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máxima Subtotal
Índice 0.5
Organizacionais
Estrutura
Aspectos
Introdução 0.5
Discussão 0.5
Conclusão 0.5
Bibliografia 0.5
Contextualização
Introdução
2.0
Contributos teóricos práticos
em citações e Bibliografia Formatação
Aspectos
Gerais
i
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
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Índice
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4
2. DESENVOLVIMENTO .............................................................................................. 5
2.5. Diferentes concepções sobre ‘vida’ em audiência no Supremo Tribunal Federal ..... 14
3. CONCLUSÃO ........................................................................................................... 23
4. BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................... 24
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1. INTRODUÇÃO
Uma nova ética, baseada numa relação de responsabilidade e fraternal, é um fator decisivo
para a nossa mudança de pensamento e de atitude existencial. Somos convidados a dar o
nosso “Sim”, perpetuador da espécie humana e reconhecedor de nossa fraternidade
responsável com as demais criaturas deste nosso universo. Um “Sim” vital, de escolha
preferencial pela vida. Somos interpelados a reconhecer nossa criaturalidade, descartando
nossa idéia mecanicista do universo ou do ser humano ou da natureza. Somos admoestados a
abandonar nossa ética antropocêntrica, da qual vem todos os nossos valores em detrimento
dos valores naturais e animais. De onde vêm nosso julgamento de tudo o que é e não é
humano. Antropocentrismo que expandiu o pensamento dominador e explorador de nossos
recursos naturais, como se eternamente existissem. Ou talvez aparecessem! De onde? Nosso
umbigo egoísta nunca quis responder. Somos convidados a pensar diferente, a pensar as
razões do pensar. A razão instrumental, com sua idéia ilimitada de progresso, não soube
conduzir-nos com sabedoria. Esta não reside somente no racional. Deparamo-nos, num
momento repentino de lucidez, com uma criação agonizante. E percebemos que nossa
tecnologia e ciência sabem pensar, mas não sabem curar feridas. Por fim, somos intimados a
gestar uma nova civilização planetária, a qual leve em consideração apenas um único e
essencial princípio: a vida. Resposta simples para uma complexa solução de uma complexa
questão.
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2. DESENVOLVIMENTO
Cabe ressaltar aqui que, em Heidegger, “ente” se refere a tudo, de uma maneira geral e em
sentido diverso. Por exemplo: as pedras, animais, casas, obras de arte, etc. Também: o que
lemos, falamos, entendemos, como nos comportamos, etc.. E igualmente o homem. Segundo
o filósofo, os entes em geral, estão no mundo no modo de "ser simplesmente dado"
("Vorhandenheit"). Já o homem, encontra-se numa posição privilegiada. Ele é essencialmente
Dasein, e sendo assim, engloba os demais entes em estruturas de referências, e o faz
questionando.
Cabe aqui esclarecer sobre os termos “ôntico” e “ontológico” utilizados pelo filósofo. Em
Heidegger o primado ôntico e o primado ontológico são possibilidades do existente humano de
compreensão e entendimento de si mesmo, do mundo, dos fenômenos e das coisas em geral.
Ônticamente o homem conhece de forma imediata, e ontologicamente tem o acesso ao sentido de
ser. Portanto, para Heidegger, o homem tem a possibilidade de conhecer sob estes dois aspectos,
porque ele mesmo é um ente determinado ônticamente pela existência (suas raízes
"existenciárias")5 e ontologicamente pelo ser (suas raízes "existenciais"). É tal determinação,
portanto, que possibilita ao existente humano um entendimento ôntico da realidade (por exemplo:
as ciências em suas especulações, hipóteses e teorias acerca dos entes em geral) e um
entendimento ontológico (uma reflexão sobre os conceitos, uma compreensão do sentido de ser).
Assim, Heidegger afirma que sob o ponto de vista de um conhecimento imediato (ôntico), o
existente humano se distingue dos demais entes. Este encontra-se numa situação de sempre ter de
ser, e existindo, revelar o sentido de ser. O existente humano, compreende a si mesmo,
compreendendo também o sentido das coisas em geral. Tal é a sua condição essencial (Dasein).
Isto o diferencia dos outros entes que se encontram instalados no mundo. É o existente humano,
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por sua vez, que encontra um sentido para si mesmo e compreende um sentido para as coisas em
geral.
