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MÉTODOS USUAIS DE COLETA DE INSETOS

EM AMBIENTES LÊNTICOS

Dayse Lucy Medeiros Carneiro Resende1

1 Introdução

Os ecossistemas de água doce ocupam uma porção


relativamente pequena na biosfera, em comparação com os
ambientes marinhos e terrestres. Esses ambientes podem ser
divididos em lênticos (água paradas de lagos, lagoas, pântanos e
charcos) e lóticos (águas correntes de rios, estuários e
nascentes). As águas lênticas podem ainda ser divididas em três
regiões bem distintas: região litorânea (próximo à margem);
região limnética (água de superfície longe da costa), e região
profunda (águas profundas sob a região limnética) (Esteves,
1988).
Associados a esses ecossistemas encontra-se uma série
de organismos, dentre eles, os insetos, que podem ser
encontrados nadando livremente na superfície, associados à
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Professora Assistente do Departamento de Biologia/UFLA
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vegetação aquática, presos a objetos, embaixo de pedras, na


areia ou cavando o fundo lodoso.
Os insetos aquáticos são dependentes da água pelo
menos durante parte do ciclo de vida, exercendo importante
papel em ecossistemas de água doce em todo o mundo (Oliveira
& Froehlich, 1997). Estudos biológicos em um ecossistema
aquático são de fundamental importância na avaliação da
qualidade ambiental, fornecendo informações importantes para o
seu monitoramento ambiental.
O primeiro passo para se fazer uma coleta aquática é a
visita ao local, observação e registro de suas características.
Uma breve descrição dos aspectos físicos e biológicos mais
importantes, como topografia, temperatura do ar, da água,
transparência da água, largura, profundidade, velocidade da
corrente, tipo de fundo e vegetação será importante para o
desenvolvimento dos trabalhos.
O equipamento a ser utilizado dependerá dos objetivos da
pesquisa e das características do ambiente.

2 Coleta
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Insetos aquáticos podem ser coletados com vários tipos de


equipamentos: coadores, redes de nylon, mergulhadores, redes
de plâncton, dragas, etc., e podem ser capturados diretamente
com as mãos ou com auxílio de pinças e pincéis. Os adultos
podem ser obtidos coletando-se formas imaturas, que devem ser
“conduzidas” vivas ao laboratório, para acompanhamento até a
emergência dos adultos.
As coletas são realizadas na vegetação marginal,
vegetação aquática, película superficial, coluna d’água, e no
fundo (bentos), examinando-se pedras, pedaços de madeira e
outros objetos encontrados na água, podendo também ser
capturados durante o vôo.
É indispensável para a coleta o uso de um caderno de
camp, no qual devem ser registrados os aspectos físicos e
biológicos mais importantes relacionados ao ar, à água e ao
ambiente terrestre em torno, como:
1. Local da coleta
2. Data (dia e hora)
3. Temperatura
4. Umidade relativa do ar
5. Transparência da água, largura do ambiente aquático,
profundidade, tipo de fundo e tipo de vegetação.
6. Catálogo numérico do material coletado - Todo o
material coletado deve receber uma etiqueta com um
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número, e no caderno de campo registra-se o número


com as informações referentes a ele.
Deve-se anotar sempre a hora em que se toma a
temperatura da água e do ar. A temperatura do ar deve ser
verificada à sombra de algum objeto, nunca diretamente ao sol.
(Papavero, 1994).

2.1 Equipamento

2.1.1 Coleta terrestre

Amostragem de estágios terrestres de insetos aquáticos


requer métodos diferentes dos usados no ambiente aquático. As
coletas são realizadas em torno dos corpos de água, na
vegetação marginal, debaixo de pedras e troncos e podem ser
feitas com as mãos, pinças e com auxílio de pincéis quando se
tratar de espécies de pouca mobilidade. Pinças finas e delicadas,
tipo pinça de relojoeiro, são usadas para coleta de formas
imaturas.

2.1.1.1 Aspirador
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São utilizados para coleta de insetos pequenos e delica-


dos, associados à vegetação ou simplesmente em vôo (fig. 1A).
No caso de alguns pernilongos, o próprio coletor pode servir de
isca, deixando pernas ou braços expostos, coletando com o aspi-
rador aqueles que pousam na procura de alimento.

2.1.1.2 Redes

São usadas para captura de insetos em ambiente terrestre


e aquático.

