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Licenciatura em História
Trabalho de Investigação
Índice
Conteúdo Página
Estado da questão 2
Introdução 3
Anexos 18-28
Bibliografia 29-30
1
A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
Estado da questão
1
Guia de Portugal, vol. III, tomo II - "Beira: Beira Alta e Beira Baixa", Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian, 2014, LXI-LXIV.
2
Não citaremos a bibliografia em nota porque a matéria será alvo de análise na parte inicial do trabalho.
2
A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
Introdução
3
José Manuel Sobral, "Cozinha, Nacionalismo e Cosmopolitismo em Portugal (séculos XIX/XX)",
Itinerários: A investigação nos 25 anos do ICS, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais, 2008, pp. 99-100.
4
O volume III reporta-se à realidade beirã da década de 40. Não nos interessam as questões do foro
administrativo, mas é importante esclarecer duas problemáticas: em primeiro lugar, era inexistente, à luz
do período alvo de escrutínio, a distinção entre Beira Alta e Beira Baixa, toda a região envolvente
integrava a província da Beira. Por último, e apesar da multiplicidade de territórios adjacentes, a Beira
Alta, actualmente, integra os distritos da Guarda e de Viseu. Cf. Guia de Portugal, vol. III, tomo II -
"Beira: Beira Alta e Beira Baixa", Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2014, pp. 741-745; António
Rafael Amaro, Economia e Desenvolvimento da Beira Alta: dos finais da Monarquia à II Guerra
Mundial (1890-1939), Coimbra, [s.n.], 2003, pp. 23-31.
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A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
O Guia de Portugal começou a ser redigido em 1924, num contexto muito particular da
vida política, social e cultural portuguesas, referimo-nos concretamente aos alvores da
contemporaneidade (primeira metade do século XX). Raul Proença e uma vasta equipa de
colaboradores iniciaram o seu labor através do estudo arqueológico, cartográfico e paisagístico
de Portugal Continental, num país que ainda estava mergulhado em completa estagnação
perante uma Europa que procurava recompor-se, em todas as vertentes, dos cataclismos
deixados pela I Guerra Mundial. Vigorava a Ditadura Militar, um modelo republicano ainda
embrionário e um verdadeiro ambiente de conturbação na sociedade onde as autoridades
governativas relegavam para segundo plano a equidade e o bem-estar da população.
Aproveitando documentação e vestígios do passado, o autor tenta conceder um relato fiel (e
muitas vezes exaustivo) do quotidiano das gentes beirãs. Este hiato cronológico (1920-1924)
bastante avassalador depressa é substituído por um clima de apaziguamento/progresso cultural5.
Dentro das novas matrizes culturais, há uma clara diminuição do papel da Igreja
Católica na esfera pública, a cientificidade ganha preponderância nos meios académicos, os
docentes adoptam uma faceta laicizante, fundam-se associações de promoção
etnográfica/artística, periódicos científicos e revistas generalistas. As bibliotecas municipais são
remodeladas, cresce o número de conferências e congressos especializados em determinadas
matérias. A produção literária também aumentou significativamente, através da publicação de
obras de autores portugueses6. Imperava um novo cânone no mundo artístico e intelectual. Estas
questões introdutórias não podem passar despercebidas ao leitor e nem devem ser ignoradas. O
Guia de Portugal surge num momento crucial da História Europeia: a emergência dos
nacionalismos. Em que medida? Mais do que um repositório, cuja principal função é fornecer
dados pormenorizados após a investigação minuciosa e a recolha de documentos específicos,
esta fonte exalta um país percorrido de lés-a-lés, regenerando as suas tradições e costumes
perpetuados, de forma afincada e permanente durante o Estado Novo7, na pessoa do Professor
António Oliveira Salazar (também ele um beirão, natural de Vimieiro, Santa Comba Dão). À
semelhança de outros instrumentos de doutrinação, a cultura era detentora de mecanismos
intimidatórios que estavam afectos ao regime, abafando claramente as elevadas taxas de
analfabetismo de uma população incorporada na ruralidade. As grandes cidades (Lisboa e Porto)
cresceram exponencialmente, o comércio revitalizou-se e corresponde às exigências do novo
consumidor que aprecia produtos frescos de origem portuguesa, graças às matrizes do recente
desenvolvimento regional que privilegia o aproveitamento das potencialidades da terra.
5
Rui Ramos (coord.) in Rui Ramos, Bernardo Vasconcelos e Sousa e Nuno Gonçalo Monteiro, História
de Portugal, Lisboa, Esfera dos Livros, 2009, p. 612.
6
Cf. A. H. de Oliveira Marques, "Valores e realizações culturais", Portugal da Monarquia para a
República, coordenação de A.H. de Oliveira Marques, Nova História de Portugal, direcção de Joel Serrão
e A.H. de Oliveira Marques, Lisboa, vol. 11, Presença, 1991, pp. 577-615.
7
Cf. Fernando Rosas, "Portugal e o Estado Novo (1930-1960)" in Nova História de Portugal, direcção de
Joel Serrão e A.H. de Oliveira Marques, vol. 12, Lisboa, Presença, 1992, pp. 412-422.
