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ANO O
COMO A n a d a GaSmFaARIA
DOMLINUÍGOS VERÍSSIMO
PENSAR
TUDO ISTO?
génio
maligno
Causalidade
Cogoitsou,m
erg
Fé
MAS razão Falsificação
A RT I S T O É
E? Popper Paradigmas
Kuhn
Arte
Mudarnaçad igma
d e pa
www.comopensartudoisto11.asa.pt
ÍNDICE
Apresentação ................................................................................................................................ 3
;ϭͿhŵŵĂŶƵĂůĐĞŶƚƌĂĚŽĞŵƉƌŽďůĞŵĂƐ
Tal como é sugerido pela citação em epígrafe e pelo próprio título do manual, acreditamos que, no
ensino da filosofia, o que importa não é dizer aos alunos o que pensar, mas sim como pensar, ou seja, muni-
-los de um conjunto de ferramentas que os ajudem a pensar de modo ĐƌşƚŝĐŽ e ĨƵŶĚĂŵĞŶƚĂĚŽ acerca da
natureza da realidade, do conhecimento e dos valores, desenvolvendo uma compreensão mais profunda de
si próprios e da realidade que os rodeia.
Por este motivo, consideramos que é essencial não perder de vista os ƉƌŽďůĞŵĂƐ. São eles o ƉŽŶƚŽ
ĚĞ ƉĂƌƚŝĚĂ para todo o trabalho filosófico e as ƚĞŽƌŝĂƐ e ĂƌŐƵŵĞŶƚŽƐ estudados devem ser entendidos
como ƉŽƐƐşǀĞŝƐ ƌĞƐƉŽƐƚĂƐ para os mesmos, pelo que devem ser submetidas a uma cuidadosa ĂǀĂůŝĂĕĆŽ
ĐƌşƚŝĐĂ e não ser ensinadas como uma simples coleção de ideias para decorar.
Para favorecer este tipo de ensino, e não uma mera retrospetiva da história do pensamento e das
ideias, todas as secções deste manual se desenrolam em torno de ƉƌŽďůĞŵĂƐ ĨŝůŽƐſĨŝĐŽƐ ĨƵŶĚĂŵĞŶƚĂŝƐ
expressamente formulados na abertura das mesmas, sendo os ƚĞdžƚŽƐ e as ŽƉŝŶŝƁĞƐ dos filósofos encarados
apenas como um contributo valioso para a ĚŝƐĐƵƐƐĆŽĐƌşƚŝĐĂ e ŝŶĨŽƌŵĂĚĂ acerca desses mesmos problemas.
Assim, temos a seguinte lista de problemas centrais por cada capítulo:
• Capítulo 1:
– O que é o conhecimento?
– Será o conhecimento possível?
• Capítulo 2:
– Como distinguir ciência de não-ciência?
– Como progride a ciência?
– Serão as teorias científicas objetivamente verdadeiras ou falsas?
• Capítulo 3:
– O que é a arte?
• Capítulo 4:
– Será racional ter fé em Deus?
• Capítulo 5:
– Como escrever ensaios filosóficos?
;ϮͿhŵŵĂŶƵĂůĂĚĂƉƚĄǀĞůĂŽƐǀĄƌŝŽƐĐŽŶƚĞdžƚŽƐ
Para além de estruturar o manual em torno de problemas, procurámos criar um manual que se
ajustasse às diferentes necessidades de cada professor e de cada turma, fornecendo ƉĞƌĐƵƌƐŽƐ
ĚŝĨĞƌĞŶĐŝĂĚŽƐ: o manual conta com (i) ƚĞdžƚŽƐĨŝůŽƐſĨŝĐŽƐ clássicos e contemporâneos, que podem ser alvo
de uma análise direta em sala de aula, mas também conta com uma (ii) ĞdžƉŽƐŝĕĆŽĐůĂƌĂĞƐŝƐƚĞŵĄƚŝĐĂ, num
tom dialogante com os alunos, das principais ideias e argumentos incluídos nesses textos, bem como com a
(iii) ĨŽƌŵƵůĂĕĆŽĞdžƉůşĐŝƚĂ na forma canónica dos argumentos centrais sob análise. O professor pode optar
por explorar cada uma destas três possibilidades isoladamente, ou combiná-las do modo que considerar
mais ĂĚĞƋƵĂĚŽăƐŶĞĐĞƐƐŝĚĂĚĞƐĚŽƐƐĞƵƐĂůƵŶŽƐ.
;ϯͿhŵŵĂŶƵĂůĐŽŵƌĞĐƵƌƐŽƐĚŝĚĄƚŝĐŽƐĚŝǀĞƌƐŝĨŝĐĂĚŽƐ
Tivemos ainda a preocupação de fazer um manual que potencie a eficácia do processo de ensino-
-aprendizagem, ĞǀŝĚĞŶĐŝĂŶĚŽ ĂƐ ĂƉƌĞŶĚŝnjĂŐĞŶƐ ĨƵŶĚĂŵĞŶƚĂŝƐ quer no início de cada secção, onde são
enunciados de forma clara e direta os objetivos a atingir, quer no final, onde são apresentados ĞƐƋƵĞŵĂƐ e
ƐşŶƚĞƐĞƐdetalhados dos conteúdos.
A preocupação didática está ainda presente no recurso a ŝŵĂŐĞŶƐ e ďĂŶĚĂƐ ĚĞƐĞŶŚĂĚĂƐ
cuidadosamente elaboradas para potenciar a assimilação dos conteúdos; na rubricaΗ/ĚĞŝĂƐĞŵĚŝĄůŽŐŽΗ, na
qual vemos os filósofos recorrer às redes sociais para discutir e contrapor os seus pontos de vista, facilitando
a apreensão por parte dos alunos da controvérsia em análise; e também na nova rubrica ΗĞƐĂĨŝŽΗ, onde os
alunos são estimulados a pensar por si mesmos antes de avançarem na exploração do texto didático.
Além disso, incluímos um diversificado leque de ƋƵĞƐƚƁĞƐ ĚĞ ƌĞǀŝƐĆŽ e de ĚŝƐĐƵƐƐĆŽ ao longo da
exposição dos conteúdos, bem como ƚĞƐƚĞƐĨŽƌŵĂƚŝǀŽƐ no final de cada capítulo de aprendizagem.
Por fim, resta-nos destacar que, para favorecer a motivação dos alunos para a aprendizagem, este
manual oferece também um conjunto de ƌĞĐƵƌƐŽƐ ŵƵůƚŝŵĠĚŝĂ que vão desde ƐŝŵƵůĂĚŽƌĞƐ, como o
ΗƉŝƐƚĞŵŝĐĂŵĞŶƚĞΗe oΗƐƚĞƚŝĐĂŵĞŶƚĞΗ, que permitem testar de uma forma lúdica as intuições dos alunos
em relação aos problemas que irão discutir, gerando curiosidade em relação às teorias que irão ser
analisadas; ǀşĚĞŽƐ e ĂŶŝŵĂĕƁĞƐ, com a exposição de conteúdos e experiências de pensamento que
permitem esclarecer conceitos, testar teorias, argumentos e as respetivas implicações, bem como explorar
as nossas intuições relativamente aos mesmos; um RPG (Role Playing Game), intitulado "/ŶƋƵŝĞƚĂŵĞŶƚĞ",
onde o aluno encarna a pele de um jovem filósofo e se aventura a explorar as ilhas de Skepcis, Logon e
Empeiria, descobrindo informações importantes acerca do ceticismo, do racionalismo e do empirismo; e,
por fim, um assistente virtual com a figura de Sócrates, que pode ser utilizado pelo aluno para obter
informação rápida acerca dos conteúdos previstos nas Aprendizagens Essenciais de 10.° e de 11.° anos.
Estes recursos contribuem para tornar o ĞŶƐŝŶŽĚĂĨŝůŽƐŽĨŝĂ mais ĞƐƚŝŵƵůĂŶƚĞ e ĂƉĞůĂƚŝǀŽ.
Estaremos sempre ao vosso dispor através do site de apoio www.comopensartudoisto.asa.pt para
esclarecimento de ƋƵĞƐƚƁĞƐ, ƉĂƌƚŝůŚĂ ĚĞ ŵĂƚĞƌŝĂŝƐ e ŝŶĨŽƌŵĂĕƁĞƐ sobre ĐŽŶĐƵƌƐŽƐ, ĐŽŶĨĞƌġŶĐŝĂƐ,
ůĂŶĕĂŵĞŶƚŽƐĚĞůŝǀƌŽƐ, ĨŝůŵĞƐ e outros temas com relevância filosófica.
COMPONENTES DO PROJETO
WƌŽĨĞƐƐŽƌ
– Manual do Professor
– Caderno do Estudante
– Dossiê do Professor
– രdo Professor
– Site de apoio: www.comopensartudoisto.asa.pt
DĂŶƵĂů
• O manual Como pensar tudo isto? encontra-se dividido em cinco capítulos, seguindo diretamente as
Aprendizagens Essenciais da disciplina.
• Cada capítulo começa sempre com um problema, bem como com um estímulo inicial (uma
experiência de pensamento) para introduzir e motivar os alunos para a discussão do problema em
causa (exceto o último capítulo, que oferece orientações práticas para a elaboração de ensaios
filosóficos).
• Ao longo das secções surgem desafios que interpelam o aluno e o convidam a pensar de forma
autónoma antes de conhecer as teorias, argumentos e contra-argumentos da história da filosofia.
• Os capítulos estão recheados de esquemas integradores, ilustrações, bandas desenhadas e diálogos
imaginários entre os filósofos, com o objetivo de ajudar o aluno a captar os aspetos essenciais da
discussão de uma forma didática e divertida.
• Há notas laterais para o aluno e para o professor, que ajudam a esclarecer melhor certos conceitos
ou que fornecem informações sobre outros aspetos relevantes.
• Ao longo das páginas de exposição dos problemas, teorias e argumentos surge um leque muito
diversificado de questões de interpretação e revisão, bem como propostas para discussão.
• No final de cada capítulo, encontram-se uma síntese por esquema e uma síntese por tópicos.
• Também no final dos capítulos há sempre um teste formativo para testar os conhecimentos dos
alunos.
ĂĚĞƌŶŽĚŽƐƚƵĚĂŶƚĞ
No Caderno do Estudante começamos por fornecer um conjunto de ŽƌŝĞŶƚĂĕƁĞƐ ƉƌĄƚŝĐĂƐ para o
estudo, para os testes de avaliação, para a análise textual e para as apresentações orais. O objetivo destas
orientações é dirigir os esforços dos alunos e assegurar a eficácia do processo de ensino-aprendizagem.
Na segunda parte, fornecemos aos alunos ƌĞƐƵŵŽƐƐĞŐƵŝĚŽƐĚĞƋƵĞƐƚƁĞƐ de V ou F para verificação
das aprendizagens.
Na terceira parte são disponibilizadas ĨŝĐŚĂƐ ĨŽƌŵĂƚŝǀĂƐ (1 por capítulo) com um vasto leque de
questões, incluindo questões de Exame Nacional.
A quarta parte é constituída por um conjunto de ƚĞdžƚŽƐ ĚĞ ĂƉŽŝŽ Ğ ƋƵĞƐƚƁĞƐ ĚĞ ǀĞƌŝĨŝĐĂĕĆŽ ĚĂ
ůĞŝƚƵƌĂ, que podem ser trabalhados quer em sala de aula, quer como ferramenta de estudo autónomo,
podendo ainda ser utilizados como elementos de avaliação formativa ou sumativa (questão-aula).
Por fim, a quinta e última parte do Caderno do Estudante contém uma ƉƌŽǀĂͲŵŽĚĞůŽ de preparação
para o Exame Nacional.
As soluções ou cenários de resposta de todos os exercícios do Caderno do Estudante estão disponíveis
online, em .
ŽƐƐŝġĚŽWƌŽĨĞƐƐŽƌ
O Dossiê do Professor encontra-se estruturado de acordo com as seguintes secções:
– Multimédia
– Planificações e DAC
– Laboratórios Mentais
– Material Complementar
– Fichas de Avaliação
– Questões
– Temas/problemas
– Avaliação
– Prova-modelo de exame
A secção DƵůƚŝŵĠĚŝĂ inclui um Guião de recursos multimédia e um Roteiro da plataforma Aula Digital,
para apoio à utilização da componente multimédia do projeto.
A secção WůĂŶŝĨŝĐĂĕƁĞƐ Ğ encontra-se disponível apenas online, em formato editável. Poderá
contar com as habituais planificações de médio e longo prazo, bem como com propostas de
interdisciplinaridade (DAC) e sugestões de exploração de conteúdos de Cidadania e Desenvolvimento.
Na secção >ĂďŽƌĂƚſƌŝŽƐDĞŶƚĂŝƐ são exploradas as várias experiências de pensamento apresentadas
ao longo do manual, bem como cenários de resposta para os desafios que as acompanham.
Na secção DĂƚĞƌŝĂů ŽŵƉůĞŵĞŶƚĂƌ disponibilizamos aos colegas alguns materiais que exploram
conteúdos que não são contemplados nas Aprendizagens Essenciais, mas que nos parecem ser
enriquecedores do processo de ensino-aprendizagem.
Na secção seguinte, encontram-se &ŝĐŚĂƐĚĞǀĂůŝĂĕĆŽ (1 por capítulo) prontas a ser implementadas,
acompanhadas pelos respetivos critérios de correção de acordo com a estrutura dos Exames Nacionais.
A secção YƵĞƐƚƁĞƐ apresenta cerca de 20 perguntas de escolha múltipla, 8 perguntas de resposta
curta e 2 perguntas de desenvolvimento para cada capítulo, bem como os respetivos critérios de correção.
O objetivo deste recurso é facilitar a produção de novos materiais didáticos compondo novos testes e fichas
com base nas questões fornecidas.
Na secção de dĞŵĂƐͬWƌŽďůĞŵĂƐ, que estará disponível online, sugerem-se materiais a discutir com os
alunos relativos aos tópicos "A redefinição do humano pela tecnociência" e "A legitimidade da
experimentação animal".
A secção ǀĂůŝĂĕĆŽ disponibiliza orientações gerais e propostas de grelhas de avaliação para auxiliar
na tarefa de avaliar os ensaios filosóficos e as apresentações orais realizadas pelos alunos.
Por fim, na última secção, disponibiliza-se uma WƌŽǀĂͲDŽĚĞůŽ, acompanhada dos respetivos critérios
de correção, com o objetivo de auxiliar na preparação dos alunos para a realização do Exame Nacional.
O projeto integra ainda o ĂĚĞƌŶŽĚĞ^ŽůƵĕƁĞƐ, com propostas de resolução de todos os exercícios e
fichas formativas do manual, e que será disponibilizado num formato pequeno e de prática utilização a
todas as escolas que adotem o projeto.
Os Autores
COMO
PENSAR
TUDO ISTO?
Título
DƵůƚŝŵĠĚŝĂ
Título
• Guião de recursos multimédia
• Guiões de visionamento de filmes e séries
• – Guia do utilizador – Professor
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KE,/DEdK
^ŝŵƵůĂĚŽƌʹ/ŶƋƵŝĞƚĂŵĞŶƚĞϭ͘Ϭ
localização, deverá demonstrar ter conhecimentos sobre os
princípios de cada corrente. No final, é convidado a escolher
qual a corrente com que mais se identifica, momento em que
Sócrates questionará a sua escolha, apresentando críticas à
corrente escolhida.
Assistente virtual que permite que o utilizador coloque questões
sobre a matéria de Filosofia (10.° e 11.° anos), sendo as mesmas
ŚĂƚďŽƚʹ^ſĐƌĂƚĞƐϭ͘Ϭ
respondidas com informação em texto ou com sugestões para
consulta de recursos multimédia.
Atividades interativas complementares (perguntas de resposta
ƚŝǀŝĚĂĚĞƐŝŶƚĞƌĂƚŝǀĂƐ fechada com correção automática) para todas as secções de
exercícios do manual (secções intituladas #agora_pensa).
Teste interativo composto por 10 questões com correção
dĞƐƚĞŝŶƚĞƌĂƚŝǀŽϭ
automática e relatório de desempenho.
Teste interativo composto por 10 questões com correção
dĞƐƚĞŝŶƚĞƌĂƚŝǀŽϮ
automática e relatório de desempenho.
Permite gerar testes segundo o modelo do exame nacional,
selecionando o tipo e o número de questões, o capítulo ou os
^ŝŵƵůĂĚŽƌĚĞdžĂŵĞƐ capítulos que serão testados, e a origem das questões (exames
s>/K
W1dh>KϮ͗ /E/KE^dZhK͵s>/sZ/&//>/^,/WMd^^
Z/KE>//Ed1&/Yh^dKK:d/s/
W1dh>Kϯ͗Z/KZd1^d/KZZd
/ĚĞŝĂƐĞŵĚŝĄůŽŐŽʹĞůůĞ
Collingwood sobre a teoria da arte defendida por Collingwood.
ŽůůŝŶŐǁŽŽĚ
O diálogo recria o ambiente da popular aplicação WhatsApp©.
Divertida animação de um diálogo ficcionado entre Carroll e Bell
/ĚĞŝĂƐĞŵĚŝĄůŽŐŽ͗ĂƌƌŽůůĞĞůů sobre o caráter viciosamente circular da teoria formalista.
O diálogo recria o ambiente da popular aplicação WhatsApp©.
Divertida animação de um diálogo ficcionado entre Levinson
/ĚĞŝĂƐĞŵĚŝĄůŽŐŽ͗>ĞǀŝŶƐŽŶĞ
e Dickie sobre a teoria institucional da arte. O diálogo recria o
ŝĐŬŝĞ
ambiente da popular aplicação WhatsApp©.
Divertida animação de um diálogo ficcionado entre Banksy
/ĚĞŝĂƐĞŵĚŝĄůŽŐŽ͗ĂŶŬƐLJĞ
e Levinson em torno das críticas à teoria histórica da arte.
>ĞǀŝŶƐŽŶ
O diálogo recria o ambiente da popular aplicação WhatsApp©.
ƉƌĞƐĞŶƚĂĕĆŽʹĐƌŝĂĕĆŽĂƌƚşƐƚŝĐĂĞ Apresentação em formato PowerPoint© sintetizando a matéria
ĂŽďƌĂĚĞĂƌƚĞ do capítulo.
ƵĚŝŽͲƌĞƐƵŵŽ Resumo da matéria do capítulo apresentado em formato áudio.
Simulador em que são apresentados diversos artefactos
escondidos dentro de uma mina. Depois de analisar os
artefactos, o utilizador deve determinar se, na sua opinião, são
ou não obras de Arte.
Quando todas as suas escolhas são contabilizadas, recebe um
^ŝŵƵůĂĚŽƌʹƐƚĞƚŝĐĂŵĞŶƚĞϭ͘Ϭ
feedback personalizado quanto à Teoria da Arte para que tem
maior inclinação.
A utilização do simulador ao longo do estudo das perspetivas
analisadas neste capítulo pode revelar uma evolução nas
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inclinações do aluno.
Assistente virtual que permite que o utilizador coloque questões
sobre a matéria de Filosofia (10.° e 11.° anos), sendo as mesmas
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respondidas com informação em texto ou com sugestões para
consulta de recursos multimédia.
Atividades interativas complementares (perguntas de resposta
ƚŝǀŝĚĂĚĞƐŝŶƚĞƌĂƚŝǀĂƐ fechada com correção automática) para todas as secções de
exercícios do manual (secções intituladas #agora_pensa).
Teste interativo composto por 10 questões com correção
dĞƐƚĞŝŶƚĞƌĂƚŝǀŽϭ
automática e relatório de desempenho.
Teste interativo composto por 10 questões com correção
dĞƐƚĞŝŶƚĞƌĂƚŝǀŽϮ
automática e relatório de desempenho.
Permite gerar testes segundo o modelo do exame nacional,
selecionando o tipo e o número de questões, o capítulo ou os
^ŝŵƵůĂĚŽƌĚĞdžĂŵĞƐ capítulos que serão testados, e a origem das questões (exames
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ŝƐƉŽŶşǀĞŝƐĞŵ ;ũƵŶŚŽĚĞϮϬϮϮͿ͗
ͻ'ƵŝƁĞƐĚĞǀŝƐŝŽŶĂŵĞŶƚŽĚĞĨŝůŵĞƐĞƐĠƌŝĞƐ
Índice
I. Aula Digital – o que é e como aceder?
III. Explorar os manuais digitais
III.. Explorar os recursos exclusivos do Professo
sor
a. Dossiê do Professor
b Banco de Recursos
b.
IV. Exp
xplorar os recursos do Aluno
V. Criar
ar e editar aulas e testes interativo
vos
VI. Comun
unicar e orientar o estudo dos
s alunos
a. Comu
municar
b. Enviarr e acompanhar a realizaç ção
de trabbalhos e testes interativ
vos
c. Partilharr recursos
1 2
3
4
ϮϬ © Como pensar tudo isto? ʹ&ŝůŽƐŽĮĂͼϭϭ͘ΣĂŶŽ
A Aula Digital está organizada nas seguintes áreas:
As minhas salas
Área de comunicação
Biblioteca com os alunos através
Manuais e recursos digitais da criação de salas, que
a eles associados, permitem atribuição
incluindo materiais de trabalhos e testes
exclusivos do Professor. interativos (com relatório
detalhado de resultados).
Para explorar
uma publicação
em conjunto com
os seus recursos
digitais, basta
clicar sobre a
capa.
Na pasta
Novidades serão
disponibilizados
novos materiais
ao longo do ano.
OFFLINE
Todas as publicações e recursos digitais disponíveis na Biblioteca estão
também acessíveis offline através da app Aula Digital,
Ϯϰ em computador, tablet ou smartphone.
Versão
para download
b. Banco de Recursos
Estes recurs
os podem se
pesquisados r
pelos temas
curriculares
ou por palav
chave. ra
Para criar um novo teste interativo com correção automática basta: Tutorial: Criar um
teste interativo
1. Entrar na área Os meus testes;
2. Clicar em Novo teste;
3. Preencher o título, as instruções e a duração do teste;
4. Adicionar questões ao teste, clicando em:
•Questão do banco – para adicionar questões disponíveis
na área Biblioteca;
• Nova questão – para criar questões que podem incluir imagens,
áudios e fórmulas matemáticas.
5. Clicar em Gravar.
Depois de adicionar
todas as questões
ao teste é possível
definir diferentes
pesos para cada
uma das questões.
Ϯϳ
Tutorial: Criar uma
Para criar uma nova aula interativa, ou seja, uma nova sequência aula interativa
pedagógica de recursos digitais, basta:
1. Entrar na área As minhas aulas;
2. Clicar em Nova aula;
3. Preencher o título, o sumário, a duração e carregar um plano
(facultativo);
4. Adicionar recursos à aula, clicando em:
• Recursos – para adicionar recursos da Biblioteca ou do Banco de Recursos;
• Páginas – para adicionar páginas de qualquer livro disponível na Biblioteca;
• Testes – para adicionar um teste interativo da Biblioteca, do Banco
de Recursos ou da área Os meus testes;
• Ficheiro – para adicionar os seus próprios recursos;
• Texto – para adicionar texto;
• Link – para adicionar links para páginas da Internet ou vídeos do YouTube.
5. Clicar em Gravar.
5
3
4
As aulas e os
testes interativos
criados pelo Professor
também podem ser
partilhados com os
alunos através da
área As minhas
salas. Os testes interativos podem
ser exportados em formato
Word®.
As aulas e os
testes interativos
existentes na
Biblioteca podem
ser copiados para
as áreas de edição
– As minhas aulas
e Os meus testes –
para serem editados
e adaptados à
realidade das suas
turmas.
Ϯϴ © Como pensar tudo isto? ʹ&ŝůŽƐŽĮĂͼϭϭ͘ΣĂŶŽ
Tutorial: Criar uma
VI. Comunicar e orientar o estudo sala e associar alunos
a. Comunicar
Os alunos podem
responder e colocar
as suas questões num
ambiente moderado
pelo Professor.
Ϯϵ
Tutorial: Enviar um
b. Enviar e acompanhar a realização de trabalhos teste
e testes interativos
3
2
ϯϬ
Tutorial: Enviar um
Para enviar um trabalho basta: trabalho
1. No menu Trabalhos, clicar em Novo Trabalho;
2. Preencher o Título e o Enunciado do trabalho;
3. Definir a data e a hora de início e de fim da realização do trabalho;
4. Indicar se o trabalho terá avaliação;
5. Selecionar os recursos de apoio à realização do trabalho;
6. Selecionar os alunos a quem pretende enviar o trabalho.
4
5
3
6
Ao longo da
realização de um
trabalho, o Professor
pode esclarecer
individualmente
as dúvidas
de cada aluno.
da área As minhas
salas.
do Google Classroom.
do Teams, do
Moodle ou de outras
plataformas de
comunicação, copiando
e colando o link.
Planificações
e DAC
3ODQLƚFD©·HV
e DAC
COMO
PENSAR
TUDO ISTO?
Planificações e DAC
Disponível em formato editável em (junho de 2022)
• Planificações
• Cidadania e Desenvolvimento
• Exemplos de DAC
COMO
PENSAR
TUDO ISTO?
Laboratórios
mentais e Cenários
de resposta
Disponível em formato editável em
A nossa tendência natural (e dos nossos alunos também) é considerar que se trata de um cenário
muito artificial. No mundo real há sempre mais alternativas do que aquelas que nos são apresentadas. Ou
então começar a introduzir novas variáveis, os frequentes “E se...” que ouvimos nas aulas: “E se fosse um
familiar próximo?”; “E se fosse um criminoso?”; “E se fosse uma pessoa que já estava muito doente?”.
Temos de pedir alguma paciência a estas mentes curiosas e explicar-lhes que diferentes “E se...” permitem
testar coisas diferentes. Tal como na experiência científica se houvesse alguém a dormir muito mais horas
do que os outros já não teríamos condições de saber se o seu comportamento se devia à ingestão de
cafeína, ou não.
Claro que podemos sempre criar variantes da experiência original para testar coisas diferentes. Tal
como no exemplo da cafeína, também podemos fixar a quantidade de cafeína ingerida nos dois grupos e
fazer variar a quantidade de horas de sono, por exemplo, para tentar perceber a influência desse fator no
nosso comportamento. Os “E se...” que sugerimos anteriormente permitiriam testar, por exemplo, se
achamos que temos obrigações especiais para com aqueles que nos são mais próximos, se o bem-estar de
um criminoso deve contar tanto como o bem-estar de uma pessoa inocente, se a quantidade de bem-estar
futuro é moralmente relevante, etc.
Uma outra vantagem das experiências de pensamento é que nos permitem refletir sobre coisas que
não poderíamos e/ou não deveríamos testar na vida real. Não convém andar por aí a amarrar pessoas às
linhas do elétrico para perceber se temos intuições deontologistas ou consequencialistas!
Assim, mesmo quando estamos a considerar cenários meramente hipotéticos bastante improváveis,
a utilidade das experiências mentais é inquestionável, porque o seu objetivo não é descrever a realidade,
mas sim ajudar-nos focar a nossa atenção em certos aspetos fundamentais, de modo a pensarmos com
mais clareza e rigor sobre certos assuntos.
W1dh>Kϭ͵W/^dDK>K'/
• Como escapar da Matrix͍;Ɖ͘ϴͿ͗
Trata-se de uma recriação da Alegoria da Caverna, de Platão, ou seja, é um cenário onde as coisas
estão dispostas de maneira que acabamos por confundir meras aparências com a verdadeira natureza
das coisas. Nesta versão, máquinas dotadas de inteligência artificial ligaram os nossos cérebros a um
supercomputador, mergulhando as nossas mentes numa simulação perfeita da sociedade no final do
século XX chamada Matrix. Uma vez que essa simulação é indistinguível da realidade, não temos
qualquer motivo para suspeitar que estamos a ser vítimas de semelhante ilusão. O objetivo desta
experiência é despertar a curiosidade dos alunos para o problema da possibilidade do conhecimento,
chamando a sua atenção para o desafio que cenários céticos como o apresentado representam para
as nossas pretensões de que temos conhecimento. Assim, o diálogo com os alunos pode servir para
testar as suas intuições em relação ao referido problema. Aqueles que se inclinam para abraçar o
ceticismo e aqueles que o rejeitam. Pode ainda ser percetível, pelo tipo de exemplos que apresentam
para justificar a rejeição do ceticismo, se o aluno se inclina mais para o racionalismo ou para o
empirismo.
Cenários de resposta
ƉĕĆŽ ͗ Não. Os cenários como o apresentado mostram-nos que nunca poderemos estar certos de que
K
sabemos seja o que for, porque só temos um conhecimento seguro se tivermos uma boa justificação para
aquilo em que acreditamos; mas, uma vez que nunca poderemos saber que não estamos a viver num cenário
como o apresentado, as nossas crenças ou são falsas ou, se são verdadeiras, são-no apenas por acaso. Assim,
uma vez que jamais teremos uma crença que não seja verdadeira a não ser por acaso, jamais teremos um
conhecimento seguro.
KƉĕĆŽ͗ Sim. Embora este tipo de cenário possa abalar a maioria das nossas certezas, há pelo menos uma
coisa que podemos saber com toda a certeza: que existimos, pois, para que possamos estar a ser iludidos,
temos pelo menos de existir.
KƉĕĆŽ͗Sim. Embora este tipo de cenário possa abalar a maioria das nossas certezas, podemos estar certos
da nossa experiência imediata. Isto é, embora possa não existir nada do que estou, neste momento, a ver, a
ouvir, a cheirar, etc., a verdade é que posso estar certo de que estou a ter determinadas experiências visuais,
auditivas, olfativas, etc. Por exemplo, “Estou a ter uma sensação de azul” ou “Estou a ter uma sensação de
calor” são proposições que posso saber que são verdadeiras, mesmo que essas sensações estejam a ser
provocadas por uma simulação da Matrix.
• hŵƉĂůƉŝƚĞĂĨŽƌƚƵŶĂĚŽ;Ɖ͘ϭϬͿ͗
Trata-se de uma situação hipotética em que alguém faz um palpite afortunado, ou seja, um sujeito
que formou uma crença que, por acaso, se vem a revelar verdadeira, apesar de não ter qualquer
justificação para isso. O objetivo deste laboratório mental é levar o aluno a perceber a importância
da justificação para o conhecimento. Este facto ocupará um lugar de destaque na argumentação
cética que será o ponto de partida para a discussão acerca da possibilidade do conhecimento.
Cenário de resposta
Não, antes de ter verificado que a chave sorteada correspondia à sua aposta não se pode dizer que o João
sabia que lhe tinha saído o Euromilhões, porque, aparentemente, não tinha boas razões para acreditar naquilo
em que acreditava, e foi apenas por mero acaso que a sua crença se veio a revelar verdadeira.
• ŚŝƉſƚĞƐĞĚŽ'ĠŶŝŽDĂůŝŐŶŽ;Ɖ͘ϮϵͿ
Trata-se de uma das mais célebres experiências mentais da história da filosofia. Descartes imagina a
possibilidade de haver um ser incrivelmente poderoso e astuto, um Génio ou Demónio Maligno, que
se diverte a manipular a nossa mente, levando-nos a acreditar com a maior das certezas nos mais
absurdos disparates. Descartes recorre à hipótese do Génio Maligno para mostrar que mesmo as
mais evidentes proposições da geometria e da aritmética – como “Um quadrado é uma figura
geométrica com quatro lados iguais” – podem ser falsas, pois podem não passar da atividade
enganadora desse ser.
Cenários de resposta
KƉĕĆŽ͗Sim, porque não temos nenhuma justificação para acreditar que as nossas crenças não têm origem
nas maquinações desse tal Génio Maligno. Mas sem esse tipo de justificação, não se pode dizer que temos
crenças justificadas, e, consequentemente, não se pode dizer que temos conhecimento.
KƉĕĆŽ͗ Não, porque mesmo que esse ser exista e manipule o meu pensamento, há uma coisa que posso
saber com toda a certeza – que existo –, pois, para me poder enganar, é necessário eu existir.
KƉĕĆŽ͗ Não, porque, apesar de não ter forma de provar que o Génio Maligno não existe, posso considerar
que essa hipótese é bastante implausível quando comparada com outras alternativas. Por exemplo, será que
posso saber que tenho duas mãos, ou essa sensação é causada por um ser incrivelmente poderoso que se
diverte fazendo-me acreditar que tenho duas mãos quando isso não é verdade? Ora, parece-me bastante mais
plausível acreditar que sei que tenho duas mãos do que acreditar na hipótese do Génio Maligno, o que significa
que tenho uma justificação para preferir a primeira possibilidade em relação à segunda. Assim sendo, ainda
que eu não tenha uma justificação infalível para algumas das minhas crenças, isso não significa que não tenho
qualquer tipo de justificação para as mesmas.
ͻKƵĞƐĐŽƌƌĞŐĂĚŝŽ;Ɖ͘ϰϲͿ
Trata-se de uma experiência mental inspirada em David Hume, concebida para ilustrar a dificuldade
de captarmos o nosso Eu. Por mais que nos esforcemos por descobrir o nosso Eu, acabaremos sempre
por tropeçar numa imagem ou representação, numa sensação, numa emoção, num pensamento,
numa experiência, etc., mas nunca conseguiremos captar adequadamente esse escorregadio Eu.
Cenários de resposta
KƉĕĆŽ͗É mais evidente a existência do Eu, porque para duvidar é preciso pensar, o que implica existir pelo
menos enquanto substância pensante.
KƉĕĆŽ ͗ É mais evidente a existência de pensamentos, pois estes são direta e imediatamente captados,
enquanto o Eu não.
• ĚĆŽŝŶĞdžƉĞƌŝĞŶƚĞ;Ɖ͘ϲϮͿ
Trata-se de uma experiência mental concebida por David Hume para justificar a sua resposta para o
problema da causalidade, ou seja, para mostrar que a ideia de causalidade tem origem no hábito, isto
é, na experiência de vermos dois acontecimentos constantemente conjugados. Para esse efeito,
Hume sugere que se imagine um ser com as suas capacidades racionais plenamente desenvolvidas,
mas sem qualquer tipo de experiência. Ora, um ser com essas características, ao assistir pela primeira
vez a um jogo de bilhar, por exemplo, não teria qualquer expetativa em relação ao que poderia
acontecer quando uma das bolas se desloca a uma certa velocidade contra outra. Não seria mais
surpreendente uma delas começar a flutuar, do que simplesmente deslocar-se pela superfície com o
impacto. Contudo, depois de ver vários jogos de bilhar, essa pessoa iria excluir algumas possibilidades
como insólitas, passando a ter uma determinada expetativa em relação aos possíveis efeitos do
choque entre as duas bolas. Assim, Hume conclui que a experiência da conjunção constante entre
dois acontecimentos é não só necessária, mas também suficiente para que tenhamos a ideia de
relação causal entre eles.
Cenário de resposta
O hábito. A ideia de causalidade, ou relação causal entre dois acontecimentos, corresponde à expetativa de
que um dado acontecimento irá ocorrer a seguir a outro devido à experiência de vermos esses dois
acontecimentos constantemente conjugados.
• O ƚŽŵĚĞĂnjƵůĚĞƐĐŽŶŚĞĐŝĚŽ;Ɖ͘ϲϵͿ
Consiste numa experiência mental proposta pelo próprio David Hume onde se considera um possível
contraexemplo ao princípio da cópia. De acordo com o princípio da cópia, não há nenhuma ideia que
não tenha uma impressão correspondente. Contudo, este cenário hipotético considera a possibilidade
de formarmos a ideia de um determinado tom de azul que nunca vimos (e, portanto, não temos uma
impressão que lhe corresponda), por contraste com outros tons da mesma cor dispostos perante os
nossos olhos numa gradação que vai do mais claro ao mais escuro. O objetivo é desafiar os alunos a
pensar se é, ou não, possível formarmos uma ideia desse tom em particular, apesar de não termos
uma impressão que lhe corresponde. Curiosamente, o próprio Hume considera seriamente essa
possibilidade, mas desvaloriza o exemplo por ser um caso tão excecional que seria uma pena sacrificar
um princípio tão bom por casos como o apresentado. Mas podemos alegar que este tipo de casos é
suficientemente relevante para abalar a nossa confiança no princípio da cópia.
Cenários de resposta
KƉĕĆŽ͗Não. Se nunca o vimos, então nunca seremos capazes de formar uma ideia exata do tom em causa. O
máximo que podemos fazer é ter uma ideia aproximada do mesmo, graças aos tons próximos que já vimos.
KƉĕĆŽ͗ Sim, pois podemos recorrer à imaginação para visualizar um tom que é ligeiramente mais escuro do
que um dos tons que temos à nossa frente e ligeiramente mais claro do que outro.
W1dh>KϮ͵/E/
ͻΗŝġŶĐŝĂƐΗĚĂĐƌŝĂĕĆŽ͍͊;Ɖ͘ϴϲͿ
Trata-se de um cenário em que um juiz tem de decidir o que deve contar como ciência ou não, a fim
de tomar uma posição relativamente ao ensino das chamadas "ciências da criação" nas aulas de
ciências de escolas públicas norte-americanas. De acordo com as ciências da criação, o Universo, a
energia e a vida teriam sido criados a partir do nada, a geologia da Terra deveria ser explicada pela
ocorrência de um grande dilúvio global, os seres humanos e os macacos teriam uma descendência
distinta e o nosso planeta teria entre 5700 e 10 000 anos, tal como descrito no Génesis. Será que esta
teoria é verdadeiramente científica? O que é necessário para que uma teoria possa ser considerada
ciência? O objetivo deste cenário é testar as intuições dos alunos acerca daquilo que separa ciência
de não-ciência.
Cenários de resposta
ϭ͘ As chamadas “ciências da criação” consistem numa teoria segundo a qual o Universo, a energia e a vida teriam
sido criados a partir do nada, a geologia da Terra deveria ser explicada pela ocorrência de um grande dilúvio
global, os seres humanos e os macacos teriam uma descendência distinta e o nosso planeta teria entre 5700 e
10 000 anos, tal como descrito no Génesis.
Ϯ͘ As principais diferenças entre as chamadas “ciências da criação” e as chamadas “ciências da natureza”, como a
física, a química e a biologia, prendem-se sobretudo com o facto de as “ciências da criação” não serem revistas
nem atualizadas face às novas observações ou resultados experimentais. Aliás, é impossível conciliar as
observações da Natureza e o estudo das espécies atuais com os acontecimentos mágicos da criação.
Pelo contrário, nas chamadas “ciências da natureza”, existe um esforço sistemático e metódico de pôr à prova
os seus modelos e teorias e de os confrontar com a evidência empírica disponível. Como acontece, por
exemplo, com a teoria da evolução das espécies, que estabelece que os seres vivos descendem de um
antepassado comum e que as transformações evolutivas são resultado de mutações genéticas aleatórias
expostas à seleção natural pelo ambiente.
ϯ͘ KƉĕĆŽ͗ Caso o aluno considere que as “ciências da criação” devem ser consideradas ciência propriamente
dita, então podem ser ensinadas nas aulas de ciências, tal como as restantes teorias científicas.
KƉĕĆŽ ͗ Caso o aluno considere que as “ciências da criação” não devem ser consideradas ciência, então
sentenciará que não sejam ensinadas nas aulas de ciências, a par de outras teorias científicas.
W1dh>Kϯ͵Zd
• ^ĞƌĄĂƌƚĞ͍;Ɖ͘ϭϰϬͿ
Trata-se de uma situação imaginária, na qual uma pedra é confundida com uma obra de arte. A
propósito dessa confusão, apresenta-se um diálogo imaginário entre a curadora de uma galeria e um
comprador de arte acerca do que faz com que algo seja uma obra de arte. O objetivo deste cenário é
transportar o aluno para o problema da definição de arte. Será que tem de ser algo produzido por
mãos humanas? Ou isso não é necessário? Será a autoria da peça relevante para o seu estatuto
enquanto obra de arte? Ou isso é irrelevante? Estas são algumas das questões suscitadas por esta
situação.
Cenários de resposta
ϭ͘ O que é a arte? Ou, alternativamente: O que faz com que algo seja uma obra de arte?
Ϯ͘ A curadora apresenta os seguintes argumentos para justificar a sua posição:
ƌŐƵŵĞŶƚŽϭ͗ Uma vez que não foi produzida por nenhum artista, deixa de fazer sentido apreciá-la enquanto
reflexo das habilidades do seu criador, assim como deixa de fazer sentido tentar compreender de que modo
essa peça se enquadra no contexto mais vasto da obra do autor.
ƌŐƵŵĞŶƚŽ Ϯ͗ Ainda que haja obras de arte cujas propriedades formais não foram alteradas pelos artistas,
estes tiveram de agir, de alguma forma, sobre essas peças. Tiveram, por exemplo, de as selecionar e de as
exibir de uma determinada maneira. E é por isso que faz sentido interpretá-las e perguntar quais foram as
intenções dos seus autores e, consequentemente, encará-las como arte.
ƌŐƵŵĞŶƚŽ ϯ͗ Se algo passa a ser arte desde que alguém o veja como arte, torna-se impossível distinguir
aquilo que é arte daquilo que não o é. Portanto, é falso que algo passa a ser arte desde que alguém o veja
como arte.
ϯ͘ O cliente apresenta os seguintes argumentos para justificar a sua posição:
ƌŐƵŵĞŶƚŽϭ͗ Se consideramos que a pedra era uma obra de arte porque tinha uma forma interessante, então,
uma vez que independentemente do seu criador a pedra mantém as mesmas propriedades formais, devemos
continuar a classificá-la como arte. Logo, devemos continuar a classificar a pedra como arte, independentemente
de quem foi o seu criador.
ƌŐƵŵĞŶƚŽϮ͗ Há outros exemplos na história da arte de obras que não foram alteradas por nenhum artista.
Por isso, não há razão para supor que o mesmo não possa acontecer com aquela pedra.
ƌŐƵŵĞŶƚŽϯ͗ O facto de termos descoberto algo acerca da sua origem não altera em nada aquilo que vemos
quando a contemplamos, nem as sensações de equilíbrio e harmonia que desperta em nós. Uma vez que é isso
que faz do objeto uma obra de arte, essa nova descoberta não altera em nada o seu estatuto enquanto arte.
ϰ͘ KƉĕĆŽ͗ Não, pois existem critérios que devem ser preenchidos para que algo possa ser considerado arte.
ƉĕĆŽ͗ Sim, pois a arte é, por natureza, aberta à criatividade e à inovação. Assim, não devem ser impostos
K
limites àquilo que pode ou não ser considerado arte.
W1dh>Kϰ͵Z>/'/K
• KŶĚĞĞƐƚĄĞƵƐ͍;Ɖ͘ϭϵϬͿ
Trata-se de um cenário do videojogo Assassin’s Creed Rogue, que retrata o ambiente de Lisboa no dia
1 de novembro de 1755, quando ocorreu o famoso terramoto. Este evento influenciou importantes
filósofos, tais como Kant e Voltaire, constituindo um ponto de partida na Idade Moderna para a
reflexão sobre o problema do mal. Como incentivo a essa reflexão, o aluno poderá jogar esse nível
do jogo, ou então visualizar o vídeo desse jogo neste link: https://youtu.be/5v760Eb-abw
Cenários de resposta
ƉĕĆŽ͗ Se Shay acredita que Deus existe, pode estar a defender que Deus não tem nada que ver com o mal,
ϭ͘ K
ou seja, Deus não é a causa de males como o terramoto de 1755. Deus não “causa" diretamente esses males,
apenas permite que existam porque só assim poderíamos ter um mundo tão bom como o nosso.
KƉĕĆŽ͗ Se Shay não acreditar que Deus existe, Shay pode bem dizer que Deus não tem nada que ver com o
terramoto de Lisboa, sendo esse um fenómeno meramente natural.
ƉĕĆŽ͗ Sim, porque, ainda que Deus exista, não tem nada que ver com o mal, ou seja, Deus não é a causa de
Ϯ͘ K
males como o terramoto de 1755.
KƉĕĆŽ͗ Sim, porque uma vez que Deus não existe, o terramoto é um fenómeno meramente natural.
ƉĕĆŽ ͗ Não, porque a existência de Deus é compatível com a existência de mal no mundo. Deus pode
ϯ͘ K
permitir que certos males existam porque daí resultam bens maiores, como se popularizou através da
expressão: “Deus escreve certo por linhas tortas”.
KƉĕĆŽ͗ Sim, porque um criador totalmente poderoso e bondoso teria de criar um mundo sem qualquer tipo
de mal. Ora, como existem males (ex: terramotos), o mundo não pode ter um criador totalmente poderoso e
bondoso, o que significa que a fé em Deus é irracional.
COMO
PENSAR
TUDO ISTO?
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EPISTEMOLOGIA
Mas esta definição não está isenta de problemas. Em 1963, o filósofo Edmund Gettier formulou dois
contraexemplos a esta definição, mostrando que é possível satisfazer as condições por ela exigidas sem
que tenhamos conhecimento. Esses contraexemplos ficaram conhecidos como "Contraexemplos de
Gettier", ou "Casos de Gettier", em homenagem ao seu autor. Vejamos em seguida dois exemplos
apresentados pelo próprio Gettier.
ĂƐŽϭDŽĞĚĂƐ͗
Enquanto aguardava por uma entrevista de emprego, a Maria viu o José a contar quantas
moedas tinha no bolso: 10 moedas. Ela também ouviu o patrão ao telefone a dizer a alguém que o
José é a pessoa que vai ter o emprego. Com base nessa evidência, a Maria acredita justificadamente
na seguinte conjunção:
;ϭͿ O José vai conseguir o emprego e o José tem 10 moedas no seu bolso.