Rede Aérea ou Puçá

Este tipo de rede é o mais comum e é usada na captura


de insetos voadores ou que pousam sobre a vegetação, como
Odonata, Lepidoptera, etc. Trata-se de um saco de filó em
forma de cone de aproximadamente 60 cm de profundidade,
preso a um cabo de madeira de mais ou menos 1m de
comprimento, por um aro de arame resistente (±30 cm de
diâmetro). A borda que prende o saco ao arame deve ser
reforçada por tecido resistente tipo brim, e o cabo pode ser
desmontável facilitando o transporte (Fig. 1E).
Rede de varredura
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Este tipo de rede é usado na captura de espécimes


associados à vegetação. Mais resistente que a anterior, permite
varrer a vegetação obtendo-se uma grande variedade de insetos.
A estrutura da rede de varredura é a mesma utilizada na
rede entomológica, porém o tecido utilizado deve ser mais
resistente, como o morim, por exemplo, para que suporte o atrito
com os galhos das plantas.
A transferência dos insetos desde a rede para o frasco é
um momento crítico. É aconselhável introduzir o fundo da rede
no frasco até que os insetos estejam imobilizados. Após isso, os
exemplares podem ser retirados da rede e colocados
diretamente no frasco, sem perigo de escape ou dano.
Para dípteros ou outros insetos pequenos, pode-se
acoplar no fundo da rede um recipiente plástico, tipo frasco de
filme fotográfico. Dessa maneira, ao passar a rede, os espécimes
serão levados para o fundo do frasco, sem que se entrelacem
nas malhas da rede, facilitando também a sua transferência
para o frasco mortífero.

2.1.1.3 Armadilhas
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São equipamentos que capturam insetos, muitas vezes


atraindo com algum estímulo sensorial, como cheiro ou luz.
A escolha do tipo de armadilha depende do grupo de
inseto que se deseja coletar.

Armadilha Luminosa

Existem vários tipos de armadilhas luminosas (fig. 2A e


2B) que são colocadas à noite ou ao anoitecer próximas a corpos
de água, permanecendo ligadas durante toda noite, e retiradas
ao amanhecer do dia seguinte, quando, então, são recolhidos os
espécimes capturados. Na maioria delas é usada luz ultravioleta.
Basicamente todas têm uma fonte de luz que pode ser branca
ultravioleta, e um deposito com água ou um líquido mortífero
onde caem os insetos. Uma Armadilha bem simples foi sugerida
por Sen, 1989. Trata-se de uma lata de leite, com alça e tampa,
da qual corta-se o fundo num diâmetro de 20 cm, fixando-se um
funil com o bico voltado para o interior da lata. Como fonte de
luz, pode-se usar uma lâmpada a vapor de mercúrio (180wats)
(fig. 2C). As paredes do funil devem ser pintadas com tinta
alumínio brilhante para atuar como refletor de luz. Uma bandeja,
contendo um líquido mortífero misturado com água, deve ser
colocada embaixo da armadilha, que deve ser montada próxima
à margem do lago.
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Armadilhas para Díptera

Para coleta de Diptera, além dos aspiradores citados


anteriormente, pode-se fazer o uso de armadilhas, as quais
consistem em recipientes contendo água que são colocados
próximos à vegetação ribeirinha.
Lopes (1997), sugeriu o uso de pneus de automóveis,
potes plásticos, latas e bambu. Tais recipientes são abastecidos
com água e instalados em posição vertical, fixos a troncos de
árvores, servindo como criadouros artificiais, e podem ser
deixados no local por um período de 15 dias, quando, então,
retira-se todo o conteúdo passando em um coador ou peneira de
malha 200µm .

2.1.2 Coleta Aquática

Coletas aquáticas são realizadas tanto em ambientes


lóticos quanto nos lênticos. Alguns equipamentos podem ser
utilizados em ambos os ambientes; outros são de uso exclusivo
para cada um deles. Em muitos casos, a profundidade é o fator
limitante.
2.1.2.1 Zona Litorânea
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A região litorânea corresponde à região da margem de um


lago delimitada pela variação do nível da água. Geralmente é
definida pelo desenvolvimento de plantas aquáticas com raízes e
pouca profundidade.
As coletas nessa área, dependendo do local, exigem
botas de cano longo ou macacão de pescador; algumas vezes, é
necessário utilizar um barco.
Insetos podem ser encontrados na vegetação da margem,
livres na água, no substrato ou associados a pedras e objetos do
fundo.