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A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
Os aspectos alimentares fizeram despoletar nas gentes beirãs, e não só, um sentimento
de pertença a esta "Portugalidade" que lhes era familiar propagado por todo o país. A
transposição das normativas políticas para o mundo culinário é outra das questões centrais que
está inerente ao próprio Guia de Portugal8. Os movimentos regionalistas reclamavam uma certa
autonomia (fomentados, nomeadamente, pelo arquipélago açoriano - São Miguel) e
ambicionavam uma modificação nas mentalidades, não só do ponto de vista edílico mas, acima
de tudo, na correspondência e aceitação dos trâmites propostos pelos organismos
internacionais9. Se cada região tinha direito à sua autodeterminação, a melhor solução para
desencadear este mecanismo "libertador" era revalorizar as bases culturais, legitimar o passado
glorioso e ressuscitar os horizontes primordiais (que infelizmente se desvaneceram com o
tempo) da essência regionalista, do que é tradicional, genuíno e típico das populações locais. De
acordo com os propósitos da época, prescindir deste conjunto de preferências, em grande
medida, balizadas pelo teor político. Ora este projecto "reformista" não pode estar imune dos
aspectos caracterizadores do próprio etnos, o alicerce de todos os povos10.
8
Isabel Drumond Braga, "Da Dietética à Gastronomia Regional Portuguesa. Um Estudo de Caso",
ArtCultura. Revista de História, Cultura e Arte, vol. 16, n.º 28, Uberlândia, 2014, pp. 136-140.
9
Sobre esta matéria, Cf. Rui Ramos (coord.) in Rui Ramos, Bernardo Vasconcelos e Sousa e Nuno
Gonçalo Monteiro, Ob.Cit., Lisboa, Esfera dos Livros, 2009, p. 614.
10
Para o caso francês, veja-se, Julia Csergo, "O surgimento das cozinhas regionais" in FLANDRIN, Jean-
Louis, e MONTANARI, Massimo, História da Alimentação, vol. 2 (Da Idade Média aos tempos actuais),
Lisboa, Terramar, 2008, pp. 383-396.
11
Cf. a análise dos livros de receitas mais conhecidos nos séculos XIX e XX in José Manuel Sobral,
"Nacionalismo, culinária e classe: a cozinha portuguesa da obscuridade à consagração (séculos XIX-
XX)", Ruris, vol. 1, n.º 2, Campinas, 2007, pp. 37-40.
5
A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
12
Idem, "Cozinha, Nacionalismo e Cosmopolitismo em Portugal (séculos XIX/XX)", Itinerários: A
investigação nos 25 anos do ICS, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais, 2008, pp. 110-114.
13
Ana Firmino, "Identidade e Tradição na Dieta Alimentar Portuguesa", Revista da Faculdade de
Ciências Sociais e Humanas, n.º 9, Lisboa, 1996, pp. 373-374.
14
José Manuel Sobral, "Cozinha, Nacionalismo e Cosmopolitismo em Portugal (séculos XIX/XX)",
Itinerários: A investigação nos 25 anos do ICS, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais, 2008, pp. 116-118.
15
Para uma curta resenha histórica da vida do autor, ver, Rui Ramos (coord.), Bernardo Vasconcelos e
Sousa e Nuno Gonçalo Monteiro, Ob.Cit., Lisboa, Esfera dos Livros, 2009, p. 603.
16
Guia de Portugal, vol. III, tomo II - "Beira: Beira Alta e Beira Baixa", Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian, 2014, pp. XVII-XIX (Apresentação).
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A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
As culturas são muito variadas e a partir daqui já conseguimos ter uma percepção da
verdadeira "roda dos alimentos" desta população. O milho grosso seria cultivado um pouco por
toda a parte, assim o terreno permitisse. Necessita de uma rega diária empreendida várias vezes
durante a jornada de trabalho. Este produto permitia a confecção de uma série de receitas,
nomeadamente as "papas de milho" degustadas pelos paladares ancestrais19. Outro produto de
particular relevância é a castanha que em determinadas alturas do ano substituía o pão. Este
alimento antiquíssimo podia ser confeccionado em várias modalidades: uma panificação mais
rica privilegiava o centeio (terreno e proficuidade do clima) mas também se coziam pães de
trigo e milho (broa). A cultivação do feijão e da fava também acompanhavam as lides
campestres, assim como as leguminosas do grão. O arroz mereceu especial atenção nas zonas de
regadio (Baixo Mondego). As árvores de fruto eram igualmente relevantes dada a sua produção
em grande quantidade nos extensos pomares que cobriam várias dezenas de hectares. Destaque
para as maçãs e as pêras20. Outros frutos de relevante teor: figos, romãs, pêssegos e morangos.
Os cereais mais pobres - aveia e cevada (não estavam destinados às actividades panificadoras)
eram utilizados na confecção de papas devido à isenção de matérias gordas.
17
Alexandre Lucena e Vale, Beira Alta: Terra e Gente, Viseu, Comissão Municipal do Turismo, 1958,
pp. 34-37.
18
Alexandre Lucena e Vale apresenta a rotina de um beirão que se dedica inteiramente à lavoura, numa
minuciosidade/meticulosidade impressionante. Ver, Idem, Ob.Cit., pp. 46-49.