Encontra-se em Heidegger a concepção de singularidade do homem. O homem é sempre ele
mesmo. Existir, e existência em Heidegger refere-se à existência humana, significa um
compromisso em ter de ser.
O ser que está em jogo no ser deste ente, é sempre meu. Nesse sentido, a pre-
sença nunca poderá ser apreendida ontologicamente como caso ou exemplar
de um gênero de entes simplesmente dados. Pois, para os entes simplesmente
dados, o seu ‘ser’ é indiferente ou, mais precisamente, eles são de tal maneira
que o seu ser não se lhes pode tornar nem indiferente nem não indiferente. A
interpelação da pre-sença deve dizer sempre também o pronome pessoal,
devido a seu caráter de ser sempre minha: ‘eu sou’, ‘tu és’.
Segundo Heidegger, o homem, não pode ser considerado como um objeto, um fato acabado.
Neste sentido o homem nunca poderá ser classificado, tomado como caso ou exemplar de um
gênero como fazemos por exemplo com as coisas em geral as pedras, as plantas e os animais.
O existente humano, no sentido que lhe dá Heidegger, distingue-se das pedras, das plantas,
dos animais e dos entes em geral. Uma cadeira, por exemplo, não tem em si mesma nenhum
sentido; é o homem que descobre sua necessidade idealizando-a, fabricando-a, dando-lhe uma
utilidade e um sentido. Uma cadeira apenas desempenha seu papel dentro da vida do existente
humano, porque é ele que lhe atribui um papel, englobando-a numa rede de relações.
A cadeira por si mesma não toma nenhuma iniciativa. Já os animais estão inscritos num
âmbito instintivo como parte integrante de um ecossistema. Não que o existente humano
esteja fora desse ecossistema, ao contrário, é também parte integrante dessas interconexões,
mas tem a possibilidade de compreender e interpretar a rede dessas relações favorecendo-a ou
até, como temos presenciado, conspirando contra ela. Para o animal, seu sentido de ser, e sua
participação nesse ecossistema, lhe passa desapercebido. O animal, assim como os demais
entes da natureza, simplesmente vive, está cumprindo despreocupadamente seu destino. Já o
existente humano não é indiferente a si mesmo. A partir do instante em que ele se encontra no
mundo vê-se na tarefa de ser. Na tarefa de escolher, de buscar, de enfrentar ou se retrair frente
a uma situação, de se alegrar ou se entristecer etc.. O homem ou existente humano, pelo fato
de estar imerso no Dasein, e constituir-se ontologicamente como Dasein, está-no-mundo.
Mundo aqui, entendido como um espaço de dominação temporal, no qual o homem, percorre
as etapas do caminho que o leva até o seu próprio ser.
Cabe aqui chamar atenção para o uso que Heidegger faz do termo “existência” (“Existenz”)8.
A tradição filosófica ou metafísica concebe um dualismo entre essência e existência. Na
metafísica, essência refere-se a origem, possibilidade, subjetividade, interioridade, idéia ou
causa. Já existência tem o sentido de reflexo, realidade, objetividade, exterioridade,
manifestação ou efeito. Na filosofia tradicional existência tem um sentido bem distinto
daquele da filosofia de Heidegger. Naquela fala-se de existência como determinação de uma
condição a priori, enquanto que nesta, existência refere-se a uma peculiaridade do ser
humano. Na acepção tradicional pode-se falar da existência de uma mesa ou um beija-flor,
assim como de Maria e Pedro.
O homem é o único ente dentre todos os entes que, em sua existência, encontra-se sendo,
essencializando-se, criando-se, entretanto, nunca de forma definitiva. Na existência do
homem está sempre em jogo o seu próprio ser. Isto quer dizer que o existente humano nunca
está completamente definido, como por exemplo, uma mesa. A mesa é criada e tem seu
destino e uso pré-determinados. Já o existente humano, a partir do momento que nasce, nunca
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estará completamente acabado. Ao contrário, estará sempre na tensão de seu próprio porvir,
de fazer a si mesmo ou deixar de se fazer, de escolher ou não escolher, enfim, de viver.
Segundo Heidegger, por estar no Dasein, o homem encontra-se sempre diante de si mesmo. E
sempre diante de uma possibilidade, um risco. Portanto, existir significa encontrar-se no
Dasein, e nesta aventura, o homem encontra-se na condição de assumir ou não assumir
responsabilidade.
