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AULA - 5

Gestão de Desastres em Unidades de Informação: Procedimentos de Prevenção


e

Recuperação do Acervo

5.1- Definição de Desastre

Considera desastre como sendo uma grave perturbação do funcionamento de uma


comunidade ou de uma sociedade envolvendo perdas humanas, materiais, económicas
ou ambientais de grande extensão, cujos impactos excedem a capacidade da
comunidade ou da sociedade afectada de arcar com seus próprios recursos.

5.1.1. Classificação dos desastres

As classificações mais utilizadas distinguem os desastres quanto à Origem e à


Intensidade.

1.1.2. Classificação quanto à origem

Quanto à origem ou causa primária do agente causador, os desastres podem ser


classificados em: Naturais e Humanos (Antropogénicos).

 Desastres Naturais - são aqueles causados por fenómenos e desequilíbrios da


natureza que atuam independentemente da acção humana. Em geral, considera-
se como desastre natural todo aquele que tem como génese um fenómeno natural
de grande intensidade, agravado ou não pela actividade humana. Exemplo:
chuvas intensas provocando inundação, erosão e escorregamentos; ventos fortes
formando vendaval, tornado e furacão; etc.
 Desastres Humanos ou Antropogénicos - são aqueles resultantes de acções ou
omissões humanas e estão relacionados com as actividades do homem, como
agente ou autor. Exemplos: acidentes de trânsito, incêndios urbanos,
contaminação de rios, rompimento de barragens, etc.

5.2. Gestão desastres em bibliotecas


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De acordo com MELO TERRA (2019:11), Ao longo da história muitos desastres têm
ocorrido, sejam naturais, induzidos ou permitidos por pessoas que objetivam acabar
com os registos do passado: terramotos, tsunamis, incêndios, inundações, intervenções,
revoluções e guerras, que tem ocasionado inúmeros estragos e flagelos à humanidade.

Como resultado, além dos males causados à população (mortos, desaparecidos e


feridos), o património cultural sofre enormes danos que têm deixado sem registos
escritos, sem recursos de imagens e sem outros objectos considerados como fonte de
conhecimento dos diversos povos que compõem o globo terrestre, tais como museus ou
até mesmo cidades e jardins antigos.

As bibliotecas, consideradas como os principais repositórios do conhecimento humano,


tem sido frequentemente vítimas desses eventos, uma vez que nelas se localizam as
fontes de informações que foram criadas, mas que também ali se guardam os tesouros
de gerações.

De facto, Os incêndios e as inundações estão entre as mais dramáticas dessas causas e os


danos que produzem na maioria das vezes são acentuados pela utilização de
procedimentos e a aplicação de métodos espúrios ao seu controle. Por isso, vários países
vêm desenvolvendo, adoptando e disseminando procedimentos técnicos científicos que
objectivam o estabelecimento de critérios de prevenção e técnicas de salvamentos
adequados.

5.2.1. Fogo

Os incêndios são uma das fontes mais frequentes de danos em bibliotecas e arquivo.
Eles podem ser causados por fenómenos naturais (raios, inundações de sistemas
eléctricos, incêndios florestais) ou por ataque humano (incêndio criminoso), mas na
grande maioria dos edifícios, os incêndios são causados por algum mau funcionamento
da fiação eléctrica e equipamentos dentro de uma instituição, ou por descuido humano.

5.2.1.1. Possíveis Causas dos Incêndios

Dentre as possíveis causas dos incêndios destacam-se os seguintes:

 A Falta de manutenção preventiva nos edifícios, equipamentos e instalações


eléctricas;
 Uso inadequado de aparelhos eléctricos;
 Fumar nas dependências da instituição;
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 Acidentes durante a execução de obras na edificação;


 Falta de sistemas de detecção e supressão automática de incêndios;
 Incêndio criminoso;
 Descargas eléctricas (raios), etc.

5.2.1.1.1. Principais Consequências dos Incêndios

Os incêndios podem causar a queima total ou parcial do edifício e seus conteúdos,


gerando grande quantidade de fuligem, deformações estruturais em itens do acervo e
possível colapso de partes do edifício, para além dos danos à saúde de funcionários e
usuários.

5.2.2. Possíveis causas dos desastres por água

As principais causas dos desastres por água são as inundações, chuvas, enchentes, etc.
Na verdade, a interacção da água com as colecções bibliográficas e documentais e
outros elementos patrimoniais da instituição podem ser extremamente prejudicial e
causar danos avultados. Nesta perspectiva, dentre as possíveis causas dos danos das
unidades de informação pela água, destacam-se as seguintes:

 Há inúmeras fontes de água internas e externas ao edifício de uma biblioteca,


naturais e tecnológicas, e diferentes mecanismos pelos quais ela pode atingir as
colecções por meio de infiltrações de águas pluviais (via telhados defeituosos e
janelas defeituosas ou esquecidas abertas, etc.);
 Vazamentos ou rupturas de tubulações, inundações, respingos durante
procedimentos de limpeza predial, ascensão por capilaridade, tratamentos de
conservação inadequados, etc. É importante destacar que estes riscos podem ser
pontuais ou em grande escala.

