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SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA - UNISOCIESC


CENTRO UNIVERSITÁRIO SOCIESC - UNISOCIESC

PAULO RICARDO STEFFEN


TOMAZ JOAQUIM SALVADOR NETO

ESTUDO DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE AÇOS BAINÍTICOS


VOLTADOS PARA A INDÚSTRIA FERROVIÁRIA

Joinville
2016
2

PAULO RICARDO STEFFEN


TOMAZ JOAQUIM SALVADOR NETO

ESTUDO DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE AÇOS BAINÍTICOS


VOLTADOS PARA A INDÚSTRIA FERROVIÁRIA

Este trabalho será apresentado ao Centro


Universitário SOCIESC- UNISOCIESC, como
requisito parcial para obtenção do título de
bacharel em Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. Daniele da Silva, Msc.

Joinville
2016/2
3

PAULO RICARDO STEFFEN


TOMAZ JOAQUIM SALVADOR NETO

ESTUDO DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE AÇOS BAINÍTICOS


VOLTADOS PARA A INDÚSTRIA FERROVIÁRIA

Este trabalho foi julgado e aprovado em sua


forma final, sendo assinado pelos professores
da Banca Examinadora.

Joinville, _____ de ________________ de __________.

_______________________________________
Prof. (Daniele da Silva, Msc)

_______________________________________
Prof. (membro da banca)
4

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Curvas TTT transformação bainítica ....................................................... 12


Figura 2 – Microestrutura bainítica com grandes blocos de austenita retida............ 15
Figura 3 – Transformação da bainita superior e inferior........................................... 17
Figura 4 – Microestrutura de bainita inferior............................................................. 19
Figura 5 – Etapas do tratamento de austêmpera ..................................................... 20
Figura 6 – Diagrama da transformação bainítica mostrando o fenômeno de
estáse........................................................................................................................ 21
Figura 7 – Efeito dos elementos de liga no aumento da temperabilidade dos
aços........................................................................................................................... 22
Figura 8 – do endurecimento por solução solida, causado pela adição de elementos
de liga no ferro puro.................................................................................................. 23
Figura 9 – Organograma das atividades................................................................... 30
Figura 10 – Bloco padrão Y Conforme norma ASTM E-8......................................... 31
Figura 11 – Corpo de prova norma ASTM E8/E8M ................................................. 31
Figura 12 – Tratamento térmico de austêmpera....................................................... 32
Figura 13: Marcação do corpo de prova................................................................... 34
Figura 14: Fixação do corpo de prova a máquina de tração .................................... 34
Figura 15: Corpos de prova para dureza e metalografia .......................................... 35
Figura 16: Durômetro Rockwell ................................................................................ 38
5

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Característica dos aços utilizados nas ferrovias.................................... 27


Tabela 2 – Composição química de aços de alta resistência e tenacidade ........... 29
Tabela 3 – Dimensões do corpo de prova .............................................................. 31
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Al - Alumínio;
Al% - Alongamento;
C - Cabono;
CDP’s - Corpos de prova;
Cr - Cromo;
LR - Limite de resistência;
Md - Temperatura de transformação inferior da martensita;
Mn - Manganês;
MnS - Sulfeto de Manganês;
MO - Microscópio Óptico;
Mo - Molibdênio;
Ms - Temperatura de transformação superior da martensita;
Ni - Níquel;
Si - Silício;
V – Vanádio.
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................9

1.1 OBJETIVO GERAL...............................................................................................10

1.1.1Objetivos específicos..........................................................................................10

2 AÇOS BAINÍTICOS.................................................................................................11

2.1 AÇOS BAINÍTICOS ISENTOS DE CARBONETOS.............................................13

2.2 TRANSFORMAÇÃO BAINÍTICA...........................................................................15

2.2.1 Bainita superior................................................................................................17

2.2.2 Bainita inferior..................................................................................................18

2.3 TRANSFORMAÇÃO BAINÍTICA INCOMPLETA..................................................19

2.4 INFLUÊNCIA DOS ELEMENTOS DE LIGA NOS AÇOS.....................................22

2.4.1 Cromo................................................................................................................23

2.4.2 Silício.................................................................................................................24

2.4.3 Níquel.................................................................................................................24

2.4.4 Manganês..........................................................................................................25

2.4.5 Molibdênio........................................................................................................26

2.5 APLICAÇÃO DE AÇOS BAINÍTICOS LIVRES DE CARBONETOS....................26

2.6 RESISTÊNCIA MECÂNICA DE AÇOS BAINÍTICOS...........................................27

2.6.1 Ductilidade dos aços bainíticos.....................................................................28

2.6.2 Tenacidade de aços bainíticos.......................................................................28

2.6.3 Propriedades mecânica de aços bainíticos..................................................29

3 METODOLOGIA DA PESQUISA............................................................................30
8

3.1 TRATAMENTO TÉRMICO....................................................................................32

3.2 ENSAIO DE TRAÇÃO...........................................................................................33

3.3 METALOGRAFIA..................................................................................................35

3.4 ENSAIO DE DUREZA ROCKWELL......................................................................37

4 RESULTADOS ESPERADOS.................................................................................39

5 CRONOGRAMA......................................................................................................40

REFERÊNCIAS...........................................................................................................41
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1 INTRODUÇÃO

Novos materiais e tecnologias são constantemente alvos em pesquisas


científicas, pois a descoberta de novos materiais com propriedades interessantes e
custo melhor poderá dar a indústria que o descobrir a chance de sair à frente de
seus concorrentes e superá-los. O domínio do material é um grande benefício, pois
somente desta forma pode-se procurar alternativas que possam atender as
necessidades com qualidade e menor custo de processo.