O homem é o ente que encontra-se numa condição de sempre ser convocado a si mesmo.
Pode-se afirmar que este é seu “lugar” – o “ethos”. O contexto ético que verifica-se em
Heidegger, portanto, refere-se a uma ética da responsabilidade, do engajamento, de um dar-se
conta do homem diante de si mesmo, do outro e do mundo circundante. A ética em Heidegger
encontra-se inscrita na apreensão da peculiaridade do homem (Dasein). Em comprometer-se
diante de sua própria condição humana, assumindo-a responsavelmente com todas as suas
implicações.
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capazes de despertar polêmica. Já o conceito sobre o que seja a “vida”, já não se tem mais a
resposta de forma pronta e acabada.
Por mais de dois mil anos, a resposta a essa definição inquietava apenas aos filósofos. Hoje,
porém, a ciência mexeu fundo nesse conceito. Expressões como “proveta” e “manipulação
genética” estão cada vez mais presentes no cotidiano. E a pergunta sobre o que é “vida”, e
quando ela começa, tornou-se uma polêmica que guiará boa parte da sociedade em que se
vive daqui pra diante.
Certo é que a resposta sobre a origem de um indivíduo será decisiva para determinar-se se,
por exemplo, o aborto é crime ou não. E se é ético manipular embriões humanos em busca da
cura para doenças como mal de Alzheimer e deficiências físicas.
O professor de bioética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Dr. José Roberto
Goldim declara que “ter embriões estocados em laboratório é um evento tão novo e diferente
para a humanidade que ainda não tivemos tempo de amadurecer essa idéia”.
A história da vida, ou saber onde começa a vida, é pergunta tão antiga quanto a arte de
perguntar. Platão (2001) a fez, em seu livro “A República”, onde defendeu a interrupção da
gestação em todas as mulheres que engravidassem após os 40 anos. Esse filósofo tinha a idéia
de que casais deveriam gerar filhos para o Estado durante um determinado período. Mas
quando a mulher chegasse a uma idade avançada, essa função cessava e a indicação era clara:
o aborto.
Então, para Platão, não havia problema ético algum nesse ato, pois acreditava que a alma
entrava no corpo apenas no momento do nascimento. A tolerância ao aborto não significava
que as sociedades clássicas não enfrentavam polêmicas em torno dessa questão. Aristóteles,
contemporâneo e discípulo de Platão, afirmava que o feto tinha vida, e estabelecia até a data
do início: o primeiro movimento no útero materno. No feto do sexo masculino, essa
manifestação aconteceria no 40º dia de gestação. No feminino, apenas no 90º dia.
Aristóteles acreditava que as mulheres eram física e intelectualmente inferiores aos homens e,
por isso, se desenvolviam mais lentamente. Como naquela época não era possível determinar
o sexo do feto, o pensamento aristotélico defendia que o aborto deveria ser permitido apenas
até o 40º dia da gestação. Tal teoria sobreviveu ao cristianismo adentro; foi defendida por
teólogos fundamentais do catolicismo, como São Tomás de Aquino e Santo Agostinho, e
acabou alçada a tese oficial da Igreja para o surgimento da vida.
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Como cientistas e teólogos não conseguiam concordar sobre o momento exato, Pio 9º decidiu
que o correto seria não correr riscos e proteger o ser humano a partir da hipótese mais
precoce, ou seja, a da concepção na união do óvulo com o espermatozóide.
Adorno (1993) escreve que o direito francês antigo e o Código de Napoleão adotaram esse
princípio romano, implicitamente, fazendo com que a personalidade do feto não fosse uma
ficção legal, mas, ao contrário, uma realidade aceita pela lei, que considerava a criança como
existente desde a sua concepção.
A opinião atual do Vaticano sobre o aborto, no entanto, só seria consolidada com a decisão
dos teólogos de que o primeiro instante de vida ocorre no momento da concepção, e que,
portanto, o zigoto deveria ser considerado um ser humano independente de seus pais.
Segundo Dom Cifuentes (2005) “a vida, desde o momento de sua concepção no útero
materno, possui essencialmente o mesmo valor e merece respeito como em qualquer estágio
da existência. É inadmissível a sua interrupção”.
