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Humberto Avila
,
TEORIA DOS PRINCIPIOS
da definição
à aplicação dos princípios jurídicos
17ª edição,
revista e atualizada
- -MALHEIROS
:~: EDITORES
TEORIA DOS PRINCÍPIOS
da definição à aplicação dos princípios jurídicos
(Ç) HUMBERTO Á VILA
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
07.2016
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-392-0341-3
CDU 340.12
CDD 340.1
11
normas (que, por sua vez, podem ser regras, mas também princípios,
por assim dizer, de estatura inferior). Entretanto, é claro que o caráter
fundamental ou marginal de uma norma - como, de resto, seu caráter
superável ou insuperável, ou a estrutura aberta ou fechada de um suporte
fático - não são de maneira alguma dados objetivos, pré-constituídos à
interpretação: pelo contrário, dependem da interpretação, visto que são
fruto dessa (compreendida de maneira lata, de modo a incluir na inter-
pretação também a "construção jurídica").
O caráter fundamental de uma norma depende evidentemente de
um juízo de valor dos intérpretes. Certo, pode tratar-se de uma valo-
ração geralmente compartilhada por toda a comunidade jurídica, como
frequentemente ocorre (quem negaria, somente para exemplificar, que a
separação dos poderes seja um princípio?); entretanto, o consenso não
basta para torná-Ia objetiva ou verdadeira.
Em resumo, a identificação de uma norma como regra ou como
princípio (a inclusão de uma norma na classe das regras ou dos princí-
pios) é uma variável dependente da interpretação entendida de maneira
lata, sendo, por conseguinte, algo discricionário. Como se dizia supra,
H.Á. mostra persuasivamente, com uma coleção de exemplos, que, ao
fim e ao cabo, qualquer enunciado normativo pode ser considerado uma
formulação, seja de uma regra, seja de um princípio.
Um exemplo muito claro em tal sentido é oferecido por uma dispo-
sição como o art. 3º, comma I, da constituição italiana, que estabelece
que todos os cidadãos são iguais perante a lei, sem distinção de sexo,
raça, língua, religião, opiniões políticas, condições pessoais e sociais.
Nada impede que se interprete essa disposição como regra, com suporte
fático fechado e defectível, com a consequência de considerar, sem dú-
vida, inconstitucional qualquer lei que distinga os cidadãos utilizando
tais critérios (sexo, raça etc.); da mesma forma, sustentar não incons-
titucional qualquer lei que faça distinções com base em critérios dife-
rentes daqueles enumerados. Todavia, segundo a interpretação standard
da Corte constitucional italiana, tal disposição exprime não uma regra,
mas sim um princípio (a) com antecedente aberto e (b) superável. Assim
sendo: de um lado, uma lei pode ser inconstitucional apesar de distinguir
cidadãos por razões diferentes daquelas expressamente enumeradas (por
exemplo, a idade - antecedente aberto); por outro lado, uma lei pode
ser não inconstitucional mesmo que distinga cidadãos através de uma
das razões expressamente enumeradas (por exemplo, o sexo - defecti-
PRÓLOGO DA EDIÇÃO ITALIANA 19
RICCARDO GUASTINI
EROSROBERTO
GRAU
Professor Titular Aposentado de Direito Econômico da USP
Ex-Ministro do Supremo Tribunal Federal
NOTA À 17ª EDIÇÃO
Julho de 2016
NOTA À 16ªEDIÇÃO
Março de 20 I4
Fevereiro 2013
Fevereiro de 2012
NOTA À 12ªEDIÇÃO
É com enorme regozijo que apresento aos leitores a l2ª edição do
Teoria, cujas edições anteriores se esgotaram, sempre com admirável
rapidez. Como o tema das espécies normativas é inesgotável, esta nova
edição traz um novo item destinado à/orça normativa dos princípios.
Nesse novo texto é investigada a noção, outrora vanguardista, mas
hoje tradicional, especialmente na doutrina brasileira, de que os princí-
pios são normas carecedoras de ponderação, no sentido restrito de nor-
mas suscetíveis de afastamento diante de princípios colidentes. Este tra-
balho critica essa concepção, procurando demonstrar que há diferentes ti-
pos de princípios, nem todos capazes de afastamento diante de princípios
contrários. Tal estudo é da mais alta importância, notadamente no Brasil,
onde se vive um momento de verdadeiro relativismo axiológico, capaz de
justificar a flexibilização de tudo, inclusive do que é fundamental.
NOTA À lOªEDIÇÃO
É com incomparável entusiasmo que apresento aos leitores a 10ª
edição do Teoria, cujas edições anteriores se esgotaram, sempre com
NOTAS ÀS EDiÇÕES ANTERIORES 33
NOTA À 9ª EDIÇÃO
NOTA À 8ª EDIÇÃO
É com enorme satisfação que lanço a 8ª edição da Teoria. Ela conta
com nova revisão do seu texto, novas decisões judiciais que dão suporte às
teses defendidas ao longo da exposição e novas indicações bibliográficas.
Mais uma vez, agradeço a todos os Professores e alunos, brasileiros
e estrangeiros, que têm, tão calorosamente, acolhido a presente obra, pe-
las valiosas contribuições que levam ao seu contínuo aperfeiçoamento.
NOTA À 7ª EDIÇÃO
É com enorme satísfação que lanço a 7ª edição da Teoria. Ela conta
não só com a revisão geral do seu texto como, também, com a ampliação
da parte relativa às normas de segundo grau, onde é investigado o pos-
tulado da coerência do ordenamento jurídico. Como os princípios não
preestabelecem o meio a ser necessariamente escolhido para sua realiza-
ção, permitindo a escolha de vários meios, e como há vários princípios
constitucionais apontando em mais de uma direção, somente o recurso
ao postulado da coerência permitirá encontrar a alternativa interpretativa
melhor suportada pelo conjunto do ordenamento constitucional. Daí a
inclusão, nesta edição, do estudo do postulado da coerência.
A revisão e ampliação da Teoria foram feitas por ocasião da sua
recente publicação em inglês. Depois de analisar a obra e fazer ligeiras
sugestões, o Professor FREDERICK SCHAUER,da Universidade de Harvard,
EUA, endossou o seu encaminhamento à renomada editora internacio-
nal Springer, com sede em Amsterdã, na Holanda, para publicação na
prestigiada coleção LalV and Philosophy Librmy, coordenada por ele
e pelos eminentes Professores FRANCISCO LAPORTA,da Universidade de
Madri, Espanha, e ALEKSANDER PECZENIK,da Universidade de Lund, Fin-
lândia. Depois de passar por dois prestigiados pareceristas, e pelo Con-
selho Editorial, a obra finalmente foi publicada, em maio deste ano, sob
o título The TheOlY of Legal Principies. Agradeço, pois, aos Diretores,
aos membros do Conselho Editorial e aos ilustres professores pareceris-
tas pelo privilégio de lançar, ao debate acadêmico internacional, aquilo
que os leitores brasileiros e alemães têm tão generosamente acolhido.
NOTA À 6ª EDIÇÃO
Esta nova edição, exigida após o rápido esgotamento da edição an-
terior, conta com o texto anterior revisto e acrescido de novas partes
NOTAS ÀS EDIÇÕES ANTERIORES 35
Setembro de 2006
NOTA À 5ª EDIÇÃO
Após quatro edições, a última delas com três tiragens, todas esgota-
das rapidamente, chegou o momento de revisar e ampliar a Teoria. Além
de efetuar alterações pontuais relativas à redação do texto e ao aperfei-
çoamento das citações, a 5ª edição conta com os acréscimos feitos por
ocasião da versão alemã da obra. Depois de ler e fazer sugestões de
forma e conteúdo, o professor CLAUS-WILHELMCANARIS,Catedrático de
Direito Privado e Metodologia da Ciência do Direito da Universidade de
Munique, sugeriu a publicação da obra na Alemanha, encarregando-se
de encaminhá-Ia, pessoalmente, para a prestigiosa editora Duncker und
Humblot, de Berlim, que imediatamente aceitou incluí-Ia na renomada
série de Teoria do Direito, sob o título Theorie der Rechtsprinzipien.