Redes de Imersão

O aparelho mais comumente utilizado para coletas


aquáticas é a rede de imersão.
Uma rede de imersão simples pode consistir de um
coador de nylon de tamanho grande, 20 cm de diâmetro ou mais,
fixado a um cabo de madeira. Existem também equipamentos
mais elaborados, como a rede de imersão com formato D e a
rede dupla.

Rede com Formato D

Trata-se de saco de tela fina com aproximadamente 1 m


de profundidade, fixado a uma armação de ferro ou outro metal
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com um lado reto e outro curvo ou angular que mantém o saco


aberto. Um cabo fixado ao lado curvo permite varrer o fundo.
Redes desse tipo podem ser feitas de vários tamanhos (Fig. 2D)
ou, então, pode-se fazer uma rede menor de 30 cm com formato
triangular (Fig. 2E).

Rede Dupla

Um outro tipo são as chamadas redes duplas (Fig. 2F-G),


que podem ter vários tamanhos e consistem em dois sacos (um
dentro do outro) de diferente grau de malha. A interna pode ser
de tela mosquiteira, plástico ou metálica, e a externa, de malha
fina (nylon ou outro tecido) . Esses sacos são fixados a um aro
metálico com cabo .
As redes duplas permitem fazer varredura de plantas da
margem e do fundo retendo os animais maiores na rede interna,
deixando passar detritos, plantas e animais menores, que são
retidos pela rede fina externa. Essas redes são apropriadas para
coletas de espécimes livres natantes, epífitas, da areia ou do
fundo lodoso.
Para coletas do fundo litorâneo, além da rede de imersão,
pode-se utilizar uma pá, acondicionando o material em
recipientes ou sacos plásticos. Os animais podem ser separados
com auxílio de um tamis sobre bandeja branca ou outra de cor
clara, onde os espécimes podem ser vistos com facilidade e
apanhados com pinças, pincel ou outro instrumento.
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Coador

Coadores de nylon (fig. 3A) são utilizados para a captura


de pequenos insetos na margem, próximos à vegetação, sobre a
película de água ou livre natante. É preciso muita agilidade, pois
alguns são muito velozes.

Coadores são também de grande utilidade na separação


de larvas de Diptera da água coletada com outro instrumento. A
água é passada pelo coador ou peneira (malha 200µm) e as
larvas são retiradas com auxílio de conta-gotas ou pincel,
colocando-as em frascos com fixador.

Mergulhador

Trata-se de um equipamento para coleta de larvas ou


pequenos insetos, livre natante, especialmente eficaz na coleta
de larvas de dípteros. Pode ser facilmente montado, utilizando-se
um recipiente de plástico branco, semelhante a uma caneca,
acoplado a um cabo de madeira (fig. 3B). A cor branca facilita a
visualização dos espécimes que podem ser coletados com um
pincel ou conta-gotas.

2.1.2.2 Zona Limnética


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Para coleta de insetos aquáticos nesta região, é


necessário um barco. Quanto aos equipamentos, são quase os
mesmos usados na zona litorânea, acrescentando-se:

Rede de Plânctom

A rede de plâncton permite a captura de insetos, fazendo-


se arrasto vertical na coluna de água ou arrasto horizontal
quando puxada por um barco. Consiste de um cone de monil
(35µm) de aproximadamente um metro, fixado a um aro de
arame de 20 – 30 cm de diâmetro. Na parte estreita do cone, é
fixado um tubo de PVC de aproximadamente 25 cm de
comprimento e 8 cm de diâmetro. Nesse tubo, sâo feitas três
aberturas de 7 cm de altura por 4 cm de largura, que são
vedadas com o mesmo tecido da rede. Na parte posterior do
tubo é acoplado um funil ligado a uma mangueira de látex
flexível (fig. 3D). Após o arrasto, que deve ser realizado com a
mangueira tampada, impedindo a saída de água, deixa-se o
excesso de água vazar pelas malhas da rede, e o que ficar retido
no tubo é recolhido em uma bandeja branca ou em um vasilhame
com tampa.
Armadilhas de Emergência
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Utilizadas no ambiente aquático para coleta de insetos


que emergem para sua forma adulta. São colocadas flutuando
na água e o inseto emergente move-se para a armadilha. Exis-
tem três tipos principais:

1) Composta por copos encaixados em uma lâmina


de madeira - Cada copo é aberto no fundo, permitindo acesso
aos insetos, enquanto a parte superior do copo, que fica acima
da superfície da água, é coberta com tela fina (fig. 3D).

