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Teoria Malthusiana

A Teoria Malthusiana foi elaborada por Thomas Robert Malthus e diz que o
crescimento populacional superaria a oferta de alimentos, gerando fome e
miséria no mundo todo.

O crescimento populacional era uma das grandes preocupações de Thomas


Malthus.
A Teoria Malthusiana, ou Malthusianismo, foi elaborada por Thomas Robert
Malthus no ano de 1798 e defendia que a população cresceria em ritmo acelerado,
superando a oferta de alimentos, o que resultaria em problemas como a fome e a
miséria. Malthus – pastor da Igreja Anglicana e professor de História Moderna –
escreveu uma das mais importantes obras sobre o crescimento demográfico: Ensaio
sobre o Princípio da População.

Contexto histórico

A Revolução Industrial, no século XVIII, trouxe grandes mudanças ao cenário


mundial. Uma delas foi o acelerado crescimento populacional, visto que a
industrialização transformou as relações entre o homem e o meio. O cenário
industrial aumentou o ritmo da produção, modernizou o campo e as práticas
agropecuárias e transformou as relações de trabalho, fazendo com que as pessoas
deixassem o meio rural e seguissem para o meio urbano à procura de oferta de
emprego, iniciando o processo de urbanização. As tecnologias aplicadas à medicina
também influenciaram o crescimento populacional, pois possibilitaram que a
população tivesse maior acesso a vacinas e medicamentos, aumentando a
expectativa de vida e diminuindo as taxas de mortalidade infantil.
A Grã-Bretanha, precursora da Revolução Industrial, tinha um contingente
populacional com pouco mais de 5 milhões de habitantes por volta de 1750. Meio
século depois, a população já passava dos 20 milhões. Esse crescimento acelerado
da população impulsionado pela Revolução Industrial passou a ser visto em todo o
mundo. Desde então, teorias demográficas passaram a ser elaboradas na tentativa
de se fazer um estudo sobre a dinâmica do crescimento da população.

Malthusianismo

Em sua obra Ensaio sobre o Princípio da População, Malthus deixou evidente


seu pessimismo quanto ao desenvolvimento humano. Ele acreditava que a pobreza
fazia parte do destino da humanidade, baseado na premissa de que a população
possuía potencial de crescimento ilimitado, ao contrário da produção de alimentos.

Malthus concluiu que, se o crescimento populacional não fosse contido, a população


cresceria segundo uma progressão geométrica (2,4,8,16,32), e a produção de
alimentos cresceria segundo uma progressão aritmética (2,4,6,8,10,12). Malthus
considerava que a população dobraria a cada 25 anos.

Teoria Malthusiana e a fome no mundo

Se a teoria se confirmasse e houvesse esse descompasso entre o aumento da


população e a falta de alimentos, o resultado seria uma população
mundial faminta, vivendo em situação de miséria, o que causaria uma
desestruturação na vida social. Portanto, o aumento da população seria a causa, e a
miséria, a consequência.

A fome e a miséria são realidades no mundo todo*

Para conter o ritmo acelerado do crescimento populacional, Malthus, pautado na sua


formação religiosa, acreditava na necessidade de um controle de natalidade, que
chamou de “controle moral”. Esse controle não deveria ser feito pelo uso de
métodos contraceptivos, mas pela abstinência sexual ou adiamento de casamentos.
Vale ressaltar que esse controle foi sugerido apenas para a população mais pobre.
Segundo ele, era necessário forçar a população mais carente a diminuir o número
de filhos.

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Por que a teoria de Malthus não se concretizou?

Malthus enganou-se. Como ele fez sua análise do crescimento populacional em um


espaço geográfico limitado, com uma população predominantemente rural, ele
atribuiu a todo o mundo a mesma dinâmica. Contudo, Malthus não previu que a
Revolução Industrial seria capaz de mudar todo o cenário mundial, inserindo no
meio rural novas técnicas, as quais impulsionariam a produção agrícola e
consequentemente aumentariam a oferta de alimentos. A população
não cresceu em ritmo de progressão geométrica, portanto, não dobrou a cada 25
anos. A modernização tecnológica conseguiu ampliar o desenvolvimento do cultivo
das terras, fazendo com que a produção de alimentos fosse suficiente, chegando
então a uma progressão geométrica. Assim, a fome e a miséria não poderiam ser
atribuídas à incapacidade produtiva de alimentos, como Malthus acreditava, mas sim
a sua má distribuição.

Críticas à Teoria Malthusiana

A Teoria Malthusiana foi bastante criticada por ser


considerada pessimista e cruel, pois Malthus acreditava que a humanidade estava
fadada a viver na miséria. Também acreditava que era necessário dar fim aos
programas de assistencialismo, visto que essa ajuda amenizaria os problemas
enfrentados pelas camadas mais pobres e estimularia o aumento da natalidade. Era
preciso também, de acordo com Malthus, que fosse controlada a reprodução das
camadas da população mais carentes por meio de abstinência
sexual e casamentos tardios.

