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C. de Pádua, A. P. A. R. Liserre, A. F. da Silva, D. A. Aguiar ‐ REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil Vol 5 ‐ nº 1 (2012)
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PILARES DE CONCRETO ARMADO REFORÇADOS POR
MEIO DE ENCAMISAMENTO
REINFORCED CONCRETE COLUMNS STRENGTHENED USING JACKETING
Rafael Crissóstomo de Pádua 1, Andréa Prado Abreu Reis Liserre 2,
Áureo Ferreira da Silva 3, Dilene Aires Aguiar 4
Recebido em 27 de outubro de 2012; recebido para revisão em 01 de novembro de 2012; aceito em 04 de
novembro de 2012; disponível on‐line em 06 de novembro de 2012.
RESUMO: Os pilares são elementos estruturais responsáveis por transportar as ações
dos pavimentos da obra para as fundações, e falhas em seu funcionamento afetam
significativamente o desempenho da edificação como um todo. Para sanar estas
falhas pode‐se reabilitar o pilar utilizando uma dentre as várias técnicas de reforço
existentes. A técnica do encamisamento é uma das mais utilizadas no Brasil, e
consiste na adição de concreto armado ou não, à seção transversal do elemento a ser
reabilitado. Entretanto, ainda existem lacunas de conhecimento sobre esta técnica
que precisam ser mais bem exploradas, a fim de ampliar a quantidade de profissionais
preparados para lidar com este tipo de situação de forma segura e econômica. Para
diminuir as incertezas sobre o comportamento de peças reabilitadas, neste trabalho
PALAVRAS CHAVES: analisou‐se o comportamento teórico experimental de 25 pilares reforçados por meio
do encamisamento. Os pilares se diferenciavam em função de dois parâmetros:
Pilar; presença ou não de conectores (armadura de costura) ligando o substrato ao novo
concreto adicionado nas faces reforçadas, e tipo de tratamento superficial realizado
Concreto Armado; na junta antes da execução do reforço. Também foram analisadas as diferenças de
resistência obtidas quando se executava o reforço em uma, duas, três, ou quatro
Reforço Estrutural; faces do pilar. O comportamento experimental foi comparado com o teórico obtido
seguindo prescrições de norma. Todos os pilares reforçados foram moldados em duas
Encamisamento. etapas, e ensaiados até a ruptura após o concreto do reforço atingir uma resistência
adequada. Os resultados indicaram que a técnica de reforço estudada foi eficiente,
pois todas as peças reforçadas tiveram uma capacidade portante maior que a do pilar
original sem o reforço. Porém, mais estudos são necessários para definir melhor tipo
de tratamento superficial a ser aplicado, bem como a maneira de quantificar a
posição e o espaçamento dos conectores a serem fixados em pilares reforçados por
esta técnica, uma vez que houve desplacamento entre os concretos do substrato e do
reforço, mesmo existindo uma armadura de costura para melhorar a aderência entre
estes materiais.
* Contato com os autores:
1
e‐mail : rafaelcrissostomo@gmail.com (R. C. de Pádua)
Aluno de Iniciação Científica ‐ Escola de Engenharia Civil – (EEC‐UFG)
2
e‐mail : andrea.liserre@gmail.com (A. P. A. R. Liserre)
Professora Dsc. da Escola de Engenharia Civil – (EEC‐UFG)
3
e‐mail : aureo.ferreira@ig.com.br (A. F. da Silva)
Mestrando do Curso de Mestrado em Engenharia Civil (CMEC‐EEC‐UFG)
4
e‐mail : dileneaires@yahoo.com.br (D. A. Aguiar)
Mestrando do Curso de Mestrado em Engenharia Civil (CMEC‐EEC‐UFG)
ISSN: 2179‐0612 © 2012 REEC ‐ Todos os direitos reservados.
