavírus como uma pandemia. Nessa data, a principal
recomendação da organização era que os países realizassem testes em massa e
definissem medidas de isolamento para evitar o crescimento de transmissão.
Em 13 de março, com o crescimento do número de casos na Europa, em grande parte na
Itália, a OMS decretou o continente europeu como o epicentro do novo coronavírus. A
organização manteve a posição de que todos os países devem realizar testes em massa,
isolar infectados e tomar medidas de distanciamento social.
Em 16 de março, a OMS ressaltou a importância do distanciamento social que foi adotado
por vários países como medida de precaução. A organização voltou a reforçar a
importância da realização de testes em massa.
No dia 23 de março foram confirmados mais de 300 mil casos do novo coronavírus em
todo o mundo.
Em 25 de março, a pandemia teve um crescimento mais acelerado no número de casos
confirmados da Covid-19.
Os primeiros 100 mil casos foram registrados ao longo dos 67 dias desde o inicio da
pandemia. A partir disso, o número chegou em 200 mil casos após 11 dias. Três dias
depois o número chegou em 300 mil, e chegou a 400 mil apenas dois dias depois.
De acordo com a Universidade Johns Hopkings, em atualização das 9h21 desta sexta-feira
(3), o número de casos no mundo chegou a 1.039.166. São mais de 54,3 mil mortes e mais
de 218,8 mil pessoas recuperadas da doença desde o início da pandemia.
Coronavírus: veja a cronologia da doença no Brasil
Relembre as medidas tomadas pelos governos federal e estaduais contra a evolução
do vírus e pela retomada da economia, além dos casos dos mais jovens a morrerem
no país.
Por G1

06/04/2020 16h54, atualizado há um ano

O Brasil ultrapassou nesta segunda-feira (6), 20 dias após ser confirmada em São Paulo a
primeira morte de um infectado pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), a marca de 500
mortes causadas pela Covid-19. Naquele dia, eram 301 casos da doença confirmados no
país. Nesta segunda-feira, o total de casos já passava de 11,5 mil.
O período foi marcado por medidas dos governos estaduais para evitar aglomerações e
promover o distanciamento social. No governo federal, foram tomadas ações para
incentivar a economia em meio ao combate ao combate ao vírus.
As últimas semanas, no entanto, também tiveram declarações e atitudes do presidente da
República, Jair Bolsonaro, que foram na contramão das ações tomadas ao redor do
mundo contra o coronavírus e que contrariam recomendações das autoridades nacionais e
internacionais de saúde.

282
06.02: lei da quarentena
Antes de haver casos da doença no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro sancionou a lei que
trata as normas da quarentena no país e medidas de combate ao coronavírus. A
proposta foi enviada pelo Executivo ao Congresso e aprovada na mesma semana como
forma de estabelecer regras para a chegada no país dos brasileiros que estavam em
Wuhan - cidade chinesa epicentro da pandemia -- e foram trazidos ao Brasil pelo governo
brasileiro.
09.02: chegada de repatriados
Chegaram ao Brasil dois aviões da Força Aérea Brasileira com os repatriados que estavam
em Wuhan e deixaram a cidade da China em meio ao período de restrição de circulação no
local. Eles precisaram passar 18 dias em quarentena na Base Aérea de Anápolis. Eram 34
passageiros, entre brasileiros e cônjuges chineses.
26.02: 1º caso no Brasil
O Ministério da Saúde informou ter confirmado o primeiro caso positivo de coronavírus no
Brasil. A confirmação também era a primeira da doença na América Latina. O homem de 61
anos que mora em São Paulo tinha chegado de viagem à Itália, país que no início de abril
tinha o maior número de mortos pela doença - mais de 15,8 mil. O homem estava
assintomático e foi deixado em quarentena domiciliar. Outras 30 pessoas que tiveram contato
com ele ficaram em observação, segundo o ministério.

11.03: aulas e serviços suspensos


O Distrito Federal foi a primeira unidade da federação a estabelecer medidas de
distanciamento social. Por meio de um decreto, o governador Ibaneis Rocha (MDB)
suspendeu as aulas na rede pública e privada por cinco dias, além de eventos que
exigissem licenças do governo do Distrito Federal. Dias depois foram suspensas também
atividades de atendimento ao público em comércios, medida que incluiu restaurantes,
bares, lojas, salões de beleza, entre outros.
Ações similares foram tomadas nos dias seguintes em estados como São Paulo, em 16 de
março, e Rio de Janeiro, em 17 de março. Os demais estados também passaram a tomar
medidas de quarentena.
12.03: integrantes do governo infectados
O secretário de Comunicação Social da Presidência da República, Fábio Wanjgarten,
testou positivo para o coronavírus. Ele havia acabado de voltar de uma viagem aos
Estados Unidos junto com o presidente Jair Bolsonaro e comitiva presidencial.
Bolsonaro chegou a fazer dois testes para a doença. Segundo o presidente, os dois testes
deram negativos. Mais de 20 pessoas que faziam parte da comitiva ou tiveram contato
com Bolsonaro durante a viagem contraíram a doença, como os ministros Augusto
Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Bento Albuquerque (Minas e Energia), o
senador Nelsinho Trad (PSD-MS) e o prefeito de Miami, Francis Suarez.
17.03: 1ª morte no Brasil
O Brasil teve a primeira confirmação de morte pela Covid-19 em São Paulo.

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O homem de 62 anos estava internado em um hospital particular e tinha histórico de
diabetes, hipertensão e hiperplasia prostática — um aumento benigno da próstata que não
é uma doença, mas uma condição comum em homens mais velhos e que pode causar
infecções urinárias.
22.03: MP flexibiliza regras trabalhistas
O presidente Jair Bolsonaro editou uma medida provisória que flexibiliza as regras
trabalhistas. Inicialmente, a proposta permitia a suspensão de contratos de trabalho por
até 4 meses, mas o presidente retirou artigo que tratava desse assunto após receber
críticas. Permaneceram as novas normas que tratam, por exemplo, de teletrabalho, férias
individuais e coletivas e banco de horas.
24.03: Bolsonaro pede volta à normalidade
O presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento na TV no qual pediu 'volta à
normalidade' e o fim do 'confinamento em massa". A declaração contrariou o que
especialistas e autoridades sanitárias do Brasil e do mundo vêm pregando como forma de
evitar que o novo coronavírus se espalhe, o isolamento e o distanciamento social.
Na fala, o presidente também culpou os meios de comunicação por espalharem, segundo
ele, uma sensação de "pavor". O pronunciamento foi duramente criticado por governadores,
parlamentares e especialistas da área de Saúde. O Ministério da Saúde, que já vinha
recomendando o distanciamento social, não comentou.
25.03: governadores criticam Bolsonaro
Após pronunciamento de Bolsonaro contra medidas de isolamento, 25 dos 27
governadores afirmaram que manteriam as iniciativas de quarentena já tomadas para
combater o coronavírus.
26.03: cidades vazias após um mês da doença
No último dia 26, várias cidades do país estavam com ruas vazias em meio a medidas
de quarentena anunciadas pelos governos estaduais.
Naquela data, um dia após completar um mês desde que a primeira morte tinha sido
registrada no Brasil, o país tinha mais de 60 mortos pela doença. O G1 comparou a
situação brasileira à época com a de outros países largamente afetados: China, Itália,
Coreia do Sul e Estados Unidos.
28.03: mais de 100 mortos
No último dia 28, o total de mortos no país pela Covid-19 já era superior a 100,
chegando a 113, segundo as secretarias estaduais de Saúde. O número foi alcançado 11
dias após a primeira morte pela doençano Brasil.
30.03: Força Nacional na Saúde
Uma portaria assinada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro,
autorizou o uso da Força Nacional para dar apoio ao Ministério da Saúde nas ações de
combate ao novo coronavírus. A medida garante, por exemplo, o auxílio para
funcionamento de hospitais e controle sanitário, além de "aplicação das medidas
coercitivas [com efeito de reprimir]" para, por exemplo, garantir a realização de exames

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médicos e testes laboratoriais obrigatórios.
31.03: morre homem aos 23 anos
O gastrólogo Matheus Aciole, de 23 anos, teve a confirmação da morte por coronavírus
em 17 de março. Até então, ele era a pessoas mais jovem a morrer pelo vírus no país. Ele
era morador de Natal e tinha obesidade, que pode estar associada a quadros casos graves
da doença, segundo aponta pesquisa do Reino Unido.
01.04 - MP da redução salarial
Entrou em vigor em 1º de abril a medida provisória (MP) que estabelece o Programa
Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda. A MP permite a suspensão de
contratos de trabalho ou a redução salarial e de jornada para reduzir a folha de
pagamentos e evitar demissões em massa durante a crise do novo coronavírus.
02.04 - Auxílio de R$ 600
Foi publicada no "Diário Oficial da União" a lei que cria um auxílio de R$ 600 mensais,
por três meses, a trabalhadores informais, como forma de conter a crise econômica
causada pelo novo coronavírus. Bolsonaro informou que o auxílio deverá beneficiar 54
milhões de pessoas, com custo de R$ 98 bilhões.
06.04: morrem adolescente e bebê
Após a morte de um rapaz de 23 anos, um adolescente de 15 anos se tornou o mais
jovem a morrer após contrair coronavírus no Brasil. Ele era morador de São Lourenço da
Mata, no Grande Recife, e morreu em 27 de março, após uma semana de internação tendo
sintomas como febre, tosse e dificuldade de respirar. O resultado do exame para a Covid-
19 só saiu no domingo (5), e a divulgação do caso saiu em boletim da Secretaria Estadual
de Saúde desta segunda.
Horas após a divulgação da morte do adolescente, foi confirmada a morte de um bebê de 3
meses no Ceará. A criança havia nascido com Síndrome de Bartter, uma alteração nos rins
que afeta a taxa de potássio no sangue.

Por que o coronavírus agora se chama covid-19 e como esses nomes são criados?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que o nome oficial da doença
causada pelo novo coronavírus passará a ser Covid-19.
"Agora temos um nome para a doença e é Covid-19", disse o chefe da OMS, Tedros
Adhanom Ghebreyesus, a repórteres em Genebra.
O Dr. Ghebreyesus pediu ao mundo que lute contra o novo vírus da maneira mais agressiva
possível.
A palavra coronavírus refere-se ao grupo ao qual o vírus pertence, e não à última cepa. O
vírus em si foi designado como SARS-CoV-2 pelo Comitê Internacional de Taxonomia de
Vírus.
Os pesquisadores vêm clamando por um nome oficial para evitar confusão e
estigmatização de qualquer grupo ou país.

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"Tivemos que encontrar um nome que não se referisse a uma localização geográfica, a um
animal, a um indivíduo ou a grupo de pessoas, e que também seja pronunciável e
relacionado à doença", explicou o chefe da OMS.
"Ter um nome é importante para impedir o uso de outros nomes que podem ser imprecisos
ou estigmatizantes. Também nos fornece um padrão a ser usado em futuros surtos de
coronavírus."
O novo nome é retirado das palavras "corona", "vírus" e "doença", com 2019
representando o ano em que surgiu (o surto foi relatado à OMS em 31 de dezembro).
Atualmente, existem mais de 42.200 casos confirmados em toda a China. O número de
mortes ultrapassou o da epidemia de Sars em 2002-2003.
Na segunda-feira, 103 pessoas morreram apenas na província de Hubei, um recorde diário,
e o número nacional de mortes no país era de 1.016. No entanto, o número de novas
infecções em todo o país caiu quase 20% em relação ao dia anterior, de 3.062 para 2.478.
Europa é o novo epicentro da pandemia de coronavírus, diz OMS
Secretário geral afirmou que o número de casos confirmados por dia na Europa já é
maior que os confirmados na China.
Por G1 - 13/03/2020

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus,


afirmou nesta sexta- feira (13) que a Europa se tornou o novo epicentro da pandemia de
coronavírus. O oficial informou que o número de casos confirmados por dia na Europa já é
maior que os confirmados na China.
Ao lembrar que o número de mortes no mundo em decorrência do coronavírus superou a
marca dos 5 mil nesta sexta, Tedros afirmou que é "impossível" dizer quando a pandemia
alcançará o seu pico.
Por isso, Tedros pediu que os doentes "fiquem em casa" e que os saudáveis "cancelem
viagens desnecessárias e grandes eventos sociais" e que todos "sigam as recomendações
da sua autoridade sanitária local ou nacional." O Secretário Geral lembrou que cada país é
livre para decidir suas próprias medidas de contenção da pandemia diante das
necessidades específicas de sua população.
Ainda durante a coletiva de imprensa desta sexta, o diretor executivo da ONU, Michael
Ryan, afirmou que, desde que os casos de Covid-19 se transformaram em uma pandemia,
cada pessoa passou a ser responsável por frear as transmissões. "Cada membro da
sociedade sabe o que fazer, cada membro da sociedade está informado."
Ryan lembrou da urgência no desenvolvimento de uma vacina contra o Covid-19 e frisou a
importância de se fazer investimentos nas pesquisas da vacina.
A diretora técnica Maria van Kerkhove pediu que, todos que apresentarem os sintomas -
febre e tosse - que "por favor, façam o teste de coronavírus."
Segundo dados da CGTN, estatal chinesa de notícias, até o momento, foram 5.090 mortes
por esta infecção em todo o mundo. A maior parte delas, 3.180, está concentrada na

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China.
Na Europa, o país mais afetado é a Itália, que ultrapassou as 1 mil mortes e já tem mais de
15 mil casos confirmados.
Europa intensifica guerra contra o coronavírus
Com 100 milhões de pessoas em quarentena, países europeus anunciam série de
medidas restritivas para conter pandemia no continente. Governos limitam a livre
circulação de cidadãos e fecham fronteiras, escolas e comércio.
Por Deutsche Welle - 15/03/2020 16h32

Em alerta máximo diante do avanço do coronavírus, países da Europa anunciam neste fim
de semana uma série de medidas restritivas para tentar conter a pandemia no continente,
onde mais de 100 milhões de residentes já estão em quarentena em suas casas.
O número de pessoas infectadas superou 156 mil neste domingo (15) em todo o mundo,
com mais de 5.800 mortes, incluindo mais de 400 mortes somente nas últimas 24 horas.
Especialistas alertam, no entanto, que a cifra real pode ser muito maior, pois os exames
não estão disponíveis para todos, e pessoas podem estar infectadas sem apresentar
sintomas.
Na Espanha, país europeu mais afetado depois da Itália, o número de mortos mais que
dobrou em um dia: foram 152 novas vítimas desde sábado, chegando a um total de 288 no
país – a maioria, 213, em Madri. O território espanhol conta ainda 7.753 casos confirmados
da doença covid-19.
No sábado (14), o governo da Espanha declarou estado de emergência nacional e decidiu
limitar a livre circulação da população em todo o país, colocando mais de 47 milhões de
pessoas em quarentena parcial. Os espanhóis só podem deixar suas casas para fazer
compras essenciais, buscar tratamento médico ou ir ao trabalho. Escolas, hotéis e quase
todo o comércio estão fechados.
Em Barcelona, pessoas que se aventuraram a sair de casa para comprar pão neste
domingo, primeiro dia da quarentena, enfrentaram longas filas nas padarias, com
distâncias de um metro entre uma pessoa e outra, conforme recomendado pelas
autoridades para reduzir o risco de contágio.
Na França, o primeiro-ministro Édouard Philippe impôs o fechamento da maioria das lojas,
restaurantes e locais de entretenimento a partir da meia-noite de sábado para domingo, e
pediu que os franceses fiquem em casa. O governo já havia decidido fechar as escolas a
partir de segunda.
O país, contudo, decidiu manter as eleições regionais programadas para este domingo,
mas sob diretrizes rígidas de saúde, com eleitores sendo instruídos a manter distância uns
dos outros. O pleito elegerá prefeitos para 35 mil municipalidades e quase meio milhão de
vereadores.
"Macron nos diz para ficar em casa para nossa própria segurança e depois nos diz que é
bom votar. Não faz sentido. Não vou votar", disse Marie-Helene Corbellini, de 75 anos,
uma entre muitos eleitores que devem se abster de ir às urnas neste domingo.

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O presidente Emmanuel Macron decidiu na semana passada não suspender as eleições,
apesar das preocupações de que as pessoas possam correr mais risco indo às zonas de
votação. O líder francês justificou ser vital que o sistema democrático continue funcionando.
No sábado, autoridades francesas informaram que o vírus Sars-Cov-2 infectou mais de
4.500 pessoas no país, incluindo 300 pessoas internadas em terapia intensiva. Ao menos
91 pessoas morreram devido à doença.
A Alemanha, por sua vez, decidiu neste domingo fechar suas fronteiras com a França,
Áustria, Suíça e Dinamarca a partir desta segunda-feira. O transporte internacional de
mercadorias ainda será permitido, bem como a passagem de cidadãos que moram em um
desses países e trabalham em outro.
Com tal medida, as autoridades alemãs visam não somente retardar a disseminação do
vírus, mas também reduzir compras em massa, por cidadãos estrangeiros, para estoque
de alimentos e outros artigos, que já têm causado problemas de abastecimento nas áreas
próximas às fronteiras.
"A propagação do vírus precisa ser mais lenta. A regra básica deve ser: quem não precisa
cruzar a fronteira com urgência não deve cruzar a fronteira", disse Thomas Strobl,
secretário do Interior do estado de Baden- Württemberg, que faz fronteira com França e
Suíça.
A agência de notícias AFP lista a Alemanha entre os países mais atingidos pelo
coronavírus, com 3.795 casos registrados e dez mortes, incluindo duas neste domingo, na
Baviera.
Enquanto as medidas alemãs atualmente se aplicam apenas a alguns países, outros
países vizinhos, como Polônia e República Tcheca, também fecharam suas fronteiras ou
introduziram restrições severas.
Por que a Europa enfrenta uma 3ª onda de Covid? Entenda
Países como Alemanha, França e Itália passam por nova onda de contágio, que já
afetou o Reino Unido recentemente. Velho Continente patina com vacinação lenta,
impõe novas medidas de restrição e ameaça bloquear exportações de doses.
Por Lucas Sampaio, G1 - 19/03/2021

Em meio a uma vacinação lenta contra a Covid-19, diversos países da Europa começam a
enfrentar uma terceira onda de contágios e voltam a adotar medidas mais restritivas para
tentar frear o número de casos e mortes causadas pelo novo coronavírus.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou nesta quinta-feira (18) que o nível de
vacinação do continente ainda é muito baixo para retardar a transmissão, que as infecções
aumentaram nas últimas três semanas e que mais pessoas estão morrendo da doença do
que há um ano.
Foram mais de 1,2 milhão de novas infecções por coronavírus e mais de 20 mil mortes na
semana passada, segundo o diretor regional da OMS para a Europa, Hans Kluge, que
alertou: "A vacinação por si só, não substituias medidas de saúde pública e sociais”.

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3ª onda de contágios
O Reino Unido já passou pela terceira onda em janeiro e, com um lockdown rigoroso e a
aceleração da vacinação, conseguiu derrubar a curva de casos e mortes desde então. Mas
o fenômeno começa a ocorrer em outros países do continente, como Alemanha, França. e
Itália.
"Nós temos sinais claros: a terceira onda na Alemanha já começou", afirmou na sexta-feira
(12) Lothar Wieler, chefe do Instituto Robert Koch para doenças infecciosas, responsável
por divulgar os números de casos confirmados e mortes por Covid-19 no país.
A Alemanha registrou na quinta-feira (18) o maior aumento de casos em quase dois meses.
Foram 227 mortes e 17.504 novos infectados, a maior alta desde 22 de janeiro.
As hospitalizações na França estão nos níveis mais altos desde novembro, e os leitos de
UTI estão quase no limite, mesmo com o país sob toque de recolher das 18h às 6h há dois
meses. Restaurantes, bares, cinemas, museus, teatros e academias estão fechados há
quase cinco meses.
A França entrou, a partir da meia-noite desta sexta-feira (19), em seu terceiro
confinamento em um ano, anunciou o primeiro-ministro Jean Castex. A medida, desta vez
menos restritiva, atinge 16 departamentos do país, incluindo Paris, para tentar conter a
terceira onda de Covid-19.
"Vamos tomar as decisões que precisam ser tomadas", afirmou o presidente Emmanuel
Macron ao visitar um hospital a leste de Paris. Macron afirmou que as medidas são
"pragmáticas, proporcionais e direcionadas".
Segundo país mais afetado pela Covid-19 na Europa, a Itália registrou 502 mortes na
terça-feira (16), o número mais alto desde o final de janeiro, um dia após as restrições
serem intensificadas em todo o país.
Mais da metade da população retornou à "zona vermelha", a mais restritiva, e haverá uma
paralisação total no país durante três dias na Páscoa, entre 3 e 5 de abril, inclusive nas
áreas menos afetadas.
Na Europa Central e nos Bálcãs, o diretor regional da OMS para a Europa, Hans
Klugee, diz que os novos casos, hospitalizações e mortes estão entre as maiores do
mundo.
Qual é a causa da nova onda? E as variantes?
O Instituto Robert Koch, da Alemanha, diz que a terceira onda é impulsionada por uma
flexibilização das restrições que ocorreu nas últimas semanas, além das variantes do
novo coronavírus, que são mais transmissíveis, e prevê um grande salto no número de
casos nas próximas semanas.
Partes do país começaram a reabrir no começo do mês, após um longo bloqueio.
Estabelecimentos não essenciais estão funcionando e alguns alunos começaram a retornar
às escolas em turnos. Agora, restaurantes e hotéis esperam poder reabrir na segunda (22),
segundo o jornal "The Guardian".
Mas o instituto alemão alerta que o número de casos diários pode atingir entre 30 mil e

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40 mil na Páscoa (contra 17 mil atualmente) se as medidas de restrição forem relaxadas em
um momento tão crítico.
"É muito possível que, na Páscoa [início de abril], tenhamos uma situação similar à
que vivemos antes do Natal, com um número muito elevado de contágios, vários
casos graves e mortes e hospitais saturados", afirmou nesta sexta-feira Lars
Schaade, vice-presidente do instituto Robert Koch.
Em alguns hospitais alemães, segundo o "Guardian", a média de idade dos pacientes está
20 anos abaixo da registrada na segunda onda. "Estamos na terceira onda da pandemia,
os números aumentam, a proporção de variantes é alta", afirmou o ministro da Saúde
alemão, Jens Spahn.
Os especialistas também atribuem o recrudescimento da pandemia às variantes. "A história
se repete", afirmou Massimo Galli, um dos principais virologistas da Itália, ao jornal
"Corriere della Sera" na segunda-feira (15). "A terceira onda começou e as variantes estão
funcionando".
O ministro da Saúde italiano, Roberto Speranza, diz que mais da metade das novas
infecções foram causadas pela variante britânica. "A variante do Reino Unido se espalha
de 35 a 40% mais rápido e representa 54% do total de casos".
Speranza afirmou também que "a variante sul-africana também está presente,
principalmente na região de Bolzano, e a brasileira está [presente] principalmente no
centro da Itália".
Na França, a variante britânica é responsável pela maioria dos casos. Na Polônia, o
ministro da Saúde, Adam Niedzielski, também afirmou que a cepa identificada no Reino
Unido já é responsável pela maioria dos mais de 25 mil casos registrados na quarta (17).
Um dia antes, o governo polonês anunciou três semanas de restrições, a partir deste
fim de semana, que inclui o fechamento total de escolas, shoppings centers, academias e
piscinas (os restaurantes já estão fechados).
As medidas de restrição não surtiram efeito?
Especialistas afirmam que a vacinação lenta e o relaxamento da população podem ter
levado à escalada de casos, hospitalizações e mortes por Covid.
"O lockdown foi interrompido muito cedo, para permitir que as pessoas fossem às compras
para o Natal", disse a epidemiologista francesa Catherine Hill à emissora americana CNN.
"A admissão em UTIs tem [aumentado] regularmente, e a situação agora é crítica em
várias partes do país, incluindo a grande Paris".
Josh Michaud, diretor de política de saúde global da Fundação da família Kaiser em
Washington, disse ao "The Guardian" que "o rápido relaxamento da Europa nos requisitos
de distanciamento em muitos lugares, combinado com as populações baixando a guarda,
enquanto olhavam para a luz no fim do longo túnel da pandemia, ajudou a preparar o
terreno para os surtos atuais".
Na segunda (15), a diretora do CDC (Centro para Controle e Prevenção de Doenças) dos
Estados Unidos, Rochelle Walensky, citou países europeus como "exemplo", dizendo que

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eles "devem ser sinais de alerta para todos nós".
Em uma coletiva de imprensa na Casa Branca, Walensky exibiu imagens de jovens em
praias lotadas da Flórida e implorou aos americanos que não baixassem a guarda:
"Cada um desses países teve seu ponto mais baixo [de infecção] como o que estamos
tendo agora", afirmou a diretora do CDC americano. “Eles simplesmente tiraram os olhos da
bola. Estou implorando pelo bem da saúde de nossa nação".
"Infelizmente todos nós tivemos a ilusão de que a chegada das vacinas reduziria a
necessidade de fechamentos mais drásticos", afirmou o virologista Massimo Galli ao
"Corriere della Sera". "Mas as vacinas não chegaram emquantidade suficiente".
No Reino Unido, um estudo divulgado na quinta (18) aponta que ter atrasado o lockdown
de inverno no país causou 27 mil mortes a mais.
O país, que passou uma terceira onda de Covid-19 em janeiro, é o mais afetado do
continente (e o quinto do mundo), com mais de 126 mil mortes segundo balanço da
Universidade Johns Hopkins.
"Começar de forma tímida e atrasada nos lockdowns tem sido um desastre, causando
milhares de mortes evitáveis", afirmou Mike Brewer, economista-chefe da fundação
responsável pelo estudo.
"Além disso, atrasos nas restrições fizeram com que elas precisassem ser mais
rígidas e duradouras do que em outros países, agravando os danos econômicos",
segundo Brewer.
A vacinação não vai parar a 3ª onda?
A União Europeia tem enfrentado uma vacinação lenta em quase todos os países e uma
série de atrasos no recebimento dos imunizantes. Como resposta, tem ameaçado bloquear
a exportação de doses produzidas no continente.

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Idosos descansam em centro de vacinação na Bélgica após serem imunizados com a
vacina contra a Covid-19 de Oxford/AstraZeneca em 17 de março de 2021 — Foto:
Francisco Seco/AP
Enquanto o Reino Unido já aplicou mais de 27 milhões de doses da vacina contra a
Covid-19 (o equivalente a quase 40 doses para cada 100 habitantes), a União Europeia
administrou menos de 12.
Os Estados Unidos, outro país que tem visto o número de casos e mortes caírem com o
avanço da vacinação, já aplicaram 113 milhões de doses (mais de 33 vacinas administradas
a cada 100 habitantes).
Referência mundial na aplicação de vacinas, Israel foi o primeiro país a ver o impacto de
seu programa de vacinação, mas precisou imunizar uma parte significativa da população
e levou várias semanas. O país já aplicou 110 doses a cada 100 habitantes e segue entre
os que vacinam mais pessoas por dia.
Mas Israel teve que vacinar 80% dos maiores de 60 anos até ver um impacto nos casos de
Covid-19, segundo o professor Eran Segal, do Instituto Weizmann de Ciência, que está
analisando dados para o Ministério da Saúde israelense.
No Reino Unido, as vacinas evitaram 80% das internações de idosos após apenas uma
dose, segundo um estudo da agência pública de saúde do país divulgado no começo do
mês.
Vacinação e o lockdown derrubam drasticamente o número de internações no Reino Unido
Segundo o jornal "The New York Times", a escassez de doses e o ceticismo dos europeus
com vacinas, assim como burocracia e obstáculos logísticos, diminuíram o ritmo das
vacinas no continente.
A OMS disse na quinta-feira (18) que as tendências mostram que as vacinações no
continente não atingiram o nível em que podem efetivamente retardar a transmissão da
doença.
A União Europeia também tem comprado briga com fabricantes, principalmente a
AstraZeneca, e ameaçado até proibir a exportação de doses.
Nos últimos dias, vários países europeus suspenderam temporariamente o uso da
vacina de Oxford/AstraZeneca, incluindo Alemanha, França e Itália, alegando casos de
coágulos sanguíneos relatados em um pequeno número de pessoas vacinadas.
A AstraZeneca afirma que mais de 17 milhões de doses da vacina já foram aplicadas na
Europa e 37 casos de trombose foram registrados entre os vacinados, número muito inferior
ao registrado normalmente na populaçãodo continente, em condições normais.
Nesta quinta-feira (18), a agência de medicamentos da União Europeia afirmou que a
vacina de Oxford é "segura e eficaz" e que os benefícios da aplicação da vacina
superam os riscos.
Coronavírus: por que alguns países são mais eficientes que outros na luta contra a
covid-19

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• Pablo Uchoa - BBC - 18 janeiro 2021
Em 2019, um ranking global considerou que os EUA e o Reino Unido eram modelos a
serem seguidos na preparação para uma pandemia; Nova Zelândia, China e Vietnã ficaram
muito atrás.
Mas avancemos para 2021 e a pandemia de coronavírus parece ter mostrado que Índice
de Segurança de Saúde Global da Fundação Bill e Melinda Gates errou feio.
Nos Estados Unidos e no Reino Unido, a pandemia foi descrita como fora de controle.
Enquanto isso, a resposta draconiana da China foi exaltada pela Organização Mundial da
Saúde (OMS). A Nova Zelândia foi outro país elogiado como exemplar e o Vietnã registrou
apenas 35 mortes por coronavírus em uma população de 95 milhões.
Parece que alguns países que antes pareciam bem no papel reagiram mal à pandemia na
vida real, e outros que tinham deficiências em sua preparação se saíram melhor na luta
contra a covid-19, mas o que explica isso?
O desafio das comparações
"Todo mundo está lidando com o mesmo vírus, então por que os países estão
respondendo de maneira diferente?", questiona Elizabeth King, professora de saúde global
da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.
King é uma das coeditoras de um novo livro que compara as respostas nacionais à primeira
onda de coronavírus no início de 2020. Sessenta acadêmicos de 30 países da Ásia,
Europa, África e Américas contribuíram com artigos.
Fazer comparações internacionais é notoriamente desafiador porque os países usam
diferentes padrões para medir como estão se saindo.
A Bélgica, por exemplo, inclui casos suspeitos de covid-19 nas estatísticas de mortalidade,
o que faz com que seu número total de mortes pareça maior do que em outros países. A
Alemanha e a França sempre incluíram casas de repouso para idosos em seus números
principais de mortalidade, enquanto no Reino Unido o foco estános hospitais.
Comparar o número de casos é ainda mais complicado. Se você testar mais, encontrará
mais casos, e a escala dos testes variou enormemente durante a pandemia, assim como as
decisões sobre quem deve ser testado.
Também há nuances a serem feitas sobre a composição demográfica em cada país:
enquanto mais de um quinto da população italiana tem mais de 65 anos, o que a torna
mais vulnerável à covid-19, a população da África é muito mais jovem - o continente tem 19
dos 20 países "mais jovens" do mundo.
No entanto, parece que o que um governo fez — e talvez ainda mais importante a rapidez com
que agiu —
teve efeitos profundos nos resultados nacionais durante a primeira onda da pandemia.
Política e covid-19
Indo além da comparação puramente entre os resultados, a professora King e seus
colegas querem entender como as políticas de saúde pública também foram influenciadas
por outros fatores.

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Dizem que fatores como sistema de governo (seja democracia ou autocracia), instituições
políticas formais (federalismo, presidencialismo, etc.) e capacidade do Estado (controle
sobre sistemas de saúde e administração pública) moldaram as respostas do governo à
covid-19.
Quando a China tomou a medida sem precedentes de isolar 50 milhões de pessoas na
província de Wuhan, em janeiro de 2020, por exemplo, alguns argumentaram que os
regimes autoritários podem ter uma vantagem sobre as democracias em sua luta contra a
covid-19.
Mas o debate tornou-se mais matizado depois que as democracias ocidentais, começando
com a Itália, começaram a se fechar também.
Sistemas políticos
Embora governos autoritários possam enfrentar menos oposição a quaisquer medidas que
anunciarem, aplicá-las é outra questão.
A professora King diz acreditar que, se governos autoritários minarem a confiança em suas
populações, essas táticas podem não funcionar a longo prazo. Se as pessoas devem
aderir a medidas restritivas, diz ela, "o fluxo de informações, a confiança no governo e nas
instituições são importantes".
Ela ressalta que a resposta russa à pandemia foi inicialmente prejudicada pela falta de
estatísticas. Mas ela acrescentou que mais recentemente o governo daquele país melhorou
o fluxo de informações e apresentou um forte conjunto de políticas sociais destinadas a
mitigar os efeitos da pandemia.
No entanto, uma investigação do serviço russo da BBC descobriu que a falta de
transparência continuou a afetar a confiança do público, particularmente no que diz
respeito à eficácia da vacina com fabricação 100% nacional, a Sputnik-V, que está sendo
lançada enquanto ainda está em fase de testes.
Infelizmente, ela adverte, "vimos muitos regimes democráticos que não tinham um fluxo de
informações muitobom".
O presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, tem repetidamente minado a mensagem a
pandemia de coronavírus e vem sendo acusado de contribuir para números assustadores
de casos e mortes no Brasil.
Elize Massard da Fonseca, professora da FGV-SP, disse, em entrevista à agência de
notícias FAPESP da USP, que Bolsonaro mostrou "desprezo pela ciência" e negacionismo.
"O Brasil estava muito bem posicionado para lidar com a pandemia de maneira eficaz, mas
infelizmente não o fez", assinalou.
Mas, como o sistema federal dá aos Estados poder significativo sobre a saúde, os governos
locais foram capazes de bloquear e comprar equipamentos e vacinas de forma
independente. Caso de São Paulo, por exemplo.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também foi acusado de minimizar o vírus
e entrou em confronto com Estados sobre como responder à pandemia.
Depois de uma internação de três noites no hospital quando contraiu covid-19 em

294
outubro, ele a comparou à gripe sazonal e insistiu que não era motivo para fechar o país.
Programas de rastreamento e isolamento
A professora King diz que alguns países com infraestrutura de saúde mais fraca foram
capazes de lidar com a covid-19 empregando "uma reação bastante rápida à epidemia" em
vez de adiar a ação até que a situação piorasse.
"Eles implementaram intervenções não farmacêuticas baseadas em evidências, como uso
de máscaras, distanciamento social, junto com um sistema robusto para rastrear casos e
(fornecer) suporte", enumera.
O Vietnã é o exemplo mais citado, cuja capacidade de rastrear e isolar casos da covid-19 é
frequentemente contrastada com a abordagem muito bem-sucedida, mas cara, de testagem
em massa e rastreamento de casos suspeitos da Coreia do Sul.
Os países da África Ocidental que sofreram com o ebola também puderam acessar suas
redes comunitárias para rastrear e monitorar o avanço do coronavírus.
Um exemplo emblemático é a República Democrática do Congo (RDC).
Na primeira onda da pandemia, as lições de rastreamento de epidemias anteriores parecem
ter ajudado a África do Sul, que respondeu "muito mal" às epidemias de Aids, diz a
professora King.
Mas a situação no país piorou consideravelmente na segunda onda, em parte como
resultado de uma nova variante do vírus que apareceu lá no final do ano passado.
Respostas de política social
Finalmente, diz a professora King, nenhuma estratégia seria completamente bem-sucedida
sem um forte conjunto de políticas sociais destinadas a garantir que os indivíduos e as
pequenas empresas pudessem cumpriras regras de restrição.
A covid-19 destacou as desigualdades no acesso aos cuidados de saúde e a capacidade
das pessoas de ficarem em casa dependendo do tipo de trabalho que desempenham.
Pobreza, gênero, habilidades profissionais e status de imigração tornaram-se fatores
importantes para determinar a susceptibilidade das infecções nas sociedades.
No entanto, os governos diferiram amplamente nas políticas sociais que elaboraram para
administrar a crise e promover a recuperação econômica.
Na Alemanha, por exemplo, o governo pagará uma licença extra para os pais que
enfrentam a necessidade de conciliar o trabalho com as responsabilidades da educação em
casa.
A professora King considera que isso explica por que a abordagem da China foi bem-
sucedida, a despeito de sua resposta draconiana.
"A China fez o suficiente para garantir que não houvesse fome em massa ao implementar
políticas sociais fortes. Portanto, é um pouco arriscado dizer que foi por causa de sua
natureza autoritária, especialmente quando vemos respostas democráticas — como na
Nova Zelândia e na Alemanha — que também foram exitosas."

295
Tempo é crucial
Embora as respostas tenham sido moldadas por vários fatores, a professora King diz que a
velocidade com que os governos implementaram sua estratégia foi "realmente o que definiu
o sucesso" contra a primeira onda de covid-19.
Sua observação está de acordo com outros estudos que sugeriram que adiar a ação custou
um grande número de vidas na pandemia, deixando sistemas de saúde relativamente
sobrecarregados por um aumento nos casosde coronavírus.
"A evidência era muito clara desde o início de que se tratava de uma pandemia de grandes
proporções — tivemos e continuamos muito felizes por sua taxa de mortalidade não ser
mais alta do que é", diz Ian J. Bateman, professor de Economia Ambiental da Universidade
de Exeter no Reino Unido e autor de um desses estudos.
"O saldo da covid-19, não apenas em termos de mortes, mas também em implicações de
longo prazo para a saúde e efeitos indiretos na economia, significa que não há como
confiar na sorte ser a abordagem certa", assinala o especialista.
"Agir tarde e de maneira indiferente, excessivamente complexa e inconsistente é uma receita
para mais mortes,mais doenças, custos mais altos e maiores danos econômicos", conclui.
Vacina contra covid-19: Reino Unido é 1º país a aprovar imunizante da Pfizer e pode
iniciar aplicação em uma semana
2 dezembro 2020
O órgão regulatório britânico, o MHRA, diz que a vacina, que oferece até 95% de proteção
contra a covid-19, é segura para adoção.
As imunizações podem começar dentro de alguns dias para pessoas em grupos
prioritários, como idosos e profissionais de saúde.
Eles receberão os primeiros estoques da vacina. A imunização em massa de todas as
pessoas com mais de 50 anos, bem como de pessoas mais jovens com comorbidades,
pode acontecer à medida que mais estoques se tornam disponíveis em 2021. Essa vacina
é administrada em duas injeções, com 21 dias de intervalo, sendo a segunda dose um
reforço.
O Reino Unido já encomendou 40 milhões de doses dessa vacina, o suficiente para
vacinar 20 milhões de pessoas.
Cerca de 10 milhões de doses devem estar disponíveis em breve, com as primeiras doses
chegando ao Reino Unido nos próximos dias.
Essa é a vacina mais rápida de todos os tempos a ir do conceito à realidade, levando
apenas 10 meses para seguir os mesmos passos de desenvolvimento que normalmente
duram uma década.
Embora a vacinação possa começar no país, as pessoas ainda precisam permanecer
vigilantes e seguir as regras do coronavírus para impedir a propagação, dizem os
especialistas.
Isso significa manter o distanciamento social e as máscaras faciais, testar as pessoas

296
que podem ter o vírus e pedir que se isolem.
(Vale lembrar que a Rússia foi o primeiro país no mundo a registrar uma vacina, a Sputnik
V, contra a covid- 19, em agosto, ainda com resultados incompletos dos estudos para
verificar eficácia e segurança. O país começou a distribuir a vacina em um hospital de
Moscou no dia 30/11, mas a análise completa dos estudos ainda não foi publicada em uma
revista científica internacional.)
Como funciona essa vacina?
A maioria das vacinas que usamos envolve injetar um vírus ou bactéria no nosso corpo
para que o sistema imunológico identifique a ameaça e crie formas de nos defender.
No caso dos vírus, eles podem estar enfraquecidos (sua capacidade de nos deixar doentes
foi reduzida a níveis seguros) ou inativados (são incapazes de se reproduzir) — faz parte
deste segundo tipo a CoronaVac - em setembro, o governo de São Paulo que testes com
50 mil pessoas demonstraram que a vacina é segura.
Há também as chamadas vacinas de subunidades, em que apenas fragmentos
característicos de um vírus, como uma proteína, por exemplo, são produzidos em
laboratório e purificados para serem usados na vacina.
A proposta das vacinas gênicas, como essa anunciada pela Pfizer, é diferente. Em vez de
injetar em nós um vírus ou parte dele, a ideia é fazer o nosso próprio corpo produzir a
proteína do vírus.

Para isso, os cientistas identificam a parte do código genético viral que carrega as
instruções para a fabricação dessa proteína e a injetam em nós.
Uma vez absorvidas por nossas células, ela funciona como um manual de instruções para a
produção da proteína do vírus.
A célula fabrica essa proteína e a exibe em sua superfície ou a libera na corrente
sanguínea, o que alerta o sistema imune.
Mas qual a vantagem de uma vacina genética?
Em primeiro lugar, elas são muito mais fáceis e rápidas de serem produzidas.

297
As exigências de laboratório e equipamentos são menores em comparação com os
imunizantes que temos até o momento.

298
O maior ponto negativo por aqui está na necessidade de manter as doses numa
temperatura de menos 70°C para evitar que a substância perca seu efeito. Isso pode se
tornar um grande empecilho em regiões remotas ou muito quentes.
Em entrevistas recentes, os representantes da Pfizer disseram que estão pensando em
soluções e tecnologias para garantir essa temperatura tão baixa, que chega a ser mais fria
que o inverno da Antártida.
Para o Brasil, outro problema seria a disponibilidade desse imunizante no país. Por ora,
não há nenhum acerto para compra ou transferência de tecnologia ao país. Mesmo se o
governo brasileiro e as duas empresas fecharem um acordo, as primeiras doses só
chegariam aqui a partir do primeiro trimestre de 2021, uma vez que outras nações já
garantiram os primeiros lotes.
Primeira pessoa é vacinada contra Covid-19 no Brasil
Após aprovação do uso emergencial pela Anvisa, enfermeira Mônica Calazans foi a
primeira pessoa a ser vacinada contra a Covid-19 no Brasil.
Bruna Baddini e Daniel Fernandes, da CNN em São Paulo
17 de janeiro de 2021 às 15:29 | Atualizado 17 de janeiro de 2021 às 16:06
Após a aprovação do uso emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), a enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, foi a primeira pessoa a ser vacinada
contra a Covid-19 no Brasil. Ela recebeu o imunizante Coronavac, desenvolvido no país
pelo Instituto Butantan, no Hospital das Clínicas de São Paulo, neste domingo (17).
Mulher, negra e enfermeira da linha de frente
Mônica Calazans, de 54 anos, mora em Itaquera, na zona Leste da capital paulista, e
trabalha no hospital Emílio Ribas, referência no tratamento de Covid-19 no país. Para
chegar ao seu trabalho, de acordo com um relato feito ao governo de São Paulo, ela leva
cerca de uma hora e meia.
A enfermeira tem perfil de alto risco para complicações da Covid-19: é obesa, hipertensa e
diabética. Mesmo assim, em maio, quando a pandemia atingia alguns de seus maiores
picos, escolheu trabalhar no Emílio Ribas, mesmo ciente de que a unidade estaria no
epicentro do combate à pandemia. Segundo ela, a vocação falou mais alto.
A profissional atuou como auxiliar de enfermagem durante 26 anos e resolveu fazer
faculdade já mais adulta, e conseguiu o diploma de enfermeira aos 47 anos.
Corintiana, Mônica é viúva e mora com o filho Felipe, de 30 anos, conta que é minuciosa
nos cuidados de higiene e distanciamento no trabalho e quando chega em casa.
"Quem cuida do outro tem que ter determinação e não pode ter medo. É lógico que
eu tenho me cuidado muito a pandemia toda. Preciso estar saudável para poder me
dedicar. Quem tem um dom de cuidar do outro sabe sentir a dor do outro e jamais o
abandona"
Mônica Calazans, primeira pessoa vacinada contra a Covid-19 no Brasil.

299
Afinal, Brasil vacina pouco ou muito? Confira 5 dados do ranking global
• Matheus Magenta - BBC News Brasil
em Londres 8 abril 2021- Atualizado 9 junho
2021

Praticamente todos os dados que tratam da situação do Brasil na pandemia de


coronavírus são questionados, comparados, recortados ou distorcidos desde que a
doença chegou oficialmente ao país, em fevereiro de 2020.
Como as quase 500 mil mortes são atualmente incontornáveis, as críticas ao governo de
Jair Bolsonaro e os contrapontos têm se concentrado no desempenho brasileiro na
vacinação.
Afinal, o Brasil vacina pouco ou muito?
Se a comparação considerar apenas o número total de doses que cada país aplicou, o
Brasil aparece em quarto lugar no ranking global de dados oficiais compilados pela
Universidade de Oxford, no Reino Unido. Um patamar esperado para o sexto país mais
populoso do mundo, com 212 milhões de habitantes.
Mas quando a comparação do total de doses aplicadas leva em conta o tamanho da
população de cada país, o Brasil aparece em 78º entre 190 nações e territórios.
A comparação pode ser feita também com o próprio Brasil. O Ministério da Saúde afirma
que o país tem capacidade instalada de vacinar 2,4 milhões por dia. E já chegou a vacinar
18 milhões de crianças em campanha contra a poliomielite. Mas desde 17 de janeiro de
2021, o Brasil só superou dez vezes a marca de 1 milhão de vacinados em 24h. A China,
por exemplo, tem vacinado 20 milhões por dia.
A BBC News Brasil apresenta abaixo cinco gráficos para localizar o país nessa corrida
contra a própria doença, que levou o sistema de saúde nacional ao colapso e matou mais
de 470 mil pessoas no Brasil até agora.
Os dados brasileiros, descentralizados, costumam ter ligeiras diferenças a depender da
fonte: governo federal, secretarias de saúde, pesquisadores independentes ou consórcio de
veículos jornalísticos. As comparações abaixo se baseiam nos dados mais recentes de
cada país e coletados no portal de Oxford.
Até o momento, 920 milhões de pessoas receberam pelo menos uma dose contra a covid-
19 ao redor do mundo, equivalente a cerca de 11% da população.
Que porcentagem da população recebeu pelo menos uma dose? Brasil em 72º lugar
Até o dia 09/06, o Brasil havia aplicado pelo menos uma dose em 23% da população
brasileira. Isso coloca o país em 72º lugar no ranking de 190 nações e territórios.

300
Na América, o Brasil figura em 15º lugar. O país mais bem posicionado do continente é o
Chile, que aplicou pelo menos uma dose em 58% da população. E mesmo com o avanço
expressivo da vacinação por lá, o país sul-americano também tem enfrentado desafios
graves no sistema de saúde, o que indica que a contenção da pandemia precisa ser
associada a medidas eficazes de distanciamento social e uso universal de máscaras
capazes de evitar a infecção

Que porcentagem da população recebeu duas doses? Brasil em 74º lugar


Com exceção da vacina da farmacêutica Janssen, todos os imunizantes precisam de duas
doses para atingir a máxima eficácia contra o coronavírus. Em geral, uma pessoa pode ser
considerada completamente imunizada duas semanas depois de receber a segunda dose.
Alguns países decidiram ampliar o período entre as duas doses, a fim de garantir logo a
imunização parcial de uma fatia maior de sua população, como o Reino Unido.
No ranking da proporção da população que recebeu duas doses, o Brasil (10,8%) aparece
em 74º no mundo e 18º na América.
Qual é a velocidade da programação de vacinação? Brasil em 89º lugar
No quesito velocidade de doses aplicadas diariamente por cada 1 milhão de habitantes, o
Brasil (3.094) aparece em 89º no mundo e 13º na América. O ritmo tem caído: em meados
de maio o Brasil aplicava 4.207 doses por cada 1 milhão de habitantes.
Desde fevereiro, o Brasil leva de 12 a 14 dias para aplicar 10 milhões de doses contra a covid-19.
Como dito acima, o Brasil tem uma enorme capacidade instalada por trás de uma
programação nacional de vacinação reconhecido mundialmente, mas a falta de vacinas
impede o país de atingir os níveis de imunização de outras décadas. Na pandemia de
H1N1, por exemplo, o Brasil imunizou quase 80 milhões de pessoas em três meses.

301
Na pandemia atual, o governo federal distribuiu de 17/01 a 09/06 quase 103 milhões de
doses para Estados e municípios, mas apenas 71,6 milhões tinham sido aplicadas,
segundo dados do Ministério da Saúde.

A diferença entre o número de doses distribuídas e aplicadas no Brasil se explica em parte


à necessidade de reservar uma quantidade como segunda dose, e uma eventual escassez
poderia afetar a imunidade dos vacinados. A eficácia contra a covid só é garantida
semanas depois da aplicação da segunda dose.
Um estudo recente da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) apontou que o Brasil
precisa vacinar 2 milhões por dia para controlar pandemia em até um ano. E atualmente o
país mal tem conseguido passar de 1 milhão por dia. Isso ocorreu em 10 dos 135 dias do
programa de vacinação.
Quantas doses foram compradas ao todo? Brasil em 6º lugar
A aceleração das aplicações na pandemia esbarra em um problema mundial: a falta de vacinas.
No caso brasileiro, isso se agravou porque o governo Bolsonaro recusou sucessivas
ofertas da Pfizer, apostou todas as fichas na vacina AstraZeneca-Oxford, ameaçou
boicotar a Coronavac por disputas políticas com o governo de São Paulo e só decidiu
comprar outras vacinas quando a fila de países compradores já "dobrava a esquina".
No papel, o cronograma atual do Ministério da Saúde prevê 563 milhões de doses, e a
entrega de 154 milhões delas no primeiro semestre de 2021, considerando apenas vacinas
aprovadas pela Anvisa: Coronavac, AstraZeneca-Oxford e Pfizer.

302
Isso seria suficiente para imunizar o grupo prioritário inteiro, mas não significa que todas
essas 78 milhões de pessoas estariam vacinadas antes de julho — o Brasil tem conseguido
aplicar cerca de metade das doses disponíveis e há um intervalo de semanas entre a
primeira e a segunda dose.

Mas os constantes atrasos em importações de insumos e vacinas, além de problemas na


produção em território nacional e a não aprovação de outros imunizantes por parte da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fazem com que esse cronograma seja
cada vez mais difícil de ser atingido.
Levantamento da Universidade de Duke aponta que o Brasil é o sexto maior comprador de
vacinas no mundo, com 370 milhões de doses compradas (e outras 208 milhões com opção
de compra negociada).
Ele fica atrás da União Europeia (1,8 bilhão), dos EUA (1,2 bilhão), do consórcio Covax
(coordenado pela Organização Mundial da Saúde para beneficiar países mais pobres com
1,1 bilhão de doses), da União Africana (670 milhões) e do Reino Unido (457 milhões).
Quantas doses foram aplicadas ao todo? Brasil em 4º lugar
O dado do total de doses aplicadas no Brasil é o principal argumento utilizado para exaltar o
avanço do programade vacinação brasileiro.
Nesse quesito, levando em conta os dados da Universidade de Oxford, o Brasil aparece em
4º lugar no ranking global, com 72 milhões de aplicações até o dia 09/06. Fica atrás de
China (794 milhões), EUA (302 milhões), eÍndia (230 milhões).

303
Assim avança a vacinação país por país: rápida nos mais ricos, nem tanto nos
mais pobres
El País - 22 MAI 2021 - 20:37 CEST
Análise das cifras mostra que várias nações desenvolvidas já imunizaram mais de 30% da
população, enquanto a maioria no mundo em desenvolvimento não chega a 10%
A desigualdade no acesso às vacinas tem sido uma preocupação constante na maior
campanha de vacinação da história e, quase seis meses depois de seu início, o mundo está
efetivamente dividido pela riqueza. Os paísesque superam 30% de população vacinada são
países ricos, ou relativamente ricos, enquanto quase nenhum país pobre conseguiu
alcançar a 10% de imunização. O PIB distingue os países que inoculam a um bom ritmo,
muitos dos quais estão dobrando suas curvas de covid-19.
Na União Europeia, um terço das pessoas já recebeu pelo menos uma dose (33%); o dobro
que no continente sul-americano (15%), seis vezes mais que na Ásia (5%) e 20 vezes mais
que na África (1,5%).
Como mostra o gráfico acima, os países do norte e centro da América foram os que
avançaram mais depressa no começo, empurrados sobretudo pelos Estados Unidos, onde
metade da população já se vacinou. Mas a União Europeia é a que avança mais depressa
desde abril, quando o fornecimento de vacina se multiplicou. O ritmo atual significa
administrar uma dose a 5% da população a cada semana.
Não surpreende que os continentes tenham vacinado virtualmente no ritmo das suas
rendas nacionais: com a Europa e América do Norte à frente da América do Sul, que por sua
vez vai mais depressa que a Ásia e a África. A exceção relevante é a Oceania: nem
Austrália nem Nova Zelândia imunizaram muita gente, embora sejam países ricos,
certamente porque conseguiram manter o vírus quase suprimido (suas mortes por covid-19
nesteano e meio de pandemia são 490 e 17.000 vezes menos que no Brasil,

304
respectivamente — também por conta da diferença de grandeza entre os números de suas
populações).
Quase todos os países com mais de um milhão de habitantes que já têm pelo menos 30%
da população já vacinada (uma dose pelo menos) têm um PIB per capita alto, acima dos
20.000 dólares por habitante. As únicas exceções são Sérvia e Mongólia. E o mesmo
ocorre na outra ponta: só há quatro países pobres (menos de
10.000 dólares de renda per capita) que tenham podido vacinar 10% ou mais da sua
população – Índia, Marrocos, Camboja e El Salvador.
A maior demora na imunização, em países já marcados por fortes desigualdades internas,
tem consequências: “Já estamos vendo na Índia e no Brasil como o colapso do sistema
sanitário afeta o turismo e a economia: assim como não irão turistas, também as
empresas vão pensar mais se é o caso de abrir ou transferir seu negócio para lá”, explica
Jeffrey Lazarus, epidemiologista e pesquisador do Instituto de Saúde Global de Barcelona
(ISGlobal).
Há um punhado de países excepcionais porque vacinaram pouco embora sejam ricos. É o
que acontece com Austrália, Nova Zelândia, Japão e Coreia do Sul, que têm em comum
seu sucesso — ou sorte — na contenção do vírus. Um recente estudo na revista The
Lancet os apontava como exemplos, na OCDE, das vantagens de uma estratégia de
eliminação (e não mitigação) da covid-19, em termos sanitários e também econômicos.
Vacinação e imunidade de grupo
O primeiro objetivo da vacina é evitar que os vacinados adoeçam gravemente e morram.
Sabemos que a primeira meta está sendo alcançada: segundo cálculos do grupo de
Sistemas Complexos da Universidade Politécnica da Catalunha, o nível de vacinação na
Espanha no final de abril (25% da população protegida, sobretudo idosos) já deveria bastar
para evitar 80% das mortes por covid-19. Mas a vacina também será efetiva em evitar
infecções. Um relatório da saúde britânica estima essa proteção em 70% a 90% após a
segunda dose da Pfizer. Se essas cifras se confirmarem, a pergunta é se bastam para
gerar a almejada imunidade de grupo.
Isso depende de muitas variáveis. Basicamente, queremos manter um número
reprodutivo (R, que estima a velocidade na transmissão) abaixo de um. E esse número
depende de vários componentes. Por um lado, de quantas pessoas estão imunizadas (ou
porque passaram pela doença, ou porque estão vacinadas e evitam a infecção, ou porque
não transmitem). Por outro, do contato entre pessoas, essas interações agora reduzidas,
mas que irão aumentando. Também influencia a probabilidade de transmissão, a
propensão a que um contato acabe em infecção, o que depende por sua vez de outras
coisas, como o clima ou o potencial de transmissão de cada variante.
Essa complexidade dificulta estimar quando se alcançará a imunidade de grupo,
assumindo que ela seja possível. Segundo cálculos da UPC para a União Europeia, com
um nível de contatos como o atual ou um pouco mais elevado, bastaria vacinar 33% a 50%
das pessoas para que o vírus deixe de se propagar. Mas isso seria mantendo medidas
restritivas, ao passo que levar uma vida normal exigirá mais gente vacinada, possivelmente
muito mais.

305
Os mais vacinados: 40% da população
A seguir, mostramos como a incidência evoluiu em diferentes países conforme a vacinação
avançou. Começamos pelos países que têm mais população vacinada.
O caso de maior sucesso é Israel. Lá a vacinação coincidiu com um confinamento
rigoroso, e os casos de covid-19 praticamente se reduziram a zero. O avanço da vacinação
também coincide com uma queda nos casos no Reino Unido, EUA, Mongólia e Chile, que
também vacinaram mais de metade das suas populações.
Mas o gráfico também revela que é possível sofrer surtos severos mesmo tendo muita gente
vacinada. É o caso do Uruguai, um país que até novembro se protegeu do vírus com
sucesso e vacinou depressa nos primeiros meses do ano, mas que em meados de abril
registrou focos importantes de transmissão em lugares delicados, como residências
geriátricas. Também no Bahrein, onde a incidência voltou a recrescer mesmo com 40% da
população vacinada. Isto pode ocorrer por heterogeneidade — se certos grupos sociais
não forem imunizados
— ou por uma soma de fatores: se os recém-vacinados aumentam suas interações muito
cedo, se outras restrições são relaxadas, ou se as vacinas não forem todas igualmente
eficazes.
No Chile, os casos também voltaram a subir em meados de março, quando 30% das
pessoas já tinham recebido pelo menos uma dose. Então as autoridades reviram sua
estratégia, por causa dos sinais de que a Sinovac, a vacina mais usada até então, precisa
de uma segunda injeção num curto intervalo para oferecer uma proteção sólida (com a
primeira ficava em 25 a 30%, frente aos 80% da Pfizer). Nesta situação, como aponta um
estudo, também se produziu um aumento de contatos que facilitou o repique. Agora, dois
meses depois, os contágios no país voltam a baixar.
Estas cifras recordam o desafio que será retomar a normalidade, como aponta Lazarus:
“Não será fácil continuar crescendo depois de chegar a 50%. Já estamos vendo que nos
EUA há muita gente pouco convencida, e ainda por cima dispersa em áreas rurais sem a
infraestrutura sanitária necessária; ou que as pessoas mais jovens não achem tão
necessário ou urgente se vacinar, como está ocorrendo no Reino Unido”.
Entre 25% e 40%
O segundo grupo de países que observamos é daqueles onde um terço da população já
recebeu uma dose. São todos países europeus que, além de estarem em níveis
semelhantes de vacinação, estão saindo do inverno, o que supostamente pode ajudar a
controlar o vírus.
América Latina
Para o último gráfico pusemos o foco na América Latina, onde o vírus avançou em ritmos
muito diferentes nos últimos meses. Alguns países do sul da região viram a incidência subir
com a chegada do inverno, como o Chile, a Argentina e o Uruguai. Na América Central, os
registros vêm caindo, com a exceção da Costa Rica, onde estão recrudescendo.
O continente acrescenta uma variável ao quebra-cabeça: a extensão das cepas mais
transmissíveis, comoa P1 detectada no Brasil e que depois saltou a muitos

306
países vizinhos. Essa variante parece contagiar com mais facilidade, embora as vacinas
tenham demonstrado eficácia contra ela.
Ter mais gente vacinada ajudará a mitigar o vírus. Mas, enquanto a vacinação avança,
teremos que continuar fazendo equilíbrios: poderemos ir recuperando contatos e relaxando
restrições, mas só num ritmo que permita o nível de imunização, a transmissibilidade do
vírus e sua sazonalidade. O jogo será mais simples que nos últimos meses, talvez cada vez
mais permissivo, mas continuará sendo um malabarismo pelo menos por um tempo.
Israel retoma uso obrigatório de máscaras em lugares fechados após repique decontágios
pela variante delta
Autoridades sanitárias recomendam também sua utilização em grandes
concentrações ao ar livre JUAN CARLOS SANZ – EL PAÍS - Jerusalém - 25 JUN
2021

Durou só 10 dias a possibilidade de ficar sem máscara em lugares fechados em Israel. As


autoridades sanitárias do país reimpuseram na sexta-feira feira sua obrigatoriedade, em
caráter urgente (entrou em vigor ao meio- dia, hora local, poucas horas depois de a medida
ser anunciada) devido ao repique exponencial de casos registrados desde o dia 15, que
saltaram de praticamente zero para mais de 200 na quinta-feira. Em 70% dos casos, esses
novos contágios se devem à propagação em várias populações do país da variante delta da
covid-19, surgida originalmente na Índia.
“Teria sido preferível manter o uso de máscaras todo este tempo”, admitiu o coordenador
nacional da luta contra a pandemia, o médico sanitarista Nachman Ash, depois de anunciar
na rádio pública a nova imposição da medida. A decisão coincide com o maior registro de
novos casos (227) desde 7 de abril, com uma taxa de positividade de 0,6% nos exames de
detecção efetuados.
Variante delta faz Rússia ter recorde de mortes por Covid e Austrália confinar 10
milhões
Número de óbitos superou o pico da 2ª onda na Rússia, que é o país com mais
vítimas da Europa. Já a Austrália tem sido um exemplo na pandemia. Mas ambos
sofrem com uma vacinação lenta.
Por G1 - 29/06/2021
O avanço da variante delta tem provocado uma piora da pandemia em diversos países. A
Rússia registrou nesta terça-feira (29) um recorde diário de mortes por Covid-19 e a
Austrália determinou o confinamento de quase 10 milhões de pessoas (cerca de 40% da
população do país).
A Rússia registrou 652 mortes por Covid-19 e mais de 20 mil casos confirmados nas
últimas 24 horas. O pico anterior da pandemia havia acontecido no fim de dezembro, no
auge da segunda.
Moscou, principal foco de contágios e mortes do país, registrou 121 óbitos e São
Petersburgo, 119. A segunda maior cidade da Rússia receberá na sexta-feira (2) uma
partida das quartas de final da Eurocopa, entre Suíça e Espanha.

307
Autoridades da Finlândia revelaram na segunda-feira (28) que cerca de 300 torcedores
que voltaram ao país após assistir aos jogos do torneio de futebol em São
Petersburgo testaram positivo.
A variante delta (antes conhecida como variante indiana) é uma das quatro cepas de
preocupação global (VOCs, na sigla em inglês). As outras 3 são a alfa (variante britânica), a
beta (sul-africana) e a gama (brasileira ou P.1).
Ela é mais contagiosa e reduz a eficácia das vacinas contra a Covid-19, principalmente
se a pessoa tomou apenas uma dose.
A Rússia tem oficialmente 134.545 mortes causadas pelo coronavírus e é o país mais
afetado da Europa. Mas a agência de estatísticas Rosstat, que contabiliza também os
óbitos decorrentes da Covid-19, já contabilizava quase 270 mil vítimas no fim de abril, há
dois meses.
Quase 90% dos novos casos em Moscou são provocados pela variante delta, segundo o
prefeito da capital russa, Serguei Sobianin. A cidade está atualmente com 75% dos leitos
para Covid-19 ocupados e adotou as primeiras restrições em quase seis meses.
A capital russa voltou a determinar o trabalho remoto para ao menos 30% das pessoas não
vacinadas, passou a obrigar a vacinação dos funcionários do setor de serviços e criou um
"passaporte" para permitir a entrada emrestaurantes.
Austrália
Quase 10 milhões de australianos receberam a ordem do governo de cumprir um
confinamento a partir da noite desta terça em várias cidades do país, devido ao aumento no
número de casos.
Habitantes de Sydney (sudeste), Darwin (norte) e Perth (oeste) já estão em lockdown.
Agora, residentes de Brisbane (leste) e de várias áreas do estado de Queensland terão de
ficar em casa por pelo menos três dias.
"Conhecemos os riscos que a Covid apresenta e, observando o mundo, sabemos
que a variante delta é uma nova 'besta', com a qual não podemos nos arriscar",
afirmou o primeiro-ministro da Austrália Ocidental, Mark McGowan, em entrevista
coletiva na noite de segunda.
A Austrália tem uma das mais bem sucedidas estratégias de combate ao vírus. Desde o
início da pandemia, o país registrou pouco mais de 30 mil casos e 910 mortes.
Covid: avião com 528,8 mil doses da vacina da Pfizer chega ao Brasil por Viracopos
Primeira remessa da semana chegou ao aeroporto de Campinas (SP) às 21h21.
Farmacêutica americana ainda fará mais dois envios ao país na quarta e quinta-feira.
Por G1 - 29/06/2021
O avião com 528,8 mil doses da vacina contra Covid-19 da Pfizer/BioNTech chegou ao
Brasil às 21h21 desta terça-feira (29) pelo Aeroporto Internacional de Viracopos, de
Campinas (SP). É o 18º lote que a farmacêutica envia ao país do contrato de 200 milhões
de doses com o governo federal.

308
A companhia americana fará outras duas entregas na quarta (30) e quinta-feira (1º), com
936 mil doses cada uma, todas por Viracopos, completando 2,4 milhões de vacinas em três
voos nesta semana.
Até o momento, os 17 lotes provenientes deste acordo representaram a entrega de 13
milhões de vacinas da Pfizer. Com as três remessas desta semana, o número sobe para
15,4 milhões. A empresa diz que vai cumprir o cronograma de entrega total até o final de
2021.
No domingo (27), a Pfizer concluiu o envio de outras 2,4 milhões de doses. As
remessas fazem parte fazem parte do acordo da empresa com o Ministério da Saúde.
No dia 20 de junho, a Pfizer enviou ao Brasil a primeira remessa de doses da vacina por
meio do consórcio global Covax Facility. A entrega foi de 842 mil imunizantes, também
pelo Aeroporto Internacional de Viracopos.
A Pfizer utilizou o Aeroporto de Viracopos para todas as entregas ao Brasil até agora. A
primeira remessa teve 1 milhão de doses e foi recebida pelo país em 29 de abril, em
cerimônia que contou com a presença do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
A logística de entrega das doses ao governo federal conta com segurança da Polícia
Federal. Equipes acompanham o desembarque em Viracopos e escoltam o transporte
rodoviário das doses até o centro de distribuição do Ministério da Saúde, em Guarulhos
(SP).
Histórico
A vacina da Pfizer/BioNTech foi alvo de recusa e polêmicas dentro do governo federal.
Ainda no ano passado, três ofertas formais para venda de 70 milhões de doses foram
feitas pela empresa e ficaram sem resposta do Ministério da Saúde.
Também em dezembro, o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde,
Arnaldo Medeiros, descartou a compra da vacina por causa da exigência de
armazenamento em baixas temperaturas.
A vacina foi a primeira a obter registro sanitário definitivo pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), em fevereiro deste ano.
O imunizante pode ser aplicado em pessoas a partir de 12 anos de idade, em duas doses,
com intervalo de 21 dias entre elas. A vacina é a única que pode ser aplicada em menores
de 18 anos no Brasil.
Inicialmente a autorização da Anvisa permitia o uso a partir de 16 anos. Mas o órgão
autorizou a mudança na bula da vacina no país. Entretanto, ainda não há perspectivas
de vacinação dessa faixa etária no Brasil.
A ampliação da idade em adolescentes foi aprovada depois de a Pfizer apresentar
estudos que indicaram a segurança e eficácia da vacina para este grupo. Os estudos
foram desenvolvidos fora do Brasil e avaliadospela agência.
Saúde ainda não distribuiu 3 milhões de vacinas da Janssen doadas pelos EUA
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que aguarda uma autorização da Agência

309
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
Agência Estado - 30/06/2021
Quatro dias após o recebimento da remessa, o Ministério da Saúde ainda não distribuiu as
3 milhões de doses da vacina contra a covid-19 da Janssen doadas pelos Estados Unidos. A
informação foi confirmada pelo governo federal por meio de nota após a situação ser
criticada em coletiva de imprensa pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), nesta
quarta-feira, 30.
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que aguarda uma autorização da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa). "A expectativa é de que a liberação seja realizada ainda
hoje para que a distribuição seja feita em até 48 horas", alegou. Segundo Doria, os
imunizantes desembarcaram no Aeroporto de Viracopos, em Campinas, entre a sexta-feira,
25, e o sábado, 26. Ele exigiu a "imediata liberação" pelo governo federal. "As vacinas
ainda não foram distribuídas para o sistema nacional de imunização. Até dá a impressão
que o Ministério da Saúde não tem pressa. Nós temos", declarou. São Paulo espera
receber 678 mil doses do total. "É muita vacina guardada na prateleira quando já deveria
estar no braço dos brasileiros", acrescentou Doria. "Ministro (da Saúde, Marcelo Queiroga),
nós pedimos que o senhor delibere e faça a gestão junto ao seu próprio ministério para que
essas vacinas sejam liberadas." 53% da população paulista adulta tomou ao menos uma
dose da vacina
Segundo o governo, 53% da população paulista de 18 anos ou mais recebeu ao menos
uma dose de uma das vacinas contra a doença autorizadas no País. Ao todo, 18% dos
adultos tiveram a vacinação completa. Mais de 25 milhões de doses foram aplicadas no
Estado.
O atual calendário estadual prevê a ampliação para a população de 35 a 39 anos entre 15
e 29 de julho e, ainda, para a de 30 a 34 anos de 30 de julho a 15 de agosto. Na
sequência, será a vez daqueles de 25 a 29 anos (de 16 a 31 de agosto) e de 18 a 24 anos
(de 1º. a 15 de setembro).
São Paulo tem 3.719.586 casos e 126.937 óbitos confirmados por covid-19, de acordo com
o governo estadual. A taxa de ocupação é de 75,4% em UTI e de 69,5% em leitos de
enfermaria 56,6%.
Na terça-feira, 29, Doria havia afirmado que o Estado discute a possibilidade de antecipar o
calendário de vacinação contra a covid-19 com a chegada de novas doses do imunizante,
porém afirmou nesta quarta que um eventual anúncio ocorrerá apenas em 7 de julho,
mediante avaliação. Remessas de 1 milhão de doses prontas de Coronavac e de 528.840
mil da vacina fabricada pela Pfizer e a BioNTech desembarcaram em aeroportos de São
Paulo na noite de terça-feira.
As datas da campanha de vacinação sofreram alterações nas últimas semanas. A capital
paulista chegou a suspender temporariamente a aplicação semana passada, por falta de
doses.
A média móvel de novas internações relacionadas à covid-19 (calculada com base nos
registros dos últimos sete dias) foi de 1.993 na terça-feira. Ela está em queda desde 12 de
junho, quando era de 2.760. Ainda é, contudo, superior às taxas de fevereiro

310
(foi de 1.454 em 15 de fevereiro, por exemplo) e de qualquer período de 2020 (o auge
naquele ano foi de 1.972, em 16 de julho)
Já a terça-feira teve uma média móvel de 548 óbitos por dia. A taxa está em um momento
de estabilização, mas em patamar ainda bastante superior às médias anteriores a março.
Em 23 de fevereiro, por exemplo, ela foi de 214 mortes diárias. Além disso, é mais do que o
dobro do recorde do ano passado (219, em 15 de setembro).
Tema: Política Internacional
Eleições nos EUA: entenda como funciona a escolha do presidente pelo colégio eleitoral
Diferente de outras repúblicas presidencialistas, os americanos adotaram um
sistema chamado de colégio eleitoral, no qual cada estado ganha um peso, de
acordo com o tamanho de sua população. Saiba por que conquistar os votos de
mais eleitores nem sempre significa se tornar o presidente.
Por Fabiana de Carvalho, G1 - 28/08/2020
O sistema que elege um presidente nos Estados Unidos é diferente do usado no Brasil e em
outros países. Não basta ter a maioria dos votos diretos dos eleitores no dia da eleição
(veja no vídeo acima).
Na verdade, algumas vezes isso nem adianta. Em 2016, por exemplo, Hillary Clinton teve
mais votos, mas não foi eleita e Donald Trump virou presidente.
Por isso este ano, por mais que Joe Biden apareça à frente nas pesquisas, ainda é possível
que Trump consiga se reeleger mesmo perdendo novamente nas urnas.
O que um candidato à presidência dos Estados Unidos precisa mesmo é conquistar a
maioria dos votos dos delegados que compõem o Colégio Eleitoral. Ou seja, pelo menos
270 dos 538 em disputa.
Isso porque quando os eleitores norte-americanos votam, eles na verdade estão decidindo
para quem vão entregar os delegados de seus estados. E estados com mais habitantes têm
mais delegados no Colégio Eleitoral.
A Califórnia, por exemplo, estado mais populoso do país, com quase 40 milhões de
habitantes, está dividida em 53 distritos eleitorais. Já o Kansas, um estado pequeno, com
menos de 3 milhões de pessoas, tem apenas quatro distritos eleitorais.
Considerando que cada estado ganha um delegado por distrito e mais dois (um para cada
senador que possui no Congresso), a Califórnia tem no total 55 delegados e o Kansas seis
– o que deixa bem clara a influência de cada um.
O sistema do Colégio Eleitoral existe justamente para que estados mais populosos tenham
peso maior na decisão. Por isso os candidatos lutam tanto para se dar bem em estados
como Califórnia, Flórida e Texas, por exemplo, que, juntos, têm 133 delegados – quase
25% do total.
Ganhador leva tudo
Para ajudar, quase todos os estados - com exceção apenas de Maine e Nebraska - adotam
um sistema chamadowinner-take-all (ganhador leva tudo), no qual o candidato

311
que conseguir o maior número de delegados fica com todos. Ou seja, se alguém conquistar
28 dos delegados da Califórnia...leva os 55.
Em geral, existem estados que são tradicionalmente republicanos, outros onde democratas
ganham praticamente sempre – mas a briga de verdade acontece naqueles conhecidos
como “swing states”, onde não há tanta fidelidade e os resultados variam de acordo com
cada eleição. Carolina do Norte, Ohio, Pensilvânia e mesmo a Flórida estão entre eles e
podem ser decisivos.
Somando todos os 50 estados dos EUA (mais o distrito de Columbia), existem 538
delegados em disputa, e se torna presidente o candidato que assegurar o voto de pelo
menos 270 deles.
Colégio Eleitoral confirma vitória de Joe Biden como presidente eleito dos EUA
Etapa era mais um dos protocolos do sistema eleitoral americano até a posse,
marcada para 20 de janeiro.
Por G1 - 14/12/2020
O Colégio Eleitoral confirmou nesta segunda-feira (14) a vitória de Joe Biden nas
eleições presidenciais dos Estados Unidos. A etapa é mais uma das formalidades entre a
votação de novembro e a posse do democrata como novo presidente, prevista para 20 de
janeiro.
Nesta etapa, os 538 eleitores dos 50 estados e do Distrito de Columbia designados a
votarem conforme os resultados das eleições depositaram publicamente seus votos. As
cédulas serão enviadas até 23 de dezembro para a capital Washington, onde serão
formalmente recebidas e contadas em uma solenidade em janeiro no Congresso
americano.
Esses eleitores do Colégio Eleitoral são nomeados a partir da certificação dos
resultados eleitorais em cada estado, etapa que oficializou os números da apuração.
Todas as unidades federativas protocolaram os dados até a semana passada.
Assim, com os 55 votos da Califórnia no início desta noite, Biden ultrapassou oficialmente os
270 votos mínimos no Colégio Eleitoral para se eleger presidente. Nenhum delegado votou
diferente do que havia sido designado
— ou seja, não houve "eleitores infiéis".

Com isso, o democrata confirmou 306 delegados no Colégio Eleitoral, contra 232 do
republicano Donald Trump, atual presidente e derrotado na tentativa de se reeleger.
Considerando o voto popular, Biden teve 81,3 milhões de votos (51,3%) contra 74,2
milhões (46,8%) de Trump.
Formalmente eleito no Colégio Eleitoral, Biden deve discursar nesta noite. Segundo
trechos divulgados por agências americanas de notícias, o democrata dirá que "nem
mesmo abuso de poder" poderá interromper umatransição pacífica no poder.
As próximas etapas até a posse de Biden serão as seguintes

312
• 23 de dezembro: data-limite para que o Senado, em Washington, receba os
certificados dos votos dos delegados em cada estado.
• 6 de janeiro: o Congresso americano faz uma sessão conjunta e conta os votos do
Colégio Eleitoral. Quem preside a sessão é o presidente do Senado, que é o vice-
presidente Mike Pence. Caberá a ele declarar, então, quem está oficialmente eleito.
• 20 de janeiro: o novo presidente e seu vice assumem seus cargos.
Trump se recusa a reconhecer derrota
Trump vem tentando reverter o resultado das urnas nos tribunais, alegando fraude ou
problemas nos sistemas de contagem de votos. Porém, nenhuma irregularidade capaz de
mudar a vitória de Biden foi verificada, e na sexta-feira a Suprema Corte negou um
pedido das autoridades trumpistas do Texas para anular o resultado eleitoral em quatro
estados-chave.
Por causa desse ambiente de tensão inflamado por apoiadores de Trump, em alguns
estados os eleitores do Colégio Eleitoral se reuniram sob forte regime de segurança. Havia
o temor de que protestos ou mesmo atos violentos pudessem colocar em risco a
integridade dos participantes.
Mesmo assim, um número crescente de políticos do Partido Republicano, o mesmo do
presidente, vem reconhecendo a vitória de Biden nas eleições.
Nesta segunda-feira, foi a vez do senador John Cornyn, aliado de Trump. O parlamentar
disse considerar o democrata "um presidente eleito passível de qualquer questionamento
judicial", mas admitiu que "espera uma virada de página em janeiro, com uma transição
pacífica".
"Tem horas em que você precisa admitir que, apesar de seus esforços, você não
obteve sucesso", disse Cornyn.
Veja a cronologia da invasão do Congresso dos Estados Unidos por apoiadores de
Trump
Grupo entrou no Capitólio nesta quarta-feira (6) durante recontagem oficial dos
votos do Colégio Eleitoral para impedir confirmação da vitória de Joe Biden.
Em discurso pouco antes da invasão, presidente insistiu que não aceitaria a derrota
e incitou apoiadores a marchar até o Congresso.
Por G1 - 06/01/2021
Um grupo de apoiadores do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, invadiu nesta
quarta-feira
(6) o Capitólio, sede do Congresso americano em Washington, durante a contagem oficial
dos votos do Colégio Eleitoral definidos nas eleições presidenciais de novembro. Os
invasores queriam impedir a confirmaçãoda vitória de Joe Biden.
Momentos antes da sessão no Congresso, Trump disse a uma multidão de apoiadores em
Washington que não aceitaria a derrota para Biden. Ele incitou as pessoas a caminharem
em direção ao Capitólio, dizendo que iria acompanhá-las – no entanto, não foi visto

313
na marcha.
Parlamentares e jornalistas que estavam no Congresso relataram tiros dentro do prédio.
Segundo a polícia de Washington, quatro pessoas morreram durante a invasão. A
sessão para certificar a vitória de Biden foi retomada na noite desta quarta.
Cronologia:
1. Democratas começam o dia com "controle" do Congresso
2. Trump faz discurso, insiste que não aceitará derrota e incita marcha até o Capitólio
3. O vice-presidente Mike Pence rejeita mudar o resultado
4. Apoiadores de Trump invadem o Congresso
5. Biden pede que Trump ordene retirada de apoiadores
6. Trump pede que invasores saiam do Congresso
7. Sessão para certificar a vitória de Biden é retomada na noite de quarta
8. Congresso dos EUA ratifica vitória de Biden
9. Após sessão, Trump fala em "transição ordeira"
Entenda abaixo o que ocorreu em cada momento antes e depois da invasão do Congresso
dos EUA:
1. Democratas começam o dia com 'controle' do Congresso
Em votação realizada nesta terça-feira (5), os democratas conquistaram as duas vagas
do Senado em disputa na Geórgia e garantiram ao presidente eleito dos Estados Unidos,
Joe Biden, o controle do Congresso. A vitória de Raphael Warnock – o primeiro senador
negro eleito pelo estado – e Jon Ossoff foi confirmada nesta quarta.
A conquista dos democratas abre caminho para Biden aprovar leis e projetos sem a
resistência do Partido Republicano, que agora deixa de ter maioria no Senado. Os
democratas mantiveram sua maioria na Câmara dos Representantes e passam a ter o
"controle" das duas casas.
2. Trump faz discurso, insiste que não aceitará derrota e incita marcha até o Capitólio
Momentos antes da sessão no Congresso que iria certificar a vitória de Joe Biden, Trump
disse a uma multidão em Washington que não aceitaria a derrota.
"Eu estarei com vocês. Vamos andar até o Capitólio e felicitar nossos bravos
senadores e congressistas", disse no discurso no Ellipse, parque perto da Casa
Branca. Ele, porém, não foi visto na marcha. "Nós vamos parar com o roubo [das
eleições]", insistiu.
Trump também voltou a pressionar o vice-presidente, Mike Pence, que presidiria a sessão
no Congresso, para que não certificasse a vitória de Biden — essa ação não encontra
fundamento constitucional. "Espero que Mike faça a coisa certa. Se ele fizer, venceremos a
eleição", declarou Trump
3. Pence rejeita mudar o resultado
Já durante a sessão no Congresso, Pence e também o líder da maioria republicana no
Senado, Mitch McConnell, rejeitaram mudar o resultado das eleições presidenciais.
Parlamentares podem contestar o resultado dos estados e levar a rejeição dos votos aos
plenários — mas a tentativa de reversão do resultado era bastante improvável porque

314
os democratas são majoritários na Câmara, e a tentativa de mudar o resultado da eleição
encontrou resistência até entre senadores e deputados republicanos.
Em comunicado, Pence afirmou que não tem poder para mudar o resultado e admitiu que
tinha papel apenas "cerimonial" na sessão.
"Meu juramento em defender e apoiar a Constituição me impede de proclamar uma
autoridade unilateral para determinar quais votos devem ser contados e quais não
devem ser", afirmou o vice-presidente dos EUA.
Entretanto, em um aceno à base trumpista, o vice-presidente disse que houve
"significantes alegações de irregularidades" e afirmou que acataria a decisão dos
parlamentares em votar as objeções, quando são apresentados questionamentos sobre os
resultados nos estados.
Após a declaração de Pence, Trump criticou seu vice e escreveu em rede social que Mike
Pence "não teve coragem de fazer o que era necessário para proteger" o país e a
Constituição.
4. Apoiadores de Trump invadem o Congresso
A sessão conjunta no Congresso dos EUA para certificar a vitória do presidente eleito é,
costumeiramente, uma formalidade na qual os votos do Colégio Eleitoral são apenas
contados pelo vice-presidente diante dos parlamentares das duas casas.
A invasão do local pelos apoiadores de Trump ocorreu justamente enquanto
Câmara e Senado debatiam se acatavam ou não uma objeção aos resultados do Arizona
— tradicional reduto republicano vencido por Biden na eleição de novembro.
Senadores e deputados foram retirados do local da sessão e levados a uma área segura do
prédio. Mike Pence, que presidia a sessão, foi retirado do Capitólio. Houve vandalismo,
uma porta de vidro foi quebrada e gás lacrimogêneo foi disparado pela polícia. Guardas
ficaram feridos.
A prefeita de Washington decretou toque de recolher na capital americana.
Militares da Guarda Nacional foram acionados para reforçar a segurança do Capitólio. De
acordo com o Pentágono, seriam cerca de 1,1 mil soldados enviados a Washington.
5. Biden pede que Trump ordene retirada de apoiadores
Em um pronunciamento, o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que os
acontecimentos desta quarta "não refletem a verdadeira América e não representam quem
nós somos". Ele pediu a Trump que fosse à TV e ordenasse que os invasores saíssem
do Capitólio.
"A esta hora, nossa democracia está sob um ataque sem precedentes. Diferente de
tudo que vimos nos tempos modernos. Um ataque à cidadela da liberdade, o próprio
Capitólio. Um ataque aos representantes do povo e à polícia do Capitólio, que jurou
protegê-los. E os funcionários públicos que trabalham no coração de nossa
República", afirmou Biden.

315
6. Trump pede que invasores saiam do Congresso
Horas depois de seus apoiadores terem invadido a sede do Congresso, Trump pediu que
os extremistas deixassem o local, mas voltou a dizer que a eleição foi "roubada" e
"fraudulenta", mesmo sem apresentar provas. "Vocês precisam ir para casa", declarou em
um vídeo divulgado em redes sociais. O discurso foi publicado no Facebook e no YouTube,
que decidiram depois tirá-lo do ar porque violava suas regras.
Mais tarde, o Twitter anunciou que a conta de Donald Trump na rede social seria
bloqueada por 12 horas. O prazo começaria a correr assim que fossem deletados três
posts suspensos pela rede social nesta quarta. As publicações já não podiam ser vistas
pelos usuários, mas precisavam ser removidas pelo dono do perfil.
7. Sessão para certificar a vitória de Biden é retomada na noite de quarta
Após a invasão, a sessão do Congresso americano para certificar a vitória do democrata
Joe Biden no Colégio Eleitoral foi retomada na noite desta quarta.
"Para aqueles que causaram estragos em nosso Capitólio hoje: vocês não ganharam",
disse o vice- presidente Mike Pence durante seu discurso na abertura. "A violência
nunca vence. A liberdade vence. Ao nos reunirmos novamente nesta câmara, o
mundo testemunhará novamente a resiliência e a força de nossa democracia. E esta
ainda é a casa do povo. Vamos voltar ao trabalho."
O republicano Mitch McConnell, líder da maioria no Senado e um dos principais escudeiros
do governo Trump no Congresso, afirmou que "o Senado dos Estados Unidos não se
intimidará". "Não seremos mantidos fora desta câmara por bandidos, turbas ou ameaças",
disse.
8. Congresso dos EUA ratifica vitória de Biden
O Congresso americano confirmou na madrugada desta quinta-feira (7) a vitória de Biden
na eleição, e o presidente eleito tomará posse em 20 de janeiro. Pence ratificou a
contagem dos votos no Colégio Eleitoral e encerrou a sessão às 5h44 (horário de
Brasília).
“O anúncio do estado da votação pelo presidente do Senado será considerado uma
declaração suficiente para as pessoas eleitas presidente e vice-presidente dos Estados
Unidos para o mandato que começa no dia 20 de janeiro de 2021 e será inscrito junto à
lista de votos nos jornais do Senado e da Câmara dos Representantes", afirmou Pence
após a contagem dos votos do Colégio Eleitoral.
9. Após sessão, Trump fala em 'transição ordeira'
Após o Congresso americano ratificar a vitória de Biden, Trump afirmou que "haverá uma
transição ordeira em20 de janeiro".
"Embora isso represente o fim do maior primeiro mandato da história presidencial, é
apenas o começo de nossa luta para tornar a América grande de novo", afirmou
Trump ao reconhecer a derrota para Biden.
"Mesmo que eu discorde totalmente do resultado da eleição, e os fatos me confirmem,
haverá uma transição ordenada em 20 de janeiro"", afirmou o presidente dos EUA.

316
O que Biden alcançou em 100 dias de governo?
Desde que assumiu o cargo, presidente americano enfrentou desafios sem precedentes no país
desde a GrandeDepressão. A DW fez um balanço de que promessas foram cumpridas nesses
primeiros três meses.

317
Biden prometeu 100 milhões de vacinações em 100 dias, EUA já superam 200 milhões de doses
aplicadas.
A marca dos 100 dias, usada pela primeira vez durante a presidência de Franklin D.
Roosevelt, tem sido padrão para medir o progresso imediato de um presidente. Joe Biden
assumiu a Casa Branca em janeiro com o objetivo de conter uma pandemia violenta,
consertar uma economia quebrada que deixou milhões de desempregados e restabelecer o
relacionamento transatlântico.
Nesta quarta-feira (28/04), Biden discursou no Congresso, prometendo investimentos e
defendendo a vacinação contra a covid-19. O democrata enfrenta desafios sem
precedentes no país desde a Grande Depressão de 1929. A DW fez um balanço de sua
presidência até agora:
1. Resposta à pandemia de covid-19
A primeira grande promessa de Biden foi a aplicação de 100 milhões de doses de vacina
contra a covid-19 em seus primeiros 100 dias à frente da Casa Branca. Antes vista
como uma meta excessivamente ambiciosa, a marca foi superada após 58 dias. Em
março, Biden elevou a meta para 200 milhões de doses, alcançada sete dias antes dos
100 dias de governo. Nos EUA, 29% da população foram totalmente vacinados, e mais de
40% receberam pelo menos uma dose.
A administração federal, junto com a Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema),
conseguiu transformar em locais de vacinação em massa 21 arenas esportivas, centros
comunitários e centros de convenções na Califórnia, Flórida, Nova York, Illinois,
Massachusetts e Texas.
Devido ao lançamento abrangente e rápido da campanha, os EUA são agora o país que
mais vacinou contra o coronavírus no mundo, mas a presença de novas variantes, a
hesitação de alguns para tomar a vacina e preocupações de que os EUA não tenham
contribuído para os esforços da comunidade global são indícios de que alguns desses
sucessos podem ter vida curta.
2. Imigração
Biden tomou medidas imediatas a partir de sua escrivaninha, assinando pelo menos três
decretos em março para tratar de questões relacionadas à imigração. Um criou uma força-
tarefa para identificar famílias separadas na fronteira com o México – medida criticada

318
como desumana durante o governo Trump. Biden terá que contar com o Congresso para
fazer quaisquer mudanças importantes. Atualmente, ele tem uma maioria mínima no
Senado, algo que pode ir contra ele. No momento, parece improvável que ele cumpra
todas as promessas na área.
Biden tem lutado para lidar com o fluxo de migrantes que chegam à fronteira dos Estados
Unidos com o México. Somente em março, mais de 172 mil migrantes foram detidos
tentando entrar nos EUA. Os abrigos para menores desacompanhados estão lotados, e a
resposta do governo a essas perguntas transformou rapidamente a situação em um grande
problema político que não o ajudou nas pesquisas de popularidade.
O governo também reverteu o curso da questão do limite para refugiados. Em fevereiro,
Biden prometeu elevar o limite de quantos refugiados que fogem de ameaças em seus
países de origem podem entrar nos Estados Unidos, superando o limite recorde da era
Trump, de 15 mil, para mais de 62 mil. Em abril, a Casa Branca anunciou que manteria o
limite no nível estabelecido por Trump, irritando membros do próprio partido de Biden.
Os republicanos já usaram isso como um ponto de discussão contra Biden para o próximo
ciclo eleitoral e para a eleição presidencial de 2024, mas os eleitores podem ter uma
memória de curto prazo, fazendo com que a questão não tenha impacto no futuro político
de Biden.
3. Política externa
Biden tem tido que andar na corda bamba quando se trata de política externa. A relação
turbulenta que o governo Trump tinha com aliados de longa data tem sido mais fluida desde
que o democrata assumiu o cargo, em janeiro. Biden colocou ênfase na reconexão com os
velhos aliados dos EUA, como a União Europeia. Os comentários de Biden na Conferência
de Segurança de Munique e as duas viagens do Secretário de Estado dos EUA, Antony
Blinken, a Bruxelas para se encontrar com aliados da Otan foram um indicativo de que eles
estãofazendo sérias tentativas para reconectar a aliança transatlântica.
Durante a campanha, Biden falou duramente sobre a Arábia Saudita, dizendo que tomaria
medidas rápidas contra a nação, e chegou ao ponto de chamá-la de "Estado pária". A
retórica mudou desde então – o presidente americano agora fala de uma "recalibração" do
relacionamento com os sauditas.
Apesar de um relatório da inteligência dos EUA indicar que o príncipe herdeiro saudita,
Mohammed bin Salman, aprovou o assassinato do jornalista saudita Jamal
Khashoggi, o governo Biden evitou responsabilizar pessoalmente Bin Salman.
Biden tem uma abordagem muito mais dura em relação à Rússia do que o governo anterior.
Em março, o chefe de governo efetivamente chamou o presidente russo, Vladimir Putin, de
assassino e implementou sanções duras como resposta à interferência da Rússia nas
eleições de 2020 nos EUA. Ele falou diretamente com Putin e apelou para que ele
interrompesse a ação militar da Rússia na Ucrânia.

4. Mudanças Climáticas
Biden agiu rapidamente ao cumprir sua promessa de reingressar os EUA no Acordo
Climático de Paris de 2015,do qual o presidente Trump anunciou em 2017 que os EUA

319
se retirariam. Como parte do pacto, Biden comprometeu os EUA a reduzirem os gases de
efeito estufa pela metade até 2030. No entanto, a marca está abaixo dos compromissos
assumidos pela União Europeia e pelo Reino Unido.
Para que Biden alcance qualquer uma de suas metas climáticas, caberá a um Congresso
dividido conseguir aprovar seu pacote de infraestrutura de cerca de 2,3 trilhões de dólares.
A proposta prevê investimentos em veículos elétricos e em tecnologia de energia limpa.
5. Economia
As primeiras semanas da presidência Biden foram focadas numa economia em perigo de
entrar em colapso devido à pandemia. Com as taxas de desemprego em altas recordes, ele
tem que ser capaz de levar adiante — sem apoio republicano — o plano de resgate de 1,9
trilhão de dólares, que enviou cheques de 1,4 mil dólares (R$ 7,5 mil) para cada domicílio
americano.
Devido à campanha de vacinação, e à implementação do plano de resgate, o mercado de
trabalho ganhou quase 1 milhão de postos de trabalho em março, baixando a taxa de
desemprego para 6%. Em abril passado, a taxa de desemprego estava em torno de 14%.
Mas os números de emprego ainda estão abaixo dos níveis pré-pandemia, e há temores
de uma alta da inflação como resultado do plano de resgate.
Governo Joe Biden: as políticas à esquerda que põem o presidente em posição
inédita na história recente dos EUA
• Mariana Sanches - @mariana_sanches
• Da BBC News Brasil em Washington - 10 maio 2021
Há um ano, quando Joe Biden recém emergia como o nome do Partido Democrata a
enfrentar Donald Trump nas eleições presidenciais de novembro de 2020, seus
correligionários não disfarçavam certa falta de entusiasmo.
Político profissional com mais de três décadas no Congresso, Biden era visto como um
centrista pragmático, de estilo protocolar e entediante, que teria que ser rebocado pelas
alas mais à esquerda do partido para implementar uma agenda progressista em sua
gestão.
Pareciam corroborar essa visão tanto o histórico de Biden, que votou a favor da Guerra do
Iraque e costumava manter proximidade com parlamentares republicanos repudiados pela
base democrata - como o senador Mitch McConnell -, quanto sua negativa de, ainda
durante a campanha, endossar propostas como a criação de um sistema de saúde público
universal no país, advogada por seu rival nas primárias, o senador Bernie Sanders.
Nas fileiras do partido e entre o eleitorado jovem e progressista dos EUA, o quase
octogenário era tomado como um possível presidente tampão, uma figura moderada
necessária para pacificar o país após a turbulência social dos anos Trump, uma espécie de
ponte para algo mais ousado em termos de políticas públicas democratas, que não viria
nos quatro anos de um mandato Biden.
Cheque, creche, matriz energética limpa e mais
Mas os primeiros cem dias do governo Biden sugerem que, para a felicidade da

320
esquerda do partido e preocupação dos direitistas e republicanos, a avaliação estava
errada. A gestão Biden tem apresentado propostas de reformas tão arrojadas quanto caras
para os cofres públicos.
Biden já colocou em prática um plano de socorro econômico contra os efeitos da pandemia
de covid-19 de US$ 1,9 trilhão. Esse é um gasto que, por si só, já superaria a injeção de
recursos feita por Franklin Delano Roosevelt, em 1933, ano em que o mandatário iniciava
seu pacote de medidas para recuperar os EUA da Grande Depressão, batizado de New
Deal.
Parte desses recursos bancou os mais de 160 milhões de cheques de até US$ 1,4 mil que
a administração federal já distribuiu entre a população do país.
A projeção é que, como resultado do aporte de dinheiro público, a economia americana
cresça 7% neste ano, o maior resultado em quase quatro décadas, após uma contração de
3,5% em 2020, resultado dos efeitos da crise sanitária causada pelo novo coronavírus, que
já ceifou a vida de 580 mil pessoas no país.
"Esta é a legislação mais significativa para os trabalhadores que foi aprovada no país em
décadas", comemorou o progressista Sanders, conhecido pela verve crítica à esquerda que
destina aos democratas. Embora a retomada de empregos em março tenha parecido
confirmar o entusiasmo de Sanders, com quase um milhão de postos de empregos criados,
o dado de abril decepcionou e ficou apenas em um quarto disso.
O pacote ainda garantiu que Biden entregasse quase o triplo em vacinas que havia
prometido em seus cem primeiros dias: há 290 milhões de doses disponíveis em território
americano, 230 milhões delas já aplicadas.
Na semana passada, em outro movimento progressista histórico, a Casa Branca alterou seu
posicionamento na Organização Mundial do Comércio para se colocar a favor da quebra de
patentes dos imunizantes contra a covid-19, proposto por Índia e África do Sul.
A postura representa um golpe nos interesses de farmacêuticas americanas, como Pfizer e
Moderna, que detêma propriedade intelectual de algumas vacinas.
O governo americano justificou que, como grande financiador do desenvolvimento e
distribuição das doses, tinha direito também a opinar sobre sua reprodução ao redor do
mundo e que aumentar o acesso a imunizantes nesse momento era estratégico para o
interesse nacional e internacional.
Em outra frente, Biden aliou suas ambiciosas promessas climáticas a um plano de
desenvolvimento de infraestrutura impulsionado pelo Estado.
Se aprovado pelo Congresso, seu pacote de investimentos de US$ 2 trilhões destinará
recursos para a construção de uma matriz energética limpa no país e para estímulos à
substituição de boa parte da atual frota de veículos dos EUA por carros elétricos.
Esses esforços fariam parte do caminho para cumprir a meta anunciada pelo governo de
cortar pela metade as emissões americanas de gases do efeito estufa em relação aos
níveis de 2005, um objetivo mais ousado do que o estabelecido pelo ex-presidente
democrata Barack Obama, de quem Biden foi vice.

321
Além de desenvolver uma economia verde, o plano de infraestrutura criaria milhões de
empregados de nível médio, bem remunerados, para atender à massa de ex-operários
americanos que viram seus empregos migrarem para a América Latina ou a Ásia durante o
processo de globalização da produção da indústria americana.
E se promete impulsionar o setor de alta tecnologia verde, o governo Biden começa a
desidratar a indústria mineradora e petrolífera do país.
Seu governo suspendeu novos arrendamentos para exploração de petróleo e gás em
terras e águas federais, o que tem sido interpretado como o passo inicial de um banimento
permanente dessas atividades.
Mas os planos de Biden não se concentram apenas em melhorar a infraestrutura física e
ambiental do país. O governo quer investir em capital humano.
Suas propostas incluem a destinação de cerca de US$ 1 trilhão para creches,
universalização da educação pública para crianças entre três e quatro anos de idade (hoje
inexistente na maior parte dos EUA) e gratuidade de dois anos de estudo nas chamadas
Community College, faculdades locais - mais baratas e com bem menos prestígio do que as
renomadas universidades americanas - que costumam atender alunos dos estratos mais
pobres da sociedade.
E enquanto o aumento da dívida pública do país será inevitável, ao menos uma parte dos
planos deve ser custeada pelo aumento de impostos sobre os mais ricos.
A Casa Branca propõe uma revisão do sistema tributário dos EUA que afete todos aqueles
com rendimentos superiores a US$ 400 mil dólares por ano - sejam famílias ou empresas.
A proposta quase dobraria os impostos sobre ganhos de capital (o lucro sobre
investimentos) para pessoas que ganhem mais de US$ 1 milhão anualmente. Essa seria a
maior taxa de imposto sobre ganhos de investimento desde que a modalidade do imposto
foi criada, em 1920.
Além desses três grandes pacotes orçamentários, a gestão Biden tenta pautar no
Congresso projetos de lei com profundo impacto em aspectos culturais e sociais do país: o
presidente enviou ao Congresso um plano que prevê caminho para a cidadania americana a
11 milhões de migrantes indocumentados, além de uma ampla reforma no sistema
migratório dos EUA, tem defendido aumento de restrições ao acesso às armas e tem
reconhecido e tentando combater o racismo estrutural, tanto por meio de medidas que
ampliem o acesso ao voto entre a população negra quanto propondo reforma da polícia do
país.
"Entediante, mas radical"
O ímpeto de Biden parece ter pego de surpresa tanto oposicionistas quanto simpáticos à
sua gestão. De um lado, o senador republicano trumpista Ted Cruz qualificou o governo
como "entediante, mas radical". De outro, à agência de notícias econômicas Bloomberg,
Dean Baker, o economista sênior do Centro de Pesquisa Econômica e Política, de tendência
progressista, afirmou que Biden surpreendeu: "Muitos de nós temíamos que ele seria
excessivamente cauteloso, mas ele encampou uma agenda agressiva e ambiciosa e a
defendeu bem. Eu o subestimei politicamente".

