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OBSTETRÍCIA
Alexandre Trajano
Coordenador e professor titular da disciplina de Obstetrícia
Nilson de Jesús
Chefe de Clínica do Núcle o Per inata l da UERJ
Professor A ssistente de Obstetrícia da UERJ
Flavio M. Souza
Professor A djunto de Obstetrícia da UERJ
Edição 2011
Gra videz de Alto Risco e Medicina fe tal A lexandre Trajano, Nlson de Jesús, F lav io M. de S ouza pg. 2
1. Avaliação do Risco Fetal
Em Obste trícia, a idéia de risco pode estar relacionada à mãe, ao concepto ou a ambos.
Risco e xclus iva me nte ou quase que exc lusiva mente fetal:
Pode decorrer de condições do próprio conce pto, como as anomalias conseqüentes a alterações
cromossomiais ou ser decorrente de condições maternas benignas ou s ubclínicas, como, a
rubéola ou a doença de inclusão citomegálica.
Risco e xclus iva me nte ou quase que exc lusiva mente materno:
São aquelas condições em que existe com prometimento da saúde ma terna com poucas
repercussões sobre o fe to. Exem plo deste grupo é a cardiopatia leve ou modera da. A doença
deverá agra var-se em função da sobrecarga causada pelas alterações cardiovasculares que
ocorrem na gravidez. Entreta nto, perma necendo a paciente compensa da, nã o de verão ocorrer
repercussões importantes sobre o concepto.
Idade
A idade superior a 35 anos é uma condiçã o de maior risco tanto pela maior prevalê ncia de
doenças intercorrentes (hipertensã o crônica ou diabe tes) como pela maior chance da mulher
produzir gametas com alguma alteração cromossomial. A tabela 1 m ostra a chance de a nomalias
cromossomiais em função da idade ma terna.
Gra videz de Alto Risco e Medicina fe tal A lexandre Trajano, Nlson de Jesús, F lav io M. de S ouza pg. 3
1. Avaliação do Risco Fetal
Ta bela 1:
Re lação entre a idade maternal
e a Síndrome de Down
ida de casos/n. partos
< 25 1/ 1.000
33 1/ 625
35 1/ 384
39 1/ 137
41 1/ 81
43 1/ 50
45 1/ 25
A idade inferior a 18/20 anos tem sido referida como de maior risco obsté trico. Entretanto, a
maioria das pesquisas mostra que risco biológico é de menor importância sendo mais releva ntes
as questões de naturezas psicológicas e sócio culturais envolvidas com a gravidez na
adolescência .
A gravidez na adolescê ncia é discutida de forma mais abrange nte e m outro módulo (Ver também
Monteiro, DML, Trajano AJB, BVastos AC. (Org.). Gravidez e Adolescência. 1 ed. Rio de Janeiro: Livraria e
Editora Revinter Ltda, 2009)
A ntecedentes obstétricos
Os ante cedentes obstétricos são da maior importâ ncia na estima tiva do risco. Circuns tâncias
como o Des colame nto Prema turo da Placenta – DPP - têm chance 10 vezes maior de recidivar
quando comparamos com a chance do primeiro e pisódio.
História de partos distócicos, m orte perina tal e abor tamentos de repetição são importa ntes
fatores de risco a serem considera dos.
Outros
De ve-se tam bém considerar, e ntre outros, fatores como:
Sofrimento fe tal pode ser de finido como o comprome time nto do be m estar ou da vitalidade
fetal1.
Mais controversa é a distinção entre sofrimento fetal agudo (SFA), sofrimento fetal crônico (SFC)
ou sofrimento fetal crônico agudizado.
Exemplo de SFA é o verificado dura nte o tra balho de parto disfuncional, causado por distúrbios
da contratilida de uterina como a hiperatividade uterina e as discinesias e, em especial, as
hipertonias. Traumas dire tos, descolam ento prematuro da placenta, rotura de vasa pré via, rotura
uterina e gra ndes hemorragias mater nas podem causar SFA, mesm o fora do traba lho de parto.
Entretanto, a e xpressão SFA está mais associa da ao sofrimento fe tal que ocorre durante o parto.
