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Solicitações
ENG01201 – Mecânica Estrutural I
Notas de Aula – Prof. Luis Alberto Segovia González
4.1 - Solicitações fundamentais:
definição e determinação
➘ Considerando um corpo submetido à ação de um
sistema de forças em equilíbrio:
P1
q1
P3
P2
Equilíbrio
ur r
R = 0 ... equilíbrio de forças
uur r
M R = 0 ... equilíbrio de momentos
➘ Supondo que o corpo é secionado por um plano
que o intercepta segundo uma seção S, dividindo-
o em duas partes, uma esquerda E e uma direita
D, como mostra a figura.
S
P1
q1
E D
P3
P2
➘ Supondo ainda que a parte direita D é retirada.
Para restabelecer o equilíbrio na parte esquerda E
deve ser aplicado em um ponto qualquer P da
seção S um sistema de forças que seja
equivalente ao sistema de forças que está
aplicado na parte direita D que foi retirada.
➘ Observe-se que ao fazer isto, se está
transladando o carregamento externo que atua na
parte direita D para um ponto P da seção S, na
parte esquerda E, no interior do corpo.
P1
S
RD
P
E
MD
P3
Equilíbrio restabelecido
ur
R D ... resultante das forças que atuam na parte D
uur
M D ... resultante dos momentos das forças que atuam na parte D
➘ Em geral, na análise das estruturas:
- O ponto P da seção S é o baricentro da seção S.
- A seção S é perpendicular ao eixo longitudinal
da estrutura, ou seja, S é uma seção transversal.
ur
-uur A força resultante R D e o momento resultante
M D são expressos através de suas componentes
escalares com relação a um sistema de eixos X-Y-
Z, cartesiano ortogonal, com origem no baricentro
da seção transversal S, sendo o eixo X
coincidente com o eixo longitudinal da estrutura e
os eixos Y e Z coincidentes com os eixos
principais de inércia da seção transversal S.
Y
Lembrando da
MY Regra da Mão Direita
S
FY
G
X
E FX MX
FZ
MZ
Z
➘ G: baricentro da seção transversal S
➘ X: eixo longitudinal da estrutura
➘ Y e Z: eixos principais de inércia da seção
transversal S
ur
➘ Componentes da força resultante R D : FX, FY e FZ
uur
➘ Componentes do momento resultante M D : MX, MY
e MZ
➘ Estas seis componentes são as solicitações
internas (ou esforços internos) produzidas pelo
carregamento externo na seção S.
➘ É importante notar que cada uma destas
solicitações produz um efeito único na seção
transversal, que é diferente do efeito produzido
por qualquer outra solicitação.
➘ Resumindo, tem-se assim as seis solicitações
fundamentais (ou esforços internos):
FX → N esforço normal
FY e FZ → QY e QZ esforços cortantes
MX → MT momento torçor
M Y e MZ → MY e MZ momentos fletores
➘ É importante notar que as mesmas solicitações
poderiam ser definidas se fosse retirada a parte
esquerda E e se trabalhasse com a parte direita
D.
P1
q1
S S
RD
ME
P P
E D
MD
RE
P3
P2
S S RD
ME
MD
RE
dx
4.2 - Particularização para
estruturas de barras no plano X-Y
➘ Se a estrutura de barras é plana e está contida no
plano X-Y podem surgir apenas as seguintes
solicitações:
Y
QY
MZ
N
X
Z MT
Y
QY
MZ
X
N MT
X
Z
- As solicitações possíveis são: N, QY, QZ, MT, MY e
MZ.
Y
QY
MZ
QZ N
MY
X
Z MT
➘ Pórtico plano (caso particular: viga)
- Os pórticos planos são estruturas formadas por
barras contidas em um plano com cargas também
contidas nesse mesmo plano. As vigas constituem
um caso particular, já que estão formadas por
barras colineares.
X
Y
X
- Se o pórtico plano está contido no plano X-Y, as
solicitações possíveis são: N, QY e MZ.
QY
MZ
N
X
Z
➘ Grelha
- As grelhas são estruturas formadas por barras
contidas em um plano com cargas
perpendiculares a esse plano.
X
- Se a grelha está contida no plano X-Y (e
portanto, as cargas são na direção Z), as
solicitações possíveis são: QZ, MT e MY.
Z
QZ Y
MY
MT X
➘ Treliça espacial
- As treliças espaciais são estruturas formadas
por barras bi-rotuladas dispostas no espaço, em
qualquer direção, com cargas concentradas
aplicadas apenas nos nós da treliça, também em
qualquer direção.
X
Z
- A única solicitação possível é N.
Y
N
X
Z
➘ Treliça plana
- As treliças planas são estruturas formadas por
barras bi-rotuladas contidas em um plano com
cargas concentradas também contidas nesse
mesmo plano e aplicadas apenas nos nós da
treliça.
X
- A única solicitação possível é N.
Y
N
X
Z
4.4 - Interpretação física das solicitações:
convenção de sinais
➘ Pode ser compreendido facilmente que as
solicitações variam ao longo dos elementos
estruturais.
➘ Conhecer os valores destas solicitações é
necessário para descobrir quais partes da
estrutura estão sofrendo os maiores esforços
internos devido às cargas externas atuantes e
depois poder abordar o problema da possível
ruptura ou deformação excessiva.