Essas ideias começaram a ser refutadas em meio a um fenômeno que ficou


conhecido como explosão demográfica. Os países desenvolvidos começaram a
apresentar elevadas taxas de natalidade, aumentando então os estudos a respeito
desse fenômeno. Assim, outras teorias demográficas surgiram, reavivando,
reformulando ou refutando a teoria malthusiana. As principais foram a Teoria
Reformista e a Teoria Neomalthusiana.

Leia mais: Taxa de natalidade e o crescimento populacional

Teoria Neomalthusiana

A Teoria Neomalthusiana foi desenvolvida no início do século 20 e baseou-se no


Malthusianismo. Os neomalthusianos demonstravam receio em relação ao
crescimento acelerado da população nos países desenvolvidos, visto que, para eles,
esse crescimento causaria impacto direto na renda per capita do país. Isso
acarretaria problemas socioeconômicos, miséria e falta de emprego. Acreditavam
também que esses países deveriam investir em educação, saúde e também no
controle da natalidade. Diferente da Teoria Malthusiana, a Teoria Neomalthusiana
era a favor do uso de anticoncepcionais. Os neomalthusianos apresentavam ideias
alarmistas, afirmando que, se o crescimento populacional não fosse contido, os
recursos naturais na Terra seriam esgotados.
Teoria Reformista

Os reformistas foram os principais críticos à Teoria Neomalthusiana. As ideias


desses pensadores seguiam caminho oposto às ideias de Malthus. Para os
reformistas, o aumento das taxas de natalidade era resultado do
subdesenvolvimento, e não a causa. De acordo com essa teoria, a pobreza existia
porque havia deficit na educação, saúde e saneamento básico. Se o acesso às
políticas públicas para a educação e atendimento médico fossem eficazes, o
controle do crescimento populacional seria possível.

Leia também: Teorias demográficas

“A população, quando não controlada cresce numa progressão geométrica. Os


meios de subsistência crescem apenas numa progressão aritmética”. (MALTHUS,
1982: p. 282)

Breve análise marxista sobre Malthus


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Publicado por João Marcos Brandet

há 4 anos
Um dos grandes teóricos sobre crescimento populacional foi o pesquisador
Thomas Malthus (1766-1834). Ele assegurava que, se a população não fosse de
algum modo contida, dobraria de 25 em 25 anos, crescendo em progressão
geométrica, ao passo que, dadas as condições médias da terra disponíveis em seu
tempo, os meios de subsistência só poderiam aumentar, no máximo, em
progressão aritmética. Em um texto, adaptado da revista Veja do dia 23 de abril de
2008 intitulado O fantasma de Malthus, estava descrito que a ideia de um mundo
famélico assombra a humanidade desde que Thomas Malthus previu que no futuro
não haveria comida em quantidade suficiente para todos. Organismos
internacionais – Organização das Nações Unidas, Banco Mundial e Fundo
Monetário Internacional – chamaram a atenção para a gravidade dos problemas
decorrentes da alta dos alimentos. O Banco Mundial prevê que 100 milhões de
pessoas poderão submergir na linha que separa a pobreza da miséria absoluta
devido ao encarecimento da comida.