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1. INTRODUÇÃO 2. REVISÃO BILIOGRÁFICA
por meio da superfície de contato entre influenciado pela relação água/cimento, finura do
materiais cimentícios; agregado miúdo e das adições usadas e está,
por meio de armadura cruzando a interface. intimamente, relacionado às condições ambientais de
exposição do reforço. Esta retração pode ocorrer devido
à falta de molhagem do substrato de concreto e de
condições ambientais agressivas, devido à temperatura
ou ventos.
Pode‐se dizer, portanto que a transferência de
esforços por meio da superfície de contato se relaciona
intimamente com a aplicação de água, nata de cimento
ou outra “ponte de aderência” específica para auxiliar a
ligação entre o concreto do reforço e o substrato.
Certifica‐se então que o tratamento realizado na
superfície do substrato é de notória importância para a
obtenção de uma aderência eficaz.
A transferência de esforços por meio da
armadura que cruza a interface pode ser classificada em:
efeito pino e efeito costura (confinamento). O efeito
pino é mobilizado quando a junta de concreto é
solicitada por esforços de cisalhamento que provocam
uma tendência de deslizamento entre as partes em
contato. Se existir armadura atravessando a interface,
Figura 1: Tipos de configurações de reforço de pilares esse movimento tenderá a cisalhá‐la. A armadura, por
(TAKEUTI, 1999).
sua vez, fornecerá uma resistência ao corte que será
somada à resistência fornecida pela superfície de
A transferência por meio da superfície de
contato. O efeito costura da armadura que cruza a
contato entre materiais cimentícios é subdividida em
interface contribui na resistência porque aumenta o
três parcelas: adesão, atrito e ação mecânica. A adesão
atrito na interface, pois gera tensões normais que
ocorre devida a absorção capilar, em que as partículas do
solicitam essas barras de aço. Esta tensão normal surge
concreto novo são gradualmente confinadas nos poros
devido a tendência de separação entre os dois concretos
capilares do concreto velho. Com a hidratação do
quando há deslizamento relativo, o que provoca tração
concreto novo há um enlace físico desse com as
na armadura, e esta reage comprimindo a superfície,
irregularidades do concreto velho. Este tipo de aderência
aumentando a parcela de atrito. A Figura 2 mostra as
é a primeira a ser solicitada, mas é destruída para
tensões que surgem com o deslizamento relativo na
pequenos deslocamentos. O atrito começa a ser
interface.
solicitado imediatamente após o rompimento da adesão,
sendo influenciado pela rugosidade da superfície,
tamanho dos agregados e resistência do concreto. A
ação mecânica surge devido ao engrenamento mecânico
dos agregados, transferindo, diretamente, tensões
normais e cisalhantes. Segundo CARASEK (1996), para
uma argamassa de reparo rica em aglomerante, bastante
fluida e pouco coesa, o gel cimentício penetra facilmente
pelos poros e cavidades do substrato, formando uma
profunda ancoragem. Porém, no caso de excesso ou
perda de água da interface com o substrato poroso, as
camadas da argamassa mais próximas ao substrato
tornam‐se extremamente porosas, gerando falhas de
aderência que podem comprometer o reforço. A
aderência do material de reforço ao substrato também é
Figura 2: Tensões na interface devido ao deslizamento relativo
afetada pelo índice de retração da argamassa, (ALI e WHITE, 1999).
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(Obs.: Unidades em milímetros)
a) Características do pilar antes do reforço b) Aparato de ensaio
Figura 3: Esquema dos pilares ensaiados por OMAR (2006), SAHB (2008) e NASCIMENTO (2009).
a) Pilar original antes do b) Pilar reforçado na c) Pilar reforçado na face d) Pilar reforçado na face
reforço face tracionada tracionada e comprimida comprimida
Figura 4: Seções das seções transversais dos pilares ensaiados por OMAR (2006).
