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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE

CURSO DE LICENCIATURA EM NUTRIÇÃO

TRABALHO DE CAMPO DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA

Articulação Sintáctica do Texto

Bia Jafar Aly. Cód: 96220269

Lichinga, Abril de 2022.


INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE

CURSO DE LICENCIATURA EM NUTRIÇÃO

TRABALHO DE CAMPO DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA

Articulação Sintáctica do Texto

Trabalho de Campo da disciplina Técnicas De


Expressão Oral e Escrita a ser submetido na
Coordenação do Curso de Nutrição do ISCED.
Tutor:

Bia Jafar Aly. Cód: 96220269

Lichinga, Abril de 2022.


Índice
1. Introdução............................................................................................................................4

1.1. Objectivos.........................................................................................................................4

1.1.1. Objectivo geral......................................................................................................4

1.1.2. Objectivos específicos...........................................................................................4

1.2. Metodologia.....................................................................................................................4

2. Articulação sintáctica do texto............................................................................................5

2.1. Noções de texto e textualidade.........................................................................................5

2.2. Sequência Textual............................................................................................................6

2.3. Progressão textual............................................................................................................7

2.4. Coerência e Coesão textual..............................................................................................8

2.4.1. Coerência...............................................................................................................8

2.4.1.1. Coerência Textual..............................................................................................8

2.4.2. Coesão...........................................................................................................................9

2.4.2.1. Coesão Textual...................................................................................................9

2.5. Marcadores e Conectores Discursivos...........................................................................10

2.5.1. Marcadores Discursivos......................................................................................10

2.6. Conectores discursivos...................................................................................................11

3. Conclusão..........................................................................................................................14

4. Referências Bibliográficas................................................................................................15
1. Introdução

O texto não é somente um amontoado de palavras com algum sentido, segundo Beaugrande
(1997: 10), “o texto é um evento comunicativo no qual convergem acções linguísticas,
cognitivas e sociais”, essa afirmação nos propõe que um texto não pode e nem deve ser visto
apenas como um texto, no sentido superficial da palavra. Um texto é bem mais do que
palavras que se relacionam para explicar um assunto, texto é um ato comunicativo entre leitor
e autor, contemporâneos ou não, co-presentes ou não, do mesmo grupo social ou não, mas
existe um diálogo constante, uma interacção entre sujeitos sociais, ou seja, alguém que
transmite uma mensagem e alguém que decodifica essa mensagem, compreende a mesma e
reconhece nela um sentido, seja aquele estabelecido pelo seu transmissor ou outros sentidos,
construídos por suas próprias experiências e conhecimentos, mas totalmente pertinentes e
aceitáveis dentro da proposta do texto.

1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo geral

 Analisar à Articulação Sintáctica do Texto

1.1.2. Objectivos específicos

 Compreender as noções de texto


 Desenrolar a Coerência e Coesão textual;
 Descrever os Marcadores e Conectores Discursivos.

1.2. Metodologia

Para a elaboração da presente pesquisa, foi possível pelo uso do método de pesquisas
bibliográficas.

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2. Articulação sintáctica do texto

2.1. Noções de texto e textualidade

Podemos dizer que a composição de um texto parte de um processo de escolha, é necessário


escolher desde o tema que será abordado em um texto até a forma como será feita essa
abordagem. Como determinar as palavras que vão expressar claramente a mensagem e
aquelas que darão as pistas para que o leitor possa traçar seu percurso de leitura e encontre um
caminho para sua compreensão?

A partir destas constatações, percebemos que a busca de elementos que constituirá um texto
não é feita aleatoriamente e nem isoladamente, Ao se estabelecer um tema ou simplesmente
nos defrontamos com algo que precisa ser explicado, descrito, resumido ou contado, enfim,
quando é necessário dizer algo sobre alguma coisa, vamos à procura de recursos que nos
auxiliarão a estabelecer a comunicação, e para isso esperamos que a mensagem expressa seja
compreendida, somente assim ocorre, de fato, a comunicação.

