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Revista XXI Ciencia para Vida 16 Vinho Do Sol 1
Revista XXI Ciencia para Vida 16 Vinho Do Sol 1
Vinho do Sol
Tecnologia e manejo
sofisticados colocam o
Semiárido brasileiro no
mapa da vitivinicultura
Confira todas as edições da revista
Acesse o site
www.embrapa.br/revista
TRADIÇÃO E FUTURO
O vinho acompanha a humanidade desde tempos remotos, e cola”. No caso, relacionado à manipulação de genes com
preenchendo as páginas da história e da mitologia, e é, tradi- precisão, rapidez e menor custo.
cionalmente, um produto de regiões de clima temperado. A pesquisa agropecuária trabalha com os olhos voltados
Agora, essa bebida secular anda desafiando fronteiras. As também para o futuro. Não é de se estranhar que cientistas
videiras que lhe dão origem desenham uma nova geografia brasileiros estejam buscando plantas capazes de enfrentar
e crescem onde o sol forte reina o ano inteiro. Seca, altas doenças que nem sequer entraram no País. É o caso do desen-
temperaturas, pouca chuva não parecem impedi-las e não volvimento de variedades de arroz resistentes a Xanthomonas
amedrontam pesquisadores e produtores determinados a oryzae pv. oryzae, bactéria de difícil controle químico, que
obter, mesmo nessas condições, vinhos de qualidade. É o que dizima até 50% das suas lavouras. O Brasil está preparado
se observa no Vale do Submédio São Francisco, no Semiárido para enfrentá-la, graças ao melhoramento genético preven-
nordestino, onde vinhos tranquilos e espumantes vêm sendo tivo, que segue a máxima de que é melhor prevenir do que
produzidos durante todo o ano, graças à associação entre remediar. As primeiras linhagens de arroz com resistência
características naturais da região e tecnologia gerada pela à bactéria foram validadas no Panamá, como explicado no
pesquisa agropecuária. espaço da editoria Pesquisa.
Esse é o tema da reportagem Especial desta edição da Antecipar-se aos problemas que podem atingir a huma-
Ciência para a Vida. A matéria conta, ainda, experiências nidade no futuro, investigando, já agora, possíveis soluções,
de jovens produtores entusiasmados com as novas possibi- também é a preocupação de pesquisadores envolvidos na
lidades de trabalho, realização pessoal, renda e geração de busca de alternativas para a geração de energia, a exemplo do
emprego proporcionadas por esse vinho solar, que inspirou professor Fernando Galembeck. Nas páginas da entrevista,
nossa primeira capa totalmente ilustrada. A designer Luciana ele fala sobre higroeletricidade, seu potencial e limitações, e
Fernandes guiou-se por Van Gogh, artista que utilizava como também sobre outros estudos na área.
técnica a tinta a óleo e pinceladas justapostas lado a lado. Recomendamos ainda a leitura de reportagem sobre a
Na capa, foi usado giz pastel oleoso, que, com seu toque parceria entre Brasil e África, que vem fortalecendo a cotoni-
macio e preciso, deu ritmo à ilustração. É marcante na capa cultura em solo africano, na editoria Internacional. No artigo,
o contraste entre as cores − o vinho da bebida, o amarelo do o tema selecionado foram os Objetivos de Desenvolvimento
sol e o verde do mandacaru, planta típica da região semiá- Sustentável, aprovados pela Organização das Nações Unidas.
rida, assim como os tons de terra, que caracterizam a aridez e Eles deverão inspirar políticas públicas que guiarão a huma-
secura do solo. nidade nos próximos anos.
O vinho tropical é uma quebra de paradigmas, assim Esta edição, a 16, encerra um ciclo em que pudemos
como a Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic entregar aos leitores nossa publicação de forma impressa e
Repeats (CRISPR), uma nova tecnologia que veio para disponibilizá-la, ao mesmo tempo, na internet. A partir da
revolucionar a genômica, permitindo identificar, no DNA, próxima edição, uma nova revista, digital e contemporânea,
pedaços de genoma de interesse e modificá-los de acordo poderá ser acessada apenas no endereço www.embrapa.
com necessidades da pesquisa. Funciona, de forma metafó- br/revista. O compromisso com a qualidade continuará o
rica, como um corretor ortográfico ou um processo de “corta mesmo.
—— Os editores
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03 06 08 14
CARTA AO LEITOR
NOTAS
ENTREVISTA
ESPECIAL
O químico Fernando
Galembeck, professor
da Unicamp, fala
sobre o potencial da
higroeletricidade, uma
das suas frentes de
pesquisa em busca Nova geografia do vinho vem se
de alternativas para a estabelecendo em países de diferentes
geração de energia. continentes. É uma vitivinicultura particular
e diversa em relação àquela praticada
tradicionalmente em regiões de clima
temperado, altamente tecnológica e que
desafia a pesquisa agropecuária e jovens
produtores.