O SFC, com o o nome sugere, significa o com prometimento paula tino do bem estar fetal,
geralmente por algum fator que re duz o aporte de nutrie ntes e, principalmente, de oxigê nio, para
o concepto. Assim, na maioria dos casos, o SFC corresponde a hipoxia ou asfixia crônica do feto.
A distinção e ntre hipoxia e asfixia também é controvertida. Diversos perinatologistas, entreta nto,
recomendam que o termo asfixia seja empregado nos casos em que a hipoxia é mais acentuada,
com refle xos sobre o equilíbrio ácido básico.
Os diversos cuida dos e procedime ntos descritos a seguir têm a finalidade de a valiar a presença e
a intensidade do SFC.
1
No mesmo sentido de bem estar fetal tem sido utilizado o termo vitalidade ou vitabilidade. Alguns entendem que
vitalidade refletiria apenas o fato do feto estar vivo ou morto enquanto que vit abilidade seria relacionado à saúde e ao
bem estar fetal. Neste texto não damos maior importância a esta questão semântica e empregamos o termo vitalidade.
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1. Avaliação do Risco Fetal
Figura 1:
Medida do Fundo Uterino
Nas gravidezes de alto risco, entretanto, o crescimento feta l e sua relação com a idade
gestacional é melhor avalia do empre gando-se medidas ultra-sonográficas observa ndo-se se a
biometria realizada em de termina da idade gestacional. No início da gravidez geralme nte mede-se
o comprime nto cabeça- nádega (CC N) e, posteriorme nte, o diâme tro biparietal, circunferência
cefálica e comprimento dos ossos longos (fê mur e tíbia). A me dida ultra-sonográfica da
circunferência abdominal, além de guardar relaçã o com a idade gestacional constitui o melhor
indicador do peso fetal. A ssim, a me dida da CA const itui o pr inc ipal marcador na
avaliação da restrição do crescime nto intra-uterino, sendo o pr ime ira medida a
alterar-se.
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1. Avaliação do Risco Fetal
40
90º per centil
35 M édia
10º per centil
30
25
20
15
10
20 24 28 32 36 40
Relação CC/CA
Cada idade gestacional corresponde a um valor da relação circunferência ce fálica (CC) /
circunferência abdomina l (CA). À medida que aumenta a idade ges tacional, a relação CC/CA
normalmente se re duz. O a umento dessa relação, induzido pela re duçã o da circunferência
abdominal, sugere com prometimento do concepto. Este process o decorre da distribuição do
sangue para o cérebro em detrimento das vísceras a bdom inais que resulta em crescime nto
normal da cabeça e res trição do crescimento da CA. Es te meca nismo é detalhado adiante em
dopplerve loc imetria – ce ntralizaçã o.
Macrossomia
O termo macrossom ia geralme nte se refere ao concepto com peso maior que 4000 g. No Brasil
ocorre em cerca de 2 a 3% dos nascimentos. Em termos conceituais, o termo fe to ou recém-
nascido macrossômicos não deve ser empregado com o sinônim o de gra nde para a idade
gestaciona l, que corresponde àquele com peso superior ao 90º ou 95º pece ntil,
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1. Avaliação do Risco Fetal
indepe ndenteme nte da ida de gestacional. O termo macrossômico também não deve ser
empregado quando o e xcesso de peso decorre condições com o hidrocefalia, ascite ou tum ores.
Fatores de risco freqüe ntemente associados à macross omia são:
• obesidade mater na
• diabetes
• gestação prolongada
• multiparidade
• herança fam iliar
• antecede ntes obs tétricos
• sexo fe tal (mais comum no sexo masculino)
•
Ver também o artigo de Iracema de Mattos Paranhos Calderon e Marilza Vieira Cunha Rudge,
Macrossomia fet al - um desafio obstét rico, RBGO, 2006.
http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v28n4/a01v28n4.pdf - acessado em 23-4-2011
• Contagem dos MAF, durante 1 hora, nos três períodos do dia. O s omatório de ve
ser > 12.
• Contagem dos MAF durante 1 hora em posição se nta da. Valores > 6 sugere m
que o feto está em boas condições.
