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O itinerário de Catarina
6. Deus Pai, por Catarina de Sena, nos esclarece como atingir a perfeição. São os
degraus do amor. Ao longo de nossa trajetória poderemos nos deparar com os
três estados: o amor servil, que tem como esteio o temor, arrimado na antiga
Lei, mais que em Jesus se aperfeiçoa, e no amor transforma o temor nos
castigos em temor santo, ou seja, medo de ofender a Deus; o amor
interesseiro, pelo qual muitos amam a Deus, mais por interesse em suas
consolações, é um amor que não suporta dificuldades e oposições, não é amor
virtuoso; e por fim, o amor-amizade, fruto da perseverança na oração e nas
boas obras, nesse ápice Deus nos ama como amigos e a seus amigos revela-se
intimamente em seus segredos. Assim diz o Senhor a Catarina: “A amizade
íntima consiste nisto: que são dois corpos, mas uma só alma no amor, pois o
amor transforma (o amante) na coisa amada. E quando (os amigos) se tornam
uma só alma, entre eles já não haverá segredo. Por isso dizia meu Filho: ‘Viverei
e moraremos juntos’”. O amor-amizade, por sua vez, deve ser vivido e
alimentado na vigília de oração, no desapego das consolações e superação do
egoísmo espiritual;
7. Três são as atitudes fundamentais para que não impeçamos nosso próprio
aperfeiçoamento: não corrigir o próximo, se Deus não nos manifestar
expressamente por diversas vezes o defeito de alguém, nunca devemos falar
sobre tal falha diretamente à pessoa que julgamos possuí-la. Aos que nos
procuram devemos corrigi-los com conselhos sobre as virtudes, sendo firmes,
mas com ternura e mansidão. Devemos ser prudentes, para não condenarmos
os outros em mentiras; não julgar o interior do homem, ao rezarmos por
alguém, mesmo que o vejamos em estado de aridez, de abandono, não o
julguemos em pecado mortal, pois Deus revela que à vezes, quando julga
necessário, Ele se ausenta de determinada alma em suas consolações,
deixando-a na aridez, tristonha e vazia, para que ela progrida no amor; e
finalmente, respeitar a espiritualidade alheia, não devemos querer que as
outras pessoas vivam como nós vivemos, especialmente nas penitências e
mortificações, cada um tem o seu itinerário espiritual a seguir. As penitências
são instrumentos e não metas, não são os fundamentos da vida espiritual, cada
um, no seu autoconhecimento, encontrará seu caminho;
10. Por fim, Catarina nos apresenta a obediência como trilho para a perfeição, pois
a obediência como vocação mais perfeita se encontra no amoroso Verbo
encarnado. Assim como a desobediência tirou o homem da vida da graça, pela
obediência de Cristo até a morte e morte de cruz, é devolvida ao homem a vida
em abundância. Essa obediência é que deve ser o foco do servo de Deus. Assim
o nosso Deus diz: “... todos os que obedecem terão a vida por intermédio do
novo Homem, o amoroso Jesus Cristo, por mim colocado qual ponte, pois a
estrada do céu estava interrompida”.