O texto não é somente um amontoado de palavras com algum sentido, segundo Beaugrande
(1997: 10), “o texto é um evento comunicativo no qual convergem acções linguísticas,
cognitivas e sociais”, essa afirmação nos propõe que um texto não pode e nem deve ser visto
apenas como um texto, no sentido superficial da palavra. Um texto é bem mais do que
palavras que se relacionam para explicar um assunto, texto é um ato comunicativo entre leitor
e autor, contemporâneos ou não, co-presentes ou não, do mesmo grupo social ou não, mas
existe um diálogo constante, uma interacção entre sujeitos sociais, ou seja, alguém que
transmite uma mensagem e alguém que decodifica essa mensagem, compreende a mesma e
reconhece nela um sentido, seja aquele estabelecido pelo seu transmissor ou outros sentidos,
construídos por suas próprias experiências e conhecimentos, mas totalmente pertinentes e
aceitáveis dentro da proposta do texto.

Não podemos ver no texto um sentido construído apenas por uma sequência de frases
isoladas, o texto está inserido em determinado contexto ou seja, ele ocupa um lugar na
sociedade e no tempo dos quais pertence, e dentro disso o texto encontra seu sentido, dentro
do mundo em que ele surge. Esse fenómeno, Charolles (1983) diz não ser somente uma
extensão da frase, mas sim uma entidade teoricamente nova. Dessa forma, não seria errado
afirmarmos que o texto é uma reconstrução do mundo e não somente o reflexo dele, quando
escrevemos sobre uma situação, por exemplo, buscamos reconstruí-la da maneira mais clara
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possível, se essa for a intenção, a medida que vamos tecendo o texto, reorganizamos as ideias
para reconstruir uma nova.

Em suma, precisamos ter em mente que um texto é muito mais do que um simples conjunto
de frases com sentido, ele estabelece connosco um diálogo, uma comunicação, nos traz
possibilidades de interpretações, que não dependem somente daquilo que está no texto, mas
também daquilo que nós, leitores, temos para compartilhar com o texto.

2.2. Sequência Textual

Adam (2008) propõe as seguintes sequências textuais: descritiva, narrativa, argumentativa,


explicativa e dialogal.

A sequência descritiva, para o autor, apresenta-se como a menos estruturada, não possuindo
uma ordem pré-definida na reunião das preposições-enunciados em macropreposições, por
isso, é mais comummente encontrada em períodos do que, propriamente, em sequencias.
Segundo o autor, “quatro macropreposições agrupam nove operações descritivas que geram
uma dezena de tipos de operações descritivas” (2008, p.2016). São elas:

 Tematização: é a macrooperação principal, segundo Adam, apresentados fortes


características ao período;
 Aspectualizacao: é apoiada na tematização e opera sobre a selecção de partes e/ou nas
propriedades do objecto descrito ou parte dele;
 Relação: é uma macrooperação que ocorre por duas operações temporais ou especial.
 Expansão por subtematização: possibilita a extensão da descrição pelos acréscimos de
uma operação ou outra anterior.

a). Sequência narrativa: é a que traz a apresentação de “factos” reais ou fictícios, sendo
esses “factos” distintos para Adam (2008) como eventos ou acções.

b). Sequência Argumentativa: apresenta-se como actividade verbal voltada ao


convencimento do outro. Adam evidencia dois movimentos para essa sequência: demonstrar-
juntar e refutar.

c). Sequência explicativa: apresenta-se, geralmente, em seguimentos curtos, segundo


Adam (2008). Envolve da combinação de um “SE (de uma proposição que coloca um
problema) com É QUE ou É PORQUE, introdutores de uma explicação” (p. 237).
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d). A sequência dialogal: apresenta-se como uma imitação da conversação oral da escrita.
Diferente das demais sequências, surge como resultado de um diálogo, portanto composto por
mais de um interlocutor.

2.3. Progressão textual

Koch & Marcuschi (1998) tratam como complexa a relação entre linguagem, mundo e
pensamento de onde decorre a progressão referencial. Para os autores isso parte do
pressuposto da não linearidade textual, ou seja, a palavra não será uma entidade estável, muito
menos uma etiqueta do mundo.

