O colonialismo é diferente do conceito de colonialidade. O colonialismo
é a usurpação da soberania de um povo por outro povo através do domínio político-militar de seu território e população através da presença de uma administração colonial. Com o colonialismo, um povo exerce domínio e exploração política, econômica e cultural sobre outro povo. O colonialismo é mais antigo que a colonialidade, precedendo de longe o atual sistema-mundo patriarcal/capitalista colonial/moderno, que foi inaugurado com a expansão colonial européia em 1492. O que é novo no mundo colonial moderno é que a justificativa de tal dominação e exploração colonial passa pela articulação de um discurso racial sobre a inferioridade do povo conquistado e a superioridade do conquistador. A colonialidade se refere a um padrão de poder que foi inaugurado com a expansão colonial européia a partir de 1492 e onde a idéia de raça e a hierarquia étnico-racial global atravessa todas as relações sociais existentes como sexualidade, gênero, conhecimento, classe, divisão internacional do trabalho, epistemologia, espiritualidade, e assim por diante. O fundamentalismo do Terceiro Mundo reproduz as mesmas premissas binárias e termos do Ocidente, mas inverte as oposições binárias do fundamentalismo eurocêntrico. O Ocidente diz que o mundo não- ocidental não tem democracia, somente o Ocidente tem um conceito de democracia, o mundo não-ocidental não tem capacidade de pensar em termos de universal, nenhum conceito de cidadania, ou igualdade, etc. e os fundamentalismos eurocêntricos aceitam a premissa e se posicionam exatamente como o Ocidente os caracteriza: como patriarcais, autoritários, antidemocráticos, etc.