19
João Nunes de Oliveira, A Beira Alta de 1700 a 1840: Gentes e Subsistências, Viseu, Palimage, 2002,
pp. 65-85. Ainda que o autor tenha um balizamento temporal pré-definido (e que nos poderia levar a um
completo anacronismo), os tópicos analisados vão de encontro à realidade contemporânea.
20
Idem, Ob.Cit., pp. 104-133.
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A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
Estes são os produtos mais propensos ao consumo nas habitações beirãs. A par de
outros de valor reduzido (laranjas, amêndoas e medronheiros) misturavam-se alguns que eram
mais ricos e saborosos, devido às condições de acessibilidade. Na simplicidade das suas
palavras, Vasco Miranda sintetizou, mais do que os géneros alimentares disponíveis, o
conhecido aforismo da cultura portuguesa, onde do pouco se faz muito: "(…) Algum remendo
de centeio nas quebradas, meia dúzia de milho nos nateiros dos rios, quatro azeitonas, uns tonéis
de vinho do Dão, a lã, o leite e a carne de uns centos de ovelhas, um rebanho de cabras, duas
trutas e um punhado de maçãs. Mas tudo isso o beirão multiplica com o seu amor (...)" 24.
21
Idem, Ob.Cit., pp. 152-168.
22
Maria Alexandre Lousada, Sentir os sabores de Portugal - pratos típicos e doçaria regional, vol. 2
(Centro - Beira Interior), [s.l]., Edições Bial, 2007, p. 45 e pp. 59-60.
23
António Rafael Amaro, Economia e Desenvolvimento da Beira Alta: dos finais da Monarquia à II
Guerra Mundial (1890-1939), Coimbra, [s.n.], 2003, pp. 237-279.
24
Vasco Miranda, Beira Alta, Lisboa, Editora Bertrand, [s.d], p. 200.
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A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
Já vimos que a Beira Alta é um verdadeiro palco de sabores e aromas que não têm
correspondência com qualquer outra região do país. Numa análise microscópica desta realidade,
somos quase "forçados" a admitir que dentro de cada aldeia, vila ou cidade existem variantes
que muitas vezes são justificadas pela alteração de um detalhe no processo de confecção.
Tomamos como ponto de partida os doces e os enchidos porque são eles os protagonistas das
discrepâncias na alimentação de muitas famílias. No distrito da Guarda, a doçaria foi ganhando
relevância, em grande medida, pela comunhão de dois produtos, a abóbora (que estava
condicionada à refinação para depois ser elaborado o típico doce). Outro produto era o
requeijão, elaborado a partir de leite de ovelha, cozido e calcado com as mãos numas pequenas
cestas de plástico, das quais se extraía o excesso de água acumulada a fim de garantir a solidez
desejada. Vejamos algumas receitas com abóbora e requeijão: requeijão com doce de abóbora
(fusão dos dois produtos que permitem realçar um sabor agridoce, uma técnica considerada por
muitos como inovadora); sopa de abóbora com morcela; sonhos com abóbora e pudim de
requeijão25. O receituário não é muito extenso o que nos leva a concluir que, apesar de ser
multifacetada, a abóbora limitava-se a quatro hipotéticos pratos, uma sopa, uma sobremesa e
dois acompanhamentos para o pequeno-almoço ou hora do lanche (na Beira Alta também é
designada com merenda ou boda).
25
Maria Alexandre Lousada, Ob.Cit., pp. 45-46.
26
Idem, Ibidem, pp. 57-58.
27
Cf. Maria Odete Valente, Cozinha Regional Portuguesa, Coimbra, Almedina, 1986; Idem, Tesouros da
Cozinha Portuguesa, Lisboa, Circulo de Leitores, 2008. As receitas e as respectivas páginas encontram-se
discriminadas nos "Anexos" deste Trabalho de Investigação.
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A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
Por último, há que considerar outras doçarias menos conhecidas mas que nem por isso
deixam de ser relevantes, recorrendo, de forma integral, aos ingredientes acima mencionados: as
regueifas de Carregal do Sal; as passas de pêra de São Bartolomeu (uma espécie produzida nos
concelhos de Tábua, Nelas, Mangualde e Gouveia); os folares de Mortágua e Vouzela, muitos
requisitados no período pascal; as queijadinhas e os pastéis de Oliveira de Frades e Vouzela. Os
doces de ovos ganham, de novo, preponderância, nomeadamente as "castanhas e as ferraduras"
de Vila Nova de Paiva. Em Teixeira (Tarouca) também há lugar para os apetecíveis biscoitos28.
Em Trancoso há um doce peculiar, as sardinhas doces. A receita sobreviveu graças às fontes
orais, sendo associada ao Convento da Ordem de Santa Clara, localizado nesta cidade. O facto
de ela não se encontrar redigida em nenhum livro de culinária leva-nos a pensar em duas
situações: por um lado, a monopolização do conhecimento face aos dogmas que estavam
vigentes no século XVII, cuja influência se deve aos Doutores da Igreja; ao invés, terá sido pela
instabilidade vivida no seio das ordens religiosas em Portugal, em pleno século XIX29.
28
Francisco Hipólito Raposo, Beira Alta com um abraço total à Serra da Estrela, Lisboa, Mobil Oil
Portuguesa, 1987, pp. 25, 41, 83 e 123.
