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Fundamentos e Procedimentos de Enfermagem II

João Graveto

Necessidade de Comer e Beber 1


É necessário ingerir alimentos e absorver nutrientes para assegurar:
O crescimento e desenvolvimento normal;
A manutenção e reparação dos tecidos
O fornecimento da energia indispensável ao seu bom funcionamento –
metabolismo celular e funções orgânicas.
Um trabalho implica sempre um gasto de energia. Mesmo quando dormimos todas as
células trabalham, o coração bate, os pulmões movem-se: há gasto de energia.
Uma alimentação para ser equilibrada terá de satisfazer as necessidades
quantitativas, mas também as necessidades qualitativas, isto é, fornecer os nutrientes
indispensáveis ao bom funcionamento do organismo de acordo com as suas necessidades.
Alimento – todo o produto, natural ou fabricado, que é consumido, digerido e
aproveitado pelo organismo; e que contribui para lhe fornecer todos os nutrientes de que
necessita.
Os nutrientes constituem o produto final da digestão, e são maioritariamente
absorvidos ao nível da parede intestinal.
A função principal do tubo digestivo consiste em fornecer ao organismo nutrientes,
líquido e electrólitos de modo a serem usados pelas células.
Inclui:
Ingestão – mecanismo de entrada dos alimentos no tubo digestivo
Digestão – transformação mecânica e química dos alimentos em substâncias
capazes de serem absorvíveis
Absorção – passagem do tubo digestivo para o sangue ou linfa
Eliminação – mecanismo de saída dos produtos não digeridos

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Cada órgão ou estrutura do tubo digestivo desempenha uma função específica:
Boca/cavidade oral – mastigação,
ensalivação, mistura

Deglutição (Bolus)

Faringe e Esófago – glândulas


tubulares e mucosas

Estômago – glândulas tubulares


Movimentos peristálticos

Intestino delgado – duodeno, jejuno e


ilion – estruturas anexas – fígado,
vesícula biliar e o pâncreas
Prepulsão:

Intestino grosso – cego, cólon, recto e


canal anal – glândulas mucosas
Ânus

Propulsão – movimento de um extremo ao outro do tubo digestivo – da cavidade


oral ao ânus (27/36 horas)
Nutrientes – substâncias orgânicas e inorgânicas que estão contidas nos alimentos,
que cumprem uma ou mais das suas funções.

proteínas
Compostos lípidos
Orgânicos glícidos
vitaminas
Nutrientes

Compostos água
Inorgânicos sais minerais

Nutrientes essenciais – apenas podem ser obtidos através dos alimentos


Nutrientes não essenciais – podem ser sintetizados pelo organismo
Macronutrientes – nutrientes necessários em grandes quantidades
Micronutrientes – nutrientes necessários em pequenas quantidades

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Proteínas – são cadeias de aminoácidos ligados por sequências específicas.
Dos 23 aminoácidos que entram na constituição das proteínas humanas, 9 são
ditos essenciais: porque o organismo humano não é capaz de os produzir,
sendo obtidos exclusivamente através dos alimentos.
Uma cadeia de aminoácidos denomina-se de “peptídeo”. Estas cadeias
podem possuir:
2 aminoácidos – dipeptídeos
3 aminoácidos – tripeptídeos
4 aminoácidos – tetrapeptídeos
muitos aminoácidos – polipeptídeos. O termo proteína é dado
quando na composição do polipeptídeo entram centenas ou
milhares de aminoácidos.
As proteínas podem ter ser de origen animal ou origem vegetal.
Os alimentos proteicos dividem-se em:
Completos – quando possuem os aminoácidos essenciais em
quantidade e proporções necessárias. São de origem animal (carne,
peixe, leite, ovo)
Incompletos - possuem défice de algum dos aminoácidos
essenciais. São de origem vegetal (gramíneas, legumes, sementes)

Principais funções das proteínas:


1) Função plástica e estrutural – são proteínas estruturais:
a. Colagénio – constituinte das cartilagens
b. Actina e miosina – presentes na formação das fibras
musculares
c. Queratina – principal proteína do cabelo
d. Fibrinogênio e albumina – presentes no sangue
2) Participam na formação de enzimas e hormonas
3) Contribuem para o metabolismo energético – cada grama de
proteína fornece 4 kcal ao organismo.

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Glícidos/Hidratos de carbono – são compostos de carbono, hidrogénio e
oxigénio.
Obtêm-se essencialmente a partir de alimentos vegetais. Com excepção da
lactose que é o glícido presente no leite.
São importantes fontes de energia para o organismo. Cada grama de
carbohidratos fornece 4 kcal.
Monossacarídeos – glicose, frutose e galactose
Dissacarídeos – sacarose, lactose e maltose
Polissacarídeos – amidos, celulose, pectinas
O processo de digestão desdobra os polissacarídeos em dissacarídeos e
posteriormente em monossacatídeos.
Alguns glícidos como a celulose e a lenhina não sofrem processo de
digestão dando origem às fibras, que embora não sejam absorvidas
desempenham um papel importante na regulação do trânsito intestinal.

Lípidos – são biomoléculas insolúveis em água e solúveis em solventes


orgânicos, como o álcool, benzina, éter ou acetona.
Têm uma função nutricional considerável, já que representam o modo de
produção e armazenamento de energia mais eficaz, com 9 kcal/g de lípidos.
A esta família pertence a gordura que quando hidrolisada, nos fornece
ácidos gordos e álcool.
Os lípidos possuem uma importância biológica a diversos níveis,
funcionando como reserva energética e tendo funções estruturais
protectoras, vitamínicas e hormonais.
O aporte lipídico é indispensável para o desenvolvimento cerebral e para a
manutenção das membranas celulares.
Têm 3 origens:
 Animal: gordura da carne, dos lacticínios, dos ovos, do peixe,…
 Vegetal (oleaginosas): amendoins, amêndoas, nozes, avelãs,
azeitonas…
 Sintéticas: óleos, margarina, …
A maioria das gorduras animais e sintéticas contém grandes proporções de
gorduras saturadas;

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A maioria das gorduras vegetais contém maiores proporções de ácidos
gordos insaturados e poli-insaturados.
A percentagem média de lípidos deve situar-se entre 30 a 33% da dose
diária. Sendo apenas 1/3 de gorduras saturadas.

Os lípidos são constituídos por várias famílias de elementos:


Ácidos gordos – podem ser sintetizados pelo organismo, com
excepção de 2 ácidos gordos essenciais, que devem ser
proporcionados pela alimentação – o ácido linoleico e o ácido
linolénico.
Os ácidos gordos podem ser saturados, insaturados ou poli-
insaturados, consoante o número de ligações de hidrogénio livres.
Triglicéridos – representam 95% dos lípidos alimentares e 90%
dos lípidos no organismo humano.
Colesterol
Fosfolípidos

Vitaminas – são nutrientes muito importantes. Não podem ser sintetizadas


pelo homem, pelo menos em quantidades apreciáveis.
A falta de vitaminas facilita o aparecimento de doenças e o mau
funcionamento do organismo (provocando as avitaminoses). O excesso
também traz problemas e é chamado de hipervitaminose; os humanos
precisam de 13 vitaminas diferentes.
Distinguem-se duas categorias de vitaminas:
as vitaminas hidrossolúveis – B1, B2, B5, B6, PP, B8, B9, B12
e C – necessitam de ser consumidas diariamente uma vez que o
organismo possui uma capacidade de reserva limitada, eliminando-
as rapidamente.
as vitaminas lipossolúveis – A, D, E e K – são absorvidas na
presença de gordura e podem ser armazenadas pelo organismo
durante mais tempo. O excesso pode produzir níveis tóxicos.

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Sais Minerais - os minerais são nutrientes com função plástica e reguladora
do organismo.
É necessário ingerir cálcio e fósforo em quantidades suficientes para
constituição do esqueleto e dos dentes. Outros minerais, como o iodo e o
flúor, apesar de serem necessários apenas em pequenas quantidades, previnem
o aparecimento de doenças como a cárie dentária e o bócio. Uma alimentação
pobre em ferro provoca anemia. O excesso de sódio, provocado pela ingestão
exagerada de sal, aumenta o risco de doenças cardiovasculares e é um dos
responsáveis pela hipertensão.

Água – hidrata o organismo e transporta os nutrientes.


As necessidades são satisfeitas pela ingestão de líquidos e sólidos como a
fruta e os vegetais frescos, bem como pela produção orgânica durante a
oxidação dos alimentos.

FUNÇÕES DOS NUTRIENTES:


Função Plástica – materiais para a formação, crescimento e reparação das células
e tecidos – nutrientes plásticos: proteínas, lípidos e água.
Função Energética – materiais destinados à produção de energia – nutrientes
energéticos: lípidos, proteínas e glícidos.
Função Reguladora – materiais necessários a um funcionamento equilibrado das
células e do organismo – nutrientes reguladores: água, sais minerais e vitaminas.
Função de Reserva – materiais destinados a serem acumulados sob a forma de
reserva do organismo: lípidos

A alimentação, entre muitas outras funções:


Assegura a sobrevivência do ser humano;
Fornece energia e nutrientes necessários ao bom funcionamento do organismo;
Contribui para a manutenção do nosso estado de saúde físico e mental;
Desempenha um papel fundamental na prevenção de certas doenças (ex.:
obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes, certos tipos de cancro, etc.);
Contribui para o adequado crescimento e desenvolvimento das crianças e
adolescentes.

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Alimentação – processo de ingestão de alimentos de acordo com as necessidades do
organismo.
Os alimentos que apresentam características semelhantes quanto à composição
qualitativa e quantitativa dos seus nutrientes, fazem parte do mesmo grupo de alimentos.
Uma alimentação adequada deve ser:
 Completa
 Equilibrada
 Variada
Obtém-se pelo equilíbrio entre as porções ingeridas de cada grupo de alimentos, tal
como sugerido pela Roda dos Alimentos.
Os alimentos devem ser distribuídos por 5 a 6 refeições, de pequeno volume e
variadas. O valor energético ingerido deve ser adequado às características biológicas, às
necessidades das fases sucessivas do ciclo de vida e à actividade física.

Muitos portugueses têm uma alimentação desequilibrada, havendo casos de carências,


mas sobretudo de excessos devido à persistência de certos hábitos alimentares.
Consumo de sal em excesso – segundo a recomendação da OMS, cada pessoa
deve consumir, por dia, no máximo 5 gramas de sal;
Elevado consumo de álcool
Elevado consumo de gorduras - principalmente gorduras de má qualidade,
gorduras saturadas, hidrogenadas, sobreaquecidas e de múltipla utilização;
Saltar refeições – estar muitas horas sem comer cria uma maior sensação de fome,
que leva a pessoa a fazer posteriormente refeições demasiado pesadas. A carência

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alimentar (manifestada como hipoglicémia – baixa glicose no sangue) é responsável
pela quebra de rendimento intelectual, tanto na escola como no trabalho.
Comer demais – refeições muito volumosas, aliadas a uma vida cada vez mais
sedentária, provocam o aumento de peso.
Baixo consumo de legumes e produtos hortícolas – é importante “recuperar o
papel tradicional da sopa”, como forma de comer mais legumes e hortaliças, uma
vez que são mais facilmente digeridos e conservam todos os nutrientes na água da
sopa.
Baixo consumo de leite e derivados – a carência destes alimentos leva a uma
grande falta de cálcio na infância, adolescência e início da idade adulta. Recomenda-
se uma ingestão continuada e ao longo de toda a vida de alimentos ricos em cálcio.
Não se pode pensar só na osteroporose quando se chega à menopausa.
Elevado consumo de açúcar – o consumo de açúcar não está só associado à
ingestão de calorias a mais, leva também o nosso pâncreas a um grande desgaste.
Quando o pâncreas é demasiado estimulado, gasta a sua capacidade de produzir
insulina, o que, associado à obesidade, contribui ao longo dos anos para o
aparecimento da diabetes.

Fast food – impacto negativo na saúde devido ao seu conteúdo em gordura saturada e
sal.

Subalimentação – todo o regime alimentar que apresenta falta ou insuficiência de


quaisquer dos cerca de 40 nutrientes indispensáveis à manutenção da saúde.
Existem vários níveis de subalimentação que podem agrupar-se em: Fome e
Malnutrição.
Hiperalimentação Obesidade Aumento da morbilidade
e mortalidade

FOCOS DA PRÁTICA DE ENFERMAGEM:


Conceitos CIPE/ICNP, 2003:
Nutrição – ingestão, estado nutricional
Digestão – sucção, beber, mastigação, deglutição, absorção
Metabolismo – metabolismo energético
Volume de líquidos – hidratação, desidratação, retenção de líquidos

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Sensações – sede, fome, apetite, náuseas, dispepsia
Auto-cuidado: comer
Auto-cuidado: beber

Factores que influenciam a satisfação da necessidade:


Biológicos idade e crescimento
horário das refeições
actividade física

Psicológicos emoções e ansiedade

Sócio-económicos Culturais estatuto


religião
cultura

Factores que influenciam hábitos alimentares…


 Fase de desenvolvimento – as necessidade nutricionais variam com a idade e
fases do ciclo de vida – crianças, adolescentes, adultos, idosos, grávidas …
 Condições sócio-económicas
 Cultura e religião
 Factores psicológicos, nomeadamente imagem corporal e informação incorrecta
 Consumo de álcool, medicamentos e outras drogas
 Estado de saúde – perturbações do apetite, vómitos e diarreias, astenia, dor,
dificuldade na mobilização, na mastigação e/ou deglutição e na digestão…

Terminologia da INDEPENDÊNCIA:
Alimentos – substâncias líquidas ou sólidas susceptíveis de servir à nutrição do
ser vivo
Apetite – sensação agradável que se traduz por um desejo de comida
Fome – sensação desagradável que se traduz pela necessidade de comer
Metabolismo – conjunto de transformações químicas que se produzem em todos
os tecidos do organismo
Nutrientes ou elementos nutritivos – substâncias químicas contidas nos
alimentos capazes de serem utilizadas pelas células orgânicas, constituem o

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produto final da digestão, e são maioritariamente absorvidos ao nível da parede
intestinal
Nutrição – conjunto dos processos de assimilação e de desassimilação que
mantém o bom funcionamento do organismo, fornecendo-lhe assim a sua energia
vital
Saciedade – sensação de plenitude sentida pelo indivíduo após a sua necessidade
de comer estar satisfeita

Manifestações de INDEPENDÊNCIA:
A – Estado geral da cavidade oral
 Dentes saudáveis, bem alinhados e em número suficiente;
 Prótese dentária em bom estado e bem ajustada;
 Mucosa oral íntegra, húmida e cor rósea;
 Língua rósea;
 Gengivas róseas e integras.
B – Mastigação lenta e com a boca fechada
C – Digestão
D – Reflexo de deglutição
E – Hidratação – ingestão diária de água, cerca de 1500 a 3000 ml/dia para um
adulto. A quantidade ingerida é aproximada à quantidade eliminada.
F – Hábitos alimentares
 Horário – 5 refeições, com intervalos de 3 horas;
 Tomar as refeições calmamente com duração de 45 minutos;
 Comer entre as refeições;
 Utilização dos diferentes grupos de alimentos na composição das refeições.
G – Escolha pessoal dos alimentos adequados
H – Restrição alimentar devido a credo religioso, cultura – significado individual
da alimentação – amor, punição, conforto ou repouso

Intervenções Enfermagem – Manter a ind. na satisfação da necessidade:


a. Explorar os gostos e hábitos alimentares do cliente;
b. Planificar a escolha dos alimentos tendo em conta as preferências e os hábitos
alimentares do cliente e as suas necessidades;

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c. Ensino sobre: alimentação equilibrada de acordo com a idade, actividade física e
necessidades especiais.

O enfermeiro deve observar as manifestações de independência e delimitar as


interacções desta necessidade com as outras necessidades, afim de ajudar a manter a sua
independência.

Terminologia da DEPENDÊNCIA:
Anorexia – diminuição ou perda do apetite;
Dificuldade de absorção;
Disfagia;
Fome;
Incapacidade de alimentar-se sozinho;
Náuseas;
Vómito;
Bulimia – sensação excessiva de fome e necessidade de absorver uma grande
quantidade de alimentes;
Obesidade – massa corporal acima de 15-20% da massa normal segundo a idade
e constituição;
Polifagia – necessidade excessiva de comer e ausência de sentimento de
saciedade.

Em qualquer necessidade, a dependência na satisfação da necessidade, pode


manifestar-se por:
Falta de força
Falta de vontade
Falta de conhecimentos

Alguns diagnósticos de enfermagem com recurso à linguagem CIPE/ICNP:


 Alimentação alterada
 Aprendizagem de habilidades não demonstrada para se alimentar
 Aprendizagem de habilidades não demonstrada pelo prestador de cuidados para
assistir na alimentação
 Conhecimento não demonstrado sobre auto cuidado comer

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 Conhecimento não demonstrado do prestador de cuidados sobre auto cuidado
comer
 Conhecimento não demonstrado pelo prestador de cuidados sobre técnica de
alimentação
 Conhecimento não demonstrado dos pais sobre hábitos saudáveis
 Conhecimento não demonstrado sobre hábitos alimentares
 Dependente no auto cuidado alimentar-se em grau (reduzido, moderado, elevado)

Algumas intervenções autónomas de enfermagem possíveis em função dos


diagnósticos CIPE/ICNP
 Vigiar refeição
 Planear a dieta
 Requerer serviço de nutrição
 Providenciar equipamento adaptativo para alimentar-se
 Advogar o uso de equipamento adaptativo
 Incentivar a pessoa a alimentar-se
 Informar sobre equipamento adaptativo para alimentar-se
 Ensinar sobre hábitos alimentares
 Ensinar o prestador de cuidados sobre hábitos alimentares
 Ensinar o prestador de cuidados sobre técnica de alimentação
 Ensinar os pais sobre hábitos alimentares saudáveis
 Ensinar sobre estratégias adaptativas para alimentar-se
 Instruir a utilização de estratégias adaptativas para alimentar-se
 Instruir o prestador de cuidados sobre como assistir no alimentar-se
 Instruir sobre a utilização de equipamento adaptativo para se alimentar
 Treinar o papel do prestador de cuidados no auto cuidado alimentar-se
 Treinar o papel do prestador de cuidados a assistir no auto cuidado alimentar-se
 Treinar o uso de estratégias adaptativas para o auto cuidado alimentar-se
 Orientar no uso de equipamento adaptativo para o auto cuidado alimentar-se

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Necessidade de Comer e Beber – Avaliação do Estado Nutricional
Consiste:
 História Alimentar
Avaliação Subjectiva
 Exame físico
 Dados antropométricos
Avaliação Objectiva
 Dados laboratoriais (“bioquímicos”)

Avaliação Subjectiva – entrevistar, observar e interpretar os dados


Avaliação Nutricional Subjectiva Global:
Parâmetros:
História alimentar e antecedentes clínicos
Exame físico
Método:
Simples e de baixo custo
Boa reprodutibilidade e confiabilidade

Um registo detalhado da ingestão de alimentos durante três dias (incluindo um dia de


fim de semana) pode ser importante para compreender o padrão alimentar.