A edição alemã foi devidamente adaptada e conta com farta pesquisa
jurisprudencial que corrobora suas conclusões também no ordenamento
jurídico da Alemanha.
Esta 5ª edição conta com vários acréscimos decorrentes das dis-
cussões travadas com seletos interlocutores. Ao professor CANARISsou
muito grato pelo aprimoramento da linguagem e do conteúdo geral da
obra. Ao professor FREDERICK SCHAUER,da Universidade de Harvard,
meu orientador de pós-doutoramento na Harvard Law Schoo/, devo o
auxílio crítico para o exame da bibliografia inglesa e americana sobre a
teoria das normas, responsável pelo aprofundamento da investigação da
eficácia dos princípios e das regras.
Dentre as inovações, destacam-se as seguintes partes: detalhamento
da eficácia externa dos princípios e das regras; construção e análise das
condições de superabilidade das regras; análise crítica do uso inconsis-
tente de normas e metanormas; exame crítico da falta de diferenciação
entre as espécies de postulados.
Janeiro de 2006
36 TEORIA DOS PRINCíPIOS
NOTA À 3ª EDIÇÃO
É com imensa satisfação que apresento aos leitores a nova edição
da Teoria dos Princípios, cuja 2ª edição, da mesma forma que a Iª, es-
gotou-se em poucos meses.
Esta edição foi devidamente revisada e ampliada com duas impor-
tantes partes.
A primeira versa sobre a eficácia dos princípios e das regras, e foi
inserida no final do segundo capítulo (pp. 78 e ss.). Trata-se de tema da
mais alta relevância, pois permite compreender melhor não só a dife-
rente funcionalidade dos princípios e das regras como verificar que as
regras não são normas de segunda categoria.
A segunda trata da intensidade do controle dos outros Poderes pelo
Poder Judiciário, e foi posta no final do terceiro capítulo (pp. 125-127).
Novamente, é por demais importante saber em quais situações o grau de
controle do Poder Judiciário sobre as escolhas feitas pelo Poder Legis-
lativo e pelo Poder Executivo deverá ser mais intenso e em quais casos
deverá ser menos intenso, especialmente para demonstrar que, em qual-
quer hipótese, sempre haverá controle.
Março de 2004
NOTA À 2ª EDIÇÃO
É com imensa satisfação que apresento aos leitores a nova edição
da Teoria, cuja 1ª edição, lançada em abril deste ano, para minha grata
surpresa, esgotou-se em poucos meses. Nesta edição limitei-me a efetuar
pequenas alterações pontuais relativas à redação do texto.
Agosto de 2003
SUMARIO
/. CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS 43
3.6.3.3.2 Aplicabilidade
3.6.3.3.2.1 Relação entre meio e fim .... 205
3.6.3.3.2.2 Fins internos e fins externos 207
3.6.3.3.3 Exames inerentes à proporcio-
nalidade
3.6.3.3.3.1 Adequação 209
3.6.3.3.3.2 Necessidade 215
3.6.3.3.3.3 Proporcionalidade em senti-
do estrito 217
3.6.3.3.4 Intensidade do controle dos
outros Poderes pelo Poder
Judiciário 218
3.7 Análise da/alta de diferenciação entre os postulados 220
4. CONCLUSÕES 225
BIBLIOGRAFIA 229
1
CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS
Fácil de ver que não se está, aqui, a exaltar uma mera exigência ana-
lítica de dissociar apenas para separar. A forma como as categorias são
denominadas pelo intérprete é secundária. A necessidade de distinção
não surge em razão da existência de diversas denominações para nume-
rosas categorias. Ela decorre, em vez disso, da necessidade de diferentes
designações para diversos fenômenos.2 Não se trata, pois, de uma dis-
tinção meramente terminológica, mas de uma exigência de clareza con-
ceitual: quando existem várias espécies de exames no plano concreto,
é aconselhável que elas também sejam qualificadas de modo distinto.3
A dogmática constitucional deve buscar a clareza também porque ela
proporciona maiores meios de controle da atividade estatal.4
Este trabalho procura, pois, contribuir para uma melhor definição
e aplicação dos princípios e das regras. Sua finalidade é clara: manter
a distinção entre princípios e regras, mas estruturá-la sob fundamentos
diversos dos comumente empregados pela doutrina. Demonstrar-se-á,
de um lado, que os princípios não apenas explicitam valores, mas, in-
diretamente, estabelecem espécies precisas de comportamentos; e, de
outro, que a instituição de condutas pelas regras também pode ser objeto
de ponderação, embora o comportamento preliminarmente previsto de-
penda do preenchimento de algumas condições para ser superado. Com
isso, ultrapassa-se tanto a mera exaltação de valores sem a instituição
de comportamentos, quanto a automática aplicação de regras. Propõe-se
um modelo de explicação das espécies normativas que, ademais de in-
serir uma ponderação estruturada no processo de aplicação, ainda inclui
critérios materiais de justiça na argumentação, mediante a reconstrução
analítica do uso concreto dos postulados normativos, especialmente da
razoabilidade e da proporcionalidade. Tudo isso sem abandonar a capa-
cidade de controle intersubjetivo da argumentação, que, normalmente,
descamba para um caprichoso decisionismo.
A distinção entre princípios e regras virou moda. Os trabalhos de
direito público tratam da distinção, com raras exceções, como se ela, de
tão óbvia, dispensasse maiores aprofundamentos. A separação entre as
2. Humberto Bergmann Á vila, "A distinção entre princípios e regras ...", RDA
215/151-152.
3. Stefan Huster, Rechte und Ziele: Zur Dogmatik des allgemeinen Gleichheits-
satzes, pp. 134 e 144-145.
4. Klaus Vogel e Christian Waldhoff, Grundlagen des FinGnzve/jassungsre-
chts: Sonderausgabe des Bonner Kommentars zum Grundgesetz (Vorbemerkungen
Zll Art. I04a bis 115 GG), número de margem 342, p. 232.
46 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
Normas não são textos nem o conjunto deles, mas os sentidos cons-
truídos a partir da interpretação sistemática de textos normativos. Daí se
afirmar que os dispositivos se constituem no objeto da interpretação; e as
normas, no seu resultado. I O importante é que não existe correspondên-
cia entre norma e dispositivo, no sentido de que sempre que houver um
dispositivo haverá uma norma, ou sempre que houver uma norma deverá
haver um dispositivo que lhe sirva de suporte.
Em alguns casos há norma mas não há dispositivo. Quais são os
dispositivos que preveem os princípios da segurança jurídica e da cer-
teza do Direito? Nenhum. Então há normas, mesmo sem dispositivos
específicos que lhes deem suporte fisico.
Em outros casos há dispositivo mas não há norma. Qual norma
pode ser construída a partir do enunciado constitucional que prevê a
proteção de Deus? Nenhuma. Então, há dispositivos a partir dos quais
não é construída norma alguma.
Em outras hipóteses há apenas um dispositivo, a partir do qual se
constrói mais de uma norma. Bom exemplo é o exame do enunciado
prescritivo que exige lei para a instituição ou aumento de tributos, a
partir do qual pode-se chegar ao princípio da legalidade, ao princípio
da tipicidade, à proibição de regulamentos independentes e à proibição
de delegação normativa. Outro exemplo ilustrativo é a declaração de
inconstitucionalidade parcial sem redução de texto: o Supremo Tribu-
nal Federal, ao proceder ao exame de constitucionalidade das normas,
investiga os vários sentidos que compõem o significado de determina-
do dispositivo, declarando, sem mexer no texto, a inconstitucionalidade
\. Riccardo Guastini, Teoria e Dogmatica del/e Fonti, p. 16, e Dal/e Fonti aI/e
Norme, pp. 20 e ss.
