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A HIDROGRAFIA BRASILEIRA

A rede hidrográfica brasileira tem como características principais:

• no Brasil há grande número de rios e uma clara pobreza de lagos, fruto da condição
tropical do país;

• predomínio de rios perenes, que nunca secam, com presença, no sertão nordestino, de
rios temporários;

• a maior parte dos rios tem regime pluvial, ou seja, suas águas são originárias das
chuvas (o rio Amazonas tem regime misto);

• há grande aproveitamento da rede hidrográfica para a produção de energia e reduzido


para o transporte;

• amplo domínio da foz com estuário, sendo o rio Parnaíba o exemplo brasileiro de
delta.

ASA BACIAS HIDROGRÁFICAS

Entende-se por bacia hidrográfica toda a área de captação natural da água da chuva
que escoa superficialmente para um corpo de água ou seu contribuinte. Os limites da
bacia hidrográfica são definidos pelo relevo, considerando-se como divisores de águas
as áreas mais elevadas. O corpo de água principal, que dá o nome à bacia, recebe
contribuição dos seus afluentes, sendo que cada um deles pode apresentar vários
contribuintes menores, alimentados direta ou indiretamente por nascentes.

Em 2003, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), através da Resolução nº


32, de 15 de outubro daquele ano, dividiu o Brasil em doze regiões hidrográficas, que
são as bacias hidrográficas ou conjunto de bacias de menor porte, como você pode
observar no mapa a seguir:

POTENCIAL HIDROELÉTRICO BRASILEIRO

Bacia hidrográfica Potencial (MW)

Amazonas e Tocantins 133.800

Paraná 59.600

São Francisco 19.700

Uruguai 17.100

Atlântico Sul

Trecho sudeste 6.500

Trecho leste 21.700

Nordeste 3.100
TOTAL 255.000

A) BACIA AMAZÔNICA

Com uma extensão no Brasil de 3.984.467km2, estendendo-se, ainda, pela


Colômbia, Bolívia, Peru, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Além do rio principal, o
Amazonas, possui inúmeros importantes rios como afluentes, entre eles: o Negro,
Trombetas, Juruá, Purus, Madeira, Tapajós e Xingu.
O rio Amazonas, maior do mundo em volume d’água, nasce na cordilheira dos
Andes, o que determina regime misto, contando com as águas do degelo andino e a
enorme pluviosidade de grande parte do seu curso. Recebe inicialmente os nomes de
Ucayali e Marañón, e quando entra no Brasil passa a se chamar Solimões, nome que
mantém até a foz do seu afluente rio Negro, próximo a Manaus.
Além disso, devido à sua posição geográfica, apresenta três momentos de cheias:
nos rios do norte, com volume máximo em julho; nos rios do sul, com volume máximo
em março; e no tronco central, com volume máximo em abril, maio e junho. Dessa
forma, o rio Amazonas tem sempre um grande volume de água, já que seus afluentes
sofrem cheias em épocas diferentes.
A largura média do rio Amazonas é de 4 a 5km, mas chega, em alguns trechos, a
mais de 50km. Devido ao pequeno declive que apresenta, a velocidade de suas águas é
lenta, oscilando entre 2 e 7km por hora.
A característica topográfica da área, com predomínio das depressões, determina que
a bacia possua, ao mesmo tempo, grande navegabilidade (nas planícies) e o maior
potencial hidrelétrico do país: atualmente estão em fase de conclusão duas grandes
hidrelétricas no rio Madeira, Jirau e Santo Antônio e, apesar das polêmicas, em
construção a hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu.
B) BACIA DO TOCANTINS-ARAGUAIA

Ocupando uma área de 803.250km2, é a maior bacia hidrográfica inteiramente


brasileira. Além de apresentar-se navegável em muitos trechos, é a terceira do país em
potencial hidrelétrico, encontrando-se nela a usina de Tucuruí, cuja energia abastece o
projeto Carajás, os projetos de alumínio da região, além de abastecer parte do
Norte/Nordeste.
Durante muito tempo, esta bacia foi considerada, erradamente, como parte da Bacia
Amazônica, o que não é fato, pois, apesar de a foz do rio Tocantins localizar-se
praticamente na mesma área do Amazonas, junto à ilha de Marajó, não é seu afluente.
Em 2010, foi inaugurada a eclusa de Tucuruí, no rio Tocantins, ampliando a
capacidade de navegação da Hidrovia Araguaia- Tocantins.
C) BACIA DO SÃO FRANCISCO