Partindo desse ponto de vista, os autores defendem a progressão referencial também


denominada por eles de sequencialidade como “introdução, preservação, continuidade,
identificação, retomada etc. de referentes textos, tidas como estratégias de designação de
referentes (p.2).

Os autores diferem os diferentes da noção primária da semântica, que estabelece apenas uma
relação linguagem x mundo e tomam por base o carácter discursivo aplicado por Mondada
(2001), que os evidencia como objecto de discurso, entidade construída na interacção e no
influir da relação comunicativa.

Conforme Mondada & Dubois (1995) a progressão textual se dá por meio de estratégias de
construção e reconstrução de objectivos de discurso e Koch & Elias (2009) ratificam essa
visão, acrescentando o facto de que, na actividade de produção, escolhas são realizadas para
apresentar o pensamento e se produzir um dizer. Assim, não podemos descartar o uso de
estratégia linguística que ilustram, sobretudo, uma visão de mundo, um posicionamento
socioideologico e cultural. E incluem:

Os referentes de que falamos não espelham directamente o mundo real, não


são simples rótulos para designar as coisas do mundo. Eles são construídos e
reconstruídos no interior do próprio discurso, de acordo com nossa percepção
do mundo, nossas crenças, atitudes e propósitos comunicativos. Daí a proposta
de construir a noção de referência pela noção de referenciação (p.134).

A referenciação constitui-se como um processo discursivo em que as escolhas linguísticas são


realizadas tendo em vista um propósito. E isso não se dissocia do processo interactivo, pois
nos sentidos vão sendo construídos pelos sujeitos, envolvidos pelo entorno físico, social e
cultural.

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Dessa forma, a progressão ocorre sob um grande objectivo: o de garantir que os sentidos do
texto se organizem com uma perspectiva continua, com a retomada de elementos da superfície
textual e com o acréscimo de informações novas, que poderão servir, também, de base para
outras que virão.

2.4. Coerência e Coesão textual

2.4.1. Coerência

É o aspecto que assumem os conceitos e relações subtextuais, em um nível ideativo. A


coerência é responsável pelo sentido do texto, envolvendo factores lógico-semânticos e
cognitivos, já que a interpretabilidade do texto depende do conhecimento partilhado entre os
interlocutores. Um texto é coerente quando compatível como conhecimento de mundo do
receptor. Observar a coerência é interessante, porque permite perceber que um texto não
existe em si mesmo, mas sim constrói-se na relação emissor-receptor-mundo.

2.4.1.1. Coerência Textual

Partindo da noção de textualidade apresentada por Beaugrande e Dressier, Charolles também


entende a coerência como uma propriedade ideativa do texto e enumera as quatro meta-regras
que um texto coerente deve apresentar:

Repetição: Diz respeito à necessária retomada de elementos no decorrer do discurso. Um


texto coerente tem unidade, já que nele há a permanência de elementos constantes no seu
desenvolvimento. Um texto que trate a cada passo de assuntos diferentes sem um explícito
ponto comum não tem continuidade.

Progressão: O texto deve retomar seus elementos conceituais e formais, mas não deve limitar-
se a isso. Deve, sim, apresentar novas informações a propósito dos elementos mencionados

Não-contradição: um texto precisa respeitar princípios lógicos elementares. Não pode afirmar
A e o contrário de A. Suas ocorrências não podem se contradizer, devem ser compatíveis
entre si e com o mundo a que se referem, já que o mundo textual tem que ser compatível com
o mundo que representa

Relação: um texto articulado coerentemente possui relações estabelecidas, firmemente, entre


suas informações, e essas têm a ver umas com as outras.

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2.4.2. Coesão

É a manifestação linguística da coerência. Provém da forma como as relações lógico-


semânticos do texto são expressas na superfície textual. Assim, a coesão de um texto é
verificada mediante a análise de seus mecanismos lexicais e gramaticais de construção. Ex:
"Os corvos ficaram à espreita. As aves aguardaram o momento de se lançarem sobre os
animais mortos." (heterónimo) "Gosto muito de doce. Cocada, então, eu adoro." (epónimo)
"Aonde você foi ontem? À casa de Paulo. Sozinha? – Não, com amigos." (elipse) Os
elementos de coesão também proporcionam ao texto a progressão do fluxo informacional,
para levar adiante o discurso. Ex: "Primeiro vi a moto, depois o ônibus." (tempo) Embora
tenha estudado muito, não passou. (contraste).