Com base na sua crença justificada (1), a Maria deduz e passa a acreditar justificadamente que:
;ϮͿA pessoa que vai conseguir o emprego tem 10 moedas no seu bolso.
Contudo, apesar da evidência da Maria, (1) é falsa; o patrão enganou-se ao telefone. Além
disso, é a Maria, não o José, que vai conseguir o emprego; e, por puro acaso, a Maria tem
exatamente 10 moedas no seu bolso. Ora, a Maria tem uma crença verdadeira justificada em (2),
mas não tem conhecimento (pois essa crença é afinal verdadeira por mero acaso).
ĂƐŽϮFord͗
Suponha-se que a Maria tem a seguinte evidência: o José guarda um Ford na sua garagem;
o José foi visto a conduzir um Ford; o José disse que tem um Ford e tem sido honesto e fiável no
passado, etc. Ora, a partir dessa evidência a Maria forma a crença de que:
;ϭͿO José tem um Ford.
Com base nessa crença justificada, a Maria deduz justificadamente e passa acreditar na
seguinte disjunção:
;ϮͿ O José tem um Ford ou o seu amigo Sousa está em Barcelona.
Apesar de ignorar por completo o paradeiro do Sousa, por pura coincidência o Sousa está
em Barcelona. Além disso, por acaso, o José já não tem um Ford (recentemente vendeu-o). Ora, a
crença da Maria em (2) é uma crença verdadeira justificada. Todavia, intitivamente a crença da
Maria não pode ser conhecimento; é por mera sorte que a sua crença é verdadeira.
Como resolver este problema? Como responder ao desafio lançado por Gettier? Haverá alguma
definição de conhecimento que resista aos contraexemplos apresentados? Estará essa nova definição
isenta de problemas semelhantes?
Existem diferentes respostas possíveis para o problema levantado por Gettier. Estas respostas
dividem-se em dois tipos de abordagem distintos: as respostas reducionistas e as respostas não-
-reducionistas. As respostas reducionistas caracterizam-se por acreditar que é possível definir o
conhecimento em termos de condições necessárias e suficientes, tentando assim reduzir o conhecimento
aos seus constituintes mais simples, como a crença, a verdade e a justificação. Contudo, têm de ser capazes
de o fazer sem cometer os mesmos erros cometidos pela definição tradicional. Assim, estas abordagens
têm procurado fazer uma de duas coisas: fortalecer a condição (iiiͿ– isto é, exigir um tipo de justificação
mais forte – ou adicionar uma condição (ivͿ – que, juntamente com a crença, a verdade e a justificação,
seriam necessárias e suficientes para o conhecimento. De entre estas abordagens iremos explorar a título
de exemplo as seguintes: infalibilidade, sem fundamentos falsos, causa apropriada, fiabilismo,
sensibilidade e segurança. As respostas não-reducionistas caracterizam-se por negar a possibilidade de
definir conhecimento em termos de condições necessárias e suficientes, ou seja, rejeitam a possibilidade
de reduzir o conhecimento a componentes mais simples, considerando, por exemplo, que o próprio
conceito de conhecimento é um conceito mais simples e primitivo que serve para esclarecer os outros
conceitos que se relacionam com ele, em vez de ser esclarecido por estes.
O que é o conhecimento?
Respostas Respostas
reducionistas não-reducionistas
Respostas reducionistas
Fortalecer a condição (iiiͿ͗ŝŶĨĂůŝďŝůŝĚĂĚĞ
A justificação apresentada nos casos Gettier é falível. Ou seja, embora forneça bom suporte para a
verdade da crença em questão, esse suporte não é perfeito. Deste modo, a justificação deixa em aberto a
possibilidade de formarmos crenças falsas. Keith Lehrer (1971) e Peter Unger (1968) sugeriram que podemos
eliminar os casos Gettier se impedirmos que S tenha uma justificação falível. Assim, propõem que é
necessária uma justificação infalibilista. Uma justificação é infalível, se e só se, é impossível conduzir-nos a
uma crença falsa.
Contudo, esta abordagem enfrenta sérios problemas. Desde logo, a proposta é muito contraintuitiva,
pois na nossa vida diária conhecemos muitas coisas e raramente possuímos justificação infalível para as
nossas crenças. Por exemplo, se consultei o horário do cinema posso dizer que sei a horas começa um
determinado filme, embora não tenha uma justificação infalível para essa crença. Algum imprevisto pode
sempre vir a ocorrer, impedindo que o filme comece à hora marcada. Além disso, ao estabelecer um padrão
tão elevado e inatingível para o conhecimento acaba por conduzir ao ceticismo.
Condição (ivͿ͗ƐĞŵĨƵŶĚĂŵĞŶƚŽƐĨĂůƐŽƐ
Nos casos originais de Gettier, a Maria infere justificadamente uma crença verdadeira a partir de uma
crença justificada mas falsa. Assim, uma solução para o problema pode passar por exigir que a crença não
seja inferida a partir de uma falsidade. É justamente essa a sugestão que é feita pelo filósofo Michael Clark
(1963), que sustenta que além da crença, da verdade e da justificação, o conhecimento deve satisfazer
ainda uma quarta condição, a saber:
(iv) A crença de S que P não é inferida a partir de qualquer falsidade.
Os problemas que esta abordagem enfrenta são os seguintes: é possível termos conhecimento a
partir de crenças falsas e existem casos Gettier não-inferenciais.
No que diz respeito ao primeiro problema, Warfield (2005), Fitelson (2010), Luzzi (2014) argumentam
que é possível haver conhecimento de uma conclusão Q a partir de uma premissa falsa P que implique Q.
Por exemplo: “Com base na leitura das horas no meu relógio XPTO, passo a acreditar que são 14h58.
Dedutivamente infiro que não estou atrasado para o meu encontro às 19 horas. Intuitivamente, sei a minha
conclusão mesmo se de facto forem 14h56” (Warfield 2005: 408). A intuição central é que o conhecimento
pode tolerar algum erro ou falsidade nas premissas (na medida em que esse erro não é relevante para
ameaçar a verdade da conclusão). Mas se isto é correto, então a solução de adicionar a condição “sem
fundamentos falsos” não funciona. Para ilustrar o segundo problema, vamos analisar o caso da página
seguinte, adaptado de Plantinga (1993).
ĂƐŽϯ'ƵĂƌĚĂͲ&ůŽƌĞƐƚĂů͗
Um guarda-florestal idoso vive numa pequena casa nas montanhas. Do lado de fora da
janela da sua cozinha há um conjunto de sinos de vento pendurados num ramo de uma árvore.
Quando esses sinos de vento emitem som, o guarda-florestal forma a crença de que o vento está
a soprar. Mas, como ele é idoso, a sua audição deteriorou-se (sem que ele o soubesse) e, assim,
ele não é mais capaz de ouvir os sinos. Além disso, o guarda-florestal é por vezes sujeito a pequenas
alucinações auditivas de sinos de vento; e ocasionalmente essas alucinações ocorrem quando o
vento está a soprar. Neste caso, o guarda tem uma crença verdadeira justificada não inferencial de
que o vento está a soprar; mas a sua crença é verdadeira por acaso. Assim, não tem conhecimento,
apesar de ter uma crença verdadeira justificada que não foi inferida a partir de uma falsidade.
ĂƐŽϰKǀĞůŚĂ͗
A Maria, enquanto observa do caminho um pasto, vê em boas condições de visibilidade o
que parece ser à distância uma ovelha e passa a acreditar que há uma ovelha no campo. Assim, a
Maria forma a crença de que há uma ovelha no campo. Contudo, suponha-se que a Maria não está
de facto a olhar para uma ovelha, mas sim para um cão vestido para parecer uma ovelha (um cão
habilmente disfarçado). Ainda assim, por acaso, há uma ovelha no campo: está imediatamente
atrás do cão, escondida do campo visual da Maria. Neste caso temos uma crença verdadeira
justificada não inferencial de que há uma ovelha no campo, mas também não se pode dizer que se
trata de um caso de conhecimento.
Condição (ivͿ͗ĐĂƵƐĂĂƉƌŽƉƌŝĂĚĂ
Nos casos Gettier pode-se dizer que não há conhecimento porque a crença verdadeira justificada é
causada (gerada) de forma anómala ou inadequada. Por exemplo, noĂƐŽϭ, o que torna a crença (2) “A
pessoa que vai conseguir o emprego tem 10 moedas no seu bolso” verdadeira é o número de moedas no
bolso da Maria, mas não é isso que causa a existência da crença da Maria. O que causa a crença da Maria é
o facto de o José ter 10 moedas no bolso, e esse facto não é o que a torna (2) verdadeira. No Caso 2, o que
torna a crença (2) “O José tem um Ford ou o seu amigo Sousa está em Barcelona” verdadeira é o facto de o
Sousa estar em Barcelona, mas não é isso que causa a crença da Maria. Algo semelhante sucede com os
outros casos tipo Gettier. Ou seja, nesses casos não há uma conexão causal entre a crença gettierizada e o
facto que a torna verdadeira. É a ausência de tal conexão que permite a possibilidade de a crença ser
verdadeira meramente por acaso. Assim, para lidar com este problema, Alvin Goldman (1967) desenvolveu
uma teoria causal do conhecimento, na qual propõe que se acrescente à definição tradicional a seguinte
condição:
(iv) A crença de S que P é causada pelo facto que P.
Esta solução enfrenta os seguintes ƉƌŽďůĞŵĂƐ͗ŶĆŽƉŽĚĞŚĂǀĞƌĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽĚŽĨƵƚƵƌŽĞŶĆŽƉŽĚĞ
haver conhecimento de crenças matemáticas.
Em relação ao primeiro problema, pode dizer-se que é bastante plausível afirmar que sabemos hoje
que amanhã é sexta-feira, ou que se sabe que amanhã é 20 de novembro, ou que se sabe hoje que no fim
de semana o FCP vai jogar contra o Feirense. Porém, com a condição causal, essas crenças não poderiam
constituir conhecimento, pois factos futuros (factos que ainda não se verificaram) não podem ser causas de
crenças formadas no presente. Isso implicaria admitir cadeias causais retroativas (do futuro para o
ƉĂƐƐĂĚŽͿ, o que é altamente implausível.
Em relação ao problema do conhecimento matemático, podemos dizer, por exemplo, que sabemos
que 2 + 2 = 4, ou que 97 é um número primo; ou seja, temos conhecimento acerca dos números. Mas será
que os números têm efeitos causais? A menos que sejamos realistas radicais acerca da matemática e
postulemos um domínio de factos matemáticos, tal crença não é causada por qualquer facto. Isso parece
suceder com outras crenças a priori, o que constitui um sério problema para a teoria causal de Goldman.
Condição (ivͿ͗ĨŝĂďŝůŝƐŵŽ
Para ultrapassar esses problemas, Goldman formulou uma outra teoria que é descendente da teoria
da causalidade e que se chama “fiabilismo”. De acordo com Goldman (1979), “o estatuto justificatório de
uma crença é uma função da fiabilidade do processo ou dos processos que a causam, onde (numa primeira
aproximação) a fiabilidade consiste na tendência de um processo para produzir crenças que são verdadeiras
em vez de falsas”. Assim, propõe-se enriquecer a definição tradicional com a seguinte condição para haver
conhecimento:
(iv) A crença de S que P é produzida por um processo cognitivo fiável.
O problema aqui é que há novos contraexemplos do tipo Gettier que escapam tanto à condição
causal como à condição fiabilista. Preste-se atenção ao exemplo que se segue adaptado de Goldman (1976):
ĂƐŽϱĞůĞŝƌŽ͗
A Maria está a conduzir numa zona rural e, num dado momento, olha a paisagem pela janela
do seu carro. Ela vê o que parece ser um celeiro no meio de uma planície e forma a crença percetiva
de que “Há um celeiro na planície”. Contudo, a Maria não está ciente de que está a olhar para um
dos poucos celeiros reais numa área repleta com meras fachadas de celeiros (isto é, estruturas
que, vistas da estrada, são indiscerníveis de celeiros reais, mas que são falsos celeiros). Neste caso
a Maria tem uma crença verdadeira justificada. Além disso é apropriadamente causada e resulta
de um processo fiável. Todavia, não é um caso de conhecimento, pois foi uma questão de pura
sorte ela estar a olhar para um celeiro real.
ĂƐŽϲZĞůſŐŝŽ͗
Suponha-se que a Maria desce as escadas de manhã para tomar o pequeno-almoço e vê
que, de acordo com o seu relógio normalmente fiável que está na cozinha, que são 8h20. Além
disso, suponha-se que essa crença é verdadeira e que de facto são 8h20. Aqui temos um caso em
que a Maria forma uma crença verdadeira justificada, bem como parece ser o resultado de um
processo fiável. Contudo, o relógio está de facto parado há 24 horas e, assim, foi apenas por uma
questão de sorte que a Maria olhou para o relógio no exato momento do dia em que aquele está
a registar a hora correta. Ora, uma vez que intuitivamente não se pode obter conhecimento das
horas ao olhar para um relógio parado, segue-se que a Maria não sabe que horas são, apesar de
ter uma crença verdadeira justificada e fiável.
Condição (ivͿ͗ƐĞŶƐŝďŝůŝĚĂĚĞ
Um outro candidato forte para ser a quarta condição do conhecimento é a sensibilidade. Essa
condição foi proposta por Robert Nozick (1981) e pode ser formulada do seguinte modo:
;^ͿUma crença P de S é sensível, se e só se, caso P fosse falsa, S não acreditaria que P.
Ora, (CS) é equivalente a dizer que nos mundos possíveis próximos em que não-P, S não acredita que P.
Uma motivação para se incluir a condição da sensibilidade numa análise do conhecimento é que parece
haver um sentido em que o conhecimento requer não apenas que se esteja correto, mas que se rastreie a
verdade noutras circunstâncias possíveis. Assim, acrescenta-se a seguinte condição:
(iv) A crença de S que P é sensível.
Essa condição permite lidar com os casos Gettier. Por exemplo, no Caso 5, se fosse falso que o objeto
para o qual a Maria está a olhar é um celeiro real (ou seja, se fosse um falso celeiro), a Maria continuaria a
acreditar nessa proposição (visto que a base para essa crença não seria alterada). Assim, a crença da Maria
não seria sensível e é por isso que não constitui conhecimento.
O grande problema que esta abordagem enfrenta é que implica a falsidade de um princípio bastante
ŝŶƚƵŝƚŝǀŽ͗ŽWƌŝŶĐşƉŝŽĚŽ&ĞĐŚŽ. Segundo este princípio:
;W&Ϳ Para todo S, Ԅ, ɗ, se S sabe que Ԅ, e S sabe que Ԅ implica ɗ, então S sabe que ɗ.
Por exemplo, se sei que tenho duas mãos, e se sei que ter duas mãos implica que não sou um cérebro
numa cuba, então sei que não sou um cérebro numa cuba. Ora, a crença que tenho duas mãos satisfaz (CS),
pois suponha-se que agora acreditamos que temos duas mãos; parece intuitivo que se fosse falso que
temos duas mãos (por exemplo, suponha-se que sofremos um acidente), mas tudo o resto fosse igual, então
já não acreditaríamos que temos mãos; aliás, veríamos que não as tínhamos. Todavia, a crença de que sou
um cérebro numa cuba não satisfaz (CS), pois agora acreditamos que não somos um cérebro numa cuba;
mas se fossemos um cérebro numa cuba, continuaríamos ainda assim a acreditar que não somos um cérebro
numa cuba. Assim, sabemos que temos duas mãos, mas não sabemos que não somos um cérebro sem mãos
numa cuba. Mas parece absurdo que possamos simultaneamente saber que temos duas mãos e não saber
que não somos um cérebro sem mãos numa cuba; ou seja, tal conjunção parece “abominável” (cf. DeRose
1995: 27-29).
Outro exemplo das implicações de (CS) foi apresentado por Saul Kripke (2011):
ĂƐŽϳĞůĞŝƌŽϮ͗
Suponha-se que a Maria se encontra numa zona rural repleta de fachadas de celeiros falsos,
mas, desta vez, tais fachadas estão pintadas de azul; por sua vez, os raros celeiros verdadeiros
estão pintados a vermelho. Ora, a Maria olha para um celeiro que está pintado de vermelho. Com
base na sua experiência preceptiva, a Maria acredita corretamente que:
;ϭͿHá um celeiro vermelho no campo.
Propensa a ser um pouco meticulosa, ela também nota que:
;ϮͿ Se há um celeiro vermelho no campo, então há um celeiro no campo.
Daí, a Maria deduz competentemente que:
;ϯͿHá um celeiro no campo.
Ora, a crença (1) satisfaz (CS), pois se o celeiro não fosse vermelho, não apareceria como tal
(isto é, seria azul, por exemplo). Mas, a crença (3) não satisfaz (CS), pois se não fosse um celeiro,
poderia ainda assim ser uma fachada e parecer como um celeiro. Assim, (PF) falha; mas é muito
estranho e contraintuitivo afirmar que posso saber que há um celeiro vermelho no campo, mas
não posso saber que há um celeiro no campo.
ĂƐŽϴ^ĂĐŽĚŽ>ŝdžŽ͗
Imagine-se que a Maria deposita um saco de lixo numa conduta de lixo do seu apartamento
num arranha-céus que vai dar a um reservatório na cave. Será que ela sabe, instantes depois, que
o seu lixo está no reservatório da cave?
De acordo com a condição de sensibilidade a resposta é “não”, pois a sua crença a este
respeito não é sensível. Ou seja, se aquele saco ficasse de alguma forma preso a meio do caminho
para o reservatório, de modo que a sua crença seria falsa, ela ainda assim continuaria a acreditar
(utilizando o mesmo método que usou no mundo atual) que o saco do lixo está agora no
reservatório da cave.
O problema é que este é uma instância paradigmática de conhecimento quotidiano, e se a
teoria da sensibilidade não consegue dar conta desse tipo de casos, então é uma teoria com sérios
problemas.
Condição (ivͿ͗ƐĞŐƵƌĂŶĕĂ
Uma solução que parece bastante plausível e que não é suscetível de ser afetada pelos problemas
anteriores passa por adicionar uma condição de segurança (CS*) à análise de conhecimento. De acordo com
essa condição:
(iv) Se S sabe que P, então a crença verdadeira de S que P não poderia ter sido facilmente falsa.
Por outras palavras, a condição de segurança advoga que a crença verdadeira de S que P é tal que, em
mundos possíveis próximos (em circunstâncias similares), se S continua a formar P com a mesma base que
no mundo atual, então a crença P de S continua a ser verdadeira. (Cf. Sosa (1999) e Pritchard (2005, 2012,
2015)). A condição (CS*) permite lidar com os casos Gettier, uma vez que em todos esses casos o sujeito
forma uma crença verdadeira de tal forma que ela poderia ter sido muito facilmente falsa. Por exemplo, no
ĂƐŽϲZĞůſŐŝŽ, embora a crença assim formada (de que são 8h20) seja verdadeira no mundo atual, há um
mundo possível próximo em que a Maria forma essa mesma crença com a mesma base (isto é, ao olhar para
o relógio da sua cozinha) e em que forma uma crença falsa (isto é, num mundo possível próximo em que o
relógio continua parado, mas em que ela chega à cozinha minutos antes ou minutos depois das 8h20).
Contra a suficiência de (CS*)
Há, contudo, quem considere que não é suficiente acrescentar (CS*) à definição tradicional para
obter uma definição satisfatória de conhecimento. Para entender o que está aqui em causa, preste atenção
a este exemplo, adaptado de Pritchard (2012):
ĂƐŽϵdĞƌŵſŵĞƚƌŽĂǀĂƌŝĂĚŽ͗
A Maria forma uma crença sobre a temperatura da sala ao consultar um termómetro que
está avariado (sem que ela esteja ciente disso). Apesar disso, há alguém na sala (escondido da
vista) que assegura que sempre que a Maria consulta o termómetro, este corresponde à atual
temperatura da sala. Ora, a crença da Maria sobre a temperatura correta da sala parece ser
segura. Ou seja, por causa da interferência da pessoa escondida, é sempre garantido que cada vez
que a Maria consulta o termómetro este mostra a temperatura correta na sala. Assim, nos mundos
possíveis próximos em que a Maria forma a sua crença sobre a temperatura da sala, a sua crença
será verdadeira. Mas apesar de ser uma crença segura, a sua crença não parece contar como
conhecimento.
O problema neste caso é que o sucesso cognitivo da Maria (isto é, acreditar verdadeiramente
na temperatura) não é de forma alguma um produto das suas faculdades ou processos cognitivos,
mas em vez disso deve-se a fatores completamente independentes das suas faculdades ou
processos (deve-se apenas à pessoa escondida na sala). Além disso também se pode sustentar
que consultar um termómetro avariado não é tipicamente um método fiável de formação de
crenças verdadeiras acerca da temperatura de uma sala. Deste modo, a condição (CS*) não é
suficiente para o conhecimento, é necessário acrescentar outras condições.
A resposta não-reducionista
O conhecimento primeiro
Conforme vimos anteriormente, a abordagem não-reducionista abandona o projeto de uma análise
filosófica da noção de conhecimento, ou seja, abandona o projeto de decompor o conceito de conhecimento
noutros conceitos mais simples, primitivos, ou mais básicos do que ele. Esta tese foi defendida, entre outros,
por Timothy Williamson (2000). De acordo com Williamson, o conceito de conhecimento é ele próprio um
conceito primitivo, não explicável em termos de outros conceitos.
Para defender essa tese, Williamson começa por criticar dois pressupostos essenciais da análise
tradicional do conhecimento, a saber:
A suposição (S1) relaciona-se com a (S2) na medida em que uma análise pretende elucidar que tipo de
componentes mentais são necessários para além do componente não-mental da verdade.
Contra estes pressupostos, Williamson defende uma epistemologia do conhecimento primeiro, ou
seja, propõe uma inversão da direção da explicação. É o conceito de conhecimento que pode ser usado
ƉĂƌĂĞdžƉůŝĐĂƌŽƵƚƌŽƐĐŽŶĐĞŝƚŽƐĞƉŝƐƚĠŵŝĐŽƐ;ĐŽŵŽĐƌĞŶĕĂ͕ũƵƐƚŝĨŝĐĂĕĆŽ͕ĞǀŝĚġŶĐŝĂ͕ĞƚĐ͘ͿĞŶĆŽŽŝŶǀĞƌƐŽ.
Williamson justifica a sua rejeição de (S1) com base em duas coisas: analogia com outros conceitos e
evidência indutiva.
No que diz respeito à analogia com outros conceitos, Williamson salienta que a grande maioria dos
nossos conceitos são conceitos não analisáveis, indefiníveis, no sentido de não ser possível associar-lhes
condições necessárias e suficientes (não triviais e não circulares) para a sua aplicação correta. Conceitos
quotidianos como “vermelho”, “beleza”, “inteligência”, “pessoa”, “adolescente”, etc., parecem não ser
analisáveis ou definíveis neste sentido estrito. Uma das razões para isso é que tais conceitos são vagos,
admitem casos de fronteira. Todavia, daí não se segue que esses conceitos não estejam em ordem ou que
sejam ininteligíveis. Além disso, são poucos os conceitos que admitem definições ou análises neste sentido
estrito, como o seguinte: S é solteiro, se e só se, S é uma pessoa do sexo masculino que não é casada. Ora,
Williamson alega que o conceito de conhecimento é como a maioria dos nossos conceitos, isto é, um
conceito não analisável ou indefinível.
No que toca a evidência indutiva, Williamson considera que a história da epistemologia recente,
desde a publicação do artigo de Gettier em 1963, é a história de sucessivos insucessos de inúmeras
tentativas de analisar a noção de conhecimento. Cada proposta para remendar a (CVJ) ou para adicionar
uma nova quarta condição (CVJ + X) tem dado invariavelmente origem a novos caso Gettier contra a
suficiência das condições. Ora, Williamson toma esses insucessos como evidência indutiva forte de que a
suposição (S1) é falsa.
Já em relação à suposição (S2), Williamson julga que o conhecimento não consiste na posse de um
estado híbrido (mental e não-mental); assim, a motivação para uma análise também se perde. Pelo
contrário, o conhecimento é um estado inteiramente mental. Mas como lidar com a factividade do
conhecimento? A ideia é que a natureza de certos estados mentais não é inteiramente determinada pelo
que está dentro da cabeça do sujeito, mas é também determinado pelo que está no mundo exterior. Com
isto adota-se um externismo cognitivo.
Contudo, o facto de os pressupostos (S1) e (S2) serem falsos não implica que nada de informativo
possa ser dito acerca do conceito de conhecimento (pois, em geral, os conceitos primitivos, sem análises,
podem bem ser positivamente caracterizados). Williamson pensa que o conhecimento está entre os estados
psicológicos e epistemológicos mais fundamentais que existem. Ou seja, “primeiro o conhecimento”: o
conhecimento não é constituído por componentes epistemicamente mais básicos como a crença e a
justificação; pelo contrário, o conhecimento é o estado epistémico mais básico que permite elucidar as
noções de crença e justificação. Mais especificamente, Williamson propõe a seguinte caracterização
positiva do conceito de conhecimento:
;<Ϳ Conhecimento proposicional = o mais geral (ou mais inclusivo) estado mental intencional factivo.
A abordagem de Williamson também não está isenta de críticas. Em primeiro lugar, há quem faça
notar que, pelo facto de até agora não se ter conseguido chegar a um consenso sobre uma análise plausível
de conhecimento, daí não se segue que não haja ou que não possa existir no futuro tal análise (falácia do
apelo à ignorância). Em segundo lugar, há quem critique a tese de que o conhecimento é um estado
puramente mental (como por exemplo, Sosa (2009)). Ora, um estado é puramente mental quando é mental
devido a uma caraterística intrínseca, não derivada, do estado em questão. Todavia, o conhecimento é
mental apenas em virtude de um estado distinto, a crença, ser mental. Além disso, há que defenda, como
Lycan (2006), que a solução proposta por Williamson não explica, por que razão se aceita que muitas
instâncias da (CVJ) são conhecimento enquanto outras não. Ou seja, há a questão de saber o que distingue
o sujeito que conhece daquele que é vítima de um caso Gettier. Por último, Cassam (2009) e Goldman
(2009) argumentam que a explicação positiva do conhecimento proposta por Williamson acaba por ser um
tipo de análise.
Referências bibliográficas
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EPISTEMOLOGIA
Coerentismo
Os coerentistas seguem outro rumo na rejeição do ceticismo. Para estes autores, não há nada de
errado com a primeira premissa do argumento cético. Isto acontece porque estes autores rejeitam a
distinção entre crenças básicas e não-básicas. Para estes autores, não existem crenças fundacionais,
autoevidentes, que se justificam a si mesmas. A única forma de justificar uma crença é dizer por que razão
devemos considerar que ela é verdadeira, ou seja, invocar outras crenças para a sustentar. Mas, se não há
nada de errado na primeira premissa, qual é, então, o problema do argumento cético?
Para os coerentistas, o problema reside na segunda premissa, que afirma que: “se as nossas crenças
se justificam com base noutras crenças, então caímos numa cadeia de justificações”. Apesar de aceitarem
que as crenças se justificam com outras crenças, os coerentistas rejeitam uma conceção linear da
justificação, onde cada crença é inferida de outra crença, que por sua vez é inferida de outra crença, e
assim sucessivamente. Para os coerentistas, nenhuma crença isolada serve, por si só, de justificação seja
para o que for, pois a justificação deve ser entendida numa perspetiva holística (do grego, holos = inteiro/
todo; privilegia o todo relativamente às partes), em que cada crença faz parte de sistemas de crenças que
se apoiam e suportam mutuamente.
Assim, os coerentistas sustentam que:
Uma dada crença A está justificada, se, e só se, for coerente com a totalidade do nosso
sistema de crenças.
Mas o que significa exatamente dizer que uma crença é coerente com a totalidade do nosso
sistema de crenças?
Em traços gerais, pode dizer-se que, para que um conjunto de crenças possa ser considerado coerente,
tem de formar um todo coeso, isto é, não pode conter contradições internas e os seus elementos têm de
estabelecer relações uns com os outros. Assim sendo, torna-se manifesto que a coerência é uma
propriedade que apenas se pode atribuir a conjuntos de crenças e não a crenças isoladas. Não faz sentido
perguntar se uma crença é, em si mesma, coerente, têm de existir outros elementos, outras crenças, com
os quais ela se relaciona de modo, mais ou menos, articulado.
Visto que nenhum conjunto coerente de crenças pode conter contradições internas, podemos
considerar que a consistência é uma condição necessária para a coerência. Diz-se que:
Duas ou mais crenças são consistentes se, e só se, podem ser todas simultaneamente
verdadeiras.
Inversamente:
Duas ou mais crenças são inconsistentes se, e só se, não podem ser todas simultaneamente
verdadeiras.
Duas ou mais crenças são probabilisticamente inconsistentes se, e só se, é improvável que
sejam todas simultaneamente verdadeiras.
Por exemplo, a crença de que acabei de ver o primeiro-ministro britânico sozinho a tomar café na
esquina de minha casa é inconsistente (neste sentido probabilístico) com muitas outras crenças que possuo,
nomeadamente, a crença de que este vive no Reino Unido, a crença de que este se faz, geralmente,
acompanhar de uma equipa de segurança, etc. Isto significa que, embora não seja impossível que estas
sejam simultaneamente verdadeiras, é seguramente improvável que o sejam. Assim, para que o meu
sistema mantenha a consistência, devo refletir sobre qual (ou quais) das minhas crenças é (ou são) mais
provável(eis) e abandonar aquela(s) que a(s) contraria(m).
Mas será a consistência, em qualquer das suas aceções, tudo o que se exige para que um conjunto de
crenças seja coerente? Para responder a esta questão vamos analisar o conjunto de crenças que se segue:
ϭ͘ O Álvaro é aluno do 11.° ano.
Ϯ͘A Terra é um planeta do sistema solar.
ϯ͘ Os gatos são felinos.
ϰ͘A Ana gosta de Filosofia.
Este conjunto é consistente, mas será coerente? Não, pois conforme vimos anteriormente, para que
um conjunto de crenças seja coerente é necessário que os seus elementos se relacionem entre si de
modo relativamente articulado e, apesar de não existir nenhuma espécie de inconsistência interna,
também é evidente que não existe qualquer tipo de ligação entre as crenças que compõem este conjunto.
Assim, para que um conjunto de crenças seja coerente é também exigido que as crenças que o compõem
mantenham algum tipo de ligação entre si. Exige-se, nomeadamente, que estas estabeleçam relações de
explicação e/ou implicação (ou consequência lógica) entre si, isto é, que cada crença do conjunto sirva para
explicar ou seja explicada por outra(s) crença(s) do conjunto e/ou seja uma implicação lógica ou tenha por
implicação lógica outra(s) crença(s) do conjunto. Deste modo, podemos afirmar que:
Um dado conjunto de crenças é coerente, se, e só se, (iͿ é consistente e (iiͿ as crenças que o
compõem têm relações de explicação ou implicação entre si.
Em suma, para os coerentistas não existem crenças básicas ou fundacionais, todas as crenças se
justificam com base noutras crenças, mais propriamente, com base num sistema ou teia de crenças com o
qual formam um todo coerente. Por isso, os coerentistas rejeitam a premissa do argumento cético que
sustenta que o facto de todas as crenças se justificarem com base noutras crenças implica que quando
tentamos justificar uma crença caímos numa regressão infinita da justificação. Além disso, os coerentistas
também rejeitam a metáfora arquitetural do fundacionalismo, comparando o nosso conhecimento, não a
um edifício com os seus alicerces, mas a uma embarcação que se mantém à superfície graças à forma como
as suas partes se apoiam mutuamente (e não graças à ação de certas peças fundacionais) e se vê forçada a
fazer as suas reparações em alto mar: não podendo aportar e reconstruir, a partir da base, toda a sua
estrutura de uma só vez, vão-se substituindo gradualmente as tábuas danificadas.
Contextualismo
Outra resposta possível para o problema do ceticismo é o contextualismo. Tal como o fundacionalismo,
esta perspetiva considera que existem exceções à primeira premissa do argumento cético, segundo a qual
as nossas crenças se justificam com base noutras crenças. No entanto, enquanto os fundacionalistas
reservam esse estatuto para crenças cuja veracidade não possa ser posta em causa, seja em que circunstância
for, o contextualismo assume que as justificações que se exigem devem adequar-se aos diferentes
contextos onde se formam as nossas crenças. Assumimos diferentes ideias como estando justificadas em
função dos contextos em que nos movimentamos, sem exigir justificações adicionais. Por exemplo, se
tenciono viajar de carro até Madrid, fazendo o menor número de paragens possível, basta-me verificar a
distância num mapa e medir o meu depósito de gasóleo, para considerar que tenho uma boa justificação
para acreditar que devo atestar o depósito antes de partir. No entanto, se me encontrar numa aula de
Filosofia a discutir o problema do ceticismo, posso não aceitar que essa crença esteja devidamente
justificada, por considerar que este contexto tem critérios de justificação diferentes.
Assim, o contextualismo opõe-se às chamadas “epistemologias invariantistas”. Estas defendem que
existe um único conjunto de critérios comum a todas as nossas aspirações ao conhecimento, ao passo que
o contextualismo considera que os critérios de conhecimento variam consoante o contexto.
Infinitismo
O infinitismo é um desenvolvimento relativamente recente em epistemologia. O seu alvo é a premissa
do argumento cético, segundo a qual se uma cadeia de justificações regredir infinitamente, então não serve
de justificação para as nossas crenças. Segundo o infinitismo, uma cadeia de justificações infinita pode
perfeitamente fornecer justificação para as nossas crenças, pois tudo o que se exige para que se possa
considerar que “S sabe que P” é que S seja, à partida, capaz de responder a todos os “porquês” com que
depare na cadeia de justificações que o leva a acreditar em P. Claro que esta tarefa é demasiado enfadonha
e de tal forma demorada que nenhum de nós teria alguma vez tempo de vida suficiente para a levar a cabo.
No entanto, tal não significa que não seríamos, à partida, capazes de fornecer essas respostas à medida que
nos fossem sendo exigidas por pessoas de espírito crítico e inquisitivo, e isso é, para os infinitistas, tudo o
que é requerido para que haja conhecimento.
Assim, os infinitistas concordam com os contextualistas na medida em que aceitam que, geralmente,
assumimos certas ideias como inquestionáveis em determinados contextos. No entanto, não acreditam que
isso coloque um ponto final no assunto e sustentam que só podemos considerar que temos conhecimento
se formos capazes de fornecer justificações mais aprofundadas para as nossas crenças sempre que for
necessário.
Externismo epistemológico
No âmbito da epistemologia, é comum distinguir-se as perspetivas externistas das internistas.
Segundo o internismo epistemológico, para que eu possa considerar que estou justificado
a acreditar seja no que for, tenho de ter acesso cognitivo a essa justificação, isto é, tenho de
compreender em que consiste essa justificação.
Pelo contrário:
O fiabilismo epistemológico sustenta que, para que as nossas crenças estejam justificadas,
basta que tenham sido adquiridas por processos relativamente fiáveis, isto é, por processos que
tendencialmente conduzem à formação de crenças verdadeiras.
Por exemplo, imaginemos que, embora nunca tenhas frequentado nenhum curso de música, és capaz
de identificar notas musicais com bastante facilidade, ou seja tens aquilo que vulgarmente se designa por
“bom ouvido”. Raramente te enganas a respeito de uma nota musical e és capaz de identificar as notas de
músicas inteiras “de ouvido” sem ter de as ouvir mais do que uma ou duas vezes. Não sabes de onde vem
esta capacidade, nem compreendes muito bem o seu misterioso funcionamento. Mas a verdade é que, de
cada vez que te desafiam a identificar notas musicais, tu sabes exatamente de que notas se trata. Por
exemplo, na semana passada, no recreio, quando o Francisco levou a guitarra para a escola e tocou a nota
Dó, tu sabias que se tratava de um Dó.
Assim, segundo o fiabilista,
No exemplo anterior, pode-se considerar que tu sabias que a nota tocada pelo Francisco era um Dó,
porque:
Ora, se os fiabilistas têm razão, é possível que uma crença esteja justificada sem que seja necessário
apresentar nenhuma crença adicional que a justifique. Assim, uma vez mais, a primeira premissa do
argumento cético está posta em causa, pelo que, ainda que o argumento seja válido, não somos obrigados
a aceitar a sua conclusão.
A isto acrescentei que, visto eu conhecer algumas perfeições que não possuía, não era o
único ser que existia […], mas que necessariamente devia existir algum outro mais perfeito, do
qual eu dependesse e de quem tivesse recebido tudo o que tinha. Pois, se eu fosse o único ser e
independente de qualquer outro, de modo que houvesse recebido de mim todo esse pouco pelo
qual eu participava do ser perfeito, poderia, pela mesma razão, ter tido de mim próprio todo
excedente que reconhecia faltar-me, e ser assim infinito, imutável, omnisciente, omnipotente, em
suma, ter todas as perfeições que em Deus podia descobrir.
René Descartes (1637). Discurso do Método. Trad. João Gama. Lisboa: Edições 70, 2013
Argumento ontológico
Uma terceira via encontrada por Descartes para estabelecer a existência de Deus é o chamado
“argumento ontológico”. Este argumento foi formulado pela primeira vez por Santo Anselmo, numa obra
intitulada Proslogion, e Descartes reformula-o nos seguintes termos:
Quis procurar, depois disso, outras verdades e, tendo escolhido o objeto dos geómetras […]
revi algumas das suas demonstrações mais simples. E, tendo notado que a grande certeza, que
todos lhes atribuem, se funda apenas em serem concebidas com evidência, segundo a regra por
mim há pouco indicada, notei também que não existia nelas absolutamente nada que me
assegurasse da existência do seu objeto. Pois, por exemplo, via bem que, ao supor um triângulo,
era necessário que os seus três ângulos fossem iguais a dois retos; mas, apesar disso, nada via que
me garantisse que no mundo exterior existisse algum triângulo. Ao passo que, voltando a examinar
a ideia que eu tinha de um ser perfeito, descobria que a existência estava nela contida, do mesmo
modo, ou mais evidentemente ainda, que na de um triângulo está compreendido que os seus três
ângulos são iguais a dois retos, ou na de uma esfera, que todos os seus pontos são equidistantes
do centro; e que, por conseguinte, é pelo menos tão certo como qualquer demonstração de
geometria que Deus, que é o ser perfeito, é ou existe.
René Descartes, Discurso do Método. Trad. João Gama. Lisboa, Edições 70, 2013
A ideia subjacente a este argumento é a de que existirr é claramente mais perfeito do que não existir;
portanto, um ser perfeito é, por definição, um ser que existe, caso contrário já não seria perfeito, faltar-
-lhe-ia a existência. Ou seja, tal como não podemos conceber uma montanha sem um vale, um triângulo
cuja soma dos seus ângulos internos seja diferente de 180°, ou um círculo quadrado, também não podemos
conceber um ser perfeito como não existindo, pois isso implicaria uma contradição nos termos. O argumento
pode ser formulado assim:
;ϭͿDeus é, por definição, o Ser Perfeito.
;ϮͿA existência é uma perfeição.
;ϯͿ Se Deus é, por definição, o Ser Perfeito e a existência é uma perfeição, então Deus existe.
;ϰͿ Logo, Deus existe.
FILOSOFIA DA CIÊNCIA
Por fim, resta acrescentar que o senso comum é acrítico e ametódico pois contenta-se com uma
descrição superficial do modo como as coisas são e não obedece a um conjunto de regras que possibilitem
um rigoroso controlo experimental dos seus resultados. Por posição a estas características, podemos
considerar que o conhecimento científico é crítico e metódico, pois procura explicações bem fundamentadas
para os acontecimentos naturais, demonstrando disponibilidade para rever os seus resultados perante o
aparecimento de novos dados empíricos e obedecendo a um conjunto de regras que possibilitam um
controlo experimental dos seus resultados.
ŵƐƵŵĂ͗
Senso comum Conhecimento científico
Conjunto de crenças amplamente partilhadas que Conhecimento alicerçado na procura de explicações
resulta da experiência coletiva acumulada e da racionais, sistemáticas e controláveis através da
transmissão cultural. experiência para os acontecimentos naturais.
Usa uma linguagem imprecisa, com termos vagos e Usa uma linguagem rigorosa e precisa, tornando-se
carecendo de um grau importante de especificidade, um conhecimento mais suscetível de ser submetido a
dificultando a tarefa de haver um controlo provas e a críticas através da experiência.
experimental.
Atende ao imediato e ao concreto – ao efeito A investigação é orientada para a explicação geral dos
valorizado pelo ser humano. factos e para as suas causas sem ser de forma óbvia
influenciada pelo que é imediatamente valorizado
pelos seres humanos.
É acrítico e ametódico, pois contenta-se com uma É crítico e metódico, pois procura explicações bem
descrição superficial do modo como as coisas são e não fundamentadas para os acontecimentos naturais,
obedece a um conjunto de regras que possibilitem um estando disponível para rever os seus resultados
rigoroso controlo experimental dos seus resultados. perante o aparecimento de novos dados empíricos e
obedece a um conjunto de regras que possibilitam um
controlo experimental dos seus resultados.
FILOSOFIA DA CIÊNCIA
O falsificacionismo de Popper
Comecei a sentir uma crescente insatisfação relativamente a estas três teorias: a Teoria Marxista da
História, a Psicanálise e a Psicologia Individual. E comecei a ter dúvidas em relação às suas pretensões a um
estatuto científico. O meu problema, de início, talvez se pudesse formular nestes simples termos: "O que há
de errado no Marxismo, na Psicanálise e na Psicologia Individual? Por que razão é que são tão diferentes da
Teoria de Newton e, em especial, da Teoria da Relatividade?
Para tornar este contraste nítido, devo explicar que, na altura, poucos de nós teriam dito que
acreditávamos na verdade da teoria da gravitação de Einstein. Por aqui se vê que não era o facto de duvidar
da verdade dessas outras três teorias que me incomodava, mas sim algo diferente. Nem era, tão-pouco,
que eu simplesmente considerasse a física matemática mais exata do que as teorias de tipo sociológico ou
psicológico. O que, por conseguinte, me preocupava não era o problema da verdade, pelo menos nessa
fase, nem o problema da exatidão ou mensurabilidade. Era antes o facto de eu sentir que essas outras três
teorias, dando-se embora ares científicos, tinham, na realidade, mais em comum com os mitos primitivos
do que com a Ciência – de sentir que se pareciam mais com a Astrologia do que com a Astronomia.
Descobri que alguns desses meus amigos, que eram admiradores de Marx, de Freud e de Adler,
estavam impressionados por um certo número de pontos em comum destas teorias e, em especial, pelo
seu aparente poder explicativo. Com efeito, estas teorias pareciam capazes de explicar praticamente tudo o
que sucedia nos domínios a que se referiam. O estudo de qualquer uma delas parecia exercer o efeito de
uma revelação ou conversão intelectual, abrindo os nossos olhos para uma verdade nova, oculta dos ainda
não-iniciados. E, uma vez assim abertos os nossos olhos, víamos exemplos confirmativos em toda a parte: o
mundo estava cheio de verificações da teoria. O que quer que acontecesse, confirmava-a sempre. Desta
maneira, a sua verdade parecia manifesta. E os descrentes eram, evidentemente, pessoas que não queriam
ver a verdade manifesta; que se recusavam a vê-Ia, fosse porque essa verdade era contra os seus interesses
de classe, ou por causa das suas repressões, que estavam ainda "por psicanalisar" e a precisar de tratamento.
O elemento mais característico desta situação parecia-me ser o incessante caudal de confirmações, de
observações que "verificavam" as teorias em questão. E este ponto era constantemente salientado pelos
seus partidários. Um marxista não podia abrir um jornal sem descobrir, em cada página, provas confirmativas
da sua interpretação da História. Não apenas nas notícias, mas também na sua apresentação – que revelava
a tendência de classe do jornal – e sobretudo, como é óbvio, naquilo que o jornal não dizia. Os psicanalistas
freudianos enfatizavam que as teorias eram constantemente confirmadas pelas suas "observações clínicas".
No que diz respeito a Adler, fiquei surpreendido com uma experiência pessoal. Uma vez, em 1919, relatei-lhe
um caso que, a mim, não se me afigurava particularmente adleriano, mas que ele não teve, no entanto,
dificuldade em analisar à luz da sua teoria de sentimentos de inferioridade, apesar de não ter, sequer, visto a
criança em questão. Ligeiramente chocado, perguntei-lhe como podia ter tanta certeza. "Por causa da minha
experiência de mil casos semelhantes", foi a resposta – perante a qual não pude deixar de comentar: "E com
este novo caso, suponho, esse número já deve ter aumentado para mil e um".
Aquilo em que eu estava a pensar era que as observações que ele anteriormente fizera podiam não
ter sido muito mais consistentes do que esta; que cada uma delas teria sido, por sua vez, interpretada à luz
de "experiência prévia" e simultaneamente contabilizada como confirmação adicional. E confirmação de
quê? Unicamente de que um caso mais podia ser interpretado à luz da teoria. Mas isso, refleti eu, significava
muito pouco, uma vez que qualquer caso concebível podia ser interpretado à luz da teoria de Adler, ou
também da de Freud. [...] Não me consegui lembrar de nenhum comportamento humano que não pudesse
ser interpretado nos termos de qualquer uma destas teorias. E era precisamente este facto – o facto de se
adequarem sempre, de serem sempre confirmadas – que constituía, aos olhos dos que as admiravam, o
ponto mais forte a seu favor. Mas que em mim começou a despertar a ideia de que essa aparente força era,
na realidade, uma fraqueza. [...]