NORMAS DE PRIMEIRO GRAU: PRINCÍPIOS E REGRAS 51
que o intérprete não atribui "o" significado correto aos termos legais. Ele
tão só constrói exemplos de uso da linguagem ou versões de significado
- sentidos -, já que a linguagem nunca é algo pré-dado, mas algo que se
concretiza no uso ou, melhor, como uso.3
Essas considerações levam ao entendimento de que a atividade do
intérprete - quer julgador, quer cientista - não consiste em meramente
descrever o significado previamente existente dos dispositivos. Sua ati-
vidade consiste em constituir esses significados.4 Em razão disso, tam-
bém não é plausível aceitar a ideia de que a aplicação do Direito envolve
uma atividade de subsunção entre conceitos prontos antes mesmo do
processo de aplicação.5
Todavia, a constatação de que os sentidos são construídos pelo in-
térprete no processo de interpretação não deve levar à conclusão de que
não há significado algum antes do término desse processo de interpreta-
ção. Afirmar que o significado depende do uso não é o mesmo que sus-
tentar que ele só surja com o uso específico e individual. Isso porque há
traços de significado mínimos incorporados ao uso ordinário ou técnico
da linguagem. Wittgenstein refere-se aos jogos de linguagem: há senti-
dos que preexistem ao processo particular de interpretação, na medida
em que resultam de estereótipos de conteúdos já existentes na comuni-
cação linguística geral.6 Heidegger menciona o enquanto hermenêutico:
há estruturas de compreensão existentes de antemão ou a priori, que per-
mitem a compreensão mínima de cada sentença sob certo ponto de vista
já incorporado ao uso comum da linguagem.7 Miguel Reale faz uso da
ção desses valores. O intérprete não pode desprezar esses pontos de par-
tida. Exatamente por isso a atividade de interpretação traduz melhor uma
atividade de reconstrução: o intérprete deve interpretar os dispositivos
constitucionais de modo a explicitar suas versões de significado de acor-
do com os fins e os valores entremostrados na linguagem constitucional.
O decisivo, por enquanto, é saber que a qualificação de determina-
das normas como princípios ou como regras depende da colaboração
constitutiva do intérprete. Resta saber como devem ser definidos os prin-
cípios e qual a proposta aqui defendida.
15. Sobre essa questão, no Direito Brasileiro, V., especialmente: Eros Roberto
Grau, Ensaio ..., 3ª ed., 2005; Walter Claudius Rothenburg, Principios Constitucio-
nais, 1999. No direito estrangeiro, v.: J. 1. Gomes Canotilho, Direito Constitucional
e Teoria da Constituição, 3ª ed., pp. 1.086 e ss.; Alfonso GarCÍa Figueroa, Principios
y Positivismo Juridico, 1998.
16. Josef Esser, Grundsatz und Norm in der richterlichen Fortbildung des Pri-
vatrechts, 4ª tir., p. 51.
17. Idem, ibidem.
56 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
23. Ronald Dworkin, Taking Rights Serio/lsly, 6ª tir., p. 26, e "Is law a system
ofrules?", The Philosophy o/Law, p. 45.
24. Ronald Dworkin, Taking Rights Serio/lsly, 6ª tir., p. 26.
25. Robert Alexy, "Zum Begritf des Rechtsprinzips", Arg/lmentation lInd Her-
menelltik in der JlIrisprudenz, Rechtstheorie, Separata 1/65.
26. Robert Alexy, "Zum Begritf des Rechtsprinzips", Argllmentation lInd Her-
menelltik in der JlIrisprudenz, Rechtstheorie, Separata I/59 e ss.; Redit, Vernllnji,
Diskllrs, p. 177; "Rechtsregeln und Rechtsprinzipien", Archives Rechts lInd Sozial-
philosophie, Separata 25/19 e ss.; "Rechtssystem und praktische Vemunft", Redit,
Vernllnji, Diskllrs, pp. 216-217; e Theorie der Grundrechte, 2ª ed., pp. 77 e ss.
27. Robert Alexy, "Rechtsregeln und Rechtsprinzipien", Archives Rechts lInd
Sozialphilosophie, Separata 25/17.
28. Idem, p. 18.
58 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
2.3.1.1 Conteúdo
39. Katharina Sabota, Das Prinzip Rechlsslaal, p. 415; Manfred Stelzer, Das
Wesensgehallsargllmenlllnd der Grundsalz der Verhallnismafligkeil, p. 215.
62 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
44. Ronald Dworkin, Taking Rights Seriolls/y, 6ª tir., p. 26, e "Is law a system
of rules?", The Philosophy of LalV, p. 45.
45. Ronald Dworkin, Takings Rights Seriolls/y, 6ª tir., p. 24
46. Robert Alexy, "Rechtssystem und praktische Vemunft", Recht, Vernllnjt,
Diskllrs, pp. 216-217, e Theorie der Grundrechte, 2ª ed., p. 77.
66 TEORIA DOS PRINCíPIOS
56. Robert Summers, "Two types ofsubstantive reasons: the core ofa theory of
common-Iaw justification", The Jllrisprudence of Lall' 's Form and SlIbstance (Co 1-
lected Essays in LalV), pp. 155-236 (224); Neil MacCormick, "Argumentation and
interpretation in law", Ratio Juris 6/17, n. I.
57. Frederick Schauer, Playing by the Rufes .... , pp. 38 e ss.
NORMAS DE PRIMEIRO GRAU: PRINCíPIOS E REGRAS 71
58. Ronald Oworkin, Taking Rights Seriously, 6ª tir., p. 24; Robert Alexy, "Re-
chtssystem und praktische Vemunft", Recht, Vernunjt, Diskurs, pp. 216-217, e Theo-
rie der Grundrechte, 2ª ed., p. 77.
59. Jaap C. Hage, Reasoning with Rules. An Essay on Legal Reasoning and its
Underlying Logic, pp. 5 e 118.
72 TEORIA DOS PRINCíPIOS
conduta devida, no estado de coisas que pode ser mais ou menos atin-
gido. Isso significa, porém, que não são os princípios que são aplicados
de forma gradual, mais ali menos, mas é o estado de coisas que pode
ser mais ou menos aproximado, dependendo da conduta adotada como
meio. Mesmo nessa hipótese, porém, o princípio é ou não aplicado: ou
o comportamento necessário à realização ou preservação do estado de
coisas é adotado, ou não é adotado. Por isso, defender que os princípios
sejam aplicados de forma gradual é baralhar a norma com os aspectos
exteriores, necessários à sua aplicação.
O ponto decisivo não é, portanto, o suposto caráter absoluto das
obrigações estatuídas pelas regras, mas o modo como as razões que im-
põem a implementação das suas consequências podem ser validamente
ultrapassadas; nem a falta de consideração a aspectos concretos e indi-
viduais pelas regras, mas o modo como essa consideração deverá ser
validamente fundamentada - o que é algo diverso.
É preciso ressaltar que as regras, apesar de exigirem um processo
argumentativo envolvendo um entrechoque de razões para definir o sen-
tido da sua descrição normativa e o seu âmbito de aplicação (ponderação
em sentido amplo), não podem ser simplesmente afastadas ou superadas,
como ocorre com determinados princípios (vide, abaixo, item 2.6). As-
sim, afirmar que as regras exigem um processo de ponderação interna, no
sentido estrito de sopesamento entre razões e contrarrazões que termina
com a atribuição do seu sentido, não é o mesmo que dizer que elas podem
ser simplesmente superadas. Aqui o perigo de confusão. Ainda que exis-
tam vários tipos de regras, e não um só, pode-se afirmar que aquilo que
caracteriza as regras é precisamente o seu grau de rigidez, indicativo de
um comportamento ou de um âmbito de poder, que não pode ceder senão
diante da excepcionalidade da situação e mediante o preenchimento de
requisitos formais e materiais (vide, abaixo, item 2.4.9).