Diretores-Executivos
Ladislau Martin Neto
Vania Castiglioni
Waldyr Stumpf
Publicação de responsabilidade da
Secretaria de Comunicação da Embrapa
30 48
Chefe da Secretaria de Comunicação
Gilceana Galerani
Coordenador de Comunicação
em Ciência e Tecnologia
54 Jorge Duarte
40
Coordenador de Comunicação Digital
Daniel Medeiros
Coordenadora de Comunicação Institucional
Heloiza Dias da Silva
Coordenador de Comunicação Mercadológica
Gustavo Porpino
ARTIGO
CENÁRIOS
INTERNACIONAL
EXPEDIENTE
Editores
PESQUISA
Projeto Gráfico
André Scofano e Nayara Brito
Designers
Ana Elisa Sidrim, Bruno Imbroisi,
Fernando Jackson, Luciana Fernandes,
Renato Tardim, Roberta Barbosa
Capa
Luciana Fernandes
Revisão
Marcela Bravo Esteves
Colaboração
Os Objetivos de Eduardo Rodrigues e
Maria Eugênia Ribeiro
Desenvolvimento
Arte Finalização
Sustentável Roberta Barbosa
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NOTAS
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ENTREVISTA
ELETRICIDADE NO AR
Químico Fernando Galembeck fala sobre como é possível obter
energia a partir de partículas de água suspensas no ar
Por Juliana Miura, Fabio Reynol e Juliana Freire
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ENTREVISTA
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farelo, coisas desse tipo, celulose... A ferida para o papel, se não for devi-
eletrização desses produtos depende damente administrada, pode tornar-se
muito de variações da umidade. um problema. O papel eletrizado pode
produzir uma faísca, se passar perto de
– Um gerador pode ser usado qualquer objeto eletrizado, mas com
para segurança nesses casos, se sinal contrário. Esta é outra manifes-
instalado para tirar a carga elétrica tação da higroeletricidade.
do ar?
Galembeck – Não creio. A higroeletri- - E no caso das regiões que
cidade seria o mecanismo para retirar "Precisamos de tem bastante descarga elétrica,
a carga elétrica do ar, da atmosfera. bons métodos para problemas com raios, é possível
Precisamos de bons métodos para controlar?
medir essa eletricidade e avaliar proce-
medir essa Galembeck – Hoje, como nos prote-
dimentos para sua captura, de forma eletricidade e gemos de raios? Com para-raios.
segura. avaliar Em cidades como Brasília, morrem
procedimentos para pessoas vítimas de raio, certo? Mas,
– Uma empresa que trabalha nas previsões do tempo, há alguma
com esse tipo de pó tem todo inte- sua captura, de informação sobre eletricidade atmos-
resse para ter segurança, certo? forma segura." férica? Sabemos que a nuvem vem,
Galembeck – Empresas têm interesse, que é bom sair da praia ou da piscina.
mas precisamos primeiro chegar ao Mas, de fato, isso não é um comporta-
ponto de fazer demonstrações convin- mento objetivo, porque não sabemos
centes. As empresas de segurança não qual o potencial de descarga que está
podem arriscar adotar um sistema sendo criado. Em Cabo Canaveral,
novo sem certeza de que não terão quando vão lançar foguete, a eletrici-
problemas. dade da atmosfera é monitorada por
uma bateria de medidores de campo
– O sistema reduz descarga elétrico, pois foguetes já explodiram
atmosférica também? por causa de descargas eletrostáticas.
Galembeck – Sim. Isso pode ser No meu laboratório, procuramos
observado em uma experiência muito obter sistemas de medida que sejam
simples, na qual usamos uma folha de muito simples e baratos, com os quais
papel − usamos papel de filtro porque é possamos mapear potenciais elétricos
rastreável, reprodutível, é só celulose, ao nosso redor, para avaliarmos obje-
tem muito pouca impureza. Colocamos tivamente os riscos a que estamos
um objeto eletrizado atrás do papel expostos. Outro objetivo da nossa
e um eletrodo na frente. O eletrodo pesquisa é reduzir ou controlar a
acusa quando a umidade fica muito eletrização no ambiente, capturando
alta e, com o desenrolar da experi- a eletricidade. Assim, conseguiremos
ência, é possível verificar que o papel duas coisas: aproveitar essa energia
é eletrizado. Essa eletricidade trans- e reduzir a eletricidade da atmosfera,
13
ESPECIAL
consegue escalonar a produção de uvas uma safra por ano e sempre na mesma
de forma ininterrupta. Diferentemente época.
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ESPECIAL
NOVA
GEOGRAFIA
DO VINHO
áreas tropicais para vinhos de quali- na Tailândia, explica que, nas condi- de um modo específico na região.
dade poderá ser uma referência para ções daquele país, é possível colher Toda a produção é irrigada por sulco
as regiões de clima temperado se ante- uvas até duas vezes por ano para e inundação, e são utilizadas varie-
ciparem aos potenciais impactos no produzir vinho. No entanto, durante dades de uvas não convencionais na
futuro. a estação chuvosa, seriam necessá- produção mundial de vinhos.
