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Drone de US$ 11 milhões utilizado em ataque foi guiado dos EUA - Internacional - Estadão 5/1/20 14:55

Drone de US$ 11 milhões utilizado


em ataque foi guiado dos EUA
Treinamento de militar que matou o general iraniano
Qassim Suleimani custa pelo menos US$ 1,2 milhão
O ataque veio do ar, veio em silêncio - e foi brutal: os dois mísseis do tipo
Hellfire disparados por um drone americano MQ-9 Reaper, atingiram os
dois carros blindados que rodavam no centro de um comboio maior. As
ogivas de 10 kg explodiram com intervalo de 1,2 segundo, segundo
relatório do Comando Conjunto de Operações Especiais, do
Departamento de Defesa, em Washington, matando nove pessoas.

Uma foto do arquivo da Força Aérea dos EUA mostrando um veículo aéreo não tripulado MQ-9 Reaper durante
uma missão de combate no sul do Afeganistão em 2008 Foto: Tenente-coronel Leslie Pratt / Força Aérea dos EUA
através do New York Times

O general iraniano Qassim Suleimani era o alvo. O sub-comandante Abu


Mahdi al-Muhandis, da Força de Mobilização Popular (FMP), um
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movimento iraquiano pró-Irã, também morreu. A ação foi o resultado de um


longo e complexo processo de apuração de dados de inteligência
coletados por agentes de campo, informantes secretos, interceptação
eletrônica de mensagens, rastreamento por meio de aeronaves de
reconhecimento e "outras plataformas de caráter reservado", de acordo
com o Pentágono. O procedimento utilizou recursos de tecnologia
comprovada. O Reaper é o maior modelo da sua classe, podendo
permanecer em voo durante 14 horas levando carga externa máxima de 1,4
tonelada - uma combinação de sensores digitais e até quatro Hellfire, com
alcance entre 500 metros e 11 km, guiados por um feixe de luz laser.

O drone foi pilotado a longa distância, talvez a partir de uma das duas
bases especializadas instaladas no estado de Nevada, no centro-oeste
dos Estados Unidos, próximo das Montanhas Rochosas. A localização
exata não foi revelada. Dois oficiais comandam o avião de 4.700 kg,
usando uma constelação de satélites para receber e enviar informações.
Um engenheiro da General Atomics - a empresa de San Diego,
California, construtora do drone -, disse ontem ao Estado que o MQ-9
usa um recurso que elimina o breve intervalo registrado na circulação de
sinais da geração anterior dessas aeronaves. Ele afirmou que os comandos
são efetuados "virtualmente em tempo real". O comboio de Suleimani
estava nas proximidades do terminal de carga do Aeroporto Internacional
de Bagdá quando o carro que o transportava foi atingido.

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Ação foi executada à distância, possivelmente de uma base no estado de Nevada. Foto: Iraqi Prime Minister Press
Office via AP

Em terra, do outro lado do mundo, o chefe do voo pode escolher o melhor


momento e cenário para liberar os mísseis. Também poderia ter
interrompido a missão se houvesse risco de "danos colaterais
incontroláveis" - uma forma de definir as baixas e os feridos civis. Um
Hellfire custa cerca de US$ 120 mil. O Reaper não sai por menos de US$ 11
milhões. O treinamento do piloto, um ano desde a entrada no centro de
treinamento, bate na casa do US$1,2 milhão - não considerada a formação
básica.

Força secreta

A Força Quds, ou Força Jerusalém, criada em 1980 por um grupo de


integrantes da Guarda Revolucionária entre os quais estava Qassim
Suleimani, é cheia de mistérios. No organograma da poderosa Guarda, a

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Quds é um grupo de operações especiais com efetivo estimado em 15 mil


combatentes, voluntários, homens quase todos, embora haja um pequeno
time de mulheres até agora nunca formalmente reconhecido.

A Quds mantém cooperação próxima e direta com grupos radicais como o


Hezbollah, o Hamas, a Jihad Islâmica, as milícias xiitas do Iraque, da
Síria e do Afeganistão e com a etnia extremista houthis, no Iêmen. Na
América do Sul estabeleceu relações diretas com o regime de Nicolás
Maduro, na Venezuela e coopera na Ásia com o programa de
desenvolvimento de mísseis balísticos da Coreia do Norte, de Kim Jong-
un. Em um raro pronunciamento do general Suleimani a respeito da força,
ele a definiu como "uma unidade destinada a levar adiante missões não
convencionais onde isso seja necessário, implicando qualquer tipo de
apoio".

A tropa veste uma espécie de macacão de tecido preto ou camuflado,


dependendo do ambiente para o qual venha a ser mobilizada. No peito, um
escudo dourado, bordado com um fuzil cercado por ramos de oliveira. O
treinamento, a localização das bases e os critérios de recrutamento são
reservados. Sabe-se que a primeira fase dura seis meses. E que são bem
poucos os que passam para as etapas seguintes. Em média, apenas 23%,
segundo um estudo de 2015 do Instituto de Estudos Estratégicos de
Israel.

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