Estes valores de MAF não garantem que o feto es teja bem, mas indicam que e ventual
comprometimento do be m estar fetal não es tá se manifestando por redução dos MAF.
A diminuição acentuada ou a brusca ou cessação dos MAF de vem ser considerados como “sinal
de alarme”. Pode m estar associados ao sofrime nto fetal e jus tificam a investigação comple mentar
da vitalidade feta l, geralmente com mé todos biofísicos.
Importância clínica do LA
O volume de líquido amniótico (LA) aumenta dura nte a gravidez até atingir cerca de 1000
ml, na 37ª sema na. Daí em diante reduz-se progressivamente chega ndo a cerca de 200 ml na
42ª sema na.
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1. Avaliação do Risco Fetal
O volume normal de LA sugere bem estar fetal, uma vez que ta nto o aume nto (polidramnia)
quanto a redução ( oligodra mnia ) podem estar associados ao comprometime nto do be m estar
fetal assim como a a nomalias congênitas.
O LA constitui um importante elemento para o desenvolvimento e para a proteção fetal. Existe
uma consta nte interação entre o concepto e o LA uma vez que o feto deglute o LA e urina no LA
que também preenche a árvore respiratória. Como o feto realiza movime ntos respiratórios de ntro
do útero, a fa lta precoce de LA poderá com prometer o dese nvolvimento pulmonar (hipoplasia
pulmonar). Como a produção do LA depende em grande parte da place nta, nos casos de
insuficiê ncia placentária geralmente ocorre oligodramnia.
A polidramnia pode ocorrer como conse qüê ncia da falta de de glutição do LA em anomalias como
a atresia de esôfago (obs trução mecânica ) ou na a nencefa lia (ausê ncia do refle xo de deglutição).
A oligodramnia ta mbém pode decorrer de anomalias congênitas como a atresia de vias urinárias.
Obviamente, a oligodramnia também pode ocorrer como conse qüê ncia do es coamento do LA nos
casos de Rotura Prematura das Membranas Ovulares (RPMO). Neste capítulo, estudaremos a
oligodramnia apenas como parte do quadro de SFC uma vez que a pesquisa da oligodramnia
constitui elemento para o rastreamento do SFC e faz parte da propedê utica clínica e
complementar da gestação.
Desta forma, a oligodrmnia deve ser considera da tanto como sinal de SFC, conseqüente ä
insuficiê ncia placentária, como causa de comprometime nto fetal pois, por si só, é ca usa de
comprometimento do concepto, e m função de dois meca nismos principa is:
A avaliação do Volume de LA
O volume de LA pode ser estimado pelo exa me c línic o através palpação uterina a valiando-se a
consistê ncia e a presença e a intensidade do rechaço fe tal.
A ultra-sonografia é empregada no rastreamento e na avaliação qua ntitativa e qualitativa da
oligodramnia. Os critérios mais utilizados são:
No Núc leo Perinatal da UERJ, emprega mos o ILA e a medida do maior bolsão para a valiar o
volume de LA.
Então por quê aus cultar a FCF? Porque se, por um la do, a FCF basal normal apenas indica que o
feto está vivo,por outro lado, as raras vezes em que que se verifica taquicardia ou bradicardia
fetais, o caso deve ser cuidadosamente estuda do, preferenteme nte com e cocardiografia fe tal.
Outro motivo para se auscultar a FCF é o fato que as ALTERAÇ ÕES TRANS ITÓRIAS da FCF,
sejam para maior – ACELERAÇÕES TRA NSITÓRIAS, ou para menor – DESACELERAÇ ÕES ou DIP,
ambas têm impor tância para a avaliação da vitalidade fe tal, como será melhor descrito a diante.
Cardiotocografia – CTG
A CTG basal (sem estím ulo ou com estímulo sonoro) é ainda um dos métodos mais em pregados
no nosso meio para o acompa nhame nto do SFC.
De vemos, porém obser var que, no rastream ento da asfixia fe tal, a CTG costuma se alterar mais
tardiamente que outros indica dores biofísicos como a dopplervelocimetria da ar téria umbilical,
descrita mais adia nte. Entretanto, a ide ntificação de DIP placenetários (DIP2) ou DIP funicular
(DIP3) pode ser da maior importância, indica ndo, respectivamente, insuficiência placentária e
oligodramnia.
