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demonstrando que ainda que seja em conjugação com outros regimes, o CPA não pode
nem deve ser posto de parte.
proibição da reformatio in pejus. Outro desvio está previsto no art.75º ETAF - «não é
aplicável aos processos de contra ordenação instaurados e decididos nos termos desta lei
a proibição da reformatio in pejus, bem como também a autoridade da concorrência no
art.8 do seu regime estipula que «o T da concorrência, regulação e
supervisão......podendo reduzir ou agravar a coima». Em prol da reformatio no sector
financeiro afirma-se que no recurso judicial tem lugar um novo contraditório em que as
partes têm ocasião de se defender e de produzir prova que é livremente apreciada e
valorada pelo juiz, e a tutela judicial efectiva deve permitir ao tribunal um juízo directo
e completo. Mesmo o TC no acórdão 373/2015 concluiu que não havia razões jurídico-
constitucionais para sancionar com juízo de inconstitucionalidade a excepção ao P geral
da proibição da reformatio in pejus previsto no artigo referido supra.
O actual regime implica assim uma maior eficácia para as decisões da adm, mas
por outro lado uma diminuição das garantias da tutela jurisdicional efectiva. Alem disso
se este P visa evitar um prejuízo pessoal ou patrimonial de quem recorre das decisões,
ao permitir este tipo de desvios vai criar um risco acrescido no exercício do seu dt
fundamental à tutela jurisdicional efectiva – art.18 CRP.
2.Alguns regimes sancionatórios gozam do poder de transaccionar a aplicação de
sanções administrativas contra ordenacionais. O contrato de transacção encontra-se
previsto no cod civil no art.1248 como aquele contrato «pelo qual as partes previnem ou
terminam um litígio mediante recíprocas concessões». A transacção judicial encontra-se
expressamente prevista no CPTA como meio de extinção da instância. O contrato de
transacção extra judicial não se encontra expressamente previsto no CPA (art.178 e ss).
Ao ser um contrato/negócio em que as partes podem dispor de uma situação jurídica, a
sua aceitação nem sempre foi fácil. A sua delimitação é feita pelo P da legalidade e pelo
P da proporcionalidade, podendo dizer-se que não podem ser contrários à ordem
jurídica, à ordem pública e ao interesse publico. A possibilidade da transacção afasta-se
no caso de haver conflitos de interesses ou quando lese interesses ou dts de terceiros. A
crescente aceitação da possibilidade de transacção no âmbito do dt administrativo
sancionatório é um afloramento do P da oportunidade.
Encontramos vários exemplos em que o legislador possibilita que o
sancionamento dos supervisionados seja substituído por uma posterior conduta
regulatoriamente determinada. Por exemplo nos art.223 do regime das instituições
financeiras faculta se ao banco de Portugal a suspensão total ou parcial da execução de
uma sanção condicionada ao cumprimento de certas obrigações, designadamente as
consideradas necessárias para a regularização de situações ilegais, a reparação de danos
ou a prevenção de perigos. Podemos encontrar um regime idêntico relativamente à
ANACOM e à ERSE. Também a autoridade da concorrência permite este contrato,
tanto na fase de inquérito (art.22 da lei 19/2012) como na fase de instrução (art.27º) –
depois de receber a proposta de transacção do visado, a autoridade da concorrência
procedo à sua avaliação, podendo rejeitá-la por decisão não susceptível de recurso, ou
aceitá-la procedendo à minuta da transacção. Em suma a autoridade da concorrência
goza de habilitação legal para diversas alternativas decisórias, quer na fase de inquérito
quer na fase da instrução e assiste-se ao alargamento do âmbito normativo dos tipos
legais sancionatórios (art.68º - contra ordenações).
3.Os regimes do direito sancionatório da regulação das actividades económicas
confirmam que o efeito suspensivo resultante da impugnação judicial da decisão
administrativa de aplicação de sanções fica (praticamente) reduzido ao RGCO. As
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