322
O ceticismo de que Biden pudesse mudar de modo frontal as posturas que ele próprio
defendeu em um passadonão tão distante é compreensível.
Uma anedota ilustra bem isso. Entre 2009 e 2011, quando a administração Obama-Biden
buscava retomar o crescimento dos EUA após a recessão de 2008, o economista auxiliar
de Biden era o progressista Jared Bernstein. Bernstein deixou o governo frustrado com o
foco da Casa Branca no que para ele era a "questão econômica errada": o controle do
déficit fiscal.
O economista acreditava que era preciso que o Estado gastasse muito mais em um
primeiro momento, para permitir um retorno robusto da economia e a retirada gradativa de
investimentos públicos do mercado. Perdeu a queda de braço. Dez anos mais tarde,
Bernstein está de volta à Casa Branca como um dos principais conselheiros econômicos do
presidente. E agora, sua visão sobre a necessidade de gastos polpudos pelo Estado já não é
mais minoritária no governo.
Para o cientista político Jonathan Hanson, quem esperava ver em Biden uma reedição da
gestão Obama falhouem notar não só uma mudança no ambiente político quanto
em reconhecer a maleabilidade inerente aos políticos profissionais.
"Sinto que a pandemia está encerrando a era que começou com o governo Ronald
Reagan, em que o governo era considerado o problema e deveria ser reduzido. Por 40
anos, tanto à esquerda quanto à direita, repetiu-se o mantra do corte de gastos públicos e
redução de impostos. Mas neste momento, o que as pessoas querem é que o Estado se
apresente para resolver o problema, impedir que a economia colapse diante da pandemia",
afirmou Hanson à BBC News Brasil.
A mudança de percepção pública sobre a atuação do Estado na economia fica evidente em
pesquisas de opinião. No fim de abril, um levantamento nacional feito pela agência Reuters
e o Instituto Ipsos mostrou que 65% dos americanos aprovavam o pacote de alívio
econômico aos impactos da covid-19, contra 29% que desaprovavam.
Do mesmo modo, o pacote de infraestrutura também conta com simpatia da maioria. O
Instituto de Pesquisa da Universidade Monmouth apontou, em 26 de abril, que dois em
cada três americanos apoiam o plano de gastos trilionários de Biden bem como o aumento
de impostos que será necessário para custeá-lo.
Segundo Hanson, Biden mostrou tino para descobrir a vontade popular e maleabilidade
para segui-la, como costumam fazer os políticos profissionais.

323
Se aprovado pelo Congresso, pacote de investimentos de US$ 2 tri destinará recursos
para a construção de uma matriz energética limpa e para estímulos à substituição de boa
parte da atual frota de veículos dos EUA por carros elétricos
"Acho que talvez as pessoas tenham subestimado Joe Biden como político. Ele é muito
capaz de ler a situação política tanto dentro de seu partido quanto nacionalmente. E, isso
significa que ele vai mudar de posição com o tempo, sim. Diante dos desafios imensos nos
Estados Unidos e no mundo, Biden passou a reconhecer a necessidade de tomar grandes
decisões, necessárias para enfrentar essas crises", diz o professor da Universidade de
Michigan.
A janela dos dois anos
Embora audaciosa, grande parte da agenda de Biden ainda depende da aprovação do
Congresso, no qual a situação não é exatamente confortável. Apenas o pacote de alívio da
covid-19 já foi aprovado.
Os democratas sustentam uma maioria mínima no Legislativo, suficiente apenas para
aprovar legislações que tenham implicações orçamentárias diretas. Leis ordinárias, no
entanto, demandam maioria de três quintos no Senado, o que obriga os democratas a
convencerem parte da bancada republicana a apoiar seus projetos.
A construção de legislações bipartidárias, no entanto, tem se mostrado difícil. E embora
Biden tenha fundado sua campanha no mote da união nacional e repetido em diferentes
ocasiões seu apreço pela composição multipartidária, ele tem deixado claro aos
democratas que tentará seguir com os planos mesmo que os republicanos não
embarquem.
Isso porque, em apenas dois anos, os americanos voltarão às urnas para renovar - ou não
- os mandatos de uma parcela dos parlamentares, o que ameaça a já precária maioria do
partido do presidente.
"Nos dois últimos governos democratas, tanto Obama quanto Clinton começaram com
maioria no Congresso, buscaram a construção de consenso com os republicanos,
acabaram bloqueados e, nas eleições do meio de mandato, viram o fim de suas maiorias - e
da chance de aprovar boa parte de suas propostas. Assim, perderam a janela de
oportunidade dos dois anos que, na prática, os presidentes democratas têm", afirma
Janson, em uma explicação institucional para o fato de Biden apresentar uma agenda mais
progressista e arrojada que seus antecessores do mesmo partido em tão curto espaço de
tempo.
"Biden viu o erro acontecer no governo Clinton, quando estava no Congresso, viu o erro se
repetir no governo Obama, quando era vice. E parece agora decidido a encerrar esse ciclo.
Ele já avisou que vai usar a legitimidade das urnas para empurrar sua agenda nesse
começo, enquanto há condições para isso", resume Hanson.
É provável que, com menores ou maiores alterações, Biden consiga aprovar seus planos
de infraestrutura e de investimento em pessoas. Já o futuro de leis como a reforma de
migração ou do policiamento seguem como incógnitas. Bandeiras históricas das alas mais
à esquerda dos democratas, essas mesmas matérias dependem agora da anuência

324
de uma parte da bancada republicana para ser aprovadas. No limite, serão os republicanos
a decidir se elas vão compor ou não o legado do governo Biden.
Governo Biden lança "força-tarefa" para ir atrás do comércio chinês
Embora não seja explicitamente dirigida à China, a revisão faz parte de uma estratégia mais
ampla do governo Biden para fortalecer a competitividade dos EUA
da Reuters - 08 de junho de 2021
Os Estados Unidos terão como alvo a China em uma nova "força-tarefa" para combater
práticas comerciais desleais, informou o governo Biden nesta terça-feira, enquanto
divulgava as conclusões de uma revisão do acesso norte-americano a produtos essenciais,
de semicondutores a baterias de veículos elétricos.
A "força-tarefa comercial da cadeia de abastecimento", liderada pela representante
comercial dos EUA, buscará violações específicas que contribuíram para um
"esvaziamento" das cadeias de abastecimento que poderiam ser resolvidas com ações
comerciais, inclusive em relação à China, disseram autoridades do governo a repórteres.
As autoridades também disseram que o Departamento do Comércio estava considerando
iniciar uma investigação da Seção 232 sobre o impacto da segurança nacional das
importações de ímã de neodímio usados em motores e outras aplicações industriais, que os
Estados Unidos importam em grande parte da China.
O presidente Joe Biden pediu a revisão das cadeias de abastecimento em fevereiro,
exigindo que as agências executivas relatem dentro de 100 dias os riscos para o acesso
dos EUA a bens essenciais, como aqueles usados em produtos farmacêuticos e minerais de
terra rara, dos quais os Estados Unidos são dependentes de fornecedores estrangeiros.
Embora não seja explicitamente dirigida à China, a revisão faz parte de uma estratégia mais
ampla do governo Biden para fortalecer a competitividade dos EUA em face dos desafios
econômicos impostos pela segunda maioreconomia do mundo.
"Os semicondutores são os blocos de construção que sustentam grande parte da nossa
economia e são essenciais para a nossa segurança nacional, nossa competitividade
econômica e nossas vidas diárias", disse a secretária de Comércio dos EUA, Gina
Raimondo.
Os Estados Unidos enfrentaram sérios desafios para obter equipamentos médicos durante a
pandemia de Covid-
19 e agora enfrentam enormes gargalos em várias áreas, incluindo chips de
computador, paralisando aprodução de bens como carros.
Biden e Putin fazem reunião em Genebra, mas a discórdia entre EUA e Rússia
permanece
BBC - 16 junho 2021

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BIDEN E PUTIN SE SE REUNIRAM EM GENEBRA, NA SUÍÇA

Os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia elogiaram a conversa que tiveram


em Genebra, na Suíça, nesta quarta-feira (16/6), mas fizeram poucos progressos
concretos na primeira reunião entre os mandatários dos dois países desde 2018.
Discordâncias foram declaradas, disse o americano Joe Biden após o encontro, mas não
de forma exagerada. Segundo ele, "a Rússia não quer uma nova Guerra Fria".
Já o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que Biden era um estadista experiente e que
os dois "falavam a mesma língua".
A reunião durou quatro horas, menos tempo do que o programado.
Biden disse que os dois não precisam gastar mais tempo conversando e que, agora, há uma
perspectiva genuína de uma melhora na relação entre os países.
Ambos concordaram em iniciar um diálogo sobre o controle de armas nucleares. Eles
também disseram que retornariam os embaixadores às capitais uns dos outros.
Os diplomatas foram mutuamente retirados de seus postos em março, depois dos Estados
Unidos acusarem a Rússia de se intrometer nas eleições presidenciais de 2020.
No entanto, houve poucos sinais de acordo em outras questões, incluindo cibersegurança,
Ucrânia e o destino do líder da oposição russa Alexei Navalny, que atualmente cumpre pena
de dois anos e meio de prisão em umacolônia.

O que os líderes discutiram?


Antes da cúpula, ambos os lados disseram que as relações estavam estremecidas.
Putin sugeriu um possível acordo sobre a troca de prisioneiros. O russo rejeitou as
acusações de responsabilidade de seu país em ciberataques, dizendo que a maioria dos
casos na Rússia se originou nos Estados Unidos.

326
• Terça-feira, 31 de dezembro
Membros dessas milícias invadiram a embaixada dos EUA em Bagdá, a capital do Iraque.
Na ocasião, Trump acusou os iranianos de estarem por trás dos protestos.
A embaixada ficou sitiada por pouco mais de 24 horas. Os líderes das milícias pediram
para que ela fosse liberada na quinta-feira (2), e a ordem foi imediatamente cumprida.
• Quinta-feira, 2 de janeiro
Os EUA executaram o ataque por drones no aeroporto de Bagdá, no Iraque, que matou Soleimani.
• Sexta-feira, 3 de janeiro
Autoridades iranianas prometem vingança pela morte do general, considerado um dos
mais importantes do país.
• Sábado, 4 de janeiro
Trump diz que tem na mira 52 alvos no Irã e que não hesitará em atacá-los caso os
iranianos atinjam algum americano. Entre esses alvos, estariam pontos importantes da
cultura iraniana.
Mais tarde, foguetes atingiram três locais diferentes no Iraque, incluindo uma base
aérea que abriga forças norte-americanas e uma área próxima à embaixada dos EUA em
Bagdá, sem causar mortes.
• Domingo, 5 de janeiro
O Irã anunciou que o seu trabalho de enriquecimento de urânio não respeitará mais
o acordo nuclear de 2015, que fixava o processo de enriquecimento em 3,6%, e que sua
produção não terá mais limites.
Esse tipo de urânio é usado para produzir combustível para reatores nucleares, mas,
potencialmente, pode servir para a produção de armas nucleares.
O parlamento do Iraque pediu ao governo para encerrar as atividades de tropas
estrangeiras no país e os EUA anunciaram uma pausa nas operações contra o Estado
Islâmico em terras iraquianas.

IRÃ ATACA BASES AMERICANAS NO IRAQUE (VEJA A IMAGEM NA PÁGINA


SEGUINTE)

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328
• Terça-feira, 7 de janeiro
Duas bases no Iraque que abrigam forças americanas e iraquianas foram atingidas
por uma dúzia de mísseis, segundo o Pentágono. A Guarda Revolucionária do Irã assumiu
a responsabilidade pelos lançamentos dos mísseis. Não houve registro de feridos.
• Quarta-feira, 8 de janeiro
Um Boeing 737 800 caiu poucos minutos após decolar do aeroporto de Teerã. As 176
pessoas que estavam a bordo morreram. Três dias depois, o Irã admitiu que derrubou a
aeronave, sem intenção, com um de seus mísseis.
Após o ataque às bases americanas, o presidente Trump disse que o Irã "parecia estar
recuando" e não mencionou retaliações militares. O chefe de estado americano lançou
novas sanções.
• Quinta-feira, 9 de janeiro
O chefe da Força Aeroespacial da Guarda Revolucionária do Irã afirmou que o bombardeio
contra as bases americanas no Iraque dá início a uma série de ataques contra os
Estados Unidos no Oriente Médio.
Veja histórico recente do conflito entre Irã e EUA
A semana de conflitos e o ataque que matou Qassem Soleimani ocorreu em um contexto de
escalada de tensãoentre os Estados Unidos e o Irã.
Os dois países têm uma relação de confronto há décadas, e os desentendimentos e
confrontos indiretos aumentaram desde que Trump assumiu o governo.
• 2018: EUA deixa acordo nuclear
Em 2015, quando o presidente americano era Barack Obama, o Irã assinou um acordo
nuclear com Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, Rússia e China.
O governo iraniano aceitou limitar o enriquecimento de urânio e ser supervisionado por
inspetores da Organização das Nações Unidas (ONU), em troca do fim de sanções
econômicas.
Trump venceu as eleições em 2016, e uma de suas promessas de campanha era
justamente acabar com esse tratado, sob a justificativa de que dois temas não estavam
contemplados:
• o fim de seu programa de mísseis;
• e o envolvimento em conflitos no Oriente Médio –coordenados justamente por Soleimani.
Em maio de 2018, Trump tirou os Estados Unidos formalmente do acordo e, desde
então, impôs novas sanções e tem ameaçado países que importam petróleo iraniano.
Desde então, o Irã passou a descumprir os compromissos que havia pactuado no acordo nuclear
de 2015.

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• junho 2019: crise dos petroleiros e iminência de guerra
Em junho de 2019, incidentes levaram os dois países à iminência de um conflito armado.
Trump chegou até a ordenar bombardeios, mas recuou em cima da hora.
Aquele conflitou se iniciou quando dois navios petroleiros que navegavam perto do Irã foram
atacados. Os EUA apontaram os iranianos como responsáveis. O Irã negou.
Cerca de uma semana depois, o Irã revelou que derrubou um drone americano em seu
território – os iranianos afirmam que a aeronave não tripulada sobrevoava perto de seu
litoral.
Os EUA contestam essa versão iraniana: disseram que o drone estava sobre águas
internacionais. Trump, então, resolveu retaliar e ordenou um ataque a alvos em terra no Irã,
mas cancelou a iniciativa.
Já Biden afirmou ter dito a Putin que serviços de infraestrutura, como fornecimento de
água ou de energia, deveriam estar fora do alcance de hackers ou de outros tipos de
ataques.
Os dois lados divergiram fortemente sobre o respeito aos direitos humanos, incluindo o direito de
protestar.
Putin descartou as preocupações dos Estados Unidos sobre o oposicionista Alexei
Navalny, que recentemente fez uma greve de fome de 24 dias.
Ele disse que Navalny ignorou a lei e sabia que seria preso quando voltasse para a Rússia
após ter procurado tratamento médico na Alemanha. Navalny diz que foi envenenado por
ordem de Putin, que nega a acusação.
Putin afirmou que a Rússia não deseja "distúrbios" em seu território comparáveis à invasão
de membros da extrema-direita ao Capitólio, em janeiro deste ano, ou ao movimento Black
Lives Matter, que protesta contra o racismo nos Estados Unidos.
Biden classificou como "ridículos" os comentários de Putin sobre o Black Lives Matter e disse que a
defesa dos
direitos humanos “sempre estará na mesa."
A correspondente da BBC em Moscou, Sarah Rainsford, lembrou que Putin fez questão de
sublinhar várias vezes que a Rússia era uma potência nuclear - um país importante, com
uma economia menor que a dos Estados Unidos, mas que ainda era importante e, por isso,
Biden se dispôs a conversar.
Veja a cronologia da mais recente crise entre EUA e Irã
Escalada recente se iniciou quando milícias apoiadas pelo Irã dispararam mísseis
contra uma base militar no Iraque; EUA responderam com bombardeios que deixaram
24 mortos. Os dois países já estiveram na iminência de uma guerra em junho do ano
passado.
Por G1 - 03/01/2020

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O ataque de drones que matou o líder Qassem Soleimani em 2 de janeiro aconteceu depois de uma
semana de ações ofensivas entre o Irã e os Estados Unidos em território do Iraque. Ele era o
general que comandava a atuação iraniana em outros países, e a sua morte foi ordenada pelo
presidente americano, Donald Trump. Dias depois, em 7 de janeiro, duas bases no Iraque que
abrigam forças americanas e iraquianas foram atingidas por mais de uma dúzia de mísseis
iranianos. A Guarda Revolucionária do Irã assumiu a responsabilidade pelos lançamentos dos
mísseis em ambas as bases.

Veja a cronologia dos fatos:


• Sexta-feira, 27 de dezembro
Uma base militar de aliados dos EUA no Iraque foi atacada com mais de 30 mísseis.
Um americano que não era do exército, mas que prestava serviços para as forças armadas,
foi morto. Outros quatro americanos edois iraquianos ficaram feridos.
Os EUA apontaram como culpada uma milícia chamada Kataib Hezbollah, apoiada pelo Irã.
• Domingo, 29 de dezembro
Os americanos realizaram ataques em resposta e mataram 24 pessoas em bases de
milícias no Iraque e na Síria.

Essas milícias iraquianas apoiadas pelo Irã são uma força importante: elas têm um grande
número de representantes no Parlamento do Iraque.
Elas atuam no Iraque, mas são financiadas e orientadas pelo Irã. Quando os EUA impõem
sanções aos iranianos, essas organizações reagem com ataques no Iraque, onde há
presença de americanos.
Na ocasião, os iranianos afirmaram que um conflito iria se espalhar pelo Oriente Médio e seria
incontrolável.
• setembro de 2019: incêndio em refinaria saudita
Em setembro de 2019, mísseis atingiram instalações de um complexo de óleo e gás na
Arábia Saudita que pertencem à Aramco, uma empresa estatal.
A ação provocou incêndios de grandes proporções e derrubou pela metade produção de
petróleo e gás na Arábia Saudita.
Os americanos afirmaram que os iranianos estavam por trás, e o Irã, novamente, disse que
não eram os autores.
Os EUA acusaram os iranianos mesmo com a reivindicação de um outro grupo, os houthis.
São rebeldes que lutam na guerra civil no Iêmen, um país no sul da Península Arábica.
Os houthis são apoiados pelo Irã no conflito. Eles disseram ter enviado dez drones para
atacar as instalações da Aramco.

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Há décadas relação entre Irã e EUA estão desgastadas
As relações entre Irã e Estados Unidos começaram a se desgastar ainda na década de
1950, quando serviços secretos americanos ajudaram na derrubada do chefe do governo
iraniano Mohammed Mossadegh, com o objetivo de evitar a estatização das jazidas de
petróleo do país. Posteriormente, os EUA apoiaram o governo do xá Reza Pahlevi, que
passou a governar de forma absoluta.
Em 1979, a Revolução Islâmica forçou o xá a deixar o país. Sob a liderança do xiita aiatolá
Khomeini, é fundada a República Islâmica. Em novembro, estudantes iranianos invadem a
embaixada americana em Teerã, tomando como reféns 63 funcionários diplomáticos.
Em 1980, os EUA suspenderam as relações diplomáticas com o país. Em setembro, tropas
do então presidente iraquiano, Saddam Hussein, invadem o sudoeste do país, o Ocidente
fica do lado do Iraque na guerra que dura até 1988.
Quem é Ebrahim Raisi, chefe do Judiciário linha-dura eleito presidente do Irã. BBC
- 19 junho 2021

Ebrahim Raisi é um clérigo linha-dura próximo ao aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país.
Chefe do Judiciário e clérigo linha-dura e ultraconservador.
Assim é descrito Ebrahim Raisi, eleito presidente do Irã com 62% dos votos após eleições
na sexta (18/6) em um pleito que foi amplamente visto como destinado a favorecê-lo.
Raisi é um clérigo linha-dura e chefe do Judiciário do Irã próximo ao aiatolá Ali Khamenei,
líder supremo do país.
O presidente do Irã ocupa o segundo cargo mais importante do país, atrás do líder supremo.
Raisi terá influência significativa sobre a política interna e assuntos externos. Mas, no
sistema político do Irã, é o líder supremo do país, o aiatolá Khamenei, quem tem a palavra
final em todas as questões de Estado.
O país é administrado de acordo com valores religiosos conservadores, com restrições à
liberdade política desde a Revolução Islâmica em 1979.
Raisi, um clérigo de 60 anos, foi promotor durante a maior parte de sua carreira.

332
Em 2019, dois anos depois de perder para Hassan Rouhani na última eleição presidencial,
foi nomeado chefe do Judiciário.
Ele é leal aos clérigos governantes do Irã e foi até mesmo visto como um possível sucessor
do aiatolá Khamenei como líder supremo do país.
Na campanha, se apresentou como o "melhor" para combater a corrupção e resolver os
problemas econômicos que o Irã enfrentou durante o mandato do presidente Hassan
Rouhani.
Muitos iranianos e ativistas de direitos humanos apontaram o suposto papel de Raisi nas
execuções em massa de prisioneiros políticos na década de 1980.
"O fato de Ebrahim Raisi ter chegado à presidência em vez de ser investigado pelos crimes
contra a humanidade de assassinato, desaparecimento forçado e tortura é um lembrete
sombrio de que a impunidade reina suprema no Irã", disse a chefe da Anistia Internacional,
Agnès Callamard.
Muitos iranianos consideraram esta última eleição planejada para que Raisi vencesse e
evitaram a votação. Os números oficiais mostraram que a participação eleitoral foi a mais
baixa de todos os tempos para uma eleição presidencial, de 48,8%, em comparação com
mais de 70% na votação anterior, em 2017.
Dos protestos aos tribunais
Ebrahim Raisi nasceu em 1960 em Mashhad, a segunda maior cidade do Irã e lar do
santuário xiita mais sagrado do país. Seu pai, que era clérigo, morreu quando ele tinha
cinco anos.
Raisi, que usa um turbante preto que o identifica na tradição xiita como um descendente de
Maomé, seguiu os passos de seu pai e começou a frequentar um seminário xiita na cidade
sagrada de Qom aos 15 anos.
Enquanto estudante, participou de protestos contra o Xá Reza Pahlavi, apoiado pelo
Ocidente, que acabou derrubado em 1979 em uma Revolução Islâmica liderada pelo
aiatolá Ruhollah Khomeini.
Após a revolução, ele ingressou no judiciário e atuou como promotor em várias cidades,
enquanto era treinadopelo aiatolá Khamenei, que se tornou presidente do Irã em 1981.
Raisi se tornou procurador-adjunto em Teerã quando tinha apenas 25 anos.
Enquanto ocupava esse cargo, ele atuou como um dos quatro juízes que participaram de
tribunais secretos criados em 1988, que ficaram conhecidos como "Comissões da Morte".
Os tribunais "julgaram novamente" milhares de prisioneiros que já cumpriam penas de
prisão por suas atividades políticas. A maioria eram membros do grupo de oposição
esquerdista Mujahedin-e Khalq (MEK), também conhecido como Organização dos
Mujahidin do Povo Iraniano.
O número exato dos condenados à morte pelos tribunais não é conhecido, mas grupos de
direitos humanos disseram que quase 4 mil homens e mulheres foram executados e
enterrados em valas comuns não identificadas, o que constituiu um crime contra

333
a humanidade.
Os líderes da República Islâmica não negam que as execuções tenham acontecido, mas
não discutem detalhesnem a legalidade dos casos individuais.
Raisi não reconheceu publicamente seu papel, mas disse que as execuções foram
justificadas por causa de umafatwa, ou decisão religiosa, de Khomeini.
Há cinco anos, vazou uma fita de áudio de uma reunião de 1988 entre Raisi, vários outros
membros do judiciárioe o então vice-líder supremo do Irã, o aiatolá Hussein Ali Montazeri.
Nele, Montazeri é ouvido descrevendo as execuções como "o maior crime da história da
República Islâmica". Um ano depois, Montazeri perdeu sua posição como sucessor
designado de Khomeini, e o aiatolá Khamenei se tornou o líder supremo após a morte de
Khomeini.
Raisi passou a servir como promotor de Teerã, então chefe da Organização de Inspeção
Geral do Irã e primeiro vice-chefe do judiciário, antes de ser nomeado procurador-geral do
Irã em 2014.
Dois anos depois, o aiatolá Khamenei nomeou-o guardião de uma das fundações religiosas
mais importantes e mais ricas do Irã, a Astan Quds Razavi, que administra o Santuário
Imam Reza, na cidade de Mashhad. A fundação também é responsável por várias
instituições de caridade e organizações afiliadas. Segundo dados dos Estados Unidos, a
fundação possui vastas participações econômicas em negócios de construção, agricultura,
energia, telecomunicações e serviços financeiros.
Candidatura
Em 2017, Raisi surpreendeu ao se candidatar à presidência. Rouhani, um colega clérigo,
ganhou um segundo mandato com uma vitória esmagadora no primeiro turno da eleição,
recebendo 57% dos votos.
Raisi, que se apresentou como um candidato anticorrupção, mas foi acusado pelo
presidente de fazer pouco para combater a corrupção como vice-chefe do judiciário, ficou
em segundo lugar com 38%. A perda não manchou a imagem de Raisi e, em 2019, o
aiatolá Khamenei nomeou-o para o poderoso cargo de chefe do Judiciário.
Na semana seguinte, ele também foi eleito vice-presidente da Assembleia dos Peritos, o
órgão administrativo de 88 membros responsável pela eleição do próximo Líder Supremo.
Como chefe do Judiciário, Raisi implementou reformas que levaram a uma redução no
número de pessoas condenadas à morte e executadas por crimes relacionados com
drogas no país. No entanto, o Irã continuou a matar mais pessoas do que qualquer outro
país além da China.
O judiciário também continuou a trabalhar com os serviços de segurança para reprimir
dissidentes e processar muitos iranianos com dupla nacionalidade ou residência
permanente estrangeira sob acusação de espionagem.
Quando Raisi anunciou sua candidatura para as eleições presidenciais de 2021, ele
declarou que "veio como um independente ao palco para fazer mudanças na gestão
executiva do país e lutar contra a pobreza, a corrupção, a humilhação e a discriminação".

334
Pouco se sabe sobre a vida privada de Raisi, exceto que sua esposa, Jamileh, leciona na
Universidade Shahid Beheshti em Teerã, e que eles têm dois filhos. Seu sogro é o aiatolá
Ahmad Alamolhoda, o líder linha-dura dasorações de sexta-feira em Mashhad.
Conflito entre Israel e palestinos: o que está acontecendo e mais 5 perguntas sobre a
onda de violência
BBC - 17 maio 2021
A recente escalada de violência entre Israel e o Hamas, o grupo extremista que
controla a Faixa de Gaza, atraiu novamente as atenções do mundo para um conflito
que se arrasta por décadas, misturando política e religião.
E que já deixou mortos e feridos de ambos os lados, sendo a maior parte das vítimas em

território palestino.Também trouxe à tona muitos questionamentos.

Abaixo, a BBC News Brasil responde a algumas das perguntas mais buscadas em
português no Google sobre o confronto.
O que está acontecendo em Israel?
O conflito entre israelenses e palestinos já existe há muito tempo, mas o gatilho para a
nova escalada de violência teve origem nas ameaças de despejo de famílias palestinas de
Sheikh Jarrah, um bairro fora dos murosda Cidade Velha de Jerusalém.
Pelo plano de partilha da ONU, na fundação do Estado de Israel, em 1948, Jerusalém
deveria ser dividida em duas partes, o lado oriental, palestino, e o lado ocidental,
israelense.
Sheikh Jarrah fica na parte palestina. Então, por que a Justiça de Israel determinou que as
famílias palestinas fossem expulsas? Porque considerou que os judeus que entraram na
justiça tinham a posse do terreno.
Para entender essa disputa, é preciso voltar no tempo.
A defesa desses judeus israelenses alega que em 1870, quando a Palestina ainda estava
sob domínio do Império Turco Otomano, eles haviam comprado as terras em Sheikh Jarrah.
Ali permaneceram até 1948, quando, logo após a fundação do Estado de Israel, o país foi
atacado pelos vizinhos árabes. Israel ganhou a guerra, mas a Jordânia acabou ocupando a
parte oriental de Jerusalém. Foi então que a Jordânia e o braço da ONU para refugiados, a
Acnur, construíram, em Sheik Jarrah, casas para abrigar 28 famílias palestinas refugiadas.
Mas as famílias palestinas nunca ganharam direito definitivo sobre a posse da terra.
Foi quando Israel ocupou Jerusalém Oriental em 1967, que começou então o litígio. Os
proprietários judeus passaram a tentar reaver a área na Justiça.
Trata-se de uma questão que desafia os limites da Justiça e de quem determina as regras de um
país. Se, de um lado, as leis israelenses permitem que judeus reivindiquem direito de propriedade
às terras que possuíam antes de 1948, de outro, não concedem o mesmo direito a palestinos que
eram proprietários de terras que atualmente pertencem a Israel.

335
Ou seja, um palestino não poderá contar com essa lei para dizer que pertence a ele uma
terra em Jerusalém Ocidental ou mesmo em alguma parte ocupada por Israel após vencer
guerras e anexar territórios.
Em 1982, os tribunais israelenses decidiram a favor da adoção de um acordo entre os
arrendatários palestinos e os proprietários judeus.
Esse acordo estabeleceu que os inquilinos palestinos tinham "arrendamentos protegidos"
sob a lei israelense, mas que os proprietários ainda manteriam a posse da terra.
Mas agora, judeus ganharam no tribunal de Israel o direito de reaver suas propriedades em
Sheikh Jarrah. A decisão final ainda será dada pela Suprema Corte israelense, portanto,
continua o debate legal e moral entre os direitos dos inquilinos detentores do
arrendamento, ou seja, as famílias palestinas, e os titulares da propriedade, segundo a lei
israelense, os judeus.
E mais simbólico ainda é que a decisão de retirada das famílias tenha ocorrido justamente
na área oriental de Jerusalém, que deveria ser a capital de um Estado palestino, segundo
o plano da ONU, o mesmo que abriu caminho para a fundação de Israel.
Essa parte oriental de Jerusalém inclusive está sob ocupação militar de Israel desde a
guerra de 1967, uma ocupação que é considerada ilegal pela comunidade internacional,
com exceção de poucos países. Mas essa é uma disputa muito maior do que por "um
punhado de casas", diz Jeremy Bowen, editor da BBC para o Oriente Médio.
Há décadas, israelenses têm ocupado áreas em territórios palestinos por meio dos
chamados assentamentos, tanto em Jerusalém Oriental quanto na Cisjordânia. Pelo plano
da ONU, a área conhecida como Palestina, que estava sob domínio britânico na época,
deveria ser dividida entre o que viria a ser o Estado de Israel e a Palestina. A grande
maioria desses assentamentos é considerada pela ONU uma violação das leis
internacionais.
Como mencionado anteriormente, Jerusalém seria dividida em duas. E o território palestino
ficaria assim, desmembrado, mas com pontos de comunicação, ou seja, seria possível
transitar por toda sua extensão.
Hoje, depois de ocupações e anexações por Israel, o mapa atual em nada se assemelha
àquele de 1948. A faixa de Gaza vive sob bloqueio de Israel e do Egito. E não tem
comunicação com a Cisjordânia, comandanda pela Autoridade Palestina e onde há um
pouco mais de estabilidade.
Mas a Cisjordânia, que também está há décadas sob ocupação militar israelense, é palco
tambem do avanço constante na construção dos chamados assentamentos.

No território, há cerca de 430 mil judeus israelenses que ocupam 132 assentamentos (e 124
"postos avançados"menores).
Em pelo menos seis ocasiões desde 1979 o Conselho de Segurança da ONU reafirmou que
estes assentamentos são "uma violação flagrante da legislação internacional". A última
delas foi em 2016 - o documento oficial também menciona Jerusalém Oriental.

336
E o que diz Israel? Israel defende as iniciativas argumentando que representam uma
estratégia de defesa de sua integridade, e não uma tentativa de minar a soberania
palestina. Diz tambem que não dá a refugiados o direito de retorno às suas casas porque
isso comprometeria a própria existência de um Estado judeu.
Segundo Bowen, o fato de o conflito ter desaparecido das manchetes internacionais nos
últimos anos não significa que tenha acabado.
"É uma ferida aberta no coração do Oriente Médio", diz ele, que gera ódio e ressentimento
que atravessa não apenas os anos, mas gerações.
Mas não foram só as ameaças de despejo que deflagraram a atual onda de violência.
Nas últimas semanas, houve a violenta repressão de palestinos por parte da polícia
israelense durante o Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos, culminando com o uso de
gás lacrimogênio e de granadas dentro da mesquita de al-Aqsa, o lugar mais sagrado para
os muçulmanos depois de Meca e Medina. Os palestinos protestavam em solidariedade às
famílias ameaçadas de despejo.
Foi então que o Hamas, o grupo extremista palestino que controla a Faixa de Gaza,
resolveu dar um ultimato a Israel para remover suas forças do complexo de al-Aqsa e de
Sheikh Jarrah.
Israel não acatou a ordem, e o Hamas então começou a disparar foguetes contra cidades
israelenses. Até hoje, o Hamas considera os israelenses invasores, não só das áreas
consideradas ocupações ilegais, mas de todo o território, e defende a destruição total de
Israel, mas não tem poder de fogo para tal.
As dezenas de foguetes são quase todos interceptados pelo poderoso sistema israelense
de interceptação de mísseis, chamado Domo de Ferro. Uma foto registrada durante a noite
pelo fotógrafo Anas Baba, da agência de notícias AFP, reflete a violência do conflito entre o
exército de Israel e os militantes palestinos, que tem escalado nos últimos dias.

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Os mísseis israelenses, à esquerda, lançados para interceptar os foguetes do Hamas, à direita

À esquerda, o poderoso sistema israelense de interceptação de mísseis, o Domo de Ferro.


À direita, os foguetes lançados contra Israel pelo Hamas, partindo de Beit Lahia, no norte da
Faixa de Gaza.
As luzes dos projéteis do Hamas refletidas na noite e os mísseis lançados pelo Domo de
Ferro se converteram em cenas habituais para os habitantes de Ashkelon, Sderot e outras
populações que vivem nos arredores da Faixa de Gaza.

A BBC News Brasil conversou com judeus brasileiros que vivem nos arredores de Tel Aviv.
Moradores de Ra'anana, eles falaram sobre os momentos de angústia e apreensão.
Um deles contou sobre como os foguetes enviados pelo Hamas interromperam um jogo de
futebol de imigrantes brasileiros.
"Tudo aconteceu muito rápido, no meio do jogo. Já estávamos jogando havia meia hora.
Quando tocou a sirene, corremos em direção ao salão de ginástica do clube, que fica no
subsolo, designado como nosso abrigo oficial", diz Uri Blankfeld, organizador da partida, que
emigrou de São Paulo para Israel há cinco anos.
Qual é a origem do conflito Israel x palestinos?
O confronto entre judeus e palestinos remonta aos anos 40.
Naquela época, as tensões entre os dois povos aumentaram quando a comunidade
internacional deu ao Reino Unido a tarefa de estabelecer um "lar nacional" na Palestina
para o povo judeu ao fim da 2ª Guerra Mundial.
Durante esse confronto, ocorreu o chamado Holocausto - o assassinato em massa

338
de milhões de judeus, bem como homossexuais, ciganos, Testemunhas de Jeová e outras
minorias, durante a 2ª Guerra Mundial, a partir de um programa de extermínio sistemático
implementado pelo partido nazista de Adolf Hitler.
O Reino Unido havia tomado o controle da área conhecida como Palestina depois que o
Império turco Otomano, fora derrotado na 1ª Guerra Mundial e posteriormente
desmembrado. Ou seja, os palestinos passaram do domínio turco otomano para o domínio
britânico.
Naquela ocasião, a área conhecida como Palestina era habitada por uma maioria árabe
palestina, mas também uma minoria de judeus.
Entre as décadas de 1920 e 40, o número de judeus chegando à região cresceu, com
muitos fugindo da perseguição na Europa e também em busca de uma pátria após o
Holocausto.
Mas por que a Palestina? Eles foram incentivados pelo chamado 'sionismo', o movimento
nacionalista judaico surgido no século 19 que promovia a ideia de um Estado para o povo
judeu. Seria um retorno à terra prometida, onde se desenrolou a maior parte da história
judaica até o início da diáspora, ainda na antiguidade
Ao passo que cresceu o número de judeus emigrando à Palestina, violência entre judeus e
árabes e contra o domínio britânico também aumentou.
A insurgência judaica no protetorado britânico da Palestina incluiu atentados violentos
como o contra o hotel King David em que 91 pessoas de várias nacionalidades foram
mortas por extremistas judeus.
O hotel era o local dos escritórios centrais das autoridades britânicas na Palestina.
Foi nesse contexto e com os horrores do Holocausto ainda muito próximos que, em 1947,
a ONU votou para que a Palestina fosse dividida em Estados judeus e árabes separados,
com Jerusalém se tornando uma cidade internacional.
Esse plano foi aceito pelos líderes judeus, mas rejeitado pelo lado árabe e nunca implementado.
Em 1948, ainda sob esse impasse, os governantes britânicos deixaram a região e os
líderes judeus declararam a criação do Estado de Israel.
Muitos palestinos e árabes de países vizinhos se opuseram e uma guerra se seguiu.
Tropas de países árabes vizinhos invadiram Israel.
Mais de 700 mil palestinos, segundo a ONU, fugiram ou foram forçados a deixar suas casas
no que eles chamam de Al Nakba, ou a "Catástrofe". Ela é marcada na mesma data que
Israel celebra sua fundação.
Quando o confronto terminou em cessar-fogo no ano seguinte, Israel havia expandido sua
presença militar para a maior parte do território, incluindo partes do que deveria ser o futuro
Estado palestino pelo plano da ONU.
A Jordânia ocupou terras que a oeste do rio Jordão que ficaram conhecidas como
Cisjordânia e o Egito ocupou Gaza.
Jerusalém foi dividida entre as forças israelenses no Ocidente e as forças da Jordânia

339
no Oriente.
Como nunca houve um acordo de paz, com cada lado culpando o outro, houve mais
guerras e confrontos nas décadas que se seguiram, vencidas por Israel, que sempre contou
com o apoio dos Estados Unidos.
Em outra guerra, em 1967, a chamada Guerra dos Seis Dias, Israel ocupou Jerusalém
Oriental e a Cisjordânia, bem como as Colinas de Golã da Síria, a Faixa de Gaza e a
península do Sinai.
A maioria dos refugiados palestinos e seus descendentes vive em Gaza e na Cisjordânia,
bem como nas vizinhas Jordânia, Síria e Líbano.
Nem eles nem seus descendentes foram autorizados por Israel a retornar para suas casas
- Israel diz que isso sobrecarregaria o país e ameaçaria sua existência como um estado
judeu.
Israel ainda ocupa a Cisjordânia. Embora Israel tenha saído de Gaza em 2005, a ONU
ainda considera aquele pedaço de terra como parte do território ocupado. Isso porque
Israel determina o que entra e sai da Faixa de Gaza por meio de um controle militar.
Por isso, é tão comemorada em Israel a destruição dos túneis da Faixa de Gaza que levam
clandestinamente desde armas e munição até alimento e remédios para o território sob
bloqueio de Israel há 14 anos.
Israel reivindica toda Jerusalém como sua capital, enquanto os palestinos reivindicam
Jerusalém Oriental como a capital de um futuro Estado palestino, conforme previa o plano
da ONU.
Os Estados Unidos, que têm em Israel seu maior aliado no Oriente Médio, são um dos
poucos países a reconhecer a reivindicação de Israel sobre a cidade inteira.

ASSENTAMENTOS NA CISJORDÂNIA (MAPA NA PRÓXIMA PÁGINA)

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O que é a Faixa de Gaza?
A Faixa de Gaza é uma estreita faixa de terra localizada na costa oriental do Mar
Mediterrâneo. Faz fronteira com Israel no leste e no norte e com o Egito a sudoeste.
O território tem 41 quilômetros de comprimento e apenas de seis a 12 quilômetros de
largura, com uma área total de 365 quilômetros quadrados.
Mas sua população é de cerca de 1,9 milhão de pessoas, o que a torna um dos territórios
mais densamente povoados do planeta.

341
Na Faixa de Gaza, os últimos 21 assentamentos judeus na área foram desmontados em
2005 e seus colonos, evacuados. Naquele ano, os militares israelenses desocuparam o
território, mantido no entanto sob bloqueio militar há anos. A maior parte controlada por
Israel e outra, pelo Egito.
A imensa maioria de seus habitantes (98% a 99%) é palestina.
Chama-se Faixa de Gaza devido à cidade de Gaza, cuja existência remonta à Antiguidade,
e é governada pelo grupo extremista palestino Hamas.
O que é o Hamas?
O Hamas é o maior dentre diversos grupos de militantes islâmicos da Palestina.
O nome em árabe é um acrônimo para Movimento de Resistência Islâmica, que teve
origem em 1987 após o início da primeira intifada palestina, ou levante, contra a ocupação
israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. Em seu estatuto, o Hamas se comprometeu
com a destruição de Israel.
O grupo inicialmente tinha o duplo propósito de implementar uma luta armada contra Israel,
liderada por seu braço militar, as Brigadas Izzedine al-Qassam, e de oferecer programas
de bem-estar social aos palestinos.
Mas desde 2005, quando Israel retirou tropas e colonos de Gaza, o Hamas também se
envolveu no processo político palestino.

Venceu as eleições legislativas em 2006, pouco antes de reforçar seu poder no ano
seguinte, derrubando o movimento rival Fatah, do presidente da Autoridade Nacional
Palestina, Mahmoud Abbas e ganhando o controle de Gaza. A Cisjordânia, no entanto,
continuou sob o controle do Fatah.

342
Isso na prática criou dois governos diferentes em dois pedaços de território palestino de
certa forma ilhados em Israel.
Desde então, militantes em Gaza travaram três guerras com Israel.
O Hamas como um todo, ou em alguns casos sua ala militar, é classificado como um grupo
terrorista por Israel, Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido, bem como outras
potências globais.
Em sua fundação, o Estatuto do Hamas definiu a Palestina histórica, incluindo a atual Israel,
como terra islâmicae exclui qualquer paz permanente com o Estado judeu.
O documento também ataca os judeus como povo, o que deixa clara a dificuldade de negociação
com o grupo.
Em 2017, o Hamas produziu um novo documento de política que suavizou algumas de suas
posições declaradase usou uma linguagem mais moderada.
Não houve reconhecimento de Israel nesse documento, mas ele aceitou formalmente a
criação de um Estado palestino provisório em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém
Oriental, algo que é conhecido como a fronteiras pré-1967.
Por que pré-1967? Porque depois dessa guerra, Israel ocupou e anexou territórios que
deveriam ser dos palestinos segundo o plano da ONU.
O documento também enfatiza que a luta do Hamas não é contra os judeus, mas contra "os
agressores sionistas de ocupação". Em resposta, Israel disse que o grupo estava "tentando
enganar o mundo".
Qual é o poder de fogo do Hamas?
Embora sejam o lado mais fraco do conflito com Israel, Hamas e Jihad Islâmica têm armas
suficientes para atacar Israel e já experimentaram diferentes táticas.
O armamento mais significativo no arsenal palestino são, de longe, seus mísseis superfície-
superfície.
Parte deles, acredita-se, entra em Gaza por túneis cavados a partir da península do Sinai, no
Egito. Essa também seria a origem de outros artefatos, como os mísseis guiados antitanque
Kornet.
A maior parte do arsenal de Hamas e Jihad Islâmica vem, contudo, da própria faixa de
Gaza, que conta com uma capacidade produtiva relativamente complexa e sofisticada para
esses armamentos.
Especialistas internacionais, inclusive israelenses, acreditam que o know-how iraniano e a
assistência do país tenham um papel importante no crescimento da indústria bélica na
região.
Estimar a dimensão exata do arsenal do Hamas é impossível, mas ele certamente inclui
milhares de armas de diferentes alcances. Os militares israelenses têm suas próprias
estimativas - que não chegam, contudo, a compartilhar publicamente.
Um porta-voz se limita a dizer que o grupo poderia manter o poder de fogo dos ataques

343
da escalada do conflitoem 2021 por "um período significativo de tempo".
Os grupos palestinos têm usado diferentes tipos de mísseis, nenhum deles novo em
termos de design básico. De forma geral, contudo, as armas têm apresentado alcance
maior e cargas explosivas mais potentes.
O Hamas opera uma variedade de mísseis de longo alcance como o M-75, que avança até
75 km, o Fajr (até 100 km) e o R-160 (até 120 km). Também conta com alguns M-302s,
que chegam ainda mais longe, até 200 km.
Assim, o grupo teria capacidade de atingir tanto Jerusalém quanto Tel Aviv, além da faixa
costeira, que concentra maior densidade populacional e infraestrutura.
O Exército israelense diz que mais de mil foguetes foram disparados contra o país em três
dias de conflito em 2021. Outros 200 teriam caído na própria Faixa de Gaza, um possível
indicativo dos problemas oriundos de um processo de produção disperso e ainda pouco
desenvolvido.
Entre os mísseis que cruzaram a fronteira, 90% foram interceptados pelo sistema
antimísseis Domo de Ferro, parte de um amplo sistema de defesa aérea que opera em
Israel.
Seu objetivo é proteger o país de mísseis balísticos, mísseis de cruzeiro, foguetes e outras
ameaças aéreas. As baterias são feitas de mísseis interceptores, radares e sistemas de
comando que analisam os lugares que os foguetes inimigos podem atingir.
A Palestina é um país?
A Palestina, reconhecida oficialmente como o "Estado da Palestina" pela ONU, é um
Estado soberano de jure (expressão em latim que significa pela lei ou pelo direito). Ou seja,
é independente teoricamente, mas não na prática.
Seu território é formado pela Cisjordânia e Faixa de Gaza e advoga Jerusalém como sua
capital, ainda que, na prática, seu controle administrativo parcial é mantido apenas sobre as
167 "ilhas" na Cisjordânia e no interior da Faixa de Gaza, enquanto seu centro
administrativo está atualmente localizado em Ramallah.
São chamadas de "ilhas" porque não se comunicam por terra.
O Estado da Palestina é reconhecido por 138 dos 193 membros da ONU, entre eles o Brasil,
ao passo que Israelé reconhecido por 164. Desde 2012, a Palestina tem o status de Estado
observador não membro nas Nações Unidas.
O reconhecimento brasileiro ocorreu em 2010 durante o segundo mandato do ex-
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A Argentina fez o mesmo dias depois.
O Brasil e a Argentina foram os primeiros países ocidentais a reconhecer o Estado
palestino, que já havia sido reconhecido por cerca de 100 países da Ásia e da África.
Na ocasião, o ministério das Relações Exteriores de Israel manifestou "pesar e decepção"
com a decisão do presidente brasileiro e afirmou que o reconhecimento "prejudica o
processo de paz".
O governo israelense da época considerou que o reconhecimento "constitui uma

344
violação do acordo interino firmado em 1995, que estabelecia que o status da Cisjordânia e
da Faixa de Gaza será determinado em uma negociação entre as partes".
A Palestina é membro da Liga Árabe, da Organização de Cooperação Islâmica, do G77, do
Comitê Olímpico Internacional e de outros organismos internacionais.

Israel e Hamas acertam cessar-fogo em Gaza após 11 dias de conflito


Governo Netanyahu e milícia palestina anunciam trégua nos combates. Biden agradece ao
Egito por mediação e afirma que os EUA vão colaborar na reconstrução da região.
EL PAÍS - Jerusalém - 20 MAI 2021
O Gabinete de Segurança de Israel, órgão governamental que decide sobre as ofensivas
militares, aprovou nesta quinta-feira um acordo de cessar-fogo com o Hamas em Gaza,
após 11 dias de confrontos com as milícias palestinas. As autoridades aceitaram a
proposta de mediação do Egito para uma trégua “recíproca, simultânea e incondicional”
dos combates. A entrada em vigor do cessar-fogo permanente —sob o princípio da calma
na frente em troca da calma nas fileiras do adversário— vale a partir 2h de sexta-feira (20h
desta quinta, pelo horário de Brasília).
A pressão exercida sobre Israel pelo presidente dos EUA, Joe Biden, na quarta-feira para
forçar a redução imediata da escalada parece ter surtido efeito. Segundo informa a repórter
María Antonia Sánchez-Vallejo, de Nova York, o democrata pôde marcar o sucesso de sua
diplomacia “intensiva e silenciosa”, como ele mesmo a definiu. O presidente compareceu à
imprensa no meio da tarde para aplaudir o cessar-fogo, afirmando que palestinos e
israelenses “merecem viver em segurança e desfrutar de liberdade, prosperidade e
democracia”. Os Estados Unidos mostraram seu compromisso de colaborar “junto com a
comunidade internacional e a ONU na reconstrução de Gaza” após os bombardeios
israelenses, acrescentou, garantindo que seu país também ajudará Israel a reabastecer o
sistema de defesa antimísseis.
O anúncio foi precedido de intensa atividade diplomática por parte da Casa Branca. Pela
manhã, Biden falou por telefone com seu homólogo egípcio, Abdel al-Sisi, devido ao papel
de liderança do Cairo na construção do acordo, e a quem o veterano democrata agradeceu
especialmente por sua mediação. “Os dois líderes analisaram os esforços para chegar a um
cessar-fogo para encerrar as atuais hostilidades em Israel e Gaza”, explicou a Casa
Branca em um comunicado.
Nesta quinta, à medida que as negociações para chegar a um acordo se intensificavam, as
hostilidades prosseguiam sem interrupção na Faixa de Gaza. Enquanto o Governo de
Benjamin Netanyahu reiterava ao longo do dia o mantra de que as operações militares não
iriam parar até que todos os seus objetivos fossem cumpridos, os chefes do Exército
israelense já reconheciam aos analistas de defesa da imprensa de Israel que a missão
estava praticamente cumprida em Gaza. A destruição de grande parte da capacidade
ofensiva e defensiva do Hamas e da Jihad Islâmica, a eliminação física de muitos de seus
comandantes e o restabelecimento da esmagadora força de dissuasão bélica de Israel são
o resultado de um confronto assimétrico, agora, deve chegar ao fim.
Uma barragem de mais de 4.000 foguetes —incluindo no coração econômico do país,

345
na região de Tel Aviv, com dezenas de milhares de civis fugindo para abrigos antiaéreos—
foi o preço a pagar por Israel, que registrou oficialmente 12 mortes (incluindo dois menores
de idade) pelo impacto de projéteis no seu território. Centenas de bombardeios aéreos e de
artilharia destruíram blocos inteiros de apartamentos e torres de escritórios no enclave
palestino, onde 232 pessoas, incluindo 65 crianças e 39 mulheres, foram mortas, de
acordo com o Ministério da Saúde palestino. Porta-vozes militares israelenses afirmam que
mais de 160 dos mortos em seus ataques eram milicianos islâmicos. O Comitê Internacional
da Cruz Vermelha e a Organização Mundial da Saúde pediram uma trégua urgente para dar
um respiro à população civil após 11 dias de bombardeios.
Embora a intensidade das hostilidades e a lista diária de vítimas estivessem em queda
gradual desde segunda- feira, a diplomacia tentou abrir caminho para um cessar-fogo. O
enviado das Nações Unidas para o Oriente Médio, Tor Wennesland, se reuniu no Qatar,
país também envolvido na mediação, com o líder do Hamas, Ismail Haniya.
Em Jerusalém, o ministro das Relações Exteriores alemão, Heiko Maas, se reuniu com
Netanyahu e lhe expressou o total apoio da Alemanha ao direito de Israel de se defender,
como também responsabilizou o Hamas por desencadear a escalada bélica. O disparo de
sete mísseis de Gaza sobre a região de Jerusalém no dia 10 deu início a uma ofensiva
israelense em grande escala. Durante o recente mês do Ramadã, confrontos com a polícia
registrados na mesquita de Al Aqsa, em Jerusalém, acirraram os ânimos na comunidade
palestina, incluindo aqueles que vivem na Cisjordânia e têm a nacionalidade israelense. O
ministro Maas endossou perante o primeiro-ministro israelense “os esforços internacionais
em favor de um cessar-fogo, tendo em vista o rápido aumento das mortes entre os civis”,
antes de ser recebido em Ramallah, sede da Autoridade Palestina, pelo presidente
Mahmud Abbas.
A Assembleia Geral da ONU também se reuniu com urgência nesta quinta-feira para
debater a situação no Oriente Médio. O secretário-geral das Nações Unidas, António
Guterres, se mostrou “profundamente impressionado com os contínuos bombardeios
aéreos e de artilharia de Israel em Gaza e com os disparos indiscriminados de foguetes
do Hamas”, relata a Reuters. Em intervenção perante a Assembleia Geral, Guterres afirmou
que as hostilidades causaram graves danos à infraestrutura civil, razão pela qual mais de
50.000 pessoas tiveram de abandonar as suas casas em meio aos ataques.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfied, argumentou
perante a Assembleia Geral que seu país “respondeu a esta crise concentrando-se em
conseguir o fim do conflito o mais rapidamente possível”, relata a Efe. “Não creio que haja
nenhum outro país que tenha feito mais”, insistiu a diplomata diante das críticas de outros
membros do Conselho de Segurança, onde Washington impediu várias tentativas de
aprovar uma declaração de consenso pedindo um cessar-fogo. Os EUA descartaram a
possibilidade de apoiar uma proposta francesa no Conselho para exigir que ambas as
partes interrompessem os combates ao mesmo tempo em que expressaram sua confiança
em que a redução da escalada se mantenha nos próximos dias.

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Parlamento de Israel aprova novo governo e Netanyahu deixa o poder após 12 anos
BBC - 13 junho 2021

NETANYAHU FICOU 12 ANOS NO PODER


O parlamento de Israel aprovou neste domingo (13) novo governo de coalizão e o
atual primeiro ministro, Benjamin Netanyahu, vai deixar o poder após 12 anos no
comando do país.
O novo primeiro ministro será o político de direita Naftali Bennett, do partido
ultranacionalista Yamina (ou "À direita").
Bennet ficará no poder até setembro de 2023 como parte de um acordo de divisão de
poder com o partido de centro Yesh Atid ("Há um futuro", em hebraico).
Como parte do acordo, a líder do Yesh Atid, o ex-ministro das Finanças Yair Lapid, vai
assumir o poder por dois anos a partir de 2023.
Reviravolta em Israel
A reviravolta na política doméstica de Israel é fruto de um surpreendente encontro entre
Yair Lapid e Naftali Bennet.
O partido de Lapid foi o segundo mais votado nas eleições israelenses em março deste
ano, depois do partido de direita Likud ("Consolidação"), liderado por Netanyahu.
Em 6 de abril, o presidente israelense Reuven Rivlin deu um prazo de 28 dias para que
Netanyahu conseguisse construir uma coalizão para formar um novo governo. Como o atual
premiê não conseguiu atrair partidos suficientes para atingir maioria no parlamento, Rivlin
transmitiu a missão para o segundo colocado Lapid, que desde então vinha dialogando com
diferentes grupos na tentativa de alcançar maioria, mesmo que heterogênea.
As negociações sobre a formação de um novo governo foram interrompidas em 10 de maio,
quando uma nova rodada de hostilidades entre Israel e o Hamas teve início na Faixa de
Gaza. No último dia 30, nove dias após o anúncio de um cessar-fogo, o direitista

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Bennet, ex-assessor-sênior, chefe de gabinete, ministro da Educação e da Defesa em
governos recentes de Netanyahu, foi à televisão para anunciar o golpe final no governo do
ex- aliado.
"Farei tudo o que for preciso para formar um governo de unidade nacional com meu amigo
Yair Lapid", exclamou. O acordo entre os dois políticos, que divergem em diversos temas-
chave, entre eles a possibilidade da criação de um Estado palestino, prevê que Bennet seja
o primeiro-ministro pelos próximos dois anos - quando será substituído por Lapid, que
governará por mais dois.
A coalizão vencedora também une opostos como Avigdor Lieberman, um polêmico
nacionalista de extrema- direita que certa vez sugeriu que membros "desleais" da minoria
árabe do país deveriam ser decapitados, e o pequeno partido árabe Ra'am, que busca
proteção oficial a costumes conservadores muçulmanos e mais verbas para cidades de
maioria árabe.
Este será o primeiro partido liderado por árabes a participar de um governo de coalizão em Israel.
Novo Governo de Israel lança primeiro ataque a Gaza desde o início do cessar- fogo
Aviação bombardeia posições do Hamas em represália pelo uso de balões incendiários
vindos do território palestino
EL PAÍS - Jerusalém - 16 JUN 2021
A aviação israelense atacou na madrugada desta quarta-feira posições do Hamas na Faixa
de Gaza pela primeira vez desde a declaração do cessar-fogo de 21 de maio, que pôs fim a
uma escalada bélica de 11 dias. O bombardeio, que causou danos materiais em bases da
milícia palestina na capital do enclave e em Khan Yunis (sul), foi uma represália pelo uso de
aproximadamente 20 balões incendiários que foram soltos na Faixa de Gaza e queimaram
lavouras dos arredores, já em território israelense. Foi a primeira ação armada ordenada
pelo novo Governo israelense, que tomou posse no domingo após desalojar o conservador
Benjamin Netanyahu, que passou 12 anos como primeiro-ministro.
As Forças Armadas advertiram em nota que “Israel está preparado para qualquer cenário,
incluído a retomada das hostilidades”. A escalada do mês passado resultou na morte de
mais de 240 palestinos, entre eles 67 menores, e 13 israelenses, sendo um militar. Um
porta-voz do Hamas anunciou que “a resistência islâmica continuaria defendendo os
direitos palestinos e seus lugares sagrados (em Jerusalém)”.
Na terça-feira, Jerusalém Oriental reviveu cenas de tensão como as que antecederam há
um mês a maior onda de hostilidades nos últimos sete anos entre Israel e as milícias de
Gaza. Quase 5.000 extremistas judeus marcharam perante o recinto amuralhado da Cidade
Velha gritando reivindicações nacionalistas, em um desfile interpretado como um desafio ao
governo de coalizão ampla constituído no domingo. A mobilização de mais de
2.000 policiais impediu confrontos com centenas de contramanifestantes palestinos que se
reuniram naquela parte de Jerusalém. Os agentes vigiaram para que a passeata seguisse
o trajeto previsto, desviado de seu tradicional percurso por um bairro majoritariamente
árabe.
Milhares de jovens, em sua grande maioria colonos ultradireitistas e religiosos,

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pulavam sincopadamente sob inúmeras bandeiras israelenses em frente à emblemática
Porta de Damasco, embora sem atravessá-la, como nas edições anteriores do desfile, o
que é visto como uma provocação por se tratar do principal acesso ao bairro muçulmano do
centro histórico. O desfile é parte da celebração do Dia de Jerusalém, alusivo à conquista
da parte oriental da cidade por tropas israelenses em 1967. A comemoração oficial foi
suspensa em 10 de maio por causa do lançamento de foguetes de Gaza contra a província
de Jerusalém, uma ação que desencadeou 11 dias de hostilidades entre o Exército
israelense e os braços armados do Hamas e da Jihad Islâmica.
A nova onda de violência em Gaza representa o primeiro desafio bélico para o novo
Governo israelense dirigido pelo ultranacionalista Naftali Bennett, horas depois de precisar
lidar com a delicada questão da manifestação da ultradireita e de grupos radicais judeus
em Jerusalém, onde se ouviram gritos de “morte aos árabes!”.
O ministro dos Relações Exteriores, Yair Lapid, sócio-chave no novo Governo, condenou “o
uso da bandeira de Israel por elementos extremistas em meio ao ódio e o racismo”. “Isso
não é próprio de judeus nem de israelenses, isso não é o que a bandeira simboliza”, clamou
pelo Twitter. “Essa gente (os manifestantes) é uma desgraça para Israel.”
A marcha das bandeiras pela Cidade Velha de Jerusalém foi inicialmente reprogramada
para quinta-feira passada, mas o então chefe de Governo Netanyahu decidiu adiá-la, numa
manobra política aparentemente destinada a torpedear os primeiros dias da gestão de
Bennett e da sua heterogênea coalizão, da qual participam inclusive um partido pacifista e
uma formação da minoria árabe israelense.
Na tarde de terça-feira, soldados a cavalo da tropa de choque expulsaram os
manifestantes palestinos dos arredores da Porta de Damasco, levando 17 detidos e
deixando outros 30 feridos entre os participantes de um protesto contra a presença de
radicais judeus em Jerusalém Oriental. A marcha nacionalista israelense prosseguiu seu
curso pelo exterior das muralhas até o bairro judaico, apenas margeando o bairro
muçulmano, até terminar em uma grande concentração em frente à esplanada do Muro das
Lamentações.
O enviado das Nações Unidas para o Oriente Médio, Tor Wennesland, advertiu que “a
tensão está voltando a aumentar em Jerusalém em um momento politicamente muito
sensível”. A constituição de um novo Governo em Israel ocorreu enquanto a ONU e o Egito
ainda tentam consolidar o cessar-fogo que entrou em vigor em 21 de maio em Gaza.
Wennesland pediu a ambos os lados que evitem ações que possam ser vistas como
“provocações”.
No último mês islâmico do Ramadã, entre abril e maio, houve diversos confrontos em
Jerusalém entre policiais e manifestantes palestinos na mesquita de Al Aqsa, terceiro lugar
mais sagrado do islamismo, situada na Cidade Velha, e no vizinho bairro de Sheikh Jarrah,
de onde uma organização de colonos ameaçava expulsar dezenas de famílias palestinas.
Israel considera Jerusalém como sua capital única e indivisível, enquanto os palestinos
aspiram a transformar a parte oriental da Cidade Santa em capital de seu futuro Estado.

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Entenda o golpe militar em Mianmar
O exército derrubou o governo eleito, prendeu líderes políticos, fechou o acesso à
internet e suspendeu os voos ao país. Saiba quem é quem na crise política de
Mianmar.
Por G1 - 01/02/2021
O exército de Mianmar derrubou o governo eleito do país nesta segunda-feira (1º),
prendeu líderes políticos, fechou o acesso à internet e suspendeu os voos ao país.
Mianmar: dados sobre o país
Mianmar é um país no sudeste da Ásia que, até 1989, era chamado Birmânia. Os militares
que governavam o país decidiram trocar porque Birmânia é o nome de uma etnia, e o
regime da época quis fazer um gesto para as pessoas de outras etnias no país.
O país tem cerca de 50 milhões de habitantes majoritariamente budistas –há outras religiões, no
entanto.
Mianmar vivia uma fase democrática desde 2011, depois de quase 50 anos de regime
militar. Naquele período, uma junta militar governou o país.
De 2011 para cá, haviam sido implementadas eleições para o Parlamento e outras reformas.
As eleições
A última votação havia sido em novembro do ano passado, quando o principal partido
civil, a Liga Nacional pela Democracia (NDL, na sigla em inglês), venceu 83% dos cargos
em disputa. O novo Parlamento iria aprovar um novo governo.
Os militares se recusaram a aceitar esse resultado. Eles alegam que houve "enormes
irregularidades" nas eleições legislativas de novembro.
Os militares haviam tentado argumentar na Suprema Corte do país que os resultados das
eleições eram fraudulentos. Eles ameaçaram agir e cercaram os prédios do Parlamento
com soldados.
O golpe militar
O golpe ocorreu sem atos de violência e poucas horas antes da primeira sessão do
Parlamento formado nas eleições de novembro.
Os militares bloquearam as estradas ao redor da capital com tropas, caminhões e veículos
blindados, enquanto os helicópteros militares sobrevoavam a cidade, e derrubaram o sinal
de internet e telefonia móvel em todo o país
Nesta segunda-feira, eles detiveram membros do NDL e líderes civis de Mianmar (inclusive
Aung San Suu Kyi e o presidente, U Win Myint), juntamente com ministros, governadores
regionais, políticos da oposição, escritorese ativistas.
O golpe foi anunciado em uma estação de TV que pertence aos militares.

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Um apresentador citou a constituição de 2008, que permite aos militares declarar
uma emergência nacional. O estado de emergência, disse ele, permanecerá em vigor
por um ano.
Rapidamente, os militares assumiram o controle da infraestrutura do país, suspenderam as
transmissões de televisão e cancelaram os voos domésticos e internacionais.
O acesso ao telefone e à internet foi suspenso nas principais cidades. O mercado de ações
e os bancos comerciais foram fechados. Em Yangon, a maior cidade e ex-capital do país,
os residentes correram aos mercados para estocar alimentos e outros suprimentos.
Daw Aung San Suu Kyi
Daw Aung San Suu Kyi era, na prática, a líder do país desde 2015. Oficialmente, o cargo
dela é o de presidente do NDL, o partido civil.
Ela é a filha de um herói da independência do país, o general Aung San. Durante o regime
militar, Aung San Suu Kyi ficou presa durante 15 anos. Ela venceu o prêmio Nobel da Paz
em 1991, quando estava em prisão domiciliar. Ela só saiu da prisão em 2010. Depois de
sair, tornou-se líder do país.
No poder, ela se aliou aos militares para perseguir uma minoria étnica de Mianmar, os
rohingyas, que são muçulmanos (Mianmar é majoritariamente budista). Em 2019, ela foi a
representante do país em um julgamento em uma Corte Internacional de Justiça. Mianmar é
acusada de fazer limpeza étnica.
No país, há quem acredite que Aung San Suu Kyi fez uma concessão aos militares ao
cooperar com eles para tentar fortalecer a democracia no país. Nesta segunda-feira (1º),
ela pediu que a população não aceite o golpede Estado feito por militares.
General Min Aung Hlaing
Nesta segunda-feira, quem tomou o poder foi o general Min Aung Hlaing, chefe das forças
armadas do país. Na teoria, ele deveria ir para a reserva neste ano por completar a idade
compulsória para se retirar da ativa.
Mesmo depois do fim do regime militar, em 2011, as forças armadas nunca ficaram sob o
controle do governo civil. Nos últimos anos, o exército, controlado pelo general Min Aung
Hlaing, empreendeu campanhas contra minorias, como os rohingyas, os shan e os kokang.
O general Min Aung Hlaing foi presidente de dois grupos empresariais e tinha poder para
nomear os chefes dapolícia e do órgão responsável pelos controles de fronteiras.
Os rohingyas
Os rohingyas viveram por décadas no estado de Rakhine, sob políticas de discriminação
racial parecidas com oApartheid na África do Sul.
Uma lei da década de 1980 do país especifica que apenas grupos étnicos que podem
demonstrar sua presença no território antes de 1823 podem obter a nacionalidade.
Desde 2011, após a dissolução da junta militar, as tensões entre as comunidades
aumentaram. Um movimento de monges budistas nacionalistas instigou a perseguição
contra os muçulmanos, afirmando que a minoria representa uma ameaça para Mianmar.

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Considerados estrangeiros em Mianmar, os rohingyas são vítimas de múltiplas
discriminações: trabalho forçado, extorsão, restrições à liberdade de circulação, regras de
casamento injustas e confisco de terras.
Nos últimos anos, milhares de rohingyas fugiram de Mianmar para a Malásia ou para a
Indonésia. Outros decidiram seguir para Bangladesh.
Mais de 110 mortos nos protestos de Mianmar depois que militares ameaçaram atirar
na cabeça
Manifestantes desafiam a junta golpista na celebração do Dia das Forças Armadas. Foto de
bebê de apenas um ano atingido por uma bala de borracha quando estava em sua casa
causa indignação.
As forças de segurança de Mianmar cumpriram sua ameaça de atirar “pelas costas e na
cabeça” dos manifestantes se continuassem desafiando sua autoridade nos protestos que
crescem desde o golpe de Estado de 1º de fevereiro. A advertência, feita na sexta-feira,
concretizou-se neste sábado em um dos mais ferozes dias de repressão contra os
participantes dos atos convocados em pelo menos 40 cidades do país, com um saldo de
mais de 110 mortos —entre eles, uma criança de cinco anos— pelos ataques da polícia e
dos militares, segundo a agência de notícias independente Mianmar Now. Ao mesmo
tempo, a junta militar celebrava o Dia das Forças Armadas com um desfile na capital,
Naypayidaw, ignorado amplamente pela comunidade internacional, exceto por países
como a Rússia.
As Forças Armadas chegaram neste sábado a um ponto de delírio. Enquanto seu
comandante em chefe, Min Aung Hlaing, líder do golpe, prometia em um discurso de 30
minutos feito por ocasião da efeméride militar — o 76º aniversário da revolta contra a
ocupação japonesa em 1945— que o Exército “protegeria o povo de Mianmar e defenderia
a democracia”, viviam-se cenas similares às de uma guerra por todo o país. Cumprindo a
advertência feita na sexta-feira pelos militares, soldados e policiais atiraram para matar
contra os manifestantes em dezenas de cidades, entre elas as principais, Rangum e
Mandalay, mas também em localidades remotas, como mostraram imagens divulgadas
pela mídia local e por cidadãos nas redes sociais.
Com as últimas vítimas, o número de civis mortos desde o golpe de fevereiro passa de
440, segundo a Associação de Assistência aos Presos Políticos de Mianmar. Um
manifestante, Thu Ya Zaw, denunciou na cidade central de Myingyan: “Estão nos matando
como frangos, até mesmo dentro de nossas próprias casas”, informou a Reuters. “Vamos
continuar protestando, apesar de tudo. Lutaremos até que a junta militar caia”, acrescentou.
Os ataques das forças de segurança ocorreram simultaneamente à comemoração do Dia
das Forças Armadas, que vem sendo comemorado em Naypyidó com um desfile militar
presidido por Min Aung Hlaing, 64 anos. “Atos violentos que afetam a segurança e a
estabilidade são inadequados”, disse o novo homem forte birmanês em um discurso na
televisão, enquanto as forças de segurança mergulhavam o país em uma espiral de
violência.
Em um discurso televisionado, o general Min Aung Hlaing afirmou que as autoridades
buscam restaurar a paz no país, perdida desde o golpe. “O Exército quer estender a mão a
toda a população e proteger a democracia”,garantiu o general, acrescentando que

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as autoridades procuram restabelecer a paz no país (53 milhões de habitantes), perdido
desde o golpe de fevereiro. Um golpe que pôs fim a 10 anos de transição democrática e
impediu a inauguração do novo Parlamento, liderado pela Liga Nacional para a Democracia
(NLD) de Aung San Suu Kyi, vencedora das eleições de novembro passado, rotulada de
fraudulenta por os militares, seu pretexto para realizar o golpe. Suu Kyi está detida desde
então e é acusada de vários crimes, incluindo a aceitação de subornos no valor de 500.000
euros, acusações que o seu ambiente considera de motivação política.
“Hoje é o dia da vergonha para as Forças Armadas”, denunciou por sua vez Dr Sasa, porta-
voz do Comitê para a Representação da União Parlamentar (CRPH, na sigla em inglês), o
autoproclamado Governo civil mianmarense. Formado por deputados da NLD ainda em
liberdade, o comitê tenta ser reconhecido como representante legítimo de Mianmar pela
comunidade internacional. O Movimento de Desobediência Civil, outro grupo de oposição
ao golpe, recebeu um apoio simbólico na sexta-feira, ao ser indicado por um comitê de
acadêmicos noruegueses para o Nobel da Paz, que já foi concedido a Suu Kyi em 1991.
Por que a guerra da Síria continua após 10 anos?
BBC - 15 março 2021

Civis deixam a cidade de Jisreen, com prédios destruídos pela guerra, em 2017
Uma revolta pacífica contra o presidente da Síria, há 10 anos, se transformou em
uma violenta guerra civil. O conflito deixou mais de 380 mil mortos, devastou
cidades e atraiu outros países para a disputa.
Entenda por que a guerra dura tempo — e suas terríveis consequências.
Como a guerra da Síria começou?
Mesmo antes do início do conflito, o país sofria com alto desemprego, corrupção e falta de
liberdade política sob o presidente Bashar al-Assad, que sucedeu o pai, Hafez, após sua
morte em 2000.
Em março de 2011, manifestações pró-democracia começaram na cidade de Deraa, no sul
do país, inspiradas por levantes em países vizinhos contra governos opressivos, na
chamada Primavera Árabe.

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Quando o governo sírio reprimiu violentamente as manifestações, protestos exigindo a
renúncia do presidente tomaram as ruas em todo o país.
A agitação se espalhou e a repressão se intensificou. Os partidários da oposição
começaram a se armar — primeiro para se defender e depois para livrar suas áreas das
forças de segurança do governo. Assad prometeu esmagar o que chamou de "terrorismo
apoiado por estrangeiros".
A violência aumentou rapidamente e o país entrou em guerra civil.
Centenas de grupos rebeldes surgiram e não demorou muito para que o conflito se
transformasse em mais do que uma batalha entre sírios a favor ou contra Assad. Potências
estrangeiras começaram a tomar partido, enviando dinheiro, armamento e combatentes.
À medida que o caos piorava, organizações jihadistas extremistas com seus próprios
objetivos, como o grupo autoproclamado Estado Islâmico (EI) e a Al-Qaeda, se
envolveram. Essa situação aumentou a preocupação da comunidade internacional.
Os curdos da Síria, que desejam o direito de autonomia, mas não lutaram contra as forças
de Assad, acrescentaram outra dimensão ao conflito.
Quantas pessoas morreram?
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, um grupo de monitoramento com base no
Reino Unido e uma rede de fontes na Síria, registrou a morte de 387.118 pessoas até
dezembro de 2020, entre elas 116.911 civis.
O número de mortos não incluiu as 205.300 pessoas que estavam desaparecidas e
presumidamente mortas, incluindo 88 mil civis que teriam morrido em prisões
administradas pelo governo onde se praticava tortura.

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Outro grupo de monitoramento, o Centro de Documentação de Violações, que conta com
informações de ativistas de todo o país, registrou o que considera violações do Direito
Internacional Humanitário e da Declaração Internacional dos Direitos Humanos, incluindo
ataques a civis.
A entidade registrou 226.374 mortes na Síria, incluindo 135.634 civis, até dezembro de 2020.
Quase 12 mil crianças foram mortas ou feridas, de acordo com a Unicef, a agência da ONU para a
infância.

A Turquia apoiou grupos de rebeldes que lutam contra forças curdas no país
Quais são os lados envolvidos na guerra?
Os principais apoiadores do governo têm sido a Rússia e o Irã. A Turquia, as potências
ocidentais e vários países do Golfo apoiaram a oposição em vários graus na última
década.
A Rússia - que já tinha bases militares na Síria antes da guerra - lançou uma campanha
aérea em apoio a Assad em 2015, o que foi crucial para virar a guerra a favor do governo.
Os militares russos dizem que seus ataques visam apenas "terroristas", mas ativistas dizem
que matam rebeldes e civis regularmente.
Acredita-se que o Irã mobilizou centenas de soldados e gastou bilhões de dólares para
ajudar Assad. Milhares de milicianos xiitas armados, treinados e financiados pelo Irã —
principalmente do movimento Hezbollah do Líbano, mas também do Iraque, Afeganistão e
Iêmen — também lutaram ao lado do exército sírio.

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Os EUA, Reino Unido e França inicialmente forneceram apoio para os grupos rebeldes que
eles consideraram "moderados". Mas eles priorizaram a assistência não bélica quando os
jihadistas se tornaram a força dominantena oposição armada contra o governo.
Uma coalizão global liderada pelos EUA também realizou ataques aéreos e mandou forças
especiais para a Síria a partir de 2014 para ajudar uma aliança de milícias curdas, árabes,
assírias e turcas chamada de Forças Democráticas Sírias, em um território no noroeste do
país que antes era dominando pelo Estado Islâmico. As Forças Democráticas Sírias (FDS)
defendem um governo secular, democrático e federalista em território sírio.
A Turquia é um grande apoiador da oposição, mas seu foco tem sido apoiar facções
rebeldes para conter a milícia curda YPG, acusando-a de ser uma extensão de um grupo
rebelde curdo banido na Turquia.
Tropas turcas e rebeldes apoiados por elas tomaram trechos de território ao longo da
fronteira norte da Síria e intervieram para impedir um ataque total das forças do governo ao
último reduto da oposição, Idlib.
A Arábia Saudita, que deseja conter a influência iraniana, armou e financiou os rebeldes no início
da guerra.
Enquanto isso, Israel tem estado tão preocupado com o que chama de "entrincheiramento
militar" do Irã na Síria e com os embarques de armas iranianas para o Hezbollah e outras
milícias xiitas que tem realizado ataques aéreos com frequência cada vez maior na tentativa
de impedi-los.

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Como o país foi afetado?
Além de causar centenas de milhares de mortes, a guerra deixou mais de 2,1 milhões de
civis feridos ou permanentemente incapacitados, de acordo com o Observatório Sírio para
os Direitos Humanos,
Antes da guerra, a Síria tinha uma população de 22 milhões de pessoas. Metade dessa
população foi obrigada a deixar suas casas devido aos dez anos de guerra. Cerca de 6,7
milhões de pessoas estão desabrigadas dentro do país, muitos deles vivendo em campos
temporários.
Outros 5,6 milhões de pessoas estão registradas como refugiadas no exterior. A maioria
(cerca de 93%) dos refugiados estão nos países vizinhos do Líbano, Jordânia e Turquia.
As nações têm tido dificuldade em lidar com um dos maiores êxodos de refugiados da
história recente. Um milhão de crianças refugiadas sírias nasceram no exílio.

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Em janeiro de 2021, 13,4 milhões de pessoas dentro da Síria precisavam de alguma forma
de assistência humanitária, incluindo 6 milhões em extrema necessidade, de acordo com a
ONU. Mais de 12 milhões tinham dificuldade em se alimentar todos os dias. E meio milhão
de crianças sofriam de desnutrição crônica.
No ano passado, a crise humanitária foi agravada por uma desaceleração econômica sem
precedentes, que viu o valor da moeda síria cair drasticamente e os preços dos
alimentos atingirem recordes históricos. O país também sofreu com a pandemia de covid-
19, mas a verdadeira extensão do estrago causado não é conhecida, já que o sistema de
saúde do país está devastado.
Bairros inteiros e infraestrutura vital em todo o país também permanecem em ruínas após
uma década de combates. Uma análise da ONU feita por satélite sugeriu que mais de 35
mil estruturas foram danificadas ou destruídas apenas na cidade de Aleppo, antes de sua
recaptura pelo governo no final de 2016.
E apesar de seu status protegido, instalações médicas também foram atingidas — 350
hospitais e clínicas sofreram 595 ataques até março de 2020, documentos pelos Médicos
pelos Direitos Humanos. Como resultado, 923 médicos morreram e apenas metade dos
hospitais do país estão totalmente funcionais.
Grande parte da rica herança cultural da Síria também foi destruída. Todos os seis locais
considerados Patrimônios Mundiais da Unesco foram significativamente danificados.
Extremistas do Estado Islâmico explodiram deliberadamente partes da antiga cidade de
Palmira.
Os investigadores de crimes de guerra da ONU acusaram todas as partes de perpetrar "as
violações mais hediondas". "Os sírios", diz seu último relatório, "sofreram grandes
bombardeios aéreos em áreas densamente povoadas; sofreram ataques de armas químicas
e cercos modernos nos quais os perpetradores deliberadamente deixaram a população
faminta por meio de métodos medievais e restrições indefensáveis e vergonhosas à ajuda
humanitária".

Soldados do Exército Livre da Síria, grupo formado por civis e militares desertores que faz
oposição ao governode Bashar al-Assad.
Quem está no controle do país agora?
O governo de Assad recuperou o controle das maiores cidades da Síria, mas grande parte
do país ainda está sob controle de rebeldes, jihadistas e das Forças Democráticas da Síria,
sob a liderança dos curdos.

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O último reduto da oposição fica na Província de Idlib, no noroeste do país, e nas partes
adjacentes das províncias de Hama e Aleppo.
A região é dominada por uma aliança jihadista ligada à al-Qaeda chamada Hayat Tahrir al-
Sham, mas também é o lar de facções rebeldes convencionais. Estima-se que na região
vivam 2,7 milhões de pessoas desabrigadas, incluindo um milhão de crianças, muitas delas
em condições precárias.
Em março de 2020, a Rússia e a Turquia intermediaram um cessar-fogo para interromper
uma ofensiva do governo na tentativa de retomar Idlib. Desde então, o conflito tem tido um
período de relativa baixa atividade militar — mas isso pode mudar a qualquer momento.
No nordeste do país, as forças turcas e rebeldes apoiados por elas lançaram uma ofensiva
contra as Forças Democráticas Sírias em outubro de 2019 para criar uma "zona segura"
livre da milícia curda YPG ao longo do lado sírio da fronteira, e ocuparam 120 km de
território desde então.
Para deter o ataque, as FDS fecharam um acordo com o governo sírio para o exército sírio
retornar à região administrada pelos curdos pela primeira vez em sete anos. O governo
prometeu eventualmente recuperar o controle total sobre a região.

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Quando a guerra vai acabar?
Não há como prever o fim da guerra tão cedo, mas os negociadores concordam que é
preciso encontrar uma solução política e não bélica.
O Conselho de Segurança da ONU que que haja um órgão de governo de transição
"formado com base no consentimento mútuo". Mas as nove rodadas de negociações de
paz mediadas pela ONU não avançaram, com o presidente Assad aparentemente sem
vontade de negociar com grupos de oposição que insistem que ele deve renunciar como
parte de qualquer acordo.
A Rússia, o Irã e a Turquia estabeleceram diálogos paralelos em 2017. Um acordo foi
alcançado no ano seguinte para formar um comitê de 150 membros para a criação de uma
nova constituição, levando a eleições livres e justas supervisionadas pela ONU.
Mas em janeiro de 2021, o enviado especial da ONU Geir Pedersen lamentou que eles
nem mesmo haviam começado a redigir qualquer documento.
Pedersen também observou que, com cinco exércitos estrangeiros ativos na Síria, a
comunidade internacional não pode fingir que as soluções para o conflito estão apenas nas
mãos dos sírios.
Mundo tem número recorde de refugiados e deslocados
Em meio a conflitos e perseguições, 82,4 milhões de pessoas estavam vivendo em fuga ao
fim de 2020. ONU pede que governos abandonem "políticas egoístas" e ajam para
encontrar soluções.

EXERCÍCIOS
1. A frase a seguir é um título extraído do site de notícias CNN:
“Mianmar tem 114 mortos no sábado, dia mais mortal desde o início dos protestos”
(Fonte: CNN, São Paulo. 27 de março de 2021.
Desde o início de fevereiro de 2021, o Mianmar está presente nos noticiários de todo
o mundo. Sobre sua história, assinale a alternativa correta.
A) Mianmar incluía-se na área de influência da cultura indiana, sendo que o hinduísmo se
expandiu maciçamente pelo país. Ao longo do tempo, mongóis, portugueses, ingleses,
franceses e japoneses ocuparam o país, sendo que foram os portugueses que começaram
a chamá-lo de Birmânia.
B) Mianmar é um país localizado no sul da Ásia sendo dominado pelos franceses no
século XIX. Tal dominação durou mais de cem anos e Mianmar só se tornou um país
independente em 1948.
C) No início de fevereiro de 2021, Mianmar sofreu um golpe de Estado após a vitória do
partido Liga Nacional pela Democracia nas eleições gerais de 2020. Os militares não
reconheceram a legitimidade do pleito e o Exército ocupou o poder.

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D) A pressão internacional sobre o novo governo do país aumentou com sanções
internacionais. A China e a Rússia condenaram, veementemente, o golpe de Estado
exigindo a aplicação de duras medidas por meio do Conselho de Segurança da ONU.
2. O gabinete de transição do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden,
anunciou no dia 20/01/2021, horas antes da posse, uma série de medidas que serão
tomadas no primeiro dia no cargo, sendo elas, EXCETO:
A) Interromper a construção do muro na fronteira com o México;
B) Acabar com o processo de saída dos EUA da OMS (Organização Mundial da Saúde);
C) Eximir o distanciamento social e o uso de máscaras em prédios e áreas federais e por
funcionários públicos do governo e terceirizados;
D) Lançamento de uma série de iniciativas governamentais para promover a igualdade
racial;
E) Prevenir e combater a discriminação com base no gênero ou na orientação sexual.
3. Ao tomar posse como novo presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe
Biden herdará de Donald Trump um cenário de tensões renovadas com rivais e
inimigos políticos antigos da Casa Branca. Embora Trump encerre o mandato sem
ter colocado os EUA em nenhuma nova guerra declarada, Biden terá o desafio de
encarar um ambiente mais hostil no cenário internacional: a relação de Washington
piorou nos últimos quatro anos com países como, EXCETO:
A) Irã
B) Brasil
C) China
D) Cuba
E) Venezuela
4. Assinale a alternativa que indica corretamente órgão normativo e deliberativo da
Organização das Nações Unidas (ONU), onde todos os países membros têm
representação igualitária.
A) Assembleia-Geral.
B) Conselho de Segurança.
C) Conselho Econômico e Social.
D) Conselho de Administração Fiduciária.
E) Corte Internacional de Justiça.
5. Recém-derrotado nas urnas, o presidente estadunidense Donald Trump concedeu
indulto ao seu ex-assessor de segurança nacional Michael Flynn no fim do mês de
novembro de 2020. Assinale a afirmativa procedente a respeito de Flynn:

362
A) Foi responsável pela prisão e separação de país e filhos de imigrantes ilegais nos
Estados Unidos entre os anos 2018 e 2019, cuja repercussão internacional abalou a
política externa estadunidense.
B) Dirigiu uma operação ilegal junto a Israel para mudar a embaixada estadunidense para
Jerusalém em 2019.
C) Confessou ser culpado de mentir para o FBI durante uma investigação sobre a
interferência russa na eleição presidencial de 2016.
D) Delatou falsamente candidatos do Partido Republicano de crimes de responsabilidade
nos estados da Geórgia e da Pensilvânia para favorecer os aliados do presidente.
6. Donald Trump atual presidente dos Estados Unidos não foi reeleito para seu cargo
na eleição estadunidense realizada no mês de novembro de 2020. A partir de 20 de
janeiro de 2021, o novo presidente norte americano será o recém-eleito Joe Biden
pertencente ao partido:
A) Republicano.
B) Comunista
C) Socialista
D) Democrata.
7. Em 2019, o Estreito de Ormuz esteve no centro das atenções e se tornou cenário
de uma série de incidentes envolvendo Irã e Estados Unidos. Em junho este
incidente teve um novo episódio pelo seguinte fato:
A) Pelo abatimento de um drone pelo Irã, acusando os Estados Unidos de espionagem e
invasão de seu espaço aéreo.
B) Devido à invasão estadunidense na Síria, país aliado do governo iraniano.
C) Pelo bloqueio a navios imigrantes que se dirigiam para o continente europeu a pedido
do governo estadunidense.
D) Devido às restrições comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Irã que acarretaram
numa crise econômica no país.
8. No dia 1º de fevereiro de 2021, Mianmar sofreu um golpe de Estado após a vitória
do partido Liga Nacional pela Democracia (NLD, na sigla em inglês) nas eleições
gerais de 2020. Mianmar é um estado localizado:
A) No Sul africano.
B) No Norte africano.
C) Na América Central.
D) No Norte asiático.
E) No sul asiático.

363
9. Nas eleições à presidência dos Estados Unidos que ocorrerão em 2020, o Partido
Democrata escolheu como seu candidato:
A) Barack Obama.
B) Michelle Obama.
C) Donald Trump.
D) Hillary Clinton.
E) Joe Biden.
10. Na eleição presidencial dos Estados Unidos, agendada para 2020, o candidato a
presidente pelo Partido Republicano é:
A) Joe Biden.
B) Donald Trump.
C) Barack Obama.
D) Bernie Sanders.
E) Hillary Clinton.
11. Por qual motivo a Câmara dos Representantes, o equivalente à Câmara dos
Deputados no Brasil, votou pela abertura do processo de impeachment por abuso de
poder e obstrução de justiça contra Trump?
A) Investigações indicam que Trump pediu ao governo da Ucrânia que abrisse uma
investigação sobre seu adversário político, Joe Biden e o filho dele, Hunter.
B) Não houve um acordo entre os políticos sobre a construção do muro prometido pelo
Trump que seria feito para separar os EUA do México evitando a imigração ilegal.
C) Trump ordenou um ataque de mísseis contra uma base aérea síria em resposta ao uso
de armas químicas pelo governo de Bashar Al Assad. A ação matou nove civis, sendo
quatro crianças.
D) Trump assinou um decreto retirando os EUA do acordo com países do pacífico,
assinado em 2015 por Obama. O tratado visava reduzir barreiras comerciais, além de
normas sobre a legislação trabalhista, ambiente, propriedade intelectual e compras
estatais.
12. Após a invasão ao Capitólio por apoiadores de Donald Trump para impedir a
nomeação de Joe Biden como presidente, o Congresso estadunidense estudou o
afastamento do presidente, mesmo com poucos dias para findar seu mandato,
baseado na chamada 25ª emenda constitucional, que significa:
A) Permite que novas eleições sejam convocadas com novas chapas eleitorais, quando
não há consenso de vencedor, mesmo realizadas as eleições nacionais.

364
B) Adianta a posse no do novo presidente eleito encerrando o mandato do atual devido a
crime de responsabilidade cometido e devidamente comprovado.
C) Anula e cancela decretos presidenciais dos últimos 90 dias, se o mandatário for
considerado mentalmente instável, o que colocaria em xeque suas decisões.
D) Permite que o vice-presidente se torne presidente em exercício quando um presidente
estiver impossibilitado de continuar suas funções.
13. Recém-eleitos, Joe Biden e a vice-presidente eleita, Kamala Harris, tentam
fomentar a diversidade nas nomeações que foram anunciadas até agora para
integrar a cúpula do Executivo. Nesse sentido, anunciaram no final de novembro a
seguinte intensão:
A) Os membros dos ministérios estadunidenses deverão incluir juristas e advogados
negros.
B) A cota para população LGBT nos cargos comissionados da Casa Branca a partir de
2021.
C) A equipe de comunicações da Casa Branca será integrada exclusivamente por
mulheres.
D) A reformulação tática das hordas policiais estadunidenses, que deverão seguir diretrizes
principais de proteção a negros e imigrantes.
14. Sobre as eleições nos Estados Unidos (EUA) em 2020, é INCORRETO afirmar
que:
A) Diferente do sistema eleitoral brasileiro, o voto nos EUA é facultativo.
B) Cada Estado tem um número de votos no Colégio Eleitoral (conhecidos como
“delegados”).
C) O sistema de eleição indireta dos EUA garante a vitória do candidato que obtiver o
maior número de votos da população.
D) No sistema de eleição dos EUA é possível votar antecipadamente e até enviar o voto
por correio.
15. Um ano depois do primeiro julgamento político, o ex-presidente Donald Trump
enfrentará um segundo processo a partir de 09/02/2021 no Senado devido:
A) ao não reconhecimento do vencedor Joe Biden como novo presidente dos Estados
Unidos.
B) incitação ao ataque ao Capitólio.
C) preconceito racial ao criar um muro separando os EUA do México.
D) investigação de fraude bancária e fiscal.

365
16. A pretexto de combater o Covid-19, o primeiro-ministro de um país europeu
obteve plenos poderes do parlamento para governar por decreto, por tempo
ilimitado. Com isso, ficam suspensas todas as garantias democráticas definidas
pelos tratados assinados com a União Europeia. Assinale a alternativa que
apresenta corretamente o nome de tal país:
A) Hungria.
B) Alemanha.
C) Bélgica.
D) Espanha.
E) Portugal.
17. Assinale a alternativa que apresenta corretamente o nome do primeiro-ministro
do Reino Unido, que foi infectado pelo Covid-19:
A) Gordon Brown.
B) Thomas Hamilton.
C) Thereza May.
D) Boris Johnson.
E) Richard Spark.
18. Em 20 de janeiro de 2021, o democrata Joe Biden tomou posse como presidente
dos EUA. Em semelhança à política externa do antecessor Donald Trump, Biden vê a
China como um “rival estratégico” de Washington, mas planeja se contrapor a
Beijing de forma distinta. A primeira e mais evidente mudança é a tentativa de
retomar parcerias com a Europa, o Reino Unido e outras potências do G-20.
(Disponívelem: https://areferencia.com/mundo/cinco-temas-para-ficar-de-olho-na-
politica-e-na-economia- mundiais-em-2021/. Acesso em 14 jan. 2021)
A) iniciativa de Joe Biden é importante para os Estados Unidos, pois o G20 possui como
basilar objetivo:
A) Reduzir as emissões de gases de efeito estufa para limitar o aumento médio de
temperatura global a 2ºC, quando comparado a níveis pré-industriais.
B) Promover a paz, os seus valores e o bem-estar dos seus cidadãos, garantindo-lhes a
liberdade, a segurança e a justiça, sem fronteiras internas.
C) Reunir regularmente as mais importantes economias industrializadas e emergentes
para discutir questões- chave da economia global e promover políticas compatíveis com o
comunicado aprovado na reunião de Berlim, em 2004.
D) Reduzir o aquecimento global. O compromisso internacional foi aprovado em 12 de
dezembro de 2015 e entrou em vigor oficialmente no dia 4 de novembro de 2016.

366
E) Captar doações para investimentos não reembolsáveis em ações de prevenção,
monitoramento e combate ao desmatamento, e de promoção da conservação e do uso
sustentável da Amazônia Legal. Também apoia o desenvolvimento de sistemas de
monitoramento e controle do desmatamento no restante do Brasil e em outros países
tropicais.
19. A eleição para presidente nos Estados Unidos foi um capítulo à parte no tão
conturbado ano de 2020. Depois de toda resistência de Donald Trump em aceitar a
derrota na votação, no dia em que a vitória de Joe Biden seria sacramentada,
apoiadores de Trump invadiram o Capitólio a fim de tentar impedir a decisão. Mas, o
que é o Capitólio?
A) É a casa oficial do presidente americano.
B) É o gabinete oficial do presidente.
C) É uma entidade da justiça norte-americana.
D) É o Congresso dos Estados Unidos.
E) É um órgão onde os votos são computados.
20. No dia 6 janeiro de 2021 o mundo assistiu a invasão do Capitólio dos Estados
Unidos, analisado por alguns como uma grande ameaça à democracia
estadunidense, já que a invasão foi protagonizada por grupos extremistas e se
destinava a impedir a nomeação de Joe Biden, recém- eleito no ano passado. Uma
das cenas que chamou a atenção foi um sujeito com o rosto pintado de vermelho e
azul, calças largas e uma espécie de chapéu de pele com chifres. Ícone da invasão,
ele faz parte do grupo extremista difusor de ideias conspiratórias, conhecido como:
A) Al Qaeda.
B) QAnon.
C) Skinheads.
D) Neonazis.
21. Um grupo de apoiadores do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
invadiu em 6 de janeiro de 2021, o Capitólio, sede do Congresso americano em
Washington, com a intenção de bloquear a sessão de confirmação da
vitória do democrata Joe Biden. De acordo com esse assunto e com
notícias vinculadas na mídia nos dias 6 e 7 de janeiro de 2021, classifique os
itens abaixo como Verdadeiros (V) ou Falsos (F):
( ) Quatro pessoas morreram durante a invasão à sede do Congresso americano em
06/01, durante o processo de certificação da vitória do presidente eleito Joe Biden,
segundo a polícia de Washington.
( ) Momentos antes da invasão ao Congresso, Trump disse que marcharia junto com
os apoiadores ao Congresso. "Eu estarei com vocês. Vamos andar até o Capitólio e
felicitar nossos bravos senadores e congressistas", disse no discurso em

367
que rejeitou, mais uma vez, reconhecer o resultado da eleição. Ele, porém, não foi
visto na marcha
( ) Houve vandalismo, uma porta de vidro foi quebrada e gás lacrimogênio foi
disparado pela polícia do Capitólio; guardas foram feridos
( ) Biden venceu Trump no Colégio Eleitoral por 256 votos contra 232, porém Trump
tem se recusado a reconhecer a derrota para Biden e afirma que houve "fraudes
massivas" na eleição, apesar de não haver nenhuma prova ou evidência
de que isso tenha ocorrido. Assinale a alternativa com a sequência
CORRETA:
A) V, V, V, V
B) V, V, V, F
C) V, V, F, F
D) F, V, V, F
E) F, F, V, V
22. No ano de 2020, Israel conseguiu inserir um novo país árabe entre seus aliados
diplomáticos, somando-se ao Egito e a Jordânia. Este acordo prevê, além de
aproximações econômicas, a suspensão da soberania de Israel sobre a região da
Cisjordânia. O país em questão é:
A) Líbia.
B) Síria.
C) Afeganistão.
D) Emirados Árabes.
23. A respeito do conflito Estados Unidos X Irã que ganhou novos contornos nos
primeiros dias de 2020 com o assassinato do general iraniano Soleimani pelos
Estados Unidos, são feitas as seguintes considerações:
I. O general Soleimani foi assassinado na cidade de Bagdá, no Iraque.
II. Os Estados Unidos culpam Soleimani pela morte de americanos e defendem que o
assassinato ao general foi uma estratégia para conter o terrorismo.
III. Durante o governo de Obama, os dois países elaboraram um acordo, em que o Irã
se comprometia em interromper seu programa de enriquecimento de urânio a fim de
produzir bombas atômicas, em troca, os norte- americanos retirariam o embargo
econômico sobre o país. Com o governo Trump, essa tentativa de acordo foi
abandonada.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.

368
B) Apenas I e II.
C) Apenas I e III.
D) Apenas II e III.
E) I, II e III.
24. Considere a análise a seguir, a respeito de um recente fato que gerou
repercussões nas relações internacionais, e marque a alternativa que indica o nome
do país que preenche CORRETAMENTE a lacuna.
“Naquele que talvez tenha sido o ataque mais significativo dos Estados Unidos no
Oriente Médio em décadas, a ordem do presidente Donald Trump de bombardear o
veículo em que viajava o general Qasem Soleimani pegou todos de surpresa.
Embora as consequências do ataque ainda sejam incertas, essa ação pode
facilmente desencadear um conflito militar na região, visto que aquele general
estava, de fato, no comando da política externa do ________, e era uma
personalidade política popular tanto no país dele quanto no exterior”. (BBC Mundo,
07/01/2020, com adaptações).
A) Irã
B) Egito
C) Marrocos
D) Afeganistão
25. As gestantes, que haviam sido incluídas no grupo prioritário de vacinação contra
a covid, tiveram sua conquista limitada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), por ter ocorrido a morte de uma delas após ser vacinada. Qual das
vacinas usadas no Brasil foi, supostamente, a causadora desta ocorrência.
A) AstraZeneca.
B) Pfizer.
C) CoronaVac
D) Sinovac.
26. Em uma primeira análise a Anvisa rejeitou a importação da vacina produzida na
Rússia, sob a alegação de que esta poderia ocasionar danos à saúde. Qual é o nome
desta vacina?
A) Butanvac.
B) Sputnik V.
C) AstraZeneca.
D) Coronavac.

369
27. Apesar de convivermos com a pandemia da Covid-19 há mais de um ano, muitas
pessoas continuam errando no uso de máscara de proteção.
https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2021/05/20/covid-5-erros-comuns
-no-uso-da-mascara- como-tocar-na-parte-externa.ghtml
Neste sentido, marque a alternativa CORRETA:
A) A máscara pode ser grande ou pequena demais.
B) A máscara é de uso individual.
C) A máscara pode ser usada com o nariz de fora.
D) A máscara pode ser usada por período prolongado
28. Estados brasileiros anunciaram na manhã do dia 11/05/2021 a suspensão da
aplicação de uma certa vacina contra a covid-19 em grávidas com comorbidades.
São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul foram os primeiros a divulgar a
mudança no calendário de imunização. A decisão foi logo após a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitir recomendação para a suspensão imediata
desta vacina a em gestantes. A Nota Técnica foi divulgada após o monitoramento de
reações adversas neste grupo de pessoas.
Qual é esta vacina?
A) CoronaVac.
B) Astrazeneca.
C) Johnson.
D) Pfizer.
29. A Anvisa aprovou, em 31/03, o pedido de uso emergencial de uma vacina de dose
única contra a Covid-19. O imunizante será importado, mas na data da aprovação
ainda não tinha previsão de parceria para produção nacional. De qual farmacêutica é
esta vacina?
A) Da farmacêutica Vir Biotechnology.
B) Da farmacêutica GlaxoSmithKline (GSK).
C) Da farmacêutica Coronavac.
D) Da farmacêutica Janssen, do grupo Johnson & Johnson.
30. Marque a alternativa que NÃO contém vacina contra a Covid-19.
A) Oxford/AstraZeneca/Fiocruz.
B) Pfizer/BioNTech.
C) Butantan/CoronaVac.
D) EMS/Brasilian.

370
31. Butantan localiza variante suíça do novo coronavírus em SP e confirma outro
caso da sul- africana." (https://g1.globo.com/bemestar) Muito se tem ouvido falar
sobre as variantes que surgiram após a disseminação do coronavírus em um ou
outro país. Mas afinal, o que é a variante de um vírus?
A) É um vírus descendente do primeiro, que será sempre mais agressivo.
B) É um novo tipo de vírus, independente do primeiro, mas que surge sem que este já
tenha sido eliminado.
C) É um vírus descendente do primeiro, que será sempre menos agressivo.
D) É um vírus que descende do que foi identificado primeiro, após sofrer algum tipo de
mutação, podendo ficar mais ou menos agressivo.
32. A Covid-19 é uma infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus SARS-
CoV-2, potencialmente grave, de elevada transmissibilidade e de distribuição global.
Este beta coronavírus foi descoberto em amostras obtidas de pacientes com
pneumonia de causa desconhecida em dezembro de 2019 na cidade chinesa de:
A) Chengdu
B) Xangai
C) Wuhan
D) Hangzhou
33. O que eu vejo é as pessoas não conhecerem, ou acharem que essas doenças
não existem, que são coisas do passado e o vírus está aí circulando. A gente tem
que alertar que essa negligência, esse esquecimento, essa falta de cumprir uma
caderneta de vacinação, o preço pode ser a vida dessa criança", alertou o ministro
da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O Ministério da saúde lançou no dia 10 de
fevereiro mais uma campanha de vacinação, e no texto acima o ministro atenta para
a importância de se levar a sério as ações de prevenção. Desta vez a campanha é
para vacinar crianças e jovens de 5 a 19 anos contra:
A) O sarampo.
B) A dengue.
C) A malária.
D) O coronavirus.
E) A febre amarela.
34. Em janeiro do ano em curso (2020), o Ministério da Saúde confirmou alguns
casos suspeitos de Coronavírus no Brasil. As pessoas com esses sintomas
retornaram de qual país?
A) Estados Unidos.
B) Japão.