Preliminarmente de ve-se considerar que:
• As acelerações transitórias são um bom indicador do bem estar fe tal
• As desacelerações devem ser consideradas suspeitas deve ndo o caso ser melhor a valiado
pela CTG e outros mé todos biofísicos.
No acompanhame nto de intercorrências com o o diabe te melito que levam a comprome time nto
metabólico do fe to, a CTG é impor tante uma vez que estas condições não se expressam por
alterações da dopplervelocime tria.
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1. Avaliação do Risco Fetal
Figura 3:
Traçado de doppler velocimetria
assinalado sís tole e diástole
A: Sístole e diástoles normais B: Diástole zero C: Diástole re versa
Gra videz de Alto Risco e Medicina fe tal A lexandre Trajano, N lson de Jesús, Flav io M. de S ouza pg. 11
1. Avaliação do Risco Fetal
Ult ra-sonográficos
• Trasnlucência nucal maior que 2,5 mm, entre 11 e 14 semanas (Figura 4).
• Reduçã o ou ausência de ossos próprios do nariz.
• Aumento da angulação da asa do ilíaco
• Alteração do fluxo do ducto venos o (Doppler venos o).
Figura 4:
Ima gem ana tômica e ultra-sonográfica da translucência nucal
Bioquímicos
11-14 semanas
• aumento da fração livre da beta-HCG
• aumento da proteína plasmática –A, associada à gestação (PAPP-A)
16 semanas
• redução da alfa feto proteína
• aumento do estriol
• aumento da HCG (total e fração beta livre)
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2. Rastreamento das Anomalias Congênitas
Ultra-sonografia
Além da possibilidade de ide ntificação de marcadores de anomalias congê nitas, a US G é da maior
importâ ncia na realizaçã o de estudos morfológicos ca pazes de identificar anomalias estr uturais
do feto. Descrevemos a seguir os principais gr upos:
5. Distopias
As estruturas, mesmo com forma e função normais podem apresentar posições a nômalas. O rim
pélvico, a de xtrocardia e situs invers us totalis são e xem plos des ta ca tegoria.
Outras a nomalias são a redução da dis tância inter obital (hipoteloris mo) e dis plasias esqueléticas
que afe tam o crescimento dos ossos longos.
Estudos cromossomia is
As anomalias cr omossomiais de im portâ ncia clínica mais freqüentemente encontradas são as
aneuploidias, ou seja, alteração no número de cromossomas.
Cada célula do organis mo (excetua ndo-se os game tas) apresenta 23 pares de cromoss omas - 44
autossom as e dois cromoss omos sexuais (X e X nas mulheres e X e Y nos homens). Pelo
número duplicado de cromossomas são denominadas células diplóides. Já os gametas são
células haplóides pois aprese ntam me tade dos cromossomas (22 a utossomas) e um
cromossoma sexual (X ou Y nos espermatozóides ou exclusivamente X nos gametas femininos –
óvulos).
Quando o concepto apresenta três crom ossomas e m todas as posições dizemos tra tar-se de
um indivíduo triplóide, e, no caso de quatro cromossomas, tetraplóide .
Mais comume nte, as alterações dizem respeito ä alteração no número de cromossomas que,
originariamente, constituía um determina do par. Assim, se o concepto ao invés de dois
cromossomas 21 aprese ntar três cromoss omas 21, ficará configurada a trissomia do 21. Outra
possibilidade é a presentar a penas um, ao invés de dois cromossomas. C onfigura-se assim a
monossomia .
A trissomia do 21 é a ma is com um e ntre os recém nascidos e manifesta-se fe notipicame nte como
a Síndrome de Down. Outras trissomias que podem ser encontradas entre os recém-nascidos
são a trissomia do 18 Síndrome de Edwards e trissomia do 13 Síndrome de Patau.