Estas considerações conduziram-me [...] a conclusões que posso agora reformular da seguinte
maneira: [...] É fácil obter confirmações ou verificações para quase todas as teorias – desde que procuremos
confirmações. [...] Toda a "boa" teoria científica é uma interdição: proíbe que determinadas coisas
aconteçam. Quanto mais a teoria proibir, melhor será. [...] Uma teoria que não seja refutável por nenhum
acontecimento concebível será uma teoria não-científica. A irrefutabilidade não é uma virtude da teoria,
mas sim um defeito.
Karl Popper (1963), Conjeturas e Refutações. Lisboa: Almedina, pp. 87-90
FILOSOFIA DA CIÊNCIA
Algumas das diferenças que tenho em mente resultam da experiência anterior do indivíduo como
cientista. Em que parte da área trabalha ele quando se confrontou com a necessidade de escolher? Por
quanto tempo trabalhou nele? Qual foi o seu sucesso? E quanto do seu trabalho dependeu de conceitos e
técnicas contestados pela nova teoria? Outros fatores importantes para a escolha ficam fora das ciências. A
rápida adoção do Copernicianismo por parte de Kepler ficou a dever-se em parte à sua imersão nos
movimentos Neoplatónicos e Herméticos da sua época; o Romantismo alemão predispôs aqueles que
afetou a reconhecer e aceitar a conservação da energia; o pensamento social britânico do século XIX teve
uma influência semelhante sobre a disponibilidade e aceitabilidade do conceito de Darwin na luta pela
existência. Outras diferenças significativas são funções da personalidade. Alguns cientistas pões mais ênfase
do que outros na originalidade, estando correspondentemente mais dispostos a correr riscos; alguns
cientistas preferem teorias mais abrangentes e unificadas e soluções precisas e pormenorizadas de
problemas de alcance aparentemente mais restrito. Fatores diferenciadores como estes são descritos pelos
seus críticos como subjetivos, e são postos em contraste com os critérios partilhados ou objetivos de que
parti. Embora mais à frente ponha em causa este uso dos termos, vou aceitá-los por enquanto. A minha
ideia é pois que toda a escolha individual entre teorias rivais depende de uma mistura de fatores objetivos
e subjetivos, ou de critérios partilhados e individuais. Visto que os últimos não são habitualmente
considerados na filosofia da ciência, a ênfase que lhes dei tornou difícil aos meus críticos dar-se conta da
minha crença nos primeiros.
O que disse até agora limita-se primariamente a descrever o que se passa nas ciências nos momentos
em que se dá a escolha das teorias. Como descrição, não foi de resto contestada pelos meus críticos, que
rejeitam, em vez disso, a minha afirmação de que esses factos da vida científica têm importância filosófica.
Thomas Kuhn (1973). "Objetividade, juízo de valor e escolha teórica". A tensão essencial. Lisboa: Edições 70, 1989, pp. 404-405
FILOSOFIA DA ARTE
O que é a estética?
O termo "estética" tem vários sentidos. Na linguagem comum tem sido usado para referir práticas
relacionadas com os cuidados do corpo e da aparência. Mas existe igualmente um uso teórico do termo.
Neste contexto, a palavra "estética" serve para designar um determinado campo de investigação filosófica.
Enquanto disciplina filosófica, a estética surge frequentemente associada à filosofia da arte. Alguns autores
chegam mesmo a identificar estes dois domínios, considerando a estética, ou filosofia da arte, uma reflexão
sobre os conceitos envolvidos na criação artística, como por exemplo os conceitos de arte, representação,
expressão, forma artística, estética, interpretação, falsificação, criatividade, valor artístico, entre outros.
Há, no entanto, autores que apontam para uma distinção entre estes dois campos de investigação. Alexander
Baumgarten (1714-1762), por exemplo, tinha em mente um uso muito específico do termo "estética"
quando o utilizou para designar o estudo filosófico da perceção sensível, nomeadamente, da experiência de
apreciação da Natureza e das obras de arte. Para ele este tipo de investigação deveria centrar-se nas
experiências e operações mentais do sujeito. Assim, para autores como Baumgarten, a estética e a filosofia
da arte correspondem a campos de investigação distintos e autónomos. Mas, independentemente da forma
como encaramos as relações entre estes dois domínios, os juízos estéticos são fundamentais para
compreendermos a estética e o seu campo de estudo. Por esse motivo, é justamente por aí que vamos
começar.
II
;ϰͿO primeiro álbum dos Moonspell pesa 21 gramas.
;ϱͿO livro Antídoto, de José Luís Peixoto, tem 12 centímetros de largura.
;ϲͿA Torre dos Clérigos tem 324 metros de altura.
Há algo de comum entre os juízos dos dois conjuntos, eles são acerca das mesmas coisas. No entanto,
não é difícil perceber que existe uma diferença significativa entre eles. Propriedades como "pesar
21 gramas", "ter 12 centímetros de largura" e "ter 324 metros de altura" são propriedades que qualquer
objeto pode ter, independentemente de existirem seres humanos, ou não. Mas as propriedades do primeiro
grupo são propriedades que dependem de uma reação. A propriedade da monumentalidade que foi
atribuída à Torre dos Clérigos, por exemplo, está dependente da perceção humana. Edifícios com certas
escalas e estruturas parecem-nos monumentais, dada a constituição física e psicológica da nossa espécie. É
natural que o mesmo não acontecesse com criaturas gigantes vindas de outros planetas, mas seria de
esperar que isso acontecesse com outras criaturas que tivessem uma constituição física e psicológica
parecida com a nossa.
Os juízos do primeiro grupo são juízos estéticos, pois envolvem um tipo particular de propriedades a
que chamamos propriedades estéticas.
Estas propriedades distinguem-se das que surgem no segundo grupo, a que chamamos propriedades
físicas.
Se criaturas de galáxias distantes aterrassem subitamente no nosso planeta, objetos como o primeiro
álbum dos Moonspell, o livro Antídoto, de José Luís Peixoto, ou a Torre dos Clérigos não deixariam de ter as
mesmas propriedades físicas. E, em princípio, os alienígenas seriam capazes de entender livros de física e de
matemática. Mas será que iriam captar a intensidade, a delicadeza e a monumentalidade das obras
referidas? Não é provável. Se de facto as propriedades estéticas estão dependentes da resposta de criaturas
com o nosso tipo de sensibilidade, é bastante improvável que seres de galáxias distantes captassem
exatamente as mesmas propriedades. Daí que estas propriedades sejam vistas como propriedades
disposicionais, visto que dependem das disposições daqueles que as apreendem. Assim, propriedades
estéticas como a intensidade, a delicadeza e a monumentalidade, por exemplo, dependem da interação
entre criaturas como nós e os objetos.
ĞdžƉĞƌŝġŶĐŝĂĞƐƚĠƚŝĐĂ͗ĚĞĨŝŶŝĕĆŽĐĞŶƚƌĂĚĂŶŽƐƵũĞŝƚŽ
Jerome Stolnitz (n. 1925) é um filósofo contemporâneo que defende uma definição de experiência
estética centrada no sujeito. De acordo com Stolnitz, ter uma experiência estética depende da adoção de uma
ĐĞƌƚĂĂƚŝƚƵĚĞĞŵƌĞůĂĕĆŽĂŽƐŽďũĞƚŽƐƵŵĂĂƚŝƚƵĚĞĞƐƚĠƚŝĐĂ͘DĂƐŽƋƵĞƐŝŐŶŝĨŝĐĂĂĚŽƚĂƌƵŵĂĂƚŝƚƵĚĞĞƐƚĠƚŝĐĂ͍
Significa adotar uma atitude de atenção e contemplação desinteressadas e complacentes dos objetos.
Para explicar o que isto significa exatamente, pode ser útil comparar este tipo de atitude com a
atitude que habitualmente adotamos em relação às coisas, que é uma atitude prática. Geralmente, quando
dirigimos a nossa atenção para um determinado objeto, procuramos determinar que utilidade pode ter
para nós e para os nossos objetivos. Por exemplo, vemos uma caneta como algo com que podemos escrever,
vemos um automóvel que se aproxima como algo a evitar, etc. Nestes casos, a nossa atenção não está
ĐĞŶƚƌĂĚĂĞdžĐůƵƐŝǀĂŵĞŶƚĞŶŽƐŽďũĞƚŽƐŶŽƐƐĞƵƐƐŽŶƐ͕ƌŝƚŵŽƐ͕ůŝŶŚĂƐ͕ĨŽƌŵĂƐ͕ĐŽƌĞƐ͕ĞƚĐ͕͘ŵĂƐƐŝŵŶƵŵ
determinado objetivo que pretendemos alcançar. Os objetos não estão a ser considerados em si mesmos,
mas sim como meios para atingir outros fins.
Podemos dizer de todos estes interesses Para a atitude estética, as coisas não
não estéticos, e da perceção "prática" em devem ser classificadas, nem estudadas, nem
geral, que o objecto é apreendido em função ajuizadas. Elas são em si aprazíveis, ou excitan-
da sua origem e das suas consequências, das tes ao olhar. Deve ser claro, portanto, que
suas relações com as outras coisas. Em con- serem "desinteressadas" é muito distinto de
traste, a atitude estética "isola" o objecto e serem "não interessadas". Pelo contrário,
concentra-se nele: a "aparência" das rochas, o como todos sabemos, podemos ser intensa-
som do mar, as cores da pintura. Por isso, o mente absorvidos por um livro ou um filme, de
objeto não é visto de maneira fragmentária, tal modo que ficamos muito mais "interessa-
ou de passagem, como acontece na perceção dos" do que habitualmente no curso da nossa
"prática", ao usarmos uma caneta para escre- atividade "prática".
ver, por exemplo. Toda a sua natureza e o seu Jerome Stolnitz (1960). "A atitude estética". In Carmo
caráter são considerados demoradamente. […] Dorey (org.). O que é a arte? Lisboa: Dinalivro, 2007, p. 50.
É disto que falamos quando usamos a expressão "atenção desinteressada" para descrever a
experiência estética. Não estamos a querer dizer que se trata de uma atenção sem interesse no objeto, mas
simplesmente que esse interesse deve recair inteiramente sobre o objeto, sem outros interesses pessoais
envolvidos. Nessa medida, o desinteresse é compatível com o facto de haver interesse no objeto, significa
apenas que se trata de um interesse sem outros fins. Assim, para termos uma experiência estética de uma
obra de arte, por exemplo, teremos de lhe prestar uma atenção desinteressada, em vez de perguntar se ela
ofende os católicos, corrompe a juventude, promove uma determinada ideologia política, etc.
Por outro lado, um pintor que faz quadros de grandes dimensões a pensar nas vantagens económicas
que poderão daí advir, mantém-se ligado a interesses pessoais que o impedem de ter uma experiência
estética. Neste sentido, ter uma experiência estética implica que nos libertemos das pressões do quotidiano.
Assim, se alguém tem realmente uma experiência estética quando ouve a sua música preferida, deixa a vida
e as preocupações do dia a dia de parte, fruindo da música por si mesma.
Para que se possa ter uma experiência estética, é também preciso que a nossa atenção seja
complacente. O que quer isto dizer? Simplesmente que temos de nos render ao objeto e deixar-nos guiar
pelas suas propriedades e relações. É como se nos entregássemos ao objeto e jogássemos segundo as suas
regras próprias, sem lhe impor as nossas. Se rejeitarmos um romance porque ele entra em choque com os
nossos princípios morais, não podemos dizer que chegamos a ter uma experiência estética da obra. Na
prática, se queremos ter uma experiência estética de uma esfregona ou de um monte de lixo, por mais que
isso nos cause uma rejeição imediata, devemos ser capazes de suspender essa rejeição e fazer um esforço
genuíno para entender os objetos que temos pela frente.
Além de uma atenção desinteressada e complacente, dissemos que a atitude estética envolve uma
forma de contemplação. A palavra "contemplação" aparece frequentemente associada à noção de
experiência estética, mas, ao contrário do que possa parecer à primeira vista, esta contemplação não é um
estado passivo. Não implica que tenhamos de ficar a olhar impávidos e distantes para um quadro ou para
uma escultura, por exemplo. É antes uma observação cuidadosa dos detalhes de um objeto de maneira a
procurar estabelecer uma estrutura coerente e encontrar conexões. Para isso é necessário que a inteligência
e a imaginação reconstruam ativamente o objeto, em vez de o encararmos de um modo passivo.
Para ajudá-lo a compreender melhor esta explicação da experiência estética, imagine, por exemplo,
que está a ter uma experiência estética da sua música preferida. Em que consiste essa experiência?
ͻĐŽŶƐŝƐƚĞĞŵŽƵǀŝƌĂŵƷƐŝĐĂĞŶĂĚĂŵĂŝƐĚĞƐĞũĂƌĂůĠŵĚĂĞdžƉĞƌŝġŶĐŝĂĚĞŽƵǀŝƌĂŵƷƐŝĐĂatenção
desinteressada;
• consiste numa rendição à obra sobre a qual essa atenção é exercida, neste caso a sua música
ƉƌĞĨĞƌŝĚĂatenção complacente;
• e consiste em ouvir a música com a inteligência e a imaginação de maneira a compreender os sons
e a sua conexão com os que já foram ouvidos e a formar expetativas acerca dos que irão ser ouvidos,
ƉƌŽĐƵƌĂŶĚŽĐŽĞƌġŶĐŝĂŶĂĞƐƚƌƵƚƵƌĂƐŽŶŽƌĂĚĂŵƷƐŝĐĂcontemplação.
Segundo esta definição, uma experiência é considerada estética devido às reações do sujeito que
contempla e não às propriedades dos objetos.
Não existe uma atenção interessada e uma atenção desinteressada. Não foi a atenção que foi dife-
rente, mas sim as motivações.
O SUBJETIVISMO ESTÉTICO
A definição de experiência estética centrada no sujeito está associada a uma determinada conceção
dos juízos estéticos — o subjetivismo estético. Para melhor compreender esta perspetiva, consideremos de
novo os juízos do grupo I e comparemo-los com os do grupo III:
I
;ϭͿ O primeiro álbum dos Moonspell é intenso.
;ϮͿO livro Antídoto, de José Luís Peixoto, é delicado.
;ϯͿ A Torre dos Clérigos é monumental.
III
;ϳͿ O primeiro álbum dos Moonspell é ligeiro.
;ϴͿ O livro Antídoto, de José Luís Peixoto, é agressivo.
;ϵͿA Torre dos Clérigos é vulgar.
À primeira vista, estes juízos parecem ser acerca do primeiro álbum dos Moonspell, do livro Antídoto
e da Torre dos Clérigos, referindo-se a propriedades objetivas desses objetos; logo, parece impossível que
tanto os juízos do grupo I como os do grupo III sejam verdadeiros. Mas, se a experiência estética é um
estado subjetivo de atenção e contemplação desinteressadas e complacentes, então estes juízos referem-se,
na realidade, às impressões subjetivas de intensidade, delicadeza, monumentalidade, ligeireza, agressividade
e vulgaridade experimentadas por aqueles que apreciam os referidos objetos. Neste sentido, as propriedades
estéticas não são propriedades reais dos objetos, mas sim meras projeções dessas impressões.
Assim, para um subjetivista estético, afirmar que "O primeiro álbum dos Moonspell é intenso"
significa: "Eu tenho uma sensação de intensidade perante o primeiro álbum dos Moonspell.". E afirmar que:
"O primeiro álbum dos Moonspell é ligeiro" significa: "Eu tenho uma sensação de ligeireza perante o
primeiro álbum dos Moonspell". Isto implica que os juízos estéticos são subjetivos, porque a sua verdade,
ou falsidade, depende exclusivamente dos estados subjetivos de quem os formula.
Deste modo, um subjetivista estético considera que os juízos estéticos não passam de expressões dos
nossos gostos pessoais, ou seja, são meros juízos de gosto, como quando dizemos "gosto de chocolate", por
exemplo. Isso significa que a única coisa de que dispomos para tentar justificar estes juízos são as
preferências de cada um. Se alguém nos pergunta "porque é que gostas de chocolate?", podemos responder
"porque é doce", mas isso seria apenas especificar o que é que nos agrada no chocolate. Se nos perguntassem
"porque é que gostas de coisas doces?", a única resposta que poderíamos oferecer é "porque sim"; para
tornar a nossa resposta mais informativa, restar-nos-ia apenas acrescentar "graças à minha configuração
física e psicológica atual acontece simplesmente eu gostar de coisas doces" e esperar que a pessoa se
contentasse com esta resposta.
II
;ϰͿ Ou as propriedades estéticas são propriedades reais e objetivas dos objetos, ou são projeções das
nossas impressões subjetivas.
;ϱͿ As propriedades estéticas não são propriedades reais e objetivas dos objetos. (conclusão da
primeira parte)
;ϲͿ Logo, as propriedades estéticas são projeções das nossas impressões subjetivas.
Mais uma vez, a primeira premissa é robusta e difícil de refutar. É evidente que existem desacordos
na atribuição de propriedades estéticas a determinados objetos. Por isso, o melhor que temos a fazer é
concentrar-nos na premissa do ponto (2), que é mais controversa. É, em grande medida, porque os
desacordos na atribuição de propriedades estéticas são bastante evidentes que esta premissa é mais
controversa, por muito estranho que isto possa parecer. Deste modo, o que os opositores ao subjetivismo
estético têm de fazer é partir do pressuposto comum de que esses desacordos são reais e mostrar que isso
torna impossível que as propriedades estéticas sejam meras projeções das nossas impressões subjetivas. É
o que acontece no argumento que se segue:
;ϭͿ Há diversos e profundos desacordos acerca de propriedades estéticas.
;ϮͿ Se há profundos desacordos acerca de propriedades estéticas, então as pessoas em desacordo
estão a fazer afirmações diferentes sobre as mesmas coisas.
;ϯͿ Se as pessoas em desacordo estão a fazer afirmações diferentes sobre as mesmas coisas, então as
propriedades estéticas não são meras projeções das suas impressões subjetivas.
;ϰͿLogo, as propriedades estéticas não são meras projeções das suas impressões subjetivas.
A verdade é que para que haja um desacordo real entre dois apreciadores de um determinado objeto
(digamos, o primeiro álbum dos Moonspell, para retomar o exemplo anterior), eles têm de estar a fazer
afirmações opostas sobre a mesma coisa. Consideremos os exemplos:
;ϭͿ O primeiro álbum dos Moonspell é intenso.
;ϭϬͿ O primeiro álbum dos Moonspell não é intenso.
Segundo o subjetivismo estético, o juízo 1 significa "Eu tenho uma sensação de intensidade durante a
audição do primeiro álbum dos Moonspell." e o juízo 10 "Eu não tenho uma sensação de intensidade durante
a audição do primeiro álbum dos Moonspell.". Ora, se estes juízos forem formulados por pessoas diferentes,
aquilo que existe de aparentemente contraditório entre eles deixa de existir, uma vez que se referem
apenas às impressões e gostos que cada um experimenta, e não às propriedades objetivas do álbum. Logo,
se o subjetivismo estético fosse verdadeiro, não existiriam autênticos desacordos quanto à atribuição de
propriedades estéticas aos objetos.
Objeção da aprendizagem por ostensão de termos relativos a propriedades estéticas
Além do que já foi dito, é importante notar que, para que haja um desacordo genuíno na atribuição
de uma propriedade estética a um determinado objeto, ambas as partes têm de possuir um enquadramento
conceptual comum. Se os pontos de vista em confronto usarem conceitos diferentes, falarão cada um para
seu lado, mas a comunicação entre os dois é impossível. Por exemplo, se a Maria considera o primeiro
álbum dos Moonspell intenso e o Jerónimo acha que é ligeiro, então o desentendimento entre os dois só é
real se estes usarem os termos "intenso" e "ligeiro" no mesmo sentido. Se o Jerónimo entender por "ligeiro"
aquilo que a Maria entende por "intenso", o desacordo entre os dois é apenas aparente. Mas isso geralmente
não acontece. A verdade é que isso não pode acontecer sistematicamente, dada a maneira como
aprendemos a usar de forma consistente a terminologia relativa a propriedades estéticas.
Aprendemos a usar termos como "intenso", "delicado", "ligeiro", "vulgar", etc., por ostensão. As pessoas
apontam para certos exemplos de coisas intensas, ou ouvimos músicas que são descritas como intensas, e
apreendemos o sentido do termo. Para que isso seja possível, as pessoas têm de designar o mesmo tipo de
coisas com o mesmo termo, têm de considerar a mesma característica dos objetos que os seus educadores
consideram. Se estes se limitassem a fazer projeções das suas impressões subjetivas, seríamos incapazes de
considerar a mesma característica dos objetos que eles. Por isso, é mais razoável supor que uns e outros
temos acesso a uma determinada propriedade real e objetiva desses objetos.
Objeção da diferença entre juízos estéticos e juízos de gosto
O subjetivismo estético tem de enfrentar outro problema sério. Se o subjetivismo estético for
verdadeiro, então os nossos juízos estéticos não passam da expressão dos nossos gostos individuais, isto é,
não seriam mais do que meros juízos de gosto. Mas se os nossos juízos estéticos não fossem mais do que
juízos de gosto, não seria possível afirmar coerentemente coisas como "Eu não gosto da Mona Lisa, mas
reconheço que é uma obra-prima" ou "A 5.ª Sinfonia de Beethoven é belíssima, mas eu não sou grande
apreciador de música clássica". No entanto, é perfeitamente possível que se reconheça o valor estético de
um determinado objeto ou obra de arte sem que esse reconhecimento corresponda estritamente à
expressão de um gosto ou de uma preferência pessoal. Por outro lado, também é possível que ocorra o
inverso. Por vezes admitimos que gostamos de algo, de um filme ou de uma música, por exemplo, apesar de
reconhecermos que não é bom. O subjetivista estético terá de se esforçar por mostrar de que modo a sua
teoria pode acomodar este tipo de ocorrências.
yWZ/E/^dd/͗&/E/KEdZEKKEdjK
Uma alternativa à definição de experiência estética centrada no sujeito é considerar que é o conteúdo da
nossa experiência que faz com que esta seja estética. No texto que se segue, Monroe Beardsley (1915-1985)
defende que se pretendemos apreender um objeto do ponto de vista estético, não nos devemos ater aos seus
efeitos psicológicos, mas sim às características objetivas responsáveis por esses efeitos que este apresenta.
Além disso, pode considerar-se que grande parte da riqueza estética dos objetos depende igualmente
do seu grau de diversidade. Objetos que conjugam harmoniosamente diversos elementos são ricos em
subtilezas e contrastes. Segundo esta abordagem, prestar atenção a esse tipo de complexidade faz com que
tenhamos uma experiência estética desses objetos.Por fim, uma vez que as propriedades estéticas se
apresentam sempre com maior ou menor grau de intensidade, a experiência das qualidades estéticas de
um objeto será sempre uma experiência da sua intensidade.
Em síntese, segundo esta definição, a experiência estética é a experiência das propriedades estéticas
de um objeto ou obra de arte e dos seus graus de intensidade, unidade e diversidade. Neste sentido,
classificamos como estética uma experiência que se alimente exclusivamente das propriedades sensíveis e
formais dos objetos, e não das consequências que estes possam eventualmente possuir para nós ou para a
sociedade em geral.
No entanto, se, como vimos anteriormente, as propriedades estéticas não são propriedades físicas –
como o peso, a altura, o comprimento e a largura – e também não são meras projeções das nossas
impressões subjetivas, então em que consistem essas propriedades?
Para os defensores da definição de experiência estética centrada no conteúdo, as propriedades
estéticas, embora sejam propriedades dependentes de reações e disposições, estão vinculadas aos objetos,
porque dependem das suas propriedades não estéticas. Por exemplo, uma música tem a propriedade
estética de ser intensa devido a uma certa configuração dos seus sons, tons e ritmos; um edifício tem a
propriedade estética de ser monumental devido ao seu volume e à sua estrutura; uma escultura tem a
propriedade estética de ser delicada devido à textura dos seus materiais e à forma como estes se combinam.
Assim, podemos afirmar que as propriedades estéticas emergem das não estéticas.
A este tipo de relação de dependência entre dois tipos de propriedades, em que uma modificação
num deles produz uma alteração no outro, dá-se o nome de "superveniência". Dizemos, por exemplo, que
a monumentalidade de um edifício sobrevém de algumas das suas propriedades mais básicas, nomeadamente
do seu volume, da sua dimensão, da sua escala, da sua configuração, etc. Contudo, conforme foi
ĂŶƚĞƌŝŽƌŵĞŶƚĞŶŽƚĂĚŽ͕ĂŵŽŶƵŵĞŶƚĂůŝĚĂĚĞĚĞƵŵĞĚŝĨşĐŝŽŶĆŽĠƌĞĚƵƚşǀĞůăƐƐƵĂƐƉƌŽƉƌŝĞĚĂĚĞƐĨşƐŝĐĂƐ
está também dependente do modo como criaturas como nós reagem habitualmente a essas propriedades.
O OBJETIVISMO ESTÉTICO
Consideremos mais uma vez os juízos 1, 2 e 3, apresentados na página 73. Se aceitarmos que a
experiência estética é a experiência das propriedades estéticas dos objetos, estes juízos dizem que o
primeiro álbum dos Moonspell tem a propriedade de ser intenso, que o livro Antídoto, de José Luís Peixoto,
tem a propriedade de ser delicado e que a Torre dos Clérigos tem a propriedade de ser monumental.
Recorrendo à noção de superveniência, justificamos estes juízos dizendo que estas propriedades dependem
de uma certa disposição dos tons e dos ritmos da música dos Moonspell, da forma como se organizam as
palavras e os seus sentidos no livro de José Luís Peixoto e da constituição e configuração dos materiais que
estruturam a Torre dos Clérigos, bem como da sua dimensão.
Isto resulta numa perspetiva acerca da natureza dos juízos estéticos radicalmente oposta ao
subjetivismo estético, uma vez que, se as propriedades estéticas não se referem a estados subjetivos
projetados nos objetos, mas sim a propriedades objetivas dos mesmos, a verdade ou falsidade dos juízos
estéticos não depende dos estados subjetivos de quem os formula. Por esse motivo, esta teoria acerca
dos juízos estéticos tem o nome de objetivismo estético.
Consideremos que a maioria das pessoas aceita que as primeiras notas da Quinta Sinfonia de
Beethoven são imponentes. Para um objetivista, isso explica-se porque existem propriedades objetivas que
fazem com que essa seja a nossa reação adequada perante essas notas. Isto significa que, para o objetivismo
estético, quando duas pessoas manifestam um desacordo na atribuição de uma propriedade estética como
a intensidade, apenas uma delas está a fazer uma afirmação verdadeira.
&/>K^K&/Z>/'/K
Teísmo é a tese de que há uma pessoa sem um corpo (i.e. um espírito) que é eterno, livre,
capaz de fazer qualquer coisa, conhecer tudo, é perfeitamente bom, é o objeto apropriado de
adoração humano e obediência, o criador e o sustento do universo. Cristãos, Judeus, Muçulmanos
são todos nesse sentido teístas.
Esta conceção teísta de Deus distingue-se de outras conceções de Deus, tal como o deísmo (em que
se defende que Deus é criador mas que não intervém nem se importa com a criação) ou o panteísmo (em
que Deus não é distinto do mundo).
Mas como é que a filosofia pode ajudar a discutir esta crença no Deus teísta? Podemos sustentar que
se a filosofia é fundamentalmente uma atividade crítica, então, no âmbito religioso, começamos logo por
examinar se este conceito de Deus teísta é coerente ou consistente. Ou seja, se é possível que aqueles
atributos do Deus teísta sejam simultaneamente verdadeiros, ou se por ventura os atributos se contradizem
entre si e são logicamente inconsistentes. Isto é relevante, pois se o conceito teísta de Deus for inconsistente
(tal como 2 + 2 = 5), então este Deus será impossível: o que quer dizer que não existe nem sequer poderia
existir. Então, será o conceito de Deus consistente ou inconsistente? A este propósito Michael Martin (2010)
salienta que:
Há pelos menos duas formas básicas de justificar a descrença em Deus. A primeira é por
meio do argumento do mal (…). A segunda é mostrar que o conceito de Deus é incoerente ou que
a existência de Deus é de alguma forma conceptualmente impossível.
Em relação à primeira estratégia, o argumento do mal, analisaremos esse argumento com pormenor
num outro capítulo. Para já vale a pena analisar com ponderação os argumentos da segunda estratégia.
Esses argumentos podem tentar mostrar (i) que um dos atributos divinos é em si incoerente ou (ii) que a
combinação de atributos é inconsistente. Se qualquer dessas vias for bem sucedida, então o Deus teísta não
existe.
Como razões para (i) temos, por exemplo, o argumento contra a omnipotência (paradoxo da pedra)
ou argumento contra a omnisciência (fatalismo teológico). Por sua vez, como razões para (ii) temos, a título
ilustrativo, o argumento para a inconsistência entre omnipotência e perfeição moral ou o argumento para a
inconsistência entre a perfeição moral e liberdade divina. Nas próximas subsecções avaliaremos esses
argumentos.
ƌŐƵŵĞŶƚŽĐŽŶƚƌĂĂŽŵŶŝƉŽƚġŶĐŝĂ͗ŽƉĂƌĂĚŽdžŽĚĂƉĞĚƌĂ
No teísmo um dos atributos centrais é a omnipotência divina1. Uma definição intuitiva de omnipotência
é a seguinte:
;ϭͿUm ser S é omnipotente = df S pode realizar qualquer ação Ԅ.
De acordo com (D1), a omnipotência é ter a habilidade de fazer absolutamente qualquer coisa.
Contudo, se (D1) for plausível, é fácil levantar uma objeção para a omnipotência de Deus, nomeadamente
encontrar alguma coisa que ele não possa fazer. É precisamente isso que se ilustra no conhecido paradoxo
da pedra:
ϭ͘Ou Deus pode ou não pode criar uma pedra que ninguém consiga levantar.
Ϯ͘ Se Deus pode criar uma pedra que ninguém consiga levantar, então ele não é omnipotente (uma
vez que ele não pode levantar a pedra em questão).
ϯ͘ Se Deus não pode criar uma pedra que ninguém consiga levantar, então ele não é omnipotente
(uma vez que não pode criar a pedra em questão).
ϰ͘ Deus não é omnipotente. [De 1-3]
Será este um bom argumento? É importante referir que o argumento pressupõe que (D1) é uma
definição apropriada de omnipotência. Mas será? Tomás de Aquino discorda dessa definição na sua Suma
Teológica (I, 25, a.3) quando escreve o seguinte:
Todos confessam que Deus é omnipotente. Mas parece difícil explicar em que consiste precisamente
a sua omnipotência. Pois pode haver uma dúvida sobre o conteúdo preciso da palavra “todo” quando
dizemos que Deus pode fazer todas as coisas. Contudo, se consideramos bem, uma vez que o poder diz-se
em referência a coisas possíveis, a frase Deus pode fazer todas as coisas é corretamente entendida como
significando que Deus pode fazer todas as coisas que são possíveis; e por esta razão Deus diz-se omnipotente.
Tomás de Aquino nessa passagem parece sugerir uma revisão da definição de omnipotência,
nomeadamente:
;ϮͿ S é omnipotente =df S pode fazer qualquer ação Ԅ que seja metafisicamente possível.
Ora, se adotarmos (D2) em vez de (D1) temos uma base para criticar o paradoxo da pedra, tal como
propõe Mavrodes (1963). Pois, podemos dizer que a premissa (3) é falsa, uma vez que criar um pedra que
ninguém consiga levantar é uma ação impossível. Isto porque se, para qualquer mundo possível, Deus é
capaz de levantar qualquer pedra que exista, então não há qualquer mundo possível que contenha uma
pedra que Deus não possa levantar. Nesse caso, criar uma tal pedra é uma ação impossível.
Mas será essa uma boa objeção? Pode-se alegar que os problemas continuam dado que há muitas
outras ações que são possíveis e que Deus não pode fazer. Um exemplo: considere-se a ação de ser o autor
de um livro cujo único autor é Bertrand Russell. Esta é uma ação possível (e o próprio Russell realizou-a
várias vezes). Todavia, essa ação não pode ser feita por qualquer um, nem mesmo por Deus. Então, como
resolver isso? A definição (D2) parece ter problemas.
ϭ
cf. Ex 6:2-3; Ap 19:6.
Como forma de contornar esse problema o filósofo da religião Edward Wierenga (1989) defende que
uma definição mais afinada de omnipotência envolve três exceções razoáveis. Na primeira exceção, que
tem a ver com impossibilidades metafísicas, sustenta-se que um ser omnipotente não precisa de ter a
habilidade de tornar diretamente uma proposição verdadeira se não é possível que qualquer um a torne
verdadeira. Por exemplo, não há nada que alguém possa fazer para que a proposição todos os triângulos
tenham três lados seja verdadeira. A ideia é que a omnipotência não incluiu a habilidade de tornar
diretamente verdadeiras proposições impossíveis. Assim, a incapacidade para tornar a proposição alguns
triângulos têm quatro lados verdadeira não conta como razão contra a omnipotência.
Na segunda exceção, que é sobre incoerências com a essência, alega-se que um ser omnipotente não
precisa de ter a habilidade de tornar diretamente uma proposição verdadeira se ao fazê-lo é incompatível
com as propriedades essenciais desse ser. Vale a pena sublinhar que uma propriedade P é essencial a uma
coisa x sse2 não é possível que x exista mas não tenha P. Assim, se x é omnipotente por essência, então x
não tem de ser capaz de fazer o que torna impossível ou que coloque em causa essa propriedade. Por
exemplo, há coisas que Deus não pode fazer precisamente porque é por essência omnipotente (tal como
falhar, cansar-se, fazer-se a si próprio não ser, etc). Esta segunda exceção permite lidar com a objeção
anterior sobre a autoria do livro; pois, Deus tem a propriedade essencial de não ser idêntico a Bertrand
Russell, e ter essa propriedade é incompatível com ser o autor de um livro cujo único autor é Russell.
Portanto, Deus não precisa ser capaz de fazer isso de forma a ser omnipotente.
Quanto à terceira e última exceção, relacionada com incompatibilidades temporais, defende-se que
um ser omnipotente não precisa de ter a habilidade de tornar diretamente uma proposição verdadeira se
ao fazê-lo é incompatível com o que já aconteceu. Esta exceção acomoda a intuição de Anselmo e Tomás de
Aquino de que Deus não pode alterar o passado, mas também a intuição de que algumas coisas são possíveis
fazer, mas agora já é demasiado tarde para as fazer. Por exemplo, agora é demasiado tarde para Deus trazer
Moisés à existência pela primeira vez (mesmo que isso seja possível e compatível com as propriedades
essenciais de Deus). Ora, uma explicação adequada da omnipotência não deve requerer essa habilidade. Ou
seja, as ações Ԅ de um ser omnipotente devem ser compatíveis com o passado, com a história do mundo
num tempo.
Juntando as três exceções propostas por Edward Wierenga (1989), obtemos a seguinte definição de
omnipotência:
;ϯͿ S é omnipotente num mundo M num tempo t =df S é capaz no tempo t em M de tornar
diretamente verdadeira qualquer proposição p tal que o tornar diretamente p verdadeira de S em
t é metafisicamente compatível com a história de M até t.
Em (D3) as três exceções são satisfeitas, pois se a ação de S de tornar p diretamente verdadeira em t
é logicamente compatível com a história de M até t, então é compatível com o que já aconteceu (ou seja,
corresponde à terceira exceção). Além disso, se a ação de S de tornar p diretamente verdadeira em t é
compatível com alguma coisa, então é possível (o que corresponde à primeira exceção). Por fim, se a ação
de S de tornar p diretamente verdadeira em t é possível, então também se segue que tornar p diretamente
verdadeira é compatível com as propriedades essenciais de S e que p ele próprio é possível (isto é, o que se
afirma na segunda exceção).
2
“sse” abrevia a expressão “se, e só se”.
Mas de que forma (D3) permite lidar com o paradoxo da pedra? Com (D3) a premissa (3) do paradoxo
da pedra é lida da seguinte forma:
ϯ͘Se Deus não pode em t tornar diretamente verdadeira a proposição há uma pedra que
ninguém consegue levantar, então ele não é omnipotente.
Ora, de acordo com (D3), esta premissa (3) é verdadeira só se a ação de Deus de fazer a proposição há
uma pedra que ninguém consegue levantar diretamente verdadeira num certo tempo t é compatível com a
história do mundo até t. Mas tal sucede só se Deus já não for omnipotente antes de t. Se Deus é omnipotente
antes de t, a sua omnipotência faz parte da história do mundo antes de t e essa história não é compatível com
Deus fazer algo para perder a sua omnipotência. Portanto, (3) é verdadeira só se Deus não é omnipotente. Mas,
assim, parece haver uma petição de princípio em (3). Será esta uma boa estratégia de resolver o paradoxo?
ƌŐƵŵĞŶƚŽĐŽŶƚƌĂĂŽŵŶŝƐĐŝġŶĐŝĂ͗ŽĨĂƚĂůŝƐŵŽƚĞŽůſŐŝĐŽ
Para além da omnipotência, no teísmo defende-se a omnisciência divina3. Mas em que consiste esse
atributo? A omnisciência consiste em ter todo o conhecimento proposicional. Mas como apenas proposições
verdadeiras podem ser conhecimento, assim todo o conhecimento é apenas conhecimento de todas as
proposições verdadeiras. Deste modo:
;ϭͿ S é omnisciente =df para qualquer proposição p, se p é verdadeira então S sabe que p.
As proposições verdadeiras incluem proposições sobre o passado, presente, e futuro. Assim, um ser que
é omnisciente sabe tudo sobre o passado, presente, e futuro. Ora, se há verdades sobre o futuro, um ser
omnipotente tem uma completa presciência. Todavia, pode-se argumentar que a presciência divina é
incompatível com o livre-arbítrio humano. Ora, se tal for plausível, de forma a se preservar um tal livre-arbítrio
humano, ter-se-á de negar a presciência divina e, por sua vez, a sua omnisciência.
Representando S qualquer pessoa e Ԅ qualquer ação, o argumento (com inspiração em Boécio) para
a incompatibilidade entre presciência divina e livre-arbítrio é o seguinte:
Uma vez que S e Ԅ são qualquer pessoa e ação, este argumento pode mostrar que nenhuma ação
humana é livre se Deus sabe de antemão tais ações, ou seja, se Deus for omnisciente de proposições sobre
o futuro. Será este um bom argumento?
Uma forma de responder ao argumento consiste em argumentar que a necessidade presente na premissa
(1) é suscetível de duas leituras. Assim, o que pode ser necessário em (1) poderá ser a condicional, ou seja:
ϭ͘ϭ͘ É necessário que se Deus sabe que S realizará Ԅ, então S fará Ԅ. (Leitura de dicto)
3
cf. Rom 11:33; Job 12:13; Heb 4:13
ϭ͘Ϯ͘Se Deus sabe que S realizará Ԅ, então a proposição que S fará Ԅ é necessariamente
verdadeira. (Leitura de re)
Com essas duas leituras, obtemos dois argumentos diferentes. Para construir os argumentos
utilizamos as seguintes abreviaturas:
K = Deus sabe que S fará Ԅ.
R = S realiza Ԅ.
¬L = S não realiza Ԅ livremente.
ᇝ = é necessário que…
O argumento com leitura (1.1) é o seguinte:
ϭ͘ᇝ(K ՜R)
Ϯ͘(ᇝR ՜L)
ϯ͘(K ՜L) [De 1 e 2]
Neste argumento a premissa (1) é claramente verdadeira; i.e. necessariamente qualquer coisa que se
sabe ser verdade é verdadeira. Mas o argumento é inválido na lógica modal. Para se mostrar essa invalidade
de forma intuitiva, seja K José é solteiro, seja R José é não-casado, e seja ¬L não há qualquer mundo possível
em que José tem uma esposa. Neste caso temos um argumento com premissas verdadeiras, mas conclusão
falsa.
Por sua vez, o argumento com leitura (1.2) é o seguinte:
ϭ͘ᇝ(K ՜R)
Ϯ͘(ᇝR ՜L)
ϯ͘(K ՜L) [De 1 e 2]
Neste caso o argumento é claramente válido. Mas a premissa (1) é falsa, pois pelo facto de Deus
saber que uma proposição é verdadeira, daí não se segue que a proposição seja uma verdade necessária, tal
como todos os triângulos têm três lados. Ou seja, há muitas verdades contingentes que Deus sabe; assim,
Deus pode saber uma proposição sem ser necessária. Concluindo, de uma forma ou de outra, o argumento
do fatalismo teológico não é bom.
Mas será que a incompatibilidade entre presciência divina e livre-arbítrio foi realmente afastada? Há
versões mais fortes e atualizadas do argumento a favor dessa incompatibilidade que se baseiam nos
argumentos fatalistas. Para mostrar isso, suponha-se que a Maria está agora a ler um livro; seja t o tempo
presente; seja t* um tempo de 1000 anos atrás; e seja Ps a proposição que a Maria irá ler um livro daqui a
1000 anos.
Um cristão não deve acreditar que Deus pode fazer tudo: pois ele não pode acreditar que
Deus poderia possivelmente quebrar a sua própria palavra. Nem sequer pode um cristão acreditar
que Deus pode fazer tudo o que é logicamente possível; pois quebrar a sua própria palavra é
certamente um feito logicamente possível.
A sugestão de Geach passa por substitui o atributo de “omnipotente” pelo atributo de “todo
poderoso”. Dado que omnipotente significa habilidade para fazer tudo, enquanto todo poderoso consiste no
poder de Deus sobre todas as coisas. E enquanto o primeiro atributo parece envolver contradição, já não
será o caso com o segundo atributo.
Uma outra estratégia procura redefinir os atributos. Por exemplo, o atributo da omnipotência inclui
só tanto poder quanto um ser moralmente perfeito possa ter, tal como defendem Murray e Rea (2008). De
igual forma a definição (D3) de omnipotência (apresentada acima), se for plausível, à primeira vista permite
lidar com este tipo de inconsistência (tal como permitiu lidar com o paradoxo da pedra). Mas será que estas
duas estratégias são plausíveis?
COMO
PENSAR
TUDO ISTO?
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e Soluções/Cenários
de resposta
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Grupo I
(10 = 8) = 80 pontos
^ĞůĞĐŝŽŶĂĂĂůƚĞƌŶĂƚŝǀĂĐŽƌƌĞƚĂ͘
ϭ͘ De acordo com a definição tripartida de conhecimento, temos conhecimento se, e só se, temos uma
crença verdadeira justificada. Esta afirmação é...
(A) verdadeira, pois esta estabelece que a crença verdadeira justificada é necessária e suficiente para
termos conhecimento.
(B) verdadeira, pois esta estabelece que a crença verdadeira justificada é apenas necessária, mas não é
suficiente, para termos conhecimento.
(C) falsa, pois esta estabelece que a crença verdadeira justificada é apenas necessária, mas não é
suficiente, para termos conhecimento.
(D) falsa, pois esta estabelece que a crença verdadeira justificada é apenas suficiente, mas não é
necessária, para termos conhecimento
ϰ͘ Qual é o argumento apresentado por Descartes para pôr em causa as crenças a priori?
(A) Argumento das ilusões dos sentidos.
(B) Argumento da indistinção vigília-sono.
(C) Hipótese do Génio Maligno.
(D) Argumento da marca.
ϲ͘ Segundo os críticos, Descartes comete uma petição de princípio, pois pressupõe que...
(A) Deus existe.
(B) ele próprio existe.
(C) o Génio Maligno existe.
(D) o conhecimento existe.
Grupo II
(4 = 20) = 80 pontos
ZĞƐƉŽŶĚĞĚĞĨŽƌŵĂĚŝƌĞƚĂĞŽďũĞƚŝǀĂ͘
Ϯ͘ Por que razão pensa Descartes que a ideia de Deus só pode ser uma ideia inata?
ϯ͘ Por que razão considera Hume que não podemos justificadamente confiar na existência do mundo
exterior?
Grupo III
(1 = 40) = 40 pontos
>ġŽƚĞdžƚŽƐĞŐƵŝŶƚĞ͘
Se não partíssemos de algum facto presente à memória ou aos sentidos, os nossos raciocínios
seriam puramente hipotéticos e, por mais que os elos individuais pudessem estar ligados uns
aos outros, a cadeia de inferências, como um todo, nada teria que a pudesse sustentar, e jamais
poderíamos, por meio dela, chegar ao conhecimento de qualquer existência real. Se vos
perguntar porque acreditais em algum facto particular que me contais, tereis de me apresentar
alguma razão, e essa razão será algum outro facto ligado ao primeiro. Mas como não se pode
proceder dessa maneira in infinitum, tereis por fim de chegar a algum facto que está presente
na vossa memória ou nos vossos sentidos, ou então admitir que a vossa crença é inteiramente
destituída de fundamento.
David Hume (1748). Investigação sobre o entendimento humano.
Trad. João Paulo Monteiro. Lisboa: INCM, 2002, p. 60
Grupo I
(10 = 8) = 80 pontos
^ĞůĞĐŝŽŶĂĂĂůƚĞƌŶĂƚŝǀĂĐŽƌƌĞƚĂ͘
ϭ͘ De acordo com a 3.a etapa do método indutivista, podemos dizer que…
(A) os cientistas deduzem previsões e explicações por forma a encontrar confirmações adicionais à teoria.
(B) os cientistas procuram inferir, a partir da observação repetida de certos factos particulares, um
enunciado geral.
(C) os cientistas começam por observar os factos de forma imparcial, rigorosa e isenta de pressupostos
teóricos.