Até séculos atrás, eram apenas as crenças religiosas e hábitos culturais que davam as respostas
a esse debate cheio e possibilidades. Hoje, a ciência tem muito mais a dizer sobre o início da
vida. E, conseqüentemente, o direito vem concomitantemente abrindo uma gama de teses
doutrinárias para dirimir, ou ao menos chegar-se a um conceito sereno para o que seja então o
“início da vida”.
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valor ético universal e um dos fundamentos da própria existência de qualquer sociedade
organizada juridicamente.
Direito à existência, ou direito à vida, significa ter o direito de estar vivo, de defender a
própria vida, de permanecer vivo; é o movimento espontâneo contrário ao estado morte. Tanto
é assim, que a própria legislação penal pune todas as formas de interrupção violenta do
processo vital, e se considera legal que um indivíduo defenda sua própria vida contra qualquer
agressão, sendo legítimo até mesmo se chegue, para isso, tirar a vida de outrem, no chamado
“estado de necessidade”.
O Pacto Internacional sobre Direitos Civil e Políticos de 1966, em seu artigo 6º, III, refere-se
ao direito à vida, dispõe que “o direito à vida é inerente à pessoa humana. Este direito deverá
ser protegido pela lei, e ninguém poderá ser arbitrariamente privado de sua vida”.
Nesse enunciado observam-se 3 elementos: 1. que o direito à vida é inerente da pessoa; 2. que
é um direito protegido pela lei; 3. que ninguém poderá ser privado de sua vida de forma
arbitrária.
A vida, portanto, é o direito mais precioso do ser humano, não podendo ser a mesma ceifada
de nenhum homem.
Silva (1999) diz que “houve desejo por parte de comissões constitucionais a inclusão do termo
“direito a uma existência digna”, mas isso traria riscos de que sua significação chegasse a
níveis impróprios, tendo sido, ao final, desprezado”.
Moraes (1999) preleciona ser “o direito a vida o mais fundamental de todos os direitos, já que
se constitui em pré-requisito à existência e exercício de todos os demais direitos”.
[...] a vida humana, objeto do direito assegurado no artigo 5º, caput, integra-se de
elementos materiais (físicos e psíquicos) e imateriais (espirituais); e que a vida é
intimidade conosco mesmo, saber-se e dar-se conta de si mesmo, um assistir a si
mesmo e um tomar posição de si mesmo. Por isso é que ela constitui a fonte
primária de todos os outros bens jurídicos. De nada adiantaria a Constituição
assegurar outros direitos fundamentais, como a igualdade, a intimidade, a
liberdade, o bem estar, se não erigisse a vida humana num desses direitos.”
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Para Azevedo, o princípio jurídico da dignidade, como fundamento da República, exige como
“pressuposto a intangibilidade da vida humana. Sem vida, não há pessoa, e sem pessoa, não
há dignidade”.
Da mesma forma, conceitua-o Gagliano & Filho (2002): “aqueles que têm por objeto os
atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e em suas projeções sociais”.
Szaniawski (1993) afirma que “os bens inerentes à pessoa humana, denominados de direitos
da personalidade são: a vida, a liberdade e a honra, entre outros”.
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Souza1993, inclui também os “direitos especiais de personalidade”, quais sejam: vida,
integridade física, liberdade, honra, bom nome, saúde e repouso; e bens interiores da
personalidade: a vida, a integridade física e a identidade.
A maioria dos cristãos defendeu que a vida se origina no momento da concepção, quando o
espermatozoide encontra o óvulo, devendo ser protegido e ter garantido o direito ao
nascimento.
Pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Ricardo Hoerpers e o padre
José Eduardo de Oliveira iniciaram as exposições, reiterando a postura da entidade “em
defesa da integralidade e inviolabilidade da vida”. O primeiro reclamou dos rótulos de
“fanáticos e fundamentalistas”. Já o segundo acusou a audiência de ser “parcial” e
“inconstitucional”, pois, segundo ele, não houve igualdade de tempo e representantes entre os
grupos contra e a favor.
“Onde está o fundamentalismo religioso em aderir aos dados da ciência que comprovam o
início da vida desde a concepção? Onde está o fanatismo em acreditar que todo atentado
contra a vida é um crime? Em dizer que queremos políticas públicas que atendam à saúde das
mães e dos filhos? Por isso, a CNBB reitera sua posição em defesa da vida humana com toda
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a sua integralidade, dignidade, inviolabilidade, desde a sua concepção até a morte natural”,
declarou dom Ricardo.
