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Relatório de progresso

Progresso na Geografia
Humana 2021, Vol. 45(4)

Geografia jurídica III: Evidência 902–913 ª O(s) Autor(es) 2020

Diretrizes de reutilização de
artigos: sagepub.com/journals-permissions
DOI: 10.1177/0309132520973756
journals.sagepub.com/home/phg
Alex Jeffrey
Universidade de Cambridge, Reino Unido

Resumo Este

relatório explora a erudição na interface da geografia e do direito envolvendo o conceito de evidência.

Tal como acontece com os dois primeiros relatórios, este não é um resumo de um campo predefinido, mas sim uma consideração de como as ideias do
que constitui evidência foram compreendidas de forma diferenciada em estudos geográficos e cognatos. A discussão abrange trabalhos que
consideraram as barreiras formais à produção de provas em julgamentos, a política de silenciar certas práticas probatórias e questões interpretativas
relativas às reivindicações de perícia.

Palavras -chave
evidência, perícia, forense, direito, geografia jurídica

I. Introdução 1 lançador de mísseis – do tipo suspeito de

responsabilidade – movendo-se por uma paisagem
As consequências do abate do voo MH17 da
urbana. Sienkiewicz (2015: 209) descreve o
Malay sian Airlines em 17 de julho de 2014 no
pequeno clipe:
leste da Ucrânia inverteu os protocolos
estabelecidos de coleta de evidências. A cena [ ... ] uma estrada, mal iluminada, fica momentaneamente vazia.
inicial do acidente, assistida por equipes de As árvores farfalham à frente e ao fundo. Um quadro de avisos
televisão e jornalistas, mostrou uma cena de surge, na maior parte obscurecido. Cinco segundos depois, um

devastação onde corpos e materiais foram caminhão militar passa, movendo-se da esquerda para a direita. A

espalhados pelo campo ao redor da vila de
Hrabove em Donetsk Oblast, Ucrânia. Considerando
a escala da destruição, observadores internacionais
sugeriram que o envolvimento militar do Estado
teria sido necessário e logo circularam alegações
de que grupos militares apoiados pela Rússia
poderiam ter sido responsáveis (Carson, 2014).
Mas quando se espera que uma investigação
estatal ou internacional colete evidências que
possam formar a base de um julgamento legal –
e, assim, entrar no domínio público – neste caso,
foi o público que iniciou os aspectos da coleta de
evidências. Uma das razões para esta inversão foi
a publicação pelo ministro do Interior ucraniano
Aven Avakov de um vídeo que mostrava um BUK M
câmera treme e gira para manter o veículo na tela. Após um zoom
rápido, o caminhão sai do quadro e o clipe, todos os 13 segundos
dele, termina. Para o usuário médio do Facebook, o vídeo parece
amador e, acima de tudo, trivial.
Mas para outros usuários da Internet, não foi
nada trivial: a agência de investigação Bellingcat
corroborou o vídeo de Avakov com dados do
Google Earth e feeds de CCTV e dashcam,
permitindo que a jornada do lançador de mísseis fosse rastreada
Autor correspondente:
Alex Jeffrey, Universidade de Cambridge, Cambridge CB2
1TN, Reino Unido.
E-mail: asj38@cam.ac.uk
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Jeffrey 903

do território russo para o leste da Ucrânia e depois compreensão do que aconteceu no leste da Ucrânia
de volta (Bellingcat, 2015). Este foi um processo (Ingram, 2019). Tal processo ilumina a natureza
meticuloso de conectar a materialidade do lançador necessariamente relacional da evidência, onde sua
com suas características distintivas (como um existência é função de sua capacidade probatória,
compartimento de mísseis vazio em seu retorno) com sua proposta de invocação de um evento.
as nuances da paisagem ucraniana e russa (se os
edifícios, placas de rua, marcações rodoviárias, É esse processo de conversão, tão central para
anúncios ou características topográficas). O propósito as reivindicações de verdade tanto do direito quanto
de Avakov para postar o vídeo não é imediatamente da ciência, que é o foco deste terceiro relatório de
claro, mas presumivelmente ele estaria ciente da progresso em geografia jurídica. Tal como acontece
localização e natureza do material que estava com o trabalho sobre a materialidade do tribunal (Jef
colocando online. frey, 2019) ou corpos e direito (Jeffrey, 2020a), uma
A sugestão de Sienkiewicz (2015) é que a postagem série de perspectivas disciplinares se cruzam ao
foi um ato deliberado para inscrever investigadores estudar provas. Um ponto de partida seria considerar
de código aberto que realizariam a tarefa de corroborar a questão formal, legal, da geografia da evidência
as evidências enquanto transmitiam as descobertas conforme ela mapeia a jurisdição. Os estudiosos do
subsequentes para uma audiência internacional. direito serão informados, nos estágios iniciais de
suas aulas, de que a evidência é a informação pela
O trabalho de Bellingcat pode ser tomado como qual os fatos tendem a ser provados (Saks e
um exemplo de democratização da produção de Thompson, 2003). Qualquer processo legal
provas, onde o monopólio dos investigadores legais contraditório é uma disputa sobre os fatos em questão
sancionados é quebrado pela disponibilidade de e os diferentes atores de um julgamento procuram
dados de código aberto. Mas isso seria ignorar as reunir evidências para apoiar sua posição. Para
inúmeras maneiras pelas quais os atores estatais e regular o fornecimento de provas, a autoridade legal
corporativos procuraram mobilizar precisamente aplica uma lei de provas para regular os materiais,
essas práticas de inteligência de crowdsourcing para testemunhos e informações que são apropriados
reforçar suas próprias narrativas e agendas (ver para a deliberação legal (Keane e McKeown, 2018:
Trottier, 2015; Weizman, 2017). De fato, a investigação 2). Consequentemente, há um crescente trabalho no
do Bellingcat não pode ser vista como totalmente campo dos estudos jurídicos rastreando como
separada dos interesses do Estado, tanto devido ao abordagens contrastantes ao direito da evidência e a
financiamento de suas atividades (por doadores como própria noção de 'prova' podem ser mapeadas na
o National Endowment for Democracy dos EUA) territorialização dos regimes jurídicos (Cheah, 2019).