2) Gaiola - Neste tipo, fixa-se a tábua flutuante a uma


caixa plástica retangular, quase do tamanho da tábua, com mais
ou menos 40 cm de comprimento, 20 cm de largura e 10 cm de
altura (fig. 3E) ou simplesmente constrói uma gaiola de tela fina
sem o fundo aderida a uma armação de madeira (fig. 3F).

3) Armadilha luminosa - utilizada para coleta de insetos


aquáticos que emergem à noite, é composta por uma estaca de
madeira na qual são presos uma bateria e um frasco com uma
lâmpada no seu interior. Do frasco retira-se o fundo e o substitui
por um funil com o bico voltado para a parte interna. A estaca de
madeira é fixada no substrato e o funil fica em contato com a
água, permitindo a entrada dos insetos emergentes (fig. 3C).

2.1.2.3 Zona Profunda


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A zona profunda é caracterizada pela ausência de


organismos fotoautotróficos causada pela ausência de luz e por
ser uma região totalmente dependente da produção de matéria
orgânica da região Litorânea e Limnética (Esteves, 1988).
Para amostragem nesta região, é necessário o uso de um
barco. Os principais equipamentos utilizados para a coleta da
fauna bentônica são as dragas, sondas tubulares e gaiolas com
substrato artificial.

Dragas

Equipamento ideal para coleta de amostras de fundo, em


águas profundas, pois permite que o material coletado chegue à
superfície praticamente intacto. Existem vários tipos de dragas;
cabe ao coletor decidir, de acordo com as características do
ambiente, o modelo mais indicado. A maioria tem duas pás que
se movem uma sobre a outra. Essas pás submergem abertas até
o fundo, onde se fecham unindo-se uma contra a outra,
recolhendo uma determinada quantidade de amostra do
substrato (fig. 4B).
Esse equipamento é bem eficaz para amostrar bentos de
regiões de substrato mole, de lagos ou córregos, podendo ser
operada de um barco por meio de uma corda.

Gaiola com Substrato Artificial


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Trata-se de uma estrutura de tela metálica resistente,


semelhante a uma gaiola, com uma abertura pela qual são
colocadas pedras ou outros objetos que servirão de substrato
para colonização de insetos bentônicos, podendo ser utilizada
em ambientes lóticos e lênticos. A gaiola é presa a uma corda
que permite colocá-la sobre o fundo ou içá-la à superfície. Após
algumas semanas no ambiente, recolhe-se o equipamento para
observar se o mesmo foi colonizado (fig. 4C).

Garrafa Tipo Van Dorn

Uma Garrafa de Van Dorn é um cilindro de PVC com


volume de 2, 5 ou mais litros, que se destina à coleta de
amostras estratificadas. Utilizada para coleta de água do fundo
para o estudo dos fatores abióticos, também acaba se prestando
à coleta de insetos (fig. 4D).

2.1.2.4 Zona de Interface

Coador
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Nesta região, encontram-se larvas de Diptera, Coleoptera


e outras. Para coleta desses insetos, visíveis ou não na margem
próxima à vegetação, sobre a película da água ou livres natantes,
é indispensável o uso de peneiras e coadores de nylon, tanto
para coletas em ambientes lênticos quanto para ambientes
lóticos. Porém, é preciso ter muita agilidade para capturá-los,
pois alguns são muitos velozes. No caso de Díptera, coleta-se a
água com um mergulhador ou outro vasilhame qualquer e filtra
no coador ou peneira com malha de 200µ. As larvas ficam
retidas nas malhas e com o auxílio de um conta-gotas ou pincel
são transferidas para frascos contendo álcool 70% e depois, no
laboratório, montadas entre lâminas e lamínulas para
identificação.

3 Morte

Após a coleta dos insetos adultos, estes devem ser


mortos de forma que não sejam danificados ou quebrados. Para
isso, são usados frascos mortíferos, que podem ser
confeccionados em vários tamanhos, dependendo do material
que se deseja coletar.

Frasco Mortífero
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O frasco mortífero mais útil para este tipo de coleta é de


tamanho grande, com mais ou menos 10 cm de altura, de boca
larga (7 cm ou mais) com tampa de rosca ou de encaixe, de boa
vedação. Como medida de segurança, pode-se preparar três
frascos mortíferos para saídas ao campo. A substância letal mais
eficaz para ser utilizada em um frasco mortífero é o acetato de
etila, pois não provoca a desidratação dos espécimes mortos
(fig. 5A).
Um frasco mortífero pode ser confeccionado forrando-se o
fundo de um frasco com uma camada de algodão, o qual é
coberto com papel-filtro com o mesmo diâmetro do frasco,
acrescentando-se, em seguida, algumas gotas da substância
letal sobre o algodão. Os frascos devem ser mantidos fechados e
secos, só devendo ser abertos no momento de depositar os
insetos. O material coletado deve ser deixado no frasco mortífero
até que os insetos estejam mortos e, posteriormente, devem ser
transferidos para outros frascos ou envelopes.

