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18/04/2016

Universidade Federal de Santa Catarina


Centro de Ciências Agrárias
Departamento de Engenharia Rural
Curso de Zootecnia

Disciplina de Fertilidade do Solo

CICLOS BIOGEOQUÍMICOS DO FÓSFORO FÓSFORO


E DO POTÁSSIO E FERTILIDADE

Prof. Cledimar Rogério Lourenzi


Mestranda Eliana Aparecida Cadoná

Florianópolis, 14 de abril de 2016

 Para a Biologia:
 O Fósforo é elemento essencial, ele está presente
nas estruturas celulares (fosfolipídeos), envolvido
indiretamente nos processos energéticos das células
(ATP e ADP), da estrutura óssea dos animais
(fosfato de cálcio), é um sal mineral insolúvel, é
determinante para os microrganismos e pode ser
problemático para a qualidade da água
(eutrofização).

 Ocorre em poucas formas químicas na natureza


(Odum, 2013).

 A Eutrofização das águas é um  Causas naturais: dissolução de rochas,


processo, que pode ser natural decomposição de animais
(???) ou antropizado, onde ocorre o  Causas antrópicas: despejos de efluentes
aumento da quantidade de fósforo humanos, animais e industriais
na água (ortofosfato), ocorrendo o
aumento de algas macrófitas na
superfície da água, que aumenta a
demanda de oxigênio para estas,
diminuindo para os peixes e demais
organismos causando a
“mortandade do corpo hídrico”.

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Formas de P no solo
 Segundo a CETESB adaptado por Lamparelli
(2004) para verificar-se o estado de eutrofização  P mineral
de um corpo hídrico desenvolve-se o cálculo do  HPO4-- ou H2PO4- na solução do solo;
Índice de Estado Trófico (IET) para o Fósforo Total  Adsorvido nos coloides ou componente estrutural.
(IET – Pt) e para a Clorofila a (IET – CL), onde
indica o estado da qualidade da água para rios e  P orgânico
reservatórios.  Componente da matéria orgânica e resíduos
vegetais.
 A CONAMA em sua Resolução nº 357, indica
valores para Fósforo Total em decorrência do tipo
de fonte de água, variando de 0,020 a 0,1 mg/L.

Formas de P no solo Formas de P no solo

Concentração do íon fosfato

H2PO4-

HPO4--
Resíduos
orgânicos

...Ca
Fase
...Mg
líquida Fase
....K H2PO4-
(solução) sólida
.....PO4
orgânica
N, S, H3PO4
BeP
Fase
sólida
mineral
pH da solução

Figura. Concentração do íon fosfato relacionado ao pH da solução.

Adsorção de P no solo Adsorção de P no solo


superfície de óxidos  Quanto menor o pH  maior é a facilidade para ocorrer
Carga variável (não possui carga permanente) a reação e mais forte é a ligação.
PROTONAÇÃO
+
OH2 OH O
Fe Fe Fe
OH + H+ OH - H+ OH
óxido óxido óxido
Fe Fe Fe
OH2 OH O

OH
Adsorção específica
O P=O
Ligação química entre o átomo de
OH ferro do óxido e o átomo de oxigênio
do fosfato.

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Formas de P no solo
Então....
 Uma parte do P ligado aos coloides está em equilíbrio
 Teor total de P: pode ser alto no solo (depende do material
com a solução do solo: P lábil
de origem e histórico de adubações);

 Restante do P adsorvido fortemente aos coloides (alta


 Teor na solução do solo: baixo (forte interação com os energia de ligação) ou fazendo parte da estrutura dos
coloides = baixa solubilidade dos compostos); minerais (lentamente liberado): P não lábil

 P orgânico: depende da ciclagem da MOS e resíduos e


interação com os coloides inorgânicos

Ciclo do fósforo no solo Fatores que afetam a disponibilidade de P

 Quantidade das formas de P (fonte e dreno de fosfatos);


 teor e tipo de argila (presença de óxidos de Fe e Al);
FUNGOS BACTÉRIAS
 pH do solo;
Pi Lento

PROTOZOÁRIO
S
 teor de matéria orgânica e dinâmica dos resíduos no solo;
P solução  manejo da adubação fosfatada.
do solo Pi rápido
Po rápido