29
Sobre esta tese, no caso do século XIX, ver, Paulo J. S. Barata, "As livrarias dos mosteiros e conventos
femininos portugueses após a extinção: uma aproximação a uma história ainda por fazer", Lusitania
Sacra, n.º 24, Lisboa, 2011, pp. 125-152.
30
Maria Alexandre Lousada, Ob.Cit., pp. 53-55.
31
Francisco Hipólito Raposo, Ob.Cit., p. 161.
32
Maria Alexandre Lousada, Ibidem, p. 54.
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A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
A Serra da Estrela possui um clima húmido e muito benéfico para os pastores que aqui
cuidam dos seus rebanhos. Esta particularidade é crucial para assegurar a produção do afamado
queijo Serra da Estrela, como já tivemos oportunidade de verificar. A diversidade de matérias-
primas auxiliava as indústrias alimentares propiciando o dinamismo desta economia de cariz
regional. Hoje em dia, a actividade pastoril está em risco de extinção e com ela toda uma cultura
ovina, em grande medida porque requer bastantes conhecimentos do foro biológico. Não só, é
também a dureza de um quotidiano repleto de dificuldades e um nomadismo sem precedentes 33.
O facto mais impressionante é que num território tão "pequeno" (em contraste com outras
regiões de Portugal Continental) existem diferentes regimes climáticos - em toda a cordilheira
central da Serra da Estrela impera um tempo húmido e frio que faz brotar pastos verdejantes.
Nas zonas limítrofes da Beira Alta (confinando as localidades até ao Douro Interior)
evidencia-se um clima mais controlado, com temperaturas relativamente equilibradas onde se
adapta a cultura da vinha, do centeio, da amendoeira, do feijão, do milho grosso, da castanha e
do centeio. Dentro da fauna e da flora importa destacar a presença dos pinheirais que
incorporam largas dezenas de hectares em terrenos escarpados. O gado não é descurado e
assume particular relevância, nomeadamente o gado ovino34 e caprino. Infelizmente, muitas
culturas acabaram por extinguir-se, em grande medida, devido ao abandono das terras e em
outros casos a génese deste problema está na utilização intensiva dos solos 35. Dentro dos
recursos naturais destaca-se a extracção de cortiça e da madeira. As temperaturas são muito
díspares daí que tenhamos invernos e verões completamente antagónicos.
33
Vasco Miranda, Beira Alta, Lisboa, Editora Bertrand, [s.d.], pp. 9-10.
34
Carlos Alberto Medeiros, Sistemas de Cultura, estruturas agrárias e evolução demográfica na
montanha do norte da Beira, Lisboa, Centro de Estudos Geográficos (UL), 1982, pp. 10-21.
35
A. R. Pinto Silva e A. N. Teles, A flora e a vegetação da Serra da Estrela, Gouveia, Parque Natural da
Serra da Estrela/ADRUSE, 1999, pp. 41-42.
36
O tema é bem analisado por Abílio Mendes do Amaral, "Os pastores da Serra da Estrela - Etnografia -
Foro - Transumância", Beira Alta, vol. XXIX, fasc. III, Viseu, A.D.V., 1970, pp. 355-399.
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A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
A riqueza lítica é bem petrificada nas habitações: xisto, granito, quartzito. Em Viseu, o
gado assume especial importância (culmina na realização de uma feira semanal, às terças-
feiras). Nas periferias encontramos a agricultura aliada à habitação rural - pomares que
produzem fruta de grande qualidade e vinhedos (vinhos de mesa). Por último, em Santa Comba
Dão a paisagem é recortada pelas grandes extensões agrícolas e a permanência dos vinhedos.
A cozinha da Beira Alta é variada nas suas entradas, nos pratos principais, quer sejam
carne ou peixe e nas sobremesas. Para além dos aspectos gastronómicos, é, acima de tudo,
muito adaptável aos tempos e às circunstâncias38. Analisemos os diferentes pratos e sobremesas
que mereceram um escrutínio mais objectivo. A culinária beirã é muito rica em sopas, nem
podia deixar de ser face aos férteis terrenos agrícolas onde crescem couves, cenouras, tomates,
alfaces, repolhos, cebolas e pimentos de elevado calibre e de tamanho viçoso. Em Viseu, há
referência a diferentes tipos de sopa (denota-se o carácter regionalista com marcas toponímicas):
Sopa à Moda de Mangualde composta por nabiças e farinha de milho. Numa aldeia vizinha de
Santa Comba Dão, há Sopa Seca de Nagosela que se diferencia da referida anteriormente pela
utilização de açúcar, manteiga, pão e canela39. A base das sopas era sempre homóloga - batata,
água, sal, cenoura, cebola, azeite e temperos - distinguiam-se apenas na adição de outros
produtos. Eram sopas fartas e muito ricas no conduto que as acompanhavam. Na Guarda temos
caldos de grão, sopas riquíssimas em hortaliça (feijão-verde e ervilhas). A Sopa de Ervilhas
37
Guia de Portugal, vol. III, tomo II - "Beira: Beira Alta e Beira Baixa", Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian, 2014, p. 816.