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Apóós os ensaios concluiu‐se que apesar dde se conectores utilizados. No ppilar com a maior taxa de d
usar novos eestribos comoo conectores para aumenntar a chumbadores, observou‐se
o iinclusive uma
a tendência de
d
resistência dda junta, oco
orreu desplacamento enttre o esmmagamento do d concreto na região ce entral do pilaar,
concreto do o substrato e do refo orço. Apesarr do apensar de ter ocorrido dessplacamento da camada de d
desplacamen nto ter surgid
do apenas em um estágiio de refforço. Isso evvidencia‐se qque se estava a chegando ao a
carregamentto avançado o, permitindo o que houvvesse valor ideal da ta axa de conect ctores a ser ussado nas peças
aumento siggnificativo da capacidade portante do pilar para evitar o desplacamentoo. Outro fato o observado foi
f
após a execcução do refoorço, isso ind
dica que aindda há que com o acréscimo da taaxa de chumbadores houvve
necessidade de mais estu udos a respeitto dos disposiitivos um
ma redução de deslocam mentos laterais dos pilarees,
usados para impedir falhaas de aderênccia, a fim de qque o proovavelmente em função do aumento da rigidez do d
engenheiro possa dim mensionar ad dequadamentte a ele
emento.
armadura d de costura durante o projeto de uma NASCIMENTO (20009) ensaiou nove pilarees
intervenção. Em relação o ao uso de e concreto aauto‐ refforçados sem melhantes aoss de OMAR (2006)
( e SAHHB
adensável, este se mostro ou satisfatório o como materiial de (20
008). A difere
ença consistiaa no tipo de conector
c usad do
reforço, poiis permitiu moldar as peças
p sem hhaver para garantir a ligação entre os concretos do substrato o e
segregação nem aparecim mento de “b brocas”. Quannto à o reforço, que
do e tinha a form
ma de um estribo aberto, e
aderência, eeste material trabalhou em m conjunto coom o eraa colocado de entro de um suulco no pilar (Figura 6).
substrato, auumentando a capacidade p portante das ppeças
reforçadas;
SAHB (2008)), para obterr maiores info ormações sobbre a
influência ddo tipo de conector
c de cisalhamentoo na
aderência eentre os co oncretos usa ados nos piilares
reforçados por encamissamento, enssaiou dez piilares
semelhantess ao de OMAR R (2006). A d diferença é quue ao
invés de ussar estribos como armadura de cosstura,
utilizou‐se ch
humbadores m metálicos (Figura 5).
(a) Aberttura do sulco
(b) Fixação do connector metálico
o no sulco
Figura 5: M
Modelo de chum
mbador utilizado
o por SAHB, 20008.
Figgura 6: Procedim
mento para garrantir união enttre os concretos
SA
AHB (2008) concluiu que nenhum con ector da peça reforçada a (NASCIMENTO O, 2009).
rompeu porr cisalhamento. Entretantto, vários piilares
apresentaram m uma rup ptura premaatura devidoo ao Foram utilizados cconectores em e diferentees
desplacamen nto entre oss concretos do reforço e o po
osições ao lonngo da peça ccom o intuito
o de identificar
substrato. A
Ao aumentarr a taxa de chumbadorees, o qual seriam os o melhores locais para se fixar taais
desplacamen nto entre os cconcretos oco orria para um nível conectores a fim de se obtter uma ligação satisfatóriia,
de carga maaior. Logo, a capacidade portante da peça favvorecendo o ttrabalho monnolítico da peçça e evitando o a
reforçada aumentava co nto do númerro de
om o aumen rupptura do pila
ar pelo desp lacamento ddo reforço. Os
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resultados obtidos indicaram que não só a quantidade, mas
principalmente, a localização dos conectores utilizados na
ligação entre substrato e reforço, são imprescindíveis para
um bom resultado de resistência e modo de ruptura. Por
exemplo, reforçar um pilar submetido à flexo‐compressão
com conectores mais afastados do centro do mesmo
possibilita que os valores das cargas de ruptura desejáveis
sejam devidamente alcançados, embora não garanta um
modo de ruptura seguro. Portanto, é necessário que seja
respeitado um espaçamento mínimo entre os conectores do
reforço, para garantir a monoliticidade da peça,
possibilitando a ocorrência de uma ruptura sem
desplacamento por falhas de aderência entre os concretos.