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ESPECIAL
VINICULTURA
DOS TRÓPICOS
ATRAI GERAÇÃO
JOVEM E
MULTINACIONAL
Trabalhar em um universo tão tradicional como o da
produção de vinhos, mas com características tão particulares
como as da vitivinicultura tropical, requer uma junção de
criatividade e coragem. E muitos jovens ao redor do mundo
estão mergulhando nessa atividade.
Nascido em uma tradicional região produtora de vinho,
o australiano James Kalleske, de 31 anos, desde cedo se
interessou pela área. Aos 17 trabalhou pela primeira vez
em uma vinícola, e aos 21 já era um dos principais gerentes
da produção de vinho local, ainda antes de terminar a
graduação.
Depois decidiu ir para Bali, na Indonésia, por ser uma
região mais instigadora para o cultivo de uva e produção de
vinho, o que, para ele, funciona como um estímulo. Em suas
diversas viagens para outras áreas tropicais, especialmente na
Ásia, Kalleske tem observado que a maioria dos produtores
nesses locais são jovens. “Acho que o pessoal mais novo é
mais entusiasmado com essa aventura em regiões tropicais”,
comenta.
Foi esse entusiasmo que o australiano encontrou na amiga
e também enóloga Nikki Lohitnavy, da Tailândia, que se
interessou pela vitivinicultura quando o pai se aposentou e
começou a produzir vinho por hobby. Ela gostava de lidar
com as plantas do jardim e começou a se envolver também
com as parreiras, passando a conhecer outros produtores,
O australiano James Kalleske sempre se interessou pela vitivinicul- buscar informações e viajar pelo mundo. Até que decidiu:
tura (foto tirada durante evento promovido pela Embrapa) “Isso é o que eu realmente quero como profissão.”
qualidade do produto.
Hoje, aos 39 anos, Nikki conta
que as pessoas se surpreendem com
sua trajetória: uma mulher tão nova,
asiática e produzindo vinho. Para ela, Nikki Lohitnavy, da Tailândia, construiu sua própria vinícola (foto tirada durante evento
o mais importante é quando experi- promovido pela Embrapa)
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ESPECIAL
PRODUÇÃO
NACIONAL
No Brasil, existem registros de cultivo fazenda Milano, estão instaladas na quando as vinícolas evitam programar
de uvas em regiões tropicais já no região as vinícolas Bianchetti e Garziera as colheitas, por se tratar do período
século XVI, mas a atividade tornou- e o Grupo São Braz. Segundo levanta- mais chuvoso. Entre uma safra e outra,
-se efetivamente comercial a partir de mento feito pelo pesquisador Giuliano para “simular” o frio do inverno, é
1956, quando a empresa Cinzano S.A. Pereira junto às vinícolas locais, são necessário reduzir a irrigação para 5%
plantou 100.000 pés de uvas híbridas cerca de 500 hectares de vinhedos que a 10% nos períodos secos, por cerca
para elaboração de vinhos no Vale do produzem aproximadamente 4 milhões de 20 a 30 dias, para que as videiras
Submédio São Francisco. de litros de vinhos finos – além dos acumulem reservas. Na sequência, é
Mas foi na década de 1970 que a vinhos comuns que também começam a feita a poda e a aplicação dos insumos
produção de vinhos se tornou mais ganhar espaço na região –, empregando, com o objetivo de reduzir a dominância
conhecida, com a implantação da direta ou indiretamente, cerca de 3.000 apical, estimular e homogeneizar a
fazenda Milano e, posteriormente, da pessoas. brotação. Depois, a irrigação volta para
fazenda Ouro Verde. Na de 1980, os Essa, que é a principal região 100% do coeficiente da cultura (Kc), e
primeiros vinhos tropicais apareceram tropical produtora de vinhos no País, um novo ciclo produtivo começa.
no mercado, quando a Vinícola do Vale está situada entre os paralelos 8º e 9º Assim, dentro de uma mesma área
do São Francisco, localizada em Santa do Hemisfério Sul, nos municípios as videiras poderão estar, ao mesmo
Maria da Boa Vista (PE), lançou os pernambucanos de Petrolina, Lagoa tempo, em diferentes estágios de
vinhos Botticelli. No início dos anos Grande e Santa Maria da Boa Vista, e produção: algumas recém-podadas,
1990, foi a vez da vinícola Adega Bian- em Casa Nova, na Bahia, com altitude outras brotando, umas florescendo,
chetti Tedesco lançar seus vinhos no de aproximadamente 350 m. As condi- outras maturando e outras ainda com
mercado, seguida pela Vinícola Garziera ções climáticas da região, com uma as uvas prontas para a colheita. Desse
e pela Duccos Vinícola. temperatura média anual de 26ºC, alta modo, os produtos elaborados são
No início dos anos 2000, a produção luminosidade e água disponível para sempre jovens, pois os vinhos ficam
foi reforçada com a chegada de grandes irrigação a partir do Rio São Francisco, prontos e são vendidos nos diversos
investidores, como o Grupo Miolo, da propiciam ciclos vegetativos constantes, meses do ano, conforme demanda dos
Serra Gaúcha, que comprou a fazenda intercalados, com colheitas nos vários mercados nacional e internacional.