2.4.2.1. Coesão Textual

Um texto, seja oral ou escrito, está longe de ser um mero conjunto aleatório de elementos
isolados, mas, sim, deve apresentar-se como uma totalidade semântica, em que os
componentes estabelecem, entre si, relações de significação. Contudo, ser uma unidade
semântica não basta para que um tal. Essa unidade deve revestir-se de um valor
intersubjectivo e pragmático, isto é, deve ser capaz de representar uma acção entre
interlocutores, dentro de um padrão particular de produção.

Os processos de coesão textual são eminentemente semânticos, e ocorrem quando a


interpretação de um elemento no discurso depende da interpretação de outro elemento.
Embora seja uma relação semântica, a coesão envolve todos os componentes do sistema
léxico-gramatical. Portanto há formas de coesão realizadas através da gramática, e outra
através do léxico.

Halliday & Hasan, apresenta cinco diferentes mecanismos de coesão:

 Referência: elementos referenciais são os que não podem ser interpretados por si
próprios, mas têm que ser relacionados a outros elementos no discurso para serem
compreendidos.
 Substituição: colocação de um item no lugar de outro no texto, seja este outro uma
palavra, seja uma oração inteira.
 Elipse: substituição por: omissão de um item, de uma palavra, um sintagma, ou uma
frase: Você vai à Faculdade hoje? Não.

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 Conjunção: este tipo de coesão permite estabelecer relações significativas entre
elementos e palavras do texto. Realiza-se através de conectores como e, mas, depois
etc.
 Coesão lexical: obtida através de dois mecanismos: repetição de um mesmo item
lexical, ou sinónimos, pronomes, hipônimos, ou heterónimos.

Koch, tomando por base os mecanismos coesivos na construção do texto, estabelece a


existência de duas modalidades de coesão:

1. Coesão referencial: existe coesão entre dois elementos de um texto, quando um deles
para ser interpretado semanticamente, exige a consideração do outro, que pode
aparecer depois ou antes do primeiro (catáfora e anáfora, respectivamente). Ele era tão
bom, o meu marido! (catáfora) O homem subiu as escadas correndo. Lá em cima ele
bateu furiosamente à uma porta. (anáfora).
2. Coesão sequencial: conjunto de procedimentos linguísticos que relacionam o que foi
dito ao que vai ser dito, estabelecendo relações semânticas e/ou pragmáticas à medida
que faz o texto progredir.

2.5. Marcadores e Conectores Discursivos

2.5.1. Marcadores Discursivos

Um dos estudos mais modernos e mais completos de língua espanhola é o de José Portolés
(1998a) (que foi desenvolvido posteriormente em conjunto com Martín Zorraquino em 1999),
que, ao considerar as observações feitas aos elementos periféricos e aos enlaces
extraoracionais, e também os estudos de MD feitos, principalmente, por Schiffrin, Fraser e
Ducrot, assim os definiu:

Os ‘marcadores do discurso’ são unidades linguísticas invariáveis, não


exercem função sintáctica no marco da predicação oracional e possuem uma
incumbência coincidente no discurso: o de guiar, de acordo com suas
diferentes propriedades morfossintáticas, semânticas e pragmáticas, as
inferências que se realizam na comunicação (PORTOLÉS, 1998a, p. 23-24).

Martín e Portolés (1999) complementam que os MD têm certa mobilidade dentro do


enunciado e se encontram geralmente entre pausas. Além disso, não podem ser coordenados
entre si, não podem ser negados, carecem (a maioria) da possibilidade de receber

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especificadores e adjacentes complementários e têm uma relação sintáctica com a totalidade
do sintagma nominal.