371
C) China.
D) Coreia do Sul.
E) Alemanha.
35. Foi instalada recentemente a CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito no
Senado Federal para investigar, principalmente:
A) A conduta do Presidente da república frente ao uso de máscaras
B) O uso dos recursos da União pelos municípios com mais de 50.000 habitantes
C) As omissões do governo federal e a falta de oxigênio em Manaus em período crítico da
COVID19
D) Todas as respostas estão corretas
36. Ocuparam o cargo de Ministro da Saúde durante o governo do presidente Jair
Bolsonaro:
I. Gustavo Canuto
II. Luiz Henrique Mandetta.
III. Nelson Teich.
IV. Ricardo Barros.
Quais estão corretos?
A) Apenas I e III.
B) Apenas I e IV.
C) Apenas II e III
D) Apenas II, III e IV.
E) I, II, III e IV
37. Em outubro, a Fiocruz e o Instituto de Pesquisa Infantil Murdoch da Austrália irão
iniciar testes, em profissionais da área de saúde, com a vacina BCG (usada para
prevenir a tuberculose), a fim de verificar a proteção do imunizante também contra a
Covid-19. O estudo, que inicialmente seria realizado apenas em Mato Grosso Sul, vai
ser expandido para o estado do Rio de Janeiro. https://portal.fiocruz.br)
Sobre as pesquisas com a vacina BCG, assinale a opção INCORRETA.
A) Coordenada no Brasil pelos pesquisadores da Fiocruz Julio Croda e Margareth
Dalcolmo, a pesquisa foi aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).
B) Serão vacinados cerca de três mil profissionais da área saúde no país que não tenham
tido Covid-19. O estudo será financiado pela Fundação Gates.
C) Além do Brasil, a Austrália, a Espanha e o Reino Unido fazem parte da

372
pesquisa através da Universidade de Melbourne, com o apoio da Organização Mundial da
Saúde (OMS).
D) Os pesquisadores australianos se basearam em estudos já existentes que mostram que
a vacina BCG é eficiente contra outras infecções respiratórias virais.
E) Há comprovação de que a BCG pode ser eficaz contra a Covid-19 e já se sabe também
por quanto tempo ela mantém o organismo imune contra outras doenças respiratórias.
38. Atualmente, não há vacinas disponíveis contra o SARS-CoV-2 autorizadas pela
Organização Mundial da Saúde (OMS). SARS-CoV-2 é o vírus que causa a pandemia
de COVID-19. A avaliação de uma vacina candidata passa por diferentes fases (pré-
clínica e clínica) até que receba aprovação regulatória. O objetivo de todo esse
processo é garantir uma vacina segura e eficaz (além de responder a outras
perguntas, como o número e o intervalo de doses). (https://iris.paho.org)
A fase de avaliação clínica de uma vacina inclui, EXCETO:
A) Os ensaios realizados em um pequeno número de humanos, geralmente menos de 100
adultos, para avaliar a segurança da vacina e sua capacidade de gerar uma resposta
imune.
B) Concentra-se em testar a segurança da vacina e sua capacidade de produzir uma
resposta imune (proteção) em animais.
C) Esta fase pode incluir estudos para determinar a quantidade de doses necessárias e as
vias de administração da vacina.
D) A vacina é administrada a pessoas que têm características (como idade e estado de
saúde) semelhantes às de indivíduos que receberão a nova vacina.
E) Os ensaios concentram em avaliar a eficácia, são randomizados e duplo-cegos (o que
significa que os participantes dos estudos não sabem se estão recebendo a vacina real ou
um placebo) e podem incluir estudos de um ou vários países.
39. Nas últimas semanas, houve a violenta repressão (...) durante o Ramadã, o mês
sagrado dos muçulmanos, culminando com o uso de gás lacrimogênio e de
granadas dentro da mesquita de al- Aqsa, o lugar mais sagrado para os muçulmanos
depois de Meca e Medina. Os palestinos protestavam em solidariedade às famílias
ameaçadas de despejo. O conflito entre _____________________ já existe há muito
tempo, mas o gatilho para a nova escalada de violência teve origem nas ameaças de
despejo de famílias palestinas de Sheikh Jarrah, um bairro fora dos muros da Cidade
Velha de Jerusalém. https://www.bbc.com/portuguese/internacional-57149552
Assinale a alternativa que preenche CORRETAMENTE a lacuna.
A) brasileiros e japoneses.
B) israelenses e palestinos.
C) estado-unidenses e canadenses.
D) mexicanos e italianos.

373
40. O Oriente Médio apresenta um quadro extremamente rico de situações que
merecem alguma reflexão[...]. São cotidianamente noticiadas crucificações,
imolações, execuções em massa e degolas coletivas que nos demonstram que não
estamos assistindo a um filme sobre a Idade Média, sobre a invasão dos bárbaros. O
que vemos hoje, invasões, pilhagens, estupros, escravidão, não são resultantes de
uma ficção. Fonte: Revista da EMERJ v. 18 - n. 68 – 2015. (Adaptado)
O texto faz referência a um grupo terrorista estabelecido em 2006. Pretendendo a
criação de um novo Estado, baseado em princípios religiosos do Islã, com a
instituição de um califado, esse grupo detém parte do território do Iraque e da Síria.
O texto se reporta, então, ao grupo conhecido como
A) Jihad.
B) Sharia.
C) Al-Qaeda.
D) Estado Islâmico.
E) HayatTahrir al-Sham.
41. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na imprensa
recentemente que o exército estadunidense capturou um dos principais líderes
jihadistas, que se matou durante a operação na Síria. Este terrorista liderava o grupo
chamado:
A) Al Qaeda.
B) Estado Islâmico.
C) Talibã.
D) Al Jazira.
42. Uma aeronave militar dos Estados Unidos utilizado para monitoramento
eletrônico caiu no leste do Afeganistão, no final do mês de janeiro de 2020. A autoria
do ataque foi assumida:
A) Pelo governo iraniano.
B) Pelo Estado Islâmico.
C) Pelo Talibã.
D) Pelo Al Qaeda.
43. Mohsen Fakhrizadeh foi atacado misteriosamente em uma estrada nos arredores
da capital, Teerã, e no final de novembro recebeu um funeral de Estado com honras
militares completas. O acontecimento acirra mais as questões do Irã com Israel, a
quem dirigem acusações. Fakhrizadeh tinha grande importância para o Irã, pois
estava diretamente:
A) À frente da liderança do Exército de libertação.

374
B) À frente do programa nuclear do país.
C) À frente das Comunidades Islâmicas Jihadistas.
D) À frente dos programas de proteção a refugiados.
44. Mais de 100 ataques na região nordeste da Síria foram lançados no mês de
janeiro de 2021, além de ações noturnas de violência em muitas cidades e vilas. Qual
o grupo jihadista responsável por esses ataques?
A) Estado Islâmico.
B) Al Qaeda
C) Frente al-Nusra.
D) Boko Haram.
45. O vencedor efetivo da guerra civil no país está mais perto que nunca de retomar
o último território em mãos dos rebeldes, um marco que vai selar sua vitória,
enquanto agrava o sofrimento da população. Nos últimos três meses, suas forças,
apoiadas por ataques aéreos russos, intensificaram o avanço na província,
empurrando quase 1 milhão de moradores na direção da fronteira ao [norte do país].
(https://bit.ly/3cXFevG. Publicado em 27.02.2020. Adaptado)
O texto se refere ao conflito
A) na Venezuela, onde o presidente Nicolás Maduro avança militarmente sobre as forças
da resistência, obrigando milhões de pessoas a se refugiarem no Brasil.
B) na Turquia e, após muitos anos de conflito, os rebeldes avançaram em direção à
fronteira com a Grécia, obrigando milhares a se refugiarem.
C) em Myanmar, local em que a grande quantidade de refugiados na fronteira com
Bangladesh apresenta graves violações aos direitos humanos.
D) na Somália, local em que a guerra civil tem como consequência a criação de diversos
campos de refugiados na fronteira com o Quênia.
E) na Síria, onde o avanço das forças governamentais tem sido responsável pela migração
de milhões de pessoas para campos de refugiados na fronteira com a Turquia.
46. Leia o texto.
"O partido-mílicia xiita Hezbollah anunciou nesta sexta-feira a morte na Síria de
Mustafa Badreddine, de 55 anos, um dos seus principais chefes militares, vitimado
por 'uma grande explosão' nos arredores de Damasco". (El País, 13/05/2016)
Essa organização é um grupo político com sede
A) na Síria.
B) na Líbia.

375
C) em Jerusalém.
D) no Líbano.
47. Os extremistas do ISIS, Estado Islâmico, estão sistematicamente destruindo
riquezas artísticas, culturais e arqueológicas, consideradas patrimônio da
humanidade. A maior parte de edificações, estátuas e relíquias arqueológicas
destruídas encontravam-se:
A) Na Arábia Saudita
B) No Egito
C) Na Grécia
D) No Iraque
48. Recentemente os Estados Unidos anunciaram um Plano de Paz para lidar com os
conflitos entre Palestina e Israel, são pontos abordados neste plano:
I. Possibilitar a criação de um Estado palestino com mais que o dobro do tamanho
do território atual, mas sem exército e Força Aérea e sob controle de Israel a oeste
do rio Jordão.
II. Estabelece Jerusalém como capital indivisível tanto Palestina, como israelense,
com duas embaixadas estadunidenses em cada setor, reconhecendo a soberania de
ambos os países.
III. Congelar futuras ocupações do território palestino durante quatro anos, enquanto
ocorrem as negociações de criação do estado da Palestina.
IV. Conceder o direito de retorno de palestinos refugiados a regiões perdidas para
Israel em conflitos anteriores, anistiando a irregularidade legal na qual estão
atualmente.
Estão corretos:
A) Apenas os itens I e II estão corretos.
B) Apenas os itens II e III estão corretos.
C) Apenas os itens I e III estão corretos.
D) Apenas os itens I, II e IV estão corretos.
49. Em meio à tensão envolvendo Estados Unidos e Irã, um avião ucraniano foi
abatido na capital iraniana (Teerã) no início de janeiro de 2020. Assinale a alternativa
que apresenta corretamente o nome da cidade de destino de tal aeronave.
A) Kiev.
B) Bagdá.
C) Tóquio.

376
D) Sidnei.
E) Islamabad.
50. “Ataque aéreo atinge carros com civis na Síria e deixa 10 mortos”
(https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/10/13).
A Síria, país que enfrenta uma guerra civil desde 2011, está localizada no(a):
A) Extremo Oriente.
B) Norte da África.
C) Oriente Médio.
D) Sudoeste Africano.
E) África Meridional.

GABARITO

1 C 18 C 35 C

2 C 19 D 36 C

3 B 20 B 37 E

4 A 21 B 38 B

5 C 22 D 39 B

6 D 23 E 40 D

7 A 24 A 41 B

8 E 25 A 42 C

9 E 26 B 43 B

10 B 27 B 44 B

11 A 28 B 45 E

12 D 29 D 46 D

13 C 30 D 47 D

14 C 31 D 48 C

15 B 32 C 49 A

16 A 33 A 50 C

17 D 34 C

377
ANOTAÇÕES

378
DIREITO ADMINISTRATIVO

379
Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes
e organização.

Surge aqui como primeira e real necessidade, realizar a diferenciação entre os


conceitos de Estado, governo e administração pública.

Estado é um ente, um sujeito de direitos, que tem como elementos o povo, o


território e a soberania. Na definição de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino
(2010, p. 13), “Estado é pessoa jurídica territorial soberana, formada pelos
elementos povo, território e governo soberano”.
Analisando como ente, o Estado se torna capaz de contrair direitos e
obrigações. Saliente-se, que o Estado possui personalidade jurídica própria,
tanto na fase interna (perante os agentes públicos e os cidadãos, como perante
outros Estados estrangeiros.

O povo faz com que se efetive o Estado. É através do povo que se origina todo
o poder representado pelo Estado.
Inclusive, podemos ver o supracitado expressamente no art. 1º, parágrafo
único, da Constituição (“Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição).”
Quando se fala em diretamente lembramos do plebiscito, referendo e iniciativa
popular. Quando falamos no indireto, lembramos automaticamente do voto, que
tem características de ser direto, secreto, universal e periódico.

Por sua vez, a Soberania é o poder que tem o Estado de se administrar.


É por conta da soberania que o Estado pode regular o seu funcionamento, as
relações privadas de seus cidadãos e as funções econômicas e sociais de seu
povo.

PELA soberania É QUE o Estado edita leis que se aplicam ao seu território,
sem se sujeitar a qualquer tipo de ENTROMETIMENTO de outros Estados.
AQUI SE FALA EM VOZ PRÓPRIA. Autonomia administrativa, financeira e
orçamentária. Isso mesmo, É MACHO!!!

Finalizando os conceitos, o território é a área onde o Estado exerce sua


soberania. Onde ele de fé e fato atua. Delimitação territorial para tanto.

380
OBSERVAÇÃO FATAL PARA DERRUBAR 15 MIL: Os elementos (povo +
território + soberania) do Estado não podem ser CONFUNDIDOS com
suas funções. As funções estatais, que por sua vez, são denominadas
“Poderes do Estado”, são divididas em: legislativa, executiva e judiciária.

O LEGISLATIVO: CRIA LEIS E FISCALIZA O EXECUTIVO: ADMINISTRA


O JUDICIÁRIO: JULGA

Acima temos as funções típicas, mas fique esperto, de acordo com o Sistema
de freios e contrapesos desenvolvido por Montesquieu, teremos cada poder
realizando a função típica do outro, de maneira atípica.

A CF-88 é quem informa que as três funções ou Poderes da União,


“independentes e harmônicos entre si”, são o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário. (art. 2º)

A separação das funções estatais não significa uma afirmação de que haja
uma divisão parada, estagnada, congelada, de poder entre o Executivo, o
Legislativo e o Judiciário.

O ESTADO possui um poder que é soberano, que é uno, indivisível e que


emana do povo.

No sistema de freios e contrapesos, desenvolvido por Montesquieu, as funções


promovem uma mútua fiscalização umas das outras (o Poder Legislativo
fiscaliza atos dos Poder Executivo, por meio dos Tribunais de Contas, o Poder
Judiciário avalia a legalidade e os procedimentos adotados pelo Legislativo, o
Executivo nomeia os juízes dos tribunais de segunda instância e de instância
superior etc.).

Quanto ao governo, leve para sua prova essa definição: é elemento do


Estado e o define como “a atividade política organizada do Estado, possuindo
ampla discricionariedade, sob responsabilidade constitucional e política”
(ZANONNI). Aglutino para você mais um dado À informação, citando Meirelles
(1998, p. 64-65) que diz que “governo é a expressão política de comando, de
iniciativa, de fixação de objetivos do Estado e de manutenção da ordem jurídica
vigente”.

381
Já a Administração Pública pode ser definida em seu sentido amplo e em seu
sentido estrito.

No que diz respeito ao seu sentido amplo, na lição da Maria Di Pietro (2009, p.
54), a Administração Pública se subdivide em órgãos governamentais e órgãos
administrativos (sentido subjetivo) e função política e administrativa (sentido
objetivo).

Perceba que há 2 (dois) sentidos, e são esses 2 sentidos que os examinadores


adoram cobrar em provas de concursos.

No que se relaciona ao sentido estrito, a Administração Pública é subdividida


nas pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos que exercem funções
administrativas (sentido subjetivo) e na atividade exercida por esses entes
(sentido objetivo).

Analisando o sentido subjetivo percebe-se maior destaque naqueles que


realizam as funções e na análise do sentido objetivo se observa a própria
função exercida.
No aspecto de sentido objetivo (que também é chamado de material ou
funcional), a Administração Pública é definida, por Di Pietro (2009, p. 57), como
“a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob regime jurídico
total ou parcialmente público, para a consecução dos interesses coletivos”.

Enfim, serviço público é toda atividade que a Administração Pública executa,


direta ou indiretamente, para satisfazer à necessidade coletiva, sob regime
jurídico predominantemente público.

382
EXERCÍCIOS

1. No que se refere ao Estado, governo e à administração pública, A existência


do Estado pode ser mensurada pela forma organizada com que são exercidas
as atividades executivas, legislativas e judiciais.

2. Acerca do direito administrativo, em sentido subjetivo, a administração


pública confunde- se com os próprios sujeitos que integram a estrutura
administrativa do Estado

3. O Estado é um ente personalizado, apresentando-se não apenas


exteriormente, nas relações internacionais, mas também internamente, como
pessoa jurídica de direito público capaz de adquirir direitos e contrair
obrigações na ordem jurídica.

4. A administração pública confunde-se com o próprio Poder Executivo, haja


vista que a este cabe, em vista do princípio da separação dos poderes, a
exclusiva função administrativa.

GABARITO:

1 - CERTO
2 - CERTO
3 - CERTO
4 - ERRADO

383
O que vem a ser Direito Administrativo?

Antes de mais nada, você precisa compreender que o direito administrativo tem
origem na Revolução Francesa, quando surgiu o Estado de Direito.

Neste momento surgiram dois sistemas do direito administrativo no mundo:


sistema europeu- continental e o sistema anglo americano (common law).

O sistema europeu-continental originou-se na França e foi centrado,


enfaticamente, em traçar liames entre os cidadãos (particulares) e
Administração, definindo prerrogativas e deveres à Administração, além de agir
consagrando garantias individuais em face do poder público.

Neste modelo existem duas jurisdições, ou seja, não é só o Poder Judiciário


quem dá a última palavra (que julga em definitivo uma disputa). Aqui, existe
também a jurisdição administrativa, que por sua vez, pode ser exercida pelo
Conselho de Estado.

Por sua vez, quando analisamos o sistema anglo-americano deixa-se para o


âmbito do direito privado as relações entre Estado e cidadãos.

A jurisdição é una, sendo exercida exclusivamente, unicamente, pelo Poder


Judiciário.

No nosso País, embora a influência seja mais forte do sistema europeu-


continental, resolveu- se por adotar a jurisdição una.

Mas, CUIDADO!!! Existem exceções à jurisdição una no Brasil. Veja:

Diante de situações excepcionais é obrigatório que exista em cena o prévio


exaurimento das instâncias administrativas, para que a partir desse momento
possa se ingressar no Poder Judiciário.

Analisando a Constituição, esta informa que o Poder Judiciário só admitirá


ações relativas à disciplina e às competições desportivas após
esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.

384
Na análise do art. 7º, § 1º, da Lei 11.417/06, que disciplina a Súmula
Vinculante, determina-se o exaurimento da via administrativa para que seja
cabível a reclamação ao STF (na reclamação o STF dirá se houve ou não
violação, pela Administração, do texto da súmula vinculante).

- Em suma, trago aqui um resumo das exceções à jurisdição uma no Brasil,


que podem ser resumidas da seguinte forma:
• ações que estejam analisadas à luz da disciplina e das competições
desportivas;
• habeas data (prévio esgotamento das instâncias administrativas);
• reclamação ao STF afirmando violação à súmula vinculante pela
Administração;
• mandado de segurança (não cabe se for possível recurso administrativo
com efeito suspensivo, sem caução).

Agora é hora de abordarmos os conceitos de direito administrativo. No entanto,


não podemos falar em um único conceito, mas em diversos.
Cada um, de acordo com uma escola ou um critério distinto.

Mas para concurso, quero que leve para a sua prova conceito de pelo menos
três escolas ou critérios.

As seguintes:
a) Escola do serviço público: Aqui, o Direito Administrativo está intimamente
ligado ao serviço público, não diferenciando a atividade jurídica do Estado e o
serviço público que é atividade puramente de caráter material.

Esse critério surgiu na França, tendo como um dos seus ideologistas Duguit
que afirma que o direito público se resume às regras de organização e gestão
dos serviços públicos. Entretanto, é claro e evidente que o serviço público não
abrange todo o conteúdo do Direito Administrativo.

b) Critério do Poder Executivo: Aqui, concentra-se a totalidade da atividade


administrativa como disciplina exclusiva do Poder Executivo.

385
Mas isso acaba, naturalmente, tornando-se questionável, partindo-se da
prerrogativa de que todos os demais Poderes podem exercer atividade
Administrativa.

c) Critério teleológico: Se visto por essa vertente, o Direito Administrativo


seria o sistema de regras, normas jurídicas que orientam a atividade do Estado
para o cumprimento de seus fins. Essa ideia (corrente), acabou sendo
envolvida e aceita por diversos doutrinadores, entre eles, destaca-se Oswaldo
Aranha que veio a definir o direito Administrativo como “ordenamento jurídico
da atividade do Estado-poder, enquanto tal, ou de quem faça as suas vezes, de
criação de utilidade pública, de maneira direta e imediata.”

O questionamento desse critério está na sua abrangência, é como se ele


tivesse passado do ponto.

f) Critério negativo ou residual: De acordo com essa corrente, o Direito


Administrativo tem por objeto as atividades desenvolvidas para a consecução
dos fins estatais, excluídas a legislação e a jurisdição ou somente está. Di
Pietro (2009, p. 46).

g) Critério da Administração Pública: O Direito Administrativo seria a junção


de todos os princípios que ordenam a Administração Pública, no que concerne
às suas entidades, aos órgãos, aos agentes e às atividades para realizar o que
o Estado almeja.

Mas enfim, qual é a conceituação admitida hoje pela doutrina brasileira?

Daí, analisa-se que o conceito de Direito Administrativo irá depender do


critério adotado por cada doutrinador.

Leandro Zannoni define “Em sentido amplo, Direito Administrativo é o ramo do


direito público interno que visa a satisfazer os interesses da coletividade de
forma direta e concreta.”

Di Pietro, já conceitua o direito administrativo como “o ramo do direito Público


que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que
integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que

386
exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza
pública.”

Desta forma, conforme se percebe, o conceito mais admitido pela


doutrina brasileira tem inspiração no critério da Administração Pública.

Objeto do Direito Administrativo

O principal objeto do direito administrativo é o ato de regular a função


administrativa.
Essa função administrativa, consequentemente, envolve vários aspetos.

Mas quais seriam os aspectos que formam o objeto do direito administrativo?

Veja abaixo:
• Aspecto subjetivo: aqui o direito administrativo estuda os órgãos, as
entidades e os agentes públicos;
• Aspecto jurídico: aqui o direito administrativo avalia as prerrogativas da
Administração e as sujeições jurídicas.
• Aspecto material: neste a atividade administrativa, executada pelo aparelho
do Estado (ou quem dele receba delegação para o exercício de atribuições
públicas), abrangendo as atividades de prestação de serviço público, fomento,
poder de polícia e intervenção no domínio econômico e na propriedade privada.

Analisa-se, desta forma, que o direito administrativo estuda a função


administrativa, que envolve os aspectos subjetivos, jurídicos e materiais.

Fontes do Direito Administrativo

Quais são as fontes do Direito Administrativo?


Veja:
Lei (em sentido amplo) – é a principal fonte do direito administrativo (fonte
primária).

387
Aqui, quando falamos “lei”, estamos falando de forma bem genérica, ou seja,
nos referimos a todo arcabouço legislativo ao dispor do direito administrativo:

EX: Constituição, leis ordinárias, leis complementares, decretos, portarias e


outros atos normativos.

A doutrina, ou seja, o entendimento dos estudiosos do Direito acerca da lei, os


ensinamentos dos teóricos do direito administrativo, encontrados nos textos,
artigos e livros, que também passam a se importantes fontes doutrinárias.

A jurisprudência, que diz respeito ao conjunto de decisões dos tribunais,


sendo considerada a terceira fonte do direito administrativo.

Súmula vinculante foi incluída entre as fontes do direito administrativo,


jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.

Os costumes, ou seja, a praxe administrativa e social, que é aquela que tem


origem a partir de regras criadas pela própria sociedade, que os consideram
obrigatórias e que não estão escritas.

São importantes quando influenciam na lei e jurisprudência e são considerados


fonte do Direito Administrativo.

E os princípios gerais de direito, que são importantes fontes do direito


administrativo, pois deles extraímos, por exemplo, a ampla defesa e
contraditório (aplicável aos procedimentos na Administração).

388
EXERCÍCIOS

1. O direito administrativo visa à regulação das relações jurídicas entre


servidores e entre estes e os órgãos da administração, ao passo que o direito
privado regula a relação entre os órgãos e a sociedade.

2. O direito administrativo é o conjunto harmônico de princípios jurídicos que


regem órgãos, agentes e atividades públicas que tendem a realizar concreta,
direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.

3. O direito administrativo, como ramo autônomo, tem como finalidade


disciplinar as relações entre as diversas pessoas e órgãos do Estado, bem
como entre este e os administrados.

GABARITO:

1 - ERRADO
2 - CERTO
3 - CERTO

389
OS PRINCÍPIOS EXPLÍCITOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL SÃO OS
SEGUINTES:
• LEGALIDADE
• IMPESSOALIDADE
• MORALIDADE
• PUBLICIDADE
• EFICIÊNCIA
BIZU!!! = (LIMPE)

Os Princípios implícitos não estão expressos nas normas jurídicas, mas


surgem em decorrência dos julgados, da necessidade do ordenamento jurídica.

O exemplo mais destacado de princípio implícito é o da segurança jurídica,


que tem seu embasamento no art. 5º, XXXVI da Constituição Federal.

Vejamos alguns exemplos de princípios implícitos:


Quando falamos do regime jurídico administrativo, devemos saber que ele está
fundado, basicamente, sobre dois princípios: o da supremacia do interesse
público sobre o privado (ou princípio do interesse público) e o da
indisponibilidade, pela administração, dos interesses públicos.

O princípio da supremacia do interesse público sobre o privado é limitado


pela proporcionalidade, ou seja, o ato praticado pelo administrador só será
legítimo se o meio utilizado por ele for adequado para atender ao fim
perseguido.

O princípio da Indisponibilidade do interesse público em relação ao


interesse privado sugere que o poder público expressa o interesse público,
portanto estará sempre em um patamar superior ao mero interesse individual.

O princípio da legalidade significa subordinação da Administração às


imposições legais. A Administração Pública só pode realizar, fazer ou editar o
que a lei expressamente permite.

Segundo o princípio da impessoalidade a Administração não pode praticar


qualquer ato com vistas a prejudicar ou beneficiar alguém, nem a atender o

390
interesse do próprio agente, o agir deve ser impessoal, pois os agentes
públicos devem visar, tão somente, o interesse público.
O princípio da impessoalidade para algumas bancas organizadoras, como a
CESPE-CEBRASPE, é também conhecido como princípio da finalidade e da
isonomia (=igualdade).

O princípio da moralidade impõe ao administrador o dever de sempre agir com


lealdade, boa fé e ética, probidade, honestidade.

Atenção especial à súmula vinculante nº 13: proibição ao nepotismo.

Em certos casos a CF impõe o sigilo. São eles: para proteger a intimidade do


indivíduo (art. 5º, X) e para promover a segurança da sociedade e do Estado.

Mas tenha cuidado especial: há proibição constitucional de se utilizar a


publicidade institucional do Estado para realizar promoção pessoal.

O princípio da eficiência refere-se tanto à atuação do agente público quanto à


organização da administração pública.

Vejamos outros princípios consagrados:


Princípio da finalidade. Para este princípio, todas as ações da Administração
devem ser praticadas visando o interesse público. Analisa-se aqui o
fundamento de nosso Estado de Direito: a finalidade perseguida pelo gestor é
aquela conferida previamente pelo titular do poder – o povo – através das leis.

De acordo com o princípio da razoabilidade, a Administração deve atuar, no


exercício dos atos discricionários (atos que a lei tenha dado certa margem de
liberdade ao administrador), obedecendo critérios aceitáveis do ponto de vista
racional, ou seja, com bom-senso, prudência e racionalidade.
Esse princípio, acaba sendo, um dos limites do ato discricionário.

Princípio da motivação. De acordo com Di Pietro (2009, p. 80), o princípio da


motivação exige que a Administração Pública indique os fundamentos de fato e
de direito de suas decisões, justificando-as.

391
Princípio da autotutela: Esse princípio dispõe que a Administração deve
exercer o controle interno de seus próprios atos, anulando-os, quando eivados
de ilegalidade, ou revogando-os, por razões de conveniência e oportunidade
(=mérito). Indispensável, nesse ponto, a transcrição das Súmulas nº 346 e 473,
ambas do STF:

Súmula 346: A Administração Pública pode declarar a nulidade de seus


próprios atos.
Súmula 473: A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados
de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

De acordo com o PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE deverá haver um


juízo de adequação entre os meios e fins na consecução dos atos
administrativos.

Princípio da segurança jurídica: esse princípio tem previsão constitucional


expressa (art. 5º, XXXVI) e também está previsto no art. 2º da Lei nº 9.784/99.

Ele PROÍBE a aplicação retroativa de nova legislação ou de sua interpretação,


de modo a prejudicar terceiros. Sendo assim, resguarda-se a estabilidade das
relações, consagra-se a boa-fé e a confiança depositada pelos indivíduos no
comportamento do Estado.

Princípio da especialidade: as entidades da administração indireta não podem


se desviar de seus objetivos definidos em lei instituidora. Se uma artarquia
explora atividade econômica, por exemplo, estará fugindo do preceito principal,
do seu fulcro especial.

Princípio da tutela ou do controle: proveniente do princípio da especialidade,


sendo que dispõe de que a Administração Pública direta fiscaliza as atividades
exercidas pela Administração indireta.

O princípio da tutela ou do controle está mais ligado ao princípio da


especialidade do que ao princípio da autotutela ou do controle judicial dos atos
administrativos.

392
Princípio da continuidade do serviço público: aqui, os serviços públicos
prestados pelo Estado são provenientes das demandas do Estado Social de
prover os serviços básicos à população. Em razão disso, eles não podem ser
interrompidos. Essa é a regra geral.

Entretanto, ao analisar a possibilidade do corte da energia elétrica em razão do


não pagamento, o STJ entendeu que a concessionária pode interromper o
fornecimento do serviço, mediante aviso prévio (AG 1200406 – AgRg).

O mesmo STJ, contudo, observando o princípio da continuidade do serviço


público, não autoriza o corte de energia elétrica em unidades públicas
essenciais, como em escolas, hospitais, serviços de segurança pública etc.
(ERESP 845982).

Princípios do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal: ao


administrado é assegurado o direito de ser informado dos atos de um
procedimento, de se manifestar em prazos razoáveis, indicar provas e recorrer.

393
EXERCÍCIOS

1. Acerca do regime jurídico administrativo, julgue o próximo item. O princípio


da supremacia do interesse público sobre o interesse privado é um dos pilares
do regime jurídico administrativo e autoriza a administração pública a impor,
mesmo sem previsão no ordenamento jurídico, restrições aos direitos dos
particulares em caso de conflito com os interesses de toda a coletividade.

2. De acordo com a doutrina, o regime jurídico-administrativo abrange tanto as


regras quanto os princípios, os quais são considerados recomendações para a
atividade da administração pública

3. Entende-se por regime jurídico-administrativo, conjunto de prerrogativas, não


conhecidos no âmbito do direito privado, que conferem posição privilegiada à
Administração Pública;

4. O princípio da eficiência está previsto no texto constitucional de forma


explícita.

GABARITO:

1-E
2-E
3-E
4-C

394
ATOS ADMINISTRATIVOS

Conceito
O melhor conceito para Atos Administrativos é aquele trazido pelas próprias
provas de Concurso. Fazendo um compilado de várias questões de concursos
anteriores, e analisando com afinco a doutrina de Di Pietro e Hely Lopes
Meirelles, podemos conceituar com as seguintes características:

a) Imprescindível que a vontade surja de agente da Administração Pública ou


de alguém dotado das prerrogativas desta;
b) Seu conteúdo há de propiciar a produção de efeitos jurídicos com fim
público;
c) Toda a categoria de atos deve ser regida basicamente pelo direito público.
d) Unilateral;
e) Difere do contrato administrativo.

Fato administrativo

Em uma primeira vertente, o fato administrativo tem o sentido de atividade


material no exercício da função administrativa, que visa a efeitos de ordem
prática para a Administração.

Os maiores exemplos são: a apreensão de mercadorias, a dispersão de


manifestantes, a limpeza de uma rua.

Em uma segunda perspectiva, por várias vezes, o fato administrativo é o


resultado de um ato administrativo, ou seja, é a operação material do ato
administrativo.

Assim sendo, depois de o Estado manifestar a sua vontade, cumpre o dever de


executá-la.

Por exemplo, a demolição de um prédio (atividade material – fato


administrativo) é resultante da ordem de serviço da administração
(manifestação da vontade – ato administrativo);

395
Silêncio administrativo

Ao analisar o estudo dos atos Administrativos, as palavras que surgem são


MANIFESTAÇÃO, DECLARAÇÃO, etc.

Ocorre que não falamos como se classifica a “omissão” da Administração que


possua efeitos jurídicos. Se a Administração simplesmente não fizer nada e
dessa omissão decorrer um efeito jurídico, estaríamos falando em “ato
administrativo”?

Para a melhor doutrina, o silêncio administrativo, isto é, a omissão da


Administração quando lhe incumbe o dever de se pronunciar, quando possuir
algum efeito jurídico, não poderá ser considerado ato jurídico e, portanto,
também não é ato administrativo.

Dessa forma, a doutrina considera o silêncio como um fato jurídico


administrativo.

Por exemplo, se um cidadão requisitar o seu direito de obter certidão em


repartições públicas, para a defesa de um direito seu (CF, art. 5º, XXXIV), e a
Administração não atender ao pedido dentro do prazo, não teremos um ato
administrativo, pois não houve manifestação de vontade.

Contudo, a omissão, nesse caso, pode gerar diversos efeitos, pois viola o
dever funcional do agente público. Além disso, se a omissão gerar algum dano
ao cidadão, o Estado poderá ser responsabilizado patrimonialmente. Ainda
assim, como não houve manifestação, mas ocorreu um efeito jurídico, temos
somente um fato jurídico administrativo.

Para sua prova é simples: Grave! Se houver previsão na lei de que o Silêncio
da Administração poderá causar efeitos jurídicos. Pronto!!! Gerará e produzirá
um Ato Administrativo.

396
EXERCÍCIOS

1. A construção de uma ponte pela administração pública caracteriza um fato


administrativo, pois constitui uma atividade pública material em cumprimento de
alguma decisão administrativa.

2. Todos os atos da administração pública que produzem efeitos jurídicos são


considerados atos administrativos, ainda que sejam regidos pelo direito
privado.

3. Os fatos administrativos não produzem efeitos jurídicos, motivo pelo qual


não são enquadrados no conceito de ato administrativo.

GABARITO:

1-C
2-E
3-E

397
Requisitos, elementos ou aspectos de validade

Esse é posicionamento que as bancas de concursos utilizam acerca dos


requisitos dos Atos Administrativos, que não se confundem com os atributos:
a) COmpetência: poder legal conferido ao agente para o desempenho de
suas atribuições;
b) FInalidade: o ato administrativo deve se destinar ao interesse público
(finalidade geral) e ao objetivo diretamente previsto na lei (finalidade
específica);
c) FOrma: é o modo de exteriorização do ato;
d) Motivo: situação de fato e de direito que gera a vontade do agente que
pratica o ato;
e) OBjeto: também chamado de conteúdo, é aquilo que o ato determina, é
a alteração no mundo jurídico que o ato se propõe a processar, ou seja,
o efeito jurídico do ato.
Mnemônico: COFIFOMOB

Vejamos o que mais os Concursos Públicos cobram acerca de cada um deles:

Competência
É o poder atribuído ao agente para que este desempenhe especificamente
suas funções. As competências resultam de lei e por ela são delimitadas.

As competências são, dessa forma, o poder legal conferido aos agentes


públicos para o desempenho de suas atribuições.

Alguns autores fazem uso do termo “sujeito”, referindo-se ao agente a quem a


lei atribui a competência legal. Além de ser um poder, a competência é um
dever, isso porque o agente competente é obrigado a atuar nas condições que
a lei o determinou.

Aquele que ttitulariza uma competência terá, consequentemente, o poder-dever


de desempenhá-la. A competência não poderá ser renunciada, analisando a
indisponibilidade do interesse público. Portanto, a competência é sempre um
elemento vinculado do ato administrativo.

398
OBSERVAÇÃO FATAL PARA AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA
COMPETÊNCIA;
a) Exercício obrigatório para os órgãos e agentes públicos;
b) Irrenunciáveis, sendo que quem possui as competências não vai poder
abrir mão delas enquanto as titularizar. Admite-se apenas que o
exercício da competência seja, temporariamente, delegado. Porém,
nesses casos, a autoridade delegante permanece apta a exercer a
competência e pode revogar a delegação a qualquer tempo, logo
continua com a sua titularidade;
c) Intransferíveis, sendo que não há possibilidade de serem objeto de
transação para repassá-las a terceiros.
d) Imodificáveis pela vontade do próprio titular, sendo os seus limites
estabelecidos em lei. Ninguém pode dilatar ou restringir uma
competência por sua própria vontade, devendo sempre observar as
determinações legais;
e) Imprescritíveis, ainda que, mesmo que a pessoa fique por um longo
tempo sem utilizar a sua competência, nem por isso ela deixará de
existir.

A delegação de competência envolve a transferência da execução ou da


incumbência da prestação do serviço, sendo que a titularidade permanece com
o delegante, que poderá, a qualquer momento, revogar a delegação (Lei 9.784,
art. 14, §2º14).

Dentro dessa análise, o art. 11 da Lei do Processo Administrativo estabelece


que a competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a
que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação
legalmente admitidos.

OBSERVAÇÃO FATAL AQUI!!! Nesse momento é muito importante a análise


detida do Art. 12 e 13, da Lei 9.784/99:

Não podem ser objeto de delegação:


• Edição de atos de caráter normativo;
• DEcisão de recursos administrativos;
• MAtérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Mnemônico: EDEMA

399
No que diz respeito à avocação, cujo conteúdo não foi tão detalhado pela Lei
como foi a delegação, é aquela que resulta no ato de “chamar para si funções
originalmente atribuídas a um subordinado”. Sendo assim, a avocação é o
contrário da delegação, porém com algumas particularidades. Enquanto a
delegação pode ser feito com ou sem hierarquia, a avocação só é possível se
existir hierarquia entre os órgãos ou agentes envolvidos.

Finalidade
É onde a Administração Pública deseja chegar produzindo determinado Ato
Administrativo.
A finalidade é o objetivo de interesse público a atingir. Todo ato administrativo
deve ser praticado com o fim público. Dessa forma, a finalidade é um elemento
vinculado do ato administrativo,

Desvio de finalidade
É vício na Finalidade do Ato Administrativo. De acordo com a lei, ele “se
verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto,
explícita ou implicitamente, na regra de competência”.

Forma
É a exteriorização do ato administrativo na seara administrativa. A forma é o
revestimento exteriorizador do ato administrativo, constituindo um elemento
vinculado, pelo menos na doutrina dominante.

Vícios de forma
Uma vez que a forma dos atos administrativos é definida em lei, a sua
inobservância representa a invalidação do ato por vício de legalidade
(especificamente, vício de forma). No entanto, Carvalho Filho dispõe que a
mencionada regra deve ser analisada sobre o aspecto da razoabilidade por
parte do intérprete. Em algumas situações, o vício de forma representará mera
irregularidade sanável.

Motivo
De acordo com a melhor doutrina, e com o que está presente na análise das
principais bancas organizadoras de concurso, é o pressuposto de fato e direito,
que faz com que o ato administrativo seja produzido.

400
O motivo, também chamado de causa, é a situação de direito ou de fato que
determina ou autoriza a realização do ato administrativo. O pressuposto de
direito do ato é o conjunto de requisitos previsto na norma jurídica (o que a lei
determina que deva ocorrer para o ato ser realizado). O pressuposto de fato é
a concretização do pressuposto de direito. Assim, o pressuposto de direito é
encontrado na norma, enquanto o pressuposto de fato é a ocorrência no
“mundo real”.

Teoria dos motivos determinantes


Motivo e motivação são situações distintas. Aquele corresponde aos
pressupostos de fato e de direito do ato administrativo, enquanto esta se refere
à exposição ou declaração por escrito do motivo da realização do ato.

Vamos imaginar que a lei diz que o motivo para a aplicação da multa é o
estacionamento em local proibido. Se o agente de trânsito fundamentar o ato,
escrevendo em seu boletim o motivo da aplicação da multa, estará motivando o
ato. Temos aí a motivação do ato administrativo.

Objeto
O objeto é o conteúdo do ato administrativo. Como ele ficará reconhecido no
universo administrativo. É o que efetivamente cria, extingue, modifica ou
declara, isto é, o efeito jurídico que o ato produz.

Se liga nos principais exemplos que a doutrina cita:


• Concessão de licença ao servidor, o objeto é a própria licença;
• Emissão de uma Carteira Nacional de Habilitação, o objeto é a licença
para dirigir;
• Exoneração de um servidor, o objeto é a própria exoneração.

401
EXERCÍCIOS

1. Consoante a doutrina, são requisitos ou elementos do ato administrativo a


competência, o objeto, a forma, o motivo e a finalidade.

2. O motivo do ato administrativo não se confunde com a motivação


estabelecida pela autoridade administrativa. A motivação é a exposição dos
motivos e integra a formalização do ato. O motivo é a situação subjetiva e
psicológica que corresponde à vontade do agente público.

3. Define-se o requisito denominado motivação como o poder legal conferido


ao agente público para o desempenho específico das atribuições de seu cargo.

GABARITO:

1-C
2-E
3-E

402
ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

Os atributos podem ser analisados como características dos atos


administrativos. Eles constituem as qualidades que consequentemente os
tornarão diferentes dos atos privados.

São, assim sendo, aqueles que possibilitam afirmar que o ato se submete o ao
regime jurídico de direito público.

➔ Para as provas de Concurso, você deve levar:


a) Presunção de legitimidade ou veracidade;
b) Autoexecutoriedade;
c) Tipicidade (Maria Sylvia Zanella Di Pietro).
d) Imperatividade;
Regra de memória: PATI

Presunção de legitimidade ou veracidade


Presumem-se verdadeiros os fatos alegados pela Administração, até que haja
prova em contrário. Imagine: quando um agente de trânsito impetra uma multa
por ter visto um motorista dirigindo falando ao celular, presume-se que de fato
isso ocorreu, cabendo ao motorista provar contrário.

Autoexecutoriedade
A autoexecutoriedade é estudada na possibilidade que alguns atos resultam de
imediata e direta execução pela Administração, sem necessidade de ordem
judicial. Permitindo, ainda, o uso da força (executoriedade) para colocar em
prática as decisões administrativas.

Não se está dizendo que a autoexecutoriedade afasta a apreciação judicial,


algo que seria inadmissível segundo a Constituição Federal (art. 5º, XXXV).
Apensar, saliente-se, que para todo exercício de repressão à liberdade ilimitada
do particular, necessite-se chamar o resguardo do Judiciário. Isso não seria
viável! Assim sendo, a autoexecutoriedade refere-se à possibilidade de a
Administração fazer acontecer suas decisões sem ordem judicial, mas não
retira o direito do administrado de buscar o socorre no Poder Judiciário se
achar que seus direitos estão sendo prejudicados indevidamente.

403
A autoexecutoriedade não está presente em todos os atos administrativos. Ela
existe em duas situações:
• Quando estiver expressamente prevista em lei;
• Quando se tratar de medida urgente.

Na primeira situação, podemos exemplificar com as diversas medidas auto


executórias previstas para os contratos administrativos, como a possibilidade
de retenção da caução, a utilização das máquinas e equipamentos para dar
continuidade aos serviços públicos, a encampação, etc.

Quando se trata do exercício do poder de polícia, podemos mencionar a


apreensão de mercadorias, a cassação de licença para dirigir, etc. As
medidas urgentes, por outro lado, ocorrem quando a medida deve ser adotada
de imediato, sob pena de causar grande prejuízo ao interesse público. Um
exemplo é a destruição de um imóvel com risco iminente de desabamento.
Caso se depare com uma situação como essa, a autoridade administrativa
poderá determinar, de imediato, a demolição.

A Administração impele o administrado por meios indiretos de coação. Por


exemplo, se a Administração determinar que o particular construa uma calçada,
mas ele se recusar a fazê-la, o Poder Público poderá aplicar-lhe uma multa, em
precisar socorrer ao Poder Judiciário para isso. A multa é um meio indireto de
coação, mas não obriga materialmente o particular a construir a calçada.

Na executoriedade, por outro lado, a Administração, por seus próprios meios,


compele o administrado. Verifica-se a executoriedade, por exemplo, na
dissolução de uma passeata, na apreensão de medicamentos vencidos, na
interdição de uma fábrica, na internação compulsória de uma pessoa com
moléstia infectocontagiosa em período de epidemia, etc. Nesses casos, a
Administração poderá utilizar até mesmo a força para obrigar o particular a
cumprir a sua determinação.

Imperatividade
Pela imperatividade os atos administrativos impõem obrigações a terceiros,
independentemente de concordância. Este atributo depende, sempre, da
expressa previsão na lei.

A imperatividade poderá ser chamada nas provas, de poder extroverso do


Estado, sendo que deve ser interpretado como que o Poder Público pode

404
editar atos que vão além da esfera jurídica do sujeito emitente, adentrando
na esfera jurídica de terceiros, constituindo unilateralmente obrigações.
Lógico que a imperatividade não está presente em todos os atos
administrativos, mas tão somente naqueles que imponham obrigações aos
administrados. Portanto, não possuem esse atributo os atos que concedem
direitos (concessão de licença, autorização, permissão, admissão) ou os atos
enunciativos (certidão, atestado, parecer).

Tipicidade
Importante atributo descrito na obra de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, que
assim expõe: “a tipicidade é o atributo pelo qual o ato administrativo deve
corresponder a figuras previamente definidas em lei como aptas a
produzir determinados resultados” Este atributo está relacionado com o
princípio da legalidade, determinando que a Administração só pode agir
quando houver lei determinando ou autorizando. Logo, para cada finalidade
que a Administração pretenda alcançar, deve existir um ato definido em lei.

405
EXERCÍCIOS

1. Há presunção de legitimidade e veracidade nos atos praticados pela


administração durante processo de licitação.

2. O atributo da presunção de legitimidade é o que autoriza a ação imediata e


direta da administração pública nas situações que exijam medida urgente.

3. Em razão da característica da autoexecutoriedade, a cobrança de multa


aplicada pela administração não necessita da intervenção do Poder Judiciário,
mesmo no caso do seu não pagamento.

GABARITO

1-C
2-E
3-E

406
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

Atos gerais e individuais


Os atos gerais ou normativos: Estes não possuem destinatários determinados.
Eles apresentam hipóteses mais expansivas de aplicação, que alcançará
todos os sujeitos que nelas se enquadrarem. Tendo em vista a forma genérica
que possuem, esses atos são também conhecidos nas provas de concursos
como atos normativos. Destaco aqui como exemplos de atos gerais: os
regulamentos, portarias, resoluções, circulares, instruções, deliberações,
regimentos, dentre outros.

Os atos individuais ou especiais: estes se dirigem a destinatários certos,


conhecidos, determináveis. Acabam por produzir efeitos jurídicos no caso
concreto, a exemplos da nomeação, demissão, tombamento, licença,
autorização. Se João foi nomeado para determinado cargo público, então a
nomeação tem um sujeito certo e conhecido.

A Prof. Maria Di Pietro apresenta as seguintes características dos atos gerais


ou normativos quando comparados com os individuais:

a) o ato normativo não pode ser impugnado, na via judicial, diretamente pela
pessoa lesada (somente as pessoas legitimadas no art. 103 da CF podem
propor inconstitucionalidade de ato normativo);
b) o ato normativo tem precedência hierárquica sobre o ato individual (por
exemplo, existindo conflitos entre um ato individual e outro geral produzidos por
decreto, deverá prevalecer o ato geral, pois os atos normativos prevalecem
sobre os específicos);
c) o ato normativo é sempre revogável; ao passo que o ato individual sofre uma
série de limitações em que não será possível revogá-los (por exemplo, os atos
individuais que geram direitos subjetivos a favor do administrado não podem
ser revogados28);
d) o ato normativo não pode ser impugnado, administrativamente, por meio de
recursos administrativos, ao contrário do que ocorre com os atos individuais,
que admitem recursos administrativos.

Atos internos e externos


Os atos internos são aqueles que são analisados sob o teor de produzir efeitos
no interior da Administração Pública, alcançando seus órgãos e agentes.

407
Saliente-se que estes atos não geram direitos adquiridos e podem, por
conseguinte, ser revogados a qualquer tempo.

Eles não dependem de publicação oficial, bastando a cientificação direta aos


destinatários ou a divulgação regulamentar da repartição.

De acordo com parte da doutrina, esses atos vêm sendo utilizados de forma
errônea para atingir destinatários externos. Nessas ocasiões, a divulgação
externa será obrigatória. São exemplos de atos internos uma portaria que
determina a formação de um grupo de trabalho, a expedição de uma ordem de
serviço interna, etc.

Os atos externos, em contrapartida, são todos os que alcançam os


administrados, os contratantes ou, em alguns casos, os próprios servidores,
provendo sobre os seus direitos, obrigações, negócios ou conduta perante a
Administração. Esses atos devem ser publicados oficialmente, dado o interesse
público no seu conhecimento.

Atos de império, de gestão e de expediente: são aqueles praticados com todas


as prerrogativas e privilégios de autoridade e impostos de forma unilateral e
coercitivamente ao particular, independentemente de autorização judicial.

Os atos que são decorrentes do exercício do poder de polícia são típicos


exemplos de atos de império.

Os atos de gestão são os que são executados em situação de isonomia com os


particulares, para a conservação e desenvolvimento do patrimônio público e
para a gestão de seus serviços. São atos desempenhados para a
administração dos serviços públicos. Cito como exemplo a compra e venda de
bens, o aluguel de automóveis ou equipamentos, etc.

Finalizando, temos os atos de expediente que são atos internos da


Administração Pública que se destinam a dar andamentos aos processos e
papéis que se realizam no interior das repartições públicas. Trazem como
essência a ausência de conteúdo decisório, justificada pelo trâmite rotineiro de
atividades realizadas nas entidades e órgãos públicos.

408
Exemplos: a expedição de um ofício para um administrado, a entrega de uma
certidão, o encaminhamento de documentos para a autoridade que pode tomar
a decisão sobre o mérito, dentre outras.

Atos vinculados e discricionários


A dupla mais conhecida. Os vinculados são aqueles praticados sem margem
de liberdade de poder decisório, em razão de que a lei determinou, que o
exclusivo comportamento possível a ser obrigatoriamente adotado é sempre
aquele em que se configure a situação objetiva prevista na lei.

Nos atos discricionários, por sua vez, há possibilidades de escolha ao agente


público, cabendo-lhe decidir com base no que consta na lei.

Por exemplo, a concessão de licença paternidade será fornecida quando


nascer o filho ou ocorrer a adoção pelo agente público, sendo que a Legislação
(Lei 8.112) determina a duração de cinco dias corridos. Ocorrendo os seus
pressupostos, a autoridade pública não possui escolha, devendo conceder a
licença de cinco dias.

Os atos discricionários, por outro lado, ocorrem quando a lei deixa uma
margem de liberdade para o agente público. Enquanto nos atos vinculados
todos os requisitos do ato estão rigidamente previstos (competência, finalidade,
forma, motivo e objeto), nos atos discricionários há margem para que o agente
faça a valoração do motivo e a escolha do objeto, conforme o seu juízo de
conveniência e oportunidade.

Desta feita, há discricionariedade quando a lei dispõe que o agente “pode”, ou


que “a critério da Administração”, ou ainda quando determina a aplicação de
uma multa “entre X e Y”.

Nesses casos, a autoridade deverá analisar os motivos e, em seguida, definir o


objeto ou conteúdo do ato administrativo. Na aplicação da pena de suspensão
a autoridade poderá suspender o servidor por até noventa dias, ou seja, a
autoridade pode aplicar um dia, cinco, dez, ou até mesmo, os noventa dias,
conforme o seu juízo privativo de conveniência e oportunidade. Além dessas
hipóteses em que a lei claramente estabelece uma margem de liberdade, a
doutrina menciona que o ato será discricionário quando a lei utiliza conceitos
jurídicos indeterminados, deixando para a Administração a possibilidade de
apreciar, segundo juízo de conveniência e oportunidade, se o fato corresponde

409
ao que consta na lei. Por exemplo, quando a lei dispõe sobre uma pena em
caso de “falta grave”, mas não determina o que é isso, caberá ao agente
público, diante de uma irregularidade, enquadrá-la como falta grave ou não.

Simples, complexo e composto


Quanto à formação de vontade, o ato administrativo pode ser simples,
complexo e composto.

O ato simples é que aquele que resulta da manifestação de vontade de um


órgão único, seja ele unipessoal ou colegiado.

Não interessa, para seu entendimento o número de agentes que participa do


ato, mas sim que se trate de uma vontade unitária. Dessa forma, será ato
administrativo simples tanto o despacho de um chefe de seção como a decisão
de um conselho de contribuintes. O ato complexo, por sua vez, é o que
necessita da conjugação de vontade de dois ou mais diferentes órgãos ou
autoridades. Apesar da conjugação de vontades, trata-se de ato único.

Já o ato composto é aquele confeccionado pela declaração de vontade de


apenas um órgão da Administração, mas que depende de outro ato que o
aprove para produzir seus efeitos jurídicos (condição de exequibilidade). Desta
forma, no ato composto teremos dois atos: o principal e o acessório.

Válido, nulo, anulável e inexistente


No que diz respeito à eficácia, o ato administrativo pode ser válido, nulo,
anuláveis e inexistente.

O ato válido é aquele praticado com total foco e observância de todos os


requisitos legais, relacionados à competência, à forma, à finalidade, ao motivo
e ao objeto.

Já o ato nulo, contrariamente, é aquele que sofre de vício insanável, incurável,


em algum dos seus requisitos de validade, não sendo possível, portanto, a sua
correção.

Logo, ele será anulado por ato da Administração ou do Poder Judiciário.

410
O ato anulável, por sua vez, é aquele que apresenta algum vício sanável, ou
seja, que é passível de convalidação pela própria Administração, desde que
não seja lesivo ao patrimônio público nem cause prejuízos a terceiros. Por fim,
o ato inexistente é aquele que possui apenas aparência de manifestação de
vontade da Administração, mas não chega a se aperfeiçoar como ato
administrativo.

Espécies de atos administrativos

REGRA DE MEMÓRIA
N ORMATIVOS
O RDINATÓRIOS
N EGOCIAIS
E NUNCIATIVOS P UNITIVOS

a) atos negociais: MANIFESTAÇÃO DE VONTADE COINCIDE COM A DO


PARTICULAR.
São exemplos:
• licença: ato vinculado e definitivo. Exemplo: licenças para dirigir e
construir;
• permissão: pode ser revogado a qualquer momento, é precário,
vinculado, produzido quando o interesse predominante é o público,
como a permissão de serviços públicos prevista na CF/88;
• autorização: o interesse predominante é o do particular – autorização
para explorar serviço de taxi é um grande exemplo;

b) atos enunciativos: é o ato pelo qual a Administração declara um fato ou


profere uma opinião, sem que tal manifestação, por si só, produza
consequências jurídicas – certidão, atestado, visto, parecer, etc.;

c) atos punitivos: Aqui a Administração aplica sanções aos seus agentes e


aos administrados em decorrência de ilícitos administrativos;
d) atos normativos: são os gerais, expansivos, genéricos;

411
e) atos ordinatórios: são atos administrativos internos, destinados a
estabelecer normas de conduta para os agentes públicos, sem causar efeitos
externos é esfera administrativa. Decorrem do poder hierárquico. São
exemplos: as ordens de serviço, portarias internas, instruções, avisos, etc.

EXERCÍCIOS

1. A autorização é ato administrativo discricionário mediante o qual a


administração pública outorga a alguém o direito de realizar determinada
atividade material.

2. Ato vinculado é aquele analisado apenas sob o aspecto da legalidade; o ato


discricionário, por sua vez, é analisado sob o aspecto não só da legalidade,
mas também do mérito.

3. A lei estabelece todos os critérios e condições de realização do ato


vinculado, sem deixar qualquer margem de liberdade ao administrador.

GABARITO:

1 - CORRETO
2 - CORRETO
3 - CORRETO

412
Extinção dos Atos Administrativos

Com a devida atenção ao atributo da presunção de legitimidade, uma vez em


vigor, o ato administrativo atingirá os seus efeitos, possuindo vícios de
legalidade ou não, até que venha a ser formalmente analisado o seu
desfazimento.

As formas mais comuns de desfazimento dos atos administrativos são:


• anulação,
• a revogação e
• a cassação.

Vamos tratar sobre cada uma aqui!

Anulação
A anulação, conhecida como invalidação, é o desfazimento do ato
administrativo em virtude de ilegalidade, de sua ilegitimidade.

Como a ilegalidade atinge desde a origem do ato, a sua invalidação possui


efeitos retroativos (ex tunc).

Saliente-se, também que, a anulação dos atos administrativos é um poder-


dever da Administração, que vai poder realizá-la diretamente, por meio de seu
poder de autotutela já consagrada nas súmulas 346 e 476 do STF.

Em síntese, tais jurisprudências afirmam que: “A Administração Pública pode


declarar a nulidade dos seus próprios atos” e “A Administração pode anular
seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque
deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial”.

Mas a anulação também pode ser realizada pelo Poder Judiciário por
intermédio da devida ação com esse fim. Via de regra, a anulação é obrigação
da Administração, ou seja, constatada a ilegalidade, o agente público deve
promover a anulação do ato administrativo.

413
Há casos em que a segurança jurídica e a boa fé fundamentam a manutenção
do ato.

Imagine determinado agente que frauda o Diário oficial do Município e cria


vagas de vereador para se beneficiar. E, ainda que sem querer, mas para não
causar desconfiança, acaba ajudando outros.

Os que causaram de fé e fato a situação ilegal sempre serão prejudicados. Mas


será que poderemos prejudicar os terceiros de boa-fé? Claro que não!

Sempre que existir a anulação de um ato, devem ser resguardados os efeitos


já produzidos em relação aos terceiros de boa-fé.

Cuidado!!! OBSERVAÇÃO FATAL!!! Não se trata de direito adquirido, uma


vez que não se adquire direito de um ato ilegal. Porém, os efeitos já
produzidos, mas que afetaram terceiros de boa-fé, não devem ser invalidados.

Convalidação
É a possibilidade de “corrigir” ou “regularizar”, “retificar”, “confirmar” um ato
administrativo, possuindo efeitos retroativos (ex tunc).

Assim, a convalidação tem por objetivo manter os efeitos já produzidos pelo ato
e permitir que ele permaneça no mundo jurídico.

Os atos nulos são insanáveis, assim sendo, não podem ser objeto de
convalidação; já os atos anuláveis são aqueles que podem ser convalidados.

Conforme estabelece a Lei 9.784/1999, em decisão na qual se evidencie não


acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que
apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria
Administração (art. 55).

São quatro condições, portanto, para a convalidação de um ato segundo a Lei


9.784/1999:

414
• que isso não acarrete lesão ao interesse público;
• que não cause prejuízo a terceiros;
• que os defeitos dos atos sejam sanáveis;
• decisão discricionária (“poderão”) acerca da conveniência e
oportunidade de convalidar o ato (no lugar de anulá-lo).

Revogação
É o desfazimento de um ato administrativo válido e discricionário por motivo de
interesse público novo, outrora não conhecido, que o tornou inconveniente ou
inoportuno.

Trata-se, portanto, da extinção de um ato administrativo por conveniência e


oportunidade da Administração. A revogação é um ato administrativo
discricionário por meio do qual a Administração extingue outro ato
administrativo, válido e também discricionário, por motivos de conveniência ou
oportunidade.

Na revogação não há ilegalidade, o que existe é inconveniência e


inoportunidade.

Por isso, o Poder Judiciário não pode revogar um ato praticado pela
Administração. Também em virtude da legalidade do ato, a revogação possui
efeitos ex nunc (a partir de agora).

Isso quer dizer que seus efeitos não retroagem. Tudo que foi realizado até a
data da revogação permanece válido. Nem todo ato administrativo é passível
de revogação, existindo diversas limitações, conforme ensina a doutrina.

Destaco aqui o que aduz Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Segundo a
grande doutrinadora, não são passíveis de revogação:

a) atos vinculados: aqui porque não se fala em conveniência e oportunidade


no momento da edição do ato e, após, também não se falará na hora de sua
revogação;

415
b) atos que exauriram os seus efeitos: como a revogação não retroage, mas
apenas impede que o ato continue a produzir efeitos, se o ato já se exauriu,
não há mais que falar em revogação.
Exemplo: Imagine que a Administração concedeu uma licença ao agente
público para tratar de interesses particulares, após o término do prazo da
licença, não se poderá mais revogá-la, pois seus efeitos já exauriram;

c) quando já se exauriu a competência relativamente ao objeto do ato:


suponha que o administrado tenha recorrido de um ato administrativo e que o
recurso já esteja sob apreciação da autoridade superior, a autoridade que
praticou o ato deixou de ser competente para revogá-lo;

d) os meros atos administrativos: como as certidões, atestados, votos,


porque os efeitos deles decorrentes são estabelecidos em lei;

e) atos que integram um procedimento: a cada novo ato ocorre a preclusão


com relação ao ato anterior. Ou seja, ultrapassada uma fase do procedimento,
não se pode mais revogar a anterior;

f) atos que geram direito adquirido: isso consta expressamente na Súmula


473 do STF.

Cassação
É o desfazimento de um ato válido em razão de descumprimento pelo
beneficiário das condições que deveria manter, ou seja, ocorre quando o
administrado comete alguma falta.

Opera como uma sanção contra o administrado em virtude de descumprir


alguma condição necessária para usufruir de um benefício.

Exemplo: cassação da carteira de motorista por excesso do limite de pontos


previstos no CTB, a cassação da licença para exercer uma profissão por
infringir alguma norma legal, a cassação de uma licença para construir em
decorrência de descumprimento de normas de segurança, etc.

Caducidade

416
É a forma de extinção do ato administrativo por conta de invalidade ou
ilegalidade superveniente. Assim, a caducidade ocorre quando uma legislação
nova – ou seja, que surgiu após a prática do ato – torna-o inválido.
Segundo a Lei 9.784/1999 (art. 55), “O direito da Administração de anular os
atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários
decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé”.

Trata-se de prazo decadencial, ou seja, que não admite interrupções nem


suspensões. A interrupção se refere à inutilização do tempo já transcorrido, ou
seja, quando se interrompe um prazo, dever-se- á reiniciar a sua contagem.

EXERCÍCIOS

1. Os atos vinculados são insuscetíveis de revogação pela administração


pública.

2. A revogação de um ato administrativo ocorre nos casos em que esse ato


seja ilegal.

3. Os atos administrativos do Poder Executivo não são passíveis de revogação


pelo Poder Judiciário.

GABARITO:

1 - CORRETO

417
2 - ERRADO
3 - CORRETO
ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Para que exista desenvoltura na organização da administração pública, tanto


direta quanto indiretamente, isto, somente se dará por meio da atuação de
órgãos, entidades públicas e seus respectivos agentes.

Se analisarmos o teor da Lei 9.784/1999 chegaremos às seguintes conclusões:


Entidade: a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica.

Órgão: a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta


e da estrutura da Administração indireta. Em suma, a diferença básica entre
órgão e entidade é que esta possui personalidade jurídica própria e aquele não.
Mas vamos desenvolver mais os conceitos.

Entidade vem a ser a pessoa jurídica, pública ou privada; nisto enquadra-se


tanto as entidades políticas, que possuem autonomia política, isto é,
capacidade de legislar e se auto-organizar (são pessoas políticas a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios), como as entidades
administrativas, que não possuem autonomia política, ou seja, não podem
legislar, limitando-se a executar as leis editadas pelas pessoas políticas;
Ainda que não tenham autonomia política, as entidades administrativas detêm
autonomia administrativa, isto é, capacidade de gerir os próprios negócios,
porém sempre se subordinando às leis postas pela entidade política (são
entidades administrativas as autarquias, as fundações públicas, as empresas
públicas e as sociedades de economia mista).

Já o Órgão, por sua vez, é elemento despersonalizado, isto é, não possui


personalidade jurídica, cabendo a este a realização das atividades da entidade
a que pertence, através de seus agentes.

Os órgãos, de acordo com a doutrina majoritária do Direito Administrativo São


“centros de competência” constituídos na estrutura interna de determinada
entidade política ou administrativa (Os maiores exemplos são: Ministérios do
Poder Executivo Federal, Secretarias de Estado, departamentos ou seções de
empresas públicas etc.).

418
QUANDO OCORRE O INSTITUTO DA CENTRALIZAÇÃO?
Uma das mais importantes sistemáticas da organização é a centralização, que
ocorre quando o Estado executa suas tarefas diretamente, por intermédio dos
órgãos e agentes administrativos que compõem sua estrutura funcional.

O que vem a marcar a centralização é o desempenho direto das atividades


públicas pelo Estado, por uma das pessoas políticas (União, Estados, DF e
Municípios).

Tal execução centralizada de atividades públicas pelos entes federados vem a


se desenvolver por meio da atuação da respectiva Administração Direta.

QUANDO OCORRE O INSTITUTO DA DESCENTRALIZAÇÃO?


No fenômeno da descentralização o Estado distribui algumas de suas
atribuições para outras pessoas, físicas ou jurídicas. O que vem a marcar a
descentralização é o desempenho indireto de atividades públicas. Partimos da
prerrogativa da existência de, pelo menos, duas pessoas distintas: o Estado (a
União, um Estado, o DF ou um Município) e a pessoa – física ou jurídica – que
executará o serviço, por ter recebido do Estado essa atribuição.

Logo, para sua prova, quando se envolverem 2 pessoas jurídicas você


lembrará da descentralização, e não da desconcentração.

A descentralização pode ser política ou administrativa. A descentralização


política, característica dos Estados federados, ocorre na criação de entidades
políticas para o exercício de competências próprias, não provenientes do ente
central.

No Brasil é assim que ocorre, há autonomia dos Estados e dos Municípios,


entes locais que detêm competência legislativa própria, conferida diretamente
pela Constituição, sendo que tal competência é originária dos entes locais, e
não mera delegação ou concessão do governo central, a União. Já a
descentralização administrativa ocorre quando determinadas atribuições
definidas pelo poder central são exercidas por entidades descentralizadas. Tais
atribuições não provêm da Constituição, e sim das leis editadas pelo ente
central.

419
Por sua vez, a descentralização administrativa ocorre dentro de uma mesma
esfera de governo: a entidade política (União, Estado, DF ou Município)
transfere alguma ou algumas de suas atribuições a entidades que irão compor
as suas respectivas administrações indiretas, criadas especificamente para
esse fim, ou, ainda, a pessoas físicas ou jurídicas sem vínculo anterior com a
Administração.

Para a doutrina majoritária, chegaremos à seguinte classificação para a


descentralização administrativa. Em três modalidades:
• Descentralização por serviços, funcional, técnica ou por outorga.
• Descentralização por colaboração ou delegação.
• Descentralização territorial ou geográfica.

A descentralização por serviços, funcional, técnica ou por outorga apresenta-


se quando uma entidade política (União, Estados, DF e Municípios), mediante
lei, cria uma pessoa jurídica de direito público ou privado e a ela atribui a
titularidade e a execução de determinado serviço público.

É exatamente isto que acontece na criação das entidades da administração


indireta, ou seja, das autarquias, empresas públicas, sociedades de economia
mista e fundações públicas.

Uma outra vertente da transferência da titularidade é que a entidade


descentralizada passa a desempenhar o serviço com independência em
relação à pessoa que a criou.

Se fosse o contrário, não se justificaria a criação da entidade. Assim, o controle


efetuado pelo ente instituidor sobre as entidades descentralizadas por serviço
deve observar os limites impostos pela lei. Tal controle, de caráter finalístico,
denominado de tutela, tem por objetivo garantir que a entidade não se desvie
dos fins para os quais foi instituída. Ademais, não existe subordinação entre a
entidade descentralizada e a pessoa jurídica que a criou, mas tão-somente
vinculação.

Por um outro lado, a descentralização por colaboração ou delegação ocorre


quando, por meio de contrato ou ato unilateral, o Estado transfere a execução
de determinado serviço público a uma pessoa jurídica de direito privado,
previamente existente, conservando o Poder Público a titularidade do serviço.

420
Na descentralização por colaboração a entidade “colabora”, ajuda ao Poder
Público, executando o serviço que deveria ser por ele prestado.

Na descentralização por colaboração não é necessária a edição de lei formal,


bastando a formalização de um contrato (concessão ou permissão de serviços
públicos) ou de um ato unilateral (autorização de serviços públicos) da
Administração para que se possa transferir a responsabilidade pela execução
do serviço a outra pessoa.

A delegação por contrato é sempre efetivada por prazo determinado. Já na


delegação por ato administrativo, como regra, não há prazo certo, em razão da
precariedade típica da autorização (possibilidade de revogação a qualquer
tempo).

Vale a pena salientar que, na descentralização por colaboração (concessão,


permissão ou autorização), delega-se exclusivamente a execução do serviço.

É por nome próprio que a pessoa delegada presta o serviço, por seu nome e
por sua conta e risco, sob a fiscalização do Estado. No entanto, a titularidade
do serviço permanece nas mãos do Poder Público. Essa sistemática lhe
permite dispor do serviço de acordo com o interesse público, podendo alterar
unilateralmente as condições de sua execução, aplicar sanções ou retomar a
execução do serviço antes do prazo estabelecido.

Desta feita, considerando que o Poder Público continua a deter a titularidade, o


controle que exerce é muito mais amplo e rígido do que na descentralização
por serviço, o que pode, como dito, resultar inclusive na retomada da execução
do serviço a qualquer tempo. Contudo, tampouco nesse caso há hierarquia
entre o Poder Público delegante e a entidade que recebeu a delegação para
executar o serviço público.

Algo importante a se observar é que não há relação de hierarquia em nenhuma


forma de descentralização.

Finalizando, saliente-se que a DESCENTRALIZAÇÃO TERRITORIAL OU


GEOGRÁFICA se verifica no momento em que uma entidade local,
geograficamente delimitada, dotada de personalidade jurídica própria, de direito
público, possui capacidade administrativa genérica para exercer a totalidade ou
a maior parte dos encargos.

421
DESCONCENTRAÇÃO
No momento em que o ESTADO se organiza por essa via, a entidade se
desmembra em órgãos para melhorar sua organização estrutural. Trata-se de
uma distribuição interna de competências, ou seja, uma distribuição ou
organização de competências dentro da mesma pessoa jurídica.

Na desconcentração criam-se os órgãos.

A desconcentração envolve uma única pessoa jurídica., cujas atribuições são


distribuídas entre várias unidades de competências, os órgãos públicos, uns
subordinados a outros dentro de uma mesma estrutura organizacional.

Os princípios da centralização, desconcentração e descentralização balizam a


divisão da Administração em direta e indireta.

ADMINISTRAÇÃO DIRETA
Administração Direta vem a ser, no melhor conceito, o conjunto de órgãos que
integram as pessoas políticas do Estado (União, Estados, DF e Municípios),
aos quais foi atribuída a competência para o exercício de atividades
administrativas, de forma centralizada. Em outras palavras, na administração
direta “a Administração Pública é, ao mesmo tempo, a titular e a executora do
serviço público.

O princípio da centralização é inerente à Administração Direta. Com efeito, as


pessoas políticas União, Estados, DF e Municípios executam, por si próprias,
diversas tarefas internas e externas. Para tanto, se valem de seus inúmeros
órgãos internos, dotados de competência própria e específica e constituídos
por servidores públicos, que representam o elemento humano dos órgãos.

Quando o Estado executa tarefas diretamente, através de seus órgãos


internos, estamos diante da Administração Direta no desempenho de atividade
centralizada.

422
EXERCÍCIOS

1. A criação, por uma universidade federal, de um departamento específico


para cursos de pós-graduação é exemplo de descentralização.

2. Quando o Estado cria uma entidade e a ela transfere, por lei, determinado
serviço público, ocorre a descentralização por meio de outorga.

3. Desconcentração administrativa é a distribuição de competências entre


órgãos de uma mesma pessoa jurídica.

GABARITO

1 - ERRADO
2 - CERTO
3 - CERTO

423
ÓRGÃOS PÚBLICOS

Os órgãos públicos SURGEM como centros de competência instituídos para o


desempenho de funções estatais. Constituem-se em unidades de ação com
atribuições específicas na organização do Estado.

O Estado, por sua vez, é uma pessoa jurídica. Contrariamente às pessoas


físicas, as pessoas jurídicas não possuem vontade própria: elas precisam de
alguém para atuar em seu nome.

No caso do Estado, são as pessoas físicas que integram seus órgãos, os


agentes públicos.

Para isso, inúmeras teorias surgiram para explicar as relações do Estado com
seus agentes. Vejamos as principais:

Primeiramente se entendeu que os agentes eram mandatários do Estado. É a


chamada teoria do mandato. Tal ideia não vingou porque não explicava como o
Estado, que não tem vontade própria, poderia outorgar o mandato.

Na teoria da representação, os agentes eram representantes do Estado,


equiparando o agente à figura do tutor ou curador das pessoas incapazes.

A teoria também foi criticada; primeiro por equiparar o Estado ao incapaz que,
ao contrário do Estado, não possui capacidade para designar representante
para si mesmo; e segundo porque, da mesma forma que a teoria anterior,
permitia ao mandatário ou ao representante ultrapassar os poderes da
representação sem que o Estado respondesse por esses atos perante terceiros
prejudicados.

Enfim, foi instituída a teoria do órgão, hoje amplamente aceita na doutrina e


na jurisprudência, pela qual se presume que a pessoa jurídica manifesta sua
vontade por meio dos órgãos que a compõem, sendo eles mesmos, os órgãos,
compostos de agentes. Desse modo, quando os agentes agem, é como se o
próprio Estado o fizesse.

424
Criação e extinção
Para que falemos na criação e extinção de órgãos na Administração Direta do
Poder Executivo necessitamos sempre imaginar a existência de lei em sentido
formal, de iniciativa do chefe do Poder Executivo (CF, art. 61, §1º, II, “e” 9).

A lei deve ser aprovada no Poder Legislativo, mas quem dá início ao processo
legislativo é o chefe do Executivo. Já a organização e o funcionamento dos
órgãos do Executivo criados por lei podem ser feitos por meio da edição de
simples decretos, os chamados decretos autônomos, desde que não impliquem
aumento de despesa, nem criação ou extinção de órgãos públicos.

Capacidade processual
O órgão não possui, via de regra, capacidade processual em razão de que não
possui personalidade jurídica. Por este motivo, não pode figurar como sujeito
ativo ou passivo de uma ação judicial.

A análise da capacidade, em regra, é da própria pessoa política (União,


Estados, DF e Municípios). Logo, chegamos à conclusão de que não se
interpõe ação judicial contra a Receita Federal, e sim contra a União. Contudo,
há exceções. A jurisprudência reconhece a capacidade de certos órgãos
públicos para a impetração de mandado de segurança na defesa de suas
prerrogativas e competências, quando violadas por ato de outro órgão.

Saliento aqui que essa capacidade só é reconhecida em relação aos chamados


órgãos autônomos e independentes, que são os órgãos mais elevados do
Poder Público, de natureza constitucional, e apenas quando defendem suas
prerrogativas e competências. Não alcança, portanto, os demais órgãos,
superiores e subalternos.

425
EXERCÍCIOS

1. Em regra, os órgãos, por não terem personalidade jurídica, não têm


capacidade processual, salvo nas hipóteses em que os órgãos são titulares de
direitos subjetivos, o que lhes confere capacidade processual para a defesa de
suas prerrogativas e competências.

2. A atuação do órgão público é imputada à pessoa jurídica a que esse órgão


pertence.

3. a criação e extinção de órgãos da administração pública depende de lei, de


iniciativa privativa do Chefe do Executivo.

GABARITO:

1 - CERTO
2 - CERTO
3 - CERTO

426
O nosso Estado brasileiro é um ente político e central, é a República Federativa
do Brasil, pessoa jurídica de direito público externo, por sua vez, instituiu os
fenômenos da desconcentração e descentralização política.

Ao percebermos a desconcentração política, verificamos a criação dos poderes


(funções) do Estado, independentes e harmônicos entre si, ou seja, o Poder
Legislativo (função legislativa), o Judiciário (função de julgar) e o Executivo
(função administrativa).

Já, ao analisarmos a descentralização política, os entes políticos internos,


pessoas jurídicas de direito público interno, compreendem a União, Estados-
membros, Distrito Federal e Municípios. Assim chegamos à noção de
Administração Pública, ou seja, Administração Pública nada mais é que do que
o Estado (entes políticos internos) no exercício da função administrativa
(função executiva).

O Estado, visando ao melhor desempenho de suas atribuições, no exercício da


função administrativa, para melhor desempenho dessa função, subdivide-se
internamente e externamente.

Administração Pública Direta


Decreto-Lei nº 200/67, Art. 4° A Administração Federal compreende: I - A
Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura
administrativa da Presidência da República e dos Ministérios.

ASSIM sendo, a Administração Pública Direta compreende os próprios Entes


Políticos, ou seja, União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios,
todos com personalidade jurídica de direito público no exercício da função
administrativa. Até aí tudo bem. Nada de novo! No entanto, para melhor
organização das atividades que deve desempenhar, a Administração Pública
direta procede a distribuição interna dessas atividades, fazendo uma
departamentalização, uma setorização, ou seja, opera-se a desconcentração
administrativa.

Desta feita, a desconcentração administrativa é a distribuição de atividades


(funções, competências) em uma estrutura interna. Trata-se, pois, de divisão,
distribuição de funções no âmbito interno de uma mesma pessoa jurídica,
especialmente com a criação de órgãos.

427
Assim, temos o surgimento dos órgãos administrativos, cuja principal
característica talvez seja ausência de personalidade PRÓPRIA!

De outro lado, com o mesmo intuito de organizar-se e melhor desempenho de


suas funções, o ente federativo no exercício da função administrativa também
procede a distribuição de suas funções externamente. Significa dizer que o
ente político transfere uma ou algumas de suas atividades (funções ou
competências) para outra pessoa, para que a execute, para que a realize.
Portanto, a descentralização administrativa é a distribuição externa de
atividades de uma pessoa para outra, especialmente com a criação de
entidades administrativas.

Esse mecanismo, distribuição externa de funções (descentralização


administrativa) é que deu ensejo ao surgimento do que se denomina
Administração Pública indireta. Assim, Administração Pública Indireta é o
conjunto de pessoas jurídicas distintas do Estado, e criadas por ele, para
realizar atividades que lhe são atribuídas como próprias. Art. 4° A
Administração Federal compreende: II – A

Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades,


dotadas de personalidade jurídica própria:

Órgãos Público
Com fulcro no art. 1º, §2º, inc. I, da Lei nº 9.784/99, órgão público é “a unidade
de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da
Administração indireta”.

Órgãos públicos, de acordo com Di Pietro corresponde a uma unidade que


congrega atribuições exercidas pelos agentes públicos que o integram com o
objetivo de expressar a vontade do Estado.

Mesmo que a análise típica de surgimento dos órgãos públicos se dê


originariamente no âmbito da Administração Pública direta (desconcentração
administrativa), tal fenômeno é amplamente aplicável também na
Administração indireta. Significa dizer que a desconcentração administrativa
pode ocorrer na Administração direta ou na indireta, conforme se extrai do
conceito legal.

428
Obs fatal: O órgão não se confunde com a pessoa jurídica (ente ou
entidade). Na verdade, é parte integrante da estrutura de uma pessoa
jurídica. Por isso, a característica básica que diferencia um órgão de uma
entidade é que os órgãos não possuem personalidade jurídica e integram
a estrutura interna de um ente ou entidade.

MAS CUIDADO!!! Alguns órgãos podem ter representação própria para a


defesa de suas prerrogativas institucionais.
VEJA algumas jurisprudências pontuais, mas indispensáveis para sua prova:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL. LEGITIMIDADE PARA
RECORRER. CAPACIDADE PARA SER PARTE E ESTAR EM JUÍZO. ADI
1557. LEGITIMIDADE PARA A CAUSA CONCRETAMENTE APRECIADA.
AUSÊNCIA.
PRECEDENTES. A corte pacificou entendimento de que certos órgãos
materialmente despersonalizados, de estatura constitucional, possuem
personalidade judiciária (capacidade para ser parte) ou mesmo, como no caso,
capacidade processual (para estar em juízo). ADI 1557, rel. min. Ellen Gracie,
Tribunal Pleno, DJ 18.06.2004. Essa capacidade, que decorre do próprio
sistema de freios e contrapesos, não exime o julgador de verificar a
legitimidade ad causam do órgão despersonalizado, isto é, sua legitimidade
para a causa concretamente apreciada. Consoante a jurisprudência
sedimentada nesta Corte, tal legitimidade existe quando o órgão
despersonalizado, por não dispor de meios extrajudiciais eficazes para garantir
seus direitos-função contra outra instância de Poder do Estado, necessita da
tutela jurisdicional. Hipótese não configurada no caso. Agravo regimental a que
se nega provimento.
(RE 595176 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em
31/08/2010)

Mesmo que, via de regra, os órgãos não tenham personalidade jurídica, alguns
(órgãos independentes e autônomos) são dotados de capacidade processual
(capacidade judiciária ou personalidade judiciária) a fim de irem a juízo na
defesa de suas prerrogativas institucionais, tal como o TCU na defesa de sua
prerrogativa de fiscalizar as contas pública, por exemplo.

Conforme entendimento do STF, alguns órgãos têm a capacidade ou


“personalidade judiciária” para impetrarem mandado de segurança para a
defesa do exercício de suas competências e do gozo de suas prerrogativas.

429
O órgão também não se confunde, em regra, com a pessoa física (com o
agente público). MUITO CUIDADO NESSA HORA!

Importante então que fique aqui registrado que o agente público e o órgão
mantêm uma relação que se concretiza em razão do exercício de atividades
pelos agentes públicos em decorrência das atribuições destinadas a
determinados órgãos.

Três sãos as teorias que tentam explicar tal relação, sendo:


a) Teoria do mandato: Para esta teoria o agente público seria um mandatário
da pessoa jurídica. Significa dizer que receberia um mandato ou procuração
para atuar em nome da administração.

b) teoria da representação: para esta o agente público era legalmente


representante do Estado, ou seja, o Estado teria como seu representante legal
o agente público.

c) teoria do órgão: é a aplicada no âmbito da Administração Pública brasileira,


devendo ser aquela observada nas respostas dos certames. Explica a relação
no sentido de que a pessoa jurídica manifesta a sua vontade por meio dos
órgãos, de tal modo que, quando os agentes que os compõem, ao exercerem
suas atribuições, é como se o próprio Estado o fizesse, traduzindo-se numa
ideia de imputação. Significa que o agente atua de acordo com as
competências do órgão, realizando a vontade do ente ou entidade que este
integra.

Desta feita, o Estado atua por meio de seus órgãos e, dentro destes, haverá
agentes que realizarão as atribuições destinadas à estrutura organizacional. É
exatamente essa a teoria que explica a relação entre o Estado, o órgão e o
exercício das atividades administrativas pelos agentes, por isso também é
denominada teoria da imputação [princípio da imputação volitiva].

430
EXERCÍCIOS

1. A Administração Pública Direta compreende os próprios Entes Políticos, ou


seja, União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, todos com
personalidade jurídica de direito público no exercício da função administrativa.

2. Os órgãos públicos são centros de competência instituídos para o


desempenho de funções estatais. São unidades de ação com atribuições
específicas na organização do Estado.

GABARITO:

1-C
2-C

431
Como os órgãos públicos apresentam-se em sua classificação?

Órgão, de acordo com a doutrina majoritária, é parte integrante da estrutura de


um ente ou entidade, é possível identificarmos diversos tipos, espécies, de
órgãos públicos, de maneira que podemos classificá-los utilizados vários
mecanismos.

Dentre os principais, podemos citar quanto a posição estatal, quanto a


estrutura, e quanto a atuação funcional.

Quanto à posição estatal chegamos aos órgãos independentes, os


autônomos, os superiores e os subalternos.

Os independentes: aqui a sua criação tem origem na própria Constituição e


representam um dos Poderes estatais, não estão sujeitos a qualquer
subordinação hierárquica ou funcional por outro órgão, apenas à Constituição e
às Leis. (Ex.: Chefia do Executivo, Tribunais, Congresso Nacional etc.).

Os autônomos são aqueles que gozam de autonomia administrativa,


financeira e técnica, estando postos na cúpula da Administração, abaixo e
subordinados diretamente aos órgãos independentes, participando das
decisões governamentais no âmbito de suas competências. (Ex.: Ministérios,
Secretarias de Estado).

Os superiores são os órgãos que detêm o poder de direção, comando e


controle das atividades administrativas de sua competência, entretanto estão
sempre subordinados a controle hierarquia de uma autoridade superior, não
gozando, portanto, de autonomia. (Ex.: Departamentos, Gabinetes,
Coordenadorias, Divisões etc.).

Os subalternos são os órgãos que estão subordinados a outros órgãos de


hierarquia maior, com função eminentemente de execução das decisões
tomadas administrativamente. (Ex.: Seção de pessoal, expediente, material,
transporte, apoio técnico etc.).

Quanto à estrutura, ou ainda, constituição interna desse órgão, temos os


simples e os compostos.

432
São simples os órgãos constituídos por um só centro de comando, sem
subdivisões internas.

E, compostos, os que possuem, em sua estrutura interna, outros órgãos que


lhe estão subordinados hierarquicamente.

Quanto à atuação funcional temos os órgãos singulares e os colegiados.

Singulares são órgãos que atuam, exercem seu poder decisório, por meio de
um único agente. (Diretoria Geral etc.).

E, os Colegiados, aqueles cuja atuação e decisão passa, em regra, pela


manifestação conjunta e majoritária de seus membros (Comissões
Disciplinares, Comissão de Licitação etc.).

Administração Pública Indireta


É uma forma de descentralização administrativa em que o Estado,
Administração Pública Direta, transfere competências administrativas para
outra pessoa jurídica criada por ele.

Essa transferência é denominada outorga e somente se dá por meio de lei.

Então, a outorga é a transferência de determinada competência da


administração direta para a indireta.

Com efeito, temos no âmbito da Administração Pública indireta as seguintes


entidades administrativas:
• Fundações Públicas (F);
• Autarquias (A);
• Sociedades de Economia Mista(S);
• Empresas Públicas (E).

FAMOSA FASE – isso mesmo, leve essa regrinha de memória para a prova.
Falou em entidades administrativas, lembre-se: FASE!

433
EXERCÍCIOS

1. Os órgãos públicos classificam-se, quanto à estrutura, em órgãos singulares,


formados por um único agente, e coletivos, integrados por mais de um agente
ou órgão.

2. Atualmente, a doutrina majoritária, para explicar a relação entre o órgão


público e o agente, utiliza-se da teoria da representação, segundo a qual os
agentes são representantes do Estado.

3. De acordo com a teoria do órgão, a atuação da pessoa jurídica deve ser


imputada ao agente — pessoa natural — integrante de sua estrutura.

GABARITO:

1 - ERRADO
2 - ERRADO
3 - ERRADO

434
As autarquias são:
• Pessoas jurídicas de direito público,
• Criadas por lei, com autonomia administrativa, orçamentária e técnica
(capacidade de autoadministração), e capital exclusivamente público,
para o desempenho de atividades típicas do Estado.

O Decreto-Lei nº 200/67 define autarquia, nos termos do art. 5º, inc. I, da


seguinte forma:
Art. 5º Para os fins desta lei considera-se:
I – Autarquia – o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica,
patrimônio e receitas próprias, para executar atividades típicas da
Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão
administrativa e financeira descentralizada. Numa visão bem simplista,
podemos dizer que as autarquias representam uma parcela do Estado no
exercício indireto de sua função administrativa (gestão administrativa
descentralizada), por meio de um órgão a que se atribuiu vida própria.

É possível identificar as seguintes características nas autarquias. Leve estas


informações basilares à sua prova, pois caso surjam questões relacionadas à
autarquia, será sobre este assunto:
• A criação é sempre por lei;
• São dotadas de personalidade jurídica de direito público;
• Gozam de autonomia administrativa, orçamentária e técnica;
• São criadas para especialização dos fins ou atividades;
• Sujeitam-se ao controle de tutela. Significa que não estão subordinadas
ao ente que as criou, mas apenas vinculada aos fins para os quais foi
criada (supervisão ministerial).

As autarquias são sempre criadas por lei.

Apenas a Lei (em sentido estrito) pode criar uma Autarquia. Esta mesma lei
que definirá sua estrutura, sua atividade, ou seja, seus contornos.

A partir do início da vigência da lei criadora, tem a entidade seu surgimento


(seu nascimento), sem qualquer necessidade de averbação de seus atos
institucionais em órgãos destinados a tanto, pois seu delineamento está todo
contido na norma criadora.

435
Logo, por observância do princípio da simetria (paralelismo das formas), a
extinção também deverá ser procedida por meio de lei.

Conclui-se que, se somente por lei específica é possível à criação, então,


somente por lei poderá ocorrer à extinção de uma Autarquia.

De acordo com a doutrina majoritária costuma-se dividir as autarquias em


institucionais e territoriais.

As autarquias territoriais surgem por desmembramento geográfico do


Estado, criando-se um ente, ao qual se outorga prerrogativas de forma geral
funções administrativas e até mesmo de ordem política, a exemplo dos
territórios que são autarquias territoriais de natureza política integrantes da
União.

As autarquias institucionais são pessoas administrativas criadas por lei, com


objetivo específico, sem qualquer espécie de delegação política, pois recebem,
por outorga, a titularidade de uma atividade típica do Estado. Exemplo: Instituto
Nacional do Seguro Social – INSS.

De outra vertente, classificam-se, ainda, as autarquias quanto ao objeto,


quando temos as autarquias em regime comum e as em regime especial.

As autarquias em regime especial são autarquias dotadas de maiores


prerrogativas, tal qual maior autonomia administrativa, poder normativo técnico
e, ainda, algumas gozando de mandato fixo para os seus dirigentes. Ex.:
Universidades (Lei nº 5.540/68), BACEN e as denominadas agências
reguladoras (ex.: ANATEL, ANA, ANEEL, ANP, ANVISA, etc.).

Quanto à estrutura, temos as autarquias corporativas e as fundacionais.

As autarquias corporativas são aquelas que têm a prerrogativa de fiscalizar e


controlar o exercício de certas profissões. Ex.: CRECI, CRM, CREA, CRC, ou
seja, os conselhos profissionais.

Nesse aspecto, cabe destacar que o Supremo Tribunal Federal tem


entendimento de que a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) não integra a

436
Administração Pública, realizando, pois, serviço público de forma
independente, e, por isso, não se submete ao regime jurídico- administrativo
(não sendo obrigada a realizar concurso para ingresso de pessoal), tampouco
a controle Estatal de suas finalidades ou mesmo do Tribunal de Contas da
União no tocante aos seus recursos e gastos.

Percebe-se que apesar de os conselhos de profissões sejam autarquias


corporativas, e, por isso, se submetem a controle do Tribunal de Contas da
União, além de terem o dever de licitar e realizar concursos públicos, a OAB
estaria excluída dessas sujeições na medida em que não integra a
Administração Pública, conforme entendimento do STF.

As autarquias fundacionais são autarquias criadas em razão de um


destacamento de patrimônio estatal, com o escopo de atuarem
desempenhando atividades ligadas ao desenvolvimento social, tal como saúde,
educação ou em proteção aos direitos e interesses de minorias.

Ex. Fundação Universidade de Brasília (FUB), Fundação Nacional do Índio


(FUNAI) etc.

No entanto, verifica-se que há duas hipóteses de agências: as reguladoras e as


executivas.

As agências reguladoras (autarquias em regime especial) surgiram em


decorrência do plano nacional de desestatização (Lei nº 9.491/97), cujo escopo
era pôr fim ao monopólio estatal de alguns serviços definidos em certos setores
e, principalmente, visando o princípio da especialidade, com papel de
disciplinar e fiscalizar atividades típicas do Estado, cuja execução fora
outorgada a particulares.

Essas agências caracterizam-se por três elementos: maior independência,


investidura especial (depende de nomeação pelo Presidente aprovação prévia
do Senado Federal) e mandato, com prazo fixo, conforme lei que cria a pessoa
jurídica.

Quanto ao regime especial, o prof. Carvalho Filho dá especial destaque às


prerrogativas para que se caracterize uma autarquia em regime especial,
citando quatro fatores, sendo:

437
1º) poder normativo técnico (chamada deslegalização, ou seja, poder de editar
normas técnicas complementares das normas gerais);
2º) autonomia decisória (poder de decidir os conflitos administrativos que
envolvem sua área de atuação);
3º) independência administrativa (seus dirigentes têm investidura por prazo
certo);
4º) autonomia econômico-financeira (têm recursos próprios e dotação
orçamentária específica).

Pode-se dizer, portanto, que as agências reguladoras são responsáveis pela


regulamentação (poder regulamentar), controle e fiscalização de serviços
públicos, atividades e bens transferidos ao setor privado e, em suma, englobam
as seguintes atividades:

a) serviços públicos propriamente ditos, tal como ANEEL (Lei nº 9.427/96),


ANATEL (Lei nº 9.472/97), ANTT e ANTAQ (Lei nº 10.233/2001);
b) atividade de fomento e fiscalização de atividade privada (Ancine – MP 2.281-
1/01 – Lei nº 10.454/02);
c) regulação e fiscalização de atividades econômicas (ANP, Lei nº 9.478/97);
d) atividades sociais – exercidas pelo Estado, mas facultadas também ao
particular – (ANVISA, Lei nº 9.782/99; ANS, Lei nº 9.961/00); e,
e) agência reguladora de uso de bens públicos, tal como a ANA, criada pela Lei
nº 9.984/00.

Devemos ficar atentos a observar uma série de traços específicos e


característicos dessas entidades quanto a pessoal, regime jurídico, licitações,
dentre outros. Vejamos:
a) Regime de pessoal: A Lei nº 9.986/00 estabelecia a possibilidade de
contratação por meio do regime celetista. Porém, o STF entendeu que
não se compatibilizava o regime de emprego com as atribuições
desempenhas pelas agências reguladoras, firmando, com isso, a
necessidade de observar o regime estatutário.
b) Licitação: devem observar as normas da Lei nº 8.666/93 e Lei nº
10.520/02. Podendo optar por modalidades especificas como o pregão e
a consulta, conforme consta da Lei nº 9.986/00.

As agências executivas, por outro lado, são autarquias ou fundações que por
iniciativa da Administração Direta (Presidente da República), recebem o status

438
de Agência Executiva, em razão da celebração de um contrato de gestão, que
objetiva uma maior eficiência e redução de custos (Decretos Federais nº 2.487
e 2.488, ambos de 1998).

Para receber tal qualificação é preciso ter plano estratégico de reestruturação e


desenvolvimento institucional em andamento e celebrar contrato de gestão com
o Ministério supervisor.

São, portanto, autarquias ou fundações qualificadas para melhor desempenho


de suas atividades que firmam contrato de gestão para maior autonomia
administrativa e orçamentária, não estando, portanto, hierarquicamente
subordinadas.

EXERCÍCIOS

1. As agências reguladoras têm autonomia financeira e orçamentária, assim


como receita própria.

2. Os bens das autarquias não são passíveis de penhora.

3. As autarquias federais detêm autonomia administrativa relativa, estando


subordinadas aos respectivos ministérios de sua área de atuação.

GABARITO:

1 - CERTO
2 - CERTO
3 - ERRADO

439
Fundações Públicas
De acordo com o que aduz O Decreto-Lei nº 200/67, em seu art. 5º, inc. IV, o
conceito de fundações é o seguinte: entidade dotada de personalidade jurídica
de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização
legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exigem execução por
órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa,
patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento
custeado por recursos da União e de outras fontes. (Incluído pela Lei nº 7.596,
de 1987)

É bastante importante que guardemos o conceito a seguir. As bancas


organizadoras de Concurso têm cobrado na literalidade, e os concurseiros têm
se confundido bastante no que diz respeito:

A Constituição Federal em seu artigo 37, inc. XIX, aduz que “somente por lei
específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa
pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação”.

Ora, a afirmação nos expressa que a criação de fundações públicas depende


sempre de lei específica, ou seja, precisa da lei autorizando a criação, cabendo
a uma lei complementar definir a área de atuação.

A criação, por sua vez, acontecerá através de decreto executivo que aprova o
Estatuto, que por sua vez deverá ser registrado em cartório de registro de
pessoas jurídicas.

Além disso, as Fundações Públicas podem ter a natureza de pessoa jurídica de


direito público, caracterizando uma espécie de autarquia, denominada
autarquia fundacional ou fundação governamental.

As fundações públicas de direito público encontram-se subordinadas a regime


jurídico de direito público, o que determina que seus bens são públicos, o
regime adotado para seu pessoal é o estatutário, pagando suas dívidas por
precatórios.

Já as fundações públicas de direito privado, se submetem, em regra, ao regime


jurídico de direito privado, sendo seus bens considerados privados, seus

440
agentes, como regra, se submetem ao regime celetista.

Mas tenha muito cuidado!!! Não há um absoluto domínio das regras atinentes
ao regime privado, é que por ser entidade pública está submetida a algumas
restrições oriundas do princípio da indisponibilidade do interesse público, ou
seja, oriundas do regime jurídico- administrativo, tal como obrigatoriedade de
licitar, realizar concurso público, dentre tantas outras implicações do regime
público.

Empresas Estatais
São espécies de empresas estatais as sociedades de economia mista e as
empresas públicas, bem como as suas subsidiárias.

A empresa pública, pela análise do Decreto-Lei nº 200/67, é pessoa jurídica de


direito privado composta por capital exclusivamente público, criada para a
prestação de serviços públicos ou exploração de atividades econômicas sob
qualquer modalidade empresarial.

Saliente-se mais uma vez o art. 37, inc. XIX, bem como o art. 173, §1º, inc. II,
da Constituição, que assim dispõe:

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração


direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei. § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico
da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias
que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens
ou de prestação de serviços, dispondo sobre: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998) I – sua função social e formas de fiscalização
pelo Estado e pela sociedade; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998) II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas,
inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e
tributários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Já a sociedade de economia mista é pessoa jurídica de direito privado, criada


para prestação de serviço público ou exploração de atividade econômica, com
capital misto e na forma de S/ A.

441
Analisando as semelhanças entre as empresas estatais, entende-se que
quanto à criação, sempre depende de lei, só que a lei (específica) autoriza a
instituição (art. 37, XIX, da CF), que dependerá de registro de seus atos
constitutivos (decreto de aprovação do contrato social) no órgão competente
[junta comercial].

No que diz respeito à extinção, em observância ao princípio do paralelismo das


formas ou da simetria haveria a necessidade também de lei autorizar, com
análise posterior em cartório.

Por outro lado, destaco que as estatais estão submetidas às disposições da Lei
8.666/93.

Pode, contudo, quando exploradoras da atividade econômica, ter regime


especial por meio de estatuto próprio conforme o art. 173, §1º, III, CF.

Mas olha que importante: O STF entendeu, em julgamento ainda pendente de


finalização, que a estatal exploradora de atividade econômica em regime
concorrencial pode adotar procedimento simplificado de licitação aprovado
por decreto presencial (caso Petrobras).

No que se refere ao regime tributário, diante da disposição contida no art. 173,


§1º, inc. II, CF/88, em regra, as estatais não têm privilégios tributários, que não
sejam extensíveis à iniciativa privada.

É SIMPLES ENTENDER!!! somente gozaram de privilégios tributários se forem


extensíveis às entidades do setor privado no ramo em que concorrem.

ENTRETANTO... o Supremo Tribunal Federal vem entendendo que se


prestam serviços públicos, especialmente em regime de exclusividade,
gozam de prerrogativas de direito público, tal como imunidade tributária
em relação aos seus bens, rendas e serviços e pagamento de seus
débitos por precatórios (Caso ECT).

Um dos assuntos mais cobrados em concursos, no que diz respeito às


empresas estatais versa acerca do regime jurídicos destas, vejamos:

442
Em razão de já estarem submetidas ao regime de direito privado, ocupam
emprego público, seguindo o regime da CLT. Entretanto, são considerados
agentes públicos (servidores públicos lato sensu), em razão de algumas regras:
concurso público, teto remuneratório, acumulação, remédios constitucionais,
fins penais, improbidade administrativa, etc.