Ouro Verde, e o Dão Sul/Global Wines, meses do ano. A região conta com uma O pesquisador Jorge Tonietto, da
de Portugal, que criou a vinícola Vini- pluviosidade média de 550 mm ao ano, Embrapa Uva e Vinho, pondera que a
Brasil. Atualmente, além dessas e da concentrada entre dezembro e abril, possibilidade de produzir uvas e vinhos
durante todo o ano estabelece um novo para períodos específicos da produção. e rosados, elaborados pelo método
paradigma para a enologia – o just-in- Uma delas é que os trabalhadores são Charmat, apresentam notas agradáveis
-time. “Com uma produção regular de altamente especializados, pois executam de frutos, com bom equilíbrio, e ficam
vinhos sendo colocada no mercado ao a mesma atividade durante todo o ano, prontos rapidamente também. Estão em
longo do ano, garante-se aos consu- até mesmo recebendo capacitação com segundo lugar em termos de volume e
midores que eles sempre tenham à sua os melhores especialistas da área. “No são elaborados das variedades Syrah,
disposição vinhos jovens e frescos, caso das enxertias, por exemplo, os Grenache, Chenin Blanc, Sauvignon
valorizando as características típicas dos índices de produtividade e de sucesso Blanc e Verdejo.
vinhos tropicais”, avalia. são superiores aos do nosso grupo em Em seguida, estão os vinhos jovens,
Além disso, com a produção ao Portugal. É como se fosse uma indústria entre tintos secos e doces/suaves, elabo-
longo do ano, as equipes estão sempre de produção em série”, observa. rados com as variedades Syrah, Tempra-
trabalhando, no vinhedo ou na adega, Vinhos do Vale do Submédio São nillo e Barbera. Também são elaborados
com estruturas de vinificação menores, Francisco apresentam qualidade e tipi- vinhos tintos de guarda (que passam
mais enxutas e com investimentos cidade. Segundo o pesquisador Giuliano por processo de envelhecimento) em
menores, pois se consegue programar o Elias Pereira, para os espumantes pequenos volumes, das variedades
número de cubas necessárias de acordo moscatéis, entre a colheita e os vinhos Syrah, Touriga Nacional, Alicante
com as colheitas, em determinado mês. estarem prontos para o mercado são Bouschet e Cabernet Sauvignon. Os
Essa peculiaridade possibilita, ainda, a necessários apenas 35-40 dias, o que faz tintos jovens são frutados, leves, agradá-
geração de empregos permanentes. com que esses produtos sejam jovens veis, enquanto os tintos de guarda apre-
Uma única vinícola instalada e os mais produzidos na região, com sentam coloração muito intensa, aromas
na região do Vale do Submédio São rápida elaboração. Esses tipos de vinhos frutados com toques de especiarias,
Francisco, a ViniBrasil, por exemplo, caíram no gosto do consumidor por intensos na boca, precisando de alguns
emprega diretamente 120 funcionários, serem produtos com baixo teor alcoó- meses de repouso para consumo. Por
entre campo, adega e escritório, para lico (entre 7-8º GL) e elevados teores último em volume, os vinhos brancos,
uma área de 120 hectares em produção de açúcar. São elaborados a partir das que são florais, leves e agradáveis, são
e outros 40 em implantação. O enólogo variedades moscatéis Itália e Moscato elaborados a partir de uvas Chenin
responsável, Ricardo Henriques, ressalta Canelli. Blanc, Viognier e Sauvignon Blanc.
as vantagens de não haver sazonali- Da mesma forma, os espumantes Também estão sendo elaborados vinhos
dade, já que não necessitam contratar finos secos e meio-secos brancos licorosos e brandy.
21
ESPECIAL
novas variedades, diferentes sistemas cianinas e taninos. Atenção especial que afetam diretamente a qualidade, a
de condução das videiras deve-se dar à maturação da uva, pois longevidade e o equilíbrio dos vinhos.
e o reconhecimento da é uma fase muito curta e a combustão Entre as inovações lançadas e em
Indicação Geográfica de ácidos, aromas, polifenóis e outros desenvolvimento no Vale do São Fran-
para os vinhos da compostos é cisco, destaque para os vinhos espu-
região.” intensa e mantes rosados, com as uvas Syrah e
23
Foto: Fernanda Birolo
ESPECIAL
Por se tratar de uma região viti- mentos, que estão sendo iniciados,
vinícola relativamente recente, incluem ainda a Touriga Nacional.
muitas questões ainda provocam Utilizando uvas com maior
a pesquisa na busca de soluções grau de maturação e elabo-
de problemas e no apontamento de rando vinhos com maior duração
novas alternativas para o futuro da de maceração, a pesquisadora
produção tropical brasileira. Nessa está testando também o uso de
linha, a Embrapa tem experimen- chip de carvalho. “Como nossos
tado diferentes práticas e métodos vinhos em geral são jovens, então
de vinificação que proporcionem estamos propondo um envelhe-
maior qualidade para os vinhos, cimento rápido e de baixo custo,
com inovações para agregar valor que pode ser uma alternativa de
ao produto local. um novo produto para a região”,
Na busca de soluções para um destaca. Qualidade e estabili-
dos principais problemas da vitivi- dade dos vinhos ainda estão sendo
nicultura na região, que é a estabi- avaliadas.