quanto aos processos pelos quais suas investigações Isso é particularmente significativo quando se
– como os materiais do MH17 – são utilizados por consideram as distinções entre sistemas jurídicos
atores estatais para justificar investigações criminais liderados por um judiciário profissional versus o uso
posteriores (Sienkiewicz, 2015: 218). Em vez disso, a de um júri leigo, uma cisão que molda questões de
lição deste caso é mais ampla e mais admissibilidade e estabelece barreiras à admissão
consequente. No centro do exemplo da investigação de certos tipos de provas (Damaÿska, 1997). Nos
do MH17 está a transformação de materiais últimos anos, a imaginação de um pano de fundo
aparentemente inconsequentes – o logotipo em um territorial limpo para as leis de evidência foi desafiada
outdoor ou o posicionamento de uma pilha de entulho por meio da maior institucionalização do direito
– em evidência. Suas impressões digitais não são internacional, um processo que levou a uma inovação
mais pedaços de dados desconexos, mas através de considerável na coleta, interpretação e admissão de
sua montagem como uma narrativa, suas conexões evidências (Freeman, 2018; Wang, 2020 ).
são trazidas à tona, moldando assim o público.
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Mas, além da geografia da lei de
evidência, a evidência tem sua própria geografia. Sobre
Nas últimas duas décadas, houve uma mudança
metodológica e epistemológica na geografia jurídica para
adotar abordagens qualitativas que
trazer à tona a natureza processual do direito
(Bennett e Layard, 2015; Braverman, 2014;
Delaney, 2015). Não basta, então, simplesmente
observe as diferenças nas abordagens doutrinárias para
admissibilidade através do espaço, precisamos pensar em
como questões de lugar, corporificação e materialidade
se cruzam na conversão de matéria ou
discurso em evidência. Tais abordagens destacam, entre
outras coisas, as barreiras mundanas ao fornecimento
de evidências (Gill et al., 2020), a
natureza de gênero da produção de evidências (Hunter,
1996) e as maneiras pelas quais os colonizadores
sistema legal privilegiar certas pretensões à verdade
(Blomley, 2015; Pahuja, 2011). Tal como acontece com o
inovações do direito internacional, podemos também
traçar o papel das mudanças tecnológicas e legais
em moldar as geografias de evidência, como crime
financeiro global, cibercrime e
técnicas forenses abrem novas possibilidades para
onde, o que e como as provas são realizadas
(Gregory, 2018; Sharp, 2020).
Mas, além dessas duas primeiras abordagens,
há uma terceira consideração que precisa ser
incorporados a este relatório: que a geografia é
evidência. Há uma longa associação
entre o conhecimento geográfico e a produção do direito;
As práticas de cartografia e exploração do século XIX
estavam ligadas ao
estabelecimento de novas formas de autor colonial
sobre paisagens e natureza (Livingston,
2010). Assim, ao analisar a produção
de evidências, precisamos considerar como o
conhecimento geográfico, tanto ambiental quanto
social, torna-se a base probatória dos processos jurídicos
(Brodsky, 2003; De Vorsey, 1980; Morgan e Bull, 2007).
Isso facilmente se desvia para um
conjunto de debates sobre as implicações
relações mais estreitas entre a geografia
inquérito e as demandas probatórias dos processos
judiciais, um conjunto de reflexões que cruza com
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questões relativas à identidade e coerência
da geografia como prática profissional (Kuus,
2020; Ward, 2005).