Portolés apresenta exemplos para distinguir os marcadores discursivos de outros elementos


que fazem parte das mesmas categorias gramaticais como, por exemplo, portanto e por esse
motivo:

1. Chove e, portanto, as pessoas estão usando guarda-chuva.


2. Chove e, por esse motivo, as pessoas estão usando guarda-chuva.

O investigador afirma que os marcadores que se gramaticalizaram como advérbios são


palavras invariáveis. Dessa forma, portanto é um marcador do discurso, pois se trata de um
advérbio que possui forma fixa (não existe, por exemplo, portantos), já por esse motivo
conserva sua capacidade de flexão e de receber especificadores e complementos (por
exemplo, até por esses pequenos motivos). Além disso, os marcadores do discurso não
admitem serem autónomos em um turno de fala, como:

A: Por que você fará isso? B: Por esse motivo / * Portanto

E é essa mesma autonomia da qual carecem os advérbios marcadores a que não permite
construções do tipo:

a) Portanto, as pessoas estão usando guarda-chuva.


b) Por esse motivo, as pessoas estão usando guarda-chuva.

2.6. Conectores discursivos

Outro termo muito utilizado para referir-se a essas expressões linguísticas é conector, como
prefere denominar a pesquisadora suíça Rossari. Aliás, como explica Marinho (2005), Rossari
usa, inicialmente, o termo conector pragmático, já que essas unidades têm por função
significar uma relação (daí o termo conector), que se estabelece entre unidades linguísticas ou
contextuais (daí o termo pragmático). Resumidamente, os conectores seriam “expressões
linguísticas que, ao poder actuar tanto na estrutura oracional como fora dela, ou seja, no
âmbito textual, desempenham importante função na articulação do discurso” (MARINHO,
2005, p. 14) e Rossari, diferente de outros linguistas, inclui os elementos de conexão
interfrástica em sua análise, como a conjunção mas, e considera como conexão a relação entre
as unidades linguísticas e as unidades contextuais.

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Portolés (1998),

ao contrário, considera como conectores um tipo concreto de marcador


discursivo que realmente conecta de um modo semántico-pragmático um
membro do discurso com outro expressado na maioria de seus usos ou, se não,
com uma suposição contextual facilmente acessível, como além disso,
portanto e no entanto. Dessa forma, considera-os como uma classe dos
marcadores do discurso divididos ainda em grupos: os conectores aditivos, os
conectores consecutivos e os conectores contra-argumentativos.

Sua justificativa se baseia no fato de existirem marcadores que realmente relacionam, pelo seu
significado de processamento, dois ou mais membros do discurso, diferente de outros
marcadores, cujo significado só afecta um membro do discurso, ou seja, não se pode
vislumbrar a capacidade de deixes discursiva que se pode comprovar ao analisar enunciados
como:

É rico e, no entanto, economiza muito.

No qual, a partir de economiza muito, se indica é rico com no entanto. Para ilustrar a
existência de marcadores diferentes de no entanto, Portolés (1998a) propõe estes dois
exemplos:

1. O sono de Lúcia, que na realidade foi como uma embriaguez de cansaço, durou apenas
quinze minutos.
2. Alice não virá connosco, porque, na realidade, não lhe

Rossari (2000 e 1999), em seu tratamento dos conectores, reivindica uma abordagem
semântica para que se sobressaiam as características estáveis do potencial semântico dos
conectores, suas aptidões para exercer restrições estabelecidas pelo próprio código sobre o
ambiente linguístico no qual são usados. Para tanto, Rossari adopta uma análise duplamente
comparativa, visto que se centra nos contrastes entre enunciados com ou sem conectores ou
nos contrastes entre enunciados com conectores que integram uma mesma classe semântica.

Segundo a autora, tal análise causa impacto na forma como se concebem as relações
discursivas na medida em que o estudo dos conectores oferece um esclarecimento particular a
essas relações.

Os conectores são idealizados não apenas como vectores de restrições que limitam suas
possibilidades de emprego em configurações adequadas ao tipo de relação que são levados a
explicitar, mas também como vectores de relações que não podem manifestar-se
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independentemente de seu emprego. Para chegar a essa conclusão, Rossari considera dois
pontos de vista para a caracterização dos conectores: o ponto de vista conceitual e o ponto de
vista lexical.

