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Universidade Eduardo Mondlane

Departamento de Matemática e Informática

Licenciatura em Matemática
Análise Matemática IV - Teste 2
7 de Junho de 2019 - 100 minutos

Guião de Resolução
A preencher pela docente, após a correcção:

Ex.1 Ex.2.a Ex.2.b Ex.3.a Ex.3.b Ex.3.c Ex.4 Ex.5 Total

Nome do estudante: ..............................................................................................

1. (3,5 valores) Mostre que o campo vectorial F (x, y, z) = (3exyz y 3 z)~i + (3exyz xy 2 z + 4yz)~j +
(3exyz xy 3 + 2y 2 )~k é conservativo, calculando seu potencial.

Nota: este exercício apresenta um erro e o campo vectorial apresentado não é conser-
vativo.

Resolução: Seja F (x, y, z) = P (x, y, z)~i + Q(x, y, z)~j + R(x, y, z)~k.


∂f ∂f ∂f
O campo vectorial F é conservativo de existe f : R3 → R tal que = P, =Qe = R.
∂x ∂y ∂z
Assumamos que existe f nestas condições. Temos então:

∂f ∂f
• = P ⇐⇒ = 3exyz y 3 z =⇒ f (x, y, z) = 3exyz y 2 + g(y, z)
∂x ∂x
∂f ∂g
• Tendo em conta a função f denida acima, por um lado obtemos: = 3exyz xy 2 z + 6exyz y + .
∂y ∂y
∂f ∂f
Por outro lado, como = Q, obtemos = 3exyz xy 2 z + 4yz .
∂y ∂y
∂g
Para que F fosse conservativo teriamos que ter: 3exyz xy 2 z + 6exyz y + = 3exyz xy 2 z + 4yz ⇐⇒
∂y
∂g ∂g
6exyz y + = 4yz ⇐⇒ = −6exyz y + 4yz.
∂y ∂y
O que não é possível pois g(y, z) é uma função que depende apenas de y e z e não de x. Concluímos
que F não é um campo conservativo.

1
Seja S a superfície que corresponde à parte do parabolóide z = 2 − x2 − y 2 situada
2. (6,0 valores)
acima do plano z = 1 e F o campo vectorial denido por
Z F (x, y, z) = 2y i − 2xj + 3k . Considerando
~ ~ ~
que n é a normal unitária exterior a S , calcule o uxo F.ndS usando:
S
a) a denição;
b) o Teorema de Gauss.

a) Resolução: Comecemos por vericar que a intersecção da superfície S com o plano z = 1


corresponde ao conjunto {(x, y, z) ∈ R3 : z = 2−x2 −y 2 ∧z = 1} ⇔ {(x, y, z) ∈ R3 : x2 +y 2 = 1∧z = 1}.
Ou seja, a intersecção entre S e z = 1 resulta numa circunferência C , de raio 1, centro (0, 0, 1),
situado no plano z = 1 e que delimita um círculo D no mesmo plano.
Determinemos agora n e dS , de acordo com as fórmulas já conhecidas:

−2x~i − 2y~j + ~k
e dS =
p
n =p 1 + 4x2 + 4y 2 dxdy
1 + 4x2 + 4y 2
Notemos que para n se escolheu a orientação positiva pois essa é a orientação da normal unitária
exterior a S .
Por m:
!
−2x −2y
Z Z
1
F.ndS = (2y, −2x, 3).
p ,p ,p dS =
S S 1 + 4x2 + 4y 2 1 + 4x2 + 4y 2 1 + 4x2 + 4y 2
Z Z
3 p
2 2
p 1 + 4x + 4y dxdy = 3dxdy = I
D 1 + 4x2 + 4y 2 D

