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DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Aos meus pais

Às minhas irmãs

Aos meus cunhados


Aos meus sobrinhos
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AGRADECIMENTOS

Ao apresentar esta dissertação não podia deixar de nela exarar todo o agradeci-
mento devido a quem, directa ou indirectamente, contribuiu, através de orientação,
simples estímulo ou de ajuda propriamente dita, para a sua realização.
À Professora Doutora Helena Pereira, pela ideia do trabalho, por todo o apoio,
incentivo, disponibilidade e orientação, ao longo do seu desenvolvimento e, final-
mente, pela leitura crítica e revisão desta dissertação.
À Investigadora Doutora Teresa Quilhó, por toda a amizade, incentivo, espírito
de equipa e disponibilidade na co-orientação do trabalho desenvolvido e pela leitura
crítica e revisão desta dissertação.
Ao Investigador Doutor Luís Cruz Carneiro pela atenção que sempre me dispen-
sou, pela total disponibilidade com que sempre me recebeu, pelo estímulo e pela
orientação da análise estatística dos dados, assim como pela revisão do respectivo
texto nesta dissertação.
À Dra. Maria Clara Freitas, por toda a amizade, incentivo e colaboração no
início do trabalho disponibilizando informação.
À Dra. Maria Cândida Liberato pelo apoio, amizade e revisão dos nomes cientí-
ficos e respectivas famílias.
À Dra. Conceição Casanova, coordenadora do Programa Interministerial de Tra-
tamento e Valorização do Património do IICT (FCT), através do qual obtive uma bolsa
da Fundação para a Ciência e a Tecnologia que permitiu desenvolver parte deste
trabalho.
À Mestre Rita Freitas, directora dos Serviços de Planificação e Estatísticas do
Instituto para a Promoção de Exportações de Moçambique e à Mestre Regina Cruz da
Direcção Nacional de Terras e Florestas de Moçambique pelo incansável apoio e
disponibilização de grande parte da documentação de Moçambique.
À Dra. Fernanda Graça Gordo, do Instituto de Conservação da Natureza, pela
cedência da informação referente ao Cites.
À Professora Doutora Fátima Tavares e à Doutora Isabel Miranda, pela amizade
e incentivo que sempre mostraram no decorrer deste trabalho.
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À Cristiana, técnica do Centro das Florestas e Produtos Florestais, pela amizade


e apoio nos ensaios laboratoriais.
Ao António Pereira da Silva, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de S. Paulo,
pelo apoio incondicional na execução de alguns cortes histológicos.
Ao Engº Técnico Rogério Dias Pereira, pela entrevista concedida sobre a história
da xiloteca do Jardim Botânico Tropical.

Ao Instituto de Investigação Científica Tropical, pela oportunidade em desenvol-


ver este trabalho utilizando colecções das xilotecas do Centro de Florestas e Produtos
Florestais e do Jardim Botânico Tropical e pelas facilidades concedidas para a sua
realização.
À Estação Agronómica Nacional, do Instituto Nacional de Recursos Biológicos,
em Oeiras, pelas facilidades concedidas para a utilização do sistema de programas
informáticos de taxonomia numérica e de correlação canónica.
Ao Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Eduardo Mondlane,
em Maputo, Moçambique, pelo acolhimento e disponibilização de condições para a
instalação da base de dados na instituição e pela cedência de uma colecção de
amostras.
Ao Instituto Superior de Agronomia pelo apoio logístico ao longo do trabalho.
À Fundação para a Ciência e a Tecnologia pela atribuição de uma Bolsa de
Investigação Científica (BIC-2001) e de uma Bolsa de Gestão de Ciência e Tecnologia
(SFRH / BGCT / 15380 / 2005) que contribuíram para a realização de parte deste
trabalho e financiaram uma viagem à Universidade Eduardo Mondlane em Maputo,
Moçambique.
Ao Ministério da Economia / IICT que, através do Programa de Economia
Operacional Regional de Lisboa e Vale do Tejo POE Med 3.10 - POR/3.1.002/DRELVT-
ME/IICT, financiou o projecto PO2-M4-4437, tendo possibilitado as visitas ao IPT e
USP, Brasil e CIRAD, França, durante as quais se aproveitou para também estabelecer
contactos e realizar trabalho para esta dissertação.

A todos os professores, investigadores, colegas e pessoal técnico que acompa-


nharam o desenrolar deste trabalho, pela amizade e apoio em todos os momentos.
A toda a família, especialmente aos meus pais, por todo o amor, incentivo,
paciência e até, como não podia deixar de ser, o apoio no habitual “stress” final.
A todos quantos me acompanharam nesta caminhada, rodeando-me de muita
amizade, carinho, incentivo, apoio e compreensão, tornando assim possível a
concretização deste trabalho, um muito obrigada.
O presente trabalho foi realizado no
Centro de Florestas e Produtos Florestais (IICT/FLOR)
e Jardim Botânico Tropical (IICT/JBT)
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RESUMO

A necessidade de garantir a sustentabilidade das florestas tropicais tem contri-


buído para uma utilização mais racional dos seus recursos baseada em conheci-
mento científico e sistematização da informação. Este trabalho desenvolveu-se em
duas xilotecas do Instituto de Investigação Científica Tropical com as colecções de
Moçambique, Timor e Índia (285 amostras) e 15 novas espécies de Moçambique.
Verificou-se e completou-se a informação disponível, efectuou-se a caracterização
anatómica das novas espécies, fizeram-se macro e microfotografias e mediram-se os
parâmetros colorimétricos (L*, a*, b*). Criou-se uma e-xiloteca sistematizando toda
a informação sobre nomenclatura, estrutura e anatomia, propriedades físicas, carac-
terísticas macroscópicas e potenciais utilizações. Criaram-se consultas-tipo para
diversos fins. A aplicação da taxonomia numérica agrupou, por classes de seme-
lhança, madeiras de origens diferentes e as suas características anatómicas e físicas.
Obteve-se uma alta correlação canónica entre variáveis anatómicas e físicas, por
exemplo: correlação directa da retracção volumétrica, L* e a* com o número e a
espessura da parede dos vasos e inversa com o diâmetro dos vasos; correlação
directa da retracção radial com o diâmetro dos vasos; correlação directa da largura
dos raios e dos comprimentos das fibras e dos elementos dos vasos com a humidade
e inversa com a densidade, retracção axial e b*.

Palavras-chave: xiloteca, madeiras tropicais, identificação, propriedades ana-


tomias e físicas, base de dados, análise multivariada.
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ABSTRACT

Development of an electronic tropical xylarium (e-xylarium) for wood identification


and characterization with scientific and economic uses

The necessity of sustainable tropical forests has contributed for a more rational
use of their resources based on scientific knowledge and organized information. This
work was based on two xylaria from the Instituto de Investigação Científica Tropical
(285 samples from Mozambique, Timor and India collections) and on 15 other species
from Mozambique. The available information was verified and completed, the anatomical
characterisation of new species was made, macro and microphotographies were taken
and colorimetric parameters were measured (L*, a*, b*). A virtual wood collection (e-
xylarium) was created by gathering and structuring information on nomenclature,
structure and anatomy, physical and macroscopic characteristics and potential uses.
Queries were designed for different purposes.
Numeric taxonomy grouped all wood samples by similarity classes taking into
account their origin, and the anatomical and physical characteristics. A high canonical
correlation was obtained between anatomical and physical data, such as: direct
correlation of volumetric shrinkage, L* and a* with vessel number and wall thickness
and indirect correlation with vessel diameter; direct correlation of radial shrinkage
with vessel diameter; direct correlation between ray width, fibre length and vessel
element length with humidity and indirect correlation with density, axial shrinkage
and b*.

Key-words: xylarium, tropical timber, identification, anatomical and physical


properties, database, multivariate analysis
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ÍNDICE

Lista de Figuras

Lista de Quadros

PREÂMBULO

1. ENQUADRAMENTO E OBJECTIVOS .......................................................................... 1

2. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 5
2.1. Caracterização das madeiras ....................................................................................5
2.1.1. Estrutura anatómica ......................................................................................5
2.1.1.1. Características macroscópicas .....................................................9
a) Secções da madeira .......................................................................9
b) Camadas de crescimento ...........................................................10
c) Textura, fio, brilho, desenho .....................................................11
2.1.1.2. O xilema secundário de coníferas ............................................12
a) Traqueídos......................................................................................13
b) Parênquima axial ..........................................................................14
c) Canais de resina ...........................................................................14
d) Raios ................................................................................................14
e) Pontuações .....................................................................................15
2.1.1.3. O xilema secundário de folhosas .............................................16
a) Vasos ................................................................................................17
b) Perfurações e pontuações ..........................................................20
c) Raios ................................................................................................22
d) Parênquima ....................................................................................25
e) Fibras ...............................................................................................27
2.1.2. Propriedades físicas da madeira..............................................................29
2.1.2.1. Densidade .......................................................................................29
2.1.2.2. Humidade ........................................................................................31
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2.1.2.3. Retracção .........................................................................................33


2.1.2.4. Cor .....................................................................................................35
2.2. Identificação das madeiras .....................................................................................39
2.2.1. A importância da identificação de madeiras .......................................39
2.2.2. História da identificação de madeiras ...................................................39
2.2.3. Métodos para a identificação de madeiras ...........................................42
2.2.4. Algumas dificuldades no processo de identificação de madeiras .....44
2.2.5. Xilotecas.........................................................................................................46
2.3. Florestas tropicais e comércio internacional de madeiras .............................49
2.3.1. Sustentabilidade das florestas tropicais .................................................49
2.3.2. Comércio internacional de madeiras .....................................................50
2.3.2.1. Produção de madeiras tropicais ................................................51
2.3.2.2. Exportações .....................................................................................51
2.3.2.3. Importações ....................................................................................52
2.3.2.4. A EU como grande importadora de madeiras tropicais ......52
2.3.3. Restrições ao comércio de madeiras tropicais ....................................54
a) O Acordo Internacional sobre Madeira Tropical ...........................55
b) A Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da
Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção – CITES ...55
c) A Organização Internacional das Madeiras Tropicais - ITTO ....56
2.3.4. Produção e comércio de madeira em Moçambique ..........................56
2.3.4.1. Produção florestal .........................................................................56
2.3.4.2. Indústria de madeira ....................................................................59
2.3.4.3. Comércio de madeira ...................................................................60
2.3.4.4. Desenvolvimento sustentável .....................................................61

3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................. 63


3.1. Material de estudo ....................................................................................................63
3.1.1. Colecção IICT - FLOR ................................................................................63
3.1.2. Colecção IICT - JBT ....................................................................................66
3.1.3. Colecção UEM – Moçambique .................................................................73
3.2. Metodologia para a caracterização de madeiras ..............................................74
3.2.1. Registo fotográfico .......................................................................................74
3.2.2. Anatomia ........................................................................................................74
3.2.2.1. Preparação das amostras .............................................................74
3.2.2.2. Descrição macroscópica .............................................................74
3.2.2.3. Descrição microscópica ..............................................................74
a) Preparação de cortes finos ........................................................74
b) Preparação dos elementos dissociados ..................................75
3.2.2.4. Caracterização quantitativa .........................................................76
3.2.2.5. Caracterização qualitativa ...........................................................76
3.2.3. Determinação da cor ..................................................................................76
3.2.4. Determinação do teor de humidade, da densidade e da retracção .....77
3.3. Organização da informação ...................................................................................78
3.3.1. Selecção dos atributos ...............................................................................78
ÍNDICE

3.3.2. Construção da base de dados ..................................................................79


3.4. Análise multivariada de dados ...............................................................................79
3.4.1. Taxonomia numérica ..................................................................................80
3.4.2. Correlação canónica ...................................................................................82

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 83


4.1. Xiloteca virtual de madeiras tropicais .................................................................83
4.1.1. Base de dados e xiloteca virtual .............................................................83
4.1.2. Exemplos de utilização da e-xiloteca ....................................................85
4.2. Fichas caracterizadoras das espécies novas estudadas ...................................87
4.3. Cor das madeiras tropicais .................................................................................. 209
4.3.1. Variabilidade da cor das madeiras tropicais ..................................... 209
4.3.2. Proposta de uma tabela de cores da madeira .................................. 216
4.4. Análise multivariada e classificação de madeiras tropicais........................ 222
4.4.1. Classificação geral .................................................................................... 222
4.4.2. Classificação com base em características anatómicas ................. 237
4.4.3. Classificação com base em características físicas ........................... 245
4.4.4. Análise de semelhanças dentro da espécie e género ..................... 251
4.4.4.1. Análise de semelhanças anatómicas ..................................... 251
4.4.4.2. Análise de semelhanças físicas............................................... 254
4.5. Correlação canónica entre características anatómicas e físicas ................ 256
4.6. Relações entre propriedades da madeira ......................................................... 261
4.6.1. Densidade ................................................................................................... 262
4.6.2. Cor .............................................................................................................. 267

5. CONCLUSÕES ............................................................................................................. 273

Bibliografia .................................................................................................................................. 275

Anexo 1 ........................................................................................................................................ 291

Anexo 2 ........................................................................................................................................ 293

Anexo 3 ........................................................................................................................................ 297

Anexo 4 ........................................................................................................................................ 299

Anexo 5 ........................................................................................................................................ 303

Anexo 6 ........................................................................................................................................ 307

Anexo 7 ........................................................................................................................................ 311

Anexo 8 ........................................................................................................................................ 313


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Anexo 9 ........................................................................................................................................ 317

Anexo 10 ...................................................................................................................................... 318

Anexo 11 ...................................................................................................................................... 319

Anexo 12 ...................................................................................................................................... 325

Anexo 13 ...................................................................................................................................... 329

Anexo 14 ...................................................................................................................................... 333

Anexo 15 ...................................................................................................................................... 335


LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Câmbio vascular em relação aos tecidos que dele derivam. (A) - inicial
fusiforme; (B) - inicial radial; (C ) - corte transversal; (D) - corte radial
(só sistema axial); (E) - corte radial (apenas raio) (Esau 1974) ............. 6

Figura 2.2 Diagrama de um bloco, representando o sistema axial e radial, as carac-


terísticas básicas dos tecidos vasculares secundários e a relação com o
câmbio e a periderme (Esau 1974) ................................................................. 6

Figura 2.3 Tipos de células componentes do xilema secundário, obtidas de elementos


do lenho dissociado. A-C, elementos de vaso largos, D-F, elementos de vaso
estreitos. G, traqueído. H, fibrotraqueído. I, fibra libriforme. J, célula
parenquimatosa do raio. K, feixe de parênquima axial (Esau 1974) ........... 7

Figura 2.4 Planos da madeira e sua designação X - transversal, R - radial e T -


tangencial (Core et al. 1979) ............................................................................. 9

Figura 2.5 Cortes anatómicos: transversal, tangencial e radial (da esquerda para a
direita). A - vaso, B - raio (Hoadley 1984) ................................................. 10

Figura 2.6 Diagrama de um bloco do lenho e câmbio vascular de uma conífera -


(Esau 1974) .......................................................................................................... 12

Figura 2.7 Transição abrupta na madeira do Pinus resinosa (Resinosa). (ew) - Zona
de lenho inicial, (lw) - Zona de lenho final, (rc) - canal de resina, (r ) -
raios (Core et al. 1979) ..................................................................................... 13

Figura 2.8 Imagem de microscópio electrónico de varrimento, dos traqueídos e suas


pontuações - Pinus strobus, (a) abertura da pontuação, (d) areola
(Core et al. 1979) ................................................................................................ 15
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Figura 2.9 Pontuações de um campo de cruzamento em secção radial. (A) –


Fenestriforme em Pinus strobus (B) – Pinóide em Pinus elliottii (C ) –
Piceóide em Pseudotsuga mensiezii (D) – Cupressóide em Juniperus
virginiana (E) - Taxodióide em Abies concolor (F) Araucarióide em
Araucaria angustifolia. Escala = 30 Pm (Wiedenhoeft & Miller 2005) ..... 16

Figura 2.10 Diagrama de um bloco do lenho e câmbio vascular de uma dicotiledónea


- Folhosa (Esau 1974) ....................................................................................... 17

Figura 2.11 Elementos vasculares e suas perfurações (Barefoot & Hankins 1982) ...... 18

Figura 2.12 Três folhosas com porosidades diferentes: (A) - porosidade em anel, (B)
- porosidade semi-difusa, (C ) - porosidade difusa (Core et al. 1979) ...... 19

Figura 2.13 (A) - poros agrupados radialmente, (B) - poros agrupados em cachos,
(C) - poros isolados (Core et al. 1979) ........................................................ 19

Figura 2.14 (A) Perfuração simples, (B) Perfuração escalariforme (Core et al. 1979) ..... 20

Figura 2.15 Perfuração reticulada (IAWA 1989) ................................................................ 21

Figura 2.16 Pontuações intervasculares: (A) alterna, (B) oposta, (C ) escalariforme


(Core et al. 1979) ................................................................................................ 21

Figura 2.17 (A) Tilos nos vasos, (B) Inclusões gomosas nos vasos (Core et al.
1979) ...................................................................................................................... 22

Figura 2.18 (A) - Raios unisseriados, (B) - bisseriados, (C ) - plurisseriados de 4 a 10


células em largura, (D) - plurisseriados com mais de 10 células em
largura (IAWA 1989) ........................................................................................... 23

Figura 2.19 (A) Raios homocelulares unisseriados, (B) - Raios heterocelulares


unisseriados, (C) - Raios homocelulares multisseriados, (D) - Raios
heterocelulares multisseriados (Core et al. 1979) ...................................... 24

Figura 2.20 (A) Raios estrutura estratificada, (B) Raios agregados (Ferreirinha 1958) ....... 25

Figura 2.21 (A) - Parênquima paratraqueal vasicêntrico, (B) - Parênquima paratraqueal


aliforme, (C) - Parênquima paratraqueal confluente, (D) - Parênquima
marginal (Core et al. 1979) .............................................................................. 26

Figura 2.22 (A) Parênquima apotraqueal difuso, (B) - reticulado (Ferreirinha 1958) ..... 27

Figura 2.23 (A) - Fibrotraqueídos, (B) - Fibras libriformes, (C ) - Fibras libriformes


gelatinosas, (D) - Fibras libriformes septadas (Core et al. 1979) .......... 28
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.24 Curvas de retracção do pinheiro bravo (Mateus 1978) ........................... 33

Figura 2.25 Sistema CIELAB 1976 (www.colourware.co.uk/cpfaq/q3-21.htm) ........ 37

Figura 2.26 Tabela de 64 pigmentos utilizados para a restauração das pinturas


(National Gallery). ............................................................................................. 38

Figura 3.1 Aspecto das colecções existentes na xiloteca do Centro de Florestas e


Produtos Florestais (IICT) incluindo amostras de madeira, blocos para
corte e lâminas de montagem permanente com cortes finos para obser-
vação microscópica, exemplificando as três secções da madeira (trans-
versal, tangencial e radial) .............................................................................. 63

Figura 3.2 Aspecto geral da xiloteca do Jardim Botânico Tropical (IICT) ............. 67

Figura 3.3 Aspecto geral do museu do Jardim Botânico Tropical (IICT) ............... 68

Figura 4.1 Aspecto geral do menu inicial da e-xiloteca do IICT .............................. 83

Figura 4.2 Aspecto geral do menu da e-xiloteca do FLOR .......................................... 84

Figura 4.3 Aspecto geral do menu da e-xiloteca do JBT ............................................ 84

Figura 4.4 Estrutura geral do lenho Acacia robusta Burch ........................................ 93

Figura 4.5 Estrutura geral do lenho Amblygonocarpus andongensis (Oliv.) Exell


& Torre ................................................................................................................ 101

Figura 4.6 Estrutura geral do lenho Berchemia discolor (Klotzsch)


Hemsley .............................................................................................................. 109

Figura 4.7 Estrutura geral do lenho Cedrela odorata L. ............................................. 117

Figura 4.8 Estrutura geral do lenho Cleistanthus schlechteri (Pax) Hutch ............ 125

Figura 4.9 Estrutura geral do lenho Combretum zeyheri Sond. ............................ 133

Figura 4.10 Estrutura geral do lenho Diplorhynchus condylocarpon (Mull. Arg.)


Pichon .................................................................................................................. 141

Figura 4.11 Estrutura geral do lenho Melaleuca leucadendron (L.) L. .................... 149

Figura 4.12 Estrutura geral do lenho Morus mesozygia Stapf ..................................... 157

Figura 4.13 Estrutura geral do lenho Pterocarpus antunesii (Tab.) Harms ............ 164
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Figura 4.14 Estrutura geral do lenho Rhodognaphalon schumannianum A. Robyns ..... 173

Figura 4.15 Estrutura geral do lenho Schrebera trichoclada Welw .......................... 180

Figura 4.16 Estrutura geral do lenho Syncarpia glomulifera (Sm.) Wilde ............ 189

Figura 4.17 Estrutura geral do lenho Syringa vulgaris L ............................................. 197

Figura 4.18 Estrutura geral do lenho Xylia torreana Brenan ..................................... 205

Figura 4.19 Distribuição da frequência dos valores do parâmetro L* de 98 madeiras


por 5 classes com uma amplitude de 59,20 ............................................. 210

Figura 4.20 Distribuição da frequência dos valores do parâmetro a* de 98 madeiras


por 5 classes com uma amplitude de 18,43 ............................................. 210

Figura 4.21 Distribuição da frequência dos valores do parâmetro b* de 98 madeiras


por 5 classes com uma amplitude de 33,92 ............................................. 210

Figura 4.22 Correlação entre os valores de 'L* em percentagem com os valores de


L* da amostra polida ....................................................................................... 215

Figura 4.23 Correlação entre os valores de 'a* em percentagem com os valores de


a* da amostra polida ....................................................................................... 215

Figura 4.24 Correlação entre os valores de 'b* em percentagem com os valores de


b* da amostra polida ...................................................................................... 215

Figura 4.25 Fenograma de distâncias das 81 madeiras, obtido usando o método


UPGMA aplicado à matriz de distâncias (coeficiente de correlação
cofenética = 0,798) .......................................................................................... 226

Figura 4.26 Projecção das 81 madeiras no plano definido pelas primeira (I=23,0%) e
segunda (II=15,4%) componentes principais à qual foi sobreposta a
árvore de conexão mínima. .......................................................................... 227

Figura 4.27 Projecção das 20 características em estudo no plano definido pela pri-
meira (I=23,1%) e segunda (II=15,1%) componentes principais. ....... 227

Figura 4.28 Projecção das 81 madeiras no plano definido pelas primeira (I=23,0%) e
terceira (III=11,2%) componentes principais à qual foi sobreposta a
árvore de conexão mínima. .......................................................................... 228
LISTA DE FIGURAS

Figura 4.29 Projecção das 20 características em estudo no plano definido pela


primeira (I=23,1%) e terceira (III=11,2%) componentes principais. ........ 228

Figura 4.30 Fenograma das 70 amostras de madeira, obtido usando o método UPGMA
aplicado à matriz de distâncias (coeficiente de correlação cofenética
r= 0,703) ............................................................................................................. 232

Figura 4.31 Projecção das 70 madeiras no plano definido pelas primeira (I=20,9%) e
segunda (II=15,4%) componentes principais à qual foi sobreposta
a árvore de conexão mínima obtida a partir da matriz de dis-
tâncias. ................................................................................................................ 234

Figura 4.32 Projecção das 20 características em estudo no plano definido pela


primeira (I=20,9%) e segunda (II=15,4%) componentes principais ......... 234

Figura 4.33 Projecção das 70 madeiras no plano definido pelas primeira (I=20,9%) e
terceira (III=11,2%) componentes principais à qual foi sobreposta
a árvore de conexão mínima obtida a partir da matriz de dis-
tâncias ................................................................................................................. 235

Figura 4.34 Projecção das 20 características em estudo no plano definido pela pri-
meira (I=20,9%) e terceira (III=11,2%) componentes principais ........ 235

Figura 4.35 Exemplo de uma madeira clara Polyalthia fragans Benth. e Hook (C7=5)
e escura Dalbergia melanoxylon Guill. & Perr M16 (C7=27) .............. 237

Figura 4.36 Fenograma das 87 amostras de madeira, obtido usando o método UPGMA
aplicado à matriz de distâncias (coeficiente de correlação cofenética
r = - 0,695) ......................................................................................................... 239

Figura 4.37 Projecção das 87 amostras de madeira no plano definido pelas primeira
(I=26,7%) e segunda (II=17,1%) componentes principais à qual foi
sobreposta a árvore de conexão mínima obtida a partir da matriz de
distâncias ........................................................................................................... 241

Figura 4.38 Projecção das 13 características anatómicas no plano definido pela pri-
meira (I=26,7%) e segunda (II=17,1%) componentes principais. ....... 241

Figura 4.39 Projecção das 87 amostras de madeira no plano definido pelas primeira
(I=26,7%) e terceira (II=15,9%) componentes principais à qual foi
sobreposta a árvore de conexão mínima obtida a partir da matriz de
distâncias ........................................................................................................... 242

Figura 4.40 Projecção das 13 características anatómicas no plano definido pela pri-
meira (I=26,7%) e terceira (II=15,9%) componentes principais. ......... 242
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Figura 4.41 árvore de conexão mínima mostrando a forma como as diferentes amos-
tras se ligam entre si (as distâncias não estão à escala). ..................... 243

Figura 4.42 Fenograma das 54 amostras de madeira, obtido usando o método UPGMA
aplicado à matriz de distâncias (coeficiente de correlação cofenética
r = 0,720)............................................................................................................ 246

Figura 4.43 Projecção das 54 amostras de madeira no plano definido pelas primeira
(I=30,1%) e segunda (II=28,0%) componentes principais à qual foi so-
breposta a árvore de conexão mínima obtida a partir da matriz de
distâncias ........................................................................................................... 248

Figura 4.44 Projecção das 14 características físicas no plano definido pela primeira
(I=30,1%) e segunda (II=28,0%) componentes principais. .................. 248

Figura 4.45 Projecção das 54 amostras de madeira no plano definido pelas primeira (I=30,1%)
e terceira (III=14,2%) componentes principais à qual foi so-breposta a árvore de
conexão mínima obtida a partir da matriz de distâncias ................................. 249

Figura 4.46 Projecção das 14 características físicas no plano definido pela primeira
(I=30,1%) e terceira (III=14,2%) componentes principais. ................... 249

Figura 4.47 Figura 4.37 em que as projecção das 87 amostras de madeira no plano
definido pelas primeira (I=26,7%) e segunda (II=17,1%) componentes
principais à qual foi sobreposta a árvore de conexão mínima obtida a
partir da matriz de distâncias, são agora identificadas por um código
representativo dos seus nomes científicos. .............................................. 252

Figura 4.48 Figura 4.43 em que as projecção das 54 amostras de madeira no plano
definido pelas primeira (I=30,1%) e segunda (II=28,0%) componentes
principais à qual foi sobreposta a árvore de conexão mínima obtida a
partir da matriz de distâncias e estão identificadas por um código dos
seus nomes científicos. .................................................................................. 255

Figura 4.49 Correlação canónica entre o grupo de variáveis físicas e o grupo de


variáveis anatómicas para um conjunto de 28 amostras de madeira. ....... 258

Figura 4.50 Representação gráfica da variação da densidade da madeira com carac-


terísticas biométricas dos vasos: a) número de vasos / mm 2 (V1); b)
comprimento dos elementos dos vasos (V6); c) diâmetro tangencial mé-
dio dos vasos (V7) ............................................................................................ 263

Figura 4.51 Representação gráfica da variação da densidade da madeira com carac-


terísticas biométricas das fibras: a) espessura de parede (F1); b) compri-
mento (F2); c) razão entre espessura e largura (F1/F4) ......................... 264
Figura 4.52 Representação gráfica da variação da densidade da madeira com caracterís-
ticas biométricas dos raios: a) altura média (R5); b) largura média (R8) ...... 265

Figura 4.53 Representação gráfica da variação da densidade da madeira com os


parâmetros colorimétricos: a) L* (C4); b) a* (C5); c) b* (C6) ............... 266

Figura 4.54 Representação gráfica da variação do parâmetro colorimétrico L* (C4)


com: a) razão entre espessura e largura das fibras (F1/F4); b) espessura
de parede das fibras (F1) ................................................................................ 268

Figura 4.55 Representação gráfica da variação do parâmetro colorimétrico b* (C6)


com: a) comprimento das fibras (F2); b) largura média dos raios (R8); c)
diâmetro tangencial médio dos vasos (V7)................................................ 269

Figura 4.56 Representação gráfica da variação da anisotropia: a) com o parâmetro L*


(C4); b) com o parâmetro a* (C5) ................................................................ 270

Figura 4.57 Representação gráfica da humidade de equilíbrio ao ar (FIS3): a) com o


parâmetro L* (C4); b) com o parâmetro b* (C6) ...................................... 271
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL
LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1 Esquema associando cada tipo de células do lenho às suas principais
funções (Esau 1974) .........................................................................................8

Quadro 2.2 Classificação das densidades da madeira segundo Normas do LNEC


(1960) ................................................................................................................ 31

Quadro 2.3 Classificação das madeiras quanto à retracção, segundo as Normas


do LNEC .............................................................................................................34

Quadro 2.4 Xilotecas com mais de 10.000 amostras, referenciadas, por W. Stern,
em 1957 .............................................................................................................48

Quadro 2.5 Importações portuguesas de madeiras tropicais de 2002 a 2007


(1000 m3) ...........................................................................................................53

Quadro 2.6 Principais espécies tropicais importadas por Portugal em 2006


e 2007 .................................................................................................................53

Quadro 2.7 Lista das espécies madeireiras cujo comércio é restringido pela CITES ..54

Quadro 2.8 Percentagem de volume total do estrato florestas densas por espécie
para as 10 espécies de maior volume .......................................................57

Quadro 2.9 Espécies florestais mais exploradas em Moçambique ..........................58

Quadro 2.10 Estimativas do incremento médio anual (m 3/ha/ano) por província em


Moçambique .....................................................................................................58

Quadro 2.11 Produção de madeira em toros e transformada em Moçambique


(1994 a 1998) ....................................................................................................60
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Quadro 2.12 Exportações de toros e madeira serrada de Moçambique


(1994 a 1998) ....................................................................................................60

Quadro 3.1 Material de estudo da colecção de Moçambique (Freitas 1955) da xiloteca


FLOR/IICT .........................................................................................................64

Quadro 3.2 Material de estudo da colecção de Timor relativa às duas contribui-


ções I (Freitas 1955) e II (Freitas 1958) da xiloteca FLOR/IICT .........65

Quadro 3.3 Material de estudo da colecção da Índia Portuguesa (Freitas 1963) da


xiloteca FLOR/IICT .........................................................................................66

Quadro 3.4 Colecção de Moçambique da xiloteca do Jardim Botânico Tropical .....68

Quadro 3.5 Colecção de Timor da xiloteca do Jardim Botânico Tropical ............70

Quadro 3.6 Colecção da Índia (geral) da xiloteca do Jardim Botânico Tropical ......71

Quadro 3.7 Colecção da Índia Portuguesa (Goa) da xiloteca do Jardim Botânico


Tropical .............................................................................................................72

Quadro 3.8 Material de estudo da nova colecção vinda da xiloteca da UEM –


Maputo, e integrada na xiloteca IICT-FLOR ............................................73

Quadro 3.9 Medições biométricas efectuadas referindo-se o número de medições


e secção em que se fez a observação.......................................................76

Quadro 3.10 Codificação da escala de cores resultante da análise macroscópica das


amostras (C7) ...................................................................................................81

Quadro 4.1 Material estudado da colecção Universidade EM – Moçambique .....88

Quadro 4.2 Diferença dos valores das amostras polidas (C4, C5, C6) e expostas ao
ar (C1, C2, C3) para os parâmetros L*, a* e b* e sua percentagem
relativamente ao valor determinado na amostra polida .................... 211

Quadro 4.3 Tabela de cores da madeira com os 3 parâmetros (L*, a*, b*) pela
ordem decrescente do parâmetro L* ....................................................... 217

Quadro 4.4 Espécies que apresentam os valores mínimos e máximos encontrados


para as variáveis estudadas ....................................................................... 223

Quadro 4.5 Correlação entre as três primeiras componentes principais e as 20 variá-


veis originais, indicando-se também o valor próprio, a percentagem da
variância e a variância acumulada para cada uma das componentes. .....230
LISTA DE QUADROS

Quadro 4.6 Correlação entre as três primeiras componentes principais e as 20


variáveis originais, indicando-se também o valor próprio, a percenta-
gem da variância e a variância acumulada para cada uma das compo-
nentes. ............................................................................................................. 233

Quadro 4.7 Correlação entre as três primeiras componentes principais e as 13


variáveis originais, indicando-se também o valor próprio, a percenta-
gem da variância e a variância acumulada para cada uma das compo-
nentes. ............................................................................................................. 238

Quadro 4.8 Correlação entre as três primeiras componentes principais e as 14


variáveis originais, indicando-se também o valor próprio, a percenta-
gem da variância e a variância acumulada para cada uma das compo-
nentes. ............................................................................................................. 247

Quadro 4.9 Conjunto de amostras pertencentes à mesma espécie ou só ao mesmo


género, que integram a análise com base nas características anató-
micas ............................................................................................................... 251

Quadro 4.10 Conjunto de amostras pertencentes à mesma espécie ou só ao mesmo


género, que integram a análise com base nas características físicas......254

Quadro 4.11 As 28 espécies seleccionadas para a correlação canónica .............. 257

Quadro 4.12 Significância estatística das duas primeiras correlações canónicas


entre as variáveis anatómicas e físicas da madeira ........................... 257

Quadro 4.13 Valores de correlação da densidade da madeira (FIS1) com algumas


variáveis anatómicas .................................................................................... 263

Quadro 4.14 Valores de correlação da densidade da madeira (FIS1) com algumas


propriedades físicas ..................................................................................... 265

Quadro 4.15 Valores de correlação dos parâmetros colorimétricos (L*, a*, b*) com
algumas variáveis anatómicas ................................................................... 267

Quadro 4.16 Valores de correlação dos parâmetros colorimétricos (L*, a*, b*) com
algumas variáveis físicas............................................................................. 270
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL
PREÂMBULO

“A madeira acompanha o homem desde o berço até ao caixão”.

Súplica da árvore ao viandante


Tu que passas e ergues para mim o teu braço,
Antes que me faças mal, olha-me bem.
Eu sou o calor do teu lar nas noites frias de Inverno;
Eu sou a sombra amiga que tu encontras
Quando caminhas sob o sol de Agosto;
E os meus frutos são a frescura apetitosa
Que te sacia a sede nos caminhos.
Eu sou a trave amiga da tua casa,
Sou a tábua da tua mesa, a cama em que tu descansas
E o lenho do teu barco.
Eu sou o cabo da tua enxada, a porta da tua morada,
A madeira do teu berço e o aconchego do teu caixão.
Sou o pão da bondade e a flor da Beleza.
TU QUE PASSAS, OLHA-ME BEM … NÃO ME FAÇAS MAL.
Albano A. Mira Saraiva

Plátano monumental de Alijó, conhecido como a “árvore grande”. Plantado em


1856 e classificado de interesse público em 1953. Segundo Ernesto Goês, ca1984,
tinha 6 m. de D.A.P., 30 m. de altura, e 26 m. de diâmetro de copa.
Trata-se de um Platanus hybrida brot.; Família Platanaceae, mandado plantar
pelo Visconde de Alijó no ano 1856.
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL
1. ENQUADRAMENTO E OBJECTIVOS

A madeira é um material natural heterogéneo que apresenta grande diversidade


no aspecto geral macroscópico (por exemplo, na cor, desenho e textura) e microscó-
pico (na estrutura interna, como por exemplo, na distribuição e percentagem de
tecidos e nas dimensões das células), na composição química (por exemplo, no teor
de extractivos), nas propriedades físicas (por exemplo, na densidade e retracção),
mecânicas (por exemplo, na compressão e flexão) e na durabilidade, de que resultam
diferentes aptidões tecnológicas e, consequentemente, diversas utilizações possíveis.
Esta grande diversidade de madeiras é consequência da existência de inúmeras espé-
cies, especialmente nas regiões tropicais, o que requer a respectiva identificação
tanto científica como comercial.
A sistematização da informação sobre as madeiras das diferentes espécies, in-
cluindo aspectos de identificação, de caracterização e de utilização, tem sido desde
sempre considerada importante e existem publicadas obras de referência para madei-
ras, muitas vezes agrupadas por regiões ou grupos de famílias, tais como, por exem-
plo, Bolza & Keating (1972), Boutelje (1980), Détienne & Jacquet (1983). Para além
das publicações, a existência de uma xiloteca, como colecção validada de amostras
de madeiras de diferentes espécies, é um instrumento precioso para suporte científico
da informação.
Os meios electrónicos permitem hoje fazer a sistematização da informação exis-
tente e disponibilizá-la a públicos diferenciados, tendo em vista diferentes fins, quer
de índole prática e económica, quer científica ou pedagógica. Os elementos que
podem integrar este tipo de base de dados vão desde o inventário de espécies, às
respectivas fichas caracterizadoras, que incluem dados sobre a distribuição geográfi-
ca, a estrutura e a anatomia, as propriedades físico-mecânicas, a durabilidade e as
utilizações das diferentes madeiras, assim como as imagens sobre o seu aspecto geral
e microscópico (por exemplo, cortes histológicos das três secções da madeira). Pode
assim criar-se uma xiloteca em suporte electrónico, que se poderá designar por e-
xiloteca, que sistematiza a informação e a disponibiliza ao público, permitindo a
utilização das suas bases de dados por diferentes tipos de utilizadores e para fins
diversos.

1
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

A preocupação com a sustentabilidade das florestas, nomeadamente nas regiões


tropicais, e a necessidade de respeitar convenções e acordos internacionais têm con-
tribuído de maneira decisiva para a procura de identificação e caracterização de
amostras de madeira, tanto mais que se tem verificado a entrada no mercado de
madeiras muitas vezes provenientes de abates ilegais. A disponibilização deste tipo
de informação técnica e científica a entidades públicas, privadas e cooperativas, e
particularmente para a indústria de madeiras, exploração florestal e sector de
comercialização no mercado nacional e internacional parece ser de grande utilidade.
Também o conhecimento das características das madeiras permite a sua explo-
ração, comercialização e utilização, podendo representar um potencial importante de
desenvolvimento. Em geral, o comércio de madeiras tropicais restringe-se a um pe-
queno número de espécies, levando frequentemente a uma sobre-exploração, que põe
em causa a sustentabilidade da floresta. Uma exploração diversificada, incluindo
espécies actualmente consideradas como secundárias, desde que as madeiras apre-
sentem valor tecnológico, pode representar uma alternativa pois permite a introdução
de um maior número de espécies no processamento tecnológico e no comércio inter-
nacional de madeiras.
Por outro lado, são frequentes os problemas com a nomenclatura das madeiras,
sobretudo nas madeiras tropicais, dada a multiplicidade de designações comerciais
existentes no mercado. Por exemplo, uma mesma designação comercial é, em muitos
casos, atribuída a madeiras muito diferentes, sem qualquer afinidade botânica, en-
quanto que também os nomes vernáculos decorrentes de diferentes zonas e resultan-
tes de diferentes dialectos contribuem para a confusão no que respeita à nomenclatu-
ra das madeiras. A consulta a uma base de dados de madeiras permitirá a especificação
de uma madeira através do nome botânico, para além da designação comercial reco-
nhecida no mercado.
Este tipo de base de dados pode também ser utilizada para fins científicos,
explorando a informação sobre a caracterização das madeiras a nível anatómico,
químico e de propriedades físicas e mecânicas. Deve tratar-se, assim, como um siste-
ma aberto, permitindo a entrada de nova informação à medida que se encontre
disponível e podendo também incluir novas áreas de interesse.
Constitui objectivo geral desta tese obter e sistematizar informação sobre a
caracterização de madeiras tropicais, de modo a contribuir para uma melhor utiliza-
ção destas espécies, tendo em vista a sustentabilidade dos recursos e a economia da
exploração das madeiras.
Os objectivos específicos são:
- Criação de uma xiloteca electrónica, virtual, que se designa e-xiloteca, tendo
por base uma xiloteca real de amostras de madeira e de cortes microscópicos para as
espécies tropicais de regiões de África e Ásia, antigas colónias de Portugal (perten-
cente ao Instituto de Investigação Científica Tropical), sob a forma de uma base de
dados que inclua as informações existentes.
- Complementação da colecção com novas espécies e realização de trabalho
experimental original para a sua caracterização.
- Quantificação experimental da cor das madeiras tropicais existentes na xiloteca
e análise da sua variabilidade com vista à proposta de uma tabela de cores.

2
I. ENQUADRAMENTO E OBJECTIVOS

- Utilização científica da informação sistematizada sobre as características das


madeiras para o estudo da relação entre espécies e propriedades, nomeadamente
sobre a influência das características anatómicas nas propriedades físicas das madei-
ras.
- Desenvolvimento de um conjunto de consultas de índole prática, dirigido a
agentes económicos do sector, tendo em vista a comercialização, a transformação e a
aplicação das madeiras tropicais.

3
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

4
2. INTRODUÇÃO

2.1. CARACTERIZAÇÃO DAS MADEIRAS

2.1.1. Estrutura anatómica


A madeira não é uma massa homogénea, mas sim formada por diversos elemen-
tos celulares cuja forma, tamanho, número e disposição variam muito de espécie para
espécie. As aplicações tão variadas da madeira resultam das suas diferentes proprie-
dades e estas são consequência da sua composição e estrutura interna.
A estrutura lenhosa das plantas evoluiu ao longo do tempo, pelo que o estudo
individualizado do xilema contribui para enquadrar a planta na respectiva escala
evolutiva (Esteban et al. 2003).
O tecido vascular primário diferencia-se a partir do corpo primário através do
procâmbio ou tecido provascular e o tecido vascular secundário resulta do desenvol-
vimento da planta através da actividade do câmbio vascular. O processo de formação
do xilema a partir do câmbio vascular é descrito por vários autores (Esau 1974, Fahn
1985, Dickison 2000, Sharp 2004). O câmbio vascular é um meristema lateral que
forma os tecidos vasculares secundários (Figura 2.1), o xilema para o interior e o
floema para o exterior. As células cambiais ocorrem em dois formatos: inicial fusiforme
e inicial radial (Figura 2.1). A inicial fusiforme é mais longa que larga e tem formato
de fuso, aproximadamente prismática na parte central e em forma de cunha nas
extremidades. A inicial radial varia de ligeiramente alongada a aproximadamente
isodiamétrica. O sistema axial do xilema secundário deriva das células iniciais fusiformes
e o sistema radial das células iniciais radiais (Figura 2.1).

5
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Figura 2.1 – Câmbio vascular em relação aos tecidos que dele derivam. (A) -
inicial fusiforme; (B) - inicial radial; (C ) - corte transversal; (D) - corte radial (só
sistema axial); (E) - corte radial (apenas raio) (Esau 1974)

O lenho, ou xilema, é o principal tecido condutor de água das plantas vasculares


e está associado a um outro tecido, com função de condução dos alimentos, designa-
do por líber ou floema. A estes dois tecidos condutores dá-se o nome geral de tecidos
vasculares, formando um sistema vascular contínuo, que percorre toda a planta (Figu-
ra 2.2).
Lenho inicial
Lenho final

Figura 2.2 - Diagrama de um bloco, representando o sistema axial e radial, as


características básicas dos tecidos vasculares secundários e a relação com o câmbio e a
periderme (Esau 1974)

6
II. INTRODUÇÃO

A estrutura básica do xilema secundário possui dois sistemas de elementos, que


diferem na orientação dos seus eixos longitudinais: um é vertical e o outro horizontal.
O sistema vertical é formado por vasos, fibras e parênquima e o sistema horizontal
compreende os raios. Na Figura 2.3 podem observar-se os diferentes tipos de células
componentes do xilema secundário (Esau 1974). A estrutura do xilema secundário das
coníferas é mais simples e homogénea do que das folhosas. A diferença principal está
na ausência de vasos no lenho das coníferas e na sua presença nas folhosas, assim
como a pequena quantidade relativa de parênquima, sobretudo axial, nas coníferas
(Fahn 1985).

Figura 2.3 – Tipos de células componentes do xilema secundário, obtidas de ele-


mentos do lenho dissociado. A-C, elementos de vaso largos, D-F, elementos de vaso estrei-
tos. G, traqueído. H, fibrotraqueído. I, fibra libriforme. J, célula parenquimatosa do
raio. K, feixe de parênquima axial (Esau 1974)

Segundo Esau (1974), pode associar-se a cada tipo de células as suas principais
funções (Quadro 2.1). Os traqueídos, com origem nas células fusiformes iniciais, são
células muito estreitas e compridas, e com função de transporte e suporte. Nas folhosas,
os vasos existem com função de transporte e as fibras são células de parede mais
espessa, com função de suporte. Os raios têm origem nas células iniciais radiais e
aparecem em maior quantidade nas folhosas que nas coníferas. Os fibrotraqueídos,
com origem nas células inicias fusiformes, têm mais função de suporte que de trans-
porte, pois possuem um lúmen menor e maior espessamento de parede. O parênquima,
tecido com função de armazenamento, é geralmente mais abundante nas folhosas que
nas coníferas e a sua distribuição é muito importante na identificação de madeiras
(Butterfield 2006).

7
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Quadro 2.1 – Esquema associando cada tipo de células do lenho às suas princi-
pais funções (Esau 1974)

Nos climas temperados, consideram-se três períodos de desenvolvimento do


lenho durante um ano: repouso vegetativo, que vai desde os primeiros frios até ao
início da primavera, uma formação intensa de células de grandes dimensões transver-
sais e paredes pouco espessas e uma terceira fase, que encerra o ciclo, altura em que
ocorre deficiência em água e subida de temperatura e luz, originando células de
menor calibre mas maior espessamento de parede. Fica assim formada a camada
anual ou anel, correspondendo à porção de lenho que se forma num ano, com uma
zona inicial - lenho inicial e uma zona final - lenho final (Sharp 2004). A proporção
entre lenho inicial e final no anel pode ser afectada pela duração dos períodos de
crescimento, condições climáticas e disponibilidade do solo em água e nutrientes. A
formação dos anéis na árvore, para além dos factores ambientais (Gourlay 1995,
Pumijumnong et al. 1995), é também determinada geneticamente (Schweingruber et al.
2006, Schweingruber 2007). As diferenças estruturais entre cada um dos tipos de lenho
conferem às camadas diferentes propriedades físicas e mecânicas. O lenho final mais
denso, menos poroso, e com maior resistência mecânica é mais retráctil do que o
lenho inicial (Spear & Walker 2006).
Com o desenvolvimento da árvore, o lenho formado nos vários períodos de
crescimento é diferente. Distingue-se o lenho juvenil e o lenho adulto (Hakkila 1989,
Zobel & van Buijtenen 1989, Chauhan et al. 2006), que diferem estruturalmente na
biometria das células e organização da parede celular, e apresentam diferentes propri-
edades, tais como densidade e resistência mecânica, originando características e pro-
priedades tecnológicas diferentes.
A árvore juvenil está quase toda ela dominada pela copa, e esta exerce uma
influência pronunciada no tipo de madeira produzida. Assim, as características desta

8
II. INTRODUÇÃO

madeira introduziram o conceito de lenho juvenil, lenho que se encontra localizado


na zona central do tronco (Sharp 2004). Conforme a espécie, assim varia o seu perío-
do de desenvolvimento, geralmente de 5 a 20 anos (Hakkila 1989, Zobel & Buijtenen
1989), dependendo também das condições ambientais, pois elas influenciam o ritmo
de crescimento. Segue-se a formação do lenho adulto, que reveste perifericamente o
lenho juvenil. No geral, o lenho juvenil e o lenho adulto diferem na sua estrutura,
propriedades químicas e físicas. O comprimento das células, a espessura da parede e
a percentagem de lenho final no anel é mais baixa no lenho juvenil (Sharp 2004,
Schweingruber et al. 2006); geralmente ao lenho juvenil associam-se fibras curtas,
baixo teor em celulose, grão espiralado, baixa densidade, grande retracção longitudi-
nal e baixa resistência (Dickison 2000) e também presença de lenho de reacção
(Zobel & van Buijtenen 1989), considerando-se com menor valor do ponto de vista
tecnológico.

2.1.1.1. Características macroscópicas


a) Secções da madeira
O aspecto da madeira varia de acordo com a face observada, uma vez que se
trata de um material heterogéneo constituído por células dispostas e organizadas em
diferentes direcções. No estudo anatómico do lenho são utilizados três tipos de pla-
nos de corte: transversal, radial e tangencial (Hather 2000). O plano transversal (X) é
perpendicular ao eixo da árvore, o longitudinal radial (R) é paralelo aos raios e
perpendicular aos anéis de crescimento e o longitudinal tangencial (T) é tangente aos
anéis de crescimento e perpendicular aos raios (Figura 2.4).

Figura 2.4 – Planos da madeira e sua designação X - transversal, R - radial e T -


tangencial (Core et al. 1979)

9
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

O corte transversal intersecta transversalmente as células do sistema axial, revelan-


do as suas menores dimensões. Neste corte, os raios ficam expostos na sua extensão
longitudinal (Figura 2.5). Longitudinalmente podem obter-se dois tipos de corte: o tangencial
(perpendicular ao raio) e o radial (paralelo ao raio). Ambos mostram a face longitudinal
das células do sistema axial, mas dão duas imagens diferentes dos raios. O corte tangencial,
perpendicular aos raios, secciona-os de topo, quase perpendicularmente à sua extensão
horizontal, dando informação sobre a sua altura e largura. Pode também determinar-se o
número de células em largura. O corte radial, paralelo aos raios, mostra-os como faixas
horizontais e se seccionar um raio pelo seu plano médio dá a sua altura (Figura 2.5).
O facto dos elementos celulares da madeira apresentarem diferentes aspectos con-
soante a secção (Figura 2.5) é determinante no aspecto visual da madeira e na sua
apreciação (Bishop 1999, Vial 2001, Souza et al. 2002). Relativamente às características
gerais visíveis macroscopicamente devem destacar-se as camadas de crescimento, textura,
fio, cor, brilho e desenho (Rivers & Umney 2003).

Figura 2.5 – Cortes anatómicos: transversal, tangencial e radial (da esquerda


para a direita). A - vaso, B - raio (Hoadley 1984)

b) Camadas de crescimento
Em regiões caracterizadas por clima temperado, os anéis de crescimento representam
habitualmente o incremento anual da árvore. A cada ano é acrescentado um novo anel ao
tronco, daí a designação de anéis anuais, cuja contagem permite conhecer a idade da
árvore. Em secção transversal, em cada anel de crescimento notam-se duas zonas, uma de
células de maior diâmetro e paredes mais finas (lenho inicial), com cor mais clara, e outra
de células de menor diâmetro e paredes mais espessas (lenho final), apresentando um tom
mais escuro (Figura 2.4).
Para as espécies de climas tropicais, onde o crescimento pode ser contínuo, as madei-
ras parecem não ter anéis de crescimento. São excepções notáveis a teca (Tectona grandis),
o padouk (Pterocarpus spp.) ou o sapeli (Entandrophragma cylindricum), entre outras
(Sharp 2004). Se os anéis são visíveis, podem, no entanto, não corresponder necessariamen-
te a anéis anuais e resultarem de paragens de crescimento por factores ambientais (períodos
de secura / chuva), que é mais tarde reactivado, conduzindo à formação de falsos anéis

10
II. INTRODUÇÃO

anuais, marcados por células radialmente comprimidas e paredes espessadas (Butterfield


2006, Vaganov et al. 2006, Schweingruber 2007).
As camadas de crescimento podem ser distintas ou indistintas. O seu contorno pode
ser definido ou indefinido, consoante a linha de demarcação entre as camadas é perfeita-
mente nítida ou simplesmente esbatida. O contorno pode ser regular ou irregular e, dentro
deste, pode ser flexuoso, ondulado ou denteado (Ferreirinha 1958).
A largura das camadas de crescimento indica o modo como se processou o cresci-
mento. A sua variação depende de muitos factores, genéticos e ecológicos, tais como a
duração do período vegetativo, temperatura, humidade, qualidade do solo, luminosidade e
exploração florestal (espaçamento, desbaste, concorrência, etc.) (Burger & Richter 1991,
Barbour 2004, Schweingruber 2007).

c) Textura, fio, brilho, desenho


Textura é o efeito produzido na madeira pelas dimensões, distribuição e percentagem
dos diversos elementos estruturais que, no seu conjunto, a constituem (Burger & Richter 1991),
nomeadamente a dimensão dos vasos, largura e abundância dos raios (Rivers & Umney 2003).
Segundo a “Terminologia de Madeiras” do LNEC (1955) distinguem-se quatro tipos de textura:
fina (os elementos do lenho têm dimensões pequenas, madeiras com superfícies muito maci-
as, sem sulcos nem poros (ex: buxo), grosseira (os elementos do lenho têm dimensões
grandes, madeiras com poros muito abertos e raios muito largos (ex: carvalho), uniforme (as
camadas de crescimento são pouco diferenciadas entre si, homogéneas, típico da região
equatorial, em que a árvore cresce dum modo contínuo) e não uniforme (as camadas de
crescimento são diferenciadas entre si, heterogéneas, típico das regiões temperadas).
O fio depende da orientação geral dos elementos verticais constituintes do lenho em
relação ao eixo da árvore (Rivers & Umney 2003). No decorrer do processo de crescimento,
existe uma grande variação natural no arranjo e direcção dos tecidos axiais, originando vários
tipos de fios: recto ou direito (considerado o normal, ex: faia) que apresenta os tecidos axiais
orientados paralelamente ao eixo principal do tronco e é apreciado por contribuir para uma
elevada resistência mecânica, fácil processamento e não provocar deformações indesejáveis
quando da secagem da madeira); torcido (orientação em espiral dos elementos axiais constitu-
intes da madeira em relação ao eixo do tronco, característico em madeiras tropicais mas
pouco comum em espécies de clima temperado, com redução na resistência mecânica da
madeira e dificuldade de trabalho (Zobel & van Buijtenen 1989), especialmente na fase do
acabamento superficial); revesso (tecidos axiais da madeira orientados em diversas direcções,
que não afecta apreciavelmente a resistência mecânica da madeira mas dá origem a deforma-
ções e empenos durante a secagem, provoca dificuldade de corte radial e madeiras com mau
acabamento (Zobel & van Buijtenen 1989), ex: eucalipto); ondulado (desenvolvimento sinuo-
so dos elementos axiais do lenho, acompanhado ou não, de alternância de inclinação ao longo
das camadas de crescimento, as consequências para a madeira são praticamente as mesmas
do fio revesso; as superfícies longitudinais apresentam faixas escuras e claras, alternadas e de
belo efeito decorativo; ex: Milicia sp.) (Burger & Richter 1991).
O brilho é a capacidade de um corpo reflectir a luz incidente. A face longitudi-
nal radial é sempre a mais reluzente pelo efeito das faixas horizontais dos raios. A
importância do brilho é principalmente de ordem estética, e esta propriedade pode
ser acentuada artificialmente através de polimentos e acabamentos superficiais. Sob o

11
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

ponto de vista de identificação e distinção de madeiras, esta característica não é


relevante (Burger & Richter 1991). Trata-se de uma característica, independente da
cor, que varia com o tipo de estrutura, percentagem e natureza das inclusões, secção
de corte, ângulo de incidência da luz, etc. Certas inclusões cerosas ou oleosas dão,
por exemplo, um aspecto baço à madeira (Ferreirinha 1958).
O desenho é o termo usado para descrever a aparência natural das faces da madeira
e depende muito da técnica de corte utilizada nas diferentes peças. O aspecto decorativo
que resulta do desenho da madeira pode ser aproveitado para valorizar o material (Rivers
& Umney 2003). Alguns tipos de desenho são: espelhado, flor, espinhado, venado, man-
chado, acetinado, listado (LNEC 1955). Desenhos especialmente atraentes têm a sua ori-
gem em certas características, tais como fio irregular, nós, crescimento excêntrico e depo-
sições irregulares de substâncias corantes (Burger & Richter 1991).

2.1.1.2. O xilema secundário de coníferas


A estrutura do lenho das coníferas, quando comparado com o lenho das folhosas,
é anatomicamente mais simples e mais homogénea, com predominância de elementos
longos e rectos (Butterfield 2006). Verifica-se ausência de vasos, sendo a função de
transporte assegurada pelos traqueídos, que têm também a função de suporte. O
parênquima lenhoso é menos abundante: os raios são mais estreitos (excepto quando
existem canais de resina) (Figura 2.6).
A dimensão das células, o arranjo, a distribuição e a percentagem de tecidos têm
grande importância na qualidade da madeira e na sua utilização e variam na árvore e
entre árvores da mesma ou de espécies diferentes (Zobel & van Buijtenen 1989).

Lenho final
Lenho inicial

Figura 2.6 – Diagrama de um


bloco do lenho e câmbio vascular de
uma conífera (Esau 1974)

12
II. INTRODUÇÃO

a) Traqueídos
Os traqueídos são células alongadas e estreitas, mais ou menos pontiagudas,
que ocupam 90% (Sharp 2004) a 93% (Zobel & van Buijtenen 1989) do volume da
madeira. Uma vez formados pelo câmbio, os traqueídos têm uma longevidade muito
curta; e perdem o conteúdo celular, tornando-se tubos ocos de paredes lenhificadas,
que desempenham as funções de condução e suporte. Para que se dê a circulação de
líquidos, as paredes dos traqueídos apresentam pontuações areoladas, pelas quais os
líquidos passam de célula para célula (Burger & Richter 1991).
Nos anéis de crescimento, os traqueídos correspondentes ao início e final do
período vegetativo apresentam diferenças morfológicas marcadas (Figura 2.7), resul-
tantes de factores intrínsecos à árvore (por ex. concentração hormonal) ou factores
externos (nutrientes disponíveis, humidade, temperatura) (Barbour 2004). Assim, no
início da estação, os traqueídos são grandes e de paredes finas, com numerosas
pontuações areoladas, com um formato poligonal em secção transversal, e desempe-
nham preponderantemente a função de condução, contrastando com os que se for-
mam no fim de estação, pequenos, de paredes espessas com poucas pontuações, com
um formato mais ou menos rectangular quando observados transversalmente, e exer-
cendo mais acentuadamente a função de suporte (Burger & Richter 1991).

