Você está na página 1de 23

Outros processos de

formação de palavras
ROCHA, 1998, p. 169-191
Outros tipos
• Parassintética
• Conversiva
• Siglada
• Truncada
Derivação parassintética
• A derivação parassintética é um processo de formação de palavras que
consiste na criação de uma nova palavra pelo acréscimo simultâneo de
um prefixo e um sufixo a uma base.
• Esclarecer: [es-[claro]A-(ec)er]V
• Repatriar, abotoar, amanhecer, desossar, etc.
• Diferente de “deslealdade”:
• [[des-[leal]A]A-dade]S ou [[des-[leal]A-dade] S]S
• A base é sempre nominal (substantivo e adjetivo).
• Os produtos são sempre Verbos ou Adjetivos.
Regras
SV SA AV
Pátria Repatriar Chocolate Achocolatado Surdo Ensurdecer
Botão Abotoar Alma Desalmado Rico Enriquecer
Bainha Embainhar Cadeiras Descadeirado Fino Refinar
Manhã Amanhecer Camisa Descamisado Quente requentar
Curral Encurralar Terra Subterrâneo
Caixote Encaixotar
Osso Desossar
Cabelo Descabelar
Pétala Despetalar
Gaveta Engavetar
Rato Desratizar
Prefixos e sufixos
• Prefixos: a-, des-, en-, es-
• Sufixos: -ar, -ecer, -izar, -ear
Derivação conversiva
(derivação imprópria)
DE PARA EXEMPLOS
Verbo Substantivo Querer, ouvir, caminhar, andar
Verbo (no particípio) Substantivo Ferida, resultado, arrependido
Verbo (no particípio) Adjetivo Querido, amado, comprometido
Verbo Conjunção Seja ... Seja, quer ... quer
Adjetivo Substantivo Impossível, pobre, culpado
Adjetivo Advérbio (falar) alto, (custar) caro
Substantivo Adjetivo (vestido) rosa, (mundo) cão
Palavra invariável Substantivo Sim, não, porquê, como, hoje
Mesmo item lexical ou de itens lexicais
distintos?
• Daqui para diante, não vou mais caminhar tranquilo.
• De repente, ouvimos o seu caminhar compassado.
• É impossível que você tenha vindo tão depressa.
• O impossível acontece.
• A areia da praia estava quente.
• Todos já observaram a minha bolsa areia.
• Saímos de lá, porque estava fazendo frio.
• Não sabemos o porquê de sua preocupação.
Uma mesma palavra Duas palavras distintas

Não houve mudança sob o ponto de vista fonológico. Do ponto de vista funcional, tem-se outro vocábulo.

Sob o ponto de vista semântico, houve apenas uma Identidade fonológica, semântica e funcional.
adaptação de sentido, não surgiu um significado
diferente.

As classes de palavras são definidas em termos de


propriedades sintáticas.

Paradigmas distintos para as duas palavras, por


exemplo, “cantar” – verbo – e “cantar” – substantivo:
cantei, cantarei, etc; o cantar, (os) cantares.
Propriedades morfo-sintáticas
• Todos os vocábulos “convertidos” à nova função participam
integralmente das propriedades morfo-sintáticas dos itens da nova
classe?
• Como no caso de adjetivação precária: vestido rosa/*vestidos rosas,
na substantivação deverbal, as formações não adquiram as
propriedades morfológicas da nova classe: *os quereres de outrem.
Problema sintático
• A derivação conversiva não seria exclusivamente um problema
sintático?
• A conversão é um mecanismo que muitas vezes atinge o plano morfo-
sintático: os olhares, os prazeres, os porquês, as amadas, etc.
Derivação siglada (acronímia)
• CPI, CEP, FGTS.
• Base: substantivo próprio composto.
• Produto: substantivo próprio simples, incialmente formado pelos
grafemas ou sílabas iniciais do lexema composto que constitui a base.
• Funcionam como palavras normais da língua.
Palavras da língua
• Geram novos itens lexicais: ibegeano (de IBGE), celetista (de CLT).
• Enquadram-se nos mecanismos de flexão da língua: ONG’S, CEP’S.
• Os falantes não conhecem ou desconhecem o vocábulo composto de onde
provém o siglado.
• Esses vocábulos adquirem caráter polissêmico: a aula do prof. José dá muito
ibope; Vou instalar uma CPI nesta casa para saber quem roubou meu chocolate.
• A sigla passa a ter existência autônoma: MEC – Ministério da Educação e dos
Desportos (outrora, Ministério da Educação e Cultura).
• Uma sigla ocupa o mesmo lugar de um substantivo na estrutura frasal: a
pesquisa do IBGE começa nesse ano.
Base com substantivo comum
• Prato feito – PF
• C... de ferro – CDF
• Sociedade anônima – S.A.
• Long-playing – LP
• Frequência modulada – FM
Tipos de sigla
• Siglagem grafêmica: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul –
UFMS.
• Siglagem silábica: Federação Brasileira de Bancos – FEBRABAN;
Departamento de Trânsito – DETRAN.
• Siglagem grafo-silábica: Secretaria de Educação – SED.
• Siglagem fortuita: Serviço Nacional do Comércio – SENAC.
Siglagem X Abreviatura
Siglagem Abreviatura