NORMAS DE PRIMEIRO GRAU: PRINCíPIOS E REGRAS 73
2.3.3.1 Conteúdo
65. Aleksander Peczenik, On Lmv and Reason, p. 61; Karl Engisch, Die Ei-
nheit der Rechtsordnung, Dannstadt, WBG, 1987 (nova impressão da obra de 1935),
p.46.
66. Sobre a questão, v. o magistral voto do Des. Araken de Assis. no AI
598.398.600, TJRS, 4ª Câmara Cível, ReI. Des. Araken de Assis, j. 25.11.1998, in
Jurisprudência Administrativa. Síntese Trabalhista 121/115-119, Porto Alegre, Sín-
tese, julho/1999).
76 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
69. Aleksander Peczenik, On Law and Reason, pp. 63, 80, 412 e 420, e "The
passion for reason", The Lmv in Philosophical Perspecfives, p. 183.
70. Frederick Schauer, Playing by fhe Rules .... , p. 35.
71. Aleksander Peczenik, "The passion for reason", The Law in Philosophical
Perspecfives, p. 181.
72. Frederick Schauer, Playing by fhe Rules .... , pp. 47 e 59.
80 TEORIA DOS PRINCíPIOS
79. Klaus Günther, Der Sinn fii,. Angemessenheif .... , p. 272; Claus-Wilhelm
Canaris, Die Festste/lung von Liicken im Gesetz, 1982.
80. Jaap C. Hage, Reasoning lVit!JRufes .... , p. 116.
NORMAS DE PRIMEIRO GRAU: PRINCÍPIOS E REGRAS 83
2.4.1 Fundamentos
179. Ronald Dworkin, "A reply to Raz", in Ronald DIVorkin and Contempora-
ryJlIrisprlldence, Marshall Cohen (org.), Totowa, Rowman andAllanheld, 1983, pp.
26 I-262. Joseph Raz, "Legal PrincipIes and the Limits ofLaw", in idem, pp. 73 e ss.
180. Robert Alexy, "Ideales Sollen", in Grundrechle, Prinzipienllnd Argllmen-
talion, Laura Clérico/Jean-Reinard Sieckmann (orgs.), Baden-Baden, Nomos, 2009,
pp. 21 e ss.
181. Ralf Poscher, "Einsichten, Irrtümer und Selbstmissverstandnis der Prin-
zipientheorie", in Jan Sieckmann (org.), Die Prinzipientheorie der Grllndrechle,
Baden-Baden, Nomos, 2007, pp. 59 e ss. Idem, "Theorie eines Phantoms - Die er-
folglose Suche der Prinzipientheorie nach ihrem Gegenstand", in RechtsIVissens-
chaft. Zeitschriftfiir rechtsIVissenschaftliche Forschllng, Baden-Baden, Nomos, n. 4,
20 I O, pp. 349-72. Matthias Jestaedt, "Di e Abwagungslehre - ihre Starken und ihre
Schwachen", in Otto Depenhauer et alii (orgs.), Slaat im Wort - FS fiir Jose! Isensee,
Heidelberg, C. F. Müller, 2007, pp. 253-275.
158 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
175. Joseph Raz, The Authority o/ LalV, 2ª ed., Oxford, OUP, 2009, pp. 13 e ss.
176. Jürgen Habennas, Faktizitat und Geltung, 4ª ed., Dannstadt, WB, 1994,
pp. 309 e ss. Rodolfo Arango, "Deontologische und teleologische Grundrechtskon-
zeptionen", in Grundrechte. Prinzipien und Argumentation, Laura Clérico/Jean-Rei-
nard Sieckmann (orgs.), Baden-Baden, Nomos, 2009, p. 68.
177. Eros Roberto Grau, "O perigoso artificio da ponderação entre princípios",
Sobre a Prestação Jurisdicional - Direito Penal, São Paulo, Malheiros Editores,
2010, p. 40.
NORMAS DE PRIMEIRO GRAU: PRINCÍPIOS E REGRAS 155
173. Sobre essa concepção, vide, na linha das anteriores, já citadas, as recentes
obras de Riccardo Guastini, Le Fonti dei Diriflo, Milão, Giuffre, 20 IO, p. 207. Idem,
Interpretare e argomentare, Milão, Giutlre, 2011, p. 180.
174. Riccardo Guastini, "I principi costituzionali in quanto fonte di perplessi-
tá", in Nuovi Studi Sul! 'Interpretazione, Roma, Aracnc, 2008, p. 125.
154 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
171. Robert Nozick, Anarchy, State and Utopia, Oxford, Blackwell, 1975, pp.
30-32.
172. Shelly Kagan, The Limits of Mora/ity, Oxford, Clarendon, 1989, p. 17.
NORMAS DE PRIMEIRO GRAU: PRINCíPIOS E REGRAS 153
169. Humberto Á vila, "O que é devido processo legal?", Revista de Processo
163/58, São Paulo, Ed. RT, 2008.
170. Humberto Ávila, Teoria da Igualdade Tributária, 2ª ed., São Paulo, Ma-
lheiros Editores, 2009, p. 150.
152 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
164. STJ, lª Tunna, AgR nos ED no AI 633.751-MG, reI. Min. Luiz Fux, j.
7.4.2005, DJU2.5.2005, p. 183.
142 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
163. Este argumento foi utilizado em voto recente do Ministro Marco Aurélio,
para sustentar que "diferentemente da ponderação de princípios, que envolve o con-
flito entre dois valores materiais, a 'derrota' de regras (ou ponderação de regras, para
os que assim preferem) exige do intérprete que sopese não só o próprio valor veicu-
lado pelo dispositivo como também os da segurança jurídica e da isonomia" (STF,
Tribunal Pleno, RE 567.985, reI. pl Acórdão Min. Gilmar Mendes, j. 18.4.2013,
DJe-/94 3.10.2013, p. 13 do Acórdão).
NORMAS DE PRIMEIRO GRAU: PRINCÍPIOS E REGRAS 14I
148. Larry Alexander e Emily Sherwin, The Rules ofRlIles ..., p. 30.
149. Joseph Raz, The AlIthority of LalV - Essays 011 LalV and Morality, p. 17.
150. Idem, pp. 22-23.
151. Frederick Schauer, "Fonnalism", The Yale LalV JOllrnaI97-4/537.
NORMAS DE PRIMEIRO GRAU: PRINCíPIOS E REGRAS 135
145. Aulis Aamio, Reason and Authority. A Treatise on the Dynamic Paradigm
of Legal Dogmatics, pp. 160 e SS.; Jordi Ferrer Beltrán, Las Normas de Competencia,
p.127.
146. Larry Alexander e Emily Sherwin, The Rules of Rules - Morali(v, Rules
alJd lhe Di/emmas Df LalV, p. 4.
147. Stephen E. Gottlieb, "The paradox of balancing significant interests",
Haslings Law Journal 45-4/843 ..
134 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
União no sentido de que "a tese defendida pelo autor sobre a possibi-
lidade de existência de disposições inconstitucionais diante de normas
tidas como de hierarquia superior não é aceitável" (fls. 318). Por fim, o
Tribunal entendeu que o Poder Constituinte é livre para fixar os limites
de um princípio constitucional, já que "quem é livre para fixar um prin-
cípio o é também para impor-lhe exceções" (fls. 325). Essas exceções
são estabelecidas por meio de regras. Pode-se afirmar que o Supremo
Tribunal Federal, com outras palavras, decidiu que o aplicador - seja
ele o Poder Judiciário, seja ele o Poder Legislativo - não pode afastar
uma regra com base num princípio constitucional, em razão do caráter
definitório e decisivo das regras.