A monossom ia mais freqüente entre os recém nascidos é a e xistê ncia de um único cromossoma
sexual X (45 X0) configurando a Síndrome de Tur ner
Os estudos genéticos fazem uso do cariót ipo e m que os cromossomas são apresentados
pareados conforme ilustrado na figura 5, que mos tra a trissomia do 21. Para a obte nção de
células fe tais para realizar o cariótipo são necessários procedimentos invasivos com o a biópsia de
vilo corial, a amniocentese ou a cor docentese, descritos mais adia nte.
Para melhor ente ndimento do comprome timento do concepto o dano fetal pode ser classificado
como de corrente de distúrbios de três ca tegorias distintas:
Figura 5:
Cariótipo mostra ndo trissomia do crom ossoma 21 – Síndrome de Down
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4. Procedimentos Invasivos
Idade gestacional
A avaliação da ma turida de fe tal pode ser es timada pelo cálculo da idade gestacional. Para cada
idade gesta cional, podemos presumir difere ntes graus de maturidade fetal. Por outro lado, a
chance de sobre vida de um RN depende, além da ma turidade, das condições da assistência
neona tal. Assim, num hospital que disponha de UTI ne onata l e que seja considerado de bom
padrão dentro da realidade brasileira, podemos presumir que com menos de 26semanas todos os
RN apresentarão prematurida de extrema sendo m uito pequenas as cha nces de s obrevida. Entre
os RN com me nos de 26 semanas, apenas 20% dos s obreviventes não apresentarão limitações
significa tivas aso 6 anos de ida de. A possibilida de de apresentar maturidade que garante
sobrevida saudável cresce a medida que aume nta a idade gesta cional sendo que a partir de 36
semanas serão de pratica mente 100% as cha nces de sobrevida, no que depender da maturidade
do recém nascido.
RN < 32 se m
> 2% dos nascidos vivos
> 85% sobrevivência
Seguimento:
15% paralisa cere bral
50 % dificuldades cognitivas
RN < 1000g (NIH Neonatal Research Ne twor k)
17% - paralisia cere bral
37% - problemas cognitivos
2% - s urdez
2% cegue ira
Novais HMD, 2002 (apresentado por Paulo Margotto no 6º congresso Norte-Nordente de Medicina Intensiva , 2007)
Assim, o cá lc ulo prec iso da ida de gestaciona l const itui da do da ma ior importância na
assistência à gestante de alto r isco.
A idade gestacional deve ser calcula da a partir da data da última me nstrua ção (DUM) e
confrontada com a idade gestacional estimada pela ultra-sonogra fia realizada no primeiro
trimestre. Quanto mais precoce o exame ultra-sonográfico, mais preciso na a valiação da idade
gestacional. Regra simples recome nda que no e xame ultra-sonográfico realizado no primeiro
trimestre de ve-se considerar erro de +/- 1 semana. No segundo trimes tre, +/- 2 se manas e no
terceiro trimes tre, +/- 3 sema nas.
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4. Procedimentos Invasivos
Além do cálculo da IG pela DUM e ou pela ultra-sonografia, outros aspectos que também podem
ser considerados são o crescime nto do feto, o peso es timado e te mpo decorrido desde a
percepção dos movime ntos ativos do feto ou da a usculta dos batimentos cardíacos com
estetoscópio de Pinnard ou com o sonar doppler .
Clínica
A avaliação clínica da maturidade fetal pode ser feita pela estima tiva da idade ges tacional que
guarda relaçã o com a ma turidade fetal. A idade gesta cional pode ser calculada a par tir da data
da última menstr uação ou estima da, a partir da perce pção dos primeiros movimentos fetais,
geralmente entre 18 e 20 sema nas de gravidez.
No exame físico, deve-se registrar a perce pção, pela primeira vez, dos batime ntos cardíacos
fetais, a par tir de 20 semanas com es tetoscópio de Pinnard e de 11-13 semanas, como o sonar
Doppler.
Complementar
Ultra-sonogrfia (USG)
Além de representar um importa nte ins trume nto na avaliação da maturidade fe tal através da
estimativa da idade ges tacional, a US G pode estimar a ma turida de fetal a través dos seguintes
parâmetros:
• Grau de ma turida de place ntária
• Padrão de maturidade do intes tino fetal
• Relação de ecoge nicida de pulmão/fígado
• Núcleo de ossificaçã o do úmero, fêmur e outros ossos longos.