➘ O cálculo destas solicitações impõe a necessidade
de estabelecer uma convenção de sinais para as
componentes que dão origem a estas solicitações.
➘ Ao contrário das convenções de sinais utilizadas
anteriormente (nos cálculos de equiíbrio, por
exemplo), em que o sinal depende do sentido da
componente de força ou de momento (se a força
aponta para cima ou para baixo, se o momento
gira no sentido horário ou anti-horário, etc.), a
convenção de sinais das solicitações está
relacionada com a interpretação física do efeito
que a solicitação provoca.
➘ Não importa “para onde a solicitação aponta”,
mas “o que ela faz” no elemento estrutural.
➘ Na figura abaixo, o esforço normal na corda é um
esforço normal positivo, porque expressa um
esforço de tração, ainda que o homem esteja
tracionando “para a esquerda” e a mulher esteja
“tracionando para a direita”. O que importa neste
caso (para atribuir o sinal ao esforço normal), não
é “para onde a solicitação aponta”, mas “o que
ela faz”: o esforço normal na corda é positivo
porque é de tração.
➘ Considerando uma barra de seção retangular
submetida a um conjunto de cargas externas em
equilíbrio (não mostradas na figura), define-se a
convenção de sinais para as diversas solicitações,
isolando uma fina fatia de comprimento
infinitesimal, e considerando cada solicitação
isoladamente.
S1
S2 Y
dx Z X
S1 S2
S1
S2
X
X
dx
dx
➘ Esforço normal: N
- Considerando uma fatia infinitesimal de
comprimento dx submetida a um esforço normal
N, este esforço normal tende a alongar ou
encurtar a fatia na direção X.
- O esforço normal que provoca alongamento, é
um esforço normal de tração e é considerado
positivo (+).
- O esforço normal que provoca encurtamento, é
um esforço normal de compressão e é
considerado negativo (-).
- A figura abaixo mostra um esforço normal
positivo (tração).
N
N
X
dx
- Convenção de sinais:
+ -
N N N N
X X
dx dx
➘ Esforço cortante na direção Y: QY
- Considerando uma fatia infinitesimal de
comprimento dx submetida a um esforço cortante
QY, este esforço cortante tende a provocar o corte
da fatia na direção Y.
- O esforço cortante que provoca uma tendência
de corte onde a seção transversal esquerda sobe
e a seção transversal direita desce, é um esforço
cortante considerado positivo (+).
- O esforço cortante que provoca uma tendência
de corte onde a seção transversal esquerda desce
e a seção transversal direita sobe, é um esforço
cortante considerado negativo (-).
- A figura abaixo mostra um esforço cortante
positivo.
QY
QY
X
dx
- Convenção de sinais:
+ -
QY QY
X X
QY QY
dx dx
MZ MZ
dx
- Convenção de sinais:
+ -
MZ MZ
X X
MZ MZ
dx dx
dx
- Convenção de sinais:
+ -
MT MT MT MT
X X
dx dx
4.5 - Solicitações em uma seção:
resumo
➘ Convenção de Sinais
- O seguinte gráfico resume todas as convenções
de sinais para as solicitações:
+
MZ MZ
MT N N MT
X
QY QY
➘ Resultantes
- É importante lembrar que as solicitações nada
mais são do que componentes de resultantes de
forças e de momentos, calculadas no interior da
estrutura, pela parte esquerda ou pela parte
direita dela.
- A resultante da parte esquerda é aplicada na
parte direita e vice-versa.
- Considerando o seguinte exemplo, qual o
esforço normal no cabo? Este esforço normal é de
tração ou de compressão?
F F
- A análise deve ser feita pelo procedimento
apresentado anteriormente: considera-se uma
seção de corte no cabo, e calcula-se a resultante
pela parte esquerda ou pela parte direita,
lembrando que esta resultante, se calculada pela
esquerda, se aplica na parte direita e vice-versa.
Resultante Resultante
da Parte Esquerda da Parte Direita
F F
... se aplica na ... se aplica na
Parte Esquerda Parte Direita
F F
N=F N=F
F F
N=F N=F
ERRADO
➘ Momento fletor em pórticos
- A convenção de sinais para o momento fletor
estabelece que ele é positivo quando traciona a
parte inferior da barra.
+
MZ MZ
dx
E
C
D
G B
A
4.6 - Exemplos
➘ Exemplo 1
A figura abaixo mostra um sistema em equilíbrio,
em que várias pessoas aplicam forças em um
poste engastado na base.
a) Qual a reação no poste?
b) Qual o esforço normal no cabo, nos trechos EC,
CB e BA?
c) Se o cabo arrebentasse, em qual trecho
arrebentaria?
a) Reação no poste
N N N N
X X
dx dx
N N N N
X X
dx dx
N N N N
X X
dx dx
N N N N
X X
dx dx
3m
1t
2m 2m 2t
D
B 90 0
C
S
90 0
5m
A
X
Z
Observando a figura, transladando todas as
cargas (e seus momentos) até a seção S e
lembrando da convenção de sinais para as
solicitações, tem-se:
+
Y MZ MZ
MT N N MT
X
S QY QY
QZ
MY
MT
N
MZ X
Z QY
N = -2 t
QY = 4 t
Qz = -1 t
MT = -(4 t x 3 m) = -12 t m
MY = (1 t x 2 m) + (2 t x 3 m) = 8 t m
MZ = -(4 t x 2 m) = -8 t m