A conversão da matéria e da fala em evidência é,
então, um processo intencional que cria hierarquias entre
os incluídos (no
fundamentos de sua admissibilidade, presença ou reivindicações
à perícia) e os excluídos. Pensamento
através deste processo exige o envolvimento com um
questão jurídica e epistemológica mais ampla de
o que constitui evidência suficiente para provar uma
facto. Sem surpresa, este é um ponto de
deliberação legal (por exemplo, Calvert, 1959) e
torna-se uma preocupação particular em ensaios que
ou centrar-se em dois testemunhos contrastantes
(criando a 'lacuna de justiça' em condenações de estupro,
ver Brown, 2011) ou situações em que evidências
é difícil de reunir (como crimes internacionais
julgamentos, ver Braga da Silva, 2020). Este relatório
portanto, restringe seu foco em um
aspecto relativo aos debates geográficos jurídicos:
as barreiras à evidência suficiente. Nesse sentido,
Estou ansioso para levar adiante Orzeck e Hae's
(2020) clamam por uma geografia jurídica atenta
às contingências da agência (humana e não humana) e
aos efeitos determinantes da
estruturas legais. A evidência é um recurso escasso,
mas é uma escassez que é moldada tanto por sua
produção (barreiras à admissibilidade ou
restrições ao trabalho investigativo), o próprio processo
legal (questões técnicas sobre o
apresentação de provas), autoridade (o que
conta como evidência significativa) e interpretação (como
os materiais ou declarações são entendidos em relação
aos fatos em questão). Trabalhar
examinar esses elementos de escassez são considerados
abaixo, sob os títulos de admissibilidade, ausência,
autoridade e perícia.
II Admissibilidade
No cerne de um processo judicial, os fatos estão em
disputa e o papel do julgamento é fornecer uma
ambiente em que as provas podem ser apresentadas e
pesados (seja por observadores leigos, um juiz
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painel, partes lesadas ou representantes da
comunidade) resultando em um julgamento. Esse
relato bastante esquemático do direito apóia o ponto
prático de Jasanoff (2012: 191) de que 'o objetivo
final dos tribunais é o atingível de dispensar a justiça,
não o impossível de encontrar a verdade objetiva'.
Para funcionar, os tribunais usam leis de provas
para administrar as regras relativas à coleta,
armazenamento e apresentação de provas nos
julgamentos (Calvert, 1959). O propósito primordial
classificar o valor dos materiais disponíveis (ver
Gallai, 1999). A experiência da disponibilidade de
novos tipos de provas para as autoridades de
acusação é instrutiva, como o caso na década de
1980 de identificação de DNA em tribunais dos EUA.
Como esboça Blair (1990: 859-860), esse processo
envolveu a corroboração dessa nova técnica com
os métodos científicos existentes:
O tribunal identificou vários fatores que podem ajudar

de tais regras é garantir o devido processo legal com a estabelecer a confiabilidade das evidências
o objetivo de que os julgamentos atendam aos científicas sem um “histórico” estabelecido em litígios.
Esses fatores incluíam a relação da nova técnica
padrões fundamentais de equidade e justiça
com os modos de análise científica mais
(Freeman, 2018). Mas as alegações de padronização
estabelecidos, os usos não-judiciais aos quais a
não devem ser confundidas com qualquer acordo
técnica é colocada, a existência de um corpo de
claro quanto à natureza da evidência apropriada: as literatura especializado que trata da técnica e a
leis da evidência variam ao longo do tempo e do frequência com que a técnica conduz. a resultados
espaço e muitas vezes se desenvolveram de forma errôneos.
ad hoc para responder a precedentes legais,
contextos morais em mudança e natureza em O julgamento aqui se baseia na conexão entre
mudança. de potencial – digital, forense ou ambiental evidência de DNA e 'ciência estabelecida'. Como
– material probatório (Wang, 2020). Sem surpresa, discutirei mais adiante no artigo, isso depende de
então, questões de procedimento, admissibilidade e uma imaginação particular da ciência e da
peso probatório tornaram-se preocupações-chave confiabilidade, estruturada em torno das credenciais
na interface dos estudos jurídicos e da pesquisa geográfica.
de revisão por pares, reconhecimento acadêmico e
Apesar das diferenças, um papel central de todas conquistas anteriores (Good, 2003). Assim, a
as leis de prova é definir o processo pelo qual a questão da admissibilidade, e a questão mais ampla
prova pode ser admitida no processo legal. da presença ou ausência de provas, ilumina o
Normalmente, é responsabilidade do juiz presidente processo carregado através do qual os materiais
se uma prova pode ser considerada com base em reivindicam status probatório, enquanto a seleção
sua relevância ou não para os fatos do caso (Guthrie de provas pode reificar relações desiguais entre os
et al., 2000). Há um debate jurídico considerável participantes de um processo legal.