Formada pelo rio São Francisco e seus afluentes, é a principal bacia totalmente
localizada em terras brasileiras. Estende-se por uma área de 631.133km2, grande parte
no sertão nordestino.
O São Francisco é um rio de planalto, que nasce na serra da Canastra, em Minas
Gerais, e drena áreas dos estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Além de
ser navegável em cerca de 2.060km – quase dois terços de sua extensão total (3.161km)
–, possui também grande potencial hidrelétrico, merecendo destaque as usinas de Três
Marias, Paulo Afonso, Sobradinho e Moxotó.
O rio São Francisco teve importante papel na conquista e povoamento do sertão
nordestino, viabilizando o transporte e abastecimento de couro na região. Ainda hoje,
sua participação é fundamental na economia nordestina, pois, devido ao fato de
atravessar trechos semi-áridos, permite a prática da agricultura em suas margens, além
de oferecer condições para irrigação artificial de áreas mais distantes, além de fornecer a
maior parte da energia da região.
Atualmente discute-se o projeto de transposição das águas, que visa perenizar rios
distantes e envolve grande polêmica entre defensores e opositores, tanto por motivos
econômicos quanto ambientais.

D) BACIA PLATINA

Formada pelas bacias dos Rios Paraná, Paraguai e Uruguai, estende- se pelo Brasil,
Uruguai, Bolívia, Paraguai e Argentina, podendo ser analisada na realidade brasileira
em conjunto ou isoladamente, pois sua unidade ocorre fora de nossas fronteiras.
1) Bacia do Paraná

É a mais extensa das três, abrangendo mais de 10% do território nacional. Possui o
maior potencial hidrelétrico instalado no Brasil, merecendo destaque grandes usinas,
como a de Itaipu – atualmente, a maior do mundo –; Jupiá e Ilha Solteira, no rio Paraná;
Ibitinga, Barra Bonita, no rio Tietê; Cachoeira Dourada, Itumbiara e São Simão, no rio
Paranaíba; Furnas, Jaguara, Marimbondo e Itutinga, no rio Grande; e ainda Xavantes e
Capivara, no rio Paranapanema.
Seus rios são tipicamente de planalto, o que dificulta muito a navegação, que ocorre no
rio Tietê, na chamada Hidrovia do Mercosul, devido à construção de eclusas.
2) Bacia do Paraguai

Responsável pela drenagem do Pantanal, o rio principal que a batiza, possui mais de
2000km, dos quais 1400km em território brasileiro. O reduzido declive determina as
inundações sazonais do Pantanal e a possibilidade de navegação.

3) Bacia do Uruguai
Com potencial hidrelétrico, devido ao relevo planáltico, possui aproveitamento
relativamente pequeno.

E) BACIAS SECUNDÁRIAS

Ocupam as áreas litorâneas, sendo formadas por rios importantes, como o Paraíba do
Sul, Doce e Jaguaribe, que, no entanto, recebem a denominação secundária por não
haver integração entre os diversos rios formadores, que vão diretamente para o mar.

CLIMAS E VEGETAÇÕES DO BRASIL

1 – INTRODUÇÃO

Sendo o Brasil um país cortado pelo Equador e pelo Trópico de Capricórnio, Sua
tropicalidade climática é marcante. Os fatores que mais influenciam o clima brasileiro
são:
• altitude – não apresenta enormes elevações por ser uma área de planaltos dominantes;
• continentalidade – reduzida pela latitude, por que as áreas de maiores extensões
continentais estão próximas do Equador;
• latitude – provoca variações, variando a climatologia do equatorial (megatérmico) ao
subtropical (mesotérmico).
2 – TIPOS DE CLIMAS E VEGETAÇÃO NO BRASIL
CLIMA EQUATORIAL / FLORESTA LATIFOLIADA AMAZÔNICA

Clima quente e úmido, com estação seca curta ou inexistente, característica da


Amazônia, de terminando uma vegetação densa e heterogênea (biodiversidade). 
 
 CLIMA TROPICAL / FLORESTA TROPICAL E CERRADO

O clima tropical ocupa grande parte do território brasileiro e pode ser subdividido em:

A – Tropical Úmido
Típico do litoral oriental com temperaturas elevadas e chuvas concentradas no inverno
(Nordeste) e verão (Sudeste). A vegetação típica é a Mata Atlântica, mas muito
devastada.

B – Tropical Semi-Úmido

No Brasil Central com duas estações bem defini das: verão úmido e inverno seco,
determinando a vegetação do cerrado, com árvores esparsas e vegetais rasteiros.

