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FACEFI - FACULDADE DO CEFI

BACHARELADO EM PSICOLOGIA

BFB – BASES FILOSÓFICAS DA PSICOLOGIA

RESENHA DO LIVRO “LÓGICA INFORMAL”, DE DOUGLAS N.


WALTON

GABRIEL FRANÇA FERREIRA

27 de abril de 2022
RESENHA DO LIVRO “LÓGICA INFORMAL”, DE DOUGLAS N.
WALTON

O livro “Lógica informal”, de Douglas N. Walton, dá início, em seu prefácio,


afirmando que seu livro serve principalmente como um manual para a análise crítica de
argumentos, majoritariamente, em situações controversas com estruturas abstratas de
diálogos contendo inúmeras variáveis dependentes do contexto sociocultural, da língua
falada e do “eu” (self) intrínseco. Incluindo uma abordagem mais prática e
específica(includente); e assim, como é dito por Kant:

“A experiência é um conhecimento empírico, isto é, um conhecimento que


determina um objeto mediante por percepções. É, pois, uma síntese das
percepções, que não está contida na percepção, antes contém, numa
consciência, a unidade sintética do seu diverso, unidade que constitui o
essencial de um conhecimento dos objetos dos sentidos, isto é, da experiência”
(Kant, Crítica da razão pura, 2001, Edição da Fundação Calouste Gulbenkian,
p.88)

Ou seja, a pessoa, dentro de sua ótica, é dependente da experiência empírica


pessoal. Assim, em um debate, os argumentos podem estar corretos, dentro na lógica da
semântica e pragmática, entretanto, no contexto da lógica informal há possibilidade de
erro, pois a resposta do indivíduo pode ser ausente de sentido contextual para o outro por
causa do limite da percepção individual de cada sujeito, Lembrando que seria diferente
em uma situação de discordância de argumento, no qual há entendimento contextual e
semântico, todavia um dos indivíduos não concorda com outro. Desta forma, Douglas N.
Walton delibera a imparcialidade, cientificismo e a semântica das “preposições que
constituem o argumento”1 dentro da teoria da lógica formal, como é dito por ele em:

“Um problema típico da pragmática lógica é que, num dado argumento, vários
fatores importantes dos diálogos podem ser obscuros, imprecisos, ambíguos
e difíceis de localizar. [...] Boa parte do trabalho da pragmática lógica reside
nessa fase preliminar, quando deve ficar claro o que é argumento.”
(WALTON, Lógica informal: manual da argumentação crítica, 2012, p. 4)

1
“Lógica informal”, Douglas N. Walton, página 3.
Em nove capítulos, Douglas N. Walton descreve o funcionamento das falácias2,
apelos às emoções3 e às autoridades4, o ad hominem 5 e das outras formas argumentativas6
que são feitos de base para a lógica formal e informal. Dentro de cada capítulo, é dado
exemplos reais e hipotéticos bem fundamentados e descritos, para que, ao leitor, seja
entendido facilmente e compreendido, por conseguinte, fortalecendo a ótica da lógica
informal, por isso o livro “Lógica informal”, transforma-se e se autodenomina um manual
lógico e de auxílio para todos com interesse em aprofundar-se dentro de diversas
faculdades mentais que usam a linguística como ferramenta principal.
A sua crítica, como é descrito antes, é mirada para a lógica pragmática e a
semântica(teoria) lógica, como é descrito no seu primeiro capítulo; dentro de muitas
meditações feita pelo autor, é priorizado o contexto pessoal dentro das preposições, como
no exemplo do marinheiro7:

“A resposta do marinheiro à pergunta do outro homem foi perfeitamente


razoável e apropriada, só que não naquele contexto de diálogo, já que o autor
da pergunta era o capitão. Numa resposta ao capitão, os procedimentos de
diálogo são muito diferentes [...] A resposta do marinheiro foi semanticamente
apropriada dentro do que ele supôs ser o contexto do diálogo.” (WALTON,
Lógica informal: manual da argumentação crítica, 2012, p. 3)

No exemplo, a lógica semântica, baseada no conjunto de proposições, daria a


proposição como válida, pois a fala do marinheiro teria conexão com o que foi dito pelo
capitão. Mas, na lógica informal, a fala do marinheiro não poderia ser válida, pois em sua
ótica, a pergunta de seu capitão era sobre a posse do objeto em si, e não sobre o
responsável pela limpeza do navio. Como é explicado por ele logo em seguida:

“O contexto da disputa não era a questão do direito à ponta de cigarro achada


no chão. Assim, do ponto de vista prático, a resposta do marinheiro foi
totalmente inadequada, já que ele se equivocou quanto ao propósito da

2
Capítulo 8, “Erros indutivos, vieses e falácias”.
3
Capítulo 4, “Apelos à emoção”.
4
Capítulo 7, “Apelos à autoridade”.
5
Capítulo 6, “Ataque pessoal na argumentação”.
6
Capítulos 1, 2, 3, 5, 9, “O argumento como diálogo racional”, Perguntas e respostas no diálogo”,
“Críticas por não-pertinência”, “Argumentos válidos”, Argumentação em linguagem natural”,
respectivamente.
7
Capítulo 1, “Argumentação como diálogo racional”, página 2 e 3.
pergunta.” (WALTON, Lógica informal: manual a argumentação crítica, 2012,
p.3)

Pode-se, também, fazer referência a outros inúmeros exemplos, os quais também


remetem a outros princípios, como o de Sarah Flamingo8 usando a falácia9, no exemplo
é feito a proposição que todo corpo celestial está em órbita no espaço, logo em seguida,
ao ser descrita por seu talento, Sarah é comparada por uma estrela e no último pensamento
é afirmado que ela estaria em órbita. Ao ser chamada de uma estrela, o argumento torna-
se ambíguo, pois a palavra “estrela” dentro de muitas culturas remete à popularidade de
certo astro, logo, “estrela” não seria apenas um objeto cosmológico. Assim, como é
descrito por Douglas em:

“O argumento não é válido. De acordo com a interpretação mais plausível que


consideramos, as premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa. [...] O
equívoco pode funcionar como uma falácia. [...] O que faz o equívoco
funcionar é a mudança contextual. Somos levados a uma interpretação de
“estrela” para tornar uma das premissas plausivelmente verdadeira, mas somos
levados em outra direção no contexto de outra premissa. Puxados nas duas
direções, nós nos equivocamos. O problema do equívoco é que ele não é, de
maneira nenhuma, um único argumento.” (WALTON, Lógica informal:
manual da argumentação crítica, 2012, p.352 e p.353)

Tendo em vista o argumento. A meditação, feita pelo autor Douglas N. Walton,


descreve perfeitamente o que é a lógica informal e o que é a falácia dentro de um simples
exemplo com menos de 3 linhas. Demonstrando, por conseguinte, o Livro “Lógica
informal: manual da argumentação crítica” a posição de um estudo fácil e compreensível,
além disso, como um fator importante para a ciência, afirma sua posição de mudança, ao
querer criticar as deliberações da Lógica formal, considerada por ele, antiquada
atualmente10. Douglas N. Walton foi um canadense, nascido em 2 de junho de 1942 e
veio à falecimento no dia 3 de janeiro de 2020, pesquisador do Centre for Research in
Reasoning, Argumentation, and Rhetoric (CRRAR) na Universidade de Windsor,
Ontário, Canadá, tendo seu PhD na Universidade de Toronto, 1972.

8
Capítulo 9, “Argumentação em linguagem”, página 351
9
Capítulo 8, “Erros Indutivos, Vieses e Falácias”, página 277
10
Prefácio. XII

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