Figura 2.7 – Transição abrupta na madeira do Pinus resinosa (Resinosa). (ew) -


Zona de lenho inicial, (lw) - Zona de lenho final, (rc) - canal de resina, (r ) - raios
(Core et al. 1979)

13
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

b) Parênquima axial
As células do parênquima axial apresentam-se quase sempre dispostas em
cadeias ou séries (Raposo 1951). A forma das células é rectangular e as paredes
geralmente finas e não lenhificadas; são mais curtas do que os traqueídos, apresen-
tando frequentemente substâncias incluídas, entre outras, os grãos de amido
(Butterfield 2006). Este tipo de células nem sempre ocorre nas coníferas, mas estão
presentes, por exemplo, nas podocarpáceas, pináceas e cupressásseas e ausente nas
araucáreas (Burger & Richter 1991). Quando existem, podem estar dispersas pelo
lenho, designando-se parênquima axial difuso (Podocarpus), formando faixas junto
aos limites dos anéis de crescimento, denominando-se parênquima axial marginal
(Cedrus), ou fazendo parte dos canais de resina designado epitelial (Pinus) (Chattaway
1955, Burger & Richter 1991).

c) Canais de resina
Os canais de resina são espaços intercelulares delimitados por células epiteliais,
especializadas na produção de resina, que neles é vertida (Figura 2.7).
Morfologicamente diferem dos elementos de parênquima longitudinal normais por
serem mais curtas e hexagonais e conterem um núcleo grande e citoplasma denso
enquanto vivas (Burger & Richter 1991), mas nem sempre é clara a distinção e neste
sentido Wiedenhoef & Miller (2002) propõem nova terminologia para os canais de
resina e células que lhe estão associadas. Os canais podem ocupar a posição vertical
(canais de resina axiais ou longitudinais) ou horizontal (canais de resina radiais ou
transversais) e, neste caso, ocorrem sempre dentro de um raio (raio fusiforme) (Burger
& Richter 1991).
Os canais de resina constituem um elemento importante para a distinção de
certas madeiras, pois em algumas estão sempre presentes (Pinus, Picea, Pseudotsuga e
Larix) enquanto se encontram ausentes noutras (Sequoia e Araucaria) (Venet 1986,
Burger & Richter 1991, Hather, 2000, Sharp 2004, IAWA 2004).
Os canais de resina axiais podem surgir em consequência de ferimentos provo-
cados na árvore, mesmo em madeiras em que são normalmente ausentes (Tsuga e
Abies), designando-se por canais de resina traumáticos (Shweingruber et al. 2006).
Enquanto os canais normais ocorrem de forma difusa na madeira, os traumáticos
surgem em faixas tangenciais regulares, correspondentes à época em que foram origi-
nados (Burger & Richter 1991, IAWA 2004).

d) Raios
Os raios ocupam cerca de 7% do volume de lenho (Sharp 2004) e são formados
por células de parênquima radial, dispondo-se perpendicularmente aos traqueídos
longitudinais. A função dos raios é armazenar e conduzir transversalmente substânci-
as nutritivas como amido, óleos, etc. (Figura 2.7). Apresentam muitas vezes inclusões
de taninos e cristais, cujo tipo e disposição constituem informações importantes para
a identificação das madeiras. Estas células caracterizam-se por apresentarem paredes
relativamente finas, na maioria dos casos não lenhificadas, e pontuações simples. Os
raios são normalmente unisseriados e menos frequentemente bisseriados ou trisseriados.
Os raios das coníferas podem ser constituídos apenas de células parenquimatosas:

14
II. INTRODUÇÃO

raios homogéneos, como na Araucaria; ou apresentar traqueídos radiais, geralmente


nas suas margens: raios heterogéneos, como em Cedrus e Cupressus (Raposo 1951,
Jacquiot 1955) provavelmente para aumentar a eficiência na condução radial (Dickison
2000). Ocasionalmente podem surgir raios formados exclusivamente por traqueídos
radiais que, embora de constituição homocelular, são convencionalmente denomina-
dos heterogéneos (Burger & Richter 1991).

e) Pontuações
As pontuações são orifícios na parede secundária, com função importante na
passagem de líquidos de célula para célula (Figura 2.8). As variações na estrutura,
forma, tamanho e arranjo das pontuações parecem ser adaptadas para uma melhor
eficiência na condução e prevenção do embolismo (Jansen et al. 2003). O estudo das
pontuações areoladas e da sua disposição tem muito interesse para a identificação e
utilização da madeira (secagem, preservação, difusão de substâncias químicas na
fabricação de papel, etc.) Regra geral, as pontuações areoladas localizam-se nas pare-
des radiais dos traqueídos longitudinais e, menos frequentemente, nas tangenciais.
Por este motivo, o plano de corte mais adequado para se observar de frente as
pontuações areoladas, é o longitudinal radial (Burger & Richter 1991).

Figura 2.8 – Imagem de microscópio electrónico de varrimento, dos traqueídos e


suas pontuações - Pinus strobus, (a) abertura da pontuação, (d) areola (Core et al.
1979)

Na identificação de madeiras é importante observar os diferentes tipos de pontua-


ções que surgem nas zonas de contacto entre as células parenquimatosas dos raios e os
traqueídos longitudinais, designadas pontuações do campo de cruzamento (Schweingruber
1990, Dickison 2000, IAWA 2004). Essas pontuações fazem a circulação dos líquidos
entre o centro e a periferia do tronco e a base e o topo da árvore (Figura 2.9).
Segundo Phillips (1948), existem cinco tipos de pontuações (Figura 2.9):
fenestriforme (Pinus strobus, Pinus silvestris, Pinus clusiana), pinóide (Pinus), piceóide
(Pseudotsuga, Larix, Picea abies), cupressóide (Taxus bacata, Araucaria, Cedrus) e

15
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

taxodióide (Sequoia, Cryptomeria, Taxodium). Wiedenhoeft & Miller (2005) conside-


ram ainda um outro tipo de pontuações que designam por araucarióide, existente na
Araraucaria angustifolia.

Figura 2.9 – Pontuações de um campo de cruzamento em secção radial. (A) –


Fenestriforme em Pinus strobus (B) – Pinóide em Pinus elliottii (C ) – Piceóide em
Pseudotsuga mensiezii (D) – Cupressóide em Juniperus virginiana (E) - Taxodióide em
Abies concolor (F) Araucarióide em Araucaria angustifolia. Escala = 30 Pm (Wiedenhoeft
& Miller 2005)

2.1.1.3. O xilema secundário de folhosas


A estrutura do lenho das folhosas é mais evoluída, estruturalmente mais especializa-
da e complexa, quando comparada com o lenho das coníferas, oferecendo um número
bem maior de caracteres para a sua identificação (Figura 2.10) (Burger & Richter 1991). O
lenho de folhosas é constituído por vasos, raios, parênquima e fibras, cujos aspectos

16
II. INTRODUÇÃO

estruturais detalhados e comparativos são apresentados em Carlquist (2001). A dimensão


das células, o arranjo, a distribuição e percentagem de tecidos tal como para as coníferas,
têm grande importância na qualidade da madeira e na sua utilização e variam na árvore e
entre árvores da mesma ou espécies diferentes (Zobel & van Buijtenen 1989).

Lenho inicial
Lenho final

Figura 2.10 - Diagrama de um bloco do lenho e câmbio vascular de uma


dicotiledónea - Folhosa (Esau 1974)

a) Vasos
Os vasos são estruturas que ocorrem em todas as folhosas, salvo raras excep-
ções como em Trochodendron, Tetracentrom, Winteraceae e Pseudowinteria (IAWA1989,
Carlquist 2001, Schweingruber 2007), e constituem, por isso, o principal elemento de
diferenciação entre as folhosas e as coníferas. Os vasos definem-se como o conjunto
longitudinal de elementos vasculares, dispostos topo a topo, comunicando entre si
através de orifícios denominados perfurações (Figura 2.11) (Esau 1974, Dickison 2000).
A secção transversal do vaso é designada por poro. O seu estudo anatómico é impor-
tante na identificação das madeiras, pois consoante a espécie existe variação na
disposição, agrupamento, tamanho, perfurações, pontuações, comprimento dos ele-
mentos vasculares e apêndices terminais e espessura da parede (IAWA 1989).

17
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Figura 2.11 - Elementos vasculares e suas perfurações (Barefoot & Hankins 1982)

Os elementos vasculares não apresentam qualquer alongamento longitudinal ao


longo da sua formação, verificando-se apenas um alargamento radial e tangencial das
células, alargamento este que pode não ser extensivo a todo o corpo do elemento,
surgindo assim extremidades em bisel, ou ainda, apêndices terminais que continuam
as paredes para além da área de perfuração, designados vasos apendiculados (Ferreirinha
1958).
Quanto à disposição dos vasos na camada de crescimento, as espécies podem
ser de porosidade difusa, porosidade em anel e porosidade semi-difusa (Figura
2.12), (IAWA 1989). Designa-se porosidade difusa quando os vasos são de tamanho
mais ou menos uniforme e a sua distribuição no lenho é mais ou menos homogénea
(Wiedenhoeft & Miller 2005), sendo exemplos Acer sp., Populus alba, Acacia
cyanophylla, Olea europaea e Eucalyptus sp. (Fahn 1985, Schweingruber 1990). Na
porosidade em anel, o lenho contem vasos de tamanhos diferentes com concentra-
ção de poros de maior diâmetro no lenho inicial e diminuição brusca do diâmetro
dos vasos no lenho final (Wiedenhoeft & Miller 2005), sendo exemplos Fraxinus
sp., Quercus robur, Quercus ithaburensis, Robinia pseudacacia e Pistacia atlantica
(Fahn 1985, Schweingruber 1990). Entre os dois tipos extremos de porosidade, exis-
tem muitos casos intermédios, cuja transição dos diferentes diâmetros dos vasos é
gradual, designando-se porosidade semi-difusa, sendo exemplos Juglans nigra,
Rhododendron wadanum e Swietenia spp. (IAWA 1989). As condições ambientais e a
idade da planta também influenciam, de algum modo a distribuição dos vasos
(Schweingruber et al. 2006).

18
II. INTRODUÇÃO

A B C

Figura 2.12 - Três folhosas com porosidades diferentes: (A) - porosidade em anel,
(B) - porosidade semi-difusa, (C ) - porosidade difusa (Core et al. 1979)

Os vasos podem encontrar-se isolados (solitários) ou agrupados (múltiplos) (IAWA


1989) e, neste caso, consoante a sua orientação podem ser do tipo radial, tangencial,
racemiforme ou em forma de cacho (quando tem pelo menos 3 poros associados), ou
sem orientação definida (Figura 2.13) (Schweingruber 1990, Burger & Richter 1991,
Schweingruber et al. 2006).

A B C

Figura 2.13 - (A) - poros agrupados radialmente, (B) - poros agrupados em ca-
chos, (C ) - poros isolados (Core et al. 1979)

O tamanho, arranjo e distribuição dos poros são provavelmente os principais


responsáveis pela maior ou menor resistência da madeira ao desgaste. Nas folhosas
com porosidade difusa, o tamanho dos poros é o factor mais importante, uma vez que
a compressão provoca nas madeiras de poro de pequeno diâmetro uma consolidação
dos tecidos lenhosos e nas madeiras de poro aberto facilita a desagregação. Por outro
lado, os poros de maior diâmetro, como têm parede mais fina, apresentam menor
resistência às tensões de compressão lateral. Ferreirinha (1958) refere que a distribui-

19
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

ção dos poros em cadeias oblíquas e, especialmente, a existência da porosidade em


anel facilitam muito a desagregação das superfícies.

b) Perfurações e pontuações
A comunicação vertical entre dois elementos de uma mesma fiada é feita através
de uma ou mais aberturas, as perfurações, que se encontram nas paredes de contacto
dos elementos vasculares. A perfuração entre dois elementos consecutivos pode ser
de dois tipos: simples ou múltipla (Figura 2.14). As perfurações simples são as mais
vulgares e constituídas por uma única abertura de contorno sensivelmente circular. As
perfurações múltiplas são menos frequentes, mas a sua presença nos elementos de
vaso pode evitar o embolismo (Wheeler & Bass 1991, Carlquist 2001, Goulart & Marcati
2008). A perfuração múltipla mais vulgar é a escalariforme, como acontece nos géne-
ros Betula, Liriodendron e Alnus, onde as aberturas são alongadas e de paredes
paralelas entre si (Figura 2.14) ou em algumas espécies tropicais (Machado et al.
1997), mesmo em associação com a perfuração simples (Oliveira et al. 2001, Barros et
al. 2006).

A B

Figura 2.14 - (A) Perfuração simples, (B) Perfuração escalariforme (Core et al.
1979)

Existe também a perfuração reticulada (Figura 2.15), quando a área de perfura-


ção apresenta diversas aberturas com disposição de rede. A perfuração mais rara é a
efedróide, quando a área de perfuração apresenta um grupo de aberturas circulares
areoladas como em Oroxylum indicum (IAWA 1989).

20
II. INTRODUÇÃO

Figura 2.15 - Perfuração reticulada (IAWA 1989)

Os vasos apresentam pontuações nas suas paredes laterais para comunicação


com as células vizinhas, cuja disposição, aspecto, tamanho e forma são característi-
cas de algumas madeiras, constituindo um elemento importante na identificação (IAWA
1989). Quando estabelecem contacto entre dois vasos, denominam-se pontuações
intervasculares e são areoladas, variando na sua forma e arranjo, considerando-se três
tipos: alternas, que são as mais comuns (Wiedenhoeft & Miller 2005), opostas e
escalariformes (Figura 2.16); se a comunicação é de vaso para parênquima longitudi-
nal chamam-se pontuações parenquimo-vasculares, quando de vaso para raio desig-
nam-se de pontuações raio-vasculares. As pontuações que se encontram nas paredes
de contacto entre vasos e elementos parenquimatosos (parênquima e raios) podem
ser simples ou areoladas. As pontuações vasos-raios podem ser do mesmo formato e
tamanho ou superiores às pontuações intervasculares (Wiedenhoeft & Miller 2005).
Nas áreas de contacto entre vaso e fibra, a pontuação é rara ou não existe. É impor-
tante referir que os vasos isolados não apresentam pontuações intervasculares nas
suas paredes (Burger & Richter 1991).

A B C

Figura 2.16 - Pontuações intervascular es: (A) alter na, (B) oposta, (C )
escalariforme (Core et al. 1979)

21
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Os caracteres acessórios dos vasos, tais como os elementos vasculares com


espessamento espiralado, as pontuações intervasculares guarnecidas, a presença de
tilos e inclusões gomosas, devem ser considerados pois são importantes do ponto de
vista tecnológico e também para uma melhor identificação (Figura 2.17) (IAWA 1989).
Os tilos são proliferações de células parenquimatosas adjacentes, que penetram
nos vasos pelas pontuações. Atribui-se este fenómeno a diferenças de pressão osmótica
existentes entre o vaso, fisiologicamente inactivo, e as células de parênquima contí-
guas (Butterfield 2006). Enquanto os vasos conduzem os fluidos activamente, as pres-
sões dentro das células de ambos são mais ou menos idênticas. Porém, com a dimi-
nuição da intensidade do fluxo de líquidos nos vasos, a pressão no interior das
células parenquimatosas torna-se bem maior e, em consequência, a fina parede pri-
mária das pontuações do parênquima distende-se, penetrando na cavidade dos vasos
(Burger & Richter 1991). Relativamente à utilização da madeira, os tilos dificultam a
secagem e sua impregnação com substâncias preservadoras, uma vez que obstruem
as vias normais de circulação de líquidos. Os tilos constituem barreiras que impedem
a penetração de fungos xilófagos (Burger & Richter 1991).

A B

Figura 2.17 - (A) Tilos nos vasos, (B) Inclusões gomosas nos vasos (Core et al.
1979)

c) Raios
Como nas coníferas, os raios das folhosas também desempenham as funções de
armazenamento, transformação e condução transversal de substâncias nutritivas, apre-
sentando-se com uma maior riqueza morfológica, variando em tipo, número e tama-
nho de célula, constituindo, juntamente com o parênquima longitudinal, os elementos
mais eficazes de distinção entre espécies (Burger & Richter 1991).
Quanto ao tipo de células, de acordo com o seu formato podem ser: prostradas
(o diâmetro mais longo está orientado radialmente), erectas (se o eixo vertical está

22
II. INTRODUÇÃO

mais pronunciado), quadradas (se os dois eixos são sensivelmente iguais). Classifi-
cam-se de marginais e envolventes as células erectas e quadradas que se dispõem
apenas nas extremidades dos raios ou quando formam uma bainha em volta das
prostradas, respectivamente (IAWA 1989).
Os raios variam em largura (expressa pelo número de células e pela largura
média) e em altura (traduzida pelo número total de células em comprimento ou pela
altura média). São unisseriados, bisseriados ou plurisseriados se apresentam respecti-
vamente, uma única fiada de células ou duas ou mais células em largura (Figura
2.18), (IAWA 1989). Os raios plurisseriados designam-se, por raios bisseriados, trisseriados
e tetrasseriados se tiverem, respectivamente, duas, três ou quatro células na largura
máxima (Ferreirinha 1958). O tamanho e a distribuição dos raios na madeira são
responsáveis em grande parte pelo desenho decorativo da madeira (Zobel & van
Buijtenen 1989, Miller 1999), particularmente em espécies como Quercus (Leal et al.
2006), Alnus e Carpinus, onde os raios chegam a ultrapassar 5 cm de altura (Ferreirinha
1958). Este tipo de raios pode, no entanto, afectar a madeira desvalorizando-a devido
a fendas durante a secagem (Leal et al. 2006)

A B

C D

Figura 2.18 - (A) - Raios unisseriados, (B) - bisseriados, (C ) - plurisseriados de 4


a 10 células em largura, (D) - plurisseriados com mais de 10 células em largura (IAWA
1989)

23
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Relativamente à natureza, os raios chamam-se homocelulares quando as células


são só prostradas ou só erectas, caso contrário designam-se por heterocelulares (Figu-
ra 2.19) (IAWA 1989). A disposição dos raios em secção tangencial pode ser: irregular,
em cadeia, estratificada e escalonada (Figura 2.20) (Ferreirinha 1958).

A B

C D

Figura 2.19 – (A) Raios homocelulares unisseriados, (B) - Raios heterocelulares


unisseriados, (C) - Raios homocelulares multisseriados, (D) - Raios heterocelulares
multisseriados (Core et al. 1979)

Quanto aos caracteres acessórios dos raios, no lenho das folhosas considera-se
a estratificação dos raios (Figura 2.20 A) com valor de diagnose na identificação das
madeiras (Richter & Dallwitz 2000); a ocorrência de raios compostos, provenientes da
fusão de raios pequenos e de raios agregados (Figura 2.20 B), conjunto de diversos
raios pequenos a que se associam elementos longitudinais como em Quercus suber
(Leal et al. 2006, Sousa et al. 2009). Nos caracteres acessórios também se consideram
as inclusões de diferente natureza, desde cristais a células secretoras de óleos, canais
horizontais inclusos nos raios, tanto normais como traumáticos (IAWA1989). Particu-
lar atenção tem sido dada às células perfuradas dos raios ( Marcati et al. 2001, Ceccantini

24
II. INTRODUÇÃO

& Iwasaki 2002, Goulart & Marcati 2008), embora Carlquist (2001) refira que esta
característica não deva ser considerada como carácter de diagnose, por ocorrer em
muitas famílias e géneros.

A B

Figura 2.20 - (A) Raios estrutura estratificada, (B) Raios agregados (Ferreirinha 1958)

d) Parênquima
O parênquima longitudinal desempenha no lenho funções de armazenamento e
é mais abundante nas folhosas (20%) que nas coníferas (7%) (Zobel & Buijtenen
1989). Nalgumas espécies tropicais encontram-se frequentemente madeiras em que o
parênquima ocupa mais de 50% (Ferreirinha 1958). As células do parênquima apre-
sentam paredes finas não lenhificadas e pontuações simples (Burger & Richter 1991).
As células de parênquima podem ser fusiformes (se as células derivadas das
iniciais do câmbio não se dividiram transversalmente) ou em séries (se estão presen-
tes duas ou mais células dispostas longitudinalmente e originária de uma só célula
inicial do câmbio) (Ferreirinha 1958).
A distribuição do parênquima observa-se em secção transversal, distinguindo-se
dois tipos básicos: parênquima paratraqueal associado aos vasos e parênquima
apotraqueal não associado aos vasos (Wiedenhoeft & Miller 2005). Existem inúmeras
denominações para designar as diferentes formas com que estes dois tipos de distri-
buição do parênquima surgem no lenho. O parênquima paratraqueal pode ser:
vasicêntrico, vasicêntrico confluente, unilateral, aliforme, aliforme confluente e em
faixas (Figura 2.21).

25
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

A B

C D

Figura 2.21 – (A) - Parênquima paratraqueal vasicêntrico, (B) - Parênquima


paratraqueal aliforme, (C) - Parênquima paratraqueal confluente, (D) - Parênquima
marginal (Core et al. 1979)

O parênquima apotraqueal pode ser: difuso, difuso em agregados, reticulado,


escalariforme, em faixas e marginal (Figura 2.21 e 2.22). De referir que numa mesma
espécie podem coexistir dois ou mais tipos de parênquima (Burger & Richter 1991).
Tendo em conta os caracteres acessórios, as células de parênquima podem
acumular diversas substâncias de reserva e de auto-defesa, cristais minerais ou organo-

26
II. INTRODUÇÃO

minerais em células septadas, sendo os silicatos, malatos e oxalatos de cálcio os mais


frequentes. Estes cristais podem tornar difícil a serragem da madeira se existentes em
abundância.

A B

Figura 2.22 – (A) Parênquima apotraqueal difuso, (B) - reticulado (Ferreirinha 1958)

e) Fibras
Fibras são células peculiares das folhosas, constituindo geralmente a maior
percentagem do seu lenho (20-80%), no qual desempenham a função de suporte. A
sua percentagem no volume total e a espessura das suas paredes influem directamen-
te na massa específica e nas variações dimensionais e indirectamente nas proprieda-
des mecânicas da madeira (Burger & Richter 1991).
As fibras são células alongadas com extremidades aguçadas, mas mais curtas e
em média com metade da largura dos traqueídos das coníferas. São, no entanto, em
geral 2 a 10 vezes maiores que os elementos vasculares e têm paredes secundárias
geralmente lenhificadas (Wiedenhoeft & Miller 2005). A espessura da parede das fi-
bras varia de espécie para espécie, ou de indivíduo para indivíduo e, no mesmo
indivíduo, varia ao longo das camadas de crescimento, se os elementos do lenho
inicial e final forem muito diferentes, sendo responsável em grande parte pela densi-
dade e resistência. Nalgumas espécies, os lúmens das fibras são divididos em peque-
nas câmaras por finas barras horizontais, designando-se de fibras septadas (Figura
2.23) (Burger & Richter 1991).
Quanto à sua natureza, reconhecem-se dois tipos de fibras: fibrotraqueídos e
fibras libriformes (Figura 2.23), sendo a base de distinção entre elas as pontuações: os
fibrotraqueídos possuem pontuações distintamente areoladas e relativamente grandes
(4-9 Pm), enquanto que as fibras libriformes possuem pontuações pequenas (2-4 Pm),
pontuações areoladas indistintas, sendo também geralmente menores em comprimen-

27
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

to e diâmetro (Burger & Richter 1991). O aparecimento das fibras gelatinosas (Figura
2.23) é característico do lenho de tensão e a parede dessas fibras tem um alto teor em
celulose e pequeno de lenhina (Schweingruber et al. 2006). A disposição das fibras é um
aspecto importante a ter em conta pois é responsável pela maior ou menor facilidade de
trabalhar a madeira (Ferreirinha 1958). As fibras da madeira podem ter um alinhamento
radial regular ou irregular (fibras dispostas em grupos ou em faixas tangenciais inter-
rompidas pelos raios, alternando com bandas concêntricas de parênquima zonado).
As inclusões gomosas e cristais em fibras septadas que ocorrem em menor
frequência do que no parênquima e células do raio também influem na densidade da
madeira.

A B

C D

Figura 2.23 - (A) - Fibrotraqueídos, (B) - Fibras libriformes, (C ) - Fibras


libriformes gelatinosas, (D) - Fibras libriformes septadas (Core et al. 1979)

28
II. INTRODUÇÃO

2.1.2. Propriedades físicas da madeira


A utilização da madeira é condicionada pela sua heterogeneidade, anisotropia e
higroscopicidade. A variabilidade da madeira ocorre numa mesma espécie e nem
mesmo duas amostras da mesma árvore são absolutamente iguais. Estas diferenças
podem ser atribuídas às condições ambientais onde a árvore cresce, à localização da
amostra no tronco (altura, distância da medula, posição do anel de crescimento), aos
defeitos da madeira, etc. (Burger & Richter 1991).
A composição do lenho, a estrutura e a organização dos seus elementos consti-
tuintes são os factores que determinam as propriedades físicas da madeira e a sua
aptidão para o uso comercial (Esau 1974). Consideram-se propriedades fundamentais
para a caracterização da madeira, a densidade, a humidade e a retracção, proprieda-
des físicas que se interligam, pois, por exemplo, as variações de humidade podem
levar a variações nas dimensões e na densidade.

2.1.2.1 Densidade
A madeira é considerada um material poroso formada por células de forma
tubular com espaços vazios (o lúmen das células) e paredes finas, orientadas na
maioria ao longo do eixo da árvore. A densidade é uma das propriedades que carac-
teriza um material poroso, sendo definida como a quantidade de massa por unidade
de volume, expressa em g/cm3 ou kg/m3 (Tsoumis 1991). No caso dos corpos heterogé-
neos, como é o caso da madeira, esta expressão apenas dá uma densidade média, ou
seja, uma massa volúmica.
Uma madeira acabada de cortar tem maior massa volúmica do que a mesma
madeira depois de seca. O teor de humidade da madeira é importante quando são
determinadas a massa e o volume de uma amostra (Avramidis 2004) e para efeitos
comparativos, a densidade deve ser determinada para o mesmo teor em água. Essas
determinações são geralmente feitas para 0%, 12% de humidade ou saturada (Hakkila
1989, Tsoumis 1991). Considera-se o valor de 12% de humidade para a determinação
da massa volúmica de referência, embora a massa volúmica básica seja também um
índice usado pelos vários utilizadores finais da madeira (Chauhan et al. 2006). Deste
modo na literatura a densidade pode ser referida como densidade ou massa volúmica
(g/cm3 ou kg/m3) que representa a razão entre a massa e o volume de uma amostra de
madeira, ambos determinados ao mesmo teor de humidade, geralmente a 0%, ou 12%
ou saturado; densidade básica ou massa volúmica básica (g/cm 3 ou kg/m 3 ) razão
entre a massa a 0% de humidade e o volume saturado da amostra de madeira; e o
peso específico (adimensional) como a razão entre a densidade/massa volúmica da
amostra e a densidade da água (Hakkila 1989, Avramidis 2004, Chauhan et al. 2006).
A densidade a 12% de humidade nas folhosas das regiões temperadas varia, na
maior parte dos casos, entre 0,35 g/cm3 e 0,78 g/cm3 e nas coníferas entre 0,34 g/cm3
e 0,62 g/cm3 (Avramidis 2004) e pode classificar-se de muito leve (0,20-0,50 g/cm3 nas
folhosas e 0,40 g/cm 3 nas coníferas) a muito pesada (0,95-1,35 g/cm 3 nas folhosas e
superior a 0,70 g/cm3 nas coníferas) (Ferreirinha 1958).
As madeiras tropicais apresentam uma escala de valores de densidade com
amplitude maior que a das zonas temperadas, variando desde 0,1 g/cm 3 na balsa
(Ochroma sp.) ou por exemplo 0,38 g/cm 3 na samba (Triplochiton scleroxylon) até

29
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

superior a 1,00 g/cm 3 como no ébano (Diospyros sp.) em tamarindo (Tamarindus


indica) ou no azobé (Lophira alata) (Ferreirinha 1958, Dulbecco & Luro 2001, CTBA
2002).
A densidade da madeira resulta do volume da parede das células em relação aos
espaços vazios ocupados pelo lúmen da célula, da presença de espaços intercelulares,
da densidade da parede da célula e quantidade de extractivos presentes na amostra.
Assim, a densidade é afectada, entre outros, pela proporção de tecidos, comprimento
e diâmetro de células, espessura da parede, percentagem de lenho final, quantidade e
tipo de extractivos e quantidade de compostos inorgânicos (Hakkila 1989, Tsoumis
1991), constituindo um bom exemplo de uma propriedade da madeira (Zobel 2004). O
aumento da quantidade de extractivos é a causa do aumento de densidade das folhosas
quando comparado com as coníferas, pelo que a remoção dos extractivos resulta
numa redução da densidade (Tsoumis 1991). Por outro lado, também os componentes
químicos que constituem a parede celular (celulose, hemiceluloses e lenhina) diferem
na sua densidade, pelo que a composição química da madeira também influencia esta
propriedade física.
As principais fontes de variação da densidade da madeira relacionam-se com a
variação entre anéis, dentro da árvore, entre árvores no mesmo local e entre popula-
ções com o mesmo genótipo que crescem em diferentes regiões (Chauhan et al. 2006).
A densidade varia dentro da árvore porque está em grande parte associada ao
processo de formação do lenho (Zobel & van Buijtenen 1989), entre árvores da mesma
espécie e entre espécies diferentes (Zeew 1965, Panshin et al. 1980, Zobel & van
Buijtenen 1989). A densidade varia de espécie para espécie, de acordo com algumas
características como a humidade, a estrutura anatómica, a composição química e o
teor em extractivos (Kollmann & Côté 1968, Giordano 1971, Ilston et al. 1979, Kellogg
1981).
A avaliação da influência das características anatómicas na densidade é exa-
minada tendo como base factores que se podem medir facilmente, tais como a
largura dos anéis de crescimento e a proporção de lenho final (Tsoumis 1991).
Muitas espécies mostram diferenças contrastantes na densidade da madeira ao lon-
go de um anel de crescimento. Chauhan et al. (2006) referem mesmo que a variação
de densidade no anel pode exceder a variação de densidade entre árvores. As
diferenças de variação de densidade são particularmente acentuadas entre as coníferas
e as folhosas de porosidade em anel ou difusa. Nas coníferas, a relação que existe
entre a largura do anel de crescimento e a densidade depende da percentagem do
lenho final. Nas folhosas de porosidade em anel, a densidade aumenta com o
aumento da largura do anel, mas nas folhosas de porosidade difusa, a largura do
anel de crescimento não é um critério de densidade evidente (Zeew 1965, Elliott
1970, Brazier 1977, Panshin et al. 1980). O lenho final corresponde à zona de maior
densidade, dado que é constituído por células de paredes espessas e com pequenos
lúmens quando comparado com o lenho inicial (Spurr & Hsiung 1954, Elliott 1970,
Giordano 1971, Hakkila 1989).
Dentro da árvore, a densidade varia com a localização no tronco, a presença de lenho
de reacção e de nós considerando-se a variação vertical ou axial - da base para o topo e
variação horizontal ou radial - da medula para a casca. Na direcção vertical, o modelo de

30
II. INTRODUÇÃO

variação mais comum é a densidade diminuir com a altura, sobretudo nas coníferas,
embora nem sempre seja assim (Goggans 1961, Elliott 1970, Okkonen et al. 1972).
Radialmente a densidade tende a aumentar da medula para a casca (do centro
para a periferia), sendo a influência da idade evidente (Chauhan et al. 2006) e a
madeira produzida nos diferentes períodos da vida da árvore (lenho juvenil, adulto)
diferente relativamente à densidade. Nas coníferas, a densidade é baixa na fase juvenil
(junto à medula), aumentando até um valor constante, e finalmente é reduzida à
medida que se aproxima da senilidade, devido à variação na espessura das paredes
celulares e da proporção do lenho final (Tsoumis 1991).
A variação da densidade entre árvores da mesma espécie depende de diferentes
condições do meio (tais como solo, clima, espaço entre árvores, fertilização). Zobel
& van Buijtenen (1989), Zobel (2004), van Buijtenen (2004) e Chauhan et al. (2006)
referem o efeito destes factores na variação da densidade e citam estudos que reflec-
tem esta variação quer para espécies de regiões temperadas quer tropicais.
A densidade é considerada uma característica física de grande importância, pois
influencia as propriedades mecânicas, e, portanto, as possíveis aplicações da madeira.
Segundo Burger & Richter (1991), a massa volúmica talvez seja a característica tecnológica
mais importante da madeira, pois dela dependem estreitamente outras propriedades, tais
como a resistência mecânica, o grau de estabilidade dimensional pela perda ou absorção
de água. Com efeito, as madeiras mais densas caracterizam-se por terem maior dureza,
maior retracção e intumescimento, menor permeabilidade e maior dificuldade de impreg-
nação, maior durabilidade natural, maior dificuldade na secagem e nas outras operações
de laboração como, maior dificuldade na colagem e menor aptidão para receber tintas e
vernizes. Deste modo, as madeiras mais leves são, por exemplo, utilizadas em constru-
ções de aeronáutica e embarcações de socorro e as de densidade mais alta em travessas
de caminho de ferro, por permitirem uma maior estabilidade da via e uma maior aderên-
cia aos carris.
Quanto à densidade, segundo Normas do Laboratório Nacional de Engenharia
Civil – LNEC (1960), as madeiras podem ser classificadas em madeiras muito leves,
leves, medianamente pesadas, pesadas e muito pesadas (Quadro 2.2).

Quadro 2.2 - Classificação das densidades da madeira segundo Normas do LNEC


1960

2.1.2.2 Humidade
A humidade da madeira influencia quase todas as suas propriedades de resis-
tência, a maior ou menor aptidão para a laboração, o poder calorífico e a resistência
ao ataque de fungos (Kollmann 1959). A humidade influi tanto na densidade como
nas variações dimensionais, sendo a sua determinação indispensável, sobretudo quando

31
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

se pretende conhecer as aplicações tecnológicas das madeiras (Walker 2006), pois a


conservação, abertura de fendas, deformação de peças, condições de serragem e
resistência mecânica, dependem do teor de humidade da madeira.
A determinação da humidade da madeira determina-se pelo quociente, em per-
centagem, da massa de água que se evapora do provete por secagem a 103 ± 2oC até
peso constante, pela massa do provete depois de seco (Walker 2006).
A humidade da madeira nas árvores em pé varia de 30 a 300% (Giordano 1971),
dependendo de diferentes factores, tais como a espécie, localização na árvore ou
estação do ano. No geral, no cerne das coníferas existe uma humidade mais baixa do
que no borne e nas folhosas as diferenças não são tão pronunciadas, podendo ser
comparáveis (Walker 2006) ou, apresentar uma situação inversa (Giordano 1971). A
variação da humidade na direcção vertical também é mais pronunciada nas coníferas,
onde se verifica um aumento da base para o topo das árvores. Nas folhosas, as
diferenças são comparativamente mais pequenas e não há uma tendência definida ao
longo da altura da árvore (Giordano 1971).
Independentemente da humidade que a madeira pode conter na árvore em pé, a
exposição à atmosfera resulta numa perda de humidade e a quantidade que finalmente fica
retida depende das condições ambientais (Tsoumis 1991). Essa água pode ser água livre,
preenchendo os vasos e os espaços celulares ou lúmen das células, água de impregnação ou
embebição, encontrando-se nas paredes das células em três estados diferentes: água de
constituição (0-7%), intimamente ligada por ligações por pontes de hidrogénio aos grupos
OH disponíveis dos polissacáridos, água de adsorção superficial (7-15%), fixada nas fibrilas
celulósicas por meio de forças de atracção intermolecular menos fortes que ligações de
hidrogénio e água de condensação capilar, infiltrada por pressões capilares (Tsoumis 1991).
A quantidade máxima de água que a madeira pode conter é inversamente proporci-
onal à sua densidade (Carvalho 1970). À primeira vista, poderia parecer que as madeiras
mais densas, por conterem menor percentagem de água quando verdes, seriam mais
fáceis de secar. Não é assim, como refere Carvalho (1970), porque quanto maior a quanti-
dade de substância lenhosa por unidade de volume, menor o volume de espaços vazios
onde a água se encontra numa forma livre. Assim, nas madeiras mais pesadas, a maior
parte da água que nelas se encontra não estará na forma livre, mas sim saturando as
paredes celulares e estabelecendo, com as substâncias que as constituem, ligações físicas
complexas difíceis de destruir. Nas madeiras menos densas é grande o volume de espaços
que poderão ser preenchidos por água e a maior parte desta está na forma livre, sendo
relativamente pequena a percentagem intimamente ligada à substância lenhosa.
O ponto de saturação das fibras (PSF) é frequentemente considerado como o teor de
humidade abaixo do qual as propriedades mecânicas e físicas da madeira começam a
mudar em função do teor de humidade (Tsoumis 1991, Walker 2006) O valor do ponto de
saturação das fibras pode ser obtido por extrapolação das curvas de adsorção, determina-
das a temperatura constante e com humidades relativas obtidas até perto dos 100% (ˆ98%).
As diferenças das humidades de equilíbrio entre espécies, a altas humidades relativas, são
expressas conforme os pontos de saturação das fibras, que variam entre 20 a 40%
(Trendelenburg & Mayer-Wegelin 1955, Stamm 1964, Wangaard & Granados 1967, Siau
1984 , Skaar 1988). Para fins práticos, o teor de humidade neste ponto considera-se com
30% (Walker 2006). Podem ser observadas diferenças na mesma espécie, dependendo do

32
II. INTRODUÇÃO

método de determinação e de outros factores, tais como o teor em extractivos, e as


proporções de cerne e borne de lenho inicial e lenho final, lenho de compressão e de
tensão, a densidade e a temperatura (Wangaard & Granados 1967). A presença de extractivos
reduz o ponto de saturação das fibras, embora o oposto também seja observado. O
aumento da temperatura também tem um efeito de redução do ponto de saturação das
fibras (Wangaard & Granados 1967).
O conceito de ponto de saturação das fibras é útil para fins práticos, porque como
anteriormente referido, a maior parte das propriedades são alteradas quando o teor de
humidade da madeira é inferior ao PSF: a resistência da madeira diminui, as madeiras
retraem, a resistência eléctrica aumenta e a biodegradação diminui, quando a humidade
da madeira tende a 0% (Avramidis 2004). Trata-se assim de um índice de grande interesse,
quando se pretende relacionar as propriedades físicas com as possíveis utilizações da
madeira. A determinação experimental do PSF pode assim ser feita através da medição de
certas propriedades, nomeadamente retracção, propriedades mecânicas e resistência eléc-
trica (Krpan 1954, Wangaard 1957, Stamm 1964).

2.1.2.3 Retracção
Uma das propriedades importantes da madeira e para a qual a variação da
humidade tem grande importância é a retracção. A madeira apenas retrai quando há
perda de água da parede das células (Spear & Walker 2006). A alteração das dimen-
sões acontece quando o teor de humidade da madeira se encontra abaixo do PSF,
dado que a alteração do teor de humidade acima deste ponto, independente da sua
magnitude, não tem efeito nas dimensões (Tsoumis 1991).
Na fase inicial de um processo de secagem de madeira verde, esta contém sempre
elevada quantidade de água que vai perdendo, sem que as suas dimensões se alterem,
pois nesta fase é a água livre que se perde. A madeira atinge o ponto de saturação das
fibras logo que esta água livre desaparece (Villiere 1966). Abaixo do PSF (20-30%), as
dimensões diminuem com a perda de água. Dá-se, assim, início à retracção do lenho que
se processa segundo uma lei linear (proporcionalidade entre as variações de dimensão e
variação do teor em água) (Figura 2.24). Abaixo do PSF, a secagem dá-se lentamente, pois
existem forças fortes que é necessário vencer para remover a água e, devido à retracção e
anisotropia podem dar-se perturbações na forma das peças e coesão dos tecidos lenhosos.

Figura 2.24 - Curvas de retracção do pinheiro bravo (Mateus 1978)

33
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

A madeira é anisotrópica em relação à retracção, isto é, a redução das dimensões


varia consoante as diferentes direcções. A retracção é geralmente muito pequena na direc-
ção axial (0.1 - 0.3%), máxima na tangencial (5-10%) e, na direcção radial, cerca de metade
da retracção tangencial (2-6%) (Spear & Walker 2006). O fenómeno, designado por anisotropia
da retracção depende, por um lado da orientação e disposição dos tecidos no plano lenhoso
e por outro, da lenhificação das paredes celulares. Quanto maior for este quociente, maior
será a probabilidade de se verificarem deformações nas peças durante a secagem (fendas,
rachas, empenos) (Tsoumis 1991).
A retracção da madeira é afectada por alguns factores, tais como o teor de humidade,
densidade, estrutura anatómica, teor em extractivos, composição química e tensão mecânica
(Tsoumis 1991). Spear & Walker (2006) referem a importância de alguns aspectos estruturais
e ultraestruturais da madeira para a retracção, como a proporção do tecido de raios ou o
modo de alinhamento das microfibrilas na parede celular.
A retracção é mais elevada em madeiras de densidades altas (Trendelenburg & Mayer-
Wegelin 1955, Bosshard 1956, Stamm 1964) devido à grande espessura das paredes celulares
e menores lúmenes (Spear & Walker 2006). Pode constatar-se que, quando a humidade é
perdida ou ganha, o tamanho das cavidades celulares permanece praticamente inalterável
(Stamm 1964, Siau 1984, Skaar 1988). A densidade afecta a anisotropia da retracção. Em
madeiras de maior densidade a diferença entre a retracção tangencial e radial é mais
pequena (Bosshard 1956, Kollmann & Côté 1968). O coeficiente de retracção anisotrópica
aumenta com o aumento do teor de humidade da madeira (Kommert 1980).
Os extractivos reduzem o efeito de retracção, proporcionalmente ao espaço que ocu-
pam nas paredes celulares. Deste modo, a remoção dos extractivos aumenta a retracção
(Brown et al. 1952, Nearn 1955). A influência da composição química das paredes celulares
é pequena, pois as diferenças entre as espécies de madeira não são muito elevadas, especi-
almente em relação ao teor de celulose. A lenhina limita a retracção, pelo que as folhosas
retraem mais que as coníferas, dado o menor conteúdo em lenhina (Schroeder 1972).
A retracção manifesta-se em todas as espécies, mesmo em madeiras muito secas e
velhas. Quanto à retracção, as madeiras classificam-se em pouco retrácteis, retrácteis, muito
retrácteis, conforme a alteração verificada nas suas dimensões, quando da passagem do
estado verde ao seco (Quadro 2.3). As expressões técnicas de madeira “muito nervosa”,
“nervosa” e “pouco nervosa”, indicam o comportamento da madeira com a variação do seu
teor de humidade e consequente retracção.
Quadro 2.3 - Classificação das madeiras quanto à retracção, segundo as Normas do LNEC

34
II. INTRODUÇÃO

2.1.2.4 COR
Nas chaves de identificação de madeiras, sobretudo ao nível macroscópico, faz-
se frequentemente referência à cor. A cor da madeira é uma propriedade variável e de
determinação geralmente subjectiva, embora seja a característica que mais a realça e
que é um dos componentes do aspecto estético que se tem em conta, juntamente com
a aparência superficial e o desenho.
Cor é a impressão que os diferentes comprimentos de onda de radiação electro-
magnética visível produzem nos órgãos visuais. As nossas sensações visuais relativas
à cor, quando observamos algo, são resultado de um triplo processo: físico, neuro-
fisiológico e psico-físico. No geral, trata-se assim de uma sensação qualitativa e
subjectiva transmitida a cada pessoa, dependendo da sua experiência nos diversos
domínios.
A variação da cor natural da madeira deve-se à impregnação de diversas subs-
tâncias orgânicas nas células e nas paredes celulares; por exemplo, os polifenóis e os
taninos nas folhosas contribuem grandemente para a cor da madeira, particularmente
do cerne (Walker 2006). A cor da madeira é de grande importância sob o ponto de
vista prático pela influência que exerce sobre o seu valor decorativo. Altera-se com a
humidade, escurece quando exposta ao ar, ao sol, em contacto com determinados
metais ou quando atacada por certos fungos e bactérias (Burger & Richter 1991).
A cor da madeira varia não apenas com as espécies lenhosas, mas, também,
com os indivíduos da mesma população, inclusive em zonas ou áreas da árvore, facto
que, em conjugação com certas características, entre elas o fio da madeira, conferem
a cada peça uma especificidade personalizada, valorizando assim as suas qualidades
decorativas (Carvalho 1997).
A madeira compreende o borne e o cerne, que na maioria dos casos se distin-
guem visualmente por diferença de cor. O borne, geralmente de coloração clara,
corresponde à parte viva da madeira. O cerne é a parte morta e varia de cor, desde
castanho, negro, violeta, amarelo até esbranquiçado, devido às alterações químicas
que ocorrem após a morte das células do borne, resultando uma gama de substâncias
químicas distintas quanto à natureza, responsáveis pelas diferentes tonalidades de
coloração que o cerne apresenta (Paula & Alves 1997).
As madeiras, sobretudo as de folhosas e em particular as madeiras tropicais,
podem exibir uma gama de cores muito diversas consoante as espécies, variando por
exemplo, do branco-amarelada como o samba (Triplochiton scleroxylon) ou avodiré
(Turraenthus africana), às madeiras castanhos-avermelhadas como o paduk
(Pterocarpus soyauxii) ou às negras como o ébano (Diospyrus crassiflora) ou o ébano
de Moçambique (Dalbergia melanoxylon) todas madeiras africanas (ATIBT 1986).
Os critérios da qualidade de uma madeira variam de acordo com a sua utiliza-
ção e necessitam de definição para um melhor aproveitamento do produto final.
Assim, por exemplo, a valorização da madeira serrada tendo como objectivo a indús-
tria do mobiliário ou outro uso interior depende fortemente do aspecto, da estética,
do desenho e, em especial, da cor da madeira (Autran & Gonçalez 2006).
Na identificação de madeiras, a exploração da cor requer que se explicite que
seja apenas válida a do cerne, por ser constante e pelo facto da cor do borne ser
menos persistente e frequentemente susceptível a alterações por agentes cromogéneos,

35
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

adquirindo assim tonalidades que muito diferem das predominantes cores amarela,
branca acinzentada, dourada, etc. O facto de as espécies terem cerne diferenciado na
idade normal de exploração das árvores para a produção de madeiras de grandes
dimensões, tem, neste contexto, bastante interesse. Existem, contudo, espécies em
que o cerne não é distinto, embora seja perceptível, no lenho mais próximo da
medula, uma densificação cromática (Autran & Gonçalez 2006).
Na descrição das madeiras, a referência visual à cor, reveste-se, naturalmente,
de grande subjectividade, diminuindo muito o valor desta como factor identificador.
Se para uns determinada madeira é castanho-escura, para outros pode ser castanho-
-avermelhada ou até castanho-clara!... Por este motivo, e sendo a cor da madeira uma
característica macroscópica de grande importância comercial, teve-se, como um dos
objectivos deste trabalho, a preocupação de quantificar esta característica de modo a
chegar a uma escala de cores da madeira.
A cor da madeira é de tal modo importante que muitas madeiras de menor valor
comercial chegam a ser pintadas para se aproximarem do tom de outras de maior
valor. Um caso interessante passa-se nos instrumentos musicais, por exemplo na viola
dedilhada (guitarra clássica) em que a escala é o diapasão do instrumento e também
deve ser em ébano, reflectindo as vibrações. Esta madeira consegue excelente poli-
mento para que os dedos deslizem sem atrito, é resistente e dura para pregar os
trastos metálicos sem que empene e resiste ao tempo e ao transpirado dos dedos.
Muitas vezes, há quem utilize a técnica do “vieux chêne” e purpurina preta para imitar
o ébano! (Bessa 2000). Outro caso relativo à cor é a designação geral de mognos.
Qualquer madeira de tom próximo do verdadeiro mogno é vendido muitas vezes
como tal, só pela aproximação da cor.
A possibilidade de se medir a cor da madeira tem despertado interesse em
diversas áreas, sobretudo na indústria de mobiliário que ainda não tem padrões
explícitos nem determinações quantitativas para as cores.
Existe uma técnica de medição de cores, há muito tempo utilizada pelo sector
industrial, a colorimetria quantitativa. Trata-se de uma medida científica, objectiva e
quantitativa da cor de um objecto. Utiliza o sistema CIELAB 1976, que determina os
parâmetros colorométricos (L*, a*, b*, C e h*) (Autran & Gonçalez 2006) (Figura 2.25).
Esta metodologia pode ser utilizada para as madeiras, valorizando a qualidade do
material pelo aspecto particular da cor, permitindo separar as madeiras em grupos de
tonalidade, facilitando assim a aquisição e uso específico. A determinação da cor da
madeira fará desta propriedade um factor chave de qualidade deste material, um dos
principais componentes do aspecto estético a que se associam a aparência superficial
e o desenho.
Gonçalez et al. (2001) referem que a colorimetria quantitativa é uma técnica
ainda bastante recente para ser aplicada à determinação da cor da madeira, principal-
mente para espécies tropicais. Utilizando-se o sistema CIELAB-1976, através das coor-
denadas cromáticas (L*, a*, b*, C e h*) utilizaram essa metodologia para determinar a
cor da madeira de oito espécies tropicais e, mais tarde, Autran & Gonçalez (2006)
caracterizam também a cor de duas madeiras. A importância desta técnica foi mostra-
da não só do ponto de vista científico, mas também como aplicação prática pela
indústria madeireira.

36
II. INTRODUÇÃO

Segundo Greenberg & Greenberg (1995), para uma melhor compreensão do


sistema CIELAB 1976, são necessárias algumas definições sobre teoria das cores:
• Cores primárias: a percepção da cor de um objecto depende de três factores: a
luz, o objecto que está a ser visto e o observador. Existem três comprimentos de
onda: o vermelho, o verde e o azul, que constituem a base para todas as cores da

Figura 2.25 - Sistema CIELAB 1976 (www.colourware.co.uk/cpfaq/q3-21.htm)

natureza, por isso são denominados de cores primárias da luz, que não podem ser
decompostas noutra cor. Todas as demais cores do espectro são criadas pela combi-
nação (adição) de diferentes intensidades desses três comprimentos, pelo que, as
cores primárias são também chamadas de aditivas.
• Cores secundárias: quando duas cores primárias se misturam, em partes iguais,
elas geram três cores: ciano (azul e verde), magenta (azul e vermelho) e amarelo
(vermelho e verde), denominadas cores secundárias. Quando todas as cores primárias
estão presentes numa mistura, obtém-se a cor branca.
• Cores complementares: cada uma das cores secundárias é formada por duas
primárias e não possui a terceira cor primária. As cores complementares são as que
mais diferem umas das outras, exactamente pelo facto de a cor secundária não pos-
suir, na sua mistura, a cor primária complementar. Por exemplo: o amarelo é formado
pelo vermelho e pelo verde e não possui o azul, que é a sua cor complementar.
• Saturação: diz respeito à pureza, isto é, ao quanto a cor é diluída pela luz
branca. A pureza de uma luz colorida é a proporção entre a luz pura da cor dominan-

37
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

te e a luz branca necessária para produzir a sensação. Por exemplo: é por meio da
saturação que o rosa é diferenciado do vermelho.
• Brilho: tem relação com a noção cromática de intensidade. Quanto mais baixo
o brilho, mais cinza existe na cor, pois o brilho é o intervalo compreendido entre o
preto e o branco.
• A claridade, também designada por luminosidade, é expressa pela variável L*,
que assume o valor de 0 para o preto absoluto e 100 para o branco total.
• Tonalidade: corresponde ao comprimento de onda da cor dominante, isto é,
da cor observada: as diferentes sensações que a cor produz no olho humano depen-
dem do seu comprimento que, por sua vez, é determinado pela energia vibratória do
elemento radiante.
A tonalidade é expressa pelas cores vermelho, verde, amarelo e azul e é repre-
sentada por duas rectas perpendiculares entre si que se cruzam no eixo de um círcu-
lo. A recta horizontal é formada por duas semi-rectas que vão do centro à extremida-
de do círculo. A semi-recta que vai do centro ao extremo do círculo, formando um
ângulo de 0o, representa o vermelho e a semi-recta que vai do centro ao extremo do
círculo, formando um ângulo de 180 o, representa o verde. Na recta vertical, estão o
amarelo e o azul. Graficamente, a semi-recta que vai do centro até à extremidade do
círculo, formando um ângulo de 90o, representa o amarelo e a semi-recta que vai do
centro à extremidade do círculo, formando um ângulo de 270o, representa o azul. Os
pigmentos são definidos pelas seguintes coordenadas; vermelho (+a*), verde (-a*),
amarelo (+b*) e azul (–b*), que variam de 0 a 60 sem unidade de medida (Figuras 2.25
e 2.26). A tonalidade h* é expressa pelo ângulo do círculo, também conhecido como
ângulo de tinta e depende dos valores de a* e b*.
A saturação é o desvio, partindo do ponto correspondente ao cinza no eixo L*
(luminosidade). Graficamente, corresponde ao raio do círculo de tonalidade, partindo
do cinza do eixo de luminosidade até à cor pura espectral localizada na extremidade
do círculo. Assim, é expressa pela variável C e varia de 0 a 60.
Os elementos claridade, saturação e tonalidade definem o sistema conhecido
como CIELAB, que é actualmente utilizado para colorimetria quantitativa e que se
mostra, de forma reduzida, na Figura 2.25 (Gonçalez et al. 2001).

Figura 2.26 - Tabela de 64 pigmentos utilizados para a restauração das pinturas


(National Gallery)

38
II. INTRODUÇÃO

2.2. IDENTIFICAÇÃO DAS MADEIRAS

2.2.1. A importância da identificação de madeiras


A grande importância económica da exploração, comercialização e utilização de
madeira e a existência de uma grande diversidade de espécies e propriedades têm
levado à necessidade, cada vez maior, da sua identificação, controlo e caracterização
tecnológica. A identificação da madeira através da anatomia é uma ferramenta muito
utilizada, especialmente quando não há disponibilidade de material vegetativo, como
nos casos de controlo e fiscalização do comércio das madeiras e do abate
indiscriminado de árvores. O abate e o comércio ilegal de madeira têm sido conside-
rados, pelos países do G8 e pela Comissão Europeia, um problema importante que
deve ser tratado com o combate à desflorestação global.
A identificação das madeiras é um trabalho especializado, dada a enorme diver-
sidade de espécies existentes (nas regiões temperadas, subtropicais e tropicais), a
semelhança que ocorre entre algumas espécies e a multiplicidade de nomes vernácu-
los e comerciais que nem sempre correspondem à mesma designação científica e que
são causa de frequentes litígios. Muitos dos conflitos que ocorrem entre clientes,
industriais de madeira e importadores são devidos a questões de identificação das
madeiras, frequentemente relacionados com a nomenclatura.
A tarefa de identificar uma madeira exige técnicas laboratoriais específicas e
equipamento adequado, bibliografia especializada e, principalmente, material de refe-
rência (amostras e lâminas com cortes histológicos).
O trabalho de identificação de uma madeira no laboratório começa pela prepara-
ção de amostras para observação das suas características gerais tais como cor, textura,
fio e desenho, seguindo-se a observação à lupa para caracterizar a estrutura geral dos
tecidos. Em seguida realiza-se a observação microscópica em lâminas com cortes finos
de madeira (cerca de 20 micrómetros de espessura) obtidos com um micrótomo. Estes
cortes são corados para caracterização dos elementos celulares quanto ao tipo, à forma
e dimensões, assim como a presença de elementos de diagnóstico (por exemplo, cris-
tais no interior das células). A identificação de uma madeira é sempre acompanhada
por um estudo comparativo com amostras de madeira existentes numa xiloteca e com
lâminas de uma laminoteca, completando-se com uma pesquisa bibliográfica. É de
referir também que não existem normas ou regulamentação para a certificação de ma-
deiras, o que vem dificultar ainda mais este processo.
Normand (1972) escreve sobre as técnicas de análises anatómicas e identifica-
ção prática de madeiras, onde faz duas afirmações próprias de quem sabe as dificul-
dades de chegar ao género e ainda mais à espécie: “um anatomista não é um adivi-
nho” e “a identificação de madeiras tropicais é uma arte”. Estas afirmações resumem
dois pontos fundamentais: a necessidade de especialização que devem ter os investi-
gadores nesta área e a complexidade que existe relativamente à identificação de
madeiras.

