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BÓRIS

NÃO
ESTÁ
PRONTO

Dolores Boca Aberta


Mecatrônica de Artes
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índice
4. Sinopse

5. Ficha técnica

6. Sobre Bóris não está pronto

10. Currículo dos artistas

10. Concepções
10. Dramaturgia
11. Encenação
12. Cenário
12. Figurino
12. Música
13. Iluminação

14. Links de vídeos

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sinopse
Bóris não é um indivíduo, Bóris não é um
personagem, Bóris não é uma pessoa. Boris é o
nome que encontramos para batizar todos os
homens. Bóris é a síntese da masculinidade, um
ser inacabado. O fato de ‘não estar pronto’ marca
a esperança e seu caráter histórico, marca sua
precariedade e errância. Esta negação dirige-se
a possível interlocução que espera ou vaticina a
finitude da masculinidade como algo rotulável
e estanque. Não se trata de exaltação ou conde-
nação, mas do mergulho humanizador nas cros-
tas brutalizadas e, ao mesmo tempo, frágeis do
mundo dos homens.
“Bóris” é um vir a ser, algo em movimen-
to, em busca de um encontro. Quatro atores se
dividem em cena para apresentar fragmentos
de situações exemplares da construção do ser
homem, do imaginário e da cultura machista.
Com foco nas fragilidades do homem, na
tortura do machismo sobre a masculinidade e
nas consequências da perpetuação desta mazela
social e histórica, a peça se ampara na forma líri-
ca e épica. Abre mão de personagens fixos e opta
pela profusão de tipos que compõem um mosa-
ico do macho.

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ficha técnica
DIREÇÃO
Luciano Carvalho

ATUAÇÃO
Tiago Mine
Cristiano Carvalho
João Alves
Fernando Couto

VOZES EM OFF
Erika Viana
Tati Matos
Camila Grande

ILUMINAÇÃO E TÉCNICA DE SOM


João Alves

DRAMATURGISTAS
Tiago Mine
Luciano Carvalho

PRODUÇÃO
Coletivo Dolores Boca Aberta
Mecatrônica de Artes

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sobre
Bóris não está pronto
Mentir é gostoso, mentir junto é melhor. O mundo dos homens O espetáculo Bóris não está pronto apre-
é feito dessas coisas gostosas e quentes, mas elas quebram sem senta o universo masculino por meio de poe-
aviso, e queimam e matam. É por não ver as máscaras, as far-
sas e os jogos que se quebra tanto. Gostamos mais dos remen- sias, metáforas e pancadaria.
dos e das apostas. Cartas, disfarces e carrinhos de rolemã.
Com encenação épica, tipos masculinos são
(fragmento da dramaturgia de Bóris não está pronto)
representados de forma surreal e sobrepõem
fraquezas e vícios numa espécie de jogo de
meninos. Não há mulheres em cena. Somente
suas vozes projetadas de uma caixa de som,
enfatizando o papel social de objetos no mun-
do de machos. O uso constante de máscaras de
trabalho cria personagens bizarros, incapazes
de mergulharem em si, em posse da casca lab-
oral como pele. As carapaças apresentam-se
como escudo e debilidade risível, os homens
tornam-se nús de maneira oposta, cobrindo-se
de adereços e artefatos que substituem a sub-
jetividade. As máscaras sociais adotadas pelo
mundo dos homens estão impregnadas de de-
terminação inescapável. Nesse sentido, a ence-
nação busca montar um jogo, deliberadamente

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estranho, de modo a exagerar as tramas cul- Em Bóris não está pronto o machismo é
turais da estrutura machista (a que todos estão entregue em uma bandeja ao público, suas en-
submetidos). O aspecto de jogatina fica enfatiza- tranhas são retorcidas e destroçadas, e desta
do pelos plafons que simulam focos de luz em operação violenta é possível avistar traços da
mesas de bar. O caráter surrealista vem sob a in- masculinidade adormecida.
fluência da obra Espuma do dias, de Bóris Vian,
que empresta o nome à peça.

