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Conteúdo básico:
■ A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar nele; é aproximar-se dele; é pôr-se em
comunicação com ele. A três coisas podemos propor-nos por meio da prece: louvar, pedir,
agradecer. Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 659.
■ Pela prece, obtém o homem o concurso dos bons Espíritos que acorrem a sustentá-lo em suas
boas resoluções e a inspirar-lhe ideias sãs. Allan Kardec: O evangelho segundo o espiritismo.
Cap. 27, item 11.
■ Há quem conteste a eficácia da prece, com fundamento no princípio de que, conhecendo Deus
as nossas necessidades, inútil se torna expô-las [...]. Sem dúvida alguma, há leis naturais e
imutáveis que não podem ser ab-rogadas ao capricho de cada um; mas, daí a crer-se que todas
as circunstâncias da vida estão submetidas à fatalidade, vai grande distância. Se assim fosse,
nada mais seria o homem do que instrumento passivo, sem livre-arbítrio e sem iniciativa [...].
Allan Kardec: O evangelho segundo o espiritismo. Cap. 27, item 6.
Subsídios:
1. Conceito de prece
É ainda o Espírito Manod que nos aconselha: Deveis orar incessantemente, sem que, para isso,
se faça mister vos recolhais ao vosso oratório, ou vos lanceis de joelhos nas praças públicas. A
prece do dia é o cumprimento dos vossos deveres, sem exceção de nenhum, qualquer que seja
a natureza deles. Não é ato de amor a Deus assistirdes os vossos irmãos numa necessidade,
moral ou física? Não é ato de reconhecimento o elevardes a ele o vosso pensamento, quan do
uma felicidade vos advém, quando evitais um acidente, quando mesmo uma simples
contrariedade apenas vos roça a alma, desde que vos não esqueçais de exclamar: Sede bendito,
meu Pai?! Não é ato de contrição o vos humilhardes diante do supremo Juiz, quando sentis que
falistes, ainda que somente por um pensamento fugaz, para lhe dizerdes: Perdoai-me, meu
Deus, pois pequei (por orgulho, por egoísmo, ou por falta de caridade); dai-me forças para não
falir de novo e coragem para a reparação da minha falta?! Isso independe das preces regulares
da manhã e da noite e dos dias consagrados. Como o vedes, a prece pode ser de todos os
instantes, sem nenhuma interrupção acarretar aos vossos trabalhos 7. Léon Denis analisa que a
[...] prece deve ser uma expansão íntima da alma para com Deus, um colóquio solitário, uma
meditação sempre útil, muitas vezes fecunda. É, por excelência, o refúgio dos aflitos, dos
corações magoados. Nas horas de acabrunhamento, de pesar íntimo e de desespero, quem não
achou na prece a calma, o reconforto e o alívio a seus males? Um diálogo misterioso se
estabelece entre a alma sofredora e a potência evocada. A alma expõe suas angústias, seus
desânimos; implora socorro, apoio, indulgência. E, então, no santuário da consciência, uma voz
secreta responde: É a voz dAquele donde dimana toda a força para as lutas deste mundo, todo
o bálsamo para as nossas feridas, toda a luz para as nossas incertezas. E essa voz consola,
reanima, persuade; traz-nos a coragem, a submissão, a resignação estóicas. E, então, erguemo-
nos menos tristes, menos atormentados; um raio de sol divino luziu em nossa alma, fez
despontar nela a esperança 10. É importante destacar que o Pai Nosso, oração ensinada por
Jesus (Mateus, 6:9-13), contém os três pontos considerados objeto da prece: um pedido, um
agradecimento, ou uma glorificação 9. O Pai Nosso representa [...] o mais perfeito modelo de
concisão, verdadeira obra-prima de sublimidade na simplicidade. Com efeito, sob a mais singela
forma, ela resume todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com
o próximo. Encerra uma profissão de fé, um ato de adoração e de submissão; o pedido das coisas
necessárias à vida e o princípio da caridade. Quem a diga, em intenção de alguém, pede para
este o que pediria para si. Contudo, em virtude mesmo da sua brevidade, o sentido profundo
que encerram as poucas palavras de que ela se compõe escapa à maioria das pessoas. Daí vem
o dizerem-na, geralmente, sem que os pensamentos se detenham sobre as aplicações de cada
uma de suas partes 8. Os Espíritos Superiores nos esclarecem a respeito da forma correta de
agir quanto às petições que fazemos durante as nossas preces: A vossa prece deve conter o
pedido das graças de que necessitais, mas de que necessitais em realidade. Inútil, portanto,
pedir ao Senhor que vos abrevie as provas, que vos dê alegrias e
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riquezas. Rogai-lhe que vos conceda os bens mais preciosos da paciência, da resignação e da fé.
