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URBANIZAÇÃO

Brasil é considerado um país emergente ou em desenvolvimento. Apesar disso, está quase um


século atrasado industrialmente e tecnologicamente em relação às nações que ingressaram no
processo de industrialização no momento em que a Primeira Revolução Industrial entrou em vigor,
como Inglaterra, Alemanha, França, Estados Unidos, Japão e outros.

As indústrias no Brasil se desenvolveram a partir de mudanças estruturais de caráter econômico,


social e político, que ocorreram principalmente nos últimos trinta anos do século XIX.

O conjunto de mudanças aconteceu especialmente nas relações de trabalho, com a expansão do


emprego remunerado que resultou em aumento do consumo de mercadorias, a abolição do trabalho
escravo e o ingresso de estrangeiros no Brasil como italianos, alemães, japoneses, dentre muitas
outras nacionalidades, que vieram para compor a mão de obra, além de contribuir no povoamento
do país, como ocorreu na região Sul. Um dos maiores acontecimentos no campo político foi a
proclamação da República. Diante desses acontecimentos históricos, o processo industrial brasileiro
passou por quatro etapas.

• Primeira etapa: essa ocorreu entre 1500 e 1808, quando o país ainda era colônia. Dessa forma, a
metrópole não aceitava a implantação de indústrias (salvo em casos especiais, como os engenhos)
e a produção tinha regime artesanal.

• Segunda etapa: corresponde a uma fase que se desenvolveu entre 1808 a 1930, que ficou
marcada pela chegada da família real portuguesa em 1808. Nesse período foi concedida a
permissão para a implantação de indústria no país a partir de vários requisitos, dentre muitos, a
criação, em 1828, de um tributo com taxas de 15% para mercadorias importadas e, em 1844, a taxa
tributária foi para 60%, denominada de tarifa Alves Branco. Outro fator determinante nesse sentido
foi o declínio do café, momento em que muitos fazendeiros deixaram as atividades do campo e, com
seus recursos, entraram no setor industrial, que prometia grandes perspectivas de prosperidade. As
primeiras empresas limitavam-se à produção de alimentos, de tecidos, além de velas e sabão. Em
suma, tratava-se de produtos sem grandes tecnologias empregadas.

• Terceira etapa: período que ocorreu entre 1930 e 1955, momento em que a indústria recebeu
muitos investimentos dos ex-cafeicultores e também em logística. Assim, houve a construção de vias
de circulação de mercadorias, matérias-primas e pessoas, proveniente das evoluções nos meios de
transporte que facilitaram a distribuição de produtos para várias regiões do país (muitas ferrovias
que anteriormente transportavam café, nessa etapa passaram a servir os interesses industriais). Foi
instalada no país a Companhia Siderúrgica Nacional, construída entre os anos de 1942 e 1947,
empresa de extrema importância no sistema produtivo industrial, uma vez que abastecia as
indústrias com matéria-prima, principalmente metais. No ano de 1953, foi instituída uma das mais
promissoras empresas estatais: a PETROBRAS.

• Quarta etapa: teve início em 1955, e segue até os dias de hoje. Essa fase foi promovida
inicialmente pelo presidente Juscelino Kubitschek, que promoveu a abertura da economia e das
fronteiras produtivas, permitindo a entrada de recursos em forma de empréstimos e também em
investimentos com a instalação de empresas multinacionais. Com o ingresso dos militares no
governo do país, no ano de 1964, as medidas produtivas tiveram novos rumos, como a
intensificação da entrada de empresas e capitais de origem estrangeira comprometendo o
crescimento autônomo do país, que resultou no incremento da dependência econômica, industrial e
tecnológica em relação aos países de economias consolidadas. No fim do século XX houve um
razoável crescimento econômico no país, promovendo uma melhoria na qualidade de vida da
população brasileira, além de maior acesso ao consumo. Houve também a estabilidade da moeda,
além de outros fatores que foram determinantes para o progresso gradativo do país.

