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RESUMO – ANATOMIA MACROSCÓPICA DO TELENCÉFALO

Eduarda Félix Ponte

1. INTRODUÇÃO

O cérebro é composto por duas partes: telencéfalo e diencéfalo. O telencéfalo é a porção mais externa, sendo sua
superfície composta de substância cinzenta e o centro de substância branca (centro branco medular do cérebro). A
superfície cerebral (córtex cerebral) é composta por sulcos e giros, o que permite o aumento da superfície cortical
sem aumentar o volume que o cérebro ocupa na caixa craniana. O telencéfalo apresenta ainda cavidades onde
circula o líquor, os chamados ventrículos cerebrais (vide aula de meninges e líquor).

Na embriogênese, o telencéfalo possuía duas vesículas telencefálicas laterais e uma parte mediana. A parte mediana
é limitada anteriormente pela lâmina terminal e dá origem ao III ventrículo (por isso o limite anterior do III ventrículo
é a lâmina terminal!). Já as vesículas telencefálicas laterais crescem recobrindo a porção mediana e dão origem aos
dois hemisférios cerebrais.
Vesículas telencefálicas Parte mediana
laterais

Área
ocupada pelo
III ventrículo

MACHADO, Angelo B.M.; HAERTEL, Lúcia Machado. Neuroanatomia funcional. 3.ed. São Paulo: Atheneu, 2006.
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2. Lobos do Telencéfalo

O telencéfalo é dividido em lobos de acordo com a relação anatômica com os ossos do crânio. Essa divisão se torna
mais precisa levando em consideração alguns sulcos telencefálicos que delimitam esses lobos:

LOBO FRONTAL: Delimitado posteriormente pelo sulco central (sulco de Rolando) e inferiormente pelo sulco lateral
(fissura sylviana ou sulco de Sylvius).

LOBO PARIETAL: Limitado anteriormente pelo sulco central e posteriormente pela linha que une o sulco parieto-
occipital à incisura pré-occipital.

LOBO OCCIPITAL: Limitado anteriormente pela linha que une o sulco parieto-occipital à incisura pré-occipital

LOBO TEMPORAL: Limitado superiormente pelo sulco lateral.

ÍNSULA: Lobo cerebral menos desenvolvido que é recoberto pelos demais lobos.

OBS: A divisão entre os lobos parietal e temporal é feita por uma linha imaginária que une o centro da linha entre o
sulco parieto-occipital e a incisura pré-occipital até o ápice da fissura sylviana.

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3. Sulcos e giros do telencéfalo:

A seguir, estudaremos os sulcos e giros principais de cada lobo telencefálico. Os sulcos são as reentrâncias do córtex
cerebral e os giros as áreas proeminentes entre 2 sulcos. Para esse estudo, levaremos em conta as faces do
telencéfalo, estudando-as uma a uma:

FACE DORSOLATERAL

LOBO FRONTAL:

SULCOS: GIROS:

 Sulco central  Giro pré-central

 Sulco pré-central  Giro frontal superior

 Sulco frontal superior  Gito frontal médio

 Sulco frontal inferior  Giro frontal inferior (dividido nas


parte orbital, triangular e opercular
 Sulco lateral (fissura sylviana) – ramo anterior, pelos ramos do sulco lateral)
ascendente e posterior Ramo
Sulco central ascendente do
LEGENDA:
Sulco pré-central sulco lateral
1- Giro pré-central – área
primária da motricidade (exceto
para membros inferiores)
2 1
Sulco frontal superior 2- Giro frontal superior
3 3- Giro frontal médio

4c 4- Giro frontal inferior


4b
a) Parte orbital
4a
Sulco frontal inferior b) Parte triangular

c) Parte opercular
AA
Área da articulação motora da
Ramo anterior do Ramo posterior fala (área de Broca).
Fique por dentro! do sulco lateral
sulco lateral
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FONTE DA IMAGEM: https://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-nervoso/telencefalo/
O sulco lateral apresenta um ramo anterior, um ramo ascendente e um ramo posterior. Esses ramos subdividem o
giro frontal inferior em 3 partes: parte orbital, parte triangular e parte opercular. A parte opercular recebe esse
nome por recobrir o lobo insular, semelhante à maneira como o opérculo de um peixe recobre suas brânquias.

LOBO TEMPORAL

Sulco temporal superior


Sulco temporal inferior

LEGENDA:

1- Giro temporal superior

2- Giro temporal médio

3- Giro temporal inferior


1
2

3 LEGENDA:
FONTE DA IMAGEM: https://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-nervoso/telencefalo/
1- Giro pós-central: área primária da
LOBO PARIETAL Sulco central sensibilidade (chamada área
somestésica), exceto para membros
Sulco pós-
inferiores e genitália.
central
2- Lóbulo parietal superior (acima do
sulco intraparietal)
2
1 3 3- Lóbulo parietal inferior (abaixo do
3.a sulco intraparietal)
3.b
a) Giro supramarginal (contorna
o final do ramo posterior do
sulco lateral)

b) Giro angular (contorna o final


Sulco lateral (não pertence ao do sulco temporal superior)
lobo parietal) OBS: Os giros angular e supramarginal
Sulco intraparietal
Fique por dentro! são a região que conecta o ser humano
cursomeds.com.br Sulco temporal superior com o ambiente externo, Sua lesão
(não pertence ao lobo causa a síndrome de heminegligência.
parietal)
LOBO OCCIPITAL: Não apresenta sulcos e giros notáveis na face dorsolateral. O único mais notável é o sulco
lunatus.