Não digais, como o fazem muitos: «Não vale a pena orar, porquanto Deus não me atende.» Que
é o que, na maioria dos casos, pedis a Deus? Já vos tendes lembrado de pedir-lhe a vossa
melhoria moral? Oh! Não; bem poucas vezes o tendes feito. O que preferentemente vos
lembrais de pedir é o bom êxito para os vossos empreendimentos terrenos e haveis com
freqüência exclamado: «Deus não se ocupa conosco; se se ocupasse, não se verificariam tantas
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se o pedir com fervor, sendo, pois, a isso que se podem sobretudo aplicar estas palavras: «Pedi
e obtereis 4». A prece [...] é sempre um atestado de boa vontade e compreensão, no
testemunho da nossa condição de Espíritos devedores... Sem dúvida, não poderá modificar o
curso das leis, diante das quais nos fazemos réus sujeitos a penas múltiplas, mas renova-nos o
modo de ser, valendo não só como abençoada plantação de solidariedade em nosso benefício,
mas também como vacina contra a reincidência no mal. Além disso, a prece faculta-nos a
aproximação com os grandes benfeitores que nos presidem os passos, auxiliando-nos a
organização de novo roteiro para a caminhada segura 11. Em qualquer situação, a prece não
deve traduzir-se como [...] movimento mecânico de lábios, nem disco de fácil repetição no
aparelho da mente. É vibração, energia, poder. A criatura que ora, mobilizando as próprias
forças, realiza trabalhos de inexprimível significação. Semelhante estado psíquico descortina
forças ignoradas, revela a nossa origem divina e coloca-nos em contato com as fontes
superiores. Dentro dessa realização, o Espírito, em qualquer forma, pode emitir raios de
espantoso poder 12. A oração é divina voz do espírito no grande silêncio. Nem sempre se
caracteriza por sons articulados na conceituação verbal, mas, invariavelmente, é prodigioso
poder espiritual comunicando emoções e pensamentos, imagens e idéias, desfazendo
empecilhos, limpando estradas, reformando concepções e melhorando o quadro mental em que
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nos cabe cumprir a tarefa a que o Pai nos convoca 15. A importância da prece é facilmente
evidenciada quando aprendemos a fazer distinções entre rezar e orar. Rezar é repetir palavras
segundo fórmulas determinadas. É produzir eco que a brisa dissipa, como sucede à voz do sino
que no espaço se espraia e morre. Orar é sentir. O sentimento é intraduzível. Não há palavra
que o defina com absoluta precisão. O mais rico vocabulário do mundo é pobre para traduzir a
grandeza de um sentimento. Não há fórmula que o contenha, não há molde que o guarde, não
há modelo que o plasme. [...] Orar é irradiar para Deus, firmando desse modo nossa comunhão
com Ele. A oração é o poder dos fiéis. Os crentes oram. Os impostores e os supersticiosos rezam.
Os crentes oram a Deus. Os hipócritas, quando rezam, dirigem-se à sociedade em cujo meio
vivem. Difícil é compreender-se o crente em seus colóquios com a Divindade. Os fariseus
rezavam em público para serem vistos, admirados, louvados 16.
3. Eficácia e ação da prece Há quem conteste a eficácia da prece, com fundamento no princípio
de que, conhecendo Deus as nossas necessidades, inútil se torna expor-lhas. E acrescentam
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os que assim pensam que, achando-se tudo no Universo encadeado por leis eternas, não podem
as nossas súplicas mudar os decretos de Deus. Sem dúvida alguma, há leis naturais e imutáveis
que não podem ser ab-rogadas ao capricho de cada um; mas, daí a crer-se que todas as
circunstâncias da vida estão submetidas à fatalidade, vai grande distância. Se assim fosse, nada
mais seria o homem do que instrumento passivo, sem livre-arbítrio e sem iniciativa. Nessa
hipótese, só lhe caberia curvar a cabeça ao jugo dos acontecimentos, sem cogitar de evitá-los;
não devera ter procurado desviar o raio. Deus não lhe outorgou a razão e a inteligência, para
que ele as deixasse sem serventia; a vontade, para não querer; a atividade, para ficar inativo.
Sendo livre o homem de agir num sentido ou noutro, seus atos lhe acarretam, e aos demais,
conseqüências subordinadas ao que ele faz ou não. Há, pois, devidos à sua iniciativa, sucessos
que forçosamente escapam à fatalidade e que não quebram a harmonia das leis universais, do
mesmo modo que o avanço ou o atraso do ponteiro de um relógio não anula a lei do movimento
sobre a qual se funda o mecanismo. Possível é, portanto, que Deus aceda a certos pedidos, sem
perturbar a imutabilidade das leis que regem o conjunto, subordinada sempre essa anuência à
sua vontade 1. Percebe-se a eficácia e a ação da prece nos efeitos ou resultados obtidos. Os [...]
raios divinos, expedidos pela oração santificadora, convertem-se em fatores adiantados de
cooperação eficiente e definitiva na cura do corpo, na renovação da alma e iluminação da
consciência. Toda prece elevada é manancial de magnetismo criador e vivificante e toda criatura
que cultiva a oração, com o devido equilíbrio do sentimento, transforma-se, gradativamente,
em foco irradiante de energias da Divindade 13. O [...] trabalho da prece é mais importante
do que se pode imaginar no círculo dos encarnados. Não há prece sem resposta. E a oração, filha
do amor, não é apenas súplica. É comunhão entre o Criador e a criatura, constituindo, assim, o
mais poderoso influxo magnético que conhecemos. Acresce notar, porém, [...] que a rogativa
maléfica conta, igualmente, com enorme potencial de influenciação. Toda vez que o Espírito se
coloca nessa atitude mental, estabelece um laço de correspondência entre ele e o Além. Se a
oração traduz atividade no bem divino, venha de donde vier, encaminharse-á para o Além em
sentido vertical, buscando as bênçãos da vida superior, cumprindo-nos advertir que os maus
respondem aos maus nos planos inferiores, entrelaçando-se mentalmente uns com os outros. É
razoável, porém, destacar que toda prece impessoal dirigida às Forças Supremas do Bem, delas
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recebe resposta imediata, em nome de Deus. Sobre os que oram nessas tarefas benditas, fluem,
das esferas mais altas, os elementos-força que vitalizam nosso mundo interior, edificando-nos
as esperanças divinas, e se exteriorizam, em seguida, contagiados de nosso magnetismo pessoal,
no intenso desejo de servir com o Senhor 14.