O processo de urbanização no Brasil teve início no século XX, a partir do processo de


industrialização, que funcionou como um dos principais fatores para o deslocamento da população
da área rural em direção a área urbana. Esse deslocamento, também chamado de êxodo rural,
provocou a mudança de um modelo agrário-exportador para um modelo urbano-industrial.
Atualmente, mais de 80% da população brasileira vive em áreas urbanas, o que equivale aos níveis
de urbanização dos países desenvolvidos.

Até 1950 o Brasil era um país de população, predominantemente, rural. As principais atividades
econômicas estavam associadas à exportação de produtos agrícolas, dentre eles o café. A partir do
início do processo industrial, em 1930, começou a se criar no país condições específicas para o
aumento do êxodo rural. Além da industrialização, também esteve associado a esse deslocamento
campo-cidade, dois outros fatores, como a concentração fundiária e a mecanização do campo.

Em 1940, apenas 31% da população brasileira vivia em cidades. Foi a partir de 1950 que o processo
de urbanização se intensificou, pois com a industrialização promovida por Getúlio Vargas e Juscelino
Kubitschek houve a formação de um mercado interno integrado que atraiu milhares de pessoas para
o Sudeste do país, região que possuía a maior infraestrutura e, consequentemente, a que
concentrava o maior número de indústrias.

A partir de 1970, mais da metade dos brasileiros já se encontrava em áreas urbanas, cuja oferta de
emprego e de serviços, como saúde, educação e transporte, eram maiores. Em 60 anos, a
população rural aumentou cerca de 12%, enquanto que a população urbana passou de 13 milhões
de habitantes para 138 milhões, um aumento de mais de 1.000%.
DESIGUALDADES

As desigualdades econômicas e a dificuldade de determinadas regiões em se inserirem na


economia nacional, possibilitou a ocorrência de uma urbanização diferenciada em cada uma das
regiões brasileiras.

A região Sudeste, por concentrar a maior parte das indústrias do país, foi a que recebeu grandes
fluxos migratórios vindos da área rural, principalmente da região nordeste. Ao analisarmos a tabela
abaixo, observamos que o Sudeste é a região que apresenta as maiores taxas de urbanização dos
últimos 70 anos. A partir de 1960, com 57%, foi a primeira região a registrar uma superioridade de
habitantes vivendo na área urbana em relação à população rural.

Na região Centro-Oeste, o processo de urbanização teve como principal fator a construção de


Brasília, em 1960, que atraiu milhares de trabalhadores, a maior parte deles vindos das regiões
Norte e Nordeste. Desde o final da década de 1960 e início da década de 1970, o Centro-Oeste
tornou-se a segunda região mais urbanizada do país.

A urbanização na região Sul foi lenta até a década de 1970, em razão de suas características
econômicas de predomínio da propriedade familiar e da policultura, pois um número reduzido de
trabalhadores rurais acabava migrando para as áreas urbanas.

A região Nordeste é a que apresenta hoje a menor taxa de urbanização no Brasil. Essa fraca
urbanização está apoiada no fato de que dessa região partiram várias correntes migratórias para o
restante do país e, além disso, o pequeno desenvolvimento econômico das cidades nordestinas não
era capaz de atrair a sua própria população rural.

Até a década de 60 a Região Norte era a segunda mais urbanizada do país, porém a concentração
da economia do país no Sudeste e o fluxo de migrantes dessa para outras regiões, fez com que o
crescimento relativo da população urbana regional diminuísse.

PROBLEMAS URBANOS

O rápido e desordenado processo de urbanização ocorrido no Brasil irá trazer uma série de
consequências, e em sua maior parte negativas. A falta de planejamento urbano e de uma política
econômica menos concentradora irá contribuir para a ocorrência dos seguintes problemas:

Favelização – Ocupações irregulares nas principais capitais brasileiras, como Rio de Janeiro e São
Paulo, serão fruto do grande fluxo migratório em direção às áreas de maior oferta de emprego do
país. A falta de uma política habitacional acabou contribuindo para o aumento acelerado das favelas
no Brasil.
Violência Urbana – Mesmo com o crescimento industrial do país e com a grande oferta de emprego
nas cidades do sudeste, não havia oportunidades de emprego o bastante para o grande fluxo
populacional que havia se deslocado em um curto espaço de tempo. Por essa razão, o número de
desempregados também era grande, o que passou a gerar um aumento dos roubos, furtos, e
demais tipos de violência relacionadas às áreas urbanas.