O mesmo raciocínio foi feito pelo Supremo Tribunal Federal quan-
do analisou a possibilidade de resolver o conflito entre as garantias cons-
titucionais de proteção contra a prova ilícita e o interesse público repres-
sivo. Em vez de efetuar uma ponderação entre os direitos individuais
regrados pela Constituição e o interesse público colidente, o Supremo
Tribunal Federal decidiu que não cabe a ele efetuar nova ponderação
quando a Constituição já fez uma ponderação anterior por meio do esta-
belecimento de uma regra. Ilustrativo é o voto do Min. Sepúlveda Per-
tence: "Posto não ignore a autoridade do entendimento contrário, resisto,
no entanto, a admitir que à garantia constitucional da inadmissibilidade
da prova ilícita se possa opor, com o fim de dar-lhe prevalência em nome
do princípio da proporcionalidade, o interesse público na eficácia da re-
pressão penal em geral ou, em particular, na de determinados crimes.
É que, aí, foi a Constituição mesma que ponderou os valores contra-
postos e optou - em prejuízo, se necessário, da eficácia da persecução
criminal - por valores fundamentais, da dignidade humana, aos quais
serve de salvaguarda a proscrição da prova ilícita".142
Compreensão similar também foi feita pelo Supremo Tribunal Fe-
deral no julgamento a respeito da ampliação da base de cálculo de uma
contribuição social, prevista numa regra constitucional de competência,
por uma lei ordinária.143 Nesse caso, havia duas posições no Tribunal: de
um lado, e com base em diferentes formas de argumentar, alguns Minis-
138. Larry Alexander e Emily Sherwin, The Rufes of Rufes - Morafily, Rufes
and lhe Dilell1l11as of Law, p. 103.
139. Idem, ibidem.
126 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
2.4.8.2.1 Conteúdo
131. Thédore Ivainer, L '/nterprétation des faits en droit, pp. 188 e ss.
132. Arthur Kaufmann, Analogie und Natur der Sache. Zugleich ein Beitrag
zur Lehre vom 7j'pUS, pp. 37 ss.
124 TEORIA DOS PRINCíPIOS
2.4.8.1.1 Conteúdo
As normas atuam sobre as outras normas do mesmo sistema jurí-
dico, especialmente definindo-lhes o seu sentido e o seu valor. Os prin-
cipios, por serem normas imediatamente finalísticas, estabelecem um
estado ideal de coisas a ser buscado, que diz respeito a outras normas
do mesmo sistema, notadamente das regras. Sendo assim, os principios
são normas importantes para a compreensão do sentido das regras. Por
exemplo, as regras de imunidade tributária são adequadamente compre-
endidas se interpretadas de acordo com os principios que lhes são sobre-
jacentes, como é o caso da interpretação da regra da imunidade reciproca
com base no principio federativo. Essa aptidão para produzir efeitos em
diferentes níveis e funções pode ser qualificada de função eficaciaI.130
128. STF, 2ª Tunna, RE I92.568-0-PI, reI. Min. Marco Aurélio, j. 23.4. I 996,
DJU 13.9.1996, p. 33.241.
120 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
126. STF, Tribunal Pleno, RE 346.084, reI. Min. limar Galvão, reI. para o acór-
dão Min. Cézar Peluzo, DJU 1.9.2006.
127. Humberto Ávila, Sistema Constitucional Tributário, p. 53.
NORMAS DE PRIMEIRO GRAU: PRINCÍPIOS E REGRAS I 15
124. Aulis Aamio, Reason and A IIthority. A Treatise on the Dynamic Paradigm
0/ Legal Dogmatics, p. 174.
108 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
122. Cf. Ricardo Guastini, 1/ Gilldice e la Legge, pp. \36 e SS.; Aulis Aarnio,
Reason and AII/hori/y. A Trea/ise on lhe Dynamic Paradigm of Legal Dogma/ics,
pp. 160 e ss.
104 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
o conteúdo desejado. Esses, por sua vez, podem ser o alcance de uma
situação terminal (viajar até algum lugar), a realização de uma situa-
ção ou estado (garantir previsibilidade), a perseguição de uma situação
contínua (preservar o bem-estar das pessoas) ou a persecução de um
processo demorado (aprender o idioma Alemão). O fim não precisa, ne-
cessariamente, representar um ponto final qualquer (Endzustand), mas
apenas um conteúdo desejado. Daí se dizer que o fim estabelece um
estado ideal de coisas a ser atingido, como forma geral para enquadrar os
vários conteúdos de um fim. A instituição do fim é ponto de partida para
a procura por meios. Os meios podem ser definidos como condições
(objetos, situações) que causam a promoção gradual do conteúdo do fim.
Por isso a ideia de que os meios e os fins são conceitos correlatos.118
Por exemplo, o princípio da moralidade exige a realização ou pre-
servação de um estado de coisas exteriorizado pela lealdade, seriedade,
zelo, postura exemplar, boa-fé, sinceridade e motivação. I 19 Para a rea-
lização desse estado ideal de coisas são necessários determinados com-
portamentos. Para efetivação de um estado de lealdade e boa-fé é preciso
cumprir aquilo que foi prometido. Para realizar um estado de seriedade
é essencial agir por motivos sérios. Para tomar real uma situação de
zelo é fundamental colaborar com o administrado e informá-lo de seus
direitos e da forma como protegê-los. Para concretizar um estado em que
predomine a sinceridade é indispensável falar a verdade. Para garantir a
motivação é necessário expressar por que se age. Enfim, sem esses com-
portamentos não se contribui para a existência do estado de coisas posto
como ideal pela norma, e, por consequência, não se atinge o fim. Não se
concretiza, portanto, o princípio.
O importante é que, se o estado de coisas deve ser buscado, e se
ele só se realiza com determinados comportamentos, esses comporta-
mentos passam a constituir necessidades práticas sem cujos efeitos a
progressiva promoção do fim não se realiza. Como afirma Weinberger,
a relação meio/fim leva à transferência da intencional idade dos fins para
a dos meios.12o Em outras palavras, a positivação de princípios implica a
obrigatoriedade da adoção dos comportamentos necessários à sua reali-
zação, salvo se o ordenamento jurídico predeterminar o meio por regras
de competência.
Princípios Regras
imediata ou mediata, com fins que devem ser atingidos e com condutas
que devem ser adotadas. Isso permite que o aplicador saiba, de ante-
mão, que tanto os princípios quanto as regras fazem referência a fins e
a condutas: as regras preveem condutas que servem à realização de fins
devidos, enquanto os princípios preveem fins cuja realização depende de
condutas necessárias.
112. Robert Summers, "Two types of substantive reasons: ...", The Jurispru-
dence o/ LalV S Form and Substance (Collected Essays in LalV), pp. 155-236 (224).
113. Jaap C. Hage, Reasoning lVith Rules .... , p. 116.
96 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
107. Aulis Aamio, Reason and Aufhorify. ... , p. 183; Aleksander Peczenik, On
Law and Reason, p. 74.
108. Georg Henrik von Wright, "Sein und Sollen", Normen, Werfe und Hand-
fungen, p. 36.
109. Com base nesta argumentação, o Ministro Luiz Fux reconheceu, em
julgamento acerca da constitucionalidade de alterações na lei eleitoral, que "a pre-
sunção de inocência consagrada no art. 5º, LVII, da Constituição Federal deve ser
reconhecida como uma regra, ou seja, como uma nomla de previsão de conduta, em
especial a de proibir a imposição de penalidade ou de efeitos da condenação criminal
até que transitada em julgado a decisão penal condenatória" (STF, Tribunal Pleno,
ADC 29, reI. Min. Luiz Fux,j. 16.2.2012, DJe-127 29.6.2012, p. 15 do Acórdão).
110. Jaap C. Hage, Reasoning wifh Rufes , p. 67.
111. Aulis Aamio, Reason and Aufhorify. , p. 181.
NORMAS DE PRIMEIRO GRAU: PRINCÍPIOS E REGRAS 95
105. Georg Henrik von Wright, "Rationalitãt: Mittel und Zwecke", Normen.
Werte lmd Hand/ungen, p. 127.