38
Portugal não participou directamente na II Guerra Mundial, mas auxiliou, de forma muito concreta, a
Alemanha Nazi, através da extracção de volfrâmio e urânio na Beira Alta. A nova dinâmica marcou
profundamente a vida destas gentes que se confrontavam com um dia-a-dia paupérrimo. O consumo de
géneros alimentares foi limitado, bem como o requerimento de novas provisões. Sobre a situação da
culinária durante as hostilidades, ver, Isabel Drumond Braga, "A Culinária Portuguesa no tempo da II
Guerra Mundial", Revista de História Helikon, Curitiba, vol. 2, n.º 3, 2015, pp. 1-23.
39
Cf. Maria Odete Valente, Cozinha Regional Portuguesa, Coimbra, Almedina, 1986; Idem, Tesouros da
Cozinha Portuguesa, Lisboa, Circulo de Leitores, 2008. As receitas e as respectivas páginas encontram-se
discriminadas nos "Anexos" deste Trabalho de Investigação.
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A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
Tortas (ervilha cozida com a vagem) é típica em todo o distrito. Outro prato relacionado com a
sopa é o ensopado (base de legumes, pão e ocasionalmente ovo) sobretudo de borrego.
As leguminosas são muitas vezes "as rainhas" deste mundo culinário. No Inverno
consome-se "esparregado" de feijão-verde e favas, uma excelente opção para acompanhar carne
ou peixe40. Aqui chamamos a atenção para as feijocas e os feijões. Na Mealhada há mesmo um
prato que envolve feijoca e leitão. Depois temos a "Feijoca à Serrana", um prato emblemático
da Serra da Estrela e que se cinge a carnes de diversas proveniências (chouriços, paios,
presuntos), couves e cenouras. Em cada localidade nota-se o acrescentamento de outros
produtos, nomeadamente, o repolho. Esta cozinha aproveita tudo o que não consumido nos
grandes repastos. Ora, é na recolha destes géneros que nascem as famosas "migas". Na Beira
Alta, a base deste prato é constituída por batata, cebola, couve, bacalhau e azeite. Os quatro
ingredientes referidos inicialmente são esmagados lentamente até obter um aspecto sólido.
Depois rega-se com azeite. Estas migas consomem-se preferencialmente nos concelhos de
Gouveia, Loriga e Celorico da Beira41. Na Guarda e na Covilhã privilegiam-se migas mais
simples, onde o produto principal é o tomate. Nesta linha de aproveitamentos terminamos com a
açorda, um prato fortemente influenciado pela cozinha alentejana, típico da Covilhã.
O bucho é outro prato procurado, elaborado a partir de uma massa de arroz, pão, vinho e
ovos. A base é o porco, mas em algumas regiões é substituído pela carne de vitela. As suas
origens estão enraizadas por um lado na população de São Pedro do Jarmelo e em Folques, na
cidade de Arganil. Este prato pode ser estufado ou assado no forno. O borrego, o cabrito e a
chanfana (carne de ovelha) são carnes muito frequentes no receituário. A batata cozida
acompanha uma das especialidades. O frango e o coelho eram confeccionados numa púcara de
barro, em forno de lenha, o que tornava estas opções mais suculentas. O leitão confeccionado na
Beira Alta era diferente do que era preparado na Mealhada/Bairrada no aspecto da finalização, o
40
Maria Alexandre Lousada, Ob.Cit., p. 56.
41
Idem, Ob.Cit., p. 46.
42
Cf. Maria Odete Valente, Cozinha Regional Portuguesa, Coimbra, Almedina, 1986; Idem, Tesouros da
Cozinha Portuguesa, Lisboa, Circulo de Leitores, 2008. As receitas e as respectivas páginas encontram-se
discriminadas nos "Anexos" deste Trabalho de Investigação.
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A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
primeiro era regado com manteiga, o segundo com banha de porco. Os bifes distinguiam-se
entre territórios particularmente pela forma de preparar o molho.
43
Maria Alexandre Lousada, Ob.Cit., pp. 57-59.
44
Ana Viale Moutinho, A cozinha regional da Beira Alta, Sintra, Colares Editora, pp. 116-117.
45
Paulino Tavares, "A cozinha da Beira Alta", Actas do IV Encontro de Cultura Tradicional da Beira,
Viseu, Avis, 1997, pp. 57-64.
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A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
Quem visitar a Beira Alta a qualquer altura do ano não ficará desiludido com a oferta
hoteleira que a região tem para oferecer. O cartão de visita da Serra da Estrela é a neve e com
ela os recintos de desportos radicais. O turismo rural é uma hipótese plausível se tivermos em
consideração as condições da montanha e dos espaços verdes. Os hotéis são muito escassos e
localizam-se nas capitais distritais. O número de quartos é variável, apesar de as cifras serem
maiores em Viseu do que na Guarda. O maior hotel de Viseu (Hotel Grande Lisboa) tem 80
quartos a par do Grande Hotel Avenida e do Grande Hotel Regional que possuem 45 quartos.
