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Para os egípcios, Thoth era um deus versátil, primitivamente adorado como deidade lunar, cujas
funções eram apresentadas em conformidade. Assim, tal como a lua é iluminada pelo sol,
também Thoth derivava a sua autoridade da circunstância de ser escriba do deus solar Rá.
Ulteriormente, tornar-se-ia deus do tempo e da mudança sazonal, da ordem cósmica e do ritmo
quotidiano. Foi-lhe atribuída a invenção dos hieróglifos e do conhecimento esotérico e,
nessa qualidade, apodado de “o misterioso” e “o desconhecido”. Em virtude dos seus poderes
mágicos, foo apontado como médico e guia das almas (psicopompa) no seu trânsito para o
além. Mercê da sua associação à lua, à medicina e ao mundo subterrâneo, os neoplatônicos
haviam de assimilá-lo a Hermes, mensageiro dos deuses e intérprete da vontade divina,
creditado com os talentos e o engenho de Thoth.
Tal teor associado a Hermes Trismegisto perdurou durante toda a Antiguidade Tardia: Tertuliano (c.
160 — c. 220) apelida Hermes, respeitosamente, de “Magister Omnium Physicorum”, enquanto
Jâmblico (c. 275 — c. 330) descreve, no De Mysteriis Aegyptiorum, uma forma de filosofia que
denomina “A Via de Hermes”, reputando o filósofo egípcio como autor de inúmeros livros,
repositório das suas revelações, as quais são expostas em tratados breves, sob a forma de
diálogo, protagonizados pelo iniciador e por um discípulo que acede à iniciação por via de
uma dispensação epifânica.
Em plena Idade Média, Hermes Trismegisto seria apresentado no Testamentum, atribuído a Lúlio,
como “Philosophorum et Alchymistarum Pater” (Pai dos Filósofos e dos Alquimistas), os quais,
por seu turno, se autodenominavam Filii Hermetis (Filhos de Hermes) e denominavam a
disciplina que professavam Magisterium Hermetis.