(D) os cientistas observam, formulam uma hipótese e procuram deduzir previsões e explicações que
possam ser confirmadas.
ϯ͘ Considera as afirmações relativas ao papel que desempenha a observação na prática científica, de
acordo com Popper.
ϰ͘ Popper defende que, quanto mais falsificável for uma teoria, mais interessante ela é para a ciência. Qual
das seguintes afirmações é, de acordo com Popper, a mais interessante?
(A) Nos círculos polares nunca faz sol.
(B) Raramente faz sol no círculo polar ártico.
(C) Nunca faz sol no círculo polar ártico.
(D) Há círculos polares em que faz sol.
ϲ͘ Segundo Popper, se os testes experimentais ainda não tiverem provado a falsidade de uma teoria,
podemos dizer que esta…
(A) foi refutada.
(B) está corroborada.
(C) foi falsificada.
(D) é verdadeira.
ϳ͘ Afirmar que nem todas as teorias são falsificáveis constitui uma crítica ao método falsificacionista de
Popper porque...
(A) falsificar uma teoria é visto como uma distorção da natureza da atividade científica.
(B) algumas teorias referem-se a objetos que não são diretamente observáveis.
(C) o facto de um procedimento experimental não decorrer de acordo com o previsto não é suficiente
para estabelecer de um modo conclusivo a falsidade de uma teoria.
(D) algumas teorias científicas possibilitaram grandes avanços tecnológicos, o que pode significar que
temos justificação para acreditar que elas são verdadeiras.
ϵ͘ Afirmar que uma mudança de paradigma implica uma alteração substancial da forma como entendemos
o que é fazer ciência numa determinada área mostra-nos que, segundo Kuhn, …
(A) os paradigmas são incomensuráveis.
(B) os paradigmas não são incomensuráveis.
(C) a mudança de paradigma constitui uma aproximação à verdade.
(D) a mudança de paradigma responde ao problema da objetividade.
ϭϬ͘ Se assumirmos que o crescente sucesso da ciência na previsão e no domínio da natureza é inegável,
então somos levados a aceitar que…
(A) os paradigmas são incomensuráveis.
(B) os paradigmas não são incomensuráveis.
(C) a mudança de paradigma constitui uma aproximação à verdade.
(D) a mudança de paradigma mostra-nos que a ciência não é objetiva.
Grupo II
(4 = 20) = 80 pontos
Estamos sempre a usar argumentos indutivos. É a indução que nos leva a esperar que o futuro
seja semelhante ao passado. Já bebi café muitas vezes, mas nunca me envenenou; por isso,
presumo, com base num argumento indutivo, que o café não me vai envenenar daqui para
frente. Sempre vi o dia seguir-se à noite; por isso, presumo que continuarei a fazê-lo.
Nigel Warburton (2007). Elementos básicos de filosofia. Lisboa: Gradiva, p. 186
ϭ͘ϭ Segundo Popper, este tipo de raciocínios não pode servir de base à ciência. Porquê?
Ϯ͘ Explica por que razão, para Popper, “o erro é o motor da ciência”.
ϯ͘ Explica por que razão, segundo Kuhn, a descoberta de uma anomalia não representa necessariamente
uma ameaça decisiva para a teoria.
Kuhn parece dar a entender que não é possível compreender a linguagem de um paradigma a
partir da perspetiva de outro e que, a par da possibilidade de compreensão, os cientistas em
oposição também não têm a possibilidade de comunicar e de comparar as formulações e as
soluções proporcionadas pelas respetivas teorias.
Lisa Bortolotti (2008). Introdução à filosofia da ciência. Lisboa: Gradiva, p. 170
ϰ͘ϭ Este texto remete para uma tese defendida pelo filósofo da ciência Thomas Kuhn. Qual? Justifica a
tua resposta tendo por base o texto.
Grupo III
(1 = 40) = 40 pontos
Sir Karl [Popper] acentua os testes realizados para explorar as limitações da teoria aceite ou
para submeter à tensão máxima uma teoria vulgar. Entre os seus exemplos favoritos [...] estão
as experiências de Lavoisier sobre a calcinação e as expedições para observar o eclipse solar de
1919 [...]. Claro que estes são testes clássicos, mas, ao usá-los para caracterizar a atividade
científica, Sir Karl omite algo de muito importante a seu respeito. Episódios como estes são
muito raros no desenvolvimento da ciência. [...] São aspetos ou exemplos do que algures chamei
“investigação extraordinária” [...]. Sugiro, portanto, que Sir Karl caracterizou todo o
empreendimento científico em termos que só se aplicam às suas partes ocasionalmente
revolucionárias.
Thomas Kuhn (1989). A Tensão essencial. Lisboa: Edições 70, pp. 329-330 (adaptado)
ϭ͘ϭ Concordas com a perspetiva acerca do desenvolvimento científico proposta no texto? Porquê?
Grupo I
(10 = 8) = 80 pontos
^ĞůĞĐŝŽŶĂĂĂůƚĞƌŶĂƚŝǀĂĐŽƌƌĞƚĂ͘
ϭ͘ Os contemporâneos de Platão e Aristóteles elogiavam o talento do pintor grego Zeuxis pelo enorme
realismo das suas obras. Diz-se que era capaz de pintar uvas tão realistas que os pássaros tentavam
comê-las. Quem acha que as obras de Zeuxis eram arte por retratarem de forma tão realista a realidade
mostra simpatia pela teoria...
(A) representacionista.
(B) expressivista.
(C) formalista.
(D) histórica.
ϯ͘ O facto de haver grandes obras de arte preconcebidas para estimular determinadas emoções do seu
público dá-nos uma boa razão para...
(A) aceitar a teoria expressivista da arte.
(B) rejeitar a teoria expressivista da arte.
(C) aceitar a teoria formalista da arte.
(D) rejeitar a teoria formalista da arte.
ϰ͘ Quem rejeita o estatuto de arte a uma obra por considerar que o seu conteúdo representacional ou
expressivo não permite que nos sintamos emocionados pelas suas linhas, formas e cores mostra simpatia
pela teoria...
(A) representacionista.
(B) expressivista.
(C) formalista.
(D) histórica.
ϱ͘ Qual das seguintes ideias não é utilizada pelos defensores da teoria formalista para suportar a sua posição?
(A) Todas as obras de arte têm alguma propriedade comum, ou quando falamos de “arte” dizemos
coisas sem sentido.
(B) Não existe uma propriedade comum a todas as obras de arte.
(C) A representação não é uma propriedade comum a todas as obras de arte.
(D) A expressão de emoções não é uma propriedade comum a todas as obras de arte.
ϲ͘ Qual das seguintes afirmações pode ser utilizada para criticar a teoria formalista da arte?
(A) Há obras de arte com conteúdo representacional.
(B) Há obras de arte com conteúdo expressivo.
(C) Há obras de arte com forma significante.
(D) Nem sempre é possível separar a apreciação da forma e do conteúdo.
ϴ͘ Qual das seguintes afirmações pode ser utilizada para criticar a teoria institucional da arte?
(A) Não existe uma propriedade intrínseca comum a todas as obras de arte.
(B) Existe uma propriedade extrínseca comum a todas as obras de arte.
(C) Define arte de forma viciosamente circular.
(D) Recorre a um sentido muito restrito da noção de “artefactualidade”.
ϵ͘ Para os defensores da teoria histórica da arte, o artista tem de ter consciência de que produziu uma obra
de arte. Esta afirmação é...
(A) verdadeira, porque o artista tem de ter intenção séria de que a sua obra seja considerada arte.
(B) falsa, ainda que o artista tenha de ter intenção séria de que a sua obra seja considerada arte.
(C) verdadeira, ainda que isso seja apenas necessário, mas não suficiente, para que a obra seja arte.
(D) falsa, porque basta que alguém tenha intenção séria de que a obra seja encarada como foram
encaradas algumas obras de arte precedentes.
ϭϬ͘Imagina que Leonardo Da Vinci tinha roubado a tela e os materiais que usou para pintar a Mona Lisa ao
seu mestre Verrocchio. Os defensores da teoria histórica da arte teriam de admitir que a Mona Lisa...
(A) é arte, independentemente de Da Vinci ter ou não direitos de propriedade sobre ela.
(B) não é arte, porque Da Vinci não tem direitos de propriedade sobre ela.
(C) é arte, apesar de Da Vinci não ter direitos de propriedade sobre ela.
(D) não é arte, independentemente de Da Vinci ter ou não direitos de propriedade sobre ela.
Grupo II
(4 = 20) = 80 pontos
ZĞƐƉŽŶĚĞĚĞĨŽƌŵĂĚŝƌĞƚĂĞŽďũĞƚŝǀĂ͘
ϭ͘ Em que medida resiste a teoria representacionista melhor do que a teoria mimética aos contraexemplos?
Ϯ͘ϭ O que diria um defensor da teoria expressivista acerca do estatuto artístico dos exemplos referidos
no texto? Porquê?
“Io sono”, “Eu Sou” em português, uma obra do artista italiano Salvatore Garau; foi vendida
num leilão por 15 mil euros. Até aqui a coisa poderia parecer normal, mas a verdade é que esta
escultura não existe, apenas é uma realidade na cabeça e na imaginação do seu criador, e,
mesmo assim, depois de receber uma base de licitação, acabou por ser comprada.
“O vazio nada mais é do que um espaço cheio de energia, e mesmo que o esvaziemos e não
reste nada, segundo o princípio da incerteza de Heisenberg, ele não tem peso. Portanto, tem
uma energia que se condensa e se transforma em partículas, isto é, em nós”, respondeu o
Salvatore Garau às críticas que afirmam que a obra não existe […].
Adriano Guerreiro, “O estranho caso da escultura que não existe e foi vendida por 15 mil euros”
in NIT, 30 de maio de 2021
ϯ͘ϭ O que diria um defensor da teoria formalista a respeito do estatuto artístico da obra referida no
texto? Porquê?
ϰ͘ Em que medida resiste a teoria histórica melhor às críticas apresentadas à teoria institucional?
Grupo III
(1 = 40) = 40 pontos
Uma banana madura colada à parede – que representava o “comércio global” numa das obras
expostas na feira de arte contemporânea Art Basel de Miami – foi descascada e comida por
outro artista que visitava o stand da galeria Perrotin naquela feira nos EUA.
A peça de fruta fazia parte da peça Comediante, da autoria do artista italiano Maurizio Cattelan, e
tinha sido vendida, dias antes, por 120 mil dólares (cerca de 108 511 euros). Estava em exposição
desde sexta-feira na Art Basel, uma enorme feira de arte contemporânea que passa todos os anos
pela cidade norte-americana. Foi ingerida, no sábado, pelo artista nova-iorquino David Datuna.
O momento, bem como a repreensão do ato pelos responsáveis da galeria, foi documentado
pelo próprio Datuna e publicado numa trilogia de vídeos no Instagram. “É uma performance.
Chama-se Artista com fome”, ouve-se Datuna a dizer, enquanto mastiga a banana perante um
grupo de visitantes. “Adoro o Maurizio Cattelan e gostei muito da instalação. Muito deliciosa”,
acrescentou Datuna, na descrição dos vídeos na rede social.
[…]
O encarregado das relações com museus da Galerie Perrotin, Lucien Terras, explica que o ato
não diminui o valor da obra. “Ele não destruiu a obra de arte. A banana é a ideia”, disse Terras
em declarações ao jornal Miami Herald. A banana em exposição não é eterna, sendo
regularmente substituída. E por isso, mais tarde, o diretor da galeria, Emmanuel Perrotin,
montou de novo a obra de arte de Cattelan nas paredes do seu stand, com uma outra banana.
Mas, entretanto, a feira enviou um comunicado a dizer que a peça deixava de estar em
exposição por razões de segurança (tal era o tumulto à sua volta, na ânsia de mais uma selfie ao
lado da obra agora mundialmente famosa).
A mesma peça de arte, com bananas diferentes, foi comprada por três colecionadores diferentes
nos últimos tempos, e uma das bananas, que não acabou ingerida por visitantes, custou 150 mil
dólares (cerca de 135 mil euros). Terras explica que o que os colecionadores de arte interessados
estão a comprar é o certificado de autenticidade que vem com a peça.
Cattelan, que disse ter comprado a banana original num mercado local, é conhecido por motivar
a interação com as suas peças e por ser ele próprio um provocador. Entre as suas obras mais
recentes e famosas está America, uma sanita em ouro maciço roubada em setembro do Palácio
de Blenheim, no Reino Unido.
Público Online, 8 de dezembro de 2019
ϭ͘ϭ Será que a obra Comediante, de Maurizio Cattelan, pode ser considerada uma genuína obra de arte?
Porquê?
Grupo I
(10 = 8) = 80 pontos
^ĞůĞĐŝŽŶĂĂĂůƚĞƌŶĂƚŝǀĂĐŽƌƌĞƚĂ͘
ϭ͘ Na definição tradicional, a fé envolve uma atitude proposicional e atitudes não-proposicionais. Esta
afirmação é...
(A) verdadeira, pois a fé envolve uma atitude proposicional (como crença) e atitudes não-proposicionais
(como confiança).
(B) verdadeira, pois a fé envolve uma atitude proposicional (como confiança) e atitudes não-
proposicionais (como crença).
(C) falsa, pois a fé só envolve uma atitude proposicional (como confiança).
(D) falsa, pois a fé só envolve uma atitude não-proposicional (como crença).
ϰ͘ Qual é o argumento apresentado por Tomás de Aquino que parte da ideia de que todos os processos
naturais têm um propósito?
(A) Argumento do mal.
(B) Argumento ontológico.
(C) Argumento teleológico.
(D) Argumento cosmológico.
ϲ͘ Segundo os críticos, o argumento cosmológico de Tomás de Aquino comete uma falácia do falso dilema
porque...
(A) existem mais hipóteses, como várias primeiras causas.
(B) pode-se defender consistentemente uma cadeia causal infinita.
(C) pode-se defender que a existência não é uma perfeição.
(D) o darwinismo dá uma explicação natural sobre como algo pode agir para um fim.
Grupo II
(4 = 20) = 80 pontos
ZĞƐƉŽŶĚĞĚĞĨŽƌŵĂĚŝƌĞƚĂĞŽďũĞƚŝǀĂ͘
Ϯ͘ Por que razão pensa Leibniz que o nosso mundo é o melhor mundo possível?
ϯ͘ Por que razão considera Tomás de Aquino que a ordem no mundo natural nos permite concluir que Deus
existe?
Grupo III
(1 = 40) = 40 pontos
Lê o texto seguinte.
No filme Sombra nos meus olhos (Skyggen i mit øje, 2021, Netflix), no âmbito da Segunda Guerra
Mundial, podemos visualizar o seguinte diálogo entre a Madre Superiora e a Irmã Teresa:
ϭ͘ Como é que Leibniz poderá responder às questões da Irmã Teresa? Concordas com essas respostas? Porquê?
Na tua resposta não te esqueças de:
– Explicitar o problema filosófico subjacente;
– Explicitar a tua perspetiva pessoal em relação a esse problema;
– Argumentar a favor da tua perspetiva;
– Argumentar contra as perspetivas a que te opões.
&ŝĐŚĂĚĞǀĂůŝĂĕĆŽϭʹƉŝƐƚĞŵŽůŽŐŝĂ
Grupo I
Grupo II
ϯ͘ĞŶĄƌŝŽĚĞƌĞƐƉŽƐƚĂ
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– Hume é conduzido à conclusão de que não podemos justificadamente confiar na existência do mundo exterior
através da constatação de que só temos acesso às nossas perceções, isto é, só temos acesso a imagens ou
representações mentais dos objetos do mundo exterior, mas nunca poderemos sair do interior das nossas
mentes para verificar se, de facto, existem objetos exteriores que são a causa dessas representações.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
ϰ͘ĞŶĄƌŝŽĚĞƌĞƐƉŽƐƚĂ
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– Hume defende que a ideia de causalidade corresponde à expectativa de que dois acontecimentos irão surgir
sempre associados devido à experiência de uma conjunção constante entre eles.
– Contudo, há contraexemplos que demonstram que haver uma conjunção constante entre dois acontecimentos
não é nem uma condição suficiente, nem uma condição necessária para que tenhamos ideia de uma relação de
causalidade entre ambos.
– Não é suficiente porque existem acontecimentos que se sucedem constantemente sem que sejam a causa um
do outro, como o dia e a noite, por exemplo.
– Não é necessária porque existem acontecimentos que se encontram numa relação causal, embora não tenhamos
experiência de uma conjunção constante entre eles. Como acontece, por exemplo, nos casos em que essa
relação causal é uma ocorrência singular, única e irrepetível (ou quando é a primeira vez que alguém testemunha
uma instância de uma dada relação causal). Por exemplo, no que diz respeito à origem do universo, não podemos
dizer que há uma conjunção constante entre a sua causa e o seu efeito, o que significa que a teoria humeana da
causalidade tem a estranha implicação de que o universo não teve uma causa.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
Grupo III
ϭ͘ĞŶĄƌŝŽĚĞƌĞƐƉŽƐƚĂ
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
Clarificação do problema:
Problema da possibilidade do conhecimento: Será o conhecimento possível?
Perspetiva defendida pelo autor do texto:
– O autor do texto é um empirista, ou seja, é alguém que considera que o conhecimento é possível, pois há
crenças básicas – autoevidentes – que não precisam de ser justificadas por outras crenças, que servem de
justificação para outras crenças e essas crenças têm origem na nossa experiência. Como é dito no texto: “tereis
por fim de chegar a algum facto que está presente na vossa memória ou nos vossos sentidos, ou então admitir
que a vossa crença é inteiramente destituída de fundamento”.
A classificação final da resposta resulta da soma das pontuações atribuídas em cada um dos parâmetros seguintes.
A – Problematização ............................................................................................................................... 8 pontos
B – Argumentação a favor de uma posição pessoal ............................................................................. 16 pontos
C – Adequação conceptual e teórica .................................................................................................... 12 pontos
D – Comunicação .................................................................................................................................... 4 pontos
2 Identifica o problema filosófico a que o texto responde, mas esclarece-o com imprecisões ou de modo implícito. 6
A
Problematização Identifica o problema filosófico a que o texto responde, mas sem o esclarecer.
OU
ϭ 4
Esclarece o problema filosófico a que o texto responde com imprecisões ou de modo implícito, mas sem o
identificar.
(continua)
(continua)
C Aplica com imprecisões pontuais, mas de modo globalmente adequado, os conceitos relevantes para a discussão
Adequação do problema da compatibilidade.
2 8
conceptual e Mobiliza com imprecisões pontuais (uma) perspetiva(s) teórica(s) adequada(s) à discussão do problema em causa,
teórica mostrando compreensão dos aspetos centrais dessa(s) perspetiva(s).
Aplica escassamente e com imprecisões conceitos relevantes para a discussão do problema em causa.
ϭ Mobiliza com imprecisões (uma) perspetiva(s) teórica(s) adequada(s) à discussão do problema em causa, 6
mostrando uma compreensão rudimentar dessa(s) perspetiva(s).
Grupo I
Grupo II
ϭ͘ϭ͘ĞŶĄƌŝŽĚĞƌĞƐƉŽƐƚĂ
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– Segundo Popper, este tipo de raciocínios não pode servir de base à ciência.
– A conceção indutivista da ciência utiliza o método indutivo para inferir enunciados gerais ou universais a partir
de enunciados singulares ou particulares. Contudo, mesmo considerando um grande número de casos
observados, não temos uma justificação para inferir uma lei geral.
– Tal como se pode observar através do exemplo do texto, o facto de alguém já ter bebido café dezenas de vezes
e nunca se ter envenenado não nos garante que isso não possa vir a ocorrer no futuro.
– Como tal, segundo Popper as inferências indutivas não são racionalmente justificáveis e, por isso, não podem
servir de base à ciência.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
Ϯ͘ ĞŶĄƌŝŽĚĞƌĞƐƉŽƐƚĂ
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– Para Popper, o erro é o motor da ciência, pois a ciência evolui de modo irregular através de uma aproximação
progressiva à verdade que resulta do afastamento sucessivo do erro. Assim, à medida que afastamos o erro, ou
seja, as teorias falsificadas, caminhamos em direção a uma compreensão mais aproximada do modo como a
realidade objetivamente é.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
ϰ͘ϭ
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– O texto apresentado pelo autor remete para a defesa da tese da incomensurabilidade de paradigmas.
– Esta tese advoga que paradigmas diferentes não são apenas incompatíveis, são verdadeiramente incomensuráveis,
o que significa que não podemos comparar objetivamente dois paradigmas entre si por forma a concluir que um
deles é superior ao outro, por não existir uma medida comum ou um padrão neutro que permita fazê-lo.
– No texto, o autor expõe esta tese, ao referir que não é possível compreender a linguagem de um paradigma a
partir da perspetiva de outro, e faz notar que cada paradigma tem os seus próprios conceitos, problemas e
procedimentos para observar o mundo, o que limita a comunicação entre paradigmas, e que mais uma vez
reforça a tese da incomensurabilidade.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
Grupo III
ϭ͘ϭĞŶĄƌŝŽĚĞƌĞƐƉŽƐƚĂ
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
Clarificação do problema:
– Problema da evolução da ciência OU do progresso científico.
– Será que há progresso científico?
Opção B: Não concordar com a perspetiva acerca do desenvolvimento científico proposto no texto:
– O progresso significativo ocorre quando uma nova teoria entra precisamente em confronto com a teoria que
a antecedeu e, nessa medida, o desenvolvimento da ciência acaba por ser revolucionário.
– De acordo com esta perspetiva, pode advogar-se que a ciência progride, ainda que de forma irregular, por
aproximação à verdade.
– Não precisamos de saber que as teorias são verdadeiras para haver progresso, basta que as teorias sejam
melhores do que as anteriores.
– Uma determinada teoria representa um avanço comparativamente às suas antecessoras se permitir explicar
um maior número de fenómenos naturais e, ao mesmo tempo, implicar um menor número de falsidades, ou
seja, se tiver maior grau de verosimilhança.
– Assim, embora nunca possamos dizer que alcançamos a verdade, podemos conclusivamente saber que certas
teorias científicas ou conjeturas são falsas, o que significa que as teorias científicas atuais possuem um maior
grau de verosimilhança do que aquelas que já foram empiricamente refutadas, e, por conseguinte, estamos
hoje mais perto de conhecer a realidade tal como ela objetivamente é do que estávamos há vários séculos.
A classificação final da resposta resulta da soma das pontuações atribuídas em cada um dos parâmetros seguintes.
A – Problematização ............................................................................................................................... 8 pontos
B – Argumentação a favor de uma posição pessoal ............................................................................. 16 pontos
C – Adequação conceptual e teórica .................................................................................................... 12 pontos
D – Comunicação .................................................................................................................................... 4 pontos
2 Identifica o problema filosófico a que o texto responde, mas esclarece-o com imprecisões ou de modo implícito. 6
A
Problematização Identifica o problema filosófico a que o texto responde, mas sem o esclarecer.
OU
ϭ 4
Esclarece o problema filosófico a que o texto responde com imprecisões ou de modo implícito, mas sem o
identificar.
C Aplica com imprecisões pontuais, mas de modo globalmente adequado, os conceitos relevantes para a discussão
Adequação do problema.
2 8
conceptual e Mobiliza com imprecisões pontuais (uma) perspetiva(s) teórica(s) adequada(s) à discussão do problema em causa,
teórica mostrando compreensão dos aspetos centrais dessa(s) perspetiva(s).
Aplica escassamente e com imprecisões conceitos relevantes para a discussão do problema em causa.
ϭ Mobiliza com imprecisões (uma) perspetiva(s) teórica(s) adequada(s) à discussão do problema em causa, 6
mostrando uma compreensão rudimentar dessa(s) perspetiva(s).
Ϯ͘ ĞŶĄƌŝŽĚĞƌĞƐƉŽƐƚĂ
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– A teoria expressivista da arte sustenta que “Algo é arte, se e só se, é expressão imaginativa de emoções”.
– Assim sendo, os defensores desta teoria consideram que expressar emoções é uma condição necessária para
que algo possa ser considerado arte.
– Ora, uma vez que os exemplos apresentados visam estimular a reflexão e o pensamento, e não expressar as
emoções do seu criador, um defensor desta teoria diria que os exemplos apresentados não são verdadeiras
obras de arte.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
ϯ͘ ĞŶĄƌŝŽĚĞƌĞƐƉŽƐƚĂ
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– A teoria formalista da arte sustenta que “Algo é arte se, e só se, tem forma significante”.
– Uma forma significante é uma configuração formal – linhas, formas, cores – que tem a capacidade de provocar
uma determinada emoção naqueles que a contemplam: uma emoção estética.
– Assim sendo, os defensores desta teoria consideram que ter uma forma capaz de gerar uma emoção estética no
espetador é uma condição necessária para que algo possa ser considerado arte.
– Ora, uma vez que a obra “Io sono” nem sequer tem uma forma, pois é uma escultura invisível, um defensor desta
teoria diria que não se trata de uma verdadeira obra de arte.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
ϰ͘ ĞŶĄƌŝŽĚĞƌĞƐƉŽƐƚĂ
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– De acordo com a teoria institucional, algo é arte se, e só se, é um artefacto com um conjunto de características
ao qual foi atribuído o estatuto de candidato à apreciação por um representante de uma dada instituição social:
o mundo da arte.
– Assim, para os defensores desta teoria aquilo que faz com algo seja arte é o facto de estar adequadamente
relacionado com o contexto de uma prática social instituída que envolve a produção, a exibição, a apreciação e
o mercado da arte.
– Ora, isso significa que não pode haver arte solitária, isto é, arte produzida à margem dessa instituição social
designada “mundo da arte”.
– Contudo, parece que obras como a Mona Lisa de Leonardo da Vinci, ou Guernica de Pablo Picasso, continuariam
a ser obras de arte ainda que tivessem sido pintadas por alguém que vivia numa ilha deserta, sem nunca entrar
no radar de um representante do mundo da arte.
– A teoria histórica da arte sustenta que x é arte se, e só se, alguém com direitos de propriedade sobre x tem a
intenção séria de que x seja encarado como foram corretamente encaradas algumas obras de arte precedentes.
– Isto significa que, para que algo seja arte, é preciso que alguém tenha a pretensão de que isso seja visto como
foram vistas as obras de arte do passado, ou seja, tudo o que se exige é que essa pretensão tenha bons precedentes
históricos. Por exemplo, se alguém tiver intenção de exibir um objeto com o intuito de provocar prazer visual,
pode dizer-se que isso é uma obra de arte, uma vez que grandes obras de arte do passado foram encaradas dessa
forma.
– Assim sendo, é possível alguém produzir arte à margem do contexto social do mundo da arte, desde que a
intenção do criador tenha bons precedentes históricos.
– Deste modo, pode dizer-se que a teoria histórica permite resolver alguns dos problemas que a teoria institucional
enfrenta.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
Grupo III
ϭ͘ ĞŶĄƌŝŽĚĞƌĞƐƉŽƐƚĂ
Clarificação do problema:
Problema da definição de arte: O que é a arte?
Opção B: Defender a teoria expressivista e considerar que não se trata de uma genuína obra de arte
– Explicitar corretamente a tese da teoria expressivista: “Algo é arte se, e só se, é expressão imaginativa de emoções”.
– Distinguir manifestação de emoções (processo involuntário e não controlado) de expressão imaginativa de
emoções (processo deliberado e controlado).
– Defender a teoria expressivista com base no facto de a arte envolver sempre emoções e no facto de a arte não
ser uma mera técnica para produzir um resultado final preconcebido, mas sim uma expressão clarificadora das
emoções do artista.
– Usar a teoria expressivista para rejeitar a atribuição do estatuto de obra de arte à obra Comediante, uma vez
que, como se pode ler no texto, esta “representava o ‘comércio global’” e, por isso, não correspondia à expressão
imaginativa das emoções do artista.
– Rejeitar a teoria representacionista recorrendo a contraexemplos oriundos de artes não representativas, como
a música instrumental, por exemplo, que, mais do que representar de forma objetiva a realidade envolvente,
pode ser encarada como uma expressão das experiências emocionais subjetivas do artista.
– Rejeitar a teoria formalista alegando que há obras de arte com uma forma indistinguível de objetos comuns.
– Rejeitar a teoria institucional por ser viciosamente circular.
– Rejeitar a teoria histórica porque há objetos que foram criados com intenções que têm bons precedentes
históricos, mas não são propriamente obras de arte (por exemplo, os retratos renascentistas são obras de arte,
mas as fotografias tipo-passe não).
Opção C: Defender a teoria formalista e considerar que não se trata de uma genuína obra de arte
– Explicitar corretamente a tese da teoria formalista: “Algo é arte se, e só se, tem forma significante”.
– Esclarecer os conceitos de forma significante e de emoção estética.
– Defender a teoria formalista com base no facto de nem a representação, nem a expressão serem condições
necessárias ou suficientes para a arte, uma vez que muitas vezes até distraem o espetador da apreciação
genuinamente estética das obras, isto é, da contemplação das suas formas, linhas e cores, pois acabam por
mergulhar o espetador nas emoções despertadas pelas histórias, pelas figuras ou pelos sentimentos retratados.
– Usar a teoria formalista para rejeitar a atribuição do estatuto de obra de arte à obra Comediante, uma vez que a
sua forma não é capaz de suscitar por si mesma uma emoção estética no observador; caso contrário, sentiríamos
esse tipo de emoção de cada vez que olhamos para uma banana vulgar, o que claramente não acontece.
– Rejeitar a teoria representacionista recorrendo a contraexemplos oriundos de artes não representativas que
pretendem apenas estimular os nossos sentidos de uma determinada maneira, provocando uma emoção
puramente estética no espetador, em vez de nos empurrar para as emoções do quotidiano através daquilo que
representam.
– Rejeitar a teoria expressivista acusando-a de cometer a chamada falácia intencional, ou seja, defendendo que a
obra deve valer por si mesma, isto é, pelos seus elementos puramente formais e pelo impacto que esses elementos
têm no observador, independentemente das intenções que o artista tinha no momento da sua criação.
– Rejeitar a teoria institucional por ser viciosamente circular.
– Rejeitar a teoria histórica porque há objetos que foram criados com intenções que têm bons precedentes
históricos, mas não são propriamente obras de arte (por exemplo, os retratos renascentistas são obras de arte,
mas as fotografias tipo-passe não).
Opção D: Defender a teoria institucional e considerar que se trata de uma genuína obra de arte
– Explicitar corretamente a tese da teoria institucional: “Algo é arte se, e só se, é um artefacto com um conjunto de
características ao qual foi atribuído o estatuto de candidato à apreciação por um representante do mundo da arte”.
– Esclarecer os conceitos de artefacto, estatuto de candidato à apreciação e mundo da arte.
– Defender a teoria institucional com base na ideia de que uma definição de arte com base em propriedades
intrínsecas imporia limitações inaceitáveis à criatividade dos artistas, pelo que resta apenas a possibilidade de
definir arte com base em propriedades extrínsecas e relacionais dos objetos artísticos. Assumir que a diferença
entre obras de arte e objetos comuns (como, por exemplo, as Caixas de Brillo, de Andy Warhol, e as suas
contrapartes comuns) é o facto de as obras de arte estarem inseridas no contexto de uma prática social instituída,
ou seja, é o facto de algum representante dessa instituição lhes ter atribuído o estatuto de candidato à apreciação.
– Usar a teoria institucional para defender que a obra Comediante é uma obra de arte, uma vez que, conforme é
referido no texto, foi exposta na Art Basel, uma das mais prestigiadas feiras de arte contemporânea a nível
internacional.
– Rejeitar a teoria representacionista recorrendo a contraexemplos oriundos de artes não representativas que
pretendem apenas estimular os nossos sentidos de uma determinada maneira, provocando uma emoção
puramente estética no espetador, em vez de nos empurrar para as emoções do quotidiano através daquilo que
representam.
– Rejeitar a teoria expressivista acusando-a de cometer a chamada falácia intencional, ou seja, defendendo que a
obra deve valer por si mesma, isto é, pelos seus elementos puramente formais e pelo impacto que esses
elementos têm no observador, independentemente das intenções que o artista tinha no momento da sua
criação.
– Rejeitar a teoria formalista alegando que há obras de arte com uma forma indistinguível de objetos comuns.
– Rejeitar a teoria histórica porque há objetos que foram criados com intenções que têm bons precedentes
históricos, mas não são propriamente obras de arte (por exemplo, os retratos renascentistas são obras de arte,
mas as fotografias tipo-passe não).
Opção E: Defender a teoria histórica e considerar que se trata de uma genuína obra de arte
– Explicitar corretamente a tese da teoria histórica: “X é arte se, e só se, alguém com direitos de propriedade
sobre X tem uma intenção séria de que X seja encarado como foram corretamente encaradas as obras de arte
precedentes”.
– Esclarecer os conceitos de intenção séria, encarar corretamente como foram encaradas outras obras de arte.
– Defender a teoria histórica com base na ideia de que, uma vez que nem a semelhança, nem o tipo de experiência
produzido servem para classificar obras de arte, e uma vez que a noção de mundo da arte é obscura e
impossibilita a existência de arte solitária, a única coisa que podemos usar como referência para atribuir o
estatuto de obra de arte é o repertório existente de obras de arte passadas. Assim, aquilo que faz com que algo
seja arte é o facto de estar adequadamente relacionado com esse repertório, ou seja, com a história da arte até
ao momento. Essa relação consiste no facto de alguém ter uma intenção séria de que isso seja encarado como
foram encaradas algumas obras de arte precedentes.
– Rejeitar a teoria representacionista recorrendo a contraexemplos oriundos de artes não representativas que
pretendem apenas estimular os nossos sentidos de uma determinada maneira, provocando uma emoção
puramente estética no espetador, em vez de nos empurrar para as emoções do quotidiano através daquilo que
representam.
– Rejeitar a teoria expressivista acusando-a de cometer a chamada falácia intencional, ou seja, defendendo que a
obra deve valer por si mesma, isto é, pelos seus elementos puramente formais e pelo impacto que esses
elementos têm no observador, independentemente das intenções que o artista tinha no momento da sua
criação.
– Rejeitar a teoria formalista alegando que há obras de arte com uma forma indistinguível de objetos comuns.
– Rejeitar a teoria institucional, uma vez que se baseia na noção obscura de mundo da arte e não permite a
existência de obras de arte produzidas à margem do mundo da arte.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
A classificação final da resposta resulta da soma das pontuações atribuídas em cada um dos parâmetros
seguintes.
A – Problematização ............................................................................................................................... 8 pontos
B – Argumentação a favor de uma posição pessoal ............................................................................. 16 pontos
C – Adequação conceptual e teórica .................................................................................................... 12 pontos
D – Comunicação .................................................................................................................................... 4 pontos
Identifica o problema filosófico a que o texto responde, mas esclarece-o com imprecisões ou de
2 6
A modo implícito.
Problematização
Identifica o problema filosófico a que o texto responde, mas sem o esclarecer.
OU
ϭ 4
Esclarece o problema filosófico a que o texto responde com imprecisões ou de modo implícito, mas
sem o identificar.
Apresenta inequivocamente a posição defendida.
Evidencia um bom domínio das competências argumentativas, articulando adequadamente e com
3 autonomia os argumentos, ou as razões ou os exemplos apresentados. ϭϲ
Apresenta com clareza e correção argumentos persuasivos, razões ponderosas ou exemplos
adequados e plausíveis a favor da posição defendida ou contra a posição rival da defendida.
B Apresenta inequivocamente a posição defendida.
Argumentação Evidencia um domínio satisfatório das competências argumentativas, elencando argumentos, ou
a favor de uma 2 razões ou exemplos. ϭϮ
posição pessoal Apresenta com imprecisões argumentos persuasivos, ou razões ponderosas ou exemplos adequados
e plausíveis a favor da posição defendida ou contra a posição rival da defendida.
Apresenta a posição defendida, ainda que de modo implícito.
Evidencia uma intenção argumentativa, mas os argumentos ou as razões apresentados a favor da
ϭ 8
perspetiva defendida, ou contra a perspetiva rival da defendida, são fracos ou claramente falaciosos,
ou os exemplos selecionados são inadequados.
Aplica rigorosa e coerentemente os conceitos relevantes para a discussão do problema em causa.
3 Mobiliza (uma) perspetiva(s) teórica(s) adequada(s) à discussão do problema em causa, mostrando ϭϮ
compreensão sistemática dessa(s) perspetiva(s).
Aplica com imprecisões pontuais, mas de modo globalmente adequado, os conceitos relevantes para
C
a discussão do problema da compatibilidade.
Adequação 2 8
Mobiliza com imprecisões pontuais (uma) perspetiva(s) teórica(s) adequada(s) à discussão do
conceptual e
problema em causa, mostrando compreensão dos aspetos centrais dessa(s) perspetiva(s).
teórica
Aplica escassamente e com imprecisões conceitos relevantes para a discussão do problema em
causa.
ϭ 6
Mobiliza com imprecisões (uma) perspetiva(s) teórica(s) adequada(s) à discussão do problema em
causa, mostrando uma compreensão rudimentar dessa(s) perspetiva(s).
Grupo I
Grupo II
ϭ͘ ĞŶĄƌŝŽĚĞƌĞƐƉŽƐƚĂ
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– No argumento ontológico, Anselmo sustenta que a existência é um predicado que se acrescenta ao conceito de
Deus, definido como um ser maior do que o qual nada pode ser pensado (ou seja, é maior ter a propriedade de
existir do que não ter essa propriedade).
– Porém, de acordo com Kant, afirmar que algo existe não acrescenta nada ao conceito de um tal ser, apenas
afirma que o conceito é exemplificado ou instanciado. Não há diferença de propriedades entre o conceito de um
Deus existente e de um Deus não existente. A existência não envolve uma nova propriedade. E se a existência
não é uma propriedade ou um predicado, então um ser maximamente perfeito não é maior se existir do que se
não existir.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
Ϯ͘ĞŶĄƌŝŽĚĞƌĞƐƉŽƐƚĂ
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– De acordo com Leibniz, o nosso mundo é o melhor mundo possível, pois Deus criou o melhor de todos os
mundos possíveis.
– Isso decorre da definição do Deus teísta, porque sendo Deus omnipotente e omnisciente, nada há que o possa
impedir de criar o melhor mundo, e a sua perfeição moral obriga-o a criar o melhor mundo possível.
– Portanto, se Deus existe, o nosso mundo é o melhor mundo.
– Além disso, se fosse verdade que não há o melhor de todos os mundos possíveis, não haveria uma razão
suficiente para explicar por que razão Deus criaria o nosso mundo e não um outro qualquer.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
ϯ͘ ĞŶĄƌŝŽĚĞƌĞƐƉŽƐƚĂ
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– Tomás de Aquino, no argumento teleológico, parte da ideia de que o mundo natural exibe ordem e age para fins.
No entanto, grande parte desse mundo natural, como, por exemplo, as plantas, não tem inteligência ou cognição.
Se tais coisas sem inteligência agissem por mero acaso ou sorte, então seria improvável que tais coisas
produzissem sempre ou quase sempre o melhor de forma a exibirem ordem.
– Assim, essa finalidade e ordem do mundo natural deve-se a um desígnio sobrenatural, ou seja, a Deus. Isto
porque, tal como um arqueiro dirige o voo de uma flecha para atingir o centro do alvo, assim também um
desígnio sobrenatural dirige as ações das coisas que não têm inteligência ao agirem sistematicamente para o fim
de produzir o melhor.
– Ou seja, sem Deus não se conseguiria explicar por que razão as coisas naturais sem inteligência se dirigem
sempre ou quase sempre para produzir o que é o melhor de forma ordenada.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
ϰ͘ ĞŶĄƌŝŽĚĞƌĞƐƉŽƐƚĂ
– Como crítica ao fideísmo de Pascal pode-se alegar que o seu argumento considera apenas o Deus teísta e, por
isso, ele constrói uma matriz de análise de benefícios práticos muito incompleta.
– Contudo, pode-se considerar igualmente muitas outras hipóteses, como algum Deus deísta (o qual, por exemplo,
não dava qualquer recompensa, mas que poderia castigar infinitamente os teístas), ou um Deus malévolo (que
só dava recompensa infinita aos maus ou aos descrentes).
– Com esta objeção dos vários deuses sustenta-se que a matriz apresentada por Pascal é muito incompleta, uma
vez que não considera outras possíveis hipóteses de divindade e os seus respetivos valores resultantes; todavia,
caso se considerem essas várias hipóteses, já não será nada óbvio que racionalidade prudencial exija que se
acredite no Deus teísta.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
Grupo III
A classificação final da resposta resulta da soma das pontuações atribuídas em cada um dos parâmetros
seguintes.
A – Problematização ............................................................................................................................... 8 pontos
B – Argumentação a favor de uma posição pessoal ............................................................................. 16 pontos
C – Adequação conceptual e teórica .................................................................................................... 12 pontos
D – Comunicação .................................................................................................................................... 4 pontos
Questões
COMO
PENSAR
TUDO ISTO?
Questões e Soluções/
Cenários de resposta
Disponível em formato editável em
Itens de seleção
ϭ͘ De acordo com a definição tradicional de conhecimento proposicional, uma crença é conhecimento…
(A) se for verdadeira.
(B) só se for verdadeira.
(C) só se for justificada de forma infalível.
(D) se for justificada de forma infalível.
Ϯ͘ Uma proposição que não corresponda aos factos não constitui conhecimento porque…
(A) pode saber-se que algo é falso.
(B) é um facto que há conhecimento.
(C) tem de ser muito bem justificada.
(D) só se conhece o que é verdadeiro.
ϱ͘ ŽŶƐŝĚĞƌĂĂƐĂĨŝƌŵĂĕƁĞƐƐĞŐƵŝŶƚĞƐ͘
EN 2020 1F
ϲ͘ Qual dos seguintes enunciados seria considerado mais evidente por Descartes?
(A) Eu existo.
(B) Deus existe.
(C) O Génio Maligno existe.
(D) O mundo exterior existe.
ϳ͘ Qual dos seguintes enunciados seria considerado mais evidente para Hume?
(A) Eu existo.
(B) Deus existe.
(C) O mundo exterior existe.
(D) Tenho uma impressão de vermelho.
ϴ͘ Hume defendeu que todas as nossas ideias têm origem em…
(A) pensamentos.
(B) hábitos.
(C) impressões.
(D) sentimentos.
ϭϭ͘ ŽŶƐŝĚĞƌĂĂƐĂĨŝƌŵĂĕƁĞƐƐĞŐƵŝŶƚĞƐ͘
1. Num triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos
catetos.
2. Pitágoras estudou as propriedades do triângulo retângulo.
EN 2020 2F
ϭϮ͘ De acordo com Hume, as nossas expectativas acerca de regularidades futuras devem-se…
(A) ao intelecto ou razão.
(B) ao hábito ou costume.
(C) à uniformidade da natureza.
(D) à ideia inata de causalidade.
EN 2020 2F
ϭϯ͘ / ŵĂŐŝŶĂ ƋƵĞ ƐƵďŵĞƚŝĂƐ ĂƐ ƚƵĂƐ ŽƉŝŶŝƁĞƐ ĂŽ ƚĞƐƚĞ ĚĂ ĚƷǀŝĚĂ ƉƌŽƉŽƐƚŽ ƉŽƌ ĞƐĐĂƌƚĞƐ͘ YƵĂů ĚĂƐ
opiniões seguintes seria a mais resistente à suspeita de falsidade?
(A) Existem outras pessoas no mundo.
(B) Neste momento, ouço uma voz grave.
(C) Neste momento, não estou a sonhar.
(D) Dois vezes seis é igual a treze menos um.
EN 2019 1F
ϭϰ͘ ŽŶƐŝĚĞƌĂĂƐĨƌĂƐĞƐƐĞŐƵŝŶƚĞƐ͘
1. A relva é verde.
2. Se a relva é verde, é colorida.
EN 2019, 2F
EN 2018, 1F
ϭϲ͘ ,ƵŵĞĚŝƐƚŝŶŐƵŝƵĂƐƋƵĞƐƚƁĞƐĚĞĨĂĐƚŽĚĂƐƌĞůĂĕƁĞƐĚĞŝĚĞŝĂƐ͘ĞĂĐŽƌĚŽĐŽŵĞƐƚĂĚŝƐƚŝŶĕĆŽ͕͙
(A) as questões de facto apenas podem ser decididas pela experiência.
(B) as verdades matemáticas são questões de facto.
(C) todos os raciocínios sobre causas e efeitos exprimem relações de ideias.
(D) negar uma questão de facto resulta numa contradição.
EN 2018 1F
ϭϳ͘ Imagina que Descartes era forçado a concluir que, afinal, Deus pode ser enganador; nesse caso,
para ser coerente, ele teria de aceitar que…
(A) apenas as sensações corporais podem ser falsas.
(B) as ideias claras e distintas podem ser falsas.
(C) é falsa a ideia de que ele próprio existe enquanto pensa.
(D) os sentidos são mais importantes do que a razão.
EN 2018 2F
EN 2016 2F
ϭϵ͘ŽŶƐŝĚĞƌĂĂƐĨƌĂƐĞƐƐĞŐƵŝŶƚĞƐ͘
EN 2016 1F
EN 2016 1F
ϭ͘ >ġĐŽŵĂƚĞŶĕĆŽŽƚĞdžƚŽƋƵĞƐĞƐĞŐƵĞ͘
Depois disto, tendo refletido sobre o que duvidava e que, por consequência, o meu ser não era
inteiramente perfeito, pois via claramente que conhecer é uma maior perfeição do que duvidar,
lembrei-me de procurar de onde me teria vindo o pensamento de alguma coisa mais perfeita
do que eu; e conheci, com evidência, que se devia a alguma natureza que fosse, efetivamente,
mais perfeita. […] De maneira que restava apenas que ela tivesse sido posta em mim por uma
natureza que fosse verdadeiramente mais perfeita do que eu, e que até tivesse em si todas as
perfeições de que eu podia ter alguma ideia, isto é, para me explicar com uma só palavra, que
fosse Deus.