2.2.2. História da identificação de madeiras


A anatomia vegetal evoluiu em paralelo com a botânica e, na Grécia clássica,
teve a sua primeira expressão com três figuras importantes: Aristóteles, Teofrasto de

39
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Efeso e Pedanios Dioskorides. Em Roma aparece Caius Plinius Secundus (23-79 d. C.),
figura importante no desenvolvimento da botânica que na sua obra “História Naturalis”,
de 37 volumes, faz uma recolha do saber da ciência acumulada até à altura. Descreve
pela primeira vez borne e cerne, fala de conceitos essenciais como fibras, nós e
outras particularidades da madeira. Na idade média, Alberto Magno (1206-1280), teó-
logo, cientista e filósofo alemão, na sua obra “De vegetabilis plantis” (1250) já inclui
problemas de fisiologia vegetal e uma classificação das plantas, refundindo as pro-
postas por Aristóteles e Teofrasto, aparecendo pela primeira vez a diferença entre
monocotiledóneas e dicotiledóneas (Esteban et al. 2003).
Para se falar de anatomia da madeira, tal como se conhece hoje, foi necessário
o aparecimento do microscópio. A primeira referência escrita sobre a invenção do
microscópio data de 1595 pelo holandês Jansen e, em 1608, Galileo constrói o seu
microscópico. No decorrer do séc. XVII, são quatro os protagonistas que se destacam:
Marcello Malpighi (1628-1694), Robert Hooke (1635-1703), Antoni van Leewenhoek
(1632-1723) e Nehemiah Grew (1641-1712).
Marcello Malpighi foi um fisiologista italiano, cujas descobertas sobre anatomia
microscópica abriram o caminho à fisiologia e à histologia modernas. Em 1671, publica os
seus primeiros ensaios sobre anatomia da madeira, estudando-a tanto em termos descriti-
vos como fisiológicos. Nas suas obras “Anatomia plantarum” (1675) e “Opera omnia”
(1686) trata da morfologia e anatomia vegetal, incluindo casca e madeira, descobrindo os
elementos vasculares e os estomas das folhas (Esteban et al. 2003).
Robert Hooke (1635-1703), cientista inglês, escreve “Micrographia”, obra influ-
ente sobre microscopia, que apresenta uma série de observações microscópicas liga-
das à natureza. Na descrição microscópica da cortiça descobre a célula vegetal.
Antoni van Leewenhoek (1632-1723), comerciante holandês, que fabricou mais
de 500 microscópios, observa pela primeira vez microrganismos unicelulares, bactéri-
as, protozoários, glóbulos vermelhos, etc..
Nehemiah Grew (1641-1712), fisiologista vegetal inglês, publica em 1671 “The
anatomy of plants”, com excelentes desenhos onde se podem distinguir diferentes
elementos do tecido vegetal, como por exemplo o parênquima.
No séc. XVIII, as investigações potenciadas pelos novos microscópios, mais
fáceis de usar, direccionaram-se para o estudo da anatomia animal e fisiologia experi-
mental. Nessa altura, duas pessoas tiveram relevo na área da botânica: Duhamel
(1700-1781) refere pela primeira vez o câmbio na sua obra “La physique des arbres” e
J. Hill (1716-1775), médico inglês, que publica em 1770 “The construction of timber”
diferenciando, pela primeira vez, lenho inicial e final, justificando desta forma a
formação do crescimento anual das regiões de clima temperado (Esteban et al. 2003).
Durante o séc. XIX continuaram a dar-se avanços na microscopia e nas técnicas
de preparação microscópica, maceração e corte proporcionando um impulso importan-
te à anatomia. Destacam-se alguns investigadores: Johan Jacob Bernardi (1774-1850)
aprofundou o estudo dos elementos vasculares, a sua distribuição, a formação das
paredes com as suas perfurações, pontuações e espessamentos; Ludolph Christian
Treviranus (1779-1864) descreveu a formação dos vasos e as paredes celulares; Johan J.
Paul Moldenhawer (1766-1827) demonstrou que cada célula tem a sua própria parede
celular, tendo desenvolvido a técnica de maceração para separar os diferentes elemen-

40
II. INTRODUÇÃO

tos anatómicos para observação; Hugo von Mohl (1805-1872) deu o nome ao
“protoplasma” para denominar a substância que ocupa o interior da célula e, na sua
obra “Principles of the anatomy and phisiology of the vegetable cell” (1851), explica a
formação da parede celular, das pontuações e fala da organização e distribuição dos
elementos vasculares; Carl Wilheim von Nageli (1817-1891) introduziu o conceito de
meristema como um conjunto de células capazes de se multiplicarem, diferenciou os
tecidos prosenquimatosos de suporte e transporte, dos tecidos parenquimatosos de
armazenamento, para além de explicar o crescimento secundário; Theodor Hartig (1805-
1880) descreveu em profundidade a estrutura das pontuações; Heinrich Antón de Bary
(1831-1888), na sua obra “Anatomia comparativa dos órgãos vegetativos em fanerógamas
e fetos” (1877), elaborou uma sinopse sobre a estrutura anatómica da madeira acompa-
nhando as descrições com magníficas microfotografias (Esteban et al. 2003).
A identificação de madeiras começou a ter relevância científica na segunda
metade do séc. XIX, tendo sido Castellarnau o primeiro a estabelecer uma chave de
identificação de coníferas, ao nível dos géneros e espécies, com base em caracteres
diferenciadores comuns a diferentes espécies. No entanto, a estrutura dicotómica foi
abandonada pelo elevado número de espécies que, ao serem incorporadas, davam
lugar a chaves muito hierarquizadas, com muitos elementos (Esteban et al. 2003).
O aparecimento no séc. XX da transformação industrial da madeira originou novas
questões e novos interesses na investigação da anatomia, desenvolvendo-se a anatomia
sistemática como uma maneira de identificar espécies. O aparecimento dos computadores
veio permitir a utilização de chaves de entrada múltipla que facilitam muito o trabalho e
permitem o uso de enormes bases de dados. Também os programas de análise de ima-
gens facilitam o trabalho de medição e observação das amostras.
No primeiro quarto de séc. XX, aparecem chaves abertas de identificação que
além das características anatómicas também incluem propriedades físicas e mecâni-
cas como cor, cheiro, peso e dureza. É o caso da chave realizada por E. H. F. Swain
– Queensland Forest Service Universal Wood-Index (1927) - considerada como a pri-
meira chave com descrições resumidas (Esteban et al. 2003).
As chaves de entradas múltiplas deram um importante avanço. O holandês Bianchi
estabeleceu, em 1931, o método de fichas perfuradas, em que cada ficha continha todas as
espécies com as características seleccionadas. O inglês S. H. Clarke, em 1937, incluiu uma
variante que permaneceu operacional até ao aparecimento dos computadores e que atri-
buía uma ficha perfurada a cada espécie. Este método consistia em passar uma agulha
pelos furos correspondentes às características observadas, caindo as fichas que tivessem a
perfuração rasgada (características presentes na espécie). Em 1952, o Forest Research
Laboratory, de Princes Risborough utilizando este método, preparou uma chave com 87
características para madeiras de folhosas, e, em 1961, a identificação microscópica. Phillipps
(1941) utilizou um método similar de fichas perfuradas para estabelecer a chave de coníferas,
com um total de 36 características e, em 1948, elaborou uma chave de fichas perfuradas
com base em 36 características anatómicas, densidade e dureza da madeira, revolucio-
nando o tipo de chaves dicotómicas utilizadas até então (Esteban et al. 2003).
O Laboratório de anatomia do Centre Technique Forestier Tropical (CTFT) dis-
põe, desde 1946, de fichas perfuradas com um total de 66 características anatómicas,
macroscópicas, microscópicas e tecnológicas.

41
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Durante a década de cinquenta, Greguss contribuiu muito para o conhecimento


de muitas madeiras, seguindo uma estrutura descritiva ainda hoje reconhecida ao
nível de 345 espécies e publicada, em 1955 – “Identification of living gymnosperms on
the basis of xylotomy”. Além de uma chave ao nível de famílias e outra ao nível de
géneros, também realizou uma ao nível de espécies. Contudo abandonou a estrutura
de entradas múltiplas iniciada por Phillips, particularizando chaves sem manter uma
estrutura homogénea de conteúdos e medições em famílias diferentes.
Em 1959, publica um extenso trabalho sobre a anatomia das folhosas europeias
– “Holzanatomie der Europäischen Laubhölzer und Sträucher” - descrevendo 303 es-
pécies, autóctones e introduzidas. A chave que propõe volta a ser fechada com uma
disposição dicotómica estrita (Esteban et al. 2003).
No âmbito das madeiras tropicais, destacam-se entre outros os trabalhos de Normand
(1972), Normand & Paquis (1976), Détienne et al. (1982), com as publicações Manuel
d’identification de bois commerciaux (tomo 1 e 2) e Manuel d’identification de bois
tropicaux (tomo 3). O primeiro define um vocabulário ilustrado de anatomia de madei-
ras, anatomia descritiva das madeiras comerciais, as técnicas para os estudos anatómi-
cos, prática de identificação e apresenta o sistema de fichas perfuradas. O segundo e
terceiro livros incluem descrições de madeiras comerciais de África e Guiana Francesa,
respectivamente, sendo feito um exame exaustivo das características anatómicas ao
nível da família, género e espécie. Este trabalho apresenta uma chave de identificação
de entrada múltipla, com 66 características que ainda hoje se mantêm, servindo de base
para a descrição de espécies comerciais tropicais em todo o mundo.
A International Association of Wood Anatomists (IAWA) foi criada em 1931 tendo
como objectivo dar a conhecer a anatomia da madeira como ciência e facilitar o intercâm-
bio de material de investigação. A terminologia utilizada em anatomia de madeiras é de
tal modo específica que a IAWA publicou, em 1964, o “Multilingual Glossary of Terms used
in Wood Anatomy” com o objectivo de unificar e tornar universal a sua nomenclatura.
Também publica a lista das características microscópicas para a identificação de folhosas
(IAWA 1989) que ainda hoje é utilizada por todos os anatomistas de madeiras e a lista das
características microscópicas para a identificação de coníferas (IAWA 2004).

2.2.3. Métodos para a identificação de madeiras


Enquanto que a identificação da árvore no campo é feita tendo por base a descrição
morfológica das folhas, flores, frutos e casca, uma vez abatida, a identificação da madeira
passa a ser feita através de parâmetros macro e microscópicos relativos à sua estrutura
anatómica, tendo em conta as suas características qualitativas, quantitativas e físicas. São
várias as técnicas disponíveis para identificar madeiras comerciais, bem como a sua
origem, tendo como um dos objectivos melhorar o sistema de controlo do abate e do
comércio ilegal, por parte tanto dos agentes públicos como do sector privado dos países
exportadores e importadores. Neste sentido, têm sido desenvolvidos métodos anatómicos,
químicos e de “fingerprinting” genético para identificar a madeira e a sua origem. A
informação que se pode retirar desses métodos, bem como as suas limitações e a fiabilidade
da sua introdução no sistema de controlo, têm sido muito discutidos.
Como foi referido em 2.2.1., a identificação da madeira através da anatomia é um
método muito utilizado, especialmente quando não há disponibilidade de material de herbário,

42
II. INTRODUÇÃO

como acontece nos casos de controlo e fiscalização do comércio das madeiras e do abate
ilegal, na construção civil, no comércio, na indústria, no restauro, na arqueologia, etc.
A informação macroscópica e microscópica da anatomia da madeira e alguns
parâmetros físicos são normalmente suficientes para se identificar uma amostra, sen-
do que a observação macroscópica deve anteceder a observação microscópica, po-
dendo mesmo ser determinante se a proveniência da amostra for conhecida. A identi-
ficação é geralmente possível ao nível da família, a maior parte das vezes ao nível do
género e mais raramente ao nível da espécie.
O procedimento usualmente adoptado na identificação de uma madeira inclui
as seguintes etapas:
1. Preparação de amostras para observação directa em lupa e para corte no
micrótomo
2. Corte, coloração e montagem de lâminas com cortes histológicos
3. Dissociação, coloração e montagem de lâminas com os elementos dissociados
da madeira
4. Observações macroscópicas e microscópicas
5. Estudos biométricos
6. Quantificação de tecidos
7. Comparação com material previamente estudado existente na xiloteca e na
laminoteca
8. Consulta bibliográfica
9. Preparação de provetes e determinação da humidade, densidade e retracção

Neste processo de identificação de madeiras é importante ter disponível uma


colecção de referência de amostras de madeira (xiloteca) e, se possível, de cortes
histológicos (laminoteca) para possibilitar estudos comparativos das amostras em
estudo com amostras já previamente identificadas, sendo também utilizadas fichas
biométricas, assim como chaves dicotómicas, tanto para as madeiras de coníferas
como de folhosas. Este método de caracterização é relativamente rápido e barato mas
exige pessoal técnico especializado.
No âmbito do controlo e da monitorização do comércio ilegal, colocam-se questões
mais complexas que vão para além da classificação taxonómica, tais como a determinação
exacta da origem da madeira ou a distinção entre plantas da mesma espécie de povoamen-
tos naturais ou de plantações. Nestas circunstâncias poderá ser necessário recorrer, para
além dos parâmetros estruturais e físicos já referidos, a outras técnicas mais sofisticadas tal
como o “fingerprinting” genético, ou seja, à determinação do perfil genético de um indivíduo
ou conjunto de indivíduos através de técnicas baseadas na PCR (reacção em cadeia pela
enzima polimerase). Recentemente, estes métodos de “fingerprinting” genético têm sido
usados para identificar taxonomicamente amostras de plantas florestais ou de madeira, bem
como a sua origem geográfica (Koopman & Diemont 2004, Landeras et al. 2006).
Embora estes métodos genéticos possam ser usados isoladamente, o mais fre-
quente é terem um papel complementar da informação disponível através dos méto-
dos anatómicos e físicos. O estudo da anatomia das madeiras não deve ser posto de
parte mesmo quando se aplicam estas novas tecnologias visto que continua a ser uma
técnica essencial pelas suas características na identificação (Richter 2001).

43
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

A variação natural dos padrões da madeira ao nível das características estrutu-


rais, químicas e genéticas pode ser classificada numa estrutura hierárquica ao nível
da espécie, região, população/unidade de gestão florestal e indivíduos (dentro de um
indivíduo só para características químicas). No entanto, uma característica só pode
ser usada como marcador se tiver uma função discriminatória num destes níveis ou
em diferentes áreas da sua distribuição. Quanto melhor for o marcador usado, assim
como a sua função discriminatória, melhor será o método de “fingerpriting” (Edlund
2001, Meier et al. 2001, Hinterstoisser et al. 2001).
A aplicação de marcadores moleculares é bem conhecida para caracterizar a
variabilidade genética e diferenciar ao nível da espécie, da região, da população de
diferentes escalas espaciais e mesmo ao nível do indivíduo. Os marcadores moleculares
mais utilizados são baseados na técnica de PCR (polymerase chain reaction - reacção
em cadeia pela enzima polimerase) que tem por base o processo de replicação de
DNA que ocorre in vivo (Muhs & Hertel 2001).
Os métodos genéticos mostraram poder ser utilizados para a diferenciação a
diferentes níveis taxonómicos. No entanto, para a identificação da origem geográfica
da madeira será necessário recolher uma colecção de amostras de referência repre-
sentativa da área da espécie em estudo e, posteriormente desenvolver marcadores
específicos para a espécie de modo a ser possível distinguir os diferentes níveis
(Muhs & Hertel 2001).
Alguns métodos de espectroscopia (NIR, FTIR) ou de pirólise estão também
disponíveis para caracterizar componentes da madeira. A mistura dos componentes
químicos da madeira produz um espectro complexo que é posteriormente avaliado
por uma análise de dados multivariada. Os dados quantitativos daí resultantes podem
depender da espécie e das condições de crescimento, assim como das condições
especiais do local de crescimento ou dos tratamentos de armazenagem da madeira.
Os resultados preliminares obtidos em várias espécies através destes métodos
espectroscópicos deixam antever o potencial desta técnica na contribuição para a
identificação da origem da madeira (Edlund 2001, Meier et al. 2001, Hinterstoisser et
al. 2001).
Outra possibilidade de analisar amostras de madeira pode ser através da detecção
de elementos vestigiais (elementos químicos em pequena quantidade). Os padrões
destes “trace elements” podem ser altamente específicos da localização geográfica
(Edlund 2001, Meier et al. 2001, Hinterstoisser et al. 2001).
Relativamente a todos estes métodos é necessário, a par de pessoal qualificado
e de equipamento técnico específico, mais investigação para se conseguir chegar à
variabilidade a diferentes níveis (espécie, região geográfica e população) (Edlund
2001, Meier et al. 2001, Hinterstoisser et al. 2001, Muhs & Hertel 2001, Richter 2001).

2.2.4. Algumas dificuldades no processo de identificação de madeiras


Na identificação de madeiras surgem muitas vezes alguns problemas. Enquanto
o estudo macroscópico é muito subjectivo, o microscópico é mais preciso e os dados
biométricos contribuem para a identificação. Contudo, as variações anatómicas detec-
tadas em amostras de madeira de uma mesma espécie mas de proveniências diferen-
tes, são frequentes e dificultam a identificação dessas madeiras.

44
II. INTRODUÇÃO

Por outro lado, é importante associar a amostra de determinada madeira à


proveniência da árvore de onde foi retirada, sendo necessário o uso correcto do
nome científico, pois irregularidades a este nível podem gerar confusão e até
conflito.
Outra dificuldade deve-se ao facto de ser vulgar existirem dois ou mais nomes
científicos para o mesmo nome vernáculo ou comercial, como o caso da madeira
comercializada como tauari, ao qual estão associadas duas espécies de géneros dife-
rentes Cariniana integrifolia Ducke e Couratari stellata A. C. Smith, ambas da família
Lecythidaceae. Também os nomes vernáculos decorrentes de diferentes zonas e resul-
tantes de diferentes dialectos, contribuem para a confusão no que respeita à nomen-
clatura das madeiras. Exemplo disso é o caso da Burkea africana Hook. com trinta e
nove nomes vernáculos.
Este problema de nomenclatura é, em muitos casos, razão para conflitos entre
fornecedores e clientes sendo um tipo de consulta frequentemente solicitada. A res-
posta poderá tornar-se mais rápida e precisa com a informatização e a criação de uma
base de dados.
A dificuldade da identificação da madeira aumenta com o grau de transforma-
ção. Enquanto no campo, a identificação se baseia no aspecto botânico da árvore, à
medida que se dá o processamento da madeira, aumenta a complexidade na identifi-
cação da amostra recorrendo-se ao exame microscópico para se obter resultados mais
fiáveis.
No parque de madeiras perdem-se os elementos morfológicos diferenciadores
da árvore, dificultando assim a identificação da madeira. É nesta altura que as técni-
cas de identificação têm um papel decisivo.
Os botânicos sabem que, por vezes, a melhor maneira de terem informação
sobre uma planta de um bosque tropical é dirigirem-se à população local e pedirem
o nome vernáculo. Em caso de dúvida, alguns botânicos enviam para análise em
laboratório amostras de madeira do tronco, conservando intacta a casca (Esteban et
al. 2003). No entanto, normalmente, as amostras disponíveis para identificação não
vêm com a casca. Contudo, a presença de casca na amostra permite fazer duas
observações analíticas sem lupa. Por um lado, muitas vezes a casca é um elemento
diferenciador entre espécies similares (por exemplo, Khaya ivorensis e Khaya
anthotheca), por outro, a presença de duas secções transversais definidas na amos-
tra, contribui para a identificação da cor do borne e do cerne, característica muito
importante por ser específica de algumas espécies (Esteban et al. 2003).
É frequente as amostras de madeira chegarem ao laboratório para identificação
sem qualquer referência, nem mesmo da sua origem geográfica. Para colmatar as
dificuldades deste tipo de situações, os anatomistas de madeiras têm-se preocupado
em identificar características analíticas diferenciadoras que permitam a identificação
das amostras, sobretudo quando se trata de madeiras tropicais cuja diversidade é
muito vasta.
A crescente entrada no mercado de madeiras muitas vezes provenientes de
abates ilegais de espécies, assim como a necessidade de respeitar convenções e
acordos internacionais, tem contribuído de maneira decisiva para a procura de iden-
tificação e caracterização de amostras de madeira.

45
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

2.2.5. Xilotecas
Xiloteca (do grego: xýlon, xilema, madeira + theke, caixa, colecção) é um arqui-
vo de madeiras ou um local onde se podem encontrar colecções de amostras de
madeiras de diversas espécies e de várias origens geográficas, devidamente identificadas.
Associada à colecção de madeiras pode existir uma laminoteca, com os respectivos
cortes histológicos e também um herbário das respectivas espécies.
Uma xiloteca é importante para conhecer o valor científico e económico das
madeiras existentes e as suas amostras podem servir como material de estudo. O facto
de numa xiloteca existirem colecções devidamente identificadas é de grande impor-
tância para responder às necessidades de informações de botânicos, anatomistas de
madeira, produtores de madeira e muitas outras entidades para os quais a madeira é
um meio de estudo e investigação. Uma xiloteca é, assim, uma ferramenta de estudo
e de referência na identificação de madeiras e um património cultural à disposição da
sociedade.
Praticamente todos os países preocupados com a sua flora e floresta possuem
uma xiloteca, onde está representada a respectiva flora nativa e a de outras regiões do
mundo. Por todo o mundo existem xilotecas com as mais variadas amostras de madei-
ras de diferentes origens, daí o interesse no intercâmbio tanto de material (provetes)
como de informação das respectivas colecções e até a possibilidade de haver ligações a
outras já existentes em diversos pontos do mundo de modo a aumentar a informação.
A primeira tentativa para a elaboração de um guia internacional de colecções de
madeiras foi levada a cabo por Stern (1957) da qual resultaria um Index Xilariorum.
Em 1957, 16 xilotecas do mundo possuíam mais de 10.000 amostras de madeira e 5
xilotecas possuíam mais de 20.000 (Quadro 2.4). Em 1957, a maior xiloteca oficial era
a de “Samuel James Record” na Escola Florestal da Universidade de Yale, em New
Haven (Connecticut, USA) com 50.200 amostras e a segunda mais importante tinha
32.000 amostras e estava sedeada na Indonésia, no Balai Penjelidikan Kehutanan
(Quadro 2.4) (Stern 1957).
De 1957 a 1988, a actuação de Stern foi marcante, organizando e distribuindo
questionários, propondo um sistema de siglas para as xilotecas (Stern & Chambers
1960) e organizando as 3 edições do Index Xylariorum (1967, 1978 e 1988). O primei-
ro Xilariorum incluiu 113 instituições, o segundo 130 e o terceiro 134 xilotecas (Stern
1988), das quais 33 tinham mais de 10.000 amostras e 14 mais de 20.000. Neste último
vêm referidas três xilotecas em Portugal – a ALCm na Estação de Experimentação
Florestal em Alcobaça, a LNECw no Laboratório Nacional de Engenharia Civil – Divi-
são de Madeiras em Lisboa e a LISJCw no Jardim e Museu Agrícola Tropical – Xiloteca
em Lisboa (Stern 1988). No Index Xylariorum de 1988 vêm também referenciadas
xilotecas do Irão, da Nicarágua e da China.
Todas as xilotecas referenciadas em 1988 aumentaram as suas colecções, desta-
cando-se a xiloteca do U. S. Forest Products Laboratory (MADw) que incorporou algu-
mas xilotecas americanas como a do Chicago Field Museum of Natural History Collection
(Fw), a de New Haven Samuel James Record e a de Yale School of Forestry (Yw).
Actualmente Peter Gasson, investigador do Royal Botanic Gardens, em Kew, no
Reino Unido, está a organizar a 4ª edição do Index Xylariorum que deverá actualizar
os dados sobre as xilotecas do mundo (Anexo 1).

46
II. INTRODUÇÃO

Para tornar mais fácil e mais rápida a consulta destes dados, há uma tendência
geral para a informatização destas bases de dados, por vezes complementadas com os
dados das caracterizações feitas a vários níveis (botânico, anatómico, químico, físico
e genético), bem como a sua disponibilização na internet. Nascem assim as e-xilotecas
ou as xilotecas virtuais que globalizam o acesso a esta informação que é património
de todos.

47
Quadro 2.4 - Xilotecas com mais de 10.000 amostras, referenciadas, por W. Stern, em 1957
Instituição Local Fundação Espécimens Famílias Gêneros Espécies Especialidade Herbário Lâmina
The Royal Tropical Instituite Amsterdam, Holanda 1913 10000 Sudeste da Ásia, 30%
Suriname e trópicos em geral
Balai Penjelidikan Kehutanan, Bogor 1915 32000 690 3800 Indonésia 100%
Indonésia Indonésia
Harvard University Herbarium Cambridg 1880 25000 Geral sim
e Masschusets, USA
Chicago Natural History Museum Chicago 1896 18300 USA, América tropical 65% sim
e subtropical
Forest Products Research Institute Filipinas 1954 10526 162 663 1917 Filipinas 80% sim
Forest Products Research Dehra, India 1836 14337 1664 India, Paquistão, 75% sim
Institute and Colleges Burma e Ceylao
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Museums of Economic Botany, Royal Surrey, 1847 16-20000 Mundial não sim
Botanic Gardens, Kew Ingleterra
Forest Products Laboratory Madison, USA 1910 17330 1670 USA e América tropical 75% sim
The Samuel James Record New Haven, 1901, 50200 2680 Regiões tropicais do mundo 35% sim
Memorial Collection USA queimada em
1903, nova

48
Colecção em 1905
Centre Technique Forestier Tropical Nogent-sur-, 1937 10117 150 1300 Territórios franceses, 50% sim
-marne França madeiras comerciais
dos trópicos, África
e Madagascar
The Imperial Forestry Institute Wood Oxford, 1924 18700 2115 Inglaterra 48% sim
collection Inglaterra
Forest Products Research Bucks, Inglaterra 1930 23000 2100 África tropical 30% sim
Laboratory e sudoeste da Ásia
Division of Forest Products Victoria, Australia 1929 17000 1400 Sudoeste do Pacífico, 80% sim
Austrália e Nova Guiné
Harry Phillip Brown Wood Collection New York, USA 1925 25000 1900 Madeiras Norte 80% sim
americanas, indianas
e da Amazônia brasileira
Buckhout Laboratory Pensilvania, USA 1925 10000 2000 América Latina, Filipinas, 95% sim
costa oeste da África, USA
Section of Wood Technology, Washington, USA 1915 14027 Geral 50% sim
Smithsonian Institution
Institute of Forest Botany Toquio, Japão 1925 15000 Japão e regioes tropicais 90% sim
do mundo, madeiras
comerciais

Fonte: Guide to institutional collections. Tropical Woods 106: 1-29. As instituições estão citadas como referidas na publicação.
II. INTRODUÇÃO

2.3. FLORESTAS TROPICAIS E COMÉRCIO INTERNACIONAL DE MADEIRAS

2.3.1. Sustentabilidade das florestas tropicais


As florestas são um património colectivo de valor incalculável, que constituem
uma reserva natural e biológica, imprescindível na produção do oxigénio e que per-
mite uma forte absorção de CO 2 e retenção do carbono. As florestas têm também um
papel fundamental na protecção dos solos e dos recursos hídricos. Uma das princi-
pais características das florestas, especialmente da floresta tropical, é a sua
biodiversidade vegetal e animal, estimando-se que cerca de 60% de todas as espécies
do planeta se encontram nestes ecossistemas (Gandara & Kageyama 1998).
As maiores zonas com coberto florestal tropical do planeta ocorrem em três
regiões: americana, africana e indo-malaia. Na região americana existe a maior zona
contínua de coberto florestal que inclui especialmente a região amazónica e a mata
atlântica. A floresta indo-malaia é a menos contínua devido à acção antropogénica
milenar e compreende a costa da Indochina, a costa norte da Austrália, as Filipinas,
Nova Guiné, Bornéo, entre outras. A floresta tropical africana, das três a menor,
compreende a Libéria, o golfo da Guiné e, principalmente, a região da bacia do rio
Congo. No total tem-se aproximadamente 17 milhões de km² de florestas tropicais, o
que significa que 20% das terras do planeta ainda estão com razoável cobertura
florestal, apesar da desflorestação que se verifica.
A sustentabilidade é um conceito relacionado com a continuidade dos aspectos
económicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade ou actividade humana. O
termo “desenvolvimento sustentável” foi adoptado pela Agenda 21, programa das Na-
ções Unidas que estabelece a importância de cada país se comprometer a reflectir,
global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não-
governamentais e todos os sectores da sociedade poderiam cooperar no estudo de
soluções para os problemas sócio-ambientais. Constitui assim um poderoso instrumen-
to de reconversão da sociedade industrial a um novo paradigma, que exige a reinterpretação
do conceito de progresso, contemplando maior harmonia e equilíbrio entre o todo e as
partes, promovendo não apenas a quantidade mas a qualidade do crescimento.
Pelas suas características ecológicas, económicas e sócio-culturais, as florestas
e a exploração dos seus produtos, nomeadamente da madeira, têm sido considerados
objecto essencial a ter em conta nas estratégias de desenvolvimento sustentável em
várias regiões tropicais. A sustentabilidade florestal torna-se assim imprescindível
para atender às necessidades da sociedade actual e às das gerações futuras, principal-
mente quando se prevê que a população mundial possa atingir os 9 biliões, em 2050
(Lima & Pozzobon 2005). O conceito de sustentabilidade ecológica também se enten-
de como a capacidade de uma dada população ocupar uma determinada área e
explorar os seus recursos naturais sem ameaçar, ao longo do tempo, a integridade
ecológica do meio ambiente (Lima & Pozzobon 2005).
Estima-se que o valor anual da produção florestal de madeira para energia e
produtos madeireiros é globalmente de mais de 400 biliões de dólares, ou seja, cerca
de 2% do produto global da economia (FAO 2002). As actividades do sector florestal
geram emprego e rendimento para 60 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo
que aproximadamente 80% estão nos países em desenvolvimento.

49
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

A exploração florestal tem ganho relevância como alternativa para o uso económico
da terra nos cenários rurais. Muitas comunidades, especialmente aquelas que vivem na
pobreza, dependem das florestas para a sua subsistência, seja como fonte de energia,
alimento, medicamentos ou auxílio da matéria-prima. No entanto, o uso das florestas por
estas comunidades tem contribuído para a sua degradação e gradualmente para a sua
substituição para outros usos da terra que conseguem satisfazer melhor a necessidade da
sociedade moderna em termos de melhoria das condições de qualidade de vida.
Em 2007, a reunião do Fórum da ONU sobre as Florestas teve como objectivo
negociar um acordo internacional para proteger a cobertura florestal no mundo, de
cuja subsistência dependem 1,6 bilião de pessoas estabelecendo um plano de choque
para o período entre 2007 e 2015 onde se fixam quatro prioridades na luta contra a
desflorestação:
1) reverter a perda de cobertura florestal;
2) fortalecer os benefícios económicos relacionados com as florestas e a quali-
dade de vida das populações que delas vivem;
3) aumentar o tamanho das áreas de floresta protegidas, bem como a prática da
exploração florestal sustentável e a proporção de produtos provenientes dessa explo-
ração “inteligente”;
4) aumentar o volume de recursos para financiamento dos planos de exploração
sustentável e das acções de conservação florestal.

2.3.2. Comércio internacional de madeiras


O comércio internacional de madeiras constitui um dos grandes fluxos comerci-
ais do planeta, incluindo desde troncos inteiros não processados (rolaria) até produ-
tos processados, nomeadamente painéis de madeira e pasta para papel. O comércio
de madeiras tropicais tem uma grande importância nestes fluxos.
Segundo ITTO (2007) considera-se “madeira tropical” quando originada de espéci-
es não coníferas, com uso industrial e tendo sido produzida em países situados entre os
Trópicos de Câncer e de Capricórnio. Os países produtores de madeiras tropicais mais
importantes localizam-se em África (Camarões, Costa do Marfim, República do Congo,
Gabão, Gana, Togo), na Ásia/Pacífico (Fiji, Indonésia, Malásia, Birmânia, Papua Nova
Guiné, Filipinas, Tailândia) e na América Latina e Caraíbas (Brasil, Colômbia, Guatemala,
Guiana, Honduras, México, Panamá, Surimane, Trindade e Tobago e Venezuela). Os
principais países consumidores de madeiras tropicais situam-se na Ásia/Pacífico (Aus-
trália, China, Hong-Kong, Macau, Taiwan, República da Coreia, Japão, Nepal e Nova
Zelândia), na União Europeia (Áustria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alema-
nha, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal, Espanha, Suécia e
Reino Unido), e na Europa extra-comunitária (Noruega e Suiça), na América do Norte
(Canadá e E.U.A.) e na África Setentrional (Egipto) (ITTO 2007).
O comércio internacional de madeiras tropicais já vem de longe e tem registado
um crescimento contínuo. Entre 1991 e 2001, as exportações de rolaria a partir de África
aumentaram de 4,06 milhões de m3 para 5,35 milhões de m3, enquanto que do Brasil o
aumento foi de 70 mil de m3 para 574 mil m3 e da Indonésia de 136 mil para 5,5 milhões
de m 3. Neste mesmo período, as importações da União Europeia cresceram de 32,8
milhões de m3 para 54,1 milhões de m3.

50
II. INTRODUÇÃO

2.3.2.1. Produção de madeiras tropicais


Segundo o relatório da International Tropical Timber Organization (ITTO) pu-
blicado em 2007, a produção de madeira tropical em toro nos países produtores da
ITTO, em 2006 e 2007, foi de 125,4 milhões de m3/ano, o que significa uma diminui-
ção de 4,6% quando comparado com o ano anterior.
Relativamente à madeira tropical serrada, os países produtores da ITTO alcançaram,
em 2006, uma produção de 39,7 milhões de m3, o que equivale a uma redução de 1,3%
relativamente a 2005 e um aumento de 1,2% em 2007. A produção de madeira folheada
tem sido cíclica nos últimos quatro anos, diminuindo 6,4% em 2006 chegando abaixo de
2,5 milhões de m3 mas aumentou novamente em 2007 para 2,51 milhões de m3. A produ-
ção de contraplacados regista uma diminuição desde 2003 tendo tido uma queda de 0,5%
em 2007 (ITTO 2007).
Entre 2005 e 2007, o maior grau de transformação da madeira serrada e folheada,
registou-se na América Latina, mantendo-se acima de 99% e em África a percentagem
de toros processados diminuiu 1,6% em 2006. Na Ásia subiu ligeiramente de 88,3% em
2006 para 89,1% em 2007.

2.3.2.2. Exportações
Os países produtores exportaram, em 2006, mais de 13 milhões de m3 de toros. A
Malásia é o principal exportador, com 36% desse volume, embora em 2006 se registasse
uma queda de 19% reflectindo uma maior preocupação do país na produção de valor
acrescentado. Seguem-se, como maiores exportadores de madeira em toro, a Papua
Nova Guiné e o Gabão. O continente africano continua a ser o maior exportador de
madeira tropical em toro representando, em 2007, 19% do volume total comercializado.
As exportações de toros asiáticos representaram, em 2007, mais de 1/5 do volume total
de exportação de produtos primários e na América Latina aumentaram 1,2% em 2007.
As exportações de madeira serrada tropical sofreram, em 2006, uma queda de
16% mas mantiveram em 2007 o mesmo valor de 10,8 milhões de m 3. As exportações
da América Latina diminuíram entre 2005 e 2006 de 2,1 para 1,9 milhões de m 3
recuperando em 2007 para 2,1 milhões de m 3 . As exportações de África também
sofreram uma queda em 2006 para 1,7 milhões de m 3 e na Malásia chegaram a dimi-
nuir 21,7%, devido à já referida prioridade nacional na transformação secundária de
produtos primários da madeira.
As exportações de folheados diminuíram quase 12,6% entre 2005 e 2006, chegando
a 1 milhão de m 3. No mesmo período, as exportações de contraplacados tiveram uma
queda de 1,9%, ficando a um nível de 10,4 milhões de m3. A Malásia (5,1 milhões de m3)
e a Indonésia (2,7 milhões de m 3) juntas representam 75% do volume total exportado
pelos 60 países da ITTO. A China não é membro produtor da ITTO mas ocupa o 3º lugar
entre os exportadores de contraplacados de madeira tropical, seguindo-se, muito de
perto, o Brasil (ITTO 2007).
Os países consumidores da ITTO também exportaram ou reexportaram pequenas
quantidades de madeira tropical embora os montantes tenham aumentado significativa-
mente em 2006: 679 mil m3 de madeira tropical serrada, 1,5 milhões de m3 de contraplacados,
146 mil m3 de madeira em toros e 96 mil m3 de folheados. Desde 2003, as exportações da
China aumentaram 75% tendo atingido, em 2006, o equivalente a 993.mil m3.

51
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

2.3.2.3. Importações
A Coreia e Taiwan são os grandes importadores de madeira tropical em todas as
categorias de produtos primários.
As importações de toros de madeira tropical nos países consumidores da ITTO
registaram uma queda desde 2003, diminuindo 4% em 2006 atingindo 10,9 milhões de
m 3 . Com a excepção da China, todos os importadores importantes (Taiwan, Japão,
República da Coreia, França, Itália, Noruega e Portugal) reduziram, em 2006, as suas
importações de madeira em toro. As importações da China continuam a impulsionar
este mercado sendo que grande parte deste volume de madeira é internamente con-
vertido em contraplacado e exportado. A China ocupa hoje o 2º lugar entre os princi-
pais produtores e o 3º lugar como exportador de toros e em 2006 aumentou em 3,4%
as suas importações atingindo 7,5 milhões de m 3 . Em segundo lugar mantém-se a
Índia, mas também a Tailândia e Malásia fazem parte dos principais países produtores
da ITTO importadores de toros. No mesmo ano, a Espanha, a Alemanha e a Bélgica
aumentaram as suas importações de madeira tropical em toros.
Relativamente à madeira tropical serrada, as importações diminuíram 11,5% de
2005 para 2006, continuando a China a ser o principal importador mundial, seguindo-
se a Malásia e a Tailândia. As importações japonesas decresceram desde os anos
noventa até 2007. A EU importou em 2007 cerca de 2,6 milhões de m3.
Quanto à madeira tropical folheada, a importação diminuiu 13,4% entre 2005 e
2006 mantendo-se no mesmo nível em 2007 com 925 mil m 3. A República da Coreia
ocupa o primeiro lugar na importação deste produto com 210 mil m 3 . A China, a
França e a Itália foram também importadores importantes em 2006. A EU, no seu
todo, importou em 2007 cerca de 368 mil m3.
O Japão é o principal importador de contraplacado de madeira tropical com quase 3,5
milhões de m3 em 2006, tendo alcançado o maior valor em 2004 com 4,6 milhões de m3.
A China domina o comércio de produtos madeireiros de elaboração secundária
(ITTO 2007).

2.3.2.4. A EU como grande importadora de madeiras tropicais


As madeiras tropicais importadas pela EU têm proveniência de África, Ásia e
América Latina (Affre et al. 2004). Nos últimos anos tem havido um aumento nas
importações de madeira tropical para a Europa, especialmente de madeira serrada e
contraplacado.
A Europa ainda é uma grande compradora de madeira tropical em toros sendo os
países africanos os maiores fornecedores e os principais países compradores a França
(37%), Itália (17%), Portugal (16%), Espanha (9%) e Alemanha (8%). Da madeira serrada,
60% é oriunda de África, 20,3% da Ásia e 19,7% da América Latina, sendo os países
compradores mais importantes Itália (25%), Espanha (21%), Países Baixos (15%) e França
(14%).
Nos produtos de maior valor como o contraplacado e os lamelados, a importa-
ção provem principalmente da América Latina, em especial do Brasil, com 43%, dos
países asiáticos com 40% e da África com 16%. A importação de lamelados de madei-
ra tropical mantém-se estável nos últimos anos e os principais países importadores
são a Itália, França, Alemanha e Espanha.

52
II. INTRODUÇÃO

Portugal importa todos os tipos de produtos como toro, madeira serrada, madei-
ra folheada e contraplacado e de várias espécies tropicais (Quadro 2.5, Quadro2.6),
(ITTO 2007). Em 2007, a importação de toros atingiu 203 mil m 3, principalmente das
espécies Aucoumea klaineana, Dalbergia decipularis, Dalbergia nigra, Dalbergia
spurceana, Dialianthera spp., Entandrophragma cylindricum, Entandrophragma utile,
Khaya spp., Milicia spp (Chlorophora spp.), Ochroma lagopus, Parashorea spp., Phoebe
porosa, Shorea albida, Shorea rugosa e Swietenia spp.

Quadro 2.5 – Importações portuguesas de madeiras tropicais de 2002 a 2007 (1000 m3)

Produto 2002 2003 2004 2005 2006 2007


Toros 668 240 205 203 203 203
Madeira serrada 115 107 126 126 126 126
Madeira folheada 19 17 19 19 19 19
Contraplacados 3 6 10 10 10 10
Fonte: ITTO 2007

Quadro 2.6 – Principais espécies tropicais importadas por Portugal em 2006 e 2007

Nome científico Nome comercial Tipo de produtos


Aucoumea klaineana okoumé toros
Dalbergia decipularis palissandre de rose madeira serrada, folheada, contraplacados
Dalbergia nigra palissandre de rio madeira serrada, folheada, contraplacados
Dalbergia spurceana palissandre de para madeira serrada, folheada, contraplacados
Dialianthera spp. virola madeira serrada
Entandrophragma cylindricum sapelli toros
Entandrophragma utile sipo toros
Khaya spp. acajou d’afrique toros
Milícia spp (Chlorophora spp.) iroko toros
Ochroma lagopus balsa madeira serrada
Parashorea spp. white seraya madeira serrada, folheada, contraplacados
Parashorea spp., Pentacme spp. white lauan madeira serrada, folheada, contraplacados
Phoebe porosa imbuía madeira serrada
Shorea albida alan madeira serrada, folheada, contraplacados
Shorea rugosa meranti bakau toros, madeira serrada, folheada
Shorea spp dark red meranti toros, madeira serrada, folheada
Shorea spp. light red meranti toros, madeira serrada, folheada
Shorea spp. meranti bakau madeira serrada
Shorea spp. white meranti madeira serrada, folheada, contraplacados
Shorea spp. yellow meranti madeira serrada, folheada, contraplacados
Swietenia spp. mahogany madeira serrada
Fonte: ITTO 2007

53
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

2.3.3. Restrições ao comércio de madeiras tropicais


Apesar da enorme diversidade de madeiras de espécies tropicais disponível, o comércio
das madeiras tropicais restringe-se a um pequeno número de espécies, o que leva frequente-
mente à sua sobre-exploração, podendo pôr em causa a sustentabilidade da floresta. É o caso
da umbila (Pterocarpus angolensis), chanfuta (Afzelia quanzensis), jambire (Milletia stuhlmannii),
pau-preto (Dalbergia melanoxylon), mecruse (Androstachys johnsonii) e iroko (Milicia excelsa).
A CITES (Convenção sobre o comércio internacional das espécies da fauna e da
flora selvagem ameaçadas de extinção), uma convenção internacional em vigor desde
1975 e subscrita por 157 países (entre os quais Portugal), restringe o comércio de diversas
espécies consideradas em risco de extinção. Fazem parte desta lista, que tem sido actua-
lizada (Jornal Oficial da União Europeia 2008), espécies como o pau-santo, o pau-preto,
os mognos americanos ou o sândalo vermelho (Quadro 2.7).

Quadro 2.7 – Lista das espécies madeireiras cujo comércio é restringido pela CITES

Nome científico Nome comercial


Abies guatermalensis abeto mexicano
Aquilaria malaccensis agar
Araucaria araucana araucária do Chile
Caryocar costaricense sawarie, chawari
Dalbergia melanoxylon pau-preto
Dalbergia nigra pau-santo do Brasil, jacarandá da Baía
Fitzroya cupressoides cedro da Patagónia
Guaiacum officinale guaiaco, pau-santo
Guaiacum sanctum guaiaco-branco, lignum-vitae
Magnolia hodgsonii giogi, champak
Oreomunnea pterocarpa gavilán, gavilán-branco
Pericopsis elata = Afrormosia elata afrormosia, teca-africana, assamela
Pilgerodendrom uviferum cedro do Chile
Platymiscium pleiostachyum cristobal
Podocarpus neerifolius black-pine
Podocarpus parlatorei pinheiro-branco
Prunus africana = pygeum africanum mueri
Pterocarpus santalius sândalo-vermelho
Swietenia humilis mogno-americano
Swietenia macrophylla mogno-americano
Taxus wallichiana teixo do Himalaia

O comércio e o uso de madeiras têm vindo a ser submetidos, nos últimos anos,
a crescentes escrutínios, restrições e controlos devido à necessidade de respeitar
acordos internacionais no domínio da preservação de espécies protegidas, da
biodiversidade e da sustentabilidade dos sistemas florestais. Este facto é especialmen-
te importante nas regiões e países com uma forte indústria de produtos florestais,
importadores de madeiras, nomeadamente tropicais ou “exóticas”, como é o caso da
União Europeia e, particularmente de Portugal.

54
II. INTRODUÇÃO

Acresce que actualmente é dada atenção pelos consumidores e organizações


não governamentais aos aspectos de conservação ambiental e de sustentabilidade
florestal, sendo de prever que o controlo de proveniência de madeiras se torne cada
vez mais restritivo e exigente, obrigando, por exemplo, a certificados de identificação
e de origem. A obrigatoriedade de apresentação de um certificado de identificação de
uma madeira aplicada em obra poderá também constituir uma medida de controlo
para o comércio das madeiras e contribuir para diminuir o abate indiscriminado de
espécies protegidas.
Existe um exemplo recente ocorrido em Portugal, em 2000, quando uma organi-
zação não governamental impediu o desembarque, nos portos de Leixões e Viana de
Castelo, de madeiras africanas provenientes dos Camarões destinadas à indústria de
madeira, sob suspeita do comércio de espécies protegidas pela CITES. A saída dos
toros dos dois portos apenas foi possível após a sua identificação como espécies de
comércio autorizado, um trabalho que foi levado a cabo pelo Centro das Florestas e
Produtos Florestais do Instituto de Investigação Científica Tropical.
A CITES continua a ampliar os seus trabalhos relativos à regulamentação do
comércio de madeiras tropicais. Devido às inquietudes existentes em relação à apli-
cação de leis florestais, a certificação de madeiras e políticas responsáveis de compra
de madeiras continuam a ser os temas de interesse nos próximos anos para os mem-
bros produtores e consumidores da ITTO (ITTO 2007).
As principais organizações e os acordos internacionais ligados às madeiras tro-
picais são as seguintes:

a) O Acordo Internacional sobre Madeira Tropical foi assinado em Janeiro


de 1983 e renegociado em 1994 (Genebra), entrando em vigor a 1 de Janeiro de 1997
(a versão renegociada - Decreto nº 2707) e, até 1 de Agosto de 2002, incluía 57 países.
Visa promover, através da Organização Internacional de Madeira Tropical, a pesquisa
e o desenvolvimento de procedimentos para melhorar a gestão florestal e contribuir
para o desenvolvimento sustentável.
Recentemente, o Acordo Internacional de 2006 sobre as Madeiras Tropicais,
adoptado em Genebra a 27 de Janeiro de 2006, no âmbito da Conferência das Nações
Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento foi aprovado e rectificado, em Portu-
gal, pela Resolução da Assembleia da República n.º 64/2008, em 17 de Outubro de
2008. Assinado em 24 de Novembro de 2008 e consta do Diário da República, 1ª série
– Nº240-12 de Dezembro de 2008.

b) A Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e


da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção - CITES (Convention on International
Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora), também conhecida por Con-
venção de Washington, é um acordo multilateral assinado em Washington DC, EUA, a
3 de Março de 1973, que entrou em vigor a 1 de Julho de 1975 e, até 1 de Agosto de
2002, agrupava 158 países. Tem como objectivo assegurar que o comércio de animais
e plantas selvagens, bem como de produtos deles derivados, não põe em risco a
sobrevivência das espécies nem constitui um perigo para a manutenção da
biodiversidade. Visa proteger de sobre-exploração as cerca de 30 000 espécies listadas

55
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

através de um sistema de licenças para o comércio internacional. O acordo CITES foi


redigido em resultado de uma resolução adoptada em 1963 no seio da União Mundial
para a Conservação da Natureza (World Conservation Union ou IUCN).
As espécies contempladas na CITES encontram-se inscritas em três anexos (I, II
e III) pelo Secretariado Internacional e em quatro anexos (A, B, C e D) pela União
Europeia, consoante o grau de protecção:
Anexo A - espécies em perigo de extinção. O Comércio destes espécimes apenas
é permitido em condições excepcionais (anexo I da Convenção).
Anexo B - inclui espécies que, apesar de não se encontrarem em perigo de
extinção, o seu comércio deve ser controlado, de modo a evitar uma comercialização
não compatível com a sua sobrevivência (anexo II da Convenção).
Anexo C - contém espécies protegidas pelo menos por uma parte contratante,
que solicitou às restantes partes a sua assistência para controlar o comércio internaci-
onal. (anexo III da Convenção).
Anexo D - inclui espécies que, apesar de não possuírem qualquer estatuto de
protecção, apresentam um volume tal de importações comunitárias que se justifica
uma vigilância.
O Instituto da Conservação da Natureza constitui a Autoridade Administrativa e
a Autoridade Científica Nacional da Convenção de Washington.

c) A Organização Internacional das Madeiras Tropicais - ITTO


(International Tropical Timber Organization) foi criada a 18 de Novembro de 1983 e
a 19 de Janeiro de 1989 deu-se a adesão de Portugal. Tem como objectivo criar um
quadro eficaz para as consultas, a cooperação internacional e a elaboração de políti-
cas entre todos os membros no que diz respeito aos aspectos relevantes da economia
mundial de madeiras. Como órgãos tem o Conselho Superior das Madeiras Tropicais,
o Comité da Informação Económica e da Informação sobre o Mercado, o Comité da
Rearborização e da Gestão Florestal, o Comité da Indústria Florestal e o Comité
Financeiro e Administrativo. Tem a sua sede em Yokoama, Japão.

2.3.4. Produção e comércio de madeira em Moçambique


Devido à relevância, neste trabalho, do estudo feito com a colecção proveniente
de Moçambique, considerou-se importante incluir este capítulo como um exemplo de
país produtor e exportador de madeiras.

2.3.4.1. Produção florestal


Segundo o Inventário Florestal de Moçambique (2007), foram identificadas 365
espécies arbóreas. Das 49.223 árvores observadas, identificaram-se 95% pelo seu nome
científico, ficando 5% por identificar (equivalente a 2.486 árvores).
No Quadro 2.8 apresentam-se as dez espécies com maior volume por estrato nas flores-
tas densas (IFN-AIFM 2007). As formações de florestas densas em Moçambique são dominadas
por espécies típicas de miombo. As espécies dos géneros Brachystegia e Julbernardia contri-
buem com mais de 40% do volume total. Outras espécies com volume total notável neste
estrato são a umbila (Pterocarpus angolensis) e jambire (Millettia stuhlmannii).

56
II. INTRODUÇÃO

Quadro 2.8 - Percentagem de volume total do estrato florestas densas por espécie
para as 10 espécies de maior volume

Nome científico Nome local Volume total (%)


Brachystegia spiciformis messassa 16,6
Brachystegia boehmii mafuti 11,0
Julbernardia globiflora messassa-encarnada 9,6
Pterocarpus angolensis umbila 4,7
Brachystegia sp. 3,1
Millettia stuhlmannii jambire 2,5
Pseudolachnostylis maprouneifolia 2,0
Sterculia appendiculata metil 2,0
Uapaca kirkiana metongoro 1,9
Sclerocarya birrea canho 1,9

Foi feita uma análise do sector madeireiro de Moçambique e das suas possibili-
dades de fornecimento de madeira e seus derivados, cobrindo informação sobre a
produção, recurso e comercialização de acordo com os termos de referência do
Centro de Comércio Internacional (Freitas 2000). Os dados mostram que a área flores-
tal com potencial para produção madeireira é estimada em 20 milhões ha, o que
significa que o volume comercial em pé (acima de 40 cm de DAP) é de aproximada-
mente 22 milhões m3, permitindo um corte anual de 500 mil m3. Este potencial locali-
za-se principalmente nas zonas norte e centro do país com destaque para as provínci-
as de Cabo-Delgado, Zambézia, Niassa e Sofala.
O recurso florestal nacional, além de ser fonte de matéria-prima para a indús-
tria, desempenha um papel importante no abastecimento de lenha e carvão (principal
fonte de energia doméstica), plantas medicinais e actividades de conservação ambiental
(Freitas 2000).
Estima-se que de forma sustentada possam ser cortados anualmente 500 mil m 3,
considerando todo o leque de espécies com potencial de utilização industrial. Porém,
só 10 a 15% deste volume é constituído por espécies com aceitação no mercado
internacional (Quadro 2.9).
Algumas destas espécies têm limite de corte, visando a sua protecção. Assim,
existem quotas máximas de exploração para as madeiras consideradas “preciosas” que
são estabelecidas anualmente pela Direcção Nacional de Florestas e Fauna Bravia.
Como não há um trabalho de divulgação de novas espécies, as espécies nativas mais
conhecidas, como é o caso da umbila, chanfuta, pau-ferro e outras, estão sob forte
pressão de exploração, provocando uma diminuição dos diâmetros de corte.
A floresta produtiva localiza-se principalmente nas zonas norte e centro do país,
com destaque para as províncias de Cabo Delgado, Zambézia, Niassa e Sofala. Ao Sul
do rio Save, observa-se uma diminuição da cobertura florestal produtiva. No entanto
o “stock” de madeira em crescimento é maior na província do Niassa seguida pelas
províncias de Sofala e Zambézia (Quadro 2.10). No que concerne à floresta plantada
(eucaliptos e pinheiros), a maior superfície está implantada na província de Manica,
com cerca de 17 000 ha de eucaliptos.

57
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Quadro 2.9 – Espécies florestais mais exploradas em Moçambique

Nome comercial Nome científico


chanfuta Afzelia quansensis
mecrusse Androstachys johnsonii
pau-rosa Berchemia zeyheri
messassa-encarnada Julbernardia globiflora
mugonha Breonadia microcephala
mucarala Burkea africana
monzo Combretum imberbe
pau-preto Dalbergia melanoxylon
missanda Erythrophleum suaveolens
chacate-preto Guibourtia conjugata
umbaua Khaya nyasica
jambire Millettia stuhlmannii
umbila Pterocarpus angolensis
metonha Sterculia quinqueloba
pau-ferro Swartzia madagascariensis
meguza Rhodognaphalon schumannianum
messassa Brachystegia spiciformis
sândalo-africano Spirostachys africana
eucalyptus Eucalyptus sp.
pinus Pinus sp.

Fonte: Direcção Nacional de Florestas e Fauna Bravia (DNFFB).

Quadro 2.10 – Estimativas do incremento médio anual (m3/ha/ano) por provín-


cia em Moçambique

Província Estimativas do Incremento


Médio Anual (m 3/ha/ano)
Maputo 0,579
Gaza 0,414
Inhambane 0,646
Sofala 1,188
Manica 1,196
Tete 0,903
Zambézia 2,075
Nampula 1,156
Niassa 1,573
Cabo Delgado 1,279

Fonte: Inventário Florestal Nacional (2007)

58
II. INTRODUÇÃO

2.3.4.2. Indústria de madeira


A indústria florestal em Moçambique está concentrada principalmente nas ci-
dades capitais provinciais, nomeadamente Beira, Maputo, Quelimane, Nampula e
Manica, embora actualmente a preocupação dos empresários seja de estabelecer as
serrações próximo das áreas florestais, como se constata pelas numerosas serrações
móveis distribuídas na proximidade de florestas.
A indústria florestal é composta essencialmente por fábricas de pequena capaci-
dade em estado obsoleto, com equipamentos ultrapassados e sem manutenção ade-
quada, com dificuldades de adquirir sobressalentes o que faz com que uma grande
parte delas funcione com deficiência ou esteja paralisada. De um modo geral, as
empresas estão descapitalizadas e a funcionar bastante abaixo das suas capacidades.
Existem, porém, serrações instaladas mais recentemente com equipamento
moderno, fixo ou móvel, mas cujo funcionamento é afectado pelo abastecimento de
matéria prima, capacidade técnica, falta de técnicos qualificados e dificuldades de
acesso ao crédito, como é o caso de algumas serrações instaladas em Inhambane,
Zambézia e Manica. Os problemas de abastecimento são, em parte, agravados pela
exportação predominante de toros em oposição aos produtos processados. O pro-
jecto Ifloma, na província de Manica, constitui o maior projecto madeireiro do país
com uma capacidade anual instalada de 26.000 m³ de madeira serrada e de 20.000
m ³ de madeira prensada.
A capacidade industrial instalada (processamento mecânico) está estimada em
161.000 m ³ por ano, da qual se está a utilizar apenas 60.000 m³ por ano correspon-
dentes a 35%. Esta situação indica claramente que existe potencial para não só
reabilitar a capacidade instalada mas também para expandir a capacidade industrial
de processamento.
Algumas unidades de processamento apresentam uma integração vertical das
operações, indo desde o abate até à exportação do produto acabado, não obstante
grande parte delas adquirirem madeira aos pequenos madeireiros. O processo é
feito maioritariamente por encomenda, e os toros são transformados através de
esquemas simples de corte. Salvo raras excepções, não existe secagem artificial o
que provoca, em alguns casos, problemas de aceitação no mercado internacional.
Os produtos mais frequentemente comercializados são: madeira em toros,
madeira serrada (tábuas, barrotes e travessas), parquet, painéis, folheados,
contraplacados, aros, portas, janelas e ainda mobiliário. Nos últimos anos houve
um crescimento acentuado na produção de madeira em toros, dada a crescente
disputa no mercado internacional. Também o parquet teve um grande incremento
entre os anos de 1997 e 1998 (Quadro 2.11). O complexo industrial de Manica
(Ifloma) produz painéis de partículas a partir de pinho e eucalipto, produção que
entretanto está paralisada, enquanto que folheados e contraplacados são produzi-
dos na Empacol.
Actualmente, as empresas madeireiras mostram-se mais susceptíveis para
implementar sistemas que melhorem os seus produtos como meio de competir no
mercado internacional. Por outro lado, o desenvolvimento da indústria madeireira passa
por encontrar soluções para a reflorestação, de forma a garantir a sustentabilidade da
produção de matéria-prima, segundo o Inventário Florestal de Moçambique (2007).

59
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Quadro 2.11 – Produção de madeira em toros e transformada em Moçambique


(1994 a 1998)

Período Toros M. serrada Parquet Painéis Folheados Contraplacados


(anos) (m ³) (m ³) (m ³) (m ³) (m ³) (m ³)
1994 28.653,6 29.525,7 - - - -
1995 76.842,2 41.252,0 1.041,7 629,9 1.386,1 78,5
1996 85.160,1 42.972,2 3.709,0 - 1.824,0 697,0
1997 120.557,8 32.550,2 9.448,0 - 2.454,0 959,0
1998 119.761,0 28.180,0 16.394,0 - 2.792,5 662,0
Fonte: DNFFB (Relatório Estatístico 1998)
2.3.4.3. Comércio de madeira
O mercado interno de madeira tem-se revelado muito importante com um cres-
cente volume utilizado quer para a indústria nacional, quer como material de constru-
ção rural, mas também como combustível lenhoso (lenha e carvão).
O recurso florestal tem sido considerado como um capital disponível que, com
baixos níveis de investimento, poderá gerar divisas através da exportação. Em
Moçambique, a liberalização da economia, o fim da guerra, a adopção da simplifica-
ção dos mecanismos de exportação e o surgimento de um conjunto de medidas a
nível operativo e legislativo, motivaram os agentes económicos a investir, aumentar a
produção e melhorar a qualidade dos produtos de forma a elevar as exportações.
No país, havia um grande número de empresas exportadoras de madeira e seus
derivados, mas, com a revisão da Lei Florestal, este número tende a reduzir-se. Na
actualidade existem cerca de 70 empresas que exportam produtos de madeira.
Os produtos de exportação têm sido normalmente toros de umbila, chanfuta, pau-
preto, pau-rosa e jambire e algum volume de madeira serrada, principalmente réguas de
parquet. A madeira é exportada a granel ou em contentor. O principal mercado de expor-
tação tem sido o Continente Asiático (China, Singapura, Hong-Kong e Japão).
As exportações de madeira contribuem significativamente para a economia naci-
onal e para o PIB, representando em 1997 4,4% do PIB (Estatísticas de Exportação,
MIC (1994/99). As exportações aumentaram a partir de 1994, tanto de madeira em
toros como de madeira serrada, gerando um valor de cerca de 11 milhões de dólares
em 1998 (Quadro 2.12).