sobre como a 'relevância' é definida, pois é um Há muitas justificativas diferentes oferecidas para
termo que necessariamente reflete um julgamento a inadmissibilidade da prova. Uma justificativa para
individual quanto às conexões entre o material as restrições à admissibilidade está no crescente
probatório uso de um júri dentro de procedimentos legais (em
e os fatos em disputa (para uma discussão, ver direito comum), um processo que tem sido
Tapper, 2010). Em termos jurídicos, a relevância é argumentado para promover uma “atitude paternalista
avaliada através do 'potencial probatório de uma e protetora, excluindo provas relevantes, como
informação para sustentar ou negar a existência de provas de boatos, provas de caráter, e a evidência
um facto de consequência' (Damaÿska, 1997: 55) e de opinião de não especialistas com base em que
os debates sobre a admissibilidade são veiculados leigos podem supervalorizar seu peso e importância,
em audiências de instrução e através de relatórios ou mesmo tratá-lo como conclusivo” (Keane e
de acusação . Como muitos estudos revelaram, este McKeown, 2018: 3). A restrição de admissibilidade
não é de forma alguma um exercício técnico em revela uma curiosa
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ambiguidade, pelo qual o julgamento por júri é consagrado
desde suas raízes medievais como um baluarte
contra o poder excessivo do soberano, mas
a ausência de formação jurídica do júri funciona como
justificação para o controle soberano sobre a apresentação
de materiais probatórios (Linebaugh,
2008). As provas nestas circunstâncias devem
ser legalmente 'relevante' e ao mesmo tempo publicamente
persuasivo.
Existem várias práticas de tradução
– ou interpretação – que os estudiosos identificaram nesse
processo de comprovação da relevância. o
primeiro é a necessidade de que a prova pericial seja
apresentada de forma inteligível ao
juiz. Em seu relato sobre a mudança no uso de
evidência digital no direito internacional, Freeman
(2018: 320) observa o uso crescente de 'evidências
demonstrativas', incluindo diagramas, mapas,
desenhos, gráficos, animações, simulações e
modelos, que funcionam como 'informações para ajudar o
juízes entendem melhor a evidência, [não é]
provas em si'. Como segunda etapa de interpretação,
Morgan e Bull (2007: 44) observam em relação ao uso de
evidências de geociências forenses
que enquanto o juiz decidirá a admissibilidade da prova, 'é
o júri, aquele corpo de leigos
pessoas (que não são necessariamente
com teoria científica ou mesmo jargão), que deve
ser conduzido através dos meandros da geoforense (ou
qualquer outra disciplina científica) pertinentes ao
caso'. Citando Kirk (1974: 2), eles passam a
enfatizar a importância da interpretação em
o caso da prova física, argumentando que tal
evidência 'não pode estar errada; não pode perjurar
em si; não pode estar totalmente ausente. Somente em sua
interpretação pode haver erro. Apenas humano
a falha em encontrá-lo, estudá-lo e compreendê-lo pode
diminuir o seu valor” (Morgan e Bull, 2007: 52).
Estudos de direito internacional, campo que tem
constituíram um laboratório para a inovação evidencial,
destacaram como novos tipos de evidência exigiram
ênfase particular na
autenticação no processo de estabelecimento
admissibilidade. Um exemplo é o de Freeman
(2018) conta as investigações gêmeas sobre
Progresso na Geografia Humana 45(4)
a explosão de Beirute em 2005 que matou o ex
Primeiro Ministro do Líbano Rafic Hariri: um a
inquérito das Nações Unidas que procurou reunir
testemunhar testemunho e analisar a perícia
em torno do incidente, e uma investigação da polícia local
que examinou registros de telefones celulares para rastrear
atividade em torno de Hariri. As descobertas deste último
investigação estabeleceu que Hariri tinha sido seguido nos
meses e dias que antecederam a
explosão e a natureza das comunicações
poderia apontar para uma hierarquia dentro do grupo. No
o momento em que tal análise de registros de dados de chamadas
juntamente com dados de geolocalização era novo, e
prova pericial foi convocada pelo Ministério Público
para explicar como o sinal de celular e a torre de celular
sites são usados para geolocalizar o usuário de telefone celular.
Aqui vemos a natureza relacional da evidência,
onde a relevância dos dados do telefone se torna
aparente através de sua narração por especialistas ao
judiciário (Freeman, 2018: 313). Assim, ao considerar
questões de admissibilidade, os estudiosos
esclareceram a natureza relacional da evidência: sua
relevância é muitas vezes assegurada através da
corroboração, ou explicação, fornecida por outros
formas de provas.
