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1º MÓDULO – O ALUNO COM DEFICIÊNCIA

Quem é o aluno com deficiência - O educando que apresenta desvio da média


considerada padrão para uma faixa etária determinada, para menos ou para mais, nos
aspectos: físico, sensorial e mental.

Na educação inclusiva não se espera que a pessoa com deficiência se adapte à


escola, mas que esta se transforme de forma a possibilitar a inclusão. Para isso,
algumas orientações são úteis. As que estão a seguir mesclam informações do kit
Escola Viva, criado pelo MEC em conjunto com a associação Sorri Brasil, com
indicações elaboradas pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão.

Foto: reprodução

TIPOS DE DEFICIÊNCIA: FÍSICA, INTELECTUAL, AUDITIVA, VISUAL, SURDOCEGUEIRA,


DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA

Os impedimentos físicos, intelectuais e sensoriais provocam deficiências assim


classificadas:

• Deficiência Física: engloba vários tipos de limitações motoras, como


paraplegia, tetraplegia, paralisia cerebral e amputação;

• Deficiência Intelectual: limitações significativas no funcionamento intelectual


e no comportamento adaptativo, que aparecem nas habilidades conceituais, sociais e
práticas, antes dos 18 anos;

• Deficiência Auditiva: redução ou ausência da capacidade de ouvir


determinados sons em diferentes graus de intensidade;

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• Deficiência Visual: Redução ou ausência total da visão, podendo ser dividida
em baixa visão ou cegueira.

• Surdocegueira: deficiência única, que apresenta a perda da visão e da


audição concomitantemente em diferentes graus;

• Deficiência Múltipla: associação de duas ou mais deficiências. Exemplo:


deficiência intelectual associada a deficiência física.

• Pessoas com Deficiência: são aquelas que têm impedimentos de natureza


física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade. (Convenção Internacional sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência - 2006)

COMO LIDAR COM AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Apresentamos algumas orientações de como lidar com as pessoas com


deficiência. Não são regras, mas esclarecimentos resultantes da experiência de
diferentes pessoas que atuam na área e que apontam para as especificidades dos
diferentes tipos de deficiências.

DICAS DE COMO SE COMPORTAR DIANTE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA:

Como chamar:

• Prefira usar o termo hoje mundialmente aceito: “pessoa com deficiência


(física, auditiva, visual ou intelectual)”, em vez de “portador de deficiência”, “pessoa
com necessidades especiais” ou “portador de necessidades especiais”;

• Os termos ”cego” e “surdo” podem ser utilizados;

• Jamais utilizar termos pejorativos ou depreciativos como “deficiente”,


“aleijado”, “inválido”, “mongol”, “excepcional”, “retardado”, “incapaz”, “defeituoso”
etc.

Pessoas com deficiência física:

• É importante perceber que para uma pessoa sentada é incômodo ficar


olhando para cima por muito tempo. Portanto, ao conversar por mais tempo que

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alguns minutos com uma pessoa que usa cadeira de rodas, se for possível, lembre-se
de sentar, para que você e ela fiquem com os olhos no mesmo nível;

• A cadeira de rodas (assim como as bengalas e muletas) é parte do espaço


corporal da pessoa, quase uma extensão do seu corpo. Apoiar-se na cadeira de rodas é
tão desagradável como fazê-lo numa cadeira comum onde uma pessoa está sentada;

• Ao empurrar uma pessoa em cadeira de rodas, faça-o com cuidado. Preste


atenção para não bater naqueles que caminham à frente. Se parar para conversar com
alguém, lembre-se de virar a cadeira de frente para que a pessoa também possa
participar da conversa;

• Mantenha as muletas ou bengalas sempre próximas à pessoa com deficiência;

• Se achar que ela está em dificuldades, ofereça ajuda e, caso seja aceita,
pergunte como deve proceder. As pessoas têm suas técnicas individuais para subir
escadas, por exemplo, e, às vezes, uma tentativa de ajuda inadequada pode até
atrapalhar. Outras vezes, o auxílio é essencial. Pergunte e saberá como agir e não se
ofenda se a ajuda for recusada;

• Se você presenciar um tombo de uma pessoa com deficiência, ofereça- se


imediatamente para auxiliá-la. Mas nunca aja sem antes perguntar se e como deve
ajudá-la;

• Esteja atento para a existência de barreiras arquitetônicas quando for


escolher uma casa, restaurante, teatro ou qualquer outro local que queira visitar com
uma pessoa com deficiência física;

• Não se acanhe em usar termos como “andar” e “correr”. As pessoas com


deficiência física empregam naturalmente essas mesmas palavras.