Quadro 2.12 – Exportações de toros e madeira serrada de Moçambique (1994 a 1998)

Anos Toros Madeira serrada Valor


(m ³) (m ³) (mil dólares)
1994 909,6 1.661,0 2.167,60
1995 2.308,7 1.618,7 9.639,60
1996 26.873,4 2.158,7 9.804,80
1997 52.386,0 690,7 13.797,18
1998 24.655,4 9.402,9 10.932,65
Fonte: DNFFB (Relatório Estatístico 1998)

60
II. INTRODUÇÃO

Os preços de exportação praticados dependem da matéria-prima usada, da dis-


tância, do processamento final do produto e da utilidade do produto final. As espéci-
es madeireiras existentes variam de qualidade, indo desde madeiras consideradas
preciosas, terminando em madeiras de menor qualidade (quarta classe) (Anexo 2).

2.3.4.4. Desenvolvimento sustentável


Pode concluir-se que o sector madeireiro em Moçambique possui um potencial
bastante elevado e é um sector de grande importância para o país. Os crescentes
índices de exportação de madeira processada conferem ao sector um potencial adici-
onal, prevendo-se que, a médio prazo, o sector madeireiro atinja valores cada vez
maiores no cômputo das exportações gerais do país. No entanto, continuam a expor-
tar-se grandes quantidades de madeira em toro o que prejudica o abastecimento da
indústria madeireira nacional e as espécies de qualidade comercial elevada estão
sujeitas a uma grande pressão.
Deste estudo (Freitas 2000), resultaram algumas propostas como forma de ultra-
passar alguns destes problemas:
- A redução das exportações de madeira em toros e a definição política de uma
prioridade ao abastecimento de matéria-prima à indústria nacional;
- A tomada de medidas para proteger as espécies em perigo de extinção ou em
declínio e para promover tecnologias conducentes à utilização e à exportação de
madeiras de espécies consideradas secundárias;
- O investimento estrangeiro, sob a forma de empresas mistas, como forma de
reestruturar o sector, tendo em vista a reabilitação das instalações, a aquisição de
equipamentos, e a introdução de tecnologias mais modernas visando a melhoria da
qualidade, a expansão e a diversificação da produção;
- A consolidação e conquista de novos mercados para os produtos madeireiros,
sobretudo para a madeira processada.
- Uma revisão da carga fiscal para este tipo de investimentos, de modo a cons-
tituir um incentivo a uma estratégia de desenvolvimento do sector;
- A investigação das espécies secundárias que abundam mas sobre as quais
pouco se sabe, e que poderiam constituir uma fonte de receita adicional nas exporta-
ções (Inventário Florestal de Moçambique 2007).

61
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

62
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. MATERIAL DE ESTUDO
Neste trabalho faz-se referência a duas xilotecas existentes no Instituto de Inves-
tigação Científica Tropical (IICT), uma no Centro de Florestas e Produtos Florestais
(FLOR) e outra no Jardim Botânico Tropical (JBT), que neste trabalho serão designa-
das por Colecção IICT-FLOR (ou abreviadamente FLOR) e Colecção IICT-JBT
(abreviadamente JBT), respectivamente.
O estudo inclui também a xiloteca existente no Departamento de Engenharia
Florestal da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, Moçambique, aqui desig-
nada Colecção UEM-Moçambique (ou abreviadamente UEM).

3.1.1. Colecção IICT – FLOR


Na xiloteca FLOR, as madeiras foram organizadas por 24 colecções de madeiras
tropicais de 20 origens geográficas diferentes (Anexo 3). Foi feito o levantamento de
todo o material disperso (provetes, frascos com blocos para cortes, frascos com
elementos dissociados e lâminas) existente na xiloteca e laminoteca (Figura 3.1).

Figura 3.1 – Aspecto das colecções existentes na xiloteca do Centro de Florestas e


Produtos Florestais (IICT) incluindo amostras de madeira, blocos para corte e lâminas
de montagem permanente com cortes finos para observação microscópica, exemplificando
as três secções da madeira (transversal, tangencial e radial)

63
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Os 1960 provetes standard (13 x 6 x 1cm3) correspondentes às colecções, encon-


tram-se organizados segundo ordem numérica. Existem também 2160 provetes repeti-
dos e 200 de dimensões maiores (22,5 x 15 x 3 cm3). Recuperaram-se 988 frascos com
blocos sem tratamento, 969 com tratamento, e 975 frascos com estilhas que possibili-
tam tanto a realização de novos cortes histológicos para estudos adicionais da estru-
tura da madeira como a preparação dos elementos dissociados (Figura 3.1). Relativa-
mente à laminoteca, procedeu-se à limpeza e restauro de todas as lâminas, ficando
organizada por ordem alfabética do nome científico. De referir que, além das lâminas
com os cortes histológicos segundo as três secções de corte (transversal, tangencial e
radial), também existem as lâminas dos elementos dissociados (fibras) num total de
5101 lâminas.
Destas 24 colecções, foram escolhidas para serem informatizadas três de origens
diferentes, por terem sido as primeiras a serem estudadas: Moçambique (Freitas 1955)
com 33 espécies (Quadro 3.1), Timor I (Freitas 1955) e Timor II (Freitas 1958) com 33
espécies (Quadro 3.2) e Índia Portuguesa (Freitas 1963) com 17 espécies (Quadro 3.3).
Para estas três colecções, foi feita a recolha da informação existente em bibliografia
sobre nomenclatura, distribuição geográfica, aspectos gerais da madeira, microscopia,
propriedades físico-mecânicas, fotomicrografias e utilizações.
Foi feita, para cada espécie, a verificação dos parâmetros qualitativos e quanti-
tativos, através da observação microscópica das lâminas, provetes e revisão bibliográ-
fica, assim como a rectificação/actualização dos nomes científicos e famílias.

Quadro 3.1 – Material de estudo da colecção de Moçambique (Freitas 1955) da


xiloteca FLOR/IICT

Nomes Científicos
Adina microcephala (del.) Hiern
Afrormosia angolensis (Bak.) Harms
Afzelia quanzensis Welw.
Albizia adianthifolia W. F. Wight
Albizia versicolor Welv. ex Oliv.
Amblygonocarpus obtusangulus Harms
Androstachys johnsonii Prain.
Bombax rhodognaphalon K. Schum. Ex. Engl.
Burkea africana Hook.
Celtis durandii Engl.
Celtis kraussiana Bernh. (Celtis africana)
Chlorophora excelsa (Melicia) (Welw.) Benth. Hook
Colophospermum mopane Kirk.
Combretum imberbe Wawra
Cordyla africana Lour.
Dalbergia melanoxylon Guill. & Perr
Dialium schlechteri Harms
Diospyros mespiliformis Hochst. ex A. DC.

64
III. MATERIAL E MÉTODOS

Nomes Científicos
Erythrophleum africanum (Benth.) Harms
Erythrophleum guineense Don
Khaya sp.
Khaya spp.
Millettia stuhlmannii Taub.
Morus lactea Mildbr. (Celtis lactea Sim.)
Ostryoderris stuhlmannii Dunn ex Baker f.
Piliostigma thonningii (Schumach.) Milne-Redhead
Piptadenia buchananii Bak. (Newtonia buchanii)
Pteleopsis myrtifolia (Lawson) Engl. & Diels
Pterocarpus angolensis DC.
Ricinodendron rautanenii (Schinz) Radcl.-Sm
Spirostachys africana Sond.
Sterculia quinqueloba (Garcke) K. Schum.
Swartzia madagascariensis Desv.

Quadro 3.2 – Material de estudo da colecção de Timor relativa às duas contri-


buições I (Freitas 1955) e II (Freitas 1958) da xiloteca FLOR/IICT

Nomes Científicos
Albizia lebbeckioides (DC) Benth.
Aleurites moluccana Willd.
Alstonia scholaris (L.) R. Br.
Artocarpus integrifolia L.
Bischofia javanica Blume
Calophyllum inophyllum L.
Canarium commune L.
Cassia fistula L.
Casuarina junghuniana Miq.
Cedrela toona var australis Roxb. C. DC.
Decaspermum paniculatum Kurz
Elaeocarpus sphaericus K. Schum.
Ficus macrophyla Roxb.
Ganophyllum falcatum Blume
Hibiscus tiliaceus L.
Homalium tomentosum Benth.
Intsia bijuga O. K.
Macaranga tanarius Muell.
Melaleuca leucadendron L.
Pometia pinnata Forst.
Pterocarpus indicus Willd
Pterospermum acerifolium Will.
Pygeum sp.

65
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Nomes Científicos
Santalum album L.
Sarcocephalus cordatus Miq.
Schleichera oleosa Merr.
Sterculia foetida L.
Tamarindus indica L.
Tectona grandis L.
Terminalia cattapa L.
Thespesia populnea Soland, ex Correa
Timonius rumphii DC.
Vitex pubescens Vahl

Quadro 3.3 – Material de estudo da colecção da Índia Portuguesa (Freitas 1963)


da xiloteca FLOR/IICT

Nomes Científicos
Acacia catechu Willd.
Aegle marmelos Correa
Albizia lebbeck Benth.
Artocarpus integrifolia L.
Bombax malabaricum A. DC.
Careya arborea Roxb.
Dalbergia sissoo Roxb.
Eugenia jambolana Lam.
Ficus indica Roxb.
Lagerstroemia parviflora Roxb.
Mangifera indica L.
Polyalthia fragans Benth. e Hook
Tectona grandis L.
Terminalia belerica Roxb.
Terminalia paniculata W. et A
Terminalia tomentosa W. et Arn.
Xylia dolabriformis Benth.

3.1.2. Colecção IICT – JBT


Na xiloteca JBT a maior parte das madeiras provem de missões realizadas nas
regiões tropicais (nomeadamente em Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe,
Guiné, Goa e Timor), enquanto outras foram cedidas ou trocadas com laboratórios
similares (Figura 3.2).

66
III. MATERIAL E MÉTODOS

Figura 3.2 – Aspecto geral da xiloteca do Jardim Botânico Tropical (IICT)

À semelhança da xiloteca FLOR, fez-se o levantamento, recuperação e organiza-


ção de todo o material existente, provetes standard, rodelas, amostras de madeira de
diferentes formas e dimensões, assim como de numerosas fichas de arquivo distribu-
ídas por dois ficheiros diferentes.
Os 3604 provetes standard organizaram-se por ordem alfabética e os repetidos
pela sua origem geográfica. A colecção das madeiras de coníferas encontra-se separa-
da das outras colecções e por ordem alfabética.
Relativamente aos dois ficheiros, um deles contém 4082 registos de espécies,
distribuídas por 107 origens diferentes e foi estruturado segundo ordem alfabética do
nome científico (Anexo 4), contendo em cada ficha de arquivo a informação relativa à
origem, continente, nome científico, nomes vernáculos, família e nº de registo. Destas
4082 espécies, 1547 espécies têm, num outro ficheiro, a respectiva ficha técnica,
estando estas organizadas por espécies, segundo ordem alfabética. Nesta ficha consta
a informação sobre o nome científico da espécie, família, origem das amostras, sinó-
nimos, nomes vernáculos e comerciais, principais características botânicas e flores-
tais, distribuição geográfica, habitat e ecologia, aspecto macroscópico da madeira e
outras características, utilizações da madeira e outras, bibliografia e iconografia e
material para estudo (vivo, herbário, museu, xiloteca).
Sobre a xiloteca JBT foi feito um pequeno filme que incluiu uma entrevista ao
último responsável sobre questões importantes para este trabalho.
Destas colecções foram seleccionadas, à semelhança da xiloteca FLOR, as espéci-
es provenientes das mesmas três origens, tendo sido revistas, para serem informatizadas,
202 fichas com 68 espécies de Moçambique (Quadro 3.4), 50 espécies de Timor (Qua-
dro 3.5), 17 espécies da Índia (geral) (Quadro 3.6) e 67 espécies da Índia Portuguesa
(Goa) (Quadro 3.7) e foi feito o respectivo levantamento bibliográfico.
Muitas destas madeiras encontram-se também representadas no museu do JBT,
no Palácio da Calheta, onde existem madeiras de diferentes origens. Podem encon-

67
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

trar-se desde troncos, tábuas do tamanho do pé alto do palácio, rodelas até amostras
de madeira de diferentes formas e tamanhos, todas elas identificadas (Figura 3.3).

Figura 3.3 – Aspecto geral do museu do Jardim Botânico Tropical (IICT)

Quadro 3.4 – Colecção de Moçambique da xiloteca do Jardim Botânico Tropical

Nomes Científicos
Acacia nigrescens Eyles
Adina microcephala (del.) Hiern
Afrormosia angolensis (Bak.) Harms
Afzelia quanzensis Welw.
Albizia adianthifolia W. F. Wight
Albizia gummifera (Gmel.) C. A. Smith.
Albizia versicolor Welv. ex Oliv.
Amblygonocarpus obtusangulus Harms
Anacardium occidentale L.
Androstachys johnsonii Prain.
Bequaertiodendron natalense (sond.) Heine & hemsl.
Berchemia zeyheri (Sond.) Grubov
Bombax rhodognaphalon K. Schum. Ex. Engl.
Borassus aethiopum Mart.
Brachystegia spiciformis Benth.
Bruguiera gymnorhiza Lam.
Burkea africana Hook.
Carpodiptera africana Mast.
Cassipourea gummiflua Tul.

68
III. MATERIAL E MÉTODOS

Nomes Científicos
Ceriops candoleana Arn.
Chrysophyllum magalismontanum Sond.
Cleistanthus schlechteri (Pax.) Hutch.
Cocos nucifera L.
Colophospermum mopane Kirk.
Combretum imberbe Wawra
Commiphora caryaefolia Oliv.
Cordyla africana Lour.
Cynometra carvalhoi Harms
Dalbergia melanoxylon Guill. & Perr
Dialium holtzii Harms
Dialium schlechteri Harms
Diospyros mespiliformis Hochst. ex A. DC.
Erythrophleum suaveolens (Guill. E Perr.) Brenan
Erythroxylum monogynum Roxb.
Flacourtia indica (Burm. F.) Merr.
Heritiera littoralis Dryand
Hexalobus mossambicensis N. Robson.
Inhambanella henriquesii Dubard
Irvingia mossambicensis Sim.
Julbernardia globiflora (Benth) Troupin
Khaya nyasica Stapf ex. Bak. F.
Kigelia africana (Lam.) Benth.
Lonchocarpus mossambicensis Lin.
Mangifera indica L.
Manilkara sp.
Milicia excelsa (Chlorophora excelsa) (Welw.) Benth. Hook
Millettia sp.
Millettia stuhlmannii Taub.
Minusops caffra E. Mey A. DC.
Ostryoderris stuhlmannii Dunn ex Baker f.
Parinari curatellifolium P. Ex Benth
Piliostigma thonningii (Schum) Milne-Redhead
Pseudolachnostylis maprouneifolia Pax
Pteleopsis myrtifolia (Lawson) Engl. & Diels
Pterocarpus angolensis DC.
Pterocarpus rotundifolius (Sond) Druce
Pterocarpus sp.
Rhizophora mucronata Lam.
Ricinodendron rautanenii (Schinz) Radcl.-Sm
Sclerocarya caffra Sond.
Spirostachys africana Sond.
Sterculia apendiculata K. Schum

69
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Nomes Científicos
Strychnos innocua Del.
Swartzia madagascariensis Desv.
Terminalia sericea Burch. ex DC.
Trichilia emetica Vahl
Uapaca kirkiana Muell. Arg.
Uapaca nitida Mull. Arg.

Quadro 3.5 – Colecção de Timor da xiloteca do Jardim Botânico Tropical

Nomes Científicos
Acacia leucophloea Willd.
Acacia sp.
Aegle marmelos Corrêa
Albizia lebbeckioides (DC.) Benth.
Alstonia scholaris (L.) R. Br.
Artocarpus communis J. R. Et Forest.
Artocarpus integrifolia L.
Borassus sp.
Calophyllum inophyllum L.
Canarium commune L.
Canarium moluccanum Bl.
Cassia fistula L.
Casuarina junghuniana Miq.
Casuarina sp.
Cedrela toona sp.
Cedrela toona var australis Roxb. C. DC.
Cordia sp.
Dictyoneura sp.
Dysoxylum caulostachyum Miq.
Dysoxylum sp.
Eucalyptus alba Reinw.
Eucalyptus robusta Sm.
Ganophyllum falcatum Blume
Garuga floribunda Done
Hernandia sp.
Intsia bijuga O. K.
Melia dublia Cav.
Memecylon pauciflorum Blume
Memecylon sp.
Parinarium corymbosum Miq.
Parinarium sp.
Parkia sp.

70
III. MATERIAL E MÉTODOS

Nomes Científicos
Peltophorum pterocarpum Backer
Podocarpus amara Blume
Pometia pinnata Forst.
Pterocarpus acerifolium Willd.
Pterocarpus indicus Willd.
Rhizophora sp.
Salmania malabarica Schott & Endl.
Santalum album L.
Sarcocephalus cordatus Miq.
Schleichera oleosa Merr.
Sterculia foetida L.
Tamarindus indica L.
Tectona grandis L.
Terminalia cattapa L.
Toona ciliana M. Roemer var. Australis, (F. Muell) C. DC.
Toona sureni Merr.
Vitex pubescens Vahl
Wrightia javanica DC.

Quadro 3.6 – Colecção da Índia (geral) da xiloteca do Jardim Botânico Tropical

Nomes Científicos
Acacia arabica Willd
Acacia suma Kurz.
Adina cordifolia Hook. F.
Albizia lebbeck Benth.
Cedrela toona Roxb.
Diospyros melanoxylon Ham.
Hopea parviflora Redd.
Lagerstroemia lanceolata Wall.
Mangifera indica L.
Mimusops elengi L.
Morus alba L.
Prioria copaifera Griseb.
Pterocarpus marsupium Roxb.
Shorea robusta Gaertn, f.
Tectona grandis L.
Terminalia tomentosa W. et Arn.
Xylia xylocarpa Taub.

71
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Quadro 3.7 – Colecção da Índia Portuguesa (Goa) da xiloteca do Jardim Botâni-


co Tropical

Nomes Científicos
Acacia arabica Willd.
Acacia catechu Willd.
Acacia leucophlaea Willd.
Adina cordifolia Hook. F.
Albizia lebbeck Benth.
Albizia odoratissima Benth.
Albizia sp.
Anamirta cocculus (L.) Wight e Arn.
Anogeissus latifolia Wall.
Artocarpus communis I. R. Et Horst.
Artocarpus hirsuta Lamk.
Artocarpus lakoocha Roxb.
Averrhoa carambola L.
Bauhinia racemosa Lamk.
Bridelia retusa Spreng.
Carallia integerrima DC.
Careya arborea Roxb.
Chleichera trijuga Willd
Chrysophyllum roxburghii G. Don.
Cinnamomum sp.
Dalbergia latifolia Roxb.
Diospyros assimilis Bedd.
Diospyros montana Roxb.
Ehretia laevis Roxb.
Embelia robusta Roxb.
Erinocarpus nimmonii Grah.
Eugenia jambolana Lam.
Ficus glomerata Roxb.
Ficus sp.
Flacourtia cataphracta Roxb.
Garcinia indica Choisy
Garcinia xanthochymus Hook. F.
Gmelina arborea (L) Roxb.
Grewia microcos L.
Hardwickia binata Roxb.
Holoptelea integrifolia Planch.
Lagerstroemia flos-regina Retz.
Lagerstroemia parviflora Roxb.
Leea sambucina Willd.
Mangifera indica L.
Melia dubia Cav.

72
III. MATERIAL E MÉTODOS

Nomes Científicos
Melia indica Brand
Mesua ferrea L.
Michelia champaca L.
Mitragyna parvifolia Korth.
Ochrocarpus longifolius Benth. Et Hook.
Odina wodier Roxb.
Ougeinia dalbergioides Benth.
Pterocarpus marsupium Roxb.
Saccopetalum tomentosum Hook. F. E Th.
Sapindus trifoliatus L.
Semecarpus anacardium L.
Spondias mangifera Willd.
Sterculia foetida L.
Sterculia villosa Roxb.
Stereospermum xylocarpum Wight.
Strychnos nox-vomica L.
Tabernaemontana heyneana Wall.
Tectona grandis L.
Terminalia arjuna Bedd.
Terminalia belerica Roxb.
Terminalia chebula Retz.
Terminalia paniculata W. et A
Terminalia tomentosa W. et Arn.
Wagatea spicata Dalz. E Gibs.
Wrightia tinctoria Br. Wight.
Xylia dolabriformis Benth.

3.1.3. Colecção UEM-Moçambique


Foi feito o inventário do material existente na xiloteca do Departamento de
Engenharia Florestal da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, Moçambique,
num total de 219 provetes, 2070 lâminas e de toda a bibliografia aí existente.
Provenientes desta colecção, incluiram-se quinze espécies novas na xiloteca do
IICT-FLOR (Quadro 3.8), para as quais, no âmbito deste trabalho, se fez o estudo
anatómico. Sabe-se que são espécies existentes em Moçambique mas desconhece-se
a idade e as condições de crescimento das respectivas árvores.

Quadro 3.8 – Material de estudo da nova colecção vinda da xiloteca da UEM –


Maputo, e integrada na xiloteca IICT-FLOR

Nomes Científicos
Acacia robusta Burch
Amblygonocarpus andongensis (Oliv.) Excell & Torre
Berchemia discolor (Klotzsch) Hemsley
Cedrela odorata L.

73
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Nomes Científicos
Cleistanthus schlechteri (Pax) Hutch.
Combretum zeyheri Sond.
Diplohrunchus condylocarpon (Mull. Arg.) Pichon
Melaleuca leucadendron (L.) L.
Morus mesozygia Stapf
Pterocarpus antunesii (Tab.) Harms
Rhodognaphalon schumannianum A. Robyns
Schrebera trichoclada Welw
Syncarpia glomulifera (Sm.) Wield.
Syringa vulgaris L.
Xylia torreana Brenan

3.2. METODOLOGIA PARA A CARACTERIZAÇÃO DE MADEIRAS

3.2.1. Registo fotográfico


Foram feitas 300 fotografias macroscópicas no plano tangencial para as colec-
ções de Moçambique, Timor e Índia, referentes às duas xilotecas, assim como para a
nova colecção estudada (IICT-FLOR, IICT-JBT, UEM-Moçambique). Tendo como base
as lâminas com os três tipos de corte (tr, tg, rd), foram seleccionados os melhores e
feitas as respectivas microfotografias nos três planos de corte para as colecções IICT-
FLOR e UEM-Moçambique. Usou-se um sistema de análise de imagem (Qwin da
Leica) acoplado ao computador, tendo-se obtido, no total, 294 microfotografias.

3.2.2. Anatomia
3.2.2.1. Preparação das amostras
Dos provetes de 13 x 6 x 1 cm 3 , respectivamente nas direcções tangencial,
transversal e radial, destinadas às observações macroscópicas e descrição das carac-
terísticas gerais da madeira, retirou-se uma amostra para preparar provetes em forma
de tronco de pirâmide com aproximadamente 3 cm de altura e de base quadrada com
1 cm de lado, para a realização de cortes histológicos, a executar nas três secções da
madeira (secção transversal, tangencial e radial), para a descrição microscópica e
determinação da biometria dos elementos estruturais da madeira.
Do resto do material prepararam-se pequenas estilhas de 2 x 2 x 0,2 cm3 destina-
das à observação dos elementos dissociados da madeira.

3.2.2.2. Descrição macroscópica


Para a descrição macroscópica seguiu-se o esquema, estabelecido por Ferreirinha (1958)
para a madeira de folhosas, adaptado a descrições actuais utilizando uma lupa x10 (Anexo 5).

3.2.2.3. Descrição microscópica


a) Preparação de cortes finos
Os blocos foram submetidos a uma fervura em água destilada durante aproxima-
damente 20 minutos, seguindo-se uma fervura com álcool a 70o e glicerina, em partes

74
III. MATERIAL E MÉTODOS

iguais. Os tempos de fervura variaram consoante o tipo de madeira, tendo sido mais
prolongado nas espécies mais densas. Uma vez amaciados, os blocos de madeira
foram conservados individualmente em frascos identificados, mergulhados numa mis-
tura de álcool e glicerina em partes iguais.
Os cortes foram feitos com micrótomo Reichter de faca móvel com espessura
geralmente de 17 Pm. Nesta operação, delicada e exigindo facas perfeitamente limpas
e afiadas, optimizou-se a inclinação e o ângulo de corte para as diferentes madeiras.
Por se ter pouco material por espécie, houve muita dificuldade na obtenção de bons
cortes para a observação microscópica e biometria.
Para cada espécie foram realizados 10 cortes por secção, corados com safranina
para melhor observação e medições micrométricas, de acordo com o seguinte esquema:

1) Passagem dos cortes em água de Javel durante 10 a 15 minutos.


2) Lavagem dos cortes com água corrente e destilada, eliminando bem os restos
de lixívia.
3) Os cortes são mantidos em água destilada com algumas gotas de ácido
acético durante 15 minutos para a fixação posterior do corante.
4) Passagem por uma solução de coloração de safranina cerca de 1-2 minutos.
5) Para remoção do excesso de corante, os cortes são passados por álcool a 90o
durante 5 minutos.
6) Passagem por água destilada cerca de 5 minutos.
7) Desidratação dos cortes por passagem em álcool a 95 o durante 5 minutos e
seguidamente em álcool absoluto, durante 5 minutos.
As preparações definitivas dos cortes foram feitas utilizando como meio de
montagem Euparal. Em cada lâmina colocaram-se os três cortes correspondentes a
uma secção da madeira. Durante a secagem das preparações colocaram-se pequenos
pesos de chumbo sobre a lamela para que os cortes ficassem bem planos e fossem
removidas eventuais bolhas de ar.
Nem todos os cortes histológicos foram corados. Alguns mantiveram-se ao natu-
ral, para uma melhor observação de cristais e inclusões gomosas, que têm tendência
a desaparecer durante o processo de coloração, particularmente devido à acção da
água de Javel.

b) Preparação dos elementos dissociados


A dissociação dos elementos celulares da madeira foi feita com o soluto de
Franklin, composto por ácido acético glacial e peróxido de hidrogénio a 20% em
partes iguais (Jane 1970). As pequenas estilhas foram mantidas, durante 24 a 48
horas, na mistura de ácido acético e água oxigenada numa estufa a 45 o C. Quando o
material ficou com uma coloração branca, suspendeu-se o tratamento seguindo-se
uma desintegração mecânica por agitação e lavagem com água destilada. O material
dissociado foi conservado em frascos com água destilada e álcool a 70 o ou com
algumas gotas de timol ou formol. Para uma melhor observação, os elementos
dissociados foram corados com uma solução aquosa a 1% de violeta de genciana
durante 30 minutos, seguidos de lavagem em água corrente para remoção do exces-
so de corante.

75
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Estas preparações foram utilizadas para a medição do comprimento, largura e


espessura de parede das fibras e para observação dos elementos vasculares, em espe-
cial do tipo de placa de perfuração e apêndices terminais.

3.2.2.4. Caracterização quantitativa


As medições biométricas fizeram-se nas lâminas de cortes histológicos e nos
elementos dissociados. Utilizou-se um analisador de imagem semi-automático ASM
acoplado ao microscópio, determinando os parâmetros indicados no Quadro 3.9,
segundo as normas de IAWA (1989). Para cada parâmetro determinou-se a média, o
desvio padrão, o valor máximo e o mínimo.

Quadro 3.9 – Medições biométricas efectuadas referindo-se o número de medições


e secção em que se fez a observação

Nº Parâmetro Nº de medições Observação


1 Diâmetro tangencial dos vasos (Pm) 40 secção transversal
2 Comprimento dos elementos de vaso (Pm) 40 secção tangencial
3 Espessura de parede dos vasos (Pm) 40 secção transversal
4 Pontuações intervasculares (Pm) 40 secção tangencial
2
5 Número de vasos / mm 2 lâminas (40/lâmina) secção transversal
6 Altura dos raios (Pm) 40 secção tangencial
7 Altura dos raios (nº de células) 40 secção tangencial
8 Largura dos raios (Pm) 40 secção tangencial
9 Largura dos raios (nº de células) 40 secção tangencial
10 Número de raios / mm 2 lâminas (40/lâmina) secções transv. / tang.
11 Comprimento das fibras (Pm) 40 elementos dissociados
12 Largura das fibras (Pm) 40 elementos dissociados
13 Espessura de parede das fibras (Pm) 40 elementos dissociados

3.2.2.5. Caracterização qualitativa


A caracterização qualitativa do material refere-se a todas as observações realizadas
ao microscópio (DML da Leica), quer em lâminas de cortes histológicos quer em elemen-
tos dissociados, no que respeita à morfologia, arranjo, distribuição dos diferentes elemen-
tos estruturais no lenho, seguindo-se a terminologia proposta pelo IAWA (1989).

3.2.3. Determinação da cor


Para a colorometria quantitativa utilizou-se um espectrofotómetro de cor Minolta
CM – 3630 de geometria d/0 o. Os dados adquiridos foram analisados pelo software
Papercontrol Ver. 2.
A escala colorimétrica utilizada foi a CIE L*, a* e b*. Neste espaço de cor, ela é
definida pelos parâmetros L* que define a claridade e varia entre 0 (preto absoluto) e
100 (branco puro), o parâmetro a* que varia entre +a* (vermelho) e o –a* (verde) e o
parâmetro b* que varia entre +b* (amarelo) e –b* (azul), sendo que os parâmetros a* e
b* variam, em valor absoluto, entre 0 e 60.

76
III. MATERIAL E MÉTODOS

Numa primeira fase, fez-se a determinação dos parâmetros L*, a* e b* das 33


madeiras de Moçambique, 33 de Timor, 17 da Índia Portuguesa da xiloteca do FLOR,
as 15 da colecção UEM e 26 de cores variadas, pertencentes a diferentes colecções da
xiloteca, entre elas uma colecção de 12 madeiras da Costa Rica. Para tal fez-se um
polimento numa das faces de cada provete (13 x 6 x 1cm 3) de modo a obter-se uma
face polida que se aproximasse dos valores da amostra quando acabada de cortar,
deixando a outra face para se medir a possível alteração da cor com o uso da madeira
e exposta ao ambiente.
Uma vez que a madeira não é um material homogéneo fizeram-se, para cada
face do provete, polida e usada, quatro determinações, calculando-se o valor médio
para cada face do provete.
Numa segunda fase, o objectivo foi criar uma tabela de cores da madeira (Qua-
dro 4.3), tendo-se escolhido, de toda esta gama de cores, 33 madeiras de cor, textura,
fio e desenho diferentes.

3.2.4. Determinação do teor de humidade, da densidade e da retracção


Os dados relativos à física da madeira, apresentados no trabalho e que resulta-
ram da pesquisa bibliográfica feita para cada madeira estudada, foram obtidos do
seguinte modo:
Os provetes foram cortados em forma de cubo com cerca de 3 cm de aresta e
faces correspondentes às três secções da madeira. Cada provete foi pesado e medido
em duas arestas opostas para cada direcção: axial (A), radial (R ) e tangencial (T).
Numa primeira fase procedeu-se à saturação das amostras, à qual se seguiu
uma fase de secagem: secagem ao ar, depois secagem progressiva em estufa a 60o C e
por fim a 100o C.
Utilizou-se uma balança e uma craveira para as medições das arestas. Com os
resultados fez-se a determinação dos volumes e cálculo das densidades e retracções.
As diferentes densidades foram calculadas a partir da massa e volume dos provetes
a diferentes teores de humidade; ao ar (à chegada ao laboratório) e anidra (após
retirada toda a água) e básica.
Pela Norma Portuguesa (NP-614), o teor de humidade (%) vem: H = 1
m − m2 × 100 ,
sendo m1 (massa do provete húmido, g) e m2 (massa do provete seco, g). m2

A fórmula empírica para a determinação da humidade máxima para todas as


espécies vem expressa, segundo a Norma Portuguesa (NP-614), do seguinte modo:
1,50 − ρ 0 m (densidade básica)
Hmax = (0,28 + ) × 100 , sendo ρ = 0

1,50 × ρ 0 v
0
v

As retracções axial, radial e tangencial são determinadas considerando-se, para


o cálculo do volume verde, o valor máximo atingido e para o volume seco, as
dimensões do provete completamente seco. A retracção volumétrica calculou-se a
partir do volume verde (axial x radial x tangencial) e do volume seco (axial x radial x
tangencial). A anisotropia da retracção radial como o quociente entre a retracção
tangencial e a radial.

77
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Retracção linear (Segundo a Norma Portuguesa NP-615)


l −l
Retracção linear, H (axial, radial ou tangencial), do PSF até 0% ε= × 100
1 3

l 3

Coeficiente de retracção linear, D (axial, radial ou tangencial), do H% até 0%

α=
l − l × 100
2 3

l ×H
3

l 1 - dimensão, numa dada direcção do provete saturado (mm), l2 - dimensão, na


mesma direcção do provete seco ao ar (mm), l 3 - dimensão, na mesma direcção do
provete seco em estufa (mm), H - teor em água do provete seco ao ar (%)

Retracção volumétrica (Segundo a Norma Portuguesa (NP-615)


v −v
Retracção volumétrica total ε v
= 1

v
3
× 100
3

=
v − v × 100
2 3
Coeficiente de retracção volumétrica a v
v ×H
3

V1 - volume do provete saturado (cm3), V2 - volume do provete seco ao ar (cm3), V3 -


volume do provete seco em estufa (cm3), H - teor em água do provete seco ao ar (%)

3.3. Organização da informação


A existência de grande diversidade de madeiras resultante de inúmeras espécies,
sobretudo tropicais, tem levado ao interesse na criação de uma base de dados que
facilite uma consulta rápida sobre aspectos de identificação e caracterização das
madeiras. Este capítulo do trabalho teve como objectivo integrar o conhecimento
existente na área da identificação e caracterização das madeiras, tendo como material
de trabalho as colecções anteriormente referidas de três grandes regiões com caracte-
rísticas diferentes: Moçambique, Timor e Índia.

3.3.1. Selecção dos atributos


Para as 83 espécies da xiloteca FLOR, seleccionou-se a informação por espécie, referente
à pesquisa de nomes científicos, comerciais e vernáculos, distribuição geográfica, descrição da
árvore, a madeira com os seus aspectos gerais, estrutura anatómica tanto no aspecto macroscópico
como microscópico, propriedades fisico-mecânicas, colorometria quantitativa, utilizações da
madeira, macro e microfotografias (transversal, tangencial e radial), num total de 194 parâmetros
por espécie, vindo a informatizar-se um total de 16102 dados.
Procedeu-se à definição da informação e o modo como viria a integrar-se na base
de dados as 202 espécies da xiloteca do JBT, tendo em conta os 15 parâmetros das fichas
técnicas. Seleccionou-se a informação e distribuiu-se por três fichas: ficha A com o nome
científico da espécie, origem, família, origem das amostras; ficha B com os sinónimos,
nomes vernáculos e comerciais, principais características botânicas e florestais, distribui-
ção geográfica, habitat e ecologia; e ficha C com o aspecto macroscópico da madeira e
outras características, utilizações da madeira e outras, bibliografia, iconografia e material
para estudo (vivo, herbário, museu, xiloteca), num total de 3030 dados.

78
III. MATERIAL E MÉTODOS

3.3.2. Construção da base de dados


Desenvolveu-se uma base de dados em Access (Microsoft), designada e-
xiloteca, para caracterização de madeiras, tendo-se introduzido os dados reco-
lhidos da caracterização e utilização de madeiras, incluindo aspectos estruturais
e propriedades físico-mecânicas que permitem definir os seus usos potenciais
para as principais madeiras comerciais e com potencialidades de utilização.
Procedeu-se à definição da arquitectura lógica com planeamento e deline-
amento da base de dados tendo em conta os parâmetros caracterizadores da
madeira e a informação consultada e recolhida com vista a dar resposta aos
potenciais utilizadores desta xiloteca virtual.
Teve como base 117 caixas de combinação e estruturou-se segundo 16
tabelas num total de 194 parâmetros por espécie para a xiloteca do FLOR (Anexo
6) e 15 para a do JBT (Anexo 7).
Foram incluídas as características quantitativas anatómicas, físicas e de
cor (Anexo 10).
O sistema integra módulos adequados para a gestão de dados e para a
consulta de informação (consulta técnica, científica, comercial e didáctica), de
acordo com níveis diferenciados. Por exemplo, pretende dar resposta às diferen-
tes indústrias (de serração, de mobiliário, construção civil, restauros, etc.) do
ponto de vista da legalidade da sua comercialização e utilização tendo em conta
as restrições impostas por convénios internacionais. Deste modo delineou-se
uma série de perguntas a fazer à base tendo em conta os possíveis utilizadores
(Anexo 8).
Na fase seguinte, testou-se a base relativamente a potenciais interessados
neste tipo de informação, tendo-se também em consideração a natureza das
solicitações ao FLOR por parte de diversos sectores. No final foram feitas as
devidas rectificações de alguns erros detectados e até incoerências que foram
surgindo.
Foi introduzido na base de dados um glossário em duas línguas, português
e inglês, dos termos usados em anatomia de madeiras, num total de 337 entra-
das. Também foi introduzida a informação relativa ao historial de cada uma das
3 colecções do FLOR, com consulta individual e a lista das espécies madeireiras
cujo comércio é restringido pela CITES.
A base foi construída de modo aberto, permitindo a entrada de nova infor-
mação à medida que seja disponibilizada, incluindo também novas áreas de
interesse.

3.4. Análise multivariada de dados


Para analisar as relações entre as amostras de madeira com um conjunto
de características tão complexo, recorreu-se à análise multivariada – taxonomia
numérica (agregação e análise em componentes principais) e correlação canónica.
Os cálculos foram realizados na Estação Agronómica Nacional, do Instituto Na-
cional de Recursos Biológicos, em Oeiras, recorrendo ao sistema de programas
NTSYSpc, versão 2.1 (Rohlf 1997), para a análise por taxonomia numérica, e ao
conjunto de programas NCSS (Hintze 2006), para a correlação canónica.

79
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

3.4.1. Taxonomia numérica


A taxonomia numérica é uma técnica concebida para comparar e classificar
objectivamente entidades, colocando os diferentes grupos de semelhança próximos
uns dos outros. Este método permite medir a semelhança entre entidades e agrupá-las
em classes de acordo com essas semelhanças (Sneath & Sokal 1973). Será importante
precisar o significado dos termos utilizados neste trabalho: classificar é ordenar as
diferentes entidades em grupos com base nas suas relações; taxonomia é o estudo
teórico da classificação, incluindo as suas bases, princípios, processos e leis; identifi-
car é atribuir a uma entidade desconhecida o seu posicionamento numa classe parti-
cular de uma classificação previamente estabelecida (Simpson 1961).
A utilização destas técnicas teve como objectivo relacionar as amostras das
diferentes madeiras tomando como base as características estudadas. Foram conside-
rados apenas os dados quantitativos referentes à xiloteca FLOR e à colecção UEM
num total de 98 espécies, sendo 17 da Índia Portuguesa, 33 de Moçambique, 33 de
Timor e 15 da colecção UEM de Moçambique (Anexo 9).
Das 43 características quantitativas estudadas (Anexo 10), das quais 24 no âmbito da
anatomia (V1-V8, R1-R9 e F1-F7), 12 na física (FIS1-FIS12) e 7 relativos à quantificação da
cor (C1-C7), não foram utilizadas nesta análise as características cujos valores resultassem
de relações entre características, tais como, relação comprimento / largura das fibras (F6)
e os desvios-padrão das diferentes variáveis (V8, R6, R9, F3, F5, F7). A característica
qualitativa da cor (C7) foi codificada estabelecendo uma escala de cores das amostras de
madeira, da cor mais clara para a cor mais escura, passando assim esta variável a ser
tratada como quantitativa, representando a cor (Quadro 3.10).
Numa primeira etapa procedeu-se à análise da matriz de dados constituída por
todas as amostras de madeiras com excepção das 15 da colecção UEM por estas não
possuírem dados de características físicas (FIS1 a FIS12), assim como das madeiras
T18 e T19, pelas mesmas razões, ficando assim o número total de amostras analisadas
em 81. Quanto às características, foram eliminadas aquelas que apresentavam elevada
correlação entre si. As variáveis eliminadas foram V2 e V3, que representavam os
valores mínimo e máximo de vasos, altamente correlacionadas com o valor médio V1,
R2 e R4, por estarem correlacionados com o valor médio R3, FIS2 e FIS4, por estarem
altamente correlacionadas com FIS1 e FIS3, respectivamente, C1, C2 e C3 por estarem
altamente correlacionadas com os valores determinados para as amostras polidas (C4,
C5, C6). Foram também eliminadas FIS6, FIS7, FIS8, FIS9, FIS10, FIS11 e FIS12, por
apresentarem um elevado número de dados omissos. A matriz final e que foi sujeita à
primeira análise tinha 81 linhas, correspondentes às amostras de madeira que possu-
íam dados para a maioria das 20 características (variáveis) seleccionadas e que cons-
tituíam as colunas da matriz.
Numa segunda etapa eliminaram-se as amostras de madeira I5, M7, M22, M30,
M32, T1, T2, T3, T12, T13 e T27, por se mostrarem diferentes de todas as outras em
várias características. A matriz ficou constituída por 70 amostras e as mesmas 20
características.
A terceira etapa teve como objectivo analisar o resultado da classificação das
madeiras tomando só em consideração as suas características anatómicas, o que permi-
tiu incluir as amostras da colecção UEM que só apresentavam resultados para esse

80
III. MATERIAL E MÉTODOS

Quadro 3.10 – Codificação da escala de cores resultante da análise macroscópica


das amostras (C7)

conjunto de características. A matriz passou assim a ser constituída por 87 amostras e


13 características anatómicas. A redução do número total de 98 amostras iniciais a 87
resulta das características particulares das amostras N1, N10, N14 e N15 e das amostras
M7, M22, M30, M32, T1, T24 e T27, pelas razões já anteriormente referidas.
Na quarta etapa foram seleccionadas 54 amostras que possuíam resultados para
as características físicas FIS1 e FIS4 a FIS12 (no caso desta análise a característica
FIS3 foi substituída pela característica FIS4 que apresentava valores para todas as
amostras) e para a cor (C4 a C7), num total de 14 características.
Para todas as matrizes e face à diferente dimensão e natureza dos dados, proce-
deu-se sempre à estandardização dos dados. Esta operação consiste em calcular, para
cada característica, a respectiva média e desvio-padrão e em substituir cada valor

81
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

original pelo quociente entre a sua diferença à média e o respectivo desvio-padrão.


Obtém-se assim uma nova matriz, designada por matriz de dados estandardizados,
em que a média dos valores de cada característica é zero e a respectiva variância um.
A distância entre cada par de amostras de madeira foi calculada usando a
distância taxonómica média.
Das várias técnicas de agregação (cluster analysis) da matriz de distâncias foi
escolhida a técnica designada UPGMA (Unweighted Pair-Group Method using arithmetic
Averages), sendo o respectivo resultado expresso sob a forma de uma estrutura
ramificada, em que os diferentes ramos se relacionam de acordo com os valores das
distâncias em que se baseou o método de agregação e que se designa por fenograma
(Sneath & Sokal 1973, Cabral et al. 1977, Curvelo-Garcia et al. 1987). Para este fenograma
foi calculado o coeficiente de correlação cofenética (r) que mede o seu respectivo
grau de distorção (Sokal & Rohlf 1962).
Outra técnica de agregação usada foi a árvore de expansão mínima (SCN -
Shortest Conection Network), também conhecida como árvore de conexão mínima
(MST Minimum Spanning Tree), que consiste em ligar as diferentes amostras de ma-
deira por linhas (conexões), obtendo-se assim uma rede de ligações entre elas.
A sobreposição da árvore de conexão mínima às projecções das madeiras obtida
pela análise em componentes principais permite a detecção de distorções em pares
de pontos que, estando as suas projecções muito próximas no plano definido pelas
duas primeiras componentes principais, estão de facto afastados se considerarmos a
sua disposição espacial no plano definido pela primeira e terceira componentes.
Recorreu-se a uma análise em componentes principais (Sneath & Sokal 1973, Cabral et
al. 1977, Curvelo-Garcia et al. 1987), com a qual se pretende reduzir o número de dimensões
iniciais, projectando as amostras de madeira num novo sistema de eixos ortogonais. Estes
eixos são escolhidos de maneira a que o primeiro (primeira componente principal) tenha a
direcção em que se verifica a maior dispersão dos pontos, o segundo (segunda componente
principal) numa direcção em que, sendo ortogonal à primeira, se verifica a segunda maior
dispersão dos mesmos pontos, e assim sucessivamente. As componentes principais impli-
cam, portanto, encontrar um novo conjunto de eixos ortogonais, formados pela combinação
linear das variáveis iniciais. Uma propriedade muito importante das componentes principais
é serem independentes (não correlacionadas). É possível interpretar a análise em compo-
nentes principais como explorando a correlação entre as variáveis originais, substituindo-as
por outras, em menor número, não correlacionadas, com um mínimo de perda de informa-
ção, que é também calculada (Lima & Clímaco 1990).

3.4.2. Correlação canónica


Para estudar a eventual correlação entre o grupo das características anatómicas com
o grupo das características físicas foi utilizada uma correlação canónica (Bilodeau &
Brenner 1999, Harlow 2005) que é uma técnica multivariada que permite sintetizar e
explorar relações complexas entre dois conjuntos de variáveis.

82
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. XILOTECA VIRTUAL DE MADEIRAS TROPICAIS
4.1.1. Base de dados e xiloteca virtual

Tendo por base a informação disponível nas duas xilotecas existentes no Instituto de
Investigação Científica Tropical (IICT), uma no Centro de Florestas e Produtos Florestais
(FLOR), com 24 colecções de madeiras tropicais de 20 origens geográficas diferentes e
respectiva laminoteca, e outra no Jardim Botânico Tropical (JBT), com a maior parte das
madeiras provenientes de missões realizadas nas regiões tropicais (Angola, Moçambique,
São Tomé e Príncipe, Guiné, Goa e Timor), criou-se uma base de dados, constituindo
uma xiloteca electrónica (e-xiloteca), em suporte digital, com informações sobre identifi-
cação, aspecto, anatomia, propriedades físicas e mecânicas, quantificação da cor e aplica-
ções, assim como imagens macro e microscópicas (Figura 4.1). A e-xiloteca está organiza-
da pelas duas colecções, xilotecas FLOR e JBT, com acesso independente e com estrutura
diferente, dado possuírem características e informação diferentes (Figuras 4.2 e 4.3)

Figura 4.1 – Aspecto geral do menu inicial da e-xiloteca do IICT

83
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Figura 4.2 – Aspecto geral do menu da e-xiloteca do FLOR

Figura 4.3 – Aspecto geral do menu da e-xiloteca do JBT

Procurou desenvolver-se um instrumento que contribua para um aumento de


conhecimento técnico e científico das madeiras de espécies florestais tropicais e
para a sua identificação e caracterização e que possa ser utilizado por diversos
tipos de utilizadores. A estrutura da base de dados foi desenhada de modo a permi-

84
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

tir uma consulta fácil. As condições para o acesso dos utilizadores são a existência
do programa de base de dados Access 2003 (Microsoft Office) e uma resolução do
monitor de pelo menos 1024 x 768. A e-xiloteca encontra-se em DVD inserida em
bolsa no final desta tese.
A base de dados inclui informação sobre 83 espécies da xiloteca FLOR e 202
espécies da xiloteca do JBT, provenientes de Moçambique, Timor e Índia, cuja listagem
se encontra nos Quadro 3.1 a 3.7. As informações introduzidas dizem respeito à sua
nomenclatura, distribuição geográfica, aspectos gerais da madeira, aspectos anatómi-
cos, físicos e respectivas fichas biométricas, utilizações, macro e microfotografias,
entre outras (Anexos 6 e 7).
Esta e-xiloteca fará parte do LABFLOR (Laboratório do Centro das Florestas e
Produtos Florestais) do IICT, no âmbito da Acreditação de Ensaios Laboratoriais para
Identificação e Caracterização de Física de Madeiras, que aguarda a acreditação pelo
IPAC (ISO 17025:2005). A base de dados foi também já instalada num dos países de
origem das madeiras, na Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, Moçambique,
tendo sido feitas as respectivas acções de demonstração.
A informação sistematizada já está a ser integrada em rede internacional, com a
colaboração na disponibilização da informação on-line, em articulação com a Universida-
de de Oxford, cujo responsável pelo programa BRAHMS, Dr. Denis Filer, irá integrar esta
base de dados numa base do Património Científico do Instituto de Investigação Científica
Tropical no âmbito do Programa “Tratamento e Divulgação do Património do IICT”.
Uma outra participação encontra-se em desenvolvimento com o CRIA - Centro
de Referência em Informação Ambiental, no Brasil, através do spLinker (programa
para conectar à rede speciesLink).
Actualmente Peter Gasson, investigador do Royal Botanic Gardens, Kew, UK
está a organizar a 4ª edição do Index Xylariorum, que deverá actualizar os dados
sobre as xilotecas do mundo, tendo contactado no sentido de se associar esta (s)
xiloteca (s) do IICT ao Índex Xylariorum, sendo uma referência essencial para os
anatomistas de madeira.

4.1.2. Exemplos de utilização da e-xiloteca

A base de dados permite interacções que possibilitam uma resposta rápida a


questões concretas correspondentes a diferentes tipos de consulta (técnicas, científi-
cas, comercias e didácticas). Desenvolveu-se, a título demonstrativo, um conjunto de
consultas-tipo (queries), nomeadamente orientadas para agentes económicos do sec-
tor, tendo em vista a comercialização, a transformação e a aplicação das madeiras
tropicais, como se detalha a seguir. A listagem de algumas consultas já definidas
encontra-se detalhada no Anexo 8, mas é evidente que outras consultas poderão ser
formuladas tendo como suporte a informação existente na base de dados.
A consulta à e-xiloteca inicia-se com um menu inicial que dá acesso, em
separado, às duas xilotecas (FLOR e JBT), cada uma delas com o seu menu próprio,
por terem características e informações diferentes (Figura 4.1). Do menu principal
entra-se directamente para qualquer uma das duas e-xilotecas, podendo sempre numa
delas passar-se para a outra ou voltar-se ao menu principal.

85
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Salientam-se seguidamente alguns dos aspectos mais importantes das informa-


ções que é possível obter em cada uma das duas xilotecas.

Xiloteca FLOR
Na e-xiloteca FLOR (Figura 4.2) é possível obter a seguinte informação:
1. Aspectos de nomenclatura
- O nome científico a partir do nome comercial e/ou vernáculo e vice-versa
- Rectificação/actualização de nomes científicos e famílias
2. Aspectos gerais
- Origem
- Família
- Distribuição geográfica
- Principais características da árvore
- Usos da madeira
3. Aspectos macroscópicos
- Cor, brilho, grão, fio, textura, desenho
- Tipo de porosidade
- Distribuição do parênquima
- Aspectos relevantes dos raios
- Presença ou ausência de caracteres acessórios
4. Anatomia
- Fichas biométricas dos vasos, raios e fibras
- Aspectos microscópicos dos vasos, fibras, raios e parênquima
- Aspectos microscópicos a ter em consideração na identificação de uma madei-
ra pesquisando por espécie
5. Propriedades físicas
- Humidade, densidade, retracção
- Susceptibilidade à variação de humidade
- Durabilidade
- Parâmetros colorimétricos
6. Fotografias macroscópicas e microscópicas
7. Aspectos de organização
- Localização na xiloteca de determinada madeira através do nome científico,
número de provete e/ou lâmina e vice-versa
- Localização de determinada espécie nas duas xilotecas pesquisando pelo nome
científico, nome comercial, origem e/ou família
8. Informações complementares
- Glossário internacional de termos utilizados em anatomia de madeiras poden-
do pesquisar pela letra inicial, em português e em inglês, num total de 337 entradas
- Notas histórias relativas às três colecções, com entradas separadas para a
colecção da Índia Portuguesa, Moçambique e Timor
- Lista das espécies madeireiras cujo comércio é restringido pela CITES

Xiloteca JBT
Na e-xiloteca do JBT (Figura 4.3) podem fazer-se as seguintes consultas:

86
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

1. Aspectos de nomenclatura
- Nome científico, vernáculos e comerciais
- Sinónimos
2. Aspectos gerais
- Origem
- Família
- Distribuição geográfica
- Principais características botânicas e florestais
- Habitat e ecologia
- Usos da madeira
3. Aspectos macroscópicos
- Cor, brilho, fio, textura, camadas de crescimento
- Tipo de porosidade
- Distribuição do parênquima
- Aspectos relevantes dos raios
4. Propriedades físicas
- Densidade
- Susceptibilidade à variação de humidade
- Durabilidade
- Resistência ao ataque de agentes externos
- Conservação
- Trabalhabilidade
5. Fotografias macroscópicas
6. Aspectos de organização
- Tipo de material existente na xiloteca, através do nome científico (planta viva,
amostras em herbário, peças de madeira no museu, amostras em xiloteca)
- Localização na xiloteca de determinada madeira através do nome científico
- Localização de determinada espécie nas duas xilotecas pesquisando pelo nome
científico, nome comercial, origem e/ou família
7. Informações complementares
- Glossário internacional de termos utilizados em anatomia de madeiras podendo
pesquisar pela letra inicial, termo em português e em inglês, num total de 337 entradas
- Lista das espécies madeireiras cujo comércio é restringido pela CITES
- Bibliografia utilizada na descrição de cada espécie
- Informação detalhada sobre a origem das amostras

4.2. FICHAS CARACTERIZADORAS DAS ESPÉCIES NOVAS ESTUDADAS

A caracterização da madeira das quinze espécies cedidas pela xiloteca da Uni-


versidade Eduardo Mondlane, Maputo, Moçambique (Quadro 4.1) está compilada em
fichas caracterizadoras que apresentam os resultados das determinações efectuadas
para os diferentes parâmetros. Cada ficha inclui a seguinte informação:
- Fotografia macroscópica da madeira e respectiva identificação: nome científi-
co, família, sub-família, nomes comuns (Jacquiot 1955, Sousa 1966, Bolza & Keating

87
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

1972, Normand & Paquis 1976, Machado 1996, Doran & Turnbull 1997, Palutan 1982,
ATIBT 1986, Richter & Dallwitz 2000, Palgrave 2000, Silva et al. 2004 e Bunster 2006);
utilizações possíveis da madeira (Kollmann 1959, Sousa 1966, Bolza & Keating 1972,
ATIBT 1986, Golding 2002, Bunster 2006 e Ali et al. 2008); distribuição geográfica das
espécies em Moçambique (Sousa 1966, Silva et al. 2004 e Ali et al. 2008) e origem,
código e nº amostra;
- Características gerais e descrição macroscópica da madeira;
- Microfotografias das secções transversal, tangencial e radial;
- Descrição microscópica, segundo os critérios da IAWA (1989);
- Ficha biométrica, que inclui as dimensões dos diferentes tipos de células
(vasos, raios e fibras) (Freitas 1955, Freitas 1958, Monteiro & França 1971, Almeida
1973, Freitas 1986, Richter & Dallwitz 2000, Insidewood 2004);
- Colorometria quantitativa da madeira polida e usada segundo o espaço de cor
L* a* b* (CIELAB).

Quadro 4.1 – Material estudado da colecção Universidade EM – Moçambique

Nome Científico Família Nº cod n.º pág.