As hospedarias ou casas de hóspedes também proliferam - Hospedaria Ricardo, José Marques,
António Almeida, Casimiro Serrano, Francisco Ramos e José Martins. É no distrito de Viseu
que se localiza uma das melhores estâncias termais do país, as Termas de São Pedro do Sul. Em
Canas de Senhorim (Caldas da Felgueira) está instalada uma estância termal de igual
preponderância dada a pureza das águas que ali se encontravam reunidas, sobretudo para
tratamentos ósseos e dermatológicos46. O Grande Hotel Clube aqui sedeado tinha o maior
número de quartos de toda a Beira Alta, 110. Um número semelhante só encontraremos no Serra
da Estrela Hotel (60). Em Tondela localizavam-se as Termas de São Gemil. As pensões não
eram tão procuradas porque nem sempre ofereciam as melhores condições (falta de salubridade,
problemas com humidade, deficiências na alimentação). A maior pensão tinha 46 quartos
(Pensão Familiar Maial) e a mais pequena, veja-se, dispunha apenas de 4 quartos.
Na Guarda não temos um único hotel erigido na década de 40. Havia um projecto para a
construção de uma unidade deste cariz ainda no decurso do período em questão. Dominavam as
casas de hóspedes e as hospedarias, com números que variavam entre os 10 e os 3 quartos
disponíveis. Apesar de ser uma vila pequena, Gouveia tinha um hotel com 27 quartos48. O
restaurante mais próximo ficava em Vilar Formoso, numa pensão anexa ao posto fronteiriço. Os
cafés são visíveis um pouco por toda a cidade, mas residualmente: Americano, Mondego e Reis.
46
Guia de Portugal, vol. III, tomo II - "Beira: Beira Alta e Beira Baixa", Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian, 2014, pp. 838 e 852-853.
47
António Rafael Amaro, Economia e Desenvolvimento da Beira Alta: dos finais da Monarquia à II
Guerra Mundial (1890-1939), Coimbra, [s.n.], 2003, pp. 61-67.
48
Guia de Portugal, Ibidem, pp. 871-872.
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A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
Não desenvolveremos muito este tópico porque não temos registo de "antagonismos"
entre as populações. A obrigatoriedade do consumo de arroz-doce, leite-creme e de aletria
(sobremesa muito idêntica ao arroz-doce) em dias assinalados conduziu à quebra de um espaço
delimitado onde esta cozinha se configurava. A invenção de novos pratos ficou bem patente
numa situação ocorrida em Seia. Quando se realizavam celebrações matrimoniais houve um
notório aproveitamento do arroz-doce e do leite-creme. O leite-creme era queimado, como
habitualmente acontecia, e depois de se ter concluído este processo cobria-se o arroz, fazendo a
junção das suas sobremesas em camadas, não num despoletar de rivalidades, mas sim numa
confluência de sabores que passou a ser tradição nestas ocasiões50.
49
José Manuel Sobral, Trajectos: o presente e o passado na vida de uma freguesia da Beira, Lisboa,
Imprensa de Ciências Sociais, 1999, pp. 65-71.
50
Maria Alexandre Lousada, Ob.Cit., p. 58.
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A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
Chegou o momento de tecermos algumas considerações finais. Muito já foi dito sobre a
cozinha da Beira Alta, a influência da matriz regionalista que acompanha a emergência deste
novo mundo culinário. O volume do Guia de Portugal alvo de análise tem como pano de fundo
a realidade beirã da década de 40, mas nem por isso deixou de haver uma continuidade da
realidade que estava vigente neste período. O que se alterou foi a conjuntura, a abertura de
horizontes, a evolução das mentalidades e o aperfeiçoamento desta temática tão tentadora.
Infelizmente, o panorama vivido na contemporaneidade é pouco animador. A par de uma
desertificação galopante, a Beira Alta perdeu muitas das suas indústrias e corre o risco de ver o
seu património cultural num caminho tumultuoso. O interesse pela região aumentou e com isso
denotou-se um crescimento do motor económico da região. Mas a ancestralidade, "o regresso às
origens" e a recuperação de muitas tradições desvanecidas pelo tempo passou a ser apenas uma
miragem/utopia. Desenvolveram-se e reciclaram-se elementos etnográficos, multiplicou-se o
número de confrarias dedicada ao mel, ao queijo, ao vinho, aos enchidos, enfim ao que é típico
e salutar nesta riqueza alimentar do mundo beirão, que ficou bem vincada. A actividade pastoril
está em vias de extinção, mas não só. A Serra da Estrela possui pouquíssimos moleiros (em
alguns locais a farinha já é importada pela inexistência de mão-de-obra que se queira dedicar ao
ofício), escasseiam as actividades milenares e com ela todo um sabor que não se perpetua.
Muitas têm sido as apostas numa crescente industrialização dos sectores mais tradicionais,
particularmente nas compotas, nos doces, no vinho, no queijo e com grande preponderância nos
enchidos. É um quadro repleto de inconstâncias. A maioria destes produtos já figuram nas
"Denominações de Origem Protegida" (DOP)51. Veremos se tais medidas são suficientes para
eliminar as assimetrias regionais, num equilíbrio de forças entre o interior e o litoral de Portugal
Continental. A Beira Alta não deixa ninguém indiferente, a panóplia de pratos de carne
(particularmente caça), peixe e sobremesas compõem o aparato de um mundo que ainda tem
muito para oferecer, assim se congreguem os esforços necessários. Existem regiões no nosso
país que têm elementos idênticos aos que se encontram aqui 52. Neste trabalho, um aspecto que
salta à vista de quem se depara com estas matérias é a valorização da qualidade em detrimento
da quantidade. Os alimentos são reaproveitados, nascem novos pratos e com eles novos aromas
e sabores. Uma cozinha de índole popular deu azo a uma culinária regional em ritmo crescente,
que se foi adaptando aos tempos e aos gostos, mas sem perder aquele resquício de tradição que a
caracteriza. Cabe agora à posteridade defender este pecúlio e não quebrar os laços com o
passado, pois é lá que se encontram as nossas raízes. Haverá melhor forma de conhecer as
gentes beirãs a não ser pela gastronomia? Que a cozinha da Beira Alta impressione quantos se
queiram debruçar sobre ela, sentados à mesa neste saboroso repasto!