Poluição – O grande número de indústrias, automóveis e de habitantes vai impactar o aumento das
emissões de gases poluentes, assim como com a contaminação dos lençóis freáticos e rios dos
principais centros urbanos.

Enchentes – A impermeabilização do solo pelo asfaltamento e edificações, associado ao


desmatamento e ao lixo industrial e residencial, fazem com que o problemas das enchentes seja
algo comum nas grandes cidades brasileiras.

INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA

-Principais fatores determinantes para o desenvolvimento industrial no Brasil:

Produção de algodão, matéria prima essencial para o desenvolvimento da indústria têx

Acumulo de capital advindo da produção do café, capital investido posteriormente nas indústrias·
Consolidação do trabalho assalariado após a abolição da escravatu

Presença de mão-de-obra barata, ampliada com a vinda de imigrantes que trazia experiência com o
trabalho fabril

·Infraestrutura já existente proveniente da economia cafeeira: ferrovias, bancos e casas de comércio


Crises econômicas que atingiram os países industrializados (1º GM e Crise de 29), que provocaram
a queda nas exportações do café, e restringiram as importações de bens manufaturados.

A restrição de bens manufaturados, obrigou o Brasil a substituir esses produtos, que até então eram
adquiridos dos países industrializados. O que caracterizou a “substituição de importações".

As fases da industrialização brasileira:

Primeira fase (1844/1929):

Os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro já haviam se industrializado, lá predominavam as


indústrias d bens de consumo não-duráveis (têxtil, alimentícia, couro); mão de obra imigrante e
capitais privados e nacionais.
Segunda fase (1930/1955):

Ø Esta fase é considerada como o período da Revolução Industrial Brasileira, pois foi neste período
que a cafeicultura decadente possibilitou a transferência de capital para as indústrias. Houve
também neste período, a intervenção do Estado na economia na criação de empresas estatais de
bens de produção. Essa estratégia pretendia diminuir a dependência que o país tinha das máquinas
e dos equipamentos estrangeiros, além de solucionar os problemas de falta de infraestrutura nos
setores de energia e transportes.

Ø Os investimentos feitos nos setores de siderurgia, refinaria, metalurgia e mineração foram


fundamentais para inserir o Brasil no grupo dos países industrializados, onde a indústria passa a
comandar a economia do país, antes no setor da agricultura exportadora.

Ø As indústrias se concentravam na região SE e as migrações se intensificam em direção a esta


região.

Terceira fase: 1956 /1990

Ø Esta fase teve início com o governo de Juscelino Kubitschek, período marcado pela
internacionalização da economia brasileira por meio de aliança entre o capital nacional e estrangeiro.
Fato evidenciado pela entrada das grandes empresas estrangeiras no país, produtoras de bens de
consumo duráveis, como as do setor automotivo.

Ø O governo de Jk elaborou o plano de metas que dedicava mais de 60% dos recursos
orçamentário para o desenvolvimento dos setores de energia, transportes, indústrias de base,
alimentação e educação, que facilitaram a instalação das indústrias no país.

Ø Foi necessário a obtenção de grandes empréstimos com as instituições financeiras


internacionais, elevando o endividamento externo.

Ø O desenvolvimento industrial da década de 50 teve continuidade no período militar, onde ficou


conhecido como o “milagre econômico”

Ø Foi introduzido programas de financiamento ao consumo, destinado a classe média e incentivo


as exportações de produtos manufaturados. Com isso a economia do país cresceu a olhos vistos e a
concentração de renda aumentou.