Acacia robusta Burch Leguminosae 188 N1 89
Amblygonocarpus andongensis (Oliv.) Exell & Torre Leguminosae 27 N2 97
Berchemia discolor (Klotzsch) Hemsley Rhamnaceae 191 N3 105
Cedrela odorata L. Meliaceae 210 N4 113
Cleistanthus schlechteri (Pax) Hutch. Euphorbiaceae 166 N5 121
Combretum zeyheri Sond. Combretaceae 79 N6 129
Diplorhynchus condylocarpon (Mull. Arg.) Pichon Apocynaceae 190 N7 137
Melaleuca leucadendron (L.) L. Myrtaceae 129 N8 145
Morus mesozygia Stapf (1) Moraceae 189 N9 153
Pterocarpus antunesii (Tab.) Harms Leguminosae 208 N10 161
Rhodognaphalon schumannianum A. Robyns (2) Bombaceae 196 N11 169
Schrebera trichoclada Welw Oleaceae 92 N12 177
Syncarpia glomulifera (Sm.) Wilde. Myrtaceae 153 N13 185
Syringa vulgaris L. Oleaceae 155 N14 193
Xylia torreana Brenan Leguminosae 218 N15 201
(1) No n.º 1 do artigo 11 do Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia (Anexo 2) aparece com o nome anterior
Morus láctea
(2) No n.º 1 do artigo 11 do Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia (Anexo 2) aparece com o nome actual
Bombax rhodognaphalon

88
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nome científico: Acacia robusta Burch

Família: Leguminosae

Sub-família: Mimosaceae

Nomes comuns: remicaia, mungua, n’gololo, m’bhanbha, cacaua, enronga,


kuckue, micaia (ronga)

Distribuição das espécies dentro de Moçambique: Cabo-Delgado, Nampula,


Gaza, Inhambane, Manica, Sofala, Tete, Zambézia, Niassa

Origem: África

Utilizações: postes de longa durabilidade, mobiliário, construção, jardins

Código: N1
Nº: 188

89
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

90
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA

Características gerais

Camadas
de crescimento: pouco distintas
Cor: madeira castanho-amarelada com tons
cinzento-esverdeada
Brilho: ceroso
Textura: média
Fio: direito a ondulado
Desenho: dado essencialmente pelo parênquima
listado de tom claro

Secção transversal (Observação lupa x10)

Vasos
Tamanho: sensivelmente uniformes
Largura: médios a largos
Abundância: médios
Disposição: a porosidade é difusa com tendência a uma
disposição tangencial dos poros que estão
incluídos em faixas de parênquima contínuas
e onduladas
Agrupamento: os poros são isolados e agrupados (2 a 3)
Forma: poros de secção oval

Parênquima
Distinção: distinto
Disposição: paratraqueal em faixas tangenciais contínuas
ao longo de todo o plano lenhoso ou por
vezes interrompidas. A largura dessas faixas
é variável englobando 2 a 3 poros;
parênquima aliforme por vezes
prolongando-se em finas linhas curtas;
circunvascular em poros
isolados. No limite das camadas há um
parênquima marginal em finas linhas, sem
continuidade
Abundância: abundante
W

91
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL
W
Raios
Largura: médios
Abundância: média
Trajecto: rectilíneo

Elementos acessórios
ausentes

Secções longitudinais
observam-se os raios e traços vasculares
de tom mais escuro e o parênquima axial
manchado de tom claro

92
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A B

Figura 4.4 – Estrutura geral do lenho


Acacia robusta Burch

A: Secção transversal (x100)


B: Secção tangencial (x100) C
C: Secção radial (x100)

93
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA

Camadas pouco distintas observando-se contudo


de crescimento: parênquima marginal em linhas finas e ténues
e também alguns poros de diâmetro tangencial
idêntico que se dispõem tangencialmente nas
zonas limite de camada

Vasos
Disposição: a porosidade é difusa e os poros
dispõem-se tangencialmente e estão incluídos
na maioria em faixas tangenciais contínuas
de parênquima axial, o que dá um aspecto
zonado à madeira
Agrupamento: a maioria dos poros estão isolados e quando estão
agrupados os agrupamentos são de 2 a 3 poros
com disposição sobretudo radial. Ocasionalmente
observam-se cachos de mais de 3 poros.
Diâmetro tangencial: médio
Forma: circular a oval
Perfurações: simples
Pontuações: parede com pontuações alternas e finas por
vezes alongadas horizontalmente,
pontuações vasos-raios reduzidas
e aparentemente simples
Comprimento dos
elementos vasculares: muito curtos

Espessura da parede: espessa


Caracteres acessórios: não observados

Parênquima
Natureza: séries verticais com 2 a 4 células
Disposição: paratraqueal vasicêntrico, aliforme
e confluente em faixas tangenciais muito largas,
que chegam a ter 32 células em largura
e incluem os poros; parênquima apotraqueal
em células isoladas ou em pequeno
agrupamento; algum parênquima marginal
no limite das camadas, em linhas muito curtas
sem continuidade
Caracteres acessórios: células de parênquima pontuadas com
tendência para uma disposição estratificada,
W

cristais prismáticos

94
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
W

Raios
Número de células
em largura: raios bi a plurisseriados de 4 a 10
células, raramente unisseriados
Natureza: homocelulares
Trajecto: sensivelmente rectilíneo, levemente sinuoso
junto aos poros
Largura: médios
Tamanho: muito variáveis
Altura: extremamente baixos
Abundância: raros
Disposição: leve tendência para estratificação dos raios
Caracteres acessórios: células com inclusões de tom amarelado,
pontuações finas nas paredes radiais

Fibras
Natureza: libriformes, por vezes septadas
Disposição: irregulares
Comprimento: médias
Largura: estreitas
Espessura da parede: média

95
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

BIOMETRIA

VASOS
Nº / mm2 2
Nº / mm2 (mín) 1
Nº / mm2 (max) 3
Pontuações média (Pm) 2
Espessura de parede (Pm) 8
Comprimento dos elementos vasos (Pm) 229
Diâmetro tangencial
Média (Pm) 148
Desvio-padrão (Pm) 17

RAIOS
Altura
Nº / mm 1-3
Nº mínimo de células 8
Nº médio de células 67
Nº máximo de células 125
Média (Pm) 475
Desvio-padrão (Pm) 261
Largura
Nº mínimo de células 2
Nº médio de células 6
Nº máximo de células 10
Média (Pm) 64
Desvio-padrão (Pm) 12

FIBRAS
Comprimento
Médio (Pm) 1131
Desvio-padrão (Pm) 81
Largura
Média (Pm) 21
Desvio-padrão (Pm) 3,0
Relação comprimento /largura (Pm) 54
Espessura parede (Pm) 5,4

COR L* a* b*
Usada 60,4 6,8 24,3
Polida 64,3 4,3 20,0

96
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nome científico: Amblygonocarpus andongensis (Oliver) Exell & Torre

Família: Leguminosae

Sub-família: Mimosaceae

Nomes comuns: mutiria (cheringoma), matindire, banga-wanga, mecurria


(macua), muciria, muarandaw, mukuiria, ngilihua

Distribuição das espécies dentro de Moçambique: Cabo-Delgado,


Inhambane, Nampula

Origem: África

Utilizações: Estruturas expostas ao tempo, construção civil, parquet, esteio,


carroçarias, mobiliário, embutidos, artigos de desporto, alfaias agrícolas, marcenaria,
travessas de caminho de ferro, postes, estacas, cubas, tinas, parques e arborização de
estradas pela elegância de copa e cor da folhagem
Endémica
Código: N2
Nº: 27

97
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

98
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA

Características gerais

Camadas
de crescimento: pouco distintas
Cor: castanho-avermelhada
Brilho: ausente
Textura: média
Fio: recto
Desenho: pouco desenhada, sendo o desenho dado
pelos traços vasculares, nem sempre muito
marcados e as manchas de parênquima mais claro

Secção transversal (Observação lupa x10)

Vasos
Tamanho: sensivelmente uniformes
Largura: médios a largos
Abundância: medianamente abundantes
Disposição: porosidade difusa sem qualquer padrão
especial de distribuição de poros
Agrupamento: isolados e agrupados radialmente 2 a 3
poros e também em cacho
Forma: secção oval

Parênquima
Distinção: distinto
Disposição: paratraqueal circunvascular por vezes
aliforme, que pode abranger 2 ou mais poros;
confluente em faixas ou finas linhas
tangenciais com alguma continuidade
Abundância: medianamente abundante

Raios
Largura: finos a médios
Abundância: mediamente abundantes
Trajecto: rectilíneo

Elementos acessórios
alguns vasos obstruídos por uma
substância amarelada a alaranjada
W

99
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Secções longitudinais
W

traços vasculares curtos, alguns cavados, onde


é possível observar os elementos vasculares
que os formam, incluídos por vezes com uma
substância amarelada. Em torno dos
elementos vasculares observa-se um manchado
de tom amarelo claro que é o parênquima

100
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A B

Figura 4.5 – Estrutura geral do lenho


Amblygonocarpus andongensis
(Oliver)Exell & Torre

A: Secção transversal (x100)


B: Secção tangencial (x100) C
C: Secção radial (x100)

101
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA

Camadas
de crescimento: marcadas por parênquima marginal

Vasos
Disposição: porosidade difusa
Agrupamento: alguns isolados mas a maioria agrupados
radialmente (2 a 6 por grupo sendo o mais
comum 2 a 3) ou menos frequentes cachos
de 3 poros
Diâmetro tangencial: médios
Forma: circular a oval
Perfurações: simples
Pontuações: intervasculares pequenas alternas com
abertura alongada por vezes coalescente
e vasos raios semelhantes às
pontuações intervasculares
Comprimento dos
elementos vasculares: médios
Espessura da parede: espessa
Caracteres acessórios: inclusões gomosas de tom amarelo
a castanho alaranjado

Parênquima
Natureza: em séries verticais de 2 a 5 células
Disposição: paratraqueal circunvascular, aliforme
e confluente apresentando-se os vasos
sempre incluídos nas faixas onduladas
(incluem 2 a 3 poros). Linhas de parênquima
marginal e algumas células isoladas
Caracteres acessórios: inclusões de tom castanho-escuro a castanho-dourado;
por vezes cristais prismáticos

Raios
Número de células
em largura: bisseriados na maioria e uni e trisseriados
Natureza: os raios são homocelulares de células
prostradas, formados por células de diferentes
dimensões. Em secção tangencial os raios
apresentam células de formato semelhante
com células terminais mais redondas que as
outras; verifica-se a anastomose de 2 ou mais
W

raios longitudinalmente.

102
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
W

Trajecto: sensivelmente rectilíneo, levemente sinuoso


junto aos poros
Largura: moderadamente estreitos
Tamanho: sensivelmente uniformes
Altura: extremamente baixos
Abundância: médios
Disposição: tendência a estratificação
Caracteres acessórios: muitas inclusões castanhas escuras por
vezes de tonalidade dourada. Células dos
raios pontuadas

Fibras
Natureza: libriformes por vezes septadas
Disposição: dispostas irregularmente
Comprimento: médias
Largura: estreitas
Espessura da parede: média

103
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

BIOMETRIA

VASOS
Nº / mm2 2
Nº / mm2 (mín) 1
Nº / mm2 (max) 2
Pontuações média (Pm) 4
Espessura de parede (Pm) 11
Comprimento dos elementos vasos (Pm) 376
Diâmetro tangencial
Média (Pm) 170
Desvio-padrão (Pm) 29

RAIOS
Altura
Nº / mm 4-8
Nº mínimo de células 4
Nº médio de células 13
Nº máximo de células 22
Média (Pm) 260
Desvio-padrão (Pm) 90
Largura
Nº mínimo de células 1
Nº médio de células 2
Nº máximo de células 3
Média (Pm) 43
Desvio-padrão (Pm) 0

FIBRAS
Comprimento
Médio (Pm) 1268
Desvio-padrão (Pm) 189
Largura
Média (Pm) 18
Desvio-padrão (Pm) 3,1
Relação comprimento /largura (Pm) 70
Espessura parede (Pm) 5,2

COR L* a* b*
Usada 34,1 14,5 11,9
Polida 41,2 14,3 14,4

104
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nome científico: Berchemia discolor (Klotzsch) Hemsley

Família: Rhamnaceae

Nomes comuns: metacha, datcha, m’taxa, muapu, nhire, pau-rosa, tinhirra

Distribuição das espécies dentro de Moçambique: Gaza, Manica, Maputo,


Nampula, Sofala, Tete

Origem: África

Utilizações: construção civil (pesada), mobiliário, embutidos, ornamentos, ar-


tesanato

Código: N3
Nº: 191

105
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

106
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA

Características gerais

Camadas
de crescimento: indistintas.
Cor: castanho-alaranjada
Brilho: algum brilho
Textura: fina a média
Fio: recto
Desenho: pouco desenhada sendo o desenho resultante
de alguma alternância de tom mais escuro
e claro em resultado sobretudo do tecido
fibroso e elementos vasculares e raios
com inclusões de tom escuro

Secção transversal (Observação lupa x10)

Vasos
Tamanho: sensivelmente uniformes
Largura: na maioria médios
Abundância: medianamente abundantes
Disposição: difusa por vezes com alguma obliquidade
Agrupamento: isolados e agrupados (2 a 3 poros)
Forma: difícil observação pela sua dimensão reduzida

Parênquima
Distinção: pouco distinto
Disposição: não há padrão definido
Abundância: escasso
Raios
Largura: finos
Abundância: média
Trajecto: rectilíneo

Elementos acessórios
não observados
W

107
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL
W
Secções longitudinais
os traços vasculares são relativamente bem
marcados na secção tangencial distinguindo-se
mesmo os elementos vasculares que o formam.
Tem conteúdos de tom escuro que se observam
também no plano radial com aspecto ponteado

108
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A B

Figura 4.6 – Estrutura geral do lenho


Berchemia discolor (Klotzsch) Hemsley

A: Secção transversal (x100)


B: Secção tangencial (x100)
C: Secção radial (x100) C

109
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA

Camadas
de crescimento: pouco distintas marcadas por raras
células de parênquima marginal em linha

Vasos
Disposição: porosidade difusa
Agrupamento: isolados e agrupados radialmente 2, 3 ou
mais, por vezes em cacho de 3 a 5
Diâmetro tangencial: moderadamente estreitos a médios
Forma: sensivelmente circular
Perfurações: simples
Pontuações: intervasculares alternas e finas e
pontuações vasos-raios semelhantes
às pontuações intervasculares
Comprimento dos
elementos vasculares: moderadamente curtos
Espessura da parede: espessa
Caracteres acessórios: presença de substâncias gomosas de tom
castanho dourado laranja, muitas na zona
de comunicação entre elementos vasculares
quando observados longitudinalmente

Parênquima
Natureza: séries verticais de 2 - 4 células
Disposição: apotraqueal difuso e paratraqueal
circunvascular e unilateral vasicêntrico
escasso, com uma única fiada de células à
volta do poro; parênquima aliforme
muito ténue (linhas muito
curtas no máximo com 2 células)
Caracteres acessórios: presença de cristais nas células de parênquima
axial em séries cristalíferas. Inclusões
no parênquima longitudinal. Presença de sílica

Raios
Número de células
em largura: bi a plurisseriados, observando-se também
raios anastomosados
Natureza: heterocelulares sendo o corpo formado,
na maioria, por células prostradas sendo
as marginais (1 a 3 células) quadradas ou
W

erectas frequentemente com um cristal romboédrico

110
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
W

Trajecto: rectilíneo a sinuoso sobretudo junto aos


poros de maior diâmetro quando observados
transversalmente
Largura: moderadamente estreitos
Tamanho: variáveis
Altura: extremamente baixos
Abundância: médios
Disposição: uma certa tendência para a estratificação
Caracteres acessórios: presença de alguns cristais nas células
quadradas ou erectas marginais e também
nas células prostradas. Inclusões gomosas
nas células de parênquima radial. Presença
de sílica

Fibras
Natureza: libriformes
Disposição: irregulares
Comprimento: médias
Largura: estreitas
Espessura da parede: fina

111
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

BIOMETRIA

VASOS
Nº / mm2 5
Nº / mm2 (mín) 2
Nº / mm2 (max) 7
Pontuações média (Pm) 2
Espessura de parede (Pm) 7
Comprimento dos elementos vasos (Pm) 312
Diâmetro tangencial
Média (Pm) 100
Desvio-padrão (Pm) 11

RAIOS
Altura
Nº / mm 3-6
Nº mínimo de células 8
Nº médio de células 22
Nº máximo de células 35
Média (Pm) 272
Desvio-padrão (Pm) 37
Largura
Nº mínimo de células 2
Nº médio de células 3
Nº máximo de células 4
Média (Pm) 37
Desvio-padrão (Pm) 7

FIBRAS
Comprimento
Médio (Pm) 1272
Desvio-padrão (Pm) 116
Largura
Média (Pm) 23
Desvio-padrão (Pm) 3,5
Relação comprimento /largura (Pm) 55
Espessura parede (Pm) 5,6

COR L* a* b*
Usada 42,7 17,0 21,4
Polida 45,6 16,9 20,4

112
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nome científico: Cedrela odorata L.

Família: Meliaceae

Nomes comuns: cedro, cedro-fêmea, cedro-rosa, cedro-espanhol, cedro-ver-


melho, cedro-mogno, cedro cheiroso, acaju

Distribuição das espécies dentro de Moçambique: Inhambane, Manica,


Nampula, Niassa, Sofala, Tete

Origem: América central

Utilizações: estruturas ligeiras, construção naval, carroçarias, mobiliário, folhe-


ados, contraplacados, instrumentos musicais, embalagens, decoração, painéis de fi-
bras e partículas, brinquedos

Código: N4
Nº: 210

113
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

114
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA

Características gerais

Camadas
de crescimento: indistintas
Cor: castanho-alaranjada
Brilho: leve brilho acetinado
Textura: fina a média
Fio: levemente ondulado
Desenho: é dado pela alternância de zonas com mais
brilho e zonas mais baças

Secção transversal (Observação lupa x10)

Vasos
Tamanho: sensivelmente uniformes
Largura: médios
Abundância: medianamente abundantes
Disposição: difusa
Agrupamento: isolados e agrupados
Forma: difícil observação pela sua pequena dimensão

Parênquima
Distinção: distinto
Disposição: dado por um manchado esbranquiçado
que se destaca do tom escuro das fibras
Abundância: médio

Raios
Largura: finos (só visíveis à lupa)
Abundância: média
Trajecto: rectilíneos

Elementos acessórios
observa-se um ou outro cristal

Secções longitudinais
traços vasculares pouco marcados e o que
se torna evidente é o parênquima, com laivos
de tom esbranquiçado num fundo escuro
das fibras

115
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

116
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A B

Figura 4.7 – Estrutura geral do lenho


Cedrela odorata L.

A: Secção transversal (x100)


B: Secção tangencial (x100)
C: Secção radial (x100) C

117
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA

Camadas
de crescimento: pouco distintas

Vasos
Disposição: porosidade difusa
Agrupamento: na maioria isolados e agrupados radialmente
variando entre 2 a 8 (pouco frequente)
Diâmetro tangencial: médios
Forma: oval
Perfurações: simples
Pontuações: intervasculares alternas com aberturas
finas alongadas e por vezes coalescentes;
as pontuações vaso-raios são alternas,
pequenas e arredondadas
Comprimento dos
elementos vasculares: muito curtos
Espessura da parede: espessa
Caracteres acessórios: depósitos gomosos nos vasos e nas zonas
de comunicação entre elementos vasculares

Parênquima
Natureza: células em séries verticais de 2 a 6
Disposição: o parênquima abundante é na maioria
circunvascular dispondo-se em torno dos poros
e conferindo ao plano lenhoso um aspecto
manchado; é também apotraqueal difuso em
células isoladas ou em linhas curtas radiais ou
aglomerados de dimensão variável que podem
formar faixas descontínuas entre os vasos
Caracteres acessórios: raros depósitos de tom castanho alaranjado
e raros cristais

Raios
Número de células
em largura: plurisseriados (2 a 6) na maioria de 3 a 4
células em largura; observam-se também
alguns raios unisseriados
Natureza: na sua maioria são heterocelulares com
o corpo formado por células prostradas e
as margens por células quadradas.
Os raios homocelulares são formados
W

por células prostradas

118
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
W

Trajecto: sensivelmente rectilíneo


Largura: médios
Tamanho: sensivelmente uniformes
Altura: extremamente baixos
Abundância: médios
Disposição: irregular
Caracteres acessórios: algumas inclusões de tom castanho alaranjado

Fibras
Natureza: libriformes
Disposição: irregulares
Comprimento: médias
Largura: estreitas
Espessura da parede: fina

119
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

BIOMETRIA

VASOS
Nº / mm2 2
Nº / mm2 (mín) 1
Nº / mm2 (max) 2
Pontuações média (Pm) 1
Espessura de parede (Pm) 12
Comprimento dos elementos vasos (Pm) 243
Diâmetro tangencial
Média (Pm) 102
Desvio-padrão (Pm) 28

RAIOS
Altura
Nº / mm 3-8
Nº mínimo de células 2
Nº médio de células 15
Nº máximo de células 27
Média (Pm) 303
Desvio-padrão (Pm) 101
Largura
Nº mínimo de células 1
Nº médio de células 4
Nº máximo de células 6
Média (Pm) 65
Desvio-padrão (Pm) 10

FIBRAS
Comprimento
Médio (Pm) 974
Desvio-padrão (Pm) 64
Largura
Média (Pm) 22
Desvio-padrão (Pm) 2,6
Relação comprimento /largura (Pm) 44
Espessura parede (Pm) 4,6

COR L* a* b*
Usada 54,6 12,7 21,1
Polida 50,0 15,1 23,4

120
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nome científico: Cleistanthus schlechteri (Pax) Hutch.

Família: Euphorbiaceae

Nomes comuns: muchite, muti-usina-zita, Umzithi

Distribuição das espécies dentro de Moçambique: Nampula, Zambezia, Maputo

Origem: África

Utilizações: postes, estacaria, ferramentas, lenha, carvão, entalhe de produtos


de madeira

Código: N5
Nº: 166

121
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

122
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA

Características gerais

Camadas
de crescimento: indistintas
Cor: castanho-escura
Brilho: ceroso
Textura: muito fina
Fio: levemente revesso
Desenho: pouco desenhada com algum manchado
de tom mais claro dado pelo parênquima

Secção transversal (Observação lupa x10)

Vasos
Tamanho: uniformes
Largura: médios a largos
Abundância: média
Disposição: difusa
Agrupamento: isolados e agrupados radialmente até 4 poros
Forma: circular

Parênquima
Distinção: distinto só com a lupa
Disposição: paratraqueal em linhas onduladas. Há zonas
que possivelmente correspondem a zonas de
crescimento (limite de camada) onde não
existem poros ou há menor abundância
e parênquima circunvascular, nalguns casos
com alguma confluência
Abundância: raro a medianamente abundante

Raios
Largura: finos
Abundância: medianamente abundantes
Trajecto: rectilíneo

Elementos acessórios
observação de cristais no parênquima e algum
conteúdo escuro nos poros
W

123
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL
W

Secções longitudinais
em geral os elementos vasculares são curtos
e pouco evidentes nas secções longitudinais,
no entanto observam-se alguns mais vincados.
Observam-se muitas inclusões negras nos
raios e muitos cristais no parênquima

124
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A B

Figura 4.8 – Estrutura geral do lenho


Cleistanthus schlechteri (Pax) Hutch.

A: Secção transversal (x100)


B: Secção tangencial (x100)
C: Secção radial (x100) C

125
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA

Camadas
de crescimento: pouco distintas embora possam estar
marcadas por algumas células de
parênquima marginal que se
dispõem tangencialmente nesse limite

Vasos
Disposição: porosidade difusa
Agrupamento: poros isolados e agrupados (2 a 5)
predominando contudo os agrupamentos de 2 e
3 poros, com disposição sobretudo radial.
Diâmetro tangencial: moderadamente estreitos
Forma: sensivelmente circular
Perfurações: simples
Pontuações: alternas finas
Comprimento dos
elementos vasculares: muito curtos
Espessura da parede: média
Caracteres acessórios: presença de inclusões de tom castanho dourado

Parênquima
Natureza: em séries radiais de 6 células no máximo
Disposição: Apotraqueal difuso e em células
isoladas. Paratraqueal circunvascular
vasicêntrico ou unilateral (apenas 2 a 3
células), com tendência a aliforme (pequenas
alas 2-3 células) e por vezes confluente.
As linhas ou faixas curtas (2 a 4 células em
altura) confluentes têm uma disposição
tangencial ou oblíqua e geralmente não
são contínuas, no entanto conferem um
aspecto zonado à madeira. Parênquima
marginal em linhas descontínuas
Caracteres acessórios: presença de inclusões de tom castanho
dourado e séries de cristais
quadrados e romboédricos, 1 por célula

Raios
Número de células
em largura: na maioria bi a plurisseriados (2 a 5);
ocasionalmente unisseriados
W

126
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
W

Natureza: heterocelulares com células de corpo


prostradas e nas margens células quadradas
e erectas, por vezes de um só lado. Células
muito pontuadas
Trajecto: rectilíneo
Largura: moderadamente estreitos a médios
Tamanho: variáveis
Altura: extremamente baixos
Abundância: médios
Disposição: tendência a uma certa estratificação escalonada
Caracteres acessórios: presença de inclusões de tom castanho
dourado nas células dos raios

Fibras
Natureza: libriformes
Disposição: levemente sinuosas
Comprimento: médias
Largura: estreitas
Espessura da parede: fina

127
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

BIOMETRIA

VASOS
Nº / mm2 5
Nº / mm2 (mín) 2
Nº / mm2 (max) 8
Pontuações média (Pm) 1
Espessura de parede (Pm) 5
Comprimento dos elementos vasos (Pm) 238
Diâmetro tangencial
Média (Pm) 54
Desvio-padrão (Pm) 9

RAIOS
Altura
Nº / mm 4-7
Nº mínimo de células 8
Nº médio de células 25
Nº máximo de células 41
Média (Pm) 309
Desvio-padrão (Pm) 96
Largura
Nº mínimo de células 2
Nº médio de células 4
Nº máximo de células 5
Média (Pm) 50
Desvio-padrão (Pm) 11

FIBRAS
Comprimento
Médio (Pm) 1086
Desvio-padrão (Pm) 104
Largura
Média (Pm) 20
Desvio-padrão (Pm) 2,9
Relação comprimento /largura (Pm) 54
Espessura parede (Pm) 4,8

COR L* a* b*
Usada 35,5 10,4 12,9
Polida 40,2 10,4 14,5

128
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nome científico: Combretum zeyheri Sond.

Família: Combretaceae

Nomes comuns: calama, eumbo, mutetepe, pidá, chiquiche (ronga), muconeze


(macua)

Distribuição das espécies dentro de Moçambique: Cabo-Delgado,


Inhambane, Manica, Maputo, Nampula, Niassa, Sofala, Tete, Zambezia

Origem: África

Utilizações: própria para jardins. Madeira rija, de grande duração mas um pou-
co nodosa
Código: N6
Nº: 79

129
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

130
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA

Características gerais

Camadas
de crescimento: pouco distintas
Cor: amarelo-rosada a alaranjada
Brilho: ausente
Textura: média
Fio: ondulado a revesso
Desenho: dado sobretudo pelo ondulado das
faixas de parênquima de tom claro que
envolvem os elementos vasculares

Secção transversal (Observação lupa x10)

Vasos
Tamanho: variáveis
Largura: médios a largos
Abundância: médio a numerosos
Disposição: difusa
Agrupamento: isolados, agrupados, em cacho
Forma: circular

Parênquima
Distinção: distinto
Disposição: circunvascular aliforme com confluência
quer em faixas tangenciais quer em faixas
mais curtas e onduladas. Apotraqueal e
paratraqueal em faixas. Por vezes há
zonas onde não existem nem poros nem
parênquima, apenas tecido fibroso
possivelmente marcando uma camada de
crescimento. Parênquima marginal
Abundância: muito abundante

Raios
Largura: muito finos
Abundância: media
Trajecto: rectilíneo

Elementos acessórios
W

alguns vasos obstruídos por inclusões e tilos

131
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Secções longitudinais
W

Os traços vasculares são pouco profundos


notando-se mal os elementos vasculares
que os formam, contudo é evidente o ondulado
dado pelas faixas de parênquima de tom claro,
que incluem os elementos vasculares e que
contrasta com o fundo de tom rosado dado
pelas fibras

132
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A B

Figura 4.9 – Estrutura geral do lenho


Combretum zeyheri Sond.

A: Secção transversal (x100)


B: Secção tangencial (x100)
C: Secção radial (x100) C

133
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA

Camadas
de crescimento: pouco distintas

Vasos
Disposição: porosidade difusa estando todos os vasos
incluídos em faixas largas de parênquima
Agrupamento: isolados
Diâmetro tangencial: médios
Forma: oval
Perfurações: simples
Pontuações: opostas finas
Comprimento dos
elementos vasculares: muito curtos
Espessura da parede: espessa
Caracteres acessórios: alguns vasos com inclusões gomosas

Parênquima
Natureza: em séries verticais de 2 a 5 células
Disposição: parênquima predominantemente
paratraqueal, aliforme formando faixas largas,
que podem atingir as 10 células em largura,
e que incluem por completo os poros. Estas
faixas na sua maioria podem limitar-se a
circundar os poros ou confluir dispondo-se
obliquamente e com alguma continuidade no
plano lenhoso, conferindo um aspecto
manchado ou zonado à madeira. Observa-se
também parênquima apotraqueal difuso em
células isoladas e marginal
Caracteres acessórios: um ou outro cristal
Observam-se células secretoras (idioblasto),
de origem parenquimatosa, com contorno
circular

Raios
Número de células
em largura: na generalidade unisseriados e
ocasionalmente plurisseriados de 2 células
em largura
Natureza: na grande maioria os raios são unisseriados
W

e ocasionalmente plurisseriados em apenas

134
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
W

uma pequena parte do corpo. A natureza é


variável sendo homocelulares de células
prostradas ou também heterocelulares
de células prostradas no corpo e as margens
com uma ou duas fiadas de células quadradas,
ou o corpo com células quadradas
e prostradas, seguida por vezes de células
quadradas
Trajecto: sensivelmente rectilíneo
Largura: muito estreitos
Tamanho: variáveis
Altura: extremamente baixos
Abundância: numerosos
Disposição: irregular
Caracteres acessórios: inclusões no lúmen das células

Fibras
Natureza: libriformes
Disposição: rectilíneas a sinuosas
Comprimento: moderadamente curtas
Largura: estreitas
Espessura da parede: fina

135
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

BIOMETRIA

VASOS
Nº / mm2 2
Nº / mm2 (mín) 1
Nº / mm2 (max) 3
Pontuações média (Pm) 3
Espessura de parede (Pm) 8
Comprimento dos elementos vasos (Pm) 241
Diâmetro tangencial
Média (Pm) 104
Desvio-padrão (Pm) 12

RAIOS
Altura
Nº / mm 10-17
Nº mínimo de células 3
Nº médio de células 18
Nº máximo de células 32
Média (Pm) 348
Desvio-padrão (Pm) 163
Largura
Nº mínimo de células 1
Nº médio de células 2
Nº máximo de células 2
Média (Pm) 17
Desvio-padrão (Pm) 3

FIBRAS
Comprimento
Médio (Pm) 885
Desvio-padrão (Pm) 87
Largura
Média (Pm) 19
Desvio-padrão (Pm) 2,0
Relação comprimento /largura (Pm) 47
Espessura parede (Pm) 3,7

COR L* a* b*
Usada 57,1 15,9 27,6
Polida 60,9 14,1 24,4

136
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nome científico: Diplorhynchus condylocarpon (Mull. Arg.) Pichon


(=Aspidosperma condylocarpon)

Família: Apocynaceae

Nomes comuns: rocossi, tocarri, inkamamasane

Distribuição das espécies dentro de Moçambique: Cabo-Delgado,


Inhambane, Manica, Nampula, Niassa, Sofala, Tete, Zambezia

Origem: América
Utilizações: Construção civil

Código: N7
Nº: 190

137
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

138
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA

Características gerais

Camadas
de crescimento: indistintas, assim como os poros e os raios.
Cor: amarelo-acastanhada com alguns laivos
finos e escuros
Brilho: pouco brilho
Textura: fina
Fio: recto
Desenho: dado pelo tecido fibroso que forma linhas
ou listas finas longitudinais escuras
podendo corresponder a diferentes camadas
de crescimento

Secção transversal (Observação lupa x10)

Vasos
Tamanho: uniformes
Largura: médios
Abundância: numerosos com alguma tendência
a distribuição oblíqua
Disposição: porosidade difusa
Agrupamento: isolados e agrupados
Forma: difícil observação

Parênquima
Distinção: pouco distinto
Disposição: difusa
Abundância: escasso

Raios
Largura: muito finos, invisíveis à vista
desarmada, só observáveis com lupa
Abundância: numerosos
Trajecto: rectilíneo

Elementos acessórios
difícil observação
W

139
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Secções longitudinais
W

quer na secção tangencial quer na radial


dificilmente se distinguem os elementos
celulares que formam os tecidos do lenho

140
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A B

Figura 4.10 – Estrutura geral do lenho


Diplorhynchus condylocarpon
(Mull. Arg.) Pichon

A: Secção transversal (x100)


B: Secção tangencial (x100) C
C: Secção radial (x100)

141
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA

Camadas
de crescimento: marcadas por uma leve dilatação dos raios
na zona de transição de camada e um certo
achatamento das fibras no sentido radial.
No limite das camadas também existem
poros de pequena dimensão de forma mais
circular e com uma disposição mais ou
menos tangencial na camada

Vasos
Disposição: porosidades é difusa, embora se observem
zonas de maior concentração de poros
de maior dimensão com uma distribuição
por vezes oblíqua
Agrupamento: na maioria os vasos são isolados, mas
ocasionalmente agrupamentos radiais
e oblíquos de 2 raramente 3
Diâmetro tangencial: moderadamente estreitos
Forma: circular a oval
Perfurações: simples
Pontuações: paredes dos vasos com pontuações opostas
finas, pontuações vasos - raios semelhantes
Comprimento dos
elementos vasculares: moderadamente curtos
Espessura da parede: média
Caracteres acessórios: tendência a estratificação de vasos.
Ocorrência de traqueídos vasculares

Parênquima
Natureza: seriado em séries verticais até 4 células
Disposição: escasso, apresentando-se apotraqueal
difuso e paratraqueal
Caracteres acessórios: algumas células com inclusões

Raios
Número de células
em largura: uni e plurisseriados de 2 a 4 células
Natureza: os raios na maioria são homocelulares
de células prostradas; os raios heterocelulares
são de células prostradas com células
terminais quadradas e erectas.
W

Trajecto: rectilíneo

142
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
W

Largura: moderadamente estreitos


Tamanho: variável
Altura: extremamente baixos
Abundância: raros a médios
Disposição: irregular
Caracteres acessórios: presença de tubo taniníferos e alguns
raios fusionados
Células dos raios muito pontuadas

Fibras
Natureza: libriformes muito pontuadas tangencial
e radialmente
Disposição: irregulares
Comprimento: médias
Largura: estreitas
Espessura da parede: média

143
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

BIOMETRIA

VASOS
Nº / mm2 6
Nº / mm2 (mín) 2
Nº / mm2 (máx) 9
Pontuações média (Pm) 2
Espessura de parede (Pm) 5
Comprimento dos elementos vasos (Pm) 281
Diâmetro tangencial
Média (Pm) 69
Desvio-padrão (Pm) 13

RAIOS
Altura
Nº / mm 1-5
Nº mínimo de células 6
Nº médio de células 22
Nº máximo de células 37
Média (Pm) 392
Desvio-padrão (Pm) 97
Largura
Nº mínimo de células 1
Nº médio de células 3
Nº máximo de células 4
Média (Pm) 39
Desvio-padrão (Pm) 6

FIBRAS
Comprimento
Médio (Pm) 1211
Desvio-padrão (Pm) 175
Largura
Média (Pm) 16
Desvio-padrão (Pm) 1,9
Relação comprimento /largura (Pm) 39
Espessura parede (Pm) 4,7

COR L* a* b*
Usada 60,7 11,6 28,0
Polida 64,9 10,0 26,8

144
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nome científico: Melaleuca leucadendron (L.) L.

Família: Myrtaceae

Nomes comuns: cajepute, melaleuca, cajuput, niaouli, cajaputi, kajuputih, kaya


putih, kayuputeh, cayeput, cayeputi, corcho, samed

Distribuição das espécies dentro de Moçambique: Maputo

Origem: Austrália

Utilizações: postes para cercas, estacas, pequenas construções

Código: N8
Nº: 129

145
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

146
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA

Características gerais

Camadas
de crescimento: observam-se camadas de crescimento
a olho nu. Com lupa observam-se linhas
escuras provenientes de tecido fibroso
e por vezes algum parênquima marginal.
Cor: amarela levemente alaranjada
Brilho: pouco
Textura: fina
Fio: direito
Desenho: pouco desenhada, com leve listado
proveniente do contraste entre o tecido
mais escuro das fibras e o mais claro
do parênquima

Secção transversal (Observação lupa x10)

Vasos
Tamanho: médios e alguns de menor dimensão
Largura: largos
Abundância: abundantes
Disposição: difusa
Agrupamento: isolados e alguns agrupamentos radiais
e também oblíquos dificilmente distintos
Forma: sensivelmente circular

Parênquima
Distinção: distinto
Disposição: circunvascular e algum marginal
Abundância: média

Raios
Largura: finos de difícil distinção
Abundância: médios
Trajecto: sensivelmente rectilíneo

Elementos acessórios
observam-se cristais no parênquima
W

147
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Secções longitudinais
W

os traços vasculares são relativamente curtos


e bem marcados na secção tangencial
distinguindo-se mesmo os elementos vasculares
pelo tom mais escuro. Algum manchado claro
em volta desses vasos, manchado
esbranquiçado, provavelmente parênquima
associado aos poros. Raios pouco visíveis

148
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A B

Figura 4.11 – Estrutura geral do lenho


Melaleuca leucadendron (L.) L.

A: Secção transversal (x100)


B: Secção tangencial (x100)
C
C: Secção radial (x100)

149
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA

Camadas
de crescimento: indistintas

Vasos
Disposição: porosidade difusa
Agrupamento: os poros são isolados com uma certa
distribuição oblíqua
Diâmetro tangencial: variável e médios
Forma: sensivelmente circular a oval
Perfurações: simples
Pontuações: opostas finas nas paredes dos elementos
vasculares sendo as pontuações vasos – raios
grandes, arredondadas e aparentemente
simples
Comprimento dos
elementos vasculares: moderadamente curtos
Espessura da parede: média
Caracteres acessórios: ocorrência de traqueídos vasculares

Parênquima
Natureza: células em séries verticais até 3-4 células,
por série
Disposição: paratraqueal circunvascular por vezes
confluente em manchas pouco definidas
incluindo alguns poros. O parênquima
apotraqueal é difuso em células isoladas
algumas formando linhas curtas de 2 a 3
células
Caracteres acessórios: não se observam

Raios
Número de células
em largura: na maioria são uni e bisseriados. Apresentam
uma forma bastante variável, por vezes com
parte do corpo do raio bisseriado muito curto
(2 - 3 células) e 4 - 6 células formando
as margens unisseriadas
Natureza: homocelulares e heterocelulares com o
corpo de células prostradas e marginais
quadradas a erectas podendo atingirem as
W

6 células. Observam-se também raios com

150
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
W

o corpo de células quadradas e uma fiada


de células erectas marginais
Trajecto: rectilíneo
Largura: muito estreitos a moderadamente estreitos
Tamanho: variáveis
Altura: extremamente baixos
Abundância: numerosos
Disposição: irregular
Caracteres acessórios: presença de inclusões de tom amarelo-dourado a
esverdeado. Presença de alguns raios fusionados

Fibras
Natureza: libriformes muito pontuadas com
pontuações areoladas nas paredes tangenciais
e radiais
Disposição: tendência a uma disposição regular
Comprimento: médias
Largura: estreitas
Espessura da parede: média

151
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

BIOMETRIA

VASOS
Nº / mm2 4
Nº / mm2 (mín) 2
Nº / mm2 (máx) 5
Pontuações média (Pm) 3
Espessura de parede (Pm) 6
Comprimento dos elementos vasos (Pm) 318
Diâmetro tangencial
Média (Pm) 110
Desvio-padrão (Pm) 21

RAIOS
Altura
Nº / mm 8-15
Nº mínimo de células 2
Nº médio de células 11
Nº máximo de células 20
Média (Pm) 226
Desvio-padrão (Pm) 76
Largura
Nº mínimo de células 1
Nº médio de células 2
Nº máximo de células 2
Média (Pm) 25
Desvio-padrão (Pm) 6

FIBRAS
Comprimento
Médio (Pm) 1356
Desvio-padrão (Pm) 97
Largura
Média (Pm) 17
Desvio-padrão (Pm) 2,2
Relação comprimento /largura (Pm) 80
Espessura parede (Pm) 4,4

COR L* a* b*
Usada 56,0 14,4 25,9
Polida 60,3 12,7 23,3

152
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nome científico: Morus mesozygia Stapf (Morus lactea)

Família: Moraceae

Nomes comuns: mecobze, mududula, nula, mupole, difou

Distribuição das espécies dentro de Moçambique: Gaza, Manica, Maputo,


Sofala

Origem: África

Utilizações: Construção civil (pesada), parquet, esteios, carroçarias, mobiliário,


artigos de desporto, alfaias agrícolas, folheados, contraplacados, decoração, marcena-
ria, carpintaria, travessas de caminho de ferro, postes, estacas, esculturas, cubas,
tinas, brinquedos

Código: N9
Nº: 189

153
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

154
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA

Características gerais

Camadas
de crescimento: marcadas por linhas tangenciais de
parênquima marginal menos onduladas
do que as faixas de parênquima associado
aos poros dentro da camada
Cor: castanho-dourada
Brilho: algum, levemente acetinado
Textura: média
Fio: sensivelmente rectilíneo, levemente ondulado
Desenho: dado sobretudo pelo parênquima,
de tom esbranquiçado, associado aos poros
que são bem evidentes, contrastando com
o fundo de tom castanho dourado das fibras

Secção transversal (Observação lupa x10)

Vasos
Tamanho: sensivelmente uniformes
Largura: estreitos a médios, alguns obstruídos
Abundância: medianamente abundantes
Disposição: difusa, por vezes com alguma obliquidade
Agrupamento: há poros isolados e agrupados até 4, radiais
Forma: oval

Parênquima
Distinção: observado à vista desarmada
Disposição: paratraqueal, circunvascular, em faixas tangenciais
contínuas, levemente onduladas ao longo do
plano lenhoso. Observou-se também
parênquima circunvascular unilateral e algum
parênquima terminal em finas linhas direitas
Abundância: abundante

Raios
Largura: médios
Abundância: medianamente abundantes com disposição regular
Trajecto: rectilíneo, levemente sinuoso sobretudo junto
aos poros de maior diâmetro quando observado
W

em secção transversal

155
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL
W
Elementos acessórios
conteúdos cristalíferos no interior
dos poros observáveis longitudinal
e transversalmente

Secções longitudinais
os traços vasculares são evidentes quer
na secção tangencial quer na radial,
distinguindo-se os elementos vasculares que
os formam. Parênquima axial e raios evidentes.
Observa-se uma certa estratificação dos raios

156
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A B

Figura 4.12 – Estrutura geral do lenho


Morus mesozygia Stapf

A: Secção transversal (x100)


B: Secção tangencial (x100)
C
C: Secção radial (x100)

157
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA

Camadas
de crescimento: pouco distintas

Vasos
Disposição: porosidade difusa
Agrupamento: isolados e agrupados radialmente de 2 a 4 poros
Diâmetro tangencial: médios
Forma: circular a oval
Perfurações: simples
Pontuações: nas paredes dos vasos as pontuações são
alternas pequenas contorno oval a hexagonal
dispostas em filas oblíquas e as pontuações
vasos-raios simples são mais largas do que
as pontuações intervasculares
Comprimento dos
elementos vasculares: muito curtos
Espessura da parede: espessa
Caracteres acessórios: tilos abundantes

Parênquima
Natureza: células em séries verticais com número
variável, frequentemente de 5 a 8 células
Disposição: apotraqueal difuso, paratraqueal
circunvascular algumas vezes unilateral
e também aliforme mas na maioria confluente
em faixas contínuas, levemente onduladas,
que podem ir até 8 células, faixas essas que
não incluem na sua totalidade os poros,
sobretudo os agrupados
Caracteres acessórios: presença de cristais (um por célula).
Células de parênquima muito pontuadas
nas paredes tangenciais e nas radiais

Raios
Número de células
em largura: os raios são na maioria plurisseriados com
3 a 5 células em largura, geralmente
trisseriados. Ocasionalmente unisseriados.
Natureza: são heterocelulares com o corpo do raio
formado por células prostradas e as margens
por células marginais na maioria erectas,
W

por vezes quadradas e geralmente numa fiada.

158
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
W

Trajecto: sinuoso
Largura: moderadamente estreitos
Tamanho: variáveis
Altura: extremamente baixos
Abundância: médios
Disposição: irregular embora se observe uma certa
tendência a estratificação
Caracteres acessórios: presença de cristais nas células marginais
erectas ou quadradas dos raios.
Observam-se alguns raios fusionados

Fibras
Natureza: libriformes
Disposição: irregulares
Comprimento: médias
Largura: estreitas
Espessura da parede: média

159
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

BIOMETRIA

VASOS
Nº / mm2 2
Nº / mm2 (mín) 1
Nº / mm2 (máx) 2
Pontuações média (Pm) 4
Espessura de parede (Pm) 10
Comprimento dos elementos vasos (Pm) 207
Diâmetro tangencial
Média (Pm) 182
Desvio-padrão (Pm) 36

RAIOS
Altura
Nº / mm 3-8
Nº mínimo de células 9
Nº médio de células 17
Nº máximo de células 24
Média (Pm) 269
Desvio-padrão (Pm) 48
Largura
Nº mínimo de células 3
Nº médio de células 4
Nº máximo de células 5
Média (Pm) 45
Desvio-padrão (Pm) 6

FIBRAS
Comprimento
Médio (Pm) 1252
Desvio-padrão (Pm) 104
Largura
Média (Pm) 16
Desvio-padrão (Pm) 2,3
Relação comprimento /largura (Pm) 78
Espessura parede (Pm) 4,3

COR L* a* b*
Usada 48,6 14,1 26,0
Polida 53,9 13,4 28,6

160
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nome científico: Pterocarpus antunesii (Tab.) Harms

Família: Leguminosae

Sub-família: Papilionaceae

Nomes comuns: muaxga, muxiviri, ungune

Distribuição das espécies dentro de Moçambique: Manica, Sofala, Tete,


Zambézia

Origem: África

Utilizações: construção civil, parquet, soalhos, esteios, construção naval,


carroçarias, mobiliário, cabos, escadas, artigos de desporto, alfaias agrícolas, folhea-
dos, contraplacados, decoração, marcenaria, travessas de caminho de ferro, postes,
estacas, brinquedos

Código: N10
Nº: 208

161
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

162
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA

Características gerais

Camadas
de crescimento: visíveis
Cor: amarelo-dourada
Brilho: algum
Textura: fina
Fio: recto
Desenho: pouco desenhada apenas com um fino
listado de tom amarelo mais escuro

Secção transversal (Observação lupa x10)

Vasos
Tamanho: uniformes e finos
Largura: médios
Abundância: medianamente abundantes
Disposição: porosidade difusa, sem padrão embora com
zonas de maior acumulação de poros
Agrupamento: isolados e agrupados
Forma: circular

Parênquima
Distinção: distinto
Disposição: paratraqueal circunvascular fazendo linhas
contínuas tangenciais com confluência
Abundância: medianamente abundante

Raios
Largura: finos
Abundância: média
Tragecto: rectilíneo

Elementos acessórios
não se observam

Secções longitudinais
traços vasculares pouco marcados. Alguns
elementos vasculares são visíveis através do
conteúdo castanho alaranjado que apresentam

163
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

A B

Figura 4.13 – Estrutura geral do lenho


Pterocarpus antunesii (Tab.) Harms

A: Secção transversal (x100)


B: Secção tangencial (x100)
C
C: Secção radial (x100)

164
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA

Camadas
de crescimento: distintas marcadas pelo diâmetro dos poros.
Observa zona de poros de maior dimensão
seguida e de uma zona de poros
de pequena dimensão

Vasos
Disposição: na amostra observada a porosidade
é intermédia entre a porosidade em anel
e a porosidade semi-difusa pela distribuição
que os poros têm no plano lenhoso de acordo
com o seu diâmetro. Assim observa-se uma
zona de poros de maior dimensão e que
gradual ou mais abruptamente, reduzem o seu
diâmetro formando uma outra zona de poros
mais estreitos
Agrupamento: isolados e agrupados estes sobretudo
radialmente e por vezes obliquamente,
variando de 2 a 4 poros apresentando-se
ocasionalmente em cacho de 3 poros
Diâmetro tangencial: moderadamente estreitos
Forma: sensivelmente circular
Perfurações: simples
Pontuações: as pontuações intervasculares são alternas
finas de forma arredondada e as pontuações
vasos-raios semelhantes.
Comprimento dos
elementos vasculares: muito curtos
Espessura da parede: espessas
Caracteres acessórios: inclusões gomosas de tom amarelo dourado

Parênquima
Natureza: em séries verticais com 2 células
Disposição: apotraqueal difuso em células isoladas
e em linhas. Paratraqueal circunvascular
unilateral aliforme com alguma confluência
de 1 a 2 fiadas e pequenas células, sempre
em linhas e que se interrompem
Caracteres acessórios: disposição estratificada. Parênquima
cristalífero presente
W

165
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL
W

Raios
Número de células
em largura: os raios são quase exclusivamente
unisseriados, observando-se muito
pontualmente a bisseriação numa pequena
porção do corpo do raio
Natureza: são homocelulares formados por células
prostradas
Trajecto: rectilíneo
Largura: muito estreitos
Tamanho: sensivelmente uniformes
Altura: extremamente baixos
Abundância: numerosos
Disposição: estratificada

Fibras
Natureza: libriformes
Disposição: em faixas tangenciais
Comprimento: médias
Largura: estreitas
Espessura da parede: média

166
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

BIOMETRIA

VASOS
Nº / mm2 11
Nº / mm2 (mín) 5
Nº / mm2 (máx) 16
Pontuações média (Pm) 1
Espessura de parede (Pm) 13
Comprimento dos elementos vasos (Pm) 194
Diâmetro tangencial
Média (Pm) 69
Desvio-padrão (Pm) 15

RAIOS
Altura
Nº / mm 20-26
Nº mínimo de células 4
Nº médio de células 11
Nº máximo de células 18
Média (Pm) 112
Desvio-padrão (Pm) 14
Largura
Nº mínimo de células 1
Nº médio de células 1
Nº máximo de células 1
Média (Pm) 17
Desvio-padrão (Pm) 3

FIBRAS
Comprimento
Médio (Pm) 1411
Desvio-padrão (Pm) 145
Largura
Média (Pm) 23
Desvio-padrão (Pm) 3,2
Relação comprimento /largura (Pm) 61
Espessura parede (Pm) 5,8

COR L* a* b*
Usada 75,5 8,8 34,7
Polida 73,0 9,9 34,4

167
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

168
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nome científico: Rhodognaphalon schumannianum A. Robyns


(=Bombax rhodognaphalon K.Schum)

Família: Bombaceae

Nomes comuns: meguza, kondroti, munguza, muna, sumaúma, alone, n’demo

Distribuição das espécies dentro de Moçambique: Cabo-Delgado, Manica,


Niassa, Sofala, Tete, Zambézia

Origem: África

Utilizações: construção naval, mobiliário, carpintaria, artigos de desporto, fo-


lheados, contraplacados, pasta para papel, embalagens, fósforos, painéis de fibras e
partículas

Código: N11
Nº: 196

169
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

170
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA

Características gerais

Camadas
de crescimento: ligeiramente distintas. O limite das camadas
é dado por um tom levemente mais escuro
possivelmente de tecido fibroso, observando-se
alguma disposição tangencial dos poros nessa
camada
Cor: castanha de tom claro-rosado
Brilho: ausente
Textura: média
Fio: recto
Desenho: pouco desenhada com algum listado dado
pelo tecido fibroso no limite das camadas
de crescimento e traços vasculares

Secção transversal (Observação lupa x10)

Vasos
Tamanho: medianamente variáveis
Largura: médios a largos
Abundância: pouco numerosos
Disposição: difusa. No limite das camadas
de crescimento é marcada pela disposição
tangencial de poros isolados
dispostos tangencialmente.
Agrupamento: isolados e agrupados radialmente
Forma: circular

Parênquima
Distinção: indistinto
Disposição: indistinto
Abundância: indistinto

Raios
Largura: finos
Abundância: escassos a médios
Trajecto: rectilíneo (pouco visível)

Elementos acessórios
W

Estratificação de raios

171
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Secções longitudinais
W

observação de traços vasculares de curtos


a longos, algum conteúdo de tom escuro
observando-se uns traços vasculares dos
elementos que os formam. Estratificação
de raios observável quer tangencial quer
radialmente dando origem a um listado
de tom mais escuro

172
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A B

Figura 4.14 – Estrutura geral do lenho


Rhodognaphalon schumannianum A.
Robyns

A: Secção transversal (x100)


B: Secção tangencial (x100) C
C: Secção radial (x100)

173
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA

Camadas
de crescimento: Nítidas dadas pelo maior espessamento
das células no limite da camada de crescimento

Vasos
Disposição: porosidade difusa
Agrupamento: isolados e agrupados radial e obliquamente
(2, 3 ou mais poros) e ainda agrupamentos
em cacho de 3 a 4 poros.
Diâmetro tangencial: médios
Forma: circular a oval
Perfurações: simples
Pontuações: as pontuações intervasculares são alternas
circulares a hexagonais com abertura
por vezes alongada
Comprimento dos
elementos vasculares: muito curtos
Espessura da parede: espessa
Caracteres acessórios: presença de tilos e algumas inclusões
gomosas de tom dourado. Traqueídos
vasculares presentes

Parênquima
Natureza: células em séries verticais de 3 a 4
Disposição: apotraqueal difuso e em linhas sem continuidade
Caracteres acessórios: disposição estratificada

Raios
Número de células
em largura: bi e trisseriados, observando-se também
alguns unisseriados
Natureza: heterocelulares, com o corpo de células
prostradas e uma fiada de células marginais
quadradas e erectas ou apenas uma delas,
com 1 a 2 cristais nas células marginais
Trajecto: sensivelmente rectilíneo apresentando-se
levemente sinuoso junto aos poros de maior
diâmetro
Largura: moderadamente estreitos
Tamanho: variáveis
Altura: extremamente baixos
W

Abundância: raros

174
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
W

Disposição: estratificada
Caracteres acessórios: substâncias gomosas. Cristais. Presença de sílica

Fibras
Natureza: libriformes. Escassas
Disposição: em séries radiais
Comprimento: médias
Largura: estreitas
Espessura da parede: média

175
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

BIOMETRIA

VASOS
Nº / mm2 2
Nº / mm2 (mín) 1
Nº / mm2 (máx) 2
Pontuações média (Pm) 2
Espessura de parede (Pm) 7
Comprimento dos elementos vasos (Pm) 249
Diâmetro tangencial
Média (Pm) 140
Desvio-padrão (Pm) 22

RAIOS
Altura
Nº / mm 3-4
Nº mínimo de células 4
Nº médio de células 15
Nº máximo de células 26
Média (Pm) 327
Desvio-padrão (Pm) 51
Largura
Nº mínimo de células 1
Nº médio de células 2
Nº máximo de células 3
Média (Pm) 39
Desvio-padrão (Pm) 7

FIBRAS
Comprimento
Médio (Pm) 1362
Desvio-padrão (Pm) 127
Largura
Média (Pm) 16
Desvio-padrão (Pm) 1,6
Relação comprimento /largura (Pm) 85
Espessura parede (Pm) 4,4

COR L* a* b*
Usada 56,8 13,7 24,9
Polida 58,9 12,7 24,2

176
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nome científico: Schrebera trichoclada Welw

Família: Oleaceae

Nomes comuns: naiope, nchengele, naipope, namalango, neco, mucopela


(macua), muc’ac’ata

Distribuição das espécies dentro de Moçambique: Cabo-Delgado, Manica,


Niassa, Sofala, Tete, Zambézia

Origem: África

Utilizações: marcenaria, construção civil (madeira dura mas flexível e resisten-


te ao tempo), decorações de interiores, marcenaria e carpintaria. Árvores próprias
para parques

Código: N12
Nº: 92

177
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

178
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA

Características gerais

Camadas
de crescimento: pouco distintas contudo marcadas por
linhas finas de tecido fibroso
Cor: castanho-amarelado-dourada
Brilho: pouco
Textura: fina
Fio: recto
Desenho: listado, de largura variável, zona mais escura
equivalente a tecido fibroso que alterna com
outra mais clara de maior acumulação de poros

Secção transversal (Observação lupa x10)

Vasos
Tamanho: sensivelmente uniformes
Largura: estreitos, médios e largos
Abundância: abundantes
Disposição: difusa
Agrupamento: isolados observando-se com muita
dificuldade alguns agrupamentos
Forma: sensivelmente circular a oval

Parênquima
Distinção: muito pouco distinto
Disposição: não há um padrão definido, disperso
Abundância: muito escasso

Raios
Largura: finos e difíceis de observar mesmo com lupa
Abundância: médios
Trajecto: rectilíneo

Elementos acessórios
não se observam

Secções longitudinais
traços vasculares praticamente indistintos.
Raios levemente marcados de tom mais escuro

179
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

A B

Figura 4.15 – Estrutura geral do lenho


Schrebera trichoclada Welw

A: Secção transversal (x100)


B: Secção tangencial (x100)
C
C: Secção radial (x100)

180
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA

Camadas
de crescimento: pouco evidentes

Vasos
Disposição: porosidade difusa
Agrupamento: na maioria são isolados, mas observam-se
também muitos agrupamentos, sobretudo
radiais de 2 a 4 poros, predominantemente
os de 3 poros; menos frequentes são os cachos,
na maioria de 3 poros
Diâmetro tangencial: muito estreitos
Forma: circular a oval
Perfurações: simples
Pontuações: as pontuações intervasculares são alternas
com disposição em linha diagonal e finas;
as pontuações vasos-raios são semelhantes
a pontuações intervasculares
Comprimento dos
elementos vasculares: médios
Espessura da parede: média
Caracteres acessórios: não se observam

Parênquima
Natureza: 2 a 4 células por série vertical
Disposição: escasso contudo apresenta-se apotraqueal
difuso e em fiadas curtas com uma célula
de largura e algum marginal
Caracteres acessórios: não se observam

Raios
Número de células
em largura: os raios são uni, bi e trisseriados sendo
na maioria bisseriados
Natureza: os raios na grande maioria são
heterocelulares e apresentam formas variadas
no que refere à sua composição.
São classificados na categoria de raios cuja
porção multisseriada é tão grande como a
porção unisseriada (segundo IAWA 1989).
Assim observam-se raios de corpo formado
por células prostradas e margens de células
W

quadradas e erectas que podem atingir as 10

181
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL
W

fiadas de células e raios onde o corpo


é formado por células quadradas e prostradas
que se intercalam e com margens de células
quadradas cujo número é variável e podem
atingir mais de 10 células
Trajecto: levemente sinuoso
Largura: moderadamente estreitos
Tamanho: variáveis
Altura: extremamente baixos
Abundância: médios
Disposição: irregular
Caracteres acessórios: presença de muitas inclusões gomosas

Fibras
Natureza: libriformes pontuadas
Disposição: irregular
Comprimento: médias
Largura: estreitas
Espessura da parede: fina

182
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

BIOMETRIA

VASOS
Nº / mm2 12
Nº / mm2 (mín) 7
Nº / mm2 (máx) 16
Pontuações média (Pm) 3
Espessura de parede (Pm) 3
Comprimento dos elementos vasos (Pm) 360
Diâmetro tangencial
Média (Pm) 48
Desvio-padrão (Pm) 5

RAIOS
Altura
Nº / mm 4-9
Nº mínimo de células 7
Nº médio de células 14
Nº máximo de células 20
Média (Pm) 300
Desvio-padrão (Pm) 130
Largura
Nº mínimo de células 1
Nº médio de células 2
Nº máximo de células 3
Média (Pm) 30
Desvio-padrão (Pm) 5

FIBRAS
Comprimento
Médio (Pm) 1396
Desvio-padrão (Pm) 107
Largura
Média (Pm) 20
Desvio-padrão (Pm) 2,8
Relação comprimento /largura (Pm) 70
Espessura parede (Pm) 4,5

COR L* a* b*
Usada 55,3 13,3 24,3
Polida 59,0 12,6 24,0

183
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

184
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nome científico: Syncarpia glomulifera (Sm.) Wilde.