No que faz relação aos bens, são bens privados, logo, são passíveis de
penhora, exceto se a empresa for prestadora de serviços públicos e o bem
estiver diretamente ligado a eles, de modo que por força do princípio da
continuidade o bem não poderá sofrer constrição.

As empresas públicas podem assumir qualquer forma societária/empresarial,


ou seja, podem ser S/A, Limitada, Comandita.

No entanto, as de economia mista só podem assumir a forma de S/A.

As empresas públicas federais têm suas demandas julgadas na Justiça Federal


(art. 109, inc. I, da CF/88), enquanto que as sociedades de economia mista
terão suas causas decididas na Justiça Estadual.

443
EXERCÍCIOS

1. Ocorre o fenômeno da desconcentração quando o Estado desempenha


algumas de suas funções por meio de outras pessoas jurídicas.

2. A administração indireta abrange as fundações instituídas e mantidas pelo


poder público, as empresas públicas e as sociedades de economia mista.

3. Compõem a administração pública indireta as entidades autárquicas e


fundacionais, mas não as empresas públicas e as sociedades de economia
mista.

GABARITO

1 - ERRADO
2 - CERTO
3 - ERRADO

444
DIREITO CONSTITUCIONAL

445
Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil

Os princípios fundamentais, também chamados de princípios constitucionais,


formam a base de toda a organização do Estado Brasileiro.
Antes de conhecer esses princípios, vamos conhecer a figura do Estado.

Estado
Sociedade política dotada de características próprias e elementos essenciais.
São eles:
• Povo – (Elemento humano) – Conjunto de indivíduos que se encontram
em determinado território de um Estado.
• Território – (Elemento material) – Espaço onde o Estado exerce de modo
efetivo sua supremacia sobre as pessoas e bens.
• Governo Soberano – (Elemento formal) – Poder de autodeterminação
plena. Supremacia na ordem interna e independência na ordem externa.

Princípio federativo
Considere o caput do Art. 1° da Constituição Federal,
Art. 1° A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito...
Esse princípio apresenta a Forma de Estado adotada no Brasil: Federação.
• Conceito de Federalismo – Trata-se de uma aliança de Estados para a
formação de um Estado Único, em que as unidades federadas preservam
autonomia política, enquanto a soberania é transferida para o Estado
Federal.

A forma de Estado reflete o modo de exercício do poder político em função do


território. Ela está baseada na descentralização política do Estado, cuja
representação se dá por meio dos entes federativos:
• União
• Estados
• Distrito Federal
• Municípios

446
Os entes federativos possuem autonomia político, o que não deverá ser
confundido com a soberania, pertence apenas à República Federativa do Brasil.

Entes federativos são:


• Pessoas jurídicas de direito público;
• Sujeitos ao princípio da indissolubilidade do vínculo federativo

➢ Não existe no Brasil o direto a secessão.

• Pessoas jurídicas descentralizadas, que possuem poder de:

➢ Auto-organização

➢ Competência legislativa e administrativa

➢ Autonomia financeira

FICA LIGADO!!!
O federalismo brasileiro é clausula pétrea
Art. 60 § 4°, da CF - § 4° Não será objetivo de deliberação a proposta de emenda
tendente a abolir:
I – a forma federativa de Estado;

Princípio Republicano
Esse princípio apresenta a Forma de Governo adotada no Brasil: República.

A forma de governo reflete o modo de aquisição e exercício do poder político,


além de medir a relação existente entre governante e governado.

Características

1. Temporariedade – Esse atributo revela o caráter temporário do exercício do


poder político. Por causa desse princípio, no Estado brasileiro, o governante
permanece no poder por tempo determinado.
2. Eletividade – Em uma República, o governante é escolhido pelo povo. O
poder político é adquirido através das eleições, ou seja, através da vontade
popular.

447
3. Responsabilidade – Em um Republica, o governante pode ser
responsabilizado por seus atos.

➔ Desrespeito ao princípio republicano pelo Estados-membros ou pelo DF


enseja intervenção federal.

Art. 34. A União não intervira nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
VII – assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana sistema representativo e regime democrático (grifo
nosso)

Princípio do Sistema Presidencialista


Esse princípio apresenta o Sistema de governo adotado no Brasil:
Presidencialismo.

O sistema de governo rege a relação entre o Poder Executivo e o Legislativo,


medindo o grau de dependência entre eles.
A Constituição Federal declara que o Poder Executivo da União é exercido pelo
Presidente da República auxiliado por seus Ministros de Estado:

Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado


pelos Ministros de Estado.

O Presidencialismo possui umas características importante, que é a


concentração das funções executivas em uma só pessoa, o Presidente, eleito
pelo povo, e que exerce ao mesmo tempo três funções. Chefe de Estado, Chefe
de Governo e Chefe da Administração Pública.

➔ Chefe de Estado – Diz respeito a todas as atribuições do Presidente nas


relações externas do País

➔ Chefe de Governo – Diz respeito às diversas atribuições internas no que


tange à governabilidade do país.

➔ Chefe da Administração Pública – O Presidente exercerá as funções


relacionadas com a chefia da Administração Pública Federal.

448
Princípio Democrático
Esse princípio revela o Regime de Governo adotado no Brasil: Democracia.

Caracteriza-se pela existência do Estado Democrático de Direito e pela


preservação da dignidade da pessoa humana.
A democracia significa o governo do povo, pelo povo e para o povo. É chamada
soberania popular. Sua fundamentação constitucional encontra-se no artigo 1°
da CF:

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Esse princípio também é conhecido como princípio sensível, e no Brasil,


caracteriza-se por seu exercício se dar de forma direta e indireta. Por esse
motivo, a democracia brasileira é conhecida como semidireta ou participativa.

Princípio da Tripartição dos Poderes


Também chamado de Princípio da Separação dos Poderes, originou-se na
tentativa de limitar os poderes do Estado.

A previsão constitucional desse princípio encontra-se no artigo 2° da


Constituição:
Art. 2° São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Esses são os três poderes, cada qual responsável pelo desenvolvimento de uma
função principal do Estado:

449
➔ Poder Executivo – Função principal (típica) de administrar o Estado;

➔ Poder Legislativo – Função principal (típica) de legislar e fiscalizar as contas


públicas;

➔ Poder Judiciário – função principal (típicas) jurisdicional.

Além da sua própria função, a Constituição criou uma sistemática que permite a
cada um dos poderes o exercício da função do outro poder. A essa função
acessória, damos o nome de função atípica.

➔ Poder Executivo – Função atípica de legislar e julgar;

➔ Poder Legislativo – Função atípica de administrar e julgar;

➔ Poder Judiciário – Função atípica de administrar e julgar.

Dessa forma, pode-se dizer que além da própria função, cada poder exerce de
forma acessória a função do outro poder.

450
EXERCÍCIOS

1. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos


Estados, Municípios e Distrito Federal, adota a federação como forma de Estado.

( ) certo ( ) errado

2. O regime político adotado na CF caracteriza a República Federativa do Brasil


como um Estado Democrático de Direito em que se conjuga o princípio
representativo com a participação direta do povo por meio do voto, do plebiscito,
do referendo e da iniciativa popular.

( ) certo ( ) errado

3. A função típica do Poder Legislativo é legislar, do Poder Executivo, administrar


e do Poder Judiciário, exercer a jurisdição. Contudo, cada um dos poderes
exerce, em pequena proporção, função que seria originariamente de outro. Isso
ocorre para assegurar-se a própria autonomia institucional de cada poder e para
que um poder exerça, em última instancia, um controle sobre o outro, evitando-
se o arbítrio e o desmando.

( ) certo ( ) errado

GABARITO

1 - CERTO
2 - CERTO
3 - CERTO

451
Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil

Fundamentos da República Federativa do Brasil


Os fundamentos da República Federativa do Brasil devem ser entendidos como
os pilares de sua organização, a sua base ideológica, sem os quais ela não pode
existir tal como foi conhecida pelo Poder Constituinte Originário.
Sobre esses fundamentos, dispõe o Art. 1° da Constituição:
1° A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados
e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito
e tem como fundamentos:
I – a soberania
II – a cidadania
III – a dignidade da pessoa humana
IV – os valores socais do trabalho e da livre inciativa
V – o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Soberania
Por esse princípio, o Brasil deve preservar e afirmar a exclusividade de seu poder
dentro do território nacional, devendo ser tratado de forma igual em seu
relacionamento com outros países.
• Ordem Interna
➢ Poder do Estado brasileiro é superior a todas as demais manifestações
de poder.
➢Não é superado por nenhuma forma de poder
• Ordem Internacional
➢ Brasil encontra-se em igualdade com os demais Estados
independentes.

Cidadania
Não existe um conceito unanime para a cidadania. Modernamente esse termo
vem sendo interpretado como o direito do brasileiro a uma vida digna, como a
possibilidade de definir o seu futuro e de intervir na vida política de seu país,
tendo para isso, acesso a serviços de saúde e educação de qualidade, bem
como à informação transparente por parte do Estado.

452
Dignidade da Pessoa Humana
A razão de ser do Estado brasileiro se funda na dignidade da pessoa humana.
Há o reconhecimento de duas posições jurídicas ao indivíduo.
I – Direito de proteção individual.
Em relação ao Estado e aos demais indivíduos.
II – Dever fundamental de tratamento igualitário aos seus semelhantes.

Valores Sociais do Trabalho e da Livre Iniciativa


O Brasil reconhece a importância do trabalho individual e coletivo para o
desenvolvimento econômico e social da nação o qual deve ser exercido com
dignidade e mediante condições mínimas.
• Estado capitalista
• Reconhecimento de um valor social na relação entre capital e trabalho.
Art. 170 da CF – A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho
humana e na livre inciativa, tem por fim assegurar a todos a existência
digna, conforme os ditames da justiça social (grifo nosso).

Pluralismo Político
Dever de reconhecer e garantir a inclusão das diversas correntes de pensamento
e grupos representantes de interesse existentes no seio do corpo comunitário.

Objetivos Fundamentais da República Federativa do Brasil


Art. 3° Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil
I – construir uma sociedade livre, justa e solidaria;
II – garantir o desenvolvimento nacional;
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais;
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação.

453
Esse dispositivo constitucional elege os objetivos principais de nossa republica
as principais metas a serem alcançadas, cuja persecução não deve ser
interrompida enquanto não alcançadas.

Finalidade dos objetivos fundamentais

✓ Assegurar a igualdade material entre os brasileiros

✓ Possibilitar a todos iguais oportunidade

• Para alcançar o pleno desenvolvimento de sua personalidade


• Para autodeterminar e lograr atingir suas aspirações materiais e
espirituais

Princípios das Relações Internacionais


Art. 4° A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
internacionais pelos seguintes princípios:
I – independência nacional;
II – prevalência dos direitos humanos;
III – autodeterminação dos povos;
IV – não intervenção;
V – igualdade entre os Estados;
VI – defesa da paz;
VII – solução pacifica dos conflitos;
VIII – repudio ao terrorismo e o racismo;
IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X – concessão de asilo políticos.

Independência Nacional
Decorre da própria soberania o princípio de que o Brasil deve manter uma
posição independente frente a outros países, nunca subordinado os interesses
nacionais aos estrangeiros.

Prevalência dos Direitos Humanos


Corolário dos fundamentos da dignidade da pessoa humana, tal princípio
determina que, em suas relações internacionais, no pais deve sempre respeitar

454
e fazer respeitar os direitos humanos contra qualquer violação por parte dos
Estados ou particulares, não sobrepondo a esse respeito qualquer interesse
econômico ou político.

Autodeterminação dos Povos e Não Intervenção


Assim como o Brasil deseja ser respeitado como um país soberano, também
deve respeitar a soberania das demais nações.
O princípio da não intervenção, porém, é relativo, não impedindo que o Brasil
venha a participar de missões organizadas pela ONU, ou intervir em outros
países para resguardar os interesses dos cidadãos brasileiros, ou quando
houver justificativa humanitária para tal.

Igualdade Entre os Estados


Diante do Estado brasileiro, todas as outras nações são iguais, merecendo, em
princípio, o mesmo tratamento e respeito, não havendo quaisquer Estados
“naturalmente” merecedores de tratamento especial em relação aos outros.

Defesa da Paz e Solução Pacifica dos Conflitos


O Brasil deve pautar sempre pela manutenção da paz e a busca de soluções
pacificas para os conflitos, embora se reconheça, em casos excepcionais, a
utilização da força, de forma proporcional e apenas durante o tempo estritamente
necessário.

Repudio ao Terrorismo e ao Racismo


O Brasil deve deixar claro, em suas relações internacionais, o seu repudio ao
terrorismo e ao racismo, rejeitando qualquer acordo que os estimule de qualquer
forma.

Cooperação dos Povos para o Progresso da Humanidade


O país entende que deverá haver cooperação, não apenas a nível militar, mas
nos demais aspectos (econômico, tecnológico, etc), buscando o bem estar da
humanidade.

Concessão de Asilo Politico


A concessão do asilo político é ato de soberania estatal, discricionário e de
competência do Presidente da República.

455
INdependência nacional
Prevalência dos direitos humanos
Autodeterminação dos povos
Não intervenção
Igualdade entre os estados
Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade
Solução pacifica dos conflitos
DEfesa da paz
COncessão de asilo politico
REpúdio ao terrorismo e ao racismo

456
EXERCÍCIOS

1. O fundamento do Estado Democrático de Direito, previsto no art. 1° da


Constituição Federal, que torna o cidadão titular de direitos e qualifica como
participante da vida do Estado é

a) a livre iniciativa e os valores sociais do trabalho


b) a soberania
c) a dignidade da pessoa humana
d) a cidadania
e) o pluralismo politico

2. NÃO é um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil

a) garantir o desenvolvimento nacional


b) construir uma sociedade livre, justa e solidaria
c) construir uma supremacia perante os países da América Latina]
d) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais
e) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade
e quaisquer outras formas de discriminação.

GABARITO

1-D
2-C

457
Direitos e Garantias Fundamentais: Origem e
Características

Direitos Fundamentais - Regra Gerais


Os Direitos Fundamentais são institutos jurídicos que foram criados no decorrer
do desenvolvimento da humanidade e são normas protetivas que formam um
núcleo de prerrogativas inerentes ao ser humano, ou seja, seu objetivo principal
é a proteção do indivíduo, tanto na relação indivíduo-Estado-relação vertical-,
como também em relação aos outros indivíduos da sociedade - relação
horizontal.

Características

➢ Historicidade
Essas características revelam que os Direitos Fundamentais são frutos da
evolução histórica da humanidade. O indivíduo evolui com o passar do tempo.

➢ Inalienabilidade
Os Direitos Fundamentais não podem ser alienados, não podem ser negociados,
não podem ser transigidos.

➢ Irrenunciabilidade
Os Direitos Fundamentais não podem ser renunciados

➢ Imprescritibilidade
Os Direitos Fundamentais não se sujeitam aos prazos prescricionais. Não se
perde um direito fundamental com o passar do tempo.

➢ Universalidade
Os Direitos Fundamentais pertencem a todas as pessoas, independentemente
de sua condição.

➢ Máxima Efetividade

458
Essa característica é mais uma imposição ao Estado, que está coagido a garantir
a máxima efetividade dos direitos fundamentais. Esses direitos não podem ser
ofertados de qualquer forma. É necessário que eles sejam garantidos da melhor
forma possível.

➢ Concorrência
Os direitos fundamentais podem ser utilizados em conjunto com os outros
direitos. Não é necessário abandonar um para usufruir outro direito.

➢ Complementariedade
Um direito fundamental não é interpretado sozinho. Cada direito é analisado
juntamente com os outros direitos fundamentais.

➢ Proibição do Retrocesso
Essa característica proíbe que os direitos já conquistados sejam perdidos.

➢ Limitabilidade
Não existe direito fundamental absoluto. Todos são direitos relativos.

➢ Não Taxatividade
O rol de direitos fundamentais é meramente exemplificativo, tendo em vista a
possibilidade de novos direitos.

Dimensões dos Direitos Fundamentais


Embora hoje se fale muito em direitos fundamentais até a sétima geração, a
doutrina tradicionalmente identifica três gerações – ou dimensões – de direitos
fundamentais, de acordo com a sua evolução histórica.

➢ DIREITOS DA 1ª GERAÇÃO – Direitos civis e políticos. Estão ligados à ideia


de liberdades negativas, pois impõem ao Estado o direito de não fazer.
Constituem limites ao Estado em relação à vida das pessoas, trazendo a ideia
de direitos individuais.
Ligados fundamentalmente aos valores de liberdade dos indivíduos

459
➢ DIREITOS DE 2ª GERAÇÃO – Direitos sociais, econômicos e cultuais. Os
direitos sociais foram criados no intuito de reduzir as diferenças sociais, sendo
necessária nesse caso a intervenção do Estado através de ações prestacionais,
buscando garantir uma existência digna aos cidadãos. São chamadas de
liberdades positivas, e podem estar associadas à igualdade.

➢ DIREITOS DE 3ª GERAÇÃO – Direitos difusos ou transindividuais. Surgem


aproximadamente em meados de 1970. São direitos de titularidade coletiva, não
se limitando aos direitos dos indivíduos, mas de toda a coletividade como, por
exemplo, o direito ao meio ambiente. Pois, em casos de degradação do meio
ambiente, todas as pessoas, independente de onde morem, serão atingidas.

➢ Estão relacionados à ideia de Solidariedade/Fraternidade.

460
EXERCÍCIO

1. São direitos fundamentais classificados como de segunda geração:

a) os direitos econômicos e culturais


b) os direitos de solidariedade e os direitos difusos
c) as liberdades públicas
d) os direitos e garantias individuais e coletivos

2. Direito fundamental pode sofrer limitações, mas é inadmissível que se atinja


seu núcleo essencial de forma tal que se lhe desnature a essência.

GABARITO

1-A
2 - CERTO

461
DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS

O caput do Art. 5° elenca os cincos grupos de direitos previstos no artigo 5°, a


saber:
• Direito à Vida
• Direito à Igualdade;
• Direito à Propriedade;
• Direito à Segurança.

Art. 5° “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo aos brasileiros e aos estrangeiros e aos residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
I – Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição

Direito à Vida

O direito à vida assegura não somente o direito de permanecer vivo, mas


também o direito a ter uma vida digna.
Assim como os demais direitos, o direito à vida não é absoluto. A Carta Magna
e outras leis infraconstitucionais estabelecem a relativização destes direitos.

✔ Pena de Morte:
XLVII. Não haverá penas:

462
a) De morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art 84. XIX.

✔ Aborto
O aborto é proibido no Brasil em respeito ao direito à Vida, porém a lei o permite
em alguns casos.
O art. 128 do Código Penal Brasileiro apresenta duas possibilidades de aborto
que são verdadeiras excludentes de ilicitude.
“Art. 128. – Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante
legal.”

→ Feto anencéfalo – O STF, em 2012, por decisão majoritária (8 votos a 2),


legalizou o aborto de tais fetos.

→ Células tronco embrionárias:


O STF decidiu através da ADI 3.510, pela legitimidade da pesquisa cientifica com
a utilização de células – tronco embrionárias, conforme art. 5° da lei n°
11.105/2005

Art. 5° É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células –


tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidas por fertilização in
vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes
condições:
I – sejam embriões inviáveis ou
II – sejam embriões congelados há (três) anos a mais, na data da publicação
desta Lei, ou que, já congeladas na data da publicação desta Lei, depois de
completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento.

Direito à Igualdade

Igualdade formal x igualdade material

463
É uma igualdade jurídica, que apenas evita que alguém seja tratado de forma
discriminatória.
Na lei: vincula o legislador (dá uma direção ao legislador)

Igualdade material
É a igualdade que se preocupa com a realidade. Chamada ou substancial.
Dá-se através de ações afirmativas.

DICA:
A igualdade formal é a regra utilizada pelo Estado, buscando promover um
tratamento isonômico à sociedade. No entendo, em alguns casos, se faz
necessário a aplicação da igualdade material, para que se atinja a equidade e a
verdadeira isonomia.
I – Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos temos desta
Constituição.

O inciso I da Carta Magna traz a igualdade formal. Contudo, em algumas


situações, homens e mulheres serão tratados de forma diferente:

✔ Licença Maternidade

464
• Mulher – 120 dias
• Homens – 5 dias

✔ Aposentadoria

• A mulher se aposenta 5 anos mais cedo que o homem

✔ Serviço Militar Obrigatório

• Obrigatório apenas para os homens

Igualdade nos Concursos


É possível restringir o acesso a um cargo público em razão de sexto ou idade?
- Sim. Desde que preenchidos alguns requisitos:

1) Deve ser fiado em lei


Como exemplo para este requisito, podemos citar os cargos para policiais, que
exigem altura mínima ou ainda idade máxima, tendo em vista a complexidade
das atividades desempenhadas.

465
EXERCÍCIOS

1. Conforme preceitua o Art. 5° da Constituição Federal, todos são iguais perante


a lei, sendo todos iguais em direitos e obrigações.

Esse princípio constitucional é o da


a) Isonomia
b) Segurança Jurídica
c) Legalidade
d) Moralidade
e) Autonomia

2. Em razão do caráter absoluto do princípio da isonomia, não se admite o


estabelecimento de proibições relativas ao acesso em determinadas carreiras
por critério de idade.
( ) certo ( ) errado

GABARITO

1-A
2 - ERRADO

466
DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Direito à Liberdade
O direito à liberdade pertence à primeira geração dos direitos fundamentais e
expressa um dos direitos mais ansiados pela sociedade.
Esta ideia de liberdade trazida pela Constituição Federal é bem ampla e abrange
liberdades como locomoção, pensamento, reunião, consciência, entre outros.
Conforme analisaremos a seguir.

Liberdade de Ação
De acordo com o inciso II da Carta Magna:
II. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei.
Esta é a liberdade em sentido amplo. Aqui a Constituição traz que o particular só
será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, se houver lei ou norma que venha
a proibir ou compelir determinada atitude ou comportamento. Por este motivo,
este inciso também é chamado de Princípio da Legalidade.
A liberdade poderá, no entanto, ser entendida de duas formas diferentes, de
acordo com o seu destinatário:
• Para o particular: Para o particular, a liberdade significa “fazer tudo
aquilo que não lhe é proibido.” Há aqui uma autonomia de vontade.
• Para o agente público: Para o agente público, a liberdade significa “fazer
apenas o que a lei manda ou permite”.

467
Liberdade de Manifestação do Pensamento e Direito de Resposta

Assim como os demais direitos fundamentais, o direito à manifestação do


pensamento não é absoluto. A própria Constituição faz restrição ao anonimato.

IV - É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

A exigência da vedação ao anonimato citada acima, não impede o jornalista de


resguardar o sigilo de suas fontes. No entanto, em caso de opção pelo resguardo
do sigilo da fonte, em casos de informações injuriosas, caluniosas ou difamantes,
será o jornalista quem responderá perante o Poder Judiciário.

XIV - e assegurado a todo o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,


quando necessário ao exercício profissional;

A vedação ao anonimato, além de ser uma garantia à liberdade do pensamento,


traz consigo a possibilidade do exercício do direito de resposta constante do
inciso V.

V. É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da


indenização por dano material, moral ou à imagem.

O termo “proporcional ao agravo” significa que a resposta deverá ser o mesmo


veículo de comunicação, pelo mesmo tempo e com o mesmo destaque que foi
dado à notícia injuriosa.
A lei 13.188/2015 regulamenta o direito de resposta e assegura que o exercício
deste direito seja de forma gratuita, conforme texto do Art. 2°.

“Art. 2° Ao ofendido em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo


de comunicação social é assegurado o direito de resposta ou retificação, gratuito
e proporcional ao agravo”.

SE LIGA!!!
1. De acordo com o Art. 3° da Lei 13.188/2015, o prazo para o exercício do direito
de resposta é decadencial de 60 dias;

468
2. As indenizações por dano Material, Moral e à Imagem são cumulativas;
3. O direito de resposta se dá nas esferas cíveis, administrativa e penal.

Direito – Indenização – Dano Material – Perda financeira


• Dano Moral – Ligado ao sofrimento da pessoa
• Dano à Imagem – Como a pessoa ficou perante a sociedade diante da
agressão

Liberdade de Consciência e Crença


De acordo com o inciso VI.
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o
livre exercício dos cultos religiosos e garantia, na forma da lei, a proteção aos
locais de culto e suas liturgias;

Este inciso marca a liberdade religiosa do Brasil, que se consagra como um


Estado laico, leigo ou não confessional. Isso não quer dizer que o Brasil é um
País ateu, mas sim que deve respeitar as convicções religiosas existentes.
No Brasil existe uma relação de separação entre Estados e Igreja. Esta vedação
está expressa na Carta Magna (Art. 19,I, CF)
“Art. 19 É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.

I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvenciona-las, embaraçar- lhes o


funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de
dependências ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse
público”.

Enquanto a liberdade de crença está ligada à convicção íntima do indivíduo, a


liberdade de culto está relacionada à exteriorização desta convicção. Sendo
assim, a Carta Magna se preocupou não somente em garantir a liberdade de
culto, mas também em proteger os locais de culto e liturgias, contra a ação de
terceiros.

Outros incisos interessantes a ser visto é o seguinte:


VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas
entidades civis e militares de internação coletiva;

469
Aqui o Estado garante o exercício do direito de crença também daqueles que
estão custodiados, enfermos ou em quaisquer outros locais de internação
coletiva.

Escusa de Consciência
VIII – ninguém será privada de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

O inciso VII permite que qualquer indivíduo deixe de cumprir uma obrigação
importa por convicção religiosa, filosófica ou política, sem que sofra qualquer
punição. No entanto, no caso de obrigação a todos imposta, caso o indivíduo se
recuse a cumprir, lhe será oferecida uma prestação alternativa. Se ainda assim,
está indivíduo se recusar a cumprir essa prestação, ele sofrerá as punições
previstas no Art. 15, IV.

Art. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se


dará nos casos de: IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
prestação alternativa, nos termos do art. 5°, VIII;

Em relação à presença de símbolos religiosos em repartições públicas, o STF


entende que tais símbolos não destituem a laicidade do País, mas fazem parte
da cultura.
Já no que diz respeito ao ensino religioso nas escolas públicas de ensino
fundamental, a matricula será facultativa.

Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de


maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e
artísticos, nacionais e regionais.
§ 1° O ensino religioso, de matricula facultativa, constituirá disciplina dos horários
normais das escolas públicas de ensino fundamental.

O conteúdo ministrado deve ser não confessional (conhecimento da história e


características das diversas religiões) ou interconfessional (princípios comuns a
diversas religiões).

470
EXERCÍCIOS

1. A liberdade de manifestação de pensamento pode ser exercida de modo


anônimo, se assim o preferir o indivíduo.

( ) certo ( ) errado

2. De acordo com a CF, e com base no direito à escusa de consciência, o


indivíduo pode se recusar a praticar atos que conflitem com suas convicções
religiosas, políticas ou filosóficas, sem que essa recusa implique restrições a
seus direitos.

( ) certo ( ) errado

3. No Brasil, está garantida a liberdade do exercício de culto religioso, uma vez


que é inviolável a liberdade de consciência e de crença.

( ) certo ( ) errado

GABARITO

1 - ERRADO
2 - CERTO
3 - CERTO

471
DIREITO À LIBERDADE

Liberdade de Locomoção
“XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo
qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com
seus bens”.

Não haverá qualquer limitação à locomoção dos indivíduos no território nacional.


Esse direito, como todos os demais direitos fundamentais, não possui caráter
absoluto, visto que a liberdade citada se refere aos tempos de paz. Em
momentos de guerra é possível haver restrições a tal direito. É o caso do Estado
de Sítio e Estado de Defesa.

Caso a liberdade de locomoção seja restringida por ilegalidade ou abuso de


poder, a Constituição reservou um poderoso instrumento garantidor, o chamado
Habeas Corpus.

“Art. 5°, LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção,
por ilegalidade ou abuso de poder”.

Liberdade de Reunião
XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
público independentemente de autorização, desde que não frustrem outra
reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido
prévio aviso à autoridade competente.

A respeito desse inciso, é de grande importância ressaltar as condições


estabelecidas pela Constituição Federal.

472
1. A reunião deve ser pacifica;
2. Sem armas;
3. Locais abertos ao público.
4. Independente de autorização;
5. Necessidade de aviso prévio;
6. Não frustrar outra reunião convocada anteriormente para o mesmo local.

Esse direito de reunião poderá ser restringido em caso de estado de defesa e


estado de sitio.

ESTADO DE DEFESA
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da Republica e o
Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou
prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública
ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou
atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.

473
§ 1° O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua
duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e
limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:
I – restrições aos direitos de?
a) reunião, ainda que exercida no seio da associaçãs;

ESTADO DE SÍTIO
Art. 139. Na vigência do estado de sitio decretado com fundamento no art. 137,
I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:
IV – suspensão de liberdade de reunião;

LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO
A Constituição Federal traz diversos dispositivos que tratam de liberdade de
associação:
XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter
paramilitar;
XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas
independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu
funcionamento;

Entende-se como associação de caráter paramilitar toda organização paralela


ao Estado, sem legitimidade, com estrutura e organização tipicamente militar.
É importante destacar ainda a dispensa de autorização e interferência estatal em
seu funcionamento. O Estado não poderá interferir nas associações e
cooperativas, que tem o direito de se organizarem da forma que lhe convir,
atendidas as normas legais. Ademais, o Estado não poderá exigir qualquer
autorização para a criação de associações.

XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas


atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o
trânsito em julgado;

474
Para a suspensão (interrupção temporária) ou para a dissolução (extinção
definitiva) das associações, exige-se sempre uma decisão judicial.

“XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer


associados;”

A Carta Magna assegura o direito de se associar ou deixar de sê-lo a qualquer


momento. Lembrando que o desrespeito a este inciso poderá configurar crime,
conforme Art. 199 do Código Penal.

XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, tem


legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

Às associações é permitido representar seus associados perante terceiros, bem


como perante o Poder Judiciário, desde que expressamente autorizado para
tal.

Liberdade Profissional
“XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, oficio ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer;”

De acordo com o STF, trata-se de uma norma de eficácia, contida, já que a


restrição poderá ocorrer por meio de Lei. Ainda de acordo com o entendimento
do STF, a regra é a liberdade, sendo assim a restrição será aplicada quando a
atividade representar potencial lesivo.

475
EXERCÍCIOS

1. As entidades associativas, se expressamente autorizadas, possuem


legitimidade para representar seus filiados na esfera judicial.

( ) certo ( ) errado

2. O prévio aviso à autoridade para realizar uma reunião limita-se, tão somente,
a impedir que se frustre outra reunião anteriormente convocada para o mesmo
loca.

( ) certo ( ) errado

3. Considere que determinada associação será ré em ação judicial que pleiteie


a suspensão de suas atividades. Nessa situação hipotética, caso o juiz
competente julgue procedente o pleito, será necessário aguardar o trânsito em
julgado da decisão judicial para que a referida associação tenha suas atividades
suspensas.

( ) certo ( ) errado

GABARITO

1 - CERTO
2 - ERRADO
3 - ERRADO

476
DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Direito à Propriedade
XXII – é garantido o direito de propriedade;

A Constituição Federal reconhece o direito de propriedade, como o direito de


usar, usufruir e dispor da coisa.

Função Social da Propriedade


XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;

No entanto, a propriedade deverá atender sua função social, ou seja, o direito de


propriedade não poderá ser exercido em detrimento da sociedade.

A Constituição estabelece ainda as condições para que as propriedades urbanas


e rurais atendem sua função social.

Propriedade Urbana
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público
municipal, conforme diretrizes gerias fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de
seus habitantes.
§ 2°A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às
exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

Propriedade Rural
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, a
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei,
aos seguintes requisitos:
I – aproveitamento racional e adequados;
II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio
ambiente;
III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho;

477
IV – exploração que favoreça o bem – estar dos proprietários e dos
trabalhadores.

Desapropriação
Desapropriação é o ato administrativo pelo qual o Estado retira a propriedade do
XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para a desapropriação por
necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia
indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;

A Carta Magna traz em seu bojo as razões pelas quais isso pode ser feito. São
elas: interesse social ou utilidade pública.

• Necessidade Pública: a administração está diante de uma situação de


risco iminente.
• Utilidade Pública: a desapropriação é conveniente ao interesse público.
• Interesse Social: finalidade de reduzir as desigualdades sócias.

Desapropriação pelo mero interesse público


Ocorre quando o interesse social ou a utilidade pública prevalecem sobre o
interesse individual. O proprietário não fez algo fora da lei ou que gere sanção,
mas o interesse público exige que determinada área seja desapropriada. Isso
ocorre, por exemplo, quando há a necessidade de construção de rodovias ou
obras de metrô. Neste caso, a indenização é prévia, justa e em dinheiro.

478
Desapropriação-sanção

O proprietário, neste caso, não observou a função social da propriedade. A


chamada desapropriação-sanção é uma punição, e a indenização deverá ser
paga em títulos da dívida pública ( no caso de propriedade urbana) ou títulos da
dívida agrária ( o caso de propriedade rural).

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público


municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de
seus habitantes.
§ 4° É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei especifica para área
incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo
urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I – parcelamento ou edificação compulsória;
II – impostos sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no
tempo;
III – desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de
emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de
até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real
da indenização e os juros legais.

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de
reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social,
mediante prévia e justa indenização em títulos da divida agrária, com cláusula

479
de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do
segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

Desapropriação confiscatória
Ocorre quando a propriedade é utilizada para o cultivo de plantas psicotrópicas.

Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde


foram localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de
trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma
agraria e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao
proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no
que couber, o disposto no art. 5°.

Nesse caso o proprietário, além de não ser indenizado, poderá ser processado
pelo ilícito penal.

Requisição Administrativa
XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá
usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior,
se houver dano;

480
Nesse caso, não se trata de desapropriação, uma vez que o dono não perde a
propriedade, apenas a empresta para uso público temporariamente, e em caso
de iminente perigo público.

→ Atende-se que este dispositivo deixa claro que somente haverá indenização
se houver dano.

Bem de Família
XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que
trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos
decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de
funcionar o seu desenvolvimento.

O inciso XXVI proíbe que a pequena propriedade rural, que seja trabalhada pela
família, seja penhorada apara quitar débitos decorrentes de sua própria atividade
produtiva.

Atende-se-aos requisitos constantes no inciso:


• Pequena Propriedade Rural - Não é qualquer propriedade.
• Definida em Lei -
• Trabalhada pela Família - A família tira seu sustento do seu trabalho na
propriedade
• Débitos Decorrentes da Atividade Produtiva

Propriedades Imaterial
• Direito dos Autores
XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação
ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que
a lei fixar;
A propriedade autoral é vitalícia ao autor. Mas para os herdeiros a terão
por tempo limitado, estabelecido em lei ordinária.

• Direitos de Participação
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e imagem e
voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;

481
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que
criarem ou de que participam aos criadores, aos interpretes e às
respectivas representações sindicais e associativas;

Esse dispositivo garante a participação econômica nas obras coletivas, assim


como o direito de fiscalização de tal aproveitamento econômico.
• Direitos do Inventor e Proteção da Marca
XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilegio
temporário para sua utilização, bem como proteção às criações
industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros
signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento
tecnológico e econômico do País;
Diferente dos autores de obras literárias, neste caso a titularidade sobre os
direitos de criação é temporária.
O inciso XXIX prevê ainda a proteção às marcas, logotipos, entre outros. Esta
proteção é de interesse do País, além do interesse do titular.

Direito à Herança

XXX – é garantido o direito de heranças;


XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela
lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não
lhes seja mais favorável a lei pessoal do “de cujus”;

Além de a Constituição garantir o direito de herança, ela estabelece que, no caso


de um estrangeiro falecer no Brasil, a lei aplicada para regular a sucessão dos
bens situados do País, será aplicada a lei brasileira, a não ser que seja mais
favorável aos herdeiros a lei do País do falecido.

482
EXERCÍCIOS

1. A Constituição Federal estabelece, em diversas normas, a proteção à


propriedade individual. Há normas, no entanto, que incluem limitações diversas
e a possibilidade de perda da propriedade, com ou sem indenização, a depender
das circunstâncias.
Como regra geral, estabelece-se a necessidade de que a propriedade tenha
função

a) pessoal
b) regional
c) social
d) própria
e) concorrencial

2. Analise-as assertivas abaixo.

I – no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de


propriedades particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se
houver dano.
II – Será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião.
III- São gratuitas as ações de “habeas-corpus” e “habeas-data”, e, na forma da
lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.
IV - O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos.

De acordo com os direitos e deveres individuais e coletivos elencados a


Constituição Federal de 1988, quais estão corretas?

a) I e II.
b) II e III;
c) I, III e IV;
d) todas

483
3. No caso de iminente perigo público, um policial rodoviário federal, sendo a
autoridade competente, poderá utilizar propriedade privada, garantindo ao
proprietário ressarcimento posterior, em caso de dano.

( ) certo ( ) errado

GABARITO

1-C
2-C
3-C

484
DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Direito à Segurança
A segurança tratada aqui é a “segurança jurídica” que trata de normas de
pacificação social e que produz segurança nas relações sociais.

Inviolabilidade Domiciliar
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.

Como regra, ninguém pode adentrar o domicílio sem o consentimento do


morador. No entendo existem 4 exceções:

✓ Flagrante delito;

✓ Desastre;

✓ Prestar socorro;

✓ Determinação judicial, durante o dia.

DICA
1. CASA: De acordo com a jurisprudência, é considerado casa qualquer
compartimento habitado ou aposento coletivo, ou ainda compartimento não
aberto ao público, ou individuo exerce sua profissão ou atividade.
2. DIA: A doutrina adota dois posicionamentos
a) Das 6h as 18h
b) Da aurora ao crepúsculo

Sigilo das Comunicações


XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas,
de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação
criminal ou instrução processual penal;
Esta garantia abrange também as comunicações por meios eletrônicos.

485
Das quatro opções apresentadas, note que, de acordo com o texto
constitucional, apenas a comunicação dos Dados Telefônicos poderá ser
violada, para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
Cabe observar também que apenas um juiz poderá decretar a quebra do sigilo
telefônico, respeitadas as condições previstas em lei.

No que diz respeito ao sigilo dos dados bancários, fiscais, informáticos e


telefônicos, a jurisprudência permite a sua quebra através de CPI – Comissão
Parlamentar de Inquérito.

Inadmissibilidade de Provas Ilícitas


LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

O atual sistema processual não admite as provas produzidas por meios ilícios.
Os fins não justificam os meios.
No âmbito processual, a prova ilícita produz nulidade de todo o processo. Esse
feito decorre da Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada. Segundo a teoria,
se a árvore estiver envenenada, seus frutos também estarão.

Gratuidade das Certidões de Nascimento e de Óbito


LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;

O texto constitucional diz que as gratuidades do registro civil e da certidão de


óbito são apenas para os reconhecidamente pobres. A Lei 6.015/73 diz que:

Art. 30 – Não serão cobrados emolumentos pelo registro civil de nascimento e


pelo assento de óbito, bem como pela primeira certidão respectiva,
§ 1° Os reconhecidamente pobres estão isentos de pagamento de emolumentos
pelas demais certidões extraídas pelo cartório de registro civil.
A referida lei amplia a abrangência da gratuidade citada no texto constitucional.

486
Segurança nas Relações Jurídicas

XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada;

→ Direito Adquirido - pode ser conceituado como o direito que já se incorporou


ao patrimônio de seu detentor.
→ Ato Jurídico Perfeito - Foi realizado em conformidade com a lei, e reuniu
todos os requisitos necessários à sua formação.
→ Coisa Julgada - Já não cabe mais recurso da decisão. Diz-se que a decisão
foi Transitada em Julgado.

Devido Processo Legal


LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem devido processo
legal.
O devido processo legal poderá ser resumido como um processo justo, onde as
partes terão direito ao contraditório, ampla defesa, que seja conduzido por um
juiz competente e que respeite as prescrições legais.
Daí surge a garantia à razoabilidade e à proporcionalidade.

487
EXERCÍCIOS

1. Assinale a alternativa correta considerando as disposições da Constituição


Federal quanto aos direitos e garantias fundamentais.

a) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem


consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delido ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
b) É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo ou,
subsidiariamente, a indenização por dano material, moral ou à imagem.
c) É assegurada, nos temos da lei, a prestação de assistência religiosa nas
entidades civis de internação coletiva, inexistindo tal garantia nas entidades
militares.
d) É inviolável o sigilo de correspondência e das comunicações telegráficas, de
dados e das comunicações telefônicas, salvo, em todos os casos, por ondem
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação
criminal ou instrução processual penal.

2. A conversa telefônica gravada por um dos interlocutores não é considerada


interceptação telefônica.

( ) certo ( ) errado

3. É inviolável o sigilo das comunicações telefônicas, salvo por ordem da


autoridade judicial ou administrativa, para instrução de processo criminal, civil ou
administrativo.

( ) certo ( ) errado

GABARITO

1-A 3 - ERRADO
2 - CERTO 4 - ERRADO

488
DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Direito à Segurança

Contraditório e Ampla Defesa


LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos
a ela inerentes.

✓ Contraditório: Direito de conhecer e rebater os argumentos e provas


apresentados.

✓ Ampla Defesa: Produzir todas as provas que julgarem necessárias.

Como regra, a ampla defesa e o contraditório são garantidos em todos os


processos, sejam eles administrativos ou judiciais. No entanto, há alguns casos
em que não caberá o exercício desse direito.
• Inquérito Policial;
• Sindicância investigativa;
• Inquérito Civil.

Proporcionalidade e Razoabilidade
A referida garantia não está expressa no texto constitucional. Trata-se de um
princípio implícito que decorre do Princípio do Devido Processo Legal.
Esse instituto está ligado à necessidade e a adequação de acordo com a
situação. É um ato discricionário do agente público.
Para exemplificar, imaginemos que um determinado fiscal sanitário, ao
inspecionar um supermercado, se depara com uma embalagem de iogurte com
a data de validade vendida há um dia. Imediatamente, ele prende o dono do
mercado, realiza revista manual em todos os clientes e funcionários do mercado
e aplica uma multa de dois bilhões de reais. Diante disso, perguntamo-nos: será
que a medida adotada pelo fiscal foi necessária? Foi adequada? Certamente que
não. Logo, a medida não observou os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade.

489
Inafastabilidade da Jurisdição
XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito.
Nenhuma lei pode impedir o Judiciário de aprecia uma alegada lesão ou ameaça
de lesão a direito, e, por outro lado, os juízes não podem se omitir em cumprir
sua função jurisdicional.

Inexiste a obrigatoriedade de esgotamento da via administrativa para que a parte


possa acessar o Judiciário.
O texto constitucional não proíbe que os particulares, por sua livre e espontânea
vontade, ao invés de submeterem a questão ao Judiciário, acordem por delegar
a resolução da questão a terceiro, através do instituto da arbitragem.

Há, no entanto, casos em que será necessário que se esgote as vias


administrativas antes de buscar o Poder Judiciário, como é o caso da justiça
desportiva.

Art. 217, § 1° O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às


competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva,
regulada em lei.

Razoável Duração do Processo


LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação.

A Constituição não define o que seja razoável duração do processo, no entanto


essa definição está diretamente ligada à necessidade de o processo ser
concluído o mais rápido possível, sem prejudicar a busca da justiça.
Existem diversas vias para acelerar a duração do processo no atual
ordenamento jurídico:
• Juizados especiais
• Sumulas vinculantes
• Realização de inventários e partilhas por vias administrativas
• Informatização do processo

490
Direito de Petição e Certidões
XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contar
ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e
esclarecimento de situações de interesse pessoal;

Todos têm direito de peticionar perante o Poder Público, visando a busca de


seus direitos ou para denunciar qualquer ilegalidade ou abuso de poder, não
sendo permitida a exigência de pagamento de taxadas para o exercício desse
direito.

O direito de petição pode ainda ser definido como o direito de invocar a atenção
do Poder Público sobre uma questão ou situação.

Já a CERTIDÃO é um atestado que prova determinado fato. Ex.: A Certidão de


Nascimento. Ambas servem para defesa de direitos.

Tribunal do Júri
O Tribunal do Júri pertence ao Poder Judiciário, e possui competência para o
julgamento dos crimes dolosos contra a vida.
Esse instituto é regido por alguns princípios, conforme Art. 5° XXXVIII.

XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a


lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos vereditos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

✓ Plenitude de defesa - Permite que no Júri sejam utilizadas todas as provas


permitidas em direito;

✓ Sigilo das votações - O voto dos jurados é sigiloso. Durante o julgamento


não é permitido que os jurados conversem sobre o julgamento, sob pena de
nulidade deste.

491
✓ Soberania dos veredictos - A decisão dos jurados é soberana, não podendo
ser modificada pelo juiz.

✓ Competência para julgar os crimes dolosos contra a vida - O júri julga


apenas os crimes dolosos contra a vida. Crimes dolosos são aqueles praticados
intencionalmente, ou quando o agente assume o risco de matar.

Crimes Imprescritíveis, Inafiançáveis e Insuscetíveis de Graça e Anistia

XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à


pena de reclusão, nos termos da lei;

A Carta Magna, no Art. 4°, VIII, traz o repúdio ao racismo no que diz respeito às
relações internacionais.

Art. 4° A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações


internacionais pelos seguintes princípios;
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;

492
A vedação ao Racismo constitui crime inafiançável e imprescritível e está sujeito
à pena de reclusão. Segundo entendimento do STF, a expressão racismo
abrange todas as formas de discriminação que acarretem distinções entre
pessoas em razão de origem, cor, raça, credo.

XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia


a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo
e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evita-los, se omitirem;
XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados,
civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;

493
EXERCÍCIOS

1. Alberto, reconhecidamente pobre na forma da lei, necessita obter a sua


certidão de nascimento e a certidão de óbito do seu pai, Ataulfo, que acabara
de falecer. Segundo a Constituição Federa, o Cartório de Registro Civil
competente deverá fornecer, em regra,

a) onerosamente o registro civil de nascimento de Alberto e gratuitamente a


certidão de óbito de Ataulfo, mediante o pagamento de vindo reais para cada
certidão.
b) gratuitamente o registro civil de nascimento de Alberto e onerosamente a
certidão de óbito de Ataulfo.
c) gratuitamente as certidões de registro civil de nascimento de Alberto e de
óbito de Ataulfo.
d) as certidões de nascimento e óbito mediante o pagamento de taxa simbólica
de cinco reais para cada certidão.
e) as certidões de nascimento e óbito mediante o pagamento de taxa simbólica
de dois reais para cada certidão.

2. A Constituição Federal assegura, com exclusividade, ao Tribunal do Júri:

a) Soberania dos veredictos, competência para julgar crimes dolosos contra a


vida, contraditório e plenitude de defesa.
b) Sigilo das votações, soberania dos veredictos, competência para julgar
crimes dolosos contra a vida e plenitude de defesa.
c) Contraditório, soberania dos veredictos, competência para julgar crimes
dolosos contra a vida e plenitude de defesa.
d) Competência para julgar crimes dolosos contra a vida, sigilo das votações,
incomunicabilidade do conselho de sentenças e plenitude de defesa.

3. Considerando o regime constitucional dos direitos e garantias fundamentais,


julgue o item a seguir.
A CF determina que os crimes de racismo, a pratica da tortura e o terrorismo
são imprescritíveis, inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia.
( ) certo ( ) errado

494
GABARITO

1-C
2-B
3 - ERRADO

DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Remédios Constitucionais
Os incisos LXVIII a LXXIII do Art. 5° tratam dos chamados “remédios
constitucionais”, que são garantias fundamentais que visam oferecer meios de
proteção eficientes para a defesa dos direitos fundamentais.

Habeas Corpus
LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder;
O Habeas Corpus tutela a liberdade de locomoção do indivíduo. O Habeas
Corpus poderá ser utilizado de forma preventiva ou repressiva.
• Habeas Corpus preventivo – cabe quando há a ameaça à liberdade de
locomoção do indivíduo.
Nesse caso e concedido um salvo-conduto buscando prevenir a efetivação da
ameaça.
• Habeas Corpus repressivo – nesse caso já houve a violência ou a coação
à liberdade de locomoção. Seu objetivo é fazer cessar o desrespeito à
liberdade de locomoção.
É importante ficar atento, pois o Habeas Corpus só será utilizado quando houver
ilegalidade ou abuso de poder.

É possível identificar três figuras nas relações processuais que envolvem o


habeas corpus.

495
• Impetrante – aquele que apresenta, protocolizar o habeas corpus. Este
poderá impetrar o remédio constitucional para si ou para outrem. Vale
ressaltar que esse remédio poderá ser impetrado por qualquer pessoa,
física ou jurídica, e não precisa de advogado.
• Autoridade Coatora (impetrado) - Autoridade pública ou privada que
restringiu o direito à liberdade de ir e vir.
• Paciente – é o indivíduo que precisa do remédio. Aquele em favor de
quem está sendo impetrado o pedido de Habeas Corpus.

FICA LIGADO!

✓ A pessoa jurídica pode ser apenas impetrante, porem jamais poderá ser
paciente, em virtude de sua natureza jurídica.

✓ O habeas corpus é gratuito, conforme consta no Art. 5°, LXXVII


“LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas forma da lei, os
atos necessários ao exercício da cidadania.”

✓ O Habeas Corpus não pode ser apócrifo, ou seja, sem assinatura.

Legitimação Ativa
É a capacidade jurídica de alguém de impetrar um Habeas Corpus. Em outras
palavras, é a capacidade de ser autor em uma ação de Habeas Corpus.
Esta legitimação é a mais ampla possível, não se exigindo sequer que seja
assinado por um advogado

Habeas Corpus e Punições Disciplinares Militares


O Art. 142, § 2°, da CF, proíbe a utilização do Habeas Corpus em relação às
punições disciplinares militares.
“§ 2 ° - Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.”

No entanto, o STF tem admitido o remédio quando impetrado por razões da


ilegalidade da prisão militar. Em relação ao mérito, considera-se o texto
constitucional; porém, em relação a legalidade, prevalece o entendimento do
STF de que será possível.

496
Habeas Data
Previsto no Art. 5°, LXXII, o Habeas Data objetiva a proteção ao direito da
liberdade de informação.
LXXII – conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
sigiloso, judicial ou administrativo;
O Habeas Data poderá ser usado de duas formas:
• Para conhecimento da informação;
• Para retificação da informação.

Legitimação Ativa
O Habeas Data poderá ser impetrado por pessoa física ou jurídica, brasileira ou
estrangeira.

O Habeas Data tem caráter personalíssimo, ou seja, poderão ser requeridas


apenas as informações do próprio impetrante, nunca de terceiros.

Legitimação Passiva
Poderão ser sujeitos passivos do Habeas Data ou responsáveis por entidades
governamentais, da administração pública direta e indireta. Além desses,
poderão ser sujeitos passivos também, as pessoas jurídicas privadas, desde que
tenham caráter público.

FICA LIGADO!!!

✓ Assim como o habeas corpus, o habeas data também é gratuito, conforme


consta no Art. 5°, LXXVII.
“LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma
da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.”

✓ Só poderão ser conhecidas as informações do próprio impetrante.

✓ A petição inicial do Habeas Data deve ser sempre subscrita por um advogado.

497
EXERCÍCIOS

1. Segundo a Constituição Federal, sempre que alguém sofrer ou achar


ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder, conceder-se-á

a) mandado de segurança
b) alvará de soltura
c) habeas corpus
d) habeas data
e) mandado de injunção

2. Em relação ao habeas corpus assinale a alternativa correta:

a) Necessariamente deverá ser interposto por advogado;


b) O direito brasileiro contemplou apenas o preventivo;
c) Poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem;
d) O direito brasileiro contemplou apenas o repressivo;
e) A concessão de habeas corpus sempre por á fim ao processo criminal.

3. Deoclécio adquiriu um exemplar da Constituição da República Federativa do


Brasil e, ao analisar os direitos e deveres individuais e coletivos, constatou a
existência do instituto do habeas data. Curioso, procurou Inércio para lhe
esclarecesse quais as características desse instituto. À luz da sistêmica
constitucional, é correto afirmar que:

a) trata-se de instrumento de programação à disposição do setor de informática


dos poderes constituídos;
b) o habeas data permite a retificação de dados, quando o impetrante não prefira
fazê-lo por processo sigiloso;
c) o objetivo do habeas data é o de garantir a liberdade de locomoção,
protegendo-se contra qualquer ato ilegal.
d) o habeas data será concedido para proteger qualquer direito líquido e certo
violado por ilegalidade ou abuso de poder;

498
e) o fim almejado com o habeas data é o de evitar que o depositário infiel seja
preso por dívida.

GABARITO

1-C
2-C
3-B

DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Remédios Constitucionais

Mandado de Injunção
LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável, o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade à soberania e à
cidadania;

O mandado de injunção é o remédio utilizado para combater a inércia do Poder


Legislativo ou Executivo na regulamentação de direitos e liberdades
constitucionais e os relacionados à nacionalidade, soberania e cidadania.
O mandado de injunção visa combater a falta de efetividade de normas
constitucionais de eficácia limitada, relacionada a determinados assuntos.

Competência

É de competência do STF processar e julgar, originalmente, o mandado de


injunção, sempre que a norma regulamentadora for atribuição do Presidente da
República do Congresso Nacional, da Câmara Federal, do Senado Federal, da
Mesa de uma dessas Casas, do TCU, de um dos Tribunais Superiores, ou do
próprio STF.

499
É de competência do STJ julgar, originalmente, o mandado de injunção, quando
a norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade
federal, exceto os casos de competência do STF, Justiça Eleitoral, Justiça do
Trabalho e da Justiça Federal.

As Justiças Estaduais também têm competência para julgar originalmente o


mandado de injunção conforme previsto nas Constituições Estaduais.

Efeitos da Decisão
Em relação à efetividade do mandado de injunção, há a possibilidade de adoção
pelo STF, de duas correntes doutrinarias, a saber:

→ Teoria concretista geral - O Judiciário estabelece como a ausência da norma


será cumprida. Essa decisão terá efeito erga ominis, ou seja, será aproveitada
para todos os casos iguais.
→ Teoria concretista individual – O Judiciário estabelece como o impetrante
poderá exercer o direito prejudicado pela falta de norma regulamentadora, mas
os efeitos da decisão caberão apenas ao impetrante.

Ação Popular

LXXIII – qualquer cidadão é parte legitima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe,
à modalidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
ônus dá sucumbência.

A Ação Popular é um instrumento importante de que a sociedade dispõe para


controlar os atos dos agentes públicos e anular atos lesivos:

500
• Ao patrimônio da União, Estados, DF e Municípios, bem como de qualquer
entidade em que o tesouro público participe;
• À moralidade administrativa;
• Ao meio-ambiente;
• Ao patrimônio histórico, cultural, econômico, artístico, estético ou turístico.

Legitimação Ativa
Qualquer CIDADÃO pode propor ação popular.
→ Cidadão – o indivíduo que possui capacidade eleitoral ativa. A prova de
cidadania se faz com a apresentação do título do eleitor.

Legitimação Passiva
Deverão figurar no polo passivo:

✓ União, Estados, DF ou Municípios do qual emanou o ato lesivo;

✓ Autoridades, funcionários ou administradores que autorizaram, aprovaram,


ratificaram, praticaram ou se omitiram em relação a ato;

✓ Beneficiários diretos do ato.

FICA LIGADO!!!

✓ O Ministério Público não pode ajuizar ação popular, visto que essa é uma
prerrogativa apenas do cidadão. No entanto, em caso de abandono ou omissão
do autor, o MP poderá substitui-lo na ação. Nos demais casos o MP atua como
fiscal da lei.

✓ O autor de Ação Popular está isento do pagamento das custas judiciais ou


ônus dá sucumbência, salvo em caso de má fé.

✓ Não existe competência originaria para o julgamento da Ação Popular.

✓ A Ação Popular é regulada pela Lei n° 4.717/65

501
EXERCÍCIOS

1. Leia as assertivas abaixo.


• Conceder-se-á ________ para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de
pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
• Conceder-se-á ________ para assegurar o conhecimento de
informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros
ou bando de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
para retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
sigiloso, judicial ou administrativo.
• Conceder-se-á ________ sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
• Conceder-se-á ________ sempre que a falta de norma regulamentadora
torna inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

502
Marque a sequência dos institutos que preenche correta e respectivamente as
lacunas:

a) mandado de segurança, habeas data, habeas corpus, mandado de injunção.


b) mandado de injunção, habeas corpus, habeas data, mandado de segurança.
c) mandado de injunção, habeas data, habeas corpus, mandado de segurança.
d) mandado de segurança, mandado de injunção, habeas corpus, habeas data.

2. Segundo a Constituição da República Federativa do Brasil, sempre que a


falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania, será concedido

a) mandado de injunção
b) habeas-data
c) mandado de segurança
d) habeas corpus
e) ação popular

GABARITO

1-A
2-A

503
DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Remédios Constitucionais

Mandado de Segurança
LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito liquido e
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

Direito líquido e certo – Direito certo é aquele que não necessita de mais provas.
O Mandado de Segurança não admite dilatação probatória.
Direito liquido é aquele que já tem seu valor definido. Não precisa de
averiguações para verificar a extensão econômica.

FICA LIGADO!!!

✓ O direito é sempre certo. O que podem ser duvidosos são os fatos


apresentados.

✓ O direito pode ser certo, mas não ser liquido.

O cabimento do Mandado de Segurança só é cabível quando não amparado pro


Habeas Corpus ou Habeas Data, sendo assim, nem toda violação a direito
líquido e certo será amparado por Mandado de Segurança Essa é a
característica do caráter residual e subsidiário do mandado de segurança.

Espécies de Mandado de Segurança


Assim como o Habeas Corpus, o mandado de segurança pode ser:

• Preventivo – quando há o receio de o impetrante sofrer uma violação do


direito líquido e certo por parte da autoridade impetrada.
• Repressivo – quando o direito líquido e certo já foi atingido.

504
Legitimidade Ativa
A legitimidade é do titular do direito líquido e certo. Seja pessoa física ou jurídica,
nacional ou estrangeiro, domiciliada ou não em nosso país.

Legitimidade Passiva
Só poderá figurar no polo passivo do Mandado de Segurança, a autoridade
pública ou agente de pessoa jurídica com atribuições do Poder Público.

FICA LIGADO!!!
→ O mandado de segurança possui prazo decadencial de 120 dias.

Mandado de Segurança Coletivo


XX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituídas em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos
interesses de seus membros ou associados.

Sua finalidade é permitir que algumas pessoas jurídicas defendam os interesses


de seus membros ou associados, ou ainda da sociedade em geral.

Legitimados para a propositura


• Partido Político, com representação no Congresso Nacional;
• Organização Sindical ou entidade de classe;
• Associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos
01 ano.

Os Partidos Políticos podem defender direitos relativos a seus integrantes ou


relacionados à finalidade partidária, enquanto que os demais legitimados podem
defender direitos dos seus membros ou associados, desde que pertinentes às
finalidades da entidade.

No caso de sindicatos e associações, não se exige que estes apresentem


autorização expressa de cada um dos associados representados em juízo, basta
apenas uma autorização genérica em seus estatutos.

505
Não há necessidade de constar na petição inicial o nome de todos os
associados, no entanto a situação individual de cada um será levada em conta
na execução da sentença.

Objeto
O Mandado de Segurança tem por objeto a defesa dos mesmos direitos
amparados pelo Mandado de Segurança individual, porem direcionado à
coletividade.

EXERCÍCIOS

1. Sobre os remédios constitucionais, a Constituição Federal estabelece que

a) qualquer cidadão é parte legitima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais de do ônus
de sucumbência.
b) o habeas corpus somente pode ser impetrado quando alguém sofrer violência
ou coação em sua liberdade de locomoção.
c) mandado de segurança coletivo somente pode ser impetrado por organização
sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em

506
funcionamento há pelo menos dois anos, em defesa dos interesses de seus
membros ou associados.
d) será concedido habeas data para assegurar o conhecimento de informações
relativas à pessoa
do impetrante e de terceiros, constantes de registro ou banco de dados de
entidades governamentais ou de caráter público.
e) será concedido mandado de injunção para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

2. Sobre o Mandado de Segurança, considere:

I. O partido ‘D’ possui representação no Congresso Nacional.


II. O partido ‘H’ não possui representação no Congresso Nacional.
III. A Associação ‘QQ’ legalmente constituída e em funcionamento há oito meses
em defesa dos interesses de seus associados.
IV. A Associação ‘XX’ legalmente constituída e em funcionamento há sete meses
em defesa dos interesses de seus associados.

De acordo com a Constituição Federal, o Mandado de Segurança coletivo poderá


ser impetrado APENAS nas hipóteses indicadas em
a) III e IV
b) I e II
c) II e IV
d) II e III
e) I

GABARITO

1-A
2-E

507
DIREITOS SOCIAIS

Os direitos sociais são direitos fundamentais típicos da chamada segunda


geração, e visam garantir uma existência digna aos cidadãos.
São obrigações que o Estado possui para com seus nacionais, e precipuamente,
buscam garantir melhores condições de vida aos menos favorecidos,
funcionando assim como instrumentos de equalização de condições sociais
desiguais.

O Art. 6° da CF, define esses direitos:

Art. 6° São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a


moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.

Fique atento para a diferença entre direitos à Moradia x Propriedade


Características dos Direitos Sociais
A) Imperatividade: é um fazer do Estado-provedor; não podem ser alterados
pela vontade das partes;
B) Invioláveis: assim como todos os direitos fundamentais.
C) Aplicação imediata – podendo ser implementada no caso de omissão
legislativa (mandado de injunção e ADO – ação direta de inconstitucionalidade
por omissão).

Direitos Fundamentais Trabalhistas – Art. 7°

O Art. 7° da CF traz os principais direitos trabalhistas. Importante observar que


nem todos se aplicam aos servidores públicos e, mesmo os que se aplicam,
podem ser regulamentados de maneira diferente por leis especificas, uma vez
que os servidores são regidos por estatutos próprios.

508
Art. 7° São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem
à melhoria de sua condição social;

O capút do Art. 7° deixa claro que os direitos sociais apresentados em seus


incisos se aplicam indistintamente aos trabalhadores urbanos e rurais, e que não
excluem outros, previstos na própria Constituição ou em leis especificas. Ou
seja, tal artigo traz somente o mínimo considerado necessário pelo constituinte
para que o trabalhador possa ter condições de trabalho e de vida digna.

Veremos a seguir esses direitos:


Proteção contra Despedida sem Justa Causa

I – relação de emprego protegida contra despedida arbitraria ou sem justa causa,


nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre
outros direitos;

A demissão arbitraria ou sem justa causa pode trazer graves consequências para
o trabalhador, inclusive no que se refere a seu sustento e de sua família.
Diante disso, a Constituição exige que lei complementar o proteja dessa
situação, buscando amenizar os impactos decorrentes de tal despedida com o
pagamento de uma indenização, entre outras providencias que podem ser
adicionadas.

Seguro-Desemprego
II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;

A lei do seguro-desemprego, além de trazer o pagamento do chamado auxílio-


desemprego, também dispõe que o Governo deve oferecer meios para ajudar o
trabalhador a encontrar um outro emprego.

FGTS
III – fundo de garantia do tempo de serviço;

Trata-se do FGTS, equivalente a aproximadamente um salário por um ano (8%


do salário por mês), depositado pelo empregador em conta vinculado e exclusiva

509
do empregado, administrada pela Caixa Econômica Federal e sujeito a saques
em hipóteses especificas, como despedida sem justa causa e aposentadoria.

Salário-Mínimo
IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender as
suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação,
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com
reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua
vinculação para qualquer fim;

O salário mínimo deveria garantir uma existência digna para uma família com
filhos. Embora saibamos que está longe disso, sabemos também que um
aumento repentino poderia trazer consequências desastrosas para a economia

Piso Salarial
V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho.

Além do salário mínimo, que se aplica a todos os trabalhadores brasileiros, a


Constituição prevê que haja também pisos salariais, que são salários mínimos
aplicáveis a determinadas categorias profissionais e, cujo valor deve levar em
conta a extensão e a complexidade do trabalho em cada um deles.
Esses pisos são negociados pelos sindicatos de cada categoria profissional junto
aos sindicatos dos empregadores, ou podem ser obtidos pelos sindicatos
profissionais mediante dissídios coletivos na Justiça do Trabalho.

Irredutibilidade do Salário
VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo
coletivo;

Uma vez estabelecido o valor do salário mínimo, no contrato de trabalho, ele não
pode ser reduzido mesmo que o empregado concorde, exceto se tal redução for
aceita por negociação feita junto à entidade sindical respectiva.

Salário-Mínimo para os que recebem Remuneração Variável


VII - garantia de salário, nunca inferido ao mínimo, para os que percebem
remuneração variável;

510
O inciso acima busca garantir que aqueles que percebem remuneração variável,
recebem todo mês, no mínimo, o valor de um salário mínimo.

13° Salário
VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da
aposentadoria.

O décimo terceiro salário, ou gratificação natalina, deve ser pago até o final do
ano, podendo ser dividido em duas parcelas, sendo a primeira paga até o dia 30
de novembro e a segunda até dia 20 de dezembro.

Adicional Noturno
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

A Constituição entende que quem trabalha durante o período noturno, trabalha


fora de seu horário natural, e, por isso, deverá receber uma compensação.

Proteção ao Salário
X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;

O salário do trabalhador é o seu sustento, sendo que o empregado conta com


ele para o entendimento de suas necessidades básicas e de sua família.
Portanto, a lei deverá protege-lo, inclusive considerando crime sua retenção
intencional por parte do empregador.

Participação nos Lucros e na Gestão das Empresas


XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e,
excepcionalmente participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;

A CF estabelece a possibilidade de que os trabalhadores venham a ter


participação nos lucros da empresa (conhecida como PLR), conforme definido
em lei, além de haver a possibilidade excepcional de participação na gestão da
própria empresa, também nas hipóteses previstas em lei.

511
Salário – Família
XII – salário – família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa
renda nos termos da lei;

O salário – família tem a função de auxiliar o trabalhador de baixa renda a


sustentar a família, cabendo à lei definir qual seria o valor de salário considerado
como baixo.

Jornada de Trabalho
XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e
quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada,
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;

No Brasil a duração da jornada semanal de trabalho é de, no máximo, 44 horas


semanais e 8 horas diárias. O que for trabalhado além disso, seja no limite diário
ou semanal, deve ser pago como hora extra, como os acréscimos legais.

XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de


revezamento, salvo negociação coletiva;

Turno ininterrupto de revezamento é aquele no qual o trabalhador é obrigado a


trabalhar ora em um horário, ora em outro, como no regime de escala, por
exemplo.

Descanso Semanal Remunerado


XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;

O serviço extraordinário condiz com as chamadas horas extras.


Deve-se observar que o valor de 50% é o mínimo de acréscimo. É comum que
algumas categorias consigam acréscimos maiores.

Férias
XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do
que o salário normal;

512
Durante as férias, o trabalhador receberá, além de seu salário normal, um
adicional correspondente a 1/3 desse salário. É o conhecido adicional de férias.

Licença – Maternidade
XVIII – licença a gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a
duração de cento e vinte dias;

O objetivo da licença-maternidade é principalmente proteger o recém-nascido,


permitindo o contato cm a mãe durante um período mínimo.

Licença – Paternidade
XIX – licença – paternidade, nos termos fixados em lei;

Em relação à licença paternidade, a CF não prevê mínimo de duração, sendo


que atualmente, a legislação prevê no mínimo 5 dias de afastamento, contados
do dia do nascimento da criança.

Proteção ao Mercado de Trabalho Feminino


XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos
específicos, nos termos da lei;
Essa disposição visa combater a desigualdade entre gêneros em termos de
oportunidade no mercado de trabalho.

Aviso – Prévio
XXIII – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta
dias, nos termos da lei;

Aviso prévio é o intervalo de tempo entre as comunicações da intenção da


ruptura do contrato de trabalho por uma das partes e sua efetiva rescisão, a fim
de que a outra parte se prepare para essa ruptura.

Redução dos Riscos do Trabalho


XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde,
higiene e segurança;

513
A legislação deve cuidar de proteger o trabalhador contra os acidentes e demais
riscos no trabalho, como prejuízo à sua saúde, por exemplo.

Adicionais de Penosidade, Insalubridade e Periculosidade


XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou
perigosas, na forma da lei;

Atividades penosas – são as tarefas árduas, difíceis, que causam grande


desgaste mental ou físico ao trabalhador.
Atividades insalubres – são aquelas que causam prejuízo ou risco à saúde do
trabalhador, como, por exemplo, os trabalhadores que trabalham em minas
subterrâneas.
Atividades perigosas – são aquelas que causam risco imediato.

Aposentadoria
XXIV – aposentadoria.

É o direito que o trabalhador que preencheu os requisitos legais de tempo de


contribuição e/ou idade tem de receber do estado um auxílio para o seu sustento.

Assistência em Creches e Pré-Escolas


XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5
(cinco) anos de idade em creches e pré-escolas.

A partir dos seis anos, a criança deve ser matriculada no ensino regular que
começa com o fundamental. Antes disso, porém, o Poder Público deve garantir
às crianças em creches e pré-escolas públicas.

Convenções e Acordos Coletivos


XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;

As negociações entre os empregados e os sindicatos representantes das


categorias profissionais têm força de lei entre as partes, desde que não
desrespeitem os limites impostos pela legislação.

514
Proteção Face à Automação
XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei;
A automação, embora necessária para aprimorar a competitividade da indústria
nacional, pode causar sérios prejuízos ao emprego, se seus efeitos não forem
bem administrados.

Seguro Contra Acidente de Trabalho


XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem
excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou
culpa;

A lei deve instituir seguro que indenize o trabalhador em caso de acidente labora,
sendo que esse seguro deve ser pago pelo empregador.

EXERCÍCIOS

1. É direito constitucional dos trabalhadores urbanos e rurais:

a) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de


cento e oitenta dias.
b) remuneração do serviço extraordinário superior em, no mínimo, trinta por
cento à do serviço normal.
c) seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
d) aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, no máximo de trinta dias, nos
termos da lei.
e) assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até os 06
(seis) anos de idade em creches e pré-escolas

2. De acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 –


Art. 7°. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:

515
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitraria ou sem justa causa,
nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre
outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a
suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação,
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com
reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua
vinculação para qualquer fim;

Está correto o que se afirmam em:


a) Apenas I e II
b) Apenas II e III
c) Apenas III e IV
d) Todas as afirmativas
e) Nenhuma das afirmativas

3. O reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho

a) está previsto na Constituição Federal de forma implícita


b) não está previsto na Constituição Federal, expressa ou implicitamente
c) está previsto expressamente na Constituição Federal no capítulo dos direitos
e deveres individuais e coletivos
d) está previsto expressamente na Constituição Federal no capítulo dos direitos
sociais
e) está previsto expressamente na Constituição Federal no capitulo pertinentes
ao Supremo Tribunal Federal

GABARITO

1-C 3-D
2-D

516
DIREITOS SOCIAIS – PARTE II

“Art. 7° São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite
de dois anos após a extinção do contrato de trabalho.”

Este inciso prevê as chamadas regras de PRESCRIÇÃO TRABALHISTA. Como


se pode depreender do inciso, existem dois tipos de prescrição: uma de 2 anos
e outra de 5 anos. Importa distinguir a aplicação desses prazos.
O período de 2 anos refere-se ao prazo que o trabalhador possui para ingressar
com uma ação trabalhista reivindicando seus direitos. Esse prazo inicia sua
contagem a partir do dia em que houve a rescisão do contrato de trabalho.
O período de 5 anos diz respeito aos anos de verbas trabalhistas vencidas a que
o empregado terá direito quando entrar com a ação, a contar do momento em
que se entra com a ação.
→ A prescrição de 2 anos conta-se para frente, e a de 5 anos conta-se para trás.

Proibições

“XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério


de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de
admissão do trabalhador portador de deficiência;
XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou
entre os profissionais respectivos; Ex.: faculdade.
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de
dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição
de aprendiz, a partir de quatorze anos;” Ex.: menor de 17 anos trabalhar em
cemitério – (trabalho penoso).

A Constituição nos diz que é proibido o trabalho para os menores de 16 e, em


seguida, excepciona esta regra dizendo que é possível, a partir dos 14, na
condição de aprendiz. Ela objetivou dizer que o trabalho no Brasil se inicia aos
14 anos

517
Direitos dos Trabalhadores Domésticos
“Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos
os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX,
XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições
estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das
obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de
trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e
XXVIII, bem como a sua integração à previdência social.” (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 72, de 2013)

Direitos Coletivos Trabalhistas


Os direitos sociais e coletivos são aqueles exercidos pelos trabalhadores,
coletivamente ou no interesse de uma coletividade, e podem ser classificados
em:
• direito de associação profissional ou sindical;
• direito de greve;
• direito de substituição processual;
• direito de participação;
• direito de representação classista.

Regras de Associação Profissional ou Sindical


“Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
I – a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato,
ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a
interferência e a intervenção na organização sindical;”
“II – é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau,
representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base
territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados,
não podendo ser inferior à área de um Município;”

Princípio da Unidade Sindical


“IV – a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria
profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da
representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista
em lei;”

→ Existem duas contribuições neste inciso: uma chamada de Contribuição


Confederativa e outra, de Contribuição Sindical.

518
Mas surge uma pergunta: qual das duas é paga diretamente para o sindicato?
Apesar de o nome induzir ao erro, a contribuição paga diretamente ao sindicato
é a Confederativa!
→ A Contribuição Confederativa é a prevista neste inciso, fixada pela assembleia
geral, descontada em folha para custear o sistema confederativo. Esta é aquela
paga às organizações sindicais e é facultativa (só é obrigada aos filiados aos
sindicatos).
→ A Contribuição Sindical, que é a contribuição prevista em lei, mais
precisamente na Consolidação das Leis trabalhistas (CLT) deve ser paga por
todos os trabalhadores, ainda que profissionais liberais. Sua natureza é
obrigatória e possui caráter tributário.

Liberdade de Associação
“V – ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
VI – é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de
trabalho;
VII – o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações
sindicais;” Estabilidade Sindical
“VIII – é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da
candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que
suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos
termos da lei.”

A estabilidade sindical constitui norma de proteção aos dirigentes sindicais. Ela


possui grande utilidade ao evitar o cometimento de arbitrariedades por parte das
empresas, em retaliação aos representantes dos empregados.

Direito de Substituição Processual


“III – ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais
da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas.”

Direito de Greve
“Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir
sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio
dele defender.
§ 1º – A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o
atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade

519
§ 2º – Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.”

O direito de greve é um direito fundamental de todo trabalhador. Entretanto, no


Brasil, há uma lei específica regulamentando-o, somente aos trabalhadores da
iniciativa privada, a Lei 7783/89. Assim, é importante lembrar, no momento da
prova que, por não haver uma lei garantindo os serviços essenciais que devam
ser prestados enquanto durar a greve dos servidores públicos, entende o STF
que esses servidores deverão fazer greve nos termos da lei da iniciativa privada.

Direito de Participação
“Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos
colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou
previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.”

Direito de Representação Classista


“Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a
eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes
o entendimento direto com os empregadores.”

520
EXERCÍCIOS

01. Em relação aos princípios fundamentais e aos direitos e garantias


fundamentais estabelecidos na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue os
itens que se seguem.
A criação de sindicatos depende de autorização prévia do Estado, já que na CF
é prevista a regra da liberdade sindical condicionada.

Certo ( ) Errado ( )

02. Ainda com base no que determina a CF, julgue os itens a seguir. O servidor
público civil tem direito à livre associação sindical.
Certo ( ) Errado ( )

03. Ao trabalhador doméstico são garantidos todos os direitos previstos no art.


7.º da CF.
Certo ( ) Errado ( )

04. Acerca dos direitos dos trabalhadores, sobretudo os considerados na


Constituição Federal de 1988, julgue o seguinte item. A licença à gestante tem a
duração de cento e vinte dias, sem prejuízo do salário e do emprego pelo período
desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.

Certo ( ) Errado ( )

GABARITO

01 - ERRADO
02 - CERTO
03 - CERTO
04 - ERRADO

521
Organização Político Administrativo

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos


Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos:

Dá-se o nome de Federação ou Estado Federal a um Estado composto por


diversas entidades territoriais autônomas, dotadas de governo próprio.
Por autonomia, compreende-se um conjunto de competências ou prerrogativas
garantidas pela Constituição que não podem ser abolidas ou alteradas de modo
unilateral pelo governo central.

Princípio Federativo
Quanto à sua forma de Estado, a República Federativa do Brasil adotou a forma
FEDERATIVA, que significa que há pluralidade de poderes políticos internos, os
quais podem se organizar de forma descentralizada

Art. 18 da CF: “Art. 18. A organização político-administrativa da República


Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.”
• UNIÃO
• ESTADOS;
• MUNICÍPIOS;
• DISTRITO FEDERAL

Assim, podemos afirmar que a República Federativa do Brasil detém


SOBERANIA, enquanto que a União, os Estados, os Municípios e o Distrito
Federal possuem AUTONOMIA.

→ O Princípio Federativo é Cláusula Pétrea


“§ 4º – Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I – a forma federativa de Estado.”

522
Características do Federalismo

⮚ Caráter indissolúvel do vínculo federativo: uma vez formalizado o Estado


federal, não mais é permitido a qualquer dos entes que fazem parte da
Federação separar-se dela, tendo em vista seu caráter permanente (não há
direito de secessão).

⮚ Formalização por meio de uma Constituição: o Estado federal é criado por


uma Constituição, a denominada Constituição Federal, que estabelece e
formaliza o pacto federativo.

⮚ Repartição de competências entre o poder central e os entes parciais: a


Constituição Federal estabelece as bases em que ela mesma deve funcionar,
inclusive fixando as competências materiais e legislativas de cada um dos entes
que fazem parte do Estado Federal.

⮚ Soberania do Estado federal: o poder que confere ao Estado federal a


independência na ordem externa, que lhe permite não se sujeitar, jurídica ou
politicamente, a quaisquer imposições de Estados estrangeiros ou organismos
internacionais

⮚ Autonomia dos entes federativos: poder conferido, aos diversos entes


federativos da Federação, que lhes permite graus variáveis de auto-organização,
autogoverno, autoadministração e também de arrecadação de receitas próprias,
nos termos e limites fixados pela Constituição Federal.

⮚ Direito de participação das vontades parciais na vontade central: para que um


Estado possa ser considerado efetivamente uma Federação, os entes parciais
também devem ter o direito de participar da formação da vontade central, por
meio de representantes no Parlamento.

⮚ Possibilidade de intervenção federal: o texto constitucional da Constituição


Federal deve prever a possibilidade de a União agir, em nome dos demais entes
federativos, não só para a garantia da indissolubilidade do vínculo federativo,
como também para o respeito à repartição de competências.

⮚ Controle Jurisdicional de Constitucionalidade: por meio do “Guardião da CF”


= STF (Tribunal Constitucional).

Federalismo Brasileiro

⮚ POR DESAGREGAÇÃO ou SEGREGAÇÃO: a partir de um Estado Unitário


que se descentralizou politicamente.

⮚ CENTRÍFUGA: de dentro pra fora.

⮚ TRICOTÔMICA: pois é construída em Três esferas: Federal (União); Estadual


(estados); Municipal (Municípios).

523
Convém lembrar que o DF não entra nessa classificação, porque ora se
comporta como Estado, ora como Município.

Capital Federal Art. 18 § 1º – Brasília é a Capital Federal

Territórios Federais
“Art. 18 CF § 2º – Os Territórios Federais integram a União, e sua criação,
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas
em lei complementar.”

Natureza Jurídica: – Descentralização administrativa da União – AUTARQUIA


FEDERAL, NÃO possuem autonomia política.

Características Importantes

⮚ LEI FEDERAL: deve dispor sobre a organização do Território. Art. 33 caput.

⮚ PODE SER DIVIDIDO EM MUNICÍPIOS: estes com autonomia política.

⮚ PODER EXECUTIVO: a direção será exercida por um Governador, nomeado


pelo Presidente, com a sabatina do Senado Federal.

⮚ PODER LEGISLATIVO: como o Território possui povo, este deve escolher


seus representantes no Congresso Nacional; escolhe um número fixo de 4
DEPUTADOS FEDERAIS, mas não elege senadores. E ainda, Territórios com
mais de 100 mil habitantes possuirão:

⮚ Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública – Mantidos pela


UNIÃO

⮚ Câmara Territorial – com eleição. Leitura obrigatória do Art. 33 da CF

Vedações Constitucionais
“Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o
funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse
público;
II – recusar fé aos documentos públicos;

524
III – criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.”

EXERCÍCIOS

01. São formas de governo a federação, a confederação e o governo único.

Certo ( ) Errado ( )

02. Entre as características comuns do Estado Federal incluem-se a


representação das unidades federativas no Poder Legislativo central, a
existência de um tribunal constitucional e a intervenção para a manutenção da
federação.

Certo ( ) Errado ( )

03. Entre as características do Estado federal, inclui-se a possibilidade de


formação de novos Estados-Membros e de modificação dos já existentes
conforme as regras estabelecidas na CF.

Certo ( ) Errado ( )

GABARITO

1 - ERRADO
2 - CERTO
2 - CERTO

525
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA

bens da União

“Art.20. São bens da União:


I – os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;
II – as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações
e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação
ambiental, definidas em lei; (grifo nosso)
III – os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio,
ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se
estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos
marginais e as praias fluviais;
IV – as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias
marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que
contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço
público e a unidade ambiental federal, e as referidas no Art. 26, II
V – os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica
exclusiva;
VI – o mar territorial;
VII – os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII – os potenciais de energia hidráulica;
IX – os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X – as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-
históricos;
XI – as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.

§ 1º – É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos


Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação
no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para
fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo
território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou
compensação financeira por essa exploração
§ 2º – A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das
fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada

526
fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão
reguladas em lei.”

⮚ TERRAS DEVOLUTAS: são terras públicas sem destinação pelo Poder


Público e que, em nenhum momento, integraram o patrimônio de um particular,
ainda que estejam irregularmente sob sua posse.

Estados

ART. 18, §3º CF


“§ 3º – Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-
se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios
Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através
de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar.”

→ Requisitos
• Plebiscito;
• Lei Complementar.
• Oitiva das Assembleias Legislativas, sem caráter vinculativo.

Regiões Metropolitanas
“Art.25 CF § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por
agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.”

Municípios
→ AUTO-ORGANIZAÇÃO: por intermédio de LEI ORGÂNICA
(“Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da
Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos
nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes
preceitos: (...)”

527
→ AUTOGOVERNO: organiza seus Poderes.
• Poder Executivo;
• Poder Legislativo;

“§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-


se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar
Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações
dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade
Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.”

→ Requisitos
• Lei Estadual;
• Lei complementar Federal: período
• Plebiscito;
• Estudo de Viabilidade Municipal.

Distrito Federal
→ AUTO-ORGANIZAÇÃO: por intermédio de Lei Orgânica

“Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei
orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada
por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios
estabelecidos nesta Constituição.”

NÃO PODE SER DIVIDIDO EM MUNICÍPIOS – BRASÍLIA É A CAPITAL


FEDERAL

→ AUTOGOVERNO: organiza seus poderes.


• Poder Executivo: Governador
• Poder Legislativo: Deputados Distritais – Câmara Legislativa.
• Poder Judiciário: Próprio (TJDF)

→AUTOADMINISTRAÇÃO: tem autonomia, mas algumas instituições são


organizadas e mantidas pela União. São elas:
• Poder Judiciário;
• Ministério Público;

528
• Polícia Civil;
• Polícia Militar;
• Corpo de Bombeiros.

EXERCÍCIOS

1. A fim de integrar a organização, o planejamento e a execução de funções


públicas de interesse comum, é permitido aos Estados, por intermédio de lei
complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e
microrregiões, constituídas por agrupamentos de Municípios limítrofes.

Certo ( ) Errado ( )

2. Toda e qualquer terra devoluta pertence à União. Certo ( ) Errado ( )

03. As terras devolutas pertencem aos Estados, com exceção das terras
devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções
militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas
em lei.

Certo ( ) Errado ( )

GABARITO

1 - CERTO
2 - ERRADO
3 - CERTO

529
Segurança Pública

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de


todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

A doutrina divide a polícia de segurança em duas áreas:


• Polícia Judiciária (repressiva ou de investigação);
• Polícia Administrativa (preventiva ou ostensiva).

Enquanto a polícia administrativa age preventivamente, evitando que o crime


aconteça na área do ilícito administrativo, a polícia judiciária age
repressivamente, punindo os atos após a ocorrência do ilícito penal.

O Decreto n° 5.289/2004 regula as regras de organização da administração


pública, para o desenvolvimento da Força Nacional de Segurança Pública, ao
qual poderão aderir de forma voluntária, os Estados interessados.

A força Nacional de Segurança Pública poderá ser empregada em qualquer parte


do território nacional, mediante expressa solicitação do Governador de Estado
ou do Distrito Federal, cabendo ao Ministro de Estado da Justiça determinar a
oportunidade para tal. Seu emprego será esporádico e planejado.
O grupo mobilizável da Força Nacional de Segurança Pública será formado por
servidores que tenham recebido treinamento especial do Ministério da Justiça,
integrantes das policias federais e órgãos de segurança pública dos Estados que
aderiram ao programa de cooperação federativa.

530
Órgãos de Segurança Pública
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de
todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I – a polícia federal;
II - policia rodoviária federal;
III – policia ferroviária federal;
IV – polícias civis;
V – polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.

Os Estados, Distrito Federal e Municípios não podem criar novos órgãos de


segurança pública. Esse é um Rol Taxativo.

POLÍCIA FEDERAL, RODOVIÁRIA FEDERAL E FERROVIÁRIA FEDERAL


§ 1° A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e
mantido pela União e estruturado em careira, destina-se a
I – apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de
bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e
empresas públicas, assim como outras infrações cuja pratica tenha repercussão
interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser
em lei;
II – prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros
órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
III – exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;
IV – exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

A competência da Policia Federal para apurar infrações penais se estende a


União ou as suas entidades autárquicas e empresas públicas. Essa competência
não se estende às Sociedades de Economia Mista.

531
Polícia Rodoviária Federal e Polícia Ferroviária Federal

§ 2° A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela


União e estruturado em carreiras, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento
ostensivo das rodovias federeis.
§ 3° A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela
União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento
ostensivo das ferrovias federais.

532
EXERCÍCIO

1. Os Órgãos apresentados nas alternativas a seguir estão incluídos no art. 144


da Constituição como responsáveis pelos exercícios da preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, à exceção de um.
Assinale-o

a) Policias Militares e Corpos de Bombeiros Militares


b) Policia Ferroviária Federal
c) Policias Civis

533
d) Forças Armadas
e) Policia Federal

2. A defesa das instituições democráticas é exercida por meio da segurança


pública, da qual os corpos de bombeiros militares são órgãos integrantes.

( ) certo ( ) errado

3. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é


exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas
e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: polícia federal, policia rodoviária
federal, policia ferroviária federal, policias civis, policias militares, corpos de
bombeiros militares e guardas municipais.

( ) certo ( ) errado

GABARITO

1-D
2 - CERTO
3 - ERRADO

534
SEGURANÇA PÚBLICA

Polícia dos Estados


A segurança dos Estados é atribuição da Polícia Civil, Corpo de Bombeiros,
Polícias Militares e Policiais Penais.
Conforme Art. 22 da Constituição, as referidas polícias, embora mantidas pelos
Estados, deverão obedecer e observar as normas gerais da União
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XXI – normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias,
convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares;

Polícia Civil
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem,
ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração
de infrações penais, exceto as militares (grifo nosso).
De acordo com o entendimento do STF, compete à Polícia Civil apurar os crimes
comuns praticados por militares, isto é, os crimes estranhos à atividade militar.

Policial Penal
§ 5º A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador do sistema penal
da unidade federativa a que pertencem, cabe a segurança dos estabelecimentos
penais.,

Polícia Militar
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem
pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em
lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
As polícias militares bem como os corpos de bombeiros militares, subordinam-
se aos Governos dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, assim com
a Polícia Civil As Polícias Militares são forças auxiliares e reserva do exército De
acordo com o STF, a polícia militar poderá realizar flagrante ou participar de
apreensão determinada por ordem judicial, ainda que não seja polícia judiciária

535
Polícias do Distrito Federal
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e
reserva do Exército, subordinam se, juntamente com as polícias civis, aos
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
Conforme Súmula Vinculante 647 do STF, caberá à União legislar sobre
vencimentos dos membros das polícias civil e militar do Distrito Federal

Guardas Municipais
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção
de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
A guarda municipal, segundo a doutrina, objetiva proteger o patrimônio contra a
depredação de destruidores do patrimônio público e da coisa alheia. No entanto,
não possui a competência para fazer policiamento ostensivo.

Segurança Viária
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas:
I – compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de
outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à
mobilidade urbana eficiente; e

536
II – compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos
respectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito,
estruturados em Carreira, na forma da lei.
A Segurança Viária foi incluída pela Emenda Constitucional nº 82/2014 Essa
Emenda criou a carreia de agentes de trânsito dentro do sistema de segurança
pública, tornando constitucional a competência desses agentes
A Emenda Constitucional nº 82/2014 objetiva a diminuição de acidentes no
trânsito → LEMBRE-SE!!
• A segurança viária é exercida para a “preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas”
• No conceito de segurança viária, estão a educação, a engenharia e a
fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas em lei. Com
isso, busca-se garantir ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente.

EXERCÍCIOS

1. Com relação ao tema Segurança Pública analise as afirmativas a seguir:

I. Os municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de


seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei
II. Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem,
ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração
de infrações penais, exceto as militares.
III. A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e
mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a prevenir e reprimir o
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho,
sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas
áreas de competência. Assinale:

a) se somente a afirmativa I estiver correta


b) se somente a afirmativa II estiver correta
c) se somente a afirmativa III estiver correta
d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas
e) se todas as afirmativas estiverem corretas

537
2. O município está constitucionalmente autorizado a criar guarda municipal para
que exerça a função de polícia judiciária em assuntos de interesse local

Certo ( ) Errado ( )

3. As polícias militares e os corpos de bombeiros militares subordinam-se aos


governadores dos estados, com exceção do DF, onde a subordinação se dá em
relação ao chefe de governo da União

Certo ( ) Errado ( )

GABARITO

1-E
2 - ERRADO
3 - ERRADO

538
DIREITO PENAL

539
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

DOS CRIMES CONTRA A VIDA I

HOMICÍDIO – Art. 121, CP


A conduta de tirar a vida de alguém se amolda a figura típica do Homicídio, ou
seja, estará consumado com a realização do verbo “matar” uma pessoa humana.
• BEM JURIDICAMENTE TUTELADO: Vida extrauterina
• SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa – crime comum
• CONSUMAÇÃO: Morte – parada total das funções encefálicas. Admite a
modalidade tentada
• CRIME OMISSIVO/COMISSIVO – pode ser praticado por ação ou
omissão (omissão imprópria)
• ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo ou culpa
• AÇÃO PENAL – Pública Incondicionada

HOMICÍDIO SIMPLES – “caput” do art. 121, CP


Art. 121. Matar alguém:
Pena: reclusão, de seis a vinte anos.

Homicídio simples pode ser considerado CRIME HEDIONDO???


Apenas se praticado em ação típica de grupo de extermínio, ainda que por um
só agente (homicídio condicionado). A regra é que o homicídio simples NÃO é
considerado crime hediondo.

Categoria residual, será simples quando não for qualificado.


Inicia-se o homicídio com o início do parto, ou seja, início da vida extrauterina.
STJ entende ser desnecessário que o nascituro respire, desde que presentes
outros elementos que comprovem a vida. A análise de viabilidade de vida da
vítima também é desnecessária.

HOMICÍDIO PRIVILEGIADO – Art. 121, § 1º, CP


§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social
ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

540
• RELEVANTE VALOR MORAL: interesse subjetivo do autor
• RELEVANTE VALOR SOCIAL: interesse de toda a sociedade
• DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO LOGO EM SEGUIDA A INJUSTA
PROVOCAÇÃO DA VÍTIMA: impulso imediato à provocação da vítima,
crime em curto circuito, é incompatível com a premeditação, se o agente
está apenas sob a influência de violenta emoção – atenuante do art. 65,
III, “c”, CP.

Homicídio privilegiado NÃO É CONSIDERADO CRIME HEDIONDO.


Causas de diminuição do homicídio privilegiado são circunstâncias subjetivas,
não se comunicam em concurso de pessoas (art. 30, CP).

HOMICÍDIO QUALIFICADO – Art. 121, § 2º, CP


§ 2º Se o homicídio é cometido:
I - Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - Por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V - Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104,
de 2015)
VI - Contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei
nº 13.104, de 2015)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos artigos. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos

§ 2° A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime


envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
I - Violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)

541
II - Menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluído pela Lei nº
13.104, de 2015)

PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA, OU POR OUTRO MOTIVO


TORPE: homicídio mercenário – a paga ou promessa de recompensa não se
comunica automaticamente para o mandante e para o mandado. Motivo torpe é
aquele motivo repugnante, a valoração sempre se dá pela análise do caso
concreto.
MOTIVO FÚTIL: motivo pequeno, desproporcional, banal.
EMPREGO DE VENENO, FOGO, EXPLOSIVO, ASFIXIA, TORTURA OU
OUTRO MEIO INSIDIOSO OU CRUEL, OU QUE POSSA RESULTAR EM
PERIGO COMUM: meio insidioso é aquele que sai da esfera de conhecimento
da vítima, é oculto. Cruel é aquele que aumenta, sem necessidade, o sofrimento
da vítima.
TRAIÇÃO, EMBOSCADA, DISSIMULAÇÃO OU OUTRO RECURSO QUE
DIFICULTE OU TORNE IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO: na traição,
há uma relação de confiança entre autor e vítima.
PARA ASSEGURAR A EXECUÇÃO, OCULTAÇÃO, IMPUNIDADE OU
VANTAGEM DE OUTRO CRIME: homicídio qualificado pela conexão teológica
ou consequencial.
FEMINICÍDIO: por razões de condição de ser do sexo feminino (§2°- A, CP) ou
que englobam caso de violência doméstica.
HOMICÍDIO FUNCIONAL: quando praticados contra os agentes abaixo
descritos, no exercício da função ou em razão dela, ou contra seu
cônjuge/companheiro ou parentes consanguíneos até o 3° grau, em razão dessa
condição
• MEMBROS DAS FORÇAS ARMADAS (Marinha/ Exército/ Aeronáutica)
MEMBROS DAS FORÇAS ARMADAS (Marinha/ Exército/ Aeronáutica)
• PF
• PRF
• POLÍCIA FERROVIÁRIA FEDERAL
• PC
• PM E CORPO DE BOMBEIROS MILITARES
• POLÍCIAS PENAIS, FEDERAIS, ESTADUAIS, DISTRITAL
• INTEGRANTES DO SISTEMA PRISIONAL
• INTEGRANTES DA FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA

Também podem ser vítimas os guardas municipais e os agentes de


segurança viária. Também foram mencionados no art. 144, CF, nos §8° e §9°

542
São excluídos os aposentados e os parentes por afinidade.

HOMICÍDIO QUALIFICADO-PRIVILEGIADO!
É possível desde que a qualificadora seja de ordem objetiva, ou seja, quanto aos
meios e modos de execução.
O privilegio afasta a hediondez.

HOMICÍDIO CULPOSO – Art. 121, § 3º, CP


§ 3º Se o homicídio é culposo
Pena - detenção, de um a três anos.

Deriva da Imprudência, Imperícia ou Negligencia.

IMPORTANTE!!! Homicídio Culposo na direção de veículo automotor será


punido de acordo com o art. 302, CTB, e não com base no CP.

AUMENTO DE PENA

HOMICÍDIO CULPOSO – art. 121, § 4º CP


• Inobservância das regras técnicas de profissão, arte ou ofício
• Omissão de socorro o Não procura minimizar as consequências de seus
atos
• Foge para evitar flagrante

HOMICÍDIO DOLOSO - Art. 121, §§4°, 6° e 7°, CP


*Contra menor de 14 anos ou maior de 60 anos. (§4°): +1/3
*Praticado por milícia privada ou por grupo de extermínio (§6°): +1/3 até a
metade
*Feminicídio (§7°): +1/3 até a metade
• Durante a gestação ou até 3 meses depois do parto
• Contra pessoa menor de 14 anos ou maios de 60 anos
• Contra pessoa deficiente ou portador de doença degenerativa
• Na presença de ascendente ou descendente
• Em descumprimento de medida protetiva e urgência.

543
PERDÃO JUDICIAL – Art. 121, § 5º, CP
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena,
se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave
que a sanção penal se torne desnecessária.

Causa de extinção da punibilidade (art. 107, IX, CP) – É exigido um insuportável


abalo físico ou emocional por parte do autor, é exigido um vínculo afetivo prévio
entre os envolvidos.

Súmula 18 STJ: “A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da


extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.”

INFANTICÍDIO – Art. 123, CP


Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o
parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos
• BEM JURÍDICO TUTELADO: Vida extrauterina
• SUJEITO ATIVO: Apenas a mãe – crime próprio (bi próprio)
• CONSUMAÇÃO: Morte. Admite a modalidade tentada.
• CRIME OMISSIVO/COMISSIVO – Pode ser praticado por ação ou
omissão (omissão imprópria)
• ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo
• AÇÃO PENAL – Pública Incondicionada

EXERCÍCIOS

1. Assinale, dentre as alternativas a seguir, a única que NÃO majora de 1/3 até
a metade a pena para o autor do delito de feminicídio.

a) Praticar o crime nos 5 meses posteriores ao parto.


b) Praticar o crime contra pessoa menor de 14 anos.
c) Praticar o crime contra pessoa com deficiência.
d) Praticar o crime na presença física ou virtual de descendente ou de
ascendente da vítima
e) Praticar o crime contra pessoa maior de 60 anos.

544
2. Sobre o Crime de Homicídio, assinale a alternativa INCORRETA

a) Se o agente age sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta


provocação da vítima, ele comete homicídio privilegiado.
b) Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada se o crime é praticado contra
pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) ano.
c) No homicídio culposo, a pena é aumentada, se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa
de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do
seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante.
d) O perdão judicial pode ser aplicado em caso de homicídio culposo ou
privilegiado.
e) A pena do feminicídio é aumentada se o crime for praticado na presença de
descendente ou de ascendente da vítima.

3. Considere que uma mulher, logo após o parto, sob a influência do estado
puerperal, estrangule seu próprio filho e acredite tê-lo matado. Entretanto, o
laudo pericial constatou que, antes da ação da mãe, a criança já estava morta
em decorrência de parada cardíaca. Nessa situação, a mãe responderá pelo
crime de homicídio, com a atenuante de ter agido sob a influência do estado
puerperal.

Certo ( ) Errado ( )

GABARITO

01 - A
02 - D
03 - E

545
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

DOS CRIMES CONTRA A VIDA II

INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO OU A


AUTOMUTILAÇAO – Art. 122, CP
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar
automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.

IMPORTANTE!!! NOVIDADE...
A primeira alteração operada, no preceito primário, foi a inclusão da figura da
participação em automutilação. Isto é, também passa a ser típica a conduta de
instigar, induzir ou auxiliar alguém a praticar a automutilação, anteriormente, não
havia essa previsão de forma expressa.

Autolesão passa a ser punida???


Pelo princípio da alteridade, não posso punir condutas que não ultrapasse a
figura do próprio agente, o que se pune é a instigação, o auxílio ou o induzimento.
No preceito secundário, existem alterações referentes a não necessidade de
resultado naturalístico para que haja punição. Com isso, o crime passa a admitir
a modalidade tentada.

FORMA QUALIFICADA – Art. 122, §§ 1° E 2°, CP


§ 1º Se dá automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal
de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129
deste Código:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§2º Se o suicídio se consuma ou se dá automutilação resulta morte:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

Antes da alteração pela Lei 13.968/2019, o artigo 122 só estabelecia pena no


caso de o suicídio se consumar ou de a tentativa de suicídio resultar lesão
corporal de natureza grave. Atualmente, essas condutas ensejarão a incidência
da qualificadora.

546
FORMA MAJORADA – Art. 122, §3º, CP
§ 3º A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a
capacidade de resistência.

Nessa modalidade, com a nova redação, foram incluídas, como causas de


aumento de pena:
• Motivo Torpe
• Motivo Fútil.

NOVA FORMA MAJORADA – Art. 122, §§ 4° E 5°, CP


§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio
da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador
de grupo ou de rede virtual.

Lembre-se que a pena só será aumentada se a conduta do agente for voltada


contra pessoa determinada.