51
A lista dos produtos protegidos encontra-se em Ana Firmino, "Identidade e Tradição na Dieta
Alimentar Portuguesa", Revista da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, n.º 9, Lisboa, 1996, p. 375.
52
Uma análise comparativa pode ser encontrada em Raquel Moreira, "Recursos alimentares e identidades
territoriais" in Maria Manuela Valagão, Tradição e Inovação alimentar - Dos Recursos Silvestres ao
Itinerários Turísticos, Lisboa, Edições Colibri, 2006, pp. 153-175.
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Anexos
Fonte:
VALENTE, Maria Odete, Tesouros da Cozinha Portuguesa, Lisboa, Circulo de Leitores, 2008.
Oliveira de
Biscoitos de Maria Odete
Viseu Frades, São Pedro
Lafões Valente, p. 390
do Sul e Vouzela
Maria Odete
Viseu Vouzela Caladinhos
Valente, p. 394
Maria Odete
Viseu Vouzela Compridinhos
Valente, p. 394
Maria Odete
Coimbra Ançã Bolos de Ançã
Valente, p. 397
Maria Odete
Viseu Vouzela Fofos de Vouzela
Valente, p. 405
Montemor-o- Pastéis de Maria Odete
Coimbra
Velho Abrunheira Valente, p. 407
Maria Odete
Coimbra/Viseu Lorvão Pastéis de Lorvão
Valente, p. 407
Lâminas de Maria Odete
Guarda Pinhel
Pinhel Valente, p. 413
Fonte:
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A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
Incluímos uma parte da região de Coimbra (Linha Norte do Mondego) e de Castelo Branco devido à
proximidade de muitas localidades aos distritos limítrofes.
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Maria Odete
Guarda Loriga Bolo negro
Valente, p. 402
Maria Odete
Viseu Viseu Pão-de-ló
Valente, p. 416
Maria Odete
Guarda Guarda Bolo de Páscoa
Valente, p. 438
Maria Odete
Guarda Guarda Cavacas
Valente, p. 458
Maria Odete
Viseu Viseu Castanhas
Valente, p. 457
Maria Odete
Batatada
Valente, p. 494
Maria Odete
Viseu Vouzela Pupias Ligeiras
Valente, p. 564
Fonte:
Guia de Portugal, Volume III, Tomo II - "Beira: Beira Alta e Beira Baixa", Lisboa, Fundação
Calouste Gulbenkian, 2014.
Incluímos uma parte da região de Coimbra (Linha Norte do Mondego) e de Castelo Branco devido à
proximidade de muitas localidades aos distritos limítrofes.
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A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
Termas de
São Pedro
Viseu São Pedro do
do Sul
Sul
Pensão
Avenida; Café
Oliveira Hospedaria
Viseu Casa de Antunes;
de Frades Ricardo
Hóspedes; Gouveia
Glória
Hospedaria
de José
Marques,
António Café
Palace
Almeida, Central;
Viseu Vouzela Mira-Vouga
Casimiro Montanha,
(45 quartos)
Serrano, Sport
Francisco
Ramos e José
Martins
Avenida
Hotel Grande
Pensão (15
Lisboa (80
quartos);
quartos);
Pensão Rio
Hotel Vouga
São Pedro Sul (20
Viseu (36 quartos);
do Sul quartos),
Casa de
Comércio
Hóspedes
(idem) e
Aguiar (15
Central
quartos)
(idem)
Vale de
Viseu Besteiros Diversas
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Grande
Hotel;
Central do Possui uma
Viseu Caramulo Diversas
Caramulo; padaria
Hotel da
Montanha
Pensão Cruz
(13
quartos);
Pensão
Cardoso (12
Santa quartos);
Viseu Comba Pensão
Dão Ambrósia
(17 quartos)
e Casa de
Pasto
Ramadas (8
quartos)
Pensão
Carregal
Viseu Carregal e
do Sal
Silvestre
Estância
Caldas da Pensão
termal;
Felgueira Familiar
Viseu (Canas de
Grande Hotel
Maial (46
Senhorim) Clube (110
quartos)
quartos)
Casa de
Pensão
Hóspedes
Viseu Nelas Pinto (15
Almeida (6
quartos)
quartos)
Hospedaria
Viseu Castendo Burné (9
quartos)
Casa de
Pensão
Fornos de Hóspedes Café
Guarda Tavares (15
Algodres Etelvina (7 Mondego
quartos)
quartos)
Pensão
anexa ao
Hospedaria Restaurante
Vilar restaurante
Guarda Trigo (7 do posto
Formoso do posto
quartos) fronteiriço
fronteiriço
(8 quartos)
Pensão
Meira (10
Coimbra Tábua
quartos) e
Apê (idem)
Pensão
Casa de
Oliveira Comércio
Hóspedes
Coimbra do (25
Central (6
Hospital quartos),
quartos)
Avis (4)
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A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