106. Jaap C. Hage, Reasoning with Rufes .... , p. 67.
94 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
uma distinção quer com valor empírico, sustentado pelo próprio objeto
da interpretação, quer com valor conclusivo, não permitindo antecipar
por completo a significação normativa e seu modo de obtenção. Em vez
disso, ela se transforma numa distinção que privilegia o valor heurísti-
co, na medida em que funciona como modelo ou hipótese provisória de
trabalho para uma posterior reconstrução de conteúdos normativos, sem,
no entanto, assegurar qualquer procedimento estritamente dedutivo de
fundamentação ou de decisão a respeito desses conteúdos.96
3.1 Introdução
4. Cf. por exemplo: Klaus Stem, Das Staalsrechl der B/llldesrep/lblik Dellts-
ch/alld, BI, Grulldbegriffe IIlld Grulld/agell des Staatsrechts, Struklllrprillzipiell der
Verfassllllg, pp. 113 ss. Arthur Haeflinger, "Oie Hierarehie von Verfassungsnormen
und ihre Funktion beim Sehutz der Mensehenreehte", in EIIGRZ 1990, pp. 475-
482. Contrariamente: Roman Herzog, Hierarchie VOIlVe/jassllllgsllorlllell 1I1ldihre
FlIllklioll beim Schlltz der Grulldrechte, in EIIGRZ 1990, pp. 483-486.
5. Sobre o assunto, ver: Robert Alexy, Theorie der Grlllldrechte, pp. 94, 139,
140. Franz Bydlinski, FlIlldalllellta/e Rechtsgrulldsiitze, p. 125.
168 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
li. Neil MacConnick, Rheloric and lhe Rule o/ Law: a TheOlY o/ Legal Rea-
soning, p. 192. Idem, Legal Reasoning and Legal Theory, p. 157.
12. Neil MacConnick, Rheloric and lhe Rufe o/ Law: a Theory o/ Legal Rea-
soning, p. 190. Idem, "Coherence in Legal lustification", in TheOlY o/Legal Science,
pp. 235 e ss.
NORMAS DE SEGUNDO GRAU: POSTULADOS NORMATIVOS 171
13. Tal argumento foi utilizado pelo Superior Tribunal de Justiça ao julgar em
sede de REsp representativo de controvérsia (artigo 543-C do CPC/1973 e 1.036 do
CPC/20 15) se as taxas de manutenção criadas por associações de moradores podem
ser impostas àqueles que não anuíram a elas. A decisão, no sentido de que estas
taxas não são obrigatórias aos não associados ou àqueles que não anuíram com a
associação, fundamentou-se no fato de que a concepção da aceitação tácita ou da
preponderância do princípio da vedação ao enriquecimento sem causa acabaria por
esvaziar o sentido e a finalidade da garantia fundamental e constitucional da liberda-
de de associação (STJ, 2ª Seção, REsp 1.439.163, reI. p/acórdão Min. Marco Buzzi,
j. 11.3.2015, DJe 22.5.2015).
14. Neil MacCormick, Rhetoric and the Rule of Law: a Theory of Legal Rea-
soning, p. 190.
15. Christoph Gusy, Parlamentarischer Gesetzgeber und Bundesveifassungs-
gericht, p. 191. Sobre isso, no Direito Tributário: Joachim Lang, "Familienexistenz-
172 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
32. Cf.: Martin Borowsky, Grundrechte aIs Prinzipien, p. 91; Jan-Reinard Sie-
ckmann, Regelmodelle und Prinzipien-modelle des Rechtssystems, p. 84.
33. Willis S. Guerra Filho, Teoria da Ciência Jurídica, pp. 136 e 153.
34. Ricardo Lobo Torres, "A legitimação dos direitos humanos e os princípios
da ponderação e da razoabilidade", in Ricardo Lobo Torres (org.), Legitimação dos
Direitos Humanos, p. 432.
35. Lothar Michael, Der allgemeine Gleichheitssatz aIs Methodennorm kom-
parativer Systeme, pp. 42 e ss.
36. Incorporando a definição dos deveres de unidade e de concordância prática
como postulados normativos, ver a decisão sobre a denominada "lei da ficha limpa",
STF, Tribunal Pleno, RE 633.703, reI. Min. Gilmar Mendes, DJe-219, 18.11.2011,
especialmente o voto do Ministro Luiz Fux: "Os postulados da unidade e da concor-
dância prática das normas constitucionais, que impõem a vedação a que o intérprete
inutilize comandos normativos estabelecidos na Carta Constitucional de 1988, têm
por consequência jusfilosófica que mesmo o melhor dos direitos não pode ser apli-
cado contra a Constituição".
180 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
3.4.1 Consequências
Normalmente, porém, as exigências de proporcionalidade, razoabi-
lidade e proibição de excesso são definidas como princípios. Princípios,
porém, não podem ser, quer seja adotada a distinção fraca, quer seja
utilizada a diferenciação forte entre as espécies normativas.
Caso seja aceita a distinção fraca entre princípios e regras, a pro-
porcionalidade, por exemplo, não pode ser considerada uma espécie de
princípio, porque não tem elevado grau de abstração e generalidade: ela
dirige-se a situações determinadas (colisão entre princípios em razão da
utilização de um meio cuja adoção provoca efeitos que promovem a
realização de um princípio, mas restringem a realização de outro) e a
pessoas determinadas (sujeitos, normalmente autoridades públicas, que
NORMAS DE SEGUNDO GRAU: POSTULADOS NORMATIVOS 181
37. STF, Tribunal Pleno, Me na ADI 855-2-PR, reI. Min. Sepúlveda Pertence,
j. 1.7.1993, DJU 1.10.1993, p. 20.212.
184 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
há, porém, em que determinado postulado é utilizado sem que ele seja
expressamente mencionado. Em outros casos, embora presentes os ele-
mentos e a obrigação de estabelecer um modo especifico de relação
entre eles, o postulado não é utilizado. Noutros casos, ainda, existe a
menção expressa a determinado postulado, mas os elementos e a relação
entre eles são diversos dos elementos e das relações existentes em casos
decididos supostamente com base no mesmo postulado. Em face dessas
considerações, é preciso, depois de desveladas as hipóteses de aplica-
ção típica dos postulados, refazer a pesquisa, dessa feita não mediante
a busca do postulado como palavra-chave, mas por meio da busca dos
elementos e das relações que servem de suposto à sua aplicação.
Simplificadamente, isso significa (a) refazer a pesquisa jurispru-
dencial mediante a busca de outras palavras-chave; (b) analisar critica-
mente as decisões encontradas, reconstruindo-as argumentativamente de
acordo com o postulado em exame, de modo a evidenciar a falta de uso
ou seu uso inadequado.
38. Aleksander Peczenik, "The passion for reason", The Law in Philosophical
Perspectives, p. 184.
186 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
43. Laura Clérico, Die Sfrukfur der Verhiilfnismiifligkeif, p. 165; J05é M. Ro-
dríguez de Santiago, La Ponderación de Bienes ..., pp. 117 e 55.
44. JUrgen Habermas, Fakfizifiif und Gelfung, p. 317.
45. Humberto Á vila, "Argumentação jurídica e a imunidade do lívro eletrôní-
co", RDTribufário 79/163 e 5S., e Maferiell veljassungsrechfliche Beschriinkungen
der Besfeuerungsgewalf in der brasilianischen Verfassllllg und im deufschen Grund-
gesefz, pp. 375 e 5S.
188 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
3.6.3.1 Igualdade
52. Sobre o tema, cf., por todos, o excelente livro de Celso Antônio Bandeira
de Mello, O Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade, 3ª ed., 19ª tir., 2010.
Cr., também: Lothar Michael, Der allgemeine Gleichheitssatz ..., pp. 42 e 55. Con-
ferir, igualmente, minha obra: Humberto Ávila, Teoria da Igualdade Tributária,
2ª ed., São Paulo, Malheiros Editores, 2009, onde a igualdade é examinada em toda
a sua extensão.