Na área do Pantanal surge uma vegetação complexa.

C – Tropical de Altitude 
Características das terras altas do Sudeste, apresentando temperaturas amenas e chuvas
concentradas no verão. A floresta tropical e os campos de altitude são as vegetações
mais comuns neste tipo de clima.

D-SEMI-ÁRIDO / CAATINGA

Típico do polígono das secas (sertão nordestino e norte de MG). Possui temperaturas
elevadas com chuvas escassas e irregulares. A vegetação típica, caatinga, possui folhas
atrofiadas, raízes longas e cactáceas, algumas usadas para alimento do gado.

E-SUBTROPICAL / MATA DOS PINHAIS/ PAMPAS


Predominante no sul do país, possuindo a maior amplitude térmica anual brasileira e
chuvas bem distribuídas ao longo do ano. Nos trechos mais altos ocorre o domínio da
araucária ou pinheiro-do-paraná, vegetação aberta e homogênea, muito devastada. No
extremo sul, há o domínio de uma vegetação herbácea (rasteira), o pampa ou campanha
gaúcha. A diferenciação se deve à pluviosidade, mais bem distribuída no planalto e
mais escassa no extremo sul e, as variações térmicas associadas à altitude.

CIRCULAÇÃO ATMOSFÉRICA NA AMÉRICA DO SUL


Distribuição das massas de ar segundo suas fontes e orientação dos seus
deslocamentos.

OUTRAS VEGETAÇÕES

MATA DOS COCAIS

Formação de transição entre a mata amazônica e caatinga. Concentra- se no Meio Norte,


sendo o babaçu a espécie dominante. Nas áreas mais secas ocorre a carnaúba, palmácea
de valor regional.

PANTANAL

Vegetação complexa da planície do Pantanal. Apresenta espécies das florestas, dos


cerrados e dos campos.
VEGETAÇÃO LITORÂNEA

Formada por manguezais, comuns nas áreas alagadiças do litoral ; vegetação de


restingas e praias com predominância de pequenas palmeiras, coqueiros e cactáceas e de
dunas.

RELEVO E GEOLOGIA DO BRASIL

1 – A ESTRUTURA GEOLÓGICA
O Brasil tem seu território apoiado sobre um antigo escudo cristalino, não tendo
ocorrido dobramentos cenozóicos.
Nossa estrutura geológica é constituída, portanto, por bacias sedimentares, que
recobrem o escudo, e por áreas em que há afloramento do próprio escudo cristalino.
(www.guianet.com.br)

A – OS ESCUDOS OU MACIÇOS ANTIGOS DO BRASIL


Formaram-se no Pré-Cambriano e correspondem a 36% da área total do território
brasileiro, sendo 32% do arqueozóico (os mais antigos) e 4% do proterozóico ou
algonquiano.
Os terrenos arqueozóicos formam o embasamento cristalino ou complexo cristalino
brasileiro, destacando-se a presença do granito (rocha magmática) e do gnaisse (rocha
metamórfica).
Os terrenos proterozóicos têm grande importância, apesar de sua reduzida extensão no
território nacional. Neles se localizam importantes jazidas de minerais metálicos, como
por exemplo a Serra dos Carajás (ferro, manganês, cobre e ouro), o Quadrilátero
Ferrífero em MG (ferro e manganês), Serra do Navio no Amapá (manganês).

B – AS BACIAS SEDIMENTARES
Predominam no território brasileiro, constituindo, como vimos no módulo anterior,
depressões preenchidas por material erodido dos escudos.
Na Bacia Paranaica há uma expressiva quantidade de carvão mineral (Santa Catarina é o
maior produtor do Brasil) em estágios inferiores de transformação, o que determina
menor valor energético.
Nas últimas décadas aumentou intensamente a exploração de petróleo nas nossas bacias
devido ao desenvolvimento de tecnologia para exploração sob águas profundas, com
destaque para a Bacia de Campos.
Há também exploração no Recôncavo Baiano (durante muito tempo a Bahia foi o
grande produtor de petróleo do país).
Na Amazônia há exploração de gás natural no vale do rio Urucu, afluente do Amazonas.