Quarta fase 1990 até os dias atuais

Ø O processo de industrialização tomou novos rumos no Brasil com a idéia do neoliberalismo que
defende a liberdade absoluta do mercado e uma restrição a intervenção estatal sobre a economia.
Segundo seus defensores, o Estado só deve intervir no mínimo nos setores imprescindíveis à
sociedade.

Ø O neoliberalismo, levou a privatização da maioria das empresas estatais brasileiras por meio do
Programa Nacional de Desestatização. A meta desta política era de arrecadar recursos com a venda
das estatais e reduzir a participação do estado na economia.

Ø Adotou uma política de liberação das importações, facilitando a entrada de produtos


estrangeiros na economia.

Ø Muitas indústrias brasileiras não conseguiram se modernizar no mercado internacional e


acabaram falindo, outras, foram incorporadas por empresas maiores e principalmente estrangeiras,
fazendo crescer ainda mais o capital estrangeiro na economia nacional.

Ø Essa política teve continuidade nos outros governos, que, além de intensificar as privatizações,
promoveram mudanças na legislação trabalhista do país.

As primeiras empresas estatais a serem privatizadas foram: Embraer, Cesp, Chesf, Ligth,
Eletronorte e Vale do Rio Doce.

A distribuição industrial no território brasileiro.

Atualmente porém, é possível verificar uma mudança na dinâmica da localização das indústrias no
Brasil. As indústrias têxteis, de calçados e mesmo as automotivas vêm transferindo
progressivamente seu setor de produção para outros estados, embora mantenham os serviços de
publicidade e de gerenciamento de vendas em São Paulo, a grande metrópole nacional. Isso é
possível em virtude do desenvolvimento das comunicações principalmente da internet que permite
gerenciar a produção a distância.

Ø O desenvolvimento técnico-científico-informacional contribui também para o surgimento dos


tecnopólos, ou seja, locais que englobam empresas e instituições científicas ligadas às tecnologias
industriais avançadas ou de ponta, como ocorre nos municípios de São José dos Campos,
Campinas e São Carlos no interior de São Paulo.

Ø Paralelamente ao deslocamento dessas indústrias ocorrem mudanças significativas no mercado


de trabalho: postos são fechados no Sudeste enquanto outros são abertos nos novos pólos
industriais. Com altíssimo grau de mecanização e informatização, as novas fábricas obtêm o mesmo
rendimento com menor número de empregados.
Renascimento Comercial e Urbano

O auge do feudalismo aconteceu durante a Alta Idade Média. A partir do século XI, tudo mudou. O
comércio ganhou novo impulso e as cidades cresceram. Do século XI ao XIII, a Europa Ocidental
viveu um período de relativa paz. Entre os fatores que contribuíram para isso, destacam-se:

•O desenvolvimento agrícola: com a ocupação de novas áreas, surgimento de novas culturas e o


aperfeiçoamento das técnicas agrícolas que aumentaram a produtividade;

•O crescimento populacional: devido a uma época de relativa paz, já que os ataques de um reino a
outro haviam diminuído bastante. Essa queda no número de conflitos foi responsável por um
considerável aumento populacional. Em 300 anos a população da Europa cresceu de 8 milhões para
26 milhões de habitantes. Isso gerou um excedente populacional, que começou a necessitar de mais
espaço e a expandir-se para fora dos feudos;

•Surgimento de uma nova classe social: comerciantes, negociantes e artesãos que viviam
constantemente de um lugar a outro, fixaram residências em volta dos feudos onde surgiram vilas
cercadas por muralhas chamadas de burgos. Os habitantes dos burgos passaram a ser conhecidos
como burgueses e ao longo dos séculos, essa denominação passou a denominar os comerciantes e
os homens ricos (burguesia);

•Renascimento das cidades: com o aumento demográfico na Europa, a população dos burgos foi
crescendo também. Isso se dava porque muitos servos acabavam por fugir dos feudos para escapar
das imposições da relação servil. Ou ainda, porque aqueles servos que mais causavam problemas
aos seus senhores eram expulsos de suas terras, indo engrossar a população das vilas. Assim,
essas pequenas localidades começaram a crescer e se tornar importantes concentrações de
trabalhadores livres e comerciantes, onde passaram a ser organizadas feiras permanentes, como as
feiras de Champagne (França), Flandres (Bélgica), Gênova e Veneza (Itália) e Colônia e Frankfurt
(Alemanha);