3. PROGRAMA EXPERIMENTAL
Tabela 1: Características de cada uma das séries ensaiadas
Nomenclatura usada
Série Característica das peças
para os pilares
8x8 MO
10x8 MO
1 Pilares monolíticos (peças não reforçadas) 10x10 MO
12x10 MO
12x12 MO
10x8 ST‐SC
10x10 ST‐SC
2 Sem tratamento superficial (junta lisa) e sem conectores
10x12 ST‐SC
12x12 ST‐SC
10x8 ST‐CC
10x10 ST‐CC
3 Sem tratamento superficial (junta lisa) e com conectores
10x12 ST‐CC
12x12 ST‐CC
10x8 MART ‐SC
10x10 MART ‐SC
4 Escarificação com martelete e sem conectores
10x12 MART ‐SC
12x12 MART ‐SC
10x8 MART ‐CC
10x10 MART ‐ CC
5 Escarificação com martelete e com conectores
10x12 MART ‐ CC
12x12 MART ‐ CC
10x8 MQ‐CC
Escarificação com serra circular (maquita) e com 10x10 MQ‐CC
6
conectores 10x12 MQ‐CC
12x12 MQ‐CC
xxx
O substrato foi concretado utilizando concreto adotando‐se nos cálculos, a tensão de escoamento
auto‐adensável (CAA) utilizando brita zero e o reforço, convencional para aço CA‐60 (Ø = 5 mm).
concretado 90 dias depois, utilizou brita 1 e brita zero. As fôrmas utilizadas (Figura 9a) eram metálicas
Durante a concretagem, moldou‐se corpos‐de‐prova 15 x e tinham 210 cm por 60 cm, dentro delas foram criadas
30 cm para determinar a resistência à compressão e o subdivisões usando placas de madeirite e caibros de
módulo de elasticidade dos concretos no dia do ensaio. maneira a permitir a moldagem do substrato e o reforço
Para o aço, não foi possível realizar ensaios para dos diversos pilares. O esquema de ensaio está na Figura
determinar a tensão de escoamento experimental, 9b.
Xxx
Tabela 2: Estimativa das propriedades dos materiais.
e peça sem trataamento superfiicial (b) Escarificação com serra circular.
(a) EEscarificação com martelete, e
F
Figura 8: Aspect
to da superfíciee escarificada e
e posicionamento dos conectoores.
(a) Fôrrma ((b) Esquema de da
e Ensaio – comppressão centrad
Fig
gura 9: Fôrma ee Esquema de e
ensaio dos pilarretes.
4. ANÁLISE DOS RESULTTADOS As cargas de ruptuura teóricas e e experimentaais
das peças mon nolíticas estãão na Tabelaa 3. As cargaas
Paara prever a ccapacidade po ortante dos piilares teóóricas foram determinadaas usando o o concreto de d
utilizou‐se a NBR 6118 (20 003), admitindo‐se compreessão me enor resistênccia, pois é elee que limita a capacidade d da
centrada, coonsiderando pilar
p curto (essbeltez λ ≤ 400) e a peça. Por esta a tabela perccebe‐se que as cargas de d
eq. 01, simplificada. A preevisão foi feita sem consid era o rup ptura experimmentais foram m menores que as teóricaas.
coeficiente 00,85 do primmeiro membro desta equaação, Issso ocorreu porque a regularrização das exxtremidades d do
pois este see refere ao efeito
e Rush, que considerra as pilarete, feita co om capeamennto de enxofre, não garanttiu
cargas atuan ntes nas estrruturas como o sendo de llonga que as superfíccies de contaato da peça com a prenssa
duração, maas como nos ensaios as ca argas são de curta ficassem paralelas, fazendo ccom que a força deixasse d de
duração, serria inadequad do considerá‐lo na previsãão da serr axial, gerand do momento fletor, e conssequentemente
força de rupttura do pilar. umma ruptura pre ematura (ver Figura 10a).