História Alimentar:
 Identificação
 Peso: actual, habitual, alterações
 Hábitos alimentares e história dietética: tipo de refeições, frequência, hora,
dimensão
 Preferências, alergias, aversões alimentares (gosto ou intolerância)
 Dificuldade em mastiga ou deglutir, bem como o uso de próteses
 Presença de sintomas gastro intestinal: náuseas, vómitos, diarreia
 Alterações do apetite
 Medicação habitual e/ou actual: pode alterar o estado nutricional de vários
modos
 Antecedentes clínicos: malformações, cirurgias no tubo digestivo, doenças
crónicas (diabetes, cardiovasculares, doença de Crohn, …)

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Outra informação clínica importante:
Avaliação da capacidade funcional – alteração da actividade física,
capacidade de se mobilizar e satisfazer as suas actividades de vida diária, …
Alterações das necessidades metabólicas – gravidez e lactação, infecções,
hipertremia, cirurgias, queimaduras, fracturas.
História social – nível sócio-económico com implicações na escolha dos
alimentos

Exame físico
Aspecto geral:
Fadiga, apatia, caquexia
Presença de sinais de depleção nutricional: perda tecido sub-cutâneo, perda de
massa muscular. Ex.: depleção moderada de tecido muscular na região
supraclavicular e infraclavicular
Cabelo quebradiço, seco, fino, com queda acentuada
Pele áspera, pálida, presença de peténquias ou equimoses, …
Edemas nas membros inferiores
Unhas quebradiças

Avaliação Objectiva:

• Peso
Dados • Altura
• Índice de massa corporal
Antropométricos • Pregas cutâneas
• Perímetro(s)

Peso – deve ser avaliado preferencialmente de manhã, em jejum, descalço e com


roupa mínima. O peso é influenciado pela retenção de líquidos e relação massa
muscular/massa gorda.
O peso ideal é um índice que relaciona a altura com a idade e o sexo.
 Peso superior 120% do peso ideal indicia obesidade
 Peso inferior a 80% do peso ideal indicia situação de desnutrição

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Gravidade relacionada com a percentagem de perda de peso:
< 5% Não significativa (a não ser que continue)
5 – 9% Tem significado clínico se aconteceu rapidamente ou se
for evidente a má nutrição
10 – 20% Clinicamente significativa. Está indicado apoio nutricional
> a 20% Situação grave. Indicado apoio nutricional agressivo

Índice de massa corporal (IMC ou BMI) – relaciona peso e altura

Resultado final:
< 18,5 Abaixo do peso
18,5 – 24,9 Peso normal
25,0 – 29,9 Sobrepeso os extremos têm sido associados
30,0 – 34,9 Obesidade grau I a aumento de morbilidade
35,0 – 39,9 Obesidade grau II
> 40,0 Obesidade grau III

O IMC apresenta alguns problemas:


 Não discrimina os componentes gordo e magro da massa corporal total
 Em idosos, tem que ser ajustado (perdem altura, massa óssea) - < a 22 indica
risco de desnutrição

Avaliação de pregas cutâneas – utiliza-se geralmente o compasso de


Harpender
Permite obter informações importantes acerca das reservas energéticas
Localizações mais comuns:
Tricipede
Sub-escapular
Peitoral
Absominal
Coxa

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Prega cutânea tricipital – a dobra é medida na face posterior do braço, na
distância média entre a borda supero-lateral do acrómio e a borda inferior do
olecrânio. A medição é realizada seguindo o eixo longitudinal do membro

Perímetro(s) – quando conjugados com a avaliação das pregas cutâneas permitem


uma avaliação indirecta da massa muscular.
Ex.: CMB (Circunferência Muscular do Braço) – estimativa de tecido muscular

• Hemograma - (anemia, desnutrição)


• Glicémia - (jejum prelongado, desnutrição,
diabetes, ...)
• Índice de creatinina - baixa com perda de
massa muscular
Dados • colesterol - < 150 pode indicar risco de
desnutrição
Laboratoriais • Pré-albumina sérica - 7 a 30 mg/dl (sensível
a alterações agudas)
• Albumina sérica - 4,3 +/- 0,7 g/dl
• Transferrina sérica - 258 +/- 61,3 mg/dl
• Balanço azotado - balanço negastivo indica
desnutrição proteica

As alterações na satisfação da necessidade de comer e beber também podem


ocorrer quando:
 Não se ingere a quantidade e variedade de alimentos – falta de apetite,
alteração da imagem corporal, questões económicas ou culturais, …
 A capacidade de mastigação e deglutição está alterada
 O processo de digestão está alterado – aceleração do trânsito intestinal,
vómitos, recessão gástrica ou intestinal, …
 Existem limitações físicas ou mentais que impedem/dificultam a
autonomia na satisfação desta necessidade

INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM:

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Cuidados de promoção de uma alimentação saudável:
 Comer bem – quantidade, qualidade, variedade
 Comer em segurança – produção, conservação, preparação

Promover o fornecimento de uma dieta adequada (Via Oral)


DIETAS HOSPITALARES
Dieta Zero – jejum para exames, cirurgia ou necessidade de pausa no tubo
digestivo

Variação na consistência ou volume


Normal
mastigação/deglutição
distúrbios gastrointestinais Branda
intervenções cirúrgicas Pastosa
preparação de exames
Líquida

Variação conteúdo energético – tem em atenção as necessidades metabólicas:


hipercalórica, hipocalórica

Variação da qualidade e quantidade de nutrientes – hiper/pipo proteica;


hipolipídica, hiposalina, hipoglucídica, pobre em fibras

Líquida – qualquer alimento ou bebida que são líquidos, à temperatura ambiente.


Pode ser rica em calorias mas pobre em resíduos. Pessoas após náuseas e vómitos;
pós-operatório
Banda Cirúrgica ou Cozidos e Grelhados – alimentos de fácil digestão, utilizada
com transição para a normal
Normal ou Geral – permite todo o tipo de alimento (dividido em seis pequenas
refeições em pessoas com anorexia e capacidade gástrica reduzida)
Pastosa ou Passada – consistência da comida alterada: carnes moídas, sopa
moída, nenhum pedaço de alimento presente, liquida espessa. Utilizada em
situações em que seja necessária pouca ou nenhuma mastigação, pessoas com
dificuldade em mastigar ou deglutir.
Baixo resíduo - para reduzir o alimento no aparelho gastrointestinal, antes de
exames ou cirurgia. Não dar: leite e derivados, comidas picantes ou muito
temperadas, frutas e legumes. Dar cereais, pão branco, sumos de frutas

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Rica em Fibras – usada na obstipação e doenças do cólon não inflamatórias
(frutas frescas, legumes, cereais integrais)
Pobre em Fibras – usadas em doenças (fase aguda) gastrointestinais crónicas ou
quando ocorre inflamação do intestino
Meio/Sal ou Sem/Sal – hipertensão ou doenças cardíacas
Diabética
Hiperproteica – aporte proteico superior a 20% do total calórico

Cuidados em doentes agudos


Doentes com défice no autocuidado:
Preservar a autonomia possível
Preparar o tabuleiro – cortar os alimentos, dispor de forma facilitada, chegar
a água, …
Fornecer dispositivos auxiliares
Ajudar de acordo com as necessidades – por vezes os doentes estão
debilitados e cansam-se, desistindo de comer ainda com fome
Estimular o doente e valorizar o esforço
Respeitar o seu ritmo
Avaliar os resultados – apreciar o que o doente comeu, o que recusou, as
interferências

Muitos doentes desnutrem durante o seu internamento. Não basta que a dieta seja
adequada, é necessário garantir que o doente a ingere.
São muitos os factores que interferem na vontade e capacidade de o doente se
alimentar adequadamente – falta de apetite, tristeza, isolamento, desconforto, …
Cabe ao enfermeiro acompanhá-lo, estimulá-lo, ajudá-lo. Mesmo quando delego
num auxiliar a função de ajudar o doente na alimentação, é fundamental não esquecer que a
responsabilidade de cuidar daquele doente continua a ser minha.

Cuidados de enfermagem numa pessoa com náuseas e vómitos:


Náusea – sensação eminente de vontade de vomitar
Vómito – expulsão violenta de conteúdo gástrico pela boa, com contracção do
diafragma

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Regurgitação – ejecção de quimo ou suco gástrico pela boca, sem contracção do
diafragma.
AVALIAÇÃO/OBSERVAÇÃO:
1) Provocar saber o inicio, duração e frequência
 Vómitos matinais: Gravidez
Alterações gástricas
Alcoolismo crónico
 Após as refeições: Alergia a alimentos
Gastrite
Intoxicação alimentar
 Vómitos pós operatório – em qualquer altura

2) Características do vómito (cor, cheiro, conteúdo e quantidade)


 Amarelo/esverdeado – suco gástrico misturado com bílis
 Vermelho vivo
 Hematemeses – sangue de cor castanho escuro (tipo borra de café), pela sua
conversão em hematina no estômago na presença de HCI. Causas mais
frequentes: úlcera, gastrite erosiva, ruptura de varizes esofágicas, tumores
benignos e malignos.
 Vómito fecalóide com odor fecal – há obstrução intestinal
 Vómito alimentar – vestígios de alimentos
3) Observar a pele e mucosas, para despiste de sinais de desidratação. Os vómitos
prolongados e graves interferem com a nutrição e provocam desequilíbrio hidro-
electróltico.

Cuidados à pessoa com vómitos:


1) Posicionar a pessoa de forma a evitar o risco de aspiração
2) Parar de imediato, se possível, com a causa, medicamentos ou outras
substâncias que possam estar na origem
3) Administrar líquidos por via endovenosa
4) Administrar medicamentos antieméticos, por via rectal ou injectável
5) Diminui/aliviar o desconforto
6) Reduzir a ansiedade, administrar sedativos se necessário

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7) Pedir à pessoa para fazer inspirações profundas pela boca, alivia um pouco a
sensação de vómito e ainda, a tensão dos músculos abdominais, provocada
durante os vómitos.
8) Manter uma taça junto da pessoa para vomitar, e providenciar para que seja
substituída, logo após o vómito (mesmo que seja em pequenas quantidades)
9) Permitir à pessoa higiene oral (bochechar) após o vómito, e se preferir
utilizar um líquido aromatizado (tantum verde)
10) Gerir o ambiente – conservar o quarto ventilado (arejado), os odores
desagradáveis podem precipitar o vómito
11) Dar bebidas efervescentes, podem ter um efeito de controle, e em geral são
retidas antes de outro tipo de bebidas serem toleradas
12) Os primeiros alimentos devem ser: dieta liquida e se for tolerada, passa a
dieta de cozidos e grelhados.

Necessidade de Comer e Beber


Intervenções de Enfermagem no Doente Totalmente Dependente

Princípios gerais na administração da alimentação entérica:


- por via oral
- por sonda
Princípios gerais na administração da alimentação parentérica

Alimentação Enteral – é toda a que utiliza o tubo digestivo. Embora seja mais
comum utilizar esta expressão quando nos referimos à administração de
alimentos/nutrientes através de um tubo (sonda), inserido no tracto
gastrointestinal.
A alimentação entérica (A.E.) por sonda nasogástrica (SNG) está indicada aos doentes
que:
Não conseguem
Não querem ingerir uma quantidade adequada de alimentos pela boca
Não devam
Objectivos da Alimentação Entérica:
Alimentar o indivíduo com os nutrientes adequados, quando a via oral é
inacessível ou impraticável;

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Providenciar uma alimentação o mais fisiológica possível;
Manter o equilíbrio hidro-electrolítico e o estado nutricional;
Manter a motilidade do tracto gastrointestinal

Contra-indicações:
Situações em que o intestino está incapaz de receber, digerir e absorver os
nutrientes. Ex.: obstrução intestinal, isquémia intestinal, perfuração
gastrointestinal, hemorragia aguda, vómitos incoercíveis
Situações que requerem pausa no tubo digestivo. Ex.: pancretite, pós-
operatório imediato

Vias de acesso:
Via nasoentérica
o Sonda sagogástrica
o Sonda nasoduodenal/nasojejunal
Via percutânea: colocação da sonda directamente no estômago ou jejuno,
durante um acto cirúrgico
o Gastrostomia ou jejunostomia – via
aconselhada quando se prevê longos
períodos de AE ou quando existe
obstrução do trato superior do tubo
digestivo. Ex.: tumor do esófago, atrésia do esófago

Tipos de Sonda:
Sonda de polivinil – duração cerca de 1 semana.
Existem em vários calibre, mas são geralmente mais grossas que as dos outros
materiais, permitindo a utilização de dietas caseiras
Sonda de poliuretano – duração até 1 mês
Sonda de silicone – duração até 3 meses

Fórmulas de alimentação enteral:


Fórmulas caseiras – resultantes da trituração de alimentos previamente
confeccionados (mais baratas)

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 21


Fórmulas industriais – têm vindo a ser preferidas por várias razões:
o São mais equilibradas
o Mais estáveis
o Estão prontas a usar
o Têm menor incidência de complicações (infecções, intolerância, …)
o Podem ser administradas por sondas mais finas

Métodos de administração
Em bólus – semelhante ao padrão de alimentação normal. Administração de
um volume relativamente grande (250-400cc) num curto espaço de tempo (15 a
20 minutos). A administração pode ser realizada por uma acção da gravidade
(gavagem) ou com o auxílio de uma seringa.
Permite maior autonomia ao doente
O grande inconveniente resida na maior intolerância gastrointestinal:
náuseas, vómitos, distensão abdominal saciedade precoce
Administração Intermitente – o doente é alimentado por forma contínua
durante 16 a 18 horas e faz uma pausa durante 6 a 8 horas.
Requer o uso de fórmulas industriais, geralmente administradas por
máquina infusora, que regula o débito numa velocidade constante
Administração contínua – administração por máquina infusora, geralmente de
fórmulas industriais. É o método mais comum em doentes críticos e nos que são
alimentados directamente no intestino delgado.
Evita complicações como o reflexo gastro esofágico e o síndrome de
dumping (fenómeno em que os líquidos são encaminhados para o lúmen
do intestino provocando diarreia, ou seja esvaziamento rápido)
Cuidados gerais:
 Consultar o processo clínico para individualizar cuidados
 Atender às preferências e privacidade do indivíduo
 Manter um ambiente limpo e confortável
 Sempre que possível, o doente deve estar posicionado com elevação da
cabeceira
 todo o material usado (seringa de alimentação, copos, material de
protecção,…) deve ser mudado pelo menos diariamente

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 a boca e o nariz do doente devem ser mantidos limpos e hidratados, com
mudança diária dos adesivos de fixação da sonda
 lavar as mãos sempre que se contacta com o sistema de alimentação.
 Comunicar, com o doente e família, informando-os sobre o programa
alimentar instruído e preparando-os para a continuidade dos cuidados.

Cuidados específicos na administração de dietas caseiras:


1) Preparar o material necessário:
 Seringa de 60 ou 100 cc, com ponta cónica
 Copo para a água
 Clampe
 Guardanapos de papel
 Resguardo
 Dieta
2) Confirmar a adequação da dieta em termos de textura, consistência e
temperatura para evitar acidentes como obstrução da sonda ou queimaduras
3) Verificar previamente:
 o correcto posicionamento da sonda
 a permeabilidade
 a existência ou não de estase gástrica – passada 1 hora, existência de um
conteúdo igual ou superior a 50% da quantidade introduzida na refeição anterior
implica pausa de 1-2h. Durante os primeiros 2 dias deve ser feita pesquisa de
estase de 4/4 horas

4) Administrar a refeição lentamente – posição de semi-fowler ou fowler


5) Lavar a sonda após a refeição, irrigando-a com 30 a 50 cc de água
6) Registar todos os aspectos inerentes ao procedimento.
 data, hora, tipo de alimento, modo de administração, quantidade,
reacções do doente, eventuais complicações, … diagnósticos de
enfermagem e ensinos…
Nota: a água é administrada nos intervalos das refeições, em bólus, de acordo com as
necessidades hídricas do doente (normalmente 25-35 ml/kg/dia)

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Cuidados na administração de medicamentos por sonda:
Os medicamentos administrados por SNG devem ser preferencialmente soluções ou
suspensões. Quando existir a necessidade de administrar medicamentos que apenas existem
na forma sólida estes devem ser triturados e dissolvidos, desde que as suas propriedades
não sejam alteradas
Antes e após a administração de qualquer medicamento deve proceder-se à irrigação
da sonda para lavagem.

Princípios gerais na administração da nutrição PARENTÉRICA


A nutrição parentérica consiste na administração intravenosa dos nutrientes
necessários à manutenção do equilíbrio metabólico e nutricional do doente: água, hidratos
de carbono, lípidos, aminoácidos, sais minerais, vitaminas.
A nutrição parental pode ser “total” ou “parcial”, conforme a necessidade.
Está indicada nos casos em que as vias oral ou enteral são insuficientes, inadequadas
ou desaconselhadas.
As indicações da AP podem ser agrupadas de acordo com dois tipos de objectivos:
 suporte nutricional
 repouso funcional do tubo digestivo

Vias de administração:
Veias periféricas – usam-se para administração de soluções incompletas
hipocalóricas e de menor osmolaridade.
o Quando se prevê tratamentos de curta duração
o Quando a rede venosa do doente o permite
o Cateterismo venoso, realizado pelo enfermeiro
Veias centrais (jugular, subclávia) – permite nutrição completa (em qualidade
e em maior quantidade)
o Quando o doente têm maiores necessidades nutricionais
o As veias periféricas não são adequadas
o A duração do tratamento é longa
o Cateterismo central, realizado por um cirurgião

Principais complicações – complicações infecciosas


Contaminação das soluções
Contaminação do cateter

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Contaminação do sistema

SEPTICÉMIA

Entubação Nasogástrica

Entubação Nasogástrica – introdução de uma


sonda através da narina, nasofaringe, esófafo e
estômago…
Objectivos:
Aliviar náuseas e vómitos
Promover conforto abdominal (diminuir a
distensão abdominal)
Preparação para exames complementares de diagnóstico
Administrar medicamentos e/ou alimentação entérica
Remover substâncias tóxicas ou sangue do estômago
Aspirar suco gástrico para análise

Finalidades /Indicações:
1) Descompressão gástrica – remoção de conteúdo gástrico
2) Lavagem gástrica
3) Alimentação e hidratação do doente

Orientações quanto à execução


1) Consultar processo para individualizar cuidados
2) Preparação do material:
 Tabuleiro inox, para o material
 Sonda – seleccionar de acordo com o objectivo da entubação e o estado
de saúde do indivíduo
 Clamp
 Luvas de protecção
 Resguardo
 Compressas ; lenços de papel

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 Lubrificante
 Adesivo
 Cuvete/taça reniforme – para eventual vómito
 Copo água com palhinha
 Espátula
 Estetoscópio
 Seringa 60/100cc
 Papel indicador pH
 Saco colector, se necessário
 Saco para sujos
 Prepara aspirador se necessário
3) Preparação do doente:
 Informar e pedir colaboração
 Explicar o procedimento e esclarecer dúvidas
 Respeitar privacidade
 Posicionar o doente de acordo com as suas possibilidades. Privilegiar
posicionamento em fowler e colocação do enfermeiro à direita do doente
 Verificar higiene nasal e oral, bem como a existência de condições para a
introdução da sonda
4) Executar da técnica
 Lavar novamente as mãos
 Colocar resguardo
 Calçar luvas
 Medir a sonda – medir da ponta do nariz até
ao lóbulo da orelha até ao apêndice xifóide
 Lubrificar a ponta distal – cerce de 7/10 cm
 Enrolar cerca de 10 a 15cm da extremidade da sonda à volta do
indicador e depois soltar
 Informar o doente do inicio da colocação
 Pedir ao doente para fazer ligeira extensão da cabeça no INICIO
(passagem narina) e, depois, posicionar a cabeça em flexão até a
sonda passar orofaringe.