5.2.2.1. Consequências dos desastres pelas águas

No leque das consequências dos desastres pelas águas podemos elencar as seguintes:

 Deformações, manchas, depósitos de sujidades, enfraquecimentos, perdas,


adesão de folhas em obras impressas em papel, bem como o desenvolvimento de
microrganismos se a resposta não for rápida e eficiente.
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5.3. Gerenciamento de risco

É imprescindível que as unidades de informação (bibliotecas, arquivos e museus)


possuam uma política de gerenciamento de riscos devido a sua importância cultural e os
materiais que essas instituições abrigam. Em qualquer uma dessas organizações há
riscos de acontecer algum acidente, razão pela qual precisa-se levar a sério a
implementação de uma política de riscos.

 Neste âmbito, orientam-se os seguintes passos para o tratamento e controle dos


riscos: Identificar quais são os agentes de risco;
 Detectar as possíveis acções dos agentes assim como o local de ocorrência dos
mesmos;
 Bloquear a acção dos agentes (minimizar ou evitar);
 Responder a acção dos agentes e recuperar os danos.

De facto, as etapas de identificação, detecção e bloqueio são as acções de controle e


tratamento que têm por objectivo reduzir e limitar os impactos dos agentes de risco;
enquanto que as etapas de resposta e recuperação são acções que acontecerão em caso
de um sinistro efectivo. A gestão de riscos permite o estabelecimento eficaz de
prioridades para a aplicação de recursos através de uma visão interligada de todos os
possíveis danos e perdas para o património.

5.4. Procedimentos de Prevenção e Recuperação

Podemos afirmar que a prevenção – é o conjunto de medidas a tomar de modo a evitar


ou a minimizar os riscos de um desastre fora e dentro do edifício, assim como no acervo
de uma unidade de informação. No entanto, um plano de prevenção de desastres tem de
ser encarado como um contra-ataque ao desastre. Feita uma avaliação cuidadosa e
detalhada de todos os riscos, poderá então passar-se à tomada de medidas de prevenção,
que poderão evitar ou, pelo menos, minimizar certas ameaças. É esta a finalidade da
avaliação de riscos, ou seja, permitir tomar todas as precauções necessárias para tornar,
tanto o edifício, como as suas colecções, o mais seguros possível.

A prevenção é composta por cinco componentes:


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 A identificação das potenciais ameaças;


 A redução de riscos de ameaças;
 Uma política de back-up;
 Medidas de prevenção na construção de novos edifícios para bibliotecas e o
 Treinamento do pessoal.

5.5 Operações técnicas de recuperação do acervo

Actualmente existem várias operações técnicas de recuperação dos itens danificados.


Normalmente, quando trata-se de itens molhados, efetua-se uma secagem a frio e por
vácuo. Quando estas operações não forem possíveis, deve fazer-se uma secagem por
circulação de ar de pequenos lotes de materiais, estabilizados previamente por
congelação.

Assim que os materiais estiverem secos, deverá tentar obter-se um parecer de


especialistas nesta área sobre problemas específicos. No caso de o número de itens a
necessitar de tratamento especial ser elevado, a solução passa por definir prioridades,
deixando os de prioridade mais baixa acondicionados em caixas. Estes serão tratados
logo que haja tempo e recursos para o fazer.

5.5.1. Procedimentos a serem aplicados para o resgate de documentos

Dentre os vários procedimentos a serem aplicados no resgate dos documentos destacam-


se:

 Remover cuidadosamente o excesso de água dos volumes encadernados,


exceptuando-se os de papel couché, colocando-os entre duas tábuas do mesmo
tamanho e fazendo uma leve pressão. As tábuas deverão ser pressionadas em
ambos os lados ao mesmo tempo, para reduzir a deformação provocada pelo
inchamento da encadernação e do corpo do livro. Em seguida, colocar o
documento aberto em posição vertical numa área arejada, por duas ou três horas,
virando-o alternadamente.

 Separar, sempre que possível, uma a uma as folhas ainda molhadas dos
documentos, em papel do tipo couché ou semi-couché, para evitar o
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emblocamento (união das folhas entre si). O entrefolhamento desse tipo de papel
deverá ser feito utilizando-se telas de nylon ou voile, material plástico ou papel
encerado. Este procedimento deverá ser realizado por especialistas da área de
conservação de papel;

 Colocar os encadernados em locais providos de ventiladores, para que haja a


renovação do ar, sem, no entanto, direccioná-los para os documentos, o que
poderia danificá-los ainda mais.

 Acondicionar, visando o congelamento, no máximo 5 (cinco) encadernados em


cada saco de polietileno após a secagem descrita no item 3. O ar do interior do
saco deverá ser extraído, ao máximo, com um aparelho aspirador de pó ou
similar.

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