Para o padre José, nunca houve controvérsia legal sobre o assunto. “A controvérsia foi
artificialmente fabricada no voto do habeas corpus redigido pelo ministro (Luís Roberto)
Barroso, ex-advogado de organizações que defendem a descriminalização do aborto”, acusou
o religioso católico, afirmando também que o STF não pode legislar sobre o assunto e que o
artigo 5º da Constituição “estabelece a inviolabilidade do direito à vida”.
Com base no mesmo princípio, de que a vida começa na fertilização, a médica Sílvia Maria de
Vasconcelos Palmeira Cruz, representando o Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB)
na Arquidiocese de Aracaju, comparou o direito ao aborto a uma “sentença de morte”. “Dizer
que avançamos para o grupo de países desenvolvidos é uma tentativa de enganação”, segundo
ela, já que o Brasil teria diferenças culturais e educacionais que impediriam a comparação
com países europeus, por exemplo. “Diferentes técnicas moleculares vêm comprovando a
autonomia do zigoto. Estamos reivindicando uma autonomia, mas queremos retirar a
autonomia deste ser?”, questionou a médica católica.
O pastor Douglas Roberto de Almeida Baptista, falando em nome da Convenção Geral das
Assembleias de Deus, subiu ainda mais o tom e afirmou que os autores e defensores da ADPF
em questão buscavam “autorização legal para matar inocentes no ventre materno”. Ele
também destacou o mesmo artigo 5º da Constituição Federal e dispositivos do Código Civil
que, segundo ele, “põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”.
“As inquisições contra mulheres continuam, mesmo que travestidas com outras faces e
formas. Outrora, foram as fogueiras reais; hoje, as fogueiras simbólicas, mas não menos
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perversas, que persistem através de um poder religioso que age contra a dignidade das
mulheres, via poder político, e se mantém institucionalmente”, disse Lusmarina, que foi
categórica em afirmar que a bíblia “não condena o aborto”.
“O aborto não é condenado na bíblia, pois não é considerado nem pecado nem crime no
período neotestamentário ou dentro da lei mosaica. Também não há determinação bíblica
acerca de quando a vida começa”. De acordo com a pastora luterana, são apenas duas
menções no Velho Testamento, e apenas uma, ainda mais breve, no Novo Testamento.
Ela destacou que a argumentação religiosa mais importante contra o aborto está baseada no
quinto mandamento. Segundo ela, porém, o “não matarás”, nos tempos bíblicos, já não tinha
aplicação universal. “Esse mandamento não tinha caráter universal, não tinha aplicação
universal. Podia-se matar os estrangeiros, inimigos de Israel e mulheres adúlteras. De maneira
nenhuma, esse mandamento se refere aos embriões.”
Ela também evocou a laicidade do Estado como garantia para as liberdades religiosas. “Um
Estado laico não é um Estado ateu, mas um estado que não confunde os conceitos de crime e
de pecado, e nem se orienta por sanções religiosas. Mulheres, vocês são pessoas amadas,
dignas e livres, para escolher seu presente, decidir o seu futuro, planejar a sua vida e a de sua
família. É essa dignidade que o Estado Brasileiro está chamado a decidir. Às vezes é preciso
decidir contra majoritariamente para produzir a justiça e implementar a paz.
Ela também afirmou que o aborto é questão de justiça social e racial. “Não é preciso recorrer
a dados e pesquisas para sabermos que a clandestinidade atinge prioritariamente mulheres
pobres e negras, vítimas de procedimentos inadequados, maus tratos ou mesmo prisão. São
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elas as primeiras vítimas. Em um país de histórico escravocrata e mentalidade racista, esta é
mais uma violência contra a população negra.”
A diversidade de visões sobre o tema também se deu entre os não cristãos representados. Para
o rabino Michel Schlesinger, representante da Confederação Israelita do Brasil (CIB), a
“pergunta crítica” está relacionada a escolher a vida. “Qual vida? De quem? Qual o aspecto da
vida?” Segundo ele, a tradição judaica entende que, durante a gravidez, “não existe vida
completa e autônoma”, sendo diversos os casos em que o aborto é permitido, inclusive até
mesmo durante o parto, se houver riscos para a mãe.
