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Gilberto de Esu
In : Faraimará – O Caçador traz Alegria pg. 15-17
Essa singularidade pode ser vista na gênese iorubá, amplamente documentada, por
diversos autores.
KOSI OKUTA
KOSI ORISA
“Sem pedra
Sem Orisa”
KOSI ESU
KOSI ORISA
“Sem Esu
Sem Qrisa”
* Gilberto Antonio Ferreira, olosun do ilê Iya Mi Qsun Muiywa, de São Paulo.
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Todo Orixá tem de, obrigatoriamente, ser assentado em uma pedra ou em algum
material que dela tenha vindo; exemplo: o ferro em que se assenta Ogum é a
transmutação da pedra, transformada em ferro por intermédio do fogo. Dessa forma
pode-se dizer que Ogum é assentado na pedra.
....
Portanto, é muito claro que Exu foi criado por Olodumarê, da matéria primordial e
divina da qual, posteriormente, ele fez todos os orixás. A mesma matéria que daria
forma a toda existência divina, assim como toda a humanidade que, um dia, Ikú, “a
morte”, devolverá a esta lama primordial.
Assim, Yangi é o primeiro ser criado da existência e passa a ser o símbolo primal dos
elementos criados.
Na cidade de Ilê Ifé, pode-se ver o assentamento de Esu Yangí como o descrito
anteriormente.
Para se chegar à casa de Obatalá, entra-se em uma rua que vai exatamente até a
entrada, e, cerca de 10 metros antes da entrada, a rua principal abre-se em duas outras
ruas laterais, formando um (Y). No meio do vértice do (Y), está a casa de Obatalá, e na
ponta do vértice o assentamento de Yangí, um montículo de cimento armado com uma
laterita fincada no alto.
Durante muitos anos, conviveu-se com uma pretensa superioridade cultural, racial,
religiosa na África e na região dos iorubás que provocou guerras étnicas, fato que
repercute ainda nos dias de hoje.
A perda dos valores primais africanos foi causada, sobretudo, pela escravidão, e
posteriormente pela miscigenação com as seitas espíritas cristãs, permitindo assim que
os mais sérios seguidores do orixá ressaltem os aspectos negativos dos demônios,
referindo-se a Exu como:
Exu Lúcifer ; Exu Tranca Rua das Almas, Exu Sete Poeiras do Inferno, Exu Rei as
Sete Encruzilhadas, ou mudam seu sexo, Exu Pomba-Gira ou Exu Maria Padilha.
Nomes Atributos
Poder-se-ia fazer uma lista imensa dos nomes de Exus ancestrais cultuados no Brasil
e na África, mas esse exercício é desnecessário no momento.
O mais importante é destacar as funções desses Exus ancestrais nos rituais: Esu
Yangi:
É o nome que mostra sua ancianidade; ele é o mais velho e, por conseqüência, o pai
que é retratado no mito em que Orumila o persegue através dos nove Orun.
É o terceiro aspecto mais importante de Exu que está ligado ao número três, a
terceira cabaça, na qual ele é representado pela figura de barro junto aos elementos da
criação.
Esu Okoto:
Esu Obasin:
Esu Odara:
É ele que observa todos os sacrifícios rituais e recomenda sua aceitação, levando as
súplicas a Qlodumarê.
Esu Eleru:
Esu Enugbarijo:
Esu Elegbara:
Esu Bara:
É um dos mais importantes aspectos de Exu, pois ele é o Exu do movimento do
corpo humano, infundido no corpo pré-humano, ainda no Orun por Qbatalá, sendo
“assentado” no momento da iniciação, junto com o Orí e o orixá individual.
Esu Olonan:
Esu Olobé:
É dono do obé (faca), tem de ser reverenciado ao começar todos os sacrificios, onde
a faca é necessária.
Esu Elebó:
É ele que tem seu rosto retratado no Opon Ifa, e vigia o babalaõ para que este não
minta; é o que vigia os oráculos (Opélé-Ikín-Erindílogun)
Esu Elepo:
Esu Ina:
Um dos aspectos mais importantes desse Exu primordial é presidir o ipade, sendo o
dono do jogo. É a Esu Inã que os babalorixás/ialorixás se dirigem no começo do Ipade,
uma das mais importantes cerimônias do ritual afro-descendente religioso:
E Inã mojuba
Inã Inã Mojuba Aiye
Inã mojuba
Inã Inã Mojuba Aiye. . etc.
Outra forma de se dirigir a Exu, e que causa certa confusão, é quando seus acólitos a
ele se dirigem por seus epítetos que, por serem mais comuns, transformaram-se
erroneamente em nomes. Exemplos:
Esu Tiriri
Esu Akesan
Esu Lode
Esu Barabo
Esu Alaketu
Esu Ijelu
Esu Bara lajiki
Esu Marabo... etc.
Da pedra à pedra
Muito embora existam lendas e mitos populares, nos quais Exu é retratado como
manhoso trapaceiro ou encrenqueiro, se Exu for reverenciado com o ebó designado,
nada disso será verdadeiro e a sua suposta imagem de malignidade, decorrente dessas
lendas, cairá por terra. Na verdade, Exu é o Executor Divino, punindo aqueles que
descumprem o sacrifício prescrito, recompensando aqueles que o fazem.
Ele nada faz por conta própria. Está sempre servindo de elemento de ligação entre
Olórum e Orumilá ou, então, servindo aos Orixas.
Segundo a teologia iorubá, nenhum ser divino pode punir um Ara aiye “ser da terra”,
diretamente, sem a consulta a Olodumarê.
Diversos itan Ifa nos dão conta de que Exu também é encarregado por Olórum para
vigiar os orixás no Aíye. Isso só pode ser feito porque ele é imparcial no seu papel de
Executor Divino.
É por isso que todos os devotos de todos os orixás sacrificam para Exu, por
recomendação de Ifá, nos tempos de dificuldades, buscando dessa forma sua
intermediação com Olodumarê.
E, para que os babalaôs não se excedam ou mintam na prescrição dos ebós, o próprio
Exu, sendo Odusó, sempre estará presente no jogo, cuidando para que o Iwa “caráter”
do consulente e do babalaõ não sejam maculados.
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