53. Paul Kirchhof, Die Verschiedenheit der Menschen und die Gleichheit vor
dem Gesetz, pp. 8 e 55.
194 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
3.6.3.2 Razoabilidade
3.6.3.2.1 Generalidades
A razoabilidade estrutura a aplicação de outras normas, princípios
e regras, notadamente das regras. A razoabilidade é usada com vários
sentidos. Fala-se em razoabilidade de uma alegação, razoabilidade de
uma interpretação, razoabilidade de uma restrição, razoabilidade do fim
legal, razoabilidade da função legislativa.55 Enfim, a razoabilidade é uti-
lizada em vários contextos e com várias finalidades. Embora as decisões
dos Tribunais Superiores não possuam uniformidade terminológica,
nem utilizem critérios expressos e claros de fundamentação dos postula-
dos de proporcionalidade e de razoabilidade, ainda assim é possível- até
mesmo porque isso se inclui nas finalidades da Ciência do Direito - re-
construir analiticamente as decisões, conferindo-lhes a almejada clareza.
Por isso, não se pode afinnar que a falta de utilização expressa de crité-
rios no exame da proporcionalidade e da razoabilidade não permita ao
teórico do Direito saber, mediante a reconstrução analítica das decisões,
quais são os critérios implicitamente utilizados pela jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal.56
Relativamente à razoabilidade, dentre tantas acepções, três se des-
tacam. Primeiro, a razoabilidade é utilizada como diretriz que exige a
relação das normas gerais com as individualidades do caso concreto,
quer mostrando sob qual perspectiva a norma deve ser aplicada, quer
3.6.3.2.2 Tipo/agia
3.6.3.2.2.1 Razoabilidade como equidade - No primeiro grupo de
casos o postulado da razoabilidade exige a harmonização da norma geral
com o caso individual.
Em primeiro lugar, a razoabilidade impõe, na aplicação das normas
jurídicas, a consideração daquilo que normalmente acontece. Alguns ca-
sos ilustram essa exigência.
Um advogado requereu o adiamento do julgamento perante o Tribu-
nal do Júri porque era defensor de outro caso rumoroso que seria julgado
na mesma época. O primeiro pedido foi deferido. Depois de defender
seu cliente, e diante da recomendação de repouso por duas semanas, o
advogado requereu novo adiamento do julgamento. Nesse caso, porém,
o julgador indeferiu o pedido, por considerar o adiamento um descaso
para com a Justiça, presumindo que o advogado estava pretendendo, de
forma maliciosa, postergar indevidamente o julgamento. Na data mar-
cada para o julgamento, e mesmo após o réu afirmar que seu advogado
não estava presente, o Juiz-Presidente nomeou advogado dativo, que
logo assumiu a defesa. Inconformado com o indeferimento do pedido
e com o próprio resultado do julgamento, o advogado impetrou habeas
corpus. Na decisão asseverou-se não parecer fora de razoabilidade que
o advogado, que patrocinava causas complexas, cujo julgamento estava
ocorrendo com certa contemporaneidade, pudesse pedir o adiamento em
razão do que ocorrera no julgamento anterior. Enfim, afirmou-se que é
razoável presumir que as pessoas dizem a verdade e agem de boa-fé, em
vez mentir ou agir de má-fé. Na aplicação do Direito deve-se presumir o
que normalmente acontece, e não o contrário. A defesa apresentada pelo
advogado dativo foi considerada nula, em razão de o indeferimento do
196 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
65. STF, Tribunal Pleno, MC na ADI 2.667-DF, reI. Min. Celso de Mello, j.
19.6.2002, DJU 12.3.2004, p. 36.
66. STF, Tribunal Pleno, ADI 267-RJ, reI. Min. Nelson Jobim, j. 17.6.2002,
DJU26.3.2004, p. 5.
67. Diogo de Figueiredo Moreira Neto, "Moralidade administrativa: do concei-
to à efetivação", RDA 190/1 3.
68. Gino Scaccia, GIi "Sfrumenti" ..., p. 247.
69. Weida Zancaner, "Razoabilidade e moralidade: ...", Revista Diálogo JlIri-
dico 9/4 (disponivel em http://www.direitopllblico.com.br).
200 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
70. STF, Tribunal Pleno, MC na ADI 1.753-DF, reI. Ministro Sepúlveda Per-
tence, j. 16.4.1998, DJ U 12.6.1998, p. 51.
71. STF, Tribunal Pleno, MC na ADI 489-RJ, reI. Min. Sepúlveda Pertence, j.
7.8.1991, DJU22.11.1991, p. 16.845.
72. STF, Tribunal Pleno, MC na ADI 1.813-5-DF, reI. Min. Marco Aurélio, j.
23.4.1998, DJU 5.6.1998, p. 2.
73. Da mesma fomla, a razoabilidade serviu como critério de argumentação
em julgamento mais recente acerca da legalidade de exigência de estatura mínima de
1,60 m para concurso público de policial militar, tendo o Superior Tribunal de Jus-
tiça concluído que este critério se mostrava adequado com o desempenho da função
NORMAS DE SEGUNDO GRAU: POSTULADOS NORMATIVOS 201
de soldado (STJ, RMS 13.820-PI, Sexta Turma, reI. pl Acórdão mino Hélio Quaglia
Barbosa, j. I 1.4.2006, DJU 4.6.2007, p. 426).
74. V., supra, nota de rodapé 47.
75. STF, 2ª Turma, HC 77.003-4-PE, reI. Min. Marco Aurélio, j. 16.6.1998,
DJU 11.9. I998, p. 5. Na ADI-MC-QO 2.55 I-MG, Tribunal Pleno, reI. Min. Celso de
Mello, DJU de 20.4.2006, p. 5, o Tribunal deferiu a medida cautelar para suspender
a eficácia de lei que criou a taxa de expediente a ser paga pelas sociedades segura-
doras em valor muito superior ao custo do serviço prestado pelo Estado. Segundo o
202 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
Tribunal, "a taxa, enquanto contraprestação a uma atividade do Poder Público, não
pode superar a relação de razoável equivalência que deve existir entre o custo real
da atuação estatal referida ao contribuinte e o valor que o Estado pode exigir de cada
contribuinte (00.)".
76. Nesse sentido, ver a decisão sobre a "lei da ficha limpa", STF, Tribunal
Pleno, ADC 29, reI. Min. Luiz Fux, DJe 29.6.2012, especialmente o voto do Min.
Luiz Fux, p. 18.
77. Humberto Á vila, "A distinção entre princípios e regras e a redefinição do
dever de proporcionalidade", RDA 215/l51-179.
NORMAS DE SEGUNDO GRAU: POSTULADOS NORMATIVOS 203
3.6.3.3 Proporcionalidade
3.6.3.3.2 Aplicabilidade
3.6.3.3.2.1 Relação entre meio e fim - A proporcionalidade cons-
titui-se em um postulado normativo aplicativo, decorrente do caráter
principiai das normas e da função distributiva do Direito, cuja aplicação,
porém, depende do imbricamento entre bens jurídicos e da existência de
uma relação meio/fim intersubjetivamente controlável.84 Se não houver
uma relação meio/fim devidamente estruturada, então - nas palavras de
Hartmut Maurer - cai o exame de proporcionalidade, pela falta de pon-
tos de referência, no vazio.85
O exame de proporcionalidade aplica-se sempre que houver uma
medida concreta destinada a realizar umafinalidade. Nesse caso devem
ser analisadas as possibilidades de a medida levar à realização da fina-
lidade (exame da adequação), de a medida ser a menos restritiva aos
direitos envolvidos dentre aquelas que poderiam ter sido utilizadas para
atingir a finalidade (exame da necessidade) e de a finalidade pública ser
tão valorosa que justifique tamanha restrição (exame da proporcionali-
dade em sentido estrito).
Sem uma relação meio/fim não se pode realizar o exame do postu-
lado da proporcionalidade, pela falta dos elementos que o estruturem.