Pi alta energia
Po Lento

Mecanismos de suprimento Mecanismos de suprimento

- interceptação radicular
Concentração do nutriente

a) P e K b) Ca e Mg
- fluxo de massa = [nutriente] x taxa transpiração

- difusão = coef. dif. área raízes x água x (conc. sol. – conc. raiz)
distância
Tabela. Valores médios da contribuição relativa dos mecanismos de
suprimento para plantas de milho durante 13 dias em 12 solos do RS.
Nutriente Interceptação radic. Fluxo de massa Difusão
Distância da raiz Distância da raiz
.................................%...............................
P 3,5 2,6 93,9 Figura. Gradiente de concentração de nutrientes na proximidade das raízes
K 0,9 10,1 89,0 em função dos mecanismos de suprimento. Fonte: Anghinoni (1995).
Ca 35,0 65,0 0
Mg 10,9 89,1 0
Fonte: Vargas et al. (1983).

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Estimativa da disponibilidade de P às plantas

Como está a disponibilidade de P


?  Método oficial de extração no RS/SC

Mehlich 1 H2SO4 0,0125 mol L-1 e HCl 0,05 mol L-1

Cl +
Cl +
PO4 + SO4 +
Cl- SO4- PO4 + Cl +
SO4- Cl- Cl- Cl-
PO4 + Cl +
Cl- SO4- Cl -SO4-SO4
- -

SO4- Cl PO4 + SO4 +


SO4- Cl- SO- 4
-
Cl- Cl PO4 +
SO4- SO4-
PO4 +
Sol. Mehlich 1 PO4 -
PO4 - PO - PO4 -
-
4 PO4
PO4 - PO4 -

100 Tipos de adubação


90

75
Relativo (%)
Rendimento

Adubação corretiva
Dose do nutriente para elevar o nível no solo até a condição
50 ótima (a classe de > disponibilidade do solo  acima do
Nível de suficiência
teor crítico).
30
Adubação manutenção
Muito Baixo Médio Alto Muito Alto Dose do nutriente para manter os níveis de fertilidade do solo
Baixo
0 nos anos subsequentes (exigência da cultura + perdas).
CLASSE % ARGILA
mg P dm-3
1 > 60 2 4 6 12
2 41- 60 3 6 9 18 Adubação reposição
3 21- 40 4 8 12 24 Dose do nutriente para repor as exportações da cultura com a
4 0- 20 7 14 21 42
colheita.
Alagados 3 6 12

Figura. Relação entre rendimento relativo e teor de P no solo. Fonte: CQFS-RS/SC (2004).

FILOSOFIA DA ADUBAÇÃO
Recomendação de adubação para P

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FILOSOFIA DA ADUBAÇÃO Adubação de manutenção (M)


Tabela. Valores de adubação de manutenção de P e de K das culturas de grãos para os
rendimentos especificados e quantidades a serem adicionadas por tonelada de grãos
Adubação de correção (C) produzidos acima do rendimento de referência.
Rendimento Quantidade a acrescentar por tonelada
Valores de manutenção (M)
referência para o rendimento referência(1) adicional de grãos a serem produzidos
Cultura
Tabela. Quantidades de fósforo e potássio a serem adicionadas ao solo t ha-1
kg de kg de kg de kg de
P2O5 ha-1 K2O ha-1 P2O5 ha-1 K2O ha-1
para a adubação de correção total(1) Amendoim 2 30 40 15 20
Arroz irrigado 4 20 20 10 10
Interpretação do teor de Arroz sequeiro 2 20 20 10 10
Fósforo Potássio Aveia branca 2 30 20 15 10
P ou de K no solo Aveia preta 2 30 20 15 10
kg de P2O5 ha-1 kg de K2O ha-1 Canola
Centeio
1,5
2
30
30
25
20
20
15
15
10
Muito baixo 120 120 Cevada
Ervilha seca e
2 30 20 15 10