lidade dos vinhos, um trabalho da Outros novos produtos também
pesquisadora Aline Telles Biasoto poderão ser propostos em breve
Marques, da Embrapa Semiá- para o setor produtivo, utilizando
rido, identificou que o aumento do diferentes métodos de elaboração.
tempo de maceração – o período Nas pesquisas, em parceria entre
em que a casca e as sementes são a Embrapa Semiárido e o Insti-
mantidas com o vinho – pode ser tuto Federal de Educação, Ciência
uma alternativa para melhorar e Tecnologia do Sertão Pernam-
a estabilidade dos compostos buacno (IF Sertão-PE), estão
fenólicos. sendo testados processos ainda
De acordo com a pesquisa- pouco usados na região, como
dora, os testes incluíram vinifi- a maceração carbônica e mace-
cações com diferentes tempos ração a frio, além de um ainda
de maceração de uvas colhidas inédito, que é a termovinificação,
em diferentes estádios de matu- que consiste no uso de tempera-
ração, avaliando também se a turas elevadas para a extração do
colheita antecipada da uva seria mosto. Os estudos comparam esses
um problema para a estabilidade três métodos, além da vinificação
fenólica. O resultado, no entanto, tradicional, analisando as carac-
apontou que ela foi mais influen- terísticas físico-químicas, compo-
ciada pela duração da maceração, sição fenólica e aromática e perfil
enquanto o grau de maturação da sensorial.
uva não apresentou diferença signi- De acordo com a enóloga
ficativa. Até o momento foram e professora do IF Sertão Ana
avaliadas três safras com a varie- Paula Barros, que lidera o projeto
dade Syrah, e os próximos experi- em parceria com a pesquisadora
da vegetação em dois planos incli- Submédio São Francisco também à dos vinhos finos”,
nados, formando um “Y”. De acordo está sendo analisada pela Embrapa destaca a pesquisa-
com a pesquisadora, o sistema, ainda Semiárido, por meio da comparação dora.
25
ESPECIAL
TROPICAIS DE ALTITUDE
Além do Vale do São Francisco, primeiros vinhos comerciais deverão criadas infraestruturas enoturísticas,
outras regiões de clima tropical, mas estar no mercado em 2018, mas desde que podem atrair muitos visitantes e
de altitude, estão começando a se 2010, a Embrapa vem realizando enófilos.
destacar. É o que ocorre na Chapada estudos com testes de variedades Em um futuro próximo, outras
Diamantina, no Estado da Bahia, além nesses dois municípios. Segundo regiões de altitude do Nordeste brasi-
de São Paulo e Minas Gerais, que vêm Pereira, os principais vinhos em que leiro poderão também ser incluídas
produzindo uvas e vinhos nos últimos as empresas estão investindo são espu- no roteiro dos vinhos. É o caso do
oito anos, entre 900 e 1.300 m de alti- mantes elaborados pelo método tradi- município pernambucano de Gara-
tude. Segundo Giuliano Elias Pereira, cional, com a segunda fermentação nhuns, a cerca de 900 m de altitude,
nessas condições, a altitude compensa na garrafa, com as variedades Char- onde a Embrapa Semiárido introduziu
a latitude, oferecendo um clima com donnay e Pinot Noir, além dos vinhos e vem avaliando as primeiras culti-
temperaturas mais amenas ao longo tintos, elaborados a partir das uvas vares de uva para vinhos, em parceria
do ano. Na Chapada Diamantina, prin- Syrah, Malbec, Cabernet Franc e Pinot com a Universidade Federal Rural de
cipalmente nos municípios de Morro Noir, e brancos, com Chardonnay e Pernambuco (UFRPE) e o Instituto
do Chapéu e Mucugê, localizados Sauvignon Blanc. Agronômico de Pernambuco (IPA).