“Quem não entende por todas estas coisas que a mão do Senhor faz isto? Em cuja mão está a
alma de tudo quanto vive e o fôlego de toda a carne humana.” (Jó 12:9,10).
“Jeová estabeleceu o Seu trono nos céus e o Seu reino domina sobre tudo” (Salmos 103:19).
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“Tudo quanto o Senhor quis, fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos”
(Salmos 135:6).
“Quem é aquele que diz e assim acontece, quando o Senhor o não mande. Porventura da boca
do Altíssimo não sai o mal e o bem?” (Lamentações 3:37,38).
“Formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas”
(Isaías 45:7).
“Sou Deus e não há outro como Eu, que anuncio as coisas desde o princípio e desde a
antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme e farei
toda a minha vontade” (Isaías 46:9,10).
“Todos os senhores da terra são tidos como nada e, segundo a Sua vontade, faz com o exercito
do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa estorvar a mão e lhe diga: Que fazes?”
(Daniel 4:35).
“Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: !Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
que ocultaste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos meninos” (Mateus
11:25).
“Respondeu-lhe Jesus: Não terias tu nenhum poder contra mim, se do céu não te fora dado”
(João 19:11).
O homem é responsável por suas ações, não obstante o fato que Deus decretou tudo quanto
venha a passar, ao menos por três razões:
Deus decretou que o pecado viesse ao mundo, por motivos que são inteiramente conhecidos
somente dEle, mas Ele decretou que o pecado viesse pela própria livre escolha do homem.
Deus não compele o homem a pecar, mas permite-o. O homem, e não Deus, é a causa
eficiente do pecado e por essa razão o homem é responsável.
Antes de passar adiante, é preciso ser observado que nenhumas objeções podem ser trazidas
contra a afirmação que Deus decretou o pecado viesse ao mundo que não possa ser trazida
contra a permissão atual do pecado por Deus, a menos que o objetor assuma a posição que
Deus foi impotente para impedir a entrada do pecado. Isto seria uma negação da onipotência e
soberania de Deus e renderia o objetor indigno de consideração aqui. A onipotência e
soberania de Deus nos ensinam que o que quer que Deus o permita Ele o permite porque Ele
quer fazer assim. E desde que Deus é imutável, sua vontade tem sido sempre a mesma: o que
Ele quer em qualquer tempo Ele tem querido desde toda a eternidade. Portanto, Sua vontade
iguala ao Seu propósito e o Seu propósito iguala ao Seu decreto.
2.6.2.2. A Lei de Deus e não o seu Decreto Fixa o dever e a Responsabilidade do Homem.
A Lei de Deus é o guia e o padrão do homem. Isto é à vontade revelada de Deus. O decreto de
Deus é a Sua vontade secreta. O homem nada tem a fazer com isto, exceto saber e reconhecer
os fatos concernentes. “As coisas secretas pertencem as Jeová, nosso Deus, mas as reveladas a
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nós pertencem e aos nossos filhos para sempre, para que façamos todas as palavras desta Lei”
(Deuteronômio 29:29).
A resposta a esta pergunta é que o homem pode ser responsável pelo que ele não pode fazer
somente na suposição de ele ser culpado por sua inabilidade. E é um fato que o homem é
culpado por sua inabilidade espiritual. Não é que ele, individualmente, por seu próprio ato
pessoal, deu origem à inabilidade, porque ele nasceu com ela; mas todo homem pecou em
Adão e assim deu origem à sua inabilidade espiritual. Que todo homem pecou em Adão é o
verdadeiro ensino de Romanos 5:12: “Portanto, assim como por um homem entrou o pecado
no mundo, pelo pecado a morte, assim a morte passou a todos os homens porque TODOS
PECARAM”. “Pecaram” no grego está no aoristo, o qual expressa ação passada distinta. A
passagem fá-lo referir-se à participação de todos os homens no pecado de Adão.
Mas, como participamos no pecado de Adão quando não estávamos nascidos quando ele
pecou? Pensamos que não podemos fazer melhor do que dar em resposta as seguintes palavras
de A. H. Strong: “Deus imputa o pecado de Adão imediatamente a toda a sua posteridade em
virtude daquela unidade orgânica da espécie humana pela qual a raça toda existiu ao tempo da
transgressão de Adão, não individualmente senão seminalmente, nele como seu cabeça. A
vida total da humanidade estava então em Adão; a raça por enquanto tinha o seu ser somente
nele. Sua essência ainda não estava individualizada; suas forças ainda não estavam
distribuídas; as faculdades que agora existem em homens separados estiveram então
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unificadas e localizadas em Adão; a vontade de Adão foi entrementes a vontade da espécie.