Outra influência é o livro Mulheres, de
Charles Bukowski, que participa da dramaturgia
por meio de trechos narrados em vozes femini-
nas. Tanto Bukowski quanto Vian têm fragmen-
tos de seus romances reproduzidos como texto
teatral, a eles foram conectadas outras narrati-
vas criadas por Tiago Mine e Luciano Carvalho,
dramaturgistas da peça.

O mundo do trabalho permeia, quase sutil,


toda a obra. Aparece nas lutas de boxe, no de-
semprego de algum personagem, na submissão
ou coadjuvância de outro, na operação constan-
te de luz e som dentro do palco - trabalho real-
izado por um ator, técnico, criador.

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currículo Luciano Carvalho: Poeta, dramaturgo e diretor teatral do Coletivo

dos artistas
Dolores Boca Aberta. Entre outras obras dirigiu e compôs coletivos
dramatúrgicos de: Bóris não está pronto (2021), Rolezinho (2018),
PERESTROIPIKA (2016) diretor convidado pelo Grupo de Teatro
de Guiñol de Guantánamo/ CUBA. P.U.T.O. um Ato Poético (2015),
A Saga do Menino Diamante - Uma Ópera Periférica (2009-2012)
- Prêmio Shell 2011 (categoria especial pela criação e pesquisa) e
Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro 2010 (trabalho apresentado
em espaço não convencional e indicado a melhor direção e ocupação
de espaço). Co-autor do livro de poesias Dolorianas (2015). Sombras
Dançam Neste Incêndio – Peça Curta em Dois Atos (2004). Junto
de Andressa Ferrarezi escreveu Rua Florada Sem Saída (2008).
Formação acadêmica: Graduado em Comunicação Social (UMC), pós
graduação em Agroecologia e Educação do Campo (USP - ENFF),
mestre em Desenvolvimento Territorial da América Latina e Caribe
(UNESP).

Cristiano Carvalho: Formado em Educação Física, pela Faculdade


de Mogi das Cruzes - UMC, Pós graduação Lato Sensu pela Faculdade
de Educação da USP em parceria com a Escola Nacional Florestan
Fernandes em “Educação do Campo e Agroecologia”. Integrante do
Coletivo Dolores desde sua fundação atuando enquanto preparador
corporal. Articulador comunitário do CDC Vento Leste. Principais
espetáculos enquanto ator são Sombras Dançam Neste Incêndio
(2006), A Saga do Menino Diamante: uma ópera periférica (2009),
O Direito à Preguiça (2014), Rolezinho (2018), Bóris não está pronto
(2021).

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Tiago Mine: Poeta, ator e dramaturgo. Formado em Letras pela
o documentário Vie La En Cores (2020). Atualmente faz parte do núcleo
Faculdade Singularidades com mestrado pela UNIFESP, formado
artístico do Coletivo Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes e do Grupo
em Artes Cênicas pelo INDAC (Instituto de Arte e Ciência). En-
Teatral Mata!, também é Artista Articulador de Processos Artísticos Pedagógi-
tre outras peças atuou em Rolezinho: peça cênico musical (2018),
cos no Programa Vocacional.
P.U.T.O -um Ato Poético (2015), A Saga do Menino Diamante – Uma
Ópera Periférica (2011/12) e Insônias de Antônio ( 2010-12) com Fernando Couto: Formado como técnico em agropecuária trabalho com edu-
Coletivo Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes. Em 2016 par-
cação ambiental, ministrando aulas de permacultura e paisagismo ecológico
ticipa de PERESTRÒIPIKA Convite para criação da obra teatral
no CDC Vento Leste desde 2013. Integrante do coletivo de música, poesia e
com o Grupo de Teatro Guiñol de GUANTÁNAMO - CUBA. Também
contos, chamado Trem de Cordas, desde 2007. Desde 2002 faz parte do gru-
atuou em Fulêro Circo (2010) com a Cia Estudo de Cena, Memórias
po Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes, onde atua como ator, músico,
da Superfície (2009) com direção Márcia Abujamra. SESI-SP e O contador de histórias, poeta e sócio-educador. Cursou a escola de atores Ma-
Bailado de Flávio de Carvalho (2008) com direção Roberto Lage.​​ cunaíma até 2002, onde ajudou a fundar o grupo de teatro infantil Albatroz.
Atualmente integra o Coletivo de artes Dolores Boca Aberta e le-
Ingressou na carreira artística em 1998, atuando como articulador de bone-
ciona português na rede pública municipal de ensino de São Paulo.
cos de fantoches na Cia Tiers. Formação: Técnico em Agropecuária pela Escola
Benedito Storani (1993-1995).
João Alves: Formado em Licenciatura em Artes-Teatro pelo In-
stituto de Artes da UNESP em 2010. Ingressou na Quadrilha de Te-
atro Notívagos Burlescos em 2004 na qual atuou nos seguintes es-
petáculos: Crônicas de um Assassino Crônico (2008-2014), Fidélis
(2013), Ana Rosa (2006) e Zero, Círculo ou Ó (2004). Atuou no
espetáculo Respira (2011), peça do dramaturgo peruano Eduardo
Andriàzen pelo Grupo Conexión Latina sob a direção da mexicana
Carla Lorena Bauche. Co-dirigiu o espetáculo infantil Uma Jorna-
da de João e Maria (2012). É autor do texto do espetáculo A Vila
dos Macacos (2019). Com o Coletivo Dolores Boca Aberta Meca-
trônica de Artes iluminou os espetáculos P.U.T.O (2015), Narra-
tivas na cozinha (2016) e O direito a Preguiça (2016) e atuou no
espetáculo Rolezinho (2019). Coordenou a equipe de captação de
audio e vídeo do Coletivo Vie La En Close de 2017 a 2020. Dirigiu