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 Introduzir a sonda devagar pela narina, com a extremidade da curva
virada para baixo
 Introduza suavemente até à orofaringe
 Assim que passe a orofaringe – anular a flexão para posição “Normal” –
solicitar à pessoa para iniciar movimentos de deglutição e/ou ingerir
pequenos golos de água até à sonda estar introduzida
 Peça a colaboração do doente para movimentos de deglutição enquanto
faz progredir a sonde até à marca desejada
 Se necessário, parar e permitir que o doente descontrais
 Dar lenços, se necessário, para limpar lágrimas ou excesso de
lubrificante.
 Não forçar
 Se continuar resistência ou tosse intensa retirar sonda¸deixar o
doente descansar, lubrificar novamente e tentar na outra narina
 Manter material e cuvete ao alcance do doente, caso haja vómitos
 Continuar a progredir, até atingir a marca na sonda
 Observe a reacção do doente e despiste sinais de dispeneia – pedir ao
doente que fale…
 Fixe provisoriamente a sonda… VERIFICAR
o Perguntar se sente a sonda enrolada na garganta – verificar usando
a espátula
o Aspirar conteúdo gástrico e verificar Ph
o Injectar 20/30cc de ar, auscultando, com um estetoscópio, o som
produzindo (murmúrio) pela entrada de ar no estômago
o Avaliação radiológica
 Fixar a sonda ao nariz, evitando pressão nas narinas
o Clampe a sonda ou conecte-a ao saco colector
o Palpar o abdómen para verificar se há dor ou distensão
o Fixe a sonda, com adesivo
o É conveniente uma 2ª fixação, à roupa do doente, permitindo a
mobilidade
 Providenciar higiene oral a cada 2-3 horas
 Retirar luvas

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 Arrumar material e lavar as mãos
 Fazer registos
o Data e hora
o Objectivo da colocação
o Diagnósticos de enfermagem
o Tipo e calibre da sonda
o Narina utilizada
o Reacções/tolerância e/ou dificuldades durante o procedimento
o Características do conteúdo gástrico
o Data indicada para a remoção da sonda
5) Cuidados de vigilância
 Observação da mucosa nasal
 Higiene e lubrificação da mucosa nasal
 Mudança dos adesivos, diariamente e sempre que necessário
 Higiene oral frequente
 Vigilância da funcionalidade da sonda (posicionamento, dobras no
tubo, obstrução)
 Irrigação da sonda sempre que necessário
6) Remoção da sonda
Notas:
 Trocar a sonda atendendo ao material que constitui, às necessidades clínicas e à
reacção do indivíduo. A SUBSTITUIÇÃO NÃO DEVE SER FEITA POR
PERÍODOS FIXOS E /OU POR ROTINA DE SERVIÇO.
 Trocar diariamente o local de fixação da sonda à pele e executar cuidados às narinas
(limpeza e lubrificação)
 Manter o indivíduo entubado apenas o tempo necessário para atingir o objectivo da
entubação…evitando complicações de entubação prolongada (úlcera da narina,
sinusite, esofagite e úlcera gástrica)

Sono – Dormir e Repousar


É uma necessidade de todo o ser humano, que consiste na modificação do estado de
consciência e de actividade, que deve proporcionar-se nas melhores condições e em
quantidade suficiente, assegurando um bom funcionamento orgânico.

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Factores que influenciam a satisfação da necessidade:
Factores biológicos
Idade
Estilos de vida
Alimentação
Medicamentos
Exercício físico
Factores psicológicos
Ansiedade e perturbações do sono
Factores sociológicos e ambientais
Horário de trabalho
Ambiente

Terminologia da INDEPENDÊNCIA:
Descanso – estão de tranquilidade e relaxamento caracterizado por uma
diminuição da tensão emotiva
Sono – estado de alteração de consciência (selectivamente vigiante), de ocorrência
cíclica (ritmo, sono – vigília), composto de estádios distintos, ocorrendo um padrão
específico
Repouso – estado de diminuição do trabalho físico e mental que faz com que um
indivíduo se sinta revitalizado
Sonho – actividade psíquica que ocorre durante o sono
Ritmo circadiano – variação da actividade e modificação de funções num período
de 24 horas

O sono é essencial para o crescimento e reposição de energia. Durante o sono:


1) As actividades fisiológicas diminuem (metabolismo basal; respiração; pulso;
tensão arterial…)
2) Há aumento da secreção das hormonas de crescimento, especialmente durante
a puberdade
3) O indivíduo liberta-se de tensões físicas e psicológicas acumuladas durante o
dia-a-dia e repõem as energias necessárias para enfrentar novas actividades.

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SONO:
processo cíclico biológico, estado recorrente e alterado de consciência que ocorre
durante períodos constantes;
promove e dá tempo para a reparação e recuperação dos sistemas orgânicos para o
próximo período de vigília;
tempo de restauração, reparação e renovação celular.
é o SNC que coordena a sequência de estados fisiológicos

RITMO BIOLÓGICO – é um relógio interno que regula as actividades. O relógio


biológico individual inclui os ritmos circadianos que são ritmos que se repetem.
Existem diversos RITMOS CIRCADIANOS espontâneos já identificados:
 sono/vigília
 temperatura corporal
 cortisol
 mitoses celulares
 pressão sanguínea
 etc

RITMO CIRCADIANO
Ritmo sono/vigília – núcleo supraquiasmático (hipotálamo)
Duração 25 horas
Sincronização – processo de estabilização/alinhamento dos relógios biológico
pelas influências ambientais e comportamentais. A sincronização da
actividade/repouso com o relógio intrínseco biológico ou circadiano melhora a função
fisiológica e psicológica. Quando dessincronizado há necessidade de aclimatização interna,
pois o sono dessincronizado é de baixa qualidade.
Luz – principal sincronizador

Polissonograma
Principais eléctrodos:
EMG – Regista actividade eléctrica do sistema muscular
EOG – Regista movimentos oculares. Regista a corrente eléctrica produzida
pelos movimentos oculares

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EEG – monitoriza as ondas cerebrais. Regista os impulsos eléctricos do
encéfalo, avaliando a actividade eléctrica do córtex cerebral

Estruturas do sono
NREM
ESTÁDIOS DO SONO
REM

Arquitectura do Sono
Natureza cíclica – 4/6 ciclos de sono completo
NREM (Non rapid eye movement)
o 4 fases – NREM 1, NREM2, NREM 3 e NREM 4

Sono mais superficial sono mais profundo


de curva lenta
REM (Rapid eye movement)

Ciclos do sono
Vigília

NREM 1

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NREM 2

NREM 3 REM

NREM 4 NREM 2

NREM 3

Fases de sono e padrões neuro-fisiológicos

Análises sinais biológicos – ritmos cerebrais


Ondas delta – 0.5 hz – 4 hz – aparece nas crianças e jovens; presentes em
sono profundo e nalgumas patologias
Ondas theta – 4 hz – 8 hz – presentes durante estados de alerta
Ondas alfa – 8 hz – 13 hz – presentes com os olhos fechados e em estado
relaxado
Ondas beta – 13 hz – 22 hz
Fases do sono
NREM 1 – Fase de Transição (entre a Vigília e o Sono)
é o nível de sono mais ligeiro – Descontracção/relaxamento muscular
diminuição das actividades fisiológicas (EEG ~ vigília, ondas teta de 3-7
ciclos/segundo)

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despertar fácil por estímulos como o ruído
representa 4% a 5% do tempo total do sono

NREM 2 – Período do “sono bom” (Estádio “porta”…ocorre antes e


depois do REM)
Aumenta o relaxamento
Continuação da diminuição das actividades fisiológicas (EEG com ondas
teta)
Despertar ainda fácil
Pode representar cerca de metade do sono de um adulto normal – 45 a 55%
do tempo total do sono

NREM 3 – Fase inicial de sono profundo. (Sono “Calmo”)


Difícil despertar
Imobilidade – musculatura relaxada (EEG como aparecimento de ondas
grandes, lentas de baixa frequência (ondas Delta)
Valores de sinais vitais mais baixos, constantes e regulares
Secreção de hormonas de crescimento
Representa 4% a 6% do tempo total do sono

NREM 4 – Fase + profunda (sono Delta) (sono “calmo”)


Muito difícil de despertar – possível sonambulismo e enurese
Continuação da secreção hormonal
Representa 12% a 15% do tempo total do sono mas, se existir défice de
sono, “sono atrasado”, o indivíduo passará a maior parte do tempo nesta
fase

REM ou Paradoxal (Estádio5) – Sonhos vividos e a cores


Sonhos mais vividos e elaborados; importantes para a consolidação da
memória a longo prazo. Libertação epinefrina – ajuda a aprendizagem e
armazenamento na memória.
Resposta autónoma

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Movimentos oculares rápidos e intensos
F.C. e Respiratória flutuantes (habitualmente sobem…)
Perda do tónus muscular – imobilidade total
Proporciona a restauração mental – aumento do consumo de oxigénio por
elevada actividade metabólica cerebral
Erecções transitórias do pénis
EEG com ondas rápidas – no EEG, a actividade eléctrica cerebral é
semelhante à fase 1 do sono NREM
Representa 20 a 25% do tempo total do sono
Produz-se pela primeira vez ao fim de +/- 90 min de se iniciar o sono e
posteriormente de cada fase NREM. É a fase em que é mais difícil de
despertar o indivíduo – a duração vai aumentando em cada ciclo em média
20 minutos.

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Aspectos importantes no ciclo do sono
Um ciclo de sono completo tem a duração média de 90 minutos (60 a 120
minutos)
Primeiro terço da noite, predomina o sono NREM
Último terço da noite, predomina o sono REM
A estrutura física e distribuição percentual das fases do sono variam com a
idade.

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Dados que indicam independência na satisfação da necessidade

Períodos de Repouso Qualidade do Medidas para


Sono
e de Trabalho sono descansar e tranquilizar
Idade Quantidade/  Número e duração Reparador:  Leite ou outra bebida
Nº horas dos períodos de  Calmo tranquilizante
RN 16 – 20 50% REM descanso e de  Sem pesadelos  Música
1 ano 14-16 trabalho  Sem interrupções  Leitura
5 – 11 anos 10-13
 Banho
Adolescente
Adulto
Idoso

Padrões do Sono:
Recém nascido
o Tempo total de sono – 17/18 horas (50% de sono REM)
o Ciclos REM e NREM de 50/60 minutos
3 meses – o bebé desenvolve um padrão de horas nocturnas de sono

Gravidez
o No 1º trimestre necessidade sono extra
o Ocorrem interrupções mais frequentes no sono
o Dificuldade em encontrar posição de conforto
Idade Adulta
o NREM (75%)
Estágio 1: 2 a 5% Estágio 2: 50%
Estágio 3: 12% Estágio 4: 13%
o REM (25%)
Idoso
o Sono com despertares frequentes
o Ligeira diminuição do REM e drástica diminuição do NREM
(redução fase 3 e 4)
REM diminui nos primeiros anos de vida, estabilizando na idade adulta e
velhice.

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Intervenções de Enfermagem para Manter a Independência
1) Avaliar a qualidade e quantidade de sono e repouso para o indivíduo;
2) Planear períodos de sono e repouso de acordo com as possibilidades do
indivíduo;
3) Ensinar:
a. Técnicas de relaxamento;
b. Estilos de vida saudáveis;
c. Medidas favorecedoras do sono.

A privação do sono pode produzir:


Efeitos profundos na capacidade funcional do indivíduo;
Irritabilidade, nervosismo, ansiedade e apatia, alterações da memória,
percepção e alucinação;
Mau desempenho laboral, escolar;
Acidentes e problemas comportamentais e emocionais.

Terminologia da DEPENDÊNCIA:
Pesadelos – sonho desagradável dominado pela angústia;
Sonambulismo – deambulação durante o sono;
Ressonar – respiração ruidosa durante o sono;
Narcolepsia – impulsos de sono diurno;
Esgotamento – grande debilidade física e psicológica

Repercussões do trabalho por turnos (alterações do sono)


Duração – sono durante o dia é mais curto em cerca de 2 horas, concordância
com curva de temperamento corporal/condições ambientais
Qualidade – alterações do sono profundo e fases levando a:
o fadiga física e psíquica
o dificuldade em adormecer
o sono interrompido
o despertar precoce
o pesadelos
o cansaço ao acordar.

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Para reflectir:
após 3 dias de cama uma pessoa perde plasma e cálcio, segrega menos sucos
gástricos, tem menos sangue a circular nos membros inferiores e mostra certa
dificuldade na tolerância à glicose;
nas primeiras semanas de repouso na cama, os principais reguladores
endócrinos, como a glicose, insulina e hormona do crescimento entram
em novas órbitas – aparecem com 2 picos por dia em vez de 1 só. Após
30 dias de cama, a insulina atinge o pico no fim do dia, apesar do horário das
refeições ser o mesmo.

Necessidade de Eliminar
Necessidade do organismo em rejeitar as substâncias inúteis e prejudiciais
resultantes do metabolismo.
Executada por:
Rim
Intestino
Pelo
Pulmão
Útero

Factores que influenciam a satisfação da necessidade:


Biológicos alimentação
e Físicos exercício
idade
horário

Psicológicos emoções / ansiedade / stress

Sócioculturais normas sociais e culturais


e Ambientais plano de saúde comunitária

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FOCOS DA PRÁTICA DE ENFERMAGEM:
Autocuidado: “é um tipo de acção realizada pelo próprio com as características
específicas: tomar conta do necessário para se manter, manter-se operacional e lidar
com as necessidades individuais básicas e íntimas e as actividades de vida.”
(CIPE/ICNP, 2003, pág. 55)
Autocuidado: ir ao sanitário: “(…) é um tipo de autocuidado com as
características específicas: levar a cabo as actividades de eliminação, fazendo a sua
própria higiene íntima, limpar-se depois de urinar ou evacuar, deitar fora os
produtos de eliminação, por exemplo, puxar o autoclismo de maneira adequada, no
sentido de manter o ambiente limpo e evitar a infecção.” (CIPE/ICNP, 2003, pág.
56)
Eliminação intestinal – “é um tipo de eliminação com as características
específicas: movimento e evacuação das fezes pela defecação, habitualmente uma
vez por dia e em fezes moles e moldadas.” (CIPE/ICNP, 2003, pág. 25)
Eliminação vesical – “é um tipo de eliminação com as características específicas:
fluxo e excreção da urina por meio de micção, habitualmente 4/6 vezes durante o
período diurno, com uma quantidade média excretada de aproximadamente 1000 a
2000 ml nas 24 horas em condições dietéticas normais.” (CIPE/ICNP, 2003, p. 25)

Eliminação R.N. Criança Adulto Idoso


Vesical
Cor Transparente/Amarela clara
pH 4,5 a 7,5 ligeiramente ácida
Densidade 1003 e 1030 (conc. solutos dissolvidos)
Quantidade 30 a 300 ml/dia 500 a 1200 ml/dia 1200 a 1400 ml/dia
Frequência Micção frequente 4 a 5 vezes/dia 5 a 6 vezes/dia 6 a 8 vezes/dia
Intestinal
Cor Mecónio/amarela Castanha
Consistência Moldáveis
Frequência 1 a 2 vezes/dia 1 vez/dia ou em dois dias
Sudorese
Quantidade/Odor Mínima. Varia segundo alimentação, clima, condições de higiene

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Características da urina:
Urina
 Principais constituintes: água, ureia e electrólitos (Na, Cl, etc.)
 50/70 ml/hora de urina – 1200ml a 1400ml / 24horas
Volume
 Oligúria – diminuição da produção urina (<400 ml/24 horas)
 Anúria – ausência de formação de urina (<100 ml/24 horas)
 Miccção normal – 250-500 ml
Cor
 Normal – amarelo pálido/claro
 Hemática – presença de sangue, vermelho escuro ou fumada
 Amarelo escuro – concentrada ou presença bilirrubina
 Amarelo vivo – ingestão caroteno
 Piúria – presença de pus
Aspecto
 Transparente
 Turva em contacto com o ar
 Se a urina fresca se apresenta turva – bactérias, líquido prostático ou esperma
Cheiro
 Urina fresca – cheiro característico
 Cheiro amoniacal – contacto com ar
 Se infectada – cheiro desagradável
 Cheiro adocicado – presença acetona ou corpos cetónicos
pH – 4,5 – 7,5

Terminologia da INDEPENDÊNCIA:
Defecação – evacuação de matéria fecal;
Diurese – quantidade de urina eliminada/dia;
Micção – emissão de urina;
Fezes – matéria fecal eliminada pelo intestino
Suor – produto de secreção das glândulas sudoríparas;
Urina – líquido claro, transparente evacuado pela uretra.