René Descartes (1637). Discurso do Método. Trad. João Gama.
Lisboa: Edições 70, 2013, pp. 52-53 (adaptado)
Ϯ͘ >ġĐŽŵĂƚĞŶĕĆŽŽƚĞdžƚŽƋƵĞƐĞƐĞŐƵĞ͘
E por mais que os melhores espíritos estudem isto, tanto quanto lhes agradar, não creio que
possam apresentar alguma razão que seja suficiente para eliminar essa dúvida, se não
pressupuserem a existência de Deus. Pois, primeiramente, aquilo mesmo que há pouco tomei
como regra, isto é, que são inteiramente verdadeiras as coisas que concebemos muito clara e
distintamente, só é certo porque Deus é ou existe, e porque é um ser perfeito e tudo o que
existe dele nos vem. Donde se segue que as nossas ideias ou noções, sendo coisas reais e que
provêm de Deus em tudo aquilo em que são claras e distintas, unicamente podem ser
verdadeiras.
René Descartes (1637). Discurso do Método. Trad. João Gama.
Lisboa: Edições 70, 2013, p. 59 (adaptado)
ϯ͘ >ġĐŽŵĂƚĞŶĕĆŽŽƚĞdžƚŽƋƵĞƐĞƐĞŐƵĞ͘
A mesa que vemos parece diminuir à medida que dela mais nos afastamos, mas a mesa real,
que existe independentemente de nós, não sofre qualquer alteração; não era, pois, nada a não
ser a sua imagem o que estava presente ao espírito. Estes são os óbvios ditames da razão; e
ninguém capaz de refletir jamais duvidou de que as existências que consideramos quando
dizemos esta casa e aquela árvore não passam de perceções na mente, cópias ou representações
transitórias de outras existências que permanecem uniformes e independentes.
David Hume (1748). Investigação sobre o Entendimento Humano.
Trad. João Paulo Monteiro. Lisboa: INCM, 2002, p. 164
ϯ͘ϭ Compara as conclusões de Descartes e de Hume no que diz respeito à nossa possibilidade de
conhecer o mundo exterior.
ϰ͘ >ġĐŽŵĂƚĞŶĕĆŽŽƚĞdžƚŽƋƵĞƐĞƐĞŐƵĞ͘
Depois disto, tendo refletido que duvidava e que, por consequência, o meu ser não era
inteiramente perfeito, pois via claramente que conhecer é uma maior perfeição do que duvidar,
lembrei-me de procurar de onde me teria vindo o pensamento de alguma coisa mais perfeita
do que eu; e conheci, com evidência, que se devia a alguma natureza que fosse, efetivamente,
mais perfeita. […] De maneira que restava apenas que ela tivesse sido posta em mim por uma
natureza que fosse verdadeiramente mais perfeita do que eu, e que até tivesse em si todas as
perfeições de que eu podia ter alguma ideia, isto é, para me explicar com uma só palavra, que
fosse Deus.
René Descartes, Discurso do Método, Trad. João Gama,
Lisboa, Edições 70, 2013, pp. 52-53
ϰ͘Ϯ Será que Hume concorda com Descartes acerca da origem da ideia de Deus? Porquê?
ϱ͘ >ġĐŽŵĂƚĞŶĕĆŽŽƚĞdžƚŽƋƵĞƐĞƐĞŐƵĞ͘
Para Hume, a ideia de causa [segundo a resposta tradicional] é a ideia de “conexão necessária”.
O seu argumento aponta em duas direções: primeiro, para a demolição da ideia de que existem
conexões necessárias na realidade; segundo, para uma explicação do facto de nós termos, não
obstante, a ideia de conexão necessária. […]
A ideia de conexão necessária não se pode derivar de uma impressão de conexão necessária,
pois tal impressão não existe. […] Não podemos observar nada da relação entre os
acontecimentos particulares A e B, a não ser a sua contiguidade no espaço ou no tempo e o
facto de A preceder B. Dizemos que A causa B apenas quando a conjunção de acontecimentos
ĚŽƚŝƉŽĞĚŽƚŝƉŽĠĐŽŶƐƚĂŶƚĞവŽƵƐĞũĂ͕ƋƵĂŶĚŽŚĄƵŵĂĐŽŶĞdžĆŽƌĞŐƵůĂƌĚĞĂĐŽŶƚĞĐŝŵĞŶƚŽƐ
do tipo A e do tipo B, levando-nos a esperar B sempre que observamos um caso de A. Tirando
esta conjunção constante, nada mais há que observemos, e nada mais que pudéssemos
observar, na relação entre A e B que pudesse constituir um vínculo de “conexão necessária”.
Roger Scruton (1982). Breve História da Filosofia Moderna.
Lisboa: Guerra & Paz, 2010, pp. 165-166
ϱ͘ϭ Hume mostra que "a ideia de conexão necessária não se pode derivar de uma impressão de conexão
necessária, pois tal impressão não existe". Qual é, então, para Hume, a origem da ideia de conexão
necessária?
ϲ͘ >ġĐŽŵĂƚĞŶĕĆŽŽƚĞdžƚŽƋƵĞƐĞƐĞŐƵĞ͘
Dado que nascemos crianças e que formulámos vários juízos acerca das coisas sensíveis antes
que tivéssemos o completo uso da nossa razão, somos desviados do conhecimento da verdade
por muitos preconceitos, dos quais parece não podermos libertar-nos a não ser que, uma vez
na vida, nos esforcemos por duvidar de todos aqueles em que encontremos a mínima suspeita
de incerteza. Será mesmo útil considerar também como falsas aquelas coisas de que duvidamos,
para que assim encontremos mais claramente o que é certíssimo e facílimo de conhecer.
René Descartes (1644). Princípios da Filosofia. Lisboa: Editorial Presença, 1995, p. 51
ϳ͘ >ġĐŽŵĂƚĞŶĕĆŽŽƚĞdžƚŽƋƵĞƐĞƐĞŐƵĞ͘
Estabelecemos [...] que todos os corpos […] são compostos de uma mesma matéria,
indefinidamente divisível em muitas partes [...], as quais se movem em direções diferentes […];
além disso, estabelecemos [...] que continua a haver a mesma quantidade de movimentos no
mundo. No entanto, não podemos determinar apenas pela razão o tamanho dos pedaços de
matéria, ou a que velocidade se movem […]. Uma vez que há inumeráveis configurações
diferentes de matéria, […] apenas a experiência pode ensinar-nos que configurações realmente
existem.
René Descartes (1644). "Les principes de la philosophie". Oeuvres de Descartes, IX.
Paris: Vrin, 1996, p. 124 (adaptado)
ϳ͘ϭ Identifica os factos referidos no texto que, de acordo com Descartes, são determinados a priori e os
que são determinados a posteriori.
EN 2021 1F
ϳ͘Ϯ Colocando-te na perspetiva de Hume, como avaliarias a distinção exposta no texto por Descartes?
Na tua resposta, considera os factos referidos no texto.
EN 2021 1F
ϭ͘ >ġĐŽŵĂƚĞŶĕĆŽŽƚĞdžƚŽƋƵĞƐĞƐĞŐƵĞ͘
Suponhamos então que a mente seja, como se diz, uma folha em branco, sem quaisquer
carateres, sem quaisquer ideias. Como é que a mente recebe as ideias? […] De onde tira todos
os materiais da razão e do conhecimento? A isto respondo com uma só palavra: da experiência.
John Locke (1690). Ensaio sobre o Entendimento Humano, Vol. I.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2014, p. 106 (adaptado)
ϭ͘ϭ O texto parece sugerir que não há conhecimento a priori acerca do mundo. Concordas com essa
perspetiva? Porquê?
Ϯ͘ >ġĐŽŵĂƚĞŶĕĆŽŽƚĞdžƚŽƋƵĞƐĞƐĞŐƵĞ͘
Resolvi supor que todas as coisas que até então tinham entrado no meu espírito não eram mais
verdadeiras do que as ilusões dos meus sonhos. Mas, logo a seguir, notei que, enquanto assim
queria pensar que tudo era falso, era de todo necessário que eu, que o pensava, fosse alguma
coisa. E notando que esta verdade: penso, logo existo era tão firme e tão certa que todas as
extravagantes suposições dos céticos não eram capazes de a abalar, julguei que a podia aceitar,
sem escrúpulo, para primeiro princípio da filosofia que procurava.
René Descartes (1637). Discurso do Método. Trad. João Gama.
Lisboa: Edições 70, 2013, pp. 50-51
Ϯ͘ϭ Será que Descartes conseguiu alcançar aquilo que se propôs fazer no seu projeto? Porquê?
ϯ͘ De acordo com Descartes, a ciência teria de se basear em princípios irrefutáveis, que seriam verdades
evidentes e conhecidas a priori͕ƉŽƌŝŶƚƵŝĕĆŽŝŶƚĞůĞĐƚƵĂů͘ƐƐĂƐǀĞƌĚĂĚĞƐŝŶĐůƵĞŵŽƐĨĂĐƚŽƐďĄƐŝĐŽƐĚĂ
ƌĞĂůŝĚĂĚĞĨşƐŝĐĂ͘ŽŶĐŽƌĚĂƐĐŽŵĞƐƚĂƉĞƌƐƉĞƚŝǀĂĚĞĞƐĐĂƌƚĞƐ͍
Na tua resposta, deves:
оĐůĂƌŝĨŝĐĂƌŽƉƌŽďůĞŵĂĚĂũƵƐƚŝĨŝĐĂĕĆŽĚŽĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽ͖
оĂƉƌĞƐĞŶƚĂƌŝŶĞƋƵŝǀŽĐĂŵĞŶƚĞĂƚƵĂƉŽƐŝĕĆŽ͖
оĂƌŐƵŵĞŶƚĂƌ Ă ĨĂǀŽƌ ĚĂ ƚƵĂ ƉŽƐŝĕĆŽ͕ ƌĞĐŽƌƌĞŶĚŽ Ă ĂƐƉĞƚŽƐ ƋƵĞ ĐŽŶƐŝĚĞƌĂƌĞƐ ƌĞůĞǀĂŶƚĞƐ ĚĂ ƚĞŽƌŝĂ
empirista ou da teoria racionalista do conhecimento.
EN 2021, 2F (adaptado)
Itens de seleção
ϯ͘ Considera os seguintes enunciados relativos à posição de Karl Popper acerca da natureza das teorias
ĐŝĞŶƚşĨŝĐĂƐ͘
ϰ͘ <ƵŚŶ ĐŽŶƐŝĚĞƌĂ ƋƵĞ ŚĄ ƉĞƌşŽĚŽƐ ĚĞ ĐŽŶƐĞŶƐŽ Ğ ƉĞƌşŽĚŽƐ ĚĞ ĚŝǀĞƌŐġŶĐŝĂ ŶĂ ĐŽŵƵŶŝĚĂĚĞ ĐŝĞŶƚşĨŝĐĂ͘
O fim de um período de consenso e a consequente entrada num período de divergência devem-se…
(A) ao aprofundamento do paradigma.
(B) à acumulação de anomalias.
(C) à resolução de enigmas.
(D) à atitude crítica própria da ciência normal.
ϱ͘ Segundo Kuhn, quando uma comunidade científica se dedica sobretudo à resolução de enigmas, a
ciência encontra-se num período…
(A) revolucionário.
(B) não paradigmático.
(C) de ciência extraordinária.
(D) de ciência normal.
ϲ͘ >ġŽƚĞdžƚŽ͘
Considere-se, para usar outro exemplo, os homens que chamaram louco a Copérnico por este
proclamar que a Terra se movia. Eles não estavam simplesmente errados, nem completamente
errados. Para eles, a ideia de posição fixa fazia parte do significado de “Terra”. […] De modo
correspondente, a inovação de Copérnico não se limitava a mover a Terra. Era, em vez disso,
todo um novo modo de olhar para os problemas da física e da astronomia, um modo de olhar
que mudava necessariamente o significado quer de “Terra”, quer de “movimento”.
Thomas Kuhn (1962). A Estrutura das Revoluções Científicas.
Lisboa: Guerra & Paz, 2009, p. 205
Para Kuhn, exemplos como o do texto anterior apoiam a ideia de que paradigmas diferentes são…
(A) extraordinários.
(B) comparáveis.
(C) incomensuráveis.
(D) revolucionários.
ϵ͘ ,ĄŐƌĂŶĚĞƐĚŝĨĞƌĞŶĕĂƐĞŶƚƌĞĂƚĞŽƌŝĂŶĞǁƚŽŶŝĂŶĂĚĂŐƌĂǀŝƚĂĕĆŽĞĂƚĞŽƌŝĂĞŝŶƐƚĞŝŶŝĂŶĂĚĂŐƌĂǀŝƚĂĕĆŽ͘
EŽ ĞŶƚĂŶƚŽ Ă ƚĞŽƌŝĂ ŶĞǁƚŽŶŝĂŶĂ ĚĂ ŐƌĂǀŝƚĂĕĆŽ ƉŽĚĞ ƐĞƌ ƚƌĂĚƵnjŝĚĂ Ğŵ ůŝŶŐƵĂŐĞŵ ĞŝŶƐƚĞŝŶŝĂŶĂ͘ dĂů
ƚƌĂĚƵĕĆŽ ĨŽŝ ĨĞŝƚĂ͕ ƉŽƌ ĞdžĞŵƉůŽ͕ ƉĞůŽ ƉƌŽĨĞƐƐŽƌ ĚĞ &şƐŝĐĂ WĞƚĞƌ ,ĂǀĂƐ͘ ƐƚĞ ĨĂĐƚŽ ĐŽŶƚƌĂƌŝĂ Ă ŝĚĞŝĂ͕
defendida por Kuhn, de que…
(A) os paradigmas são incomensuráveis.
(B) há ciência extraordinária.
(C) os cientistas resistem à crítica.
(D) a escolha entre teorias rivais é subjetiva.
ϭϬ͘ <ƵŚŶĐŽŶƐŝĚĞƌĂƋƵĞ͕ŶŽƐƉĞƌşŽĚŽƐĚĞĐŝġŶĐŝĂŶŽƌŵĂů͕͘͘͘
(A) o progresso científico é inexistente.
(B) o progresso da ciência é cumulativo.
(C) os cientistas aderem a diferentes paradigmas.
(D) as anomalias do paradigma são sempre persistentes.
ϭϯ͘ ^ĞŐƵŶĚŽWŽƉƉĞƌ͕ƐĞƵŵĂƚĞŽƌŝĂĠĐŝĞŶƚşĨŝĐĂ͘͘͘
(A) foi refutada pela observação.
(B) pode ser refutada pela observação.
(C) tem de ser refutada pela observação.
(D) não pode ser refutada pela experiência.
ϭϳ͘ /ŶĚŝĐĂƋƵĂůĚĂƐƐĞŐƵŝŶƚĞƐĂĨŝƌŵĂĕƁĞƐĠĞŵƉŝƌŝĐĂŵĞŶƚĞĨĂůƐŝĨŝĐĄǀĞů͘
(A) 2 + 2 = 4
(B) 2 + 2 = 5
(C) Os golfinhos vivem no mar.
(D) Alguns porcos voam.
ϭϵ͘ De acordo com Kuhn, nos períodos de ciência normal, os cientistas procuram…
(A) aplicar os vários paradigmas existentes a novos factos.
(B) alargar o âmbito de aplicação do paradigma vigente.
(C) substituir o paradigma existente por outro.
(D) falsificar as próprias teorias.
ϭ͘ >ġĐŽŵĂƚĞŶĕĆŽŽƚĞdžƚŽƋƵĞƐĞƐĞŐƵĞ͘
Ϯ͘ >ġĐŽŵĂƚĞŶĕĆŽŽƚĞdžƚŽƋƵĞƐĞƐĞŐƵĞ͘
A ciência começa com a observação, afirma Bacon […]. Proponho-me substituir esta fórmula
baconiana por outra. A ciência […] começa por problemas, problemas práticos ou problemas
teóricos.
Karl Popper (1994). O Mito do Contexto. Lisboa: Edições 70, 2009, p. 161
Ϯ͘ϭ Explica por que razão Popper defende que a ciência começa por problemas e não pela observação.
ϯ͘ >ġĐŽŵĂƚĞŶĕĆŽŽƚĞdžƚŽƋƵĞƐĞƐĞŐƵĞ͘
O destino de uma teoria, a sua aceitação ou rejeição, é decidido pela observação e pela
experiência – pelo resultado dos testes. Enquanto uma teoria resistir aos mais rigorosos testes
que conseguirmos conceber, será aceite; quando não resistir, será rejeitada. Mas não é nunca
inferida, em nenhum sentido, das provas empíricas. […] Só a falsidade da teoria pode ser
inferida das provas empíricas, e essa inferência é puramente dedutiva.
Karl Popper (1963). Conjeturas e Refutações. Coimbra: Almedina, 2003, p. 83
ϯ͘ϭ "Só a falsidade da teoria pode ser inferida das provas empíricas, e essa inferência é puramente
dedutiva." Explica esta afirmação de Popper.
ϰ͘ >ġĐŽŵĂƚĞŶĕĆŽŽƚĞdžƚŽƋƵĞƐĞƐĞŐƵĞ͘
Nenhum empreendimento de solução de enigmas pode existir a menos que os seus praticantes
partilhem critérios que, para esse grupo e para essa época, determinem quando é que um
enigma particular foi resolvido. Os mesmos critérios determinam necessariamente o fracasso
em obter uma solução, e quem quer que tenha de escolher poderá ver nesse fracasso o fiasco
de uma teoria submetida à prova. [Mas] normalmente […] não se vê assim o assunto. Só o
praticante é censurado, não os seus instrumentos.
Thomas Kuhn (1977). A Tensão Essencial. Lisboa: Edições 70, 1989, pp. 331-332
ϰ͘ϭ Em que consiste aquilo que Kuhn designa por "ciência normal"?
ϱ͘ Que diferença se pode estabelecer entre uma teoria falsificada e uma teoria falsificável? Responde à
ƋƵĞƐƚĆŽƚĞŶĚŽƉŽƌďĂƐĞŽƉĞŶƐĂŵĞŶƚŽĚĞ<ĂƌůWŽƉƉĞƌ͘
ϲ͘ >ġĐŽŵĂƚĞŶĕĆŽŽƚĞdžƚŽƋƵĞƐĞƐĞŐƵĞ͘
A observação implica uma reflexão anterior ao olhar, confirma ou infirma uma tese anterior,
um esquema prévio, um plano de observações; (...) por isso, parece já não ser correto e não se
ajustar à prática contemporânea dizer que a ciência parte dos factos.
Mário Bunge (1973). Filosofia da Física. Lisboa: Edições 70
ϲ͘ϭ Indica o que Popper propõe como alternativa em relação aquilo que é afirmado no texto.
ϳ͘ >ġĐŽŵĂƚĞŶĕĆŽŽƚĞdžƚŽƋƵĞƐĞƐĞŐƵĞ͘
ϳ͘ϭ Será que, ao usarem os seus próprios paradigmas para argumentarem a favor do seu paradigma, os
cientistas não seguem, de acordo com Kuhn, critérios objetivos de avaliação? Justifica.
ϴ͘ Apresenta dois exemplos de critérios não objetivos que, segundo Kuhn, influenciam as decisões dos
ĐŝĞŶƚŝƐƚĂƐ͘
ϭ͘ >ġĐŽŵĂƚĞŶĕĆŽŽƚĞdžƚŽƋƵĞƐĞƐĞŐƵĞ͘
No que diz respeito a Adler, fiquei muito surpreendido com uma experiência pessoal. Uma vez,
em 1919, relatei-lhe um caso que, a mim, não se afigurava particularmente adleriano, mas que
ele não teve, no entanto, dificuldade em analisar à luz da sua teoria do sentimento de
inferioridade, apesar de não ter sequer visto a criança em questão. Ligeiramente chocado,
perguntei-lhe como é que podia ter tanta certeza. “Por causa da minha experiência de mil casos
semelhantes”, foi a resposta perante a qual não pude deixar de comentar: “E com este novo
caso, suponho, esse número já deve ter aumentado para mil e um."
Aquilo que eu estava a pensar era que as observações que ele anteriormente fizera podiam não
ter sido muito mais consistentes do que esta; que cada uma delas teria sido, por sua vez,
interpretada à luz de “experiência prévia” e simultaneamente contabilizada como confirmação
adicional. E confirmação de quê? [...] Unicamente de que um caso podia ser interpretado à luz
de uma teoria. Mas isso, refleti eu, significava muito pouco, uma vez que qualquer caso
concebível podia ser interpretado à luz da teoria de Adler [...]. Posso ilustrar este ponto com
dois exemplos muito diferentes de comportamento humano: o exemplo de um homem que
empurra uma criança para a água com a intenção de a afogar; e o exemplo de um homem que
sacrifica a sua vida numa tentativa de salvar a criança. Qualquer um destes dois casos pode ser
explicado, com idêntica facilidade, em termos [...] adlerianos. De acordo com Adler, o primeiro
sofria de sentimentos de inferioridade (que teriam produzido, talvez, a necessidade de provar
perante si próprio que tinha coragem de cometer um crime); e o mesmo se passaria com o
segundo homem (cuja necessidade seria de provar a si próprio que tinha coragem paras salvar
a criança). Não me consegui lembrar de nenhum comportamento humano que não pudesse ser
interpretado nos termos [desta teoria].
Karl Popper (1963). Conjecturas e Refutações. Lisboa: Edições 70, 2018, pp. 88-89
ϭ͘ϭ Concordas com a perspetiva defendida pelo autor do texto acerca do papel da verificação empírica
de uma teoria? Porquê?
Ϯ͘ >ġĐŽŵĂƚĞŶĕĆŽŽƚĞdžƚŽƋƵĞƐĞƐĞŐƵĞ͘
Aquilo em que nós acreditamos (bem ou mal) não é que a teoria de Newton ou a de Einstein
sejam verdadeiras, mas sim boas aproximações à verdade, [...] podendo ser superadas por
outras melhores.
Karl Popper (1983). O Realismo e o Objetivo da Ciência. Lisboa: Publicações D. Quixote, 1997
Ϯ͘ϭ Concordas com a posição de Popper relativamente ao problema da evolução da ciência? Justifica a
resposta, fundamentando a tua posição.
Itens de seleção
ϱ͘ Segundo a teoria histórica da arte, para que algo seja arte, …
(A) é necessário, mas não é suficiente, que o seu criador acredite que a sua intenção tem bons
precedentes históricos.
(B) é suficiente, mas não é necessário, que o seu criador acredite que a sua intenção tem bons
precedentes históricos.
(C) é necessário e suficiente que o seu criador acredite que a sua intenção tem bons precedentes
históricos.
(D) não é necessário, nem suficiente, que o seu criador acredite que a sua intenção tem bons precedentes
históricos.
ϳ͘ Qual das seguintes afirmações não pode ser utilizada para criticar a teoria expressivista da arte?
(A) A definição de emoção estética é viciosamente circular.
(B) Há expressão imaginativa de emoções que não é arte.
(C) Há obras de arte sem expressão imaginativa de emoções.
(D) Não avalia as obras pelos méritos próprios, mas sim pelas intenções do criador.
ϵ͘ A existência de arte primitiva e de arte solitária constitui um bom contraexemplo para a teoria…
(A) representacionista da arte.
(B) expressivista da arte.
(C) institucional da arte.
(D) histórica da arte.
ϭϭ͘ ^ĞůĞĐŝŽŶĂĂŽƉĕĆŽƋƵĞĚŝnjƌĞƐƉĞŝƚŽĂŽƉƌŽďůĞŵĂĚĂĚĞĨŝŶŝĕĆŽĚĞĂƌƚĞ͘
(A) Uma instalação feita de lixo é uma obra de arte apenas por ser exposta numa galeria ou num
museu?
(B) Será que a arte deve ter compromissos morais e educativos?
(C) Será que sem a arte a nossa vida se tornaria desinteressante?
(D) A intenção do criador ou do artista é relevante para compreender o significado de uma dada obra
de arte?
EN 2020 2F
ϭϮ͘ Se um dado objeto não for considerado uma obra de arte, com o argumento de ser impessoal e não
comover, a teoria da arte implicitamente admitida como correta é a teoria…
(A) formalista.
(B) expressivista.
(C) institucional.
(D) histórica.
EN 2020 2F
EN 2018 2F
ϭϰ͘ ^ĞŐƵŶĚŽĂƚĞŽƌŝĂĨŽƌŵĂůŝƐƚĂ͕ŽĐŽŶƚĞƷĚŽƌĞƉƌĞƐĞŶƚĂĐŝŽŶĂůĚĞƵŵĂŽďƌĂ͘͘͘
(A) é uma condição necessária, mas não suficiente, para esta ser arte.
(B) é uma condição suficiente, mas não necessária, para esta ser arte.
(C) é uma condição simultaneamente necessária e suficiente para esta ser arte.
(D) não é uma condição necessária nem suficiente para esta ser arte.
ϭϲ͘ Segundo a teoria formalista, a capacidade que uma obra tem de provocar uma emoção estética no
ŽďƐĞƌǀĂĚŽƌ͘͘͘
(A) é uma condição necessária, mas não suficiente, para esta ser arte.
(B) é uma condição suficiente, mas não necessária, para esta ser arte.
(C) é uma condição simultaneamente necessária e suficiente para esta ser arte.
(D) não é uma condição necessária nem suficiente para esta ser arte.
ϭϳ͘ ^ ĞŐƵŶĚŽĂƚĞŽƌŝĂĞdžƉƌĞƐƐŝǀŝƐƚĂĚĞŽůůŝŶŐǁŽŽĚ͕ĂĐĂƉĂĐŝĚĂĚĞĚĞƉƌŽǀŽĐĂƌĐĞƌƚĂƐĞŵŽĕƁĞƐŶŽĂƵĚŝƚſƌŝŽ͘͘͘
(A) é uma condição necessária, mas não suficiente, para esta ser arte.
(B) é uma condição suficiente, mas não necessária, para esta ser arte.
(C) é uma condição simultaneamente necessária e suficiente para esta ser arte.
(D) não é uma condição necessária nem suficiente para esta ser arte.
ϭϴ͘ Segundo a teoria institucional da arte, o facto de um artefacto ter um conjunto de características ao
ƋƵĂůĨŽŝĂƚƌŝďƵşĚŽŽĞƐƚĂƚƵƚŽĚĞĐĂŶĚŝĚĂƚŽăĂƉƌĞĐŝĂĕĆŽƉŽƌƵŵƌĞƉƌĞƐĞŶƚĂŶƚĞĚŽŵƵŶĚŽĚĂĂƌƚĞ͘͘͘
(A) é uma condição necessária, mas não suficiente, para este ser arte no sentido valorativo.
(B) é uma condição suficiente, mas não necessária, para este ser arte no sentido valorativo.
(C) é uma condição simultaneamente necessária e suficiente para este ser arte no sentido valorativo.
(D) não é uma condição necessária nem suficiente para este ser arte no sentido valorativo.
ϭϵ͘ Segundo a teoria institucional da arte, o facto de um artefacto ter um conjunto de características ao
ƋƵĂůĨŽŝĂƚƌŝďƵşĚŽŽĞƐƚĂƚƵƚŽĚĞĐĂŶĚŝĚĂƚŽăĂƉƌĞĐŝĂĕĆŽƉŽƌƵŵƌĞƉƌĞƐĞŶƚĂŶƚĞĚŽŵƵŶĚŽĚĂĂƌƚĞ͘͘͘
(A) é uma condição necessária, mas não suficiente, para este ser arte no sentido classificativo.
(B) é uma condição suficiente, mas não necessária, para este ser arte no sentido classificativo.
(C) é uma condição simultaneamente necessária e suficiente para este ser arte no sentido classificativo.
(D) não é uma condição necessária nem suficiente para este ser arte no sentido classificativo.
ϮϬ͘ Segundo a teoria histórica da arte, o facto de alguém ter uma intenção séria de que algo seja
ĐŽŶƐŝĚĞƌĂĚŽĂƌƚĞ͘͘͘
(A) é uma condição necessária, mas não suficiente, para que isso seja arte.
(B) é uma condição suficiente, mas não necessária, para que isso seja arte.
(C) é uma condição simultaneamente necessária e suficiente para que isso seja arte.
(D) não é uma condição necessária nem suficiente para que isso seja arte.
Ϯ͘ Por que razão considera a teoria formalista de Bell que nem a representação, nem a expressão são
propriedades essenciais da arte?
ϯ͘ A teoria institucional tem em consideração a distinção entre os sentidos classificativo e valorativo da
palavra "arte"? Porquê?
ϰ͘ Imaginemos que alguém tinha a intenção de que toda a cidade de Lisboa fosse vista como um
ready-made, isto é, como algo que não tendo sido manufaturado pelo próprio artista ainda assim é
ƵŵĂŽďƌĂĚĞĂƌƚĞ͕ĚĞƐĂĨŝĂŶĚŽĂŶŽƐƐĂĐŽŵƉƌĞĞŶƐĆŽĚŽƉƌſƉƌŝŽĐŽŶĐĞŝƚŽĚĞĂƌƚĞ͘^ĞƌĄƋƵĞĂƚĞŽƌŝĂ
histórica da arte está condenada a aceitar que, nesse caso, a cidade de Lisboa passaria a ser uma obra
de arte? Porquê?
ϱ͘ Explica de que modo a arte concetual ou os ready-made, como Fonte (imagem), de Marcel Duchamp,
ĐŽŶƐƚŝƚƵĞŵĐŽŶƚƌĂĞdžĞŵƉůŽƐƉĂƌĂĂƚĞŽƌŝĂƌĞƉƌĞƐĞŶƚĂĐŝŽŶŝƐƚĂĚĂĂƌƚĞ͘
ϲ͘ De que forma a arte urbana, ou graffiti (imagem), pode ser apresentada como objeção à teoria
histórica da arte?
ϳ͘ >ġĐŽŵĂƚĞŶĕĆŽŽƚĞdžƚŽƋƵĞƐĞƐĞŐƵĞ͘
Mesmo que todos os artistas atravessassem, de facto, o processo descrito pela teoria da
expressão, e mesmo que mais ninguém além deles o fizesse, seria verdadeiro que uma obra de
arte é boa por o artista, ao criá-la, ter passado por esta ou aquela série de experiências ao
executar a sua obra? Colocado o assunto assim tão grosseiramente, não posso acreditar que
alguém pudesse responder facilmente pela afirmativa.
John Hospers in Gordon Graham (2001). Filosofia das Artes. Lisboa: Edições 70, 2001, p. 45
ϴ͘ Em que medida certas obras de cariz religioso podem constituir-se como um contraexemplo à teoria
expressivista da arte?
ϭ͘ >ġĐŽŵĂƚĞŶĕĆŽŽƚĞdžƚŽƋƵĞƐĞƐĞŐƵĞ͘
“[O] artista belga Francis Alys escolheu mandar um pavão vivo para a Bienal de Veneza, em vez
de comparecer pessoalmente. A atividade do pavão é apresentada como uma obra de arte
intitulada O Embaixador. Os galeristas britânicos do artista forneceram um comentário útil
sobre o significado desta obra de arte: A ave irá pavonear-se em todas as exposições e festas
como se fosse o próprio artista. É burlesca, insinuando a vaidade do mundo da arte e remetendo
para velhas fábulas com animais.”
Nigel Warburton (2007). O que é a arte? Trad. Célia Teixeira. Lisboa: Bizâncio, p. 13
ϭ͘ϭ Será que O Embaixador de Francis Alys é uma verdadeira obra de arte? Porquê?
Na tua resposta deves:
– formular o problema suscitado pela obra;
– classificar a obra como arte ou não arte, apelando a uma das teorias da arte estudadas;
– justificar adequadamente a perspetiva defendida.
Ϯ͘ >ġĐŽŵĂƚĞŶĕĆŽĂĂĨŝƌŵĂĕĆŽƋƵĞƐĞƐĞŐƵĞ͘
[P]arece demasiado óbvio que os méritos de uma obra de arte devem ser julgados pelo que
encontramos nela, sem atender às condições em que a obra se fez.
John Hospers in Gordon Graham (2001). Filosofia das Artes. Lisboa: Edições 70, p. 45
Itens de seleção
ϭ͘ O argumento teleológico, ou do desígnio, de Tomás de Aquino, a favor da existência de Deus inclui a
premissa segundo a qual…
(A) os livros sagrados das religiões revelam que Deus existe.
(B) Deus intervém na organização do mundo.
(C) todos os processos naturais têm um propósito.
(D) todos podemos compreender a inteligência divina.
EN 2021 1F
Ϯ͘ Do argumento teleológico, ou do desígnio, a favor da existência de Deus faz parte a premissa de que…
(A) a existência é uma perfeição.
(B) tudo no universo é ordenado e tem um propósito.
(C) um ser perfeito não tem todos os poderes.
(D) Deus e o mundo são um só.
EN 2021 2F
ϯ͘ Uma das premissas do argumento teleológico, ou do desígnio, a favor da existência de Deus é a de
ƋƵĞ͘͘͘
(A) o maior ser possível tem de existir.
(B) todas as coisas têm uma causa anterior.
(C) os organismos vivos têm um propósito.
(D) sem Deus a nossa vida não faria sentido.
EN 2020 2F
ϳ͘ Qual é o argumento a favor da existência de Deus que usa apenas premissas a priori?
(A) Argumento cosmológico.
(B) Argumento teleológico.
(C) Argumento ontológico.
(D) Argumento fideísta.
ϵ͘ Uma das críticas que se pode apresentar ao argumento ontológico é que…
(A) a existência não é um verdadeiro predicado.
(B) comete a falácia do falso dilema.
(C) pode haver uma cadeia causal infinita.
(D) nada garante que a causa primeira seja o Deus teísta.
ϭϰ͘ >ĞŝďŶŝnjĂƉƌĞƐĞŶƚĂƵŵĂĐƌşƚŝĐĂĂƵŵĚŽƐƐĞŐƵŝŶƚĞƐĂƌŐƵŵĞŶƚŽƐ͘
(A) Argumento ontológico.
(B) Argumento de Pascal.
(C) Argumento teleológico.
(D) Argumento do mal.
ϭϱ͘ ŽŶƐƚƌƵŝƌƵŵĂƚĞŽĚŝĐĞŝĂĐŽŶƐŝƐƚĞĞŵĚĂƌƵŵĂƌĞƐƉŽƐƚĂăƋƵĞƐƚĆŽĚĞƐĂďĞƌ͘͘͘
(A) se os atributos de Deus são coerentes.
(B) se Deus existe ou não.
(C) por que motivo Deus permite o mal.
(D) se a fé é racional.
ϭϲ͘ KŵĂůŶĂƚƵƌĂůƌĞĨĞƌĞͲƐĞĂŽŵĂůƋƵĞ͘͘͘
(A) tem origem nas ações dos seres humanos.
(B) não tem origem nas ações dos seres humanos.
(C) tem origem em seres sobrenaturais (como anjos e demónios).
(D) não tem origem em fenómenos naturais.
ϭϳ͘ hŵĂĐƌşƚŝĐĂƋƵĞƉŽĚĞŵŽƐĨĂnjĞƌĂŽĂƌŐƵŵĞŶƚŽĚĞWĂƐĐĂůĠƋƵĞ͘͘͘
(A) a fé religiosa não se pode basear num cálculo.
(B) pode haver uma cadeia causal infinita.
(C) Deus e o mal são compatíveis.
(D) não se prova a existência de Deus.
ϭϴ͘ KŽďũĞƚŝǀŽĚĞWĂƐĐĂůĐŽŵĂƐƵĂ͞ĂƉŽƐƚĂ͟Ġ͘͘͘
(A) provar que Deus existe.
(B) provar que Deus não existe.
(C) provar que a fé em Deus tem benefícios.
(D) provar que a fé em Deus não tem benefícios.
ϭϵ͘ KĞƵƐƚĞşƐƚĂĐĂƌĂĐƚĞƌŝnjĂͲƐĞƉŽƌƐĞƌ͘͘͘
(A) omnipotente, omnisciente, e sumamente mau.
(B) omnipotente, omnisciente, e sumamente bom.
(C) uma força da natureza.
(D) criador, mas não intervém na criação.
ϮϬ͘ KĂƌŐƵŵĞŶƚŽƋƵĞƵƚŝůŝnjĂƵŵĂĂŶĂůŽŐŝĂĚĂƐĞƚĂĞĚŽĂůǀŽƉĂƌĂƉƌŽǀĂƌƋƵĞĞƵƐĞdžŝƐƚĞĠŽĂƌŐƵŵĞŶƚŽ͘͘͘
(A) teleológico.
(B) cosmológico.
(C) ontológico.
(D) do mal.
ϭ͘ Identifica a premissa decisiva para, partindo da ideia de que Deus é o maior ser possível, Anselmo
ĐŽŶĐůƵŝƌƋƵĞĞƵƐĞdžŝƐƚĞ͘
EN 2020 EE
Ϯ͘ Quais são as razões apresentadas por Pascal para acreditar que Deus existe?
ϱ͘ Esclarece, com exemplos, a diferença entre um mal justificado e não justificado, e de que forma este
ƷůƚŝŵŽƚŝƉŽĚĞŵĂůƉŽĚĞĐŽŶƐƚŝƚƵŝƌĞǀŝĚġŶĐŝĂĐŽŶƚƌĂĂĞdžŝƐƚġŶĐŝĂĚĞĞƵƐ͘
ϳ͘ Por que motivo considera Pascal que é racional acreditar em Deus mesmo que nenhum dos argumentos
tradicionais a favor da existência de Deus seja bom?
ϴ͘ Por que razão defende Kant que o argumento ontológico não é sólido?
ϭ͘ Na tua opinião, o argumento teleológico, ou do desígnio, a favor da existência de Deus é persuasivo?
:ƵƐƚŝĨŝĐĂ͘
Na tua resposta, deves:
оĂƉƌĞƐĞŶƚĂƌŝŶĞƋƵŝǀŽĐĂŵĞŶƚĞĂƐƵĂƉŽƐŝĕĆŽ͖
оĂƌŐƵŵĞŶƚĂƌĂĨĂǀŽƌĚĂƐƵĂƉŽƐŝĕĆŽ͘
EN 2021 EE
EN 2020 1F
EPISTEMOLOGIA
Itens de seleção
ϭ͘ϭ No argumento apresentado, Descartes baseia-se no facto de que tem a ideia de ser perfeito, para concluir
que este tem de existir. Para isso, apoia-se no princípio de que a causa tem sempre de ser tão perfeita quanto
os seus efeitos (isto é, o menos perfeito nunca pode dar origem ao mais perfeito). Em seguida, constata que
ele próprio não é perfeito e que, por conseguinte, não pode ser ele a origem da sua ideia de perfeição. Assim,
a origem dessa ideia tem de ser tão perfeita quanto ela, ou seja, tem de ser o próprio ser perfeito.
Este argumento enfrenta os seguintes problemas (só se exige um dos argumentos na resposta):
• nem sequer temos uma ideia clara e distinta de ser perfeito, pois somos demasiado limitados para abarcar
a grandiosidade dessa ideia;
• o menos perfeito pode dar origem ao mais perfeito, pois, embora sejamos imperfeitos, podemos usar a
imaginação para conceber um ser mais perfeito do que nós. Para isso, bastaria imaginar um ser que tivesse
essas perfeições que reconhecemos que nos faltam. Por exemplo, posso não ser perfeitamente pontual e
ainda assim formar a ideia de um ser perfeitamente pontual, completando as minhas falhas através da
imaginação (seria um ser que, ao contrário de mim, nunca chegaria cedo, nem tarde a nenhum compromisso).
Ϯ͘ϭ A ideia de Deus desempenha um papel fundamental no racionalismo cartesiano, pois é o facto de Deus existir
e não ser enganador que garante a verdade das nossas ideias claras e distintas atuais e passadas. Sem esta
garantia seríamos incapazes de avançar um argumento, pois a verdade de cada premissa deixaria de ser
assegurada no momento em que deixássemos de a conceber clara e distintamente para nos concentrarmos
na conclusão (ou nas outras premissas do argumento). Assim, é Deus que garante que podemos confiar nos
nossos raciocínios apoiados em premissas claras e distintas.
A partir daqui, Descartes pode deduzir muitas verdades e construir com segurança o edifício do conhecimento,
apoiando-se naquilo que concebe com clareza e distinção. Mesmo a existência das coisas materiais,
anteriormente posta em causa, adquire um novo grau de plausibilidade, porque Deus não nos teria criado de
modo a que estivéssemos permanentemente a representar como existentes coisas que não passam de
fantasias. Pelo contrário, trataria de nos criar de modo a que a nossa mente recebesse do corpo as sensações
adequadas para que esta pudesse conhecer a realidade.
Ϯ͘Ϯ Os críticos têm-se baseado nesta passagem para acusar Descartes de cometer uma petição de princípio, isto
é, de estar a argumentar de forma viciosamente circular, pois está a assumir à partida aquilo que pretende
ver demonstrado na conclusão. Isto acontece porque, conforme Descartes afirma no texto, "aquilo mesmo
que há pouco tomei como regra, isto é, que são inteiramente verdadeiras as coisas que concebemos muito
clara e distintamente, só é certo porque Deus é ou existe, e porque é um ser perfeito e tudo o que existe dele
nos vem". Ou seja, antes de estarmos certos de que Deus existe não podemos estar certos das nossas ideias
claras e distintas, mas só podemos demonstrar a sua existência raciocinando a partir de ideias claras e
distintas. Assim, podemos afirmar que Descartes procura estabelecer a existência de Deus raciocinando a
partir de ideias claras e distintas, mas admite que só podemos estar certos de que as nossas ideias claras e
distintas atuais e passadas são verdadeiras porque Deus existe.
ϯ͘ϭ Hume considera que a nossa experiência não pode alguma vez estender-se para além das nossas impressões,
e estas não devem ser confundidas com os objetos exteriores em si mesmos considerados. Assim, uma vez
que nunca poderemos sair do interior das nossas mentes, isto é, só temos acesso às nossas perceções, nunca
seremos capazes de verificar se, de facto, existem objetos exteriores que são a causa das mesmas.
Descartes tem uma opinião diferente. Começa por considerar que, uma vez demonstrada a existência de
Deus, podemos estar certos da existência de um mundo material exterior às nossas mentes. Isto porque um
criador sumamente bom não nos iria criar de forma a representarmos permanentemente objetos materiais
exteriores à nossa mente, quando, na realidade, estes não existem (isso faria dele um enganador). Assim,
devemos assumir que esse criador benevolente nos forneceu os sentidos para nos permitir conhecer a
realidade à nossa volta.
ϰ͘ϭ O argumento é a posteriori porque pelo menos uma das suas premissas só pode ser conhecida com recurso à
experiência. Nomeadamente, a premissa de que o menos perfeito não pode dar origem ao mais perfeito.
Este tipo de premissa não é conceptual, como no caso de "Nenhum solteiro é casado". Pelo contrário, só
podemos determinar o seu valor de verdade ao usar os sentidos.
ϰ͘Ϯ͘ H
ume não concorda. Descartes pensava que, uma vez que somos imperfeitos, não podemos ser nós próprios
a origem dessa ideia de perfeição; ao passo que Hume diria que a ideia de Deus poderia ter origem na nossa
imaginação pela combinação de várias ideias simples de poder, conhecimento, bondade, elevadas à máxima
potência. Por exemplo, posso não ser perfeitamente pontual e ainda assim formar a ideia de um ser
perfeitamente pontual completando as minhas falhas através da imaginação (seria um ser que, ao contrário
de mim, nunca chegaria cedo, nem tarde a nenhum compromisso).
ϱ͘ϭ P
ara Hume, a origem da conexão necessária não pode ser as impressões externas, dado que não percecionamos
qualquer conexão necessária entre dois acontecimentos; pelo contrário, só percecionamos conjunções
constantes. Por um lado, temos uma conexão necessária quando dois eventos não podem ocorrer um sem o
outro; por outro lado, temos uma conjunção constante quando sempre que um sujeito tem a experiência de
um evento A também tem a experiência de um evento B. Ora, a ideia de conexão necessária nada mais é do
que a expetativa, ou seja, a impressão interna, de que irá ocorrer o evento B dada a ocorrência do evento A,
devido ao hábito de observar esses dois acontecimentos ocorrerem sempre um a seguir ao outro, ou seja,
devido ao facto de estes aparecerem constantemente conjugados.
ϲ͘ϭ A
dúvida cartesiana tem um caráter metódico, na medida em que Descartes pretende encontrar uma verdade
inabalável da qual não consiga duvidar. Para Descartes há um critério para se chegar a esse objetivo, ou seja,
o critério cartesiano de verdade que consiste na evidência como clareza e distinção das ideias. Usando o seu
método de dúvida, com um caráter radical ou hiperbólico, Descartes procura duvidar de todas as crenças a
posteriori (com o argumento dos erros dos sentidos e da dificuldade em distinguir claramente o sonho da
vigília), bem como das crenças a priori (com o argumento da hipótese do Génio Maligno). Contudo, há uma
crença da qual ele não consegue duvidar: o cogito (penso; logo, existo). O cogito é o primeiro princípio
indubitável e fundamento do saber.