4 Transporte

Para essa finalidade, podem ser utilizados frascos


plásticos ou de vidro incolor de vários tamanhos contendo tiras
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de papel absorvente. Alguns insetos podem ser fixados no


campo e para tal deve-se levar frascos com líquido conservante.
Insetos maiores e mais ativos devem ser colocados em frascos
separados, pois alguns morrem lentamente e podem danificar
outros espécimes.
Adultos de insetos aquáticos devem ser transportados
dentro de frascos contendo tiras de papel higiênico ou qualquer
outro tipo de papel absorvente, para impedir que os insetos se
choquem uns com os outros e se danifiquem durante o
transporte. Não é aconselhável colocar muitos espécimes em um
mesmo frasco, pois os mais frágeis podem romper-se.
As amostras coletadas com dragas serão acondicionadas
em sacos plásticos, fixadas com formol 10%, etiquetadas e
transportadas dentro de caixas de isopor para o laboratório. No
laboratório o material deverá ser lavado em peneiras ou tamis de
0,125 a 0,250 mm, triado sob microscópio estereoscópio,
identificados com auxílio de literatura especializada e,
posteriormente, preservados em álcool 70%.

Envelope

Alguns insetos adultos, como por exemplo Odonata,


podem ser transportados, depois de mortos, em envelopes de
papel dobrado em formato triangular, podendo ser usado papel
sulfite ou outro semelhante (fig. 5B).
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Para o transporte de mosquitos ou pernilongos adultos, é


aconselhável que esses sejam acondicionados a seco em
frascos de transporte, cuidadosamente, sem misturá-los com
qualquer outro tipo de inseto.

5 Fixação, Conservação e Montagem

Montagem a Seco

Espécimes “grandes” podem ser montados e fixados


diretamente em alfinetes entomológicos; já os espécimes de
tamanho pequeno (até 6mm), devem ser montados em triângulo
de papel presos a alfinetes entomológicos. Dependendo do
tempo passado entre a coleta e o manuseio do material, este
pode se tornar desidratado e facilmente quebradiço; a solução é
montar uma câmara úmida para amolecer o material, evitando
que ele se quebre no processo de preparação. Para montagem
de uma câmara úmida, pode-se utilizar um frasco de boca larga
(5 cm de diâmetro) com tampa de excelente vedação, com areia
no fundo. Deve-se molhar a areia com água e acrescentar
algumas gotas de fenol ou creosoto, podendo ser utilizado
também a naftalina moída para evitar proliferação de fungos.
Cobre-se a areia com um papel-filtro e está pronto para uso. O
tempo necessário para o amolecimento é variável, devendo ser
suficiente para permitir alfinetá-los sem que se quebrem.
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O material montado e fixado deve estar cuidadosamente


seco e deve ser conservado em caixas de madeira ou papelão,
com tampa de boa vedação, contendo pastilhas de formol, para
evitar que o material seja danificado por outros insetos ou
fungos. Estas pastilhas devem ser fixadas no fundo da caixa
evitando movimentação e dano do material.

Montagem em Meio Líquido

Exemplares mais delicados como Trichoptera,


Ephemeroptera, Plecoptera, larvas e ninfas de outros insetos
devem ser fixados e preservados em meio líquido. O que não
deve ser feito com espécimes adultos de Culicidae e
Lepidoptera.

Preservação:

• Colembola - São preservadas em álcool 96%. Nunca


com formalina.
• Plecoptera e Ephemeroptera - Larvas e imagos são
preservadas em álcool 70% ou, segundo Melo et al.
1993, são fixadas com formol 4% tamponado com
carbonato de cálcio, preservando-se em álcool etílico
80%.
• Odonata - As larvas são preservadas em álcool 70% e
os imagos podem ser preservados em álcool ou
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podem ser presas com alfinetes entomológicos. As