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Intervenções de Enfermagem para manter a INDEPENDÊNCIA
Explorar os hábitos de eliminação do cliente;
Planear horários de eliminação;
Ensinar sobre a importância de:
Eliminação regular
Técnicas de relaxamento e privacidade
Identificar factores que podem influenciar/modificar a eliminação
(medicamentos, bactérias, …)
Higiene adequada
Exercício físico
Posicionamento
Alimentos que favorecem a eliminação

Terminologia da DEPENDÊNCIA:
Obstipação ou prisão de ventre – fezes sólidas, pequenas, pouco frequentes
ou difíceis de serem expelidas, com a sensação de evacuação incompleta
Diarreia – evacuação de fezes líquidas e frequentes
Fecaloma – acumulação de matéria fecal por diminuição de líquidos
Flatulência – presença de gases no estômago e/ou intestino
Meteorismo – dilatação abdominal resultante dos gases contidos no intestino
Cólicas – dores provocadas por movimentos peristálticos exagerados
Incontinência – emissão involuntária de fezes, urina ou ambas
Tenesmo – sensação de defecar sem resultado
Amenorreia – ausência de menstruação
Dismenorreia – menstruação dolorosa
Menorragia – hemorragia uterina excessiva em quantidade e duração
Metrorragia – hemorragia fora do período menstrual
Retenção urinária – acumulação de urina na bexiga
Globo vesícal – distenção vesical causada por retenção urinária
Enurese – emissão involuntária/inconsciente de urina durante a noite
Nictúria – emissão de urina de noite
Anúria – ausência de urina na bexiga por défice de produção de urina nos rins
Disúria – emissão de urina difícil e dolorosa
Polaquiúria – necessidade frequente de urinar

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Oligúria – diminuição da quantidade de urina em 24 horas (diminuição da
formação de urina)
Poliúria – emissão de urina em quantidade superior ao normal
Albuminúria – presença de albumina na urina
Glicosúria – presença de glicose na urina
Hematúria – presença de sangue na urina
Hipertrofia prostática – obstrução urinária e insuficiência renal

Atenção ao tamanho da uretra (do colo vesical ao meato)


HOMEM – 20 cm
MULHER – 3 a 5 cm

Esvaziamento incompleto aumento volume residual infecção urinária


Colheita de urina
Análise à urina
Sumária – 1ª micção, mais concentrada
Urocultura
- colheita do jacto médio
- Mulher – higiene perinatal de frente para trás
- Homem – higiene glande
- fazer ensino: frasco esterilizado; retracção do prepúcio ou afastamento dos
grandes lábios.

A produção de urina é normal mas é retida por razões:


Mecânicas – cálculos, traumatismos, inflamações, estenoses uretrais
Funcionais – ansiedade, bexiga neurogénica, tensão muscular, sedativos e
narcóticos, atrofia do detrusor

Medidas que podem utilizar-se de forma a estimular a micção (sem se recorrer


ao cateterismo vesical):
1) Auxiliar o doente a assumir uma posição natural de micção;
2) Assegurar privacidade ao doente;
3) Abrir uma torneira de modo a tornar audível o ruído da água;
4) Aplicar um saco de água morna na região suprapúbica;

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 42


5) Aliviar a dor.

Sempre que possível, devem ser avaliados métodos alternativos ao cateterismo:


Absorventes para incontinentes
Preservativo urinário: Pen-rose
Cateterização suprapúbica
Drenagem vesical intermitente

Café, chá e bebidas alcoólicas – efeito diurético – aumentam débito urinário


Medicamentos:
 Diuréticos – aumentam o débito urinário
 Anticolinérgicos – inibem contracções vesicais; atenção à retenção e refluxo
 Hipnóticos e sedativos – diminuem a sensação de urinar; atenção à incontinência.

INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM – INFECÇÃO URINÁRIA


Sintomas: dor perianal, vesical ou renal, urina turva, com sedimento e febre.
Estimular ingestão de líquidos
Estimular a urinara quando tem vontade
Baixar pH – dieta, medicamentos
Banho de imersão
Comunicar os sintomas de IU
Ensino sobre a toma da medicação
Ensino sobre aumento diurese e polaquiúria
Ensino sobre higiene perianal (frente/atrás)
Cuecas de algodão em vez de sintéticas (mais humidade)
Evitar calças apertadas, banhos de espuma
Urinar antes e após relações sexuais e lubrificar epitélio vaginal

INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM – INCONTINÊNCIA URINÁRIA


Treino de hábitos (horário de micções entre 2-4 horas)
Treino vesical – ensino de supressão da vontade – sentar na sanita a horas
certas
Treino de relaxamento (inspirações lentas e profundas)
Hidratação – 1500 ml/dia

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 43


Limitar ingestão ao anoitecer
Evitar/controlar obstipação – fecalomas são causa de incontinência
Cuidados à pele (hidratação)
Uso de fraldas
Estimular exercícios para a musculatura pélvica, exercícios de kegel.

É necessário ser-se muito criterioso, pois a algaliação pode levar a:


Alterações crónicas da mucosa
Isquémia tecidular
Infecção nosocomial
Traumatismos
Perda de tonicidade da bexiga
Espasmos, abcessos, fístulas, inflamações
Infecção urinária

Indicações de Algaliação
Obstrução urinária
Drenagem de urina no doente com disfunção neurologia da bexiga com
retenção urinária
Retenção urinária
Cirurgia urologia – para repouso da uretra
Medição rigorosa do fluxo ou da eliminação
Medição do volume urinário residual pós micção
Realização de exames complementares de diagnóstico (exames laboratoriais,
uretrocistografias, estudos urodinâmicos)
Administração de medicamentos directamente na bexiga ou irrigação vesical
Alterações do estado de consciência
Lesões dos tecidos na região perineal
Politraumatizados graves
Avaliação da pressão intra-abdominal

“o cateterismo vesical é um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento


de infecções associadas aos cuidadeos de saúde…”

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Factores de risco de aquisição de ITU no doente algaliado

Factores de Risco INTRÍNSECOS Factores de Risco EXTRÍNSECOS


– Idade Avançada – Qualidade dos cuidados na inserção
– Género (diferentes anatomias) – Duração da algaliação
– Diabetes – Manutenção do circuito fechado em
– Imunodepressão drenagem
– Desnutrição – Despejo dos sacos de drenagem
– Insuficiência renal – Tempo de internamento
– Má fixação ou ausência de fixação

Classificação dos cateteres vesicais:


Os cateteres vesicais são classificados mediante:
1) Diâmetro/Calibre
 8 – 10 crianças
 14 – 16 mulheres (…autores 12 – 14)
 18 – 20 homens (…autores 14 – 16)
2) Comprimento
3) Volume do balão
 Com ou sem mecanismos de fixação
4) Forma – difere essencialmente na extremidade dos cateteres)
 Rectos – os de ponta bequille – passagem por uma obstrução parcial
da uretra e são menos traumáticos. ex.: hipertrofia prostática
 Curvos – são usados em pessoas sem anomalias ou obstruções
anatómicas
5) Número de lúmens
 Uma via – um lúmen – adequados em drenagem de conteúdo sólido ou
denso (coágulos); inconveniente de não terem balão;
 Dupla via – dois lúmens (tipo foley) – são as mais usadas; possuem um
canal para drenagem de urina e outro para insuflar o balão;
 Tripla via – três lúmens – têm um canal adicional para irrigação vesical
em situações de hematúrias macroscópicas intensas.

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 45


6) Material
 Flexível, rígida e semirígida
Composição do cateter Tempo de uso
Látex ou plástico Curta/Média duração – até 14 dias
Poliuretano ou “Teflon” Curta/Média duração – até 28 dias
Látex revestido a Hidrogel Longa duração – até 12 semanas
Látex revestido a Silicone Longa duração – até 12 semanas
Silicone revestido a Hidrogel Longa duração – até 12 semanas
Látex revestido a Hidrogel e Prata Longa duração – até 12 semanas

7) Duração da permanência

Cuidados ao doente com cateter vesical


Descontaminar as mãos e usar luvas limpas antes da manipulação do cateter
e/ou sistema de drenagem e lavar as mãos após a remoção das luvas;
A higiene do meato deve ser efectuada com soro fisiológico diariamente
ou em intervalos apropriados, de modo a mantê-lo livre de incrustações e
contaminação, após uma cuidada higiene com água e sabão. Não é necessário
usar anti-sépticos na higiene diária do meato urinário como forma de prevenir
a ITU.
Os sacos de drenagem devem obedecer a requisitos mínimos: encerramento
seguro e fácil de posicionar; com válvula anti-refluxo, com torneira de
despejo, com tubagem resistente; com sistema de medição fiável da urina.
O saco colector deve ser mantido sempre abaixo do nível da bexiga para
manter o fluxo urinário e colocado num suporte que previna o contacto com
o chão e a contaminação da válvula de despejo;
As lavagens/irrigações/instilações da bexiga não previnem a ITU pelo que
devem ser efectuadas apenas por razões clínicas específicas e não como prática
de rotina;
Incentivar o doente a uma ingestão hídrica de 3 litros por dia (depende
do doente);
Incentivar a ingestão de alimentos acidificantes da urina;
Evitar a tracção do cateter;
O circuito de drenagem vesical deve ser fechado para evitar infecções;

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Os sacos devem ser despejados e não substituídos;
Sempre que ocorrer quebra da técnica asséptica ou desconexão acidental do
sistema de drenagem, o mesmo deve ser substituído, usando técnica asséptica
após desinfecção da junção cateter-saco com álcool.

Complicações:
ITU
Traumatismos
Resposta inflamatória
Dor
Bloqueio do trato urinário
Hemorragia
Falsos trajectos
Remoção do cateter com balão em carga (pelo doente)

 Separação espacial dos doentes algaliados infectados e não infectados pode


minimizar o risco de ITU cruzada, pelo que estes doentes não devem ser
colocados em camas adjacentes.
 O enfermeiro deve informar os doentes dos benefícios do cateterismo
intermitente e da possibilidade de auto-cateterismo.

Despejo do saco de drenagem – responsabilidade dos Auxiliares de Acção Médica


com supervisão do Enfermeiro
 O saco deve ser controlado com regularidade e esvaziado quando estiver a meio
da sua capacidades, após mediação e registo feito pelo enfermeiro;
 No despejo, deve ser usado um recipiente limpo e individualizado, evitando o
contacto entre a torneira do saco de drenagem e o recipiente;
 Devem ser usadas luvas limpas e substituídas entre doentes;
 A torneira deve ser limpa com celulose, toalhete ou compressa, após o despejo
para evitar o gotejamento para o chão, da urina residual.

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Necessidade de Eliminar – Eliminação Intestinal
Os resíduos sólidos são eliminados do organismo através da porção inferior do
aparelho intestinal. Esta porção é chamada intestino grosso ou cólon.
O intestino grosso tem 2 esfíncteres:
 Esfíncter interno – involuntário que fica no interior do canal anal;
 Esfíncter externo – voluntário e situa-se ao nível do ânus.
Formação das fezes:
A função do cólon é de concentrar o quimo, formando uma massa mais sólida,
e armazená-la até que seja expelida pelo organismo
O cólon absorve a maior parte da água e sódio
Movimentos de propulsão periódicos do cólon impulsionam a matéria fecal
através do cólon, estes movimentos são facilitados pela secreção de muco
Ao alcançar o cólon descendente o material encontra-se semi sólido, passando
a chamar-se fezes
As fezes contêm resíduos alimentares não digeridos, bactérias, restos
descamativos, pigmentos biliares e uma quantidade reduzida de sais
O odor característico é resultante da produção de gases pela fermentação
bacteriana dos resíduos alimentares
Quanto mais tempo as fezes permanecerem no interior de cólon, maior será a
quantidade de água absorvida – pode levar à formação de fezes secas e duras
cuja passagem se torna difícil, originando obstipação.

Dejecção Normal
Defecar – é o processo pelo qual as fezes são expelidas do organismo
As fezes ao entrarem no interior do recto distendem-no, pois activam os
receptores de estiramento situados na parede rectal. Impulsos nervosos são
transmitidos à medulo espinhal e às fibras nervosas das paredes do cólon,
activando o reflexo para defecar – determina a contracção do recto,
relaxamento do esfíncter interno e contracções do cólon descendente.
Ao mesmo tempo que o esfíncter externo for relaxado, as fezes serão expelidas
para o exterior do organismo. O indivíduo reconhece a necessidade mas pode
retardá-la mediatamente a contracção do esfíncter externo.
Se não houver dejecção, o reflexo acaba cessando gradualmente. Não haverá
outro reflexo até que um outro movimento de massa faça com que mais fezes

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 48


sejam lançadas no recto, o que irá estimular novamente os receptores de
estiramento.

Técnicas e procedimentos de enfermagem para avaliar a eliminação intestinal


1) Entrevista e diálogo com o utente
2) Hábitos intestinais:
a. Frequência com que ocorre a dejecção
b. Quantidade média de fezes eliminadas diariamente. Pode ser descrita
como:
– reduzida
– moderada
– abundante
3) Características das fezes
4) Percussão e auscultação abdominal
a. Percussão é feita para determinar a presença de excesso de ar no
aparelho gastro intestinal
b. Auscultação permite avaliar a presença, ausência, aumento ou
diminuição dos movimentos peristálticos
5) Colheita de amostras de fezes

Problemas/Alterações Intestinais mais comuns


Relacionados ao transporte e armazenamento – OBSTIPAÇÃO
o Fezes tornam-se endurecidas e de passagem difícil.
o O principal determinante da obstipação é a consistência das fezes e
não a frequência das dejecções.
o A obstipação pode ser acompanhada de cefaleias, anorexia e sensações
de enfartamento, não havendo reabsorção de toxinas, ela pode persistir
por longos períodos sem causar danos de maior.
o Causas mais frequentes:
 Falta de líquidos
 Falte de fibras
 Falta de exercício físico – vida sedentária
 Hábitos irregulares de dejecção
 Uso excessivo de laxantes

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 Efeitos neuromusculares da idade
 Traumatismo ou patologia
 Falta de privacidade
Notas:
Quando a urgência de defecar é persistentemente ignorada, as terminações nervosas
do recto tornam-se menos receptivas em termos de resposta à presença de fezes. Os
reflexos para defecar tornam-se progressivamente mais fracos e menos frequentes, e
eventualmente podem cessar por completo.

O uso excessivo de laxantes ou enemas de limpeza, leva em muitas pessoas ao


desenvolvimento de obstipação. Ambos esvaziam o cólon de forma mais completa do que
o faz um movimento intestinal normal. Daí que quando se deixa de usar laxantes, é
necessário um período de tempo mais longo que o habitual para que as fezes cheguem
novamente ao recto.

Idosos e indivíduos que têm distúrbios neuromusculares, devido à menor eficácia que
os músculos apresentam na expulsão das fezes e à deterioração da estimulação nervosa do
intestino, o que leva a um peristaltismo mais lento, ocorre obstipação.

o A obstipação crónica, leva à acumulação de fezes endurecidas no


interior do recto. A matéria fecal continua a perder água, tornando-se
progressivamente mais dura
o As fezes que vão chegando acumulam-se atrás dessa massa até que se
torne completamente dura, tipo pedra, e grande demais para que passe
pelo canal anal. Esta massa chama-se FECALOMA. O principal
sinal indicador desta situação, para além da ausência de dejecções, é a
passagem de fezes aquosas provenientes do recto. Apenas as fezes
mais líquidas são capazes de atravessar a obstrução.

DIARREIA – é a passagem frequente de fezes líquidas. Resulta


essencialmente da passagem muito rápida dos resíduos através do aparelho
intestinal, o que impede que ocorra absorção de quantidades normais de água.
o Geralmente é acompanhada de dores abdominais tipo cólica e de
dificuldade em controlar a urgência em defecar;
o Pode ser causada por infecções ou pode resultar da ingestão de
determinados alimentos, bebidas ou medicamentos;
o O stress é capaz de causar diarreia em alguns indivíduos.

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o A diarreia prolongada conduz:
 à fadiga
 fraqueza
 perda de peso
 desidratação
o Objectivos ao prestar cuidados à pessoa com diarreia são:
1) Reduzir o peristaltismo
a. Eliminando a causa da diarreia, se possível (ex.: suspender
medicamentos que causem diarreia)
b. Administrando terapêutica para a infecção intestinal
c. Restringindo a ingestão de alimentos ricos em fibras ou
líquidos mal tolerados
d. Reduzindo o stress
e. Colocando o utente, temporariamente, em dieta zero se for
necessário
f. Mantendo a pessoa em repouso (reduzir a actividade), para
reduzir a estimulação
g. Administrando anti diarreicos
2) Mater o equilíbrio hidro electrólitico
a. O utente com diarreia hesita e evita comer, pois cada
alimentação estimula nova dejecção;
b. Deve fazer-se um registo rigoroso da ingestão e eliminação,
de forma a providenciar os líquidos a repor;
c. Os líquidos podem ser administrados por via endovenosa
se não forem bem tolerados por via oral;
d. Fornecer líquidos e alimentos mornos e em pequenas
quantidades, pois estimulam menos o peristaltismo;
e. Evitar alimentos com gordura, picantes ou ricos em
fibras;
f. Dieta branda cirúrgica ou líquidos;
g. No casa de a diarreia ser em consequência de
antibioterapia, deve-se providenciar iogurtes ou

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medicamentos que contenham lactobacilos, para repor a
flora bacteriana.
3) Manter a integridade cutânea
a. As fezes diarreicas são altamente irritantes para a pele e
mucosa. Para evitar soluções de continuidade, deve-se:
 Lavar a região anal com água morna e sabão neutro
após cada dejecção;
 Secar toda a zona de uma forma suave e delicada,
aplicando uma camada de vaselina ou óxido de zinco;
4) Dar apoio emocional
a. A diarreia é uma situação embaraçosa para o utente. O
aumento da frequência de odor e dos sons, limitam muito a
sua privacidade;
b. A urgência em defecar cria no utente medo de se sujar e
considera humilhante ter de pedir ajuda aos outros para se
limpar;
c. Se o utente tocar a campainha deve ser prontamente
atendido;
d. Por vezes as pessoas querem permanecer com a
arrastadeira na cama;
e. A arrastadeira deve ser retirada e limpa logo após cada
dejecção e mudar a roupa se eventualmente estiver suja;
f. Procurar manter o meio ambiente o mais arejado possível
FLATULÊNCIA – presença de uma quantidade excessiva de ar no interior
do estômago ou intestinos. Normalmente ocorre como resultado da deglutição
de ar ou da decomposição bacteriana dos alimentos.
o Quando há interferência com a absorção ou nos movimentos dos
gases, ele acumulam-se no interior do intestino levando à
DISTENSÃO ABDOMINAL, em que o abdómen fica aumentado,
rijo/duro, desconfortável e com sensação de enfartamento;
o Esta situação surge com frequência após cirurgia abdominal,
administração de alguns medicamentos ou quando a pessoa tem uma
vida muito sedentária;

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OBSTRUÇÃO/OCLUSÃO – é um bloqueio que impede a passagem de
resíduos.
o Obstrução mecânica – tumores, edema, inflamação, aquando do
processo cicatricial, infecções que originam estenoses,…
o Obstrução funcional – não há bloqueio mecânico, mas sim
incapacidade dos nervos estimularem as contracções musculares
necessárias aos movimentos e transporte dos resíduos ao longo do
intestino.
Relacionados à inflamação/infecção
o A infecção intestinal resulta geralmente da ingestão de
microrganismos;
o A inflamação do cólon pode ser devida à infecção, traumatismo,
obstrução ou processos patológicos.
Relacionadas à excreção/eliminação
o Incontinência – geralmente resulta da fraqueza ou lesão dos esfíncteres,
distúrbios do sistema nervoso ou alterações do estado de consciência
o Hemorróides – são veias distendidas do recto e ânus. Resultam do
aumento de pressão no interior das veias. As hemorróides podem ser
internas ou externas.
 Internas – aparecem no interior do recto, sendo geralmente
indolores, no entanto podem sangrar durante a passagem das
fezes;
 Externas – aparecem no interior ou em volta do ânus. Em
geral apresentam prurido e dor por vezes de natureza grava.
Podem obstruir o orifício anal, tornando difícil, quando
necessário identificar o local de inserção de um sonda rectal ou
supositório, além de ser extremamente doloroso para a pessoa.