III Ausência
A presença ou ausência de provas não é simplesmente
uma consequência das regras de admissibilidade. Recente
bolsa de estudos em geografia jurídica e em outros lugares
envolveu uma virada metodológica para uma
envolvimento empírico com o desdobramento
procedimentos legais como materiais e incorporados
empresas (Cuomo e Brickell, 2019; Gill e
Bom, 2019; Jeffrey 2020b). Este corpo diverso
do trabalho, influenciada diversamente pela sociologia pós-
moderna de Sousa Santos (1987),
perspectiva materialista e etnográfica
oferecido por Latour (2010) ou Butler (2011)
abordagem da performatividade, procura colocar em primeiro plano
as maneiras pelas quais a atenção ao desdobramento real
dos processos legais ilumina barreiras até então ignoradas
para o cumprimento da justiça. UMA
exemplo poderoso recente é fornecido por Gill
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Jeffrey
et ai. (2020) em seu estudo sobre recursos de refúgio
audiências na Europa, trabalho que ilustra como
a organização dos processos judiciais – a compilação
de provas, a organização espacial dos
as audiências e o arranjo de quem pode
falar quando – molda os resultados dos casos e
as atitudes dos participantes sobre se a justiça
foi servido. A evidência está no centro da
essas deliberações, e vale a pena citar suas
descobertas em profundidade:
Muitas das audiências que observamos giravam em torno de
provas documentais, e tomamos conhecimento de um
economia política espacial diversa e contestada
da reunião de provas para apoiar o asilo
reivindicações. Muitas vezes, peças aparentemente cruciais de
provas documentais – cartas, fotografias, cópias autenticadas
de documentos e atestados médicos ou educacionais – foram
declaradas como ausentes ou
parcial: perdido, estragado, extraviado, não traduzido,
incompleta ou compreendida. Tão pronunciado foi
esta questão no Reino Unido que um tempo considerável foi
gasto decifrando o que estava faltando ou incluído
em documentos de juízes e advogados. Das 240 audiências
normais, calculamos que 9% do tempo foi
dedicado a essas discussões. Muitos casos que
experimentados, esses problemas também foram adiados,
ilustrando a agência de provas documentais
in absentia: de 48 adiamentos que vimos, 22 foram
porque faltavam provas documentais. (Gil
et al., 2020: 13)
Aqui vemos o que pode ser entendido como o
administração mundana da lei que entra no
processo substantivo de alcançar a justiça. Em particular,
este relato fala da considerável
custos de tempo ligados à má administração
de provas, aumentando a possibilidade de
decisões em uma data posterior ou exaustão entre
participantes do ensaio, o que por si só pode evocar
percepções públicas negativas (ver Grunstein e
Banerjee, 2007).
Poderíamos considerar muitos cenários legais
onde a ausência de provas limita a possibilidade de
julgamento de justiça. Entre outros fatores,
intimidação de testemunhas (O'Flaherty e Sethi,
2010), o medo de revisitar eventos traumáticos
907
(Brouneus, 2008) ou a destruição de material incriminador
(Doman´ska, 2020) contribuem
à possibilidade de insuficiência de provas para a
prossecução de um processo criminal. Uma área onde há
aumentar a atenção à insuficiência de provas
refere-se à acusação de crimes internacionais
crimes, onde a jurisdição territorial das práticas de coleta
de provas impõe limites às agências internacionais de
investigação. Em relação a
crimes contra a humanidade, vimos muitos
exemplos nos últimos anos de supostos perpetradores
bloqueando a coleta de evidências potenciais
quer por não garantir a segurança de
oficiais, destruindo cenas de crime ou desistindo de
acordos legais multilaterais, como
o Estatuto de Roma de 1998 da
Tribunal Criminal (ver Jones, 2016; Morrissey,
2017). Além disso, a pesquisa está começando a rastrear
os desafios colocados pelas novas práticas de
criminalidade financeira e cibercrime para a recolha de
provas, onde o crime é simultaneamente desmaterializado
através de transações eletrónicas e
comunicação, embora permanecendo obstinadamente
comprometidos com a jurisdição territorial dos estados,
com abordagens variadas às leis de investigação e
provas (ver Blaziÿ ÿ c e Klobuÿcar,
2020).
IV Autoridade
Estendendo-se para além da questão material do
presença ou ausência de provas, geógrafos
investigaram como a natureza paternalista
das regras de admissibilidade faz parte de uma estrutura mais ampla
de poder dentro da operação da lei. Há um
assimetria estabelecida escrita em
procedimentos entre o Ministério Público
(com controle sobre as funções investigativas) e
o réu (incapaz de inserir provas em
processos judiciais à medida que o julgamento se
desenrola). Essa hierarquia é esticada em situações –
como reivindicações de direitos indígenas – onde há uma
disputa fundamental quanto aos termos da justiça.
Ao examinar os estágios iniciais da disputa de
reivindicação de terras dos povos Wet'suwe t'en e Gitxsan
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908
com o governo canadense, Sparke (2005:
14) cita Satsan, um chefe Wet'suwet'en, que
interpretou o processo legal como fundamentalmente
desigual: 'estávamos entrando em um jogo em que
não teve qualquer envolvimento com a colocação
juntos desse jogo, a composição do
regras, na nomeação de árbitros ou
árbitros'.
É essa desigualdade estrutural que sustenta o relato
posterior de Blomley (2015) sobre a
mesma questão do estatuto de terras, onde o
autoridades da Colúmbia Britânica estavam procurando
transferir terras sob título aborígene para um
área reduzida mantida como uma forma de 'taxa simples'
(posse permanente e absoluta da terra em um
posse de propriedade). Ao fazê-lo, Blomley argumenta
o sistema jurídico canadense 'entre parênteses' certos
modos de propriedade da terra e, neste caso, a
conceito de propriedade como propriedade individual
ativo, estabelecendo relações alternativas – coletivas,
intransferíveis – entre os corpos
e terras fora da adjudicação da lei.
Esta forma de inadmissibilidade «implica a
desenho de uma fronteira que marca um interior,
que está separado ou desembaraçado daquele
agora identificado como fora' (Blomley, 2015:
169). A sugestão é que o objetivo primordial das
negociações do tratado é estabilizar uma
regime de propriedade, ao invés de confrontar
as injustiças de um 'relutante e assimétrico
exercício realizado nos termos estabelecidos por um
poderosa sociedade de colonos' (Blomley, 2015:
175).