Sulco parieto-
occipital

Sulco lunatus

Incisura pré-occipital
FONTE DA IMAGEM: https://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-nervoso/telencefalo/

ÍNSULA: A ínsula possui funções relacionadas à gustação e a alguns componentes emocionais relacionados
ao sistema límbico, como a sensação de nojo.

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FACE MEDIAL

Corpo caloso

Lâmina
terminal

Comissura anterior

https://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema
-nervoso/telencefalo
CORPO CALOSO: Não é um giro telencefálico, mas sim uma comissura (cruzamento horizontal de fibras
nervosas – axônios – entre os dois hemisférios cerebrais). É a maior comissura do corpo humanao. Um pouco
abaixo do corpo caloso, na região da lâmina terminal, existe uma comissura menor, a comissura anterior.

Logo acima do corpo caloso, temos o sulco do corpo caloso. Acima desse sulco, o giro que contorna o corpo
caloso é chamado giro do cíngulo. Acima desse giro, temos o sulco do cíngulo, que se continua inferiormente
para o lobo temporal como o sulco do hipocampo. Acima do sulco do cíngulo, vemos a continuação do lobo
frontal superior, já estudado na face dorsolateral do telencéfalo. A porção de córtex logo anterior à lâmina
terminal é a chamada área septal, uma importante área de prazer do córtex cerebral.

Projetam-se também na face medial do telencéfalo os sulcos central, pré-central e pós-central. Assim, parte
do giro pré-central (área primária da motricidade) e do giro pós-central (área somestésica) se localizam na
face medial do cérebro. Essa porção é chamada lóbulo paracentral, sendo delimitada por 2 sulcos que
emergem do sulco do cíngulo: o sulco paracentral e o ramo marginal do sulco do cíngulo. O lóbulo
paracentral é responsável pela sensibilidade e motricidade dos membros inferiores e região genital.

No lobo occipital, as margens do sulco calcarino correspondem à área primária da visão.

Além dos sulcos e giros da face medial do cérebro e do corpo caloso, existem ainda duas outras importantes
estruturas nessa região: o fórnix e o septo pelúcido. Essas estruturas serão estudadas com mais detalhes em
outras aulas, com destaque para o septo pelúcido ao final deste resumo no estudo da anatomia dos
ventrículos laterais.

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NETTER, Frank Henry. Atlas de anatomia humana. 6. ed. Elsevier, 2015

O fórnix integra o chamada circuito de Papez, relacionado à memória, unindo o hipocampo aos corpos mamilares.
Possui duas pernas, que se unem no corpo do fórnix, e por fim se separam novamente nas colunas do fórnix. Essas
estruturas trocam informações entre o componente direito e o esquerdo através da comissura do fórnix.
Corpos do fórnix
Colunas do fórnix Comissura do fórnix

Pernas do fórnix

NETTER, Frank Henry. Atlas de anatomia humana. 6. ed.


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FACE INFERIOR

A face inferior do cérebro repousa sobre a base do crânio. Como sabemos, o crânio possui uma fossa anterior, uma
fossa média e uma fossa posterior. A fossa anterior é ocupada pela face inferior do lobo frontal, enquanto a fossa
média é ocupada pela face inferior do lobo temporal. Já a fossa posterior é ocupada pelo cerebelo.

LOBO FRONTAL:

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LOBO TEMPORAL: Na vista inferior da face inferior do lobo temporal (figura abaixo), é possível visualizar as
duas estrutras com seta em azul, que não pertencem ao lobo temporal. São elas o istmo do giro do cíngulo
(conexão entre o giro do cíngulo e o giro para-hipocampal) e o sulco calcarino (estrutura do lobo occipital).

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Na vista medial da face inferior do lobo temporal, as estruturas úncus, giro para-hipocampal, istmo do giro do
cíngulo e giro do cíngulo constituem uma formação contínua que circunda as estruturas inter-hemisféricas. Por
muitoas autores, essa formação é considerada um lobo à parte, o lobo límbico. Estudaremos em breve que o sistema
límbico é responsável por memórias e emoções. A parte anterior do giro para-hipocampal é a área entorrinal,
importante para amemória e uma das primeiras regiões a ser acometidas no cérebro na doenca de Alzheimer.