•As Corporações de Ofício: o aumento da liberdade política e econômica foi propiciando o


aprimoramento do trabalho urbano. Os artesãos, que faziam os produtos consumidos pelos
europeus, passaram a ser organizar em entidades para além de suas cidades. Para isso, formaram
as guildas e as corporações de ofício. As corporações tinham como objetivo defender os interesses
dos artesãos, regulamentar o exercício da profissão e controlar o fornecimento do produto. Elas
também dirigiam o ensino artesanal, que se dividia em três estágios: aprendiz, oficial e mestre;

•Cruzadas: com a justificativa de expulsar os muçulmanos da Terra Santa onde havia perseguição
aos cristãos que visitavam o lugar onde Jesus Cristo viveu, a Igreja Católica convocou os cristãos
europeus a formar expedições militares para combater os “infiéis”. Entre os séculos XI e XIII, graças
ao apoio de nobres, desejosos de formar reinos aumentando seus lucros e uma grande massa de
desocupados urbanos que se formavam, foram realizadas 8 cruzadas quase todas elas se
constituindo em um enorme fracasso e perda de milhares de vidas. No entanto essas expedições
que atravessaram o continente europeu cruzaram os mares e chagaram a outros continentes,
possibilitando também a abertura de novas rotas comerciais e contato com outros povos e culturas.

O término das Cruzadas contra os muçulmanos coincidiu com o início de uma série de crises, que
indicavam o esgotamento do feudalismo. Essas crises dos séculos da depressão (XIV e XV) foram a
crise econômica com a queda da produção agrícola gerando fome, a peste negra que matou um
terço da população europeia, a crise religiosa dentro da igreja Católica que chegou a ter dois papas
e a crise política com conflitos internos entre os senhores feudais, causando grande insegurança
que prejudicava as atividades comerciais e também guerras entre nações como a guerra dos cem
anos entre a Inglaterra e a França.

Formação das Monarquias Nacionais

As crises do fim da era Medieval (econômica, política e religiosa) provocaram a dissolução do


sistema feudal. A terra deixou de ser a única fonte de riqueza.

O comércio se expandia a burguesia, que era a classe social ligada ao comércio, tornou-se cada vez
mais rica e poderosa, com isso ela precisava de uma nova organização política que fosse capaz de
acabar com as intermináveis guerras da nobreza feudal, que diminuísse a quantidade de impostos
sobre as mercadorias cobrados pelos senhores feudais e que reduzisse o grande número de
moedas que atrapalhavam seus negócios.

Por isso, a burguesia passou a contribuir para o fortalecimento da autoridade dos reis, contribuindo
financeiramente na construção de monarquias nacionais capazes de formar governos estáveis e
ordeiros.

O elemento cultural que mais influenciou o sentimento nacionalista foi o idioma. Falado pelo mesmo
povo, o idioma servia para identificar as origens, tradições e costumes comuns de uma nação.

Cada estado foi definido suas fronteiras políticas, estabelecendo os limites territoriais de cada
governo nacional, surgindo a noção de soberania, pela qual o soberano (governante) tinha o direito
de fazer valer as decisões do Estado perante os súditos.

Para garantir as decisões do governo soberano, foi preciso a formação de exércitos permanentes,
controlados pelos reis (soberano).