Observemos que enquanto no segundo integral da expressão acima a integração foi feita na superfície
S , no terceiro integral a integração passa a ser no círculo D.
Em coordenadas polares vem:
Z 2π Z 1 Z 2π
3
I= 3rdrdθ = dθ = 3π.
0 0 0 2

b) Resolução: pelo Teorema de Gauss


Z Z Z Z Z
divF dV = F.ndS
E ∂E
onde E é a porção do espaço limitada pela superfície S e pelo plano z = 1. Assim ∂E = S ∪ D.
Temos então:
Z Z Z Z Z Z Z
divF dV = F.ndS + F.nD dS
E S D
onde nD é a normal unitária exterior em relação ao círculo D (lembremos que no Teorema de Gauss
o vector normal unitário tem que ser tomado sempre com a orientação que aponta no sentido exterior
da porção de espaço em questão). É imediato conluir que nD = (0, 0, −1).
Calulemos a divergência do campo vectorial F : divF = 2 − 2 + 0 = 0.
Z
Logo, podemos calcular o uxo F.ndS , como pedido, fazendo
S
Z Z Z Z Z Z Z Z
F.ndS = − F.nD dS = − (2x, −2y, 3).(0, 0, −1)dS = − −3 dS =
S D D D
Z Z
=3 dS = 3ÁreaD = 3π.
D

2
Considere a função f : [0, ∞[ × [0, ∞[ dada por f (x, t) = ye−(1+x .
2 )t2
3. (5,0 valores)
Z ∞
a) A função F (x) = f (x, t) dt é uniformemente convergente? Justique.
0
b) A função F (x) é contínua em [0, ∞[?
Z ∞
c) Determine F (x) dx.
0

a) Resolução: Veriquemos que |f (x, t)| = te−(1+x
2 )t2 2
≤ te−t .

Seja g(t) = te−t . Naturalmente g : R → [0, ∞[.


2

Calculemos
2 ∞
" #

e−t
Z
t 1
t2 dt = − =
0 e 2 2
0
Logo g(t) é convergente.
Pelo Teorema de Weierstrass concluímos que F (x) é uniformemente convergente.
Z ∞
b) Resolução: Como f : [0, ∞[ × [0, ∞[ → R é contínua em [0, ∞[ × [0, ∞[ e o integral f (x, t) dt
0
é uniformemente convergente em [0, ∞[, concluímos que F (x) é contínua em [0, ∞[.

c) Resolução:
2 2 ∞
" # !
∞ ∞Z ∞ ∞ Z ∞
e−(1+x )t
Z Z Z
t 1 1
F (x)dx = dtdx = − dx = dx =
0 0 0 e(1+x2 )t2 0 1+x 2 2 0 2(1 + x2 )
0

1 1 π π
= [arctg(x)]∞
0 = . = .
2 2 2 4

3
Z 1
4. (3,5 valores) Usando as funções Gama e/ou Beta calcule x1/3 (1 − x2/3 )−1/2 dx.
0
Z 1
Γ(x)Γ(y)
Resolução: Lembremos que B(x, y) = tx−1 (1 − t)y−1 dt e que B(x, y) = .
0 Γ(x + y)
2 −1/3 3 3 3
Façamos t = x2/3 ⇒ x = t3/2 , dt = x dx ⇔ dx = x1/3 dt = (t3/2 )1/3 dt = t1/2 dt.
3 2 2 2
Assim,

Z 1 Z 1 Z 1
3 1/2 3 1/2
x1/3 (1 − x2/3 )−1/2 dx = (t3/2 )1/3 (1 − t)−1/2 t dt =t (1 − t)−1/2 t1/2 dt =
0 0 2 0 2
Z 1 Z 1  
3 −1/2 3 2−1 1/2−1 3 1
= t(1 − t) dt = t (1 − t) dt = B 2, = I.
0 2 2 0 2 2
Temos que
! √ √ √
1 Γ(2)Γ(1/2) 1! π π π 4
B 2, = = = = = .
2 Γ(5/2) 3/2.Γ(3/2) 31 3√ 3
. .Γ(1/2) π
22 4
3 4
Por m, I = . = 2.
2 3

4
5. (2,0 valores) Teorema de Weierstrass: Seja A ⊂ R, I = [a, b[ ⊂ R e f : A × I → R integrável
em cada conjunto compacto de I , para x ∈ A arbitrário. Seja g : I → R+ tal que:

1. |f (x, t)| ≤ g(t) para todo o (x, t) ∈ A × I ;


Z b
2. g(t)dt é convergente.
a
Z b
Então f (x, t)dt é uniformemente convergente em A.
a
Demonstre este teorema.

Resolução: Demonstração apresentada na Aula Teórica de 17 de Maio de 2019.

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