ϳ͘ϭ Identificação dos factos que, de acordo com Descartes, são determinados a priori:
оƚŽĚŽƐŽƐĐŽƌƉŽƐƐĆŽĐŽŵƉŽƐƚŽƐĚĞƵŵĂŵĞƐŵĂŵĂƚĠƌŝĂ͕ŝŶĚĞĨŝŶŝĚĂŵĞŶƚĞĚŝǀŝƐşǀĞůĞŵƉĂƌƚĞƐ͕ĂƐƋƵĂŝƐƐĞ
movem em direções diferentes;
оĂŵĞƐŵĂƋƵĂŶƚŝĚĂĚĞĚĞŵŽǀŝŵĞŶƚŽƐŵĂŶƚĠŵͲƐĞŶŽŵƵŶĚŽ͘
Identificação dos factos que, de acordo com Descartes, são determinados a posteriori:
оĂƐĐŽŶĨŝŐƵƌĂĕƁĞƐĚĞŵĂƚĠƌŝĂƋƵĞƌĞĂůŵĞŶƚĞĞdžŝƐƚĞŵ͖
оŽƚĂŵĂŶŚŽĞĂǀĞůŽĐŝĚĂĚĞĚŽƐƉĞĚĂĕŽƐĚĞŵĂƚĠƌŝĂ͘
ϳ͘Ϯ Avaliação da distinção exposta no texto por Descartes à luz da perspetiva de Hume:
оĞƐĐĂƌƚĞƐ ĂĨŝƌŵĂ ĐŽƌƌĞƚĂŵĞŶƚĞ ƋƵĞ ƚĂŶƚŽ Ž ƚĂŵĂŶŚŽ Ğ Ă ǀĞůŽĐŝĚĂĚĞ ĚŽƐ ƉĞĚĂĕŽƐ ĚĞ ŵĂƚĠƌŝĂ ĐŽŵŽ ĂƐ
configurações de matéria que realmente existem se determinam pelo recurso à experiência;
оŶŽ ĞŶƚĂŶƚŽ͕ ĞƐƚĄ ĞƌƌĂĚŽ ĂŽ ĂĨŝƌŵĂƌ ƋƵĞ ĂƉĞŶĂƐ ƉĞůĂ ƌĂnjĆŽ ƐĞ ƉŽĚĞ ĚĞƚĞƌŵŝŶĂƌ ƋƵĞ ŽƐ ĐŽƌƉŽƐ ƐĞũĂŵ
compostos de uma mesma matéria, indefinidamente divisível em partes que se movem em direções
diferentes, e que a mesma quantidade de movimentos se mantém no mundo (pois estes factos também só
podem ser determinados pelo recurso à experiência);
оĞƐƚĂƐ ƐĆŽ ƋƵĞƐƚƁĞƐ ĚĞ ĨĂĐƚŽ͕ Ğ ŶĆŽ ƌĞůĂĕƁĞƐ ĚĞ ŝĚĞŝĂƐ ;ƉĞůŽ ƋƵĞ ŶĆŽ ƉŽĚĞŵ ƐĞƌ ĚĞƚĞƌŵŝŶĂĚĂƐ ĂƉĞŶĂƐ ƉĞůĂ
razão).
Itens de resposta extensa
significado das ideias envolvidas, mas nada dizem acerca do que existe (é verdade que "Nenhum solteiro é
casado", mas isso não nos diz se existem solteiros, ou não). Contudo, como foi dito, o conhecimento sobre
questões de facto não pode ser obtido a priori, portanto, não há conhecimento a priori acerca do mundo.
Opção C: Defender o ceticismo
Concordo, pois não existe qualquer tipo de conhecimento acerca do mundo, seja a priori ou não. Isto porque
todas as crenças se justificam com base noutras crenças. Assim sendo, de cada vez que tentamos justificar
uma crença caímos numa regressão infinita da justificação. Ora, se cada vez que tentamos justificar uma
crença caímos numa regressão infinita da justificação, então não temos crenças justificadas. Como só temos
conhecimento se tivermos crenças justificadas, podemos concluir que não temos conhecimento.
Ϯ͘ϭ Descartes pretendia estabelecer um conhecimento seguro e duradouro. Para concretizar esse objetivo, vai
servir-se da dúvida para testar as suas crenças e verificar se existe pelo menos uma que seja absolutamente
indubitável, em cima da qual possa reconstruir todo o conhecimento.
Opção A: Defender o sucesso do projeto cartesiano
Na minha opinião, Descartes conseguiu alcançar o objetivo a que se propôs. Descartes leva a dúvida ao
extremo, imaginando que mesmo as verdades aparentemente mais evidentes da geometria e da aritmética
podem ser falsas, pois o nosso intelecto pode estar a ser manipulado por um Génio Maligno muito poderoso
e perverso que se diverte a fazer-nos acreditar em falsidades.
Contudo, Descartes apercebe-se de que existe uma crença absolutamente indubitável, o cogito: penso, logo
existo. Ainda que o nosso intelecto esteja a ser manipulado, parece ser absolutamente certo que para pensar
é preciso existir.
Assim, o cogito representa um triunfo sobre o ceticismo que sustenta que o conhecimento não é possível
porque, uma vez que todas as crenças se justificam com base noutras crenças, nenhuma crença poderá
alguma vez estar justificada.
Deste modo, podemos concluir que Descartes conseguiu encontrar um ponto seguro, em cima do qual pode
reerguer, de forma absolutamente fundamentada, todo o edifício do conhecimento.
Opção B: Defender o insucesso do projeto cartesiano
Na minha opinião, Descartes não conseguiu alcançar o objetivo que se propôs. Descartes julga que existe
uma crença absolutamente indubitável, o cogito: penso, logo existo. Isto é, ainda que o nosso intelecto esteja
a ser manipulado, parece ser absolutamente certo que para pensar é preciso existir.
Contudo, o cogito está longe de ser a crença básica, autoevidente e indubitável que Descartes julgava. Antes
de afastar a hipótese do Génio Maligno, Descartes nem sequer pode afirmar com certeza que existe um "Eu",
isto é, uma mesma coisa pensante que se reconhece ser a mesma em diferentes momentos do tempo, que é
o autor dos pensamentos que estão a acontecer.
Assim, uma vez que Descartes não conseguiu provar que nem todas as crenças se justificam com base noutras
crenças, os céticos podem sempre argumentar que não temos conhecimento. Portanto, devemos rejeitar o
racionalismo cartesiano e abraçar o ceticismo, isto é, devemos aceitar que o conhecimento é impossível.
Clarificação do problema:
– uma das condições do conhecimento é a justificação, e a justificação pode basear-se na experiência / pode
ser a posteriori, ou pode basear-se apenas na razão / pode ser a priori;
– há quem considere que a justificação última do conhecimento só poderá proporcionar certeza se for
irrefutável e que, por isso, terá de ser a priori, e há quem considere que, pelo facto de se apoiarem na
experiência, mesmo as justificações mais básicas podem ser postas em causa/refutadas.
ƉƌĞƐĞŶƚĂĕĆŽŝŶĞƋƵşǀŽĐĂĚĂƉŽƐŝĕĆŽĚĞĨĞŶĚŝĚĂ͘
Justificação da posição defendida:
Opção A: Concordar com a perspetiva de Descartes
оŽ cogito é conhecido a priori, isto é, por intuição intelectual, e também a existência de Deus pode ser
conhecida pelo recurso a argumentos a priori (que, partindo da análise da ideia de ser perfeito, concluem
que Deus existe);
оĂƐǀĞƌĚĂĚĞƐďĄƐŝĐĂƐĚĂŵĂƚĞŵĄƚŝĐĂĞ͕ĞŵĞƐƉĞĐŝĂů͕ĂƐǀĞƌĚĂĚĞƐĚĂŐĞŽŵĞƚƌŝĂ͕ƋƵĞƐĆŽĐŽŶŚĞĐŝĚĂƐa priori,
contribuem para o conhecimento dos factos básicos da realidade física e são irrefutáveis;
оĐŽŵŽĠĂƚĞƐƚĂĚŽƉĞůŽƐĞƌƌŽƐĚĂĨşƐŝĐĂĞĚĂĂƐƚƌŽŶŽŵŝĂവƉŽƌĞdžĞŵƉůŽ͕ƉĞůŽƐĞƌƌŽƐĚĂƚĞŽƌŝĂŐĞŽĐġŶƚƌŝĐĂവ͕Ă
ciência torna-se mais falível se o conhecimento dos factos básicos da realidade física depender inteiramente
dos dados fornecidos pela experiência;
оĠ ƉůĂƵƐşǀĞů ĐŽŶƐŝĚĞƌĂƌ ƋƵĞ͕ ĐĂƐŽ ƐĞũĂ a priori, o conhecimento dos factos básicos da realidade física seja
irrefutável.
Opção B: Não concordar com a perspetiva de Descartes
оƐſŽĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽĚĞƌĞůĂĕƁĞƐĚĞŝĚĞŝĂƐƉŽĚĞƐĞƌƉƌŽĚƵnjŝĚŽĂƉĞŶĂƐƉĞůŽƌĞĐƵƌƐŽăƌĂnjĆŽ͕ŝƐƚŽĠ͕a priori͖о
contudo, o conhecimento de relações de ideias não tem qualquer relevância para o conhecimento dos
factos básicos da realidade física;
оƚŽĚŽŽĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽƐƵďƐƚĂŶĐŝĂů͕ƋƵĞŝŶĐůƵŝŽĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽĚŽƐĨĂĐƚŽƐďĄƐŝĐŽƐĚĂƌĞĂůŝĚĂĚĞĨşƐŝĐĂ͕ĚĞƉĞŶĚĞ
da experiência;
оĚĂĚĂƐ ĂƐ ŐƌĂŶĚĞƐ ŵƵĚĂŶĕĂƐ ĐŝĞŶƚşĨŝĐĂƐ ũĄ ŽĐŽƌƌŝĚĂƐ ĂŽ ůŽŶŐŽ ĚĂ ŚŝƐƚſƌŝĂ ĚĂ ĐŝġŶĐŝĂ͕ ŵĞƐŵŽ ƚĞŽƌŝĂƐ
aparentemente infalíveis, como as que dizem respeito aos factos básicos da realidade física, podem ser
refutadas pela experiência.
NotaവKƐĂƐƉĞƚŽƐĐŽŶƐƚĂŶƚĞƐŶŽƐĐĞŶĄƌŝŽƐĚĞƌĞƐƉŽƐƚĂĂƉƌĞƐĞŶƚĂĚŽƐƐĆŽĂƉĞŶĂƐŝůƵƐƚƌĂƚŝǀŽƐ͕ŶĆŽĞƐŐŽƚĂŶĚŽ
o espetro de respostas adequadas possíveis.
FILOSOFIA DA CIÊNCIA
Itens de seleção
ϭ͘ϭ Popper não concordaria com o texto apresentado; pois, de acordo com Popper, a ciência pode progredir por
aproximação à verdade (ainda que nunca chegue a alcançá-la). Isto porque Popper admite que o progresso da
ciência implica que as teorias possam ser comparadas (ao contrário da tese da incomensurabilidade de Kuhn).
Além disso, as teorias podem ser comparadas considerando a sua resistência a testes empíricos rigorosos; ou
seja, as novas teorias corrigem os erros das anteriores e alargam o seu campo de aplicação. Desta forma, ao
eliminar erros, as novas teorias aproximam-se cada vez mais da verdade.
Ϯ͘ϭ D
e acordo com Popper, o nosso contacto com o mundo é mediado por teorias, geradoras de expetativas. Ora,
a nossa curiosidade e a nossa necessidade de compreender o mundo é desencadeada por expetativas
frustradas, que podem dar origem a problemas científicos – sendo, assim, os problemas o ponto de partida
da investigação científica. Deste modo, as teorias não são propostas como generalizações suportadas por
observações, mas sim como resposta a problemas gerados pelas nossas expetativas. A observação tem
apenas um papel importante na discussão crítica das teorias, servindo para as testar.
ϯ͘ϭ De acordo com Popper, as teorias científicas são constituídas por proposições universais. Ora, nenhuma
quantidade de observações particulares permite estabelecer a verdade de uma proposição universal, mas
uma única observação contrária mostra que uma proposição universal é falsa. Dessa forma, aplicando a
fórmula dedutivamente válida de modus tollens pode-se falsificar uma teoria. Portanto, o raciocínio envolvido
na falsificação de uma proposição universal é dedutivo.
ϰ͘ϭ S egundo Kuhn, a ciência normal consiste na investigação orientada por um paradigma científico, relativamente
ao qual há consenso na comunidade científica, caracterizando-se pela partilha de "critérios que, para esse
grupo e para essa época, determinam quando é que um enigma particular foi resolvido". Um paradigma
científico consiste num conjunto de teorias fundamentais, de princípios metafísicos sobre a realidade e de
ideias sobre a forma de fazer ciência.
ϱ͘ T endo por base o pensamento de Popper, uma teoria falsificada já foi mostrada como falsa e, como tal, já foi
abandonada, e não constitui objeto científico para o filósofo. Uma teoria falsificável é uma teoria que ainda
permanece por falsificar e, portanto, é, para Popper, uma teoria científica, pois até agora nenhuma
observação mostrou que ela é falsa. Contudo, podemos estabelecer um estado de coisas que a refute e que,
se for verificado, mostra que ela é falsa.
ϲ͘ϭ Popper propõe como alternativa à observação, o problema.
ϳ͘ϭ Kuhn concorda que os cientistas seguem critérios objetivos de avaliação de teorias. Aliás, ele sustenta que há
critérios objetivos, tais como a exatidão, consistência, simplicidade, alcance, fecundidade. No entanto, para
Kuhn, esses critérios não são suficientes para as decisões dos cientistas, havendo outros fatores (subjetivos)
que determinam as suas escolhas.
ϴ͘ D
e acordo com Kuhn, há critérios subjetivos, tal como o contexto histórico, a própria personalidade dos
cientistas e o ambiente social ou económico (como haver ou não financiamento destinado a determinado
tipo de investigação), que influenciam a escolha de teorias. Por exemplo, um cientista pode preferir uma
teoria por estar de acordo com o que aprendeu ou porque acredita que irá ser a teoria preferida pela maior
parte dos cientistas, e estes fatores são elementos não objetivos que estão a influenciar as decisões dos
cientistas.
ϭ͘ϭ O problema subjacente ao texto é o problema da demarcação, isto é, o problema de saber que critério
devemos utilizar para distinguir teorias científicas de teorias não-científicas. Dado o enorme prestígio e
credibilidade do conhecimento científico, este problema reveste-se de uma enorme importância, pois evita
que enunciados pseudocientíficos passem por verdadeira ciência. De acordo com Popper, as teorias científicas
correspondem a enunciados gerais e, por conseguinte, não podem ser objeto de uma verificação conclusiva
através da experiência, podem apenas ser corroboradas pela mesma. Assim, de acordo com Karl Popper, uma
vez que a observação de casos particulares não permite nunca confirmar uma hipótese ou uma teoria, o
único objetivo dos testes empíricos é falsificar as hipóteses ou teorias, e não a verificá-las. Uma hipótese
científica é aceite/corroborada enquanto não for refutada empiricamente. Caso seja refutada, uma teoria
deve ser rejeitada (ou reformulada) e substituída por uma teoria melhor, isto é, que resista melhor às
sucessivas tentativas de falsificação.
Opção A: Na minha opinião, Popper está enganado, pois o sucesso crescente da ciência mostra que, depois
de sucessivas corroborações, as teorias atuais são efetivamente verdadeiras, e não apenas teorias que ainda
não se conseguiu provar que eram falsas.
Opção B: Na minha opinião, Popper está certo, pois a lógica subjacente à verificação experimental é falaciosa.
Uma vez que os enunciados gerais que correspondem às teorias científicas incluem um número demasiado
vasto de casos, não podem ser objeto de uma observação direta, pelo que a única forma de estes serem
verificados é através da dedução de previsões particulares a ele associadas, para posteriormente procurar
determinar se estas se confirmam ou não.
Ora, o verificacionismo encara a confirmação dessas previsões como prova conclusiva do enunciado geral de
onde foram deduzidas. Mas a estrutura subjacente a este tipo de raciocínio é falaciosa, pois consiste no
seguinte:
Sendo T a teoria a ser testada e P uma previsão deduzida a partir dela.
(1) T ՜ P
(2) P
(3) .: T
Esta estrutura argumentativa é inválida. A primeira premissa diz-nos apenas que a verdade de T é uma
condição suficiente para P, não nos diz que é uma condição necessária. Assim sendo, P pode ocorrer por
qualquer outro motivo, sem que isso implique a verdade de T. Esta forma lógica corresponde à falácia formal
conhecida como “falácia da afirmação da consequente”.
O falsificacionismo de Popper propõe que esta lógica seja substituída por uma forma válida, nomeadamente,
pela forma do modus tollens. De acordo com esta proposta, a lógica subjacente à experimentação passaria a
ser a seguinte:
Sendo T a teoria a ser testada e P uma previsão deduzida a partir dela.
(1) T ՜ P
(2) ¬P
(3) .: ¬T
Ou seja, uma previsão não confirmada serve para refutar a teoria, isto é, para mostrar que esta é falsa e que
deve, por conseguinte, ser substituída por outra.
Ϯ͘ϭ O problema subjacente ao texto é o problema da evolução da ciência em que nos questionamos se a ciência
progride por aproximação à verdade ou, pelo contrário, por ruturas drásticas sem um fim definido. Para
Popper, tal como se pode constatar no texto, a ciência progride por aproximação à verdade.
Opção A: Concordo com Popper, pois as novas teorias, ao ocuparem o lugar das velhas, mantêm alguns dos
seus melhores aspetos, ao mesmo tempo que substituem os seus defeitos. Por isso, as teorias científicas são
cada vez mais verosímeis, dado que se procura que tenham um menor número de falsidades, ao mesmo
tempo que se procura que tentem explicar um maior número de fenómenos. Com isso, há uma procura ativa
por erros, que permite às novas teorias estarem mais próximas da verdade (embora a verdade última seja
inalcançável).
Opção B: Não concordo com Popper, pois a ciência não progride em direção a um fim previamente
estabelecido (como a verdade), mas consiste numa simples sucessão de paradigmas, ou seja, numa sucessão
de períodos de relativa estabilidade e de consenso alargado, interrompido por processos de trabalho
revolucionário. Contudo, com essa mudança ou sucessão de paradigmas, não podemos dizer que um
paradigma é melhor que o outro, ou que um corresponde melhor à verdade do que o outro, dado que os
paradigmas são incomensuráveis. Ou seja, é impossível fazer comparação de paradigmas, dado que não há
entre eles pontos em comum.
FILOSOFIA DA ARTE
Itens de seleção
ϭ͘ N
ão. Segundo Collingwood, um ofício é uma atividade na qual uma matéria-prima é transformada através de
uma determinada técnica (suscetível de ser aprendida) num produto previamente concebido, como acontece,
por exemplo, na carpintaria, na serralharia e na sapataria. Ora, a poesia não é um ofício, porque, se assim
fosse, o poeta seria uma espécie de artífice que teria como propósito utilizar uma dada matéria-prima – as
palavras – para produzir um determinado produto final preconcebido – certos estados mentais no seu
público.
Contudo, Collingwood não encara a poesia apenas como um meio para produzir certas emoções no auditório.
Se assim fosse, um poema que não conseguisse produzir essas emoções seria necessariamente mau. O que
não se verifica. Portanto, Collingwood não encara um poema como um meio para um determinado fim.
Ϯ͘ Segundo Bell, nem a representação nem a expressão são propriedades essenciais da arte porque há obras
com conteúdo representacional ou expressivo que não são obras de arte (o que mostra que nem a
representação nem a expressão são condições suficientes para a arte) e há obras de arte sem conteúdo
representacional ou expressivo (o que mostra que nem a representação nem a expressão são condições
necessárias para a arte).
Em primeiro lugar, Bell considera que algumas obras, na medida em que se preocupam mais com a
representação ou com a expressão do que com a forma, acabam por não conseguir desligar o espetador das
emoções da vida e, por isso, revelam-se incapazes de provocar uma genuína emoção estética. As emoções da
vida são emoções que sentimos perante acontecimentos, pessoas, objetos e situações do nosso quotidiano,
e não a emoção que sentimos perante a mera contemplação de certas estruturas formais. Assim, apesar do
seu conteúdo representativo ou expressivo, estas obras não têm forma significante e, por conseguinte, não
são arte.
Além disso, Bell considera que quer o conteúdo representacional quer o conteúdo expressivo não são
necessários para a arte, pois a arte primitiva, por exemplo, não tem essas preocupações e ainda assim tem o
estatuto de arte.
ϯ͘ Sim, porque, de acordo com a teoria institucional da arte, algo é uma obra de arte no sentido classificativo se,
e só se, isso é um artefacto que possui um conjunto de características ao qual foi atribuído o estatuto de
candidato a apreciação por uma ou várias pessoas que atuam em nome de determinada instituição social: o
mundo da arte. Por sua vez, uma obra de arte no sentido valorativo é um candidato à apreciação que
efetivamente chega a ser apreciado pelo público do mundo da arte, ao contrário do que acontece com a má
arte, que é apresentada como candidata à apreciação, mas não chega a ser apreciada pelo público.
ϰ͘ Não, porque segundo a teoria histórica da arte, algo é uma obra de arte se, e só se, alguém com direitos de
propriedade sobre esse algo tem a intenção séria de que isso seja encarado da mesma forma como foram
corretamente encarados outros objetos abrangidos pelo conceito de "obra de arte". Assim sendo, uma vez
que não existe ninguém que seja o proprietário da cidade de Lisboa, o requisito do direito de propriedade
jamais poderia ser preenchido neste caso.
ϱ͘ A teoria representacionista da arte estabelece que algo só é arte se for uma representação. Contudo, obras
como Fonte ou outro ready-made não representam nada, elas são objetos do quotidiano utilizados no
contexto do mundo da arte.
ϲ͘ De acordo com a teoria histórica da arte algo é uma obra de arte se, e só se, alguém com direitos de
propriedade sobre isso tem a intenção séria de que seja encarado da mesma forma como foram corretamente
encarados outros objetos abrangidos pelo conceito de "obra de arte". Mas a condição do direito à propriedade
parece ser demasiado restritiva. Os graffiters fazem as suas criações artísticas em túneis, carruagens de
comboio e metropolitano, casas e fachadas, que não lhes pertencem, mas isso não significa que essas criações
não podem ser consideradas arte. Por exemplo, se Picasso tivesse pintado ilegalmente a obra Guernica na
lateral de uma carruagem de metropolitano, esta não deixaria de poder ser considerada arte.
ϳ͘ϭ O
autor do texto acusa a teoria expressivista de cometer aquilo que os críticos chamam de “falácia
intencional”. De acordo com a teoria expressivista, a questão de saber se algo é ou não uma obra de arte não
depende das propriedades da própria obra, mas sim de considerações acerca da sua origem, mais
especificamente de considerações acerca das intenções que o artista tinha quando a produziu. No caso de o
artista ter pretendido expressar as emoções por que passou, a obra será uma obra de arte em sentido
próprio; em caso contrário, não será.
Ora, o que os críticos e filósofos da arte estão aqui a defender é que não devemos apreciar uma obra em
função da intenção que o artista tinha quando a criou. A intenção original do artista é irrelevante para se
apreciar genuinamente uma obra, bem como para determinar se esta é ou não uma obra de arte. A verdadeira
arte deve valer por si mesma e pelas interpretações que suscita, independentemente daquilo que o artista
pretendia quando a concebeu.
ϴ͘ Segundo a teoria expressivista da arte, algo é arte se, e só se, é expressão imaginativa de emoções. Isto
significa que a arte não é um ofício, ou seja, não é uma atividade na qual uma matéria-prima é transformada
através de uma determinada técnica (suscetível de ser aprendida) num produto previamente concebido.
Assim sendo, de acordo com esta teoria, a arte não se pode limitar a provocar certas emoções específicas de
acordo com um plano preconcebido, pois, nesse caso, seria um ofício.
Ora, isto implica que certas obras de arte religiosa não seriam consideradas arte em sentido próprio, pois
podem muito bem ter sido encomendadas a artistas que as desenvolveram de acordo com um plano prévio
com o objetivo de estimular uma determinada emoção específica no seu público: a devoção religiosa, apesar
de nunca terem sentido esse tipo de devoção. Contudo, uma vez que essas obras são muitas vezes
apresentadas como exemplos emblemáticos da história da arte, podemos considerar que constituem um
forte contraexemplo à teoria expressivista da arte.
ϭ͘ϭ A obra O Embaixador, de Francis Alys, suscita o problema da definição de arte: Em que circunstâncias
podemos dizer que algo é arte?
Opção A: Defender a teoria representacionista
– defender que algo é uma obra de arte só se algo é uma representação e afirmar que a obra em causa pode
ser uma obra de arte devido ao seu conteúdo representacional;
– o pavão representa figurativamente o artista e a vaidade característica do mundo da arte;
– justificar esta posição alegando que nem toda a representação é imitativa e que, por conseguinte, a obra de
Francis Alys pode simbolizar essas coisas sem se assemelhar efetivamente a elas;
– referir que grande parte das obras tradicionais possui um conteúdo representacional e que uma obra sem
conteúdo representacional seria destituída de conteúdo e, por conseguinte, de valor artístico.
Opção B: Defender a teoria expressivista
– defender que algo é arte se, e só se, é expressão imaginativa de emoções;
– afirmar que a obra de Francis Alys não pode ser considerada uma obra de arte, pois não corresponde à
expressão imaginativa de emoções;
– mostrar que a arte não é um ofício, apelando ao facto de este último consistir numa atividade na qual uma
matéria-prima é transformada através de uma determinada técnica (suscetível de ser aprendida) num
produto previamente concebido, ao passo que o mesmo não se verifica na arte;
– acrescentar que a arte envolve emoções, mas, caso se limitasse a provocar certas emoções específicas de
acordo com um plano preconcebido, então a arte seria um ofício;
– concluir que a arte só pode ser expressão de emoções;
– ora, uma vez que, tal como destacam os galeristas britânicos do artista, a obra O Embaixador visa representar
a vaidade do mundo da arte e despertar certas ideias e emoções no auditório, esta obra pode ser encarada
como uma forma de ofício e não como arte em sentido próprio.
Opção C: Defender a teoria formalista
– defender que algo é arte se, e só se, possui forma significante;
– afirmar que a obra de Francis Alys não pode ser considerada uma obra de arte, pois não possui forma
significante;
– alegar que, uma vez que existem obras de arte sem qualquer conteúdo representativo ou expressivo (como,
por exemplo, alguma arte primitiva), nem a representação nem a expressão são condições necessárias para
algo ser arte;
– além disso, uma vez que há obras com conteúdo representativo ou expressivo que não são obras de arte
(como acontece, por exemplo, com a pintura descritiva ou narrativa), nem a representação, nem a expressão
são condições suficientes para algo ser arte;
– sustentar que a forma significante é a única condição necessária e suficiente para algo ser uma obra de
arte;
– definir forma significante como uma configuração de linhas, cores, formas e espaços que tem a capacidade
de originar uma emoção estética no espetador;
– distinguir emoção estética das emoções da vida quotidiana;
– ora, a forma da obra O Embaixador consiste simplesmente num pavão e, neste sentido, pertence ao domínio
da beleza natural e não é o tipo de forma capaz de suscitar uma emoção estética no espetador. Isto significa
que a obra não exibe forma significante;
– aliás, conforme destacam os galeristas britânicos do artista, a obra foi concebida com o intuito de transmitir
uma mensagem acerca do mundo da arte e não com um determinado conjunto de preocupações formais
em mente.
Opção D: Defender a teoria institucional da arte
– defender que algo é uma obra de arte no sentido classificativo se, e só se, é um artefacto com um conjunto
de características ao qual foi atribuído o estatuto de candidato à apreciação por uma ou várias pessoas que
atuam em nome de determinada instituição social: o mundo da arte;
– sustentar que a obra de Francis Alys pode legitimamente ser considerada uma verdadeira obra de arte, uma
vez que foi apresentada como candidato à apreciação, no contexto da Bienal de Veneza, por um
representante do mundo da arte;
– para justificar a tua posição, podes sustentar que há obras de arte com uma forma indistinguível de objetos
comuns do quotidiano, o que mostra que aquilo que é relevante para o seu estatuto enquanto obras de
arte não são as propriedades intrínsecas e manifestas dos mesmos (como as suas propriedades formais ou
suas funções originais), mas sim as suas propriedades extrínsecas e relacionais (como a propriedade do
estatuto);
– podes ainda acrescentar que o fracasso das teorias essencialistas se deve, precisamente, ao facto de se
focarem em propriedades intrínsecas e manifestas dos objetos, em vez de se focarem em propriedades
extrínsecas e relacionais como o estatuto;
– além disso, é precisamente por se focar neste tipo de propriedades que a teoria institucional se revela
capaz de definir “arte” sem impor qualquer tipo de limitações ao processo de criação artística.
Opção E: Defender a teoria histórica da arte
– defender que x é uma obra de arte se, e só se, alguém com direitos de propriedade sobre x tem uma
intenção séria de que x seja encarado como foram corretamente encaradas obras de arte precedentes;
– sustentar que a obra de Francis Alys pode legitimamente ser considerada uma verdadeira obra de arte, uma
vez que o seu autor tem direitos de propriedade sobre a obra e tem a intenção séria de que esta seja
encarada como uma crítica à própria instituição do mundo da arte, o que tem bons precedentes históricos
porque já havia sido feito com obras de arte anteriores como os ready-made de Marcel Duchamp;
– justificar a sua posição, alegando que para que algo possa ser arte tem de ter algum tipo de conexão com
obras de arte anteriores. Considerar que essa conexão pode consistir: (i) no facto de haver uma semelhança
exterior com obras de arte anteriores; ou (ii) no facto de proporcionar o mesmo tipo de prazer/experiência
proporcionado por obras de arte anteriores; ou (iii) no facto de se pretender que isso seja tratado ou
encarado como as obras de arte anteriores foram corretamente encaradas ou tratadas. Constatar que essa
conexão não consiste no facto de haver uma semelhança exterior com obras de arte anteriores nem no
facto de proporcionar o mesmo tipo de prazer/experiência proporcionado por obras de arte anteriores.
Concluir que essa conexão só pode consistir no facto de se pretender que algo seja tratado ou encarado
como as obras de arte anteriores foram corretamente encaradas ou tratadas.
Ϯ͘ϭ O problema subjacente ao texto é o problema da definição de obra de arte. O autor desta afirmação parece
estar a subscrever uma determinada conceção de arte, designada “teoria formalista da arte”. De acordo com
esta perspetiva, algo é arte se, e só se, possui forma significante, isto é, se apenas em virtude de uma certa
combinação de formas, linhas e cores é capaz de suscitar uma emoção estética no espetador.
Opção A: Concordo com a perspetiva da afirmação apresentada. Não devemos apreciar uma obra em função
da intenção que o artista tinha quando a criou, nem em função de outros elementos relativos ao contexto em
que esta teve origem. Esses aspetos são irrelevantes para se apreciar genuinamente uma obra, bem como
para determinar se esta é ou não uma obra de arte. Mesmo sem ter conhecimento acerca desses aspetos,
somos capazes de apreciar as propriedades manifestas da própria obra. Assim, a verdadeira arte deve valer
por si mesma e pelas interpretações que suscita, independentemente daquilo que o artista pretendia quando
a concebeu. Se não o fizermos, estaremos a cometer aquilo a que os críticos e filósofos da arte chamam de
“falácia intencional”.
Opção B: Não concordo com a perspetiva defendida, pois existem objetos formalmente indistinguíveis de
obras de arte aos quais não é atribuído o mesmo estatuto. Como acontece, por exemplo, quando comparamos
o valor de uma obra original com o valor de uma cópia muito bem executada. Isto parece mostrar que o
mérito de uma obra não reside apenas naquilo “que encontramos nela, sem atender às condições em que a
obra se fez”.
FILOSOFIA DA RELIGIÃO
Itens de seleção
Com base neste tipo de males não justificados, pode concluir-se que o Deus teísta não existe; dado que, se
existisse, e tendo ele os atributos tradicionais do teísmo (como omnipotência, omnisciência e suma bondade)
não permitiria que ocorressem esses males não justificados, ou gratuitos.
ϲ͘ O argumento sobre o mal parte da suposição de que há males não justificados no mundo e, assim, Deus e mal
são incompatíveis.
Na teodiceia de Leibniz defende-se que, se Deus cria o melhor de todos os mundos possíveis, então os males
que existem não são gratuitos, mas sim justificados. É verdade que, aos nossos olhos, alguns dos males
parecem gratuitos; contudo, Leibniz defende que, considerando todas as coisas, não temos boas razões para
afirmar isso. Pois não podemos saber se é possível criar um mundo melhor sem esses aspetos negativos, que
aos nossos olhos são gratuitos, dado que não sabemos efetivamente quais as conexões entre estes aspetos e
os outros aspetos do mundo.
Pode conceder-se que, se pudéssemos eliminar o sofrimento do animal que descrevemos na resposta
anterior, sem que com isso se alterasse o mundo, teríamos um mundo melhor. O problema é que não temos
forma de saber se essa mudança deixaria o mundo inalterado ou se, em vez disso, tornaria as coisas piores.
Portanto, segundo Leibniz, não temos boas razões, considerando todas as coisas, para afirmar que há
realmente males gratuitos no mundo.
ϳ͘ e acordo com Pascal, ainda que nenhum argumento a favor da existência de Deus seja plausível, é racional
D
acreditar em Deus. Contudo, essa racionalidade não é epistémica (uma vez que não se baseia nas provas a
favor da existência de Deus), mas sim prudencial, dado que, segundo Pascal, tal crença em Deus traz maiores
benefícios práticos para nós do que a alternativa de não acreditar em Deus.
Isto porque, se Deus existe, estaremos melhor como crentes em Deus do que como não crentes, dado que é
melhor ter um valor infinito positivo (no paraíso) do que negativo (no inferno). Além disso, se Deus não existe,
não é pior acreditar do que não acreditar, uma vez que em ambos os casos haverá algum valor finito (como
paz interior, no caso da crença, ou tempo extra, no caso da descrença). Por isso, quer Deus exista quer Deus
não exista, acreditar que Deus existe tem um melhor resultado do que não acreditar em Deus, e nunca um
resultado pior. Mas, se isso é verdade, então devemos, de um ponto de vista prudencial, escolher acreditar
que Deus existe.
ϴ͘ Kant critica o argumento ontológico, ao fazer notar que a existência não é um verdadeiro predicado, dado
que a existência não acrescenta nada ao conceito de uma coisa; portanto, é errado concluir que alguma coisa
é melhor do que outra simplesmente por ter o predicado da existência.
ϭ͘ Opção A: Considerar que o argumento teleológico, ou do desígnio, a favor da existência de Deus é persuasivo:
оŽŵƵŶĚŽĞĂƐĐŽŝƐĂƐŶĂƚƵƌĂŝƐƋƵĞŽĐŽŵƉƁĞŵ͕ĐŽŵŽĂƐƐĞŵĞŶƚĞƐ͕ŽƐŽůŚŽƐŽƵŽƐŝƐƚĞŵĂůŽĐŽŵŽƚŽƌĚŽƐ
diferentes animais, apresentam-se ordenados e cumprem finalidades, mas não são inteligentes;
оĂĞdžŝƐƚġŶĐŝĂĚĞŽƌĚĞŵĞĨŝŶĂůŝĚĂĚĞƐŶĆŽƉŽĚĞƐƵƌŐŝƌƉŽƌĂĐĂƐŽ;ŶĞŵĚĂƐƉƌſƉƌŝĂƐĐŽŝƐĂƐ͕ƵŵĂǀĞnjƋƵĞŶĆŽ
são inteligentes);
оĂĞdžŝƐƚġŶĐŝĂĚĞŽƌĚĞŵĞĨŝŶĂůŝĚĂĚĞƐĂƉĞŶĂƐĠďĞŵĞdžƉůŝĐĂĚĂƐĞĂĚŵŝƚŝƌŵŽƐƋƵĞƵŵĂŝŶƚĞůŝŐġŶĐŝĂƐƵƉĞƌŝŽƌ͕
ou divina, criou as coisas e as dispôs assim;
оƉŽƌĐŽŶƐĞŐƵŝŶƚĞ͕ĂŝŶƚĞůŝŐġŶĐŝĂĚŝǀŝŶĂŽƵĞƵƐƚĞŵĚĞĞdžŝƐƚŝƌ͘
Opção B: Não considerar que o argumento teleológico, ou do desígnio, a favor da existência de Deus não é
persuasivo:
оŶĂŶĂƚƵƌĞnjĂ͕ĠƉŽƐƐşǀĞůŽďƐĞƌǀĂƌĐŽŝƐĂƐŽƵĞŶƚŝĚĂĚĞƐƋƵĞĨƵŶĐŝŽŶĂŵĚĞŵŽĚŽŽƌĚĞŶĂĚŽͬĐŽŵƵŵƉƌŽƉſƐŝƚŽ͕
mas também se observa o contrário (OU mas tal ordenação/disposição também pode ter defeitos);
оƉŽƌĞdžĞŵƉůŽ͕ŚĄƐŝƐƚĞŵĂƐĐƵũŽĨƵŶĐŝŽŶĂŵĞŶƚŽĚĞĨĞŝƚƵŽƐŽƉĂƌĞĐĞŶĆŽƚĞƌƵŵĂĨŝŶĂůŝĚĂĚĞ;ĐŽŵŽĂĐŽŶƚĞĐĞ
com o sistema reprodutor no caso das doenças congénitas graves) OU há espécies que desapareceram por
deixarem de estar adaptadas ao ambiente (como aconteceu com os dinossauros) OU há acontecimentos
que (aparentemente) representam uma rutura da ordem e não têm um propósito (como maremotos ou
furacões);
о;ĠƉŽƐƐşǀĞůƋƵĞĂƐĐŽŝƐĂƐŶĂƚƵƌĂŝƐƚĞŶŚĂŵƐŝĚŽĐƌŝĂĚĂƐƉŽƌƵŵƐĞƌŝŶƚĞůŝŐĞŶƚĞ͕ŽƵƉŽƌǀĄƌŝŽƐƐĞƌĞƐŝŶƚĞůŝŐĞŶƚĞƐ͕
mas) não é possível que as coisas naturais tenham sido criadas por seres omnipotentes e perfeitos (como o
deus teísta);
оƉŽƌĐŽŶƐĞŐƵŝŶƚĞ͕ĂƐƵƉŽƐŝĕĆŽĚĞƵŵĂŝŶƚĞůŝŐġŶĐŝĂƋƵĞĐƌŝŽƵĞĚŝƐƉƀƐĂƐĐŽŝƐĂƐŶĂƚƵƌĂŝƐĂƉĞŶĂƐƐĞƌŝĂƌĂnjŽĄǀĞů
se tal inteligência não fosse caracterizada como superior, divina ou sequer una;
OU
оŝŶĐŽƌƌĞͲƐĞ ŶƵŵ ĨĂůƐŽ ĚŝůĞŵĂ ƋƵĂŶĚŽ ƐĞ ĚĞĨĞŶĚĞ ƋƵĞ Ž ƐƵƌŐŝŵĞŶƚŽ ĚĞ ĞŶƚŝĚĂĚĞƐ ĨƵŶĐŝŽŶĂŝƐ Ğ ĚĞ ƐĞƌĞƐ
naturais adaptados ao seu ambiente é explicado ou pela suposição de uma inteligência divina, que os criou
e ordenou, ou pela suposição de um feliz acaso que, instantaneamente, os fez surgir ordenados;
оŚĄŽƵƚƌĂƐƉŽƐƐŝďŝůŝĚĂĚĞƐĂĐŽŶƐŝĚĞƌĂƌ͕ĐŽŵŽĂĚĞĞdžŝƐƚŝƌƵŵƉƌŽĐĞƐƐŽĞǀŽůƵƚŝǀŽůĞŶƚŽĞƐĞŵĨŝŶĂůŝĚĂĚĞ͖
оĚĞĂĐŽƌĚŽĐŽŵĂƚĞŽƌŝĂĚĂĞǀŽůƵĕĆŽĚĞĂƌǁŝŶ͕ĂŽƌĚĞŶĂĕĆŽƋƵĞŽďƐĞƌǀĂŵŽƐƌĞƐƵůƚĂĚĞŵƵƚĂĕƁĞƐƐƵƌŐŝĚĂƐ
por acaso e da pressão seletiva;
оƉŽƌĐŽŶƐĞŐƵŝŶƚĞ͕ĂŽďƐĞƌǀĂĕĆŽĚĞƵŵŵƵŶĚŽƌĂnjŽĂǀĞůŵĞŶƚĞŽƌĚĞŶĂĚŽĞĨƵŶĐŝŽŶĂůŶĆŽƉƌŽǀĂƋƵĞĞdžŝƐƚĂƵŵ
Deus criador na sua origem.
Ϯ͘ A resposta integra os aspetos seguintes ou outros igualmente relevantes.
Clarificação do problema:
оŽƉƌŽďůĞŵĂĐŽŶƐŝƐƚĞĞŵƐĂďĞƌƐĞŚĄƉƌŽǀĂƐƋƵĞũƵƐƚŝĨŝƋƵĞŵĂĐƌĞĚŝƚĂƌƋƵĞĞƵƐĞdžŝƐƚĞ;KhƋƵĞĞƵƐŶĆŽ
existe);
оĚĞ ĂĐŽƌĚŽ ĐŽŵ Ž ĐŽŶĐĞŝƚŽ ƚĞşƐƚĂ ĚĞ ĞƵƐ͕ ŽƐ ĂƚƌŝďƵƚŽƐ ĚĞ ĞƵƐ ƐĆŽ͕ ĞŶƚƌĞ ŽƵƚƌŽƐ͕ Ă ƐƵŵĂ ďŽŶĚĂĚĞ͕ Ă
omnipotência e a omnisciência;
оŽƌĂ͕ĂůŐƵŵĚŽŶŽƐƐŽĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽĚŽŵƵŶĚŽƉĂƌĞĐĞŶĆŽƐĞƌĐŽŶƐŝƐƚĞŶƚĞĐŽŵĂĐƌĞŶĕĂŶĂĞdžŝƐƚġŶĐŝĂĚĞƵŵ
tal Deus (por exemplo, a existência do mal, seja natural ou moral, parece ser inconsistente com a ideia de
um mundo governado por um Deus sumamente bom, omnipotente e omnisciente / a convicção de que o
universo é governado por leis físicas parece ser incompatível com a crença num Deus omnipotente).
ƉƌĞƐĞŶƚĂĕĆŽŝŶĞƋƵşǀŽĐĂĚĂƉŽƐŝĕĆŽĚĞĨĞŶĚŝĚĂ͘
Justificação da posição defendida:
Opção A: Considerar que há boas razões para acreditar que Deus existe:
оƐƵƉŽŶĚŽƋƵĞƵŵĂŽƌĚĞŵĚĞĐĂƵƐĂƐ;ĞĨŝĐŝĞŶƚĞƐͿ͕ŶĂƋƵĂůƚŽĚŽƐŽƐĂĐŽŶƚĞĐŝŵĞŶƚŽƐƚġŵƵŵĂĐĂƵƐĂ͕ƌĞŐƌŝĚĞ
infinitamente, não haveria uma primeira causa;
оŽƌĂ͕ ƐĞ ŶĆŽ ŚŽƵǀĞƐƐĞ ƵŵĂ ƉƌŝŵĞŝƌĂ ĐĂƵƐĂ͕ ƚĂŵďĠŵ ŶĆŽ ŚĂǀĞƌŝĂ ĐĂƵƐĂƐ ƐƵďƐĞƋƵĞŶƚĞƐ͕ ŵĂƐ ƚĂŝƐ ĐĂƵƐĂƐ
existem;
оƚĞƌĄĚĞŚĂǀĞƌƵŵĂƉƌŝŵĞŝƌĂĐĂƵƐĂ͕ĂƋƵĞĐŚĂŵĂŵŽƐĞƵƐ͕ƋƵĞƐĞũĂĂŽƌŝŐĞŵĚĞƚŽĚĂƐĂƐĐĂƵƐĂƐĞŶĆŽƐĞũĂ
causada por nenhuma outra coisa;
OU
оƚƵĚŽ ŶĂ EĂƚƵƌĞnjĂ ƚĞŵ Ƶŵ ƉƌŽƉſƐŝƚŽ͕ ŝŶĐůƵŝŶĚŽ ĐŽŝƐĂƐ ĐŽŵŽ͕ ƉŽƌ ĞdžĞŵƉůŽ͕ Ă >ƵĂ͕ ŵĂƐ ĞƐƐĂƐ ĐŽŝƐĂƐ ŶĆŽ
podem mover-se de acordo com um propósito, a menos que sejam dirigidas por alguém com conhecimento
e inteligência;
оĚŽŵĞƐŵŽŵŽĚŽƋƵĞƵŵĂƐĞƚĂŶĆŽƐĞŵŽǀĞƉĂƌĂŽƐĞƵĂůǀŽƐĞŵƵŵĂƌƋƵĞŝƌŽƋƵĞĂĚŝƌŝũĂ͕ƚĂŵďĠŵĂƐĐŽŝƐĂƐ
naturais sem inteligência não se movem para os seus fins sem um ser inteligente que as dirija;
оƚĞƌĄĚĞŚĂǀĞƌƵŵƐĞƌŝŶƚĞůŝŐĞŶƚĞƋƵĞĚŝƌŝũĂƚŽĚĂƐĂƐĐŽŝƐĂƐƐĞŵŝŶƚĞůŝŐġŶĐŝĂƉĂƌĂŽƐƐĞƵƐĨŝŶƐ͕ĞĂĞƐƐĞƐĞƌ
chamamos Deus;
OU
оĞƵƐĠ͕ƉŽƌĚĞĨŝŶŝĕĆŽ͕ŽŵĂŝŽƌƐĞƌƉĞŶƐĄǀĞůĞ͕ƐĞĐŽŵƉƌĞĞŶĚĞƌŵŽƐĂŶĂƚƵƌĞnjĂĚĞĞƵƐ͕ƌĞĐŽŶŚĞĐĞƌĞŵŽƐ
que Deus terá de existir;
оŽƌĂ͕ŽƋƵĞĞdžŝƐƚĞŶŽƉĞŶƐĂŵĞŶƚŽĞŶĂƌĞĂůŝĚĂĚĞĠĚĞƵŵĂŐƌĂŶĚĞnjĂŵĂŝŽƌĚŽƋƵĞŽƋƵĞĞdžŝƐƚĞĂƉĞŶĂƐŶŽ
pensamento;
оĞƵƐ͕ŽŵĂŝŽƌƐĞƌƉĞŶƐĄǀĞů͕ƚĞƌĄĚĞĞdžŝƐƚŝƌ͕ŶĆŽĂƉĞŶĂƐŶŽƉĞŶƐĂŵĞŶƚŽ͕ŵĂƐƚĂŵďĠŵŶĂƌĞĂůŝĚĂĚĞ͖
OU
оŶĆŽƚĞŵŽƐƉƌŽǀĂƐĚĞƋƵĞĞƵƐĞdžŝƐƚĞ͕ŵĂƐ͕ĂĚŵŝƚŝŶĚŽƋƵĞĠƚĆŽƉƌŽǀĄǀĞůƋƵĞĞdžŝƐƚĂĐŽŵŽƋƵĞŶĆŽĞdžŝƐƚĂ͕
ainda assim é racional apostar que Deus existe, tendo em conta as previsíveis consequências práticas da
nossa aposta;
оƐĞĂƉŽƐƚĂƌŵŽƐƋƵĞĞƵƐĞdžŝƐƚĞĞĞƵƐĞdžŝƐƚŝƌ͕ŽďƚĞƌĞŵŽƐĂĨĞůŝĐŝĚĂĚĞĞƚĞƌŶĂĞ͕ĂůĠŵĚŝƐƐŽ͕ƚĞƌĞŵŽƐƵŵĂ
vida terrena com prazeres mais elevados do que uma vida de prazeres banais; se apostarmos que Deus
existe e Deus não existir, nada ganharemos e nada perderemos; se apostarmos que Deus não existe e Deus
não existir, nada perderemos; e se apostarmos que Deus não existe e Deus existir, perderemos tudo e
sofreremos uma punição eterna;
оůŽŐŽ͕ĠƌĂĐŝŽŶĂůĞƉƌƵĚĞŶƚĞƋƵĞĐĂĚĂŝŶĚŝǀşĚƵŽĨĂĕĂĂĂƉŽƐƚĂĚĞƋƵĞĞƵƐĞdžŝƐƚĞ͕ƋƵĞĠĂƋƵĞůĂƋƵĞŽĨĞƌĞĐĞ
uma compensação maior.