Com a formação moderna, diversos reis passaram a exercer autoridade nos mais variados setores:
organizavam os exércitos, que ficava sobre o seu comando, distribuíam a justiça entre seus súditos,
decretavam leis e arrecadavam tributos. Toda essa concentração de poder passou a ser
denominado Absolutismo Monárquico.
Os principais Estados Absolutistas europeus foram:

•Portugal: surgiu como um reino independente em 1139. Seu primeiro rei foi D. Afonso Henrique, da
dinastia de Borgonha. Por muito tempo, os portugueses viveram envolvidos na luta pela expulsão
dos mouros, que só aconteceu em 1249 com a conquista de Algarves (sul de Portugal);

•Inglaterra: o absolutismo inglês teve início após a Guerra das Duas Rosas entre as famílias York e
Lancaster onde o Lancaster Henrique Tudor com o apoio da burguesia venceu e tomou o poder.
Fundador da dinastia Tudor, Henrique VII (1485-1509) inaugurou a era dos reis absolutistas
ingleses. Seu filho Henrique VIII foi o que exerceu o poder mais absoluto entre todos os monarcas
ingleses. Já sua neta Elisabete I, foi a última rainha soberana incontestável;

•Espanha: em 1469 aconteceu o casamento da rainha Isabel de Castela com o rei Fernando de
Aragão. Unificado, o reino espanhol reuniu forças para completar a expulsão dos mouros e, com a
ajuda da burguesia, lançar-se às grandes navegações marítimas. O absolutismo espanhol atingiu
seu apogeu com a dinastia Habsburgo e o rei Felipe II;

•França: o processo de centralização política francesa iniciou-se com o rei Felipe II no século XII.
Usando os conflitos contra os ingleses pelo controle do norte da França, este monarca conseguiu
formar um grande exército sustentado pelos impostos cobrados ao longo do território nacional.
Durante o governo do rei Luís IX, o poderio real foi ampliado com a criação de instituições jurídicas
subordinadas às leis nacionais e a economia comercial se fortaleceu com a instituição de uma única
moeda nacional. No governo de Felipe IV o belo, foi criada a Assembleia dos Estados Gerais para
reafirmar o poder político real. Mas a guerra dos Cem Anos com a Inglaterra enfraqueceu o poder
real e somente a partir de 1453, o rei Carlos VII concluiu o processo de expulsão dos britânicos do
território francês e passou a comandar com amplos poderes. Com o apoio dos grandes burgueses,
centralizou o governo nacional, criou novos impostos e financiou a instituição de um exército
permanente. A partir de então, a França tornou-se o exemplo máximo do absolutismo real europeu.

A formação das monarquias nacionais - aspectos básicos e gerais

O feudalismo foi um modo de organização social e político baseado nas relações servo-contratuais
(servis). Tem suas origens na decadência do Império Romano. Predominou na Europa durante a
Idade Média.

Segundo o teórico escocês do Iluminismo, Lord Kames, o feudalismo é geralmente precedido pelo
nomadismo e sucedido pelo capitalismo em certas regiões da Europa. Os senhores feudais
conseguiam as terras porque o rei lhas dava. Os camponeses cuidavam da agropecuária dos feudos
e, em troca, recebiam o direito a uma gleba de terra para morar, além da proteção contra ataques
bárbaros
A formação das monarquias

O processo de formação das monarquias nacionais, obedeceu, em linhas gerais, a união entre o rei
e a burguesia, ou seja, a classe que, graças ao renascimento comercial e urbano, foi se
enriquecendo com o crescimento do comércio na Europa, permitido pela maior circulação de
mercadorias na mesma, possibilitada, entre outras, pelo rompimento do domínio muçulmano de
muitas cidades e rotas comerciais entre a Europa e o oriente. Este domínio criava dificuldades para
a vinda de mercadorias do oriente para o ocidente, conforme vimos no assunto Renascimento
Comercial e Urbano.