Por meio desses exemplos, vemos o 'entre
parênteses' de certas normas sociais e culturais
dentro da operação do direito, ao fazê-lo, reificando
normas culturais e jurídicas assimétricas. UMA
exercício semelhante de autoridade foi identificado em
trabalhos que iluminou o gênero
natureza da produção de evidências, onde as normas
patriarcais e masculinistas são reproduzidas
dentro das provações. Por exemplo, os estudos jurídicos
feministas têm argumentado que as leis de evidência, e
portanto, a produção e o tratamento de evidências
operam 'sistematicamente para a vantagem
Progresso na Geografia Humana 45(4)
dos homens e a desvantagem das mulheres” (Hunter,
1996: 127). Por exemplo, ao discutir
a admissibilidade de antecedentes sexuais ou violentos
conduta, Hunter (1996: 132) expõe as diferenças
históricas de tratamento entre queixoso e réu:
[r]pesquisa para este artigo descobriu pouca discussão e
poucos exemplos da possibilidade de que um
história sexual do queixoso de estupro pode ser
excluído por ser mais prejudicial do que probatório. Em
contrapartida, os juízes
excluíram as provas do arguido do sexo masculino
história sexual em casos de estupro e evidência da
histórico de violência em casos de homicídio doméstico em
motivos de preconceito, ainda que essa evidência
pode ser altamente relevante para estabelecer o estado
de espírito do réu.
O sentimento de 'simpatia judicial por alegadamente
homens violentos e supostamente sexualmente ativos
mulheres" (Hunter, 1996: 133) se reflete além
os procedimentos técnicos do direito probatório e
entra em relatos qualitativos de experiências experimentais.
Por exemplo, existe uma literatura considerável
examinar os efeitos retraumatizantes de dar
testemunho em casos de violência sexual, onde
advogados de defesa do sexo masculino ou réus podem lançar
exame cruzado invasivo e sobreviventes de força
reviver suas experiências (para análise, ver
Kebbell et al., 2003). Em seu exame do
julgamentos após o conflito na Bósnia e Herzego vina,
Jeffrey e Jakala (2014: 664) ligam este
sentido de retraumatização à teatralidade de
espaços judiciais onde a prática de testemunhar era
descrito por uma testemunha como uma forma de
'exposição' 'onde sua credibilidade estava sob escrutínio
tanto durante o processo de julgamento como mais tarde dentro
suas comunidades locais, à medida que se espalhava a notícia de que
eles tinham ido ao Tribunal'. A pesquisa descobriu
que uma implicação de tal dano social e psicológico é
que a evidência não está disponível
e a violência sexual é, portanto, subnotificada
enquanto experimenta baixas taxas de condenação
(Coun douriotis, 2013).
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Jeffrey
Na especialidade
Como vimos, a prova em direito não preexiste à
deliberação jurídica: ela é forjada por meio de
contestação sobre sua relevância e peso.
Sempre que este processo implique o recurso a
acadêmico em disputas legais.
informações técnicas, científicas ou especializadas, os peritos
são obrigados a interpretar o significado de uma peça
a incorporação de abordagens forenses coloca em
de provas para o judiciário ou júri por
primeiro plano as arenas quase opostas da produção
explicar como os dados científicos se relacionam com os fatos
em questão. O recurso à perícia constitui um desafio inicial
uma vez que – tal como acontece com muitos extrajurídicos
circunstâncias – não existe uma
acreditação para o que constitui perícia. Como
Keane e McKeown (2018: 583) lamentam a
ausência no contexto do sistema de justiça do Reino Unido
de «qualquer regime de acreditação obrigatória ou
registro de peritos" ou "prática
treinamento para juízes e profissionais na compreensão
da prova pericial e na avaliação de sua provável
confiabilidade'. Cabe aos juízes avaliar se um
testemunha tem credenciais suficientes para realizar o
função de perito e, inevitavelmente, isso
sentença é questionada pelos representantes legais da
parte contrária, seja na fase de pré-julgamento
ou etapas de teste.
Uma vez selecionado como um 'especialista' adequado, atenção
volta-se para a questão da interpretação: especificamente
como os dados científicos são narrados como evidência
(ver Good, 2003). No coração deste
segundo estágio de deliberação é a sedutora
conceito de forense, um termo que tem suas raízes
no latim forensis, para significar em tribunal aberto ou
público, mas em geral o uso refere-se ao uso de
métodos científicos para fornecer informações sobre
crime (Sharp, 2020: 7; Weizman, 2017: 65).
