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Tema: Espada e Magia
Categoria: Dicas
Tags: D&D, fantasia, fantasia medieval, alta fantasia, baixa fantasia, fantasia épica, fantasia
sombria, fantasia estranha, Conan, Era Hiboriana, Elric, Game of Thrones, Crônicas de
Gelo e Fogo, Lankhmar
Sempre que falamos de RPG, o primeiro gênero que vem a mente das pessoas é a fantasia
medieval ou simplesmente fantasia. Não por acaso, esse é o gênero dominante do primeiro
e mais famoso RPG de todos os tempos, o nosso querido D&D. Mas o que é que significa
exatamente esse gênero? Qual a sua origem? Quais suas características? Existem
variações? Essas e outras perguntas vamos procurar responder aqui hoje, com um foco no
RPG, ainda que a fantasia permeie diversas outras mídias, tais como o cinema, a literatura
e os quadrinhos.
A fantasia moderna, que inspirou jogos como o D&D, certamente deve muito às obras de
escritores como J. R. R. Tolkien (Senhor dos Anéis), Robert E. Howard (Conan [link:
https://universorpg.com/espada-e-magia/noticias/conan-o-barbaro-na-literatura-cinema-e-rp
g/]), Fritz Leiber (Lankhmar), Michael Moorcock (Elric de Melniboné) e Robert Jordan (A
Roda do Tempo). Porém, a origem desse gênero é muito mais antiga e remonta à obras
clássicas da literatura, tais como As Mil e Uma Noites, Beowulf, Sir Gawain e o Cavaleiro
Verde, passando por histórias mais “infantis” como Alice no País das Maravilhas, Peter Pan
e as Crônicas de Nárnia. Por muito tempo, inclusive, as histórias de fantasia foram rotuladas
como literatura infanto-juvenil. Embora algumas séries literárias atuais famosas, como Harry
Potter (J. K. Rowling) e Percy Jackson (Rick Riordan) façam jus a esse rótulo, é inegável
que histórias como as Crônicas de Gelo e Fogo (George R. R. Martin) e The Witcher
(Andrzej Sapkowski) resgataram os aspectos mais sérios e dramáticos do gênero de
fantasia, como não se via a muito tempo.
Atualmente a fantasia pode ser dividida em diversos temas ou sub-gêneros, nem sempre
com diferenças bem claras. Veremos a seguir alguns dos tipos mais conhecidos e que
possuem maior influência nos jogos de RPG.
Esse tipo de fantasia possui algumas variações comuns, como a fantasia heróica e a
fantasia épica, que se confundem em alguns aspectos. Na fantasia heróica os protagonistas
são poderosos, extremamente hábeis ou simplesmente muito sortudos, desempenhando
papéis importantes na história de seu mundo, enfrentando inimigos lendários e fazendo
parte de sagas que serão lembradas por muito tempo. Um cenário de D&D que exemplifica
bem esse tipo é Dragonlance e os heróis da Lança, que moldaram a história do mundo de
Krynn.
O cenário mais conhecido que pode ser considerado baixa fantasia é o mundo das Crônicas
de Gelo e Fogo, que deu origem a série Game of Thrones e possui inclusive um RPG
próprio (Guerra dos Tronos RPG, da Editora Jambô). Nos primórdios do D&D, as histórias
possuíam um certo “sabor” de baixa fantasia, pois itens mágicos eram extremamente raros,
os magos eram bastante limitados comparados com as edições mais novas e a letalidade
das aventuras podia ser bastante elevada. Apesar disso, o D&D nunca teve um cenário
típico de baixa fantasia.
Os melhores exemplos desse tipo de aventuras podem ser encontrados na Era Hiboriana
de Robert E. Howard (tratada no RPG “Conan: Adventures in an Age Undreamed Of”, cuja
tradução está em financiamento coletivo pela New Order [link: https://www.catarse.me/conan]) e
no cenário de Lankhmar, de Fritz Leiber (já foi um cenário de AD&D e hoje conta com uma
adaptação para Savage Worlds, disponibilizado em português pela RetroPunk).
No RPG o cenário mais famoso de fantasia sombria certamente é Ravenloft, que nasceu
como uma aventura de horror gótico para AD&D e se popularizou tanto que foi relançado
em diversas edições de D&D, além de ter sido expandido como um cenário completo no
suplemento Domínios do Medo. Existem também jogos dedicados exclusivamente a esse
sub-gênero, tais como Shadow of the Demon Lord (Editora Pensamento Coletivo) e
Accursed (baseado em Savage Worlds e trazido em português pela RetroPunk).
Existe também uma variação deste tema, que é a fantasia estranha. A fantasia estranha
tem esse nome por fugir completamente dos estereótipos de fantasia, que são quase
sempre inspirados em algum tipo de mitologia. A fantasia estranha possui sempre alguma
quebra de paradigma, fazendo com que o leitor / jogador seja surpreendido com um evento
inesperado, arquitetura bizarra ou criatura indescritível, que provoca a sensação de
estranhamento, de algo fora do lugar, ou até mesmo alienígena. Alguns exemplos são o
protagonista improvável das histórias de Michael Moorcock (Elric é um mago / espadachim
albino de uma raça quase extinta - os melniboneanos), muitas das criaturas encontradas
por Conan em suas aventuras (que são claramente inspiradas pelo horror cósmico de
Lovecraft) e a cidade multiplanar de Sigil, que possui o formato de um toróide flutuando
sobre uma montanha de altura infinita (o ponto de partida do cenário de Planescape,
lançado para AD&D).
Além dos RPGs de Conan (já citado anteriormente), de Elric (o mais recente é Elric de
Melniboné, da Mongoose Publishing, sem versão em português) e do cenário Planescape,
temos alguns outros títulos focados na fantasia estranha, como Lamentations of the Flame
Princess (sem versão em português) e Numenera (Editora New Order). O primeiro é
baseado nas regras do D&D antigo e possui uma temática pesada e perturbadora. Já o
segundo extrapola a ficção científica para o lado místico, quando a ciência é tão avançada
que se confunde com a magia.
Fantasia científica
Como acabamos de ver, Numenera é um cenário de ficção científica que está mais próximo
da fantasia, dada a impossibilidade dos personagens compreenderem exatamente como
funcionam os dispositivos nesse cenário. Mas temos também casos onde os elementos da
fantasia “invadem” a ficção científica, coexistindo lado a lado, numa espécie de crossover.
No mundo dos RPGs propriamente ditos, temos o clássico Shadowrun (Editora New Order),
também considerado “fantasia urbana”, por trazer elementos típicos da fantasia (orcs,
dragões, magos) para um cenário cyberpunk. Outro exemplo é o cenário de Spelljammer
(lançado para o AD&D), que levava a temática de fantasia para o espaço.