2 – RELEVO BRASILEIRO

Vamos analisar o relevo brasileiro a partir da evolução da sua classificação.


a) Aroldo Azevedo
A classificação de Aroldo Azevedo foi feita na década de 40 tendo como base o critério
altimétrico:
O relevo do Brasil, segundo classes de altitude Classes de intervalos altitudimétricos
(em m) Superfície aproximada (em Km2) Participação porcentual
0-100 2.050.318 24,1
100 – 200 1.439.235 16,9
200 – 500 3.151.615 37,0
500 – 800 1.249.906 14,7
800 – 1.200 574.624 6,8
mais de1.200 46.267 0,5
Total Brasil 8.511 100
– As planícies foram definidas como as áreas planas com altitude inferior a 200 metros
e corresponderiam a 41% do território.
– Os planaltos foram definidos como as áreas com altitudes superiores a 200 metros,
tendo características acidentadas.
– Não há montanhas.
Observe abaixo uma imagem dessa que é a mais simples classificação do relevo
brasileiro.
b) Aziz Ab’Saber
No fim da década de 50 o conceituado professor Aziz Nacib Ab’Saber aprimorou a
classificação anterior, incluindo a análise da formação geomorfológica e passou a
considerar como planície as áreas onde predominam processos de sedimentação e
planaltos, onde ocorre predomínio da erosão, independentemente das cotas altimétricas.
Essa classificação incluiu modificações importantes, como por exemplo, a separação do
planalto Nordestino das terras acidentadas do Sudeste e o questionamento da “grande
planície Amazônica” ao incluir a expressão terras baixas.

c) Jurandyr Ross
Em 1995 foi publicada uma nova classificação do relevo brasileiro fruto do trabalho de
uma equipe coordenada por Jurandyr Ross, que trabalhou sobre os relatórios e mapas do
Projeto Radambrasil, na série Levantamento dos Recursos Naturais, um meticuloso
levantamento do país, através de fotos aéreas por radar, realizado entre 1970 e 1985.
Por essa classificação o nosso território apresenta três unidades geomorfológicas: os
planaltos, as depressões e as planícies (veja o mapa abaixo):
c.1) Os Planaltos
Como vimos anteriormente, os planaltos são as unidades de relevo onde os processos de
desgaste predominam sobre os processos de sedimentação. Ao contrário do que sugere o
nome, os planaltos não são planos, apresentando superfícies irregulares, formadas por
serras e morros.
As áreas representadas por compartimentos de planalto foram subdivididas em quatro
grandes categorias:
– planaltos em bacias sedimentares;
– planaltos em intrusões e coberturas residuais e plataforma;
– planaltos em núcleos cristalinos arqueados; e
– planaltos em cinturões orogênicos.
c.2) As Depressões
As depressões são as unidades de relevo marcadas por constituírem extensas áreas
rebaixadas em relação aos planaltos que as circulam.
Como exemplo de depressão podemos citar a Depressão periférica no Sul e Sudeste, que
se prolonga na forma de um imenso S, de São Paulo ao Rio Grande do Sul, localizada
entre as Serras do Atlântico leste sudeste e o Planalto da bacia do Paraná (observe o
perfil do relevo a seguir).
Outro bom exemplo é a depressão sertaneja e do São Francisco que foi importante
caminho de interiorização da pecuária nordestina. Localizada entre o planalto da bacia
do Parnaíba e as Serras do Atlântico leste sudeste, possui uma série de relevos residuais,
constituindo os inselbergs, associados a terrenos cristalinos.
As Depressões na Amazônia
Grande parte da área dominada pelas depressões no Brasil ocorre na Amazônia,
ocorrendo uma subdivisão em:
– depressão da Amazônia Ocidental – constituída por vasta área no oeste da Amazônia
com terrenos em torno de 200 metros de altitude.
– depressão marginal norte-amazônica – com altimetria entre 200 e 300 metros,
extende-se do litoral do Amapá aos territórios da Colômbia e Venezuela.
– depressão marginal sul-amazônica – mais extensão que a anterior, possui marcante
presença de intrusões graníticas, configurando os planaltos residuais sul-amazônicos.
c.3) As Planícies
Essas unidades correspondem às áreas de predomínio de deposição de sedimentos sobre
os processos erosivos, tendo como característica marcante suas superfícies
extremamente planas. Apesar da existência de várias pequenas planícies espalhadas pelo
território, podemos identificar seis principais:
– Planície do rio Amazonas;
– Planície do rio Araguaia;
– Planície e pantanal do rio Guaporé;
– Planície e pantanal matogrossense;
– Planície da lagoa dos Patos e Mirim; e
– Planícies e tabuleiros litorâneos.
Uma importante modificação dessa classificação de relevo brasileiro é a expressiva
redução da Planície Amazônica, com sua área mais ampla na ilha de Marajó, apesar de
sua presença ao longo de todo rio o Amazonas em território brasileiro, assim como a
vazante de seus afluentes.

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