Intervenções de Enfermagem nos problemas mais comuns:


Obstipação: cuidados a curto prazo – Administração de medicação:
Laxantes – são medicamentos que promovem a dejecção; administrados por
via oral;
Citrato de sódio (Microlax ® - micro clister – é de efeito rápido. Serve
como lubrificante das fezes, ao mesmo tempo que estimula o esfíncter externo

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Supositório de acção rectal – estimulam o esvaziamento intestinal por
irritação química ou distensão mecânica do recto. Leva à evacuação ao fim de
10 a 30 minutos.
Enemas – consiste na introdução de uma solução no interior do recto ou do
cólon sigmóide.

Fecalomas:
1) Medidas gerais – intervenções para manter a independência
2) Administração de medicação – enemas, laxantes, supositórios, …
3) Remoção digital

Flatulência:
1) Medidas gerais – intervenções para manter a independência
2) Administração de medicação – antiespasmódicos
3) Inserção de sonda rectal
4) É diminuída ou aliviada:
a. Limitando a quantidade de ar deglutido;
b. Reproduzindo a formação de gás;
c. Promovendo a eliminação do ar

Diarreia:
1) Medidas gerais – intervenções para manter a independência
2) Administração de medicação – antidiarreicos

Incontinência fecal/urinária:
1) Medidas gerais – intervenções para manter a independência
2) Cuidados à pele
3) Protecção do vestuário – resguardos, fraldas

Remoção manual das fezes:


A remoção de facalomas é geralmente tratada com enema oleoso de retenção seguida
de enterósclise. Quando não surtem efeito é necessário remoção manual das fezes.
Coloca-se o utente em decúbito lateral, evitando destapá-lo demasiado;
Introduz-se no recto um dedo (indicador) enluvado e bem lubrificado;

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Retira-se a massa fecal cuidadosamente, dividindo-a em pequenos pedaços, que
são removidos através do ânus e colocados na arrastadeira;
Deve-se ter cuidado para não lesar a mucosa intestinal;
O procedimento é doloroso e constrangedor para o utente. É necessário muito
apoio emocional.
Poderá ser necessário realizar o procedimento por etapas, para permitir ao
utente períodos de repouso.

ENEMAS – é uma irrigação intestinal, ou seja, a instalação de uma substância no


cólon.
Podem ser:
Limpeza – utilizado no tratamento de obstipações ou de fecalomas
o para esvaziar o intestino antes de exames auxiliares de diagnóstico ou
de cirurgia;
o estabelecer uma função intestinal regular durante um programa de
treino intestinal
Retenção – deve ser retido no intestino durante um tempo prolongado.
Utilizado:
o Lubrificar ou amolecer fezes duras, com óleo, facilitando a sua
eliminação pelo ânus;
o Administrar medicamentos;
o Proteger e suavizar a mucosa intestinal;
o Destruir parasitas intestinais – anti-helminticos;
o Aliviar a distensão – carminativos
o Administrar líquidos ou nutrientes.
Refluxo – utilização menos frequente. Utilizado para alívio de distensões
gasosas.

Teórico-prática – CLISTER … ENEMA


Procedimento – consiste na introdução de uma solução no recto e sigmóide, pelo
anua, através de uma sonda rectal.

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Objectivos:
Estimular o peristaltismo intestinal facilitando a expulsão de gases e
fezes;
Remover o conteúdo fecal como preparação para exames auxiliares de
diagnóstico ou intervenções cirúrgicas;
Informações gerais:
Quem executa? O enfermeiro, após prescrição médica. A pessoa ou prestador de
cuidados quando instruído.
Horário? De acordo com as necessidades/situação do doente e prescrição/ protocolo
do serviço.
Orientações quanto à execução:
1. Consultar processo clínico para individualizar cuidados;
2. Atender às preferências e à privacidade da pessoa;
3. Esvaziar a bexiga para reduzir o desconforto durante o procedimento;
4. Baixar a cabeceira da cama se o estado clínico do doente assim o permitir, para
que a solução seja administrada pela força da gravidade;
5. Suspender temporariamente a administração da solução se o doente referir
cólicas abdominais, urgência em evacuar, se a solução refluir ou o nível da
solução do irrigador aumentar;
6. Administrar a solução à temperatura corporal. A água muito quente pode
provocar queimadura da mucosa intestinal. A água fria pode provocar espasmo
da mucosa, dificultando a retenção;
7. A quantidade de solução a administrar depende do tipo de clister, da idade e da
estrutura física da pessoa. No adulto é cerca de 750 a 1000 ml;
8. A introdução da sonda rectal não deverá ultrapassar 5 a 10 cm;
9. O tempo necessário à administração da solução depende da quantidade de
líquido a administrar;
10. O tempo da retenção da solução administrada depende da finalidade do clister
e da capacidade do doente em contrair o esfíncter anal para reter a solução. 1
Litro deve demorar mínimo 10 minutos

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Material e equipamento:
Irrigador, tubo de ligação e “clamp” ou torneira;
Sonda rectal com a medida adequada;
Lubrificante hidrossolúvel;
Jarro com a solução prescrita;
Termómetro de banho para avaliar a temperatura da solução;
Luvas de látex;
Compressas limpas;
Resguardo;
Arrastadeira;
Material para higiene do doente, dependendo do seu nível de dependência;
Suporte para suspender o irrigador;
Papel higiénico;
Saco para sujos.

A enteróclise proporciona o amolecimento das fezes e estimula o peristaltismo, por


distensão e irritação do recto e do cólon;
As soluções mais utilizadas são: água morna, solução salina normal (soro
fisiológico e/ou água com detergente à base de sabão neutro)
Também se recorre a soluções Hipertónicas, que são preparadas contendo 120 ml
de uma solução de fosfato de sódio. São enemas de volume reduzido, pelo que são
utilizados em utentes que não conseguem tolerar grandes quantidades de líquido.

Procedimento:
1) Identificar o cliente. Consultar processo para individualizar cuidados;
2) Providenciar a preparação e transporte de material para junto do cliente;
3) Lavar as mãos;
4) Explicar o procedimento ao cliente e pedir a sua colaboração;
5) Garantir a privacidade – com biombos ou cortinas;
6) Posicionar o doente em decúbito lateral esquerdo, com a perna direita
flectida – facilitar a introdução do líquido pela acção da gravidade;
7) Colocar o resguardo sob as nádegas – proteger a roupa da cama;
8) Tapar o doente, expondo apenas a região anal;
9) Colocar a arrastadeira num local de fácil acesso;

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10) Suspender o irrigador no suporte, a uma altura entre 30 a 45 cm acima do nível
do doente – evitar o desconforto abdominal provocado pela drenagem rápida
da solução;
11) Colocar no irrigador a solução prescrita, previamente preparada;
12) Calçar as luvas;
13) Adaptar a sonda rectal à tubuladora do irrigador;
14) Retirar o ar do sistema;
15) Lubrificar a sonda – facilitar a introdução e progressão da sonda;
16) Afastar as nádegas para visualizar o ânus;
17) Introduzir a sonda no ânus, cerca de 5 a 10 cm no momento da expiração,
direccionando-a para o umbigo – prevenir traumatismo; relaxar o esfíncter
anal; fazer a sonda progredir segundo o trajecto anatómico do cólon;
18) Segurar a sonda, abrir a torneira e deixar correr lentamente a solução;
19) Elevar o irrigador +/- 50 cm, caso a solução não baixe de nível – aumentar
temporariamente a pressão, facilitando a desobstrução da sonda;
20) Fechar a torneira quando a solução terminar, “clampar” e retirar a sonda –
prevenir a entrada de ar no recto;
21) Descalçar as luvas;
22) Solicitar ao doente que retenha a solução o mais tempo possível (10 a 15
minutos se possível) – garantir a eficiência do tratamento;
23) Providenciar a deslocação do utente à casa de banho ou fornecer arrastadeira;
24) Fazer ou ajudar o doente a fazer os cuidados de higiene – promover conforto;
25) Reinstalar o doente, se necessário;
26) Providenciar a recolha, limpeza e arrumação do material;
27) Lavar as mãos;
28) Registos
a. Data e hora;
b. Diagnósticos de enfermagem e educação para a saúde;
c. Tipo e quantidade de solução administrada;
d. Características do conteúdo intestinal eliminado e quantidade
aproximada do líquido de retorno;
e. Reacção da pessoa.

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Riscos ou efeitos secundários:
Dor
Dificuldade em expelir o líquido
Sangue
Alteração dos sinais vitais

Nota: se ocorrerem cólicas antes de fluir a maior parte do líquido, deve-se fechar o sistema
ou diminuir a altura do irrigador, de forma a reduzir ou interromper temporariamente o
fluxo. Pedir ao doente para efectuar respirações profundas. Quando as cólicas cessarem
recomeça-se a introdução da solução lentamente.

Necessidade de Eliminar – Algaliação – Cateterismo vesical


ALGALIAÇÃO – CATETERISMO VESICAL – consiste na introdução de uma
sonda ou cateter através do meato urinário até à bexiga, para diversos fins.
Requer técnica asséptica cirúrgica, exceptuando-se a auto-algaliaçao
intermitente. É um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento de infecções
associadas aos cuidados de saúde.
Este procedimento pode ser considerado:
Curta duração, quando dura entre 7 – 10 dias;
Média duração, quando dura cerca de 28 – 30 dias;
Longa duração, quando dura mais de 28 – 30 dias.

Prevenção da infecção urinária em doentes algaliados:


1) Avaliação da necessidade de algaliação
2) Selecção do tipo de cateter (de acordo com a duração prevista da
algaliação)
3) Inserção e manutenção asséptica do cateter e sistema
4) Fixação adequada
5) Remoção correcta do cateter

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INSERÇÃO DO CATETER VESICAL – Cateterismo Urinário
A inserção de um cateter vesical é um acto invasivo.
O enfermeiro tem um papel indispensável, tanto na preparação do material,
preparação física e psicologia do doente, na inserção, na manutenção do cateter e
sistema de drenagem e sua remoção, e ainda no ensino ao doente e família, dos
cuidados exigidos. Cabe assim ao enfermeiro, avaliar a necessidade da colaboração de um
assistente; explicar previamente o procedimento ao doente; explicar que não deve
manipular o equipamento; alertar para os riscos de desconexões acidentais.
Objectivos:
Esvaziar a bexiga, quando há retenção urinária e insucesso de outras
intervenções;
Descomprimir a bexiga, antes, durante e após determinadas intervenções
cirúrgicas e/ou tratamentos;
Monitorizar o débito urinário;
Executar irrigações da bexiga ou instilações de medicamentos;
Facilitar a obtenção de colheitas assépticas de urina em indivíduos
inconscientes ou com dificuldade em colaborar no procedimento;
Monitorizar o volume residual de urina na bexiga;
Controlar a incontinência em indivíduos com lesões que contra-indiquem o
contacto da pele com a urina.

Material necessário para o cateterismo vesical:


Tabuleiro;
Cateter vesical;
Saco colector + suporte para saco colector;
Resguardo;
Luvas não esterilizadas + luvas esterilizadas;
Água e sabão – higiene dos genitais;
Kit de algaliação – campo de janela, compressas, taça, cuvete riniforme, pinça
kocher;
Compressas;
Lubrificante hidrossolúvel (individualizado);
Soro fisiológico – higiene do meato;
Seringa, adequada ao volume do balão;

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 60


Ampola de água (bi)destilada;
Adesivo;
Saco para sujos

TÉCNICA DE CATETERISMO VESICAL:


Ao ajudante compete:
Posicionar o doente:
o Mulher – decúbito dorsal em posição de litotomia (membros
inferiores flectidos e em abdução);
o Homem – decúbito dorsal com membros inferiores em extensão e
abdução;
Cobrir o doente de modo a deixar somente exposta a zona genital;
Abrir e fornecer todos o material ao executante respeitando a assepsia.
Ao executante compete:
Calçar luvas não estéreis;
Proceder à lavagem dos genitais com água e sabão;
Preparar seringa;
Lavar as mãos (lavagem asséptica);
Calçar luvas estéreis – antes de calçar ter o material todo preparado
Dispor o material do kit de algaliação;
Adaptar o saco colector de urina ao cateter;
Limpar o meato com água ou soro fisiológico;
o Homem – do centro para a periferia, com movimentos circulares.
o Mulher – de cima para baixo.
o Não esquecer zona em volta do ânus.
Colocar o campo de janela;
Lubrificar o cateter com gel anestésico estéril individualizado. Na
mulher cerca de 5-7 cm e no homem cerca de 10-15 cm;
Introduzir o cateter de forma suave até sair urina. No homem antes da
introdução deve desfazer-se o ângulo penoescrotal colocando o pénis
em ângulo recto com o corpo.
Dilatar o balão com água (bi) destilada;
Fixar o cateter
o Homem – na face interior da coxa ou abdómen

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 61


o Mulher – face interna da coxa
Homem – colocar o prepúcio na sua posição original para evitar parafimose;
Lavar as mãos;
Guardar o material e fazer registos:
o Dia/hora
o Motiva da cateterização;
o Tipo e calibre do cateter;
o Volume introduzido no balão;
o Características da urina drenada – quantidade, cor, concentração e odor
o Complicações existentes durante o procedimento;
o Ensinos feitos;
o Data da próxima algaliação.

Remoção do cateter vesical – deve ser feita o mais cedo possível


Explicar o procedimento;
Posicionar o doente;
Lavar as mãos socialmente;
Calçar luvas não estéreis;
Colocar arrastadeira;
Limpar o meato urinário e região peri-uretral com soro fisiológico antes de
remover o cateter, se esta se encontrar visivelmente suja;
Desinsuflar o balão;
Retirar o cateter suavemente;
Limpar o meato e região peri-uretral;
Retirar arrastadeira;
Lavar aos mãos socialmente e arrumar o material;
Registos:
o Hora da remoção e motivo da mesma
o Integridade do cateter
o Quantidade e aspecto da urina
Vigiar a hora da 1ª micção espontânea, assim com a quantidade e
aspecto da urina eliminada e preceder ao registo
Promover o reforço da ingestão hídrica e/ou administração de fluidos.

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 62


Cuidados ao doente com cateter vesical:
Sempre que mexer no cateter descontaminar as mãos e usar luvas limpas,
depois lavar as mãos
Higiene do meato deve ser efectuada com soro fisiológico diariamente;
O saco colector deve ser mantido sempre abaixo do nível da
bexiga para manter o fluxo urinário e colocado num suporte que previna o
contacto com o chão e a contaminação da válvula de despejo.

Princípios Gerais e Terapêutica Não Parentérica


Princípios gerais para administração de terapêutica
A terapêutica não parentérica

Efeitos dos medicamentos


Desejáveis ou terapêuticos – resposta à dose do medicamento –
desejável e “normal”
Indesejáveis ou secundários
o Efeitos adversos ou colaterais;
o Efeitos tóxicos;
o Reacções alérgicas;
o Interacções medicamentosas;
o Dependência
Classificação Farmacoterapêutica – os medicamentos com características
semelhantes encontram-se agrupados em categorias farmacoterapêuticas –
antidiabéticos orais, analgésicos, antipiréticos, …
A farmacocinética como base de acção dos medicamentos:
Para que um medicamento tenha eficácia terapêutica, ele tem que entrar no
organismo, ser absorvido e distribuído para as células, tecidos, órgãos específicos e
tem que alterar funções fisiológicas;
A farmacocinética é o estudo do mecanismo como os medicamentos entram
no organismo, chegam ao respectivo local de acção, são metabolizados e excretados
pelo organismo.
Os conhecimentos em farmaccinética são importantes para se perceber
e programar a administração do medicamento, seleccionar a via de

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 63


administração, calcular os riscos, no utente, de alterações da acção do medicamento,
e avaliar a resposta do utente.
PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS – responsabilidade do médico
Prescrições escritas
Prescrições verbais
Prescrições protocoladas
As prescrições podem ser realizadas em:
Ticket + folha de terapêutica – cartões + folha de registo
Informatizado – cardex + Registo Informático
Componentes essenciais da prescrição de medicamentos:
nome completo do cliente;
data da prescrição;
nome do medicamento;
posologia;
via de administração;
assinatura do médico.
Horários de administração:
horário não fixo – pequeno almoço, almoço, jantar, jejum
horário fixo – 2/2 H; 4/4 H; 6/6 h

VIA COR
Oral Branco
Sub-lingual Rosa
TÓPICA Rosa
Cutânea Rosa
Oftálmica Rosa
Auricular Rosa
Nasal Rosa
Vaginal Rosa
Rectal Azul
INTRADÉRMICA Rosa
INTRAMUSCULAR Verde
SUBCUTÂNEA Amarelo
ENDOVENOSA Vermelho

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 64


A regra das CINCO CERTEZAS:
MEDICAMENTO CERTO
DOSE CERTA
HORA CERTA
DOENTE CERTO
VIA DE ADMINISTRAÇÃO CERTA

Abreviaturas Significado
cc cm cúbitos
gr gramas
gt gotas
SOS sempre que necessário
Id ou id vezes por dia
comp comprimidos
caps cápsulas
amp ampolas
aq aquoso
Ui unidades internacionais
OD / OE olho direito / esquerdo
C. Sopa Colher de sopa
C. Sob. Colher de sobremesa
C. Chá Colher de chá
OM Todas as manhãs
ON Todas as noites
AC Antes das refeições
MSE /MSD Membro superior esq/dir
… …

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Equivalência dos sistemas de medidas

SISTEMA MÉTRICO SISTEMA CASEIRO


1 cc 15/20 gts
5 cc 1 c. café
10 cc 1 c. sobremesa
15 cc 1 c. sopa
250 cc 1 copop

Administração para EFEITOS SISTÉMICOS:


Administração oral e rectal
Administração sublingual
Administração parental
o Intradérmica
o Subcutânea
o Intramuscular
o Intravenosa

REGISTOS:
1) data e hora da administração
2) nome do medicamento, dose, via e local de administração
3) justificação do tratamento
4) observações efectuadas
5) reacções secundárias – locais e sistémicas

Princípios orientadores da preparação e administração:


1) Ter as 5 certezas
2) Lavar as mãos antes e após a execução do procedimento
3) Preparar o material necessário e transportá-lo para a unidade do cliente
4) Explicar o procedimento ao cliente e pedir colaboração
5) Manter a privacidade
6) No final do procedimento:
a. Posicionar o doente – proporcionar conforto
b. Providenciar a recolha e arrumação do material
c. Assinar a folha de resisto de terapêutica

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 Via oral
 Via sublingual – colocar o comprimido debaixo da língua e esperar que o
medicamento seja completamente absorvido, para proporcionar o efeito
terapêutico pretendido
 Via cutânea tópica ou transdérmica
 Via oftálmica – pomadas e gotas
 Via nasal – inalação de aerossóis; instilação de gotas
 Via inalatória – introduzir medicamentos pela árvore respiratória
 Via ótica ou auricular
 Via vaginal – óvulos; cremes, espuma ou gel; irrigações; prevenir ou tratar
infecções vaginais; aliviar a irritação ou prurido localizados
 Via rectal – supositórios, pomadas; facilitar eliminação intestinal

Terapêutica Parentérica – Parte I


Vias parentéricas:
Intramuscular – verde – 90º
Sub-cutânea – amarelo – 45º
Intradérmica – rosa – 10º
Endovenosa – vermelho

Antisséptico – álcool a 70%, acima evapora muito rápido. Deixar secar, respeitar os
tempos de actuação do anti-séptico.
Constituição das seringas

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Tipos de Agulhas
Via Comprimento Calibre Bisel
Intradérmica 9,5 – 16 mm 26 G Curto
Subcutânea 16 – 22 mm 25 G Médio
Intramuscular 25 – 75 mm 21 G Médio
Intravenosa 25 – 75 mm 20 G Largo
De preparação 40 – 75 mm 19 G Médio

Agulha de preparação não é a mesma de administração! No primeiro momento


de desperdício da agulha, a seringa não se desloca ao contentor de cortantes e
perfurantes!