A existência de faalhas de adensamento (ver
Nd = 0,85∙ffcd∙Ac + As∙ffyd [EEq. 1] Figgura 10b) tam mbém prejudiccou a resistên ncia dos pilarees
Onde: refforçados, prinncipalmente ddos que possuíam conecto or.
Nd : força normal de cálculo Estte dispositivoo dificultou aainda mais a passagem do d
fcd : resistênccia de cálculo do concreto à à compressãoo; concreto do re eforço por deentro da forma, devido ao a
Ac ; As : áreaa da seção traansversal de cconcreto e áreea da pequeno espaço o (apenas 2 cm m) e ao fato do concreto d do
armadura lon ngitudinal ; refforço ter utilizzado brita 1.
fyd : tensão d de escoamentto do aço utilizado na armaadura Na Taabela 4 e a Figura 11 ap
presentam um ma
longitudinal; comparação enttre as resistênncias dos pila ares reforçado os
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em relação aos monolíticos. Por esta tabela observou‐se apresentaram desempenho aquém do esperado
que todos os reforços realizados conseguiram aumentara justamente pelo fato de ter ocorrido “ninhos” de
a capacidade portante em relação ao pilar original 8cm x concretagem por falhas de adensamento anteriormente
8cm. Porém, as peças reforçadas usando conectores comentada.
(a) Pilar fora do prumo (b) Brocas de concretagem
Figura 10: Exemplos de problemas ocorridos durante o programa experimental.
Xxx
Tabela 3: Carga de ruptura dos pilares monolíticos
Xx
Tabela 4: Cargas de ruptura experimental dos pilaretes reforçados e relação com a peça monolítica
1,80
1,60
1,40
Fexp / FMO‐exp
1,20
10x8
1,00
10x10
0,80
12x10
0,60
12x12
0,40
0,20
‐
STSC STCC MARTSC MARTCC MQCC
Serie 2 serie 3 serie 4 serie 5 serie
Figura 11: Gráfico da relação entre força de ruptura experimental dos pilares reforçados e força de ruptura
experimental do pilar monolítico correspondente.
Comparando‐se os pilares sem tratamento Comparando‐se os resultados da série 3 com
superficial em relação à presença de conectores nas os da série 6 percebe‐se que a escarificação usando serra
faces reforçadas (série 2 e 3), constatou‐se que, ao circular não foi tão eficiente pois o ganho de resistência
contrário do que se esperava, alguns pilares reforçados do pilar foi em alguns casos até inferior ao dos pilares
da série 2 apresentaram desempenho melhor que os da sem tratamento na junta.
série 3. Acredita‐se que isso tenha ocorrido devido as Quanto ao modo de ruptura, a maioria dos
falhas de adensamento serem mais severas nos pilares pilares apresentou esmagamento em suas extremidades
dessa série, causando redução da capacidade portante (Figura 11a). Alguns pilares reforçados com conector
das peças. apresentaram desplacamento parcial do concreto do
Comparando‐se os pilares da série 4 e 5, reforço (Figura 11b), indicando falhas da aderência entre
percebe‐se que todas as peças da série 5 que possuía reforço e substrato. Já os pilares reforçados sem
conector apresentaram melhor desempenho. A única conector romperam bruscamente por desplacamento
exceção foram os pilares que possuíam seção 12x10 cm. total da camada de reforço (Figura 11c) seguido de
Logo, pode‐se concluir que a presença de conectores flambagem da armadura, sugerindo que a ausência de
realmente melhora a resistência da peça combatendo as conectores tornaram a ruptura ainda mais frágil do que a
tensões tangenciais que surgem na interface do observada nos demais pilares em que ocorreu apenas o
substrato com o reforço. Além disso, acredita‐se que o desplacamento entre concretos. A série 6, que usou
fato da superfície ter sido escarificada usando martelete, maquita, foi a que mais apresentou desplacamento do
a aderência entre os concretos tenha sido maior, o que reforço, indicando que este tipo de tratamento
minimizou a queda de resistência das peças com realmente não foi tão eficiente quanto à escarificação
conector devido às falhas de adensamento. feita usando martelete (série 5).
