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Resumo do capítulo 1 do livro ‘’The Age of Surveillance Capitalism’’, da escritora e psicóloga social

Shoshana Zuboff :

Capítulo 1: Lar ou exílio no futuro digital

I. As questões mais antigas: Contextualizando a discussão em torno de uma conversa que a


autora teve com um jovem gerente de uma fábrica de papel, Zuboff, ao seu questionada quanto às
possibilidades de invés de ter homens inteligentes controlando as maquinas, termos a situação
contrária. Este questionamento logo trouxe à mesma as chamadas ‘’questões políticas mais antigas’’
da humanidade: Lar ou exílio, Lorde ou sujeito, Mestre ou escravo?. Assim sendo, dentro desta
discussão, uma pergunta premente para o desenvolvimento do livro em questão se apresenta: Pode
o futuro digital ser o nosso lar?

Ao abordar esta questão, a mesma começa a apresentar o conceito de lar, como um local
que nós naturalmente buscamos; como um local onde nós nos encontramos seguros e livres. Deste
modo, esta é a conjuntura em que nos encontramos na civilização digital?

II. O réquiem para um lar: Neste tópico, somos introduzidos a uma situação característica
desta nova civilização que nos faz discutir quanto à possibilidade chamar a mesma de lar. No ano
2000, no Instituto de Tecnologia da Georgia, um grupo de cientistas desenvolveram um conceito
que, futuramente, levaria ao desenvolvimento de um mercado extremamente lucrativo: O Aware
Home (A Casa Ciente; A Casa Alerta). Consistindo em um sistema que possibilita a interação entre a
casa e os seus residentes, a mesma retira do ambiente dados sobre os seus habitantes,
possibilitando o desenvolvimento de conclusões que, privadas ao dono da casa, podem ser usadas
para promover melhoras na qualidade de vida do mesmo – pode-se pensar, por exemplo, em um
sistema que identifica os horários em que as luzes da casa geralmente se encontram ligadas, e, em
caso de reconhecimento de padrões suspeitos, pode acionar um sistema de segurança.

Embora, o sistema, caso respeitada a privacidade das pessoas sujeitas à coleta de dados,
tenha interessantes possibilidades, o mesmo ainda representa um problema à segurança dos dados
das pessoas, caso os mesmos não estejam passíveis de forte proteção. Como exemplo, Shoshana
Zuboff fala sobre o Google Nest – dispositivo smart-home que tem funções baseadas no Aware
Home -, que, de acordo com um estudo da Universidade de Londres, possui, em seu contrato de uso,
diversas falhas de privacidade, que possibilitam, inclusive, o compartilhamento de informações com
terceiros, que podem utilizar esses dados para fins diversos.

III. O que é o capitalismo de vigilância: De acordo com a autora americana, o capitalismo de


vigilância - conceito desenvolvido pela mesma – consiste em uma nova ordem econômica que
reivindica a nossa experiência; as nossas informações como matéria-prima para o desenvolvimento
de previsões comportamentais vertiginosamente lucrativos – aqui vemos, portanto, um processo de
cercamento de um recurso comum à humanidade: a sua experiência humana. Pode-se afirmar,
portanto, que, por meio de previsões consistentes quanto aos nossos atos futuros, empresas podem
desenvolver produtos de modo a lucrar sobre essas previsões. Mas não se pode pensar que esta
intervenção é benéfica? Talvez estejamos vendo o funcionamento do princípio da mão invisível,
tendo em vista que eu estou sendo ofertado, por meio destas previsões, produtos que me são
realmente úteis. Porém, os capitalistas da era digital descobriram que, para alcançar os seus fins de
modo mais eficiente, não basta prever o comportamento; para isso, é necessário que o mesmo seja
moldado – aqui podemos falar da ideia de biopoder, de Michel Foucault, sendo que, para Zuboff, há
um poder análogo: o poder instrumentário.
Se baseando, desde dos jogadores de Pokemon Go se divertindo perto de redes de fast-food
que pagam de modo a se beneficiarem da movimentação de pessoas até o caso do Facebook e a sua
prática de monitória de, por exemplo, o horário em que praticamos corrida, de modo a, logo após a
corrida, nos oferecer uma nova oferta de tênis, Shoshana Zuboff compara a conjuntura atual com a
do capitalismo industrial, no qual a atual busca pelo controle dos meios de controle comportamental
se apresenta de modo semelhante às buscas de controle dos meios de produção. Citando Karl Marx
e sua analogia de que o capitalismo é um vampiro que suga o sangue do trabalhador assalariado, a
autora afirma que o capitalismo de vigilância faz o mesmo, só que com a nossa experiência; com a
nossa privacidade.

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