Família: Myrtaceae

Nomes comuns: árvore da trementina, syncarpia, turpentine, luster

Distribuição das espécies dentro de Moçambique: Maputo

Origem: Austrália

Utilizações: construção civil, parquet, esteios, construção naval, cabos, esca-


das, alfaias agrícolas, marcenaria, travessas de caminho de ferro, postes, estacas,
brinquedos, moldes

Código: N13
Nº: 153

185
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

186
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA

Características gerais

Camadas
de crescimento: pouco distintas
Cor: castanho-acinzentada
Brilho: ceroso
Textura: fina
Fio: recto
Desenho: pouco desenhada, traços vasculares
pouco marcados

Secção transversal (Observação lupa x10)

Vasos
Tamanho: variáveis
Largura: médios a largos
Abundância: medianamente abundantes
Disposição: difusa
Agrupamento: observa-se alguns, mas poucos, agrupamentos
de 2 poros dispostos radialmente
Forma: circular a oval

Parênquima
Distinção: difícil de observar
Disposição: não tem um padrão definido, é difuso
Abundância: escasso

Raios
Largura: muito finos por vezes difíceis de observar à lupa
Abundância: médios
Trajecto: rectilíneo

Elementos acessórios
não se observam

Secções longitudinais
os traços vasculares são marcados
e de tom mais escuro, por vezes é possível
W

observar os elementos vasculares que

187
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL
W
os formam, tanto na secção tangencial como
na radial. É possível observar um conteúdo
de tom mais claro. Os raios também são
visíveis pelo tom escuro no fundo e o
tom avermelhado das fibras, quando
observados tangencialmente

188
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A B

Figura 4.16 – Estrutura geral do lenho


Syncarpia glomulifera (Sm.) Wilde.

A: Secção transversal (x100)


B: Secção tangencial (x100)
C
C: Secção radial (x100)

189
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA

Camadas
de crescimento: pouco distintas

Vasos
Disposição: porosidade difusa
Agrupamento: a maioria dos poros são isolados e os
agrupamentos são sobretudo radiais e de 2 a 3 poros
Diâmetro tangencial: moderadamente estreitos
Forma: sensivelmente circular a oval
Perfurações: simples
Pontuações: as pontuações são alternas finas por vezes com
abertura alongada e dispostas em diagonal; as
pontuações vasos-raios têm aureola reduzida,
aparentemente simples e maiores que as
pontuações intervasculares
Comprimento dos
elementos vasculares: moderadamente curtos
Espessura da parede: média
Caracteres acessórios: presença de gomas nos poros de tom
castanho-escuro, por vezes obstruindo
todo o poro. Tendência a estratificação

Parênquima
Natureza: células em séries verticais de 3 a 4
Disposição: apotraqueal difuso em células isoladas
e por vezes criando linhas com pequena
confluência. Há algum parênquima
paratraqueal circunvascular unilateral
Caracteres acessórios: não se observaram

Raios
Número de células
em largura: a maioria são unisseriados e em menor
número bisseriados
Natureza: os raios são heterocelulares de células
prostradas e margens de células quadradas
e erectas que podem atingir mais de 4 fiadas
de células. O corpo do raio é formado por
células quadradas e/ou prostradas conjuntas
e com margens de células quadradas e erectas,
cujo número é variável, podendo atingir
W

mais de 4 células

190
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
W

Trajecto: sinuoso
Largura: muito estreitos
Tamanho: variáveis
Altura: extremamente baixos
Abundância: medianamente abundantes
Disposição: irregular
Caracteres acessórios: células com inclusões de tom castanho dourado

Fibras
Natureza: libriformes
Disposição: em séries radiais a irregularmente dispostas
Comprimento: moderadamente curtas
Largura: estreitas
Espessura da parede: média

191
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

BIOMETRIA

VASOS
Nº / mm2 6
Nº / mm2 (mín) 4
Nº / mm2 (máx) 8
Pontuações média (Pm) 3
Espessura de parede (Pm) 3
Comprimento dos elementos vasos (Pm) 264
Diâmetro tangencial
Média (Pm) 62
Desvio-padrão (Pm) 12

RAIOS
Altura
Nº / mm 4-10
Nº mínimo de células 7
Nº médio de células 20
Nº máximo de células 33
Média (Pm) 355
Desvio-padrão (Pm) 132
Largura
Nº mínimo de células 1
Nº médio de células 2
Nº máximo de células 2
Média (Pm) 22
Desvio-padrão (Pm) 5

FIBRAS
Comprimento
Médio (Pm) 851
Desvio-padrão (Pm) 65
Largura
Média (Pm) 16
Desvio-padrão (Pm) 1,9
Relação comprimento /largura (Pm) 53
Espessura parede (Pm) 4,7

COR L* a* b*
Usada 44,9 11,7 17,5
Polida 58,1 8,6 16,9

192
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nome científico: Syringa vulgaris L.

Família: Oleaceae

Nomes comuns: common lilac, lilac, syringa, pihasyreeni, lilás

Distribuição das espécies dentro de Moçambique: Indefinida

Origem: Europa

Utilizações: gravuras, instrumentos musicais, cabos de facas, ornamentais em


parques e jardins, uso medicinal, cosmética, óleo obtido das flores

Código: N14
Nº: 155

193
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

194
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA

Características gerais

Camadas
de crescimento: distintas com grande acumulação de poros
dispostos tangencialmente no limite de camada
Cor: amarelo-esbranquiçada
Brilho: algum
Textura: média a grosseira
Fio: recto
Desenho: listado com traços vasculares de cor mais escura

Secção transversal (Observação lupa x10)

Vasos
Tamanho: variáveis
Largura: médios e largos
Abundância: média
Disposição: grande acumulação de poros
dispostos tangencialmente no limite
de camada. Porosidade de anel a semi-difusa.
Nos poros de maior dimensão observa-se
algum conteúdo
Agrupamento: isolados, agrupamentos de 2 a 3 e alguns
cachos
Forma: circular a oval

Parênquima
Distinção: distinto mesmo sem lupa
Disposição: paratraqueal e associado aos poros tendo
uma certa continuidade em faixas confluentes,
faixas essas de aspecto sinuoso
Abundância: escasso

Raios
Largura: finos, visíveis apenas com lupa
Abundância: médios
Trajecto: rectilíneo

Elementos acessórios
não se observam
W

195
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Secções longitudinais
W

os elementos vasculares são observados


nas duas secções longitudinais visíveis à
vista desarmada e com conteúdo escuro.
Os raios são observáveis em secção tangencial
com um tom mais escuro contrastando com
o fundo mais claro dado pelas fibras.
Observa-se conteúdo nos vasos. Há uma
certa estratificação dos raios

196
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A B

Figura 4.17 – Estrutura geral do lenho


Syringa vulgaris L.

A: Secção transversal (x100)


B: Secção tangencial (x100)
C
C: Secção radial (x100)

197
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA

Camadas
de crescimento: indistintas

Vasos
Disposição: porosidade difusa com alguma tendência aos
poros se disporem obliquamente
Agrupamento: isolados e agrupados, variando os
agrupamentos de 2 a 4 poros e mais
frequentes os de 3-4
Diâmetro tangencial: médio, embora alguns dos poros dos
agrupamentos, seja de pequeno diâmetro
confundindo-se com células de parênquima,
quando são observados transversalmente
Forma: sensivelmente circular
Perfurações: simples
Pontuações: as pontuações intervasculares são alternas finas
com abertura inclusa, dispondo-se em linha
oblíquas; as pontuações vaso-raio são
semelhantes ás pontuações intervasculares
Comprimento dos
elementos vasculares: muito curtos
Espessura da parede: média
Caracteres acessórios: espessamento nas paredes dos vasos.
Presença de inclusões gomosas de tom
castanho dourado

Parênquima
Natureza: células em séries verticais de 2 a 5
Disposição: escasso, observando-se parênquima
paratraqueal circunvascular vasicêntrico
algumas vezes unilateral de 1 a 2 células
em largura
Caracteres acessórios: não se observam

Raios
Número de células
em largura: uni a plurisseriados de 2 a 7 células
(mais frequente <3)
Natureza: na maioria são heterocelulares com corpo
de células prostradas com células marginais
quadradas/ou erectas de uma única célula.
W

Raios homocelulares formados por células prostradas

198
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
W

Trajecto: levemente sinuoso junto ao agrupamento de poros


Largura: moderadamente estreitos
Tamanho: variáveis
Altura: extremamente baixos
Abundância: médios
Disposição: tendência para estratificação
Caracteres acessórios: não se observam

Fibras
Natureza: libriformes
Disposição: com tendência a uma disposição radial
Comprimento: extremamente compridas
Largura: médias
Espessura da parede: fina

199
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

BIOMETRIA

VASOS
Nº / mm2 3
Nº / mm2 (mín) 1
Nº / mm2 (máx) 4
Pontuações média (Pm) 3
Espessura de parede (Pm) 6
Comprimento dos elementos vasos (Pm) 186
Diâmetro tangencial
Média (Pm) 103
Desvio-padrão (Pm) 22

RAIOS
Altura
Nº / mm 4-6
Nº mínimo de células 6
Nº médio de células 13
Nº máximo de células 19
Média (Pm) 196
Desvio-padrão (Pm) 40
Largura
Nº mínimo de células 2
Nº médio de células 5
Nº máximo de células 7
Média (Pm) 46
Desvio-padrão (Pm) 7

FIBRAS
Comprimento
Médio (Pm) 3780
Desvio-padrão (Pm) 117,58
Largura
Média (Pm) 26
Desvio-padrão (Pm) 4,3
Relação comprimento /largura (Pm) 145
Espessura parede (Pm) 4,9

COR L* a* b*
Usada 65,5 12,0 26,1
Polida 67,4 11,0 24,4

200
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nome científico: Xylia torreana Brenan

Família: Leguminosae

Sub-família: Papilionaceae

Nomes comuns: mbalagoma, mecuchi, mecutchi (cheringoma)

Distribuição das espécies dentro de Moçambique: Inhambane, Manica, Sofa

Origem: África

Utilizações: marcenaria, construção civil, ornamental por ter uma boa copa e
flores profusas

Código: N15
Nº: 218

201
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

202
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA

Características gerais

Camadas
de crescimento: pouco nítidas
Cor: castanha levemente dourada e alaranjada,
proveniente do conteúdo dos elementos
vasculares
Brilho: ausente
Textura: media
Fio: direito
Desenho: venado dado essencialmente pelas camadas
de crescimento

Secção transversal (Observação lupa x10)

Vasos
Tamanho: variáveis
Largura: largos e médios, estes últimos
em maior número
Abundância: abundantes
Disposição: difusa
Agrupamento: isolados e agrupados
Forma: circular

Parênquima
Distinção: distinto
Disposição: paratraqueal em faixas descontínuas
e onduladas, raro parênquima terminal
Abundância: média a abundante

Raios
Largura: finos
Abundância: médio
Trajecto: rectilíneo

Elementos acessórios
a maioria dos poros com conteúdo branco
amarelado, levemente brilhante
W

203
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL
W

Secções longitudinais
secção tangencial com desenho venado.
Os traços vasculares dão um tom alaranjado
mas não se visualizam os elementos que
os formam.

204
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A B

Figura 4.18 – Estrutura geral do lenho


Xylia torreana Brenan

A: Secção transversal (x100)


B: Secção tangencial (x100)
C
C: Secção radial (x100)

205
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA

Camadas
de crescimento: As camadas são pouco distintas, embora
marcadas por algum parênquima marginal
e também por fibras comprimidas radialmente
no limite da camada

Vasos
Disposição: a porosidade é difusa com uma tendência,
por vezes a uma disposição obliqua dos poros
Agrupamento: isolados e agrupados de 2 a 6 poros (mais
frequentes maioria 2 - 3) na maioria agrupados
radialmente por vezes obliquamente e em cacho
Diâmetro tangencial: moderadamente estreitos
Forma: sensivelmente circular a oval
Perfurações: simples
Pontuações: as pontuações intervasculares são alternas
finas com abertura exclusa formando linhas
sensivelmente oblíquas; as pontuações
vasos-raios distintamente aureoladas
semelhantes a pontuações intervasculares
Comprimento dos
elementos vasculares: muito curtos
Espessura da parede: espessa
Caracteres acessórios: com inclusões gomosas de tom acastanhado

Parênquima
Natureza: células em séries verticais de 2 a 4
Disposição: paratraqueal circunvascular vasicêntrico, aliforme
e confluente formando faixas até 12 células
onduladas com alguma continuidade podendo
incluírem 5 a 6 poros. Raramente apotraqueal
difuso em células isoladas e no limite da camada
há parênquima marginal e linhas ténues (2 -3 células)
Caracteres acessórios: inclusões gomosas de tom amarelo acastanhado.
Presença de séries cristalíferas

Raios
Número de células
em largura: os raios são na maioria uni e bisseriados,
alguns trisseriados. Existem vários raios na sua
maioria unisseriados e apenas com uma
W

pequena porção do corpo bisseriada

206
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
W

Natureza: praticamente homocelulares nos raios


unisseriados com corpo do raio essencialmente
de células prostradas. Algumas heterocelulares
nos bi e trisseriados. Observam-se células
terminais mais ovais
Trajecto: rectilíneo a levemente sinuoso
Largura: moderadamente estreitos
Tamanho: variáveis
Altura: extremamente baixos
Abundância: numerosos
Disposição: regular
Caracteres acessórios: presença de inclusões gomosas de tom
amarelo acastanhado; alguns raios
são anastomosados

Fibras
Natureza: libriformes, por vezes septadas.
Disposição: irregular
Comprimento: médias
Largura: estreitas
Espessura da parede: média

207
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

BIOMETRIA

VASOS
Nº / mm2 5
Nº / mm2 (mín) 3
Nº / mm2 (máx) 6
Pontuações média (Pm) 2
Espessura de parede (Pm) 16
Comprimento dos elementos vasos (Pm) 238
Diâmetro tangencial
Média (Pm) 87
Desvio-padrão (Pm) 11

RAIOS
Altura
Nº / mm 12-17
Nº mínimo de células 4
Nº médio de células 14
Nº máximo de células 24
Média (Pm) 189
Desvio-padrão (Pm) 64
Largura
Nº mínimo de células 1
Nº médio de células 2
Nº máximo de células 3
Média (Pm) 26
Desvio-padrão (Pm) 5

FIBRAS
Comprimento
Médio (Pm) 911
Desvio-padrão (Pm) 79
Largura
Média (Pm) 18
Desvio-padrão (Pm) 1,7
Relação comprimento /largura (Pm) 51
Espessura parede (Pm) 5,1

COR L* a* b*
Usada 49,2 14,3 22,0
Polida 61,8 13,7 24,1

208
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.3. COR DAS MADEIRAS TROPICAIS

4.3.1. Variabilidade da cor das madeiras tropicais

A avaliação macroscópica da cor das madeiras que fazem parte da xiloteca


mostra uma variação que vai desde o esbranquiçado ao negro, conforme já tinha sido
observado e apresentado no Quadro 3.10, que codifica a escala de cores resultante da
análise macroscópica das amostras. Como esta avaliação é subjectiva, foram feitas
quantificações de parâmetros colorimétricos: claridade ou luminosidade (L*) que va-
ria entre 0 (preto absoluto) e 100 (branco puro) e tonalidade através dos parâmetros
a* que varia entre +a* (vermelho) e o –a* (verde) e b* que varia entre +b* (amarelo) e
–b* (azul), sendo que os parâmetros a* e b* variam, em valor absoluto, entre 0 e 60. O
Anexo 11 apresenta os valores obtidos para estes parâmetros medidos para 98 madei-
ras numa superfície tangencial após lixagem superficial (variáveis C4, C5, C6), de
modo a representar a cor natural destas amostras, bem como antes da lixagem, repre-
sentando a situação da madeira após exposição ao ar em ambientes interiores (variá-
veis C1, C2, C3).
Os valores obtidos confirmam a elevada variação da cor neste conjunto de
amostras de madeira. Em termos de claridade, os valores de L* distribuem-se desde o
mínimo de 24,01 correspondendo à madeira da espécie Dalbergia melanoxylon até
um valor máximo de 84,37 correspondendo à espécie Aleurites moluccana. Relativa-
mente ao parâmetro a*, os valores vão desde o mínimo de 2,55 para a espécie Dalbergia
melanoxylon até ao máximo de 20,37 na espécie Pterocarpus indicus. Para o parâmetro
b*, o valor mais baixo é 1,76 correspondendo à madeira da espécie Dalbergia
melanoxylon e o mais alto 36,6 na madeira da espécie Morus lactea.
Para cada um dos parâmetros colorimétricos, fez-se uma distribuição de fre-
quência através do seu agrupamento em cinco classes de intervalo, obtendo-se os
histogramas correspondentes (Figuras 4.19 a 4.21).
A distribuição de frequência dos parâmetros colorimétricos das madeiras é apro-
ximadamente normal. A classe de maior frequência para o parâmetro L* é aquela cujo
valor médio é 55,25 mas a classe com um valor médio de 67,75 tem também uma
frequência elevada (Figura 4.19). Segundo Camargos & Gonçalez (2001), uma madeira
considera-se escura se L* for igual ou inferior a 56, pelo que se pode concluir que a
maioria das madeiras analisadas não se pode considerar escura. A classe de menor
frequência encontra-se com um valor médio de L* de 30,25, ou seja corresponde a
madeiras mais escuras. O parâmetro a* apresenta a maior frequência para um valor
médio de 11,05 (Figura 4.20), e menor frequência para um valor médio de 18,45.
Sabendo-se que o parâmetro a* varia de 0 a 60 e que +a* (vermelho) e o –a* (verde),
pode confirmar-se no Quadro 4.3 que, quanto mais baixos os valores de a* mais se
aproximam da cor verde. Para o parâmetro b* o maior destaque vai para a classe de
maior frequência localizada no valor médio de 24,7, encontrando-se muito próximo
uma outra classe de frequência com valor médio de 17,9 (Figura 4.21) e a classe de
menor frequência apresenta um valor médio de 4,3. Sabendo-se que, o parâmetro b*
varia de 0 a 60 e +b* (amarelo) e –b* (azul), os valores obtidos na maior frequência
estão mais próximos da cor amarela como se poderá observar no Quadro 4.3.

209
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Figura 4.19 – Distribuição da frequência dos valores do parâmetro L* de 98


madeiras por 5 classes com uma amplitude de 59,20

Figura 4.20 – Distribuição da frequência dos valores do parâmetro a* de 98 ma-


deiras por 5 classes com uma amplitude de 18,43

Figura 4.21 – Distribuição da frequência dos valores do parâmetro b* de 98 ma-


deiras por 5 classes com uma amplitude de 33,92

210
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para analisar a potencial variação de cor das madeiras em uso em condições de


ambientes anteriores fez-se a comparação entre os valores de L*, a* e b* obtidos nas
amostras polidas (C4, C5, C6) e nas amostras expostas ao ar (C1, C2, C3), calculando
a diferença induzida pela exposição em percentagem do valor determinado na amos-
tra polida (Quadro 4.2).

Quadro 4.2 – Diferença dos valores das amostras polidas (C4, C5, C6) e expostas
ao ar (C1, C2, C3) para os parâmetros L*, a* e b* e sua percentagem relativamente ao
valor determinado na amostra polida
Código C4-C1 % C5-C2 % C6-C3 %
I1 10,32 22,2 -1,40 -8,4 1,96 8,8
I2 1,69 2,4 -0,22 -3,5 -1,05 -4,4
I3 7,75 18,9 1,37 11,3 2,38 15,9
I4 6,53 10,5 -2,66 -19,8 -2,56 -7,8
I5 -0,37 -0,6 -1,35 -21,4 -3,03 -13,1
I6 4,10 7,6 -2,44 -20,0 -2,47 -11,7
I7 6,01 16,2 -1,90 -26,1 1,09 13,1
I8 8,68 16,2 -0,79 -7,6 0,03 0,2
I9 2,49 3,8 -0,68 -19,9 -1,52 -10,6
I10 2,55 4,7 -0,86 -7,9 0,76 3,8
I11 4,91 8,1 -0,33 -5,1 0,43 2,2
I12 1,58 2,2 0,08 1,4 0,22 0,8
I13 6,12 13,1 -2,52 -28,8 0,00 0,0
I14 6,13 8,8 -1,38 -19,6 -1,23 -4,8
I15 4,67 7,6 -1,35 -17,7 -4,25 -14,8
I16 7,84 14,3 0,56 4,7 1,92 8,2
I17 2,77 6,5 -0,49 -3,8 0,98 5,3
M1 10,23 16,8 -3,42 -33,5 -5,34 -23,8
M2 3,76 8,5 -1,10 -13,9 0,15 0,8
M3 6,10 10,9 -3,10 -19,9 -2,25 -9,0
M4 3,72 5,3 -2,70 -40,2 -4,32 -13,3
M5 4,39 10,2 -1,17 -11,2 0,44 2,5
M6 5,11 12,3 -1,06 -7,4 1,00 6,6
M7 2,53 4,4 -1,12 -10,3 -1,73 -8,0
M8 6,25 12,2 -2,02 -13,5 -1,52 -6,7
M9 8,46 19,7 -2,40 -19,7 0,22 1,4

211
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Código C4-C1 % C5-C2 % C6-C3 %


M10 4,33 5,7 -2,23 -56,7 -5,48 -24,2
M11 4,13 5,6 -1,20 -20,3 -2,84 -12,2
M12 6,12 12,6 -2,15 -19,8 0,13 0,6
M13 6,40 17,0 -2,19 -18,7 0,45 3,5
M14 0,21 0,4 -1,57 -14,9 -1,53 -6,5
M15 3,00 4,7 -2,14 -22,6 -4,82 -20,5
M16 3,81 14,7 -1,38 -74,2 -1,57 -161,9
M17 4,05 11,8 -0,03 -0,3 1,07 9,8
M18 0,09 0,1 -2,70 -34,0 -4,23 -28,6
M19 4,36 10,7 -1,64 -11,3 0,23 1,4
M20 7,04 15,8 -1,92 -18,2 0,48 3,0
M21 16,09 30,2 -1,70 -14,3 3,86 18,3
M22 16,09 30,2 -1,70 -14,3 3,86 18,3
M23 8,95 22,5 -1,25 -16,1 1,73 13,0
M24 5,13 7,6 -1,43 -16,3 -3,42 -9,8
M25 5,78 8,2 -1,98 -26,1 -1,38 -5,1
M26 2,84 6,1 -0,02 -0,2 0,20 1,3
M27 9,27 14,0 -3,58 -31,5 -4,90 -20,6
M28 -0,01 -0,0 -0,19 -2,6 -2,99 -12,0
M29 3,22 6,4 -2,02 -16,2 -3,76 -18,2
M30 0,52 0,7 -1,36 -39,0 -2,55 -11,5
M31 0,18 0,4 -0,01 -0,1 -0,42 -2,3
M32 5,28 7,9 -1,53 -14,2 -0,58 -2,0
M33 2,27 5,7 -0,21 -1,1 -1,15 -6,9
T1 6,63 11,8 0,04 0,3 0,80 3,4
T2 1,48 1,7 -0,04 -1,2 -1,70 -7,8
T3 0,68 0,9 -1,22 -22,1 -3,59 -15,5
T4 4,65 7,6 -3,39 -30,3 -1,13 -3,3
T5 6,25 16,4 1,86 14,5 3,71 26,8
T6 5,32 8,5 -3,41 -57,7 -10,25 -73,1
T7 1,56 2,3 0,26 2,9 -0,12 -0,6
T8 6,84 11,8 -2,86 -23,0 -1,79 -9,0
T9 1,27 3,0 -3,60 -35,9 -2,91 -20,3

212
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Código C4-C1 % C5-C2 % C6-C3 %


T10 3,19 7,3 -0,86 -5,5 0,73 3,4
T11 3,31 5,7 -0,67 -8,4 -0,03 -0,2
T12 4,64 5,8 -1,76 -41,2 -4,42 -24,4
T13 4,02 5,5 -1,64 -23,9 -0,56 -2,1
T14 3,48 4,6 -1,24 -15,6 -3,95 -16,3
T15 6,58 12,7 2,23 34,8 -0,35 -3,8
T16 6,79 10,4 -2,91 -31,0 -5,55 -25,9
T17 1,79 4,2 -2,00 -19,4 -1,04 -6,2
T18 4,23 7,0 -0,25 -2,9 -0,60 -3,1
T19 6,73 11,3 -0,76 -6,8 -0,84 -4,6
T20 5,07 9,9 -2,01 -14,7 -2,42 -12,2
T21 7,11 14,3 -0,15 -0,7 1,25 5,4
T22 2,78 4,1 -0,34 -4,6 -0,81 -4,9
T23 2,77 4,1 0,05 0,7 -0,87 -5,0
T24 0,84 1,4 1,69 14,4 1,77 6,3
T25 10,05 18,1 -3,49 -25,3 2,52 7,8
T26 2,69 4,5 -1,27 -10,9 -0,67 -3,2
T27 6,38 10,2 -0,86 -7,9 -2,44 -10,3
T28 5,88 16,7 -0,44 -4,7 2,25 22,7
T29 4,27 7,7 -1,78 -19,9 -2,54 -10,9
T30 3,07 5,8 -0,02 -0,1 -0,65 -3,1
T31 0,93 2,0 -0,04 -0,3 0,42 2,1
T32 6,15 8,5 -1,48 -24,7 -1,91 -8,8
T33 4,57 6,5 -1,35 -20,8 -3,00 -14,1
N1 3,87 6,0 -2,51 -58,4 -4,36 -21,8
N2 7,15 17,3 -0,24 -1,7 2,49 17,3
N3 2,94 6,4 -0,05 -0,3 -1,01 -5,0
N4 -4,57 -9,1 2,36 15,6 2,34 10,0
N5 4,66 11,6 0,04 0,4 1,64 11,3
N6 3,74 6,1 -1,82 -12,9 -3,19 -13,1
N7 4,15 6,4 -1,62 -16,2 -1,11 -4,1
N8 4,30 7,1 -1,70 -13,4 -2,59 -11,1
N9 5,36 9,9 -0,75 -5,6 2,61 9,1
N10 -2,48 -3,4 1,07 10,9 -0,30 -0,9
N11 2,15 3,6 -1,02 -8,1 -0,69 -2,9

213
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Código C4-C1 % C5-C2 % C6-C3 %


N12 3,72 6,3 -0,68 -5,4 -0,25 -1,0
N13 13,20 22,7 -3,09 -35,8 -0,53 -3,1
N14 1,84 2,7 -1,06 -9,7 -1,70 -7,0
N15 12,58 20,4 -0,57 -4,2 2,20 9,1

As maiores diferenças observadas entre a amostra polida e a exposta ao ar


encontram-se no parâmetro L*, ao contrário dos parâmetros a* e b* com valores
muito mais pequenos. Assim, ao longo do tempo e quando exposta ao ar, a madeira
altera principalmente a claridade ou a luminosidade (L*) e não com tanta nitidez os
seus pigmentos (a*, b*). Dos resultados pode concluir-se que, com excepção de
quatro amostras, duas das quais com valores muito pouco significativos (I5 e M28),
todas aumentam o seu parâmetro L*, quando a amostra usada (C1) é polida (C4); isto
significa que a madeira, quando exposta à luz, ar, calor ou ao longo do tempo,
escurece, como é o mais vulgar, embora possa clarear, como nos casos das amostras
I5 (Bombax malabaricum), M28 (Pteleopsis myrtifolia), N4 (Cedrela odorata) e N10
(Pterocarpus antunesii). Também se verificou que os valores das matrizes vermelha
(a*) e amarela (b*) variam quando são polidas, mas muito menos que no caso anteri-
or, aumentando ou diminuindo os seus valores. No caso do parâmetro a*, o valor
diminui com o polimento, em 89% das amostras e para o parâmetro b*, em 63%.
Não se encontrou correlação entre as variações cromáticas e os valores iniciais
de L*, a* e b* das madeiras, como mostra a dispersão de pontos dos gráficos das
Figuras 4,22, 4.23 e 4.24. Deste modo pode concluir-se que a alteração de cor não
parece depender dos valores iniciais.
Segundo Burger & Richter (1991), a variação da cor natural da madeira deve-se à
impregnação de diversas substâncias orgânicas nas células e nas paredes celulares. Hittler
et al. (1972) referem que o alto teor de extractivos está relacionado com a claridade, ou
seja, quanto maior a quantidade de substâncias extractáveis coloridas na madeira, mais
escura ela é, sendo menor o parâmetro L*, Desh & Dinwoodie (1993) referem que a
madeira quando exposta à luz, ar, calor ou mesmo, ao longo do tempo, altera a sua cor,
escurecendo ou clareando. Camargos & Gonçalez (2001) observaram que, amostras de
madeiras que tinham sido expostas à luz ambiente apresentaram menor claridade (L*) e
maior valor na matriz amarela (b*). A mudança da cor na madeira resulta da acção de
múltiplos agentes externos nos componentes estruturais e extractivos (Hon 1975). As
radiações ultravioletas provocam a degradação dos seus elementos constitutivos (Rowell
1990) e o contacto com a luz pode mudar a cor da madeira através da oxidação de certos
extractivos (Webb & Sullivan 1964). Segundo Chang et al. (1982) e Hon & Chang (1985), a
celulose é menos susceptível aos raios ultravioletas.
Também a humidade, o contacto com determinados metais ou o ataque por certos
fungos e bactérias alteram a cor da madeira (Burger & Richter 1991). A própria secagem
em estufa pode escurecer a madeira, de tal forma que muitas passam por um processo de
vaporização para se obter um material mais escuro (Desh & Dinwoodie 1993).

214
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Figura 4.22 – Correlação entre os valores de 'L* com os valores de L* da amostra


polida

Figura 4.23 – Correlação entre os valores de 'a* com os valores de a* da amostra


polida

Figura 4.24 – Correlação entre os valores de 'b* com os valores de b* da amostra


polida

215
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

4.3.2. Proposta de uma tabela de cores da madeira

Seleccionaram-se 33 madeiras que representam a gama de cores encontradas


nas amostras, assim como de texturas, fio e desenho, de modo a corresponder aos
diferentes aspectos visuais encontrados na totalidade das amostras de madeira estu-
dadas. O Quadro 4.3 mostra os valores de L*, a* e b* para estas madeiras seleccionadas,
assim como a designação qualitativa e a respectiva macrofotografia ilustrativa. Apre-
sentam-se com uma ordenação das madeiras das mais claras para as mais escuras,
segundo o valor decrescente do parâmetro L*.

Quadro 4.3 - Tabela de cores da madeira com os 3 parâmetros (L*, a*, b*) pela
ordem decrescente do parâmetro L*

216
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

L* a* b* Designação Espécie macrofotografias


qualitativa
84,37 3,24 22,57 esbranquiçada Aleurites moluccana

75,95 3,51 21,8 esbranquiçada Odina wodier

72,16 5,6 27,97 amarelo-clara Polyalthia fragans

71,11 11,25 29,11 amarelo-rosada Picea sitchensis

65,13 14,81 31 castanho-amarelada Pseudotsuga menziesii

62,18 12,63 31,33 amarelo-acastanhada Mastichodendron capiri

60,33 9,11 24,7 castanho-claro-rosada Quercus rubra

217
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

L* a* b* Designação Espécie macrofotografias


qualitativa
59 15 26 amarelo-rosado- Combretum zeyheri
-alaranjada

58,15 13,55 24,6 castanho-escura Melaleuca leucadendron

57,15 12,95 24,15 castanho-amarelado- Schrebera trichoclada


-dourada

52,3 13,9 22,25 castanho-alaranjada Cedrela odorata

51,5 10,15 17,2 castanho-acinzentada Syncarpia glomulifera

45,75 13,42 22,19 castanho-acinzentada Guibourtia arnoldiana


com tons esverdeados

44,15 16,95 20,9 castanho-alaranjada Berchemia discolor

218
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

L* a* b* Designação Espécie macrofotografias


qualitativa
42,77 19,13 22,57 castanho-alaranjado- Hymenea courabil
-escura

42,02 16,02 21,03 castanho-clara Cedrela toona


var australis

41,57 19,51 18,15 rosada Guibourtia demeusei

40,56 14,46 20,72 castanho-rosada Entandophragma


cylindricum

40,3 8,9 10,5 castanho-alaranjada Astronium graveolens

39,27 5,19 9,39 castanho-acinzentada Juglans sieboldiana

38,83 14,93 14,71 castanho- Amblygonocarpus


-avermelhada obtusangulus

219
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

L* a* b* Designação Espécie macrofotografias


qualitativa
38,59 10,03 18,07 castanho-clara Tabebuia chrysantha

37,86 12,77 14,78 castanho-avermelhada Dalbergia nigra

37,85 10,4 13,7 castanho-escura Cleistanthus schlechteri

37,65 14,4 13,15 castanho- Amblygonocarpus


-avermelhada andongensis

37,53 15,08 16,21 castanho-avermelhado- Myroxylon balsamun


-escura

37,08 2,12 11,6 verde Guaiacum sanctum

36,2 10,78 10,43 castanho-escura Humiriastrum diguense

220
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

L* a* b* Designação Espécie macrofotografias


qualitativa
35,4 15,34 14,89 castanho-escura Platymiscium
pleiostachyum

34,71 16,57 6,14 roxa Amaranth peltogyne spp

28,65 5,96 5,98 castanho-muito Millettia laurentii


escura

24,54 1,18 2,93 preto-esverdeada Diospyros crassiflora

24,01 2,55 1,76 cinzento-escura Dalbergia melanoxylon


quase negra

Os valores obtidos nesta escala cromática de madeiras podem ser comparados com a
tabela classificativa de cores feita por Camargos & Gonçalez (2001), que apresentam valores
agrupados de L*, a* e b* para vinte e cinco madeiras.
Pode verificar-se que o maior valor de claridade (L*) encontrado foi de 84,37 (esbranquiçada),
e o menor valor de L* foi de 24,01 (cinzenta escura quase negra), correspondente respectivamente
ao branco acinzentado (74-86) e à cor preta (26-36) na classificação de Camargos & Gonçalez
(2001). Para estes autores, considera-se uma madeira de cor escura aquela cujo valor de L* for
menor ou igual a 56 e, por exemplo, as cores de roxo, vermelho e preto são consideradas cores
escuras e as cores branco, amarelo e rosa são consideradas claras.
O maior valor para o parâmetro a* é de 19,51 (rosada), que na classificação de
Camargos & Gonçalez (2001) se encontra na tonalidade avermelhada (17-21, 17-24) e

221
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

o menor de 1,18 (preta esverdeada) que corresponde à cor preta (1-6). O maior valor
de b* é 31,33 (amarela acastanhada), que na tabela de Camargos & Gonçalez (2001)
corresponde à cor amarelada (26-37) e o menor é 1,76 cuja cor mais próxima, segun-
do estes autores é preta (2-8).

4.4. ANÁLISE MULTIVARIADA E CLASSIFICAÇÃO DE MADEIRAS TROPICAIS

4.4.1. Classificação geral


Os resultados obtidos nos estudos anatómico, físico e de quantificação da cor para
todas as madeiras incluídas neste trabalho estão compilados no Anexo 11. O Quadro 4.4
apresenta os valores extremos encontrados para cada variável.
Do ponto de vista anatómico, a madeira Androstachys johnsonii (M7) destaca-se pelo
seu elevado nº de vasos por milímetro quadrado (193), seguindo-se Santalum album (T24)
com 63. A espécie que apresentou o maior diâmetro médio das pontuações nos vasos foi
Ricinodendron rautanenii (M30) com 16 Pm. Relativamente ao comprimento dos elementos
dos vasos, destaca-se a Aleurites moluccana (T2) com 850 Pm. Encontrou-se maior espessu-
ra de parede dos vasos na Xylia torreana (N15) com 16 Pm. Quanto ao nº médio de células
em altura dos raios obteve-se o maior valor na Acacia robusta (N1) com 67 células, seguida
da Milicia excelsa (M12) com 52. A Sterculia quinqueloba (M32) apresenta o maior valor da
altura média dos raios com 1500 Pm, seguindo-se a Sterculia foetida (T27) com 1042 Pm.
Relativamente ao nº de células em largura dos raios, o valor mais elevado aparece na
Sterculia quinqueloba (M32), apresentando também a segunda maior dimensão relativamen-
te à largura média dos raios (205), tendo a Albizia lebbeckioides (T1) ainda um valor mais
elevado (215). A Syringa vulgaris (N14) destaca-se muito das outras espécies no que diz
respeito ao comprimento médio das fibras com 3780 Pm. A largura média das fibras varia
entre 13 Pm na Morus lactea (Celtis lactea) (M24) e 46 Pm no Ricinodendron rautanenii
(M30).
Do ponto de vista físico, a espécie Tamarindus indica (T28) é a que apresenta os
maiores valores de densidade, tanto ao ar (1,4 g/cm 3) como anidra (1,3 g/cm 3) e o
Ricinodendron rautanenii (M30) os valores mais baixos nas duas densidades (0,2 g/cm3).
Relativamente aos valores das retracções, a Aegle marmelos (I2) apresenta os dois
maiores resultados, com 13,6% de retracção volumétrica e 9,2% de retracção tangencial,
enquanto que os valores mais baixos se encontram na Cordyla africana (M15) com 3,5% e
1,6% respectivamente. Na retracção radial, o valor mais elevado encontrou-se na Terminalia
tomentosa (I16) com 5,2% e o menor na Albizia adianthifolia (M4) com 1,2%. A retracção
axial mais baixa apresenta-se na Aegle marmelos (I2) e na espécie Ficus indica (I9) (0,01%).
Em consequência da diversidade das propriedades estudadas e do elevado nú-
mero de variáveis quantificadas, bem como da elevada variabilidade dos resultados
obtidos tendo como base 98 madeiras de origens geográficas diferentes, optou-se pela
aplicação da taxonomia numérica de forma a estabelecer uma classificação das amos-
tras estudadas, considerando a totalidade das características analisadas.
A taxonomia numérica, que foi utilizada neste estudo para analisar as diferenças
entre madeiras do ponto de vista das suas características anatómicas e físicas, foi
também já aplicada por outros autores. Carneiro (1987), faz uma aplicação à

222
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quadro 4.4. – Espécies que apresentam os valores mínimos e máximos encontra-


dos para as variáveis estudadas

Característica Valor máximo e mínimo Espécie


V1 (nº vasos/mm2) Min 1 Bombax malabaricum A. DC.
Max 193 Androstachys johnsonii Prain,
V2 (nº min. vasos/mm2) Min 0 Aegle marmelos Correa
Max 150 Androstachys johnsonii Prain.
V3 (nº máx. vasos/mm2) Min 1 Ostryoderris stuhlmannii Dunn ex Baker f.
Max 235 Androstachys johnsonii Prain.
V4 (micra) Min 1,16 Cleistanthus schlechteri (Pax) Hutch.
Max 15,85 Ricinodendron rautanenii (Schinz) Radcl.-Sm.
V5 (micra) Min 3,1 Khaya sp
Max 15,6 Xylia torreana Brenan
V6 (micra) Min 150 Dalbergia sissoo Roxb.
Max 850 Aleurites moluccana Willd.
V7 (micra) Min 45 Androstachys johnsonii Prain.
Max 285 Ricinodendron rautanenii (Schinz) Radcl.-Sm.
V8 (micra) Min 5 Schrebera trichoclada Welw
Max 85 Sterculia quinqueloba (Garcke) K. Schum.
R1 (nº raios/mm) Min 2 Acacia robusta Burch
Max 23 Pterocarpus antunesii (Tab.) Harms
R2 Min 1 Adina microcephala (del.) Hiern
Max 12 Dialium schlechteri Harms
R3 Min 5 Calophyllum inophyllum L.
Max 67 Acacia robusta Burch
R4 Min 9 Pterocarpus indicus Willd
Max 125 Acacia robusta Burch
R5 (micra) Min 101 Dalbergia sissoo Roxb.
Max 1500 Sterculia quinqueloba (Garcke) K. Schum.
R6 (micra) Min 14 Pterocarpus antunesii (Tab.) Harms
Max 725 Sterculia quinqueloba (Garcke) K. Schum.
R7 Min 1 Lagerstroemia parviflora Roxb.
Max 11 Sterculia quinqueloba (Garcke) K. Schum.
R8 (micra) Min 13 Ganophyllum falcatum Blume
Max 215 Albizia lebbeckioides (DC) Benth
R9 (micra) Min 0 Amblygonocarpus andongensis (Oliv.) Excell & Torre
Max 85 Sterculia quinqueloba (Garcke) K. Schum.
F1 (micra) Min 2,4 Elaeocarpus sphaericus K. Schum.
Max 7,2 Ostryoderris stuhlmannii Dunn ex Baker f.
F2 (micra) Min 700 Dalbergia melanoxylon Guill. & Perr
Max 3780 Syringa vulgaris L.
F3 (micra) Min 64 Cedrela odorata L.
Max 337 Bombax malabaricum A. DC.
F4 (micra) Min 12 Colophospermum mopane Kirk
Max 46 Ricinodendron rautanenii (Schinz) Radcl.-Sm
F5 (micra) Min 2 Rhodognaphalon schumannianum A. Robyns
Max 11 Ricinodendron rautanenii (Schinz) Radcl.-Sm.

223
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Quadro 4.4. – Espécies que apresentam os valores mínimos e máximos encontra-


dos para as variáveis estudadas (continuação)

Característica Valor máximo e mínimo Espécie


F6 (micra) Min 29 Ricinodendron rautanenii (Schinz) Radcl.-Sm.
Max 145 Syringa vulgaris L.
F7 (micra) Min 6 Macaranga tanarius Muell.
Max 24 Piptadenia buchananii Bak. (Newtonia buchanii)
C1 (L*) Min 22,1 Dalbergia melanoxylon Guill. & Perr
Max 83,63 Aleurites moluccana Willd.
C2 (a*) Min 3,24 Dalbergia melanoxylon Guill. & Perr
Max 20,44 Pterocarpus indicus Willd.
C3 (b*) Min 2,54 Dalbergia melanoxylon Guill. & Perr
Max 38,31 Morus lactea Mildbr. (Celtis lactea Sim.)
C4 (L*) Min 25,91 Dalbergia melanoxylon Guill. & Perr
Max 85,11 Aleurites moluccana Willd.
C5 (a*) Min 1,86 Dalbergia melanoxylon Guill. & Perr
Max 20,29 Pterocarpus indicus Willd.
C6 (b*) Min 0,97 Dalbergia melanoxylon Guill. & Perr
Max 34,89 Morus lactea Mildbr. (Celtis lactea Sim.)
C7 Min 1 Diospyros mespiliformis Hochst. ex A. DC.
Max 27 Dalbergia melanoxylon Guill. & Perr
FIS1 (g/cm3) Min 0,23 Ricinodendron rautanenii (Schinz) Radcl.-Sm.
Max 1,37 Tamarindus indica L.
FIS2 (g/cm3) Min 0,21 Ricinodendron rautanenii (Schinz) Radcl.-Sm.
Max 1,31 Tamarindus indica L.
FIS3 (%) Min 10,0 Pterocarpus indicus Willd.
Max 16,9 Bischofia javanica Blume
FIS4 (%) Min 9,1 Pterocarpus indicus Willd.
Max 31,0 Ficus indica Roxb.
FIS5 (%) Min 3,50 Cordyla africana Lour.
Max 14,33 Terminalia tomentosa W. et Arn.
FIS6 (%) Min 1,60 Cordyla africana Lour.
Max 9,17 Aegle marmelos Correa
FIS7 (%) Min 1,20 Albizia adianthifolia W. F. Wight
Max 5,17 Terminalia tomentosa W. et Arn.
FIS8 (%) Min 0,01 Aegle marmelos Correa
Max 0,65 Terminalia belerica Roxb
FIS9 (%) Min 0,26 Ricinodendron rautanenii (Schinz) Radcl.-Sm.
Max 0,77 Casuarina junghuniana Miq.
FIS10 (%) Min 0,14 Ricinodendron rautanenii (Schinz) Radcl.-Sm
Max 0,50 Casuarina junghuniana Miq.
FIS11 (%) Min 0,09 Ricinodendron rautanenii (Schinz) Radcl.-Sm.
Max 0,30 Tamarindus indica L.
FIS12 (%) Min 0,00 Eugenia jambolana Lam.
Max 0,04 Pterocarpus indicus Willd.
ampelografia de Vitis vinifera L., Moreira (1999) analisa as relações entre propriedades
físico-mecânicas e características anatómicas e químicas da madeira, Bukhari et al.

224
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

(1999) utilizam esta técnica para a análise filogenética de 22 espécies do género


Acacia tendo em conta a origem geográfica, Bessa (2000) utilizou-a para relacionar 14
amostras de espécies diferentes tomando como base 29 características anatómicas,
físicas, químicas e acústicas, Cabrera & Ferriz (2004) fazem o estudo de seis espécies
do género Tapirira tendo como base seis características anatómicas, Barros et al.
(2006) estudaram 26 espécies pertencentes a 14 famílias, tendo aplicado esta técnica
às características anatómicas qualitativas e quantitativas, Wickremasinghe & Heart
(2006) para o género Diospyros L. e Pande et al. (2007) para o género Shorea.
A matriz constituída por 81 amostras de madeira caracterizadas por 20 caracte-
rísticas anatómicas e físicas, ordenada segundo o fenograma de distâncias, permitin-
do uma mais fácil comparação das características das amostras de madeira mais
semelhantes entre si, é apresentada no Anexo 12. O fenograma de distâncias (Figura
4.25) obtido usando o método UPGMA aplicado à matriz de distâncias, apresenta um
coeficiente de correlação cofenética de r = 0,798, indicando este valor ser o fenograma
uma boa cópia das distâncias implícitas na respectiva matriz.
Pode considerar-se a existência dos seguintes grupos de semelhança no fenograma:
(I1, T31, T21),
(M15, T33, M29, T6, T8),
(I3, I13, T10, M3, T29, M27, M5),
(T17, I9, I11, T15),
(I2, I6, I8, I10, I15, I16, I17, Y20),
(I4, I14, M4, M24, M25),
(M8, M12, M21, M22),
I2,
(M10, M11, M28, T14, T24),
(T3, T13, T7, T22, T23),
(I7, T28, M16)
[(M2, M23, M6, M9, M19, M17), (M13, T9, M33)],
[(M14, M18, M31, T11, T26),(M20, M26)],
(M1, T16, T32),
(T4, T25),
(T5, T1)
(M30,T2, T12),
(I5, M32, T27),
M7
Os grupos (T5, T1), (M30, T2, T12), (I5, M32, T27) e a amostra M7 mostram
possuir características que as diferenciam de todas as outras.

A distribuição das 81 amostras de madeira no plano definido pelos primeiro


(I=23,0%) e segundo (II=15,4%) eixos principais (Figura 4.26) e pelos primeiro e
terceiro (III=11,2%) eixos principais (Figura 4.28), às quais foi sobreposta a árvore de
conexão mínima, representa 49,6% da variância total implícita na matriz original. Nas
Figuras 4.27 e 4.29 são apresentadas as projecções das variáveis nos mesmos planos,
respectivamente, indicando a importância relativa de cada variável na distribuição
espacial das amostras de madeira.

225
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Figura 4.25 – Fenograma de distâncias das 81 madeiras, obtido usando o método


UPGMA aplicado à matriz de distâncias (coeficiente de correlação cofenética = 0,798)

226
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Figura 4-26 - Projecção das 81 madeiras no plano definido pelas primeira (I=23,0%) e
segunda (II=15,4%) componentes principais à qual foi sobreposta a árvore de conexão mínima

Figura 4.27 - Projecção das 20 características em estudo no plano definido pela


primeira (I=23,1%) e segunda (II=15,1%) componentes principais

227
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Figura 4.28 – Projecção das 81 madeiras no plano definido pelas primeira


(I=23,0%) e terceira (III=11,2%) componentes principais à qual foi sobreposta a árvore
de conexão mínima

Figura 4.29 – Projecção das 20 características em estudo no plano definido pela


primeira (I=23,1%) e terceira (III=11,2%) componentes principais

228
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Embora a percentagem de variância explicada pelas três primeiras componentes


principais seja relativamente baixa (49,6%), o coeficiente de correlação cofenética
entre as distâncias implícitas nas três primeiras componentes principais e as distânci-
as originais é de r=0,87, o que permite tirar conclusões na base deste modelo, uma
vez que as distâncias originais foram praticamente nele preservadas.
Da observação das Figuras 4.26 e 4.28, pode verificar-se que o grupo de amos-
tras constituído por M30, T2, T3, T12, e T13 se diferenciam de todas as outras, assim
como as M7, M22 e M32, T1 e T27 e a amostra I5. A diferenciação destas amostras na
análise em componentes principais confirma os resultados anteriormente obtidos na
análise de grupos (Figura 4.25).
Não é possível definir um padrão de distribuição geográfico das amostras de
madeira, embora se verifique uma tendência para as madeiras de Timor se agregarem
entre si, assim como as amostras provenientes de Moçambique e da Índia mostrarem
também essa tendência (Figuras 4.26 e 4.28).
No Quadro 4.5 pode ser observada a correlação entre as variáveis originais e as
três primeiras componentes principais, que indica a sua importância relativa na distri-
buição espacial das amostras de madeira em análise.
Da observação do Quadro 4.5 e da Figura 4.27 pode concluir-se que a distribui-
ção das amostras na primeira dimensão é controlada principalmente pelas caracterís-
ticas anatómicas comprimento dos elementos dos vasos (V6), diâmetro tangencial
médio dos vasos (V7), número de raios / mm (R1), altura média dos raios (R5),
número de células em largura dos raios (R7), largura média dos raios (R8), compri-
mento médio das fibras (F2), largura média das fibras (F4), valor de b* da cor (C6) e
densidade ao ar (FIS1). No segundo eixo, as características com maior preponderân-
cia são: o número médio de células em altura dos raios (R3), a espessura de parede
das fibras (F1), a cor (C4, C5 e C7), e no terceiro eixo, as características número de
vasos / mm 2 (V1), diâmetro médio das pontuações (V4), espessura de parede dos
vasos (V5), humidade (FIS3) e retracção volumétrica (FIS5).
Ao longo do primeiro eixo principal (Figura 4.26), as madeiras Casuarina
junghuniana Miq. (T9), Colophospermum mopane Kirk. (M13), Dialium schlechteri
Harms (M17), Dalbergia sissoo Roxb. (I7), Tamarindus indica L. (T28), Dalbergia
melanoxylon Guill. & Perr (M16) situadas do lado inferior direito da figura possuem
valores mais elevados de densidade (FIS1) e menor comprimento dos elementos dos
vasos (V6), menor largura média de fibras (F4) e menores valores de b* (C6). Do lado
esquerdo da figura localizam-se as amostras da Índia, de Moçambique, e algumas de
Timor, com valores mais elevados de altura e largura dos raios (R5, R7, R8), compo-
nente b* (C6), fibras mais compridas e largas (F2, F4), e vasos mais compridos e
maior diâmetro tangencial médio dos vasos (V6 e V7).

229
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Quadro 4.5 – Correlação entre as três primeiras componentes principais e as 20


variáveis originais, indicando-se também o valor próprio, a percentagem da variância e
a variância acumulada para cada uma das componentes

Variáveis Componentes principais


1 2 3
V1 0,2515 0,2309 0,4690
V4 -0,3038 -0,0050 -0,4060
V5 -0,1231 -0,2070 -0,5405
V6 -0,4745 0,3481 0,0915
V7 -0,6173 -0,2679 -0,4981
R1 0,5057 0,2433 -0,0057
R3 -0,2567 -0,4913 -0,0094
R5 -0,7234 -0,3546 0,4290
R7 -0,6060 -0,4831 0,4593
R8 -0,6626 -0,4092 0,2799
F1 -0,0092 -0,4795 0,2951
F2 -0,7265 -0,2865 0,0060
F4 -0,5913 0,3130 -0,4423
C4 -0,5512 0,6898 0,1776
C5 0,1819 -0,4806 0,0332
C6 -0,5281 0,2970 0,2259
C7 0,4070 -0,6119 -0,0536
FIS1 0,7012 -0,3895 0,3006
FIS3 -0,0387 -0,3688 -0,5274
FIS5 0,1614 -0,3091 -0,3094
Valor próprio 4,6062 3,0788 2,2404
Variância (%) 23,0 15,4 11,2
Var.acumulada (%) 23,0 38,4 49,6

Ao longo do segundo eixo principal (Figura 4.26), destaca-se a importância do


valor da componente cor L* (C4), separando um grupo de madeiras de Timor, inclu-
indo Aleurites moluccana Willd. (T2), Alstonia scholaris (L.) R. Br. (T3), Elaeocarpus
sphaericus K. Schum. (T12) e Ficus macrophyla Roxb. (T13), e uma de Moçambique
Ricinodendron rautanenii (Schinz) Radcl.-Sm (M30), com elevados valores desta ca-
racterística (madeiras mais claras). Em sentido contrário, mostram maior importân-
cia o número médio de células em altura dos raios (R3), espessura de parede das
fibras (F1) e a cor das madeiras (C7), predominando na parte inferior da figura as
madeiras de Moçambique (mais escuras).
Ao longo do terceiro eixo principal (Figura 4.28), as amostras com elevado número
de vasos por milímetro quadrado (V1) situam-se na parte superior da figura e do lado
oposto localizam-se as amostras em que é mais elevado o diâmetro médio das pontuações

230
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

(V4), maior espessura de parede dos vasos (V5), e maior humidade e retracção volumétrica
(FIS3 e FIS5) onde se situam, em maior número, amostras provenientes de Timor.
Numa segunda etapa foi construída uma matriz em que as 11 amostras que se
mostraram diferentes de todas as outras foram retiradas, para permitir uma maior
dispersão e assim melhor observação das restantes amostras, ficando a matriz com 70
linhas e as mesmas 20 características (colunas). A matriz 70 X 20 ordenada segundo o
fenograma de distâncias, para mais fácil comparação entre os diferentes grupos de
semelhança, pode ser observada no Anexo 13.
O fenograma de distâncias (Figura 4.30), com um coeficiente de correlação
cofenética de r=0,703, pode considerar-se uma representação relativamente pobre da
respectiva matriz. Neste fenograma pode considerar-se a existência dos seguintes
grupos de semelhança:
[(I1, T31, T21, I3, I7), (M15, T33, M29, T6, T8)],
[(I17, T20), (T17, T30)]
[(M2, M6, M9, M19), M23, M33, (M13, M17, T9, T28), (M14, M20, M26)],
(M18, M28, T14, M31, T11, T26),
(I2, I10, I15, I16),
[(I4, I13, T10, M3, T29), M21, (M5, M12), (T7, T22, T23), (I14, M4, M27, M24),
(I9, I11, T5), (I6, I8), M25, (I12, M10, M11)],
[(M1, T16, T32), (T4, T25), (M8, T5)],
M16, T24,
As duas últimas madeiras apresentam características que as distinguem de todas
as outras.

231
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Figura 4.30 – Fenograma das 70 amostras de madeira, obtido usando o método


UPGMA aplicado à matriz de distâncias (coeficiente de correlação cofenética r=0,703)

A distribuição das 70 amostras de madeira no plano definido pelos primeiro


(I=20,9%) e segundo (II=15,4%) eixos principais (Figura 4.31) e pelos primeiro e terceiro

232
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

(III=11,2%) eixos principais (Figura 4.33), às quais foi sobreposta a árvore de conexão
mínima, representa 47,5% da variância total implícita na matriz original (Quadro 4.6).
Nas Figuras 4.32 e 4.34, são apresentadas as projecções das variáveis nos mesmos
planos, respectivamente, indicando a importância relativa de cada variável na distribui-
ção espacial das amostras de madeira. Embora a percentagem de variância explicada
pelas três primeiras componentes principais seja relativamente baixa (47,5%), o coefici-
ente de correlação cofenética entre as distâncias implícitas nas três primeiras compo-
nentes principais e as distâncias originais é de r=0,81, o que permite concluir que as
distâncias originais foram praticamente preservadas neste modelo.
No Quadro 4.6 pode ser observada a correlação entre as variáveis originais e as
três primeiras componentes principais, que nos indicam a sua importância relativa na
distribuição espacial das amostras de madeira em análise, indicando-se também o
respectivo valor próprio e a percentagem de variância explicada por cada componen-
te e a variância acumulada.