entre 1.000 e 1.200 m de altitude, a “Os vinhos da Chapada Diaman- De acordo com a pesquisadora
temperatura média anual é de 19ºC e o tina têm apresentado qualidade e tipi- Patrícia Coelho de Souza Leão, a
uso da irrigação é obrigatório. cidade muito interessantes, e os consu- região é uma bacia leiteira, sem
A vitivinicultura tropical de alti- midores terão grandes surpresas”, nenhuma tradição vitivinícola. “Isso
tude vem se desenvolvendo rapi- destaca Pereira. Além do excelente é um desafio muito grande, porque
damente, e tende a ser uma nova nível tecnológico dos produtos, o nós podemos estar ofertando uma
referência no mundo dos vinhos. Os pesquisador comenta que estão sendo nova alternativa, não só agrícola,
27
ESPECIAL
vinhos tintos, como a retirada manual no relevo e no uso do solo, que inclui dos vinhos com a peculiaridade do
do engaço, que qualifica ainda mais as áreas de vinhedos e das vinícolas. 'lugar Semiárido' um diferencial que,
os produtos", informa o pesquisador Estão sendo feitas a caracterização certamente, será valorizado pelos
Giuliano Pereira. da qualidade química e sensorial dos mercados”, assinala Zanus. •
Embrapa Semiárido
https://www.embrapa.br/semiarido
29
CENÁRIOS
EDITOR DE GENES
Ao “cortar” e “colar” partes do genoma
de plantas, animais e microrganismos,
a técnica CRISPR tem potencial para
revolucionar a ciência da vida
31
CENÁRIOS
gRNA
3) O gRNA é acoplado
à proteína Cas9 , capaz
de cortar sequências
de DNA. Cas9
sequência
guia
4) A Cas9 gRNA procura a
combinação que se encaixará nele
33
CENÁRIOS
35
CENÁRIOS
A resposta pode estar na ferra- VERSATILIDADE DA TECNOLOGIA mente fica silenciado no genoma
menta CRISPR. da própria soja, aceleramos um
Nos laboratórios da Embrapa O aumento dos teores de processo que poderia levar muitos
Soja há oito meses, a tecnologia ácidos oleicos na soja também é anos para acontecer espontanea-
está ajudando os pesquisadores a destaque nos estudos. Nesse caso, mente na natureza”, completa. O
desenharem algumas construções o objetivo é melhorar a qualidade pesquisador cita, em contraponto,
gênicas para angariar caracterís- do óleo de soja, pois o aumento o caso da tecnologia Cultivance,
ticas diferenciadas à cultura da no teor de ácido oleico propor- disponível no mercado desde
soja. A soja está presente em 33 ciona maior estabilidade do óleo 2015, que se baseia em uma soja
milhões de hectares no Brasil, e reduz a necessidade de hidroge- resistente ao herbicida da classe
que é hoje o segundo produtor nação química, responsável pela das imidazolinonas, que possui o
mundial do grão. produção dos indesejáveis ácidos gene ahas transferido de plantas
A ferramenta CRISPR/Cas graxos trans. “Com relação às de Arabidopsis. “Como a caracte-
vem sendo estudada pela pesqui- sementes de soja, nosso objetivo rística foi introduzida no genoma
sadora Liliane Henning, da será desligar genes que aceleram da soja via outra espécie vegetal
Embrapa Soja, com o objetivo de seu processo de deterioração, tanto (Arabidopsis), é considerada uma
desativar genes com caracterís- na pré-colheita quanto durante o soja transgênica”.
ticas indesejáveis e, dessa forma, armazenamento”, conta Henning. A CRISPR pode ainda ser
promover a melhoria da qualidade Já o pesquisador Alexandre utilizada para melhorar a resposta
de grãos e sementes. No caso dos Nepomuneco, da Embrapa Soja, da soja aos seus principais pató-
grãos, o foco é a alteração de rotas busca desativar genes envolvidos no genos, como o fungo causador
metabólicas para reduzir a ação metabolismo do etileno, hormônio da ferrugem-asiática, a mais
dos fatores antinutricionais. vegetal que interfere nos meca- severa doença da cultura. Traba-
A leguminosa apresenta alto nismos de aumento de tolerância à lhos conduzidos nessa linha pela
valor nutricional. Em média, seca: “O gás etileno está envolvido pesquisadora Francismar Correa
possui 38% de proteínas, 20% de com a maturação da soja e, quando Marcelino, da Embrapa Soja, iden-
lipídios (óleo), 5% de minerais e interferimos nesse metabolismo, tificaram genes relacionados à
34% de carboidratos. Apesar de podemos ampliar o tempo que a patogenicidade que são expressos
suas características benéficas, os planta suporta períodos de seca”. pelo agente causador da doença no
grãos contêm alguns fatores que O desafio é desenvolver uma momento da infecção e transferidos
podem diminuir a disponibili- planta de soja não transgênica com para a soja, que tem como alvo
dade de nutrientes e a absorção de resistência ao herbicida da classe regiões do DNA da planta. “Identi-
aminoácidos. “Utilizando a tecno- das imidazolinas. “Nossa ideia ficar tais regiões e posteriormente
logia CRISPR/Cas para desligar é utilizar a tecnologia CRISPR/ promover alterações pontuais com
genes que determinam a expressão Cas para editar os genes ahas da uso da CRISPR/Cas que impeçam
dos fatores antinutricionais, como própria soja, e não ter que inseri- tal ativação ou desligamento de
Foto: Paulo Lanzetta / Embrapa
os inibidores de tripsina, por -los de outra espécie. Assim, o genes da soja pelo patógeno pode
exemplo, podemos aumentar a produto final seria uma planta não contribuir para o desenvolvimento
digestibilidade da soja”, avalia a transgênica”, conta Nepomuceno. de novas alternativas de controle da
pesquisadora. “Ativando o gene ahas que atual- doença”, explica.
37
CENÁRIOS
“Sem necessidade da descorna química ou com ferro quente, não há Maria José Sampaio. •
sofrimento para o animal. Por sua vez, a ausência do chifre é mais
‹ navegue › ———————————
segura para o trabalhador e para o próprio rebanho”, ressalta.