Pessoas com deficiência visual:

• É bom saber que nem sempre as pessoas com deficiência visual precisam de
ajuda. Se encontrar alguém que pareça estar em dificuldades, identifique-se, faça-a
perceber que você está falando com ela e ofereça seu auxílio;

• Nunca ajude sem perguntar como fazê-lo. Caso sua ajuda como guia seja
aceita, coloque a mão da pessoa no seu cotovelo dobrado. Ela irá acompanhar o
movimento do seu corpo enquanto você vai andando. Num corredor estreito, por
onde só é possível passar uma pessoa, coloque o seu braço para trás, de modo que a
pessoa cega possa continuar seguindo você;

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• É sempre bom avisar, antecipadamente, sobre a existência de degraus, pisos
escorregadios, buracos e outros obstáculos durante o trajeto;

ATENÇÃO: Se mudar algum móvel de lugar ou precisar colocar algum objeto no


caminho não deixe de informar para que ele não corra o risco de tropeçar e se ferir.

• Ao explicar direções, seja o mais claro e específico possível; de preferência,


indique as distâncias em metros (“uns vinte metros à nossa frente”, por exemplo).
Quando for afastar-se, avise sempre;

• Algumas pessoas, sem perceber, falam em tom de voz mais alto quando
conversam com pessoas cegas. A menos que ela tenha, também, uma deficiência
auditiva que justifique isso, não faz nenhum sentido gritar. Fale em tom de voz normal;

• Não se deve brincar com um cão-guia, pois ele tem a responsabilidade de


guiar o dono que não enxerga e não deve ser distraído dessa função;

• As pessoas cegas ou com visão subnormal são como você, só que não
enxergam. Trate-as com o mesmo respeito e consideração dispensados às demais
pessoas. No convívio social ou profissional, não as exclua das atividades normais. Deixe
que elas decidam como podem ou querem participar;

• Fique à vontade para usar palavras como “veja” e “olhe”, pois as pessoas com
deficiência visual as empregam com naturalidade;

• Utilize naturalmente termos como “cego”, “ver” e “olhar”. Os cegos também


os utilizam;

• Ao conversar com uma pessoa cega, não é necessário falar mais alto, a menos
que ela o solicite;

• Ao conduzir uma pessoa cega, ofereça seu braço (cotovelo) para que ela
segure. Não agarre-a, nem puxe pelo braço ou pela bengala;

• Ao explicar a direção para um cego, indique distância e pontos de referência


com clareza: “tantos metros à direita, à esquerda”;

• Evite termos como: “por aqui” e “por ali”. Informe sobre os obstáculos
existentes, como degraus, desníveis e outros;

• Quando houver necessidade de passar por lugares estreitos, como portas e


corredores, posicione seu braço para trás, de modo que a pessoa cega possa segui-lo;

• Sempre que se ausentar do local, informe a pessoa, caso contrário ela ficará
falando sozinha;

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• O cão-guia nunca deve ser distraído de seu dever. Evite brincar com o cão,
pois a segurança de uma pessoa pode depender do alerta e da concentração do cão.

Fonte: Como lidar com alunos com deficiência / Éliton de Souza Costa, Gilmara Freire Azevedo, Ibnny
Afonso Sena Ferreira. – João Câmara: Instituto Federal do Rio Grande do Norte – campus João Câmara.
21p.

O PREPARO NECESSÁRIO PARA INCLUIR UM ESTUDANTE COM


DEFICIÊNCIA

Apesar do consenso de que a participação das pessoas com deficiência é um


direito inquestionável, muitos professores e gestores escolares ainda resistem,
declarando-se despreparados para concretizá-la. Até mesmo educadores que se dizem
favoráveis à inclusão de pessoas com deficiência admitem exceções, alegando não
terem o “preparo necessário”.

Já em 1994, a Declaração de Salamanca enfatizava de forma quase redundante


que “educação para todos efetivamente significa para todos”. Requisitos, restrições e
exceções são inerentes à lógica da integração. Na inclusão, todos têm direito à
educação. E “todos” significa todos. Simples assim. E não se trata só de acesso. A
Convenção da ONU sobre os direitos das pessoas com deficiência, ratificada no Brasil
com equivalência de emenda constitucional em 2008, garante participação efetiva,
sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades, para o pleno
desenvolvimento do potencial do educando.