Opção B: Considerar que não há boas razões para acreditar que Deus existe:
оĠƵŵĂĞǀŝĚġŶĐŝĂƋƵĞŽŵĂůĞdžŝƐƚĞŶŽŵƵŶĚŽ͕ƐĞũĂĂƋƵĞůĞƋƵĞƌĞƐƵůƚĂĚĞĂĕƁĞƐŚƵŵĂŶĂƐ͕ƐĞũĂĂƋƵĞůĞƋƵĞ
tem como causa acontecimentos naturais que os seres humanos não controlam;
оƵŵ ĞƵƐ ƐƵŵĂŵĞŶƚĞ ďŽŵ ƋƵĞƌĞƌŝĂ ƉƌĞǀĞŶŝƌ Ă ĞdžŝƐƚġŶĐŝĂ ĚŽ ŵĂů͕ Ƶŵ ĞƵƐ ŽŵŶŝƐĐŝĞŶƚĞ ĐŽŶŚĞĐĞƌŝĂ Ă
diferença entre o bem e o mal e saberia como impedir que o mal ocorresse, e um Deus todo-poderoso,
querendo e sabendo como impedir a existência do mal, poderia impedi-la;
оĂĞdžŝƐƚġŶĐŝĂĚĞŵĂůŶŽŵƵŶĚŽĠŝŶĐŽŵƉĂƚşǀĞůĐŽŵĂĞdžŝƐƚġŶĐŝĂĚĞĞƵƐĞ͕ĂůĠŵĚĞŶŽƐůĞǀĂƌĂĂĨŝƌŵĂƌƋƵĞ
não temos boas razões para acreditar que Deus existe, permite ainda sustentar que Deus não existe;
OU
оŽĂƌŐƵŵĞŶƚŽĐŽƐŵŽůſŐŝĐŽŶĆŽŶŽƐĚĄďŽĂƐƌĂnjƁĞƐƉĂƌĂĂĐƌĞĚŝƚĂƌƋƵĞĞƵƐĞdžŝƐƚĞ͕ƉŽŝƐŶĆŽĠƐĞŐƵƌŽƋƵĞ
uma entidade que existe fora da natureza seja o Deus pessoal com as propriedades de suma bondade,
omnipotência e omnisciência;
оƉŽƌŽƵƚƌŽůĂĚŽ͕ĂŝŶĚĂƋƵĞƋƵĂůƋƵĞƌĂĐŽŶƚĞĐŝŵĞŶƚŽŶĂƚƵƌĂůƌĞŵŽŶƚĞĂƵŵĂĐŽŶƚĞĐŝŵĞŶƚŽƋƵĞŽĐŽƌƌĞĨŽƌĂĚĂ
natureza, daí não se segue que existe apenas um acontecimento fora do mundo natural a que remonte cada
acontecimento natural;
оĂůĠŵĚŝƐƐŽ͕ĚŽĨĂĐƚŽĚĞŶĞŶŚƵŵĂĐŽŶƚĞĐŝŵĞŶƚŽŶĂƚƵƌĂůƉŽĚĞƌŽĐŽƌƌĞƌƐĞŵƐĞƌĐĂƵƐĂĚŽŶĆŽƐĞƐĞŐƵĞƋƵĞ
tenha de haver um primeiro acontecimento natural – as cadeias causais podem estender-se infinitamente;
OU
оŽĂƌŐƵŵĞŶƚŽƚĞůĞŽůſŐŝĐŽ͕ŽƵĚŽĚĞƐşŐŶŝŽŝŶƚĞůŝŐĞŶƚĞ͕ŶĆŽŶŽƐĚĄďŽĂƐƌĂnjƁĞƐƉĂƌĂĂĐƌĞĚŝƚĂƌƋƵĞĞƵƐĞdžŝƐƚĞ͕
pois as premissas de que se parte são duvidosas;
оƋƵĂŶĚŽ ŽďƐĞƌǀĂŵŽƐ Ž ŵƵŶĚŽ͕ ǀĞƌŝĨŝĐĂŵŽƐ ƋƵĞ ƉŽĚĞƌŝĂ ĞƐƚĂƌ ŽƌĚĞŶĂĚŽ ĚĞ ĨŽƌŵĂ ŵĂŝƐ ŝŶƚĞůŝŐĞŶƚĞ ;ƉŽƌ
exemplo, com menos doenças ou menos catástrofes naturais);
оĂƚĞŽƌŝĂĚĂĞǀŽůƵĕĆŽƉŽƌƐĞůĞĕĆŽŶĂƚƵƌĂůŵŽƐƚƌĂƋƵĞŽƐƉƌŽĐĞƐƐŽƐĞǀŽůƵƚŝǀŽƐŶĆŽƐĆŽŽƌŝĞŶƚĂĚŽƐƉŽƌƵŵĂ
inteligência ou mente, e a hipótese da seleção natural torna provável que os organismos se adaptem;
OU
оŽĂƌŐƵŵĞŶƚŽŽŶƚŽůſŐŝĐŽŶĆŽŶŽƐĚĄďŽĂƐƌĂnjƁĞƐƉĂƌĂĂĐƌĞĚŝƚĂƌƋƵĞĞƵƐĞdžŝƐƚĞ͕ƉŽŝƐƉŽĚĞŵŽƐĐŽŶĐĞďĞƌ
uma ilha maior do que a qual nenhuma outra existe – uma ilha perfeita –, mas a existência de uma ilha
perfeita não pode ser estabelecida por um argumento a priori construído a partir da análise do conceito de
ilha perfeita – a existência de uma ilha perfeita não pode ser descoberta apenas pelo uso da razão;
оƚĂŵďĠŵ ƉŽĚĞƌşĂŵŽƐ ŝŶĐůƵŝƌ ŶĂ ĚĞĨŝŶŝĕĆŽ ĚĞ Ƶŵ ĐŽŶĐĞŝƚŽ Ă ƉƌŽƉƌŝĞĚĂĚĞ ĚĂ ĞdžŝƐƚġŶĐŝĂ ʹ ƉŽƌ ĞdžĞŵƉůŽ͕
poderíamos definir um E-unicórnio como um unicórnio existente –, mas isso não implicaria que o conceito
fosse exemplificado;
оĂƉƌŽƉŽƐŝĕĆŽĚĞƋƵĞĞƵƐĞdžŝƐƚĞĠƵŵĂƉƌŽƉŽƐŝĕĆŽĂĐĞƌĐĂĚŽĐŽŶĐĞŝƚŽĚĞĞƵƐ͕ƉĞůĂƋƵĂůƐĞĂĨŝƌŵĂƋƵĞŽ
conceito de Deus é exemplificado, e não uma proposição acerca de Deus, na qual se afirmasse que a
existência é uma das suas propriedades.
OU
оĂƉĞŶĂƐŽƐĂƌŐƵŵĞŶƚŽƐďĂƐĞĂĚŽƐĞŵĞǀŝĚġŶĐŝĂƐƉŽĚĞŵƉĞƌƐƵĂĚŝƌͲŶŽƐĚĞƋƵĞĞƵƐĞdžŝƐƚĞ͕ĞŶĞƐƐĞĐĂƐŽ͕ŶĆŽ
sendo o argumento do apostador baseado em evidências, mas em considerações práticas, não temos a
convicção de que existe algo de real por detrás da aposta;
оĠĞƌƌĂĚŽĞdžĐůƵŝƌa priori conceitos de Deus igualmente admissíveis e pressupor unicamente um Deus que
recompensa os crentes com a felicidade eterna ou que castiga eternamente os descrentes;
оĠƉŽƐƐşǀĞůƋƵĞĞƵƐƌĞĐŽŵƉĞŶƐĞĂƐƉĞƐƐŽĂƐƋƵĞƐĆŽďŽĂƐ͕ƐĞũĂŵŽƵŶĆŽĐƌĞŶƚĞƐ͕ŽƵƋƵĞĐĂƐƚŝŐƵĞĂƋƵĞůĂƐ
que, apenas por interesse próprio (por exemplo, aquelas que são persuadidas pelo argumento do
apostador), procurem ganhar os seus favores.
problemas
Temas/
COMO
PENSAR
TUDO ISTO?
dĞŵĂƐͬƉƌŽďůĞŵĂƐ
ĚĂĐƵůƚƵƌĂĐŝĞŶƚşĨŝĐŽͲ
ͲƚĞĐŶŽůſŐŝĐĂ͕ĚĞĂƌƚĞ
ĞĚĞƌĞůŝŐŝĆŽ
ŝƐƉŽŶşǀĞůĞŵĨŽƌŵĂƚŽĞĚŝƚĄǀĞůĞŵ ;ũƵŶŚŽĚĞϮϬϮϮͿ
COMO
PENSAR
TUDO ISTO?
Título
Avaliação
Título
Disponível em formato editável em
ŽŵƉĞƚġŶĐŝĂƐ
ŽŵƉĞƚġŶĐŝĂƐ WŽŶƚƵĂĕĆŽ
Problematização 20%
Não identifica, nem formula o problema 0
Identifica e formula o problema, mas não o esclarece adequadamente 2
Identifica e formula o problema, mas esclarece-o de forma imprecisa 3
Identifica, formula e esclarece adequadamente o problema 4
ĚĞƋƵĂĕĆŽĐŽŶĐĞƉƚƵĂůĞƚĞſƌŝĐĂ 30%
Não revela rigor conceptual e teórico 0
Aplica escassamente e com imprecisões graves conceitos e teorias relevantes 2
Aplica com imprecisões pontuais os conceitos e teorias relevantes 4
Aplica rigorosa e coerentemente os conceitos e teorias relevantes 6
ƌŐƵŵĞŶƚĂĕĆŽ 40%
Não apresenta argumentos 0
Mostra uma intenção argumentativa, mas sem rigor e correção 2
Evidencia um domínio satisfatório das competências argumentativas 6
Evidencia um bom domínio das competências argumentativas 8
ŽŵƵŶŝĐĂĕĆŽ ϭϬй
Apresenta um discurso confuso e com erros graves 0
Apresenta um discurso pouco estruturado 1
Apresenta um discurso pouco estruturado 2
Total: ϭϬϬй
Problematização
O primeiro parâmetro é naturalmente o da problematização. Este parâmetro tem um peso de 20%,
porque uma parte importante do trabalho filosófico consiste na identificação e formulação de problemas.
Se o aluno não identifica, nem formula o problema, então ou está a assumi-lo implicitamente
(e nesse caso nós não temos acesso ao mesmo), ou nem sequer sabe muito bem a que é que está a tentar
responder, o que compromete todo o ensaio. Se não sabe qual é a pergunta, não será capaz de dizer qual é
a resposta mais adequada para a mesma, nem de argumentar a favor da mesma.
O aluno pode identificar e formular o problema, mas optar por não o esclarecer adequadamente. Ou
seja, diz o nome do problema e formula a questão, mas não é capaz de explicar a relevância filosófica do
problema. Por exemplo, o aluno pode dizer que vai tratar do problema da compatibilidade entre o livre-
-arbítrio e o determinismo e pode dizer que esse problema consiste na pergunta: “Será que o livre-arbítrio
é compatível com o determinismo?”. Mas se não disser mais nada, ficamos sem saber se ele compreendeu
a natureza e a relevância do problema. Seria importante explicar em que sentido se entendem as expressões
“livre-arbítrio” e “determinismo”. Que razões temos para pôr em causa a sua compatibilidade? Por que
razão a sua incompatibilidade pode ser vista como problemática? Que implicações esse problema poderá
ter para outras áreas, como a ética por exemplo? Etc.
Assim, para obter a totalidade da cotação neste parâmetro, o aluno deve não só identificar e formular
o problema em causa, mas também esclarecer adequadamente (de forma precisa e rigorosa) a sua relevância
filosófica, ou seja, o que é que faz com que os filósofos tenham interesse em discuti-lo.
ĚĞƋƵĂĕĆŽĐŽŶĐĞƉƚƵĂůĞƚĞſƌŝĐĂ
O parâmetro da adequação conceptual e teórica corresponde à competência da ĐŽŶĐĞƉƚƵĂůŝnjĂĕĆŽ.
Este parâmetro tem um peso de 30%, porque dada a natureza conceptual dos problemas filosóficos, uma
grande parte do trabalho desenvolvido em filosofia consiste na explicitação de conceitos e na sua correta
aplicação na caracterização dos problemas, teorias e argumentos em análise.
Neste parâmetro o professor deve procurar perceber se o aluno se apropriou, efetivamente, dos
conceitos filosóficos e das perspetivas teóricas envolvidos na controvérsia. O aluno que não esclarece os
conceitos envolvidos, nem caracteriza corretamente as principais teorias em confronto, não procurou
seriamente formar uma opinião informada e devidamente fundamentada acerca do problema que está a
discutir. Um aluno nessas circunstâncias, isto é, um aluno que não revela rigor conceptual e teórico, não
aplica, nem caracteriza corretamente os conceitos e teorias em causa, não fez aquilo que lhe era pedido e,
consequentemente, não demonstrou ao professor que já adquiriu as competências aqui em causa. Por
exemplo, trata o problema do livre-arbítrio sem esclarecer o significado da expressão “livre-arbítrio”, ou
define livre-arbítrio como a capacidade de controlar tudo aquilo que fazemos, ou caracteriza o libertismo
como a tese de que nada está determinado, etc.; mostra que não compreende o sentido filosófico dos
conceitos e teorias aqui em causa.
O aluno aplica escassamente e com imprecisões graves conceitos e teorias relevantes, quando já
consegue caracterizar e aplicar corretamente algum dos conceitos e teorias envolvidos, mas ainda não é
capaz de o fazer para a generalidade dos mesmos.
O aluno que aplica com imprecisões pontuais os conceitos e teorias relevantes, domina globalmente
os conceitos e teorias envolvidos na controvérsia, ainda que possa ter pequenas falhas.
Contudo, para obter a totalidade da cotação neste parâmetro, o aluno tem de demonstrar que
domina os conceitos e teorias envolvidos na controvérsia, ou seja, tem de aplicar de forma rigorosa e
coerente os conceitos e teorias relevantes.
ƌŐƵŵĞŶƚĂĕĆŽ
O parâmetro da ĂƌŐƵŵĞŶƚĂĕĆŽ é aquele que tem mais peso (40%), porque esta é a principal
competência filosófica que temos de desenvolver nos alunos. O impacto que a disciplina de filosofia deve
ter nos alunos não é tanto na modificação das suas convicções, mas sim na forma como estes são capazes
de as fundamentar e justificar. Assim, o aluno que não apresenta argumentos não está a fazer o que se
pediu, pois não está a emitir um parecer informado e devidamente fundamentado sobre o assunto.
O aluno que mostra uma intenção argumentativa, mas sem rigor e correção, tentou fazer o que se
pediu, mas mostra que não adquiriu as competências argumentativas fundamentais. Recorre a argumentos
inválidos, ou a falácias informais. Repete a conclusão por outras palavras como se isso constituísse uma
razão a favor da mesma (petição de princípio). Apresenta elementos contraditórios. A cotação atribuída
neste patamar visa apenas recompensar o esforço do aluno em responder àquilo que é solicitado.
Um aluno evidencia um domínio satisfatório das competências argumentativas quando, embora
apresente somente argumentos válidos ou fortes e não apresente contradições, não explorou com a
profundidade adequada algum dos argumentos centrais envolvidos na controvérsia. Por exemplo, formulou
corretamente o argumento, mas não justifica aprofundadamente por que razão aceita as suas premissas.
Um aluno evidencia um bom domínio das competências argumentativas quando, além de apresentar
somente argumentos válidos ou fortes e não apresentar contradições, explora com a profundidade
adequada os argumentos centrais envolvidos na controvérsia, justificando a sua aceitação de cada uma das
suas premissas.
ŽŵƵŶŝĐĂĕĆŽ
Por fim, 10% da cotação do ensaio são atribuídos aos seus aspetos estruturais e linguísticos. A filosofia
faz-se através do discurso. Portanto, é importante que os alunos demonstrem as suas competências
discursivas.
Quando um aluno apresenta um discurso confuso e com erros graves torna-se difícil compreender
aquilo que está a defender; por isso, a cotação atribuída neste parâmetro será de 0 pontos.
Quando o aluno apresenta um discurso pouco estruturado, mostra que ainda está a estruturar o seu
pensamento acerca do problema em causa.
Quando o aluno apresenta um discurso estruturado e fluente, revela que pensou cuidadosamente
sobre o problema, as teorias e argumentos em confronto e, por isso, merece a totalidade da cotação neste
parâmetro.
Ao longo de cada ano letivo poderá haver um (ou vários) momento(s) em que os alunos terão de
apresentar oralmente o resultado de um trabalho de investigação de uma forma rigorosa e elaborada.
Em seguida, sugerimos alguns aspetos fundamentais a ter em conta na avaliação dessas apresentações.
Parâmetros
Parâmetros WŽŶƚƵĂĕĆŽ
ƐƚƌƵƚƵƌĂĞŽƌŐĂŶŝnjĂĕĆŽ 20%
O(s) aluno(s) não organiza(m) adequadamente a apresentação. 0
O(s) aluno(s) organiza(m) a apresentação de forma satisfatória. 2
O(s) aluno(s) organiza(m) a apresentação num todo coerente e harmonioso. 4
Conteúdo 20%
O(s) aluno(s) não demonstra(m) domínio dos conteúdos apresentados. 0
O(s) aluno(s) demonstra(m) um domínio satisfatório dos conteúdos apresentados. 2
O(s) aluno(s) demonstra(m) um bom domínio dos conteúdos apresentados. 4
ZĞĐƵƌƐŽƐ 20%
O(s) aluno(s) utiliza(m) recursos pouco adequados à apresentação. 0
O(s) aluno(s) utiliza(m) recursos parcialmente adequados à apresentação. 2
O(s) aluno(s) utiliza(m) recursos totalmente adequados à apresentação. 4
ŽŵƵŶŝĐĂĕĆŽǀĞƌďĂů ϭϱй
O(s) aluno(s) utiliza(m) um discurso inexpressivo, pouco fluente e pouco cuidado. 0
O(s) aluno(s) utiliza(m) um discurso expressivo, fluente e cuidado em parte da 1,5
apresentação.
O(s) aluno(s) utiliza(m) consistentemente um discurso expressivo, fluente e cuidado. 3
ŽŵƵŶŝĐĂĕĆŽŶĆŽǀĞƌďĂů ϭϱй
O(s) aluno(s) apresenta(m) uma postura pouco adequada. 0
O(s) aluno(s) apresenta(m) uma postura parcialmente adequada. 1,5
O(s) aluno(s) apresenta(m) uma postura bastante adequada. 3
Gestão do tempo ϭϬй
O(s) aluno(s) não gere(m) adequadamente o tempo da apresentação. 0
O(s) aluno(s) gere(m) razoavelmente bem o tempo da apresentação. 1
O(s) aluno(s) gere(m) adequadamente o tempo da apresentação. 2
Total: ϭϬϬй
ƐƚƌƵƚƵƌĂĞŽƌŐĂŶŝnjĂĕĆŽ
Um dos principais parâmetros a ter em conta durante as apresentações orais é a estrutura e
organização da apresentação. Este parâmetro revela o quanto o aluno investiu na sua preparação para este
momento. Os alunos que não organizam adequadamente a apresentação revelam falta de preparação e,
por isso, são penalizados na avaliação deste parâmetro.
Há um patamar intermédio para os alunos que organizam a apresentação de uma forma satisfatória, mas
com falhas pontuais. Nestes casos, embora a estrutura global do trabalho seja percetível, esta nem sempre é
respeitada. Por exemplo, o(s) aluno(s) volta(m) atrás porque se esqueceu(esqueceram) de referir algo a propósito
da introdução. Ou lembram-se na conclusão de algo que já deviam ter dito no desenvolvimento; etc.
O ideal seria a estrutura da apresentação resultar clara para quem está a assistir. O aluno (ou os
alunos se for um trabalho de grupo) organiza(m) a apresentação num todo coerente e harmonioso, com
introdução, desenvolvimento e conclusão bem demarcados e com o grau de aprofundamento adequado.
Na introdução, o aluno deve começar por se apresentar e descrever sumariamente o que vai fazer durante
a apresentação, no desenvolvimento devem ser apresentadas de forma clara e rigorosa as principais ideias
e argumentos explorados no trabalho e, por fim, o(s) aluno(s) deve(m) referir as conclusões a que
chegou(chegaram) através da realização do trabalho e recapitular(em) brevemente o trajeto percorrido.
Conteúdo
Neste tipo de apresentações, os alunos devem demonstrar um bom domínio dos conteúdos do
trabalho. Se o aluno se limita a ler a informação de um suporte escrito ou se apresenta um discurso
hesitante, revela insegurança em relação ao conteúdo da sua apresentação e, por isso, ser-lhe-á atribuída
uma cotação baixa neste parâmetro. Isto pode ser indicador de que o aluno não procurou compreender os
aspetos principais do trabalho, limitando-se a transcrever informação, sem se apropriar da mesma.
O(s) aluno(s) podem ainda demonstrar um domínio satisfatório dos conteúdos apresentados,
admitindo-se pequenas falhas pontuais. Isto acontece quando a exposição é globalmente bem conseguida,
embora ocasionalmente, ou relativamente a algum aspeto em concreto, isso não se verifique. Por exemplo,
uma das teorias é caracterizada de forma imprecisa ou um dos argumentos não é devidamente aprofundado.
Para obter a totalidade da cotação, o aluno(s) deve(m) ser capaz(es) de explicar os conteúdos
apresentados com rigor e correção, sem necessidade de recorrer constantemente a suportes escritos.
ZĞĐƵƌƐŽƐ
Um dos parâmetros a ter em conta nas apresentações orais é a utilização de estratégias e recursos
diversificados. Se o aluno utilizar recursos que não se enquadram de todo com os conteúdos a abordar, não
havendo coerência na utilização e mobilização dos recursos e estratégias, então ser-lhe-á atribuída a
cotação mais baixa neste parâmetro.
Por outro lado, se o aluno utilizar recursos que apenas se enquadram parcialmente com a apresentação
e não conseguir estabelecer uma boa relação entre os conteúdos a abordar e os recursos utilizados, então
este parâmetro será avaliado apenas com um nível satisfatório.
Por fim, se o aluno utilizar recursos e estratégias adequadas à apresentação, conseguindo alternar de
forma coerente e harmoniosa entre os mesmos, sendo criativo e abrangente no material utilizado ser-lhe-á
atribuída a totalidade da cotação neste parâmetro.
Aqui, podemos considerar vários recursos como o PowerPoint ou Prezi, uma imagem apelativa, um
objeto, um excerto de um livro, uma música, um quadro, um vídeo, uma notícia, artigos de pesquisa, entre
outros, que deverão ser mobilizados de forma coerente no contexto da apresentação.
ŽŵƵŶŝĐĂĕĆŽǀĞƌďĂů
Um dos aspetos a ter em conta numa apresentação oral é a capacidade de comunicação verbal dos
alunos. Quando os alunos utilizam um discurso inexpressivo, pouco fluente e pouco cuidado, a atenção da
audiência perde-se facilmente. Se a informação for toda apresentada no mesmo tom e com o mesmo ritmo,
não existem destaques que captem a atenção do público, reforçando as ideias centrais. Se, além disso, o
discurso for hesitante e pouco fluente, a assistência perde o fio condutor da exposição.
No nível intermédio, os alunos conseguem em alguns momentos da apresentação uma exposição
bem conseguida, embora não sejam capazes de o fazer de forma consistente ao longo de toda a apresentação.
Assim, numa apresentação oral bem-sucedida, os alunos usam consistentemente um discurso
expressivo, fluente e cuidado. Para esse efeito, os alunos devem fazer as pausas adequadas e utilizar
diferentes ritmos e tons de voz para captar a atenção do público, destacando os aspetos centrais do
trabalho, ao mesmo tempo que permitem uma adequada assimilação do conteúdo da apresentação.
ŽŵƵŶŝĐĂĕĆŽŶĆŽǀĞƌďĂů
Um dos parâmetros a ter em conta numa apresentação oral é a comunicação não verbal. Esta deverá
ser concordante com a comunicação verbal.
Se no decorrer da apresentação, o aluno apresenta uma postura pouco adequada à mesma, não
estabelecendo contacto visual com o público e, colocando, por exemplo, as mãos atrás das costas, mexendo
no cabelo, ou, até, encostando-se ao quadro ou à mesa como forma de relaxamento e, se, simultaneamente
revelar pouca energia, entusiasmo e dinamismo na transmissão dos conhecimentos, então deverá ser-lhe
atribuída a cotação mais baixa neste parâmetro.
Por outro lado, se o aluno apresentar uma postura razoavelmente adequada e alternar a sua
apresentação entre momentos de maior e menor dinamismo, perdendo, por vezes, mas não sempre, o
contacto com o público e mostrar alguns momentos de relaxamento, deverá ser-lhe atribuída a cotação
intermédia neste parâmetro.
Por fim, se a postura do aluno é totalmente adequada ao contexto da apresentação e o mesmo
estabelece contacto visual com o público, apresentando uma expressão corporal adequada, mostrando
dinamismo, energia e entusiasmo na apresentação, então deverá ser-lhe atribuída a cotação completa
neste parâmetro.
Gestão do tempo
Por último, importa ainda ter em conta a gestão adequada do tempo destinado à apresentação. Se
um aluno esgota o tempo da apresentação sem falar dos aspetos centrais do trabalho, ou sem chegar às
conclusões que este lhe permitiu alcançar, então não fez uma boa gestão do tempo e acabará por ser
penalizado neste parâmetro. Parte da preparação de uma apresentação deste tipo consiste na seleção dos
conteúdos sobre os quais a apresentação deve incidir. Por isso, uma gestão adequada do tempo mostra que
o aluno procurou determinar quais são as ideias que precisam de uma explicação mais detalhada e quais
são as ideias que o auditório já domina a ponto de não ser necessário descrevê-las de forma muito
pormenorizada. Por outro lado, o aluno também não pode correr o risco de terminar a apresentação muito
antes do tempo, pois isso mostra que não selecionou conteúdos suficientes para o tempo destinado à
apresentação (ou não os aprofundou adequadamente).
Num nível intermédio, o aluno não cumpre integralmente o tempo previsto para a apresentação, mas
não se afasta em demasia das balizas temporais estabelecidas pelo professor.
Os alunos terão a cotação máxima se conseguirem planificar e executar a apresentação dentro das
balizas temporais definidas pelo professor.
COMO
PENSAR
TUDO ISTO?
Prova-modelo
de exame
Prova-modelo
de exame
Disponível em formato editável em
Grupo I
1. Se assumirmos que, numa determinada circunstância, poderíamos não ter realizado a ação que realizámos –
por exemplo, ofendemos o nosso melhor amigo, mas podíamos não tê-lo feito –, estamos implicitamente a
rejeitar o…
(A) determinismo radical.
(B) incompatibilismo.
(C) determinismo moderado.
(D) compatibilismo.
2. Se Ted Bundy foi executado na prisão, então é culpado da maioria dos crimes. Logo, se Ted Bundy não é
culpado da maioria dos crimes, então não foi executado na prisão.
Este argumento corresponde a uma forma conhecida de inferência. Qual?
(A) Modus ponens.
(B) Contraposição.
(C) Modus tollens.
(D) Falácia da afirmação do antecedente.
3. A Maria viajou muito ao longo de vários anos, conviveu com pessoas de várias culturas e diferentes socie-
dades com distintos hábitos e costumes. Adotou também algumas tradições de outros países que ela con-
siderava como corretas. De regresso a Portugal, a Maria conversa com a sua melhor amiga, Sofia, e esta
diz-lhe que nem tudo aquilo que acontece nas outras culturas é correto, havendo coisas verdadeiramente
abomináveis de um ponto de vista imparcial. Maria defende que, no que diz respeito às diferentes culturas
e aos seus respetivos hábitos e costumes, aquilo que devemos fazer é tolerá-los e aceitá-los.
Perante isto é razoável presumir que...
(A) ambas são relativistas.
(B) ambas são objetivistas.
(C) a Maria é relativista e a Sofia é objetivista.
(D) a Maria é relativista e a Sofia é subjetivista.
4. Para Popper uma teoria é tanto melhor ou mais interessante cientificamente, quanto...
(A) mais testes comprovaram que ela é verdadeira.
(B) maior for o seu grau de falsificabilidade.
(C) maior for o seu grau de verificabilidade.
(D) mais testes comprovaram que ela é falsa.
5. O argumento cosmológico e o argumento do desígnio são ambos argumentos a posteriori. Esta afirmação é…
(A) verdadeira, porque ambos são argumentos que partem de dados recolhidos da experiência para con-
cluir a existência de Deus.
(B) falsa, porque apenas o argumento cosmológico é um argumento a posteriori que parte da constatação
da existência do universo.
(C) falsa, porque apenas o argumento do desígnio é um argumento a posteriori que toma como premissas
os factos e objetos do mundo natural.
(D) verdadeira, porque ambos são argumentos que tentam provar a existência de Deus a partir do seu pró-
prio conceito.
6. A existência de arte produzida fora do contexto social do mundo da arte permite estabelecer uma crítica à teoria…
(A) histórica da arte.
(B) institucional da arte.
(C) representacionista da arte.
(D) expressivista da arte.
Se o João não ganhar o torneio de Poker do próximo ano, então o vencedor vai ser o mesmo deste ano.
O vencedor vai ser o mesmo deste ano.
Logo, o João não vai ganhar o torneio de Poker.
8. A crítica de Nozick e Sandel à teoria da justiça de Rawls incide sob o mesmo aspeto. Esta afirmação é…
(A) verdadeira, porque ambos criticam o princípio da diferença proposto por Rawls.
(B) falsa, porque a crítica de Nozick incide no princípio da diferença e a crítica de Sandel centra-se no con-
ceito de posição original.
(C) verdadeira, porque ambos salientam que o princípio da diferença colide com o princípio da igual liber-
dade para todos.
(D) falsa, porque a crítica de Nozick incide no princípio da diferença e a crítica de Sandel centra-se no prin-
cípio da igualdade de oportunidades.
9. De acordo com a distinção proposta por David Hume entre questões de facto e relações de ideias, qual das
seguintes afirmações não se enquadra numa relação de ideias?
(A) Os solteiros não são casados.
(B) Os carecas não têm cabelo.
(C) O triângulo tem três lados.
(D) A neve é branca.
Grupo II
“Durante séculos julgou-se que a representação era a característica essencial da arte, aquilo que a
definia. A representação era vista em termos de imitação e o papel do artista era o de alguém que
punha um espelho diante da natureza.
[...] Mas, no Ocidente, com a passagem do século XVIII para o século XIX, alguns artistas ambicio-
sos – tanto na teoria como na prática – começaram a voltar-se para o interior. Passaram a preocupar-
-se menos com o captar da aparência da natureza e dos costumes da sociedade e dirigiram a atenção
para as suas próprias experiências subjetivas.”
EŽĞůĂƌƌŽůů;ϤϢϣϧͿ͘Filosofia da arte͘>ŝƐďŽĂ͗dĞdžƚŽΘ'ƌĂĨŝĂ͕Ɖ͘ϩϧ
1.1 O texto faz referência a duas teorias da arte. Identifica essas teorias e explica a passagem que ocorre
do primeiro para o segundo parágrafos.
“Uma vez que cada indivíduo é proprietário de si mesmo, ele tem o direito de dispor da sua vida, da sua
liberdade e das suas posses, legitimamente adquiridas pelo uso da sua liberdade, como bem entender”.
:ŽĆŽĂƌĚŽƐŽZŽƐĂƐ;ϤϢϣϣͿ͘Conceções da justiça͘>ŝƐďŽĂ͗ĚŝĕƁĞƐϩϢ͕Ɖ͘ϧϫ
2.1 O excerto acima transcrito permite-nos identificar uma crítica à teoria da justiça de John Rawls. Qual?
Justifica a tua resposta.
“Há uma história de um guru que atraiu uma grande audiência para um estado com a promessa de
uma prova definitiva da existência de Deus. Quando todos estavam reunidos, exibiu dramaticamente o
Oxford English Dictionary e mostrou que este continha a palavra Deus. Uma vez que a palavra estava
lá, com uma definição, tinha de existir qualquer coisa que lhe correspondesse”.
^ŝŵŽŶůĂĐŬďƵƌŶ;ϤϢϢϣͿ͘Pense – uma introdução à filosofia͘>ŝƐďŽĂ͗'ƌĂĚŝǀĂ͕Ɖ͘ϣϨϢ
“O dualismo mente/corpo é uma perspetiva defendida por muita gente, sobretudo por quem acredita
ser possível sobreviver à nossa morte corpórea, quer vivamos num tipo qualquer de mundo de espíri-
tos, quer reencarnemos num novo corpo”.
EŝŐĞůtĂƌďƵƌƚŽŶ;ϤϢϢϩͿ͘Elementos básicos de filosofia͘>ŝƐďŽĂ͗'ƌĂĚŝǀĂ͕Ɖ͘ϤϢϨ
4.1 Será que, ao alcançar o cogito, Descartes pode estar certo da existência do mundo material? Porquê?
Grupo III
Questão de desenvolvimento.
1. Será que o verdadeiro conhecimento acerca do mundo é aquele que é conseguido apenas através da expe-
riência sensorial?