Os geógrafos têm procurado utilizar a ciência forense em
estudando, inter alia, localização de varejo (Brodsky,
2003), geociências (Morgan e Bull, 2007),
geografia histórica (De Vorsey, 1980) e
geopolítica feminista (Sharp, 2020). Mas apesar
a adoção comum do termo, vemos uma
divergência nos entendimentos de forense
dentro da pesquisa geográfica. Para Brodsky
(2003: 250), a geografia forense constitui um
909
exercício técnico que compreende a pesquisa 'focada
sobre um caso específico em que um parecer de um
é necessário um perito». Nesse sentido, a forense
aponta para a transferência instrumental de conhecimento
e expertise geográficos do
Em contraste, relatos críticos e narrativos de
de evidências forenses do campo de pares.
ciência revisada. Ao invés de julgamento de um
interpretação encontrando-se com outros especialistas, o papel
do cientista forense é curar evidências que
será persuasivo dentro de um ambiente legal. Por
Morgan e Bull (2007: 44), a prática de
geociência forense baseia-se em 'opiniões pessoais'
que não são revisados por pares, mas sim 'são
julgado no entendimento do público em geral e
aceitação (pelo juiz e júri) em um tribunal de
lei'. Mais recentemente, a Sharp (2020) atraiu
sobre o conceito de forense para avaliar a interação de
corpos, materiais e representação em
o desenrolar da geopolítica. Para Sharp (2020:
10), a forense é um estilo de análise que
juntos o que muitas vezes é considerado separado:
não menos crítica da representação com
considerações de corporificação e agências mais do
que humanas. Nessas circunstâncias, a perícia é útil
para 'encontrar novas possibilidades de
entendimentos feministas sobre as maneiras pelas quais
corpos e outras materialidades são apanhados em
geopolítica'.
Juntamente com os usos acadêmicos do termo
forense, também houve um aumento na
investigações criminológicas do papel,
abordagens e implicações da ciência forense. Alguns
atribuem esse interesse à proeminência
da ciência forense dentro da cultura popular,
especificamente o aumento da popularidade no século 19
Europa e América do Norte de Sherlock Holmes,
o detetive fictício criado por Arthur Conan
Doyle (ver Harrington, 2007; Morgan e Bull,
2007). As histórias de Conan Doyle exploram o fascínio
do final do século 19 pelo crime e 'o
campo em desenvolvimento da ciência forense, desenhando
Machine Translated by Google
910
o leitor em um modelo de investigação que
assemelha-se muito ao diagnóstico médico, pois
jogar o melodrama sensacional nos crimes
que eles apresentam” (Harrington, 2007: 367).
Há uma certeza sedutora nesta abordagem
à criminalidade e ao direito, onde a verdade é muitas vezes
singular, o caminho para a sua descoberta linear e o
resultado final incontestável.
Jasanoff (1998: 716) iluminou precisamente
esse problema em sua exploração da relação entre
evidência científica e legal,
onde defende que a dinâmica do litígio
'obscurecem a complexidade das traduções por
quais amostras, artefatos, gravações ou imagens
tornar-se evidência'. Esta complexidade é ilustrada
através do exemplo da impressão digital de DNA e, em
particular, no conhecimento
controvérsias em torno do uso de provas de DNA na
identificação de perpetradores de crimes.
Os argumentos de Jasanoff enfatizam o significado da
visualização para atos de tradução científica, onde o
especialista precisa prestar
provas técnicas de forma que possam ser visualizadas
pelo juiz e júri:
O perito e o advogado examinador colaboram para instruir,
persuadir e retreinar retoricamente
a visão do investigador, com maior ou menor
sucesso, para 'ver' DNA e assim, por metonímia
transferência de significado, para perceber a verdade inteira.
(Jasenoff, 1998: 720)
Evidência científica – na sala do tribunal como é
no laboratório ou na sala de seminários – tornou-se assim
o local de desacordo com afirmações contrastantes
quanto às implicações da presença de
ADN. Consequentemente, Jasanoff (2012: 190) sugere
que a experiência com evidências de DNA revela
tribunais tão melhores para 'articular do que para resolver
definitivamente questões desconstrutivas sobre
evidência científica'.
O foco na visualização de dados forenses
também está no coração de Weizman (2017)
abordagem para o estudo da evidência. Weizman é
interessado nas múltiplas maneiras pelas quais o visual
materiais testemunham a violência passada e a
Progresso na Geografia Humana 45(4)
pergunta correspondente sobre como este testemunho
pode ser levado à deliberação legal. Ao considerar os
traços visuais de atos violentos – imagens do rescaldo
de assassinatos,
fotografias de movimentos de tropas ou imagens de
a arquitetura do Holocausto - Weizman
introduz a noção de 'limiar da capacidade de detecção'
para chamar a atenção para o papel da imagem
resolução na configuração dos parâmetros do detalhe
que podem ser capturados em provas fotográficas.