O processo, apesar de muito simplificado na forma como está aqui, ocorreu da seguinte forma: de
um lado, o rei, querendo recuperar e concentrar o poder político que, conforme vimos nas aulas
sobre características do feudalismo, era dividido, enfraquecido pelo poder locar dos senhores
feudais e pelo poder universal (em toda a Europa)da Igreja católica. Do outro estava a burguesia,
que desejava leis únicas e moeda única em todo o país (Na época feudal, não havia uma idéia de
nação, nacionalidade e país - geograficamente falando, de forma forte, como existe hoje), dentre
outras coisas. De que forma ocorreu esta união rei-burguesia, na prática? A burguesia financiou
(emprestou dinheiro) ao rei ou até deu dinheiro ao mesmo, para que ele montasse uma burocracia
de Estado forte, que, por exemplo, cobrasse impostos dos senhores feudais, que, apesar de
respeitar o rei, não acatava todas as suas ordens. Além disso, o rei montou também um exército
forte e nacional que "intimidasse" os senhores feudais, e "obrigasse" os mesmo a obedecer as
ordens do rei. E o que a burguesia exigiu em troca? Tranquilidade para seus negócios como, por
exemplo, moeda e leis únicas em todo o país, que facilitassem suas transações comerciais e seus
interesses econômicos. Só uma pessoa poderia fazer isto. Quem? O rei . Mas como fazer isto sem
dinheiro? A burguesia entrou com a grana e o rei pode, então fazer tudo isto anteriormente citado.

Portanto, interesses políticos (do rei) e econômicos (da burguesia) levaram a este processo de união
entre o rei e a burguesia, resultando, portanto, na formação das monarquias nacionais. Antes,
tínhamos, aquilo que alguns históriadores chamam de monarquias feudais. Por quê? Eram
monarquias feudais porque o poder do rei se limitava, em linhas gerais, ao próprio feudo. É claro
que, em parte, isto é um exagero, pois o poder do rei estende-se a todo o país, embora limitado pelo
poder local dos senhores feudais, os chamados particularismo feudais. Em linhas gerais, rei e
burguesia se opuseram aos senhores feudais (nobreza) e clero (Igreja católica). É claro que,
conforme ressaltamos no início do texto, isto é um modelo teórico, pois, por exemplo, quando se
tratasse de reprimir uma revolta dos camponeses (servos), todos se união contra ela. E para reprimir
isto, nada melhor do que um rei com poder forte e centralizado.
O poder real, que desde o final da Idade Média vinha se fortalecendo, consolidou-se nos séculos XVI
e XVII, constituindo-se no absolutismo, um regime político no qual os poderes estavam concentrados
nas mãos do rei.

Os soberanos absolutistas não admitiam nenhum controle no exercício de seu poder e impunham a
sua vontade à nação. Mantinham um exército nacional, muitas vezes com soldados mercenários.
Tinham o poder de decretar as leis e administravam a justiça. Determinavam os impostos e
controlavam a sua cobrança.

No Estado absolutista, a nobreza continuava a deter privilégios. Estava isenta do pagamento de


impostos e conservava o direito de explorar o trabalho dos camponeses. O rei absolutista mantinha
junto a si uma corte numerosa, vivendo luxuosamente, o que contribuía para aumentar os gastos
públicos.

Para alguns nobres, o rei oferecia altos postos, como os ministérios. Mas como o rei absolutista
precisava do apoio econômico da burguesia, a política econômica adotada voltava-se para o
fortalecimento do comércio, possibilitando o enriquecimento da burguesia mercantil.

As idéias em defesa do Absolutismo

Pensadores políticos modernos procuraram explicar ou justificar as origens e as razões do Estado


absolutista. Entre eles, podem ser citados:

• Nicolau Maquiavel — escritor renascentista, em sua obra O príncipe justificou ser o absolutismo
necessário para a manutenção de um Estado forte. Defendia que os governantes podiam usar todos
os meios para manter o poder e a segurança do país. Como afirmava: “Os fins justificam os meios.”

• Thomas Hobbes — sua teoria sobre o governo absoluto está exposta na obra Leviatã. Explica que
os homens primitivos viviam em estado natural, sem leis para obedecer e agindo segundo seus
próprios interesses. Mas havia guerras constantes, que geravam insegurança. Para viverem melhor,
eles fizeram um contrato, cedendo todos os seus direitos a um soberano forte.
• Jean Bodin e Jacques Bossuet — defensores da Teoria do Direito Divino. Viam nos monarcas
absolutos a expressão mais perfeita da autoridade delegada por Deus na Terra, e, assim, os súditos
não tinham o direito de se revoltar contra o governante.

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