A nálise do LA
Métodos diret os
Aavaliam diretamente a maturidade pulm onar
Re lação Lec it ina / Esfingomie lina
A conce ntração de Lecitina no LA aumenta considerave lmente a partir da 30ª semana,
enqua nto que a de Esfingomielina se reduz. Quando a relação entre estes dois fosfolipídios
(Relação L/E) no LA é >=2, o risco de imaturidade pulmonar do fe to é e xtremamente baixo.
A precisão da relação L/E na a valiação da maturidade fetal é prejudicada pela presença de
sangue ou mecônio no LA, que podem falsear o resultado. Nos casos de diabetes mellitus , pode
ocorrer imaturidade pulm onar e Síndrome de Angústia Respira tória do RN mesmo na presença de
relação L/E>2. ,
Fosfat idilglicerol
A presença deste fosfolipídio no LA ta mbém constitui indicador de maturidade fetal com a
vantagem de ser mais preciso nos casos de diabetes melito e não sofrer influê ncia significativa da
presença de sangue ou de mecônio no LA.
Teste de Cle mments (sha king test)
Este teste pode ser feito a beira do leito e rapidamente informa sobre a quantidade de
fosfolipídios no LA.
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4. Procedimentos Invasivos
Métodos Indiretos
Avaliam a ma turidade de outros órgãos e siste mas.
Dosagem de Creatinina
Concentração de creatinina superior a 2mg % sugere maturidade renal e, indiretamente, maturidade pulmonar.
Concentração de bilirrubina
A espectrofotometria da bilirrubina ao comprimento de onda de 450 mmicra mostra redução entre 22 e 40 semanas.
Assim, a queda da densidade ótica para zero sugere maturidade fetal.
Porcentagem de células Orangiófilas
As células oriundas das glândulas sebáceas fetais coram-se em laranja quando se adiciona o sulfato azul do Nilo a
amostra de LA. A porcentagem de células orangiófilas superior a 10% sugere maturidade fetal.
Tomadas de Decisão:
Quando e como interromper a gravidez ?
Vitalidade x Maturidade
Como são precários os recursos terapê uticos para tratar do fe to que apresente sofrime nto
crônico, na maioria dos casos a interrupção da gra videz é o recurso empregado. Quando a idade
gestacional parece garantir boa ma turida de pulmonar, é fácil optar pela interrupçã o da gravidez
nos casos de com prometimento do bem es tar fe tal. Entreta nto, sendo o fe to menos maduro, a
tomada de decisão é ma is difícil devendo-se confrontar a inte nsida de do comprome time nto intra-
uterino com as chances de sobre vida após o par to, no intuito de eleger o mome nto mais
adequa do para a interrupçã o da prenhez: cedo o suficiente para prevenir a asfixia, tarde o
suficiente para prevenir a prematuridade.
Uma vez ide ntificada a condição de risco e situando-se a idade ges tacional e ntre 24 e 34
semanas, deve-se favorecer a aceleração da maturida de fetal pe la adminis tração de corticóides.
O tratamento mais empre gado é a Beta metasona 12mg /dia, IM, durante dois dias. Como
segunda linha pode-se també m administrar De xa metasona 6mg cada 12h, IM, durante
dois dias.
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4. Procedimentos Invasivos
DEVE- SE A DMINISTRA R A PENA S UMA SÉRIE DE CORTICÓID ES. MESMO QUE O PARTO
NÃ O A CONT EÇA , A CORTICOTERAPIA NÃ O DEVE SER REPETIDA .
A via do parto
Para a escolha da via do parto geralme nte leva mos em consideração a gravidade do
comprometimento fetal e as condições do colo uterino. Exce tua m-se os casos em que já há
indicação prévia de cesariana (fetos macrossômicos, desproporções, aprese ntações anômalas,
etc.).
Nos cas os moderados, pode-se considerar a indução do parto, e m especial nos casos de colo
favorá vel. Nos casos mais gra ves, geralmente opta-se pela cesaria na.