Ervilha forrageira 1,5 30 40 15 20


Baixo 60 60 Ervilhaca 1 20 30 20 25
Feijão 1,5 25 30 15 20
Médio 30 30 Girassol 2 30 30 15 15
(1)Quando
Linho 1,5 30 40 15 15
a opção for a adubação corretiva total, devem ser adicionados também as
Milho 4 45 30 15 10
quantidades de manutenção indicadas na Tabela 7.2 (colunas 3 e 4) para os rendimentos
Milho pipoca 3 35 25 15 10
de referência da cultura. Para rendimento maior do que o indicado na tabela, adicionar por
Nabo forrageiro 2 30 40 15 20
tonelada adicional de grãos a serem produzidos, as quantidades indicadas nas colunas 5 e
Painço 1,5 20 15 15 10
6 para o fósforo e potássio, respectivamente.
Soja 2 30 45 15 25
No estabelecimento das doses da tabela acima, considerou-se a capacidade tampão dos
Sorgo 3 35 25 15 10
solos em P e K (kg de P2O5 ou K2O necessários para aumentar, na análise, 1 mg de P ou K
Tremoço 2 25 45 15 25
dm-3 de solo) e a quantidade necessária para elevar a concentração desses elementos no
Trigo 2 30 20 15 10
solo até o teor crítico.
Triticale 2 30 20 15 10

Adubação de reposição (R)


Tabela. Teores médios de N, P (P2O5) e K (K2O) nos grãos de algumas
culturas
Culturas N P2O5 K2O Exemplo:
------------------------- kg t-1-----------------------
Amendoim 50 11 14
Arroz 14 5 3
Aveia branca 20 7 5
Aveia preta 20 7 5
Canola 20 15 12
Centeio 20 9 5
Cevada 20 10 6
Ervilha seca e ervilha forrageira 36 9 12
Ervilhaca 35 15 19
Feijão 50 10 15
Girassol 25 14 6
Linho 30 14 9
Milho 16 8 6
Milho pipoca 17 8 6
Nabo forrageiro 20 11 18
Painço 21 8 4
Soja 60 14 20
Sorgo 15 8 4
Tremoço 30 12 15
Trigo 22 10 6
Triticale 22 8 6

Exemplo: Milho e sorgo para silagem

Exemplo: Milho para silagem (1º cultivo)


 Quantos kg ha-1 de P2O5 devem ser aplicados? 180 kg ha-1
 Quantos kg ha-1 de SFT (41% de P2O5) devem ser aplicados?
439 kg ha-1

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 Para a Biologia:
 Regulador de processos fisiológicos:
 Bomba de Sódio-Potássio

POTÁSSIO  Pode ocasionar a morte do indivíduo quando


desbalanceado
 É regulado pela insulina

 Absorvido pelo sistema gastrointestinal

 Apresenta-se como o oposto ao Na na hipertensão

DINÂMICA DO POTÁSSIO NO SOLO


POTÁSSIO NO SOLO
Adubação potássica

Ciclagem K
 K+ na solução do solo

 K adsorvido nas cargas negativas do solo


K TOTAL Dessorção
 K nas entrecamadas de argilominerais 2:1 NO Intemperismo
SOLO Adsorção

 K na estrutura dos minerais K trocável K não trocável K Estrutural


K solução
Liberação
Adsorção

Lixiviação
Praticamente desprezível em solos do RS e SC

DINÂMICA DO POTÁSSIO NO SOLO

FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE DE K


Intemperismo das micas e suas transformações:

 Material de origem e grau de intemperização;

 Mineralogia;
-K + H2O -K + H2O -K +
H2O
 Capacidade de troca de cátions (CTC);
+K – H2O +K –
H2O +K –
H2O  Textura;

Mica Ilita  pH do solo;


Vermiculita

 Fatores da planta (raízes).


Íon K desidratado Íon K hidratado Outros cátions de
K não trocável K disponível troca hidratados

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Mecanismos de suprimento Mecanismos de suprimento

- interceptação radicular

Concentração do nutriente
a) P e K b) Ca e Mg
- fluxo de massa = [nutriente] x taxa transpiração

- difusão = coef. dif. área raízes x água x (conc. sol. – conc. raiz)
distância
Tabela. Valores médios da contribuição relativa dos mecanismos de
suprimento para plantas de milho durante 13 dias em 12 solos do RS.
Nutriente Interceptação radic. Fluxo de massa Difusão
Distância da raiz Distância da raiz
.................................%...............................
P 3,5 2,6 93,9 Figura. Gradiente de concentração de nutrientes na proximidade das raízes
K 0,9 10,1 89,0 em função dos mecanismos de suprimento. Fonte: Anghinoni (1995).
Ca 35,0 65,0 0
Mg 10,9 89,1 0
Fonte: Vargas et al. (1983).