Porém os trilhos utilizam materiais que são expostos a condições severas de


trabalho, sofrem choques, flexão e amassamento nas extremidades. Os esforços e
os efeitos por estes ocasionados tendem a crescer devido o aumento de peso e
velocidade das composições. Desta forma para suportar esses esforços os trilhos
vêem crescendo e aumentando seu peso e variando sua composição química
(CHIAVERINI, 2002).

Os aços bainíticos estão ainda sendo desenvolvidos e aprimorados, pois são


relativamente novos no mercado, sendo descoberto por E.C. Bain e Davenport em
1930. Sendo esse cada vez mais estudado e desenvolvido para poder atender a
demanda da indústria ferroviária.

A microestrutura bainítica é descrita, como uma mistura de fases da ferrita e


cementita, uma transformação difusa que normalmente precipita carbonetos, estes
carbonetos geralmente aumentam a dureza e fragiliza o material, de acordo com
Silva (2009), os carbonetos formam-se na estrutura do material, devido a
temperatura no processo de austêmpera ser mantida por tempo suficiente para que
ocorra a segunda fase da transformação bainítica.

Segundo Cummings (2009), para melhorar o desempenho e aumentar a vida


útil dos equipamentos (rodas) ferroviária, é indispensável à melhoria das
propriedades mecânicas fundamentais (limite de escoamento, limite de resistência à
tração, tenacidade à fratura).

Porém a elevação da resistência mecânica no material faz com que o material


apresente perda de ductilidade, entretanto os aços bainíticos isentos de carbonetos
10

conseguem manter valores interessantes de ductilidade mesmo com o aumento da


resistência mecânica.

O presente estudo pretende mostrar a estrutura bainítica no geral, sua


transformação completa, incompleta, como esta se apresenta na forma de ferrita
bainítica superior, inferior. Será realizado o tratamento de austêmpera para obter
essa microestrutura, o tratamento ocorrerá a temperatura de 370°C, por diferentes
tempos, para observar a influencia dos elementos Silício e Níquel em sua
transformação.

1.1 OBJETIVO GERAL

Estudar o comportamento mecânico e microestrutural de ligas de aços


bainíticos alto carbono, variando teor de silício (Si).

1.1.1Objetivos específicos

a) Realizar ensaios mecânicos de tração e dureza para verificação das


propriedades do material;
b) Realizar a metalografia do material para verificação das fases existentes;
c) Correlacionar resultados dos ensaios mecânicos com a metalografia do
material.
d) Verificar a influência do Si nas propriedades mecânicas e microestruturais
do material.
11

2 AÇOS BAINÍTICOS

A microestrutura bainítica é uma mistura de fases de ferrita, cementita e / ou


austenita, uma transformação difusa, que geralmente precipita carboneto, inicia-se
com o cisalhamento originado das agulhas ferríticas, posteriormente ocorre a
redistribuição do carbono (C) nos grãos de austenita e pôr fim surgem os
carbonetos. Sua transformação é semelhante a transformação da perlita,
diferenciando-se no arranjo da ferrita e cementita que não se apresentam em forma
lamelar, neste caso a ferrita surge como cristais aciculares com cementita
precipitada em seu contorno (KRAUSS, 1990).

Os aços bainíticos são relativamente novos somente em 1930 os cientistas


E.C. Bain e Davenport descobriram uma estrutura de ferrita acicular, que ao ser
atacado para análise metalográfica escurecia, essa microestrutura era diferente da
perlita e da martensita que ocorria no mesmo aço. O termo Bainita é uma
homenagem ao cientista E.C.Bain, feita pelos pesquisadores do laboratório United
States Steel Corporation Laboratory de New Jersey (BHADESHIA, 2001).

Passado algum tempo Mehl percebeu que a bainita em aços de médio teor de
carbono apresenta-se de duas formas diferentes e as classificou como bainita
inferior e bainita superior (BHADESHIA, 2001).

Com a nova descoberta os pesquisadores Aaroson, Spanos e Reynolds,


(1992), definem bainita como um produto não lamelar, resultante da decomposição
eutetóide. A fase de origem nos aços é a austenita, sendo a ferrita e a perlita as
fases eutetóides.

Em seu artigo Muddle e Nie (2002), definem “Bainita pode ser denominada
como sendo um produto de uma decomposição eutetóide de austenita em aços,
composta por uma mistura de duas fases de ferrita e carbonetos que é distinguível
de perlita”.

Porém outras definições competem e complementam sobre o mecanismo de


caracterização e formação da reação bainítica. Citadas por Aaroson, Spanos e
Reynolds (1992), chamam-na revelo superficial onde definem “a bainita como o
12

produto de uma transformação de fases por cisalhamento, ocorrendo, em geral,


acima das temperaturas Ms e Md”. A definição Cinética Global afirma que a bainita
forma-se em uma determinada faixa de temperatura, sendo essa inferior à
temperatura eutetóide, a fração da austenita que poderá transformar-se em bainita
reduz gradativamente conforme o aumento da temperatura de transformação
isotérmica, quando ultrapassada a temperatura BS a transformação encerra. Essa
região é caracterizada por uma curva em forma de “C”. A Figura 1 demonstra
graficamente como ocorre à transformação bainítica correlacionando temperatura e
tempo.

Figura 1: Curvas TTT transformação bainítica

Fonte: Badeshia, (2001).

Para que ocorra a transformação bainítica é necessário que primeiramente se


austenitize o material para, em seguida, tratá-lo termicamente por processo
isotérmico de austêmpera, em temperatura superior as de transformação da
13

martensita, por tempo necessário para que a fase austenítica se transforme em


ferrita bainítica.

Em seus artigos Bhadeshia (1992), Bramfitt e Speer (1990) confirmam que a


microestrutura bainítica é resultado do processo de austêmpera, no qual com a
redução da temperatura a acircularidade e o tamanho das partículas aumentam.