Mas tal garantia não indica que a escola saberá, de antemão, como fazer isso.
Até porque isso nem seria possível. Durante muito tempo, acreditava-se que era
possível generalizar pessoas e, assim, padronizar estratégias terapêuticas e
pedagógicas a partir de um mesmo quadro diagnóstico. Atualmente, já sabemos, por
experiência, que essa noção é no mínimo simplista. Ainda que apresentem pareceres
diagnósticos absolutamente iguais, duas pessoas podem reagir às mesmas
intervenções de maneiras (bem) diferentes. Ou seja, a ideia do preparo prévio nada
mais é que um mito.

Não há “receitas prontas” nesse sentido. O ativo é a presença. Ou seja, a escola


não tem mesmo como saber, antecipadamente, como proceder com uma criança ou

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adolescente com base em seu diagnóstico. E isso não se aplica somente a pessoas com
alguma deficiência, já que a diferença é própria da condição humana. O processo de
aprendizagem de cada estudante é singular.

O mito do preparo

A ideia de que a escola precisa, antes, estar pronta, para depois receber os
alunos com deficiência é baseada em uma expectativa ilusória de um saber pronto
capaz de prescrever como trabalhar com cada criança. Vygotsky enfatiza que a
condição humana não é dada pela natureza, mas construída ao longo de um processo
histórico-cultural, pautado nas interações sociais realizadas entre o homem e o meio.

Ou seja, o preparo do professor no contexto da educação inclusiva é o


resultado da vivência e da interação cotidiana com cada um dos educandos, com e
sem deficiência, a partir de uma prática pedagógica dinâmica que reconhece e valoriza
as diferenças. Não há especialização capaz de antever o que somente no dia a dia
poderá ser revelado.

Além disso, a insegurança expressa no argumento da falta de preparo revela,


muitas vezes, a fragilidade da escola em lidar com a diferença. Por trás do discurso
aparentemente “responsável” de que as escolas não estão prontas para receber
determinados alunos por serem incapazes de suprir suas necessidades, de lidar com as
suas dificuldades e de oferecer recursos ou pessoal adequados, está, muitas vezes, a
noção de que alguns estudantes não são ou não estão aptos a frequentá-las devido a
suas condições, o que remete à lógica da integração.

Como incluir um aluno que desafia a escola?

A educação inclusiva é um processo contínuo e dinâmico, que implica a


participação de todos os envolvidos, inclusive do próprio educando. Por isso, é
importante, antes de qualquer coisa, garantir sua presença na escola. Para que a
equipe pedagógica possa conhecê-lo bem e assim buscar identificar meios de garantir
sua inclusão efetiva.

Em uma das respostas à pergunta “Como fazer adaptações curriculares para


alunos com deficiência intelectual?”, do fórum da Comunidade DIVERSA, a assessora
em Educação Inclusiva Marília Costa Dias enfatiza a importância de isso acontecer de
modo colaborativo. Todos os envolvidos, inclusive a família, precisam participar desse
processo investigativo. Marília aponta também a importância de “oferecer apoios aos

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estudantes que precisam de algum tipo de ajuda para realizar as propostas” a fim de
garantir o “direito à igualdade de oportunidades”, reiterando que “é preciso conhecer
muito bem os alunos para saber qual é o apoio que necessitam”. A propósito, a
Convenção da ONU, já mencionada, garante medidas de apoio para pessoas com
deficiência, no âmbito do sistema educacional geral, objetivando sua “inclusão plena”.
A principal medida de apoio é o atendimento educacional especializado (AEE).

Uma escola inclusiva é uma escola que inclui a todos, sem discriminação, e a
cada um, com suas diferenças. Perseguindo a aprendizagem de forma ampla e
colaborativa, oferecendo oportunidades iguais para todos e estratégias diferentes para
cada um, de modo que todos possam desenvolver seu potencial.

Fonte: PAGANELLI, Raquel. Qual é o preparo necessário para incluir um estudante com deficiência?
Instituto Rodrigo Mendes. DIVERSA. São Paulo : 2017. Disponível em:
<https://diversa.org.br/artigos/qual-e-o-preparo-necessario-para-incluir-um-estudante-com-
deficiencia/?gclid=CjwKCAjwhaaKBhBcEiwA8acsHFNyNKbi6ty5LNV9tYk-CEw7rxy-
rlXdFLTC3sGJLdG8kNbsRnG1jxoClK4QAvD_BwE>. Acesso em 02 Set. 2021.

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