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ALUNO: Bruno Almeida Queiroz

DISCIPLINA: Direito da Criança e Adolescente

TEMA: A evolução jurídica das normas atinentes aos critérios de


inimputabilidade penal da criança e do adolescente infrator, no território
brasileiro, desde o Brasil colônia até os tempos atuais, estabelecendo as
normas internacionais que influenciaram na aquisição e no
reconhecimento dos direitos do adolescente infrator.

Decorrente de um contexto histórico tortuoso, o menor, como eram


chamados, eram, em sua maioria, submetidos às mesmas penalidades impostas
aos adultos, sendo esta realidade modificada a partir de marcos regulatórios e
discussões progressivas.

No contexto internacional, como forma exemplificativa, nos idos do


século XIX, com parâmetro nas Ordenações Filipinas, crianças e adolescentes
eram responsabilizadas por atos praticados a partir dos 7 (sete) anos de idade,
sendo eximidas das penas de morte e reduções penais quando comparada as
penas impostas aos adultos.

Ao tratarmos da evolução histórica no território brasileiro, as primeiras


legislações acerca da inimputabilidade da criança e do adolescente surgem com
os Códigos Penais do Império e da República de 1830 a 1890, quando
estabelecem que aos menores de dezoito anos que viessem a pratica atos
infracionais, seriam responsabilizados por tal, e quanto os menores de quatorze
teriam outra forma de responsabilização, como a inserção em casa de recriação.

Embora as sanções aplicadas aos menores infratores tivessem um


caráter punitivo, diferente dos dias atuais que visam a ressocialização da criança
e do adolescente, a criminalidade deste público crescia ano após ano.
Necessário então a criação de um juízo que tratasse exclusivamente deste
assunto, criado então em 1923 o “Juizado de Menores” e após este marco
sobreveio a criação do primeiro Código de menores em 1927.
Ao longo dos anos, diversas leis foram criadas com o objetivo de punir
as crianças e adolescentes abandonados. Surge assim o Código de Menores de
1979, pautado na Doutrina da Situação Irregular. Importante destacar que tanto
o Código de 1927 e o de 1979 tinham por foco o menor abandonado e o menor
delinquente. Nesta época, além do menor não ser protegido em sua
integralidade, tinha como regra a institucionalização dos menores, ou seja, o
rompimento dos vínculos familiares.

Com o passar dos anos, a evolução social, aperfeiçoamento das leis


existentes e aprimoramento dos direitos humanos, foram criadas regras
específicas para a criança e o adolescente.

Em 1988, com o advento da Constituição Federal, a criança e do


adolescente ganham um status de vulnerável e consequentemente passa a ser
de obrigação da Família, Estado e Sociedade assegurar os seus direitos. A
criança e o adolescente passam a ser sujeitos de direitos.

A Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1990 publicou regras


mínimas para crianças e adolescentes que cometessem atos infracionais, em
razão da sua vulnerabilidade social, utilizando-se de princípios norteadores para
aplicação das medidas sócio-educativas. O Brasil utilizou desses parâmetros e
princípios norteadores para dar seguimento em sua legislação, visando proteger
e garantir os direitos da criança e adolecente infrator.

Com o surgimento do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA -


em 1990, as regras antes existentes passaram a ser exceção. O Estatuto visa
assegurar o direito à criança e adolescente que estejam abandonados, ao
delinquente e aquele que está em situação de vulnerabilidade (risco pessoal ou
social). O ECA deixa de tratar como menor e passa a se intitular como criança
(12 anos incompletos) e adolescente (12 a 18 anos).

A regra era a institucionalização dos menores – rompimento dos


vínculos familiares. Com o surgimento do ECA, essa regra passa a ser exceção,
devendo o estado, através de políticas públicas, manter a criança no seio
familiar.
Notório o avanço na legislação e na sociedade quanto aos menores
vulneráveis que dependem dos seus familiares, da sociedade como um todo e de
políticas públicas hábeis a preencherem uma lacuna histórica de descaso frente a
este público. Infelizmente, embora existam políticas públicas, muitas vezes estas
não se mostram suficientes para conter um crescente avanço na criminalidade
deste público, levando a discussões acirradas quanto a redução da maioridade
penal.

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