O primeiro define as relações do discurso fundamentando-se essencialmente sobre a


interpretação dos enunciados e considera os conectores como índices dessas relações. Além
disso, considera que as relações podem ser apreendidas independentemente das marcas (que
são susceptíveis de qualificá-las).

Tendo em vista a complexidade da definição dos marcadores discursivos e dos conectores,


foram descritas teórica de alguns estudos que são regidos por princípios pragmáticos e que
contribuíram para os estudos das expressões conectivas, trata-se de:

Os conectores e a Pragmática

Para a Pragmática, a base da explicação dos conectores está no fato de eles poderem
ultrapassar o âmbito oracional e conectarem outros tipos de categoria léxica ou sintagmática,
o que justifica termos como “enlaces extraoracionais”.

Os conectores e a argumentação

Segundo a Teoria da Argumentação na Língua, que se baseia na semântica e estuda a forma


como os enunciados condicionam por seu significado a continuação do discurso, qualquer
enunciado argumenta, favorece uma série de continuações do discurso e dificulta outras,
porque isso é inerente a todo significado linguístico (PORTOLÉS, 1998a).

Os conectores e a relevância

O princípio da Teoria da Relevância baseia-se em uma característica básica da cognição


humana: “um indivíduo, em interacção com o meio, presta mais atenção a uns fenómenos que
a outros. Desde o ponto de vista biológico, psicológico e cultural, a atenção humana é
caracteristicamente selectiva.” (MONTOLÍO, 1998, p. 96).

Os conectores e o modelo de análise modular

O Modelo de Análise Modular (MAM) se apresenta como um modelo pragmático da


articulação do discurso e de intersecção dos diversos trabalhos de várias correntes de
pesquisa, como cita Marinho (2004).

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3. Conclusão

Finalizado o presente trabalho compreendesse que A noção de texto é central na linguística


textual e na teoria do texto, abrangendo realizações tanto orais quanto escritas, que tenham a
extensão mínima de dois signos linguísticos, sendo que a situação pode assumir o lugar de um
dos signos como em "Socorro!". Para a construção de um texto é necessária a junção de vários
factores que dizem respeito tanto aos aspectos formais como as relações sintáctico-
semânticas, quanto às relações entre o texto e os elementos que o circundam: falante, ouvinte,
situação (pragmática).

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4. Referências Bibliográficas

AZEREDO, J. C. (1993). Iniciação à sintaxe do português. Rio: Jorge Zahar.

KOCH, Ingedore. Coesão e coerência textual. S. Paulo: Ática, série Princípios.

MARINHO, J. H. C. (2003). A organização relacional do discurso. In: Cadernos de Pesquisa.


Nº 41. Belo Horizonte: NAPq/FALE/UFMG, Abril.

MARTÍN ZORRAQUINO, Mª A.; PORTOLÉS LÁZARO, J. (1999. p. 4051-4213). Los


marcadores del discurso. In: BOSQUE MUÑOZ, I.; DEMONTE BARRETO, V. (Dir.).
Gramática descriptiva de la lengua española. Tomo III. Madrid: Espasa,

MONTOLÍO, E. (2001). Conectores de la lengua escrita. Barcelona: Ariel.

MONTOLÍO, E. (1998. p. 93-119). La teoría de la relevancia y el estudio de los marcadores


discursivos. In: ZORRAQUINO, M.; MONTOLÍO DURÁN, E. (Coord.). Los
marcadores del discurso: teoría y análisis. Madrid: Arco/Libros, S.L.

PORTOLÉS, J. (1998). La teoría de la argumentación en la lengua y los marcadores del


discurso. In: ZORRAQUINO, M.; MONTOLÍO DURÁN, E. (Coord.). Los marcadores
del discurso: teoría y análisis. Madrid: Arco/Libros, S.L.

PORTOLÉS, J. (1998). Marcadores del discurso. Barcelona: Ariel.

ROSSARI, C. (2000). Connecteurs et relations de discours: des liens entre cognition et


signification. Nancy: Press Universtaires de Nancy.

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