No Núcleo Perinatal recomendamos com o regra geral que qua ndo a indicação da interrupção da
gravidez decorre do RISCO de comprome timento fetal, optemos pela pr ova de trabalho de
parto. Ilustra esta possibilidade a presença de fator de risco como a hipertensão arterial e a
ausência de comprometimento fetal. Já quando a indicação da interrupção da gravidez decorre
da EV IDÊNCIA de comprometimento fe tal, optamos pela cesariana. São e xemplos desta
situação o feto com ce ntralização, diás tole zero ou CTG mostra ndo com prometimento im porta nte
do concepto.
Gravidez de A lto Risco e Medicina fe tal A lexandre Trajano, N lson de Jesús, F lav io M . de S ouza pg. 20
4. Procedimentos Invasivos
4. Procedimentos invasivos
A mniocentese
A amniocentese consis te na punção da câmara ovular e tem diversas finalidades.
Geralmente é realizada após a 14a semana. Embora seja possível realizá-la desde a 10a semana,
nestas circunstancias a umentam as chances de dano fetal e/ou interrupção da gra videz.
Injet ar substâncias no LA
Formol (Método de Boero) ou solução salina (método de Aburel), com a finalidade de determinar o óbito fetal nos casos
de abortamento terapêutico. São métodos pouco empregados atualmente2.
Corantes para identif icar a bolsa nos casos de gravidez múltipla e evitar-se puncionar a mesma bolsa. Os corantes
também podem ser empregados com a finalidade de confirmar o diagnóstico de amniorrexe prematura quando, uma vez
injetados na bolsa amniótico, são recuperados na cavidade vaginal3.
2
Métodos raramente empreados atualmente, uma vez que quando necessário promover o óbito fetal, opta-se pela
injeção intracardíaca de KCl.
3
També m pouco empregado atualmente, substituído pelos estudos ultra-sônicos.
Gravidez de A lto Risco e Medicina fe tal A lexandre Trajano, N lson de Jesús, F lav io M . de S ouza pg. 21
4. Procedimentos Invasivos
Consiste na obtenção de tecido placentário por meio de punção da pla centa (vilosidade
ou vilo corial). Visa obter material para estudos gené ticos.
A punção, guiada pela ultra-sonografia, pode ser feita por via trans cervical ou transabdominal.
Figura 6
Amnicentese precoce (A), BVC transabdominal (B), BVC transcervical (C)
C
Gravidez de A lto Risco e Medicina fe tal A lexandre Trajano, N lson de Jesús, F lav io M . de S ouza pg. 22
4. Procedimentos Invasivos
Cordocentese
A punçã o do cordão umbilical pode ser realizada após a 18a semana, preferentemente na
inserção do cordão na placenta ou então em alça livre. Para procedimentos mais demorados
como a transfusã o intra-uterina, é necessário imobilizar o feto com a injeção de brometo de
pancurônio na veia um biical ou IM.
Uma das principais indicações é a doença hemolítica per inatal, tanto para tra nsfusão intra
uterina qua nto para retirada de sa ngue para exame do sangue fetal. Entre tanto, para
procedimentos diagnósticos, o es tudo do LA a mniótico obtido por amniocentese ainda é o
procedimento de eleiçã o.
Pode ser emprega da para estudos genét icos em casos de gravidez avançada em que foram
diagnos ticadas anomalias congênitas pela ultra-sonografia ou grave restrição do crescime nto
intra uterino, sem etiologia clara.
Certos medicame ntos, com o digitálicos, anti-arrítmicos e hormônios tireoidia nos podem ser
adminis trados dire tamente para o fe to por meio da cordocentese.
No rastreame nto de infecções congênitas, a cordocentese pode ser empregada para o
diagnós tico de doenças como a Toxoplasmose, Rubéola, Citome galovirose e Her pes (TORC H);
Hepatite e Parvoviroses. O diagnóstico geralmente é fe ito pela dosage m de imunoglobulinas ou
pela PCR. Entretanto, o emprego da PCR feita com amostra de LA obtido por amniocentese,
praticamente s ubstituiu a utilização da cordoce ntese para o dia gnóstico das infecções congênitas.
Cirurgia feta l
Embora ainda incipie nte, a cirurgia fe tal, excepcionalmente, configura a melhor abordagem
terapêutica para o feto.
Hérnia diafragmática