Artigo mais recente da pesquisadora chinesa
Camargo revela que há perspectivas de pesquisas para induzir
Caixia Gao
mutações ou introduzir genes ou alelos visando desenvolver animais https://www.nature.com/articles/ncomms12617
com maior resistência a carrapatos, especialmente nas raças de origem
Sobre CRISPR
europeia, mais suscetíveis ao problema. O carrapato bovino causa
http://revistapesquisa.fapesp.br/2016/02/19/
prejuízos acima de US$ 2 milhões/ano à pecuária brasileira: “Porém, uma-ferramenta-para-editar-o-dna/
isso ainda depende dos resultados de estudos genômicos e fenotípicos
https://www.youtube.com/
associados que mostrem o caminho para uma edição do genoma que
watch?v=SuAxDVBt7kQ
promova o aumento da resistência ao parasita.” ————————————————————
39
PESQUISA
MELHORAMENTO PREVENTIVO
BRASIL SE
PREPARA PARA
UMA DAS
MAIS TEMIDAS
DOENÇAS DO
ARROZ
41
PESQUISA
Corporação Colombiana de
Instituto de Pesquisa Pesquisa Agropecuária
Agropecuária do Panamá
Ministério da Ciência e
Instituto de Pesquisas Tecnologia de Angola
Agropecuárias do Chile
43
PESQUISA
Foto : Shutterstock/Embrapa
Próximos passos
Os testes de resistência conduzidos O desenvolvimento das variedades dedica a desenvolver novas variedades
no Panamá foram coordenados pelo de arroz resistente à bactéria é feito por de feijão-preto e feijão-carioca resis-
melhorista Ismael Camargo e pelo meio da técnica de retrocruzamento tentes à bactéria quarentenária Pseu-
fitopatólogo Felipe González, pesqui- baseado em análise de DNA. Os cien- domonas syringae pv. phaseolicola,
sadores do IDIAP. Eles usaram tistas acompanharam os genes transfe- uma importante doença do feijoeiro
isolados da bactéria que são comuns ridos de três fontes de resistência para em vários países. O trabalho já identi-
em lavouras de arroz naquele país. variedades de arroz adaptadas ao Brasil ficou três genes candidatos ao controle
Após os resultados positivos obtidos na analisando o DNA das sementes produ- das nove raças conhecidas do pató-
América Central, a equipe do projeto zidas em várias gerações do programa geno. Essa fase da pesquisa deve durar
pretende testar os materiais também na de melhoramento. As novas linhagens dois anos e envolve colaboração entre
Colômbia por meio de parceria com a possuem os genes de resistência a vários pesquisadores brasileiros e
Corpoica. “Sabemos que nossas plantas Xanthomonas e, ao mesmo tempo, são estadunidenses. A mesma abordagem
são resistentes às raças da bactéria muito parecidas geneticamente com está sendo aplicada para desenvolver
que estão no Panamá, agora vamos variedades que já são utilizadas nas variedades de soja resistentes ao pulgão
ver se apresentam desempenho seme- lavouras brasileiras. “A análise de DNA Aphis glycines, praga que assola plan-
lhante em relação àquelas presentes facilita e torna mais rápida e eficiente a tações nos Estados Unidos e que ainda
na Colômbia. Queremos oferecer ao seleção das características já presentes não foi detectada no Brasil.
produtor brasileiro um material com em variedades de arroz plantadas por
grandes chances de resistir a um amplo nossos agricultores, com o acréscimo ‹ navegue › ———————————
leque de raças do patógeno, caso a dos genes de resistência à bactéria”, Melhoramento preventivo
doença seja detectada no País”, almeja relata o cientista. http://bit.ly/2mLMY9K
o pesquisador. Márcio Elias Ferreira agora se
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46 - Ciência para a vida
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INTERNACIONAL
O FIO QUE
NOS UNE
À ÁFRICA
Soluções tecnológicas e troca de
saberes – apostas para o fortalecimento
da cotonicultura em solo africano
Num continente onde a ajuda internacional historicamente e com dificuldade de acesso a novas tecnologias.
tem faltado na resolução de problemas como a miséria e a Em 2009, esse cenário começou a mudar com o início
insegurança alimentar, uma parceria tem sinalizado pers- do projeto Cotton-4 (C-4). Promovido pela Agência Brasi-
pectivas diferentes. Em vez de mero aporte de recursos e leira de Cooperação (ABC) e contando com a parceria da
tecnologias, troca de conhecimento e valorização do saber Embrapa, o projeto vem, mais do que oferecer soluções
local têm sido a fórmula do projeto “Fortalecimento tecnoló- tecnológicas, favorecer diálogos e intercâmbio de experiên-
gico e difusão de boas práticas agrícolas para o algodão nos cias e saberes para proporcionar a adaptação de tecnologias
países do C-4 e Togo”, ou, resumidamente, Cotton-4 + Togo. de acordo com as condições e as demandas locais, permi-
Desenvolvido pelo Brasil em conjunto com Benim, Burquina tindo, assim, elevar a produtividade do algodão em mais de
Faso, Chade, Mali e Togo, o projeto tem por objetivo apoiar 100% em campos experimentais do projeto.