Quadro 4.6 – Correlação entre as três primeiras componentes principais e as 20


variáveis originais, indicando-se também o valor próprio, a percentagem da variância e
a variância acumulada para cada uma das componentes

Variáveis Componentes principais


1 2 3
V1 0,3614 0,5266 0,1548
V4 -0,2054 -0,4465 0,0096
V5 -0,1241 -0,4331 -0,1642
V6 -0,3260 0,4045 0,6901
V7 -0,4818 -0,5520 -0,4130
R1 0,4799 0,1344 0,5157
R3 -0,4884 -0,3088 -0,1586
R5 -0,7087 0,1885 0,3689
R7 -0,5968 0,1684 -0,1092
R8 -0,8236 -0,0972 0,0142
F1 -0,0708 -0,1910 0,6706
F2 -0,7121 -0,0267 0,5271
F4 -0,6038 -0,0860 0,1275
C4 -0,3216 0,7722 -0,2351
C5 -0,0038 -0,3206 0,1147
C6 -0,4152 0,5443 -0,2103
C7 0,1733 -0,6252 0,1434
FIS1 0,6284 -0,2662 0,3510
FIS3 -0,2595 -0,4341 0,2092
FIS5 -0,0783 -0,2619 0,2436
Valor próprio 4,1832 3,0779 2,2404
Variância (%) 20,9 15,4 11,2
Var. acumulada (%) 20,9 36,3 47,5

233
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Figura 4.31 – Projecção das 70 madeiras no plano definido pelas primeira


(I=20,9%) e segunda (II=15,4%) componentes principais à qual foi sobreposta a árvore
de conexão mínima obtida a partir da matriz de distâncias

Figura 4.32 – Projecção das 20 características em estudo no plano definido pela


primeira (I=20,9%) e segunda (II=15,4%) componentes principais

234
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Figura 4.33 – Projecção das 70 madeiras no plano definido pelas primeira


(I=20,9%) e terceira (III=11,2%) componentes principais à qual foi sobreposta a árvore
de conexão mínima obtida a partir da matriz de distâncias

Figura 4.34 – Projecção das 20 características em estudo no plano definido pela


primeira (I=20,9%) e terceira (III=11,2%) componentes principais

235
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Na Figura 4.31, pode verificar-se a definição de grupos de amostras como, por exemplo,
os constituído por (I12, M10, M11), (T4, T25, M1, T16, T32), (M13, M17, T9, T28), (M18, M28,
T24, T14, M31, T11, T26), (I4, I13, T10, M3, T29) que confirmam os mesmos grupos que se
observavam no fenograma (Figura 4.30).
Mais uma vez não é possível definir um padrão geográfico nítido. Nesta matriz verifica-
se uma tendência para um grupo de madeiras de Moçambique se agregarem entre si, encon-
trando-se as madeiras de Timor, da Índia e um outro grupo de Moçambique mais dispersos.
Da observação simultânea das Figuras 4.31 e 4.32, pode concluir-se que a distribuição
das amostras de madeira na primeira dimensão é controlada pela densidade ao ar (FIS1), em
oposição ao número médio de células em altura dos raios (R3), altura média dos raios (R5),
número de células em largura dos raios (R7), largura média dos raios (R8), comprimento
médio das fibras (F2), largura média das fibras (F4). No segundo eixo as características mais
marcantes são, número de vasos por milímetro quadrado (V1), as características da cor (C4,
C6), em oposição a (C5 e C7), humidade (FIS3), retracção volumétrica (FIS5), diâmetro médio
das pontuações (V4), espessura de parede dos vasos (V5) e a diâmetro tangencial médio dos
vasos (V7). No terceiro eixo, a disposição espacial das amostras é controlada pelas caracterís-
ticas do número de raios por milímetro (R1), comprimento dos elementos dos vasos (V6), e
espessura de parede das fibras (F1).
Ao longo do primeiro eixo principal, orientado segundo a direcção de maior
dispersão, as madeiras situadas do lado direito da Figura 4.31, revelam possuir densida-
de ao ar (FIS1) mais alta e raios mais curtos e mais estreitos (R3, R5, R7, R8), onde se
localizam amostras de madeira de Timor e algumas de Moçambique. Do lado esquerdo
da figura localizam-se as amostras de Moçambique e algumas da Índia, com raios mais
altos e mais largos (R3, R5, R7, R8), assim como maior comprimento e largura das fibras
(F2 e F4). A primeira componente principal define um gradiente de densidade e das
características anatómicas dos raios e fibras.
Trugilho et al. (2003) referem que, madeiras com fibras mais compridas e paredes
mais espessas estão associadas a madeiras de alta densidade básica.
Ao longo do segundo eixo, destaca-se a importância das características da cor (C4 e C6)
situando-se na parte superior da Figura 4.31 as amostras de madeira de cor mais clara Polyalthia
fragans Benth. e Hook (I12) (Figura 4.35), Celtis durandii Engl. (M10), Celtis kraussiana Bernh.
(M11), Timonius rumphii DC. (T32), Homalium tomentosum Benth. (T16), Adina microcephala
(del.) Hiern (M1), Sarcocephalus cordatus Miq. (T25) e Artocarpus integrifolia L. (T4) e na zona
inferior da mesma figura as amostras de madeira de cor mais escura (C5 e C7), com valores
mais elevados de humidade (FIS3), retracção volumétrica (FIS5), diâmetro médio das pontua-
ções dos vasos (V4), maior espessura de parede dos vasos (V5) maior diâmetro tangencial
médio dos vasos (V7) onde se encontram as madeiras Intsia bijuga O. K. (T17), Terminalia
cattapa L. (T30), Afrormosia angolensis (Bak.) Harms (M2), Amblygonocarpus obtusangulus
Harms (M6), Burkea africana Hook. (M9), Erythrophleum africanum (Benth.) Harms (M19),
Millettia stuhlmannii Taub. (M23), Swartzia madagascariensis Desv. (M33) e Xylia dolabriformis
Benth. (I17), predominando, nitidamente, madeiras originárias de Moçambique. A segunda
componente principal, controlada fundamentalmente pelas características físicas, estabelece
um gradiente da cor, assim como da humidade e retracção volumétrica. Nesta segunda com-
ponente principal também pode observar-se a oposição entre a frequência de vasos e o seu
diâmetro tangencial, à semelhança de observações de Carlquist (2001). Também Wheeler et al.

236
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

(2007) referem ser comum espécies de regiões como América do Norte, a Europa e Ásia
Temperada terem vasos estreitos e com uma frequência acima dos 40 vasos / mm2 em
oposição a espécies da África e América Tropical, Sudoeste Asiático e Índia com 5-10 vasos /
mm2 mas diâmetros acima dos 100 µm.
Ao longo do terceiro eixo principal, as amostras são separadas em função dos
valores do número de raios por milímetro (R1), comprimento dos elementos dos
vasos (V6) e espessura de parede das fibras (F1) situam-se na parte superior da Figura
4.33, as amostras de madeira que apresentam valores mais elevados destas caracterís-
ticas Artocarpus integrifolia L. (T4), Sarcocephalus cordatus Miq. (T25), Adina
microcephala (del.) Hiern (M1), Homalium tomentosum Benth. (T16), Timonius rumphii
DC. (T32), Bischofia javanica Blume (T5), Careya arborea Roxb. (I6) e Eugenia
jambolana Lam. (I8), em oposição à maior parte das outras amostras que revelam
valores mais baixos naquelas variáveis.

I12 M16

Figura 4.35 – Exemplo de uma madeira clara Polyalthia fragans Benth. e Hook
(C7=5) e escura Dalbergia melanoxylon Guill. & Perr M16 (C7=27)

4.4.2. Classificação com base em características anatómicas


Esta análise teve a preocupação de observar o comportamento das amostras quan-
to às propriedades anatómicas, utilizando-se apenas as 13 características (Quadro 4.7).
Das 98 amostras iniciais de madeira, retiraram-se 11 amostras (N1, N10, N14, N15, T1,
T24, T27, M7, M22, M30, M32) pelos motivos já referidos anteriormente que as diferen-
ciam de todas as outras, impedindo uma perfeita análise das restantes amostras. Assim
a matriz de trabalho para analisar as relações entre as amostras com base somente nas
características anatómicas ficou com 87 amostras de madeira (linhas) e as 13 caracterís-
ticas da anatomia (colunas). A matriz assim constituída (87x13), ordenada segundo o
fenograma de distâncias, o que permite uma melhor comparação entre os diferentes
grupos de semelhança que se formaram, é apresentada no Anexo 14.

237
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Quadro 4.7 – Correlação entre as três primeiras componentes principais e as 13


variáveis originais, indicando-se também o valor próprio, a percentagem da variância e
a variância acumulada para cada uma das componentes

Variáveis Componentes principais


1 2 3
V1 0,5427 0,6141 0,0681
V4 -0,0818 -0,4814 0,5111
V5 -0,3007 -0,4093 -0,0822
V6 -0,2649 0,5069 0,6807
V7 -0,4665 -0,7444 0,2250
R1 0,6176 0,0928 0,4587
R3 -0,5295 -0,1746 -0,2768
R5 -0,6095 0,6320 -0,0169
R7 -0,6135 0,2791 -0,4570
R8 -0,8422 0,1954 -0,2551
F1 -0,1737 0,1947 0,0662
F2 -0,6578 0,1878 0,5585
F4 -0,4596 -0,0435 0,6334
Valor próprio 3,4726 2,2170 2,0654
Variância (%) 26,7 17,1 15,9
Var. acumulada (%) 26,7 43,8 59,7

O fenograma de distâncias obtido pelo método UPGMA, apresenta um coefici-


ente de correlação cofenética (r=0,695), relativamente baixo, indicando que o fenograma
não é uma muito boa cópia das distâncias implícitas na respectiva matriz. Contudo,
pode indicar-se a constituição dos seguintes grupos de semelhança (Figura 4.36):
[(I1, T31), (T33, M16, M33)],
[(I2, I7, T6, T21, M15, I3), (I15, I16, M17), (I10, M29), (I17, T8, T20, N8), (M6,
M20), (I14, M4, M27)],
[(M14, M26, M18), N6],
[(M13, T28), (T19, T26), (M28, T9), (M31, T11), T14],
[(I4, I13, T15, T29, T10), (I9, M3), (M10, M21), (T3, T7, T22, T23, T13), (I11, M24,
M5, M12)],
[(N3, N11, N5, N7), (N12, N13) ],
[(I6, I8, T32), (M2, M9, M19), (M23, M25)],
[(T17, T30, N2), (N4, N9)],
(I12, M11),
(M1, T16),
(T4, T25, T5),
(T12, T18),
(I5, M8) e
T2.

238
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Figura 4.36 – Fenograma das 87 amostras de madeira, obtido usando o método UPGMA
aplicado à matriz de distâncias (coeficiente de correlação cofenética r=- 0,695)

239
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

A distribuição das 87 amostras de madeira no plano definido pelos primeiro


(I=26,7%) e segundo (II=17,1%) eixos principais (Figura 4.37) e pelos primeiro e
terceiro (III=15,9%) eixos principais (Figura 4.39), às quais foi sobreposta a árvore de
conexão mínima, representam 59,7% da variância total implícita na matriz original
(Quadro 4.7).
A correlação entre as três primeiras componentes principais e as variáveis origi-
nais, permite avaliar a contribuição de cada uma para a distribuição espacial das
amostras de madeira (Quadro 4.7).
Nas Figuras 4.38 e 4.40, são apresentadas as projecções das variáveis nos
mesmos planos das projecções das amostras de madeira, respectivamente, indican-
do a importância relativa de cada variável na distribuição espacial das amostras de
madeira.
A percentagem de variância total explicada pelas três primeiras componentes
principais é de 59,7% mas o coeficiente de correlação cofenética entre as distânci-
as implícitas nas três primeiras componentes principais e as distâncias originais é
de r = 0,87, o que permite concluir que as distâncias originais foram praticamente
preservadas.
Com base no Quadro 4.7 e na observação da Figura 4.38, pode concluir-se que
a distribuição das amostras na primeira dimensão é controlada pelo número de raios
por milímetro (R1), número médio de células em altura dos raios (R3), número de
células em largura dos raios (R7), largura média dos raios (R8) e o comprimento
médio das fibras (F2). A primeira componente principal define um gradiente do nú-
mero, altura e largura dos raios.
No segundo eixo as características com maior preponderância são o número de
vasos por milímetro quadrado (V1), altura média dos raios (R5), espessura de parede
das fibras (F1), situando-se as amostras com valores mais elevados nestas caracterís-
ticas na parte superior da Figura 4.37, em oposição às amostras com maior espessura
de parede dos vasos (V5) e maior diâmetro tangencial médio dos vasos (V7) que se
colocam na parte inferior da mesma figura. A segunda componente principal define
um gradiente dos vasos.
No terceiro eixo (Figura 4.39), as características diâmetro médio das pontuações
(V4), comprimento dos elementos dos vasos (V6) e largura média das fibras (F4)
separam as amostras com valores mais elevados destas características (parte superior
da figura) das restantes amostras.
Da observação da Figura 4.37, pode verificar-se que o grupo de amostras cons-
tituído por Bombax malabaricum A. DC. (I5), Bombax rhodognaphalon K. Schum.
Ex. Engl. (M8), Chlorophora excelsa (Milicia excelsa) (Welw.) Benth. Hook (M12),
Afzelia quanzensis Welw. (M3), Careya arborea Roxb. (I6), Ficus indica Roxb. (I9), se
diferenciam ligeiramente de todas as outras, e em oposição ao grupo constituído
pelas amostras Decaspermum paniculatum Kurz (T11), Homalium tomentosum Benth.
(T16), Casuarina junghuniana Miq. (T9), Pteleopsis myrtifolia (Lawson) Engl. & Diels
(M28), Spirostachys africana Sond. (M31) Ganophyllum falcatum Blume (T14),
Schleichera oleosa Merr. (T26) e Melaleuca leucadendron L. (T19). Já na observação
da Figura 4.39, verifica-se a existência de dois grupos de madeiras de Timor Aleurites
moluccana Willd., Bischofia javanica Blume, Artocarpus integrifolia L., Sarcocephalus

240
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Figura 4.37 – Projecção das 87 amostras de madeira no plano definido pelas


primeira (I=26,7%) e segunda (II=17,1%) componentes principais à qual foi sobreposta
a árvore de conexão mínima obtida a partir da matriz de distâncias

Figura 4.38 – Projecção das 13 características anatómicas no plano definido pela


primeira (I=26,7%) e segunda (II=17,1%) componentes principais

241
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Figura 4.39 – Projecção das 87 amostras de madeira no plano definido pelas


primeira (I=26,7%) e terceira (II=15,9%) componentes principais à qual foi sobreposta a
árvore de conexão mínima obtida a partir da matriz de distâncias

Figura 4.40 – Projecção das 13 características anatómicas no plano definido pela


primeira (I=26,7%) e terceira (II=15,9%) componentes principais

242
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

cordatus Miq., Timonius rumphii DC. (T2, T5, T4, T25, T32) e Macaranga tanarius
Muell., Elaeocarpus sphaericus K. Schum., Alstonia scholaris (L.) R. Br. (T18, T12 e T3)
que se diferenciam de todas as outras.
Para melhor visualização das ligações entre as diferentes amostras de madeira
mostram-se essas ligações na Figura 4.41, com base na árvore de conexão mínima,
mas sem respeitar os comprimentos nela indicados.

Figura 4.41 – árvore de conexão mínima mostrando a forma como as diferentes


amostras se ligam entre si (as distâncias não estão à escala)

Pela análise realizada onde se consideraram conjuntamente as propriedades


anatómicas e físicas da madeira não foi possível definir um padrão de distribuição
geográfico das amostras. No entanto, ao ser considerado individualmente o comporta-
mento das madeiras face a estas propriedades, os resultados foram diferentes, deno-
tando-se uma tendência para agregação entre si das madeiras de Timor e de Moçambique,
encontrando-se a colecção da Índia mais dispersa.
O número, a altura e a largura dos raios, o diâmetro, o comprimento, a espessura da
parede e a frequência de vasos, assim como a espessura comprimento e largura de fibras
permitiram a distribuição das amostras. Wheeler et al. (2007) assinalam a variação geográ-
fica de caracteres anatómicos da madeira, indicando a incidência para os diferentes conti-
nentes das características qualitativas dos vasos, por exemplo a porosidade, arranjo e

243
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

agrupamentos ou quantitativas como o diâmetro, nº/mm2 ou comprimento; espessura da


parede das fibras, pontuações, fibras setadas; presença e tipo de parênquima axial e
características dos raios como largura, nº de células, composição, entre outras.
Baas & Carlquist (1985) referem que, a maior incidência de madeiras com vasos
agrupados ocorre na zona mediterrânea e na Nova Zelândia.
Em zonas de baixa latitude e ambiente húmido, observam-se vasos raros e de
maiores dimensões enquanto que, em zonas de latitude alta e em ambiente com
períodos prolongados de pouca água disponível (desérticos, árcticos, alpinos), se
associam vasos estreitos e numerosos (Wheeler et al. 2007).
Em climas temperados da América do Norte, Ásia e Europa as madeiras apresen-
tam vasos estreitos ou mesmo muito estreitos e as madeiras com vasos de diâmetro
tangencial superior a 200 Pm têm anéis porosos (Wheeler et al. 2007).
Também Carlquist (2001) sugeriu que, em regiões mais secas, são mais frequen-
tes características como maior frequência de vasos e elementos de vaso finos e cur-
tos, pois proporcionam maior segurança ao transporte de água em plantas sujeitas a
stress.
Rodríguez & Terrazas (2001) verificaram que os elementos celulares formados quando
existe maior humidade têm paredes relativamente delgadas e um lúmen grande. Os vasos
têm tendência a mostrar um padrão a latitudes mais altas e num ambiente influenciado pelas
temperaturas sazonais. Embora não seja significativo na estatística, há uma tendência para
se observar perfurações múltiplas e engrossamento helicoidal da parede dos vasos em
latitudes elevadas e ambientes frios (Alves & Alfonso 2000). As espécies de terras baixas dos
trópicos tendem a apresentar menor frequência de elementos de vaso largos e maior ocor-
rência de placas de perfuração simples (Barros et al. 2006, Dickison 1989, Wheeler & Bass
1991).
Em lugares com salinidade mais elevada e sujeitos a inundação, está presente
um maior número de vasos por mm 2 pois em ambientes de stress, vasos numerosos
favorecem a protecção contra a cavitação (Espinosa et al. 2001).
Zimmermann (1983) refere que, o diâmetro médio dos vasos está relacionado
com o habitat e a região geográfica.
Zimmermann (1983) e Baas et al. (2004) propõem que haja uma relação de
“eficiência” (vasos largos) e “segurança” (vasos estreitos). Como as plantas da zona
tropical têm normalmente entre 5 a 20 vasos / mm2 e vasos com um diâmetro superior
a 100 Pm pode considerar-se que são menos “seguras” e mais “eficientes”.
Alguns estudos concluíram que o número de vasos por mm 2 na madeira de
tensão é inferior ao observado na madeira normal (Jourez et al. 2001).
Tal como o diâmetro e o número de vasos / mm 2, também o comprimento dos
elementos dos vasos está associado com o habitat (Noshiro & Baas 1998, 2000).
As fibras de parede mais espessa são mais comuns que as de parede mais fina.
Quase metade das madeiras da África Tropical e do Sul têm fibras com paredes muito
espessas. Ewers (1985) propõe um diagrama triangular para as funções da madeira e
características anatómicas associadas, sendo os vértices do triângulo (1) resistência
ao embolismo (vasos estreitos), (2) eficiência da condutividade (vasos largos) e (3)
resistência mecânica (espessura da parede das fibras). Propõe que existe uma relação
negativa entre a resistência mecânica e a eficiência de condutividade e uma relação

244
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

positiva entre resistência mecânica e segurança. Alguns estudos encontraram uma


correlação positiva entre a densidade da madeira e a resistência à cavitação (Hacke et
al. 2001, Jacobsen et al. 2005). Presumivelmente as madeiras com fibras de parede
espessa têm também vasos com paredes espessas. Madeiras com altas densidades são
mais comuns em regiões áridas (Chudnoff 1976) onde deve haver uma maior pressão
negativa no xilema e uma maior necessidade de reforço das paredes dos vasos (Hacke
et al. 2001).
As consequências funcionais da variação da morfologia das pontuações, inclu-
indo característica da membrana e sua relação com a espessura das paredes dos
vasos, é uma área de investigação com interesse (Hacke et al. 2006, Sperry et al.
2006).
Existe uma tendência para a incidência de fibras com parede fina aumentar com
o aumento do diâmetro dos vasos enquanto que há uma incidência de fibras com
parede muito espessa diminuir com o aumento do diâmetro dos vasos. Esta tendência
é consistente com a proposta do triângulo apresentada anteriormente. Note-se contu-
do que, a maioria dos géneros apresenta fibras com paredes finas a espessas e todas
as categorias dos diâmetros dos vasos estão igualmente apresentados (Wheeler et al.
2007).
As características dos raios não parecem estar relacionados com as condições
geográficas e ecológicas (Wheeler et al. 2007).
Foi observada uma tendência geral de aumento dos cristais na madeira das
regiões temperadas para as tropicais. A ocorrência de sílica é predominantemente
uma característica tropical mas inexplicavelmente a maior incidência foi encontrada
na zona temperada da América do Sul (Wheeler et al. 2007).
4.4.3. Classificação com base em características físicas
Procedeu-se a uma classificação utilizando só as características físicas FIS1 e
FIS4 até FIS12, associadas às características da cor (C4, C5, C6 e C7), num total de
catorze. A característica FIS3 não foi considerada por não existirem dados para as
amostras da Índia, tendo-se optado por usar a característica FIS4 com dados para essa
colecção.
Relativamente às amostras de madeira, foram eliminadas as que não tinham os
dados físicos de FIS6 a FIS12. A matriz final foi constituída com 54 linhas, tantas
quantas as amostras de madeira consideradas e 14 colunas, correspondentes às carac-
terísticas com poucos dados omissos. A matriz constituída pelas 54 amostras de
madeira caracterizadas pelas 14 características físicas, ordenada segundo o fenograma
de distâncias é mostrada no Anexo 15.
O fenograma de distâncias desta matriz, apresenta um coeficiente de correlação
cofenética de r = 0,720, sendo uma cópia aceitável das distâncias implícitas na res-
pectiva matriz.
Pode considerar-se a existência dos seguintes grandes grupos de semelhança
(Figura 4.42):

245
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Figura 4.42 – Fenograma das 54 amostras de madeira, obtido usando o método


UPGMA aplicado à matriz de distâncias (coeficiente de correlação cofenética r = 0,720)

(I1, M8, T21, T10),


[I3, (M2, M20, M12, M21), (M23, M26, T17), (M6, M9, M19, M13), I7, (M3, M22,
M27), (M5, M29, M15)],
[(M1, T25, M14), (M4, M24), (M10, M11, M28, M25, M18)],
[(I2, I12, I15), (I6, I10, I13, I8, I4, I5), (I16, I17),( I9, I11)],

246
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

[(M17, T9, M33, T20, T28)],


M16,
(I14, M30).
De notar dois grupos basicamente de madeiras de Moçambique e um grupo de
treze madeiras da Índia. Qualquer um destes grupos tem subgrupos, como se pode
verificar no fenograma (Figura 4.42).
A distribuição das 54 amostras de madeira está representada no plano definido
pelos primeiro (I=30,1%) e segundo (II=28,0%) eixos principais (Figura 4.43) e pelos
primeiro e terceiro (III=14,2%) eixos principais (Figura 4.45), às quais foi sobreposta a
árvore de conexão mínima, representando as três primeiras componentes principais
72,3% da variância total implícita na matriz original (Quadro 4.8). A importância
relativa de cada variável na distribuição espacial das amostras de madeira, estão
representadas pelas suas projecções nos mesmos planos, respectivamente (Figura 4.44
e 4.46), e pelos seus valores no Quadro 4.8.

Quadro 4.8 – Correlação entre as três primeiras componentes principais e as 14


variáveis originais, indicando-se também o valor próprio, a percentagem da variância e
a variância acumulada para cada uma das componentes

Variáveis Componentes principais


1 2 3
C4 0,4160 0,6318 0,3112
C5 -0,0583 -0,4194 0,3181
C6 0,3687 0,4180 0,5789
C7 -0,3926 -0,4750 -0,4826
FIS1 -0,4748 -0,6593 -0,2174
FIS4 -0,4066 0,8428 -0,0486
FIS5 -0,7757 0,5559 0,2020
FIS6 -0,7441 0,6105 0,1241
FIS7 -0,7862 0,3534 0,2720
FIS8 0,4033 -0,2183 0,6122
FIS9 -0,6473 -0,5457 0,4163
FIS10 -0,6045 -0,3683 0,3129
FIS11 -0,5972 -0,5443 0,3820
FIS12 0,5275 -0,4700 0,5041
Valor próprio 4,2128 3,9254 1,9920
Variância (%) 30,1 28,0 14,2
Var. acumulada (%) 30,1 58,1 72,3

A percentagem de variância explicada pelas três primeiras componentes princi-


pais (72,3%) é muito satisfatória e o coeficiente de correlação cofenética entre as
distâncias implícitas nas três primeiras componentes principais e as distâncias origi-
nais é de r = 0,92, o que nos indica que as distâncias originais foram perfeitamente
preservadas.

247
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Figura 4.43 – Projecção das 54 amostras de madeira no plano definido pelas


primeira (I=30,1%) e segunda (II=28,0%) componentes principais à qual foi sobreposta
a árvore de conexão mínima obtida a partir da matriz de distâncias

Figura 4.44 – Projecção das 14 características físicas no plano definido pela pri-
meira (I=30,1%) e segunda (II=28,0%) componentes principais

248
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Figura 4.45 – Projecção das 54 amostras de madeira no plano definido pelas


primeira (I=30,1%) e terceira (III=14,2%) componentes principais à qual foi sobreposta
a árvore de conexão mínima obtida a partir da matriz de distâncias

Figura 4.46 – Projecção das 14 características físicas no plano definido pela pri-
meira (I=30,1%) e terceira (III=14,2%) componentes principais

249
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Da observação simultânea do Quadro 4.8 e da Figura 4.44, pode concluir-se que a


distribuição das amostras na primeira componente principal é controlada pelo coeficiente
de retracção axial (FIS12), em oposição à retracção volumétrica (FIS5), retracção tangencial
(FIS6), retracção radial (FIS7), coeficiente de retracção volumétrica (FIS9), coeficiente de
retracção tangencial (FIS10) e coeficiente de retracção radial (FIS11).
No segundo eixo, as características com maior preponderância são a componente L*
da cor (C4), em oposição à componente a* da cor (C5) e a humidade (FIS4) em oposição
à densidade ao ar (FIS1).
As características que controlam o terceiro eixo, são a componente b* da cor (C6) e
a retracção axial (FIS8), em oposição à intensidade de cor (C7).
Da observação da Figura 4.43, pode verificar-se que o grupo constituído pela quase
totalidade das amostras com origem na Índia Xylia dolabriformis Benth., Terminalia
tomentosa W. et Arn., Careya arborea Roxb., Eugenia jambolana Lam., Lagerstroemia
parviflora Roxb., Tectona grandis L., Mangifera indica L., Terminalia paniculata W. et A.,
Ficus indica Roxb., Artocarpus integrifolia L., Bombax malabaricum A. DC., Polyalthia
fragans Benth. e Hook, e Aegle marmelos Correa (I17, I16, I6, I8, I10, I13, I11, I15, I9, I4,
I5, I12 e I2), se diferenciam completamente de todas as outras. Estas amostras possuem os
valores mais elevados da humidade (FIS4) e também valores elevados das retracções
volumétrica, tangencial e radial (FIS5, FIS6 e FIS7) e coeficientes de retracção axial (FIS12)
mais baixos. Estas características e os coeficientes de retracção volumétrica, tangencial e
radial (FIS9, FIS10 e FIS11) controlam a distribuição das amostras ao longo do primeiro
eixo principal, apresentando as amostras Albizia versicolor Welv. ex Oliv. (M5), Pterocarpus
angolensis DC. (M29), Cordyla africana Lour. (M15) e Ricinodendron rautanenii (Schinz)
Radcl.-Sm (M30), do lado direito da Figura 4.43, os valores mais baixos nestas caracterís-
ticas. A primeira componente principal define um gradiente de retracção das amostras.
Ao longo do segundo eixo principal, destaca-se a importância da componente L* da
cor (C4) e da humidade (FIS4), separando um grupo de madeiras da Índia Eugenia
jambolana Lam., Lagerstroemia parviflora Roxb., Mangifera indica L., Terminalia paniculata
W. et A., Ficus indica Roxb., Artocarpus integrifolia L., Polyalthia fragans Benth. e Hook,
Bombax malabaricum A. DC., Aegle marmelos Correa (I8, I10, I11, I15, I9, I4, I12, I5 e I2)
com elevados valores destas características. Em sentido contrário mostram maior impor-
tância a componente a* da cor (C5) e a densidade (FIS1) predominando na parte inferior
da figura as madeiras de Moçambique Adina microcephala (del.) Hiern, Amblygonocarpus
obtusangulus Harms, Dalbergia melanoxylon Guill. & Perr, Swartzia madagascariensis
Desv., Colophospermum mopane Kirk., Burkea africana Hook., Erythrophleum africanum
(Benth.) Harms, Erythrophleum guineense Don, Afrormosia angolensis (Bak.) Harms (M1,
M6, M16, M33, M13, M9, M19, M20, M2), com a presença de algumas de Timor Tamarindus
indica L. (T28), Casuarina junghuniana Miq. (T9) e Pterocarpus indicus Willd. (T21). A
segunda componente principal define um gradiente de cor, de densidade e de humidade
das amostras.
Ao longo do terceiro eixo principal, as amostras com valores elevados da compo-
nente b* da cor (C6) e da retracção axial (FIS8), situam-se na parte superior, como é o
caso das madeiras Cedrela toona var australis Roxb. C. DC. (T10), Ostryoderris stuhlmannii
Dunn ex Baker f. (M25) e Terminalia belerica Roxb. (I14) e do lado oposto localizam-
se as amostras em que a intensidade da cor (C7) é mais importante como são as

250
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

madeiras de cor mais escura Dalbergia melanoxylon Guill. & Perr (M16), Ficus indica
Roxb. (I9) e Mangifera indica L. (I11).
Verifica-se que as análises com base nas características anatómicas e nas físicas
são independentes e que determinam classificações diferentes.

4.4.4. Análise de semelhanças dentro da espécie e género

4.4.4.1. Análise de semelhanças anatómicas


No conjunto das amostras que integram este estudo existem algumas que perten-
cem à mesma espécie, embora com origens geográficas distintas e outras amostras
que são de espécie diferentes do mesmo género (Quadro 4.9).

Quadro 4.9 – Conjunto de amostras pertencentes à mesma espécie ou só ao mes-


mo género, que integram a análise com base nas características anatómicas

251
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Para verificar a disposição espacial das amostras de madeira nas diferentes


situações acima referidas analisam-se os resultados da análise em componentes prin-
cipais efectuada com base nas características anatómicas (Figura 4.47), uma vez que o
conjunto de dados utilizado nesta análise cobre a quase totalidade das amostras, o
que não acontece nas outras análises.

Figura 4.47 – Figura 4.37 em que as projecção das 87 amostras de madeira no


plano definido pelas primeira (I=26,7%) e segunda (II=17,1%) componentes principais
à qual foi sobreposta a árvore de conexão mínima obtida a partir da matriz de distân-
cias, são agora identificadas por um código representativo dos seus nomes científicos

Das três situações em que existem espécies iguais Artocarpus integrifolia L. (I4,
T4), a Melaleuca leucadendron (L.) L. (N8, T19) e a Tectona grandis L. (I13, T29),
somente no caso desta última espécie as duas amostras se ligam entre si. Nos dois
primeiros casos, o par de amostras representativo das duas espécies não se apresen-
tam ligadas entre si, posicionando-se em situações muito diferentes, ou encontram-se
ligadas a outro género como são os casos da Artocarpus integrifolia L. (I4) que se liga
exclusivamente à Tectona grandis L. (T29) e da Melaleuca leucadendron (L.) L. em
que a amostra T19 se liga à Schleichera oleosa Merr. (T26) e a amostra N8 se liga à
Pometia pinnata Forst. (T20).
No conjunto existem 15 casos de amostras de espécies diferentes pertencentes
ao mesmo género (Quadro 4.9). Só num caso as duas espécies do mesmo género

252
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

aparecem ligadas entre si, Celtis durandii Engl. (M10) e Celtis kraussiana Bernh.
(M11), mas a uma distância que marca bem as suas diferenças.
São exemplo de amostras de espécies diferentes do mesmo género sem qualquer
semelhança entre si as seguintes: as quatro Albizia M4, M5, I3 e T1, as duas Cedrela
N4 e T10, as duas Sterculia T27 e M32, sendo esta última diferente de todas as outras
existentes nas colecções. Também os casos seguintes se mostraram diferentes:
Amblygonocarpus andongensis (N2) e Amblygonocarpus obtusangulus (M6); Bombax
rhodognaphalon (M8) e Bombax malabarium (I5); Combretum imberbe (M14) e
Combretum zeyheri (N6) e Dalbergia melanoxylon (M16) e Dalbergia sissoo (I7).
Por outro lado, pode constatar-se que espécies diferentes apresentam maiores
afinidades entre si do que as verificadas nos casos anteriores, de que são exemplo:
Tectona grandis (I13) e Hibiscus tiliaceus (T15); Schleichera oleosa (T26) com a Melaleuca
leucadendron (T19); Tectona grandis (T29) com a Artocarpus integrifolia (I4); Intsia
bijuga (T17) e Terminalia cattapa (T30); Combretum imberbe (M14) e Piliostigma
thonningii (M26) e Tectona grandis (I13) e Cedrela toona (T10).
Nas quatro colecções existem três Pterocarpus (M29, T21, N10), o Pterocarpus
angolensis (M29) o Pterocarpus indicus (T21), que não se ligam entre si, e o Pterocarpus
antunesii (N10) que se diferencia de todas as madeiras em análise.
Também as quatro espécies do género Terminalia (I14, I15, I16, T30), se mostram
diferentes: a Terminalia tomentosa (I16) liga-se à Terminalia belerica (I14) pelo Pterocarpus
indicus (T21); a Terminalia belerica (I14) liga-se à Terminalia cattapa (T30) pela Intsia
bijuga (T17). A Terminalia paniculata (I15) é totalmente diferente de todas as outras.
Outras ligações de carácter anatómico podem ainda encontrar-se, como por
exemplo: a Acacia catechu (I1) e a Thespesia populnea (T31), a Amblygonocarpus
obtusangulus (M6) com a Terminalia belerica (I14) e também com a Xylia dolabriformis
(I17), esta última com a Pometia pinnata (T20), que por sua vez também tem ligações
com a Melaleuca leucadendron (N8), a Canarium commune (T7) com a Pterospermum
acerifolium (T22), Afrormosia angolensis (M2) com a Sterculia quinqueloba (M32) e
também com a Burkea africana (M9), a Ficus indica (I9) com a Afzelia quanzensis
(M3), a Ostryoderris stuhlmannii (M25) com a Millettia stuhlmannii (M23).
Um dos aspectos com interesse na análise de semelhanças, é o facto de se
encontrar ligações, neste caso de carácter anatómico, entre espécies. No caso concre-
to da Cedrela odorata (N4), espécie proposta recentemente para a listagem do Anexo
II do CITES, encontrou-se uma ligação com a Morus mesozygia (N9), o que prova
serem duas madeiras com características semelhantes, sugerindo-se uma possível
substituição. Foi analisado este caso e encontrou-se, em comum, algumas utilizações
tais como, mobiliário, folheados, contraplacados, decoração, brinquedos e carroçarias,
o que está também de acordo com Bolza & Keating (1972) e Keating & Bolza (1982).
São duas espécies próximas na sua descrição microscópica e quanto à biometria a
Morus mesozygia (N9) destaca-se essencialmente nos valores superiores no compri-
mento médio das fibras (F2) quando comparados com os da Cedrela odorata (N4) e
esta por sua vez apresenta valores superiores no comprimento e no diâmetro tangencial
médio dos vasos (V6 e V7), conforme também descrito em Insidewood (2004).
O mesmo raciocínio pode seguir-se relativamente à Dalbergia melanoxylon (M16)
que se encontra na listagem do CITES como espécie protegida, levando a fortes

253
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

restrições e proibição do seu corte e comercialização. Por este facto pode encontrar-se
solução nesta análise de semelhança, ao encontrar-se uma outra espécie que lhe esteja
associada por características de semelhança. Neste caso, da observação da Figura 4.47,
a ligação mais próxima é com a Swartzia madagascariensis (M33). Foi possível encon-
trar algumas semelhanças entre elas: são ambas de Moçambique, M16 (pau-preto) e
M33 (pau-ferro) e na classificação com base em características físicas, ao longo do 2º
eixo principal, que definiu um gradiente de cor, densidade e humidade, encontraram-se
as duas espécies no mesmo grupo de semelhança. Affre et al. (2004) referem semelhan-
ças entre espécies do género Dalbergia e Swartzia, como por exemplo Dalbergia nigra
também incluída na listagem CITES e Swartzia leiocalycina (Guiana, Suriname) ou
Swartzia benthamiana (Brasil, Colômbia) e que no comércio são confundidas.

4.4.4.2. Análise de semelhanças físicas


Da mesma maneira que para as características anatómicas, analisou-se como se
comportam as amostras pertencentes à mesma espécie ou só do mesmo género, com
base nas características físicas (Quadro 4.10). No caso da análise em componentes
principais utilizando só as características físicas, lembra-se que o número de amos-
tras em análise é menor, com 54, uma vez que só puderam ser usadas as amostras
para as quais estas características tinham sido determinadas. Por esta razão, as amos-
tras comuns aos dois tratamentos não coincidem, sendo o seu número muito mais
reduzido neste caso.

Quadro 4.10 - Conjunto de amostras pertencentes à mesma espécie ou só ao mes-


mo género, que integram a análise com base nas características físicas

Em todos os casos de amostras de espécies diferentes do mesmo género não se


verificam ligações entre si (Figura 4.48).

254
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Figura 4.48 – Figura 4.43 em que as projecção das 54 amostras de madeira no


plano definido pelas primeira (I=30,1%) e segunda (II=28,0%) componentes principais
à qual foi sobreposta a árvore de conexão mínima obtida a partir da matriz de distân-
cias e estão identificadas por um código dos seus nomes científicos

Ligações com mais afinidade nas características físicas ocorrem por exemplo
entre Pteleopsis myrtifolia (M28) e Celtis kraussiana (M11); Burkea africana (M9) e
Erythrophleum africanum (M19); Albizia versicolor (M5) e Pterocarpus angolensis (M29).
Ligeiramente mais afastadas podemos referir Burkea africana (M9) e Colophospermum
mopane (M13); Erythrophleum guineense (M20) e Burkea africana (M9); Burkea afri-
cana (M9) e Amblygonocarpus obtusangulus (M6) e Afrormosia angolensis (M2) e
Erythrophleum guineense (M20).
Relativamente à Dalbergia melanoxylon (M16) que se encontra na listagem do
CITES, pode concluir-se da análise da Figura 4.48 que a ligação que apresenta maior
afinidade nas características físicas é com a Millettia stuhlmannii (M23). O teor de
humidade e as retracções apresentam valores muito próximos mas relativamente à
densidade isso não se passa, a Dalbergia melanoxylon com 1,250 g/cm 3, enquanto a
Millettia stuhlmannii com 0,868 g/cm3, valores que estão de acordo com ATIBT (1986).
Esta é uma das características que determina as diferentes utilizações da madeira,
sendo a primeira utilizada em torneados e decoração e a segunda em marcenaria,
construção civil, construção naval e travessas de caminhos-de-ferro (Freitas 1986,
ATIBT 1986, Ali et al. 2008).
Como se constatou neste estudo, a variabilidade da madeira ocorre numa mes-
ma espécie. As diferenças podem ser atribuídas às condições ecológicas onde a árvo-

255
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

re cresce, por exemplo Rodríguez et al. (2006) referem a influência do clima (ex:
temperatura e precipitação) nas características da madeira em diferentes regiões e
Barros et al. (2006) concluíram que as características ecológicas se sobrepõem às
taxonómicas. A idade da árvore, localização da amostra no tronco, os defeitos da
madeira, são entre outros factores de variação (Burger & Richter 1991). Assim a
variabilidade natural está sujeita a diversas influências e não se estranha que espécies
iguais não se apresentem ligadas entre si,. Herendeen & Miller (2000) mencionam a
considerável variação que os caracteres anatómicos da madeira, quer qualitativos
quer quantitativos, podem apresentar devendo por isso serem cautelosamente analisa-
dos e seleccionados para análises estatísticas de modo a não comprometer resultados.

4.5. CORRELAÇÃO CANÓNICA ENTRE CARACTERÍSTICAS ANATÓMICAS


E FÍSICAS

A análise de correlação canónica tem como objectivo principal explicar a relação


entre dois conjuntos de variáveis, desenvolvendo uma combinação linear em cada um
desses conjuntos de modo a maximizar a correlação entre os dois conjuntos. Na corre-
lação canónica não existe a distinção entre variável independente e dependente, existin-
do apenas dois conjuntos de variáveis entre os quais se procura a máxima correlação.
Neste caso, a correlação canónica foi usada para ilustrar as relações entre os dois
conjuntos de variáveis anatómicas (V1, V4, V5, V6, V7, R1, R3, R5, R7, R8, F1 e F2) e
físicas (C4, C5, C6, C7, FIS1, FIS3, FIS5, FIS7, FIS8 e FIS12). Como os programas dispo-
níveis para o cálculo da correlação canónica não aceitam matrizes com dados omissos,
foi seleccionado um grupo de 28 amostras de madeira (23 amostras de Moçambique e 5
de Timor) (Quadro 4.11) com registo completo das características anatómicas e físicas.
O objectivo é, portanto, estimar a máxima correlação entre combinações lineares de
características do grupo das variáveis anatómicas e do grupo das variáveis físicas da
madeira. A correlação canónica aplicada a estudos de anatomia da madeira é usada
como, por exemplo, Alfonso & Miller (2002), quando fazem o estudo da anatomia da
madeira das espécies brasileiras do género Swartzia e Rodríguez et al. (2006) ao estu-
darem a variação da madeira de Buddleja cordata, fazendo a avaliação relativamente
ao tamanho da planta, altitude, latitude, solos e clima.

256
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quadro 4.11 – As 28 espécies seleccionadas para a correlação canónica


Colecção Nome científico
M2 Afrormosia angolensis (Bak.) Harms
M3 Afzelia quanzensis Welw.
M4 Albizia adianthifolia W. F. Wight
M5 Albizia versicolor Welv. ex Oliv.
M6 Amblygonocarpus obtusangulus Harms
M8 Bombax rhodognaphalon K. Schum. Ex. Engl.
M9 Burkea africana Hook.
M11 Celtis kraussiana Bernh.
M12 Chlorophora excelsa (Milicia excelsa) (Welw.) Benth. Hook
M13 Colophospermum mopane Kirk.
M15 Cordyla africana Lour.
M16 Dalbergia melanoxylon Guill. & Perr
M18 Diospyros mespiliformis Hochst. ex A. DC.
M19 Erythrophleum africanum (Benth.) Harms
M20 Erythrophleum guineense Don
M21 Khaya sp.
M23 Millettia stuhlmannii Taub.
M24 Morus lactea Mildbr. (Celtis lactea Sim.)
M25 Ostryoderris stuhlmannii Dunn ex Baker f.
M26 Piliostigma thonningii (Schumach.) Milne-Redhead
M27 Piptadenia buchananii Bak. (Newtonia buchanii)
M29 Pterocarpus angolensis DC.
M30 Ricinodendron rautanenii (Schinz) Radcl.-Sm
T9 Casuarina junghuniana Miq.
T10 Cedrela toona var australis Roxb. C. DC.
T20 Pometia pinnata Forst.
T21 Pterocarpus indicus Willd.
T28 Tamarindus indica L.

No Quadro 4.12 é mostrada a significância estatística das duas primeiras corre-


lações canónicas, indicando que ambas são significativas (Wilks Ox0.05). A Figura
4.49 apresenta os gráficos com os coeficientes de correlação canónica estandardizados
para os dois grupos de variáveis (físicas e anatómicas), assim como o gráfico da
correlação resultante entre as duas primeiras correlações canónicas. Os coeficientes
de correlação canónica estandardizados representam a influência de cada variável na
correlação. Deste modo, as variáveis cujos valores têm sinais opostos mostram uma
relação inversa entre si e variáveis com o mesmo sinal exibem uma relação directa.

Quadro 4.12 – Significância estatística das duas primeiras correlações canónicas


entre as variáveis anatómicas e físicas da madeira

Função Correlação Wilks’ O


canónica
1 0,991 0,00004
2 0,926 0,00204

257
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Figura 4.49 – Correlação canónica entre o grupo de variáveis físicas e o grupo de


variáveis anatómicas para um conjunto de 28 amostras de madeira

A alta correlação encontrada neste estudo entre as variáveis anatómicas e físicas


da madeira, tanto para a 1ª função como para a 2ª função, estão em consonância com
Esau (1974) e Moreira (1999) quando referem que os factores que determinam as
propriedades físicas da madeira são a composição do lenho, a estrutura e a organiza-
ção dos seus elementos constituintes.
Pode verificar-se que as variáveis que mais contribuem para a correlação na
primeira função (Figura 4.49) são a retracção radial (FIS7 = 1,081), a cor b* (C6 =
0,872) a retracção volumétrica (FIS5 = -1,770), a cor L* (C4 = -1,259) e cor a* (C5 =
-0,899), por parte das características físicas, estando relacionadas com as variáveis
anatómicas diâmetro tangencial médio dos vasos (V7 = 0,473), espessura de parede
dos vasos (V5 = -0,700), e número de vasos por milímetro quadrado (V1 = -0,535).
A análise realizada e que resulta da 1ª função, permitiu as seguintes conclusões:
a) a retracção radial e o parâmetro colorimétrico b* mostram estar relacionados direc-
tamente com o diâmetro tangencial médio dos vasos e têm uma relação inversa com o
número e espessura da parede dos vasos; b) a retracção volumétrica e os parâmetros
colorimétricos L* e a* mostram uma relação directa com o número e espessura de
parede dos vasos e uma relação inversa com o diâmetro tangencial médio dos vasos.
Estes resultados estão de acordo com vários estudos que incidem sobre a influ-
ência das características anatómicas nas propriedades dimensionais da madeira (Yi-
Qiang et al. 2006), indicando a grande variabilidade estrutural da madeira como causa
para as suas diferentes propriedades dimensionais. Zhang & Zhong (1990) referem

258
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

que a influência dos factores anatómicos varia consoante o tipo de retracção, por
exemplo, o diâmetro das fibras influencia a retracção tangencial e radial e a propor-
ção de tecidos influencia a retracção volumétrica; Yi-Qiang et al. (2006) para Eucalyptus
referem que a proporção da parede celular, a espessura da parede das fibras e o
ângulo microfibrilar afectam a retracção.
As correlações encontradas neste trabalho e que reflectem a influência das pro-
priedades anatómicas nas propriedades físicas da madeira são também apoiadas por
outros trabalhos: Boyce et al. (1970) indicam uma correlação negativa entre o número
de vasos e a retracção tangencial na madeira de nogueira, Trenard & Guéneau (1977)
indicam que a dimensão do lúmen e a espessura da parede das células explicam
melhor a retracção do que certas características macroscópicas, como o anel de
crescimento; Zhang (1990) refere que a retracção volumétrica depende, em primeiro
lugar, da percentagem de vasos e, para Moreira (1999), a retracção volumétrica tem
elevada correlação com as dimensões dos vasos. Trabalhos recentes de Almeida (2006)
e Almeida & Hernández (2006) mencionam que os parâmetros anatómicos que mais
influenciam a retracção estão relacionados com os elementos vasculares e assinalam
que espécies com maior dimensão de vasos apresentam maior variação do lúmen das
células.
Nesta análise, a relação directa encontrada entre a retracção volumétrica e a
espessura de parede dos vasos está ainda de acordo com Trendelenburg & Mayer-
Wegelin (1955), Bosshard (1956) e Stamm (1964) que referem, que a retracção é mais
elevada em madeiras de densidades altas devido à grande espessura das paredes
celulares e menores lúmenes, aspecto também referido por Spear & Walker (2006). As
espécies tropicais geralmente apresentam grande quantidade de extractivos na parede
celular, que normalmente é ocupada pela água e a presença de extractivos promove a
estabilidade dimensional limitando a retracção (Hernández 1989, Arévalo 2002). Este
facto de certo modo pode explicar as observações de Almeida & Hernández (2006)
que mencionam menor retracção das espécies tropicais relativamente a espécies tem-
peradas para valores semelhantes de densidade, verificando-se que a remoção dos
extractivos aumenta a retracção (Brown et al. 1952, Nearn 1955).
Neste estudo, a relação directa encontrada entre a retracção volumétrica e o
diâmetro tangencial médio dos vasos também foi observada por Carvalho (1970) e por
Spear & Walker (2006) quando referem que, quanto maior o diâmetro dos poros,
menor a espessura de parede. As diferenças na retracção radial e tangencial de muitas
espécies que crescem em regiões temperadas é atribuída às diferentes densidades do
lenho de início e fim de estação, dado que lenho final mais denso e menos poroso é
mais retráctil do que o lenho inicial (Spear & Walker 2006).
Yi-Qiang et al. (2006) e Spear & Waker (2006) referem que a percentagem de
tecidos dos raios é um factor importante para a retracção da madeira e nesta análise
também se encontrou proporcionalidade directa entre a retracção volumétrica e o
número e a largura média dos raios mas com uma menor contribuição para a correla-
ção (R1= -0.312) e (R8= -0,352) respectivamente, quando comparada com outras vari-
áveis referidas anteriormente. Almeida & Hernández (2006) referem a existência de
uma maior retracção tangencial e volumétrica da madeira em espécies com raios
muito largos, como na faia, e Tsoumis (1991) e Siau (1984) atribuem a anisotropia da

259
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

retracção à presença de raios uma vez que a orientação radial no lenho é responsável
pela menor retracção nesse sentido. Leal et al. (2008) referem que o efeito dos raios
largos na anisotropia da retracção não é tão acentuada em Quercus suber como
noutros carvalhos.
Apesar de a espessura e o comprimento das fibras não serem duas das variáveis
que mais contribuíram para a correlação na primeira função com (F1= 0,151) e (F2=
-0,356) é possível observar através da Figura 4.49 que a retracção radial tem uma
relação directa com a espessura das fibras e inversa com o comprimento das fibras
havendo uma relação inversa entre o comprimento e a espessura da parede das fibras.
Burger & Richter (1991) e Trugilho et al. (2003) referem que madeiras de fibras de
paredes mais espessas e de pequeno comprimento estão associadas com a madeira de
alta retracção radial, pelo que madeiras de fibras mais compridas e de paredes mais
delgadas estarão associadas a madeiras de baixa retracção.
Relativamente à cor da madeira, neste estudo encontrou-se uma relação inversa
do parâmetro L* com o diâmetro tangencial dos vasos, confirmada pela possibilidade
da presença de inclusões nos vasos e encontrou-se uma relação positiva da coordena-
da a* com a espessura da parede celular, como referem Mori et al. (2004).
Na segunda função, as variáveis físicas de maior importância são a humidade
(FIS3 = 0,618), a cor L* (C4 = 0,684), a cor a* (C5 = 0,658), a retracção axial (FIS8 =
-0,899), a densidade ao ar (FIS1= -0,598), e a cor b* (C6= -0,848); das anatómicas, as
mais importantes são comprimento médio das fibras (F2 = 0,577), número de células
em largura dos raios (R7 = 0,561), comprimento dos elementos dos vasos (V6 = 0,507)
e número médio de células em altura dos raios (R3 = -0,708).
As variáveis anatómicas que para a humidade se encontram numa relação direc-
ta, como o comprimento médio das fibras, o número de células em largura dos raios
e o comprimento dos elementos dos vasos, encontram-se numa relação inversa para a
densidade.
A análise realizada e que resulta da 2ª função, permitiu as seguintes observa-
ções: a) a humidade e os parâmetros colorimétricos L* e a* apresentam uma relação
directa com o comprimento médio das fibras, o número de células em largura dos
raios e o comprimento dos elementos dos vasos mas mostra ter uma relação inversa
com o número de células em altura dos raios.
Para estas três variáveis, encontrou-se uma relação directa com a claridade da
madeira (L*) e para o número médio de células em altura dos raios, uma relação
inversa. Este resultado poderá ser explicado pelo facto de os raios desempenharem
funções de armazenamento, transformação e condução transversal de substâncias
nutritivas (Burger & Richter 1991) que podem escurecer a madeira. A relação positiva
da coordenada a* e a negativa da coordenada b* com o comprimento das fibras foram
também verificadas por Mori et al. (2004).
Macedo (2002) refere que a claridade da madeira (L*) diminui à medida que o
comprimento das fibras e espessura da parede celular aumentam. Contudo, nesta
análise, a relação inversa mais determinante foi com o número médio de células em
altura dos raios, e com uma menor contribuição o número de vasos por milímetro
quadrado (V1= -0,419), o diâmetro médio das pontuações (V4= -0,246) e a largura
média dos raios (R8= -0,250).

260
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

b) A densidade, a retracção axial e o parâmetro colorimétrico b* mostram estar


relacionados directamente com o número de células em altura dos raios e inversa-
mente com o comprimento médio das fibras, o número de células em largura dos
raios e o comprimento dos elementos dos vasos.
Espécies que apresentam fibras com paredes espessas a muito espessas, confe-
rem altos valores de massa específica e, consequentemente, são mais resistentes a
esforços mecânicos e elasticidade alta como referem Paula & Alves (1997) e Mady
(2000). Nesta análise encontrou-se uma relação directa entre a densidade e a espessu-
ra de parede das fibras mas com uma participação muito reduzida (F1=-0,137) quando
comparada com o número médio de células em altura dos raios (R3= -0,708).
A densidade varia de espécie para espécie, de acordo com algumas característi-
cas como a humidade, a estrutura anatómica, a composição química e o teor em
extractivos (Giordano 1971, Ilston et al. 1979, Kellogg 1981, Kollmann & Côté 1968,
Wangaard 1950). As diferentes estruturas anatómicas, tendo em conta os diferentes
tipos de células, determinam diferentes proporções de paredes celulares e espaços
vazios presentes num determinado volume, obtendo-se assim densidades diferentes.
Para Shimoyama & Barrichelo (1991), a densidade resulta da combinação dos elemen-
tos anatómicos e dos componentes químicos da madeira e depende portanto do
diâmetro do lúmen e da espessura da parede das fibras, pois quanto maior o diâmetro
do lúmen mais espaços vazios tem a madeira, logo menor será a sua densidade
básica. Segundo Filho (1994), a densidade é resultado de diferentes percentagens de
diversos tipos de células que variam em diâmetro, em espessura da parede e compri-
mento, contendo teores variáveis de extractivos. A densidade básica depende das
dimensões das fibras, particularmente a espessura das paredes, o volume dos vasos, o
parênquima e o arranjo dos elementos anatómicos (Bamber 1985, Oliveira 1990).
Relativamente à densidade, foram encontradas nesta análise outras associações
directas como o número de vasos por milímetro quadrado (V1= -0,419), o diâmetro
médio das pontuações (V4= -0,246) e a largura média dos raios (R8= -0,250) mas com
uma menor contribuição para correlação. Também Burger & Richter (1991) referem
que o comprimento, a espessura das paredes e a quantidade de pontuações nas
paredes são algumas das variáveis que influenciam a densidade da madeira.

4.6. RELAÇÕES ENTRE PROPRIEDADES DA MADEIRA

A análise de correlação canónica entre as variáveis anatómicas e as variáveis


físicas determinadas para estas madeiras mostrou ser possível estabelecer funções
entre cada grupo destas variáveis com valores elevados de correlação.
Das propriedades físicas da madeira, a densidade é uma das mais importantes,
pois está relacionada com características de resistência e de desempenho das madei-
ras. Deste modo considerou-se útil analisar, por um lado, se existe influência de cada
uma das variáveis anatómicas para o estabelecimento da densidade da madeira e, por
outro, que outras propriedades físicas a densidade pode explicar.
Também a cor da madeira constitui uma característica de grande relevância para
a sua apreciação visual e, portanto, para a sua aplicação. De modo semelhante,

261
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

analisou-se qual a influência que as características anatómicas poderão ter para a


definição da cor da madeira e se a cor da madeira estará relacionada com algumas
das outras propriedades físicas.

4.6.1. Densidade
Será de esperar que a densidade de uma madeira seja o resultado das suas
características anatómicas e químicas. De facto, a densidade da madeira é determina-
da pela quantidade de massa existente (que corresponde principalmente às paredes
celulares e aos depósitos e inclusões no lúmen) na unidade de volume da madeira.
Neste trabalho apenas se dispõe de informação anatómica, não existindo da-
dos sobre a composição química das madeiras, nomeadamente sobre teor de
extractivos e elementos inorgânicos. Na própria caracterização anatómica não existe
informação sobre a proporção dos diferentes tipos de células, pelo que a análise se
limita à influência de características biométricas de cada tipo celular.
Seleccionaram-se as variáveis anatómicas para as quais seria de esperar maior
relação com a densidade: a) para os vasos, o número de vasos / mm 2 (V1), o
comprimento dos elementos dos vasos (V6) e o diâmetro tangencial médio (V7); b)
para as fibras, a espessura de parede (F1), uma variável composta da razão da
espessura pela largura (F1/F4), o comprimento (F2) e a largura (F4); c) para os
raios, a altura (R5) e a largura (R8).
O Quadro 4.13 resume os valores encontrados para o factor de relação entre a
densidade e estas variáveis anatómicas. As relações foram quase todas significati-
vas. Os maiores valores do factor de correlação encontram-se para o diâmetro
tangencial dos vasos (V7), numa relação inversa (Figura 4.50), ou seja, quanto maior
for o diâmetro dos vasos menor será a densidade da madeira e, numa relação
directa, para a razão entre espessura e largura das fibras (F1/F4) (Figura 4.51), ou
seja, quanto maior for a proporção de parede das fibras na secção transversal maior
será a densidade. A densidade também varia positivamente com a espessura de
parede das fibras (F1) e negativamente com a sua largura (F4) e com o seu compri-
mento (F2).
Verifica-se, por outro lado, que a relação com o número de vasos/mm 2 (V1) é
directa e não muito elevada (Figura 4.50), mostrando que uma madeira com maior
densidade de vasos terá alguma tendência para uma maior densidade. Tal certamen-
te resulta do facto de um maior número de vasos estar associada, em geral, a vasos
mais pequenos, como se pode verificar da relação entre o número de vasos/mm 2
(V1) e o diâmetro tangencial médio dos vasos (V7), que apresenta um valor de
correlação de -0,629. Esta relação inversa mas não linear entre o diâmetro e o
número de vasos /mm 2 foi referida por diversos estudos reportados por Wheeler et
al. (2007), mostrando que madeiras com vasos largos têm um menor número de
vasos/mm 2 do que madeiras com vasos estreitos. O comprimento dos elementos dos
vasos (V6) apresenta uma relação inversa com a densidade.
Em relação à influência dos raios, observam-se factores de correlação meno-
res, significativo para a largura (R8) mas não significativo para a altura (R5). Trata-
se de relações inversas, ou seja, raios maiores tanto em altura, como e principal-
mente em largura, contribuem para uma menor densidade da madeira (Figura 4.52).