A fase ferrita na bainita é bastante deformada, esta deformação ocorre devido


a alterações volumétricas provocadas pela transformação e pelo excesso de
carbono preso nos interstícios atômicos, durante o rápido resfriamento até baixas
temperaturas. Na faixa de temperatura de 300 a 540°C, a bainita se transforma
como agulhas de ferrita com partículas alongadas de cementita, essa estrutura é
conhecida como bainita superior. Na faixa de 200a 300°C, a ferrita forma-se em
placas finas,a cementita apresenta-se como partículas delgadas no interior dessas
placas de ferrita a esta estrutura é dado o nome de bainita inferior, estas estruturas
de bainita serão melhores estudadas posteriormente (CALLISTER, 2002).

2.1 AÇOS BAINÍTICOS ISENTOS DE CARBONETOS

Aços bainíticos com alto teor de carbono possuem como principal


característica o aumento da dureza do material, por este motivo são utilizados
quando se faz necessário que o material possua boa resistência mecânica.

Com a obtenção da bainita o material possui elevada dureza, mas sua


tenacidade pode vir a ser comprometida devido a presença de carbonetos. Em
relação a tenacidade é importante a estabilidade mecânica da austenita retida, pois
se esta se transformar em martensita resultará na diminuição da tenacidade do
material. De acordo com Barbacki (BARBACKI, 1995) o alongamento dos aços
bainíticos é influenciado pela proporção de austenita retida, os melhores resultados
ocorrem quando a austenita apresenta-se em forma de filmes entre as bainitas
(BARBACKI, 1995).

Segundo Silva R. (2009) os carbonetos surgem na estrutura do material,


devido a manutenção da temperatura de austêmpera, faz com que a energia gerada
14

pela rejeição do carbono diminua, fazendo com que ocorra a precipitação de


carbonetos na austenita.

Os carbonetos são indesejáveis em aços de alta resistência por serem


geradores de trincas e vazios, abrindo assim espaço para os aços isentos de
carbonetos. Porém para se obter aços bainíticos livres de carbonetos sugere-se a
adição de elementos de liga tais como silício, cromo, níquel e molibdênio
(BHADESHIA; EDMONDS, 1979).

De acordo com Silva R. (2009) os carbonetos surgem no segundo estágio da


transformação bainítica, esta precipitação ocorre devido a manutenção da
temperatura de austêmpera.

Desta forma a estrutura obtida pela transformação incompleta traz vários


benefícios para o material como os citados por Bhadeshia (BHADESHIA, 2001),
onde:

a) A cementita um fragilizante nos aços de alta resistência, responsável


por iniciar fraturas, não se formará tornando o material mais resistente
a falhas por clivagem e vazios;
b) A ferrita bainítica apresenta-se praticamente livre de carbonetos, o que
aumenta sua resistência;
c) Sua resistência deriva-se da microestrutura composta por finas placas
de ferrita. Refinar a estrutura é o único método para melhorar a
resistência e a tenacidade simultaneamente;
d) Existem filmes de austenita retida entre as placas de ferrita estes
diminuem a propagação das trincas;
e) Os aços bainíticos podem ser obtidos com a utilização de elementos
de liga mais acessíveis como o Silício.

Apesar dessas vantagens Bhadeshia (2001) afirma que a microestrutura


desses aços pode ser afetada por grandes placas de austenita retida entre os feixes
de ferrita bainítica, de acordo com a Figura 2, estes blocos podem se transformar em
martensita de alto carbono quando exposta a grandes esforços e tensões, Como a
martensita transformada é rica em carbono apresentará elevada dureza e fragilizará
o aço de maneira severa.
15

Figura 2: Microestrutura bainítica com grandes blocos de austenita retida.

Fonte: Adaptado de Bhadeshia, (2001).

Bhadeshia (Bhadeshia, 2001)


afirma que existem três formas para
se eliminar os grandes blocos de
austenita retida. i) reduzindo a
temperatura de transformação
isotérmica; ii) reduzir o teor de
carbono do aço, para a austenita
atingir a composição total
no final do tratamento
térmico; iii) deslocar a curva To do
diagrama de fases.

2.2 TRANSFORMAÇÃO BAINÍTICA

Existem duas maneiras de se obter microestrutura bainítica, por resfriamento


contínuo ou por transformação isotérmica. No resfriamento contínuo a composição
química influencia na temperatura de início de transformação, a temperabilidade
bainítica e a cinética da transformação bainítica (BAI, 1998). Resultam em
microestrutura complexa composta por ferrita acicular, martensita, ferrita e perlita
(OLIVEIRA, 1994).

Na transformação isotérmica a bainita forma-se em uma faixa de


temperatura entre as temperaturas de transformação da ferrita e perlita e a
temperatura de início de transformação da martensita (BADESHIA, 2001).

A bainita se apresenta de várias formas dependendo do tipo de transformação


e resfriamento aplicados . A de transformação isotérmica gera uma bainita formada
por finas ripas de ferrita e partículas de carbonetos. Esta estrutura é diferente da
obtida por resfriamento contínuo (BADESHIA, 2001).
16

A Transformação bainítica apresenta dois estágios, no primeiro estágio ocorre


o crescimento da ferrita bainítica, tornando a austenita restante rica em carbono
devido a segregação desse elemento para a transformação de fase. No final do
primeiro estágio a microestrutura resultante será de ferrita bainítica e austenita rica
em carbono (BHADESHIA, 2001).

No segundo estágio da transformação ocorre a precipitação de carbonetos,


devido a manutenção da temperatura de austêmpera, onde a austenita reduz a
energia livre rejeitando carbono, induzindo assim a precipitação dos carbonetos
(BHADESHIA, 2001).