CONDUTA RESULTA CRIME MAIS GRAVE – Art. 122, §§ 6° E 7°, CP


§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal
de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos
ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra
causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime
descrito no § 2º do art. 129 deste Código.
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor
de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa,
não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de
homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.”

547
ABORTO – Artigos. 124 ao 128, CP
• ABORTO NATURAL/ ACIDENTAL – não é punido
• ABORTO CRIMINOSO – punível
• ABORTO LEGAL/ PERMITIDO – não é punível

ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE OU COM O SEU


CONSENTIMENTO – art. 124, CP
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho
provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.

É um crime de mão própria, admitindo apenas a figura da participação. Para o


terceiro ser participe, não pode praticar atos executórios.

AUTOABORTO (1° parte): a própria gestante realiza o aborto, com o sem


participação de terceira pessoa.
ABORTO CONSENTIDO (2° parte): a gestante não realiza manobras abortivas
em si mesma, mas permite que terceira pessoa faça. Se o agente praticar atos
executórios, responderá pelo art. 126, CP. Exceção pluralista a teoria monista
do concurso de pessoas.

548
ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO – art. 125, CP
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.

O feto e a gestante são vítimas desse crime. Admite participação e coautoria.

ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO COM O CONSENTIMENTO DA


GESTANTE– art. 126, CP
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não
é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o
consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.

A gestante que consentiu, responderá pelo 124, e o terceiro pelo 126.

Pode ocorrer a hipótese de a gestante consentir para o aborto, porém, se ela se


enquadra nas hipóteses do parágrafo único, é como se não houvesse
consentido, respondendo assim pela pena no art. 125, os casos são:
• GESTANTE MENOR DE 14 ANOS
• ALIENADA OU DÉBIL MENTAL
• CONSENTIMENTO OBTIDO ATRAVÉS DE FRAUDE, GRAVE AMEAÇA
OU VIOLÊNCIA

FORMA QUALIFICADA – art. 127, CP


Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de
um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para
provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas,
se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.

Aplicada apenas aos artigos 125 e 126. Não se aplica ao artigo 124, CP.
Lesões leves são absolvidas pelo aborto.

ABORTO PERMITIDO – art. 128, CP


Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico Aborto necessário

549
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de
gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante
legal.

ABORDO NECESSÁRIO: praticado por médico para salvar a vida da gestante.


Não necessita de autorização judicial, enfermeiro pode praticar e alegar estado
de necessidade ou inexigibilidade de conduta diversa.
ABORTO HUMANITÁRIO/ SENTIMENTAL: decorrente de estupro, apenas o
médico pode praticar
ABORTO ANENCÉFALO: ADPF: 54, aplicável
ABORTO NO PRIMEIRO TRIMESTRE: jurisprudência do STF em um único
caso – inter partes.

EXERCÍCIOS

1. Ana, após realizar exame médico, descobriu estar grávida. Estando convicta
de que a gravidez se deu em decorrência da prática de relação sexual
extraconjugal que manteve com Pedro, seu colega de faculdade, e temendo por
seu matrimônio decidiu por si só que iria praticar um aborto. A jovem comunicou
a Pedro que estava grávida e pretendia realizar um aborto em uma clínica
clandestina. Pedro, por sua vez, procurou Robson, colega que cursava medicina,
e o convenceu a praticar o aborto em Ana. Assim, alguns dias depois de
combinar com Pedro, Robson encontrou Ana e realizou o procedimento de
aborto.

a) art. 124, segunda parte, do Código Penal (consentimento para o aborto).


Robson, por sua vez, tem sua conduta subsumida ao crime previsto no art. 126,
do Código Penal (aborto provocado por terceiro com consentimento). Já Pedro
responderá como participe no crime de Robson.
b) art. 124, segunda parte, do Código Penal (consentimento para o aborto).
Robson, por sua vez, tem sua conduta subsumida ao crime previsto no art. 124,
segunda parte, do Código Penal. Já Pedro responderá como participe no crime
de Ana.
c) art. 125, segunda parte, do Código Penal (consentimento para o aborto).
Robson, por sua vez, tem sua conduta subsumida ao crime previsto no art. 124
do Código Penal (aborto provocado por terceiro sem consentimento). Já Pedro
responderá como participe no crime de Robson.

550
d) art. 124, primeira parte, do Código Penal (autoaborto). Robson, por sua vez,
tem sua conduta subsumida ao crime previsto no art. 126 do Código Penal
(aborto provocado por terceiro com consentimento). Já Pedro responderá como
participe no crime de Ana.
e) art. 126, primeira parte, do Código Penal (autoaborto). Robson, por sua vez,
tem sua conduta subsumida ao crime previsto no art. 124 do Código Penal
(aborto provocado por terceiro com consentimento). Já Pedro responderá como
participe no crime de Ana.

2. A pena do crime de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio ou a


automutilação é aumentada de metade se o crime é praticado por motivo
egoístico, torpe ou fútil

Certo ( ) Errado ( )

3. José, inconformado com o fato de sua irmã Marta ter engravidado, e temendo
“falatórios”, decide entregar a ela um copo de suco contendo substância abortiva,
ao ingerir a bebida, Marta passa mal e acaba perdendo a criança. Nesse caso,
José praticou o crime de aborto provocado por terceiro, previsto no art. 125, CP

Certo ( ) Errado ( )

4. Com a inovação trazida pela Lei 13.968/19, existe agora a possibilidade de


punição da autolesão, conforme o art. 122, CP.

Certo ( ) Errado ( )

Gabarito

1-A
2-E
3-C
4-E

551
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

DAS LESÕES CORPORAIS

LESÃO CORPORAL – Art.129, CP

Estará configurado o crime de lesão corporal sempre que houver ofensa a


integridade corporal ou a saúde de outra pessoa.

A autolesão, em regra, não é punida (princípio da alteridade).

LESÃO CORPORAL LEVE – Art. 129, “caput”, CP.


Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

Possui conceito residual, feito por exclusão, sempre que a lesão não se
enquadrar em nenhuma das modalidades do art. 129, será simples.
É um crime de menor potencial ofensivo.

Ação Penal Pública Condicionada a Representação (art. 88 da Lei 9.099/95)

CUIDADO!!! Tratando-se de Lesão Corporal no âmbito de Lei Maria da Penha,


a ação será sempre pública incondicionada (art. 41, da Lei 11.340/06)

LESÃO CORPORAL GRAVE – Art. 129, §1°, CP.


§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.

552
Ação Penal Pública Incondicionada

LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA – Art. 129, §2°, CP.


§ 2º Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos

A expressão “lesão corporal gravíssima” é doutrinária, você não encontrará


essa nomenclatura no Código Penal.

Ação Penal Pública Incondicionada

Crime Hediondo???
A lesão corporal gravíssima será considerada como CRIME HEDIONDO
quando praticada contra autoridades ou agentes descritos nos artigos. 142 e
144, CF, Integrantes do Sistema Prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em razão dela, ou contra o seu cônjuge ou
companheiro, ou parentes consanguíneos até o 3° grau.

LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE – Art. 129, §3°, CP


§ 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não
quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Crime Preterdoloso – O agente tem dolo da lesão e culpa no resultado morte.

✓ Se houver dolo na morte, o agente deverá responder pelo homicídio.


✓ Se houver culpa na lesão e na morte, o agente responde por homicídio
culposo.
✓ Se houver vias de fato seguida de morte, o agente responde por
homicídio culposo.

553
Ação Penal Pública Incondicionada

Crime Hediondo???
A lesão corporal seguida de morte será considerada como CRIME
HEDIONDO quando praticada contra autoridades ou agentes descritos nos
artigos. 142 e 144, CF, Integrantes do Sistema Prisional e da Força Nacional de
Segurança Pública, no exercício da função ou em razão dela, ou contra o seu
cônjuge ou companheiro, ou parentes consanguíneos até o 3° grau.

LESÃO CORPORAL CULPOSA – Art. 129, §6°, CP


§ 6º Se a lesão é culposa: Pena - detenção, de dois meses a um ano.

A lesão culposa não será dividida em grave ou gravíssima. Decorre da Imperícia,


Imprudência ou Negligência.

CUIDADO!!! Quando praticada na direção de veículo automotor, será aplicado


o art. 303 do CTB.

Se a lesão culposa tem como resultado a morte, também culposa, o agente


responderá pelo homicídio culposo.
Ação Penal Pública Condicionada a Representação (art. 88 da Lei 9.099/95)

Tratando-se de Lesão Corporal no âmbito de Lei Maria da Penha, a ação será


sempre pública incondicionada (art. 41, da Lei 11.340/06)

DECORRENTE DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – Art. 129, §9°, CP


§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão,
cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou,
ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação
ou de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.

554
Configura-se quando a lesão é praticada contra:

Ação Penal Pública Incondicionada

AUMENTO DE PENA:
Se a vítima for pessoa portadora de deficiência, a pena: + 1/3 (art. 129, § 11,
CP).
AUMENTO DE PENA:
Se a lesão foi grave, gravíssima ou seguida de morte: + 1/3 (art. 129, § 10,
CP).

DIMINUIÇÃO DE PENA - LESÃO DOLOSA – Art. 129, §4°, CP


§ 4º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor
social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a
injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um
terço.

Causas de diminuição de pena aplicável somente à lesão leve, grave,


grassíssima e seguida de morte – não posso aplicá-la à lesão culposa nem a
decorrente de violência doméstica. Por serem circunstâncias de natureza
subjetiva, são incomunicáveis as demais pessoas (art. 30, CP).

SUBSTITUIÇÃO DA PENA – Art. 129, §5°, CP


§ 5º O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de
detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.

Aplicável apenas à lesão corporal leve.

555
PERDÃO JUDICIAL – Art. 129, §8°, CP
• § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121, CP

Aplicado à lesão culposa, quando as consequências do crime atingem o agente


de forma tão grave que a pena se torna desnecessária.
Causa de extinção da punibilidade (art. 107, IX e Súmula 18, STJ).

CAUSAS DE AUMENTO DE PENA – LEVE, GRAVE, GRAVÍSSIMA E


SEGUIDA DE MORTE Art. 129, §§7° e 12, CP
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos
artigos. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena
é aumentada de um a dois terços.

É a denominada LESÃO CORPORAL FUNCIONAL, ocorre quando praticada


em detrimento:

No Homicídio é qualificadora
Na Lesão Corporal é causa de aumento de pena
Sendo a lesão, grave, gravíssima ou seguida de morte, será CRIME HEDIONDO.
§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das
hipóteses dos §§ 4º e 6º do art. 121 deste Código.

556
Casos de majorantes genéricas aplicadas às lesões culposas e dolosas

✓ LESÃO CULPOSA: +1/3

• INOBSERVÂNCIA DAS REGRAS TÉCNICAS DE PROFISSÃO, ARTE,


OFÍCIO
• OMISSÃO DE SOCORRO
• NÃO PROCUROU DIMINUIR AS CONSEQUÊNCIAS DOS SEUS ATOS
• FOGE PARA LIVRAR O FLAGRANTE

✓ LESÃO DOLOSA: +1/3

• MENOR DE 14 ANOS
• MAIOR DE 60 ANOS
• MILÍCIA PRIVADA
• GRUPO DE EXTERMÍNIO.

EXERCÍCIOS

1. De acordo com o art. n° 129 do Código Penal Brasileiro, assinale a alternativa


correta.

a) Perigo de vida não é considerado lesão corporal.


b) Aborto é lesão corporal de natureza grave.
c) Uma criança que sofreu lesão corporal que a incapacita para as ocupações
habituais por 20 dias se enquadra nesse art. 129 do CPB.
d) Incapacidade permanente para o trabalho é lesão grave.
e) Considera-se lesão corporal seguida de morte quando o agente quis o
resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.

2. Lesão corporal de natureza grave é aquela da qual resulta

a) deformidade permanente.
b) incapacidade permanente para o trabalho.
c) violência doméstica.

557
d) Feminicídio.
e) aceleração de parto.

3. Fernando trabalhava em um circo como atirador de facas. Em uma de suas


apresentações, deveria atirar uma faca em uma maçã localizada em cima da
cabeça de Mércia. Acreditando sinceramente que não lesionaria Mércia, em face
de sua habilidade profissional, atirou a faca. Com tal conduta, lesionou
levemente o rosto da vítima, errando o alvo inicial. Nessa situação, Fernando
praticou lesão corporal dolosa de natureza leve, na modalidade dolo eventual.

Certo ( ) Errado ( )

GABARITO

01 - C
02 - E
03 - E

558
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

DOS CRIMES CONTRA A HONRA

CALÚNIA – Art. 138, CP


Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como
crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala
ou divulga.
§2º - É punível a calúnia contra os mortos. Exceção da verdade
§3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não
foi condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art.
141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi
absolvido por sentença irrecorrível.

• CONSUMAÇÃO: conhecimento da falsa imputação por terceira pessoa


• TENTATIVA: doutrina entende ser cabível de forma escrita
• CONDUTA EQUIPARADA: quem sabe que a acusação é falsa, propala
ou divulga
• CALÚNIA CONTRA OS MORTOS: o sujeito passivo é a família
• Ofende a HONRA OBJETIVA

EXCEÇÃO DA VERDADE – REGRA, não sendo cabível nos casos de:

DIFAMAÇÃO – Art. 139, CP


Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o
ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas
funções.

559
• CONSUMAÇÃO: conhecimento da falsa imputação por terceira pessoa
• TENTATIVA: doutrina entende ser cabível de forma escrita
• O fato não precisa ser crime e não precisa ser falso
• Ofende a HONRA OBJETIVA

EXCEÇÃO DA VERDADE – EXCEÇÃO - só sendo cabível no caso de:

✓ OFENDIDO É FUNCIONÁRIO PÚBLICO E A OFENSA É RELATIVA


AO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO

INJÚRIA – ART.140, CP
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua
natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena
correspondente à violência.
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça,
cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de
deficiência:
Pena - reclusão de um a três anos e multa

“Animus Iocandi” – vontade de brincar, não constituis crime

CONSUMAÇÃO: a vítima toma ciência da ofensa


TENTATIVA: doutrina entende ser cabível de forma escrita
Ofende a HONRA SUBJETIVA

PERDÃO JUDICIAL – Art. 140, §1°, CP


• § 1º- O juiz pode deixar de aplicar a pena:
• I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
• II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

560
INJÚRIA REAL – Art. 140, §2°, CP
§ 2º- Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua
natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena
correspondente à violência.

INJÚRIA RACIAL/PRECONCEITUOSA– Art. 140, §3°, CP


§3º- Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça,
cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora
de deficiência:
Pena - reclusão de um a três anos e multa.

No racismo, existe uma segregação de raças, na injúria racial, quero ofender


aquela pessoa.
racismo impróprio

MAJORANTE APLICADA A TODOS OS CRIMES – Art. 141, CP


Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço,
se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo
estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação
da calúnia, da difamação ou da injúria.
IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de
deficiência, exceto no caso de injúria.
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de
recompensa, aplica-se a pena em dobro.

561
Maior de 60 anos e portador de deficiência, NÃO se aplica a INJÚRIA!

EXCLUSÃO DO CRIMES – Art. 142, CP


Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por
seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou cientifica, salvo
quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em
apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela
difamação quem lhe dá publicidade.

NÃO aplico a CALÚNIA!

RETRATAÇÃO – Art. 143, CP


Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da
calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a
calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a
retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios
em que se praticou a ofensa.

NÃO aplico a INJÚRIA!

AÇÃO PENAL – Art. 145, CP


Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede
mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência
resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça,
no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante
representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem
como no caso do § 3º do art. 140 deste Código.

REGRA: Ação Privada

562
EXCEÇÕES:
Injúria real com violência: AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA
Contra Presidente/ Chefe do Governo Estrangeiro: AÇÃO PÚBLICA
CONDICIONADA A REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA
Contra Funcionário Público em razão da função – legitimidade concorrente:
FUNCIONÁRIO. PÚB. (QUEIXA) X MP (REP. DO OFENDIDO)
Injúria racial: AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO

EXERCÍCIOS

1. Quanto aos crimes contra a honra, correto afirmar que

a) não constitui difamação ou calúnia punível a ofensa irrogada em juízo, na


discussão da causa, pela parte ou por seu procurador.
b) cabível a exceção da verdade na difamação e na injúria.
c) há isenção de pena se o querelado, antes da sentença, se retrata cabalmente
da difamação ou da injúria.
d) a ação penal é pública incondicionada na injúria com preconceito.
e) possível a propositura de ação penal privada no caso de servidor público
ofendido em razão do exercício de suas funções.

2. A configuração do crime de difamação pressupõe a

a) existência de fato não tipificado.


b) atribuição de qualidade negativa ao ofendido.
c) atribuição a outrem da prática de crime ou de contravenção penal.
d) impossibilidade de retratação.
e) ofensa irrogada em juízo.

3. Nos crimes contra a honra previstos no Código Penal, todas as hipóteses


delituosas enumeradas admitem a exceção da verdade.
Certo ( ) Errado ( )

563
GABARITO

01 - E
02 - A
03 - E

DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL

AMEAÇA – Art. 147, CP


Art. 147- Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer
outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação

A ameaça poderá ser:


• VERBAL;
• POR ESCRITO;
• REAL;
• SIMBÓLICA

O “mal injusto” estabelecido no artigo, deve ser possível de realização pelo


sujeito, e não necessita ser um crime.

• CRIME SUBSIDIÁRIO: somente ocorre se não constituir crime mais


grave e específico.
• ELEMENTO SUBJETIVO: dolo, não existe uma finalidade específica
• ADMITE-SE A TENTATIVA
• CONSUMAÇÃO: ocorre no momento em que a vítima toma
conhecimento da ameaça. Não importa se o agente tinha mesmo a
intenção de realizar o mal injusto prometido ou não, configurando o crime
desde que a ameaça passe a causar um temor a vítima.
• AÇÃO PENAL: Pública Condicionada a Representação

564
SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO – Art. 148, CP
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere
privado:
Pena - reclusão, de um a três anos.

O indivíduo restringirá a liberdade de locomoção da vítima total ou parcialmente,


mediante o sequestro e o cárcere privado.

• CRIME SUBSIDIÁRIO: somente ocorre se não constituir crime mais


grave e específico.
• CRIME PERMANENTE: a consumação permanece enquanto não
cessada a restrição da liberdade
• ELEMENTO SUBJETIVO: dolo, não existe uma finalidade específica
• CONSUMAÇÃO: com a privação da liberdade da vítima, que durará
durante determinado período de tempo, até a cessação.
• ADMITE-SE A TENTATIVA
• AÇÃO PENAL: Pública Incondicionada

QUALIFICADORAS – Art. 148, §§ 1º e 2º, CP


§ 1º- A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do
agente ou maior de 60 (sessenta) anos;
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de
saúde ou hospital;
III - se a privação da liberdade dura mais de 15 (quinze) dias.
IV - se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;
V - se o crime é praticado com fins libidinosos.
§ 2º- Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da
detenção, grave sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

565
SÚMULA 711, STF: A lei penal mais grave aplicasse aos crimes permanentes e
continuados se a sua vigência é anterior a cessação da permanência ou da
continuidade.

A prescrição começa a correr do dia em que cessou a permanência, e não do


início do sequestro (art. 111, III, CP)

VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO – Art.150 CP.


Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou
contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia
ou em suas dependências
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

Estará configurado o crime sempre que o agente praticar qualquer das duas
condutas:
• ENTRAR NA CASA SEM O CONSENTIMENTO DO MORADOR;
• APÓS TER ENTRADO NA COM O CONSENTIMENTO DO MORADOR,
NELA PERMANECE CONTRA A SUA VONTADE.

• ELEMENTO SUBJETIVO: dolo, não existe uma finalidade específica


• CONSUMAÇÃO: com a entrada ou permanecia do indivíduo sem a
permissão da vítima
• ADMITE-SE A TENTATIVA quanto ao verbo “entrar”
• AÇÃO PENAL: Pública Incondicionada
• CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO: Lei 9.099/95
• CRIME DE MERA CONDUTA: não necessito de um resultado
determinado

O que é casa???
§ 4º - A expressão "casa" compreende:
I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão
ou atividade.

Casa não é apenas aquele local que o indivíduo estabelece sua residência.

566
O que não posso considerar como casa???
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto
aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior;
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.

QUALIFICADORAS – Art.150, § 1º CP
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o
emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena
correspondente à violência.

Não podemos estabelecer uma hora em exatidão para o que seria considerado
noite, tudo se faz com análise do caso concreto.

EXCLUDENTES DE ILICITUDE – Art.150, § 2º CP


§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou
em suas dependências:
I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar
prisão ou outra diligência;
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali
praticado ou na iminência de o ser.

567
EXERCÍCIOS

1. Quanto ao crime de Ameaça, é correto afirmar que:

a) pressupõe a injustiça do mal prometido


b) é de ação penal privada.
c) não admite transação penal.
d) não pode ser praticado por meios simbólicos.
e) quando usado como meio executório de um roubo, coexiste com este em
concurso de crimes.

2. Assinale a afirmação correta em relação ao crime de ameaça (artigo 147 do


Código Penal).

a) O Ministério Público e o ofendido têm legitimidade para promover a ação


penal.
b) Trata-se de crime de ação penal privada.
c) Somente se procede mediante representação.
d) O Ministério Público tem a faculdade de oferecer denúncia a qualquer tempo,
sem restrições legais.
e) Só pode ser praticado por meio da palavra ou por escrito, não sendo possível
a consumação por meio de gesto ou qualquer outro meio simbólico.

3. Quanto à classificação dos delitos, é correto afirmar-se que o sequestro


caracteriza-se como crime:

a) comum, permanente e unissubsistente.


b) comum, permanente e plurissubsistente.
c) comum, instantâneo e unissubsistente.
d) próprio, instantâneo e plurissubsistente.
e) próprio, permanente e unissubsistente.

568
4. A violação de domicílio é crime de mera conduta, não se exigindo resultado
determinado.

Certo ( ) Errado ( )

GABARITO

01 - A
02 - C
03 - B
04 - C

569
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO I

FURTO – Art. 155, CP


Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Estará configurado sempre que o agente “subtrai” coisa alheia, não


interessando se para ele ou para terceira pessoa, preciso da finalidade especial
o “animus rem sibi habendi” – intenção de ter a coisa alheia para si ou para
terceira pessoa.
Por se tratar de crime comum, não se exige qualidade especial do sujeito ativo
ou do passivo, o sujeito passivo pode ser tanto quem tem a posse, como quem
tem a propriedade, cuidado com a figura do DETENTOR, este não pode ser
vítima do crime.
Admite-se a forma tentada.
Ação Pública Incondicionada.

COISA ABANDONADA (res derelicta) – Não pode ser objeto de furto – não
preenche a qualidade de coisa alheia
COISA DE NINGUÉM (res nullius) - Não pode ser objeto de furto – não
preenche a qualidade de coisa alheia.
COISA PERDIDA (res deperdita) - Não pode ser objeto de furto, mas poderá
configurar o crime de apropriação de coisa achada – art. 169, II CP.

TEORIA SOBRE A CONSUMAÇÃO DO FURTO E DO ROUBO: T.


Amotio/Apprehensio -“Inversão da posse” – Súmula 582, STJ

AUMENTO DE PENA – Art. 155, §1°, CP


§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o
repouso noturno

FURTO CIRCUNSTANCIADO – essa causa de aumento de pena pode ser


aplicada tanto a forma simples quanto a qualificada (STJ e STF).

570
Repouso noturno: estabelecido de acordo com os costumes de cada região.
Não interessa se a vítima está ou não dormindo, nem se tenha ocorrido em
estabelecimento comercial ou se a residência está desabitada (STJ).

FURTO PRIVILEGIADO – Art. 155, §2°, CP


§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o
juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um
a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.

Necessito dos dois requisitos cumulativamente:

PRIMARIEDADE DO AGENTE + PEQUENO VALOR DA COISA FURTADA.

Trata-se de direito subjetivo do autor, ou seja, presentes os requisitos, o juiz tem


que aplicar a redução, a faculdade está presente apena aplicação da pena.

FURTO PRIVILEGIADO X PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA???


Não confunda esses dois institutos. Primeiro você analisará se é caso de
insignificância (afastar o fato típico é mais beneficial do que reduzir a penal),
sendo afastado o princípio, analise o privilégio.

INSIGNIFICÂNCIA: análise geral com base na mínima ofensividade da conduta,


ausência de periculosidade da ação, reduzido grau de reprovabilidade do
comportamento e inexpressividade de lesão ao bem jurídico. STJ considera
insignificante o valor de até 10% do salário mínimo. Cabe o juiz a análise do caso
concreto. O fato é atípico e o agente será absolvido.
PRIVILÉGIO: requisitos específicos de cada agente, o juiz não pode acrescentar
outros requisitos. O fato é típico e o agente condenado, porém sua pena será
reduzida.

FIGURA EQUIPARADA – Art. 155, §3°, CP


§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que
tenha valor econômico.

Única modalidade de furto que configura crime permanente.

571
Para o STJ, não posso dar a essa modalidade de crime, o mesmo tratamento
referente ao inadimplemento tributário, ou seja, mesmo havendo o pagamento
antes do recebimento da denúncia, não ensejará a extinção da punibilidade,
podendo, no entanto, ser analisado no arrependimento posterior.

GATO – configura furto.


TV A CABO – STF – fato atípico, não é energia, não pode ser objeto do crime
de furto. STJ – fato atípico, não pode ser equiparado a energia elétrica. Fato
típico, pode ser equiparado a energia elétrica. Para a sua prova, considere a
atipicidade do fato.
SUBTRAÇÃO DE CADÁVER – será o crime do art. 211, CP (destruição,
subtração ou ocultação de cadáver).
FURTO FAMÉLICO – praticado unicamente para saciar a fome do agente.
Podem ocorrer três hipóteses
1°: Afastar a Ilicitude - Estado de Necessidade
2°: Afastar a Culpabilidade – Inexigibilidade de Conduta Diversa
3°: Aplicação do Princípio da Insignificância
FURTO DE USO – fato atípico – o agente não tem o dolo de ter a coisa para si,
porém, a coisa furtada tem que ser devolvida no mesmo estado de conservação,
não posso aplicar a bens consumíveis.

Súmula 567, STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico


ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si
só, não torna impossível a configuração do crime de furto.

FURTO QUALIFICADO – Art. 155, §4°, CP


§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é
cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas

Súmula 442, STJ: “É inadmissível aplicar, no furto qualificado, a majorante do


roubo”.

572
FURTO QUALIFICADO PRIVILEGIADO???
Súmula 511, STJ: “É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º
do art. 155 do CP nos casos de furto qualificado, se estiverem presentes a
primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de
ordem objetiva”.
Todas as qualificadoras do furto têm natureza objetiva, com exceção do abuso
de confiança que possui natureza subjetiva.

FURTO QUALIFICADO – Art. 155, §4°-A, CP


§ 4º-A - A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se
houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
comum

Uso o explosivo para cometer o crime, incluída no rol de qualificadoras pela Lei
13.654/18.

FURTO QUALIFICADO – Art. 155, §5°, CP


§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for
de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou
para o exterior

É necessário o efetivo transporte para outro estado ou para o exterior.

FURTO QUALIFICADO – Art. 155, §6°, CP


§ 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for
de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido
em partes no local da subtração

Denominado abigeato, o animal tem que ser domesticável e de produção, ou


seja, aqueles destinados a abate, não entram animais domésticos.

FURTO QUALIFICADO – Art. 155, §7°, CP


§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a
subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta
ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego

573
Aqui, eu não tenho a figura do uso do explosivo para cometer o crime, como
previsto no § 4ºA, mas sim a subtração do próprio explosivo ou substâncias
análogas, incluída no rol de qualificadoras pela Lei 13.654/18

FURTO DE COISA COMUM – Art. 156, CP


Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para
outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º- Somente se procede mediante representação

De maneira geral, posso aplicar as peculiaridades referentes ao crime de Furto


(Art.155, CP), aqui, serão tratadas apenas as regras referentes ao tipo penal.

CRIME PRÓPRIO: Posso considerá-lo como bipróprio, pois exige uma


característica particular tanto do sujeito ativo, como do sujeito passivo.
CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
AÇÃO PENAL: Pública Condicionada a Representação

CAUSAS ESPECIAIS DE EXCLUDENTES DE ILICITUDE - Art. 156, §2°, CP


§ 2º- Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não
excede a quota a que tem direito o agente

Se o agente se apropria de uma coisa fungível, mas o valor da coisa não


ultrapassa a sua cota, estará se apropriando do que é seu!

EXTORSÃO – Art. 158, CP


Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e
com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem
econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

A “indevida vantagem econômica” é analisada pelo juiz.


Quanto a grave ameaça prevista no tipo, o STJ considera que pode ser contra o
patrimônio também.

574
DOLO ESPECIAL: intuito de obter para si ou para outrem, indevida vantagem
econômica. Não admite a modalidade culposa.
Admite a forma TENTADA.
CONSUMAÇÃO: consuma-se com a mera exigência da vantagem indevida.
Crime formal e instantâneo. Súmula 96 do STJ.

AUMENTO DE PENA – Art. 158, §1°, CP


§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego
de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.

Abrange qualquer espécie de arma (de fogo, branca), não houve alteração pela
Lei 13.654/18.

EXTORSÃO QUALIFICADA PELA LESÃO GRAVE E PELA MORTE – Art. 158,


§2°, CP
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no §
3º do artigo anterior.

Considerada uma norma penal em branco ao revés, pois, a complementação


normativa é referente a sanção e não ao tipo penal.
À extorsão qualificada pela lesão grave ou pela morte, aplica-se as penas
relacionadas ao roubo qualificado nessa modalidade.

CUIDADO!!! Cuidado com as alterações estabelecidas para o crime de roubo


pela Lei 13.654/18.

ESTORSÃO QUALIFICADA PELA RESTRIÇÃO DE LIBERDADE DA VÍTIMA–


Art. 158, §3°, CP
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e
essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a
pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta
lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159,
§§ 2º e 3º, respectivamente.

É o denominado SEQUESTRO RELÂMPAGO!!!

575
Aqui, é necessária a participação da vítima para se alcançar a vantagem
indevida.

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: o STF e o STJ negam a aplicação do


princípio da insignificância aos crimes praticados mediante violência ou grave
ameaça.

EXERCÍCIOS

1. Artêmis, maior de idade, estava passando em frente a uma loja de produtos


eletrônicos e, com o uso de uma chave falsa, logrou êxito em adentrar ao
estabelecimento para subtrair várias mercadorias de elevado valor. Segundo o
Código Penal, o crime cometido por Artêmis se enquadra como

a) roubo simples.
b) roubo qualificado.
c) furto simples.
d) furto qualificado.
e) furto simples, com aumento de pena pelo uso de chave falsa.

2. João exerce a função de guarda municipal em uma Unidade de Saúde da


Família (USF) do Município do Brejo. Na última sexta-feira, foi ameaçado por um
colega, que portava um canivete, para que não o denunciasse por levar consigo
cinco caixas de luvas descartáveis da USF. De acordo com o Código Penal
Brasileiro, a situação acima, caracteriza que João foi vítima de

a) furto.
b) furto de coisa comum.
c) extorsão.
d) furto qualificado.
e) extorsão indireta.

576
3. O crime de furto de coisa comum, previsto no Art. 165, CP, é de ação pública
incondicionada a representação.

Certo ( ) Errado ( )

GABARITO

01 - D
02 - C
03 - E

577
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO II

ROUBO – Art. 157, CP


Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante
grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer
meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa

Para configurar o crime de roubo, o agente tem que “subtrair” coisa alheia,
porém, aqui, é indispensável o uso da violência/grave ameaça ou de meios que
impossibilitem ou tornem impossíveis a defesa do ofendido.
Podemos aplicar o mesmo raciocínio adotado no crime de furto, em relação a
coisa própria, coisa abandonada, coisa sem dono ou uso comum (não está
presente a elementar “coisa alheia”).

CRIME COMUM: não se exige qualidade especial do sujeito ativo ou do passivo.


Admite-se a forma tentada.
Ação Pública Incondicionada.

Não existe a figura do ROUBO DE USO como sendo uma figura atípica!
Não existe a figura do ROUBO PRIVILEGIADO!!!
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA – O STJ e o STF não reconhecem o princípio
da insignificância sendo aplicado aos crimes que contenham violência ou grave
ameaça à pessoa, mesmo sendo a coisa subtraída de pequeno valor.
CRIME IMPOSSÍVEL – a ausência de patrimônio pela vítima não gera crime
impossível, pois, para configurar o roubo, tenho a incidência de duas condutas,
SUBTRAÇÃO + VIOLÊNCIA – sofrendo o bem jurídico qualquer risco, tem-se o
crime na modalidade tentada.

ROUBO IMPRÓPRIO – Art. 157, §1°, CP


§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa,
emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a
impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

Violência empregada contra a pessoa.

578
A finalidade da violência é assegurar a vantagem ou impunidade do crime.
Não admite tentativa

VIOLÊNCIA PRÓPRIA: Violência física ou grave ameaça exercida contra a


pessoa
VIOLÊNCIA IMPRÓPRIA: Meios que reduzem a possibilidade de defesa da
vítima.

AUMENTO DE PENA – Art. 157, §2°, CP


§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 até metade
I - (revogado); revogado pela Lei 13.654/18
II - Se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente
conhece tal circunstância.
IV - Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado
para outro Estado ou para o exterior;
V - Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade
VI - Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que,
conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou
emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
VII - Se a violência ou grave ameaça é exercida com o emprego de arma
branca. (Incluído pela Lei nº 13. 964, de 2019)

Aplicado tanto ao roubo próprio como ao roubo impróprio.


A alteração dita pela Lei 13.654/18, revogou o termo “uso de arma” que era
previsto no § 2º, I, e inseriu no parágrafo seguinte e termo “arma de fogo”,
afastando assim, toda e qualquer arma que não fosse a de fogo, como causa de
aumento. Com a Lei 13. 964, de 2019, foi inserido o inciso IV ao § 2º, voltando a
prevê a possibilidade da “arma branca” como causa de aumento de pena.

AUMENTO DE PENA – Art. 157, §2°- A, CP


§ 2º-A - A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº
13.654, de 2018)

579
I – Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;
(Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
II – Se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de
explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela
Lei nº 13.654, de 2018)

AUMENTO DE PENA – Art. 157, §2°- B, CP


§ 2º-B - Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma
de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no
caput desse artigo. (Incluído pela Lei nº 13. 964, de 2019)

Não existia diferença de a arma de fogo ser de uso restrito ou proibido. Por se
tratar de Novatio Legis In Pejus, seus efeitos não retroagem.

AUMENTO DE PENA – Art. 157, §3°, CP


§ 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
I – Lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito)
anos, e multa; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
II – Morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.
(Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

O resultado que agrava o crime pode ser cometido tanto a título de dolo como
de culpa, porém, a violência usada para se alcançar o resultado deve ser
necessariamente dolosa.
Não posso aplicar as majorantes dos §§2° e 2°- A.
Quanto ao LATROCÍNIO, observe o disposto na súmula 610 do STF:

Súmula 610 – STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma,


ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima.

580
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO – Art. 159, CP
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem,
qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate
Pena - reclusão, de oito a quinze anos

Tenho que ter a finalidade especial de obter qualquer vantagem como condição
ou preço do resgate.
Não há a modalidade culposa.

A consumação ocorre com a simples privação da liberdade da vítima, por


tempo juridicamente relevante. Crime formal.

EXTORSÃO QUALIFICADA Art. 159, §1°, CP


§ 1° Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o
sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos,
ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.

A vítima deve ser menor de 18 anos no momento do sequestro, não importando


se quando foi liberada, já tenha atingido a maioridade. Com o mesmo raciocínio,
não importa se no momento do sequestro a vítima era menor de 60 anos, se
atingiu essa idade antes de cessar a permanência do crime, incidirá a
qualificadora.

EXTORSÃO QUALIFICADA Art. 159, §§2° e 3°, CP


§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos
§ 3º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.

A lesão grave e a morte devem decorrer do fato, e não, necessariamente do


emprego da violência.
A doutrina é divergente quando a morte, Cleber Masson entente que a morte,
necessariamente tem que ser do sequestrado, de maneira diversa entende
Rogério Sanches, entendendo que configura com a morte de qualquer pessoa.

581
DELAÇÃO PREMIADA Art. 159, §4°, CP
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar
à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena
reduzida de um a dois terços.
A redução de pena desse parágrafo aplica-se tanto a modalidade simples como
a qualificada, trata-se de direito subjetivo do autor.

EXERCÍCIOS

1. João invade um museu público disposto a furtar um quadro. Durante a ação,


quando já estava tirando o quadro da parede, depara-se com um vigilante. Diante
da ordem imperativa para largar o quadro, e temendo ser alvejado, vulnera o
vigilante com um projétil de arma de fogo. O vigilante vem a óbito; e João,
impressionado pelos acontecimentos, deixa a cena do crime sem carregar o
quadro. De acordo com o entendimento sumulado pelo Supremo Tribunal
Federal, praticou-se

a) furto qualificado tentado em concurso com homicídio qualificado consumado.


b) roubo próprio tentado em concurso com homicídio consumado.
c) roubo impróprio tentado em concurso com homicídio consumado.
d) latrocínio tentado.
e) latrocínio consumado.

2. Conforme jurisprudência dominante no STJ, nos crimes de furto e roubo


(artigos. 155 e 157 do CP) a consumação do fato típico somente ocorre com a
posse mansa e pacífica, o que não se verifica no caso de perseguição imediata
do agente e recuperação da coisa subtraída.

Certo ( ) Errado ( )

3. O crime de extorsão mediante sequestro, desde que se prove que a intenção


do agente era, de fato, sequestrar a vítima, se consuma no exato instante em
que a pessoa é sequestrada, privada de sua liberdade, independentemente de
o(s) sequestrador(es) conseguir(em) solicitar(em) ou receber(em) o resgate.
Certo ( ) Errado ( )

582
GABARITO

01 - E
02 - E
03 - C

DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO III

EXTORSÃO INDIRETA– Art. 160, CP


Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da
situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento
criminal contra a vítima ou contra terceiro:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

O agente se vale da condição de necessidade da outra pessoa para fazer com


que esta assine documento que pode dar causa a procedimento criminal, que
pode ser tanto contra a própria pessoa que está assinando, como contra
terceiros

CRIME COMUM: qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime.


CRIME FORMAL: quanto a “exigência” do documento.
CRIME MATERIAL: quanto ao “recebimento”
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo
NÃO É CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
ADMITE TENTATIVA
AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA

DANO– Art. 163, CP


Art.163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

583
Tenho que ter a destruição, inutilização ou deterioração de coisa alheia, não
existirá o crime se o agente destrói o próprio bem, também não existirá nos casos
de:
COISA ABANDONADA
COISA SEM DONO

CRIME COMUM: qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime.


CRIME MATERIAL: necessito da destruição, inutilização ou deterioração da
coisa
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo
CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
ADMITE TENTATIVA
AÇÃO PRIVADA – Art.167, CP.

DANO QUALIFICADO Art. 163, Parágrafo Único, CP


Parágrafo único - Se o crime é cometido:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não
constitui crime mais grave
III - contra o patrimônio da União, Estado, do Distrito Federal, de
Municípios ou de Autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço
público.
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena
correspondente à violência.

Na hipótese qualificada, a única modalidade em que a ação penal será privada,


vai ser a do Inciso IV (art. 167, CP), nos demais casos, a ação será pública
incondicionada.

No caso do Inciso I, a violência à pessoa ou a grave ameaça, são meios de


execução do crime de dano, se for posterior a sua prática, o agente responderá
por ambos os crimes em concurso material.
No caso do Inciso II, temos a hipótese de um crime na modalidade subsidiária.

584
EXERCÍCIOS

1. É qualificado, se cometido contra o patrimônio do Município, o crime de

a) furto (CP, art. 155, § 4º).


b) usurpação de águas (CP, art. 161, I).
c) esbulho possessório (CP, art. 161, II).
d) dano (CP, art. 163).
e) apropriação indébita (CP, art. 168).

2. Considerando o que dispõe o Código Penal, o crime de dano é qualificado se


cometido

a) durante o repouso noturno.


b) mediante concurso de duas ou mais pessoas.
c) com destreza.
d) com escalada.
e) por motivo egoístico.

3. O filho de João tem grave problema de saúde e precisa realizar custoso


procedimento cirúrgico, que a família não tem condição de pagar. Imagine que
Pedro empresta R$ 50.000,00 a João, mas como garantia de tal dívida exige que
João, de próprio punho e em documento escrito, confesse ter traído a própria
esposa, bem como ter fraudado a empresa em que ambos trabalham, desviando
recursos em proveito próprio. João cede à exigência a fim de obter o empréstimo.
A conduta de Pedro

a) é isenta de pena, por incidir causa supra legal que afasta a culpabilidade, qual
seja, o consentimento da vítima.
b) configura exercício arbitrário das próprias razões.
c) é atípica, por ausência de previsão legal.
d) configura constrangimento ilegal
e) configura extorsão indireta.

585
4. Considere que determinada pessoa, indignada por não ter resolvido uma
questão particular em órgão público da União, destrua o balcão de recepção do
referido órgão. Nessa situação, a conduta do agente classifica-se como dano
qualificado, para o qual é prevista multa e pena de detenção de seis meses a
três anos.

certo ( ) errado ( )

GABARITO

01 - D
02 - E
03 - E
04 - C

586
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO IV

APROPRIAÇÃO INDÉBITA – Art. 168, CP


Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a
detenção: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena

O sujeito ativo tem a posse ou a detenção desvigiada ou legítima do bem móvel,


daí, o sujeito ativo investe o domínio daquele bem e passa a dispor como se a
coisa fosse sua.

CRIME PRÓPRIO: Apenas o possuidor ou detentor da coisa poderá praticar o


crime
CRIME MATERIAL: O agente precisa dispor como se fosse dono da coisa
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo
NÃO É CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
ADMITE TENTATIVA

AUMENTO DE PENA– Art. 168, § 1º CP


§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante,
testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.

A questão referente ao depósito necessário previsto no incido I, é tratada nos


artigos. 647 a 652, do CC. No inciso II, encontramos um rol taxativo, sem a
possibilidade de aumento de pena em casos fora os estabelecidos. Quanto ao
inciso III, temos hipóteses de circunstâncias pessoais, incomunicáveis em
concurso de pessoas.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA– Art. 168-A, CP


Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições
recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa

587
Trata-se de um crime que afeta a ordem tributária, é um crime omissivo próprio
já que só pode ser praticado por quem tinha o dever de repassar contribuições,
através de uma omissão. Para o STF e para o STJ, estará consumado o crime
na data da constituição definitiva do crédito tributário, com o esgotamento da via
administrativa.

CRIME PRÓPRIO: Apenas aquele a quem cabe recolher as contribuições e


repassá-las pode ser sujeito ativo. O sujeito passivo será a UNIÃO
CRIME MATERIAL
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo
NÃO É CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
NÃO ADMITE TENTATIVA: trata-se de um crime omissivo próprio.

CONDUTAS EQUIPARADAS– Art. 168-A, §1º CP


§1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à
previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a
segurados, a terceiros ou arrecadada do público;
II - recolher contribuições devidas à previdência social que tenham
integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou
à prestação de serviços;
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou
valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social.

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE– Art. 168-A, §2º CP


§ 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara,
confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou
valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma
definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal

O STF já decidiu que a quitação, mesmo depois do trânsito em julgado, pode


beneficiar o agente, já que a Lei 10.684/03 não estabelece tempo, e não cabe
ao judiciário estabelecê-lo.
Não cabe outra interpretação a não ser a de que o adimplemento do débito
tributário, a qualquer tempo, é causa extintiva da punibilidade (HC 362,478/SP,
rel. Min. Jorge Mussi. DJe 20/09/2017)

588
PERDÃO JUDICIAL– Art. 168-A, §3º CP
§ 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa
se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:
I - tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a
denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive
acessórios; ou (Revogado tacitamente pelo art. 9º da Lei 10.684/03)
II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou
inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente,
como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.

INAPLICABILIDADE DO PERDÃO JUDICIAL– Art. 168-A, §4º CP


§ 4º A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos casos de
parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja
superior àquele estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo
para o ajuizamento de suas execuções fiscais

No âmbito federal, o valor mínimo para o ajuizamento da execução fiscal é de


R$20.000,00 (Portaria MF 75/2002). Qualquer valor acima, não cabe ao juiz
deixar de aplicar a pena.

APROPIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO, CASO FORTUITO OU FORÇA


MAIOR– Art. 169, CP
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por
erro, caso fortuito ou força da natureza: Pena - detenção, de um mês a
um ano, ou multa.

CUIDADO!!! Não confunda este crime com o crime de apropriação indébita, na


apropriação indébita, o agente entrega, voluntariamente a coisa ao sujeito ativo,
que passa a dispor como se dono fosse. No crime em tela, o agente entregou a
coisa ao sujeito ativo, por uma falsa percepção da realidade, ou seja, é
imprescindível o erro na entrega da coisa.

CRIME COMUM: Qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo


CRIME MATERIAL: A consumação ocorre com a apropriação da coisa alheia
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo
CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
ADMITE TENTATIVA

589
CONDUTAS EQUIPARADAS– Art. 169, Parágrafo Único, CP
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte,
da quota a que tem direito o proprietário do prédio;
Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou
parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de
entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias.

Mas qual a definição de tesouro???


Trata-se de uma norma penal em branco homogênea, estando sua definição
prevista no Código Civil.

Achando não é roubado???


De fato, achado não é roubado, mas isso não torna a conduta do agente atípica,
quem se apropria de coisa achada responderá pelo crime do art. 169, parágrafo
único, incido II.
Importante salientar que não cometerá este crime aquele que se apropria de
coisa abandonada, pois falta o requisito “coisa alheia”.
Posso considerar a conduta do art. 169, parágrafo único, incido II, como sendo
um CRIME A PRAZO, pois, preciso do decurso de 15 dias para estar
consumado.

EXERCÍCIOS

1. Ao anoitecer de 28 de abril de 2017, o funcionário público municipal Mário


Pança, ao sair da prefeitura de Passárgada, onde trabalha, encontra um pacote
contendo cerca de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) em notas de R$ 100,00. Feliz
com a possibilidade de saldar todas as suas dívidas, leva tal numerário para casa
e, no dia seguinte, procura seus credores, saldando um a um. Marta Rochedo,
que havia perdido tal numerário, procura a Delegacia de Polícia local pedindo
providências a respeito. Os policiais civis realizam investigações, conseguindo
apurar que Mário Pança havia encontrado tal numerário, dando cabo de suas
dívidas com o mesmo. Diante de tal enunciado, a opção em que se enquadra a
conduta praticada por Mário Pança é:

a) Apropriação indébita de coisa alheia achada.

590
b) Furto privilegiado.
c) Furto simples.
d) Peculato apropriação.

2. Durante um ano e cinco meses, a empresa L&X recolheu as contribuições


previdenciárias de seus empregados, mas não as repassou à previdência social,
o que caracterizou o crime de apropriação indébita previdenciária. Nessa
situação, se os representantes legais da empresa L&X, espontaneamente,
confessarem e efetuarem o pagamento das contribuições, ficará extinta a
punibilidade.

certo ( ) errado ( )

3. A apropriação de veículo do patrão por empregado doméstico que detinha o


bem para utilização em tarefas afetas às suas obrigações é delito de apropriação
indébita, devendo a pena-base ser majorada de um terço por determinação legal.

certo ( ) errado ( )

GABARITO

01 - A
02 - C
03 - C

591
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO V

ESTELIONATO – Art. 171, CP


Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo
alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil,
ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa

O sujeito ativo usa de uma fraude para ludibriar uma pessoa, induzindo-a em
erro, ou mantendo em erro quem já se encontra, para obter uma vantagem ilícita.

CRIME COMUM: qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime.


CRIME MATERIAL: é necessário a obtenção da vantagem indevida
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo
NÃO É CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
ADMITE TENTATIVA
AÇÃO PÚBLICA CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO

CUIDADO!!! O Pacote Anticrime (Lei 13.964/19) inseriu o §5º ao art. 171,


modificando, assim, a ação penal, antes era pública incondicionada, hoje, para
a ser, em regra, ação pública condicionada a representação, com exceção
dos casos previstos no próprio parágrafo que veremos a seguir.

FORMA PRIVILEGIADA– Art. 171, §1º CP


§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz
pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.

Nossa jurisprudência entende como sendo coisa de pequeno valor, aquela que
não ultrapassa um salário mínimo. Nesse caso, o juiz poderá:

SUBSTITUIR A PENA DE RECLUSÃO PENA DE DETENÇÃO;


REDUZI-LA DE 1/3 A 2/3;
APLICAR SOMENTE A PENA DE MULTA

592
CONDUTAS EQUIPARADAS– Art. 171, §2º CP
Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa
alheia como própria;
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria
inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender
a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre
qualquer dessas circunstâncias; Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro
modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
Fraude na entrega de coisa
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve
entregar a alguém;
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio
corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com
o intuito de haver indenização ou valor de seguro;
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado,
ou lhe frustra o pagamento.

AUMENTO DE PENA– Art. 171, §3º CP


§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em
detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia
popular, assistência social ou beneficência

Também recebe o nome de ESTELIONATO CIRCUNSTANCIADO, porém,


quando for cometido em detrimento da Previdência Social, que é entidade de
direito público, recebe o nome de ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO.

QUALIFICADORA– Art. 171, §4º CP


§ 4º Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso

AÇÃO PENAL – Art. 171, §5º CP


§ 5º - Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for:
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - a Administração Pública, direta ou indireta; (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
II - criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

593
III - pessoa com deficiência mental; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

EXERCÍCIOS

1. Hugo estava em via pública com seu currículo na mão, considerando o fato de
estar desempregado. Ao observar aquela situação, Carlos apresentou-se como
funcionário da sociedade empresária que funcionava naquela rua e afirmou que
teria um emprego para oferecer a Hugo. Para isso, Hugo precisaria inicialmente
apresentar seus documentos. Posteriormente, Carlos solicitou que Hugo lhe
entregasse seu aparelho de telefonia celular, afirmando que iria ao interior do
estabelecimento comercial para registrar o wi-fi no aparelho. Hugo, então,
entregou a Carlos seu celular e permitiu que ele fosse ao estabelecimento,
combinando de aguardá-lo em via pública. Uma hora depois, entendendo que
Carlos estava demorando, Hugo o procurou no estabelecimento, descobrindo
que, na verdade, Carlos nunca trabalhara no local e que deixara a localidade na
posse do seu telefone assim que o recebeu.
Os fatos são informados ao Ministério Público.
Com base apenas nas informações expostas, a conduta de Carlos condiz com a
figura típica do crime de:

a) apropriação indébita majorada em razão do ofício, emprego ou profissão;


b) furto qualificado pelo emprego de fraude;
c) apropriação indébita simples;
d) furto simples;
e) estelionato.

2. Para a caracterização do estelionato, é necessário haver o emprego de fraude,


a provocação ou a manutenção em erro, a vantagem ilícita e a lesão patrimonial
de outrem

certo ( ) errado ( )

594
3. Aquele que lesar o próprio corpo ou agravar as consequências de uma lesão
com o intuito de buscar indenização será, ao mesmo tempo, sujeito ativo e
passivo do delito em razão da sua própria conduta.

certo ( ) errado ( )

4. Saulo, utilizando-se da fraude conhecida como conto do bilhete premiado,


ofereceu o falso bilhete a Salete para que esta resgatasse o prêmio. Encantada
com a oferta e desconhecendo a falsidade do bilhete, Salete entregou a Saulo
vultosa quantia, sob a crença de que o bilhete representasse maior valor. Após
dirigir-se à casa lotérica, Salete descobriu o engodo e procurou uma delegacia
de polícia para registrar o fato. Nessa situação, não cabe qualquer providência
na esfera policial, porquanto a vítima também agiu de má-fé (torpeza bilateral),
ficando excluído o crime de estelionato.

certo ( ) errado ( )

GABARITO

01 - E
02 - C
03 - E
04 - E

595
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO VI

RECEPTAÇÃO – Art. 180, CP


Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito
próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Podemos conceituar a receptação como sendo um CRIME ACESSÓRIO, pois


necessita da ocorrência de um crime anterior.

RECEPTAÇÃO PRÓPRIA – ocorre quando o agente “adquire”, “recebe”,


“transporta”, “conduz” ou “oculta”
RECEPTAÇÃO IMPRÓPRIA – ocorre quando o agente “influi” para que terceiro
de boa-fé, adquira, receba, ou, oculte.

A receptação própria é CRIME MATERIAL, já a receptação imprópria classifica-


se como CRIME FORMAL.
Somente a RECEPTAÇÃO PRÓPRIA admite tentativa.

CRIME COMUM: qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime.


ELEMENTO SUBJETIVO: dolo direto – “coisa que sabe ser produto de crime”
(a modalidade culposa encontra-se no §3º )
NÃO É CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA

QUALIFICADORAS – Art. 180, §§1º, 2º CP


§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito,
desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer
forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime:
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior,
qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício
em residência.

596
A figura contida no parágrafo primeiro foi inserida para que aqueles proprietários
de desmanche de carro pudessem ser punidos mais severamente.
Aqui, eu tenho a figura de um CRIME PRÓPRIO, ou seja, somente pode ser
sujeito ativo deste crime, o comerciante ou industrial.
O § 2º trás a figura de uma NORMA PENAL EXPLICATIVA

FORMA CULPOSA – Art. 180, §3º, CP


§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a
oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas.

Único crime culposo contra o patrimônio. Crime de menor potencial ofensivo.

AUTORIA DO CRIME ANTERIOR – Art. 180, §4º, CP


§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena
o autor do crime de que proveio a coisa
Não importa se o autor do crime anterior é desconhecido, ou, se conhecido, for
isento de pena, irei punir a receptação da mesma forma.

FORMA PRIVILEGIADA – Art. 180, §5º, CP


§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo
em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na
receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155

RECEPTAÇÃO CULPOSA – Juiz poderá:


• Deixar de aplicar a pena

RECEPTAÇÃO DOLOSA – Sendo o criminoso primário e a coisa de pequeno


valor, o juiz poderá:
• Substituir a reclusão pena detenção
• Diminuir a pena de 1/3 a 2/3
• Aplicar somente a pena de multa

597
QUALIFICADAS – Art. 180, §6º, CP
§ 6º -Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do Distrito
Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa
pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de
serviços públicos, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste
artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.531, de 2017)

Aplica-se somente a receptação simples, própria e imprópria.

EXERCÍCIOS

1. Um indivíduo, sem antecedentes criminais, que, consertando e vendendo


telefones celulares novos e usados, exercia comércio clandestino no quintal de
casa, expôs à venda, em certa ocasião, um celular roubado avaliado em R$
3.000. Ao ser indagado sobre a procedência do bem, o comerciante alegou que
o comprara de um desconhecido, sem recibo ou nota fiscal. Embora não tenha
ficado esclarecido como o celular chegara às suas mãos ou quem o subtraíra, é
inquestionável a procedência criminosa, já que a vítima, quando do roubo, havia
registrado na delegacia a ocorrência do fato, o qual fora confirmado por
testemunhas oculares.

Nessa situação hipotética, tal indivíduo responderá pela prática de crime de


receptação

a) preterdolosa, por ter agido com dolo na conduta e culpa no resultado.


b) qualificada, mesmo que a autoria do crime anterior não seja apurada, por
tratar-se de crime parasitário ou acessório.
c) culposa, já que agiu com imprudência ao comprar produtos sem exigir recibo
ou nota fiscal.
d) simples, porque não explorava comércio regular.
e) dolosa com forma privilegiada, por ser primário e ter bons antecedentes.

2. Sobre o crime de receptação, é correto afirmar que:

a) cuida-se de crime subsidiário ao delito de favorecimento real.

598
b) não é possível a receptação que tenha como crime prévio uma outra
receptação.
c) a receptação qualificada admite a modalidade culposa.
d) aquele que encomenda a prática de crime patrimonial prévio não responde
por receptação ao receber para si o produto do crime.

3. A extinção da punibilidade pela prática do crime de furto alcança o crime de


receptação, haja vista que este último só foi possível em razão do primeiro.

certo ( ) errado ( )

GABARITO

01 - B
02 - D
03 - E

599
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO VI

ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS – Artigos. 181 e 182, CP

IMUNIDADE ABSOLUTA – Art. 181 CP


Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos
neste título, em prejuízo:
I - Do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - De ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou
ilegítimo, seja civil ou natural.

Recebe o nome de IMUNIDADE ABSOLUTA pois o agente fica ISENTO DE


PENA

IMUNIDADE RELATIVA - Art. 182 CP


Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime
previsto neste título é cometido em prejuízo:
I - Do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - De irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - De tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

Aqui, a imunidade é relativa tendo em vista não mais existir isenção de pena,
mas, se a ação penal for pública incondicionada, passará a ser PÚBLICA
CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO.

RESSALVAS DO Art. 183 CP


Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - Se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja
emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;
II - Ao estranho que participa do crime.
III - Se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a
60 (sessenta) anos.

Existem determinados casos em que não posso aplicar nem a imunidade


absoluta nem a imunidade relativa, como estabelecido no art. 183, CP

600
EXERCÍCIOS

1. Sobre as disposições gerais aplicáveis aos crimes contra o patrimônio,


previstas nos artigos 181 a 183 do Código Penal, assinale a alternativa correta.

a) Maria, apesar de divorciada de José, com este mantém amizade, e


constantemente se encontram para jantar. Em um desses encontros, Maria
furtou o relógio e as abotoaduras de ouro pertencentes a José. Nesse caso, por
ter sido casada com José, Maria estará isenta de pena, nos temos do art. 181, I,
do Código Penal.
b) Se o crime for cometido em prejuízo de irmão, legítimo ou ilegítimo, a ação
penal será pública incondicionada.
c) Manoel, para sustentar o vício em jogos, furtou R$ 70.000,00 de seu pai,
referente a todo o dinheiro economizado durante a vida do genitor, um senhor
de 65 anos de idade à época do fato. Por ter praticado crime sem violência contra
seu genitor, Manoel ficará isento de pena.
d) As causas de isenção de pena previstas nos artigos 181 e 182 também se
estendem ao estranho que participa do crime.
e) Se o crime for cometido em prejuízo de tio ou sobrinho com quem o agente
coabita, a ação penal será pública condicionada à representação.

2. Nilson, na companhia de sua namorada, Ana Paula, ambos maiores e


capazes, subtraem a quantia de R$ 200,00 da carteira do avô de Nilson que, na
data do furto, contava 62 anos de idade. Diante da situação hipotética
apresentada,

a) Nilson ficará isento de pena, em razão do crime ter sido praticado contra seu
ascendente. Contudo, tal isenção não alcançará Ana Paula.
b) haverá isenção da pena para Nilson, circunstância que também alcançará sua
namorada Ana Paula.
c) Nilson e Ana Paula responderão pelo crime de furto qualificado, não incidindo
a isenção de pena para nenhum dos agentes.
d) Nilson responderá por furto qualificado, enquanto que Ana Paula responderá
por furto simples.
e) A responsabilização penal de Nilson e Ana Paula dependerá de queixa-crime.

601
3. É correto afirmar que é isento de pena a esposa que pratica crime de furto
qualificado com emprego de chave falsa contra seu marido na constância do
casamento, gozando está de imunidade penal absoluta.

certo ( ) errado ( )

4. G. S., primário e de bons antecedentes, furta R$ 10.000,00 de seu próprio pai,


um senhor de 55 anos. Na hipótese, conclui-se que G. S.

a) fica isento de pena.


b) responde pelo crime de furto privilegiado.
c) responde pelo crime de furto simples.
d) responde pelo crime de furto agravado.
e) responde pelo crime de furto qualificado.

5. As escusas absolutórias previstas no art. 181 do Código Penal favorecem ao


estranho que participa do crime, desde que tenha ciência de estar participando
de prática de fato envolvendo parentes.

certo ( ) errado ( )

GABARITO

01 - E
02 - C
03 - C
04 - A
05 - E

602
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA I

PRATICADO POR FUNCIONÁRIO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

CRIMES FUNCIONAIS
PRÓPRIOS - quando não existir o funcionário público – FATO ATÍPICO
IMPRÓPRIOS - quando não existir o funcionário público – OUTRO CRIME

O particular poderá ser sujeito ativo???

✓ Art.30, CP

✓ Ciência da condição de funcionário público

Princípio da insignificância – Súmula 599, STJ

CAUSA DE AUMENTO DE PENA APLICÁVEL A TODOS OS CRIMES


PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
EM GERAL – Art. 327, §2°, CP
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem,
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou
função pública.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos
crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão
ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração
direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação
instituída pelo poder público.

PECULATO – Art. 312, CP


Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

Peculato de uso: Fato atípico (mas há a improbidade administrativa)

603
Utilização de mão-de-obra: se o servidor utiliza a mão-de-obra de subordinado
seu para assuntos exclusivamente particulares, cometerá peculato. Se utiliza
tanto para assuntos inerentes ao cargo como para assuntos particulares, a
conduta será atípica.
O Peculato apropriação e o Peculato desvio, também podem ser chamados de
PECULATO PRÓPRIO (o funcionário público tem a posse do objeto ou valor).

PECULATO APROPRIAÇÃO – Apropriar-se o funcionário público de dinheiro,


valor ou qualquer outro bem móvel
PECULATO DESVIO - Desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.

PECULATO FURTO – Art. 312, §1°, CP


§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não
tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que
seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que
lhe proporciona a qualidade de funcionário.

Não é necessário que o agente tenha a posse em razão do cargo, mas a


qualidade de funcionário público é exigida para facilitar a prática da subtração.

Também pode ser chamado de PECULATO IMPRÓPRIO (o Funcionário Público


não tem a posse do objeto ou valor em razão do cargo)

PECULATO CULPOSO – Art. 312, §2°, CP


§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

O agente não subtrai, mas contribui para a subtração de terceira pessoa, é


praticado na modalidade de negligência. Há dois crimes, peculato culposo por
parte do funcionário público e furto ou apropriação indébita por parte do terceiro.
Não há concurso de pessoas pela ausência do vínculo subjetivo.

REPARAÇÃO DE DANO NO PECULATO CULPOSO – Art. 312, §3°, CP


§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à
sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de
metade a pena imposta.

604
PECULATO DOLOSO (§§1° e 2°)
• Antes do recebimento da denúncia – arrependimento posterior: -1 a 2/3
(art.16, CP)
• Após o recebimento da denúncia – atenuante (art. 6, III, b, CP)

PECULATO CULPOSO (§3°)


• Antes da sentença irrecorrível – extinção da punibilidade
• Após a sentença irrecorrível – redução de pena: metade

PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM– Art. 313, CP


Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício
do cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Não se configura pelo mero recebimento, mas pelo assenhoramento.


“Qualquer utilidade” deve ser entendida como uma utilidade patrimonial que
tenha valor econômico.
O erro de terceiro deve ser espontâneo, se o funcionário público induziu a pessoa
em erro, será o crime de estelionato.
Admite-se tentativa e não há a modalidade culposa.

EXERCÍCIOS

1. “Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem


móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-
lo, em proveito próprio ou alheio” é o texto do crime praticado por funcionário
público contra a administração em geral denominado

a) prevaricação.
b) Concussão.
c) Peculato.
d) corrupção passiva.
e) excesso de exação.

605
2. Situação hipotética: Um médico de hospital particular conveniado ao Sistema
Único de Saúde praticou conduta delituosa em razão da sua função,
configurando-se, a princípio, o tipo penal do peculato-furto. Assertiva: Nessa
situação, como não detém a qualidade de servidor público, o agente responderá
pelo crime de furto em sua forma qualificada.

certo ( ) errado ( )

3. O Guarda Civil que se apropria de dinheiro ou de qualquer utilidade que, no


exercício do cargo, recebeu por erro de outrem

a) não comete crime, pois o erro de outrem afasta a tipificação penal.


b) comete o crime de peculato mediante erro de outrem.
c) comete o crime de corrupção passiva, apenado com reclusão.
d) não comete crime, pois a conduta não está descrita no Código Penal.
e) comete os crimes de furto e prevaricação.

4. No que concerne ao peculato, é correto afirmar que, se o funcionário público


concorre culposamente para o crime de outrem,

a) fica sujeito a pena de detenção.


b) fica sujeito a pena de reclusão e multa.
c) a reparação do dano ocorrida depois do trânsito em julgado de sentença
condenatória não tem qualquer consequência penal.
d) a reparação do dano ocorrida antes do trânsito em julgado de sentença
condenatória reduz de metade a pena imposta.
e) a conduta é considerada atípica, por não haver expressa previsão legal para
punição por crime culposo.

GABARITO

01 - C 03 - B
02 - E 04 - A

606
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA II

PRATICADO POR FUNCIONÁRIO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

CONCUSSÃO – Art. 316, CP


Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda
que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Por ser crime formal, consuma-se com a simples exigência, sendo o
recebimento da vantagem mero exaurimento do crime.
Embora de difícil constatação, admite-se a tentativa

EXCESSO DE EXAÇÃO – Art. 316, §1°, CP


Art. 316, § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que
sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança
meio vexatório ou gravoso, que a lei não
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa

Apesar de integrar o art. 316, CP, é um crime autônomo em relação a


Concussão. Aqui, o agente também, faz uma exigência, mas não pra ele, mas
para o próprio estado.

QUALIFICADORA – Art. 316, §2°, CP


§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que
recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

No §1°, o agente exige tributo ou contribuição social indevida, o recebimento e o


recolhimento aos cofres públicos é mero exaurimento do crime, estamos diante
de um crime formal. Já na modalidade qualificada, os valores são desviados pelo
agente em proveito próprio ou alheio.

É uma forma qualificada referente ao §1°.

607
CORRUPÇÃO PASSIVA – Art. 317, CP
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em
razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Tipo misto alternativo, a realização de qualquer das condutas, ou mais de uma


configurará crime único.

BIZU DO SRA!!!
• SOLICITAR - Crime formal
• RECEBER – Crime material
• ACEITAR PROMESSA – Crime formal

CORRUPÇÃO PASSIVA PRÓPRIA: o ato a ser praticado pelo funcionário é


ilícito
CORRUPÇÃO PASSIVA IMPRÓPRIA: o ato a ser praticado pelo funcionário é
lícito

AUMENTO DE PENA – Art. 317, §1°, CP


§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou
promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o
pratica infringindo dever funcional.

Denominada corrupção exaurida, por ser o crime formal em quase todas as


modalidades, estará consumado com a solicitação, recebimento ou aceitação da
vantagem, o fato de o funcionário público deixar de praticar o ato, retardá-lo ou
praticar infringindo dever funcional, torna a conduta ainda mais reprovável,
gerando agravamento de sua pena.

608
CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA – Art. 317, §2°, CP
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício,
com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de
outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Aqui, não existe vantagem indevida, por isso a corrupção é privilegiada, ocorre
quando o agente cede a pedido ou influência de terceira pessoa, existindo
assim, a interferência direta de terceira pessoa na tomada de decisão do agente.

É considerada infração de menor potencial ofensivo.


Crime material, o funcionário deverá deixar de praticar, retardar ou praticar ato
de ofício, infringindo dever funcional.

EXERCÍCIOS

1. O que significa concussão?

a) Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei


b) Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função, ou antes, de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida
c) Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou
descaminho (art. 334)
d) Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo
contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
pessoal
e) Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la

2. João, oficial de justiça, solicita o pagamento de dois mil reais para não cumprir
rapidamente um mandado de citação, o que acaba ocorrendo.
Nessa situação, João sujeita-se às penas previstas para o crime de:

a) concussão;
b) corrupção passiva simples;

609
c) prevaricação;
d) corrupção passiva com aumento de pena;
e) tráfico de influência.

3. João, policial civil, exigiu vantagem indevida de particular, para não prendê-lo
em flagrante. A vítima não realizou o pagamento e prontamente comunicou o
fato a policiais civis. Nessa situação, como o delito de concussão é formal,
o crime consumou-se com a exigência da vantagem indevida, devendo João por
ele responder.

certo ( ) errado ( )

GABARITO

01 - B
02 - D
03 - C

610
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA III

PRATICADO POR FUNCIONÁRIO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

PREVARICAÇÃO – Art. 319, CP


Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou
praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

O servidor extravasa os limites de sua atribuição, o ato de ofício deve estar


contido na sua esfera de atribuição.
Aqui não existe pedido de ninguém, não há influência externa interferindo na
vontade do agente, partirá sempre da sua esfera subjetiva.
É uma infração de menor potencial ofensivo.

PREVARICAÇÃO IMPRÓPRIA – Art. 319-A, CP


Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de
cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de
rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o
ambiente externo:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Trata-se de crime próprio, só podendo ser cometido pelo Direitos de


Penitenciária ou o agente público que tenha a responsabilidade de vedar
aparelhos de comunicação ao preso.
Por ser crime formal, sua consumação ocorre quando o sujeito ativo permite o
acesso indevido do preso.

Não admite a forma tentada.


É considerado infração de menor potencial ofensivo

611
CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA – Art. 320 CP
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar
subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe
falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade
competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

Aplica-se a majorante do art. 327, §2º, CP


A autoridade, ciente da irregularidade do serviço público, tem a obrigação de
promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou PAD, assegurando
o acusado, a ampla defesa.

CRIME PRÓPRIO: somente pode ser praticado por funcionário público


CONSUMAÇÃO: ocorre quando o funcionário deixa de responsabilizar o
subordinado que cometeu a infração, no exercício do cargo, ou, quando lhe falta
a competência, não leva o caso a quem é de fato competente.
CRIME FORMAL: não necessito da ocorrência do resultado naturalístico
NÃO ADMITE TENTATIVA
CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA

ADVOCACIA ADMINISTRATIVA – Art. 321 CP


Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administração pública, valendo- se da qualidade de funcionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

Aplica-se a majorante do art. 327, §2º, CP

CRIME PRÓPRIO: somente pode ser praticado por funcionário público


CONSUMAÇÃO: o agente patrocinará, direta ou indiretamente, interesse
privado perante a administração pública
CRIME FORMAL: não necessito da ocorrência do resultado naturalístico
ADMITE TENTATIVA
CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO

612
AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA

QUALIFICADORA – Art. 321, parágrafo único CP


Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.

EXERCÍCIOS

1. Oficial de justiça que deixa de dar cumprimento integral a mandado de


penhora em razão de sentir pena do proprietário do bem penhorado comete,
em tese, o crime de:

a) corrupção passiva privilegiada;


b) abandono de função
c) violação de sigilo profissional;
d) corrupção passiva simples;
e) prevaricação.

2. De acordo com Jesus (2006), aquele que se valendo de sua qualidade de


funcionário público patrocina interesse privado perante a administração pública
pratica qual crime?

a) Condescendência criminosa.
b) Advocacia administrativa.
c) Excesso de exação.
d) Concussão.

3. Na condescendência criminosa do funcionário público, o qual, por


indulgência, deixa de responsabilizar subordinado que cometeu infração no
exercício do cargo, para a configuração do crime é necessário que o subalterno
seja sancionado pela transgressão cometida.

certo ( ) errado ( )

613
GABARITO

01 - E
02 - B
03 - E

DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA IV

PRATICADO POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

RESISTÊNCIA – Art. 329, CP


Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça
a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando
auxílio:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.

Ocorre quando o indivíduo, usando de violência ou grave ameaça, se opõe a


execução de ato legal, se, em virtude dessa oposição o ato não for executado, o
crime será qualificado (§ 1º)

CRIME COMUM: qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime.


CRIME FORMAL: a consumação ocorre quando o indivíduo opõe-se a execução
de um ato legal mediante violência ou grave ameaça, não necessito de nenhum
resultado naturalístico
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo, não necessitando de finalidade específica.
CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
ADMITE TENTATIVA
AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA

QUALIFICADORA – Art. 329, § 1º CP


§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.

614
Aqui, existe uma modalidade de crime material, é o exaurimento da figura do
“caput”.

CONCURSO MATERIAL DE CRIMES – Art. 329, §2º CP


§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
correspondentes à violência

DESOBEDIÊNCIA – Art. 330, CP


Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.

Saiba que, para existir o crime, é necessário que a ordem legal tenha sido
dirigida de forma expressa a quem tem o dever de obedecê-la, além disso, é
necessário que haja notificação pessoal do responsável pelo cumprimento da
ordem, para que fique demonstrada a sua ciência da existência e, depois, a sua
intenção de não cumpri-la.

CRIME COMUM: qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime.


ELEMENTO SUBJETIVO: dolo, não necessitando de finalidade específica.
CRIME FORMAL: a consumação ocorre quando o indivíduo desobedece uma
ordem legal de um funcionário público, não necessito de nenhum resultado
naturalístico.
CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
ADMITE TENTATIVA – apenas em sua forma comissiva
AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA

DESACATO – Art. 331, CP


Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em
razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

Posso considerar como uma espécie de injúria, no sentido de ser uma ofensa a
honra e o prestigio dos órgãos da administração pública.
Acontece quando o indivíduo usa palavras ou gestos contra o funcionário público
objetivando ofendê-lo.

615
É necessário que o funcionário público esteja presente
Não necessito que o funcionário público se sinta ofendido

CRIME FORMAL: a consumação ocorre quando o indivíduo disfere palavras ou


gestos ofensivos ao funcionário público, não necessito de nenhum resultado
naturalístico.
CRIME COMUM: qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime.
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo, não necessitando de finalidade específica.
ADMITE TENTATIVA
CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA

TRÁFICO DE INFLUÊNCIA – Art. 332, CP


Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem,
vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato
praticado por funcionário público no exercício da função:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

TIPO MISTO ALTERNATIVO – a realização de qualquer dos verbos irá configura


crime único

CRIME FORMAL em relação aos verbos “solicitar”, “exigir”, “cobrar”. CRIME


MATERIAL em relação ao verbo “obter”
CRIME COMUM: qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime.
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo, não necessitando de finalidade específica.
ADMITE TENTATIVA
NÃO É CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA

AUMENTO DE PENA – Art. 329, PARÁGRAFO ÚNICO CP


Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou
insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário.

616
EXERCÍCIOS

1. A recusa à prestação de informações e o desrespeito às determinações e


convocações do Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor
(DECON) caracterizam crime de

a) resistência.
b) fraude processual.
c) omissão de informação.
d) Prevaricação.
e) desobediência.

2. Marino, desempregado, agrediu física e gravemente Josias, funcionário


público competente para a realização de determinado ato legal. Agredido, Josias
foi impedido de executar sua função. Nesse caso, de acordo com o Código
Penal, Marino responderá pelo crime de

a) resistência, aplicando-se somente a pena de detenção prevista para esse


crime.
b) resistência, aplicando-se a pena de detenção, sem prejuízo da
correspondente à violência.
c) resistência, aplicando-se a pena de reclusão, sem prejuízo da correspondente
à violência.
d) desobediência, aplicando-se a pena de reclusão, sem prejuízo da
correspondente à violência.
e) desobediência, aplicando-se somente a pena de detenção prevista para esse
crime.

3. Constitui crime de resistência bloquear o ingresso de oficial de justiça munido


de mandado de intimação no domicílio durante o período noturno do sábado.

certo ( ) errado ( )

GABARITO 01 - E 02 - C 03 - E

617
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA V

PRATICADO POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

CORRUPÇÃO ATIVA – Art. 333, CP


Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público,
para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

BIZU DO PÓ!!!

Também é exemplo de tipo misto alternativo.


Consuma-se com a simples promessa ou oferta de vantagem, sendo o seu
recebimento mero exaurimento do crime – crime formal.

Não há a modalidade culposa e admite-se a tentativa.

“Dar” ou “pagar”, atendendo a uma solicitação ou exigência – FATO ATÍPICO


Oferecer ou prometer após a prática do ato (corrupção subsequente) – FATO
ATÍPICO

AUMENTO DE PENA – Art. 333, §ÚNICO, CP


Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o
pratica infringindo dever funcional

A conduta é ainda mais reprovável, se, em virtude da promessa ou oferta de


vantagem, o funcionário público infringe seu dever funcional.
Observe que a existência do crime de corrupção passiva não pressupõe,
necessariamente, a ocorrência do crime de corrupção ativa, são figuras
independentes.

618
DESCAMINHO – Art. 334, CP
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto
devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

Antes da Lei 13.008/14, o descaminho e o contrabando eram previstos no


mesmo tipo penal, após a lei, ambos passaram a ser tratados em dispositivos
diferentes em continuidade típico normativa.
O agente, ilude, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido
pela entrada, saída ou consumo de mercadoria.

MERCADORIA LÍCITA
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: exceção à regra de que não se aplica o
princípio da insignificância nos crimes contra a administração pública, a regra é
pela não admissibilidade, porém, atualmente, nossos tribunais superiores (STF
e STJ) já entendem que quando o débito tributário verificado não ultrapassar o
limite de R$20.000,00 (vinte e mil reais) será irrelevante para fins de execução
fiscal.

CONDUTA EQUIPARADA – Art. 334, §1°, CP


§ 1 º Incorre na mesma pena quem:
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma,
utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial
ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu
clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser
produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação
fraudulenta por parte de outrem;
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício
de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência
estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada
de documentos que sabe serem falsos

NORMA PENAL EXPLICATIVA – Art. 334, §2°, CP


§ 2 º Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo,
qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias
estrangeiras, inclusive o exercido em residências

619
AUMENTO DE PENA – Art. 334, §3°, CP
§ 3 º A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado
em transporte aéreo, marítimo ou fluvial

CONTRABANDO – Art. 334-A, CP


Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:
Pena - reclusão, de 2 a 5 anos.

No contrabando, o agente importará ou exportar mercadoria proibida, aqui, ele


não estará mais burlando o pagamento de tributos, e sim, importando mercadoria
proibida

MERCADORIA ILÍCITA

CONDUTA EQUIPARADA – Art. 334-A, §1°, CP


§ 1 º Incorre na mesma pena quem:
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de
registro, análise ou autorização de órgão público competente
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à
exportação;
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma,
utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial
ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira;
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício
de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei
brasileira.

NORMA PENAL EXPLICATIVA – Art. 334-A, §2°, CP


§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo,
qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias
estrangeiras, inclusive o exercido em residências.

AUMENTO DE PENA – Art. 334-A, §3°, CP


§ 3 º A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado
em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.

620
EXERCÍCIOS

1. O crime de corrupção ativa é caracterizado por:

A) solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que


fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida.
B) extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão
do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente.
C) retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo
contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
pessoal.
D) oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício.
E) patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração
pública, valendo-se da qualidade de funcionário.

2. Considerando os Crimes contra a Administração, nos exatos termos do art.


334-A, § 1°, III, quem reinsere no território nacional mercadoria brasileira
destinada à exportação incorre na mesma pena do crime de

a) sonegação fiscal.
b) Descaminho.
c) fraude de concorrência.
d) Contrabando.
e) corrupção ativa em transação comercial internacional.

3. Em razão do princípio da proteção da coisa pública, o tipo penal que prevê o


crime de descaminho não permite a aplicação do princípio da insignificância.

certo ( ) errado ( )

GABARITO 01 - D 02 - D 03 - E

621
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA VI

DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA

DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA – Art. 339, CP


Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo
judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação
de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que
o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

Ocorre com a instauração de investigação policial, de processo judicial, de


investigação administrativa, inquérito covil, ou ação de improbidade
administrativa. Bastando que o agente dê causa mediante qualquer
comunicação, escrita ou oral.

CRIME COMUM: qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime.


CRIME MATERIAL: necessito na efetiva instauração do procedimento
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo
NÃO É CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
ADMITE TENTATIVA
AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA

AUMENTO DE PENA– Art. 339, §1º CP


§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de
anonimato ou de nome suposto.

DIMINUIÇÃO DE PENA– Art. 339, §2º CP


§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de
contravenção.

CRIME DETERMINADO: a denúncia tem que especificar quais crimes teriam


sido praticados pelo agente.

622
Além da vítima ser inocente, o agente tem que conhecer dessa inocência da
vítima, portando, não existirá crime de o agente acha que a vítima, de fato,
cometeu o crime.

FAVORECIMENTO PESSOAL, Art. 348, CP


Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de
crime a que é cominada pena de reclusão:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.

Temos uma terceira pessoa que cometeu um crime anterior, e o sujeito ativo
deste crime o ajuda a subtrair-se de ação de autoridade pública.
Caso o sujeito ativo também tenha praticado o crime anterior, responderá por ele
como coautor ou participe, e não pelo crime de favorecimento pessoal.
O auxílio é dirigido a pessoa que cometeu o crime, e não ao objeto do crime.

CRIME COMUM: qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime.


ELEMENTO SUBJETIVO: dolo
CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
ADMITE TENTATIVA
AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA

FORMA PRIVILEGIADA– Art. 348, §1º CP


§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.

ISENÇÃO DE PENA– Art. 348, §2º CP


§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou
irmão do criminoso, fica isento de pena.

CUIDADO!!! A isenção de pena só é aplicada nos casos de favorecimento


pessoal, quando trato de favorecimento real, não existe qualquer isenção de
pena.

623
FAVORECIMENTO REAL, Art. 349, CP
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de
receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa

Neste crime, o que se busca proteger, não é a figura do agente, mas o produto
do crime.
Caso o sujeito ativo também tenha praticado o crime anterior, responderá por ele
como coautor ou participe, e não pelo crime de favorecimento real.

CRIME COMUM: qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime.


ELEMENTO SUBJETIVO: dolo
CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
ADMITE TENTATIVA
AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA

EXERCÍCIOS

1. Policial Militar que forja situação de flagrância, a fim de increpar indivíduo que
sabe inocente e, com isso, dá causa à instauração de inquérito policial, comete
crime de

a) falso testemunho (CP, art. 342).


b) calúnia qualificada (CP, art. 138, § 3°).
c) exercício arbitrário (CP, art. 350).
d) denunciação caluniosa (CP, art. 339).
e) comunicação falsa de crime (CP, art. 340).

2. Rui e Lino, irmãos, combinaram a prática de furto a uma loja. Depois de


subtraídos os bens, Pedro, pai de Rui e de Lino, foi procurado e permitiu, em
benefício dos filhos, a ocultação dos objetos furtados em sua residência por
algum tempo, porque eles estavam sendo investigados. Nessa situação
hipotética, a conduta de Pedro configura

624
a) receptação.
b) favorecimento real.
c) favorecimento pessoal.
d) hipótese de isenção de pena.
e) furto.

3. Situação hipotética: Com o intuito de prejudicar a candidatura de Flávio, seu


concorrente eleitoral, Alberto procurou uma delegacia de polícia e imputou
falsamente a Flávio os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Reduzida a termo essas declarações, a autoridade policial instaurou inquérito
policial para apurar os delitos. Assertiva: Nessa situação, Alberto responderá
pelo crime de fraude processual.

certo ( ) errado ( )

4. Considere que José, penalmente imputável, tenha fornecido abrigo para que
o seu irmão Alfredo, autor de crime de homicídio, se escondesse e evitasse a
ação da autoridade policial. Nessa situação, a conduta de José é isenta de pena
em face de seu parentesco com Alfredo.

certo ( ) errado ( )

GABARITO

01 - D
02 - B
03 - E
04 - C

625
LEGISLAÇÃO MUNICIPAL

626
Lei Municipal Nº 6.794/1990 (Estatuto dos Servidores do
Município de Fortaleza) e suas alterações.
TÍTULO I - DOS PRINCÍPIOS GERAIS

Art. 1º- Esta Lei regula o regime jurídico dos servidores municipais de Fortaleza,
tendo em vista o disposto no art. 39, da Constituição da República Federativa do
Brasil e na Lei Complementar nº 002, de 17 de setembro de 1990.
§ 1º- Servidor Público Municipal, para fins deste Estatuto, é a pessoa legalmente
investida em cargo público de provimento efetivo, de carreira ou isolado, ou de
provimento em comissão, que receba remuneração dos cofres públicos e cujas
atribuições correspondam a atividades caracteristicamente estatais da
Administração Pública Municipal.
§ 2º- Cargo público é o lugar, inserido no Sistema Administrativo do Município,
caracterizando-se, cada um, por determinado conjunto de atribuições e
responsabilidades de natureza permanente, com denominação própria, número
certo e pagamento pelo Erário Municipal e criação por Lei.
§ 3º- Para os efeitos desta Lei, considera-se Sistema Administrativo o complexo
de órgãos dos Poderes Legislativo e Executivo e suas entidades autárquicas e
fundacionais.
XVI - atender, nos prazos da lei ou regulamento, os requerimentos de certidões
para defesa de direitos ou esclarecimentos de situações:
XVII - ser parcimonioso e cauteloso no uso dos recursos públicos, buscando
sempre o menor custo e o maior lucro social no seu emprego

TÍTULO II - DO PROVIMENTO DOS CARGOS

CAPÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 5º - Os cargos dispõem-se em padrões horizontais e classes verticais,


formados das categorias funcionais de cada grupo, nos níveis básicos, médio e
superior, a serem providos de acordo com os requisitos constitucionais.
Parágrafo único - Os cargos, padrões, classes, categorias funcionais, grupos
ocupacionais e referências integrarão o Plano Municipal de Cargos e Carreiras.

Art. 6º - O provimento dos cargos far-se-á por ato do Prefeito ou do Presidente


da Câmara Municipal de Fortaleza e do Dirigente de autarquias ou de fundação
pública, conforme o caso.

Art. 7º - São formas de provimento dos cargos:


I - nomeação
II - promoção
III - transferência
IV - readaptação
V - reversão
VI – reintegração
VII - recondução
VIII – aproveitamento.

627
Art. 8º - Os cargos são de provimento efetivo ou comissionado, devendo ser
considerados como requisitos básicos para a sua investidura:
Caput com redação dada pela Lei nº 7.044/91.
I - ser brasileiro;
II - estar em gozo dos direitos políticos;
III - nível de escolaridade para o exercício do cargo;
IV - aptidão física e mental.
§1º - Os cargos comissionados são de livre provimento e exoneração,
respeitados a especificação e os pré-requisitos exigidos para o seu exercício,
50% (cinquenta por cento) deles, devendo ser providos por servidores
municipais, a estes reservados os de símbolo DNI.
§ 2º - As reservas feitas no disposto no parágrafo anterior não se aplicam aos
cargos de Secretário Municipal, Chefe de Gabinete do Prefeito, Procurador Geral
do Município, Presidente ou Superintendente de Autarquia, Fundação, Empresa
Pública e de Sociedade Mista e ainda aqueles que integram a rede ambulatorial
e hospitalar do Sistema Único de Saúde (SUS), gerido pela Secretaria de Saúde
do Município.

CAPÍTULO II - DO CONCURSO PÚBLICO

Art. 9º - O concurso será de caráter competitivo, eliminatório e classificatório e


poderá ser realizado em 02 (duas) etapas, quando a natureza do cargo o exigir.
§ 1º - A primeira etapa, de caráter eliminatório, constituir-se-á de provas escritas.
§ 2º - A segunda etapa, de caráter classificatório, constará de cômputo de títulos
e/ou de treinamento, cujo tipo e duração serão indicados no edital do respectivo
concurso.

Art. 10 - O concurso terá validade de até 02 (dois) anos, podendo ser prorrogado
uma única vez, por igual período.
Parágrafo único - O prazo de validade do concurso e as condições de sua
realização serão fixados em edital, que serão publicados no Diário Oficial do
Município e em jornal diário de grande circulação, não se abrindo novo concurso
enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior e cujo prazo não
tenha expirado.

CAPÍTULO III - DA NOMEAÇÃO, DA POSSE E DO EXERCÍCIO


SEÇÃO I - DA NOMEAÇÃO

Art. 11 - Haverá nomeação:


I - para provimento de cargos efetivos de classe inicial de carreira;
II - para provimentos de cargos comissionados.

Art. 12 - A nomeação para cargo efetivo inicial de carreira depende de aprovação


em concurso público, observada a ordem de classificação e dentro do prazo de
sua validade.
Parágrafo único - O concurso observará as disposições constitucionais e as
condições fixadas em edital específico.

628
Art. 13 - O servidor nomeado em virtude de concurso público tem direito à posse,
observado o disposto no § 1º do Art.14 desta Lei.

Art. 14 - Posse é a investidura no cargo, com aceitação expressa das


atribuições, condições e responsabilidades a ele inerentes, formalizada em
assinatura do termo respectivo pela autoridade
competente e pelo empossado.
§ 1º - A posse ocorrerá no prazo de 30 (trinta) dias, contado da publicação do
ato de nomeação, prorrogável por mais de 30 (trinta) dias, a requerimento do
interessado ou por quem o represente legalmente.
§ 2º - A posse poderá dar-se mediante procuração específica.
§ 3º - Em se tratando de servidor em licença ou em qualquer outro tipo de
afastamento legal, o prazo será contado do término do afastamento.
§ 4º - A posse ocorrerá em virtude de nomeação para cargos de provimento
efetivo e em comissão.
§ 5º - No ato da posse, o servidor apresentará, obrigatoriamente, declaração dos
bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração sobre exercício de
outro cargo, emprego ou função pública.

Art. 15 - A posse dependerá de prévia inspeção médica, pela Junta Médica


Municipal, para comprovar que o candidato se encontra apto para o desempenho
das atribuições do cargo. Artigo com redação dada pela Lei nº 6.901/91

SEÇÃO III - DO EXERCÍCIO

SUBSEÇÃO I- DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 16 - Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do cargo.


§ 1º - É de 30 (trinta) dias improrrogáveis o prazo para o servidor entrar em
exercício, contados da data da posse.
§ 2º - Será revogado o ato de nomeação, se não ocorrerem a posse e o exercício
nos prazos previstos nesta Lei.
§ 3º - A autoridade dirigente do órgão ou entidade para onde for designado o
servidor compete dar-lhe exercício.

Art. 17 - O início, a interrupção e o reinício do exercício serão registrados no


cadastro funcional do servidor.

Art. 18 - O exercício de cargo comissionado exigirá de seu ocupante integral


dedicação ao serviço, podendo ser convocado sempre que houver interesse da
Administração.

SUBSEÇÃO II- DO ESTÁGIO PROBATÓRIO

Art. 19 - Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de provimento


efetivo ficará sujeito a estágio probatório por período de 02 (dois) anos, durante
o qual sua

629
aptidão e capacidade para o desempenho do cargo serão avaliados
trimestralmente, por critérios próprios, fixados em regulamento, observados
especialmente os seguinte requisitos:
I - idoneidade moral;
II- assiduidade;
III - pontualidade;
IV - disciplina;
V - eficiência.

Art. 20 - O chefe imediato do servidor sujeito a estágio probatório, 60 (sessenta)


dias antes do término deste, informará ao órgão de pessoal sobre o servidor,
tendo em vista os requisitos enumerados no artigo anterior.
§1º - A vista de informação da chefia imediata do servidor, o órgão de pessoal
emitirá parecer escrito, concluindo a favor ou contra a confirmação do estagiário.
§2º - Desse parecer, se contrário à confirmação, dar-se-á vista ao estagiário,
pelo prazo de 10 (dez) dias, para oferecer defesa.
§3º - Julgados o parecer e a defesa, o órgão de administração geral, se
considerar aconselhável a exoneração do servidor estagiário, encaminhará ao
chefe do Poder competente o respectivo decreto com exposição de motivos
sobre o assunto.
§4º - Se o despacho do órgão de pessoal for favorável à permanência do servidor
estagiário, fica automaticamente ratificado o ato de nomeação.
§5º - A apuração dos requisitos exigidos no estágio probatório deverá processar-
se de modo que a exoneração do servidor estagiário possa ser feita antes de
findar o período do estágio.
§6º - O órgão de pessoal diligenciará junto às chefias que supervisionam servidor
em estágio probatório, de forma a evitar que se dê por mero transcurso de prazo.

SUBSEÇÃO III - DA LOTAÇÃO, DA RELOTAÇÃO E DA REMOÇÃO

Art. 21 - Entende-se por lotação o número de cargos existentes em cada Órgão


da Administração Direta, que constituem o Quadro Único de Pessoal, e o número
de cargos constantes nos Quadros de Pessoal das Entidades da Administração
Indireta e Fundacional do Poder Executivo Municipal.

Art. 22 - Relotação é o deslocamento do servidor, com o respectivo cargo, de


um para outro órgão do mesmo Poder, observado sempre o interesse da
Administração.
Caput com redação dada pela Lei nº 6.901/91.
Parágrafo único - A relotação dependerá da existência de vaga e será
processada por ato do Chefe do Poder Executivo.

Art. 23 - A remoção é o deslocamento do servidor de um para outro órgão de


unidade administrativa e processar-se-á "ex-officio" ou a pedido do servidor,
respeitada a lotação de cada Secretaria ou entidade.

630
EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01.
A posse ocorrerá no prazo de __________, contado da publicação do ato
de nomeação, prorrogável por ___________, a requerimento do interessado
ou por quem o represente legalmente.

A) 30 dias; mais de 30 dias


B) 30 dias; mais de 15 dias
C) 15 dias; mais de 15 dias
D) 15 dias; mais de 30 dias

QUESTÃO 02.
Os cargos são de provimento efetivo ou comissionado, devendo ser
considerados como requisitos básicos para a sua investidura, dentre
outros:

A) ser brasileiro nato


B) nível superior completo
C) aptidão física e mental
D) idade mínima de 21 anos

QUESTÃO 03.
Servidor Público Municipal, para fins deste Estatuto, é a pessoa legalmente
investida em cargo público de provimento efetivo, de carreira ou isolado,
ou de provimento em comissão, que receba remuneração dos cofres
públicos e cujas atribuições correspondam a atividades
caracteristicamente estatais da Administração Pública Municipal.

CERTO ( ) ERRADO ( )

QUESTÃO 04.
A posse não poderá se dar mediante procuração.

CERTO ( ) ERRADO ( )

631
GABARITO
GABARITO Q01
ITEM CORRETO “ A”

GABARITO Q02
ITEM CORRETO “ C”

GABARITO Q03
ITEM CORRETO “ C”

GABARITO Q04
ITEM CORRETO “ E”

CAPÍTULO IV - DA ASCENSÃO FUNCIONAL

Art. 24 - O desenvolvimento do servidor municipal na carreira ocorrerá mediante


ascensão funcional em suas modalidades: progressão, promoção, readaptação
e transformação.

SEÇÃO I - DA PROGRESSÃO, PROMOÇÃO, READAPTAÇÃO E


TRANSFORMAÇÃO

Art. 25 – Progressão é a passagem do servidor de uma referência para a


seguinte, dentro da mesma classe, obedecidos os critérios de merecimento ou
antiguidade.

Art. 26 – Promoção é a passagem do servidor de uma classe para a


imediatamente superior, dentro da mesma carreira, obedecidos os critérios de
merecimento ou antiguidade.

Art. 27 - Readaptação é a passagem do servidor de uma carreira para outra


carreira diferente, de referência de igual valor salarial, mais compatível com sua
capacidade funcional, podendo ser de oficio ou a pedido e dependerá,
cumulativamente, de:
I - inspeção da Junta Médica Municipal que comprove sua incapacidade para a
carreira ou classe que ocupa e capacidade para a nova carreira ou classe;
II - possuir habilitação legal para o ingresso na nova carreira ou classe;
III - existência de vaga.

Art. 28 - Transformação é a passagem do servidor de qualquer classe de nível


básico para a inicial de nível médio ou superior, ou de qualquer classe de nível
médio para a
primeira de nível superior, obedecidos os critérios exigidos para o ingresso nas
respectivas carreiras.

632
§ 1º - A transformação depende de habilitação em seleção interna de caráter
competitivo, eliminatório e classificatório que poderá ser realizada em duas
etapas, a seguir definidas:
a) a primeira etapa, de caráter eliminatório, constituir-se-á de provas escritas,
b) a segunda etapa, de caráter classificatório, constará de cômputo de títulos e/
ou treinamento, cujo tipo e duração serão indicados no edital da respectiva
seleção.
§ 2º - As vagas reservadas para transformação não poderão ultrapassar o limite
de 50% (cinquenta por cento) dos cargos não preenchidos.

CAPÍTULO V - DA TRANSFERÊNCIA

Art. 29 - A transferência é a passagem do servidor de cargo de carreira para


outro de igual denominação, classe e referência, pertencentes a Quadro de
Pessoal diverso.

Art. 30 - A transferência ocorrerá de ofício ou a pedido do servidor, atendido o


interesse do serviço mediante o preenchimento de vaga.

CAPÍTULO VI - DA REVERSÃO

Art. 31 - Reversão é o reingresso do aposentado no serviço público municipal,


após verificado, em processo, que não subsistem os motivos determinantes da
aposentadoria.

Art. 32 - A reversão far-se-á a pedido do servidor.


§ 1º - A reversão depende de exame médico, pela Junta Médica Municipal, em
que fique comprovada a capacidade para o exercício da função.
§ 2º - Será tornada sem efeito a reversão e cassada a aposentadoria do servidor
que não tomar posse ou não entrar em exercício nos prazos previstos nesta Lei.

Art. 33 - Não ocorrerá reversão nas hipóteses de servidor aposentado


voluntariamente.

Art. 34 - A reversão dar-se-á, de preferência, no mesmo cargo anteriormente


ocupado.

Art. 35 - A reversão não dará direito, para nova aposentadoria e disponibilidade,


à contagem do tempo em que o servidor esteve aposentado.

CAPÍTULO VII - DA RECONDUÇÃO

Art. 36 – Recondução é o retorno do servidor ao cargo anteriormente ocupado.


§ 1º - A recondução decorrerá de reintegração do anterior ocupante.
§ 2º - Encontrando-se provido o cargo de origem, o servidor será aproveitado em
outro, observando o disposto no art. 127.

633
CAPÍTULO VIII - DA REINTEGRAÇÃO

Art. 37 – Reintegração é a reinvestidura do servidor no cargo anteriormente


ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação, quando invalidada a sua
demissão ou readaptação, por decisão administrativa ou judicial, com
ressarcimento de todas as vantagens.
§ 1º - Encontrando-se provido o cargo, o seu ocupante será reconduzido ao
cargo de origem, ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em
disponibilidade com remuneração integral.
§ 2º - Comprovada a má fé por parte de que deu causa à demissão invalidada,
responderá este, civil, penal e administrativamente.

Art. 38 - O servidor reintegrado será submetido à inspeção médica, pela Junta


Médica Municipal, e aposentado, se julgado incapaz.

TÍTULO III - DA VACÂNCIA E SUBSTITUIÇÃO

CAPÍTULO I - DA VACÂNCIA

Art. 39 - A vacância do cargo público decorrerá de:


I – exoneração;
II – demissão;
III – promoção ou readaptação.
IV – aposentadoria;
V – falecimento;
VI – transferência.

Art. 40 - A exoneração de cargo de carreira dar-se-á a pedido do servidor ou de


ofício.
Parágrafo único - a exoneração de oficio será aplicada;
a) quando não satisfeitas as condições do estágio probatório;
b) quando o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido Lei.

Art. 41 - A exoneração de cargo em comissão dar-se-á:


I - a juízo da autoridade competente;
II - a pedido do próprio servidor.

Art. 42 - A vaga ocorrerá na data:


I - da vigência do ato administrativo que lhe der causa;
II - da morte do ocupante do cargo:
III - da vigência do ato que criar e conceder dotação para o seu provimento ou
de que determinar esta última medida, se o cargo já estiver criado;
IV - da vigência do ato que extinguir cargo e autorizar que sua dotação permita
o preenchimento de cargo vago.
Parágrafo único - Verificada a vaga, serão consideradas abertas, na mesma
data, todas as que decorrerem de seu preenchimento.

634
CAPÍTULO II - Da Substituição
Art. 43 - Os ocupantes de cargos em comissão terão substitutos indicados no
regulamento ou estatuto do órgão ou Entidade ou, em caso de omissão,
previamente designados pela autoridade competente.
Parágrafo único - O substituto assumirá automaticamente o exercício do cargo
nos afastamentos ou impedimentos do Titular e fará jus à remuneração pelo seu
exercício, paga na proporção dos dias de efetiva substituição, facultada a opção,
na hipótese do servidor exercer outro cargo em comissão.

TÍTULO IV - DOS DIREITOS E VANTAGENS

CAPÍTULO I - Do Tempo de Serviço

Art. 44 - A apuração do tempo de serviço será feita em dias que serão


convertidos em anos, considerado o ano de trezentos e sessenta e cinco dias.

Art. 45 - Serão considerados de efetivo exercício os afastamentos em virtude de:


I - férias;
II - casamento, até oito dias corridos.
III - luto até cinco dias corridos, por falecimento do cônjuge, companheiro, pais,
madrasta, padrasto, filhos, enteados, irmãos, genros, noras, avós, sogro e sogra.
IV - nascimento de filho, até cinco dias corridos;
V - exercício de cargo em comissão ou equivalente em órgãos ou entidades dos
Poderes da União, Estados, Municípios ou Distrito Federal, quando legalmente
autorizado;
VI - convocação para o Serviço Militar;
VII - júri e outros serviços obrigatórios por Lei;
VIII - estudo em outro Município, Estado ou País, quando legalmente autorizado;
IX - licença:
a) à maternidade, à adotante e à paternidade;
b) para tratamento de saúde;
c) por motivo de doença em pessoa da família;
d) para o desempenho de mandato eletivo;
e) prêmio.