No ato livre de Adão a vontade da raça revoltou-se contra Deus e a natureza da raça
corrompeu-se. A natureza que possuímos agora é a mesma natureza que se corrompeu em
Adão; não a mesma meramente em qualidade senão a mesma fluindo para nós continuamente
dele. O pecado de Adão nos é imputado imediatamente; logo, não como algo a nós estranho,
mas porque é de nós, nós e todos outros homens tendo existido como uma pessoa moral, ou
um todo moral, nele, e como o resultado daquela transgressão, possuindo uma natureza
destituída de amor a Deus e inclinada ao mal” (Systematic Theology, pág. 328).
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3. CONCLUSÃO
A vida humana é o maior talento que Deus concedeu ao homem. A vida não é simplesmente o
viver um dia após o outro. A vida é muito mais do que isso! A vida humana é sagrada e
inviolável em todas as suas fases e situações. A vida é um bem indivisível. A vida humana faz
parte de um plano divino. Deus Pai preparou um plano maravilhoso para a vida de cada
pessoa criada e deseja que ela seja feliz. A vida humana tem muita importância para Deus. É
em Deus que o ser humano encontra o sentido da sua vida. Quando nos damos conta de que
Deus tem um plano para nós, entendemos o motivo de vivermos. Deus quer que todos os seus
filhos progridam e se tornem mais semelhantes a Ele. O tempo que passamos na Terra dá-nos
a oportunidade de desenvolver-nos e progredir. Este talento precisa dar muitos frutos, não
pode ser enterrado. A vida do homem encerra uma infinidade de graças, de potencialidades. A
partir dela o homem pode desenvolver-se, crescer, experimentar as suas capacidades,
contribuir para o crescimento da humanidade e do mundo.
Receber a vida de Deus, é receber um corpo e uma alma, utilizar o livre arbítrio para escolher
entre o bem e o mal, ter a capacidade de tornar-se mais semelhante ao Pai e colaborar com o
desenvolvimento dos nossos irmãos; do cuidar do outro enquanto pessoa confiada por Deus à
sua responsabilidade.
A vida humana tem em si mesma uma valor inestimável. A vida humana é sempre um bem,
mas infelizmente a maioria das pessoas não consegue reconhecê-lo. É imprescindível, para
que o homem conduza de forma correta, sua vida e a daqueles por quem é responsável,
conhecer o valor da vida humana. As ameaças que hoje a vida humana está sujeita acontecem
pelo fato de o homem não saber quem é, nem para que foi criado e qual o sentido de sua vida.
Existem alguns aspectos importantes que revelam a grandeza e o valor precioso da vida
humana. Entre eles estão o fato de que a vida humana é um dom de Deus, de que o ser
humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, de que Jesus assumiu a vida humana e de
que a vida humana é o alvo da misericórdia de Deus.
23
4. BIBLIOGRAFIA
Adorno, Roberto. (1993). La bioéthique et la dignité de la personne. Paris.
Amaral, Francisco. (1999). In: Carneiro, F (Org.). A moralidade dos Atos Científicos:
questões emergentes dos comitês de Ética em Pesquisa. Rio de Janeiro, Fiocruz.
Gagliano, Pablo Stolze; Filho, Rodolfo Pamplona. (2002). Novo Curso de Direito Civil –
Abrangendo o Código de 1916 e o Novo Código Civil. v. I – parte geral. 2ª Ed., rev., atual. e
ampl. São Paulo: Saraiva.
Habermas, Jürgen. (2004). O futuro da natureza humana. São Paulo: Martins Fontes.
Moraes, Alexandre. (1999). Direito Constitucional. 6ª Ed. São Paulo: Editora Atlas.
Pereira, Caio Mario da Silva. (2000). Responsabilidade Civil. 9ª Ed. rev. Rio de Janeiro:
Forense.
24
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Santos, Vanessa Flain dos. (2004). Direitos Fundamentais e Direitos Humanos. Âmbito
Jurídico.
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