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concepções DRAMATURGIA
Nossa investigação tem circulado pelo universo do machismo a par-
tir da abordagem surrealista de Bóris Vian na obra A Espuma dos Dias.
Somamos a isso as obras de Charles Bukowski, com destaque a fragmen-
tos de Mulheres.
Também observaremos a construção do amor romântico em obras
como O Retrato de Dorian Gray, Dom Quixote e Hamlet. Verificaremos
distintas abordagens e as prisões que a moral envolve personagens. Des-
taque sobre o papel das mulheres como objeto de desejos. A centralidade
e ao mesmo tempo o escanteamento das mulheres como seres dotados de
autodeterminação e protagonismo histórico.
Investigação sobre o machismo como condenação e limitação em
amplo espectro. Nossa abordagem põe foco nas fragilidades do homem,
na tortura do machismo sobre a masculinidade e muito das consequên-
cias da perpetuação desta mazela social e histórica.
Por meio da afirmação “Bóris não está pronto” o título sugere:
1) o processo de pesquisa a respeito de surrealismo e trabalho com
enfoque na obra de Bóris Vian, especificamente A Espuma dos Dias,
não terminou;
2) Bóris, como personagem síntese da masculinidade, não é um ser
acabado, ao contrário “Bóris” é um vir a ser, algo em movimento,
em busca de um encontro, um acabamento não determinado. Por-
tanto, a afirmação é calcada na negação. Esta negação dirige-se a
possível interlocução que espera ou vaticina a finitude da masculin-
idade como algo esquadrinhável, rotulável e estanque. O título põe
ênfase na condição histórica que forja incessantemente a humani-
dade e consequentemente a masculinidade e suas características
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funções de trabalho específico evidenciam o reduzido rep-
ENCENAÇÃO ertório emocional mas culino quando moldado pela socie-
Durante as fases mais graves da pandemia, os en- dade do trabalho e do patriarcado.
contros de criação se deram a distância por meio de vídeo Também pretende-se um estranhamento na forma ao
chamadas, telefonemas e e-mails. deixar evidente a personagem trabalhador técnico que faz
Ensaios presenciais ocorreram com os devidos cuida- a contra-regragem, operação de luz, som e vídeo em cena.
dos e nos deram base aos primeiros indícios formais que se- Trazendo para às vistas do público a engrenagem da peça e
riam investigados e aperfeiçoados dando vida ao espetáculo. trazendo em diversas situações elementos absurdos e sur-
Bóris é um espetáculo com homens em cena na busca de ol- reais nas transições de cena.
har delicado e crítico a respeito da masculinidade. Junto das cenas absurdas, mas cheias de camadas
O uso de máscaras de trabalho como expressão si- significativas, utilizamos a narrativa poética em forma de
multânea de proteção física, social e psíquica. A máscara depoimento, ora contação de história; ora confissão de del-
como materialidade de uma subjetividade brutalizada e im- itos morais. A narrativa imprimiu um tom de unidade às
permeável às sensibilidades mais profundas. Como o invólu- imagens facilitando o entendimento do público.
cro da sensibilidade inacessível da masculinidade. A más- O exercício convertido em obra teatral trafega por ex-
cara de trabalho diz respeito a um lugar na divisão social do perimentos estéticos e conceituais que reforçaram o caráter
trabalho e esta condição se confunde com o ser masculino. poético e trágico do machismo como chaga histórica com
Essa característica de proteção converte-se no fardo e prisão raízes e lastro social profundo.
emocional masculina, incapaz de reconhecer que sua más-
cara é, a um só tempo desejada e construída, - por si e pela so-
ciedade – o mecanismo impeditivo de emancipação humana.
Em Bóris Não Está Pronto encontramos o ponto sur-
real ao mergulhar homens com suas “máscaras sociais” em
situações onde os equipamentos de trabalho e ou proteção
fiquem despropositados.
A tarefa de estranhar o cotidiano com carapaças psíqui-
cas convertidas em apetrechos de trabalho deu resultado es-
tético bastante satisfatório. São belas imagens de desuman-
ização do homem rotulado por si mesmo e pela sociedade. As
dificuldades de exercer tarefas simples com os aparatos de
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CENÁRIO
O cenário aposta em recursos simples que trazem a
atmosfera de bar, com o uso de mesas e cadeiras de ma-
deira dobráveis que podem ser remanejados conforme a FIGURINO
necessidade da cena. O cenário é delimitado por uma lona O figurino mistura a roupa formal do cotidiano com
de caminhão de cor bege, que interage com a palheta de elementos oriundos do universo do trabalho e da prática
cores dos figurinos e com a luz, que rebatendo na lona aca- do boxe. A roupa base é formada por calças e camisas. Os
ba criando uma atmosfera particular para o espetáculo. adereços são máscaras de boxe e máscaras de trabalho,
Usamos um carrinho em cena que serve como delimitador ferramentas de trabalho, luvas de boxe etc.
de cenário em alguns momentos e também transporte de
elementos de cena. Há um mancebo em cena no qual são
dispostos os figurinos e adereços das personagens.