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4. Núcleos da base

Além da substância cinzenta presente no córtex cerebral, existem entremeadas ao centro branco medular do
cérebro outras áreas de substância cinzenta. Essas áreas são chamadas de núcleos da base. Assim, são
concentrações de corpos neuronais ilhadas no meio da substância branca, de localização profunda, e não superficial
como o córtex cerebral.

São citados os seguintes núcleos da base:

 Núcleo caudado

 Putâmen

 Globo pálido (lateral e medial)

 Núcleo accumbens

 Claustrum (obs: logo após o claustrum é possível identificar o córtex da ínsula!)

 Corpo amigdaloide

Esses núcleos da base são entremeados por faixas de substância branca denominadas cápsulas. Assim, temos, de
medial para lateral, a cápsula interna, a cápsula externa e a cápsula extrema.

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Núcleo accumbens

NETTER, Frank Henry. Atlas de anatomia humana. 6. ed. Elsevier, 2015

Os núcleos da base são agrupados em estruturas maiores:

 O putâmen e o globo pálido (medial e lateral) formam, juntos, o núcleo lentiforme.

 O núcleo caudado e o núcleo lentiforme constituem, em conjunto, o corpo estriado dorsal, cuja função é
motora (envolvido na fisiopatologia da doença de Parkinson).

 O núcleo accumbens é formado pelo encontro entre a cabeça do núcleo caudado e o putâmen, sendo
também chamado corpo estriado ventral (haja vista que tem localização mais anterior). É uma área
relacionada ao sistema de prazer e recompensa.

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MACHADO, Angelo B.M.; HAERTEL, Lúcia Machado. Neuroanatomia funcional. 3.ed. São Paulo: Atheneu, 2006.

O núcleo caudado possui uma estrutura mais complexa, contando com uma cabeça, um corpo e uma cauda. No
ápice da cauda do núcleo caudado, está localizada a amígdala, estrutura do sistema límbico relacionada com a raiva.

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5. Centro branco medular do cérebro

Agora que já estudamos a substância cinzenta superficial (córtex cerebral nos sulcos e giros) e profunda (núcleos da
base), vamos estudas agora a anatomia da substância branca do telencéfalo.

A substância branca é composta pelos axônios, constituindo as chamadas fibras nervosas. Essas fibras podem ser de
projeção ou de associação. As fibras de associação associam áreas corticais (coisas iguais, só associa). Já as fibras de
projeção associam áreas corticais a áreas subcorticais (coisas diferentes, projeta).

As comissuras são fibras de associação que atravessam o plano mediano e ocorrem em número de três comissuras
principais: a comissura anterior, posterior, e o corpo caloso, maior comissura do corpo. Além disso, existem ainda a
comissura do fórnix e a comissura das habênulas (vide aula de diencéfalo). As principais fibras de projeção do
encéfalo estão localizadas na cápsula interna, que reúne a maior parte delas.

6. Ventrículos Cerebrais:

O sistema ventricular cerebral é abordado com todos os seus componentes na aula de meninges e líquor. O
telencéfalo, porém, abriga os dois ventrículos laterais, de modo que eles serão estudados em detalhes neste
momento.

Os ventrículos laterais são pares: existe um ventrículo lateral direito e um esquerdo. São separados um do outro pelo
septo pelúcido, e cada um drena separadamente para o III ventrículo através do Forame de Monro, ou forame
interventricular. Cada ventrículo lateral apresenta 4 porções:

 Parte central ou corpo

 Corno anterior (ou frontal, localiza-se no lobo frontal)

 Corno posterior (ou occipital, localiza-se no lobo occipital)

 Corno inferior (ou temporal, localiza-se no lobo temporal)

A região de transição entre o corpo e os cornos posterior e inferior é chamada trígono colateral.

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Corpo

Corno anterior Trígono colateral

Corno posterior

Corno inferior

https://www.youtube.com/watch?v=9oT0p8OceIY

Cada porção do ventrículo lateral apresenta relações anatômicas próprias de acordo com sua localização. A
tabela abaixo resume todas elas. A fim de memorizar esses limites, basta raciocinarmos quais são as estruturas
anatômicas localizadas em cada lobo do telencéfalo e relacioná-las à respectiva porção do ventrículo lateral,
conforme abordado na nossa aula.

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A figura abaixo ilustra algumas estruturas do assoalho dos cornos inferior e posterior do ventrículo lateral. Como
o lobo occipital do telencéfalo possui o sulco calcarino, essa fissura deixa uma impressão no assoalho do corno
occipital: o calcar avis. Já o sulco colateral, da face inferior do lobo temporal, deixa a eminência colateral como
impressão no assoalho do corno inferior.

NETTER, Frank Henry. Atlas de anatomia humana. 6. ed. Elsevier, 2015

PLEXOS COROIDES: Estão presentes no assoalho da parte central do ventrículo lateral e no corno inferior. É contínuo
com o plexo coroide do III ventrículo através do forame de Monro. Os cornos anterior e posterior não apresentam
plexos coroides.

FIM

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