Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/239527555
CITATIONS READS
9 909
5 authors, including:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
Pó de forno elétrico de siderurgia como fonte de micronutrientes e de contaminantes para plantas de milho View project
All content following this page was uploaded by Raul Franzolin on 11 June 2015.
RESUMO - Avaliaram-se as reações fisiológicas de bioclimática apresentaram valores superiores (P<0,01) aos
termorregulação em bubalinos submetidos a duas da temperatura retal, freqüência respiratória e taxa de
temperaturas e a duas dietas com diferentes proporções sudação, caracterizando estresse calórico em relação aos do
de volumoso:concentrado. Foram utilizados oito galpão. Verificou-se que não houve diferença estatística na
machos bubalinos inteiros, com idade de 12 meses e temperatura retal entre os búfalos alimentados com as
296kg, em média, alojados em gaiolas metabólicas, diferentes dietas; entretanto, houve aumento significativo
dispostas em câmara bioclimática (ambiente aquecido: (P<0,01) da freqüência respiratória e taxa de sudação, para
30,9 a 36,0°C) e galpão (ambiente natural: 26,2 a os búfalos que consumiram a dieta (50:50). Com base nos
32,0°C), recebendo dietas na proporção 80:20 e 50:50. resultados, concluiu-se que os bubalinos em temperatura
O delineamento experimental consistiu de 2 quadrados ambiente de 36°C entram em estresse calórico, mesmo
latinos 4x4, em arranjo fatorial 2x2, em 4 períodos utilizando suas vias evaporativas, e no que se refere à
(5dias) consecutivos. Foram registradas a temperatura influência da alimentação no equilíbrio térmico, houve
retal, a freqüência respiratória (9h e 17h), a taxa de controvérsias, o que leva à necessidade de novos
sudação (16h duas coletas por período). Os resultados estudos.
demonstraram que os animais alojados na câmara
TERMOS PARA INDEXAÇÃO: Bubalino, termorregulação, dieta.
ABSTRACT - The physiological reactions of successive (5 day) periods. Rectal temperature and
thermoregulation were evaluated on buffaloes breath was recorded at 9:00 h and 17:00 h, breath
submitted to two temperatures, and two diets with frequency and sweat rate at 16:00 h (two samples per
different roughage:concentrate ratios. Eight uncastrated period). The results showed that animals housed in the
12-month-old male buffaloes, with average weight of climatic chamber presented higher values (P<0.01) of
about 296 kg, were used. They were kept in metabolism rectal temperature, breath and sweat rate,
cages, half of which were installed in a climatic
characterizing heat stress, compared with those in the
chamber (heated environment at 30.9 to 36.0°C) and
open barn. No statistical difference in rectal
the other half in an open barn (natural environment at
temperature among the buffaloes fed on the
26.2 to 32.9°C), and fed on two diets with the following
roughage:concentrate ratios: 80:20 and 50:50. The different
experimental design consisted of two (4x4) latin
squares in (2x2) factorial arrangement in four
A zona de termoneutralidade dos búfalos, segundo (1997) observaram aumentos na temperatura retal em
Goswami e Narain (1962), está na faixa de 15,5 a búfalos submetidos à temperatura ambiente de 34,7°C e
21,2°C. Entretanto, os mesmos demostram estresse as observações de Chikamune (1987) e Vieira et al.
térmico quando a temperatura ultrapassa 29,0°C. No (1995) mostram que a temperatura interna dos búfalos
presente trabalho, verificou-se que os búfalos entraram aumenta com a elevação da temperatura do ar, o
em estresse térmico em temperatura de 36,0°C, bem que
acima de sua zona de conforto. Titto, Russo e Lima
40
39,5
Temperatura retal C
39
TRM
38,5 TRV
38
37,5
Câmara Galpão
FIGURA 1 - Valores médios da temperatura retal matutina (TRM) e vespertina (TRV), °C, em câmara
bioclimática (30,9 a 36,0°C) e galpão (26,2 a 32,9°C).
demostra que os bubalinos possuem uma zona de de 28,3 e 34,7°C, respectivamente. E concorda com
termoneutralidade bem maior do que a sugerida por outros autores, Veiga et al. (1963); Campos, et al.
Goswami e Narain (1962). (1987); Chikamune (1987) e Vieira et al. (1995), que o
aumento da freqüência respiratória é uma resposta
Freqüência respiratória comum à elevação da temperatura ambiente, como
Observou-se que a freqüência respiratória dos forma de dissipar calor.
animais mantidos na câmara bioclimática foi superior Com respeito às dietas, os valores da
(P<0,01) à dos mantidos no galpão, tanto no período da freqüência respiratória foram significativamente
manhã quanto no período vespertino (Figura 2). Esses maiores (P<0,05) nos animais submetidos à dieta com
resultados assemelham-se aos obtidos por Titto, Russo e mais concentrado no período vespertino, não havendo
Lima (1997), que observaram um aumento na atividade
respiratória de 26,6 para 48,4mov./min, em diferença significativa no período matutino (Figura 3).
temperaturas
150
Freqüência respiratória
(mov./mim.)
100
FRM
FRV
50
FIGURA 2 - Valores médios da freqüência respiratória matutina (FRM) e vespertina (FRV), mov./min., em
câmara bioclimática (30,9 a 36,0°C) e galpão (26,2 a 32,9°C).
150
Freqüência respiratória
(mov./mim.)
100
FRM
FRV
50
0
Câmara Galpão
FIGURA 3 - Valores médios da freqüência respiratória matutina (FRM) e vespertina (FRV), mov./min, em função
das dietas A (80:20) e B (50:50).
submetidos a 38°C, não sendo, porém, suficiente para sudação, em relação a rações ricas em concentrado, o que
evitar a hipertermia. neste trabalho não foi observado, pois os valores médios de
Na Figura 5 observamos que a taxa de sudação taxa de sudação foram maiores nos búfalos que
foi significativamente (P<0,05) maior nos búfalos que consumiram a dieta com maior proporção de concentrado.
consumiram a dieta rica em concentrado, 87,8g.m-2.h-1, O mesmo foi verificado na freqüência respiratória, já
o que eqüivale a um aumento de 12,9gm-2h-1 em relação comentado anteriormente. Da mesma forma, não foram
ao valor obtido nos animais tratados com dieta rica em encontrados trabalhos que pudessem esclarecer o assunto
volumoso, que foi de 74,9g.m-2.h-1. De acordo com em questão. Sugerindo, assim, a necessidade de estudos
Nogueira Filho e Lucci (1981) e Lucci (1977), rações mais profundos a respeito dos parâmetros fisiológicos,
com maior quantidade de fibra traduzem-se por maior não só em bubalinos, mas em outras espécies de
temperatura retal, freqüência respiratória e taxa de ruminantes.
TABELA 2 - Consumo médio diário das dietas e o consumo médio diário das dietas nos ambientes.
Consumo Dieta Ambiente
A B Câmara Galpão
150
Taxa de sudação (TS gm h)
100
50
0
Câmara Galpão
-2 -1
FIGURA 4 - Valores médios da taxa de sudação (TS), g.m .h , em câmara bioclimática (30,9 a 36,0°C) e galpão
(26,2 a 32,9°C).
150
Taxa de sudação (TS gm h)
100
50
0
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.2, p.437-443,
A mar./abr., 2001 B
443
FIGURA 5 - Valores médios da taxa de sudação (TS), gm-2h-1, em função das dietas A (80:20) e B (50:50).