Cotações
Item
Grupo
ŽƚĂĕĆŽ;ĞŵƉŽŶƚŽƐͿ
ϭ͘aϭϬ͘
I
10 =ϴƉŽŶƚŽƐ 80
ϭ͘aϰ͘
II
4 =ϮϬƉŽŶƚŽƐ 80
ϭ͘
III
1 =ϰϬƉŽŶƚŽƐ 40
Total 200
Prova-modelo de exame
Grupo I
Grupo II
Cenário de resposta
ϭ͘ϭ
ƌĞƐƉŽƐƚĂŝŶƚĞŐƌĂŽƐƐĞŐƵŝŶƚĞƐĂƐƉĞƚŽƐ͕ŽƵŽƵƚƌŽƐĐŽŶƐŝĚĞƌĂĚŽƐƌĞůĞǀĂŶƚĞƐĞĂĚĞƋƵĂĚŽƐ͗
ʹ KƚĞdžƚŽĨĂnjƌĞĨĞƌġŶĐŝĂăƚĞŽƌŝĂĚĂĂƌƚĞĐŽŵŽŝŵŝƚĂĕĆŽͬƌĞƉƌĞƐĞŶƚĂĕĆŽ͕ĚĞƐƚĂĐĂŶĚŽͲƐĞĂƐĞŐƵŝŶƚĞƉĂƐƐĂŐĞŵ͗͞ƵƌĂŶƚĞ
ƐĠĐƵůŽƐ ũƵůŐŽƵͲƐĞ ƋƵĞ Ă ƌĞƉƌĞƐĞŶƚĂĕĆŽ ĞƌĂ ĐĂƌĂĐƚĞƌşƐƚŝĐĂ ĞƐƐĞŶĐŝĂů ĚĂ ĂƌƚĞ͖͟ Ğ ă ƚĞŽƌŝĂ ĚĂ ĂƌƚĞ ĐŽŵŽ ĞdžƉƌĞƐƐĆŽ͕
ĚĞƐƚĂĐĂŶĚŽͲƐĞĂƐĞŐƵŝŶƚĞƉĂƐƐĂŐĞŵ͗͞WĂƐƐĂƌĂŵĂƉƌĞŽĐƵƉĂƌͲƐĞŵĞŶŽƐĐŽŵŽĐĂƉƚĂƌĚĂĂƉĂƌġŶĐŝĂĚĂŶĂƚƵƌĞnjĂĞĚŽƐ
ĐŽƐƚƵŵĞƐĚĂƐŽĐŝĞĚĂĚĞĞĚŝƌŝŐŝƌĂŵĂĂƚĞŶĕĆŽƉĂƌĂĂƐƐƵĂƐƉƌſƉƌŝĂƐĞdžƉĞƌŝġŶĐŝĂƐƐƵďũĞƚŝǀĂƐ͘͟
ʹƉĂƐƐĂŐĞŵƋƵĞŽĐŽƌƌĞĚŽƉƌŝŵĞŝƌŽƉĂƌĂŽƐĞŐƵŶĚŽƉĂƌĄŐƌĂĨŽƉƌĞŶĚĞͲƐĞĐŽŵŽĨĂĐƚŽĚĞŽƐĨŝůſƐŽĨŽƐĞĂƌƚŝƐƚĂƐ
ƌŽŵąŶƚŝĐŽƐ ŵĂŝƐ ĂŵďŝĐŝŽƐŽƐ ĚŽ ƐĠĐƵůŽ y/y ƉƌŽƉŽƌĞŵ ƵŵĂ ŶŽǀĂ ĚĞĨŝŶŝĕĆŽ ĚĂ ĂƌƚĞ ƋƵĞ ƚĞŶƚĂǀĂ ůŝďĞƌƚĂƌͲƐĞ ĚĂƐ
ůŝŵŝƚĂĕƁĞƐĚĂƚĞŽƌŝĂĚĂĂƌƚĞĐŽŵŽŝŵŝƚĂĕĆŽ͕ĂŽŵĞƐŵŽƚĞŵƉŽƋƵĞĚĞƐůŽĐĂǀĂƉĂƌĂŽĂƌƚŝƐƚĂŽƵƉĂƌĂŽĐƌŝĂĚŽƌĂ
ĐŚĂǀĞĚĂĐŽŵƉƌĞĞŶƐĆŽĚĂĂƌƚĞĞ͕ƉŽƌƚĂŶƚŽ͕ĚŝƌŝŐŝĂĂĂƚĞŶĕĆŽƉĂƌĂŽƐĂƐƉĞƚŽƐƌĞůĂĐŝŽŶĂĚŽƐĐŽŵĂƐĞdžƉĞƌŝġŶĐŝĂƐ
ƐƵďũĞƚŝǀĂƐĞŝŶƚĞƌŝŽƌĞƐ͘
ʹKĨŽĐŽĚĞŝdžĂĚĞƐĞƌĂĐĂƉƚĂĕĆŽĚĂĂƉĂƌġŶĐŝĂĚĂŶĂƚƵƌĞnjĂ͕ŽƵƐĞũĂ͕ĂŝŵŝƚĂĕĆŽĞƉĂƐƐĂĂƐĞƌĂĐŽŵƉƌĞĞŶƐĆŽĚĂƐ
ĞdžƉĞƌŝġŶĐŝĂƐƐƵďũĞƚŝǀĂƐǀŝǀŝĚĂƐƉĞůŽĐƌŝĂĚŽƌĞƉĞůŽƉƷďůŝĐŽ͘
EKd͗EĆŽƐĞĞdžŝŐĞƋƵĞŽĂůƵŶŽƵƚŝůŝnjĞĞdžĂƚĂŵĞŶƚĞŽƐŵĞƐŵŽƐƚĞƌŵŽƐĚŽĚĞƐĐƌŝƚŽƌĚĂƌĞƐƉŽƐƚĂĐŽƌƌĞƚĂ͘
ĞƐĐƌŝƚŽƌĞƐĚŽŶşǀĞůĚĞĚĞƐĞŵƉĞŶŚŽŶŽĚŽŵşŶŝŽ EşǀĞŝƐ
ĚĂĐŽŵƵŶŝĐĂĕĆŽĞƐĐƌŝƚĂĞŵůşŶŐƵĂƉŽƌƚƵŐƵĞƐĂ
ĞƐĐƌŝƚŽƌĞƐĚŽŶşǀĞůĚĞĚĞƐĞŵƉĞŶŚŽ 1 2 3
ŶŽĚŽŵşŶŝŽĞƐƉĞĐşĨŝĐŽĚĂĚŝƐĐŝƉůŝŶĂ
ʹ/ĚĞŶƚŝĨŝĐĂ͕ĚĞĨŽƌŵĂĞdžƉůşĐŝƚĂĞĂƌƚŝĐƵůĂĚĂ͕ĂƐĚƵĂƐƚĞŽƌŝĂƐĚĞĂƌƚĞƌĞĨĞƌŝĚĂƐŶŽƚĞdžƚŽ͘
ʹdžƉůŝĐĂ͕ĚĞĨŽƌŵĂĞdžƉůşĐŝƚĂĞĂƌƚŝĐƵůĂĚĂ͕ĂƉĂƐƐĂŐĞŵƋƵĞŽĐŽƌƌĞĚŽƉƌŝŵĞŝƌŽƉĂƌĂŽƐĞŐƵŶĚŽƉĂƌĄŐƌĂĨŽƐĚŽƚĞdžƚŽ͘
3 18 19 20
ʹDŽďŝůŝnjĂĂĚĞƋƵĂĚĂŵĞŶƚĞĞůĞŵĞŶƚŽƐĚŽƚĞdžƚŽ͘
ʹƐƚƌƵƚƵƌĂĂĚĞƋƵĂĚĂŵĞŶƚĞŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐƌĞůĞǀĂŶƚĞƐ͘
ʹ/ĚĞŶƚŝĨŝĐĂ͕ĚĞĨŽƌŵĂĞdžƉůşĐŝƚĂĞĂƌƚŝĐƵůĂĚĂ͕ĂƐĚƵĂƐƚĞŽƌŝĂƐĚĞĂƌƚĞƌĞĨĞƌŝĚĂƐŶŽƚĞdžƚŽ͘
EşǀĞŝƐ ʹ:ƵƐƚŝĨŝĐĂ͕ĚĞĨŽƌŵĂƐƵƉĞƌĨŝĐŝĂůĞƉŽƵĐŽƉƌĞĐŝƐĂ͕ĂƉĂƐƐĂŐĞŵƋƵĞŽĐŽƌƌĞĚŽƉƌŝŵĞŝƌŽƉĂƌĂŽƐĞŐƵŶĚŽƉĂƌĄŐƌĂĨŽƐĚŽ
2 13 14 15
ƚĞdžƚŽ͕ŵĂƐŶĆŽŵŽďŝůŝnjĂĂĚĞƋƵĂĚĂŵĞŶƚĞĞůĞŵĞŶƚŽƐĚŽƚĞdžƚŽ͘
ʹƐƚƌƵƚƵƌĂĂĚĞƋƵĂĚĂŵĞŶƚĞŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐƌĞůĞǀĂŶƚĞƐ͘
ʹ&ĂnjĂĨŝƌŵĂĕƁĞƐĂǀƵůƐĂƐƐŽďƌĞĂƐƚĞŽƌŝĂƐĚĂĂƌƚĞƉƌĞƐĞŶƚĞƐŶŽƚĞdžƚŽ͘
1 ʹƉƌĞƐĞŶƚĂĐŽŶƚĞƷĚŽƐŝƌƌĞůĞǀĂŶƚĞƐĞŝŶĐŽƌƌĞƚŽƐ͕ŵĂƐƋƵĞŶĆŽĐŽŶƚƌĂĚŝnjĞŵŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐƌĞůĞǀĂŶƚĞƐĞĐŽƌƌĞƚŽƐ 8 9 10
ĂƉƌĞƐĞŶƚĂĚŽƐ͘
Cenário de resposta
Ϯ͘ϭ
ƌĞƐƉŽƐƚĂŝŶƚĞŐƌĂŽƐƐĞŐƵŝŶƚĞƐĂƐƉĞƚŽƐ͕ŽƵŽƵƚƌŽƐĐŽŶƐŝĚĞƌĂĚŽƐƌĞůĞǀĂŶƚĞƐĞĂĚĞƋƵĂĚŽƐ͗
ʹKĞdžĐĞƌƚŽƚƌĂŶƐĐƌŝƚŽƉĞƌŵŝƚĞͲŶŽƐŝĚĞŶƚŝĨŝĐĂƌĂĐƌşƚŝĐĂůŝďĞƌƚĂƌŝƐƚĂĚĞZŽďĞƌƚEŽnjŝĐŬăƚĞŽƌŝĂĚĂũƵƐƚŝĕĂĚĞZĂǁůƐ͕
ŵĂŝƐĐŽŶĐƌĞƚĂŵĞŶƚĞ͕ĂŽƐĞƵƉƌŝŶĐşƉŝŽĚĂĚŝĨĞƌĞŶĕĂ͘
ʹEŽnjŝĐŬĞŶƚĞŶĚĞĂůŝďĞƌĚĂĚĞĐŽŵŽĂĨŽƌŵĂĚĞĐĂĚĂƵŵĨĂnjĞƌŽƋƵĞƋƵŝƐĞƌĐŽŶƐŝŐŽŵĞƐŵŽĞĐŽŵĂƐƐƵĂƐƉŽƐƐĞƐ͘
ʹKƌĂ͕ĚĞĂĐŽƌĚŽĐŽŵEŽnjŝĐŬ͕ĂĂƉůŝĐĂĕĆŽĚŽƉƌŝŶĐşƉŝŽĚĂĚŝĨĞƌĞŶĕĂŝŵƉůŝĐĂƵŵĂŝŶƚĞƌĨĞƌġŶĐŝĂĐŽŶƚşŶƵĂĚŽƐƚĂĚŽ
ŶĂƉƌŽƉƌŝĞĚĂĚĞůĞŐŝƚŝŵĂŵĞŶƚĞĂĚƋƵŝƌŝĚĂƉĞůŽƐŝŶĚŝǀşĚƵŽƐ͕ŶŽƐĞŶƚŝĚŽĚĞĂƌĞĚŝƐƚƌŝďƵŝƌĚĞĨŽƌŵĂĂďĞŶĞĨŝĐŝĂƌŽƐ
ŵĂŝƐĚĞƐĨĂǀŽƌĞĐŝĚŽƐ͕ƐĞŶĚŽĂƐƐŝŵŝŶĐŽŵƉĂƚşǀĞůĐŽŵŽƌĞƐƉĞŝƚŽƉĞůĂůŝďĞƌĚĂĚĞŝŶĚŝǀŝĚƵĂů͘
EKd͗EĆŽƐĞĞdžŝŐĞƋƵĞŽĂůƵŶŽƵƚŝůŝnjĞĞdžĂƚĂŵĞŶƚĞŽƐŵĞƐŵŽƐƚĞƌŵŽƐĚŽĚĞƐĐƌŝƚŽƌĚĂƌĞƐƉŽƐƚĂĐŽƌƌĞƚĂ͘
ĞƐĐƌŝƚŽƌĞƐĚŽŶşǀĞůĚĞĚĞƐĞŵƉĞŶŚŽŶŽĚŽŵşŶŝŽ EşǀĞŝƐ
ĚĂĐŽŵƵŶŝĐĂĕĆŽĞƐĐƌŝƚĂĞŵůşŶŐƵĂƉŽƌƚƵŐƵĞƐĂ
ĞƐĐƌŝƚŽƌĞƐĚŽŶşǀĞůĚĞĚĞƐĞŵƉĞŶŚŽ 1 2 3
ŶŽĚŽŵşŶŝŽĞƐƉĞĐşĨŝĐŽĚĂĚŝƐĐŝƉůŝŶĂ
ʹ/ĚĞŶƚŝĨŝĐĂĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĚĞĨŽƌŵĂĞdžƉůşĐŝƚĂĞĂƌƚŝĐƵůĂĚĂ͕ĂĐƌşƚŝĐĂăƚĞŽƌŝĂĚĂũƵƐƚŝĕĂĚĞ:ŽŚŶZĂǁůƐƉƌĞƐĞŶƚĞŶŽƚĞdžƚŽ͘
3 18 19 20
ʹƐƚƌƵƚƵƌĂĂĚĞƋƵĂĚĂŵĞŶƚĞŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐƌĞůĞǀĂŶƚĞƐ͘
ʹ/ĚĞŶƚŝĨŝĐĂĂĐƌşƚŝĐĂăƚĞŽƌŝĂĚĂũƵƐƚŝĕĂĚĞ:ŽŚŶZĂǁůƐƉƌĞƐĞŶƚĞŶŽƚĞdžƚŽ͕ŵĂƐĞdžƉůŝĐĂͲĂĚĞĨŽƌŵĂƐƵƉĞƌĨŝĐŝĂůĞƉŽƵĐŽ
2 ƉƌĞĐŝƐĂ͘ 13 14 15
EşǀĞŝƐ ʹƐƚƌƵƚƵƌĂĂĚĞƋƵĂĚĂŵĞŶƚĞŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐƌĞůĞǀĂŶƚĞƐ͘
ʹ&ĂnjĂĨŝƌŵĂĕƁĞƐĂǀƵůƐĂƐƋƵĞƉŽĚĞŵƐĞƌƵƚŝůŝnjĂĚĂƐƉĂƌĂĞdžƉůŝĐĂƌĂĐƌşƚŝĐĂăƚĞŽƌŝĂĚĂũƵƐƚŝĕĂĚĞ:ŽŚŶZĂǁůƐƉƌĞƐĞŶƚĞŶŽ
ƚĞdžƚŽ͘
1 8 9 10
ʹƉƌĞƐĞŶƚĂĐŽŶƚĞƷĚŽƐŝƌƌĞůĞǀĂŶƚĞƐĞŝŶĐŽƌƌĞƚŽƐ͕ŵĂƐƋƵĞŶĆŽĐŽŶƚƌĂĚŝnjĞŵŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐƌĞůĞǀĂŶƚĞƐĞĐŽƌƌĞƚŽƐ
ĂƉƌĞƐĞŶƚĂĚŽƐ͘
Cenário de resposta
ϯ͘ϭ
ƌĞƐƉŽƐƚĂŝŶƚĞŐƌĂŽƐƐĞŐƵŝŶƚĞƐĂƐƉĞƚŽƐ͕ŽƵŽƵƚƌŽƐĐŽŶƐŝĚĞƌĂĚŽƐƌĞůĞǀĂŶƚĞƐĞĂĚĞƋƵĂĚŽƐ͗
ʹKĂƌŐƵŵĞŶƚŽƉƌĞƐĞŶƚĞŶŽƚĞdžƚŽĂĨĂǀŽƌĚĂĞdžŝƐƚġŶĐŝĂĚĞĞƵƐĠŽĂƌŐƵŵĞŶƚŽŽŶƚŽůſŐŝĐŽƋƵĞƉŽĚĞƐĞƌĨŽƌŵƵůĂĚŽ
ĚĂƐĞŐƵŝŶƚĞĨŽƌŵĂ͗
;WϭͿĞƵƐĞdžŝƐƚĞŶŽƉĞŶƐĂŵĞŶƚŽ͘
;WϮͿ^ĞĞƵƐĞdžŝƐƚĞŶŽƉĞŶƐĂŵĞŶƚŽĞŶĆŽŶĂƌĞĂůŝĚĂĚĞ͕ĞŶƚĆŽƵŵƐĞƌŵĂŝƐƉĞƌĨĞŝƚŽĚŽƋƵĞĞƵƐĠĐŽŶĐĞďşǀĞů͘
;WϯͿDĂƐŶĆŽĠĐŽŶĐĞďşǀĞůƵŵƐĞƌŵĂŝƐƉĞƌĨĞŝƚŽĚŽƋƵĞĞƵƐ͘
;Ϳ>ŽŐŽ͕ĞƵƐĞdžŝƐƚĞŶĂƌĞĂůŝĚĂĚĞ͘
EKd͗EĆŽƐĞĞdžŝŐĞƋƵĞŽĂůƵŶŽƵƚŝůŝnjĞĞdžĂƚĂŵĞŶƚĞŽƐŵĞƐŵŽƐƚĞƌŵŽƐĚŽĚĞƐĐƌŝƚŽƌĚĂƌĞƐƉŽƐƚĂĐŽƌƌĞƚĂ͘
ĞƐĐƌŝƚŽƌĞƐĚŽŶşǀĞůĚĞĚĞƐĞŵƉĞŶŚŽŶŽĚŽŵşŶŝŽ EşǀĞŝƐ
ĚĂĐŽŵƵŶŝĐĂĕĆŽĞƐĐƌŝƚĂĞŵůşŶŐƵĂƉŽƌƚƵŐƵĞƐĂ
ĞƐĐƌŝƚŽƌĞƐĚŽŶşǀĞůĚĞĚĞƐĞŵƉĞŶŚŽ 1 2 3
ŶŽĚŽŵşŶŝŽĞƐƉĞĐşĨŝĐŽĚĂĚŝƐĐŝƉůŝŶĂ
ʹ&ŽƌŵƵůĂ͕ĚĞĨŽƌŵĂĞdžƉůşĐŝƚĂĞĂƌƚŝĐƵůĂĚĂ͕ŽĂƌŐƵŵĞŶƚŽĂĨĂǀŽƌĚĂĞdžŝƐƚġŶĐŝĂĚĞĞƵƐƉƌĞƐĞŶƚĞŶŽƚĞdžƚŽ͘
3 18 19 20
ʹƐƚƌƵƚƵƌĂĂĚĞƋƵĂĚĂŵĞŶƚĞŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐƌĞůĞǀĂŶƚĞƐ͘
ʹ&ŽƌŵƵůĂ͕ĚĞĨŽƌŵĂƐƵƉĞƌĨŝĐŝĂůĞƉŽƵĐŽƉƌĞĐŝƐĂ͕ŽĂƌŐƵŵĞŶƚŽĂĨĂǀŽƌĚĂĞdžŝƐƚġŶĐŝĂĚĞĞƵƐƉƌĞƐĞŶƚĞŶŽƚĞdžƚŽ͘
2 13 14 15
ʹƐƚƌƵƚƵƌĂĂĚĞƋƵĂĚĂŵĞŶƚĞŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐƌĞůĞǀĂŶƚĞƐ͘
EşǀĞŝƐ
ʹ&ĂnjĂĨŝƌŵĂĕƁĞƐĂǀƵůƐĂƐƋƵĞƉŽĚĞŵƐĞƌƵƚŝůŝnjĂĚĂƐƉĂƌĂĨŽƌŵƵůĂƌŽĂƌŐƵŵĞŶƚŽĂĨĂǀŽƌĚĂĞdžŝƐƚġŶĐŝĂĚĞĞƵƐƉƌĞƐĞŶƚĞ
ŶŽƚĞdžƚŽ͘
1 8 9 10
ʹƉƌĞƐĞŶƚĂĐŽŶƚĞƷĚŽƐŝƌƌĞůĞǀĂŶƚĞƐĞŝŶĐŽƌƌĞƚŽƐ͕ŵĂƐƋƵĞŶĆŽĐŽŶƚƌĂĚŝnjĞŵŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐƌĞůĞǀĂŶƚĞƐĞĐŽƌƌĞƚŽƐ
ĂƉƌĞƐĞŶƚĂĚŽƐ͘
Cenário de resposta
ϰ͘ϭ
ƌĞƐƉŽƐƚĂŝŶƚĞŐƌĂŽƐƐĞŐƵŝŶƚĞƐĂƐƉĞƚŽƐ͕ŽƵŽƵƚƌŽƐĐŽŶƐŝĚĞƌĂĚŽƐƌĞůĞǀĂŶƚĞƐĞĂĚĞƋƵĂĚŽƐ͗
ʹŽŵŽĂůĐĂŶĕĂƌĚŽcogito͕ĞƐĐĂƌƚĞƐŶĆŽƉŽĚĞĞƐƚĂƌĐĞƌƚŽĚĂĞdžŝƐƚġŶĐŝĂĚŽŵƵŶĚŽŵĂƚĞƌŝĂů͕ŵĂƐĂƉĞŶĂƐĚĂƐƵĂ
ĞdžŝƐƚġŶĐŝĂĞŶƋƵĂŶƚŽĐŽŝƐĂƋƵĞƉĞŶƐĂ͘
ʹKĚƵĂůŝƐŵŽĐĂƌƚĞƐŝĂŶŽ͕ƚĂŵďĠŵĐŽŶŚĞĐŝĚŽĐŽŵŽĚƵĂůŝƐŵŽŵĞŶƚĞͲĐŽƌƉŽ;ĐŽŵŽƉŽĚĞŵŽƐĐŽŶƐƚĂƚĂƌŶŽƚĞdžƚŽͿ͕
ĞƐƚĂďĞůĞĐĞĂĚŝƐƚŝŶĕĆŽĞŶƚƌĞĚƵĂƐĞƐĨĞƌĂƐĚĂƌĞĂůŝĚĂĚĞĚĞŶĂƚƵƌĞnjĂŝŶƚĞŝƌĂŵĞŶƚĞĚŝĨĞƌĞŶƚĞʹŽĐŽƌƉŽ͕ĚĞŶĂƚƵƌĞnjĂ
ĨşƐŝĐĂ͕ĞĂŵĞŶƚĞ;ŽƵĂůŵĂͿ͕ĚĞŶĂƚƵƌĞnjĂŝŵĂƚĞƌŝĂů͘
ʹKƌĂ͕ĚĞƉŽŝƐĚĞĞƐƚĂďĞůĞĐĞƌĞƐƚĂĚŝƐƚŝŶĕĆŽ͕ĞƐĐĂƌƚĞƐĂƉĞƌĐĞďĞͲƐĞĚĞƋƵĞĂƐƵĂĞƐƐġŶĐŝĂ͕ŽƵŶĂƚƵƌĞnjĂ͕ƐĞŝĚĞŶƚŝĨŝĐĂ
ĐŽŵĂŵĞŶƚĞĞŶĆŽĐŽŵŽĐŽƌƉŽ͘
ʹƐƐŝŵ͕ ĞŶƋƵĂŶƚŽ ŶĆŽ ƉƌŽǀĂƌŵŽƐ ƋƵĞ Ž 'ĠŶŝŽ DĂůŝŐŶŽ ŶĆŽ ĞdžŝƐƚĞ͕ Ă ƷŶŝĐĂ ĐŽŝƐĂ ƋƵĞ ƉŽĚĞŵŽƐ ƐĂďĞƌ Ġ ƋƵĞ
ĞdžŝƐƚŝŵŽƐ ĞŶƋƵĂŶƚŽ ƐĞƌĞƐ ŵĞŶƚĂŝƐͬĞƐƉŝƌŝƚƵĂŝƐ͕ ŵĂƐ ŶĞŵ ƐĞƋƵĞƌ ƉŽĚĞŵŽƐ ƚĞƌ Ă ĐĞƌƚĞnjĂ ƋƵĞ ĞƐƚĞ ĐŽƌƉŽ͕ ƋƵĞ
ƌĞƉƌĞƐĞŶƚĂŵŽƐĐŽŵŽŶŽƐƐŽ͕ƌĞĂůŵĞŶƚĞĞdžŝƐƚĞ͘
ʹŽŶĐůƵŝŶĚŽ͕ŽĚƵĂůŝƐŵŽĐĂƌƚĞƐŝĂŶŽƉƌŽƉŽƌĐŝŽŶĂƵŵĂƉĞƌƐƉĞƚŝǀĂƌĞĚƵƚŽƌĂĚŽcogitoĞŶĆŽĠƐƵĨŝĐŝĞŶƚĞƉĂƌĂŶŽƐ
ĂƐƐĞŐƵƌĂƌƋƵĞƚĞŵŽƐƵŵĐŽƌƉŽ͕ŶĞŵƋƵĞĂƐŶŽƐƐĂƐĞdžƉĞƌŝġŶĐŝĂƐƉĞƌĐĞƚŝǀĂƐƐĞũĂŵĨŝĄǀĞŝƐĞ͕ĐŽŵŽƚĂů͕Žcogito
ŶĆŽŶŽƐĨŽƌŶĞĐĞŐĂƌĂŶƚŝĂƐĚĂĞdžŝƐƚġŶĐŝĂĚŽŵƵŶĚŽŵĂƚĞƌŝĂů͘
EKd͗EĆŽƐĞĞdžŝŐĞƋƵĞŽĂůƵŶŽƵƚŝůŝnjĞĞdžĂƚĂŵĞŶƚĞŽƐŵĞƐŵŽƐƚĞƌŵŽƐĚŽĚĞƐĐƌŝƚŽƌĚĂƌĞƐƉŽƐƚĂĐŽƌƌĞƚĂ͘
ĞƐĐƌŝƚŽƌĞƐĚŽŶşǀĞůĚĞĚĞƐĞŵƉĞŶŚŽŶŽĚŽŵşŶŝŽ EşǀĞŝƐ
ĚĂĐŽŵƵŶŝĐĂĕĆŽĞƐĐƌŝƚĂĞŵůşŶŐƵĂƉŽƌƚƵŐƵĞƐĂ
ĞƐĐƌŝƚŽƌĞƐĚŽŶşǀĞůĚĞĚĞƐĞŵƉĞŶŚŽ 1 2 3
ŶŽĚŽŵşŶŝŽĞƐƉĞĐşĨŝĐŽĚĂĚŝƐĐŝƉůŝŶĂ
ʹdžƉůŝĐĂ͕ĚĞĨŽƌŵĂĞdžƉůşĐŝƚĂĞĂƌƚŝĐƵůĂĚĂ͕ƋƵĞŽĂůĐĂŶĕĂƌĚŽcogitoŶĆŽƉĞƌŵŝƚĞĂĞƐĐĂƌƚĞƐĞƐƚĂƌĐĞƌƚŽĚĂĞdžŝƐƚġŶĐŝĂĚŽ
ŵƵŶĚŽŵĂƚĞƌŝĂů͘
3 18 19 20
ʹDŽďŝůŝnjĂĂĚĞƋƵĂĚĂŵĞŶƚĞĞůĞŵĞŶƚŽƐĚŽƚĞdžƚŽ͘
ʹƐƚƌƵƚƵƌĂĂĚĞƋƵĂĚĂŵĞŶƚĞŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐƌĞůĞǀĂŶƚĞƐ͘
ʹdžƉůŝĐĂ͕ĚĞĨŽƌŵĂƐƵƉĞƌĨŝĐŝĂůĞƉŽƵĐŽƉƌĞĐŝƐĂƋƵĞŽĂůĐĂŶĕĂƌĚŽcogitoŶĆŽƉĞƌŵŝƚĞĂĞƐĐĂƌƚĞƐĞƐƚĂƌĐĞƌƚŽĚĂ
EşǀĞŝƐ 2 ĞdžŝƐƚġŶĐŝĂĚŽŵƵŶĚŽŵĂƚĞƌŝĂů͘ 13 14 15
ʹƐƚƌƵƚƵƌĂĂĚĞƋƵĂĚĂŵĞŶƚĞŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐƌĞůĞǀĂŶƚĞƐ͘
ʹ&ĂnjĂĨŝƌŵĂĕƁĞƐĂǀƵůƐĂƐƋƵĞƉŽĚĞŵƐĞƌƵƚŝůŝnjĂĚĂƐƉĂƌĂŵŽƐƚƌĂƌƋƵĞŽĂůĐĂŶĕĂƌĚŽcogitoŶĆŽƉĞƌŵŝƚĞĂĞƐĐĂƌƚĞƐ
ĞƐƚĂƌĐĞƌƚŽĚĂĞdžŝƐƚġŶĐŝĂĚŽŵƵŶĚŽŵĂƚĞƌŝĂů͘
1 8 9 10
ʹƉƌĞƐĞŶƚĂĐŽŶƚĞƷĚŽƐŝƌƌĞůĞǀĂŶƚĞƐĞŝŶĐŽƌƌĞƚŽƐ͕ŵĂƐƋƵĞŶĆŽĐŽŶƚƌĂĚŝnjĞŵŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐƌĞůĞǀĂŶƚĞƐĞĐŽƌƌĞƚŽƐ
ĂƉƌĞƐĞŶƚĂĚŽƐ͘
Grupo III
Cenário de resposta
ϭ͘
ƌĞƐƉŽƐƚĂŝŶƚĞŐƌĂŽƐƐĞŐƵŝŶƚĞƐĂƐƉĞƚŽƐ͕ŽƵŽƵƚƌŽƐĐŽŶƐŝĚĞƌĂĚŽƐƌĞůĞǀĂŶƚĞƐĞĂĚĞƋƵĂĚŽƐ͗
Clarificação do problema:
ʹWƌŽďůĞŵĂĚĂ;ĨŽŶƚĞͿŽƌŝŐĞŵĚŽĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽ͘
ʹK ƉƌŽďůĞŵĂ ĚĂ ŽƌŝŐĞŵ ĚŽ ĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽ ƉŽĚĞ ƐĞƌ ĨŽƌŵƵůĂĚŽ ĚĂ ƐĞŐƵŝŶƚĞ ĨŽƌŵĂ͗ YƵĂů Ġ Ă ŽƌŝŐĞŵ ĚŽ
ĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽ͍ Kh ^ĞƌĄ Ă ĞdžƉĞƌŝġŶĐŝĂͬƐĞŶƚŝĚŽƐ Ă ǀĞƌĚĂĚĞŝƌĂ ĨŽŶƚĞ ĚŽ ĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽ͍ Kh ^ĞƌĄ Ă ƌĂnjĆŽ Ă
ǀĞƌĚĂĚĞŝƌĂĨŽŶƚĞĚŽĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽ͍
ƌŐƵŵĞŶƚĂĕĆŽĂĨĂǀŽƌĚĂƉŽƐŝĕĆŽĚĞĨĞŶĚŝĚĂ͗
NotaʹKƐĂƐƉĞƚŽƐĐŽŶƐƚĂŶƚĞƐŶŽƐĐĞŶĄƌŝŽƐĚĞƌĞƐƉŽƐƚĂĂƉƌĞƐĞŶƚĂĚŽƐƐĆŽĂƉĞŶĂƐŝůƵƐƚƌĂƚŝǀŽƐ͕ŶĆŽĞƐŐŽƚĂŶĚŽŽ
ĞƐƉĞƚƌŽĚĞƌĞƐƉŽƐƚĂƐĂĚĞƋƵĂĚĂƐƉŽƐƐşǀĞŝƐ͘
Opção A
No caso de o examinando concordar com a perspetiva de que o verdadeiro conhecimento acerca do mundo é
aquele que é conseguido apenas através da experiência sensorial:
о^Ğ͕ƉŽƌĞdžĞŵƉůŽ͕ƵŵĂƉĞƐƐŽĂŶĆŽĚŝƐƉƵƐĞƌĚŽƐĞŶƚŝĚŽĚĂǀŝƐĆŽ͕ŶĆŽƉŽĚĞƌĄĨŽƌŵĂƌŝŵƉƌĞƐƐƁĞƐĚĂĐŽƌĚŽƐŽďũĞƚŽƐ
ŶĞŵ͕ƉŽƌĐŽŶƐĞƋƵġŶĐŝĂƐ͕ƉŽĚĞƌĄĨŽƌŵĂƌĂƐŝĚĞŝĂƐĐŽƌƌĞƐƉŽŶĚĞŶƚĞƐ͖
о Ă ĞdžƉĞƌŝġŶĐŝĂ ƋƵĞ ĨŽƌŶĞĐĞ ŽƐ ŵĂƚĞƌŝĂŝƐ ŵĂŝƐ ďĄƐŝĐŽƐ ĚŽ ĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽ ĚŽ ŵƵŶĚŽ͕ ŽƵ ŝŵƉƌĞƐƐƁĞƐ ;ƚŽĚĂƐ ĂƐ
ŝĚĞŝĂƐĚĞƌŝǀĂŵĚĂƐŝŵƉƌĞƐƐƁĞƐĚŽƐƐĞŶƚŝĚŽƐ͖ƉŽƌĞdžĞŵƉůŽ͕ĂŝĚĞŝĂĚĞŵĂĕĆĚĞƌŝǀĂĚĂŝŵƉƌĞƐƐĆŽĚĞŵĂĕĆͿ͖
оWŽƌĐŽŶƐĞŐƵŝŶƚĞ͕ŽĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽĚŽŵƵŶĚŽŶĂƚƵƌĂů;ĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽƐƵďƐƚĂŶĐŝĂůͿŶĆŽĠƉŽƐƐşǀĞůƐĞŵƌĞĐƵƌƐŽă
ĞdžƉĞƌŝġŶĐŝĂ ;Ž ĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽ ĚŽ ŵƵŶĚŽ ŶĂƚƵƌĂů Ġ a posterioriͿ ;Ă ĂƚŝǀŝĚĂĚĞ ĚŽƐ ƐĞŶƚŝĚŽƐ Ġ ŝŶĚŝƐƉĞŶƐĄǀĞů ĂŽ
ƉƌŽĐĞƐƐŽĚĞĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽĚŽŵƵŶĚŽŶĂƚƵƌĂůͿ͖
оƉŽƐƐşǀĞůŽďƚĞƌĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽŵĂƚĞŵĄƚŝĐŽ;ƉŽƌĞdžĞŵƉůŽ͕ƋƵĞƚƌġƐǀĞnjĞƐĐŝŶĐŽĠŝŐƵĂůĂŵĞƚĂĚĞĚĞƚƌŝŶƚĂͿŽƵ
ĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽĐŽŶĐĞƉƚƵĂů;ƉŽƌĞdžĞŵƉůŽ͕ƋƵĞƚŽĚĂƐĂƐĞƐĨĞƌĂƐƚġŵƐƵƉĞƌĨşĐŝĞĐƵƌǀĂͿƐĞŵƌĞĐƵƌƐŽăĞdžƉĞƌŝġŶĐŝĂ
;ĂƉĞŶĂƐ ƉĞůŽ ƉĞŶƐĂŵĞŶƚŽͿ͕ ŝƐƚŽ Ġ͕ a priori͕ ŵĂƐ Ž ĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽ a priori͕ ƚƌĂƚĂŶĚŽͲƐĞ ĚĞ ĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽ
ŵĞƌĂŵĞŶƚĞĐŽŶĐĞƉƚƵĂůŽƵŵĞƌĂŵĞŶƚĞůŝŶŐƵşƐƚŝĐŽ͕ŶĆŽƉŽĚĞƐĞƌĐŽŶƐŝĚĞƌĂĚŽĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽƐƵďƐƚĂŶĐŝĂů͖
оKĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽĐŝĞŶƚşĨŝĐŽ;ĐŽŵĞdžĐĞĕĆŽĚĂŵĂƚĞŵĄƚŝĐĂͿĚĞƉĞŶĚĞĚĂŽďƐĞƌǀĂĕĆŽĞĚĂĞdžƉĞƌŝġŶĐŝĂ͗ŽƚĞƐƚĞĚĂƐ
ƚĞŽƌŝĂƐĚĞƉĞŶĚĞƐĞŵƉƌĞĚĞĚĂĚŽƐĨŽƌŶĞĐŝĚŽƐƉĞůĂĞdžƉĞƌŝġŶĐŝĂ;ĞdžƉĞƌŝŵĞŶƚĂŝƐͿ͕ĞŶĆŽĂƉĞŶĂƐĚŽƌĂĐŝŽĐşŶŝŽ͘
Opção B
No caso de o examinando não concordar com perspetiva de que o verdadeiro conhecimento acerca do mundo
é aquele que é conseguido apenas através da experiência sensorial, mas sim através da razão:
оůŐƵŵĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽĚŽŵƵŶĚŽ͕ĞŶĆŽĂƉĞŶĂƐŽĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽŵĞƌĂŵĞŶƚĞĐŽŶĐĞƉƚƵĂůŽƵůŝŶŐƵşƐƚŝĐŽ͕ĠŽďƚŝĚŽ
ƌĞĐŽƌƌĞŶĚŽĞdžĐůƵƐŝǀĂŵĞŶƚĞĂŽƉĞŶƐĂŵĞŶƚŽ͕ŝƐƚŽĠ͕a priori͖
оŚĄĨĂĐƚŽƐďĄƐŝĐŽƐƋƵĞƐĆŽĐŽŶŚĞĐŝĚŽƐa priori͕ŶĆŽĚĞƉĞŶĚĞŶĚŽŽĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽĚĞƐƐĞƐĨĂĐƚŽƐĚĂƐŝŵƉƌĞƐƐƁĞƐ
ĚŽƐƐĞŶƚŝĚŽƐ͖ƉŽƌĞdžĞŵƉůŽ͕ŽĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽĚĂŶŽƐƐĂĞdžŝƐƚġŶĐŝĂ;ŽcogitoͿĠƵŵĐĂƐŽĚĞĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽa priori
ƋƵĞŶĆŽĠŵĞƌĂŵĞŶƚĞĐŽŶĐĞƉƚƵĂůŶĞŵůŝŶŐƵşƐƚŝĐŽ͕ƚƌĂƚĂŶĚŽͲƐĞĚĞĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽƐƵďƐƚĂŶĐŝĂů͖
оK ĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽ ŵĂƚĞŵĄƚŝĐŽ͕ ƉĞůĂ ĐĞƌƚĞnjĂ ƋƵĞ ŽĨĞƌĞĐĞ ;ƉŽƌ ƐĞƌ ŝŶĨĂůşǀĞů͕ ƚĂů ĐŽŵŽ Ž cogitoͿ͕ Ġ Ž ŵŽĚĞůŽ ĚĞ
ĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽ͖ŽƌĂ͕ĞƐƚĞĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽĠa priori͖
оůĠŵ ĚĂ ĐĞƌƚĞnjĂ ƋƵĞ ƉƌŽƉŽƌĐŝŽŶĂ͕ Ž ĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽ ŵĂƚĞŵĄƚŝĐŽ ƚĞŵ ĂƉůŝĐĂĕĆŽ ŶŽ ŵƵŶĚŽ͕ ĐŽŵŽ ŵŽƐƚƌĂŵ ĂƐ
ĐŝġŶĐŝĂƐŶĂƚƵƌĂŝƐ͕ƋƵĞƌĞĐŽƌƌĞŵăŵĂƚĞŵĄƚŝĐĂƉĂƌĂĨŽƌŵƵůĂƌĞŵĂƐƐƵĂƐƚĞŽƌŝĂƐ͖ƉŽƌƚĞƌĂƉůŝĐĂĕĆŽŶŽŵƵŶĚŽ͕Ž
ĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽŵĂƚĞŵĄƚŝĐŽĠƐƵďƐƚĂŶĐŝĂů͖
оKƐƐĞŶƚŝĚŽƐ;ĞĂĞdžƉĞƌŝġŶĐŝĂͿŶĆŽƉŽĚĞŵƐĞƌĂĨŽŶƚĞĚĞƚŽĚŽŽĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽ͕ƉŽƌƋƵĞŽƐƐĞŶƚŝĚŽƐƐĆŽĞŶŐĂŶĂĚŽƌĞƐ͖
ƉŽƌĞdžĞŵƉůŽ͕ŶſƐƐĂďĞŵŽƐƋƵĞŽ^ŽůĠŵĂŝŽƌĚŽƋƵĞĂdĞƌƌĂ͕ŵĂƐŽƐƐĞŶƚŝĚŽƐŝŶĚŝĐĂŵĞdžĂƚĂŵĞŶƚĞŽĐŽŶƚƌĄƌŝŽ͘
EKd͗EĆŽƐĞĞdžŝŐĞƋƵĞŽĂůƵŶŽƵƚŝůŝnjĞĞdžĂƚĂŵĞŶƚĞŽƐŵĞƐŵŽƐƚĞƌŵŽƐĚŽĚĞƐĐƌŝƚŽƌĚĂƌĞƐƉŽƐƚĂĐŽƌƌĞƚĂ͘
ĐůĂƐƐŝĨŝĐĂĕĆŽĨŝŶĂůĚĂƌĞƐƉŽƐƚĂƌĞƐƵůƚĂĚĂƐŽŵĂĚĂƐƉŽŶƚƵĂĕƁĞƐĂƚƌŝďƵşĚĂƐĞŵĐĂĚĂƵŵĚŽƐƉĂƌąŵĞƚƌŽƐƐĞŐƵŝŶƚĞƐ͘
ʹWƌŽďůĞŵĂƚŝnjĂĕĆŽ͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ ͘͘ϴƉŽŶƚŽƐ
ʹƌŐƵŵĞŶƚĂĕĆŽĂĨĂǀŽƌĚĞƵŵĂƉŽƐŝĕĆŽƉĞƐƐŽĂů͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ ϭϲƉŽŶƚŽƐ
ʹĚĞƋƵĂĕĆŽĐŽŶĐĞƉƚƵĂůĞƚĞſƌŝĐĂ͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ ϭϮƉŽŶƚŽƐ
ʹŽŵƵŶŝĐĂĕĆŽ͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ ϰƉŽŶƚŽƐ
3 /ĚĞŶƚŝĨŝĐĂĞĞƐĐůĂƌĞĐĞĂĚĞƋƵĂĚĂŵĞŶƚĞŽƉƌŽďůĞŵĂĨŝůŽƐſĨŝĐŽĂƋƵĞŽƚĞdžƚŽƌĞƐƉŽŶĚĞ͘ 8
2 /ĚĞŶƚŝĨŝĐĂŽƉƌŽďůĞŵĂĨŝůŽƐſĨŝĐŽĂƋƵĞŽƚĞdžƚŽƌĞƐƉŽŶĚĞ͕ŵĂƐĞƐĐůĂƌĞĐĞͲŽĐŽŵŝŵƉƌĞĐŝƐƁĞƐŽƵĚĞŵŽĚŽŝŵƉůşĐŝƚŽ͘ 6
A
Problematização /ĚĞŶƚŝĨŝĐĂŽƉƌŽďůĞŵĂĨŝůŽƐſĨŝĐŽĂƋƵĞŽƚĞdžƚŽƌĞƐƉŽŶĚĞ͕ŵĂƐƐĞŵŽĞƐĐůĂƌĞĐĞƌ͘
Kh
ϭ 4
ƐĐůĂƌĞĐĞŽƉƌŽďůĞŵĂĨŝůŽƐſĨŝĐŽĂƋƵĞŽƚĞdžƚŽƌĞƐƉŽŶĚĞĐŽŵŝŵƉƌĞĐŝƐƁĞƐŽƵĚĞŵŽĚŽŝŵƉůşĐŝƚŽ͕ŵĂƐƐĞŵŽ
ŝĚĞŶƚŝĨŝĐĂƌ͘
ƉƌĞƐĞŶƚĂŝŶĞƋƵŝǀŽĐĂŵĞŶƚĞĂƉŽƐŝĕĆŽĚĞĨĞŶĚŝĚĂ͘
ǀŝĚĞŶĐŝĂƵŵďŽŵĚŽŵşŶŝŽĚĂƐĐŽŵƉĞƚġŶĐŝĂƐĂƌŐƵŵĞŶƚĂƚŝǀĂƐ͕ĂƌƚŝĐƵůĂŶĚŽĂĚĞƋƵĂĚĂŵĞŶƚĞĞĐŽŵĂƵƚŽŶŽŵŝĂŽƐ
3 ĂƌŐƵŵĞŶƚŽƐ͕ŽƵĂƐƌĂnjƁĞƐŽƵŽƐĞdžĞŵƉůŽƐĂƉƌĞƐĞŶƚĂĚŽƐ͘ ϭϲ
ƉƌĞƐĞŶƚĂĐŽŵĐůĂƌĞnjĂĞĐŽƌƌĞĕĆŽĂƌŐƵŵĞŶƚŽƐƉĞƌƐƵĂƐŝǀŽƐ͕ƌĂnjƁĞƐƉŽŶĚĞƌŽƐĂƐŽƵĞdžĞŵƉůŽƐĂĚĞƋƵĂĚŽƐĞ
ƉůĂƵƐşǀĞŝƐĂĨĂǀŽƌĚĂƉŽƐŝĕĆŽĚĞĨĞŶĚŝĚĂŽƵĐŽŶƚƌĂĂƉŽƐŝĕĆŽƌŝǀĂůĚĂĚĞĨĞŶĚŝĚĂ͘
B ƉƌĞƐĞŶƚĂŝŶĞƋƵŝǀŽĐĂŵĞŶƚĞĂƉŽƐŝĕĆŽĚĞĨĞŶĚŝĚĂ͘
Argumentação ǀŝĚĞŶĐŝĂƵŵĚŽŵşŶŝŽƐĂƚŝƐĨĂƚſƌŝŽĚĂƐĐŽŵƉĞƚġŶĐŝĂƐĂƌŐƵŵĞŶƚĂƚŝǀĂƐ͕ĞůĞŶĐĂŶĚŽĂƌŐƵŵĞŶƚŽƐ͕ŽƵƌĂnjƁĞƐŽƵ
a favor de uma 2 ĞdžĞŵƉůŽƐ͘ ϭϮ
posição pessoal ƉƌĞƐĞŶƚĂĐŽŵŝŵƉƌĞĐŝƐƁĞƐĂƌŐƵŵĞŶƚŽƐƉĞƌƐƵĂƐŝǀŽƐ͕ŽƵƌĂnjƁĞƐƉŽŶĚĞƌŽƐĂƐŽƵĞdžĞŵƉůŽƐĂĚĞƋƵĂĚŽƐĞƉůĂƵƐşǀĞŝƐĂ
ĨĂǀŽƌĚĂƉŽƐŝĕĆŽĚĞĨĞŶĚŝĚĂŽƵĐŽŶƚƌĂĂƉŽƐŝĕĆŽƌŝǀĂůĚĂĚĞĨĞŶĚŝĚĂ͘
ƉƌĞƐĞŶƚĂĂƉŽƐŝĕĆŽĚĞĨĞŶĚŝĚĂ͕ĂŝŶĚĂƋƵĞĚĞŵŽĚŽŝŵƉůşĐŝƚŽ͘
ǀŝĚĞŶĐŝĂƵŵĂŝŶƚĞŶĕĆŽĂƌŐƵŵĞŶƚĂƚŝǀĂ͕ŵĂƐŽƐĂƌŐƵŵĞŶƚŽƐŽƵĂƐƌĂnjƁĞƐĂƉƌĞƐĞŶƚĂĚŽƐĂĨĂǀŽƌĚĂƉĞƌƐƉĞƚŝǀĂ
ϭ 8
ĚĞĨĞŶĚŝĚĂ͕ŽƵĐŽŶƚƌĂĂƉĞƌƐƉĞƚŝǀĂƌŝǀĂůĚĂĚĞĨĞŶĚŝĚĂ͕ƐĆŽĨƌĂĐŽƐŽƵĐůĂƌĂŵĞŶƚĞĨĂůĂĐŝŽƐŽƐ͕ŽƵŽƐĞdžĞŵƉůŽƐ
ƐĞůĞĐŝŽŶĂĚŽƐƐĆŽŝŶĂĚĞƋƵĂĚŽƐ͘
ƉůŝĐĂƌŝŐŽƌŽƐĂĞĐŽĞƌĞŶƚĞŵĞŶƚĞŽƐĐŽŶĐĞŝƚŽƐƌĞůĞǀĂŶƚĞƐƉĂƌĂĂĚŝƐĐƵƐƐĆŽĚŽƉƌŽďůĞŵĂĞŵĐĂƵƐĂ͘
3 DŽďŝůŝnjĂ;ƵŵĂͿƉĞƌƐƉĞƚŝǀĂ;ƐͿƚĞſƌŝĐĂ;ƐͿĂĚĞƋƵĂĚĂ;ƐͿăĚŝƐĐƵƐƐĆŽĚŽƉƌŽďůĞŵĂĞŵĐĂƵƐĂ͕ŵŽƐƚƌĂŶĚŽĐŽŵƉƌĞĞŶƐĆŽ ϭϮ
ƐŝƐƚĞŵĄƚŝĐĂĚĞƐƐĂ;ƐͿƉĞƌƐƉĞƚŝǀĂ;ƐͿ͘
C ƉůŝĐĂĐŽŵŝŵƉƌĞĐŝƐƁĞƐƉŽŶƚƵĂŝƐ͕ŵĂƐĚĞŵŽĚŽŐůŽďĂůŵĞŶƚĞĂĚĞƋƵĂĚŽ͕ŽƐĐŽŶĐĞŝƚŽƐƌĞůĞǀĂŶƚĞƐƉĂƌĂĂĚŝƐĐƵƐƐĆŽ
Adequação 2
ĚŽƉƌŽďůĞŵĂĚĂĐŽŵƉĂƚŝďŝůŝĚĂĚĞ͘
8
conceptual e DŽďŝůŝnjĂĐŽŵŝŵƉƌĞĐŝƐƁĞƐƉŽŶƚƵĂŝƐ;ƵŵĂͿƉĞƌƐƉĞƚŝǀĂ;ƐͿƚĞſƌŝĐĂ;ƐͿĂĚĞƋƵĂĚĂ;ƐͿăĚŝƐĐƵƐƐĆŽĚŽƉƌŽďůĞŵĂĞŵĐĂƵƐĂ͕
teórica ŵŽƐƚƌĂŶĚŽĐŽŵƉƌĞĞŶƐĆŽĚŽƐĂƐƉĞƚŽƐĐĞŶƚƌĂŝƐĚĞƐƐĂ;ƐͿƉĞƌƐƉĞƚŝǀĂ;ƐͿ͘
ƉůŝĐĂĞƐĐĂƐƐĂŵĞŶƚĞĞĐŽŵŝŵƉƌĞĐŝƐƁĞƐĐŽŶĐĞŝƚŽƐƌĞůĞǀĂŶƚĞƐƉĂƌĂĂĚŝƐĐƵƐƐĆŽĚŽƉƌŽďůĞŵĂĞŵĐĂƵƐĂ͘
ϭ DŽďŝůŝnjĂĐŽŵŝŵƉƌĞĐŝƐƁĞƐ;ƵŵĂͿƉĞƌƐƉĞƚŝǀĂ;ƐͿƚĞſƌŝĐĂ;ƐͿĂĚĞƋƵĂĚĂ;ƐͿăĚŝƐĐƵƐƐĆŽĚŽƉƌŽďůĞŵĂĞŵĐĂƵƐĂ͕ 6
ŵŽƐƚƌĂŶĚŽƵŵĂĐŽŵƉƌĞĞŶƐĆŽƌƵĚŝŵĞŶƚĂƌĚĞƐƐĂ;ƐͿƉĞƌƐƉĞƚŝǀĂ;ƐͿ͘
ƉƌĞƐĞŶƚĂƵŵĚŝƐĐƵƌƐŽĞƐƚƌƵƚƵƌĂĚŽĞĨůƵĞŶƚĞ͘
3 4
ƐĐƌĞǀĞĐŽŵƐŝŶƚĂdžĞ͕ŽƌƚŽŐƌĂĨŝĂĞƉŽŶƚƵĂĕĆŽŐůŽďĂůŵĞŶƚĞĐŽƌƌĞƚĂƐ͘
ƉƌĞƐĞŶƚĂƵŵĚŝƐĐƵƌƐŽƌĂnjŽĂǀĞůŵĞŶƚĞĞƐƚƌƵƚƵƌĂĚŽ͘
ƐĐƌĞǀĞĐŽŵƐŝŶƚĂdžĞ͕ŽƌƚŽŐƌĂĨŝĂĞƉŽŶƚƵĂĕĆŽŐůŽďĂůŵĞŶƚĞĐŽƌƌĞƚĂƐ͘
D 2 Kh 3
Comunicação ƉƌĞƐĞŶƚĂƵŵĚŝƐĐƵƌƐŽĞƐƚƌƵƚƵƌĂĚŽĞĨůƵĞŶƚĞ͘
ƐĐƌĞǀĞĐŽŵŝŶĐŽƌƌĞĕƁĞƐƐŝŶƚĄƚŝĐĂƐ͕ŽƌƚŽŐƌĄĨŝĐĂƐŽƵĚĞƉŽŶƚƵĂĕĆŽƋƵĞŶĆŽĂĨĞƚĂŵĂŝŶƚĞůŝŐŝďŝůŝĚĂĚĞĚŽĚŝƐĐƵƌƐŽ͘
ƉƌĞƐĞŶƚĂƵŵĚŝƐĐƵƌƐŽƉŽƵĐŽĞƐƚƌƵƚƵƌĂĚŽ͘
ϭ ƐĐƌĞǀĞĐŽŵŝŶĐŽƌƌĞĕƁĞƐƐŝŶƚĄƚŝĐĂƐ͕ŽƌƚŽŐƌĄĨŝĐĂƐŽƵĚĞƉŽŶƚƵĂĕĆŽƋƵĞĂĨĞƚĂŵƉĂƌĐŝĂůŵĞŶƚĞĂŝŶƚĞůŝŐŝďŝůŝĚĂĚĞĚŽ ϭ
ĚŝƐĐƵƌƐŽ͘