Considerações sobre o material:


Escolha das agulhas – comprimento e calibre é consoante a viscosidade do
medicamento, quantidade massa muscular, gordura subcutânea e local de
administração.
Tamanho da seringa – em função da quantidade de medicamento a
administrar.
Ter cuidado com medicamentos fotossensíveis

Antes de iniciar o procedimento, avaliar sempre: Estado da pele – irritações,


edemas, hematomas …
Fazer a rotação dos locais de administração para prevenir a lipodistrofia e a
excessiva formação de tecido cicatricial, o que dificulta a absorção do medicamento;

MATERIAL:
 Folha terapêutica ou cartão com a prescrição
 Tabuleiro
 Cuvete riniforme
 Contentor para cortantes e perfurantes
 Recipiente para sujos
 Seringa, de acordo com a via
 Agulha, de acordo com a via
 Luvas limpas

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 Material para desinfecção da pele
 Medicamento prescrito

VIA INTRADÉRMICA – rosa – 10% - administração de um medicamento na


derme com o objectivo de efectuar um teste de diagnóstico.
Ex.: prova à tuberculina; testes a alergenos
Desvantagem: quantidade de medicamento baixa

Áreas de administração:

Particularidades:
1) Introduzir apenas o bise, este deve ser visível, mesmo por debaixo da pele –
assegurar a administração no local correcto;
2) Injectar lentamente e não aspirar
3) Está contra-indicada a massagem local após a administração do
medicamento, uma vez que pode alterar a leitura
4) Injectar lentamente formando uma pequena pápula.

VIA SUBCUTÂNEA – amarelo - 45% - administração de um medicamento no


tecido celular subcutâneo, entre a derme e o tecido muscular.
Os medicamentos mais frequentemente administrados são a insulina e a
heparina.
Desvantagem: quantidade de medicamento baixa

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Áreas de administração:

Particularidades:
1) Fazer prega na pele/local de administração – prevenir a administração do
medicamento no músculo. Só se solta a prega depois da administração
2) Está contra-indicada a massagem local após a administração do
medicamento, uma vez que aumenta a velocidade de absorção.
3) Quantidade máxima – 1mL

VIA INTRAMUSCULAR – verde – 90º - administração de um medicamento no


tecido muscular. Permite uma absorção mais rápida dos fármacos e administração
de doses maiores.

Áreas de administração:
Deltóide – 2 ml máx. localizar 2/3 dedos
abaixo da extremidade inferior do acrómio, na
face lateral do braço.

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Região dorsoglútea – glúteo médio. Paciente deitado em decúbito ventral
com as pontas dos pés a apontar para dentro. “ver” a linha que vem da crista
íliaca póstero-superior. 5ml Max

Região ventroglútea – glúteo médio e pequeno. Doente em decúbito


lateral, ventral ou dorsal. Flectir a articulação coxo femoral para localizar o
grande trocânter. Colocar palma da mão no grande trocanter, dedo indicador
sobre a espinha ilíaca antero-posterior e restantes dedos afastados deste
formando um “V”

Recto anterior – quadricípete crural. Muito cuidado porque está muito


próximo do nervo ciático, artéria e veia femural.

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Vastolateral ou Vastoexterno – 5 ml máx

Particularidades:
1) Aspirar antes de injectar

A Terapêutica Parentérica
Via Intravenosa / Endovenosa
Perfusões e Gotejamento

Via Intravenos
Vantagens:
– proporcionar um efeito mais rápido do que por outras vias;
– permitir a administração de maior quantidade de solução;
– é uma via alternativa
Medicamentos administrados – antibióticos, estupefacientes, anti-heméticos,
antipiréticos, tranquilizantes, soros, …

Riscos associados à terapêutica Intra Venosa


Inflamações/infecções locais (flebites);
Infecções sistémicas;
Sobredosagem;
Efeitos de instalação rápida de efeitos indesejáveis;
Lesões dos vasos ou nervos.

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Cuidados com a administração:
Atenção à limpidez das soluções; apenas a insulina de acção intermédia e
prolongada apresenta aspecto turvo;
Atenção à precipitação e à floculação;
Atenção à homogeneização das soluções reconstituídas;
Atenção ao calibre do cateter.

VENOPUNÇÃO/VENIPUNÇÃO – punção de veia


Indicações da venopunção:
 Administração de terapêutica
 Transfusão sangue e seus derivados
 Colheita de amostras de sangue
Locais de Venopunção: veia cefálica e basílica
MATERIAL:
Folha terapêutica
Tabuleiro
Cuvete riniforme
Contentor para cortantes e perfurantes
Saco para sujos
Seringa com capacidade adequada ao medicamento
Agulha de aspiração
Agulha intravenosa – comprimento 25-75 mm (1 a 1,5´´ de comprimento)
20G/21G
Luvas de proteção
Resguardo
Garrote
Penso rápido
Material para desinfecção da pele (álcool a 70%; iodopovidona; clorhexidina a
2%, de acordo com a política da instituição)
Medicamento prescrito + seringa com soro fisiológico – “lavagem” veia
Se for par colocar cateter e perfusão em curso – também será necessário:
compressas esterilizadas, adesivo, cateter periférico e sistema de soro.

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Aspecto a não esquecer: a pele deve estar bem seca antes da punção. Se for com
álcool, no mínimo 30 segundos.

A administração endovenosa de um fármaco pode ser:


Punção venosa directa de uma veia, geralmente a basílica;
Através de um cateter venoso:
Por torneira de três vias;
Pelo sistema de soro;
Por cateter com obturador.

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 74


Material necessário consoante o tipo de administração
Por torneira de 3
Por punção directa No sistema de soro Por cateter obturado
vias
– agulha – agulha – tampa esterilizada – agulha
– penso rápido (se necessário) – seringa de 5 cc
– garrote – seringa com 10 cc
de soro fisiológico

Procedimentos:
por punção directa
 puncione a veia
 confirme a presença da agulha na veia, aspirando suavemente pelo que
deverá haver retorno de sangue venoso
 solte o garrote
 administre o medicamento à velocidade adequada
 fazer compressão local
 aplicar penso rápido
por sistema de soro
 certifique-se que o cateter está permeável na veia e que não existem
infiltrações;
 feche o sistema de soro em perfusão
 desinfecte, no sistema de soro, o ponto de administração e deixe secar;
 puncione o sistema no local próprio
 administre o medicamento à velocidade adequada observando fácies do
doente e possíveis reacções adversas
 retire a agulha e seringa
 desinfecte no sistema de soro, o ponto de administração
 abra o soro, regulando a velocidade de perfusão

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por torneira de 3 vias com soro em perfusão
 certifique-se que o cateter está permeável na veia, aspirando
suavemente até obter retorno de sangue
 com a torneira aberta no sentido soro-doente, retire a tampa da via
livre
 conecte a seringa à via livre da torneira
 abra a torneira no sentido seringa-doente
 administre o medicamento à velocidade adequada …
 abra a torneira no sentido soro doente
 retire a seringa
 coloque uma tampa esterilizada na torneira

por cateter obturado


 desinfecte a borracha do obturador e deixe secar
 administre 5 cc de soro fisiológico – lavagem da veia
 administre o medicamento à velocidade adequada …
 administre 5 cc de soro fisiológico

Possíveis complicações decorrentes da administração de terapêutica


endovenosa

Locais Sitémicos
– deslocação do cateter – embolia gasosa
– infiltração – reacção vasovagal
– hematoma – sobrecarga circulatória
– obstrução – septissémia
– tromboflebite – reacção alérgica
– flebite
– perfuração do cateter

Reacções de hipersensibilidade: poderão ser ligeiras (rubor cutâneo, alterações


gastrointestinais) ou graves (reacçõe anafiláctica – dificuldade respiratória (manter
doente em semi-fowler), urticária com prurido, hipotensão, pulso filiforme)

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 76


Incompatibilidades físico-químicas – são reacções que ocorrem aquando da
mistura de dois ou mais medicamentos ou de um medicamento com um soro, durante
o período de administração.
Na administração de mais do que um medicamento por via endovenosa deve-se, no
intervalo das administrações, lavar-se a veia, administrando 5 cc de soro fisiológico.
Caso se encontre a perfundir uma solução simples (sem medicamento adicionado),
pode realizar-se a lavagem da veia aumentando temporariamente o ritmo da
perfusão.

Após a preparação, as soluções devem ser imediatamente administradas.


Se conservadas no frigorifico, as soluções devem atingir a temperatura ambiente
antes de serem administradas. Decorridas 24 horas sobre a sua preparação deverão ser
inutilizadas.
Devem ser examinadas as misturas durante a perfusão. Se ocorrer alteração da cor,
cristalização ou qualquer outro sinal a perfusão deve ser interrompida.

Cateterismo venoso periférico e fluidoterapia (perfusões e calculo de


gotejamento):
Soluções intravenosas:
hipotónicas – soluções que apresentam uma pressão osmótica menor que a
solução de referência, como o sangue, plasma ou líquido intersticial.
isotónicas – soluções que apresentam a mesma pressão osmótica que a
solução de referência, como o sangue, plasma ou líquido intersticial.
hipertónicas – soluções que apresentam uma pressão osmótica maior que a
solução de referência, como o sangue, plasma ou líquido intersticial.

A injecção IV de uma solução não adequada a essa via pode ter consequências
graves ou até fatais para o doente.
As substâncias não miscíveis, não devem ser administradas pela via IV – risco
de embolia
O material utilizado não pode conter ar no interior – risco de embolia gasosa
Os solutos para perfusão devem estar à temperatura ambiente. Solutos
refrigerados podem ter mais dificuldade em flui e provocar vaso espasmo

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Critérios para a escolha da veia
Procurar uma veia que não esteja endurecida ou inflamada
Quando possível optar pelas veias mais distantes dos membros superiores
optando sequencialmente (esquerdo se o doente é dextro e direito em doentes
esquerdinos):
1) 1º dorso da mão – veias metacarpianas – têm a vantagem de
permitir a mobilidade do membro e de, se ocorrer alguma complicação,
se poder utilizar uma veia mais proximal;
2) 2º antebraço – veias cefálicas ou basílicas
3) 3 º face interna do cotovelo – veias cefálicas ou basílicas. São
indicadas para infusões rápidas ou para colher sangue. Não devem ser
utilizadas em perfusões prolongadas pois limitam a mobilização do
membro
4) 4º excepcionalmente, pode ser puncionada uma veia dos membros
inferiores (veia safena, plexo venoso do pé)
5) Em algumas situações recorre-se a uma veia central. A sua
cateterização é sempre realizada por um médico. (quando não é
possível puncionar nenhuma veia periférica: doentes em choque,
obesos, doentes com a rede venosa destruída; quando há necessidade
de avaliar a pressão venosa central (PCV); quando o doente necessita
de tratamentos muito prolongados.

Velocidade da infusão (perfusão) parentérica


Compete ao enfermeiro calcular e controlar a manutenção das infusões
prescritas
ml / hora
gotas / min
Cálculo da perfusão
A relação do número de gotas por mililitro varia com os equipamentos parenterais (20
ou 60 gts/ml). Geralmente utilizam-se sistemas de 20 gts/ml e sistemas de microgotas a 60
gts/ml.
A maioria das prescrições é feita em volume/hora. É necessário determinar o número
de gts/min para perfundir esse volume.

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Taxa de infusão (gotas/min)

Caso prático: 500cc em 2horas num sistema de 20 gotas/ml


500 x 20 /100 =83 gotas/minuto

Procedimento – PUNÇÃO VENOSA (com colocação de cateter e perfusão em


curso)
Em relação ao estipulado para a medicação E.V. compressas esterilizadas, adesivo,
cateter periférico e sistema de soro.
1) Preparação material e identificação da solução – verificar validade e
transparência;
2) Lavar as mãos assépticamente
3) Fechar o doseador do sistema de soro e aliviar a tampa do soro e inserir a
ponta do sistema
4) Preencher a câmara de gotas pelo menos até metade, abrir o doseador e encher
todo o sistema, tendo o cuidado de retirar todas as bolhas do ar
5) Fechar a extremidade do sistema
6) Preparar o doente, tendo em conta as 5 certezas. Ter sempre em atenção que o
coração tem de estar num nível superior ao da veia puncionada
7) Colocar resguardo
8) Garrotar o membro
9) Escolher a veia adequada e promover a sua distensão
10) Pedir para abrir e fechar a mão
11) Massajar a área no sentido do fluxo venoso
12) Retirar o garrote
13) Escolher o cateter mais adequado para o tipo e localização da infusão (por ex.
se a solução for muito viscosa será necessário um cateter de maior calibre)
14) Calçar luvas de protecção

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 79


15) Aplicar novamente o garrote, cerca de 15 cm acima do local da punção.
Impedindo a circulação venosa mas permitindo a circulação arterial
16) Limpar a pele com um antisséptico no locar previsto, com movimentos
circulares, de dentro para fora
17) Retirar a protecção do cateter
18) Segure o membro do doente de forma a exercer tracção da pele em direcção à
mão
19) Introduzir o cateter com o bisel para cima, com um ângulo de cerca de
40º, ao lado da veia, 1cm abaixo do local previsto para a punção venosa,
com um movimento lento e contínuo
20) Após o cateter ter sido introduzido na pele reduzir o ângulo e fazê-lo progredir
quase paralelo à pele. Usar a mão livre para controlar e fixar a veia enquanto
introduz o cateter. Recomenda-se o bisel para cima, uma vez que assim a
agulha penetra mais facilmente na pele, tornando o procedimento menos
doloroso
21) Depois de ter retorno venoso, introduzir mais um pouco o cateter no interior
da veia para assegurar a sua penetração. Retirar um pouco o mandril e
avançar o cateter no interior da veia. Se encontrar resistência, retirar o
cateter e tentar nova punção com outro cateter
22) Colocar compressa sob a saída do cateter evita eventual derramamento de
sangue
23) Soltar o garrote, pressione a veia com o dedo mínimo ou anelar e retirar
lentamente o mandril
24) Descartar devidamente o mandril em contentor rígido
25) Adaptar o sistema, abrir o doseador para verificar permeabilidade da veia e
deixar perfundir gota a gota, lentamente
26) Retirar compressa lentamente
27) Fixar provisoriamente o cateter com uma tira de adesivo
28) Desinfectar o local de inserção do cateter, usando compressas esterilizadas
29) Efectuar penso ao local de inserção do cateter
30) Fixar definitivamente o cateter
31) Ajustar a velocidade de perfusão de acordo com a prescrição médica
32) Deixar o doente confortável e arrumar o material
33) Lavar as mãos e fazer registos:

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a. Hora da punção
b. Local
c. Tipo de cateter/agulha
d. Solução
e. Velocidade de perfusão
f. Volume a perfundir
g. Reacções do doente e complicações
Verificar regularmente o local de punção, despistando sinais de infiltração ou
flebite. É importante que os dados desta observação sejam registados nas notas de
evolução, em cada turno.

Vigilância e cuidados de manutenção das perfusões:


A substituição do cateter só ocorre se existir alguma complicação, flebite ou
infiltração.
Os sistemas de soros, incluindo torneiras e prolongadores, deverão ser
substituídos a cada 72 horas.
Recomenda-se a utilização e fixação com penso estéril transparente.

Princípios Gerais e Terapêutica Não Parentérica


Princípios gerais para administração de terapêutica
A terapêutica não parentérica

Colheita de Especímenes para Análise


Considera-se material biológico (amostra), os líquidos (LCR, pleural, sinovial,
amniótico, peritonial, …) secreções (expectoração), excreções (fezes, urina), fragmentos de
tecido obtidos do corpo humano e que possam ser analisados, sendo o sangue o mais
utilizado.
É importante saber a temperatura a que cada espécime deve ser mantido após a
colheita.
É importante falar com o cliente, dedicar-lhe atenção e explicar os
procedimentos de colheita que serão realizados, para que ele se sinta mais seguro e
confiante. É necessário obter o CONSENTIMENTO INFORMADO do doente…

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 81


RESPONSABILIDADE DE ENFERMAGEM DURANTE E
APÓS AS COHEITAS:
Durante
 Colheita de dados inicial e avaliação contínua do cliente;
 Apoio ao cliente durante a colheita.
Após
 Prestação de cuidados e medidas de conforto após a colheita;
 Informação à família e pessoas significativas da execução e conclusão do
exame;
 Envio de espécimesn;
 Manutenção de equipamento;
 Registos
Há que ter em conta que nenhum material biológico poderá ser desprezado,
mesmo em situações em que haja problemas referentes à qualidade, quantidade e
forma de envio, sem o prévio conhecimento do cliente, e do solicitante do exame;
Identificação dos frascos de colheita – alguns frascos de colheita podem ser
identificados pelo cliente ou familiares, ou enfermeiros, com os seguintes dados:
a) nome do cliente;
b) data da colheita;
c) hora da colheita;
d) fonte de colheita – referência ao tipo de amostra

Algumas recomendações gerais para colheitas de espécimes


Mulheres – clientes do sexo feminino podem, normalmente, colher sangue quando
estão no período menstrual. Para a colheita de urina ou fezes recomenda-se, quando
possível, que a cliente faça a assepsia local e usa tampão vaginal de modo a evitar
contaminação da urina com o sangue menstrual. Em caso em que não há urgência deve-se
esperar o fim do período menstrual. De qualquer modo, o médico assistente deve estar
ciente das condições da colheita e da data do início da última menstruação, pois algumas
dosagens são dependentes da fase do ciclo.
Uso de medicamentos ou bebidas alcoólicas – todo o medicamento em uso deve
ser comunicado no momento do atendimento. Muitas análises apresentam valores alterados

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 82


em virtude do uso de medicamentos. O cliente não deve ingerir bebidas alcoólicas por um
período mínimo de 24 horas antes da colheita.