Art. 46 - É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço prestado


concomitantemente em mais de um cargo ou função de órgão ou entidade dos
Poderes da União, Estado, Distrito Federal e Município, autarquia, fundação
pública, sociedade de economia mista e empresa pública.

Art. 47 - Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria, disponibilidade e


promoção por antiguidade:
Caput com redação dada pela Lei nº 6.901/91.
I - o tempo de serviço público prestado à União, Estado ou outro Município;
II - a licença para mandato eletivo;
III - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à Previdência Social.
Parágrafo único - O tempo de serviço prestado às Forças Armadas, em
operações de guerra, será contado em dobro.

635
CAPÍTULO II - Das Férias Anuais

SEÇÃO I - Do Direito à Férias e a da sua Duração

Art. 48 - O servidor faz jus, anualmente, a 30 (trinta) dias consecutivos de férias,


que podem ser acumuladas até o máximo de 02 (dois) períodos, no caso de
necessidade do serviço.
§ 1º - Para cada período aquisitivo serão exigidos 12 (doze) meses de exercício.
§ 2º - É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço.

Art. 49 - As férias poderão ser interrompidas por motivo de calamidade pública,


comoção interna, convocação para o júri, serviço militar ou eleitoral ou
necessidade comprovada de retorno inadiável ao trabalho.

EXERCÍCIO

QUESTÃO 01.
A vacância do cargo público decorrerá de exoneração; demissão;
promoção ou readaptação; aposentadoria; falecimento; transferência.
CERTO ( ) ERRADO ( )

QUESTÃO 02
O retorno do servidor ao cargo anteriormente ocupado é denominado:
A) Reversão
B) Reintegração
C) Aproveitamento
D) Recondução

QUESTÃO 03
O reingresso do aposentado no serviço público municipal, após
verificado, em processo, que não subsistem os motivos determinantes da
aposentadoria é denominado:
A) Reversão
B) Reintegração
C) Aproveitamento
D) Recondução

636
QUESTÃO 04
Progressão é a passagem do servidor de uma referência para a seguinte,
dentro de classes distintas, obedecidos os critérios de merecimento ou
antiguidade.
CERTO ( ) ERRADO ( )

GABARITO
GABARITO Q01
ITEM CORRETO “C”

GABARITO Q02
ITEM CORRETO “D”

GABARITO Q03
ITEM CORRETO “A”

GABARITO Q04
ITEM CORRETO “E”

SEÇÃO II - Da Concessão e da Época das Férias

Art. 50 - As férias serão concedidas por ato do Dirigente da Unidade


Administrativa, em um só período, nos 12 (doze) meses subsequentes a data em
que o servidor tiver adquirido o direito.
Parágrafo único - Somente em casos excepcionais serão as férias concedidas
em dois períodos, um dos quais não poderá ser inferior a 10 (dez) dias corridos.

Art. 51 - A concessão das férias será participada, por escrito, ao servidor, com
antecedência de no mínimo 15 (quinze) dias, cabendo a este assinar a respectiva
notificação.
Parágrafo único - O período de férias não gozadas durante a vida funcional, por
necessidade de serviço, será contado em dobro para efeito de aposentadoria e
disponibilidade.

Art. 52 – A época da concessão das férias será a que melhor consulte os


interesses do Serviço Público, obedecidas as respectivas escalas, elaboradas,
dentro do possível, atendendo aos interesses do servidor

637
SEÇÃO III - Da Remuneração e do Abono de Férias

Art. 53 - O servidor perceberá, antes do início do gozo de suas férias, a


remuneração que lhe for devida na data da respectiva concessão, acrescida de
pelo menos 1/ 3 (um terço).

SEÇÃO IV - Dos Efeitos da Exoneração ou Demissão

Art. 54 - Concretizada a exoneração ou demissão de cargo efetivo, será devida


ao servidor a remuneração correspondente ao período de férias cujo direito
tenha adquirido.

Parágrafo único - O servidor exonerado terá direito a remuneração relativa ao


período incompleto de férias, na proporção de 1/ 12 (um doze avos) por mês de
serviço ou fração igual ou superior a 15 (quinze) dias.

CAPÍTULO III - Das Licenças

SECÃO I - Das Disposições Preliminares

Art. 55 – Conceder-se-á ao servidor licença;


I - para tratamento de saúde;
II - por motivo de doença em pessoa da família;
III – maternidade;
IV - paternidade;
V - para serviço militar obrigatório;
VI - para acompanhar o cônjuge ou companheiro;
VII - para desempenho de mandato eletivo;
VIII - prêmio.

Art. 56 - A licença para tratamento de saúde depende de inspeção médica, pela


Junta Médica Municipal, e terá a duração que for indicada no respectivo laudo.
§1º - Terminado o prazo, o servidor será submetido a nova inspeção médica,
devendo o laudo concluir pela volta do servidor ao exercício, pela prorrogação
da licença ou, se for o caso, pela aposentadoria.
§ 2º - Terminada a licença o servidor reassumirá imediatamente o exercício.

Art. 57 - A licença poderá ser terminada ou prorrogada de ofício ou a pedido.


Parágrafo único - O pedido de prorrogação deverá ser apresentado antes de
finda a licença e, se indeferido, contar-se-á como licença o período
compreendido entre a data do término e a do conhecimento oficial do despacho.

Art. 58 - As licenças concedidas dentro de 60 (sessenta) dias, contados

do término da anterior, serão consideradas em prorrogação.

638
Parágrafo único - Para efeito deste artigo, somente serão levadas em
consideração as licenças da mesma espécie, com o mesmo objetivo.

Art. 59 - Todas as licenças serão concedidas pelo Prefeito, Presidente da


Câmara Municipal ou Dirigente da Entidade ou por delegação destes a pessoa
credenciada.

Art. 60 - O ocupante do cargo em comissão, não titular de cargo de carreira, terá


direito às licenças referidas nos itens I a IV do art. 55.

SEÇÃO II - Da Licença para Tratamento de Saúde

Art. 61 - A licença para tratamento de saúde será “ex-ofício” ou a pedido do


servidor ou de seu legítimo representante, quando aquele não poder fazê-lo.
Parágrafo único - O servidor licenciado para tratamento de saúde, não poderá
dedicar-se a qualquer atividade remunerada, sob pena de ser cassada a licença.

Art. 62 - O exame, para concessão de licença para tratamento de saúde será


feito pela Junta Médica Municipal, salvo se fora do Município.
Parágrafo único - O atestado ou laudo passado por médico ou junta médica
particular, só produzirá efeitos depois de homologado pela Junta Médica
Municipal.

Art. 63 – Será punido disciplinarmente, com suspensão de 30 (trinta) dias, o


servidor que recusar a submeter-se a exame médico, cessando o efeito da
penalidade, logo que se verifique o exame.

Art. 64 - Considerado apto, em exame médico, o servidor reassumirá, sob pena


de se apurarem, como faltas injustificadas, os dias de ausência.
Parágrafo único - No curso da licença poderá o servidor requerer exame
médico, caso se julgue em condições de reassumir o exercício.

Art. 65 - A licença a servidor atacado de tuberculose ativa, alienação mental,


neoplasia maligna, cegueira ou redução de vista que lhe seja praticamente
equivalente, hanseníase, espondilartrose anquilosante, epilepsia vera,
nefropatia grave, estados avançados de Paget (osteite deformante) ou de outra
moléstia que, a juízo de Junta Médica Municipal, ocasionar incapacidade total e
definitiva, será concedida quando o exame médico não concluir pela concessão
imediata da aposentadoria.

Art. 66 - Será integral a remuneração do servidor licenciado para tratamento de


saúde.

SEÇÃO III - Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família

Art. 67 - Será concedida licença ao servidor, por motivo de doença do cônjuge


ou companheiro, padrasto ou madrasta, ascendentes, descendentes, enteado e
colateral consanguíneo ou afim até o segundo grau civil, mediante comprovação
médica.

639
§ 1º - A licença somente será deferida se a assistência direta do servidor for
indispensável e não puder ser prestado simultaneamente com o exercício do
cargo, o que deverá ser apurado através de acompanhamento social.
§ 2º - A licença será concedida sem prejuízo de remuneração integral.

SEÇÃO IV - Da Licença Maternidade

Art. 68 - A servidora gestante, mediante inspeção médica, será licenciada por


120 (cento e vinte) dias corridos com remuneração integral.
§ 1º - A prescrição médica determinará a data de início da licença a ser
concedida à gestante.
§2º- Aplica-se à servidora adotante o disposto no caput deste artigo.

SEÇÃO V - Da Licença Paternidade

Art. 69 - Será concedida licença paternidade ao servidor que, por ocasião do


nascimento de filho ou adoção, apresentar registro civil de nascimento da criança
ou prova da adoção.
Parágrafo único - A licença paternidade é de 05 (cinco) dias corridos, contados
a partir do nascimento ou adoção da criança.
SEÇÃO VI - Da Licença para Serviço Militar Obrigatório

Art. 70 - Ao servidor que for convocado para o serviço militar, e outros encargos
de segurança nacional, será concedida licença com remuneração integral.
§ 1º - A licença será concedida à vista de documento oficial que comprove a
incorporação.
§ 2º - Da remuneração descontar-se-á a importância que o servidor perceber na
qualidade de incorporado, salvo se optar pelas vantagens do serviço militar.
§ 3º - Ao servidor desincorporado conceder-se-á prazo não excedente a 30
(trinta) dias, para que reassuma o exercício, sem perda de remuneração.
§ 4º - A licença de que se trata este artigo será também concedida ao servidor
que houver feito curso para ser admitido como oficial das Forças Armadas,
durante os estágios prescritos pelos regulamentos militares, aplicando-se o
disposto no § 2º deste artigo.

SEÇÃO VII - Da Licença para Acompanhar o Cônjuge ou Companheiro

Art. 71 - O servidor, cujo cônjuge ou companheiro tiver sido mandado servir,


independentemente de solicitação, em outro ponto do território nacional, ou no
estrangeiro, terá direito a licença sem remuneração;
§ 1º - Excluem-se da regra do caput deste artigo os municípios integrantes da
Região Metropolitana de Fortaleza.
§ 2º - A licença será concedida mediante pedido devidamente instruído e
vigorará pelo tempo que durar a comissão ou a nova função do cônjuge ou
companheiro.
SEÇÃO VIII - Da Licença para Desempenho de Mandato Eletivo

Art. 72 - O servidor investido em mandato eletivo será considerado em licença,


aplicando-se as seguintes disposições:

640
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado
do seu cargo, emprego ou função sem remuneração;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função,
sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários,
perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a
norma do inciso anterior.
§1º - A licença prevista neste artigo considerar-se-á automática com a posse no
mandato eletivo.
§2º - O servidor municipal, afastado nos termos deste artigo, só poderá
reassumir o exercício do cargo, após o término ou renúncia do mandato.

Art. 73 - O servidor ocupante de cargo em comissão será exonerado com a


posse no mandato eletivo. Parágrafo único - Se o ocupante do cargo em
comissão for também de um cargo de carreira ficará
exonerado daquele e licenciado deste, na forma prevista no artigo anterior.

Art. 74 - O servidor municipal deverá licenciar-se antes da eleição a que for


concorrer, na forma dos dispositivos legais que regulamentam a matéria.

SEÇÃO IX - Da Licença-Prêmio

Art. 75 – Após cada quinquênio de efetivo exercício o servidor fará jus a 03 (três)
meses de licença, a título de prêmio por assiduidade, sem prejuízo de sua
remuneração.
§ 1º - Para que o servidor titular de cargo de carreira, no exercício de cargo em
comissão, goze de licença-prêmio, com as vantagens desse cargo, deve ter nele
pelo menos dois anos de exercício
ininterruptos.
§ 2º - Somente o tempo de serviço público prestado ao Município de Fortaleza,
será contado para efeito de licença-prêmio.

Art. 76 – Não se concederá licença-prêmio ao servidor que no período aquisitivo:


I - sofrer penalidade disciplinar de suspensão.
II - afastar-se do cargo em virtude de:
a) licença para tratamento em pessoa da família por mais de 04 (quatro) meses
ininterruptos ou não;
b) para trato de interesse particular;
c) por afastamento para acompanhar o cônjuge ou companheiro, por mais de 03
(três) meses ininterruptos ou não:
d) licença para tratamento de saúde por prazo superior a 06 (seis) meses
ininterruptos ou não;
e) disposição sem ônus.
Parágrafo único - As faltas injustificadas ao serviço retardarão a concessão da
licença prevista neste artigo, na proporção de um mês para cada alta.

Art. 77 - A licença-prêmio, a pedido do servidor, poderá ser gozada por inteiro


ou parceladamente. Parágrafo único - Requerida para gozo parcelado, a
licença-prêmio não será concedida por período inferior a um mês.

641
Art. 78 - É facultado à autoridade competente, tendo em vista o interesse da
Administração, devidamente fundamentado, determinar, dentro de 90 (noventa)
dias seguintes da apuração do direito, a data do início do gozo pela licença
prêmio, bem como decidir se poderá ser concedida por inteiro ou
parceladamente.

Art. 79 - A licença-prêmio poderá ser interrompida, de ofício, quando o exigir


interesse público, ou a pedido do servidor, preservado em qualquer caso, o
direito ao gozo do período restante da licença.

Art. 80 - É facultado ao servidor contar em dobro o tempo de licença-prêmio não


gozada, para efeito de aposentadoria e disponibilidade.

Art. 81 - O servidor deverá aguardar em exercício a concessão da licença


prêmio.
Parágrafo único - O direito de requerer licença-prêmio não está sujeito à
caducidade.

642
EXERCÍCIO

QUESTÃO 01.
A servidora gestante, mediante inspeção médica, será licenciada por
___________ corridos _______ remuneração integral.

A) 180 dias; sem


B) 180 dias; com
C) 120 dias; sem
D) 120 dias; com

QUESTÃO 02.
A licença por motivo de doença em pessoa da família será concedida com
prejuízo de remuneração integral.
( ) CERTO ( ) ERRADO

QUESTÃO 03.
Contados do término da anterior, as licenças serão consideradas em
prorrogação quando concedidas dentro de:

A) 90 dias
B) 50 dias
C) 12 dias
D) 60 dias

QUESTÃO 04.
A licença para tratamento de saúde depende de inspeção médica, pela
Junta Médica Municipal, e terá a duração que for indicada no respectivo
laudo.
( ) CERTO ( ) ERRADO

643
GABARITO

GABARITO Q01
ITEM CORRETO “D”

GABARITO Q02
ITEM CORRETO “E”

GABARITO Q03
ITEM CORRETO “D”

GABARITO Q04
ITEM CORRETO “C”

CAPÍTULO IV - Dos Afastamentos

SEÇÃO I - Das Disposições Preliminares

Art. 82 - O servidor poderá se afastar do exercício funcional:


I – sem prejuízo da remuneração, quando:
a) for estudante para incentivo à sua formação profissional e dentro dos limites
estabelecidos nesta Lei;
b) for realizar missão ou estudo fora do Município de Fortaleza;
c) por motivo de casamento até o máximo de 08 (oito) dias;
d) por motivo de luto, até 05 (cinco) dias;.
II - sem direito a percepção da remuneração quando se tratar de afastamento
para o trato de interesse particular;
III - com ou sem direito a percepção da remuneração, conforme se dispuser em
lei ou regulamento, quando para o exercício das atribuições de cargo, função ou
emprego em órgãos ou entidades da Administração Federal, Estadual ou
Municipal;
Parágrafo único - Os servidores ocupantes de cargo de carreira ou comissão
poderão, devidamente autorizados, integrar ou assessorar comissões, grupos de
trabalho ou programas, com ou sem prejuízos da remuneração.

SEÇÃO II - Para Trato de Interesse Particular

Art. 83 - Depois de 02 (dois) anos de efetivo exercício, o servidor poderá obter


autorização de afastamento para o trato de interesse particular, por um período
não superior a 10 (dez) anos, consecutivos ou não.
Parágrafo único - O servidor deverá aguardar em exercício a autorização do
seu afastamento.

Art. 84 - Não será autorizado o afastamento do servidor removido antes de ter


assumido o exercício.

644
Art. 85 - O afastamento para o trato de interesse particular será negado quando
for inconveniente ao interesse público.

Art. 86 - Quando o interesse do serviço o exigir, a autorização poderá ser


revogada, a juízo da autoridade competente, devendo, neste caso, o servidor ser
expressamente notificado para apresentar-se ao serviço no prazo máximo de
30(trinta) dias, prorrogável por igual período, findo o qual caracterizar-se-á o
abandono do cargo.

Art. 87 - O servidor poderá a qualquer tempo reassumir o exercício, desistindo


da autorização.

SEÇÃO III - Das Autorizações para o Incentivo à Formação Profissional do


Servidor

Art. 88 - Poderá ser autorizado o afastamento, de até 02 (duas) horas diárias,


ao servidor que frequente curso regular de 1º grau, 2º grau ou do ensino superior,
a critério da Administração.
Parágrafo único - A autorização prevista neste artigo poderá dispor que a
redução dar-se-á por prorrogação do início ou antecipação do término do
expediente diário, conforme considerar mais conveniente ao estudante e aos
interesses da repartição.

Art. 89 - O afastamento para missão ou estudo fora do Município ou no


estrangeiro será autorizado nos mesmos atos que designarem o servidor a
realizar a missão ou estudo, quando do interesse do Município.

Art. 90 - As autorizações previstas nesta seção dependerão de comprovação,


mediante documento oficial, das condições previstas para as mesmas, podendo
a autoridade competente exigi-la, prévia ou posteriormente, conforme julgar
conveniente.

CAPÍTULO V - Do Direito de Petição

Art. 91 - É assegurado ao servidor o direito de petição para requerer ou


representar e pedir reconsideração.
§1º - VETADO.
§2º - O pedido de reconsideração será dirigido à autoridade que houver expedido
o ato ou proferido a primeira decisão, não podendo ser renovado.
§ 3º - O pedido de reconsideração deverá ser decidido dentro do prazo de 30
(trinta) dias.

Art. 92 - Caberá recurso:


I – do indeferimento do pedido de reconsideração;
II – das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos.
Parágrafo único - O recurso, que não terá efeito suspensivo, será dirigido à
autoridade imediatamente superior a quem tiver expedido o ato ou proferido a
decisão, e, sucessivamente, em escala, às demais autoridades.

645
Art. 93 - O direito de pleitear na esfera administrativa prescreverá:
I – em 05 (cinco) anos, quanto aos atos de que decorrerem demissão, cassação
de aposentadoria ou disponibilidade;
II – em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos.

Art. 94 - O prazo de prescrição contar-se-á da data da publicação do ato


impugnado e quando esta for de natureza reservada, da data em que o
interessado dele tiver ciência.

Art. 95 - O pedido de reconsideração, quando cabível, interrompe a prescrição.


Parágrafo único - A prescrição interrompida recomeçará a correr pela metade
do prazo da data do ato que a interrompeu, ou do último ato ou termo do
respectivo processo.

CAPÍTULO VI - Do Vencimento e Remuneração

Art. 96 - Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público,


com valor fixado em lei.

Art. 97 - Remuneração é o vencimento do cargo, acrescido das vantagens


pecuniárias permanentes ou temporárias estabelecidas em Lei.
Parágrafo único - VETADO.

Art. 98 - O servidor perderá:


I - a remuneração dos dias que faltar ao serviço, salvo os casos previstos nesta
Lei;
II – a parcela da remuneração diária proporcional aos atrasos, ausências e
saídas antecipadas, na forma que se dispuser por Decreto.

Art. 99 - O vencimento, a remuneração, o provento ou qualquer vantagem


pecuniária atribuída ao servidor, não sofrerão descontos além dos previstos
expressamente em lei, nem serão objeto de arresto, seqüestro ou penhora, salvo
em se tratando de:
I – prestação de alimentos, determinada judicialmente ou acordada;
II – reposição ou indenização devida à Fazenda Municipal.

Art. 100 - As reposições e indenizações à Fazenda Municipal serão descontadas


em parcelas mensais não excedentes da 10ª (décima) parte da remuneração.
Parágrafo único - Quando o servidor for exonerado ou demitido, a quantia por
ele devida será inscrita como divida ativa para os efeitos legais.

Art. 101 - O servidor que não estiver no exercício do cargo somente poderá
perceber vencimento ou remuneração nos casos previstos em lei ou
regulamento.

Art. 102 - A remuneração do servidor e os proventos do aposentado, quando


falecidos, são indivisíveis e pagos de acordo com a ordem de preferência
estabelecida na lei civil.

646
CAPÍTULO VII - Das Vantagens Pecuniárias

SEÇÃO I - Das Disposições Preliminares

Art. 103 - Juntamente com o vencimento, poderão ser pagas ao servidor as


seguintes vantagens:
I – 13ª Remuneração;
II – gratificação de insalubridade, periculosidade e risco de vida;
III – gratificação por serviço extraordinário;
IV – gratificação por participação em órgão de deliberação coletiva;
V – gratificação por participação em comissão examinadora de concurso;
VI – gratificação por exercício de magistério;
VII – diárias;
VIII – adicional por tempo de serviço;
IX – adicional por trabalho noturno;
X – gratificação por representação;
XI – gratificação pelo aumento de produtividade;
XII – (suprimido pela Lei nº 6.901, de 25 de Junho de 1991).
XIII – gratificação pela execução de trabalho relevante, técnico ou científico;
XIV – retribuição adicional variável;
XV – gratificação de raio X;
XVI – gratificação pela prestação de serviço em regime de sobre aviso
permanente;
XVII – gratificação de plantão.
Parágrafo único – Leis específicas regulamentarão as vantagens pecuniárias
constantes nos incisos VI, XI, XII, XIII, XV e XVI deste artigo.

SEÇÃO II - Da 13ª remuneração

Art. 104 - A 13ª remuneração corresponde a 1/12 (um doze avos) da


remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por mês de
exercício, no respectivo ano.
Parágrafo único - A fração igual ou superior a 15 (quinze) dia será considerada
como mês integral.

Art. 105 - No caso de vacância em cargo de carreira, qualquer que seja a sua
causa, o servidor perceberá 13ª remuneração proporcionalmente aos meses de
efetivo exercício, calculada sobre a remuneração do último mês trabalhado.

Art. 106 - A 13ª remuneração não será considerada para cálculo de qualquer
vantagem pecuniária.

SEÇÃO III - Da Gratificação de Insalubridade, Periculosidade e Risco de


Vida

Art. 107 - São consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que,


por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os servidores a
agente nocivo à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da
natureza e da intensidade do agente e o tempo de exposição aos seus efeitos.

647
Art. 108 - A eliminação ou a neutralização da insalubridade
ocorrerá:
I - com adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos
limites de tolerância;
II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao servidor, que
diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância.
Parágrafo único - A insalubridade e periculosidade serão comprovadas por
meio de perícia médica.

Art. 109 - O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de


tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção da
gratificação de insalubridade.
Parágrafo único - A gratificação a que se refere o caput deste artigo se classifica
segundo os graus máximo, médio e mínimo, com valores de 40% (quarenta por
cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do vencimento base do
servidor, respectivamente.

Art. 110 - São consideradas atividades ou operações perigosas, aquelas que,


por sua natureza ou método de trabalho, impliquem em contato permanente com
inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado.
Parágrafo único - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao
servidor uma gratificação de 30% (trinta por cento) sobre o vencimento base.

Art. 111 - Pela execução de trabalho de natureza especial com risco de vida será
concedida uma gratificação de 20% (vinte por cento), calculada sobre o
vencimento base do servidor.

Art. 112 - O direito do servidor à gratificação de insalubridade, periculosidade ou


risco de vida, cessará com a eliminação do risco à saúde ou integridade física.

Art. 113 - O servidor poderá optar pela gratificação de insalubridade,


periculosidade ou risco de vida, vedada a acumulação dessas gratificações,
garantida a incorporação aos proventos desde que comprovada a percepção do
benefício por período superior a 02 (dois) anos, de forma ininterrupta, na data
de postulação da aposentadoria.

SEÇÃO IV - Da Gratificação por Serviço Extraordinário

Art. 114 - O serviço extraordinário será calculado com acréscimo de 50%


(cinquenta por cento) em relação à hora normal de trabalho, incidindo sobre a
remuneração do servidor, excetuando-se a representação de cargo
comissionado.

Art. 115 - Somente será permitido serviço extraordinário para atender situações
excepcionais e temporárias, respeitado o limite máximo de 02 (duas) horas
diárias.

648
SEÇÃO V - Das Diárias

Art. 116 - O servidor que, a serviço, se afastar do Município, em caráter eventual


ou transitório, para outro ponto do Território Nacional, fará jus a passagens e
diárias, para cobrir as despesas de hospedagem, alimentação e locomoção, cujo
valor será fixado por ato do Prefeito ou Presidente da Câmara, conforme o caso.
Parágrafo único –A diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida
pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite fora do Município.

Art. 117 - O servidor que receber diárias e não se afastar do Município, por
qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las, integralmente, no prazo de 05
(cinco) dias.
Parágrafo único - Na hipótese do servidor retornar ao Município em prazo
menor do que o previsto para seu afastamento, restituirá as diárias recebidas em
excesso no prazo de 05 (cinco) dias.

649
EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01.
Depois de ___________ de efetivo exercício, o servidor poderá obter
autorização de afastamento para o trato de interesse particular, por um
período não superior a ___________.
A) 03 anos; 10 anos, consecutivos
B) 04 anos; 15 anos, consecutivos ou não
C) 02 anos; 10 anos, consecutivos
D) 02 anos; 10 anos, consecutivos ou não

QUESTÃO 02.
Somente será permitido serviço extraordinário para atender situações
excepcionais e temporárias, respeitado o limite máximo de 02 horas
diárias.
CERTO ( ) ERRADO ( )

QUESTÃO 03.
O serviço extraordinário será calculado com acréscimo em relação à hora
normal de trabalho, incidindo sobre a remuneração do servidor,
excetuando-se a representação de cargo comissionado, esse acréscimo
corresponde a:
A)25%
B) 50%
C) 30%
D) 15%

QUESTÃO 04.
O direito de pleitear na esfera administrativa prescreverá:

A) em 05 anos, quanto aos atos de que decorrerem demissão, cassação de


aposentadoria ou disponibilidade; em 120 dias, nos demais casos.
B) em 02 anos, quanto aos atos de que decorrerem demissão, cassação de
aposentadoria ou disponibilidade; em 120 dias, nos demais casos.
C) em 02 anos, quanto aos atos de que decorrerem demissão, cassação de
aposentadoria ou disponibilidade; em 180 dias, nos demais casos.
D) em 05 anos, quanto aos atos de que decorrerem demissão, cassação de
aposentadoria ou disponibilidade; em 180 dias, nos demais casos.

650
GABARITO
GABARITO Q01
ITEM CORRETO “ D”

GABARITO Q02
ITEM CORRETO “ C”

GABARITO Q03
ITEM CORRETO “ B”

GABARITO Q04
ITEM CORRETO “ A”

SEÇÃO VI - Do Adicional por Tempo de Serviço

Art. 118 - O adicional por tempo de serviço é devido à razão de 1% (um por
cento) por anuênio de efetivo serviço público, incidente sobre o vencimento do
servidor.
§1º - O servidor fará jus ao adicional por tempo de serviço a partir do mês
subsequente àquele em que completar anuênio
§2º - O limite do adicional a que se refere o “caput” deste artigo é de 35% (trinta
e cinco por cento).
§3º - O anuênio calculado sobre o vencimento, mantidas as condições
estabelecidas pela Lei nº 5.391, de 06 de maio de 1981 e pelo Art. 53 da Lei
Complementar nº 001, de 13 de setembro de 1990, incorporando-se aos
vencimentos para todos os efeitos, inclusive para aposentadoria e
disponibilidade.
§ 4º - Não poderá receber o adicional a que se refere este artigo o servidor que
perceber qualquer vantagem por tempo de serviço, salvo opção por uma delas.

SEÇÃO VII - Do Adicional por Trabalho Noturno

Art. 119 - O trabalho noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse
efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20% (vinte por cento) sobre a
hora diurna.
§ 1º - A hora do trabalho noturno será computada como de 52 (cinquenta e dois)
minutos e 30 (trinta) segundos.
§ 2º - Considera-se noturno, para efeito deste artigo, o trabalho executado entre
às 19 (dezenove) horas de um dia e às 7 (sete) horas do dia seguinte.
§ 3º - Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem períodos diurnos
e noturnos, aplica-se às horas de trabalho noturno o disposto neste artigo e seus
parágrafos.

651
SEÇÃO VIII - Da Gratificação de Representação

Art. 120 - A gratificação de representação é atribuída aos ocupantes de cargos


em comissão e outros que a legislação determinar, tendo em vista despesas de
natureza social e profissional determinadas pelo exercício funcional.
Parágrafo único - Os percentuais da gratificação serão estabelecidos em Lei,
em ordem decrescente, a partir da remuneração de Secretário Municipal.

Art. 121 - O servidor investido em cargo em comissão, quando deste afastado


depois de 08 (oito) anos sem interrupção ou 10 (dez) anos consecutivos ou não,
fica com o direito de continuar a perceber a representação correspondente ao
cargo em comissão que ocupava à época do afastamento, garantida a
incorporação desta vantagem aos proventos de aposentadoria.
§1º - Também para integralização do tempo de serviço exigido no caput deste
artigo, computar-se-á:
I - O período em que o servidor atuar como membro de comissão, percebendo
gratificação equivalente a cargo comissionado, a qualquer tempo.
§ 2º - O servidor beneficiado pelo disposto neste artigo poderá optar pela maior
representação dos cargos em comissão exercidos, no qual tenha permanecido
por um período mínimo de 12 (doze) meses.

Art. 122 - O servidor que já tenha adicionado aos seus vencimentos a vantagem
do artigo anterior, quando nomeado para cargo comissionado, poderá perceber,
a título de verba especial, o valor correspondente a 60% (sessenta por cento) da
representação do cargo em comissão que esteja exercendo.
Parágrafo único - O direito à percepção da vantagem de que trata este artigo
cessa quando o servidor deixar de exercer o cargo em comissão, não podendo
esta vantagem, sob qualquer hipótese, ser
adicionada ou incorporada a seus vencimentos ou proventos, para nenhum
efeito.

CAPÍTULO VIII - Da Estabilidade

Art. 123 - O servidor habilitado em concurso público e empossado em cargo de


carreira adquirirá estabilidade no serviço público após 02 (dois) anos de efetivo
exercício.

Art. 124 - O servidor estável só perderá o cargo em virtude de sentença judicial


transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja
assegurada ampla defesa.

Art. 125 - Invalidada a demissão do servidor estável será ele reintegrado, e o


eventual ocupante da vaga reconduzido ao cargo de origem, sem direito a
indenização, aproveitado em outro cargo
ou posto em disponibilidade.

652
CAPÍTULO IX - Da Disponibilidade e do Aproveitamento

Art. 126 - Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável


ficará em disponibilidade, com remuneração integral.

Art. 127 - O retorno à atividade de servidor em disponibilidade far-se-á mediante


aproveitamento obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis
com o anteriormente ocupado.

Art. 128 - O aproveitamento de servidor que se encontra em disponibilidade a


mais de 01 (hum) ano dependerá de prévia comprovação de sua capacidade
física e mental, por Junta Médica Municipal.
§ 1º - Se julgado apto, o servidor assumirá o exercício do cargo no prazo de 30
(trinta) dias contados da publicação do ato de aproveitamento.
§ 2º - Verificada a incapacidade definitiva, o servidor em disponibilidade será
aposentado.

Art. 129 - Será tornado sem efeito o aproveitamento e cessada a disponibilidade


se o servidor não entrar em exercício no prazo legal, salvo doença comprovada
por Junta Médica Municipal.

TÍTULO V - DA PREVIDÊNCIA E DA ASSISTÊNCIA

CAPÍTULO I - Das Disposições Preliminares

Art. 130 - O Município assegurará a manutenção de um sistema de previdência


e assistência que, dentre outros, preste os seguintes benefícios ao servidor e à
sua família:
I – aposentadoria;
V – pensão;
VI – assistência médica, odontológica e hospitalar;
Parágrafo único - Os benefícios e serviços serão concedidos, nos termos e
condições definidos em regulamento, observadas as disposições desta Lei.

Art. 131 -O recebimento indevido de benefícios havidos por fraude, dolo ou má


fé, implicará devolução ao Erário do total auferido, sem prejuízo da ação cabível

CAPITULO II - Da Aposentadoria

SEÇÃO I - Das Disposições Preliminares

Art. 132 - O servidor será aposentado:


I - por invalidez permanente;
II – compulsoriamente;
III - voluntariamente.

653
Art. 133 - A proporcionalidade dos proventos da aposentadoria, com base no
tempo de serviço, obedecerá sempre aos seguintes
percentuais sobre o vencimento do cargo:
I - até 10 (dez) anos de tempo de serviço, 50% (cinqüenta por cento);
II - de mais de 10 (dez) anos até 15 (quinze) anos de tempo de serviço, 60 %
(sessenta por cento);
III - de mais de 15 (quinze) até 20 (vinte) anos de tempo de serviço, 70% (setenta
por cento);
IV - de mais de 20 (vinte) anos até 25 (vinte e cinco) anos de tempo de serviço,
80% (oitenta por cento);
V - de mais de 25 (vinte e cinco) e menos de 30 (trinta) e 35 (trinta e cinco) anos,
conforme o caso, 90% (noventa por cento).
Parágrafo único - O resultado da aplicação da proporcionalidade, na forma
prevista no caput deste artigo, constituirá a parte fixa dos proventos do inativo, a
que se acrescentarão as vantagens pecuniárias que deverão integrá-los.

Art. 134 - O servidor que contar tempo de serviço igual ou superior ao fixado
para aposentadoria voluntária com proventos integrais, ou aos 70 (setenta) anos
de idade, aposentar-se-á com as vantagens do cargo em comissão, em cujo
exercício se encontrar, desde que haja ocupado durante 05 (cinco) anos
ininterruptamente ou 07 (sete) anos consecutivos ou não.
Parágrafo único - O servidor beneficiado pelo disposto neste artigo poderá optar
pela maior representação dos cargos em comissão exercidos, e no qual tenha
permanecido por um período mínimo de 12 (doze) meses.

Art. 135 - Os proventos da aposentadoria serão revistos, na mesma proporção


e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em
atividade, sendo também estendidos aos inativos quaisquer benefícios ou
vantagens posteriormente concedidas aos servidores em atividade, inclusive
quando decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em
que se deu a aposentadoria.

SEÇÃO II - Da Aposentadoria por Invalidez

Art. 136 - O servidor será aposentado por invalidez permanente, sendo os


proventos integrais, quando:
I - decorrer de acidente em serviço:
II - por moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável,
especificada em lei, inclusive:
a) quando acometido de tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia maligna,
cegueira ou redução de vista que lhe seja praticamente equivalente;
b) quando acometido de hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante,
cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiartrose anquilosante, epilepsia
vera, nefropatia grave e estados avançados de Paget (osteíte deformante) e
síndrome da imunodeficiência adquirida.
§1º - Entende-se por acidente em serviço todo aquele que, acarretando dano
físico ou mental para o servidor, ocorra em razão do desempenho do cargo,
ainda que fora da sede, ou durante o período de trânsito, inclusive no
deslocamento do ou para o trabalho.

654
§2º - Considera-se também acidente em serviço, para efeito desta Lei, a
agressão sofrida e não provocada pelo servidor, em decorrência do desempenho
do cargo, ainda que fora do local de trabalho.
§ 3º - Entende-se por doença profissional a que decorrer das condições de
serviço de fato nele ocorridas, devendo o laudo médico estabelecer-lhe a precisa
caracterização.
§ 4º - A prova de acidente será feita em processo especial, no prazo de 10 (dez)
dias, prorrogáveis quando as circunstâncias o exigirem, sob pena de suspensão
de quem omitir ou retardar providências.
§ 5º - Nos demais casos, os proventos de aposentadoria por invalidez serão
proporcionais ao tempo de serviço, na forma prevista pelo art. 133, deste
Estatuto.

SEÇÃO III - Da Aposentadoria Compulsória

Art. 137 - O servidor será aposentado compulsoriamente aos 70 (setenta) anos


de idade, com proventos proporcionais ao tempo de serviço.
Parágrafo único - O retardamento do ato que declarar a aposentadoria
compulsória não impedirá que o servidor se afaste do exercício de seu cargo ou
função no dia imediato ao que atingir a idade limite

SEÇÃO IV - Da Aposentadoria Voluntária

Art. 138 - O servidor será aposentado voluntariamente:


I - aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos 30 (trinta), de mulher,
com proventos integrais;
II - aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em função de magistério, se
professor, e 25 (vinte e cinco), se professora, com proventos integrais;
III - aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e cinco), se mulher,
com proventos proporcionais a esse tempo;
IV - aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos 60 (sessenta),
se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de serviço.
Parágrafo único - O servidor que requerer aposentadoria nos termos deste
artigo, poderá afastar-se do exercício de seu cargo ou função após decorridos
60 (sessenta) dias da data da postulação, mediante expedição de documento
fornecido pelo órgão, comprobatório de que o servidor implementou o tempo de
serviço necessário à aposentadoria.

655
EXERCÍCIO

QUESTÃO 01.
O servidor será aposentado compulsoriamente aos ____________ de idade,
com proventos_______.

A) 70 anos; integrais.
B) 70 anos; proporcionais ao tempo de serviço
C) 60 anos; proporcionais ao tempo de serviço
D) 60 anos; integrais

QUESTÃO 02.
O servidor estável só perderá o cargo em virtude de sentença judicial
transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar no qual lhe
seja assegurada ampla defesa.

CERTO ( ) ERRADO ( )

QUESTÃO 03.
O trabalho noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse
efeito, sua remuneração terá um acréscimo de quanto sobre a hora diurna?

A) 50%
B) 30%
C) 25%
D) 20%

QUESTÃO 04.
Considera-se noturno, para efeito deste artigo, o trabalho executado entre
às 20 de um dia e às 7 horas do dia seguinte.

CERTO ( ) ERRADO ( )

656
GABARITO

GABARITO Q01
ITEM CORRETO “ B ”

GABARITO Q02
ITEM CORRETO “ C ”

GABARITO Q03
ITEM CORRETO “ D ”

GABARITO Q04
ITEM CORRETO “ E ”

CAPÍTULO VI - Da Pensão

Art. 150 – Por morte do servidor, os dependentes fazem jus a uma pensão
mensal de valor correspondente, até o limite fixado em lei, ao da respectiva
remuneração ou proventos.

Art. 151 - As pensões distinguem-se quanto à natureza em vitalícia e temporária.


§ 1º - A pensão vitalícia é composta de cota ou cotas permanentes, que somente
se extinguem ou revertem com a morte de seus beneficiários.
§ 2º - A pensão temporária é composta de cota ou cotas que podem extinguir-se
ou reverter por motivo de morte, cessação da invalidez ou maioridade do
beneficiário.

Art. 152 - São beneficiários das pensões:


I – vitalícia:
a) cônjuge;
b) a pessoa separada judicialmente ou divorciada, com percepção de pensão
alimentícia;
c) a companheira que comprove convivência há 05 (cinco) anos ou que tenha
filho em comum com o servidor;
d) a mãe e/ou pai que comprovem dependência econômica ao servidor;
e) a pessoa designada maior de 60 (sessenta) anos e a pessoa portadora de
deficiência que viva sob a dependência econômica do servidor;
II – temporária:
a) Os filhos de qualquer condição, ou enteados até 21 (vinte e um) anos de idade,
ou se inválidos enquanto durar a invalidez;
b) - O menor sob a guarda ou tutela até 21 (vinte e um) anos de idade;
c) - O irmão órfão de pai e sem padrasto, até 21 (vinte e um) anos, e o inválido
que comprove dependência econômica ao servidor; e
d) - a pessoa designada que viva na dependência econômica do servidor, até 21
(vinte e um) anos, ou inválida.

657
Art. 153 – Ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão vitalícia, o valor
será distribuído em partes iguais entre os beneficiários habilitados.

Art. 154 – Ocorrendo habilitação às pensões vitalícia e temporária, metade do


valor caberá ao titular ou titulares da pensão vitalícia, sendo a outra metade
rateada, em partes iguais entre os titulares da pensão temporária.

Art. 155 - Ocorrendo habilitação somente à pensão temporária, o valor integral


da pensão será rateado, em partes iguais, entre os que se habilitarem.

Art. 156 – Concedida a pensão, qualquer prova posterior ou habilitação tardia


que implique exclusão de beneficiário ou redução de pensão só produzirá efeitos
a partir da data em que foi oferecida.
Art. 157 – Será concedida pensão provisória por morte presumida do servidor
ou inativo, nos seguintes casos:
I – declaração de ausência, pela autoridade judiciária competente;
II – desaparecimento em desabamento, inundação, incêndio, ou acidente não
caracterizado como em serviço.
III – desaparecimento no desempenho das atribuições do cargo.

Art. 158 - A pensão será transformada em vitalícia ou temporária, conforme o


eventual reaparecimento do servidor.

Art. 159 – Acarreta perda da qualidade de beneficiário:


I - o seu falecimento;
II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após a concessão da
pensão ao cônjuge;
III - a cessação de invalidez em se tratando de beneficiário inválido;
IV - a maioridade de filho, irmão, órfão ou pessoa designada aos 21 (vinte e um)
anos de idade:
V - a acumulação de pensão na forma do art. 163;
VI - a renúncia expressa.

Art. 160 - Por morte ou perda da qualidade de beneficiário a respectiva cota


reverterá:
I - da pensão vitalícia para os remanescentes desta ou para os titulares da
pensão temporária, se não houver pensionista remanescente de pensão vitalícia;
II - da pensão temporária para os co-beneficiários ou, na falta destes, para o
beneficiário da pensão vitalícia.

Art. 161 – A pensão poderá ser requerida a qualquer tempo, prescrevendo tão
somente as prestações exigíveis há mais de 05 (cinco) anos.

Art. 162 – As pensões serão automaticamente atualizadas na mesma proporção


e condições dos reajustes dos vencimentos dos servidores em atividade.

Art. 163 – Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção cumulativa de


pensão, salvo a hipótese de 02 (duas) pensões originárias de cargos ou
empregos públicos constitucionalmente acumuláveis.

658
TÍTULO VI - DO REGIME DISCIPLINAR

CAPÍTULO I - Das Faltas ao Serviço

Art. 166 – Nenhum servidor poderá faltar ao serviço sem causa justificada, sob
pena de ter descontados dos seus vencimentos os dias de ausência.
Parágrafo único – Considera-se causa justificada o fato que por natureza e
circunstância, possa razoavelmente constituir escusa do comportamento.

Art. 167 - O servidor que faltar ao serviço fica obrigado a justificar a falta, por
escrito, ao chefe imediato, no primeiro dia em que comparecer ao trabalho.
§1º - Não poderão ser justificadas as faltas que excederem de 20 (vinte) por ano,
obedecido o limite de 03 (três) ao mês.
§2º - O chefe imediato do servidor decidirá sobre a justificação das faltas, até o
máximo de 10 (dez) por ano; a justificação das que excederem a esse número
até o limite de 20 (vinte) será submetida, devidamente informada por essa
autoridade, à decisão do seu superior hierárquico, no prazo de 05 (cinco) dias.
§ 3º - Para justificação de faltas, poderão ser exigidas provas do motivo alegado
pelo servidor.
§ 4º - A autoridade competente decidirá sobre a justificação no prazo de 05
(cinco) dias, cabendo recurso para autoridade superior, quando indeferido o
pedido.
§ 5º - Deferido o pedido de justificação da falta, será o requerimento
encaminhado ao órgão de pessoal para as devidas providências.

CAPÍTULO II - Das Proibições

Art. 168 - Ao servidor é proibido:


I – ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe
imediato;
II – retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento
ou objeto da repartição;
III – recusar fé a documentos públicos;
IV – opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou
execução de serviço;
V - referir-se de modo depreciativo ou desrespeitoso às autoridades públicas ou
aos atos do Poder Público, mediante manifestação escrita ou oral;
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em Lei, o
desempenho de encargos que sejam da sua competência ou de seu
subordinado;
VII – compelir ou aliciar outro servidor no sentido de filiação à associação
profissional ou sindical, ou a partido político;
VIII – manter, sob sua chefia imediata, cônjuge, companheiro ou parente até o
segundo grau civil;
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento
da dignidade da função pública;
X - exercer comércio ou participar de sociedade comercial, exceto como
acionista, cotista ou comandatário;

659
XI – participar de gerência de administração de empresa privada e, nessas
condições, transacionar com o Estado;
XII – receber propina, comissão, presente ou vantagens de qualquer espécie,
em razão de suas atribuições
XIII – praticar usura sob qualquer de suas formas;
XIV – proceder de forma desidiosa;
XV - cometer a outro servidor atribuições estranhas às do cargo que ocupa,
exceto em situações de emergência e transitórias;
XVI – utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou
atividades particulares;
XVII – exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do
cargo e com o horário de trabalho;
XVIII - acumular cargos, funções e empregos públicos nos termos da
Constituição Federal;
Parágrafo único - Verificada em processo administrativo a acumulação ilícita,
desde que seja comprovada a boa-fé, o servidor optará por um dos cargos e, se
não o fizer dentro de 15 (quinze) dias, será exonerado de qualquer deles, a
critério da Administração.

CAPÍTULO III - Das Responsabilidades

Art. 169 – O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício


irregular de suas atribuições.

Art. 170 - A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso


ou culposo, de que resulte prejuízo ao Erário ou terceiros.
Parágrafo único - Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o
servidor perante a Fazenda Municipal em ação regressiva, nos casos de dolo ou
culpa.

Art. 171 - A responsabilidade penal abrange os critérios e contravenções,


imputadas ao servidor, nesta qualidade.

Art. 172 - A responsabilidade administrativa resulta de ato omissivo ou comissivo


praticado no desempenho do cargo ou função.
Art. 173 – As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo
independentes entre si.

Art. 174 – A responsabilidade civil ou administrativa do servidor será afastada


no caso de absolvição criminal que neguem a existência do fato ou sua autoria.

CAPÍTULO IV - Das Penalidades

Art. 175 – São penalidades disciplinares:


I – advertência;
II – suspensão;
III – demissão;
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
V – destituição de cargo em comissão.

660
Art. 176 - Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza e a
gravidade da infração cometida, os danos que dela proverem para o serviço
público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes
funcionais.

Art.177 - A advertência será aplicada por escrito, nos casos de violação de


proibições constantes do art. 168, incisos I a IX, e de inobservância de dever
funcional previsto nesta Lei, regulamento ou normas internas.

Art.178 - A suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas


com advertência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração
sujeita a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
Parágrafo único – Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade
de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cinquenta por
cento) por dia da remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em
serviço.

Art. 179 – As penalidades de advertência e de suspensão terão seus registros


cancelados, após o decurso de 03 (três) e 05 (cinco) anos de efetivo exercício,
respectivamente, se o servidor não houver, nesse período, praticado nova
infração disciplinar.

Art. 180 - A demissão será aplicada nos seguintes casos:


I - crime contra a administração pública;
II - abandono de cargo;
III – inassiduidade habitual;
IV – improbidade administrativa;
V – insubordinação grave em serviço;
VI - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa
própria ou de ourem;
VII – aplicação irregular de dinheiro público;
VIII – revelação de segredo apropriado em razão do cargo;
IX - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio municipal;
X – acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, ressalvado o
disposto no parágrafo único do art.168;
XI – transgressão do art. 168, incisos X a XV.

Art. 181 – Entende-se por abandono de cargo a deliberada ausência ao serviço,


sem justa causa, por mais de 30 (trinta) dias consecutivos.

Art. 182 – Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço, sem causa
justificada, por 60 (sessenta)dias, interpoladamente, durante o período de 12
(doze) meses.

Art.183 – O ato de imposição da penalidade mencionará sempre o fundamento


legal e a causa da sanção disciplinar.

Art. 184 - As penalidades disciplinares serão aplicadas:


I - pelo Prefeito, Presidente da Câmara ou dirigente superior de autarquias ou
fundações, as de demissão, cassação de disponibilidade e aposentadoria;

661
II - pelo Secretário Municipal ou autoridade equivalente, a de suspensão superior
a 30 (trinta) dias;
III - a aplicação das penas de advertência e suspensão até 30 ( trinta) dias é da
competência de todas as autoridades administrativas em relação a seus
subordinados;
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se tratar de destituição
de cargo em comissão de não ocupante de cargo de carreira.

Art. 185 - A ação disciplinar prescreverá:


I - em 05 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de
aposentadoria e disponibilidade e destituição de cargo em comissão.
II - em 02 (dois) anos, quanto à suspensão; e
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.
§ 1º - O prazo de prescrição começa a correr da data em que o ilícito foi praticado.
§ 2º - Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações
disciplinares capituladas também como crime.
§ 3º - A abertura de sindicância ou a instauração de processo disciplinar
interrompe a prescrição.
§ 4º - Suspenso o curso da prescrição, este recomeçará a ocorrer, pelo prazo
restante, a partir do dia em que cessara suspensão.
§ 5º - São imprescritíveis o ilícito de abandono de cargo e a respectiva sanção.

662
EXERCÍCIO

QUESTÃO 01.
As penalidades de advertência e de suspensão terão seus registros
cancelados, após o decurso de 05 e 03 anos de efetivo exercício,
respectivamente, se o servidor não houver, nesse período, praticado nova
infração disciplinar.

CERTO ( ) ERRADO ( )

QUESTÃO 02.
Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão
poderá ser convertida em multa, na base de __________por dia da
remuneração, ___________ a permanecer em serviço.

A) 25%; não ficando o servidor obrigado


B) 25%; ficando o servidor obrigado
C) 50%; ficando o servidor obrigado
D) 50%; não ficando o servidor obrigado

QUESTÃO 03.
Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza e a gravidade
da infração cometida, os danos que dela proverem para o serviço público,
as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais.

CERTO ( ) ERRADO ( )

QUESTÃO 04.
A responsabilidade civil decorre apenas de ato comissivo e doloso, de que
resulte prejuízo ao Erário ou terceiros.

CERTO ( ) ERRADO ( )

663
GABARITO

GABARITO Q01
ITEM CORRETO “E”

GABARITO Q02
ITEM CORRETO “C”

GABARITO Q03
ITEM CORRETO “C”

GABARITO Q04
ITEM CORRETO “E”

TÍTULO VII - DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR


CAPÍTULO I - Das Disposições Preliminares
Art. 186 – A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é
obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou
processo administrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa.
Art. 187 – As denúncias sobre irregularidades serão objeto de apuração, desde
que contenham a identificação e o endereço do denunciante e sejam
formuladas por escrito, confirmada a autenticidade.
Art. 188 – Ao ato que cominar sanção precederá sempre procedimento
disciplinar, assegurado ao servidor ampla defesa, nos termos desta Lei, sob
pena de nulidade da cominação imposta.
Art. 189 - A autoridade que determinar a instauração da sindicância terá prazo
nunca inferior a (30) trinta dias, para a sua conclusão, prorrogáveis até o
máximo de 15 (quinze) dias, à vista da representação motivada do sindicante.
Art. 190 - Da sindicância instaurada pela autoridade poderá resultar:
I – arquivamento do processo;
II - abertura de inquérito administrativo.
Art. 191 - A sindicância será aberta por portaria, em que se indique seu objeto
e um servidor ou comissão de servidores, para realiza-la.
§ 1º - Quando a sindicância for realizada apenas por um sindicante este
designará outro servidor para secretariar os trabalhos mediante a aprovação do
superior hierárquico.
§ 2º - O processo de sindicância será sumário, feitas as diligências necessárias
à apuração das irregularidades e ouvido o indiciado e todas as pessoas
envolvidas nos fatos, bem como peritos e técnicos necessários ao
esclarecimento de questões especializadas.

664
CAPÍTULO II - Do Processo Disciplinar
Art. 192 – O processo disciplinar é o instrumento destinado a apurar
responsabilidade de servidor por infração praticada no exercício de suas
atribuições, ou que tenha relação mediata com as atribuições do cargo em que
se encontre investido.
Art. 193 – O processo disciplinar será conduzido por Comissão de Inquérito
Composta de servidores designados pela autoridade competente que indicará,
dentre eles, o seu presidente e secretário.
Parágrafo único - Não poderá participar de comissão de sindicância ou de
inquérito, parente do acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral,
até o terceiro grau
Art. 194 - A Comissão de Inquérito exercerá suas atividades com
independência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucidação
do fato ou exigido pelo interesse da Administração, sem prejuízo do direito de
defesa do indiciado.
SEÇÃO I - Do Inquérito
Art. 195 – O inquérito administrativo será contraditório, assegurada ao acusado
ampla defesa, com a utilização de meios e recursos admitidos em direito.
Art. 196 - O relatório da sindicância integrará o inquérito administrativo, como
peça informativa da instrução do processo.
Parágrafo único - Na hipótese do relatório da sindicância concluir pela prática
de crime, a autoridade competente oficiará à autoridade policial, para abertura
do inquérito, independentemente da imediata instauração do processo
disciplinar.
Art. 197 - O prazo para a conclusão do inquérito não excederá 60 (sessenta)
dias úteis, contados da data de publicação do ato que constituir a comissão,
admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o
exigirem.
Parágrafo único - Sob pena de nulidade, as reuniões e as diligências
realizadas pela comissão de Inquérito serão consignadas em atas.
Art. 198 – Na fase do inquérito a comissão promoverá a tomada de
depoimentos, acareações, investigações e diligências cabíveis, objetivando a
coleta de prova, recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos de modo
a permitir a completa elucidação dos fatos.
Art.199 - É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o processo,
pessoalmente ou por intermédio de advogado, arrolar e reinquirir testemunhas,
produzir provas e contraprovas e formular quesitos, quando se tratar de prova
pericial.
§ 1º - O Presidente da Comissão poderá denegar pedidos considerados
impertinentes, meramente protelatórios ou de nenhum interesse para o

665
esclarecimento dos fatos.
§ 2º - Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a comprovação do fato
independer de conhecimento especial do perito.
Art. 200 – As testemunhas serão intimadas a depor mediante mandado
expedido pelo Presidente da Comissão, devendo a segunda via, com o ciente
do interessado, ser anexada aos autos.
Parágrafo único - Se a testemunha for servidor público, a expedição do
mandato será imediatamente comunicada ao chefe da repartição onde serve,
com a indicação do dia e hora marcados para inquirição.
Art. 201 - O depoimento será prestado oralmente e reduzido a termo, não sendo
à testemunha trazê-lo por escrito.
§ 1 º - As testemunhas serão inquiridas separadamente.
§ 2 º - Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se infirme, proceder-
se-á à acareação entre os depoentes.
Art. 202 – Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão promoverá o
interrogatório do acusado, observados os procedimentos previstos nos artigos
200 e 201.
§ 1º - No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvido
separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações sobre os fatos
ou circunstâncias, será promovida a acareação entre eles.
§ 2º - O defensor do acusado poderá assistir ao interrogatório bem como a
inquirição das testemunhas, podendo reinquiri-las por intermédio do Presidente
da Comissão.
Art. 203 – Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do acusado, a
comissão proporá à autoridade competente que ele será submetido a exame
por junta médica oficial, da qual participe pelo menos um médico psiquiatra.
Parágrafo único - O incidente de sanidade mental será processado em auto
apartado e apenso ao processo principal, após a expedição do laudo pericial.
Art. 204 – Tipificada a infração disciplinar será elaborada a peça de instrução
do processo com a indicação do servidor.
§ 1º - O indiciado será citado por mandado expedido pelo Presidente da
Comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de 10 (dez) dias,
assegurando-se- lhe vista do processo na repartição.
§ 2º - Havendo 02 (dois) ou mais indiciados, o prazo será comum é de 20 (vinte)
dias.
§ 3º - O prazo de defesa poderá ser prorrogado, pelo dobro, para diligências
reputadas indispensáveis.

666
§ 4º - No caso de recusa do indiciado em apor o ciente no mandado de citação,
o prazo para defesa contar-se-á da data declarada em termo próprio, pelo
servidor encarregado da diligência.
Art. 205 - O indiciado que mudar de residência fica obrigado a comunicar á
comissão o lugar onde poderá ser encontrado.
Art. 206 – Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabido, será citado
por edital, publicado no Diário Oficial do Município e em jornal de grande
circulação na localidade do último domicílio conhecido, para apresentar defesa.
Parágrafo único - Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa será de 15
(quinze) dias a partis da última publicação do edital.
Art. 207 – Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente citado, não
apresentar defesa no prazo legal.
§ 1º - A revelia será declarada por despacho nos autos do processo e devolverá
o prazo para a defesa.
§ 2º - Para defender o indiciado revel, a autor idade instauradora do processo
designará um defensor dativo, que deverá ser um advogado.
Art. 208 – Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório minucioso, onde
resumirá as peças principais dos autos e mencionará as provas em que se
baseou para formar a sua convicção.
§ 1º - O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou à
responsabilidade do servidor.
§ 2º - Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão indicará o
dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem como as circunstâncias
agravantes ou atenuantes.
Art. 209 – O processo disciplinar, com o relatório da comissão, será remetido à
autor idade que determinou a sua instauração, para julgamento.
Art. 210 – Aplicam-se subsidiariamente ao processo disciplinar as regras
contidas nos Códigos de Processo Civil e Penal.

667
EXERCÍCIO

QUESTÃO 01
Tipificada a infração disciplinar será elaborada a peça de instrução do
processo com a indicação do servidor. O indiciado será citado por
mandado expedido pelo Presidente da Comissão para apresentar defesa
escrita, no prazo de 20 dias, assegurando-se- lhe vista do processo na
repartição. Havendo 02 ou mais indiciados, o prazo será comum é de 40
dias.
CERTO ( ) ERRADO ( )

QUESTÃO 02
A autoridade que determinar a instauração da sindicância terá prazo
nunca inferior a ________, para a sua conclusão, prorrogáveis
____________, à vista da representação motivada do sindicante.
A) 90 dias; até o máximo de 30 dias
B) 30 dias; por igual período
C) 90 dias; por igual período
D) 30 dias; até o máximo de 15 dias

QUESTÃO 03
O inquérito administrativo será contraditório, assegurada ao acusado
ampla defesa, com a utilização de meios e recursos admitidos em direito.
CERTO ( ) ERRADO ( )

QUESTÃO 04.
O prazo para a conclusão do inquérito não excederá __________,
contados da data de publicação do ato que constituir a comissão,
admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o
exigirem.

A) 60 dias
B) 60 dias úteis
C) 30 dias úteis
D) 30 dias

668
GABARITO

GABARITO Q01
ITEM CORRETO “E”
GABARITO Q02
ITEM CORRETO “D”
GABARITO Q03
ITEM CORRETO “C”
GABARITO Q04
ITEM CORRETO “B”

SEÇÃO II - Do Julgamento

Art. 211 – No prazo de 60 (sessenta) dias, contados do recebimento do


processo, a autor idade julgadora proferirá a sua decisão.
§ 1º - Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autoridade
instauradora do processo, este será encaminhado à autoridade competente, que
decidirá em igual prazo.
§ 2º - Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções, o julgamento
caberá a autoridade competente para a imposição da pena mais grave.
§ 3º - Se a penalidade prevista for a de demissão ou cassação de aposentadoria
ou cassação de disponibilidade, o julgamento caberá ao Prefeito, Presidente da
Câmara Municipal, ou ao dirigente superior de autarquia ou fundação.

Art. 212 - O julgamento acatará o relatório da comissão de inquérito, salvo


quando contraditórias as provas dos autos.
Parágrafo único - Quando do relatório da comissão contrariar as provas dos
autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente, agravar a penalidade
proposta, abrandá-la, ou isentar o servidor de responsabilidade.

Art. 213 – Verifica-se a existência de vício insanável, a autoridade julgadora


declarará a nulidade do processo ou de atos do processo e ordenará a
constituição de outra comissão, para instauração de novo processo.
§ 1 º - O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do processo.
§ 2º - A autoridade julgadora que der causa à prescrição de que trata o art. 185,
§ 2º será responsabilizada na forma do capítulo IV, do Título VI , desta Lei.

Art. 214 – Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade julgadora


determinará o registro do fato nos assentamentos individuais do servidor.

Art. 215 – Quando a infração estiver capitulada como crime, o processo


disciplinar será remetido ao Ministério Público para instauração da ação penal,
ficando traslado repartição.

669
Art. 216 - O servidor que responde a processo disciplinar só poderá ser
exonerado, a pedido, do cargo, ou aposentado voluntariamente, após a
conclusão do processo e o cumprimento da penalidade, acaso aplicada.

SEÇÃO III - Da Revisão do Processo

Art. 217 - O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo, a pedido
ou de oficio, quando se aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de
justificar a inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada.
§ 1º - Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do servidor,
qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão do processo.
§ 2º - No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será requerida pelo
respectivo curador. Art. 218 - No processo revisional, o ônus da prova cabe ao
requerente.

Art. 219 – A simples alegação de injustiça da penalidade não constitui


fundamento para a revisão que requer elementos novos, ainda não apreciados
no processo originário.

Art. 220 – O requerimento de revisão do processo será dirigido ao Secretário


Municipal ou autor idade equivalente, que, se autorizar a revisão, encaminhará
o pedido ao dirigente do órgão ou entidade onde se originou o processo
disciplinar.
Parágrafo único - Recebida a petição, o dirigente do órgão ou entidade
providenciará a constituição da comissão, na forma prevista no ar t. 193 desta
Lei.

Art. 221 - A revisão correrá em apenso ao processo originário.


Parágrafo único - Na petição inicial, o requerente pedirá dia e hora para a
produção de provas e inquirição das testemunhas que ar rolar.

Art. 222 - A comissão revisora terá até 60 (sessenta) dias para a conclusão dos
trabalhos, prorrogável por igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem.

Art. 223 – Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no que couber, as


normas e procedimentos próprios da comissão de inquérito.

Art. 224 - O julgamento caberá:


I - ao Prefeito, Presidente da Câmara Municipal ou dirigente superior da
autarquia ou fundação, quando do processo revisto houver resultado pena de
demissão ou cassação de aposentadoria ou cassação de disponibilidade;
II - ao Secretário Municipal ou autoridade equivalente, quando houver resultado
penalidade de suspensão ou de advertência;
III - à autoridade responsável pela designação quando a penalidade for
destituição de cargo em comissão.
§ 1º - O prazo para julgamento será de até 60 (sessenta) dias contados do
recebimento do processo, no curso do qual a autor idade julgadora poderá
determinar diligências.
§ 2º - Concluídas as diligências; será renovado o prazo para julgamento.

670
Art. 225 – Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a penalidade
aplicada, restabelecendo-se todos os direitos atingidos, exceto em relação à
destituição de cargo em comissão, hipótese em que ocorrerá apenas a
conversão da penalidade em exoneração.
Parágrafo único - Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da
penalidade.

TÍTULO VIII - CAPÍTULO ÚNICO


Das Disposições Gerais Transitórias

Art. 226 - O dia do servidor público será comemorado a 28 de outubro, e nesta


data, considerado ponto facultativo, far-se-á a outorga do título de Servidor
Padrão Municipal, a ser regulamentado em Lei.

Art. 227 - O servidor é dispensado do expediente de trabalho no dia do seu


aniversário natalício, sem prejuízo da sua remuneração.

Art. 228 – Contar-se-ão por dias corridos os prazos previstos nesta Lei, salvo
exceções expressamente previstas.
Parágrafo único - Na contagem dos prazos, salvo disposições em contrário,
excluir-se-á o dia do começo e incluir-se-á o dia do vencimento; se esse dia cair
em véspera de feriado, sexta- feira, sábado, domingo, feriado ou dia de ponto
facultativo, o prazo considera- se prorrogado até o primeiro dia útil.

Art. 229 - O Regime Jurídico decorrente desta Lei é igualmente aplicável aos
servidores que, por força do que dispõe a Lei Complementar nº 02, de 17 de
setembro de 1990, exerçam funções da Parte Especial do Quadro de cada órgão
da administração direta, autárquica e fundacional.

Art. 230 – Ficam mantidas as atuais jornadas de trabalho dos servidores da


administração direta, autarquia e fundacional.

Art. 231 – São isentos de taxas ou emolumentos os requerimentos, certidões e


outros papéis que, na ordem administrativa, interessar ao servidor público
municipal ativo e ao inativo.

Art. 232 - Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes Executivos e


Legislativo, os seguintes incentivos funcionais, além daqueles já previstos nos
respectivos planos de cargos e carreiras:
I - prêmios pela apresentação de ideias, inventos ou trabalhos que favoreçam o
aumento de produtividade e a redução dos custos operacionais; e
II - concessão de medalhas, diploma e honra ao mérito, condecoração e elogio.

Art. 233 - O Prefeito, o Presidente da Câmara e o dirigente superior de autarquia


e fundação poderão delegar a seus auxiliares as atribuições que lhe são
cometidas por esta lei, exceto as que impliquem em punição de servidor.

671
Art. 234 - As atuais funções gratificadas passam à categoria de cargos em
comissão, convertendo- se automaticamente os valores das gratificações em
gratificações de representação, mantida a simbologia vigente.

Art. 235 - É assegurado o exercício de cargo comissionado de símbolo DAS-2


ou DAS-3, que esteja sendo exercido por servidor não ocupante de cargo efetivo
ou função no Município de Fortaleza, até a respectiva exoneração.

Art. 236 - As despesas decorrentes da aplicação desta Lei correrão por conta
das dotações orçamentárias de cada órgão ou entidade, podendo ser
suplementadas se insuficientes.
Parágrafo único - Os efeitos financeiros, da aplicação desta lei, serão
produzidos a partir do primeiro dia do mês subsequente ao da publicação desta
lei no Diário Oficial do Município.

Art. 237 - O Prefeito e o Presidente da Câmara expedirão a regulamentação


necessária à per feita execução desta Lei.

Art. 238 - Esta Lei entrará em vigor na data da sua publicação, ficando
revogadas todas as disposições legais ou regulamentares que, implícita ou
explicitamente, colidam com esta Lei, especialmente a Lei nº 3174, de 31 de
dezembro de 1965, com nova redação dada pela Lei nº 4058, de 02 de outubro
de 1972. Paço da Prefeitura Municipal de Fortaleza, em 27 de dezembro de
1990.

672
EXERCÍCIO

QUESTÃO 01.
Quanto ao julgamento, é INCORRETO afirmar que caberá:
A) ao Prefeito, Presidente da Câmara Municipal ou dirigente superior da
autarquia ou fundação, quando do processo revisto houver resultado pena de
demissão ou cassação de aposentadoria ou cassação de disponibilidade;
B) ao Secretário Municipal ou autoridade equivalente, quando houver resultado
penalidade de suspensão ou de advertência;
C) à autoridade responsável pela designação quando a penalidade for
destituição de cargo em comissão.
D) ao Secretário Municipal ou autoridade equivalente quando a penalidade for
destituição de cargo em comissão.

QUESTÃO 02.
A simples alegação de injustiça da penalidade constitui fundamento para a
revisão que requer elementos novos, ainda não apreciados no processo
originário.
CERTO ( ) ERRADO ( )

QUESTÃO 03.
Quando a infração estiver capitulada como crime, o processo disciplinar
será remetido ___________ para instauração da ação penal, ficando
traslado repartição.
A) ao Secretário de Segurança Pública
B) ao Juiz da execução
C) ao Ministério Público
D) a Defensoria Pública

QUESTÃO 04.
O servidor que responde a processo disciplinar só poderá ser exonerado,
a pedido, do cargo, ou aposentado voluntariamente, após a conclusão do
processo e o cumprimento da penalidade, acaso aplicada.
CERTO ( ) ERRADO ( )

673
GABARITO
GABARITO Q01
ITEM CORRETO “D”

GABARITO Q02
ITEM CORRETO “E”

GABARITO Q03
ITEM CORRETO “C”

GABARITO Q04
ITEM CORRETO “C”

674
Lei Complementar Municipal Nº 004/1991, de 16 de julho de
1991, que dispõe sobre a organização, finalidade,
competência e estrutura organizacional básica da Guarda
Municipal de Fortaleza e dá outras providências.

Dispõe sobre a organização, finalidade,


competência, estrutura organizacional
básica da guarda municipal de fortaleza e
dá outras providências

TÍTULO I
DA FINALIDADE, DA COMPETÊNCIA, DA ESTRUTURA
ORGANIZACIONAL, BÁSICA E DA ORGANIZAÇÃO
DA GUARDA MUNICIPAL DE FORTALEZA.
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

ART 1º- Esta lei dispõe sobre a Guarda Municipal de Fortaleza, sua finalidade,
competência, estrutura organizacional básica e sobre o regime jurídico dos
dirigentes e dos demais servidores integrantes do seu Quadro de Pessoal.

CAPÍTULO II
DA FINALIDADE E DA COMPETÊNCIA

Art. 2° - A Guarda Municipal de Fortaleza (GMF), órgão da administração direta


do Poder Executivo Municipal, subordinada à Secretaria Municipal de Segurança
Cidadã, (SESEC) tem como finalidade a proteção preventiva e ostensiva dos
bens e instalações, a garantia dos serviços públicos municipais e a defesa civil
do Município, bem como formular as políticas e as diretrizes para a Segurança
Municipal. (Redação pelo art. 2º da Lei Complementar nº 0144/13).

ART. 3º - Compete à Guarda Municipal de Fortaleza:


I- executar a vigilância e promover a preservação dos bens, serviços, instalações
e logradouros públicos do Município, realizando rondas diurnas e noturnas;
II - realizar a segurança do Prefeito, do Vice-Prefeito e, em caráter eventual, de
outras autoridades indicadas
pelo Chefe do Executivo Municipal; (Ver § único deste artigo).
III - efetuar serviço de apoio e fiscalização, na área de segurança, aos eventos
de interesse da Prefeitura Municipal;
IV - executar o serviço de orientação e salvamento de banhistas no município,
atuando em parceria com o Corpo de Bombeiros Militar do Estado; (Ver § único
deste artigo).
V - apoiar as promoções de incentivo ao turismo local;
VI - executar as ações preventivas e emergenciais de Defesa Civil do Município,

675
quando da ocorrência de calamidade pública, prestando socorro às vítimas, em
parceria com o competente órgão de Defesa Civil do Estado; (Ver § único deste
artigo).
VII - realizar a vigilância e a preservação do meio ambiente, do patrimônio
histórico, cultural, ecológico e paisagístico, incluindo os logradouros, praças e
jardins;
VIII - atuar como corpo voluntário de combate a incêndios, em parceria com o
Corpo de Bombeiros Militar do Estado;
IX - auxiliar na área de segurança a Agência Reguladora de Limpeza na
fiscalização da prestação dos serviços alusivos às atividades do exercício de
polícia nas praças, jardins e logradouros públicos;
X - auxiliar a Agência Reguladora de Limpeza na fiscalização da prestação dos
serviços de limpeza urbana nas praças, jardins e logradouros públicos;
XI – firmar convênios com órgãos e entidades públicas, nas esferas municipal,
estadual e federal, visando à prestação de serviços pertinentes à área de
segurança; (Ver Art. 13. LC 0137/2013).
XII – colaborar na fiscalização e garantir a prestação dos serviços públicos de
responsabilidade do Município,
desempenhando atividade de polícia administrativa (é exercida por órgãos
administrativos de caráter fiscalizador, incide sobre bens, direitos e atividades)
nos termos previstos no § 8º do Art. 144 da Constituição Federal, combinado
com o inciso XII do Art. 76 da Lei Orgânica do Município.
Parágrafo Único - As competências previstas nos incisos II, IV e VI deste artigo
poderão ser desempenhadas
em conjunto ou mediante auxílio dos órgãos de Segurança Pública do Estado,
mediante celebração de convênio de cooperação técnica. (Redação dada pelo
artigo 2º da LC nº 019/04 e pelo artigo 1º da LC nº 0144/2013).

CAPÍTULO III
DA ESTRUTURA BÁSICA

ART. 4º - A estrutura organizacional da Guarda Municipal de Fortaleza passa a


ser a seguinte: (Ver Decreto 13.130/2013).
I - Direção-Geral, a ser exercida pelo Diretor-Geral da Guarda Municipal de
Fortaleza;
II - Direção Adjunta, a ser exercida pelo Subdiretor da Guarda Municipal de
Fortaleza;
III - Órgãos de Atuação Programática;
IV - Órgãos de Execução Instrumental; (Ver Art. 1º, III do Decreto 13.130/2013).
V - Transforma-se a Assessoria de Defesa Civil em Coordenadoria de Defesa
Civil, com simbologia DNS-1,
vinculada à Guarda Municipal de Fortaleza, que terá como agregados a
Comissão de Defesa Civil e os Agentes de Defesa Civil, tendo para tanto total
autonomia administrativa e financeira, cujas funções serão objeto de
regulamentação por Decreto do Chefe do Poder Executivo. (Redação dada pela
Lei Complementar nº 019/04).

Art. 4º-A - A dotação orçamentária destinada à Defesa Civil, oriunda do


orçamento municipal para exercício de 2004, será executada em conjunto pela

676
Diretoria-Geral da Guarda Municipal de Fortaleza e a Coordenadoria de Defesa
Civil, instituída pelo inciso V do art. 4º desta Lei Complementar.
CAPÍTULO IV
DA DIREÇÃO SUPERIOR
SEÇÃO I
DO DIRETOR GERAL

ART. 5º - Para ocupar a função de Diretor-Geral e subdiretor da Guarda


Municipal de Fortaleza, a escolha, preferencialmente, deverá recair entre os
inspetores em fim de carreira, exigindo-se formação de nível superior e notáveis
conhecimentos administrativos e jurídicos por período nunca inferior a 2 (dois)
anos na área de segurança pública, podendo também recair a escolha sobre
oficiais superiores das forças armadas e das polícias federal e estadual, sendo
referida nomeação feita por livre convencimento do chefe do Poder Executivo
Municipal.
§ 1º - O Diretor-Geral da Guarda Municipal participará como membro do
Conselho de Orientação Política e Administrativa do Município (COPAM),
gozando das prerrogativas e honras protocolares correspondentes às de Titular
de Autarquia ou Fundação Municipal, sendo substituído nos casos de ausência
ou impedimento pelo Subdiretor.
§ 2º - O Diretor-Geral da Guarda Municipal terá à sua disposição Secretário
Executivo nomeado, em comissão, pelo Prefeito Municipal. (Redação dada pelo
art. 8º da Lei Complementar n° 034/06).

ART. 6º - São atribuições do Diretor Geral da Guarda Municipal de Fortaleza:


I – elaborar de forma participativa o plano de trabalho da Guarda e submetê-lo à
consideração do Chefe do Poder Executivo; (Ver Art.6º, § 2º)
II – cumprir e fazer cumprir as determinações emanadas do Chefe do Poder
Executivo;
III – expedir atos administrativos de sua competência;
IV – zelar pelo o nome da instituição, representandoa diante dos demais órgãos
municipais;
V – fazer respeitar as determinações desta Lei;
VI – articular-se com o IMPARH, objetivando aprimorar o Corpo da Guarda nos
seus serviços específicos junto à comunidade;
VII – manter atualizadas informações estatísticas das atividades da Guara;
VIII – exercer outras atribuições inerentes às funções de seu cargo.
§ 1º - o Diretor Geral da Guarda Municipal terá a sua disposição Secretário
Executivo nomeado, em comissão, pelo Prefeito Municipal;
§ 2º - Quando da elaboração do plano de trabalho da Guarda será obrigatório à
participação de um representante da Associação da Guarda Municipal de
Fortaleza. (Ver Art. 6º, I)

Art. 7º - O Diretor Adjunto da Guarda Municipal de Fortaleza, portador de


Diploma de Curso Superior e de ilibado “Curriculum vitae” será nomeado em
comissão pelo Prefeito Municipal.

677
SEÇÃO II
DIRETOR ADJUNTO

ART. 8º - São atribuições do Diretor Adjunto da Guarda Municipal:


I – responder pelo Diretor Geral nos seus afastamentos e impedimentos legais;
II – divulgar, semanalmente, perante toda corporação ou parte desta, o Boletim
dos serviços a serem executados; e promover e acompanhar sua execução
avaliando a qualidade do desempenho.
III – promover a elaboração e fiscalizar as escalas de serviços e as alterações,
comunicando-as sempre ao Diretor Geral da Guarda;
IV – cumprir e fazer cumprir as ordens do superior hierárquico;
V – fiscalizar sempre que for necessário, os postos de serviços, visando a um
maior controle das atividades desempenhadas;
VI – executar outras atribuições que lhe forem conferidas ou delegadas pelo o
Diretor Geral.

Art. 9º– A estrutura organizacional da Guarda Municipal de Fortaleza será


definida em Decreto do Poder Executivo Municipal, no prazo de 30 (trinta) dias,
contados a partir da data da publicação desta Lei. (Ver Decreto nº 13.130/13).

Art. 10º - Ficam acrescidos à locação da Guarda Municipal de Fortaleza,


estabelecida na Lei nº 6.480/1989, os cargos comissionados constantes do
anexo I desta Lei a serem distribuídos por Decreto.

Art. 11º - Ficam excluídos da lotação da Guarda Municipal de Fortaleza e


considerados extintos os cargos comissionados criados pela Lei nº 6.480/89.

Art. 13º- O regime jurídico dos servidores lotados na Guarda Municipal de


Fortaleza, pertencentes ou não à categoria funcional de Guarda, Agente de
Cidadania e Agente Especial, será objeto de Lei de plano de cargos e carreiras,
específicos para os servidores da Guarda Municipal de Fortaleza, aplicando-se,
subsidiariamente, a Lei nº 6.794, de 27 de dezembro de 1990, e do Plano
Municipal de Cargos e Carreiras. (Redação dada pela LC n.º 019/04 e os cargos
foram atualizados pelo art. 4º da LC nº 038/07 - PCCS).

Art. 14º - A nomeação para cargo efetivo inicial do corpo da Guarda Municipal,
das carreiras: Segurança Pública, Defesa Civil e Segurança Institucional,
depende de aprovação em concurso de provas ou de provas e títulos, segundo
os critérios estabelecidos em edital do concurso público.
Parágrafo Único - O concurso público para ingresso na carreira far-se-á apenas
para os níveis iniciais de Guarda Municipal, de Agente de Defesa Civil e de
Agente de Segurança Institucional. (Redação dada pelo Art. 1º da LC nº 034/06).
(Ver art. 6º da LC nº 038/07).

CAPÍTULO II
DO CORPO DA GUARDA MUNICIPAL

ART. 15º – São requisitos indispensáveis para a investidura nos cargos do


corpo da Guarda Municipal, em
todas as suas classes:

678
I – Ensino Médio concluído;
II – Idade Mínima de 18 (dezoito) anos;
III – Boa saúde física e mental, e não ser portador de deficiência física
incompatível com o exercício do cargo;
IV – Reputação ilibada, comprovada mediante documentação a ser exigida no
edital do concurso público.
Parágrafo Único - O requisito de saúde mental previsto no inciso III será exigido,
no concurso público, mediante exame psicotécnico, nos termos do edital.
(Acrescentado pelo artigo 2º da Lei Complementar nº 034/06).

Art. 16º – A hierarquia é a ordenação de autoridade, em níveis diferentes,


estabelecida em sua escala pela qual são uns em relação aos outros, superiores
e subordinados hierarquicamente. (Ver os Arts 3º, 6º, 8º, 9º e 10º da LC nº 037/07
- RDI)

Art. 18º – Os integrantes do Corpo da Guarda serão subordinados à disciplina


básica da mesma, onde quer que exerçam suas atividades, sujeitando-se
também às normas dos órgãos onde desenvolverem suas atividades, desde que
estas não conflitem com as do Corpo da Guarda, que são soberanas

Art. 20º - Os servidores lotados na Guarda Municipal de Fortaleza, pertencentes


ou não às Classes do Corpo da Guarda, farão jus à progressão, promoção e
demais vantagens nos termos do Estatuto dos Servidores do Município de
Fortaleza e do Plano Municipal de Cargos e Carreiras. (Atualizado Pelo Art. 9º
da Lei Complementar nº 038/07).

Art. 22º - O regime disciplinar da Guarda Municipal de Fortaleza tem por


finalidade especificar as transgressões disciplinar, estabelecer normas relativas
à aplicação das punições disciplinares, à classificação do comportamento e dos
recursos contra a aplicação das punições.

Art. 23º- É proibido o uso do uniforme ao Guarda Municipal, quando:


I - não mais pertencer ao efetivo da Guarda Municipal de Fortaleza;
II - estiver exercendo função comissionada ou à disposição de outro órgão não
pertencente à Prefeitura Municipal de Fortaleza, desde que esteja realizando
atividade não inclusa nas competências legais do cargo de Guarda Municipal;
III - passar para a inatividade.
Parágrafo Único - O Regime Disciplinar da Guarda Municipal poderá prever
proibições ao uso do uniforme,
não constantes neste artigo. (Redação dada pela Lei Complementar nº
019/2004. Ver Art. 13º da Lei Complementar nº 037/07)
SEÇÃO II
DAS PROIBIÇÕES DO USO DO UNIFORME

ART. 24º – O Diretor Geral da Guarda Municipal de Fortaleza proibirá o uso do


integrante que:
I – estiver disciplinarmente afastado do cargo;
II – exercer atividades incompatíveis com o cargo;
III – mostrar-se infiel á disciplina;
IV – praticar atos de incontinência pública e escandalosa:

679
a) de vícios;
b) de jogos proibidos;
c) embriaguez habitual;
V – por recomendação da Junta Médica Municipal;
VI – passar para inatividade.
Parágrafo único – o regime disciplinar da Guarda Municipal poderá prever
proibições ao uso do uniforme, não constantes neste artigo.

Art. 25º - Dentro de 90 (noventa) dias, contados a partir da publicação desta Lei,
O Diretor Geral da Guarda em conjunto com o Secretário de Administração,
baixará Edital de seleção interna, visando a prover as vagas existentes no
quadro de pessoal da Guarda Municipal, observado o limite estabelecido no Art.
26º desta Lei.

Art. 26º - Haverá vacância de cargo de provimento efetivo no quadro de pessoal


da Guarda Municipal de Fortaleza, somente quando a soma dos cargos
ocupados da parte permanente com as funções da parte Especial, de mesma
denominação, for inferior ao número de vagas previstas para o referido cargo na
parte permanente.

ART. 27º – O dia da Guarda Municipal será comemorado a 10 de julho, a nesta


data, far-se-á a outorga do título de Guarda Padrão Municipal.

ART. 28º – Os integrantes do Corpo da Guarda Municipal estão dispensados da


“assinatura do ponto”, sendo seu controle estabelecido pela Administração da
Guarda, através de escalas.

ART. 31º – Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as
disposições em contrário.
EXERCÍCIOS

01 - Para ocupar a função de Diretor-Geral e subdiretor da Guarda


Municipal de Fortaleza, a escolha, preferencialmente, deverá recair entre
os inspetores em fim de carreira, exigindo-se formação de nível superior e
notáveis conhecimentos administrativos e jurídicos por período nunca
inferior a __________ na área de segurança pública, podendo também
recair a escolha sobre oficiais superiores das forças armadas e das
polícias federal e estadual, sendo referida nomeação feita por livre
convencimento do chefe do Poder Executivo Municipal.
A) 2 anos
B) 3 anos
C) 5 anos
D) 8 anos

02 - São requisitos indispensáveis para a investidura nos cargos do corpo


da Guarda Municipal, em todas as suas classes, EXCETO:
A) Ensino Médio concluído;
B) Idade Mínima de 18 e no máximo 30 anos;
C) Boa saúde física e mental, e não ser portador de deficiência física
incompatível com o exercício do cargo;

680
D) Reputação ilibada, comprovada mediante documentação a ser exigida no
edital do concurso público.

03 – Os integrantes do Corpo da Guarda serão subordinados à disciplina


básica da mesma, onde quer que exerçam suas atividades, sujeitando-se
também às normas dos órgãos onde desenvolverem suas atividades,
desde que estas não conflitem com as do Corpo da Guarda, que são
soberanas
CERTO ( ) ERRADO ( )

04 - O dia da Guarda Municipal será comemorado a:


A) 10 de junho, a nesta data, far-se-á a outorga do título de Guarda Padrão
Municipal.
B) 20 de julho, a nesta data, far-se-á a outorga do título de Guarda Padrão
Municipal.
C) 20 de junho, a nesta data, far-se-á a outorga do título de Guarda Padrão
Municipal.
D) 10 de julho, a nesta data, far-se-á a outorga do título de Guarda Padrão
Municipal.

GABARITO
01 – A
02 – B
03 – C
04 – D

681
Lei Complementar Municipal Nº 038/2007, que aprova o
Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) dos
Servidores da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza
e dá outras providências.

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º. Fica aprovado o Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) dos
Servidores da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, estruturado na
forma do Anexo I, obedecendo às diretrizes contidas nesta Lei.
§ 1º O Plano de Cargos, Carreiras e Salários e a que se refere o caput deste
artigo abrange apenas os servidores ocupantes dos cargos/ funções de:
I – Inspetor, Subinspetor e Guarda Municipal;
II – Agente de Defesa Civil;
III – Agente de Segurança Institucional.
§ 2º Aos aposentados e pensionistas da Guarda Municipal e Defesa Civil de
Fortaleza são estendidos os benefícios deste Plano, no que se refere ao
vencimento básico, diferencial de hierarquia e vantagem pecuniária fixa, criadas
nesta Lei, nos termos do § 8º, do art. 40, da Constituição Federal.

Art. 2º. O Plano de Cargos, Carreiras e Salários resultante da aplicação das


diretrizes estabelecidas nesta Lei será composto por:
I – estrutura do plano: carreiras, classes e cargos/funções - Anexo I;
II – tabela de conversão de cargos - Anexo II;
III – quadro de pessoal - Anexo III;
IV – descrição dos níveis de capacitação - Anexo IV;
V – matrizes hierárquicas salariais - Anexo V e V-A;
VI – tabela de conversão de tempo de serviço - Anexo VI;
VII – descrição das atribuições dos cargos/funções - Anexo VII;
VIII – Manual de Avaliação de Desempenho;
IX – Quadro Discriminativo de Enquadramento.
Parágrafo único. O Manual de Avaliação de Desempenho e o Quadro
Discriminativo de Enquadramento serão regulamentados por decreto do chefe
do Poder Executivo.

682
Art. 3º. Para os efeitos desta Lei, considera-se:
I – Plano de Cargos, Carreiras e Salários: conjunto de princípios, diretrizes e
normas que regulam o desenvolvimento profissional dos servidores ocupantes
de cargos/funções que integram determinada carreira, constituindo-se em
instrumento de gestão do órgão;
II – Cargo Público: é o lugar inserido no sistema administrativo municipal
caracterizando-se, cada um, por determinado conjunto de atribuições e
responsabilidades de natureza permanente, com denominação própria, número
certo, pagamento pelo erário municipal, criação por lei, e sua investidura
depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e
títulos;
III – Função: é o conjunto de atribuições e responsabilidades cometidas a um
servidor, extinta quando vagar;
IV – Padrão de Vencimento: é a posição do servidor na escala de vencimento,
em função do cargo/função, do nível de capacitação e da classe;
V – Referência: posição do servidor no padrão de vencimento em função do
tempo de serviço;
VI – Nível de Capacitação: posição do servidor na matriz hierárquica dos padrões
de vencimento em decorrência da capacitação profissional para o exercício das
atividades do cargo/função ocupado;
VII – Classe: é a divisão básica da carreira, agrupando os cargos/funções da
mesma denominação, segundo o nível de responsabilidade e complexidade;
VIII – Carreira: é o conjunto de cargos de mesma natureza, na qual o servidor se
desloca nos níveis de capacitação e nos padrões de vencimento.

CAPÍTULO II
DO QUADRO DE PESSOAL
Art. 4º. Ficam transferidos para este Plano de Cargos, Carreiras e Salários da
Guarda Municipal e Defesa Civil os cargos especificados na Lei Complementar
nº 0034, de 18 de dezembro de 2006, organizados nos termos do Anexo II, assim
redenominados:
I – inspetor;
II – subinspetores de 1ª e 2ª classes passam a ser denominados Subinspetor;
III – guardas de 1ª e 2ª classes passam a ser denominados Guarda Municipal;
IV – agente municipal de serviços públicos e cidadania passa a ser denominado
Agente de Defesa Civil;

683
V – agente especial de serviços públicos passa a ser denominado Agente de
Segurança Institucional.

Art. 5º. O quadro de pessoal da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza


fica organizado em carreiras, na forma do Anexo III desta Lei, estruturado em 2
(duas) partes:
I – parte permanente: composta de cargos de carreira;
II – parte especial: composta por funções, a serem extintas quando vagarem.

CAPÍTULO III
DO INGRESSO NA CARREIRA
Art. 6º. O ingresso na carreira dar-se-á mediante concurso público, para padrão
de vencimento inicial do primeiro nível de capacitação, com nível de escolaridade
mínima de ensino médio, na forma disciplinada pelo Estatuto dos Servidores
Públicos do Município de Fortaleza (Lei nº 6.794, de 27 de dezembro de 1990) e
na Lei Orgânica da Guarda Municipal.
Parágrafo único. Os requisitos para o preenchimento do cargo serão publicados
através de edital para concurso público, ressalvando- se que não haverá
concurso público para subinspetor e inspetor.

Art. 7º. As carreiras são organizadas em classes de cargos/funções dispostos


de acordo com o nível de responsabilidade e complexidade.

Art. 8º. Os servidores não poderão ser disponibilizados ou cedidos para outros
órgãos municipais, estaduais ou federais, para executar funções diferentes
daquelas previstas nas atribuições do seu respectivo cargo, salvo para exercer
mandato em entidades de representação sindical, para assumir cargo em
comissão, mandato eletivo e as demais exceções previstas em lei.

CAPÍTULO IV
DO DESENVOLVIMENTO DO SERVIDOR NA CARREIRA
Art. 9º. O desenvolvimento do servidor na carreira ocorrerá da seguinte forma:
I – promoção por capacitação;
II – progressão por tempo de serviço.
§ 1º As formas de desenvolvimento, disciplinadas nesta Lei, dependem de
disponibilidade orçamentária e da existência de vaga, conforme os quantitativos

684
estabelecidos no Anexo III, além dos critérios e requisitos que lhes são
peculiares, na forma da legislação vigente.
§ 2º Regulamento disporá sobre os critérios a serem observados para as formas
de desenvolvimento profissional.

Art. 10. Não participarão dos processos de promoção por capacitação e


progressão por tempo de serviço os ocupantes dos cargos/ funções que, embora
implementadas todas as condições, incorrerem em 1 (uma) das seguintes
hipóteses:
I – tiverem punição disciplinar que importe suspensão ou 2 (duas) advertências
no período entre uma progressão/promoção e outra;
II – tiverem cometido mais de 5 (cinco) faltas não justificadas, a cada ano, nos
últimos 24 (vinte e quatro) meses;
III – terem sido condenados em processo criminal no período entre uma
progressão/ promoção e outra.

Art. 11. Será criada uma comissão setorial, definida em regulamento, não
remunerada, que coordenará e encaminhará os processos de promoção à
Secretaria de Administração do Município (SAM).
Parágrafo único. A comissão referida no caput deste artigo, funcionalmente
subordinada à comissão permanente da Secretaria de Administração do
Município, será renovada ou revalidada a cada 3 (três) anos.
SEÇÃO I
DA PROMOÇÃO POR CAPACITAÇÃO
Art. 12. O processo de promoção por capacitação é a passagem do servidor
ocupante de um dos cargos/ funções definidos nesta Lei, de um nível de
capacitação para outro imediatamente subsequente, através da obtenção de
certificados em cursos compatíveis com o cargo/função ocupado e cargas
horárias definidas no Anexo IV.

Art. 13. A promoção ocorrerá no interstício de 36 (trinta e seis) meses, a partir


do segundo enquadramento.
§ 1º Somente serão considerados cursos técnicos de segurança pública e defesa
civil aqueles promovidos por entidades previamente credenciadas pelo Município
de Fortaleza.
§ 2º Respeitada a carga horária definida no Anexo IV, será permitida a soma das
horas em cursos correlatos, desde que estes tenham, no mínimo, 20 (vinte)
horas/aula para os oferecidos pela Prefeitura Municipal de Fortaleza ou 40

685
(quarenta) horas/aula nos demais casos, e que tenham sido concluídos
posteriormente a janeiro de 2005.

Art. 14. Também será promovido por capacitação o servidor da carreira de


segurança pública que estiver no último nível de sua classe (de guarda para
subinspetor e de subinspetor para inspetor), atendidos os seguintes requisitos:
I – existência de disponibilidade orçamentária;
II – existência de cargos vagos nas classes subsequentes, observada, como
critério de desempate, a antiguidade no cargo (no cargo de guarda quando a
promoção se der para o cargo de Subinspetor, no cargo de Subinspetor quando
a promoção se der para o cargo de Inspetor).
III – aprovação em cursos de formação específicos na carreira de segurança
pública;
IV – existência de necessidade de profissionais nas classes, determinada pela
Direção da Guarda.
§ 1º Quando o servidor se deslocar para outra classe, após a promoção, este
ocupará o nível de capacitação I na nova posição hierárquica, permanecendo no
padrão de vencimento relativo ao que ocupava anteriormente.
§ 2º A antiguidade mencionada no inciso II do caput refere-se ao tempo de
serviço no cargo que o servidor ocupa; persistindo o empate, será promovido o
servidor, na seguinte ordem:
I – que tiver mais tempo de serviço prestado à GMF;
II – que tiver precedência na escala de números funcionais da instituição.
§ 3º Não serão considerados, para fins da contagem de tempo de serviço, as
faltas não justificadas e os afastamentos não remunerados.

686
EXERCÍCIOS
01 - O conjunto de atribuições e responsabilidades cometidas a um
servidor, extinta quando vagar é denominado (a):
Cargo Público
A) Função
B) Referência
C) Classe
D) Carreira

02 – Pode-se conceituar como CARGO PÚBLICO:


A) A divisão básica da carreira, agrupando os cargos/funções da mesma
denominação, segundo o nível de responsabilidade e complexidade
B) Posição do servidor no padrão de vencimento em função do tempo de serviço
C) O conjunto de cargos de mesma natureza, na qual o servidor se desloca nos
níveis de capacitação e nos padrões de vencimento
D) O lugar inserido no sistema administrativo municipal caracterizando-se, cada
um, por determinado conjunto de atribuições e responsabilidades de natureza
permanente, com denominação própria, número certo, pagamento pelo erário
municipal, criação por lei, e sua investidura depende de aprovação prévia em
concurso público de provas ou de provas e títulos

03 - Não participarão dos processos de promoção por capacitação e


progressão por tempo de serviço os ocupantes dos cargos/ funções que,
embora implementadas todas as condições, incorrerem em 1 (uma) das
seguintes hipóteses:
A) Tiverem punição disciplinar que importe suspensão ou 4 advertências no
período entre uma progressão/promoção e outra
B) Tiverem cometido mais de 2 faltas não justificadas, a cada ano, nos últimos
24 meses
C) Terem sido condenados em processo criminal no período entre uma
progressão/ promoção e outra
D) Tiverem cometido mais de 5 faltas não justificadas, a cada ano, nos últimos
12 meses

04 - O desenvolvimento do servidor na carreira ocorrerá da seguinte forma:


promoção por capacitação; progressão por tempo de serviço.
CERTO ( ) ERRADO ( )

687
GABARITO
01 – A
02 – D
03 – C
04 – C

SEÇÃO II
DA PROGRESSÃO POR TEMPO DE SERVIÇO
Art. 15. A progressão por tempo de serviço é a passagem do servidor, ocupante
de um cargo/função definido nesta Lei, de um padrão de vencimento para o
imediatamente superior, dentro da mesma classe e do mesmo nível de
capacitação a que pertence.
§ 1º Haverá progressão por tempo de serviço a cada 24 (vinte e quatro) meses
de efetivo exercício, contados a partir da primeira fase do enquadramento.
§ 2º Para efeitos desta progressão, será levado em consideração o tempo de
serviço prestado ao Município de Fortaleza, como também o tempo de serviço
disponibilizado à União, Estados e Municípios, com ônus para origem.
CAPÍTULO V
DA REMUNERAÇÃO
Art. 16. A composição da remuneração dos servidores contemplados por este
PCCS dar-se-á da seguinte forma:
I – vencimento básico;
II – gratificação de risco de vida;
III – gratificação de desempenho específica de segurança e defesa civil;
IV – diferencial de hierarquia, para os subinspetores e inspetores;
V – incentivo à titulação;
VI – vantagens pecuniárias previstas em legislação específica.
Art. 17. O vencimento básico corresponde ao valor estabelecido para o padrão
de vencimento da classe e do nível de capacitação ocupado pelo servidor.
Art. 18. A tabela de valores dos padrões de vencimento encontram-se definidas
nos Anexos V e V-A deste plano.
Parágrafo único. Os reajustes concedidos a título de revisão geral da
remuneração dos servidores municipais somente incidirão sobre o vencimento
básico.

688
Art. 19. O Incentivo à Titulação de que trata a presente Lei será calculado sobre
o vencimento básico de referência do servidor.
Art. 20. As vantagens pecuniárias são aquelas previstas no Estatuto do Servidor
do Município (Lei nº 6.794, de 27 de dezembro de 1990) e legislação específica
do Município de Fortaleza.
SEÇÃO I
DAS GRATIFICAÇÕES
Art. 21. Fica instituída a Gratificação de Desempenho Específica de Segurança
e Defesa Civil (GDESD), de percentual variável de 50 (cinquenta) a 100 (cem),
calculada sobre o vencimento básico, devida mensalmente aos servidores
referidos nesta Lei, em efetivo exercício no cargo, visando ao melhor
desempenho das atribuições por eles realizadas.
§ 1º A gratificação referida no caput deste artigo será atribuída com base em
avaliação de aferição mensal, cujos critérios objetivos serão estabelecidos em
decreto do chefe do Poder Executivo.
§ 2º A GDESD é incorporável aos proventos, dos servidores, atendidos os
seguintes requisitos:
a) no caso dos servidores admitidos até 15 de dezembro de 1998, desde que a
tenham percebido por um período superior a 36 (trinta e seis) meses
ininterruptos;
b) no caso dos servidores admitidos após 15 de dezembro de 1998, desde que
a tenham percebido por um período superior a 60 (sessenta) meses ininterruptos
ou 84 (oitenta e quatro) meses intercalados;
c) para os servidores enquadrados nos cargos de agente de defesa civil e agente
de segurança institucional anteriormente à publicação desta Lei, desde que
percebida por um período superior a 24 (vinte e quatro) meses ininterruptos.
§ 3º Para efeito do cálculo do valor a ser incorporado aos proventos, tomar-se-á
como base a média dos valores percebidos de acordo com os períodos
estabelecidos pelo § 2º deste artigo.
§ 4º Para aqueles servidores que, na data da publicação desta Lei, tiverem 67
(sessenta e sete) anos ou mais de idade, fica garantida a incorporação da
GDESD para fins de aposentadoria compulsória.
Art. 22. Os servidores contemplados nas carreiras deste PCCS, quando em
efetivo exercício, farão jus à Gratificação por Atividade de Risco à Vida (GARV),
equivalente a 40% (quarenta por cento), calculado sobre o vencimento básico.
§ 1º Não será paga a gratificação mencionada no caput deste artigo àqueles que
estiverem à disposição de outros órgãos que não a Guarda Municipal e Defesa
Civil de Fortaleza, executados os casos dos representantes sindicais
pertencentes às carreiras abrangidas por este Plano, mandatos eletivos e os

689
demais casos previstos em lei.
§ 2º A gratificação de que trata o caput deste artigo é incorporável aos proventos
para fins de aposentadoria, desde que o servidor a tenha percebido por um
período superior a 60 (sessenta) meses ininterruptos ou 84 (oitenta e quatro)
meses intercalados, ressalvados os servidores que, na data da publicação desta
Lei, já haviam implementado o tempo mínimo de percepção de 24 (vinte e quatro)
meses ininterruptos da referida gratificação, prevista na Lei Orgânica da Guarda
Municipal.
§ 3º Os servidores que estiverem à disposição da Câmara Municipal de Fortaleza
não serão enquadrados na restrição do § 1º deste artigo, desde que estejam no
exercício das suas funções.
Art. 23. Fica instituído o Diferencial de Hierarquia (DH) para os servidores da
carreira de segurança pública, calculado sobre o vencimento básico, nos
seguintes percentuais:
I – classe B, 10% (dez por cento), calculados sobre o vencimento básico, para
servidores ocupantes do cargo/função de Subinspetor;
II – classe C, 15% (quinze por cento), calculados sobre o vencimento básico,
para servidores ocupantes do cargo/ função de Inspetor.
Parágrafo único. O diferencial de que trata o caput deste artigo constitui
vantagem incorporável aos proventos para fins de aposentadoria, para os
servidores admitidos até 15 de dezembro de 1998, desde que o tenham
percebido por um período superior a 36 (trinta e seis) meses ininterruptos; e os
demais servidores, 60 (sessenta) meses ininterruptos ou 84 (oitenta e quatro)
meses intercalados.
Art. 24. Fica instituído o Incentivo à Titulação, calculado sobre o vencimento
básico, aos servidores que adquirirem os seguintes títulos:
I – título de graduação, 10% (dez por cento);
II – título de pós-graduação, 15% (quinze por cento).
§ 1º Na aplicação do disposto do caput deste artigo, caso seja o servidor portador
de mais de 1 (um) título, prevalecerá o correspondente ao de maior percentual,
desprezando-se os demais, não sendo admitida a percepção cumulativa.
§ 2º O incentivo será incorporado aos respectivos proventos, desde que os
servidores admitidos até 15 de dezembro de 1998 o tenham percebido por um
período superior a 36 (trinta e seis) meses ininterruptos; e os demais servidores,
o tenham percebido por um período superior a 60 (sessenta) meses ininterruptos
ou 84 (oitenta e quatro) meses intercalados.
§ 3º Os cursos de graduação e pós graduação, para fins de concessão do
incentivo, deverão ser reconhecidos pelo Ministério da Educação, bem como
guardar correlação com a área de segurança e defesa civil, nos termos do
regulamento a ser editado pelo chefe do Executivo

690
CAPÍTULO VI
DA JORNADA DE TRABALHO
Art. 25. A jornada de trabalho dos servidores integrantes do Plano de Cargos,
Carreiras e Salários – PCCS da Guarda Municipal e Defesa Civil fica
estabelecida em:
I – 180 (cento e oitenta) horas mensais, sendo 30 (trinta) horas semanais
efetivamente trabalhadas, cujos vencimentos básicos são os estabelecidos no
Anexo V.
II – 240 (duzentas e quarenta) horas mensais, sendo 40 (quarenta) horas
semanais efetivamente trabalhadas, cujos vencimentos básicos são os
estabelecidos no Anexo V-A.
§ 1º Para fins de cumprimento da jornada de trabalho, poderá ser estabelecido
sistema de escalas de serviço e aferição de frequência, visando atender ao
interesse público.
§ 2º O diretor da Guarda Municipal de Fortaleza poderá regulamentar, por
portaria, o sistema de escalas previsto no § 1º, adequando-o às instituições e à
necessidade do serviço, desde que observada a jornada semanal de trabalho
definida nos incisos I e II deste artigo.
CAPÍTULO VII
DA ESTRUTURA DO PLANO DE CARGOS, CARREIRAS E SALÁRIOS
SEÇÃO I
DAS CARREIRAS, CLASSES E NÍVEIS DE CAPACITAÇÃO
Art. 26. Ficam criadas 3 (três) carreiras:
I – carreira de segurança pública: formada por inspetores, subinspetores e
guardas municipais;
II – carreira de segurança institucional: formada por agentes de segurança
institucional;
III – carreira de defesa civil: formada por agentes de defesa civil.
§ 1º A carreira de segurança pública é composta por 3 (três) classes:
I – classe A: guarda municipal;
II – classe B: subinspetor; III
III – classe C: inspetor.
§ 2º As carreiras de segurança institucional e defesa civil são compostas por
classe única.
§ 3º Cada classe definida nesta Lei compreende 4 (quatro) níveis de
capacitação.