Ao contrário dos grãos aleatoriamente perturbados de analógico
fotografia, imagens digitais, como satélite
imagens, são divididos em uma grade de quadrados iguais
unidades ou pixels. A grade filtra a realidade como uma peneira
ou rede de pesca. Objetos maiores que a grade são
capturado e retido. Os menores passam
e desaparecer. Objetos próximos ao tamanho do
pixel estão em uma condição de limiar especial: se
eles são capturados ou não depende do relativo
habilidade, ou sorte, do pescador e do peixe. (Weiz man,
2017: 27)
Esse senso de arbitrariedade da detectabilidade
retorna a discussão para o significado de
interpretação: que tal material não
equivalem a uma imaginação positivista de um
mundo externo que é retratado sem problemas em
imagens visuais. Em vez disso, ele nos lembra
do trabalho meticuloso necessário para criar narrativas
evidenciais reunindo
imagens com corroboração de depoimentos de
testemunhas. Embora isso seja uma reminiscência de nosso início
ponto da investigação MH17 por Bellingcat,
Weizman (2017: 30) faz questão de enfatizar como
o limiar de detectabilidade é diferencialmente
situado dependendo de qual parte é desempenhada no
violência. Ele usa o exemplo do drone americano
assassinatos na 'guerra ao terror' para ilustrar
como o alcance visual do agressor é assimétrico aos
recursos disponíveis para o
investigador:
O espectro visual entre a alta resolução
usado para matar e a baixa resolução disponível
para monitorar o assassinato é o espaço explorado
por negadores. A prática da contra-forense
Machine Translated by Google
Jeffrey
[ ... ] tem que engajar uma condição de desigualdade
estrutural no acesso à visão, sinais e conhecimento,
e encontrar maneiras de operar perto e abaixo do
limiar de detectabilidade.
Ao identificar as desigualdades estruturais inerentes
à coleta de provas, somos lembrados mais uma vez da
política latente de produção de provas: onde o acesso
desigual aos dados permite o apagamento da violência
enquanto as regras de admissibilidade moldam sua
presença nos processos judiciais subsequentes ( ver
também Gregório, 2018).
Vi conclusão
Meus três relatórios de progresso não foram 'sobre'
geografia jurídica como uma subdisciplina. Já existe um
conjunto fino e expansivo de escritos que sondam os
limites e propósitos deste campo nebuloso e plural de
investigação e prática (Braverman et al., 2014; Delaney,
2015, 2016, 2017; Robinson e Gra ham, 2018 ). Em vez
disso, procurei explorar a interface da escrita geográfica
com disciplinas cognatas em torno de três aspectos dos
sistemas jurídicos: o espaço do tribunal, a inscrição dos
corpos no direito e, neste relatório final, traçar trabalhos
históricos e emergentes sobre as geografias jurídicas de
evidência. Este tem sido um conjunto de discussões que
destacam a importância das características estruturais do
julgamento de justiça e, em particular, questões de
admissibilidade. Tais debates ilustram a natureza
necessariamente relacional da prova: ela surge por sua
relevância para o caso jurídico, sua persuasão é questão
de interpretação forjada por sua conexão com os fatos em
questão (relevância) e suas características em relação a
outras provas ( autenticação e corroboração). Mas, longe
de ser uma decisão técnica, a pesquisa aqui analisada
destaca como as paisagens duradouras de poder
decorrentes (nos casos analisados aqui) de histórias
coloniais e patriarcais moldam a admissibilidade e a
disponibilidade de evidências.
Há uma pontualidade nessas considerações.
Atualmente, estamos vendo um desequilíbrio em
911
trabalho: à medida que a disponibilidade pública de
material probatório aumenta, as oportunidades de buscar
reparação legal são reduzidas. Como foi relatado, a
quantidade de dados não filtrados em contas de mídia
social, agências de investigação online e aplicativos de
mapeamento está democratizando a prática de
investigação, onde narrativas em torno de eventos globais
significativos podem ser montadas usando habilidades
investigativas e acesso à Internet.
Mas isso requer espaços de deliberação onde tal material
possa ser avaliado e considerado usando regras e normas
acordadas. Afinal, é o material que reforça a negação do
Holocausto tanto quanto
pois revela atrocidades em massa ocultas. É aqui que
vemos um desequilíbrio: assim como há um crescimento
na coleta de inteligência pública, o registro de crimes nas
redes sociais e o aumento da investigação forense
técnicas, a possibilidade de adjudicação em tribunal
torna-se mais remota. Desde a retirada do Tribunal Penal
Internacional até o financiamento restrito para julgamento
de justiça em todo o mundo, estamos vendo uma expansão
no interesse em empregar normas legais e uma contração
da participação democrática nos processos de julgamento.
Nas brechas criadas, vemos a deliberação extrajudicial
da prova, uma arena onde a justiça não é necessariamente
vista como sendo feita.
Agradecimentos Sou muito
grato a Nick Gill e Francesca Moore por lerem versões
anteriores deste relatório. Beneficiei-me de discussões
com Tom Jackson, Makoto Takahashi, Fiona McConnell
e Katherine Brickell. Obrigado a Louise Amoore e Noel
Castree por seus conselhos editoriais e apoio. Os erros
que permanecem são meus.
Declaração de interesses conflitantes O(s)
autor(es) não declarou(m) conflitos de interesse em
relação à pesquisa, autoria e/ou publicação deste artigo.
Financiamento O(s) autor(es) não recebeu apoio
financeiro para a pesquisa, autoria e/ou publicação deste
artigo.
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912 Progresso na Geografia Humana 45(4)

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