Problemas com amostras


amostra transportada erradamente;
amostra sem identificação e/ou mal identificada;
amostra insuficiente para a execução de todos os procedimentos requeridos;
amostra alterada por “problemas” na colheita;
amostra de urina com mais de 24h;
amostra de expectoração com mais de 24h e/ou com saliva ou secreções
nasais;
amostras enviadas tardiamente…

COLHEITA DE SANGUE PARA ANÁLISES – objectivo é a obtenção,


por via endovenosa, de amostras de sangue para análises laboratoriais diversas.
O processo pelo qual se obtém sangue, é conhecido como punção venosa,
venopunção, venipunção ou flebotomia.
Tipos de amostra necessários para cada teste:
Bioquímica – utiliza-se soro ou plasma;
Hemograma e Grupo Sanguíneo – utiliza-se sangue total com
EDTA (Etilenodiaminatetracético);
Glicemia – utiliza-se plasma com fluoreto;
Coagulação – utiliza-se plasma com citrato de sódio.

HEMATOLOGIA
VS – velocidade de sedimentação

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HEMOGRAMA – avaliação das células sanguíneas
Eritrograma
 Eritrócitos
 Hemoglobina
 Hematócrito
 V.G.M.
 H.G.M.
 C.H.G.M.
Leucograma
 Leucócitos
 Neutrófilos
 Eosinófilos
 Basófilos
 Linfócitos
 Monócitos
Plaquetas
BIOQUÍMICA/ENSIMOLOGIA
Outras análises sanguíneas frequentes:
HEMOCULTURA – análise bacteriologia – identificar
microrganismos presentes no sangue. São necessárias pelo menos 2
colheitas em locais distintos antes do “pico febril”
PROVAS DE COAGULAÇÃO
DETERMINAÇÃO DO GRUPO SANGUÍNEO

Contra-indicações que impossibilitam a realização no membro a puncionar:


1) Celulite ou flebite;
2) Drenagem venosa e/ou linfática comprometida;
3) Existência de fluidos em perfusão, pelo risco de alterar os valores analíticos;
4) Existência de fístulas artério-venosas.

MATERIAL:
Tabuleiro;
Frascos adequados às análises que se pretendem realizar, devidamente
identificados;

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Seringas, adaptadas à quantidade de sangue a colher;
Agulha butterfly ou agulha com “tubo de vácuo”, a escolha depende do calibre
da veia, tipo de análise e da acessibilidade;
Garrote;
Taça de inox com algodão embebido em álcool a 70º;
Luvas não esterilizadas;
Penso rápido ou adesivo;
Resguardo;
Contentor para cortantes e perfurantes;
Saco para sujos.

PROCEDIMENTO:
Lavar as mãos;
Avaliar a quantidade total de sangue necessário e identificar os frascos
adequados à análise sanguínea – nome do doente, quarto e cama, serviço e
data;
Explicar o procedimento ao doente;
Escolher o local de punção e uma veia de bom calibre. Preferencialmente a
veia cefálica ou basílica, na junção de dois ramos da veia, onde o vaso é mais
estável;
Posicionar o doente em posição confortável (decúbito dorsal ou sentado) com
o membro que vai se puncionado apoiado numa superfície dura;
Colocar resguardo de protecção sob o membro a puncionar;
Colocar o garrote no terço médio do braço, cerca de 15 cm acima do local a
puncionar;
Promover a distensão da veia;
Calçar luvas de protecção;
Identificar a veia por observação e palpação;
Desinfectar a região a puncionar, respeitando o tempo de actuação
recomendado para o anti-séptico utilizado;
Proceder à punção com a agulha ou butterfly adaptada à seringa, com o biser
para cima, formando um ângulo de 30º com a pele.

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 85


Diminuir o ângulo da agulha com a pele, logo que seja visível a presença de
sangue na conexão agulha/seringa, progredindo ligeiramente com a agulha na
veia;
Confirmar a presença da agulha na veia aspirando suavemente até obter
fluxo de sangue;
Aliviar a pressão do garrote e aspirar a quantidade de sangue necessária;
Retirar o garrote do braço do doente;
Retirar a agulha e a seringa com a amostra de sangue;
Fazer compressão directa para evitar hemorragia – 5 minutos ou mais nos
doentes submetidos a tratamento com anticoagulantes – e colocar um penso
rápido;
Distribui a amostra de sangue pelos frascos atendendo à prioridade e
quantidade;
Descartar o material perfurante para o contentor;
Fazer a diluição do sangue com o antigoagulante (presente nos frascos) de
forma suave;
Retirar as luvas;
Deixar o doente confortável e arrumar material;
Lavar as mãos e fazer registos
o Data e hora da colheita;
o Local da punção;
o Quantidade de sangue colhida;
o Tipo de análises;
o Reacção do doente e eventuais complicações.

Nota: pelo risco de provocarem destruição de alguns elementos sanguíneos, devem ser
evitadas medidas agressivas para promover a distensão da veia: a compressão manual ou
garrote imediatamente acima do local a puncionar, aplicação de “palmadas” sobre a veia.

Devido ao tipo de anticoagulante utilizado em cada frasco deve ser respeitada a


seguinte sequência para a colocação das amostras de sangue:
1) Frasco para estudo da coagulação e velocidade de sedimentação (VS)
com anticoagulante;

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2) Frasco para hemograma, associação de potássio com EDTA
(Etilnodiaminatetracético);
3) Fraco para bioquímica, sem preparação.

Complicações decorrentes da punção venosa para colheita de sangue:


Imediatas Tardias
 Dor no local da punção;  Flebite provocada por reacção ao
 Hemorragia local; material utilizado na punção
 Ruptura da veia;  Hematoma local
 Reacção vaso-vagal;
 Punção acidental de uma artéria.

COLHEITA DE URINA PARA ANÁLISES – exame realizado numa


amostra de urina humana para determinar os caracteres físicos e químicos e
para verificar a presença de estruturas celulares ou de outra origem.
Outras designações:
Sumária de urina
Urina de rotina
Urina do tipo 1
EAS (elementos anormais e sedimento)
QUE (exame químico de urina)
ECU (exame comum de urina)
Urina parcial
PEAS (pesquisa dos elementos anormais e sedimento)
Os exames à urina são teste laborais incluídos nos exames auxiliares de diagnóstico de
rotina na admissão hospitalar.
O enfermeiro faz a colheita ou ensina o cliente a fazê-lo. Deve ser uma amostra
entre 60 a 120 ml.
O espécime pode ser guardado à temperatura ambiente, refrigerado e/ou congelado.
Sedimento – elementos figurados na urina que são concentrados por centrifugação ou
detectáveis por citómetros de fluxo em amostra de urina integral.

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Tira reagente – finos e estreitos pedaços de material inerte contendo uma ou mais
“almofadas de reacção” quimicamente impregnadas para o desenvolvimento de uma
reacção detectável entre o analito de interesse no espécime e os reagentes químicos
específicos contidos nas almofadas.
Determinações físicas – as que podem ser avaliadas no exame de urina são:
– peso específico (densidade);
– pH
Amostra de urina
A urina de jacto médio é a escolha para o estudo da sumária se urina ou EAS. Por
indicação médica, poderá ser feita uma colheita do primeiro jacto. Havendo solicitação de
urina de primeiro jacto e de jacto médio, a colheita poderá ser feita simultaneamente, desde
que as amostras sejam colocadas em frascos separados e identificados.
Armazenamento e preservação das amostras. A sumária deve ser realizada no
prazo máximo de 2horas após a colheita. Na impossibilidade, deve ser refrigerada à
temperatura de 2ºC – 8ºC. O frasco basta ser limpo, não necessita de ser estéril.
Exemplos de alguns tipos de amostras de urina
Amostra aleatória – pode ser colhida a qualquer hora;
Primeira amostra da manhã – é a amostra colhida quando o cliente acorda,
desde que respeitando um prazo mínimo de retenção urinária de 4 horas;
Amostra com hora marcada – colhida num horário especificado conforme
solicitação médica;
Amostra de cateter – colhida através de uma sonda vesical
Amostra supre púbica – colhida através da aspiração da bexiga distendida.

Colheita de urina – UROCULTURA


Cultura de urina – identificar microrganismos presentes na urina
Existem 3 técnicas:
1. Técnica de jacto médio;
2. Técnica através da introdução de uma sonda vesical;
3. Técnica para um utente já algaliado.

1. Técnica de jacto médio


a. A urina colhida de manhã é a mais adequada para o estudo bacteriológico;
b. Nunca efectuar colheita de urina a partir de arrastadeira ou urinol;

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Procedimento:
1) Lavar as mãos com água e sabão;
2) Calçar luvas;
3) Lavar o meato urinário e os órgãos sexuais externos com água e sabão;
4) Segurar o frasco esterilizado abrindo-o de forma a não tocar no seu interior,
nos bordos e na parte interna da tampa;
5) Para um utente de sexo masculino deve-se desperdiçar a primeira porção
de urina e, de preferência, sem interromper o jacto colher para o frasco uma
quantidade aproximada de 20 cc de urina. Termina a micção para um bacio
alto ou sanita;
6) Para um utente do sexo feminino deve-se separar os grandes lábios de
forma a expor o orifício uretral, pedir que urine com força, de forma a que a
urina saia com pressão e em jacto, desperdiçando a porção inicial.
7) Enviar ao laboratório de imediato.

2. Técnica através da introdução de uma sonda vesical


Sempre que possível deve utilizar-se a técnica descrita anteriormente.
Utilizar a técnica asséptica cirúrgica inerente a uma algaliação.

3. Técnica para um utente já algaliado


Nunca colher urina do saco colector pois o mais provável é não ser urina recente.
Procedimentos:
1) Clampar a sonda e desinfectar com álcool a 70% o local a puncionar (borracha
da sonda);
2) Aspirar 10 ml de urina para dispositivo apropriado;
3) Enviar ao laboratório de imediato

COLHEITA DE FEZES PARA ANÁLISES


Algumas das principais finalidades do exame às fezes são:
Estudo de funções digestivas;
Dosagem da gordura fecal;
Pesquisas de sangue oculto;
Pesquisa de ovos e parasitas;
Coprocultura.

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Alguns exames que requerem cuidados especiais:
Exame parasitológico – fezes recentes;
Corpocultura – exame bacteriológico;
Sangue oculto
Indicações gerais sobre a colheita:
 Urinar antes da evacuação para não contaminas as fezes com urina;
 Não usar laxantes para colher fezes;
 Evitar contacto da amostra com urina ou água da sanita;
 Para a obtenção da amostra, colher as fezes em recipiente fornecido
pelo laboratório ou frasco universal comprado na farmácia – identifica-
lo;
 A amostra tem de ser entregue no laboratório no máximo 2 horas após
a colheita;
 Com uma espátula tranfira uma pequena porção para o frasco (1 colher
de sopa), usando luvas de protecção.
Colheita de fezes – COPROCULTURA – despiste de microrganismos patogénicos
Procedimento:
1) Oferecer ao utente uma arrastadeira esterilizada;
2) Abrir um frasco esterilizado e colher com espátula uma porção (tamanho de
uma noz) de fezes da parte central, onde se observe pus, muco ou sangue.

COLHEITA DE EXPECTORAÇÃO – secreção proveniente dos


brônquios e traqueia, eliminada através da tosse e músculos auxiliares da
respiração.
Deve ser realizada colheita quando existe suspeita de infecção respiratória.
São suficientes 4 ml de expecturação.
A colheita deve ser realizada com técnica asséptica rigorosa utilizando sonda
de aspiração e luvas esterilizadas.

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Glicémia
Existem um conjunto de alterações metabólicas resultantes da secreção inadequada de
insulina ou da incapacidade dos tecidos para responder à insulina.
HIPERGLICÉMIA e HIPOGLICÉMIA
Insulina – hormona produzida pelo pâncreas – Ilhotas de Langerhans. Controla o
nível de glicose no sangue, regulando a sua produção e armazenamento.
A insulina diminui o nível se açúcar (glicose) no sangue através:
1) Promoção do transporte intracelular de glicose para dentro das células
2) Inibição da conversão do glicogénio em glicose

Diabetes tipo 1 – resulta da destruição das células beta, do pâncreas, com


insulinopenia absoluta, passando a insulinoterapia a ser indispensável para assegurar a
sobrevivência.
Diabetes tipo 2 – é a forma mais frequente de diabetes, provocada
predominantemente por um estado de resistência à acção da insulina associada a uma
relativa deficiência da sua secreção.
Controlo da diabetes:
Terapêutica medicamentosa
Dieta equilibrada
Actividade física controlada
Conhecimentos

Administração de INSULINA – de acordo com o tempo de acção, as insulinas


podem ser agrupadas em 4 categorias:
Insulina de acção rápida – diminui a concentração de açúcar no sangue 10 a
20 minutos após a sua administração
Insulina de acção intermédia – começa a actuar ao fim de 1 a 3 horas,
atingindo a sua máxima actividade num período de 6 a 10 horas e dura de 18 a
26 horas
Insulina de acção lenta (prolongada) – efeito muito reduzido durante as 6
primeiras horas, mas oferece uma cobertura de 28 a 36 horas
Misturas

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Complicações da diabetes – consequências do défice de insulina
É a principal causa da cegueira do adulto
É a principal causa da insuficiência renal terminal
É a principal causa de amputações não traumáticas dos membros inferiores –
80%
É a principal causa de neuropatias periféricas
50% dos homens e 35% das mulheres diabéticas têm problemas sexuais

AVALIAÇÃO DA GLICÉMIA CAPILAR – procedimento importante na vigilância


do indivíduo com alterações metabólicas, nomeadamente do diabético. Possibilita
prevenção de hipoglicémias ou hiperglicémias, actuando para a normalização dos níveis
de glicose. É realizada diariamente e/ou várias vezes ao dia.

MATERIAL:
Tabuleiro de inox
Máquina para avaliação da glicemia capilar
Fitas com reagente, adequadas à máquina
Canetas/lancetas para punção
Algodão ou compressas
Álcool a 70º
Luvas não esterilizadas para protecção
Contentor para cortantes e perfurantes
Saco para sujos.

PROCEDIMENTO:
1) Lavar as mãos e assegurar que o cliente também o fez
2) Explicar o procedimento
3) Posicionar o cliente numa posição confortável
4) Colocar luvas de protecção
5) Observar as polpas dos dedos e seleccionar o que lhe parece mais adequado
6) Promover o enchimento dos capilares com um posicionamento correcto (a
extremidade a puncionar deve estar num nível inferior ao tronco) e com
massagem na polpa do dedo
7) Desinfectar a polpa do dedo com álcool e deixar secar

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8) Puncionar o dedo lateralmente utilizando a caneta/lanceta de punção
9) Deixar formar uma gota de sangue, colocar sobre o reagente da fita ou
encostar à extremidade da fita
10) Fazer hemostase do local da punção
11) Aguardar a leitura dos valores da glicemia normalmente em mg/dl
12) Arrumar o material e descartar os perfurantes para o contentor
13) Retirar as luvas e lavar as mãos
14) Fazer os registos
15) Administrar insulina conforme esquema prescrito, se indicado de acordo com
os valores da glicémia capilar

Notas: o local de punção, deve ser rotativo. Deve evitar-se puncionar a zona central
dos dedos, região táctil muito sensível a estímulos dolorosos.

VALORES NORMAIS
Jejum – 70 - 90 mg/dl a 110mg/dl
Pós-prandeal – 70 – 135/140 mg/dl

Sintomas de uma diminuição do valor de açúcar no sangue: sensação de fome


repentina e intensa; dores de cabeça; ansiedade súbita; tremor; suor; confusão; perda da
consciência; coma.
Fontes de erros mais comuns:
 Codificação incorrecta
 Aplicação inadequada de sangue
 Presença de álcool na pele
 Limpeza e manutenção inadequada dos medidores

ADMINISTRAÇÃO DE INSULINA – pode ser feita pela tradicional seringa e


agulha, com caneta ou através de perfusão subcutânea contínua
MATERIAL:
Tabuleiro de inox
Frasco de insulina adequada
Seringa de 1 ml = 100 unidades e agulha
Algodão ou compressas

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Álcool a 70º
Luvas não esterilizadas
Contentor para material perfurante
Saco para sujos

TÉCNICA DE ADMINISTRAÇÃO:
1) Explicar o procedimento ao cliente
2) Identificar o cliente, tipo de insulina, dose a administrar e via
3) Aspirar para a seringa as unidades de insulina prescritas de acordo com o valor
de glicémia capilar e expurgar o ar da seringa
4) Seleccionar o local a administrar (cumprir a rotação de locais
5) Posicionar o cliente conforme o local escolhido
6) Confirmar as unidades de insulina na seringa
7) Desinfectar o local com álcool e deixar secar
8) Injectar a insulina de acordo com as regras de administração subcutânea
9) Observar reacções imediatas
10) Posicionar doente confortavelmente
11) Arrumar material utilizado e descartar os perfurantes para o contentor
12) Lavar as mãos
13) Fazer os registos
14) Garantir que o individuo ingere uma refeição nos 15-30 minutos seguintes
à injecção.

Horário de administração – depende do esquema prescrito pelo médico


As insulinas de acção rápida devem ser administradas 15 a 30 minutos antes da
refeição.
Complicações da insulinoterapia:
Hipoglicémia – situação mais comum e grave
Reacção alérgica local – aparecem numa fase inicial da insulinoterapia ou se
não se deixar secar o álcool da pele antes de injectar
Lipodistrofia insulínica - perda de gordura subcutânea e surge no local das
injecções de insulina
Reacção alérgica sistémica - são raras

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Resistência à insulina – com o tempo de tratamento os indivíduos podem
desenvolver anticorpos que se ligam à insulina diminuindo assim a insulina
disponível.

CIPE
Numa profissão em que o rigor da linguagem é importante, a comunicação e a gestão
da informação assumem um papel primordial
Se na partilha de informação, a linguagem utilizada for ambígua e os termos usados
não forem perfeitamente clarificados face a um referencial (classificação), as consequências
daí resultantes podem ser graves
Diferentes classificações utilizadas em enfermagem:
NANDA – Classificação de Diagnósticos de Enfermagem
NIC – classificação de Intervenções de Enfermagem
NOC – Classificação de Resultados de Enfermagem
CIPE – Sistema de Classificação de Fenómenos, Acções e Resultados

Utilização de meios informáticos Uniformização de linguagem

OJECTIVOS DA CIPE/ICNP:
Estabelecer uma linguagem comum para descrever a prática de
enfermagem;
Representar conceitos utilizados na prática local, por linguagens e área da
especialidade;
Descrever os cuidados de enfermagem (universalmente)
Permitir a comparação dos dados de enfermagem
Incentivar a investigação em enfermagem
Fornecer dados da prática de enfermagem que possam influenciar a
formação em enfermagem e as políticas de saúde
Projectar tendências nas necessidades dos doentes, prestação de
tratamentos de enfermagem, utilização de recursos e resultados de cuidados
de enfermagem.