A bainita deve crescer sem difusão de solutos substitucionais, porém o


excesso de carbono será rejeitado para a austenita retida, onde o carbono
precipitará como carbonetos, originando assim a estrutura de bainita superior, em
temperaturas inferiores, ocorre uma menor repartição do carbono, onde o excesso
precipitará na forma de carboneto dentro da ferrita bainítica gerando assim a bainita
inferior (BHADESHIA, 2001).

Na Figura 3 observa-se que a transformação bainítica inicia-se na ferrita


supersaturada de carbono e de acordo com a temperatura de transformação e
composição química do aço pode se resultar em bainita superior ou inferior.

Figura 3: Transformação da bainita superior e inferior.


17

Fonte: Bhadeshia (2001).

2.2.1 Bainita superior

A bainita superior ocorre entre as temperaturas de 550°C e 350°C,


dependendo da composição química do aço. As ripas de ferrita crescem agrupadas
em feixes de agulhas, ocorre com maior frequência com maior percentual de
carbono. (BHADESHIA, 1999).

Com o crescimento das ripas de ferrita, o carbono sai das mesmas, fazendo a
temperatura de transformação martensítica diminua, ocorrendo assim a redução do
comprimento das ripas de ferrita bainítica, forçando assim os carbonetos a se
aglutinarem nos contornos das ripas de ferrita (OHMORI, OHTANI, KUNITAKE,
1971).

A bainita superior quando comparada a uma microestrutura de bainita inferior


têm grande perda de resistência e leve perda na ductilidade do material. Esse fato
18

ocorre devido a sua microestrutura grosseira, e a precipitação de carbonetos nos


contornos de grãos de austenita (HABRAKEN, ECONOMOPOULOS, 1967).

2.2.2 Bainita inferior

A bainita inferior forma-se a temperaturas de 250°C e 350°C, próxima a


temperatura de transformação da martensita, dependendo da composição química
do aço (SILVA;MEI, 2010).

A bainita inferior apresenta microestrutura semelhante à bainita superior,


porém os carbonetos precipitados são mais finos e apresentam-se dentro das
agulhas de ferrita e entre as mesmas, dando assim a bainita inferior maior
tenacidade (ARCE, 2013).

A principal diferença entre as bainitas superior e inferior está na temperatura


em que se transformam, a bainita inferior forma-se em temperaturas menores
gerando assim carbonetos dentro das ripas de ferrita bainítica, enquanto na bainita
superior os carbonetos precipitam entre as ripas de ferrita bainítica.

Na Figura 4 pode-se ver uma microestrutura de bainita inferior em uma


transformação incompleta, livre de carbonetos.
19

Figura 4: Microestrutura de bainita inferior.

Fonte: Bhadeshia (2001).

Na Figura 4 acima, mostra em: a) micrografia óptica mostrando feixes de


bainita inferior em transformação incompleta; b) subunidades de bainita inferior.

2.3 TRANSFORMAÇÃO BAINÍTICA INCOMPLETA

No processo de austêmpera, pode-se interromper a transformação bainítica


para se obter propriedades mecânicas interessantes, fazendo a interrupção antes da
segunda fase da transformação como demonstra a figura 5 obtêm-se os aços
bainíticos isentos de carbonetos.
20

Figura 5: Etapas do tratamento de austêmpera

Fonte: Kovacs, (1990).

A Figura 5 demonstra o processo de austêmpera para obtenção de aço livre


de carbonetos, onde consiste em interromper o processo antes que este atinja a
segunda fase de transformação, ou seja, a fase onde ocorre a precipitação dos
carbonetos.

Interrompendo o processo a austenita que iria se transformar em ferrita


bainítica permanece na microestrutura do material na forma de austenita retida
encharcada de carbono, tornando-a estável a temperatura ambiente. Por esse
motivo não ocorre precipitação de carbonetos na ferrita bainítica, estrutura desejável
em muitas aplicações já que os carbonetos fragilizam o material, sendo esses,
pontos de origens de trincas e vazios (BHADESHIA; EDMONDS, 1980).

Porém após a formação da ferrita bainítica na primeira fase a transformação


pode parar quase que por completo durante longos tempos, na temperatura de
austêmpera, retardando assim a transformação de carbonetos principalmente em
materiais que contenham elementos de liga em sua composição, elementos como
Si.

Após a parada (estáse), a microestrutura poderá continuar a transformação e


apresentar-se na forma de um agregado de ferrita e carbonetos.
21

A estáse pode ocorrer nos aços ligados com elementos formadores de


carbonetos como Cr e Mo, nas concentrações onde a cementita deixa de ser o
carboneto de equilíbrio, como em aços ligados com Si e Al, associados a valores
consideráveis de Mn e Ni, esses elementos possuem baixa solubilidade na
cementita gerando assim atraso na formação dos carbonetos (GOLDENSTEIN,
2002).

Reynolds et al (1990) mostrou que a estáse não é um fenômeno geral da


transformação bainítica, mas pode ocorrer com a presença de elementos de liga
este fenômeno está associado a redução da migração entre ferrita e austenita.

Posteriormente um super resfriamento poderá nuclear subunidades nas


fronteiras de ferrita e austenita, através do processo de nucleação simpática.
Gerando um produto conhecido como ferrita acicular (GOLDENSTEIN, 2002;
FERRER, 2003).

Na Figura 6 será apresentado um diagrama da transformação bainítica


destacando o fenômeno de estáse.

Figura 6: Diagrama da transformação bainítica mostrando o fenômeno de estáse.

Fonte: Ferrer (2003).


22

Desde modo é possível se obter uma microestrutura bainítica livre dos


carbonetos, isso acontece devido o carbono migrar para a austenita residual e não
se precipitar. O resultado será uma microestrutura de ferrita bainítica apresentada
em placas finas envolta por austenita retida com alto teor de carbono, sendo essa
estrutura responsável pela combinação de propriedades mecânicas desse aço.

2.4 INFLUÊNCIA DOS ELEMENTOS DE LIGA NOS AÇOS

Os elementos adicionados ao aço como Cromo, Molibdênio, Manganês,


Níquel e Silício diminuem a difusão do carbono, fazendo que o crescimento da ferrita
seja controlado pelos elementos de liga e não o carbono, que na qual será mais
lenta do que o carbono, havendo um crescimento mais lento da ferrita e a
temperabilidade do aço é aumentada, conforme mostra a Figura 7. Os elementos
adicionados ao aço tentem a aumentar a dureza da ferrita. Observando a Figura 8,
nota-se que o fósforo, silício e o manganês geram um aumento de dureza, enquanto
o cromo eleva muito pouco à dureza da ferrita (SILVA e MEI, 2010).

Figura 7 – Efeito dos elementos de liga no aumento da temperabilidade dos aços.

Fonte : Silva e Mei (1988).


23

Figura 8 – Efeito do endurecimento por solução solida, causado pela adição de elementos de
liga no ferro puro

Fonte : Silva e Mei (1988).

2.4.1 Cromo

O cromo melhora a resistência mecânica quando utilizado em baixos teores,


porém se utilizados em altos teores melhora a resistência ao desgaste formando
carbonetos e acelera o crescimento de grãos, tende a aumentar a resistência a
corrosão e a oxidação, aumenta a dureza, resiste melhor a altas temperaturas e ao
desgaste com alto teor de carbono (CHIAVERINI, 2002).

Segundo Silva e Mei (2010), o cromo se difunde na ferrita mais facilmente do


que a maioria dos elementos metálicos e por isso, o endurecimento secundário
tende a ser notado em temperaturas relativamente baixas, próximas de 400° C.
24

2.4.2 Silício

O silício é um importante elemento na fabricação de aços pela sua


característica de retardar a formação de carbonetos removendo o carbono na
austenita.

Segundo Barbacki (1995), embora o silício seja prejudicial ao alongamento, a


condutividade térmica, a tenacidade e a usinabilidade, ele tende a reduz a formação
de carbonetos, porque ele auxilia na decomposição da cementita em ferrita e além
de ser um elemento presente no minério de ferro, ele também esta presente nos
materiais refratários de fornos, onde pode ser absorvido durante o processo de
fusão.

O silício também é utilizado no aço como desoxidante, ou seja, tem a função


de retirar os óxidos dos aços e também tem a função de aumentar a temperatura de
austenitização e tende a aumentar a resistência da ferrita sem alterar a ductilidade e
a tenacidade para utilização até 1%, na maioria dos casos a utilização de silício em
aços é de 0,3% (CHIAVERINI, 2002).

2.4.3 Níquel

O elemento níquel não forma de carbonetos e é extremamente importante


para que possa ter um bom tratamento térmico, pois em aços temperados tendem a
aumentar a penetração da tempera, sendo assim, o elemento adicionado tende a
diminuir consideravelmente a velocidade de resfriamento. Porem quando o elemento
for ligado ao cromo, traz ao aço características de resistência a corrosão e ao calor,
contribuindo para o refino de grão (BARBACKI, 1995).

Para Zepter (2007), a adição de níquel eleva a temperabilidade, a tenacidade


a baixas temperaturas, e a resistência da ferrita. Combinando o elemento com o
cromo e molibdênio, confere melhores propriedades mecânicas ao aço, aumentando
a temperabilidade e reduzindo a ductibilidade e a estampabilidade.
25

O níquel diminui a velocidade de transformação da estrutura do aço refinando


os grãos pela característica do elemento que tende a aumentar austemperabilidade,
aumentando gradualmente a resistência à tração e a ductilidade (CHIAVERINI,
2002).

2.4.4 Manganês

O manganês é empregado para controlar o enxofre e os efeitos negativos que


ele proporciona ao aço formando inclusões de sulfeto de manganês (MnS), e
também tem função desoxidante, estabiliza os carbonetos e diminui a velocidade de
resfriamento, tende a aumentar a resistência mecânica do aço e a resistência a
choques e também tem atuação no sentido de reduzir a temperatura de reação
eutetóide que ajuda na obtenção de perlita fina (CHIAVERINI, 2002).

Para Chiaverini (1977), completa a análise do manganês informando que ele


aumenta a temperabilidade, a soldabilidade e o limite de resistência à tração, com
uma diminuição praticamente insignificante na tenacidade.

É bastante relevante o fato do manganês utilizado em teores mais elevados


que o normal possa servir para estabilizar a austenita, auxiliando na transformação a
fim obter uma microestrutura completamente bainítica (ZEPTER, 2007).

Barbacki (1995), o aspecto principal da composição química dos aços


bainíticos, livre de carbonetos, consiste na combinação de altos teores de silício com
adições de manganês e/ou níquel. As propriedades mecânicas dessa combinação
tendem a ser muito interessantes, apresentando alta resistência ao escoamento e
tenacidade.

O manganês tende a diminuir a temperatura Ms, sendo um estabilizador da


austenita, contribuindo para aumentar a quantidade volumétrica de austenita retida.
Ele aumenta a solubilidade do carbono na austenita, deslocando a curva da
formação da bainita para a direita (BHADESHIA, 2001).
26

2.4.5 Molibdênio

O Mo tem a tendência de elevar a temperatura de crescimento do grão da


austenita, aumentando a temperabilidade e aumenta a profundidade de
endurecimento, a dureza e a resistência a quente e a resistência à abrasão,
aumenta a resistência a tração (CHIAVERINI, 2002).

Segundo Silva e Mei (2010), além do elevado ponto de fusão, o molibdênio


possui um alto modulo de elasticidade, alta resistência mecânica a temperaturas
elevadas, alta condutividade térmica e boa resistência à corrosão. Um dos maiores
problemas de empregar o molibdênio na liga em elevadas temperaturas é a sua
rápida oxidação.

2.5 APLICAÇÃO DE AÇOS BAINÍTICOS LIVRES DE CARBONETOS

Os aços bainíticos livres de carbonetos vem sendo utilizados na indústria


ferroviária, com excelentes resultados, estes estão sendo empregados nos Estados
Unidos, Suíça e França em linhas ferroviárias (BHADESHIA, 2005a apud CARMO
2011).

As características de aços usados nessas ferrovias são apresentadas na


Tabela 1.
27

Tabela 1: Característica dos aços utilizados nas ferrovias

Linhas ferroviárias Linhas ferroviárias


suíças francesas

Composição química % 0,3 C 1,25 Si 1,55Mn 0,2 C 1,25 Si 1,55 Mn

Composição química % 0,5 Cr 0,15 Mo 0,5 Cr 0,15 V 0,15 Mo

L.R. (MPa) > 1200 > 1100

Al. % > 13 >14

Dureza Brinell 360 – 390 320 – 340

Data de instalação Novembro de 1999 Dezembro de 1998

Tipo de tráfego De carga Misto

Fonte: Carmo 2011 após Bhadeshia (2005a).

Os aços comerciais de estrutura bainítica se dividem em três grupos segundo


Barbacki (1995), aço baixa liga para aplicação geral, aço baixa liga resistente a
fluência, aço de alta resistência de médio e alto carbono

2.6 RESISTÊNCIA MECÂNICA DE AÇOS BAINÍTICOS

A bainita pode ter aumento de resistência devido alguns fatores como:


endurecimento por solução sólida, aumento do nível de deslocações, endurecimento
por contorno de grãos, endurecimento por formação de carbonetos. Porém esses
mecanismos de endurecimento da bainita dificultam calcular com precisão a
resistência dessa fase, devido sua interação complexa. Quando considerado o
aumento de dureza por redução do tamanho de grãos deve-se considerar ao menos
os dois principais parâmetros, o tamanho do feixe de bainita e o tamanho das
agulhas, as quais geralmente apresentam cerca de 10 μm de comprimento e menos
de 0,5 μm de largura. Verificou-se que a resistência ao escoamento e a tração não
dependem do tamanho dos feixes de bainita. Porém o tamanho das agulhas,
28

principalmente sua espessura tem uma contribuição microestrutural principal para o


aumento da resistência, este efeito é maior quando a largura da agulha é menor que
1μm. Um fato interessante é que o aço bainítico não apresenta escoamento nítido
durante o ensaio de tração (BARBACKI, 1995).

2.6.1 Ductilidade dos aços bainíticos

Em materiais com a mesma resistência a ductilidade da bainita é superior a


da martensita revenida, porém essa situação tende a se reverter em aços de alto
teor de C. Nos aços bainíticos o alongamento depende muito do teor de austenita
retida, obtendo um ótimo valor, sem a redução significativa da resistência. O melhor
alongamento é obtido quando a austenita se apresenta entre as agulhas de bainita
na forma de filme (CARMO, 2011).

2.6.2 Tenacidade de aços bainíticos

A tenacidade ao impacto é caracterizada pelo ensaio de Charpy, neste ensaio


a taxa de deformação é muito elevada se comparada ao ensaio de tração. Isto é
muito importante quando se trata da austenita retida, já que a transformação desta
em martensita reduz a tenacidade do material. É de extrema importância o tamanho
das fases na estrutura bainítica. O tamanho dos carbonetos ou partículas frágeis é
decisivo ao mecanismo de fratura. Com a presença de grandes carbonetos as
trincas continuam na matriz e espalha-se nos contornos de grãos, a tendência é de
que o maior carboneto presente controle a tenacidade do aço. Quando comparado
aos aços temperados e revenidos, os aços com bainita superior terão menor
tenacidade devido apresentar carbonetos maiores. Porém esses carbonetos podem
ter seu tamanho controlado com a adição de elementos de liga, podem até mesmo
ser eliminados com a adição de Si (BARBACKI, 1995).
29

2.6.3 Propriedades mecânica de aços bainíticos

Segundo Barbacki (1995), o aspecto básico da composição química dos aços


bainíticos livre de carbonetos e de alta resistência é o alto teor de Si (usualmente em
torno de 2% de Si) e adições de Mn (1 a 3%) ou Ni (até 4%). As propriedades
mecânicas tendem a ser muito atrativas, por exemplo, 1400 MPa de resistência ao
escoamento e tenacidade à fratura em torno de 100 MPA . m1/ 2.

A Tabela 2 apresenta a composição química de aço bainítico de alta


resistência e tenacidade, com microestrutura de ferrita bainítica e austenita retida
(BHADESHIA, 2001).

Tabela 2: Composição química de aços de alta resistência e tenacidade

C Si (%) Mg (%) Ni (%) Cr (%) Mo (%) V (%) L.R. L.E.


(MPA) (MPA)

0,3 1,5 2,0 - 1,3 0,25 0,1 1800 1170

0,3 1,5 - 3,5 1,5 0,25 0,1 1730 1150

0,3 1,5 - 3,3 1,5 0,25 - 1625 1100

Fonte: Badeshia, (2001).


30

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

O trabalho constituirá de pesquisa bibliográfica em materiais técnicos tais


como livros, artigos técnicos dissertação de mestrado e teses de doutorado e da
parte experimental dando início ao estudo da evolução microestrutural e
comportamento mecânico das ligas de aços bainíticos, com variações nos teores de
Si, Mn e Ni. Estabelecidos os materiais, serão elaboradas as etapas em relação aos
métodos a serem empregados, conforme organograma da Figura 9:

Figura 9: Organograma das atividades

Fonte: O autor, (2016).

Para o início do experimento serão utilizados blocos padrão do tipo Y,


conforme norma ASTM E8 para ferros fundidos e aços. As características
geométricas do bloco fundido apresentam-se na Figura 10.
31

Figura 10: Bloco padrão Y Conforme norma ASTM E-8

Fonte: Norma ASTM E-8 (2016).

Posteriormente os blocos padrão passarão pelo processo de corte a jato de


água para obtenção do material base, para futura usinagem do corpo de prova
conforme norma ASTM E8, esse corpo de prova será usinado em um torno
convencional da marca Romi disponível nos laboratórios da UNISOCIESC, e serão
confeccionados conforme medidas da Figura11 e Tabela 2.

Figura 11: Corpo de prova norma ASTM E-8

Fonte: Adaptado da Norma ASTM E-8 (2016).

Tabela 3: Dimensões do corpo de prova


Medidas em mm
G – Comprimento total 50,00
D - Diâmetro 6,00
R – Raio 3,75
A – Comprimento mínimo da secção 30,00

Fonte: Adaptado norma ASTM E-8 (2016).


32

3.1 TRATAMENTO TÉRMICO

Após a usinagem os corpos de prova serão submetidos a um tratamento


térmico de austêmpera, o aço passará por uma transformação isotérmica para
atingir a estrutura bainítica. Os corpos de prova serão aquecidos a temperaturas de
450° C por 30 minutos considerados como pré-aquecimento, posteriormente elevado
a temperatura de 870° C por 60 minutos tempo necessário para que a microestrutura
torne-se completamente austenítica, em seguida, sofre um resfriamento rápido em
banho de sais até a faixa de transformação bainítica, será utilizado a temperatura de
370°C, permanecendo nesta temperatura por determinados tempos que variam de
12 horas para o primeiro corpo de prova, 24 horas para o segundo, 72 horas para o
terceiro e 168 horas para o quarto corpo de prova, seguido de resfriamento ao ar
conforme Figura 12.

Figura 12: Tratamento térmico de austêmpera

Fonte: O autor, (2016).

A Figura 12 demonstra o tratamento térmico de austêmpera que será


realizado para se obter os corpos de prova com microestrutura bainítica.
33

3.2 ENSAIO DE TRAÇÃO

Ao completar o tratamento os corpos de prova irão passar por ensaio de


tração, para determinar as propriedades mecânicas do material, porém para obter
dados confiáveis serão utilizadas duas amostras para cada liga estudada, obtendo
informações importantes sobre as propriedades mecânicas do material, tais como,
módulo de elasticidade, limite de escoamento, encruamento, limite de resistência,
alongamento e seu gráfico tensão x deformação.
O módulo de elasticidade é a medida da rigidez de um aço, ou seja, quanto
maior for esse módulo menor será a deformação do material na zona elástica.
Limite de escoamento é uma transição heterogênea localizada entre a
deformação elástica e plástica.
O encruamento é o endurecimento do material por deformação a frio, ou seja,
quanto mais o material for deformado mais este será resistente.
Limite de resistência é definido pela carga máxima alcançada durante o
ensaio de tração.
O alongamento é a diferença entre a medida inicial do corpo de prova e a
medida obtida após o rompimento do mesmo no ensaio de tração (SOUZA, 1974).
Para obterem-se os dados citados a cima alguns procedimentos se fazem
necessários antes de se iniciar o ensaio de tração, neste trabalho serão chamados
de procedimentos preparatórios para a tração.
A preparação das amostras inicia-se com a aferição das medidas dos corpos
de prova e marcação das mesmas para comparação com as medidas obtidas após o
ensaio. Posteriormente será feito na área útil da amostra marcações para que seja
possível verificar o alongamento sofrido pelo corpo de prova durante o ensaio como
demonstra a Figura 13.
34

Figura 13: Marcação do corpo de prova

Fonte: Ebah.com.br (acesso em 07/11/2016).

A Figura 13 demonstra que para o ensaio de tração é necessário fazer


marcações na área útil visando verificar o alongamento do material após a tração.
O corpo de prova será fixado aos mordentes da máquina de tração através de
rosca cortada nas extremidades do corpo de prova conforme demonstra a Figura.

Figura 14: Fixação do corpo de prova a máquina de tração

Fonte: O autor, (2016).

A Figura 14 demostra como será realizada a fixação do corpo de prova a


máquina de tração.
Depois de realizado o ensaio de tração, os dados obtidos serão analisados e
seus resultados comparados com a literatura.
35

Após o ensaio serão gerados dois corpos de prova das extremidades do


corpo de prova original para serem utilizados nos ensaios de dureza e na
metalografia conforme demonstrado na Figura 15.

Figura 15: Corpos de prova para dureza e metalografia

Fonte: O autor, (2016).

A figura 15 demonstra a origem dos corpos de prova para metalografia e


ensaio de dureza.

3.3 METALOGRAFIA

O controle de qualidade de um determinado produto metalúrgico é


caracterizado pela parte estrutural e a dimensional. A estrutural preocupa com a
forma que o material se apresenta em sua composição e propriedades podendo ser
apresentados como ensaio de Macroscopia e Microscopia.
A Macroscopia pode ser examinada a olho nu, lupas com pouca ampliação e
com microscópios estéreos, que dão profundidade de foco e, portanto, mostram uma
visão tridimensional da área observada com aumentos que podem variar de 5x a
64X. O aspecto de uma superfície devidamente polida e atacada por reagente traz
uma ideia do conjunto, referente à homogeneidade do material, a distribuição e
natureza das falhas, impureza e ao processo de fabricação dentre outras
características.
A Microscopia é utilizada com o auxílio do microscópio, onde se pode
observar as fases e a granulação presentes no material, que seria o tamanho dos
grãos, o teor aproximado de carbono no aço, a natureza, forma, quantidade e a
distribuição dos constituintes ou de inclusões que podem estar presentes no
material. A analise é feita em um microscópio com aumentos que normalmente são
50X, 100X, 200X, 500X, 1000X, 1500X e 2500X desde que os corpos de prova
estejam devidamente planos e polidos.
36

Deste modo para preparação das amostras é necessário determinadas


operações antes de levar a amostra para o microscópio.
a) Corte: a amostra deve ser cortada de forma que não haja alterações na
sua estrutura pelo método de corte. Usa-se o método a frio, em geral
serras, para o corte primário, na sequencia, usa-se um equipamento
denominado "Cut-Off" que faz um corte preciso, utilizando-se de um fino
disco abrasivo e refrigeração, a fim de não provocar alterações por calor
na amostra.
b) Embutimento: o processo de embutimento metalográfico é dividido em
dois grupos, o embutimento a quente no qual é utilizado baquelite e o
embutimento a frio que são utilizados dois produtos, resina e catalisador,
ambos os métodos visam obter a amostra embutida para conseguir um
bom resultado na preparação metalográfica.
c) Lixamento: são utilizadas lixas do tipo "Lixa d'água", fixadas em discos
rotativos, ou manualmente sendo que o lixamento manual possui uma
técnica que consiste em lixar sucessivamente mudando a direção em
aproximadamente 90° em cada lixa até o desaparecimento completo dos
riscos deixados da lixa anterior, iniciando o lixamento com a lixa de
granulometria 120, 220, 400 e 600 podendo utilizar ate as lixas de 1000
ou 1200. Todo o processo de lixamento é feito com refrigeração com
água.
d) Polimento: a etapa do polimento é executada em geral com panos
especiais, colocados em discos giratórios, que são depositadas pequenas
quantidades de abrasivos. Estes abrasivos mudam em função do tipo de
metal que está sendo polido os mais comuns são, o óxido de alumínio
(alumina) e a pasta de diamante. Durante o polimento as amostras são
refrigeradas, com a utilização de álcool ou agentes refrigerantes. Um
polimento ótimo sob o ponto de vista micrográfico, pode ser obtido,
eliminando gradualmente os riscos deixados pelas lixas mais grossas com
o auxilio de lixas mais finas, de modo que ao terminar de cada polimento
a superfície esteja com menos riscos que no polimento anterior.
e) Ataque químico: há uma grande gama ataques químicos para diferentes
tipos de metais. Normalmente, o ataque é feito por imersão total da
amostra, durante um período aproximado de 20 segundos, para que
37

assim a microestrutura seja revelada. Um dos reagentes mais usados é o


NITAL, (ácido nítrico e álcool), que funciona para a maioria dos metais
ferrosos.
Após esses procedimentos o corpo de prova pode ir para analise
metalográfica, sendo que pode ser detectada a microestrutura do material e também
o tamanho dos grãos, a porcentagem de cada fase, tipo e forma das inclusões,
dentre outros, com esses dados se torna possível identificar uma determinada liga e
prever o comportamento mecânico.

3.4 ENSAIO DE DUREZA ROCKWELL

O ensaio é baseado na profundidade de penetração do penetrador na


amostra, subtraindo a deformação elástica sofrida pelo material, seu penetrador é
um cone de diamante chamado penetrador Brale e possui 120° de conicidade
(SOUZA, 1974).
Para se realizar o ensaio é de fundamental importância que o corpo de prova
tenha as superfícies planas e lixadas, para evitar o deslocamento do penetrador.
Com o corpo de prova em condições de se realizar o ensaio o mesmo inicia-
se com a aplicação de uma pré-carga geralmente utiliza-se o valor de 10 kgf, e após
a amostra estar pré-tensionada será então aplicada à carga de 150 Kgf para se fazer
a penetração do penetrador no material, depois de aplicado, a carga a mesma será
retirada e a leitura da dureza do material poderá ser feita diretamente no relógio
acima na máquina como demonstra a figura 16.
38

Figura 16: Durômetro Rockwell

Fonte: O auto, (2016).

Depois de realizado os ensaios os dados obtidos serão agrupados e


analisados para verificar se o material proposto é adequado para utilização proposta.
39

4 RESULTADOS ESPERADOS

Este trabalho contribuirá para o entendimento da evolução microestrutural e


cinética de quatro ligas com diferentes teores de Si, Mn e Ni nas variadas
temperaturas e tempos de austêmpera, a partir disto será possível determinar a rota
de processamento, o tempo do processamento dos tratamentos térmicos e avaliar o
custo / benefício destas especificações perante a necessidade do mercado bem
como determinar a necessidade de novos estudos para melhoramento dos tempos
de tratamentos isotérmicos.

Porém para estes tratamentos isotérmicos poderão ocorrer as seguintes


situações:

a) Se o material conferir aumento de dureza ao longo do período de


transformação, então, possivelmente haverá a precipitação de carbonetos;
b) Se o intervalo de tempo da transformação da austenita for muito longo,
então ocorrerá crescimento excessivo de grão, tornando a estrutura
bainítica frágil;
c) Se o tempo da transformação bainítica for muito curto, então poderá
ocasionar o acúmulo de austenita retida, podendo vir a se transformar em
martensita.
40

5 CRONOGRAMA

Para melhor organização e utilização do tempo disponível foi desenvolvido um


cronograma, que visa facilitar o desenvolvimento do trabalho de pesquisa e do
trabalho experimental, este cronograma pode ser visualizado abaixo.
41

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