MÚSICA
A canção é também um recurso utilizado na com-
posição narrativa de Bóris Não Está Pronto. Na obra de
Bóris Vian o jazz constrói sonoridade e camadas narrati-
vas na obra. Pensando no recurso estético da sonoridade
pretendemos usar além das referências do jazz, canções
populares brasileiras e músicas originais. As canções
serão sampleadas e alteradas com sons do universo do
trabalho: ruídos de máquinas, sinetas, sons urbanos etc.
Os atores em cena interagem com a voz gravada da per-
sonagem feminina Chloe, representada por um caixa de
som paramentada com roupas femininas.

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ILUMINAÇÃO
A iluminação conta com recursos não convencionais
de iluminação cênica. Usando plafons com lâmpadas PAR
38 que remetem ao cenário de bar. O cabeamento da ilu-
minação é deixado à mostra, construindo um elemento de
cenário que remete ao cenário urbano onde existem os “ga-
tos de luz”. Pontos específicos da cena são iluminados por
LEDs diversos, dispostos pelo cenário e adereços construin-
do efeitos e edições de cenas. Recursos de projeção de vídeo
serão utilizados como elemento de iluminação e de apre-
sentação de imagens que tragam novas camadas de debate
ao que é apresentado em cena. A luz é operada de dentro
da cena, fazendo do técnico operador uma personagem do
espetáculo, deflagrando o trabalhador por trás dos efeitos
cênicos, o mesmo também atua fazendo contra-regragem e
operação de áudio e vídeo.

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links de
vídeos ESPETÁCULO NA ÍNTEGRA

vídeo 1 - camera fixa


https://youtu.be/n4i5g3BuFN0

vídeo 2 - duas cameras


https://youtu.be/2qPOFT2ENF4

EXPERIMENTO VÍDEO TEATRO


https://youtu.be/O3aIbGM5Ghk

doloresbocaaberta@gmail.com
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