262
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quadro 4.13 – Valores de correlação da densidade da madeira (FIS1) com algu-


mas variáveis anatómicas

Variáveis anatómicas R
Número de vasos / mm2 (V1) 0,285 **
Comprimento dos elementos dos vasos (V6) - 0,271 *
Diâmetro tangencial médio dos vasos (V7) - 0,502 **
Espessura de parede das fibras (F1) 0,372 **
Espessura / Largura das fibras (F1 / F4) 0,684 **
Comprimento médio das fibras (F2) - 0,350 **
Largura média das fibras (F4) - 0,677 **
Altura média dos raios (R5) - 0,106 n.s.
Largura média dos raios (R8) - 0,240 *
(n.s.) Não significativa; (*) Significativa a 5%; (**) Significativa a 1%

Os resultados obtidos estão de acordo com observações anteriores sobre a influ-


ência da anatomia na densidade: Trendelenburg & Mayer-Wegelin (1955), Bosshard
(1956), Stamm (1964) e Spear & Walker (2006) referem que madeiras de densidades
altas têm maior espessura das paredes celulares e menores lúmenes. Paula & Alves
(1997) e Mady (2000) referem que espécies que apresentam fibras com paredes espes-
sas a muito espessas, conferem altos valores de densidade à madeira. Para Shimoyama
& Barrichelo (1991), a densidade depende do diâmetro do lúmen e da espessura da
parede das fibras. Filho (1994) refere que a densidade resulta de diferentes percenta-
gens de diversos tipos de células que variam em diâmetro, em espessura da parede e
comprimento. O comprimento, a espessura das paredes e a quantidade de pontuações
nas paredes são algumas das variáveis que influenciam a densidade da madeira (Burger
& Richter 1991). Bamber (1985) e Oliveira (1990) referem também que a densidade
depende das dimensões das fibras, particularmente a espessura das paredes, o volu-
me dos vasos, o parênquima e o arranjo dos elementos anatómicos.

a
W

263
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

b c

Figura 4.50 – Representação gráfica da variação da densidade da madeira com


características biométricas dos vasos: a) número de vasos / mm2 (V1); b) comprimento
dos elementos dos vasos (V6); c) diâmetro tangencial médio dos vasos (V7)
a b

Figura 4.51 – Representação gráfica


da variação da densidade da madeira com
características biométricas das fibras: a)
espessura de parede (F1); b) comprimento
(F2); c) razão entre espessura e largura (F1/
F4)

264
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

a b

Figura 4.52 – Representação gráfica da variação da densidade da madeira com


características biométricas dos raios: a) altura média (R5); b) largura média (R8)

Por outro lado, a informação existente permite analisar a influência que a densi-
dade da madeira poderá ter em algumas das outras propriedades físicas, por exemplo,
nas retracções, na humidade de equilíbrio, e nos parâmetros de cor.
Seleccionaram-se as variáveis físicas que se poderia esperar com maior relação:
a) para as retracções, a retracção volumétrica (FIS5), a retracção tangencial (FIS6), a
retracção radial (FIS7) e a anisotropia (FIS6/FIS7); b) para a humidade de equilíbrio
ao ar (FIS3); c) para os parâmetros colorimétricos, L* (C4), a* (C5) e b* (C6). O
Quadro 4.14 resume os valores encontrados para o factor de relação entre a densida-
de e estas variáveis físicas.
Quadro 4.14 – Valores de correlação da densidade da madeira (FIS1) com algu-
mas propriedades físicas

Propriedade física R
Retracção volumétrica (FIS5) 0,105 n.s.
Retracção tangencial (FIS6) -0,072 n.s.
Retracção radial (FIS7) 0,067 n.s.
Anisotropia (FIS6/FIS7) -0,110 n.s.
Humidade de equilíbrio ao ar (FIS3) -0,053 n.s.
L* (C4) -0,600 **
a* (C5) 0,237 *
b* (C6) -0,427 **
(n.s.) Não significativa; (*) Significativa a 5%; (**) Significativa a 1%

Relativamente a estes resultados, as relações da densidade com as retracções e a


humidade de equilíbrio ao ar não são significativas, o que significa que, para estas
amostras, a estabilidade dimensional não se apresenta relacionada com a sua densi-
dade, nem com a sua humidade de equilíbrio. A densidade influencia de modo signi-
ficativo os parâmetros colorimétricos. A relação mais significativa encontrou-se entre

265
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

a densidade e o parâmetro L*, ou seja, a claridade da madeira, numa relação inversa.


Assim, quanto mais densa a madeira mais escura ela será. Também são significativas
a relação inversa com o parâmetro b* e directa mas menos elevada com o parâmetro
a* (Figura 4.53).

a b

Figura 4.53 – Representação gráfica


da variação da densidade da madeira com
os parâmetros colorimétricos: a) L* (C4); b)
a* (C5); c) b* (C6)

Os resultados obtidos na relação entre a densidade e os parâmetros colorimétricos


apontam para a influência do teor de extractivos na densidade da madeira de que
resultará uma influência na respectiva cor. Segundo Walker (2006), a variação da cor
natural da madeira deve-se à impregnação de diversas substâncias orgânicas nas
células e nas paredes celulares e quanto maior a quantidade de substâncias extractáveis
coloridas na madeira, mais escura ela será, ou seja, menor o seu parâmetro L* (Hittler
et al. 1972). Por outro lado, a densidade da madeira depende, entre outros factores
também da quantidade de extractivos presentes (Hakkila 1989, Tsoumis 1991).
Os resultados obtidos mostram a importância que as características químicas da
madeira têm para o estabelecimento das propriedades da madeira nomeadamente a
estabilidade dimensional e a humidade de equilíbrio e a contribuição que terão na

266
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

definição da cor da madeira. Deste modo, não parece possível, apenas com base na
densidade da madeira, prever este tipo de propriedades da madeira.

4.6.2. Cor
Será de esperar que a cor da madeira seja determinada pela quantidade de
massa existente (principalmente as paredes celulares e os depósitos e inclusões no
lúmen) num determinado volume. Aqui intervêm a densidade, as características ana-
tómicas e químicas.
Como referido anteriormente, neste trabalho não existem dados sobre a compo-
sição química das madeiras, pelo que a análise se baseia nas características anatómi-
cas e físicas.
Seleccionaram-se as mesmas variáveis anatómicas para determinar a sua relação
com os parâmetros colorimétricos: a) para os vasos, o número de vasos/mm 2 (V1), o
comprimento dos elementos dos vasos (V6) e o diâmetro tangencial médio (V7); b)
para as fibras, a espessura de parede (F1), uma variável composta da razão da espes-
sura pela largura (F1/F4), o comprimento (F2) e a largura (F4); c) para os raios, a
altura (R5) e a largura (R8). O Quadro 4.15 resume os valores encontrados para a
correlação entre os parâmetros colorimétricos e estas variáveis anatómicas.
Verifica-se para a maior parte dos casos que não existe uma relação com signi-
ficado estatístico entre os parâmetros da cor e as características biométricas dos
diferentes tipos celulares. Exceptua-se a relação com a variável F1/F4 que representa
a proporção em secção da massa das fibras e com a espessura das fibras. Existe uma
relação inversa entre a claridade da madeira (L*) e a razão entre espessura e largura
das fibras e também inverso, mas ligeiramente menor, entre a claridade e a espessura
de parede das fibras (Figura 4.54), o que significa que quanto mais espessas forem as
fibras e maior a sua proporção de parede mais escura é a madeira. Estas variáveis
anatómicas também influenciam a tonalidade da cor quer directamente (a*) quer
inversamente (b*). Encontra-se ainda significado estatístico para as relações do
parâmetro b* com, o comprimento médio das fibras, a largura média dos raios e o
diâmetro tangencial médio dos vasos (Figura 4.55).

Quadro 4.15 – Valores de correlação dos parâmetros colorimétricos (L*, a*, b*)
com algumas variáveis anatómicas

Parâmetros Variáveis R
colorimétricos anatómicas
L* Número de vasos / mm2 (V1) 0,003 n.s.
a* Número de vasos / mm2 (V1) -0,001 n.s.
b* Número de vasos / mm2 (V1) -0,04 n.s.
L* Diâmetro tangencial médio dos vasos (V7) 0,091 n.s.
a* Diâmetro tangencial médio dos vasos (V7) 0,018 n.s.
b* Diâmetro tangencial médio dos vasos (V7) 0,221 *
L* Espessura de parede das fibras (F1) -0,266 *
a* Espessura de parede das fibras (F1) 0,187 n.s.

267
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Parâmetros Variáveis R
colorimétricos anatómicas
b* Espessura de parede das fibras (F1) -0,076 n.s.
L* Espessura / Largura das fibras (F1 / F4) -0,382 **
a* Espessura / Largura das fibras (F1 / F4) 0,205 *
b* Espessura / Largura das fibras (F1 / F4) -0,201 *
L* Comprimento médio das fibras (F2) 0,135 n.s.
a* Comprimento médio das fibras (F2) 0,057 n.s.
b* Comprimento médio das fibras (F2) 0,294 **
L* Altura média dos raios (R5) 0,14 n.s.
a* Altura média dos raios (R5) -0,088 n.s.
b* Altura média dos raios (R5) 0,022 n.s.
L* Largura média dos raios (R8) 0,147 n.s.
a* Largura média dos raios (R8) 0,096 n.s.
b* Largura média dos raios (R8) 0,234 *

Alguns autores indicam uma influência da anatomia da madeira nos parâmetros


colorimétricos. Por exemplo, Mori et al. (2004) referem uma relação positiva da coor-
denada a* com a espessura da parede celular e Macedo (2002) refere que a claridade
da madeira (L*) diminui à medida que o comprimento das fibras e espessura da
parede celular aumentam. Os elementos anatómicos e os extractivos da madeira são
componentes importantes na formação da cor (Camargos & Gonçalez 2001).
No entanto, os resultados são claramente indicativos de que a cor da madeira será
determinada principalmente por outras características que não as anatómicas aqui estuda-
das. A composição química da madeira será determinante para estabelecer a sua cor,
como referido por vários autores (Webb & Sullivan 1964, Kollmann & Côté 1968, Giordano
1971, Hittler et al. 1972, Hon 1975, Ilston et al. 1979, Kellogg 1981, Chang et al. 1982, Hon
& Chang 1985, Hakkila 1989, Rowell 1990, Tsoumis 1991, Walker 2006).

a b

Figura 4.54 – Representação gráfica da variação do parâmetro colorimétrico L*


(C4) com: a) razão entre espessura e largura das fibras (F1/F4); b) espessura de parede
das fibras (F1)

268
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

a b

Figura 4.55 – Representação gráfica


da variação do parâmetro colorimétrico b*
(C6) com: a) comprimento das fibras (F2);
b) largura média dos raios (R8); c) diâme-
tro tangencial médio dos vasos (V7)

Por outro lado, a informação existente permite analisar se os parâmetros


colorimétricos poderão estar relacionados com algumas das outras propriedades físi-
cas, por exemplo, com as retracções e a humidade de equilíbrio. Seleccionaram-se as
seguintes variáveis físicas: a) retracção volumétrica (FIS5), retracção tangencial (FIS6),
retracção radial (FIS7) e anisotropia (FIS6/FIS7); humidade de equilíbrio ao ar (FIS3).
O Quadro 4.16 resume os valores encontrados para o factor de relação entre os
parâmetros colorimétricos e as variáveis físicas referidas anteriormente.
Na maior parte dos casos não se encontrou significado estatístico para estas
relações. Exceptuam-se a relação directa da anisotropia com o parâmetro L* e inversa
com o parâmetro a* (Figura 4.56) e a relação inversa da humidade de equilíbrio ao ar
com o parâmetro L* e com o parâmetro b* (Figura 4.57).
A relação encontrada entre a anisotropia da retracção e a cor da madeira poderá
estar relacionada com a densidade. Em madeiras de maior densidade a diferença
entre a retracção tangencial e radial é mais pequena (Bosshard 1956, Kollmann & Côté
1968).

269
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Quadro 4.16 – Valores de correlação dos parâmetros colorimétricos (L*, a*, b*)
com algumas variáveis físicas

Parâmetros Variáveis R
colorimétricos físicas
L* Retracção volumétrica (FIS5) -0,121 n.s.
L* Retracção tangencial (FIS6) 0,026 n.s.
L* Retracção radial (FIS7) -0,137 n.s.
a* Retracção volumétrica (FIS5) 0,061 n.s.
a* Retracção tangencial (FIS6) -0,153 n.s.
a* Retracção radial (FIS7) 0,076 n.s.
b* Retracção volumétrica (FIS5) -0,007 n.s.
b* Retracção tangencial (FIS6) -0,012 n.s.
b* Retracção radial (FIS7) -0,113 n.s.
L* Anisotropia (FIS6/FIS7) 0,226 *
a* Anisotropia (FIS6/FIS7) -0,34 **
b* Anisotropia (FIS6/FIS7) 0,173 n.s.
L* Humidade de equilíbrio ao ar (FIS3) -0,28 *
a* Humidade de equilíbrio ao ar (FIS3) 0,085 n.s.
b* Humidade de equilíbrio ao ar (FIS3) -0,251 *

a b

Figura 4.56 – Representação gráfica da variação da anisotropia: a) com o


parâmetro L* (C4); b) com o parâmetro a* (C5)

270
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

a b

Figura 4.57 – Representação gráfica da humidade de equilíbrio ao ar (FIS3): a)


com o parâmetro L* (C4); b) com o parâmetro b* (C6)

No entanto, os resultados obtidos não mostram o efeito dos extractivos na


madeira, cuja presença se poderia manifestar através da cor da madeira. Como referi-
do anteriormente, a presença de extractivos promove a estabilidade dimensional da
madeira (Hernández 1989, Arévalo 2002), e Almeida & Hernández (2006) mencionam
menor retracção das espécies tropicais relativamente a espécies temperadas para va-
lores semelhantes de densidade, verificando-se que a remoção dos extractivos au-
menta a retracção (Brown et al. 1952, Nearn 1955).

271
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

272
5. CONCLUSÕES
A utilização racional de uma madeira deve basear-se em diversas características
que se traduzem em aspectos estruturais, físicos e que são de grande importância
quando se pretende a sua identificação, pelo que daí advém o interesse na criação de
uma e-xiloteca.
Foi criada uma xiloteca em suporte electrónico, e-xiloteca, que compila e siste-
matiza a informação disponível (identificação, caracterização e utilização) relativa a
duas xilotecas do Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT) das quais foram
seleccionadas as colecções de Moçambique, Timor e Índia, num total de 285 madei-
ras. Esta e-xiloteca prevê interacções que possibilitam a rápida resposta a questões
concretas, como resultado de diferentes tipos de consulta (técnicas, científicas, co-
mercias, didáctica), a diferentes tipos de utilizadores e para diversos fins.
A sistematização da informação permite também a colaboração internacional
com outras bases de dados ou levantamentos de repositórios, que se encontra já em
curso. Uma das aplicações directas da e-xiloteca é a sua contribuição para o FLOR
que desenvolve uma competência especial no domínio da caracterização e identifica-
ção de madeiras, especialmente de origem tropical.

Foi feito o estudo anatómico de 15 novas espécies provenientes de Moçambique,


cujos resultados das determinações efectuadas para os diferentes parâmetros se en-
contram compilados em fichas caracterizadoras incluindo a seguinte informação:
- nome científico, família, sub-família, origem, nomes comuns, utilizações pos-
síveis da madeira, distribuição geográfica das espécies em Moçambique;
- características gerais, descrição macroscópica e microscópica da madeira;
- ficha biométrica, que inclui as dimensões dos diferentes tipos de células;
- macro e microfotografias digitais das secções transversal, tangencial e radial.

A quantificação da cor das madeiras tropicais através da determinação dos


parâmetros colorimétricos L*, a* e b*, feita para 124 espécies numa face polida,
representativa da cor natural da madeira, e numa face não polida representativa da
cor da madeira em uso em ambientes interiores permite:
- quantificar a grande variação natural da cor das madeiras tropicais, com
valores de L* entre 22,10 e 85,11, de a* entre 1,18 e 20,44 e de b* 0,97 e 38,31;

273
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

- concluir que a madeira escurece, diminuindo o parâmetro L* com a exposição


da superfície a ambientes interiores e que também altera os parâmetros cromáticos;
- estabelecer uma escala cromática, com 33 madeiras, onde se pode observar a
grande variabilidade da cor nas madeiras.

Através do método da taxonomia numérica foi possível:


- medir a semelhança entre madeiras de origens diferentes e as suas caracterís-
ticas anatómicas e físicas e agrupá-las em classes de acordo com essas semelhanças;
- os grupos de semelhança das madeiras permitem verificar se madeiras seme-
lhantes têm os mesmos usos e é possível saber a que grupo de semelhança uma nova
madeira vai pertencer, ou sugerir espécies alternativas com características semelhan-
tes preservando assim as espécies protegidas ou sobre exploradas.

A análise estatística através de correlação canónica entre as características ana-


tómicas e físicas das madeiras mostrou uma correlação elevada, das quais se pode
destacar:
- a retracção radial e o parâmetro colorimétrico b* mostram estar relacionados
directamente com o diâmetro tangencial médio dos vasos e inversamente com o
número e espessura da parede dos vasos;
- a retracção volumétrica e os parâmetros colorimétricos L* e a* mostram uma
relação directa com o número e espessura de parede dos vasos e uma relação inversa
com o diâmetro tangencial médio dos vasos;
- a humidade de equilíbrio ao ar e os parâmetros colorimétricos L* e a* apresen-
tam uma relação directa com o comprimento médio das fibras, o número de células
em largura dos raios e o comprimento dos elementos dos vasos e inversa com o
número de células em altura dos raios;
- a densidade, a retracção axial e o parâmetro colorimétrico b* mostram estar
relacionados directamente com o número de células em altura dos raios e inversa-
mente com o comprimento médio das fibras, o número de células em largura dos
raios e o comprimento dos elementos dos vasos.

Foram também analisadas as características anatómicas que estão relacionadas


com a densidade, através de análise de correlação simples, verificando-se que, apesar
de quase todos os factores estudados terem significado estatístico na variação da
densidade, as maiores correlações se verificam para o diâmetro tangencial dos vasos
numa relação inversa e, numa relação directa, para a razão entre espessura e largura
das fibras.
Verificou-se que a variação da densidade é um factor significativo para a varia-
ção de cor das madeiras.
Quanto á cor das madeiras conclui-se que ela não é determinada pelas variáveis
anatómicas estudadas, que mostraram factores de correlação muito baixos e na maio-
ria dos casos não significativos. Estes resultados são claramente indicativos de que a
cor da madeira será determinada principalmente por outras características que não as
estudadas neste trabalho, salientando-se a importância da composição química da
madeira.

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290
ANEXO 1

Processo de organização do 4º Index Xylariorum por Peter Gasson

IX4

Index Xylariorum – 4

Index Xylariorum is an essential reference for wood anatomists worldwide. It lists all
the known institutional wood collections of the world, giving details of their size and scope
(geographical and botanical coverage, herbarium vouchers, reference microscope slides,
historically important collections, periodical published by the institution etc), and whether
they are willing to exchange samples. The third edition was written by W.L. Stern and
published in IAWA Bulletin in 1988 (ns9: 203-252), and is now in much need of revision.
Although many (or most?) of the collections detailed in IX3 still exist, I know that at least one
has been moved, some collections have grown, and that there have been many changes in
personnel since then. Bill Stern has passed on the task of compiling the new version to me.
Before circulating a questionnaire to the curators of all the collections listed in IX3, I would
very much like to receive from any readers information on the whereabouts of any collections
that were not included or have come into being since IX3, and any changes in the addresses
of existing collections that will let me contact the right people whilst compiling Index
Xylariorum 4. The new edition will be published in IAWA Journal, and will take much the
same form as IX3. I intend to do as much as possible of the correspondence for the new
edition via email, and will send questionnaires to curators in the next few months. In the
meantime, please send me any relevant information, comments or suggestions that might be
of help. For those of you who are ready to supply the information I will need, the questionnaire
is reproduced below. If you would like me to email you a copy, here is my address:

Peter Gasson
Jodrell Laboratory, Royal Botanic Gardens, Kew, Richmond, Surrey, TW9 3DS, UK.
Fax: +44-208-332-5310
(P.Gasson@rbgkew.org.uk)

Questionnaire
1. Complete name and address of the institution in which the wood collection is housed.

2. If your wood collection has a special name, please state it.

3. Year of foundation of the collection.

4. Name of the curator or individual in charge of the collection, his/her official


institutional title (e.g. Prof., Curator, Keeper); degree title (e.g. Dr., Ing.) and
area of research. Please give email address(es) if available.

291
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

5. Other personnel associated with the collection, their titles and areas of research
if relevant. Please give email address(es) if available.

6. Number of specimens in the wood collection.

7. Number of genera represented in the collection.

8. Regions, countries or taxa in which your wood collection specialises.

9. Is a herbarium containing vouchers for the wood collection associated with


the wood collection?
(a) If so, how many specimens are in the whole herbarium?
(b) If there is no herbarium directly associated with the wood collection, do
you maintain records showing where herbarium vouchers are deposited?

10. About what proportion of the wood collection is associated with herbarium
vouchers?

11. List any major special collections, e.g. Desch’s Malayan woods, Gamble’s
Indian woods, Jessup collection of woods of North America, Krukoff’s Brazilian
woods, Koorder’s Javanese woods.

12. Are any periodicals dealing wholly or in part with woods published by your
institution? If so, please name them.

13. Will you make available small samples of wood suitable for research to
qualified scientists?

14. Do you maintain a microscope slide collection of woods?


(a) How many slides are in the collection?
(b) Are these slides available on loan to qualified investigators?
(c) Do you have any slides for exchange?

15. Are duplicate wood specimens available for exchange or distribution?


(a) From what areas or taxa are wood specimens desired?
(b) From what areas or taxa can wood specimens be provided?

16. Is there a catalogue of the wood collection? If so, what form does it take
(e.g. hard copy, computer database, internet site)?

17. Please record below any other information of importance concerning your
wood collection.

18. Do you know of any institutional wood collections which were not included
in Index Xylariorum 3? If so, please give the names and addresses of these below.

292
ANEXO 2

ANEXO I: Listas de classificação das espécies produtoras de madeira previstas


no n.º 1 do artigo 11 do Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia.

Espécies Produtoras de Madeira Preciosa


N.º Nome Científico Nomes Nomes Locais DAP
Comerciais ou Vernaculares mín.
(cm)
01 Berchemia zeyheri pau-rosa mulatchine, sungagoma 30
02 Dalbergia melanoxylon pau-preto mpinge, mpivi, n’mico 20
03 Diospyros kirkii mucula-cula, muoma 40
04 Dyospiros mespiliformis ébano mfuma,ntoma 50
05 Ekebergia capensis inhamarre inhamarre 50
06 Entandophragma caudatum mbuti bubuti, mubuti 50
07 Guibourtia conjugata chacate-preto chacate 40
08 Milicia excelsa tule megunda, mecuco, mahundo 50
09 Spirostachys africana sândalo chilingamache, mucunite 30

ANEXO I: Listas de classificação das espécies produtoras de madeira previstas


no n.º 1 do artigo 11 do Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia. Cont.

Espécies Produtoras de Madeira da 1ª Classe


N.º Nome Científico Nomes Nomes Locais DAP
Comerciais ou Vernaculares mín.
(cm)
10 Afzelia quanzensis chanfuta mussacossa, mugengema, 50
muoco
11 Androstachys johnsonii mecrusse cimbirre 30
12 Albizia glaberrima mutivera 40
13 Albizia versicolor tanga-tanga tingare, mpovera 40
14 Balanites maughamii nulo muvando, nanluve, sacanono 30
15 Breonardia microcephala mugonha muonha, nkonha 50
16 Baikiaea plurijuga chiti 30
17 Combretum imberbe mondzo munagari, mungari, ehupu 40
18 Cordyla africana mutondo bonjua, murroto 50
19 Diospyros spp mucucul-cula, muoma 40
20 Erythrophloeum suaveolens missanda muave 40
21 Faurea speciosa muxiri, nthethere, mussossola 40
W

22 I nhambanella henriquesii mepiao mepiao 50

293
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL
W

N.º Nome Científico Nomes Nomes Locais DAP


Comerciais ou Vernaculares mín.
(cm)
23 Khaya nyasica umbáua mbawa 50
24 Millettia stuhlmannii jambirre panga-panga, panguire 40
25 Monotes africanus muculala 30
26 Morus lactea mecobeze mecobeze 50
27 Pterocarpus angolensis umbila mbila, mucurambira 40
28 Podocarpus falcatus gogogo, izulambite, chongue 50
29 Pseudobersama mossambicensis tondue, minhe-minhe 40
30 Swartzia madagascariensis pau-ferro nhaquata, pau-rosa, cimbe 30

ANEXO I: Listas de classificação das espécies produtoras de madeira previstas


no n.º 1 do artigo 11 do Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia. Cont.

Espécies Produtoras de Madeira da 2ª Classe


N.º Nome Científico Nomes Nomes Locais DAP
Comerciais ou Vernaculares mín.
(cm)
31 Albizia adianthifolia mepepe goana, megerenge 40
32 Amblygonocarpus andongensis mutiria banga-wanga, mutindire 40
33 Bombax rhodognaphalon sumauma meguza, mefuma 50
34 Brachystegia boehmii mafuti mfuti, mopwo 40
35 Brachystegia bussei kokoro 40
36 Brachystegia longifolia tagate, takata, itakhata 40
37 Brachystegia manga messassa mpapa rupakhole 40
38 Brachystegia spiciformis messassa mpapa, tsondo 40
39 Brachystegia utilis nankweso, mucoio 40
40 Burkea africana mucarala mucarati, nkarara, mecimbe 40
41 Julbernadia globiflora messassa encarn. muhimbe, mpacala 40
42 Newtonia buchananii mafumuti nipovera 50
43 Newtonia hildebrandtii infomoze infomoze 50
44 Parkia filicoidea mucuti mucuti 50
45 Pteleopsis myrtifolia mungoroze mduro, nleva 40
46 Ricinodendron rautanenii mungomo ngomo, iphaka 50
47 Sclerocarya birrea canho mfula, tsula, nkokwo 50
48 Sterculia quinqueloba metonha ntonha, nthumpu 40
49 Stercurlia appendiculata metil njale 50
50 Terminalia sp messinge meculungo 40
51 Trichilia emetica mafurreira muciquiri, mafurra 40

294
ANEXO 2

ANEXO I: Listas de classificação das espécies produtoras de madeira previstas


no NC º 1 do artigo 11 do Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia. Cont.

Espécies Produtoras de Madeira da 3ª Classe


N.º Nome Científico Nomes Nomes Locais DAP
Comerciais ou Vernaculares mín.
(cm)
52 Acacia nigrescens namuno mecungo, micaia 40
53 AnthocLeista grandiflora mezambe rotanda 30
54 Avicennia sp mangal branco mangal branco 30
55 Bridelia micrantha metacha melelha, mussaba 40
56 Barringtonia recemosa mangal massinhama 30
57 Bruguiera gymnorhiza mangal encarn. mangal encarnado 30
58 Cassipourea gummiflua mezambe mezambe 30
59 Celtis africana messucandiri 40
60 Celtis gomphophylla mrtuzite 50
61 Cleistanthus holtzii nacuva.Nacura 50
62 Cynometra carvalhoi evate evate 40
63 Ceriops tagal mangal branco mangal branco 30
64 Dialium schlechteri ziba nziba, ziva 40
65 Dialium sp. mepepete 40
66 Erythrophloeum sp incalazi, tchaia, muacari 40
67 Funtumia latifolia nhapwepwa 30
68 Guibourtia coleosperma chacate encarn. chacate encarnado 40
69 Heritiera littoralis mangal branco luabo 30
70 Kigelia pinnata vunguti, nrikiriki 40
71 Parinari curatellifolia muhula, mahula, mtupio 30
72 Pericopsis angolensis muanga chuanga, muaca, muanka 40
73 Phyllanthus sp. chire, mecua 50
74 Piliostigma thoningii mucequece mucequece 40
75 Pseudolachnostylis maproneifolia messolo, ntholo, mussonjoa 30
76 Ptaeroxylon obliquum tchetcheretane 40
77 Rhyzophora mucronata mangal encarn. mangal encarnado 30
78 Sapium ellipticum tchaia tchaia 40
79 Sideroxylon inerme mebope 40
80 Syzygium cordatum mecurri, tucura, mudlho 40
81 Syzygium guineense jambaloeiro mecurre, nakuthanthe, mecuti 40
82 Terminalia sericea inconola sai-sai, kassanche, messusso 30
83 Terminalia stenostachya sai-sai, kassanche 30
84 Uapaca kirkiana metongoro metela, nahunkwo 30
85 Uapaca nitida metongoro metela, nakachunkwo 30
86 Uapaca zanguebarica metongoro kochokore 30
W

87 Vitex doniana nhazuovo 40

295
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL
W

N.º Nome Científico Nomes Nomes Locais DAP


Comerciais ou Vernaculares mín.
(cm)
88 Vitex sp nakuna 40
89 Xeroderris sthulmannii mulonde merunde, nlothe 40
90 Xylia sp 40
91 Xylopia aethiopica mepeza 40

ANEXO I: Listas de classificação das espécies produtoras de madeira previstas


no n.º 1 do artigo 11 do Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia. Cont.

Espécies Produtoras de Madeira da 4ª Classe


N.º Nome Científico Nomes Nomes Locais DAP
Comerciais ou Vernaculares mín.
(cm)
92 Acacia albida micaia, dzungua, sango 40
93 Acacia burkei micaia, munga 40
94 Acacia erioloba micaia, mung 40
95 Acacia karroo micaia, munga 40
96 Acacia nilotica micaia, munga 30
97 Acacia polycantha micaia, n’roca 40
98 Acacia robusta micaia, massadzi 40
99 Acacia senegal micaia, munga 30
100 Acacia sieberana micaia, gunga 40
101 Acacia tortilis micaia, munga 30
102 Acacia xanthophloea micaia, megerenge 40
103 Antidesma venosum nhonge, chongue 30
104 Borassus aethiopiocum mudicua, palmeira 30
105 Colophospermum mopane chanato, nissano, missanye 30
106 Cussonia sp capwapwa, nampuko-puko 50
107 Dolichandrone alba tsani 30
108 Erytrina livingstonei titi, nancilacona 40
109 Fernandoa magnifica tondjua, mpovataci 30
110 Hirtella zanguebarica cimboma, mucimboma 30
111 Hyphaene sp micheu, palmeira 30
112 Kirkia acuminata mtumbui, poko-poko 40
113 Lannea sp chiucanho, msatoto,cimuili 40
114 Lecanidiscus fraxinifolia mutarara 30
115 Manilkara sp nheve, nhewa 40
116 Mimusops sp ntzole, bengwerwa 40
117 Treculia Africana tchaia 50
118 Tamarindus indica tamarindo tamarinho, wepa 50

296
ANEXO 3

Colecções da xiloteca do FLOR/IICT

Origens Código da Colecção


África (F.R.L. – Inglaterra) X
África (M.R.A.C. – Bélgica) O
África C.T.F.T. (França) H
África do Sul U
África, América (Holanda) Q
Angola C / G
Brasil I
Estados Unidos da América A
Guiana Francesa W
Guiné N
Índia V
Java (Holanda) P
Moçambique E/F/M
Origens diversas B / L
Origens Diversas (I.R. – Alemanha) Z
Portugal D
S. Tomé R
Suriname e Indomésia (Holanda) S
Timor T
Venezuela J

20 Origens diferentes
24 Colecções

297
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

298
ANEXO 4

Ficheiros da xiloteca do JBT

origem geográfica nº de espécies


Abissínia 2
Açores 15
África do sul 21
África ocidental 188
Alemanha 12
América central 1
Angola 391
Argentina 41
Austrália 266
Áustria 29
Bélgica 16
Brasil 372
Burma 1
Cabo verde 14
Camarões 15
Canadá 59
Canárias 0
Chekoslovakia 25
Chile 50
China continental 73
China formosa 45
Colómbia 51
Congo 1
Congo Francês 6
Congo médio 16
Costa do Marfim 1
Costa do Ouro 1
Cuba 3
Egipto 1
Equador 1
Eritreia 42
Espanha 3
Europa 3
Fichi 50
Filipinas 15
Finlândia 18
França 15
W

Gabão 1

299
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL
W

origem geográfica nº de espécies


Gâmbia 1
Grécia 45
Guatemala 4
Guiana Francesa
Guiana Holandesa (Vêr Suriname) 34
Guiné 25
Guiné Espanhola 1
Haiti 1
Holanda 71
Honduras 2
Ilha da Madeira 18
Ilha Sacalina 6
Ilhas Andaman (Ilhas Adamão) 1
Ilhas Canárias 19
Índia 78
Índia Goa 7
Indochina 3
Indonésia 28
Inglaterra 24
Itália 4
Jamaica 202
Japão 2
Java 1
Jordânia 2
Jugoslávia 1
Katanga 7
Kénia 1
Libéria 28
Macau 14
Madagáscar 8
Malaia 1
Marrocos Espanhol 76
México 109
Moçambique
Nicarágua 4
Niderland – Holanda (Vêr Holanda) 18
Nigéria 8
Nova Caledónia 116
Nova Guiné 32
Nova Zelândia 21
Palestina 1
Panamá 55
Paquistão 65

300
ANEXO 4

origem geográfica nº de espécies


Porto Rico 127
Portugal 174
Portugal JMAT 3
República do Salvador 6
Rodésia 8
Ruanda 2
S. Tomé 106
Santa Lúcia 1
Senegal 1
Serra Leoa
Sião (Vêr Tailândia) 1
Somália 4
Sudão 20
Suécia 48
Suíça 49
Suriname 3
Tailândia 9
Tanzânia 23
Tasmânia 58
Timor 1
Trinidade 2
Tunísia 30
Uganda 251
USA 91
Venezuela 3
Zâmbia 53
4082

301
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

302
ANEXO 5
Descrição macroscópica segundo esquema proposto por Ferreirinha (1958) para
o lenho das Folhosas

A. Secção transversal
I. Vasos
a. Tamanho:
1. Variável ou desigual
2. Uniforme
b. Largura:
1. Poros estreitos (poro muito fechado)
2. Poros médios (poro fechado)
3. Poros largos (poro aberto)
4. Poros muito largos ( poro muito aberto)
c. Abundância (nº / mm2)
1. Poros raros
2. Poros numerosos
3. Poros muito numerosos
d. Disposição (dos poros ou grupo de poros)
1. Porosidade em anel
2. Porosidade semi-difusa
3. Porosidade difusa (poros dispersos)
3.1. Dispersão uniforme
3.2. Dispersão especial
3.2.1. Em fiadas ou camadas
3.2.1.1. Radiais ou oblíquas
3.2.1.2. Tangenciais
3.2.2. Em faixas
e. Agrupamentos:
1. Poros isolados
2. Poros agrupados ou múltiplos
2.1. Radialmente
2.2. Diagonal ou tangencialmente
2.3. Sem ordem nítida
2.4. Em “cachos” (poros racemiforme)
f. Forma:
1. Circular
2. Oval
3. Poligonal

II. Parênquima
a. Distinção:
1. Indistinto

303
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

2. Distinto
b. Disposição:
1. Apotraqueal (sem ligação com os poros)
1.1. Difuso
1.2. Zonado ou em faixas (metatraqueal)
1.3. Marginal
2. Paratraqueal (associado aos poros)
2.1. Circunvascular
2.1.1. Vasicêntrico
2.1.2. Aliforme
2.1.3. Confluente
2.2. Unilateral
2.3. Irregular (escasso)
c. Abundância:
1. Escasso
2. Médio
3. Abundante

III. Raios
a. Largura:
1. Estreitos (finos)
2. Médios
3. Largos
4. Muito largos
b. Abundância:
1. Raros
2. Em número médio
3. Numerosos
c. Trajecto:
1. Rectilíneo
2. Ondulado

IV. Elementos acessórios


a. Tilos nos poros
b. Inclusões nos poros
c. Inclusões no parênquima e nos raios
d. Nódulos medulares
e. Líber incluso
f. Tecido excretor diferenciado
1. Células ou bolsas
2. Canais verticais:
2.1. Normais
2.2. Traumático

304
ANEXO 5

B. Secções longitudinais

B1. tangencial
I. Estrutura estratificada (listrado de estratificação):
a. Dos raios e restantes elementos (vasos, parênquima e fibras)
b. Do parênquima e elementos dos vasos, mas não dos raios
II. Raios:
a. Escalonamento dos raios
b. Tamanho dos raios:
1. Indistintos
2. Distintos
2.1. Altura
2.2. Largura
III. Canais secretores e lacticíferos horizontais

B2. radial
I. Raios:
a. Espelhado:
1. Evidente
2. Não evidente
3. Estrutura dos raios:
4. Homocelulares
5. Heterocelulares

C. Outras características resultantes da estrutura


I. Camadas de crescimento
II. Textura (grão da madeira)
III. Fio da madeira
IV. Veio da madeira
V. Desenho da madeira

305
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

306
ANEXO 6

Estrutura da base de dados para a xiloteca FLOR (16 tabelas num total 194
parâmetros por espécie)

(1) ASPECTOS GERAIS £ Alt nº max células


£ Nome científico £ Altura média
£ Nome científico rectificado £ Altura desvio-padrão
£ Origem £ Larg nº células
£ Família £ Larg média
£ Nome comercial £ Larg desvio-padrão
£ Nomes vernáculos (máx. 39)
£ Distribuição geográfica (5) FICHA BIOMÉTRICA V
£ Árvore £ Nº por mm2
£ Observações £ Nº por mm2 (min)
£ Nº por mm2 (máx)
(2) FIBRAS MICROSCOPIA £ Pontuações média
£ Natureza £ Espessura parede
£ Disposição £ Comprimento elementos
£ Comprimento £ Diâmetro tangencial média
£ Extremidades £ Diâmetro tangencial desvio-padrão
£ Largura £ Observações
£ Nº células em largura
£ Espessura de parede (6) FICHA CARACT. FÍSICAS
£ Pontuações £ Densidade seco ar
£ Trajecto £ Densidade anidra
£ Secção £ Humidade seco ar rel. peso seco
£ Caracteres acessórios £ Humidade seco ar rel. peso humido
£ Observações £ Retracção volumétrica seco ar ao anidro
£ Retracção volumétrica coef var por 1% hu
(3) FICHA BIOMÉTRICA F £ Retracção tangencial seco ar ao anidro
£ Espessura parede £ Retracção tangencial coef var por 1% hu
£ Comprimento parede £ Retracção radial seco ar ao anidro
£ Comprimento desvio-padrão £ Retracção radial coef var por 1% hu
£ Largura média £ Retracção axial seco ar ao anidro
£ Largura desvio-padrão ( £ Retracção axial coef var por 1% hu
£ Comprimento/largura-média
£ Comprimento/largura d-padrão (7) FÍSICA
£ Densidade ao ar
(4) FICHA BIOMÉTRICA R £ Densidade anidra
£ Nº por mm £ Humidade em % de peso seco
£ Alt nº min células £ Humidade em % de peso húmido
£ Alt nº med células £ Retracção volumétrica

307
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

£ Retracção tangencial £ Trabalhabilidade


£ Retracção radial £ Acabamento
£ Retracção axial £ Susceptibilidade ataque insectos
£ Coef. retracção volumétrica £ Durabilidade
£ Coeficiente retracção tangencial £ Aspecto geral
£ Coeficiente retracção radial £ Observações
£ Coeficiente retracção axial
(11) OBS. MACROSCÓPICAS
(8) IDENTIFICAÇÃO £ Transversal-camadas crescimento-distinção
£ Nº £ Transversal-camadas crescimento-contorno
£ Macrofotografia £ Transversal-porosidade-abundância
£ Microfotografia transversal £ Transversal-porosidade-agrupamento
£ Microfotografia tangencial £ Transversal-porosidade-tamanho
£ Microfotografia radial £ Transversal-porosidade-largura
£ Transversal-porosidade-distribuição
(9) LOCALIZAÇÃO XILOTECA £ Transversal-porosidade-disposição
£ Série £ Presença de tilos
£ Gaveta do provete (G) £ Presença de inclusões
£ Nº provete na gaveta £ Observações
£ Lâmina cortes histológicos (G) £ Transversal-parênquima-abundância
£ Blocos para cortes (F) £ Transversal-parênquima-distinção
£ Frascos elem. dissociados (F) £ Transversal-parênquima-disposição
£ Lâmina das fibras (G) £ Transversal-raio-largura
£ Lâmina elem. dissociados (G) £ Transversal-raio-abundância
£ Bibliografia £ Transversal-raio-cor
£ Transversal-raio-brilho
(10) MACROSCOPIA £ Transversal-canais traumáticos verticais
£ Cor do borne £ Observações
£ Tom do borne £ Tangencial-raio-largura
£ Cor do cerne £ Tangencial-raio-altura
£ Tom do cerne £ Tangencial-raio-abundância
£ Brilho £ Tangencial-raio-estratificação
£ Oleosidade £ Tangencial-superfície-natureza
£ Densidade do borne £ Tangencial-traços vasculares-cor
£ Densidade do cerne £ Tangencial-traços vasculares-abundância
£ Camadas de crescimento £ Tangencial-traços vasculares-comprimento
£ Textura £ Tangencial-traços vasculares-largura
£ Sensibilidade ao tacto £ Radial-desenho
£ Grão £ Radial-espelhado raios
£ Fio £ Radial-raio-altura
£ Desenho £ Radial-raio-natureza
£ Cheiro do borne £ Radial-raio-evidencia
£ Cheiro do cerne £ Radial-traços vasculares-abundância
£ Susceptibilidade var. humidade £ Radial-traços vasculares-evidência
£ Retracção volumétrica unitária £ Observações

308
ANEXO 6

(12) PARÊNQUIMA MICROSC. £ Abundância


£ Abundância £ Diâmetro tangencial
£ Natureza £ Comprimento elem. vasculares
£ Disposição apotraqueal £ Espessura de parede
£ Disposição paratraqueal £ Apêndices elem. vasculares
£ Parênquima terminal £ Perfuração
£ Caracteres acessórios £ Pontuações intervasculares
£ Observações £ Pontuações intervasculares (observações)
£ Pontuações vasos-raios (abundância)
(13) QUANTIFICAÇÃO DA COR £ Pontuações vasos-raios (contorno)
£ Amostra usada L* £ Pontuações vasos-raios (calibre)
£ Amostra usada a* £ Caracteres acessórios
£ Amostra usada b* £ Observações
£ Amostra polida L*
£ Amostra polida a*
£ Amostra polida b*

(14) RAIOS MICROSCOPIA


£ Nº células em largura
£ Observações nº células
£ Nº células em secção tg
£ Largura
£ Tamanho
£ Altura
£ Nº células em altura
£ Abundância
£ Contorno das células
£ Estratificação dos raios
£ Trajecto em secção transversal
£ Presença de raios fusionados
£ Observações
£ Natureza
£ Disposição
£ Caracteres acessórios

(15) UTILIZAÇÕES
£ Utilizações 1 – 13
£ Observações

(16) VASOS MICROSCOPIA


£ Disposição
£ Agrupamento
£ Tamanho
£ Largura
£ Secção

309
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

310
ANEXO 7

Estrutura da base de dados para xiloteca JBT (3 tabelas num total 15 parâmetros
por espécie)

TABELA A
£ Nome científico
£ Origem
£ Família
£ Origem das amostras
TABELA B
£ Nome científico
£ Origem
£ Sinónimos
£ Nomes vernáculos e comerciais
£ Principais características botânicas e comerciais
£ Distribuição geográfica
£ Habitat e ecologia
TABELA C
£ Nome científico
£ Origem
£ Madeira aspecto macroscópico e outras características
£ Utilização da madeira e outros
£ Bibliografia e iconografia
£ Material para estudo vivo
£ Material para estudo em herbário
£ Material para estudo museu
£ Material para estudo xiloteca
£ Observações

MACROFOTOGRAFIAS

311
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

312
ANEXO 8

Algumas perguntas possíveis à base de dados

Nomenclatura
Que espécie corresponde a um nome comercial?
Dados de entrada: Nome comercial
Resposta: Nome científico, nome científico rectificado, nomes vernáculos e família

Que espécie corresponde a um nome científico?


Dados de entrada: Nome científico
Resposta: Nome científico rectificado, nome comercial, nomes vernáculos e família

Que espécie corresponde a um nome vernáculo?


Dados de entrada: Nome vernáculo
Resposta: Nomes vernáculos, nome comercial, nome científico e família

Utilizações
Quais as utilizações de uma espécie?
Dados de entrada: Nome científico e/ou nome comercial
Resposta: Utilizações e alguma observação associada à utilização

Qual a (s) espécie (s) com determinada utilização?


Dados de entrada: Utilização
Resposta. Nome (s) científico (s), origem

Aspectos gerais da madeira


Quais aspectos gerais de uma espécie?
Dados de entrada: Nome científico
Resposta: Nome científico rectificado, nome comercial, família, distribuição
geográfica e aspectos relativos à árvore

Macro e microfotografias
Que macro e microfotografias corresponde a um nome científico?
Dados de entrada: Nome científico
Resposta: Macro e microfotografias (cortes transversal, tangencial e radial)

Aspectos macroscópicos
Quais os aspectos macroscópicos de uma madeira?
Dados de entrada: Nome científico
Resposta: Presença ou ausência de inclusões, tilos, canais traumáticos,
estratificação dos raios, tipo de disposição do parênquima, distribuição e dispo-
sição dos vasos.

313
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Quais os aspectos macroscópicos e físicos de uma madeira?


Dados de entrada: Cor, desenho, densidade, retracção volumétrica, susceptibili-
dade às variações de humidade e/ou nome científico
Resposta: Cor, desenho, densidade, retracção volumétrica, susceptibilidade às
variações de humidade, brilho, grão, fio, textura, durabilidade, nome científico

Quantificação da cor da madeira


Quais os parâmetros colorimétricos de uma madeira?
Dados de entrada: Nome científico
Resposta: Parâmetros colorimétricos L*, a* e b* das amostras polidas e usadas

Física da Madeira
Que espécie tem determinada humidade, densidade, retracções e coeficientes de
retracção?
Dados de entrada: Valores de humidade, densidade, retracções e coeficientes de
retracção
Resposta: Nome científico

Que humidade, densidade, retracções e/ou coeficientes de retracção tem determi-


nada madeira?
Dados de entrada: Nome científico
Resposta: Valores de humidade, densidade, retracções e coeficientes de retracção

Caracterização de madeiras
Quais os aspectos microscópicos de uma madeira?
Dados de entrada: Nome científico e/ou nome comercial
Resposta: Descrição dos aspectos microscópicos

Biometria das madeiras


Qual a biometria (vasos, raios, fibras) de uma espécie?
Dados de entrada: Nome científico e/ou nome comercial
Resposta: Ficha biométrica (vasos, raios, fibras)

Aspectos de organização
Onde se pode localizar na xiloteca determinada espécie?
Dados de entrada: Nome científico, número do provete e/ou lâmina
Resposta: Número da respectiva gaveta e secção

A que espécie corresponde determinado provete e/ou lâmina?


Dados de entrada: número do provete e/ou lâmina
Resposta: Nome científico

314
ANEXO 8

Informações complementares
O que significa determinado termo, usado em anatomia, em Português ou Inglês?
Dados de entrada: termo, usado em anatomia, em Português ou Inglês
Resposta: Descrição do respectivo termo em Português

Qual o historial de cada uma das colecções (Moçambique, Timor e Índia Portuguesa)?
Dados de entrada: Colecção Moçambique, Timor ou Índia Portuguesa
Resposta: Historial da respectiva colecção

Qual a lista das espécies madeireiras cujo comércio é restringido pela CITES?
Dados de entrada: listagem CITES
Resposta: lista das espécies madeireiras restringidas pela CITES

315
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

316
ANEXO 9
Código e identificação das 98 espécies estudadas por taxonomia numérica
Colecção * Nome científico T1 Albizia lebbeckioides (DC) Benth.
I1 Acacia catechu Willd. T2 Aleurites moluccana Willd.
I2 Aegle marmelos Correa T3 Alstonia scholaris (L.) R. Br.
I3 Albizia lebbeck Benth. T4 Artocarpus integrifolia L.
I4 Artocarpus integrifolia L. T5 Bischofia javanica Blume
I5 Bombax malabaricum A. DC. T6 Calophyllum inophyllum L.
I6 Careya arborea Roxb. T7 Canarium commune L.
I7 Dalbergia sissoo Roxb. T8 Cassia fistula L.
I8 Eugenia jambolana Lam. T9 Casuarina junghuniana Miq.
I9 Ficus indica Roxb. T10 Cedrela toona var australis Roxb. C. DC.
I10 Lagerstroemia parviflora Roxb. T11 Decaspermum paniculatum Kurz
I11 Mangifera indica L. T12 Elaeocarpus sphaericus K. Schum.
I12 Polyalthia fragans Benth. e Hook T13 Ficus macrophyla Roxb.
I13 Tectona grandis L. T14 Ganophyllum falcatum Blume
I14 Terminalia belerica Roxb. T15 Hibiscus tiliaceus L.
I15 Terminalia paniculata W. et A T16 Homalium tomentosum Benth.
I16 Terminalia tomentosa W. et Arn. T17 Intsia bijuga O. K.
I17 Xylia dolabriformis Benth. T18 Macaranga tanarius Muell.
M1 Adina microcephala (del.) Hiern T19 Melaleuca leucadendron L.
M2 Afrormosia angolensis (Bak.) Harms T20 Pometia pinnata Forst.
M3 Afzelia quanzensis Welw. T21 Pterocarpus indicus Willd.
M4 Albizia adianthifolia W. F. Wight T22 Pterospermum acerifolium Will.
M5 Albizia versicolor Welv. ex Oliv. T23 Pygeum sp.
M6 Amblygonocarpus obtusangulus Harms T24 Santalum album L.
M7 Androstachys johnsonii Prain. T25 Sarcocephalus cordatus Miq.
M8 Bombax rhodognaphalon K. Schum. Ex. Engl. T26 Schleichera oleosa Merr.
M9 Burkea africana Hook. T27 Sterculia foetida L.
M10 Celtis durandii Engl. T28 Tamarindus indica L.
M11 Celtis kraussiana Bernh. T29 Tectona grandis L.
M12 Chlorophora excelsa (Milicia excelsa) T30 Terminalia cattapa L.
(Welw.) Benth. Hook T31 Thespesia populnea Soland, ex Correa
M13 Colophospermum mopane Kirk. T32 Timonius rumphii DC.
M14 Combretum imberbe Wawra T33 Vitex pubescens Vahl
M15 Cordyla africana Lour. N1 Acacia robusta Burch
M16 Dalbergia melanoxylon Guill. & Perr N2 Amblygonocarpus andongensis (Oliv.)
M17 Dialium schlechteri Harms Excell & Torre
M18 Diospyros mespiliformis Hochst. ex A. DC. N3 Berchemia discolor (Klotzsch) Hemsley
M19 Erythrophleum africanum (Benth.) Harms N4 Cedrela odorata L.
M20 Erythrophleum guineense Don N5 Cleistanthus schlechteri (Pax) Hutch.
M21 Khaya sp. N6 Combretum zeyheri Sond.
M22 Khaya spp. N7 Diplohrunchus condylocarpon (Mull.
M23 Millettia stuhlmannii Taub. Arg.) Pichon
M24 Morus lactea Mildbr. (Celtis lactea Sim.) N8 Melaleuca leucadendron (L.) L.
M25 Ostryoderris stuhlmannii Dunn ex Baker f. N9 Morus mesozygia Stapf
M26 Piliostigma thonningii (Schumach.) Milne-Redhead N10 Pterocarpus antunesii (Tab.) Harms
M27 Piptadenia buchananii Bak. (Newtonia buchanii) N11 Rhodognaphalon schumannianum A. Robyns
M28 Pteleopsis myrtifolia (Lawson) Engl. & Diels N12 Schrebera trichoclada Welw
M29 Pterocarpus angolensis DC. N13 Syncarpia glomulifera (Sm.) Wield.
M30 Ricinodendron rautanenii (Schinz) Radcl.-Sm N14 Syringa vulgaris L.
M31 Spirostachys africana Sond. N15 Xylia torreana Brenan
M32 Sterculia quinqueloba (Garcke) K. Schum. * I – Índia Portuguesa; M – Moçambique; T – Timor;
M33 Swartzia madagascariensis Desv. N – Moçambique, colecção UEM.

317
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

ANEXO 10
Características quantitativas estudadas e respectivos códigos usados

Código Característica F5 Desvio-padrão da largura média das fibras


ANATOMIA – VASOS (micra)
V1 Nº de vasos / mm2 F6 Relação comprimento/largura das fibras
V2 Nº min de vasos / mm2 F7 Desvio-padrão da relação comprimento/largura
V3 Nº max de vasos / mm2 das fibras
V4 Diâmetro médio das pontuações (micra) FÍSICA
V5 Espessura de parede dos vasos (micra) FIS1 Densidade ao ar (g/cm3)
V6 Comprimento dos elementos dos vasos (micra) FIS2 Densidade anidra (g/cm3)
V7 Diâmetro tangencial médio dos vasos (micra) FIS3 Humidade peso seco (%)
V8 Desvio-padrão do diâmetro tangencial dos vasos (micra) FIS4 Humidade de peso húmido (%)
ANATOMIA – RAIOS FIS5 Retracção volumétrica (%)
R1 Nº raios / mm FIS6 Retracção tangencial (%)
R2 Nº min de células em altura dos raios FIS7 Retracção radial (%)
R3 Nº médio de células em altura dos raios FIS8 Retracção axial (%)
R4 Nº máx de células em altura dos raios FIS9 Coeficiente de retracção volumétrica (%)
R5 Altura média dos raios (micra) FIS10 Coeficiente de retracção tangencial (%)
R6 Desvio-padrão da altura média dos raios (micra) FIS11 Coeficiente de retracção radial (%)
R7 Nº células em largura dos raios FIS12 Coeficiente de retracção axial (%)
R8 Largura média dos raios (micra) COR
R9 Desvio-padrão da largura média dos raios (micra) C1 L* amostra usada
ANATOMIA – FIBRAS C2 a* amostra usada
F1 Espessura de parede das fibras (micra) C3 b* amostra usada
F2 Comprimento médio das fibras (micra) C4 L* amostra polida
F3 Desvio-padrão do comprimento médio das fibras C5 a* amostra polida
(micra) C6 b* amostra polida
F4 Largura média das fibras (micra) C7 Designação qualitativa (obs macroscópica)

318
ANEXO 11
Valores obtidos para as características anatómicas, físicas e de cor das 98 espécies

319
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Valores obtidos para as características anatómicas, físicas e de cor das 98 espé-


cies (continuação)

320
ANEXO 11

Valores obtidos para as características anatómicas, físicas e de cor das 98 espé-


cies (continuação)

321
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Valores obtidos para as características anatómicas, físicas e de cor das 98 espé-


cies (continuação)

322
ANEXO 11

Valores obtidos para as características anatómicas, físicas e de cor das 98 espé-


cies (continuação)

323
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Valores obtidos para as características anatómicas, físicas e de cor das 98 espé-


cies (continuação)

324
ANEXO 12
Matriz dos dados originais em que as 81 amostras de madeira (linhas da matriz)
estão ordenadas segundo o fenograma de distâncias para permitir melhor comparação
entre as suas diferentes 20 características (colunas da matriz)

325
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Matriz dos dados originais em que as 81 amostras de madeira (linhas da matriz)


estão ordenadas segundo o fenograma de distâncias para permitir melhor comparação
entre as suas diferentes 20 características (colunas da matriz) (continuação)

326
ANEXO 12

(continuação)

327
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

(continuação)

328
ANEXO 13
Matriz dos dados originais em que as 70 amostras de madeira (linhas da matriz)
estão ordenadas segundo o fenograma de distâncias para permitir melhor comparação
entre as suas diferentes 20 características (colunas da matriz).

329
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Matriz dos dados originais em que as 70 amostras de madeira (linhas da matriz)


estão ordenadas segundo o fenograma de distâncias para permitir melhor comparação
entre as suas diferentes 20 características (colunas da matriz) (continuação)

330
ANEXO 13

Matriz dos dados originais em que as 70 amostras de madeira (linhas da matriz)


estão ordenadas segundo o fenograma de distâncias para permitir melhor comparação
entre as suas diferentes 20 características (colunas da matriz) (continuação)

331
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Matriz dos dados originais em que as 70 amostras de madeira (linhas da matriz)


estão ordenadas segundo o fenograma de distâncias para permitir melhor comparação
entre as suas diferentes 20 características (colunas da matriz) (continuação)

332
ANEXO 14

Matriz dos dados originais em que as 87 amostras de madeira (linhas da matriz)


estão ordenadas segundo o fenograma de distâncias para permitir melhor comparação
entre as suas diferentes 13 características (colunas da matriz)

333
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Matriz dos dados originais em que as 87 amostras de madeira (linhas da matriz)


estão ordenadas segundo o fenograma de distâncias para permitir melhor compara-
ção entre as suas diferentes 13 características (colunas da matriz) (continuação)

334
ANEXO 15

Matriz dos dados originais em que as 54 amostras de madeira (linhas da matriz)


estão ordenadas segundo o fenograma de distâncias para permitir melhor comparação
entre as suas diferentes 14 características (colunas da matriz)

335
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

Matriz dos dados originais em que as 54 amostras de madeira (linhas da matriz)


estão ordenadas segundo o fenograma de distâncias para permitir melhor comparação
entre as suas diferentes 14 características (colunas da matriz) (continuação)

336
337
DOUTORAMENTO EM ENGENHARIA FLORESTAL

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