Estimativa da disponibilidade de K às plantas

Como está a disponibilidade de K


?  Método oficial de extração no RS/SC

Mehlich 1  H2SO4 0,0125 mol L-1 e HCl 0,05 mol L-1

H+ -
H+ -
K+ - H+ -
H+ H H+H+ + Ca++ -
+

H+ + H+ + H H+ -
H+ +H +H+H+H+ +H+ K+ - H+ -
H H H H +
H+ +H+ +H+ +H+ + +H K+ - H+ -
H +H H+H H H
H H+ + H+ Mg++ -
H
K+ -
Sol. Mehlich 1 K+ K+ K+
K+ K+ K+ K+ K+
K+ K+ + + K+
K K

Adubação de correção (C)


K Mehlich-1
100
Tabela. Quantidades de fósforo e potássio a serem adicionadas ao solo
90
para a adubação de correção total(1)
Rendimento Relativo, %

75 Interpretação do teor de
Fósforo Potássio
P ou de K no solo
50 kg de P2O5 ha-1 kg de K2O ha-1
Teor crítico
Muito baixo 120 120
30
Baixo 60 60
Muito Baixo Baixo Médio Alto Muito Alto Médio 30 30
0 (1)Quando a opção for a adubação corretiva total, devem ser adicionados também as quantidades de
-3 manutenção indicadas na Tabela 7.2 (colunas 3 e 4) para os rendimentos de referência da cultura. Para
CTC pH 7,0 mg K dm
rendimento maior do que o indicado na tabela, adicionar por tonelada adicional de grãos a serem
<5 15 30 45 90 produzidos, as quantidades indicadas nas colunas 5 e 6 para o fósforo e potássio, respectivamente.
5 a 15 20 40 60 120 No estabelecimento das doses da tabela acima, considerou-se a capacidade tampão dos solos em P e K
> 15 30 60 90 180 (kg de P2O5 ou K2O necessários para aumentar, na análise, 1 mg de P ou K dm-3 de solo) e a
quantidade necessária para elevar a concentração desses elementos no solo até o teor crítico.
Figura. Relação entre rendimento relativo e teor de K no solo, CQFS RS/SC (2004).

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Recomendação de adubação para K


Exemplo:

Tabela. Interpretação do teor de K conforme as classes de CTC do solo a pH 7,0

CTCpH7,0 (cmolc dm-3) CTCpH7,0 (cmolc dm-3)


Interpretação Interpretação
> 15,0 5,1 – 15,0 ≤ 5,0 > 15,0 5,1 – 15,0 ≤ 5,0
------------------- mg de K dm-3------------------- ------------------- mg de K dm-3-------------------
Muito baixo ≤ 30 ≤ 20 ≤ 15 Muito baixo ≤ 30 ≤ 20 ≤ 15
Baixo 31 – 60 21 – 40 16 – 30 Baixo 31 – 60 21 – 40 16 – 30
Médio 61 – 90 41 – 60 31 – 45
Médio 61 – 90 41 – 60 31 – 45
Alto 91 – 180 61 – 120 46 – 90
Alto 91 – 180 61 – 120 46 – 90
Muito alto > 180 > 120 > 90
Muito alto > 180 > 120 > 90

Exemplo: Milho e sorgo para silagem

Exemplo: Milho para silagem (1º cultivo)


 Quantos kg ha-1 de K2O devem ser aplicados? 200 kg ha-1
 Quantos kg ha-1 de KCl (58% de K2O) devem ser aplicados?
345 kg ha-1

TEXTOS PARA LEITURA:

 Fósforo e adubo fosfatado (Cap. 10).


BISSANI, C.A.; GIANELLO, C.; TEDESCO, M.J.; CAMARGO, F.A.O.
(eds). Fertilidade dos solos e manejo da adubação das culturas.
Porto Alegre, Gênesis, 2004. 328p.

 Potássio e adubos potássicos (Cap. 11).


BISSANI, C.A.; GIANELLO, C.; TEDESCO, M.J.; CAMARGO, F.A.O.
(eds). Fertilidade dos solos e manejo da adubação das culturas.
Porto Alegre, Gênesis, 2004. 328p.

 Recomendação de adubação (Cap. 7).


COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO – RS/SC.
Manual de adubação e de calagem para os estados do Rio Grande
do Sul e de Santa Catarina. Porto Alegre – RS, 2004.

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