691
§ 4º Cada nível de capacitação contém 20 (vinte) padrões de vencimento
estruturados na forma do Anexo V, parte integrante desta Lei.
SEÇÃO II
DA MATRIZ HIERÁRQUICA SALARIAL
Art. 27. As matrizes hierárquicas salariais das carreiras definidas nesta Lei são
as previstas nos Anexos V e V-A.
CAPÍTULO VIII
DO ENQUADRAMENTO NA MATRIZ HIERÁQUICA
Art. 28. enquadramento do servidor na matriz hierárquica dar-se-á na carreira,
classe, cargo/função e padrão de vencimento correspondente à situação
funcional quando da vigência desta Lei, considerando ainda a Tabela de
Conversão de Tempo de Serviço, na forma do Anexo VI.
Parágrafo único. Para efeito da contagem de tempo de serviço de que trata o
caput deste artigo serão arredondadas para 1 (um) ano as frações de tempo
iguais ou superiores a 11 (onze) meses.
Art. 29. período para a apuração de tempo de serviço para o enquadramento
será da data de efetivação do servidor no Município de Fortaleza até a data da
publicação desta Lei.
Parágrafo único. Não serão contados na apuração de tempo de serviço para
efeito de enquadramento o período probatório, período referente a afastamentos
não remunerados, férias e licença-prêmio não gozadas e contadas em dobro ou
qualquer outro tipo de averbação
Art. 30. O servidor que não possuir a escolaridade exigida para o exercício do
cargo/função e já o estiver exercendo, na data da vigência desta Lei, ficará
enquadrado em cargo correlato, ficando dispensado do pré-requisito de
escolaridade.
SEÇÃO I
DAS FASES DO ENQUADRAMENTO
Art. 31. O enquadramento será realizado em 2 (duas) fases:
I – fase I, a partir de maio de 2007, sendo:
a) enquadramento na classe, tendo em vista o cargo/função em exercício;
b) enquadramento no nível de capacitação inicial da classe;
c) enquadramento no padrão de vencimento conforme tabela de conversão do
tempo de serviço.
II – fase II, 12 (doze) meses após a primeira fase, sendo o servidor enquadrado
definitivamente no nível de capacitação.

692
Art. 32. Após a primeira fase do enquadramento, o servidor deverá informar os
cursos de capacitação na área de segurança e defesa civil, devidamente
reconhecidos e/ou credenciados pelo Município de Fortaleza, que porventura
tenha concluído a partir de janeiro de 2005.
Art. 33. O enquadramento dos servidores neste PCCS será automático, mas
estes podem se manifestar formalmente pela opção do não enquadramento,
permanecendo, portanto, no sistema de remuneração da legislação anterior.
Parágrafo único. A manifestação de que trata o caput deste artigo deverá ser
efetivada no prazo de até 90 (noventa) dias contados da data de publicação
desta Lei.
CAPÍTULO IX
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 34. O servidor que se julgar prejudicado, quando do seu enquadramento
neste Plano de Cargos, Carreiras e Salários, poderá requerer a reavaliação junto
à Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, até 90 (noventa) dias após a
publicação do Quadro Discriminativo de Enquadramento no Diário Oficial do
Município (DOM).
Parágrafo único. Fica assegurado àqueles que não optarem pelo
enquadramento de que trata esta Lei o reajuste de seus vencimentos básicos
nos mesmos percentuais e datas em que se verificar o reajuste geral dos
servidores do Poder Executivo Municipal.
Art. 35. As atribuições relativas aos cargos/funções descritos neste Plano de
Cargos, Carreiras e Salários são as constantes do Anexo VII.
Art. 36. O Plano de Cargos, Carreiras e Salários obedecerá, exclusivamente, às
normas estabelecidas nesta Lei, não prevalecendo para nenhum efeito planos,
reclassificações e enquadramentos anteriores.
Parágrafo único. Os servidores contemplados neste PCCS farão jus a uma
vantagem pecuniária fixa de R$ 110,00 (cento e dez reais), reajustável nos
mesmos índices aplicados ao vencimento básico, a qual não se incorpora a este
para qualquer finalidade, garantida, porém, a sua incorporação aos proventos,
atendidas as seguintes condições:
I – no caso dos servidores admitidos até 15 de dezembro de 1998, que a tenham
percebido por um período superior a 36 (trinta e seis) meses ininterruptos;
II – nos demais casos, que a tenham percebido pelo período de 60 (sessenta)
meses ininterruptos ou 84 (oitenta e quatro) meses intercalados.
Art. 37. Os Agentes de Defesa Civil e de Segurança Institucional, ao serem
enquadrados neste PCCS, deixarão de perceber a gratificação de aumento de
produtividade variável prevista na Lei nº 8.419, de 31 de março de 2000,
regulamentada pelo Decreto n. 10.850, de 15 de agosto de 2000.

693
§ 1º Os servidores referidos no caput deste artigo, além da vantagem prevista
no parágrafo único do art. 36 desta Lei, farão jus a uma vantagem pecuniária
pessoal fixa de R$ 35,09 (trinta e cinco reais e nove centavos), reajustável nos
mesmos índices aplicados ao vencimento básico, a qual não se incorpora a este
para qualquer finalidade, garantida, porém, a sua incorporação aos proventos,
desde que percebida por um período mínimo de 60 (sessenta) meses
ininterruptos ou 84 (oitenta e quatro) meses intercalados.
§ 2º Os servidores acima mencionados, antes submetidos a uma carga horária
de 8 (oito) horas diárias, nos termos do Edital 001, de 28 de abril de 2000,
deixarão de perceber a complementação salarial de 60 (sessenta) horas;
conforme o art. 25 desta Lei passarão a ter carga horária de 180 (cento e oitenta)
horas mensais.
Art. 38. Os inspetores, além da vantagem prevista no parágrafo único do art. 36
desta Lei, farão jus a uma vantagem pessoal fixa de R$ 366,08 (trezentos e
sessenta e seis reais e oito centavos), reajustável nos mesmos índices aplicados
ao vencimento básico, a qual não se incorpora a este para qualquer finalidade,
garantida, porém, a sua incorporação aos proventos, desde que os servidores
admitidos até 15 de dezembro de 1998 a tenham percebido por um período
superior a 36 (trinta e seis) meses ininterruptos; e os demais servidores, 60
(sessenta) meses ininterruptos ou 84 (oitenta e quatro) meses intercalados.
Art. 39. Os atos regulamentares do Poder Executivo vinculados a esta Lei
deverão ser aprovados por decretos, dentro de 90 (noventa) dias contados da
publicação desta Lei.
Art. 40. As despesas decorrentes da implantação do Plano de Cargos, Carreiras
e Salários de que trata esta Lei correrão à conta das dotações orçamentárias
próprias da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, que serão
suplementadas em caso de insuficiência de recursos.
Art. 41. Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação, exceto
quanto aos seus efeitos financeiros que retroagirão a 1º de maio de 2007, ficando
revogadas as disposições em contrário.

694
EXERCÍCIOS
01 - Haverá progressão por tempo de serviço a cada _________ de efetivo
exercício, contados a partir da primeira fase do enquadramento.
A) 12 meses
B) 24 meses
C) 36 meses
D) 48 meses
02 - A jornada de trabalho dos servidores integrantes do Plano de Cargos,
Carreiras e Salários – PCCS da Guarda Municipal e Defesa Civil fica
estabelecida em:

A) 180 horas mensais, sendo 30 horas semanais efetivamente trabalhadas


B) 210 horas mensais, sendo 35 horas semanais efetivamente trabalhadas
C) 192 horas mensais, sendo 32 horas semanais efetivamente trabalhadas
D) 150 horas mensais, sendo 25 horas semanais efetivamente trabalhadas

03 - Fica instituído o Incentivo à Titulação, calculado sobre o vencimento


básico, aos servidores que adquirirem os seguintes títulos:
A) título de graduação, 15%
B) título de pós-graduação, 20%
C) título de graduação, 12%
D) título de pós-graduação, 15%

04 - Os servidores contemplados nas carreiras deste PCCS, quando em


efetivo exercício, farão jus à Gratificação por Atividade de Risco à Vida
(GARV), equivalente a 45%, calculado sobre o vencimento básico.

CERTO ( ) ERRADO ( )

GABARITO
01 – B
02 – A
03 – D
04 – E

695
Lei Complementar Municipal Nº 037/2007, de 10 de julho de
2007, que institui o Regulamento Disciplinar Interno da
Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza e dá outras
providências.

TÍTULO I - DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º- O Regulamento Disciplinar dos Servidores da Guarda Municipal e Defesa


Civil de Fortaleza, instituído por esta Lei Complementar, tem a finalidade de
definir os deveres, tipificar as infrações disciplinares, regular as sanções
administrativas, os procedimentos processuais correspondentes, os recursos, o
comportamento e as recompensas aos referidos servidores.

Art. 2º - Este regulamento aplica-se aos servidores pertencentes ao efetivo da


Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, incluindo-se, ainda, os ocupantes
exclusivamente de cargos em comissão, os servidores de atividades
administrativas e os de nível superior.

TÍTULO II - DISPOSIÇÕES GERAIS

CAPÍTULO I - DA HIERARQUIA E DA DISCIPLINA

Art. 3º - A hierarquia e a disciplina são a base institucional da Guarda Municipal


e Defesa Civil de Fortaleza, sendo a hierarquia a ordenação de autoridade, em
níveis diferentes de uma escala existindo superiores e subordinados; e a
disciplina a rigorosa observância e acatamento das leis, regulamentos, decretos
e as demais disposições legais, traduzindo-se pelo voluntário e adequado
cumprimento ao dever funcional.

Art. 4º - São princípios norteadores da disciplina e da hierarquia da Guarda


Municipal e Defesa Civil de Fortaleza:
I - o respeito à dignidade humana;
II - o respeito à cidadania;
III - o respeito à justiça;
IV - o respeito à legalidade democrática;
V - o respeito à coisa pública.

Art. 5º - São superiores em razão do cargo, ainda que não pertencentes às


carreiras do Corpo da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza:
I - chefe do Poder Executivo Municipal;
II - diretor-geral da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza.

Art. 6º - As ordens legais devem ser prontamente executadas, cabendo


responsabilidade à autoridade que
as determinar.

696
§ 1º - A hierarquia confere ao superior o poder de transmitir ordens, de fiscalizar
e de rever decisões em relação ao subordinado.

§ 2º - Os integrantes do Corpo da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza


serão subordinados à disciplina básica da mesma, onde quer que exerçam suas
atividades, sujeitando-se também às normas dos órgãos onde desenvolvam
suas atividades, desde que estas não conflitem com as da instituição, que são
soberanas.
§ 3º - No caso de dúvida acerca dos procedimentos a serem adotados nas ações
práticas, será assegurado o esclarecimento ao subordinado.

Art. 7º - Todo servidor da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza que se


deparar com ato contrário à disciplina da instituição deverá adotar medida
saneadora.
Parágrafo Único - Se detentor de hierárquica sobre o infrator, o servidor da
Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza deverá adotar as providências
cabíveis pessoalmente; se subordinado, deverá comunicar às autoridades
competentes.

Art. 8º - O ordenamento hierárquico da Guarda Municipal e Defesa Civil de


Fortaleza compreende 3 (três) carreiras, sendo:
I - Carreira de Segurança Pública;
II - Carreira de Defesa Civil;
III - Carreira de Segurança Institucional.

Art. 9º - A precedência hierárquica, salvo nos casos a que se refere o art. 5º


desta Lei, é regulada pelos cargos.

Art. 10 - Na igualdade de cargos, terá precedência hierárquica:


I - o servidor mais antigo no cargo;
II - o servidor mais antigo na Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza;
III - pela posição nas escalas numéricas, número funcional ou registros similares.

Art. 11 - São deveres do servidor da Guarda Municipal e Defesa Civil de


Fortaleza, além dos demais elencados neste regulamento:
I - ser assíduo e pontual;
II – cumprir as ordens superiores, representando quando forem manifestamente
ilegais;
III - desempenhar com zelo e presteza os trabalhos de que for incumbido;
IV - guardar sigilo sobre os assuntos da administração;
V - tratar com urbanidade os companheiros de trabalho e o público em geral;
VI - manter sempre atualizada sua declaração de família, de residência e de
domicílio;
VII - zelar pela economia do material do Município e pela conservação do que
for confiado à sua guarda e utilização;
VIII - proceder, pública e particularmente, de forma que dignifique a função
pública;
IX - cooperar e manter o espírito de solidariedade, afeição e camaradagem com
os companheiros de trabalho;

697
X - estar em dia com as leis, regimentos, regulamentos, instruções e ordens de
serviço que digam respeito as suas funções;
XI - prestar continência a seu superior hierárquico;
XII – comparecer convenientemente trajado em serviço e com o uniforme
determinado para a ocasião;
XIII - zelar pela boa apresentação individual.
Parágrafo Único - Fazem parte da boa apresentação individual a barba e
cabelos cortados, unhas aparadas e, para o efetivo feminino, os cabelos curtos
ou presos segundo os tipos prescritos, sendo permitido o uso de brincos
discretos e maquiagem leve, segundo as demais disposições deste regulamento

CAPÍTULO II - DO USO DO UNIFORME

Art. 12 - O uso correto dos uniformes é fator primordial na boa apresentação


individual e coletiva do quadro de pessoal da Guarda Municipal e Defesa Civil de
Fortaleza, contribuindo para o fortalecimento da disciplina e da imagem da
instituição perante a opinião pública.
§ 1º - É obrigatório o uso do uniforme limpo e completo pelo Corpo da Guarda
Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, quando em efetivo serviço, salvo por
exigência do serviço prestado com a devida autorização da Direção-Geral.
§ 2º - Os servidores de carreira pertencentes ao Corpo da Guarda Municipal e
Defesa Civil de Fortaleza, quando investidos em cargos de comissão poderão
usar o uniforme, dentro da conveniência de suas atividades ou por determinação
da Direção-Geral.

Art. 13 - É vedado ao Corpo da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza o


uso do uniforme quando:
I - não mais pertencer ao Corpo da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza;
II - passar para a inatividade;
III - praticar atos de incontinência pública e escandalosa de vícios, jogos
proibidos ou embriaguez habitual;
IV - estiver disciplinarmente afastado do cargo;
V - estiver à disposição, com ou sem ônus para a origem, excetuados os casos
previstos em convênios com outros órgãos públicos;
VI - estiver em gozo de férias ou licenças médicas;
VII - estiver afastado de suas funções para trato de interesse particular, para
concorrer ou desempenhar mandato eletivo ou de representação sindical;
VIII – participar de manifestações de caráter político-partidárias.

CAPÍTULO III - DA CONTINÊNCIA

Art. 14 - Os servidores ocupantes de cargo efetivo dentro da Carreira de


Segurança Pública da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza
manifestarão respeito e apreço aos seus superiores, pares e subordinados
através da continência:
I - dirigindo-se a eles ou atendendo-os, de modo disciplinado;
II - observando a hierárquica;
III - observando que a continência é impessoal e que visa à autoridade e não à
pessoa.

698
IV - verificando que a continência parte sempre do servidor de menor
precedência hierárquica;
V - reconhecendo que todo servidor deve, obrigatoriamente, retribuir a
continência que lhe é prestada; se uniformizado, prestará a continência
individual; se à paisana, responderá com um movimento de cabeça e com um
cumprimento verbal.

Art. 15 - Têm direito à continência:


I - a Bandeira Nacional:
a) ao ser hasteada ou arriada diariamente em cerimônia militar ou cívica;
b) por ocasião da cerimônia de incorporação ou desincorporação, nas
formaturas;
c) quando conduzida em marcha, desfile ou cortejo, acompanhada por guarda
ou por organização civil, em cerimônia cívica;
II - o Hino Nacional, quando executado em solenidade militar ou cívica;
III - o chefe do Poder Executivo Municipal;
IV - os superiores hierárquicos.

CAPÍTULO IV - DO COMPORTAMENTO DO SERVIDOR

Art. 16 - Ao ingressar no Corpo da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza,


o servidor será classificado no comportamento bom.

Art. 17 - Para fins disciplinares e para os demais efeitos legais, o comportamento


do servidor da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza será considerado:
I - excelente, quando no período de 4 (quatro) anos não tiver sofrido qualquer
punição;
II - bom, quando no período de 3 (três) anos não tiver sofrido pena de suspensão;
III - insuficiente, quando no período de 2 (dois) anos tiver sofrido até 2 (duas)
suspensões ou equivalentes (§1º);
IV - ruim, quando no período de 1 (um) ano tiver sofrido o somatório de mais de
15 (quinze) dias de suspensão.
§ 1º - Para a classificação de comportamento, 2 (duas) advertências equivalerão
a 1 (uma) suspensão.
§ 2º - A avaliação do comportamento dar-se-á anualmente através de portaria
do diretor-geral da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, de acordo com
os critérios estabelecidos neste artigo.
§ 3º - A contagem de tempo para a melhoria de comportamento começará a
partir da data em que se encerrar o cumprimento da punição.
§4º - O conceito atribuído ao comportamento do servidor, nos termos do disposto
neste artigo, será considerado para:

I - indicação para participação em cursos de aperfeiçoamento;


II - submissão à participação em programa educativo, nas hipóteses dos incisos
III e IV do caput deste artigo, se a soma das penas de suspensão aplicadas for
superior a 30 (trinta) dias.

Art. 18 - Anualmente será elaborado pela Corregedoria da Guarda Municipal o


relatório de avaliação disciplinar do efetivo da Guarda Municipal, o qual será
submetido à apreciação da Assessoria Jurídica e do diretor-geral.

699
§ 1º - A Corregedoria da Guarda Municipal convidará 1 (um) servidor de cada
categoria profissional do Corpo da Guarda Municipal e Defesa Civil para
acompanhar os trabalhos de formação do relatório citado no caput deste artigo.
§ 2º - Os critérios de avaliação terão por base a aplicação desta Lei
Complementar.
§ 3º - A avaliação deverá considerar a totalidade das infrações punidas, a
tipificação e as sanções correspondentes e o cargo do infrator.

Art. 19 - Do ato do diretor-geral que classificar os integrantes da instituição


caberá recurso, dirigido à própria direção da instituição, devendo conter a
justificativa para o recebimento deste.
Parágrafo Único - O recurso previsto neste artigo deverá ser interposto no prazo
de 15 (quinze) dias, contados da data da publicação oficial do ato impugnável e
terá efeito suspensivo.

CAPÍTULO V - DAS RECOMPENSAS

Art. 20 - As recompensas constituem-se em reconhecimento aos bons serviços,


atos meritórios e trabalhos relevantes prestados pelo servidor.

Art. 21 - São recompensas da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza:


I - condecorações por serviços prestados;
II - elogios.
§ 1º - Condecorações constituem-se em referências honrosas e insígnias
conferidas aos integrantes da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza por
sua atuação em ocorrências de relevo na preservação da vida, da integridade
física e do patrimônio municipal, podendo ser formalizadas independentemente
da classificação de comportamento, com a devida publicidade no Diário Oficial
do Município e registro em pasta funcional.
§2º - Elogio é o reconhecimento formal da administração às qualidades morais e
profissionais daqueles que compõem a Guarda Municipal e Defesa Civil de
Fortaleza, com a devida publicidade no Diário Oficial do Município e registro em
pasta funcional.
§3º - As recompensas previstas neste artigo serão conferidas por determinação
do diretor-geral da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza.

700
EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01
São superiores em razão do cargo, ainda que não pertencentes às carreiras
do Corpo da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, o chefe do Poder
Executivo Municipal; o diretor-geral da Guarda Municipal e Defesa Civil de
Fortaleza.
CERTO ( ) ERRADO ( )

QUESTÃO 02
Na igualdade de cargos, terá precedência hierárquica:

A) o servidor de maior prole.


B) o servidor mais antigo no serviço público
C) o servidor mais antigo no cargo
D) o servidor com idade mais avançada

QUESTÃO 03
Ao ingressar no Corpo da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, o
servidor será classificado no comportamento:

A) Bom
B) Ótimo
C) Regular
D) Excelente

QUESTÃO 04
Para fins disciplinares e para os demais efeitos legais, o comportamento
do servidor da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza será
considerado excelente, quando no período de ________ não tiver sofrido
__________

A) 2 anos; pena de suspensão


B) 4 anos; qualquer punição
C) 2 anos; qualquer punição
D) 4 anos; pena de suspensão

701
GABARITO
GABARITO Q01
ITEM CORRETO “C”

GABARITO Q02
ITEM CORRETO “C”

GABARITO Q03
ITEM CORRETO “A”

GABARITO Q04
ITEM CORRETO “B”

CAPÍTULO VI
DO DIREITO DE PETIÇÃO

Art. 22 - É assegurado ao servidor da Guarda Municipal e Defesa Civil de


Fortaleza o direito de requerer ou representar, quando se julgar prejudicado por
ato ilegal praticado por superior hierárquico, desde que o faça dentro das normas
de urbanidade.
Parágrafo Único - Os requerimentos deverão ser endereçados à Ouvidoria da
instituição, que se encarregará de adotar as providências que julgar necessárias
para o andamento dos pedidos.

TÍTULO III
DAS INFRAÇÕES E SANÇÕES DISCIPLINARES
CAPÍTULO I
DA DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS INFRAÇÕES DISCIPLINARES

Art. 23 - Infração disciplinar é toda qualquer violação aos deveres funcionais,


aos princípios éticos e norteadores da conduta dos integrantes da Guarda
Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, podendo esta transgressão se manifestar
através de ação ou omissão, desde que contrarie os preceitos estabelecidos
nesta Lei Complementar, no Estatuto dos Servidores Públicos Municipais e as
demais leis, regulamentos, normas e disposições legais, sem prejuízo da
aplicação de sanções de natureza penal.

Art. 24 - As infrações, quanto à sua natureza, classificam-se em:


I - leves;
II - médias;
III - graves.

Art. 25 - São infrações disciplinares de natureza leve:


I – chegar atrasado, sem justo motivo, a ato ou ao posto de serviço;
II - permutar serviço sem permissão da autoridade competente;
III - deixar de usar uniforme, ou usá-lo incompleto, contrariando as normas
respectivas ou trajar vestuário incompatível com a função;

702
IV - suprimir a identificação do uniforme ou utilizar-se de meios ilícitos para
dificultar a identificação;
V - descurar-se do asseio pessoal ou coletivo, conforme o art. 11, parágrafo
único, desta Lei Complementar;
VI - negar-se a receber uniforme, equipamentos ou outros objetos que lhe sejam
destinados ou que devam ficar em seu poder;
VII - conduzir veículo da instituição sem autorização da unidade competente;
VIII - fumar, estando de serviço, nos locais em que tal procedimento seja vedado;
IX - deixar de encaminhar documentos no prazo legal;
X - negar-se a prestar continência a seus superiores, de acordo com Capítulo III
deste regulamento.

Art. 26 - São transgressões disciplinares de natureza média:


I - faltar ou ausentar-se do serviço sem motivo justificável;
II - deixar de comunicar ao superior imediato ou, na sua ausência, a outro
superior, informação sobre perturbação da ordem pública, logo que dela tenha
conhecimento;
III - encaminhar documentos ao superior hierárquico comunicando infração
disciplinar inexistente ou sem
indícios de fundamentação fática;
IV – desempenhar inadequadamente suas funções por falta de atenção;
V - afastar-se, momentaneamente, sem justo motivo, do local em que deva
encontrar-se por força de ordens ou disposições legais;
VI - deixar de apresentar-se, nos prazos estabelecidos, sem motivo justificado,
nos locais em que deva comparecer;
VII – representar a instituição em qualquer ato sem estar autorizado pela
Direção-Geral;
VIII - deixar de se apresentar à instituição, mesmo estando de folga, após ato
convocatório do diretor da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza;
IX - sobrepor ao uniforme insígnias de sociedades particulares, entidades
religiosas ou políticas ou, ainda, usar indevidamente medalhas desportivas,
distintivos ou condecorações, sem motivo justificado;
X - dirigir veículo da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza em
desobediência às determinações contidas no Código de Trânsito Brasileiro,
salvo se em caso de emergência e no estrito cumprimento do dever;
XI - deixar de preencher relatório de atividades ou omitir informações decorrentes
da operação realizada, salvo por motivo justificável;
XII - ofender a moral e os bons costumes, por meio de atos, palavras ou gestos;
XIII - responder por qualquer modo desrespeitoso a servidor da Guarda
Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, com função superior, igual ou inferior, ou
a qualquer munícipe;
XIV - deixar de zelar pela economia do material do Município e pela conservação
do que for confiado à sua guarda ou utilização;
XV - designar ou manter sob sua chefia imediata cônjuge, companheiro ou
companheira ou parente até 2º grau;
XVI - coagir ou aliciar subordinados com objetivos de natureza político -
partidária;
XVII - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer
documento ou objeto da repartição;
XVIII - recusar fé a documentos públicos;

703
XIX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento
da dignidade da função pública;
XX - deixar de manter em dia a escrituração do setor onde trabalha, no que for
da sua competência;
XXI - permitir a presença de pessoas estranhas ao serviço, em local em que seja
proibida;
XXII - permitir que o subordinado exerça função incompatível com suas
atribuições ou proibidas por lei ou regulamento.

EXERCÍCIOS

01 - Permutar serviço sem permissão da autoridade competente é


considerada transgressão de natureza:
A) Leve
B) Grave
C) Gravíssima
D) Média

02 - São transgressões disciplinares de natureza média, EXCETO:


A) Faltar ou ausentar-se do serviço sem motivo justificável.
B) Deixar de comunicar ao superior imediato ou, na sua ausência, a outro
superior, informação sobre perturbação da ordem pública, logo que dela tenha
conhecimento.
C) Encaminhar documentos ao superior hierárquico comunicando infração
disciplinar inexistente ou sem
indícios de fundamentação fática.
D) fumar, estando de serviço, nos locais em que tal procedimento seja vedado.

03 - Ingerir bebida alcoólica estando uniformizado é considerada


transgressão de natureza:
A) Leve
B) Grave
C) Gravíssima
D) Média

04 – Coagir ou aliciar subordinados com objetivos de natureza político-


partidária é considerada transgressão de natureza:
A) Leve
B) Grave
C) Gravíssima
D) Média

704
GABARITO
01 – A
02 – D
03 – B
04 – D

TÍTULO III
DAS INFRAÇÕES E SANÇÕES DISCIPLINARES
CAPÍTULO I
DA DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS INFRAÇÕES DISCIPLINARES

Art. 27 – As transgressões disciplinares de natureza grave classificam-se em 4


(quatro) grupos.
§1º - São transgressões disciplinares do Primeiro grupo:
I - deixar de assumir a responsabilidade por seus atos ou pelos atos praticados
por servidor da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza em função
subordinada que agir em cumprimento de sua ordem;
II - permanecer uniformizado, não estando em serviço, em boates, casas de
prostituição, bares suspeitos, clubes de carteados, salões de bilhar, bingos ou
semelhantes, locais em que se realizem corridas de cavalo ou quaisquer outros
locais em que pela localização, frequência ou prática habitual, possam
comprometer a Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza e a administração
pública municipal;
III - deixar de comunicar a seu chefe imediato faltas graves ou crimes de que
tenha conhecimento em razão da função;
IV - deixar, quando solicitado, de prestar auxílio na manutenção ou
restabelecimento da ordem pública, quando ao seu alcance;
V - ingerir bebida alcoólica estando uniformizado;
VI - introduzir ou tentar introduzir bebidas alcoólicas em dependências da
instituição ou postos de serviço;
VII - solicitar a interferência de pessoas estranhas à instituição, a fim de obter
para si ou para outrem qualquer vantagem ou benefício;
VIII - fornecer à imprensa informações que ultrapassem a sua competência ou
que sejam de caráter sigiloso;
IX - divulgar decisão, despacho, ordem ou informação, antes de oficialmente
publicada;
X - exercer atividade incompatível com a função de guarda, subinspetor, agente
de segurança institucional e agente de defesa civil;
XI - assinar documentos que importem ordem ou determinação a superior;
XII - apresentar-se uniformizado quando proibido;

705
XIII - praticar quaisquer atos que ponham em dúvida a sua honestidade
funcional;
XIV - espalhar notícias falsas em prejuízo da ordem e da disciplina da Guarda
Municipal e Defesa Civil de Fortaleza e do serviço público municipal como um
todo;
XV - apresentar-se publicamente em situação que denigra a imagem da
instituição, em decorrência do consumo de bebidas alcoólicas, estando em
serviço ou no uso do fardamento;
XVI - fazer propaganda político-partidária nas dependências da Guarda
Municipal e Defesa Civil de Fortaleza ou em qualquer outro local estando
fardado, vinculando a imagem do serviço público municipal a qualquer partido
político ou candidato;
XVII - entrar ou permanecer em comitê político ou participar de comícios estando
uniformizado, salvo quando em serviço;
XVIII - utilizar-se do anonimato para macular ou ferir pares, superiores ou
subordinados;
XIX - deixar com pessoas estranhas à Guarda Municipal e Defesa Civil de
Fortaleza sua carteira de identificação funcional ou simulacros;
XX - faltar com a verdade junto a depoimentos em relatórios e declarações, por
ocasião de ocorrências de qualquer natureza;
XXI - desempenhar inadequadamente suas funções de modo intencional;
XXII - alegar doença para esquivar-se ao cumprimento do dever, sem apresentar
atestados ou laudos médico-periciais, dentro dos prazos legais, que comprovem
sua situação;
XXIII - vender, ceder, doar ou emprestar peças de uniforme e/ou equipamento
ou quaisquer materiais
pertencentes à instituição;
XXIV - abandonar o serviço para o qual tenha sido designado, sem a devida
justificativa e autorização do chefe imediato;
XXV - retirar ou tentar retirar de local sob a administração da Guarda Municipal
e Defesa Civil de Fortaleza objeto ou viatura, sem ordem dos respectivos
responsáveis;
XXVI - usar expressões jocosas ou pejorativas que atentem contra a raça, a
religião, o credo ou orientação sexual e cultural;
XXVII - participar da gerência ou administração de empresas privadas, em
especial aquelas da área de segurança;
XXVIII - omitir, em qualquer documento, dados indispensáveis ao esclarecimento
dos fatos;
XXIX - transportar na viatura, que esteja sob seu comando ou responsabilidade,
pessoa ou material, sem autorização da autoridade competente.

§2º - São transgressões disciplinares do Segundo grupo:


I - ofender colegas com gestos, palavras ou escritos;
II - introduzir, distribuir ou tentar fazer, nas dependências da instituição ou em
lugar público, estampas e publicações que atentem contra a disciplina ou a
moral;
III - introduzir ou tentar introduzir em dependências da Guarda Municipal e
Defesa Civil de Fortaleza ou outra repartição pública, material inflamável ou
explosivo sem permissão do superior hierárquico;

706
IV - dificultar ao servidor da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza em
função subordinada a apresentação de reclamação, recurso ou exercício do
direito de petição;
V - praticar violência, em serviço ou em razão dele, contra servidores ou
particulares, salvo se em legítima defesa e no estrito cumprimento do dever;
VI - deixar de providenciar para que seja garantida a integridade física de
pessoas detidas ou sob sua guarda ou responsabilidade;
VII - publicar ou contribuir para que sejam publicados fatos ou documentos
privativos da Direção da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza;
VIII - recusar-se a auxiliar as autoridades públicas ou seus agentes que estejam
no exercício de suas funções e que, em virtude destas, necessitem do auxílio
imediato, desde que esteja dentro de suas atribuições;
IX - contribuir para que pessoas detidas ou sob guarda ou responsabilidade
conservem em seu poder objetos não permitidos;
X - abrir ou tentar abrir setor da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza,
sem autorização, salvo se em caso de urgência ou emergência;
XI - ofender, provocar ou desafiar autoridade ou servidor da Guarda Municipal e
Defesa Civil de Fortaleza que exerça função superior, igual ou subordinada, com
palavras, gestos ou ações;
XII - deixar de cumprir escala ou retardar serviço ou ordem legal, sem motivo
escusável;
XIII - descumprir preceitos legais durante a custódia de pessoas detidas sob sua
guarda ou responsabilidade;
XIV - aconselhar ou concorrer para o descumprimento de ordem legal de
autoridade competente;
XV - referir-se depreciativamente às ordens legais em informações, pareceres,
despachos, pela imprensa ou por qualquer meio de divulgação;
XVI - publicar ou contribuir para que sejam publicados fatos ou documentos
afetos à Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza que possam concorrer
para ferir a disciplina ou a hierarquia ou comprometer a segurança institucional.

§3º - São transgressões disciplinares do Terceiro grupo:


I - dar ordem ilegal ou claramente inexeqüível;
II - violar ou deixar de preservar local de crime;
III - ameaçar, induzir ou instigar alguém a prestar declarações falsas no
procedimento penal, civil ou administrativo;
IV - deixar de comunicar ato ou fato irregular que presenciar, de qualquer
servidor integrante da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, mesmo
quando não lhe couber intervir;
V - deixar de auxiliar o companheiro de serviço envolvido em ocorrência;
VI – trabalhar em estado de embriaguez ou sob efeito de substância
entorpecente;
VII - praticar atos obscenos em lugar público ou acessível ao público.

§ 4º - São transgressões disciplinares do quarto grupo:


I - extraviar, danificar ou subtrair, em benefício próprio ou de outrem, documentos
de interesse da administração;
II - valer-se ou fazer uso de cargo ou função pública para praticar assédio sexual
ou moral;

707
III - procurar a parte interessada em ocorrência para obtenção de vantagem
indevida;
IV – acumular ilicitamente seu cargo público no Município de Fortaleza, com
qualquer outro, nas esferas municipal, estadual ou federal, nos termos da
Constituição Federal;
V - não acatamento de ordem superior que importe prejuízos graves à
administração pública ou a terceiros.
§ 5º - Verificada em processo administrativo a acumulação ilícita, desde que seja
comprovada a boa fé, o servidor optará por 1 (um) dos cargos e, se não o fizer
dentro de 15 (quinze) dias, será exonerado de qualquer deles, a critério da
administração.

CAPÍTULO II
DAS SANÇÕES DISCIPLINARES

Art. 28 - As sanções disciplinares aplicáveis aos servidores da Guarda Municipal


e Defesa Civil de Fortaleza, nos termos dos artigos precedentes, são:
I - ressarcimento ao erário público municipal;
II - advertência;
III - suspensão;
IV - destituição de cargo em comissão;
V - demissão;
VI – demissão a bem do serviço público.

SEÇÃO I
DO RESSARCIMENTO AO ERÁRIO,
DA ADVERTÊNCIA E DA SUSPENSÃO

Art. 29 - O ressarcimento ao erário, é a forma que o Poder Público Municipal tem


de reaver, financeiramente, o gasto que foi obrigado a suportar em decorrência
do procedimento negligente,
imprudente ou imperito de seus agentes, nos moldes dos arts. 99, 100 e 170 da
Lei Municipal n° 6.794, de 27 de dezembro de 1990, e ocorrerá quando:
I - o agente público cometer infrações de trânsito, comprovadas por meio de
notificações dos órgãos de trânsito;
II - o agente público causar danos a terceiros, comprovados por meio de
orçamentos próprios;
III - houver a perda do material de trabalho, no que importar prejuízos ao
desempenho das atividades laborais.
Parágrafo Único - O ressarcimento ao erário será precedido do competente
processo administrativo disciplinar, o qual garantirá a ampla defesa e o
contraditório ao servidor envolvido, nos moldes da legislação vigente.

Art. 30 - A advertência será aplicada às faltas de natureza leve, terá publicidade


no Diário Oficial do Município, e constará da pasta funcional individual do infrator,
não sendo levada em consideração
para os efeitos do disposto no art. 17 deste regulamento.
Parágrafo Único – Para a primeira transgressão disciplinar de natureza leve,
aplica-se a pena de advertência; para a primeira reincidência, aplica-se a pena
de suspensão por 1 (um) dia; para a segunda reincidência, aplica-se a pena de

708
suspensão de 2 (dois) dias; para a terceira, aplica-se a pena de suspensão de 4
(quatro)
dias, seguindo-se a contagem com múltiplos de 2 (dois) até o limite de 30 (trinta)
dias, respeitando sempre as circunstâncias atenuantes e agravantes.

Art. 31 - A pena de suspensão, que não excederá de 90 (noventa) dias, será


aplicada ao servidor que reincidir na prática de infrações de natureza leve e
infringir as transgressões de natureza média e grave, tendo publicidade no Diário
Oficial do Município, devendo, igualmente, ser averbada na pasta funcional
individual do infrator, para os efeitos do disposto no art. 17 deste regulamento.
§ 1º - Para a primeira transgressão disciplinar de natureza média, aplica-se a
pena de suspensão de 1 (um) dia; para a primeira reincidência, aplica-se a pena
de suspensão de 3 (três) dias; para a segunda reincidência, aplica-se a pena de
6 (seis) dias, seguindo-se a contagem com múltiplos de 3 (três) até o limite de
30 (trinta) dias, respeitando sempre as circunstâncias atenuantes e agravantes.
§ 2º - Às transgressões disciplinares de natureza grave, do primeiro grupo,
comina-se a pena de suspensão de 3 (três) dias; para a primeira reincidência, a
pena cominada será de 5 (cinco) dias; para a segunda, a pena cominada será
de 10 (dez) dias, seguindo-se a contagem com múltiplos de 5 (cinco) até o limite
de 90 (noventa) dias.
§ 3º - Às transgressões disciplinares de natureza grave, do segundo grupo,
comina-se a pena de suspensão de 5 (cinco) dias; para a primeira reincidência
a pena cominada, será de 10 (dez) dias; para a segunda, a pena cominada será
de 20 (vinte) dias, seguindo-se a contagem com múltiplos de 10 (dez) até o limite
de 90 (noventa) dias.
§ 4º - Às transgressões disciplinares de natureza grave, do terceiro grupo,
comina-se a pena de suspensão de 10 (dez) dias; para a primeira reincidência,
a pena cominada será de 15 (quinze) dias; para a segunda, a pena cominada
será de 30 (trinta) dias, seguindose a contagem com múltiplos de 15 (quinze) até
o limite de 90 (noventa) dias.
§ 5º - Às transgressões disciplinares de natureza grave, do quarto grupo, comina-
se a pena de suspensão de 21 (vinte e um) a 30 (trinta) dias; para a primeira
reincidência, a pena cominada será de até 60 (sessenta) dias, não inferior à pena
de transgressão; para a segunda, a pena cominada será de 90 (noventa) dias.

Art. 32 - Durante o período de cumprimento da suspensão, o servidor perderá


todas as vantagens e direitos decorrentes do exercício do cargo, exceto quando
houver conveniência para o serviço quando a pena de suspensão poderá ser
convertida em multa, na base de 50% (cinqüenta por cento) por dia da
remuneração, sendo o servidor, nesse caso, obrigado a permanecer em
exercício.

709
EXERCÍCIOS

01 - As sanções disciplinares aplicáveis aos servidores da Guarda


Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, nos termos dos artigos
precedentes, são: ressarcimento ao erário público municipal; advertência;
suspensão; destituição de cargo em comissão; demissão; demissão a
bem do serviço público.
CERTO ( ) ERRADO ( )

02 - A _______________advertência será aplicada às faltas de natureza


leve, terá publicidade no Diário Oficial do Município, e constará da pasta
funcional individual do infrator
A) advertência
B) suspensão
C) destituição de cargo em comissão
D) demissão a bem do serviço público

03 - Deixar de comunicar a seu chefe imediato faltas graves ou crimes de


que tenha conhecimento em razão da função é considerada transgressão
grave de:
A) Primeiro grupo
B) Segundo grupo
C) Terceiro grupo
D) Quarto grupo

04 - Extraviar, danificar ou subtrair, em benefício próprio ou de outrem,


documentos de interesse da administração é considerada transgressão
grave de:
A) Primeiro grupo
B) Segundo grupo
C) Terceiro grupo
D) Quarto grupo

GABARITO
01 – C
02 – A
03 – A
04 – D
SEÇÃO II
DA DEMISSÃO

Art. 33 - Será aplicada a pena de demissão, conforme determina o art. 211, § 3º,
da Lei Municipal nº 6.794, de 27 de dezembro de 1990, nos casos de:

710
I - crime contra a administração pública;
II - abandono de cargo, quando o servidor faltar, sem justa causa, ao serviço por
mais de 30 (trinta) dias consecutivos;
III - faltas ao serviço, sem justa causa, por mais de 60 (sessenta) dias
interpolados durante o período de 12 (doze) meses;
IV - improbidade administrativa;
V - infringência ao disposto no art. 27, § 4º, inciso V, deste regulamento;
VI - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo se em legítima
defesa própria de outrem e/ou em defesa do patrimônio público municipal;
VII - aplicação irregular de dinheiro público;
VIII - revelação de segredo apropriado em razão do cargo;
IX - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio municipal;
X - acumulação ilegal de cargos públicos, ressalvado o disposto no art. 27, § 5º,
desta Lei Complementar;
XI - transgressões ao art. 168, incisos X a XV, da Lei Municipal nº 6.794, de 27
de dezembro de 1990.

Art. 34 - As penalidades poderão ser abrandadas pela autoridade que as tiver


de aplicar, levadas em conta a gravidade da infração cometida, os danos que
dela provierem para o serviço público, as circunstâncias atenuantes e o anterior
comportamento do servidor.

Art. 35 - Uma vez submetido a inquérito administrativo, o servidor só poderá ser


exonerado a pedido, depois de ocorrida a absolvição ou após o cumprimento da
penalidade que lhe houver sido imposta.
Parágrafo Único - O disposto neste artigo não se aplica, a juízo da autoridade
competente, para impor a penalidade, aos casos previstos nos incisos II e III do
art. 33 desta Lei.

SEÇÃO III
DA DEMISSÃO A BEM DO SERVIÇO PÚBLICO

Art. 36 - Será aplicada a pena de demissão a bem do serviço público ao servidor,


de conformidade com o art. 211, § 3º, da Lei Municipal nº 6.794, de 27 de
dezembro de 1990:
I - praticar, em serviço ou em razão dele, atos atentatórios à vida e à integridade
física de qualquer pessoa, salvo se em legítima defesa própria ou de outrem e/ou
em defesa do patrimônio público municipal;
II - praticar crimes hediondos previstos na Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990,
alterada pela Lei Federal nº 8.930, de 06 de setembro de 1994, crimes contra a
administração pública, a fé pública, a ordem tributária e a segurança nacional,
bem como de crimes contra a vida, salvo se em legítima defesa, mesmo que fora
de serviço;
III - lesar o patrimônio ou os cofres públicos;
IV - conceder vantagens ilícitas, valendo-se da função pública;
V - praticar insubordinação grave;
VI - receber ou solicitar propinas, comissões ou vantagens de qualquer espécie,
diretamente ou por intermédio de outrem, ainda que fora de suas funções, mas
em razão delas;
VII - exercer a advocacia administrativa;

711
VIII - praticar ato de incontinência pública e escandalosa ou dar-se ao vício de
jogos proibidos, quando em serviço;
IX - revelar segredos de que tenha conhecimento em razão do cargo ou função,
desde que o faça dolosamente, com prejuízo para o Município ou para qualquer
particular.

TÍTULO IV
DA OUVIDORIA E DA CORREGEDORIA
DA GUARDA MUNICIPAL E DEFESA CIVIL DE FORTALEZA
CAPÍTULO I
DA OUVIDORIA DA GUARDA MUNICIPAL E DEFESA CIVIL DE
FORTALEZA

Art. 37 - Fica criada a Ouvidoria da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza,


como setor vinculado diretamente à Diretoria-Geral da Guarda Municipal e que
terá a seguinte composição:
I - 1 (um) ouvidor, simbologia DAS-1;
II - 2 (dois) auxiliares de Ouvidoria, simbologia DNI-1.

Art. 38 - Os cargos de ouvidor e de auxiliar de Ouvidoria são cargos em comissão


integrantes da estrutura administrativa da Prefeitura Municipal de Fortaleza, de
livre nomeação e exoneração pelo chefe do Poder Executivo Municipal.
Parágrafo Único. O chefe do Poder Executivo Municipal, através de decreto,
regulamentará os cargos de ouvidor e de auxiliar de Ouvidoria, bem como
indicará suas respectivas gratificações.

Art. 39 - A Ouvidoria da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza tem as


seguintes competências:
I - receber e encaminhar à Direção-Geral as denúncias, reclamações e
representações sobre atos considerados ilegais, arbitrários, desonestos ou que
contrariem o interesse público, praticado por servidores públicos, em todos os
seus níveis, da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza;
II - realizar diligências nas unidades da administração, sempre que necessário,
para o desenvolvimento dos seus trabalhos;
III - manter sempre o sigilo sobre denúncias e reclamações, bem como sobre
sua fonte, providenciando junto aos órgãos competentes proteção aos
denunciantes, de acordo com as disponibilidades de cada órgão;
IV - manter serviço telefônico gratuito, quando possível, destinado
exclusivamente a receber denúncias e/ou reclamações;
V - manter atualizado arquivo de documentação relativa às denúncias,
reclamações e representações recebidas;
VI - elaborar e publicar, trimestralmente, relatório de suas atividades e,
anualmente, a consolidação dos 4 (quatro) relatórios trimestrais.

Art. 40 - O ouvidor da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza tem como


atribuições:
I - propor ao diretor-geral da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza a
instauração de sindicâncias, inquéritos e outras medidas destinadas à apuração
de responsabilidade administrativa, civil e criminal, fazendo à Polícia Civil, ao

712
Ministério Público ou ainda ao Poder Judiciário as devidas comunicações,
quando houver indícios ou suspeita de crime;
II - requisitar, diretamente e sem qualquer ônus de qualquer órgão municipal,
informações, certidões, cópia de documentos ou volumes de autos relacionados
com a investigação em curso;
III - recomendar a adoção de providências que entender pertinentes, necessárias
ao aperfeiçoamento dos serviços prestados à população pela Guarda Municipal
e Defesa Civil de Fortaleza;
IV - recomendar aos órgãos da administração a adoção de mecanismos que
dificultem e impeçam a violação do patrimônio público e outras irregularidades
comprovadas;
V - monitorar o andamento de procedimentos administrativos enviados ao
diretor-geral da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza ou à Corregedoria
Geral da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, a fim de que sejam
cumpridas as sugestões propostas;
VI - imputar responsabilidades aos membros da Corregedoria da Guarda
Municipal e Defesa Civil de Fortaleza ou aos membros da Comissão
Processante, no caso de paternalismo, protecionismo ou qualquer outra forma
violadora do Direito, que possa ensejar ou levar à impunidade.

Art. 41 - No que se refere exclusivamente a infrações envolvendo servidores do


Quadro dos Profissionais da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, é
atribuída ao diretor-geral da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza
competência para:
I - determinar a instauração:
a) das sindicâncias em geral;
b) dos procedimentos especiais de exoneração em estágio probatório;
c) dos inquéritos administrativos;
II - decidir, por despacho, os processos de inquérito administrativo, nos casos
de:
a) absolvição;
b) suspensão resultante de desclassificação da infração ou de abrandamento da
penalidade;
c) suspensão ou demissão, nas hipóteses de: abandono do cargo; faltas ao
serviço, sem justa causa, por mais de 60 (sessenta) dias interpolados durante o
ano; ou ineficiência no serviço, nos termos da legislação específica.
Parágrafo Único - A competência estabelecida neste artigo abrange as
atribuições para decidir os pedidos de reconsideração, apreciar e encaminhar os
recursos e os pedidos de revisão de inquérito ao chefe do Poder Executivo
Municipal.

Art. 42 - Os auxiliares de Ouvidoria serão responsáveis pelo atendimento direto


das denúncias, dessa maneira, poderão executar as mesmas atribuições do
ouvidor, quando na ausência deste.

Art. 43 - Para a consecução de seus objetivos a Ouvidoria da Guarda Municipal


e Defesa Civil de Fortaleza atuará:
I - por iniciativa própria, em decorrência de denúncias, reclamações e
representações de qualquer do povo ou de entidades representativas da
sociedade;

713
II - por solicitação do diretor-geral da Guarda Municipal e Defesa Civil de
Fortaleza.

CAPÍTULO II
DA CORREGEDORIA DA GUARDA MUNICIPAL E DEFESA
CIVIL DE FORTALEZA

Art. 44 - Fica criada a Corregedoria no âmbito da Guarda Municipal e Defesa


Civil de Fortaleza, sendo um setor autônomo e independente, responsável pela
apuração das infrações disciplinares atribuídas aos integrantes da Guarda
Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, às correições em seus diversos setores e
à apreciação das representações relativas à atuação irregular de seus membros.

Art. 45 - À Corregedoria da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza,


compete:
I - apurar as infrações disciplinares atribuídas aos servidores integrantes do
Quadro dos Profissionais da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza;
II - realizar visitas de inspeção e correições extraordinárias em qualquer unidade
da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza;
III - apreciar as representações que lhe forem dirigidas relativamente à atuação
irregular de servidores integrantes do Quadro dos Profissionais da Guarda
Municipal e Defesa Civil de Fortaleza;
IV – promover investigação sobre o comportamento ético, social e funcional dos
candidatos a cargos na Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, bem como
dos ocupantes desses cargos em estágio probatório e dos indicados para o
exercício de chefias, observadas as normas legais e regulamentares aplicáveis.

Art. 46 – A Corregedoria será composta de 1 (uma) Comissão Processante e 1


(uma) Comissão de Sindicância, formadas cada uma por 3 (três) servidores
municipais e terá a seguinte estrutura:
I – 1 (um) corregedor, simbologia DNS-2;
II - 2 (dois) auxiliares de Corregedoria, simbologia DAS-3;
III - 1 (um) presidente de Comissão de Sindicância, simbologia DAS1;
IV - 2 (dois) secretários, simbologia DNI-1.

Art. 47 - Os componentes da Comissão Processante e da Comissão de


Sindicância da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza deverão ser
servidores de carreira, estáveis no serviço público municipal, ter
preferencialmente formação acadêmica em Direito, ter conhecimento da
Legislação Municipal e, ainda, gozarem de comportamento funcional excelente.
§ 1º - O cargo de corregedor será preenchido por indicação do chefe do Poder
Executivo Municipal e recairá em um servidor da Prefeitura de Fortaleza, que se
enquadre nas condições expostas no caput deste artigo, e que tenha experiência
profissional em sindicâncias e processos administrativos disciplinares.

Art. 48 - O diretor-geral encaminhará ao chefe do Poder Executivo os nomes dos


servidores que se encontrarem habilitados para ocupar os cargos descritos no
art. 45 desta Lei Complementar, para análise e posterior nomeação.

714
Parágrafo Único - O chefe do Poder Executivo Municipal, através de decreto,
disporá sobre a regulamentação dos cargos de corregedor, de auxiliar de
Corregedoria, de presidente da Comissão de Sindicância e de secretários, bem
como indicará suas respectivas gratificações.

Art. 49 - O corregedor tem como atribuições:


I - assistir o diretor-geral da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza nos
assuntos disciplinares;
II - manifestar-se sobre assuntos de natureza disciplinar que devam ser
submetidos à apreciação do diretor -geral da Guarda Municipal e Defesa Civil de
Fortaleza, bem como indicar a composição da Comissão Processante;
III - dirigir, planejar, coordenar e supervisionar as atividades, assim como
distribuir os serviços da Corregedoria da Guarda Municipal e Defesa Civil de
Fortaleza;
IV - apreciar e encaminhar as representações que lhe forem dirigidas
relativamente à atuação irregular de servidores integrantes do Quadro dos
Profissionais da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, bem como propor
ao diretor-geral da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza a instauração
de sindicâncias administrativas e de procedimentos disciplinares, para a
apuração de infrações administrativas atribuídas aos referidos servidores;
V - avocar, excepcional e fundamentadamente, processos administrativos
disciplinares e sindicâncias administrativas instauradas para a apuração de
infrações administrativas atribuídas a servidores integrantes do Quadro dos
Profissionais da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza;
VI - responder às consultas formuladas pelos setores da Guarda Municipal e
Defesa Civil de Fortaleza sobre assuntos de sua competência;
VII - determinar a realização de correições extraordinárias nas unidades da
Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, remetendo sempre relatório
reservado ao diretor-geral da Guarda;
VIII - elaborar e encaminhar à Assessoria Jurídica e ao diretor-geral a lista de
classificação anual dos servidores pertencentes ao efetivo da Guarda Municipal;
IX - remeter ao diretor-geral da Guarda Municipal relatório circunstanciado sobre
a atuação pessoal e funcional dos servidores integrantes do Quadro dos
Profissionais da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza em estágio
probatório, propondo, se for o caso, a instauração de procedimento
especial,observada a legislação pertinente.

Art. 50 - São atribuições dos auxiliares de Corregedoria:


I - preparar o local onde serão instalados os trabalhos da Comissão Processante;
II - assistir e assessorar o corregedor no que for solicitado ou se fizer necessário;
III - guardar sigilo sobre os fatos e assuntos tratados na Corregedoria;
IV - evitar a comunicação entre as testemunhas processuais durante as
audiências;
V - propor medidas no interesse dos trabalhos da Comissão Processante;
VI - assinar atas e termos;
VII - participar da elaboração do relatório conclusivo.

Art. 51 - São atribuições do presidente da Comissão de Sindicância:


I - instalar os trabalhos da Comissão Sindicante;

715
II - exercer a presidência e a representação dos trabalhos da Comissão
Sindicante, dirigindo todas as ações necessárias ao bom desempenho daquela;
III - efetuar a designação dos demais membros para exercerem as funções de
secretariado aos trabalhos;
IV - determinar as notificações das pessoas que forem parte da Sindicância;
V -determinar a lavratura dos termos dos atos praticados pela Comissão
Sindicante;
VI - estipular os locais, horários e prazos a serem cumpridos pelos membros e
partes da Sindicância;
VII – assinar todo e qualquer documento necessário ao desenvolvimento dos
trabalhos;
VIII - laborar no sentido de que os direitos legais do sindicado sejam
rigorosamente obedecidos;
IX - providenciar as qualificações das partes e reduzir a termo as declarações
prestadas;
X - determinar diligências e os demais atos processuais, juntadas de
documentos, desde que de interesse da Comissão de Sindicância;
XI - manter informados o corregedor e o diretor-geral da Guarda Municipal acerca
do andamento dos trabalhos de Sindicância;
XII - determinar o encerramento dos trabalhos de apuração;
XIII - emitir o relatório final, juntamente com o encaminhamento dos autos ao
corregedor da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza.

Art. 52 - Os secretários da Comissão de Sindicância têm como atribuições:


I - atender às determinações do presidente da Comissão;
II - preparar o local de trabalho e todo o material necessário e imprescindível às
apurações dos fatos em análise;
III - ter cautela nos seus escritos;
IV - montar o Processo de Sindicância;
V - rubricar os documentos que produzir ou atuar;
VI – receber e expedir papéis e documentos atinentes à apuração dos fatos;
VII - juntar aos autos as vias das notificações;
VIII - organizar o arquivo de processos e peças processuais;
IX - guardar sigilo e comportar-se com discrição e prudência.

716
EXERCÍCIOS

01 - Ao servidor que faltas ao serviço, sem justa causa, por mais de 30


dias interpolados durante o período de 12 meses será aplicada a pena de
demissão.
CERTO ( ) ERRADO ( )

02 - Quando o servidor faltar, sem justa causa, ao serviço por mais de 30


dias consecutivos, será considerado abandono de cargo, sujeito a pena
de demissão.
CERTO ( ) ERRADO ( )

03 - Fica criada a Ouvidoria da Guarda Municipal e Defesa Civil de


Fortaleza, como setor vinculado diretamente à Diretoria-Geral da Guarda
Municipal e que terá a seguinte composição:
A) 2 ouvidores, simbologia DAS-1;
B) 2 auxiliares de Ouvidoria, simbologia DNI-1
C) 3 ouvidores, simbologia DAS-1;
D) 1 auxiliar de Ouvidoria, simbologia DNI-1

04 - Setor autônomo e independente, responsável pela apuração das


infrações disciplinares atribuídas aos integrantes da Guarda Municipal e
Defesa Civil de Fortaleza, às correições em seus diversos setores e à
apreciação das representações relativas à atuação irregular de seus
membros pode ser conceituado como:
A) Ouvidoria da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza
B) Corregedoria da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza
C) Chefe-Geral da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza
D) Secretário de Segurança Pública

GABARITO
01 – E
02 – C
03 – B
04 – B

717
TÍTULO V
DAS NORMAS GERAIS SOBRE O PROCEDIMENTO
DISCIPLINAR
CAPÍTULO I
DAS MODALIDADES DE PROCEDIMENTOS DISCIPLINARES

Art. 53 - São procedimentos disciplinares:


I – de preparação e investigação:
a) o relatório circunstanciado e conclusivo sobre os fatos;
b) a sindicância;
II - do exercício da pretensão punitiva:
a) inquérito administrativo;
III - a exoneração em período probatório.

CAPÍTULO II
DA PARTE E DE SEUS PROCURADORES

Art. 54 - São considerados parte, nos procedimentos disciplinares de exercício


da pretensão punitiva, o servidor da Guarda Municipal e Defesa Civil de
Fortaleza e o titular de cargo em comissão.

Art. 55 - Os servidores incapazes temporária ou permanentemente, em razão de


doença física ou mental, serão representados ou assistidos por seus pais, tutores
ou curadores, na forma da lei civil.
Parágrafo Único - Inexistindo representantes legalmente investidos, ou na
impossibilidade comprovada de trazê-los ao procedimento disciplinar, ou, ainda,
se houver pendências sobre a capacidade do servidor, serão convocados como
seus representantes os pais, o cônjuge ou companheiro, os filhos ou parentes
até segundo grau, observada a ordem aqui estabelecida.

Art. 56 - A parte poderá constituir advogado legalmente habilitado para


acompanhar os termos dos procedimentos disciplinares de seu interesse.
§ 1º - Nos procedimentos de exercício da pretensão punitiva, se a parte não
constituir advogado ou for declarada revel, ser-lhe-á dado defensor, na pessoa
de procurador municipal, que não terá poderes para receber citação e confessar.
§ 2º - A parte poderá, a qualquer tempo, constituir advogado, hipótese em que
se encerrará, de imediato, a representação do defensor dativo.
§ 3º - Ser-lhe-á dado também defensor dativo quando, notificada de que seu
advogado constituído não praticou atos necessários, a parte não tomar qualquer
providência no prazo de 3 (três) dias.
CAPÍTULO III
DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS
SEÇÃO I
DAS CITAÇÕES

Art. 57 - Todo servidor que for parte em procedimento disciplinar de exercício da


pretensão punitiva será citado, sob pena de nulidade do procedimento, para dele
participar e se defender.

718
Parágrafo Único - O comparecimento espontâneo da parte ou qualquer outro
ato que implique ciência inequívoca a respeito da instauração do procedimento
administrativo suprem a necessidade de realização de citação.

Art. 58 – A citação far-se-á, no mínimo, 48 (quarenta e oito) horas antes da data


do interrogatório designado, da seguinte forma:
I – por entrega pessoal do mandado ou por meio do setor ou Departamento de
Recursos Humanos da respectiva pasta;
II – por correspondência;
III - por edital.

Art. 59 - A citação por entrega pessoal far-se-á sempre que o servidor estiver
em exercício.

Art. 60 - Far-se-á a citação por correspondência quando o servidor não estiver


em exercício ou residir fora do município, devendo o mandado ser encaminhado,
com aviso de recebimento, para o endereço residencial constante do cadastro
de sua lotação.

Art. 61 - Estando o servidor em local incerto e não sabido, ou não sendo


encontrado, por 2 (duas) vezes, no endereço residencial constante do cadastro
de sua lotação, promover-se-á sua citação por editais, com prazo de 15 (quinze)
dias, publicados no Diário Oficial do Município de Fortaleza durante 3 (três)
edições
consecutivas.

Art. 62 - O mandado de citação conterá a designação de dia, hora e local para


interrogatório e será acompanhado da cópia da denúncia administrativa, que
dele fará parte integrante e complementar.

SEÇÃO II
DAS INTIMAÇÕES

Art. 63 - A intimação de servidor em efetivo exercício será feita por publicação


impressa no Diário Oficial do Município de Fortaleza, que também é acessível
em versão digital, disponibilizada no sítio eletrônico:
www.fortaleza.ce.gov.br/serv/diom.asp.
Parágrafo Único – O chefe da Unidade de Pessoal deverá diligenciar para que
o servidor tome ciência da publicação.

Art. 64 - O servidor que, sem justa causa, deixar de atender à intimação com
prazo marcado poderá ser apenado com as sanções administrativas cabíveis,
por decisão do diretor-geral da Guarda Municipal e Defesa
Civil de Fortaleza.

Art. 65 - A intimação dos advogados e do defensor dativo será feita por


intermédio de publicação no Diário Oficial do Município de Fortaleza, devendo
dela constar o número do processo, o nome dos advogados e da parte.
§ 1º - Dos atos realizados em audiência reputam-se intimados, desde logo, a
parte, o advogado e o defensor dativo.

719
§ 2º - Quando houver somente um defensor dativo designado no processo, a
Corregedoria encaminhar-lhe-á os autos por carga, diretamente,
independentemente de intimação ou publicação, devendo ser observado, na sua
devolução, o prazo legal cominado para a prática do ato.
CAPÍTULO IV
DOS PRAZOS

Art. 66 - Os prazos são contínuos, não se interrompendo nos feriados e serão


computados excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o dia do vencimento.
Parágrafo Único - Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil, se o
vencimento cair em fim de semana, feriado, ponto facultativo municipal ou se o
expediente administrativo for encerrado antes do horário normal.

Art. 67 - Decorrido o prazo, extingue-se para a parte, automaticamente, o direito


de praticar o ato, salvo se esta provar que não o realizou por evento imprevisto,
alheio à sua vontade ou à de seu procurador, hipótese em que o corregedor
permitirá a prática do ato, assinalando prazo para tanto.

Art. 68 - Não havendo disposição expressa nesta Lei e nem assinalação de


prazo pelo corregedor, o prazo para a prática dos atos no procedimento
disciplinar, a cargo da parte, será de 5 (cinco) dias.
Parágrafo Único - A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido
exclusivamente a seu favor.

Art. 69 - Quando, no mesmo procedimento disciplinar, houver mais de 1 (uma)


parte, os prazos serão comuns, exceto para as razões finais, quando será
contado em dobro, se houver diferentes advogados.
§ 1º - Havendo no processo até 2 (dois) defensores, cada um apresentará
alegações finais, sucessivamente, no prazo de 10 (dez) dias cada um.
§ 2º - Havendo mais de 2 (dois) defensores, caberá ao corregedor conceder,
mediante despacho nos autos, prazo para vista fora da repartição, designando
data única para apresentação dos memoriais de defesa na repartição.
CAPÍTULO V
DAS PROVAS
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 70 - Todos os meios de prova admitidos em Direito e moralmente legítimos


são hábeis para demonstrar a veracidade dos fatos.

Art. 71 - O corregedor poderá limitar e excluir, mediante despacho


fundamentado, as provas que considerar excessivas, impertinentes ou
protelatórias.
SEÇÃO II
DA PROVA FUNDAMENTAL
Art. 72 - Fazem a mesma prova que o original as certidões de processos judiciais
e as reproduções de documentos autenticadas por oficial público, ou conferidas
e autenticadas por servidor público para tanto competente.

720
Art. 73 - Admitem-se como prova as declarações constantes de documento
particular, escrito e assinado pelo declarante com firma devidamente
reconhecida em cartório, bem como depoimentos constantes de sindicâncias,
que não puderem, comprovadamente, ser reproduzidos verbalmente em
audiência.

Art. 74 - Servem também à prova dos fatos o telegrama, o radiograma, a


fotografia, a fonografia, a fita de vídeo e outros meios lícitos, inclusive os
eletrônicos.

Art. 75 - Caberá à parte que impugnar a prova produzir a perícia necessária à


comprovação do alegado.
SEÇÃO III
DA PROVA TESTEMUNHAL

Art. 76 - A prova testemunhal é sempre admissível, podendo ser indeferida pelo


corregedor:
I - se os fatos sobre os quais serão inquiridas as testemunhas já foram provados
por documentos ou confissão da parte;
II - quando os fatos só puderem ser aprovados por documentos ou perícia.

Art. 77 - Compete à parte entregar na repartição, no tríduo probatório, o rol das


testemunhas de defesa, indicando seu nome completo, endereço e respectivo
código de endereçamento postal (CEP).
§ 1º - Se a testemunha for servidor municipal, deverá a parte indicar o nome
completo, unidade de lotação e o número de sua matrícula.
§ 2º - Depois de apresentado o rol de testemunhas, a parte poderá substituí-las
até a data da audiência designada, com a condição de ficar sob sua
responsabilidade, levá-las à audiência.
§ 3º - O não comparecimento da testemunha substituída implicará desistência
de sua oitiva pela parte.

Art. 78 - Cada parte poderá arrolar, no máximo, 3 (três) testemunhas.

Art. 79 - As testemunhas serão ouvidas, de preferência, primeiramente as da


Corregedoria e, após, as da parte.

Art. 80 - As testemunhas deporão em audiência perante o corregedor, os


auxiliares de Corregedoria e o defensor constituído e, na sua ausência, o
defensor dativo.
§ 1º - Se a testemunha, por motivo relevante, estiver impossibilitada de
comparecer à audiência, mas não de prestar depoimento, o corregedor poderá
designar dia, hora e local para inquiri-la.
§ 2º - Sendo necessária a oitiva de servidor que estiver cumprindo pena privativa
de liberdade, o corregedor solicitará à autoridade competente a permissão para
ter acesso ao local para inquirir o servidor.

Art. 81 - Incumbirá à parte levar à audiência, independentemente de intimação,


as testemunhas por ela indicadas que sejam servidores municipais, decaindo o
direito de ouvi-las, caso não compareçam.

721
Parágrafo Único - As chefias imediatas diligenciarão para que sejam
dispensados os servidores no momento das audiências, devendo para tanto
serem informadas a respeito da designação da audiência com 24 (vinte e quatro)
horas de antecedência.

Art. 82 - Antes de depor, a testemunha será qualificada, indicando nome, idade


e profissão, local e função de trabalho, número da cédula de identidade,
residência e estado civil, bem como se tem parentesco com a parte e, se for
servidor municipal, o número de sua matrícula.

Art. 83 - A parte cujo advogado não comparecer à audiência de oitiva de


testemunha será assistida por um defensor designado para o ato pelo
corregedor.

Art. 84 -O corregedor interrogará a testemunha, cabendo, primeiro aos


comissários e depois à defesa formular perguntas tendentes a esclarecer ou
complementar depoimento.
Parágrafo Único - O corregedor poderá indeferir as reperguntas, mediante
justificativa expressa, no termo de audiência.

Art. 85 - O depoimento, depois de lavrado, será rubricado e assinado pelos


membros da Comissão Processante, pelo depoente e defensor constituído ou
dativo.

Art. 86 - O corregedor poderá determinar, de ofício ou a requerimento:


I - a oitiva de testemunhas referidas nos depoimentos;
II - a acareação de 2 (duas) ou mais testemunhas, ou de alguma delas com a
parte, quando houver divergência essencial entre as declarações sobre fato que
possa ser determinante na conclusão do procedimento.
SEÇÃO IV
DA PROVA PERICIAL

Art. 87 - A prova pericial consistirá em exames, vistorias e avaliações e será


indeferida pelo corregedor, quando dela não depender a prova do fato.

Art. 88 - Se o exame tiver por objeto a autenticidade ou falsidade de documento,


ou for de natureza médico-legal, a Comissão Processante requisitará,
preferencialmente, elementos junto às autoridades policiais ou judiciais, quando
em curso investigação criminal ou processo judicial.

Art. 89 - Quando o exame tiver por objeto a autenticidade de letra ou firma, o


corregedor, se necessário ou conveniente, poderá determinar à pessoa à qual
se atribui a autoria do documento que copie ou escreva, sob ditado, em folha de
papel, dizeres diferentes, para fins de comparação e posterior perícia.

Art. 90 - Ocorrendo necessidade de perícia médica do servidor denunciado


administrativamente, o órgão pericial da Municipalidade dará à solicitação da
Comissão Processante caráter urgente e preferencial.

722
Art. 91 - Quando não houver possibilidade de obtenção de elementos junto às
autoridades policiais ou judiciais e a perícia for indispensável para a conclusão
do processo, o corregedor solicitará ao diretor-geral da Guarda Municipal e
Defesa Civil de Fortaleza a contratação de perito para esse fim.
CAPÍTULO VI
DAS AUDIÊNCIAS E DO INTERROGATÓRIO DA PARTE

Art. 92 - A parte será interrogada na forma prevista para a inquirição de


testemunhas, vedada a presença de terceiros, exceto seu advogado.

Art. 93 - O termo de audiência será lavrado, rubricado e assinado pelos membros


da Comissão, pela parte e, se for o caso, por seu defensor.

EXERCÍCIOS

01 - Os prazos são contínuos, se interrompendo apenas nos feriados e


serão computados incluindo-se o dia do começo e excluindo-se o dia do
vencimento.
CERTO ( ) ERRADO ( )

02 - Cada parte poderá arrolar,___________,_______ testemunhas.


A) no máximo; 3
B) no máximo; 5
C) no mínimo; 3
D) no mínimo; 5

03 - São procedimentos disciplinares:


A) de preparação e investigação: inquérito administrativo
B) do exercício da pretensão punitiva: o relatório circunstanciado e conclusivo
sobre os fatos; a sindicância.
C) de preparação e investigação: o relatório circunstanciado e conclusivo sobre
os fatos; a sindicância.
D) do exercício da pretensão punitiva: inquérito administrativo; a sindicância.

04 - A citação far-se-á, no mínimo, __________ antes da data do


interrogatório.
A) 36 horas
B) 24 horas
C) 6 horas
D) 48 horas

GABARITO
01 – E
02 – A
03 – C
04 – D

723
CAPÍTULO VII
DA REVELIA E DE SUAS CONSEQUÊNCIAS
Art. 94 - O corregedor decretará à revelia da parte que, regularmente citada,
não comparecer perante a Comissão no dia e hora designados.
§ 1º - A regular citação será comprovada mediante juntada aos autos:
I - da contrafé do respectivo mandato, no caso de citação pessoal;
II – das cópias dos 3 (três) editais publicados no Diário Oficial do Município de
Fortaleza, no caso de citação por edital;
III - do Aviso de Recebimento (AR), no caso de citação pelos Correios.
§ 2º - Não sendo possível realizar a citação, o intimador certificará os motivos
nos autos.

Art. 95 - A revelia deixará de ser decretada ou, se decretada, será revogada


quando verificado, a qualquer tempo, que, na data designada para o
interrogatório:
I - a parte estava legalmente afastada de suas funções por licença maternidade
ou paternidade, em gozo de férias, presa, provisoriamente ou em cumprimento
de pena, ou em licença médica se impossibilitada de prestar depoimento,
podendo a Comissão realizar audiência em domicílio ou no lugar onde se
encontre o servidor.
II - a parte comprovar motivo de força maior que tenha impossibilitado seu
comparecimento tempestivo.
Parágrafo Único - Revogada a revelia, será realizado o interrogatório,
reiniciando-se a instrução, com aproveitamento dos atos instrutórios já
realizados, desde que ratificados pela parte, por termo lançado nos autos.

Art. 96 - Decretada a revelia, dar-se-á prosseguimento ao procedimento


disciplinar, designando-se defensor dativo para atuar em defesa da parte.
Parágrafo Único – É assegurado ao revel o direito de constituir advogado em
substituição ao defensor dativo que lhe tenha sido designado.

Art. 97 - A decretação da revelia acarretará a preclusão das provas que


deveriam ser requeridas, especificadas e/ou produzidas pela parte em seu
interrogatório, assegurada a faculdade de juntada de documentos com as
razões finais.
Parágrafo Único - Ocorrendo a revelia, a defesa poderá requerer provas no
tríduo probatório.

724
Art. 98 - A parte revel não será intimada pela Comissão Processante para a
prática de qualquer ato, constituindo ônus da defesa comunicar-se com o
servidor, se assim entender necessário.
§ 1º - Desde que compareça perante a Comissão Processante ou intervenha
no processo, pessoalmente ou por meio de advogado com procuração nos
autos, o revel passará a ser intimado pela Comissão, para a prática de atos
processuais.
§ 2º - O disposto no § 1º deste artigo não implica revogação da revelia nem
elide os demais efeitos desta.
CAPÍTULO VIII
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO

Art. 99 - É defeso aos membros da Comissão Processante exercer suas


funções em procedimentos disciplinares:
I - de que for parte;
II - em que interveio como mandatário da parte, defensor dativo ou testemunha;
III - quando a parte for seu cônjuge, parente consanguíneo ou afim, em linha
reta ou na colateral, até segundo grau, amigo íntimo ou inimigo capital;
IV - quando em procedimento estiver postulando como advogado da parte seu
cônjuge ou parentes consanguíneos ou afins, em linha reta ou na colateral, até
segundo grau;
V - quando houver atuado na sindicância que precedeu o procedimento do
exercício de pretensão punitiva;
VI - na etapa da revisão, quando tenha atuado anteriormente.
Art. 100 - A arguição de suspeição de parcialidade de alguns ou de todos os
membros da Comissão Processante e do defensor dativo precederá qualquer
outra, salvo quando fundada em motivo superveniente.
§ 1º - A arguição deverá ser alegada pelos citados no caput deste artigo ou pela
parte, em declaração escrita e motivada, que suspenderá o andamento do
processo.
§ 2º - Sobre a suspeição arguida, o diretor-geral da Guarda Municipal e Defesa
Civil de Fortaleza:
I - se a acolher, tomará as medidas cabíveis necessárias à substituição do
suspeito ou dos suspeitos;
II - se a rejeitar, motivará a decisão e devolverá o processo ao corregedor, para
prosseguimento.

725
CAPÍTULO IX
DA COMPETÊNCIA
Art. 101 - A decisão nos procedimentos disciplinares será proferida por
despacho devidamente fundamentado da autoridade competente, no qual será
mencionada a disposição legal em que se baseia o ato.

Art. 102 - O diretor-geral da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, em


se tratando de inquérito administrativo, tem como atribuições:
I – determinar a instauração:
a) das sindicâncias em geral;
b) dos procedimentos de exoneração em estágio probatório;
c) dos inquéritos administrativos;
II - decidir, por despacho, os processos de inquérito administrativo, nos casos
de:
a) absolvição;
b) desclassificação da infração ou abrandamento de penalidade de que resulte
a imposição de pena de repreensão ou de suspensão;
c) aplicação da pena de suspensão;
d) envio dos autos ao chefe do Poder Executivo Municipal para aplicação de
pena de demissão nas hipóteses desta Lei.
§ 1º - A competência estabelecida neste artigo abrange as atribuições para
decidir os pedidos de reconsideração, apreciar e encaminhar os recursos e os
pedidos de revisão de inquérito ao chefe do Poder Executivo Municipal.
§ 2º - Poderá ser delegada ao corregedor-geral da Guarda Municipal e Defesa
Civil de Fortaleza a competência prevista nos incisos I, alínea a, e II, deste
artigo.

Art. 103 – O diretor-geral poderá acompanhar o processo disciplinar, bem como


requisitar cópia de peças processuais que julgar relevantes.

Art. 104 - Na ocorrência de infração disciplinar envolvendo servidores da


Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, de mais de 1 (um) setor da
Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, caberá às chefias imediatas com
responsabilidade sobre os servidores infratores elaborar relatório

726
circunstanciado sobre a irregularidade, e remetê-lo à Corregedoria da Guarda
Municipal e Defesa Civil de Fortaleza para o respectivo processamento.

CAPÍTULO X
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E DO PROCEDIMENTO
DISCIPLINAR
Art. 105 - Extingue-se a punibilidade:
I – pela morte da parte;
II - pela prescrição;
III - pela anistia.
Art. 106 – O procedimento disciplinar extingue-se com a publicação do
despacho decisório pela autoridade administrativa competente.
Parágrafo Único - O processo, após sua extinção, será enviado à Unidade de
Pessoal para as necessárias anotações na pasta funcional e arquivamento, se
não interposto recurso.

Art. 107 - Extingue-se o procedimento sem julgamento de mérito, quando a


autoridade administrativa competente para proferir a decisão acolher proposta
da Comissão Processante, nos seguintes casos:
I - morte da parte;
II - ilegitimidade da parte;
III – quando a parte já tiver sido demitida, dispensada ou exonerada do serviço
público, casos em que se farão as necessárias anotações na pasta funcional
para fins de registro de antecedentes;
IV - quando o procedimento disciplinar versar sobre a mesma infração de outro,
em curso ou já decidido.

Art. 108 - Extingue-se o procedimento com julgamento de mérito, quando a


autoridade administrativa proferir decisão:
I - pelo arquivamento do processo disciplinar;
II - pela absolvição ou imposição de penalidade;
III - pelo reconhecimento da prescrição.

727
EXERCÍCIOS
01 - Decretada à revelia:
A) Suspende-se o prosseguimento ao procedimento disciplinar, extinguindo a
punibilidade
B) Suspende-se o prosseguimento ao procedimento disciplinar, designando-se
defensor dativo para atuar em defesa da parte quando cessar a revelia.
C) Dar-se-á prosseguimento ao procedimento disciplinar, independentemente
da nomeação de defensor
D) Dar-se-á prosseguimento ao procedimento disciplinar, designando-se
defensor dativo para atuar em defesa da parte.

02 - Extingue-se a punibilidade, exceto:


A) pela morte da parte;
B) pela prescrição;
C) pela decadência
D) pela anistia.

03 - É defeso aos membros da Comissão Processante exercer suas


funções em procedimentos disciplinares, EXCETO:
A) de que for parte;
B) em que interveio como mandatário da parte, defensor dativo ou
testemunha;
C) quando a parte for seu cônjuge, parente consanguíneo ou afim, em linha
reta ou na colateral, até quarto grau, amigo íntimo ou inimigo capital;
D) quando em procedimento estiver postulando como advogado da parte seu
cônjuge ou parentes consanguíneos ou afins, em linha reta ou na colateral,
até segundo grau

GABARITO
01 – D
02 – C
03 – C

728
TÍTULO VI
DOS PROCEDIMENTOS DISCIPLINARES
CAPÍTULO I
DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR DE PREPARAÇÃO E
INVESTIGAÇÃO DO RELATÓRIO
CIRCUNSTANCIADO E CONCLUSIVO SOBRE OS FATOS

Art. 109 - A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é


obrigada a tomar providências objetivando a apuração dos fatos e
responsabilidades.
§ 1º - As providências de apuração terão início imediato após o conhecimento
dos fatos e serão adotadas na unidade onde estes ocorreram, consistindo na
elaboração de relatório circunstanciado e conclusivo sobre os fatos e
encaminhado à Corregedoria da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza
para a instrução, com
a oitiva dos envolvidos e das testemunhas, além de outras provas indispensáveis
ao seu esclarecimento.
§ 2º - A apuração será cometida aos auxiliares de Corregedoria.
§ 3º - A apuração deverá ser concluída no prazo de 20 (vinte) dias, findo o qual
os autos serão enviados ao diretor-geral da Guarda Municipal e Defesa Civil de
Fortaleza, que determinará:
I – a instauração do procedimento disciplinar cabível e a remessados autos ao
corregedor da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, para a respectiva
instrução quando:
a) a autoria do fato irregular estiver comprovada;
b) encontrar-se perfeitamente definida a responsabilidade subjetiva do servidor
pelo evento irregular;
c) existirem fortes indícios de ocorrência de responsabilidade funcional, que
exijam a complementação das investigações mediante sindicância;
II - o arquivamento do feito, quando comprovada a inexistência de
responsabilidade funcional pela ocorrência irregular investigada;
III - a aplicação de penalidade, nos termos do art. 30, quando a responsabilidade
subjetiva pela ocorrência encontrar-se definida, porém a natureza da falta
cometida não for grave, não houver dano
ao patrimônio público ou se este for de valor irrisório.
SEÇÃO I
DA SINDICÂNCIA

Art. 110 - A sindicância é o procedimento disciplinar de preparação e


investigação, instaurada por determinação do diretor-geral da Guarda Municipal
e Defesa Civil de Fortaleza, quando os fatos não
estiverem definidos ou faltarem elementos indicativos da autoria.
Parágrafo Único - O corregedor, quando houver notícia de fato tipificado como
crime, enviará a devida comunicação à autoridade competente, se a medida
ainda não tiver sido providenciada.

Art. 111 - Na sindicância serão ouvidos todos os envolvidos nos fatos.


Parágrafo Único - Os depoentes poderão fazer-se acompanhar de advogado.

729
Art. 112 - Se o interesse público o exigir, o diretor-geral da Guarda Municipal e
Defesa Civil de Fortaleza decretará, no despacho instaurador, o sigilo da
sindicância, facultado o acesso aos autos exclusivamente às partes e seus
patronos.
Art. 113 – É assegurada vista dos autos da sindicância, nos termos do art. 5º,
inciso XXXIII, da Constituição Federal, e da legislação municipal em vigor.

Art. 114 - Quanto recomendar a abertura de procedimento disciplinar de


exercício da pretensão punitiva, o relatório da sindicância deverá apontar os
dispositivos legais infringidos e a autoria apurada.

Art. 115 - A sindicância deverá ser concluída no prazo de 30 (trinta) dias,


prorrogável por mais 15 (quinze) dias, a critério do diretor-geral da Guarda
Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, mediante justificativa fundamentada.
CAPÍTULO II
DO INQUÉRITO ADMINISTRATIVO

Art. 116 - Instaurar-se-á inquérito administrativo quando a falta disciplinar, por


sua natureza, puder determinar a suspensão, a dispensa dos servidores
admitidos, estáveis ou não, a demissão e a demissão a bem do serviço público.
Parágrafo Único - No inquérito administrativo é assegurado o exercício do
direito ao contraditório e à ampla defesa.

Art. 117 – São fases do inquérito administrativo:


I - instauração e denúncia administrativa;
II - citação;
III - instrução, que compreende o interrogatório, a prova da Comissão
Processante e o tríduo probatório;
IV - razões finais;
V - relatório final conclusivo;
VI - encaminhamento para decisão;
VII - decisão.

Art. 118 - O inquérito administrativo será conduzido pela Comissão Processante.

Art. 119 - O inquérito administrativo, uma vez determinado pelo diretor-geral,


será instaurado pelo corregedor, com a ciência dos demais membros da
Comissão Processante.

Art. 120 - A denúncia administrativa deverá conter obrigatoriamente:


I - a indicação da autoria;
II - os dispositivos legais violados e aqueles que prevêem a penalidade aplicável;
III - o resumo dos fatos;
IV - a ciência de que a parte poderá fazer todas as provas admitidas em Direito
e pertinentes à espécie;
V - a ciência de que é facultado à parte constituir advogado para acompanhar o
processo e defendê-la, e de que, não o fazendo, ser lhe-á nomeado defensor
dativo;
VI - designação de dia, hora e local para o interrogatório, ao qual a parte deverá
comparecer, sob pena de revelia;

730
VII - nomes completos e registro funcional dos membros da Comissão
Processante.

Art. 121 - O servidor acusado da prática de infração disciplinar será citado para
participar do processo e se defender.
§ 1º - A citação será feita conforme as disposições do Título V, Capítulo III, Seção
I, desta Lei Complementar, e deverá conter a transcrição da denúncia
administrativa.
§ 2º - A citação deverá ser feita com antecedência de, no mínimo, 72 (setenta e
duas) horas da data designada para o interrogatório.
§ 3º - O não comparecimento da parte ensejará as providências determinadas
nos arts. 95 a 98, com a designação de defensor dativo.

Art. 122 - É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o processo


pessoalmente, desde que o faça com urbanidade, e de intervir, por seu defensor,
nas provas e diligências que se realizarem.

Art. 123 - Regularizada a representação processual do denunciado, a Comissão


Processante promoverá a tomada de depoimentos, acareações, investigações e
diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova e, quando necessário,
recorrerá a técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação dos
fatos.
Parágrafo Único - A defesa será intimada de todas as provas e diligências
determinadas, com antecedência mínima de 48(quarenta e oito) horas, sendo-
lhe facultada a formulação de quesitos, quando se tratar de prova pericial,
hipótese em que o prazo de intimação será ampliado para 5 (cinco) dias.

Art. 124 - Realizadas as provas da Comissão Processante, a defesa será


intimada para indicar, em 3 (três) dias, as provas que pretende produzir.

Art. 125 - Encerrada a instrução, dar-se-á vista ao defensor para apresentação,


por escrito, e no prazo de 8 (oito) dias úteis, das razões de defesa do denunciado.

Art. 126 - Apresentadas as razões finais de defesa, a Comissão Processante


elaborará o parecer conclusivo, que deverá conter:
I – a indicação sucinta e objetiva dos principais atos processuais;
II - análise das provas produzidas e das alegações da defesa;
III - conclusão, com proposta justificada e, em caso de punição, deverá ser
indicada a pena cabível e sua fundamentação legal.
§ 1º - Havendo consenso, será elaborado parecer conclusivo unânime e,
havendo divergência, será proferido voto em separado, com as razões nas quais
se funda a divergência.
§ 2º - A Comissão deverá propor, se for o caso:
I - a desclassificação da infração prevista na denúncia administrativa;
II - o abrandamento da penalidade, levando em conta fatos e provas contidos no
procedimento, a circunstância da infração disciplinar e o anterior comportamento
do servidor;
III - outras medidas que se fizerem necessárias ou forem do interesse público.

731
Art. 127 – O inquérito administrativo deverá ser concluído no prazo de até 90
(noventa) dias, a critério do corregedor da Guarda Municipal, mediante
justificativa fundamentada.
Parágrafo Único – Nos casos de prática das infrações previstas no art. 27 desta
Lei, ou quando o servidor for preso em flagrante delito ou preventivamente, o
inquérito administrativo deverá ser concluído no prazo de 60 (sessenta) dias,
contados da citação válida do indiciado, podendo ser prorrogado, a juízo da
autoridade que determinou a instauração, mediante justificação, pelo prazo
máximo de 60 (sessenta) dias.

Art. 128 - Com o parecer conclusivo os autos serão encaminhados ao diretor-


geral da Guarda Municipal para decisão ou manifestação e encaminhamento ao
chefe do Poder Executivo Municipal, quando for o caso.

SUBSEÇÃO I
DO JULGAMENTO
Art. 129 - A autoridade competente, para decidir, não fica vinculada ao parecer
conclusivo da Comissão Processante, podendo, ainda, converter o julgamento
em diligência para os esclarecimentos que entender necessário.

Art. 130 - Recebidos os autos, o diretor-geral da Guarda Municipal e Defesa Civil


de Fortaleza, quando for o caso, julgará o inquérito administrativo em até 30
(trinta) dias, prorrogáveis, justificadamente, por mais 15 (quinze) dias.
Parágrafo Único - A autoridade competente julgará o inquérito administrativo,
decidindo, fundamentadamente:
I - pela absolvição do acusado;
II – pela punição do acusado;
III - pelo arquivamento, quando extinta a punibilidade.

Art. 131 - O acusado será absolvido, quando reconhecido:


I - estar provada a inexistência do fato;
II – não haver prova da existência do fato;
III - não constituir o fato infração disciplinar;
IV - não existir prova de ter o acusado concorrido para a infração disciplinar;
V - não existir prova suficiente para a condenação;
VI - a existência de qualquer das seguintes causas de justificação:
a) motivo de força maior ou caso fortuito;
b) legítima defesa própria ou de outrem;
c) estado de necessidade;
d) estrito cumprimento do dever legal;
e) coação irresistível.
SUBSEÇÃO II
DA APLICAÇÃO DAS SANÇÕES DISCIPLINARES

Art. 132 - Na aplicação da sanção disciplinar serão considerados os motivos,


circunstâncias e consequências da infração, os antecedentes e a personalidade
do infrator, assim como a intensidade do dolo ou o grau da culpa.

Art.133 - São circunstâncias atenuantes:

732
I - estar classificado, no mínimo, na categoria de bom comportamento, conforme
disposição prevista no art. 17, inciso II, desta Lei;
II - ter prestado relevantes serviços para a Guarda Municipal e Defesa Civil de
Fortaleza;
III - ter cometido a infração para preservação da ordem ou do interesse público.

Art. 134 - São circunstâncias agravantes:


I - mau comportamento, conforme disposição prevista no art. 17, inciso IV, desta
Lei;
II - prática simultânea ou conexão de 2 (duas) ou mais infrações;
III - reincidência;
IV - conluio de 2 (duas) ou mais pessoas;
V - falta praticada com abuso de autoridade.
§1º - Verifica-se a reincidência quando o servidor cometer
nova infração depois de transitar em julgado a decisão administrativa que o tenha
condenado por infração anterior.
§2º - Dá-se o trânsito em julgado administrativo quando a decisão não comportar
mais recursos.

Art. 135 - Em caso de reincidência, as faltas leves serão puníveis com


advertência; e as médias, com suspensão superior a 15 (quinze) dias, de acordo
com os arts. 30 e 31 desta Lei.
Parágrafo Único - As punições canceladas ou anuladas não serão consideradas
para fins de reincidência.

Art. 136 - O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício


irregular de suas atribuições,
sendo responsável por todos os prejuízos que, nessa qualidade, causar à
Fazenda Municipal, por dolo ou culpa, devidamente apurados.

Parágrafo Único - As cominações civis, penais e disciplinares poderão cumular-


se, sendo independentes entre si, assim como as instâncias civil, penal e
administrativa.

Art. 137 - Na ocorrência de mais de 1 (uma) infração, sem conexão entre si,
serão aplicadas as sanções
correspondentes isoladamente.

EXERCÍCIOS

01 - O inquérito administrativo deverá ser concluído no prazo de


___________, a critério do corregedor da Guarda Municipal, mediante
justificativa fundamentada.
A) até 60 dias
B) no mínimo 60 dias
C) até 90 dias
D) no mínimo 90 dias

733
02 - O inquérito administrativo será conduzido:
A) pela Secretaria de Segurança
B) pelo diretor-geral
C) pelo corregedor
D) pela Comissão Processante

03 - Na aplicação da sanção disciplinar serão considerados os motivos,


circunstâncias e consequências da infração, os antecedentes e a
personalidade do infrator, assim como a intensidade do dolo ou o grau da
culpa.
CERTO ( ) ERRADO ( )

04 - A sindicância deverá ser concluída no prazo de ____________,


prorrogável por __________, a critério do diretor-geral da Guarda Municipal
e Defesa Civil de Fortaleza, mediante justificativa fundamentada.
A) 30 dias; mais 15 dias
B) 30 dias; mais 30 dias
C) 60 dias; mais 30 dias
D) 60 dias; mais 15 dias

GABARITO
01 – C
02 – D
03 – C
04 – A

734
SUBSEÇÃO III
DO CUMPRIMENTO DAS SANÇÕES DISCIPLINARES

Art. 138 - A autoridade responsável pela execução da sanção imposta a subordinado


que esteja a serviço ou à disposição de outra unidade fará a devida comunicação para
que a medida seja cumprida.

CAPÍTULO III
DA EXONERAÇÃO NO ESTÁGIO PROBATÓRIO

Art. 139 - Instaurar-se-á procedimento especial de exoneração em estágio probatório,


nos seguintes casos:
I - inassiduidade;
II - ineficiência;
III - indisciplina;
IV - insubordinação;
V - desídia;
VI - conduta moral ou profissional que se revele incompatível com suas atribuições;
VII - por irregularidade administrativa grave;
VIII - pela prática de delito doloso, relacionado ou não com suas atribuições.

Art. 140 - O chefe mediato ou imediato do servidor formulará representação,


preferencialmente, pelo menos 44(quatro) meses antes do término do período
probatório, contendo os elementos essenciais, acompanhados de possíveis provas
que possam configurar os casos indicados no art. 139 desta Lei, e o encaminhará ao
diretor geral da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza que apreciará o seu
conteúdo, determinando, se for o caso, a
instauração do procedimento de exoneração.
Parágrafo Único - Sendo inviável a conclusão do procedimento de exoneração antes
de findo o estágio probatório, o diretor-geral da Guarda Municipal e Defesa Civil de
Fortaleza poderá convertê-lo em inquérito administrativo, prosseguindo-se até final
decisão.

Art. 141 - O procedimento disciplinar de exoneração de servidor em estágio probatório


será instaurado pelo corregedor, com a ciência dos demais membros da Comissão
Processante, e deverá ter toda a instrução concentrada em audiência.

Art. 142 – O termo de instauração e intimação conterá, obrigatoriamente:


I - a descrição articulada da falta atribuída ao servidor;
II – os dispositivos legais violados e aqueles que preveem a tipificação legal;
III - a designação cautelar de defensor dativo para assistir o servidor, se necessário,
na audiência concentrada de instrução;
IV - a designação da data, hora e local para interrogatório, ao qual deverá o servidor
comparecer, sob pena de revelia;
V - a ciência ao servidor de que poderá comparecer à audiência acompanhado de
defensor de sua livre escolha, regularmente constituído;
VI - a intimação para que o servidor apresente, na audiência concentrada de instrução,
toda prova documental que possuir, bem como suas testemunhas de defesa, que não
poderão exceder a 3 (três);

735
VII - a notificação de que, na mesma audiência, serão produzidas as provas da
Comissão Processante, devidamente especificadas;
VIII - os nomes completos e registros funcionais dos membros da Comissão
Processante.
Parágrafo Único - No caso comprovado de não ter o servidor tomado ciência do
inteiro teor do termo de instauração e intimação, ser-lhe-á facultado apresentar suas
testemunhas de defesa no prazo determinado pela presidência, sob pena de
decadência.

Art. 143 - Encerrada a instrução, dar-se-á vista à defesa para apresentação de razões
finais, no prazo de 5 (cinco) dias.

Art. 144 - Após a defesa, a Comissão Processante elaborará relatório conclusivo,


encaminhando-se o processo para decisão da autoridade administrativa competente.

TÍTULO VII
DOS RECURSOS E DA REVISÃO
DAS DECISÕES EM PROCEDIMENTOS DISCIPLINARES

Art. 145 - Das decisões nos procedimentos disciplinares caberão:


I - pedido de reconsideração;
II – recurso hierárquico;
III - revisão.

Art. 146 - As decisões em grau de recurso e revisão não autorizam a agravação da


punição do recorrente.
Parágrafo Único - Os recursos de cada espécie previstos no art. 145 desta Lei,
poderão ser interpostos apenas uma única vez, individualmente, e cingir-se-ão aos
fatos, argumentos e provas, cujo ônus incumbirá ao recorrente.

Art. 147 - O prazo para interposição do pedido de reconsideração e do recurso


hierárquico é de 15 (quinze) dias, contados da data da publicação oficial do ato
impugnado.
Parágrafo Único – Os recursos serão processados em apartado, devendo o processo
originário segui-los para instrução.

Art. 148 - As decisões proferidas em pedido de reconsideração, recurso hierárquico e


revisão serão sempre motivadas e indicarão, no caso de provimento, as retificações
necessárias e as providências quanto ao passado, dispondo sobre os efeitos
retroativos à data do ato ou decisão impugnada.

CAPÍTULO I
DO PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO

Art. 149 - O pedido de reconsideração deverá ser à mesma autoridade que houver
expedido o ato ou proferido a decisão e sobrestará o prazo para a interposição de
recurso hierárquico.

Art. 150 - Concluída a instrução ou a produção de provas, quando pertinentes, os


autos serão encaminhados à autoridade para decisão no prazo de até 30 (trinta) dias.

736
CAPÍTULO II
DO RECURSO HIERÁRQUICO

Art. 151 - O recurso hierárquico deverá ser dirigido à autoridade imediatamente


superior àquela que tiver expedido o ato ou proferido a decisão e, em última instância,
ao chefe do Poder Executivo Municipal.
Parágrafo Único – Não constitui fundamento para o recurso a simples alegação de
injustiça da decisão, cabendo ao recorrente o ônus da prova de suas alegações.

TÍTULO VIII
DA REVISÃO

Art. 152 - A revisão será recebida e processada mediante requerimento quando:


I - a decisão for manifestadamente contrária a dispositivo legal ou à evidência dos
autos;
II - a decisão se fundamentar em depoimentos, exames periciais, vistorias ou
documentos comprovadamente falsos ou eivados de erros;
III - surgirem, após a decisão, provas da inocência do punido.
Parágrafo Único - Não constitui fundamento para a revisão a simples alegação de
injustiça da penalidade.

Art. 153 - A revisão, que poderá verificar-se a qualquer tempo, de acordo com os
requisitos do art. 217 da Lei nº 6.794, de 27 de dezembro de 1990, será sempre
dirigida ao diretor-geral da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, que decidirá
quanto ao seu processamento.

Art. 154 - Ocorrendo o falecimento do punido, o pedido de revisão poderá ser


formulado pelo cônjuge, companheiro ou parente até segundo grau.

Art. 155 - No processo revisional, o ônus da prova incumbirá ao requerente e sua


inércia no feito, por mais de 60
(sessenta) dias, implicará o arquivamento do feito.

Art. 156 - Instaurada a revisão, a Comissão Processante deverá intimar o recorrente


a comparecer para interrogatório e indicação das provas que pretende produzir.
Parágrafo Único - Se o recorrente for ex-servidor, fica vedada a designação de
defensor dativo pela Corregedoria da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza.

Art. 157– Julgada procedente a revisão, a autoridade competente determinará a


redução, o cancelamento ou a
anulação da pena.
Parágrafo Único - As decisões proferidas em grau de revisão serão sempre
motivadas e indicarão, no caso de provimento, as retificações necessárias e as
providências quanto ao passado, dispondo sobre os efeitos retroativos à data do ato
ou da decisão impugnada e não autorizam a agravação da pena.

737
TÍTULO IX
DO CANCELAMENTO DA PUNIÇÃO

Art. 158 - O cancelamento de sanção disciplinar consiste na eliminação da respectiva


anotação na pasta funcional
do servidor da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, sendo concedido de
ofício ou mediante requerimento do interessado, Legislação Municipal quando este
completar, sem qualquer punição:
I - 5 (cinco) anos de efetivo serviço, quando a punição a cancelar for de suspensão;
II - 3 (três) anos de efetivo serviço, quando a punição a cancelar for de advertência.