náiades fixadas com formol 4%, tamponadas com
carbonato de cálcio e conservadas em álcool etílico
80%.
• Hemiptera - São fixados e preservados em álcool
70%, ou em alfinetes entomológicos, alfinetando-os
através do escutelo.
• Megaloptera e Neuroptera- São preservadas em álcool
70% ou se fixam em alfinetes.
• Trichoptera - Larvas e pupas se fixam e são
preservadas em álcool 70%; os imagos em álcool 40 -
50%.
• Lepidoptera - As larvas e pupas são preservadas em
álcool 70%; os imagos são mortos em balão de
cianureto de potássio e em seguida presos a alfinetes
entomológicos.
• Coleoptera - As larvas podem ser mortas e
conservadas em álcool 70%; os imagos são mortos
com éter acético e em seguida preservados em
mistura de 65% de álcool absoluto, 30% de água
destilada e 5% de ácido acético. Os adultos montados
em alfinetes através do élitro direito.
• Diptera - As larvas são mortas e fixadas introduzindo-
as em água fervendo por alguns minutos. Em seguida
são conservadas em álcool 70%, podendo também ser
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usado solução de formalina 4%. Essas larvas podem


ser montadas entre lâminas e lamínulas para
identificação.

Para o material em meio líquido, é conveniente que sejam


usados frascos de vidro transparente para melhor visualização
dos espécimes. A tampa deve fechar hermeticamente o frasco
evitando evaporação.
O volume dos espécimes no frasco não pode ultrapassar
25% do volume do líquido conservante, e este deve preencher
quase totalmente o frasco. Insetos maiores devem ser
individualizados.
O líquido mais usado para conservação é o álcool etílico.

Fixadores

Carnoy - Fixa partes moles do corpo e é composto por:


10% de ácido acético glacial
60% de álcool etílico
30% de clorofórmio

Kahle’s – Ajuda a prevenir quebra e é altamente


penetrante :
11% de formalina
28%de álcool etílico
2% de ácido acético glacial
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Para manutenção da cor das larvas, alguns espécimes


podem ser mortos em água quente. No caso de larvas grandes
como Coleoptera e outras, pode-se colocá-las em água quente
por uns três minutos, ao passo que larvas menores, poucos
segundos são suficientes. Geralmente quando atingem a fixação,
elas bóiam, podendo ser transferidas para o líquido conservante,
mas deve-se ponderar o tempo de fervura para que não cozinhe
as larvas.

6 Etiquetagem

As etiquetas devem ser confeccionadas em papel branco


resistente ou papel vegetal, podendo ser escritas
preferencialmente com nanquim, ou grafite alternativamente, que
não borram em contato com o líquido conservante. Em via seca,
as etiquetas devem ser colocadas paralelamente ao corpo do
inseto. Em meio líquido, as etiquetas são colocadas dentro do
frasco juntamente com o espécime e o líquido conservante.
Se forem utilizadas mais de uma etiqueta, essas devem
ser colocadas de maneira que possam ser lidas do mesmo lado,
de preferência do lado esquerdo.

São utilizados dois tipos de etiquetas:


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a) Dados de coleta
Etiqueta com informação sobre a coleta
Informando o país, o Estado, o município e o local onde o
espécime foi coletado. Abaixo dessa informação, colocam-se a
data, o dia em arábico e o mês em algarismos romanos; em
seguida o nome do coletor.

b) Identificação
Etiqueta de identificação
Essa etiqueta contém o nome da espécie, o autor e a data
da descrição, além do nome do pesquisador que a identificou e
a data da identificação.

7 Referências Bibliográficas

ESTEVES, F. de A. Fundamentos de limnologia. Rio de


Janeiro: Interciência/FINEP, 1988. 575 p.

LOPES, J. Ecologia de mosquitos (Díptera: Culicidae) em


criadouros naturais e artificiais de área rural do norte do Estado
do Paraná, Brasil. Revista Saúde Pública, v. 31, n. 4, p. 370-
377, 1997.
29

OLIVEIRA, L. G.; FROEHLICH, C. G. Diversity and community


struture of aquatic insects ( Ephemeroptera, Plecoptera and
Trichoptera) in a mountain in Southeastern Brazil. Acta
Limnológica Brasiliensia, v. 9, p. 139-148, 1993.

PAPAVERO, N. Fundamentos práticos de taxonomia


zoológica: coleções, bibliografia, nomenclatura. São Paulo: Ed.
da Universidade Estadual Paulista, 1994. 285 p.

SEN, N. S. A study on the species composition of aquatic insect


cactches at light in a freswater lake with special reference to the
phenomenon of colonization. Naturalia, São Paulo, v. 14, p. 31-
43, jul. 1989.

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