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Critérios para a CIPE
Suficientemente abrangente para servir múltiplas utilizações
Suficientemente simples para ser útil aos enfermeiros na prática
Consistem com, mas não dependente dos modelos
Sensível à diversidade cultural
Reflexo dos valores comuns da enfermagem em todo o mundo (ICN code)
Inclua fenómenos de enfermagem, acções de enfermagem e resultados de
enfermagem
Ser definida, testada e melhorada por processos de testagem consensual
Utilizável de forma complementar ou integrada com a família de classificações
existentes

SÍNTESE:
As mudanças nos cuidados de saúde implicam uma necessidade
crescente de informação
Os enfermeiros ainda não proporcionam esta informação
Os enfermeiros necessitam da CIPE para documentar os cuidados que
prestam
A CIPE necessita incluir os DE, as IE e os ganhos em saúde sensíveis
aos cuidados de enfermagem

Fenómenos de Enfermagem – aspecto da saúde com relevância para a prática de


enfermagem
Acções de Enfermagem – comportamento dos enfermeiros na prática
Resultados Sensíveis aos Cuidados de Enfermagem – os resultados atingidos com as
acções de enfermagem, medidos ao longo do tempo, sob a forma de mudanças efectuadas
no estado do Diagnóstico de Enfermagem

FOCO – área de atenção relevante para a enfermagem


Ex.: Dor, Expectoração, Eliminação, …

JUÍZO – opinião clínica ou determinação relativamente ao foco da prática de


enfermagem.
Ex.: comprometido, risco, dependente, interrompido, potencialidade, parcial

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RECURSOS – forma ou método de concretizar uma intervenção
Ex. ligadura, técnica, dreno, serviço de nutrição, …

ACÇÃO – processo intencional aplicado a, ou desempenhado por um cliente


Ex. educar, trocar, administrar, monitorizar

TEMPO – o ponto, período, instante, intervalo ou duração de uma ocorrência


Ex. admissão, nascimento, crónico

LOCALIZAÇÃO - orientação anatómica ou espacial de um diagnóstico ou


intervenção
Ex. posterior, abdómen, escola, centro de saúde

CLIENTE – sujeito a quem o diagnóstico se refere e que é o beneficiário


Ex. recém- nascido, prestador de cuidados, família, comunidade

A natureza do cuidado em Enfermagem


Cada ser humano é um projecto de saúde
“cada ser humano sofre influência das condições as quais vive ou se desenvolve”

Necessidades em cuidados de Enfermagem: SER HUMANO e AMBIENTE

Diagnóstico/Fenómeno de Enfermagem

CIPE/ICNP
Acção de enfermagem: comportamento dos enfermeiros na prática
Intervenção de enfermagem – acção realizada em resposta a um Diagnóstico
de Enfermagem, tendo em vista produzir ganhos em saúde sensíveis aos
cuidados de enfermagem

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Rosa Cândida Melo
Necessidade de Evitar Perigos – necessidade do indivíduo se proteger
das agressões internas e externas com vista a manter a sua integridade física e
psicológica, sócio-cultural e espiritual
As IACS são um dos maiores problemas de Saúde Pública dos hospitais em todo o
mundo, pelo impacto que as infecções apresentam sobre os doentes, profissionais, família e
comunidade.
AS IACS têm impacto no hospital; doente e comunidade. Têm:
Custos directos – aumento tempo internamento; custos de diagnósticos e
tratamento adicionais, …
Custos indirectos – maior absentismo; menor rendimento económico;
diminuição de produtividade por sequelas
Custos intangíveis – consequências que não são mensuráveis nem
valorizáveis economicamente. Morte, alterações afectivas e emocionais,
sofrimento, dor, …

PREVENÇÃO – a utilização de estratégias preventivas e monitorização das infecções


pode reduzir até 30% as infecções.

Infecção – deposição e multiplicação de bactérias ou outros microrganismos nos


tecidos vivos ou na superfície do corpo, com reacção do organismo à sua presença.
A nível local, invasão dos tecidos saudáveis imediata e progressivamente
A nível regional, presença de adenopatias
A nível geral, existência de bacteriémia ou septicemia

INFECÇÃO HOSPITALAR OU NOSOCOMIAL


Infecção que se expressa nos doentes hospitalizados e que não estava presente ou a
incubar na altura da admissão. É adquirida pelos doente em consequência dos cuidados e
procedimentos de saúde prestados. Geralmente, ausente durante as primeiras 48-72 horas.
Podem afectar os profissionais de saúde durante o exercício da sua actividade.
IACS é um conceito mais abrangente, inclui todas as unidades prestadoras de cuidados
de saúde – cuidados continuados, centros de saúde, apoio domiciliário.

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 98


Contaminação – presença de microrganismos em objectos inanimados, ou presença
transitória de microrganismos em matéria viva.

FLORA
Transitória – microrganismos adquiridos por contacto directo com o meio
ambiente, contaminam a pele temporariamente.
Residente – microrganismos que vivem e se multiplicam nas camadas
profundas da pele, glândulas sebáceas e folículos pilosos. São de mais difícil
remoção e é necessária a fricção vigorosa durante a lavagem das mãos.

Cadeia da infecção associada aos cuidados de saúde

1. AGENTE

6. NOVO HOSPEDEIRO 2. RESERVATÓRIO


SUSCEPTÍVEL OU FONTE

5. PORTA DE ENTRADA 3. PORTA DE SAÍDA

Lavagem das mãos


Distância

4. VIAS DE TRANSMISSÃO

PREVENÇÃO CONTROLO

CONTROLO DAS INFECÇÕES


ASSOCIADAS AOS CUIDADOS
DE SAÚDE

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 99


1) AGENTES – podem ser bactérias, vírus, parasitas e fungos
2) RESERVATÓRIO OU FONTE DE INFECÇÃO – local onde os
microrganismos podem sobreviver fora do homem e do qual podem ser
transferidos, directa ou indirectamente para um hospedeiro. Podem ser
colchões, flores, água, filtros de ar condicionado, mesas, …
3) PORTA DE SAÍDA – os potenciais agentes infecciosos saem do organismo
através de substâncias, como feridas, expectoração, urina, sangue, secreções
genitais, … As medidas sanitárias são para controlar e diminui estas
substâncias.
4) VIAS DE TRANSMISSÃO – há várias vias de transmissão para “levar” o
agente indeccioso da porta de saída para a porta de entrada.
a. Contacto directo – disseminação da infecção vinda da fonte para o
receptor sem a presença de um objecto intermediário. Contacto íntimo
do portador com o hospedeiro susceptível, agente disseminado por
gotículas, mucosa, placente.
b. Contacto indirecto – tem um objecto intermediário que serve de
ponte entre a fonte e o hospedeiro susceptível, como objectos e roupas
contaminadas, sendo as mãos um importante modo de transmissão
indirecta.
c. Pelo ar – o agente infeccioso expelido da fonte permanece suspenso
sob a forma de gotas ou pó no ar, sendo então inalado por um
receptor.

TRÍADE EPIDEMOLÓGICA – prevenção da infecção

RESEVATÓRIO Vias de transmissão HOSPEDEIRO

AGENTE Ambiente hospitalar (DOENTE)

PREVENÇÃO

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 100


Dose Mínima Infectante – o menor número de bactérias, vírus ou fungos que
causam os primeiros sinais de infecção em pessoas saudáveis.

Determinantes Infecção Associada aos Cuidados de Saúde

Ambiente Hospedeiro
Hospitalar (Doente)

Agente
Patogénico

FACTOR AMBIENTAL FACTOR AMBIENTAL


ANIMADO INANIMADO

IACS

Visitas
Pessoal
Doente

INFECÇÃO
Endógena – auto-infecção
Exógena – infecção cruzada, contacto…
o Transmissão por contacto
o Transmissão aérea
o Transmissão por vectores

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Limpeza e Desinfecção
A escolha do método de descontaminação do material e equipamento de uso
clínico depende dos seguintes factores:
 Tipo de material ou equipamento
 Microrganismo envolvido
 Tempo disponível para a descontaminação
 Risco de infecção que representa
 Nível de descontaminação requerido

Desinfecção – processo de destruição dos microrganismos patogénicos na forma


vegetativa existente em superfícies inertes, mediante a aplicação de agente químicos ou
físicos. É um processo pelo qual se reduz ou elimina os microrganismos, mas não as
formas esporuladas.
Desinfectante – detergente: germicida destinado à desinfecção, limpeza e
desodorização de superfícies.

Conceitos:
Anti-sepsia – aplicação de anticépticos sobre a pele com a finalidade de
destruir microrganismos ou impedir o seu crescimento
Anticéptico – são menos tóxicos que os desinfectantes, devem ser de baixa
causticidade e hipoalergénicos. Ex. clorohexidina, álcool, iodo
Desinfecção – destruição de roedores e artrópodes (aranhas, baratas,…)
por processos físicos ou químicos
Germicida – substância ou produto capaz de destruir as formas vegetativas
e/ou esporuladas dos microrganismos
Bacteriostático – substância ou produto capaz de impedir o crescimento
dos microrganismos

Desinfectante mais utilizados:


ALCOOL – acção rápida, evapora rapidamente deixando as superfícies secas,
não actua na presença de matéria orgânica
CLORO – desinfectante de eleição para contaminação por vírus, presença de
matéria orgânica reduz a sua actuação, é barato

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 102


GLUTARALDEÍDO – boa actividade para todos os microrganismos,
incluindo esporos, é irritante para a mucosa e pele, é utilizado no tratamento
dos endoscópios e em material termo-sensível.

Desinfectante ideal:
1) Largo espectro (antimicrobiano, bactericida)
2) Simplicidade de emprego
3) Acção rápida
4) Fácil manuseamento
5) Baixa toxicidade
6) Compatível com os objectos a desinfectar
7) Não inflamável
8) Biodegradável

ALCOOL ETILICO
CLORIHEXIDINA sabão líquido – desinfecção higiénica e cirúrgica das mãos
IODOPOVIDONA solução dérmica
ETILSULFATO DE MECETRÓNIO EM PROPANOL – desinfecção das mãos por
fricção.

Limpeza, Desinfecção e Esterilização


Em relação ao risco de infecção que o material apresenta, a escolha do método deve
basear-se na seguinte classificação:
Risco elevado (material crítico) – todo o material que é introduzido em locais
estéreis do organismo. Ex. instrumentos cirúrgicos, seringas, agulhas, cateteres.
ESTERILIZAÇÃO
Risco intermédio (material semi-crítico) – todo o material que não entra em
contacto com locais estéreis do organismo, mas pode estar em contacto com
mucosas e pele não integra. Ex. endoscópio, arrastadeiras. DESINFECÇÃO
Risco baixo (material não crítico) – todo o material que entra em contacto
com a pele integra, ou que não está em contacto com o doente. Ex. zona do
ambiente (chão, paredes, tectos, lavatórios. LIMPEZA

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 103


ESTERILIZAÇÃO – processo pelo qual são eliminados todo o tipo de
microrganismos incluindo as formas esporuladas. O material que vai ser esterilizado deve
ser lavado, de preferência, em máquinas de lavar.
Os processos de esterilização podem ser:
Físicos – são os mais utilizados
Calor húmido ou vapor saturado – autoclave
 O agente de esterilização é o vapor saturado
 A esterilização dá-se pela coagulação das proteínas dos
microrganismos destruindo a ligação peptídica
 Destrói esporos
 Aplicável em todos os materiais termo-resistentes, inclusive nos
maus condutores de calor
 Não aplicável em materiais termo-sensíveis, borrachas, plaásticos
 15-30 min, 120ºC-134ºC
 Não deixa resíduos tóxicos
 Deterioração a médio prazo de objectos cortantes – pontas,
brocas dentista
Calor seco – estufas de panpinett – necessário que o material seja bom
condutor, ferro, inox.
 O agente de esterilização é o ar quente
 A destruição das bactérias dá-se pela oxidação dos seus
constituintes
 60 minutos, temperatura 160ºC
 Limitações: na utilização das embalagens
Radiações – alfa e beta
Microondas
filtração
Químicos – indicados para a esterilização de material termo-sensível
Gases formaldeído, óxido de etileno
 Óxido de etileno – processo que utiliza um produto químico –
gás – para destruir os microrganismos
 2h-5h sem arejamento/8h-12h período de arejamento
 Ciclo demorado

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 104


 Deixa resíduos tóxicos nos materiais
 Exige condições especiais de instalação
 Material que tenha sido previamente esterilizado por radiações
não pode ser esterilizado por óxido de etileno
 Mais caro que os agentes de esterilização convencionais
Líquidos – glutaraldeído, formaldeído

O material esterilizado deve ser submetido às seguintes etapas antes da sua utilização:
Lavagem – com água e sabão
Secagem – material tem de ir para as auto-claves bem seco
Embalagem
Esterilização
Armazenamento, nas centrais de esterilização
Transporte
Armazenamento, nos serviços

Embalagens – servem de suporte ao material e protegem-no da contaminação


externa.
Referências da Embalagem:
Data de esterilização
Número e lote de esterilização
Identificação do conteúdo
Número do operador
Testemunho de esterilização
Validade da esterilização
Depende do tipo de embalagem
Depende das condições de armazenamento e de transporte

Colocação da carga – deve ser colocada de modo a permitir que o vapor circule e
penetre cada uma das embalagens.
 Nunca deve ocupar mais de 75% da capacidade total da câmara esterilizadora
 As embalagens mais leves devem ser colocadas na parte superior
 Tabuleiros metálicos, taças, devem ser colocados na vertical

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 105


INFECÇÃO HOSPITALAR – o papel do meio ambiente na cadeia epidemiológica
Resíduo – qualquer substância ou objecto que o detentor se desfaz ou pretende
desfazer
Resíduos perigosos – entendem-se todos os que apresentam características de
perigosidade para a saúde ou para o ambiente
Resíduos hospitalares – são todos aqueles que são produzidos em unidades de
prestação de cuidados de saúde, incluindo as actividades médicas, de diagnóstico,
tratamento e prevenção da doença
De uma má triagem e de um incorrecto acondicionamento dos resíduos hospitalares,
podem resultar:
Riscos biológicos – resíduos contaminados
Riscos toxicológicos – citostáticos
Riscos físicos – instrumentos corto-perfurantes
Objectivos da gestão dos resíduos:
Maximizar a protecção ambiental e da saúde dos trabalhadores
Minimizar os custos económicos do sistema

São considerados resíduos:


Não perigosos os dos grupos I e II
Resíduos perigosos os dos grupos III e IV

GRUPO 1 – resíduos comparados aos urbanos. Não apresentam exigências especiais


no seu tratamento. Procede-se à separação do lixo normal, fazendo reciclagem. Saco
PRETO.
Ex: embalagens e invólucros comuns; resíduos resultantes da confecção dos alimentos;
restos de alimentos servidos aos doentes

GRUPO 2 – resíduos hospitalares não perigosos. São aqueles que não estão sujeitos a
tratamentos específicos, podendo ser equiparados a urbanos. Saco PRETO
Ex: material ortopédico; fraldas e resguardos descartáveis não contaminados e sem
vestígios de sangue; frascos de soros não contaminados.

GRUPO 3 – resíduos hospitalares de risco biológico. São resíduos contaminados ou de


suspeita de contaminação, susceptíveis de incineração ou de outro pré-tratamento eficaz,

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 106


permitindo posterior eliminação como resíduo urbano. Saco BRANCO ou
TRANSPARENTE
Ex: material utilizado em diálise; peças anatómicas não identificáveis; resíduos que resultam
da administração de sangue e derivados; sistemas de soros, sacos colectores e material
contaminado ou com vestígios de sangue.

GRUPO 4 – resíduos hospitalares específicos. São resíduos de vários tipos de


incineração obrigatória. Saco VERMELHO
Ex: materiais cortantes e perfurantes; citostáticos e material utilizado na sua manipulação e
administração; produtos químicos e fármacos rejeitados; peças anatómicas identificáveis;
fetos; placentas; cadáveres de animais de experiência laboratorial

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 107


Resíduos hospitalares: Etapas de tratamento dos resíduos sólidos hospitalares
Triagem
Armazenagem
Transporte
Sistema de tratamento
o Autoclave
o Desinfecção
o Inceneração

Serviço de limpeza – ZONAS CRÍTICAS


Zona A – sem contacto com doente; limpeza doméstica normal
Zona B – área de doentes não infectados: limpeza por procedimento que não
levante pó
Zona C – doentes infectados (enfermarias de isolamento: limpar com solução
detergente/desinfectante, utilizando equipamento de limpeza individual para
cada quarto
Zona D – doentes altamente susceptíveis (isolamento de protecção) ou áreas
protegidas (B.O.; UCI, Unidades de Neonatologia); limpar com solução
detergente/desinfectante específico e equipamento de limpeza separado

Prevenção da Infecção Hospitalar em Imunodeprimidos


Ambiente totalmente protegido [ISOLAMENTO]
Caraterísticas:
Ar filtrado com pressão positiva e fluxo laminar
Esterilização de todos os objectos
Paramentação de equipe de saúde
“desinfecção” do doente
Indicação: transplante de medula óssea por aplasia

Estabelecimento de barreiras físicas para evitar a transmissão de agentes infecciosos


de um indivíduo para o outro
Objectivo
 Limitar ou suprimir a transmissão de microrganismo de:
 Um doente para o outro

Ana Moura ESEnfC 2010/2011 108


 Doentes para prestadores de cuidados
 Prestadores de cuidados para o doente
 Passa por colocar luvas, máscaras, barrete ou touca e bata
Consideram-se globalmente dois tipos de isolamento:
 ISOLAMENTO PROTECTOR – quando se pretende prevenir as infecções
em doentes imunodeprimidos, quer pela natureza da sua própria doença quer por
terapêuticas imunossupressoras. Pressão Positiva
Ex: bloco operatório, neonatologia
 ISOLAMENTO DE CONTENÇÃO (directo) – quando se pretende prevenir
a transmissão de doenças infecciosas de um doente para os outros e/ou para os
profissionais (pressão negativa)

A prevenção da TRANSMISSÃO CRUZADA, poderá ser feita através de:


Contenção da fonte – através do isolamento em quarto individual ou
enfermarias vocacionadas para determinada patologia infecciosa, implica a
educação do doente e ainda o diagnóstico e tratamento precoces da infecção
Bloqueio das vias de transmissão (ex. contacto, via aérea). Ventilação
mecânica com pressão positiva (isolamento protector) ou pressão negativa
(isolamento de contenção)
Protecção do hospedeiro susceptível – pelo uso de barreiras protectoras
adequadas: luvas, avental impermeável, máscaras, óculos, touca, …

Mecanismos de transmissão :

Infecção Associada aos Cuidados de Saúde


Exame Físico

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