Nesse sentido, importa investigar o significado defim: fim consiste num
ambicionado resultado concreto (extrajurídico); um resultado que possa
ser concebido mesmo na ausência de normas jurídicas e de conceitos
jurídicos, tal como obter, aumentar ou extinguir bens, alcançar deter-
minados estados ou preencher determinadas condições, dar causa a ou
impedir a realização de ações.86
Como se vê, a aplicabilidade do postulado da proporcionalidade de-
pende de uma relação de causalidade entre meio e fim. Se assim é, sua
94. STF, Tribunal Pleno, RE 586.224, reI. Min. Luiz Fux,j. 5.3.2014, DJe 85,
8.5.2015.
212 TEORIA DOS PRINCíPIOS
101. Georg von Wright, "Rationalitat: Miltel und Zwecke", Normen, Werte lInd
Hand/lIngen, p. 126.
102. Laura Clérico, Die Strllktur ..., p. 85.
NORMAS DE SEGUNDO GRAU: POSTULADOS NORMATIVOS 217
105. STF, Tribunal Pleno, MC na ADI 855-2-PR, reI. Min. Sepúlveda Pertence,
j. 1.7.1993, DJU 1.10.1993, p. 20.212. Também no RE 413.782-8-SC, o Tribunal
Pleno, em caso relatado pelo Min. Marco Aurélio, DJU de 3.6.2005, p. 4, examinou a
constitucionalidade de parte do Regulamento do ICMS do Estado de Santa Catarina,
segundo a qual o contribuinte inadimplente relativamente ao dever de pagar ICMS
poderia ter acesso apenas a notas fiscais avulsas. Além do exame da proibição de
excesso, o STF manifestou-se no sentido de que a medida tributária equivale a um
"meio desproporcional" para obter o adimplemento do tributo. O Min. Cezar Peluso
destacou que, "noutras palavras, como bem antecipou o Ministro Gilmar Mendes, a
ofensa é ao princípio da proporcionalidade, porque o Estado está se valendo de um
meio desproporcional, com força coercitiva, para obter o adimplemento do tributo".
NORMAS DE SEGUNDO GRAU: POSTULADOS NORMATIVOS 219
106. Christian Rau, Selbst entwickelte Grenzen in der Rechtsprechung des Uni-
ted States Supreme Court und des Bundesveljassungsgerichts, pp. 192 e ss.; Marius
Raabe, "Grundrechtsschutz und gesetzgeberischer Einschatzungsspielraum - Eins
Konstruktiosvorschlag", AI/gemeinheit der Grundrechte und Vielfalt der Gesel/s-
chafl, pp. 94 e ss.
NORMAS DE SEGUNDO GRAU: POSTULADOS NORMATIVOS 221
eretos diferentes uns dos outros. Com essas observações fica também
evidente por que há tanta confusão entre esses exames: as expressões
"razoabilidade", "proporcionalidade" e "excessividade", quando não
utilizadas em razão do exame concreto que visam a representar, podem
fazer referência a exames concretos diferentes. Sendo a irrazoabilidade,
no exemplo da multa, a falta de equivalência entre o montante da multa
e a gravidade da conduta a ser punida, pode-se expressar essa falta de
equivalência tanto dizendo que não há "proporção" entre o montante da
multa e a falta cometida quanto afirmando que o montante da multa "ex-
cede" aquilo que seria adequado para punir a falta praticada. O mesmo
vale para os outros casos.
Isso quer dizer, então, que toda a discussão a respeito da "razoabili-
dade", da "proporcionalidade" e da "excessividade" diz respeito apenas
a um problema de consenso? Não. Quer dizer, em vez disso, que essas
expressões são ambíguas e que devem ser definidas, sendo secundário
decidir qual delas será utilizada para cada exame. O que deve ficar claro
- e este é o problema central - é que há três diferentes exames concre-
tos que não podem ser confundidos, pois envolvem elementos distintos
relacionados com parâmetros diversos. O problema não está em usar
essa ou aquela expressão, mas em confundir exames concretos diferen-
tes pelo uso unificado de uma só expressão ou pelo uso alternativo de
várias expressões. Dito de outro modo: o problema não está em usar uma
palavra para três fenômenos, mas não perceber que há três fenômenos
diferentes a analisar.
Importa registrar, por fim, que em todos esses exames sempre há
um raciocínio que é feito relativamente à aplicação de outras normas do
ordenamento jurídico. No exame da razoabilidade-equivalência analisa-
-se a norma que institui a intervenção ou exação com a finalidade de
verificar se há equivalência entre sua dimensão e a falta que ela visa a
punir. No exame de proporcionalidade investiga-se a norma que institui
a intervenção ou exação para verificar se o princípio que justifica sua
instituição será promovido e em que medida os outros princípios serão
restringidos. É por esse motivo que, nesse exame, vem à tona a restrição
maior ou menor aos princípios fundamentais. No exame da proibição
de excesso analisa-se a norma que institui a intervenção ou exação para
comprovar se algum princípio fundamental não está sendo atingido no
seu núcleo. Por esse motivo, surge a questão de saber se há uma restrição
excessiva dos princípios fundamentais.
224 TEORIA DOS PRINCÍPIOS
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Huntberto Avila
"Dentro de sua dimensão, a leitura desta Teoria dos Princípios 'apanha',
cativa; tanto, que o leitor deve obrigar-se a interromper e refletir, porque ÁVIU. diz
muito, fundamenta-o com profundidade e rigor, e di-lo com originalidade e sentido.
E isso exige reflexão de quem o lê. A investigação que se oferece agora em lí:Jgua
espanhola vem encabeçada por um título ambicioso, mas seu conteúdo está à altura
do que anuncia. O resultado está à vista: uma obra que é tanto de Direito quan-:o de
Filosofia."
(Da "Resenha ", da edição espanhola, do Dr. PABLOSÁNCHEZ-OSTIZGUTIÉPREZ,
Professor Titular de Direito Penal da Faculdade de Direito da Universidade de
Navarra, Espanha)
"Ecoando Karl Popper: a pesquisa (inclusive filosófica) não tem fim. E, ape-
sar das críticas a que se presta, o trabalho de H.Á. é uma contribuição impor..:ante
para o progresso da pesquisa teórica-geral em direção a conceitos jurídicos cada
vez mais refinados."
(Do "Prólogo ", da edição italiana, do Dr. RiCCARDOGUASTINI,Titular de Teo-
ria do Direito da Universidade de Gênova, Itália)
"Apesar de haver livros sobre regras, e apesar de o papel dos princípios jurí-
dicos ter sido um foco da teoria do direito desde Dworkin, estava faltando um sério
estudo sistemático sobre o que são os princípios jurídicos, de onde eles vêm, Cümo
eles são identificados e como precisamente eles interagem com outras fontes na dis-
cussão jurídica e na aplicação do direito. O indispensável livro do Professor ÁVILA
preenche essa lacuna com rigor, profundidade e criatividade, e deve tomar-se lei~ura
obrigatória para todos os interessados em interpretação e argumentação jurídicas."
(Da "Apresentação ", da edição inglesa, do Dr. FREDERICKSCHAUER,erztão
Professor da Universidade de Harvard, hoje Distinguished Professor da Faculdade
de Direito da Universidade de Virgínia, EUA)
"( ...) a presente obra caracteriza-se por seu perfil nitidamente independente
e pela originalidade da sua concepção. (...) o autor desenvolve, aduzindo critérios
adicionais, uma proposta própria e diferenciada para a distinção entre regras e
princípios."
(Do "Prefácio ", da edição alemã, do Dr. Dr. h.c. multo CLAUS-WILHELMCA-
NARIS, Professor Titular Emérito de Direito Civil e de Metodologia da Ciênci:I do
Direito da Universidade de Munique, Alemanha)
ISBN 85-392-0341-3
__ MALHEIROS
:~: EDITORES 9 788539 203413