(a) esmagamento (12x12cm MARTSC) (b) desplacamento do reforço (c) Flambagem e desplacamento
(12x10 cm MQCC) (12x10 cm MARTSC)
Figura 11: Tipos de fissuração e ruptura observadas
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5. CONCLUSÕES ALI, M. A.,WHITE, R. N. Enhanced contact model for shear
friction of normal and high strength concrete. ACI Structural
Journal, v. 96, n. 3, p. 348‐362, jun. 1999.
A técnica de reforço estudada foi eficiente, pois
todas as peças reforçadas tiveram uma capacidade CARASEK, H. Aderência de Argamassa à Base de Cimento
Portland a Substratos Porosos – Avaliação dos Fatores
portante maior que a do pilar original 8 x 8 cm. Porém,
Intervenientes e Contribuição ao Estudo do Mecanismo de
mais estudos são necessários para definir o melhor tipo Ligação. 1996. Tese (Doutorado) EPUSP – Universidade de São
de tratamento superficial a ser aplicado, bem como a Paulo. São Paulo, 1996.
maneira de quantificar a posição e o espaçamento dos NASCIMENTO, P. P. Análise Experimental de Piares de
conectores a serem utilizar em pilares reforçados pela Concreto Armado Submetidos à Flexo‐Compressão,
técnica de encamisamento. Reforçados com Concreto Auto‐Adensável e Conectores.
Dissertação (Mestrado), UFG, Goiânia, Goiás, 2009.
Dentre os tipos de tratamento dado à superfície,
concluiu‐se que a escarificação usando martelete OMAR, M. Y. M. Análise Experimental de Pilares de Concreto
pneumático foi a mais eficiente, e a escarificação feita Armado Reforçados com Concreto Auto‐Adensável (CAA).
Dissertação (Mestrado), UFG, Goiânia, Goiás, 2006.
usando serra circular (maquita) não foi tão eficiente
quanto se esperava. No caso do martelete pneumático, é SAHB, K. F. P. Análise Experimental de Pilares de Concreto
Armado Submetidos à Flexo‐Compressão, Reforçados com
preciso cuidado para fazer a escarificação para que o Concreto Auto‐Adensável e Chumbadores. 224f. Dissertação
equipamento não gere microfissuras no substrato, (Mestrado) UFG, Goiânia, Goiás, 2008.
prejudicando ainda mais a resistência da peça a ser TAKEUTI, A. R. Reforço de Pilares de Concreto Armado por
recuperada. Meio de Encamisamento com Concreto de Alto Desempenho.
Os conectores são fundamentais para combater 1999. 184f. Dissertação (Mestrado). USP, São Carlos.
as tensões tangenciais que surgem na interface do
reforço com o substrato. Neste trabalho, os conectores
não foram tão eficientes porque ocorreram “ninhos” de
concretagem devido uso de um concreto inadequado
para o tipo de serviço. Mesmo assim, o esquema de
ruptura observado em vários pilares indicaram que nas
peças sem conectores, a ruptura foi mais brusca e houve
o desplacamento total da camada de reforço adicionada.
Já nos pilares com conector, este desplacamento foi
apenas parcial. Isso sugere a importância do uso destes
conectores para garantir uma ruptura mais dúctil.
Para garantir que as faces de contato do pilar
ensaiado com a prensa fiquem paralelas, e que a
compressão dos pilaretes seja realmente centrada,
recomenda‐se que nos trabalhos futuros seja feita uma
retificação das superfícies de contato, e não seu
capeamento usando enxofre.
6. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a CAPES e ao CNPq pelo
financiamento concedido, às empresas Carlos Campos
Consultoria, Impercia e Realmix, pela doação de
materiais e apoio técnico prestado na execução dos
ensaios, bem como aos técnicos do Laboratório de
Materiais e do Laboratório de Estruturas da EEC‐UFG.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS