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UNIVERSIDAD NACIONAL DE ROSARIO

FACULTAD DE HUMANIDADES Y ARTES

ESCUELA DE LENGUAS

LICENCIATURA EN PORTUGUÉS

Trabalho Final:

ESTADO DA ARTE DAS AMAS DE LEITE

Disciplina: Introducción a la metodología y a las técnicas de la investigación

Prof.ª Dr.ª VIRGINIA RUBIO SCOLA

ARÁMBURU, Gabriela
Registro: A-3207/7
E-mail: gabiaramburu1@gmail.com

ROSÁRIO, março de 2022


SUMARIO
Introdução:..............................................................................

.............3

2. Desenvolvimento: ........................................................................... 3

2.1 Contextualização das Amas de leite no Brasil ................. 3

2.2 Como eram consideradas/ tratadas/ representadas e o

que precisavam delas? ................................................................................. 7

2.3 Ponto de vista da medicina sobre as amas de leite

gestão dos corpos ........................................................................................ 10

3. Considerações finais: .................................................................. 12

4. Referências bibliográficas: ....................................................... 13


Tema: AMAS DE LEITE NO SECULO XIX EM BRASIL.

1. Introdução:
Neste trabalho o tema que será apresentado é as amas de leite no século
XIX. Os principais pontos a tratar no desenvolvimento deste estado da arte
serão: Autores clássicos para a contextualização Freyre e Alencastro, como
eram consideradas/ tratadas/ representadas e o que precisavam delas? Ponto
de vista da medicina sobre as amas de leite gestão dos corpos. Comentado [Ui1]: revisar redação
Comentado [Ui2R1]: desenvolver um pouco mais
esses pontos
Tomando em conta o apresentado no parágrafo anterior, vamos trabalhar
a partir de 7 autores distintos para expor como eram vistas e qual era o papel
destas amas de leite ao longo de tudo o século XIX. Comentado [Ui3]: Gabi, revisa como são as
introduções de Carlos e Carolina que eu te passei.
1. Introdução. Vocês devem introduzir o leitor sobre o trabalho que será Você deve antecipar mais para que o leitor saiba o que
ele vai ler e aonde você vai chegar nas reflexões.
apresentado.
Antecipar o leitor sobre o que ele vai ler, explicar como está estruturado o
trabalho (separação em seções). Não esqueçam de contextualizar os textos
selecionados ou os mais relevantes (os clássicos ou os mais específicos sobre
o tema), aqueles que serão retomadas na reflexão final.

2. Desenvolvimento:

2.1 Contextualização das Amas de leite no Brasil

Tendo em conta três pensadores clássicos como são Gilberto Freyre


(2003), Luiz Felipe de Alencastro (1997) e Robson Roberto Silva (2016), será
apresentada uma contextualização sobre o lugar dos escravos e a importância
das mulheres amas de leite na sociedade brasileira do séc. XIX. Segundo os
autores mencionados as amas de leite representaram uma figura capaz de criar
ou moldar parte do que hoje conhecemos como cultura brasileira ou do Brasil.

Seguindo a Gilberto Freyre em sua obra, Casa grande e Senzala, este


lugar que dá nome a obra de 1933 é uma forma de organização social onde, por
um lado, se encontravam na senzala os escravos negros vindos de distintas
partes de África e, por outro, a Casa Grande onde viviam a família patriarcal;
esta divisão fez com que os escravos mantivessem sua própria linguagem na
senzala apartados da Casa grande. Nesta última vivia o senhor do engenho,
quem manejava as plantações de cana de açúcar, a senhora de engenho, quem
era insidiosa das mulheres pretas por sua beleza) e os filhos da família, os quais
num futuro vão mudar os elementos de lugar ao relacionar-se com sua ama de
leite. Na casa grande se falava um tipo de português que não era igual ao da
senzala. Tendo assim mundos completamente distintos num mesmo espaço;
distintos no sentido que cada um tinha sua própria linguagem e culturas.

Freyre no capítulo 4 descreveu principalmente a todos os escravos como


pertencentes a uma raça inferior à branca e às mulheres como feiticeiras leva
maridos. Mas com o tempo a relação entre ambas mudou, e a preta por distintas
questões expostas começou a amamentar o filho da dona; dando a ele bebê
branco filho do senhor patriarca da casa grande. O amor que muitas vezes a
ama de leite não conseguiu dar a seu próprio filho porque não conseguiu cuidar
dele pelo fato de nascer morto ou ser tirado dela pelo senhor do engenho; o
manifestava com a criança branca quem não tinha a culpa das decisões tomadas
por seus pais. Durante o período de amamentado da criança, período que pode
durar dois ou mais anos se formava uma relação afetiva com a família senhorial
o que lhe permitia sua liberdade; e passava a ser considerada parte da família
na qual trabalhava sendo escrava.

Freyre (2003: 414) expressa a seguinte ideia com respeito à linguagem:


A linguagem infantil também aqui se amoleceu ao contato da
criança com a ama negra. Algumas palavras, ainda hoje duras ou acres
quando pronunciadas pelos portugueses, se amaciaram no Brasil por
influência da boca africana. Da boca africana aliada ao clima - outro
corruptor das línguas europeias, na fervura por que passaram na
América tropical e subtropical.

A ama de leite junto com a criança branca formou uma aliança que
permitiu que o português falado nas casas grandes, que era um totalmente
distinto ao da senzala dado que em cada espaço se viviam vidas totalmente
diferentes. Freyre (2003: 415) acrescenta que a união ou aliança entre estas
mulheres Amas de leite /mucamas, com as crianças da casa grande criou um
português diverso; não só na fala se não também da gramática. Uma questão
que os jesuítas não conseguiram fazer com os meninos índios.

Freyre (2003: 416) descreveu a união ou convivência pacífica de todos


os moradores da casa grande refletida na unificação da linguagem, todo isto
ocorreu pela relação do filho do senhor de engenho com ama de leite.
Mesmo a língua falada conservou-se por algum tempo dividida
em duas: uma, das casas-grandes; outra, das senzalas. Mas a aliança
da ama negra com o menino branco, da mucama com a sinhá-moça,
do sinhozinho com o moleque acabou com essa dualidade. Não foi
possível separar a cacos de vidro de preconceitos puristas forças que
tão frequente e intimamente confraternizavam.

Nos parágrafos apresentados com anterioridade, podemos ver uma das


influências ou contato entre a cultura africana das amas de leite com a família da
casa grande; porquanto não é tudo o que fizeram até o momento, dentro do
século XIX nos referimos a que antes algumas destas mães pretas ajudavam as
senhoras do engenho durante o embaraço ou quando iam parir. Apresento esta
ideia porque as amas de leite ou mucamas não só formavam um laço afetivo
com as crianças, mas também com suas famílias.

Luiz Felipe de Alencastro (1997) no seu livro História da vida privada no


Brasil salienta que não só na Europa e no Brasil existiu essas práticas de
amamentação; mas também na América do Norte. Era uma prática muito
comum, por esta ração não só as mães da classe elevada ocupavam este
recurso permitindo assim ver que se encontrava na escala inversa ou oposta da
renda familiar (Alencastro, 1997: 63).

Por todo o apresentado supra podemos dizer que os senhores de


escravos que controlam a casa grande, onde se faziam as plantações de açúcar,
exploravam este mercado alugando ou vendendo as cativas (são as pretas que
recém se convertiam em mães) a terceiras pessoas no período pós-natal delas.
Alencastro (1997: 64) destaca o fato que nos anos 1850 começaram a vir para o
império imigrantes brancos das diferentes colônias portuguesas. No texto
menciona-se principalmente que chegaram das ilhas açores mulheres que
trabalharam de amas de leite.
[...]"Se aluga urna senhora branca com abundância de leite,
moca, sadia, robusta e carinhosa para criança”. Nessa época, a
imigração portuguesa, e em particular a originária dos Açores, mais
feminizada, traz para a corte uma oferta de amas-de-leite brancas que
passam a competir com as mucamas de aluguel, tornando mais
complicado o debate sobre a amamentação. Uma oferta de 'senhora” -
como especifica o anúncio, que inverte o pronome pessoal se,
mudando a partícula apassivadora do verbo pronominal em objeto
direto, Ativo: uma mucama é posta a alugar-se pelo seu proprietário, a
senhora livre se aluga ela própria (Alencastro 1997: 64).

Com o evidenciado podemos compreender que a vida não era simples


para as mulheres de cor sobretudo neste período em que as imigrantes
começaram a tomar os postos de trabalho delas; neste caso era ser ama de
leite.; mencionado isto se pode olhar como o mercado das amas de leite muda
ao ter que competir a cativa preta com a imigrante portuguesa quem era vista
como alguém muito mais feminizada e preferível pelas pessoas da corte sobre a
mãe-preta. Depois do exposto, podemos constatar que no Brasil do século XIX
a vida não era fácil para as amas de leite já que eram desprezadas por causa de
todos os preconceitos feitos contra a sua raça.

Robson (2016:298) nos apresenta a seguinte ideia de que é uma ama de


leite, e quais são as funções que elas cumpriam:
as mulheres negras desenvolverão um papel importante na
história do brasil. Sendo inseridas no sistema escravocrata como
serviçais nas fazendas, lavadoras [...], assim e que se perpetuou a
escravidão no Brasil. Outra ocupação que podia ter a mulata negra era
de objeto sexual dos senhores. Isto ocorria porque os senhores da
fazenda, imponham o direito senhorial de utilizá-las ao seu bel prazer.
(Robson, 2016)

Com esta cita apresentada abaixo Robson (2016: 305), reconhecemos


que com a abolição da escravatura todas as mulheres que eram tratadas de
alguma maneira com mais afeto e respeito por seus donos; começaram a sofrer
a rejeição e o desprezo da família patriarcal como o resto dos escravos
Por fim, as amas-de-leite escravas eram tratadas como
qualquer escravo, como mercadoria, a visão idílica de reconhecimento
e inclusão dessa escrava a família patriarcal era algo que raramente
acontecia. Durante a segunda metade do século XIX, muitas
transformações estruturais e socioeconômicas ocorreram no sistema
da escravidão brasileira, especialmente após a proibição do tráfico
negreiro em 1850 e com o crescimento dos centros urbanos; o eixo das
relações escravistas vai gradativamente se deslocando das casas-
grandes e das fazendas cafeeiras para os sobrados nos centros
urbanos. Essas mudanças estruturais também afetaram as relações
sociais entre senhores e escravas

Dessa forma, a relação com os escravos e sobretudo com as amas de


leite tornou-se complicada não só pelo crescimento das cidades senão pela
chegada de mulheres brancas Portuguesas vindas dos açores e dos outros
pontos onde se encontravam colônias de Portugal, muito mais acostumadas a
viver dentro da cidade.

Entre os três autores tomados para fazer esta contextualização presencia-


se que no século XIX a vida para as amas de leite não era muito simples, mas
de algum modo lograram por de sua parte junto com o resto dos escravos para
criar a cultura de hoje em dia. Muitos temas dos que foram apresentados eram
coisas trabalhadas pôr os três, mas por distintas indagações no momento de ler
as obras decidiu-se fazer algumas coisas de todas as que trabalharam em suas
pesquisas e o resultado disso e todo o corroborado nestes parágrafos que com
muita dedicação destaparam-se.

2.2 Como eram consideradas/ tratadas/ representadas e o

que precisavam delas?

Do ponto de vista de Talita de Souza Agostini (2021), Barbara Canedo r.


Martins (2012), Maria Elizabeth Ribeiro Carneiro (2007) será abordado de que
forma as amas de leite eram consideradas, tratadas e para que eram
necessárias. Talita de Souza Agostini (2021) apresenta a seguinte ideia:
recuperar a voz e a representatividade para aquelas
duplamente marginalizadas e que durante a história foram restritas à
subordinação do poder hegemônico ocidental e, portanto, são
silenciadas e estereotipadas de modo a reforçar sua condição de
subalternidade[...] devido a sua raça e gênero, e consequentemente,
extingue a representatividade nas potências metropolitanas do sistema
colonial português. Nesse sentido, além de entender estas mulheres
na divisão do trabalho social, o estudo busca recuperar as vozes
silenciadas e estas adentrarem no campo da História das Relações
Internacionais. (Souza Agostini, 2021)

Assim, no século XIX as mulheres negras não tinham voz para defender-
se desses abusos. Seguindo a autora as amas de leite tinham distintas funções
que podiam cumprir como por exemplo: atividades de produções domésticas em
casas ou fazendas, nos comércios locais e em plantações.

Carneiro (2007) apresenta como eram vistos os corpos destas mulatas,


principalmente os atributos e singularidades delas. A partir do tomado de
Carneiro relaciona-se com a ideia de Souza; de que em estudos assim expõem-
se questões de gênero expondo a mulher preta, mais conhecida como ama de
leite como mais frágil e sendo duplamente silenciada; tendo desta maneira
poucos espaços onde poder falar, ou seja, onde há difusão de sua fala.

Souza (2021:16) apresenta muita mais informação a partir da seguinte


cita:
A posição da mulher subalterna é grave, uma vez que elas são
inseridas às margens das estruturas de poder global, devido à
ideologia de gênero dominante masculina, e vivenciam a
marginalização e o silêncio perpétuo de sua voz em virtude do seu
gênero. Não há valor atribuído à mulher, sobretudo as pretas,
estabelecendo que estas mantenham-se “no espaço delimitado
ideologicamente e que lhe foi destinado. Um espaço que não é central,
mas periférico, não é dentro do, mas fora do círculo. E a fotografia,
estabelecida como um, instrumento de “poder simbólico” auxilia na
legitimação desta condição.

A partir do exposto, compreendemos que não se pode fazer muito uma


vez que são inseridas dentro das margens das estruturas que tem o poder global;
tudo acontece porque o gênero dominante é o masculino o que não permite que
a mulher possa ter sua voz ao tratar diferentes argumentos. Outro ponto a ser
mencionado é que não tinham assignado a elas nenhum valor o que ocasionava
que sempre se mantiveram no espaço que foi ideologicamente destinado a elas.

Retomando a Ribeiro Carneiro (2007:122- 123) onde o corpo da ama de


leite era visto para cumprir determinadas funções:
De imediato, os anúncios sinalizam para a demanda pelo leite
sadio, mas, além dele, demonstram uma expectativa em relação a
prendas outras da vida doméstica. Os enunciados sugerem que,
paradoxalmente, apesar de reconhecidas pela capacidade para nutrir
- que as igualava à utilidade das cabras e das vacas -, apesar de serem
tomadas como objetos de compra, aluguel, troca e de uso, sem que a
elas fosse reconhecida a posse do próprio corpo e, geralmente, do
próprio filho ou filha, desejava-se que sobrevivessem a sucessivos
desterros e desenraizamentos e pudessem manifestar o traço de
humanidade pela capacidade de exercitar o carinho em relação aos
rebentos de famílias proprietárias.
A principal temática ressaltada nesta cita é o que ofertavam ou pediam
das amas de leite, não nos referimos só a seu caráter ou caraterísticas físicas
se não ao que tinham que saber; tudo decorria assim porque eram vistas como
objetos que tinham que deixar sua própria família de lado para trabalhar no que
seja conveniente para ela o seu dono. Isto expressado no outro parágrafo tem a
ver que as mulheres pretas não sempre as ofereciam os senhores de engenho
senão elas próprias para ter ingressos ao ser livres. A ideia final salienta que as
amas de leite não eram tratadas como humanas por questões expostas com
anterioridade e que com o tempo dedicado a criança branca pudessem aprender
a ter carinho por esses que não eram seus filhos. De todas as questões faladas
pode dizer-se que as autoras desenvolvidas até o momento têm conceitos em
comum com Barbara Canedo r. Martins, quem considera as amas de leite como:
Mesmo que a presença da escrava ama-de-leite na família
patriarcal estivesse localizada no tempo e no espaço, a sua
representatividade e significado não se esgotam A imagem da ama-de-
leite e até hoje reapropriada e reelaborada em movimentos sociais, ou
mesmo por alguns historiadores, que a veem como um símbolo de
expropriação do sistema escravista sobre a mulher cativa (Canedo r.
Martins, 2012:143)

Desta forma, a ama de leite foi uma figura com uma representatividade
que não se esgota, isto demonstra que as amas de leite tinham uma grande
influência dado que hoje em dia é uma estampa da qual os movimentos sociais
querem reapropriar-se e reelaborar ela.

Talita de Souza Agostini (2021: 22-23) sintetiza várias ideias em comum


das autoras mencionadas supra:
Neste cenário, surgem as amas de leite, uma escrava
comercializada que nutre o corpo e alma de crias brancas, e que não
detém qualquer vínculo com a sua identidade e com o seu povo. O
autor Gilberto Freyre (1978, p.361) é um dos autores que argumentam
a favor à atividade servil das amas pretas, declarando que “para ama
de leite não há como uma negra”, visto que as mulheres brancas eram
consideradas frágeis, franzinas e debilitadas para o ato da
amamentação, além de engravidarem com recorrência, enquanto as
mulheres pretas eram melhores no ato de lactação por serem mais
voluptuosas, resistentes e acostumadas com o calor dos trópicos. [...]
As amas de leite não poderiam ser indóceis e insubmissas, sua posição
de inferioridade, incita a ideia de uma disponibilidade ilimitada do corpo
negro feminino, insinuando a sexualidade que se pretende imprimir à
flor da pele. São corpos que se distribuem, se exploram, e se
negociam, e dos quais se detém posse em seu precioso desvalor
Reconhece-se o que marca Canedo (2012), isso seria que o trabalho da
mulher preta como ama de leite se encontrava matizado com muitas cores e
possibilidades; dando assim distintas maneiras de analisar o espaço no qual elas
estavam inseridas. Não só isso, se não também de estudar como faziam para
ter contato muito mais íntimo com a família de senhores e a dos locadores; dando
assim passo a estudar quais eram as distintas formas de negociação que
permitiam as condições deste trabalho.

Retomando a Ribeiro Carneiro se pode apreciar como o que ela nomeava


em seu trabalho do corpo e das caraterísticas das negras se encontram
presentes no pensamento de Talita de Souza Agostini que nesta cita aporta as
questões já tratadas do gênero e a subalternidade da mulher frente ao dominante
dentro do poder global.

2.3 Ponto de vista da medicina sobre as amas de leite

gestão dos corpos

Neste ponto serão resenhados os trabalhos de Koutsoukos (2009) e sobre Comentado [Ui4]: acrescentar pelo menos um
trabalho mais
o campo da medicina e a relação com as amas de leite.

A autora apresenta a seguinte ideia onde pode observar-se a situação da


ama de leite como alguém capaz de prejudicar a família branca; e a crítica em
conjunto com os pensamentos funestos dos médicos; os quais chamavam de
forma despectiva a estas mulheres amas de leite com o termo “aleitamento
mercenário”.
Em finais do século XVIII e durante todo o seguinte, surgiram
no Brasil numerosas críticas com relação ao convívio ‘íntimo’ da família
branca, no interior dos lares, com os negros escravos. Como
mencionado anteriormente, tais críticas se tornaram mais frequentes a
partir da década de 1850 e vinham, a princípio, de médicos que
condenavam o aleitamento pelas amas-de-leite, chamando-o
depreciativamente de ‘aleitamento mercenário’. A suspeita com
relação às criadas domésticas em geral aumentara muito nessa época,
devido sobretudo às epidemias de febre amarela e cólera – as criadas,
tendo maior contato com a rua, poderiam ser portadoras de doenças e
transmiti-las à família de seus patrões. Com a chegada de número
cada vez maior de estrangeiros e, ainda, no afã de ‘europeizar’ o país,
de se ‘civilizar’ (o que incluía necessariamente a diminuição do número
de pessoas negras ao redor da família), tais críticas foram-se
intensificando: a presença dos escravos corromperia moral e
fisicamente a família. E assim como as teses de médicos, boa parte
dos tratados antiescravistas também tinha como tema central a
influência maléfica da escravidão no seio da família branca.
(Koutsoukos, 2009:308)

Pela aparição da epidemia de febre amarela e a de cólera, as amas de


leite ou as mulheres pretas são as que mais saiam e tinham contato com a rua,
causando assim desconfiança e suspeita delas já que poderiam ser portadoras
de alguma destas enfermidades e contagiar à família de seus patrões.
A última ideia apresentada neste parágrafo é que a povoação desse então
não aceitava ter tantos povoadores negros, incentivando dessa maneira a
imigrantes de distintas partes do mundo a civilizar (mais verdadeiramente a
europeizar brasil; para deste modo diminuir o número de negros ao redeador das
famílias senhoriais). Porque se ponderava que os escravos corromperiam
moralmente as famílias com as quais viviam.

A autora (2009:311-12) neste parágrafo denomina que as amas que eram


livres vendiam seu leite por vontade, não obstante eram vistas com bastante
desconfiança e acusadas de tentar enganar os médicos. Podendo deste modo
esconder doenças ou que seu leite era fraco, condenando-as dessa forma como
“mercenárias”.
As amas livres ou forras (brancas ou negras), porque vendiam
seu leite de livre vontade, costumavam ser vistas com bastante
desconfiança e acusadas de tentar enganar os médicos, escondendo
doenças ou o fato de seu leite ser ralo e fraco. Alguns as condenavam,
denominando-as ‘mercenárias’, por deixarem de lado seus próprios
bebês ainda bem pequenos para obter a convidativa renda da venda
do próprio leite. Poucos, porém, conseguiram perceber o sacrifício de
mulheres pobres que se empregavam como amas. Muitas só
procuravam esse serviço após amamentar durante meses seus
próprios filhos, garantindo-lhes, assim, melhores oportunidades de
sobrevivência. Apenas as mais necessitadas (desesperadas mesmo)
procuravam trabalho como amas imediatamente após o nascimento de
seus bebês. Fato é que, para garantir a sobrevivência dos filhos dos
mais abastados, filhos de pessoas menos favorecidas morriam.

A última ideia exposta pela autora e que poucas pessoas perceberam o


sofrimento pelo qual passavam as amas de leite, encontravam-se divididas em
dois grupos distintos um era mais necessitado do que o outro (
com isto nos referimos a que as amas de leite se podiam dividir em dois grupos
distintos pela forma de atuar que tinham) , isto era assim porque havia amas de
leite muito necessitadas que começavam a procurar trabalho apenas pariam. O
fato é que, para garantir a sobrevivência dos filhos dos mais privilegiados, filhos
de pessoas menos favorecidas morriam. As outras amas de leite procuravam
esse serviço após amamentar durante meses seus próprios filhos, garantindo-
lhes, assim, melhores oportunidades de sobrevivência.

Finalizando com o trabalho; vamos divisar superficialmente como eram


vistas as amas de leite desde o avistamento médico. Pelo autor Robson Roberto
Silva (2016: 311) nesta cita, na qual se pode captar que por todas as teorias
científicas racistas vindas da Europa e consumidas pela elite médica do país; as
amas de leite já não eram confiáveis eram vistas desta forma porque estas
mulheres (cativas pretas amas de leite) para dar-lhes ou procurar uma boa vida
para seus filhos tinham que abandoná-los a sua sorte. Tudo isto por não ser
zelosas, quer dizer que não lhe prestavam a suficiente atenção na hora dos
cuidados higiênicos ao momento de aleitar as crianças brancas.
Naquela época, devido principalmente a difusão das teorias
cientificas racistas europeias do final do século XIX consumidas pela
elite médica das cidades brasileiras, as amas-de-leite escravas eram
consideradas menos confiáveis, pois abandonavam seus filhos pelo
dinheiro do aluguel como amas de leite, e menos zelosas com os
cuidados higiênicos no aleitamento das crianças brancas, recebendo o
termo pejorativo de “mercenárias”.