Recurso da linguagem falada Recurso da linguagem escrita

Constitui-se uma palavra da língua Não se constitui uma palavra da língua

Tem existência na linguagem oral Não tem existência na linguagem oral

Pode ser institucionalizada ou esporádica

MG, Ltda, V. Exª, a.C., km, Dr., prof., Brigº, SQN “só que
não”
Funções da derivação siglada
• Formam-se siglas em uma língua por questão de economia linguística
fonética, lexical e discursiva.
• Saliência fônica e gráfica da derivações sigladas: vocábulo mais
harmonioso, chamativo, fácil de memorizar e com ares de novidade.
• Criações relacionadas à imprensa – fenômeno característico do século
XIX.
Siglagem significativa
• O produto resulta em um nome transparente relacionado ao sentido
da sigla:
• FIAT – Fábrica Italiana de Automóveis de Turim (fiat bíblico).
• SERVAS – Serviço Voluntário de Ação Social.
• AMAS – Associação Municipal de Assistência Social.
Derivação Truncada
• Tipos: Derivação truncada estrutural e Derivação truncada não-
estrutural:
• Derivação truncada estrutural:
• Corte sufixo: Português > portuga; cesariana > cesária; madrugada >
madruga.
• Corte de uma base: Odontologia > odonto; eletrocardiograma >
eletro; fotografia > foto.
• Derivação truncada não-estrutural:
• Cerveja > cerva; cinematográfico > cinema; cinema > cine.
Características
• A forma estendida pertence a um discurso neutro; a forma contacta
está relacionada com a linguagem coloquial.
• Não ocorre mudança de classe.
• Aplica-se em geral a bases substantivas; raros casos de bases
adjetivas: pornográfico > pornô, extraordinário > extra.
• Fenômeno um tanto imprevisível e assistemático.
• Não pode ser predizível por regras sem apelar para a noção de
eufonia.
Derivação regressiva
Gramática tradicional Derivação sufixal
Criação de novas palavras por meio da subtração de Com base no padrão sufixal V  S-suf
algum sufixo, dando a falsa impressão de serem
derivantes.
Nominalização stricto sensu: Dado um verbo é possível
prever a existência de um substantivo abstrato,
sufixado, com o sentido de ato, efeito ou resultado de
X.
Embarcar > embarque Patrulhar > patrulhamento ou patrulha
Pescar > pesca Melhorar > melhoramento ou melhora
Gritar > grito Agitar > agitação > agito
Atrasar > atraso Improvisar > improvisação ou improviso
RFP – V  S-
[[patrulhar]v-]S
Sufixos –mento, -ção ou -
Português Espanhol Francês Italiano

Renúncia Renunciación Renocement

Pronúncia Pronunciación Pronunciation Pronunzia

Abandono Abandonamiento Abandonnement Abbandono

Exagero Exageratión Exagération

Melhora Mejoramiento
Composição
• Duas ou mais bases.
• Composição por justaposição: trem-de-ferro, salário-família, estrada de
ferro, secretária eletrônica, cadeira de balanço.
• Composição por aglutinação: aguardente, planalto, fidalgo.
• Composição erudita: usa-se radicais (=bases) gregos e latinos: agrotóxico,
ciclovia, hortifrutigranjeiro, eco-sistema.
• Processo rico e diversificado em português, muito usado na mídia.
• Reavaliação morfológica: palavras compostas diacronicamente são avaliadas
como palavras primitivas ou puras sincronicamente: arqui (ter a primazia) +
pélago (mar), para (junto de) + oikia (casa), sarco (carne) + fago (comer).
Onomatopeia
• Imitação de um barulho ou ruído do mundo exterior.
• Miar, piar, zum-zum, reco-reco, farfalhar, frufru, teco-teco, tique-
taque, ciciar, sussurrar, chilrear, coaxar, grugrulejar, etc.
• Não apresenta base.

Você também pode gostar