De acordo com Marx, a teoria malthusiana e, em particular, sua teoria do


crescimento populacional, não constitui uma explicação científica da miséria social
e, sim, “a teoria favorita de toda autêntica burguesia inglesa”, que encontra nos
pressupostos malthusianos “a justificativa mais cômoda” sobre “as condições
atualmente existentes na sociedade burguesa”. Malthus ignora, ainda, o fato de o
capitalismo produzir, necessariamente, um exército industrial de reserva, uma
população excedente que serve, entre outras razões, para pressionar os
trabalhadores empregados e o valor de sua força de trabalho. Além de servir para
a justificativa ideológica e mistificada das reais bases da miséria social naquele
período, a teoria do valor trabalho, apropriada e desenvolvida por Marx, não tem no
crescimento populacional seu eixo, mas privilegia como ponto incontornável a
análise do tempo do trabalho necessário e o tempo de trabalho excedente, no
processo de produção da mais-valia, além de considerar o tempo de trabalho
socialmente necessário para a produção de determinada mercadoria e acumulação
de riqueza. Convém ressaltar, ainda, que o caminho adotado por Marx na
construção dessa teoria não está ancorado no crescimento populacional e sim no
processo histórico da produção capitalista, analisado em O Capital. Além de
afirmar em vários momentos de sua obras que a teoria malthusiana do crescimento
populacional serve para a burguesia justificar a nova sociedade que nasceu da
derrocada do modo de produção feudal, isto é, a sociedade feudal, Marx considera,
também, em O Capital, por exemplo, que há dois momentos básicos no
pensamento burguês. O primeiro, anterior a 1848, quando se verifica um real
esforço dos ideólogos burgueses em desenvolver a crítica à realidade social,
compreendendo-a. O segundo, após a tentativa revolucionária de 1848 por parte
do proletariado europeu quando, assustados, os ideólogos burgueses buscam, por
todos os meios, encontrar elementos de justificativa para a existência da sociedade
burguesa e de seu caráter eterno. Ao não apreender as bases da vida social a
partir da teoria do valor trabalho, inicialmente desenvolvida nas fileiras da
economia clássica, com destaque para Adam Smith e David Ricardo, Malthus, de
acordo com Marx, perde os elementos para uma real investigação das bases da
sociedade burguesa e de suas contradições internas, das quais a miséria social do
proletariado é a manifestação mais evidente. Além disso, Malthus não explica
cientificamente o real caráter de classe da sociedade burguesa, apenas busca
elementos para justificar a dominação dessa classe. Como afirma o próprio Marx a
respeito da teoria malthusiana: “Tal é agora a teoria favorita de toda autêntica
burguesia inglesa [...] posto que ela tornou-se, para esta, a justificativa mais
cômoda”. Ao se distanciar da apreensão das bases reais que fundam a miséria das
massas sob o capitalismo, Malthus perde, igualmente, a possibilidade de
compreender o caráter de classe do proletariado moderno e, inclusive, de sua luta
contra a burguesia. Pelo contrário, a resposta de Malthus ao problema da
superpopulação proletária é encontrada não na necessidade de se fazer a crítica à
sociedade burguesa e sim no sentido imperativo de fazer desaparecer a população
excedente dos pobres, “fazendo-a morrer de fome da maneira mais cômoda e de a
impedir (à classe proletária) de colocar excesso de crianças no mundo”, argumenta
Marx. Por fim, Malthus não aposta no desaparecimento futuro da classe burguesa,
como o fará, pelo contrário, a teoria de Marx.

A Arte também denuncia e revela a problemática da desigualdade social como algo


ligado no âmago da sociedade e a fome é uma dessas consequências. Uma das
grandes pinturas, Os Retirantes de Portinari, assume uma feição acentuadamente
social. Portinari esteve engajado politicamente, como militante do Partido
Comunista e explicitou de forma crítica, na série Retirantes, a situação de miséria
social presente no país em determinadas camadas sociais. A obra Os Retirantes
está inserida em um período do Modernismo, em que este vive um momento de
nova síntese, cujos elementos considerados são, entre outros, o nacionalismo e a
arte social.
Portinari era muito ligado à terra e conseqüentemente às questões sociais, que na
obra Os Retirantes, o artista enfoca a situação de miséria social de determinadas
camadas sociais, em especial as do sertão nordestino, vítimas da seca. A maneira
expressiva como trata os elementos da linguagem visual – a pincelada, a cor, o
gesto, a forma – contribui para a tradução da carga dramática que caracteriza a
obra do artista na série Retirantes.

O fenômeno da desigualdade social tem deturpado princípios constitucionais. Veja


o artigo da CF: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade.
Todos são iguais perante a lei? Um dos princípios mais importantes do Direito é o
princípio da igualdade, que busca garantir a igualdade de todas as pessoas
perante a lei. Nas mídias, vemos que há uma desigualdade formal e material. O
que podemos fazer diante da desigualdade? O que podemos fazer diante do
problema de crescimento populacional e crescimento da fome? Convido, você
leitor, para refletir sobre essas questões. Quais pontos do Direito podemos utilizar
no cotidiano para garantir direitos?

João Marcos Brandet


Wissenschaftler und Gesellschaftstheoretiker
João Marcos Brandet realiza estudos sobre a República de Weimar, o Nacional-
Socialismo e a Segunda Guerra Mundial, a reunificação da Alemanha, a Lei
Fundamental da República Federal da Alemanha, o Tribunal Constitucional Federal
da Alemanha e o Império Alemão. Brandet tem formação em Filosofia, Sociologia,
Ética Empresarial e Argumentação Jurídica pela FGV Online (Fundação Getulio
Vargas). Possui formação em Política Contemporânea, Ética e Administração
Pública, Processo Legislativo Federal e Doutrina Política: Socialismo pelo Instituto
Legislativo Brasileiro. João tem formação em Educação Fiscal: Tributação,
Orçamento e Coesão Social e Cidadania Fiscal - Sociedade pela Escola de
Administração Fazendária. Brandet tem formação em Justiça pela Harvard
University.

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