3. Considerações finais:
Fizemos uma longa viagem até chegar a este ponto onde podemos dizer
que não era fácil ser preta no século XIX por todos os preconceitos contra sua
raça; a competição entre mulheres de cor com as mulheres brancas considerada Comentado [Ui5]: muito informal. Ver como são as
reflexões finais dos trabalhos que te enviei.
muito mais feminina e civilizada, mas por dentro morreram de inveja da beleza
natural com que foi dada a preta ama de leite. Comentado [Ui6]: qual é o autor que fala isto????

No início, nosso trabalho foi dividido em quatro pontos de


desenvolvimento. No primeiro contextualizamos o que são as amas de leite
tomando o clássico de Gilberto Freyre casa grande e senzala, escrito no ano
1933 em contra de todas as teses racistas apresentadas naquele momento
(década do 20 e 30) onde percebemos que as amas de leite eram cativas que
não tinham opção na hora de amamentar a criança branca dado que seu filho
ou era afastado dela, nascia morto ou para dar-lhe uma melhor vida não podia
vê-lo seguido. Mas nesta obra também reconhecemos a união e os laços de
afeto que se criavam entre estas crianças e suas famílias com a mãe-preta; um
exemplo que foi exposto no trabalho disto é a formação da linguagem em uma
só pela conexão que era feita entre a ama negra e a criança (isto quer dizer que
a mulata era a conexão entre a família patriarcal e sua linguagem com o mundo
dos escravos). Também abordamos ... Luiz Felipe de Alencastro em História da
vida privada no Brasil, permitiu entender como era que as cativas eram vendidas,
alugadas a terceiras pessoas, ou seja, como era o mercado das amas de leite.
A competição que começou a ter a mulata nos anos 1850 com a chegada de
imigrantes portuguesas vindas das ilhas açores E, por último, Robson Roberto
Silva apresenta quais eram as funções que tinham estas mulheres e generaliza
como era o mercado dos escravos.

No segundo ponto salientamos entre as três autoras como eram vistas


pelos corpos, e os problemas que tinham com o seu gênero na escala de poder.
No terceiro e último ponto tomamos de referência a Koutsoukos para explicar
quais eram as relações das teorias médicas com o trabalho das amas de leite.
Mas também Robson salienta que do ponto de vista médico e como a vida para
estas amas de leite mudou após as teorias trazidas da Europa.

Existem outros trabalhos sobre as amas de leite que as diferenciam das


amas secas das de leite,outros abordam como eram vistas dentro da literatura e
como eram apresentadas dentro dos jornais. Comentado [Ui7]: colocar isto na introdução e dizer
por que (com critério científico) você não vai resenhar
esses trabalho.

Elaborar uma reflexão final sobre aquilo foi apresentado na seção anterior
(algum aspecto do tema mais trabalhado do que outros, aspectos não
trabalhados) e sobre aquilo que vocês acham que precisa ser mais desenvolvido
ou indagado ou que gera curiosidade em vocês para ser pesquisado nos
próximos anos.

4. Referências bibliográficas:
Alencastro, L. F. de. “Vida privada e ordem privada no Império”. (1997) In:
Alencastro (coord.) História da vida privada: 2. São Paulo: Companhia das letras,

Agostini, T. D. S. (2021). As representações das amas de leite na


iconografia da colonial idade portuguesa de 1870-191240 f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Curso de Relações Internacionais) Universidade Federal
de São Paulo

Carneiro, M. E. R. (2007). Uma cartografia das amas-de-leite na


sociedade carioca oitocentista. Revista Ibero-Americana de Ciência da
Informação, 15(1/2), 121-142.

Freyre, Gilberto. (2001[1933]) Casa-grande e senzala. 43ª ed. Rio de


Janeiro: Ed. Record.

Koutsoukos, S. S. M. (2009). 'Amas mercenárias': o discurso dos doutores


em medicina e os retratos de amas-Brasil, segunda metade do século
XIX. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 16(2), 305-324.

Martins, B. C. (2012). Reconstruindo a memória de um ofício: as amas-


de-leite no mercado de trabalho urbano do Rio de Janeiro (1820-1880). Revista
de História comparada, 6(2), 138-167.

Silva, R. R. (2016). A presença das amas-de-leite na amamentação das


crianças brancas na cidade de São Paulo no século XIX. Antíteses, 9(17), 297-
322.

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