os cinco países africanos no desenvolvimento do setor coto- “Existe um modelo mental de produção no Brasil e um
nícola, aumentando a produtividade, diversidade genética e na África. Nós fizemos a composição dessas experiências”,
qualidade do produto cultivado. afirma José Geraldo Di Stefano, coordenador técnico do
O algodão é uma das principais atividades econômicas projeto e analista da Embrapa Algodão. “O Brasil não apre-
no oeste africano, onde estão localizados os países que parti- sentou um modelo pronto. Desenvolveu um de acordo com
cipam do projeto. Mais de dez milhões de pessoas dependem as necessidades de cada país, região e local, proporcionando
diretamente da cultura nessa região. A sobrevivência dos uma verdadeira reflexão sobre os diferentes sistemas de
agricultores está atrelada ao que é produzido em pequenas produção e possíveis soluções”, reforça o coordenador.
propriedades, com tamanho em média de um a três hectares, A atitude brasileira de buscar o conhecimento local foi
PESQUISA ADAPTATIVA
O Cotton-4 +Togo baseou-se na adap- deterioração, procuravam novas áreas. melhor aproveitamento da água.
tação sustentável de tecnologias e Não havia iniciativas para recupe- “Na África, toda a água que cai
conhecimentos brasileiros às condi- ração, apenas uma degradação cada tem que ser disponibili-
ções de clima, solo e saberes do oeste vez maior. Em meio a esse cenário, zada para produção de
africano. Segundo Sebastião Barbosa, a experiência brasileira e a longa alimentos e de algodão”,
a primeira missão ao Mali resultou no história de sucesso baseada na adoção defende Di Stefano.
relatório que indicou as prioridades do plantio direto indicavam, como Dessa forma, os produ-
para o projeto, estruturadas, então, em alternativa, a adaptação dessa tecno- tores podem aproveitar
três eixos tecnológicos que orientaram logia às condições locais. a água especificamente
as atividades: melhoramento genético, Outra técnica adotada foi a rotação para o desenvolvi-
manejo integrado de pragas (MIP) e de culturas no mesmo terreno. Alter- mento de plantas,
sistema de plantio direto. naram-se algodão e grãos, como em vez de desper-
Entre as prioridades, destacou- milho, sorgo, feijão-caupi ou outra diçá-la com o
-se a conservação de solos. Com solos cultura que fizesse parte da tradição preparo do solo e
pobres em nutrientes e deficientes em alimentar do país. Além de tornar com o aumento de
água, pequenos produtores da região o solo mais rico, pois cada cultura sua fertilidade. Isso pode
plantavam somente o algodão durante plantada deixa, ali, nutrientes impor- ocorrer a partir da introdução
todo o ano. Num costume repassado tantes para as culturas que virão, e não do sistema Integração
de geração a geração, eles preparavam desgastar esse recurso, e sim recu- Lavoura-Pecuária (ILP)
a terra para o plantio aguardando as perá-lo, o plantio direto proporciona com uso de plantas
chuvas, mas com o mínimo sinal de ganhos também quando se trata do de cobertura prote-
Fo
t o :K registros eram de 800 quilos e de confirmada a espécie local – o Tricho- de aprendizagem organizacional”,
1,5 a 2,5 toneladas, respectivamente. gramma lutea e ainda identificada uma prevê Di Stefano. »
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INTERNACIONAL
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ARTIGO
dade de gênero, redução das desigualdades, em relação aos ODS, conforme diretrizes
energia, água e saneamento, padrões sustentáveis governamentais.
de produção e de consumo, mudança do clima, O trabalho inicial do GT foi mapear
cidades sustentáveis, proteção e uso susten- como os Eixos de Impacto e os 12 Objetivos
tável dos oceanos e dos ecossistemas terrestres, Estratégicos expressos no VI Plano Diretor
crescimento econômico inclusivo, infraestru- da Embrapa se relacionam com os 17 ODS.
tura e industrialização, governança, e meios de Existe uma considerável convergência das
Osório Vilela Filho implementação. propostas institucionais já em andamento com
Para conferir legitimidade à Agenda 2030, o os ODS e que a Instituição poderá elencar,
Analista da Embrapa
compromisso brasileiro com os ODS foi deixado nos próximos anos, inúmeras contribuições
claro com a publicação do Decreto número ao cumprimento das metas da Agenda 2030
Campos de Atuação: 8.892/2016, que criou a Comissão Nacional para e à discussão dos indicadores nacionais nos
Políticas públicas e
relações internacionais os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e próximos meses. •
lhe deu competência para elaborar plano de ação ‹ navegue › ——————————————
para implementação da Agenda 2030, com estra-
www.odsnospodemos.org
tégias, instrumentos, ações e programas, bem https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/
como para acompanhar e monitorar o desenvol- http://www.agenda2030.org.br/