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OS TRATADOS DO FIM DA GUERRA

Ao final da guerra, o presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson, propôs que os países
europeus chegassem a acordos de paz. A proposta conhecida como Quatorze Pontos de Wilson tinha
por objetivo uma paz sem vencedores ou vencidos.
Entre os pontos constavam a autodeterminação dos povos que viviam nas colônias africanas e
asiáticas; a liberdade de comércio entre as nações; a redução da capacidade armamentista dos países;
um tratado de paz sem indenizações exageradas e a formação de um órgão mundial que evitasse
futuros conflitos.

O TRATADO DE VERSALHES

Os governos da França e da Inglaterra queriam a revanche contra a Alemanha e por isso


rejeitaram a proposta de Wilson. Em janeiro de 1919, representantes de países que participaram do
conflito reuniram-se em Paris. Da reunião surgiu o Tratado de Versalhes, a ser aplicado à Alemanha.
As exigências eram duríssimas, com severas punições e altíssimas indenizações.
Os vencedores ocuparam dois terços das minas de ferro e um sexto das terras alemãs, além de
colônias na África. Também foi confiscada a maior parte dos seus navios mercantes, locomotivas e
gado. A Alemanha foi obrigada a devolver a região da Alsácia-Lorena para a França. Parte do
território alemão foi cedido à Polônia. A Alemanha não poderia possuir armas, navios e aviões de
guerra. Ainda deveria pagar enormes indenizações em dinheiro.

O surgimento de novos países

Outros tratados mudaram o mapa da Europa. O Império Austro-Húngaro deixou de existir e


novos países surgiram, como Áustria, Hungria, Tchecoslováquia, Iugoslávia.
A Polônia voltou a existir.
O Império Otomano também foi desmantelado, surgindo o Iraque, a Síria, o Líbano, a Palestina
e a Transjordânia – territórios que passaram a ser controlados pela França e pela Inglaterra. O Império
Otomano ficou reduzido à atual Turquia.
A EUROPA APÓS A GUERRA
Os países europeus envolvidos na guerra saíram destruídos. As perdas humanas foram chocantes.
Cálculos apontam entre 8,5 e 10 milhões de soldados mortos nos campos de batalha, além de 20
milhões de feridos. Somente na Rússia morreram quase 2 milhões de soldados. Estatísticas apontam
para um total de 30 milhões de pessoas mortas no conflito.
Os soldados que sobreviveram voltaram traumatizados. Cidades foram destruídas e fábricas
foram fechadas. A partir daí, a Europa conheceu um declínio econômico.
O país que mais lucrou com a guerra foi os Estados Unidos, tornando-se a maior potência
industrial e financeira do mundo.

O FIM DO REINADO DOS HABSBURGOS NA EUROPA

No dia 11 de novembro de 1918, o imperador austríaco Carlos 1º renunciou ao trono,


encerrando assim os mais de 600 anos da dinastia dos Habsburgos, que teve ramificações até na
América espanhola e no Brasil.
Os Habsburgos tinham uma habilidade inigualável em aumentar seus territórios por meio de
casamentos e heranças. O mentor dessa política foi Maximiliano 1º (imperador da Áustria de 1493 a
1519), que se casou duas vezes: primeiro, com a herdeira dos Países Baixos e do reino de Borgonha
(região entre a França e a Espanha) e, depois, com a filha do duque de Milão, o que lhe deu acesso ao
norte da atual Itália. Numa outra manobra, acrescentou os territórios da Hungria e Boêmia.
A aliança dinástica mais extensa promovida por Maximiliano, porém, foi o casamento de seu
filho Filipe com Joana, filha de Fernando e Isabel de Espanha, cuja união havia reunido as possessões
de Castela e Aragão (inclusive Nápoles e Sicília). O herdeiro de todos esses acordos matrimoniais foi
Carlos 5º (1500-1558).
De 1519 a 1659, os Habsburgos tentaram dominar a Europa, mas foram sistematicamente
combatidos pelos reis franceses e príncipes germânicos. Calcula-se que, em 1600, cerca de 25 milhões
dos 105 milhões de europeus viviam em território governado pelos Habsburgos.
Carlos 5º sonhava com um grande Estado europeu e alguns de seus ministros almejavam até
uma "monarquia mundial", embora não dispusessem de uma tática para tal. Segundo Paul Kennedy,
"os Habsburgos simplesmente tinham inimigos demais a combater e frentes demais a defender".
Eles começaram a entrar em decadência com a perda da Europa Central, a partir da conquista
de Viena por Napoleão. Com o tratado de paz, os Habsburgos perderam suas possessões na Alemanha
e na Itália, e o Sacro Império Romano-Germânico se extinguiu.
A partir de 1849, durante o reinado de Francisco José, a Alemanha unificou-se e derrotou as
tropas austríacas. A Hungria tornou-se autônoma e os povos eslavos conquistaram sua independência.
O golpe final veio na Primeira Guerra Mundial, quando a Áustria perdeu três quartos de seu território e
ficou sem saída para o mar. Em 1916, morreu o imperador Francisco José 1º, cujo reinado de 68 anos
simbolizou a época áurea da dinastia na Áustria.
Em novembro de 1918, seu sucessor, Carlos 1º, renunciou ao trono. Em abril do ano seguinte, o
governo austríaco desapropriou seus bens. A dinastia Habsburgo também deixou sua marca no Brasil.
Após a união das coroas ibéricas, em 1580, a então colônia portuguesa passou ao domínio da Casa da
Áustria. O imperador brasileiro dom Pedro 1º foi casado de 1817 a 1826 com Maria Leopoldina de
Habsburgo. Sua irmã Maria Luísa, foi a segunda esposa de Napoleão Bonaparte.
Um dos últimos Habsburgos notáveis na história da Europa, é o chamado Príncipe Vermelho,
espião da KGB.
AS MULHERES CONQUISTAM SEUS DIREITOS