Art. 159 - O cancelamento das anotações na pasta funcional do infrator e no banco


de dados da Corregedoria da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza dar-se-á
por determinação do corregedor, em 15 (quinze) dias, a contar da data do seu pedido,
registrando-se apenas o número e a data do ato administrativo que formalizou o
cancelamento.

Art. 160 - O cancelamento da punição disciplinar não será prejudicado pela


superveniência de outra sanção ocorrida após o decurso dos prazos previstos no art.
162 desta Lei Complementar.

Art. 161 - Concedido o cancelamento, o conceito do servidor da Guarda Municipal e


Defesa Civil de Fortaleza será
considerado tecnicamente primário, podendo ser reclassificado, desde que
observados os demais requisitos
estabelecidos no art. 17 desta Lei.

Art. 162- Prescreverá:


I - em 6 (seis) meses, a falta que sujeite à pena de advertência;
II - em 2 (dois) anos, a falta que sujeite à pena de suspensão;
III - em 5 (cinco) anos, a falta que sujeite à pena de demissão a bem do serviço público,
demissão ou destituição de cargo em comissão.
Parágrafo Único - A infração também prevista como crime na lei penal prescreverá
juntamente com este aplicando-se ao procedimento disciplinar, neste caso, os prazos
prescricionais estabelecidos no Código Penal Brasileiro ou em leis especiais que
tipifiquem o fato como infração penal, quando superiores a 5 (cinco) anos.

Art. 163 - A prescrição começará a correr da data em que a autoridade tomar


conhecimento da existência do fato, ato ou conduta que possa ser caracterizada como
infração disciplinar.

Art. 164 - Interromperá o curso da prescrição o despacho que determinar a


instauração de procedimento do exercício da pretensão punitiva. Parágrafo Único -
Na hipótese do caput deste artigo, todo o prazo começa a correr novamente por inteiro
da data do ato que a interrompeu.

Art. 165 - Se, após instaurado o procedimento disciplinar houver necessidade de se


aguardar o julgamento na esfera criminal, o feito poderá ser sobrestado e suspenso o
curso da prescrição até o trânsito em julgado da sentença penal, a critério do diretor-
geral da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza.

738
TÍTULO XI
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 166 - Após o julgamento do inquérito administrativo, é vedado à autoridade


julgadora avocá-lo para modificar a sanção aplicada ou agravá-la.

Art. 167 - Durante a tramitação do procedimento disciplinar, fica vedada aos órgãos
da administração municipal a requisição dos respectivos autos, para consulta ou
qualquer outro fim, exceto àqueles que tiverem competência legal para tanto.

Art. 168 - Os procedimentos disciplinados nesta Lei Complementar terão sempre


tramitação em autos próprios, sendo vedada sua instauração ou processamento em
expedientes que cuidem de assuntos diversos da infração a ser apurada ou punida.
§ 1º - Os processos acompanhantes ou requisitados para subsidiar a instrução de
procedimentos disciplinares serão devolvidos à unidade competente para
prosseguimento, assim que extraídos os elementos necessários, por determinação do
corregedor.
§ 2º - Quando o conteúdo do acompanhante for essencial para a formação de opinião
e julgamento do procedimento disciplinar, autos somente serão devolvidos à unidade
após a decisão final.

Art. 169 - O pedido de vista de autos em tramitação, por quem não seja parte ou
defensor, dependerá de requerimento, por escrito, e será cabível para a defesa de
direitos e esclarecimentos de situações de interesse pessoal.
Parágrafo Único - Poderá ser vedada a vista dos autos até a publicação da decisão
final, inclusive para as partes e seus defensores, quando o processo se encontrar
relatado.

Art. 170 - Fica atribuída ao corregedor da Guarda Municipal e Defesa Civil de


Fortaleza competência para apreciar e decidir os pedidos de certidões e fornecimento
de cópias reprográficas, referentes a processos administrativos que estejam em
andamento na Corregedoria da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza.

Art. 171 - A Lei Municipal nº 6.794, de 27 de dezembro de 1990, e o Decreto-Lei nº


3.689/41 (Código de Processo
Penal Brasileiro), quando não incompatíveis com esta Lei Complementar, poderão ser
usados subsidiariamente para fundamentação dos casos disciplinares.

Art. 172 - Os processos administrativos disciplinares já instaurados na Procuradoria-


Geral do Município, através da
Comissão de Processo Administrativo Disciplinar, serão analisados pelos membros
da CPAD-PGM e empós
encaminhados ao diretor geral para tomar as providências legais cabíveis.

Art. 173 – O diretor-geral da Guarda Municipal, naquilo que não confrontar à


Legislação Vigente, poderá emitir de
portarias disciplinadoras sobre assuntos relacionados à aplicação das normas de
hierarquia, composição de pelotões, postos de serviço e setores administrativos, como

739
também regime e escalas de trabalho dos servidores da Guarda Municipal e Defesa
Civil de Fortaleza.

Art. 174 - O chefe do Poder Executivo regulamentará por decreto o funcionamento e


as respectivas Comissões
Integrantes da Corregedoria e da Ouvidoria da Guarda Municipal e Defesa Civil de
Fortaleza.

Art. 175 - As despesas decorrentes desta Lei correrão por conta das dotações
orçamentárias próprias.

Art. 176 - Esta Lei Complementar entra em vigor 30 (trinta) dias após a data de sua
publicação, revogadas as
disposições em contrário.

EXERCÍCIOS

01 - Instaurar-se-á procedimento especial de exoneração em estágio probatório,


nos seguintes casos, EXCETO:
A) inassiduidade
B) ineficiência
C) subordinação
D) desídia

02 - Prescreverá:
A) em 6 meses, a falta que sujeite à pena de advertência
B) em 2 anos, a falta que sujeite à pena de suspensão
C) em 2 meses, a falta que sujeite à pena de advertência
D) em 5 anos, a falta que sujeite à pena de suspensão

03 – O recurso hierárquico deverá ser dirigido à autoridade imediatamente


superior àquela que tiver expedido o ato ou proferido a decisão e, em última
instância, ao chefe do Poder Executivo Municipal.
CERTO ( ) ERRADO ( )

04 - O cancelamento de sanção disciplinar consiste na eliminação da respectiva


anotação na pasta funcional do servidor da Guarda Municipal e Defesa Civil de
Fortaleza, sendo concedido de ofício ou mediante requerimento do interessado,
Legislação Municipal quando este completar, sem qualquer punição:
A) 2 anos de efetivo serviço, quando a punição a cancelar for de suspensão
B) 3 anos de efetivo serviço, quando a punição a cancelar for de advertência

740
C) 3 anos de efetivo serviço, quando a punição a cancelar for de suspensão
D) 2 anos de efetivo serviço, quando a punição a cancelar for de advertência

GABARITO
01 – C
02 – A
03 – C
04 – B

741
Lei Complementar Municipal Nº 144/2013, que altera a Lei
Complementar Nº 004/1991, que dispões sobre a Organização,
Estrutura e Competências da Guarda Municipal de Fortaleza e
dá outras providências.

Art. 2º. Ficam criadas a Secretaria de Governo, a Secretaria de Segurança


Cidadã, a Secretaria Extraordinária da Copa, a Secretaria de Conservação e
Serviços Públicos e a Secretaria da Controladoria e Transparência.
Art. 3º. Ficam fundidas a Secretaria Municipal de Administração e a Secretaria
Municipal de Planejamento e Orçamento, passando a denominar-se Secretaria
de Planejamento, Orçamento e Gestão; a Secretaria Municipal de Defesa do
Consumidor e a Secretaria Municipal de Direitos Humanos, passando a
denominar-se Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos.
Parágrafo único. A Coordenadoria Especial de Políticas para as Mulheres fica
vinculada à Secretaria Municipal de Cidadania e Direitos Humanos.
Art. 4º. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Controle Urbano (SEMAM)
passa a ser denominada de Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente
(SEUMA), mantendo suas atuais atribuições, acrescidas a estas as
competências relativas ao urbanismo provenientes da SEPLA e relativas ao
desenvolvimento urbano provenientes da SEINF.
Parágrafo único. As atribuições citadas no caput do artigo recebidas da SEPLA
e da SEINF ficam suprimidas de seus órgãos originários.
Art. 5º. A Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS) passa a ser
denominada de Secretaria Municipal de Trabalho, Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (SETRA), mantendo suas atuais atribuições, acrescidas as
competências relativas ao Trabalho e Qualificação oriundas da Secretaria de
Desenvolvimento Econômico (SDE) e as atividades de Combate à Fome no
Município de Fortaleza.
Art. 6º. Ficam criadas as Coordenadorias de Políticas sobre Drogas; de Ciência,
Tecnologia e Inovação e a Coordenadoria de Participação Popular, unidades
administrativas vinculadas ao Gabinete do Prefeito, com status de Secretaria de
Município, responsáveis por coordenar e desenvolver políticas públicas nas suas
respectivas áreas de atuação.
Parágrafo único. O Poder Executivo regulamentará por Decreto as
competências e atribuições das coordenadorias criadas por este artigo.
II – (Revogado)
Parágrafo único. Permanecem inalteradas as competências e atribuições dos
demais órgãos e estruturas administrativas existentes não mencionadas nesta
Lei.

742
§ 1º Os Secretários de Município terão honras compatíveis com a dignidade da
função.
§ 2º Equiparam-se a Secretários de Município, os Presidentes do Instituto de
Planejamento de Fortaleza (IPLANFOR), da Fundação de Desenvolvimento
Habitacional de Fortaleza (HABITAFOR) e os Titulares das Coordenadorias
Especiais de Políticas Públicas de Juventude; de Políticas sobre drogas; de
ciência, tecnologia e inovação e da Coordenadoria de Participação Popular.
Art. 10. Ficam criados os cargos de Secretário de Município e Secretário
Executivo na forma do Anexo I, parte integrante desta Lei.
Art. 17. O Instituto de Planejamento Urbano de Fortaleza (IPLANFOR) passa a
ser denominado Instituto de Planejamento de Fortaleza (IPLANFOR) e fica
vinculado diretamente ao Prefeito Municipal de Fortaleza.
Art. 18. Fica autorizado o Secretário Municipal Extraordinário da Copa a solicitar
prioritariamente, para o funcionamento da SECOPAFOR, servidores do Poder
Executivo ou do Legislativo Municipal.

EXERCÍCIOS

01 - O Instituto de Planejamento Urbano de Fortaleza (IPLANFOR) passa a


ser denominado Instituto de Planejamento de Fortaleza (IPLANFOR) e fica
vinculado diretamente ao Governador do Estado
CERTO ( ) ERRADO ( )

02 - A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Controle Urbano (SEMAM)


passa a ser denominada de Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio
Ambiente (SEUMA), mantendo suas atuais atribuições, acrescidas a estas
as competências relativas ao urbanismo provenientes da SEPLA e relativas
ao desenvolvimento urbano provenientes da SEINF

CERTO ( ) ERRADO ( )

03 - A Coordenadoria Especial de Políticas para as Mulheres fica vinculada


à Secretaria Municipal de Cidadania e Direitos Humanos
CERTO ( ) ERRADO ( )

743
GABARITO
01 – E
02 – C
03 – C

744
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

745
Lei 13.869/2019 – Lei de Abuso de Autoridade

Aspectos Iniciais

Objetivo da criminalização do abuso de autoridade:


- Para que os agentes públicos não se aproveitem dos seus cargos, funções ou
até mesmo mandatos eletivos para constranger ilegalmente os cidadãos, por
motivos pessoais, torpe, egoísta e etc, com o objetivo de lesar a terceiros ou,
ainda, para benefício próprio ou de outrem.

1) DOS SUJEITOS DO CRIME


- É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público,
servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de
Território, compreendendo, mas não se limitando a:
• servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas;
• membros do Poder Legislativo;
• membros do Poder Executivo;
• membros do Poder Judiciário;
• membros do Ministério Público;
• membros dos tribunais ou conselhos de contas.

DEFINIÇÃO DE AGENTE PÚBLICO:


Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce,
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo
caput deste artigo.

ALTERAÇÕES IMPORTANTES:
2) Prisão temporária
• O mandado de prisão deverá ter o tempo de duração da prisão
temporária, assim como o dia que o preso será solto.

746
• Após tendo ocorrido o tempo contido no mandado de prisão, a autoridade
responsável pela custódia deverá, independentemente de nova ordem da
autoridade judicial, pôr imediatamente o preso em liberdade, salvo se já
tiver sido comunicada da prorrogação da prisão temporária ou da
decretação da prisão preventiva.

BIZU MONSTRUOSO!!!

Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de prisão no cômputo do prazo de


prisão temporária.

2) Interceptação das comunicações telefônicas:


Art. 10 - Constitui crime realizar interceptação de comunicações
telefônicas, de informática ou telemática, promover escuta ambiental ou
quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não
autorizados em lei:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judicial que
determina a execução de conduta prevista no caput deste artigo com
objetivo não autorizado em lei.

3) Estatuto da Criança e do Adolescente:


Art. 227 - A Os efeitos da condenação prevista no inciso I do caput do art.
92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
para os crimes previstos nesta Lei, praticados por servidores públicos com
abuso de autoridade, são condicionados à ocorrência de reincidência.
Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da função, nesse
caso, independerá da pena aplicada na reincidência.

EXERCÍCIOS

1. De acordo com a lei de abuso de autoridade é considerado sujeito ativo do


crime de abuso de autoridade qualquer agente público, devendo ser servidor
público, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de
Território.

747
2. Para que os agentes públicos não se aproveitem dos seus cargos, funções ou
até mesmo mandatos eletivos para constranger ilegalmente os cidadãos, por
motivos pessoais por exemplo, visando benefício próprio ou de outrem foi feito a
criminalização do abuso de autoridade.

GABARITO

1-E
2-C

Lei 13.869/2019 – Lei de Abuso de Autoridade

Da ação penal
Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.

Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo
legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer
denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornece
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.

- A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado


da data em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.

Das Penas Restritivas de Direitos


As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade previstas
nesta Lei são:

- Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;


- Suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1

748
(um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens;

Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma


ou cumulativamente.

DOS PRINCIPAIS CRIMES E DAS PENAS:


Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado
manifestamente descabida ou sem prévia intimação de comparecimento
ao juízo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade


judiciária no prazo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução


de sua capacidade de resistência, a:
I - Exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;
II - Submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não
autorizado em lei;
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da
pena cominada à violência.

Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função,


ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

EXERCÍCIOS

1. De acordo com a lei 13.869/2019 os crimes previstos nela são de ação penal
pública condicionada.

749
2. A Suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de
1 (um) a 3 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens e a
prestação de serviços à comunidade são penas restritivas de direitos previstas
na lei de abuso de autoridade, não podendo ser aplicadas de forma cumulativa.

GABARITO:

1-E
2-E

NOÇÕES INTRODUTÓRIAS E DIREITOS FUNDAMENTAIS I

O Estatuto da Criança e do Adolescente disciplina a proteção integral à criança


e ao adolescente (art. 1ª). Crianças ou Adolescentes são selecionados quanto a
idade, o art.2º, prevê:
• CRIANÇA – Pessoa até 12 anos incompletos
• ADOLESCENTE – Pessoa entre 12 e 18 anos

Às crianças ou adolescentes será assegurado todos os direitos fundamentais


inerentes à pessoa humana (art.3º), além da proteção integral que estabelece o
estatuto.
O dever de assegurar a essas pessoas os direitos fundamentais, não é apenas
do estado, mas também da família, da comunidade, do Poder Público, da
sociedade em geral (art. 4ª).
Estabelece ainda o art. 4º §único que, esses agentes acima mencionados
deverão garantir com prioridade absoluta os direitos fundamentais às crianças e
aos adolescentes, compreendendo como garantia de prioridade:
• PRIMAZIA DE RECEBER PROTEÇÃO E SOCORRO EM QUAISQUER
CIRCUNSTÂNCIAS;
• PRECEDÊNCIA DE ATENDIMENTO NOS SERVIÇOS PÚBLICOS OU
DE RELEVÂNCIA PÚBLICA;
• PREFERÊNCIA NA FORMULAÇÃO E NA EXECUÇÃO DE POLÍTICAS
SOCIAIS PÚBLICAS;
• DESTINAÇÃO PRIVILEGIADA DE RECURSOS PÚBLICOS NAS ÁREAS
RELACIONADAS COM A PROTEÇÃO À INFÂNCIA E A JUVENTUDE.

750
DIREITOS FUNDAMENTAIS

DIREITO A VIDA E A SAÚDE – Artigos. 7º ao 14

POLÍTICAS SOCIAIS PÚBLICAS – Garantem a criança e ao adolescente uma


proteção a vida e a saúde, possibilitam um nascimento e um desenvolvimento
sadio e harmonioso em condições dignas de existência. (art. 7º)
Além disso, a TODAS AS MULHERES é garantido o acesso a programas de
saúde. Em especial às mulheres grávidas serão fornecidos projetos que possam
cuidar de sua gestação, programas pré-natal, dentre outros. (art.8º)

CUIDADO!!! A Lei 13.798/19 instituiu a SEMANA NACIONAL DE PREVENÇÃO


A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA a ser realizada anualmente na semana que
incluir o dia 1º de fevereiro – O objetivo é disseminar informações sobre medidas
preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da
gravidez na adolescência. (art.8º-A)

Quanto aos hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de


gestante, públicos e particulares serão obrigados a:
• Manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários
individuais pelo prazo de 18 anos;
• Identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar
e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas
normatizadas pela autoridade administrativa competente;
• Proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de
anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar
orientação aos pais;
• Fornecer declaração de nascimento onde constem, necessariamente, as
intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato
• anter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato, a permanência
junto a mãe;
• Acompanhar a prática do processo de amamentação, prestando
orientações quanto à técnica adequada, enquanto a mãe permanecer na
unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já existente.

Às crianças e adolescentes que necessitarem, o poder público deverá fornecer


de forma gratuita, medicamentos, órteses, próteses, e outras tecnologias
assistivas, relativas ao tratamento, habilitação e reabilitação para crianças e
adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado voltadas às necessidades

751
específicas (art.11, §2º)

E no caso de internação da criança ou adolescente???


Nesse caso, os estabelecimentos de saúde, inclusive as unidades neonatais, de
terapia intensiva e de cuidados intermediários, deverão proporcionar condições
para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável (art.
12).

Obs.: qualquer suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou


degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente, serão
obrigatoriamente comunicados ao CONSELHO TUTELAR (art.13).

Observe ainda que nos primeiros dezoito meses de vida, é obrigatória a


aplicação, a todas as crianças, de protocolo ou outro instrumento construído com
a finalidade de facilitar a detecção, em
consulta pediátrica de acompanhamento da criança, de risco para seu
desenvolvimento psíquico (art.14, §5º)

EXERCÍCIOS

1. Conforme o art. 4º da Lei Federal nº 8.069/1990, que trata do Estatuto da


Criança e do Adolescente, é dever da família, da comunidade, da sociedade em
geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação, entre
outros, do direito à alimentação. Desse modo, também as escolas devem servir
alimentação nos horários determinados e de forma orientada, pois, além de
promover o desenvolvimento saudável, esse serviço é

a) parte do processo educativo.


b) um modo de liberar os pais dessa responsabilidade.
c) condição para que os educandos nunca sejam reprovados.
d) elemento necessário para garantir boa estatura aos alunos.
e) um dos meios de garantir que os alunos não tenham nenhuma doença.

2. Nos primeiros dezoito meses de vida, é obrigatória a aplicação, a todas as


crianças, de protocolo ou outro instrumento construído com a finalidade de

752
facilitar a detecção, em consulta pediátrica de acompanhamento da criança, de
risco para seu desenvolvimento psíquico

certo ( ) errado ( )

3. Cabe ao Poder Público proporcionar assistência psicológica à gestante e à


mãe no período pré e pós‐natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as
consequências do estado puerperal.

certo ( ) errado ( )

GABARITO

01 - A
02 - C
03 - C

753
DIREITOS FUNDAMENTAIS II
DIREITO Á LIBERDADE, AO RESPEITO E A DIGNIDADE

Toda criança e adolescente terá direito à liberdade, ao respeito e a dignidade


como pessoas humanas, são direitos básicos assegurados a essas pessoas
que são consideradas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de
direito civis, humanos e sociais garantidos na CF (art. 15).

DIREITO A LIBERDADE

Podemos conceituar como DIREITOS A LIBERDADE - art.16:


• IR, VIR, ESTAR NOS LOGRADOUROS PÚBLICOS E ESPAÇOS
COMUNITÁRIOS – SALVO RESTRIÇÕES LEGAIS;
• OPINIÃO E EXPRESSÃO;
• CRENÇA E CULTO RELIGIOSO;
• BRINCAR, PRATICAR ESPORTES E DIVERTIR-SE;
• PARTICIPAR DA VIDA FAMILIAR E COMUNITÁRIA SEM
DISCRIMINAÇÃO;
• PARTICIPAR DA VIDA POLÍTICA, NA FORMA DA LEI;
• BUSCAR REFÚGIO, AUXÍLIO E ORIENTAÇÃO.

DIREITO AO RESPEITO E A DIGNIDADE

Consiste na inviolabilidade da criança e do adolescente a integridade:


• FÍSICA
• PSÍQUICA
• MORAL

Esse direito abrange a preservação da imagem, da identidade, da autonomia,


dos valores, ideais e crenças, dos espaços e objetos pessoais (art.17).

É DEVER DE TODOS: zelar pela dignidade da criança e do adolescente pondo-


o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
constrangedor (art. 18).

754
OBS: A criança e ao adolescente têm direito de ser educados e cuidados SEM
O USO DE CASTIGOS FÍSICOS, ou de TRATAMENTO CRUEL OU
DEGRADANTE, como forma de correção, disciplina, correção, educação ou
qualquer outro pretexto, pelos pais, integrantes da família, pelos responsáveis,
agentes públicos executores de medidas socioeducativas, ou por qualquer
pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los (art.18-
A)

Para fins de disposições do ECA, considero como:

CASTIGO FÍSICO: ação de natureza disciplinar ou punitiva, aplicada com o uso


da força física, sobre a criança ou ao adolescente que resulte em:
• SOFRIMENTO FÍSICO
• LESÃO

TRATAMENTO CRUEL OU DEGRADANTE: conduta ou forma cruel de tratar a


criança ou adolescente que:
• HUMILHE
• AMEACE GRAVEMENTE
• RIDICULARIZE

Qualquer pessoa encarregada de cuidar de criança ou adolescente que passar


a usar de tratamento que utilize castigo físico ou tratamento cruel ou
degradante como forma de correção, disciplina, educação ou qualquer outro
pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes
medidas (art. 18-B):
• ENCAMINHAMENTO A PROGRAMA OFICIAL OU COMUNITÁRIO DE
PROTEÇÃO À FAMÍLIA; ENCAMINHAMENTO A TRATAMENTO
PSICOLÓGICO OU PSIQUIÁTRICO;
• ENCAMINHAMENTO A CURSOS OU PROGRAMAS DE ORIENTAÇÃO;
• OBRIGAÇÃO DE ENCAMINHAR A CRIANÇA A TRATAMENTO
ESPECIALIZADO;
• ADVERTÊNCIA

Essas medidas serão aplicadas pelo CONSELHO TUTELAR, sem prejuízo de


outras providências.

755
EXERCÍCIOS

1. O ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Federal nº 8.069/1990,


inclui o “brincar, praticar esportes e divertir-se” no inciso IV de seu art. 16,
estabelecendo-o, desse modo, como um dos sete aspectos compreendidos
a) pela premiação ao bom comportamento.
b) pelo desenvolvimento motor.
c) pelo direito ao respeito.
d) pela saúde mental.
e) pelo direito à liberdade.

2. O pai que usa de força física contra seu filho menor de idade para discipliná-
lo incide no que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) denomina
a) tratamento degradante.
b) tratamento cruel.
c) vexame.
d) violência doméstica.
e) castigo físico.

3. Maurício, com treze anos de idade, foi atendido em hospital público. Depois
de realizados os exames clínicos e a entrevista pessoal com o adolescente, o
médico que o atendeu comunicou ao conselho tutelar local a suspeita de que
Maurício havia sido vítima de castigo físico praticado pelos próprios pais. O
conselho tutelar averiguou o caso e concluiu que os pais de Maurício haviam
lesionado os braços do garoto, mediante emprego de pedaço de madeira, em
razão de ele ter se recusado a ir à escola. Com base nisso, o conselho tutelar
aplicou aos pais uma advertência e os encaminhou para tratamento psicológico.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item que se segue, de acordo
com o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.º 8.069/1990).
O Estatuto da Criança e do Adolescente faz distinção entre castigo físico e
tratamento cruel ou degradante e, nos termos desse Estatuto, a lesão sofrida por
Maurício não é considerada tratamento cruel ou degradante.

certo ( ) errado ( )

756
GABARITO

01 - E
02 - E
03 - C

DIREITOS FUNDAMENTAIS III


DIREITO A CONVIVÊNCIA FAMILIAR
DIREITO A EDUCAÇÃO, A CULTURA, AO ESPORTE E AO
LAZER

DIREITO A CONVIVÊNCIA FAMILIAR

É direito de toda criança e adolescente ser criado e educado no seio de sua


família e, excepcionalmente, em família substituta.
Estando a criança ou adolescente inseridos em PROGRAMAS DE
ACOLHIMENTO FAMILIAR OU INSTITUCIONAL (não poderá ultrapassar 18
meses, salvo necessidade comprovada devidamente fundamentada pela
autoridade judiciária), sua situação será reavaliada, no máximo, a cada 3
meses, devendo a autoridade judiciária competente decidir de forma
fundamentada se serão reintegrados a própria família (esta será a preferência)
ou colocados em família substituta (art.19)

A falta ou carência de recursos materiais podem suspender o poder


familiar???
NÃO! Não será considerado motivo suficiente, devendo a criança ou
adolescente serem mantidos em sua família de origem (não existindo qualquer
outro motivo para suspender esse poder), a qual deverá ser obrigatoriamente
incluída em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e promoção
(art.23).

757
PERCA DO PODER FAMILIAR POR CONDENAÇÃO CRIMINAL

A condenação criminal do pai ou da mãe NÃO IMPLICARÁ A DESTITUIÇÃO


DO PODER FAMILIAR – salvo: condenação por crime doloso sujeito à pena de
reclusão contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra o
filho ou filha ou outro descendente (art.23, §2º).
A perca e a suspensão do poder familiar serão decretados judicialmente, em
procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na
hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações previstos no
art. 22 (art. 24)
Será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai
privado de liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável
ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável,
independentemente de autorização judicial. (art.19, §4º)

FAMÍLIA SUBSTITUTA
A colocação em família substituta far-se-á mediante:
• GUARDA
• TUTELA
• ADOÇÃO

Tratando-se de maior de 12 anos, será necessário seu consentimento colhido


em audiência (art.28).
A regra é que grupos de irmãos sejam colocados na mesma família.
A colocação em família estrangeira será medida excepcional e somente será
admissível na modalidade de adoção (art.31).

GUARDA
Excepcionalmente deferir-se-á a guarda fora dos casos de tutela e adoção, para
atender a situação peculiar ou suprir a falta eventual dos pais ou responsáveis,
podendo ser deferido o direito de representação para a prática de atos
determinados.
A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial
fundamentado, ouvido o MP.

758
TUTELA
Será definida a pessoa até 18 anos incompletos. O deferimento da tutela
pressupõe a prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar e
implica necessariamente o dever de guarda.

ADOÇÃO
Medida excepcional e irrevogável, deve ser utilizada somente quando
esgotarem os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família
natural ou extensa.
Obs: é vedada a adoção por procuração.
O adotando deverá possuir mais de 18 anos à data do pedido, independente
do estado civil. A adoção contribui a situação de filho ao adotado, desligando-
se de qualquer vínculo com os pais e parentes, salvo os impedimentos
matrimoniais.
• NÃO PODEM ADOTAR OS ASCENDENTES E OS IRMÃOS DO
ADOTANDO
• ADOTANTE – PELO MENOS 16 ANOS MAIS VELHO DO QUE O
ADOTADO
• A ADOÇÃO SERÁ PRECEDIDA DE ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA PELO
PRAZO MÁXIMO DE 90 DIAS.
• A MORTE DOS ADOTANTES NÃO REESTABELECE O PODER
FAMILIAR DOS PAIS NATURAIS.

DIREITO A EDUCAÇÃO, A CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER

O objetivo é prepara a criança e o adolescente para o exercício da cidadania,


assegurando-lhes:
• IGUALDADE DE CONDIÇÕES PARA O ACESSO E PERMANÊNCIA NA
ESCOLA;
• DIREITO DE SER RESPEITADO POR SEUS EDUCADORES;
• DIREITO DE CONTESTAR CRITÉRIOS AVALIATIVOS PODENDO
RECORRER ÀS INSTÂNCIAS ESCOLARES SUPERIORES;
• DIREITO DE ORGANIZAÇÃO E PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES
ESTUDANTIS;
• ACESSO A ESCOLA PÚBLICA E GRATUITA, PRÓXIMA DE SUA
RESIDÊNCIA, GARANTINDO-SE VAGAS NO MESMO
ESTABELECIMENTO A IRMÃOS QUE FREQUENTEM A MESMA
ETAPA OU CICLO DE EDUCAÇÃO BÁSICA. (LEI. 845/2019)

759
É dever da instituição de ensino, clubes e agremiações recreativas e de
estabelecimento congênere, assegurar medidas de conscientização, prevenção
e enfrentamento ao uso ou dependência de drogas ilícitas.
É dever só Estado assegurar a criança ou adolescente:
• ENSINO FUNDAMENTAL – OBRIGATÓRIO E GRATUITO;
• PROGRESSIVA EXTENSÃO DA GRATUIDADE DO ENSINO MÉDIO;
• ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO AOS PORTADORES
DE DEFICIÊNCIA, PREFERENCIALMENTE, NA REDE REGULAR DE
ENSINO;
• ATENDIMENTO EM CRECHES E PRÉ-ESCOLAS ÀS CRIANÇAS DE 0
A 5 ANOS;
• ACESSO AOS NÍVEIS MAIS ELEVADOS DE ENSINO, DA PESQUISA E
DA CRIAÇÃO ARTÍSTICA, SEGUNDO A CAPACIDADE DE CADA UM;
• OFERTA DE ENSINO NOTURNO E REGULAR, ADEQUADO AS
CONDIÇÕES DO ADOLESCENTE TRABALHADOR;
• ATENDIMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL, ATRAVÉS DE
PROGRAMAS SUPLEMENTARES DE MATERIAL DIDÁTICO-
ESCOLAR, TRANSPORTE, EDUCAÇÃO E ASSISTÊNCIA A SAÚDE.

EXERCÍCIOS

1. Segundo o que prevê o Art. 54 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que


dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, é dever do Estado
assegurar à criança e ao adolescente:

a) Atendimento em creche e pré-escola às crianças de um a três anos de idade.


b) Acesso à escola pública e gratuita mesmo que distante de sua residência.
c) Oferta de ensino noturno regular especificamente na Educação de Jovens e
Adultos.
d) Atendimento no Ensino Fundamental, por meio de programas suplementares
de material didático- escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

2. É necessária autorização judicial para a convivência da criança e do


adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas
periódicas promovidas pelo responsável.

certo ( ) errado ( )

760
3. Não se prolongará por mais de dezoito meses a permanência da criança e do
adolescente em programa de acolhimento institucional, salvo comprovada
necessidade que atenda a seu superior interesse, devidamente fundamentada
pela autoridade judiciária.

certo ( ) errado ( )

GABARITO

01 - D
02 - E
03 - C

DIREITOS FUNDAMENTAIS IV
DIREITO A PROFISSIONALIZAÇÃO E A PROTEÇÃO NO
TRABALHO

DIREITO A PROFISSIONALIZAÇÃO E A PROTEÇÃO NO TRABALHO

TRABALHO DO MENOR DE 14 ANOS: O trabalho para os menores de 14


anos é proibido em todas as modalidades, SALVO – condição de aprendiz (art.
60)
TRABALHO DO ADOLESCENTE: O trabalho dos adolescentes será regulado
por legislação especial, sem prejuízo do disposto nessa lei (ART, 61)

Considera-se aprendizagem, a formação técnico-profissional ministrada


segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor (art.62).
A formação técnico profissional deverá obedecer a alguns princípios (art.63):
• GARANTIA DE ACESSO E FREQUÊNCIA OBRIGATÓRIA AO ENSINO
REGULAR;
• ATIVIDADE COMPATÍVEL COM O DESENVOLVIMENTO DO
ADOLESCENTE;
• HORÁRIO ESPECIAL PARA O EXERCÍCIO DAS ATIVIDADES.

761
BOLSA DE APRENDIZAGEM: Garantida ao adolescente até 14 anos (art.64).

Ao adolescente aprendiz, maior de 14 anos são assegurados os direitos


trabalhistas e previdenciários (art.65).
E ao que seja portador de deficiência, é assegurado trabalho protegido (art.66).
Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de
escola técnica, assistido em entidade governamental ou não governamental é
vedado o trabalho (art.67):
• NOTURNO – REALIZADO ENTRE AS 22h DE UM DIA E AS 5h DO DIA
SEGUINTE;
• PERIGOSO, INSALUBRE, PENOSO;
• REALIZADO EM LOCAIS PREJUDICIAIS À SUA FORMAÇÃO, E AO
SEU DESENVOLVIMENTO FÍSICO, PSÍQUICO, MORAL E SOCIAL;
• REALIZADO EM HORÁRIOS E LOCAIS QUE NÃO PERMITAM A
FREQUÊNCIA ESCOLAR.

TRABALHO EDUCATIVO: atividade laboral em que as exigências pedagógicas


relativas ao desenvolvimento social e pessoas do educando prevalecem sobre o
aspecto produtivo.
O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob
responsabilidade de entidade governamental e não governamental sem fins
lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele participe, condições de
capacitação para o exercício de atividade regular remunerada
A remuneração que o adolescente receber pelo trabalho efetuado ou a
participação na venda dos produtos de seu trabalho, não desfigura o caráter
educativo. (art. 68)

O adolescente tem direito à profissionalização e a proteção no trabalho,


observando os seguintes aspectos (art.69):
• RESPEITO À CONDIÇÃO PECULIAR DE PESSOA EM
DESENVOLVIMENTO;
• CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL ADEQUADA AO MERCADO DE
TRABALHO

762
EXERCÍCIOS

1. No que diz respeito ao direito à profissionalização e à proteção no trabalho


das crianças e dos
adolescentes, previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069,
de 13 de julho de 1990, é permitido, ao adolescente empregado, aprendiz, em
regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade
governamental ou não governamental, o trabalho

a) realizado após as cinco horas da manhã e até as vinte e duas horas.


b) perigoso, insalubre ou penoso, desde que com os equipamentos de segurança
necessários.
c) realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento
físico, psíquico, moral e social, desde que assistido por superiores.
d) em horários e locais que não permitam a frequência à escola, desde que o
adolescente se comprometa a estudar em outros horários compatíveis com o
trabalho.
e) realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia
seguinte, desde que com adicional noturno.

2. O capítulo V, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) trata das


questões ligadas ao direito à profissionalização e à proteção no trabalho. Com
base nesse capítulo, analise as seguintes afirmativas, em relação aos
adolescentes empregados, aprendizes, em regime familiar de trabalho e alunos
de escolas técnicas assistidos em entidade governamental ou não
governamental.

I. É proibido o trabalho noturno, realizado entre as 22h de um dia e as cinco


horas do dia seguinte.
II. Esses adolescentes não podem ser expostos a trabalhos perigosos,
insalubres e / ou penosos.
III. Qualquer tipo de trabalho poderá ser realizado em horários e locais que
coincidam com o horário de frequência à escola.

Estão corretas as afirmativas


a) I e II, apenas.

763
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, II e III.

3. Sobre o tema, é correto afirmar:

a) O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho,


observado tão somente o seguinte aspecto: respeito à condição peculiar de
pessoa em desenvolvimento.
b) No programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob
responsabilidade da empresa, não é necessário assegurar ao adolescente
capacitação para o exercício de atividade regular remunerada.
c) A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho efetuado ou a
participação na venda dos produtos de seu trabalho desfigura o caráter
educativo.
d) Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno
de escola técnica, assistido em entidade governamental ou não governamental,
é vedado trabalho em lugares perigosos, insalubres ou penosos.
e) Entende-se por trabalho educativo atividade laboral em que as exigências
pedagógicas relativas apenas ao desenvolvimento pessoal do educando
prevalecem sobre o aspecto produtivo.

4. Não será permitido à criança empregar-se antes da idade mínima conveniente;


de nenhuma forma será levada a ou ser-lhe-á permitido empenhar-se em
qualquer ocupação ou emprego:

a) onde haja redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de
saúde, higiene e segurança.
b) que lhe permita conciliar o trabalho com as horas necessárias ao estudo.
c) com salário maior que um salário-mínimo.
d) cuja remuneração do trabalho diurno seja inferior à do trabalho noturno
e) que lhe prejudique a saúde ou a educação ou que interfira em seu
desenvolvimento físico, mental ou moral.

764
GABARITO

01 - A
02 - A
03 - D
04 - E

DA PREVENÇÃO

É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da


criança e do adolescente. (art. 70)
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão atuar de forma
articulada na elaboração de políticas públicas e na execução de ações
destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante
e difundir formas não violentas de educação de crianças e de adolescentes,
tendo como principais ações (art.71):
• A promoção de campanhas educativas permanentes para a divulgação
do direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados
sem o uso de castigo físico ou tratamento cruel ou degradante e dos
instrumentos de proteção aos direitos humanos;
• A integração com os órgãos do poder judiciário, do MP, e da DP, com o
conselho tutelar, com o conselho de direitos da criança e do adolescente
e com as entidades não governamentais que atuam na promoção,
proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente;
• A formação continuada e a capacitação dos profissionais de saúde,
educação e assistência social e dos demais agentes que atuam na
promoção, proteção e defesa dos direitos das crianças e adolescentes
• A inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a garantir os seus
direitos
• A promoção de espaços intersetoriais locais para articulação de ações e
a elaboração de planos de atuação conjunta focados nas famílias em
situação de violência.
A criança e o adolescente têm direito à informação, cultura, lazer, esportes,
diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua condição
peculiar de pessoa em desenvolvimento. (Art. 71)

765
A inobservância das normas de prevenção importará em responsabilidade da
pessoa física ou jurídica (Art. 73).

DA PREVENÇÃO ESPECIAL
Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões e espetáculos públicos
classificados como adequados à sua faixa etária. (Art. 75)
OBS: As crianças menores de dez anos somente poderão ingressar e
permanecer nos locais de apresentação ou exibição quando acompanhadas dos
pais ou responsável.

Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de empresas que explorem


a venda ou aluguel de fitas de programação em vídeo cuidarão para que não
haja venda ou locação em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão
competente (Art. 77)
Os responsáveis por estabelecimentos que explorem comercialmente bilhar,
sinuca ou congênere ou por casas de jogos, assim entendidas as que realizem
apostas, ainda que eventualmente, cuidarão para que não seja permitida a
entrada e a permanência de crianças e adolescentes no local, afixando aviso
para orientação do público (Art. 80)

PRODUTOS E SERVIÇOS
É proibida a venda a criança ou adolescente de (art. 81):
• arma, munição, explosivo;
• bebidas alcoólicas;
• produtos cujos componentes possam causar dependência física ou
psíquica ainda que por utilização indevida;
• fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido
potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de
utilização indevida;
• revistas e publicações com conteúdo impróprio;
• bilhetes lotéricos e equivalentes;

OBS: É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel,


pensão ou estabelecimento congênere, salvo - autorizado ou acompanhado
pelos pais ou responsável.

766
AUTORIZAÇÃO PRA VIAJAR
Nenhuma criança ou adolescente menor de 16 anos poderá viajar para fora da
comarca onde reside desacompanhado dos pais ou dos responsáveis sem
expressa autorização judicial (art. 83) – Lei 13.812/2019
A autorização não será exigida quando:
• comarca contígua a da residência da criança ou do adolescente menor de
16 anos se na mesma unidade da federação, ou incluída na mesma região
metropolitana;
• a criança ou adolescente menor de 16 anos que estiver acompanhado:
• ascendente ou colateral maior, até o 3º grau – comprovado
documentalmente o parentesco;
• pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.

A autoridade judicial poderá conceder autorização válida por 2 anos, a pedido


dos pais.
Autorização será dispensável se a viagem for para o exterior, e a criança ou
adolescente (art. 84):
• estiver acompanhada de ambos os pais ou responsável;
• viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro
através de documento com firma reconhecida.

EXERCÍCIOS

1. Em 2019, o art. 83 da Lei n.º 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do


Adolescente) foi alterado no sentido de determinar que, assim como as crianças,
adolescentes, até determinada idade, não podem viajar para fora da comarca
onde residem desacompanhados dos pais ou responsáveis e sem expressa
autorização judicial.
Conforme esse dispositivo legal em vigor, a idade mínima a partir da qual
adolescentes podem realizar viagem interestadual desacompanhados dos pais
ou responsáveis e sem autorização judicial é de

a) doze anos, tendo sido mantido o conceito de adolescente como pessoa com
idade entre doze e dezoito anos.
b) doze anos, tendo sido alterado o conceito de adolescente para pessoa com
idade entre dez e quatorze anos.

767
c) quatorze anos, tendo sido alterado o conceito de adolescente para pessoa
com idade entre quatorze e vinte e um anos.
d) dezesseis anos, tendo sido alterado o conceito de adolescente para pessoa
com idade entre quatorze e vinte e um anos.
e) dezesseis anos, tendo sido mantido o conceito de adolescente como pessoa
com idade entre doze e dezoito anos.

2. Em relação às regras de autorização para viagem de crianças e adolescentes


estabelecidas no ECA (Lei Nº 8.069/1990), assinale a alternativa CORRETA.

a) A autorização judicial será exigida se a criança estiver acompanhada de


pessoa maior, mesmo que expressamente autorizada pelo pai, mãe ou
responsável.
b) Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização judicial é dispensável
se a criança ou o adolescente viajar na companhia de um dos pais, autorizado
expressamente pelo outro por meio de documento com firma reconhecida.
c) É dispensável a autorização judicial para a criança ou adolescente nascido em
território nacional que estiver de saída do país em companhia de estrangeiro
residente ou domiciliado no exterior.
d) Será exigida autorização judicial quando se tratar de comarca contígua à da
residência da criança, se na mesma unidade da federação, ou incluída na
mesma região metropolitana.

3. De acordo com a Lei n. 8.069/1990, a autorização para viajar não será exigida
quando: tratar-se de comarca contígua à da residência da criança ou do
adolescente menor de 16 (dezesseis) anos, se na mesma unidade da
Federação, ou incluída na mesma região metropolitana; e a criança ou o
adolescente menor de 16 (dezesseis) anos estiver acompanhado: de
ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado
documentalmente o parentesco; e de pessoa maior, expressamente autorizada
pelo pai, mãe ou responsável.

certo ( ) errado ( )

GABARITO
01 - E 02 - B 03 - C

768
DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO

As medidas de proteção a criança e ao adolescente serão aplicadas sempre que


os direitos previstos neste estatuto forem violados ou ameaçados:
• POR AÇÃO OU OMISSÃO DA SOCIEDADE OU DO ESTADO;
• POR FALTA, OMISSÃO OU ABUSO DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS;
• EM RAZÃO DE SUA CONDUTA.

MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO


As medidas específicas de proteção poderão ser aplicadas de forma isolada ou
cumulativa, bem como
substituídas - art. 99.
Serão aplicadas levando em consideração as necessidades pedagógicas,
preferindo-se aquelas que visem ao fornecimento dos vínculos familiares e
comunitários - art. 100.

PRINCÍPIOS QUE REGEM A APLICAÇÃO DAS MEDIDAS:


• Condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos;
• Proteção integral e prioritária;
• Responsabilidade primária e solidária do poder público;
• Interesse superior da criança e do adolescente;
• Privacidade;
• Intervenção precoce;
• Intervenção mínima;
• Proporcionalidade e atualidade;
• Responsabilidade parental;
• Prevalência da família;
• Obrigatoriedade de informação;
• Oitiva obrigatória e participação.

Se for verificada que os direitos da criança ou do adolescente foram violados ou


sofreram ameaça de violação, a autoridade competente poderá determinar,
dentre outras medias – art.101:
• Encaminhamento aos pais ou responsável mediante termo de
responsabilidade;
• Orientação, apoio e acompanhamento temporário;
• Matrícula e frequência obrigatória em estabelecimento oficial de ensino
fundamental;

769
• Inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção,
apoio e promoção da família, da criança e do adolescente;
• Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime
hospitalar ou ambulatorial;
• Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e
tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
• Acolhimento institucional; (medida excepcional e provisória)
• Inclusão em programa de acolhimento familiar; (medida excepcional e
provisória)
• Colocação em família substituta.

Quando houver abuso ou violência sexual, sem prejuízo de outras medias


emergenciais, o afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar é de
competência exclusiva da autoridade judiciária e importará na deflagração, a
pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de
procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao
responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa. (§2º)

Crianças e adolescentes poderão ser encaminhados a instituições que executam


programas de acolhimento institucional???
SIM!!! Mas somente por meio de uma Guia de Acompanhamento, expedida pela
autoridade judiciária, na qual, obrigatoriamente conterá, dentre outros:
• Sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou responsáveis
(se conhecidos);
• O endereço de residência dos pais ou responsável, com pontos de
referência;
• Os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los sob sua
guarda;
• Os motivos de retirada ou não da reintegração ao convívio familiar.

PLANO INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO: Imediatamente após o acolhimento


da criança e do adolescente, a entidade responsável pelo programa de
acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano individual de
atendimento, que levará e, consideração a opinião da criança ou adolescente e
a oitiva dos pais ou responsável.

Contarão no plano individual, dentre outros:


• os resultados da avaliação interdisciplinar;
• o compromisso assumido pelos pais ou responsável;

770
• a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a criança ou com o
adolescente acolhidos e seus pais ou responsável, com vista na
reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por expressa
determinação judicial, as providencias a serem tomadas para a sua
colocação em família substituta, sob direta supervisão da autoridade
judiciária

EXERCÍCIOS

1. O afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar para proteção,


quando vítimas de abuso sexual, é de competência exclusiva da autoridade
judiciária e importará na deflagração do pedido:

a) da família substituta.
b) do Conselho Tutelar
c) do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse.
d) do Ministério público e do Conselho de Direitos.

2. A Lei n° 8.069/90 estabelece as medidas socioeducativas aplicáveis ao autor


de ato infracional. Fixa também as garantias individuais, entre as quais: a
apreensão somente em flagrante, o recolhimento mediante ordem judicial
fundamentada, a internação provisória e o direito ao devido processo legal.
Conforme define o artigo 105 do ECA, à conduta descrita como crime ou
contravenção penal, ou seja, ao ato infracional, praticado por criança,
corresponderá a aplicação das medidas de proteção, entre elas:

a) liberdade assistida.
b) orientação, apoio e acompanhamento temporários.
c) advertência e responsabilização dos pais.
d) obrigação de reparar o dano.

3. As medidas de proteção, assim como as medidas socioeducativas, podem ser


aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer
tempo.
certo ( ) errado ( )

771
GABARITO

01 - C
02 - B
03 - C

ATOS INFRACIONAIS I

Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção


penal (art. 103)

Súmula nº 108 STJ: “A aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente,


pela prática de ato infracional, é da competência exclusiva do juiz.”

Os menores de 18 anos (na data do fato) são penalmente inimputáveis (art.


104).

DOS DIREITOS INDIVIDUAIS


Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato
infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente.
O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua
apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos. (art. 106)
A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão
incontinenti comunicados (art.107):
• AUTORIDADE JUDICIÁRIA;
• FAMÍLIA OU PESSOA POR ELE INDICADA.

A possibilidade de liberação imediata será examinada desde logo e sob pena de


responsabilidade. A internação antes da sentença poderá ser determinada pelo
prazo máximo de 45 dias (art.108).
Lembrando que essa decisão deverá ser fundamentada baseando-se em
indiciosos de autoria e materialidade, demonstrada sempre a necessidade

772
imperiosa dessa medida.
O adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação
compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo - para efeito de
confrontação, havendo dúvida fundada. (art.109).

DAS GARANTIAS PROCESSUAIS


Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal
(art.110).
Entre outras garantias, será garantido ao adolescente (art.111):
• pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante
citação ou meio equivalente;
• igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e
testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa;
• defesa técnica por advogado;
• assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei;
• direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;
• direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer
fase do procedimento.

DAS MEDIAS SOCIOEDUCATIVAS

Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar


ao adolescente as seguintes medidas (art.112):
• advertência;
• obrigação de reparar o dano;
• prestação de serviço a comunidade;
• liberdade assistida;
• inserção em regime de semiliberdade;
• internação em estabelecimento educacional
• qualquer das medidas previstas no art. 101, I a VI

A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de


cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.
Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de
trabalho forçado.
Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão
tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.

773
EXERCÍCIOS

1. O Estatuto da Criança e do Adolescente assegura, entre outras, a seguinte


garantia processual ao adolescente:

a) terá o direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer


fase do procedimento.
b) terá direito a um advogado, mas poderá dispensá-lo quando decidir fazer
acordo com o Promotor de Justiça
c) em nenhum momento poderá confrontar-se com vítimas e testemunhas de
acusação no processo judicial.
d) nenhum adolescente será preso sem ordem escrita do Juiz ou do Delegado
de Polícia.
e) não poderá ser apreendido pelo simples cometimento de ato infracional,
somente podendo ser preso em flagrante delito.

2. Aristarco tinha 17 anos de idade e praticou uma conduta descrita como crime
no Código Penal. Mas a Polícia, após um período de investigações, veio a detê-
lo por conta do referido delito somente quanto ele já havia completado 18 anos
de idade. Nessa situação hipotética, o Estatuto da Criança e do Adolescente
estabelece que Aristarco

a) terá que ser libertado imediatamente pelo juiz, uma vez que somente poderia
ter sido detido antes de atingir a maioridade.
b) não poderá sofrer qualquer punição, uma vez que o crime prescreveu quando
atingiu a maioridade.
c) era inimputável à época do fato criminoso e não será punido pelo Estatuto na
referida hipótese.
d) ficará sujeito às medidas previstas no Estatuto pelo ato cometido, pois é
considerada a sua idade à data do fato.
e) ficará sujeito às penas previstas no Código Penal pelo ato que cometeu, uma
vez que foi preso quando já era maior de idade.

3. Crianças e adolescentes que cometam atos infracionais estão sujeitas a


medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente.

774
certo ( ) errado ( )

4. Em qualquer fase do procedimento relativo à prática de ato infracional, o


adolescente possui o direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável.

certo ( ) errado ( )

GABARITO

01 - A
02 - D
03 - E
04 - C

ATOS INFRACIONAIS II

DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

ADVERTÊNCIA – art. 115


Consistirá em admoestação verbal que será reduzida a termo e assinada.

OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO – art. 116


Se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá
determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o
ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
Se houver manifesta impossibilidade, poderá, essa medida, ser substituída por
outra adequada.

775
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO A COMUNIDADE – art.117
A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas
de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades
assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem
como em programas comunitários ou governamentais.
As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser
cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados,
domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à
escola ou à jornada normal de trabalho.

DA LIBERDADE ASSISTIDA – art. 118


A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais
adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual
poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.
A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a
qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida,
ouvido:
• O ORIENTADOR
• MP
• DEFENSOR

Incumbe ao ORIENTADOR, com o apoio e a supervisão da autoridade


competente, a realização dos seguintes encargos, entre outros:
• promover socialmente o adolescente a sua família, fornecendo-lhes
orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou
comunitário de auxílio e assistência social;
• supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente,
promovendo, inclusive, sua matrícula;
• diligenciar o sentido da profissionalização do adolescente e de sua
inserção no mercado de trabalho;
• apresentar relatório do caso.

DO REGIME DE SEMILIBERDADE – art. 120


O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma
de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades
externas, independentemente de autorização judicial.

776
São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que
possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade.
A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as
disposições relativas à internação.

INTERNAÇÃO – art. 121


A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios da:
• brevidade
• excepcionalidade
• respeito a condição peculiar da pessoa em desenvolvimento

Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica


da entidade, salvo - expressa determinação judicial em contrário.
A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser
reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.
Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos.
Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser
liberado, colocado em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida.
A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.
Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial,
ouvido o Ministério Público.
A determinação judicial mencionada no §1º (da impossibilidade de realização de
atividades externas) poderá ser revista a qualquer tempo pela autoridade
judiciária.

A medida de internação só poderá ser aplicada quando:


• tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência
a pessoa;
• por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
• descumprimento reiterado e injustificado da medida anteriormente
imposta

CUIDADO!!! O Prazo para internação, na hipótese de descumprimento reiterado


e injustificado da medida anteriormente imposta, não poderá ser superior a 3
meses, devendo ser decretada judicialmente depois do devido processo legal.

777
Em NENHUMA HIPÓTESE será aplicada a internação, havendo outra medida
adequada. São direitos do adolescente privado de liberdade, dentre outros:
• entrevistar-se pessoalmente com o representante do ministério público;
• peticionar diretamente a qualquer autoridade;
• avistar-se reservadamente com o seu defensor;
• ser informado da sua situação processual sempre que solicitada;
• ser tratado com respeito e dignidade;
• permanecer internado na mesma localidade ou na mais próxima da
residência de seus pais ou responsável;
• receber visita, ao menos, semanalmente;
• corresponder-se com seus familiares e amigos;
• ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;
• habitar alojamentos em condições adequadas de higiene e salubridade;
• receber escolarização e profissionalização;
• realizar atividades culturais, esportivas e de lazer;
• ter acesso aos meios de comunicação social;
• receber assistência religiosa, segundo a sua crença e desde que assim
deseje;
• manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para
guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em
poder da entidade;
• receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais
indispensáveis a vida em sociedade.

Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.


A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive, de
pais ou responsável, se existirem motivos sérios e fundamentados de sua
prejudicialidade ao interesse do adolescente.

Súmula 492 STJ: O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não
conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação
do adolescente.

778
EXERCÍCIO

1. A internação do adolescente constitui medida privativa de liberdade, sujeita


aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de
pessoa em desenvolvimento. E, em nenhuma hipótese, o período máximo de
internação excederá a:

a) cinco meses.
b) três anos.
c) um ano e meio.
d) um ano e 45 dias.

2. A medida socioeducativa de internação constitui medida privativa da


liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, e comporta o prazo mínimo
de seis meses.

certo ( ) errado ( )

3. Segundo entendimento do STJ, o adolescente apreendido em flagrante de ato


infracional análogo ao tráfico de entorpecentes não ficará necessariamente
sujeito à imposição de medida socioeducativa de internação.

certo ( ) errado ( )

GABARITO

01 - B
02 - E
03 - C

779
Lei De Drogas – 11.343/2006

Considerações iniciais:
Antes de iniciarmos falando sobre a Lei de Drogas em si, devemos observar
alguns pontos que as bancas podem nos confundir, como por exemplo a questão
da revogação de duas leis que tratavam sobre drogas, mas com assuntos
diferentes. A lei 11.343/2006 revogou expressamente Lei n. 6.368/1976 que
trazia o que estava escrito na lei, ou seja, a conduta em si e 10.409/2002 que
trazia os procedimentos que deveriam ser feitos sendo conhecidas como antiga
lei de drogas.

Pontos Importantes:
• A nova lei de drogas trouxe um tratamento diferenciado quanto a antiga
para o chamado usuário, pois na 11.343/2006 o usuário tem sua punição
sendo feita de forma menos rigorosa em comparação com a antiga lei que
trazia uma permissão de prisão de até 03 anos.
• Foi criado o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas.

A Lei de Drogas, além de instituir o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre


Drogas (Sisnad), acabou tipificando alguns crimes específicos, relacionados a
tal lei.

Art. 1º - Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas-
Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e
reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas
para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define
crimes.

Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as


substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim
especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo
Poder Executivo da União.

Definição de drogas: Quaisquer substâncias ou os produtos capazes de


causar dependência, porém é necessário ainda que as substâncias estejam
relacionadas em lei específica ou em ato do Poder Executivo, sendo
regulamentadas hoje pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

780
BIZU MONSTRUOSO!!!
A lei de drogas contém tipos penais branco, ou seja, são títulos que precisam ter
seu conteúdo estabelecido por outra norma.

Art. 2º - Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o


plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais
possam ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de
autorização legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção de
Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito
de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso.
• Regra geral: Proibição do uso de drogas. Do plantio, a cultura, a colheita
e a exploração de plantas que sirvam para a produção de drogas.

• Exceções:

SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICA SOBRE DROGAS.


O Sisnad é o conjunto ordenado de princípios, regras, critérios e recursos
materiais e humanos que envolvem as políticas, planos, programas, ações e
projetos sobre drogas, incluindo-se nele, por adesão, os Sistemas de Políticas
Públicas sobre Drogas dos Estados, Distrito Federal e Municípios.

EXERCÍCIOS

1. De acordo com a lei de drogas ficam proibidas, em todo o território nacional,


as drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais
e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas, inclusive
quando há autorização legal ou regulamentar.

2. De acordo com a lei 11.343/2006 consideram-se como drogas as substâncias


ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou
relacionados em listas que não necessitam de atualização periódica do Poder
Executivo da União.

3. A lei de drogas institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas-


Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e
reinserção social de usuários e dependentes de drogas;

781
estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito
de drogas e define crimes.

GABARITO

1-E
2-E
3-C

Lei De Drogas – 11.343/2006

Das atividades de prevenção do uso indevido, atenção e


reinserção social de usuários e dependentes de drogas

É possível observar no decorrer da lei que existem muitos dispositivos do


sistema nacional de políticas públicas sobre drogas que trazem como objetivos
da lei a prevenção ao uso indevido e a repressão à produção não autorizada e
ao tráfico ilícito, assim podemos observar que a lei de drogas trabalha em cima
de duas vertentes: uma é a prevenção, atenção e reinserção social dos usuários
e dependentes, e a outra é a repressão à produção e tráfico de drogas, aqui
voltado para a figura dos “TRAFICANTES”.

As atividades de prevenção dizem respeito à redução dos fatores de


vulnerabilidade e risco e à promoção e fortalecimento dos fatores de proteção.

782
Art. 18. Constituem atividades de prevenção do uso indevido de drogas, para
efeito desta Lei, aquelas direcionadas para a redução dos fatores de
vulnerabilidade e risco e para a promoção e o fortalecimento dos fatores de
proteção.

Outro ponto importantíssimo a ser citado é a instauração da semana nacional de


políticas sobre drogas, a ser comemorada anualmente na quarta semana de
junho.

O art. 19-A traz a definição e detalha as ações que serão tomadas nessa semana
especial.

Art. 19-A. Fica instituída a Semana Nacional de Políticas sobre Drogas,


comemorada anualmente, na quarta semana de junho.
§ 1º No período de que trata o caput, serão intensificadas as ações de:
I - Difusão de informações sobre os problemas decorrentes do uso de
drogas;
II - Promoção de eventos para o debate público sobre as políticas sobre
drogas;
III - Difusão de boas práticas de prevenção, tratamento, acolhimento e
reinserção social e econômica de usuários de drogas;
IV - Divulgação de iniciativas, ações e campanhas de prevenção do uso
indevido de drogas;
V - Mobilização da comunidade para a participação nas ações de
prevenção e enfrentamento às drogas;
VI - Mobilização dos sistemas de ensino previstos na Lei nº 9.394, de 20
de dezembro de 1996 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
na realização de atividades de prevenção ao uso de drogas.

Outro fato a ser comentado é sobre as atividades de atenção ao usuário e ao


dependente de drogas que tem o objetivo de melhorar qualidade de vida e à
redução dos riscos e danos associados ao uso de drogas. A reinserção social
não deve ficar focada somente no usuário ou dependente, também deve focar
nos familiares.

Dos crimes e das penas


É aqui que começamos a falar sobre os assuntos mais cobrados dentro da
prova de concurso público, não negligenciando os aspectos introdutórios pois
também há chance de cair na sua prova. Estudaremos os artigos mais
importantes desta lei, analisando cada um de maneira aprofundada.

783
Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou
cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o
Ministério Público e o defensor.

Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer


consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - Advertência sobre os efeitos das drogas;
II - Prestação de serviços à comunidade;
III -Medida educativa de comparecimento à programa ou curso
educativo.

OBS: Quando iniciamos a fala sobre o caput do art. 28, é importante salientar
que houve uma mudança em relação a lei anterior, que não trazia como delito
as condutas de “ter em depósito” e “transportar”.

§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia,


cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de
substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.

O §1º do art. 28 também considera crime a conduta de quem semeia, cultiva ou


colhe plantas destinadas à preparação de pequenas quantidades de droga para
uso pessoal.

Daí inicia-se uma discussão visando saber se houve ou não uma


descriminalização em torno deste tema. Luiz Flávio Gomes que é um jurista,
professor e político brasileiro afirma que houve uma descriminalização formal
das condutas previstas na lei, enquanto outros doutrinadores defendem que
houve descriminalização material, o chamado abolitio criminis.

De acordo com o STF no julgamento do Recurso Extraordinário 430.105-9-RJ -


identificou apenas a despenalização, e não a descriminalização.

BIZU MMONSTRUOSO!!!
Não há descriminalização no artigo 28 e sim despenalização. Para o STF as
medidas previstas no artigo 28 são pena.

784
§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá
à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em
que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à
conduta e aos antecedentes do agente.

§ 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas
pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses.

§ 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput


deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.

OBS: Temos que nos atentar as penas previstas no inciso II e III que tem um
limite temporal de 5 meses, e havendo reincidência 10 meses.

E se caso o agente se recuse a cumprir as medidas?


Se o agente se recursar injustificadamente a cumprir as medidas previstas no
art. 28, o juiz deve submetê-lo, sucessivamente, a admoestação verbal e multa.

EXERCÍCIOS

1. De acordo com a lei de drogas poderão ser aplicadas isolada ou


cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério
Público e o defensor.

2. De acordo com a doutrina majoritária é possível afirmar que quando se trata


de lei de drogas, em relação ao seu artigo 28 que trata da posse para consumo
pessoal houve a descriminalização de tal conduta.

3. De acordo com a lei 11.343/2006 caso o agente se recurse injustificadamente


a cumprir as medidas previstas no art. 28, o juiz deve submetê-lo,
sucessivamente, a admoestação verbal e multa.

GABARITO:
1-C 2-E 3-C

785
Lei De Drogas – 11.343/2006

POSSE DE DROGAS PARA CONSUMO PESSOAL

Aspectos importantes
Posse: É o tipo penal que descreve a conduta de quem adquiri a droga.
Consumo pessoal: “Viciado” / usuário.

CARACTERÍSTICAS:

1) Objeto jurídico: (O bem tutelado) a saúde pública.


2) Objeto Material: (É a matéria) é a droga ilícita.
3) Sujeito Ativo: É quem desenvolve a ação criminosa, podendo ser qlq
pessoa (Crime Comum).
4) Sujeito Passivo: (A vítima) Estado.
5) Elemento Objetivo: Núcleos do tipo – Não precisa ser valorada pelo juiz.
• Adquirir
• Guardar
• Ter em depósito
• Transportar
• Trouxer consigo

6) Elemento Subjetivo: Dolo específico.

Exemplo de dolo específico: No artigo 28 a droga é adquirida com o fim


específico de ser consumida.
7) Consumação: O crime se consuma quando alguma das condutas é praticada
De acordo com a posição majoritária não se admiti forma tentada.

786
BIZU MOSNTRUOSO!!!
De acordo com o princípio da reserva legal “USAR” não é crime, logo não se
pode punir alguém por conduta que não está descrita na lei.

É importante salientar que a apreensão da droga é obrigatória.

É uma norma penal em branco homogênea ou heterogênea?


Heterogênea, pois o termo droga precisa ser complementado por normas de
caráter administrativo.

SANÇÕES PENAIS

BIZU MONSTRUOSO!!!
QUEM CULTIVA, SEMEIA OU COLHE PLANTAS PARA FABRICAÇÃO DE
DROGAS É TRAFICANTE?

787
Depende
1) Pequena quantidade de drogas
2) Destinado ao consumo pessoal

EXERCÍCIOS

1. De acordo com a posição majoritária quem cultiva, semeia ou colhe plantas


para fabricação de drogas é considerado como traficante.

2. De acordo com o STF as penas do artigo 28 não tem natureza de crime, pois
foi admitido a descriminalização destas condutas.

GABARITO:

1-E
2-E

Lei De Drogas – 11.343/2006

Da repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas

Aspectos penais
Art. 31 - É indispensável a licença prévia da autoridade competente para
produzir, extrair, fabricar, transformar, preparar, possuir, manter em depósito,
importar, exportar, reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer, vender,
comprar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer fim, drogas ou matéria-prima
destinada à sua preparação, observadas as demais exigências legais.
• REGRA GERAL: É a vedação que nós já vimos.

788
• EXCEÇÕES: é permitido requerer licença para manusear substâncias
ilícitas, caso a pessoa exerça atividade legítima relacionada a drogas. As
provas poderão trazer alguns exemplos como pesquisa científica,
produção de remédios assim como outros.

Qual o procedimento a ser feito pela autoridade competente ao se deparar com


plantações?

1. As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelo delegado de


polícia.
BIZU MONSTRUOSO: Não necessita de autorização judicial.

2. Caso seja feita a destruição por meio de queimada, deve-se observar as


normas relacionadas a proteção ambiental.
BIZU MONSTRUOSO: não é necessária a autorização do Sistema Nacional do
Meio Ambiente (Sisnama).

3. A autoridade policial deve atentar por recolher uma quantidade suficiente para
produção de prova que ficará constado no inquérito e nos autos.
BIZU MONSTRUOSO: Não deve ser destruída a droga sem antes recolher uma
quantidade suficiente para ser feito o exame pericial.

TRÁFICO DE DROGAS
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender,
expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar,
prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500


(quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.

Já para darmos início a tal assunto devemos observar que o tráfico ilícito de
entorpecentes tem 18 núcleos do tipo, ou 18 verbos diferentes.

789
BIZU MOSNTRUOSO: Podemos dizer que se trata de um TIPO PENAL MISTO
ALTERNATIVO, ou seja, caso seja praticada mais de umas das condutas citadas
não há o que se falar em concurso de crimes.

BIZU MONSTRUOSO!!!
O cometimento de qualquer das 18 condutas não depende de lucro. Ainda
pratica o crime de tráfico aquele que fornece ou oferece drogas, mesmo que
gratuitamente

STJ – A simples conduta de negociar a aquisição de drogas, ainda que por


telefone, já é suficiente para caracterizar o crime em sua forma consumada, e
não apenas tentada.

§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem:


I - Importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda,
oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à
preparação de drogas;
II - Semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-
prima para a preparação de drogas;
III - Utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse,
administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize,
ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
IV - Vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico
destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a
determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando
presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.

crimes equiparados ao tráfico


não se exige que a substância já contenha o efeito farmacológico ou seja que já
esteja pronta propriamente dizendo, pois já é suficiente que a autoridade policial
e, posteriormente, o Ministério Público, entenda e veja que a substância se
destina ao preparo da droga.

790
ATENÇÃO!!!

1. De acordo com o STF a matéria-prima ou insumo deve ter condições e


qualidades químicas que permitam, mediante transformação ou adição, por
exemplo, a produção da droga ilícita. Não é esse o caso das sementes da planta
cannabis sativa, as quais não possuem a substância psicoativa THC, ou seja, as
sementes da maconha não configuram os elementos proibidos pelo texto legal.

2. O inciso II criminaliza a conduta de quem planta ou colhe os vegetais que


servem de matéria prima para o preparo da droga. Devemos observar também
o que traz a constituição federal em seu artigo 243:

Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde


forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de
trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma
agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao
proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no
que couber, o disposto no art. 5º.

3. O inciso III trata da utilização de bem ou local de qualquer natureza para o


tráfico. Este tipo penal pune o agente que não pratica o tráfico diretamente, mas
o admite em local da qual tem a posse, propriedade, administração, guarda ou
vigilância.

BIZU MOSNTRUOSO: Não incorrerá em crime caso um indivíduo permita o uso


de sua propriedade ou seu barco para seus amigos consumirem drogas pois o
inciso III só será tipificado quando o objetivo for permitir o tráfico.

EXERCÍCIOS

1. De acordo com a lei de drogas é indispensável a licença prévia da autoridade


competente para produzir, extrair, fabricar, transformar, preparar, possuir,
manter em depósito, importar, exportar, reexportar, remeter, transportar, expor,
oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer fim, drogas
ou matéria-prima destinada à sua preparação, observadas as demais exigências
legais.

791
2. De acordo com o STJ a simples conduta de negociar a aquisição de drogas,
ainda que por telefone, não é considerada suficiente para caracterizar o crime
em sua forma consumada.

GABARITO

1-C
2-E

Lei De Drogas – 11.343/2006

TRÁFICO DE DROGAS

Aspectos importantes
§ 3º - Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu
relacionamento, para juntos a consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700
(setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas
previstas no art. 28.

Aqui é o que as bancas poderão trazer como uso compartilhado, ou tráfico de


menor potencial ofensivo, para ocorrer tal delito é importante que haja a
concomitância de alguns elementos:
• O oferecimento da droga de forma eventual para pessoa do seu
relacionamento
• A ausência do objetivo de lucro
• E o consumo conjunto.

Caso algum dos elementos citados não esteja presente o agente responde pelo
crime comum de tráfico ilícito de drogas.

§ 4º - Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser


reduzidas de um sexto a dois terços, desde que o agente seja primário, de bons

792
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização
criminosa.

TRÁFICO PRIVILEGIADO
É uma causa de diminuição de pena, no qual o traficante não é profissional,
cometeu aquele delito eventualmente. Para haver o tráfico privilegiado deve-se
observar alguns requisitos:
• que o agente seja primário.
• tenha bons antecedentes.
• não integre organizações nem se dedique a atividades criminosas.

OBS: As atividades criminosas mencionadas não precisam necessariamente ter


relação com o tráfico de drogas.

ATENÇÃO!!!
para o STF, a quantidade de drogas apreendidas não importa na aplicação da
minorante do §4º, mesmo que seja uma quantidade muito grande.

A vedação da conversão da pena do tráfico privilegiado em penas restritivas de


direitos foi declarada inconstitucional pelo STF em sede de controle difuso, e
teve sua eficácia suspensa pela Resolução nº 5/2012 do Senado Federal.

O STF também tem aplicado a minorante do §4 o à “mula”, que, no caso, era


uma pessoa que engoliu cápsulas de cocaína para transportá-las.
Posteriormente o STF também entendeu que a atuação da pessoa como “mula”
não significa necessariamente que ela faça parte de organização criminosa.

INFORMATIVO 831 – STF


O chamado "tráfico privilegiado", previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006
(Lei de Drogas), não deve ser considerado crime equiparado a hediondo.

Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir,


entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente,
maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação,
preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:

793
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e
duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.

Este delito trata dos meios materiais para preparo da droga maquinário,
aparelhos, instrumentos ou quaisquer objetos que tenham relação com o
preparo, produção ou transformação de drogas.

ATENÇÃO!!!
A Doutrina diverge quanto à possibilidade de concurso material entre o crime do
art. 33 e o do art. 34. Na prática, os juízes não têm aplicado o concurso material,
determinando que o crime de tráfico absorve o do art. 34, por ser mais grave.

Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar,


reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos artigos. 33, caput e §
1o, e 34 desta Lei:

- Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos)


a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.
- Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se
associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.

Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação


destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o,
e 34 desta Lei:
- Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a
700 (setecentos) dias-multa.

Tal crime tem caráter subsidiário e relata normalmente uma colaboração


eventual, sem considerar uma participação direta no dia-a-dia da organização
criminosa e de sua estrutura.

794
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite
o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar

Se as condutas forem praticadas de forma dolosa, o crime será o de tráfico ilícito


de drogas.

Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo


a dano potencial a incolumidade de outrem:

Art. 40. As penas previstas nos artigos. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de
um sexto a dois terços, se:
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as
circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito;

No tráfico internacional basta que o agente tenha a intenção de praticar o delito


com caráter transnacional, não sendo necessário que ele efetivamente consiga
entrar no país ou dele sair com a droga.

SÚMULA 528 - STJ


Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior
pela via postal processar e julgar o crime de tráfico internacional. Terceira Seção,
aprovada em 13/5/2015, DJe 18/5/2015.

SÚMULA 607 - STJ

795
A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei 11.343/06) se
configura com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que não
consumada a transposição de fronteiras.

A pena também é aumentada quando houver tráfico interestadual (inciso V), e


neste caso também não é necessário que as fronteiras estaduais sejam
efetivamente transpostas, conforme a jurisprudência do STJ, hoje consolidada
na Súmula 587.

SÚMULA 587 - STJ


Para a incidência da majorante prevista no artigo 40, V, da Lei 11.343/06, é
desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre estados da federação,
sendo suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o tráfico
interestadual

O agente que envolve menor de idade no crime de tráfico de drogas pode


ser condenado por Corrupção de Menores?
NÃO. O entendimento do STJ é no sentido de que, se o crime praticado estiver
tipificado do art. 33 ao art. 37 da Lei n. 11.343/2006, o agente que envolveu
menor de idade será condenado à pena do tráfico de drogas aumentada de um
sexto a dois terços, em razão da aplicação da causa de aumento de pena.

796
Lei De Drogas – 11.343/2006

ASPECTOS IMPORTANTES
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a
investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais coautores
ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no
caso de condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços.
• Este instituto é conhecido como delação premiada.
• Para isso ocorrer a colaboração precisa ser voluntária.
• Deve haver informações úteis.
• identificação de outros envolvidos.
• recuperação total ou parcial do produto do crime.

Art. 44. Os crimes previstos nos artigos. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei
são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade
provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o
livramento condicional após o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua
concessão ao reincidente específico.

ATENÇÃO!!!
O STF negou, o indulto humanitário a uma pessoa condenada pelos crimes de
tráfico e associação para o tráfico de drogas.

Devemos observar também que tal artigo veda algumas situações:


• A concessão da suspensão condicional da pena (sursis)
• graça.
• Indulto.
• anistia.

INFORMATIVO 665 - STF


O STF já firmou a inconstitucionalidade da proibição da concessão de liberdade
provisória ao acusado de crimes relacionados tráfico de drogas

De Acordo com o artigo 45 da lei de drogas é permitido isenção de pena quando


o criminoso age sob o efeito de drogas, porém deve-se observar dois requisitos:

797
• quando ele for dependente.
• estiver embriagado em razão de caso fortuito ou força maior.
• Prova pericial.

ASPECTOS PROCESSUAIS

ATENÇÃO!!!
A competência para processar e julgar os crimes de tráfico de drogas, inclusive
quando ultrapassarem os limites dos estados, é da Justiça Comum Estadual.

Art. 49. Tratando-se de condutas tipificadas nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37
desta Lei, o juiz, sempre que as circunstâncias o recomendem, empregará os
instrumentos protetivos de colaboradores e testemunhas previstos na Lei no
9.807, de 13 de julho de 1999.

798
Aqui é tratado sobre a colaboração das testemunhas para elucidação dos fatos
e resolução dos delitos referente ao tráfico de drogas trazendo no texto de lei
que se usem os instrumentos de proteção que a lei prevê.

O usuário de drogas pode ser preso em flagrante?


A regra legal é de que não haverá prisão em flagrante do usuário de drogas.
• Não haverá auto de prisão em flagrante, mas deve ser elaborado termo
circunstanciado. (TCO)
• Deve ser encaminhado ao juízo competente.

Não havendo juiz disponível fica a cargo da autoridade policial, a requisição de


exames e perícias necessárias.

Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará,


imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto
lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e
quatro) horas.

PRISÃO EM FLAGRANTE:
• comunicação imediata ao juiz.
• autos do flagrante devem ser encaminhados ao juiz no prazo de 24h.

BIZU MONSTRUOSO!!!
O texto de lei fala sobre a autoridade policial judiciária, ou seja, trata da função
investigativa da PC e PF, não aceitando a Polícia militar lavrando um flagrante.

Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência de prisão em


flagrante será feita por incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contado
da data da apreensão, guardando-se amostra necessária à realização do laudo
definitivo.

799
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o
indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados
pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade
de polícia judiciária.

Há prazos diferentes para conclusão do inquérito policial, levando em


consideração de se o indivíduo vai estar solto ou preso.

Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos
nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização
judicial e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios:
I - A infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída
pelos órgãos especializados pertinentes;

800
II - A não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores
químicos ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no
território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número
de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal
cabível.

801
EXERCÍCIOS

1. Apenas durante a fase do inquérito policial instaurado para apurar o crime de


tráfico de substância entorpecente, é permitida, além dos previstos em lei,
mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, o procedimento
investigatório da infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação,
constituída pelos órgãos especializados pertinentes.

2. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito,


proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou
da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.

GABARITO

1-E
2-C

802
ESTATUTO GERAL DAS
GUARDAS MUNICIPAIS

803
CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º - Esta Lei institui normas gerais para as guardas municipais,


disciplinando o § 8º do art. 144 da Constituição Federal.

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e


responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
seguintes órgãos: § 8º Os Municípios poderão constituir guardas
municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações,
conforme dispuser a lei. (Vide Lei nº 13.022, de 2014)

Art. 2º - Incumbe às guardas municipais, instituições de caráter civil,


uniformizadas e armadas conforme previsto em lei, a função de proteção
municipal preventiva, ressalvadas as competências da União, dos Estados e do
Distrito Federal.

Princípios

Os princípios são apenas cinco, portanto faz necessário gravá-los, pois as


bancas costumam confundir com competências e vice-versa.

BIZU: 3p c u

CAPÍTULO II

DOS PRINCÍPIOS

Art. 3º - São princípios mínimos de atuação das guardas municipais:

I - proteção dos direitos humanos fundamentais, do exercício da cidadania


e das liberdades públicas;

II - preservação da vida, redução do sofrimento e diminuição das perdas;

III - patrulhamento preventivo;

IV - compromisso com a evolução social da comunidade; e

V - uso progressivo da força.

COMPETÊNCIAS

As guarda municipais possuem apenas uma competência geral e


dezoito competências específicas, portanto vale a pena gravar a
competência geral, pois o que não for geral, será especificas. Mas isso não
tira sua responsabilidade de ler as competências específicas, pois
competência sempre é um potencial assunto de prova. A letra de lei sempre

804
foi e sempre será uma das mais importantes fontes de estudos.

CAPÍTULO III

DAS COMPETÉNCIAS

Art. 4º - É competência geral das guardas municipais a proteção de bens,


serviços, logradouros públicos municipais e instalações do Município.

Parágrafo único. Os bens mencionados no caput abrangem os de uso


comum, os de uso especial e os dominiais.

Art. 5º - São competências específicas das guardas municipais,


respeitadas as competências dos órgãos federais e estaduais:

I - zelar pelos bens, equipamentos e prédios públicos do Município;

II - prevenir e inibir, pela presença e vigilância, bem como coibir, infrações


penais ou administrativas e atos infracionais que atentem contra os bens,
serviços e instalações municipais;

III - atuar, preventiva e permanentemente, no território do Município, para a


proteção sistêmica da população que utiliza os bens, serviços e instalações
municipais;

IV - colaborar, de forma integrada com os órgãos de segurança pública, em


ações conjuntas que contribuam com a paz social;

V - colaborar com a pacificação de conflitos que seus integrantes


presenciarem, atentando para o respeito aos direitos fundamentais das pessoas;

VI - exercer as competências de trânsito que lhes forem conferidas, nas


vias e logradouros municipais, nos termos da Lei nº 9.503, de 23 de setembro
de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), ou de forma concorrente, mediante
convênio celebrado com órgão de trânsito estadual ou municipal;

VII - proteger o patrimônio ecológico, histórico, cultural, arquitetônico e


ambiental do Município, inclusive adotando medidas educativas e preventivas;

VIII - cooperar com os demais órgãos de defesa civil em suas atividades;

IX - interagir com a sociedade civil para discussão de soluções de


problemas e projetos locais voltados à melhoria das condições de segurança das
comunidades;

X - estabelecer parcerias com os órgãos estaduais e da União, ou de


Municípios vizinhos, por meio da celebração de convênios ou consórcios, com
vistas ao desenvolvimento de ações preventivas integradas;

XI - articular-se com os órgãos municipais de políticas sociais, visando à


adoção de ações interdisciplinares de segurança no Município;

805
XII - integrar-se com os demais órgãos de poder de polícia administrativa,
visando a contribuir para a normatização e a fiscalização das posturas e
ordenamento urbano municipal;

XIII - garantir o atendimento de ocorrências emergenciais, ou prestá-lo


direta e imediatamente quando deparar-se com elas;

XIV - encaminhar ao delegado de polícia, diante de flagrante delito, o autor


da infração, preservando o local do crime, quando possível e sempre que
necessário;

XV - contribuir no estudo de impacto na segurança local, conforme plano


diretor municipal, por ocasião da construção de empreendimentos de grande
porte;

XVI - desenvolver ações de prevenção primária à violência, isoladamente


ou em conjunto com os demais órgãos da própria municipalidade, de outros
Municípios ou das esferas estadual e federal;

XVII - auxiliar na segurança de grandes eventos e na proteção de


autoridades e dignatários; e

XVIII - atuar mediante ações preventivas na segurança escolar, zelando


pelo entorno e participando de ações educativas com o corpo discente e docente
das unidades de ensino municipal, de forma a colaborar com a implantação da
cultura de paz na comunidade local.

Parágrafo único. No exercício de suas competências, a guarda municipal


poderá colaborar ou atuar conjuntamente com órgãos de segurança pública da
União, dos Estados e do Distrito Federal ou de congêneres de Municípios
vizinhos e, nas hipóteses previstas nos incisos XIII e XIV deste artigo, diante do
comparecimento de órgão descrito nos incisos do caput do art. 144 da
Constituição Federal , deverá a guarda municipal prestar todo o apoio à
continuidade do atendimento.

Criação

Os municípios podem criar suas guardas municipais por lei municipal,


onde será subordinada ao chefe do poder executivo municipal e
obedecerá ao limite máximo estabelecido na lei geral das guardas
municipais.

CUIDADO! AS BANCAS COSTUMAM MUITO USAR A LETRA DA LEI E


TROCAM A PALAVRA “PODEM” POR “DEVEM” CRIAR SUAS GUARDAS
MUNICIPAIS, ONDE DEIXA A QUESTÃO ERRADA.

CAPÍTULO IV

DA CRIAÇÃO

Art. 6º - O Município pode criar, por lei, sua guarda municipal.

806
Parágrafo único. A guarda municipal é subordinada ao chefe do Poder
Executivo municipal.

Art. 7º - As guardas municipais não poderão ter efetivo superior a:

I - 0,4% (quatro décimos por cento) da população, em Municípios com até


50.000 (cinquenta mil) habitantes;

II - 0,3% (três décimos por cento) da população, em Municípios com mais


de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes,
desde que o efetivo não seja inferior ao disposto no inciso I;

III - 0,2% (dois décimos por cento) da população, em Municípios com mais
de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, desde que o efetivo não seja inferior ao
disposto no inciso II.

Parágrafo único. Se houver redução da população referida em censo ou


estimativa oficial da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), é garantida a preservação do efetivo existente, o qual deverá ser
ajustado à variação populacional, nos termos de lei municipal.

Art. 8º - Municípios limítrofes podem, mediante consórcio público, utilizar,


reciprocamente, os serviços da guarda municipal de maneira compartilhada.

Art. 9º - A guarda municipal é formada por servidores públicos integrantes


de carreira única e plano de cargos e salários, conforme disposto em lei
municipal.

CAPÍTULO V

DAS EXIGÊNCIAS PARA INVESTIDURA

Art. 10 - São requisitos básicos para investidura em cargo público na


guarda municipal:

I - nacionalidade brasileira;

II - gozo dos direitos políticos;

III - quitação com as obrigações militares e eleitorais;

IV - nível médio completo de escolaridade;

V - idade mínima de 18 (dezoito) anos;

VI - aptidão física, mental e psicológica; e

VII - idoneidade moral comprovada por investigação social e certidões


expedidas perante o Poder Judiciário estadual, federal e distrital.

Parágrafo único. Outros requisitos poderão ser estabelecidos em lei


municipal.

807
Capacitação

As guardas municipais devem passar por curso de formação específica,


com matriz curricular compatível com sua função. Caso o município não
possua, poderá usar a matriz curricular nacional, elaborada pela
Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp).

CAPÍTULO VI

DA CAPACITAÇÃO

Art. 11 - O exercício das atribuições dos cargos da guarda municipal requer


capacitação específica, com matriz curricular compatível com suas atividades.

Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, poderá ser adaptada a


matriz curricular nacional para formação em segurança pública, elaborada pela
Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça.

Art. 12 - É facultada ao Município a criação de órgão de formação,


treinamento e aperfeiçoamento dos integrantes da guarda municipal, tendo como
princípios norteadores os mencionados no art. 3º.

§ 1º Os Municípios poderão firmar convênios ou consorciar-se, visando ao


atendimento do disposto no caput deste artigo.

§ 2º O Estado poderá, mediante convênio com os Municípios interessados,


manter órgão de formação e aperfeiçoamento centralizado, em cujo conselho
gestor seja assegurada a participação dos Municípios conveniados.

§ 3º O órgão referido no § 2º não pode ser o mesmo destinado a formação,


treinamento ou aperfeiçoamento de forças militares.

Controle

Caro Imparável, as guardas serão acompanhadas por órgãos próprios,


permanentes, autônomos e com atribuições de fiscalização, investigação
e auditoria. Poderá ter até três controles: controle interno; controle
externo e o controle social.

CAPÍTULO VII

DO CONTROLE

Art. 13 - O funcionamento das guardas municipais será acompanhado por


órgãos próprios, permanentes, autônomos e com atribuições de fiscalização,
investigação e auditoria, mediante:

I - controle interno, exercido por corregedoria, naquelas com efetivo


superior a 50 (cinquenta) servidores da guarda e em todas as que utilizam arma

808
de fogo, para apurar as infrações disciplinares atribuídas aos integrantes de seu
quadro; e

II - controle externo, exercido por ouvidoria, independente em relação à


direção da respectiva guarda, qualquer que seja o número de servidores da
guarda municipal, para receber, examinar e encaminhar reclamações,
sugestões, elogios e denúncias acerca da conduta de seus dirigentes e
integrantes e das atividades do órgão, propor soluções, oferecer recomendações
e informar os resultados aos interessados, garantindo-lhes orientação,
informação e resposta.

§ 1º O Poder Executivo municipal poderá criar órgão colegiado para exercer


o controle social das atividades de segurança do Município, analisar a alocação
e aplicação dos recursos públicos e monitorar os objetivos e metas da política
municipal de segurança e, posteriormente, a adequação e eventual necessidade
de adaptação das medidas adotadas face aos resultados obtidos.

§ 2º Os corregedores e ouvidores terão mandato cuja perda será decidida


pela maioria absoluta da Câmara Municipal, fundada em razão relevante e
específica prevista em lei municipal.

Art. 14 - Para efeito do disposto no inciso I do caput do art. 13, a guarda


municipal terá código de conduta próprio, conforme dispuser lei municipal.

Parágrafo único. As guardas municipais não podem ficar sujeitas a


regulamentos disciplinares de natureza militar.

Prerrogativas

As guardas municipais possuem algumas prerrogativas como cargos em


comissão destinados a servidores efetivos, percentual mínimo para sexo
feminino definido em lei municipal (Cuidado! A lei não diz qual o
percentual mínimo, então qualquer que seja o percentual especificado na
questão, será errado.), também terá disponibilizado pela Anatel a linha
telefônica 153.

→ É autorizado o porte de armas aos guardas municipais, conforme


lei (LEI Nº 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003. Estatuto do
Desarmamento)

→ Os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e


dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes.

→ Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios que


integram regiões metropolitanas será autorizado porte de arma de fogo,
quando em serviço.

→ Os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais


de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes,
quando em serviço.

809
→ A autorização para o porte de arma de fogo das guardas municipais
estão condicionada à formação funcional de seus integrantes em
estabelecimentos de ensino de atividade policial, à existência de
mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições
estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a supervisão do
Ministério da Justiça.

CAPÍTULO VIII

DAS PRERROGATIVAS

Art. 15 - Os cargos em comissão das guardas municipais deverão ser


providos por membros efetivos do quadro de carreira do órgão ou entidade.

§ 1º Nos primeiros 4 (quatro) anos de funcionamento, a guarda municipal


poderá ser dirigida por profissional estranho a seus quadros, preferencialmente
com experiência ou formação na área de segurança ou defesa social, atendido
o disposto no caput.

§ 2º Para ocupação dos cargos em todos os níveis da carreira da guarda


municipal, deverá ser observado o percentual mínimo para o sexo feminino,
definido em lei municipal.

§ 3º Deverá ser garantida a progressão funcional da carreira em todos os


níveis.

Art. 16 - Aos guardas municipais é autorizado o porte de arma de fogo,


conforme previsto em lei.

Parágrafo único. Suspende-se o direito ao porte de arma de fogo em razão


de restrição médica, decisão judicial ou justificativa da adoção da medida pelo
respectivo dirigente.

Art. 17 - A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) destinará linha


telefônica de número 153 e faixa exclusiva de frequência de rádio aos Municípios
que possuam guarda municipal.

Art. 18 - É assegurado ao guarda municipal o recolhimento à cela,


isoladamente dos demais presos, quando sujeito à prisão antes de condenação
definitiva.

CAPÍTULO IX

DAS VEDAÇÕES

Art. 19 - A estrutura hierárquica da guarda municipal não pode utilizar


denominação idêntica à das forças militares, quanto aos postos e graduações,
títulos, uniformes, distintivos e condecorações.

810
CAPÍTULO X

DA REPRESENTATIVIDADE

Art. 20 - É reconhecida a representatividade das guardas municipais no


Conselho Nacional de Segurança Pública, no Conselho Nacional das Guardas
Municipais e, no interesse dos Municípios, no Conselho Nacional de Secretários
e Gestores Municipais de Segurança Pública.

CAPÍTULO XI

DISPOSIÇÕES DIVERSAS E TRANSITÓRIAS

Art. 21 - As guardas municipais utilizarão uniforme e equipamentos


padronizados, preferencialmente, na cor azul-marinho.

Art. 22 - Aplica-se esta Lei a todas as guardas municipais existentes na


data de sua publicação, a cujas disposições devem adaptar-se no prazo de 2
(dois) anos.

Parágrafo único. É assegurada a utilização de outras denominações


consagradas pelo uso, como guarda civil, guarda civil municipal, guarda
metropolitana e guarda civil metropolitana.

Art. 23 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

EXERCÍCIOS
01. Em relação aos requisitos básicos para investidura em cargo público
na guarda municipal, analise os itens abaixo:
I. Brasileiro(a) nato ou naturalizado.
II. Gozo dos direitos políticos.
III. Quitação com as obrigações militares e eleitorais.
IV. Nível médio completo de escolaridade.
V. Idade mínima de 21 (vinte e um) anos.
VI. Aptidão física, mental e psicológica.
VII. Idoneidade moral comprovada por investigação social e certidões
expedidas perante o Poder Judiciário estadual, federal e distrital.
VIII. Outros requisitos poderão ser estabelecidos em lei estadual.
Dos itens acima quantos estão INCORRETOS:
A) 1.

811
B) 2.
C) 3.
D) 4.
02. Em relação ao Estatuto Geral das Guardas Municipais (Lei 13.022/14),
são princípios mínimos de atuação das guardas municipais, EXCETO:
A) Uso preventivo e ostensivo da força.
B) Proteção dos direitos humanos fundamentais, do exercício da cidadania e
das liberdades públicas.
C) Preservação da vida, redução do sofrimento e diminuição das perdas.
D) Compromisso com a evolução social da comunidade.
03. Cristiano é guarda municipal do município TX, de médio porte, e chefia
o grupo responsável pelo ordenamento urbano na área central, sendo
acompanhado, nas suas atividades, por fiscais de posturas. Diante da
possibilidade de eventuais distúrbios, orienta sua equipe de acordo com
os padrões estabelecidos pela legislação nacional. Nos termos da Lei
federal nº 13.022/2014 (Estatuto Geral das Guardas Municipais), um dos
princípios mínimos aplicáveis pelas guardas municipais consiste no uso:
A) mínimo da força
B) progressivo da força
C) imediato da força
D) máximo da força
04. Analise as seguintes afirmativas sobre as Guardas Municipais.
I. Um dos requisitos básicos para a investidura em cargo público de Guarda
Municipal é a idoneidade moral comprovada por certidões expedidas
perante o poder judiciário estadual, federal e distrital.
II. É facultado ao município a criação de órgão de formação, treinamento e
aperfeiçoamento dos integrantes da Guarda Municipal, observados os
princípios legais que regem sua atuação.
III. Às Guardas Municipais é autorizado o uso de arma de fogo, conforme
previsto em lei.
Segundo o que prevê o Estatuto Geral das Guardas Municipais, está(ão)
correta(s) a(s) afirmativa(s):
A) I, apenas.
B) I e II, apenas.
C) II e III, apenas.

812
D) I, II e III.

05. Um integrante da Guarda Municipal de determinado município atua de


modo a evitar a invasão de um terreno pertencente ao município. O referido
terreno não recebe qualquer utilização, seja pública ou privada.
Nessa hipótese descrita, é correto afirmar que a atuação do agente é
A) irregular, porque o bem não se classifica como bem público.
B) irregular, porque o bem, embora público, não se classifica como bem de uso
comum do povo ou de uso especial.
C) irregular, porque a competência seria dos órgãos estaduais de segurança
pública.
D) regular, porque a competência da Guarda Municipal de proteger os bens do
município abrange todos os bens públicos, inclusive os dominicais.
06. Segundo o Estatuto Geral das Guardas Municipais, para fins de
exercício do controle interno exercido por corregedoria nas Guardas com
efetivo superior a 50 servidores e em todas as que utilizam armas de fogo
e para apuração das infrações disciplinares atribuídas aos integrantes de
seu quadro, a Guarda Municipal dever ter código de conduta próprio.
O código de conduta constará de:
A) Lei federal.
B) Lei estadual.
C) Lei municipal.
D) Resolução do comandante da Polícia Militar do Estado.
07. Analise as seguintes atribuições públicas.
I. Zelar pelos bens, equipamentos e prédios públicos municipais.
II. Apurar infrações penais contra a ordem pública e social.
III. Colaborar, de forma integrada, com órgãos de segurança pública em
ações conjuntas que contribuam com a paz social.
Segundo a legislação aplicável, inclui(em)-se entre as competências
específicas das Guardas Municipais aquela(s) do(s) item(ns):
A) I, apenas.
B) I e III, apenas.
C) II e III, apenas.
D) I, II e III.

813
08. As Guardas Municipais devem ser constituídas com observância de
uma série de exigências e características estabelecidas na lei federal que
trata da matéria.

Considerando o que prevê essa disciplina legal, é incorreto afirmar sobre


as Guardas Municipais:
A) A criação pelo município de sua Guarda Municipal depende de lei.
B) A Guarda Municipal é subordinada ao chefe do Poder Executivo municipal.
C) A Guarda Municipal é formada por servidores integrantes de carreira única e
plano de cargos e salários, conforme disposto em lei municipal.
D) A utilização de serviços de determinada Guarda Municipal por municípios
diversos, ainda que sejam limítrofes, é vedada.
09. De acordo com a Lei Federal n° 13.022/2014 (Estatuto Geral das Guardas
Municipais), que estabelece os requisitos básicos para investidura em
cargo público na guarda municipal, estará impedida de ingressar na
carreira a pessoa
A) que tiver apenas 19 anos de idade.
B) que não tiver nacionalidade brasileira.
C) sem curso superior.
D) que tiver débitos cobrados na Justiça.
E) filiada a algum partido político.
10. Assinale a alternativa que está em conformidade com a Lei Federal n°
13.022/2014 (Estatuto Geral das Guardas Municipais).
A) O compromisso com a evolução social da comunidade é um dos princípios
mínimos de atuação das guardas municipais.
B) Os cargos em comissão das guardas municipais poderão ser providos por
servidores públicos não pertencentes ao quadro de carreira da entidade.
C) Incumbe às guardas municipais, instituições de caráter civil, as funções de
proteção municipal preventiva, repressiva e investigativa.
D) A guarda civil municipal, uniformizada e armada, é subordinada ao Comando
da Polícia Militar do respectivo Estado.
E) A estrutura hierárquica da guarda municipal deverá utilizar denominação
idêntica à das forças militares, quanto aos postos e graduações.
11. De acordo com o art. 3º do Estatuto Geral das Guardas Municipais, Lei
nº 13.022, de 8 de agosto de 2014, que estabelece os princípios mínimos de

814
atuação dos guardas municipais, analise as opções a seguir e identifique
com V as verdadeiras e com F as falsas.
( ) Preservação da vida, redução do sofrimento e diminuição das perdas.
( ) Patrulhamento preventivo e compromisso com a evolução social da
comunidade.
( ) Patrulhamento repressivo apenas em situações de desordem, com uso
progressivo da força.
( ) Proteção dos direitos humanos fundamentais, mediante o exercício do
poder de polícia para limitar as liberdades individuais e assegurar o
interesse coletivo.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é
A) V, V, F, F
B) V, F, F, V
C) F, V, F, F
D) F, F, V, V
E) F, V, F, V
12. Em conformidade com o Estatuto Geral das Guardas Municipais (Lei nº
13.022/2014), o Município pode criar, por lei, sua guarda municipal. O seu
funcionamento será acompanhado por órgãos próprios, permanentes,
autônomos e com atribuições de fiscalização, investigação e auditoria.
Diante desse contexto, assinale a alternativa correta.
A) A Guarda Municipal é subordinada ao chefe do Poder Executivo municipal
B) A Guarda Municipal deve ser formada, preferencialmente, por servidores
integrantes de carreira militar, conforme disposto em lei municipal
C) As Guardas Municipais ficam sujeitas a regulamentos disciplinares de
natureza militar
D) As Guardas Municipais são autorizados a portar arma de fogo pelo Poder
Judiciário, conforme previsto em lei
13. A Lei nº 13.022 de 08 de agosto de 2014 que dispõe sobre o Estatuto
Geral das Guardas Municipais, apresentam competências específicas
como zelar pelos bens, equipamentos e prédios públicos do Município,
colaborando de forma integrada com os órgãos de segurança pública, em
ações conjuntas que contribuam com a paz social. Sobre outras
competências, analise as afirmativas abaixo.
I. Proteger o patrimônio ecológico, histórico, cultural, arquitetônico e
ambiental do Município, adotando medidas educativas e preventivas.

815
II. Atuar mediante ações preventivas na segurança escolar, zelando pelo
entorno e participando de ações educativas com o corpo discente e
docente das unidades de ensino municipal, de forma a colaborar com a
implantação da cultura de paz na comunidade local.
III. Realizar a segurança de forma efetiva diante de flagrante delito, atuando
como delegado de polícia na prisão do autor do crime.
Assinale a alternativa correta.
A) Apenas as afirmativas I e III estão corretas
B) Apenas as afirmativas I e II estão corretas
C) Apenas as afirmativas II e III estão corretas
D) Apenas a afirmativa II está correta
14. Nos termos do Estatuto Geral das Guardas Municipais (Lei n°
13.022/2014), é competência específica das guardas municipais,
respeitadas as competências dos órgãos federais e estaduais:
A) proteger o patrimônio ecológico, histórico, cultural, arquitetônico e ambiental
do Município, dos Estados e da União, inclusive adotando medidas educativas e
preventivas.
B) contribuir no estudo de impacto na segurança local, conforme plano diretor
municipal, por ocasião da construção de empreendimentos de grande porte.
C) apurar as infrações penais municipais, conduzindo ao Delegado de Polícia
apenas as hipóteses de flagrante delito.
D) acionar a Polícia Militar para encaminhar o autor da infração ao Delegado de
Polícia, diante de flagrante delito.
E) executar o policiamento ostensivo nos limites territoriais do Município,
excetuando-se a hipótese de controle de distúrbios civis.
15. Consta(m) entre os princípios mínimos de atuação das guardas
municipais, previsto na Lei Federal n° 13.022/2014:
A) proteção dos direitos humanos fundamentais, da propriedade privada e do
exercício da cidadania.
B) preservação da vida e eliminação do sofrimento e das perdas.
C) garantia de investigações criminais céleres e eficazes.
D) compromisso com a evolução política e social da comunidade.
E) uso progressivo da força.

816
GABARITO

1) B
2) A
3) B
4)D
5)D
6)C
7)B
8)D
9)B
10)A
11)A
12)A
13)B
14)B
15)E

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