Pensão
Casa de
Central (27
Hóspedes Café Sena;
Guarda Seia quartos),
Provinciana Sena Bar
Castro (10
(6 quartos)
quartos)
Gouveia
Hotel (27 Pensão
quartos e 3 Viriato (20
Guarda Gouveia apart.) quartos),
Casa de Almeida (10
Hóspedes quartos)
Fonseca (10)
Casa de
Hóspedes
Estrela (7
Pensão
Celorico quartos),
Guarda Emérito (11
da Beira Mondego (6
quartos)
quartos) e
Santinho (4
quartos)
Pensão/Rest
Serra da
Penhas da aurante
Guarda Estrela Hotel
Saúde Chinês (4
(60 quartos)
quartos)
Penhas Pousada (4
Guarda
Douradas quartos)
Estrela (8
quartos),
Guarda Manteigas
Lusitana
(idem)
Aliança (21
quartos),
Restaurante Café
Hotel de Central (17
Guarda Guarda Cristal e Mondego;
Turismo quartos) e
Madrilena Reis
Santos
(idem)
Hospedaria
de Armando
Monteiro,
Guarda Sabugal Palmira
Alves e
Maria do
Céu
Hospedaria
Ribeiro (10
quartos),
Belchior (4);
Café
Guarda Pinhel Casa de
Americano
Hóspedes
Maria
Augusta (5
quartos)
Casa de Central (10
Hóspedes quartos),
Guarda Trancoso
Trancosense Nova (13
(5 quartos) quartos)
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A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
Hospedaria
Moderna (4
Guarda Almeida quartos),
Estalagem
Matilde (3)
Maria
Figueira Gamboia
Guarda de Pinto e
Castelo António
Rodrigo Aguilar
Hospedaria
Guarda Sernancelhe Cecília (4
quartos)
Hospedaria
de Elisa Rua
Viseu Penedono
e Lopes de
Carvalho
Hospedarias
Adosinda
Moimenta Barradas,
Viseu
da Beira Rosa Cabral,
Gomes e
Silva
Hospedaria -
Viseu Sátão
"O 22"
Hospedaria
Aguiar da de José
Viseu
Beira Araújo e José
Sena
Hospedarias
de António Café
Vila Nova
Viseu da Fonseca e Central
de Paiva
António
Magno
Casa de
Hóspedes Engrácia
Castro Amélia (5 (14 quartos)
Viseu
Daire quartos) e e Comércio
Cunha (6 (12 quartos)
quartos)
Fonte:
Guia de Portugal, Volume III, Tomo II - "Beira: Beira Alta e Beira Baixa", Lisboa, Fundação
Calouste Gulbenkian, 2014.
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A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
Roteiro iconográfico
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A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
Fontes:
Guia de Portugal, vol. III, tomo II - "Beira: Beira Alta e Beira Baixa", Lisboa, Fundação
Calouste Gulbenkian, 2014.
VALENTE, Maria Odete, Tesouros da Cozinha Portuguesa, Lisboa, Circulo de Leitores, 2008.
Estudos:
AMARAL, Abílio Mendes do, "Os pastores da Serra da Estrela - Etnografia - Foro -
Transumância", Beira Alta, vol. XXIX, fasc. III, Viseu, A.D.V., 1970, pp. 355-399.
BARATA, Paulo J. S., "As livrarias dos mosteiros e conventos femininos portugueses após a
extinção: uma aproximação a uma história ainda por fazer", Lusitania Sacra, n.º 24, Lisboa,
2011, pp. 125-152.
Idem, "A Culinária Portuguesa no tempo da II Guerra Mundial", Revista de História Helikon,
Curitiba, vol. 2, n.º 3, 2015, pp. 1-23.
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A Beira Alta: peculiaridades gastronómicas e hospitaleiras de uma região impar | Trabalho de Investigação
MOUTINHO, Ana Viale, A Cozinha da Beira Alta, Sintra, Colares Editora, 2007.
OLIVEIRA, João Nunes de, A Beira Alta de 1700 a 1840: Gentes e Subsistências, Viseu,
Palimage, 2002.
SILVA, A. R. Pinto, TELES, A.N., A flora e a vegetação da Serra da Estrela, Gouveia, Parque
Natural da Serra da Estrela/ADRUSE, 1999.
Idem, Trajectos: o presente e o passado na vida de uma freguesia da Beira, Lisboa, Imprensa
de Ciências Sociais, 1999.
RAPOSO, Francisco Hipólito, Beira Alta com um abraço total à Serra da Estrela, Lisboa,
Mobil Oil Portuguesa, 1987.
TAVARES, Paulino, "A cozinha da Beira Alta", Actas do IV Encontro de Cultura Tradicional
da Beira, Viseu, AVIS, 1997, pp. 57-64.
VALE, Alexandre de Lucena e, Beira Alta: Terra e Gente, Viseu, Comissão Municipal do
Turismo, 1958.
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