Durante a guerra, cresceu o número de mulheres que trabalhavam fora de casa. Com os homens nos
campos de batalha, as mulheres tornaram-se operárias nas fábricas, motoristas de ônibus, telefonistas e
assumiram muitos cargos nos escritórios. Houve casos de mulheres que foram para a guerra como
soldados.

UMA EPIDEMIA EM MEIO À GUERRA

A primeira onda da gripe começou em março de 1918 nos Estados Unidos, e no mês seguinte atingiu
os soldados estadunidenses que estavam na França. Em agosto, toda a Europa ocidental sofria com a
doença. Extremamente infecciosa, a gripe, de maneira rápida, evoluía para pneumonia. Nos primeiros
meses de 1919 a influenza matou milhões de europeu enfraquecidos pela falta de alimentos, provocada
pela guerra. Estima-se que metade da população do mundo sofreu com a “gripe espanhola” (Os jornais
espanhóis divulgaram um surto de gripe no país), sendo 1ue 40 milhões de pessoas morreram.

GENOCÍDIO ARMÊNIO

O Império Turco-Otomano controlava uma vasta região, que ia do Cáucaso, passando


pelos Bálcãs, Anatólia, Península Arábica e por grande parte do Oriente Médio. A Armênia, que
havia sido conquistada pelos turcos, tornou-se súdita dos sultões. Durante a Primeira Guerra
Mundial, que teve início em 1914, os interesses do Império Turco-Otomano iam contra os de vários
povos e nações envolvidos na guerra, inclusive contra tribos árabes muçulmanas.
Boa parte dos combatentes armênios, bem como da liderança política e intelectual desse povo, aliou-se
a outros povos contra os turcos. Alguns combatentes armênios lutaram junto aos russos (inimigos
históricos do Império Turco-Otomano). As autoridades turcas alegaram tal fator como alta traição e
usaram esse subterfúgio para instituir uma política sistemática de morte contra a população da
Armênia.
O programa genocida foi autorizado pelo sultão Abdul-Hamid II e organizado pelo primeiro-ministro
turco, Mehmet Talaat, o ministro da guerra, Ismail Enver, e o ministro da Marinha, Ahmed Jemal.
A estratégia consistia em: 1) Convocar os soldados armênios para a guerra. Isso implicava deixar as
cidades e vilas desprotegidas, ao passo que, no front de batalha, os armênios apenas serviam para cavar
trincheiras, sendo logo exterminados pelos soldados turcos. 2) remover a população das cidades,
provocando enormes ondas migratórias em direção a campos de concentração no deserto de Deir al-
Zor. A justificativa dada para a evacuação dos armênios era uma suposta ofensiva da Tríplice
Entente.
Na medida em que a população, sobretudo composta de mulheres, anciãos e crianças, vagava em
direção aos campos no deserto, alguns já morriam no caminho de inanição. As mulheres sofriam
abusos sexuais e eram vendidas como escravas. Como destaca Yuri Vasconcelos: “'As jovens
armênias eram vendidas como escravas e as crianças eram encaixotadas vivas e atiradas no Mar
Negro', relata Nubar Kerimian, no livro Massacres de Armênios. 'Os padres também eram
queimados amarrados em cruzes, como Jesus, e os fetos, arrancados dos ventres das mães, jogados
para o ar e aparados na espada.'”

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